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SIMPÓSIO 60: Práticas Educativas e Novas Linguagens no Ensino de H Coordenadores: Maria Thereza Didier de Moraes e Carlos Augusto FORMAÇÃO DE PROFESSORES E ENSINO DE HISTÓRIA: signifcações para o eerc!cio "a "oc#ncia Mar$in%o &'e"es "os San$os Ne$o ( RESUMO Muito se afrma que a ormação do proessor ocorre ao longo da vida, que construção do profssional docente se processa no cotidiano da profssão. tratando do profssional de Hist ria essa assertiva ! verdadeira, mas, d considerar que ! na universidade que os sa"eres #ist ricos são mo"ili$a inicialmente para serem aplicados, discutidos e postos em discussão na práxis da doc%ncia. &ara isso a ormação do profssional de #ist ria requ sa"eres e uma din(mica plural de compreensão da sociedade, ou se)a, uma ormação integrada *s demandas do corpus social+ o profssional de #ist ria, no espaço da escola, tam"!m produ$ con#ecimento e promove a construção coletiva da cidadania #ist rica. signifcação ormativa do profssional ! o desafo quando da proposta de uma #ist ria pro"lemati$adora da socie no seu aspecto participativo, integrador, cr-tico e cidadão. Pa)a*ras+c%a*es: ormação do #istoriador+ sa"eres #ist ricos+ pr /is. A,STRA-T Muc# is said t#at t#e training o t#e teac#er is learning t#e construct training ta0es place in t#e dail1 teac#ing o t#e proession. 2n t#e ca proessional #istor1 o t#is assertion is true, "ut 3e must c universit1 is t#at #istorical 0no3ledge is deplo1edinitiall1 to "e applied, discussed and put into praxis in t#e discussion o teac#ing. 4or t#is t#e trai proessional #istor1 requires multiple s0ills and a understanding o t# o pluralistic societ1, or an integrated training to t#e demands o t#e proessional #istor1 in t#e area o t#e sc#ool, also produces 0no3ledge promotes t#e collective construction #istor1 o citi$ens#ip. 5#e signif proessional training o #istor1 is t#e c#allenge 3#en proposing a pro" #istor1 o societ1 in its participator1 aspect, integrative, and critic .e/0or"s: training o t#e #istorian, #istorical 0no3ledge, praxis . 1 Mestre em História pela Universidade Federal da Paraíba – UFPB e doutorando em Hi Federal de Pernambuco – UFPE. Atualmente é proessor de Pr!tica de Ensino de Histór Estadual da Paraíba – UEPB.

Formação de Professores e Ensino de História

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FORMAO DE PROFESSORES E ENSINO DE HISTRIA: significaes para o exerccio da docnciaMartinho Guedes dos Santos Neto

RESUMO

Muito se afirma que a formao do professor ocorre ao longo da vida, que a construo do profissional docente se processa no cotidiano da profisso. Em se tratando do profissional de Histria essa assertiva verdadeira, mas, devemos considerar que na universidade que os saberes histricos so mobilizados inicialmente para serem aplicados, discutidos e postos em discusso na prxis da docncia. Para isso a formao do profissional de histria requer mltiplos saberes e uma dinmica plural de compreenso da sociedade, ou seja, uma formao integrada s demandas do corpus social; o profissional de histria, no espao da escola, tambm produz conhecimento e promove a construo coletiva da cidadania histrica. A significao formativa do profissional de histria o desafio quando da proposta de uma histria problematizadora da sociedade no seu aspecto participativo, integrador, crtico e cidado. Palavras-chaves: formao do historiador; saberes histricos; prxis.

ABSTRACT

Much is said that the training of the teacher is learning the construction of the training takes place in the daily teaching of the profession. In the case of the professional history of this assertion is true, but we must consider that the university is that historical knowledge is deployed initially to be applied, discussed and put into praxis in the discussion of teaching. For this the training of professional history requires multiple skills and a understanding of the dynamics of pluralistic society, or an integrated training to the demands of the social, and professional history in the area of the school, also produces knowledge and promotes the collective construction history of citizenship. The significance of the professional training of history is the challenge when proposing a problematizing history of society in its participatory aspect, integrative, and critical citizens. Keywords: training of the historian, historical knowledge, praxis.

Tornou-se lugar comum afirmar que a formao do professor ocorre ao longo da vida e que a ao do profissional docente se processa no cotidiano do exerccio da profisso, entretanto, temos que considerar que na universidade que os saberes da docncia so mobilizados inicialmente para serem aplicados, discutidos e postos em discusso na prxis da atividade docente e de quebra, do profissional de Histria.

Mas, nem sempre foi assim. A formao do profissional de Histria, sobretudo, aps o golpe militar de 1964, sofreu um crescente esvaziamento quando, a partir de 1974, a reforma do Ensino de 1 e 2 grau reformulou a grade curricular do ensino de modo a suprimir as disciplinas de Histria e Geografia, sendo essas substitudas pelas disciplinas de Educao Moral e Cvica e OSPB; posteriormente, como parte da anterior reforma universitria de 1969, foram implantados os chamados Cursos de Licenciatura Curta, os chamados Cursos Superiores de Estudos Sociais, cujos profissionais estariam habilitados a lecionar Histria, Geografia e Educao Moral de Cvica (FONSECA, 2006, p. 50-58).

Nesse processo de esvaziamento da formao do profissional de Histria, os professores foram submetidos a uma formao superficial, pouco aprofundada em conceitos e mesclada com o discurso da ptria e dos heris nacionais. No cotidiano da sala de aula os contedos seguiram uma sequncia de fatos e acontecimentos reproduzidos, sem crticas, sem fomento de opinio e/ou ideias.

Da, nos anos que se seguiram, o que se constatou foi uma crescente tecnizao do ensino de Histria por pelo menos 10 a 15 anos aps a implantao das Licenciaturas Curtas e das disciplinas de EMC e OSPB. Essa constatao tem-nos instigado a uma reviso, no apenas da formao do historiador, mas tambm, da identidade docente, sobretudo, dos profissionais que atuam no universo dos conceitos abstratos e societrios, como o caso dos professores de Histria. Tal constatao nos leva as seguintes questes: como se configura a formao do professor no limiar do sculo XXI? E quais as perspectivas que podem ser desenhadas para o ensino de Histria na nova configurao societria do sculo XXI?

No quadro das reformas educacionais dos anos 1990, associadas s novas exigncias de uma economia globalizada, as determinaes voltadas para a formao docente, contidas na Lei de Diretrizes e Bases da Educao Nacional/1996, propem uma formao que no mnimo, seja reflexiva da sua prtica e construtora da autonomia do educando, frente s demandas do mercado global.

certo que no contexto de uma sociedade cada vez mais individualizada e bombardeada por uma crescente cultura de consumo, a escola assumiu outros papeis e outras posturas frente ao processo de formao do indivduo: o conhecimento se configurou como dinmico, rpido; a mdia e os meios de comunicao ampliaram o acesso s novas tecnologias; o aluno no mais passivo, mas, agente questionador e a sala de aula tem uma postura diversificada, com alteridades e culturas mltiplas no mesmo espao.

Para o professor, essa nova configurao do seu espao de trabalho (escola ou universidade) trouxe o desafio de uma formao ampliada, questionadora e promotora da cidadania. A funcionalidade pretendida para o exerccio da docncia se configura com uma proposta epistemolgica da prtica. Ou seja, a reflexo da e na prtica, cujo fim seria a percepo dos lugares plurais do conhecimento no universo da sala de aula para a construo do saber.

A resoluo n 1/2002 do Conselho Nacional de Educao quando determina que o profissional da educao deve ser capaz de promover a aprendizagem em seus mltiplos aspectos, desenvolvido a partir da pesquisa no interior da sua prtica docente, formula para os professores o encaminhamento do ensino na percepo de olhares investigativos e perceptveis no conjunto das aes e vivncias, e no apenas os aspectos conteudistas do conhecimento.

Entretanto, Novoa (1992) ao analisar a formao docente no Brasil, constata que existe uma discrepncia entre o que se prope e o que acontece na prtica da formao docente. Para a formao do professor se coloca uma agenda de capacitao crescente, incrementada com o exerccio profissional que, muitas vezes, no condiz com o nvel de exigncia requerido ao professor. No h uma proposta de reconfigurao do espao escolar, tampouco das especificidades organizativas da instituio escolar e da cultura de ensino-aprendizagem da escola, muitas vezes amarrada a demandas reguladoras de ensino que no possibilitam a autonomia do professor na sua prtica pedaggica da sala de aula. O contedo deve ser cumprido tal qual est no livro e o aluno tem que est a todo tempo ocupado (escrevendo ou realizando alguma tarefa proposta pelo professor), esses so alguns exemplos do que se observa na cultura escolar prtica. Ento, enquanto se exige uma capacitao crescente do professor se preserva prticas institucionais de controle e quantificao do saber.

De outro lado, Pimenta (1999) discute que a formao docente passa pela construo da sua identidade; afirma que o professor se assume enquanto tal, a partir da significao social da sua profisso, em um movimento crescente de demarcao da importncia do lugar do professor enquanto mediador do conhecimento, nas mais variadas reas de ao prtica.

Partindo dessas consideraes, o que se desenha no cotidiano do exerccio da docncia uma formao pouco verticalizada e sem valorao identitria, mas, com carga de obrigaes muito intensa. O cenrio educacional que se desenhou, a partir dos anos de 1980, presenciou o encolhimento das aes sociais de presso, a fragmentao das relaes sociais e a mercadorizao da educao (FONSECA, 2003, p. 73-75) e, neste contexto a formao do professor pouco se desvinculou das amarras tecnicistas dos anos da Ditadura Militar.

O processo de globalizao e a mercadorizao da educao ao passo que tem exigido do professor cada vez mais qualificao, pouco incentivo tem dispensado as melhorias das condies de trabalho; mesmo que tenha havido uma reformulao nos currculos, com a insero de outras possibilidades formativas e de ensino, com vistas formao de um cidado trabalhador para o mercado, o que se tem observado a adequao das reas de conhecimento ao modelo de consumo do mercado e, portanto, educam para o mercado, em um processo de matematizao tecnolgica do saber.

Da que, nesse incio do sculo XXI, em decorrncia das transformaes tecnolgicas e mercadolgicas da sociedade global, podemos considerar que so os professores das cincias humanas quem mais tem se sentido desafiados pelos novos contornos da escola e do aluno.

Pelas novas configuraes do corpus social, a lgica estabelecida moldou as relaes sociais na direo do individualismo e na fragmentao das diversidades. Essas conformaes acabaram por lanar outros desafios aos profissionais das cincias humanas, sobretudo, aos profissionais de Histria: a verticalizao da compreenso do homo societs no tempo para promoo da cidadania ativa.

Pois, quando consideramos a Histria como construtora da crtica e promotora da cidadania, no interior do contexto social, onde, pela conscincia histrica, os alunos so levados a questionar e fazer se presente como agentes transformadores do contexto scio-econmico e poltico, o que se observa so desafios que ultrapassam os contedos da disciplina, da mera reproduo dos fatos, dos acontecimentos e da valorizao de heris. Na conformao da sociedade global, onde est includa a sociedade brasileira, os desafios colocados para o professor de Histria ampliam o leque de percepo do corpus social para a mediao na formao de cidados, inseridos na sociedade como agentes histricos.

Pelo ensino e regncia da sala de aula, os professores de Histria so instigados a problematizar, discutir e pesquisar o passado em realidades multidisciplinares, transversais, transnacionais, globais e planetrias, de modo flexvel e investigativo (FONSECA, 2006, p. 89-107). Isso porque pela Histria que se define o modelo de cidado que se quer construir, pois, pela Histria, como formadora da conscincia crtico-cidad, se define qual o perfil de cidado que se pretende. Da a formao da conscincia histrica ou o modo de pensar histrico (MATA, 2004, p. 56-57) dos alunos remete a formao da cidadania histrica, ou seja, pela problematizao do passado o professor de Histria busca os referenciais para a formao da conscincia no presente.

O presentismo e a descartabilidade da sociedade no se sustenta nos referenciais do passado, ao passo que promovem um cidado acrtico, desinteressado e individualizado no conjunto scio-poltico em que se insere. Sendo assim, ao professor de histria cabe promover a crtica ao passado para alm da cronologia didtica dos contedos da disciplina. A prxis como cotidiana das aulas de Histria so desafios que levam a perceber as especificidades da sala de aula na busca de uma significao scio-histrica para os alunos. A promoo da cidadania histrica pela prxis cotidiana nas aulas de Histria se constitui como um dos desafios do professor de histria, no sentido de promover a dinmica coletiva da sociedade pela mediao na promoo da cidadania participativa dos alunos e no a perspectiva receptora, robotizadora e individualista do homem em sociedade.

Para isso a formao do profissional de Histria requer uma multiplicidade de saberes e uma dinmica plural de compreenso da sociedade. Estamos falando de uma formao que se pretenda integradas s demandas do corpus social; o profissional de Histria, na medida em que d significao ao seu espao no contexto escolar, produz tambm conhecimento e promove a construo coletiva da cidadania histrica.

Formar teoricamente o profissional de Histria no pode se constituir como ponto nico do processo formativo do historiador. Comumente, ouvimos relatos de que esse ou aquele professor falou o que era a teoria da histria, mas no entendo at hoje pra qu eu vou usar isso na sala de aula (relato de aluno do 2 ano da graduao de histria da UEPB). Relatos como esse identificam que em seu processo formativo, o profissional de Histria tem que articular a teoria com a prtica de modo integrador, pensando o passado como significativo para a escola, a sociedade e os alunos.

Novos saberes, novas linguagens, novas temticas e novos eixos formativos deve permear a formao do historiador para que o cotidiano das aulas de Histria, na sala de aula, tenha significado e problematize o homem em sociedade. A significao da formao desse profissional , pois, um desafio na medida em que se prope que a Histria seja problematizadora da sociedade em seu aspecto participativo e integrador, crtico e cidado.

Diante dessas questes, a formao do historiador e o ensino de histria podem ser discutidos luz de duas perspectivas:

Primeiro, utilizao de novas linguagens de ensino Se a Histria busca problematizar e discutir o passado para promover uma conscincia histria participativa no presente, as manifestaes artsticas, culturais e ideolgicas do homem podem e devem ser trabalhadas pelo ensino de Histria (cordel, pintura, charges, jornais msica, cinema, etc.). Todas essas linguagens esto carregadas de ideologias e convices, interpretaes e leituras do homem em seus contextos e tempos histricos determinados, por esses motivos podem ser utilizados no ensino da disciplina (BITTENCOURT, 2004).

Entretanto, de nada adianta se essas linguagens forem tratadas apenas como ilustrativas das aulas de Histria. Ao professor tem que ser dado o conhecimento e a metodologia de trabalho que cada uma dessas linguagens requer. Voltamos novamente para a formao do historiador: Quando pensamos em um professor de Histria integrado com o meio, reflexvel na sua prtica e atento as especificidades da sala de aula, se pensa, tambm, em uma formao que possibilite a aprendizagem de metodologias de ensino que no estejam associadas apenas ao discurso do dar aula, onde o conhecimento parte exclusivamente da oralidade do professor. Nesse sentido, o terico-metodolgico tambm se aproxima da vivncia prtica da sala de aula e dos significados produzidos pelos alunos em seus universos para que possam ter significados.As manifestaes do homem, as linguagens produzidas por ele requerem uma viso ampla e contextualizada em momentos distintos e tempos tambm definidos, por esse motivo, a formao do professor de histria deve ser terico-prtica, cuja formao contemple a multiplicidade e a diversidade de saberes produzidos pelo principal objeto de estudo da Histria o homem.

Segundo, o ensino de Histria como promotor da cidadania Essa perspectiva nos prope, enquanto historiadores, pensar a Histria como disciplina educativa, formativa e emancipadora. Por esse motivo, como fomentadora da cidadania que a Histria discute o homem no tempo, na perspectiva de mediar conscincia histrica dos alunos e faz-los entender que so sujeitos histricos no cotidiano, agentes crticos e fomentadores de direitos.

Fomentar a crtica significa refletir sobre a realidade e o contexto (PIMENTA, 2008). Da que, no processo formativo do historiador, a prxis da sua formao tambm se constitui como elemento desafiador para o futuro profissional de histria. Na medida em que o graduando de Histria entra em contato com a escola e os campos de atuao do historiador, o desafio o de pensar o que, no processo de formao, pode e deve ser aprimorado para uma atuao diferenciada como historiador. Lanam-se, ento, perspectivas para que a formao seja qualitativa e produtiva, ao passo que interage com o meio e os conjuntos sociais em constante transformao e fragmentao scio-cultural.

Selva Guimares (2003, p. 77), diz que o profissional que se prope a formar historiadores tem que ter a conscincia de que o outro ele mesmo, ou seja, o outro a perspectiva de uma construo identitria significativa para a sua prpria profisso. Mas, o que se tem constatado que a formao dos historiadores no est comprometida com o ensino da Histria, portanto, o desafio driblar os entraves e promover a integrao terico-pedaggica da histria como conhecimento cientfico e didtico, cuja perspectiva seja a intermediao na construo da cidadania crtica e participativa frente fragmentao social do homem.

O professor de histria tambm um educador e por isso a sua formao deve ser proposta como prtica para que, no processo de ensino-aprendizagem o ensino de Histria tenha como proposta fomentar a percepo do meio, as experincias vividas e os preconceitos que emergem no cotidiano da sala de aula para elabor-los e promover a conscincia crtico-histrica e o exerccio da cidadania.

AS SIGNIFICAES NA FORMAO E O EXERCCIO DOCENTE EM HISTRIA certo que no existe receita para dar aulas, certo ainda que na prtica cotidiana da sala de aula, o professor encontra desafios que, a cada momento fora-o a modificar sua postura e seus mtodos de ensino. Portanto, na conformao que nos apresentada, a escola e a sala de aula esto em constante transformao e os alunos com novas posturas e at, desprezo pelo aprendizado. Isso requer outras significaes para o aprendizado dos saberes humansticos, dentre eles a Histria.

Teoria, linguagens de ensino, metodologias de ensino e estgios de ensino no esto descartados na formao do historiador, mas, precisam ser conduzidos aos saberes da prtica docente, a prtica na prtica. A pesquisa o elemento fundamental do historiador e no privilgio, portanto, no deve ser privilegiada em detrimento de uma formao pedaggica e sim equilibrada. Quando apontamos os desafios das cincias humanas no interior da sociedade globalizada e matematizada, porque precisamos de posturas sociais frente valorizao do individualismo. Nesse sentido, para que o ensino de histria seja til preciso que os professores de Histria tambm sejam teis na sala de aula, e os contedos da disciplina busquem mais que a simples memorizao. O desenvolvimento do pensamento crtico e a problematizao das ideias e contedos precisam est envolvidas com questes autnticas da vida dos alunos,

no s o historiador, mas tambm o professor, o aluno, ou qualquer cidado, ao analisar ou estudar Histria, exercita o pensamento sobre as evidncias para resolver questes postas ao passado. Adotando essa abordagem, torna-se indissociado da aprendizagem de Histria o ensino da elaborao e pensamento sobre as questes do passado. A Histria passa a ser um conjunto de prtica, resultado e relatrio, coerente a partir da atitude do historiador e de sua observao do passado (MATTA, 2004, p. 56).Na busca das evidncias do passado interrogado, o professor de histria precisa est prximo das evidncias da sala de aula. Da que a formao ampliada e de prtica concreta se tornam imprescindveis, pois, dela que sai as significaes do ensino de histria no bojo da ao docente.

Precisamos de professores-pesquisadores-problematizadores da sociedade, aptos para o exerccio do ensino dos valores humanos e societrios sem a separao ensino ou pesquisa. Os graduados, mestres ou doutores em Histria precisam compreender que a docncia e a sala de aula tambm so campos de trabalhos que no podem ser desconsiderados, mas, pensados. A funo pedaggica da Histria tambm a sua funo significativa na sociedade, o que lhe d o status de cincia humana, cincia do homem no tempo.

A docncia em histria se, se pretende crtica, problematizadora e construtora de identidades, deve procurar promover a significao do ensino de histria para os alunos nas suas especificidades, portanto, a formao do profissional de histria terica e prtica na sala de aula, pensando os alunos e as situaes de ensino-aprendizagem das cincias humanas na escola. Quando escutamos que: no admito que meu filho passe em matemtica e portugus, e fique em Histria. Deve haver um jeito para que ele no repita o ano, significa que a Histria no tem sentido para o conjunto da escola e da aprendizagem, significa tambm que aos professores de Histria falta uma postura deliberativa e incisiva, no sentido de promover a significao dos estudos do homem no tempo.

Como afirma Ru: ensinar atuar, e atuar supe a necessidade de escolher as diversas opes possveis, sempre presentes (2003, p. 39), e isso no diferente quando ensinamos histria. A significao da disciplina est, pois, na proposta que os professores colocam para a sala de aula, nas opes que buscam permitir ao aluno a compresso do contexto social em que ele se insere de modo qualitativo e, para isso, o professor precisa est atento as situaes presentes, s demandas, para deliberar de modo que os significados da histria sejam tambm o significado da vivncia do homem em sociedade.

Essas demandas formativas, no contexto da sociedade global e dinmica, por vezes so esquecidas. O se tem observado a tendncia em privilegiar a investigao documental e cientfica como princpio bsico da formao do historiador, uma vez que, as universidades tm promovido cursos de formao na base da afirmao do potencial cientfico do profissional de histria. E a docncia?

Em um movimento de confluncia, que se inicia pela insero das disciplinas de prtica de ensino de histria nos cursos de formao dos historiadores, a teoria e a docncia ganharam novos contornos e novas perspectivas. Ao historiador-professor, ensino e pesquisa se constituem como pilares de ao, para ensinar e/ou produzir conhecimento histrico.

Promover essa confluncia precisa se constituir como meta de trabalho dos cursos de formao de historiadores. Se assim procedermos, a formao terico-pedaggica dos historiadores poder se complementar com as significaes do pensar a sociedade em suas mltiplas faces e implicaes histricas.

Se h alguma significao que precisa ser considerada na formao do profissional de histria, ela est na perspectiva de uma formao integrada. Precisamos perceber que o historiador tambm professor e as discusses da universidade podem ser pensadas com situaes da/para a sala de aula, do contrrio:

a teoria, sem a relao com a prtica educativa, se isola no abstracismo e se distancia do prprio contexto em que os conhecimentos so produzidos, circulam e so transmitidos. A prtica educativa sem o embasamento terico-metodolgico, cai na fragmentao e na desarticulao dos contedos transmitidos, pela falta de eixos orientadores de reflexo (SILVEIRA, 2008, p. 21).

Precisamos est atento ao fato de que os profissionais de histria formados na universidade so aqueles que iro para a sala de aula e, portanto, difundir o conhecimento histrico em sua amplitude. Quando insistimos na fragmentao que nos aponta Silveira, as chances da histria ensinada no ter significaes para os alunos se tornam crescentes, como tambm crescem a possibilidade dos profissionais de histria recm-sados da universidade no saber ensinar qualitativamente.Pensar uma formao cuja confluncia seja teoria e prtica iminente e deve ser oficio corrente dos cursos de formao de historiadores, pois, a histria teoricamente pensada s tem significado e sentido se aplicada didaticamente na sala de aula para percepo do sujeito histrico no alienado. Essas questes iniciais nos instigam, professores formadores de professores, a pensar projetos de articulao e operacionalizao da formao do profissional de histria para a sua prtica.REFERNCIAS

BITTENCOURT, Circe Maria Fernandes. Ensino de Histria: fundamentos e mtodos. So Paulo: Cortez, 2004. CONSELHO NACIONAL DE EDUCAO. PARECER CNE/CES 492/2001: Diretrizes Curriculares Nacionais dos cursos de Filosofia, Histria, Geografia, Servio Social, Comunicao Social, Cincias Sociais, Letras, Biblioteconomia, Arquivologia e Museologia. MEC, 2001. http://portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/CES0492.pdf ,acessado em: jan. de 2009.

FONSECA, Selva Guimares. Didtica e prtica de ensino de Histria: experincias, reflexes e aprendizados. Campinas, SP: Papirus, 2003.

FONSECA, Thais Nvia de Lima. Histria e ensino de Histria. Belo Horizonte: Autntica, 2006.

MATA, Alfredo. Ensino-aprendizagem de histria, projetos e novas tecnologias. In: LIMA, Carlos Augusto Ferreira (Org.) Ensino de Histria: reflexes e novas perspectivas. Salvador: Quarteto, 2004.

NOVOA, Antnio. (org). Os professores e sua formao. Lisboa: dom Quixote, 1992.

PIMENTA, Selma Garrido & LIMA, Maria Socorro Lucena. (org) Estgio e docncia. 3 ed. So Paulo: Cortez, 2008.

PIMENTA, Selma Garrido (org). Saberes da Docncia. So Paulo: Cortez, 1999. RU, Joan. O que ensinar, e por qu: elaborao e desenvolvimento de projetos de formao. So Paulo: Moderna, 2003. SILVEIRA, Rosa Maria Godoy. Teoria-metodologia e ensino da histria: uma confluncia necessria. In: SANTOS NETO, Martinho Guedes dos (org). Histria ensinada: linguagens e abordagens para a sala de aula. Joo Pessoa: Idia, 2008. Mestre em Histria pela Universidade Federal da Paraba UFPB e doutorando em Histria na Universidade Federal de Pernambuco UFPE. Atualmente professor de Prtica de Ensino de Histria na Universidade Estadual da Paraba UEPB.