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Foral- das Terras da Maia

5 de dezembro de 1519

D´ el Rei D. Manuel

Grupo 5

Projeto A+

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Índice

Página do Foral .................................................................................................................................... 4

Local de depósito do Foral da Maia ................................................................................................. 5

O que é uma Carta de Foral ................................................................................................................ 6

Foral da Maia .......................................................................................................................................... 7

Foral mais antigo .............................................................................................................................. 8

Objetivos do Foral ................................................................................................................................ 9

Os funcionários ................................................................................................................................... 11

Glossário ............................................................................................................................................... 12

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Página do Foral

Página do foral retirada do documento original existente na Torre do Tombo, onde se

encontra todo o acervo documental de Portugal.

A Torre do Tombo é de uma das instituições mais antigas de Portugal, desde a sua

instalação numa das torres do castelo de Lisboa, ocorrida provavelmente no reinado

de D Fernando e seguramente desde 1378, data da primeira certidão conhecida, até

1755, prestou serviço como Arquivo do rei, dos seus vassalos, da administração do

reino e das possessões ultramarinas, guardando também os documentos resultantes

das relações com os outros reinos.

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Local de depósito do Foral da Maia

Foral da Maia - documento de 5 de dezembro de 1519

Local de depósito – Torre do Tombo

Foral da terra da Maia 1

Nível de descrição

Documento composto

Código de referência

PT/TT/FC/001/243

Tipo de título

Atribuído

Datas de produção

1518 a 1519

Dimensão e suporte

1 doc.

Âmbito e conteúdo

Justificação, por sentença do Desembargo do Paço, das rendas, foros e direitos pagos pelos

moradores a Pedro da Cunha Coutinho, senhorio do concelho, para confirmação ou correcção

de um tombo, designado por 'Livro do recebimento da Terra da Maia', que se mostrava

insuficiente por não apresentar 'autoridade nem certidão' (cf. f. 2).

A justificação foi cometida ao corregedor Álvaro Soares e feita segundo o questionário

elaborado por Fernão de Pina.

Contém os títulos das freguesias do concelho.

Cota atual

Feitos da Coroa, Núcleo Antigo 243

Idioma e escrita

Português

Data de criação

17/5/2010 0:00:00

Última modificação

16/11/2016 9:21:42

1 http://digitarq.arquivos.pt/details?id=4567241

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O que é uma Carta de Foral

Documento oficial designado por Foral ou Carta de Foral, concedido

pelo rei ou por um senhor laico2 ou eclesiástico3, a um determinado local,

dotando-o de autoridade legítima na regulação da vida coletiva da

população, embora a extensão e o conteúdo das Cartas Forais fossem

variáveis, estas caracterizavam-se, em termos gerais, por serem uma lei

escrita (carta elaborada, testemunhada e confirmada).

Este documento era organizador de um determinado local, formando

um concelho. Eram, portanto, consignadas liberdades e garantias às

pessoas e aos seus bens, estipulados impostos e tributos, multas e

composições, o serviço militar, imunidade coletivas, aproveitamentos dos

terrenos comuns, etc.

Estas cartas eram mais vantajosas para os habitantes do concelho,

assim, todos os vizinhos estavam apenas obrigados ao pagamento dos

impostos estabelecidos.

A Coroa tinha particular interesse nos forais porque estes

funcionavam como fontes de receitas, sendo dinamizadores da economia

nacional, ao mesmo tempo que fortaleciam o poder central. Os forais

entraram em decadência no século XV, tendo sido exigida pelos

procuradores dos concelhos a sua reforma, o que viria a acontecer no

reinado de D. Manuel. Foram extintos por Mouzinho da Silveira em 1832.

Os forais eram feitos em três cópias, uma ia para a torre do tombo;

outra para o donatário da vila e uma última era enviada para a edilidade.

Das mãos do copista, os cadernos em pergaminho seguiriam para o

iluminador, ocorrendo muitas vezes que a data inscrita nas esferas

armilares é muito diferente da que existe no final do texto.

2 Laico- senhores nobres que não pertencem ao clero 3 Pessoas com cargos ligados à igreja

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Foral da Maia

Em 15 de Dezembro de 1519, D. Manuel concedeu foral ao Concelho

da Maia. Por essa altura o concelho abarcava toda a orla marítima entre o

Porto e o Ave, estendida desde o mar até uma linha de pequenas alturas,

ainda assim destacadas das terras chãs afins, desfiada desde Rio Tinto,

pelos limites orientais de Alfena, de Covelas e dos Bougados, nessa

época, e até 1902, a sede do Concelho situava-se no Castêlo da Maia em

edifício onde se encontra hoje o Museu de Etnologia e Gentes da Maia.

Desde 1986,o Castêlo da Maia foi elevado á categoria de Vila constituída

pelas freguesias de Barca, Gemunde, Gondim Stª. Maria e S. Pedro de

Avioso.

Este Foral foi dado às terras da Maia após as Inquirições, os

moradores pagavam os tributos a Pedro da Cunha Coutinho, que segundo

o 'Livro do recebimento da Terra da Maia', tinha direito às terras. D. Manuel

I considerou que o mesmo não tinha legitimidade, por não ter qualquer

documento que o confirmasse e as terras foram dadas às gentes da Maia,

com o objetivo de as desenvolver e povoar.

Em 1836, implementava-se a reforma administrativa planeada por

Mouzinho da Silveira. E por força desta ação, concebida à maneira dos

figurinos da França napoleónica, e ainda em função dos apetites de vários

caudilhos das terras adjacentes, a Maia viu-se retalhada, e vários pedaços

seus foram engrossar concelhos vizinhos.

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Foral mais antigo

[1055-1065] – Foral de S. João da Pesqueira

É o mais antigo foral respeitante a território português. Outorgado por

Fernando II de Leão, no contexto das campanhas de reconquista [1057-

1058] que o levaram até Coimbra, foi posteriormente estendido a outras

localidades, porventura resultantes de um processo de autonomização,

consequente ao crescimento e ao desmembramento da comunidade

inicial. No preâmbulo das confirmações posteriores, concedidas a essas

localidades, simultânea ou isoladamente, referem-se como destinatários

ora isoladamente S. João da Pesqueira, neste caso, sem descrever o

respectivo termo, ora, em conjunto, outras povoações, mais ou menos

próximas, de um e outro lado do Douro, mencionando em primeiro lugar S.

João da Pesqueira, seguido de Penela, Paredes, Linhares e Ansiães,

embora a confirmação se destine apenas a uma delas, cujo termo se

descreve, como sucede com Ansiães, com Penela e com Paredes. Só num

dos casos se inclui nesse conjunto a de Souto, a que a confirmação se

destina. Por outro lado não se conhece qualquer versão específica

destinada a Linhares.4

4 https://sites.google.com/site/foraisportugueses/

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Objetivos do Foral

Os objetivos.

Os objetivos que presidiram à outorga dos forais e à criação dos

novos concelhos ou ao reconhecimento oficial daqueles que não possuíam

um documento nem a memória de um ato formal relativo à sua fundação

podem considerar-se a diversos níveis, numa perspetiva mais próxima ou

num horizonte remoto.

Objetivos imediatos.

Os objetivos imediatos dos forais eram sem dúvida os de fixar moradores

e fundar novos aglomerados habitacionais, promover o arroteamento e o

cultivo das terras, criar estruturas de apoio aos viandantes, no

cruzamentos dos principais eixos viários, disponibilizar meios de proteção

civil e política aos homens livres de modestos recursos económicos, e

contrabalançar os poderes senhoriais, de modo a evitar o seu crescimento

excessivo e a aglutinação dos mais fracos.

Objetivos a longo prazo

Para além dos objetivos imediatos que se alcançavam com a outorga

dos forais e com a fundação de novos municípios, outros objetivos de

fundo se atingiam, designadamente o desenvolvimento económico e social

do país, no seu conjunto; a defesa e a consolidação das fronteiras, tendo

em vista especialmente os seus inimigos externos, e, nos primeiros

tempos, até a expansão territorial; o equilíbrio entre as várias forças e

poderes que se defrontavam na sociedade.

A criação de uma teia de municípios, repartidos de norte a sul, por todo o

território, com os respetivos centros urbanos, as feiras periódicas e uma

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rede viária correspondente às necessidades da época, proporcionou uma

crescente animação da economia, estimulando a criação de excedentes,

a multiplicação das trocas e a circulação de pessoas e bens, contribuindo

ao mesmo tempo para despertar e cimentar a consciência de uma unidade

na diversidade, que é a base do sentimento nacional.

O desenvolvimento económico do país resultou não só da soma do

desenvolvimento das suas parcelas, mas também da intercomunicação e

do intercâmbio entre umas e outras. A circulação dos almocreves5 e dos

mercadores, facilitada pela existência de numerosos pontos de apoio,

nas vilas e nas cidades, onde se encontravam também os seus numerosos

clientes, foi complementada com a criação de um grande número de feiras,

com várias periodicidades e durações, a que correspondiam diversos raios

de influência territorial. O funcionamento da feira só era possível nos

lugares onde as estruturas municipais a pudessem enquadrar e por isso

as cartas de feira tinham sempre como destinatário um município.

5 Vendedores que se deslocavam de feira em feira levando recados de umas zonas para outras.

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Os funcionários

Com os forais existia maior autonomia e a administração dos concelhos

era feita pelos homens bons.

Estes homens eram os mais ricos e prestigiados do concelho, no

entanto, pertenciam ao concelho.

Ao mordomo6 cabia a recolha dos foros, rendas, tributos e até das

coimas, sendo estas as responsáveis por o vermos a intervir em assuntos

de justiça.

Nos municípios de maior dimensão, o mordomo era coadjuvado por

um ou mais porteiros, e esta designação (porteiro) virá a prevalecer para

designar aquele que desempenhava as funções que anteriormente

competiam ao mordomo.

Os juízes deviam estar sempre disponíveis para atender os munícipes. Por

isso era normal que fossem escolhidos entre os habitantes da vila e não

entre os das aldeias.

6 Também designado de almoxarife

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Glossário

Foral - Nas últimas décadas do século XIII começou a usar-se a

palavra foral, antes designado apenas por carta ou foro.

Mas é no século XIV que o vocábulo se generaliza. É utilizado nos

capítulos especiais apresentados por várias povoações do reino nas cortes

de Santarém, em 1331, onde, em paralelismo, e com frequência nos

mesmos parágrafos, se usa ainda, no mesmo sentido, a palavra foro ou a

expressão foro e costumes antigos. Em geral, na exposição feita pelos

procuradores, em nome dos concelhos, emprega-se o termo foral,

enquanto na resposta de El-Rei se continua a utilizar o termo foro, o que

denota a origem e difusão popular do vocábulo, que a Chancelaria Régia

acolhe com alguma resistência.

O foral define-se como um documento através do qual se reconhecia

a existência de uma comunidade fixada num determinado território,

concedendo-lhe um certo grau de autonomia, e se definiam as regras

fundamentais que deviam ser observadas no governo dos interesses

comuns e nas relações dos seus membros entre si, com os outros

indivíduos que viviam no exterior e com a mais alta autoridade, de que

estavam dependentes.

Em casos excecionais, podia um foral mencionar como

destinatários imediatos um reduzido número de pessoas — desde uma ou

duas, como sucedeu, por exemplo, com Miranda do Corvo — mas tinha

como horizonte uma comunidade cuja formação e crescimento se

pretendia incentivar.

Essa comunidade vivia ou pretendia viver e trabalhar num

determinado território, de limites mais ou menos bem definidos,

eventualmente com uma ou outra exceção, correspondente a situações

O termo podia ter dimensões muito diversas, conforme o número de

habitantes e as atividades a que se entregavam. Era reduzido nos burgos

e póvoas dos séculos XI e XII, assim como nas comunidades rurais que se

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ocupavam quase exclusivamente no cultivo da terra, mas era mais extenso

no caso dos grandes municípios que polarizavam a defesa e a

administração dos territórios conquistados desde meados do século XII,

segundo um esquema que se alargará gradualmente a todo o território, na

segunda metade do século XIII.

Os forais estabeleciam as normas pelas quais os membros da

comunidade se deviam regular no convívio com os seus vizinhos,

especialmente em matérias relacionadas com a justiça e com as

responsabilidades comuns.

O principal motivo que presidiu à sua outorga foi, com

frequência, o de regulamentar os aspectos fundamentais das relações da

comunidade com as instâncias exteriores do poder, das quais dependia,

especialmente a nível tributário, judicial e militar, mas que deviam respeitar

a sua autonomia nas questões do foro interno. Era nesta zona que se

situava a diferença entre os forais ou cartas de foro municipal e as cartas

de foro de aldeia: à ampla autonomia do município contrapõe-se uma

autonomia muito limitada da aldeia, que, especialmente no foro criminal, e

em relação aos delitos mais graves, mas por vezes também na esfera

tributária e no foro militar, estava dependente do juiz do município ou do

julgado.

Na maioria das circunstâncias, os forais apresentam-se como

documentos fundacionais, na medida em que era a sua outorga que

desencadeava os mecanismos que levavam à organização de uma nova

comunidade; noutras, aparecem como concessões unilaterais ou como

pactos bilaterais, através dos quais uma comunidade já existente via

reconhecido oficialmente o seu estatuto; revestem, por vezes, o aspeto de

documentos clarificadores e definidores das obrigações e dos direitos ou

privilégios, como na época se dizia. Os simples contratos agrários coletivos

não revestem este carácter fundacional, porque se limitam às questões

relacionadas com a exploração da terra, pressupondo a existência de uma

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comunidade já organizada ou, quando muito, facultando-lhe meios para a

sua gradual afirmação posterior.

Reinos – o rei exercia a realeza em regime hereditário e o seu

governo tinha como fim o bem comum do território onde exercia o seu

governo. O facto de se nascer num território governado por um rei colocava

qualquer pessoa sob a sua estreita dependência

Concelho – A principal característica dos concelhos residia no

privilégio de disporem de autonomia e apenas pagarem os impostos

exigidos pelo Foral.

Inquirições Gerais - Na Idade Média alguns reis enviaram às

diferentes partes do reino comissões de oficiais públicos para inquirirem a

legalidade das posses territoriais dos nobres e do clero. Isto era necessário

porque, dada a desorganização que se vivia naqueles tempos, devida à

relativamente recente constituição da nacionalidade e às guerras

constantes contra mouros e castelhanos, senhores feudais, mosteiros e

igrejas tinham aproveitado para anexar territórios que não lhes pertenciam

por direito.

Eram efetuados cadastros escritos por um escrivão, com a

discriminação das pertenças exatas dos padroados, reguengos, terras e

direitos da Coroa e daqueles subtraídos ilegalmente, que foram objeto de

processos. As terras em posse legal eram objeto de confirmação.

A forma como era apurada a verdade era um tanto ou quanto controversa,

uma vez que eram chamadas as pessoas mais velhas e respeitadas da

localidade e perguntava-se-lhes sob juramento e segredo o que sabiam

sobre a aquisição de terras pelos nobres e pelo clero. No entanto, este

método, aplicado pela falta de provas escritas, prestava-se a ser

instrumento de vingança e falsos testemunhos. Como se calcula, a opinião

dos detentores de terras não era levada em conta e normalmente não

havia provas para recorrer ao rei.

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Calcula-se que as primeiras inquirições, ordenadas por D. Afonso II,

se tenham efetuado nas terras que se encontravam acima do rio Douro e

na Beira, em 1220. Nestas inquirições deu-se especial ênfase às terras do

arcebispado de Braga, cujo titular na altura era D. Estêvão Soares. Este

facto levanta a hipótese de terem sido as inquirições instigadas por

inimigos deste arcebispo. No entanto, o Papa apoiou as reclamações do

clero e da nobreza contra esta iniciativa, e sendo o Papa mais poderoso

que o rei, as inquirições foram obstruídas em muitos locais.

Só as efetuadas por D. Dinis entre Douro e Minho e na Beira Baixa em

1284 foram levadas a bom cabo, uma vez que as de D. Afonso III foram

também infrutíferas. Destas últimas restam apenas cinco atas de outras

tantas alçadas delimitadas por rios, que nesta época marcavam fronteiras:

entre Douro e Ave, entre Douro e Tâmega e distrito de Bragança, entre

Douro e Minho, entre Cávado e Minho e entre Cávado e Ave.

D. Dinis efetuou em 1288 outras inquirições, visando sobretudo honras e

coutos, dado o bom resultado das primeiras (que provocaram um protesto

dos espoliados nas Cortes de Lisboa de 1285 e as segundas nas de

Guimarães, de 1288).

As inquirições serviram sobretudo para os monarcas tentarem

afirmar a sua supremacia, retirando terras e privilégios aos estamentos

mais poderosos da época, a nobreza e o clero, ordenarem o território e

conseguirem o capital retirado ilicitamente à Coroa. Transmitiam também

a ideia de que o rei era agora o justo mediador dos conflitos, não

dependendo os vassalos exclusivamente do senhor.

Chancelaria Régia- chancelaria régia era a repartição responsável

pela redação, validação (mediante a aposição do selo régio) e expedição

de todos os atos escritos da autoria do próprio Rei. Os serviços da

chancelaria régia podiam também reconhecer e conferir carácter público a

documentos particulares que lhe fossem submetidos para validação.

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