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FUNDAÇÃO OSWALDO ARANHA CENTRO UNIVERSITÁRIO DE VOLTA REDONDA PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO MESTRADO PROFISSIONAL EM ENSINO EM CIÊNCIAS DA SAÚDE E DO MEIO AMBIENTE DANIEL FERREIRA JORDÃO CARTILHA DIGITAL SOBRE O USO RESPONSÁVEL DAS REDES SOCIAIS VOLTA REDONDA 2015

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FUNDAÇÃO OSWALDO ARANHA CENTRO UNIVERSITÁRIO DE VOLTA REDONDA

PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO MESTRADO PROFISSIONAL EM ENSINO EM CIÊNCIAS DA SAÚDE

E DO MEIO AMBIENTE

DANIEL FERREIRA JORDÃO

CARTILHA DIGITAL SOBRE O USO RESPONSÁVEL DAS REDES SOCIAIS

VOLTA REDONDA 2015

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FUNDAÇÃO OSWALDO ARANHA CENTRO UNIVERSITÁRIO DE VOLTA REDONDA

PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO MESTRADO PROFISSIONAL EM ENSINO EM CIÊNCIAS DA SAÚDE

E DO MEIO AMBIENTE

CARTILHA DIGITAL SOBRE O USO RESPONSÁVEL DAS REDES SOCIAIS

Dissertação apresentada ao Programa de

Mestrado Profissional em Ensino em

Ciências da Saúde e do Meio Ambiente

do UniFOA como parte dos requisitos

para a obtenção do título de Mestre.

Orientando: Daniel Ferreira Jordão.

Orientador: Prof. Dr. Adilson Pereira.

VOLTA REDONDA 2015

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FICHA CATALOGRÁFICA

Bibliotecária: Alice Tacão Wagner - CRB 7/RJ 4316

J69c Jordão, Daniel Ferreira. Cartilha digital e o uso responsáveis das redes sociais. / Daniel

Ferreira Jordão. - Volta Redonda: UniFOA, 2015.

116 p. Orientador(a): Adilson Pereira Dissertação (Mestrado) – UniFOA / Mestrado Profissional em Ensino

em Ciências da Saúde e do Meio Ambiente, 2015.

1. Ecologia humana – dissertação. 2. Redes sociais. 3. Cartilha digital. I. Pereira, Adilson. II. Centro Universitário de Volta Redonda. III. Título.

CDD – 304.2

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DEDICATÓRIA

Dedico o presente trabalho à minha

esposa, aоs meus pais, irmãos е toda

minha família que, nãо mediram esforços

para qυе еυ chegasse até a conclusão

desta etapa em minha vida. Ao amigo

Marcelo dos Santos Haddad, por

caminhar comigo nessa árdua, porém

gratificante tarefa acadêmica e não

titubear em transmitir seus vastos

conhecimentos jurídicos à favor de meu

aprendizado. Ao Professor e Orientador

Adilson Pereira, pelo incentivo e paciência

nas orientações que foram fundamentais

para o desfecho da presente dissertação.

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AGRADECIMENTOS

Ao Grande Arquiteto do Universo pelo

dom da vida e sabedoria.

Agradeço à minha esposa Monique e aos

meus pais, Ivan e Neuza, pelo apoio

incondicional dado durante essa jornada.

Agradeço ainda ao meu orientador,

Professor Adilson Pereira, pela dedicação

e entusiasmo de sua orientação,

contribuindo, sobremaneira, para a

conclusão do presente trabalho.

A todas as outras pessoas que direta ou

indiretamente colaboraram para a

elaboração deste trabalho.

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RESUMO

O ser humano é um ser social por natureza, que necessita dos demais para se

realizar e desenvolver sua vida em sociedade. Hoje, a máxima representação desta

sociabilidade se encontra no crescimento das redes sociais. A mudança na

sociedade relacionada à tecnologia relaciona-se com a tese do desenvolvimento

sustentável, ou seja, qualquer mudança tecnológica tem que ser feita de forma

sustentável. Está em jogo a ecologia humana, entendida como o estudo da relação

entre o homem e o seu ambiente, seja ele físico, social e cultural, a partir do conceito

de sustentabilidade. Pela própria natureza e essência dos serviços das redes

sociais, não podemos esquecer que nos encontramos em contato contínuo com

plataformas que permitem relações de intercâmbio dos mais variados tipos e formas

de informação e, precisamente por isso, estas comunidades podem representar em

si mesmas uma ameaça e um risco para seus usuários. Uma das funções do direito,

entendido como conjunto de normas que regulam a sociedade, é regular as relações

através de normas que defendem os valores instituídos em nossa Constituição e

outro auxiliar atingir de forma preventiva, pedagógica e informativa os usuários das

redes sociais, para que haja equilíbrio social. Assim, o produto proposto, como

consequencia das reflexões delineadas, é uma cartilha, atendendo ao objetivo

pedagógico inerente ao problema de natureza social que levantamos, isto é, o uso

responsável das redes sociais como elemento de auxílio ao equilíbrio das relações

sociais e minimizacao de conflitos.

Palavras-chave: meio ambiente; ecologia; redes sociais.

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ABSTRACT

We know that the human being is a social being by nature, it needs the other to

perform and develop their life in society. Today, the maximum representation of this

sociability is the growth of social networks. The change in technology-related

company relates to the theory of sustainable development, that is, any technological

change has to be done in a sustainable way. At stake is the human ecology,

understood as the study of the relationship between man and his environment, be it

physical, social and cultural, within the concept of sustainability. By the very nature

and essence of the social networking services, do not forget that we are before

contact platforms and exchange of information, and for this very reason, these

communities are in themselves a threat and a risk to its users. One of the functions of

law, understood as a set of rules governing the society is to regulate relations

through rules that defend the values established in our Constitution and other help

achieve preventively, educational and informative users of social networks, so there

social balance. Thus, the proposed product, as a consequence of reflections outlined

is a primer, given the pedagóco goal inherent in the problem of social nature that

raise, that is, the responsible use of social networks as aid element to balance of

social relations and minimizing conflicts.

Key words: environment; ecology; social networks.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................. 9

2 ECOLOGIA ................................................................................................ 11

2.1 Ambiente e Ecologia ................................................................................ 11

2.1.1 Refletindo o conceito de ambiente ............................................................. 11

2.1.2 O problema da Sustentabilidade ................................................................ 15

2.2 Refletindo sobre o conceito da Ecologia ............................................... 17

2.3 Ecologia Humana ..................................................................................... 20

2.3.1 Conteúdos da Ecologia Humana ................................................................ 21

2.3.2 O Ecossistema Humano ............................................................................. 22

2.3.2.1 O Meio Geográfico ..................................................................................... 22

2.3.2.2 O Meio Biológico ........................................................................................ 23

2.3.2.3 O Meio Cultural ........................................................................................... 23

2.3.3 Os Sistemas da Ecologia Humana ............................................................. 25

3 ECOLOGIA HUMANA: REFLETINDO A INTERAÇÃO SOCIAL .............. 27

3.1 O Espaço Pessoal: Dimensões Psicológica, Social e Cultural ............ 30

3.1.1 A Dimensão Psicológica ............................................................................. 30

3.1.2 A Dimensão Social ..................................................................................... 31

3.1.3 A Dimensão Cultural ................................................................................... 32

3.2 As Redes Sociais ...................................................................................... 33

3.2.1 Definição e Histórico das redes sociais ...................................................... 35

4 O DIREITO E O UNIVERSO DAS REDES SOCIAIS ................................. 39

4.1 Direitos potencialmente vulneráveis nas redes sociais ....................... 40

4.1.1 Direito a Honra ........................................................................................... 41

4.1.2 Direito à Intimidade Pessoal e Familiar ...................................................... 42

4.1.3 Direito à Própria Imagem ............................................................................ 42

4.1.4 Direito à Liberdade ..................................................................................... 43

4.1.5 Direito à Liberdade de Expressão .............................................................. 44

4.1.6 Direito à Propriedade Intelectual ................................................................ 45

4.1.7 Direito de Propriedade Industrial ................................................................ 46

4.1.8 Dados Privados Publicados e Vulneráveis nas Redes Sociais................... 47

4.1.8.1 Vida sexual, amorosa. ................................................................................ 47

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4.1.8.2 Entorno Familiar ......................................................................................... 48

4.1.8.3 Dados Privados Publicados Voluntariamente que Afetam o Usuário ......... 48

4.1.8.4 Dados Privados Publicados Voluntariamente que Provocam Riscos a

Terceiros..................................................................................................... 49

4.1.8.5 Entorno Laboral .......................................................................................... 49

4.1.8.6 Dados Privados de Personagens Públicos ................................................. 50

5 FUNDAMENTAÇÃO JURÍDICA DA PROTEÇÃO ..................................... 52

5.1 Direitos Fundamentais dos Menores ...................................................... 56

6 METODOLOGIA ........................................................................................ 59

7 FUNDAMENTOS UTILIZADOS NA ELABORAÇÃO DA CARTILHA ....... 62

7.1 Introdução ................................................................................................. 62

7.2 Delimitação ............................................................................................... 63

7.3 Objetivos ................................................................................................... 63

7.4 Caracterização do Público Alvo .............................................................. 64

7.5 Aspectos Pedagógicos ............................................................................ 69

7.6 Reflexão sobre os Elementos Teóricos para Determinar os Critérios de Elaboração da Cartilha ............................................................................. 81

7.6.1 Identidade Social Online ............................................................................. 83

7.6.2 Privacidade ................................................................................................. 86

7.6.3 A Rede tem Memória .................................................................................. 94

7.6.4 Segurança dos Jovens na Internet ............................................................. 96

7.6.5 Cyberbulliyng .............................................................................................. 98

8 APRESENTAÇÃO DO PRODUTO .......................................................... 101

REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 110

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1 INTRODUÇÃO

Os avanços tecnológicos no campo da comunicação sempre foram objeto de

estudo das ciências sociais, posto que as novas formas de relação social surgidas

sempre provocam uma transformação nos hábitos e costumes da sociedade. Já no

século XIX, a invenção do telégrafo e, posteriormente, do telefone implicaram uma

mudança nas relações pessoais e comerciais, que contavam com detratores e

partidários das mesmas. As preocupações em contrário assinalavam o isolamento

social e a falta de intimidade como alguns dos prejuízos destas inovações e as

opiniões a favor advogavam pelo aumento da interação e conexão entre as pessoas.

O uso das redes sociais transforma os estilos de vida, muda as práticas e,

também, cria novo vocabulário, entretanto, tudo isto se produz a um ritmo tão

acelerado, que gera confusão e desconhecimento da usabilidade e os direitos em

torno a sua atividade.

Uma das problemáticas que assinalam os defensores de um uso responsável

das redes sociais é que, através delas, estamos expostos. Nossos dados são

compartilhados e navegam pela rede e, ao mesmo tempo, informações de todo tipo

irrompe em nossos computadores sem que possamos discriminar seu conteúdo. Isto

é especialmente preocupante no caso dos jovens, cuja privacidade se vê

comprometida pelas práticas na rede.

Assim, as redes sociais se convertem em parte de sua aprendizagem social,

que se de um lado pode ser benéfico se for utilizado convenientemente, em muitos

casos cria modelos isolados da realidade, gerando comportamentos e atitudes que

suscitam problemas de autoestima e stress, entre eles estão os relacionados com o

cuidado da imagem, os protótipos de êxito ou a reputação digital.

Este tema surgiu de palestras e aulas ministradas na Faculdade de Direito do

Centro Universitário de Volta Redonda – UniFOA, a partir de questionamentos

elaborados por alunos, que demonstraram desconhecimento de alguns dos

problemas gerados pelo uso das redes sociais. Verificou-se em tais

questionamentos uma grande lacuna no tocante aos riscos gerados pelo uso das

redes sociais, demonstrando que, dentre as possibilidades e formas metodológicas e

instrumentais que poderiam servir de auxílio na disseminação de informações em

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caráter educativo e preventivo, a construção de uma cartilha foi aquela escolhida

como auxílio a estes e outros alunos a utilizarem melhor as redes sociais.

Assim, o objetivo geral da Cartilha é analisar, no âmbito jurídico, os riscos

inerentes ao uso das redes sociais.

Assim, temos como objetivos específicos:

a) Analisar os aspectos significativos do direito, no que diz respeito ao

conhecimento das normas jurídicas, que podem auxiliar os usuários

das redes sociais, sobretudo os jovens, a desenvolver atitude

preventiva quanto aos atos ilícitos inerentes às relações estabelecidas

de modo virtual em função do equilíbrio das relações sociais.

b) Descrever os problemas jurídicos que o usuário pode se deparar ao

participar de uma rede social.

c) Sistematizar a proposta de ações preventivas em uma cartilha como

instrumento de educação de jovens entre 13 e 18 anos.

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2 ECOLOGIA

2.1 Ambiente e Ecologia

2.1.1 Refletindo o conceito de ambiente

Preliminarmente, far-se-á a análise do conceito de meio ambiente. A palavra

ambiente significa, segundo o dicionário Aurélio: “1. Que cerca ou envolve os seres

vivos ou as coisas, por todos os lados; envolvente. 2. Aquilo que cerca ou envolve

os seres ou as coisas (...)”.

Meio ambiente e ecologia estão intimamente relacionados. Através da

ecologia, estuda-se a interação entre os seres vivos relacionados com o meio em

que vivem, como será visto no próximo capítulo.

Contudo, os estudos iniciais do Meio Ambiente versavam unicamente sobre

os serem irracionais e seus habitat, excluindo os seres humanos. O campo de

análise limitava-se à natureza, biótica e , abiótica, sem a ação nem a interação do

ser humano.

A conceituação do meio ambiente natural se dá, exclusivamente, por aquele

constituído pelos fatores físicos (abióticos) e biológicos (bióticos), desenvolvidos na

natureza virgem: o ar atmosférico, a terra (solo e subsolo), as águas (mar, rios,

bacias, etc.), a flora, a fauna, enfim, todos os elementos da natureza mais a

interação dos seres vivos irracionais com o seu ambiente físico “habitat” (FRACETO;

MOSCHINI-CARLOS; ROSA, 2012).

Ao longo do tempo, verificou-se que a não inserção do ser humano neste

escopo científico restringia o alcance da nova ciência que surgia.

Conseqüentemente, o homem foi inserido no estudo da ecologia, ademais, é

praticamente impossível estudar o ambiente sem que haja uma relação de interação

entre este e o ser humano, por menor que ela tenha sido.

Somente pelo fato de o ser humano isolar um ambiente para observá-lo,

analisá-lo e estudá-lo, já se pode notar uma interferência humana.

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Desse modo, começa-se a reconhecer não só aquele ambiente

completamente natural, mas também a interação dele com o ser humano. Ainda

assim, o estudo continuava insuficiente, porque se tentava limitar ao máximo a

atuação do homem.

Há ambientes completamente modificados pela ação do homem, como as

grandes cidades que surgiram no século XIX; as metrópoles. Mas essa ação não é

novidade, uma vez que ele sempre modificou o meio em que vive. Sendo assim,

torna-se premente a necessidade fática da inserção de ações ecológicas nesses

novos ambientes, afinal o homem urbano é uma nova realidade. Por isso, esses

sítios também merecem a atenção de estudos e proteção jurídica (BEGON;

TOWNSEND; HARPER, 2010).

Para se adequar a essa nova forma de interação do homem com o meio em

que vive, a ecologia evoluiu e incluiu o estudo das cidades no seu campo de

atuação. Para alguns, é o surgimento do direito urbanístico como um ramo do direito

ambiental.

O ambiente em que o homem trabalha também é importante, afinal grande

parte da vida de uma pessoa é passada no local de trabalho. Portanto, pode-se dizer

que há um ramo do direito do trabalho que visa à interação do trabalhador com o

seu meio, ou que há um ramo do direito ambiental que visa à proteção do homem no

trabalho.

Mas há também aqueles ambientes aos quais o homem, através da sua

atuação, agregou um valor histórico, paisagístico, turístico, arqueológico e cultural.

Esses lugares também devem ser atingidos pelos ramos do direito do ambiente.

Daí a necessidade, cada vez maior, da abrangência do conceito de meio

ambiente, principalmente para que cada habitat do homem, seja na floresta, no

campo, no sítio, na cidade, no trabalho, nas fábricas, etc, esteja protegido por

normas jurídicas para a sua conservação e melhora.

O meio ambiente é, portanto, a interação do conjunto de elementos naturais,

artificiais e culturais que propiciam o desenvolvimento equilibrado da vida em todas

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as suas formas. Essa integração busca assumir uma concepção unitária do

ambiente, compreendidos os recursos naturais e culturais (SILVA, 2013, p. 2).

O meio ambiente pode ser classificado, em meio ambiente natural, aquele

constituído exclusivamente pela natureza, sem a interação do homem, ou artificial,

aquele constituído pelo espaço urbano modificado pelas construções realizadas pelo

homem, tais como as edificações, as ruas, as praças, etc (MILLER, 2006).

Ainda pode ser meio ambiente cultural, do qual se depreendem os aspectos

integrados pelo patrimônio histórico, artístico, arqueológico, paisagístico, turístico,

etc. Embora esteja vinculado ao conceito de ambiente artificial, difere daquele pelo

valor especial agregado pelo ser humano (ibidem).

O atual direito ambiental visa a proteger a qualidade do ambiente para as

presentes e futuras gerações e esta filosofia está inserida na Constituição Federal

vigente. Além disso, a legislação ordinária em vigor estabelece padrões de

qualidade ambiental.

Além das normas constitucionais de direito ambiental há uma outra série de

normas que tratam da pessoa humana, que servem de norte para a defesa de um

meio ambiente social adequado à condição humana, que visam proteger o meio

ambiente social.

Toda atividade humana gera mudanças no ambiente, de diferente magnitude

e intensidade, seja de forma direta ou indireta, estas mudanças se baseiam no

consumo de recursos naturais, de maneira tal a satisfazer diferentes necessidades.

A atividade industrial, as obras civis, as atividades agropecuárias, a exploração

minera, os núcleos populacionais, etc. são exemplos.

Compreender o modo em que pode chegar a mudar o ambiente permitirá

predizer consequências ambientais que repercutam a curto, médio ou longo prazo

na qualidade de vida do homem.

Como visto anteriormente, entende-se por ambiente ao conjunto de fatores

externos (bióticos e abióticos) que atuam sobre um organismo, população ou uma

comunidade, incidindo diretamente na sobrevivência, crescimento, desenvolvimento

e reprodução dos seres vivos e na estrutura e dinâmica das populações e

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comunidades bióticas. Sem ambiente não há vida. O conceito e estudo do ambiente

é parte da problemática cultural do homem. Ele utiliza ambientes de diferentes

características e recursos, desenvolvendo estilos característicos de vida, linguagens,

interações sociais, sistemas econômicos e de governo, que definem cada cultura.

Não existe um mesmo ambiente (o uma mesma valoração) para todas as

sociedades humanas (ibidem).

No estudo do meio ambiente podem ser distinguidos dois componentes que

orientam as vias para abordá-lo: o ambiente natural: constitui o âmbito onde se

desenvolve o fenômeno da vida e a atividade humana. Está constituído por

componentes físicos, químicos e biológicos, os quais determinam o funcionamento

da biosfera. quanto tem lugar neles é objeto de estudo das ciências naturais.; e o

ambiente social ou humano: inclui o homem e suas atividades (SILVA, 2010).

Portanto, pode-se dizer que o ambiente é tudo aquilo externo ao organismo

que pode afeitar seu ciclo de vida, e está constituído por elementos ou componentes

físicos, químicos, biológicos, socioeconômicos e culturais, os quais se organizam em

uma estrutura de conexões funcionais ou arquitetura particular de maneira de fazer

mais eficiente seu funcionamento.

O ambiente é um sistema complexo formado por estruturas e processos

ecológicos, econômicos e sociais. O homem, em seu desenvolvimento, manipula

essas estruturas e processos para satisfazer as necessidades humanas e assim

melhorar o nível de vida ou bem estar.

Entende-se por qualidade de vida o estado de saúde física, mental e social da

população (BROWN; KORMONDY, 2002). Para um adequado nível de vida,

necessidades de diversa índole devem ser satisfeitas que podem ser agrupadas em

educação, saúde, segurança, nutrição e espírito. Cada sociedade humana decide

suas prioridades com base em sua cultura e circunstâncias, contudo é certo que

ditas categorias são indispensáveis para todas elas.

A possibilidade de satisfazer as necessidades humanas está relacionada com

a capacidade do ambiente de absorver os efeitos das atividades humanas, quer

dizer, com a qualidade ambiental.

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O objetivo total da análise ambiental, através de seus distintos instrumentos

técnicos é preservar a qualidade ambiental, quer dizer essa estrutura e processos

ecológicos, econômicos e sociais que determinam a qualidade de vida de uma

população onde a saúde é uma das necessidades indispensáveis para definiria

(SILVA, 2010).

A qualidade ambiental é um elemento constituinte da qualidade da vida. A

qualidade ambiental está relacionada com o modo que o homem faz uso dos

recursos naturais, portanto, a qualidade ambiental estará determinada pelo grau de

transformação gerado pela ação antrópica em um determinado sistema.

A relação antrópica sempre altera os ecossistemas. Contudo o homem pode e

necessita preservar e conservar o meio ambiente considerando a fragilidade,

interdependência e capacidade limitada dos ecossistemas e da natureza de se

recuperar.

2.1.2 O problema da Sustentabilidade

O objetivo do desenvolvimento econômico e socialmente sustentável é o

melhoramento sustentado da qualidade de vida dos seres humanos.

Desenvolvimento estável e equilibrado. Portanto, desenvolvimento humano e meio

ambiente são temas atualmente dominantes. Ambos convergem no conceito de

desenvolvimento sustentável (FREITAS, 2012).

Este conceito surge, no informe Nosso Futuro Comum (informe Brundtland).

Devem-se utilizar os recursos naturais para satisfazer as necessidades do presente

sem comprometer por isso as possibilidades das gerações futuras de satisfazer as

próprias (FRACETO; MOSCHINI-CARLOS; ROSA, 2012).

A sustentabilidade é a capacidade de um sistema de manter constante seu

estado no tempo. Isto se logra mantendo invariáveis por exemplo em um

ecossistema, a biomassa, as taxas de mudança e circulação ou permitindo

flutuações cíclicas (HENRY, 2013).

A sustentabilidade pode ser alcançada espontaneamente na natureza, ou por

meio do homem (artificialmente), o que implica transformações. Esta segunda forma

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é a que mais interessa pos todas as estratégias de desenvolvimento significam

transformações sobre a base da intervenção humana.

A sustentabilidade ecológica é o estado do sistema, é o modo de existir em

função de seus componentes e seus processos funcionais. Passar da

sustentabilidade ecológica à sustentabilidade ambiental significa incorporar a

problemática relação entre desenvolvimento ou sociedade e natureza (BEGON;

TOWNSEND; HARPER, 2010).

A sustentabilidade ambiental dos processos de desenvolvimento sustentável

é uma condição na qual se alcança a coexistência harmônica do homem com seu

ambiente, equilibrando os sistemas transformados e criados e evitando sua

deterioração.

O desenvolvimento sustentável se baseia em três princípios fundamentais: a

sustentabilidade ecológica, sociocultural e econômica: A sustentabilidade ecológica

garante que o desenvolvimento seja compatível com a manutenção dos processos

ecológicos essenciais, da diversidade biológica e dos recursos naturais; A

sustentabilidade social e cultural garante que o desenvolvimento aumente o controle

dos homens sobre suas próprias vidas, seja compatível com a cultura e os valores

das pessoas afetadas e mantenha e fortaleça a identidade da comunidade; a

sustentabilidade econômica garante que o desenvolvimento seja economicamente

eficiente e que os recursos sejam geridos de modo que se conservem pelas

gerações futuras (LEFF, 2011).

Um elemento fundamental em qualquer estratégia de desenvolvimento

sustentável é a integração dos aspectos econômicos e ecológicos na tomada de

decisões.

Os problemas ambientais mais preocupantes surgem do desajuste das

culturas com o ambiente. A deterioração ambiental geralmente se deve a métodos

e/ou substâncias empregadas inadequadas ou porque os níveis de uso dos recursos

não se compadecem com a capacidade da natureza. Tudo isto se traduz na

ausência ou incorreto planejamento ambiental das atividades de desenvolvimento.

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O planejamento ambiental implica um conhecimento detalhado da

composição estrutural e do funcionamento dos sistemas onde se inserirá a atividade

proposta. Isto abarca tanto a sistemas totalmente prístinos como antrópicos

(agrícolas, plantações florestais, cidades, etc.).

As soluções a os problemas ambientais exigem o conhecimento preciso do

funcionamento dos sistemas, a existência de técnicas apropriadas de intervenção e

a previsão adequada das respostas.

Portanto, um dos maiores desafios das ciências ambientais radica em por

seus esforços em aportar conhecimento preciso, técnicas e métodos para a

percepção, para a intervenção e para a previsão dos problemas ambientais. Isto

requer um esforço, imprescindível uma vez que é muito difícil, de pensar e trabalhar

em forma intersetorial, já que os grupos ou atores sociais são os que percebem e

hierarquizam os problemas, e interdisciplinar, já que cada ciência por si só tem uma

visão parcial dos sistemas (MILLER, 2006).

2.2 Refletindo sobre o conceito da Ecologia

Os elementos funcionais da biosfera, ou sistemas, recebem caracterizações

diferentes segundo o campo da ciência que os aborda. as ciências se organizaram

em torno a certos níveis de organização ou processos objeto de estudo que lhes são

característicos. A análise do meio ambiente está na superposição sobre os mesmos

objetos, de conceitos e métodos desenvolvidos desde distintos pontos de partida.

Os sistemas naturais constituem o âmbito onde se desenvolve o fenômeno da

vida e a atividade humana e é o objeto de estudo das Ciências Naturais. Assim a

Física e a Química se avocaram a entender o comportamento da matéria e a energia

descobrindo os níveis de organização menores (partículas subatômicas, átomos,

moléculas). A Biologia abarca desde os níveis de organização moleculares e

orgânulos celulares até o de indivíduos e suas comunidades. No nível de indivíduos

também se situam outras ciências como a Fisiologia e a Taxonomia. Outras ciências

biológicas se correspondem com processos como a Genética; outras com grupos de

organismos como a Microbiologia, a Zoologia e a Botânica. As relações destas

ciências com os temas ambientais são parciais, se bem que uma parte de seus

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dados e conceitos é imprescindível para abordar o Meio Ambiente com uma base

científica (LEFF, 2012).

O estudo setorial dos grandes sistemas não vivos ou físicos é domínio,

basicamente, da Geologia, Climatologia, Hidrologia. Estes ramos das ciências

naturais confluem no estudo do meio ambiente explicando a origem, composição e

dinâmica dos substratos sólidos e das coberturas fluídas (gases e líquidos) onde se

desenvolve a vida.

Assim compreende-se, a Ecologia como área do conhecimento relativa aos

fenômenos relacionados à vida e sua manutenção e que, por isso, estuda o nível de

organização mais elevado dentro do campo das ciências ambientais, que inclui os

organismos em interação entre si e com o meio físico (ibidem).

No campo científico, a Ecologia é a ciência fundamental para o estudo do

meio ambiente já que possui os conceitos e os métodos para o estudo de essas

interações e pode explicar o funcionamento dos sistemas naturais da biosfera e sua

modificação humana. Contudo, Ecologia e Meio Ambiente não são sinônimos como

se costumam utilizar na linguagem coloquial. A Ecologia, como ciência, vai além do

interesse ambiental aprofundado em temas científicos em outras escalas e

contextos. A Ecologia trata de compreender como os organismos que outros ramos

da Biologia estudam, um por um, se inserem no mundo real (BEGON; TOWNSEND;

HARPER, 2010).

Por outra parte, o estudo do meio ambiente excede amplamente o campo da

Ecologia, já que lhe são alheios os conhecimentos e a percepção que as ciências

sociais, humanas, médicas e outras ciências naturais têm da problemática

ambiental.

Destaca-se que o enfoque ecológico é uma meta e um meio para a gestão

ambiental. É uma forma de alcançar o desenvolvimento sustentável.

A Ecologia é uma ciência com origem tão remota como a história natural,

ainda que com status de disciplina de pouco mais de 100 anos, quando Haeckel,

biólogo alemão, propôs o termo em 1869.

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A palavra ecologia deriva do vocábulo grego oikos, que significa casa ou lugar

donde se vive. Portanto, a ecologia é a ciência que estuda as relações dos

organismos ou grupos de organismos com seu meio, ou a ciência das relações que

ligam os organismos a seu meio (BEGON; TOWNSEND; HARPER, 2010).

Todas as definições de ecologia incorporam o conceito de interação entre

componentes biológicos e físicos (abióticos). Em Ecologia interessa mais o

conhecimento das relações entre os elementos que se interagem do que a natureza

exata destes elementos.

A Ecologia pretende explicar onde se encontram os organismos, quantos há e

por que. Busca compreender de que maneira um organismo atua sobre seu

ambiente e como este ambiente atua por sua vez sobre o organismo. Este

conhecimento permitirá planejar um uso racional dos recursos naturais.

A ecologia se interessa principalmente pelos organismos, as populações, as

comunidades, os ecossistemas e a biosfera. Um organismo se define como um

sistema biológico funcional que pode estar formado por uma única célula (organismo

unicelular) ou por milhões de células especializadas e organizadas em tecidos,

órgãos e sistemas. Cada organismo tem um genótipo distinto que lhe confere

propriedades e características distintas. Estas são importantes para definir o modo

como um indivíduo responde ao ambiente biótico e abiótico que o rodeia (ibidem).

Una população é um conjunto de indivíduos pertencente a uma mesma

espécie que se encontra em um lugar determinado e em um tempo determinado,

entre os quais é de vital importância o intercâmbio de informação genética (ibidem).

Uma comunidade é definida como um conjunto de populações que ocupa um

lugar específico em um momento determinado. é a parte viva do ecossistema

(ibidem).

Um ecossistema inclui as relações que existem entre o conjunto de

organismos que se encontra em uma área determinada, e seu ambiente. As

comunidades se integram em seu meio e, juntos, estabelecem uma série de

relações complexas que dão lugar a um sistema funcional: ecossistema ou sistema

ecológico (ibidem).

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A biosfera é o conjunto de todos os ecossistemas naturais que, por sua vez,

estão formados por todos os organismos vivos e pelo lugar físico donde habitam. é o

ecossistema total da Terra (ibidem).

2.3 Ecologia Humana

A realidade humana é resultado da co-evolução dos sistemas culturais,

socioeconômicos e biológicos que cada população desenvolve no meio em que vive;

a aproximação a essa realidade se fez de maneira fragmentária até ao primeiro

quarto deste século, em que alguns investigadores se fazem conscientes da

necessidade de ampliar sua parcela e dar um enfoque ecológico, com o fim de obter

uma melhor compreensão dos fenômenos humanos.

Estas condutas individuais, cristalizaram em colaborações interdisciplinares

institucionalizadas cujo resultado final foi o desenvolvimento da Ecologia Humana

(CAMPBELL, 1988). Se a ecologia Humana é definida como a área de

conhecimento que analisa a interação do homem com seu meio praticamente os

100% dos investigadores o subscreveria. Portanto, é hora de delimitar o conteúdo

desta interação onde surgem as discrepâncias.

Não há que esquecer que sob a etiqueta “ecólogo Humano" se acolhem

investigadores com formações muito diversas, procedentes dos núcleos promotores

que desenvolvem esta disciplina e que marcam, apesar de tudo, sua ideia da

interdisciplinaridade, ou, ao menos, o que "mais se deve primar"; geógrafos,

antropólogos culturais, sociólogos, demógrafos, bio-antropólogos, epidemiólogos,

etólogos, ecólogos, técnicos em contaminação, urbanistas, advogados e muitos

outros formam parte deste variado espectro profissional. Precisamente na

diversidade desta interdisciplinaridade reside o interesse, e ao mesmo tempo a

dificuldade da Ecologia Humana (BROWN; KORMONDY, 2002).

O esforço integrador realizado na década dos 80 para construir uma visão

diversa, contudo convergente nos fenômenos de interação em sua dupla vertente,

foi frutífero para resolver algumas contradições surgidas ao acrescentar disciplinas

diferentes com interesses comuns, contudo não conseguiu criar um consenso sobre

o conteúdo da interação (JACQUARD, 2004). Inclusive, da perspectiva biológica,

existe um grande desequilíbrio no desenvolvimento das duas direções da interação,

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homem sobre meio- meio sobre homem, e todavia é frequente fazer sinônimos os

termos Ecologia Humana e destruição do meio pelo homem.

2.3.1 Conteúdos da Ecologia Humana

As chaves da ecologia humana, estão na compreensão dos fenômenos de

interação entre biologia e cultura e esta interação se desenvolve basicamente

através das pautas de comportamento social que singularizam cada tradição cultural

através de seu sistema de valores, de seu desenvolvimento científico técnico, e de

seu sistema político e econômico; portanto é necessário um marco teórico de

referência que reflita este conceito, e que permita desenvolver com coerência os

conteúdos que se incluam na área de conhecimento (HAMILTON.; BURGER;

WALKER, 2012).

Neste sentido, vive-se na atualidade um momento crítico para o futuro dos

grupos humanos, caracterizado por uma rápida mudança cultural que afeta a todos

os componentes estruturais e funcionais do ecossistema humano, unido a um

crescimento populacional, que se bem começa a se desacelerar, é todavia

explosivo.

As mudanças nos padrões culturais que regulam a reprodução, a nutrição e a

enfermidade, se transformaram muito rapidamente nos últimos 80 anos em um setor

importante da humanidade concentrado nas populações mais ricas, e se estão

induzindo e acelerando processos de mudança paralelos no resto dos grupos

humanos sem que, todavia, compreendamos as consequências que, a meio e longo

prazo, podem ter para a biologia e saúde das populações (BROWN; KORMONDY,

2002).

A necessidade de conhecer como está ocorrendo este processo de

transformação ambiental que deu lugar às chamadas transições demográfica e de

valorar suas consequências para o homem, proporciona o primeiro bloco de

conteúdos básicos da ecologia humana. Outro grande bloco está formado pelas

perigosas consequências que o crescimento de população com o ritmo atual, tem

sobre o ambiente. Em definitivo, como assinala Campbell (1988) o problema é

compreender a natureza do lugar do homem na natureza em uma perspectiva bio

histórica.

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2.3.2 O Ecossistema Humano

A compreensão e interpretação dos processos bioculturais nos grupos

humanos é impossível fora do contexto ecológico no qual desenvolvem seus ciclos

vitais. O ecossistema, se converte pois na unidade superestrutural de estudo, e se

define como a situação global à que se adaptam as populações e se ajustam os

indivíduos. O ecossistema humano, tem quatro componentes estruturais: as

populações humanas, o meio geográfico, o meio biológico e o meio cultural.

(BARRETO, 2008)

As populações, concebidas como entidades reprodutoras que compartilham

complexos genotípicos, sistemas de valores, recursos, tecnologia, organização

social e que exploram as mesmas fontes energéticas, são as unidades básicas de

referência. Os meios geográfico e biológico são comuns a todas as comunidades de

seres vivos, o meio cultural é único, caracteriza os ecossistemas humanos, é o nicho

ecológico ocupado pelo homem, e atua como tampão entre as populações humanas

e os meios geográfico e biológico (HAMILTON; BURGER; WALKER, 2012).

Estes componentes interagem entre si, através do intercâmbio contínuo de

energia, que circula em dois ciclos diferentes, um de energia vital ou nutritiva que

nos mantém como unidades biológicas, e outro de energia cultural que nos mantém

como unidades sociais.

2.3.2.1 O Meio Geográfico

O meio geográfico, através de seus componentes físico-químicos, climáticos e

orográficos, determina os tipos de assentamentos humanos, sua acessibilidade, e a

grande maioria de nossa variabilidade biológica mais evidente, como a pigmentação

da pele, a forma corporal ou a estrutura facial.

As mudanças globais em ocorridas nos últimos 100 anos, tanto em seus

aspectos fisicoquímicos globais (clima, capa ozônio, efeito estufa etc.), como nos

locais (poluição urbana, fertilizantes e pesticidas etc.), como no microambiente

cotidiano (posto de trabalho, lares, ócio), estão afetando os mecanismos de ajuste

biológico e social das populações humanas, e aumentando os problemas de saúde

tanto ambiental como populacional (FRACETO; MOSCHINI-CARLOS; ROSA, 2012).

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A saúde ambiental se mede pelos resultados da interação do ambiente com a

biologia das populações humanas. Dois aspectos são considerados básicos: até que

ponto o ambiente pode manter a vida humana, e até que ponto o ambiente esta livre

de perigos para a saúde.

2.3.2.2 O Meio Biológico

O ambiente biológico, tem dois níveis bem diferenciados: um regula as

relações intra-específicas tanto de crescimento populacional (fecundidade,

mortalidade) como de tamanho densidade e estrutura populacional por sexo e

idades, quantificáveis todas elas através de variáveis demográficas. O outro nível,

regula as relações inter-específicas entre o homem e outras espécies vegetais e

animais. Por sua vez aqui se podem distinguir dois grandes blocos. O primeiro inclui

as relações tróficas entre o homem e as espécies com as quais convive, e o

segundo inclui as relações não tróficas (BEGON; TOWNSEND; HARPER, 2010).

De acordo com Campbell (2008), no nível trófico, há que distinguir:

a) o ambiente criado pelas espécies que formam parte da dieta dos

grupos humanos, e as interações derivadas de sua exploração e

consumo. Propomos incluir sob o encabeçamento “ecologia da

nutrição” todos os aspectos relevantes desta interação, incluídas as

situações de carências e de excessos nutricionais assim como suas

consequências sobre a saúde.

b) o ambiente criado pelas espécies que se alimentam do homem,

causando-lhe enfermidades infecciosas e parasitárias, e as interações

derivadas, tanto pelos comportamentos e situações que criam risco de

contrair enfermidades, como pelo próprio desenvolvimento das

enfermidades, e pelos comportamentos desenvolvidos para combatê-

las.

2.3.2.3 O Meio Cultural

Por último, o quarto grande componente estrutural do ecossistema humano, o

ambiente cultural, nos singulariza dos demais seres vivos. Entende-se por cultura o

conjunto de padrões de comportamento social que são transmitidos de geração em

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geração por aprendizagem, e que se enraízam nos sistemas tradicionais de valores

de cada população determinando comportamentos individuais e de grupo

(JACQUARD, 2004).

Os sistemas de valores definem o papel social que se espera de cada

indivíduo segundo seu sexo, idade e classe social à que pertence, e regulam, entre

muitas outras coisas, três aspectos fundamentais para nossa biologia: os padrões

reprodutores, os padrões nutricionais e os padrões de cuidado dos membros da

sociedade, especialmente da infância, anciãos e enfermos. Os níveis de

desenvolvimento tecnológico permitem um controle variável do meio e determinam

uma diferente capacidade de modificação e destruição do meio geográfico, uma

diferente capacidade de exploração dos recursos nutricionais, incluídas as fontes

energéticas, e uma diferente capacidade de controle das enfermidades infecciosas e

degenerativas.

As estruturas políticas e econômicas que caracterizam cada sociedade, se

superpõem ao sistema de valores e ao desenvolvimento tecnológico, gerando

variabilidade nestes aspectos. Assim o nível de desenvolvimento econômico

condiciona os recursos tecnológicos, energéticos e sociais, que em última instância,

determinam a saúde e bem-estar (educação, saúde, atenção anciãos etc);

dependendo do sistema político, prima-se mais uns ou outros aspectos da atenção

social. Barreto (2008), ensina que a cultura, como sistema de valores e significados,

é uma ferramenta poderosa para entender a variação do comportamento e da

biologia humana.

O ambiente cultural em realidade funciona como um sistema tampão, entre os

meios biológico e geográfico e a biologia das populações humanas. O meio cultural

pode funcionar como amortecedor, como indutor ou como amplificador de estímulos

ambientais, e pode atuar sobre indivíduos, afetando o ajuste diferencial ao meio, ou

pode atuar sobre populações, dando lugar a processos de homeostase social, ou de

transmissão diferencial de gens, de maneira que se sugeriu que os processos

culturais podem ser ao menos tão importantes como os orgânicos na evolução das

adaptações humanas (SUTTON; ANDERSON, 2010).

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2.3.3 Os Sistemas da Ecologia Humana

São considerados tanto aspectos físicos, biológicos e psicológicos como

sociais, etnoculturais, econômicos e políticos. Sua análise é muito útil para descrever

posteriormente os fatores de proteção e de risco para a família, tendo em conta

todas as esferas possíveis de influências que convergem sobre o espaço ecológico

familiar e o de seus membros. Segundo Bronfenbrener (2011), existem quatro tipos

de sistemas que guardam uma relação inclusiva entre si: o microssistema, o

mesossistema, o exossistema e o macrossistema.

O Microssistema: é o sistema ecológico mais próximo, já que compreende o

conjunto de relações entre a pessoa em desenvolvimento e o ambiente imediato em

que se desenvolve (microssistema familiar e microssistema escolar, por exemplo).

Nos microsistemas ocorrem dois efeitos importantes: os de primeira ordem, que se

produzem no contexto de uma díade e os de segunda ordem que afetam de forma

indireta às díades através da mediação de terceiros, é por exemplo a rede de

relações sociais da família (HÄRKÖNEN, 2010).

O Mesossistema: compreende as interrelações de dois ou mais entornos nos

quais a pessoa em desenvolvimento participa ativamente (relações família-escola,

por exemplo). Um mesossistema é um sistema de microssistemas e, portanto, sua

descrição e análise devem ser realizada nos mesmos termos do que os

microssistemas: relações, atividades e papéis.

O Exossistema: refere-se a um ou mais entornos que não incluem à pessoa

em desenvolvimento como participante, contudo nos quais se produzem fatos que

afetam a tudo aquilo que ocorre no entorno que compreende às pessoas em

desenvolvimento, ou que se vêem afetados pelo que ocorre nesse entorno (por

exemplo a família extensa, as condições e experiências laborais dos adultos e da

família, as amizades, as relações de vizinhos etc.). Daí a importância de vincular de

forma efetiva os fatos que sucedem em um exossistema com os fatos que

acontecem em um microssistema, tendo sempre presente as mudanças evolutivas

da pessoa em desenvolvimento (HÄRKÖNEN, 2010).

Por último o Macrossistema: refere-se às correspondências, em forma e

conteúdo, dos sistemas de menor ordem (micro, meso e exo) que existem ou

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poderiam existir no nível da subcultura ou da cultura em sua totalidade. Esta

estrutura recolhe, em consequência, o conjunto de crenças, atitudes e valores que

caracterizam a cultura da pessoa em desenvolvimento (por exemplo os prejuízos

sexistas, a valoração do trabalho, um período de depressão econômica, etc.). Desta

postura, o afeto é considerado o elemento mais importante de proteção e

amortecedor de tensões.

Jonas (2005) alerta que:

[...] Nenhuma ética tradicional nos instrui, portanto, sobre as normas do "bem" e do "mal" às quais se devem submeter às modalidades inteiramente novas do poder e de suas criações possíveis. O novo continente da praxis coletiva que adentramos com a alta tecnologia ainda constitui, para a teoria ética, uma terra de ninguém (2005, p.21).

Para Jonas (2005), a tecnologia fez surgir um novo significado ético, uma vez

que ela ocupa um lugar importante na vida humana. Criou-se um ambiente quase

paralelo ao natural. O homem criou um mundo artificial dentro do mundo natural em

que não há mais diferença entre eles, suprimindo a natureza. Jonas (2005) destaca

que, ao criar esse mundo artificial e paralelo, o ser humano cria também uma

dinâmica própria carente igualmente de novas normatizações e novas éticas.

Para este autor, necessitamos de humildade para entender o

desconhecimento de onde nosso poder e nossa ação é capaz de nos levar, para que

ajamos de forma responsável, diante da nossa euforia técnica e tecnológica.

Nesse sentido, quais as relações que as redes sociais possui no substrato da

ecologia? Como podemos compreender que os aspectos referentes ao meio

ambiente se relacionem com os problemas de ordem social, como o que

pretendemos tratar acerca das redes socias?

Na continuidaede de uma investigação tentaremos refletir essas questões a

partir do conceito de ecologia humana.

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3 ECOLOGIA HUMANA: REFLETINDO A INTERAÇÃO SOCIAL

A interação social pode ser entendida como o tipo de interação que

estabelece um sujeito social com outro, ou outros, a respeito de certas propriedades,

características ou processos do entorno e dos efeitos percebidos sobre o mesmo,

segundo papéis e atividades desenvolvidas pelos sujeitos.

Neste sentido, duas grandes dimensões do entorno aparecem mediando e

modificando tal interação: o espaço e o tempo. Em tal direção, a competência ou a

cooperação pelos componentes espaço-temporais expressa bem o caráter desta

interação com as respectivas configurações que a cultura, a ideologia ou as

cognições sociais lhe designam.

Para Fisher (1997), a psicologia social superou paulatinamente as

concepções do ambiente ligadas estreitamente aos desenvolvimentos da etologia e

da ecologia. Os níveis físicos e bióticos do entorno foram incorporados cada vez

mais à atmosfera do nível antrópico (social-cultural-técnico), níveis cujo grau de

interpenetração é cada vez mais forte.

A diferença da concepção biológica do território e do comportamento territorial

em animais ou do biologismo (extrapolação analógica de tais termos ao campo do

comportamento humano), a Psicologia Ambiental retomou esses conceitos, contudo

os situou em um contexto analítico diferente: estuda territórios e lugares humanos

dentro de marcos socio-culturais-políticos-tecnológicos.

Desta maneira, superando a explicação centrada no instintivo ou na

sobrevivência do grupo ou na espécie, AItman (1975) o define como uma área

geográfica, ocupada (mas também invadida ou visitada) por uma pessoa ou grupo e

que suporta uma ou várias funções, como trabalho, ócio, mercado; geralmente

implica apropriação e personalização do lugar (cujas formas de apropriação e defesa

podem variar com a cultura) e a exibição de fronteiras interpessoais (novamente,

cuja significação se liga a fatores culturais) que exercem funções de controle

recíproco.

Neste sentido, o comportamento territorial do sujeito está altamente

socializado, na medida em que não depende exclusiva nem diretamente das

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propriedades físicas de um lugar, mas também de suas atribuições simbólicas

integrando percepções, conhecimentos e valorações acerca do significado e uso do

sítio, as formas de proteção de objetos ou zonas, o que não implica posse legal de

um espaço, mas uma presença independente da propriedade no sentido jurídico.

A respeito é útil incluir as categorias e descrições que sobre o território

estabeleceu classicamente AItmam (1975):

1. O território primário é um lugar ocupado de maneira estável e claramente identificado como próprio. Está controlado por ocupantes que se encontram ali por um tempo prolongado; este é o caso, por exemplo, da casa ou do espaço pessoal no trabalho. Este tipo de território assegura uma função de intimidade; pode ser personalizado e considera a intromissão como uma violação. Nestes territórios é evidente a identidade do proprietário, a invasão ou a intrusão de estranhos constitui uma agressão e o controle de seu acesso está fortemente valorado. Os territórios primários representam, pois, os suportes essenciais dos processos de regulação de fronteiras interpessoais e da identidade pessoal.

2 o território secundário é um lugar de menor domínio; é semipúblico ou semiprivado e se rege por regras mais ou menos claramente definidas, concernentes ao direito de acesso e uso. Trata-se de um lugar relativamente controlado pelos que ali se encontram (bares, clubes, etc.), contudo não são sempre as mesmas pessoas as que o ocupam no mesmo momento; é pois, objeto de um modo de apropriação cujo controle fica definido com mais ambiguidade que no território primário.

3. O território público é um lugar temporalmente ocupado por uma pessoa ou por um grupo no qual pode penetrar qualquer um e se beneficiar dos direitos de ocupação (bancos públicos, cabinas telefônicas...). Os comportamentos estão regidos em grande parte pelas instituições, as normas e os costumes. Estes territórios oferecem um suporte relativamente débil aos processos de regulação das fronteiras interpessoais: por exemplo, se a disposição do espaço oferece escassa intimidade, pode-se recorrer a diversos expedientes para estabelecer distâncias e regular as interações com os demais.

O uso do espaço-território e a importância que se descobriu acerca de seu

papel psico-socio-cultural permitem detectar, por parte de certos investigadores,

funções mediadoras como as seguintes, segundo Altman (2005):

1.1. DOMÍNIO TERRITORIAL: quem ocupa e considera “próprio” um lugar, desenvolve comportamentos que atuam como mensagens ante os demais: toma decisões mais autônomas sobre seu local (troca, supressão, introdução de objetos, cores...); atua com mais desenvoltura e segurança, já que pode evitar, inibir ou convidar outras pessoas, segundo as respectivas necessidades de intimidade. Quem sente que tem um lugar pode assumir geralmente comportamentos mais assertivos e, às vezes, adequados quando se encontra no lugar do outro. Neste sentido, não se deve confundir a sensação de “poder” que pode outorgar as posses material, físicas, legais com a sensação de “segurança” que proporciona a certeza psicológica de

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compartilhar, convidar ou evitar, sem invadir ou ser invadido. Esta expressão de “territorialidade” (defesa, extensão, defesa ou cotejamento de lugares) se observa mais claramente no caso de espaços considerados como privados (ou primários). Assim, ainda nos espaços públicos, onde o controle é mais difuso e menos legitimado, pode-se detectar que pessoas ou grupos assíduos a estes lugares os consideram, até certo ponto, como territórios próprios, inclusive conhecendo que não há posse física - legal e ainda no caso de que essa apropriação seja provisória.

1 2. ORGANIZAÇÃO DA VIDA COTIDIANA: Sem espaço - território não haveria lugares para os assentamentos humanos e a vida social resultaria impossível. As atividades cotidianas implicam muitas cadeias, simples e complexas, e sem o sentimento e noção de territorialidade tais sistemas de comportamentos seriam incontroláveis e imprevisíveis. A economia psicológica que implica a tríade atividade - sujeito – lugar, ainda não foi bem ponderada. Assim mesmo e tendo como horizonte uma interação adaptativa, a territorialidade coadjuva com o desenvolvimento de “mapas cognitivos”, quer dizer, à representação e valoração de lugares, das condutas que são esperadas e das transformações recíprocas que movem fronteiras rígidas ou definem limites ambíguos. A capacidade de selecionar, assumir e se apropriar de certos lugares dentro de um território definido permite uma melhor organização social e um intercâmbio relativamente equitativo entre os membros de um grupo. A respeito é conhecido, intuitivamente pelas vítimas de um desastre natural e talvez mais sistematicamente pelos investigadores sociais, a transcendência que tem a organização, apropriação e usos de lugares e espaços por parte dos habitantes do «antigo» lugar (o que fica dele) ou do “novo” lugar (a construir e não só a ocupar). Pessoas sem um lugar (digno) não podem se assumir como seres com autoestima. Em síntese, além de se constituir em problema sócio - jurídico - cultural, a desterritorialização, enquanto processo sistemático de despojo de lugares (seja através do método de ameaças, matanças, despojo por endividamentos, enfrentamento entre grupos ou forças armadas...), é assim mesmo um problema de dignidade e saúde mental social e não só psicológica.

1-3- IDENTIDADE PESSOAL e DE GRUPO: o “se encontrar” em um mesmo lugar pode gerar acercamentos tais como cumprimentos e sorrisos. O se encontrar e desenvolver atividades comuns pode sugerir conversações, citações, expectativas, reencontros. Compartilhar periodicamente sinais e atividades diminui desconfianças e alenta, em ocasiões, o convite a compartilhar outros lugares. Laços de certo pertencimento, a fidelidade a certos ritmos (horas de encontro, guardar ou cuidar o posto, perguntar pelo ausente...) aparecem com alguma prontitude e geram com o tempo o próprio dos grupos, solidariedade - competência, socialização e recolhimento; sentimentos de aproximação (para alguns) e distanciamento (a respeito de outros); aceitação - recusa de certos papéis ou lideranças...

A decoração, acertos e mudanças que uma pessoa faz em seu escritório, seu

quarto, entre outros, denotam a projeção de seus desejos, expectativas e valoração

com relação ao desnudamento do lugar e as propostas de vestimenta ou

revestimento segundo preferências: a mensagem, em consequência, seria algo

similar a: “aqui habita ou trabalha alguém e esse alguém sou ‘EU’”.

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Em síntese, os demais, os outros, não são somente os demais ou os outros:

são os demais situados, e essa localização espaço-temporal se valora como

interferente ou como facilitadora de nossas preferências e liberdades de eleição.

3.1 O Espaço Pessoal: Dimensões Psicológica, Social e Cultural

Estas dimensões, ainda que interagem, se distinguem. Segundo Fischer

(1994), a dimensão psicológica concebe o espaço como o lugar do corpo dentro de

um entorno específico. A partir do próprio corpo, entendido como o volume que

ocupa um espaço, o indivíduo estabelece com o meio uma distinção entre espaço

interior e outro exterior, quer dizer, aquele que o rodeia. A dimensão social, por sua

parte, reflete o fato de que o espaço intervém como um suporte ou mediador dentro

dos fenômenos sociais. Por último, a dimensão cultural estuda as formas e usos do

espaço a partir dos sistemas de valores próprios de uma sociedade.

3.1.1 A Dimensão Psicológica

Segundo Holahan (1995, p. 313), é definida como “uma zona que rodeia um

indivíduo, onde não pode entrar outra pessoa sem autorização”.

Ainda que a tenha comparado com a metáfora da bolha, esta dimensão é

mais flutuante, se acomoda segundo circunstâncias e está afetada por alguma

característica do sujeito, o mesmo que pelo significado das experiências prévias e o

tipo de interações pessoais. Ainda que a superfície da pele possa atuar como

fronteira visível e total, a zona em questão pode se contrair ou inflar no interior de

uma apresentação psico-corporal que põe iimites e meio de ação.

A partir dos estudos de sobre o espaço como meio de comunicação

interpessoal, se continuou investigando sobre uma proposta das quatros distâncias

(intima, pessoal, social e pública), e ainda que as diferenças socioculturais sejam

notávels em alguns aspectos, sua classificação ainda marca tendências. Fischer

(1994) supõe que a percepção de uma intrusão no espaço pessoal pode ser vivida

como uma violação da intinidade e suscitar reações que aumentam a distância

pessoal (não só nem necessariamente com o manejo da distância física) e diminui a

interação social (mudar a direção do olhar, fingir indiferença ou inclusive mostrar

agressividade quando a intromissão limita as zonas críticas entre aceitação e

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recusa). De sua perspectiva Holahan (1995) estudou o uso da distância como

estratégia de evitação, como sistema de defesa e como fator de comunicação, e

encontrou diferenças na forma, contudo semelhanças no conteúdo.

Um olhar alternativo, menos funcional e mais estrutural, a expressa Fischer

(1994, p. 52) quando propõe que:

O espaço é um espaço representado, é espaço imaginado; não define tanto uma realidade material exterior, como uma realidade interior: em tal caso os fenômenos psíquicos são apreeendidos em termos que reenviem ao conceito de espaço. Assim. quando Freud buscou reduzir o funcionamento psíquico em termos de tópica, usou imagens que retomam o espaço para explicar fenômenos psíquicos que não haviam tido relação imediata com ele, quer dizer, para apoiar a argumentação, para definir o aparato psíquico.. Enfim, o conceito de espaço pode ser utilizado para expressar uma ideia, uma realidade abstrata; mas serve de ilustração, como o caso em que se diz que a democracia é um «espaço de liberdade.

Ainda que o espaço e o território joguem papéis de regulação social e na

prática vivencial não é fácil separá-los, pode-se realizar ao menos esta distinção: o

espaço pessoal é uma zona móvel (se traslada com o sujeito e seu corpo) e invisível

que rodeia à pessoa, enquanto que o território é um espaço visível, estável, situável.

O espaço pessoal joga diferentes funções psicossociais: a) defesa. Por

exemplo, em situações de forte densidade: evitar olhar, apertar os braços ao corpo,

aumentar a tensão corporal ou efetuar atividades fictícias... b) regulação de

intimidade. Assim, enviamos sinais para quem desejamos perto de nós: sorrir,

colocar-se de frente, olhar sem inquirir, manter uma posição relaxada... c) afirmação

do Eu: estabelecendo fronteiras e permissões tácitas ou explícitas segundo as

semelhanças ou diferenças culturais respectivas.

3.1.2 A Dimensão Social

Em realidade, esta dimensão que comporta todo espaço não pode ser

dissociada da cultura. Ambas se relacionam estreitamente e são duas caras de uma

mesma moeda: um espaço, sua distribuição, seu uso social são penetrados pelos

comportamentos e atividades ligados aos sistemas de valores dentro de uma

sociedade, os quais são múltiplos, relativos, diversos e inscrevem as formas de viver

dentro de um espaço. Esta dimensão revela características próprias como, por

exemplo, que certos efeitos sociais se relacionam com a distribuição dos espaços:

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O espaço social é o conjunto de comportamentos e relações que se

desenvolvem dentro de um território específico e que caracterizam as diversas modalidades

de ação ao interior de uma organização definida do espaço. Também se pode considerar

como o sistema de repartições e de inscrições de atividades e relações que obedecem às

normas que presidem a estruturação de uma sociedade (Fischer, 1994, p. 75).

Um exemplo do que foi dito poderia observar-se comparando certos aspectos

da sociedade pré-industrial com a contemporânea: antes, as pessoas se moviam

geralmente a pé, a percepção do tempo estava condicionada por sua percepção do

espaço e mediavam o tempo com base nos espaços percorridos; por oposição,

atualmente esse espaço se vivência através de uma representação do tempo, não

somente recortado e fragmentado, mas que a duração não se relaciona com a

distância percorrida. Esta tendência é cada dia maior, se refletirmos nos espaços e

dimensões “virtuais” que permitem a comunicação eletrônica, onde a noção de

caminho físico desaparece.

3.1.3 A Dimensão Cultural

Esta dimensão se relaciona essencialmente com o valor simbólico atribuído

ao espaço. A identificação, usos, imitações...com relação ao mesmo formam parte

de uma estrutura social que se impõe a seus membros (em diferentes graus

segundo o status e prestigio, por exemplo) através dos valores inscritos que seus

diferentes atores projetam ou impõem Deste ponto de vista se pode falar de espaço

sagrado e cultural, especificamente entendido.

O espaço sagrado, segundo Eliade (apud Fischer, 1994), se organiza como

experiência em torno de uma oposição essencial entre território habitado (espaço

sagrado: ordenador) e outro desabitado (caos, desordem). Assim, os muros, cercas

e demais fronteiras materiais entre o dentro (habitado) e o fora (vazio) não jogam um

papel protetor e defensivo com relação só aos demais membros do grupo ou

sociedade vivos mas contra o caos, a alma dos mortos, os demônios e demais

componentes de sua vida ritual e cotidiana. Implica, em consequência, uma visão do

mundo não necessariamente homogênea, com rupturas ou resquícios, que se

intenta cobrir com os ritos e atividades ordinárias (periódicas) e que fazem do

espaço sagrado o lugar onde o comportamento humano adquire inteligilibidade.

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Enquanto o espaço anterior se liga a um nível de transcendência, o espaço

cultural se relaciona com os valores de um grupo ou sociedade: o espaço cultural se

considera como um produtor (classificador, regulador, ímpulsor-inibidor) de

significações, os quais se manifestam através de seu uso social. Joga um papel de

decodificação do sistema social e, às vezes, o suporta e permite seu funcionamento.

A função das raízes, da identidade pessoal social, da defesa e continuidade exitosa

como grupo são aspectos chaves que se introduzem na matriz social comum que

permite a diversidade dentro de certa unidade: os valores.

Em síntese, o espaço e o tempo são dois componentes essenciais e

determinantes na formação de culturas. Cada cultura tem sua própria concepção

(expressada nas correspondentes políticas sociais), sua própria organização e sua

própria linguagem do espaço, onde as particularidades devem ser consideradas

dentro de sua relação com o sistema de valores.

E nas redes sociais, embora virtuais, os espaços existem e são cruciais na

formação do ambiente em que a pessoa vive. Embora mais sujeita a publicidade dos

atos, o indivíduo quando participa de uma rede social pretende falar em um

determinado espaço onde sua privacidade deve ser preservada.

Dessa forma se verifica que há uma importante relação entre a interação

social desenvolvida nas redes sociais e o meio ambiente social trazendo sérias

implicações para a ecologia humana. Logo, surge a seguinte indagação: qual é o

tipo de ambiente social se está criando para o desenvolvimento dos aspectos

psicológicos, sociais e culturais de nossa sociedade? Cabe ao Direito a função de

estabelecer o equilíbrio das relações humanas neste novo campo. Hão de ser

conjugados os diversos direitos e deveres dos cidadãos para que não sejam

contrariadas as normas fundamentais de nossa Constituição e se crie um ambiente

no qual as pessoas possam se desenvolver plenamente.

3.2 As Redes Sociais

Desde sempre, o homem teve a necessidade de se comunicar com os

demais, de expressar pensamentos, ideias, emoções, de investigar, saber, obter

informação criada, expressada e transmitida por outros. A criação, busca e obtenção

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de informação são ações essenciais e próprias à natureza humana, sendo a cultura

o fenômeno marco por excelência da socialização do conhecimento.

Atualmente não há nenhuma dimensão da vida que fique excluída da

transformação gerada pela inovação tecnológica e as possibilidades de manejar a

informação.

A comunicação atual entre duas pessoas é o resultado de múltiplos métodos

de expressão desenvolvidos durante séculos. Os gestos, o desenvolvimento da

linguagem e a necessidade de realizar ações conjuntas têm um papel importante.

Nos últimos 150 anos, e, em especial, nas duas últimas décadas, a redução

dos tempos de transmissão da informação a distância e de acesso à informação se

converteu em um dos desafios essenciais de nossa sociedade.

A extensão das TIC (Tecnologias da Informação e Comunicação) a todas as

capas sociais depende de diferentes aspectos: infraestruturas, capacidades,

elementos familiares e da vida cotidiana entre outros, que podem ou não facilitar a

apropriação das novas tecnologias.

Os novos meios de comunicação, fazem referência a todas aquelas estruturas

de comunicação que se dão na Internet e que caracterizam o novo espaço de

comunicação, diferenciando-se dos processos de comunicação de massas, por sua

multimedialidade (a mensagem é suscetível de ser construída e transmitida

mediante texto, imagem ou som); atualização (a mensagem pode alcançar a

instantaneidade, flexibilizando parâmetros temporais); interatividade.

A interatividade se define como a capacidade que tem o usuário de

“perguntar” ao sistema, e sentar as bases para recuperar a informação da forma

desejada. O emissor, não envia uma mensagem unidirecional, sem capacidade de

resposta, e o receptor pode tomar decisões, configurar sua própria mensagem,

assim como dialogar, de uma forma ou outra com o emissor: interatividade

sujeito/objeto (RECUERO, 2009). A interatividade sujeito/sujeito implica formas

relacionais entre indivíduos através de modos de comunicação interativos: correio

eletrônico, chat, foros, grupos de notícias, grupos de discussão, etc. (RECUERO,

2009).

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Segundo Spadaro (2013) da interatividade própria do meio, nasce a atual

vantagem ou desvantagem de poder gerar mudanças de conduta, criar novos

movimentos de opinião, promover manifestações, criar grupos de apoio a causas

concretas ou conseguir criar uma moda que gere o consumo de um determinado

produto.

Na atualidade, as relações entre os seres humanos têm um novo espaço

onde se gerar, novos espaços de intercâmbios informativos. Deste modo, com o

auge de Internet e a telefonia celular, estão se implantando novas formas de se

informar, se comunicar, se entreter, se relacionar, comprar; por cima das formas

oferecidas pelos meios tradicionais como a imprensa, rádio ou televisão. Estas

“novas interações ou relações sociais”, geram preocupação e incerteza acerca das

consequências e impacto que podem ter nas subjetividades e na socialização de

crianças e jovens fundamentalmente, já que estes cresceram com as novas

tecnologias incorporando-as com naturalidade à vida diária, diferentemente das

gerações de maior idade.

3.2.1 Definição e Histórico das redes sociais

As redes sociais “são serviços prestados através de Internet que permitem

aos usuários gerar um perfil público, no qual plasmar dados pessoais e informação

dele mesmo, dispondo de ferramentas que permitem interagir com o resto de

usuários afins ou não ao perfil publicado” (BARRETO, 2012). Também é definida a

rede social como:

como uma aplicação online que permite aos usuários gerar um perfil com seus dados em páginas pessoais e compartilhadas com outras pessoas, fazendo pública esta informação, o que potencia a interrelação com outros usuários a partir dos perfis publicados. É uma ferramenta que facilita as relações sociais.

Na verdade uma rede social é uma estrutura social formada por pessoas ou

entidades conectadas e unidas entre si por algum tipo de relação ou interesse

comum. Nos últimos anos a eclosão das redes sociais na Internet é consequência da

progressão da Web 2.0 e suas novas aplicações. Estas plataformas cada dia

experimentam um novo crescimento no número de usuários se convertendo em um

ponto de partida para estabelecer contato e uma via de comunicação de distintos

lugares físicos entre diferentes pessoas; sendo hoje em dia o canal de comunicação

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mais ativo entre os usuários de todo o mundo para manter conversações ou

compartilhar dados pessoais.

Segundo Capra (1997):

As redes sociais são, antes de mais nada, redes de comunicação que envolvem a linguagem simbólica, os limites culturais, as relações de poder e assim por diante. Para compreender as estruturas dessas redes, temos de lançar mão de idéias tiradas da teoria social, da filosofia, da ciência da cognição, da antropologia e de outras disciplinas.

As redes sociais podem ser definidas como:

formas de interação social, como um intercâmbio dinâmico entre pessoas, grupos e instituições em contextos de complexidade. Um sistema aberto e em construção permanente que envolve a conjuntos que se identificam nas mesmas necessidades e problemáticas e que se organizam para potenciar seus recursos.

Em 2014, quase qualquer conjunto de pessoas organizadas constitui uma

rede. Desse modo, em torno a qualquer afinidade de gostos, interesses, etc. criam-

se novas relações; que mantêm, reforçam ou transformam-se certos vínculos com

outros. Assim a web 2.0 é um novo modismo para nomear o que antes se definia

como “fazer algo em grupo”. A web 2.0 é o espaço da Internet no qual se outorga

uma especial importância ao social.

Segundo Bernete (2010) as redes sociais existiram sempre desde que há

sociedade. Assim, desde que existe a World Wide Web (www), este termo tem um

uso frequente recorrendo à expressão “redes sociais” para identificar estruturas

sociais de todo tipo: de delinquentes, amigos, empresas, igrejas, caixas automáticos,

etc.

As redes sociais na Internet estão adquirindo uma importância inusitada. As

mesmas são muito variadas, dependendo a que se dediquem especificamente ou

segundo como funcionem. Antes de finalizar 2009, Google assinalou as 10 páginas

que o buscador considerava emergentes entre os usuários brasileiros, situando o

Facebook em terceiro lugar, hoje considerada a grande rede social mundial.

Nas redes se compartilham muitos dados pessoais (interesses, gostos, fotos,

vídeos, etc.). na página de início, cada usuário faz sua performance, sua construção

pública do eu, sendo este perfil “um conjunto de dados de diversa natureza, uma

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colagem de texto e imagens que compõem um reflexo de si mesmo, contudo

maleável, cambiante, flexível” (BERNETE, 2010: 102).

São as conexões entre os perfis e não os perfis em si, as que conformam

uma rede. Este é um espaço onde nada se oculta, dado que as conexões são

públicas; as vezes os comentários ou mensagens que são enviados intentam ser

privados contudo em um espaço que é fundamentalmente público já que há

observadores que podem aceder à informação quando o desejem. Isto implicam

riscos, dado que a Internet é um meio sincrônico, os dados pessoais persistem

durante muito tempo) e um meio acrônimo (muitas pessoas podem aceder a essa

informação tempo depois) podendo-se utilizar essa informação para diversos fins.

Para Bernete (2010) produziu-se uma mudança fundamental onde o público

joga um papel diferente, se interage de uma forma que antes não existia ainda que

essa interação seja com pessoas já conhecidas, ou bem, interações novas que

motivam apesar do perigo que conduzem.

Segundo Del Moral (2005, p. 21) existem quatro empregos gerais que

fomentam o uso de das redes sociais:

1. Manutenção de amizades: seguir em contato com amigos, colegas, ex-companheiros de trabalho, etc., quem de não ser por estes serviços iriam perdendo relação.

2. Nova criação de amizades: cada uma das pessoas que participa nas redes, relaciona de uma ou outra forma, a seus contatos com segundas ou terceiras pessoas, que podem por sua vez interagir e se conhecer.

3. Entretenimento: existe um perfil de usuários que as usa como portal do entretenimento (jogos, explorar as atualizações do estado de outros usuários, mirar as vidas alheias, etc); utilizando em muitos casos o recurso de observar ao outro sim ser visto “voyeurismo”.

4. Gestão interna de organizações empresariais: uso circunscrito a empresas dentro de cuja estrutura se criam redes privadas para a realização de trâmites, comunicações, contatos com outros profissionais, etc.

Todos os intercâmbios e formas de comunicação permitem conhecer gente

que seria impossível aceder diariamente, por sua distância física e inclusive

temporal. Com estes intercâmbios se cria uma relação virtual com certo caráter de

amizade ou inclusive amor, segundo o modelo clássico de relação. Podem-se

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compartilhar pontos de vista, fotografias, experiências, emoções, etc. Através de

Facebook, Hi5, Twitter, Tuenti ou qualquer outra rede social. Contar com uma rede

de apoio social é uma necessidade proposta pela psicologia desde a prevenção e

tratamento.

Todos conhecem as vantagens derivadas das redes sociais contudo pouco

sobre as desvantagens e dúvidas que apresentam em torno da sua utilização. Em

um mundo em transformação, a tecnologia sofre também seus avanços e no caso

destes meios sociais transformaram os hábitos comunicativos em diversos âmbitos

sociais. Estes canais de comunicação e interação permitem agrupar usuários de

distintos grupos e interesses, tais como ócio, em nível profissional ou simplesmente

como entretenimento.

Cabe ao Direito o papel de estabelecer regras que aliem as vantagens

derivadas das redes sociais ao combate dos problemas que podem ser gerados pela

mesma, criando um ambiente social que propicie o desenvolvimento sustentável,

estabelecendo as bases para a nova sociedade que está sendo criada.

Dessa forma, a cartilha, objeto do presente trabalho visa exatamente

demonstrar aos usuários as vantagens e as consequências do uso indevidos das

redes sociais.

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4 O DIREITO E O UNIVERSO DAS REDES SOCIAIS

As Redes são formas de interação social definidas como um intercâmbio

dinâmico entre pessoas, grupos e instituições em contextos de complexidade.

Consistem em um sistema aberto e em construção permanente que envolve

conjuntos que se identificam nas mesmas necessidades e problemáticas e que se

organizam para potenciar seus recursos (DAVARA, 2006).

As chamadas redes sociais online consistem em serviços prestados através

de Internet que permitem aos usuários gerar um perfil público, no qual plasmar

dados pessoais e informação dele mesmo, dispondo de ferramentas que permitem

interagir com o resto dos usuários afins ou não ao perfil publicado (ibidem).

A mudança que gerou na sociedade demonstra que não é uma simples moda,

mas que chegaram para ficar, alterando assim o âmbito das relações, principalmente

as jurídicas.

A informação vertida nesses sítios por parte dos usuários, os expõe a perigos

como roubo de dados, extorsões, sequestros. Somado a isto, se encontra a

indiferença por parte de quem manejam estes sítios, de controlar os aspectos legais,

preocupados mais em controlar os aspectos técnicos do que jurídicos, deixando

vulneráveis quem utiliza as redes sociais.

O desenvolvimento da tecnologia põe à disposição da comunidade inúmeras

redes sociais de fácil acesso às comunidades jovens com interesses comuns e

permitem compartilhar arquivos, comunicar-se entre si, criar enlaces, compartilham

gostos, enfim, uma multiplicidade de opções que ainda estão por desbravar.

Timidamente, iniciou-se no comércio com opções de compra e de serviços. É

um sistema que funcionava principalmente para a comunicação e o marketing de

empresas. Entretanto, surpreende a rapidez de desenvolvimento destes serviços

que em poucos anos cresceram rapidamente e continuam em plena expansão, sem

se pautar em uma normativa clara e especifica de proteção da privacidade,

intimidade, imagem, que são tutelados pela Constituição.

Há de se observar ainda, a inconsciência que existe entre os usuários de

Internet, sobre as práticas que levam à invasões de privacidade e a publicação de

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dados pessoais que podem ser utilizados por pessoas inescrupulosas para atentar

contra seus direitos cidadãos (ABRIL; LEVIN, 2014).

De uma perspectiva legal e no amplo campo de direitos que pode ser afetado

ao regular as redes sociais: como ser o de livre expressão, propriedade,

confidencialidade, propriedade intelectual, segurança, é importante que exista lei

neste âmbito para proteger os seus usuários, notadamente uma lei de Proteção de

Dados Pessoais.

A norma também deve conscientizar os cidadãos, sobre os riscos à violação

de privacidade e a autodeterminação informativa criadas por estas redes, nas quais

qualquer material que é carregado passa a formar parte da mesma e, portanto, se

transforma em coisa pública, com acesso irrestrito a terceiras pessoas.

Na prática, não existe uma proteção adequada aos usuários e é preocupante

o acesso, sem prévia autorização, às informações pessoais de um usuário, surgindo

o temor à violação de direitos fundamentais, dentre eles o da dignidade humana. Os

jovens muitas vezes de forma ingênua, carregam informações confidenciais que

passam a pertencer ao domínio de terceiros e que podem ser objeto de má-fé por

parte de pessoas mal intencionadas. Logo, é necessária a segurança de informação,

além da comunicação aos pais, docentes e responsáveis pela tutela de menores, de

maneira que possam protegê-los adequadamente.

É imperativo que a norma leve em consideração, embora seja incontrolável o

acesso à Internet como um direito humano, que o Estado tenha o dever de evitar

que através deste meio se produzam fraudes, roubo, substituição de identidade,

hacking e todas as ações que comprometam a segurança individual e nacional.

4.1 Direitos potencialmente vulneráveis nas redes sociais

A repercussão das redes sociais e seu uso não ficam isentos de receber

constantes ataques por parte de hackers ou criminosos. É um instrumento fácil para

levar a cabo delitos e vulnerar alguns direitos que não se vêem isentos de riscos,

dentre eles podemos destacar os seguintes:

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4.1.1 Direito a Honra

É aquele que é inerente a toda pessoa quanto à sua boa imagem, nome e

reputação, de tal forma que qualquer cidadão pode exigir que respeite sua esfera

pessoal com independência das circunstâncias particulares, convertendo-se em um

direito irrenunciável (GRECO, 2014).

Os principais delitos que engloba o direito a honra são o delito de calúnia,

difamação e a injúria. Um delito de calúnia é aquele no qual a pessoa acusa a outra

de haver cometido um delito resultando que tal acusação é falsa. Tanto o delito

como a pessoa à qual se imputa a ação, devem estar determinados (NUCCI, 2014).

No caso da injuria é aquela expressão que lesiona a dignidade de uma

pessoa atentando contra sua própria estima. A difamação é o ataque que prejudica

sua reputação perante terceiros (ibidem).

Qualquer pessoa anônima ou conhecida nas redes sociais pode atribuir fatos,

exercer juízos de valor. Este tipo de lesão é frequente em algumas redes sociais,

sobretudo em perfis públicos de políticos e personagens de projeção social como

apresentadores de televisão, artistas, desportistas, etc (CASSANTI, 2014).

Nestas plataformas é muito simples praticar delitos ou ataques que atentem

contra o honra de uma pessoa, e com um simples click, pode-se publicar um

conteúdo ofensivo de caráter delitivo com o fim de danificar a reputação de uma

pessoa.

No Código Penal estes delitos estão tipificados e, portanto, amparados pela

lei. Aparentemente, nas redes sociais conhecemos as identidades dos usuários, mas

não é sempre assim na rede, onde os usuários costumam utilizar e assinar com um

pseudônimo. Portanto, a lei poderia investigar com maior rigor os autores das

injúrias, difamações e calúnias, que são proibidos não só nas redes sociais, mas no

próprio ordenamento jurídico. Contudo, em muitas ocasiões são numerosos os

usuários que empregam essas táticas para cometer delitos nas redes sociais

(ibidem).

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4.1.2 Direito à Intimidade Pessoal e Familiar

O direito à intimidade pessoal e familiar tem por objeto a proteção da esfera

mais íntima da pessoa, também vinculado com a proteção da divindade da pessoa

(GRECO, 2014).

As redes sociais não são sítios que ofereçam exclusividade, já que o número

de pessoas on line e interconectadas e vão além do meramente exclusivo, contudo,

o conteúdo informativo que inclui poderá ser privado, e aí é onde cada indivíduo será

responsável por tudo que publica. Portanto, para evitar possíveis situações de riscos

e proteger a intimidade, os indivíduos devem ter em conta alguns conselhos desde o

primeiro momento que nos registramos como usuários; devemos ser conscientes da

exposição que vamos fazer sobre nossas atitudes pessoais, visto que será publicada

informações de caráter suscetível de violação e sensível desde o inicio, assim como

devemos ser precavidos na hora de fazer um monitoramento de nossas publicações,

dados e imagens, porque nossa privacidade pode ser afetada assim como a de

terceiros (ABELA; WALKER; WHITTY, 2014).

As redes sociais são potentes ferramentas que controlam o alcance de

nossos dados e com isso o de nossa privacidade. São capazes de intercambiar,

processar, analisar, inclusive indexar os perfis dos usuários com informação do

contato, pondo em risco nossa privacidade e de nossos amigos, complicando-se a

possível eliminação de qualquer rastro sobre nossos dados pessoais.

4.1.3 Direito à Própria Imagem

O direito à própria imagem é atribuído a cada indivíduo, no sentido de poder

dispor de sua imagem física, impedindo sua difusão, salvo quando se dê seu próprio

consentimento (CLEVE, 2014).

As redes sociais permitem novas formas de reproduzir a imagem de uma

pessoa e torná-la pública de forma instantânea, inclusive sem que as pessoas se

dêem conta.

Normalmente o usuário de redes sociais não costuma pedir consentimento à

terceiros sobre as publicações de nossas imagens divulgadas, ainda que em

acontecimentos íntimos, surpreendendo muitas vezes o próprio usuário que, não

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raras vezes, a encontre circulando pelas redes sociais sem a permissão necessária,

inclusive etiquetando as fotos com dados pessoais (nomes, apelidos e inclusive o

sítio onde foram tomadas as imagens) (ABELA; WALKER; WHITTY, 2014).

É possível visualizar na grande maioria das redes sociais, a pessoa que

publicou a imagem. Atualmente, as redes sociais permitem denunciar imagens onde

aparecem usuários que foram etiquetados sem seu consentimento.

Em nosso país, os direitos encontram-se amparados na Constituição Federal,

e no ordenamento jurídico como um todo, contudo, não se faz menção expressa ao

uso das redes sociais de maneira que os direitos dos usuários podem ficar sem uma

defesa legal efetiva.

Não se pode esquecer, que os usuários menores de idade, pertencem a uma

considerável parcela da população, muito ativa nas redes sociais, sendo certo que

seus interesses devem ser protegidos com mais rigor, em atenção ao princípio do

melhor interesse da criança e do adolescente e da ser uma pessoa em

desenvolvimento.

4.1.4 Direito à Liberdade

No Brasil, o direito a liberdade é amparado constitucionalmente para todas as

pessoas e, eventualmente, poderá ser cerceado quando praticados delitos, dentre

os quais podemos citar o sequestro, a ameaça e a coação, roubos, furtos, etc...

Em relação ao crime de sequestro, as redes sociais não permitem que se

cometam crime dessa natureza, todavia, são ferramentas que possam facilitar aos

policiais a terem informações valiosas sobre um determinado indivíduo (localização,

hábitos, interesses, contatos, etc.).

Mais frequentes é o delito de ameaça, onde é possível verificar com mais

frequências nas redes sociais. A ameaça pode gerar a um indivíduo intimidação,

inclusive atentado contra sua própria segurança. Nestes casos, recomenda-se

denunciar às autoridades competentes para que se tomem as medidas cabíveis

necessárias, a fim de proteger seu direito frente aos ataques de pessoas mal

intencionadas nas redes sociais (CASSANTI, 2014).

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Já em relação ao delito de coação, que consiste na ação de impedir ou de

obrigar a uma pessoa a fazer o que não deseja com violência física ou psicológica, é

possível verificar nas redes sociais mediante a publicação de um conteúdo no muro

de um perfil ou uma mensagem privada ameaçando a um usuário.

Por derradeiro, nos delitos de furto ou roubo, muitas vezes os usuários que

majoritariamente são jovens, ficam ostentando bens materiais em seu perfil, viagens,

carros, imóveis, onde inevitavelmente desperta o interesse de criminosos que

passam a acompanhar a rotina de determinada pessoa e posteriormente

transformando-os em vítima.

4.1.5 Direito à Liberdade de Expressão

As redes sociais são plataformas que permitem aos usuários gerar um perfil

público plasmando dados e informações de caráter pessoal. Qualquer usuário pode

publicar o que deseja, ainda que as próprias redes sociais submetam os conteúdos

a um certo controle. Este tipo de manifestação, onde o usuário tem autonomia para

publicar conteúdo de qualquer índole, faz com que sejam violados os direitos de

outros indivíduos.

Na constante atualização e busca cada vez maior da proteção dos direitos

dos usuários, os administradores das redes sociais estão implantando novos

mecanismos para denunciar abusos de conteúdos e imagens, que possam atentar

contra a privacidade, intimidade e a honra de um indivíduo.

Os administradores das redes sociais se comprometem em suas políticas a

configurar corretamente seus canais de comunicação para identificar se os

conteúdos publicados infringem a lei ou não, de maneira que se eliminem perfis que

abusem contra qualquer direito do indivíduo, assim como contra qualquer direito de

propriedade intelectual ou industrial. A proteção destes direitos que podem ser

vulnerados nas redes sociais entra em conflito com a liberdade de expressão dos

indivíduos (SOLOVE, 2014).

Nestas mesmas plataformas, muitos usuários fazem uso destes canais como

meio de difusão de suas tendências sexuais, ideologias sociais e políticas, como via

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para expressar opiniões, críticas de acontecimentos relacionados à nossa própria

vida pessoal, ou sobre aspectos de grande envergadura social.

4.1.6 Direito à Propriedade Intelectual

Outros direitos que sofrem grande vulnerabilidade nas redes sociais é a

propriedade intelectual. Nestas plataformas existe um conteúdo protegido

legalmente no que tange a propriedade intelectual e industrial. Cada vez mais é

possível verificar o aumento do número de conteúdos protegidos que são difundidos,

compartilhados e utilizados através das redes sociais. O respeito às possíveis

violações de propriedade intelectual nas redes sociais, os direitos de propriedade

intelectual e a integridade dos autores é posto em cheque, já que não se faz menção

em nenhuma das cláusulas que atuam como condições gerais das políticas de

privacidade para ingresso naquela determinada rede (SILVA, 2014).

As redes sociais estão publicando conteúdos gráficos, musicais, audiovisuais,

sem autorização de seu titular. Quer dizer, estão reproduzindo e comunicando de

forma pública, obras protegidas mediante propriedade intelectual, que são de

exclusividade de determinado autor ou autores, sem que essas pessoas cedam

expressamente esses direitos de divulgação .

Ademais, quando publicamos conteúdos protegidos pela lei e o fazemos

mediante canais de alcance público, como é o caso das redes sociais, corremos o

risco de que possam ser copiados por parte de terceiros, podendo ser difundidos

rapidamente seu conteúdo, que está sob a tutela do autor.

Outro aspecto muito recorrente que se produz nas redes sociais é a

transformação de conteúdos. Normalmente os usuários extraem citações, conteúdos

de obras e documentos que têm direitos autorais e os publica nas redes sociais. É a

própria lei que contempla não ser necessária a permissão do autor para publicá-lo,

desencadeando uma dicotomia entre a legislação vigente e o âmbito tecnológico.

Estabelecer um controle fiável e recorrente por parte das redes sociais às

obras e conteúdos de determinado autor, é muito difícil, sendo necessária uma

mudança no tratamento de diversos aspectos legais, atuais e vindouras.

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Os legisladores devem ter em conta que muitos usuários das redes sociais já

não são simples receptores de conteúdos, onde cada vez mais são criadores de

novos conteúdos, informações, vídeos, imagens e que são publicadas nas

plataformas sociais, como é o caso de Flickr (fotografias) ou MySpace rede social

onde os usuários despejam todo tipo de música. Por isso, os usuários e os próprios

administradores de redes sociais, necessitam saber as consequências de eventuais

publicações de seus conteúdos, a fim de evitar possíveis abusos dos mesmos.

Em redes sociais como Facebook, o responsável pela divulgação de

determinado conteúdo sempre será o usuário, ainda que qualquer tipo de conteúdo

fique armazenado, seja eliminado ou, ainda, quando a conta na rede social é

cancelada (SANCHESZ; DEMAZEAU, 2014).

Igualmente, o MySpace tem a cessão do conteúdo enquanto o usuário utilize

o serviço impedindo-se a sub-exploração comercial de ditos conteúdos, levando a

cabo uma política de atuação correta em relação à publicação dos conteúdos

aportados pelos usuários (ibidem).

4.1.7 Direito de Propriedade Industrial

No tocante à propriedade industrial nas redes sociais, muitas vezes vê-se

afetada a marca ou o logotipo com signo distintivo. As redes sociais são plataformas

através das quais se podem obter benefícios econômicos que derivam das

estratégias de marketing e publicidade, onde algumas empresas poderão lograr uma

maior projeção empresarial, contudo, no que afeta ao direito do usuário, este tem a

capacidade de publicar e ser receptor de anúncios de forma massiva.

As redes sociais contam com bases de dados potentes, com usuários

potenciais, numerosos anúncios publicitários, razão pela qual os administradores

das redes sociais, junto com os legisladores, estão tentando regulamentar este tipo

de práticas publicitárias.

Ressalte-se que a lei ampara e protege todas as criações intelectuais,

artísticas e industriais, que resolvam problemas tecnológicos, ou relacionados com o

desenho ou tenham uma repercussão no âmbito econômico.

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4.1.8 Dados Privados Publicados e Vulneráveis nas Redes Sociais

As redes sociais como serviços Web comunitários, se convertem em uma

fonte de informação muito exaustiva para a manipulação de dados de terceiros.

Normalmente, as pessoas em sua vida diária, não fazem saber aos outros

aspectos relacionados com sua vida cotidiana, para poder salvaguardar sua

privacidade. Contudo, as redes sociais conseguiram encontrar esse ponto, para

atrair distintos perfis, onde os usuários publicam conteúdos muitas vezes

relacionados com acontecimentos de sua vida privada, ou, relacionados com a

própria intimidade do usuário.

Outrossim, registre-se que outras vezes são terceiros que compartilham e

difundem conteúdos sobre nossa própria pessoa, muitas vezes sem o consentimento

expresso, rompendo assim as barreiras entre o que é público e privado.

As pessoas perdem a privacidade quando se expõem diante dos comentários,

opiniões. Por isso, é necessário apresentar e abordar quais desses dados que são

publicados nas redes sociais são sensíveis e afetam o equilíbrio entre a privacidade

perfeita e a total perda de privacidade.

4.1.8.1 Vida sexual, amorosa.

Como mencionado anteriormente, através das redes sociais e de muitos

perfis de usuários, podemos conhecer a vida sexual e amorosa das pessoas

mediante mudanças de estado, mensagens no muro ou fotos, novas incorporações

à rede social.

Em algumas redes sociais, a própria configuração de nossa conta nos motiva

a acrescentar alguns dados pessoais relacionados com nossa situação sentimental

ou sexual; por exemplo em Facebook podemos agregar dados em campos como

“Me interessam” aí estaríamos dando a conhecer nossa tendência ou gostos sexuais

ou em “Busco” ou “situação sentimental“, damos a conhecer abertamente nosso

entorno a terceiros tanto aos que temos agregados a nosso perfil como a usuários

desconhecidos, oferecemos pistas muito fiáveis sobre nossa privacidade e

intimidade e isso pode ser decisivo na hora em que valorem nossa reputação ou

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inclusive favorecer a situações de risco para a integridade física ou psicológica de

um usuário e seu entorno mais próximo (SANCHESZ; DEMAZEAU, 2014).

O controle e a espionagem que pode exercer um usuário sobre nossos perfis

e sobretudo sobre as informações e conteúdos que difundimos na rede, pode ser

causa de uma invasão em nossa privacidade e intimidade. Contudo, temos que

utilizar medidas pessoais ofertadas pelos mecanismos de segurança das redes

sociais, ainda que muitas vezes precários.

Devemos estar conscientes de que a vida privada de uma pessoa se encontra

mais exposta agora do que antes, fazemos públicos detalhes que antes só ficavam

em nosso entorno e agora ficam expostos a um click.

4.1.8.2 Entorno Familiar

O entorno das redes sociais mudou o conceito de privacidade e os aspectos

pessoais que na vida cotidiana apenas lográvamos manifestar publicamente.

Em nossos perfis sociais temos agregados numerosos contatos, como por

exemplo, colegas de colégio, universidade, familiares ou simplesmente pessoas que

conhecemos de forma superficial.

Isso acarreta uma exposição diária de nossa vida, que são postos em

conhecimento de outras pessoas, com as quais apenas temos um trato próximo,

mostrando nossa identidade a terceiros através de fotos de perfil, vídeos, textos, etc.

Informamos sobre nosso dia a dia, se há alguma mudança de estado em

nossa vida, trabalho, ou simplesmente o que estamos fazendo e onde.

4.1.8.3 Dados Privados Publicados Voluntariamente que Afetam o Usuário

É necessário distinguir entre os dados que correm riscos e que são

publicados com o expresso consentimento do usuário a aqueles que são inerentes

ao uso destas plataformas.

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4.1.8.4 Dados Privados Publicados Voluntariamente que Provocam Riscos a

Terceiros

É frequente por parte de muitos usuários comunicar mudanças de estados ou

situações relacionadas com a vida privada, como por exemplo a gravidez,

nascimento de um bebê, imagens das ecografias ou das crianças no entorno

familiar, acontecimentos ou celebrações com familiares.

Uma utilização responsável por parte dos membros de uma rede social, é

fundamental para evitar grande quantidade de problemas relacionados com a

privacidade, como ocorre no caso de fotos de acontecimentos familiares ou sociais

que difundimos através destas plataformas, onde aparecem terceiros aos quais

temos etiquetado com seus dados pessoais e onde a própria plataforma localiza por

default em dita fotografia, expondo-nos a que qualquer usuário possa identificar a

identidade de uma pessoa (ABELA; WALKER; WHITTY, 2014).

4.1.8.5 Entorno Laboral

A imersão das redes sociais também atinge ao entorno laboral. Em muitas

ocasiões, seu uso é necessário, em outras, supõe um “castigo“ para o trabalhador.

Os profissionais utilizam as redes sociais para encontrar pessoas, informação

ou conhecimento, colaborar e intercambiar conteúdos que ampliam suas relações

pessoais e profissionais. Todavia, deixa a descoberto aspectos relacionados com

sua privacidade e que podem terminar na demissão do trabalhador;

A publicação de conteúdos relacionados com o entorno laboral em nosso

perfil, pode ter consequências negativas. Por isso é necessário ser conscientes de

que há certos aspectos das redes sociais que geralmente se omitem de uma forma

ou outra e que podem nos prejudicar, sobretudo se não temos uma sensação de

privacidade e não tomamos precaução para nos prevenirmos de um perigo. Nossa

reputação dentro da própria empresa ou organização que trabalhamos poderá ficar

maculada.

Para isso, qualquer usuário deve ter a precaução de tomar algumas medidas

para proteger seu entorno laboral e levar a cabo uma série de medidas que

assegurem certo grau de privacidade, como por exemplo:

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Evitar publicar quando nos registramos em uma rede social, nosso endereço de email da empresa, melhor um endereço pessoal.

Evitar fazer comentários em nossos perfis sobre a empresa ou manifestações sobre nosso estado de ânimo no trabalho.

Evitar mesclar os contatos de trabalho com nossos amigos pessoais.

Proibir que se veja nosso perfil ou informação pessoal sem nosso consentimento (ABELA; WALKER; WHITTY, 2014, p. 125).

Atualmente, a implantação das redes sociais nos celulares também tem suas

consequências no entorno laboral, como:

Não guardar informações comprometedoras em nosso celular.

Não guardar senhas no celular.

Fazer uso das funções de segurança que facilitem estes dispositivos de forma que sejam evitados riscos na privacidade de um indivíduo (ibidem, p. 129).

Por essa razão, a publicação de dados pessoais, estados ou comentários

relacionados com o entorno laboral, pode ter consequências negativas não só para

um indivíduo, mas para uma empresa em geral, razão pela qual o indivíduo deve ter

consciência de suas manifestações, já que os referidos comentários podem se

estender rapidamente através de outros sítios Web como fóruns, blogs, etc., e, ainda

que se apague, o conteúdo pode ficar disperso por toda a Rede.

4.1.8.6 Dados Privados de Personagens Públicos

Os personagens públicos também compartilham e divulgam conteúdos com

os quais devem ter especial precaução, dada a magnitude social que pode alcançar

suas informações manifestadas através das redes sociais.

Muitas destas manifestações podem ocasionar a perda de privacidade sobre

aspectos que em muitas ocasiões se mantêm na intimidade pessoal do indivíduo e

pelo qual se correm riscos intrínsecos, já que os referidos conteúdos podem ser

utilizados por terceiros para caluniar, injuriar e inclusive receber ameaças contra sua

pessoa, dada a aceitação ou valoração social que se tenha o indivíduo.

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A maioria dos personagens famosos utiliza as redes sociais para por em

conhecimento do grande público sua situação profissional, sentimental, familiar ou,

simplesmente, divulgam aspectos privados de sua vida mais íntima como a

publicação de seu estado de saúde e sua evolução em seus muros ou mediante

tweet.

Os casos mais frequentes que definem este tipo de situação são os políticos,

esportistas, celebridades de uma forma geral.

Hoje, através das redes sociais, é possível maior rapidez e interação entre as

pessoas. Saliente-se que muitas vezes são divulgados aspectos privados do

indivíduo, onde os personagens públicos se utilizam dessas ferramentas para

publicar mensagens ligadas à sua imagem e profissão. Contudo, essa exposição

também corre riscos, notadamente quando terceiros publiquem comentários e

opiniões acerca dos posts colocados, tanto de forma positiva como negativa.

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5 FUNDAMENTAÇÃO JURÍDICA DA PROTEÇÃO

O desenvolvimento em nossa sociedade destas ferramentas sociais acarreta

novos desafios a serem percorridos, associados, sobretudo, à proteção da

intimidade, dados pessoais, e que nos últimos anos é sintoma de preocupação por

parte dos profissionais especializados a fim de contribuir, principalmente, para os

usuários existentes no que tange a privacidade, segurança das políticas de recolha,

retenção e uso dos dados pessoais que derramamos em nosso perfil de usuários.

Segundo Spadaro (2013, 37)

as principais redes sociais generalistas se preocupam por melhorar tudo o que se refere à privacidade do usuário e permitem gerir e definir o grau de exposição pública do indivíduo, contudo se acha em falta uma legislação própria que toda rede social tenha que subscrever em nível de privacidade do usuário para poder estar online.

Isto nos dá a chave de como alguns profissionais dos meios sociais vêem as

sombras legais sobre a utilização das redes sociais.

No Brasil, desde 2009 investiga-se para tentar sanar alguns aspectos que

ficaram descobertos, como é o caso da privacidade com algumas recomendações

tecnológicas e de segurança, assim como de conscientização em matéria de

formação dos usuários para sua utilização (BOFF; FORTES, 2014).

É por essa razão que as administrações públicas fomentam novos

mecanismos que garantam a segurança e credibilidade de acesso destas novas

tecnologias, atendendo os principais padrões de segurança da Internet, que também

podem ser aplicados à segurança das redes sociais, destacando:

Confidencialidade: as entidades autorizadas devem ter acesso ao conteúdo da informação.

Integridade: a informação que se publique não seja modificada por nenhum terceiro, salvo pela entidade autorizada.

Disponibilidade: a administração destas plataformas deve garantir a proteção do usuário frente a outros.

não repúdio: os participantes do serviço não poderão repudiar suas comunicações (ibidem).

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Segundo Barreto (2012, p. 59) “a privacidade não se trata do respeito a

nossos dados pessoais, mas também do que devemos de ter pela informação

relativa aos demais” e no caso das redes sociais foi descoberto uma maneira de se

comunicar e de socializar de forma distinta que mudou o paradigma da privacidade e

com isso os conceitos que são utilizados como a intimidade ou a confidencialidade,

que não são sinônimos do conceito de privacidade. A confidencialidade é a

“qualidade dos dados e informações reservados ou secretos pelo que empresas ou

entidades devem garantir que essa informação esteja protegida e não se transmita a

terceiros” (BARRETO, 2012, p. 62) e não se poderá fazer um uso indevido desses

dados em nenhum âmbito.

No caso de Internet, são as entidades que devem garantir a segurança

informática da informação com o objetivo de que ninguém possa aceder a esta

informação confidencial entre a quais podemos encontrar (nomes, endereços,

atividades familiares ou pessoais, dados bancários) e adquirir o compromisso de

armazenar e recolher. Significa dizer, proteger todos aqueles dados que estão

vinculados à vida privada, de tal maneira que se os administradores das redes

sociais protegem a confidencialidade de nossos dados, estarão salvaguardando a

privacidade das pessoas, e isto é denominado políticas de privacidade (SANCHEZ;

DEMAZEAU, 2014).

A intimidade é o conjunto de pensamentos, ideologias ou sentimentos que

cada indivíduo possui e que formam parte de nossa privacidade. A intimidade pode

não ser compartilhada, contudo, a vida privada pode ser compartilhada com outros.

É o que ocorre nas redes sociais onde tornamos público às outras pessoas a nossa

faceta de mais privada (acontecimentos ou situações que afetam a nosso âmbito

pessoal ou familiar, etc.). Por este motivo, muitos indivíduos de nosso entorno que

não formam parte destas plataformas, vêem que sua privacidade não está protegida

e se vê afetada por uma série de danos que não são amparados, porque falta

proteção jurídica, além de desconhecer alguns aspectos de natureza obrigacionais e

responsabilidades legais dos prestadores de serviços com respeito à privacidade e a

proteção de dados dos usuários (ABELA; WALKER; WHITTY, 2014).

Uma rede social é uma aplicação online que permite aos usuários gerar um

perfil, compartilhar informações e participar de forma espontânea em movimentos

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sociais. Neste conceito, são detectados três elementos: Sociológico: a rapidez da

interconexão através da Rede; Tecnológico: os avanços das telecomunicações,

junto ao barateamento dos dispositivos de conexão; e Jurídico: a quantidade de

ações que são realizadas dentro da rede, sem cumprir a normativa básica brasileira

de proteção de dados, intimidade e proteção da propriedade intelectual (ibidem).

Tal e como se entende na atualidade o conceito de rede social, conduz a

renúncia, pelo menos de modo parcial, por parte dos usuários do direito à intimidade.

Ainda que se trata de uma renúncia voluntária, não se pode assegurar que este

consentimento possa ser considerado completamente válido.

O desenvolvimento das redes sociais através da Internet evoluiu de tal

maneira que seu crescimento parece incansável. Esse fenômeno supõe uma nova

forma de relação humana, na qual chega a se desconhecer seu alcance e seus

riscos.

Segundo alguns estudos realizados são mais de 500 milhões de visitas

anuais a redes como Badoo, Facebook, Twitter, etc. No Brasil, estimam-se que

52,3% dos usuários de Internet, participam das redes sociais, dos quais 88,5% é

população jovem (entre 16 e 24 anos) que são usuários destas redes. Estes dados

despertam as maiores preocupações por parte dos especialistas, tendo em vista que

em a maioria dos os usuários são pessoas jovens e muitas vezes até menores de

idade (FGV, 2014).

Perfis de usuários que nem sempre conhecem as consequencias de seus

atos na rede, quando divulgando mensagens, vídeos, imagens, de conteúdo

impróprio ou que de alguma forma viole algum dos princípios tutelados pela

Constituição Federal, poderão atingir um alcance inimaginável, sendo certo que não

só o usuário sofrerá as consequencias de seus atos, mas seus familiares ou entorno

social como um todo.

As redes sociais se converteram em uma ferramenta essencial no

desenvolvimento pessoal de muitas pessoas, sendo um avanço imensurável de

novas tecnologias, que conduz a uma revolução para as relações sociais e uma

grande mudança nos hábitos e atitudes.

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Por outro lado, pode conduzir também à graves problemas, quando utilizados

sem responsabilidade ou por menores de idade, haja vista que são especialmente

vulneráveis.

Nos encontramos diante uma realidade que avança vertiginosamente e que

não pode ser ocultada aos menores, porque em muitos casos, são eles que

descobrem as diversas utilidades e possibilidades que a rede oferece. Porém, é

preciso nos prevenir e preveni-los, nos proteger e protegê-los, buscando nas novas

tecnologias uma forma de eliminar obstáculos que impeçam a educação e a

alfabetização de muitos menores, para que não fiquem refém dos avanços

tecnológicos e de um mundo globalizado.

Castells (1999) aporta uma definição do que é uma sociedade em rede

entendida como o conjunto de nós interconectados com capacidade de expansão

ilimitada entre os que compartilham os mesmos códigos. Vão se criando distintos

tipos de redes a partir das quais a sociedade se estrutura e a comunicação entre os

pontos interconectados de uma rede flui sem que exista distância-tempo entre eles.

Resulta evidente que a sociedade em rede que mencionava Castells (1999) era o

antecedente que daria lugar às redes sociais atuais.

Em finais do século XX começam a surgir as primeiras redes sociais em um

âmbito universitário e como meio para conectar com antigos companheiros. uma das

primeiras redes fundadas foi "classmates.com" em 1995, contudo a universalização

começaria em 2004 com a posta em marcha de Facebook (SANCHEZ; DEMAZEAU,

2014).

No mesmo conceito de rede social se englobam diferentes tipos de

plataformas; sua classificação se estabelece pela temática tratada, pelos perfis de

usuários, ou seja, o tipo de pessoas que o criador da rede quer que a utilize, redes

profissionais, nas quais estes se agrupam por setores com a finalidade de fomentar

e incentivar suas profissões, e fundamentalmente, redes sociais generalistas ou de

ócio nas quais seu principal objetivo é facilitar as relações pessoais entre seus

usuários. Dentro deste grupo se destacaram nos últimos anos o Myspace, Facebook

e Twiter, chegando a alcançar 100 milhões de usuários, especialmente entre o grupo

dos jovens (ibidem).

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Pese a que entre elas hajam diferenças, concorrem elementos básicos que

são comuns em toda rede social: por em contato e interconectar pessoas, interação

entre usuários, permitir que acabe entabulando um contato real, permitir que o

contato entre usuários seja ilimitado, fomentar a difusão viral da rede social.

Evidentemente, não se podem negar as possibilidades que são oferecidas

pelas redes sociais como meio de comunicação virtual, entretanto, acarreta o

empobrecimento da qualidade das relações humanas, uma vez que há uma

frivolização do conceito de amizade, muitas vezes atingindo o plano da privacidade e

da proteção de dados.

5.1 Direitos Fundamentais dos Menores

É inquestionável a revolução tecnológica que se produziu no âmbito das

comunicações no passado século XX. Com elas também se abriu uma nova forma

de delinquir. Ante as circunstâncias que são propostas pelas novas tecnologias,

devem ser estabelecidas fórmulas que protejam da possível vulneração de direitos.

Ao mesmo tempo, a substituição do mundo real ao virtual como espaço para

desenvolver estas atividades delitivas - fundamentalmente vulnerabilidade de direitos

fundamentais- não varia muito, salvo o salto ao ciberespaço. Contudo, com ele as

consequências se agravam, já que com o efeito globalização, as proporções são

muito maiores.

A intimidade parece ser um direito fundamental que frequentemente vem

sendo violado, No entanto, muitas vezes somos responsáveis quando através das

redes sociais, inserimos informações de caráter pessoal, e colocamos à disposição

do mundo.

Deve-se ter uma atenção especial principalmente em relação às crianças e ao

adolescente, tendo em vista que são mais vulneráveis, pessoa em desenvolvimento

e não tem a exata dimensão que seus atos poderão acarretar.

Frequentemente, suas atitudes diante das redes sociais violam direitos

fundamentais, principalmente o direito à intimidade, honra e a própria imagem.

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Os menores gozam do direito à liberdade de expressão nos termos da

Constituição Federal e a Lei 12.925/2014 (Marco Nacional da Internet), entretanto

tem seus limites resguardados pelo art. 5º da Constituição Federal. Quando falamos

da intimidade dos menores estes problemas se multiplicam.

Assim, se por um lado temos uma legislação que em grande medida não é

possível verificar as intervenções que os menores podem ter dentro destas redes

sociais, por outro, eles não tem legitimidade para autorizar ou consentir o uso de

suas imagens, salvo seus representantes legais, razão pela qual há frequente

violação aos direitos fundamentais, principalmente o direito ao honra, intimidade e a

própria imagem.

A intimidade encontra respaldo jurídico reconhecido no art. 5º da Constituição,

no art. 7º, I da Lei 12965/2014 e no Estatuto da Criança e do Adolescente, sem

esquecer dos tratados internacionais como a Convenção de Nações Unidas sobre os

Direitos da Criança em seu artigo 16.

O direito à intimidade dos menores é mais exposto, pois não reconhecem o

bem jurídico que lhes intenta proteger. Fala-se de uma necessária capacidade

natural para dar esse consentimento quando um menor faz um upload de uma foto

ou dados nas redes sociais existentes na Internet.

Resslate-se, já houve decisões no sentido de que, quem alcança uma certa

popularidade, faz uma projeção pública de sua vida privada, não tem direito a

desfrutar de uma parcela tão íntima de sua vida privada como tem qualquer cidadão

anônimo.

Em relação aos menores, podemos levantar alguns questionamentos : o

menor que compartilha certa informação ou envia fotografias que podem ser

utilizadas para chantagens ou abusos sexuais, é consciente e assume o risco que

pode derivar se desse fato?, Ainda, quando o menor não houver consentido,

poderão seus pais acessar seu perfil para ver a informação que tem? Poderá o

Estado intervir invocando a supremacia do interesse do menor para interceder em

proteção ao menor?

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Parece-me que as respostas são afirmativas, haja vista que não há direitos

absolutos em nosso ordenamento jurídico. Ainda que haja conflito entre o direito a

intimidade, privacidade e imagem do menor, o Estado ou representante legal

poderão interceder a seu favor, posto que numa ponderação de interesses, deve-se

sempre prevalecer o princípio de melhor interesse da criança e do adolescente.

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6 METODOLOGIA

Trata-se de uma pesquisa descritiva, com procedimento bibliográfico. Em

relação à revisão bibliográfica, foram considerados artigos científicos, obras de

autores reconhecidos pela comunidade acadêmica, além dos referenciais da

legislação vigente acerca das questões jurídicas que foram analisadas em função de

se conhecer adequadamente o objeto de pesquisa.

Para tanto, foram utilizados como base de pesquisa sites de artigos científicos

como Scielo (Scientific Eletronic Library Online), Diálogos e Ciência, Portal Brasileiro

de Informação Científica (Capes)

Considerou-se também para efeito de análise o conceito de Ecologia

Humana, como elemento essencial para se compreender os problemas inerentes ao

uso das redes sociais e de sua relação com o âmbito jurídico.

Ao tratarmos desse conceito, sua abordagem mais se aproxima das bases

epistemológicas da fenomenologia, pois, ao analisar a realidade, realiza-se um

acercamento a ela com a intenção de desvelá-la e conhecê-la para intentar melhorar

em determinados sentidos, de acordo com os elementos presentes em um momento

e contexto especifico, sem esquecer a natureza complexa das interações que ali se

dão. Isto implica propor aproximações sucessivas que permitam, de acordo a um

conjunto de qualidades, recriar, reconstruir e repensar a realidade, a qual, no âmbito

das ciências humanas, se percebe salpicada das subjetividades dos seres humanos,

continuamente submergidos nas complexidades próprias de sua natureza.

Por tratar de relações complexas, o auxílio metodológico-analítico de Edgard

Morim (2011) foi significativo, para a compreensão de que a Ecologia Humana,

conceito estruturante do trabalho, foi fundamental para se compreender a dimensão

das redes sociais, como redes de relação que imitam os processos de elaboração do

pensamento complexo.

Neste sentido, o produto surgiu como consequêcia dessas reflexões,

possibilitando a compreensão de que o processo educativo, inspirado pelo manuseio

de uma cartilha, pode auxiliar na construção da consciência autônoma e, por isso,

responsável, pelo uso responsável das redes sociais. Nesse sentido, o pensamento

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inerente ao pensamento complexo estão relacionadas três áreas de conhecimento:

Ecologia Humana, Redes Sociais e Direito, e Pedagogia, refletidas no texto do

presente trabalho.

Na área de Redes Sociais e Direito, procurou-se identificar o que é uma rede

social e quais são os direitos que estão sendo atingidos pelo uso não responsável

da rede. O Brasil editou neste ano de 2014, sua Lei de Proteção de Dados. Os

indexadores utilizados foram redes sociais e direito.

Já em relação à parte Pedagogica do trabalho, dentre as inúmeras teorias

existentes, optou-se por duas que vêm sendo bastante comentadas: a de Lev

Vygotsky e de David Ausubel. Ambos os pesquisadores contribuiram de forma

significativa para o debate acerca de aprendizagem e forma de compreensão.

Vygotsky, principalmente por causa de seu trabalho em mediação e que é o

papel da cartilha; e Ausubel pela questão da aprendizagem significativa. Aqui a

pesquisa se caracteriza como descritiva e foi puramente bibliográfica.

O instrumento utilizado foi somente o da pesquisa bibliográfica.

E por fim, sistematizar a proposta ações preventivas em uma cartilha como

instrumento de educação de jovens entre 13 e 18 anos.

Optou-se pela elaboração de uma cartilha digital, com personagens fictícios,

de forma ilustrada, para ter maior inteiração com o público alvo do presente produto,

que são os jovens.

Pretende-se hospedar a presente Cartilha em sites de repartições públicas,

escolas, colégios e faculdades públicas e privadas, disponibilizando a todos os

interessados, notadamente, aos adolescentes, de maneira simples e fácil o acesso,

com uma janela disponível para ter acesso à cartilha, cujo programa estará em

formato PDF.

A linguagem utilizada no trabalho será mais simples e coloquial, a fim de

atingir de forma mais contundente a compreensão e o aprendizado dos jovens,

despertando maior interesse entre eles.

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Como método de análise, utilizou-se o conceito de Ecologia humana,

compreendido como teoria que estabelece conceitos estruturantes para a

interpretação do fenômeno das redes sociais e de sua relação com o todo das

relações sociais. As transformações na sociedade pelo uso das tecnologias de

informação e comunicação são gigantescas e estão moldando o nosso futuro. Se

estas modificações não forem pensadas a partir da ecologia, da sustentabilidade,

correm-se o perigo de ver a desintegração desta mesma sociedade.

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7 FUNDAMENTOS UTILIZADOS NA ELABORAÇÃO DA CARTILHA

7.1 Introdução

Se o direito é um auxílio na proteção do equilíbrio da ecologia humana no que

tange ao papel das redes sociais, deve ser compreendido não só como um conjunto

de leis codificadas e sistematizadas, pois isso o afastaria da realidade social que

vive o problema dos direitos no uso das redes sociais. Há de ser cumprida também a

sua função social e mais ainda, a sua função preventiva. Não cabe ao direito

somente a punição civil ou penal da ação contrária à lei, primeiramente, cabe a

função informativa para que as pessoas tenham conhecimento de seus deveres e

direitos e possam agir conforme a lei. Assim, o direito deve ser compreendido,

também, no seu caráter pedagógico, isto é, educativo, no intuito de atuar frente à

mudança de comportamento que, sobretudo, os jovens demonstram no uso das

redes sociais.

As Redes Sociais se converteram em uma parte essencial de nossa

sociedade. Em um mundo onde o digital se introduziu em nossa vida cotidiana, é

necessária a criação de produtos que permitam por em realce os aspectos positivos

e negativos que proporcionam as novas tecnologias, ações e conselhos para um uso

responsável, assim como o conhecimento de ferramentas de interesse que oferecem

segurança na rede.

Pode-se crer em um mundo digital e interativo saudável, devem ser criadas

ferramentas que permitam difundir e dar a conhecer as potencialidades e riscos das

novas tecnologias da informação e a comunicações e Redes Sociais.

Aqui, busca-se conjugar a necessidade de os jovens estarem informados dos

problemas que podem ser causados pelo uso irresponsável na rede e pela má

prática de alguns de seus atores, tornando-a um ambiente saudável de interrelação,

tão importante para o crescimento dos jovens como pessoas, fazendo com que o

ambiente no qual vivemos seja um ambiente humanamente ecológico.

Quer-se capacitar a juventude, e àquelas pessoas ou organizações que

trabalham com e para a juventude, no uso responsável destes meios e plataformas

on line.

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7.2 Delimitação

A Cartilha estará focada preferncialmente para os adolescentes entre 13 e 18

anos sem distinção de sexo. O marco inicial desta faixa etária se deu com base na

maturidade psicológica e educacional dos jovens na atual época. O marco final foi

baseado no critério legal de maioridade conjuntamente com a maturidade

psicológica.

7.3 Objetivos

Os objetivos perseguidos foram: Fomentar o conhecimento e a opinião crítica

dos jovens sobre o uso das Redes Sociais; Apoiar os usos positivos e

potencialidades das TIC’s e seu uso responsável; Definir riscos associados a um uso

irresponsável; Capacitar aos jovens na identificação de plataformas e condutas

claramente irresponsáveis no uso destas tecnologias digitais.

A cartilha foi desenvolvida para estar disponível em sites de instituições de

ensino dos níveis fundamentais, médio e superior. A mídia escolhida tem relação

com os dois fundamentos deste trabalho: o primeiro de que a juventude já acessa a

Internet diuturnamente e preferem ler qualquer material na rede a impresso e

segundo, visando a manutenção de nosso ambiente, busca-se economia no uso de

papel.

Assumindo o compromisso com a juventude desenhou-se este espaço sobre

o “Uso responsável das Redes Sociais”, uma cartilha para favorecer a

responsabilidade no uso das redes sociais e garantir os direitos dos jovens

internautas e oferecer uma série de recomendações para um uso de internet mais

seguro.

A comunicação, o ócio e o estudo mudaram de forma radical. Nos

encontramos ante as primeiras “Gerações Interativas”, jovens que viveram com o

nascimento e crescimento das Tecnologias da Informação e da Comunicação e são

capazes de realizar qualquer ação em uma tela: comprar, comunicar, relacionar,

ligar, estudar, trabalhar...

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7.4 Caracterização do Público Alvo

Os adolescentes desafiam as teorias com as quais se intentam sistematizar

suas particularidades para compreendê-los. Cada adolescente, como todo ser

humano, por certo -, é distinto, tem sua história particular. Conforme Koller (2014)

pode-se afirmar que há certos processos, como determinadas características e

situações que costumam se reiterar uma e outra vez, que a quem se proponha

trabalhar com adolescentes convém conhecer.

De uma perspectiva sociológica, Pereira (2005) concebe a adolescência como

um período na vida das pessoas que se define em relação ao lugar que ocupa na

série das gerações: há uma certa experiência compartilhada por haver vindo ao

mundo em um momento histórico determinado e não em outro (é esta diferença a

que permite falar dos adolescentes dos anos sessenta, ou dos noventa).

De um ponto de vista psicológico, se considera como uma etapa da vida

humana que começa com a puberdade e se prolonga durante o tempo que demanda

a cada jovem a realização de certas tarefas que lhe permitem alcançar a autonomia

e se fazer responsável de sua própria vida. A forma que adquire a realização destas

tarefas está relacionada às características nas quais o adolescente viva, além de

sua particular situação familiar, de lugar, de gênero, de classe social (MINERVINO;

NÓBREGA, 2013).

As tarefas em questão foram definidas de diversos modos, contudo todos os

autores coincidem em que é o momento em que se abandona a identidade infantil e

se constrói a de adulto, ao mesmo tempo em que se elabora a separação da família

de origem. Koller; Diniz; Habigzang (2014) descreveram esta passagem como um

segundo nascimento (o mesmo propunha Rousseau faz mais de um século), no qual

o jovem deve se desprender pouco a pouco da proteção familiar, como ao nascer se

desprendeu da placenta. Para estes autores as duas tarefas mais importantes a

realizar na adolescência são a construção da identidade e o projeto de vida. Afirma

que o primeiro passo para alcançá-lo é se compreender, se aceitar, e querer a si

mesmo. Isto permite, por um lado, aceitar e querer aos demais (aprender a

conviver), e, por outro, olhar o futuro sem temor, ter um sonho, dar-lhe à vida sentido

(ibidem).

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Pereira (2005) propõe que nesta etapa devem ser realizadas três operações

básicas, intimamente ligadas entre si: a construção da identidade, a construção do

espaço subjetivo e o processo de emancipação. A característica chave deste

período é para ele a vulnerabilidade.

Durante a adolescência se constitui uma série de identificações novas, sem

renunciar por completo às primeiras identificações infantis. Os novos modelos

podem ser adultos alheios à família, contudo também outros jovens, os

companheiros, os amigos, são o espelho no qual o adolescente se mira em busca

de aceitação e aprovação.

No transcurso deste processo de transformação, que não lhe resulta fácil, que

muitas vezes o desconcerta ou provoca medo e insegurança, o adolescente costuma

apresentar algumas manifestações preocupantes do ponto de vista dos adultos de

seu entorno. Estas manifestações podem abarcar, desde falta de cuidado em seu

aspecto físico, falta de interesse pela limpeza e a ordem, desafio à autoridade,

provocação direta dos adultos, baixo rendimento escolar, repetição do ano,

abandono da escola, dormir em excesso, ou vagar, até condutas que o põem em

franca situação de risco, como exercício prematuro da sexualidade, fugas do lar,

consumo abusivo de álcool e/ou drogas, conduzir sem licença ou com temeridade,

transtornos alimentares, atos delitivos e intentos de suicídio (KOLLER; DINIZ;

HABIGZANG, 2014).

O adolescente se sente estranho. Apropriar-se de seu corpo e de sua

sexualidade leva um tempo, não é um processo que se realize de um dia para outro.

Ao princípio desfruta de seus novos cheiros, de sua fealdade, mas logo começa a se

cuidar, passa horas e horas no ginásio ou frente ao espelho, aprendendo a se

reconhecer nesse desconhecido que este lhe devolve e nas novas sensações e

urgências que o invadem. A roupa e os adornos cobram nesta etapa uma enorme

importância, pois formam parte da nova imagem de si (ibidem).

Já não pode se voltar aos pais em busca de conselho, porque eles deixaram

de representar para ele o lugar do saber. Antes de adotar um papel de adulto, o

adolescente se prepara mediante jogos e fantasias. Joga com ideologias, joga com a

sexualidade, joga a tomar riscos, joga, sobretudo, a ser grande, muito antes de se

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sentir tal. É reservado com relação aos adultos, contudo ao mesmo tempo em que

se esconde e defende sua intimidade, busca também se exibir, escandalizar. A

ameaça de perda de amor pode deixá-lo na depressão e a agressão que não pode

expressar, por temor a destruir aos pais ou provocar sua angustia, se volta contra

ele mesmo. Oscila entre o orgulho e o temor ao ridículo, entre a onipotência e o

desvalimento, entre a força e a impotência (ibidem).

Para Pereira (2005) o máximo bem do que pode dispor um adolescente é a

liberdade para ter ideias e atuar por impulso. Se lhe é outorgado demasiada

responsabilidade, se tem que ser adulto demasiado cedo, perde esta possibilidade

de imaturidade, de rebelião e se empobrece sua atividade imaginativa e sua vida

mesma. A confrontação com os adultos no plano simbólico (discussão de ideias)

permite por em jogo a fantasia de assassinato (que costuma se apresentar com

frequência sob a forma de temor a que ao outro lhe passe algo) sem chegar ao

assassinato no real. A função do adulto, dizem Minervino; Nóbrega (2013), não

consiste em educar ao adolescente, mas em sobreviver a seus ataques: onde existe

o desafio de um jovem em crescimento, que haja um adulto para encará-lo, e não é

obrigatório que isso seja agradável.

Quando os pais não podem aceitar os filhos como seres independentes cuja

vida não lhes pertence, estes tendem a desenvolver processos de diferenciação

patológicos, autodestrutivos (não comer, drogar-se, suicidar-se). O adolescente se

torna perigoso porque quer tomar suas próprias decisões e questiona as atitudes, as

opiniões e os valores da geração anterior. Se os adultos se sentem ameaçados

pelas críticas e a contínua confrontação, podem reagir expulsando-o (de a casa, da

escola) ou bem intentando dobrá-lo por meio do temor aos perigos do mundo

externo (a rua, as más companhias, etc.). Normalmente, a violência dos

adolescentes é consequência do abuso de poder dos adultos, que não querem

renunciar ao mandato absoluto que tinham sobre a criança (PEREIRA, 2005).

Também as mudanças corporais e a sexualidade do adolescente podem

representar uma ameaça para o adulto. Com frequência sente inveja de e compete

com o adolescente do mesmo sexo, intentando demonstrar que ainda é superior

(mais forte, mais inteligente, mais bonito ou bonita). No caso dos pais, muitas vezes

buscam reter os filhos provocando neles um sentimento de culpabilidade por

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diversos meios (problemas econômicos, enfermidade psicossomática, depressão),

ou bem lhes fazendo a vida no lar demasiado cômoda (excesso de dinheiro,

liberdades sem obrigações), o que impede a rebelião. Normalmente elegem a escola

à qual os enviam em função de seus próprios desejos, sem ter em conta o que o

filho ou a filha quer. O adolescente que é obrigado desta maneira, costuma

apresentar logo problemas de aprendizagem ou de conduta (ibidem).

Isto não significa que há que deixá-los em completa liberdade. O desafio à

autoridade, inclusive as condutas delitivas, são uma petição de limites. Todo

adolescente busca a contenção dos adultos. Para poder construir seu próprio

espaço, encontrar seu lugar no mundo, necessita contar com adultos que o

respaldem desde espaços reais (a casa, a escola, o trabalho), dando-lhe regias

claras acerca do que está permitido e o que não está, e respeitando por sua vez

essas mesmas regras. As normas que uma sociedade compartilha e que permitem a

convivência social não são inatas, se vão interiorizando ao longo da infância e se

questionam na adolescência. Nesta época, as respostas que o mundo circundante

traz ao jovem, contribuem a consolidar, distorcer, afiançar ou destruir isso que

chamamos ética, moral e convivência social. Não basta por limites e marcar valores,

ainda que isto seja imprescindível, contudo é igualmente essencial escutar ao

adolescente, respeitá-lo, crer nele, para que possa crer em si mesmo e confiar em

sua própria capacidade de criar um projeto e realizado.

Para Piaget a tarefa fundamental da adolescência é lograr a inserção no

mundo dos adultos (BALESTRA, 2008). Para lograr este objetivo, as estruturas

mentais se transformam e o pensamento adquire novas características em relação

ao da criança: começa a se sentir um igual ante os adultos e os julga neste plano de

igualdade e inteira reciprocidade. Pensa no futuro, muitas de suas atividades atuais

apontam a um projeto ulterior. Quer mudar o mundo no qual começa a se inserir.

Tende a compartilhar suas teorias (filosóficas, políticas, sociais, estéticas, musicais,

religiosas) com seus pares, ao princípio só com os que pensam como ele. A

discussão com os outros lhe permite, pouco a pouco, o descentramento (aceitar que

sua verdade é um ponto de vista, que pode haver outros igualmente válidos, e que

pode estar equivocado). A inserção no mundo laborai promove (mais ainda que a

discussão com os pares) a descentração e o abandono do dogmatismo messiânico.

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Os projetos e sonhos cumprem nesta etapa a mesma função que a fantasia e

o jogo nas crianças: permitem elaborar conflitos, compensar as frustrações, afirmar o

eu, imitar os modelos dos adultos, participar em meios e situações de fato

inacessíveis. A capacidade de se interessar por ideias abstratas lhe permite separar

progressivamente os sentimentos referidos a ideais dos sentimentos referidos às

pessoas que sustentam esses ideais (PEREIRA, 2005).

A sexualidade adolescente, como a sexualidade em geral, não é um fato

puramente biológico. A excitação sexual genital e a descarga são experiências

novas que se imprimem no psiquismo e permitem resignificar experiências

anteriores, que, junto com as novas, vão estabelecendo a forma de adquirir a

identidade sexual adulta (KOLLER; DINIZ; HABIGZANG, 2010).

Os adolescentes sentem que os adultos e especialmente seus pais, não os

compreendem e o diálogo com eles se interrompe, contudo a medida que se

apartam da família, encontram novos interlocutores em seus amigos, em seu diário

(que é privado contudo se deixa, ao princípio, à vista de todos), em sua agenda. O

grupo ajuda a elaborar a separação do entorno da infância e a saída ao mundo

adulto. Cumpre a função que antes correspondia à família. Provê modelos

identificatórios, normas, códigos compartilhados, contenção emocional, espaços,

tempos, rotinas. Permite expressar, em um contexto válido, a rivalidade, os zelos, a

competência. Permite também se fortalecer para os primeiros contatos externos,

criticar os pais, aos docentes, e outros grupos. No grupo se buscam respostas aos

enigmas da sexualidade (ibidem).

No começo da adolescência se produz um aumento do narcisismo que, se é

excessivo, impede a busca de um objeto externo. Às vezes o adolescente se isola

do mundo e recria as relações na fantasia, como forma de elaboração para um

posterior acercamento, contudo sente que o futuro está afora, em outra parte. Quer

conhecer lugares e pessoas, provar coisas diferentes, deste modo, experimentando,

descobrindo, vai conformando sua nova identidade. As primeiras relações com

objetos exteriores são de caráter narcisista. Ama a alguém que lhe parece, ou que é

como ele ou ela quisera ser. Inclusive em muitos casos elege alguém do mesmo

sexo ou com características sexuais ambíguas, ou alguém que aceita todas suas

propostas e lhe segue como uma sombra (ibidem).

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Por momentos aparecem sentimentos de estar sozinho e de vazio, pergunta-

se para que vive. Sente ao mesmo tempo temor de ser aniquilado e culpa por

abandonar aos pais. Quando luta por suas ideais contra a de seus pais, sente isto

como um assassinato, crescer é ocupar seu lugar, substituí-los. Para que o

adolescente atravesse este momento difícil é necessário que os pais lhe façam

frente. Se evitam a confrontação ou delegam responsabilidades demasiadamente

rápida, não permitem que o filho possa se rebelar. Não se pode matar alguém que

não está. Se, por outra parte, nunca admitem a possibilidade de que se os

questione, de estar equivocados, tampouco se produz o espaço necessário para que

o filho possa se separar deles (ibidem).

O caminho que vai da endogamia à exogamia, do familiar ao extrafamiliar, do

jogo ao trabalho, deve ser propiciado pela presença de adultos que, no dizer de

Pereira (2005), sobrevivam os embates.

Quando finaliza a adolescência? Crê-se que isto sucede quando o jovem é

capaz de eleger e sustentar suas próprias escolhas, sem retroceder nem se culpar

pelo que sentem seus pais. quando pode aceitá-los com suas falias e já não se

preocupa por mudanças. quando, finalmente, pode se apartar deles e seguir seu

próprio caminho (PEREIRA, 2005).

7.5 Aspectos Pedagógicos

O ensino e aprendizagem são dois termos que se relacionam entre si por ser

o essencial dentro do processo de formação de um indivíduo, anteriormente se

estabeleceram parâmetros de como educar, hoje encontramos diferentes termos que

nos permite enfocar de maneira específica o ensino e a aprendizagem do ser

humano, não obstante, diversas teorias, tanto no âmbito do estudo dos processos

psíquicos como no âmbito do estudo dos processos escolares, que compartilham

princípios ou postulados construtivistas e que coincidem em assinalar que o

desenvolvimento e a aprendizagem humana são basicamente o resultado de um

processo de construção, que o fato humano não pode ser entendido como a

implantação de um programa inscrito no código genético, nem tampouco como o

resultado de uma acumulação e absorção de experiências. Somos uma coisa e

outra, e somos muito mais, já que aquilo que nos converte em pessoas é

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precisamente as construções que somos capazes de fazer a partir destes

ingredientes básicos (LEFRANÇOIS, 2008).

Normalmente estas propostas proporcionam explicações e inclusive,

descrições, sensivelmente diferentes e às vezes contrapostas do que e o como dos

processos de construção. E não somente isto, mas que, ademais são teorias

parciais que centram a atenção em determinados aspectos ou fatores do

desenvolvimento e da aprendizagem, em detrimento de outras. Alguns exemplos

bem conhecidos são as explicações do desenvolvimento e a aprendizagem de

Vygotsky, e Ausubel, de uma boa parte de teóricos do processamento da informação

podem se qualificar, em muitos aspectos, de construtivistas.

As posições pedagógicas do docente ante o ensino e o tratamento dos

conteúdos não são independentes de sua mentalidade, cultura global e atitudes. É

por isso que o contexto ideológico dentro do qual o docente percebe, interpreta,

decide, atua e valora influi decisivamente. Este contexto, formado por uma mescla

de valores, crenças e teorias só parcialmente articuladas sobre o próprio papel

profissional e sobre os processos de ensino e aprendizagem, converte-se em formas

particulares que adotam as configurações didáticas às quais apela (ibidem).

A teoria de Vygotsky se baseia principalmente na aprendizagem sociocultural

de cada indivíduo e portanto no meio do qual se desenvolve, nesta teoria o meio

social é crucial para a aprendizagem. O fenômeno da atividade social ajuda a

explicar as mudanças na consciência e fundamenta uma teoria que unifica o

comportamento e a mente (DANIELS, 2003).

O ser humano como tal já traz consigo um código genético ou “linha natural

do desenvolvimento” também chamado código fechado, o qual está em função da

aprendizagem, no momento que o indivíduo interage com o meio ambiente. Sua

teoria toma em conta a interação sociocultural, contra a posição de Piaget. Não se

pode dizer que o indivíduo se constitui de um isolamento. Mais bem de uma

interação, onde influem mediadores que guiam a pessoa a desenvolver suas

capacidades cognitivas (ibidem).

Ademais de seu estágio de desenvolvimento haverá que ter em conta no

processo de ensino-aprendizagem o conjunto de conhecimentos prévios que

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construiu o aluno em suas experiências educativas anteriores -escolares ou não- ou

de aprendizagens espontâneas. O aluno que inicia uma nova aprendizagem escolar

o faz a partir dos conceitos, concepções, representações e conhecimentos que

construiu em sua experiência prévia, e os utilizará como instrumentos de leitura e

interpretação que condicionam o resultado da aprendizagem. Este princípio há de se

ter especialmente em conta no estabelecimento de sequências de aprendizagem e

também tem implicações para a metodologia de ensino e para a avaliação

(WERTSCH. 2001).

O conceito de Zona de Desenvolvimento Próximo (ZDP) é central no marco

dos aportes desta teoria a análise das práticas educativas e ao desenho de

estratégias de ensino (DANIELS, 2003). Podem-se considerar dois níveis na

capacidade de um aluno. Por um lado o limite do que ele só pode fazer, denominado

nível de desenvolvimento real. Por outro, o limite do que pode fazer com ajuda, o

nível de desenvolvimento potencial.

Esta análise é válida para definir com precisão as possibilidades de um aluno

e especialmente porque permite delimitar em que estado ou zona deve se realizar

uma ação de ensino e que papel tem no desenvolvimento das capacidades

humanas. Em cada aluno e para cada conteúdo de aprendizagem existe uma zona

que esta próxima a se desenvolver e outra que em esse momento está fora de seu

alcance, na ZDP é em donde devem se situar os processos de ensino e de

aprendizagem; e é onde se desencadeia o processo de construção de conhecimento

do aluno e se avança no desenvolvimento. Não teria sentido intervir no que os

alunos podem fazer sozinhos (ibidem).

Existe uma diferença entre o que o aluno é capaz de fazer e aprender só e o

que é capaz de fazer e aprender com ajuda de outras pessoas, observando-as,

imitando-as, seguindo suas instruções ou colaborando com elas. A distância entre

estes dois pontos, que Vigotsky chama Zona de Desenvolvimento Próximo (ZDP)

porque se situa entre o nível de desenvolvimento efetivo e o nível de

desenvolvimento potencial, delimita a margem de incidência da ação educativa. Com

efeito, o que um aluno em princípio unicamente é capaz de fazer ou aprender com a

ajuda de outros, poderá fazê-lo ou aprender posteriormente ele mesmo. O ensino

eficaz é pois, o que parte do nível de desenvolvimento efetivo do aluno, contudo não

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para se acomodar, mas para fazer-lhe progredir através da zona de desenvolvimento

próximo, para ampliar e para gerar, eventualmente, novas zonas de

desenvolvimento próximo (ibidem).

Partindo dos parâmetros anteriormente mencionados se pode deduzir que o

estudo do desenvolvimento cognitivo representa um grande aporte à educação,

dado que permite conhecer as capacidades e restrições das pessoas em cada

idade; e por fim, graduar a instrução às capacidades cognitivas do aluno, fazendo

mais efetivo o processo de aprendizagem. Deste modo, ditos fatores conduziram a

que seja possível planejar as situações de instrução com maior eficácia, tanto com

relação à organização dos conteúdos programáticos como em quanto a tomar em

conta as características do sujeito que aprende.

A psicologia cognitiva dá ao estudante um papel ativo no processo de

aprendizagem. Graças a estes, processos tais como a motivação, a atenção e o

conhecimento prévio do sujeito podem ser manipulados para alcançar uma

aprendizagem mais exitosa. Ademais, ao outorgar ao estudante um papel mais

importante, se logrou desviar a atenção da aprendizagem memorística e mecânica,

para o significado das aprendizagens para o sujeito, e a forma em que este os

entende e estrutura.

O processo cognitivo aplicado à educação se preocupou principalmente da

aprendizagem que têm lugar em qualquer situação de instrução, incluída a sala de

aula. Assim, a psicologia educacional aplicada à sala de aula deve se ocupar

ademais de fatores tais como os processos emocionais e sociais que têm lugar na

escola. Assim, na hora de analisar os processos que ocorrem na sala de aula, é

importante complementar os enfoques cognitivos com outros que permitam ter uma

visão integral do aluno em situação escolar (LEFRANÇOIS, 2008).

Nas situações de aprendizagem, a princípio o professor faz a maior parte do

trabalho (criação de andaimes), contudo depois, compartilha a responsabilidade com

o aluno. Conforme o estudante avance, o professor retira o andaime (scaffolding)

para que se desenvolva independentemente. A chave é se assegurar que o andaime

mantém o discípulo na ZDP, que se modifica quando este desenvolva suas

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capacidades. Incita-se ao estudante a que aprenda dentro dos limites da ZDP

(WERTSCH. 2001).

Outro aporte e aplicação é o ensino recíproco, que consiste no diálogo do

professor e um pequeno grupo de alunos. Ao princípio o professor modela as

atividades; depois, ele e os estudantes trocam o posto de professor. Assim, estes

aprendem a formular perguntas em classe de compreensão da leitura, a sequencia

educativa poderia consistir no modelamento do professor de uma estratégia para

propor perguntas que inclua verificar o nível pessoal de compreensão. Do ponto de

vista das doutrinas de Vigotsky, o ensino recíproco insiste nos intercâmbios sociais e

o andaime, enquanto os estudantes adquirem as habilidades (DANIELS, 2003).

A colaboração entre companheiros que reflete a ideia da atividade coletiva.

quando os companheiros trabalham juntos é possível utilizar em forma pedagógica

as interações sociais compartilhadas. A investigação mostra que os grupo

cooperativos são mais eficazes quando cada estudante tem designadas suas

responsabilidades e todos devem se fazer competentes antes que qualquer possa

avançar. A ênfase de nossos dias no uso de grupos de companheiros para aprender

matemáticas, ciências ou língua e literatura testemunha o reconhecido impacto do

meio social durante a aprendizagem.

O ensino e aprendizagem são dois termos que se relacionam entre si por ser

o essencial dentro do processo de formação de um indivíduo, anteriormente se

estabeleceram parâmetros de como educar, hoje se encontra diferentes termos que

nos permite enfocar de maneira específica o ensino e a aprendizagem do ser

humano, não obstante, diversas teorias, tanto no âmbito do estudo dos processos

psíquicos como no âmbito do estudo dos processos escolares de ensino e

aprendizagem, que compartilham princípios ou postulados construtivistas e que

coincidem em assinalar que o desenvolvimento e a aprendizagem humana são

basicamente o resultado de um processo de construção, que o fato humano não se

pode entender como a implantação de um programa inscrito no código genético,

nem tampouco como o resultado de uma acumulação e absorção de experiências.

Somos uma coisa e a outra, e somos muito mais, já que aquele que nos converte em

pessoas é precisamente as construções que somos capazes de fazer a partir destes

ingredientes básicos (LEFRANÇOIS, 2008).

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As posições pedagógicas do docente ante o ensino e o tratamento dos

conteúdos não são independentes de sua mentalidade, cultura global e atitudes. É

por isso que o contexto ideológico dentro do qual o docente percebe, interpreta,

decide, atua e valora influi decisivamente. Este contexto, formado por uma mescla

de valores, crenças e teorias só parcialmente articuladas sobre o próprio papel

profissional e sobre os processos de ensino e aprendizagem, converte-se em formas

particulares que adotam as configurações didáticas às quais apela (VIGOTSKI,

2007).

Sua teoria se baseia principalmente na aprendizagem sociocultural de cada

indivíduo e portanto no meio no qual se desenvolve, nesta teoria o meio social é

crucial para a aprendizagem, pensava que o produz a integração dos fatores social e

pessoal. O fenômeno da atividade social ajuda a explicar as mudanças na

consciência e fundamenta uma teoria que unifica o comportamento e a mente.

Por último, uma aplicação relacionada com a teoria de Vigotsky e o tema da

cognição situada é a da condução social do aprendiz, que se desenvolve ao lado

dos expertos nas atividades laborais. Os aprendizes se movem em uma ZDP posto

que se ocupam de tarefas que excedem suas capacidades, ao trabalhar com os

versados estes novatos adquirem um conhecimento compartilhado de processos

importantes e os integram ao que já sabem. Assim, este estágio é uma forma de

construtivismo dialético que depende em grande medida dos intercâmbios sociais.

Também assinala que o desenvolvimento intelectual do indivíduo não pode

ser entendido como independente do meio social no que está imersa a pessoa. Para

ele, o desenvolvimento das funções psicológicas superiores se dá primeiro no plano

social e depois no nível individual. A transmissão e aquisição de conhecimentos

(DANIELS, 2003).

A atividade humana está socialmente mediada e historicamente condicionada,

por isso, podemos dizer que há uma mediação social.

Uma característica dos humanos é a utilização de mediadores ou

instrumentos psicológicos que são que o sujeito utiliza para atuar sobre a realidade

para se adaptar a ela transformando-a e transformando-se a si mesmo, estes

mediadores são:

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Os signos (sociais) agem sobre nossa representação interna da realidade, e

transformam a atividade mental da pessoa que os utiliza conformado por gestos,

palavras, e todo aquele que conformam o universo de significados que regulam a

conduta social. Esta característica se denomina mediação semiótica.

Ferramentas (instrumentais) são com os que o homem atua material-

fisicamente sobre o meio que o envolve (martelo, veiculo, etc.) (WERTSCH. 2001).

Dentro deste marco teórico se propõe outra teoria fundamental que existe no

estudo do ensino - aprendizagem, a de Ausubel, quem toma como elemento

essencial, a instrução. E para ele, a aprendizagem escolar é um tipo de

aprendizagem que alude a corpos organizados de material significativo. Dá especial

importância à organização do conhecimento em estruturas e as reestruturações

que são o resultado da interação entre as estruturas do sujeito com as novas

informações (MOREIRA, 2012).

A teoria de Ausubel presta especial atenção a aprendizagem verbal e,

especificamente, a aprendizagem de conceitos. O trabalho deste autor serviu para

clarear algumas controvérsias entre aprendizagem por descobrimento,

aprendizagem receptiva, aprendizagem significativa e aprendizagem memorística.

Precisamente toda a ênfase da teoria se põe na aprendizagem significativa, frente

a memorística. Segundo Ausubel, existe aprendizagem significativa quando se

relaciona intencionalmente material que é potencialmente significativo com as ideias

estabelecidas e pertinentes da estrutura cognitiva. Desta maneira podem ser

utilizadas com eficácia os conhecimentos prévios na aquisição de novos

conhecimentos que, por sua vez, permitem novas aprendizagens. A aprendizagem

significativa seria o resultado da interação entre os conhecimentos do que aprende e

a nova informação que se vai aprender (AUSUBEL; NOVAK; HANESIAN, 2000).

Esta teoria da aprendizagem significativa de Ausubel oferece neste sentido, o

marco apropriado para o desenvolvimento do trabalho educativo, assim como para o

desenho de técnicas educacionais coerentes com tais princípios, constituindo-se em

um marco teórico que favorecerá dito processo.

Considera-se que a aprendizagem por descobrimento não deve ser

apresentada como oposto a aprendizagem por exposição (recepção), já que esta

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pode ser igualmente eficaz, si são cumpridas as características. Assim, a

aprendizagem escolar pode se dar por recepção ou por descobrimento, como

estratégia de ensino, e pode lograr uma aprendizagem significativa ou memorística e

repetitiva. De acordo com a aprendizagem significativa, os novos conhecimentos se

incorporam em forma substantiva na estrutura cognitiva do aluno (SANTOS, 2008).

Isto se alcança quando o estudante relaciona os novos conhecimentos com

os anteriormente adquiridos; contudo também é necessário que o aluno se interesse

por aprender o que se lhe está sendo mostrado, assim, chama de inclusores os

conceitos que já existem na estrutura cognitiva dos sujeitos e que lhes permitem

aprender nova informação. Cada vez que se aprende algo de maneira significativa, o

inclusor serve de enlace e se modifica. A aprendizagem significativa consistiria, pois,

em um processo continuado de inclusão, isto é, crescimento, elaboração e

modificação dos conceitos inclusores devido à adição de novos conceitos. Neste

processo de diferenciação progressiva chega um momento em que os inclusores se

modificam e se diferenciam de uma maneira tal que não é possível recuperar os

elementos originais (ibidem).

Isso constitui o que Ausubel chama inclusão obliterativa. Da descrição

anterior se desprende que a aprendizagem se concebe como um processo de

construção de novos conhecimentos a partir dos conhecimentos prévios, mais que

como um processo de simples cópia do de conteúdos (ibidem).

E apesar de suas limitações, a teoria de Ausubel contribuiu para clarear

algumas confusões sobre o próprio caráter da aprendizagem significativa. Os

conceitos que Ausubel introduz para explicar os processos de aprendizagem

permitem entender aspectos tais como os limites e condições da aprendizagem, uma

vez que orientam o ensino em determinadas direções.

Sem dúvida uma das coisas importantes que se deve ter em conta na

educação é a repercussão da aprendizagem escolar sobre o crescimento pessoal do

aluno e é maior quanto mais significativo é e quantos mais significados permite

construir. Assim pois, o realmente importante é que a aprendizagem escolar de

conceitos, de processos, de valores seja significativa. Aprender a aprender, sem

dúvida, o objetivo mais ambicioso e ao mesmo tempo irrenunciável da educação

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escolar, equivale a ser capaz de realizar aprendizagens significativas por si mesmo

em uma ampla gama de situações e circunstâncias (LEFRANÇOIS, 2008).

Para ele, aprender é sinônimo de compreender e implica uma visão da

aprendizagem baseada nos processos internos do aluno e não só em suas

respostas externas. Com a intenção de promover a assimilação dos saberes, o

professor utilizará organizadores prévios que favoreçam a criação de relações

adequadas entre os saberes prévios e os novos. Os organizadores têm a finalidade

de facilitar o ensino receptivo significativa, com o qual, seria possível considerar que

a exposição organizada dos conteúdos, propicia uma melhor compreensão dos

conteúdos que são dados ao estudante na aula, para sua aprendizagem diária

(ibidem).

Para que a aprendizagem significativa seja possível, o material deve estar

composto por elementos adequados para uma estrutura organizada de maneira tal

que as partes não se relacionem de modo arbitrário. Contudo nem sempre esta

condição é suficiente para que a aprendizagem significativa se produza, más é

necessário que determinadas condições estejam apresentes no sujeito.

A pessoa deve ter algum motivo pelo qual se esforçar. Assinalam-se duas

situações frequentes na instrução que anulam a predisposição para a aprendizagem

significativa. Em primeiro lugar, menciona que os alunos aprendem as “respostas

corretas” descartando outras que não têm correspondência literal com as esperadas

por seus professores e em segundo lugar, o elevado grau de ansiedade ou a

carência de confiança em suas capacidades (MOREIRA, 2012).

A teoria da aprendizagem significativa propõe que o aluno depende da

estrutura cognitiva prévia que se relaciona com a nova informação que lhe é dada e

se entende como uma "estrutura cognitiva", ao conjunto de conceitos, ideias,

saberes que um indivíduo possui em um determinado campo do conhecimento,

assim como sua organização e sua complementação (ibidem).

No processo de orientação da aprendizagem é de vital importância conhecer

a estrutura cognitiva do aluno; não só se trata de saber a quantidade de informação

que possui, mas quais são os conceitos e proposições que maneja assim como de

seu grau de estabilidade. Os princípios de aprendizagem propostos por Ausubel,

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oferecem o marco para o desenho de ferramentas metacognitivas que permitem

conhecer a organização da estrutura cognitiva do educando, o qual permitirá uma

melhor orientação do trabalho educativo, este já não será vista como um trabalho

que deva se desenvolver com "mentes em branco" ou que a aprendizagem dos

alunos comece de "zero", pois não é assim, mas que, os educandos têm uma série

de experiências e conhecimentos que afetam sua aprendizagem e podem ser

aproveitados para seu benefício (AUSUBEL; NOVAK; HANESIAN, 2000).

Para Ausubel outra das propostas importantes é a aprendizagem significativa

e aprendizagem mecânica. Uma aprendizagem é significativa quando os conteúdos

são relacionados de modo não arbitrário e substancial com o que o aluno já sabe.

Por relação substancial e não arbitrária se deve entender que as ideias se

relacionam com algum aspecto existente especificamente relevante da estrutura

cognoscitiva do aluno, como uma imagem, um símbolo já significativo, um conceito

ou uma proposição (ibidem).

Isto quer dizer que no processo educativo, é importante considerar o que o

indivíduo já sabe de tal maneira que estabeleça uma relação com aquele que deve

aprender. Este processo tem lugar se o educando tem em sua estrutura cognitiva

conceitos, estas são: ideias, proposições, estáveis e definidos, com os quais a nova

informação pode interagir.

O Princípio de assimilação se refere à interação entre o novo material que

será aprendido e a estrutura cognoscitiva existente origina uma reorganização dos

novos e antigos significados para formar uma estrutura cognoscitiva diferenciada,

esta interação da informação nova com as ideias pertinentes que existem na

estrutura cognitiva propiciam sua assimilação (ibidem).

Por assimilação entende-se o processo mediante o qual a nova informação é

vinculada com aspectos relevantes e pré-existentes na estrutura cognoscitiva,

processo em que modifica a informação recentemente adquirida e a estrutura pré-

existente (AUSUBEL; NOVAK; HANESIAN, 2000).

Este processo de interação modifica tanto o significado da nova informação

como o significado do conceito ou proposição ao qual está afiançada, a

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aprendizagem significativa apresenta uma série de parâmetros importantes para o

desenvolvimento do ser humano, entre estes se encontram:

De acordo com Moreira (2006, p. 37) são vantagens da aprendizagem

significativa:

Produz uma retenção mais duradoura da informação.

Facilita o adquirir novos conhecimentos relacionados com os anteriormente adquiridos de forma significativa, já que ao estar claro na estrutura cognitiva se facilita a retenção do novo conteúdo.

A nova informação ao ser relacionada com a anterior é guardada na memória em longo prazo.

É ativo, pois depende da assimilação das atividades de aprendizagem por parte do aluno.

É pessoal, já que a significação de aprendizagem depende dos recursos cognitivos do estudante.

Segundo Moreira (2006, p. 21) são requisitos para alcançar a Aprendizagem

Significativa:

Significatividade lógica do material: o material que apresenta o professor ao estudante deve estar organizado, para que se dê uma construção de conhecimentos.

Significatividade psicológica do material: que o aluno conecte o novo conhecimento com os prévios e que os compreenda. Também deve possuir uma memória de longo prazo, porque do contrário, esquecerá tudo em pouco tempo.

Atitude favorável do aluno: já que a aprendizagem não pode se dar se o aluno não quer. Este é um componente de disposições emocionais e atitudinais onde o professor só pode influir através da motivação.

Ausubel concebe os conhecimentos prévios do aluno em termos de

esquemas de conhecimento, os quais consistem na representação que possui uma

pessoa em um momento determinado de sua historia sobre uma parcela da

realidade. Estes esquemas incluem vários tipos de conhecimento sobre a realidade,

como são: os fatos, sucessos, experiências, anedotas pessoais, atitudes, e normas

(ibidem).

São aplicações pedagógicas de sua teoria:

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O professor deve conhecer os conhecimentos prévios do aluno, quer dizer, se deve assegurar que o conteúdo a apresentar poisa se relacionar com as ideias prévias, já que ao conhecer o que sabe o aluno ajuda na hora de planejar.

Organizar os materiais de maneira lógica e hierárquica, tendo em conta que não só importa o conteúdo mas a forma em que é apresentada aos alunos.

Considerar a motivação como um fator fundamental para que o aluno se interesse por aprender, já que o fato de que o aluno se sinta contente, com uma atitude favorável e uma boa relação com o professor, fará com que se motive para aprender.

O professor deve utilizar exemplos, por meio de desenhos, diagramas ou fotografias, para ensinar os conceitos (AUSUBEL; NOVAK; HANESIAN, 2000, p. 218).

Seu principal aporte ao construtivismo é o modelo de ensino por exposição,

para promover a aprendizagem significativa em lugar da aprendizagem de memória.

Este modelo consiste em explicar ou expor fatos ou ideias. Este enfoque é dos mais

apropriados para ensinar relações entre vários conceitos, contudo antes os alunos

devem ter algum conhecimento de ditos conceitos. Outro aspecto neste modelo é a

idade dos estudantes, já que eles devem manipular ideias mentalmente, ainda que

sejam simples.

Outro aporte ao construtivismo são os organizadores antecipados, os quais

servem de apoio ao aluno frente à nova informação, funciona como uma ponte entre

o novo material e o conhecimento atual do aluno. Estes organizadores podem ter

três propósitos: dirigir sua atenção a o que é importante do material; ressaltar as

relações entre as ideias que serão apresentadas e lhe recordar a informação

relevante que já possui.

E para finalizar com os autores se propõe que tanto suas teorias como suas

investigações foram parte fundamental para o ensino - aprendizagem logrando

assim que muitos estudantes se preocupem por saber mais deles já que são um dos

pilares no estúdio do processo ensino aprendizagem, que tanto Ausubel como

Vigotsky estimam que para que a reestruturação se produza e favoreça a

aprendizagem dos conhecimentos elaborados, se necessita uma instrução

formalmente estabelecida. Isto reside na apresentação sequenciada de informações

que queiram desequilibrar as estruturas existentes e sejam as geradoras de outras

estruturas que as incluam.

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7.6 Reflexão sobre os Elementos Teóricos para Determinar os Critérios de Elaboração da Cartilha

Uma das características ou tendências mais interessantes que existem hoje

em dia na Web, é a construção quase compulsiva do “Eu” Digital das pessoas, que

se dissemina e cresce de forma exponencial em blogs, espaços de discussão e

redes sociais do estilo de Facebook, Twitter, Google+ etc.

A informação que compartilhamos com nossos amigos, parentes e outros

permite nos manter relacionados, contudo, quem mais tem acesso a essa

informação? e como ela pode ser utilizada?

Pode-se pensar que a unidade básica de uma identidade online ou é um perfil

de usuário, esse que cada um estabelece nas distintas comunidades e/ou sites web;

criando-o de forma que nos identifique dentro delas. Enquanto alguns usuários

preferem utilizar seus nomes reais, outros preferem ser anônimos, ou se identificar

por pseudônimos nos quais revelar só uma porção de informação pessoal

identificável (PRIMO, 2007). Estas diferenças e possibilidades variam de um site

para outro ou de uma rede social a outra.

Contudo, não podemos esquecer que muitas pessoas, além de amigos,

companheiros de escola e conhecidos, estão interessadas na informação que os

usuários sobem nas redes sociais. Desde cobradores de dívidas, recrutadores ou

empresas em busca de talentos, ladrões de identidade, até empresas que buscam

obter uma vantagem no mercado utilizando redes sociais para coletar informação

sobre os consumidores. As empresas operadoras de redes sociais coletam uma

série de dados sobre seus usuários, tanto para personalizar os serviços que

prestam, como para compartilhá-los com anunciantes (MACAFEE, 2009).

Todas as identidades online interagem com outras e com a rede em si

mesma, dessa forma vão adquirindo uma reputação associada a elas e que permite

a outros usuários poder decidir se a identidade é digna de confiança como para

estabelecer uma relação. Os conceitos da autorrealização pessoal, e o como esta se

vê influída pelas novas tecnologias, é um tema de investigação em campos como a

psicologia e a sociologia. O efeito de desinibição online é um exemplo notável, com

referência a um conceito da conduta imprudente e sem inibições que às vezes

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costuma se apresentar na Internet. É uma verdade comprovada diariamente que as

pessoas se comportam na rede de forma que normalmente não o fariam em um

intercâmbio face a face, talvez por falta de habilidade no manejo de uma relação na

qual se perdem estímulos como os gerados por trocas no tom e a inflexão da voz, os

gestos e expressões faciais e corporais, etc (DONNAMARIA; TERZIS, 2012).

Como sucede em nossa vida, diariamente tratamos com pessoas de todo tipo,

contudo em uma relação com interação física podemos escolher dentro de uma

ordem com quem nos relacionamos, na Internet isto é mais difícil dado que meio

mundo está a um click de distância.

Utilizamos todo este leque de redes sociais diariamente, geralmente sem

considerar os riscos que nossa atividade implícita, sem saber quanta informação

pessoal é coletada e armazenada por estas plataformas, e muitas vezes sem ter

uma ideia clara de que por mais que tenhamos modificado todas as configurações

de segurança e privacidade, isto não significa que nossa informação esteja

completamente segura.

As novas tecnologias nos impõem ter uma identidade digital. Dispor na

Internet de um perfil profissional rigoroso e conectado à pessoas destacadas do

setor no qual trabalha, com as quais se mantêm em contato de forma regular é uma

prática habitual, não como forma de busca de emprego mas na busca de reputação

e valoração. Em um tempo não muito longe o não estar presente na rede se

converterá em uma versão moderna de ostracismo.

O “Eu” Digital é hoje em dia uma parte de nossa identidade, uma parte

complementar de nossas vidas que cada vez cobra maior importância, nos relaciona

com nosso círculo de amizade, nos referencia com nossos pares e reflete nossa

existência na rede (IBARRA, 2010).

As relações entre a vida pública e a vida privada estão cada vez mais

mescladas, a fronteira entre estes dois mundos é cada vez mais uma

responsabilidade individual, depende de nossas crenças, nossa forma de ver a vida

digital, nossos prejuízos, e portanto variará de pessoa a pessoa. Onde colocamos

esse corte, essa fronteira, onde está a linha que divide o público do privado, é um

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assunto de cada individuo, uma linha que devemos traçar em nossa existência na

rede.

O “Eu” Digital é uma parte de nossa identidade, à qual não devemos deixar de

atender.

7.6.1 Identidade Social Online

Uma identidade é o que faz a uma entidade definível e reconhecível, com

relação a posse de um conjunto de qualidades ou características que a distinguem

de outras entidades. A pessoa é definida como um ser racional e consciente de si

mesmo, possuidor de uma identidade própria.

A web social ou as redes sociais, representam um espaço no qual as pessoas

expõem sua identidade ou parte dela, manejando a possibilidade de expressar e

expor sua identidade em um contexto digital social. Por exemplo, uma pessoa define

explicitamente sua identidade mediante a criação de perfis de usuário nos servidos

de redes sociais como Facebook ou em qualquer outro tipo de web social (IBARRA,

2010).

Mediante o uso de blogs e expressando opiniões nestas redes, são definidas

de forma mais tácita suas identidades, sua forma de pensar ou seus gostos, crenças

e posições sobre distintos temas (DONNAMARIA; TERZIS, 2012).

A divulgação da identidade das pessoas apresenta certas questões

relacionadas com a privacidade, e a revelação não desejada de informação pessoal.

Esta divulgação em grande medida depende de nós mesmos, os usuários adotam

estratégias nestas redes sociais que lhes permitem controlar o nível da divulgação

de sua informação pessoal, ou pelo menos considerá-lo dessa forma.

Para definir qual é a identidade online, ou que partes ou perfis definem

diferentes aspectos do ser digital, tem-se um usuário em Facebook desde onde se

conecta ou mantém contato com informação de caráter pessoal e com as relações

de amizade.

A criação de redes sociais na Internet como Facebook, Google+, Twitter, etc.

permitem as pessoas manter uma identidade online dentro de um contexto de

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superposição do mundo em linha e o mundo real. Estas são as identidades criadas

para refletir um aspecto concreto ou melhor versão de si mesmos. As

representações incluem imagens, as comunicações com outros "amigos" e o

pertencimento a grupos da rede. Controles de privacidade, sobretudo as limitações

das redes sociais, também formam parte desta identidade online (IBARRA, 2010).

Contudo, qual relação há entre os “Eu” Digitais e as limitações do mundo

real? Deve-se compreender que a identidade em linha não pode estar desagregada

da identidade real e as limitações sociais que se impõem no mundo real. Os efeitos

da alfabetização e as atitudes de comunicação que possui o usuário online, ou a

falta destas atitudes por parte do mesmo, têm a capacidade de formar uma

percepção online do usuário da mesma forma que se constrói uma percepção das

pessoas através de um corpo físico no mundo real (ibidem).

Todas estas identidades sociais online ou a multiplicidade delas, podem tocar

aspectos desta percepção de nossa identidade online com consequências negativas

no mundo real para algumas pessoas, dependendo da forma na qual se utilizem.

Muitos usuários estão pondo no Facebook, Flickr, MySpace, Picasa ou em qualquer

outra rede social fotos, comentários e muitas outras atividades ou atitudes, que

podem de distintas formas construir uma reputação negativa em alguns aspectos da

vida como o trabalho ou o acadêmico (ZHANG; JIAN; CARROLL, 2010).

Este aspecto roça um ponto muito delicado dos indivíduos, a separação entre

a vida íntima das pessoas e a vida pública. Todas estas redes sociais, ou melhor

dito, a forma em que estas são utilizadas pelos usuários, conspiram contra a

privacidade deles mesmos. Se algo é público, não é privado; neste caso as mesclas

da vida privada e a pública; assim como a vida social e a profissional são uma

consequência negativa de todo este fenômeno. Não faz muito tempo se pensava

que a Internet era o lugar onde o anonimato prosperará, baseado na não

identificação dos usuários ou até em serviços com avatares fictícios. Hoje em dia a

situação é diametralmente oposta, agora se considera que Internet passou a ser o

lugar onde o anonimato morre (SLATER, 2002).

A inteligência coletiva de milhões de usuários de Internet, e as ondas digitais

que cada um deixa nos diferentes sites, se combinam para fazer com que todos os

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vídeos vergonhosos, todas as fotos íntimas, e cada e-mail com pouca delicadeza

possam ser atribuídos a sua fonte originária, queira a fonte ou não que assim seja.

Esta inteligência faz com que a esfera pública seja mais pública que nunca, e as

vezes força a vida pessoal e a leva à luz pública.

Esta comunidade ou inteligência coletiva funciona como um novo robot, que

não é um programa mas uma comunidade de usuários que recorre a web, não de

forma metódica nem automatizada, contudo se estuda os conteúdos, os indexa e

cataloga, inclusive agregando seus próprios comentários e valorações de cada um

destes temas. Diferentemente dos espiões tradicionais, este novo espião é humano,

recorre a web a seu gosto e utiliza critérios humanos para selecionar, indexar, e

comentar acerca dos conteúdos que encontra (ibidem).

A comunidade é incomensurável, são manejados critérios humanos de

seleção, e isto faz com que troquemos nossos objetivos e passemos de buscar

informação a buscar conversações acerca desta informação (ZHANG; JIAN;

CARROLL, 2010).

Esta destruição paulatina do anonimato é produto da generalização no uso de

redes sociais, câmaras fotográficas econômicas e de telefones celulares inteligentes,

os servidores de Internet que dão alojamento a fotos e vídeos, e talvez o mais

importante de tudo, uma mudança de mentalidade na opinião das pessoas sobre

que informação pode ser pública e aquela que deveria ser privada.

Entende-se que os sites web como Facebook, que requerem ou necessitam

para um melhor funcionamento de identidades reais e fomentam o intercâmbio de

fotografias, vídeos e demais conteúdos pessoais, acelerou esta mudança de

mentalidade.

Cada vez é mais crescente esta vida pública, como se chama às vezes, e

vem com importantes consequências para o comércio, para o discurso ou orientação

política e para o direito das pessoas comum à privacidade.

A "Vida Pública", algo que normalmente associávamos somente com pessoas

famosas, já não é escassa nem tem tantas restrições, devido a que a rede não

esquece nem as imagens nem os momentos do passado. A realidade de um mundo

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público é um tema iniludível para todos, e do qual vamos a escutar muito mais, do

que não podemos escapar e um fato que deveríamos contemplar quando decidimos

ter uma participação na rede.

Uma identidade online que adquiriu uma excelente reputação adquire um

valor importante principalmente por duas razões: em primeiro lugar, pelo esforço e o

tempo investido em criar e construir esse usuário e dotá-lo de dita reputação; e em

segundo lugar porque outros usuários antes de realizar transações observam a

identidade e sua reputação para tratar de decidir se é suficientemente digno de

confiança.

Ao Facebook, por exemplo, sobre o conteúdo protegido por direitos de

propriedade intelectual, como fotografias e vídeos de usuários, lhe é concedido a

uma licença não exclusiva, transferível, com possibilidade de ser sub-outorgada,

sem royalties, aplicável globalmente; podendo então utilizar qualquer conteúdo deste

tipo que é publicado por parte de seus usuários. Somente ao eliminar um conteúdo

ou uma conta este permissão é cancelada, a menos que o mesmo se haja

compartilhado com terceiros e estes não o eliminaram. Isto inclui às aplicações ou às

empresas que desenvolverão aplicações.

7.6.2 Privacidade

A privacidade pode ser definida como o âmbito da vida pessoal de um

indivíduo que se desenvolve em um espaço reservado e deve se manter confidencial

(SOLOVE, 2014). A vida pública, por outro lado, é aquela porção da vida que é

mostrada ao mundo, a qual todos podem ver, contudo a vida privada são as coisas

que se vive ou compartilha consigo mesmo, a família ou o núcleo mais íntimo.

O desenvolvimento da Sociedade da Informação e a expansão da Informática

e das Telecomunicações proporcionou novas ameaças para a privacidade que hão

de ser afrontadas de diversos pontos de vista: social, cultural, legal e tecnológico. A

privacidade na Internet diz respeito a controlar quem pode ter acesso à informação

que possui um determinado usuário que se conecta a rede.

A privacidade na Internet dependerá do tipo de atividade que se realize. As

atividades que de antemão um individuo pode supor que sejam privadas, na

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realidade não o são, não existe nenhuma atividade, nem configuração de

equipamentos ou serviços em linha que garantem a absoluta privacidade dos

usuários e de sua informação.

Grande parte dos usuários pensa que ao navegar pela Internet o fazem de

forma anônima ao não aceder a nenhum serviço com usuário e senha, contudo, na

realidade, isto não é dessa forma. Praticamente tudo o que se transmite pela Internet

pode ser arquivado, inclusive as mensagens, os arquivos que consulta e as páginas

que são visitadas, mediante dispositivos como cookies, os navegadores, e os

sistemas de web analítica. Os provedores de acesso a Internet assim como os sites

web têm a capacidade de recopilar dita informação (PRIMO, 2007).

A interconexão das distintas redes a Internet se faz em forma voluntária,

portanto nenhuma destas controla Internet. Esta é uma rede de comunicações de

cobertura mundial que possibilita trocar informação entre computadores situados em

qualquer parte do mundo, e pode-se dizer que o que se publica na Internet é de

domínio público. Para aceder a toda esta informação somente é necessário um

navegador web, que pode ser utilizado em muitos tipos de dispositivos diferentes,

desde um PC, um celular e até uma console de jogos.

As pessoas geram na rede muita informação e alguma dela sem ter

conhecimento de que está sendo informado. Pense-se que existem basicamente

dois tipos de informação que podem ser obtidas publicamente acerca de um usuário;

a informação que este compartilha por si mesmo e a informação obtida ou recopilada

através de métodos de seguimento eletrônico.

Dentro da informação que um usuário compartilha por decisão própria se

incluem fotos e outros meios de comunicação multimídia, idade e sexo, dados

biográficos como educação, historia laboral, cidade natal, etc., atualizações de

estado, informação de contatos ou amigos, interesses e localização geográfica. Se

bem que se pode eleger como compartilhamos parte ou toda esta informação, seja

como "pública" sem restringir o acesso através de nenhuma configuração de

privacidade que esteja disponível, também se pode fazê-lo de forma privada

trocando a configuração da rede social, contudo sempre certa informação pode ser

visível ao público de forma predeterminada. Em algumas situações um usuário pode

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ser capaz de trocar a configuração de privacidade para que sua informação seja

privada ou o nível de privacidade seja maior, de modo que só os usuários

autorizados possam ver, contudo sempre há uma porção de informação que seguirá

sendo pública, dado que não se tem a opção de restringir o acesso a ela de maneira

total.

Deve-se considerar que uma rede social pode trocar sua política de

privacidade em qualquer momento sem a permissão de um usuário e sem que este

sequer se inteire. O conteúdo que se enviou com determinada configuração de

privacidade pode chegar a ser visível quando uma política de privacidade se vê

alterada.

Escapa a nosso controle a forma de atuar ou compartilhar de nossos contatos

ou amigos, estes podem copiar e publicar a informação, etiquetar (tag), republicar

incluindo fotos, vídeos, comentários ou simplesmente usar como própria com uma

restrição de segurança menos rigorosa, o que poderia fazer um bypass à

configuração de privacidade original do conteúdo.

Uma aplicação de um terceiro que teve acesso ao perfil de um usuário pode

ser capaz de ver a informação deste ou de seus contatos e inclusive algumas vezes

a informação que estes manejam como privada. As redes sociais em si não

garantiram necessariamente a segurança da informação que se subiu a um perfil,

ainda quando esta seja definida como privada.

Outra forma de obter informação é através de métodos de monitoramento

eletrônico. É possível conseguir informação em linha de um usuário mediante a ação

das "cookies". Para isto os sites web que um usuário vê, utilizam o que se conhece

como cookies de seguimento, de forma a armazenar a informação associada a sites

web específicos (tais como artigos em um carrinho de compras) para seguir o

movimento de um usuário de um site a outro assim como para a construção de um

perfil em torno de um usuário (DINERMAN, 2011).

Quem tem acesso à informação que publicamos nas redes sociais?

Provavelmente todos esperam que só seus contatos autorizados possam ver,

contudo, realmente quem mais pode ver esta informação? E que dados são visíveis

exatamente?

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Entre as entidades que coletam informação pessoal para fins legais se

incluem os anunciantes, interessados na informação pessoal de cada individuo de

modo a poder orientar melhor seus anúncios para estes, assim como

desenvolvedores de software de outros fabricantes que incorporam informação para

pessoalizar suas aplicações, como ocorre com os jogos em linha que interagem com

as diferentes redes sociais. Também há entidades que coletam a informação

pessoal para propósitos ilegais como roubo de identidade ou outros crimes em linha,

que obtêm informação pessoal, seja sobre a base do que um usuário publica ou o de

que outros postam acerca desta pessoa (AHN, 2011).

As redes sociais oferecem seus serviços sem cobrar nenhuma tarifa às

pessoas que as usam e obtêm benefícios entre outras coisas mediante a venda de

publicidade dirigida a seus usuários. isto se costuma fazer através da publicidade do

comportamento, também conhecido como orientação ou publicidade orientada. A

publicidade do comportamento é o termo utilizado para descrever a prática da

adaptação dos anúncios aos interesses pessoais de um indivíduo, para o qual

devem contar com muita informação pessoal e de hábitos do mesmo. Esta prática é

atrativa para os comerciantes porque os anúncios dirigidos têm mais probabilidades

de resultar em uma compra do que anúncios não orientados. Este tipo de

publicidade também costuma ser valiosa para as redes sociais, já que podem ser

vendidos anúncios a um preço mais alto que os anúncios regulares, ou resultar mais

interessante para os anunciantes aparecer nestes sites.

As redes sociais e outros gigantes da rede como Google coletam uma grande

quantidade de informação sobre nós como clientes potenciais, que os anunciantes

estão muito interessados em utilizar. De certo modo isto pode ser útil para o usuário

devido a que os anúncios que visualiza parecem ser mais relevantes, contudo há

vários motivos de preocupação relativos à publicidade de comportamento.

Os consumidores podem não ser conscientes de que os dados são

associados com seus perfis, e podem não ser capazes de ver esses dados

associados a seus perfis para corrigir possíveis erros ou inconsistências na

informação coletada pelas empresas.

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Não há períodos estipulados para máxima retenção dos dados e não há

requisitos de segurança para a conservação dos mesmos, deixando-os susceptíveis

aos piratas informáticos e adicionando novos riscos de segurança. Tampouco

existem restrições sobre a idade dos usuários; a informação sobre os usuários

menores pode ser coletada e utilizada para seu posterior uso em dirigir publicidade

de comportamento (ibidem).

No contexto das redes sociais, as aplicações de terceiros são programas que

interagem com a rede social sem ser parte dela. Estas aplicações tomam muitas

formas, contudo incluem algumas típicas e populares como jogos, pesquisas ou

software de diverso tipo para agregar funcionalidades a os usuários (RECUERO,

2009).

As redes sociais permitem aos desenvolvedores aceder a sua plataforma com

o fim de criar estas aplicações, de forma a fazer que sua rede através destas

aplicações seja mais atrativa para seus usuários e facilitando o desenvolvimento de

novos métodos e formas mais criativas de interagir com os contatos e com a rede

em si.

Para realizar estas aplicações, as redes sociais permitem aos

desenvolvedores ter acesso automático à informação pública dos usuários e

adicionalmente as aplicações de terceiros podem aceder a certa informação privada

dos mesmos. Um usuário pode conceder um acesso às aplicações de terceiros para

seu perfil sem se dar conta da magnitude das permissões de dita concessão

(ibidem).

Os usuários também podem assumir erroneamente que as aplicações de

terceiros utilizam os mesmos padrões de segurança que a rede social que a contem

e dentro da que se executam, coisa que nem sempre se sucede.

A maioria das redes sociais não assume responsabilidade das aplicações de

terceiros que interagem com seus sites (MANAS, 2011b).

Geralmente, as permissões designadas pelos usuários lhes permitem aceder

a mais informação do que a necessária para levar a cabo suas funções, permitindo-

lhes reunir uma quantidade de dados de nossos perfis. Estas aplicações de terceiros

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podem aceder à informação geral que se considera pública sem o consentimento

explícito do usuário, e à qual se considera privada quando o usuário concede a

permissão a dita aplicação, coisa que ocorre ao ativar ou habilitar a aplicação em

nosso perfil de usuário. Quando carregamos uma aplicação pela primeira vez o

botão que pressionamos para fazê-lo diz "Permitir", e justamente isso é o que

fazemos; lhe permitimos aceder a certa informação. Muitas delas incluem uma

possibilidade para ter acesso à informação pessoal dos contatos dos usuários sem

que estes contatos façam uma concessão de permissão explícita, isto está se

modificando com mudanças na segurança que as redes sociais estão

implementando (ibidem).

É necessário realizar a leitura da política de privacidade antes de marcar

"Aceito", algo que por mais que é necessário muitas pessoas passam por alto ao se

unir a uma rede social (MANAS, 2011a). Deve-se compreender que podemos obter

uma grande quantidade de informação útil mediante a revisão da política de

privacidade antes de registramos, e sem dúvida revisando as mudanças das

mesmas durante o tempo que estivermos ativos. Nestas se explica como a

plataforma coletará, armazenará e utilizará a informação sobre as pessoas que

visitam o site. Pode-se aprender muito neste documento do funcionamento de uma

rede social e o que vão fazer com nossa informação.

Certa informação que os usuários proporcionam ao registrar é muito evidente,

como a data de nascimento, contudo muitas outras vezes a rede social recopila

informação sobre nós de forma invisível, mediante o seguimento de cada ação

individual que fazemos com nossos perfis de usuário, por exemplo em que enlaces

se faz click e inclusive os sites web que se visitam depois de sair da rede social.

Ao revisar uma política de privacidade devemos ter em conta que é uma

versão do documento neste momento, a imagem ao dia de hoje, contudo que essas

regras podem e vão mudar, às vezes se dão mudanças substanciais tempo depois

que um usuário haja criado sua conta, pelo que devemos estar atentos aos mesmos.

Existem sites que revisão periodicamente as políticas de privacidade das distintas

redes sociais e mantêm um sistema de informação para nos manter atualizados

(MANAS, 2011b).

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Os termos do serviço é outro documento que deve ser lido em algum

momento, contem informação tão importante como a política de privacidade. De

qualquer maneira devemos compreender que ambos documentos afetam somente

as atuações dessa rede social e aos servidos que esta dá por si mesma, e não

compromete de nenhuma maneira a ser responsável por exemplo de cobrir as ações

que realizem as aplicações de terceiros que interagem com ela ou as empresas que

as desenvolvem (MANAS, 2011a).

Desafortunadamente, a maioria destes documentos são extremadamente

longos e difíceis de entender para o comum dos usuários, o que sem dúvida dificulta

a tarefa. Vejamos alguns pontos a considerar quando se lê uma política de

privacidade de modo de fazer mais simples sua compreensão.

Um conselho rápido poderia ser o de começar a leitura pelo final do

documento, a seção mais importante de uma política de privacidade costuma se

situar ali. Por exemplo, um final do documento típico proporciona informação de

contato privado da empresa, assim como os fatos mais importantes acerca de como

a informação de identificação pessoal é utilizada. Assim que, quando não se tenha

muito tempo, comece olhando o final do documento para se fazer de dados

importantes como o da forma de contatar com a rede social ante eventualidades.

Se o tempo do que dispomos para dedicar a esta leitura é o suficiente, então

devemos identificar a localização e o idioma da política de privacidade dentro da

rede social. Está escondida? É difícil de encontrar no site web ou pode ser

encontrada facilmente? A linguagem utilizada parece demasiada vaga ou

incompreensível? Estas variações podem demonstrar a intencionalidade do site

neste aspecto, intentando facilitamos a vida ou todo o contrário.

Também se recomenda buscar a informação referente ao cancelamento da

conta. Se você decide sair da rede social, pode eliminar a conta e eliminar toda sua

informação? Todos os dados se eliminarão por completo ou certa informação se

manterá armazenada nesta rede? é importante entender que é o que acontecerá

com a informação, fotos, etc. que temos subido à rede durante o tempo de uso ao

momento de eliminar o usuário.

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Durante quanto tempo é armazenada a informação pessoal? Tenha em conta

que alguns dados podem ser anônimos depois de um certo período de tempo,

alguns podem ser eliminados por completo e outros podem ser armazenados

perpetuamente pela rede social. Devemos encontrar as regras que expliquem o que

sucede com a informação quando um usuário morre. A política de privacidade

explicita esta situação? A conta se manterá em linha ou se dará baixa?

Outra questão a ter em conta é a quem pertencem os dados que um usuário

publica. É necessário conhecer como se maneja a propriedade intelectual das fotos

e vídeos, por exemplo. Um usuário pode perder o direito à informação que ele ou ela

publica? A mesma pode ser utilizada pela área de mercado sem o consentimento

expresso do usuário? Por exemplo, pode-se utilizar o nome de usuário e suas fotos

para anúncios publicitários? Quem tem acesso à informação além da rede social e

meus contatos?

Também devemos saber como realizar uma queixa. É necessário contar com

uma direção física, de correio eletrônico, a direção do site web ou um número de

telefone onde os usuários possam expressar suas inquietudes a respeito da

privacidade. Algumas redes sociais utilizam empresas independentes que revisam

suas práticas de privacidade, em tais casos os usuários que não estão satisfeitos

com o cumprimento da política de privacidade podem apresentar reclamações à

empresa certificadora (MANAS, 2011b).

Mas, é importante conhecer a forma em que as mudanças nas políticas de

privacidade são comunicadas aos usuários. Estas serão publicadas na página de

início ou só serão publicadas na política de privacidade em si mesma? Podem os

usuários se conectar com um perfil público dentro da própria rede social que lhes

mantenha informados das trocas na política de privacidade ou outros documentos?

Existe uma forma de receber um correio eletrônico se são realizadas modificações?

Enquanto que ter um perfil privado é uma boa medida para os usuários

preocupados pela privacidade, os vínculos com outras pessoas e afiliações com

entidades públicas propõem uma ameaça à mesma e deixam um vazio por onde

pode-se ter acesso a ela, porque sua segurança depende em grande medida da

segurança de seus amigos ou contatos.

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Distinguiu-se que é possível explorar uma rede social com perfis mistos entre

privados e públicos para predizer as qualidades sensíveis dos usuários. Ao utilizar

informação dos grupos de pertencimento, os atributos pessoais de alguns usuários

foram descobertos com uma precisão surpreendente.

A privacidade no Facebook e outras redes sociais é tema de atenção

constante. Faz um tempo o que começou sendo apenas um projeto apresentado por

dois estudantes do MIT, fez surgir grandes preocupações sobre quanta informação

pessoal revelamos na rede ainda sem ser conscientes de fazê-lo, e de como esta

pode ser utilizada por terceiros..

Sem entrar em questões de classificação de um individuo por qualquer

característica e problemas de discriminação, o assunto que nos interessa aqui é a

facilidade com a que recorrendo a lista de amigos se pode obter informação sensível

sobre o usuário.

7.6.3 A Rede tem Memória

A realidade é que na Internet é onde realmente nunca se esquece, onde

reside a memória de elefante, com a capacidade de em longo prazo recordar tudo.

A rede conta com grandes capacidades de armazenamento onde se pode

guardar tudo, é possível buscar e encontrar qualquer informação em questão de

segundos graças ao Google, Bing ou Yahoo; de tal forma de que podemos pensar

como impossível o eliminar por completo a informação carregada alguma vez na

rede.

Com a chegada de Internet há pessoas que preferem contar sua vida em

linha antes que a um familiar. O problema, que se bem é uma realidade conhecida

desde sempre está tomando um matiz importante, é que o ser humano necessita

privacidade, contudo ao mesmo tempo publicidade. O que podemos observar é que

agora mais do que nunca parece estar pesando nesta equação muito mais o

segundo que o primeiro.

Chegará o dia em que queiramos escapar de nosso passado digital,

escondermos de nós mesmos, esquecer o que uma vez dissemos ou fizemos,

contudo isto estará armazenado em algum servidor, escondido e protegido. Na rede

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tudo fica gravado, notas, fotos, vídeos, comentários de terceiros. Atravessamos uma

época de gravação permanente da memória coletiva. Os casos como exemplos

desta realidade se repetem em todo o mundo.

O fato de que a web não esquece dá lugar ao debate de se estamos ante o

adeus às segundas oportunidades na vida das pessoas.

Ao não poder se desfazer dos conteúdos negativos por si mesmos, muitos

destes usuários dirigiram sua atenção a um grupo de especialistas na web

conhecidos como gestores da reputação online, que oferecem apagar as

mensagens negativas, enterrar os resultados desfavoráveis de busca e fazer um

seguimento da imagem na rede de seus clientes. Desta forma ao realizar uma busca

na Internet de si mesmos, resulta que os enlaces a conteúdos negativos ou

prejudiciais são mais difíceis de encontrar.

Como a gente comum começou a viver mais tempo de suas vidas em linha,

seja escrevendo um blog sobre a cena ou publicando fotos das férias no Facebook,

o sobre expor a informação começou a ser um tema do dia a dia. Isto, traz um

crescimento muito importante na quantidade de informação do círculo de intimidade

das pessoas em um processo de publicidade acelerado.

Dentro do manejo destes conteúdos para tratar de administrar a reputação se

dividem às pessoas em dois tipos: os reativos que querem eliminar um elemento

específico da Web, e aqueles usuários proativos que querem controlar sua imagem.

Pode-se ver dentro destes grupos de indivíduos desde pessoas famosas,

estudantes universitários, tratando de eliminar as fotos em festas ou simplesmente

fotos comprometedoras antes que os recrutadores corporativos os encontrem, até

profissionais que pretendem eliminar fotos de si mesmos não relacionadas com o

trabalho enquanto tratam de obter uma promoção. Esta quantidade de informação

que agora pertence ao público ficaram armazenada na rede.

A informação negativa resiste ao passar dos anos com maior facilidade do

que a positiva, e influi no juízo e as apreciações das pessoas. Em troca, os aspectos

bons, quando são antigos, apenas compensam os maus. Para quem ganhou um

prêmio faz três meses isto terá um impacto positivo para sua reputação, contudo se

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o prêmio se remonta há mais de três anos o efeito será residual. Contudo, um fato

negativo é mais potente, sua duração e seu impacto ao longo do tempo são maiores,

ficando na mente e influindo na opinião dos demais para nós. Eventos como ser

detido ébrio enquanto se conduz serão difíceis de esquecer pela rede, e tampouco

lhe importará exatamente quando ocorreu, ali estará a informação: armazenada,

disponível e de fácil acesso para todos quando o desejem (TERWANGNE, 2013).

A informação que é contraproducente para nossa pessoa tem uma vantagem

acrescida na Internet, a velocidade de propagação da crítica é muito superior à do

elogio. Um só comentário tornar-se viral, pode fundir a reputação de um usuário ao

conseguir encabeçar as páginas de resultados de um motor de busca como Google.

Ainda que se consiga eliminar ou apaziguar o impacto de um conteúdo negativo na

rede, sempre ficarão os restos da batalha, do mesmo modo que uma cicatriz.

7.6.4 Segurança dos Jovens na Internet

As estatísticas demonstram que a grande maioria dos adolescentes faz uso

de Internet sem a correta supervisão por parte dos adultos ou responsáveis. Talvez

tal fato se deva, em muitos casos, ao maior conhecimento dos jovens no manuseio

da rede do que seus próprios pais. Todavia, diante dos riscos que a prática impõe,

distintas organizações internacionais tratam de conscientizar tanto os adolescentes

como a seus pais dos perigos existentes na rede e no uso indevido (MACAFEE,

2009).

Os dados são inequívocos, a maioria dos jovens que utiliza a rede é produtor

de conteúdos. Tendo em conta que faz parte do cotidiano dos jovens o uso das

redes sociais pela Internet, ensinar-lhes a manusear de forma segura e responsável,

deve estar inserido como parte da educação nas aulas e no lar.

A Internet é uma ferramenta muito útil para todas as pessoas, podendo gerar

graves consequências o seu uso indevido, seja de ordem pessoal ou patrimonial.

Entretanto, deve-se educar os usuários, notadamente os jovens para seu correto

uso.

Existem distintos documentos tanto para os pais, como para os jovens, que

ilustram e/ou informam sobre um uso adequado e oferecem uma série de

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recomendações, que podem ser encontrados nos sites das organizações ou fazendo

uma simples busca na web por exemplo de "Manual para Pais na Internet".

O principal objetivo é educar, levando aos seus usuários a autocrítica de

quando se depararem com uma foto, possam pensar se é prejudicial ou não a sua

divulgação, seu compartilhamento, sabendo que seu ato poderá gerar

consequências inclusive no âmbito civil e criminal.

Um dos fatores que permite esta situação é o abismo digital existente entre

pais e filhos. Antigamente, o conhecimento era transmitido de geração em geração,

onde os mais velhos ensinavam aos jovens, os instruíam e transmitiam seu

conhecimento baseado em suas experiências. Contudo, com o avanço tecnológico

que se deu com tanta rapidez, estamos vivendo uma situação jamais vivida na

história humana, ou seja, percebemos que os filhos muitas vezes sabem mais que

seus próprios pais, onde muitas vezes os próprios filhos transmitem os

conhecimentos aos pais (MANAS, 2011a).

Sem dúvida, isto impede aos pais abordar o tema de forma segura, utilizando

a experiência vivida como forma a saber tratar a situação, deixando, por vezes, seus

filhos navegar sem controle.

Por estes motivos, uma das recomendações feitas por estas associações é o

diálogo com seus filhos a respeito da navegação que se realiza pela rede, do

mesmo modo que nos devemos interessar pelo resto das atividades que estes

realizam habitualmente em sua vida cotidiana.

Também é possível instalar programas de proteção de menores em nossos

computadores pessoais como controle Parental ou Family Safety; contudo, isto não

resolve o problema, dado que se não educa os jovens simplesmente o cerceando de

ter acesso a determinados conteúdos, tendo em vista que poderão buscar outro

computador ou dispositivo onde se conectará livremente à rede.

Um outro fator importante para coibir o uso irrestrito e irresponsável de

nossos jovens, é o de exigir que todas as empresas da web 2.0, especialmente as

redes sociais, se comprometam a respeitar as leis de Proteção de dados e de

Proteção da Infância e a Adolescência.

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Os dados pessoais proporcionados às redes sociais são habitualmente

acessíveis para todo o mundo, ou apresentam pouca restrição, ainda que já vários

destes sites tenham definido que estes dados sejam de acesso privado ou possam

ser configurados por parte do usuário os níveis de privacidade desejados, o que os

deixa liberados à decisão de cada um em sua configuração de privacidade. E como

já foi dito anteriormente, esses dados podem permanecer na rede para sempre.

7.6.5 Cyberbulliyng

A problemática do Bullying não é nova, no entanto, a estão praticando em

diferentes formas, desde o passado, já que é comum escutar adultos que narravam

suas experiências nas quais foram de uma ou outra maneira parte, seja como vítima,

assediador ou observadores desta situação. A diferença está nos antecedentes da

problemática, isto porque surgiram novas maneiras de praticar o bullying e levá-lo a

extremos graves e irreversíveis para as vitimas.

Este tipo de violência aumentou com o uso da tecnologia como as redes

sociais das quais se destaca o Facebook que é uma ferramenta social de fácil

acesso e porque esta pode ser criada a partir de informação falsa a um ciberbullying,

aumentando assim a vulnerabilidade das crianças e dos adolescentes, vendo-se

grandemente afetados, tanto emocional e psicológica, diminuindo seu rendimento

acadêmico, aumentando ainda mais a problemática.

O bullying cria um desequilíbrio de poder, quando um grupo ou indivíduo tem

uma conduta negativa, agressiva e repetitiva sobre alguém que tem problemas para

se defender. O fenômeno sempre existiu, contudo anteriormente se considerava

uma conduta normal e não um problema social.

O assédio é qualquer forma de maltrato psicológico, verbal ou físico produzido

de forma reiterada ao longo de um tempo determinado. Estatisticamente, o tipo de

violência dominante é o emocional e se dá majoritariamente na escola, na aula e

pátio das escolas. Os protagonistas dos casos de assédio escolar costumam ser

crianças em processo de entrada na adolescência (12-13 anos), sendo ligeiramente

maior a porcentagem de crianças no perfil de vítimas. O bullying é o maltrato físico

e/ou psicológico deliberado e continuado que recebe um jovem por parte de outro ou

outros, que se comportam com ele cruelmente com o objetivo de submetê-lo e

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assustá-lo, com vistas a obter algum resultado favorável para os assediadores ou

simplesmente a satisfazer a necessidade de agredir e destruir que estes costumam

apresentar (SHARIFF, 2011).

É uma forma de abuso que pode existir em qualquer âmbito onde convive um

grupo de pessoas, contudo se ocorre com mais frequência no âmbito escolar de

crianças e de adolescentes. Apresenta-se quando uma ou mais pessoas exercem

um comportamento lesivo intencional e recorrente, contra outro ou outros indivíduos

que se caracteriza por um abuso sistemático de poder.

Como contraparte destas extraordinárias oportunidades de comunicação e

aprendizagem, se desenvolveram também novas formas de assediar, intimidar ou

fazer dano a outros e assim por em risco a integridade pessoal de aquelas que usam

os médios eletrônicos como ferramentas de trabalho ou estúdio na vida diária.

O bullying tem múltiplos modos de manifestação, pelo qual é um conceito

muito amplo que engloba todas as formas de violência ou intimidação entre os

alunos de um centro escolar.

O ciberbullying é uma manifestação de assédio escolar que se produz

mediante plataformas virtuais e ferramentas tecnológicas, tais como o chat, blogs,

mensagens de texto para aparatos celulares, correios eletrônicos, fóruns como

servidores que armazenam vídeos, páginas web, telefones e outros meios

tecnológicos.

O bullying e o ciberbullying não são tão similares como muitos indivíduos

podem pensar, em ambos casos se dão um abuso entre iguais. O ciberbullying

tende a outras causas, se manifesta de formas muito diversas e suas estratégias de

abordamento e de consequência também diferem.

As formas de se manifestar o ciberbullying são muito diversas pode-se

destacar as seguintes: Usurpar a chave de email da vítima, além de trocar esta

chave, para que seu usuário não a possa consultar; Ler as mensagens de email dos

outros, violando assim o direito à intimidade; Postar na internet uma imagem da

vítima. Esta imagem pode ser real ou fictícia, mas com o fim de envergonhar a vítima

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ou deixá-la em ridículo em qualquer circunstância; Enviar mensagens ameaçantes à

vítima (SHARIFF, 2011).

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8 APRESENTAÇÃO DO PRODUTO

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