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Ano XXVI • Junho • 2013 Jornal da ANAMT Associação Nacional de Medicina do Trabalho www.anamt.org.br Impresso Especial 9912226452/2008-DR/GO AssOcIAçãO NAcIONAl De meDIcINA DO tRAbAlhO CORREIOS Sucesso de público, 15º Congresso Nacional da ANAMT leva debates sobre SST a outro patamar Págs. 8 a 17 Momento histórico

AssOcIAçãO NAcIONAl De ANAMT · Procurada pelo Mural dos Concursos, sessão especial do site do jornal Estado de S. Paulo, a diretora de Divulgação da ANAMT, Dr.ª Marcia Bandini,

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Ano XXVI • Junho • 2013

J o r n a l d a

ANAMTAssociação Nacional de Medicina do Trabalho www.anamt.org.br

Impresso Especial

9912226452/2008-DR/GO

AssOcIAçãO NAcIONAl De meDIcINA DO tRAbAlhO

CORREIOS

Sucesso de público, 15º Congresso Nacional da ANAMT leva debates sobre SST a outro patamarPágs. 8 a 17

Momento histórico

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Jornal da ANAMT2 Junho 2013

Também consideramos necessário ampliar a participa-ção da ANAMT no cenário internacional, não só no que diz respeito à presença em eventos, mas também na elaboração de protocolos de cooperação técnica bilateral com diversas associações representativas. Por fim, pretendemos aperfei-çoar a formação do Médico do Trabalho e aumentar as ini-ciativas de educação continuada que já promovemos. Essas serão as grandes bandeiras da ANAMT daqui em diante. OrgulhO

Os assuntos anteriormente citados e muitos outros foram amplamente debatidos durante o nosso 15º Congresso Nacional, tema da reportagem de capa desta edição do Jornal. Em sete dias, conseguimos reunir especialistas renomados — brasileiros e estrangeiros, representantes de outras áreas que não a Medicina do Trabalho e uma diversidade de painéis e temas livres.

O resultado não poderia ser diferente: salas extremamente concorridas e aproximadamente 2,2 mil participantes, público superior ao verificado no Congresso anterior, em Gramado, em 2010. O sucesso demonstra o crescimento da ANAMT e indica que estamos percorrendo o caminho certo.

Muito obrigado.

Dr. Zuher handar

O Jornal da ANAMT é uma publicação trimestral, de circulação nacional, distribuída a seus associados. Os textos assinados não representam necessariamente a opinião da ANAMT, sendo seu conteúdo de inteira responsabilidade dos

autores. Não é permitida a reprodução total ou parcial das matérias publicadas neste jornal sem a autorização da ANAMT.

Expediente

Presidente: Dr. Zuher Handar • Diretora de Divulgação: Dr.a Marcia BandiniProdução Editorial e Design: Cajá – Agência de Comunicação (www.caja.com.br • [email protected])

Jornalista Responsável: Bruno Chuairi (MTb/RJ 27.017/RJ) • Reportagens: Camille Grandin, Carlos Caroni e Renata Piñeiro Comercial: Renato Baptista (11) 3831-7293 • Fotos: p8-17. André Thomazo; p6. Clodoaldo Caetité

e Emin Ozkani/Stock.Xchng; p7. Wikimedia Commons • Impressão: Poligráfica

Uma publicação da Associação Nacional de Medicina do Trabalho Jornal da ANAMT

Próximos objetivosCaros associados,É com satisfação e reconhecendo a enorme responsa-

bilidade que assumo a presidência da ANAMT. De 2013 a 2016, ocuparei o cargo pelo qual passaram médicos alta-mente gabaritados, sucedendo Dr. Carlos Campos, com quem pude trabalhar intensamente nos últimos anos.

Dr. Carlos, a exemplo dos demais ex-presidentes, deixou-nos um grande legado, mas ainda há muito a ser feito. Vivemos em um país de contrastes, que se desen-volve a passos largos e convive com problemas básicos, como a desigualdade entre gêneros e etnias, e o traba-lho infantil e em condições análogas à escravidão.

Diante desse cenário, afirmou sabiamente o mi-nistro da Saúde, Alexandre Padilha, na abertura do 15º Congresso Nacional da ANAMT, pensar em saú-de sem levar em conta aspectos trabalhistas é impos-sível. Isso, portanto, nos torna atores fundamentais para a melhoria desse panorama e deixa claro que a nossa atuação não se deve limitar ao tratamento e à adoção de medidas rasas para evitar acidentes e en-fermidades ocupacionais.

A prevenção passa pelo estreitamento da relação com o poder público, empresas, trabalhadores e comu-nidade científica. Ouvi-los e compreender suas expec-tativas com relação à promoção de saúde no ambiente laboral é imprescindível para oferecermos condições de vida dignas a todos os profissionais, independente-mente da ocupação.

m e n s a g e m d o p r e s i d e n t e

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Jornal da ANAMT

rEPErCuSSãOOs pontos altos do 15º Congresso Nacional da ANAMT

foram relembrados pela Sociedade Gaúcha de Medici-na do Trabalho (Sogamt) no dia 25 de maio. Os associa-dos da federada que não compareceram à capital paulista ouviram os relatos dos lá presentes. Entre eles, os dire-tores Dr. Alexandre Dias, Dr.ª Lucia Beatriz Rohde, Dr.ª Carmem Kauer, Drª Dvora Joveleviths e os ex-presidentes Dr. Claudio Schmitt, Dr. Antonio Mario Guimarães, Dr. João Alberto Maeso Montes e Dr. Luiz Oscar Dorneles Schneider.

SEMiNáriOA Associação Catarinense de Medicina do Trabalho

(Acamt) realizou, entre 14 e 15 de junho, o seu segundo Se-minário Regional. Sediado em Criciúma, o evento abordou temas como as tenossinovites, a NR 35, além de responsabili-dade civil e ações trabalhistas.

ATuAlO absenteísmo é uma das questões que mais tem

preocupado empregadores nos últimos anos. As estra-tégias de abordagem, complexas devido aos fatores mé-dicos e sociais que as envolvem, nortearam a IV Reunião Científica da Associação Paranaense de Medicina do Trabalho (Apamt). Os participantes do encontro, realizado em 6 de junho, também discutiram as consequências do problema e conheceram práticas de gerenciamento bem-sucedidas.

O Sistema Público de Saúde

f e d e r a d a s

O Brasil se aproxima dos 200 milhões de habi-tantes, com cerca de 150 milhões que dependem exclusivamente do Sistema Único de Saúde (SUS). Quem pode, paga um plano de saúde. Hoje, ter assistência médica privada é o segundo “objeto de desejo” do brasileiro, perdendo somente para a casa própria.

Esse anseio tem várias explicações. Uma impor-tante é que o SUS projetado, concebido e desejado é bastante diferente do que nos deparamos no cotidia-no. O governo tenta explicar que isso se deve à falta de médicos, porém, precisa ser claro com a popula-ção e dizer quanto o SUS paga por uma consulta de um pediatra ou de um ginecologista (menos de R$ 3).

O povo precisa saber quanto o SUS paga por uma cirurgia de adenoide-amígdala (R$ 183,41), para retirar o apêndice (R$ 161,03 – esse valor inclui o anestesista), para uma curetagem uterina (R$67,03), para uma ultrassonografia abdominal (R$ 24,20), para um raio-X do tórax (R$ 14,32). O governo precisa dizer em quantas cidades não se consegue fazer um hemograma ou uma ultrasso-nografia de qualidade. Aí sim, dizer de quantos médicos o Brasil precisa, em quais especialidades/áreas do conhecimento, para trabalhar onde e com que remuneração.

Temos quase 400 mil médicos no Brasil, que se concentram nas capitais e grandes cidades das regiões Sul e Sudeste devido à inoperância do go-verno em criar condições adequadas de trabalho em vários municípios e pagar salários dignos.

A saúde é nosso bem maior e o povo brasileiro merece respeito. Vamos juntos dar um basta nessa situação que aumenta o sofrimento do nosso povo, especialmente dos mais pobres e carentes.

Florentino CardosoPresidente da Associação Médica Brasileira

Junho 2013 3

A Apamt lançou um novo website em abril. A página traz artigos científicos, espaço colaborativo, oportunidades de emprego e conteúdo voltado ao público leigo. O endereço é www.apamt.org.br.

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Tempo de conquistasUm período de grandes vitórias. Essa talvez seja a melhor

definição para o segundo trimestre de 2013. Isso porque pude-mos, quase simultaneamente, celebrar os 70 anos da Consoli-dação das Leis do Trabalho (CLT) e ver os empregados domés-ticos finalmente desfrutarem dos mesmos direitos das demais categorias profissionais.

A Emenda Constitucional nº 72, de 2 de abril de 2013, pre-vê pagamento de horas extras, adicional noturno, indenização em caso de demissão sem justa causa, Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), seguro desemprego, contra acidentes, entre outros pontos. Em suma, um grande avanço.

Infelizmente, ainda é necessário enfrentar os que tentam des-qualificar a nova lei. O argumento é de que ela levaria ao desempre-go em massa, pois "patrões não são empresas". Nesse sentido, é per-feita a declaração da cientista social Tatau Godinho, da Secretaria de Políticas para as Mulheres (SPM). “É uma resistência grande de uma camada da sociedade, que, toda vez em que se fala em ampliação de direitos, fala em demissões”, disse.

JOgO ráPiDO• Foi publicada no Diário Oficial da União (DOU) do dia 19 de

abril a Norma Regulamentadora (NR) nº 36, que dispõe sobre as condições de trabalho em áreas de abate e processamento de carnes e derivados. O setor registra número elevado de agravos à saúde, como lesões por esforço repetitivo, na pele e transtor-no nas vias aéreas. Entra em vigor em outubro.

• Tornou-se obrigatório, em 27 de março, a oferta de cursos para os trabalhadores que executem atividade acima de dois metros do nível inferior e com risco de queda. Desse modo, a NR 35 — que trata do trabalho em altura — passa a valer em sua totalidade.

As alterações na legislação podem ser acompanhadas no site da ANAMT, que mantém atualizações constantes, ou diretamen-te nas páginas eletrônicas dos órgãos envolvidos.

Consulte o texto dessas e de outras portarias no site www.anamt.org.br

Principais mudanças

09/05/2013Altera os itens 18.6, 18.14 e 18.17 da

Norma Regulamentadora nº 18.

Dr.ª Edilma Mendonça Diretora de legislação da ANAMT

09/04/2013Altera a Portaria nº. 02, de 22 de fevereiro de 2013, que disciplina os procedimentos para atualização dos dados das entidades

de registro sindical no Cadastro Nacional de Entidades Sindicais (CNES).

Portaria SrT nº 3

03/04/2013 Constitui Comissão com o objetivo de promover estudos para a regulamentação dos direitos do empregado doméstico previstos na Emenda Constitucional nº 72, de 2013.

Portaria MTE nº 448

Ministério do Trabalho e Emprego: portal.mte.gov.br/legislacao

Senado Federal: www.senado.gov.br/legislacao

Câmara dos Deputados: www.camara.gov.br

Portaria MTE/SiT nº 371

26/04/2013 Dispõe sobre o funcionamento das Comissões Estaduais e Regionais do Benzeno.

Portaria MTE

n.º 644

Jornal da ANAMT4 Junho 2013

l e g i s l a ç ã o

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Jornal da ANAMT Junho 2013 5Jornal da ANAMT

PolêmicaA exigência de exame ginecológico (com colposcopia,

citologia e microflora) e atestado de virgindade às mulhe-res que desejassem realizar o concurso público da Polícia Civil da Bahia foi um dos temas mais debatidos em março. A repúdia demonstrada pela sociedade foi tão grande que o governador do estado, Jaques Wagner, disse considerar o item absurdo e decidiu excluí-lo do edital.

Procurada pelo Mural dos Concursos, sessão especial do site do jornal Estado de S. Paulo, a diretora de Divulgação da ANAMT, Dr.ª Marcia Bandini, foi direta: "Esse tipo de conduta não cabe porque não está ligada à ativi-dade do trabalho. Não se pode vincular isso a um exame admissional".

Vício em Trabalho

A revista Viva Saúde, da Editora Abril, propôs uma discussão interessante em maio: afinal, quais são os limites entre o amor e a obsessão por trabalho? A resposta foi dada pelo

ex-presidente da ANAMT Dr. Carlos Campos. Segundo ele, o adicto é aquele que perde o con-

trole sobre o trabalho e das horas dedicadas ao mesmo. “Atuam mais tempo e mais arduamente do que os colegas, não por demandas do emprego, mas porque são muito exigentes”, indicou Campos, que expôs algumas das consequências à saúde dos que se enquadram nesse grupo.

“São comuns distúrbios de sono, sentimento de culpa, irritabilidade, agressividade em situações de pressão e não conformidade com os resultados espe-rados. Às vezes, há relatos de perda de libido e impo-tência sexual”, listou.

Estresse em altaO Jornal Extra, do Rio de Janeiro, aproveitou o

Primeiro de Maio para alertar sobre o alto número de doenças ocupacionais registradas em todo o mundo. Segundo dados da Organização Internacional do Tra-balho (OIT) citados pela publicação, são cerca de 160 milhões de ocorrências a cada ano.

Na lista das mais comuns estão as pulmonares, os-teomusculares e psíquicas, cuja incidência tem apre-sentado aumento expressivo. "Estudos apontam que até 2020, de 20% a 30% da população que trabalha sofrerá algum tipo de depressão", indicou o então presidente da ANAMT, Dr. Carlos Campos.

Além disso, ele destacou a importância de os trabalhadores aprenderem a avaliar os riscos a que estão expostos, especialmente aqueles que necessitam usar Equipamentos de Proteção Indivi-dual (EPI) em suas funções. "As doenças vêm por algum tipo de agravo. Temos que conhecê-los para saber evitá-los", afirmou.

S S T n a m í d i a

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Jornal da ANAMTJornal da ANAMT6 Junho 2013

e m d e s t a q u e

A pesquisadora e professora associada do curso de pós-graduação em Museologia e Patrimônio da Uni-versidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio), Maria Amélia Gomes de Souza Reis, tomou posse na presidência da Fundacentro no dia 2 de maio. Ela subs-titui Eduardo de Azeredo Costa, no cargo desde 2009.

Em seu discurso, Maria Amélia lamentou o cresci-mento dos acidentes ocupacionais no país — mais de 710 mil, segundo dados do Ministério da Previdência Social (MPS) — e prometeu trabalhar para reduzi-los. “Desde já, fica claro o nosso compromisso com a pre-venção. O trabalho deve ser fonte de vida, e não de mor-te ou mutilações”, disse.

A cerimônia também contou com a presença do mi-nistro do Trabalho e Emprego, Manoel Dias, que clas-sificou a instituição como a menina dos olhos de ouro da pasta. “A Fundacentro é o nosso órgão técnico e de pesquisa científica. Aqui estão especialistas renomados, de nível nacional e internacional. Temos que apoiar e fortalecê-los”, enfatizou.

Fundacentro tem nova presidente

Membro do conselho consultivo da primeira diretoria da ANAMT, Dr. Nelson Colleoni, morreu, aos 90 anos, no dia 1º de maio, data em que são lembrados os trabalha-dores pelos quais tanto lutou. Graças ao en-gajamento na luta pela SST no Brasil, Colleoni foi homenageado na solenidade de 40 anos da ANAMT, em 2008, e nomeado o primeiro professor emérito da Faculdade de Medicina do ABC. Deixou quatro filhos, cinco netos e milhares de médicos a quem inspirou.

SST em luto

indicadores contrastantes

Dados divulgados pela Comissão Pastoral da Terra indicam que as ocorrên-cias de trabalho escravo no campo dimi-nuíram cerca de 25% entre 2011 e 2012. A redução, de acordo com os autores do rela-tório, é motivada pelo aumento da fiscali-zação do Ibama e da mecanização agrícola.

A maior parte dos casos aconte-ceu nos estados do Pará, Tocantins e Paraná, onde aproximadamente mil traba-lhadores foram encontrados em condições degradantes. No meio urbano, os resgates quase dobraram — passaram de 390 para 775 —, sendo a indústria têxtil e a constru-ção civil as principais responsáveis. No dia 13 de maio, o Brasil comemorou 125 anos da Abolição da Escravatura.

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Marcello PedreiraCRM: 65377-SPDr. Marcello Pedreira é médico pediatra da Unidade de Emer-gências do Hospital Sírio-Libanês e do Instituto de Responsa-bilidade Social do Hospital Israelita Albert Einstein, com for-mação no Instituto da Criança da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.

Além das verminoses mais comuns, como a teníase e a ascaridíase, devemos nos preocupar também com ou-tras infecções intestinais que podem trazer tanto ou mais desconforto que as primeiras. Estamos falando da ação de vírus, bactérias e protozoários que, predominantemente, causarão forte diarreia tanto em adultos como em crianças.

Particularmente, falemos hoje de um protozoário que invade as células da parede do intestino e lá se prolifera, atingindo um número de células cada vez maior. Trata-se do Cryptosporidium parvum, parasita causador da criptos-poridíase, uma das principais causas de diarreia em crian-ças dos dois aos quatro anos e adultos com algum tipo de deficiência no sistema imunológico, como os infectados pelo vírus HIV, por exemplo. Dentre as várias espécies de Cryptosporidium que infectam tanto humanos como ani-mais, o Cryptosporidium parvum é a mais encontrada.

O ciclo da criptosporidíaseTudo começa com um pequeno “ovo” do parasita, cha-

mado oocisto, formado no interior das células do intestino e eliminado juntamente com as fezes diarreicas. Se alimentos contaminados com resquícios dessas fezes (por má higiene dos cozinheiros, por exemplo) forem ingeridos por um indiví-duo, os oocistos rompem no intestino, liberando esporozoítos, que se rompem imediatamente e invadem as células intesti-nais. Dentro das células, os esporozoítos transformam-se em merozoítos, os quais invadirão novas células e se replicarão de forma sexuada, dando origem a novos oocistos que serão eli-minados com as fezes, possibilitando o início de um novo ciclo.

Os sintomas da criptosporidíaseAlém das crianças, cujas defesas ainda não estão 100%

prontas para destruir o Cryptosporidium ou impedir sua disseminação pelas células do intestino, a grande preo-cupação da criptosporidíase é quando ela atinge indiví-duos imunocomprometidos, como os portadores de HIV, transplantados ou que estejam em tratamento de cân-

REFERÊNCIAS1. http://www.ufrgs.br/para-site/siteantigo/Imagensatlas/Protozoa/Criptosporidium.htm2. http://www.cdc.gov/parasites/crypto/3. http://www.cdc.gov/parasites/crypto/disease.html

CRYPTOSPORIDIUM: QUE BICHO É ESSE?

i n f o r m e p u b l i c i t á r i o

cer. Assim, em crianças e adultos saudáveis, a infecção por Cryptosporidium provoca uma enterocolite aguda e autolimi-tada, ou seja, uma diarreia aquosa que surge em média sete dias após a contaminação e dura de poucos dias a algumas semanas, sendo curada de forma espontânea ou com a aju-da de medicamentos. Outros sintomas que também podem ocorrer são enjoos, vômitos, dor abdominal e febre.

Por outro lado, naqueles com comprometimento do sis-tema imunológico, a criptosporidíase torna-se importante, com evacuações frequentes e volumosas e duração prolon-gada, podendo levar a considerável abatimento, desidrata-ção e perda de peso. Apesar de haver casos de portadores de Cryptosporidium sem qualquer sintoma, isso é menos fre-quente neste último grupo de pacientes.

Diagnóstico da criptosporidíaseO diagnóstico é feito pelo exame de fezes, onde se pode vi-

sualizar os oocistos por meio de um corante especial ou por imu-nofluorescência. Um exame de sangue poderá também detectar a presença de anticorpos específicos contra o Cryptosporidium.

Prevenção e tratamentoFerver ou a filtrar a água bebida ou utilizada para cozi-

nhar é a melhor forma de inativar os oocistos, os “ovos” do Cryptosporidium. Lavar bem as mãos após ir ao banheiro ou ao ter contato com pacientes sabidamente portadores do parasita são ações capazes de reduzir a contaminação por oocistos e prevenir a criptosporidíase. Um ponto importante a considerar é que os oocistos do Cryptosporidium são prote-gidos por uma espécie de “carapaça” que permite sua sobre-vivência fora do corpo por longos períodos e inclusive o faz resistente a alguns tipos de desinfetantes.

A maioria das pessoas saudáveis acaba se recuperando sem tratamento. Entretanto, crianças pequenas, grávidas ou indivíduos com o sistema imunológico enfraquecido, que estejam passando por grande desconforto ou risco de desi-dratação, devem ter atenção médica especial quanto à repo-sição de líquidos e ao uso de medicamentos que possam ace-lerar o processo de cura. A nitazoxanida, substância capaz de destruir uma série de parasitas, foi aprovada pelas autorida-des de saúde norte-americanas (FDA) e brasileiras (ANVISA) para o tratamento da diarreia causada por todas as espécies de Cryptosporidium que acometem humanos, em especial na população previamente saudável.

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Missão mais do que cumprida

8 Junho 2013

15º Congresso Nacional da ANAMT promove discussões relevantes e supera público da última edição

Realizado em São Paulo (SP) entre 11 e 17 de maio, o 15º Congresso Nacional da ANAMT reuniu aproximadamente 2,2 mil pessoas em um grande debate sobre a saúde e a segurança do traba-lhador. Foram sete dias nos quais os par-ticipantes puderam trocar informações e compartilhar experiências com cerca de 300 palestrantes, incluindo mais de 20 especialistas estrangeiros de reco-nhecido mérito acadêmico. A Associa-ção Paulista de Medicina do Trabalho (APMT), na pessoa de seu presidente, Gilberto Archero Amaral, mostrou-se fundamental para o sucesso alcançado.

A exemplo dos demais eventos promo-vidos pela ANAMT, a programação permi-tiu abordar questões de grande importân-cia para os profissionais da área e honrar o compromisso firmado pela Associação de promover a educação continuada. Isso porque, além das apresentações, houve 18 cursos pré-congresso a respeito de temas como síndrome de burn-out, legislação previdenciária e gestão de riscos na indús-tria da construção civil.

“Os números do Congresso são um forte reconhecimento do traba-lho que temos feito ao longo desses 45 anos de história. O conteúdo se mostrou bastante atrativo, as salas eram muito concorridas e pudemos

perceber o quanto as pessoas es-tão acreditando nessas discussões”, avaliou o presidente da ANAMT e da Comissão Científica do Congresso, Dr. Zuher Handar. “É nosso papel me-lhorar continuamente, com responsa-bilidade e qualificação, para fazermos ainda mais diferença na promoção da saúde do trabalhador e da população como um todo”, completou.

O vice-presidente, Dr. Paulo Rebelo, por sua vez, revelou ter recebido di-versos elogios de colegas que o pa-raram em algum dos corredores do Palácio de Convenções Anhembi, onde ocorreu o encontro. “Talvez o que eu mais tenha ouvido nesse período foi: ‘Como vocês conseguem organizar um congresso com tantas atividades impor-tantes acontecendo simultaneamente?’. Isso demonstra os inúmeros momentos de reflexão proporcionados pelos tópi-cos selecionados, presentes no nosso dia a dia”, analisou Rebelo. ”Saímos com aquela sensação de que poderíamos ver muito mais. Pena que não deu tempo”, brincou, satisfeito.

O Congresso também foi marcado pela realização do IX Seminário Nacional de Perícias Trabalhistas e da XXXIV Prova de Título de Especialista em Medicina do Trabalho da ANAMT. Desde o reconheci-

c a p a

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Jornal da ANAMT Junho 2013 9

mento da Medicina do Trabalho como especialidade médi-ca, em 2003, a certificação é uma das melhores formas de indicar ao mercado a qualificação necessária para li-dar de maneira competente com a Saúde e Segurança no Trabalho (SST). Além disso, em fevereiro, o Conselho Federal de Medicina, estabeleceu que apenas médicos titulados podem exercer funções de coordenação, super-visão ou chefia. A versão digitalizada do exame, o gabarito e a lista de aprovados são divulgados no portal da Asso- ciação (www.anamt.org.br). Na mesma página, é possível imprimir o certificado de participação e visu- alizar os slides exibidos durante o evento. O conteúdo é exclusivo para associados.

“É nosso papel melhorar

continuamente, com

responsabilidade e qualificação,

para fazemos ainda mais diferença

na promoção da saúde do

trabalhador e da população

como um todo”

Dr. Zuher HandarPresidente da ANAMT

Junho 2013 9Jornal da ANAMT

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10 Junho 2013

iNÍCiO

O Congresso começou com um momento simbólico. Homenagens ao ainda presidente Dr. Carlos Campos, à ANAMT e a entidades inter-nacionais representadas no evento foram entregues durante a abertu-ra. Dr. Carlos saudou todos os presentes e sustentou que uma política de SST só pode ser eficaz se for visualizada de forma completa, por meio de uma perspectiva sistêmica, não isolada do universo de objeti-vos e do contexto organizacional. Sendo assim, exaltou a necessidade de ampliar as experiências transdisciplinares para garantir a atenção integral a todos os profissionais expostos a agravos provenientes de suas ocupações.

“É consenso que diversas enfermidades relacionadas ao traba-lho, caso das lesões por esforços repetitivos e doenças osteomus-culares, não têm uma única causa. Há determinantes biológicos, psicológicos, antropológicos, e outros que tornam essencial a união com a engenharia, ergonomia, economia, saúde ambiental, adminis-tração e toxicologia, por exemplo”, listou.

A palavra, então, foi cedida à diretora do Escritório da Organi-zação Internacional do Trabalho no Brasil (OIT), Laís Abramo. Ela afirmou ser urgente pôr em prática ações globais vigorosas com o intuito de combater não só os acidentes, mas também as doenças ocupacionais. De acordo com dados do órgão, essas ocorrências pro-vocam cerca de 2 milhões de mortes por ano e acarretam perdas de até 4% do Produto Interno Bruto (PIB) mundial, o que equivale a US$ 2,8 trilhões (R$ 5,8 trilhões).

“Embora as doenças profissionais causem seis vezes mais mortes do que os acidentes laborais, estes últimos recebem maior atenção. As doenças profissionais representam um enorme custo para os trabalhadores e suas famílias, bem como para o desenvolvimen-

ANAMT CulTurAl

Os participantes do 15º Congresso Nacional tiveram, a exemplo do ocorrido na última edi-ção, em 2010, a oportunidade de assistir a produções cinematográfi-cas sobre assuntos de interesse do Médico do Trabalho e, posterior-mente, discuti-las. Organizada pelo Dr. José Hildoberto Colares, a mos-tra exibiu os filmes “Carne e Osso”, “Mundo do Trabalho – Reabilitação Profissional” e “Boca no Lixo”. Mui-tos presentes os solicitaram para utilizá-los em estudos futuros.

De acordo com a diretora de Divulgação da ANAMT, Dr.ª Marcia Bandini, o projeto cumpriu muito bem o seu papel. “O lúdico suspende julgamentos técnicos e ideológicos, deixando as pessoas mais livres para pensar sobre de-terminados temas. Pretendemos dar prosseguimento à iniciativa no próximo Congresso”, adiantou.

A experiência também contou com a exposição de parte do acervo do artista plástico potiguar Ammer Jácomme, conhecido por retratar em suas obras a mistura étnica ca-racterística da população brasileira.

“A Medicina do Trabalho

é um dos sustentáculos para

o Brasil ter um sistema de

saúde público e universal”

Alexandre Padilha Ministro da Saúde

Dr.ª Susana Coria, da Federação Argentina de Medicina do Trabalho (Fametra), homenageia a ANAMT

Jornal da ANAMT

c a p a

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Junho 2013 11Jornal da ANAMT

to econômico e social”, disse Laís, ressaltando que o estabelecimento de uma cultura preventiva de segu-rança e saúde no trabalho exige diálogo e troca de experiências bem sucedidas.

Por fim, a diretora anunciou que a OIT, a Organi-zação Pan-Americana de Saúde (OPAS) e o Ministério da Saúde estão concluindo um termo de cooperação para criar uma agenda de Trabalho Decente voltada aos servidores do Sistema Único de Saúde (SUS).

Último a discursar na solenidade, o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, informou que, ainda em 2013, serão investidos cerca de R$ 80 milhões para a construção de novos Centros de Referência em Saú-de do Trabalhador. Ele reforçou o compromisso com a Medicina do Trabalho e ressaltou a importância da especialidade para o país. Como demonstrações nesse sentido, citou a elaboração do Plano Nacional de Segu-rança e Saúde no Trabalho (Plansat) e da Política Na-cional de Segurança e Saúde do Trabalhador (PNSST).

“A população, cada vez mais, fica presa ao local de trabalho, onde desenvolve seus hábitos e atividades. Já não é possível pensar em saúde sem saber como desenvolver ações preventivas e tratar as pessoas no ambiente profissional”, ponderou o ministro.

Segundo Padilha, a Medicina do Trabalho é decisiva por ser um dos sustentáculos para o Brasil ter um sistema de saúde público e universal. “Em países com dimensões como as nossas, a relação funcionário-empregador é praticamen-te delegada ao setor privado. Aqui, as garantias constitucio-nais fazem da saúde pauta constante nas negociações sin-dicais. Embora muitos tenham planos particulares, nunca abdicaram de lutar pelo acesso gratuito”, sustentou.

Com a palavra“O nível dos trabalhos foi muito bom. Como em outros eventos promovidos pela ANAMT, as revisões bibliográficas deram lugar a apresentações com casuísticas próprias e variadas. Destaco, ainda, a participação de especialistas de outras áreas — fisioterapeutas, assistentes sociais, enfermeiras etc —, o que enriquece as nossas estratégias institucionais”.

Luiz Carlos Morrone Vice-presidente da Comissão Científica do Congresso

“O Congresso Nacional da ANAMT é um dos maiores e mais notáveis da América Latina. Como representante do México, é uma honra falar sobre as ações desenvolvidas em meu país e compartilhar informações sobre Segurança e Saúde no Trabalho. Precisamos caminhar juntos para todos crescermos, continuamente, no mes-mo ritmo”.

Jorge A. Morales Diretor de Medicina da Procter & Gamble para a América Latina

"As doenças profissionais representam

um enorme custo para os trabalhadores

e suas famílias, bem como para o

desenvolvimento econômico e social"

Laís Abramo Diretora do Escritório da Organização

Internacional do Trabalho (OIT) no Brasil

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12 Junho 2013

A realização da Assembleia Geral da ANAMT, em 15 de maio, deu início a mais um ciclo na história da Associação. Na ocasião, Dr. Zuher Handar foi eleito presidente e substi- tuiu Dr. Carlos Campos, no cargo desde 2007. Dr. Paulo Rebelo, até então diretor de Legisla-ção, assumiu a vice-presidência.

A solenidade de posse aconteceu dois dias de-pois. Após a exibição de um vídeo com depoimen-tos de ex-presidentes da Associação, Dr. Carlos fez um breve resumo da sua carreira e gestão. Ele ci-tou a criação das federadas nos estados do Acre, Amapá, Roraima, Tocantins e a inauguração da Sede Patrimonial, em São Paulo (SP). Outro ponto destacado foi a ampliação das ações de comunica-ção: “Atualmente, a imprensa nos procura continu-amente quando necessita falar sobre Segurança e Saúde do Trabalhador”.

Bastante aplaudido e emocionado, Dr. Carlos passou a palavra ao seu sucessor, Dr. Zuher. O novo presidente iniciou o discurso agradecendo a oportunidade de ter colaborado mais efetivamen-te com a Associação nos últimos anos — como vice-presidente e diretor Científico — e divulgou algumas das metas para o seu mandato.

De acordo com Zuher, a ANAMT inicia o próxi-mo triênio com o objetivo de aprimorar o proces-so de formação do Médico de Trabalho já durante a graduação, estreitar relações com outras entida-des internacionais e fortalecer o diálogo com os demais atores envolvidos na aplicação de ações em prol da Segurança e Saúde dos Trabalhadores.

“Pretendemos nos aproximar ainda mais de profissionais e empresários para ouvi-los e sa-ber quais são as suas expectativas com relação

à promoção da saúde no trabalho”, resumiu o novo presi-dente. Outra frente prevista é reforçar a relevância da espe-cialidade para o país.

“Infelizmente, por vezes, notamos uma profusão de ideias distorcidas de que o Médico do Trabalho é aquele que seleciona ou mantém indiscriminadamente os profissionais à disposição dos empregadores. A nossa função não é ga-rantir o processo produtivo, mas, como já dizia Ramazzini, cuidar dos trabalhadores e estabelecer princípios de boas práticas adequadas às necessidades deles”, enfatizou.

Zuher também ressaltou as mudanças verificadas na socie-dade brasileira que desafiam o Médico do Trabalho. A popula-ção envelhece, aumentam as doenças crônico-degenerativas — hipertensão, diabetes etc —, e os problemas básicos persistem. Entre eles, doenças infecciosas, parasitárias e as epidemias de dengue e malária. “Apostamos em um trabalho coletivo, parti-cipativo e inclusivo para reverter o quadro. A ANAMT, sem dú-vidas, exercerá um papel estratégico nesse processo”, finalizou.

Dr. Zuher é consultor de Saúde e Segurança no Trabalho do Escritório da Organização Internacional do Trabalho (OIT) no Brasil e ex-secretário da mesma área no Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). Pós-graduado em Saúde Públi-ca e Especialista em Medicina do Trabalho, leciona no curso de Medicina Preventiva e do Trabalho da Faculdade Evan-gélica do Paraná (Fepar) e na Pontifícia Universidade Cató-lica do Paraná (PUC-PR). Nesta última, coordena o Curso de Pós-Graduação em Medicina do Trabalho.

Nova liderança Dr. Zuher Handar estará à frente da Associação nos próximos três anos

Jornal da ANAMT

c a p a

Dr. Carlos Campos passa a presidência ao Dr. Zuher Handar

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Março 2013 13

COOPErAçãO iNTErNACiONAl

O ex-presidente da ANAMT Dr. Carlos Campos foi aclamado pre-sidente da Mercossat, instituição criada durante o Congresso por so-ciedades de Saúde e Segurança no Trabalho do Brasil, Argentina, Bolívia, Venezuela, Uruguai e Paraguai.

O grupo tem o objetivo de inten-sificar as ações de proteção ao traba-lhador nos países membros do Mer-cado Comum do Sul (Mercosul), bem como promover o intercâmbio de informações e homogeneizar requi-sitos de formação e exigências para a atuação dos profissionais da área.

Somaram-se à iniciativa Portugal e Espanha, cujo Conselho Geral de Profissionais de Segurança e Saúde no Trabalho declarou que se integra com o desejo de criar uma ponte entre a Amé-rica do Sul e a Europa, e ser um instru-mento que aporte valor ao pacto.

Todos os processos serão conduzi-dos em parceria com a OIT, a Organi-zação dos Estados Americanos (OEA), a Organização Iberoamericana de Seguri-dade Social (OISS), entre outras.

Diretoria Da aNaMt 2013-2016Presidente: Zuher Handar (PR)Vice-Presidente Nacional: Paulo Rebelo (RJ)Vice-Presidente da Região Norte: Francisco Ferreira Souza Filho (PA)Vice-Presidente da Região Nordeste: Jose Carlos Ribeiro (BA)Vice-Presidente da região Centro-Oeste: Luiz Garcia de Oliveira Lima (MS)Vice-Presidente da Região Sudeste: Vinicio Cavalcante Moreira (MG)Vice-Presidente da Região Sul: Antonio Mário Guimarães (RS)Diretor Administrativo: Aurelino Mader Gonçalves Filho (PR)Diretora Administrativa Adjunta: Antonieta Quirilo Milleo Handar (PR)Diretor Financeiro: Dante Lago (PR)Diretor Financeiro adjunto: Elver Moronte (PR)Diretor Científico: Mario Bonciani (SP) Diretora de Divulgação: Marcia Bandini (SP) Diretora de Patrimônio: Flavia Souza e Silva de Almeida (SP)Diretor de Relações Internacionais: René Mendes (SP)Diretora de Legislação: Edilma Mendonça (CE)Diretora de Ética e Defesa Profissional: Rosylane Nascimento M. Rocha (DF) Diretor de Título de Especialista: João Anastácio Dias (GO)Conselho Fiscal - Titular: Renato Monteiro (SP)Conselho Fiscal - Titular: Claudio Schmitt (RS)Conselho Fiscal - Titular: Charles Amoury (ES)Conselho Fiscal - Suplente: Glauber Paiva (CE)Conselho Fiscal - Suplente: Denise Fátima Brzozowski (SC)Conselho Fiscal - Suplente: Gilberto Archero do Amaral (SP)

Recém-fundada, a Mercossat será

presidida pelo Dr. Carlos Campos

“Apostamos em um trabalho

coletivo, participativo e inclusivo”Dr. Zuher Handar

Presidente da ANAMT

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As relações profissionais há muito vêm se transformando. A dissemina-ção de tecnologias – como computa-dores portáteis e smartphones – per-mite que o expediente de trabalho vá além daquele vivido dentro das em-presas. Ele se estende aos momentos teoricamente reservados para o des-canso e o lazer.

Diante desse cenário, fica a per-gunta: quais caminhos precisam ser percorridos para promover a saúde integral a todos os trabalhadores? O questionamento foi o mote da primeira conferência magna do Con-gresso, ministrada pelo diretor de Relações Internacionais da ANAMT, Professor René Mendes.

Em sua opinião, o médico do traba-lho deve ampliar o escopo de atuação para as famílias e as comunidades. É imprescindível estimular a implemen-tação de programas voltados à trajetó-ria de vida dos funcionários e fazer da responsabilidade social uma prática vi-talícia, que não se encerra no momen-to em que deixam a empresa.

Professor René também ressal-tou a importância da criação de es-tratégias especiais para os grupos mais vulneráveis, como trabalhado-res rurais, desempregados, autôno-mos e aqueles alocados em micro e pequenos empreendimentos.

“Trata-se de um grande desafio. A ANAMT não possui toda a governabili-dade, mas é uma das protagonistas no

transcurso da mudança. Se tivermos clareza de qual é o nosso papel na so-ciedade, certamente conseguiremos construir esse futuro”, afirmou.

AbrANgêNCiAA diretora responsável pela área

de Ensino e Educação Continuada da ANAMT, Dr.ª Elizabeth Costa Dias, defendeu a criação e a aplicação de novos modelos de gestão em Saúde e Segurança no Trabalho. Para ela, na maior parte das vezes, as ações restringem-se à atenção hospitalar e desconsideram aspectos culturais, econômicos e sociais.

“O primeiro passo é projetar clara-mente os fatores que influenciam na for-mação do individuo: gênero, cor da pele, escolaridade e o próprio estilo de vida — não exatamente uma escolha, mas uma determinação das relações pesso-ais, da mídia e do ambiente”, explicou a acadêmica, que reforçou o alertou para o envelhecimento da população ativa e o consequente surgimento de um padrão diferenciado de enfermidades ocupa-

Jornal da ANAMT

c a p a

As mudanças de paradigma da Medicina do Trabalho

"Se estabelecermos medidas concretas, daremos um grande

passo para o Brasil se desenvolver com segurança"Dr. Jarbas Barbosa Secretário de Vigilância e Saúde do Ministério da Saúde

cionais. “Em geral, crônico-degenerativas e infecciosas”, salientou.

ESTATÍSTiCAS O Secretário de Vigilância e Saú-

de do Ministério da Saúde, Dr. Jarbas Barbosa, traçou um panorama dos aci-dentes e doenças de trabalho no Brasil, com base em informações do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan). De 2007 a 2012, foram 628 mil episódios, o que corresponde a 16% do total de registros.

O Sudeste concentra a maior in-cidência de ocorrências diretamente ligadas ao exercício laboral, incluindo violência a menores de 18 anos. As indiretas, provocadas especialmente por animais peçonhentos, são mais comuns na Região Norte.

“Precisamos de uma ação multis-setorial, envolvendo todos os atores que podem fazer a diferença na área. Se conseguirmos estabelecer medi-das concretas, daremos um grande passo para o Brasil se desenvolver com segurança”, declarou Jarbas.

"A ANAMT não possui toda a

governabilidade, mas é uma das

protagonistas no transcurso da mudança"Professor René Mendes Diretor de Relações Internacionais da ANAMT

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Junho 2013 15Jornal da ANAMT

PrOMOçãO DA SAúDE NO TrAbAlhO

O Congresso da ANAMT teve um dia totalmente dedicado à questão. Na oportunidade, o professor titu-lar de Clínica Médica da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), Milton Arruda, criticou o uso indiscriminado de métodos cuja eficácia não é baseada em evidên-cias científicas sólidas. Apoiado em pesquisas, citou o teste de PSA, que, apesar de ser um método de rastre-amento importante para o cancêr de próstata, não aumenta a sobrevida dos precocemente diagnosticados.

Arruda defendeu que a melhor ma-neira de obter resultados positivos é estimular a mudança de hábitos na po-pulação. “Estudos demonstram que o risco de diabetes, infarto e AVC é mui-to inferior em pessoas que praticam exercícios regularmente, mantêm uma dieta adequada e não fumam”, expôs. “Atualmente, temos no Brasil uma po-lítica antitabaco muito eficiente. Em contrapartida, o mesmo não acontece com o álcool. O incentivo ao consumo é muito grande”, acrescentou.

EquÍVOCOSNa mesma linha, a diretora

Científica da ANAMT, Dr.ª Marcia Bandini, apontou outros erros frequen-tes na promoção da saúde no tra-balho. Segundo ela, as empresas tendem a desvincular os riscos ocupacionais dos programas internos e os elaboram sem a participação dos funcionários e das lideranças.

“Também é bastante co-mum a aplicação de modelos semelhantes para diferentes cená-rios, o que favorece o estabelecimento de metas não factíveis”, atestou. Por fim, desaprovou: “As iniciativas são predo-minantemente focadas em resultados

financeiros. "Há a sensação, por parte dos empregadores, de que as ações de promoção da saúde aumentarão a pro-dutividade dos funcionários e reduzirão, no curto prazo, o absenteísmo e as des-pesas médico-hospitalares. Essa é uma visão simplista e que não corresponde exatamente à realidade".

rEAbiliTAçãOA incapacidade para o trabalho é um

dos grandes problemas enfrentados pe-las nações industrializadas nos últimos anos. Afastados de seus postos, os pro-fissionais deixam de produzir, afetando negativamente o Produto Interno Bruto (PIB) de seus países. A reabilitação, por-tanto, deve ser encarada como benéfica para empresas e funcionários.

"Temos uma política

antitabaco muito eficiente. Em

contrapartida, o mesmo não

acontece com o álcool”

Dr. Milton Arruda Professor da Faculdade de Medicina da

Universidade de São Paulo (USP)

Essa é a opinião do Dr. Oscar Baldur Schubert, representante da Organização Ibero-Americana de Seguridade Social (OISS) no Brasil. “A cada real investido em reabilitação, o retorno é de dois”, estimou. Para a reabilitação ser bem sucedida e aten-der às necessidades do trabalhador — mais importantes do que qualquer questão econômica —, Schubert dis-se ser necessário considerá-la um processo global.

“Ela envolve aspectos físicos, profissionais e, especialmente, sociais. Quando o trabalhador re-torna ao mercado, consegue admi-ração da família, amigos e volta à sociedade. Esse movimento é fun-damental”, concluiu.

“A cada real investido

em reabilitação,

a empresa tem

dois de retorno”

Dr. Oscar Baldur Schubert Representante da Organização Ibero-Americana de Seguridade Social (OISS) no Brasil

"A ANAMT não possui toda a

governabilidade, mas é uma das

protagonistas no transcurso da mudança"Professor René Mendes Diretor de Relações Internacionais da ANAMT

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Os distúrbios psíquicos relacio-nados ao trabalho entraram em pauta na conferência “O Problema do Burn-Out no Mundo Contempo-râneo”. A apresentação foi realizada pela professora da Universidade da Califórnia - Berkeley e referência no assunto, Dr.ª Christina Maslach. De acordo com a pesquisadora, a enfer-midade apresenta três dimensões: exaustão, resposta negativa às tarefas propostas e autoavaliação negativa.

Na lista de desencadeantes, constam excesso de carga horária, recompensas insuficientes, ausên-cia de justiça e colapso com a equi-pe. Quanto maior a inadequação ao trabalho, maiores as chances de a doença se desenvolver.

“O burn-out não é um pro-blema de pessoas, mas do am-biente social. A estrutura de fun-cionamento do local de trabalho

define como elas vão interagir e executar suas atribuições”, explica.

iDENTiDADE, PrAZEr E SOFriMENTO

Mundialmente conhecido pe-las pesquisas sobre as psicopatolo-gias ocupacionais, o professor do Conservatoire National des Arts et Métiers (CNAM), da França, Dr. Christopher Dejours falou da cen-tralidade do trabalho na vida do ser humano.

O primeiro ponto levantado pelo psiquiatra foi o exercício la-boral como agente promotor de prazer. Mais do que o salário, o profissional busca uma retribuição moral e, quando reconhecido, sen-te-se útil. Por outro lado, o fato de o trabalho estar intimamente liga-do à formação da identidade pode ser um tanto quanto danoso.

“O burn-out não

é um problema de

pessoas, mas do

ambiente social”Dr.ª Christina Maslach

Professora da Universidade da Califórnia — Berkeley

“As estruturas organizacionais inspi-radas pelo neoliberalismo minam o con-ceito de grupo e transformam colegas em concorrentes. Nos piores casos, a pressão e o isolamento exacerbados induzem ao suicídio. O Médico do Trabalho, portanto, deve ir além da abordagem clínica. É pre-ciso agir como interlocutor do profissional com os demais companheiros e auxiliá-lo a valorizar a própria função”, aconselha.

ESTá, MAS NãO ESTáO funcionário comparece diaria-

mente ao emprego. Muitas vezes não demonstra haver nada de errado, mas se sente desanimado, desconcen-trado e se ausenta completamente do processo produtivo por um longo período de tempo. O quadro, conhe-cido como presenteísmo, ainda é um grande desafio. O ex-presidente da ANAMT Dr. Carlos Campos discorreu sobre o tema.

Dr. Carlos elencou aspectos sociais, culturais, ambientais e éticos como deter-minantes para o surgimento do transtorno e ressaltou que o absenteísmo é mais pre-valente nas categorias em que a cobrança é excessiva. “Questões emocionais, cogni-tivas, comportamentais e fisiológicas tam-bém devem ser consideradas”, disse.

Por fim, ele criticou a conduta de alguns Médicos do Trabalho diante desses episódios. “Muitos, às vezes por exigência da empresa, reduzem o tem-po de afastamento recomendado pelos atestados. É importante deixar claro que todo e qualquer episódio que vier a acontecer nesse ínterim será de total responsabilidade deles”, exclamou.

16 Junho 2013 Jornal da ANAMT

Saúde mental e empregoAlta incidência de transtornos preocupa médicos

c a p a

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Os riscos do amianto fazem da sua proibição uma das grandes bandeiras da ANAMT. Atualmente, mais de 50 países baniram o composto, que provoca 100 mil óbitos ao ano, segundo dados da Organização Internacional do Trabalho (OIT).

“As estatísticas podem estar subestimadas. Profissionais que têm contato com o amianto são conhecidos como trabalhadores do silêncio, pois não falam sobre a situação com medo de perder o emprego”, lamentou a representante da Organização Panamericana de Saúde, Dr.ª Julieta Rodriguez-Guzmán. Segundo ela, o amianto é a terceira maior causa de câncer nas Américas, perdendo somente para o tabaco e os pesticidas.

Líder de um grupo de especialistas em Segurança do Trabalho da Orga-nização Mundial da Saúde, Dr. Ken Takahashi acrescenta que o Brasil precisa se preparar o quanto antes. Isso porque, apesar de o país não ocupar as primeiras posições no ranking de mortes relacionadas à fibra mineral, as ocorrências tendem a aumentar.

"As doenças ligadas ao amianto — asbestose, adenocarcinomas, meso-teliomas e outros tipos de neoplasias malignas — surgem muitos anos após a exposição inicial, mas tem um prognóstico ruim quando desenvolvidas. No caso do mesotelioma, por exemplo, a expectativa de vida é de apenas um ano. O Brasil deve acelerar a proibição do amianto e pensar em ações preventivas”, alertou.

METAiS PESADOSO efeito de agentes como arsênio, lítio, chumbo e outros potencial-

mente danosos ao organismo dos trabalhadores foi o tema da palestra do Dr. Oyebode A. Taiwo, diretor do Programa de Treinamento em Ensi-no de Medicina Ocupacional e Ambiental da Universidade de Yale, nos Estados Unidos.

Taiwo deu destaque especial ao mercúrio, que, na década de 1950, matou centenas de pessoas na cidade de Minamata, no Japão. A tragédia ocorreu após moradores locais consumirem peixes contaminados pelo ele-mento, despejado irregularmente em uma baía da região. Estima-se que, desde então, quase 3 milhões de pessoas tenham desenvolvido problemas de saúde em decorrência do episódio.

“Devemos focar no desenvolvimento de políticas e no meio ambiente do trabalho”, aconselhou o professor. No início do ano, cerca de 140 países assinaram a Convenção de Minamata, que es-tabelece o fim do uso de mercúrio em termômetros, lâmpadas e outros produtos até 2020.

"O Brasil deve acelerar a proibição do amianto e pensar em ações preventivas”

Dr. Ken Takahashi Especialista em Segurança do Trabalho da Organização Mundial da Saúde

Ameaça constanteExposição de profissionais a substâncias nocivas, a exemplo do cancerígeno amianto, ainda é um desafio

VAlOrAçãO

O presidente da Academia Internacional de Medicina Legal, Dr. Nuno Duarte Vieira, afirmou que a avaliação do dano corporal só se torna eficaz no momento em que lesões e sequelas são estudadas e analisadas em ter-mos técnicos e jurídicos. A reparação deve ser integral para restabelecer ou reaproximar o mais breve possível, ainda que em parte, as condições do profissional antes da enfermida-de ou do acidente.

Nuno comentou a mudança da relação do Médico do Trabalho — antes alvo de descon-fiança — com o trabalhador e apresentou os critérios estabelecidos para homogeneizar a mensuração na Europa. Apesar de considerar a medida válida para diminuir discrepâncias, ele sustentou que a subjetividade não deve ser desconsiderada.

“Um acidente não afeta pessoas diferen-tes da mesma forma. Uma digitadora que perde as duas pernas pode continuar a traba-lhar, um motorista não”, argumentou.

Junho 2013 17Jornal da ANAMT

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rbSOA Fundacentro publicou mais um volume da

Revista Brasileira de Saúde Ocupacional (RBSO). O periódico traz um dossiê sobre o assédio moral, com nove artigos que discutem o tema sob diferentes óti-cas. Alguns deles são "O assédio moral na perspecti-va dos bancários"; "A modernização do trabalho"; "O predomínio da gestão e da violência simbólica"; e "A prevenção e combate do assédio moral entre servido-res públicos no Estado do Ceará".

O link para a página na qual os textos podem ser visualizados gratuitamente está disponível no endereço www.anamt.org.br/?id_noticia=1790.

referênciaO diretor de Relações Interna-

cionais da ANAMT, Professor René Mendes, lançou durante o 15º Con-gresso Nacional a terceira edição do livro Patologia do Trabalho. Consi-derada uma das principais referên-cias sobre o tema, a obra contou com a colaboração de 104 especia-listas de diversas instituições.

Os dois volumes, com cerca de mil páginas cada, apre-sentam bases históricas e conceituais, ferramentas de análi-se, principais riscos, estudos de enfermidades e estratégias de promoção de saúde e prevenção de adoecimento relacio-nado ao trabalho.

Especialista em Saúde Pública e em Medicina do Trabalho, René Mendes é Professor Titular de Medicina Preventiva e Social da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e Membro ho-norário da Comissão Internacional de Saúde Ocupacional (ICOH).

lEr/DOrTO Ministério da Saúde elaborou o pro-

tocolo Dor Relacionada ao Trabalho para auxiliar os profissionais do Sistema Único de Saúde (SUS) a identificar e tratar as ví-timas de enfermidades osteomusculares relacionadas às atividades profissionais. Além dos parâmetros de diagnóstico, cons-tam listas de exames, procedimentos e te-rapias direcionadas a casos emergenciais. Para visualizar o arquivo, basta acessar bvsms.saude.gov.br/bvs/publ icacoes/ dor_relacionada_trabalho_ler_dort.pdf.

18 Junho 2013 Jornal da ANAMT

A N A M T r e c o m e n d a

Desemprego Divulgado pela Organização In-

ternacional do Trabalho (OIT) em maio, o relatório Tendências Mun-diais de Emprego Juvenil 2013 tra-ça um panorama da situação pro-fissional de pessoas na faixa etária de 15 a 25 anos. De acordo com o balanço, a taxa de desocupação se encontra em aproximadamente 13%, o que representa 75 milhões de jovens. O percentual é cerca de 3% superior ao registrado entre adultos e a expectativa é a de que o índice, mais acentu-ado em mulheres, continue crescendo.

Na América Latina, houve uma pequena melhoria mo-tivada pelo crescimento econômico dos países da região. O resultado, contudo, permanece preocupante, pois o de-semprego beira a casa dos 20%. No que diz respeito àque-les que não estudam ou trabalham, a maior parte (51,7%), afirmou se ocupar de tarefas domésticas.

O documento – por enquanto disponível apenas em inglês, espanhol e francês – pode ser lido em www.oit.org.br.

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Dezembro 2012 19Jornal da ANAMT Dezembro 2012 19

a g e n d a

Sonhos destruídos dentro de casa

A Organização Não Governamental Fórum Nacional de Prevenção e Erradicação do Trabalho Infantil (FNPeti) apro-veitou o dia 12 de junho, data em que o problema é mun-dialmente lembrado, para traçar um panorama da situação de menores que exercem atividades profissionais no país. O levantamento foi feito com base em informações da última Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), refe-rente ao intervalo de 2008 a 2011.

A pesquisa verificou que 93% das 258 mil crianças e ado-lescentes envolvidos em trabalho doméstico no Brasil são do sexo feminino — percentual que corresponde a cerca de 241 mil garotas. Destas, 67% (ou 161 mil, em números abso-lutos) são negras.

No que diz respeito à distribuição geográfica, a Região Nordeste é a que concentra a maior parte dos casos e a Su-deste, a menor. Minas Gerais foi a unidade federativa na qual os registros mostraram-se mais frequentes no período.

Se forem consideradas todas as categorias, o núme-ro de trabalhadores com idade entre 5 e 17 anos chega a 3,7 milhões, segundo o Censo 2011, do Instituto Brasilei-ro de Geografia e Estatística (IBGE). O número, contudo, pode estar subestimado, uma vez que não é possível pro-mover ações de fiscalização em ambientes residenciais sem autorização judicial.

Os dados encontram-se em www.fnpeti.org.br/download/pnad_IBGE_tid.pdf.

Junho 2013 19

higiENE NO TrAbAlhO

A Associação Brasileira de Higienistas Ocupa-cionais (ABHO) promoverá, em São Paulo (SP), de 21 a 28 de agosto, o VII Congresso Brasileiro de Higiene Ocupacional e o XX Encontro Brasileiro de Higienistas Ocupacionais. Entre os tópicos que serão debatidos, constam gestão e controle dos riscos ambientais, bem como responsabilidade social e ética dos profissionais da área.

Mais informações:

[email protected] (11) 3081-5909

9º CONgrESSO iNTErNACiONAl DE SAúDE OCuPACiONAl PArA TrAbAlhADOrES DA SAúDE

A capital paulista receberá mais um evento de grande porte voltado à Segurança e Saúde no Trabalho. De 22 a 26 de setembro, a ICOH realiza-rá o 9º Congresso Internacional de Saúde Ocupa-cional para Trabalhadores da Saúde. Estão confir-mados na programação 12 cursos e a participação de palestrantes de 20 países. O ex-presidente da ANAMT Dr. Ruddy Facci presidirá o congresso.

Mais informações:

www.healthcareworkers2013.com(11) 5682-7300

21ST iNTErNATiONAl SYMPOSiuM ON ShiFTWOrK AND WOrKiNg TiME

Os impactos na saúde e na vida familiar dos trabalhadores responsáveis por manter serviços essenciais durante a madrugada estarão no centro das discussões do 21ST International Symposium On Shiftwork And Working Time. O encontro inter-nacional, realizado a cada dois anos desde 1969, acontecerá em Salvador (BA), entre 4 e 8 de no-vembro. A organização está a cargo da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (USP) e da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).

Mais informações:

www.fsp.usp.br/[email protected]

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infecções pelo vírus influenza A(h7N9) na China causam preocupação em todo o mundolucia F bricks, MD, PhDCrM 36370

Em abril de 2013 foram notificados casos de infecção em humanos por um vírus influenza A(H7N9) na China. Infecções por essa cepa viral nunca haviam sido registradas em huma-nos anteriormente e estão causando grande preocupação. Até 08/05/2013, 131 pacientes tiveram infecção confirmada pelo influenza A(H7N9) e 36 foram a óbito, de acordo com a Comis-são Nacional de Saúde e Planejamento Familiar da China.

Até o presente, não há evidências de transmissão inter huma-nos, mas como a maioria dos casos notificados apresenta gravidade, é possível que o número de pessoas infectadas seja bem maior1.

De acordo com informações do ECDC, até 08/05/2013, casos de infecção por essa nova cepa foram confirmados em humanos em 8 províncias: Anhui, Fujian, Henan, Hunan, Jiangsu, Jiangxi, Shandong e Zhejiang, e nas cidades de Beijing e Shanghai2. As fontes e reservatórios desses vírus estão sendo investigadas pelas autoridades de saúde e os vírus já foram identificados em pombos, galinhas e patos, assim como em amostras do meio onde são comercializadas outras aves (mercados)3.

A fonte e modo de transmissão ainda não foram confirma-dos, mas a hipótese mais provável é que os vírus tenham se dis-seminado através do contato íntimo com aves ou produtos das aves. Mais de 1000 contatos próximos dos casos confirmados estão sendo investigados para avaliar se existe transmissão inter humanos. Até o presente, apenas um cluster familiar foi confir-mado (dois casos na mesma família), mas não foi possível excluir fonte comum de contaminação. O rápido aumento no número de casos confirmados e a expansão geográfica na China estão cau-sando grande preocupação às autoridades de saúde4.

É a primeira vez que esse subtipo de influenza causa infecção em humanos. Previamente, foram confirmados alguns casos de infecção em humanos por vírus H7 de origem aviária, em geral, associados a epidemias em aves, mas os casos em humanos con-sistiam de doença respiratória leve ou conjuntivite. A detecção dessa cepa em pacientes com doença grave levou à rápida iden-tificação da sequência genômica dos vírus, mas ainda se desco-nhece seu potencial de disseminação, período de incubação e

extensão de infecções de menor gravidade. A vigilância é essen-cial para identificar novas infecções em pacientes de todas as idades, pois estima-se que a população não tem proteção contra essa nova cepa. Um fator de preocupação adicional está relacio-nado ao fato de os vírus H7N9 não causarem doença grave nas aves, dificultando sua identificação e permitindo disseminação “silenciosa” na comunidade, ao contrário do que se observa com o vírus H5N1, de alta patogenicidade para aves e para humanos.

Outro problema é a identificação de características genéti-cas associadas com aumento da afinidade para receptores alfa2-6 presentes em células respiratórias de mamíferos, assim como à adaptação e transmissão de outros vírus com alto potencial patogênico para furões. Ainda se desconhece se esses vírus também podem infectar suinos4. Os vírus parecem ser sensí-veis aos inibidores da neuraminidase (oseltamivir e zanamivir), mas resistentes à amantadina e rimantadina. As características clinicas dos pacientes infectados pelo H7N9 incluem pneumo-nia fulminante, desconforto respiratório, choque séptico, rad-bomiolise e encefalopatia. Os primeiros casos receberam tra-tamento com oseltamivir, mas a instituição do tratamento foi tardia (após 7 a 8 dias), portanto ainda se desconhece o impacto do tratamento mais precoce na evolução da doença4.

Como as infecções pelo A(H7N9) nunca foram registradas previamente em humanos, espera-se que pessoas de qualquer faixa etária sejam suscetíveis às infecções. Ainda não existem vacinas para proteger contra essas infecções, mas elas deverão ser desenvolvidas assim que possível. Estudos realizados pre-viamente com vacinas contendo cepas H7 revelaram baixa imu-nogenicidade em humanos. Espera-se que nas próximas sema-nas tenhamos acesso a mais informações sobre esse novo vírus, através da extensa investigação epidemiológica em humanos e em animais. Identificação precoce e tratamento dos casos sus-peitos, assim como intensificação das medidas de higiene reco-mendadas para prevenção de doenças de transmissão respira-tórias são essenciais, assim como a divulgação de informações atualizadas para médicos e leigos4.

Referências bibliográficas1WHO. Human infection with influenza A(H7N9) virus - update, 17 May 2013. Disponível em: <http://www.who.int/ >. Acesso em: 21 maio 2013. 2ECDC. Updated ECDC risk assessment on avian influenza A(H7N9) virus in China, 8 May 2013. <http://ecdc.europa.eu/>. Acesso em: 21 maio 2013. 3ECDC. Avian influenza A(H7N9) virus in China. Disponível em: <http://ecdc.europa.eu/>. Acesso em: 15 abr. 2013. 4Uyeki TM, et al. N Engl J Med. 2013 Apr 11.

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