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Jornal da ANAMT Associação Nacional de Medicina do Trabalho Nona edição do evento é realizada em Salvador com a presença de mais de 650 especialistas, estudantes e convidados Fórum Presença Anamt 2009 Ano XXII • Outubro/2009 págs. 8 a 13 www.anamt.org.br Legislação FAP premiará empresas que investem em prevenção a partir de janeiro de 2010 pág. 3 Entrevista A Medicina do Trabalho no Brasil e Argentina, com Claudio Taboadela págs. 6 e 7 Gripe A Boa informação e tecnologia são ferramentas da Associação contra a virose pág. 14

Fórum Presença Anamt 2009 - Associação Nacional de ... · prática o esforço que a Anamt vem fazendo para au- ... é grande a expectativa da Associação de que o sucesso do

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J o r n a l d a

ANAMTJ o r n a l d aJ o r n a l d a

ANAMTA s s o c i a ç ã o N a c i o n a l d e M e d i c i n a d o T r a b a l h o

Nona edição do evento é realizada em Salvador com a presença de mais de 650 especialistas, estudantes e convidados

Fórum Presença Anamt 2009

Ano XXII • Outubro/2009

págs. 8 a 13

www.anamt.org.br

Legislação

FAP premiará empresas que investem em prevenção a partir de janeiro de 2010

pág. 3

Entrevista

A Medicina do Trabalho no Brasil e Argentina, com Claudio Taboadela

págs. 6 e 7

Gripe A

Boa informação e tecnologia são ferramentas da Associação contra a virose

pág. 14

2 OUTUBRO 20092 Jornal da ANAMTJornal da ANAMT

Esta edição do Jornal da Anamt foi publicada logo após o IX Fórum Presença Anamt, que entre os dias 2 e 7 de outubro recebeu juntamente

com o IX Congresso Ibero-Americano de Medicina do Trabalho 658 pessoas em Salvador. Apesar da intensa programação, um único objetivo permeava o evento: discutir o futuro da saúde do trabalho no Brasil e no mundo com a abordagem transdisciplinar na busca por melhores resultados.

Por esse motivo, o leitor notará neste número a empolgação devido ao excelente resultado do Fórum Nacional. Para alcançarmos o sucesso conquistado, a escolha da capital baiana foi essencial, pois refl etiu na prática o esforço que a Anamt vem fazendo para au-mentar a abrangência regional de nossos eventos.

Foram cinco dias de extensa programação científi -ca. Ademais, criou-se um espaço de trocas privilegiado que apenas congressos dessa magnitude podem pro-porcionar: estudantes, professores, profi ssionais de di-versas disciplinas e médicos de vários estados brasilei-ros e países, juntos, intercambiaram ideias não apenas nos períodos ofi ciais da programação, mas também nos momentos de lazer que Salvador proporciona.

Se em pauta estavam temas tão complexos quanto o Nexo Técnico Epidemiológico Previdenciário, o Fator Acidentário de Prevenção e o mais recente Decreto 6.945 do governo federal — que atinge duramente a nossa área —, a preocupação com a segurança e a saúde do trabalhador, a valorização do profi ssional da saúde lato sensu e a necessidade de produzir, manter e repassar conhecimento estruturam nos bastidores a movimentação em torno do fórum.

Do Fórum para o Congresso

O Jornal da Anamt é uma publicação trimestral, de circulação nacional, distribuída a seus associados. Os textos assinados não representam necessariamente a opinião da Anamt, sendo seu conteúdo de inteira responsabilidade dos autores. Não é permitida a reprodução total ou parcial das matérias publicadas neste jornal sem a autorização da Anamt.

Ano XXII • Outubro 2009

Presidente Dr. Carlos Campos • Diretora de Divulgação Dra. Marcia BandiniProdução Editorial Cajá – Agência de Comunicação

Jornalista responsável Conrado Arias (Mtb 30.030) • Fotos Daniel Aguilar (capa); Capgros/ Stockxchange (p. 3); Evah/Stockxchange (p. 20) • Diagramação Paulo Carvalho

www.caja.com.br • [email protected]

Jornal da ANAMT Uma publicação da Associação Nacional de Medicina do Trabalho

OUTUBRO 20092 Jornal da ANAMT

Dr. Carlos CamposDr. Carlos Campos

mensagem do presidente

Cartas para a redação

Edifício Offi ce Flamboyant • Av. Dep. Jamel Cecílio, 3.310, sala 610 – Jardim Goiás – CEP: 74810-100 – Goiânia/GO • Telefax: (62) 3092-6030 [email protected] • www.anamt.org.br

EXPEDIENTE

O Brasil teve performance ímpar em sua passagem pela crise fi nanceira e econômica mundial, e por trás desse incrível desempenho pouco aparecem os sacri-fícios a que foram submetidos os trabalhadores de todo o país. Em uma realidade como esta, o papel do profi ssional de SST aumenta, e congressos como o re-alizado em Salvador ganham proporção estratégica.

Ao mesmo tempo, existe um lado de encontros como esses que o representante da delegação ar-gentina neste último Fórum Presença Anamt, Clau-dio Taboadela, resumiu bem em entrevista que pode ser lida na página seis desta edição. Falando sobre a participação de seu país nos fóruns brasileiros, o argentino referiu-se ao Brasil como um irmão “não apenas na área de Medicina do Trabalho”.

Portanto, além das necessidades técnicas e pro-fi ssionais que eventos desse porte devem apoiar, e do foco essencial sobre o trabalhador, a fraternidade e a alegria são elementos essenciais que também es-tarão presentes no Congresso Nacional da Anamt, a ser realizado em Gramado (RS) em 15 maio de 2010. Assim, é grande a expectativa da Associação de que o sucesso do IX Fórum Presença Anamt e do IX Con-gresso Ibero-Americano de Medicina do Trabalho seja precursor de um congresso nacional igualmente bem-sucedido, que represente com justiça o prota-gonismo do médico do trabalho em um Brasil que não para de se desenvolver e inovar.

Esperamos vocês em Gramado.

Jornal da ANAMTJornal da ANAMT OUTUBRO 2009 3Jornal da ANAMTJornal da ANAMT

l e g i s l a ç ã o

EM 2010, FAP PREMIARÁ EMPRESAS QUE INVESTEM EM PREVENÇÃO

A partir de janeiro, as empresas aumentarão ou dimi-nuirão as alíquotas de contribuição ao Seguro de Acidente de Trabalho (SAT) de acordo com seus índices de aciden-talidade. A medida, aprovada pelo Conselho Nacional de Previdência Social (CNPS), poderá aumentar em até 100% ou reduzir em 50% a alíquota de Riscos Ambientais do Trabalho (RAT).

No dia 24 de junho, o CNPS aprovou a taxa de rota-tividade, um dos itens da nova metodologia do FAP, res-ponsável pela variação das alíquotas. Segundo a Previdên-cia Social, a taxa média de cada empresa será calculada pela média dos dois últimos anos, sempre utilizando o mínimo do número de demissões ou admissões. Quando a taxa ultrapassar 75%, as empresas não serão benefi -ciadas com a redução.

Em entrevista à rádio Previdência no início de junho, o ministro da Previdência Social, José Pimentel, explicou o FAP e salientou que, além de infl uir na melhoria das con-dições de trabalho, o fator terá refl exos na competitividade das empresas. O fator acidentário, por empresa, é um mul-tiplicador a ser aplicado às alíquotas de 1%, 2% ou 3% incidentes sobre a folha de salários, para fi nanciar o SAT, a partir da tarifação coletiva por atividade econômica.

EMPREGADOR DEVE REGISTRAR O USO DE EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO AO TRABALHADOR

No dia 27 de agosto, o Diário Ofi cial da União publi-cou a Portaria nº 107, que inclui na Norma Regulamen-tadora nº 6 (NR-6) do Ministério do Trabalho e Emprego uma alínea obrigando o empregador a registrar o forne-cimento de Equipamentos de Proteção Individual (EPI) em livros, fi chas ou sistemas eletrônicos.

Com texto original de 1978, a NR-6 fornece orienta-ções importantes sobre os procedimentos obrigatórios em relação à proteção do trabalhador por meio de dispositivos e produtos de segurança.

Abaixo, a portaria publicada.

MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGOSECRETARIA DE INSPEÇÃO DO TRABALHO

PORTARIA N.º 107, DE 25 DE AGOSTO DE 2009(D.O.U. de 27/08/09 – Seção 1 – Pág. 63)

Altera o item 6.6.1 e o item A2 do Anexo I daNorma Regulamentadora n.º 6.

A SECRETÁRIA DE INSPEÇÃO DO TRABALHO e a DI-RETORA DO DEPARTAMENTO DE SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO, no uso de suas atribuições legais, tendo em vista o disposto no artigo 200 da Consolidação das Leis do Trabalho e no artigo 2º da Portaria n.º 3.214, de 08 de junho de 1978, resolvem:

Art. 1º Inserir no item 6.6.1 da Norma Regulamenta-dora n.º 06 (Equipamentos de Proteção Individual), com redação dada pela Portaria SIT n.º 25, 15/10/01, a alínea “h” com a seguinte redação:

h) registrar o seu fornecimento ao trabalhador, poden-do ser adotados livros, fi chas ou sistema eletrônico.

Art. 2º Excluir a alínea “c”, do item A2, do Anexo I, da Norma Regulamentadora n.º 6.

Art. 3º Esta Portaria entra em vigor na data da sua publicação.

RUTH BEATRIZ VASCONCELOS VILELASecretária de Inspeção do TrabalhoJÚNIA MARIA DE ALMEIDA BARRETODiretora do Departamento de Segurança e Saúde no Trabalho

STJ: EMPREGADOR DEVE COMPROVAR ISENÇÃO POR ACIDENTE DE TRABALHO

A Terceira Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) decidiu no dia 25 de junho que um garoto de 14 anos que perdeu a mão e o antebraço em acidente de trabalho rece-berá do então empregador R$ 100 mil por danos morais. O acórdão reforça que cabe ao empregador comprovar a ine-xistência do dever de indenizar por acidente de trabalho.

Segundo a ministra Nancy Andrighi, é obrigação do empregador garantir a segurança do local de trabalho. “Nos acidentes de trabalho, (...) fi ca estabelecida a presunção relativa de culpa do empregador”, disse.

A responsabilidade do empregador pode ocorrer quan-do as atividades são eminentemente de risco de caráter ex-cepcional. “Não se trata de exigir do empregador a produ-ção de prova negativa, tendo em vista que ele próprio (...) deveria deter elementos (...) de que respeitou as normas de segurança e Medicina do Trabalho”, completou Andrighi.

4 OUTUBRO 20094 Jornal da ANAMTJornal da ANAMT

* Satoshi Kitamura é doutor em Ciências

Médicas e professor da Universidade Estadual

de Campinas

a r t i g o

O tema me é extremamente fas-cinante por três aspectos: (1) “EDU-

CAÇÃO MÉDICA”: Medicina é a profi s-são que escolhi ainda criança. Todos os percalços foram superados e cá estou eu, médico, e mais que isso, professor de uma escola médica re-conhecida; (2) “CONTINUADA”: se, “há pouco tempo, andaram descobrin-do” o processo de gestão que englo-ba “melhoria contínua” nas empre-sas e instituições, os médicos sempre souberam que a prática da Medicina, exigia, ou melhor, tinha e ainda con-tinua tendo como requisito a atuali-zação e a melhoria contínua, através da educação continuada. Todos os médicos sabiam, ao escolher a pro-fi ssão, que “ser médico era estudar pelo resto da vida....”; (3) Educação médica continuada “A DISTÂNCIA”: é o novo fascínio que me tomou conta. Poder ensinar Medicina “ao vivo” (...) para colegas que, a longa distância ou a distância longa dos centros téc-nicos e científi cos do país, “lutam” para melhorar a sua prática.

A educação a distância, na ver-dade, não se iniciou na era do com-putador: basta lembrar que a edição do primeiro livro, talvez, tenha sido o formato evidente e mais primitivo de educação a distância “massifi ca-da”, que, aliás, ainda hoje persiste, pela sua efi cácia e efi ciência. Para os médicos do trabalho, certamen-te, a seguinte frase faz muito senti-do: “Porém, mal terão eles lido duas pobres páginas, te enviarão para ple-béias quitandas, onde se expõem à plebe, salsichas, sal ou outras espe-ciarias. Oh! não fi ques decepciona-

Processo de educação continuada em Medicina do TrabalhoDr. Satoshi Kitamura*

do. É coisa frequente verem-se até imponentes pandectas transformar-se em cartuchos de embalagens de peixe, pimenta ou cheiroso cumim”, contida na introdução de um livro que fora escrito por Bernardino Ra-mazzini em 1700. A lição sobre a importância da pergunta “qual é a sua ocupação?” atravessou tanto os continentes quanto o tempo.

O processo de educação a dis-tância, desde a antiguidade, vem sendo adotado com diversas fi nalida-des e através de formatos variados, até a atual “era do computador” e a “era da globalização”. E é sobre a experiência vivenciada neste for-mato, aplicado em Medicina e, em especial, em Medicina do Trabalho, que pretendo discorrer no presente e nos próximos textos.

Fundado há mais de cinco anos, o Cest (Centro de Estudos em Saúde do Trabalhador) do Instituto Edumed de Campinas — entidade não go-vernamental dedicada ao desenvol-vimento da educação médica conti-nuada — tem tido várias experiên-cias através de iniciativas bastante inovadoras na área da Medicina do Trabalho.

Nestes mais de cinco anos de existência, o Cest, utilizando os re-cursos disponíveis a cada época, já realizou cursos a distância em dife-rentes formatos:

- Cursos a distância, de atua-lização e de aperfeiçoamento com a apresentação, comentários e dis-cussão de artigos científi cos de in-teresse;

- Fóruns de discussão sobre o

PPP, com ampla discussão do tema, permitindo à Anamt um posiciona-mento democrático e participativo de seus sócios;

- Cursos de preparação para concursos médicos com a aplicação, resolução e discussão de questões de provas públicas;

- Cursos de curta duração sobre temas pertinentes; e

- Cursos de curta e média dura-ção, com a realização de palestras ao vivo (teleconferências), concomitan-temente com a disponibilização das palestras gravadas (streaming) para o acesso remoto (no horário à escolha do interessado), através de uma es-trutura de curso a distância.

O oferecimento destes cursos e fóruns de discussão foi pontilhado de boas e más experiências que fi -caram na memória. Um dito orien-tal diz que “para você ser feliz, você precisa escolher as boas opções na vida, mas isto só é possível se você também vivenciar as más experiên-cias”. E estas foram vivenciadas, uma a uma. Certamente, a última ainda está por vir. De toda a forma, pode-se acreditar que, a passos acelera-dos, o mundo descobre meios úteis para permitir o processo de educa-ção a distância cada vez mais efi -ciente e efi caz. O Cest vem acom-panhando estes passos e procura, a um custo muito elevado de estudo, pesquisa e dedicação, a superação e a melhor alternativa.

OUTUBRO 20094

Jornal da ANAMTJornal da ANAMT OUTUBRO 2009 5Jornal da ANAMT OUTUBRO 2009 5

f e d e r a d a s

ENCONTRO EM SCFlorianópolis recebeu o XV Seminário Sul Brasileiro de

Medicina do Trabalho entre os dias 11 e 13 de junho no Bristol Multy Castelmar Hotel, juntamente com a XVI Jor-nada Catarinense de Saúde Ocupacional. Espaço de discus-são dos rumos da Segurança e Saúde no Trabalho frente às mudanças tecnológicas do mundo globalizado, o evento foi organizado pela Associação Catarinense de Medicina do Trabalho, que recebeu profi ssionais dos três estados da Região Sul, em um total de 400 participantes.

PARÁ RECEBE SEMINÁRIO ANAMT – REGIÃO NORTE

No mesmo ano em que a Sociedade Paraense de Medicina do Trabalho comemora 35 anos de fundação, o Pará recebeu entre 24 e 26 de setembro de 2009, no auditório do Conselho Regional de Medicina do Estado do Pará, o Seminário Anamt – Região Norte, terceiro evento do tipo feito na capital Belém. Entre os temas das mesas redondas que aconteceram nos três dias de encontro, es-tiveram a política de saúde do trabalhador e do servidor público, os aspectos éticos na abordagem da Saúde do Trabalhador e a atualização na legislação previdenciária, trazendo conhecimentos técnicos científi cos e orientando ações e procedimentos em relação à legislação trabalhista e previdenciária.

ES LANÇA SITE OFICIALÀs vésperas da comemoração de seus 30 anos de

existência, a seccional Espírito Santo da Associação Nacio-nal de Medicina do Trabalho (Anamt–ES) lançou no início de julho seu site institucional no www.anamt-es.org.br. Com a divulgação de informações que envolvam a segu-rança e a saúde dos trabalhadores, a página eletrônica é a mais nova ferramenta da Federada na ampliação de sua atuação no estado.

Na opinião do presidente da Federada do Espírito Santo, Dr. Charles Carone Amoury, o site é um importante canal de comunicação. “Ele foi criado com a expectati-va de congregar o setor: médicos e associados poderão discutir assuntos da Medicina do Trabalho e apresentar sugestões de pauta“, ressalta.

Fala-se há muito tempo em interiorização de mé-dicos no Brasil. É certo que o país tem um número excessivo de médicos em relação à capacidade do sistema de saúde pública de absorvê-lo. Esses profi s-sionais concentram-se nas áreas de maior desenvolvi-mento. O resultado é a falta de assistência em vastas regiões do país.

Várias razões determinam essa distribuição iníqua. A primeira é a falta de resolutividade nas estruturas de saúde encontradas nas regiões hoje desassistidas.

O sistema de saúde precisa ter efetividade técnica tanto em termos de recursos de diagnóstico como em opções de referenciamento. Deve ser dada ao médico a possibilidade de encaminhar os pacientes para ser-viços específi cos, integrados à rede de assistência que compõe cada região, para que haja continuidade do tratamento do paciente.

As localidades mais remotas demandam médicos com formação ampla o bastante. Enquanto, no mundo desenvolvido, a formação especializada tem se esten-dido na proporção do progresso científi co, no Brasil, a especialização é limitada.

Em segundo lugar, para que um médico se fi xe, é necessário que haja ambiente de trabalho adequa-do. Pressões, sejam elas associadas ao excesso de demanda, à insufi ciência de recursos ou mesmo ao uso político do médico por autoridades e gestores locais, tornam insustentável sua permanência em cer-tos municípios.

O terceiro ponto é a impossibilidade de desenvolvi-mento profi ssional. No Sistema Único de Saúde (SUS), não existe carreira que permita ao médico desenvolver-se e, eventualmente, qualifi car-se para postos compatí-veis com sua vida profi ssional, pessoal e familiar.

A mobilidade é absolutamente essencial na car-reira, quando se pensa em prover com médicos áre-as remotas. Isso só será possível dentro de um plano de carreira federal. Aqueles que gerenciam a saúde, porém, insistem em ignorar as causas. Perdem-se em alternativas periféricas que apenas acrescentam distor-ções, degradando a profi ssão médica e ampliando o fosso que nos aparta do mundo desenvolvido.

Cidades sem médicos

OUTUBRO 2009 Jornal da ANAMT6

Tão perto e com tantas diferenças. Apesar de a Argentina dividir extenso território fronteiriço com o Brasil, as diferenças entre os vizinhos, ao mesmo tempo em que desafi am, atraem. Para esclarecer em que nos parecemos um pouco ou nada na área de Medicina do Trabalho, o secretário-geral da Sociedade de Medicina do Trabalho na Província de Buenos Aires (SMTBA), Claudio Taboadela, falou ao Jornal da Anamt sobre essas diferenças, as peculiaridades da especialidade médica em seu país e sua visão sobre o intercâmbio de informações entre países latino-americanos, como o ocorrido no IX Fórum Presença Anamt. Presidente do Comitê Científi co da Federação Argentina de Medicina do Trabalho (Fametra) e membro do board da ICOH, o argentino comentou também a

evolução da representatividade da Comissão Internacional e o carinho que seu país tem pelos brasileiros, “irmãos nossos (...) não apenas na área de Medicina do Trabalho”.

No Brasil, a Medicina do Traba-lho se tornou especialidade médi-ca apenas em 2002. Como é esta questão na Argentina?Claudio Taboadela – A Medicina do Trabalho, tanto por parte do Ministé-rio da Educação quanto pelo Ministério de Saúde Pública, é considerada uma especialidade há mais de 20 anos. Seu nome é, de fato, Medicina do Traba-lho: digo, a chamada Saúde Ocupacio-nal não existe como uma especialidade médica na Argentina. Portanto, com exceção dos médicos, os higienistas, engenheiros e demais profi ssionais não podem ser especialistas da área.

Como um médico pode se espe-cializar na área?CT – Até quase quatro anos atrás, as sociedades científi cas eram as res-ponsáveis pela emissão dos títulos em Medicina do Trabalho por aqui. Fazia-se um de dois anos e, com isso, o interessado conseguia se tornar es-pecialista. Isso mudou, entretanto. Surgiu [em 1995] a Lei da Educação Superior, que obriga a carreira a ser

Presença e participação argentina

universitária. Por esse motivo, as so-ciedades científi cas deixam de ser as responsáveis pelo título, e atualmen-te as pessoas devem fazer dois anos de um curso de pós-graduação em Medicina do Trabalho.

São muitos anos de estudos...CT – São seis anos do curso de Me-dicina e, geralmente, dois ou três anos de residência médica. Logo de-pois, para ingressar na especialidade médica, são mais dois anos.

Diferentes governos brasileiros op-taram por uma universalização do ensino universitário pela via priva-da. Ocorre o mesmo em seu país?CT – Aqui, a maioria das universida-des são privadas. Existem universi-dades públicas, principalmente nas províncias [divisões administrativas equivalentes às unidades federativas brasileiras] de Mendoza, Tucumán, Córdoba e, também, em Buenos Ai-res — neste caso, a Universidade de Buenos Aires. Na capital, por exem-plo, a maioria dos alunos se matricu-

lou na [Pontifícia] Universidade Cató-lica [Argentina] — que é religiosa e, portanto, privada.

Como avalia a qualidade dos cur-sos argentinos na área?CT– Poderia comentar sobre a ex-periência na Universidade Católica, mas ela existe apenas há um ano e, portanto, acredito ser um pouco cedo para fazer esse julgamento. Por aqui, a responsável pela qualidade de todas as carreiras é a Coneau [Comissão Nacional de Avaliação e Acreditação Universitária]. Então, os responsáveis devem apresentar junto à comissão uma série de requisitos para poder manter um curso universitário.

Qual é a sua visão sobre a distân-cia entre teoria e realidade neste campo? CT – Existe uma distância... Acontece que, na Medicina do Trabalho, não foram implementadas as residências, porque se trata de uma especialidade médica que não é exercida apenas nos hospitais, mas também nas empresas.

e n t r e v i s t ae n t r e v i s t a

OUTUBRO 2009 7Jornal da ANAMT Jornal da ANAMT

Presença e participação argentinaE, mesmo assim, nos hospitais, a pre-ocupação é apenas com a saúde dos trabalhadores, o que é uma visão es-treita de toda a área. Portanto, temos essa dívida, que é permitir rotações nas empresas ou em serviços de saú-de ocupacional de empresas privadas ou públicas. Esse é, de fato, um défi -cit de nossos cursos de formação.

A partir de 2010, a Previdência Social no Brasil começa a aplicar o Fator Acidentário de Preven-ção (FAP), que altera as alíquotas das contribuições das empresas conforme elas registram mais ou menos acidentes de trabalho. Existe algum mecanismo similar na Ar-gentina?CT – Por aqui, existe a Lei de Riscos de Trabalho de 1996. Ela engloba a prevenção e a reparação, tanto do ponto de vista médico quanto econô-mico. Entretanto, esta lei tem alguns artigos que foram de-clarados inconstitucionais, principal-mente os relacionados com o acesso à Justiça, o que levou as pessoas a deixarem as vias administrativas para usarem o meio judicial. Há pouco, o Poder Executivo anunciou que envia-ria um novo projeto de lei para evitar o número excessivo de processos ju-diciais envolvendo o tema, que hoje ultrapassam os 30 mil. Então estamos nesse momento, em que se tenta limi-tar ou reduzir essa via judicial.

Mas as empresas são incentivadas às medidas preventivas com a dimi-nuição de alíquotas?CT – Na Argentina existe uma entida-de governamental, a Superintendên-cia de Riscos do Trabalho, que marca, por meio de uma regulamentação, as empresas que superam determinada quantidade de acidentes de trabalho. Entretanto, as organizações que cum-prem seu papel e mantêm uma inci-

dência de acidentes baixa não rece-bem benefícios. Funciona, portanto, mais como uma multa.

E quanto a listagens de doenças relacionadas a atividades profis-sionais? Por aqui, desde 2007, te-mos o Nexo Técnico Epidemiológico Previdenciário (NTEP), que identi-fi ca quais doenças e acidentes es-tão relacionados à prática de certas profi ssões, facilitando o acesso aos programas de auxílio a doenças.CT – A Lei de Riscos de Trabalho tem dois decretos regulamentadores. Um

é a tabela de avaliação de incapacida-des, pela qual se observa o problema e o ressarcimento econômico equiva-lente. O outro é a lista de enfermida-des profi ssionais, que é uma listagem fechada, em que as doenças estão re-lacionadas a um fator de risco.

O senhor foi eleito para o board da ICOH no último congresso interna-cional da entidade. Como avalia as eleições para a Presidência da Co-missão, da qual participou o médi-co brasileiro Dr. René Mendes?CT – O Dr. René Mendes é um gran-de amigo nosso e também de toda a Argentina. Evidentemente, entretan-to, a quantidade de votos necessários para se ganhar uma eleição [na ICOH] requer uma grande quantidade de só-cios, e a América Latina não tem essa grande representação na entidade. In-clusive, se prestamos atenção no nú-mero de latino-americanos que con-

corremos a postos na ICOH, vamos perceber que éramos muito poucos.

Existe consenso sobre o fato de a instituição não atrair países como os nossos. Por quê?CT – Talvez porque a ICOH pareça muito distante da América Latina, talvez porque não são feitos muitos eventos da entidade em nossas ter-ras... Na Argentina, enquanto fui se-cretário nacional da Comissão, fi ze-mos uma campanha muito grande para aumentar o número de associa-dos, o que requisitou muito de nosso

esforço. Essas coisas levam tempo, mas creio que a ten-dência é que esta represen-tatividade aumente. Então, por exemplo, as coisas vão muito bem na Colômbia, sob a direção de [a secretária na-cional] Julietta Rodrigues. Na Argentina, o mesmo acon-tece com a secretária Maria Cristina Pantano.

A delegação Argentina no Fórum Presença Anamt 2009, realizado em Salvador, compareceu ao even-to sob sua liderança. Como avalia o intercâmbio de informação entre os países sul-americanos?CT – Pessoalmente, estive no Fórum Presença Anamt 2007, que foi reali-zado em São Paulo e onde, inclusive, li com [o médico brasileiro] Eduardo Santino a declaração do centenário da ICOH. Tradicionalmente, a Ar-gentina participa desse evento todo ano, já que se trata de um momen-to importante de troca de informa-ções com as pessoas do Brasil, pelas quais temos um carinho muito gran-de, irmãos nossos que são não ape-nas na área de Medicina do Trabalho. Também é uma grande oportunidade para conhecer especialistas de todo o mundo, já que sempre estão presen-tes médicos de outros países, princi-palmente da Europa.

A Argentina participa do Fórum Presença Anamt

anualmente, (...) um momento importante de

troca de informações

8 OUTUBRO 20098 Jornal da ANAMTJornal da ANAMT

Há oito anos sediado tradi-cionalmente na cidade de São Paulo, o Fórum Pre-sença Anamt de 2009 foi realizado em Salvador e,

entre os dias 2 e 7 de outubro, surpre-endeu pelo número de inscritos. En-quanto, em 2008, a oitava edição havia reunido 300 pessoas na capital paulista, a nona edição atraiu mais de 650 pes-soas, 296 delas apenas do Estado da Bahia. Além de evidenciar a importân-cia da promoção de eventos que deba-tam amplamente o mundo da Seguran-ça e Saúde no Trabalho (SST), o fórum mostrou que a intenção da Anamt de levar encontros nacionais e internacio-nais a diferentes regiões do país corres-ponde a uma demanda real.

IX Fórum Presença Anamt em Salvadorbate recorde de público

O evento aconteceu juntamente com o IX Congresso Ibero-America-no de Medicina de Trabalho. Na tar-de de encerramento na quarta-feira 7, o presidente da Anamt, Dr. Carlos Campos, salientou que o sucesso do congresso era uma conquista de to-dos que compareceram. “A presença de tantas pessoas é uma vitória de todos nós, mas gostaria de agradecer especialmente aos baianos. Quando planejamos o Fórum Presença Anamt em Salvador, pensamos que a Bahia poderia trazer uns 200 profi ssionais, número tímido perto dos quase 300 que estiveram aqui. Parabéns a todos vocês”, comemorou.

Presidente da Sociedade Baia-na de Medicina do Trabalho (SBMT),

Renato Petersen comentou a opor-tunidade de se trazer ao Nordeste especialistas das mais diversas áreas e fi guras decisivas na construção de políticas públicas em saúde. “Traze-mos aqui uma variedade de temas, muitos extremamente atuais, que são uma oportunidade ímpar de integra-ção e congraçamento interdisciplinar de todas as especialidades com foco na saúde do trabalhador. Em nome dos médicos da Bahia, gostaria de agradecer à Anamt pela escolha de Salvador como sede do fórum.”

Ao todo, o IX Fórum Presença Anamt e o IX Congresso Ibero-Ame-ricano de Medicina do Trabalho con-taram com sete conferências temáti-cas, 23 mesas redondas e dezenas de

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Jornal da ANAMTJornal da ANAMT OUTUBRO 2009 9Jornal da ANAMT

apresentações de temas livres, que abordaram questões como a obe-sidade em ambiente de trabalho, o papel da prática ergonômica, o au-mento do estresse ligado à ativida-de laboral, novidades como o Nexo Técnico Epidemiológico Previdenciá-rio (NTEP) e o Fator Acidentário de Prevenção (FAP), entre outros. Com o objetivo de promover a especialida-de, o encontro aplicou para mais de 50 candidatos a prova de título em Medicina do Trabalho e premiou seis trabalhos científi cos, que serão publi-cados nas próximas edições da Revis-ta Brasileira de Medicina do Trabalho — publicação científi ca da Anamt (leia mais sobre a prova na página 11 e sobre a premiação na página 13).

Troca internacionalA oportunidade de sediar o Con-

gresso Ibero-Americano de Medici-na do Trabalho trouxe a Salvador a participação de profi ssionais de ou-tros países, levando aos presentes a possibilidade de comparar a área de saúde, diferentes políticas públicas e a legislação pertinente da América Latina e Europa. Além da presidente e do secretário-geral da Sociedade de Medicina do Trabalho na Provín-cia de Buenos Aires (SMTBA), Dra. María Cristina Pantano e Dr. Claudio

Taboadela (veja entrevista com ele na página 6), estiveram presentes a representante do Instituto de Saúde Pública do Chile, Dra. Bélgica Berna-les Contreras, o representante mexi-cano no board da Comissão Interna-cional de Saúde do Trabalho (ICOH, em inglês), Dr. Jorge Morales (leia box na página 11), e o presidente do Conselho Científi co da Escola Nacio-nal de Saúde Pública da Universidade de Lisboa, Dr. António Uva.

Ao lado do Dr. Uva, a diretora do Serviço de Saúde Ocupacional do Hospital de Santa Maria, em Lisboa, Dra. Ema Sacadura Leite, levou ao fórum a experiência portuguesa em Medicina do Trabalho, seguridade social dos trabalhadores e políticas públicas na área. Em uma mesa so-bre as boas práticas e programas de gestão em SST em Serviços de Saú-de, da qual também participaram o diretor científi co adjunto da Asso-ciação Paulista de Medicina do Tra-balho, Dr. Antonio Carlos Zechinatti, e a professora do curso de pós-gra-duação em Medicina do Trabalho da Universidade Federal da Bahia (UFBA) Dra. Rosemar Alves, Dra. Ema co-mentou a difi culdade dos médicos de trabalho em implementarem a saúde ocupacional nos próprios hospitais. “Nosso grande desafi o consiste em cativar os profi ssionais que são como nós e trabalham na saúde. Não é in-comum que sejamos tratados como uma especialidade menor, mais fraca do que as demais... Entretanto, só conseguiremos atraí-los por meio das boas práticas e da Medicina baseada na ciência”, defendeu.

LER/DORTUns dos problemas de saúde

mais comuns em um mundo domina-do pelas ferramentas das novas tec-nologias no trabalho, as Lesões por Esforços Repetitivos e os Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (LER/DORT) foram o tema

de um dos quase dez cursos minis-trados no dia de abertura do fórum. Ao lado do médico argentino Clau-dio Taboadela e do médico do Insti-tuto Nacional do Seguro Social (INSS) Francisco Fernandes, o professor da

Norte 22Nordeste 358Centro-Oeste 41Sudeste 182Sul 49Outros países 6Total 658

Total de participantes por região

Dr. Carlos Campos: o papel da transdisciplinaridadeUniversidade de São Paulo (USP) Dr. Sergio Nicoletti lembrou que, para estas e outras enfermidades ligadas ao ambiente ocupacional, o fato de os vários sistemas de apoio ao trabalhador estarem inefi cientes contribui para que os problemas de saúde sejam agravados.

“O sistema previdenciário está doente, mas as empresas também estão. Quando pegamos inúmeros casos de empregados de empresas médias que afi rmam só consegui-rem trabalhar em determinado lu-gar em uma atividade compatível por problemas de saúde, alguma

Dra. Ema Sacadura: Portugal presente

coisa está errada. E de todos os problemas existentes, o que mais atinge a todos são os do sistema de saúde. Quando o trabalhador acessa este siste-ma e ganha um atendimento estritamente burocrático, toda a sociedade sofre com as con-sequências negativas”, frisou.

Globalização, saúde e doençaA mundialização da econo-

mia e, consequentemente, do intercâmbio de pessoas, infor-mações, problemas e desafi os foi tema de alguns dos cursos, mesas e confe-rências do IX Fórum Presença Anamt e do IX Congresso Ibero-Americano de Medicina do Trabalho (veja matéria na página 14). Juntamente com a diretora de Divulgação da Anamt, Dra. Marcia Bandini, e da pós-gradu-ada em Medicina do Trabalho pela Faculdade São Camilo Dra. Fátima Lessa, o professor de In-fectologia Pediátrica da Univer-sidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Dr. Edimilson Migowski falou sobre a necessidade de empresas darem atenção espe-cial aos trabalhadores viajantes “não apenas para as doenças que já constam no histórico do paciente”.

“É muito importante que se faça uma consulta pré-viagem com cerca

de um mês de antecedência, e que esta ocasião seja aproveitada para se pôr em dia as vacinas pendentes do trabalhador. Com enorme frequência, os adultos não estão adequadamente

vacinados e não imaginam, por exemplo, que vários países da Europa têm grande incidência de sarampo entre sua população.”

Trabalhadores do setor público

As peculiaridades do regi-me de trabalho daqueles que trabalham no setor público foi abordada, ao lado do presiden-te da Sociedade Paulista de Me-dicina do Trabalho (SPMT), Dr. Aizenaque Grimaldi, pelo pro-fessor da UFBA Dr. Ademário Spínola. Preocupado com as especifi cidades da atuação do médico no que se refere, por exemplo, às notificações de

acidente de trabalho aos que traba-lham para o Estado, Dr. Ademário chamou a atenção para a desigualda-de na gestão dos serviços de saúde entre os diferentes setores e níveis governamentais. “Dentro do Execu-

tivo mesmo, trabalhadores de ministérios diferentes têm tra-tamento completamente di-ferente quanto à gestão da saúde. Entre as diferentes esferas e níveis de governo, então, essa desigualdade é ainda maior, o que é um ab-surdo”, ressaltou.

Um dos que integraram o debate, o coordenador-ge-

ral de Seguridade Social e Benefício do Servidor da Secretaria de Recursos Humanos (SRH) do Ministério do Pla-nejamento, Sérgio Carneiro, chamou

Quando o trabalhador acessa este sistema [de saúde] e ganha

um atendimento (...) burocrático, toda a sociedade sofre

No dia 3 de outubro, a organiza-ção do IX Fórum Presença Anamt apli-cou, no Conselho Regional de Medici-na da Bahia (Cremeb), a prova para o título de especialista em Medicina do Trabalho, uma das melhores formas de mostrar ao mercado de trabalho na área a qualifi cação do profi ssional ne-cessária para lidar corretamente com a SST. No total, mais de 50 profi ssionais se candidataram a fazer a prova.

Entre eles, estava o Dr. Marciliano Antônio Borges, médico de Goiás que exerce a profi ssão há 35 anos e desde 2002 está na MT. Apesar de toda a ex-periência, Dr. Marciliano acredita que obter o título da especialidade era seu próximo passo. “Tive a oportunidade de vir para cá e então, além de me atuali-zar, resolvi tentar a prova”, esclareceu.

Por sua vez, o Dr. Marcelo As-salin Viella, de São Paulo, formou-se

Mais de 50 médicos fazem prova de título em MThá apenas três anos e tratou rapi-damente de obter o título. “Tinha a Medicina do Trabalho em mente desde que comecei a fazer a facul-dade de Medicina, e esta foi minha primeira oportunidade de ofi cializar-me na especialidade. O título é um diferencial importante, que atesta a qualifi cação profi ssional necessária para fazer uma medicina de quali-dade na área”, disse.

Dr. Renato Petersen: quase 300 baianos presentes

OUTUBRO 200910 Jornal da ANAMT

OUTUBRO 2009 11Jornal da ANAMT

a atenção para a necessidade de se dar ênfase à atenção na área de SST ao servidor público. Em sua fala de encerramento, Carneiro parabenizou a Anamt por discutir a transdiscipli-naridade e “trabalhar no compartilha-mento do saber”. “Falar sobre gestão transdisciplinar é conversar com ou-tros saberes e reconhecer a importân-cia do nosso conhecimento, e eu fi co muito feliz de saber que este é o atual movimento da Medicina do Trabalho no Brasil”, reafi rmou.

imperfeições dessas ferramentas que mudam a relação entre tra-balhadores, empresas e Estado no que tange à contribuição pre-videnciária e à responsabilização por SST, participaram de uma mesa sobre o tema o professor da Universidade de Brasília (UnB) Dr. Wanderley Codo, o coorde-nador de SST da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Clo-

vis Veloso, e o diretor de Políticas de SST do Ministério do Trabalho da Pre-vidência Social, Remigio Todeschini.

Representante das indústrias, Ve-loso afi rmou que o setor empresa-rial “não concorda com a fi gura do NTEP”. “Não concordamos com a questão da presunção: acreditamos que, para se provar uma doença ocu-pacional, deve-se mostrar sua causa”, argumentou. Para Todeschini, toda-via, tanto o NTEP quanto o FAP são respostas do Estado brasileiro contra a questão acidentária brasileira, que

acarreta tanto proble-mas de saúde para a população quanto um custo elevado para a seguridade social. “Pre-cisamos há algum tem-po estabelecer parâme-tros novos de prevenção de acidentes. O FAP, por exemplo, chega ao Bra-sil com um atraso de duas a três décadas, já que, em muitos outros

países, instrumentos similares já estão implementados há algum tempo.”

Grande públicoEntre as mais de 650 pesso-

as que compareceram ao IX Fórum Presença Anamt e ao IX Congresso Ibero-Americano de Medicina do Tra-balho, estavam profi ssionais que nem sempre têm oportunidade de partici-par de eventos dessa proporção. Foi o caso do Dr. Renato Pires Freitas, de

Representante mexicano no board da ICOH, o Dr. Jorge Morales participou da abertura do IX Fórum Presença Anamt convidando profi ssionais do Brasil e do mundo a comparecerem à trigésima edição do Congresso Inter-nacional da ICOH, que será realizado em março de 2012 em Monterrey, no México. Após falar sobre o esforço da ICOH em atrair cada vez mais associa-dos dos países em desenvolvimento, Dr. Jorge falou ao Jornal da Anamt sobre o papel do Brasil no congresso internacional.

O congresso internacional no Méxi-co, em 2012, é um esforço da ICOH para atrair os países do Sul?Jorge Morales – Sem dúvida. Creio que, para essa aproximação, existem problemas fundamentais. Para atrair-mos mais os latino-americanos, o con-gresso do México terá, por exemplo, tradução simultânea para o espanhol. Além disso, estamos trabalhando para que consigamos uma redução nos cus-tos de até 50% em relação aos con-gressos anteriores, para que os profi s-sionais de nossos países possam pagar pela inscrição.

Qual será o papel da Anamt nesse próximo encontro?JM – A participação brasileira é uma das mais importantes de toda a América La-tina, muito pela grande quantidade de médicos, engenheiros e demais especia-listas que trabalham na área de seguran-ça e saúde do trabalhador. Pesa tam-bém a grande produção científi ca bra-sileira na área, experiência que deve ser levada a congressos como os da ICOH para que sejam compartilhados com ou-tras comunidades científi cas em todo o mundo. Contribuições como essas, além de enriquecer os encontros, atraem in-teressados de todo o mundo.

Congresso da ICOH no México em 2012

Dr. Jorge Morales: a experiência mexicana em SST

NTEP/FAPA implantação do Nexo Técnico

Epidemiológico Previdenciário (NTEP) em abril de 2007 e a chegada do Fa-tor Acidentário de Prevenção (FAP) a partir de 2010 têm mobilizado pro-fi ssionais da saúde, técnicos do setor público e representantes da iniciativa privada e ainda geram muitas dúvidas. Com o intuito de esclarecer méritos e

Clovis Veloso: representante das indústrias

Jornal da ANAMTOUTUBRO 2009 11 11

Na dia 6 de outubro, os autores de seis projetos apresentados durante a sessão de temas livres do IX Fórum Presença Anamt receberam em uma das salas do Bahia Othon certifi cados por seus trabalhos terem sido selecio-nados como os melhores apresenta-dos durante o evento. Os premiados, destacados entre as mais de 40 apre-sentações de temas livres ocorridas no fórum, ganharam inscrições para o 14º Congresso da Anamt, que será realizado em maio de 2010 em Gra-mado (RS), e terão seus trabalhos pu-blicados na Revista Brasileira de Me-dicina do Trabalho.

Relatora de artigo sobre os riscos da hepatite B entre os profi ssionais de saúde, a médica Ana Paula Tei-xeira já havia inscrito trabalhos em outros congressos, mas nunca antes havia sido premiada. “Minha história com a Anamt começa desde o título de especialista, um divisor de águas em minha carreira, e ganhar este prê-mio agora só me incentiva a estudar e produzir mais”, reconheceu.

Associação premia trabalhos científi cos em SST

Trabalho doméstico remunerado no Bra-

sil: evolução de suas características e

avaliação da saúde dos trabalhadores

Relator: Rejane Barros de Paiva

Autor: Annibal Muniz Silvany Neto

Prevalência de sintomas visuais e ocu-

lares relacionados ao uso de computa-

dores em trabalhadores de central de

atendimento telefônico de empresa de

transporte aéreo em São Paulo

Relator: Eduardo Costa Sá

Autor: Leonilde Galasso, Maria José

Gimenes, Débora Mirian Raab Glina e

Lys Esther Rocha

Comparativo da soroprevalência do mar-

cador sorológico anti-HBS do vírus da

hepatite B dos profi ssionais de assistên-

cia X profi ssionais de apoio à assistên-

cia de um hospital da rede privada de

Salvador

Relator: Ana Paula Teixeira

Autor: Aniolga Nogueira e

Fábio Carvalho

Programa de promoção de saúde no Tri-

bunal de Justiça de Minas Gerais

Relator: Lucas Henrique Amaral

Autor: Marcos de Oliveira Amaral, José

Ângelo Pardini Viegas, Flávia Gontijo,

Bethânia Lara Santos, Sofi a Andrade

Amaral, Letícia Andrade Amaral e João

Paulo Fonseca Nunes

LER/DORT em pescadores artesanais/ma-

risqueiras

Relator: Jacqueline Menezes Seixas

Autor: Vera Lúcia Andrade Martins,

Paulo Gilvane Lopes Pena, Thaís Mara

Dias Gomes, Maria Solange de Jesus

Tavares e Rose Mary da Luz

Perfi l epidemiológico dos motoristas de

ônibus urbanos atendidos no Serviço de

Saúde Ocupacional (SSO) do Hospital das

Clínicas de São Paulo

Relator: Rogério Muniz de Andrade

Autor: Gisele Mussi e Lys Esther Rocha

Relação de títulos e autores ganhadores:

Feira de Santana (BA), que acredita que o encontro ajuda a dinamizar a SST na Bahia e no Nordeste. “Gosta-ria de parabenizar os organizadores, principalmente porque os médicos do interior da Bahia não podem se des-colocar para os grandes centros para participar de momentos como este. Tanto do ponto de vista da produção

científi ca quanto da participação de profi ssionais interessados, o fórum foi um grande êxito”, salientou.

Quem veio de outras regiões tam-bém reconheceu a necessidade de se levar congressos e fóruns para mais cidades do país. Essa foi a opinião da estudante de pós-graduação no Rio de Janeiro Chayanne Araújo, que, embora

seja natural da Bahia, estuda na capital fl uminense e faz trabalhos em São Pau-lo. “Este foi meu primeiro congresso e eu gostei muito: achei organizado e as mesas muito boas. Adorei a mesa que abordou a questão da inclusão social e sua relação com a Medicina do Tra-balho. Acho que o tema deve ser cada vez mais explorado”, sugeriu.

OUTUBRO 200912 Jornal da ANAMT

OUTUBRO 2009 13Jornal da ANAMT

Na tarde de 6 de outubro, a um dia do encerramento do IX Fórum Pre-sença Anamt, os doutores René Men-des, Elizabeth Dias e Marco Antônio Rêgo se reuniram no Bahia Othon para falar ao Jornal da Anamt sobre o envol-vimento da Medicina do Trabalho com as questões sociais — tema central do 14º Congresso Anamt em maio de 2010. Convidados para o congresso de Salvador para tratar de assuntos como a SST e a exclusão social, a gestão sus-tentável da saúde do trabalhador em um mundo globalizado e as incertezas frente ao câncer ocupacional, os espe-cialistas debateram como o médico do trabalho pode fazer a diferença em um mundo em que a disparidade socioe-conômica ainda é regra.

Professora do Departamento de Medicina Preventiva e Social da Univer-sidade Federal de Minas Gerais (UFMG), a Dra. Elizabeth Dias acredita que, para o profi ssional da SST se posicionar de forma mais engajada no processo de inclusão social, faz-se necessário “não apenas adquirir consciência, mas tam-bém perder certa ingenuidade”. “Cha-mo de ingenuidade essa certa natura-lização da exclusão, que tenho muito claro ser uma construção. Ainda somos muito infl uenciados pela doutrina de

A promoção da inclusão social em saúde do trabalhador

que o desenvolvimento econômico será sufi ciente para nos libertar da escas-sez e da opressão. Para entender isso e agir, é preciso que o médico assuma não apenas uma posição moral e ética, mas técnica também”, argumenta.

A mentalidade do crescimento a qualquer custo, apesar de permear to-dos os setores da sociedade, pode ser sentida na prática cotidiana dos médi-cos. Essa é a opinião do Dr. René Men-des, professor visitante da americana Johns Hopkins University (JHU) e ex-presidente da Anamt, que lembra tam-bém que o profi ssional da saúde está inserido na realidade de “terceirização e quarteirização das relações de traba-lho”. Imersos em um cotidiano que não convida a ser refl etido, tanto os mé-dicos do trabalho quanto os médicos peritos acabam por serem colocados em uma posição estratégica — e, por que não, perversa — no momento de inserção ou retirada das pessoas no mercado de trabalho. “Os dois profi s-sionais fi cam em um lugar crítico, em que a questão da inclusão ou exclusão atinge seu ponto máximo de envolvi-mento com o papel ativo ou passivo do médico. E o momento de decisão da aptidão ou da inaptidão, para algo

tão importante quanto o exercício pro-fi ssional, põe o médico em um papel de enorme responsabilidade.”

Professor do Departamento de Medicina Preventiva e Social da Uni-versidade Federal da Bahia (UFBA), o Dr. Marco Antônio Rêgo deposita na educação a fé de que o futuro guarde uma relação mais sincera com a rea-lidade da saúde ocupacional. Desde 2002 na UFBA, Dr. Marco diz bus-car no relacionamento com o aluno a intimidade que propicia a formação de um médico mais sensível aos pro-blemas do homem. “Lidar com estu-dantes da graduação é uma tarefa de grande responsabilidade, porque, nes-se momento, conseguimos despertar com algum sucesso a necessidade de o médico conversar com seus pacien-tes, conhecer sua história de vida, es-cutar as pessoas... É importante parti-ciparmos também do movimento que pede currículos com o eixo humanis-ta e ético mais forte. É verdade que muitos acham isso desnecessário, mas creio que, cada vez mais, as pessoas dão valor a isso”, ressalta.

Jornal da ANAMT

Dra. Elizabeth: o médico deve se posicionar

Dr. Marco Antônio: educação como saídaDr. René: responsabilidade profi ssional

Veja mais informações sobre o que foi discutido no encontro no site da Anamt (www.anamt.org.br)

14 Jornal da ANAMTJornal da ANAMTJornal da ANAMT

Médico do trabalho pode receitar OseltamivirNo início de agosto, matéria sobre a mudança de

protocolo do Ministério da Saúde em relação ao manejo clínico da doença na newsletter quinzenal da Anamt reper-cutiu entre revistas especializadas ao lembrar que, assim como os demais médicos, o médico do trabalho poderia receitar medicamento específi co para pacientes que não tenham fator de risco ou doença agravada relacionada com a gripe A (H1N1).

Para o Dr. Lúcio Costa, superintendente técnico da Mi-celli & Associados — grupo que possui 94 ambulatórios alocados em empresas —, a medida, publicada no dia 5 de agosto, permite que o médico acompanhante dos trabalha-dores faça uma avaliação mais personalizada. “É o médico assistente do indivíduo que não apenas conhece seu es-tado atual, mas também seu histórico de saúde, como as doenças associadas, respostas terapêuticas e complicações de infecções respiratórias anteriores”, afi rma Costa.

O desafi o da saúde mental no século XXI, a obesida-de e seus custos sociais, além de dicas importantes sobre a gripe A (H1N1), foram os temas que fi zeram cerca de 200 pessoas se conectarem ao site Vacinas na Web, da Sanofi Pasteur, para assistir às palestras de especialistas promovidas pela Anamt no dia 6 de julho. Em pouco mais de uma hora, os doutores Marco Aurélio Sáfadi, Marcia Bandini e Duílio Camargo foram mediados pelo diretor científi co da Anamt, Dr. Zuher Handar, em iniciativa que promoveu a integração profi ssional das mais diversas re-giões do Brasil.

Após as apresentações, foram reservados 30 minutos para comentários e perguntas dos espectadores. Todo o conteúdo da reunião, que está alinhada à estratégia da

Anamt promove conhecimento através de webmeetingAssociação de contribuir para a educação continuada em Medicina do Trabalho, está disponível gratuitamente no endereço eletrônico www.vacinasnaweb.com.br.

PalestrasPara assistir ao webmeeting, o interessado deve fazer

no Vacina na Web um pequeno cadastro com nome com-pleto e correio eletrônico. Especialistas podem acessar, em todo o território nacional, o conteúdo do curso, que fi ca disponível no portal por um período mínimo de um ano. “Trata-se de uma importante iniciativa principalmente para quem não fi ca nas maiores cidades do país, que costumam concentrar a realização de treinamentos”, destaca o diretor Científi co da Anamt, Dr. Zuher Handar.

Já nas últimas semanas do inverno, o clima mais ameno e a atenção de governos, empresas e da população em geral em relação à gripe A (H1N1) fi zeram com que a incidência da nova virose diminuísse nos países do hemisfério Sul. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), basea-da em registros confi rmados até o dia 6 de setembro, o país teve 6.592 casos da doença e 769 mortes relacionadas.

Foi preciso um breve intervalo entre o pânico e a cons-tatação da real gravidade da gripe A (H1N1) para que go-vernos e mídia tratassem de forma mais equilibrada a fase pandêmica da nova virose. A Anamt, que acompanhou de perto a evolução da doença, fez sua parte na divulgação das informações pertinentes à seriedade da questão.

Em matéria na revista Exame no dia 26 de junho, a Associação foi referência especializada nos planos de con-tenção de diversas empresas brasileiras. Por sua vez, em entrevista para o portal da IG no dia 7 de julho, a direto-ra de Divulgação da Anamt, Marcia Bandini, comentou as frentes de atuação que empreendimentos de todo porte podem implantar diante da virose. Segundo a médica do trabalho, além de se informarem nos sites de órgãos com-petentes como a Organização Mundial de Saúde (OMS) e o Ministério da Saúde, os responsáveis devem estar aten-tos às noções básicas de higiene, além de manter a equipe de recursos humanos conectada ao dia a dia da empresa, a fi m de monitorar a doença entre funcionários e tomar as medidas cabíveis.

Nova gripe: contra pânico, boa informação

O ministro da Saúde, José Gomes Temporão, participa na Câmara dos Deputados de debate sobre a infl uenza A (H1N1) — gripe suína — no Brasil

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14 OUTUBRO 2009

Jornal da ANAMTJornal da ANAMT OUTUBRO 2009 15Jornal da ANAMT

Acordos para melhorar trabalho no campo

Lula durante cerimônia de lançamento do Compromisso Nacional para Aperfeiçoar as Condições de Trabalho na Cana-de-Açúcar

A pressão para que o trabalho no campo apresente as condições de saúde e segurança mais comumente deman-dadas em zonas urbanas tem sido cada vez maior sobre governos, produtores rurais e entidades representantes. No dia 25 de junho, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva lan-çou em Brasília o “Compromisso Nacional da Cana”, dando sequência às promessas reafi rmadas na última edição da Conferência Internacional do Trabalho em Genebra.

No dia 15 de junho, Lula já havia anunciado na Suíça que assinaria um acordo amplo para garantir condições mínimas de trabalho no setor da cana-de-açúcar, um dos produtos que tem mais projetado a imagem do Brasil no mercado internacional. Empregadora de 528,4 mil trabalha-dores, entre os quais 75% são manuais, a cana é a maior contratadora de mão de obra da agricultura no país.

O acordo foi negociado por mais de um ano e preten-de atingir em cheio os intermediadores de mão de obra na agricultura, conhecidos como “gatos”. A prática, ao lado da terceirização dos serviços, é grande responsável pela precari-zação do trabalho no campo.

O tema também foi pauta do Congresso sobre Saúde e Segurança do Trabalho no Meio Rural, promovido pela Escola Superior do Ministério Público da União e realizado pelo Ministério Público do Trabalho na Paraíba nos dias 18 e 19 de junho em João Pessoa (PB). Realizado no au-

ditório da Associação de Plantadores de Cana da Paraíba (Asplan), o evento contou com o apoio da Federação dos Trabalhadores na Agricultura no Estado da Paraíba (Fe-tag), do Sindicato das Indústrias de Fabricação do Álcool do Estado da Paraíba (Sindalcool) e da Superintendência Regional do Trabalho e Emprego na Paraíba (SRTE/PB). Paralelamente ao congresso, foi realizada uma exposição sobre trabalho escravo organizada pelo Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais do Trabalho.

A Norma Regulamentadora 17 (NR 17) do Ministério do Trabalho é clara ao afi rmar que as condições de trabalho devem se adequar às características psicofi siológicas dos trabalhadores e à natureza do tra-balho executado. Entretanto, uma pesquisa realizada por meio de uma parceria entre a Universidade de São Paulo (USP), a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), a Prefeitura de Piracicaba (São Paulo) e o Ministério Público do Trabalho vem mostrando que a reali-dade de cortadores de cana do inte-rior de São Paulo está muito distante do que ordena a legislação vigente.

Ergonomia pela qualidade do trabalho no meio ruralO projeto ainda está em anda-

mento e as conclusões fi nais, que de-vem servir para a criação de políticas públicas preventivas na área, só serão defi nidas no último trimestre deste ano. Segundo Rodolfo Andrade de Gouveia Vilela, engenheiro de segu-rança do trabalho do Departamento de Segurança Ambiental da USP e um dos pesquisadores do projeto, a imposição de cargas excessivas, tra-balho intensivo, raras pausas e outros fatores prejudiciais à saúde física e psicológica é, infelizmente, uma ca-racterística do setor sucroalcooleiro. “O maior problema de todos é o sis-tema de pagamento de produção.

Essa lógica emprega os mais jovens e saudáveis para dar conta de uma exigência mínima de corte de 10 to-neladas de cana por dia”, explica.

Para Vilela, as entidades que par-ticipam ou apoiam o projeto têm con-tribuído enormemente. “Houve uma costura institucional sem a qual o es-tudo não teria viabilidade. Agora, o objetivo é fazer com que as empresas mudem a maneira como veem sua mão de obra, não mais à luz do velho esquema taylorista, que se preocupa-va apenas em selecionar os indivíduos mais produtivos. Deve-se entender o trabalho, e a ergonomia oferece fer-ramentas para isto”, defende.

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16 OUTUBRO 200916 Jornal da ANAMTJornal da ANAMT

O Dia Mundial de Combate ao Trabalho infantil, no dia 12 de junho, mereceu refl exões em todo o mundo, principalmente pelo aumento da pre-ocupação sobre o tema em função da crise econômica mundial. No Brasil, o Instituto Brasileiro de Geografi a e Es-tatística (IBGE) alertou no mesmo dia que existem quase 5 milhões de crian-ças trabalhando em todo o país.

Em escala mundial, a Organização Internacional do Trabalho (OIT) chamou a atenção principalmente para a condi-ção das meninas. Segundo o relatório “Dia Mundial contra o Trabalho Infantil 2009”, mais de 100 milhões de garotas são obrigadas a trabalhar no mundo.

A OIT e a Unicef lançaram em Brasília a Campanha de Combate à Exploração do Trabalho Infantil

de Crianças e Adolescentes

Crise econômica mundial aumentou preocupação com trabalho infantil

A organização lança olhar especial sobre as crianças do sexo feminino de-vido a sua fragilidade em algumas cul-turas, que costumam colocar os meni-nos como prioridade familiar. Segundo a OIT, investir na educação de meninas é uma forma efetiva de combate à po-breza, já que, quando educadas, elas tendem a ganhar mais, casar-se mais tardiamente, ter fi lhos mais saudáveis e em menor número e garantir que suas crianças serão educadas.

No Brasil, a OIT e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Uni-cef) lançaram no mesmo dia a campa-nha “Com educação, nossas crianças aprendem a escrever um novo presen-

No dia 24 de julho, instituições ligadas à regulamen-tação do trabalho e entidades que lutam pelos direitos de pessoas com defi ciência comemoram os 18 anos da Lei 8.213/91, mais conhecida como Lei de Cotas. Desde sua promulgação, empresas com mais de 100 funcioná-rios são obrigadas a destinar 2% a 5% de suas vagas a pessoas com algum tipo de defi ciência.

Apesar de a teoria ainda estar distante da realidade, os avanços conquistados pela lei foram celebrados em um evento da Superintendência Regional do Trabalho e Emprego (SRTE-SP) e da Secretaria de Estado dos Direitos da Pessoa com Defi ciência de São Paulo. No encontro, as duas entidades lançaram a Carta de São Paulo em Apoio à Lei de Cotas, cujo texto lembra a importância de medi-das que ajudem a “vencer a barreira do preconceito”.

te, sem trabalho infantil”. No Brasil, 2,5 milhões de crianças e adolescentes me-nores de 15 anos trabalham, apesar de a idade mínima ser de 16 anos.

Em 2009, a data também mar-cou o décimo aniversário da adoção da Convenção nº 182 da OIT, que trata da proibição das piores formas de trabalho infantil. No Brasil, con-tando com o fundamental apoio do poder público e da sociedade civil — liderada pelo Fórum Nacional de Prevenção e Erradicação do Trabalho Infantil (FNPETI) —, o dia se tornou uma data nacional, por força da Lei nº 11.542, promulgada em 12 de no-vembro de 2007.

Lei de Cotas completa 18 anos de conquistas“Servimo-nos desta carta para expressar nosso total

apoio à acentuada relevância da Lei de Cotas para Empregabi-lidade das Pessoas com Defi ciência, segmento que representa 14,5% da população brasileira (...)”, frisa o documento.

Na prática, apenas 15% das empresas brasileiras obe-decem à lei e possuem, de fato, funcionários com defi -ciência, segundo a Secretaria de Estado dos Direitos da Pessoa com Defi ciência de São Paulo. Apesar de muitas organizações ainda burlarem as regras, a evolução em re-lação à medida foi enorme nessas quase duas décadas de Lei das Cotas. De acordo com o SRTE-SP, mais de 97 mil pessoas com defi ciência em São Paulo estavam atuantes no mercado de trabalho no primeiro semestre deste ano — enquanto, em 1991, esse número correspondia a ape-nas 600 trabalhadores.

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Jornal da ANAMT16 OUTUBRO 2009

n o t í c i a s

Jornal da ANAMTJornal da ANAMT OUTUBRO 2009 17Jornal da ANAMT

No dia 7 de agosto, o ministro do Meio Ambien-te, Carlos Minc, e o presidente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Roberto Franco, assinaram a Portaria nº 259 determinando que o Estudo de Impacto Ambiental e Relatório de Impacto Ambiental (EIA/Rima) de todos os empreendedores incluam capítulo sobre alternativas de tecnologia limpas para a redução de agentes que atin-jam a saúde do trabalhador e o meio ambiente. O texto, que também obriga o empresário a propor programa de

Trabalhadores também serão responsáveis por meio ambiente

No Congresso Nacional da CUT, o governo já havia anunciado a portaria, que trata da saúde do trabalhador e do meio ambiente

segurança, meio ambiente e saúde do trabalhador, havia sido anunciado um dia antes no 10º Congresso Nacional da Central Única dos Trabalhadores (CUT), realizado na Cidade de São Paulo.

No mesmo dia, a CUT e o Ministério do Meio Am-biente assinaram um protocolo de acordo em que preve-em que sindicatos possam analisar se as empresas têm políticas ambientais adequadas para a saúde dos traba-lhadores e para a população que vive a seu redor. Casada com a portaria, a medida pretende colocar as entidades ligadas aos trabalhadores no centro de decisão e fi scaliza-ção ampla das condições ambientais de empreendimentos públicos e privados.

Ao site Repórter Brasil, o secretário de Relações Inter-nacionais da CUT, João Felício, falou sobre a necessidade de os sindicatos se abrirem cada vez mais aos debates relacionados ao clima e ao meio ambiente. “Há um con-senso internacional de que a agenda sindical precisa ser ampliada. É preciso fazer mais nessa área”, defendeu.

Além de Carlos Minc, o 10º Congresso Nacional da CUT contou com a presença de fi guras como o econo-mista Ladislau Dowbor, a socióloga Tânia Bacelar e a se-nadora Marina Silva.

O câncer é uma doença que, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), será desenvolvida atu-almente por uma entre três pessoas no mundo durante sua vida. Por moti-vos como este, a Convenção Coletiva de Trabalho 2009/2010 fi rmada entre o Sindicato dos Empregados em Es-tabelecimentos de Serviços de Saúde de São Paulo e o Sindicato das San-tas Casas de Misericórdia e Hospitais Filantrópicos do Estado de São Paulo inclui um tópico que o vice-presidente

Convenção de trabalho em São Paulo inclui política de prevenção ao câncer

nacional da Associação Nacional de Medicina do Trabalho (Anamt), Dr. Mario Bonciani, ressaltou como “um grande avanço” na área.

De acordo com sua 42ª cláusula, “as empregadas acima de 40 anos terão direito à dispensa de pelo me-nos meio dia de trabalho por ano para a realização de mamografi a, como política para prevenção de câncer de mama”. O acordo, que inclui também uma cláusula tratan-do da assistência hospitalar a todos

os empregados extensiva a espo-sas e fi lhos menores, surge quando o mundo se conscientiza cada vez mais da gravidade do câncer.

No Brasil, segundo o Ministé-rio da Saúde, até o fi m do ano, mais de 60 mil pessoas morrerão de câncer. Segundo a OMS, 60% dos novos diagnósticos acontecem em países em desenvolvimento ou pobres, enquanto 94% dos gas-tos com com a doença ocorrem no mundo desenvolvido.

Divulgação C

UT

18 OUTUBRO 200918 Jornal da ANAMTJornal da ANAMT

n o t í c i a s

Assinado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva no dia 24 de agosto, o decreto 6.945 foi comemorado pelo setor empresarial por diminuir a carga tributária dos seto-res de tecnologia da informação (TI) e call centers em cerca de US$ 70 milhões. Por outro lado, profi ssionais da área de SST veem com receio uma medida que atinge setores que cada vez mais contratam trabalhadores no país.

O decreto reduz de 20% para 10% as contribuições ao INSS para as empresas citadas. Anunciado desde maio de 2008, o principal objetivo da medida é dinamizar os setores de exportação, que deixam de gastar entre 70% e 80% de seu faturamento com mão de obra para gastar 60%.

Professor titular da Universidade Federal de Minas Ge-rais e ex-presidente da Anamt, Dr. René Mendes vê pro-blemas graves no texto aprovado. Entre eles, destaca a menção a um programa de prevenção de riscos ambientais e de doenças ocupacionais “sem fazer referência à NR-9 e à NR-7”. “Ignorar a NR-9 não se justifi ca, especialmente por decreto e sem a intenção de melhorá-la. Atribuiu-se a responsabilidade profi ssional exclusiva ao engenheiro de segurança do trabalho, atropelando a norma regulamen-tadora, tão importante para a visão multidisciplinar que norteou seu processo de construção”, critica.

Além do “retrocesso conceitual e operacional, que des-considera o processo participativo”, Dr. René vê com preo-cupação o futuro do trabalhador nas áreas envolvidas. “As condições de trabalho em call centers, por exemplo, são ruins e geradoras de adoecimento dos trabalhadores. Neste caso, então, há grande necessidade de uma abordagem multipro-fi ssional e multidisciplinar, com clara necessidade da análise ergonômica prevista na atual NR-17, bem como de interven-ções organizacionais e ergonômicas”, esclarece. “Entender a complexidade das condições de trabalho dos call centers e trabalhar na busca de soluções destes problemas complexos exigem não apenas a atuação multi e transdisciplinar, como competências profi ssionais atualmente mais desenvolvidas e disponíveis nos campos da Ergonomia e da Medicina do Trabalho, com os indispensáveis insumos da boa Higiene Ocupacional, da Organização do Trabalho e da Psicofi siolo-gia do Trabalho, além da Fonoaudiologia preventiva. Parece, portanto, que o Ministério da Previdência Social não apenas se esqueceu de seus parceiros Ministério da Saúde e Minis-tério do Trabalho nesta questão, como tornou a Engenha-ria de Segurança do Trabalho detentora de uma reserva de mercado e de competências profi ssionais bem além do bom senso e do respeito às outras profi ssões.”

Decreto do governo federal atropela NR-9

Promulgado no dia 24 de setembro, o novo Código de Ética Médica do Conselho Federal de Medicina (resolução nº 1931/2009) foi bem recebido pelos profi ssionais da área. Resultado de debates entre diversas entidades nos últimos dois anos, o novo texto tem sido interpretado como um grande avanço na garantia de direitos humanos, na defesa da cidadania e na liberda-de de expressão.

Além dos pontos mais polêmicos do novo código — como o que trata da proibição da criação de embriões para pesquisas e da escolha do sexo do bebê em clínicas de reprodução as-sistida — e de determinações importantes para a independência profi ssional, o documento, que tem abrangência universal para todos os médi-cos, inclui também incisos explícitos quanto à relação do profi ssional com o trabalhador.

No que tange à Medicina do Trabalho, me-rece destaque, por exemplo, o primeiro capítulo do inciso XII do novo código, que afi rma que “o médico empenhar-se-á pela melhor adequação do trabalho ao ser humano, pela eliminação e controle dos riscos à saúde, inerentes às ativi-dades laborais”. O inciso seguinte complemen-ta a recomendação, afi rmando que “o médico comunicará às autoridades competentes quais-quer formas de deterioração do ecossistema, prejudiciais à saúde e à vida”.

Ademais das obrigações, o texto também traz avanços no artigo 12 do capítulo III, ao proibir que o médico deixe “de esclarecer o trabalhador sobre condições de trabalho que ponham em risco sua saúde, devendo comuni-car o fato aos empregadores responsáveis”. Da mesma forma, o artigo não permite que o res-ponsável deixe de explicar ao paciente “sobre os determinantes sociais, ambientais ou profi s-sionais de sua doença”.

O texto integral do novo código pode ser aces-sado por meio do www.portalmedico.org.br.

Novo Código de Ética Médica menciona ambiente de trabalho

Jornal da ANAMTJornal da ANAMT OUTUBRO 2009 19Jornal da ANAMT

a g e n d a

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Uma empresa grau de risco 3 com mais de 1000 fun-cionários poderá ter seu coordenador do PCMSO au-sente da empresa? Essa empresa pode ter outro mé-dico trabalhando como examinador, enquanto quem assina como coordenador do PCMSO fi ca ausente?

Dr. Antonio Godinho Machado Filho – São Paulo

O coordenador do PCMSO pode fi car ausente, de acordo com a legislação vigente. Nada o impede, também, de ter um médico examinador na em-presa sem a presença do coordenador do PCMSO. Ele pode realizar os exames admissionais, periódi-cos, mudanças de funções e demissionais sobre a orientação do coordenador conforme, a NR-7.

Dr. Charles Amoury, diretor de Legislação

Os meus Atestados de Saúde Ocupacional (ASOs) são feitos em gráfi ca, e no lugar do médico coor-denador já vem impresso o meu nome. Existe a ne-cessidade de tudo ser feito desta forma, ou posso deixar o campo em branco e preencher a mão?

Dr. Eudes Cavalcante Costa – São Paulo

O item 17.4.4.3 da NR-7, Portaria 3.214 de 1978, indica os requisitos mínimos que devem constar no ASO, entre os quais consta no inciso “d” o nome do médico coordenador com o respectivo CRM. Ou seja: a identifi cação do médico coorde-nador do PCMSO, com seu CRM, deve obrigato-riamente constar no ASO, independentemente da forma utilizada, se impresso em gráfi ca, carimbo ou escrito a mão de forma clara e legível.

Dr. João Anastacio Dias, diretor Administrativo

14º CONGRESSO DA ANAMTSerá realizado entre os dias 15 e 21 de maio em Gramado (RS), junto com o I Workshop Ítalo-Brasileiro de Medicina do Trabalho e o VII Seminário Nacional de Perícias Trabalhis-tas. Sob o tema “A Medicina do Trabalho e os desafi os da promoção e da inclusão social em saúde do trabalhador”, o congresso pretende ajudar a identifi car o melhor con-texto atual em SST e debater as competências necessárias à atuação dos profi ssionais da saúde ocupacional. Todas as informações e o formulário para inscrição estão no site ofi cial da Anamt, no www.anamt.org.br.

10º FÓRUM PORTUGUÊS DE MEDICINA DO TRABALHOPara promover a troca de experiências entre médicos do trabalho e outros técnicos de saúde ocupacional, o evento da Sociedade Portuguesa de Medicina do Trabalho (SPMT) será realizado nos dias 12 e 13 de novembro na Fundação Caixa Geral de Depósitos, em Lisboa. O site institucional da SPMT, no www.spmtrabalho.com, tem a programação completa do fórum, assim como a relação de todos os pa-lestrantes convidados, formulários para inscrição e outras informações. Quem preferir pode obter mais detalhes por meio do (+351) 217 931 720.

VI CMATICA 5ª edição do Congresso Nacional Sobre Condições e Meio Ambiente do Trabalho na Indústria da Construção acontece junto com o I Seminário Sobre Condições e Meio Ambiente do Trabalho na Indústria da Construção da América Latina e Caribe de 6 a 9 de dezembro em Belém (PA). O evento, que pretende promover segurança, qualidade, produtividade e profi ssionalização do setor, tem o apoio do Ministério do Trabalho e Emprego e da Fundacentro. Mais informações no site do Comitê Permanente Nacional sobre Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção, no www.cpn-nr18.com.br.

CARAVANA EM DEFESA DO SUSSerá em Brasília a fase nacional da campanha, iniciativa do Conselho Nacional de Saúde (CNS), em parceria com o Mi-nistério da Saúde, cujo tema é “Todos em defesa do SUS”. Durante o ano, a caravana passou por todos os estados bra-sileiros para chamar a atenção da importância do Sistema Único de Saúde. Em dezembro, uma série de propostas será apresentada durante o encontro nacional de Brasília. Entre elas, está a elevação do SUS a patrimônio social, cultural e imaterial da humanidade. Informações sobre o movimento estão no site do CNS, no (www.conselho.saude.gov.br).

20 OUTUBRO 200920 Jornal da ANAMT

Referências bibliográfi cas

1) McCullers JA. Insights into the Interaction between Infl uenza Virus and Pneumococcus. Clinical Microbiology Reviews. July 2006, p. 571–582 Vol. 19, Nº 03.2) Klugman KP, Madhi SA.. Pneumococcal vaccines and fl u preparedness. Science 2007, 316: 49-50.3) CDC. Disponível em: http://www.cdc.gov/vaccines/recs/ACIP/downloads/mtg-slides-fec09/07-1-pneu.pdf. Acessado em 15/09/2009.4) Pan Americana Health Organization. Questions and Answers Related to Vaccines for the New Infl uenza A(H1N1). 02 May 2009. Dis-ponível em: http://www.paho.org/English/AD/FCH/IM/QA_Infl uenzaAH1N1_02May09_e.pdf (Acessado em 15/09/2009).

SANOFI - PASTEURi n f o r m e p u b l i c i t á r i o

Entre os vírus respiratórios que afetam a saúde da comunidade, o vírus infl uenza tem grande relevân-cia e, por causar infecções bacteria-nas, o Streptococcus pneumoniae (pneumococo) é considerado uma ameaça à saúde em todo o mun-do. As infecções virais do trato res-piratório superior frequentemente causam complicações bacterianas graves. A pandemia espanhola de 1918, que estima ter gerado entre 40 a 50 milhões de mortes, é um exemplo claro da interação apresen-tada entre estes patógenos.¹

Existem evidências de que o vírus infl uenza produz alterações no trato respiratório, predispondo-o à asso-ciação, invasão e indução das doen-ças por pneumococos. Ainda assim, a resposta imune é alterada pela dimi-nuição da capacidade do hospedeiro de eliminar o pneumococo.¹

Sabe-se que a gripe pode ser uma doença fatal (...). Os dados es-tatísticos disponíveis referentes às mortes causadas pela associação en-tre a pneumonia e a gripe parecem estar relacionados com a cepa do ví-rus infl uenza circulante, visto que es-tes valores variam de ano a ano. Na pandemia de 1918, as mortes pela associação entre pneumonia e gripe

A redução de riscos durante epidemias

foram signifi cantes, chegando a 98% durante o período 1918-1919, 54-63% entre 1928 e 1929 e apenas 24 - 35% entre os anos 1943 a 1944.¹

Os motivos que explicariam o aumento da mortalidade e morbi-dade por doenças pneumocócicas depois da infecção pelo vírus in-fl uenza são reavaliados frequente-mente. Dentre as medidas práticas que podem prevenir e tratar as in-fecções bacterianas secundárias, es-tão a vacinação de adultos com a vacina pneumocócica polissacarídica 23-valente (PPV23) para prevenir as bacteremias pneumocócicas, o for-necimento de antibióticos e a pos-sibilidade de utilizar a vacina pneu-mocócica conjugada nas crianças a partir dos dois meses de idade.²

Na reunião do Comitê Assessor de Práticas em Imunização (ACIP), (...) que ocorreu em fevereiro 2009, foram apresentados argumentos re-lacionados ao uso da vacina PPV23 para a prevenção da pneumonia pneumocócica durante uma pande-mia de gripe. Os especialistas con-cluíram que poderiam ocorrer 35 mil casos de pneumonia pneumocócica secundária causada pelos sorotipos contidos na vacina PPV23 em 20 milhões de pessoas durante a pan-

demia, e que a utilização da vacina PPV23 durante a próxima pandemia poderia representar um benefício importante para a saúde pública.³

É evidente a importância da va-cinação na prevenção de doenças infecciosas em situações de emer-gência sanitária, como em pande-mia (...).

Importância da vacinação con-tra gripe sazonal durante as pandemias.4

A gripe sazonal causa entre 3 e 5 milhões de casos de doença gra-ve a cada ano e é responsável pela morte de 250 mil a 500 mil indivídu-os. Portanto, é importante e prioritá-rio prosseguir com a vacinação sazo-nal para a prevenção da doença (...). Embora devam ser otimizadas as es-tratégias para evitar a gripe causada pelo vírus (...), é essencial manter as medidas de prevenção contra a gripe sazonal. Em julho deste ano, o CDC, em suas novas recomenda-ções, reforçou a indicação de vacina-ção contra a gripe sazonal.4