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ESCOLA SUPERIOR DE CIÊNCIAS DA SANTA CASA DE MISERICÓRDIA DE VITÓRIA EMESCAM DANIELA CECILIOTTI CANTARELA LARA BRONZON PERINI FUNÇÃO PULMONAR, FORÇA MUSCULAR RESPIRATÓRIA E DE MEMBROS SUPERIORES DE INDIVÍDUOS COM LESÃO MEDULAR PRATICANTES DE ESPORTE ADAPTADO VITÓRIA 2018

FUNÇÃO PULMONAR, FORÇA MUSCULAR RESPIRATÓRIA E DE MEMBROS ... · de campo teve como objetivo avaliar a influência da força muscular dos membros superiores na função pulmonar

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ESCOLA SUPERIOR DE CIÊNCIAS DA SANTA CASA DE MISERICÓRDIA DE

VITÓRIA – EMESCAM

DANIELA CECILIOTTI CANTARELA

LARA BRONZON PERINI

FUNÇÃO PULMONAR, FORÇA MUSCULAR RESPIRATÓRIA E DE MEMBROS

SUPERIORES DE INDIVÍDUOS COM LESÃO MEDULAR PRATICANTES DE

ESPORTE ADAPTADO

VITÓRIA

2018

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DANIELA CECILIOTTI CANTARELA

LARA BRONZON PERINI

FUNÇÃO PULMONAR, FORÇA MUSCULAR RESPIRATÓRIA E DE MEMBROS

SUPERIORES DE INDIVÍDUOS COM LESÃO MEDULAR PRATICANTES DE

ESPORTE ADAPTADO

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao curso de

graduação em fisioterapia da Escola Superior de Ciências

da Santa Casa de Misericórdia de Vitória – EMESCAM

como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel

em Fisioterapia.

Orientadora: Profª. Me Roberta Ribeiro Barbosa Batista.

Colaborador: Prof. Dr. Rodrigo Luiz Vancini

VITÓRIA

2018

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Dedico este trabalho a todos que fizeram parte da minha jornada e que contribuíram de

alguma forma para a conclusão do mesmo.

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Foi o tempo que dedicaste à tua rosa

que a fez tão importante ...

O pequeno príncipe.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente à Deus, por ser essencial em nossas vidas, iluminar nosso caminho e

por nos ter dado força e determinação nessa longa jornada.

Aos nossos familiares por acreditarem e investirem em nossos sonhos, por nos ter dado apoio

para que pudéssemos concluir essa etapa e por serem nossos exemplos de vida.

Aos nossos amigos, em especial Marilia Barboza, Mariana Lima, Bruna Ribeiro, Marcela

Dias, Mayane Fiorot e Eduardo Duarte, por nos escutarem, estarem ali por nós e por nos

ajudarem sempre quando precisamos, por nos ofertar momentos de felicidade em meio às

nossas preocupações.

A todos os nossos professores pelos ensinamentos, por contribuírem para nossos

conhecimentos e pela importância em nossa graduação. Queremos homenagear o professor

Edmar Miranda por nos ter ensinado em teoria e prática o significado da palavra Resiliência.

À instituição EMESCAM pela excelente estrutura fornecida para os alunos e pacientes e pela

dedicação diária para a melhor qualidade de nosso ensino.

Agradecemos à Rodrigo Vancini por ter colaborado na construção do nosso trabalho e por ter

aceitado em estar participando da nossa banca. Assim como agradecemos também à

professora Giovana pelo carinho em estar fazendo de nossa banca.

Em especial, agradecemos à coordenadora do curso e também nossa orientadora Roberta

Ribeiro Barbosa Batista pela atenção e dedicação possibilitando a realização deste trabalho,

pois sem seu carinho e firmeza não teríamos conseguido completar essa tarefa em nossa

jornada.

Atenciosamente,

Daniela e Lara.

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RESUMO

A lesão medular promove inúmeras sequelas no sistema respiratório, refletindo na função

pulmonar e na força muscular respiratória. Assim, a prática de rugby em cadeira de rodas

mostrou ser benéfica para diminuir tais danos através do treinamento cardiorrespiratório e da

força muscular dos membros superiores. Para o desenvolvimento deste estudo foi realizado um

levantamento bibliográfico com a elaboração do Referencial Teórico, e um estudo de campo

que deu origem ao Artigo Científico. No referencial teórico foram expostos os aspectos

epidemiológicos, clínicos e estruturais além dos diversos recursos terapêuticos sobre esta

patologia. Foram identificados os diversos benefícios da atividade física para pessoas com

restrição de cadeira de rodas, bem como o surgimento do rugby em cadeira de rodas. A pesquisa

de campo teve como objetivo avaliar a influência da força muscular dos membros superiores

na função pulmonar e na força muscular respiratória de indivíduos com lesão medular

praticantes de Rugby em Cadeira de Rodas. Foi realizado um estudo quantitativo transversal

com 11 indivíduos com diagnóstico clínico de lesão medular alta praticantes de rugby em

cadeira de rodas, submetidos à avaliação respiratória. Desse total, apenas 8 indivíduos foram

submetidos à avaliação isocinética no laboratório de força e condicionamento físico (LAFEC)

da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES). O teste de Wilcoxon foi aplicado para

comparar as variáveis respiratórias pareadas e os demais dados foram descritos por frequência,

média e desvio padrão. Na análise verificou-se que a amostra estudada era composta por

homens com média de idade de 33,09 anos, sendo o tempo de prática esportiva adaptado muito

inferior ao tempo de cadeira de rodas. Verificou-se que as variáveis CVF, VEF1, PiMax e

PeMax foram inferiores aos valores preditos, com diferença estatisticamente significante, e a

relação VEF1 / CVF encontrou-se aumentada. Em relação à avaliação isocinética, observou-se

que as melhores médias do Pico de Torque e Trabalho Total (variáveis isocinéticas) foram

relacionadas à articulação do ombro a uma velocidade de 240 graus/segundo. E as melhores

médias das variáveis isocinéticas foram relacionadas aos melhores valores do PiMax, e

nenhuma relação foi observada com a CVF e o VEF1. Tais achados enfatizam que, embora os

valores espirométricos não tenham relação com os valores isocinéticos, observou-se que a força

muscular do membro superior exerce influência positiva na força muscular inspiratória

(PiMax), o que favorece a mecânica respiratória.

Palavras-Chaves: Pulmão, atleta, lesão, medula, força muscular, funcionalidade,

dinamômetro, epidemiologia, rugby, cadeira de rodas

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ABSTRACT

The medullary injury promotes innumerable sequels in the respiratory system reflecting on lung

function and respiratory muscle strength. Thus the practice of wheelchair rugby has been shown

to be beneficial to lessen such damages through cardiorespiratory training and upper limb

muscle strength. For the development of this study a bibliographical survey with a elaboration

of the Theoretical Referential is carried out, and a field study that gave origin to the Scientific

Article. In the theoretical reference was exposed the epidemiological, clinical and structural

aspects besides the several therapeutic resources about this pathology. The various benefits of

physical activity for wheelchair restricted individuals were identified, as well as the emergence

of rugby in wheelchair. The field research was aimed at evaluating the influence of upper limb

muscle strength on lung function and respiratory muscle strength of individuals with spinal cord

injury who practice Wheelchair Rugby. A cross-sectional quantitative study was carried out

with 11 individuals with clinical diagnosis of high spinal cord injury who practice rugby in a

wheelchair, who were submitted to respiratory evaluation. Of this total, only 8 individuals were

submitted to isokinetic evaluation in the strength and physical conditioning laboratory

(LAFEC) of the Federal University of Espirito Santo (UFES). The Wilcoxon test was applied

in order to compare the paired respiratory variables, and the other data were described by

frequency, mean and standard deviation. In the analysis it was verified that the sample studied

was composed of males with a mean age of 33.09 years, and the adapted sports practice time

much lower than wheelchair time. It was verified that the variables FVC, FEV1, PiMax and

Pemax were lower than the predicted values with a statistically significant difference, and the

FEV1 / CVF was found increased. Regarding the isokinetic evaluation, it was observed that the

best averages of Torque Peak and Total Work (isokinetic variables) were related to the shoulder

joint at a speed of 240 degrees/second. And the best means of the isokinetic variables were

related to the best PiMax values, and no relation was observed with FVC and FEV1. Such

findings emphasize that although the spirometric values showed no relation with the isokinetic

values, it was observed that the upper limb muscle strength exerts a positive influence on

inspiratory muscle strength (PiMax), which favors respiratory mechanics.

Key words: Lung, athlete, injury, spinal cord, muscle strength, functionality; dynamometer,

epidemiology, rugby, wheelchair.

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LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

ASIA American Spinal Injury Association

ACSM American College of Sports Medicine

AVD Atividade de Vida Diária

CVF Capacidade vital forçada

CF Classificação funcional

EEF Eletroestimulação elétrica funcional

EMESCAM Escola Superior de Ciências da Santa Casa de Misericórdia de Vitória

FIRCR Federação Internacional de Rugby em Cadeira de Rodas

VEF1 Volume expiratório forçado no primeiro segundo

RM

SUS

TVP

Ressonância Magnética

Sistema Único de Saúde

Trombose Venosa Profunda

LAFEC Laboratório de Força e Condicionamento Físico

UFES Universidade Federal do Espírito Santo.

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SUMÁRIO

1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS ............................................................................................... 9

2 LESÃO MEDULAR: ASPECTOS ESTRUTURAIS, EPIDEMIOLOGICOS, CLÍNICOS,

TERAPÊUTICOS E ESPORTIVOS. ...................................................................................... 10

2.1 ASPECTOS ESTRUTURAIS DA COLUNA VERTEBRAL E SISTEMA NERVOSO ..... 10

2.2 ASPECTOS CLÍNICOS E EPIDEMIOLÓGICOS ............................................................... 12

2.2.1 Comprometimentos no sistema respiratório .................................................................. 16

2.3 ASPECTOS TERAPÊUTICOS ............................................................................................ 17

2.4 ASPECTOS ESPORTIVOS .................................................................................................. 18

3 ARTIGO ORIGINAL ............................................................................................................ 20

Introdução .................................................................................................................................. 22

Métodos ...................................................................................................................................... 23

Resultados .................................................................................................................................. 25

Discussão .................................................................................................................................... 29

Limitações do estudo ................................................................................................................. 31

Conclusão ................................................................................................................................... 31

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................ 34

5 REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 35

APÊNDICE A - Carta de Anuência ......................................................................................... 40

APÊNDICE B - Termo De Consentimento Livre e Esclarecido ........................................... 41

APÊNDICE C - Ficha de avaliação do perfil dos atletas ....................................................... 43

APÊNDICE D - Avaliação pulmonar ...................................................................................... 44

APÊNDICE E - Avaliação de Força Muscular de Membro superior ................................... 45

ANEXO A - Capa da Revista Fisioterapia Brasil ................................................................... 46

ANEXO B - Normas da Revista Fisioterapia Brasil .............................................................. 47

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1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS

A lesão medular é uma injúria à medula espinhal que pode resultar em perda parcial ou total

das funções motoras e/ou sensitiva, comprometendo os sistemas urinário, intestinal,

respiratório, circulatório, sexual, visceral e reprodutivo (FIMINO et al., 2014; CEREZETTI et

al., 2012).

Devido às incapacidades físicas provenientes após trauma, faz-se necessário a utilização de

dispositivos auxiliares para locomoção, tais como a cadeira de rodas. Esta por sua vez torna-se

facilitadora da mobilidade corporal, proporcionando independência funcional e autonomia

(CEREZETTI et al., 2012). Entretanto, ocorre simultaneamente a restrição do indivíduo no que

se diz respeito ao condicionamento físico, resultante da inatividade. E desta forma, as sequelas

após a lesão medular associadas ao sedentarismo favorecem o desenvolvimento de doenças do

aparelho cardiovascular e respiratório (BOUGENOT et al., 2003; TOLDRA et al., 2014;

JUVENAL, SARVODELLI, 2016).

Para tanto, a atividade física tem se mostrado crucial na prevenção de problemas provenientes

de um estilo de vida sedentário como também nas disfunções pulmonares (LINDBERG, 2012).

E devido à dificuldade da inserção desse grupo em esportes coletivos, várias modalidades

esportivas foram desenvolvidas a fim de atender aos indivíduos cadeirantes. Dessa forma, o

rugby sob cadeiras de rodas foi desenvolvido com o propósito de inclusão dos indivíduos com

lesão na medula acima do nível T1, possibilitando, assim, a prática de atividade física para esta

população (CAMPANA et al., 2011).

Acerca deste tema, pode-se observar um pequeno número de estudos desenvolvidos com

abordagem dos benefícios proporcionados pelas atividades aeróbias e pelas atividades

anaeróbias com resultados voltados à função pulmonar. Ainda, o rugby é uma modalidade

esportiva na qual trabalha-se tanto o condicionamento cardiorrespiratório quanto o

fortalecimento de membro superior. Logo, para uma melhor absorção de conteúdo e

aprendizado de recursos utilizados na reabilitação, viu-se a necessidade de realizar este estudo

com indivíduos portadores de lesão medular praticantes de Rubgy em cadeiras de rodas.

Para o desenvolvimento deste estudo, foi realizado primeiramente um levantamento

bibliográfico sobre o assunto e, posteriormente, um estudo transversal de série de casos com

indivíduos portadores de lesão medular que praticam Rugby em cadeira de rodas, descritos nos

capítulos 2 e 3 desta monografia.

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O capítulo 2 é composto pelo referencial teórico intitulado “Lesão Medular: aspectos

estruturais, epidemiológicos, clínicos, terapêuticos e esportivos”. Nesse capítulo, serão

abordadas as questões sobre anatomia das estruturas que compõem o sistema nervoso, a

etiologia da lesão medular assim como sua epidemiologia, diagnóstico, classificação, suas

sequelas sistêmicas, na qualidade de vida e na independência funcional; Abordar-se-á, também,

a influência do nível e extensão da lesão, bem como sua relação com as disfunções do sistema

respiratório. Serão abordadas a inserção dessa população em esportes coletivos e a associação

de recursos na reabilitação física, especialmente os principais tratamentos convencionais

utilizados na reabilitação pulmonar.

O capítulo 3 traz o artigo científico elaborado pelas autoras, intitulado “Influência da força

muscular de membro superior na função respiratória de indivíduos com lesão medular que

praticam rugby sob cadeiras de rodas”, cujo objetivo foi avaliar a influência da força muscular

de membro superior na função e força muscular respiratória em indivíduos com lesão medular

que praticam rugby em cadeira de rodas. Por fim, no último capítulo, serão descritas as

considerações finais deste estudo, seguindo-se das referências bibliográficas, apêndices e

anexos pertinentes ao trabalho.

2 LESÃO MEDULAR: ASPECTOS ESTRUTURAIS, EPIDEMIOLOGICOS,

CLÍNICOS, TERAPÊUTICOS E ESPORTIVOS.

2.1 ASPECTOS ESTRUTURAIS DA COLUNA VERTEBRAL E SISTEMA NERVOSO

A coluna vertebral é a estrutura responsável pela sustentação na posição bípede, a qual faz parte

do esqueleto axial. É constituída por 33 vértebras e apresenta cinco regiões: coluna cervical

(composta pelas primeiras sete vértebras), coluna torácica (composta pelas doze vértebras

subsequentes), coluna lombar (composta por cinco vértebras), coluna sacral e coccígea

apresentando cinco e quatro vértebras fundidas, respectivamente. Ainda, a coluna vertebral

possui estruturas que promovem a flexibilidade e estabilidade aos movimentos de flexão,

extensão, inclinação e rotação do tronco, sendo esses os discos intervertebrais, ligamentos e

músculos (NASCIMENTO, SILVA, 2007; BERLOWITZ, TAMPLIN, 2013).

Cada junção vertebral possui um par de nervos espinhais que inervam músculos específicos e

os filamentos de nervos sensoriais que entram na medula espinhal. A classificação das vértebras

e dos nervos se dá em várias seções, começando pela cervical, aonde há sete pares de raízes

nervosas que saem de cada uma dessas vértebras e o oitavo par surge abaixo da sétima vértebra.

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Em seguida na coluna torácica e lombar há doze e cinco pares e nervos, respectivamente.

(JUVENAL, SARVODELLI, 2016).

Dentro do canal vertebral situa-se a medula espinhal (figura 1). Esta por sua vez é o canal cujas

as informações sensoriais e motoras percorrem entre o cérebro e o corpo através dos nervos

espinhais periféricos. Possui tratos orientados longitudinalmente (substância branca)

circundando áreas centrais (substância cinzenta) onde a maioria dos corpos celulares dos

neurônios espinhais estão localizados. Na secção transversa, a substância cinzenta possui a

forma de H e pode ser subdividida em corno anterior, lateral e posterior. No corno anterior,

estão localizados os corpos celulares dos neurônios motores (aferentes), no corno posterior os

neurônios sensitivos (eferentes) e no corno lateral os neurônios do sistema simpático. As fibras

motoras, presentes no corno anterior, unem-se às fibras sensitivas do corno posterior formando

o nervo espinhal e por conseguinte as raízes nervosas, os quais constituem o sistema nervoso

periférico (NASCIMENTO, SILVA, 2007; JUVENAL, SARVODELLI, 2016).

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2.2 ASPECTOS CLÍNICOS E EPIDEMIOLÓGICOS

A lesão medular é atribuída à injúria dos componentes da coluna vertebral em quaisquer

porções: ósseas, ligamentares, medular, discal, vascular ou radicular. Pode gerar a interrupção

irreversível da comunicação entre o encéfalo e as regiões do corpo inervadas pelo local da lesão

ou abaixo da mesma. Como consequência surgem alterações motoras, sensitivas e autônomas,

alterando as funções respiratória, circulatória, urinária, intestinal, controle térmico, pressão

arterial e atividade sexual. As sequelas não somente proporcionam a dependência física, mas

também limitações de ordem social, psicológica e profissional (NASCIMENTO, SILVA, 2007;

JUVENAL, SARVODELLI, 2016).

Devido às repercussões que ocorrem na funcionalidade do indivíduo, os índices de lesão

medular geram grande impacto na sociedade, o que representa um problema de saúde pública

(BERLOWITZ, TAMPLIN, 2013). No Brasil e no mundo a lesão medular traumática possui

maior incidência etiológica entre a população em geral, e o Brasil ocupa o segundo lugar de

país com maior incidência de indivíduos com tal acometimento (FIMINO et al., 2014).

Por esse viés, cerca de 80% das lesões traumáticas são ocasionadas por acidentes de trânsito,

ferimento por projéteis de arma de fogo, esporte e quedas. Possui prevalência em indivíduos do

sexo masculino, com proporção entre homens e mulheres de 3:1. Além disso, a porcentagem

de pacientes tetraplégicos tem aumentado, sendo hoje em dia igualada à dos paraplégicos.

Quanto as lesões por origem não traumática podem ser ocasionadas por tumores, processos

infecciosos, degenerativos, estruturais e vasculares. E sua incidência é distribuída igualmente

entre os gêneros. (JUVENAL, SARVODELLI, 2016; WEIDNER, RUPP, TANSEY, 2017).

No mundo, estima-se que a lesão medular ocorra numa proporção de 1 a cada 1000 habitantes,

com incidência média entre 4-9 casos por 100.000 habitantes ao ano (WEIDNER, RUPP,

TANSEY, 2017). Geralmente, acomete indivíduos com idade entre 20 a 40 anos, sendo mais

evidente em áreas urbanas e em países desenvolvidos. Na Europa Ocidental a lesão medular

atinge cerca de 15 milhões e nos Estados Unidos surgem 39 milhões de casos por ano. Já nos

países em desenvolvimento estima-se a cada ano surjam 25,5 milhões de vítimas (BRITO et al.,

2011; FLEERKOTTE et al., 2014).

Já no Brasil, surgem a cada ano 40 casos novos/ano/milhão de habitantes, ou seja,

aproximadamente 6 a 8 mil casos novos por ano. Ainda, 80% destes casos afetam a população

masculina e 60% se encontram entre os 10 e 30 anos de idade. Estima-se que ocorram a cada

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ano no país, mais de 10.000 novos casos de lesão medular, sendo o trauma a causa predominante

(JUVENAL, SARVODELLI, 2016; BRASIL, 2013).

Ainda, a idade exerce uma influência considerável sobre a vertente etiológica. Nos grupos

etários abaixo dos 30 anos, 85% dos casos ocorrem pelo traumatismo na medula, apresentando

uma prevalência da paraplegia em 70% e uma probabilidade de 50% da lesão ser completa. E

cada ano aumenta-se a incidência mundial de trauma na medula, surgindo de 8 a 246 casos por

milhão de habitantes (MILLER, ZIMMERMANN, HERBERT, 2016; BERLOWITZ,

WADSWORTH, ROSS, 2016).

Tal acometimento na medula demostra um alto impacto sócio-econômico, uma vez que essa

deficiência não possui cura, e assim o custo por paciente é distribuído para a sociedade. No

Brasil o custo anual para o tratamento da lesão medular é estimado em 300 milhões de dólares,

sendo este um valor crescente, devido à maior expectativa de vida do portador de lesão medular

e aumento em sua incidência (NUNES et al., 2017; FAVA, 2011).

Diante deste cenário, a atenção dada a esta patologia tem aumentado no Brasil. O Sistema de

Informações Hospitalares do Sistema Único de Saúde disponibiliza os dados de internações

anuais em hospitais próprios ou conveniados com o SUS. O mesmo mostra que há um total

próximo de internações, por lesão, de 700.000/ano. Cerca 20.000 destas internações

correspondem às lesões por trauma da coluna e medula espinhal (SATIAGO et al, 2012;

TUONO, 2008). Os pacientes com lesão medular constituem um gasto monetário adicional para

o sistema de saúde não só na fase de cuidados agudos, mas também nos primeiros anos seguintes

ao trauma (PEREIRA, JESUS, 2011).

Dentre as classificações topográficas, tem-se a tetraplegia e a paraplegia. A primeira ocorre em

lesões acima do primeiro seguimento torácico (T1), ocasionando a paralisia, parcial ou

completa, dos quatro membros e do tronco. Já a segunda classificação ocorre em lesões abaixo

desse segmento conferindo a paraplegia, ou seja, paralisia parcial ou completa do tronco e de

ambos os membros inferiores. Quanto ao grau, a lesão pode ser denominada completa,

determinando ausência de resposta sensitiva ou motora abaixo do nível da lesão, ou incompleta,

nas situações em que é observada preservação parcial das fibras sensitivas ou motoras

(MAYNARD et al., 1997; JUVENAL, SARVODELLI, 2016; CREWE, KRAUSE, 2009).

Em relação aos graus da lesão existem as síndromes medulares, as quais são: Síndrome

centromedular, em que os membros superiores são mais afetados que os membros inferiores;

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Síndrome Brown-Séquard, a qual apenas um lado da medula é seccionado resultando em déficit

motor e proprioceptivo homolateral à lesão associado à perda da sensibilidade superficial

contralateral à lesão. Há também a síndrome medular anterior, cuja ocorre a perda motora e da

sensibilidade superficial com a manutenção da sensibilidade profunda (CEREZETI et al.,

2012).

Além destas síndromes, existem também a síndrome medular transversa e síndrome do cone

medular. A primeira ocorre quando a lesão se situa acima do cone medular, com perda motora

(paralisia espástica) e sensitiva completa (anestesia superficial e profunda). Já a segunda ocorre

quando a lesão ocorre na medula sacral e nas raízes lombares com perda motora (paralisia

flácida) e sensitiva dos dermátomos lombossacros correspondentes. Por fim existe a síndrome

da cauda equina, a qual acontece quando se lesiona as raízes lombossacras abaixo do cone

medular com perda motora (paralisia flácida) e sensitiva correspondentes às raízes lesionadas

(CEREZETI et al., 2012).

Por conseguinte, essa classificação é realizada com base no exame clínico e compreende um

processo com duas fases de determinação do nível de lesão neurológica e, em seguida, função

motora e sensorial. De acordo com American Spinal Injury Association (2017) o nível

neurológico representa o nível mais distal na medula cujas funções motoras e sensoriais estão

intactas. Assim sendo, o comprometimento motor e sensorial é observado e a gravidade da lesão

é classificada segundo as Normas Internacionais de Classificação Neurológica da Lesão da

Medula, desenvolvidas pela American Spinal Injury Association (BERLOWITZ,

WADSWORTH, ROSS, 2016).

Posteriormente, classifica-se o grau de deficiência através de uma escala constituída por cinco

níveis de gravidade decrescente, em que “A” confere uma lesão completa, “B” confere uma

lesão incompleta com preservação apenas da sensibilidade; “C” e “D” designam as lesões

incompletas com preservação parcial da sensibilidade e da mobilidade, e “E” utiliza-se nas

lesões medulares com funções sensitiva e motoras normais (BERLOWITZ, WADSWORTH,

ROSS, 2016).

Em complemento, alguns exames são realizados a fim de determinar o nível ósseo da lesão, tais

como a radiografia ântero-posterior e perfil da coluna. Outro exame disponível é a tomografia

computadorizada, a qual permite a melhor avaliação e classificação dessa lesão óssea, tornando-

se um exame de extrema importância na identificação das fraturas cervicais altas e nas fraturas

entre a região cervical e torácica (BRASIL, 2013). Para complementar, o exame de Ressonância

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15

Magnética (RM) não é comum na fase aguda de internação devido aos fatores como tempo,

acesso, não se adequando à demanda do paciente. É um exame utilizado para confirmar

diferenças entre os exames já citados anteriormente ou em suspeitas de instabilidade ligamentar

(BRASIL, 2013).

No que se diz a respeito das sequelas decorrentes da lesão medular, podem ocorrer alterações

motoras e sensitivas, conferindo a paralisia dos músculos associada ou não à alteração de

sensibilidade. As sequelas estão intimamente relacionadas ao nível e extensão de lesão, ou seja,

quanto mais alto o nível de lesão piores serão as sequelas (JUVENAL, SARVODELLI, 2016).

Com a diminuição ou abolição da sensibilidade e do controle motor abaixo da lesão promove

alterações no metabolismo, espasticidade, perda da função normal da bexiga e do intestino,

distúrbios da função sexual e do funcionamento do sistema nervoso simpático (JUVENAL,

SARVODELLI, 2016; HARVEY, 2016).

Diante de tais comprometimentos, o indivíduo torna-se dependente da cadeira para sua

locomoção, levando à inatividade. Assim, há a diminuição de força, massa muscular e o

aumento do percentual de gordura. E, em virtude da atrofia, há o aumento da intolerância à

glicose, diabetes tipo II, hiperlipidemia, osteoporose, síndrome metabólica e doenças

cardiovasculares, além de alterações da composição corporal. (TWEEDY et al., 2017;

BOUGENOT et al., 2003; TOLDRA et al., 2014; COURA et al., 2012 ;NETO, GENTIL, 2011).

Devido a modificação dos hábitos dessa população, surge diversas doenças do aparelho

cardiovascular e respiratório. Principalmente em indivíduos com lesão cervical os índices

tornam-se maiores quanto à inatividade e às alterações da aptidão cardiovascular comparado

àqueles com lesão em níveis mais baixos. Além disso, a presença da síndrome metabólica é

notória nessa população, apresentando uma incidência de 23% (TAWASHY et al., 2010;

JUVENAL, SARVODELLI, 2016; SILVA, BOTELHO, MELO, 2014).

Em sequência, outros distúrbios cardiovasculares podem ser observados, tais como a hipotensão

ortostática e trombose venosa profunda. A hipotensão ortostática pode complicar

significativamente e atrasar a reabilitação, principalmente em indivíduos com lesão cervical,

pois 58,9% dos pacientes apresentam tais sintomas durante a mobilização e a troca de decúbito.

E mais comumente a trombose venosa profunda (TVP), principalmente nas quatro primeiras

semanas após o evento de lesão na medula, é decorrente da hipercoagulabilidade sanguínea,

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16

alterações endoteliais e da estase venosa (TAWASHY et al., 2010; SOUSA et al., 2014;

BRASIL, 2013).

Na fase inicial da TVP, aproximadamente metade dos pacientes não desenvolvem os sintomas,

15% apresentam manifestações clínicas e 4% dos pacientes evoluem para embolia pulmonar.

Aproximadamente 80% ou mais em pacientes com lesões completas desenvolvem TVP,

apresentando uma incidência global de 13,6% entre os pacientes internados durante a fase

aguda, com uma incidência maior de 7-10 dias após a lesão (TAWASHY et al., 2010; SOUSA

et al., 2014; BRASIL, 2013).

Ainda, uma complicação muito frequente é a úlcera por pressão. Possui uma prevalência de 25-

40% dos casos, sendo mais frequente em pessoas com lesão completa. Acontece devido à

diminuição da mobilidade física, juntamente com a fricção e umidade excessiva nos tecidos.

Esses fatores resultam na má oxigenação dos tecidos localizados, geralmente, sob uma

proeminência óssea provocando a lesão na pele (COSTA, LOPES, 2003).

Quanto às comorbidades musculoesqueléticas, a osteoporose também é observada como uma

complicação crônica da lesão medular. É caracterizada pela grande parte da perda óssea ao

longo dos primeiros quatro a seis meses após a lesão, estabilizando-se entre o décimo segundo

e o décimo sexto mês, em que a densidade de massa óssea chega a dois terços da inicial, e um

terço da massa óssea é perdida ao longo dos primeiros três a quatro meses. A perda de massa

óssea leva à desestruturação óssea e ao aumento da fragilidade óssea, aumentando assim o risco

de fraturas. Estas por sua vez acontecem numa incidência de 1% a 7% dos casos, podendo-se

decorrer de trauma mínimo durante atividades da vida diária, exercícios de alongamento e

transferências (BRITO, BATTISTELLA, 2004).

Vale ressaltar que as contraturas também têm sido um problema comum após a lesão. Estudos

mostram que cerca de 66% da indivíduos com lesão medular evoluem com contraturas e 70%

de indivíduos tetraplégicos terão perda de movimento do ombro (HARVEY, 2016).

2.2.1 Comprometimentos no sistema respiratório

Além dos comprometimentos anteriores desencadeados pela lesão medular, pode surgir

desordens no sistema respiratório, as quais geram um impacto nos índices de mortalidade,

refletindo numa incidência de 36% a 83% no primeiro ano após a lesão (BERLOWITZ,

WADSWORTH, ROSS, 2016; VÁZQUEZ et al.,2013; MACEDO et al., 2017).

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17

As capacidades pulmonares, força muscular respiratória e eficácia da tosse são prejudicadas em

graus variados. Contudo, os determinantes mais importantes da extensão do comprometimento

respiratório são os padrões e o nível neurológico motor e sensorial (BERLOWITZ, TAMPLIN,

2013; BERLOWITZ, WADSWORTH, ROSS, 2016).

Após a instalação da lesão medular, origina-se um quadro de choque medular, sendo

caracterizado pela paralisia flácida dos músculos intercostais e abdominais, com marcado

movimento paradoxal abdominal e torácico junto à redução da capacidade vital por cerca de

60-40% do valor previsto na tetraplegia e de 10-20% na paraplegia (BERLOWITZ,

WADSWORTH, ROSS, 2016; BERLOWITZ, TAMPLIN, 2013). Isso, por sua vez leva à

redução da eficiência respiratória, das pressões respiratórias estáticas máximas e a redução dos

volumes pulmonares. Isso porque a destruição dos músculos da inspiração reduz a capacidade

vital, limita as respirações profundas e pode levar à dispneia com esforço ou até mesmo à

atelectasias (BERLOWITZ, TAMPLIN, 2013).

Associado às disfunções nos músculos inspiratórios, a paralisia dos músculos expiratórios

associada à redução subsequente do volume de reserva expiratório, resulta no aumento do

volume residual. Tal disfunção reflete em diminuição da eficácia da tosse e eliminação da

secreção, aumentando a resistência das vias aéreas à susceptibilidade e à persistência de

infecções do trato respiratório inferior, precipitando ou agravando quadros de insuficiência

respiratória (BERLOWITZ, TAMPLIN, 2013; BERALDO, COLMAN, 2010).

2.3 ASPECTOS TERAPÊUTICOS

A fisioterapia na fase de reabilitação centra-se em metas relacionadas a tarefas motoras, como

caminhar, empurrar uma cadeira de rodas, transferir e usar os membros superiores. A

reabilitação apresenta como propósito diminuir as incapacidades e prevenir, reduzir e/ou curar

as morbidades associadas. Assim, é importante que o lesado medular tenha uma abordagem

integral, que contribua para a melhora da funcionalidade, qualidade de vida, independência e

participação deste na sociedade. Os cuidados de reabilitação são iniciados o mais precocemente

possível e vão depender do quadro clínico e da fase de evolução da lesão (FARIA, 2006).

Vale ressaltar que a expectativa de vida dos lesados medulares tem se tornado semelhante à de

um indivíduo normal, com taxas de morbidades relacionadas às deficiências cada vez mais

baixas (FARIA, 2006). Isso porque muitos métodos de reabilitação têm sido propostos a fim de

otimizar a funcionalidade desses indivíduos, como por exemplo o treinamento assistivo, o qual

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18

contribui para recuperação física e funcional, além de proporcionar benefícios no treinamento

da marcha (MAGGIONI et al., 2017; HARVEY, 2016). Outros recursos, como a estimulação

elétrica funcional, têm sido eficazes na produção de força e resistência muscular, tornando-se

viável administrar a estimulação elétrica em combinação com alta resistência e esforço

voluntário máximo (HARVEY, 2016).

Como incremento no processo de reabilitação, a terapia aquática possibilita a movimentação

dos membros e a execução de habilidades motoras com maior liberdade, visto que há um alto

índice de hipomobilidade proveniente de encurtamentos contraturas e/ou tônus muscular.

Assim como a movimentação passiva, o auxílio de órteses tem sido amplamente utilizados para

tratar e prevenir contraturas (LI, KHOO, ADNAN, 2017; HARVEY, 2016).

No que se diz a respeito de programas voltados para a reabilitação pulmonar nesta população,

alguns autores evidenciam a utilização do Threshold. Este recurso promove o fortalecimento

da musculatura inspiratória, a Pimáx, a resistência muscular respiratória e a função pulmonar,

além de reduzir a sensação de dispneia e as complicações respiratórias (TAKAMI et al., 2012).

Outros estudos têm evidenciado a utilização do cicloergômetro de braço a fim de minimizar a

fadiga da musculatura respiratória, melhorar a capacidade aeróbia e outros benefícios para o

sistema respiratório, tais como a melhoria da eficácia pulmonar. Desta forma, atua como um

meio de incremento da musculatura respiratória, melhora a força, previne complicações

pulmonares e amplia o limite de ventilação ao exercício e consequentemente a melhora da

funcionalidade, inclusive na propulsão à cadeira de rodas (LINDBERG, 2012; JUVENAL,

SARVODELLI, 2016; WOELLNER et al., 2012).

2.4 ASPECTOS ESPORTIVOS

De acordo com Tweedy et al (2017), o exercício físico reduz o risco de doenças cardio

metabólicas, depressão, dor no ombro, além de melhorar a qualidade de vida e independência

funcional nos indivíduos com lesão medular. Somado a esses benefícios, a prática de atividade

física tem se mostrado crucial, não somente nos cuidados aos problemas provenientes a um

estilo de vida sedentário, como também na prevenção e reabilitação de disfunções pulmonares

de base ou adquiridas (LINDBERG, 2012).

Em vista disto, a American College of Sports Medicine recomenda ao indivíduo com lesão

medular a prática de exercícios cardiorrespiratórios por pelo menos cento e cinquenta minutos

semanais de atividade com intensidade moderada ou setenta e cinco minutos de atividades com

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alta intensidade, a fim de melhorar o sistema cardiorrespiratório. Assim como, também sugere

a realização de um treinamento de resistência de dois a três dias por semana, a fim de obter

melhor aptidão muscular (TWEEDY et al., 2017; FISHER, 2015).

Por esse viés, o treinamento aeróbio e o fortalecimento muscular promovem inúmeros

benefícios, principalmente aos indivíduos restritos a uma posição sentada. Tais benefícios

refletem numa maior força muscular e resistência à fadiga o que leva à maior independência

nas atividades de vida diária, diminuição da depressão e do isolamento social. Essa terapêutica

propicia o aumento no consumo máximo de oxigênio, induzindo a bradicardia e aumento da

capacidade física ao esforço. Ainda, influencia também no débito cardíaco, volume sistólico, e

aumento da capacidade respiratória, resultando em melhor distribuição de oxigênio para a

musculatura (WOELLNER et al., 2012; JACOBS, 2009; JACOBS et al 2002; NETO, GENTIL,

2011; STRAATEN et al., 2014).

Nesse cenário, os esportes adaptados foram desenvolvidos com o objetivo de promover a

inclusão dos indivíduos com lesão medular aos esportes coletivos. Dentre as modalidades

esportivas, o Rugby sobre cadeiras de rodas foi desenvolvido em 1977 na cidade de Winnipeg,

Canadá, com o intuito de proporcionar aos indivíduos com nível neurológico acima de T1 a

oportunidade da prática de esporte adaptado. Surgiu como modalidade de exibição nas

Paraolimpíadas em 1996, em Atlanta, e passou a ser integrado ao programa oficial dos jogos a

partir da edição de 2000, em Sidney (CAMPANA et al., 2011).

Esta modalidade paraolímpica destaca-se como o esporte adaptado de maior crescimento ao

longo dos anos. Atualmente, 24 países disputam as competições nacionais e internacionais

aprovadas pela Federação Internacional de Rugby em Cadeira de Rodas e existem mais 10

nações que praticam a modalidade em caráter de desenvolvimento (TADIELLO et al., 2017;

GORLA et al., 2012).

Dentre os participantes destacam-se os indivíduos com lesão medular em nível cervical, assim

como em casos de amputação em pelo menos três membros, sequelas de poliomielite, distrofia

muscular, paralisia cerebral, entre outros fatores que levam um quadro de tetraplegia. Cada

jogador possui uma classificação funcional de acordo com o Manual de Classificação da

Federação Internacional de Rugby em Cadeira de Rodas, variando de 0,5 até 3,5 pontos, e

quanto menor a classificação funcional maior é o comprometimento motor. A partida é

disputada em quatro períodos de oito minutos, com quatro atletas por equipe, podendo ser de

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ambos os sexos, com no máximo 8 pontos totais na soma da classificação funcional em quadra

(GORLA et al., 2012; CAMPOS et al, 2013)

Tal modalidade esportiva é considerada de um fator coadjuvante na reabilitação respiratória e

física, pois exige que o indivíduo carregue, passe e rebata a bola, toque a cadeira, mecanismos

que geram adaptações estruturais e metabólicas da musculatura de ombro e braço através da

sobrecarga do exercício, e simultaneamente treinando a resistência cardiorrespiratória.

Visto que o rugby torna-se um fator influenciador no ganho de força muscular de membro

superior e do tronco como também benefícios ventilatórios, viu-se a necessidade de

correlacionar a força muscular de membro superior com a função pulmonar e força muscular

respiratória em indivíduos praticantes de Rugby com lesão medular. Desse modo, foi realizado

o estudo intitulado como "Influência da força muscular de membro superior na função

respiratória e força da musculatura respiratória de indivíduos com lesão medular que praticam

Rugby sob cadeiras de rodas" o qual é apresentado na íntegra no próximo capítulo dessa

dissertação.

3 ARTIGO ORIGINAL

Influência da força muscular de membro superior na função pulmonar e força da

musculatura respiratória de indivíduos com lesão medular que praticam Rugby em

cadeiras de rodas

Influence of upper limb muscle strength in respiratory function of individuals with spinal cord

injury who practice wheelchair Rugby.

Daniela Ceciliotti Cantarela*, Lara Bronzon Perini*, Dalex Britto *, Vinicius Dias*, Claudio Andre

Barbosa de Lira **, Rodrigo Luiz Vancini ***, Roberta Ribeiro Barbosa Batista ***

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

*Discentes do curso de Fisioterapia da Escola Superior de Ciências da Santa Casa de Misericórdia de

Vitória (EMESCAM), Vitória/ES, **Pós-doutorando do centro de educação física e desportos da

universidade federal do espirito santo (UFES) e Docente do departamento de educação física e dança

da Universidade Federal de Goiás (UFG), ***Docente do departamento de Educação Física da

Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), **** Docente do curso de Fisioterapia da Escola

Superior de Ciências da Santa Casa de Misericórdia de Vitória (EMESCAM), Vitória/ES.

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21

Abstract

Introduction: The spinal cord injury is one

of the most disabling problems in

individuals, leading to numerous sequelae

in the respiratory system, reflecting lung

function and respiratory muscle strength.

Thus the practice of wheelchair rugby has

been shown to be beneficial to lessen such

damages through cardiorespiratory training

and upper limb muscle strength. Objective:

To evaluate the influence of upper limb's

muscle strength on the lung function of

individuals with spinal cord injury who

practice Wheelchair Rugby. Methodology:

The present study was approved by the

research ethics committee (CEP) of the

Superior School of Sciences of Santa Casa

de Misericórdia de Vitória. It is a case series

study with cross-sectional data collection.

The sample consisted of convenience

through the wheelchair rugby team of

Espirito Santo state, in which 11 individuals

accepted to participate in this study. Data

collection was performed in the strength

and physical conditioning laboratory of the

Federal University of Espirito Santo, where

respiratory and muscle strength tests were

performed. The descriptive analysis of the

data through tables with means, frequencies

and standard deviation and inferential

analysis was done through the Wilcoxon

nonparametric test. Results and Discussion

/ Conclusion. The sample consisted of

males with a mean age of 33.09 years and a

time of adapted sports practice much lower

than wheelchair time. The results showed

that the means of the spirometric variables

were lower than the predicted values, and a

relation between inspiratory muscle

strength and upper limb muscle strength can

also be observed, although no relation with

forced vital capacity was observed.

Key words: Lung, athlete, injury, spinal

cord, muscle strength, functionality,

dynamometer, epidemiology, rugby,

wheelchair.

Resumo

Introdução: A lesão medular é um dos

problemas que mais causam incapacidades

aos indivíduos, o que leva à inúmeras

sequelas no sistema respiratório refletindo

na função pulmonar e força muscular

respiratória. Desse modo a prática de rugby

em cadeira de rodas tem se mostrado

benéfica para amenizar tais prejuízos

através do treinamento cardiorrespiratório e

força muscular de membros superiores.

Objetivo: Avaliar a influência da força

muscular de membro superior na função

pulmonar de indivíduos com lesão medular

que praticam Rugby em cadeira de rodas.

Metodologia: O presente estudo foi

aprovado pelo comitê de ética em pesquisa

(CEP) da Escola Superior de Ciências da

Santa Casa de Misericórdia de Vitória.

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22

Trata-se de um estudo de série de casos com

coleta de dados transversal. A amostra foi

composta por conveniência através do time

de rugby em cadeira de rodas do estado do

Espirito Santo, no qual 11 indivíduos

aceitaram participar deste estudo. A coleta

de dados ocorreu no laboratório de força e

condionamento físico da Universidade

Federal do Espirito Santo, em que foram

realizadas as avaliações respiratórias e de

forças muscular de membro superior. A

análise descritiva dos dados através de

tabelas com médias, frequências e desvio

padrão e análise inferencial se deu através

do teste não paramétrico Wilcoxon.

Resultados e Discussão/Conclusão. A

amostra foi constituída por indivíduos do

sexo masculino com idade média de 33,09

anos e um tempo de de prática de esporte

adapto muito inferior ao tempo de cadeira

de rodas. Os resultados evidenciaram que as

médias das variáveis espirométricas foram

inferiores aos valores preditos, e também

pode-se observar uma relação entre a força

muscular inspiratória com a força muscular

de membro superior, embora não tenha

observado relação com a capacidade vital

forçada.

Palavras chave: Pulmão, atleta, lesão,

medula espinhal, força muscular,

funcionalidade, dinamômetro,

epidemiologia, rugby, cadeira de rodas.

Introdução

A lesão da medula espinhal é um dos problemas de saúde pública que mais gera incapacidades

ao indivíduo. Além de promover déficits motores, sensoriais e autonômicos, promove prejuízos

no sistema respiratório como tosse ineficaz, redução dos volumes e capacidades e fraqueza

muscular respiratória, refletindo na função pulmonar e posteriormente levando à uma

insuficiência respiratória, a qual representa uma das principais morbidades e mortalidade em

indivíduos com lesão medular [1, 2, 3].

Estes comprometimentos possuem correlação direta com o nível, integridade e tempo de lesão,

isso porquê as lesões em níveis altos resultam em maior desnervação dos músculos expiratórios

e inspiratórios, o que remete à piora nas capacidades inspiratória, expiratória e volumes de

reserva expiratório [1]. Paralelo a esses déficits, pode ocorrer a diminuição do volume

expiratório forçado no primeiro segundo (VEF1) e da capacidade vital forçada (CVF),

caracterizando um distúrbio restritivo. [4, 5, 6].

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23

Nesse contexto a fraqueza muscular e paralisia resultam em uma predisposição à um estilo de

vida sedentário, limitando a participação nas atividades diárias, programas de exercícios e

esportes, favorecendo o desenvolvimento de doenças do aparelho cardiovascular e respiratório.

[7, 8, 9, 10]

Mediante tais alterações respiratórias e seu agravamento devido à vida sedentária, a

participação em atividades físicas e desportivas tem sido incentivada como um meio de

promoção de saúde para esta população. Nesse contexto, a inclusão destes indivíduos em

atividades sociais e recreativas torna-se parte essencial de um plano de reabilitação a longo

prazo. [5]

Para isso, algumas atividades tem sido implementadas durante e após a reabilitação, a fim de

melhorar a força muscular, aptidão aeróbia, bem-estar psicológico, funcionamento físico e

principalmente a melhora da função respiratória. [4, 6, 11] E como um meio de inclusão de

indivíduos tetraplégicos em esportes coletivos, o Rugby sob cadeiras de rodas foi desenvolvido

para atender a essa população, sendo fundamental em programas de reabilitação para tal. [12, 13]

Esta modalidade esportiva na qual enfatiza os exercícios de membros superiores, os quais tem

sido importante para treinamento da resistência cardiovascular e nas disfunções pulmonares.

Principalmente nos indivíduos que possuem os grupos musculares nos ombros e músculos

peitorais preservados têm maior contribuição para a respiração [14].

Contudo, existem poucos estudos que identifiquem a função pulmonar de indivíduos que

praticam rugby, inclusive a respeito da correlacão com a força muscular de membro superior.

Portanto, diante do exposto tem-se como pergunta do presente estudo “Qual a influência da

força muscular de membro superior na função pulmonar e força muscular respiratória de

indivíduos que praticam Rugby sob cadeira de rodas"?

Métodos

O presente estudo foi aprovado pelo comitê de ética em pesquisa (CEP) da Escola Superior de

Ciências da Santa Casa de Misericórdia de Vitória, cadastrado com o número

70142517.1.0000.5065 caracteriza-se por um estudo de série de casos com coleta de dados

transversal. Foram incluídos na pesquisa indivíduos com diagnóstico confirmado de lesão

medular incompleta com nível acima de C8, com tempo de prática esportiva com o mínimo de

4 meses e que aceitaram assinar o termo de consentimento livre e esclarecido, sendo excluídos

os indivíduos submetidos à intervenção cirúrgica, internação ou intercorrência

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cardiorrespiratória nos últimos 3 meses ou durante o período da pesquisa, tabagistas e

indivíduos com doença pulmonar associada e/ou traqueostomizados.

A amostra foi composta por conveniência através do time de Rugby em cadeira de rodas do

estado do Espirito Santo, no qual apresentava 15 indivíduos com lesão medular alta. Deste total,

11 indivíduos aceitaram a participar desta presente pesquisa. Dessa forma, os dados foram

coletados no laboratório de força e condicionamento físico (LAFEC) da Universidade Federal

do espirito Santo (UFES).

Primeiramente foram coletados dados referentes ao perfil dos atletas através de uma ficha,

elaborada pelas autoras, contendo dados como idade, sexo, raça, presença de doença pulmonar

de base, sintomas respiratórios, envergadura, diagnóstico clínico, tempo de cadeira de rodas e

tempo da prática de esporte adaptado. Em seguida foi realizada a avaliação da função pulmonar

e da força muscular respiratória. Dentre o total de participantes apenas 8 indivíduos foram

submetidos à avaliação isocinética devido à limitações apresentadas por 4 atletas, tais como

hipotenção ortostática, contraturas de membros superiores e espasticidade.

Para avaliação dos volumes e capacidades foi utilizado a espirometria, com um espirômetro da

marca Spirolab, devidamente calibrado. As variáveis estudadas foram a capacidade vital

forçada (CVF), o volume expiratório forçado no primeiro segundo (VEF1), bem como a relação

VEF1/CVF. Para obtenção dos valores previstos, foi utilizada a equação de Crapo et al.

(DUARTE; PEREIRA; RODRIGUES, 2007). Já a mensuração da força da musculatura

respiratória foi utilizado um manovacuômetro da marca Comercial Médica, devidamente

calibrado, a fim de obter os valores da pressão inspiratória máxima (PiMax) e pressão

expiratória máxima (PeMax).

Para a avaliação da Força Muscular dos membros superiores foi utilizado o dinamômetro

isocinético (Biodex System 4, Biodex Medical Systems, USA) para a mensuração dos

parâmetros de torque da musculatura flexora e extensora de cotovelo, rotadores internos e

externos de ombro, em 3 velocidades angulares distintas. Os atletas foram posicionados

sentados na cadeira do dinamômetro de acordo com as especificações do fabricante, sendo

fixados por meio de faixas no tronco, cintura e membro superior avaliado. O eixo de rotação do

dinamômetro foi alinhado visualmente ao eixo de rotação da articulação do ombro.

Foi realizada uma análise descritiva dos dados referentes à caracterização da amostra e os dados

do dinamômetro isocinético através de resumos de dados com tabelas de frequência, média e

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25

desvio padrão. A análise inferencial se deu através do teste não paramétrico de Wilcoxon para

comparação das variáveis respiratórias pareadas. A normalidade da amostra se deu através do

teste de Kolgomorov Smirnov, adotando p<0,05 e intervalo de confiança de 95%.

Resultados

A amostra foi composta por 11 (onze) participantes do sexo masculino, com idade média de

33,09 ± 6,61. A tabela 1 demonstra o perfil dos indivíduos avaliados, na qual pode-se observar

que houve uma predominância de indivíduos que se autodeclararam pardos e com renda mensal

bruta entre 1,5 à 3 salários. Em relação ao nível e extensão de lesão houve uma prevalência de

indivíduos com lesão incompleta nos níveis entre C6-C7.

Quanto ao tempo de cadeira de rodas e tempo de prática de esporte adaptado, pode-se observar

que não houve uma procura imediata da maior parte dos participantes à uma prática esportiva.

Na tabela 2 encontram-se os valores preditos e realizados das variáveis da espirométricas e de força

muscular respiratória. Observou-se que as médias das variáveis CVF, VEF1, Pimáx e PeMax foram

inferiores às médias preditas, com diferença estatisticamente significante. Ainda, verificou-se que a

relação VEF1/CVF demonstrou-se aumentada e que a melhor média foi referente à variável PiMax.

Variáveis Resultado (n=11)

Idade 33,09 ± 6,61

Estatura 169,82 ± 8,33

Raça

Branco

Negro

Pardo

-

3 (27,7%)

2 (18,18%)

6 (54,12%)

Renda

<1,5

1,5 – 3

>3

-

3 (27,27%)

7 (63,63%)

1 (9,09%)

Local de Moradia

Serra

Cariacica

Vitória

-

3 (27,27%)

2 (18,18%)

5 (45,45%)

Nível de Lesão

C4-C5

C6-C7

-

2 (18,18%)

9 (81,82%)

Extensão de lesão

Lesão completa

Lesão incompleta

-

2 (18,18%)

9 (81,82%)

Tempo de cadeira de rodas (meses) 128,36 ± 58,89

Tempo da prática de esporte adaptado (meses) 42,18 ± 31,02

Tabela 1. Caracterização da amostra desde estudo.

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26

Na tabela 3 demonstra os valores gerais de força muscular de membro superior através das

articulações de ombro e cotovelo em 3 velocidades angulares diferentes. Dentre o total de

participantes, apenas 8 deles realizaram o teste do dinamômetro isocinético devido às limitações

individuais apresentadas, tais como espasticidade, contraturas de membros superiores e

hipotensão ortostática. Foram descritas as principais variáveis estudadas através do isocinético,

tais como pico de torque absoluto e relativo, trabalho total absoluto e relativo. Ainda, vale

ressaltar que os todos os dados de pico de torque e trabalho total desta presente pesquisa foram

expostos através das médias dos lados dominantes e não dominantes da amostra, não

considerando os desequilíbrios de força muscular apresentados pelos membros. Dessa forma,

foi observado que as maiores médias das variáveis de pico de torque e trabalho total foram

referentes à articulação de ombro numa velocidade de 240 graus/segundo.

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27

A tabela 4 apresenta os dados espirométricos e isocinéticos da articulação de ombro à uma

velocidade de 60 graus/segundo. Nesta pode-se observar que os indivíduos (05 e 07) com maior

Pimáx apresentaram maior pico de torque e trabalho total, e que o indivíduo 03 que apresentou

menor pico de torque e menor trabalho obteve a menor capacidade vital forçada (2,23 litros).

A tabela 5 demonstrou os dados espirométricos e isocinéticos referentes à articulação de ombro

à uma velocidade de 240 graus/segundo. Visualizou-se que os indivíduos com maior Pimáx (05

e 07) obtiveram maior pico de torque absoluto e trabalho total. Ainda, não foi observado

associação da função pulmonar com essas médias de pico de torque e trabalho total

apresentadas, uma vez que podemos observar que o indivíduo que apresentou maior CVF e

VEF1 (indivíduo 02) demonstrou o menor pico de torque e que o segundo maior valor de CVF

e VEF1 (indivíduo 08) obteve o pior trabalho total.

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28

A tabela 6 apresenta os dados espirométricos e isocinéticos referentes à articulação de cotovelo

à uma velocidade de 60 graus/segundo, na qual observou-se uma associação entre força

muscular inspiratória com a força muscular de cotovelo, pois nota-se que o indivíduo com maior

Pimáx (07) apresentou maior pico de torque e trabalho total, e o indivíduo com menor Pimax

(02) obteve menor pico de torque e trabalho total. Não foi observada associação das variáveis

de força desta articulação nesta velocidade com a função pulmonar.

A tabela 7 apresenta os dados espirométricos e isocinéticos da articulação de cotovelo à uma

velocidade de 120 graus/segundo, na qual observou-se que os indivíduos (05 e 07) com maior

Pimáx apresentaram maior pico de torque e trabalho total, e o indivíduo que apresentou pior

função pulmonar (01) demonstrou menores índices de força muscular.

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29

Discussão

O déficit de inervação abaixo da lesão da medula pode prejudicar a função respiratória. Os

indivíduos com lesão medular geralmente apresentam dificuldade ventilatória devido à

diminuição da complacência pulmonar e distorção tóraco-abdominal. Em consequência, os

volumes, capacidades e pressões respiratórias são alterados, levando à uma redução da pressão

expiratória máxima (PeMAX), Capacidade Vital foçada (CVF) e pressão inspiratória máxima

(PiMáx). [10]

Dessa forma, alguns estudos têm evidenciado que as variáveis CVF e VEF1 são inferiores aos

valores preditos dessa população. Ainda, a relação VEF1/CVF torna-se aumentada,

caracterizando-se um distúrbio restritivo. [10] Os mesmos achados literários corroboram com os

resultados referentes ás variáveis respiratórias desta presente pesquisa, na qual pode-se observar

que as médias das variáveis espirométricas e de força muscular respiratória foram inferiores aos

valores preditos, com a relação VEF1/CVF aumentada.

Além do comprometimento respiratório, indivíduos com lesão medular têm capacidade física

reduzida e aumento da inatividade devido às disfunções motoras dos membros inferiores e

superiores. Portando, programas de atividades físicas, principalmente aqueles que enfatizam os

exercícios dos membros superiores, têm sido um recurso importante, considerando-se um dos

objetivos a prevenção de disfunções pulmonares em pessoas com lesão medular. Pois certos

grupos musculares envolvidos no ombro, cintura escapular e músculos peitorais, além de

contribuírem para a função de membros superiores, também exercem influência na respiração.

[14]

Ainda, Moreno et al (2013) relata que a prática de rugby em cadeira de rodas promove melhoras

nos valores de CVF, VEF1. Pois tal modalidade esportiva envolve a flexibilidade, exercícios

de força, principalmente das musculaturas preservadas. Da mesma forma, sugere que os

músculos citados acima podem atuar como músculos acessórios da respiração por estarem

ligados à regiões extratorácicas, assim como a musculatura dos membros superiores, podendo

ajudar na expansão da caixa torácica.

A fim de avaliar a força muscular de membro superior, foi realizada a dinamometria isocinética,

a qual é considerada padrão ouro para avaliação do desempenho da musculatura esquelética,

devido à sua reprodutibilidade e confiabilidade. [14] Um estudo realizado por Tabecki et al

(2009), ao avaliar de força dos membros superiores de paratletas utilizando o isocinético,

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30

concluiu que o treino, além de aumentar a força muscular, promove resultados positivos na

resistência corporal dos atletas e na capacidade funcional.

Contudo devido às particularidades da natureza da amostra deste estudo, tais como

espasticidade, contraturas de membros superiores e hipotensão ortostática, apenas 8 indivíduos

realizaram a dinamometria isocinética, não sendo possível testar todas as articulações dos

membros superiores de forma homogênea. Em resultado, a amostra pôde ser agrupada de

acordo com as diferentes velocidades angulares testadas. Assim sendo, nesse estudo pode-se

observar que a articulação do ombro numa velocidade de 240 deg/sec obteve os melhores

resultados de pico de torque e trabalho total. Tais dados são favoráveis, visto que um estudo

realizado por Tadiello et al (2017) relata que em atletas de rugby faz-se necessário haver um

bom desempenho muscular do ombro a fim de prevenir lesões desse complexo articular e

promover um bom desempenho esportivo.

Considerando-se que o rugby em cadeira de rodas envolve o uso de musculaturas importantes,

sugere-se que a pratica dessa modalidade esportiva promove um impacto na função pulmonar

de pessoas com tetraplegia. Contudo, no que se refere aos volumes e capacidades pulmonares,

essa associação não pode ser observada neste estudo, em que o indivíduo (02) com maior CVF

e VEF1 apresentou o menor pico de torque, e o indivíduo (08) com segundo maior valor de

CVF e VEF1, obteve o pior trabalho total. Contudo pode-se observar que a força muscular de

membro superior obteve maior associação com a força muscular inspiratória.

Vale ressaltar que a articulação de cotovelo, bem como as musculaturas envolvidas, possuem

influência na função pulmonar. Este argumento corrobora com um estudo realizado por Vasco

e Franco (2017), no qual relata que em indivíduos com lesão medular a presença da fadiga de

membro superior limita o condicionamento cardiorrespiratório.

Quanto à articulação de cotovelo, os indivíduos com maior Pimáx apresentaram maior pico de

torque e trabalho total, e o indivíduo com menor Pimáx obteve menor pico de torque e trabalho

total, o que leva à possível relação de que os valores isocinéticos exercem influência positiva

para melhores valores de Pimáx. Ainda, os valores de CVF encontrados mostraram uma

correlação com proporção inversa.

Uma hipótese para tais achados, se dá pela razão da maior parte da amostra deste estudo

apresentar um menor tempo de prática esportiva em contraste com um grande tempo do uso da

cadeira de rodas, ou seja, sugere-se que não houve uma procura imediata pela prática esportiva

logo após o trauma. Sendo assim, o tempo de treino não foi suficiente para que os volumes e

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capacidades pulmonares estivessem condizentes com a força muscular de membro superior ou

até mesmo por não haver acesso à recursos complementares para a reabilitação

cardiorrespiratória, como por exemplo o treinamento com ciclo ergômetro de braço.

Sendo assim, o processo de recuperação das funções vitais do indivíduo no momento agudo

pós-trauma é considerado um dos motivos pela inclusão tardia ao esporte adaptado. No segundo

momento, os aspectos psicológicos, emocionais e financeiros podem ser fatores influenciadores

para tal desfecho, conforme um estudo realizado por Vasco e Franco (2017), o qual afirma esta

segunda hipótese.

Limitações do estudo

O estudo realizado apresentou limitações importantes quanto à sua amostra. Dentre estas, as

características individuais da amostra limitaram à realização das avaliações, assim como foram

encontradas dificuldades para o deslocamento até o local de avaliação. Outro fator limitante foi

o número pequeno de participantes do estudo, impossibilitando fazer inferências sobre os

resultados. Diante disso, sugere-se a realização de futuros estudos para sanar tais limitações,

como a avaliação de um grupo controle com o objetivo de verificar a influência da prática

esportiva nos valores espirométricos. É necessária a realização de mais estudos com protocolos

de tratamentos voltados à população praticante de esporte adaptado, por meio de outros recursos

que complementem e deem suporte para o condicionamento cardiorrespiratório e dessa forma

vir a apresentar melhor função pulmonar.

Conclusão

A força muscular de membro superior favorece a mecânica respiratória, na qual se relaciona

positivamente à melhora da força muscular inspiratória (PiMax), embora os valores

espirométricos não demonstraram correlação com os valores isocinéticos. Portanto, espera-se

com esse estudo que haja um maior investimento no fortalecimento da musculatura respiratória

e de membros superiores para melhorar o desempenho esportivo e prevenir ou diminuir as

complicações pulmonares. E que o esporte adaptado seja parte inclusiva em programas de

reabilitação dessa população, sendo um recurso complementar do processo de reabilitação.

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4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Acredita-se que as considerações apresentadas na presente pesquisa possibilitem o surgimento

de outros futuros estudos que possam abordar cada vez mais a importância da prática de

atividade esportiva em indivíduos cadeirantes em associação aos recursos fisioterapêuticos, e

dessa forma possibilitar diversos benefícios à saúde, qualidade de vida e no desempenho

esportivo desses indivíduos. Além disso, espera-se com os achados teóricos desta presente

pesquisa expanda o conhecimento na linha de investigação sobre a prática esportiva do rugby

na força muscular respiratória, volumes e capacidades pulmonares e as correlações com a força

de membro superior.

No que se refere às limitações do estudo, um ponto importante foi o número amostral pequeno,

cujo os resultados não puderam ser generalizados para toda a população cadeirante, tornando-

se necessários novos estudos. Outros fatores interferiram no estudo, a começar pelas avaliações,

as quais foram realizadas noutro local dificultando a adesão dos atletas.

Além disso, no primeiro momento foi proposto um ensaio clínico de série de casos, no qual

seria realizado a aplicação de um protocolo de treinamento com ciclo ergômetro de braço e

resistência de membro superior, a fim de verificar os benefícios na função respiratória. Contudo

durante a aplicação do protocolo houveram alguns fatores de interferência, tais como: a

assiduidade dos atletas, devido à dificuldade da pontualidade do transporte “Mão na Roda”,

consultas médicas paralelas, dificuldades de organização no trabalho de alguns, a logística de

aplicação do protocolo e a realização de outras atividades físicas associadas, tais como a

musculação.

Diante de tais dificuldades e das diversas interferências que foram prejudiciais para a

continuidade e a real comprovação dos resultados do protocolo na saúde e funcionalidade

desses atletas, foi realizado um estudo descritivo com coleta de dados transversal. O que é de

grande relevância no âmbito científico diante da diversidade de dados obtidos nas avaliações e

nas possíveis abordagens de tais parâmetros.

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39

WEST, C. R; TOLFREY, G.V. L; CAMPBELL, I. G; ROMER, L. M. Effect of abdominal

binding on respiratory mechanics during exercise in athletes with cervical spinal cord injury.

Journal of Applied Physiology, v. 117, n.1, p.36-45. 2014

WOELLNER, S.S; SOARES, A.V; ENGEL, A.M; LENZ, P.G; ZIMMERMANN, B. Aerobic

training on adapted cycle ergometer for paraplegic patients by spinal cord injury. Revista

Brasileira de Fisiologia do Exercício, v.11, n.1, p.30-41, jan/mar. 2012

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APÊNDICE A - Carta de Anuência

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APÊNDICE B - Termo De Consentimento Livre e Esclarecido

Você está sendo convidado (a) para participar de uma pesquisa, como voluntário. Após ser esclarecido (a) sobre

as informações a seguir, no caso de aceitar fazer parte do estudo, rubrique a primeira página e assine ao final do

documento (no verso), que está em duas vias. Uma via é sua e a outra é do pesquisador responsável. Em caso de

recusa você não será prejudicado (a) de forma alguma. Em caso de dúvida você pode procurar a pesquisadora

responsável Roberta Ribeiro Batista Barbosa na Coordenação de Fisioterapia da Escola Superior de Ciências da

Santa Casa de Misericórida de Vitória (EMESCAM), situado à Av. N. S. da Penha, 2190, Santa Luiza - Vitória -

ES - 29045-402 – telefone: (27) 3334-3577, ou ainda por email: [email protected] - telefone: (27)

99316-3919. Você poderá também entrar em contato com o Comitê de Ética em Pesquisa da EMESCAM que

avaliou este trabalho, situado na Av. N. S. da Penha, 2190, Santa Luiza - Vitória - ES - 29045-402, no seguinte

telefone: (27) 33343586; ou ainda por e-mail: [email protected]

INFORMAÇÕES SOBRE A PESQUISA:

Título do projeto de pesquisa: Funcionalidade, desempenho esportivo, força muscular e volumes e capacidades

pulmonares de indivíduos praticantes de rugby em cadeiras de rodas submetidos a protocolo de treinamento de

resistência muscular de membros superiores

Pesquisador principal: Profª Roberta Ribeiro Batista Barbosa.

Objetivo da pesquisa: Avaliar os benefícios do treinamento muscular de membros superiores na funcionalidade,

força muscular, desempenho esportivo e volumes e capacidades de indivíduos com lesão medular praticantes de

rugby em cadeira de rodas.

Procedimentos da pesquisa: Será aplicado uma ficha com o objetivo de coletar os seus dados sócio demográficos

e clínicos. Em seguida iniciaremos o protocolo de treinamento constituido pela realização do cicloergometro de

braço por 30 minutos e em seguida a realização do treinamento muscular de membros superiores por 15

minutos, havendo um intervalo de 5 minutos entre estas duas etapas. O indivíduo será avaliado antes e após o

término do protocolo de treinamento. Todas as atividades serão realizadas com o máximo de segurança respeitando

as suas limitações e visando seu bem-estar.

Riscos e desconfortos: Com o decorrer do treinamento o paciente pode apresentar cansaço moderado, fadiga

muscular com intensidade leve à moderada devido ao tempo de duração dos exercícios.

Benefícios: Melhora da função pulmonar, dos sintomas respiratórios, e do desempenho esportivo, assim como a

redução do número de intercorrências hospitalares por problemas pulmonares.

Custo / Reembolso para o paciente: sem custos ou reembolso.

Confidencialidade da pesquisa: garantimos sigilo que assegure a privacidade do participante quanto aos dados

confidenciais, divulgando somente os dados diretamente relacionados aos objetivos da pesquisa.

Assinatura do pesquisador colaborador: ___________________________________________

CONSENTIMENTO DE PARTICIPAÇÃO:

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Eu, ____________________________________, RG nº:_________________/ CPF nº:___________________,

abaixo assinado, autorizo a participação no estudo referido. Fui devidamente informado e esclarecido pelos

pesquisadores sobre a pesquisa, os procedimentos nela envolvidos, assim como os possíveis riscos e benefícios

decorrentes da participação. Foi-me garantido que posso retirar meu consentimento a qualquer momento, sem que

isto leve a qualquer prejuízo.

Vitória, ____ de ______________ de_____

Nome do paciente: _____________________________________________________

Assinatura do paciente: __________________________________________________

Presenciamos a solicitação de consentimento, esclarecimentos sobre a pesquisa e aceite do sujeito em participar:

TESTEMUNHAS (não ligadas à equipe de pesquisadores):

Nome: _________________________________ Assinatura: ______________

Nome: _________________________________ Assinatura: ______________

Assinatura do pesquisador colaborador: ___________________________________________

Você poderá também entrar em contato com o Comitê de Ética em Pesquisa da EMESCAM, que avaliou

este trabalho no seguinte telefone: (27) 3334 3586; ou ainda por e-mail: [email protected]

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APÊNDICE C - Ficha de avaliação do perfil dos atletas

DATA: ___ / ___ / ___ NÚMERO DE IDENTIFICAÇÃO: ______

IDADE: ______________

SEXO: ______________

RAÇA: ______________

ESCOLARIDADE: ______________

LOCAL DE MORADIA: __________________________________________________

RENDA: _________________

ENVERGADURA: ______________

ALTURA: ______________

DIAGNÓSTICO NEUROLÓGICO CLÍNICO: ____________________________

REALIZOU ALGUM PROCESSO CIRÚRGICO NOS ÚLTIMOS 3 ANOS?

( ) SIM ( ) NÃO QUAL:________________________________________

APRESENTOU ALGUM TIPO DE LESÃO NOS ÚLTIMOS 6 MESES?

( ) SIM ( ) NÃO

FAZ USO DE ALGUM MEDICAMENTO? ( ) SIM ( ) NÃO QUAL: __________

TEMPO DE CADEIRA DE RODAS (MESES): ______________

TEMPO DE PRÁTICA DE ESPORTE ADAPTADO (MESES): ______________

PARTICIPA DE COMPETIÇÕES: ( ) SIM ( ) NÃO

PERÍODO DE TREINO: _______________

VOLUME DE TREINO: _____________

FREQUÊNCIA SEMANAL DE TREINO: _______________

DOENÇA PULMONAR DE BASE: ( ) SIM ( ) NÃO. QUAL OU QUAIS:

_______________________________________________________________

SINTOMAS RESPIRATÓRIOS: ( ) SIM ( ) NÃO. QUAL OU QUAIS:

_______________________________________________________________

OS SINTOMAS RESPIRATÓRIO OCORREM DURANTE A PRÁTICA ESPORTIVA?

( ) SIM ( ) NÃO

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APÊNDICE D - Avaliação pulmonar

DATA: ___ / ___ / ___ NÚMERO DE IDENTIFICAÇÃO DO ATLETA: ______

ESPIROMETRIA:

Capacidade Vital forçada: ______________;

Volume expiratório forçado no primeiro segundo (VEF1): ________________;

Relação VEF1/ CVF:

MANOVACUOMETRIA:

Pimáx: ______________;

Pemáx: _____________;

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APÊNDICE E - Avaliação de Força Muscular de Membro superior

N° de identificação do atleta:

Data:

Articulação:

Movimento:

Velocidade angular:

Número de repetições:

Variáveis

Movimento 1:

Movimento 2:

Direito Esquerdo Direito Esquerdo

Pico de Torque Relativo (N-M)

Pico de Torque Absoluto (%)

Trabalho Total Relativo (J)

Trabalho Total Absoluto (%)

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ANEXO A - Capa da Revista Fisioterapia Brasil

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ANEXO B - Normas da Revista Fisioterapia Brasil