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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA QUÍMICA DE LORENA EVERTON AUGUSTO LIMA DE OLIVEIRA THOMAZ PELEGATTI VIEL ZANIVAN Formação em Engenharia Química: percepção dos alunos em relação ao perfil profissional Lorena SP 2012

Formação em Engenharia Química: percepção dos alunos em ...sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2012/MEQ12019.pdf · índigo sintético da Basf, em 1897 e ácido sulfúrico

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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

ESCOLA DE ENGENHARIA QUÍMICA DE LORENA

EVERTON AUGUSTO LIMA DE OLIVEIRA

THOMAZ PELEGATTI VIEL ZANIVAN

Formação em Engenharia Química: percepção dos alunos

em relação ao perfil profissional

Lorena – SP

2012

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EVERTON AUGUSTO LIMA DE OLIVEIRA

THOMAZ PELEGATTI ZANIVAN

Formação em Engenharia Química: percepção dos alunos

em relação ao perfil profissional

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à

Escola de Engenharia de Lorena da Universidade

de São Paulo como parte dos requisitos para

conclusão da graduação.

Orientador: Prof. Dr. Humberto Felipe da Silva

Lorena – SP

2012

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Resumo

A formação profissional tem passado por um processo de discussão no

mundo todo. O sistema de ensino superior foi forjado para atender a

características profissionais necessárias aos sistemas produtivos do século

passado. As mudanças impressas ao sistema produtivo pelas novas tecnologias,

principalmente aquelas relacionadas aos sistemas de informação, modificaram as

demandas técnicas e as habilidade necessárias para se trabalhar neste novo

mercado de trabalho. A indústria química é um dos segmentos que foram mais

impactados pelas mudanças econômicas mundiais com reflexos no perfil

desejável dos profissionais que atuam na área. Em vista disso é importante

entender este novo perfil profissional para adequar a formação dos estudantes de

forma a atender às reais necessidades deste mercado. Por outro lado,

compreender a percepção dos alunos de um curso de graduação quanto ao perfil

profissional desejável contribui para entender suas expectativas e melhorar a

forma de intervir neste processo de formação. O objetivo deste trabalho foi o de

avaliar qual a expectativa que os alunos ingressantes têm em relação à sua

formação e perceber como os alunos do último ano consideram o mercado de

trabalho. Discutiu-se inicialmente de forma breve tanto a evolução deste

segmento industrial quanto o sistema de formação do engenheiro químico.

Buscou-se também discutir o momento atual e as tendências na área, com base

destas informações verificamos se os alunos tem uma boa percepção do mercado

atual de trabalho. A pesquisa foi realizada com alunos do primeiro e último ano

dos cursos de Engenharia Química e Engenharia Industrial Química na Escola de

Engenharia de Lorena – Universidade de São Paulo (EEL-USP).

PALAVRAS-CHAVE: Perfil, Engenharia, Percepção.

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Sumário

INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 5

1. A EVOLUÇÃO DA ENGENHARIA QUÍMICA ................................................... 7

1.1. A indústria química no mundo ........................................................................... 7

1.2. A indústria química no Brasil .............................................................................. 8

1.3. Presente da Engenharia Química ...................................................................... 11

1.4. Futuro da Engenharia Química ......................................................................... 15

2. A EVOLUÇÃO DA FORMAÇÃO EM ENGENHARIA QUÍMICA ..................... 19

2.1. Dados históricos ............................................................................................... 19

2.2. Profissionais contemporâneos.......................................................................... 23

3. METODOLOGIA ............................................................................................ 27

4. RESULTADOS E DISCUSSÕES ................................................................... 29

4.1. Perfil da amostra .............................................................................................. 29

4.2. Habilidades técnicas ......................................................................................... 34

4.3. Habilidades humanas ....................................................................................... 39

4.4. Expectativas dos Alunos ................................................................................... 44

5. CONCLUSÃO ................................................................................................ 49

REFERÊNCIAS ..................................................................................................... 50 Apêndice A – Formulário de Questão para alunos no primeiro ano .......................... 53 Apêndice B – Formulário de Questões para os alunos de último ano ....................... 55

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INTRODUÇÃO

A ideia para desenvolver este trabalho nasceu nas aulas de Processos

Químicos Industriais III, onde tivemos a oportunidade de conhecer um pouco

mais sobre as áreas que atualmente os engenheiros químicos estão atuando.

Além de que o bom momento econômico brasileiro, os grandes eventos

esportivos a serem realizados no país e a descoberta do pré-sal são apenas

alguns exemplos de que a demanda por engenheiros no país é grande e que,

baseando-se na atual realidade da educação no Brasil, essa demanda não será

suprida. Vemos nesse cenário uma excelente oportunidade para o crescimento e

o destaque profissional do engenheiro, mais especificamente o Engenheiro

Químico. Antigamente esse profissional era apenas requisitado a trabalhar dentro

de plantas industriais e em laboratórios, mas atualmente diversas áreas estão

absorvendo esses profissionais. Isso levantou a uma nova questão, quais as

habilidades o mercado está cobrando desses profissionais. Será que seriam as

mesmas exigidas pelo mercado do século passado ou essas habilidades

evoluíram junto com a mudança ocorrida nas empresas e no mundo? Ao

desvendar as habilidades cobradas para atuar na profissão, os futuros

engenheiros terão mais chances de se preparar profissionalmente e

pessoalmente e assim alcançar mais facilmente uma boa colocação profissional.

Logo, neste trabalho visamos identificar as atuas e futuras tendências da

indústria química, assim como as competências cobradas aos novos

profissionais. Como principal objetivo busca-se a percepção de alunos do

primeiro e último ano dos cursos de Engenharia Química e Engenharia Industrial

Química na Escola de Engenharia de Lorena – USP em relação às tendências de

mercado. Ao final da pesquisa será traçado um comparativo entre a percepção

dos alunos e as exigências do mercado de trabalho, verificando desta forma se

os alunos estão atentos às novas tendências do mercado.

O Capítulo 1 trata basicamente da Indústria Química, falando desde os

fatos que marcaram a história dessa profissão até as futuras tendências de

mercado. O Capítulo 2 traz um foco para o desenvolvimento da formação do

engenheiro no decorrer dos séculos. No Capítulo 3 está descrito a metodologia

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utilizada para realizar a pesquisa entre os alunos da Escola de Engenharia de

Lorena. O Capítulo 4 apresenta os resultados e discussões encontrados pela

pesquisa. E o Capítulo 5 apresenta a conclusão do trabalho.

Há dois Apêndices, o primeiro mostra o formulário de questões utilizado

para realizar a pesquisa entre os alunos de primeiro ano. E o segundo apresenta

o formulário de questões utilizado pelos alunos de último ano.

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1. A EVOLUÇÃO DA ENGENHARIA QUÍMICA

1.1. A indústria química no mundo

De acordo com Cremasco (2010) a indústria química moderna nasceu a

partir da indústria de corantes sintéticos. Essas indústrias, em suas maiorias

localizadas na Alemanha, foram as responsáveis pela passagem da química de

corantes sintéticos para a química farmacêutica, produtos químicos para

fotografia, aditivos para a indústria de borracha, polímeros dentre outras. A

Alemanha até a Segunda Guerra Mundial foi a grande potência industrial no setor

químico. Empresas como Bayer e Basf produziam em escala comercial produtos

descobertos em seus laboratórios como a aspirina da Bayer, em 1897, o corante

índigo sintético da Basf, em 1897 e ácido sulfúrico através de processo catalítico

da Basf, em 1898. Dentre vários processos de destaque, podemos citar a síntese

direta da amônia desenvolvida por Fritz Haber em 1910 e sua produção em larga

escala pelo processo Haber-Bosch em 1913. Em 1925, se forma a IG Farben a

partir da junção da Basf, Bayer, Hoescht e outras empresas. A IG Farben foi

responsável pela produção de vários produtos sintéticos como metanol a partir do

coque; a gasolina a partir do carvão e as fibras de PVC (policloreto de vinila) a

partir do cloreto de vinila. Após a derrota alemã na Segunda Guerra, a IG Farben

se desintegrou e dividiram-se novamente em Basf, Bayer e Hoescht. A partir de

então os americanos se tornam a nova potência mundial no setor químico. Ao

comprar à licença do processo de hidrogenação a alta temperatura do carvão em

pó da IG Farben, a Standard Oil of New Jersey (criada em 1870 por John

Rockfeller), hoje Exxon, dominou o processo de hidrogenação a alta pressão

permitindo o desenvolvimento de vários processos, entre eles: tratamento e

estabilização de lubrificantes por hidrogenação, produção de álcool isopropílico a

partir do propeno, hidrogenação do di-isobuteno gerando o isooctano (aditivo para

combustível). Vale ressaltar que após a Segunda Guerra Mundial a indústria de

petróleo americana já era muito desenvolvida. Seu nascimento data-se em 1850

com tentativas de converter o petróleo em querosene. Em 1860 já existiam 15

refinarias em operação no EUA e em 1865, 194 refinarias, produzindo

principalmente querosene para o mercado de iluminação, lubrificantes e graxas.

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No final do século XIX surge também o plástico, descoberto por John e Isaiah

Hyatt, em 1863, na tentativa de achar um substituto para o marfim na produção de

bolas de bilhar. O produto patenteado com o nome de “celulóide” era uma mistura

de nitrato de celulose e cânfora com álcool aquecido sob pressão. Em 1884,

surgiu a primeira fibra sintética denominada “rayon”. Está fibra foi sintetizada nos

laboratórios de Louis Pasteur por um de seus assistentes, Hilaire de Chardonett.

Após a descoberta do rayon, várias outras fibras sintéticas foram desenvolvidas,

destacando a descoberta do nylon por Wallace Hume Carother em 1935 para a

Du Pont. Pouco antes, em 1931, Carother descobriu o cloro-propeno, levando a

Du Pont a fabricar borracha sintética em 1931 com o nome neopreno. Em 1933, a

Imperial Chemical Industrial (ICI) descobre o polietileno. Em 1937, a Dow

Chemical disponibilizou o poliestireno e sua espuma, o isopor, para o consumo.

Em 1938, o teflon (politetrafluoretileno) foi desenvolvido por Roy Plunket nos

laboratórios da Du Pont. Após a Segunda Guerra, os EUA, já consolidados como

o grande produtor de petróleo, fornecem à Alemanha a tecnologia de novos

processos petroquímicos. A Alemanha deixa o carvão como sua principal matéria-

prima, trocando-o por petróleo. A partir da década de 1970, o Japão tornou-se um

dos grandes produtores químicos do planeta, atrás somente dos EUA.

1.2. A indústria química no Brasil

De acordo com Cremasco (2010) o investimento na indústria de

transformação no Brasil foi bastante restrito até meados do século XIX, momento

em que a Europa passava pela Revolução Industrial. Após a transferência do

governo português em 1808, algumas proibições impostas por Portugal foram

revogadas e o Brasil começou a produzir além de açúcar e aguardente, sabão,

potassa, barrilha, salitre, cloreto de amônio, cal, drogas medicinais e resinas

vegetais. Todavia, os investimentos continuaram desestimulados em virtude de

acordos realizados principalmente com a Inglaterra e do trabalho escravo. As

poucas fábricas espalhadas pelo território nacional se encontravam em condições

precárias e os processos eram extremamente rudimentares. Apesar da existência

de algumas fábricas espalhadas pelo Brasil, não se pode falar em industrialização

no Brasil antes da Guerra contra o Paraguai (1865-1870), pois após este conflito é

que se encontram as primeiras tentativas de se modernizar a indústria brasileira

em termos de mecanização.

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A industrialização, de fato, vem a ocorrer a partir da década de 1880. A

partir de então, é que se estabeleceram grandes fábricas de tecidos e outras

começaram a se desenvolver, como usinas de açúcar, indústria de papel e

celulose, moinhos de trigo, cervejarias, fábricas de fósforos, alguns ramos das

indústrias de metal mecânicas e indústria de tintas. Na década de 1890, o então

ministro da Fazenda, Rui Barbosa, decretou uma série de leis que propunha

diminuir a dependência do Brasil de produtos importados. Pode-se considerar

como marco da indústria química brasileira a fundação da Fábrica de Produtos

Chimicos de Luís de Queiroz & C. em 1895 com produção em larga escala de

ácido sulfúrico, ácido muriático e nítrico e bissulfito de cal. Nas primeiras décadas

do século XX se instalam no Brasil as primeiras multinacionais como Bayer

(1911), Companhia Brasileira de Carbureto de Cálcio (pertencente a Solvay,

1912), White Martins (1912) e Rhodia (1919). A Primeira Guerra Mundial (1914-

1918) estabelece outro marco na indústria brasileira, pois a escassez de matérias-

primas e insumos básicos fez com que houvesse necessidade de incrementar a

indústria interna para obter tais produtos. Na década de 1920 observa-se a

diversificação das indústrias. Diversas empresas foram fundadas como Kodak

Brasileira (1920), Esso Química (1921), Hélios (1922), Merck (1923), ICI do Brasil

(1928) e Industrial Irmãos Lever (1929).

Segundo Suzigan (1988) o Brasil ainda era um país essencialmente

agrícola, a ponto de sentir fortemente a Grande Depressão nos EUA e a Crise do

Café, ambas em 1929. Na década de 1930 a indústria tomou o lugar central na

dinâmica econômica, antes dominada pela agricultura. Na década de 1940 o

Brasil ainda importava muitos insumos químicos evidenciando um atraso na

indústria química nacional. Somente depois das décadas de 1940 e 1950 que o

Brasil iria passar por um procedimento de desenvolvimento mais intenso da sua

indústria de produtos químicos pesados.

De acordo com Cremasco (2010) Getúlio Vargas criou em 1938 o Conselho

Nacional do Petróleo (CNP) e em 1953 a Petrobras. Na década de 1960 houve

um grande impulso no setor químico brasileiro. O total acumulativo de empresas

que iniciaram suas operações foi de 269, contra 144 na década de 1950 e 64 na

década de 1940. Em 1964 é criado o Grupo Executivo da Indústria Química

(Geiquim), sendo o primeiro instrumento de coordenação voltado especificamente

para a Indústria Química.

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O estudo de Hemais, Barros e Pastorini (2001) mostra que a grande

arrancada e consolidação da indústria química em nosso país ocorreu após a

década de 1960. O evento mais marcante foi o estabelecimento dos três polos

petroquímicos brasileiros: o de São Paulo em 1972, do Nordeste em 1978 e do

Sul em 1982.

De acordo com Nitsch (1991) em 1975 a crise mundial do petróleo fez o

Brasil procurar fontes alternativas de energia, criando assim o Programa nacional

do Álcool, o Proálcool. O governo tinha como objetivo diminuir a dependência

energética do pais.

Segundo Cremasco (2010) ao final da década de 1980, a produção

química brasileira abrangia cerca de 300 produtos diferentes e distribuídos em

diversas categorias como produtos inorgânicos, orgânicos, termoplásticos,

defensivos agrícolas, elastômeros, solventes, corantes e pigmentos, fibras,

detergentes, tensoativos, fertilizantes e plásticos. Em 1990, a indústria química

que vinha em uma crescente, passou a sofrer os mesmos desafios de viabilizar-

se em um mercado cíclico. Sofreu também com medidas impostas pelo governo

Collor, integração do país a economia internacional, e após perda de

competitividade em vários setores ocorreu uma série de desativações de

unidades químicas. Apesar do comportamento da década de 1990, o Brasil era

completamente diferente daquele do final da década de 1960, em que o país era,

basicamente, um exportador de matérias-primas e de produtos agrícolas, que

alcançavam preços inferiores aos manufaturados produzidos por nações

plenamente industrializados. Em 2000, a Indústria Química brasileira figurava

entre as dez maiores do mundo. O setor químico não era capaz de suprir a

demanda de produtos químicos no país, gerando um déficit na balança comercial.

Isto evidenciou a necessidade de se aumentar a capacidade de produção e o

desenvolvimento de novas tecnologias, processos e produtos, aflorando assim a

urgência na modernização do parque industrial.

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1.3. Presente da Engenharia Química

O bom desempenho do setor químico em um país é fundamental para a

sua competitividade econômica, pois as indústrias químicas estão presentes em

todas as cadeias produtivas de um país. As maiores economias do mundo

também são lideres na fabricação de produtos químicos e isso não é coincidência.

Muitos países criaram oportunidades de trabalho e agregaram valor as suas

indústrias apenas investindo na expansão da capacidade produtiva das indústrias

químicas. Por isso devemos ficar atendo as mudanças que ocorreram na indústria

química nestes últimos anos, estas mudanças foram basicamente motivadas pela

globalização, a concentração, a especialização e a descentralização

geográfica (Wongtschowski, 2011a).

A globalização da indústria foi decorrente da abertura do mercado

financeiro, da mobilidade financeira de capital e principalmente pelas inovações

em telecomunicação que facilitaram a transferência de dados em tempo real a

qualquer local do planeta. O trabalho de Gorender descreve a importância que a

telecomunicação teve no processo de globalização das empresas.

Segundo Gorender (1997, p. 324)

As novas tecnologias de computação e de telecomunicação permitem que os produtos sejam resultado de operações efetivadas em diferentes países [...]. Tal possibilidade incrementou a capacidade de expansão das empresas multinacionais (EM´s), dando-lhes agilidade a fim de localizar suas operações nos pontos mais vantajosos sob os aspectos de custo e de mercado

Nas últimas décadas as empresas passaram por uma reestruturação dos

seus negócios originais. Essa reestruturação ocorreu e ainda ocorre através de

dois fenômenos: a concentração e a especialização.

A concentração é basicamente verificada pelas fusões e aquisições de

companhias. O objetivo desse processo é conquistar novos mercados sem a

necessidade de construir novas filias ou plantas industriais (MIRANDA; MARTINS,

2000). Os setores de fármacos, petróleo, produtoras de químicos industriais e

agroquímicos foram os que mais sofreram essa tendência (WONGTSCHOWSKI,

2002).

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A Tabela 1 mostra as empresas químicas lideres em globalização em 1997.

Percebe-se que grandes empresas como Unilever, DuPont e Hoeschst tem a

grande parte de suas operações alocadas fora do país de origem da empresa.

Isso aponta como as empresas estão globalizadas e descentralizadas

geograficamente.

Tabela 1 - Empresas líderes em globalização

Empresa / Pais % venda fora do mercado

doméstico

% funcionários fora do

mercado doméstico

Unilever - Inglaterra 90 90

DuPont – EUA 50 33

Hoechst- Alemanha 82 76

Novartis – Suíça 60 50

Johnson & Johnson – EUA 50 53

Dow – EUA 56 55

Glaxo Welcome – Inglaterra 92 n.d.

Zeneca – Inglaterra 93 61

Solvay – Bélgica 93 89

Colgate-Palmolive – EUA 72 80

Warner-Lambert – EUA 55 67

Air Liquide – França 73 71

Avon – EUA 65 76

Rohm &Haas – EUA 47 33

Praxair- EUA 51 40

n.d.: não disponível

Fonte: Baseado (WONGTSCHOWSKI, 2002)

No Brasil foi registrado apenas no primeiro semestre de 2012 um total de

17 operações de fusões e aquisições no setor de produtos Químicos e

Farmacêuticos. De acordo com a KPMG (2012) esse foi o melhor resultado desde

1994. Resultados similares foram vistos apenas nos anos de 2005 e 2011, onde

no primeiro semestre de cada ano foram realizadas 10 operações de fusão e

aquisição. Vale ressaltar que dentre as 17 transações realizadas 10 partiram de

empresas de capital majoritário estrangeiro que adquiram empresas brasileiras

situadas no Brasil

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Para exemplificar esse processo de concentração industrial segue o

Quadro 1 que mostra a concentração das empresas químicas no setor de

agroquímicos, entre os anos 1983 e 2001.

Quadro 1 – Concentração ocorrida nas empresas agroquímicas

1983 1999 2000 2001

Ciba

Novartis

Syngenta Syngenta

Dr. Maag

Sandoz

Diamond Shamrock

Velsicol

Zeneca

Zeneca Stauffer

ISK

Fermenta

Shell American Home

Products

American Home

Products Basf Celamerck

Cyanamid

Basf Basf Basf

Rohm & Haas Rohm & Haas Rohm & Haas

Dow AgroSciences Dow Dow AgroSciences Dow AgroSciences

Eli Lilly

Rhône-Poulenc

Aventis

CropScience

Aventis

CropScience Bayer CropScience

Union Carbide

Hoechst

Schering

FBC

Bayer Bayer Bayer

Sumitomo Sumitomo Sumitomo Sumitomo

Chevron

Monsanto Monsanto Monsanto Monsanto

DuPont DuPont DuPont DuPont

FMC FMC FMC FMC

Fonte: (WONGTSCHOWSKI, 2002)

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A especialização tende a juntar a fabricação de produtos afim, através da

criação de novas empresas por joint-ventures (associação de duas ou mais

empresas em uma nova entidade jurídica) ou spin-off (separação de parte de uma

empresa em uma nova entidade jurídica).

De acordo com Ribeiro e Santos (2011, p. 35)

Em outubro de 2000, todas as atividades da BASF no seguimento de corantes têxteis se incorporaram à DyStar, joint-venture da Bayer e da Hoechst. A BASF passou a ter 30% da DyStar, que se tornou a maior produtora mundial desses corantes. (Em 2004, as três sócias venderam suas participações na DyStar ao grupo americano Platinum Equity).

A descentralização geográfica foi bem definida no seguinte trabalho de

Verdelho (2012, p.1)

Se a primeira grande linha de pensamento industrial [...], prezava pela concentração espacial de todos os processos produtivos (verticalização) além da proximidade dos estabelecimentos industriais das fontes de matéria-prima e do mercado consumidor, a nova tendência organizacional [...] privilegia a descentralização espacial das diferentes etapas de produção (horizontalização) e a não necessidade da proximidade dos recursos de matéria-prima ou do mercado consumidor, caracterizando assim um novo espaço industrial.

E em alguns casos esse deslocamento geográfico é alavancado pelo aumento

das normas legislativas ambientas. Alguns países desenvolvidos deslocaram

fábricas inteiras de poluição intensiva para países em desenvolvimento, pois

nesses países a legislação ambiental é menos rígida (WONGTSCHOWSKI,

2002).

O influente relatório “Technology Vision 2020: The Chemical Industry”

(OLESSON; HAYNES; RAMAKER, 1996) resume e complementa todas as

tendências discutidas nesse trabalho. O relatório foi elaborado após algumas

discussões entre membros americanos na área de química e engenharia química

que apontaram as principais tendências do mercado de engenharia química.

Neste relatório foram resumidas as cinco forças que estão modelando a

topografia da paisagem empresarial atual, elas são:

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Aumento da globalização do mercado;

Demandas sociais por maior performance ambiental;

Demandas do mercado financeiro por aumentar a lucratividade e a

produtividade sobre o capital investido;

Aumento na expectativa dos clientes;

Mudança nos requisitos na força de trabalho

Podemos concluir que durante essas últimas décadas as empresas

químicas passaram por diversas mudanças na forma de gerenciar seus negócios

e analisar os riscos de mercado. As empresas criaram mais sinergia, pois

agregaram tecnologias e mercados afins, incentivaram o desenvolvimento

cientifico para manterem-se competitivas, aumentando a escala produtiva e

buscaram diminuir os custos produtivos em diversas formas.

1.4. Futuro da Engenharia Química

O mundo está vivendo uma situação de constante instabilidade decorrente

da economia globalizada, da persistente modificação nas tecnologias de

comunicação e das questões ambientais. Atualmente a única certeza que temos é

a de mudanças radicais na forma de nos comunicarmos, relacionarmos, de

realizar negócios e gerenciar projetos. Porto (2007) levantou as seguintes

questões: “Qual é o papel do engenheiro neste novo contexto? Quais são as

oportunidades que nos esperam? Quais os novos desafios? O que nos reserva o

mercado de trabalho, e qual será o nosso trabalho?” As respostas a estas

perguntas estão totalmente atreladas aos novos desafios que a nossa sociedade

terá que enfrentar, pois como engenheiros nós sempre estaremos à frente dessas

mudanças e revoluções na forma de produzir bens e serviços.

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De acordo com o relatório “Technology Vision 2020: The Chemical Industry” o

desenvolvimento da indústria química deve basear-se no fortalecimento de quatro

principais áreas (OLESSON; HAYNES; RAMAKER, 1996):

Nova ciência química e tecnologia de engenharia;

Melhor gerenciamento da cadeia de suprimentos;

Melhor utilização dos sistemas de informação;

Aumentar a eficiência das operações de manufatura.

As tendências são favoráveis para a indústria química brasileira nos próximos

anos. Em 2010 o Brasil ocupava a sétima posição no ranking mundial de países

fabricantes de produtos químicos. Segue abaixo a tabela 1 que ilustra o esse

ranking.

Tabela 2 – Ranking mundial de produtos de químicos

PAÍS FATURAMENTO

[Bilhões de US$]

CHINA 903

ESTADOS UNIDOS 720

JAPÃO 338

ALEMANHA 229

CORÉIA 139

FRANÇA 137

BRASIL (7º lugar) 130

ÍNDIA 125

ITÁLIA 105

REINO UNIDO 94

RÚSSIA 83

HOLANDA 73

ESPANHA 70

Fonte: Abiquim (2012)

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E a economia brasileira tem previsão de crescimento de 4% ao ano até 2020, isso

irá atrair investimentos em diversas áreas (WONGTSCHOWSKI, 2011a). Com

novos investimentos e o apoio do governo O Pacto Nacional da Indústria Química

prevê os seguintes benefícios para o país (FURTADO, 2010):

- Contribuição ativa para o alcance dos objetivos estratégicos de desenvolvimento

brasileiro;

- Criação de mais de 2 milhões de empregos, incluindo os diretos, os indiretos e o

efeito-renda;

- Aumento da atratividade do país para investimentos externos diretos;

- Aumento da importância do Brasil no comércio internacional;

- Redução da vulnerabilidade externa;

- Agregação de valor aos insumos oriundos do pré-sal;

- Ampliação do potencial de aproveitamento dos recursos da biomassa, por meio

da química dos renováveis;

- Estímulo ao desenvolvimento do setor de bens de capital;

- Criação e desenvolvimento de tecnologia, com cultura de inovação e pesquisa;

- Fortalecimento do mercado de capitais, com empresas químicas mais fortes;

- Conquista de uma posição de liderança mundial em sustentabilidade.

Em um mercado globalizado a inovação tecnológica dita à competitividade

de uma empresa química. Por isso áreas estratégicas como síntese química,

biotecnologia e novos materiais recebem grandes incentivos para realizarem

pesquisas. Os estudos nessas áreas buscam melhorar a eficiência na conversão

de matérias-primas em produto final, criação de novas rotas químicas e

reutilização de insumos pela reciclagem (OLESSON; HAYNES; RAMAKER,

1996). A biologia vem ganhando destaque dentro do contexto industrial e já está

sendo considerada como o novo pilar dessa profissão. Em 2007, o presidente da

Associação Brasileira de Engenharia Química (Abeq) afirmou “Já está na hora de

incorporar a biologia como um quarto pilar a sustentar a disciplina de engenharia

química, ao lado da física, da química e da matemática” (ZAPAROLLI, 2007).

Como visto a indústria busca inovação para manter-se competitiva no mercado e

investe fortemente em pesquisas em bioquímica e biotecnologia, buscando novos

processos fermentativos e genômicos (GALEMBECK et al., 2007).

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18

A indústria a base de química renovável apresenta grande potencial de

crescimento e geração de competitividade para indústria brasileira.

Segundo Furtado (2010, p. 14):

Estima-se que, em 2020, haverá uma participação da chamada química verde de pelo menos 10% no conjunto da oferta de produtos petroquímicos. O Brasil poderá deter, se forem viabilizados os investimentos necessários, uma fatia relevante da oferta total.

Atualmente o Brasil já fabrica polímeros, solventes e diversos intermediários

químicos através de matéria prima renovável como o açúcar, o etanol e os óleos

vegetais (WONGTSCHOWSKI, 2011b).

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19

2. A EVOLUÇÃO DA FORMAÇÃO EM ENGENHARIA QUÍMICA

2.1. Dados históricos

A primeira escola de formação profissional de química foi proposta por

Justus Von Liebig em 1825 na Universidade de Giessen. Os químicos importantes

do séc. XIX foram discípulos de Liebig ou alunos dos alunos de Liebig

(CREMASCO, 2010).

O intercâmbio entre a academia e o setor produtivo foi a essência do

desenvolvimento do setor químico alemão, que atingiu o topo durante a 2º Fase

da Revolução Industrial. As indústrias alemãs, com incentivos do Estado,

recrutavam os melhores alunos para incorporá-los em seus laboratórios e fábricas

com excelentes salários e isso fez com que o interesse dos estudantes por

matérias relacionadas à química crescesse rapidamente. Nesta época, doutores

em química e engenheiros mecânicos, civis e elétricos trabalhavam em equipes e,

por isso, não existia a necessidade de um profissional especialista em que nele

convergissem conhecimentos da Química e da Engenharia.

Os primeiros departamentos especializados em Engenharia Química

apareceram nas universidades alemãs no início da década de 1930. Na Inglaterra

e nos Estados Unidos existiam químicos que ocupavam, até 1880, postos de

baixo nível e realizavam tarefas de auxiliares em laboratórios rudimentares nas

fábricas. Com os descobrimentos científicos da época aumentaram as

possibilidades de químicos e engenheiros aplicarem seus conhecimentos no

campo industrial, e dessa maneira, iniciou-se uma atividade distinta para tais

profissionais. Os químicos trabalhavam com engenheiros, em sua maioria

mecânicos, em projetos de novos equipamentos. Este trabalho inicialmente era

limitado a recomendar aos industriais os equipamentos que consideravam mais

eficientes e, pouco mais adiante, começaram a projetar e fabricar equipamentos

específicos.

Em 1880, George E. Davis propôs sem sucesso a criação da Society of

Chemical Engineering e em 1887, ministrava palestras relacionadas ao exercício

da Engenharia Química. Em 1901, Davis publicou o seu Handbook of Chemical

Engineering.

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20

Foi nos Estados Unidos, no Massachusetts Institute of Technology (MIT),

onde Davis e Lewis Norton lançaram as bases, em 1888, do primeiro curso de

Engenharia Química no mundo e rapidamente o curso se espalhou para outras

universidades americanas. Em todos os cursos, prevalecia o ensino da química

descritiva dos processos industriais, utilizando-se de metodologias que contribuía

pouco à compreensão dos principais científicos. A maior parte do tempo era

dedicada para a descrição de centenas de indústrias em que os processos se

repetiam frequentemente.

A partir da década de 1920 a Engenharia Química se expande nos EUA

permitindo a elaboração de trabalhos revolucionários na época e direcionados,

basicamente, à indústria de petróleo. Os diversos autores envolvidos nesses

trabalhos puderam ser agrupados no American Institute of Chemical Engineering

(AIChE), fundado em 1908, e assim desenharam um corpo curricular e fixaram

atribuições profissionais dos engenheiros químicos nos EUA.

No Brasil, é importante salientar a instalação, em 1893, do curso de

Engenharia Industrial na USP, e em 1896 da Escola de Engenharia do Mackenzie

College. Em 1915, foi instalado no Mackenzie o curso de Química Industrial, com

duração de três anos, destinado a formar técnicos industriais de nível médio.

Segundo Almeida e Pinto disciplinas de química eram ensinadas nas Escolas

Superiores de Agricultura e Medicina Veterinária, fundadas em Pernambuco em

1912, por monges beneditinos (ALMEIDA; PINTO, 2011). Os currículos destas

escolas tinham forte conteúdo de química, próximo ao modelo pedagógico

alemão, da química agrícola de Justus Liebig. Essas escolas, em 1967, se

transformaram na Universidade Federal Rural de Pernambuco. Talvez seja esta

uma das razões pelas quais tantos agrônomos tiveram e têm grande destaque na

ciência química brasileira. Durante o começo da década de 1920 esse curso se

espalha rapidamente pelo Brasil, que passava por um momento pós Primeira

Guerra Mundial, onde tinha que produzir localmente produtos químicos antes

importados. Em 1922, o Prof. Alfred Cownley Slater, fundou e estruturou o

primeiro curso de Engenharia Química do Brasil, na Escola de Engenharia do

Mackenzie College. Esse curso congregou, além da parte específica de química,

metalurgia e mecânica aplicadas à indústria de transformação.

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21

No mesmo ano de 1922, foi criada a Sociedade Brasileira de Chimica como uma

das decisões do primeiro Congresso Brasileiro de Química, que ocorreu naquele

ano, no bojo das celebrações do primeiro centenário da independência do Brasil.

Em 1933, a grafia foi alterada de chimica para química, e a Sociedade existiu até

1951 (ALMEIDA; PINTO, 2011). Em 1925, na USP instalou-se o segundo curso

de Engenharia Química do Brasil. Este curso teve como precursores os cursos de

Engenharia Industrial, o de Química e o de Química Industrial. Após a quebra da

bolsa em Nova York e a Crise do Café, o Brasil viveu um momento de

reaquecimento de sua economia e assim nasceram novos cursos de Engenharia

Química pelo país. Porém enquanto outros países, principalmente a partir da

segunda metade da década de 1940, as Ciências da Engenharia Química se

desenvolvia e se aperfeiçoava cada vez mais, no Brasil o curso era apenas

evolução do curso de Química Industrial que formavam profissionais com

conhecimento defasado em relação aos centros mais desenvolvidos. O setor

produtivo continuava a importar máquinas e mão-de-obra. Após a criação, em

1963, do Programa de Mestrado da COPPE/UFRJ, que moldou a pós-graduação

vigente até hoje 1951 (ALMEIDA; PINTO, 2011), inaugurou-se o período das

Ciências da Engenharia Química no Brasil. Já no início de 1970, com professores-

mestres, criaram-se cursos com currículos tipicamente de Engenharia Química,

como são os casos da Universidade Estadual de Maringá e da Universidade

Estadual de Campinas. No final da década de 1960 a profissão de engenheiro

químico foi regulada pela Lei Federal 5194. Na década de 1970, com a instalação

dos polos petroquímicos a profissão viria a deslanchar. Em 30 de Abril de 1975 a

Associação Brasileira de Engenharia Química (ABEQ) foi criada.

Ao decorrer das últimas décadas mudanças foram realizadas pelas

universidades brasileiras para adequar a formação dos alunos ao perfil

considerado ao novo engenheiro. Hoje, por exemplo, a ideia de que o profissional

de engenharia deve trabalhar isolado, disseminada nos cursos até as décadas de

60 e 70 do século passado, já está irreversivelmente ultrapassada. Os alunos são

estimulados ao trabalho em equipe desde os primeiros anos de sua formação.

Hoje, há uma boa flexibilidade propiciada pela oferta cada vez mais diversificada

de disciplinas eletivas.

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22

A revolução promovida pela informática e os paradigmas da globalização

econômica estão sendo incorporados à cultura acadêmica, apesar do tempo

elástico da implantação de novas culturas. Um tempo, aliás, incompatível com a

velocidade das mudanças estruturais (BARBOSA; SCHNAID; TIMM, 2001).

Segundo Azevedo (2001), os cursos existentes promovem uma formação

significativa nas áreas das ciências de base (matemática, física e química), nas

disciplinas essenciais de ciências de engenharia (fenómenos de

transporte/mecânica de fluidos, termodinâmica e físico-química) e nas disciplinas

de engenharia química propriamente dita que poderemos agrupar em engenharia

das reações, processos de separação e engenharia de sistemas. Apontar-se-ão

lacunas, aqui ou ali, em projeto, em materiais, em segurança industrial e

sensibilização ambiental, em conceitos de desenvolvimento sustentado, em

informática industrial (exigência recente), mas globalmente a formação de base é

sólida.

Porém segundo Barbosa, Schnaid e Timm (2001), os cursos de engenharia

ainda continuam engessados à estrutura curricular formatada nas décadas de 50

e 60. A maioria dos cursos de engenharia são cursos prioritariamente

informativos, apesar do fato de que a informação está hoje inteiramente acessível

e os conteúdos disponibilizados em múltiplas mídias, inclusive na internet.

Felizmente há boas iniciativas individualizadas, em várias universidades, sobre

como tornar esse ensino mais formativo, capaz de instrumentalizar a atitude

curiosa e observadora do engenheiro, transformando-a em uma saudável cultura

de busca autônoma de informações, apropriação e uso do conhecimento para

tomada de decisões e flexibilidade na escolha por soluções criativas e inovadoras.

Podemos definir nos dias atuais Engenharia Química como a profissão que

se ocupa da aplicação de ciências e técnicas respeitantes a processos e seus

produtos, nas atividades de investigação, concepção, estudo, projeto fabril,

construção, produção, fiscalização e controlo de qualidade, incluindo coordenação

e gestão dessas atividades e outras com elas relacionadas. Complementarmente

definimos processo como um conjunto de equipamentos interligados, funcionando

por forma a produzir produtos, experimentando a matéria alterações de

composição, de conteúdo energético ou de estado físico (AZEVEDO, 2001).

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23

O grande desafio atual na formação do Engenheiro Químico é a

necessidade de uma formação básica adequada que sirva de alicerce à formação

continuada, à atitude do auto aprendizado, do olhar criativo e flexível, da

curiosidade e do prazer pela busca do conhecimento, de si mesmo e do mundo

(BARBOSA; SCHNAID; TIMM, 2001).

Segue abaixo a figura 1 que retrata, desde a década de 30, a evolução na

área de atuação do profissional formado em engenharia química.

Figura 1 – Evolução do campo de atuação do engenheiro química (CREMASCO, 2010).

Na figura 1 podemos perceber bem a evolução do campo de atuação do

engenheiro química. Atualmente o campo de trabalho para este profissional é

enorme comparado a década de 30. Hoje encontramos engenheiros químicos

trabalhando em praticamente todos os segmentos de produção.

2.2. Profissionais contemporâneos

Como visto nesse trabalho as mudanças ocorridas nas indústrias e na

sociedade de forma geral foram grandes nessas últimas décadas. E

consequentemente as competências pedidas pelas empresas também se

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24

modificaram. Para se adaptar a essas continuas mudanças a sociedade europeia

assinou a Declaração de Bolonha, em 1988. Assegurando desta forma a

independência e a autonomia das universidades, para que o ensino superior

pudesse adaptar-se continuamente as necessidades da sociedade e contribuir

com os avanços científicos (EINEM et al., 2012). Esse marco na historia europeia

mostra como tendências mundiais podem afetar uma sociedade.

Para entender quais são as novas variáveis cobradas pelas empresas

deve-se primeiramente entender o significado de competência. Nas palavras de

Fleury e Fleury (2001, p. 187) podemos definir competência como:

A noção de competência aparece assim associada a verbos como: saber agir, mobilizar recursos, integrar saberes múltiplos e complexos, saber aprender, saber engajar-se, assumir responsabilidades, ter visão estratégica. Do lado da organização, as competências devem agregar valor econômico para a organização e valor social para o individuo.

Podemos verificar essa mudança de competências pedidas aos novos

profissionais através dos trabalhos de autores diversos.

Segundo as autoras Nose e Rebelatto. (2001, p.1)

As grandes mudanças industriais e econômicas aumentaram os requisitos para a competitividade das empresas num mundo globalizado, onde a concorrência está cada vez mais acirrada. Paralelamente, os profissionais precisam se adequar ao novo cenário, onde as competências exigidas tornam-se cada vez mais elevadas.

De acordo com Braga (2001, p.29),

Em épocas anteriores ao processo de internacionalização dos mercados e aumento da competitividade, bastava que o trabalhador dominasse as atividades pertinentes ao seu posto de trabalho para ser considerado qualificado. Eram exigidos conhecimentos que envolviam aspectos teóricos e técnicos [...] Essas qualificações ainda hoje são importantes, mas a elas foram agregadas outras que envolvem aspectos mais subjetivos como trabalho em equipe, iniciativa, criatividade.

Assim, além das habilidades técnicas já exigidas para se conseguir um

cargo dentro de uma empresa, o profissional deve levar em conta o

desenvolvimento de habilidades comportamentais.

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25

Podemos ter uma noção deste novo perfil procurado pelas empresas

baseando-se no perfil apresentado por Nose e Rebelatto (2001). O perfil

apresentado pelas autoras foi determinado após uma pesquisa realizada com

diversas empresas. Nesta pesquisa elas buscaram apontar as habilidades,

competencias e atitudes mais pedidas aos engenheiros.

- Ter capacidade de trabalhar em equipe;

- Trabalhar levando em consideração à ética;

- Ser flexível e dinâmico;

- Saber trabalhar sob pressão;

- Apresentar espírito empreendedor;

- Ter espirito de liderança;

- Saber lidar com pessoas;

- Ter boa comunicação oral e escrita;

- Ter conhecimentos em informática.

No relatório da National Academy of Engineering, discutiu-se as habilidades

esperadas para um engenheiro contemporâneo. Dentre as competências

apresentadas podemos citar:

- Habilidades analíticas;

- Habilidades práticas;

- Criatividade;

- Boa comunicação;

- Princípios de gestão;

- Liderança;

- Altos padrões éticos;

- Profissionalismo;

- Dinamismo, agilidade, resiliência e flexibilidade;

- Estudante para toda a vida.

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26

Uma visão prática desses conceitos pode ser verificado no discurso da Sofia

(2012), presidente da Cia de Talentos, falando sobre as características

comportamentais exigidas pelas empresas. Ela afirma que “Hoje mais que o nome

da faculdade o que as empresas querem ver é o que esse profissional, essa

pessoal, construiu para ela própria”. Ela também mostra em seu discurso que o

desenvolvimento dessas habilidades comportamentais durante o período da

graduação pode ser realizado por atividades extracurriculares. Dentre essas

atividades podemos citar participar de trabalhos voluntários, realizar esportes

coletivos e fazer parte da empresa jr. da faculdade.

Desta maneira a formação universitária permite complementar a gama de

competências e habilidades, técnicas e comportamentais, necessárias ao

desenvolvimento de um profissional mais generalista.

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27

3. METODOLOGIA

Realizou-se uma pesquisa de natureza exploratória com os alunos de

graduação de Engenharia Química e Engenharia Industrial Química na Escola de

Engenharia de Lorena – USP. A pesquisa foi realizada com alunos do primeiro e

último ano. Desta maneira pretende-se separar os alunos em dois extremos

distintos para identificar possíveis diferenças de perspectiva entre os alunos. Foi

utilizado um formulário especifico para cada amostra. Após a coleta de todos os

dados, realizou-se uma análise estatística. Ao analisar-se os resultados dos

alunos de graduação, verificou-se o perfil e as expectativas dos alunos cursando

a graduação em relação à visão do mercado de trabalho.

A Escala Likert foi utilizada como ferramenta estatística para mensurar a

opinião dos alunos entrevistados.

A Escala Likert , descrita pela Social Research Methodos, é uma escala de

classificação utilizada para pesquisas quantitativas que tenta, de modo geral,

demonstrar a opinião do entrevistado de acordo com suas declarações. A Escala

Likert foi criada por Rensis Likert em 1932 e se tornou rapidamente a escala mais

utilizada em questionários e pesquisas de opinião. Geralmente são utilizados

cinco níveis de respostas sendo eles: concordo totalmente, concordo

parcialmente, indiferente, não concordo parcialmente e não concordo totalmente.

Porém podem ser utilizados mais níveis de respostas dependendo de cada caso.

As principais causas que podem distorcer o resultado da Escala Likert são:

sujeitos perguntados podem evitar o uso de respostas extremas, concordar com

afirmações apresentadas ou tentar passar para si ou para suas

empresas/organizações uma opinião mais favorável. Uma forma de minimizar

estes desvios é realizar uma pesquisa com respostas mais balanceadas com

mais níveis de resposta.

Para este trabalho, os resultados da pesquisa foram transformados em

curvas, que foram sobrepostas, a fim de facilitar a visualização da diferença de

opinião entre as duas amostras.

Os formulários utilizados para a pesquisa entre os alunos foram elaborados

com o objetivo de buscar a percepção dos alunos em relação às tendências do

mercado. Isso foi possível apenas após a realização do levantamento bibliográfico

e do prévio conhecimento das habilidades cobradas aos novos profissionais. Com

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28

base neste conhecimento foi elaborado quatro grupos de gestões. No primeiro

grupo de questões buscamos conhecer a nossa amostra, logo perguntamos sobre

a idade, formação técnica, se o aluno teve alguma experiência profissional antes

da faculdade, etc. No segundo grupo de questões buscamos as percepções do

aluno em relação à importância de habilidades técnica na profissão de engenharia

química. Por motivos práticos buscamos focar nossas questões em três pontos, a

importância de bioquímica e da biotecnologia, a importância de conhecimentos de

gestão e a importância do conhecimento de outras línguas na vida profissional de

um engenheiro químico. No terceiro grupo de questões buscamos as percepções

que os alunos têm em relação à importância das habilidades comportamentais.

Aos alunos de último ano buscamos também quantificar se eles durante o período

da graduação realizaram atividades para desenvolver as habilidades

comportamentais. E no quarto grupo de questões buscamos as expectativas dos

alunos após concluir a faculdade. Perguntamos em relação à pretensão salarial,

se eles querem dar continuidade aos estudos, vagas que desejam ser efetivados,

etc.

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4. RESULTADOS E DISCUSSÕES

Como apresentado nesse trabalho o engenheiro do século XXI deve

apresentar um perfil que concilie habilidades técnicas e comportamentais. Além

de que o novo profissional deve estar preparado para assumir posições em

empresas cada vez mais globalizadas e competitivas. O que por sua vez força o

novo profissional a ter boas aptidões de comunicação e liderança.

A competitividade de mercado alavanca áreas como a biotecnologia,

simulação e controle de processos, tecnologia em novos processos, com o

objetivo de diminuir custos, gerar novos produtos e diminuir os impactos

ambientas gerados pela indústria.

Na pesquisa realizada com os alunos de primeiro e último anos buscamos

traçar as perceptiva que os alunos têm em relação às habilidades cada vez mais

cobradas pelo mercado.

4.1. Perfil da amostra

As amostras analisadas foram divididas em duas partes: alunos do primeiro

ano (uma amostra de 154 pessoas) e alunos do último ano (uma amostra de 57

pessoas).

Segue a analise dos alunos do primeiro ano:

Observa-se no gráfico 1 que a amostra possui uma range entre 17 e 24

anos, com um pico em 18 anos. A idade média da amostra é 18,8 anos.

Gráfico 1 – Idade dos alunos 1º Ano

21

60

35

20

9 4 2 3

0

10

20

30

40

50

60

70

17 18 19 20 21 22 23 24

mer

o d

e P

esso

as

Idade

Idade - alunos 1º ano

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30

Nos gráficos 2, 3, 4 e 5 verifica-se a formação que os alunos de 1º ano

tiveram antes de ingressar na faculdade.

Gráfico 2 – Ensino médio alunos do 1° ano

Gráfico 3 – Formação técnica dos alunos do 1° Ano

Pública 24%

Privada 76%

Ensino Médio - Alunos do 1

Ano

Sim 23%

Não 77%

Formação Técnica - Alunos do 1° Ano

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31

Gráfico 4 – Formação técnica dos alunos do 1° ano

Observa-se que 24% dos alunos do primeiro ano cursaram ensino médio

em escolas públicas e 23% cursaram algum curso técnico. É importante ressaltar

que 54% dos que cursaram ensino técnico, cursaram química.

Gráfico 5 – Cursinho preparatório alunos do 1° Ano

Verifica-se que a grande maioria da amostra, 63% dos entrevistados,

realizou um cursinho preparatório para ingressar na Escola de Engenharia de

Lorena sendo que a maioria frequentou 1 ano de curso preparatório.

Química 54%

Outros 46%

Formação Técnica - Alunos do 1° Ano

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32

No gráfico 6 pode-se verificar a porcentagem de alunos que já trabalharam

antes de ingressar na faculdade.

Gráfico 6 – Trabalho antes de ingressar na faculdade – Turma do 1° Ano

A amostra mostrou que 27% dos alunos do 1° ano já exerceram alguma

atividade remunerada antes de ingressar na faculdade.

Segue a análise do perfil dos alunos do último ano:

Observa-se no gráfico 7 que a amostra possui um range entre 22 e 43

anos, com um pico em 23 anos. A idade média da amostra é 24,4 anos.

Gráfico 7 – Idade dos alunos do último ano

Sim 27%

Não 73%

Já trabalhou antes de ingressar na faculdade?

11

16

14

6

3 2 2

0 0

2 1

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 43

de

Pes

soas

Idade

Idade - Alunos do Último Ano

Idade

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33

No gráfico 8 segue a porcentagem de alunos de último ano que tiveram

formação técnica antes de inicar a graduação.

Gráfico 8 – Formação técnica alunos do último ano

Verifica-se que 23% dos alunos que estão cursando o último ano possuem

formação técnica, coincidentemente a mesma porcentagem dos alunos do

primeiro ano.

Segue abaixo o gráfico da porcentagem dos alunos, turma do último ano,

que realizaram iniciação científica no período da graduação.

Gráfico 9 – Iniciação científica turma do último ano

Sim 23%

Não 77%

Formação Técnica - Alunos do Último Ano

Sim 37%

Não 63%

Iniciação Científica - Turma do Último Ano

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34

Segue abaixo o gráfico da porcentagem dos alunos, turma do último ano,

que realizaram ou ainda realizam estágio no período da graduação.

Gráfico 10 – Estágio alunos do último ano

Constata-se que 37% dos alunos do último ano realizaram Iniciação

Científica e 72% dos entrevistados já realizaram ou estão realizando estágio.

4.2. Habilidades técnicas

As habilidades técnicas são adquiridas em sala de aula, através das

disciplinas do curso de graduação em Engenharia Química e Engenharia

Industrial Química ou em cursos extracurriculares.

Na pesquisa buscou-se obter as percepções que os alunos têm em relação

às disciplinas de biotecnologia, gestão e conhecimento em outras línguas.

Segue, abaixo, o gráfico 11 com os resultados obtidos em relação a

percepção que os alunos tem em relação as matérias de bioquímica e

biotecnologia.

Sim 72%

Não 28%

Estágio - Alunos do Último Ano

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35

Gráfico 11 – Perspectiva dos alunos em relação às matérias de bioquímica

Verificou-se que 60% dos alunos do primeiro ano e 53% dos alunos do

último ano concordam totalmente que matérias de bioquímica e biotecnologia

serão cada vez mais importantes em engenharia química. Além de que 32% dos

alunos do primeiro ano e 30% dos alunos de último ano concordam parcialmente

com a afirmativa. Isto indica uma boa percepção das duas amostras pesquisadas

em relação a importância da bioquímica e da biotecnologia para um engenheiro

químico. Esses resultados mostram-se muito importantes, pois o Brasil apresenta

consideráveis indicações de investimento em química renovável, como

apresentado pelo Pacto Nacional da Indústria Química, isso indica a necessidade

de conhecimentos em bioquímica e biotecnologia. Com base nos resultados da

pesquisa e na tendência apresentada pode-se aferir que os alunos da faculdade

estão alinhados a realidade da indústria química brasileira.

Concordototalmente

Concordoparcialmente

IndiferenteDiscordo

parcialmenteDiscordo

totalmente

1º Ano 60% 32% 6% 1% 0%

Último ano 53% 30% 16% 0% 0%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

"A bioquímica e a biotecnologia terão cada vez mais importância na engenharia química."

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36

Segue abaixo o gráfico 12 com os resultados obtidos a pesquisa de

percepção em relação aos conhecimentos de gestão

Gráfico 12 – Perspectiva dos alunos em relação às matérias de gestão

Verificou-se que 70% dos alunos de primeiro ano e 84% dos alunos de

último ano concordam totalmente que conhecimentos em gestão são importantes

a um engenheiro químico. Além de que 28% dos alunos de primeiro ano e 16%

dos alunos de último ano concordaram parcialmente com a afirmativa. Os

resultados mostram que a grande maioria dos alunos tem a percepção da

impôntancia das habilidades de gestão na vida de um engenheiro química. Estes

resultados mostram-se muito relevantes, pois com discutido no relatório da

National Academy of Engineering uma das competências esperadas nos novos

profissionais em engenharia é o conhecimento de gestão. Com base nos

resultados da pesquisa e nessa tendência da profissão podemos aferir que os

alunos estão alinhados a este requisito profissional.

Concordototalmente

Concordoparcialmente

IndiferenteDiscordo

parcialmenteDiscordo

totalmente

1º Ano 70% 28% 3% 0% 0%

Último ano 84% 16% 0% 0% 0%

0%10%20%30%40%50%60%70%80%90%

Tít

ulo

do

Eix

o

"Os conhecimentos de gestão financeira, gestão de pessoas e administração são importantes a um profissional de

engenharia química"

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37

Aos alunos do primeiro ano pesquisamos a impôntancia dada ao

conhecimento de inglês. E quais línguas que eles acreditam serem as mais

importantes a um profissional de engenharia química ter conhecimento. Os

resultados destas perguntas estão apresentados nos gráficos 13 e 14.

Gráfico 13 – Perspectiva dos alunos em relação a importância do inglês

Gráfico 14 – Grau de importância do conhecimento de outras línguas.

Concordototalmente

Concordoparcialmente

IndiferenteDiscordo

parcialmenteDiscordo

totalmente

1º Ano 81% 19% 0% 0% 0%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

" Engenheiros químicos fluentes em inglês terão melhores colocações no mercado de trabalho"

0.00%

10.00%

20.00%

30.00%

40.00%

50.00%

60.00%

70.00%

80.00%

90.00%

51.95%

88.96%

27.27%

2.60%

30.52%

Quais línguas você acha importante um profissional de engenharia química ter

conhecimento?

Espanhol

Alemão

Francês

Italiano

Mandarim

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38

Neste caso observa-se que os alunos tem total conciência da importância

que a lingua inglesa tem no cenário global e consequentemente na engenharia

quimica tambem.

E como segunda lingua eles acharam importante, o espanhol

provavelmente devido o Brasil estar na América Latina e o alemão devido a

Alemanha ser o berço de grandes companhias químicas

Aos alunos de último anos pesquisou-se o nível de inglês adquirido durante

o período da graduação. E o conhecimento adquirido em outras línguas além de

inglês. Os resultados das questões relacionadas ao conhecimento de outros

idiomas se encontram nos gráficos 15 e 16

Gráfico 15 – Classificação do nível de inglês

5%

28%

48%

19%

Como você classifica o seu nível de inglês? Turma último ano

Básico

Intermediário

Avançado

Fluênte

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39

Gráfico 16 – Conhecimento em outras línguas

Os resultados mostram que 48% dos alunos do último ano classificam o

seu nível de inglês como avançando e 19% como fluentes. Poucos alunos

consideram seu inglês básico. O conhecimento em inglês é considerado uma

competência necessaria a todo engenheiro, como indicado pela pesquisa de Nose

e Rebelatto (2011) e pelo relatório da National Academy of Engineering. Isso

mostra que os alunos estão preparando-se para atender está exigencia que o

mercado está pedindo. Em relação as outras linguas estudadas, um fato muito

interessante constatado na pesquisa foi que 100% dos alunos entrevistados já

cursaram uma segunda lingua.

4.3. Habilidades humanas

As habilidades humanas relacionam-se às características

comportamentais, já abordadas nesse trabalho.

Na pesquisa buscamos obter a percepção que os alunos têm em relação

ao envolvimento com atividades que melhorem o relacionamento interpessoal,

seja através de trabalho voluntário, Atlética, CAEQ, Empresa Jr.,DA, etc.

70%

12%

9%

3%

2% 4%

Qual(is) outra(s) língua(s) você estuda ou já estudou?

Turma último ano

Espanhol

Alemão

Frances

Italiano

Mandarin

Russo

Japonês

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40

No gráfico 17 verificamos a perspectiva dos alunos em relação a

importância de realizar um trabalho voluntário.

Gráfico 17 – Perspectiva dos alunos em relação a realização de trabalho voluntário

Verificou-se que 69% dos alunos de primeiro ano e 70% dos alunos de

último ano concordaram totalmente que a realização de trabalho voluntário

acrescenta habilidades ao profissional de engenharia. Além de que 24% dos

alunos de primeiro ano e 23% dos alunos de último ano concordaram

parcialmente com a afirmativa. De acordo com o discurso da Sofia, presidente da

Cia de Talentos, alunos que durante a graduação participam de atividades de

voluntariado conseguem desenvolver habilidades comportamentais. Habilidades

cobradas cada vez mais pelas empresas. Logo com base nos dados e na

tendência apresentada, podemos aferir que os alunos tem a percepção dessa

nova realidade do mercado de trabalho.

Concordototalmente

Concordoparcialmente

IndiferenteDiscordo

parcialmenteDiscordo

totalmente

1º ano 69% 24% 5% 1% 1%

Último ano 70% 23% 7% 0% 0%

0%10%20%30%40%50%60%70%80%

"O trabalho voluntário acrescenta habilidades que poderão ser

aproveitadas em sua vida profissional."

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41

Aos alunos de último ano perguntamos se durante o período da graduação

eles efetivamente participaram de algum projeto que envolvesse atividades que

exigissem a pratica de relacionamento interpessoal, por exemplo: Atlética, CAEQ,

Empresa Jr. DA, etc. No gráfico 18 segue a porcentagem de alunos que

efetivamente realizaram alguma atividade em grupo durante o período de

graduação.

Gráfico 18 – Porcentagem de alunos que realizaram atividade em grupo

A pesquisa mostrou que apenas 33% dos alunos de último ano participação

de alguma atividade em grupo durante o período de graduação. Este valor é baixo

levando em consideração o tempo de graduação nos cursos de engenharia, e a

previa consciência da necessidade de se desenvolver habilidades

comportamentais importantes ao engenheiro, como comprovado pelo pergunta

anterior.

Sim 33%

Não 67%

Realização de atividade em grupo Alunos último ano

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42

Ao realizar um programa de intercambio a pessoa não apenas aprende

uma nova língua, mais também vivencia uma nova cultura e ganha

amadurecimento pessoal.

Para está pesquisa consideramos intercâmbio como um período em que o

aluno estuda, mora ou trabalha (pode haver combinação entre às ações) por um

período mínimo de um mês em outro país visando aprimorar um idioma ou

realizando alguma atividade acadêmica. O intercâmbio pode ocorrer durante

qualquer época do ano, seja durante as férias ou durante o semestre letivo, neste

último caso, obrigando o estudante a trancar a faculdade. O intercâmbio pode

ocorrer através de agências particulares ou através de instituições que promovem

esse tipo de atividade sem fins lucrativos.

Aos alunos de primeiro ano perguntamos qual o grau de importância em se

realizar intercambio para o desenvolvimento profissional do engenheiro.

Gráfico 19 – Perspectiva dos alunos em relação à importância de realizar um intercâmbio

Concordototalmente

Concordoparcialmente

IndiferenteDiscordo

parcialmenteDiscordo

totalmente

1º ano 52% 42% 5% 1% 0%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

Tít

ulo

do

Eix

o

"Realizar intercâmbio é importante à formação do engenheiro químico"

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43

Aos alunos de último ano buscamos quantificar se eles tiveram a

oportunidade de realizar um programa de intercâmbio durante o período de

graduação. Segue o gráfico 20 com o resultado obtido.

Gráfico 20 – Alunos que realizaram um programa de intercâmbio

Observa-se que realizar um intercâmbio é algo que a grande maioria dos

alunos do primeiro ano considera importânte e deseja realizar durante a

graduação. Para os alunos do último ano considera-se alto o valor de 42% de

pessoas que o realizou devido ao fato dos custos serem relativamente altos e

pelo fato de ter que trancar a faculdade durante um período. A grande maioria dos

alunos no primeiro ano tendem a realizar no minimo um intercâmbio durante a

graduação, devido ao aumento de bolsas como Ciências Sem Fronteiras, bolsas

de estudo acadêmicas e etc, bolsas que os alunos do último ano não tiveram

oportunidade de concorrer.

Buscamos recolher a percepção que os alunos tem em relação a

importância das habilidades comportamentais como por exemplo: pro-atividade,

liderança, boa comunicação oral e escrita em relação as habilidades técnicas.

Sim 42% Não

58%

Você já realizou um intercâmbio? Turma último ano

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44

No gráfico 21 verificou-se a percepção que os alunos tem em relação a

importância das habilidades comportamentais.

Gráfico 21 – Percepção dos alunos em relação a importância das habilidades comportamentais

Verificou-se que 69% dos alunos de primeiro ano e 65% dos alunos de último

ano concordaram totalmente que habilidades comportamentais são diferenciais

tão ou até mais importantes que habilidades técnicas. Além de que 29% dos

alunos de primeiro ano e 35% dos alunos de último ano concordaram

parcialmente com a afirmativa. Como discutido por Braga (2001), Nose e

Rebelatto (2001), Sofia (2012) e indicado no relatório da National Academy of

Engineering habilidades comportamentais atualmente estão sendo consideradas

tão ou até mais importantes que habilidades técnicas na vida profissional de um

engenheiro. Logo a percepção dos alunos está alinhada a tendência do mercado.

4.4. Expectativas dos Alunos

Para conhecer as perspectivas e desejos após a graduação em relação à

carreira de engenharia química abordamos temas como pretensão salarial,

realizar uma pós-graduação/MBA e onde o aluno quer estar depois de formado.

Concordototalmente

Concordoparcialmente

IndiferenteDiscordo

parcialmenteDiscordo

totalmente

1º Ano 69% 29% 0% 2% 0%

Último ano 65% 35% 0% 0% 0%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

"Habilidades comportamentais são diferenciais tão ou até mais importantes que habilidades técnicas."

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45

Os gráficos entre 22 – 27 apresentam os resultados.

Gráfico 22 – Desejo após se formar – turma 1º ano

Gráfico 23 – Desejo após se formar – turma de último ano

32%

24%

36%

1%

2% 4%

1%

Desejo após se formar - Turma 1° Ano

Prestar concurso e seguir carreiracomo funcionario publico ou em umagrande estatalSer efetivado independente do salárioe/ou cargo

Ser selecionado como Trainee em umamultinacional

Trabalhar com a familia

Abrir um negocio proprio

Seguir carreira academica

Outra opção

14%

19%

60%

2% 0%

2%

3%

Desejo após se formar - Turma último ano

Prestar concurso e seguircarreira como funcionariopúblicoSer efetivado independente docargo e/ou salário

Ser selecionado como Traineeem uma multinacional

Trabalhar com a família

Abrir negocio proprio

Seguir carreira acadêmica

Outra opção

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46

Nesta questão abordada observamos nitidamente que 32% dos alunos do

primeiro ano sonham com a estabilidade profissional de concurso público ou uma

estatal, como a Petrobras, proporciona. E atrelado ao que o mercado está

mostrando esses novos profissionais serão facilmente absorvidos

(WONGTSCHOWSKI, 2011). Já os alunos do último ano e 36% dos alunos de

primeiro ano desejam ingressar no mercado de trabalho como Trainee, cargo que

atualmente considerado uma ótima porta de entrada em uma empresa e é muito

valorizado pelas grandes empresas atuantes no mercado.

Gráfico 24 – Pretensão salarial – turma 1º ano

Gráfico 25 – Pretensão salarial – turma último ano

11%

48%

28%

13%

Qual sua pretensão salarial no primeiro emprego depois de formado?

Turma 1º ano

< R$ 3000

R$ 3000 a R$ 4000

R$ 4000 a R$ 5000

> R$ 5000

12%

44%

37%

7%

Qual sua pretensão salarial no primeiro emprego depois de formado?

Turma último ano

< R$ 3000,00

Entre R$ 3000,00 a R$4000,00

Entre R$ 4000,00 a R$5000,00

>5000

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47

Em relação a pretensão salarial não observamos diferenças consideráveis

entre os alunos dos diferentes anos. Podemos concluir que os alunos estão

cientes do salário pago pelo mercado, que gira em torno de R$ 4000,00 tomando

como base o salário dos principais processos de trainee.

Gráfico 26 – Porcentagem de alunos que desejam fazer especialização – turma 1º ano

Gráfico 27 – Porcentagem de alunos que desejam fazer especialização – turma último ano

Sim 78%

Não 22%

Pensa em cursar uma pós-graduação, MBA, mestrado, doutorado ou qualquer outro

tipo de especialização em um período de 2 anos após se formar?

Alunos 1º ano

Sim 89%

Não 11%

Pensa em cursar uma pós-graduação, MBA, mestrado, doutorado ou qualquer outro

tipo de especialização em um período de 2 anos após se formar?

Alunos último ano

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A pesquisa mostrou que 78% dos alunos de primeiro ano e 89% dos alunos

de último ano pretendem continuar estudando após concluir a graduação. Esse

dado é muito importante, pois como apontado pelo relatório da National Academy

of Engineering e pelos autores Barbosa, Schnaid e Timm (2001) a educação

continuada deve ser uma constante na vida de um engenheiro químico.

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49

5. CONCLUSÕES E SUGESTÕES

Podemos concluir que os alunos da Escola de Engenharia de Lorena –

Universidade de São Paulo (EEL-USP) tem uma boa percepção das habilidades

necessárias a um profissional contemporâneo de engenharia química. Dentre as

habilidades focadas nesse trabalho, importância da bioquímica e biotecnologia,

importância do conhecimento em gestão, importância de uma segunda língua e a

importância das habilidades comportamentais, os alunos apresentam uma boa

percepção da importância dessas habilidades aos novos profissionais da área.

Em relação aos alunos de último ano percebemos que pouco efetivamente

participaram de atividades que pudessem desenvolver as habilidades

interpessoais.

Sugerimos que outros trabalhos possam dar continuidade aos temas

abordados neste trabalho. E que em futuros trabalho, possa se investigar por que

poucos alunos ainda se envolvem com atividades que ajudam no

desenvolvimento das habilidades interpessoais. Assim como discutir a melhor

forma de conduzir a formação dos alunos dentro da faculdade para que eles

possam estar cada vez mais preparados para enfrentar esse novo mercado de

trabalho.

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50

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53

Apêndice A – Formulário de Questão para alunos no primeiro ano

1) Idade: ______

2) Qual em qual escola você realizou a maior parte do seu ensino fundamental e médio:

( )Publica ( )Privada

3) Possui algum curso técnico? ( ) Sim ( ) Não

Em qual área? ______________________

4) Fez cursinho preparatório para o vestibular? ( ) Sim ( ) Não

Por quantos anos? ___________

5) Já trabalhou antes de ingressar na universidade? ( ) Sim ( ) Não

6) De acordo com a afirmação:

Engenheiros químicos fluentes em inglês terão melhor colocação no mercado de trabalho.

( ) Concordo totalmente ( ) Concordo parcialmente ( ) Indiferente ( ) Discordo parcialmente ( )

Discordo totalmente

7) Quais línguas você acha importante um profissional de engenharia química ter

conhecimento?

( ) espanhol ( ) alemão ( ) francês ( ) italiano ( ) mandarim

8) De acordo com a afirmação:

Os conhecimentos de Excel avançado, programação e simulação de processos são importantes a

um profissional de engenharia química.

( ) Concordo totalmente ( ) Concordo parcialmente ( ) Indiferente ( ) Discordo parcialmente ( )

Discordo totalmente

9) De acordo com a afirmação:

Realizar intercâmbio é importante à formação do engenheiro químico.

( ) Concordo totalmente ( ) Concordo parcialmente ( ) Indiferente ( ) Discordo parcialmente ( )

Discordo totalmente

10) De acordo com a afirmação:

Os conhecimentos de gestão financeira, gestão de pessoas e administração são importantes a um

profissional de engenharia química.

( ) Concordo totalmente ( ) Concordo parcialmente ( ) Indiferente ( ) Discordo parcialmente ( )

Discordo totalmente

11) Qual sua pretensão salarial no primeiro emprego depois de formado?

( ) < R$ 3000,00 ( ) R$ 3000,00 a R$ 4000,00 ( ) R$ 4000,00 a R$ 5000,00 ( ) > R$ 5.000,00

12) Qual seu maior desejo após se formar?

( )Prestar concurso e seguir carreira como funcionário público ou em uma grande estatal.

( )Ser efetivado no estágio como Engenheiro Junior ou cargo similar.

( )Ser efetivado, independente do salário e/ou cargo.

( )Ser selecionado como Trainee em uma multinacional.

( )Trabalhar com a família.

( )Abrir um negocio próprio.

( )Seguir carreira acadêmica.

( )Outra opção. (Favor especificar) _______________________

13) Pensa em cursar uma pós-graduação, MBA, mestrado, doutorado ou qualquer outro tipo

de especialização em um período de 2 anos após se formar? ( )Sim ( ) Não

Especialização em qual área? __________

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54

14) Está disposto a aceitar cargos em outros estados ou países após se formar? ( ) Sim (

)Não

15) De acordo com a afirmação:

A bioquímica e a biotecnologia terão cada vez mais importância na engenharia química.

( ) Concordo totalmente ( ) Concordo parcialmente ( ) Indiferente ( ) Discordo parcialmente ( )

Discordo totalmente

16) De acordo com a afirmação:

O trabalho voluntário acrescenta habilidades que poderão ser aproveitadas em sua vida

profissional.

( ) Concordo totalmente ( ) Concordo parcialmente ( ) Indiferente ( ) Discordo parcialmente ( )

Discordo totalmente

17) De acordo com a afirmação:

Habilidades comportamentais (por exemplo: pro-atividade, liderança, boa comunicação oral e

escrita, etc) são diferenciais tão ou até mais importantes quanto habilidades técnicas.

( ) Concordo totalmente ( ) Concordo parcialmente ( ) Indiferente ( ) Discordo parcialmente ( )

Discordo totalmente

Obrigado pela participação, Everton A. e Thomaz Zanivan

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Apêndice B – Formulário de Questões para os alunos de último ano

1) Idade: ______

2) Você já fez ou está fazendo Iniciação Científica? ( ) Sim ( ) Não

Por quanto tempo? ___________

3) Você já fez ou está fazendo estágio? ( ) Sim ( ) Não

Por quanto tempo ? ___________

4) Cursou alguma escola técnica? ( ) Sim ( ) Não

Qual curso?_____________

5) Como você classifica o seu nível de inglês ?

( ) básico ( ) intermediário ( ) avançado ( ) fluente

6) Qual outra língua você estuda(ou) ?

( ) espanhol ( ) alemão ( ) francês ( ) italiano ( ) mandarim ( ) não estudo outras línguas

7) Você realizou intercâmbio ? ( ) Sim ( ) Não.

Qual país você foi ? _____________

8) Em relação a sua experiência na universidade responda de acordo com a afirmação:

Os conhecimentos de Excel avançado, programação e simulação de processos são importantes a

um profissional de engenharia química.

( ) Concordo totalmente ( ) Concordo parcialmente ( ) Indiferente ( ) Discordo parcialmente ( )

Discordo totalmente

9) Em relação a sua experiência na universidade responda de acordo com a afirmação:

Os conhecimentos de gestão financeira, gestão de pessoas e administração são importantes a um

profissional de engenharia química.

( ) Concordo totalmente ( ) Concordo parcialmente ( ) Indiferente ( ) Discordo parcialmente ( )

Discordo totalmente

10) Durante o período da faculdade você realizou algum curso de qualificação (por exemplo:

excel avançado, gestão de pessoas, gestão financeira, etc) ? ( ) Sim ( ) Não

11) Qual sua pretensão salarial no primeiro emprego depois de formado?

( ) < R$ 3000,00 ( ) R$ 3000,00 a R$ 4000,00 ( ) R$ 4000,00 a R$ 5000,00 ( ) > R$ 5.000,00

12) Qual seu maior desejo após se formar?

( )Prestar concurso e seguir carreira como funcionário público ou em uma grande estatal.

( )Ser efetivado no estágio como Engenheiro Junior ou cargo similar.

( )Ser efetivado, independente do salário e/ou cargo.

( )Ser selecionado como Trainee em uma multinacional.

( )Trabalhar com a família.

( )Abrir um negocio próprio.

( )Seguir carreira acadêmica.

( )Outra opção. (Favor especificar) _______________________

13) Pensa em cursar uma pós-graduação, MBA, mestrado, doutorado ou qualquer outro tipo

de especialização em um período de até 2 anos após se formar? ( )Sim ( ) Não

14) Está disposto a aceitar cargos em outros estados ou países após se formar?

( ) Sim ( )Não

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15) Em relação a sua experiência na universidade responda de acordo com a afirmação:

A bioquímica e a biotecnologia terão cada vez mais importância na engenharia química.

( ) Concordo totalmente ( ) Concordo parcialmente ( ) Indiferente ( ) Discordo parcialmente ( )

Discordo totalmente

16) Em relação a sua experiência na universidade responda de acordo com a afirmação:

O trabalho voluntário acrescenta habilidades que poderão ser aproveitadas em sua vida

profissional.

( ) Concordo totalmente ( ) Concordo parcialmente ( ) Indiferente ( ) Discordo parcialmente ( )

Discordo totalmente

17) Durante o período da faculdade você participou de algum trabalho voluntário? ( ) Sim ( )

Não

18) Em relação a sua experiência na universidade responda de acordo com a afirmação:

Habilidades comportamentais (por exemplo: pro-atividade, liderança, boa comunicação oral e

escrita, etc) são diferenciais tão ou até mais importantes quanto habilidades técnicas.

( ) Concordo totalmente ( ) Concordo parcialmente ( ) Indiferente ( ) Discordo parcialmente ( )

Discordo totalmente

19) Durante o período da faculdade você participou de atividades em grupo (por exemplo:

Atlética, CAEQ, Empresa Jr., DA, etc.) ? ( ) Sim ( ) Não

Obrigado pela participação, Everton A. e Thomaz Zanivan