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FORMAÇÃO ECONÔMICA E SOCIAL DO BRASIL O expansionismo mercantil europeu e a formação regional brasileira

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FORMAÇÃO ECONÔMICA E SOCIAL DO BRASIL

O expansionismo mercantil europeu e a formação regional brasileira

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O ExpansionismoA crise no modo de produção

feudal No século XIV, a Europa Ocidental era feudal. As relações de produção baseavam-se no trabalho servil , prestado nas

terras dos “senhores feudais”, nobreza e alto clero.

• O crescimento da população verificado entre os séculos XI e XIV foi extraordinário. Os nobres passaram a explorar grandemente as massas camponesas. Essa situação produziu protestos, revoltas e fugas dos servos para as cidades. A repressão a esses movimentos foi enorme.

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O ExpansionismoA crise no modo de produção

feudal

• Durante o século XIII ocorreu uma expansão das áreas agrícolas. Antigas áreas de pastagens foram ocupadas, causando a falta de adubos e florestas foram derrubadas, provocando alterações climáticas, o que acarretou baixa produtividade agrícola.

• Com as péssimas colheitas que se verificaram, ocorreu uma alta de preços dos produtos agrícolas. Os europeus passaram a conviver com a fome.

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O ExpansionismoA crise no modo de produção

feudal Dificuldades econômicas de toda a ordem assolaram a Europa, que passou

a conviver com outro problema: o esgotamento das fontes de minérios preciosos necessários para a cunhagem de moedas, levando os reis a constantes desvalorizações que faziam agravar a crise.

Os índices de mortalidade aumentaram sensivelmente no século XIV, pois uma população debilitada pela fome teve que enfrentar uma epidemia de extrema gravidade, a Peste Negra, que chegou a dizimar cerca de 1/3 da população européia.

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O ExpansionismoA crise no modo de produção

feudal No plano social verifica-se o crescimento de um novo grupo: a

burguesia comercial, residente em cidades que tendiam a uma expansão cada vez maior, pois passaram a atrair os camponeses e os elementos “marginais” da sociedade feudal.

Politicamente, a crise se traduz pelo fortalecimento da autoridade real, considerado necessário pela nobreza temerosa do alcance das revoltas camponesas.

A unificação política, o surgimento dos Estados Nacionais, aparece, desta forma, como a solução política para a nobreza manter sua dominação.

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O ExpansionismoA crise no modo de produção

feudal A crise do século XIV

produziu uma profunda inquietação intelectual, caracterizada pela idéia de necessidade de renovação cultural. Este fenômeno ficou conhecido por RENASCIMENTO. Transição da mentalidade medieval para a mentalidade moderna.

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O ExpansionismoA crise no modo de produção feudal

Finalmente a crise se

manifestou também no plano espiritual-religioso.

Tantas desgraças afetaram profundamente as mentes dos homens europeus, traduzindo-se em novas necessidades espirituais e religiosas.

"Esta crise é o ponto de partida para se compreender o processo de transição do Feudalismo ao Capitalismo"

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FEUDALISMO CAPITALISMO

A produção tende a ser de subsistência. Grande produção de excedentes, voltada para o mercado

A principal propriedade é imóvel : a terra, o feudo. O senhor feudal a domina, por isso pode cobrar tributos dos servos. Mas não investe praticamente nada.

A principal propriedade é a do capital. Investido em empresas, bancos e comércio, resulta em lucros para o burguês.

O servo tem o usufruto da terra mas não é livre : está submetido às obrigações feudais. Pode ser proprietário de alguns instrumentos de trabalho.

O trabalho é livre. Como não possui terras, máquinas e outros bens, é forçado (para não morrer desempregado) a vender sua força de trabalho (capacidade de trabalhar) em troca de salário

Coação política : o servo se submete principalmente porque o senhor feudal conta com a força das armas e da igreja .

Coação econômica: o empregado se submete por que não tem condições de trabalhar por conta própria

Produção com o objetivo de sustentar o domínio dos senhores feudais.

Produção com o objetivo de ampliar os lucros e o domínio da burguesia

Senhores feudais X servos. Burguesia X Trabalhadores assalariados

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O ExpansionismoA crise no modo de produção

feudal

A crise do século XIV produziu o expansionismo do século XV.

Para superar os problemas gerados pela crise, como falta de terras para cultivar, a regressão demográfica e o esgotamento dos estoques de ouro e prata, os europeus se lançaram aos descobrimentos marítimos.

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O Expansionismo marítimo no século

XV

O comércio das especiarias, nesta fase, era virtualmente monopolizado pelas cidades italianas, o que tornava imperioso a descoberta de uma nova rota marítima para o oriente.

Nesse contexto foi fundamental o aperfeiçoamento das técnicas de navegação, graças sobretudo ao astrolábio, à bússola, ao quadrante, à caravela e a uma verdadeira revolução nos conhecimentos cartográficos e astronômicos.

       

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O Expansionismo marítimo no século XV

• Portugal pôde se lançar ao empreendimento marítimo muito tempo antes que qualquer outra nação européia. As razões que explicam esse pioneirismo português foram, fundamentalmente :

• a) a precoce formação do Estado Nacional português. Desde o século XIV (1383 - 85) a Revolução de Avis levou ao governo uma dinastia comprometida com a burguesia mercantil;

• b) a existência de uma próspera burguesia mercantil, profundamente interessada na expansão. Essa burguesia desenvolveu-se graças à posição de Portugal nas rotas comerciais européias ;

• c) a experiência náutica dos portugueses, fruto do contato e das trocas de experiências na “Escola de Sagres”.

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O expansionismo marítimo no século XV

• Os espanhóis iniciaram sua expansão em 1492 , após a expulsão dos árabes de seu território, com a viagem de Cristóvão Colombo, da qual resultou a chegada à América.

• Em 1494 Portugal e Espanha assinaram o Tratado de

Tordesilhas, dividindo o mundo a ser conquistado, estabelecendo um meridiano imaginário que passaria a 370 léguas a oeste das ilhas de Cabo Verde.

• Portugal ficaria com as terras a leste do meridiano, garantindo assim a exploração das terras africanas e o comércio com o oriente. A Espanha ficaria com as terras a oeste do meridiano. Inglaterra, França e Holanda não respeitaram ao tratado.

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Os efeitos da Expansão Marítima• O eixo econômico da Europa deslocou-se do Mediterrâneo para o Atlântico; • O comércio passou a ser um negócio de nações e não de simples cidades;

• O continente americano foi incorporado às tradicionais rotas comerciais;

• Os italianos perderam o monopólio das especiarias ;

• Os metais preciosos encontrados na América foram levados para a Europa, gerando uma alta de preços considerável no século XVI, conhecida como “Revolução dos Preços”, o que tornou possível a burguesia acumular grande quantidade de capital.

• O fortalecimento dos Estados Nacionais europeus.

• O desenvolvimento do tráfico de escravos da África para a América.

• O extermínio de centenas de tribos indígenas americanas.

• A europeização das áreas conquistadas, devido à imposição dos valores culturais e religiosos Europeus.

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Estrutura e Dinâmica do Sistema Colonial

A Formação Regional Brasileira

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Origem e Desenvolvimento das Regiões Brasileiras1. Origens das Regiões• Povoamentos mercantis no litoral subordinados ao controle da

metrópole• Tráfico de escravos e contrabando deram origem as cidades

mercantis que posteriormente adquiriram autonomia• Descobrimento do ouro (século XVIII) e relações comerciais diretas

da burguesia com a Inglaterra e bacia do Prata levou à quebra do pacto colonial e à formação das regiões brasileiras no século XIX

• Formação de um arquipélago mercantil > Cada região agro-exportadora constituía-se da cidade comercial e do campo agropastoril e se especializou em 1 ou 2 produtos > altamente vulnerável as variações do comércio internacional

2. O Espaço de Produção Colonial • Marinha > Terras próximas ao litoral: domínio da grande lavoura escravista• Sertão > Interior: domínio da pecuária extensiva; relações não escravistas

(partilha) • Minas > Espaços determinados do interior: denso povoamento e fluxos comerciais com a marinha e o sertão

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A Marinha

• Território do engenho de cana-de-açúcar• A grande lavoura escravista, espinha dorsal da economia colonial, sempre

esteve presa às vizinhanças do litoral, tanto em função dos custos de transportes, como pela dependência dos férteis solos da floresta tropical.

• Implantada em diversos pontos do litoral, teve sucesso em 4 áreas polarizadas por: Olinda/Recife; Salvador; Rio de Janeiro e São Luís do Maranhão (algodão e drogas do sertão).

• Salvador, sede do governo geral da colônia até meados do século XVIII e grande centro de tráfico de escravos, também abrigou o plantio de fumo usado como meio de troca no tráfico escravista.

• Olinda, mais próxima da Europa, foi o pólo dominante nos 150 primeiros anos da colonização, sede da mais próspera capitania (Pernambuco).

• Foi ocupada pelos holandeses até 1654, período em que fundaram a cidade de Maurícia – Recife, que foi o 1º núcleo urbano a ganhar preeminência no Brasil. > oposição Olinda(aristocracia) X Recife(burguesia) > guerra dos mascates: 1º movimento nativista no Brasil (1709); 2º movimento nativista > guerra dos emboabas (1710).

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A Marinha (cont)• Rio de Janeiro: Foi palco da ocupação francesa em meados do século

XVI (França Antártica), sendo expulsos pelos portugueses que desenvolveram na Região o 3º pólo produtor de açúcar do País.

Produção de Açúcar no Brasil (1710) Local No de Engenhos Caixas % Bahia 146 14.500 40 Pernambuco 246 12.300 33 Rio de Janeiro 136 10.220 27 TOTAL 528 37.020 100

• São Luís do Maranhão: Situado próximo à foz do Amazonas, destacou-se como porto de embarque das drogas do sertão e de algodão fomentado pela Companhia de Comércio do Grão Pará e Maranhão.

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O Sertão

• Território do curral, da caça aos índios, dos quilombos e da busca do ouro.

• Foi ocupado pela expansão da pecuária a partir dos limites da lavoura açucareira em Salvador e Olinda, no Nordeste, e da ação dos bandeirantes vicentinos, no centro-sul.

• Nordeste (Civilização do couro) estimulou as salinas e charqueadas para abastecer os engenhos de açúcar. Atinge a Amazônia no final do século XIX.

• Além da ocupação do território o suporte à atividade açucareira, a pecuária consolidou a estrutura fundiária desigual no Nordeste > imenso contingente de mão-de-obra que migrou para outras regiões do país.

• São Paulo (Bandeiras e Monções) > caça aos índios e busca do ouro

• Sul (colônias jesuítas) charqueadas/pampas > Tropas de muares > Abastecimento das minas.

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As minas• Território da aventura > qualquer pessoa poderia arriscar-se na produção do

ouro• Maior migração do período colonial para o centro do país (sertão)• Surgimento de vilas, cidades e fluxo de animais, alimentos e mercadorias

importadas• Embrião da articulação econômica das regiões brasileiras: RJ > mercadorias

importadas da Europa; Sul( via São Paulo > muares e carne seca; Nordeste > escravos dos engenhos decadentes.

• Centralização político-administrativa e tributária > mudança da capital para o Rio de Janeiro (1763)

• Fim da mineração > vinda da corte portuguesa para o Rio de Janeiro (1808) > principal núcleo urbano-comercial administrativo e político do Brasil

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O Arquipélago Mercantil (Império)• Regiões mercantis com centros em cidades portuárias• Trocas internas inter-regionais muito limitadas > vinculação direta

com o mercado mundial• Produção para o exterior (açúcar; fumo; cacau; borracha; café;

algodão)• Crise política interna (1822-1848) > Resistência das economias

provinciais à dominação do sudeste cafeeiro apoiado pela monarquia centralizadora.

Regiões Mercantis do Império• Nordeste ((Recife e São Luís) > açúcar/algodão

• Bahia (Salvador) > açúcar, fumo, cacau

• Centro (Rio de Janeiro) > café• Sul > pecuária nos Pampas gaúchos• Amazônia(Belém e Manaus) > borracha.

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EUROPAInglaterra

São Luís/Amazônia

Rio Grande do SulSÃO PAULO

Rio de Janeiro/Minas Gerais

SALVADOR

RECIFE/OLINDA

O ARQUIPÉLAGO MERCANTIL NO BRASIL IMPÉRIO

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O Café e a modernização da economia brasileira

Centro Cafeeiro Início da modernizaçãodiminuição custo transporte < Ferrovias > mão de obra

assalariadaExpansão do café para o oeste de São Paulo e ligação de

cidades portuárias

Nordeste/Bahia • Fim da civilização do açúcar > Liberação da mão-de-obra

escrava• Formas de Servidão > pagamento pelo uso da terra em

trabalho• Não constituição de um mercado de trabalho capitalista

(assalariados)

Sul• Charque (campos)• Lavoura açoriana (litoral) Não mantinham relações

entre si trigo/uva

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Formação do Centro e da Periferia no Brasil

Expansão da cafeicultura em São Paulo baseada no trabalho assalariado

Formação do mercado nacional(1930) > Quebra do arquipélago

mercantil

• Receitas das exportações das fazendas paulistas de café, diferentemente das situações anteriores, não foi toda consumida com produtos importados.

• Os produtos básicos dos trabalhadores das fazendas e das cidades paulistas (colonos imigrantes), alimentos, tecidos e calçados, foram adquiridos de diversas indústrias situadas no Brasil.

• A economia cafeeira gerou a formação do parque industrial em São Paulo que assume a condição de centro dinâmico da economia brasileira.

• Após a revolução de 1930 esse processo de industrialização se intensifica resultando na constituição do centro e da periferia brasileira.

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