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FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA DEPARTAMENTO DE ADMINISTRAÇÃO E PLANEJAMENTO EM SAÚDE NÚCLEO DE ESTUDOS POLÍTICO-SOCIAIS EM SAÚDE AVALIAÇÃO DA IMPLEMENTAÇÃO DO PROGRAMA DE SAÚDE DA FAMÍLIA EM GRANDES CENTROS URBANOS GOIÂNIA (GO) Rio de Janeiro, 2001

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FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA DEPARTAMENTO DE ADMINISTRAÇÃO E PLANEJAMENTO EM SAÚDE NÚCLEO DE ESTUDOS POLÍTICO-SOCIAIS EM SAÚDE

AVALIAÇÃO DA IMPLEMENTAÇÃO DO PROGRAMA DE SAÚDE DA FAMÍLIA EM GRANDES CENTROS URBANOS

GOIÂNIA (GO)

GOIÂNIA (GO)

Rio de Janeiro, 2001

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AVALIAÇÃO DA IMPLEMENTAÇÃO DO PROGRAMA DE SAÚDE DA FAMÍLIA EM GRANDES CENTROS URBANOS: GOIÂNIA (GO)

I. APRESENTAÇÃO ................................................................................................................................. 1

OBJETIVO GERAL...................................................................................................................................... 1 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ........................................................................................................................... 2 EQUIPE ..................................................................................................................................................... 2 METODOLOGIA......................................................................................................................................... 3

II. CARACTERIZAÇÃO DO MUNICÍPIO DE GOIÂNIA (GO)......................................................... 9

1. CARACTERÍSTICAS GEOGRÁFICAS E DEMOGRÁFICAS........................................................................... 9 2. CARACTERÍSTICAS ECONÔMICAS ....................................................................................................... 10 3. CARACTERÍSTICAS SOCIAIS ................................................................................................................ 12 4. CARACTERÍSTICAS EPIDEMIOLÓGICAS ............................................................................................... 19 5. SISTEMA MUNICIPAL DE SAÚDE ......................................................................................................... 25

Distritalização e organização do SUS................................................................................................ 27 Rede municipal própria de atenção à saúde ...................................................................................... 29 Atenção ambulatorial ......................................................................................................................... 30 Atenção hospitalar.............................................................................................................................. 33 Sistema de referência ......................................................................................................................... 38 Saúde suplementar.............................................................................................................................. 39

6. CONSELHO MUNICIPAL DE SAÚDE...................................................................................................... 40

Composição ........................................................................................................................................ 40 Organização interna........................................................................................................................... 41 Ação e consolidação do Conselho Municipal de Saúde ..................................................................... 43 Representatividade dos conselheiros.................................................................................................. 45

III. IMPLEMENTAÇÃO DO PSF NO MUNICÍPIO DE GOIÂNIA (GO) ........................................ 46

1. ANTECEDENTES.................................................................................................................................. 46 2. PROCESSO DE IMPLANTAÇÃO DO PSF................................................................................................. 42

Contexto político e institucional do município no momento de implantação do PSF ........................ 42 Motivação para implantação do PSF................................................................................................. 46 Iniciativa e apoios para implantação do PSF .................................................................................... 47 Papel do gestor estadual no desenvolvimento do PSF no município ................................................. 48 Mecanismos e intensidade da divulgação do PSF, estratégias de ampliação da base de apoio e de comunicação com os atores sociais e institucionais........................................................................... 49 Implantação das primeiras equipes.................................................................................................... 50 Formação da equipe de coordenação para implantação: estrutura, características, qualificação e experiência do grupo em gestão; existência de consultoria técnica de apoio no nível local ............. 51

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3. CARACTERIZAÇÃO GERAL DO PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO E ETAPAS DO PSF .......................... 52 Concepção do modelo e situação atual .............................................................................................. 52 Capacidade instalada do PSF – unidades por tipo, composição das ESF......................................... 53 Etapas da implementação................................................................................................................... 55

4. COORDENAÇÃO MUNICIPAL DE SAÚDE DA FAMÍLIA .......................................................................... 56

Composição atual............................................................................................................................... 56 Atribuições e atividades...................................................................................................................... 56 Recursos materiais e financeiros........................................................................................................ 57 Supervisão .......................................................................................................................................... 58 Avaliação............................................................................................................................................ 59

5. CONTROLE SOCIAL NO PSF ................................................................................................................ 61

O ponto de vista de Conselheiros representantes dos usuários sobre participação do CMS na implementação do PSF....................................................................................................................... 61 O ponto de vista de Conselheiros representantes dos usuários sobre impacto do PSF ..................... 63

6. INTEGRAÇÃO À REDE .......................................................................................................................... 64

Estratégias de integração à rede básica e de conversão do modelo .................................................. 64 Adscrição de clientela, conformação da rede de serviços e sistematização de oferta: mecanismos de referência e contra-referência............................................................................................................ 65 Pronto-atendimento e emergência...................................................................................................... 68 Outras estratégias para integração do PSF à rede (informatização, telefone, manuseio de prontuários, outros formulários)............................................................................................................................. 69 Articulação do PSF aos programas de saúde coletiva....................................................................... 69 Avaliação dos gestores quanto ao processo de integração – resultados, dificuldades, ajustes necessários na rede, nos programas e no PSF ...................................................................................................... 70 Avaliação dos profissionais das ESF quanto ao processo de integração do PSF na rede................. 71

7. GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS DO PSF ......................................................................................... 74

Mecanismos de seleção ...................................................................................................................... 74 Modalidades de contratação .............................................................................................................. 75 Estratégias de atração de profissionais para o PSF .......................................................................... 76 Rotatividade e estratégias para fixação dos profissionais ................................................................. 77 Instituição contratante........................................................................................................................ 78 Vantagens e desvantagens da contratação por terceiros ................................................................... 78

8. CAPACITAÇÃO DAS ESF ..................................................................................................................... 79

Sistema de capacitação ...................................................................................................................... 79 Tipo de treinamento e programação da capacitação ......................................................................... 79 Adequação da capacitação................................................................................................................. 81

9. FINANCIAMENTO DO PSF EM GOIÂNIA (GO)...................................................................................... 82 10. PROPOSTAS DE EXPANSÃO E CONSOLIDAÇÃO DO PSF...................................................................... 90 11. AVALIAÇÃO DO PSF QUANTO ÀS CONDIÇÕES NECESSÁRIAS PARA IMPLANTAÇÃO, DIFICULDADES ATUAIS, VANTAGENS E INOVAÇÕES...................................................................................................................... 91

Avaliação dos gestores ....................................................................................................................... 92 Avaliação dos profissionais das ESF ................................................................................................. 93 Avaliação dos agentes comunitários de saúde e auxiliares de enfermagem ...................................... 95 Avaliação das famílias sobre o PSF................................................................................................... 99

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IV - EQUIPES DO PROGRAMA SAÚDE DA FAMÍLIA: ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO E PRÁTICAS ASSISTENCIAIS .............................................................................................................. 104

1.PERFIL DOS PROFISSIONAIS DAS EQUIPES DE SAÚDE DAS FAMÍLIAS .................................................. 105 Perfil dos profissionais de nível superior ......................................................................................... 105 Perfil dos profissionais de nível médio e elementar ......................................................................... 108

2. INSERÇÃO PROFISSIONAL NO PSF..................................................................................................... 110

Inserção dos médicos, odontólogos e enfermeiros no PSF .............................................................. 110 Inserção de Agentes Comunitários de Saúde e Auxiliar de Enfermagem no PSF............................ 114

3. TRABALHO EM EQUIPE ..................................................................................................................... 117

Atribuições e atividades desenvolvidas, forma de organização do trabalho dos médicos e enfermeiros.......................................................................................................................................................... 117 Atribuições e atividades desenvolvidas, forma de organização do trabalho dos ACS e os auxiliares de enfermagem ...................................................................................................................................... 119 Percepção das ESF sobre as condições de realização e os resultados de sua atividade. ................ 122

4. VÍNCULOS ENTRE ESF E COMUNIDADES ........................................................................................ 123

Controle Social................................................................................................................................. 125

V. FAMÍLIAS USUÁRIAS DO PSF EM GOIÂNIA (GO)................................................................. 128

1. CARACTERIZAÇÃO DAS FAMÍLIAS E DOS DOMICÍLIOS, CONHECIMENTO E PARTICIPAÇÃO EM CONSELHOS COMUNITÁRIOS EM GERAL E DE SAÚDE................................................................................................. 129

Caracterização das famílias e vulnerabilidade à pobreza ............................................................... 129 Caracterização dos chefes de família............................................................................................... 130 Caracterização das famílias e moradores ........................................................................................ 131 Características dos domicílios ......................................................................................................... 137 Meios de comunicação e participação em grupos comunitários...................................................... 139 Conhecimento e participação em Conselhos de Saúde .................................................................... 140

2. IDENTIFICAÇÃO DE PROBLEMAS PRIORITÁRIOS E DA SITUAÇÃO DE SAÚDE DO BAIRRO OU COMUNIDADE E ATENDIMENTO USUAL AOS PROBLEMAS DE SAÚDE ............................................................................... 141

Situação de saúde e atendimento aos problemas de saúde das famílias .......................................... 143 Casos de violência ou acidentes nas comunidades........................................................................... 145

3. CONHECIMENTO E UTILIZAÇÃO DO PSF............................................................................................ 146

Agentes Comunitários de Saúde ....................................................................................................... 146 Atendimento na USF......................................................................................................................... 149 Portadores de Doenças Crônicas..................................................................................................... 152 Gravidez ........................................................................................................................................... 154 Crescimento e Desenvolvimento de Crianças até 2 anos de idade................................................... 154

VI. CONCLUSÕES ................................................................................................................................ 155

REFERÊNCIAS DOCUMENTAIS ...................................................................................................... 169

ANEXOS ................................................................................................................................................. 171

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GOIÂNIA – APRESENTAÇÃO E METOODOLOGIA 1

I. APRESENTAÇÃO

A presente pesquisa está inserida no âmbito do Projeto de Apoio à Implantação e

Consolidação do Programa de Saúde da Família (PSF) no Brasil, sob a responsabilidade

do Departamento de Atenção Básica da Secretaria de Políticas de Saúde do Ministério

da Saúde, que visa à implantação e/ou ampliação e consolidação do PSF em grandes

centros urbanos, caracterizados como municípios com população acima de 100 mil

habitantes (MS, 2001b).

Para subsidiar o processo de negociação e desenvolvimento do Projeto, o Ministério da

Saúde encomendou ao NUPES/DAPS/ENSP/FIOCRUZ o desenvolvimento de 10 estudos de

caso em municípios selecionados pelo DAB/SPS. Foram selecionados inicialmente

Vitória da Conquista (BA) e Goiânia (GO) que serviram como municípios-piloto.

O projeto de avaliação da implementação considerou as propostas do MS que definem o

PSF como uma estratégia estruturante dos sistemas municipais de saúde que visa à

reorientação do modelo de atenção e uma nova dinâmica da organização dos serviços e

ações de saúde. Documentos do MS e pesquisas anteriores sobre o PSF orientaram a

análise em torno de quatro eixos principais:

A constituição da USF como porta de entrada de uma rede integrada e articulada de

serviços de saúde com estabelecimento de mecanismos e instrumentos de referência e

contra-referência;

A conversão do modelo de atenção à saúde envolvendo a organização e práticas

assistenciais das Equipes de Saúde da Família (ESF);

Os vínculos estabelecidos com a comunidade e a avaliação dos usuários sobre a atenção

recebida da ESF e o acesso à assistência integral e cuidados contínuos; e,

O contexto político-institucional de implantação e desenvolvimento municipal do PSF.

OBJETIVO GERAL

Analisar experiências de implementação do Programa de Saúde da Família em grandes

centros urbanos, Vitória da Conquista (BA), no concernente ao contexto político-

institucional em que se desenvolve, ao estabelecimento de vínculos entre a ESF e a

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GOIÂNIA – APRESENTAÇÃO E METOODOLOGIA 2

comunidade, à conversão do modelo de atenção à saúde nas Unidades Básicas, e à sua

articulação com a rede de serviços de saúde.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Conhecer e analisar os fatores facilitadores e dificultadores na implementação do PSF

nos municípios.

Analisar os vínculos estabelecidos entre as ESF, as comunidades adscritas e as famílias

atendidas.

Estudar a operacionalização da conversão do modelo de atenção básica à saúde

verificando os métodos, avanços e limites na substituição das praticas convencionais de

assistência.

Avaliar a conformação de uma rede integrada de serviços de saúde com o

estabelecimento de mecanismos de referência e contra-referência e a constituição da

USF como porta de entrada.

Apontar diretrizes e subsídios iniciais para aprofundar as investigações na forma de

estudos de caso em outros municípios: desenho do Termo de Referência, metodologia e

indicadores de avaliação da implementação do PSF em grandes municípios.

EQUIPE

O Núcleo de Estudos Político-Sociais em Saúde – NUPES – foi constituído no final de

1988, no Departamento de Administração e Planejamento em Saúde (DAPS) da Escola

Nacional de Saúde Pública (ENSP) da Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ), com o

objetivo de consolidar um conjunto de investigações relacionadas à temática da

Reforma Sanitária Brasileira. Suas atividades tiveram inicialmente como eixo a análise

do curso histórico da institucionalização da política de saúde brasileira, seus

movimentos e contradições a partir do projeto de reformulação do sistema de saúde.

O aprofundamento e desdobramentos destas investigações fizeram com que as

atividades do NUPES ultrapassassem a esfera temática da Reforma Sanitária,

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GOIÂNIA – APRESENTAÇÃO E METOODOLOGIA 3

consolidando-se então um projeto mais amplo de construção do saber, que no campo de

Saúde Coletiva aborda as inúmeras interfaces das relações Estado/Sociedade/Indivíduo.

Os estudos de caso sobre implantação do PSF em grandes municípios foram realizados

por:

Coordenadora geral Profª. Sarah Escorel

Equipe de coordenação Profas. Lígia Giovanella e Maria Helena Mendonça

Pesquisadores associados Equipe do Prodeman/Uerj sob a coordenação do Profº.

Renato Möeller: Ana Augusta de Medeiros, Sidiléia Daflon Castricini, Adriana Reis

Xavier, Roberta Mara Sant’anna Ribeiro, Fernando Cesar de Castro Bezerra, Adriano

Alves Bezerra e Vanessa dos Reis de Souza

Pesquisadores assistentes Patty Almeida Fidelis, Mônica Mendonça Delgado, Luiza

Helena Victal e Marcello de Moura Coutinho

Assistentes de pesquisa Eliana Vicente, Danielle Branco Estrela, Vania Meiry

Trindade Santos, Maria das Neves Sousa da Luz, Jurema da Silva Flôres, André Luís

Ribeiro, Cátia Cristina Martins de Oliveira, Silvia Barbosa de Carvalho, Carla Pacheco

Teixeira e Juliano de Carvalho Lima

Bolsista de Iniciação Científica Rafael Vidal

O relatório final contou com o apoio das Profas. Rosana Magalhães e Mônica de Castro

Maia Senna.

METODOLOGIA

O estudo foi iniciado por visita à Secretaria Municipal de Saúde quando se

apresentaram os propósitos da pesquisa e suas fases de desenvolvimento, orientadas por

um roteiro de visita preliminar e documentos a solicitar. A visita a Goiânia foi realizada

em 15 de agosto e possibilitou conhecer e sensibilizar o secretário municipal de saúde, a

Coordenação do PSF e outros integrantes da equipe gestora, obter documentos (Plano

Municipal de Saúde, Relatórios de Gestão, composição e atas do Conselho Municipal de

Saúde e outros) e visitar unidades locais.

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GOIÂNIA – APRESENTAÇÃO E METOODOLOGIA 4

A partir do início da pesquisa foram realizados levantamentos em diversos bancos de

dados (IBGE, DATASUS, RIPSA, SIAB) visando a caracterização dos municípios em

relação aos aspectos demográficos, sócio-econômicos, de mortalidade e causas de

internação hospitalar, e do sistema municipal de saúde. O levantamento da bibliografia

existente sobre o tema foi realizado nos acervos da FIOCRUZ, do MS e da BIREME.

A segunda fase foi desenvolvida por meio da realização de entrevistas a um conjunto de

gestores e dois Conselheiros Municipais de Saúde representantes dos usuários.

Em cada município foram realizadas entrevistas com o Secretário Municipal de Saúde e

dois integrantes da Coordenação Municipal do PSF (CSF) a partir de roteiros

estruturados em torno de cinco tópicos:

Implantação do PSF no município: motivações, contexto político-institucional,

posicionamento de atores, estratégias utilizadas e etapas de implantação, situação atual;

Organização e gestão do PSF: coordenação, supervisão, monitoramento e avaliação,

desenvolvimento do SIAB;

Integração à rede assistencial e conversão do modelo de atenção básica: criação de USF

e transformação de Unidades Básicas, estratégias, processos, mecanismos de referência

e contra-referência, resultados da experiência de integração e principais dificuldades, e

ajustes necessários para a constituição de uma rede integrada de serviços de saúde;

Recursos humanos: modalidades e processos de contratação, estratégias utilizadas para

atrair recursos humanos, e capacitação para o PSF;

Fatores limitantes e facilitadores, perspectivas e avaliação do entrevistado sobre os

resultados da implementação do PSF.

Roteiros mais objetivos foram elaborados para entrevistar o coordenador das ações de

saúde coletiva (Coordenador de Vigilância Epidemiológica em Goiânia),

Coordenadores dos Departamentos de Atenção Básica e de Controle, Avaliação e

Auditoria e diretor ou equivalente da Fundação de Apoio responsável pela contratação

de recursos humanos. Os roteiros seguiram alguns tópicos comuns a todos os gestores

entrevistados acrescidos de tópicos específicos ao papel das coordenações no

desenvolvimento e integração do PSF.

A dois Conselheiros Municipais de Saúde representantes do segmento dos usuários

foram feitas perguntas relativas ao exercício do controle social, funcionamento do

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GOIÂNIA – APRESENTAÇÃO E METOODOLOGIA 5

Conselho Municipal de Saúde em geral, composição e articulação de interesses, papel

desempenhado na política municipal de saúde e na implementação do PSF, e sobre a

entidade representada.

As entrevistas foram realizadas na semana entre 2 e 6 de setembro em Goiânia. As

entrevistas foram gravadas e editadas preenchendo o roteiro com as informações

fornecidas. Essas informações foram analisadas a partir de um Plano de Análise dos

estudos de caso.

A terceira fase de campo foi a aplicação de três modalidades e tipos de questionários:

Auto-aplicáveis para profissionais de nível superior das ESF

Auto-aplicáveis para profissionais de nível médio e elementar das ESF

Aplicado por auxiliares de pesquisa em famílias de usuários do PSF

Essa fase foi realizada simultaneamente nos dois municípios por equipes integradas por

5 auxiliares de pesquisa durante a semana de 9 a 16 de setembro. A elaboração de cada

questionário envolveu redação de perguntas, revisão, formatação em questionários,

treinamento dos auxiliares de pesquisa, revisão dos questionários, impressão,

reprodução, transporte e distribuição ou aplicação.

Os questionários auto-aplicáveis para profissionais das ESF estão estruturados ao redor

de cinco tópicos: inserção e capacitação no PSF, trabalho em equipe, integração na rede

de serviços de saúde, vínculos com a comunidade e avaliação livre (pontos positivos e

negativos do PSF).

Foram pesquisadas informações de todos os integrantes de todas as ESF implantadas no

município até 31 de julho de 2001.

Perdas Município ESF Implant.

Prof Niv Super.

Aux. Enferm

ACS Total N %

Goiânia 75 94 57 245 461 65 14,1

O questionário destinado às famílias usuárias do PSF está estruturado em cinco blocos:

1. Caracterização detalhada da unidade familiar e do domicílio, graus de participação

em grupos comunitários, identificação de problemas prioritários da comunidade, e

conhecimento e participação em conselhos de saúde. 2. Identificação da situação de

saúde e atendimento usual aos problemas de saúde. 3. Conhecimento e utilização do

PSF com ênfase na avaliação das atividades realizadas pelo ACS, e no

acompanhamento de condições de gravidez, crescimento e desenvolvimento até 2 anos

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GOIÂNIA – APRESENTAÇÃO E METOODOLOGIA 6

de idade e portadores de doenças crônicas. 4. Avaliação em geral, comparado ao

atendimento anterior, atividades realizadas nas USF e satisfação com o PSF.

As famílias entrevistadas foram selecionadas entre a população cadastrada do PSF, a

partir de amostra intencional que considerou os seguintes procedimentos:

escolha realizada pelo secretário de saúde e coordenação municipal do PSF de

quatro ESF a partir do cruzamento de alguns critérios valorados em relação ao modelo

proposto – acesso geográfico aos serviços de saúde, atuação intersetorial e parcerias

com outras instituições, vínculos com a comunidade e adesão da população, e

integração com a rede de serviços de saúde do SUS municipal. Foram selecionadas duas

ESF com dificuldades em dois ou mais critérios e duas ESF com experiências bem

sucedidas.

para cada ESF selecionada foi realizado sorteio de 3 micro-áreas/ACS em sua

abrangência. Em cada micro-área foram sorteadas ou escolhidas de forma sistemática 8

ou 9 famílias, configurando cerca de 25 famílias por ESF e um total de 100 famílias por

município.

Em Goiânia o trabalho de coleta de dados consistiu na realização de 100 entrevistas

estruturadas, efetuadas em 100 domicílios, as quais reuniram informações sobre 400

moradores.

Considerou-se como sujeitos da pesquisa os chefes ou cônjuges dos chefes das famílias

usuárias (cadastradas) do PSF, dando-se preferência por aquele que afirmasse reunir

maior conhecimento sobre os assuntos focalizados pelo estudo. No caso da

impossibilidade de acesso a ambos – seja por ausência prolongada do local de moradia,

seja por incapacidade ou falta de interesse dos mesmos em participar do inquérito – foi

também admitido como informante, em menor escala, o indivíduo pertencente à família

designado pelo conjunto de familiares presentes no ato da entrevista como o mais apto a

responder às questões propostas pelo estudo.

As entrevistas foram realizadas por uma equipe fixa de assistentes de pesquisa,

criteriosamente selecionada e submetida a um extenso e rigoroso programa de

treinamento. A localização das unidades domiciliares onde residiam as famílias

selecionadas foi facilitada pelo trabalho realizado por agentes comunitários de saúde

atuantes nas micro-áreas pesquisadas, convertidos em guias de campo.

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GOIÂNIA – APRESENTAÇÃO E METOODOLOGIA 7

O procedimento geral aplicado para processamento de dados e crítica dos resultados

consistiu de:

inspeção visual da produção de cada entrevistador antes da digitação dos dados de

modo a detectar e corrigir erros estruturais;

codificação das perguntas abertas de acordo com dicionários de códigos preparados

e atualizados durante o trabalho (também antes da digitação);

entrada de dados em microcomputadores e crítica de validação dos campos durante

a digitação; e

crítica de consistência dos dados, incluindo a verificação da codificação e da

digitação, além da verificação da consistência entre as variáveis, para correção

pontual dos erros detectados.

Para a entrada de dados e crítica, foi utilizado o Integrated Microcomputer Processing

System (IMPS, versão 3.1), desenvolvido pelo Centro Internacional de Programas

Estatísticos do United States Bureau of the Census. O IMPS permite validação dos

códigos das variáveis categorizadas e validação de intervalos aceitáveis para variáveis

quantitativas (ambas baseadas em dicionários de dados previamente definidos) durante a

digitação dos dados. Além disso, o IMPS permite a verificação de um conjunto de

regras de consistência entre as variáveis, tornando mais simples a crítica das relações

entre as variáveis. Dotado de grande capacidade de migração para outras plataformas, o

IMPS possibilita ainda que o material por ele processado possa ser, com facilidade,

submetido a outros programas de tratamento de dados.

As respostas às perguntas abertas admitidas pelo instrumento de coleta de dados foram

submetidas à análise categorial e codificadas por especialistas em análise de conteúdo.

A entrada de dados foi realizada de forma paralela ao trabalho de campo, começando

imediatamente após a finalização da codificação dos roteiros correspondentes às

primeiras entrevistas.

Para orientar a tabulação dos dados, foi elaborado um plano tabular que cobre toda a

informação coletada. Inicialmente, as tabelas foram elaboradas na ordem prevista pelo

roteiro de entrevista e, posteriormente, reordenadas para dar uma forma mais adequada

a este relatório.

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GOIÂNIA – APRESENTAÇÃO E METOODOLOGIA 8

Cada relatório está integrado por seis partes:

I. Apresentação

II. Caracterização do Município

III. Processo de implementação do PSF

IV. Equipes da Saúde da Família: organização do trabalho e práticas assistenciais

V. Famílias usuárias do PSF

VI. Conclusões

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GOIÂNIA – CARATERIZAÇÃO DO MUNICÍPIO

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II. CARACTERIZAÇÃO DO MUNICÍPIO DE GOIÂNIA (GO)

1. CARACTERÍSTICAS GEOGRÁFICAS E DEMOGRÁFICAS

Goiânia, fundada em 1933 na região Centro-Oeste do Brasil, planejada para abrigar

50.000 moradores, possui uma população de 1.090.581 habitantes (2000) e uma

densidade demográfica de 1.471,76 hab/km2. A população é urbana concentrando na

cidade 99,36% dos residentes.

A população em 1998 era predominantemente feminina (52,22%) e jovem - mais de

50% dos habitantes tinham até 24 anos. A faixa etária entre 15 a 49 anos representava

59,36% do total e a população com 60 e mais anos de idade representava

aproximadamente 7%.

O crescimento médio anual da população nos últimos quatro anos é de 2,17% a.a,

mantendo a predominância feminina.

Quadro 1 – Características demográficas de Goiânia (GO), 2000

Características Demográficas N %População Total 1.090.737 100,00População Urbana 1.083.552 99,36População Rural 7.185 0,66População Masculina (1998) 496.873 47,78População Feminina (1998) 543.056 52,22Área (km2) 740,5 Densidade Demográfica (hab/km2) 1.471,96 Fonte: IBGE-Cidade@,Censo 2000; Contagem da Popu1ação, 1996

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GOIÂNIA – CARATERIZAÇÃO DO MUNICÍPIO

10

Quadro 1a – Distribuição da população por faixa etária em Goiânia (GO), 1996

População por faixa etária N %0 anos a 4 anos 87.391 8,725 a 9 anos 91.413 9,1310 a 14 anos 100.811 10,0615 a 19 anos 112.314 11,2120 a 24 anos 108.741 10,8625 a 29 anos 95.811 9,5630 a 34 anos 88.707 8,8635 a 39 anos 75.875 7,5740 a 44 anos 64.026 6,3945 a 49 anos 49.151 4,9150 a 54 anos 37.206 3,7155 a 59 anos 27.711 2,7760 a 64 anos 21.956 2,1965 anos ou mais 40.643 4,06Total 1.001.756 100,00Fonte: IBGE-Cidade@/contagem de 1996

2. CARACTERÍSTICAS ECONÔMICAS As atividades econômicas de Goiânia concentram-se nos setores de serviços, comércio,

indústria de transformação, construção civil e administração pública.

O município conta com 33.247 unidades locais (empresas com CGC) e apenas 476

estabelecimentos agropecuários. É uma cidade constituída majoritariamente por

unidades locais de micro e pequeno porte, pois as que empregavam 500 ou mais pessoas

em 1996 representavam somente 0,16% do total das unidades.

Na maioria das unidades locais (73,97%) trabalhavam de 1 a 4 pessoas. Em 87,94% do

total de unidades trabalhavam até 9 pessoas, mas que empregavam 23,69% do total de

pessoas ocupadas.

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Tabela 1 – Unidades locais por número de pessoas ocupadas, Goiânia (GO), 1996 Unidades locais por pessoas ocupadas N %Unidade local -1 a 4 pessoas ocupadas 23.717 73,97Unidade local -5 a 9 pessoas ocupadas 4.479 13,97Unidade local –10 a 29 pessoas ocupadas 2.749 8,57Unidade local –30 a 99 pessoas ocupadas 815 2,54Unidade local –100 a 249 pessoas ocupadas 199 0,62Unidade local –250 a 499 pessoas ocupadas 52 0,16Unidade local-500 a 999 pessoas ocupadas 28 0,09Unidade local –1000 ou mais pessoas ocupadas 24 0,07Total 32.063 100,00Fonte: IBGE – Contagem da População, 1996

Por outro lado, foram as grandes unidades locais as empregadoras da maior parte da

população ocupada: em 1996, 113.735 trabalhadores (35,33%) estavam em unidades

que empregavam 500 ou mais pessoas.

Em 1996 as receitas orçamentárias foram 3,53% menores que as despesas

orçamentárias, sendo que as receitas de origem tributária foram significativamente

menores que as oriundas de transferências. As despesas de custeio em 1996

representaram 73% do total das despesas.

Verifica-se que Goiânia depende dos recursos repassados pelo governo federal e por

outras transferências.

Quadro 2 – Receitas e Despesas de Goiânia (GO), 1996 Receitas e Despesas Mil Reais (R$)Receitas orçamentárias –1996 294.003Despesas orçamentárias – 1996 304.763Receitas orçamentárias – Tributárias – 1996 108.689Receitas orçamentárias – Transferência – 1996 154.455Despesas orçamentárias – custeio –1996 193.196Fundo de Participação do Municípios – 1998 36.551.330Fonte: IBGE - Cidade@ - Tema: Síntese, 2001

A renda familiar per capita média expressa em salários mínimos de setembro de 1991

apresentou crescimento expressivo em Goiânia entre 1970 (0,91) e 1991 (2,02),

mantendo-se superior a média do Brasil (1,31) e do estado de Goiás (1,20). Contudo, o

percentual de pessoas com renda insuficiente é significativo (21,86%), apesar de ser

metade do apresentado pelo estado de Goiás (42,11%) e no Brasil (45,46%).

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Tabela 2 – Indicadores do ICV – Renda, Goiânia, Goiás, Região Centro-Oeste, Brasil, 1970, 1980, 1991

Região Renda familiar per capita

média

Grau de desigualdade

(Theil – L)

Porcentagem de pessoas com renda

insuficiente (P0)

Insuficiência média de renda

(P1)

1970 1980 1991 1970 1980 1991 1970 1980 1991 1970 1980 1991 Região Centro-Oeste 0,54 1,45 1,45 0,55 0,66 0,70 73,71 37,48 39,31 0,40 0,15 0,17 Goiás 0,46 1,21 1,20 0,50 0,61 0,62 77,79 41,58 42,11 0,44 0,18 0,18 Goiânia 0,91 1,94 2,02 0,55 0,54 0,59 52,54 19,48 21,86 0,24 0,06 0,08 Brasil 0,63 1,43 1,31 0,68 0,70 0,78 67,90 39,47 45,46 0,39 0,18 0,24 Fonte: PNUD/IPEA/Fund. João Pinheiro/IBGE - Atlas do desenvolvimento humano, 1999

3. CARACTERÍSTICAS SOCIAIS

Ao longo das últimas décadas, Goiânia vem apresentando um IDH-M1 Índice de

Desenvolvimento Humano Municipal maior que o de Goiás e o do Brasil. Em 1980 o

IDH–Educação (0,703) era bem mais elevado que o do estado de Goiás (0,564) e do

Brasil (0,577), o que foi mantido em 1991, embora ainda seja um setor de

desenvolvimento médio. Em 1991, o IDH-M Renda (0,958), estava no patamar de alto

desenvolvimento, enquanto nas dimensões longevidade (0,665) e educação (0,768), os

indicadores situavam-se na faixa pertencente ao médio desenvolvimento. O mesmo

acontece com o Brasil como um todo, o IDH–Longevidade (0,638) e o IDH-Educação

(0,645) apontam um desenvolvimento médio, enquanto o IDH-Renda (0,942) situa-se

na faixa de alta desenvolvimento.

Tabela 3 – Índice de desenvolvimento humano municipal e dimensões em Goiânia, Goiás, Região Centro-Oeste, Brasil, 1970, 1980, 1991

Região IDH-M IDH-M Longevidade

IDH-M Educação

IDH-M Renda

1970 1980 1991 1970 1980 1991 1970 1980 1991 1970 1980 1991Goiânia 0,587 0,729 0,797 0,470 0,526 0,665 0,639 0,703 0,768 0,653 0,957 0,958Goiás 0,404 0,660 0,722 0,434 0,529 0,636 0,469 0,564 0,653 0,309 0,887 0,875Reg. Centro-Oeste 0,438 0,692 0,754 0,445 0,538 0,641 0,497 0,590 0,673 0,373 0,947 0,948Brasil 0,462 0,685 0,742 0,440 0,531 0,638 0,501 0,577 0,645 0,444 0,947 0,942Fonte: PNUD/IPEA/Fund. João Pinheiro/IBGE - Atlas do desenvolvimento humano, 1999

1 IDH-M –Índice de Desenvolvimento Humano Municipal é composto por três dimensões: Longevidade (esperança de vida ao nascer), Educação (taxa de analfabetismo e número de anos de estudo) e Renda (renda familiar per capita).

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O ICV2 - Índice de Condições de Vida reitera que a situação em Goiânia é superior a

apresentada no estado de Goiás e no Brasil. As condições de vida da população da

capital melhoraram significativamente entre 1970 e 1991, embora mantendo-se no nível

médio de condição de vida. A renda e a habitação foram as dimensões que mais

contribuíram para a elevação do ICV do município.

Tabela 4 – Índice de condições de vida e componentes em Goiânia, Goiás, Região Centro-Oeste, Brasil, 1970, 1980, 1991

Região ICV ICV–Longevidade ICV-Educação 1970 1980 1991 1970 1980 1991 1970 1980 1991

Goiânia 0,620 0,695 0,798 0,611 0,668 0,791 0,547 0,629 0,713 Goiás 0,500 0,631 0,720 0,573 0,671 0,768 0,376 0,476 0,576 Reg.Centro-Oeste 0,510 0,653 0,735 0,574 0,676 0,770 0,403 0,507 0,599 Brasil 0,532 0,655 0,723 0,528 0,632 0,742 0,415 0,497 0,576 Fonte: PNUD/IPEA/Fund. João Pinheiro/IBGE - Atlas do desenvolvimento humano, 1999

Tabela 4 cont. – Índice de condições de vida e componentes em Goiânia, Goiás, Região Centro-Oeste, Brasil, 1970, 1980, 1991

Região ICV–Infância ICV–Renda ICV–Habitação 1970 1980 1991 1970 1980 1991 1970 1980 1991

Goiânia 0,685 0,704 0,786 0,680 0,865 0,854 0,579 0,611 0,844 Goiás 0,626 0,662 0,763 0,476 0,802 0,792 0,449 0,542 0,702 Reg.Centro-Oeste 0,632 0,677 0,778 0,508 0,828 0,819 0,434 0,574 0,709 Brasil 0,655 0,665 0,747 0,524 0,816 0,793 0,538 0,663 0,758 Fonte: PNUD/IPEA/Fund. João Pinheiro/IBGE - Atlas do desenvolvimento humano, 1999

O percentual de escolarização da população de Goiânia, vem apresentando um

crescimento gradativo, entre os anos 1970 e 1991. Os indicadores apontam uma situação

educacional superior a de Goiás e Brasil, principalmente no que se refere a parcela da

2 ICV – Índice de Condição de Vida é composto pelas dimensões acima citadas que incluem outros indicadores: Longevidade (taxa de mortalidade), Educação (porcentagem da população com menos de 4 anos de estudo, porcentagem da população com menos de 8 anos de estudo e porcentagem da população com mais de 11 anos de estudo), Renda (índice L de Theil – desigualdade de renda, porcentagem da população com renda insuficiente, insuficiência média de renda e grau de desigualdade na população com renda insuficiente).O ICV incorpora duas novas dimensões: Infância (porcentagem de crianças que não freqüentam a escola, defasagem escolar média, porcentagem de crianças com mais de um ano de atraso escolar e porcentagem de crianças que trabalham) e Habitação (porcentagem da população vivendo em domicílios com densidade superior a 2 pessoas por dormitório potencial, porcentagem da população vivendo em domicílios duráveis, porcentagem da população vivendo em domicílios com abastecimento adequado de água e porcentagem da população vivendo em domicílios com instalações adequadas de esgoto).

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população com mais de 11 anos de estudo que em Goiânia passou de 5,53% em 1970

para 13,54% em 1991.

Tabela 5 - Porcentagem da população de 25 anos e mais de idade, por anos de estudo em Goiânia, Goiás, Região Centro-Oeste, Brasil, 1970, 1980, 1991

Região Menos de 4 anos de estudo

Menos de 8 anos de estudo

Mais de 11 anos de estudo

1970 1980 1991 1970 1980 1991 1970 1980 1991Goiânia 53,6 38,5 24,9 82,4 69,4 53,2 5,53 9,89 13,54 Goiás 81,0 61,9 43,8 94,7 86,0 73,5 1,4 3,4 5,5 Região Centro-Oeste 76,8 57,6 41,2 92,8 82,2 70,2 1,9 5,4 7,8 Brasil 69,0 55,6 42,3 91,2 83,3 72,1 2,0 5,0 7,5 Fonte: PNUD/IPEA/Fund. João Pinheiro/IBGE - Atlas do desenvolvimento humano, 1999

A taxa de analfabetismo da população goiana com 15 anos ou mais de idade vem

apresentando uma redução significativa nos últimos anos (de 16,9% em 1970 para 8,1%

em 1991). Podemos também verificar que o percentual apresentado em 1991 é bem

menor que o de Goiás (17,7) e do Brasil (19,4), o que revela um possível investimento

na área da educação, principalmente considerando o aumento expressivo no número de

anos de estudo da população com 25 anos ou mais de idade que praticamente dobrou de

3,8 em 1970 para 7,0 em 1991.

Tabela 6 – Taxa de analfabetismo da população de 15 anos e mais e número médio de anos de estudo da população de 25 anos e mais em Goiânia, Goiás, Região Centro-Oeste, Brasil, 1970, 1980, 1991

Região Taxa de analfabetismo da população de

15 anos e mais (%)

Número médio de anos de estudo

(pop. de 25 anos e mais) 1970 1980 1991 1970 1980 1991Goiânia 16,9 12,3 8,1 3,8 5,3 7,0 Goiás 35,6 26,0 17,7 1,8 3,2 4,7 Região Centro-Oeste 32,5 23,5 16,1 2,1 3,6 5,1 Brasil 33,0 25,3 19,4 2,4 3,6 4,9 Fonte: PNUD/IPEA/Fund. João Pinheiro/IBGE - Atlas do desenvolvimento humano, 1999

Em junho de 2001, entre as famílias cadastradas pelo PSF, 7,51% das pessoas com

quinze anos ou mais de idade não foram alfabetizadas e 12,61% das crianças entre 7 e

14 anos não freqüentam a escola, segundo dados do SIAB.

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A maioria dos domicílios particulares são chefiados por homens (72,88%), e 27,12%

das famílias têm chefia feminina.

Tabela 7 – Chefia de domicílios particulares permanentes por gênero Goiânia (GO), 1996

Gênero do Chefe de Domicílio N %Chefes Homens 199.358 72,88Chefes Mulheres 74.179 27,12Total 273.537 100,00Fonte: IBGE – Cidade@ - Contagem 1996

Um terço dos chefes de família (homens e mulheres) em 1996, possuía até quatro anos

de estudo (35,89%), abandonando os estudos antes de concluir o primeiro segmento do

ensino fundamental, enquanto 18,93% concluíram o ensino médio.

Tabela 8 - Chefia de domicílios particulares permanentes por anos de estudo, Goiânia (GO), 1996

Anos de Estudo do Chefe do Domicílio N %Sem instrução ou menos de 1 ano 21.373 7,891 ano de estudo 8.592 3,172 a 3 anos de estudo 25.955 9,584 anos de estudo 41.341 15,255 a 7 anos de estudo 40.338 14,888 anos de estudo 28.976 10,699 a 10 anos de estudo 14.127 5,2111 anos de estudo 51.309 18,9312 a 15 anos de estudo 21.085 7,7816 anos ou mais de estudo 17.926 6,61Total* 271.022 100,00Fonte: IBGE – Cidade@ - Contagem 1996 * O total apresenta uma diferença quando comparado com as tabelas 7 e 9. O IBGE não disponibilizou o número sem informação. Os domicílios em Goiânia, concentrados na área urbana, em 1996 eram habitados

predominantemente por três (21,13%) e quatro moradores (26,11%). Em mais de 10%

dos domicílios vivem 6 ou mais pessoas.

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Tabela 9 –Número de moradores por domicílios particulares permanentes, Goiânia (GO), 1996

Número de moradores N %1 morador 24.509 8,962 moradores 46.685 17,073 moradores 57.787 21,134 moradores 71.411 26,115 moradores 43.807 16,026 moradores 17.318 6,337 moradores 6.472 2,378 moradores 2.903 1,069 moradores 1.308 0,4810 ou mais moradores 1.337 0,49Total 273.537 100,00Fonte: IBGE – Cidade@ - Contagem 1996

O ICV-Habitação cresceu de 0,579 em 1970 para 0,844 em 1991, o que demostra

investimentos em abastecimento de água (de 50,6% do total de domicílios em 1970

para 91,0% em 1991) e em esgotamento sanitário (de 46,6% do total de domicílios em

1970 para 68,3% em 1991).

O censo de 1991, registrou que 74,27% dos moradores de Goiânia possuía

abastecimento de água com canalização interna ligado à rede geral, concentrado na área

urbana. Na pequena área rural somente 1,44% dos moradores tinha acesso à rede geral

de água, recorrendo a outras fontes de abastecimento, sendo a mais freqüente poço ou

nascente (66,61%). Este tipo de abastecimento também é importante para os moradores

da área urbana (17,11%). No momento atual, entre as famílias cadastradas pelo PSF

segundo dados do SIAB, 17,51% dos domicílios permanecem sem acesso à

abastecimento de água por meio de rede pública (quadro 3).

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Tabela 10 – Número de moradores segundo o tipo de abastecimento de água, Goiânia (GO), 1996

Abastecimento de Água Goiânia Urbano Rural N % N % N %C/canaliz. Int. c/rede geral 680.765 74,27 680.640 74,97 125 1,44C/canaliz. Int. c/poço/nascente 156.784 17,11 151.010 16,63 5.774 66,61C/canaliz. Int. c/ outra forma 490 0,05 472 0,05 18 0,21S/canaliz. Int. c/rede geral 27.918 3,05 27.913 3,07 5 0,06S/canaliz. Int. c/poço/nascente 49.197 5,37 46.501 5,12 2.696 31,10S/canaliz. Int. c/ outra forma 1.399 0,15 1.349 0,15 50 0,58Total 916.553 100,00 907.885 100,00 8.668 100,00Fonte: IBGE – Cidade@ - Censo Nacional 1991

Em 1991, 16,24% dos moradores não possuíam instalações sanitárias na área rural de

Goiânia, enquanto na área urbana o percentual era menor (1,37%). As instalações

comuns ainda representavam cerca de 11% na cidade de Goiânia.

A rede geral de esgoto era uma infra-estrutura disponível apenas para 0,12% dos

moradores da área rural enquanto que na área urbana de Goiânia 73,70% dos moradores

tinham acesso a este tipo de esgotamento sanitário. Na área rural, 81,75% do total de

moradores utilizavam fossa rudimentar e na área urbana 21,13% ainda recorriam a este

tipo de instalação sanitária. A situação quanto ao esgotamento sanitário permanece

precária em junho de 2001, pois entre as famílias cadastradas pelo PSF 47,61% dos

domicílios não estão ligados à rede de esgoto (quadro 3).

Tabela 11 – Número de moradores segundo a forma de instalação sanitária, Goiânia (GO), 1996

Instalação Sanitária Goiânia Urbano Rural N % N % N %Individual 798.241 87,09 791.341 87,16 6.900 79,60Comum 104.496 11,40 104.136 11,47 360 4,15Não tem instalação 13.816 1,51 12.408 1,37 1.408 16,24Total 916.553 100,00 907.885 100,00 8.668 100,00Fonte: IBGE – Cidade@ - Censo 1991

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Tabela 11 Cont. Número de moradores segundo o tipo de instalação sanitária, Goiânia (GO), 1996

Instalação Sanitária Goiânia Urbano Rural N % N % N %Rede geral 669.121 73,00 669.111 73,70 10 0,12Fossa séptica rede pluvial 6.640 0,72 6.640 0,73 0 0,00Fossa séptica sem escoadouro 18.314 2,00 18.292 2,01 22 0,25Fossa rudimentar 198.949 21,71 191.863 21,13 7.086 81,75Vala negra 1.771 0,19 1.692 0,19 79 0,91Outro escoadouro 7.221 0,79 7.160 0,79 61 0,70Não sabe o tipo de escoadouro 721 0,08 719 0,08 2 0,02Não tem instalação 13.816 1,51 12.408 1,37 1.408 16,24Total 916.553 100,00 907.885 100,00 8.668 100,00Fonte: IBGE – Cidade@ - Censo 1991 A coleta de lixo direta atendia 92,60% dos moradores da área urbana em 1991, e

somente 5,05% dos moradores da área rural. A maioria dos moradores rurais queimava

seu lixo (49,72%), jogava em terrenos baldios (16,87%), ou tinha acesso a coleta

indireta (13,50%). O destino do lixo entre as famílias cadastradas pelo PSF em 2001

encontra-se em situação satisfatória, pois 97,13% dos beneficiários do PSF têm acesso

a coleta pública de lixo (quadro 3).

Tabela 12 – Número de moradores segundo o tipo de coleta de lixo, Goiânia (GO), 1996

Coleta de lixo Goiânia Urbano Rural N % N % N %Coleta direta 841.158 91,77 840.720 92,60 438 5,05Coleta indireta 9.748 1,06 8.578 0,94 1.170 13,50Queimado 31.779 3,47 27.469 3,03 4.310 49,72Enterrado 4.736 0,52 4.155 0,46 581 6,70Jogado em terreno baldio 22.131 2,41 20.669 2,28 1.462 16,87Jogado rio/mar/lagoa 5.080 0,55 5.046 0,56 34 0,39Outro 1.921 0,21 1.248 0,14 673 7,76Total 916.553 100,00 907.885 100,00 8.668 100,00Fonte: IBGE – Cidade@ - Censo 1991

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Quadro 3 – Características dos domicílios das famílias cadastradas pelo PSF, Goiânia (GO), junho-2001

1999 2000 2001 Características Nº. % Nº. % Nº. %Total de domicílios 14.778 100,00 39.187 100,00 52.951 100,00Tipo de Casa Tijolo / Adobe 14.681 99,34 38.780 98,96 52.432 98,96Taipa revestida 22 0,15 54 0,14 52 0,15Taipa não revestida 4 0,03 12 0,03 20 0,04Madeira 9 0,06 39 0,10 53 0,10Material aproveitado 14 0,09 168 0,43 195 0,37Outros 48 0,32 134 0,34 199 0,38Abastecimento de Água Rede Pública 12.203 82,57 34.375 87,72 43.708 82,50Poço ou nascente 2.520 17,05 4.625 11,80 8.920 16,84Outros 55 0,37 187 0,48 353 0,67Tratamento de Água no Domicílio Filtração 9.759 66,03 29.707 75,81 38.967 73,55Fervura 230 1,56 404 1,03 637 1,20Cloração 1.806 12,22 2.453 6,26 3.744 7,07Sem tratamento 2.983 20,18 6.623 16,90 9.633 18,18Energia Elétrica 14.387 97,35 37.310 95,21 50.626 95,55Destino do Lixo Coleta pública 14.104 95,43 38.555 98,39 51.463 97,13Queimado / enterrado 420 2,84 367 0,94 868 1,64Céu aberto 254 1,72 265 0,68 650 1,23Destino de Fezes / Urina Sistema de esgoto 3.960 26,79 25.449 64,94 27.756 52,39Fossa 9.754 66,00 13.338 34,04 23.647 44,63Céu aberto 1.064 7,20 400 1,02 1.578 2,98Fonte: SAS/COSAC DATASUS SIAB

4. CARACTERÍSTICAS EPIDEMIOLÓGICAS

No período entre 1996 a 1998 os cinco principais grupos de causas responsáveis pelos

óbitos em Goiânia mantiveram certa estabilidade com as causas externas sendo

superadas por neoplasias em 1998, sem contudo alterar significativamente seus

percentuais.

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Quadro 4 – Mortalidade geral por grupos de causas, Goiânia (GO), 1996 a 1998

1996 1997 1998 1ª Doenças do ap. circulatório Doenças do ap. circulatório Doenças do apar. circulatório2ª Causas externas Neoplasias Neoplasias 3ª Neoplasias Causas externas Causas externas 4ª Doenças do ap. respiratório Doenças do ap. respiratório Doenças do ap. respiratório 5ª Doenças infec. e parasitárias Doenças infec. e parasitárias Doenças infec. e parasitárias Fonte: DATASUS/SIM

O grupo de causas responsável pelo maior número de óbitos em 1998 foi o das doenças

do aparelho circulatório (25,60%), principalmente as doenças cerebrovasculares. Em

segundo lugar apareciam as neoplasias (15,19%) sendo as neoplasias malignas da

traquéia, dos brônquios e pulmões as mais freqüentes, e em terceiro, as causas externas

representando 13,29% do total de óbitos. O quarto e quinto lugares foram ocupados

respectivamente pelas doenças do aparelho respiratório (9,67%) e as infecciosas e

parasitárias (8,24%), sendo as mais freqüentes em cada um destes dois grupos de

causas as doenças crônicas das vias aéreas inferiores e as transmitidas por protozoário.

Tabela 13 - Óbitos por grupos de causas, Goiânia (GO), 1996 a 1998 Principais grupos de causas 1996 1997 1998 N % N % N %Doenças do aparelho circulatório 1.920 25,78 2.062 24,16 2.256 25,60Causas externas de morb. e mortalid. 1.010 13,56 1.133 13,28 1.171 13,29Neoplasias 925 12,42 1.196 14,01 1.338 15,19Doenças do aparelho respiratório 759 10,19 978 11,46 852 9,67Doenças infecciosas e parasitárias 676 9,08 678 7,94 726 8,24Total 7.449 100,00 8.534 100,00 8.811 100,00Fonte: DATASUS/SIM

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Tabela 14 - Óbitos por causas freqüentes nos principais grupos de causas, Goiânia (GO), 1996 a 1998

Principais grupos de causas 1996 1997 1998 N % N % N %

Doenças do aparelho circulatório 1.920 2.062 2.256 Doencas cerebrovasculares 632 32,92 698 33,85 772 34,22Causas externas de morb. e mortal. 1.010 1.133 1.171 Acidentes de transporte 405 40,10 467 41,22 425 36,29Neoplasias 925 1.196 1.338 Neopl.malig.da traq., brônq. e pulmões 110 11,89 133 11,12 165 12,33Doenças do aparelho respiratório 759 978 852 Doen. Crôn. das vias aréias inferiores 351 46,25 376 38,45 404 47,42Doenças infecciosas e parasitárias 676 678 726 Doenças transmitidas por protozoário 219 32,40 239 35,25 249 34,30Fonte: DATASUS/SIM

A taxa de mortalidade infantil em Goiânia foi reduzida expressivamente entre 1970

(79,30 por mil nascidos vivos) e 1991 (26,28 /1000 nascidos vivos), quando o índice era

mais baixo que o do estado de Goiás (32,15 /1000 nascidos vivos) e do Brasil (49,49

/mil nascidos vivos). Contudo, observa-se que 9,11% do total de óbitos ocorrem na

faixa etária de menores de 1 ano

Tabela 15 – Esperança de vida ao nascer e taxa de mortalidade infantil em Goiânia, Goiás, Região Centro-Oeste, Brasil, 1970, 1980, 1991

Região Esperança de vida ao nascer (em anos)

Taxa de mortalidade infantil (por mil nascidos vivos)

1970 1980 1991 1970 1980 1991 Goiânia 53,17 56,58 64,89 79,38 60,93 26,28 Goiás 51,07 56,75 63,18 92,16 60,10 32,15 Região Centro-Oeste 51,67 57,25 63,45 94,94 59,30 32,46 Brasil 51,43 56,87 63,29 123,19 85,20 49,49 Fonte: PNUD/IPEA/Fund. João Pinheiro/ IBGE . Atlas do desenvolvimento humano, Publicação:1999

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Tabela 16 - Óbitos por faixa etária, Goiânia (GO), 1996 a 1998

Faixa etária 1996 1997 1998 N % N % N %Menores de 1 ano 722 9,69 765 8,96 803 9,111 a 4 anos 128 1,72 159 1,86 152 1,735 a 9 anos 69 0,93 77 0,90 69 0,7810 a 14 anos 68 0,91 79 0,93 86 0,9815 a 49 anos 1.998 26,82 2.308 27,04 2.358 26,7650 a 59 anos 957 12,85 1.107 12,97 1.186 13,4660 a 69 anos 1.273 17,09 1.480 17,34 1.513 17,1770 a 80 e mais 2.097 28,15 2.406 28,19 2.530 28,71Idade ignorada 137 1,84 153 1,79 114 1,29Total de óbitos 7.449 100,00 8.534 100,00 8.811 100,00Fonte: DATASUS/SIM

Em menores de 1 ano verifica-se que mais da metade dos óbitos (53,80%) foi devida às

afecções perinatais, principalmente transtornos respiratórios e cardiovasculares

específicos do período perinatal. O segundo maior grupo de causas nesta faixa etária foi

malformação congênita, deformação e anomalias cromossômicas que representavam

19,18% do total, seguidas das doenças infecciosas e parasitárias (9,96%). Foram ainda

freqüentes as doenças do aparelho respiratório (5,11%).

Tabela 17 - Óbitos em menores de 1 ano por grupos de causas, Goiânia (GO), 1996 a 1998

Principais grupos de causas 1996 1997 1998 N % N % N %Afecções orig. no período perninatal 371 51,39 405 52,94 432 53,80Malf. cong., def. e anoml. cromossômicas 134 18,56 148 19,35 154 19,18Doenças infecciosas e parasitárias 86 11,91 70 9,15 80 9,96Doenças do aparelho respiratório 58 8,03 59 7,71 41 5,11Doenças do sistema nervoso 16 2,22 17 2,22 20 2,49Total 722 100,00 765 100,00 803 100,00Fonte: DATASUS/SIM

As maiores responsáveis pelo número de óbitos entre crianças de 1 a 4 anos foram:

doenças infecciosas e parasitárias (24,34%), as causas externas (21,05%), as doenças do

aparelho respiratório (13,16%), doenças do sistema nervoso (11,84%) e as neoplasias

(10,53%).

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Tabela 18 - Óbitos em crianças de 1 a 4 anos por grupos de causas, Goiânia (GO), 1996 a 1998

Principais grupos de causas 1996 1997 1998 N % N % N %Doenças infecciosas e parasitárias 27 21,09 19 11,95 37 24,34Doenças do aparelho respiratório 23 17,97 22 13,84 20 13,16Causas externas de morb. e mortalidade 22 17,19 32 20,13 32 21,05Neoplasias 11 8,59 22 13,84 16 10,53Doenças do sistema nervoso 10 7,81 21 13,21 18 11,84Total 128 100,00 159 100,00 152 100,00Fonte: DATASUS/SIM

As causas externas representaram 31,88% dos óbitos na faixa etária de 5 a 9 anos em

1998. Em segundo e terceiro lugar apareciam respectivamente as neoplasias (26,09%) e

as doenças infecciosas e parasitárias (11,59%), seguidas por doenças do aparelho

respiratório (7,25%) e as do sistema nervoso (5,80%).

Tabela 19 – Óbitos em crianças de 5 a 9 anos por grupos de causas, Goiânia (GO), 1996 a 1998

Principais grupos de causas 1996 1997 1998 N % N % N %Causas externas de morb. e mortalidade 27 39,13 25 32,47 22 31,88Neoplasias 9 13,04 21 27,27 18 26,09Doenças do aparelho respiratório 6 8,70 4 5,19 5 7,25Malf. Cong., deform. e anoml. Cromossômicas 6 8,70 3 3,90 0 0,00Doenças infecciosas e parasitárias 5 7,25 9 11,69 8 11,59Doenças do sistema nervoso 5 7,25 7 9,09 4 5,80Total 69 100,00 77 100,00 69 100,00Fonte: DATASUS/SIM

Na faixa etária de 10 a 14 anos os cinco principais grupos de causas responsáveis pelos

óbitos foram causas externas (38,37%), neoplasias (18,60%), doenças do aparelho

respiratório (13,95%), doenças do aparelho circulatório (9,30%) e doenças infecciosas e

parasitárias (6,98%).

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Tabela 20 - Óbitos na faixa etária de 10 a 14 anos por grupos de causas, Goiânia (GO), 1996 a 1998

Principais grupos de causas 1996 1997 1998 N % N % N %Causas externas de morb. e mortal. 29 42,65 28 35,44 33 38,37Neoplasias 11 16,18 14 17,72 16 18,60Doenças infecciosas e parasitárias 8 11,76 8 10,13 6 6,98Doenças do aparelho circulatório 6 8,82 7 8,86 8 9,30Doenças do aparelho respiratório 5 7,35 7 8,86 12 13,95Total 68 100,00 79 100,00 86 100,00Fonte: DATASUS/SIM

Na população entre 15 a 49 anos as causas externas representavam 33,33% dos óbitos,

sendo os acidentes de transporte os mais freqüentes. As doenças do aparelho

circulatório ocupavam o segundo lugar com 14,55%, seguidas de neoplasias (13,78), e

doenças infecciosas e parasitárias (10,86%).

Tabela 21 - Óbitos na faixa etária de 15 a 49 anos por grupos de causas, Goiânia (GO), 1996 a 1998

Principais grupos de causas 1996 1997 1998 N % N % N %Causas externas de morb. e mortal. 700 35,04 765 33,15 786 33,33Doenças do aparelho circulatório 279 13,96 325 14,08 343 14,55Doenças infecciosas e parasitárias 265 13,26 250 10,83 256 10,86Neoplasias 208 10,41 261 11,31 325 13,78Doenças do aparelho digestivo 112 5,61 124 5,37 110 4,66Total 1.998 100,00 2.308 100,00 2.358 100,00Fonte: DATASUS/SIM

Entre os 50 e 59 anos os óbitos são mais freqüentes por doenças do aparelho

circulatório (31,11%) principalmente as doenças cerebrovasculares. Em segundo,

terceiro e quarto lugares apareciam respectivamente neoplasias (21,92%), causas

externas (8,85%) e doenças do aparelho digestivo (8,01%). Eram ainda freqüentes

óbitos devido às doenças infecciosas e parasitárias (7,34%).

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Tabela 22 - Óbitos na faixa etária de 50 a 59 anos por grupos de causas, Goiânia (GO), 1996 a 1998

Principais grupos de causas 1996 1997 1998 N % N % N %Doenças do aparelho circulatório 306 31,97 310 28,00 369 31,11Neoplasias 195 20,38 255 23,04 260 21,92Causas externas de morb. e mortal. 87 9,09 112 10,12 105 8,85Doenças infecciosas e parasitárias 64 6,69 87 7,86 87 7,34Doenças do aparelho respiratório 64 6,69 105 9,49 68 5,73Doenças do aparelho digestivo 61 6,37 66 5,96 95 8,01Total 957 100,00 1.107 100,00 1.186 100,00Fonte: DATASUS/SIM

Na faixa etária de 60 e mais anos o principal grupo de causas de óbitos foi o das

doenças do aparelho circulatório (36,78%), seguido das doenças do aparelho

respiratório (16,78%) e neoplasias (14,32%). Eram ainda expressivos os grupos das

doenças infecciosas e parasitárias (5,91%) e das doenças endócrinas, nutricionais e

metabólicas (5,12%).

Tabela 23 - Óbitos na faixa etária de 60 e mais anos por grupos de causas, Goiânia (GO), 1996 a 1998

Principais grupos de causas 1997 1997 1998 N % N % N %

Doenças do aparelho circulatório 1.278 37,92 1.371 35,28 1.487 36,78Doenças do aparelho respiratório 506 15,01 655 16,86 579 14,32Neoplasias 472 14,01 581 14,95 679 16,79Doenças infecciosas e parasitárias 211 6,26 227 5,84 239 5,91Doenças end. Nutricionais e metabólicas 191 5,67 219 5,64 207 5,12Doenças do aparelho digestivo 175 5,19 216 5,56 206 5,10Total 3.370 100,00 3.886 100,00 4.043 100,00Fonte: DATASUS/SIM

5. SISTEMA MUNICIPAL DE SAÚDE

O processo de municipalização em Goiânia é considerado tardio uma vez que foi

habilitado em 1993 apenas na condição de Gestão Parcial de acordo com critérios da

NOB/93, embora sendo capital e dispondo de rede assistencial ampliada em seu

território (Rassi, 2000:7). Em março de 1998, o município passou à Gestão Plena do

Sistema Municipal de Saúde, o que significou ampliação de responsabilidades da SMS,

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tensionando sua capacidade gerencial, e a transferência de unidades básicas estaduais

para o município durante o mesmo ano (de abril a julho).3

A Secretaria Municipal de Saúde de Goiânia foi criada ao final da década de 1980

(1985 ou 1987). Até então, a prestação de assistência à saúde pelo gestor municipal por

meio de Postos de Saúde, com cobertura de pequena parcela da população, era

responsabilidade da Fundação Municipal de Desenvolvimento Comunitário (FUMDEC).

Com a habilitação na gestão plena do sistema municipal foi proposta reorganização da

SMS. A estrutura atual da Secretaria Municipal de Saúde está organizada em sete

Departamentos. Dois destes são responsáveis pela gestão da assistência médica

individual: o Departamento de Rede Básica e o Setor de Marcação de Consultas

subordinado à Divisão de Normas Técnicas. O Departamento da Rede Básica,

responsável pelas Unidades de Saúde e os Distritos Sanitários é constituído por sete

divisões4, estando o Programa de Saúde da Família subordinado à Divisão de Programas

Especiais. O Departamento de Controle e Avaliação é responsável pela gestão da

atenção prestada por produtores privados por meio das divisões de Serviços Especiais

(acidentes de trabalho, alto custo, tratamento fora de domicílio), Auditoria e Vistoria,

Controle Ambulatorial e, Controle Hospitalar, responsáveis pelos respectivos sistemas

de informação (SIA e SIH).

A gestão das ações de saúde coletiva estão distribuídas em três setores. O Departamento

de Epidemiologia gerencia Imunização, Informação em Saúde e Doenças

Transmissíveis. O Departamento de Zoonoses é responsável pelo Controle de Raiva

Animal e, de Roedores e Vetores. O Departamento de Vigilância Sanitária é responsável

pela vigilância de Estabelecimentos de Saúde, Alimentos, Produtos Químicos

Farmacêuticos e ainda por Educação Sanitária, Saneamento Ambiental e Expedição de 3 Foram firmados termos de cessão de uso para 21 unidades ambulatoriais, as quais, segundo imprensa local, encontravam-se sucateadas e com profissionais recebendo baixos salários, que foram elevados pelo gestor municipal (SMS, 2000:17-18, 22).

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Alvarás. Integra ainda o organograma da Secretaria Municipal de Saúde, o Fundo

Municipal de Saúde (SMS-Goiânia, 2000, Relatório Geral, 1997-2000). 5

Distritalização e organização do SUS

O Município de Goiânia está dividido em nove Regiões ou Distritos Sanitários (DS):

Central, Sul, Sudoeste, Leste, Norte, Noroeste, Medanha, Meia Ponte e Oeste, conforme

pode ser observado no quadro abaixo. Os Distritos Sanitários formalizados a partir de

1997, ainda encontram-se em processo de implantação. Segundo os gestores da SMS

entrevistados, a situação de organização dos DS era diferenciada no início da atual

gestão, não havendo espaço físico ou coordenação para diversos distritos. O DS da

Região Oeste era melhor organizado com Direção Geral, Coordenação Técnica e

desenvolvendo diversos projetos. A distritalização foi reforçada na atual gestão. Foram

definidas sedes e equipes de coordenação compostas por Diretor Geral, Diretor Técnico

e Diretor Administrativo que controla o abastecimento de todos os insumos para as

unidades da região. O papel da equipe distrital é supervisionar e articular as unidades de

saúde da área. No momento apenas o DS Sul ainda está sem sede, mas sua equipe já foi

constituída.

4 Divisões de: Recursos Operacionais; Insumos Básicos e Medicamentos; Apoio Diagnóstico; Saúde Mental; Programas Especiais; Assistência à Saúde da Mulher; Doenças Crônico Degenerativas; e de Normas Técnicas, Acompanhamento e Avaliação. 5 Os outros departamentos são: Departamento de Saúde Bucal (inclui a Divisão de Atenção Odontológica Integral e a Divisão de Saúde Bucal do Escolar); Departamento do Contencioso e o Departamento Administrativo, responsável pelos recursos humanos, manutenção, insumos entre outros.

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Quadro 5 – Distritos Sanitários e localização de unidades municipais, Goiânia (GO), 2001

Distrito UnidadesNoroeste 2 CAIS

2 Centros de Saúde1 Maternidade Nascer Cidadão

Mendanha 2 CAIS6 Centros de Saúde

Meia Ponte 1 CIAMS5 Centros de Saúde

Leste 2 CAIS4 Centros de Saúde

1 NAPSSudoeste 4 Centros de Saúde

1 CAISSul 1 Hospital dia

1 CIAMS4 Centros de Saúde

Norte 3 Centros de SaúdeCentral 1 Centro de Saúde

3 CAIS1 CIAMS

1 Casa de Saúde MentalFonte: SMS-Goiânia

Os serviços ambulatoriais distribuem-se por todos os Distritos, todavia há maior

concentração de serviços de média e alta complexidade no Distrito Central. Cada um

dos nove distritos sanitários possuem CIAMS ou CAIS, Centros de Saúde, alguns

também hospitais, maternidade e laboratório. Porém, nem todos os distritos dispõem de

serviços nos diversos níveis de complexidade, o que demanda a constituição de uma

rede articulada.

As Unidades de Saúde (USF) e as Equipes de Saúde da Família (ESF) estão presentes

em 6 DS, com maior concentração na região noroeste, local de implantação das

primeiras equipes. Estas unidades e respectivas equipes passaram na gestão atual a ser

gerenciadas pelos coordenadores do Distrito da área de abrangência em apoio à

Coordenação de Saúde da Família (CSF).

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Rede municipal própria de atenção à saúde

Atualmente a SMS possui 73 unidades de saúde. Deste total, 57 são Unidades Básicas

incluindo 17 USF, na sua maioria mini-postos. A rede básica de saúde em Goiânia está

composta por centros de saúde de pequeno porte e centros de saúde maiores – Centros

Integrados de Assistência Médica e Sanitária (CIAMS) e Centros de Assistência

Integral à Saúde (CAIS). Estes últimos, são unidades estaduais municipalizadas em

1998, nas quais há atendimento ambulatorial e pronto-atendimento de urgência, além

dos programas (mulher, criança, adolescente, diabetes, etc). Os horários de

funcionamento dessas unidades são diferenciados, alguns atendem até às 22:00 horas,

outros até às 24:00 horas. Estas diversas unidades não estão articuladas nem hierarquica

nem regionalmente e, segundo os atuais gestores, há pouca integração interna nas

unidades entre os programas e atividades de pronto atendimento, bem como com

equipes de saúde da família. Os programas têm profissionais específicos e atuam de

forma não articulada ao restante da rede.

Nestas Unidades Básicas que realizam pronto atendimento e são responsáveis por

programas, o Assistente Social faz os agendamentos de consultas para as especialidades.

Hoje existem em Goiânia 17 USF, embora programe-se a ativação de 25 USF para 2001

e pretenda-se atingir 39 unidades até o final da gestão (2004).

Quadro 6 — Unidades municipais de saúde, Goiânia (GO), 2001

Tipo unidade N USF 17CAIS 9CIAMS 4Centro de Saúde 34Laboratório Centro de Referência em Diagnóstico e Terapêutica 1Centro de Endodontia 1Ambulatório Referência (TB, Hanseníase, DST) 1Maternidade Nascer Cidadão 1Pronto Socorro Psiquiátrico 1Casa de Atenção Saúde Mental e NAPS 3Hospital- Dia 1Total 73Fonte: SMS – Goiânia, 2001. Relação das unidades de saúde da rede municipal

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O município conta ainda com outros serviços especializados. A Maternidade Nascer

Cidadão construída e inaugurada na gestão anterior em um bairro periférico tem

estrutura de atenção diferenciada com concepção humanizada para atenção ao parto que

inclui a participação do pai, alojamento conjunto, etc. O Centro de Referência e

Diagnóstico para DST/AIDS, Tuberculose, Hanseníase e para Odontologia

especializada, realiza procedimentos diagnósticos e laboratoriais em pacientes

encaminhados pelas unidades básicas. Conta ainda com três serviços de Atenção

Psicossocial, além de Pronto Socorro Psiquiátrico.

A rede SUS é composta pelo Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Goiás

(UFG) no qual a admissão só pode ser feita com encaminhamento pela rede, o que vem

gerando estrangulamentos e dificuldades para os pacientes de outros municípios.

Integram também a rede SUS um hospital filantrópico (Santa Casa); e duas

maternidades e quatro hospitais públicos estaduais: de Urgência de Goiânia, Materno-

Infantil, hospital geral HGG (ex-Inamps), e um de Doenças Transmissíveis.

Atenção ambulatorial

A rede de serviços ambulatoriais do SUS é composta por 631 estabelecimentos segundo

dados do cadastro no Datasus em julho de 2001. Deste total, 16,6% dos

estabelecimentos são públicos e 83,4% privados conveniados ao SUS, divididos da

seguinte forma: 501 estabelecimentos privados conveniados ao SUS, 19 filantrópicos, 1

universitário privado e 5 sindicais, 1 federal (Ministério da Saúde), 20 estaduais, 80

municipais, e 4 universitários públicos.

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Tabela 24 - Rede Ambulatorial do SUS, Goiânia (GO), 1998 a 2001* Rede Ambulatorial 1998 1999 2000 2001Posto de saúde 5 5 3 3Centro de saúde 50 52 46 46Posto de assistência médica 6 - - -Policlínica 7 8 7 7Ambulatório de unidade hospitalar geral 31 32 21 20Ambulatório de unidade hospitalar pediátrica 1 - - -Ambulatório de unidade hospitalar especializada 14 18 15 18Maternidade 2 - - -Pronto socorro** 3 2 2 2Clínica odontológica 3 - - -Consultório odontológico 357 207 - -Consultório médico 896 738 - -Consultório - 280 291 291Clínica de fisioterapia e reabilitação 1 1 - -Unidade móvel fluvial/marítima 1 1 - -Clínica de psiquiatria 2 1 -Clínica especializada 19 27 49 48Centro/Núcleo de atenção psicossocial 1 2 2 2Centro/Núcleo de reabilitação 1 1 1 2Outros serviços auxiliares de diagnose e terapia (SADT) 134 134 132 137Unidade móvel terrestre 19 19 8 8Unidade de saúde da família - - 7 7Hosp. Geral centro alta complexidade em oncologia II - 1 1 1Unidades não especificadas 121 113 39 39Total 1.674 1.642 624 631Fonte: DATASUS – SIA/SUS * Para os anos de 1998, 1999 e 2000 os dados referem-se ao mês de dezembro, para o ano de 2001 referem-se ao mês de julho. ** Inclui: Pronto Socorro Geral, Pronto Socorro Psiquiátrico, Pronto Socorro Especializado

Grande parte da rede ambulatorial, 291 unidades, refere-se a consultórios (46%) e a

SADT (137 unidades). Observa-se redução importante no número de unidades

ambulatoriais, cerca de 62%, de 1999 para o ano 2000, em função da exclusão de

consultórios odontológicos e consultórios médicos. Dentre esta ampla rede apenas 56

unidades (menos de 10%) correspondem a Postos e Centros de Saúde, sendo sete USF.

A rede ambulatorial pode ser classificada segundo níveis de hierarquia conforme a

NOAS (Santos, 2001). A rede ambulatorial engloba serviços de diversos níveis de

complexidade. Cerca de um terço das unidades correspondem aos níveis 3 e 4 que

incluem algumas ações de média complexidade. Parte das unidades ambulatoriais (18)

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oferecem serviços de alta complexidade, sendo classificada nos níveis 7 e 8 (Santos,

2001).6

Tabela 25 - Rede Ambulatorial do SUS por Nível de Hierarquia, Goiânia (GO), 2000

Nível Nível 1

Nível 2

Nível 3

Nível 4

Nível 5

Nível 6

Nível 7

Nível 8

S/Orç. NH Indev.

Total

Nº. 144 59 66 114 - 28 7 11 195 - 624Fonte: Santos, 2001: 4 (anexo III-A)

Ocorreu expressivo aumento na produção ambulatorial nos últimos anos. O número

total de procedimentos básicos sofreu um aumento de aproximadamente 94% no

período compreendido entre dezembro de 1999 a junho de 2001. Do conjunto de

procedimentos de atenção básica, as ações realizadas por profissionais de enfermagem e

outros profissionais de saúde de nível médio apresentaram o maior crescimento para o

período – cerca de 200% - representando atualmente o maior grupo de procedimentos

realizados em atenção básica. Para as informações referentes ao item grupo de

procedimentos foram considerados apenas dados mensais por não ser possível ainda

construir séries históricas com a produção ambulatorial anual segundo grupo de

procedimentos, visto que esta categoria foi criada em outubro de 1999.

6 O nível 1 inclui unidades de menor complexidade do sistema, que executam as atividades básicas de atenção em saúde. O nível 2 inclui também procedimentos de média complexidade e/ou Serviços Auxiliares de Diagnose e Terapia (SADT) de menor complexidade. O nível 3 oferece assistência especializada, podendo ou não incluir as atividades dos níveis 1 e 2. O nível 4 inclui ações de maior complexidade em nível ambulatorial. O nível 5 inclui ambulatórios de hospitais que oferecem além das atividades do nível 1 e 2, internações nas especialidades básicas. O nível 6 inclui ambulatórios de hospitais que além dos procedimentos dos níveis 1, 2, 3 e 5 inclui consultas em especialidades médicas e odontológicas e SADT de média complexidade. O nível 7 inclui as atividades dos níveis 1, 2, 3, 4 e 6 e SADT de alta complexidade. O nível 8 é composto por hospitais que são referência nacional, ambulatórios de hospitais de ensino e referência para transplantes ou referência estadual para procedimentos de alta complexidade.

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Tabela 26 — Produção Ambulatorial mensal do SUS*, Goiânia (GO), 1999 a 2000 Procedimentos de Atenção Básica ** 1999 2000 2001 N % N % N % Ações enfermagem/outros de saúde nível médio 26.515 20,8 62.564 29,9 79.396 32,2Ações médicas básicas 42.762 33,6 66.437 31,8 76.931 31,2Ações básicas em odontologia 36.051 28,3 62.127 29,7 72.468 29,4Ações executadas p/outros prof. Nível superior 21.948 17,2 17.839 8,5 17.627 7,2Total 127.276 100,0 208.967 100,0 246.422 100,0Fonte: DATASUS – SIH/SUS * Quantidade aprovada ** Os dados referem-se ao item Grupo de Procedimentos após 10/99

Atenção hospitalar

De acordo com dados de julho de 2001, o SUS municipal conta com 67 hospitais sendo

50 privados contratados, 9 estaduais, 7 filantrópicos e 1 universitário, o que representa

cerca de 85% de estabelecimentos privados e 15% de estabelecimentos hospitalares

públicos.

Tabela 27 - Rede Hospitalar do SUS por natureza, Goiânia (GO), 1996 a 2001* Natureza 1996 1997 1998 1999 2000 2001Contratado 59 57 55 58 50 50Estadual 8 8 8 9 9 9Filantrópico 5 2 2 2 2 2Filantrópico isento tributos e contr.sociais 0 4 5 5 5 5Filantrópico isento IR e contr.s/lucro líquido 0 1 - - - -Universitário Pesquisas 1 1 1 1 1 1Total 73 73 71 75 67 67Fonte: DATASUS – SIH/SUS * Os dados de 2001 referem-se ao mês de julho, para os anos anteriores, o mês de dezembro

A rede hospitalar dispõe de um total de 6.549 leitos sendo 17,5% públicos, 78,0%

privados e 4,5% universitários (julho de 2001). Pode-se observar uma diminuição no

número leitos de aproximadamente 16,5% no período compreendido entre 1996 e 2001.

Embora a proporção de leitos públicos permaneça baixa, observa-se nos últimos anos

um aumento de aproximadamente 4% neste percentual de 1996 para 2001,

principalmente por conta de importante redução (21%) de leitos contratados .

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Tabela 28 - Leitos vinculados ao SUS por regime, Goiânia (GO), 1996 a 2001* Regime 1996 1997 1998 1999 2000 2001 N % N % N % N % N % N % Público 1.101 14,0 1.116 14,8 1.085 15,5 1.147 15,2 1.147 17,5 1.147 17,5Privado 6.445 82,2 6.119 81,3 5.631 80,3 6.116 80,9 5.102 78,0 5.110 78,0Universitário 295 3,8 292 3,9 292 4,2 292 3,9 292 4,5 292 4,5Total 7.843 100,0 7.527 100,0 7.008 100,0 7.555 100,0 6.541 100,0 6.549 100,0Fonte: DATASUS – SIH/SUS * Os dados de 2001 referem-se ao mês de julho de 2001, para os anos anteriores, o mês de dezembro

A relação leitos por mil habitantes em julho de 2001 foi de 6,0, estando muito acima da

média da região centro-oeste para 2000 que é de 3,4, da média nacional para o mesmo

período (2,9 leitos) e do recomendado pelo M.S. (3 a 4 leitos por mil habitantes). De

todo modo, observou-se redução desta relação em Goiânia nos últimos anos.

Tabela 29 - Indicadores da atenção hospitalar, Goiânia (GO), 1996 a 2001* Leitos 1996 1997 1998 1999 2000 2001Internações SUS /100 hab. 11,2 11,5 12,0 13,0 12,4 -Leitos SUS/1000/hab. 7,8 7,5 6,7 7,2 6,1 6,0Fonte: DATASUS – SIH/SUS * Os dados de 2001 referem-se ao mês de julho de 2001, para os anos anteriores, o mês de dezembro.

Quando classificada por especialidade maior proporção de leitos corresponde à clínica

médica (26,5%) e a clínica cirúrgica (22%). Elevada parcela (20%) são leitos

psiquiátricos. Já os leitos de pediatria e obstetrícia correspondem a 15,7% e 9,6% do

total, respectivamente (dados/dezembro de 2000). O SUS no município dispõe ainda de

leitos de UTI e da modalidade hospital dia.

Tabela 30 — Internações hospitalares realizadas pelo SUS por regime, Goiânia (GO), 1996 a 2000

Regime 1996 % 1997 % 1998 % 1999 % 2000 % Público 13.567 11,3 11.779 10,0 20.643 16,6 23.112 16,9 21.814 16,4Privado 97.240 80,8 95.402 80,9 92.869 74,6 103.829 75,9 101.497 76,6Universitário 9.543 7,9 10.774 9,1 10.905 8,8 9.888 7,2 9.226 7,0Total 120.350 100,0 117.955 100,0 124.417 100,0 136.829 100,0 132.537 100,0Fonte: DATASUS – SIH/SUS

No ano de 2000 foram realizadas cerca 132.500 internações pelo SUS,

aproximadamente 10% de internações a mais que em 1996. Todavia se comparada ao

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ano de 1994 o número de internações, contrariando a tendência da região centro-oeste,

apresentou diminuição de 11,1% no período

A taxa de internações por 100 habitantes realizadas pelo SUS em Goiânia sofreu leve

aumento passando de 11,2% no ano de 1996 para 12,4% no ano de 2001. As taxas de

internação de Goiânia estão consideravelmente acima da média da região centro-oeste

(7,9) para o ano de 2000 e da média nacional (7,2) para o mesmo período. As elevadas

taxas de internação podem estar relacionadas ao fato da rede hospitalar de Goiânia

constituir referência para outros municípios de Goiás e até para estados como Minas

Gerais.

No ano de 2000 cerca de 16,4% do total das internações foram realizadas em

estabelecimentos hospitalares públicos, e a grande maioria, 76,6%, pelo setor privado

contratado. Por sua vez, o setor universitário é responsável por 7,0% das internações

realizadas pelo SUS no município Goiânia. Apesar disso, verifica-se que proporção de

internações realizadas pelo setor privado vem diminuindo gradualmente nos últimos

cinco anos.

De acordo com os gestores entrevistados, apenas 40% das internações realizadas são de

residentes em Goiânia, que conta com “casas de acolhimento” mantidas por outros

estados como Pará, Acre, Bahia, que enviam seus habitantes para obter atendimento,

principalmente cirurgias. Há fluxo de pacientes de outros municípios também para

atenção básica em particular de Aparecida de Goiânia, município limítrofe da capital

com cerca de 300 mil habitantes.

A série histórica das internações do SUS por especialidade de 1996 a 2000 mostra que a

cirurgia e a clínica médica são responsáveis por cerca de 60% das internações realizadas

no período. As internações em obstetrícia diminuíram aproximadamente 23% e as

internações em pediatria aumentaram em cerca de 55%, embora a participação das

internações pediátricas no conjunto das internações tenha diminuído em 40% entre os

anos de 1996 e 2000.

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Tabela 31 - Internações Hospitalares do SUS por especialidade, Goiânia (GO), 1996 a 2000

1996 1997 1998 1999 2000 Especialidade Nº. % Nº. % Nº. % Nº. % Nº. %

Clínica Médica 40.085 33,31 36.532 30,97 37.777 30,36 40.664 29,72 41.736 31,49Cirurgia 33.314 27,68 32.410 27,48 37.203 29,90 42.249 30,88 42.561 32,11Obstetrícia 25.158 20,90 25.084 21,27 23.074 18,55 22.873 16,72 19.148 14,45Pediatria 12.904 10,72 14.075 11,93 16.125 12,96 20.489 14,97 20.015 15,10Psiquiatria 8.155 6,78 8.598 7,29 8.595 6,91 9.732 7,11 8.236 6,21Crôn/FPT 625 0,52 906 0,77 884 0,71 120 0,09 139 0,10Tisiologia 109 0,09 155 0,13 134 0,11 141 0,10 113 0,09Psiq Hosp.Dia - - 195 0,17 625 0,50 561 0,41 589 0,44Total 120.350 100 117.955 100 124.417 100 136.829 100 32.537 100Fonte: DATASUS – SIH/SUS Gravidez, parto e puerpério (14,87%) foram as principais causas de internações

hospitalares em Goiânia no período de 1998 a 2000, seguidas das doenças do aparelho

respiratório (14,46%) e circulatório (12,62%). Em 2000, 8,18% das internações foram

devidas a causas externas e as neoplasias representaram 6,42% do total de internações.

Causas externas, principalmente acidentes de transportes e neoplasias constituem

importantes causas de morbidade e de mortalidade em quase todas as faixas.

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Tabela 32 – Número de internações por grupos de causas, Goiânia (GO), 1998 a 2000

Grupo de causas 1998 1999 2000N % N % N %

I. Algumas doenças infecciosas e parasitárias 5.396 4,34 7.147 5,22 6.474 4,88II. Neoplasias (tumores) 6.578 5,29 7.463 5,45 8.504 6,42III. Doenças sangue órgãos hemat e transt imunitár 579 0,47 777 0,57 633 0,48IV. Doenças endócrinas nutricionais e metabólicas 3.351 2,69 4.048 2,96 4.178 3,15V. Transtornos mentais e comportamentais 9.240 7,43 10.316 7,54 8.833 6,66VI. Doenças do sistema nervoso 3.783 3,04 3.650 2,67 3.431 2,59VII. Doenças do olho e anexos 2.817 2,26 2.751 2,01 1.268 0,96VIII. Doenças do ouvido e da apófise mastóide 163 0,13 170 0,12 226 0,17IX. Doenças do aparelho circulatório 12.396 9,96 14.583 10,66 16.720 12,62X. Doenças do aparelho respiratório 16.395 13,18 19.126 13,98 19.162 14,46XI. Doenças do aparelho digestivo 10.090 8,11 13.583 9,93 12.782 9,64XII. Doenças da pele e do tecido subcutâneo 1.434 1,15 1.549 1,13 1.518 1,15XIII. Doenças sist osteomuscular e tec conjuntivo 2.548 2,05 2.884 2,11 2.806 2,12XIV. Doenças do aparelho geniturinário 5.923 4,76 7.472 5,46 8.004 6,04XV. Gravidez parto e puerpério 23.430 18,83 23.421 17,12 19.703 14,87XVI. Algumas afec originadas no período perinatal 1.445 1,16 1.732 1,27 1.756 1,32XVII.Malf cong def e anomalias cromossômicas 1.454 1,17 1.521 1,11 1.565 1,18XVIII.Sint sinais e achad anorm ex clín e laborat 1.514 1,22 1.270 0,93 1.402 1,06XIX. Lesões enven e alg out conseq causas externas 9.405 7,56 10.975 8,02 10.477 7,90XX. Causas externas de morbidade e mortalidade 1.166 0,94 469 0,34 374 0,28XXI. Fatores que influenc. o estado de saúde e o contato com serviços de saúde

1.641 1,32 1.922 1,40 2.713 2,05

CID 10ª Revisão não disponível ou não preenchido 3.669 2,95 0 0,00 8 0,01Total 124.417 100,00 136.829 100,00 132.537 100,00Fonte: DATASUS/SIH

Quanto ao valor médio das internações, as especialidades crônicas (FPT, psiquiatria,

tisiologia) em função dos longos tempos de permanência, apresentam os valores mais

elevados. Entre as especialidades para casos agudos, as internações cirúrgicas são as de

maior valor (R$ 842) e as obstétricas as menos onerosas (R$ 241).7

7 Os valores das internações cirúrgicas em Goiânia são 2,4 vezes maiores do que em Vitória da Conquista e para internações psiquiátricas 50% mais elevadas.

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Tabela 33 - Valor médio das internações, em reais correntes, por especialidade, Goiânia (GO), 1996 a 2000

Especialidade 1996 1997 1998 1999 2000Crôn/FPT 1.142,28 1.012,40 1.146,24 3.250,61 3.198,60Psiquiatria 980,38 960,66 1.000,94 1.067,37 1.079,19Cirurgia 706,07 718,04 747,62 804,24 841,71Tisiologia 400,56 442,79 322,47 568,73 742,30Pediatria 354,74 342,78 371,67 346,61 389,97Clínica Médica 248,37 262,75 307,20 338,66 337,97Obstetrícia 147,27 148,09 202,11 238,23 241,29Psiquiatria - Hosp. Dia - 429,85 466,77 519,31 494,34Fonte: DATASUS – SIH/SUS

O tempo médio de permanência em internação hospitalar vem apresentando tendência à

redução em diversas especialidades. Observa-se uma diminuição de aproximadamente

14,5% dos dias de permanência nas internações por cirurgias, 13% em crônicos e FPT,

16% em psiquiatria e 23% em pediatria no período compreendido entre 1996 e 2000.

Para obstetrícia e clínica médica a permanência média manteve-se quase estável. De

modo diferente, o tempo médio de internação em tisiologia aumentou cerca de 39% no

mesmo período.

Tabela 34 — Média de permanência em internação hospitalar por especialidade, Goiânia (GO), 1996 a 2000

Especialidade 1996 1997 1998 1999 2000 Crônicos e FPT 63,8 56,2 55,9 65,1 55,4 Psiquiatria 53,0 51,9 47,4 45,5 44,4 Tisiologia 13,0 16,2 12,0 16,3 18,1 Pediatria 7,0 6,6 6,2 5,8 5,4 Cirurgia 6,2 6,0 5,5 5,4 5,3 Clínica Médica 6,2 6,3 6,2 6,4 5,8 Obstetrícia 2,7 2,6 2,6 3,3 2,4 Psiquiatria – Hosp.Dia 0,0 26,6 25,4 26,0 24,9 Fonte: DATASUS – SIH/SUS

Sistema de referência

Em Goiânia, o sistema de referência e contra-referência está em processo de

organização. Os serviços de saúde funcionam de forma pouco articulada, sem

estabelecer porta de entrada para o sistema de saúde e mecanismos de referência e

contra-referência.

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GOIÂNIA – CARATERIZAÇÃO DO MUNICÍPIO

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Pretende-se instituir as Unidades Básicas de Saúde – unidades tradicionais e USF –

como porta de entrada do sistema, estabelecer mecanismos de referência internos, e

acabar com a dupla porta de entrada e sobreposição de atendimentos, segundo os atuais

gestores.

O município conta com central de marcação de consultas criado em 1998 para

agendamento de consultas especializadas, subordinada à Divisão de Apoio Diagnóstico

sob Coordenação da Rede Básica. Para exames complementares foi estabelecido

mecanismo de marcação no ano de 2000. Foram instituídas cotas financeiras para

exames complementares por unidade básica de saúde, sendo emitidos com regularidade

saldos orçamentários das Unidades de Saúde para autorização de exames laboratoriais

aos seus usuários. O paciente atendido na unidade básica, no caso de necessidade de

procedimento diagnóstico, recebe vale exame e escolhe o laboratório de sua preferência

para realizá-lo8. Para exames de alto-custo é necessário autorização prévia do

Departamento de Controle e Avaliação que é responsável pela Central de Marcação de

Consultas Especializadas e Exames de Alta e Média Complexidade e pela Central de

Internações. Esta central de vagas hospitalares emite relatórios diários da internações e

encaminhamentos.

Os encaminhamentos do PSF passam primeiro pelo Departamento de Rede Básica. Uma

funcionária é responsável pela articulação deste com o Departamento de Controle e

Avaliação. Tanto o Setor de Apoio Diagnóstico e Controle quanto o de Avaliação estão

buscando maior integração com o PSF.

Saúde suplementar

Em relação à cobertura por planos/seguros de saúde, a região centro-oeste apresenta

cobertura de 22,5% e o estado de Goiás cobertura de 23,0% para o ano de 1998

segundo dados do Suplemento Saúde da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios

8 Anteriormente, os laboratórios privados dispunham de cotas para realização de exames.

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GOIÂNIA – CARATERIZAÇÃO DO MUNICÍPIO

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de 1998. Todavia, o cadastro de beneficiários da Agência Nacional de Saúde

Suplementar de dezembro de 2000 aponta percentual de cobertura por planos de saúde

no estado de Goiás de apenas 4,97% da população.

6. CONSELHO MUNICIPAL DE SAÚDE

O Conselho Municipal de Saúde de Goiânia foi instituído pelo decreto nº 1.426 de 4 de

novembro de 1991, sendo a composição alterada pelo decreto 2.486 de 11 novembro de

1993. É composto por 32 integrantes e mantém representação paritária entre três

segmentos, sendo 50% de usuários do SUS, representantes de entidades associativas e

50% de prestadores de serviços de saúde e trabalhadores da saúde, sendo oito

trabalhadores em saúde, 4 representantes de gestores do SUS e 4 representantes dos

prestadores de serviços. Atualmente, a participação no Conselho é predominantemente

feminina (56,25%).9

Composição O Conselho de Goiânia é composto pela seguinte representação de prestadores de

serviços de saúde: Secretaria Municipal de Saúde; Secretaria Estadual de Saúde;

Universidade Federal de Goiás; Universidade Católica de Goiás; FEHOESG Federação

dos Hospitais, Laboratórios, Clínicas de Imagem e Estabelecimento de Serviços de

Saúde do Estado de Goiás; Associação dos Hospitais do Estado de Goiás; ALABAS–GO

Associação dos Laboratórios de Análises e Banco de Sangue do Estado de Goiás;

SINFAR-GO Sindicato de Farmacêuticos no Estado de Goiás; Sindicato dos

Odontologistas do Estado de Goiás; Associação Médica de Goiás; Associação Brasileira

de Enfermagem - Seção Goiás; Conselho Regional de Psicologia 9ª Região e Tocantins;

9 As informações sobre o CMS de Goiânia foram obtidas de documentos e por meio de entrevistas a dois Conselheiros Municipais de Saúde representantes dos usuários. Conselheiro 1: Representante do Centro de Saúde Criméia Leste, participa do Conselho a 4 anos. Homem, tem entre 35 a 44 anos, possui curso superior incompleto e é funcionário público. Conselheiro 2: Representante do Movimento Popular de Saúde, participa do Conselho a 9 anos. Mulher, tem entre 35 a 44 anos, possui o 1º grau completo e é secretária executiva do Movimento que representa na conselho.

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GOIÂNIA – CARATERIZAÇÃO DO MUNICÍPIO

41

SINTRECODEG Sindicato dos Trabalhadores em Doenças Endêmicas do Estado de Goiás;

SINDSAÚDE-GO Sindicato dos Trabalhadores do Sistema Único de Saúde, e Associação

dos Agentes Comunitários de Saúde de Goiânia. Entidades de usuários de serviços de

saúde: Conselho Local de Saúde – Finsocial; CLS – Cândida de Moraes; CLS –

Balneário Meia Ponte; CLS – Vila Boa; CLS – Conjunto Vera Cruz I; ADERG

Associação dos Deficientes Renais de Goiânia e Transplantados de Goiás; Associação

Goiana dos Diabéticos; Associação das Donas de Casa de Goiânia (Distrito Balneário

Meia Ponte); Fórum Goiano de Mulheres; Centro Acadêmico XXI de Abril da

Faculdade de Medicina UFG; MOPS-GO Movimento Popular de Saúde, Pastoral da

Saúde, Central Única dos Trabalhadores CUT–GO; Conselho Consultivo das

Associações de Bairro; ADFEG Associação dos Deficientes Físicos do Estado de Goiás;

Associação dos Deficientes Visuais do Estado de Goiás e Movimento Nacional de

Meninos e Meninas de Rua .

Organização interna O período de duração do mandato do conselheiro é de 2 anos prorrogáveis por tempo

indeterminado. O Conselho Municipal de Saúde de Goiânia se reúne regularmente uma

vez por mês, mas sempre acontecem reuniões extraordinárias quando há campanhas,

eventos e relatórios que necessitem de aprovação com urgência ou quando surgem

problemas que devem ser resolvidos de imediato.

Algumas divergências ocorreram entre os entrevistados, pois o Conselheiro 1 disse que

a manutenção do mesmo conselheiro em mais de uma gestão ocorre muitas vezes e a

rotatividade dos membros é ocasional, já o Conselheiro 2 disse que ocorre poucas vezes

a manutenção do mesmo conselheiro e que a rotatividade dos membros é intensa

O voto aberto é o mecanismo de aprovação utilizado nas deliberações (levanta-se o

crachá). Para o Conselheiro 1 muitas vezes as decisões são transformadas em

resoluções, e para o Conselheiro 2 poucas vezes isto acontece. Há também divergência

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GOIÂNIA – CARATERIZAÇÃO DO MUNICÍPIO

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quanto à freqüência das homologação das resoluções pelo executivo, pois o Conselheiro

1 afirma que acontece muitas vezes e para o Conselheiro 2 acontece poucas vezes.

A opinião sobre a atuação do conselho também é divergente entre os conselheiros

entrevistados, pois o Conselheiro 1 considera que o CMS tem muita interferência na

definição das diretrizes e prioridades da política municipal de saúde e tem o poder de

controlar as atividades realizadas por programas e serviços da SMS. Para o Conselheiro

2 o CMS não tem o poder de controlar as atividades realizadas por programas e

serviços da SMS e afirma que o CMS apenas legitima decisões tomadas pelo governo

municipal.

As divergências continuam entre os Conselheiros, quando se referem à freqüência com

que o CMS recebe material informativo sobre os temas de deliberação, pois o

Conselheiro 1 informa que sempre recebe material, já o Conselheiro 2 afirma que

recebe poucas vezes. Contudo, os Conselheiros entrevistados concordam que o CMS

poucas vezes recebe informações suficientes para o exercício de suas funções.

Para o Conselheiro 1 muitas vezes os conselheiros têm facilidade em entender as

informações fornecidas, já para o Conselheiro 2 isso ocorre poucas vezes.

Os Conselheiros 1 e 2 concordam que sempre ou muitas vezes os diversos

representantes podem, nas reuniões do CMS, expressar livremente e defender os

interesses de seus representados. Com relação a existência de interesses comuns entre o

conjunto de representantes do CMS, os conselheiros divergem, pois para o Conselheiro

1 muitas vezes há interesses comuns e, consequentemente, que poucas vezes há

conflitos de interesses entre os representantes do CMS. O Conselheiro 2 informa que

poucas vezes há interesses comuns e, consequentemente, sempre existem conflitos de

interesses.

Para o Conselheiro 2 sempre ocorrem negociações entre as diversas propostas e solução

em comum acordo entre os diferentes interesses representados, mas para o Conselheiro

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GOIÂNIA – CARATERIZAÇÃO DO MUNICÍPIO

43

1, (que considera que há interesses comuns entre o conjunto dos representantes) poucas

vezes há negociações e formação de consensos pactuados.

Quanto à formação de blocos de representantes, os conselheiros entrevistados

divergiram em suas respostas, pois para o Conselheiro 2 sempre há formação de blocos

entre representantes de profissionais e gestores, e entre representantes de gestores e

prestadores, mas para o Conselheiro 1 poucas vezes há formação de blocos. Com

relação à existência de interesses comuns entre o conjunto de representantes de

usuários, o Conselheiro 1 respondeu que sempre há e o Conselheiro 2 que há interesses

comuns entre a maioria.

Analisando a opinião dos conselheiros sobre o intercâmbio entre o CMS e outros

colegiados e órgãos de controle social e defesa do consumidor, verifica-se que há uma

convergência quando se referem: o CMS sempre estabelece intercâmbio com os

Conselhos Locais de Saúde e com órgãos e entidades de defesa de Grupos Vulneráveis-

Mulheres; poucas vezes estabelece intercâmbio com o Ministério Público, Defesa do

Consumidor, ONGs de Proteção Ambiental, órgãos governamentais de Proteção

Ambiental e Defesa e Proteção de Grupos Vulneráveis-Negros; nunca houve

intercâmbio com os grupos de Defesa e Proteção de Grupos Vulneráveis–Índios. Quanto

às entidades de Defesa e Proteção de Portadores de Deficiência e o Conselho Municipal

de Assistência Social, muitas vezes há o intercâmbio com o CMS segundo o

Conselheiro 2 e para o Conselheiro 1 sempre se realiza. Por último, verificamos que o

CMS poucas vezes estabelece intercâmbio com órgãos de Defesa dos Direitos da

Criança e do Adolescente, e nunca estabelece intercâmbio com o Conselho Municipal

de Educação segundo o Conselheiro 2, enquanto o Conselheiro 1 não respondeu.

Ação e consolidação do Conselho Municipal de Saúde O Conselho Municipal de Saúde de Goiânia, de acordo com seu regimento interno

aprovado em maio de 2000, é um órgão colegiado, deliberativo, normativo,

fiscalizador, e consultivo, co-responsável pela elaboração da política municipal de

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GOIÂNIA – CARATERIZAÇÃO DO MUNICÍPIO

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saúde. Tem por finalidade exercer o controle social sobre as ações e serviços de saúde

de qualquer natureza, bem como, os aspectos econômicos, financeiros e recursos

humanos do setor saúde no município de Goiânia.

As deliberações, observado o quorum (metade mais um), são tomadas por maioria

simples de seus membros mediante: resoluções homologadas pelo gestor municipal de

saúde sempre que se reportarem às responsabilidades legais do CMS; recomendações

sobre o tema ou assunto específico que não é habitualmente de sua responsabilidade

direta, mas é relevante e/ou necessário, dirigida a ator ou atores institucionais de quem

se espera ou se pede determinada conduta ou providência; moções que expressem o

juízo do Conselho, sobre fatos ou situações, com o propósito de manifestar

reconhecimento, apoio, critica ou repúdio.

Entre as diretrizes traçadas no Plano Municipal de Saúde (julho de 2001), verifica-se o

fortalecimento do Conselho Municipal de Saúde, dos Conselhos Locais de Saúde, a

qualificação dos Conselheiros, a articulação permanente e o estabelecimento de canais

com a população, tais como ouvidoria e pesquisa de grau de satisfação.

As atas do CMS de Goiânia referentes aos meses de fevereiro de 1999, janeiro, junho e

julho de 2000, apresentam um constante enfrentamento entre usuários e gestores de

saúde. O maior conflito refere-se a qualidade da implementação do Programa da Saúde

da Família. Entre os problemas abordados verifica-se a falta de estrutura e a

insuficiência de equipamentos adequados para o trabalho dos médicos; falta de

transparência nas prestações de contas e nos gastos com medicamentos; falta de

competência administrativa da SMS em gerenciar o serviço público averiguando

denúncias e resolvendo os problemas internos das ESF, particularmente, entre ACS e

médicos; e a dificuldade existente no trabalho conjunto entre Conselho e Secretaria

Municipal de Saúde.

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GOIÂNIA – CARATERIZAÇÃO DO MUNICÍPIO

45

Representatividade dos conselheiros Os conselheiros afirmam que sempre ou muitas vezes: mantém suas entidades

informadas sobre os trabalhos desenvolvidos no CMS, participam das reuniões e

atividades promovidas por suas entidades, discutem com suas entidades os assuntos que

estão em debate no CMS, e consultam suas entidades antes de tomarem posições no

CMS. Os Conselheiros 1 e 2 afirmam que sempre e muitas vezes respectivamente,

recebem orientações de suas entidades para suas atuações no CMS.

Os conselheiros concordam que suas entidades sempre se interessam por suas atuações

no CMS, sempre apoiam suas atuações no CMS e sempre ou muitas vezes suas

entidades informam os associados sobre os assuntos importantes em discussão no CMS.

Os conselheiros municipais de saúde entrevistados concordam que sempre ou muitas

vezes: comunicam-se com as organizações de base e as organizações estaduais de sua

entidade, com os Conselhos Locais de Saúde e com a equipe de gestores da SMS,

concordam ainda que poucas vezes comunicam-se com vereadores. Os conselheiros 1 e

2 afirmam que sempre comunicam-se com as organizações municipais de suas entidades

e sempre e muitas vezes respectivamente comunicam-se com entidades partidárias. O

Conselheiro 2 poucas vezes comunica-se com órgãos de defesa do consumidor ou de

proteção de grupos vulneráveis enquanto o Conselheiro 1 muitas vezes o faz.

Os conselheiros representantes dos usuários no CMS de Goiânia participam das

Plenárias Regional e Nacional de Conselhos de Saúde. As duas entidades pretendem

participar da X Plenária de Conselhos de Saúde, apesar do conselheiro 1 não estar

informado sobre a data nem o local da reunião.

Os conselheiros entrevistados participam muitas vezes de encontros e conferências de

saúde. Participaram da última conferência municipal de saúde, embora discordassem

quanto a data, pois para o Conselheiro 1 a última conferência municipal de saúde foi em

1999 e para o Conselheiro 2 foi em 1998. Nas últimas conferências estadual e nacional

de saúde em 2000, o Conselheiros 2 participou.

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GOIÂNIA – IMPLEMENTAÇÃO PSF 46

III. IMPLEMENTAÇÃO DO PSF NO MUNICÍPIO DE GOIÂNIA (GO)

1. ANTECEDENTES

Antes da implantação do PSF com recursos federais do PAB, o município não possuía um

programa próprio similar que lhe tenha servido de modelo. A implantação do PACS com

incentivos federais, contudo, antecedeu a implantação do PSF em um ano. O PACS foi

implantado em novembro de 1997 e o PSF em outubro de 1998.

2. PROCESSO DE IMPLANTAÇÃO DO PSF

Contexto político e institucional do município no momento de implantação do PSF

O contexto político em Goiânia no momento de implantação do PSF pode ser caracterizado

por governo municipal de coalizão de centro-direita (PSDB, PTB e PFL) e por governo

estadual de centro (PMDB). A coalizão de governo em Goiânia detinha maioria na Câmara

de Vereadores. No momento atual (2001) a coalizão do governo municipal pode ser

caracterizada como de centro-esquerda (PT/ PPS/ PC do B/ PCB/ PMN) e o governo

estadual é encabeçado pelo PSDB.

A mudança de governo municipal em 2001 implicou em mudanças na equipe gestora e a

troca do secretário municipal de saúde.

Motivação para implantação do PSF

As motivações iniciais para implantação do PSF no município não puderam ser plenamente

esclarecidas pois as informações sobre o processo foram prestadas pelos atuais gestores, os

quais exercem funções de gestão há poucos meses (desde o início do novo governo

municipal em janeiro de 2001). Todavia um membro da atual coordenação do PSF

entrevistado participou do Programa desde o seu início como profissional da ESF.

Em Goiânia, as motivações para implementação do PSF estiveram relacionadas

inicialmente a necessidades de acompanhar as diretrizes da política nacional de incentivo à

implantação do PSF e de ampliar o acesso à atenção básica em bairros que apresentavam

maiores índices de mortalidade infantil e risco epidemiológico. Não houve um

planejamento inicial que previsse a conversão do modelo assistencial da atenção básica. Na

opinião dos atuais gestores havia uma visão de que os programas preconizados pelo

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GOIÂNIA – IMPLEMENTAÇÃO PSF 47

Ministério da Saúde deveriam ser implantados, sem que contudo houvesse planejamento de

todo o processo. Foi mencionado também possível relação entre a implantação do PSF e

interesses políticos da administração municipal da época, visto que o primeiro bairro

contemplado possuía alta densidade demográfica e sua população pressionou por serviços

básicos.

Iniciativa e apoios para implantação do PSF

A iniciativa de implantação do PSF partiu da Secretaria Municipal de Saúde e do Prefeito.

A criação de incentivo salarial para atrair profissionais para as ESF pode ser considerada

uma das manifestações de apoio da administração municipal ao Programa. O prefeito é

apontado como o principal responsável pela implantação do programa no município. Foi

criada uma Coordenação do PSF no interior da SMS, subordinada ao Departamento da

Rede Básica. A equipe inicial de coordenação foi composta por profissionais que já

trabalhavam no Programa de Agentes Comunitários de Saúde (PACS) e passaram a formar

com este programa uma única coordenação.

Na opinião dos atuais gestores, a gestão anterior não teria conferido prioridade política ao

PSF, expressa em pouca clareza sobre as atribuições do PSF, e na ausência de um projeto

de implantação.

Quadro 7 – Posicionamentos dos diversos atores no momento de implantação do PSF em Goiânia (GO), 2001

Atores Não se manifestou

Manif. contra

Apoiou Apoiou muito

Não soube responder

Prefeito X Câmara de Vereadores X Secretário Municipal Saúde X Gerentes da SMS X Profissionais de saúde SMS X Médicos / CRM/Sindicato X Enfermeiros / COREN X Conselho Municipal de Saúde X Associações portadores patologias X Associações moradores de bairro X Grupos religiosos X ONGs X Clubes de serviço X

De início, no momento da implantação, não ocorreram manifestações contrárias ou

resistências explícitas. Apenas um dos entrevistados refere ter havido resistência por parte

dos profissionais vinculados à própria secretaria. Todavia é necessário ressaltar que as

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GOIÂNIA – IMPLEMENTAÇÃO PSF 48

respostas referentes a esta etapa foram prejudicadas pelo fato de que os atuais gestores não

participaram ou participaram pouco da fase de implantação do PSF.

Quadro 8 – Posicionamentos dos diversos atores em relação ao PSF no momento atual em Goiânia (GO), 2001

Atores Não se manifestou Manif. Contra

Apoiou Apóia muito

Prefeito X Câmara de Vereadores X Secretário Municipal Saúde X Gerentes da SMS X Profissionais de saúde SMS X Médicos / CRM/Sindicato X Enfermeiros / CRE X Conselho Municipal de Saúde X Associações portadores patologias X Associações moradores de bairro X Grupos religiosos X ONGs X Clubes de serviço X

No momento atual, na percepção dos gestores, além do apoio do Executivo Municipal e

dos gestores da SES, o PSF conta com o apoio do Conselho Municipal de Saúde, de

diversas organizações da sociedade civil e lideranças comunitárias, como associações de

moradores, e de grupos religiosos, como a Pastoral da Criança. Entre os profissionais de

saúde, os enfermeiros apoiam o programa desde seu início. Quanto aos médicos, a opinião

dos gestores não é uniforme. Para os coordenadores entrevistados, os médicos apoiam o

PSF, já para o secretário municipal de saúde, estes profissionais não têm se manifestado a

respeito.

Os atuais gestores da SMS não souberam identificar nenhuma resistência manifesta em

relação ao processo de implementação do PSF no município.

Papel do gestor estadual no desenvolvimento do PSF no município

A SES não acompanhou sistematicamente o processo de implantação do PSF em Goiânia.

Não havia muita articulação entre a antiga gestão municipal e a coordenação estadual de

saúde. A SES apenas recebia o comunicado de que um determinado número de equipes,

decido no interior da SMS, seria implantado. Até mesmo os trâmites que deveriam ser

seguidos como a comunicação prévia à SES do projeto de implantação das ESF, feita

anteriormente ao encaminhamento à Comissão Intergestores Bipartite (CIB), não acontecia

no município de Goiânia. Os projetos eram encaminhados diretamente à CIB. Segundo

observação de um dos coordenadores entrevistados, a implantação do PSF em Goiânia

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GOIÂNIA – IMPLEMENTAÇÃO PSF 49

seguiu regras próprias de implantação, desconsiderando alguns pré-requisitos e

recomendações do nível estadual para implantação; não buscou a articulação com o

restante da rede de serviços e da própria SMS. Uma das conseqüências desse arranjo foi a

postura bastante crítica do Estado diante do modelo de PSF implantado no município. A

atual coordenação comunica previamente à SES os projetos de implantação de novas ESF,

antes de apresentá-las à CIB.

Em função das especificidades acima mencionadas, a contribuição da Secretaria Estadual

de Saúde (SES) ao desenvolvimento do PSF no município limitou-se à oferta de

treinamento em estimativa rápida e planejamento estratégico para as primeiras equipes.

Estes cursos, realizados em dois dias, não seguiram as diretrizes preconizadas pelo

Ministério da Saúde. Assuntos como um maior conhecimento do SUS, discussões sobre a

filosofia do PSF, conhecimento da realidade local, entre outras, estiveram ausentes nas

capacitações citadas, fato este que motivou a oferta pela atual coordenação de Treinamento

Introdutório para todas as ESF, mesmo aquelas já implantadas. Até mesmo a seleção dos

ACS seguiu regras próprias da coordenação municipal, sem que fosse comunicada à SES e

nem à 1ª Regional de Saúde.

A SES criou incentivo financeiro para o PSF, todavia, até o momento não ocorreu repasse

financeiro correspondente. A SES ofereceu apoio técnico para implantação do SIAB, com

treinamento para os técnicos responsáveis pelo sistema e suporte de manutenção.

O relacionamento da SMS com a SES teria ficado prejudicado devido à postura assumida

pelo município de encaminhar de forma autônoma todas as questões referentes ao PSF.

Como já mencionado, a coordenação estadual tinha uma visão crítica em relação à forma

como o PSF foi implantado em Goiânia, ou seja, desarticulado da rede básica de saúde

existente e sem unidades de saúde sede para as ESF. Na opinião dos atuais coordenadores a

SES poderia apoiar mais em relação à organização dos Treinamentos Introdutórios,

capacitação para os programas básicos, seleção dos ACS, supervisão e melhor estruturação

do Pólo Regional de Capacitação.

Mecanismos e intensidade da divulgação do PSF, estratégias de ampliação da base de apoio e de comunicação com os atores sociais e institucionais De início, a divulgação foi realizada por meio de um comercial veiculado na televisão que

mostrava um médico fazendo visitas de casa em casa e apresentando-se como médico de

família. Não foi priorizada a divulgação do PSF entre os profissionais de saúde e nem entre

as comunidades beneficiadas. Como não havia uma unidade de saúde sede, as ESF batiam

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GOIÂNIA – IMPLEMENTAÇÃO PSF 50

de porta em porta para prestar atendimento. Nesse momento, também explicavam os

objetivos do programa, pois as pessoas ainda não sabiam do que se tratava. A atual

coordenação não tem conhecimento sobre outro tipo de material de divulgação, além do

comercial de TV, que tenha sido utilizado no momento da implantação do programa.

Não foi mencionada nenhuma outra estratégia para ampliar o apoio ao PSF e nem de

divulgação entre as outras coordenações da SMS. As únicas reuniões com os profissionais

de saúde aconteceram um dia antes das ESF começarem o trabalho nas comunidades para

definir os locais de atuação e outra com profissionais concursados para saber se gostariam

ou não de aderir ao PSF. Em um momento posterior, as próprias equipes começaram a

sensibilizar a população de suas áreas com o objetivo de conseguir apoio para reivindicar

uma sede/unidade para o exercício das atividades.

A atual coordenação afirma que o Conselho Municipal de Saúde desconhecia o programa,

embora tenha aprovado o mesmo, e que havia pouco debate sobre projetos a serem

implantados. No momento, intensificaram-se as discussões sobre ações da SMS e PSF no

Conselho Municipal de Saúde e com comunidades beneficiadas.

Implantação das primeiras equipes

Após decidir-se pela implantação do PSF, nem todos os procedimentos preconizados pelo

nível federal para adesão ao programa foram realizados. O Programa foi apresentado no

CMS sem maior discussão, e uma vez aprovado, o projeto foi enviado para a CIB. Para

implantar o PSF, foram contratados profissionais e escolhidos os membros da

coordenação sem que o projeto fosse discutido em outros espaços.

A definição das primeiras áreas de implantação foi orientada por priorizar em áreas com

população carente e de difícil acesso, com concentração de crianças em situação de risco

epidemiológico. Entretanto, foi ressaltado que o primeiro bairro a receber as ESF

caracterizava-se por ser um reduto eleitoral da antiga administração, com muitas

organizações populares – bairro da Vitória, Distrito Noroeste que concentra população

carente, numerosa, originária de migração a partir de 1996 estimulada por políticas

habitacionais estaduais em decorrência de pressão de movimentos sociais.

Como não participaram da etapa de implantação, os atuais coordenadores não souberam

precisar qual o critério utilizado para definir o número inicial de equipes. No primeiro

bairro contemplado pelo programa, que possuía em torno de 7.500 famílias, definiu-se o

número de 7 ESF.

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GOIÂNIA – IMPLEMENTAÇÃO PSF 51

A partir da atuação das sete primeiras equipes implantadas em outubro de 1998, o PSF foi

sendo ampliado, sem programação prévia para a expansão do número de equipes. A

existência de PACS na região e a identificação de áreas carentes e de risco epidemiológico

foram, contudo, critérios considerados. As ESF foram implantadas nas regiões periféricas

de Goiânia, seguindo uma lógica que parecia conceber o PSF como um “programa de

pobre para pobre”, na opinião de um dos coordenadores entrevistados. Diversas equipes

foram constituídas como volantes, sem unidades para atuação, e outras ocuparam espaços

como inquilinos em Centros de Atenção Integral à Saúde (CAIS) sem preparação ou

planejamento, fato que gerou conflitos com profissionais destas unidades de saúde.

Atualmente, embora permaneça a preocupação em implantar ESF em áreas carentes e sem

acesso aos serviços de saúde, entende-se que o programa é uma estratégia de reordenação

do modelo de atenção básica e de melhoria de acesso para toda a população.

A primeira etapa de mapeamento do número de habitantes da área beneficiada foi realizada

com base nos dados do censo de 1991 e do Instituto de Planejamento Municipal, por meio

de mapas de loteamentos. Contudo, quando as ESF começaram a atuar foi constatado que

em cada lote havia mais de uma família. Dessa forma, os próprios profissionais

remapearam as áreas e passaram a reivindicar ampliação no número de ESF.

Atualmente as micro-áreas são definidas a partir dos setores censitários. Cada setor

censitário abriga 2 micro-áreas, ou seja um ACS é responsável por meio setor censitário.

Cada ESF é responsável, em média, por 3 setores censitários. A redefinição das micro-

áreas continua, agora articulada com o cadastramento do Cartão SUS iniciado em 9 de

agosto de 2001 e em andamento.

Formação da equipe de coordenação para implantação: estrutura, características, qualificação e experiência do grupo em gestão; existência de consultoria técnica de apoio no nível local A princípio, a coordenação esteve sob responsabilidade direta de duas enfermeiras e uma

médica. A médica havia sido superintendente de ações básicas, e as duas enfermeiras

tinham experiências em PACS/PSF em outras cidades. Posteriormente, a médica desligou-

se da equipe de coordenação, que passou a ser composta por três enfermeiras. Desde o

início de 2001, a equipe de coordenação foi ampliada e conformada como um colegiado de

gestores que conta com cinco profissionais, sendo três enfermeiras, um médico e uma

assistente social. Para a implantação do PSF, a Secretaria Municipal não contou com

nenhum tipo de assessoria técnica.

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GOIÂNIA – IMPLEMENTAÇÃO PSF 52

3. CARACTERIZAÇÃO GERAL DO PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO E ETAPAS DO PSF

Concepção do modelo e situação atual Os objetivos para implantação do PSF, estiveram relacionados a necessidades de extensão

de cobertura da atenção básica, sendo inicialmente priorizadas áreas periféricas urbanas de

menor renda familiar.

A concepção inicial do PSF era de um programa desvinculado da rede de atenção básica.

Não foram criadas USF e as equipes na sua maioria não dispunham de espaço físico para

exercer suas atividades, indo de casa em casa, fazendo visitas domiciliares e tendo como

ponto de apoio para encontro por vezes apenas espaços comunitários. As ESF não se

relacionavam com as unidades de saúde, nem estava organizada qualquer referência para

estas unidades. Algumas equipes foram alojadas em unidades de saúde existentes, como

inquilinas, sem estabelecer-se processo de integração ou referência internos.

O programa concentrava-se nos aspectos de promoção de saúde (no sentido estreito de

ações educativas individuais) e concretizava-se por meio de visitas domiciliares. A

concepção “promocional” do projeto atinha-se a alguns aspectos de prevenção1, tinha uma

estrutura rígida do processo de trabalho e fechava a porta para a demanda espontânea. A

equipe, deste modo não podia assumir a responsabilidade pela atenção à saúde da

população de seu território.

A atual equipe de gestores do programa passou a compreendê-lo como estratégia para

reorientação do modelo de atenção, sendo que no Plano Municipal de Saúde 1998-2001, o

PSF é prioridade no que se refere à reestruturação do modelo assistencial em saúde de

Goiânia. Para tal, ao longo do ano de 2001 vêm sendo realizados seminários internos com

os demais gestores da SMS, dos distritos sanitários, gestores da rede básica e demais

profissionais das equipes com o objetivo de sensibilizar esses profissionais em relação ao

PSF como estratégia reordenadora do modelo assistencial do SUS municipal. Novas

unidades estão sendo construídas e alguns centros de saúde convertidos em USF. Está

previsto o compartilhamento de uma mesma unidade por ESF e atendimento especializado.

Segundo a equipe central, o modelo de atenção básica da SMS tem por eixo a Saúde da

Família e não se pretende um modelo duplicado. Há projeto de estabelecer equipes de

referência com especialistas para apoiar a capacitação ESF e a assistência à saúde. Há

1 Por exemplo, não inclui o controle da dengue, que é responsabilidade de outros agentes.

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GOIÂNIA – IMPLEMENTAÇÃO PSF 53

também o projeto de incorporar ações de Saúde Mental estabelecendo equipes de

referência.

Para a equipe central o modelo do PSF deve ser de atenção integral que articule ações de

promoção e prevenção com a assistência (ações curativas, pronto atendimento de afecções

agudas). Neste novo modelo a equipe teria responsabilidade pela atenção à saúde da

população de seu território. Considera-se também que em cada unidade de saúde com mais

de uma ESF, estas deveriam ser compostas por profissionais médicos com diferentes perfis

(diferentes especialidades básicas: ginecologia, pediatria, clínico geral). Esta seria uma das

necessidades de adaptação do PSF para grandes cidades.

Capacidade instalada do PSF – unidades por tipo, composição das ESF Atualmente encontram-se em atuação 75 Equipes de Saúde da Família e 25 em fase de

implantação, pois ainda faltam alguns profissionais. Cabe ressaltar que não há

incorporação do odontólogo na ESF. Das ESF 74 atuam em área urbana e apenas uma em

zona rural. No quadro abaixo, observa-se um aumento muito significativo do número de

equipes entre 1998 e 2000.

Quadro 9 – Equipes, famílias cadastradas e proporção da população coberta pelo PSF, Goiânia (GO), 1998 a 2001

out. 1998 dez. 1998 dez. 1999* dez. 2000 ago. 2001 nº de ESF 07 07 69 75nº de famílias cadastradas 7.500 7.500 14.779 72.000 100.000nº médio de famílias/equipe 1.071 1.071 1.043 1.333% população coberta por PSF 2,5% 2,5% 25% 30%Fonte: SMS Goiânia/GO * Não foi possível levantar as informações referentes ao ano de 1999 com a atual coordenação do PSF, os dados informados para 1999 são do SIAB

A cobertura populacional pelo PSF é estimada em 30% dos habitantes de Goiânia,

encontrando-se o município classificado na faixa 5 de cobertura, recebendo do MS

incentivo financeiro anual por ESF no valor de R$ 41.220.

Atualmente, a média de famílias cadastradas por ESF é de 1.300, embora em sua maioria,

cada equipe seja responsável por cerca de 800 a 1.000 famílias, conforme informa a

coordenação. Nas áreas em que se considera não haver perspectivas de expansão

populacional, as ESF atendem a cerca de 1.000 famílias. Já nas áreas com perspectiva de

expansão da população, as equipes são responsáveis por um número menor de famílias

(700 a 800). Na zona rural, a ESF em atuação tem adscrita aproximadamente 600 famílias.

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GOIÂNIA – IMPLEMENTAÇÃO PSF 54

As ESF atuam em 24 unidades de diversos tipos e com distintas inserções. Das 75 ESF

efetivamente implantadas 34 atuam em 7 unidades de saúde tradicionais como inquilinas

destas unidades, realizando trabalho a parte, não integrado, e 35 ESF trabalham em 15

mini-postos improvisados em imóveis alugados ou cedidos por associações da

comunidade. As outras duas USF são unidades básicas convertidas em USF e uma USF

construída recentemente.

A estrutura física do PSF é variada, mas em geral são unidades pequenas. A maior parte

das USF tem estrutura física precária, constituindo-se em mini-postos instalados em

imóveis alugados ou cedidos pela comunidade. Atualmente não há equipes volantes,

embora esta tenha sido característica inicial do Programa. O número de ESF que atuam nas

unidades varia de 1 a 4. Por ocupar espaços bastante diversificados não há como traçar

uma estrutura física padrão das USF.

Quadro 10 – Tipos de USF, Goiânia (GO), junho 2001

Tipo unidade de saúde Nº unidades Nº total ESF neste tipo de unidadeUSF construídas novas 1 3 ESF inquilina de unidades básicas tradicionais 7 34 Unidades básicas tradicionais convertidas 1 3 Mini-postos em imóveis alugados ou cedidos 15 35 Total de USF e ESF 24 75

Todas as equipes são incompletas de acordo com a nova diretriz do Ministério da Saúde

que preconiza um odontólogo para cada duas equipes. As atuais ESF são integradas por um

médico, uma enfermeira, um auxiliar de enfermagem e seis a oito agentes comunitários de

saúde. Os ACS são responsáveis por cerca de 180 famílias em área urbana e 100 em área

rural, segundo estimativas da coordenação do PSF.

Quadro 11 – Composição da equipe de saúde da família, Goiânia (GO), junho 2001

Componentes da ESF N.º profissional/ equipe Médico 1Enfermeira 1Auxiliar de enfermagem 1ACS-Agentes comunitários de saúde 6 a 8Equipes 75*

* No momento (ago/01) mais 25 equipes encontram-se em fase de implantação.

Todos os profissionais que atuam no PSF/PACS são contratados pela Fundação de Apoio à

Pesquisa da Universidade Federal de Goiás (FUNAP), conveniada com a Prefeitura

Municipal. A FUNAP é responsável pela contratação de aproximadamente 1.700

profissionais da SMS por meio de contratos CLT por tempo indeterminado.

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GOIÂNIA – IMPLEMENTAÇÃO PSF 55

O início da atuação das equipes aconteceu mesmo sem que todos os profissionais

recebessem treinamento introdutório realizado pelo Pólo de Capacitação, integrado pela

SES, UFG e Universidade Católica de Goiás. Em 2000, o Ministério da Saúde apoiou a

criação de um curso de Especialização em Saúde da Família, iniciado ao final de julho de

2001, sob coordenação do Departamento de Medicina Preventiva da UFG.

Etapas da implementação Pode-se evidenciar três fases no processo de implementação do PSF em Goiânia. Uma fase

de implantação das primeiras sete equipes em um único bairro periférico, no ano de 1998.

Um segundo momento, com os profissionais já atuando, foi caracterizado pela expansão do

número de equipes 69 registradas e pela reivindicação de espaço físico e insumos básicos

para atuação das equipes. Esta fase foi acompanhado por períodos de paralisia com falta de

motivação dos profissionais em função da falta de infra-estrutura e de clareza sobre o PSF.

Em agosto de 2001, os gestores caracterizam a etapa atual como de readequação do

modelo, expansão do número de equipes e remapeamento das áreas, juntamente com o

cadastramento para o Cartão Nacional de Saúde. No início de 2001, a nova gestão

encontrou 69 ESF formalmente implantadas mas muitas incompletas. A primeira iniciativa

foi completar as equipes pois existiam trabalhadores de saúde para apenas 40 ESF. A

seleção de profissionais para integrarem as 69 ESF e implantar mais 6 ESF foi realizada.

Muitas ESF estavam com população adscrita muito elevada, de 2000 ou mais famílias,

tendo sido necessário dividir estas áreas. Em alguns casos os ACS não eram moradores da

área. Os territórios foram estabelecidos e está em processo o aluguel de imóveis para

oferecer a infra-estrutura de uma USF de apoio para todas as equipes.

A coordenação do PSF vem trabalhando junto com os demais departamentos da SMS e

profissionais das equipes na construção de uma nova forma de entendimento do que seria o

PSF como uma estratégia de atenção integral à saúde, segundo os gestores municipais.

Pretende-se atingir um número de 100 equipes completas ainda em 2001 com o objetivo de

oferecer 100% de cobertura nas áreas em que já existe PSF. Esta expansão do número de

equipes não resultará em expansão de cobertura populacional, visto que cada ESF era

responsável por elevado número de famílias (aproximadamente 1.800 famílias). Após esta

etapa, pretende-se expandir o programa para áreas ainda não cobertas. A meta a ser

atingida até o final desta administração prevê cobertura de 50% do total da população de

Goiânia, o que exigirá a implantação de aproximadamente 300 ESF. Para tal, é ressaltada a

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GOIÂNIA – IMPLEMENTAÇÃO PSF 56

necessidade de integração do PSF ao restante da rede municipal de saúde e de conversão

das atuais UBS em USF.

4. COORDENAÇÃO MUNICIPAL DE SAÚDE DA FAMÍLIA

Composição atual A partir da nova gestão municipal (janeiro de 2001) a CSF passou a ser um colegiado

composto por cinco membros, três indicados pelas ESF (um médico e duas enfermeiras) e

dois membros indicados pelo Secretário Municipal de Saúde (uma assistente social e uma

enfermeira). O colegiado é coordenado pela assistente social. Todos têm as mesmas

funções: coordenar 100 ESF.

O PSF em Goiânia está sendo reestruturado. Há um grande esforço da CSF que tem

recebido apoio da rede básica e do Secretário Municipal de Saúde.

Está em fase de estruturação a distritalização do PSF em que nove enfermeiras, das quais

oito com experiência prévia no PSF, ficarão responsáveis em cada um dos 9 Distritos

Sanitários pela supervisão e apoio das ESF, mediando a relação entre a CSF e as ESF. Este

apoio técnico distrital estará implantado até o fim de 2001. Além da fiscalização de

cumprimento de horário de trabalho deverão realizar oficinas e treinamentos e serão

responsáveis pela realização das visitas e reuniões com as ESF.

Atribuições e atividades A CSF realiza diariamente reuniões do colegiado do PSF e o trabalho é realizado em

conjunto, dividindo as tarefas entre os integrantes da Coordenação.

Há visitas nas USF e às ESF para observar dificuldades, avaliar resultados e apoiar na

solução de problemas mas não há programação de atividades, nem cronograma. O

relacionamento com as ESF é aberto e direto e as relações são estabelecidas com qualquer

profissional das ESF.

Em agosto de 2001 foram realizados três seminários com ESF – em um deles participaram

médicos, enfermeiros e auxiliares, em outro participaram só os ACS e o terceiro reuniu

num grande seminário todas as ESF, gestores e diretores da rede básica. Foram convidados

para este Seminário representantes do Ministério de Saúde, o Secretário Municipal de

Campinas e um técnico do MS com experiência em programa similar no DF (“Saúde em

Casa”).

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GOIÂNIA – IMPLEMENTAÇÃO PSF 57

A CSF é responsável por encaminhar à FUNAP a freqüência dos profissionais e as

mudanças nas solicitações de férias. Porém não existe um fluxo regular interno da

documentação. Em função dessa atividade de controle a CSF recebe muitas pessoas e às

vezes passa toda a jornada atendendo profissionais das ESF para tratar desses assuntos. A

secretária da CSF está encarregada dos aspectos de admissão de pessoal, controle de

freqüência e envio das informações à FUNAP.

A CSF tem atuado na reestruturação municipal do SIAB e análise do preenchimento dos

formulários em conjunto com as ESF.

Há reuniões semanais com todos os departamentos da SMS coordenados pela CSF e

diariamente há reuniões com os departamentos. Alguns conflitos persistem em relação à

atribuição de responsabilidades entre departamentos da SMS e o PSF, principalmente no

referente às doenças crônicas.

Mensalmente são realizadas Ações Integradas, prestação de serviços numa determinada

região envolvendo todas as secretarias municipais. A CSF participa em conjunto com

vários departamentos da SMS distribuindo folhetos sobre programas de saúde (da mulher,

da criança), oferecendo orientações, preservativos, vídeos e palestras. São realizados

também atendimento de diabéticos, exames de glicemia e aferição da pressão arterial. As

Ações Integradas integram outras secretarias, por exemplo, em ações de vacinação,

orientação para as famílias usarem o PSF, orientando comunidade e agentes de combate à

dengue nas visitas domiciliares, etc.

O maior exemplo de integração mencionado foi o novo mapeamento das famílias do PSF

com o projeto do Cartão SUS, envolvendo todos os departamentos da SMS.

Recursos materiais e financeiros

A CSF dispõe de duas salas na sede da SMS que são insuficientes para o número de

pessoas que trabalham no local e para atender aquelas que procuram a coordenação. Uma

das salas é ocupada pelo pessoal de apoio administrativo e na outra reúnem-se os cinco

membros do colegiado. Não há sala de reunião própria e a CSF usa a sala de reuniões do

gabinete do secretário ou alugando um local para a realização de palestras e seminários.

Atualmente contam com o apoio de uma secretária de nível elementar e duas digitadoras.

Uma delas é responsável pelo controle de pessoal do PSF e estabelece relações com a

FUNAP. Um auxiliar administrativo apoia na reprodução de documentos, digitação de

memorandos, encaminhamentos burocráticos.

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GOIÂNIA – IMPLEMENTAÇÃO PSF 58

Há precariedade de mobiliário para organização e guarda da documentação existente. A

SMS não dispõe de almoxarifado no prédio da secretaria. Quando há entrega de material

volumoso (uniformes, manuais, etc.) este é guardado no almoxarifado central e a CSF deve

ir várias vezes ao local pegar material em quantidade reduzida que é estocado nas salas de

trabalho e no corredor.

Há também falta de equipamentos e computadores. A CSF não dispõe de veículo próprio,

necessitando reservar veículos da SMS por meio de envio da escala de trabalho ao setor de

transporte. Por vezes, algumas atividades não são realizadas por falta de transporte ou a

CSF utiliza veículos das ESF. Até o momento deste relatório cada três ESF

compartilhavam um veículo utilizado no transporte diário para o local de trabalho. Esse

sistema de transporte será modificado, passará a estar subordinado às equipes distritais que

prestarão apoio às ESF.

Não há dotação orçamentária específica e a CSF não tem autonomia para realizar despesas,

dependendo da rede básica e de solicitações de recursos ao Secretário Municipal de Saúde.

Isto gera dificuldades para realização de atividades simples como oferecer alimentação

para os ACS durante os cursos de capacitação.

Supervisão Não há supervisão rotineira da CSF para as ESF. Quando é necessário visitar alguma USF

ou ESF a supervisão é realizada. Esta atividade, prevista no Plano de Ação da Secretaria

Municipal de Saúde, está em fase de organização por meio dos supervisores distritais.

A supervisão das ESF é realizada diariamente pela direção das unidades em que estão

instaladas (CAIS, CIAM ou Centro de Saúde). A direção é responsável também pelo

controle da freqüência dos funcionários (ponto). Há dificuldades neste aspecto devido ao

modo de implantação do PSF em Goiânia que não articulou nem integrou as Unidades

Básicas de Saúde com o PSF. Os diretores da rede básica não consideravam que o PSF era

objeto de sua supervisão e os profissionais da ESF procuravam diretamente a CSF. No

momento atual há o esforço de mudar essa concepção, integrando o PSF à rede básica,

considerando a Saúde da Família como porta de entrada do SUS municipal e estabelecendo

uma relação entre as ESF e os gestores de Unidades Locais.

Nas unidades alugadas, em que não existem diretores, os supervisores técnicos dos

Distritos Sanitários realizam a supervisão das ESF, embora de maneira irregular.

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GOIÂNIA – IMPLEMENTAÇÃO PSF 59

Não há atividades de capacitação continuada. No início da gestão atual muitas ESF não

estavam completas e nem todos os profissionais haviam recebido o treinamento

introdutório. Com o novo mapeamento, o aumento do número de ESF e a necessidade de

incorporar profissionais às ESF que estavam incompletas, foi realizado processo seletivo

para ACS e oferecido o curso introdutório para todos (antigos e novos) ACS do PSF. Há

propostas de educação continuada.

Não há mecanismos de supervisão que apoiem a solução de casos clínicos mais complexos.

Quando a ESF tem dificuldades em resolver a demanda é encaminhada para o CAIS e

espera o retorno.

Avaliação A CSF criou recentemente uma agenda de trabalho para as ESF e estas devem avaliar a

cada dia as atividades realizadas (visitas domiciliares, palestras, atendimentos, etc.) e

encaminhar a avaliação mensal para a CSF. No entanto, a CSF não tem tempo para analisar

as informações.

Não existem processos sistematizados de avaliação. Há reuniões com a rede básica em que

são discutidos os problemas mais graves do PSF mas não é considerada pela CSF como

uma atividade de avaliação.

A supervisão distrital deverá utilizar o SIAB e selecionar os indicadores para avaliar o

desempenho das ESF.

Não há instrumentos ou indicadores para avaliar a qualidade da atenção prestada pelo PSF.

Algumas avaliações são realizadas em seminários.

Os manuais do Ministério da Saúde passaram a ser utilizados pelas ESF a partir de agosto

de 2001: atividades de pré-natal, programa da criança, tuberculose, programa de mulher,

hipertensão arterial e diabetes. Está em elaboração um documento para as ESF contendo

orientações mais gerais, retiradas dos manuais do MS, protocolos e outras normas.

A Coordenação estadual do PSF treinou um técnico para implementar o SIAB na gestão

anterior mas o seu desempenho não foi eficiente. A CSF atual encontrou dificuldades e

precariedades na operacionalização do sistema de informações que estava desatualizado.

As ESF não sabem o seu número no SIAB que não corresponde à identificação fixada na

CSF. As micro-áreas não foram numeradas em seqüência o que resulta em dificuldades de

identificação dos ACS.

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GOIÂNIA – IMPLEMENTAÇÃO PSF 60

O cadastramento dos profissionais estava muito incompleto, mas já foi organizado. No

cadastro encontravam-se ACS que já tinham sido demitidos ou retirados da área mas

permaneciam no SIAB para que não fossem reduzidos os recursos do PAB. As

informações eram mantidas mas a área estava descoberta. A maioria dos ACS nunca tinha

sido cadastrada.

O cadastramento das famílias não foi realizado por todos os ACS e, ainda hoje, alguns não

realizaram o cadastro ou não enviaram os dados que não foram digitados no sistema e

neste aspecto o SIAB também estava desatualizado. Entre junho e julho a CSF dedicou-se

ao cadastramento de 5.000 famílias pois havia defasagem entre o número de ACS e o

número de famílias atendidas, correndo o risco de interromper o repasse do PAB. As ESF

incompletas e as mudanças freqüentes dos profissionais dificultaram a operacionalização

do SIAB.

Atualmente a CSF prioriza a implementação do SIAB mas ainda está cadastrando os cerca

de 200 novos ACS e as ESF.

O SIAB pode ser utilizado para monitorar a produtividade dos profissionais. Foi possível

identificar nas ESF, por meio do quantitativo de procedimentos, alguns profissionais que

não têm realizado as atividades ou as realiza parcialmente.

A CSF utiliza o SIAB para verificar a produtividade do profissional quando há denúncias

ou queixas sobre o seu desempenho. Caso a produtividade seja adequada é feita uma visita

de supervisão. Caso a produtividade seja baixa, conversam com o profissional tendo por

base a sua produção, e é oferecida nova oportunidade mudando o local de trabalho. No

entanto, os dados do SIAB não têm sido utilizados como subsídios para o planejamento.

O Secretário Municipal de Saúde considerou que o SIAB, por trabalhar com grupos

agregados, oferece poucos subsídios para o monitoramento e para a avaliação. No seu

entender há problemas derivados da programação do sistema e outros relativos à

desorganização encontrada.

A CSF não utiliza as informações de produção do SIAB pois estão revendo, em reuniões

com cada ESF, o preenchimento dos formulários e a qualidade dos dados. A prioridade no

momento está relacionada com a alimentação do sistema de informações.

O SIAB tem sido utilizado por pesquisadores e estudantes externos e também das próprias

ESF para pesquisas ou trabalhos científicos.

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GOIÂNIA – IMPLEMENTAÇÃO PSF 61

5. CONTROLE SOCIAL NO PSF

O ponto de vista de Conselheiros representantes dos usuários sobre participação do CMS na implementação do PSF A percepção dos conselheiros entrevistados quanto à discussão do projeto do PSF no CMS

foi divergente. O Conselheiro Municipal de Saúde representante dos usuários 1 afirmou

que o CMS participou das discussões sobre a implantação do PSF. A discussão foi rápida

embora todos os Conselheiros tenham podido intervir. No entanto, o Conselheiro 2 afirmou

que o projeto nem chegou ao CMS, não houve participação no momento da implantação e

apenas recentemente, após surgirem muitas denúncias, estão ocorrendo discussões. As

denúncias foram de problemas na constituição das ESF, falta de articulação, falta de

material e desentendimento de médicos com ACS. A partir de então o CMS procurou a

CSF para que explicasse o PSF e pediu às equipes para comparecerem no Conselho

Municipal de Saúde.

Vários conselheiros participaram da XI Conferência Nacional de Saúde e levaram material

sobre o PSF para Goiânia. A partir de então os conselheiros começaram a ler e a discutir o

assunto nas reuniões.

O CMS tem pequena interferência nas diretrizes e prioridades do PSF, na opinião do

Conselheiro 1 enquanto o Conselheiro 2 afirma que o CMS não tinha poder de controlar as

atividades realizadas no PSF e apenas legitimava decisões já tomadas pelo governo

municipal na gestão anterior mas que no momento atual o CMS está participando,

discutindo e conhecendo a estratégia.

A Saúde da Família foi considerada uma estratégia prioritária na atual gestão municipal de

saúde pelos dois conselheiros sendo que o Conselheiro 1 argumentou que isso é devido ao

PSF trabalhar com prevenção, desafogar o Centro de Saúde e o ACS ter mais facilidade de

conhecer a realidade.

O PSF foi considerado fundamental por um dos conselheiros pois ser um programa que

possibilita o acesso aos cuidados de saúde. Foi valorizado também o vínculo preconizado

do médico com a comunidade e o fato dos agentes terem que morar na comunidade o que

“leva o povo a confiar no programa”. O outro conselheiro também considerou que a

proposta do MS é positiva e terá avanços e resultados porque a população se educa mais:

“Muitas vezes as pessoas não têm saúde por falta de educação, de informação, como no

caso da dengue, em que se investe tanto e ainda existem pessoas que não têm consciência

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GOIÂNIA – IMPLEMENTAÇÃO PSF 62

do que é a doença”. O PSF teria possibilidades de informar mais que as campanhas de

esclarecimento e, eventualmente, quando bem estruturado, poderia substituir os agentes de

combate à dengue.

O PSF é importante porque vai na casa e conhece a realidade das pessoas e na estratégia o

ACS trabalha junto com as famílias. “A gente sabe que saúde não é só o médico”. “O PSF

é importante e precisa continuar”.

A maneira como foi e está implementado o PSF no município foi considerado tanto a

melhor forma de cuidar da saúde das pessoas em geral quanto a melhor forma de dar

atenção especial à saúde das pessoas mais pobres pelos dois conselheiros. O Conselheiro 2

também considerou que é uma boa forma mas insuficiente para cuidar da saúde das

pessoas e que é uma boa idéia mas na prática não atende as necessidades de saúde da

população atendida.

Não há canais específicos de comunicação para que os usuários do PSF apresentem

demandas e/ou denúncias sobre o funcionamento mas isso pode ser feito por intermédio

dos Conselhos Locais de Saúde ou entrando em contato direto com representantes no

Conselho Municipal de Saúde.

Os conselheiros concordaram sobre a influência do CMS na maioria das atividades do PSF

embora o consenso seja de baixa interferência do CMS na definição das diretrizes e

prioridades do PSF, nunca influencia na criação de USF, poucas vezes ou nunca interfere

nos resultados das atividades sobre as condições de saúde da população, nunca influencia

na quantidade e tipo de equipamentos ou medicamentos necessários nas USF, na

supervisão e controle do PSF no município, na capacitação das ESF, na adaptação das

Unidade Básicas (centros ou postos de saúde) em USF, na seleção ou indicação de

profissionais ou de ACS, nas atividades que são oferecidas pelas USF/ESF, no

acompanhamento das informações do SIAB e na quantidade de recursos financeiros

destinados ao PSF. O único consenso positivo foi que o CMS interfere sempre na

capacitação dos Conselheiros Locais de Saúde.

As divergências apresentadas pelos conselheiros foram em relação à interferência do CMS

na escolha das comunidades que serão atendidas pelo PSF (Conselheiro 1 – muitas vezes e

Conselheiro 2 – nunca), na localização das ESF (muitas vezes e nunca), no

acompanhamento das atividades realizadas pelas ESF (muitas vezes e nunca) e no

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GOIÂNIA – IMPLEMENTAÇÃO PSF 63

acompanhamento das discussões nos Conselhos Locais de Saúde (muitas vezes e poucas

vezes).

Os aspectos positivos do PSF segundo os conselheiros foram o atendimento domiciliar, o

atendimento preventivo, a diminuição das filas e a confiança da comunidade nos

profissionais enquanto os aspectos negativos assinalados foram o grande número de

famílias atendidas por cada ESF, a não inclusão de profissionais como fonoaudiólogo e

psicólogo na ESF, e a falta de atendimento por especialista que obriga o paciente

encaminhado pelas ESF a “bater de porta em porta para conseguir agendar uma consulta

com o especialista”.

O ponto de vista de Conselheiros representantes dos usuários sobre impacto do PSF Segundo os conselheiros entrevistados, o impacto PSF foi excelente sobre o aumento da

cobertura vacinal. Foi bom sobre as seguinte ações: redução da mortalidade infantil,

redução da mortalidade materna, aumento no número de consultas de enfermagem,

aumento no número de atendimento por pessoal de nível médio e aumento no número de

paciente referenciados e efetivamente atendidos.

Os conselheiros divergiram no que se refere a ampliação da atenção à saúde e na melhoria

da qualidade da atenção prestada, pois para o Conselheiro 1 o impacto do PSF sobre estas

ações foi bom, e para o Conselheiro 2 regular. Quanto à redução da demanda sobre os

serviços de urgência/emergência, os Conselheiros 1 e 2 informam um impacto regular do

PSF.

O Conselheiro 2 considera que o impacto na mudança do perfil epidemiológico em

decorrência de redução de doenças evitáveis foi bom, mas para o Conselheiro 1 foi regular.

Com relação a maior satisfação do usuário com o sistema público de saúde, o Conselheiro

2 afirma que o impacto do PSF foi bom, mas para o Conselheiro 1 foi regular.

No que se refere ao aumento no número de consultas médicas por habitantes e aumento da

cobertura de pré-natal, o Conselheiro 1 considerou o impacto do PSF bom e o Conselheiro

2 achou que foi excelente.

Quanto à avaliação do impacto do PSF sobre a resolutividade do sistema público de saúde,

para o Conselheiro 2 foi excelente e para o Conselheiro 1 foi regular. A avaliação do PSF

enquanto uma atividade que precisa ser complementada por outros programas e atividades

foi excelente para os Conselheiros 1 e 2. O impacto do PSF como a estratégia que permite

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GOIÂNIA – IMPLEMENTAÇÃO PSF 64

transformar o modelo assistencial de forma a atender às necessidades de saúde da

população, foi considerado bom pelo Conselheiro 1 e excelente pelo Conselheiro 2.

6. INTEGRAÇÃO À REDE

Estratégias de integração à rede básica e de conversão do modelo A coordenação do PSF está subordinada ao Departamento da Rede Básica, responsável

pela atenção básica e pela Divisão de Programas Especiais, que além do PSF/PACS é

composta também pelo Programa Nascer Cidadão que faz a notificação de todos os

nascimentos ocorridos em Goiânia e acompanhamento de crianças até o primeiro ano de

vida. No momento, a articulação entre as coordenações do PSF e da Rede Básica vem

acontecendo por meio de reuniões e implementação de ações conjuntas. O Departamento

da Rede Básica tem um colegiado – do qual participa a coordenação do PSF – que se reúne

todas as manhãs (8:00 às 9:00), com a participação por vezes, de outro colegiado formado

por representantes das unidades básicas de saúde.

Não foi prevista integração das ESF com a rede. Nas “casinhas do PSF”, segundo relato da

coordenação, as ações de saúde executadas pelos profissionais do PSF tinham baixa

resolutividade, o que levava o usuário a procurar médicos das unidades básicas

tradicionais. Essa duplicidade de atendimento gerou conflitos entre os profissionais da rede

e as ESF, e, principalmente questionamentos quanto à função e importância do PSF. Essa

situação ainda não foi alterada, embora existam algumas mudanças. Em regiões onde

funcionam os mini-postos ou “casinhas do PSF” a situação ainda é considerada bastante

difícil, pois as ESF não têm qualquer infra-estrutura que possibilite maior resolutividade

das ações executadas.

Uma das unidades de saúde que hoje funciona como USF foi construída na gestão anterior

para ser um centro de saúde. Como no local haviam duas ESF sem sede, estas foram

alocadas no espaço do centro, sem que houvesse adaptação da estrutura física. A unidade

recém inaugurada não tinha equipamentos, que ainda estão sendo adquiridos. Para

operacionalização da conversão da UBS por USF não foi realizada nenhum tipo de reforma

da estrutura física da unidade. A outra unidade convertida sofreu alterações apenas no que se

refere aos recursos humanos. Todos os profissionais e especialistas que já trabalhavam no

Centro de Saúde foram remanejados e a unidade passou a ser ocupada somente pelas ESF.

Deste modo, quanto aos recursos humanos, a estratégia foi de contratação de pessoal

especificamente para atuar nas equipes de PSF. Esse processo gerou conflitos na

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GOIÂNIA – IMPLEMENTAÇÃO PSF 65

comunidade que passou a reivindicar retorno do atendimento nas especialidades básicas, ao

qual os moradores estavam habituados. Para os coordenadores, esse tipo de conflito foi

gerado pela falta de entendimento da população sobre o que seria a estratégia de Saúde da

Família. Este aspecto vem sendo debatido pela atual coordenação no CMS e com

comunidades, entendendo-se que possíveis mudanças ocorrerão de forma gradual.

No momento atual, há programação de conversão de outras unidades e ampliação da

estratégia de Saúde da Família. Em Goiânia está previsto o funcionamento de unidades

mistas, isto é unidades nas quais atuarão equipes do PSF e da rede básica pré-existente. Os

gestores consideram que em bairros nos quais já existe atenção básica consolidada, os

centros de saúde são referência para essas populações. Há casos também em que essas

unidades funcionam 24 horas e prestam atendimento especializado e de

urgência/emergência, serviços estes necessários que devem ser mantidos e que ultrapassam

as atribuições do PSF. O modelo de unidade de saúde que planejado para Goiânia incluiria

a ESF, com apoio de especialistas como pediatra, ginecologista e cardiologista além de

apoio de serviços de urgência, ajuste esse que permitiria a referência interna nas próprias

UBS.

Não há um cronograma exato em relação à conversão das unidades tradicionais em USF,

contudo, estão sendo realizadas reuniões e oficinas com os profissionais que atuam na

rede, nas quais são apresentadas propostas para estimular o interesse em atuar nas ESF.

Adscrição de clientela, conformação da rede de serviços e sistematização de oferta: mecanismos de referência e contra-referência O PSF no município foi implantado inicialmente, conforme discutido acima, sem qualquer

integração à rede de serviços de saúde.

A organização de uma rede integrada no município com mecanismos de referência é

prioridade da SMS e está em processo de construção. Este não é um aspecto específico do

PSF. A rede de serviços de saúde do SUS no município de Goiânia ainda não está bem

articulada, embora mecanismos de referência tenham sido criados na gestão anterior. Há

baixa integração entre as unidades de saúde próprias do município (em seus diversos

níveis), e entre as unidades municipais e aquelas estaduais.2 As Centrais de Marcação já

implementadas não são suficientes para garantir a integração da rede.

2 Pode-se depreender a partir das falas dos gestores municipais baixa autoridade para exercer a gestão das unidades do SUS que não são próprias do município, sejam estas contratadas/conveniadas ou estaduais.

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GOIÂNIA – IMPLEMENTAÇÃO PSF 66

A rede básica de saúde em Goiânia está composta por centros de saúde de pequeno porte,

centros de saúde maiores (CIAMS e CAIS), nos quais há atendimento ambulatorial e pronto-

atendimento de urgência, além das USF, sem articulação entre as mesmas e por vezes entre

programas no interior de uma mesma unidade.

A relação do PSF com as demais unidades da rede básica é de encaminhamento de

pacientes, que em muitos casos, poderiam ter seus problemas de saúde resolvidos pela

própria ESF se dispusessem de equipamentos básicos. No caso das UBS compartilhadas, as

ESF apenas ocupam o espaço físico das unidades tradicionais, com funcionamento

paralelo, sem articulação, o que gera conflitos.

As diferenças salariais, o menor controle sobre as ESF que por vezes resulta em não

cumprimento da carga horária e alguns privilégios das ESF (auxílio alimentação e

transporte até o local de trabalho) exacerbam os conflitos entre os profissionais das

unidades tradicionais e do PSF.

A atual coordenação está realizando um trabalho de sensibilização, contando inclusive com

a participação do prefeito, junto aos gestores dos distritos e das unidades de saúde com a

intenção de esclarecer os objetivos do PSF enquanto estratégia de mudança do modelo

assistencial. Estão sendo realizados vários seminários internos entre as diversas instâncias

da rede básica. A sensibilização vem ocorrendo também junto às ESF com o objetivo de

mostrar a importância de trabalharem integradas às UBS3. A preocupação em converter as

unidades básicas em USF é afirmada como central na atual gestão, tanto que as unidades

que venham a ser criadas a partir de agora serão todas USF.

A coordenação de Saúde da Família entende que o PSF e as unidades básicas já existentes

devem ser a porta de entrada do sistema, o que ainda não ocorre. Os mecanismos de

referência e articulação da rede estão em processo de implementação. Segundo os gestores

da SMS “as referências não fluem”.

Ainda não há adscrição de clientela para as UBS, mas, formalmente, para acessar os

demais níveis de complexidade do sistema, o usuário do PSF deve dirigir-se à UBS mesmo

após ser atendido pela ESF para que então seja encaminhado. Na maioria das USF não é

possível fazer a referência pois ainda não há computadores e linhas telefônicas.

3 Os coordenadores das unidades de saúde eram tradicionalmente nomeados a partir de indicação dos vereadores. Na atual gestão foi efetivado um processo articulado pela SMS com o Conselho Municipal de Saúde e os Sindicatos, com participação dos Conselhos Locais, para a indicação de uma lista de candidatos entre os quais a equipe da SMS escolhe o gestor.

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GOIÂNIA – IMPLEMENTAÇÃO PSF 67

No município existe uma Central de Marcação de Consultas e Exames Especializados, para

exames e consultas de média e alta complexidade e uma Central de Emissão de Guias para

Exames Laboratoriais informatizada (conhecido como check in) subordinadas ao

Departamento de Controle e Avaliação. Cada UBS dispõe de uma cota financeira e um

terminal de computador para emissão de guias para exames. No cupom aparece o nome do

usuário, médico solicitante, exame solicitado e a inscrição do exame pago pelo SUS. O

paciente é orientado a procurar a rede credenciada de laboratórios.

Não há dificuldades para a realização de exames de patologia clínica em função da ampla

rede de serviços privados conveniados ao SUS. Com a implantação do “vale-exame”

houve uma proliferação de laboratórios e postos de coleta privados próximos às unidades.

Não há definição de nenhum mecanismo de referência ou regionalização na utilização

desses serviços. Esse sistema está sendo inserido também nas USF. Até o momento, o

médico do PSF faz o pedido e o usuário tem que ir até a UBS para buscar o vale-exame. A

rede de apoio diagnóstico e terapêutico é extensa e, na sua grande maioria, privada. O

objetivo da atual administração é reverter este quadro fortalecendo a rede pública de saúde

na cidade.

Para os exames de média e alta complexidade é necessária autorização prévia (tomografia,

ressonância, arteriografia e todos os procedimentos que estão em APAC – oncologia,

radioterapia, terapia renal substitutiva e outros exames de medicina nuclear). O médico do

PSF encaminha o pedido diretamente para o Departamento de Rede Básica que após

análise envia ao setor de Controle e Avaliação para que o procedimento seja autorizado e

possa ser realizado. Até hoje, não foram estabelecidas cotas físicas ou financeiras para

exames e consultas especializadas para as ESF. Contudo, na opinião dos gestores, esse

limite deverá ser estabelecido pois o teto financeiro do município está sendo ultrapassado.

O município de Goiânia, por ser capital, dispõe de ampla rede de serviços de saúde, mas no

SUS municipal há carência de especialistas em áreas como dermatologia e endocrinologia.

A referência para a fisioterapia passa pelo mesmo processo das demais consultas

especializadas, ou seja, as sessões são marcadas via Central e realizadas em clínicas

particulares conveniadas ao SUS. A fisioterapia integra a lista de procedimentos de alto

custo. Há dois médicos ortopedistas responsáveis pela análise e autorização destes

encaminhamentos.

Existe também uma Central de regulação de internações, que monitora a ocupação de

leitos. No Setor de Controle e Avaliação há médico auditor durante as 24 horas, que

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GOIÂNIA – IMPLEMENTAÇÃO PSF 68

autoriza as AIHs emitidas pelos serviços. A maior parte dos leitos hospitalares é privada

conveniada ao SUS. O principal foco de estrangulamento é constituído por algumas

cirurgias eletivas de otorrinolaringologia e alguns procedimentos de cirurgia geral, como

cirurgia de vesícula.

Não há nenhum mecanismo de contra-referência específico para o PSF. Há guias de

referência e contra-referência para a rede como um todo, entretanto, a maior dificuldade

hoje é o retorno dos pacientes – a contra-referência. Pacientes das UBS e do PSF

referenciados para a realização de consultas especializadas, segundo relato, não querem

retornar à rede básica e desejam continuar o atendimento na clínica especializada. Neste

caso a contra-referência, não ocorreria, por iniciativa dos pacientes.

Pronto-atendimento e emergência

As ESF, com algumas exceções, não prestam pronto-atendimento e não atendem à

demanda espontânea. Nestes casos, as equipes encaminham para o pronto-atendimento das

unidades maiores ou para os serviços de emergência. As ESF têm um processo de trabalho

estruturado de forma rígida de modo que atendem basicamente aos programas pré-

definidos, sem responsabilidade pela demanda espontânea. Esse arranjo, segundo os

gestores entrevistados, seria decorrência de múltiplos fatores: falta de clareza sobre as

atribuições do PSF, ausência de responsabilização em relação à clientela e insuficiência de

infra-estrutura física. Estes aspectos estão sendo trabalhados pela atual administração que

está equipando e convertendo algumas unidades tradicionais em USF, além do trabalho de

sensibilização junto aos profissionais da rede.

Em casos de emergência, a ESF não dispõem de recursos para realizar qualquer tipo de

atendimento. Segundo a Coordenação do PSF, o que pode ser feito é o encaminhamento do

paciente, utilizando-se o carro da SMS, até uma das quatro UBS que funcionam 24 horas

ou para unidades que funcionam de doze a quinze horas por dia. Os grande serviços de

urgência em hospitais e pronto-socorros, encontram-se sobrecarregados em função do

atendimento da demanda de outros municípios de Goiás e de outros estados como Minas

Gerais, Mato Grosso, Ceará, Bahia e Tocantins.

Outro problema que sobrecarrega os serviços de urgência e emergência é a procura destes

para pronto-atendimento. Parte dos usuários dirige-se diretamente a esses serviços, mesmo

em casos sem gravidade que poderiam ser atendidos nas demais instâncias da rede básica,

o que agrava o problemas de longas das filas e tempos de espera.

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GOIÂNIA – IMPLEMENTAÇÃO PSF 69

Outras estratégias para integração do PSF à rede (informatização, telefone, manuseio de prontuários, outros formulários) Como estratégia de integração do PSF à rede, está em fase inicial a informatização das

unidades em função do cadastramento para o Cartão Nacional de Saúde. Pretende-se

aumentar o número de computadores nas unidades básicas de saúde e criar uma rede de

comunicação online entre elas. Até o momento, a estratégia mais amplamente

implementada foi a instalação de linhas telefônicas em quase todas as USF. Foi relatada

também a criação de formulários específicos para o PSF.

Articulação do PSF aos programas de saúde coletiva

A atual Coordenação do PSF vem atuando de modo articulado com as outras coordenações

da SMS. Estabelece interface e atuação conjunta com o Departamento de Epidemiologia e

com as demais divisões do Departamento de Rede Básica. A SMS de Goiânia tem uma

proposta política de gestão colegiada.4 Em todos os níveis hierárquicos da Secretaria estão

formados colegiados, sob coordenação do Secretário Municipal de Saúde responsáveis

pelo desenvolvimento de dez projetos gerenciais: Planejamento Integrado e Integração das

Ações em todos os níveis da SMS; Descentralização; Implantação de um Modelo de

Atenção à Saúde comprometido com as necessidades da população; Participação Popular e

fortalecimento do Controle Social; Atuação Intersetorial; Abastecimento; Recursos

Humanos; Adaptações, Reestruturações e Reformas nas unidades de saúde tradicionais em

USF; e Desenvolvimento de Campanhas.

O Departamento de Epidemiologia faz diversas interfaces com o PSF. As “Ações

Integradas de Saúde”, realizadas em parceria com outras secretarias da prefeitura,

envolvem ações conjuntas deste departamento e o PSF nas campanhas de multivacinação,

entrega de folhetos sobre doenças sexualmente transmissíveis, bloqueios, identificação e

diagnóstico de patologias como hanseníase e tuberculose. Atualmente encontra-se em fase

de planejamento o desenvolvimento de ações conjuntas no campo da mortalidade infantil.

Não há dificuldades na articulação entre a coordenação do PSF e o Departamento de

Epidemiologia segundo relato dos gestores. As diretrizes e prioridades entre as duas

coordenações se aproximam quando o objetivo é trabalhar ações de prevenção. Está sendo

implantado um projeto de Vigilância à Saúde que envolve o Departamento de Rede Básica 4 Ao todo foram formados 12 colegiados: Projetos Gerenciais; Departamentos da SMS; do Departamento de Rede Básica; Distritos Sanitários; Unidades de Saúde; Unidades de Urgência; PSF; Saúde Mental;

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GOIÂNIA – IMPLEMENTAÇÃO PSF 70

e o PSF, a Vigilância Epidemiológica e Sanitária e o serviço de Zoonoses. O primeiro

projeto conjunto iniciado foi “Xô Dengue”. Está em constituição o Comitê de Vigilância

Ambiental, do qual o PSF fará parte. Já foram realizados eventos de mobilização social

com a participação das equipes e de membros da coordenação do PSF. O outro modo de

articulação ocorre por meio de capacitação das ESF.

Foi promovido pelo Departamento de Epidemiologia treinamento em dengue hemorrágico,

imunização, tuberculose, hanseníase, dengue clássico, raiva humana e serviço de

notificação, dos quais participaram médicos e enfermeiros do PSF, responsáveis por

repassarem o treinamento aos ACS.

Além disso, nas campanhas, o Departamento de Epidemiologia passa os dados sobre

cobertura vacinal para as ESF. Até o momento, o Departamento não trabalha outros dados

produzidos pelo PSF.

Avaliação dos gestores quanto ao processo de integração – resultados, dificuldades, ajustes necessários na rede, nos programas e no PSF

• Integração à rede assistencial

O processo de integração do PSF à rede encontra-se em fase inicial. Na opinião dos

gestores, na unidade em que ocorreu uma experiência de integração dos diversos serviços

existentes, o principal resultado foi o aumento da resolutividade das ações executadas e

diminuição do número de encaminhamentos. Contudo, essa experiência ainda é incipiente

e isolada o que impede qualquer tipo de avaliação.

Quanto às dificuldades para integrar o PSF/USF à rede de serviços os gestores destacam a

falta de clareza sobre as atribuições do PSF, perfil inadequado dos profissionais que atuam

nas ESF, insuficiência de infra-estrutura física e equipamentos, e déficit de pessoal. Foi

ressaltado que os profissionais que atuam nas ESF têm uma concepção do PSF apenas

como um trabalho de prevenção e promoção de saúde e não como uma estratégia de

atenção integral.

Sensibilização dos gestores, dos profissionais das ESF e da comunidade são as principais

medidas tomadas pela atual gestão com o objetivo de integrar o PSF à rede de serviços. Os

gestores enfatizam a importância de iniciativas das próprias ESF no processo de integração

à rede, a necessidade de supervisão continuada e mudanças no modo de funcionamento e

Maternidade Nascer Cidadão; Centro de Referência Terapêutico e Diagnóstico; Hospital Psiquiátrico Wassily Chuc; e Centro de Referência em Fisioterapia e Ortopedia Básica.

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GOIÂNIA – IMPLEMENTAÇÃO PSF 71

na estrutura física das unidades de saúde. Os ajustes no PSF estão transformando o

processo de trabalho, para que haja subordinação das ESF à gerência das unidades básicas

e à coordenação dos distritos. O modelo de atenção básica proposto em Goiânia incluiria

ESF, especialidades básicas, além de apoio de serviços de urgência, com referência interna

às próprias UBS.

• Integração com setores de epidemiologia

Na opinião dos gestores, pode-se observar resultados positivos quanto à experiência de

integração do PSF ao controle de riscos e doenças. O aumento da cobertura vacinal foi o

principal resultado até o momento.

Uma das dificuldades apontadas para integrar o PSF aos Programas de Vigilância

Epidemiológica é o fato das ESF cobrirem apenas um terço da população do município.

Trabalhar junto às unidades básicas tradicionais exige do Departamento de Epidemiologia

estratégias diferenciadas daquelas utilizadas no trabalho com as ESF. Para melhorar a

integração foi apontada a necessidade de recursos humanos e materiais, além de discussão

sobre a atuação do PSF nos programas, o que já vem sendo realizado pela SMS.

Avaliação dos profissionais das ESF quanto ao processo de integração do PSF na rede Em Goiânia, os profissionais de nível superior em sua grande maioria (86,2%) reconhecem

a existência de um sistema para marcação de consultas especializadas. Apenas 3,2%, entre

médicos e enfermeiros, não o conheciam.

Tabela 35 - Percepção dos profissionais de nível superior por função quanto à existência de um sistema de marcação de consultas especializadas, Goiânia (GO), 2001

Sistema de Marcação de Consultas Especializadas Total Médico Enfermeiro N % N % N %Sim 81 86,2 40 88,9 41 83,7Não 10 10,6 5 11,1 5 10,2Não sabe/Não respondeu 3 3,2 - - 3 6,1Total 94 100,0 45 100,0 49 100,0

Os profissionais de nível superior conseguem agendar, quando necessário, consultas

especializadas, internação ou exame na maioria das vezes (64,8%). Todavia, 31,9%

somente conseguem fazê-lo algumas vezes.

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GOIÂNIA – IMPLEMENTAÇÃO PSF 72

Tabela 36 - Possibilidade de agendamento de atendimento especializado por função segundo profissionais de nível superior, Goiânia (GO), 2001

Agendamento Total Médico Enfermeiro N % N % N %Sempre 7 7,4 4 8,9 3 6,1Na maioria das vezes 54 57,4 24 53,3 30 61,2Algumas vezes 30 31,9 16 35,6 14 28,6Não sabe/Não respondeu 3 3,2 1 2,2 2 4,1Total 94 100,0 45 100,0 49 100,0

Para a maioria dos profissionais de nível superior de Goiânia, o tempo mínimo de espera

do paciente referenciado para as ações especializadas fica em torno de mais de 15 dias

(35,1%), já o tempo máximo (34,0%) fica em mais de 120 dias. Para a maioria dos

profissionais (82,9%) o tempo mínimo de espera é mais de 15 dias. No caso dos exames o

tempo mínimo é de 1 a 2 dias (41,5%) e o máximo de 16 a 30 dias (51,1%). Parte

considerável dos profissionais não soube informar os tempos máximo e mínimo de espera

para internações. Todavia 56,4% informam que para as internações o paciente espera pelo

menos 1 a 2 dias e no máximo 15 dias (40,4%).

Tabela 37 - Tempo mínimo e máximo de espera para consultas especializadas segundo profissionais de nível superior das ESF, Goiânia (GO), 2001

Tempo de espera mínimo

N % % acum.

Tempo de espera máximo

N % % acum.

1 a 2 dias 10 10,6 10,6 1 a 15 dias 2 2,1 2,13 a 4 dias* 2 2,1 12,7 16 a 30 dias 12 12,8 14,97 a 10 dias 14 14,9 27,6 31 a 60 dias 8 8,5 23,411 a 15 dias 19 20,2 47,8 61 a 90 dias 7 7,4 30,8mais de 15 dias 33 35,1 82,9 90 a 120 dias 7 7,4 38,2 Mais de 120 dias 32 34,1 72,3Não sabe/Não resp. 16 17,1 100,0 Não sabe/Não resp. 26 27,7 100,0Total 94 100,0 Total 94 100,0*Não houve registro para 5 e 6 dias Tabela 38 - Tempo mínimo e máximo de espera para exames segundo profissionais de

nível superior das ESF, Goiânia (GO), 2001 Tempo de espera

mínimo N % %

acum. Tempo de espera

máximo N % %

acum. 1 a 2 dias 39 41,5 41,5 1 a 15 dias 25 26,6 26,63 a 4 dias 11 11,7 53,2 16 a 30 dias 48 51,1 77,75 a 6 dias 10 10,6 63,8 31 a 60 dias 3 3,2 80,97 a 10 dias 15 16,0 79,8 61 a 90 dias 2 2,1 83,011 a 15 dias 8 8,5 88,3 Não sabe/Não resp. 16 17,0 100,0Não sabe/Não resp. 11 11,7 100,0 Total 94 100,0 Total 94 100,0

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GOIÂNIA – IMPLEMENTAÇÃO PSF 73

Tabela 39 - Tempo mínimo e máximo de espera para internações segundo profissionais de nível superior das ESF, Goiânia (GO), 2001

Tempo de espera mínimo

N % % acum.

Tempo de espera máximo

N % % acum.

Menos de 1 dia 16 17,0 17,0 menos de 1 dia 11 11,7 11,71 a 2 dias 53 56,4 73,4 1 a 15 dias 38 40,4 52,13 a 15 dias - - - 16 a 30 dias 4 4,3 56,4Mais de 15 dias 1 1,1 74,5 90 a 120 dias 2 2,1 58,5 mais de 120 dias 2 2,1 60,6Não sabe/Não resp. 24 25,5 100,0 Não sabe/Não resp. 37 39,4 100,0Total 94 100,0 Total 94 100,0

A maioria dos profissionais de nível superior (35,1%) considera que os Centros de Saúde

com serviço de urgência são os mais acessíveis à população durante finais de semana e

feriados. Para 20,5% destes profissionais a população dispõe nos fins de semana e feriados

principalmente de pronto-socorros e de hospitais de emergência na opinião de 17,2% dos

profissionais de nível superior.

Tabela 40 - Serviços de saúde que a comunidade dispõe nos fins de semana e feriados, segundo profissionais de nível superior das ESF, Goiânia (GO), 2001 Serviços de saúde N %

Centro de Saúde com atendimento noturno 17 11,3Centro de Saúde com serviço de urgência 53 35,1Pronto-Socorro 31 20,5Emergência Hospitalar 26 17,2Outro 20 13,2Não sabe/Não respondeu 4 2,6Total 151 100,0

Quanto a acessibilidade da USF, 74,5% dos ACS e auxiliares de enfermagem consideram

as unidades acessíveis à população. Na percepção de 22,2% destes profissionais as USF

não são acessíveis no município de Goiânia.

Tabela 41 - Percepção dos ACS e auxiliares de enfermagem quanto à acessibilidade da USF, Goiânia (GO), 2001

Acessibilidade N % Sim 225 74,5Não 67 22,2Não sabe/Não respondeu 10 3,3Total 302 100,0

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GOIÂNIA – IMPLEMENTAÇÃO PSF 74

7. GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS DO PSF

Mecanismos de seleção A estratégia da SMS de Goiânia, na gestão 1997-2000 foi implantar o PACS e expandir

para o PSF escolhendo gradualmente as áreas de cobertura. Entre novembro de 97 e junho

de 98 realizaram-se os dois processos seletivos para o PACS, na região Noroeste. Em

agosto de 98 houve outra seleção para a região Leste.

Ainda entre novembro e dezembro de 99 foi realizado processo seletivo de Agentes

Comunitários de Saúde para as regiões Sudoeste e Sul, e em janeiro de 2000 implantado o

PSF. Em setembro de 2000 foram selecionados mais ACS para região Norte e implantada

uma ESF, e outra em Andreia Cristina, área da região Sudoeste.

Tabela 42 - Processos seletivos realizados para ACS e PSF, por região, em Goiânia (GO), 1997 a 2000

Região 1997 1998 1999 2000Noroeste 252 145 Leste 163 Norte 107 172Sul 102 Sudoeste 105Oeste/Mendanha 123 Total 252 308 332 279Fonte: SMS, Relatório Geral 1997 – 2000.

O processo de seleção dos profissionais em Goiânia é realizado pela coordenação do PSF

da Secretaria Municipal de Saúde. A seleção dos profissionais de nível superior, médicos e

enfermeiros, consiste em análise curricular e entrevista. A seleção dos ACS está

normatizada pela Secretaria Estadual de Saúde, e se inicia por emissão de edital, divulgado

no Conselho Municipal de Saúde, em associações de moradores e escolas. A seleção tem

“caráter de concurso público”, com a característica de ser específica para uma determinada

área, segundo integrante da coordenação do PSF.

Para concorrer ao cargo de ACS é necessário comprovação de primeiro grau completo,

moradia na área, disponibilidade de 8 horas diárias e ser maior de idade. Os candidatos são

submetidos a prova escrita, entrevista e treinamento. A inscrição é gratuita, feita pela SMS,

através da coordenação municipal do programa.

Houve ao todo 4.006 inscrições e 3.464 pessoas realizaram prova, entre os anos de 1998 e

2000. As entrevistas cobriram o número de selecionados (1062), e enfatizou observar os

conhecimentos do candidato sobre o PSF, a disponibilidade de carga horária, iniciativa e

postura face a proposta de trabalho do PSF. A SMS examinou os currículos de médicos,

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GOIÂNIA – IMPLEMENTAÇÃO PSF 75

enfermeiros e auxiliares de enfermagem. Os auxiliares de enfermagem existentes e

contratados realizaram concurso da SMS em 1998.

O treinamento introdutório é para todos os selecionados. Promovido pela coordenação do

programa tem como objetivos: promover ações de integração do grupo; capacitar médicos,

enfermeiros e auxiliares e ACS para desenvolver ações de promoção e prevenção a saúde;

elaborar diagnóstico de saúde para planejamento das ações a serem desenvolvidas na área

de atuação; cadastrar as famílias através de visitas domiciliares (específico para o ACS),

registrar informações da equipe no SIAB, direcionar as ações de atenção básica segundo

preconizado pelo MS.

A atual gestão estabeleceu novos critérios para a seleção dos profissionais de nível superior

que exigem experiência anterior no PSF, a especialização em saúde pública ou saúde da

família, considerando-se que este último curso já existe em alguns pólos de capacitação do

Brasil. No entanto, há carência de profissionais com especialização em saúde da família

para seleção e contratação para o PSF.

A Secretaria Municipal de Saúde está realizando levantamento de necessidades de pessoal

para realização de concurso para todos os profissionais. Este mecanismo de seleção é

considerado o mais adequado, visando a criação de vínculo do profissional com a SMS,

fator importante para a motivação dos profissionais.

Na fase de transição do modelo de atenção para a Saúde da Família há possibilidades de

desativar serviços e há dificuldades em atrair profissionais com experiência e perfil para

reorganizar o modelo de assistência e realizar as transformações contando com os

profissionais efetivos da secretaria. Em setembro de 2001 vários profissionais da rede

enviaram currículos, desejando integrar-se ao PSF.

Modalidades de contratação As ESF foram formadas por profissionais contratados especificamente para tal, apenas uma

parcela de 10% dos médicos e enfermeiros eram da própria rede. A contratação dos

médicos, enfermeiros, auxiliares de enfermagem e ACS é feita por mediação da Fundação

de Apoio à Pesquisa da Universidade Federal de Goiás (FUNAP). A maioria dos

profissionais não é concursada. Embora considerem a contratação por concurso público a

forma ideal, apontam dificuldades dessa modalidade em selecionar profissional com perfil

adequado. A contratação sem concurso público é considerada mais conveniente na atual

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GOIÂNIA – IMPLEMENTAÇÃO PSF 76

conjuntura, possibilitando mais agilidade no processo e facilitando a mobilidade dos

profissionais.

O vínculo não exige a dedicação exclusiva dos profissionais, sendo que médicos realizam

outras atividades como plantões e consultas particulares em consultórios. Enfermeiros e

auxiliares de enfermagem também realizam plantões. A coordenação não conhece outra

atividade entre os ACS.

A CSF considera, de modo geral, que os profissionais, especialmente os médicos, não

cumprem a carga horária de trabalho contratada, com raras exceções de profissionais

considerados muito dedicados. Alguns profissionais foram dispensados por não cumprirem

a carga horária ou ainda por não se adequarem ao perfil desejado.

Estratégias de atração de profissionais para o PSF Utilizou-se como estratégia para atrair os profissionais a oferta salarial diferenciada para

médicos e enfermeiros, divulgada através de edital. Segundo os gestores, a divulgação foi

discreta nas Unidades de Saúde, convidando os profissionais a aderirem ao PSF, com

incentivos financeiros. A adesão ao PSF é opcional para os profissionais da rede, que são

consultados sobre o desejo de integrar as equipes e as possibilidades de se adequarem ao

programa. A adesão significa uma complementação salarial. Os profissionais efetivos da

SMS que estão hoje no PSF são majoritariamente concursados e no momento este grupo

não atinge o percentual de 10% do total de profissionais do PSF.

Os médicos são contratados sob mais de uma modalidade. Existem profissionais

contratados CLT, sem concurso, que recebem salário de R$1.200,00 registrados em

carteira de trabalho, complementados por uma bolsa de pesquisa da FUNAP, no valor de R$

2.144,00. Sobre o valor da bolsa, por sua natureza de apoio à atividade de pesquisa, não

incidem descontos de INSS ou imposto de renda, mas não são pagos férias nem 13o salário.

Para os médicos do quadro efetivo da SMS além do salário referente ao contrato de 20

horas semanais há um complemento pela FUNAP de R$ 400,00 e mais a bolsa de pesquisa

fornecida.

Os profissionais de enfermagem efetivos e concursados pela secretaria recebem salário e

complementação FUNAP de R$790,00, que não tem caráter de bolsa. A FUNAP ainda

contrata os enfermeiros não efetivos em regime de CLT, com o salário registrado em

carteira de trabalho. Neste caso, não há bolsa de complementação.

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GOIÂNIA – IMPLEMENTAÇÃO PSF 77

Os profissionais do PSF também recebem subsídios para alimentação que pode ser

fornecida no local de trabalho ou subsidiada pela Secretaria. Esta ainda oferece transporte

em carros oficiais para as unidades.

No momento atual, a coordenação não realiza nenhuma estratégia para atrair pessoal.

Pontualmente, alguns profissionais da rede que têm perfil para trabalhar com PSF são

remanejados. A coordenação afirma que a cidade atrai profissionais vindos do interior que

entregam currículos. A dificuldade está em que esta oferta de profissionais apresente o

perfil adequado.

Tabela 43 - Salário médio de médicos e enfermeiras, vínculo com a Prefeitura e com o PSF, Goiânia (GO), 2001

Profissional Vínculo Carga Horária Salário médio Salário Total Modalidade Médico Prefeitura 20 horas

40 horas 850,00

1.200,00850,00

1.200,00 Concursado, CLT

PSF 40 horas 1.200,00 (CLT) +2.144,00 (FUNAP)

3.348,00

Selecionado, CLT e complementação

Enfermeira Prefeitura 30 horas + 750,00 750,00 Concursado PSF 40 horas 750,00 + 790,00

(FUNAP)

1.500,00 Selecionado, CLT e complementação

Rotatividade e estratégias para fixação dos profissionais

O tempo médio de permanência do profissional no PSF é de mais de um ano. Entre os

médicos há pedidos de afastamento seja para os recém formados que vão se especializar,

cursar residência, seja para os médicos mais velhos que não se adequam ao perfil do PSF.

A inadequação desses profissionais também se apresenta nos conflitos interpessoais. Os

médicos não estão preparados para trabalhar em equipe, tendo atitude geralmente

centralizadora, não compartilhando ações dentro da unidade.

Os ACS também apresentam alguma rotatividade, por motivo de mudança de endereço. A

rotatividade é menor entre os enfermeiros e auxiliares de enfermagem.

Como estratégias para estabilizar as ESF tem-se realizado seminários de integração das

equipes do PSF, cursos de capacitação, especialização, objetivando maior adequação do

profissional ao modelo, e assegurar ao profissional a estabilidade desta estratégia.

Recentemente foi realizada contratação de pessoal com experiência anterior em PSF,

atraindo-se profissionais de fora do Estado. A CSF aponta alguns vícios dos profissionais

da rede, vinculados a modelos tradicionais de atenção que os torna menos adequados às

atribuições do PSF.

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GOIÂNIA – IMPLEMENTAÇÃO PSF 78

Para a reposição dos profissionais de nível superior afastados há um processo contínuo de

seleção e entrevistas realizado pela coordenação.

Instituição contratante As contratações dos profissionais das ESF são realizadas pela Fundação de Apoio à

Pesquisa da Universidade Federal de Goiás – FUNAP/UFG. A FUNAP não exerce outras

atividades alem de efetuar pagamentos aos profissionais. Atualmente, o Secretário busca

uma participação mais ativa da Fundação na seleção de pessoal e acompanhamento dos

contratos, realizado hoje pela própria secretaria.

Vantagens e desvantagens da contratação por terceiros As principais dificuldades apontadas na contratação de pessoal pela FUNAP referem-se: a

falta de vínculo profissional efetivo com a Secretaria ou Prefeitura, caracterizando trabalho

temporário, pois o contrato pode ser renovado ou não; disparidades salariais entre

profissionais de mesma categoria, principalmente em relação aos médicos, que exigem

mais de uma modalidade de pagamento. Os contratos não obedecem nenhuma

uniformidade quanto a salários e carga horária.

Considera-se como vantagem do contrato dos profissionais por esta instituição a maior

agilidade de contratação, demissão ou afastamento. Outra vantagem apontada é a

pontualidade no pagamento dos profissionais. A opção por convocar e contratar através da

Fundação foi, em parte, devida a falta de disponibilidade de carga horária exigida entre os

profissionais da rede. Em parte a questão econômica dos encargos sociais influenciou na

decisão uma vez que sobre a bolsa não incidem taxações.

Sobre o concurso público

O secretário considera que o concurso público seria a forma ideal de contratação, mas na

atual conjuntura ele limita a adequação dos profissionais ao perfil desejado para o PSF e

torna mais lenta a contratação. No caso de Goiânia há uma tendência na oferta de médicos

de dois tipos de profissionais: o recém-formado, sem especialização e o médico em final de

carreira, sem perfil adequado. Do ponto de vista do profissional, o gestor pensa que o

concurso reduz sua mobilidade dentro do território nacional.

A CSF também admite ser o concurso público o ideal, pois estabelece vínculo entre os

profissionais e a Secretaria e dá maior estabilidade ao emprego. A dificuldade está em se

ter profissional especializado em quantidade suficiente, além de que o perfil do PSF é algo

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GOIÂNIA – IMPLEMENTAÇÃO PSF 79

novo, uma exigência da estratégia, que ainda não está consolidada e não é percebida nas

relações com os outros níveis da assistência.

8. CAPACITAÇÃO DAS ESF

Sistema de capacitação O Pólo Regional de Capacitação, segundo o Coordenador, foi formado em 2001 e ofereceu

vinte e duas vagas em especialização para nível superior em saúde da família em convênio

com a Universidade de Goiás. Dessas vagas, Goiânia ficou com sete ou oito: três ou quatro

para enfermeiros e quatro para médicos.

No estado de Goiás há residência médica e curso de especialização em saúde da família em

universidades públicas e privadas. Em Goiânia, o Hospital das Clínicas oferece

treinamento de especialização em saúde da família, sem participação do Pólo de

Capacitação. Segundo uma das coordenadoras há sete cursos de especialização no

momento em Goiânia, reconhecidos pelo Ministério da Saúde, como o curso lançado pela

UNAEF, entidade particular, para o qual já haveriam inscritos.

Outros cursos estão em estruturação. O Pólo, responsável pelo treinamento introdutório

para todo o estado, inclui agora Goiânia que por muito tempo havia ficado à margem. Os

treinamentos são promovidos conjuntamente por SMS, SES, Conselho Regional de

Medicina (CRM) e Associação Médica, sendo a grande maioria pelo Centro de Formação –

CENFOR do Departamento de Saúde da Comunidade (DESAC), da Superintendência de

Ações Básicas da SES/GO.

A estratégia de programação dos cursos é realizada pela DESAC. O material da capacitação

é quase todo fornecido pela Secretaria Estadual de Saúde. A metodologia é elaborada de

acordo com os programas, tendo por referência a estruturação básica dos treinamentos

indicada pelo Ministério da Saúde.

O treinamento é realizado na modalidade de aulas expositivas. A coordenação não tem

conhecimento de manuais ou similares para a capacitação.

Tipo de treinamento e programação da capacitação Na implantação inicial os profissionais não receberam um programa de treinamento

introdutório.

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Como a intenção para os próximos meses de 2001 é expandir o número de equipes para

cem e completá-las para implantação, é necessário fazer um novo processo de treinamento

introdutório, de acordo com as normas definidas pelo Ministério da Saúde. Com isto

pretende-se discutir mais a prática do PSF, ou seja, o trabalho em equipe para médicos,

enfermeiros e auxiliares de enfermagem.

Em agosto de 2001, os agentes comunitários de saúde recentemente selecionados, bem

como os antigos, estavam recebendo treinamento introdutório pela Secretaria. Os ACS

estariam também sendo capacitados para o cadastramento do Cartão SUS.

Para substituir o modelo de atenção vigente pela estratégia do PSF é necessário rever a

concepção de trabalho com ênfase na integralidade das ações, a intersetorialidade e a

mudança de postura profissional. Nesse sentido foi realizado trabalho conjunto com a

Secretaria Estadual de Saúde, organizando um cronograma de treinamento para os cerca de

trezentos profissionais médicos, enfermeiros e auxiliares de enfermagem. A agenda prevê

seis turmas de cinqüenta pessoas, em torno de seis semanas.

Segundo a Coordenação da Saúde da Família já houve alguns treinamentos relativos às

ações desenvolvidas pelo programa. Há algumas contradições sobre as modalidades de

treinamento e a abrangência entre os profissionais: os treinamentos em programas não

atingem igualmente médicos e enfermeiros; há discordância sobre a participação dos

auxiliares de enfermagem.

Cursos oferecidos na atual fase de reestruturação da capacitação:

Treinamento introdutório para ACS e demais profissionais de saúde.

Curso de clinica médica.

Educação em saúde para DST/AIDS.

Treinamento em Hipertensão Arterial e Diabetes.

Atualização em sala de vacina.

Atualização em tuberculose.

Oficina de Planejamento Estratégico.

Atenção Integral as Doenças Prevalecentes na Infância.

Curso de multiplicadores para Introdutório do PSF.

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Adequação da capacitação Para o Secretário há uma grande deficiência no âmbito da capacitação. Os treinamentos

eram insuficientes e pouco consistentes, pois não abrangiam os problemas de saúde e as

articulações entre ações coletivas e individuais. Nesta gestão a capacitação e

aperfeiçoamento dos profissionais estão sendo novamente planejados.

Os treinamentos reprogramados, conforme a CSF, visam adequar a capacitação em relação

aos programas: saúde da mulher, saúde da criança, AIDPI, tratamento de queimados,

assistência integral à adolescência e à infância, hipertensão e diabetes.

O treinamento introdutório, considerado insuficiente, está sendo realizado segundo um

cronograma que visa atingir o conjunto dos profissionais e após sua conclusão serão

iniciadas novas modalidades.

Os gestores consideram a qualidade dos profissionais que atuam nas ESF entre regular e

boa, sendo que há unanimidade quanto a avaliação do enfermeiro como boa, destacando-se

como a melhor do conjunto dos profissionais.

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GOIÂNIA – IMPLEMENTAÇÃO PSF 82

9. FINANCIAMENTO DO PSF EM GOIÂNIA (GO)

A maior parte dos recursos que compõe a arrecadação municipal de Goiânia é procedente

das transferências intergovernamentais, característica que modela, em grande parte, o

formato federativo brasileiro.

Tabela 44 - Receitas Municipais por tipo de receita, Goiânia, 2000 e 2001 (valores em reais)

2000 2001 (*) Receitas valor % valor %

Diretamente Arrecadada 191.530.906,82 29,05 201.949.000,00 30,29Transferências 446.298.095,62 67,68 411.803.614,13 61,77Receitas de capital 21.562.779,88 3,27 52.900.000,00 7,94Total 659.391.782,32 100,00 666.652.614,13 100,00Fonte: Ministério da Saúde / SIOPS, 2000. (*) Refere-se ao valor orçado Dentre as transferências para o município destaca-se o peso decisivo da União, que

responde por cerca de 35% da receita total arrecadada pelo município em 2000, percentual

semelhante ao do ano subseqüente.

Tabela 45 - Receitas do Município de Goiânia, segundo fonte de arrecadação. 2000 e

2001 (valores em reais) Receitas 2000 2001* Valor % Valor %Município** 213.09..686,70 32,32 254.849.000,00 38,23União 228.339.814,91 34,63 222.145.614,13 33,32Estado 192.112.819,39 29,13 162.624.000,00 24,39Outras receitas 25.845.461,32 3,92 27.054.000,00 4,06Total 659.391.782,32 100,00 666.672.614,13 100,00Fonte: Ministério da Saúde / SIOPS, 2000. (*) Refere-se ao valor orçado (**) Incluem as receitas de capital A receita arrecadada pela Secretaria Municipal de Saúde corresponde a pouco mais de 25%

da receita total do município, o que revela que o SUS tem funcionado como importante

fonte de recursos para o município.

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GOIÂNIA – IMPLEMENTAÇÃO PSF 83

Tabela 46 - Receitas do Município de Goiânia (GO), segundo fonte de arrecadação. 2000 e 2001 (valores em reais)

Receitas 2000 2001* Valor % valor %Municipal** 493.449.997,39 74,83 496.524.614,13 74,48Arrecada pela SMS 165.941.784,93 25,17 170.148.000,00 25,52Total 659.391.782,32 100,00 666.672.614,13 100,00Fonte: Ministério da Saúde / SIOPS, 2000. (*) Refere-se ao valor orçado (**)Inclui toda a arrecadação municipal, excetuando-se a receita captada pela Secretaria Municipal de Saúde.

Se compararmos a receita SUS com as transferências de ordem constitucional, observamos

que ela ultrapassa os 60%, representando um montante superior a outras fontes de

transferência, como por exemplo o Fundo de Participação dos Municípios.

Tabela 47 - Transferências da União segundo fontes de arrecadação, Goiânia (GO), 1999 a 2001 (valores em reais)

Receitas 2000 2001* valor % valor % Constitucionais 78.826.421,56 34,52 69.170.614,13 31,14SUS 140.929.763,77 61,72 138.480.000,00 62,34Outras 8.583.629,58 3,76 14.495.000,00 6,52Total 228.339.814,91 100,00 222.145.614,13 100,00Fonte: Ministério da Saúde / SIOPS, 2000. (*) Refere-se ao valor orçado O peso do setor saúde na arrecadação municipal é inegável. As informações contidas no

SIOPS 2000, no entanto, não permitem especificar as fontes de arrecadação dentro do setor

saúde, revelando falhas no preenchimento do instrumento por parte da SMS. O único item

que permite especificação é o da arrecadação proveniente de SIA/AIH que respondeu ,em

2000, por 84.93% da arrecadação total do setor saúde no município.

Em relação aos gastos em saúde, observa-se uma diferença entre as despesas empenhadas e as realizadas,

revelando certa dificuldade de gastos à medida que os efetivamente realizados correspondem a cerca de 90%.

Tabela 48 - Gasto Total em Saúde, Goiânia (GO), 2000 - 2001 (valores em reais)

Gastos 2000 2001* SUS ** SMS Total SUS SMS Total Empenhados 127.080.744,79 24.900.910,14 151.981.654,93 141.925.000,00 27.918.000,00 169.843.000,00Realizados 113.726.836,81 22.299.689,11 136.026.525,92 - - - Diferença 89,49 89,55 89,50 - - - Fonte: Ministério da Saúde / SIOPS, 2000. (*) Refere-se ao valor orçado (**) Referem-se às transferências da União para o SUS municipal Tal como ocorreu em relação às receitas, as informações contidas no SIOPS 2000 não

permitem uma especificação mais apurada no que diz respeito aos elementos de despesa.

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GOIÂNIA – IMPLEMENTAÇÃO PSF 84

De forma geral, pode-se dizer que, para o ano de 2000, os gastos com pessoal

corresponderam a pouco mais de 16% dos gastos em saúde, sendo este custeio proveniente

do tesouro municipal. A participação da esfera federal se dá no custeio dos investimentos e

outros, o que inclui o custeio de PAB e SIA/AIH. Observa-se que o único custeio da

Secretaria Municipal de Saúde é o com gastos de pessoal.

Tabela 49 - Gastos em Saúde realizados por tipo de despesa, Goiânia (GO), 2000 (valores em reais)

Despesas com saúde - 2000 Recursos Pessoal Outros Custeios Investimentos Total

Valor % Valor % Valor % Valor %Tesouro Municipal 22.299.689,11 16,39 - - - - 22.299.689,11 16,39Federal (SUS) - - 110.476.303,90 81,22 3.250.532,91 2,39 113.726.836,81 83,60Total 22.299.689,11100,00110.476.303,90100,00 3.250.532,91 100,00 136.026.525,92 100,00Fonte: Ministério da Saúde / SIOPS, 2000. Em 2001, esta relação se mantém, sendo que os gastos da União para o custeio de

investimentos tiveram um incremento percentual, enquanto os outros custeios sofreram

uma ligeira redução.

Tabela 50 - Gastos em Saúde realizados por tipo de despesa, Goiânia (GO), 2001 (valores em reais)

Despesas com saúde – 2001* Recursos Pessoal Outros Custeios Investimentos Total

Valor % Valor % Valor % Valor %Tesouro Municipal 27.918.000,00 16,44 _ _ _ _ 27.918.000,00 16,44Federal (SUS) 130.553.000,00 76,87 11.372.000,00 6,69 141.925.000,00 83,56Total 27.918.000,00100,00130.553.000,00100,00 11.372.000,00100,00 169.843.000,00 100,00Fonte: Ministério da Saúde / SIOPS, 2000. (*) Refere-se ao valor orçado Comparando Receitas e Despesas As despesas com saúde no município representaram 20,63% de sua receita total em 2000,

proporção que aumentou ligeiramente no ano seguinte (25,48%). Embora a contrapartida

municipal no financiamento dos gastos em saúde tenha tido um incremento em 2001,

quando comparada a 2000, pode-se dizer que ela vem permanecendo baixa, situando-se em

torno de 4.52% do orçamento municipal em 2000 e 5,62% em 2001, percentual que se

encontra ainda muito aquém do previsto na Emenda Constitucional 29/2000.

Tabela 51 – Participação percentual do Tesouro Municipal e do SUS nos Gastos com Atenção à Saúde sob Gestão Municipal, Goiânia (GO), 2000 a 2001

Relação gastos / receita 2000 2001*Gastos municipais com saúde no total da receita municipal 4,52 5,62Gastos de outras fontes com saúde (repasses do SUS e convênios federais) no total geral da 17,25 21,29

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GOIÂNIA – IMPLEMENTAÇÃO PSF 85

receita Gastos totais com saúde em relação ao total geral da receita 20,63 25,48Fonte: Ministério da Saúde / SIOPS, 2000. (*) Refere-se ao valor orçado

10. PROPOSTAS DE EXPANSÃO E CONSOLIDAÇÃO DO PSF

Na opinião dos atuais gestores, no momento da implantação faltou clareza do que seria o

PSF. Todavia, hoje se trabalha com a idéia de que o PSF é uma estratégia de integração na

rede municipal, com remapeamento das áreas cadastramento no padrão Cartão SUS.

Há uma proposta de expansão para cem equipes ainda em 2001 em áreas já cobertas

atualmente pelo PSF. Estas áreas apresentam muitos problemas devido ao processo não

planejado de implantação das primeiras quarenta e cinco ESF, que trabalhavam como

volantes.

Unidades estão sendo construídas e profissionais estão sendo contratados para implantar o

novo modelo. Essa expansão é só do número de ESF nas áreas já cobertas, pois havia uma

sobrecarga das equipes atuantes quanto à população adscrita.

Em 2002, programa-se a expansão para áreas ainda não cobertas, pretendendo-se

completar 200 ESF. Entre os gestores entrevistados, não houve concordância quanto à

meta para a atual gestão. Segundo o secretário municipal, a meta seria alcançar cobertura

de cerca de cinqüenta por cento da população, até o final do governo, em 2004; já para

coordenadores do PSF a pretensão seria implantar um total de 300 ESF, o que significaria

uma cobertura de quase 100% da população.

Os projetos de expansão estão inseridos no orçamento participativo do município de

Goiânia. A CSF está participando da elaboração de modelo para construção de novos

centros com uma arquitetura voltada para o PSF.

Os principais problemas do PSF segundo os atuais gestores são o perfil das ESF e o

modelo de implantação, que não estimulou a integração com a rede. Nesse sentido, estão

sendo promovidas novas estratégias de envolvimento da população, de esclarecimentos

para a imprensa e para os profissionais sobre as atribuições do PSF.

A primeira medida é integrar a rede básica, tendo o PSF como estratégia principal de

reestruturação da atenção básica no município. Esse planejamento segundo a CSF deve ser

conjunto, envolver toda a Secretaria, a rede e os distritos sanitários, ainda em formação, os

quais se incumbiriam da expansão em cada área. Os distritos ainda estão carentes de uma

equipe mínima: diretor geral, diretor administrativo, diretor técnico e pessoal de apoio. É

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GOIÂNIA – IMPLEMENTAÇÃO PSF 86

necessário maior suporte técnico em planejamento, gerência e supervisão para os

coordenadores dos distritos. Para isso já tiveram um assessoria externa, que segundo a CSF

ajudou nessa reestruturação, mas a carência seria ainda grande.

11. AVALIAÇÃO DO PSF QUANTO ÀS CONDIÇÕES NECESSÁRIAS PARA IMPLANTAÇÃO, DIFICULDADES ATUAIS, VANTAGENS E INOVAÇÕES

Além da concepção inicial que obstaculiza a integração do PSF à rede, duas outras

dificuldades principais são apontadas pelos gestores: a necessidade de construção de novas

UBS para ampliar a cobertura e a baixa adesão dos profissionais de saúde ao PSF.

A rede de unidades básicas de saúde atual não permite uma expansão brusca do PSF.

Mesmo que todas as unidades sejam convertidas, a rede física não comportaria as equipes

necessárias para a expansão de cobertura pretendida. É necessário construir novas

unidades.

Outro grande problema é a falta de pessoal com perfil adequado ao novo modelo de

atenção e a pouca adesão dos profissionais das equipes, o que exige planejar e realizar a

capacitação das mesmas. Há insuficiência de profissionais, basicamente de profissionais

médicos.

Para implantar o PSF os recursos humanos têm de mudar a concepção do modelo

assistencial: passar de uma idéia de pronto-atendimento para uma concepção de atenção

integral. Para isso é necessário investir em capacitação uma vez que a formação

universitária em geral não corresponde a esta outra concepção.

Outros problemas são a falta de condições de financiamento e de capacidade de

contratação de pessoal, por conta de amarras legais, como a Lei de Responsabilidade

Fiscal.

Na opinião dos gestores seria necessária a revisão dos incentivos financeiros do MS. Estes

cobrem apenas parte dos custos das equipes com pagamento de pessoal, mas o custo de

uma equipe é muito mais alto em função dos encargos sociais. Os gestores consideram que

esse incentivo deveria ser maior e que a escala de incentivos não está adequada para

grandes cidades com grande concentração de população. Na capital, o número de ESF e

consequentemente de profissionais para cobrir uma mesma porcentagem de população, é

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GOIÂNIA – IMPLEMENTAÇÃO PSF 87

muito maior do que em pequenas cidades, fazendo com que seja mais difícil para gestores

de grandes centros urbanos receberem os incentivos de valores mais elevados.

Avaliação dos gestores O aspecto mais positivo do PSF, na opinião dos gestores municipais, é a possibilidade de

vinculação da população às equipes, da responsabilização pela saúde das famílias. Nas

áreas em que esses vínculos foram estabelecidos pode-se observar experiências muito

positivas de relacionamento afetivo com a população e de envolvimento com a

comunidade. Este estreitamento de vínculos permitiu melhor acompanhamento de casos

clínicos, de gestações, do desenvolvimento e crescimento das crianças e da cobertura

vacinal.

O programa possibilita inclusão social por meio da ampliação da participação da

comunidade que opina e se reúne nos Conselhos. Segundo os gestores entrevistados, a

comunidade quer a permanência do PSF, mesmo em locais onde os profissionais estiveram

mais isolados. A comunidade vem participando na formação desse projeto de atenção

básica.

Por conta dos problemas relatados na implantação do PSF, as opiniões dos gestores

entrevistados em Goiânia são bastante variadas quanto aos impactos do programa,

conforme observa-se no quadro abaixo.

Quadro 12 – Opinião dos Gestores SUS quanto ao impacto do PSF, Goiânia (GO), agosto 2001

Impacto sobre Sem Baixo Médio Alto Não SabeAmpliação do acesso da população à atenção à saúde 1 1 1 1 1 Melhoria da Qualidade da atenção prestada 3 1 1 Redução da pressão da demanda sobre os serviços de urgência/emergência 1 3 1

Mudança no perfil epidem. decorrência da redução de doenças evitáveis 1 1 1 1 1

Redução da mortalidade infantil 1 2 1 Aumento da cobertura vacinal 2 2 1 Redução da mortalidade materna 2 1 2 Aumento no número de consultas médicas por habitante 1 1 1 2 Aumento no número de consultas de enfermagem 3 1 1 Aumento no número de atendimentos por pessoal de nível médio 1 1 2 1

Aumento da cobertura de pré-natal 1 2 1 1 Aumento no número de paciente referenciados e efetivamente atendidos 1 3 1

Maior satisfação dos usuários com o sistema público de saúde 2 2 1 Maior resolutividade do sistema público de saúde 3 2

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GOIÂNIA – IMPLEMENTAÇÃO PSF 88

Segundo a avaliação dos gestores, a implantação do PSF em Goiânia teve baixo impacto na

qualidade da atenção prestada, na redução da demanda por serviços de

urgência/emergência e no aumento do número de pacientes referenciados e efetivamente

atendidos. O PSF pouco teria modificado o perfil epidemiológico em decorrência da

redução de doenças evitáveis. Na percepção dos gestores, o impacto sobre a redução da

mortalidade materna teria sido baixo, apesar de relatarem aumento da cobertura pré-natal.

Como pontos positivos são apontados a redução da mortalidade infantil e aumento da

cobertura vacinal. Não há concordância entre os gestores quanto ao aumento de consultas

médicas por habitante, embora considerem que o número de consultas de enfermagem e de

pessoal de nível médio tem ampliado.

Embora na opinião dos gestores entrevistados ainda não seja possível avaliar o impacto do

PSF nas condições de saúde da população e na garantia de acesso ao cuidado integral,

concordam com a afirmação quanto ao potencial do PSF como estratégia capaz de

transformar o modelo assistencial para melhor atender às necessidades de saúde da

população. Concordam também que o programa é uma atividade de promoção de saúde

que precisa ser completada por outros programas e atividades.

Avaliação dos profissionais das ESF Aos 555 profissionais das ESF de Goiânia foi solicitado que comentassem livremente um

fato positivo e um fato negativo de sua experiência no PSF. Os aspectos apresentados

ultrapassaram a expectativa da investigação e demandaram a agregação temática de

maneira a preservar a coerência e guardar correspondência com os tópicos propostos no

plano de análise. Deste conjunto de profissionais, 83 (14,95%) não responderam.

Todos os profissionais das ESF de Goiânia apontam, com mais freqüência, como

experiências positivas no PSF o trabalho junto à comunidade (que engloba trabalhar com

população cadastrada, ajudar, informar, educar, e apoiar mudanças das condições de saúde

e de vida por meio de promoção de eventos coletivos) e o vínculo do profissional com a

comunidade em conjunto com a reciprocidade da participação da população (que envolve

trabalhar com população cadastrada, conhecer os problemas locais, aprender com a

população, manutenção de vínculos, e também o reconhecimento de parte da população do

trabalho realizado, receptividade e aceitação das orientações das ESF.

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GOIÂNIA – IMPLEMENTAÇÃO PSF 89

A ampliação do acesso aos serviços e resolutividade da população atendida é outra

classificação de experiências positivas no PSF assinalado em terceiro ou quarto lugar por

profissionais da ESF.

Entre os profissionais de nível médio e elementar é considerado como experiência positiva

a possibilidade de trabalhar com grupos de terceira idade, gestantes, hipertensos,

diabéticos, crescimento e desenvolvimento de crianças e aleitamento materno assim como

a possibilidade de formar grupos para acompanhamento de pacientes.

Para os profissionais de nível superior, em quarto lugar, constitui experiência positiva a

oportunidade de trabalhar em equipe (que agrupa bom entrosamento da equipe,

aprendizado entre colegas a partir dos processos de trabalho e leituras em conjunto,

valorização pessoal e crescimento profissional), considerado como a sexta experiência

mais positiva pelos profissionais de nível médio.

A observação do impacto do PSF sobre alguns problemas de saúde, entre os quais são

citados: redução de desnutrição, da mortalidade infantil e materna, da desidratação, da

diarréia, dos abortos e da gestação precoce, ocupam, na classificação de experiências

positivas de todos os profissionais de nível médio, a quinta posição.

Quadro 13 – Classificação das experiências positivas no PSF segundo profissionais das ESF, Goiânia (GO), 2001

Experiências positivas Posição na percepção dos profissionais de

nível superior

Posição na percepção dos profissionais de

nível médio Trabalhar junto à comunidade 1º 1º Vínculo do profissional com a comunidade, reciprocidade da participação da população

2º 2º

Trabalho em equipe 4º 6º Ampliação do acesso e resolutividade 3º 4º Impacto sobre alguns problemas de saúde 5º 5º Controlar os grupos de risco mais comuns, formar grupos para acompanhar pacientes

- 3º

Entre as experiências negativas há menor correspondência entre as percepções dos

profissionais de diferentes níveis de formação. Os profissionais de nível superior

identificam, principalmente, a falta ou inadequação de recursos materiais, equipamentos e

recursos humanos na equipe. Para os profissionais de nível médio a experiência negativa

mais citada foi a precariedade das relações de trabalho, que inclui valor do salário,

instabilidade do emprego e desvio de função, categoria que ocupa a quinta posição na

classificação dos profissionais de nível superior sobre experiências negativas no PSF.

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GOIÂNIA – IMPLEMENTAÇÃO PSF 90

Falta de insumos (medicamentos, material de curativo, papel) e falta de condições físicas

(espaço inadequado para atividades e funcionamento partilhado de salas e consultórios

foram apontados pelos profissionais de nível médio e elementar, em segundo e terceiro

lugares na classificação de experiências negativas, e também entre profissionais de nível

superior embora a ordem de classificação seja inversa.

Os profissionais de nível superior referem em quarto lugar a falta de treinamento da

equipe, e em sexto e sétimo lugar problemas referentes à oferta e demanda de serviços,

respectivamente, a resolutividade dos pacientes atendidos e excesso de demanda.

Os profissionais de nível médio consideram como experiência negativa a pequena

valorização do trabalho pela comunidade e demais serviços de saúde e às condições de

trabalho insalubres, que se referem especialmente ao fato do trabalho se realizar com

exposição ao sol, chuva, poluição ambiental e à ausência de uniforme, que os proteja do

contato com doentes.

Quadro 14 – Classificação das experiências negativas no PSF segundo profissionais das ESF, Goiânia (GO), 2001

Experiência negativa Posição na percepção dos

profissionais de nível superior

Posição na percepção dos

profissionais de nível médio

Falta de recursos materiais, humanos e equipamentos 1º - Falta de condições físicas 2º 3º Falta de insumos 3º 2º Falta de treinamento da equipe 4º - Precariedade das relações de trabalho 5º 1º Falta de resolutividade 6º - Excesso de demanda 7º - Não valorização do trabalho pela comunidade e demais serviços de saúde

- 4º

Insalubridade - 5º

Avaliação dos agentes comunitários de saúde e auxiliares de enfermagem

As percepções dos agentes comunitários de saúde e auxiliares de enfermagem das ESF

entrevistados sobre o PSF são concordantes e bastante positivas.

Para 67,3% dos agentes comunitários de saúde o PSF vem substituindo a rede básica no

atendimento da população, embora 82,8% concordem também que o PSF concentra-se em

áreas pobres ou periféricas. A primeira assertiva é confirmada pelo alto grau de

concordância, 71,8% e 76,3% respectivamente, com as afirmativas de que a partir da

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GOIÂNIA – IMPLEMENTAÇÃO PSF 91

implantação do PSF a população atendida procura menos os serviços hospitalares e

especializados e procura primeiro a USF.

Quanto ao atendimento prestado, apenas 27,4% dos ACS identificam algum tipo de

resistência por parte da população em relação às ações das ESF. A maioria dos agentes

concorda que o PSF atende por agendamento prévio e atua nos programas de saúde

coletiva, 78,4% e 87,4% respectivamente, embora 60% concordem também que o PSF

cumpre na prática funções de pronto-atendimento5.

Para 71,5% dos ACS o PSF ampliou o acesso de novas populações aos serviços de saúde

em Goiânia e 66% acreditam que o programa atraiu populações vizinhas, o que

sobrecarrega o atendimento prestado pelas equipes.

Quanto ao acesso aos outros níveis de atenção, a maioria dos agentes concorda que o PSF

garante tanto o atendimento em outros serviços especializados quanto internações

hospitalares quando necessários. Apenas 28,6% consideram o tempo médio entre o

agendamento e o atendimento elevado. Um dos principais problemas identificados é

quanto à assistência farmacêutica, 60% dos agentes consideram que o programa não

fornece medicamentos da Farmácia Básica suficientemente.

Para 70,2% dos ACS, o PSF tem favorecido ações intersetoriais no município com o

objetivo de enfrentar os problemas identificados em sua área de atuação.

5 Essa avaliação por parte dos ACS e dos auxiliares de enfermagem pode significar que o PSF cumpre as duas funções. Poderia contudo ser considerada contraditória e sinalizar problema de compreensão da afirmativa. As funções de pronto-atendimento são conhecidas como “demanda espontânea”.

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GOIÂNIA – IMPLEMENTAÇÃO PSF 92

Quadro 15 - Percepção dos agentes comunitários de saúde sobre o PSF em percentuais, Goiânia (GO), 2001

Percepção sobre PSF Concorda Concorda Pouco/Não Concorda

Não Sabe/Não Respondeu

O PSF vem substituindo a rede básica no atendimento da população

67,3 28,1 4,5

O PSF concentra-se em áreas pobres ou periféricas no município 82,8 10,5 1,6Com o PSF, a população atendida procura menos os serviços hospitalares especializados

71,8 26,1 2,0

Com o PSF, a população procura primeiro a USF 76,3 18,4 5,3A população procura primeiro a rede convencional ou hospitalar 21,6 72,3 6,1A população alvo resiste às ações das ESF 27,4 62,5 10,2O PSF atende por agendamento prévio 78,4 16,4 5,3O PSF cumpre na prática as funções de pronto atendimento 60,0 35,5 4,5O PSF atua nos programas de saúde coletiva 87,4 8,5 4,1O PSF ampliou o acesso de novas parcelas da população aos serviços de saúde no município

71,5 21,6 6,9

O PSF atrai as populações vizinhas que sobrecarregam o atendimento

66,1 30,2 3,7

O PSF tem favorecido a ação intersetorial no município para o enfrentamento de problemas identificados em sua área de atuação

70,2 20,0 9,8

O PSF não tem nenhuma importância na atenção a saúde do município

2,4 93,1 4,5

O PSF não garante o atendimento em outros serviços quando necessários

21,6 72,3 6,1

O PSF não garante a internação, quando necessária 23,3 71,8 4,9O PSF não fornece medicamentos da Farmácia Básica suficientemente

60,0 34,3 5,7

O tempo médio entre o agendamento e o atendimento é elevado 28,6 65,3 6,1 A avaliação dos auxiliares de enfermagem aproxima-se na maioria dos pontos à apreciação

dos ACS. Para 73,7% dos auxiliares de enfermagem o PSF vem substituindo a rede básica

no atendimento da população, embora 75,5% concordem também que o PSF concentre-se

em áreas pobres ou periféricas. A primeira assertiva é confirmada pelo alto grau de

concordância, 73,7% e 70,1% respectivamente, com as afirmativas de que a partir da

implantação do PSF a população atendida procura menos os serviços hospitalares

especializados e procura primeiro a USF.

Quanto ao atendimento prestado, apenas 26,4% dos auxiliares de enfermagem identificam

algum tipo de resistência por parte da população em relação às ações das ESF. A grande

maioria dos auxiliares concorda que o PSF atende por agendamento prévio e atua nos

programas de saúde coletiva, 80,7% e 93% respectivamente, embora 66,7% concorde

também que o PSF cumpre na prática as funções de pronto-atendimento.

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GOIÂNIA – IMPLEMENTAÇÃO PSF 93

Para 71,5% destes profissionais o PSF ampliou o acesso de novas populações aos serviços

de saúde em Goiânia e 75,4% acreditam que o programa atraiu populações vizinhas, o que

sobrecarrega o atendimento prestado pelas equipes.

Quanto ao acesso aos outros níveis de atenção, a maioria dos auxiliares concorda que o

PSF garante tanto o atendimento em outros serviços especializados quanto internações

hospitalares quando necessários. Apenas 15,8% consideram o tempo médio entre o

agendamento e o atendimento elevado. Um dos principais problemas identificados é

quanto à assistência farmacêutica, 57,9% dos auxiliares consideram que o programa não

fornece medicamentos da Farmácia Básica suficientemente.

Para 82,5% dos auxiliares, o PSF tem favorecido ações intersetoriais no município com o

objetivo de enfrentar os problemas identificados em sua área de atuação.

Quadro 16 - Percepção dos auxiliares de enfermagem sobre o PSF em percentuais, Goiânia (GO), 2001

Percepção sobre PSF Concorda Concorda Pouco/Não Concorda

Não Sabe/Não Respondeu

O PSF vem substituindo a rede básica no atendimento da população

73,7 19,3 7,0

O PSF concentra-se em áreas pobres ou periféricas no município 75,5 21,0 3,5 Com o PSF, a população atendida procura menos os serviços hospitalares especializados

73,7 22,8 3,5

Com o PSF, a população procura primeiro a USF 70,1 17,6 12,3 A população procura primeiro a rede convencional ou hospitalar 14,0 77,1 8,8 A população alvo resiste às ações das ESF 26,4 59,6 14,0 O PSF atende por agendamento prévio 80,7 8,8 10,5 O PSF cumpre na prática as funções de pronto atendimento 66,7 28,0 5,3 O PSF atua nos programas de saúde coletiva 93,0 1,8 5,3 O PSF ampliou o acesso de novas parcelas da população aos serviços de saúde no município

73,7 19,3 7,0

O PSF atrai as populações vizinhas que sobrecarregam o atendimento

75,4 19,3 5,3

O PSF tem favorecido a ação intersetorial no município para o enfrentamento de problemas identificados em sua área de atuação

82,5 8,8 8,8

O PSF não tem nenhuma importância na atenção a saúde do município

1,8 94,7 3,5

O PSF não garante o atendimento em outros serviços quando necessários

19,3 75,4 5,3

O PSF não garante a internação, quando necessária 19,3 75,4 5,3 O PSF não fornece medicamentos da Farmácia Básica suficientemente

57,9 36,9 5,3

O tempo médio entre o agendamento e o atendimento é elevado 15,8 78,9 5,3

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GOIÂNIA – IMPLEMENTAÇÃO PSF 94

Avaliação das famílias sobre o PSF

Os entrevistados consideraram, na maioria das vezes (61) que depois que da implantação

do PSF as condições de saúde do bairro melhoraram e 23 que permaneceram como

estavam. Doze pessoas não souberam responder. Um percentual de informantes um pouco

menor (55) considerou que depois do PSF as condições de saúde de sua família

melhoraram e 43 que continuaram como estavam. Mais da metade (61) dos entrevistados

de Goiânia consideraram que depois da criação do PSF as pessoas de sua residência

procuram hospitais e especialistas tanto quanto antes da implementação do PSF e 35

afirmaram que procuram menos. Dois declararam que a procura é maior e dois não

souberam responder. No que se refere a procura de serviços de urgência e emergência a

maioria (69) afirmou que a procura é igual a antes da implementação do PSF, 25

consideram que os residentes procuram menos, 2 que procuram mais e 4 não souberam

responder.

Perguntados sobre a qualidade de vida da família após a implantação do PSF catorze

entrevistados responderam que melhorou muito, 49 que melhorou pouco e 35 que não

melhorou.

Quanto ao atendimento em caso de doença, depois da criação do PSF, 41 entrevistados

responderam que melhorou pouco, 17 que melhorou muito, 34 que não melhorou, apenas

dois que o atendimento piorou e cinco não souberam responder.

Foi solicitado também que os entrevistados comparassem o atendimento recebido nas USF

com o que existia anteriormente em Postos ou Centros de Saúde. Sessenta e sete pessoas

afirmaram que antes do PSF existiam unidades de saúde na localidade mas apenas metade

destes (33) declarou que era atendido com freqüência nessas unidades de saúde. Do grupo

que pode realizar a comparação 17 pessoas (51,5% dos residentes que eram atendidos com

freqüência em unidades de saúde tradicionais) consideraram que o atendimento na USF é

melhor, 8 pessoas afirmaram que era igual e cinco que na USF é pior que o recebido

anteriormente em Centros e Postos de Saúde existentes.

Quando este grupo foi solicitado a analisar segundo tipo de atividade realizada os

resultados foram: quanto a participação das atividades nos bairros 15 pessoas (45,5%)

consideraram que a atuação da USF é melhor que a dos Centros ou Postos de Saúde

existentes anteriormente, 6 que era igual e apenas uma que a atuação da USF neste aspecto

é pior que as unidades tradicionais de saúde. No entanto, 11 pessoas (33,3%) deste grupo

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GOIÂNIA – IMPLEMENTAÇÃO PSF 95

de entrevistados afirmou não saber avaliar. Quanto ao conhecimento dos problemas da

comunidade 15 pessoas consideraram que a atuação da USF é melhor, cinco afirmaram que

é igual e um entrevistado que a atuação da USF é pior que os Centros e Postos de Saúde

existentes. Doze pessoas declararam não saber avaliar.

Em relação ao conhecimento técnico para interferir nos problemas um grupo ainda maior

de pessoas (14 entrevistados ou 42,5%) não souberam avaliar. Dez pessoas afirmaram que

a USF é melhor neste aspecto que as unidades existentes anteriormente, seis afirmaram que

é igual e três que na USF é pior. Quanto a responsabilidade em relação aos moradores do

bairro 13 entrevistados afirmaram que a USF é melhor, 8 pessoas afirmaram que é igual, e

ninguém declarou que na USF é pior do que nas unidades tradicionais. Porém, doze

pessoas afirmaram que não sabiam avaliar.

Na comparação em relação à facilidade em obter consulta marcada mais da metade (24)

considerou que na USF é melhor, quatro consideraram que é igual e um entrevistado

declarou que era pior que nos Centros ou Postos de Saúde. Quatro pessoas (12%)

afirmaram não saber avaliar. Mas, quanto à facilidade de obter consulta sem agendar 15

entrevistados afirmaram que na USF é melhor, sete que é igual e cinco que é pior, elevando

os que não souberam avaliar para seis.

Mais da metade (21) afirmou que a USF tem melhores condições de oferecer bom

atendimento que as unidades tradicionais de saúde, cinco declararam que as condições são

iguais, três afirmaram que a USF tem piores condições de atendimentos e quatro não

souberam responder. Na obtenção de medicamentos apenas quatro afirmaram que na USF

é mais fácil de obter os remédios e a maioria (15) considerou que a facilidade era igual na

USF e nas unidades de saúde tradicionais. Seis entrevistados afirmaram que na USF era

pior neste aspecto e oito pessoas não souberam responder. Uma última pergunta referia-se

a facilidade de obtenção de outros serviços e benefícios como cesta de alimentos, programa

do leite, etc. mas 32 dos entrevistados declararam que não sabiam responder.

Mais da metade não souberam responder avaliar serviços e atividades de vacinação,

laboratório, acesso ao atendimento odontológico e o próprio atendimento odontológico

(estas últimas atividades não estão incluídas no PSF em Goiânia). Mais de 80% não

souberam avaliar atividades como pré-natal, inalação, programa de leite e curativos.

Aconteceram problemas de interpretação do “não se aplica” e muitas respostas foram

acrescentadas ao “não sabe” responder.

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GOIÂNIA – IMPLEMENTAÇÃO PSF 96

A avaliação de entrevistados das famílias usuárias do PSF em Goiânia considerou como

muito bom ou bom o atendimento médico (75) mas o acesso ao atendimento médico é

considerado bom ou muito bom por 43 entrevistados. Atendimento de enfermagem (40) e

encaminhamentos a outros serviços (43) foram positivamente avaliados. Ruim ou péssimo

foram considerados o acesso ao atendimento médico (23) e encaminhamento para outros

serviços (9).

Quadro 17 - Avaliação das famílias quanto a qualidade de atividades e serviços prestados na USF (em números absolutos), Goiânia (GO), 2001

Serviços ou atividades muito bom ou bom

regular ruim ou péssimo

não se aplica não sabe

Recepção 37 27 14 - 22 Triagem 37 21 8 - 33 Acesso ao atendimento médico

43 19 23 - 15

Atendimento médico 75 6 3 - 16 Acesso ao atendimento odontológico

6 1 3 32 58

Atendimento odontológico

7 1 1 32 59

Atendimento de enfermagem

49 9 3 - 39

Acompanhamento de CD crianças

19 1 - 1 79

Curativos 12 2 1 - 85 Encaminhamento para outros serviços

43 5 9 1 42

Inalação 4 1 - 2 93 Laboratório 30 3 2 12 53 Teste do pezinho 6 - - 16 78 Planejamento familiar 10 4 - 1 85 Pré-natal 13 - - 5 82 Exame preventivo 29 3 3 5 60 Programa de leite 4 - 1 3 92 Vacinação 32 - - 13 55 Perguntados se, de modo geral, estavam satisfeitos ou não com o PSF as respostas foram:

66% estavam satisfeitos, 10% estavam mais ou menos satisfeitos e 18% não estavam

satisfeitos. Apenas seis não souberam responder. Mas, 64 entrevistados afirmaram que o

PSF deve realizar mudanças enquanto 34 pessoas afirmaram que deve permanecer

funcionando como está. No entanto, a maioria (54) considerou que a USF não deve ofertar

novas atividades e 40 pessoas afirmaram que deve oferecer novas atividades.

Os entrevistados foram solicitados a expressar-se livremente sobre aspectos positivos (“o

que o(a) senhor(a) mais gosta do PSF?”) e sobre aspectos negativos. Cerca de 30% dos

entrevistados manifestaram que não há nada de que não goste e as opiniões desfavoráveis

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GOIÂNIA – IMPLEMENTAÇÃO PSF 97

concentraram-se nos aspectos relativos aos ACS (17), profissionais de nível superior (13

entrevistados) e acesso ao atendimento, marcação de consultas e encaminhamentos (12

entrevistados), a medicamentos e exames laboratoriais (4 entrevistados) e aos serviços de

saúde e de emergência (2 entrevistados). Seis entrevistados manifestaram opiniões

desfavoráveis relacionadas à falta de humanização no atendimento. Dezessete pessoas não

responderam.

Tabela 46 - Opiniões dos informantes desfavoráveis ao PSF, Goiânia (GO), 2001 Opiniões desfavoráveis ao PSF NNão tem nada que não gosta 29Relacionado com ACS 17Acesso ao atendimento, marcação de consultas e encaminhamentos 12Falta de humanização no atendimento 6Relacionado com profissionais de nível superior 13Condições físicas e de localização da unidade de saúde 4Acesso a medicamentos e exames laboratoriais 4Acesso aos serviços de saúde e de emergência 2Não respondeu 17

Dentre as opiniões favoráveis ao PSF observa-se que a maioria (cerca de 25% das

respostas) esteve relacionada aos ACS, aos profissionais de nível superior e ao acesso ao

atendimento, marcação de consulta e encaminhamento, exatamente os três temas

predominantes das opiniões desfavoráveis. A seguir, foram assinalados a humanização no

atendimento (2 entrevistados), programas e atividades realizadas que agrupa opiniões

referentes ao tratamento, acompanhamento e cuidado com doentes, gestantes, idosos,

adolescentes, etc. também mencionados por 2 pessoas. Catorze entrevistados não

responderam e quatro mencionaram que “não gostam de nada” e “não tem nada de que

goste mais”.

Tabela 47 - Opiniões dos informantes favoráveis ao PSF, Goiânia (GO), 2001 Opiniões favoráveis ao PSF NNão tem nada que gosta mais 2Não gosta de nada 2Visita domiciliar 16Orientação e prevenção 5Relacionado com ACS 26Acesso ao atendimento, marcação de consultas e encaminhamento 21Humanização no atendimento 22Relacionado com profissionais de nível superior 2Acesso a medicamentos e exames laboratoriais 1Programas e atividades realizadas 2Não respondeu 14

Consultados sobre mudanças que deveriam ser realizadas no PSF as 64 propostas foram

agrupadas e a maioria (32 pessoas) referem-se aos profissionais das ESF que envolvem:

aumento do número de profissionais, inclusão de especialistas na ESF (ginecologista,

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GOIÂNIA – IMPLEMENTAÇÃO PSF 98

pediatra), mudanças nas atividades realizadas pelos ACS (“ação mais eficaz como aferir

pressão, fazer curativos e outros procedimentos simples”), humanizar o atendimento e

resolutividade (“deveriam resolver realmente o problema, curar as doenças das pessoas”).

A seguir, as propostas concentram-se nas visitas domiciliares (29,7%), acesso ao

atendimento, marcação de consultas e encaminhamentos (5 propostas) e condições físicas e

de localização da USF (5 propostas). Acesso aos medicamentos e exames laboratoriais (4

propostas) e aos serviços de emergência (1 proposta). Um entrevistado sugeriu: “devia

acabar com o PSF e melhorar os serviços do CAIS”.

Em relação às novas atividades que a USF deveria oferecer foram apresentadas 40

sugestões, cerca da metade delas referentes aos profissionais de nível superior como

inclusão de médicos especialistas, outros profissionais (nutricionista e psicólogo) e

ampliação da abrangência de atuação de profissionais existentes (atendimento

odontológico de adultos). Cerca de 15% das sugestões referiram o acesso a realização de

exames laboratoriais e o acesso a medicamentos. Atividades de prevenção, promoção de

saúde e educação em saúde foram sugeridas em 20% das propostas de novas atividades e

envolvem “palestras sobre doenças sexualmente transmissíveis, como evitar doenças,

ginástica para idosos, grupos de ajuda, vacinação e treinamento e capacitação em relação a

prevenção de doenças”.

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GOIÂNIA – EQUIPES DE SAÚDE DA FAMÍLIA 100

IV - EQUIPES DO PROGRAMA SAÚDE DA FAMÍLIA: ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO E PRÁTICAS ASSISTENCIAIS

O campo da Saúde da Família destaca os recursos humanos como fator fundamental para a

implementação do programa nos municípios. Vários estudos já observaram a ausência de

profissionais capacitados para atuar neste tipo de projeto. É necessário habilitação para o

trabalho multiprofissional e interdisciplinar, organizado a partir de uma equipe, onde não há

supostamente uma hierarquia. Em face disto há dificuldades em contratar profissionais

apesar de salários mais atraentes, e a rotatividade entre os mesmos prejudica a organização

do trabalho e o processo de transformação das práticas assistenciais.

Outro problema que deve ser enfrentado para efetiva substituição de práticas assistenciais

proposta pela estratégia da Saúde da Família é a insegurança no trabalho gerada pela

prevalência de formas de contratação precárias, praticadas em face da reforma do Estado e

expressas na Lei de Responsabilidade Fiscal dos Municípios que não permite ultrapassar

65% os gastos com pessoal.

Esse é um dilema importante desta inovação nas práticas de saúde: é um processo intensivo

em força de trabalho implementado em uma conjuntura que impõe limites severos para a

contratação. É uma proposta sustentada no estabelecimento de vínculos com a comunidade

sem garantir os vínculos trabalhistas para as ESF.

Segundo as diretrizes da Estratégia da Saúde da Família (MS/SAS, 1998), há algumas

competências de caráter geral e organizacional que os profissionais de saúde da família

devem desenvolver, além do reconhecimento da relevância do trabalho em equipe a ser

desenvolvido em uma unidade básica de saúde:

• Promoção da saúde, ou seja, capacidade de identificar os fatores determinantes da

qualidade de vida, bem como compreender o sentido da responsabilização

compartilhada como base para o desenvolvimento das ações que contribuem para o

alcance de uma vida saudável.

• Planejamento das ações, capacidade para diagnosticar a realidade local para

elaborar e avaliar planos de trabalho capazes de produzir impacto sobre a realidade

sanitária na população, familiar e individual de uma área de abrangência.

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GOIÂNIA – EQUIPES DE SAÚDE DA FAMÍLIA 101

Ao investigar a experiência de implementação do Programa de Saúde da Família em

Goiânia (GO) levantou-se junto a todos os integrantes das 75 ESF já implantadas no

município até 31 de julho de 2001. As informações, opiniões e percepções desses buscam

identificar o perfil dos profissionais que compõem suas equipes, a forma de inserção no

PSF, os fatores importantes a análise da operacionalização da conversão do modelo de

atenção à saúde nas Unidades Básicas e do estabelecimento de vínculos entre a ESF e a

comunidade.

A análise está estruturada ao redor dos eixos: organização do trabalho proposta para as

Equipe de Saúde da Família no município, a absorção e valorização pelos profissionais e

pela população-alvo do modelo de atenção; facilidades e dificuldades encontradas pelos

profissionais para o desempenho de suas atribuições e efetivo desenvolvimento das

diretrizes da Saúde da Família.

A percepção da ESF sobre a articulação do PSF com a rede de serviços de saúde, já

analisada anteriormente no capítulo sobre implementação, retorna aqui ilustrada com

percepções dos profissionais de nível superior, médio e elementar.

Tabela 48 – Total de profissionais pesquisados das ESF em Goiânia (GO), 2001 Profissional Responderam Não Responderam Total Médico 45 18 63 Enfermeiro 49 6 55 Agente Comunitário de Saúde 245 35 280 Auxiliar de Enfermagem 57 6 63 Total 396 65 461

1.PERFIL DOS PROFISSIONAIS DAS EQUIPES DE SAÚDE DAS FAMÍLIAS

Perfil dos profissionais de nível superior O perfil nacional dos profissionais do PSF (MS, 2000) mostra que os médicos se dividem

entre homens e mulheres; enquanto que entre enfermeiros, a grande maioria é de mulheres.

Os profissionais que, mesmo inseridos no mercado, optaram por trabalhar em USF são

formados em faculdades públicas e têm entre 30 e 49 anos. É baixo o índice de pós-

graduação entre os mesmos, apesar dos médicos considerarem necessário o aprimoramento

profissional.

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GOIÂNIA – EQUIPES DE SAÚDE DA FAMÍLIA 102

A composição das 75 ESF de Goiânia envolve, em tese, 75 médicos, 75 enfermeiras, já que

em Goiânia a equipe não tem odóntologos. Essa composição não foi verificada no conjunto

existente de profissionais de nível superior nem tampouco entre os que responderam os

questionários.

Como se observa a maioria dos profissionais é do sexo feminino (72,3%), predominância

que é absoluta entre os enfermeiros, 47 ou 95,92%. Entre os médicos é maior a presença do

sexo masculino: 24 ou 53,33% da categoria.

Tabela 49 - Caracterização dos profissionais de nível superior quanto a função por sexo, Goiânia (GO), 2001

Categoria Profissional

Masculino Feminino Total

N % N % N Médico 24 53,33 21 46,7 45 Enfermeiro 2 4,1 47 95,9 49 Total 26 27,6 68 72,3 94 As ESF de Goiânia são formadas por profissionais jovens. A maior concentração está na

faixa etária compreendida entre 25 e 29 anos de idade, com 33 profissionais (35,1%), mas

se analisarmos o conjunto de dados temos um percentual cumulativo de 58,5% até os 39

anos. Destacam-se também 18 profissionais com mais de 50 anos (23,5% do total de

profissionais), indicando atração de segmentos no final de carreira.

Tabela 50 - Caracterização dos profissionais de nível superior quanto à faixa etária,

Goiânia (GO), 2001 Faixa Etária N % de 20 a 24 anos 1 1,1 de 25 a 29 anos 33 35,1 de 30 a 34 anos 17 18,1 de 35 a 39 anos 4 4,3 de 40 a 44 anos 2 2,1 de 45 a 49 anos 15 16 de 50 a 54 anos 12 12,8 de 55 a 59 anos 3 3,2 60 anos e mais 3 3,2 Não respondeu 4 4,3 Total 94 100 Entre os profissionais de nível superior pesquisados observa-se que pouco mais da metade

(54,6%) tem curso de especialização. Embora não tenham sido tabuladas por categoria

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GOIÂNIA – EQUIPES DE SAÚDE DA FAMÍLIA 103

profissional as informações disponíveis indicam que a especialização é maior entre médicos

divididos entre saúde pública (23,4%) e clínica básica (11,7%), destacando-se pediatria,

obstetrícia e clínica médica. Entre as enfermeiras apenas uma declarou ter especialização

em enfermagem obstétrica. Há também 10 profissionais com mais de uma especialização,

combinado-se saúde pública/coletiva e clínica, além de seis médicos com curso em clínicas

especializadas como reumatologia, nefrologia, cardiologia, urologia e medicina do trabalho.

Tabela 51 - Caracterização dos profissionais de nível superior quanto à especialização, Goiânia (GO), 2001 Especialização N % Tem 51 54,2

• Medicina Social/Saúde Pública 22 23,4• Clinica Básica • Clinica Especializada

116

11,76,3

• Dupla Especialização 10 10,6Não Tem /Não Respondeu 43 45,8Total 94 100,0

A principal motivação para médicos e enfermeiros aderirem ao PSF em Goiânia refere-se a

"compartilhar a idéia de que a estratégia Saúde da Família pode reorganizar a atenção à

saúde no SUS", e "identificar-se com a proposta do PSF no município", sendo que para os

enfermeiros (55,1%) o fato das atribuições do profissional de enfermagem ser compatível

com sua formação e especialização também é considerado fator importante de motivação.

Entre 40% dos médicos o PSF foi apontado como possibilidade de uma vida mais

organizada a partir de uma jornada fixa e remuneração compatível.

Não se confirma a tese de que os profissionais vêem o PSF como um mercado promissor,

com salário diferenciado, procurado por profissionais insatisfeitos em suas inserções

anteriores. Entre os entrevistados apenas dois enfermeiros estavam desempregados ao

escolher a inserção no PSF.

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GOIÂNIA – EQUIPES DE SAÚDE DA FAMÍLIA 104

Tabela 52 – Caracterização dos profissionais de nível superior quanto ao motivo da opção pelo PSF, Goiânia (GO), 2001

Médico Enfermeiro

Total Motivo da opção pelo PSF

N % N % N % Porque é um mercado de trabalho promissor, com salário diferenciado

4 8,8 4 8,2 8 8,5

Por se sentir motivado para trabalhar junto a comunidades pobres

18 40% 19 38,7 37 39,4

Porque a Secretaria Municipal de Saúde ofereceu a possibilidade para mudar de prática dentro da rede local

11 24,4 6 12,2 17 18,1

Por se identificar com a proposta de trabalho do PSF no município

25 55,5 32 65,3 57 60,6

Por considerar as atribuições de médicos/ enfermeiros do PSF compatíveis com a sua formação e especialização

13 28,8 27 55,7 40 42,5

Por estar insatisfeito com a atividade e a remuneração anterior.

3 6,6 2 4,1 5 5,3

Por estar desempregado - - 2 4,1 2 2,1

Pela possibilidade de ter uma vida organizada a partir de uma jornada de trabalho fixa e remuneração compatível

18 40 3 6,1 21 22,3

Por compartilhar com a idéia de que a estratégia da Saúde da Família pode reorganizar a atenção à saúde no SUS

38 84,4 33 67,3 71 75,5

Por compartilhar com a idéia de que a estratégia da Saúde da Família pode ser um avanço no sentido do controle social da população organizada sobre os serviços de atenção social

26 57,7 28 57,1 54 57,4

Outro 3 6,6 5 10, 8 8,5

Conclui-se que no caso de Goiânia as ESF estão funcionando incompletas, há falta de

profissionais de nível superior, os quais apresentam uma formação pouco adequada para o

perfil do trabalho proposto para o PSF.

Perfil dos profissionais de nível médio e elementar Observa-se que nas duas categorias profissionais há uma presença predominante do sexo

feminino (91,8%), sendo maior entre os agentes comunitários de saúde.

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GOIÂNIA – EQUIPES DE SAÚDE DA FAMÍLIA 105

Tabela 53 - Caracterização dos profissionais de nível médio e elementar quanto à categoria profissional, por sexo, Goiânia (GO), 2001

Função Masculino Feminino Total N % N % N %

Agente Comunitário de Saúde 17 5,6 228 75,5 245 81 Auxiliar de Enfermagem 8 2,6 49 16,22 57 19 Total 25 8,2 277 91,8 302 100

Os profissionais de nível médio e elementar da ESF de Goiânia apresentam uma

composição interessante. Tem uma população de jovens até 30 anos de 114 profissionais. A

maior concentração está entre os 30 e 35 anos, com 74 profissionais (24,5%). Abaixo há um

elenco de 97 profissionais em idade madura .Somente 5 profissionais estão acima dos 50

anos, sendo portanto baixa a inserção de pessoas com experiência.

Tabela 54 - Caracterização dos profissionais de nível médio e elementar, quanto à faixa etária, Goiânia (GO), 2001

Faixa etária N % menos de 20 anos 4 1,3 de 20 a 24 anos 55 18,2 de 25 a 29 anos 55 18,2 de 30 a 34 anos 74 24,5 de 35 a 39 anos 54 17,9 de 40 a 44 anos 43 14,2 de 45 a 49 anos 12 4 de 50 a 54 anos 4 1,3 60 anos e mais 1 0,3 Total 302 100 Percebe-se que grande parte dos profissionais tem o ensino médio completo, ou seja,

concluíram a terceira série do segundo grau (191 pessoas ou 63,2%). A escolaridade se

revela muito alta se a este fato se acresce que há uma concentração de 10,9% com a ultima

série do primeiro grau completa, indicando que estes profissionais têm nível elementar e

mais 16% cursam o segundo grau.

Quando perguntados se tinham uma formação técnica 141 responderam sim, e 65,2 %

destes afirma ser em enfermagem, 12,8% em contabilidade e 9,9 % em magistério.

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GOIÂNIA – EQUIPES DE SAÚDE DA FAMÍLIA 106

Tabela 55 - Caracterização quanto à escolaridade dos profissionais de nível médio e elementar, Goiânia (GO), 2001

Nível de escolaridade N % Percentual Válido

Percentual Acumulado

1ª série do 1º grau 1 0,3 0,3 0,3 3ª série do 1º grau 1 0,3 0,3 0,7 4ª série do 1º grau 1 0,3 0,3 1 5ª série do 1º grau 2 0,7 0,7 1,7 6ª série do 1º grau 2 0,7 0,7 2,3 7ª série do 1º grau 2 0,7 0,7 3 8ª série do 1º grau 33 10,9 10,9 13,9 1ª série do 2º grau 18 6 6 19,9 2ª série do 2º grau 35 11,6 11,6 31,5 3ª série do 2º grau 191 63,2 63,2 94,7 4ª série do 2º grau 7 2,3 2,3 97 Superior completo e incompleto 7 2,3 2,3 99,3 Não sabe/Não respondeu 2 0,7 0,7 100 Total 302 100 100

A maioria dos entrevistados afirmou ter realizado curso com enfoque em Saúde da Família,

que pode ter sido parte da capacitação profissional do PSF. Os profissionais tomaram

conhecimento do PSF através de divulgação da seleção de profissionais para o programa

feita na comunidade.

O perfil deles aponta uma boa escolaridade, e parte com formação técnica apropriada ao

trabalho. No entanto, as ESF em Goiânia apresentam-se bastante incompletas, pois em tese

deveriam existir 300 ACS e 75 auxiliares de enfermagem.

2. INSERÇÃO PROFISSIONAL NO PSF

Inserção dos médicos, odontólogos e enfermeiros no PSF A inserção do profissional é aqui analisada como todo o processo administrativo que

recruta, seleciona, contrata com jornada de trabalho específica, exerce supervisão do

trabalho, entendida como educação continuada e define o processo de trabalho no âmbito

das unidades de saúde da família. A inserção profissional estrutura a organização do

trabalho e das práticas assistenciais. O processo formador motiva o profissional a optar por

esta modalidade de trabalho, como uma alternativa no mercado de trabalho.

Esse processo é estudado pela caracterização dos profissionais de nível superior quanto à

experiência anterior, ao tempo de atuação no PSF, à forma de seleção, à modalidade de

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GOIÂNIA – EQUIPES DE SAÚDE DA FAMÍLIA 107

contratação, carga horária e tipo de capacitação oferecida para o profissional pela

coordenação do PSF municipal.

Grande número de entrevistados (39%) declaram nunca ter tido experiência em projetos

semelhantes ao PSF, com destaque maior entre os médicos (26,6%). 61% dos profissionais

já tiveram experiência anterior em outro município ou estado.

Tabela 56 – Caracterização dos profissionais de nível superior quanto à experiência anterior, Goiânia (GO), 2001

Categoria Profissional Médico Enfermeiro Total Neste município - 2 2 Em outro município 14 19 33 Em outro Estado 9 15 24 Nunca teve esse tipo de experiência

25 12 37

Não sabe / não reponde 1 1

Quanto ao tempo de atuação no PSF, a maior concentração é na faixa de 13 a 24 meses de

atuação, seguido de 25 até 36 meses, perfazendo as duas faixas mais de 65% dos

profissionais. Há 13 profissionais no programa desde sua implantação e 15% dos

profissionais ingressaram há menos de um ano.

Tabela 57 - Caracterização dos profissionais de nível superior quanto ao tempo de atuação e categoria profissional no PSF, Goiânia (GO) 2001

Tempo de atuação no PSF Médico Enfermeiro Total Até seis meses 2 6 8 De seis meses a 12 meses 4 2 6 De 13 meses a 24 meses 17 16 33 De 25 meses a 36 meses 16 16 32 De 37 meses a 48 meses 5 7 12 Mais de 4 anos - 2 2 Não sabe/Não respondeu 1 - 1 Total 45 49 94 Todos os profissionais foram selecionados por processo de convocação pública mediante

entrevista e análise de currículo. Algumas informações evidenciam que nem todos os

profissionais conhecem e entendem o processo administrativo de seleção e contratação.

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GOIÂNIA – EQUIPES DE SAÚDE DA FAMÍLIA 108

Tabela 58 - Caracterização dos profissionais de nível superior por função quanto à forma de seleção do PSF, Goiânia (GO), 2001

Forma de seleção MédicoN %

Enfermeiro N %

TotalN

Concurso público, envolvendo prova, currículo e entrevista

2 25 6 75 8

Seleção interna à Secretaria Municipal de Saúde de profissionais da própria rede local

13 52 12 48 25

Entrevista 38 52,1 35 47,9 73Análise de currículo 34 46,6 39 53,7 73Indicação de gestores 2 100 - - 2Outro 2 50 2 50 4

Várias são as modalidades de contratação: os médicos do PSF têm contrato com a SMS,

regido pela CLT, e grande número menciona receber bolsa de complementação salarial de

órgão federal. Entre os enfermeiros prevalece contrato através de empresa que presta

serviço a SMS.

84% dos profissionais têm vínculo de 40 horas semanais sendo que esta é a carga horária de

trabalho semanal entre 73,33% dos médicos e 93,88% dos enfermeiros. Os salários de

médicos e enfermeiros são diferenciados, sendo que ambas as categorias consideram que o

piso salarial é incompatível com as atribuições desenvolvidas. A maior insatisfação

encontra-se entre os enfermeiros (98,0%), o que indica frustração deste profissional em

face às expectativas da escolha, pois como se viu no perfil, os enfermeiros indicam que as

atribuições do PSF são compatíveis com sua formação.

Tabela 59 - Caracterização dos profissionais de nível superior por função quanto às faixas salariais, Goiânia (GO), 2001

Faixas salariais Médico Enfermeiro Total N % N % NAté R$ 1000,00 1 12,5 7 87,5 8De R$ 1001,00 a R$ 2000,00 6 12,8 41 87,2 47De R$ 2001,00 a R$ 3000,00 12 100 - - 12De R$ 3001,00 a R$ 4000,00 25 100 - - 25Não sabe/Não respondeu 1 50 1 50 2 Solicitados a indicar o tipo necessário de capacitação para o desempenho de suas

atividades, destacam as diversas opções com relativo equilíbrio, indicando a importância da

educação continuada na proposta de trabalho. As freqüências são altas, e em ordem

decrescente as respostas foram: “participar de encontros entre os profissionais da saúde da

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GOIÂNIA – EQUIPES DE SAÚDE DA FAMÍLIA 109

família para troca de experiências” (75), “receber treinamento de atualização em atenção

básica" (74), “receber capacitação permanente focalizada nos atendimentos a grupos

específicos” (69) e "receber treinamento introdutório adequado às novas atribuições” (61).

Tabela 60 - Caracterização dos profissionais de nível superior por função quanto ao

tipo de capacitação necessária ao exercício, Goiânia (GO), 2001 Tipo de capacitação necessária Médico Enfermeiro Total N % N % N Receber treinamento introdutório adequado às novas atribuições 34 75,6 27 55,1 61 Receber treinamento de atualização em atenção básica para médicos e enfermeiros

36 80 38 73,4 74

Receber treinamento que permita a elaboração ou o aperfeiçoamento da análise do perfil epidemiológico local

28 62,2 25 51 53

Receber capacitação permanente focalizada nos atendimentos a grupos específicos

39 86,6 30 61,2 69

Participar de encontros entre os profissionais da saúde da família promovidas pela secretaria municipal para troca de experiências

36 80 39 79,6 75

Não sabe/Não respondeu - - 1 100 1 A supervisão é uma variável limite entre o processo administrativo de inserção e a

organização das práticas de assistência a partir de novas abordagens. O resultado sobre a

existência de supervisão foi amplamente positivo: 81 % reconhecem a sua realização, sendo

que 59,8% declaram que sua periodicidade “é ocasional” e 12,3% dizem ser semanal.

Perguntados sobre a natureza da atividade de supervisão, há forte indicação de que a

supervisão é essencialmente gerencial, como indicam 65 dos entrevistados e 23 declaram

que ela está direcionada às relações interpessoais. Os principais objetivos da supervisão são

o controle das atividades realizadas (45), o estabelecimento de elo de ligação entre gestão e

execução (38) e oferecer suporte técnico a ESF (31).

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GOIÂNIA – EQUIPES DE SAÚDE DA FAMÍLIA 110

Tabela 61 - Caracterização dos profissionais de nível superior por função quanto à freqüência das atividades de supervisão, Goiânia (GO), 2001

Supervisão Médico N %

Enfermeiro N %

Total N

É ocasional 26 54,2 22 45,8 48 100 Obedece a uma programação prévia 8 44,4 10 55,6 18 100 Tem periodicidade semanal 4 40 6 60 10 100 Tem periodicidade mensal 1 100 1 100 Outra 1 33,3 2 66,7 3 100 Não sabe/Não respondeu 1 100 1 100 Inserção de Agentes Comunitários de Saúde e Auxiliar de Enfermagem no PSF O tempo de atuação dos profissionais de nível médio e elementar das ESF concentra-se na

faixa de 25 a 36 meses, indicando uma certa estabilidade dos que se incorporaram, já que os

processos seletivos a partir da implantação obedeceram a um cronograma. Há 55

profissionais atuando desde o início do programa e mais recentemente tem havido

recrutamento especialmente para ACS, não havendo proporcionalidade nesta locação.

Tabela 62 - Caracterização dos profissionais de nível médio e elementar por categoria profissional e quanto ao tempo de atuação no PSF, Goiânia (GO), 2001

Tempo de atuação no PSF Agente Comunitário de Saúde

Auxiliar de Enfermagem Total

Até seis meses 14 4 18 De seis meses a 12 meses 36 2 38 De 13 meses a 24 meses 35 15 50 De 25 meses a 36 meses 104 21 125 De 37 meses a 48 meses 44 11 55 Mais de 4 anos 2 2 4 Não sabe/Não respondeu 10 2 12 Total 245 57 302 Observa-se que os entrevistados em sua maioria (258) declara ter passado por um

processo seletivo coordenado pela Secretaria Municipal de Saúde, envolvendo entrevista

e em menor escala, análise de currículo. Os entrevistados confirmam a inexistência de

indicação política mas percebe-se a influência de gestores na inserção de profissionais

no programa.

Há certo desconhecimento sobre as formas de contratação, embora a mais assinalada é

"através de serviço prestado à SMS por empresa". A quase totalidade dos profissionais do

PSF, 278 (92,1%) considera que o salário não está compatível com as atribuições,

indicando insatisfação quanto às condições salariais.

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GOIÂNIA – EQUIPES DE SAÚDE DA FAMÍLIA 111

Tabela 63 - Caracterização dos profissionais de nível médio e elementar por categoria profissional e quanto à forma de seleção, Goiânia (GO), 2001

Forma de seleção ACS N %

Auxiliar de Enfermagem N %

Total N

Carta de apresentação de associação de moradores endossando a sua residência junto à Secretaria Municipal de Saúde

1 100 1

Processo seletivo da Secretaria Municipal de Saúde 222 86 36 14 258 Análise de currículo 8 33 16 67 24 Entrevista 171 83 34 17 205 Indicação de políticos (prefeito, vereador) 1 50 1 50 2 Indicação dos gestores do PSF 5 56 4 44 9 Outro 6 67 3 33 9 Não sabe/Não respondeu 9 69 4 31 13 A capacitação profissional é percebida como necessária ao desempenho das atividades. O

treinamento introdutório para conhecer competências e atribuições dos membros da equipe

é o mais indicado pelos profissionais de nível médio e elementar (254), seguido por “ter

capacitação permanente para ações focalizadas sobre os grupos de risco” (196) e “ter

supervisão em serviço sob a liderança da enfermeira” (158).

Tabela 64 - Caracterização dos profissionais de nível médio e elementar por categoria profissional e quanto ao tipo de capacitação necessária ao exercício profissional, Goiânia (GO), 2001

Tipo de capacitação Necessária Agente Comunitário de Saúde N %

Auxiliar de Enfermagem N %

Total N

Ter treinamento introdutório para conhecer competências e atribuições dos membros da equipe

205 81 49 19 254

Ter supervisão em serviço sob a liderança da enfermeira 121 77 37 23 158 Ter capacitação permanente para ações focalizadas sobre os grupos de risco

157 80 39 20 196

Outra 21 91 2 8,7 23 Não sabe/Não respondeu 21 88 3 13 24

A supervisão dos profissionais é entendida como uma atividade positiva que visa,

principalmente, favorecer o bom entrosamento e cooperação na equipe, é um elo de ligação

entre gestão e execução, e propicia melhor integração dos profissionais na realização das

atividades programadas.

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GOIÂNIA – EQUIPES DE SAÚDE DA FAMÍLIA 112

Tabela 65 – Caracterização dos profissionais de nível médio e elementar quanto aos

objetivos da atividade de supervisão, Goiânia (GO), 2001 Objetivos N % Visa o resultado final do trabalho de ESF 112 13 Visa favorecer o bom entrosamento e cooperação na equipe 148 17,2 Significa um elo de ligação entre a gestão e a execução, por onde fluem queixas, demandas

131 15,2

Permite maior participação dos ACS e dos auxiliares de enfermagem no processo de decisão dos níveis executivos

58 6,7

Não sabe/Não tem 24 2,8 Elege temas para o processo de educação continuada em função do acompanhamento específico das ações dos ACS e dos auxiliares de enfermagem na comunidade

111 12,9

Controla a realização das atividades-fim quanto às regras e normas definidas para os procedimentos como organizar as pastas familiares, estatísticas com notificações dos indicadores de saúde

119 13,8

Controla a realização das atividades-fim do ACS e dos auxiliares de enfermagem em relação ao Plano de Metas

99 11,5

Ajusta as metas em função do preparo técnico da ESF 59 6,9 Total 861 100 Obs.: A soma dos valores absolutos e relativos ultrapassa o total de respondentes e os 100%, respectivamente, porque a questão que deu origem à tabela admite mais de uma resposta Os profissionais afirmam em grande número que há um relacionamento bom e respeitoso,

no qual, o trabalho coletivo é prioritário para a equipe, e se dá de forma participativa, em

que todos têm papel importante nas reuniões de grupos, nas atividades educativas e de

promoção à saúde e prevenção de riscos.

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GOIÂNIA – EQUIPES DE SAÚDE DA FAMÍLIA 113

3. TRABALHO EM EQUIPE Um terceiro bloco de questões busca analisar como os profissionais percebem o seu

processo de trabalho com base numa equipe multiprofissional, cujos métodos de trabalho

apontam para uma maior proximidade com a comunidade e com o meio ambiente onde o

módulo se insere.

O trabalho em equipe visa trazer para o desenvolvimento dos serviços de saúde o debate

sobre a humanização do atendimento e a responsabilização de todos, profissionais e

usuários, pela mudança nas condições de vida e saúde.

Atribuições e atividades desenvolvidas, forma de organização do trabalho dos médicos e enfermeiros Abordados sobre como definem o perfil da equipe em que atuam os entrevistados declaram

que há uma composição padrão da ESF e que o relacionamento interno é bom e respeitoso

(82 profissionais). Consideram que a equipe é sensível e aberta com capacidade de rever as

rotinas (79 profissionais), sendo que 46 profissionais assinalam a opção “dinâmica,

organiza a programação das atividades da equipe semanalmente", e 25 profissionais

percebem a ESF como “participativa, elabora constantemente o diagnóstico de saúde”, e 42

afirmam que a ESF tem “o trabalho coletivo (como) prioritário”. Coerentemente, observa-

se incidências quase nulas nas opções que indicam um trabalho individualizado e

conflitivo, com pouca flexibilidade na revisão de rotinas.

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GOIÂNIA – EQUIPES DE SAÚDE DA FAMÍLIA 114

Tabela 66 - Caracterização dos profissionais de nível superior quanto ao perfil da equipe, Goiânia (GO), 2001

Perfil da equipe Médico Enfermeiro TotalRelacionamento bom e respeitoso 40 42 82 Relação conflituosa - 1 1 Tem uma composição padrão (médico, enfermeiro, odontólogos, auxiliar de enfermagem e agentes)

8 7 15

Tem composição padrão, que pode contar com apoio para atenção psicossocial 6 5 11 O trabalho coletivo é prioritário 22 20 42 O trabalho individual dos profissionais oferece pouco suporte ao conjunto - 2 2 Dinâmica, organiza a programação das atividades da equipe semanalmente 21 25 46 Apática, apresenta dificuldades tanto no trabalho interno quanto no trabalho na comunidade

1 1 2

Participativa, elabora constantemente o diagnóstico de saúde em conjunto e com a participação da comunidade

13 12 25

Sensível e aberta a mudanças com capacidade de rever suas rotinas e procedimentos com a comunidade

39 40 79

Fechada, trabalha voltada especialmente para uma rotina pré-estabelecida 2 3 5 Outra 1 4 5 Não sabe/Não respondeu Os profissionais de nível superior consideram que a programação é realizada a cada semana

e sofre mudanças ocasionais. Médicos e enfermeiros declaram ser permitido atender

pessoas que estão fora da população adscrita, observando-se por parte de 75% dos

profissionais uma flexibilização no atendimento.

Há uma avaliação positiva do desempenho da equipe por parte dos profissionais de nível

superior. Basta para isso, que se observe a concentração de percepções “muito satisfatório”

e “satisfatório” em um conjunto grande de atividades e conhecimentos relativos a promoção

da saúde, reorganização da atenção básica, novas formas de organização do trabalho que

permitem conhecer os principais problemas de saúde da população, intervir positivamente

no enfrentamento dos problemas de saúde pelo acolhimento da demanda, possibilidade de

garantir o acesso na atenção básica e encaminhar para outros níveis de atenção.

O estabelecimento de vínculos com a população e a capacidade de conhecer seus principais

problemas de saúde foi considerado como muito satisfatório ou satisfatório,

respectivamente, por 90 e 88 profissionais.

Por outro lado, aparece com certa relevância “pouco satisfatório” ou "não satisfatório" na

capacidade de articulação com outros setores sociais (45), de garantia de serviços

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GOIÂNIA – EQUIPES DE SAÚDE DA FAMÍLIA 115

especializados (68), e de controlar grupos de riscos com efetiva distribuição de

medicamentos (66).

Tabela 67 - Caracterização dos profissionais de nível superior quanto à percepção de desempenho da equipe na atenção prestada, Goiânia (GO), 2001

Capacidades

Muito Satisfatório

Satisfatório

Pouco Satisfatório

Não Satisfatório

N sabe/ Não responde

Total

Capacidade de conhecer os principais problemas de saúde da população

41 49 3 - 1 94

Capacidade intervir positivamente no enfrentamento dos problemas de saúde

15 68 10 - 1 94

Garantir o acesso ao serviço de atendimento básico a toda população cadastrada

23 54 16 - 1 94

Encaminhar para outros níveis de atenção, quando necessário

12 40 29 10 3 94

Garantir internação 17 43 21 10 3 94 Garantir atendimento em serviços especializados 3 20 38 30 3 94 Garantir atendimento para realização de exames 15 58 15 5 1 94 Não existência de fila na porta da USF 29 45 11 6 3 94 Acolhimento das demandas 23 50 18 2 1 94 Estabelecimento de vínculos com a população da área

44 44 4 1 1 94

Retorno do paciente para atendimento pela ESF, após encaminhamento

14 32 25 21 2 94

Controle dos grupos de risco, com efetiva distribuição de medicamentos

1 26 36 30 1 94

Resolução de 80% ou mais casos pela ESF 20 62 10 1 1 94 Capacidade de realizar ações educativas ou outras de promoção à saúde

25 52 14 15 3 94

Articulação com outros setores sociais atuantes naárea de abrangência para enfrentamento de problemas identificados

6 28 43 2 2 94

Realização de atividades preventivas individuais 30 52 9 1 2 94 Atribuições e atividades desenvolvidas, forma de organização do trabalho dos ACS e os auxiliares de enfermagem Foi oferecido aos entrevistados uma lista de atividades para que marcassem quais eram

mais freqüentes. Entre os ACS as indicações que tiveram incidência maior do que 50% são

visitas domiciliares, atualização de cadastro, identificação das famílias de risco, reuniões de

equipe, atenção ao puerpério, acompanhamento dos núcleos familiares de risco

identificados, agendamento e encaminhamentos necessários, desenvolvimento de ações de

educação e vigilância à saúde.

Os auxiliares destacaram: reuniões de equipes, realização de visitas e procedimentos de

enfermagem em domicílios, acompanhamento de consultas de enfermagem, quando

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GOIÂNIA – EQUIPES DE SAÚDE DA FAMÍLIA 116

necessárias, agendamento e encaminhamentos necessários, atenção ao puerpério e

aplicação de vacinas.

Os ACS e auxiliares de enfermagem confirmam a percepção de que a ESF apresenta um

relacionamento interno bom e respeitoso, é participativa, em que todos têm um papel

importante nas reuniões, nas atividades educativas de promoção da saúde e prevenção de

riscos e que é prioritário para a equipe o trabalho coletivo .

Tabela 68 - Caracterização dos profissionais de nível médio e elementar quanto ao perfil da equipe, Goiânia (GO), 2001

Perfil da equipe ACS Aux. de Enf.

Total

N % N % N Relacionamento bom e respeitoso 168 80 43 20 211 Relacionamento conflituoso 11 79 3 21 14 Dinâmica, revê as rotinas e procedimentos estabelecidos para aperfeiçoar o trabalho coletivo

71 77 21 23 92

Repete regularmente a programação das atividades pactuadas 37 82 8 18 45 O trabalho coletivo é a prioridade da equipe 110 80 28 20 138 O trabalho individual dos profissionais oferece pouco suporte ao conjunto 42 93 3 6,7 45 Participativa, todos têm um papel importante nas reuniões de grupos, nas atividades educativas de promoção da saúde e prevenção de riscos

128 78 37 22 165

Sensível às necessidades da comunidade apontadas pelo trabalho do ACS 80 78 22 22 102 Outra 2 50 2 50 4 Não sabe/Não respondeu 15 88 2 12 17 Os ACS e auxiliares de enfermagem afirmam que a periodicidade da programação

definida pela equipe é semanal, mudando ocasionalmente. Os instrumentos utilizados

com mais freqüência pelos profissionais de nível médio e elementar como facilitadores

do trabalho são: a programação semanal (205), a reunião de equipe (200) e o cadastro

das famílias (226), sendo que o mapa da área e o plano de metas são menos utilizados.

Para esses profissionais são cinco os grupos destacados como que exigem maior cuidado:

hipertensos; diabéticos gestantes; idosos; e, crianças de 0 a 1 ano. Em seguida aparecem:

crianças de 1 a 5 anos; hanseníase, e tuberculosos.

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GOIÂNIA – EQUIPES DE SAÚDE DA FAMÍLIA 117

Tabela 69 - Caracterização dos profissionais de nível médio e elementar por função quanto aos grupos que exigem mais cuidados em sua micro-área, Goiânia (GO), 2001

Grupos que exigem mais cuidados Agente Comunitário deSaúde N %

Auxiliar de Enfermagem N %

Total N

Gestantes 212 81 49 19 261 Crianças de 0 a 1 ano 189 81 44 19 233 Crianças de 1 a 5 anos 128 84 24 16 152 Crianças de 6 a 12 anos 21 75 7 25 28 Adolescentes 56 84 11 16 67 Diabéticos 219 82 49 18 268 Hipertensos 237 81 55 19 292 Tuberculosos 77 81 18 19 95 Hanseníase 92 87 14 13 106 Idosos 199 82 43 18 242 Outros 18 86 3 14 21 Não sabe/Não respondeu 3 75 1 25 4 A principal dificuldade apontada como comprometedora do desempenho das ESF diz

respeito a forte demanda por atendimento médico, e é seguida pela gravidade dos riscos

sociais no âmbito da comunidade em que se insere a USF e grande densidade populacional

adscrita.

Tabela 70 - Caracterização dos profissionais de nível médio e elementar quanto à freqüência na ocorrência de dificuldades, Goiânia (GO) 2001

Dificuldades Muito freqüenteN %

Freqüente N %

Pouco freqüenteN %

Não ocorre N %

N.sabe/N. respondeuN %

Difícil acesso ao território 11 3,6 34 11 91 30 132 44 34 11

Gravidade dos riscos sociais no âmbito da comunidade 92 31 87 29 85 28 17 5,6 21 7

Grande densidade populacional em relação ao padrãodo programa

63 21 97 32 71 24 25 8,3 46 15

Quantidade excessiva de membros individuais nosgrupos familiares em relação ao padrão proposto

31 10 72 24 108 36 29 9,6 62 21

Forte demanda por atendimento médico 212 70 62 21 14 4,6 4 1,3 10 3,3 Uso inadequado dos serviços de saúde 41 14 83 28 73 24 65 22 40 13 Fragilidade dos vínculos dentro da equipe 23 7,6 25 8,3 112 37 95 32 47 16 Fragilidade dos vínculos com a comunidade 15 5 29 9,6 129 43 78 26 51 17 Rotatividade dos profissionais 30 9,9 62 21 90 30 64 21 56 19

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GOIÂNIA – EQUIPES DE SAÚDE DA FAMÍLIA 118

Baixa mobilização dos usuários para participar daorganização

59 20 58 19 104 34 31 10 50 17

Baixa mobilização da comunidade para participar nosConselhos Locais

86 29 55 18 97 32 28 9,3 36 12

Processo de planejamento e programação deatividades inadequado

11 3,6 37 12 90 30 111 37 53 18

Condições sócio-ambientais muito adversas 45 15 59 20 96 32 49 16 53 18 Percepção das ESF sobre as condições de realização e os resultados de sua atividade Os profissionais de nível superior percebem mudanças positivas na relação entre os

serviços e a população, especialmente pelo PSF ter se tornado a porta de entrada do sistema

de atenção (63) e porque a população se sente mais esclarecida sobre os cuidados rotineiros

com a saúde (52). Fazem restrições por considerarem que há exerce forte pressão para o

atendimento médico da demanda espontânea (70). Reconhecem também a ampliação do

acesso aos serviços de saúde que o PSF promove (47). Um número reduzido (6) considera

ainda que não houve mudança pelo fato da pequena abrangência do programa e 21 pensam

que a manutenção das condições sócio-economicas de carência nestas comunidades

prejudica a melhoria da qualidade de vida.

Tabela 71 - Percepção dos profissionais de nível superior de mudanças nas relações serviços e população, Goiânia (GO), 2001

Mudanças nas relações serviços e população Médico Enfermeiro

Total

N % N % N Sim, porque a USF tornou-se a porta de entrada do sistema de atenção 31 49 32 51 63 Sim, porque a ESF oferece recursos adequados ao enfrentamento dos problemas de saúde na comunidade

7 50 7 50 14

Sim, porque a população se sente esclarecida sobre cuidados rotineiros com a saúde

23 44 29 56 52

Sim, porque a ESF conta com um sistema de referência e contra referência que permite ampliar a confiança no trabalho e na resolutividade da rede básica

2 20 8 80 10

Em parte, porque a ESF ampliou o acesso de novas parcelas da população aos serviços de saúde no município

24 51 23 49 47

Em parte porque a população ainda tem uma forte demanda por atendimento médico, pressionando a ESF para o atendimento da demanda espontânea

33 47 37 53 70

Não, porque a população ainda procura primeiro a rede convencional ou hospitalar

1 20 4 80 5

Não, porque o PSF tem uma área de abrangência ainda pequena 3 50 3 50 6 Não, porque os fatores sócio-econômicos que determinam a condição de carência da comunidade ainda prevalecem sobre a qualidade da atenção

8 38 13 62 21

Outro 1 14 6 86 7 Não sabe/Não respondeu 1 50 1 50 2

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GOIÂNIA – EQUIPES DE SAÚDE DA FAMÍLIA 119

O espaço físico da USF é considerado principalmente como acessível a população e com

visibilidade dentro da comunidade, por médicos e enfermeiros. No entanto, só 40% julgam

que a USF tem condições tecnológicas necessárias ao desenvolvimento das ações básicas

de saúde, e só 9,5% acham que permite atender com conforto para o profissional e o

usuário. Também não é considerado adequado para as atividades coletivas seja as reuniões

da equipe seja dos grupos de risco.

Tabela 72 – Percepção dos profissionais de nível superior sobre o espaço físico da USF, Goiânia (GO), 2001

Espaço físico USF Médico Enfermeiro Total N N N Especialmente construído para abrigar uma equipe da saúde da família da SMS

- 1 1

Permite o atendimento de forma confortável para os usuários e para os profissionais

5 4 9

Contém o mínimo de tecnologia necessária ao desenvolvimento das ações básicas de saúde

17 20 37

Permite realizar reuniões de equipe com privacidade 7 14 21 Permite promover reuniões de grupo de risco ou de orientação e educação em saúde

11 17 28

É um local de fácil acesso e visível para toda a comunidade 24 24 48 Tem manutenção satisfatória 6 6 12 Foi restaurado satisfatoriamente para abrigar uma equipe da saúde da família

4 2 6

Outro 16 22 38 Não sabe/ Não responde 3 2 5

Para os profissionais de nível médio e elementar a USF é acessível à população (74,5%),

entretanto, 22,5% afirmam o contrário e somente 3,3% “não sabe ou não respondeu”.

Segundo 78,8% desses profissionais ela não oferece conforto aos usuários e profissionais.

4. VÍNCULOS ENTRE ESF E COMUNIDADES De acordo com os profissionais de nível superior, pode-se afirmar que há uma relação

cordial e cooperativa com a população, o que favorece a resolução dos problemas. Somente

três profissionais indicam que a relação com a comunidade é formal, em função das

necessidades do serviço de saúde.

Consideram que há vínculo forte da ESF com a comunidade, sendo este fato mais

observado entre os enfermeiros e reconhecem (68 profissionais) com maior ênfase que a

estratégia desenvolvida pelo PSF é promotora da melhoria da qualidade dos cuidados com a

doença e da qualidade de vida do cidadão.

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GOIÂNIA – EQUIPES DE SAÚDE DA FAMÍLIA 120

Tabela 73 - Percepção dos profissionais de nível superior da relação da ESF com a população, Goiânia (GO), 2001

Médico Enfermeiro Total Relação da ESF com a população N N N

Cordial e cooperativa na resolução dos problemas 26 29 55 Formal em função das necessidades de serviço 3 - 3 De vínculo, com base no reconhecimento das famílias, de seus membros individuais e de suas necessidades específicas

18 35 53

Promotora da melhora da qualidade de vida do cidadão, a partir de um conjunto de orientações sobre promoção da saúde e cuidados com a doença

31 37 68

Não sabe/Não respondeu 2 - 2 Em geral, os profissionais de nível superior percebem que a população valoriza

positivamente os novos procedimentos implementados, principalmente quanto ao

atendimento multiprofissional (68), a realização de grupos de risco e de promoção a saúde

(69), e o realização de visitas domiciliares (81). Os profissionais de nível superior

consideram que a população "valoriza pouco” as reuniões de diagnóstico e programação de

ações coletivas (44).

Tabela 74 – Caracterização dos profissionais de nível superior quanto à percepção da valorização da população acerca dos novos procedimentos, Goiânia (GO), 2001

Atividades Muito Valoriza Pouco Não valoriza

Não sabe não resp.

Atendimento de uma equipe multiprofissional

24 44 18 2 6

Realização de grupos de educação sobre riscos e promoção à saúde

16 53 18 2 5

Ações desenvolvidas junto a segmentos da população através de visitas domiciliares

29 51 8 1 5

Reuniões para discutir diagnóstico e programação das ações coletivas

3 32 44 8 7

Solicitados a comentar se o fato de residir na mesma comunidade é fator de favorecimento

no impacto de suas ações e atividades relacionadas ao PFS, temos para um total de 302

respostas, que em média 8% dos profissionais não respondeu ou não soube responder. As

opções indicam em ordem decrescente que o fato é favorável no sentido de aceitação da

presença dos profissionais em seu domicílio (243), base para relação amistosa (223) e

observação de focos de risco no ambiente familiar e social (223), resolução dos problemas

(191), procura dos moradores para apresentar queixas e discutir soluções (175), adesão a

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GOIÂNIA – EQUIPES DE SAÚDE DA FAMÍLIA 121

mobilização (173), acompanhamento do paciente encaminhado para outros serviços (151) e

compreensão quando algum solicitação não foi efetuada (111). Neste último item percebe-

se em contraposição a maior incidência de respostas que indicam que o fato prejudica as

ações desenvolvidas (36%).

Tabela 75 - Caracterização dos profissionais de nível médio e elementar quanto à percepção da comunidade sobre o impacto do fato deles residirem na mesma, Goiânia (GO), 2001

Percepção Favorece Prejudica

Nem favorece, nem prejudica

Não sabe

Não responde

Total

N % N % N % N % N % N A relação amistosa com as famílias da comunidade 223 74 12 4 41 14 9 3 17 6 302 A procura dos moradores para apresentar queixas e discutir soluções

175 58 53 18 45 15 3 1 26 9 302

Aceitação de sua presença em seus domicílios 243 81 6 2 26 8,6 2 1 25 8 302 Observação de focos de riscos no ambiente familiar e social

223 74 11 3,6 33 11 12 4 23 8 302

A adesão à mobilização em torno dos problemas ambientais e da necessidade de participação nos conselhos locais de saúde

173 57 4 1,3 73 24 24 8 28 9 302

Resolução dos problemas 191 63 11 3,6 68 23 7 2 25 8 302 Compreensão quando alguma solicitação por parte de algum membro familiar não é atendida

111 37 96 32 55 18 11 4 29 10 302

Acompanhar o usuário em seu agendamento, encaminhamento para fora da área da comunidade e retorno a atenção da ESF

151 50 35 12 67 22 20 7 29 10 302

Controle Social A existência de CLS em operação é referida por 74,2% dos profissionais. Apenas 17

profissionais não responderam ou não sabem dizer se existe CLS. Entre os que conhecem

sua existência, a participação sempre é muito baixa, mas 52,5% participa ocasionalmente

como membro da ESF. É grande a referência a nunca terem participado do CLS (106

profissionais ou 36,2% do total).

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GOIÂNIA – EQUIPES DE SAÚDE DA FAMÍLIA 122

Tabela 76 - Caracterização das ESF onde há CLS, quanto à participação dos profissionais no mesmo, Goiânia (GO), 2001

Participação Freqüência Percentual Sempre, como representante da equipe de Saúde da Família 22 7,5 Ocasionalmente, como membro da equipe de Saúde da Família

154 52,6

Nunca participa 106 36,2 Não sabe/Não respondeu 11 3,7 Total 293 100,0 Base: Profissionais que afirmaram existir em operação um Conselho Local de Saúde associado a sua unidade Para um percentual acumulado de 38,4 % dos profissionais entrevistados a presença das

lideranças comunitárias no levantamento do diagnóstico foi entre “forte” e “expressiva”,

mas a concentração maior (41,1%) é para os que afirmam que há fraca presença das

lideranças no processo de diagnóstico das condições sócio-sanitárias. Cabe destacar, que

estes profissionais são em sua maioria moradores da comunidade em que trabalham,

exercendo muitas vezes, “extra-oficialmente” o papel de líderes comunitários, servindo de

mediadores de conflito entre população, demais profissionais locais de saúde e o governo

municipal.

Na opinião desses profissionais o principal problema de saúde pode ser um agravo como

hipertensão, diabetes, alcoolismo, infeção respiratória, verminose e parasitose,

desnutrição e problemas (alergias) respiratórios. Destacam ainda problemas ambientais

como saneamento básico e falta de esgoto: problemas outros como desemprego, drogas e

gravidez na adolescência.

41,6% dos profissionais que compõem a ESF consideram o trabalho do CLS pouco

relevante para o desenvolvimento das condições de saúde, porém, em seu conjunto, 33,1%

declaram ser relevante e 18,1% muito relevante o trabalho do CLS. Entre profissionais a

avaliação sobre a forma como se desenvolvem as atividades no Conselho Local de Saúde

indica haver algum ou poucos conflitos dentro do CLS.

O grau de participação dos profissionais das ESF em fóruns de discussão da política de

saúde é baixo: menos de um terço (116) dos profissionais participam. Do total desses

profissionais 60,0% não participam ou nunca participaram de outros fóruns de formulação

de política e de ações de saúde.

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GOIÂNIA – EQUIPES DE SAÚDE DA FAMÍLIA 123

Tabela 77 - Caracterização das ESF quanto à participação em outros fóruns de política de saúde, Goiânia (GO), 2001

Participação N % Sim 116 29,5 Não 238 60,0 Não sabe/Não respondeu 42 10,5 Total 396 100,0

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GOIÂNIA – FAMÍLIAS USUÁRIAS DO PSF 124

V. FAMÍLIAS USUÁRIAS DO PSF EM GOIÂNIA (GO)

As famílias pesquisadas foram selecionadas por uma série de procedimentos que

associaram seleção de quatro ESF, sorteio de três micro-áreas em cada ESF, e sorteio ou

busca sistemática de oito a nove domicílios em cada micro-área. Foram pesquisadas e

sistematizadas as informações de 100 domicílios e respectivas unidades familiares em 12

micro-áreas abrangendo 400 moradores.

Considerando a existência, em agosto de 2001, em Goiânia de 75 equipes com uma

cobertura de 30% da população total do município e uma média de 1.333 moradores por

ESF é recomendável cautela nas generalizações dos resultados da pesquisa. No entanto, o

grupo de famílias foi meticulosamente pesquisado e caracterizado o que permite inferir

resultados aproximados para outros grupos familiares similares de usuários do PSF no

município.

A maioria das perguntas referem-se ao entrevistado ou alguém de sua residência de forma

que é obtido um retrato do conjunto de moradores dos domicílios pesquisados. Muitas

perguntas admitem mais de uma resposta e foram analisadas, em geral, pela participação

da resposta no total de caracterizados e não no total de respostas. O total de caracterizados

varia: 100 domicílios, chefes de família ou informantes, 400 moradores, 90 chefes de

família empregados ou que têm rendimentos, 204 moradores empregados ou que têm

rendimentos, 52 episódios de doenças no último mês, 14 episódios de violência ou

acidentes envolvendo moradores nos últimos 12 meses, 73 doenças crônicas referidas, três

gestantes e 18 crianças de até 2 anos de idade, etc..

Todas as informações foram tabuladas considerando o total das quatro ESF e por cada

ESF, numeradas de 01 a 04, à qual a unidade familiar está adscrita. Por vezes, são

analisadas situações específicas que caracterizam a localidade e permitem analisar o

vínculo comunidade-ESF mencionando o número da ESF.

Todas as ESF selecionadas de Goiânia situam-se em área urbana. As equipes 01 e 02

apresentam experiências bem sucedidas, de vínculos com a comunidade e estão instaladas

em unidades de saúde da família, embora a equipe 01 em imóvel construído especialmente

e a equipe 02 em imóvel adaptado, extremamente precário. As equipes 03 e 04 apresentam

dificuldades nos vínculos com a comunidade, há demandas de especialistas nas ESF, uma é

“inquilina” de uma Unidade Básica de Saúde e outra está em imóvel alugado, há

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GOIÂNIA – FAMÍLIAS USUÁRIAS DO PSF 125

problemas na localização das unidades. A equipe 04 encontra resistências de parte de

atuante Conselho Local de Saúde.

1. CARACTERIZAÇÃO DAS FAMÍLIAS E DOS DOMICÍLIOS, CONHECIMENTO E PARTICIPAÇÃO EM CONSELHOS COMUNITÁRIOS EM GERAL E DE SAÚDE

Caracterização das famílias e vulnerabilidade à pobreza As informações das 100 residências entrevistadas em Goiânia (GO) foram obtidas, em sua

maioria, por meio de entrevistas com o cônjuge (64%), o chefe de família respondeu em

29% dos casos enquanto outros familiares foram entrevistados em 7% das moradias. A

escolaridade dos informantes é baixa: 28% dos informantes tem no máximo 4 anos

incompletos de estudo incluindo 9% sem escolaridade. Não há universitários entre os

informantes. Há diferenças de escolaridade dos informantes segundo as ESF selecionadas:

na equipe 03 e, principalmente na equipe 04 a escolaridade dos informantes é mais

elevada.

19% dos informantes tinha menos de 4 anos de estudo e 58% tinha menos de 8 anos de

estudo, somados aos 9 que declararam não ter escolaridade, significam 67% dos

entrevistados com escolaridade menor que o ensino fundamental completo.

A pobreza1 está fortemente correlacionada a características do chefe da família2 e da

unidade familiar: chefia feminina, jovem, pretos ou pardos, e com escolaridade de menos

de quatro anos são mais vulneráveis à pobreza, indivíduos empregados sem carteira

assinada ou desempregados, e razão de dependência familiar3 zero são variáveis que

aumentam a probabilidade do indivíduo ser pobre no Brasil. Além dessas, consideram-se

duas variáveis locacionais: região de residência (Nordeste é mais vulnerável) e estrato de

residência (rural é mais vulnerável) (Rocha, 1995: 231-2)

As variáveis locacionais são favoráveis ao conjunto de famílias pesquisadas (região Centro

Oeste e estrato de residência urbano).

1 No texto de referência (Rocha, 1995) a pobreza é caracterizada como uma síndrome de carências diversas que é associada à insuficiência de renda, já que a renda é o meio privilegiado de atendimento de necessidades nas sociedades modernas. 2 Considerado como “principal supridor da renda familiar” por Sônia Rocha (1995:231). Nesta pesquisa a condição de chefia familiar foi referida pelo informante. Há controvérsias importantes na caracterização de chefia familiar em unidades familiares conjugais em que ambos trabalham e obtêm rendimentos. Uma forma de categorizar seria considerar unidades monoparentais distinguindo-as por sexo ou conjugais em que ou não há chefe de família ou há dois chefes de família. 3 Razão ou taxa de dependência resulta da relação entre o número de ocupados (ou que têm rendimentos)/ total de pessoas na família. Quanto mais próximo de zero indica famílias numerosas com crianças menores

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GOIÂNIA – FAMÍLIAS USUÁRIAS DO PSF 126

Caracterização dos chefes de família A maioria dos entrevistados referiu a condição de chefia masculina de família (74%). A

vulnerabilidade da chefia feminina incide em 26% das famílias. Os chefes de família

situam-se, nas faixas etárias entre 30 e 55 anos (66%). A faixa etária acima de 65 anos

agrupa 16 chefes de família, metade concentrados em famílias adscritas à equipe 03, e a

chefia jovem (entre 15 e 24 anos) envolve quatro unidades familiares.

A caracterização do chefe de família segundo a cor ou raça auto-referida revelou que 56%

consideram-se brancos, 32% pardos e 12% são pretos. Cerca de 44% das famílias

apresentam vulnerabilidade à pobreza relacionada à cor do chefe, sendo menor nas famílias

adscritas à equipe 04 e mais acentuada nas famílias adscritas à equipe 01.

No que se refere à escolaridade observa-se que 9 dos chefes de família não tem

escolaridade e que 29 tem menos de 4 anos de estudo, totalizando 38% de famílias em que

há alta probabilidade que seus membros sejam pessoas pobres. Os percentuais de baixa

escolaridade são similares aos verificados entre os informantes, em sua maioria cônjuges, o

que não corrobora um panorama nacional de maior escolaridade das mulheres. Sessenta e

quatro chefes de família têm menos de 8 anos de estudos (excluídos os sem escolaridade).

Apenas 5 chefes de família possuem o 1o grau completo, 9 possuem o 2o grau completo e

um chefe de família não respondeu; nenhum chefe de família cursou a faculdade. Nas

famílias adscritas à equipe 01, a escolaridade dos chefes de família é mais baixa que a

observada no conjunto das equipes (36% possui menos de 4 anos e somados a 16% sem

escolaridade, totaliza 52% dos chefes de família sem ou com baixa escolaridade). As

famílias adscritas à equipe 03 e, principalmente, à equipe 04 tem proporcionalmente mais

chefias (52%) com escolaridade superior a 8a série completa (ensino fundamental). A

situação se agrava considerando que 94% dos chefes de família não está estudando.

Dos 100 domicílios entrevistados, 10 chefes de família não trabalham ou não possuem

rendimentos. Os demais 90 podem ter uma ou mais fontes de rendimento. A maioria destes

está empregado no setor privado (34,4%) ou possui rendimentos provenientes de

aposentadorias ou pensões (28,9%). Cerca de 26% trabalham por conta própria fora de

casa, e oito são empregadores. Entre os 90 chefes de família que trabalham ou possuem

rendimentos apenas 25 (27,8%) possuem carteira de trabalho assinada. A vulnerabilidade à

pobreza das famílias com chefes desempregados e sem carteira assinada atinge elevados

de 10 anos (ou maiores de 65 anos sem rendimentos) que constituem grupos vulneráveis à pobreza. É um indicador que permite captar de forma sintética diversas características adversas associadas à pobreza.

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GOIÂNIA – FAMÍLIAS USUÁRIAS DO PSF 127

patamares: 10 desempregados e sem rendimentos e 65 trabalhadores sem carteira de

trabalho.

Tabela 78 - Caracterização dos chefes de família que trabalham ou têm rendimentos quanto à posição na ocupação, Goiânia (GO)

Posição na ocupação N % Recebe benefícios sociais1 2 2,2Empregador 8 8,9Empregado do setor privado 31 34,4Empregado do setor público 8 8,9Por conta própria em casa 2 2,2Por conta própria fora de casa 23 25,6Trabalhador doméstico - -Aposentado/pensionista 26 28,9Locador de imóvel - -Recebe seguro desemprego - -Não respondeu - -Total 90 1001 Bolsa-alimentação, bolsa-educação e outros programas de renda mínima

Observa-se que 54% dos chefes de família recebem até 2 salários mínimos, incluindo 10

chefes de família que declararam não ter rendimentos. A maior parte dos chefes de família

recebe rendimentos entre 1 e 5 salários mínimos. Nas famílias adscritas à equipe 04

observa-se situação econômica menos vulnerável: 48% dos chefes de família recebem

acima de 3 salários mínimos, inclusive o único chefe de família da amostra que recebe

entre 10 e 20 salários mínimos.

Tabela 79 - Caracterização do chefe de família quanto aos rendimentos mensais (em salários mínimos)1, Goiânia (GO)

Níveis de renda N % Sem rendimentos 16 15,4Até ½ salário mínimo 7 6,7De ½ a 1 salários mínimos 36 34,6De 1 a 2 salários mínimos 28 26,9De 2 a 5 salários mínimos 16 15,4De 5 a 10 salários mínimos 1 1,0Mais de 10 salários mínimos - -Não informado - -Total 104 1001 Salário-mínimo de agosto de 2001, R$180,00 (cento e oitenta reais).

Caracterização das famílias e moradores A maioria das 100 residências pesquisadas era habitada por unidades familiares de 3 a 5

membros (64%). Percentual ao redor de 15% das casas abrigava até 2 moradores ou mais

de 6 moradores.

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GOIÂNIA – FAMÍLIAS USUÁRIAS DO PSF 128

Entre os 400 moradores pesquisados, 45% é do sexo masculino e 55% do sexo feminino. A

população estudada segue o perfil etário encontrado no município como um todo. A

distribuição dos moradores segundo faixas etárias revela que a população é jovem: um

quarto têm até 14 anos, 58,6% têm até 24 anos, e 7,5% tem 65 ou mais anos.

Tabela 80 - Caracterização dos moradores das residências pesquisadas quanto a faixa etária, Goiânia (GO), 2001

Faixa etária N % Menor de 14 anos 106 26,5De 15 a 19 anos 43 10,8De 20 a 29 anos 73 18,3De 30 a 39 anos 62 15,5De 40 a 49 anos 55 13,8De 50 a 59 anos 23 5,8De 60 a 64 anos 8 2,065 ou mais anos 30 7,5Não respondeu - -Total 400 100,0

Quarenta e três por cento dos moradores pesquisados se auto-classificaram como sendo

negros ou pardos, 57,0% definiram-se como brancos. Quanto à escolaridade do conjunto

de moradores das residências pesquisadas pode-se observar que há um percentual de

13,8% de moradores sem escolaridade, 25,6% tem menos de 4 anos de estudo, totalizando

39,4% vulneráveis no âmbito educacional. Foram encontrados 57% dos moradores

pesquisados com menos de 8 anos de estudo (excluídos os sem escolaridade) e 9,3% com o

ensino fundamental completo. A barreira do segundo grau deixou passar 77 pessoas entre

as famílias pesquisadas.

Tabela 81 - Caracterização dos moradores e dos chefes de família das residências pesquisadas quanto ao nível de escolaridade, Goiânia (GO), 2001

Moradores Chefes de família Nível de escolaridade N % N %

Sem escolaridade 55 13,8 9 9,0Menos de 4 anos 102 25,6 29 29,0Mais de 4 anos e menos de 8 anos 125 31,4 35 35,01o grau completo 37 9,3 5 5,02o grau incompleto 37 9,3 12 12,02o grau completo 39 9,8 9 9,0Universitário incompleto - - - -Universitário completo 1 0,3 - -Não respondeu 4 1,0 1 1,0Total 435 100,0 100 100,0

A maioria dos moradores não estuda (65,5%) mas na faixa etária entre 7 e 14 anos (60

pessoas), 98,4% freqüentam a escola o que é um excelente índice educacional. No entanto,

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GOIÂNIA – FAMÍLIAS USUÁRIAS DO PSF 129

dados do SIAB de junho de 2001 indicam que 7,51% das pessoas com 15 anos ou mais

entre famílias cadastradas pelo PSF não são alfabetizadas e que 12,61% das crianças entre

7 e 14 anos não freqüentam a escola.

Na residências pesquisadas em Goiânia há uma (34%), duas pessoas (41%) ou três (13%)

pessoas trabalhando. No conjunto das famílias, em apenas uma residência ninguém possuía

rendimentos (família adscrita à equipe 01).

A taxa de dependência nos grupos familiares pesquisados em Goiânia revelou que a

situação mais favorável (taxa de dependência entre 0,61 e 1,00) abrange 37 famílias das

100 pesquisadas. No outro pólo, de maior vulnerabilidade à pobreza segundo este

indicador, situam-se 35 famílias.

Tabela 82 - Caracterização das residências quanto à taxa de dependência, Goiânia (GO), 2001

Taxa de dependência

N %

0,01 - 0,20 6 6.00,21 - 0,40 29 29.00,41 - 0,60 28 28.00,61 - 0,80 19 19.00,81 - 1,00 18 18.0Total 100 100,0

Em Goiânia observamos fixação geográfica das famílias, e os pequenos movimentos

migratórios restritos ao âmbito intramunicipal. Residem há mais de 10 anos no bairro ou

comunidade 37,3% dos moradores, e cerca de 46% dos chefes de família, proporção ainda

maior (84%) nos chefes das famílias adscritas à equipe 02. Doze chefes de família e 22%

dos moradores residem na localidade há menos de 2 anos, característica mais acentuada

nos chefes das famílias adscritas à equipe 01 (24%) e inexistente na equipe 02. Oitenta e

nove moradores residem no bairro ou localidade há menos de 2 anos e destes, 15 são

crianças menores de 2 anos.

Entre os chefes de família que residem no bairro ou comunidade há menos de 2 anos a

maioria (58%) provem de outras localidades do próprio município de Goiânia. Dois chefes

de família provinham de outros municípios de Goiás e três eram originários de outro

estado. Nas famílias vinculadas à equipe 01, não há diferença entre a origem local, de outro

município de Goiás ou de município de outro estado, cada qual representado por dois

chefes de família que moram no bairro ou comunidade há menos de 2 anos. Ainda deste

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GOIÂNIA – FAMÍLIAS USUÁRIAS DO PSF 130

grupo de moradia recente no bairro a origem é predominantemente urbana (100% dos

chefes de família e 96,7% dos moradores).

A distribuição do tempo de residência no bairro ou localidade dos moradores segundo as

ESF selecionadas: a equipe 01 concentra 100% de moradores há menos de 10 anos no

local, e um significativo grupo de moradia recente (35%), enquanto a equipe 02 apresenta

o maior percentual (67,3%) de moradores há mais de 10 anos, também parcela

considerável (46%) das famílias adscritas à equipe 03. Entre os moradores que residem há

menos de 2 anos no bairro ou localidade 55,1% provêm do próprio município de Goiânia e

15 são crianças menores de 2 anos que nasceram na localidade. Dentre os moradores

residentes há menos de 2 anos, 78,7% referiram o estado de Goiás como lugar de origem,

5,6% (5 pessoas) dos estados de Rondônia, Paraná e Mato Grosso. Os grupos estão

concentrados em famílias adscritas a certas equipes: todos os de Rondônia e de Mato

Grosso moram na área da equipe 01, enquanto os paranaenses estão na área de cobertura da

equipe 03. Apenas duas pessoas que vivem no bairro ou localidade há 2 anos ou menos

eram de origem rural. Em relação ao tempo de moradia na localidade anterior, 28,1%

indicaram a permanência de até 2 anos (baixa fixação) enquanto 25,8% viveu mais de 10

anos na local anterior (fixação). Na equipe 01 há maior concentração de pessoas que

moraram menos de 2 anos na residência anterior e também de pessoas com tendência à

fixação (moraram mais de 10 anos na residência anterior). Nas equipes 02 e 04 cerca de

30% dos moradores que residem há menos de 2 anos na localidade moraram mais de 10

anos na localidade anterior.

Seguindo a mesma tendência dos chefes de família pesquisados, a maioria dos moradores

que trabalham ou têm rendimentos são empregados do setor privado (42,6%) ou são

aposentados e pensionistas (23,5%). Cerca de 17% dos moradores trabalham por conta

própria fora de casa. No que se refere à formalização do vínculo de trabalho por meio de

carteira assinada verificou-se que apenas 60 moradores (29,4% dos que trabalham ou têm

rendimentos) tinham carteira de trabalho assinada.

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GOIÂNIA – FAMÍLIAS USUÁRIAS DO PSF 131

Tabela 83 - Caracterização dos moradores que trabalham ou têm rendimentos quanto à posição na ocupação, Goiânia (GO), 2001

Posição na ocupação N % Recebe benefícios sociais 5 2,5Empregador 10 4,9Empregado do setor privado 87 42,6Empregado do setor público 13 6,4Conta própria em casa 6 2,9Conta própria fora de casa 34 16,7Trabalhador doméstico 16 7,8Aposentado/Pensionista 48 23,5Locador de imóvel - -Recebe Seguro desemprego - -Não respondeu - -Total 204 100,0

Quase metade dos moradores que trabalham ou têm rendimentos entre famílias usuárias do

PSF em Goiânia está ocupada nos setores de comércio e serviços (49,8%). O segundo

maior grupo é representado por aposentados e pensionistas (21,6%) mostrando a

importância de rendimentos do sistema de proteção social na economia municipal. Em

Goiânia as ocupações agropecuárias não têm significado, e o emprego industrial foi baixo

(6,4%) entre os moradores pesquisados. Ocupações no setor de construção civil significam

6,4% do total.

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Tabela 84 – Caracterização dos moradores que trabalham ou têm rendimentos quanto ao setor de atividade, Goiânia (GO), 2001 Setor Todas as

equipes Equipe 1 Equipe 2 Equipe 3 Equipe 4

N % N % N % N % N % Empregadores 7 3.2 1 2.0 1 1.8 2 3.0 3 6.1Ocupações na indústria extrativa - - - - - - - - - -Ocupações na indústria de transformação

14 6.4 1 2.0 10 18.2 1 1.5 2 4.1

Ocupações na construção civil 16 7.3 5 10.2 5 9.1 4 6.1 2 4.1Ocupações em comércio e serviços

109 49.8 22 44.9 24 43.6 33 50.0 30 61.2

Ocupações em transporte e comunicações

9 4.1 2 4.1 2 3.6 4 6.1 1 2.0

Aposentado/Pensionista 48 21.9 9 18.4 10 18.2 21 31.8 8 16.3Ocupações artesanais, artísticas e desportivas

2 0.9 1 2.0 1 1.8 0 0.0 0 0.0

Ocupações na agropecuária 1 0.5 0 0.0 0 0.0 0 0.0 1 2.0Outras ocupações não incluídas nas anteriores

- - - - - - - - - -

Ocupações mal definidas 1 0.5 1 2.0 0 0.0 0 0.0 0 0.0Ocupações administrativas 7 3.2 2 4.1 2 3.6 1 1.5 2 4.1Locador 0 0.0 0 0.0 0 0.0 0 0.0 0 0.0Recebe benefícios sociais* 5 2.3 5 10.2 0 0.0 0 0.0 0 0.0Total 219 100.0 49 100.0 55 100.0 66 100.0 49 100.0 (*) Salário-escola, renda cidadã, ajuda à seca, seguro desemprego Obs.: A soma dos valores ultrapassa o total de moradores que trabalham ou têm rendimentos porque um mesmo morador pode ter mais de uma ocupação.

Do conjunto de moradores pesquisados ou que têm rendimentos cerca de 63% recebe até 2

salários mínimos. Repete-se para o conjunto dos moradores o observado anteriormente nos

chefes de família: há uma situação econômica menos vulnerável de 12,8% dos moradores

adscritos à equipe 04 que recebem de 3 a 5 salários mínimos. De um total de 204

moradores que trabalham ou têm rendimentos, 17 trabalham por temporada dos quais

76,4% (9 moradores) trabalham em média durante períodos de 6 a 12 meses o que

interrogar a compreensão da pergunta pelos entrevistados.

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Tabela 85 - Caracterização dos moradores que trabalham ou têm rendimentos quanto à faixa de rendimentos mensais (em salários mínimos)1, Goiânia (GO), 2001

Níveis de renda N % Sem rendimentos - -Até ½ salário mínimo 11 5,4De ½ a 1 salário mínimo 68 33,3De 1 a 2 salários mínimos 50 24,5De 2 a 5 salários mínimos 59 28,9De 5 a 10 salários mínimos 11 5,4Mais de 10 salários mínimos 1 0,5Não informado 4 2,0Total 204 100,01 Salário-mínimo de agosto de 2001, R$180,00 (cento e oitenta reais).

Dentre os moradores de 15 a 64 anos, a maioria (75,5%) está ocupada. O percentual de

desocupação é de 24,5%, sendo que esta proporção é maior entre os moradores adscritos à

equipe 01 e 02 (ao redor de 28%). No total de moradores desocupados (73 pessoas), a

maioria apresentava experiência em trabalho anterior (72%), e 2,7% não respondeu. A

equipe 03, porém, apresenta uma situação diferenciada da média, com proporção maior de

desocupados sem nenhuma experiência de trabalho anterior (40,0%). Dentre os moradores

desocupados apenas 21 (29%) procuraram trabalho nos últimos 30 dias. Dentre os

moradores desocupados com experiência anterior de trabalho (53 moradores) 96% (51

moradores) estava há mais de 30 dias sem trabalhar.

Características dos domicílios A infra-estrutura habitacional é elemento importante na caracterização das condições de

vida e de saúde da população. Indicadores de vulnerabilidade habitacional são: tipo de

construção, densidade por dormitório, banheiro interno ou externo, individual ou coletivo,

abastecimento de água, esgotamento sanitário e coleta de lixo. Em conjunto delimitam um

ambiente mais ou menos saudável em que vivem as pessoas.

A maior parte dos domicílios (99%) é construída com tijolos ou adobe, 58% têm de 5 a 6

cômodos, e 75,0% têm uma densidade entre 1,0 a 1,4 moradores por cômodo. Densidades

mais elevadas (acima de 2,0 até 4,9 moradores por cômodo) foram observados em apenas 5

do total de moradias pesquisadas e concentram-se nas residências das famílias adscritas às

equipes 01 (2 famílias com densidade entre 2,0 e 4,9 moradores por cômodo) e 04 (2

famílias com densidade entre 2,0 e 2,4 moradores por cômodo). A maioria das casas têm

entre dois (50%) e três (26%) dormitórios. Em seis das 100 casas pesquisadas não existia

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cozinha independente; presumimos que o cômodo é também utilizado como dormitório.

No que se refere à densidade de moradores por dormitório observa-se que 52,0% dos

domicílios tinha 2,0 a 2,4 moradores por dormitório, o que é uma densidade média elevada,

cerca de 21% das moradias tinha uma baixa densidade (confortável)por dormitório entre

1,0 e 1,4 pessoas, enquanto 27% tinham densidade de 3,0 a 3,4 moradores por dormitório

ou superior como uma família adscrita à equipe 04 com densidade de moradores por

dormitório entre 4,0 e 4,9 e outra família vinculada à equipe 04 em que dormem entre 5,0 e

5,9 por dormitório. Cerca de 84% das casas pesquisadas têm banheiro interno. Faixas em

torno de 6 das casas tinham banheiro externo exclusivo, ou banheiro interno e externo. Em

quatro casas não existiam banheiros exclusivos.

Em relação ao abastecimento de água 68,0% dos domicílios estão ligados à rede geral, e

31,0% se abastece de água por meio de poço ou nascente. Em 68 domicílios a água é

filtrada, é clorada em 8 residências, é fervida em 5 domicílios e em 24 domicílios a água

não é tratada.

Todas as residências pesquisadas recebem fornecimento de energia elétrica. O

fornecimento de energia elétrica é regular, 60% das residências não tinha sofrido

interrupção de energia na semana anterior, mas 36% das residências pesquisadas referia de

uma até três interrupções de energia na semana anterior.

A ligação à rede geral de esgoto atende 40% dos domicílios pesquisados mas com uma

distribuição territorial extremamente diferenciada: 96% das moradias das áreas cobertas

pelas equipes 01 e 02 não têm ligação com a rede de esgoto enquanto 96% das casas

adscritas à 03 tem ligação com a rede geral. Cerca de 55% dos domicílios possuem outro

tipo de esgotamento sanitário (fossa sem escoadouro, em particular nos domicílios das

áreas cobertas pela equipe 01 (80%0 e 02 (96%). Nas moradias das áreas cobertas pela

equipe 04 há uma situação mais favorável (56% têm ligação sanitária) mas quase a metade

da população não tem saneamento básico.

O sistema público de coleta de lixo serve 100% dos domicílios pesquisados com uma

regularidade de coleta média de 3 vezes por semana (80%). Em 83 domicílios não é

utilizado nenhuma outra forma de jogar fora o lixo mas 10% das residências queimam, 2%

enterram, 1,0% jogam o lixo no próprio terreno.

Há importantes vulnerabilidades habitacionais entre as famílias pesquisadas no que se

refere ao acesso a abastecimento de água ligado à rede geral (32%), ao esgotamento

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sanitário (60%) e a densidade por dormitório. Mas a coleta pública de lixo e o

fornecimento de energia elétrica têm cobertura total e assim como no que se refere ao tipo

de construção as vulnerabilidades são baixas.

Meios de comunicação e participação em grupos comunitários A televisão é o meio de comunicação mais freqüentemente utilizado por moradores

entrevistados (73% assiste sempre ou quase sempre) seguido do rádio (46% escutam

sempre ou quase sempre). Cerca de 30% afirmam ler livros sempre e quase sempre. As

rádios comunitárias não constituem um meio de divulgação massivo e a internet não é

acessível para a totalidade dos informantes. A leitura de jornais é bastante reduzida entre

os entrevistados e a leitura sempre ou quase sempre de jornais é o menos freqüente entre

todos os meios de comunicação.

Os moradores entrevistados em Goiânia se locomovem principalmente por meio de ônibus

(86 moradores) ou de carro (13 moradores). Cavalo é citado por seis entrevistados (das

equipes 02 e 03) como meio de transporte mais utilizado.

Tabela 86 - Caracterização do informante quanto ao uso e freqüência de meios de comunicação, Goiânia (GO), 2001

Meio de comunicação

Sempre Quase sempre Raramente Não Sem resposta

TV 56 17 24 3 -Rádio comunitária

2 - 4 94 -

Rádio 33 13 25 29 -Jornais 8 3 22 67 -Revistas 7 11 15 67 -Livros 21 9 15 55 -Internet - - 1 99 -

Há pequena participação dos moradores pesquisados em todos os tipos de grupos

comunitários, excetuando-se os grupos religiosos em que cerca de 52% dos moradores

participam sempre ou quase sempre. O tipo de grupo comunitário mais freqüentado depois

deste foi grupo de caridade (3,8%) e associação de moradores em que cerca de 4,5% dos

moradores participam sempre ou quase sempre. A não participação significa entre 92 e 100

por cento dos moradores, dependendo do tipo de grupo, excetuando grupos religiosos.

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Tabela 87 - Caracterização dos moradores quanto à participação e freqüência de participação em grupos comunitários por tipo (em percentuais), Goiânia (GO), 2001

Grupo Comunitário Sempre Quase sempre Raramente Não participa Religioso 40,3 11,6 6,3 41,8Cultural ou desportivo 2,0 - 0,3 97,8Ajuda Mútua - - - 100,0Caridade 3,8 - 0,8 95,5Associação de moradores

2,5 2,0 2,8 92,8

Partidos Políticos 1,8 0,8 1,5 96,0Cooperativa 0,3 - - 99,8Outros - - 0,2 99,8

Conhecimento e participação em Conselhos de Saúde 70% não conhecem o Conselho Municipal de Saúde e 88% não conhecem o Conselho

Local de Saúde. Entre aqueles que conhecem o CMS (30) nenhum declara participar. O

mesmo acontece com o CLS: dos 12 entrevistados que declaram conhecer o CLS nenhum

deles participa. A avaliação das reuniões do CMS e dos CLS ficou prejudicada pois não

havia entre os entrevistados ninguém que participasse.

Apenas 9 pessoas afirmaram ter apresentado queixas ou reclamações sobre serviços de

saúde (quatro a profissionais de saúde e quatro a autoridades governamentais do setor

saúde) e somente 22 identificam órgãos a recorrer em casos de denúncias ou queixas de

serviços de saúde. Destes sete pessoas procurariam autoridades governamentais do setor

saúde e seis entrevistados afirmaram que recorreriam aos profissionais de saúde. Meios de

comunicação (5 pessoas) e órgãos de defesa do consumidor (1 pessoa) em conjunto

constituem o terceiro grupo de recursos possíveis para realizar denúncias ou reclamações.

A maioria dos entrevistados (87%) não soube responder à pergunta se havia sido feito um

plano de saúde para a sua comunidade e nove moradores informaram que não havia sido

feito. Apenas dois entrevistados informaram que o plano havia sido feito e concluído e

outros dois responderam que a elaboração do plano foi iniciada mas sem concluir.

Coerentemente com as respostas anteriores, nenhum dos moradores entre os pesquisados

participou da elaboração do plano de saúde da comunidade.

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GOIÂNIA – FAMÍLIAS USUÁRIAS DO PSF 137

2. IDENTIFICAÇÃO DE PROBLEMAS PRIORITÁRIOS E DA SITUAÇÃO DE SAÚDE DO BAIRRO OU COMUNIDADE E ATENDIMENTO USUAL AOS PROBLEMAS DE SAÚDE

Foi solicitado que cada entrevistado assinalasse os três maiores problemas em sua

comunidade, sem restringir-se a problemas de saúde. Por ordem decrescente do número de

vezes em que os problemas foram mencionados: problemas referentes a segurança e

violência por 52% dos entrevistados; infra-estrutura urbana, em geral, congregando

queixas relacionadas à ruas e praças não asfaltadas, poeira, falta de transporte, falta de

telefone, falta de local para lazer dos jovens e falta de iluminação pública foram

mencionados por 42% dos entrevistados; problemas referentes à infra-estrutura urbana de

saneamento englobando falta de esgoto da rede pública, falta de água encanada ou de água

tratada, e lixo que os moradores jogam na rua ou que não é recolhido no dia previsto foram

referidos por 39% dos entrevistados; o quarto grupo de problemas mais citado agrupa

dificuldades relacionadas à saúde e a educação ficou em quinto lugar englobando falta de

escola no bairro, falta de vagas, falta de escola para adultos, ensino precário ou ruim, falta

de incentivo para os adolescentes estudarem (atividades extra curriculares) e falta de

creche e jardim-de-infância referidos por 12% dos entrevistados. Pobreza e ao desemprego

foram mencionados por apenas três informantes.

Problemas de saúde também foram mencionados entre os principais problemas da

comunidade por cerca de 25% dos informantes mas receberam tipologia especial:

relacionados à saúde em geral (5), com profissionais ou unidades básicas (8), acesso ao

atendimento (9), relacionadas às emergências (1), relativas à exames (1) e outros (1).

Considerando um total de 193 menções, problemas relacionados à saúde foram

considerados como problemas principais do bairro apenas em 13% dos casos.

A seguir foi solicitado que o entrevistado assinalasse os três maiores problemas de saúde

existentes em sua comunidade e cerca de 20% não responderam. Acesso ao atendimento

foi o problema mais mencionado (38%), relacionado ao tempo de espera para ser atendido,

mesmo com consulta marcada, a falta de vaga para consultas, ao péssimo atendimento no

posto de saúde, à dificuldade em ser atendido quando encaminhado e outras dificuldades

em obter consultas. Dificuldades relativas aos profissionais de saúde foram mencionados

por 31% englobando queixas de falta de médicos especialistas, falta de profissionais para

atender no posto, falta de dentista ou dificuldade em ser atendido por dentistas, falta de

visita domiciliar dos médicos, incompetência do médico em fazer diagnósticos e número

reduzido de visitas domiciliares por agentes comunitários de saúde. O terceiro grupo de

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GOIÂNIA – FAMÍLIAS USUÁRIAS DO PSF 138

problemas de saúde identificado, mencionado por 23% dos entrevistados, refere-se às

emergências que englobam queixas de falta de atendimento de emergência no posto de

saúde, falta de unidade de emergência ou serviço de saúde 24 horas, falta de ambulâncias

para levar os doentes e atendimento demorado na emergência. Em quarto lugar, foram

referidos tanto problemas de saúde relativos às doenças prevalecentes (15) quanto à falta

de medicamentos nas unidades de saúde (14).

Perguntados a quem caberia solucionar os problemas de saúde assinalados, a maior parte

das respostas dividiu-se entre o governo estadual (30) e o governo municipal (31). A

Secretaria Municipal de Saúde foi responsabilizada por 24 entrevistados e os serviços de

saúde (postos e centros, hospitais) também tiveram importante parcelas de respostas (24).

Um número importante (35) não soube responder a pergunta. As concentrou-se no governo

municipal (93%), muito mais que o governo estadual (18%), e a própria (35%). Serviços e

profissionais de saúde são pouco responsabilizados. A ESF foi identificada como

responsável na resolução dos problemas de saúde por três entre 100 entrevistados e

ninguém imputou responsabilidade ao agente comunitário de saúde.

Tabela 88 - Caracterização dos responsáveis pela resolução dos problemas de saúde na opinião dos entrevistados, Goiânia (GO), 2001

Responsáveis identificados Todas as equipes

Equipe 1 Equipe 2 Equipe 3 Equipe 4

N % N % N % N % N % Governo estadual 30 30,0 7 28,0 5 20,0 13 52,0 5 20,0 Governo municipal 31 31,0 10 40,0 3 12,0 10 40,0 8 32,0 Secretaria Municipal de Saúde 24 24,0 8 32,0 7 28,0 3 12,0 6 24,0 Outra secretaria municipal 1 1,0 1 4,0 - - - - - - Centros e postos de saúde 22 22,0 - - 11 44,0 9 36,0 2 8,0 Hospitais 2 2,0 - - 1 4,0 1 4,0 - - Equipes de saúde da família 3 3,0 2 8,0 1 4,0 - - - - Agentes comunitários de saúde - - - - - - - - - - Conselho Local de Saúde - - - - - - - - - - Conselho Municipal de Saúde - - - - - - - - - - Igrejas - - - - - - - - - - Clubes - - - - - - - - - - Associações de moradores 8 8,0 8 32,0 - - - - - - Pessoas que moram na comunidade 3 3,0 1 4,0 1 4 - - 1 4,0 Outro 4 4,0 3 12,0 - - 1 4,0 - - Não sabe 35 35,0 9 36,0 9 36,0 9 36,0 8 32,0 Obs.: A soma dos valores absolutos e relativos ultrapassa o total de informantes e os 100%, respectivamente, porque o respondente pode ter indicado mais de um responsável pelos problemas de saúde da comunidade.

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Situação de saúde e atendimento aos problemas de saúde das famílias A situação de saúde foi pesquisada de diversos modos: doenças e condições referidas sob

acompanhamento das Equipes de Saúde da Família; episódios de doenças no último mês;

episódios de violência nos últimos 12 meses; portadores de doenças crônicas; e, para todos

estes foram investigados os modos usuais de atendimento e acompanhamento dos

problemas de saúde.

Entre as doenças, comportamentos (alcoolismo) e condições (gravidez, crescimento e

desenvolvimento) sob acompanhamento das Equipes de Saúde da Família observa-se um

número pequeno de grávidas (3) e menores de um ano (5). Há mais crianças e adolescentes

em faixa pré-escolar e escolar mas não há atividades específicas do PSF direcionadas a

esses grupos. Entre as doenças a mais referida foi hipertensão arterial que atinge cerca de

10% dos moradores pesquisados. Doença de Chagas foi mencionada por 8 moradores

(2,0%) e hanseníase por dois. A ausência de malária é coerente com o perfil

epidemiológico de Goiânia, mas a ausência de portadores de tuberculose incita a avaliação

da capacitação diagnóstica dos profissionais das ESF. Chama a atenção a referência de dez

casos de diabetes.

Quadro 18 - Caracterização dos moradores quanto à doenças ou condições referidas, Goiânia (GO), 2001

Doença ou condição referida N % Diabetes 10 2,5 Doença mental 5 1,3 Doença de Chagas 8 2,0 Epilepsia 4 1,0 Hanseníase 2 0,5 Hipertensão arterial 38 9,5 Malária - - Tuberculose - - Desnutrição 1 0,3 Portadores de deficiência física 3 0,8 Alcoolismo 5 1,3 Mulheres grávidas 3 0,8 Crianças com menos de 1 ano 5 1,3 Crianças de 1 a 4 anos 28 7,0 Crianças de 5 a 9 anos 37 9,3 Crianças de 10 a 14 anos 36 9,0 Total 400 100,0

No último mês foram referidos 52 episódios de doença entre 400 moradores, 13 foram

considerados graves, 15 foram considerados “mais ou menos graves” e 23 foram

considerados sem gravidade. Quatorze consideraram estarem curados, 33 continuavam

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doentes (22 relataram estar “mais ou menos” e 11 acharam que o quadro estava inalterado)

e 3 consideraram que estavam pior. A USF/ESF foi procurada pela maior parte (16) dos

que referiram episódio de doença no último mês, 7 procuraram Posto ou Centro de Saúde

mas 12 procuraram hospitais. Nove não procuraram serviço ou profissional de saúde.

Embora existissem portadores de doenças crônicas em 55 residências pesquisadas

referindo 73 casos, 91% dos domicílios não apresenta doentes acamados nos últimos 15

dias. Apenas 9% das casas têm doentes nesta situação, e apenas 2% das residências

apresentam pessoas idosas permanentemente acamadas.

As condições crônicas referidas concentraram-se na hipertensão arterial (60% dos

domicílios com doentes crônicos), diabetes (18,2%), doença de Chagas (14,5%). Das

doenças monitoradas pelo PSF, além destas, foram mencionados três casos de Hanseníase,

quatro casos de epilepsia, dois casos de doença mental, mas nenhum caso de desnutrição.

Doenças do aparelho respiratório e do sistema ósteomuscular contribuem, cada qual, com

cerca de 20% de domicílios que referem moradores com doenças crônicas, e dão uma idéia

de situações incapacitantes ou que reduzem a capacidade de trabalho que não são objeto de

atividades do PSF.

Tabela 89 - Caracterização das residências com doentes crônicos segundo as doenças crônicas referidas, Goiânia (GO), 2001

Doenças crônicas referidas N % Doença de Chagas 8 14,5Hanseníase 3 5,5Desnutrição - -Hipertensão arterial 33 60,0Doença mental 2 3,6Epilepsia 4 7,3Diabetes 10 18,2Doenças do ap. circulatório exceto hipertensão 6 10,9Neoplasias - -Doenças do aparelho respiratório 11 20,0Doenças do sistema nervoso, exceto epilepsia 1 1,8Transtornos mentais e comportamentais 4 7,3Doenças do sistema osteomuscular e do tec. Conjuntivo 12 21,8Doenças do aparelho digestivo 3 5,5Doenças endócrinas, nutricionais e metabólicas, exceto diabetes 1 1,8Doença de olho e anexos 3 5,5Doença do ouvido e da apófise mastoide 2 3,6Doenças infecciosas e parasitárias, exceto as monitoradas pelo PSF - -Sintomas e sinais mal definidos 4 7,3Não respondeu - -Total de domicílios 55 100,0

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Deve ser recordado que os entrevistados referiram como dentre os três maiores problemas

de saúde da comunidade dificuldades relacionadas com dificuldades de acesso ao

atendimento ambulatorial e contínuo (38,0%), dificuldades relacionadas com os

profissionais de saúde (31%), e ao atendimento de emergência (23%). Doenças específicas

aparecem em quarto lugar em ordem decrescente de respostas.

Casos de violência ou acidentes nas comunidades Sessenta e uma pessoas referiram que são comuns casos de violência ou acidentes em suas

comunidades, com concentração de casos nas áreas adscritas às equipes 02 (72%

afirmaram que acidentes e casos de violência são comuns) e 03 (64%). Os tipos de

violência mais relatados foram assassinatos (30) seguidos de brigas em lugares públicos

(29), roubos de residências ou estabelecimentos comerciais (23) e assalto a mão armada

(15).

Foram relatados 14 episódios de violência ou acidentes com os entrevistados ou residentes

de seus domicílios nos últimos 12 meses. Apenas 3 episódios foram graves enquanto os

demais foram sem gravidade (5) ou não houve ferimentos (6). Consequentemente, a

maioria (8) não procurou nenhum serviço de saúde e 4 procuraram hospitais.

Perguntados o que costumam fazer diante de mal-estar ou adoecimento, 89 informam que

procuram um profissional de saúde, e 5 tomam chá ou remédios caseiros. Entre os serviços

e profissionais de saúde procurados em primeiro lugar os mais mencionados foram Centro

de Saúde com serviço de urgência (26), Postos ou Centros de Saúde (21), USF (20) e

hospitais (18). Para o atendimento em situações de mal-estar e adoecimento em períodos

noturnos ou em finais de semana os moradores relatam recorrer a Centros de Saúde com

serviços de urgência (32), hospitais (20), Posto ou Centro de Saúde (13) enquanto 10

esperam para ver se melhoram.

O ACS não é um recurso em caso de adoecimento ou mal-estar. A “rede” de atenção

básica ofereceria cobertura usual a 41 casos enquanto a “rede de emergência” atenderia 44

casos. Em períodos noturnos ou finais de semana a USF não é recurso disponível, a

atenção básica é mencionada por 13 pessoas enquanto a “rede de emergência” atende 52

dos casos.

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3. CONHECIMENTO E UTILIZAÇÃO DO PSF

A grande maioria dos entrevistados (93) conhece o PSF e o meio de divulgação mais

referido foi a visita do ACS (56). Foram também mencionados, em ordem decrescente,

como meio de informação sobre o PSF a televisão (26), amigos ou conhecidos (6), visita

da ESF (4). Cartazes, folhetos, jornais, rádio e rádio comunitário não foram mencionados

como meios de informação sobre o programa e apenas um entrevistado mencionou

reuniões na comunidade.

Entre os 93 entrevistados mais da metade (51) conhece o local em que o PSF funciona

atualmente e 48 afirmam que é fácil chegar a esse local sendo que a maioria (44 entre 51

que conhecem o local) chegam a pé. Apenas nas famílias adscritas à equipe 03, três

entrevistados informaram que não é fácil chegar na USF.

Agentes Comunitários de Saúde Os agentes comunitários de saúde desempenham importante papel na ESF, e constituem o

vínculo mais próximo dos usuários até porque devem morar na localidade. Mas, além da

proximidade de residência, as atribuições do ACS envolvendo acompanhamento e busca

ativa de situações e problemas de saúde, referência para a USF e fornecimento de

orientações, tem grande significado nas relações estabelecidas com os profissionais e

equipes de saúde e com a concepção de saúde como qualidade de vida que devem

constituir a base de estruturação do sistema de saúde.

A grande maioria (95) conhece o ACS responsável da área em que moram e a maioria

destes (64) considera que o ACS conhece os problemas de saúde de sua família. Apenas 9

entrevistados consideram que o ACS conhece “mais ou menos” os problemas de saúde de

sua família e 19 consideram que o ACS não conhece os problemas de saúde de sua família.

Em relação ao conhecimento do ACS sobre os problemas de saúde da comunidade um

percentual menor (56) afirmou que o ACS conhece, 5 pessoas declararam que o ACS

conhece “mais ou menos”, 9 declararam que o ACS não conhece os problemas de saúde da

comunidade e 25 não souberam avaliar.

Um alto percentual dos entrevistados (82) declarou que os ACS estabelecem um bom

relacionamento com as pessoas que são por eles acompanhados. Onze não souberam

avaliar. A grande maioria (69) considera que os ACS orientam a respeito de cuidados de

saúde embora 14 pessoas informaram que os ACS não realizam orientações. Quanto às

orientações dadas pelos ACS 57 dos entrevistados consideraram que as orientações são

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GOIÂNIA – FAMÍLIAS USUÁRIAS DO PSF 143

totalmente compreensíveis. Apenas um entrevistado respondeu que as orientações são

incompreensíveis.

Do conjunto de atividades do ACS a visita domiciliar foi considerada boa ou ótima por 61

entrevistados, apenas 6 não souberam avaliar esta atividade, 11 consideraram péssima ou

ruim e 17 consideraram regular. O número de pessoas que não sabiam avaliar certas

atividades foi bastante elevado: orientação sobre soro de reidratação oral (59),

acompanhamento de vacinação de crianças e gestantes (55), orientação sobre métodos de

planejamento familiar (69) e sobre prevenção de intoxicações domésticas4 (75), educação

em saúde bucal para crianças (67), orientação sobre prevenção da AIDS (62). Algumas

atividades receberam altos percentuais de resposta “não se aplica” (incentivo ao

aleitamento materno, identificação de gestantes e encaminhamento para o pré-natal,

atividades de prevenção e promoção da saúde de idosos, e identificação e orientação de

portadores de deficiências físicas e mentais) referindo-se a inexistência naquela residência

de alvo da atividade e portanto não ser possível a avaliação. Essas atividades receberam

menores percentuais de resposta “não sabe avaliar”.

As atividades dos ACS consideradas como boas ou ótimas por mais da metade dos

entrevistados foram somente duas: capacidade de identificar situações de risco e

capacidade de identificar pessoas doentes. Receberam acima de 40% de aprovação as

atividades de orientações sobre prevenção e cuidados doenças endêmicas (traduzidas como

“mais comuns na região”), e ações educativas para prevenção de câncer ginecológico.

As atividades dos ACS consideradas como ruins ou péssimas por cerca de 5% dos

entrevistados, foram educação em saúde bucal para crianças, orientação sobre prevenção

de intoxicações domésticas.

4 Embora a atividade de orientações para prevenção de intoxicações domésticas não esteja incluída nas atribuições dos ACS nem nas ações das ESF, foi introduzida na pesquisa por ser importante causa de morbidade infantil nos grandes centros urbanos.

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GOIÂNIA – FAMÍLIAS USUÁRIAS DO PSF 144

Quadro 19 - Avaliação das famílias sobre atividades realizadas pelos ACS (em números absolutos), Goiânia (GO)

Atividades Péssimo ou

ruim Regular bom ou

ótimo Não se aplica

Não sabe

Capacidade de identificar situações de risco

3 8 53 - 31

Capacidade de identificar pessoas doentes

4 4 54 - 33

Orientação sobre prevenção de AIDS

4 1 28 - 62

Orientação sobre prevenção e cuidados doenças endêmicas

2 4 42 - 47

Monitoramento de doenças de pele e parasitoses em crianças

3 1 16 39 36

Educação em saúde bucal para crianças

6 2 15 5 67

Orientação sobre prevenção de intoxicações domésticas

5 4 10 1 75

Orientação sobre os métodos de planejamento familiar

2 2 16 6 69

Acompanhamento de vacinação de crianças e gestantes

- - 2 38 55

Orientação sobre soro de reidratação oral

1 2 27 6 59

Acompanhamento do crescimento de crianças menores de 2 anos

2 - 7 79 7

Incentivo ao aleitamento materno 2 - 6 79 8 Identificação de gestantes e encaminhamento para pré-natal

- - 3 92 -

Ações educativas para prevenção do câncer de colo de útero e de mama

2 5 40 4 44

Ações educativas referentes ao climatério

1 - 8 60 26

Atividades de prevenção e promoção da saúde de idosos

- 1 13 72 9

Acompanhamento de tratamento domiciliar e doentes crônicos

4 5 28 41 17

Identificação e orientação de portadores de deficiências físicas e mentais

4 - 5 68 18

Visitas domiciliares (qualidade) 11 17 61 - 6 É alta a freqüência mensal de contatos entre os residentes e os ACS: 25 entrevistados

afirmaram encontrar menos de uma vez por mês, 26 declararam encontrar uma vez por

mês, 22 encontravam os ACS entre 2 a 5 vezes por mês e 12 pessoas encontram o ACS de

26 a 30 vezes mensais. O local mais citado de encontro com o ACS é a residência do

entrevistado (59) seguido da rua (45) e 12 que encontram o ACS na unidade de saúde.

Analisando as respostas das famílias entrevistadas segundo as ESF selecionadas há

diferenças que indicam maior freqüência de contato na rua (16) na equipe 02 ao invés de

na casa do entrevistado (13).

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GOIÂNIA – FAMÍLIAS USUÁRIAS DO PSF 145

Atendimento na USF A grande maioria (83) dos entrevistados afirmou que alguém de sua residência já foi

atendido na USF ou por profissionais da ESF excetuando o ACS sendo que 32 foram

atendidos menos de uma vez por mês nos últimos 3 meses, 28 foram atendidos entre 2 a 5

vezes e 22 foram atendidos nesse período uma vez por mês.

Quando considerado o período dos últimos 30 dias 52 entrevistados referiram que eles ou

alguém de sua residência entraram em contato com profissionais da ESF, incluindo o ACS,

sendo o motivo mais assinalado (19) o sentir-se mal. A consulta estava marcada foi

assinalado por 13 pessoas e visita de rotina apenas por dez.

O médico foi o profissional da ESF com quem as pessoas mais entraram em contato (34)

nesse período, seguido pelo ACS (12) e o enfermeiro (3). Um entrevistado referiu ter

entrado em contato com o dentista (equipe 04) o que deve ser verificado já que em Goiânia

a ESF não inclui o odontólogo. Não há diferenças importantes entre as famílias segundo as

ESF selecionadas.

No mesmo período o local mais assinalado de contato com profissionais da ESF, incluindo

o ACS, foi a unidade de saúde (33), seguida da casa do entrevistado (16). Não há

diferenças importantes entre as famílias segundo as ESF selecionadas.

Foi solicitado ao entrevistado que informasse a freqüência de contatos estabelecidos com

profissionais das ESF segundo tipo de profissional. A seguir um quadro síntese das

respostas (em %). 29% dos entrevistados referiram contato menos de uma vez por mês

com o agente comunitário de saúde, 26% informaram o contato com este profissional uma

vez por mês e 22% de duas a cinco vezes por mês. Cerca de 12 % informaram a freqüência

de 26 a 30 vezes por mês. Excetuando-se o ACS com quem quase metade dos

entrevistados referiu entrar em contato entre 1 a 5 vezes por mês, enfermeiros e médicos

entram em contato com os usuários do PSF, respectivamente em 83 e 70 dos casos, menos

de uma vez por mês.

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Quadro 20 - Caracterização dos residentes quanto à freqüência mensal (%) de contato segundo o tipo de profissional da ESF, Goiânia (GO), 2001

Tipo de profissional e freqüência contato

ACS Aux. adm. Aux. enfer. Enferm. Médico

Menos de 1 vez por mês 29 94 89 83 791 vez por mês 26 4 6 10 172 a 5 vezes 22 2 4 7 46 a 10 vezes 4 - - - -11 a 15 vezes 4 - 1 - -16 a 20 vezes 3 - - - -Mais de 20 vezes 12 - - - -Não respondeu - - - - -

Entre os entrevistados que entraram em contato com profissionais da ESF, incluindo o

ACS, no último mês 32 relataram que já conheciam o profissional e 20 não o conheciam.

Foi solicitado que realizassem uma avaliação do profissional que prestou este atendimento.

Quase todos (98,1%) referiram que o profissional havia sido amável e educado. Quarenta e

cinco dos entrevistados (entre 52 que entraram em contato no último mês) consideraram

que o profissional forneceu informações sobre o estado de saúde da pessoa atendida. A

maioria (42) considerou que o profissional tinha conhecimentos para resolver o problema

de saúde, mas oito pessoas responderam que o profissional não tinha conhecimentos para

tal.

Cerca de 40% das pessoas atendidas pelas ESF precisou ser encaminhada para outros

serviços, principalmente para realização de exames (45,8%) e 41,7% para consulta médica

especializada. Na equipe 04 a maior parte dos encaminhamentos é para realização de

exames enquanto a equipe 02 encaminha a maior parte para consulta médica especializada.

Tabela 90 - Motivo de encaminhamento para outros serviços de saúde, Goiânia (GO), 2001

Motivos Todas as equipes Equipe 01 Equipe 02 Equipe 03 Equipe 04

N % N % N % N % N %Para consulta médica 10 41,7 2 33,3 4 66,7 3 60,0 1 14,3Para fazer exames 11 45,8 3 50,0 2 33,3 2 40,0 4 57,1Para internação ou cirurgia - - - - - - - - - -Para obtenção de medicamentos - - - - - - - - - -Outros motivos 3 12,5 1 16,7 - - - - 2 28,6

Base: Informantes que precisaram ser encaminhados para outro serviço de saúde ou para outro profissional. Obs.: A soma dos valores absolutos e relativos ultrapassam o total de respondentes e os 100%, respectivamente, porque a questão que deu origem à tabela admite mais de uma resposta. Os pacientes são encaminhados, por todos os motivos, para serviços públicos embora não

identifiquem a esfera (47,6%), 28,6% são encaminhados para serviços públicos municipais

e 14,4% são encaminhados para serviços estadual (um único paciente encaminhado

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GOIÂNIA – FAMÍLIAS USUÁRIAS DO PSF 147

adscrito à equipe 04), de natureza desconhecida ou classificada como outros cada qual um

paciente encaminhado da equipe 01).

Tabela 91 - Natureza do serviço de saúde para o qual foi encaminhado, Goiânia (GO), 2001

Natureza do estabelecimento Todas as equipes Equipe 01 Equipe 02 Equipe 03 Equipe 04

N % N % N % N % N % Público municipal 6 28,6 3 50,0 1 20,0 1 20,0 1 20,0Público estadual 1 4,8 - - - - 1 20,0 - -Público, mas não sabe a esfera 10 47,6 1 16,7 4 80,0 2 40,0 3 60,0Privado - - - - - - - - - -Não sabe se público ou privado 1 4,8 1 16,7 - - - - - -Outros 1 4,8 1 16,7 - - - - - -Base: Respondentes que precisaram ser encaminhados para outro serviço de saída ou para outro profissional. Obs.: A soma dos valores absolutos e relativos ultrapassam o total de respondentes e os 100%, respectivamente, porque a questão que deu origem à tabela admite mais de uma resposta. Quando são atendidos pela ESF 53,8% dos entrevistados geralmente conseguem resolver o

problema de saúde neste atendimento mas 46,2% precisam procurar um especialista.

Quando se trata da realização de exames 30,8% conseguem realizar todos os exames, 50%

conseguem realizar alguns exames e 15,4% não conseguem realizar nenhum exame. No

referente a medicamentos apenas 9,6% recebem todos os medicamentos, 50% recebem

alguns medicamentos e 38,5% não recebem nenhum medicamento. Quanto ao acesso das

pessoas mais pobres aos serviços especializados 86 entrevistados afirmam que existem

dificuldades para acessar tais serviços.

A maioria das famílias não teve problemas de atendimento na USF com enfermeiro (82%),

médico (79%) e auxiliar de enfermagem (79%). No caso do dentista, pela inexistência do

profissional nas ESF em Goiânia, esta pergunta não se aplica. O auxiliar de enfermagem,

embora com número reduzido, foi o profissional com quem 5 entrevistados informaram

terem tido problemas relacionados à criação de barreiras ao acesso de atenção à saúde que

envolve “recusa de encaminhar ao médico, recusa de marcar consulta” (2) e falta de

humanização no atendimento (1) que engloba “grosseria, falta de educação” e “não dá

determinadas informações, se recusa a realizar determinados procedimentos”. As

dificuldades com auxiliares de enfermagem estão concentradas nas equipes 01 e 03.

No relacionamento com outros profissionais, quatro entrevistados mencionaram problemas

com os médicos devidos à criação de barreiras ao acesso (2), falta de humanização no

atendimento (1) e falta de qualidade (1). Apenas uma pessoa referiu problemas de

atendimento com o enfermeiro (criação de barreiras ao acesso e falta de humanização).

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GOIÂNIA – FAMÍLIAS USUÁRIAS DO PSF 148

Quadro 21 - Problemas de atendimento na USF referidos pelos entrevistados, segundo o profissional da ESF e o tipo de problema, em números absolutos, Goiânia (GO), 2001

Profissional da ESF

Falta humanização

Barreiras ao acesso de atenção à

saúde

Falta de qualidade

Não respondeu Total entrevistados

com problemas referidos

Aux. enfermagem 1 2 1 - 4 Enfermeiro 1 1 - - 1 Médico 1 2 1 - 4

Mais da metade (63%) dos entrevistados refere que não há problemas de atendimento na

USF seja na realização de exames (63%), seja na obtenção de medicamentos (61%), seja

por falta de equipamentos (72%).

Dos 20 entrevistados que referiram problemas de atendimento nas USF na realização de

exames, a maioria (18) mencionou criação de barreiras e dificuldades no acesso e apenas

um (adscrito à equipe 01) referiu que os problemas eram devidos à falta de material e

equipamentos. Dos 24 entrevistados que mencionaram problemas em conseguir

medicamentos a maioria (20) foi devido a dificuldades no acesso aos medicamentos e

quatro pessoas não especificaram o tipo de problema. A maior parte dos que referiram

dificuldades no acesso a medicamentos estavam adscritos à equipe 01. Quanto aos

problemas com equipamentos mencionados por nove entrevistados oito estavam

relacionados com a falta de equipamentos e se manifestaram em famílias adscritas à todas

as equipes, com discreta ênfase na equipe 01.

Portadores de Doenças Crônicas

Em 55 residências pesquisadas existiam portadores de doenças crônicas referindo 73 casos.

As doenças mais citadas foram hipertensão arterial (43,8% dos casos crônicos referidos),

diabetes (13,7%), doença de Chagas (11%). Das doenças monitoradas pelo PSF, além

destas, foram mencionados três casos de Hanseníase, quatro casos de epilepsia, dois casos

de doença mental, mas nenhum caso de desnutrição. Doenças do aparelho respiratório e do

sistema ósteomuscular foram mencionadas com freqüência (20% dos domicílios com

moradores portadores de afecções crônicas.

Os portadores de doenças crônicas são acompanhados pela USF/ESF em 34,5% dos casos

e 30,9% dos doentes crônicos não recebem acompanhamento. Dentre os que recebem

acompanhamento 18% dos doentes crônicos são atendidos em hospital e 11% em

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GOIÂNIA – FAMÍLIAS USUÁRIAS DO PSF 149

consultórios médicos especializados. Na equipe 04, 35,7% dos portadores de doenças

crônicas têm acompanhamento hospitalar.

Os portadores de doenças crônicas recebem acompanhamento, em geral, até uma vez por

mês (39,5%), apenas quando apresenta problemas (34,2%) e de “depende do problema

(21,1%). 50% dos portadores de doença crônica, adscritos à equipe 03, só recebe

acompanhamento quando apresentam problemas.

A maioria dos acompanhamentos é realizada com agendamento prévio de consulta

(73,7%). A equipe 01 atende mais, em comparação às outras três, a demanda espontânea

(sem marcação de consulta) dos portadores de doença crônica.

Os portadores de doenças crônicas tomam (69,1%) tomam medicamentos diariamente e as

formas de obtenção destes medicamentos mais citados foram: compra na farmácia (69%), e

obtenção em serviços públicos de saúde (52,4%). Na equipe 03 um percentual mais

elevado do que a média (69,2%) obtêm os medicamentos em serviços públicos de saúde.

As alternativas não são excludentes e considerando que só 10% consegue receber todos os

medicamentos, é sugestivo que os usuários complementam as formas de obtenção dos

medicamentos, da compra direta na farmácia com vários serviços públicos.

As modalidades de atividades realizadas e as freqüências médias mensais de participação

nessas atividades por portadores de doenças crônicas foram referidas da seguinte forma:

72,7% recebem orientações individuais menos de 1 vez por mês e 21,8% recebem

orientações individuais pelo menos uma vez por mês. Quase todos (90,9%) recebem

orientação em grupo menos de uma vez por mês, e 3,6% recebem orientações em grupo

uma vez por mês. Recebem medicamentos menos de uma vez por mês 60% dos portadores

de doenças crônicas e 29,2% recebem medicamentos pelo menos uma vez por mês. A

consulta médica é realizada mensalmente em 38,2% dos doentes crônicos enquanto 54,5%

dos doentes crônicos é consultado por médicos menos de uma vez por mês. A consulta de

enfermagem é realizada em 78,2% dos casos menos de uma vez por mês e mensalmente

em 12,7% dos doentes crônicos.

Ao responderem qual o profissional da ESF que atende com mais freqüência portadores

doenças crônicas o ACS foi mencionado em 49,12% dos casos, o médico em 23,6%. Cerca

de 20% responderam que não havia ninguém que os acompanhasse com mais freqüência.

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GOIÂNIA – FAMÍLIAS USUÁRIAS DO PSF 150

Gravidez O acompanhamento das gestantes foi pouco analisado pois no conjunto das famílias

entrevistadas em Goiânia foram mencionadas apenas três grávidas. Duas eram

acompanhadas em Centros de Saúde com serviço de emergência (1) e em hospital (1) e

uma foi referida como não recebendo acompanhamento (na equipe 01). As grávidas com

acompanhamento eram atendidas, em média, até uma vez por mês, sempre com

agendamento de consulta. No entanto, as duas gestantes referem que o acompanhamento

da gravidez é realizado pelo ACS.

Crescimento e Desenvolvimento de Crianças até 2 anos de idade No total de famílias entrevistadas existiam 18 crianças menores de 2 anos sendo que quatro

não recebiam acompanhamento (três pertencem a famílias adscritas à equipe 02). Nove

crianças recebem acompanhamento na USF pela ESF e duas crianças são acompanhadas

em postos de saúde.

Das 14 crianças acompanhadas 50% recebiam atendimento até uma vez por mês, e 28,6%

eram acompanhadas somente quando apresentavam problemas de saúde. A maior parte dos

acompanhamentos (78,6%) é realizado com marcação de consulta. O médico foi o

profissional da ESF que realizou a maioria (42,9%) dos acompanhamentos. Quatro

crianças (entre as 14 que recebiam acompanhamento) eram atendidas por profissionais que

não integram o PSF e o ACS foi identificado por dois entrevistados como o profissional

que atende com maior freqüência crianças até dois anos de idade. Nas famílias adscritas à

equipe 02 observa-se que apenas o médico acompanha crianças menores de dois anos

enquanto nas demais equipes o acompanhamento é compartilhado entre médicos e ACS

das ESF e profissionais não pertencentes ao PSF.

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GOIÂNIA - CONCLUSÕES 151

VI. CONCLUSÕES

Nesta seção são apresentadas resumidamente as principais características da implementação

do PSF e elencados fatores facilitadores e dificultadores do processo em Goiânia. Ao final

são sinalizados aspectos específicos a considerar na implementação da estratégia de saúde

da família em grandes centros urbanos.

O PSF foi implantado em Goiânia em outubro de 1998, com apoio político do prefeito e do

Secretário Municipal de Saúde em resposta às diretrizes da política nacional de incentivo à

implantação do PSF e à necessidade de ampliar o acesso à atenção básica no município. O

planejamento inicial não previa a conversão do modelo assistencial da atenção básica.

Inicialmente constituíram-se sete ESF. Essas primeiras equipes foram implantadas sem

programação prévia - apoiadas na existência do PACS na região - em áreas sem serviços de

saúde, com população carente e com concentração de crianças em situação de risco

epidemiológico. Não foram criadas unidades de saúde da família, parte das equipes

funcionava como volante e algumas ocupavam espaços como inquilinos em Centros de

Saúde da rede convencional, o que gerou conflitos com profissionais dessas unidades.

Em dezembro de 2000 a expansão havia sido intensa, aumentando para 67 ESF. No

momento da pesquisa, em agosto de 2001, existiam 75 ESF constituídas por médicos,

enfermeiros, auxiliares de enfermagem e ACS. Não há odontólogos nas ESF de Goiânia.

A mudança dos gestores municipais no início de 2001 não permitiu caracterizar, em

profundidade, alterações no processo de implementação. A atual gestão passou a

compreender o programa como estratégia de reorientação do modelo de atenção, dando

prioridade ao PSF no que se refere à restruturação da rede de saúde em Goiânia. A atual

CSF atua de forma articulada com as outras coordenações da SMS na construção de uma

nova forma de entendimento do PSF como uma estratégia de atenção integral à saúde.

A SES não acompanhou o processo de implantação do PSF em Goiânia. Segundo os atuais

gestores a implantação do programa no município seguiu regras próprias e desconsiderou

alguns pré-requisitos e recomendações, em especial a articulação do programa à rede básica

de saúde.

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GOIÂNIA - CONCLUSÕES 152

O PSF não foi amplamente discutido pelo CMS no momento de sua implantação. Mais

recentemente, após denúncias, o programa vem sendo discutido no CMS. Ambos

conselheiros entrevistados consideram que a saúde da família é uma estratégia prioritária na

atual gestão municipal e que ampliou o acesso aos cuidados de saúde para a população.

Entre os aspectos positivos do PSF segundo os conselheiros destacam-se: o atendimento

domiciliar, o atendimento preventivo, a diminuição das filas e a confiança da comunidade

nos profissionais. Já entre os aspectos negativos estão a ausência de profissionais como

fonoaudiólogo e psicólogo na ESF e falta de atendimento especializado. Não há canais

específicos de comunicação para que os usuários do PSF apresentem demandas ou

denúncias sobre o seu funcionamento, o que pode ser feito por intermédio dos CLS ou via

contato direto com os representantes no CMS.

Em Goiânia estão sendo desenvolvidas estratégias de integração do PSF à rede assistencial.

A falta de resolutividade do atendimento gerou conflito entre os profissionais da rede e as

ESF, expresso no questionamento sobre a importância do PSF e no duplo atendimento do

paciente. Nesta fase de restruturação, busca-se a integração por meio da operação da

Central de Marcação de Consulta e Exames Especializados, da Central de Emissão de

Guias para Exames Laboratoriais e de uma Central de Regulação de Internações, ainda

insuficientes para garantir a integração da rede. A coleta dos exames não é realizada pelas

ESF. Os profissionais da ESF conhecem e utilizam o sistema de marcação de exames e de

consultas especializadas, e informam que conseguem agendar consultas especializadas num

prazo maior de 11 dias, mas para exames os prazos são menores, 50% são agendados em

menos de quatro dias. Em relação ao encaminhamento para internações, parte considerável

dos profissionais não soube informar os tempos máximo e mínimo de espera, embora os

que souberam informar relatassem que os pacientes esperam pelo menos de 1 a 2 dias e no

máximo 15 dias.

A atual CSF vem estabelecendo interfaces e atuação conjunta com o Departamento de

Epidemiologia e com as demais divisões do Departamento de Rede Básica, numa proposta

política de gestão colegiada.

Entre as dificuldades relatadas pelos gestores para integrar o PSF à rede de serviços

destacam-se a falta de clareza sobre as atribuições do PSF, perfil inadequado dos

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GOIÂNIA - CONCLUSÕES 153

profissionais que atuam nas ESF, insuficiência de infra-estrutura física e equipamentos, e

déficit de pessoal.

Para o atendimento de casos de emergência, os Centros de Saúde com serviços de urgência,

pronto-socorros e hospitais de emergência são os mais acessíveis à população nos feriados

e finais de semana. 22,2% dos ACS e auxiliares de enfermagem consideram que as USF

não são acessíveis.

A CSF não implementou mecanismos de supervisão rotineira para as ESF, sendo esta

realizada de forma não programada, tendo a direção das unidades de saúde nas quais estão

alocadas a responsabilidade pela supervisão diária e pelo controle da freqüência dos

profissionais. A CSF busca mudar essa concepção de forma a integrar o PSF na rede básica,

como porta de entrada do SUS municipal, e estabelecer uma relação entre as ESF e os

gestores de unidades locais.

A CSF tem atuado na restruturação municipal do SIAB e vem acompanhando o

preenchimento dos formulários em conjunto com as ESF. Atualmente a CSF utiliza os

dados para verificar a produtividade do profissional quando há denuncias ou queixas sobre

o seu desempenho. Os dados do SIAB ainda não são utilizados como subsídio para o

planejamento e a qualidade dos dados está sendo revista pela CSF.

A CSF apresenta como dificuldades a falta de equipamentos de informática, de veículo

próprio e de dotação orçamentaria específica para a coordenação, que não tem autonomia

para realizar despesas.

Os profissionais são submetidos a processo de seleção realizado pela Coordenação

municipal do PSF. O concurso público é considerado pelos gestores como mecanismo de

seleção adequado, que possibilitaria a criação de vínculo do profissional com a Secretaria

Municipal de Saúde e como fator importante de motivação dos profissionais. No entanto, a

seleção é feita por meio de seleção pública, considerada mais conveniente na conjuntura

atual por possibilitar maior agilidade e mobilidade dos profissionais.

As equipes constituem-se principalmente por profissionais contratados para o PSF e apenas

uma pequena parcela é da própria rede, sendo esta contratação realizada pela Fundação de

Apoio à Pesquisa da Universidade Federal de Goiás (FUNAP).

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GOIÂNIA - CONCLUSÕES 154

A contratação pela Fundação teria como principal desvantagem o menor vínculo do

profissional com a SMS, além das disparidades salariais e de carga horária com

profissionais efetivos da mesma categoria, principalmente entre os médicos. Como

vantagem apresenta maior agilidade para contratação, demissão ou afastamento.

A remuneração para os médicos e enfermeiros do PSF é diferenciada funcionando como

forma de incentivo para adesão dos profissionais ao programa. Os profissionais do PSF

recebem ainda subsídios para alimentação e transporte para as unidades.

O contrato dos profissionais não exige dedicação exclusiva e os profissionais,

especialmente os médicos, de modo geral não cumprem a carga horária contratada, sendo

este um dos motivos de dispensa, aliado ao perfil inadequado para trabalhar no PSF.

A rotatividade é maior entre médicos e ACS e menor entre os enfermeiros e auxiliares de

enfermagem. Como estratégia para diminuir a rotatividade tem-se realizado capacitações e

seminários de integração das equipes.

Os critérios estabelecidos para a seleção dos profissionais de nível superior foram

reformulados, com exigência de experiência anterior no PSF e especialização em Saúde

Pública ou Saúde da Família. Há, entretanto, carência de profissionais com especialização

em PSF.

A capacitação das ESF em Goiânia é recente. Somente em 2001, o município foi incluído

na estratégia de capacitação do Estado, vinculada ao Pólo Regional de Capacitação, criada

neste ano em convênio com a Universidade Federal de Goiás. Anteriormente o próprio

município promovia o treinamento introdutório sendo que as sete primeiras ESF não

receberam este treinamento.

Em Goiânia há proposta de expansão do número de equipes ainda em 2001 em áreas já

cobertas pelo PSF, para adequar o número de famílias adscritas por equipe atualmente

excessivo. A estimativa do gestor é de implantar um total de 200 equipes até o final da

gestão (2004).

Dentro da atual perspectiva de reformulação da estratégia, inclui-se a necessidade de

revisão da concepção de todo o trabalho e de mudança de postura dos profissionais. Para

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GOIÂNIA - CONCLUSÕES 155

tanto, a SMS vem organizando em conjunto com a SES um cronograma de treinamentos

para médicos, enfermeiros e auxiliares de enfermagem.

Em relação ao financiamento, assim como na maioria dos municípios brasileiros, grande

parte dos recursos que compõem a arrecadação municipal de Goiânia é procedente das

transferências intergovernamentais, principalmente da União (35% do total da receita

arrecadada pelo município em 2000). O SUS é importante fonte de recursos para o

município: a receita orçada pela SMS em 2001 corresponde a cerca de 25% do total da

receita municipal.

Para o ano de 2000 as despesas com saúde no município de Goiânia foram custeadas em

grande parte por recursos federais (83,6%). A contrapartida municipal, que variou entre

4,52% em 2000 e 5,62% das receitas municipais em 2001, fica aquém do previsto pela

Emenda Constitucional nº 29.

Quanto à composição da equipe, a maioria dos profissionais com nível superior é do sexo

feminino (72,3%). Entre os médicos é maior a presença do sexo masculino (53,3%). A

composição da equipe é de adultos jovens (58,5% até 39 anos). Pouco mais da metade dos

profissionais de nível superior (54,6%) têm curso de especialização nas mais diversas áreas.

Parte das ESF estão funcionando incompletas, além da ausência do odontólogo. Há falta de

profissionais de nível superior, os quais apresentam formação pouco adequada para o perfil

do PSF.

Entre os profissionais de nível médio e elementar, verifica-se também a predominância do

sexo feminino (91,8%), sendo maior entre os agentes comunitários de saúde. Em geral são

jovens até 30 anos, representando 62% do total. O perfil destes profissionais aponta boa

escolaridade: grande parte tem o ensino médio completo (63,2%).

Grande número de profissionais entrevistados de nível superior (61%) declararam ter tido

experiência em projetos semelhantes ao PSF em outro município ou estado; entre os

médicos a metade tinha experiência anterior. Quanto ao tempo de atuação no PSF, a maior

concentração (65%) está na faixa de 13 a 36 meses, o que corresponde ao tempo de

existência do programa. A supervisão das atividades administrativas da equipe e da

organização das práticas de assistência a partir de novas abordagens é percebida

positivamente pelas ESF.

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GOIÂNIA - CONCLUSÕES 156

O tempo de atuação dos profissionais de nível médio e elementar das ESF encontra-se na

faixa de 25 a 36 meses. Há 55 profissionais atuando desde o início do programa indicando

uma certa estabilidade.

Para os profissionais de nível médio e elementar a capacitação profissional é percebida

como necessária ao desempenho das atividades, sendo que a supervisão é vista como

atividade positiva. O trabalho coletivo é prioritário para a equipe, e se dá forma

participativa; todos têm importante papel nas reuniões de grupos, nas atividades educativas

e de promoção à saúde e prevenção de riscos. Os integrantes da ESF avaliam de forma

positiva o relacionamento entre os profissionais.

Quanto ao processo de trabalho, médicos e enfermeiros afirmam seguir programação

semanal que sofre mudanças ocasionais. Percebe-se a existência de vínculo com a

população, todavia atendem também pessoas fora da população adscrita. Os profissionais

consideram que existe uma relação cordial e cooperativa com a população, o que favorece a

resolução dos problemas e a constituição de vínculo, visão mais partilhada pelos

enfermeiros. A capacidade de articulação com outros setores sociais, contudo, não é

satisfatória, segundo os entrevistados.

A forte demanda por atendimento médico individual (demanda espontânea) compromete o

desempenho das ESF na opinião dos profissionais. Para os profissionais de nível médio e

elementar outra dificuldade é a gravidade dos riscos sociais na comunidade atendida pela

USF; além da grande densidade populacional adscrita por equipe.

Os novos procedimentos implementados (atendimento por equipe e visita domiciliar) são

valorizados pela população na percepção dos profissionais de nível superior. Entretanto,

afirmam que a população “valoriza pouco” as reuniões de diagnóstico e programação de

ações coletivas. Os profissionais afirmam que a participação da população na realização do

diagnóstico é de forma geral baixa.

A maior parte dos profissionais conhece a existência dos CLS, mas mais da metade declara

não participar freqüentemente. A participação em outros fóruns de discussão da política de

saúde também é baixa.

Quanto às famílias usuárias entrevistadas, a maior parte refere chefia masculina. Os chefes

de família concentram-se nas faixas etárias de 30 a 55 anos. A maior parte (56%) dos

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GOIÂNIA - CONCLUSÕES 157

chefes é de cor branca (auto referida) e a maioria (62%) têm menos de oito anos de estudo.

Mais da metade dos chefes de família (54%) recebem até dois salários mínimos e apenas

24% possuem carteira de trabalho assinada. Observa-se o mesmo nível de escolaridade

entre o conjunto dos moradores pesquisados e os chefes de família (menos de 8 anos de

estudo). A maioria dos moradores não estuda (65%), mas na faixa etária entre 7 e 14 anos

98,4% freqüentam a escola. Na maioria das residências pesquisadas há uma ou duas

pessoas trabalhando. A taxa de dependência mais favorável (entre 0,61 e 1,00) abrange 37

famílias das 100 pesquisadas e no pólo oposto, de maior vulnerabilidade, estão 35 famílias.

Seguindo a mesma tendência observada entre os chefes de família, a maioria dos moradores

empregados ou que têm rendimentos trabalham no setor privado ou são aposentados e

pensionistas. No que se refere à formalização do vínculo de trabalho por meio de carteira

assinada verificou-se que apenas 29,4% dos que trabalham ou têm rendimentos possui

carteira assinada.

A maior parte dos domicílios pesquisados é construída com tijolos ou adobe (99%), sendo

que 58% têm de 5 a 6 cômodos com uma densidade entre 2,0 e 2,4 moradores por

dormitório, 84% das casas pesquisadas têm banheiro interno, 68% dos domicílios estão

ligados à rede geral, e todas as residências recebem energia elétrica. A ligação à rede geral

de esgoto atende 40% dos domicílios pesquisados, embora apresente uma distribuição

territorial extremamente diferenciada. O sistema público de coleta de lixo serve 100% dos

domicílios todavia sem regularidade.

A televisão é o meio de comunicação mais utilizado pelos moradores entrevistados seguido

pelo rádio. O principal meio de locomoção das famílias pesquisadas é o ônibus (86

moradores). Os moradores têm pequena participação em grupos comunitários, excetuando-

se grupos religiosos e, em menor escala, grupos de caridade e Associação de Moradores.

Setenta por cento não conhecem o CMS e 88% não conhecem o CLS. A maioria dos

entrevistados (87%) não soube responder à pergunta se havia sido feito um plano de saúde

para a comunidade.

Os três maiores problemas da comunidade assinalados pelos entrevistados, em ordem

decrescente, foram referentes à: segurança e violência, infra-estrutura urbana em geral

(urbanização, transporte, telefonia) e infra-estrutura de saneamento. Os três principais

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GOIÂNIA - CONCLUSÕES 158

problemas de saúde da comunidade assinalados pelos entrevistados, em ordem decrescente,

foram referentes ao acesso ao atendimento (38%), dificuldades relativas aos profissionais

de saúde (31%) e às emergências (23%). Perguntados a quem caberia resolver os problemas

de saúde assinalados, dois terços consideram ser responsabilidade do nível municipal e um

terço do governo estadual.

Quanto à situação de saúde das famílias, observou-se um pequeno número de grávidas e de

menores de 1 ano entre moradores das famílias usuárias do PSF. A doença mais referida foi

hipertensão arterial atingindo cerca de 10% dos moradores entrevistados.

No último mês foram referidos 52 episódios de doenças entre os 400 moradores, dos quais

13 foram consideradas graves. A USF/ESF foi procurada por um terço dos que referiram

episódios de doenças no último mês. Mais da metade (33) consideraram que permaneciam

doentes.

Sessenta e uma pessoas referiram que são comuns casos de violência ou acidentes em suas

comunidades, sendo os tipos mais relatados os assassinatos e brigas em lugares públicos.

Foram relatados 14 episódios de violência ou acidentes com os entrevistados ou residentes

de seus domicílios nos últimos 12 meses sendo que na maioria não houve ferimentos.

Diante de mal-estar ou adoecimento, 89 informaram que procuram um profissional de

saúde e 5 tomam chá ou remédios caseiros. Entre os serviços e profissionais de saúde

procurados os mais mencionados foram Centro de Saúde com serviços de urgência (26),

Postos ou Centros de Saúde (21) e em terceiro lugar a USF (20). Isto é apenas 21% dos

entrevistados informam procurar a USF como primeira opção de atendimento.

A grande maioria dos entrevistados (93) conhece o PSF sendo o meio de divulgação mais

referido a visita do ACS (56). Mais da metade dos entrevistados (51) conhecem o local em

que o PSF funciona atualmente. Menos da metade afirma que a USF é de fácil acesso.

A grande maioria dos entrevistados (95) conhece o ACS responsável pela área em que mora

e a maioria destes (64) considera que o ACS conhece os problemas de saúde de sua família.

Em relação ao conhecimento do ACS sobre os problemas da comunidade o percentual é

menor. Expressivo número de famílias não soube avaliar diversas atividades que fazem

parte do conjunto de orientações e ações que deveriam ser realizadas pelos agentes. Um

alto percentual dos entrevistados declarou que os ACS estabelecem um bom

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GOIÂNIA - CONCLUSÕES 159

relacionamento com as pessoas que são por eles acompanhadas e que orientam em relação

aos cuidados com a saúde de forma compreensível. A visita domiciliar avaliadas como boa

ou ótima por 61 pessoas entrevistadas. As atividades dos ACS consideradas boas ou ótimas

por mais da metade dos entrevistados foram duas: capacidade de identificar situações de

risco e capacidade de identificar pessoas doentes.

Em relação à freqüência mensal de contato com os ACS, 26 pessoas declararam encontrar

uma vez por mês, 25 pessoas menos de uma vez por mês e 22 pessoas encontram entre 2 a

5 vezes por mês. Quanto ao atendimento na USF, a grande maioria (83) dos entrevistados

afirmou que alguém de sua residência já foi atendido na USF e 52 pessoas referiram que

elas ou alguém de suas famílias entraram em contato com os profissionais da ESF,

incluindo o ACS, sendo o motivo mais assinalado (19) sentir-se mal. O médico foi o

profissional com quem as pessoas mais entraram em contato. Entre os entrevistados que

entraram em contato com profissionais da ESF, incluindo o ACS, 32 relataram que já

conheciam o profissional e 20 não o conheciam. Quase todos (98,1%) afirmaram que os

profissionais que os atenderam havia sido amáveis e educados e mais da metade dos

entrevistados (52) consideraram que o profissional forneceu informações sobre o estado de

saúde da pessoa atendida.

Quando são atendidos pela ESF 53,8% dos entrevistados conseguem resolver seus

problemas neste atendimento e cerca de 46% das pessoas atendidas pelas ESF, segundo

informações das famílias precisam ser encaminhadas para consulta médica especializada e

52,4% para realização de exames.

A maioria das famílias entrevistadas não teve problemas de atendimento na USF. Contudo,

o auxiliar de enfermagem foi o profissional mencionado pelos entrevistados como o

responsável pela criação de barreiras e falta de humanização no atendimento à saúde. Mais

da metade (63%) dos entrevistados refere que não há problemas de atendimento na USF

seja na realização de exames ou por falta de equipamento. Todavia, quando se trata de

realização de exames apenas 30,8% afirmam que conseguem realizar todos os exames e

9,6% informam que recebem todos os medicamentos.

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GOIÂNIA - CONCLUSÕES 160

Em 55 residências pesquisadas existiam portadores de doenças crônicas referindo 73 casos,

sendo que a maior parte (43,8%) são hipertensos. Cerca de 35% dos casos de portadores de

doenças crônicas são acompanhados pelas USF.

A maioria dos acompanhamentos é realizada com agendamento prévio. Aproximadamente

setenta por cento dos portadores de doenças crônicas tomam medicamentos diariamente e

na maior parte dos casos (69%) os medicamentos são comprados na farmácia e 52,4% os

obtém em serviços públicos de saúde. O profissional da ESF que atende com maior

freqüência os portadores de doenças crônicas é o ACS.

No conjunto das famílias foram encontradas apenas três grávidas, sendo uma sem

acompanhamento. As outras duas são acompanhadas em outros serviços que não PSF, em

geral uma vez por mês, sempre com agendamento prévio. Duas gestantes referem que o

ACS faz visitas regulares acompanhando a gravidez.

No conjunto das famílias entrevistadas foram encontradas 18 crianças menores de 2 anos

sendo que 4 não recebiam acompanhamento e 9 recebem acompanhamento da USF/ESF.

Das crianças acompanhadas 50% recebiam atendimento até uma vez por mês. O ACS e o

médico são os profissionais da ESF que com maior freqüência realizam o acompanhamento

do crescimento infantil.

As famílias entrevistadas usuárias do PSF consideram, na maioria das vezes, que as

condições de saúde do bairro e de sua família melhoraram após a implantação do PSF.

Todavia, a maioria também informou que após a criação do PSF, as pessoas de sua

residência continuam apresentando o mesmo padrão de utilização dos serviços hospitalares,

de urgência, emergência e especializados. Entre os usuários que puderam estabelecer

comparação entre a atenção prestada pelas USF e outros serviços, metade considera que o

atendimento recebido na USF é melhor. A maioria das famílias considerou ser mais fácil

agendar consulta no PSF e afirmou que as USF têm melhores condições de oferecer bom

atendimento que as unidades tradicionais de saúde embora a dificuldade em obter

medicamentos seja igual a das unidades tradicionais.

Quanto ao atendimento recebido na USF mais da metade dos entrevistados avaliam

positivamente o atendimento médico e o atendimento de enfermagem. Negativamente

foram avaliados o acesso ao atendimento médico e encaminhamento para outros serviços.

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GOIÂNIA - CONCLUSÕES 161

Sessenta e seis por cento dos entrevistados estão satisfeitos com o PSF, embora a maioria

também considere que o programa deva sofrer mudanças. As mudanças sugeridas

relacionam-se: à ampliação das intervenções realizadas pelos agentes nos domicílios,

acesso ao atendimento, marcação de consultas e encaminhamentos e condições físicas e

localização da USF. Foi sugerida a inclusão de novos profissionais nas ESF (médicos

especialistas, psicólogo, nutricionista) e atendimento odontológico.

Os principais problemas do PSF para os gestores são o perfil e a baixa adesão dos

profissionais da ESF; o modelo de implantação que não estimulou a integração com a rede;

e a falta de USF. Na opinião dos gestores é necessário uma revisão dos critérios utilizados

pelo MS para financiamento do PSF em grandes centros urbanos. Aspectos positivos para

os gestores: possibilidade de vinculação da população às equipes, responsabilização pela

saúde das famílias, redução da mortalidade infantil e aumento da cobertura vacinal.

Aspectos negativos para os gestores: baixo impacto na qualidade da atenção prestada, na

redução da demanda por serviços de urgência/emergência e no aumento de pacientes

referenciados e efetivamente atendidos.

Os profissionais das ESF apontam com maior freqüência como experiências positivas o

trabalho e o vínculo do profissional junto à comunidade, além da participação popular. A

ampliação do acesso aos serviços e a resolutividade também foram mencionados como

aspectos positivos. Os profissionais de nível médio e elementar destacam como

experiências positivas a possibilidade de trabalhar com grupos de terceira idade, gestantes,

hipertensos, diabéticos, crescimento e desenvolvimento de crianças e aleitamento materno.

Para a maioria dos ACS e auxiliares de enfermagem o PSF vem substituindo a rede básica,

ampliando o acesso aos outros níveis de atenção e favorecendo ações intersetoriais no

município.

A pesquisa realizada em Goiânia mostrou que neste município embora grande número de

equipes estejam implantadas, o programa ainda não está integrado à rede, sua concepção

inicial não contemplou reorganização da assistência nem a substituição do modelo de

atenção básica tradicional. No momento de sua implantação concentrava-se em ações

educativas individuais e concretizava-se por meio de visitas domiciliares. Tinha uma

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GOIÂNIA - CONCLUSÕES 162

estrutura rígida do processo de trabalho o que dificultava o atendimento da demanda

espontânea.

Os fatores dificultadores da implementação do programa, além da concepção inicial

incluem: perfil inadequado dos profissionais, insuficiência de estrutura física e

equipamentos, grande número de famílias adscritas por ESF, carência de pessoal

experiente, falta de capacitação, ausência de supervisão rotineira, estruturação insuficiente

do SIAB, déficit de recursos financeiros, alta demanda por atendimento médico individual,

vulnerabilidade ocupacional das famílias usuárias, dificuldades de acesso aos

medicamentos, manutenção do padrão de utilização de serviços hospitalares e

especializados, altas taxas de encaminhamento e baixa participação popular.

A atual equipe de gestores do programa passou a compreendê-lo como estratégia para

reorientação do modelo de atenção. Novas unidades estão sendo construídas e alguns

centros de saúde convertidos em USF. O modelo proposto pelo gestor municipal contudo

prevê o compartilhamento de uma mesma unidade por ESF e atendimento especializado.

Há projeto de estabelecer equipes de especialistas no âmbito distrital para apoiar a

assistência prestada pelas equipes, além da constituição de equipes distritais de supervisão.

Para a equipe central o modelo do PSF deve articular ações de promoção e prevenção com

a assistência individual (pronto atendimento de afecções agudas). Considera-se também que

em cada unidade de saúde com mais de uma ESF, estas deveriam ser compostas por

profissionais médicos com diferentes perfis (especialidades básicas: ginecologia, pediatria,

clínico geral). Esta seria uma das necessidades de adaptação do PSF para grandes cidades

na opinião dos gestores municipais.

Outros fatores facilitadores são: atuação da coordenação de forma articulada com outras

coordenações da SMS, gerência colegiada, alta escolaridade dos ACS e bom

relacionamento entre os profissionais das equipes.

O grupo selecionado de famílias entrevistadas não possibilita generalizações, inclusive

porque há diferenças nos vínculos entre ESF selecionadas e famílias adscritas. Por um lado,

observa-se satisfação com o programa mas, por outro, um grande desconhecimento sobre a

existência de Conselhos Locais de Saúde, do Conselho Municipal de Saúde, de atividades

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GOIÂNIA - CONCLUSÕES 163

que são atribuições dos ACS e mesmo dificuldades em avaliar certas atividades no interior

das USF.

Além dos aspectos específicos relacionados ao município estudado algumas observações

sobre o processo de implementação do PSF em grandes centros urbanos podem ser

apontados:

• A estratégia da Saúde da Família, assim como toda expansão da atenção básica, é

intensiva em força de trabalho e encontra, na conjuntura atual, uma série de obstáculos

na contratação de recursos humanos com constituição formal dos vínculos trabalhistas o

que introduz uma fragilidade relevante no processo.

• A mudança no modelo assistencial centrada em programação de atividades para grupos

de riscos e oferta organizada confronta-se com as demandas individuais por atenção e

com o hábito da população em receber atenção especializada mesmo na rede básica. A

demanda individual é por oferta oportuna e resolutiva no momento de adoecimento,

enquanto a programação volta-se para o coletivo no acompanhamento dos grupos de

risco, gerando conflitos. A adequação entre respostas às necessidades individuais e às

coletivas é importante nó crítico da estratégia de saúde da família que necessita ser

equacionado. Além disso é importante criar possibilidades de adequação do padrão de

oferta às necessidades sociais em saúde de grandes centros urbanos.

• Observa-se uma “polarização” nos vínculos com a comunidade em que as relações são

prioritariamente estabelecidas com o ACS ou com o médico, sem conferir o pretendido

protagonismo aos profissionais de enfermagem.

• A adscrição das famílias às ESF e USF não leva em consideração os fluxos das pessoas

nos espaços urbanos, principalmente, em metrópoles. A adscrição domiciliar dificulta a

provisão de assistência para trabalhadores.

• Os principais componentes da atenção básica continuam concentrados nos grupos de

gestantes e crianças menores de um ano mas os estudos revelaram a importância de

realizar ações destinadas a crianças e adolescentes (entre 7 e 14 anos) e a homens

adultos.

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GOIÂNIA - CONCLUSÕES 164

• As doenças crônicas têm grande prevalência (muito maior que a presença de gestantes e

crianças menores de um ano) e em alguns casos (doenças do aparelho respiratório) não

são objetos de atividades do PSF.

• A população atendida apresenta vulnerabilidades podendo-se considerar que a

estratégia de saúde da família no caso estudado promove expansão de cobertura para

grupos desfavorecidos.

• As faixas de financiamento do MS segundo cobertura municipal do PSF não são

adequadas para grandes centros urbanos em que a quantidade de ESF (e os recursos

financeiros para tal) deve ser extremamente elevada para atingir os patamares de

cobertura preconizados.

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GOIÂNIA – REFERÊNCIAS DOCUMENTAIS 165

REFERÊNCIAS DOCUMENTAIS

CÂMARA MUNICIPAL DE GOIÂNIA. Decreto 1.426 de 14 de novembro de 1991 que

dispõe sobre o Conselho Municipal de Saúde e Decreto 2.486 de 11 de novembro de

1993 que dispões sobre alterações no decreto 1.426 de 14 de novembro de 1991, que

criou o Conselho Municipal de Goiânia.

CÂMARA MUNICIPAL DE GOIÂNIA. Lei no. 18 de 18 de outubro de 1993 que cria os

Conselhos Locais de Saúde e dá outras providências.

CMS – CONSELHO MUNICIPAL DE SAÚDE DE GOIÂNIA. Regimento Interno do

Conselho Municipal de Saúde.

CMS – CONSELHO MUNICIPAL DE SAÚDE DE GOIÂNIA. Ata da 8ª Assembléia

Geral Ordinária do CMS, 24 de fevereiro de 1999.

CMS – CONSELHO MUNICIPAL DE SAÚDE DE GOIÂNIA. Ata da 19ª reunião

ordinária do CMS, 26 de janeiro de 2000.

CMS – CONSELHO MUNICIPAL DE SAÚDE DE GOIÂNIA. Ata da 11ª Reunião

Extraordinária do CMS, 21 de junho de 2000.

CMS – CONSELHO MUNICIPAL DE SAÚDE DE GOIÂNIA Ata da 25a Reunião

Ordinária do CMS, 26 de julho de 2000.

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE), 1991. Censo

Demográfico 1991. Rio de Janeiro: IBGE.

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE), 2000. Censo

Demográfico 2000. Rio de Janeiro: IBGE.

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE), 1996.

Contagem da População 1996. Rio de Janeiro: IBGE.

IBGE. Cidades@. Dados gerais. Resultados dos Dados Preliminares do Censo 2000.

MS/DAB, 2000. Avaliação da Implantação e Funcionamento da Estratégia Saúde da

Família – GO. Brasília: MS/DAB.

MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2001. DATASUS. Sistema de Informações de Mortalidade -

SIM.

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GOIÂNIA – REFERÊNCIAS DOCUMENTAIS 166

MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2001. DATASUS. Sistema de Informações de Nascidos Vivos

- SINASC.

MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2001. DATASUS. Sistema de Informações Hospitalares -

SIH/SUS.

MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2001. DATASUS. Sistema de Informações Ambulatoriais -

SIA/SUS.

MS/SPS/DAB/SE/DI. Pacto de Indicadores de Atenção Básica - 2001. Estabelecimento de

Metas. GO/ Goiânia. Versão 2001.01b, 2 pág.

MS/SPS/DAB/SE/DI. Pacto de Indicadores de Atenção Básica - 2001. Série histórica dos

Indicadores de Redução da Mortalidade Infantil e materna. GO/ Goiânia. Versão

2001.01b, 6 pág.

PNUD, IPEA, Fundação João Pinheiro e IBGE, 1999. Atlas do desenvolvimento humano.

RASSI, E, 2000. Apresentação. Relatório Geral 1997-2000. (SMS-Goiânia org.), Goiânia:

PM/SMS.

SMS-GOIÂNIA, 2001. Plano Municipal de Saúde - Gestão 2001 a 2004. Goiânia:

PM/SMS.

SMS-GOIÂNIA, 2000. Relatório Geral 1997-2000. Goiânia: PM/SMS.

SMS-GOIÂNIA, 2001. Estratégias para 2001: 5 grandes objetivos com estratégias, ações e

cronograma do 2o semestre de 2001.

SMS-GOIÂNIA, Coordenação do PSF, 2001. Plano de Ação do PSF – maio a dezembro

de 2001.

SAS/ COSAC/ DATASUS/ SIAB/ MS. Série Histórica da Produção da Área Geral.

GO/Goiânia – Modelos: Geral/PSF/PACS, período de 2000 a 2001.Brasília,

20/07/2001.

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GOIÂNIA – ANEXOS

ANEXOS

Quadro A - Percepção de ACS e auxiliares de enfermagem sobre o PSF, Goiânia (GO), 2001

Percepção sobre PSF Concorda Concorda Pouco/Não Concorda

Não Sabe/Não Respondeu

% % % O PSF vem substituindo a rede básica no atendimento da população

68,6 26,5 5,0

O PSF concentra-se em áreas pobres ou periféricas no município 81,5 16,6 2,0Com o PSF, a população atendida procura menos os serviços hospitalares especializados

72,2 25,5 2,3

Com o PSF, a população procura primeiro a USF 75,2 18,2 6,6A população procura primeiro a rede convencional ou hospitalar 20,2 73,2 6,6A população alvo resiste às ações das ESF 27,2 61,9 10,9O PSF atende por agendamento prévio 78,8 14,9 6,3O PSF cumpre na prática as funções de pronto atendimento 61,2 34,1 4,6O PSF atua nos programas de saúde coletiva 88,4 7,3 4,3O PSF ampliou o acesso de novas parcelas da população aos serviços de saúde no município

71,9 21,2 7,0

O PSF atrai as populações vizinhas que sobrecarregam o atendimento

67,8 28,2 4,0

O PSF tem favorecido a ação intersetorial no município para o enfrentamento de problemas identificados em sua área de atuação

72,5 17,9 9,6

O PSF não tem nenhuma importância na atenção a saúde do município

2,3 93,4 4,3

O PSF não garante o atendimento em outros serviços quando necessários

21,2 72,8 6,0

O PSF não garante a internação, quando necessária 22,5 72,5 5,0O PSF não fornece medicamentos da Farmácia Básica suficientemente

59,6 34,7 5,6

O tempo médio entre o agendamento e o atendimento é elevado 26,1 67,9 6,0

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GOIÂNIA – ANEXOS

Quadro B – Percepção dos agentes comunitários de saúde sobre o PSF, Goiânia (GO), 2001

Percepção sobre PSF Concorda Muito Concorda Concorda Pouco

Não Concorda

Não Sabe/Não Respondeu

Total

% % % % % %O PSF vem substituindo a rede básica no atendimento da população 26,1 41,2 20,8 7,3 4,5 100,0O PSF concentra-se em áreas pobres ou periféricas no município 41,6 41,2 10,2 5,3 1,6 100,0Com o PSF, a população atendida procura menos os serviços hospitalares especializados

26,1 45,7 19,2 6,9 2,0 100,0

Com o PSF, a população procura primeiro a USF 31,0 45,3 12,7 5,7 5,3 100,0A população procura primeiro a rede convencional ou hospitalar 4,9 16,7 33,5 38,8 6,1 100,0A população alvo resiste às ações das ESF 7,8 19,6 29,0 33,5 10,2 100,0O PSF atende por agendamento prévio 34,7 43,7 13,1 3,3 5,3 100,0O PSF cumpre na prática as funções de pronto atendimento 19,2 40,8 18,4 17,1 4,5 100,0O PSF atua nos programas de saúde coletiva 38,8 48,6 7,3 1,2 4,1 100,0O PSF ampliou o acesso de novas parcelas da população aos serviços de saúde no município

23,7 47,8 14,7 6,9 6,9 100,0

O PSF atrai as populações vizinhas que sobrecarregam o atendimento 36,7 29,4 11,0 19,2 3,7 100,0O PSF tem favorecido a ação intersetorial no município para o enfrentamento de problemas identificados em sua área de atuação

16,3 53,9 14,7 5,3 9,8 100,0

O PSF não tem nenhuma importância na atenção a saúde do município

1,2 1,2 2,9 90,2 4,5 100,0

O PSF não garante o atendimento em outros serviços quando necessários

6,1 15,5 18,8 53,5 6,1 100,0

O PSF não garante a internação, quando necessária 8,6 14,7 6,5 65,3 4,9 100,0O PSF não fornece medicamentos da Farmácia Básica suficientemente

32,7 27,3 15,1 19,2 5,7 100,0

O tempo médio entre o agendamento e o atendimento é elevado 9,0 19,6 23,3 42,0 6,1 100,0

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GOIÂNIA – ANEXOS

Quadro C - Percepção dos auxiliares de enfermagem sobre o PSF, Goiânia (GO), 2001

Percepção sobre PSF Concorda Muito Concorda Concorda Pouco

Não Concorda

Não Sabe/Não Respondeu

Total

% % % % % %O PSF vem substituindo a rede básica no atendimento da população 31,6 42,1 12,3 7,0 7,0 100,0O PSF concentra-se em áreas pobres ou periféricas no município 40,4 35,1 17,5 3,5 3,5 100,0Com o PSF, a população atendida procura menos os serviços hospitalares especializados

33,3 40,4 17,5 5,3 3,5 100,0

Com o PSF, a população procura primeiro a USF 33,3 36,8 12,3 5,3 12,3 100,0A população procura primeiro a rede convencional ou hospitalar 3,5 10,5 17,5 59,6 8,8 100,0A população alvo resiste às ações das ESF 5,3 21,1 26,3 33,3 14,0 100,0O PSF atende por agendamento prévio 31,6 49,1 5,3 3,5 10,5 100,0O PSF cumpre na prática as funções de pronto atendimento 8,8 57,9 17,5 10,5 5,3 100,0O PSF atua nos programas de saúde coletiva 38,6 54,4 1,8 - 5,3 100,0O PSF ampliou o acesso de novas parcelas da população aos serviços de saúde no município

28,1 45,6 19,3 - 7,0 100,0

O PSF atrai as populações vizinhas que sobrecarregam o atendimento 42,1 33,3 7,0 12,3 5,3 100,0O PSF tem favorecido a ação intersetorial no município para o enfrentamento de problemas identificados em sua área de atuação

35,1 47,4 5,3 3,5 8,8 100,0

O PSF não tem nenhuma importância na atenção a saúde do município

1,8 - 3,5 91,2 3,5 100,0

O PSF não garante o atendimento em outros serviços quando necessários

10,5 8,8 17,5 57,9 5,3 100,0

O PSF não garante a internação, quando necessária 7,0 12,3 7,0 68,4 5,3 100,0O PSF não fornece medicamentos da Farmácia Básica suficientemente

33,3 24,6 15,8 21,1 5,3 100,0

O tempo médio entre o agendamento e o atendimento é elevado 7,0 8,8 17,5 61,4 5,3 100,0

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GOIÂNIA – ANEXOS

Quadro D - Percepção de ACS e auxiliares de enfermagem sobre o PSF, Goiânia (GO), 2001

Percepção sobre PSF Concorda Muito Concorda Concorda Pouco

Não Concorda

Não Sabe/Não Respondeu

Total

% % % % % %O PSF vem substituindo a rede básica no atendimento da população 27,2 41,4 19,2 7,3 5,0 100,0 O PSF concentra-se em áreas pobres ou periféricas no município 41,4 40,1 11,6 5,0 2,0 100,0 Com o PSF, a população atendida procura menos os serviços hospitalares especializados

27,5 44,7 18,9 6,6 2,3 100,0

Com o PSF, a população procura primeiro a USF 31,5 43,7 12,6 5,6 6,6 100,0 A população procura primeiro a rede convencional ou hospitalar 4,6 15,6 30,5 42,7 6,6 100,0 A população alvo resiste às ações das ESF 7,3 19,9 28,5 33,4 10,9 100,0 O PSF atende por agendamento prévio 34,1 44,7 11,6 3,3 6,3 100,0 O PSF cumpre na prática as funções de pronto atendimento 17,2 44,0 18,2 15,9 4,6 100,0 O PSF atua nos programas de saúde coletiva 38,7 49,7 6,3 1,0 4,3 100,0 O PSF ampliou o acesso de novas parcelas da população aos serviços de saúde no município

24,5 47,4 15,6 5,6 7,0 100,0

O PSF atrai as populações vizinhas que sobrecarregam o atendimento 37,7 30,1 10,3 17,9 4,0 100,0 O PSF tem favorecido a ação intersetorial no município para o enfrentamento de problemas identificados em sua área de atuação

19,9 52,6 12,9 5,0 9,6 100,0

O PSF não tem nenhuma importância na atenção a saúde do município

1,3 1,0 3,0 90,4 4,3 100,0

O PSF não garante o atendimento em outros serviços quando necessários

7,0 14,2 18,5 54,3 6,0 100,0

O PSF não garante a internação, quando necessária 8,3 14,2 6,6 65,9 5,0 100,0O PSF não fornece medicamentos da Farmácia Básica suficientemente

32,8 26,8 15,2 19,5 5,6 100,0

O tempo médio entre o agendamento e o atendimento é elevado 8,6 17,5 22,2 45,7 6,0 100,0

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GOIÂNIA – ANEXOS

Organograma da Secretaria Municipal de Saúde – Goiânia (GO), 2001

Fundo Municipal de Saúde Departamento Administrativo

Gabinete Assessoria de Planejamento

Dep. de Rede Básica Dep. de Epidemiologia Dep. de Zoonoses Dep. de Saúde Bucal Dep. de Vigilância Sanitária Dep. de Controle e Avaliação

Secretário