4
RODIN: DO ATELIÊ AO MUSEU Pela primeira vez no Brasil, o acervo fotográfico do artista francês revela a forma como eram criadas suas esculturas Visionário, o escultor parisiense Auguste Rodin (1840-1917), já na segunda metade do século XIX, contratava fotógrafos para que registrassem imagens de seu trabalho diário no ateliê. Fascinado pela fotografia, técnica que nascera apenas um ano antes do artista, Rodin reconhecia a importância da divulgação, na imprensa, de suas esculturas. Revelava, desse modo, certo desejo de controle do olhar dos espectadores sobre sua obra, assim como a vontade de destacar o que considerava mais importante a ser apreciado. O acervo com tais imagens fotográficas, que revelam a intimidade de Rodin ao criar suas consagradas esculturas, estará pela primeira vez à disposição do público brasileiro, de 13 de agosto a 13 de outubro, na Casa Fiat de Cultura, em Belo Horizonte (MG), e de 27 de outubro a 13 de dezembro, no Masp, em São Paulo (SP). Na mostra Rodin: do Ateliê ao Museu - Fotografias e Esculturas, serão apresentadas 194 fotografias originais que retratam o processo criativo do artista francês, em seu ateliê, de 1880 a 1917. Além das fotografias, 22 esculturas de bronze e mármore complementam a exposição, que tem como curadores Dominique Viéville, diretor do Museu Rodin, e Hélène Pinet, responsável pelo setor de fotografia do museu. A importância da mostra vai além de uma viagem profunda pela obra de Rodin. Ela passa pela percepção dos segredos e da diversidade de sua criação, o que por si só já é um privilégio. O ineditismo de algumas esculturas, pela primeira vez exibidas fora do museu, também enriquece ainda mais o cenário”, explica Arnaldo Spindel, diretor da Base7 Projetos Culturais, responsável pela organização das exposições. A mostra conta com a presença da monumental escultura Les Trois ombres [As Três sombras], instalada no jardim do Museu Rodin, em Paris, de onde será retirada para, pela primeira vez, participar de uma exposição fora da capital francesa. Também estarão expostas a versão de LÉternel Printemps [A Eterna primavera], bronze concebido em 1886, e a escultura Les Bénédictions [As Bênçãos], uma de suas mais bonitas peças em mármore feita entre 1896 e 1911, nunca antes expostas fora do Museu. Para o presidente da Casa Fiat de Cultura, José Eduardo de Lima Pereira, “a mostra nos propicia conhecer a intimidade do trabalho de Rodin. A Casa Fiat quer mostrar, com a exposição, que, além de um olhar privilegiado sobre o mundo, o grande escultor utilizou-se da fotografia para enriquecer ainda mais a sua arte”, destaca. “Desejamos transmitir aos visitantes da exposição a riqueza do acervo fotográfico do Museu Rodin e mostrar a diversidade com a qual o escultor utilizou este suporte a partir de 1880, momento em que começou a adquirir reconhecimento”, ressalta Hélène Pinet, curadora da exposição. Segundo ela, trata-se de uma exposição cronológica, preocupada em valorizar o trabalho dos diferentes fotógrafos que produziram para Rodin entre 1880 e 1910. “É a diversidade dos pontos de vista destes fotógrafos que a exposição busca ressaltar”, explica. As 22 esculturas da exposição ilustram o diálogo entre fotografia e escultura. De acordo com a curadora, as esculturas estarão próximas às fotografias que se referem a elas, revelando, ocasionalmente, a obra ainda inacabada ou a escultura de bronze tal qual o público brasileiro pode ver. “Estas imagens e este diálogo desejado com as esculturas permitem uma melhor compreensão do processo de criação da obra por

forma como eram criadas suas esculturas - casafiat.com.br · esculturas, pela primeira vez exibidas fora do museu, também enriquece ainda mais o ... quando as argilas transformaram-se

  • Upload
    vokhanh

  • View
    213

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

RODIN: DO ATELIÊ AO MUSEU

Pela primeira vez no Brasil, o acervo fotográfico do artista francês revela aforma como eram criadas suas esculturas

Visionário, o escultor parisiense Auguste Rodin (1840-1917), já na segunda metade doséculo XIX, contratava fotógrafos para que registrassem imagens de seu trabalho diáriono ateliê. Fascinado pela fotografia, técnica que nascera apenas um ano antes doartista, Rodin reconhecia a importância da divulgação, na imprensa, de suasesculturas. Revelava, desse modo, certo desejo de controle do olhar dos espectadoressobre sua obra, assim como a vontade de destacar o que considerava mais importantea ser apreciado. O acervo com tais imagens fotográficas, que revelam a intimidade de Rodin ao criarsuas consagradas esculturas, estará pela primeira vez à disposição do públicobrasileiro, de 13 de agosto a 13 de outubro, na Casa Fiat de Cultura, em BeloHorizonte (MG), e de 27 de outubro a 13 de dezembro, no Masp, em São Paulo (SP).Na mostra Rodin: do Ateliê ao Museu - Fotografias e Esculturas, serão apresentadas194 fotografias originais que retratam o processo criativo do artista francês, em seuateliê, de 1880 a 1917. Além das fotografias, 22 esculturas de bronze e mármore complementam a exposição,que tem como curadores Dominique Viéville, diretor do Museu Rodin, e Hélène Pinet,responsável pelo setor de fotografia do museu. “A importância da mostra vai além deuma viagem profunda pela obra de Rodin. Ela passa pela percepção dos segredos e dadiversidade de sua criação, o que por si só já é um privilégio. O ineditismo de algumasesculturas, pela primeira vez exibidas fora do museu, também enriquece ainda mais ocenário”, explica Arnaldo Spindel, diretor da Base7 Projetos Culturais, responsável pelaorganização das exposições. A mostra conta com a presença da monumental escultura Les Trois ombres [As Trêssombras], instalada no jardim do Museu Rodin, em Paris, de onde será retirada para,pela primeira vez, participar de uma exposição fora da capital francesa. Tambémestarão expostas a versão de L’Éternel Printemps [A Eterna primavera], bronzeconcebido em 1886, e a escultura Les Bénédictions [As Bênçãos], uma de suas mais bonitas peças em mármore feita entre 1896 e 1911, nunca antes expostas fora doMuseu. Para o presidente da Casa Fiat de Cultura, José Eduardo de Lima Pereira, “a mostranos propicia conhecer a intimidade do trabalho de Rodin. A Casa Fiat quer mostrar,com a exposição, que, além de um olhar privilegiado sobre o mundo, o grande escultorutilizou-se da fotografia para enriquecer ainda mais a sua arte”, destaca. “Desejamos transmitir aos visitantes da exposição a riqueza do acervofotográfico do Museu Rodin e mostrar a diversidade com a qual o escultorutilizou este suporte a partir de 1880, momento em que começou a adquirirreconhecimento”, ressalta Hélène Pinet, curadora da exposição. Segundoela, trata-se de uma exposição cronológica, preocupada em valorizar otrabalho dos diferentes fotógrafos que produziram para Rodin entre 1880 e1910. “É a diversidade dos pontos de vista destes fotógrafos que aexposição busca ressaltar”, explica. As 22 esculturas da exposição ilustram o diálogo entre fotografia e escultura. Deacordo com a curadora, as esculturas estarão próximas às fotografias que se referem aelas, revelando, ocasionalmente, a obra ainda inacabada ou a escultura de bronze talqual o público brasileiro pode ver. “Estas imagens e este diálogo desejado com asesculturas permitem uma melhor compreensão do processo de criação da obra por

acordo com a curadora, as esculturas estarão próximas às fotografias que se referem aelas, revelando, ocasionalmente, a obra ainda inacabada ou a escultura de bronze talqual o público brasileiro pode ver. “Estas imagens e este diálogo desejado com asesculturas permitem uma melhor compreensão do processo de criação da obra porRodin e a maneira pela qual o fotógrafo quis captar este processo”, diz Pinet. Pela primeira vez, o acervo fotográfico, exposto há dois anos no Museu Rodin, emParis, participa de uma exposição fora da França. Após a realização das exposições noBrasil, o acervo com os originais será mantido em reserva técnica durante cinco anospara conservação. Isso indica que, neste período, as obras não serão apresentadas aopúblico, nem mesmo no museu de Paris. A exposição Rodin: do Ateliê ao Museu - Fotografias e Esculturas é uma realização daCasa Fiat de Cultura, Museu Rodin e da Base7 Projetos Culturais, com patrocínio daFiat e apoio do Itaú e dos comissariados Francês e Brasileiro do Ano da França noBrasil. A organização e produção estão a cargo da Base7, proponente do projeto noMinistério da Cultura, por meio da Lei Rouanet. Rodin e a história da fotografia Ao longo da década de 1880, a fotografia esteve sempre presente no ateliê de AugusteRodin. No mesmo ambiente onde os blocos de argila ganhavam forma; onde os LesBourgeois de Calais [Os Cidadãos de Calais] foram modelados nus, antes de ganharvestes; onde a Porte de l´enfer [Porta do inferno] se cobriu ainda com uma multidãode figuras, o escultor contratou fotógrafos locais pouco conhecidos – Bodmer,Pannelier, Freuler – para registrar seu processo de trabalho. Mais tarde, quando as argilas transformaram-se em gesso, bronze e mármore, o ateliêtornou-se cada vez mais ocupado. Ao final dos anos 1890, já artista reconhecido porseus pares e pelo público, Rodin passou a orientar, mais sistematicamente, o trabalhode Eugène Druet e Jacques-Ernest Bulloz, que passaram a se revezar como seusfotógrafos oficiais. Trata-se das imagens que seriam publicadas mais amplamente pelaimprensa. “A cronologia revela-se, portanto, o primeiro fio condutor desta exposição. Osegundo será a evolução do papel da fotografia em relação à obra esculpida”, comentaHélène Pinet. Primeiro movimento estético na história da fotografia, o pictorialismo desenvolveu-seno começo do século XX. Integrantes dessa escola, os fotógrafos Edward Steichen,Stephen Haweis, Henry Coles e Jean Limet apresentaram-se no ateliê de Rodin comoartistas e o escultor encantou-se pela interpretação bastante pessoal que realizaram desuas esculturas. O colecionador Um amontoado de antiguidades greco-romanas, miniaturas persas e gravurasjaponesas, artigos de imprensa, livros, revistas, correspondências e arquivosfotográficos preenchiam as gavetas, vitrines e prateleiras dos ateliês e das casas deRodin. Ao longo de sua trajetória, Rodin reuniu cerca de 7 mil fotografias dele próprio,de seus próximos e de suas esculturas. A fotografia mostrou-se útil para o artista, inicialmente, para fazer avançar o seutrabalho. Logo depois, ele passou a utilizar a técnica como o principal meio dedivulgação de sua obra no mundo. Os catálogos e a imprensa fizeram seu trabalho circular por diversos países. Neste sentido, a coleção de fotos de Rodin reflete, aomesmo tempo, o seu percurso como escultor e a evolução técnica do novo suporte. A partir da morte de Rodin, as pastas repletas de negativos caíram no esquecimento eassim permaneceram durante várias décadas. Somente em 1960, graças ao fotógrafoRobert Descharnes, pesquisas foram realizadas para uma publicação sobre o escultor.Em 1970, os pesquisadores passaram a ter acesso aos arquivos devido à política deabertura instituída por Monique Laurent, então diretora do Museu Rodin. Assim, osregistros fotográficos puderam ser decifrados em seu cruzamento tanto com a carreirade Rodin quanto com a história da fotografia. Tais pesquisas tornaram possível a apresentação, hoje, dos diversos agentes dessahistória: Bodmer, Pannelier, Freuler, Druet e Bulloz, que atenderam cada um à sua

Tais pesquisas tornaram possível a apresentação, hoje, dos diversos agentes dessahistória: Bodmer, Pannelier, Freuler, Druet e Bulloz, que atenderam cada um à suamaneira às solicitações de Rodin, ou Limet, Haweis e Coles, bem como Steichen, queforam verdadeiros intérpretes de sua obra.

Programação paralela A programação paralela à exposição prevê a realização de palestras temáticas e aexibição, na Casa Fiat de Cultura, de filmes franceses e documentários. No dia 1º de outubro, às 19h30, o professor de História da Arte do Museu de Arte deSão Paulo (Masp) e da Faculdade de Campinas (FACAMP), Renato Brolezzi, aborda otema “Rodin e a escultura francesa do século XIX”. O encontro integra o ProjetoSempre um Papo na Casa Fiat e tem entrada gratuita. A arte educadora Rachel Souza Vianna, responsável pela concepção do programaeducativo da exposição de Rodin, realizará duas palestras sobre curadoria educativa.Ela irá abordar questões teóricas sobre a mediação entre público e as obras de arte. Oprimeiro módulo, Ensinar e aprender a ver na sala de aula, será realizado no dia 29 deagosto, de 16h às 17h30. O segundo módulo apresenta o tema Ensinar e aprender aver no Museu e vai acontecer no dia 19 de setembro, de 16h às 17h30. Toda a programação da Casa Fiat de Cultura é aberta ao público, com entrada gratuitae transporte gratuitos. Programa Educativo

Rodin: do Ateliê ao Museu - Fotografias e Esculturas conta com um programaeducativo elaborado especialmente para atender grupos, professores e alunos deescolas das redes pública e privada. As visitas orientadas são realizadas por umaequipe de educadores capacitados pela instituição.

Segundo a arte educadora Rachel Vianna, responsável pela concepção do programaeducativo da exposição de Rodin, o conceito de mediação adotado envolve um embateentre duas tendências opostas. Por um lado, reconhece o direito de cada visitanteconstruir significado para as obras de arte, com base em sua história de vida, seusconhecimentos e experiências. Por outro lado, entende que o acesso a conhecimentos especializados pode abrir novasportas para a compreensão da arte e ampliar a experiência estética. “Nosso desafio éque as atividades propostas alternem estas duas tendências, sem pretender umapostura de autoridade absoluta, nem furtar-se à responsabilidade de introduzirconhecimentos especializados e problematizar visões ingênuas ou preconceituosas daarte”, destaca Rachel Vianna.

Com o formato de workshop, a assessoria ao professor foi desenhada para dar suporteaos professores e profissionais interessados em desenvolver seu próprio roteiro devisita. Ao trabalhar em grupos pequenos, o participante terá a oportunidade de discutir,com supervisão do programa educativo, abordagens direcionadas para os seusinteresses específicos.

Nos fins de semana, o público visitante terá acesso ao programa educativoque, de terça a sexta-feira, é direcionado para escolas e grupos agendados.O agendamento para grupos e escolas poderá ser feito pelo telefone (31)3289-8910 ou pelo e-mail [email protected].

Educação on line

Para apoiar o professor ou responsável por um grupo de visitantes, ficará disponível,no site da Casa Fiat, um material com informações e sugestões para atividadeseducativas relacionadas à exposição. São informações sobre os artistas, dicas de livros,sites para pesquisa, citações de críticos e historiadores, sugestão de roteiros de leiturae propostas temáticas. O material pode ser usado em atividades de preparação para avisita ou para aprofundar e ampliar os temas tratados na mostra.

Casa Fiat de CulturaEm três anos de atuação, a Casa Fiat de Cultura acumula um público de 132 milvisitantes em seis grandes exposições realizadas com acervos de importantes museus e

Casa Fiat de CulturaEm três anos de atuação, a Casa Fiat de Cultura acumula um público de 132 milvisitantes em seis grandes exposições realizadas com acervos de importantes museus ecoleções do Brasil e da Europa. Mantida pelas empresas do Grupo Fiat, suaprogramação se destaca pelo alto valor histórico, artístico e educativo, contribuindopara o estímulo à produção cultural, formação de público, democratização do acesso àsartes e inclusão social. Atuando dentro de padrões internacionais na concepção erealização de exposições de artes plásticas e visuais, oferece a mais modernatecnologia de climatização em suas galerias, comparável aos melhores museus domundo. Presença do Grupo Fiat na FrançaO Grupo Fiat tem ampla e tradicional presença na França, país com volume denegócios total líquido de 6,7 bilhões de euros em 2008. Entre suas marcas, figuramFiat, Lancia, Alfa Romeo e Abarth, além de Ferrari e Maserati. O grupo tem tambémpresença na área dos tratores agrícolas e máquinas para obras públicas (CNH), ônibuse veículos industriais (Iveco), sistemas de produção (Comau), motores e transmissões(Fiat Powertrain), autopeças e componentes (Magneti Marelli) e fundidos (Teksid). Nototal, são quase 10 mil empregados diretos que trabalham na França, incluindo 45empresas, centros de formação e a sede. Segundo o presidente da Casa Fiat de Cultura, José Eduardo de Lima Pereira, o GrupoFiat tem a marca da internacionalidade. “Estamos presentes em diversos países, dentreos quais a França. Nossa origem italiana é motivo de grande orgulho, mas temos expressão mundial e nos orgulhamos disso também. A cultura francesa sempre foimuito presente no Brasil e esta é uma oportunidade para renovar esses laços”, explica. Serviço:Casa Fiat de CulturaRua Jornalista Djalma Andrade, 1250 - Belvedere - Belo Horizonte (MG)Informações: 31 3289-8900Entrada gratuita para toda a programação.Funcionamento: Terça a sexta-feira - 10h às 21hSábados, domingos e feriados - 14h às 21h.Agendamento para grupos e escolas: (31) 3289-8910 ou e-mail:[email protected]: saídas gratuitas de terça a domingo, Praça da Liberdade/Casa Fiat deCultura, a partir de 9h30, a cada uma hora e meia. Sábados, domingos e feriados, apartir de 13h30, a cada uma hora e meia.Site: www.casafiatdecultura.com.br Informações para a imprensaCasa Fiat de CulturaRede Comunicação de ResultadoFlávia RiosPolliane Eliziário(31) 2555-5050 / [email protected] Base7 Projetos CulturaisMarcela BrandãoECC - Escritório de Consultoria e Comunicação(11) 5506-1144 / [email protected]