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FORMAS EM PROSA DE FORMAS EM PROSA DE FICÇÃO FICÇÃO Romance, Novela e Conto

FORMAS EM PROSA DE FICÇÃO Romance, Novela e Conto

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Page 1: FORMAS EM PROSA DE FICÇÃO Romance, Novela e Conto

FORMAS EM PROSA DE FORMAS EM PROSA DE FICÇÃOFICÇÃO

Romance, Novela e Conto

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PROBLEMÁTICAPROBLEMÁTICA

Problemas: ◦descrevê-las e distingui-las; ◦é assunto em discussão e de grande atualidade;

Poética: categorização pertencente à disciplina de retórica e poética;

Prosa: questões da teoria e filosofia literária modernas (veio depois da categorização da poesia;

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PROBLEMÁTICAPROBLEMÁTICA

Antes: interesse pelas formas poéticas: a lírica, a épica e o drama;

As formas em prosa eram subestimadas e consideradas como uma arte inferior em relação à poética;

Das poucas teorias da prosa – referência à novela;

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A partir do século XVIII (ROMANTISMO), as teorias começaram a explorar as formas em prosa (as doutrinas clássicas entram em crise);

O Romance ganha prestígio (considerado como uma “pseudo-épica”);

O Conto e a Novela eram menos trabalhados – confusão na classificação;

Só no século XX que surgem estudiosos mais atentos pelo assunto (Henry James, E. M. Forster, G. Lukács, Wayne C. Booth, Lucien Goldman, etc.);

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Problemas AINDA não resolvidos:Problemas AINDA não resolvidos:

◦O Romance e a Novela se prendem à poesia épica;

◦Segundo Moisés, “cada país, ou cada área de cultura, ou cada época histórico-literária, ou cada tendência crítica, possui ideias próprias acerca das formas em prosa.” (p. 90);

◦Distinção entre as formas por meio da quantidade de páginas: Conto (até 100 p.), a Novela (de 100 a 200 p.) e o Romance (acima de 200 p.);

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◦Critério de quantidade não é falso, mas não pode ser tomado como único e, sim, empregado como auxiliar. Ex: O alienista é conto de quase 100pág, quase como o romance Iracema; D Quixote é novela mas mais extensa que o romance Madame Bovary

◦Técnica de construção – (Fatores internos e Fatores externos ou Qualitativo e Quantitativo);

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• M. Moisés: “Os contos não são contos porque têm poucas páginas, mas têm poucas páginas porque são contos. O critério quantitativo pode ser empregado mas deve ser confirmado pelo qualitativo.(...) além disso, apólogo, fábula, crônica tbém são marcados pela brevidade.” (A criação literária, p. 24)

• Ex. De critério qualitativo: personagens do conto são mais intensas, densas e estruturadas do que as da novela e romance.

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O ROMANCEO ROMANCEE SUAS CARACTERÍSTICAS

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DEFINIÇÃODEFINIÇÃO1. O Romance (do latim romanice) nasce

na Idade Média. Ligado à poesia épica, tinha como característica narrar façanhas excitantes da Cavalaria e de donzelas em perigo (todos, figuras nobres ou heroicas).

2. Embora sem ligação c/ a epopeia, a ela se equivale nos tempos modernos (A. S. Amora)

3. 3. O romance tradicional, como a epopeia, tem diálogo misto, ou apresentação direta, c/ narração. É uma forma composta.

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DEFINIÇÃODEFINIÇÃO

Possuía a estrutura episódica, com aventuras uma atrás da outra, sobressaindo a temática amorosa em detrimento das façanhas históricas;

Havia também a valorização dos eventos lendários e folclóricos, sendo assim abundante o elemento maravilhoso ;

Popularmente, ficou conhecido como Novela de Cavalaria;

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DEFINIÇÃODEFINIÇÃO

Romance = “literatura feita pelo, para e com o povo, especialmente a nova classe ascendente, a burguesia” (MOISÉS, p. 150);

Entra no lugar da epopéia: “constituir-se no espelho dum povo, a imagem fiel duma sociedade”;

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Porta-voz das ambições, desejos, veleidades, e, ao mesmo tempo e sobretudo, ópio sedativo ou fuga da materialidade diária; entretenimento e passatempo da classe burguesa;

Oferecia uma imagem otimista dos relacionamentos burgueses e construía também a imagem do que pretendiam ser; mas havia uma crítica, sutil e implícita, ao sistema.

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PRIMEIRAS CARACTERÍSTICAS:PRIMEIRAS CARACTERÍSTICAS:

◦ Ele dá uma visão global do mundo;◦ Recria e/ou reconstrói o mundo, a partir

de uma visão particular, única e original;

◦ Liberdade de recursos de ficção: andamento pausado da narração, o monólogo interior etc.

◦ Visão macroscópica do Universo, onde o escritor consegue captar o máximo por sua intuição;

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◦ As outras áreas de conhecimento são auxiliares nesse modo de recriação;

◦ Compromisso (engajamento) e entretenimento (divertimento, “no sentido de algo que nos distraia, nos tire a atenção de certos objetos, e nos dê, por isso mesmo também, alegria e bem-estar” ( MOISÉS, p. 157);

◦ ENGAJAMENTO – RESULTADO DO PRODUTO ARTÍSTICO;

◦ NÃO CONFUNDIR COM PANFLETOS ENGAJADOS;

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◦ ENTRETENIMENTO: uma história que se conta... O leitor busca saber o “depois”, o que aconteceu etc...

◦ O BOM LEITOR NÃO BUSCA APENAS ISSO: quanto mais culto, mais exige a outra faceta do romance (os ensinamentos de formação do homem);

◦ Fica entre os extremos: ENTRETENIMENTO e FORMAÇÃO;

◦ O drama das personagens deve ser UNIVERSAL: inquietudes espirituais ou situações históricas universalizadas;

◦ Espaço de experiências de técnicas de composição;

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CARACTERÍSITCAS ESPECÍFICAS:CARACTERÍSITCAS ESPECÍFICAS:AÇÃO (Enredo/ Trama/ Intriga):

◦Pluralidade Dramática: CÉLULAS DRAMÁTICAS;◦Sem continuação...◦Simultaneidade dramática: “os núcleos

dramáticos interligam-se apertadamente, ao mesmo tempo e, às vezes, num único lugar. Os conflitos decorrem simultaneamente, como na vida real acontece para todos... Mesmo que, num caso ou noutro, os dramas envolvam outras pessoas, estas devem estar diretamente vinculadas às figuras principais da narrativa.” (MOISÉS, p. 159)

◦O romancista escolhe um drama central: os outros espaços ajudam a entender os dramas inferiores;

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Romance fechado : ação com começo, meio e fim.

Romance aberto: a presença do personagem é o eleo de ligação entre os c’pítulos; autor poderia ecrescentar outros episódios aos já narrados.

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LUGAR:LUGAR:

◦Pluralidade Geográfica: total liberdade de construção – viagem ou vida num só quarto;

◦Vivacidade e dinamismo - ação;◦Quanto maior o deslocamento, maior a superficialidade de construção;

◦O contrário: impossibilidade dos conflitos desencadearem;

◦PONTO GEOGRÁFICO: EXTERIOR E INTERIOR;

◦GERALMENTE URBANO (BURGUESIA);

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TEMPOTEMPO

◦Completude do tempo: acompanha “as personagens desde o seu nascimento até a sua morte”;

◦Fundamental para o delineamento das personagens;

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O TEMPO CRONOLÓGICOO TEMPO CRONOLÓGICO

◦Mudanças regulares pelo ritmo do âmbito da natureza – “a alternância da noite e do dia, o movimento das marés, as estações, o movimento do sol, etc.” ... conhecimento do passado, presente e futuro;

linear, objetivo, matemático e visível; datas, fatos etc. diretamente ligado à constituição das personagens: os choques entre a coletividade e o “eu profundo” de cada um;

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EXEMPLOSEXEMPLOS

PRIMEIRA PARTEO PREÇO

IHá anos raiou no céu fluminense uma nova estrela.Desde o momento de sua ascensão ninguém lhe disputou o

cetro; foi proclamada a rainha dos salões.Tornou-se a deusa dos bailes; a musa dos poetas e o ídolo dos

noivos em disponibilidade.Era rica e formosa.Duas opulências, que se realçam como a flor em vaso de

alabastro; dois esplendores que se refletem, como o raio de sol no prisma do diamante.

Quem não se recorda da Aurélia Camargo, que atravessou o firmamento da Corte como brilhante meteoro, e apagou-se de repente no meio do deslumbramento que produzira o seu fulgor?

Tinha ela dezoito anos quando apareceu a primeira vez na sociedade. Não a conheciam; e logo buscaram todos com avidez informações acerca da grande novidade do dia.”

(cf. ALENCAR, José. Senhora.)

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Às onze para o meio-dia era tal o seu constrangimento e era tal o seu desassossego entre as apertadas paredes do número 15, que, mau grado os protestos da velha saiu a dar uma volta por detrás do cortiço, à sombra dos bambus e das mangueiras.(...)A natureza sorriu-se comovida. Um sino, ao longe, batia alegre as doze badaladas do meio-dia. O sol, vitorioso, estava a pino e, por entre a copagem negra (...) (cf. AZEVEDO, Aluísio. O Cortiço.)

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O TEMPO PSICOLÓGICOO TEMPO PSICOLÓGICO

subjetivo, variável, redução de enredo; experiência; ritmo específico: incessante e múltiplo; descontínuo: noção de passado e presente desaparece;

um presente contínuo; presente-presente: apreendido como dado imediato;

presente-passado: associações da memória;

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EXEMPLOSEXEMPLOS

Se tinha alguma dor e se enquanto doía ela olhava os ponteiros do relógio, via então que os minutos contados no relógio iam passando e a dor continuava doendo. Ou senão, mesmo quando não lhe doía nada, se ficava defronte do relógio espiando, o que ela não estava sentindo também era maior que os minutos contados no relógio. Agora, quando acontece uma alegria ou uma raiva, corria para o relógio e observava os segundos em vão.(....)

A fazenda também existia naquele mesmo instante e naquele mesmo instante o ponteiro do relógio ia adiante, enquanto a sensação perplexa via-se ultrapassada pelo relógio... Dentro de si sentiu de novo acumular-se o tempo vivido.(cf. LISPECTOR, Clarice. Perto do Coração

Selvagem)

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(...)Muitos anos de sua existência gastou-os à janela, olhando as coisas que passavam e as paradas. Mas na verdade não enxergava tanto quanto ouvia dentro de si a vida.(...)Quanto tempo? Por que Joana tinha consciência, como de uma música longínqua, de que tudo continua a existir e os gritos não eram setas isoladas, mas fundiam-se no que existia....................................................................................................................Os dois mergulhavam em silêncio solitário e calmo. Passaram-se anos talvez. Tudo era límpido como um estrela eterna e eles pairavam tão quietos que podiam sentir o tempo futuro rolando lúcido dentro de seus corpos com a espessura do longo passado que instante por instante acabavam de viver.

(cf. LISPECTOR, Clarice. Perto do Coração Selvagem)

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(...)Na verdade, Capitu ia crescendo às carreiras, as formas arredondavam-se e avigoravam-se com grande intensidade; moralmente, a mesma cousa. Era mulher por dentro e por fora, mulher à direita e à esquerda, mulher por todos os lados, e desde os pés à cabeça.(...)Ezequiel, quando começou o capítulo anterior, não era ainda gerado; quando acabou era cristão e católico. Este outro é destinado a fazer chegar o meu Ezequiel, um rapagão bonito, com os seus olhos claros, já inquietos, como se quisessem namoras todas as moças da vizinhança, ou quase todas.

(cf. ASSIS, Machado de. D. Casmurro.)

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PERSONAGEMPERSONAGEM

◦Só “GENTE” pode ser personagem do romance;

◦O número de personagens é variado: o “ficcionista pode livremente povoar a narrativa duma série delas ou reduzi-las ao mínimo essencial para haver conflitos desencadeadores da ação.”

◦Podem ser: Planas ou Tipos: destituídas de profundidade e

estáticas (inalteráveis) – sempre iguais; pertencem geralmente ao romance de ordem cronológica;

Redondas: o contrário – têm profundidade e revelam uma série de características; são dinâmicas; causam surpresa ao leitor; possuem caráter; pertencem ao romance de ordem psicológica;