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Ano XVI - Dezembro /2004 Fórum: Anamt reafirma seu importante papel na melhoria da Medicina do Trabalho no Brasil NESTA EDIÇÃO Legislação Retrospectiva das leis e normas publicadas em 2004 Silicose Empresas são obrigadas a eliminar o jateamento com areia Ato Médico Especialistas expõem suas opiniões sobre a Lei

Fórum: Anamt reafirma seu importante papel na melhoria da ... · s editores de nosso Jornal da Anamt solicitaram-me que elaborasse uma mensagem de Natal e ... e o “espírito de

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Ano XVI - Dezembro /2004

Fórum: Anamt reafirma seuimportante papel na melhoriada Medicina do Trabalho no Brasil

NESTA EDIÇÃOLegislaçãoRetrospectiva dasleis e normaspublicadas em 2004

SilicoseEmpresas sãoobrigadas a eliminar ojateamento com areia

Ato MédicoEspecialistasexpõem suasopiniões sobre a Lei

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Mensagem do Presidente________________________

Edifício Medcenter - Rua dos Otoni, 909sala 1807 - Bairro Santa Efigênia -CEP. 30150-270Belo Horizonte/MGTelefone/Fax: (31) 3224-7204www.anamt.org.br - [email protected]

Presidente: dr. René MendesDiretor de divulgação interino*: dr. ZuherHandar - * Devido à licença do dr. Mario BoncianiCoordenação Editorial/SP: dra. Marcia Bandini

Jornalista: Eliane Miller Bossolan - MTb 23.726Fone/Fax: (12) [email protected]ção: MV Design & Comunicação Ltda.Fone/Fax:(11) 3965-1184 - [email protected]

Impressão: Margeação Gráfica - São Paulo/SPOs textos assinados não representamnecessariamente a opinião da ANAMT, sendo seuconteúdo de inteira responsabilidade dos autores.

Uma publicação daAssociação Nacional deMedicina do Trabalho

Época de fazermos o nosso próprio “Balanço Social”...s editores de nosso Jornal da Anamt solicitaram-me que elaborasse uma mensagem de Natal e Final de Ano, porémconfesso que o “espírito de Natal” ainda não se apossou de mim. Em compensação o “espírito de fim-de-ano” e de “AnoNovo”, já vem, de certa forma, me atormentando – por sua atemporalidade – desde o começo do ano que vai findar, e

já não sei mais se estamos findando ou iniciando um novo ciclo no calendário cristão. Não me preocupa o calendário, pois nestaconfusão não estou só, posto que muitos historiadores continuam a afirmar que, após os ajustes do calendário Juliano para oGregoriano, Jesus teria nascido cinco anos “antes de Cristo” (a.c.)...É que, atualmente, o tempo passa muito mais rápido do que passava no passado, e Einstein nos dá suporte teórico a estapercepção, pois sua Teoria da Relatividade Restrita, publicada já em 1905, vinculou o tempo ao espaço, entendendo que o tempodepende do espaço e, portanto, de onde está o observador...Portanto, nossa mensagem é sempre oportuna, e o “espírito de fim-de-ano” pode e deve estar presente em qualquer época doano, do começo ao fim. Este “espírito” nos remete a uma série de indagações, de reflexões e – principalmente – a um balanço quetemos que prestar, não à Receita Federal, mas a Deus, à Vida, à nossa família, à sociedade, aos outros.Lembramo-nos do “Balanço Social”, pois são suas amplas dimensões as que mais importam na visão de um “desenvolvimentosustentável” que, como diz a Norma SA 8000, sobre Responsabilidade Social: a verdadeira responsabilidade social começa “dedentro para fora”. Assegurada esta condição sine qua non, ela se estende “para fora”, podendo (ou devendo) ser publicada na formade “Balanço Social”.Comparando os distintos conceitos de “Balanço Social”, deparamo-nos com a definição de “Responsabilidade Social Corporativa(RSC)”, que para o Word Business Council for Sustainable Development, seria “o comprometimento permanente dos empresários emadotar um comportamento ético e contribuir para o desenvolvimento econômico, simultaneamente melhorando a qualidade de vida de seus empregados esuas famílias, da comunidade local e da sociedade como um todo.”Lendo este enunciado, lembramo-nos, em primeiro lugar, de nós mesmos, e passamos perceber que estamos sendo avaliados porconceitos tão fortes e sérios quanto o “comprometimento permanente”, o “comportamento ético”, o “melhoramento da quali-dade de vida”, “... dos empregados”, “... das famílias”, “...da comunidade local”, “... da sociedade como um todo.” Pergunto, nestabreve reflexão de fim-de-ano - que está sempre começando e terminando ao mesmo tempo, exigindo, portanto, constantes“balanços” -, qual é a nossa posição, não como empregadores ou empresários, mas como cidadãos, profissionais, médicos dotrabalho?Sou da opinião de que, se não soubermos cuidar de nós mesmos, de nossa saúde e de nossa vida, e da saúde e vida de nossasfamílias, e do círculo que está mais próximo de nós, não estaremos em condições de cuidarmos da saúde e da vida dos “outros”.Dos círculos que estão mais longe de nós.Depois de cuidarmos de nós mesmos e dos que nos são caros (às vezes, literalmente caros...), estaremos em condições derespondermos: o que temos feito pelo próximo, começando pelos que estão mais próximos?Em um país de tanta desigualdade social e de tanta falta de eqüidade – aliás, cada vez mais acentuada - não é mais admissívelassistirmos passivamente – “de camarote” - o que está ocorrendo, sem indignação e sem ação!Em termos relativos, somos uma elite de privilegiados. A estes, disse Jesus: “A quem muito foi dado, muito será exigido!”Gandhi, líder espiritual e político, indiano e hindu, chamado de Mahatma (“grande alma”), arquiteto da filosofia e da prática daresistência construtiva e não-violenta à opressão, não via distinção entre o social e o espiritual, o pessoal e o político. Para Gandhi,a resistência não-violenta não era passiva, mas um confronto ativo da “força bruta” com a “força da alma”. Com Gandhiaprendeu Martin Luther King Jr.– meu “ídolo” de longa data – o qual praticou esta filosofia até ser assassinado, em 1968, comapenas 39 anos de idade.Que Deus nos dê uma “alma grande” como a de Gandhi e a do Dr. King, sobretudo a nós médicos, e “médicos do trabalho”, eque as épocas de fazermos “balanços sociais” de nossa vida, isto é, de janeiro a dezembro, de todos os anos, do nascimento àmorte, sem férias, nos movam, nos comovam e, principalmente, nos transformem!Que seja bom o “Ano Novo”, o qual está sempre começando. E pior: já terminando! Não é preciso esperar o dia 1o. de janeiro,nem 31 de dezembro. Como diz a Bíblia: “no tempo oportuno que se chama Hoje!”

René Mendes

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__________________________________________________________Diretoria

Anamt avalia implementaçãode seu programa de trabalhoA apresentação das atividades desenvolvidas durante o ano de 2004 e os projetospara o próximo ano foram o foco da reunião de Diretoria da Anamt, com a partici-pação de membros do Conselho Fiscal, coordenadores de Projetos Especiais e presiden-tes de Federadas, realizada no dia 27 de novembro de 2004, em São Paulo.A extensa pauta da reunião demonstrou o importante trabalho que a diretoria daAnamt vem realizando para tornar a associação cada vez mais referência em Saúde doTrabalhador, com destaque para os investimentos voltados para a atualização cientí-fica de seus associados.Tanto pelo meio eletrônico, com seu siteoficial que atingiu a marca de 700 visitas/dia neste ano, como pelos meios impres-sos – Revista Brasileira de Medicina do Traba-lho e o Jornal da Anamt (este que contacom uma nova equipe editorial), a associa-ção apresenta informação atualizada so-bre os assuntos que geram mudanças nodia-a-dia dos médicos do trabalho.

Mais associadosMesmo sabendo da destacada posição que a Anamt ocupa no cenário da Medicina doTrabalho no Brasil e no mundo, muitos médicos do trabalho ainda não se associaram.

Para mudar este quadro, foi discutida aoperacionalização da decisão tomada peloConselho Deliberativo e Diretoria, emmaio deste ano, de integração eharmonização progressiva dos quadrosassociativos da Anamt e das federadas nosEstados, tendo sido apresentado, pelo pre-sidente da Amint, dr. Mariano Ravski, umestudo-piloto de como se daria estaintegração dos quadros associativos em

Minas Gerais.O presidente da associação mineira apresentou a proposta para anuidade conjunta,que, segundo estudo realizado pelo diretor financeiro-adjunto da Anamt, dr. Willesde Oliveira e Souza, resultaria em uma maior arrecadação tanto para a Anamt quan-to para a Amimt. E, para os associados um valor menor a ser pago para ser sóciodas duas entidades.

13º. Congresso daAnamt - 2007

O cronograma de preparaçãodo 13º. Congresso da Anamt,que acontecerá em abril/maiode 2007, na cidade de Vitória(ES), foi apresentado durantea reunião de diretoria, pelopresidente da ComissãoOrganizadora do evento, dr.Charles Carone Amoury. Emjaneiro, o presidente dr. RenéMendes, acompanhado dovice-presidente, dr. ZuherHandar, e do diretor científico,dr. Arlindo Gomes, estará vi-sitando a cidade capixaba paraconhecer as instalações doCentro de Convenções queestá previsto para receber oevento. Todas as informaçõessobre o congresso da Anamtserão disponibilizadas no siteda entidade.

Banimento doAsbesto

O diretor de Título de Especi-alista, dr. Carlos Roberto Cam-pos, apresentou uma avaliaçãodo 12º. Congresso da Anamt,a qual foi aprovada com mo-ção de aplauso e agradecimen-to aos organizadores.A diretoria da Anamt endos-sou, por unanimidade, oposicionamento de seu presi-dente dr. René Mendes, da de-fesa do banimento do asbesto,colocando a Anamt na vanguar-da deste movimento da socie-dade brasileira.Outras decisões e propostas dareunião estarão disponíveis nosite da associação:www.anamt.org.br.

Crédito:Agnaldo Rocha

Científica_____________________________________________________

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AAtualização e capacitação deram o tom

Texto: Eliane Miller Bossolan........................................................................................Fotos: Agnaldo Rocha

“ defesa da Saúde do Trabalhadoré o principal motivo de existên-

cia da Anamt, mais do que uma repre-sentante dos médicos do trabalho, ela secoloca como ator social: presente, respeita-da e ouvida nas questões que envolvemo bem-estar do trabalhador brasileiro”,declarou o presidente da Associação Nacionalde Medicina do Trabalho, dr. René Men-

des, na conferên-cia de abertura doIV Fórum Pre-sença da Anamt,realizado no dia 26de novembro - SãoPaulo.Em sua conferên-

cia, o dr. René Mendes apontou como umgrande desafio a abertura política einstitucional da Anamt e das Federadas.

Título de EspecialistaA partir deste ano, o tempo exigido paraa formação de especialista em Medicinado Trabalho, tanto pela Residência Médi-ca ou por Curso de Especialização passaa ser de 2 anos, conforme determinaçãoda Comissão Mista de Especialidades(ABM/CFM/CNRM). A Anamt estábuscando atender esta obrigatoriedade,ainda que com atraso de 1 ano.Para uma maior valorização do Título deEspecialista (ABM/Anamt), a associaçãosugere a exigência de sua apresentação emconcursos públicos e processos de seleçãonas empresas. A recertificação periódicado Título de Especialista é um dos itensda agenda da atual diretoria da Anamt.Na primeira mesa redonda do fórum, odr. Carlos Roberto Campos, diretor deTítulo de Especialista

/Anamt, apresentou um retrato do mer-cado de trabalho, destacando que a exi-gência do Título de Especialista trata-sede consciência profissional, o qual servepara o reconhecimento e fortalecimen-to científico do médico do trabalho.Quando se fala em reconhecimento, a dra.Elizabeth Costa Dias, coordenadora doCeamt /Anamt, lembra do esforço queestá sendo feito para tirar os médicos dotrabalho do limbo em que se encontram,pois muitos têm que explicar qual é a suaatuação para a sociedade.“O médico do trabalho deve estaratentoao novo Mundo do Trabalho, quemsão os trabalhadores que ele se propõe aatender”, ressalta Elizabeth e completa“o desafio da Anamt é facilitar que osmédicos do trabalho assumam uma atitu-de pró-ativa e não simplesmente reativaàs mudanças sociais do trabalho”. Referin-do-se aos cursos de especialização, dra.Elizabeth disse que não é interessanteextinguí-los, pois eles são importantesmeios para a atualização dos médicos dotrabalho com anos de carreira.

Registro de Título no CRMExplicar a confusão em torno deste assunto ficou a cargo da dra. Lívia BarrosGarção, secretária-geral do Conselho Fede-ral de Medicina (DF). Lívia Barros mos-trou um breve histórico do registro,desdeque era competência do Ministério doTrabalho, passando para os conselhos declasse, os quais, segundo a secretária doCFM, davam o registro demédico do traba-lho sem a exigência de um Título de Es-pecialista recebido através de avaliação.“Hoje, o médico do trabalho precisa cur-sar a Residência Médica ou prestar

uma prova de titularização como a reali-zada pela ABM/Anamt”. A Anamt estápedindo ao CFM que exija dos seus con-selhos regionais que sigam realmente aResolução 1666 (maio/2003) ao conce-der o registro para atuação como médicodo trabalho, a qual deixa claro que paratrabalhar na áreaé preciso certificado de Residência Mé-dica ou Título de Especialista.Lívia Barros disse que o CFM estará pau-tando o tema na Câmara Técnica sobreas obrigatoriedades de título ou residência.Atualmente, existem em atividade 6 pro-gramas de Residência em Medicina do Tra-balho, todos implantados em 2004, e comcarga horária dividida em 80% aulas práti-cas e 20% aulas teóricas.

Educação ContinuadaO destaque desta segunda mesa redondado fórum ficou por conta das experiênciaspráticas e da tecnologia utilizada para levarconhecimento.O presidente da Sociedade Gaúcha deMedicina do Trabalho (Sogamt), dr. Cláu-dio Schmitt, mostrou que as dificuldades dedeslocamento do médico do trabalho dointerior do Rio Grande do Sul para a ca-pital, para participar de reuniões científicas,foi o principal alvo da ação da Sogamt. Asolução foi levar o conhecimento até ointerior, realizando periodicamente reuni-ões científicas, workshops e treinamen-tos. A Sociedade Paulista de Medicinado Trabalho (SPMT) investe na educa-ção continuada através de reuniões cientí-ficas, seminários e congressos. Para 2005,a SPMT estará levando as reuniões cien-tíficas para as sedes regionais no Estado

de São Paulo.

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Mas, o recente lançamento de seu site ofi-cial, é visto pela entidade paulista comoum dos principais canais de educação paraos médicos do trabalho.Com três anos, o site da Anamt já rece-beu mais de 360 mil visitas. O webmasterresponsável pela homepage, dr. MarcosFurtado Toledo, chamou atenção para ofato do site ser um importante recursoeducacional, propondo que sejam criados,por exemplo, seminários e cursos virtu-ais que facilitem a participação do médi-co do trabalho de todas as partes do país.“O formato conhecido atualmente de for-mação em Medicina do Trabalho, é aqueleonde temos o aprendiz diante de seu tu-tor. Com as novas tecnologias, este for-mato de educação poderá ficar obsole-to”, afirmou o dr. Satoshi Kitamura, pro-fessor da Unicamp (SP), que tratou dotema educação à distância. As vantagensapontadas pelo dr. Kitamura com a edu-cação à distância são a independênciageográfica e temporal, atendimento a umnúmero maior de interessados ao mes-mo tempo e atualização rápida. Já as des-vantagens são dificuldades de acesso ecustos específicos de infra-estrutura, famili-aridade mínima com os aparelhos e des-prendimento do médico do trabalho parase modernizar.Oura experiência bem sucedida de edu-cação continuada são as Comissões Téc-nicas da Anamt. Atualmente, existem 18comissões com cerca de 200 membrosparticipantes. “O meio eletrônico temsido o canal de comunicação entre osmembros das comissões”, comentou odiretor científico da Anamt, dr. ArlindoGomes. A função das comissões vai des-de elaborar diretrizes até propormelhorias na legislação.

PNSSTA apresentação da nova Política Nacio-nal de Segurança e Saúde do Trabalha-dor, no fórum, reuniu os três ministériosenvolvidos com o tema, representadospelo dr. Mario Bonciani, diretor doDSST/MTE, dr. Geraldo Arruda, diretordo Departamento do Regime Geral dePrevidência Social/MPAS, e dr. MarcoAntonio Perez, coordenador da Cosat/MS. Mais as representações dos trabalha-dores – Valdete Lopes, vice-presidente doSintesp - e dos empregadores - MagnusRibas Apostólico, superintendente daFenaban.

dos debates no Fórum Presença da AnamtO documento apresentado é uma pro-posta de Governo para a sociedade or-ganizada consultar e fazer suas sugestõese críticas. Os pontos do documento maisdestacados no fórum tratam da ampliaçãoda política de saúde e segurança para to-dos os trabalhadores, harmonização dasnormas e articulação das ações de promo-ção, proteção e reparação entre os minis-térios envolvidos com a questão.“Eu entendo a PNSST como um instru-mento de gestão governamental e empre-sarial. Um dos pontos que mais preocu-pa neste documento, refere-se à exten-são da política aos trabalhadores infor-mais, pois não se conseguiu até hoje quea legislação trabalhista os atendesse”, co-menta Magnus Ribas.Uma política voltada para todos os tra-balhadores é o desejo do vice presidentedo Sintesp, Valdete Lopes. “A política temque ser nacional, mas a operacionalizaçãotem que envolver os municípios”.O envolvimento dos municípios está pre-visto na política, conforme relatou o co-ordenador do Ministério da Saúde, dr.Marcos Perez, com a participação da co-munidade na gestão das ações de saúdedo trabalhador.“Eu vejo este documento como o primeiromomento de abertura desta discussão emâmbito nacional. Caberá à sociedade, aquia Anamt, produzir esta discussão. Enten-der que se todos ficarem satisfeitos coma PNSST, mudaremos a realidade atual”,declarou o diretor do DSST, dr.MarioBonciani.O dr. Geraldo Arruda também falou daimportância da participação da Anamt nadiscussão desta política, como forma detorná-la viável e sustentável a longo prazo.Respondendo a este chamado, o dr. RenéMendes disse que a Anamt existe paracolaborar a construir o país e que a cria-ção de caminhos para a participação daassociação nesta discussão é umpleito da entidade.

Exercício MédicoPara encerrar o fórum, a quarta mesa re-donda trouxe à cena a discussão da éticaprofissional.O dr. Jarbas Simas, da Câmara Técnicade Medicina do Trabalho, do Cremesp(SP), chamou atenção para o aumento nonúmero de denúncias contra médicos dotrabalho em São Paulo. As maisfreqüentes referem-se às perícias e laudos.O diretor de Ética e Defesa Profissionalda Anamt, dr. Luiz Frederico Hoppe,abordou o tema do prontuário e sigilomédico. Hoppe explicou que em açõesjudiciais, o prontuário médico, os examescomplementares ou outros documentospoderão ser liberados por autorizaçãoexpressa do próprio assistido. “Muitasvezes, os peritos têm dificuldade em teracesso ao prontuário, pois o trabalhadorse recusa a dar autorização para isto”,comenta Hoppe.A ética médica na prestação de serviçoem saúde ocupacional foi discutida pelodr. Newton Lara, presidente da Abresst.Newton Lara diz que este segmento demercado enfrenta alguns problemas éti-cos, os mais comuns são: falta dediscernimento quanto à questão da res-ponsabilidade não só do ponto de vistaprofissional quanto civil e criminal; faltade capacitação técnica; e maior facilida-de para a prestação de serviços virtuais,ou seja, emissão de laudos sem conhecerde perto o ambiente de trabalho da em-presa cliente.O segmento de consultoria também en-frenta problemas éticos. Segundo o vice-presidente da Amint (MG), dr. Hudsonde Araújo Couto, os problemas passampela dificuldade relacionada ao colega,médico do trabalho da empresa, e a ten-tativa de influência, por parte da empre-sa, sobre o parecer do consultor.

Entrevista_________________________________________________________

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Qual a importância do Fórum Presença da Anamt?

V a l d e t eLopesvice-presidente doSindicato dos Téc-nicos de Segurançado Estado de SãoPaulo (Filiado à

Força Sindical)

Eu sempre fui incentivador de eventosque trazem à luz a discussão de as-suntos que sejam de interesse dos tra-balhadores. E, este Fórum especial-mente se mostra desta forma e per-mite inclusive a multiprofissionalidade,trazendo outros profissionais e nãosó médico do trabalho, tanto é queestou aqui. É importante que entida-des representativas profissionais pos-sam realizar mais eventos desta na-tureza, porque é através deste debateque nós iremos melhorar as políticaspúblicas voltadas para as questões desegurança e saúde no trabalho.

Camila Bimmédica recém-forma-da, que estará cursan-do a ResidênciaMédica em Medi-cina do Trabalho

O Fórum está sendo muito impor-tante porque está em discussão aquestão da residência médica e doscursos de especialização. O Fórumdeixou bem claro a diferença existen-te entre eles, o que reforça, para mim,a importância de se fazer a residên-cia médica.

Magnus RibasApostólicosuperintendente deRelações de Trabalhoda Federação Na-cional dos Bancos

– Fenaban

O Fórum é muito importante por-que traz os médicos do trabalho paradiscussão em um momento de mu-dança muito grande na área de segu-rança e saúde no trabalho, com maisesta tentativa de se estabelecer umaintegração dos ministérios em tornoda saúde do trabalhador, com a Políti-ca Nacional de Saúde e Segurança doTrabalhador. Participar destas mu-danças e oferecer as suas sugestões,suas recomendações, é um papel im-portante do médico do trabalho queajuda a construir para o país uma po-lítica de saúde e segurança no traba-lho consistente.

G e r a l d oArrudadiretor do Depar-tamento do Regi-me Geral de Pre-vidência Social

O Fórum é importante porque é reali-zado por uma entidade que tem comoobjetivo a atualização de profissionaisque exercem a Medicina do Traba-lho. Eu vejo com bons olhos esteevento que se propõe a discutir asatividades profissionais, as diretrizesa serem seguidas pela categoria e nãotenho dúvida que são diretrizes quevêm ao encontro do que os órgãos degoverno estão fazendo. Eu acho queuma grande contribuição que esteFórum poderia dar seria estabelecer umaforma de discussão da Política Nacio-nal de Saúde e Segurança do Traba-lhador apresentada, seria uma impor-tante contribuição para a sociedade.

Lívia Barros Garçãosecretária-geral do ConselhoFederal de Medicina-DF

Eu acho que este Fórumtem uma importância

muito grande para todas as especiali-dades e para a categoria médica numtodo. O Fórum é um espaço funda-mental para a categoria discutir osproblemas e as dificuldades presen-tes na especialidade da Medicina doTrabalho. Aqui, estão presentes re-presentantes do Ministério da Saúde,Conselho Federal de Medicina eAnamt debatendo o que pode ser re-solvido, melhorado, sanado dentro daespecialidade. Nós discutimos, hoje,a questão da formação do médico tan-to do ponto de vista da graduação,como pós-graduação, mestrado, dou-torado, tentando cada vez mais ele-var o nível da especialidade, isto sig-nifica no final uma prestação de ser-viço de qualidade pelo médico do tra-balho ao trabalhador e à sociedade.

Newton Larapresidente da AssociaçãoBrasileira das Empresas deSaúde e Segurança no Tra-balho (Abresst)

Eu acho este Fórummuito importante, porque é uma for-ma de você estar se atualizando. Aformatação do Fórum é muito inte-ressante, pois é um espaço de debate,diferente de seminários, congressos,onde os temas são apenas apresenta-dos, aqui temos um evento de dis-cussão dos temas com profundida-de, tendo a presença dos atores soci-ais envolvidos com o assunto. Euparticipei de outras edições doFórum e pretendo participar sempre.

Autoridades convidadas e médicos do trabalho, que estiveram presentes ao Fórum, responderam espontaneamente a esta questão,demonstrando o grande sucesso que é esta forma aberta de discussão dos temas fundamentais para a Medicina do Trabalho.

Fotos: Agnaldo Rocha

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de riqueza de informação, eacreditoque nos próximos meses nãohaverá outro momento igual. As duashoras de apresentação e discussãodeste projeto com certeza modifica-ram a visão dos médicos do trabalhosobre o tema.

Romes VitaleAbdallamédico do trabalho,associado AnamtMinas Gerais

A organizaçãodeste Fórum foi excelente, com a re-capitulação de tudo o que aconteceudurante o ano, e quais são as pers-pectivas para o ano de 2005. Assim,nós ficamos preparados, com a opi-nião formada para o que é importan-te pesquisar mais, buscando estudarmais. Eu gosto muito do evento.Todo ano, eu saio do interior de Mi-nas Gerais para participar do Fórum.

S u z a n aVilela Praçamédica do traba-lho, associadaAnamt – SãoPaulo

O Fórum é uma oportunidade paraos médicos do trabalho seatualizarem. O nível dos palestrantesé muito bom, realmente agrega conhe-cimento. Seria bom ter o Fórum maisvezes no ano.

João AlbertoMaeso Montesdiretor de RelaçõesInternacionais daAnamt – RioGrande do Sul

O Fórum é extremamente importantetanto para a diretoria da Anamt comopara seus associados. Ele visa discutir

J a n d i r aDantasMachadomédica do traba-lho e membro doConselho Fiscalda Anamt -

PernambucoEu acho que o maior objetivo desteFórum é a educação continuada. Emcada Fórum nós procuramosdiretrizes para melhorar a educaçãodos médicos do trabalho, conseqüen-temente melhorar a qualidade do ser-viço prestado.

José GonçaloSilva Filhotesoureiro da Soci-edade Alagoanade Medicina doTrabalho, repre-sentante do

CRM-AL no evento

É de grande importância nós partici-parmos deste Fórum. É um apanha-do de tudo o que a gente vê duranteo ano relacionado à Medicina do Tra-balho. Daqui, nós levamos para onosso Estado um resumo de todosos acontecimentos da área.

M a r i oB o n c i a n idiretor do Depar-tamento de Segu-rança e Saúde noTrabalho – MTE

Eu estive presente em todos osFóruns da Anamt, porque acho queé o grande momento de reflexão domédico do trabalho. Eu acho que aAnamt seria diferente se não tivesseos Fóruns anuais. Neste evento, tive-mos um exemplo típico destemomento de reflexão, onde o proje-to de PNSST elaborado pelos três mi-nistérios foi apresentado com gran-

anualmente todos aqueles assuntosque tiveram uma importância maiordentro da Medicina do Trabalho. Nes-ta edição do Fórum notamos a ausên-cia do médico jovem, porque os as-suntos discutidos foram extremamenteadministrativos e de importância para acúpula diretiva da Anamt e não deinteresse dos jovens médicos que labu-tam dia-a-dia dentro das empresas.Eu acho que este assunto deveria serdebatido e repensando pela diretoriada Anamt para as próximas ediçõesdo Fórum.

Em Cimada HoraDurante o IV Fórum Presença daAnamt, o presidente René Men-des pediu ao representante daPrevidência Social, dr. GeraldoArruda, um posicionamentoquanto ao campo 3, do PPP. AAnamt não é contrária a entregadas informações de saúde ao tra-balhador, mas é contrária à en-trega das informações às empre-sas. Ela defende que as informa-ções médicas individuais sãosujeitas a sigilo profissional edeveriam ser enviadas a quempode receber (Autoridade Sani-tária, Perícia Médica do INSS),como, aliás determina a Resolu-ção do CFM nº. 1715/2004.Arruda disse que o processo deconversação estava paralisadodesde a ação judicial iniciadapela Anamt. Atendendo solicita-ção explícita do presidente daAnamt, dr. Arruda convidou o dr.René Mendes para uma reunião,em Brasília, para dar continui-dade ao diálogo em torno daquestão. Até o fechamento des-ta edição, o encontro estava con-firmado para o dia 8 de dezem-bro, com a participação tambémdo vice-presidente nacional daAnamt, dr. Zuher Handar.

Notícias______________________________________________________________

Jateamento com areia deveráser eliminado dos ambientes detrabalho no país

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O Ministério do Trabalho e Empregopublicou, em outubro passado, a Por-taria no. 99 (19/10/04), que proíbe oprocesso de trabalho de jateamentoutilizando areia seca ou úmida comoabrasivo. A portaria torna-se mais uminstrumento na luta internacional e na-cional de eliminação da silicose, doen-ça que segundo estimativas do MTE,já atinge a marca de 30 mil casos, emais de 6 milhões de trabalhadoresestão expostos a poeiras contendosílica.A portaria é resultado do trabalho de-senvolvido pelo Programa Nacionalde Eliminação da Silicose, que tem aparticipação do MTE, Fundacentro,Ministério da Saúde, Previdência So-cial e Ministério Público do Trabalho,apoiado pela Organização Internacionaldo Trabalho.Segundo a portaria, as empresas terãoo prazo de 90 dias (contando-se a partirde 21/10/04, data da publicação noDOU) para substituir o processo dejateamento que utiliza areia por outratecnologia que seja bem menos preju-dicial à saúde do trabalhador. Para orepresentante do MTE, no ProgramaNacional de Eliminação da Silicose, egerente do Setor Mineral, Mario Par-reiras, o prazo estipulado não será umobstáculo para as empresas, pois ou-tras tecnologias são conhecidas hábastante tempo. “Como alternativas àareia temos, entre outros, a bauxitasintetizada, água, escória de cobre,granalha de aço, bolinhas de vidro”,exemplifica Parreiras.

Parreiras: prazo para mudançanão é obstáculo para empresas

Saiba maisHá mais de 10 anos, o processo de trabalho de jateamento utili-zando areia seca ou úmida como abrasivo está proibido no Estadodo Rio de Janeiro (1992). Da mesma forma, os Estados de SantaCatarina (1996) e Espírito Santo (1997) proibiram este processoatravés de Leis Estaduais. O Estado do Paraná também proibiu ojateamento com areia através de Resolução da Secretaria de Saúde.

Divulgação

Quanto aos custos para a substitui-ção de tecnologia, Parreiras disse queé variável, dependendo da indicaçãodo processo abrasivo. “A substitui-ção pela bauxita sintetizada, porexemplo, não deve trazer impacto,pois não é necessária a mudança deequipamentos”.As empresas que continuarem utili-zando o processo de jateamento deareia, após o prazo concedido pelaPortaria 99, estarão sujeitas à inter-dição, com a consequenteparalização de suas atividades.Descumprindo a interdição, a em-presa poderá ser multada em cercade R$ 6 mil. A portaria está disponí-vel para consulta no site do Minis-tério do Trabalho e Emprego:www.mte.gov.brMaiores informações sobre oPrograma Nacional de Elimina-ção da Silicose acesse o sitewww.fundacentro.gov.br/silicaesilicose

Anamt convidamédicos a participarda ICOH

A Associação Inter-nacional de SaúdeO c u p a c i o n a l(ICOH) completa,em 2006, 100 anosde existência. A co-memoração de seu centenário acon-tecerá durante o 28º. Congresso In-ternacional de Saúde Ocupacional,em junho de 2006, na cidade de Mi-lão- Itália (ver chamada na página 9).A Anamt está presente na ICOHatravés de seu diretor, dr. RuddyFacci, que ocupa o cargo de vice-pre-sidente desta associação, como tam-bém pelo seu presidente, dr. RenéMendes, que é membro do “board”da entidade. Mesmo respeitado pelosseus sócios, o Brasil nos últimos anosvem perdendo posições no rankingde profissionais de saúde ocupacionalassociados a ICOH. Segundo RuddyFacci há 40 membros brasileiros. AAnamt está empenhada em mudareste quadro e aumentar a participaçãobrasileira nesta entidade internacional,a proposta é atingir o número de 250membros, inscrevendo novos associa-dos e orientando os sóciosinadimplentes a ficarem em dia coma ICOH.A Anamt convida a todos os médicosdo trabalho interessados em fazerparte desta importante associaçãointernacional. Ao se tornar afiliadoda ICOH, o médico do trabalho pode-rá participar de um dos 36 comitêscientíficos internacionais e ter des-conto significativo em todos os even-tos da ICOH, inclusive o congressode 2006.Maiores informações de como se tor-nar membro da ICOH, enviar solicita-ção para o coordenador do ProjetoEspecial Milão 2006, EdoardoSantino, através dos e-mails:[email protected] [email protected], colocandono assunto Secretário Nacional daICOH.

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______________________________Espaço do AssociadoAssociado, este espaço é seu. Envie suas dúvidas, opiniões e sugestões parao Jornal da Anamt através do site: www.anamt.org.br

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Atestado de SaúdeOcupacional

P - O Médico do Trabalho aoconcluir o exame ocupacionalpode inserir anotações ou ob-servações no Atestado de Saú-de Ocupacional – ASO?

R - Sim. Esse assunto está muito bemdocumentado na Sugestão de CondutaMédico Administrativa – SCMA n04,publicada pela Anamt, em abril de2001. A Portaria MTb/SSST n0 24, de29/12/1994, a Nota Técnica emitidapela SSST, em 01/10/1996, e a Porta-ria n0 19, de 19/04/1998, não impe-dem que se coloque qualquer registrono ASO que seja importante como in-formação e esclarecimento ao trabalha-dor e ao empregador, desde que osprincípios da ética médica e legais se-jam cumpridos.Para mais esclarecimentos, recomen-damos a leitura completa da SCMAn04, de abril de 2001.

Ruído, Pair e VozProfissional

P – Gostaria de saber se énecessário realizaraudiometria no exame

admissional de trabalhadorestemporários de uma empresacom níveis elevados de ruído,onde o regime de trabalho éde 6 a 8 horas e cujo períodode trabalho será de 20 a 40dias?

R – Sim. Desde que o trabalhador te-nha exposição a ruídos ocupacionais,acima dos Limites de Tolerância pre-vistos pela NR-15 anexos I e II, e aci-ma do Nível de Ação previsto pela NR-9, mesmo que seja trabalhador tempo-rário (no caso 20 a 40 dias), dada acumulatividade do efeito lesivo do ru-ído intenso sobre a orelha interna. Di-ante da possibilidade do turn over/rotatividade destes trabalhadores, reco-mendamos a realização de audiometriaadmissional, mesmo por que esta temvalidade de 90 dias. Para os casos comqueixas auditivas, ou referência a aciden-tes, ou intercorrências com possíveisprejuízos auditivos ao trabalhador, aaudiometria deverá ser repetida ao lon-go do contrato temporário de traba-lho para comparação e condutas espe-cíficas.

Organização: Diretoria de Projetos Especiais da ANAMTEDOARDO SANTINO - RUDDY CESAR FACCI

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Prova de Títulode EspecialistaA Anamt realizou no dia 27 denovembro, a prova de Título deEspecialista, na UniversidadeMackenzie, em São Paulo. Mais de60 médicos do trabalho prestarama prova. O resultado está dispo-nível no site da associação:www.anamt.org.br.

Sugestão de CondutasMédico Administrativas -SCMAsEm 2004, foram publicadas maisduas Sugestões de Condutas MédicoAdministrativas -SCMA (Trabalhoem Altura; Atuação do Médico doTrabalho como Assistente Técni-co), pela Anamt. Estas e as ou-tras 6 SCMAs anteriormentepublicadas (Controle de Trabalhado-res Expostos a Níveis Elevadosde Pressão Sonora; DistúrbiosDecorrentes de Sobrecarga Fun-cional do Sistema Músculo-Ligamentar dos Membros Superio-res; Elaboração e Desenvolvi-mento do PCMSO; Atestado deSaúde Ocupacional; Ações dePromoção da Saúde; Interação doMédico do Trabalho com a Períciada Previdência Social), são passí-veis de melhoria contínua.Brevemente, iniciaremos atravésdas Comissões Técnicas constitu-ídas neste ano e mais os autoresdas SCMAs a revisão , atualizaçãoe aperfeiçoamento das SCMAsanteriormente publicadas. Oobjetivo das Sugestões de Con-dutas Médico Administrativa éservir de guia de orientação parao médico do trabalho. Cabe, noentanto, a cada profissional o jul-gamento final sobre suas condu-tas e toda a responsabilidade, sen-do a utilização das sugestões desua livre escolha. Visite o site daentidade: www.anamt.org.br econheça as SCMAs publicadas.

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Legislação_____________________________________

Para que os associados da Anamt possam recordar, conhecer ou anotar para futura consulta alguns atosgovernamentais que mudaram a área de segurança e saúde no trabalho, neste ano que termina, a diretoriade Legislação da associação selecionou portarias, decretos e resoluções de interesse da Medicina do Tra-balho referentes ao período de janeiro a novembro de 2004. Veja a seguir:

Retrospectiva

Resolução CFM nº. 1.715, de 08.01.04 -regulamenta o procedimento ético-médicoao Perfil Profissiográfico Previdenciário(PPP).http://www.portalmedico.org.br/r e s o l u c o e s / c f m / 2 0 0 4 /1715_2004.htm

Ministério do Trabalho e Emprego Por-taria Interministerial nº. 153, de 13/02/04 - cria o GTT para harmonizar a po-lítica e as ações governamentais de saú-de e segurança do trabalho.http://www.mte.gov.br/Emprega-dor/SegSau/legislacao/Portarias/2004/Conteudo/4626.asp

Decreto nº. 5005, de 08/03/04 - pro-mulga a Convenção nº. 171 da OIT re-lativa ao trabalho noturno – Presidênciada República, Casa civil e sub chefia paraassuntos jurídicos.Portaria nº. 119, de 25/03/04, (DOU,de 26/03/04) - cria o Grupo Técnicosobre o Amianto (GTA) - define sua fi-nalidade e composição.http://www.mte.gov.br/Emprega-dor/SegSau/legislacao/Portarias/2004/Conteudo/4623.asp

Portaria n°. 72, de 30/03/04 (DOU de01/04/04) - constitui o Grupo de Apoioao DSST.http://www.mte.gov.br/Emprega-dor/SegSau/legislacao/Portarias/2004/Conteudo/4622.asp

Portaria nº. 167, de 16/04/04 (DOU de19/04/04 – Seção 2 – Pg. 26) - Designaos representantes do Grupo Técnico so-bre Amianto – GTA.http://www.mte.gov.br/Emprega-dor/SegSau/legislacao/Portarias/2004/Conteudo/4289.asp

Portaria Interministerial n°. 8, de 19/04/04 (DOU, de 20/04/04) - cria Co-missão Interministerial para elaboraçãode uma política nacional relativa ao ami-anto/asbesto.

http://www.mte.gov.br/Emprega-dor/SegSau/legislacao/Portarias/2004/Conteudo/3577.asp

Resolução do CNPS nº. 1.236, de 28/04/04 – aprova a proposta que trata daflexibilização das alíquotas das contribui-ções destinadas ao financiamento do be-nefício de aposentadoria especial e daque-les concedidos em razão do grau de in-cidência de incapacidade laborativa de-correntes dos riscos ambientais do tra-balho (Fator Acidentário Previdenciário- FAP).http://www.mps.gov.br/docs/resolucao1236_sps.pdf

Portaria Interministerial n° 774, de28/04/04 - convoca a III ConferênciaNacional de Saúde do Trabalhador para2005.

Portaria Interministerial n° 775, de28/04/04 - proíbe a comercialização deprodutos acabados que contenhambenzeno.http://www.mte.gov.br/Emprega-dor/SegSau/legislacao/Portarias/2004/Conteudo/4903.asp

Portaria Interministerial n° 776, 28/04/04 - estabelece normas de vigilânciaaos trabalhadores expostos ao benzeno.http://www.mte.gov.br/Emprega-dor/SegSau/legislacao/Portarias/2004/Conteudo/4902.zipPortaria Interministerial n° 777, 28/04/04 - Define a notificação compulsó-ria de agravos à saúde do trabalhador noSUS.

Lei do Ato Médico – consideraçõesinseridas na Comissão da Constituiçãode Justiça e Cidadania do Senado Fede-ral (05/07/04)Portaria nº. 197, do MME, de 16/07/04 – institui grupo de trabalho com oobjetivo de elaborar e encaminhar estu-dos sobre a situação atual do amiantono Brasil.

Portaria nº. 91, da DSST, de 21/07/04– prorroga o prazo de adequação deredimensionamento para empresasreclassificadas no Grau de Risco.http://www.mte.gov.br/Emprega-dor/SegSau/legislacao/Portarias/2004/Conteudo/5666.aspResolução CONAMA nº. 348, 16/08/04 (inclusão do amianto na classe de re-síduos perigosos).

Portaria nº. 98, de 07/10/04 (Publicadano DOU de 08/10/04, Seção 1) - divul-gar para consulta pública a proposta deAnexo I da Norma Regulamentadora nº.17 (Trabalho em Checkouts e dos Ope-radores de Caixas de Supermercado).http://www.mte.gov.br//Emprega-dor/SegSau/legislacao/Portarias/2004/Conteudo/6037.asp

Portaria nº.99, MTE, de 19.10.04 - proi-bição Jateamento de Areia.http://www.mte.gov.br//Emprega-dor/SegSau/legislacao/Portarias/2004/Conteudo/6036.asp

Decreto nº. 5.254, de 27 /10/04 –DOU, de 28/10/04 - dá nova redaçãoao inciso I do § 1o do art. 303 do Regu-lamento da Previdência Social, aprova-do pelo Decreto no 3.048, de 06/05/99.http://www81.dataprev.gov.br/sislex/paginas/23/2004/5254.htm

Portaria nº. 102, de 16/11/04(Publicada no DOU de 18/11/04, Seção1) – prorroga o prazo de adequação deredimensionamento para empresasreclassificadas no grau de risco.http://www.mte.gov.br/Emprega-dor/SegSau/legislacao/Portarias/2004/Conteudo/6030.asp

Internacional Symposium onYouth and Work Culture

Evento que será realizado nos dias 30 e 31 de maio de 2005, em Helsinki (Finlândia).O objetivo do simpósio é prover um debate de idéias, troca de conhecimentocientífico, discussão de políticas e boas práticas que visam a saúde, segurança equalidade de vida no trabalho dos jovens. Maiores informações pelo site: www.ttl.fi/ywculture, e-mail: [email protected] ou tel. + 358 30 474 29 10.

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____________________________________________________________Agenda

Conferência Internacionalsobre Doenças RespiratóriasOcupacionais.

Promovida pela Organização Internaci-onal do Trabalho (OIT), em parceriacomo o Ministério da Saúde da China eparticipação da Organização Mundial deSaúde (OMS), o evento mostrará as me-lhores práticas para a prevenção e con-trole das doenças respiratórias nos am-bientes de trabalho. Acontece de 19 a22 de abril de 2005, em Beijing, China.Maiores informações pelo site:www.icord2005.com.

Seminário Sul da AnamtFlorianópolis (SC) – 25 a 28 de maio de2005. www.anamt.org.br

Seminário Nordeste da AnamtRecife (PE) - 21 a 23 de março de 2005.www.sopemt.org.br

Congresso Internacional deServiços de Saúde OcupacionalHelsinki (Finlândia) – 25 a 27 de janeiro de2005. www.ttl.fi/ohs2005

A Fundacentro e a Associação Internaci-onal da Seguridade Social (AISS) estarãopromovendo entre os dias 22 e 24 demarço de 2005, em Salvador (BA)XXVIII Simpósio Internacional daAISS Secção da Construção, com o tí-tulo Segurança e Saúde Ocupacional naIndústria da Construção – Aprendendocom o Passado para Desenvolver Estra-tégias de Melhoria para o Futuro. A ex-

pectativa é a presença de grande número de especialistas de diversos países, com aapresentação de diferentes experiências que colaborem no desenvolvimento de es-tratégias para reduzir o alto número de acidentes e doenças ocupacionais nestesetor. Maiores informações pelo site: www.fundacentro.gov.br.

Simpósio Internacionalda Construção Civil

____________________________________________________________Federadas

SPMT lança site oficialA diretoria da Sociedade Paulista de Medici-na do Trabalho (SPMT), cumprindo ocompromisso firmado na sua posse, deumais um passo no processo deintegração entre todos osmédicos do trabalho do Es-tado de São Paulo, assimcomo para todos aquelesque quiserem conhecer umpouco mais a Federada.Além da criação das Regio-nais da SPMT , organismosfundamentais no processode disseminação e de aprimoramento doconhecimento técnico-científico de seusassociados, lançou, em cerimônia festi-va seguida de jantar, realizada no dia 06de outubro de 2004, a sua página naInternet. Esse evento contou com a pre-sença de representantes de universida-des, entidades patronais, entidades pro-fissionais como Conselho Regional deMedicina, da Abresst (Associação Bra-

sileira das Empresas de Serviços de Saú-de e Segurança no Trabalho), da Dele-gacia Regional do Trabalho, daFundacentro, além dos associados da so-

ciedade.A página da SPMT, rica emconteúdo, proporciona se-manalmente informaçõesatualizadas relacionadas à es-pecialidade, Legislação eeventos. O site também é umcanal de comunicação com aSPMT, com seções de per-

guntas e respostas, orientações sobreforma de associação, e, brevemente, teráuma área com a finalidade de prestaçãode serviços (convênios de descontos evantagens, parcerias com outras entida-des científicas, recolocação profissional,e outros que sejam importantes para obenefício dos associados).Conheça o site: www.spmt.org.br

Sociedade sergipana de Medi-cina do Trabalho é reativadaCriada em julho de 1977, a Sociedade deMedicina do Trabalho de Sergipe(SMTS), volta à ativa. A cerimônia dereativação da sociedade aconteceu no dia22 de novembro, com a presença do pre-sidente da Anamt, dr. René Mendes.“Nosso objetivo é levar o sócio paraparticipar de reuniões científicas, fazen-do com que os médicos do trabalho co-mecem a trabalhar de forma associativa”,

declara o presidente daSMTS, dr. José RivaldoSantos. A estimativa daentidade sergipana é quehá no Estado cerca de180 médicos do traba-lho, mas apenas 25 sãoassociados a SMTS.

Contato com a Sociedade de Medicina do Tra-balho de Sergipe pelo e-mail:[email protected]

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Associação Nacional de Medicina do TrabalhoDepartamento Científico da Associação Médica BrasileiraFundada em 26.03.1968

Sede Administrativa: Edifício MedcenterRua dos Otoni, 909, sala 1807 - Telefone/Fax: (31) 3224-7204CEP. 30.150-250 - Belo Horizonte /MG

ImpressoEspecial

731733120/DR-MGANAMTUP ACF

CORREIOS

“O Projeto de Lei do Ato Médico é adequado para as especificidades da Medicina do Trabalho?”

IMPRESSO

Artigo______________________________________________________________________

SimO diagnóstico de doenças e a indica-ção da terapêutica é ato médico exclu-sivo e independe da especialidade. Acoordenação, direção, chefia, perícia,auditoria e supervisão, vinculadas deforma imediata e direta a procedimen-tos médicos, que envolvam saúdeocupacional, também devem ser reali-zadas por Médico do Trabalho, por sero profissional preparado para o desem-penho de tais atividades. As entidadesrepresentativas dos profissionais dasaúde, não médicos, têm oposto gran-de resistência ao Projeto de Lei do AtoMédico, taxando-o de corporativista.Esse PL define que são atos privativosdo médico o diagnóstico e a indicaçãoterapêutica; a ocupação de cargos hie-rárquicos técnicos, vinculados de for-ma imediata e direta a procedimentosmédicos e as atividades de ensino deprocedimentos médicos privativos; ex-cluem-se funções administrativas. Cer-tamente, esse PL não é corporativistae nem visa à reserva de mercado: osdemais profissionais da saúde, não sa-tisfeitos com a importante missão quelhes é destinada, desejam ampliar seumercado de trabalho, diagnosticandoe indicando a terapêutica, com todo oacréscimo de responsabilidade que issoimplica, e se submetendo a uma remu-neração aviltante. Qual é a vantagem?“Status”? O médico é o profissionalindicado e treinado para essasatividades, em decorrência de sua for-mação, que lhe confere uma visão in-tegral da saúde. Nós tratamos de do-entes e não de doenças; e de popula-ções, não de epidemias: a visão dosdemais profissionais da saúde é frag-mentada e, em geral, mais superficial

que a do médico, devido o currículouniversitário e a carga horária a que sesubmetem durante a sua formação, oque não os qualifica para o exercíciodas atividades declinadas. Isso, semdemérito nenhum, pois todas as pro-fissões da saúde são de suma impor-tância e têm seu relevante e impres-cindível papel. Infelizmente, a extinçãodesse PL atende aos interesses dosdemais profissionais da saúde, ávidospela conquista de novos espaços, quesomam um colégio eleitoral importan-te, apoiados pelos gestores da saúdeque vêem na “medicalização” dessesprofissionais, uma forma de baratear asaúde, à custa de remunerações vis.

Muito Mais Não, do que Sim!Quando se avolumam as mobilizaçõesnacionais em prol e em contrário aoPLS 25/2002 (“Projeto de Lei do AtoMédico”), e quando leio os argumentosem favor e os muitos argumentoscontrários – inclusive os produzidospor lideranças médicas como a do Prof.Aloysio Campos da Paz Jr., Cirurgião-Chefe da Rede SARAH – vejo que nãoestou só, na preocupação equestionamento, não do “ato médico”em si, mas das raízes corporativas e dereserva de mercado, subjacentes a estemovimento da classe médica, nestaquadra de nossa história. A ResoluçãoCFM nº. 1627/2001 já o fez, e – confes-so – causam-me espanto e constrangimen-to, para não dizer vergonha, trechosdo anexo que justifica dita Resoluçãodo CFM. Sem pretender semear a ci-

zânia na Anamt ou na AMB, ocupo estapágina para declarar a crença de que aMedicina do Trabalho sem as outrasprofissões é pouco, ou quase nada.Setomarmos como referência os propósi-tos e objetivos da “SaúdeOcupacional”, tal como enunciou oComitê Misto OIT-OMS, em 1950,veremos que quase todas as tarefas daSaúde Ocupacional somente podemser desempenhadas – do diagnósticodos problemas à intervenção em seusdeterminantes - pelo trabalho multiprofissional. Já se foi a época dos “Servi-ços Médicos de Empresa”, como reco-mendava a OIT, em 1959. Já desde adécada de 70, ela reconhecera comoinsuficiente e inadequado este enfoque,e a Convenção da OIT no. 161, de1985, não somente tentou refletir omundo real, a começar pelo título deseus instrumentos (“Serviços de Saúdeno Trabalho”), como reconheceu clara-mente que: “os serviços de Saúde noTrabalho deverão sermultidisciplinares. A composição dopessoal deverá ser determinada emfunção da natureza das tarefas a exe-cutar.” (Art. 9.1).Nosso enfoque desloca-se da preocu-pação por espaços profissionaishegemônicos, para a preocupação pela“competência”. Menos no sentido le-gal, mais no sentido do saber fazer, dosaber ser, do saber agir. Estas são asgrandes marcas do presente e do futu-ro: competência e trabalho em equipe!

Nesta edição, o Jornal da Anamt abre este espaço para um debate democrático sobre a Lei do Ato Médico,devido à grande importância do tema para a comunidade médica.Os autores dos textos abaixo, dr. RenéMendes e dr. Luiz Frederico Hoppe, expõem suas idéias e defendem posições sobre o tema.

dr. Luiz Frederico HoppeDiretor de Ética e DefesaProfissional da Anamt.

dr. René Mendes Presidente da Anamt