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FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA DEPARTAMENTO DE ADMINISTRAÇÃO E PLANEJAMENTO EM SAÚDE NÚCLEO DE ESTUDOS POLÍTICO-SOCIAIS EM SAÚDE
AVALIAÇÃO DA IMPLEMENTAÇÃO DO PROGRAMA DE SAÚDE DA FAMÍLIA EM GRANDES CENTROS URBANOS
GOIÂNIA (GO)
GOIÂNIA (GO)
Rio de Janeiro, 2001
AVALIAÇÃO DA IMPLEMENTAÇÃO DO PROGRAMA DE SAÚDE DA FAMÍLIA EM GRANDES CENTROS URBANOS: GOIÂNIA (GO)
I. APRESENTAÇÃO ................................................................................................................................. 1
OBJETIVO GERAL...................................................................................................................................... 1 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ........................................................................................................................... 2 EQUIPE ..................................................................................................................................................... 2 METODOLOGIA......................................................................................................................................... 3
II. CARACTERIZAÇÃO DO MUNICÍPIO DE GOIÂNIA (GO)......................................................... 9
1. CARACTERÍSTICAS GEOGRÁFICAS E DEMOGRÁFICAS........................................................................... 9 2. CARACTERÍSTICAS ECONÔMICAS ....................................................................................................... 10 3. CARACTERÍSTICAS SOCIAIS ................................................................................................................ 12 4. CARACTERÍSTICAS EPIDEMIOLÓGICAS ............................................................................................... 19 5. SISTEMA MUNICIPAL DE SAÚDE ......................................................................................................... 25
Distritalização e organização do SUS................................................................................................ 27 Rede municipal própria de atenção à saúde ...................................................................................... 29 Atenção ambulatorial ......................................................................................................................... 30 Atenção hospitalar.............................................................................................................................. 33 Sistema de referência ......................................................................................................................... 38 Saúde suplementar.............................................................................................................................. 39
6. CONSELHO MUNICIPAL DE SAÚDE...................................................................................................... 40
Composição ........................................................................................................................................ 40 Organização interna........................................................................................................................... 41 Ação e consolidação do Conselho Municipal de Saúde ..................................................................... 43 Representatividade dos conselheiros.................................................................................................. 45
III. IMPLEMENTAÇÃO DO PSF NO MUNICÍPIO DE GOIÂNIA (GO) ........................................ 46
1. ANTECEDENTES.................................................................................................................................. 46 2. PROCESSO DE IMPLANTAÇÃO DO PSF................................................................................................. 42
Contexto político e institucional do município no momento de implantação do PSF ........................ 42 Motivação para implantação do PSF................................................................................................. 46 Iniciativa e apoios para implantação do PSF .................................................................................... 47 Papel do gestor estadual no desenvolvimento do PSF no município ................................................. 48 Mecanismos e intensidade da divulgação do PSF, estratégias de ampliação da base de apoio e de comunicação com os atores sociais e institucionais........................................................................... 49 Implantação das primeiras equipes.................................................................................................... 50 Formação da equipe de coordenação para implantação: estrutura, características, qualificação e experiência do grupo em gestão; existência de consultoria técnica de apoio no nível local ............. 51
3. CARACTERIZAÇÃO GERAL DO PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO E ETAPAS DO PSF .......................... 52 Concepção do modelo e situação atual .............................................................................................. 52 Capacidade instalada do PSF – unidades por tipo, composição das ESF......................................... 53 Etapas da implementação................................................................................................................... 55
4. COORDENAÇÃO MUNICIPAL DE SAÚDE DA FAMÍLIA .......................................................................... 56
Composição atual............................................................................................................................... 56 Atribuições e atividades...................................................................................................................... 56 Recursos materiais e financeiros........................................................................................................ 57 Supervisão .......................................................................................................................................... 58 Avaliação............................................................................................................................................ 59
5. CONTROLE SOCIAL NO PSF ................................................................................................................ 61
O ponto de vista de Conselheiros representantes dos usuários sobre participação do CMS na implementação do PSF....................................................................................................................... 61 O ponto de vista de Conselheiros representantes dos usuários sobre impacto do PSF ..................... 63
6. INTEGRAÇÃO À REDE .......................................................................................................................... 64
Estratégias de integração à rede básica e de conversão do modelo .................................................. 64 Adscrição de clientela, conformação da rede de serviços e sistematização de oferta: mecanismos de referência e contra-referência............................................................................................................ 65 Pronto-atendimento e emergência...................................................................................................... 68 Outras estratégias para integração do PSF à rede (informatização, telefone, manuseio de prontuários, outros formulários)............................................................................................................................. 69 Articulação do PSF aos programas de saúde coletiva....................................................................... 69 Avaliação dos gestores quanto ao processo de integração – resultados, dificuldades, ajustes necessários na rede, nos programas e no PSF ...................................................................................................... 70 Avaliação dos profissionais das ESF quanto ao processo de integração do PSF na rede................. 71
7. GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS DO PSF ......................................................................................... 74
Mecanismos de seleção ...................................................................................................................... 74 Modalidades de contratação .............................................................................................................. 75 Estratégias de atração de profissionais para o PSF .......................................................................... 76 Rotatividade e estratégias para fixação dos profissionais ................................................................. 77 Instituição contratante........................................................................................................................ 78 Vantagens e desvantagens da contratação por terceiros ................................................................... 78
8. CAPACITAÇÃO DAS ESF ..................................................................................................................... 79
Sistema de capacitação ...................................................................................................................... 79 Tipo de treinamento e programação da capacitação ......................................................................... 79 Adequação da capacitação................................................................................................................. 81
9. FINANCIAMENTO DO PSF EM GOIÂNIA (GO)...................................................................................... 82 10. PROPOSTAS DE EXPANSÃO E CONSOLIDAÇÃO DO PSF...................................................................... 90 11. AVALIAÇÃO DO PSF QUANTO ÀS CONDIÇÕES NECESSÁRIAS PARA IMPLANTAÇÃO, DIFICULDADES ATUAIS, VANTAGENS E INOVAÇÕES...................................................................................................................... 91
Avaliação dos gestores ....................................................................................................................... 92 Avaliação dos profissionais das ESF ................................................................................................. 93 Avaliação dos agentes comunitários de saúde e auxiliares de enfermagem ...................................... 95 Avaliação das famílias sobre o PSF................................................................................................... 99
IV - EQUIPES DO PROGRAMA SAÚDE DA FAMÍLIA: ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO E PRÁTICAS ASSISTENCIAIS .............................................................................................................. 104
1.PERFIL DOS PROFISSIONAIS DAS EQUIPES DE SAÚDE DAS FAMÍLIAS .................................................. 105 Perfil dos profissionais de nível superior ......................................................................................... 105 Perfil dos profissionais de nível médio e elementar ......................................................................... 108
2. INSERÇÃO PROFISSIONAL NO PSF..................................................................................................... 110
Inserção dos médicos, odontólogos e enfermeiros no PSF .............................................................. 110 Inserção de Agentes Comunitários de Saúde e Auxiliar de Enfermagem no PSF............................ 114
3. TRABALHO EM EQUIPE ..................................................................................................................... 117
Atribuições e atividades desenvolvidas, forma de organização do trabalho dos médicos e enfermeiros.......................................................................................................................................................... 117 Atribuições e atividades desenvolvidas, forma de organização do trabalho dos ACS e os auxiliares de enfermagem ...................................................................................................................................... 119 Percepção das ESF sobre as condições de realização e os resultados de sua atividade. ................ 122
4. VÍNCULOS ENTRE ESF E COMUNIDADES ........................................................................................ 123
Controle Social................................................................................................................................. 125
V. FAMÍLIAS USUÁRIAS DO PSF EM GOIÂNIA (GO)................................................................. 128
1. CARACTERIZAÇÃO DAS FAMÍLIAS E DOS DOMICÍLIOS, CONHECIMENTO E PARTICIPAÇÃO EM CONSELHOS COMUNITÁRIOS EM GERAL E DE SAÚDE................................................................................................. 129
Caracterização das famílias e vulnerabilidade à pobreza ............................................................... 129 Caracterização dos chefes de família............................................................................................... 130 Caracterização das famílias e moradores ........................................................................................ 131 Características dos domicílios ......................................................................................................... 137 Meios de comunicação e participação em grupos comunitários...................................................... 139 Conhecimento e participação em Conselhos de Saúde .................................................................... 140
2. IDENTIFICAÇÃO DE PROBLEMAS PRIORITÁRIOS E DA SITUAÇÃO DE SAÚDE DO BAIRRO OU COMUNIDADE E ATENDIMENTO USUAL AOS PROBLEMAS DE SAÚDE ............................................................................... 141
Situação de saúde e atendimento aos problemas de saúde das famílias .......................................... 143 Casos de violência ou acidentes nas comunidades........................................................................... 145
3. CONHECIMENTO E UTILIZAÇÃO DO PSF............................................................................................ 146
Agentes Comunitários de Saúde ....................................................................................................... 146 Atendimento na USF......................................................................................................................... 149 Portadores de Doenças Crônicas..................................................................................................... 152 Gravidez ........................................................................................................................................... 154 Crescimento e Desenvolvimento de Crianças até 2 anos de idade................................................... 154
VI. CONCLUSÕES ................................................................................................................................ 155
REFERÊNCIAS DOCUMENTAIS ...................................................................................................... 169
ANEXOS ................................................................................................................................................. 171
GOIÂNIA – APRESENTAÇÃO E METOODOLOGIA 1
I. APRESENTAÇÃO
A presente pesquisa está inserida no âmbito do Projeto de Apoio à Implantação e
Consolidação do Programa de Saúde da Família (PSF) no Brasil, sob a responsabilidade
do Departamento de Atenção Básica da Secretaria de Políticas de Saúde do Ministério
da Saúde, que visa à implantação e/ou ampliação e consolidação do PSF em grandes
centros urbanos, caracterizados como municípios com população acima de 100 mil
habitantes (MS, 2001b).
Para subsidiar o processo de negociação e desenvolvimento do Projeto, o Ministério da
Saúde encomendou ao NUPES/DAPS/ENSP/FIOCRUZ o desenvolvimento de 10 estudos de
caso em municípios selecionados pelo DAB/SPS. Foram selecionados inicialmente
Vitória da Conquista (BA) e Goiânia (GO) que serviram como municípios-piloto.
O projeto de avaliação da implementação considerou as propostas do MS que definem o
PSF como uma estratégia estruturante dos sistemas municipais de saúde que visa à
reorientação do modelo de atenção e uma nova dinâmica da organização dos serviços e
ações de saúde. Documentos do MS e pesquisas anteriores sobre o PSF orientaram a
análise em torno de quatro eixos principais:
A constituição da USF como porta de entrada de uma rede integrada e articulada de
serviços de saúde com estabelecimento de mecanismos e instrumentos de referência e
contra-referência;
A conversão do modelo de atenção à saúde envolvendo a organização e práticas
assistenciais das Equipes de Saúde da Família (ESF);
Os vínculos estabelecidos com a comunidade e a avaliação dos usuários sobre a atenção
recebida da ESF e o acesso à assistência integral e cuidados contínuos; e,
O contexto político-institucional de implantação e desenvolvimento municipal do PSF.
OBJETIVO GERAL
Analisar experiências de implementação do Programa de Saúde da Família em grandes
centros urbanos, Vitória da Conquista (BA), no concernente ao contexto político-
institucional em que se desenvolve, ao estabelecimento de vínculos entre a ESF e a
GOIÂNIA – APRESENTAÇÃO E METOODOLOGIA 2
comunidade, à conversão do modelo de atenção à saúde nas Unidades Básicas, e à sua
articulação com a rede de serviços de saúde.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Conhecer e analisar os fatores facilitadores e dificultadores na implementação do PSF
nos municípios.
Analisar os vínculos estabelecidos entre as ESF, as comunidades adscritas e as famílias
atendidas.
Estudar a operacionalização da conversão do modelo de atenção básica à saúde
verificando os métodos, avanços e limites na substituição das praticas convencionais de
assistência.
Avaliar a conformação de uma rede integrada de serviços de saúde com o
estabelecimento de mecanismos de referência e contra-referência e a constituição da
USF como porta de entrada.
Apontar diretrizes e subsídios iniciais para aprofundar as investigações na forma de
estudos de caso em outros municípios: desenho do Termo de Referência, metodologia e
indicadores de avaliação da implementação do PSF em grandes municípios.
EQUIPE
O Núcleo de Estudos Político-Sociais em Saúde – NUPES – foi constituído no final de
1988, no Departamento de Administração e Planejamento em Saúde (DAPS) da Escola
Nacional de Saúde Pública (ENSP) da Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ), com o
objetivo de consolidar um conjunto de investigações relacionadas à temática da
Reforma Sanitária Brasileira. Suas atividades tiveram inicialmente como eixo a análise
do curso histórico da institucionalização da política de saúde brasileira, seus
movimentos e contradições a partir do projeto de reformulação do sistema de saúde.
O aprofundamento e desdobramentos destas investigações fizeram com que as
atividades do NUPES ultrapassassem a esfera temática da Reforma Sanitária,
GOIÂNIA – APRESENTAÇÃO E METOODOLOGIA 3
consolidando-se então um projeto mais amplo de construção do saber, que no campo de
Saúde Coletiva aborda as inúmeras interfaces das relações Estado/Sociedade/Indivíduo.
Os estudos de caso sobre implantação do PSF em grandes municípios foram realizados
por:
Coordenadora geral Profª. Sarah Escorel
Equipe de coordenação Profas. Lígia Giovanella e Maria Helena Mendonça
Pesquisadores associados Equipe do Prodeman/Uerj sob a coordenação do Profº.
Renato Möeller: Ana Augusta de Medeiros, Sidiléia Daflon Castricini, Adriana Reis
Xavier, Roberta Mara Sant’anna Ribeiro, Fernando Cesar de Castro Bezerra, Adriano
Alves Bezerra e Vanessa dos Reis de Souza
Pesquisadores assistentes Patty Almeida Fidelis, Mônica Mendonça Delgado, Luiza
Helena Victal e Marcello de Moura Coutinho
Assistentes de pesquisa Eliana Vicente, Danielle Branco Estrela, Vania Meiry
Trindade Santos, Maria das Neves Sousa da Luz, Jurema da Silva Flôres, André Luís
Ribeiro, Cátia Cristina Martins de Oliveira, Silvia Barbosa de Carvalho, Carla Pacheco
Teixeira e Juliano de Carvalho Lima
Bolsista de Iniciação Científica Rafael Vidal
O relatório final contou com o apoio das Profas. Rosana Magalhães e Mônica de Castro
Maia Senna.
METODOLOGIA
O estudo foi iniciado por visita à Secretaria Municipal de Saúde quando se
apresentaram os propósitos da pesquisa e suas fases de desenvolvimento, orientadas por
um roteiro de visita preliminar e documentos a solicitar. A visita a Goiânia foi realizada
em 15 de agosto e possibilitou conhecer e sensibilizar o secretário municipal de saúde, a
Coordenação do PSF e outros integrantes da equipe gestora, obter documentos (Plano
Municipal de Saúde, Relatórios de Gestão, composição e atas do Conselho Municipal de
Saúde e outros) e visitar unidades locais.
GOIÂNIA – APRESENTAÇÃO E METOODOLOGIA 4
A partir do início da pesquisa foram realizados levantamentos em diversos bancos de
dados (IBGE, DATASUS, RIPSA, SIAB) visando a caracterização dos municípios em
relação aos aspectos demográficos, sócio-econômicos, de mortalidade e causas de
internação hospitalar, e do sistema municipal de saúde. O levantamento da bibliografia
existente sobre o tema foi realizado nos acervos da FIOCRUZ, do MS e da BIREME.
A segunda fase foi desenvolvida por meio da realização de entrevistas a um conjunto de
gestores e dois Conselheiros Municipais de Saúde representantes dos usuários.
Em cada município foram realizadas entrevistas com o Secretário Municipal de Saúde e
dois integrantes da Coordenação Municipal do PSF (CSF) a partir de roteiros
estruturados em torno de cinco tópicos:
Implantação do PSF no município: motivações, contexto político-institucional,
posicionamento de atores, estratégias utilizadas e etapas de implantação, situação atual;
Organização e gestão do PSF: coordenação, supervisão, monitoramento e avaliação,
desenvolvimento do SIAB;
Integração à rede assistencial e conversão do modelo de atenção básica: criação de USF
e transformação de Unidades Básicas, estratégias, processos, mecanismos de referência
e contra-referência, resultados da experiência de integração e principais dificuldades, e
ajustes necessários para a constituição de uma rede integrada de serviços de saúde;
Recursos humanos: modalidades e processos de contratação, estratégias utilizadas para
atrair recursos humanos, e capacitação para o PSF;
Fatores limitantes e facilitadores, perspectivas e avaliação do entrevistado sobre os
resultados da implementação do PSF.
Roteiros mais objetivos foram elaborados para entrevistar o coordenador das ações de
saúde coletiva (Coordenador de Vigilância Epidemiológica em Goiânia),
Coordenadores dos Departamentos de Atenção Básica e de Controle, Avaliação e
Auditoria e diretor ou equivalente da Fundação de Apoio responsável pela contratação
de recursos humanos. Os roteiros seguiram alguns tópicos comuns a todos os gestores
entrevistados acrescidos de tópicos específicos ao papel das coordenações no
desenvolvimento e integração do PSF.
A dois Conselheiros Municipais de Saúde representantes do segmento dos usuários
foram feitas perguntas relativas ao exercício do controle social, funcionamento do
GOIÂNIA – APRESENTAÇÃO E METOODOLOGIA 5
Conselho Municipal de Saúde em geral, composição e articulação de interesses, papel
desempenhado na política municipal de saúde e na implementação do PSF, e sobre a
entidade representada.
As entrevistas foram realizadas na semana entre 2 e 6 de setembro em Goiânia. As
entrevistas foram gravadas e editadas preenchendo o roteiro com as informações
fornecidas. Essas informações foram analisadas a partir de um Plano de Análise dos
estudos de caso.
A terceira fase de campo foi a aplicação de três modalidades e tipos de questionários:
Auto-aplicáveis para profissionais de nível superior das ESF
Auto-aplicáveis para profissionais de nível médio e elementar das ESF
Aplicado por auxiliares de pesquisa em famílias de usuários do PSF
Essa fase foi realizada simultaneamente nos dois municípios por equipes integradas por
5 auxiliares de pesquisa durante a semana de 9 a 16 de setembro. A elaboração de cada
questionário envolveu redação de perguntas, revisão, formatação em questionários,
treinamento dos auxiliares de pesquisa, revisão dos questionários, impressão,
reprodução, transporte e distribuição ou aplicação.
Os questionários auto-aplicáveis para profissionais das ESF estão estruturados ao redor
de cinco tópicos: inserção e capacitação no PSF, trabalho em equipe, integração na rede
de serviços de saúde, vínculos com a comunidade e avaliação livre (pontos positivos e
negativos do PSF).
Foram pesquisadas informações de todos os integrantes de todas as ESF implantadas no
município até 31 de julho de 2001.
Perdas Município ESF Implant.
Prof Niv Super.
Aux. Enferm
ACS Total N %
Goiânia 75 94 57 245 461 65 14,1
O questionário destinado às famílias usuárias do PSF está estruturado em cinco blocos:
1. Caracterização detalhada da unidade familiar e do domicílio, graus de participação
em grupos comunitários, identificação de problemas prioritários da comunidade, e
conhecimento e participação em conselhos de saúde. 2. Identificação da situação de
saúde e atendimento usual aos problemas de saúde. 3. Conhecimento e utilização do
PSF com ênfase na avaliação das atividades realizadas pelo ACS, e no
acompanhamento de condições de gravidez, crescimento e desenvolvimento até 2 anos
GOIÂNIA – APRESENTAÇÃO E METOODOLOGIA 6
de idade e portadores de doenças crônicas. 4. Avaliação em geral, comparado ao
atendimento anterior, atividades realizadas nas USF e satisfação com o PSF.
As famílias entrevistadas foram selecionadas entre a população cadastrada do PSF, a
partir de amostra intencional que considerou os seguintes procedimentos:
escolha realizada pelo secretário de saúde e coordenação municipal do PSF de
quatro ESF a partir do cruzamento de alguns critérios valorados em relação ao modelo
proposto – acesso geográfico aos serviços de saúde, atuação intersetorial e parcerias
com outras instituições, vínculos com a comunidade e adesão da população, e
integração com a rede de serviços de saúde do SUS municipal. Foram selecionadas duas
ESF com dificuldades em dois ou mais critérios e duas ESF com experiências bem
sucedidas.
para cada ESF selecionada foi realizado sorteio de 3 micro-áreas/ACS em sua
abrangência. Em cada micro-área foram sorteadas ou escolhidas de forma sistemática 8
ou 9 famílias, configurando cerca de 25 famílias por ESF e um total de 100 famílias por
município.
Em Goiânia o trabalho de coleta de dados consistiu na realização de 100 entrevistas
estruturadas, efetuadas em 100 domicílios, as quais reuniram informações sobre 400
moradores.
Considerou-se como sujeitos da pesquisa os chefes ou cônjuges dos chefes das famílias
usuárias (cadastradas) do PSF, dando-se preferência por aquele que afirmasse reunir
maior conhecimento sobre os assuntos focalizados pelo estudo. No caso da
impossibilidade de acesso a ambos – seja por ausência prolongada do local de moradia,
seja por incapacidade ou falta de interesse dos mesmos em participar do inquérito – foi
também admitido como informante, em menor escala, o indivíduo pertencente à família
designado pelo conjunto de familiares presentes no ato da entrevista como o mais apto a
responder às questões propostas pelo estudo.
As entrevistas foram realizadas por uma equipe fixa de assistentes de pesquisa,
criteriosamente selecionada e submetida a um extenso e rigoroso programa de
treinamento. A localização das unidades domiciliares onde residiam as famílias
selecionadas foi facilitada pelo trabalho realizado por agentes comunitários de saúde
atuantes nas micro-áreas pesquisadas, convertidos em guias de campo.
GOIÂNIA – APRESENTAÇÃO E METOODOLOGIA 7
O procedimento geral aplicado para processamento de dados e crítica dos resultados
consistiu de:
•
•
•
•
inspeção visual da produção de cada entrevistador antes da digitação dos dados de
modo a detectar e corrigir erros estruturais;
codificação das perguntas abertas de acordo com dicionários de códigos preparados
e atualizados durante o trabalho (também antes da digitação);
entrada de dados em microcomputadores e crítica de validação dos campos durante
a digitação; e
crítica de consistência dos dados, incluindo a verificação da codificação e da
digitação, além da verificação da consistência entre as variáveis, para correção
pontual dos erros detectados.
Para a entrada de dados e crítica, foi utilizado o Integrated Microcomputer Processing
System (IMPS, versão 3.1), desenvolvido pelo Centro Internacional de Programas
Estatísticos do United States Bureau of the Census. O IMPS permite validação dos
códigos das variáveis categorizadas e validação de intervalos aceitáveis para variáveis
quantitativas (ambas baseadas em dicionários de dados previamente definidos) durante a
digitação dos dados. Além disso, o IMPS permite a verificação de um conjunto de
regras de consistência entre as variáveis, tornando mais simples a crítica das relações
entre as variáveis. Dotado de grande capacidade de migração para outras plataformas, o
IMPS possibilita ainda que o material por ele processado possa ser, com facilidade,
submetido a outros programas de tratamento de dados.
As respostas às perguntas abertas admitidas pelo instrumento de coleta de dados foram
submetidas à análise categorial e codificadas por especialistas em análise de conteúdo.
A entrada de dados foi realizada de forma paralela ao trabalho de campo, começando
imediatamente após a finalização da codificação dos roteiros correspondentes às
primeiras entrevistas.
Para orientar a tabulação dos dados, foi elaborado um plano tabular que cobre toda a
informação coletada. Inicialmente, as tabelas foram elaboradas na ordem prevista pelo
roteiro de entrevista e, posteriormente, reordenadas para dar uma forma mais adequada
a este relatório.
GOIÂNIA – APRESENTAÇÃO E METOODOLOGIA 8
Cada relatório está integrado por seis partes:
I. Apresentação
II. Caracterização do Município
III. Processo de implementação do PSF
IV. Equipes da Saúde da Família: organização do trabalho e práticas assistenciais
V. Famílias usuárias do PSF
VI. Conclusões
GOIÂNIA – CARATERIZAÇÃO DO MUNICÍPIO
9
II. CARACTERIZAÇÃO DO MUNICÍPIO DE GOIÂNIA (GO)
1. CARACTERÍSTICAS GEOGRÁFICAS E DEMOGRÁFICAS
Goiânia, fundada em 1933 na região Centro-Oeste do Brasil, planejada para abrigar
50.000 moradores, possui uma população de 1.090.581 habitantes (2000) e uma
densidade demográfica de 1.471,76 hab/km2. A população é urbana concentrando na
cidade 99,36% dos residentes.
A população em 1998 era predominantemente feminina (52,22%) e jovem - mais de
50% dos habitantes tinham até 24 anos. A faixa etária entre 15 a 49 anos representava
59,36% do total e a população com 60 e mais anos de idade representava
aproximadamente 7%.
O crescimento médio anual da população nos últimos quatro anos é de 2,17% a.a,
mantendo a predominância feminina.
Quadro 1 – Características demográficas de Goiânia (GO), 2000
Características Demográficas N %População Total 1.090.737 100,00População Urbana 1.083.552 99,36População Rural 7.185 0,66População Masculina (1998) 496.873 47,78População Feminina (1998) 543.056 52,22Área (km2) 740,5 Densidade Demográfica (hab/km2) 1.471,96 Fonte: IBGE-Cidade@,Censo 2000; Contagem da Popu1ação, 1996
GOIÂNIA – CARATERIZAÇÃO DO MUNICÍPIO
10
Quadro 1a – Distribuição da população por faixa etária em Goiânia (GO), 1996
População por faixa etária N %0 anos a 4 anos 87.391 8,725 a 9 anos 91.413 9,1310 a 14 anos 100.811 10,0615 a 19 anos 112.314 11,2120 a 24 anos 108.741 10,8625 a 29 anos 95.811 9,5630 a 34 anos 88.707 8,8635 a 39 anos 75.875 7,5740 a 44 anos 64.026 6,3945 a 49 anos 49.151 4,9150 a 54 anos 37.206 3,7155 a 59 anos 27.711 2,7760 a 64 anos 21.956 2,1965 anos ou mais 40.643 4,06Total 1.001.756 100,00Fonte: IBGE-Cidade@/contagem de 1996
2. CARACTERÍSTICAS ECONÔMICAS As atividades econômicas de Goiânia concentram-se nos setores de serviços, comércio,
indústria de transformação, construção civil e administração pública.
O município conta com 33.247 unidades locais (empresas com CGC) e apenas 476
estabelecimentos agropecuários. É uma cidade constituída majoritariamente por
unidades locais de micro e pequeno porte, pois as que empregavam 500 ou mais pessoas
em 1996 representavam somente 0,16% do total das unidades.
Na maioria das unidades locais (73,97%) trabalhavam de 1 a 4 pessoas. Em 87,94% do
total de unidades trabalhavam até 9 pessoas, mas que empregavam 23,69% do total de
pessoas ocupadas.
GOIÂNIA – CARATERIZAÇÃO DO MUNICÍPIO
11
Tabela 1 – Unidades locais por número de pessoas ocupadas, Goiânia (GO), 1996 Unidades locais por pessoas ocupadas N %Unidade local -1 a 4 pessoas ocupadas 23.717 73,97Unidade local -5 a 9 pessoas ocupadas 4.479 13,97Unidade local –10 a 29 pessoas ocupadas 2.749 8,57Unidade local –30 a 99 pessoas ocupadas 815 2,54Unidade local –100 a 249 pessoas ocupadas 199 0,62Unidade local –250 a 499 pessoas ocupadas 52 0,16Unidade local-500 a 999 pessoas ocupadas 28 0,09Unidade local –1000 ou mais pessoas ocupadas 24 0,07Total 32.063 100,00Fonte: IBGE – Contagem da População, 1996
Por outro lado, foram as grandes unidades locais as empregadoras da maior parte da
população ocupada: em 1996, 113.735 trabalhadores (35,33%) estavam em unidades
que empregavam 500 ou mais pessoas.
Em 1996 as receitas orçamentárias foram 3,53% menores que as despesas
orçamentárias, sendo que as receitas de origem tributária foram significativamente
menores que as oriundas de transferências. As despesas de custeio em 1996
representaram 73% do total das despesas.
Verifica-se que Goiânia depende dos recursos repassados pelo governo federal e por
outras transferências.
Quadro 2 – Receitas e Despesas de Goiânia (GO), 1996 Receitas e Despesas Mil Reais (R$)Receitas orçamentárias –1996 294.003Despesas orçamentárias – 1996 304.763Receitas orçamentárias – Tributárias – 1996 108.689Receitas orçamentárias – Transferência – 1996 154.455Despesas orçamentárias – custeio –1996 193.196Fundo de Participação do Municípios – 1998 36.551.330Fonte: IBGE - Cidade@ - Tema: Síntese, 2001
A renda familiar per capita média expressa em salários mínimos de setembro de 1991
apresentou crescimento expressivo em Goiânia entre 1970 (0,91) e 1991 (2,02),
mantendo-se superior a média do Brasil (1,31) e do estado de Goiás (1,20). Contudo, o
percentual de pessoas com renda insuficiente é significativo (21,86%), apesar de ser
metade do apresentado pelo estado de Goiás (42,11%) e no Brasil (45,46%).
GOIÂNIA – CARATERIZAÇÃO DO MUNICÍPIO
12
Tabela 2 – Indicadores do ICV – Renda, Goiânia, Goiás, Região Centro-Oeste, Brasil, 1970, 1980, 1991
Região Renda familiar per capita
média
Grau de desigualdade
(Theil – L)
Porcentagem de pessoas com renda
insuficiente (P0)
Insuficiência média de renda
(P1)
1970 1980 1991 1970 1980 1991 1970 1980 1991 1970 1980 1991 Região Centro-Oeste 0,54 1,45 1,45 0,55 0,66 0,70 73,71 37,48 39,31 0,40 0,15 0,17 Goiás 0,46 1,21 1,20 0,50 0,61 0,62 77,79 41,58 42,11 0,44 0,18 0,18 Goiânia 0,91 1,94 2,02 0,55 0,54 0,59 52,54 19,48 21,86 0,24 0,06 0,08 Brasil 0,63 1,43 1,31 0,68 0,70 0,78 67,90 39,47 45,46 0,39 0,18 0,24 Fonte: PNUD/IPEA/Fund. João Pinheiro/IBGE - Atlas do desenvolvimento humano, 1999
3. CARACTERÍSTICAS SOCIAIS
Ao longo das últimas décadas, Goiânia vem apresentando um IDH-M1 Índice de
Desenvolvimento Humano Municipal maior que o de Goiás e o do Brasil. Em 1980 o
IDH–Educação (0,703) era bem mais elevado que o do estado de Goiás (0,564) e do
Brasil (0,577), o que foi mantido em 1991, embora ainda seja um setor de
desenvolvimento médio. Em 1991, o IDH-M Renda (0,958), estava no patamar de alto
desenvolvimento, enquanto nas dimensões longevidade (0,665) e educação (0,768), os
indicadores situavam-se na faixa pertencente ao médio desenvolvimento. O mesmo
acontece com o Brasil como um todo, o IDH–Longevidade (0,638) e o IDH-Educação
(0,645) apontam um desenvolvimento médio, enquanto o IDH-Renda (0,942) situa-se
na faixa de alta desenvolvimento.
Tabela 3 – Índice de desenvolvimento humano municipal e dimensões em Goiânia, Goiás, Região Centro-Oeste, Brasil, 1970, 1980, 1991
Região IDH-M IDH-M Longevidade
IDH-M Educação
IDH-M Renda
1970 1980 1991 1970 1980 1991 1970 1980 1991 1970 1980 1991Goiânia 0,587 0,729 0,797 0,470 0,526 0,665 0,639 0,703 0,768 0,653 0,957 0,958Goiás 0,404 0,660 0,722 0,434 0,529 0,636 0,469 0,564 0,653 0,309 0,887 0,875Reg. Centro-Oeste 0,438 0,692 0,754 0,445 0,538 0,641 0,497 0,590 0,673 0,373 0,947 0,948Brasil 0,462 0,685 0,742 0,440 0,531 0,638 0,501 0,577 0,645 0,444 0,947 0,942Fonte: PNUD/IPEA/Fund. João Pinheiro/IBGE - Atlas do desenvolvimento humano, 1999
1 IDH-M –Índice de Desenvolvimento Humano Municipal é composto por três dimensões: Longevidade (esperança de vida ao nascer), Educação (taxa de analfabetismo e número de anos de estudo) e Renda (renda familiar per capita).
GOIÂNIA – CARATERIZAÇÃO DO MUNICÍPIO
13
O ICV2 - Índice de Condições de Vida reitera que a situação em Goiânia é superior a
apresentada no estado de Goiás e no Brasil. As condições de vida da população da
capital melhoraram significativamente entre 1970 e 1991, embora mantendo-se no nível
médio de condição de vida. A renda e a habitação foram as dimensões que mais
contribuíram para a elevação do ICV do município.
Tabela 4 – Índice de condições de vida e componentes em Goiânia, Goiás, Região Centro-Oeste, Brasil, 1970, 1980, 1991
Região ICV ICV–Longevidade ICV-Educação 1970 1980 1991 1970 1980 1991 1970 1980 1991
Goiânia 0,620 0,695 0,798 0,611 0,668 0,791 0,547 0,629 0,713 Goiás 0,500 0,631 0,720 0,573 0,671 0,768 0,376 0,476 0,576 Reg.Centro-Oeste 0,510 0,653 0,735 0,574 0,676 0,770 0,403 0,507 0,599 Brasil 0,532 0,655 0,723 0,528 0,632 0,742 0,415 0,497 0,576 Fonte: PNUD/IPEA/Fund. João Pinheiro/IBGE - Atlas do desenvolvimento humano, 1999
Tabela 4 cont. – Índice de condições de vida e componentes em Goiânia, Goiás, Região Centro-Oeste, Brasil, 1970, 1980, 1991
Região ICV–Infância ICV–Renda ICV–Habitação 1970 1980 1991 1970 1980 1991 1970 1980 1991
Goiânia 0,685 0,704 0,786 0,680 0,865 0,854 0,579 0,611 0,844 Goiás 0,626 0,662 0,763 0,476 0,802 0,792 0,449 0,542 0,702 Reg.Centro-Oeste 0,632 0,677 0,778 0,508 0,828 0,819 0,434 0,574 0,709 Brasil 0,655 0,665 0,747 0,524 0,816 0,793 0,538 0,663 0,758 Fonte: PNUD/IPEA/Fund. João Pinheiro/IBGE - Atlas do desenvolvimento humano, 1999
O percentual de escolarização da população de Goiânia, vem apresentando um
crescimento gradativo, entre os anos 1970 e 1991. Os indicadores apontam uma situação
educacional superior a de Goiás e Brasil, principalmente no que se refere a parcela da
2 ICV – Índice de Condição de Vida é composto pelas dimensões acima citadas que incluem outros indicadores: Longevidade (taxa de mortalidade), Educação (porcentagem da população com menos de 4 anos de estudo, porcentagem da população com menos de 8 anos de estudo e porcentagem da população com mais de 11 anos de estudo), Renda (índice L de Theil – desigualdade de renda, porcentagem da população com renda insuficiente, insuficiência média de renda e grau de desigualdade na população com renda insuficiente).O ICV incorpora duas novas dimensões: Infância (porcentagem de crianças que não freqüentam a escola, defasagem escolar média, porcentagem de crianças com mais de um ano de atraso escolar e porcentagem de crianças que trabalham) e Habitação (porcentagem da população vivendo em domicílios com densidade superior a 2 pessoas por dormitório potencial, porcentagem da população vivendo em domicílios duráveis, porcentagem da população vivendo em domicílios com abastecimento adequado de água e porcentagem da população vivendo em domicílios com instalações adequadas de esgoto).
GOIÂNIA – CARATERIZAÇÃO DO MUNICÍPIO
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população com mais de 11 anos de estudo que em Goiânia passou de 5,53% em 1970
para 13,54% em 1991.
Tabela 5 - Porcentagem da população de 25 anos e mais de idade, por anos de estudo em Goiânia, Goiás, Região Centro-Oeste, Brasil, 1970, 1980, 1991
Região Menos de 4 anos de estudo
Menos de 8 anos de estudo
Mais de 11 anos de estudo
1970 1980 1991 1970 1980 1991 1970 1980 1991Goiânia 53,6 38,5 24,9 82,4 69,4 53,2 5,53 9,89 13,54 Goiás 81,0 61,9 43,8 94,7 86,0 73,5 1,4 3,4 5,5 Região Centro-Oeste 76,8 57,6 41,2 92,8 82,2 70,2 1,9 5,4 7,8 Brasil 69,0 55,6 42,3 91,2 83,3 72,1 2,0 5,0 7,5 Fonte: PNUD/IPEA/Fund. João Pinheiro/IBGE - Atlas do desenvolvimento humano, 1999
A taxa de analfabetismo da população goiana com 15 anos ou mais de idade vem
apresentando uma redução significativa nos últimos anos (de 16,9% em 1970 para 8,1%
em 1991). Podemos também verificar que o percentual apresentado em 1991 é bem
menor que o de Goiás (17,7) e do Brasil (19,4), o que revela um possível investimento
na área da educação, principalmente considerando o aumento expressivo no número de
anos de estudo da população com 25 anos ou mais de idade que praticamente dobrou de
3,8 em 1970 para 7,0 em 1991.
Tabela 6 – Taxa de analfabetismo da população de 15 anos e mais e número médio de anos de estudo da população de 25 anos e mais em Goiânia, Goiás, Região Centro-Oeste, Brasil, 1970, 1980, 1991
Região Taxa de analfabetismo da população de
15 anos e mais (%)
Número médio de anos de estudo
(pop. de 25 anos e mais) 1970 1980 1991 1970 1980 1991Goiânia 16,9 12,3 8,1 3,8 5,3 7,0 Goiás 35,6 26,0 17,7 1,8 3,2 4,7 Região Centro-Oeste 32,5 23,5 16,1 2,1 3,6 5,1 Brasil 33,0 25,3 19,4 2,4 3,6 4,9 Fonte: PNUD/IPEA/Fund. João Pinheiro/IBGE - Atlas do desenvolvimento humano, 1999
Em junho de 2001, entre as famílias cadastradas pelo PSF, 7,51% das pessoas com
quinze anos ou mais de idade não foram alfabetizadas e 12,61% das crianças entre 7 e
14 anos não freqüentam a escola, segundo dados do SIAB.
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A maioria dos domicílios particulares são chefiados por homens (72,88%), e 27,12%
das famílias têm chefia feminina.
Tabela 7 – Chefia de domicílios particulares permanentes por gênero Goiânia (GO), 1996
Gênero do Chefe de Domicílio N %Chefes Homens 199.358 72,88Chefes Mulheres 74.179 27,12Total 273.537 100,00Fonte: IBGE – Cidade@ - Contagem 1996
Um terço dos chefes de família (homens e mulheres) em 1996, possuía até quatro anos
de estudo (35,89%), abandonando os estudos antes de concluir o primeiro segmento do
ensino fundamental, enquanto 18,93% concluíram o ensino médio.
Tabela 8 - Chefia de domicílios particulares permanentes por anos de estudo, Goiânia (GO), 1996
Anos de Estudo do Chefe do Domicílio N %Sem instrução ou menos de 1 ano 21.373 7,891 ano de estudo 8.592 3,172 a 3 anos de estudo 25.955 9,584 anos de estudo 41.341 15,255 a 7 anos de estudo 40.338 14,888 anos de estudo 28.976 10,699 a 10 anos de estudo 14.127 5,2111 anos de estudo 51.309 18,9312 a 15 anos de estudo 21.085 7,7816 anos ou mais de estudo 17.926 6,61Total* 271.022 100,00Fonte: IBGE – Cidade@ - Contagem 1996 * O total apresenta uma diferença quando comparado com as tabelas 7 e 9. O IBGE não disponibilizou o número sem informação. Os domicílios em Goiânia, concentrados na área urbana, em 1996 eram habitados
predominantemente por três (21,13%) e quatro moradores (26,11%). Em mais de 10%
dos domicílios vivem 6 ou mais pessoas.
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Tabela 9 –Número de moradores por domicílios particulares permanentes, Goiânia (GO), 1996
Número de moradores N %1 morador 24.509 8,962 moradores 46.685 17,073 moradores 57.787 21,134 moradores 71.411 26,115 moradores 43.807 16,026 moradores 17.318 6,337 moradores 6.472 2,378 moradores 2.903 1,069 moradores 1.308 0,4810 ou mais moradores 1.337 0,49Total 273.537 100,00Fonte: IBGE – Cidade@ - Contagem 1996
O ICV-Habitação cresceu de 0,579 em 1970 para 0,844 em 1991, o que demostra
investimentos em abastecimento de água (de 50,6% do total de domicílios em 1970
para 91,0% em 1991) e em esgotamento sanitário (de 46,6% do total de domicílios em
1970 para 68,3% em 1991).
O censo de 1991, registrou que 74,27% dos moradores de Goiânia possuía
abastecimento de água com canalização interna ligado à rede geral, concentrado na área
urbana. Na pequena área rural somente 1,44% dos moradores tinha acesso à rede geral
de água, recorrendo a outras fontes de abastecimento, sendo a mais freqüente poço ou
nascente (66,61%). Este tipo de abastecimento também é importante para os moradores
da área urbana (17,11%). No momento atual, entre as famílias cadastradas pelo PSF
segundo dados do SIAB, 17,51% dos domicílios permanecem sem acesso à
abastecimento de água por meio de rede pública (quadro 3).
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Tabela 10 – Número de moradores segundo o tipo de abastecimento de água, Goiânia (GO), 1996
Abastecimento de Água Goiânia Urbano Rural N % N % N %C/canaliz. Int. c/rede geral 680.765 74,27 680.640 74,97 125 1,44C/canaliz. Int. c/poço/nascente 156.784 17,11 151.010 16,63 5.774 66,61C/canaliz. Int. c/ outra forma 490 0,05 472 0,05 18 0,21S/canaliz. Int. c/rede geral 27.918 3,05 27.913 3,07 5 0,06S/canaliz. Int. c/poço/nascente 49.197 5,37 46.501 5,12 2.696 31,10S/canaliz. Int. c/ outra forma 1.399 0,15 1.349 0,15 50 0,58Total 916.553 100,00 907.885 100,00 8.668 100,00Fonte: IBGE – Cidade@ - Censo Nacional 1991
Em 1991, 16,24% dos moradores não possuíam instalações sanitárias na área rural de
Goiânia, enquanto na área urbana o percentual era menor (1,37%). As instalações
comuns ainda representavam cerca de 11% na cidade de Goiânia.
A rede geral de esgoto era uma infra-estrutura disponível apenas para 0,12% dos
moradores da área rural enquanto que na área urbana de Goiânia 73,70% dos moradores
tinham acesso a este tipo de esgotamento sanitário. Na área rural, 81,75% do total de
moradores utilizavam fossa rudimentar e na área urbana 21,13% ainda recorriam a este
tipo de instalação sanitária. A situação quanto ao esgotamento sanitário permanece
precária em junho de 2001, pois entre as famílias cadastradas pelo PSF 47,61% dos
domicílios não estão ligados à rede de esgoto (quadro 3).
Tabela 11 – Número de moradores segundo a forma de instalação sanitária, Goiânia (GO), 1996
Instalação Sanitária Goiânia Urbano Rural N % N % N %Individual 798.241 87,09 791.341 87,16 6.900 79,60Comum 104.496 11,40 104.136 11,47 360 4,15Não tem instalação 13.816 1,51 12.408 1,37 1.408 16,24Total 916.553 100,00 907.885 100,00 8.668 100,00Fonte: IBGE – Cidade@ - Censo 1991
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Tabela 11 Cont. Número de moradores segundo o tipo de instalação sanitária, Goiânia (GO), 1996
Instalação Sanitária Goiânia Urbano Rural N % N % N %Rede geral 669.121 73,00 669.111 73,70 10 0,12Fossa séptica rede pluvial 6.640 0,72 6.640 0,73 0 0,00Fossa séptica sem escoadouro 18.314 2,00 18.292 2,01 22 0,25Fossa rudimentar 198.949 21,71 191.863 21,13 7.086 81,75Vala negra 1.771 0,19 1.692 0,19 79 0,91Outro escoadouro 7.221 0,79 7.160 0,79 61 0,70Não sabe o tipo de escoadouro 721 0,08 719 0,08 2 0,02Não tem instalação 13.816 1,51 12.408 1,37 1.408 16,24Total 916.553 100,00 907.885 100,00 8.668 100,00Fonte: IBGE – Cidade@ - Censo 1991 A coleta de lixo direta atendia 92,60% dos moradores da área urbana em 1991, e
somente 5,05% dos moradores da área rural. A maioria dos moradores rurais queimava
seu lixo (49,72%), jogava em terrenos baldios (16,87%), ou tinha acesso a coleta
indireta (13,50%). O destino do lixo entre as famílias cadastradas pelo PSF em 2001
encontra-se em situação satisfatória, pois 97,13% dos beneficiários do PSF têm acesso
a coleta pública de lixo (quadro 3).
Tabela 12 – Número de moradores segundo o tipo de coleta de lixo, Goiânia (GO), 1996
Coleta de lixo Goiânia Urbano Rural N % N % N %Coleta direta 841.158 91,77 840.720 92,60 438 5,05Coleta indireta 9.748 1,06 8.578 0,94 1.170 13,50Queimado 31.779 3,47 27.469 3,03 4.310 49,72Enterrado 4.736 0,52 4.155 0,46 581 6,70Jogado em terreno baldio 22.131 2,41 20.669 2,28 1.462 16,87Jogado rio/mar/lagoa 5.080 0,55 5.046 0,56 34 0,39Outro 1.921 0,21 1.248 0,14 673 7,76Total 916.553 100,00 907.885 100,00 8.668 100,00Fonte: IBGE – Cidade@ - Censo 1991
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Quadro 3 – Características dos domicílios das famílias cadastradas pelo PSF, Goiânia (GO), junho-2001
1999 2000 2001 Características Nº. % Nº. % Nº. %Total de domicílios 14.778 100,00 39.187 100,00 52.951 100,00Tipo de Casa Tijolo / Adobe 14.681 99,34 38.780 98,96 52.432 98,96Taipa revestida 22 0,15 54 0,14 52 0,15Taipa não revestida 4 0,03 12 0,03 20 0,04Madeira 9 0,06 39 0,10 53 0,10Material aproveitado 14 0,09 168 0,43 195 0,37Outros 48 0,32 134 0,34 199 0,38Abastecimento de Água Rede Pública 12.203 82,57 34.375 87,72 43.708 82,50Poço ou nascente 2.520 17,05 4.625 11,80 8.920 16,84Outros 55 0,37 187 0,48 353 0,67Tratamento de Água no Domicílio Filtração 9.759 66,03 29.707 75,81 38.967 73,55Fervura 230 1,56 404 1,03 637 1,20Cloração 1.806 12,22 2.453 6,26 3.744 7,07Sem tratamento 2.983 20,18 6.623 16,90 9.633 18,18Energia Elétrica 14.387 97,35 37.310 95,21 50.626 95,55Destino do Lixo Coleta pública 14.104 95,43 38.555 98,39 51.463 97,13Queimado / enterrado 420 2,84 367 0,94 868 1,64Céu aberto 254 1,72 265 0,68 650 1,23Destino de Fezes / Urina Sistema de esgoto 3.960 26,79 25.449 64,94 27.756 52,39Fossa 9.754 66,00 13.338 34,04 23.647 44,63Céu aberto 1.064 7,20 400 1,02 1.578 2,98Fonte: SAS/COSAC DATASUS SIAB
4. CARACTERÍSTICAS EPIDEMIOLÓGICAS
No período entre 1996 a 1998 os cinco principais grupos de causas responsáveis pelos
óbitos em Goiânia mantiveram certa estabilidade com as causas externas sendo
superadas por neoplasias em 1998, sem contudo alterar significativamente seus
percentuais.
GOIÂNIA – CARATERIZAÇÃO DO MUNICÍPIO
20
Quadro 4 – Mortalidade geral por grupos de causas, Goiânia (GO), 1996 a 1998
1996 1997 1998 1ª Doenças do ap. circulatório Doenças do ap. circulatório Doenças do apar. circulatório2ª Causas externas Neoplasias Neoplasias 3ª Neoplasias Causas externas Causas externas 4ª Doenças do ap. respiratório Doenças do ap. respiratório Doenças do ap. respiratório 5ª Doenças infec. e parasitárias Doenças infec. e parasitárias Doenças infec. e parasitárias Fonte: DATASUS/SIM
O grupo de causas responsável pelo maior número de óbitos em 1998 foi o das doenças
do aparelho circulatório (25,60%), principalmente as doenças cerebrovasculares. Em
segundo lugar apareciam as neoplasias (15,19%) sendo as neoplasias malignas da
traquéia, dos brônquios e pulmões as mais freqüentes, e em terceiro, as causas externas
representando 13,29% do total de óbitos. O quarto e quinto lugares foram ocupados
respectivamente pelas doenças do aparelho respiratório (9,67%) e as infecciosas e
parasitárias (8,24%), sendo as mais freqüentes em cada um destes dois grupos de
causas as doenças crônicas das vias aéreas inferiores e as transmitidas por protozoário.
Tabela 13 - Óbitos por grupos de causas, Goiânia (GO), 1996 a 1998 Principais grupos de causas 1996 1997 1998 N % N % N %Doenças do aparelho circulatório 1.920 25,78 2.062 24,16 2.256 25,60Causas externas de morb. e mortalid. 1.010 13,56 1.133 13,28 1.171 13,29Neoplasias 925 12,42 1.196 14,01 1.338 15,19Doenças do aparelho respiratório 759 10,19 978 11,46 852 9,67Doenças infecciosas e parasitárias 676 9,08 678 7,94 726 8,24Total 7.449 100,00 8.534 100,00 8.811 100,00Fonte: DATASUS/SIM
GOIÂNIA – CARATERIZAÇÃO DO MUNICÍPIO
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Tabela 14 - Óbitos por causas freqüentes nos principais grupos de causas, Goiânia (GO), 1996 a 1998
Principais grupos de causas 1996 1997 1998 N % N % N %
Doenças do aparelho circulatório 1.920 2.062 2.256 Doencas cerebrovasculares 632 32,92 698 33,85 772 34,22Causas externas de morb. e mortal. 1.010 1.133 1.171 Acidentes de transporte 405 40,10 467 41,22 425 36,29Neoplasias 925 1.196 1.338 Neopl.malig.da traq., brônq. e pulmões 110 11,89 133 11,12 165 12,33Doenças do aparelho respiratório 759 978 852 Doen. Crôn. das vias aréias inferiores 351 46,25 376 38,45 404 47,42Doenças infecciosas e parasitárias 676 678 726 Doenças transmitidas por protozoário 219 32,40 239 35,25 249 34,30Fonte: DATASUS/SIM
A taxa de mortalidade infantil em Goiânia foi reduzida expressivamente entre 1970
(79,30 por mil nascidos vivos) e 1991 (26,28 /1000 nascidos vivos), quando o índice era
mais baixo que o do estado de Goiás (32,15 /1000 nascidos vivos) e do Brasil (49,49
/mil nascidos vivos). Contudo, observa-se que 9,11% do total de óbitos ocorrem na
faixa etária de menores de 1 ano
Tabela 15 – Esperança de vida ao nascer e taxa de mortalidade infantil em Goiânia, Goiás, Região Centro-Oeste, Brasil, 1970, 1980, 1991
Região Esperança de vida ao nascer (em anos)
Taxa de mortalidade infantil (por mil nascidos vivos)
1970 1980 1991 1970 1980 1991 Goiânia 53,17 56,58 64,89 79,38 60,93 26,28 Goiás 51,07 56,75 63,18 92,16 60,10 32,15 Região Centro-Oeste 51,67 57,25 63,45 94,94 59,30 32,46 Brasil 51,43 56,87 63,29 123,19 85,20 49,49 Fonte: PNUD/IPEA/Fund. João Pinheiro/ IBGE . Atlas do desenvolvimento humano, Publicação:1999
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Tabela 16 - Óbitos por faixa etária, Goiânia (GO), 1996 a 1998
Faixa etária 1996 1997 1998 N % N % N %Menores de 1 ano 722 9,69 765 8,96 803 9,111 a 4 anos 128 1,72 159 1,86 152 1,735 a 9 anos 69 0,93 77 0,90 69 0,7810 a 14 anos 68 0,91 79 0,93 86 0,9815 a 49 anos 1.998 26,82 2.308 27,04 2.358 26,7650 a 59 anos 957 12,85 1.107 12,97 1.186 13,4660 a 69 anos 1.273 17,09 1.480 17,34 1.513 17,1770 a 80 e mais 2.097 28,15 2.406 28,19 2.530 28,71Idade ignorada 137 1,84 153 1,79 114 1,29Total de óbitos 7.449 100,00 8.534 100,00 8.811 100,00Fonte: DATASUS/SIM
Em menores de 1 ano verifica-se que mais da metade dos óbitos (53,80%) foi devida às
afecções perinatais, principalmente transtornos respiratórios e cardiovasculares
específicos do período perinatal. O segundo maior grupo de causas nesta faixa etária foi
malformação congênita, deformação e anomalias cromossômicas que representavam
19,18% do total, seguidas das doenças infecciosas e parasitárias (9,96%). Foram ainda
freqüentes as doenças do aparelho respiratório (5,11%).
Tabela 17 - Óbitos em menores de 1 ano por grupos de causas, Goiânia (GO), 1996 a 1998
Principais grupos de causas 1996 1997 1998 N % N % N %Afecções orig. no período perninatal 371 51,39 405 52,94 432 53,80Malf. cong., def. e anoml. cromossômicas 134 18,56 148 19,35 154 19,18Doenças infecciosas e parasitárias 86 11,91 70 9,15 80 9,96Doenças do aparelho respiratório 58 8,03 59 7,71 41 5,11Doenças do sistema nervoso 16 2,22 17 2,22 20 2,49Total 722 100,00 765 100,00 803 100,00Fonte: DATASUS/SIM
As maiores responsáveis pelo número de óbitos entre crianças de 1 a 4 anos foram:
doenças infecciosas e parasitárias (24,34%), as causas externas (21,05%), as doenças do
aparelho respiratório (13,16%), doenças do sistema nervoso (11,84%) e as neoplasias
(10,53%).
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Tabela 18 - Óbitos em crianças de 1 a 4 anos por grupos de causas, Goiânia (GO), 1996 a 1998
Principais grupos de causas 1996 1997 1998 N % N % N %Doenças infecciosas e parasitárias 27 21,09 19 11,95 37 24,34Doenças do aparelho respiratório 23 17,97 22 13,84 20 13,16Causas externas de morb. e mortalidade 22 17,19 32 20,13 32 21,05Neoplasias 11 8,59 22 13,84 16 10,53Doenças do sistema nervoso 10 7,81 21 13,21 18 11,84Total 128 100,00 159 100,00 152 100,00Fonte: DATASUS/SIM
As causas externas representaram 31,88% dos óbitos na faixa etária de 5 a 9 anos em
1998. Em segundo e terceiro lugar apareciam respectivamente as neoplasias (26,09%) e
as doenças infecciosas e parasitárias (11,59%), seguidas por doenças do aparelho
respiratório (7,25%) e as do sistema nervoso (5,80%).
Tabela 19 – Óbitos em crianças de 5 a 9 anos por grupos de causas, Goiânia (GO), 1996 a 1998
Principais grupos de causas 1996 1997 1998 N % N % N %Causas externas de morb. e mortalidade 27 39,13 25 32,47 22 31,88Neoplasias 9 13,04 21 27,27 18 26,09Doenças do aparelho respiratório 6 8,70 4 5,19 5 7,25Malf. Cong., deform. e anoml. Cromossômicas 6 8,70 3 3,90 0 0,00Doenças infecciosas e parasitárias 5 7,25 9 11,69 8 11,59Doenças do sistema nervoso 5 7,25 7 9,09 4 5,80Total 69 100,00 77 100,00 69 100,00Fonte: DATASUS/SIM
Na faixa etária de 10 a 14 anos os cinco principais grupos de causas responsáveis pelos
óbitos foram causas externas (38,37%), neoplasias (18,60%), doenças do aparelho
respiratório (13,95%), doenças do aparelho circulatório (9,30%) e doenças infecciosas e
parasitárias (6,98%).
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Tabela 20 - Óbitos na faixa etária de 10 a 14 anos por grupos de causas, Goiânia (GO), 1996 a 1998
Principais grupos de causas 1996 1997 1998 N % N % N %Causas externas de morb. e mortal. 29 42,65 28 35,44 33 38,37Neoplasias 11 16,18 14 17,72 16 18,60Doenças infecciosas e parasitárias 8 11,76 8 10,13 6 6,98Doenças do aparelho circulatório 6 8,82 7 8,86 8 9,30Doenças do aparelho respiratório 5 7,35 7 8,86 12 13,95Total 68 100,00 79 100,00 86 100,00Fonte: DATASUS/SIM
Na população entre 15 a 49 anos as causas externas representavam 33,33% dos óbitos,
sendo os acidentes de transporte os mais freqüentes. As doenças do aparelho
circulatório ocupavam o segundo lugar com 14,55%, seguidas de neoplasias (13,78), e
doenças infecciosas e parasitárias (10,86%).
Tabela 21 - Óbitos na faixa etária de 15 a 49 anos por grupos de causas, Goiânia (GO), 1996 a 1998
Principais grupos de causas 1996 1997 1998 N % N % N %Causas externas de morb. e mortal. 700 35,04 765 33,15 786 33,33Doenças do aparelho circulatório 279 13,96 325 14,08 343 14,55Doenças infecciosas e parasitárias 265 13,26 250 10,83 256 10,86Neoplasias 208 10,41 261 11,31 325 13,78Doenças do aparelho digestivo 112 5,61 124 5,37 110 4,66Total 1.998 100,00 2.308 100,00 2.358 100,00Fonte: DATASUS/SIM
Entre os 50 e 59 anos os óbitos são mais freqüentes por doenças do aparelho
circulatório (31,11%) principalmente as doenças cerebrovasculares. Em segundo,
terceiro e quarto lugares apareciam respectivamente neoplasias (21,92%), causas
externas (8,85%) e doenças do aparelho digestivo (8,01%). Eram ainda freqüentes
óbitos devido às doenças infecciosas e parasitárias (7,34%).
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Tabela 22 - Óbitos na faixa etária de 50 a 59 anos por grupos de causas, Goiânia (GO), 1996 a 1998
Principais grupos de causas 1996 1997 1998 N % N % N %Doenças do aparelho circulatório 306 31,97 310 28,00 369 31,11Neoplasias 195 20,38 255 23,04 260 21,92Causas externas de morb. e mortal. 87 9,09 112 10,12 105 8,85Doenças infecciosas e parasitárias 64 6,69 87 7,86 87 7,34Doenças do aparelho respiratório 64 6,69 105 9,49 68 5,73Doenças do aparelho digestivo 61 6,37 66 5,96 95 8,01Total 957 100,00 1.107 100,00 1.186 100,00Fonte: DATASUS/SIM
Na faixa etária de 60 e mais anos o principal grupo de causas de óbitos foi o das
doenças do aparelho circulatório (36,78%), seguido das doenças do aparelho
respiratório (16,78%) e neoplasias (14,32%). Eram ainda expressivos os grupos das
doenças infecciosas e parasitárias (5,91%) e das doenças endócrinas, nutricionais e
metabólicas (5,12%).
Tabela 23 - Óbitos na faixa etária de 60 e mais anos por grupos de causas, Goiânia (GO), 1996 a 1998
Principais grupos de causas 1997 1997 1998 N % N % N %
Doenças do aparelho circulatório 1.278 37,92 1.371 35,28 1.487 36,78Doenças do aparelho respiratório 506 15,01 655 16,86 579 14,32Neoplasias 472 14,01 581 14,95 679 16,79Doenças infecciosas e parasitárias 211 6,26 227 5,84 239 5,91Doenças end. Nutricionais e metabólicas 191 5,67 219 5,64 207 5,12Doenças do aparelho digestivo 175 5,19 216 5,56 206 5,10Total 3.370 100,00 3.886 100,00 4.043 100,00Fonte: DATASUS/SIM
5. SISTEMA MUNICIPAL DE SAÚDE
O processo de municipalização em Goiânia é considerado tardio uma vez que foi
habilitado em 1993 apenas na condição de Gestão Parcial de acordo com critérios da
NOB/93, embora sendo capital e dispondo de rede assistencial ampliada em seu
território (Rassi, 2000:7). Em março de 1998, o município passou à Gestão Plena do
Sistema Municipal de Saúde, o que significou ampliação de responsabilidades da SMS,
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26
tensionando sua capacidade gerencial, e a transferência de unidades básicas estaduais
para o município durante o mesmo ano (de abril a julho).3
A Secretaria Municipal de Saúde de Goiânia foi criada ao final da década de 1980
(1985 ou 1987). Até então, a prestação de assistência à saúde pelo gestor municipal por
meio de Postos de Saúde, com cobertura de pequena parcela da população, era
responsabilidade da Fundação Municipal de Desenvolvimento Comunitário (FUMDEC).
Com a habilitação na gestão plena do sistema municipal foi proposta reorganização da
SMS. A estrutura atual da Secretaria Municipal de Saúde está organizada em sete
Departamentos. Dois destes são responsáveis pela gestão da assistência médica
individual: o Departamento de Rede Básica e o Setor de Marcação de Consultas
subordinado à Divisão de Normas Técnicas. O Departamento da Rede Básica,
responsável pelas Unidades de Saúde e os Distritos Sanitários é constituído por sete
divisões4, estando o Programa de Saúde da Família subordinado à Divisão de Programas
Especiais. O Departamento de Controle e Avaliação é responsável pela gestão da
atenção prestada por produtores privados por meio das divisões de Serviços Especiais
(acidentes de trabalho, alto custo, tratamento fora de domicílio), Auditoria e Vistoria,
Controle Ambulatorial e, Controle Hospitalar, responsáveis pelos respectivos sistemas
de informação (SIA e SIH).
A gestão das ações de saúde coletiva estão distribuídas em três setores. O Departamento
de Epidemiologia gerencia Imunização, Informação em Saúde e Doenças
Transmissíveis. O Departamento de Zoonoses é responsável pelo Controle de Raiva
Animal e, de Roedores e Vetores. O Departamento de Vigilância Sanitária é responsável
pela vigilância de Estabelecimentos de Saúde, Alimentos, Produtos Químicos
Farmacêuticos e ainda por Educação Sanitária, Saneamento Ambiental e Expedição de 3 Foram firmados termos de cessão de uso para 21 unidades ambulatoriais, as quais, segundo imprensa local, encontravam-se sucateadas e com profissionais recebendo baixos salários, que foram elevados pelo gestor municipal (SMS, 2000:17-18, 22).
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Alvarás. Integra ainda o organograma da Secretaria Municipal de Saúde, o Fundo
Municipal de Saúde (SMS-Goiânia, 2000, Relatório Geral, 1997-2000). 5
Distritalização e organização do SUS
O Município de Goiânia está dividido em nove Regiões ou Distritos Sanitários (DS):
Central, Sul, Sudoeste, Leste, Norte, Noroeste, Medanha, Meia Ponte e Oeste, conforme
pode ser observado no quadro abaixo. Os Distritos Sanitários formalizados a partir de
1997, ainda encontram-se em processo de implantação. Segundo os gestores da SMS
entrevistados, a situação de organização dos DS era diferenciada no início da atual
gestão, não havendo espaço físico ou coordenação para diversos distritos. O DS da
Região Oeste era melhor organizado com Direção Geral, Coordenação Técnica e
desenvolvendo diversos projetos. A distritalização foi reforçada na atual gestão. Foram
definidas sedes e equipes de coordenação compostas por Diretor Geral, Diretor Técnico
e Diretor Administrativo que controla o abastecimento de todos os insumos para as
unidades da região. O papel da equipe distrital é supervisionar e articular as unidades de
saúde da área. No momento apenas o DS Sul ainda está sem sede, mas sua equipe já foi
constituída.
4 Divisões de: Recursos Operacionais; Insumos Básicos e Medicamentos; Apoio Diagnóstico; Saúde Mental; Programas Especiais; Assistência à Saúde da Mulher; Doenças Crônico Degenerativas; e de Normas Técnicas, Acompanhamento e Avaliação. 5 Os outros departamentos são: Departamento de Saúde Bucal (inclui a Divisão de Atenção Odontológica Integral e a Divisão de Saúde Bucal do Escolar); Departamento do Contencioso e o Departamento Administrativo, responsável pelos recursos humanos, manutenção, insumos entre outros.
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Quadro 5 – Distritos Sanitários e localização de unidades municipais, Goiânia (GO), 2001
Distrito UnidadesNoroeste 2 CAIS
2 Centros de Saúde1 Maternidade Nascer Cidadão
Mendanha 2 CAIS6 Centros de Saúde
Meia Ponte 1 CIAMS5 Centros de Saúde
Leste 2 CAIS4 Centros de Saúde
1 NAPSSudoeste 4 Centros de Saúde
1 CAISSul 1 Hospital dia
1 CIAMS4 Centros de Saúde
Norte 3 Centros de SaúdeCentral 1 Centro de Saúde
3 CAIS1 CIAMS
1 Casa de Saúde MentalFonte: SMS-Goiânia
Os serviços ambulatoriais distribuem-se por todos os Distritos, todavia há maior
concentração de serviços de média e alta complexidade no Distrito Central. Cada um
dos nove distritos sanitários possuem CIAMS ou CAIS, Centros de Saúde, alguns
também hospitais, maternidade e laboratório. Porém, nem todos os distritos dispõem de
serviços nos diversos níveis de complexidade, o que demanda a constituição de uma
rede articulada.
As Unidades de Saúde (USF) e as Equipes de Saúde da Família (ESF) estão presentes
em 6 DS, com maior concentração na região noroeste, local de implantação das
primeiras equipes. Estas unidades e respectivas equipes passaram na gestão atual a ser
gerenciadas pelos coordenadores do Distrito da área de abrangência em apoio à
Coordenação de Saúde da Família (CSF).
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Rede municipal própria de atenção à saúde
Atualmente a SMS possui 73 unidades de saúde. Deste total, 57 são Unidades Básicas
incluindo 17 USF, na sua maioria mini-postos. A rede básica de saúde em Goiânia está
composta por centros de saúde de pequeno porte e centros de saúde maiores – Centros
Integrados de Assistência Médica e Sanitária (CIAMS) e Centros de Assistência
Integral à Saúde (CAIS). Estes últimos, são unidades estaduais municipalizadas em
1998, nas quais há atendimento ambulatorial e pronto-atendimento de urgência, além
dos programas (mulher, criança, adolescente, diabetes, etc). Os horários de
funcionamento dessas unidades são diferenciados, alguns atendem até às 22:00 horas,
outros até às 24:00 horas. Estas diversas unidades não estão articuladas nem hierarquica
nem regionalmente e, segundo os atuais gestores, há pouca integração interna nas
unidades entre os programas e atividades de pronto atendimento, bem como com
equipes de saúde da família. Os programas têm profissionais específicos e atuam de
forma não articulada ao restante da rede.
Nestas Unidades Básicas que realizam pronto atendimento e são responsáveis por
programas, o Assistente Social faz os agendamentos de consultas para as especialidades.
Hoje existem em Goiânia 17 USF, embora programe-se a ativação de 25 USF para 2001
e pretenda-se atingir 39 unidades até o final da gestão (2004).
Quadro 6 — Unidades municipais de saúde, Goiânia (GO), 2001
Tipo unidade N USF 17CAIS 9CIAMS 4Centro de Saúde 34Laboratório Centro de Referência em Diagnóstico e Terapêutica 1Centro de Endodontia 1Ambulatório Referência (TB, Hanseníase, DST) 1Maternidade Nascer Cidadão 1Pronto Socorro Psiquiátrico 1Casa de Atenção Saúde Mental e NAPS 3Hospital- Dia 1Total 73Fonte: SMS – Goiânia, 2001. Relação das unidades de saúde da rede municipal
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O município conta ainda com outros serviços especializados. A Maternidade Nascer
Cidadão construída e inaugurada na gestão anterior em um bairro periférico tem
estrutura de atenção diferenciada com concepção humanizada para atenção ao parto que
inclui a participação do pai, alojamento conjunto, etc. O Centro de Referência e
Diagnóstico para DST/AIDS, Tuberculose, Hanseníase e para Odontologia
especializada, realiza procedimentos diagnósticos e laboratoriais em pacientes
encaminhados pelas unidades básicas. Conta ainda com três serviços de Atenção
Psicossocial, além de Pronto Socorro Psiquiátrico.
A rede SUS é composta pelo Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Goiás
(UFG) no qual a admissão só pode ser feita com encaminhamento pela rede, o que vem
gerando estrangulamentos e dificuldades para os pacientes de outros municípios.
Integram também a rede SUS um hospital filantrópico (Santa Casa); e duas
maternidades e quatro hospitais públicos estaduais: de Urgência de Goiânia, Materno-
Infantil, hospital geral HGG (ex-Inamps), e um de Doenças Transmissíveis.
Atenção ambulatorial
A rede de serviços ambulatoriais do SUS é composta por 631 estabelecimentos segundo
dados do cadastro no Datasus em julho de 2001. Deste total, 16,6% dos
estabelecimentos são públicos e 83,4% privados conveniados ao SUS, divididos da
seguinte forma: 501 estabelecimentos privados conveniados ao SUS, 19 filantrópicos, 1
universitário privado e 5 sindicais, 1 federal (Ministério da Saúde), 20 estaduais, 80
municipais, e 4 universitários públicos.
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Tabela 24 - Rede Ambulatorial do SUS, Goiânia (GO), 1998 a 2001* Rede Ambulatorial 1998 1999 2000 2001Posto de saúde 5 5 3 3Centro de saúde 50 52 46 46Posto de assistência médica 6 - - -Policlínica 7 8 7 7Ambulatório de unidade hospitalar geral 31 32 21 20Ambulatório de unidade hospitalar pediátrica 1 - - -Ambulatório de unidade hospitalar especializada 14 18 15 18Maternidade 2 - - -Pronto socorro** 3 2 2 2Clínica odontológica 3 - - -Consultório odontológico 357 207 - -Consultório médico 896 738 - -Consultório - 280 291 291Clínica de fisioterapia e reabilitação 1 1 - -Unidade móvel fluvial/marítima 1 1 - -Clínica de psiquiatria 2 1 -Clínica especializada 19 27 49 48Centro/Núcleo de atenção psicossocial 1 2 2 2Centro/Núcleo de reabilitação 1 1 1 2Outros serviços auxiliares de diagnose e terapia (SADT) 134 134 132 137Unidade móvel terrestre 19 19 8 8Unidade de saúde da família - - 7 7Hosp. Geral centro alta complexidade em oncologia II - 1 1 1Unidades não especificadas 121 113 39 39Total 1.674 1.642 624 631Fonte: DATASUS – SIA/SUS * Para os anos de 1998, 1999 e 2000 os dados referem-se ao mês de dezembro, para o ano de 2001 referem-se ao mês de julho. ** Inclui: Pronto Socorro Geral, Pronto Socorro Psiquiátrico, Pronto Socorro Especializado
Grande parte da rede ambulatorial, 291 unidades, refere-se a consultórios (46%) e a
SADT (137 unidades). Observa-se redução importante no número de unidades
ambulatoriais, cerca de 62%, de 1999 para o ano 2000, em função da exclusão de
consultórios odontológicos e consultórios médicos. Dentre esta ampla rede apenas 56
unidades (menos de 10%) correspondem a Postos e Centros de Saúde, sendo sete USF.
A rede ambulatorial pode ser classificada segundo níveis de hierarquia conforme a
NOAS (Santos, 2001). A rede ambulatorial engloba serviços de diversos níveis de
complexidade. Cerca de um terço das unidades correspondem aos níveis 3 e 4 que
incluem algumas ações de média complexidade. Parte das unidades ambulatoriais (18)
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oferecem serviços de alta complexidade, sendo classificada nos níveis 7 e 8 (Santos,
2001).6
Tabela 25 - Rede Ambulatorial do SUS por Nível de Hierarquia, Goiânia (GO), 2000
Nível Nível 1
Nível 2
Nível 3
Nível 4
Nível 5
Nível 6
Nível 7
Nível 8
S/Orç. NH Indev.
Total
Nº. 144 59 66 114 - 28 7 11 195 - 624Fonte: Santos, 2001: 4 (anexo III-A)
Ocorreu expressivo aumento na produção ambulatorial nos últimos anos. O número
total de procedimentos básicos sofreu um aumento de aproximadamente 94% no
período compreendido entre dezembro de 1999 a junho de 2001. Do conjunto de
procedimentos de atenção básica, as ações realizadas por profissionais de enfermagem e
outros profissionais de saúde de nível médio apresentaram o maior crescimento para o
período – cerca de 200% - representando atualmente o maior grupo de procedimentos
realizados em atenção básica. Para as informações referentes ao item grupo de
procedimentos foram considerados apenas dados mensais por não ser possível ainda
construir séries históricas com a produção ambulatorial anual segundo grupo de
procedimentos, visto que esta categoria foi criada em outubro de 1999.
6 O nível 1 inclui unidades de menor complexidade do sistema, que executam as atividades básicas de atenção em saúde. O nível 2 inclui também procedimentos de média complexidade e/ou Serviços Auxiliares de Diagnose e Terapia (SADT) de menor complexidade. O nível 3 oferece assistência especializada, podendo ou não incluir as atividades dos níveis 1 e 2. O nível 4 inclui ações de maior complexidade em nível ambulatorial. O nível 5 inclui ambulatórios de hospitais que oferecem além das atividades do nível 1 e 2, internações nas especialidades básicas. O nível 6 inclui ambulatórios de hospitais que além dos procedimentos dos níveis 1, 2, 3 e 5 inclui consultas em especialidades médicas e odontológicas e SADT de média complexidade. O nível 7 inclui as atividades dos níveis 1, 2, 3, 4 e 6 e SADT de alta complexidade. O nível 8 é composto por hospitais que são referência nacional, ambulatórios de hospitais de ensino e referência para transplantes ou referência estadual para procedimentos de alta complexidade.
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Tabela 26 — Produção Ambulatorial mensal do SUS*, Goiânia (GO), 1999 a 2000 Procedimentos de Atenção Básica ** 1999 2000 2001 N % N % N % Ações enfermagem/outros de saúde nível médio 26.515 20,8 62.564 29,9 79.396 32,2Ações médicas básicas 42.762 33,6 66.437 31,8 76.931 31,2Ações básicas em odontologia 36.051 28,3 62.127 29,7 72.468 29,4Ações executadas p/outros prof. Nível superior 21.948 17,2 17.839 8,5 17.627 7,2Total 127.276 100,0 208.967 100,0 246.422 100,0Fonte: DATASUS – SIH/SUS * Quantidade aprovada ** Os dados referem-se ao item Grupo de Procedimentos após 10/99
Atenção hospitalar
De acordo com dados de julho de 2001, o SUS municipal conta com 67 hospitais sendo
50 privados contratados, 9 estaduais, 7 filantrópicos e 1 universitário, o que representa
cerca de 85% de estabelecimentos privados e 15% de estabelecimentos hospitalares
públicos.
Tabela 27 - Rede Hospitalar do SUS por natureza, Goiânia (GO), 1996 a 2001* Natureza 1996 1997 1998 1999 2000 2001Contratado 59 57 55 58 50 50Estadual 8 8 8 9 9 9Filantrópico 5 2 2 2 2 2Filantrópico isento tributos e contr.sociais 0 4 5 5 5 5Filantrópico isento IR e contr.s/lucro líquido 0 1 - - - -Universitário Pesquisas 1 1 1 1 1 1Total 73 73 71 75 67 67Fonte: DATASUS – SIH/SUS * Os dados de 2001 referem-se ao mês de julho, para os anos anteriores, o mês de dezembro
A rede hospitalar dispõe de um total de 6.549 leitos sendo 17,5% públicos, 78,0%
privados e 4,5% universitários (julho de 2001). Pode-se observar uma diminuição no
número leitos de aproximadamente 16,5% no período compreendido entre 1996 e 2001.
Embora a proporção de leitos públicos permaneça baixa, observa-se nos últimos anos
um aumento de aproximadamente 4% neste percentual de 1996 para 2001,
principalmente por conta de importante redução (21%) de leitos contratados .
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Tabela 28 - Leitos vinculados ao SUS por regime, Goiânia (GO), 1996 a 2001* Regime 1996 1997 1998 1999 2000 2001 N % N % N % N % N % N % Público 1.101 14,0 1.116 14,8 1.085 15,5 1.147 15,2 1.147 17,5 1.147 17,5Privado 6.445 82,2 6.119 81,3 5.631 80,3 6.116 80,9 5.102 78,0 5.110 78,0Universitário 295 3,8 292 3,9 292 4,2 292 3,9 292 4,5 292 4,5Total 7.843 100,0 7.527 100,0 7.008 100,0 7.555 100,0 6.541 100,0 6.549 100,0Fonte: DATASUS – SIH/SUS * Os dados de 2001 referem-se ao mês de julho de 2001, para os anos anteriores, o mês de dezembro
A relação leitos por mil habitantes em julho de 2001 foi de 6,0, estando muito acima da
média da região centro-oeste para 2000 que é de 3,4, da média nacional para o mesmo
período (2,9 leitos) e do recomendado pelo M.S. (3 a 4 leitos por mil habitantes). De
todo modo, observou-se redução desta relação em Goiânia nos últimos anos.
Tabela 29 - Indicadores da atenção hospitalar, Goiânia (GO), 1996 a 2001* Leitos 1996 1997 1998 1999 2000 2001Internações SUS /100 hab. 11,2 11,5 12,0 13,0 12,4 -Leitos SUS/1000/hab. 7,8 7,5 6,7 7,2 6,1 6,0Fonte: DATASUS – SIH/SUS * Os dados de 2001 referem-se ao mês de julho de 2001, para os anos anteriores, o mês de dezembro.
Quando classificada por especialidade maior proporção de leitos corresponde à clínica
médica (26,5%) e a clínica cirúrgica (22%). Elevada parcela (20%) são leitos
psiquiátricos. Já os leitos de pediatria e obstetrícia correspondem a 15,7% e 9,6% do
total, respectivamente (dados/dezembro de 2000). O SUS no município dispõe ainda de
leitos de UTI e da modalidade hospital dia.
Tabela 30 — Internações hospitalares realizadas pelo SUS por regime, Goiânia (GO), 1996 a 2000
Regime 1996 % 1997 % 1998 % 1999 % 2000 % Público 13.567 11,3 11.779 10,0 20.643 16,6 23.112 16,9 21.814 16,4Privado 97.240 80,8 95.402 80,9 92.869 74,6 103.829 75,9 101.497 76,6Universitário 9.543 7,9 10.774 9,1 10.905 8,8 9.888 7,2 9.226 7,0Total 120.350 100,0 117.955 100,0 124.417 100,0 136.829 100,0 132.537 100,0Fonte: DATASUS – SIH/SUS
No ano de 2000 foram realizadas cerca 132.500 internações pelo SUS,
aproximadamente 10% de internações a mais que em 1996. Todavia se comparada ao
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ano de 1994 o número de internações, contrariando a tendência da região centro-oeste,
apresentou diminuição de 11,1% no período
A taxa de internações por 100 habitantes realizadas pelo SUS em Goiânia sofreu leve
aumento passando de 11,2% no ano de 1996 para 12,4% no ano de 2001. As taxas de
internação de Goiânia estão consideravelmente acima da média da região centro-oeste
(7,9) para o ano de 2000 e da média nacional (7,2) para o mesmo período. As elevadas
taxas de internação podem estar relacionadas ao fato da rede hospitalar de Goiânia
constituir referência para outros municípios de Goiás e até para estados como Minas
Gerais.
No ano de 2000 cerca de 16,4% do total das internações foram realizadas em
estabelecimentos hospitalares públicos, e a grande maioria, 76,6%, pelo setor privado
contratado. Por sua vez, o setor universitário é responsável por 7,0% das internações
realizadas pelo SUS no município Goiânia. Apesar disso, verifica-se que proporção de
internações realizadas pelo setor privado vem diminuindo gradualmente nos últimos
cinco anos.
De acordo com os gestores entrevistados, apenas 40% das internações realizadas são de
residentes em Goiânia, que conta com “casas de acolhimento” mantidas por outros
estados como Pará, Acre, Bahia, que enviam seus habitantes para obter atendimento,
principalmente cirurgias. Há fluxo de pacientes de outros municípios também para
atenção básica em particular de Aparecida de Goiânia, município limítrofe da capital
com cerca de 300 mil habitantes.
A série histórica das internações do SUS por especialidade de 1996 a 2000 mostra que a
cirurgia e a clínica médica são responsáveis por cerca de 60% das internações realizadas
no período. As internações em obstetrícia diminuíram aproximadamente 23% e as
internações em pediatria aumentaram em cerca de 55%, embora a participação das
internações pediátricas no conjunto das internações tenha diminuído em 40% entre os
anos de 1996 e 2000.
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Tabela 31 - Internações Hospitalares do SUS por especialidade, Goiânia (GO), 1996 a 2000
1996 1997 1998 1999 2000 Especialidade Nº. % Nº. % Nº. % Nº. % Nº. %
Clínica Médica 40.085 33,31 36.532 30,97 37.777 30,36 40.664 29,72 41.736 31,49Cirurgia 33.314 27,68 32.410 27,48 37.203 29,90 42.249 30,88 42.561 32,11Obstetrícia 25.158 20,90 25.084 21,27 23.074 18,55 22.873 16,72 19.148 14,45Pediatria 12.904 10,72 14.075 11,93 16.125 12,96 20.489 14,97 20.015 15,10Psiquiatria 8.155 6,78 8.598 7,29 8.595 6,91 9.732 7,11 8.236 6,21Crôn/FPT 625 0,52 906 0,77 884 0,71 120 0,09 139 0,10Tisiologia 109 0,09 155 0,13 134 0,11 141 0,10 113 0,09Psiq Hosp.Dia - - 195 0,17 625 0,50 561 0,41 589 0,44Total 120.350 100 117.955 100 124.417 100 136.829 100 32.537 100Fonte: DATASUS – SIH/SUS Gravidez, parto e puerpério (14,87%) foram as principais causas de internações
hospitalares em Goiânia no período de 1998 a 2000, seguidas das doenças do aparelho
respiratório (14,46%) e circulatório (12,62%). Em 2000, 8,18% das internações foram
devidas a causas externas e as neoplasias representaram 6,42% do total de internações.
Causas externas, principalmente acidentes de transportes e neoplasias constituem
importantes causas de morbidade e de mortalidade em quase todas as faixas.
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Tabela 32 – Número de internações por grupos de causas, Goiânia (GO), 1998 a 2000
Grupo de causas 1998 1999 2000N % N % N %
I. Algumas doenças infecciosas e parasitárias 5.396 4,34 7.147 5,22 6.474 4,88II. Neoplasias (tumores) 6.578 5,29 7.463 5,45 8.504 6,42III. Doenças sangue órgãos hemat e transt imunitár 579 0,47 777 0,57 633 0,48IV. Doenças endócrinas nutricionais e metabólicas 3.351 2,69 4.048 2,96 4.178 3,15V. Transtornos mentais e comportamentais 9.240 7,43 10.316 7,54 8.833 6,66VI. Doenças do sistema nervoso 3.783 3,04 3.650 2,67 3.431 2,59VII. Doenças do olho e anexos 2.817 2,26 2.751 2,01 1.268 0,96VIII. Doenças do ouvido e da apófise mastóide 163 0,13 170 0,12 226 0,17IX. Doenças do aparelho circulatório 12.396 9,96 14.583 10,66 16.720 12,62X. Doenças do aparelho respiratório 16.395 13,18 19.126 13,98 19.162 14,46XI. Doenças do aparelho digestivo 10.090 8,11 13.583 9,93 12.782 9,64XII. Doenças da pele e do tecido subcutâneo 1.434 1,15 1.549 1,13 1.518 1,15XIII. Doenças sist osteomuscular e tec conjuntivo 2.548 2,05 2.884 2,11 2.806 2,12XIV. Doenças do aparelho geniturinário 5.923 4,76 7.472 5,46 8.004 6,04XV. Gravidez parto e puerpério 23.430 18,83 23.421 17,12 19.703 14,87XVI. Algumas afec originadas no período perinatal 1.445 1,16 1.732 1,27 1.756 1,32XVII.Malf cong def e anomalias cromossômicas 1.454 1,17 1.521 1,11 1.565 1,18XVIII.Sint sinais e achad anorm ex clín e laborat 1.514 1,22 1.270 0,93 1.402 1,06XIX. Lesões enven e alg out conseq causas externas 9.405 7,56 10.975 8,02 10.477 7,90XX. Causas externas de morbidade e mortalidade 1.166 0,94 469 0,34 374 0,28XXI. Fatores que influenc. o estado de saúde e o contato com serviços de saúde
1.641 1,32 1.922 1,40 2.713 2,05
CID 10ª Revisão não disponível ou não preenchido 3.669 2,95 0 0,00 8 0,01Total 124.417 100,00 136.829 100,00 132.537 100,00Fonte: DATASUS/SIH
Quanto ao valor médio das internações, as especialidades crônicas (FPT, psiquiatria,
tisiologia) em função dos longos tempos de permanência, apresentam os valores mais
elevados. Entre as especialidades para casos agudos, as internações cirúrgicas são as de
maior valor (R$ 842) e as obstétricas as menos onerosas (R$ 241).7
7 Os valores das internações cirúrgicas em Goiânia são 2,4 vezes maiores do que em Vitória da Conquista e para internações psiquiátricas 50% mais elevadas.
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Tabela 33 - Valor médio das internações, em reais correntes, por especialidade, Goiânia (GO), 1996 a 2000
Especialidade 1996 1997 1998 1999 2000Crôn/FPT 1.142,28 1.012,40 1.146,24 3.250,61 3.198,60Psiquiatria 980,38 960,66 1.000,94 1.067,37 1.079,19Cirurgia 706,07 718,04 747,62 804,24 841,71Tisiologia 400,56 442,79 322,47 568,73 742,30Pediatria 354,74 342,78 371,67 346,61 389,97Clínica Médica 248,37 262,75 307,20 338,66 337,97Obstetrícia 147,27 148,09 202,11 238,23 241,29Psiquiatria - Hosp. Dia - 429,85 466,77 519,31 494,34Fonte: DATASUS – SIH/SUS
O tempo médio de permanência em internação hospitalar vem apresentando tendência à
redução em diversas especialidades. Observa-se uma diminuição de aproximadamente
14,5% dos dias de permanência nas internações por cirurgias, 13% em crônicos e FPT,
16% em psiquiatria e 23% em pediatria no período compreendido entre 1996 e 2000.
Para obstetrícia e clínica médica a permanência média manteve-se quase estável. De
modo diferente, o tempo médio de internação em tisiologia aumentou cerca de 39% no
mesmo período.
Tabela 34 — Média de permanência em internação hospitalar por especialidade, Goiânia (GO), 1996 a 2000
Especialidade 1996 1997 1998 1999 2000 Crônicos e FPT 63,8 56,2 55,9 65,1 55,4 Psiquiatria 53,0 51,9 47,4 45,5 44,4 Tisiologia 13,0 16,2 12,0 16,3 18,1 Pediatria 7,0 6,6 6,2 5,8 5,4 Cirurgia 6,2 6,0 5,5 5,4 5,3 Clínica Médica 6,2 6,3 6,2 6,4 5,8 Obstetrícia 2,7 2,6 2,6 3,3 2,4 Psiquiatria – Hosp.Dia 0,0 26,6 25,4 26,0 24,9 Fonte: DATASUS – SIH/SUS
Sistema de referência
Em Goiânia, o sistema de referência e contra-referência está em processo de
organização. Os serviços de saúde funcionam de forma pouco articulada, sem
estabelecer porta de entrada para o sistema de saúde e mecanismos de referência e
contra-referência.
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Pretende-se instituir as Unidades Básicas de Saúde – unidades tradicionais e USF –
como porta de entrada do sistema, estabelecer mecanismos de referência internos, e
acabar com a dupla porta de entrada e sobreposição de atendimentos, segundo os atuais
gestores.
O município conta com central de marcação de consultas criado em 1998 para
agendamento de consultas especializadas, subordinada à Divisão de Apoio Diagnóstico
sob Coordenação da Rede Básica. Para exames complementares foi estabelecido
mecanismo de marcação no ano de 2000. Foram instituídas cotas financeiras para
exames complementares por unidade básica de saúde, sendo emitidos com regularidade
saldos orçamentários das Unidades de Saúde para autorização de exames laboratoriais
aos seus usuários. O paciente atendido na unidade básica, no caso de necessidade de
procedimento diagnóstico, recebe vale exame e escolhe o laboratório de sua preferência
para realizá-lo8. Para exames de alto-custo é necessário autorização prévia do
Departamento de Controle e Avaliação que é responsável pela Central de Marcação de
Consultas Especializadas e Exames de Alta e Média Complexidade e pela Central de
Internações. Esta central de vagas hospitalares emite relatórios diários da internações e
encaminhamentos.
Os encaminhamentos do PSF passam primeiro pelo Departamento de Rede Básica. Uma
funcionária é responsável pela articulação deste com o Departamento de Controle e
Avaliação. Tanto o Setor de Apoio Diagnóstico e Controle quanto o de Avaliação estão
buscando maior integração com o PSF.
Saúde suplementar
Em relação à cobertura por planos/seguros de saúde, a região centro-oeste apresenta
cobertura de 22,5% e o estado de Goiás cobertura de 23,0% para o ano de 1998
segundo dados do Suplemento Saúde da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios
8 Anteriormente, os laboratórios privados dispunham de cotas para realização de exames.
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de 1998. Todavia, o cadastro de beneficiários da Agência Nacional de Saúde
Suplementar de dezembro de 2000 aponta percentual de cobertura por planos de saúde
no estado de Goiás de apenas 4,97% da população.
6. CONSELHO MUNICIPAL DE SAÚDE
O Conselho Municipal de Saúde de Goiânia foi instituído pelo decreto nº 1.426 de 4 de
novembro de 1991, sendo a composição alterada pelo decreto 2.486 de 11 novembro de
1993. É composto por 32 integrantes e mantém representação paritária entre três
segmentos, sendo 50% de usuários do SUS, representantes de entidades associativas e
50% de prestadores de serviços de saúde e trabalhadores da saúde, sendo oito
trabalhadores em saúde, 4 representantes de gestores do SUS e 4 representantes dos
prestadores de serviços. Atualmente, a participação no Conselho é predominantemente
feminina (56,25%).9
Composição O Conselho de Goiânia é composto pela seguinte representação de prestadores de
serviços de saúde: Secretaria Municipal de Saúde; Secretaria Estadual de Saúde;
Universidade Federal de Goiás; Universidade Católica de Goiás; FEHOESG Federação
dos Hospitais, Laboratórios, Clínicas de Imagem e Estabelecimento de Serviços de
Saúde do Estado de Goiás; Associação dos Hospitais do Estado de Goiás; ALABAS–GO
Associação dos Laboratórios de Análises e Banco de Sangue do Estado de Goiás;
SINFAR-GO Sindicato de Farmacêuticos no Estado de Goiás; Sindicato dos
Odontologistas do Estado de Goiás; Associação Médica de Goiás; Associação Brasileira
de Enfermagem - Seção Goiás; Conselho Regional de Psicologia 9ª Região e Tocantins;
9 As informações sobre o CMS de Goiânia foram obtidas de documentos e por meio de entrevistas a dois Conselheiros Municipais de Saúde representantes dos usuários. Conselheiro 1: Representante do Centro de Saúde Criméia Leste, participa do Conselho a 4 anos. Homem, tem entre 35 a 44 anos, possui curso superior incompleto e é funcionário público. Conselheiro 2: Representante do Movimento Popular de Saúde, participa do Conselho a 9 anos. Mulher, tem entre 35 a 44 anos, possui o 1º grau completo e é secretária executiva do Movimento que representa na conselho.
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SINTRECODEG Sindicato dos Trabalhadores em Doenças Endêmicas do Estado de Goiás;
SINDSAÚDE-GO Sindicato dos Trabalhadores do Sistema Único de Saúde, e Associação
dos Agentes Comunitários de Saúde de Goiânia. Entidades de usuários de serviços de
saúde: Conselho Local de Saúde – Finsocial; CLS – Cândida de Moraes; CLS –
Balneário Meia Ponte; CLS – Vila Boa; CLS – Conjunto Vera Cruz I; ADERG
Associação dos Deficientes Renais de Goiânia e Transplantados de Goiás; Associação
Goiana dos Diabéticos; Associação das Donas de Casa de Goiânia (Distrito Balneário
Meia Ponte); Fórum Goiano de Mulheres; Centro Acadêmico XXI de Abril da
Faculdade de Medicina UFG; MOPS-GO Movimento Popular de Saúde, Pastoral da
Saúde, Central Única dos Trabalhadores CUT–GO; Conselho Consultivo das
Associações de Bairro; ADFEG Associação dos Deficientes Físicos do Estado de Goiás;
Associação dos Deficientes Visuais do Estado de Goiás e Movimento Nacional de
Meninos e Meninas de Rua .
Organização interna O período de duração do mandato do conselheiro é de 2 anos prorrogáveis por tempo
indeterminado. O Conselho Municipal de Saúde de Goiânia se reúne regularmente uma
vez por mês, mas sempre acontecem reuniões extraordinárias quando há campanhas,
eventos e relatórios que necessitem de aprovação com urgência ou quando surgem
problemas que devem ser resolvidos de imediato.
Algumas divergências ocorreram entre os entrevistados, pois o Conselheiro 1 disse que
a manutenção do mesmo conselheiro em mais de uma gestão ocorre muitas vezes e a
rotatividade dos membros é ocasional, já o Conselheiro 2 disse que ocorre poucas vezes
a manutenção do mesmo conselheiro e que a rotatividade dos membros é intensa
O voto aberto é o mecanismo de aprovação utilizado nas deliberações (levanta-se o
crachá). Para o Conselheiro 1 muitas vezes as decisões são transformadas em
resoluções, e para o Conselheiro 2 poucas vezes isto acontece. Há também divergência
GOIÂNIA – CARATERIZAÇÃO DO MUNICÍPIO
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quanto à freqüência das homologação das resoluções pelo executivo, pois o Conselheiro
1 afirma que acontece muitas vezes e para o Conselheiro 2 acontece poucas vezes.
A opinião sobre a atuação do conselho também é divergente entre os conselheiros
entrevistados, pois o Conselheiro 1 considera que o CMS tem muita interferência na
definição das diretrizes e prioridades da política municipal de saúde e tem o poder de
controlar as atividades realizadas por programas e serviços da SMS. Para o Conselheiro
2 o CMS não tem o poder de controlar as atividades realizadas por programas e
serviços da SMS e afirma que o CMS apenas legitima decisões tomadas pelo governo
municipal.
As divergências continuam entre os Conselheiros, quando se referem à freqüência com
que o CMS recebe material informativo sobre os temas de deliberação, pois o
Conselheiro 1 informa que sempre recebe material, já o Conselheiro 2 afirma que
recebe poucas vezes. Contudo, os Conselheiros entrevistados concordam que o CMS
poucas vezes recebe informações suficientes para o exercício de suas funções.
Para o Conselheiro 1 muitas vezes os conselheiros têm facilidade em entender as
informações fornecidas, já para o Conselheiro 2 isso ocorre poucas vezes.
Os Conselheiros 1 e 2 concordam que sempre ou muitas vezes os diversos
representantes podem, nas reuniões do CMS, expressar livremente e defender os
interesses de seus representados. Com relação a existência de interesses comuns entre o
conjunto de representantes do CMS, os conselheiros divergem, pois para o Conselheiro
1 muitas vezes há interesses comuns e, consequentemente, que poucas vezes há
conflitos de interesses entre os representantes do CMS. O Conselheiro 2 informa que
poucas vezes há interesses comuns e, consequentemente, sempre existem conflitos de
interesses.
Para o Conselheiro 2 sempre ocorrem negociações entre as diversas propostas e solução
em comum acordo entre os diferentes interesses representados, mas para o Conselheiro
GOIÂNIA – CARATERIZAÇÃO DO MUNICÍPIO
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1, (que considera que há interesses comuns entre o conjunto dos representantes) poucas
vezes há negociações e formação de consensos pactuados.
Quanto à formação de blocos de representantes, os conselheiros entrevistados
divergiram em suas respostas, pois para o Conselheiro 2 sempre há formação de blocos
entre representantes de profissionais e gestores, e entre representantes de gestores e
prestadores, mas para o Conselheiro 1 poucas vezes há formação de blocos. Com
relação à existência de interesses comuns entre o conjunto de representantes de
usuários, o Conselheiro 1 respondeu que sempre há e o Conselheiro 2 que há interesses
comuns entre a maioria.
Analisando a opinião dos conselheiros sobre o intercâmbio entre o CMS e outros
colegiados e órgãos de controle social e defesa do consumidor, verifica-se que há uma
convergência quando se referem: o CMS sempre estabelece intercâmbio com os
Conselhos Locais de Saúde e com órgãos e entidades de defesa de Grupos Vulneráveis-
Mulheres; poucas vezes estabelece intercâmbio com o Ministério Público, Defesa do
Consumidor, ONGs de Proteção Ambiental, órgãos governamentais de Proteção
Ambiental e Defesa e Proteção de Grupos Vulneráveis-Negros; nunca houve
intercâmbio com os grupos de Defesa e Proteção de Grupos Vulneráveis–Índios. Quanto
às entidades de Defesa e Proteção de Portadores de Deficiência e o Conselho Municipal
de Assistência Social, muitas vezes há o intercâmbio com o CMS segundo o
Conselheiro 2 e para o Conselheiro 1 sempre se realiza. Por último, verificamos que o
CMS poucas vezes estabelece intercâmbio com órgãos de Defesa dos Direitos da
Criança e do Adolescente, e nunca estabelece intercâmbio com o Conselho Municipal
de Educação segundo o Conselheiro 2, enquanto o Conselheiro 1 não respondeu.
Ação e consolidação do Conselho Municipal de Saúde O Conselho Municipal de Saúde de Goiânia, de acordo com seu regimento interno
aprovado em maio de 2000, é um órgão colegiado, deliberativo, normativo,
fiscalizador, e consultivo, co-responsável pela elaboração da política municipal de
GOIÂNIA – CARATERIZAÇÃO DO MUNICÍPIO
44
saúde. Tem por finalidade exercer o controle social sobre as ações e serviços de saúde
de qualquer natureza, bem como, os aspectos econômicos, financeiros e recursos
humanos do setor saúde no município de Goiânia.
As deliberações, observado o quorum (metade mais um), são tomadas por maioria
simples de seus membros mediante: resoluções homologadas pelo gestor municipal de
saúde sempre que se reportarem às responsabilidades legais do CMS; recomendações
sobre o tema ou assunto específico que não é habitualmente de sua responsabilidade
direta, mas é relevante e/ou necessário, dirigida a ator ou atores institucionais de quem
se espera ou se pede determinada conduta ou providência; moções que expressem o
juízo do Conselho, sobre fatos ou situações, com o propósito de manifestar
reconhecimento, apoio, critica ou repúdio.
Entre as diretrizes traçadas no Plano Municipal de Saúde (julho de 2001), verifica-se o
fortalecimento do Conselho Municipal de Saúde, dos Conselhos Locais de Saúde, a
qualificação dos Conselheiros, a articulação permanente e o estabelecimento de canais
com a população, tais como ouvidoria e pesquisa de grau de satisfação.
As atas do CMS de Goiânia referentes aos meses de fevereiro de 1999, janeiro, junho e
julho de 2000, apresentam um constante enfrentamento entre usuários e gestores de
saúde. O maior conflito refere-se a qualidade da implementação do Programa da Saúde
da Família. Entre os problemas abordados verifica-se a falta de estrutura e a
insuficiência de equipamentos adequados para o trabalho dos médicos; falta de
transparência nas prestações de contas e nos gastos com medicamentos; falta de
competência administrativa da SMS em gerenciar o serviço público averiguando
denúncias e resolvendo os problemas internos das ESF, particularmente, entre ACS e
médicos; e a dificuldade existente no trabalho conjunto entre Conselho e Secretaria
Municipal de Saúde.
GOIÂNIA – CARATERIZAÇÃO DO MUNICÍPIO
45
Representatividade dos conselheiros Os conselheiros afirmam que sempre ou muitas vezes: mantém suas entidades
informadas sobre os trabalhos desenvolvidos no CMS, participam das reuniões e
atividades promovidas por suas entidades, discutem com suas entidades os assuntos que
estão em debate no CMS, e consultam suas entidades antes de tomarem posições no
CMS. Os Conselheiros 1 e 2 afirmam que sempre e muitas vezes respectivamente,
recebem orientações de suas entidades para suas atuações no CMS.
Os conselheiros concordam que suas entidades sempre se interessam por suas atuações
no CMS, sempre apoiam suas atuações no CMS e sempre ou muitas vezes suas
entidades informam os associados sobre os assuntos importantes em discussão no CMS.
Os conselheiros municipais de saúde entrevistados concordam que sempre ou muitas
vezes: comunicam-se com as organizações de base e as organizações estaduais de sua
entidade, com os Conselhos Locais de Saúde e com a equipe de gestores da SMS,
concordam ainda que poucas vezes comunicam-se com vereadores. Os conselheiros 1 e
2 afirmam que sempre comunicam-se com as organizações municipais de suas entidades
e sempre e muitas vezes respectivamente comunicam-se com entidades partidárias. O
Conselheiro 2 poucas vezes comunica-se com órgãos de defesa do consumidor ou de
proteção de grupos vulneráveis enquanto o Conselheiro 1 muitas vezes o faz.
Os conselheiros representantes dos usuários no CMS de Goiânia participam das
Plenárias Regional e Nacional de Conselhos de Saúde. As duas entidades pretendem
participar da X Plenária de Conselhos de Saúde, apesar do conselheiro 1 não estar
informado sobre a data nem o local da reunião.
Os conselheiros entrevistados participam muitas vezes de encontros e conferências de
saúde. Participaram da última conferência municipal de saúde, embora discordassem
quanto a data, pois para o Conselheiro 1 a última conferência municipal de saúde foi em
1999 e para o Conselheiro 2 foi em 1998. Nas últimas conferências estadual e nacional
de saúde em 2000, o Conselheiros 2 participou.
GOIÂNIA – IMPLEMENTAÇÃO PSF 46
III. IMPLEMENTAÇÃO DO PSF NO MUNICÍPIO DE GOIÂNIA (GO)
1. ANTECEDENTES
Antes da implantação do PSF com recursos federais do PAB, o município não possuía um
programa próprio similar que lhe tenha servido de modelo. A implantação do PACS com
incentivos federais, contudo, antecedeu a implantação do PSF em um ano. O PACS foi
implantado em novembro de 1997 e o PSF em outubro de 1998.
2. PROCESSO DE IMPLANTAÇÃO DO PSF
Contexto político e institucional do município no momento de implantação do PSF
O contexto político em Goiânia no momento de implantação do PSF pode ser caracterizado
por governo municipal de coalizão de centro-direita (PSDB, PTB e PFL) e por governo
estadual de centro (PMDB). A coalizão de governo em Goiânia detinha maioria na Câmara
de Vereadores. No momento atual (2001) a coalizão do governo municipal pode ser
caracterizada como de centro-esquerda (PT/ PPS/ PC do B/ PCB/ PMN) e o governo
estadual é encabeçado pelo PSDB.
A mudança de governo municipal em 2001 implicou em mudanças na equipe gestora e a
troca do secretário municipal de saúde.
Motivação para implantação do PSF
As motivações iniciais para implantação do PSF no município não puderam ser plenamente
esclarecidas pois as informações sobre o processo foram prestadas pelos atuais gestores, os
quais exercem funções de gestão há poucos meses (desde o início do novo governo
municipal em janeiro de 2001). Todavia um membro da atual coordenação do PSF
entrevistado participou do Programa desde o seu início como profissional da ESF.
Em Goiânia, as motivações para implementação do PSF estiveram relacionadas
inicialmente a necessidades de acompanhar as diretrizes da política nacional de incentivo à
implantação do PSF e de ampliar o acesso à atenção básica em bairros que apresentavam
maiores índices de mortalidade infantil e risco epidemiológico. Não houve um
planejamento inicial que previsse a conversão do modelo assistencial da atenção básica. Na
opinião dos atuais gestores havia uma visão de que os programas preconizados pelo
GOIÂNIA – IMPLEMENTAÇÃO PSF 47
Ministério da Saúde deveriam ser implantados, sem que contudo houvesse planejamento de
todo o processo. Foi mencionado também possível relação entre a implantação do PSF e
interesses políticos da administração municipal da época, visto que o primeiro bairro
contemplado possuía alta densidade demográfica e sua população pressionou por serviços
básicos.
Iniciativa e apoios para implantação do PSF
A iniciativa de implantação do PSF partiu da Secretaria Municipal de Saúde e do Prefeito.
A criação de incentivo salarial para atrair profissionais para as ESF pode ser considerada
uma das manifestações de apoio da administração municipal ao Programa. O prefeito é
apontado como o principal responsável pela implantação do programa no município. Foi
criada uma Coordenação do PSF no interior da SMS, subordinada ao Departamento da
Rede Básica. A equipe inicial de coordenação foi composta por profissionais que já
trabalhavam no Programa de Agentes Comunitários de Saúde (PACS) e passaram a formar
com este programa uma única coordenação.
Na opinião dos atuais gestores, a gestão anterior não teria conferido prioridade política ao
PSF, expressa em pouca clareza sobre as atribuições do PSF, e na ausência de um projeto
de implantação.
Quadro 7 – Posicionamentos dos diversos atores no momento de implantação do PSF em Goiânia (GO), 2001
Atores Não se manifestou
Manif. contra
Apoiou Apoiou muito
Não soube responder
Prefeito X Câmara de Vereadores X Secretário Municipal Saúde X Gerentes da SMS X Profissionais de saúde SMS X Médicos / CRM/Sindicato X Enfermeiros / COREN X Conselho Municipal de Saúde X Associações portadores patologias X Associações moradores de bairro X Grupos religiosos X ONGs X Clubes de serviço X
De início, no momento da implantação, não ocorreram manifestações contrárias ou
resistências explícitas. Apenas um dos entrevistados refere ter havido resistência por parte
dos profissionais vinculados à própria secretaria. Todavia é necessário ressaltar que as
GOIÂNIA – IMPLEMENTAÇÃO PSF 48
respostas referentes a esta etapa foram prejudicadas pelo fato de que os atuais gestores não
participaram ou participaram pouco da fase de implantação do PSF.
Quadro 8 – Posicionamentos dos diversos atores em relação ao PSF no momento atual em Goiânia (GO), 2001
Atores Não se manifestou Manif. Contra
Apoiou Apóia muito
Prefeito X Câmara de Vereadores X Secretário Municipal Saúde X Gerentes da SMS X Profissionais de saúde SMS X Médicos / CRM/Sindicato X Enfermeiros / CRE X Conselho Municipal de Saúde X Associações portadores patologias X Associações moradores de bairro X Grupos religiosos X ONGs X Clubes de serviço X
No momento atual, na percepção dos gestores, além do apoio do Executivo Municipal e
dos gestores da SES, o PSF conta com o apoio do Conselho Municipal de Saúde, de
diversas organizações da sociedade civil e lideranças comunitárias, como associações de
moradores, e de grupos religiosos, como a Pastoral da Criança. Entre os profissionais de
saúde, os enfermeiros apoiam o programa desde seu início. Quanto aos médicos, a opinião
dos gestores não é uniforme. Para os coordenadores entrevistados, os médicos apoiam o
PSF, já para o secretário municipal de saúde, estes profissionais não têm se manifestado a
respeito.
Os atuais gestores da SMS não souberam identificar nenhuma resistência manifesta em
relação ao processo de implementação do PSF no município.
Papel do gestor estadual no desenvolvimento do PSF no município
A SES não acompanhou sistematicamente o processo de implantação do PSF em Goiânia.
Não havia muita articulação entre a antiga gestão municipal e a coordenação estadual de
saúde. A SES apenas recebia o comunicado de que um determinado número de equipes,
decido no interior da SMS, seria implantado. Até mesmo os trâmites que deveriam ser
seguidos como a comunicação prévia à SES do projeto de implantação das ESF, feita
anteriormente ao encaminhamento à Comissão Intergestores Bipartite (CIB), não acontecia
no município de Goiânia. Os projetos eram encaminhados diretamente à CIB. Segundo
observação de um dos coordenadores entrevistados, a implantação do PSF em Goiânia
GOIÂNIA – IMPLEMENTAÇÃO PSF 49
seguiu regras próprias de implantação, desconsiderando alguns pré-requisitos e
recomendações do nível estadual para implantação; não buscou a articulação com o
restante da rede de serviços e da própria SMS. Uma das conseqüências desse arranjo foi a
postura bastante crítica do Estado diante do modelo de PSF implantado no município. A
atual coordenação comunica previamente à SES os projetos de implantação de novas ESF,
antes de apresentá-las à CIB.
Em função das especificidades acima mencionadas, a contribuição da Secretaria Estadual
de Saúde (SES) ao desenvolvimento do PSF no município limitou-se à oferta de
treinamento em estimativa rápida e planejamento estratégico para as primeiras equipes.
Estes cursos, realizados em dois dias, não seguiram as diretrizes preconizadas pelo
Ministério da Saúde. Assuntos como um maior conhecimento do SUS, discussões sobre a
filosofia do PSF, conhecimento da realidade local, entre outras, estiveram ausentes nas
capacitações citadas, fato este que motivou a oferta pela atual coordenação de Treinamento
Introdutório para todas as ESF, mesmo aquelas já implantadas. Até mesmo a seleção dos
ACS seguiu regras próprias da coordenação municipal, sem que fosse comunicada à SES e
nem à 1ª Regional de Saúde.
A SES criou incentivo financeiro para o PSF, todavia, até o momento não ocorreu repasse
financeiro correspondente. A SES ofereceu apoio técnico para implantação do SIAB, com
treinamento para os técnicos responsáveis pelo sistema e suporte de manutenção.
O relacionamento da SMS com a SES teria ficado prejudicado devido à postura assumida
pelo município de encaminhar de forma autônoma todas as questões referentes ao PSF.
Como já mencionado, a coordenação estadual tinha uma visão crítica em relação à forma
como o PSF foi implantado em Goiânia, ou seja, desarticulado da rede básica de saúde
existente e sem unidades de saúde sede para as ESF. Na opinião dos atuais coordenadores a
SES poderia apoiar mais em relação à organização dos Treinamentos Introdutórios,
capacitação para os programas básicos, seleção dos ACS, supervisão e melhor estruturação
do Pólo Regional de Capacitação.
Mecanismos e intensidade da divulgação do PSF, estratégias de ampliação da base de apoio e de comunicação com os atores sociais e institucionais De início, a divulgação foi realizada por meio de um comercial veiculado na televisão que
mostrava um médico fazendo visitas de casa em casa e apresentando-se como médico de
família. Não foi priorizada a divulgação do PSF entre os profissionais de saúde e nem entre
as comunidades beneficiadas. Como não havia uma unidade de saúde sede, as ESF batiam
GOIÂNIA – IMPLEMENTAÇÃO PSF 50
de porta em porta para prestar atendimento. Nesse momento, também explicavam os
objetivos do programa, pois as pessoas ainda não sabiam do que se tratava. A atual
coordenação não tem conhecimento sobre outro tipo de material de divulgação, além do
comercial de TV, que tenha sido utilizado no momento da implantação do programa.
Não foi mencionada nenhuma outra estratégia para ampliar o apoio ao PSF e nem de
divulgação entre as outras coordenações da SMS. As únicas reuniões com os profissionais
de saúde aconteceram um dia antes das ESF começarem o trabalho nas comunidades para
definir os locais de atuação e outra com profissionais concursados para saber se gostariam
ou não de aderir ao PSF. Em um momento posterior, as próprias equipes começaram a
sensibilizar a população de suas áreas com o objetivo de conseguir apoio para reivindicar
uma sede/unidade para o exercício das atividades.
A atual coordenação afirma que o Conselho Municipal de Saúde desconhecia o programa,
embora tenha aprovado o mesmo, e que havia pouco debate sobre projetos a serem
implantados. No momento, intensificaram-se as discussões sobre ações da SMS e PSF no
Conselho Municipal de Saúde e com comunidades beneficiadas.
Implantação das primeiras equipes
Após decidir-se pela implantação do PSF, nem todos os procedimentos preconizados pelo
nível federal para adesão ao programa foram realizados. O Programa foi apresentado no
CMS sem maior discussão, e uma vez aprovado, o projeto foi enviado para a CIB. Para
implantar o PSF, foram contratados profissionais e escolhidos os membros da
coordenação sem que o projeto fosse discutido em outros espaços.
A definição das primeiras áreas de implantação foi orientada por priorizar em áreas com
população carente e de difícil acesso, com concentração de crianças em situação de risco
epidemiológico. Entretanto, foi ressaltado que o primeiro bairro a receber as ESF
caracterizava-se por ser um reduto eleitoral da antiga administração, com muitas
organizações populares – bairro da Vitória, Distrito Noroeste que concentra população
carente, numerosa, originária de migração a partir de 1996 estimulada por políticas
habitacionais estaduais em decorrência de pressão de movimentos sociais.
Como não participaram da etapa de implantação, os atuais coordenadores não souberam
precisar qual o critério utilizado para definir o número inicial de equipes. No primeiro
bairro contemplado pelo programa, que possuía em torno de 7.500 famílias, definiu-se o
número de 7 ESF.
GOIÂNIA – IMPLEMENTAÇÃO PSF 51
A partir da atuação das sete primeiras equipes implantadas em outubro de 1998, o PSF foi
sendo ampliado, sem programação prévia para a expansão do número de equipes. A
existência de PACS na região e a identificação de áreas carentes e de risco epidemiológico
foram, contudo, critérios considerados. As ESF foram implantadas nas regiões periféricas
de Goiânia, seguindo uma lógica que parecia conceber o PSF como um “programa de
pobre para pobre”, na opinião de um dos coordenadores entrevistados. Diversas equipes
foram constituídas como volantes, sem unidades para atuação, e outras ocuparam espaços
como inquilinos em Centros de Atenção Integral à Saúde (CAIS) sem preparação ou
planejamento, fato que gerou conflitos com profissionais destas unidades de saúde.
Atualmente, embora permaneça a preocupação em implantar ESF em áreas carentes e sem
acesso aos serviços de saúde, entende-se que o programa é uma estratégia de reordenação
do modelo de atenção básica e de melhoria de acesso para toda a população.
A primeira etapa de mapeamento do número de habitantes da área beneficiada foi realizada
com base nos dados do censo de 1991 e do Instituto de Planejamento Municipal, por meio
de mapas de loteamentos. Contudo, quando as ESF começaram a atuar foi constatado que
em cada lote havia mais de uma família. Dessa forma, os próprios profissionais
remapearam as áreas e passaram a reivindicar ampliação no número de ESF.
Atualmente as micro-áreas são definidas a partir dos setores censitários. Cada setor
censitário abriga 2 micro-áreas, ou seja um ACS é responsável por meio setor censitário.
Cada ESF é responsável, em média, por 3 setores censitários. A redefinição das micro-
áreas continua, agora articulada com o cadastramento do Cartão SUS iniciado em 9 de
agosto de 2001 e em andamento.
Formação da equipe de coordenação para implantação: estrutura, características, qualificação e experiência do grupo em gestão; existência de consultoria técnica de apoio no nível local A princípio, a coordenação esteve sob responsabilidade direta de duas enfermeiras e uma
médica. A médica havia sido superintendente de ações básicas, e as duas enfermeiras
tinham experiências em PACS/PSF em outras cidades. Posteriormente, a médica desligou-
se da equipe de coordenação, que passou a ser composta por três enfermeiras. Desde o
início de 2001, a equipe de coordenação foi ampliada e conformada como um colegiado de
gestores que conta com cinco profissionais, sendo três enfermeiras, um médico e uma
assistente social. Para a implantação do PSF, a Secretaria Municipal não contou com
nenhum tipo de assessoria técnica.
GOIÂNIA – IMPLEMENTAÇÃO PSF 52
3. CARACTERIZAÇÃO GERAL DO PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO E ETAPAS DO PSF
Concepção do modelo e situação atual Os objetivos para implantação do PSF, estiveram relacionados a necessidades de extensão
de cobertura da atenção básica, sendo inicialmente priorizadas áreas periféricas urbanas de
menor renda familiar.
A concepção inicial do PSF era de um programa desvinculado da rede de atenção básica.
Não foram criadas USF e as equipes na sua maioria não dispunham de espaço físico para
exercer suas atividades, indo de casa em casa, fazendo visitas domiciliares e tendo como
ponto de apoio para encontro por vezes apenas espaços comunitários. As ESF não se
relacionavam com as unidades de saúde, nem estava organizada qualquer referência para
estas unidades. Algumas equipes foram alojadas em unidades de saúde existentes, como
inquilinas, sem estabelecer-se processo de integração ou referência internos.
O programa concentrava-se nos aspectos de promoção de saúde (no sentido estreito de
ações educativas individuais) e concretizava-se por meio de visitas domiciliares. A
concepção “promocional” do projeto atinha-se a alguns aspectos de prevenção1, tinha uma
estrutura rígida do processo de trabalho e fechava a porta para a demanda espontânea. A
equipe, deste modo não podia assumir a responsabilidade pela atenção à saúde da
população de seu território.
A atual equipe de gestores do programa passou a compreendê-lo como estratégia para
reorientação do modelo de atenção, sendo que no Plano Municipal de Saúde 1998-2001, o
PSF é prioridade no que se refere à reestruturação do modelo assistencial em saúde de
Goiânia. Para tal, ao longo do ano de 2001 vêm sendo realizados seminários internos com
os demais gestores da SMS, dos distritos sanitários, gestores da rede básica e demais
profissionais das equipes com o objetivo de sensibilizar esses profissionais em relação ao
PSF como estratégia reordenadora do modelo assistencial do SUS municipal. Novas
unidades estão sendo construídas e alguns centros de saúde convertidos em USF. Está
previsto o compartilhamento de uma mesma unidade por ESF e atendimento especializado.
Segundo a equipe central, o modelo de atenção básica da SMS tem por eixo a Saúde da
Família e não se pretende um modelo duplicado. Há projeto de estabelecer equipes de
referência com especialistas para apoiar a capacitação ESF e a assistência à saúde. Há
1 Por exemplo, não inclui o controle da dengue, que é responsabilidade de outros agentes.
GOIÂNIA – IMPLEMENTAÇÃO PSF 53
também o projeto de incorporar ações de Saúde Mental estabelecendo equipes de
referência.
Para a equipe central o modelo do PSF deve ser de atenção integral que articule ações de
promoção e prevenção com a assistência (ações curativas, pronto atendimento de afecções
agudas). Neste novo modelo a equipe teria responsabilidade pela atenção à saúde da
população de seu território. Considera-se também que em cada unidade de saúde com mais
de uma ESF, estas deveriam ser compostas por profissionais médicos com diferentes perfis
(diferentes especialidades básicas: ginecologia, pediatria, clínico geral). Esta seria uma das
necessidades de adaptação do PSF para grandes cidades.
Capacidade instalada do PSF – unidades por tipo, composição das ESF Atualmente encontram-se em atuação 75 Equipes de Saúde da Família e 25 em fase de
implantação, pois ainda faltam alguns profissionais. Cabe ressaltar que não há
incorporação do odontólogo na ESF. Das ESF 74 atuam em área urbana e apenas uma em
zona rural. No quadro abaixo, observa-se um aumento muito significativo do número de
equipes entre 1998 e 2000.
Quadro 9 – Equipes, famílias cadastradas e proporção da população coberta pelo PSF, Goiânia (GO), 1998 a 2001
out. 1998 dez. 1998 dez. 1999* dez. 2000 ago. 2001 nº de ESF 07 07 69 75nº de famílias cadastradas 7.500 7.500 14.779 72.000 100.000nº médio de famílias/equipe 1.071 1.071 1.043 1.333% população coberta por PSF 2,5% 2,5% 25% 30%Fonte: SMS Goiânia/GO * Não foi possível levantar as informações referentes ao ano de 1999 com a atual coordenação do PSF, os dados informados para 1999 são do SIAB
A cobertura populacional pelo PSF é estimada em 30% dos habitantes de Goiânia,
encontrando-se o município classificado na faixa 5 de cobertura, recebendo do MS
incentivo financeiro anual por ESF no valor de R$ 41.220.
Atualmente, a média de famílias cadastradas por ESF é de 1.300, embora em sua maioria,
cada equipe seja responsável por cerca de 800 a 1.000 famílias, conforme informa a
coordenação. Nas áreas em que se considera não haver perspectivas de expansão
populacional, as ESF atendem a cerca de 1.000 famílias. Já nas áreas com perspectiva de
expansão da população, as equipes são responsáveis por um número menor de famílias
(700 a 800). Na zona rural, a ESF em atuação tem adscrita aproximadamente 600 famílias.
GOIÂNIA – IMPLEMENTAÇÃO PSF 54
As ESF atuam em 24 unidades de diversos tipos e com distintas inserções. Das 75 ESF
efetivamente implantadas 34 atuam em 7 unidades de saúde tradicionais como inquilinas
destas unidades, realizando trabalho a parte, não integrado, e 35 ESF trabalham em 15
mini-postos improvisados em imóveis alugados ou cedidos por associações da
comunidade. As outras duas USF são unidades básicas convertidas em USF e uma USF
construída recentemente.
A estrutura física do PSF é variada, mas em geral são unidades pequenas. A maior parte
das USF tem estrutura física precária, constituindo-se em mini-postos instalados em
imóveis alugados ou cedidos pela comunidade. Atualmente não há equipes volantes,
embora esta tenha sido característica inicial do Programa. O número de ESF que atuam nas
unidades varia de 1 a 4. Por ocupar espaços bastante diversificados não há como traçar
uma estrutura física padrão das USF.
Quadro 10 – Tipos de USF, Goiânia (GO), junho 2001
Tipo unidade de saúde Nº unidades Nº total ESF neste tipo de unidadeUSF construídas novas 1 3 ESF inquilina de unidades básicas tradicionais 7 34 Unidades básicas tradicionais convertidas 1 3 Mini-postos em imóveis alugados ou cedidos 15 35 Total de USF e ESF 24 75
Todas as equipes são incompletas de acordo com a nova diretriz do Ministério da Saúde
que preconiza um odontólogo para cada duas equipes. As atuais ESF são integradas por um
médico, uma enfermeira, um auxiliar de enfermagem e seis a oito agentes comunitários de
saúde. Os ACS são responsáveis por cerca de 180 famílias em área urbana e 100 em área
rural, segundo estimativas da coordenação do PSF.
Quadro 11 – Composição da equipe de saúde da família, Goiânia (GO), junho 2001
Componentes da ESF N.º profissional/ equipe Médico 1Enfermeira 1Auxiliar de enfermagem 1ACS-Agentes comunitários de saúde 6 a 8Equipes 75*
* No momento (ago/01) mais 25 equipes encontram-se em fase de implantação.
Todos os profissionais que atuam no PSF/PACS são contratados pela Fundação de Apoio à
Pesquisa da Universidade Federal de Goiás (FUNAP), conveniada com a Prefeitura
Municipal. A FUNAP é responsável pela contratação de aproximadamente 1.700
profissionais da SMS por meio de contratos CLT por tempo indeterminado.
GOIÂNIA – IMPLEMENTAÇÃO PSF 55
O início da atuação das equipes aconteceu mesmo sem que todos os profissionais
recebessem treinamento introdutório realizado pelo Pólo de Capacitação, integrado pela
SES, UFG e Universidade Católica de Goiás. Em 2000, o Ministério da Saúde apoiou a
criação de um curso de Especialização em Saúde da Família, iniciado ao final de julho de
2001, sob coordenação do Departamento de Medicina Preventiva da UFG.
Etapas da implementação Pode-se evidenciar três fases no processo de implementação do PSF em Goiânia. Uma fase
de implantação das primeiras sete equipes em um único bairro periférico, no ano de 1998.
Um segundo momento, com os profissionais já atuando, foi caracterizado pela expansão do
número de equipes 69 registradas e pela reivindicação de espaço físico e insumos básicos
para atuação das equipes. Esta fase foi acompanhado por períodos de paralisia com falta de
motivação dos profissionais em função da falta de infra-estrutura e de clareza sobre o PSF.
Em agosto de 2001, os gestores caracterizam a etapa atual como de readequação do
modelo, expansão do número de equipes e remapeamento das áreas, juntamente com o
cadastramento para o Cartão Nacional de Saúde. No início de 2001, a nova gestão
encontrou 69 ESF formalmente implantadas mas muitas incompletas. A primeira iniciativa
foi completar as equipes pois existiam trabalhadores de saúde para apenas 40 ESF. A
seleção de profissionais para integrarem as 69 ESF e implantar mais 6 ESF foi realizada.
Muitas ESF estavam com população adscrita muito elevada, de 2000 ou mais famílias,
tendo sido necessário dividir estas áreas. Em alguns casos os ACS não eram moradores da
área. Os territórios foram estabelecidos e está em processo o aluguel de imóveis para
oferecer a infra-estrutura de uma USF de apoio para todas as equipes.
A coordenação do PSF vem trabalhando junto com os demais departamentos da SMS e
profissionais das equipes na construção de uma nova forma de entendimento do que seria o
PSF como uma estratégia de atenção integral à saúde, segundo os gestores municipais.
Pretende-se atingir um número de 100 equipes completas ainda em 2001 com o objetivo de
oferecer 100% de cobertura nas áreas em que já existe PSF. Esta expansão do número de
equipes não resultará em expansão de cobertura populacional, visto que cada ESF era
responsável por elevado número de famílias (aproximadamente 1.800 famílias). Após esta
etapa, pretende-se expandir o programa para áreas ainda não cobertas. A meta a ser
atingida até o final desta administração prevê cobertura de 50% do total da população de
Goiânia, o que exigirá a implantação de aproximadamente 300 ESF. Para tal, é ressaltada a
GOIÂNIA – IMPLEMENTAÇÃO PSF 56
necessidade de integração do PSF ao restante da rede municipal de saúde e de conversão
das atuais UBS em USF.
4. COORDENAÇÃO MUNICIPAL DE SAÚDE DA FAMÍLIA
Composição atual A partir da nova gestão municipal (janeiro de 2001) a CSF passou a ser um colegiado
composto por cinco membros, três indicados pelas ESF (um médico e duas enfermeiras) e
dois membros indicados pelo Secretário Municipal de Saúde (uma assistente social e uma
enfermeira). O colegiado é coordenado pela assistente social. Todos têm as mesmas
funções: coordenar 100 ESF.
O PSF em Goiânia está sendo reestruturado. Há um grande esforço da CSF que tem
recebido apoio da rede básica e do Secretário Municipal de Saúde.
Está em fase de estruturação a distritalização do PSF em que nove enfermeiras, das quais
oito com experiência prévia no PSF, ficarão responsáveis em cada um dos 9 Distritos
Sanitários pela supervisão e apoio das ESF, mediando a relação entre a CSF e as ESF. Este
apoio técnico distrital estará implantado até o fim de 2001. Além da fiscalização de
cumprimento de horário de trabalho deverão realizar oficinas e treinamentos e serão
responsáveis pela realização das visitas e reuniões com as ESF.
Atribuições e atividades A CSF realiza diariamente reuniões do colegiado do PSF e o trabalho é realizado em
conjunto, dividindo as tarefas entre os integrantes da Coordenação.
Há visitas nas USF e às ESF para observar dificuldades, avaliar resultados e apoiar na
solução de problemas mas não há programação de atividades, nem cronograma. O
relacionamento com as ESF é aberto e direto e as relações são estabelecidas com qualquer
profissional das ESF.
Em agosto de 2001 foram realizados três seminários com ESF – em um deles participaram
médicos, enfermeiros e auxiliares, em outro participaram só os ACS e o terceiro reuniu
num grande seminário todas as ESF, gestores e diretores da rede básica. Foram convidados
para este Seminário representantes do Ministério de Saúde, o Secretário Municipal de
Campinas e um técnico do MS com experiência em programa similar no DF (“Saúde em
Casa”).
GOIÂNIA – IMPLEMENTAÇÃO PSF 57
A CSF é responsável por encaminhar à FUNAP a freqüência dos profissionais e as
mudanças nas solicitações de férias. Porém não existe um fluxo regular interno da
documentação. Em função dessa atividade de controle a CSF recebe muitas pessoas e às
vezes passa toda a jornada atendendo profissionais das ESF para tratar desses assuntos. A
secretária da CSF está encarregada dos aspectos de admissão de pessoal, controle de
freqüência e envio das informações à FUNAP.
A CSF tem atuado na reestruturação municipal do SIAB e análise do preenchimento dos
formulários em conjunto com as ESF.
Há reuniões semanais com todos os departamentos da SMS coordenados pela CSF e
diariamente há reuniões com os departamentos. Alguns conflitos persistem em relação à
atribuição de responsabilidades entre departamentos da SMS e o PSF, principalmente no
referente às doenças crônicas.
Mensalmente são realizadas Ações Integradas, prestação de serviços numa determinada
região envolvendo todas as secretarias municipais. A CSF participa em conjunto com
vários departamentos da SMS distribuindo folhetos sobre programas de saúde (da mulher,
da criança), oferecendo orientações, preservativos, vídeos e palestras. São realizados
também atendimento de diabéticos, exames de glicemia e aferição da pressão arterial. As
Ações Integradas integram outras secretarias, por exemplo, em ações de vacinação,
orientação para as famílias usarem o PSF, orientando comunidade e agentes de combate à
dengue nas visitas domiciliares, etc.
O maior exemplo de integração mencionado foi o novo mapeamento das famílias do PSF
com o projeto do Cartão SUS, envolvendo todos os departamentos da SMS.
Recursos materiais e financeiros
A CSF dispõe de duas salas na sede da SMS que são insuficientes para o número de
pessoas que trabalham no local e para atender aquelas que procuram a coordenação. Uma
das salas é ocupada pelo pessoal de apoio administrativo e na outra reúnem-se os cinco
membros do colegiado. Não há sala de reunião própria e a CSF usa a sala de reuniões do
gabinete do secretário ou alugando um local para a realização de palestras e seminários.
Atualmente contam com o apoio de uma secretária de nível elementar e duas digitadoras.
Uma delas é responsável pelo controle de pessoal do PSF e estabelece relações com a
FUNAP. Um auxiliar administrativo apoia na reprodução de documentos, digitação de
memorandos, encaminhamentos burocráticos.
GOIÂNIA – IMPLEMENTAÇÃO PSF 58
Há precariedade de mobiliário para organização e guarda da documentação existente. A
SMS não dispõe de almoxarifado no prédio da secretaria. Quando há entrega de material
volumoso (uniformes, manuais, etc.) este é guardado no almoxarifado central e a CSF deve
ir várias vezes ao local pegar material em quantidade reduzida que é estocado nas salas de
trabalho e no corredor.
Há também falta de equipamentos e computadores. A CSF não dispõe de veículo próprio,
necessitando reservar veículos da SMS por meio de envio da escala de trabalho ao setor de
transporte. Por vezes, algumas atividades não são realizadas por falta de transporte ou a
CSF utiliza veículos das ESF. Até o momento deste relatório cada três ESF
compartilhavam um veículo utilizado no transporte diário para o local de trabalho. Esse
sistema de transporte será modificado, passará a estar subordinado às equipes distritais que
prestarão apoio às ESF.
Não há dotação orçamentária específica e a CSF não tem autonomia para realizar despesas,
dependendo da rede básica e de solicitações de recursos ao Secretário Municipal de Saúde.
Isto gera dificuldades para realização de atividades simples como oferecer alimentação
para os ACS durante os cursos de capacitação.
Supervisão Não há supervisão rotineira da CSF para as ESF. Quando é necessário visitar alguma USF
ou ESF a supervisão é realizada. Esta atividade, prevista no Plano de Ação da Secretaria
Municipal de Saúde, está em fase de organização por meio dos supervisores distritais.
A supervisão das ESF é realizada diariamente pela direção das unidades em que estão
instaladas (CAIS, CIAM ou Centro de Saúde). A direção é responsável também pelo
controle da freqüência dos funcionários (ponto). Há dificuldades neste aspecto devido ao
modo de implantação do PSF em Goiânia que não articulou nem integrou as Unidades
Básicas de Saúde com o PSF. Os diretores da rede básica não consideravam que o PSF era
objeto de sua supervisão e os profissionais da ESF procuravam diretamente a CSF. No
momento atual há o esforço de mudar essa concepção, integrando o PSF à rede básica,
considerando a Saúde da Família como porta de entrada do SUS municipal e estabelecendo
uma relação entre as ESF e os gestores de Unidades Locais.
Nas unidades alugadas, em que não existem diretores, os supervisores técnicos dos
Distritos Sanitários realizam a supervisão das ESF, embora de maneira irregular.
GOIÂNIA – IMPLEMENTAÇÃO PSF 59
Não há atividades de capacitação continuada. No início da gestão atual muitas ESF não
estavam completas e nem todos os profissionais haviam recebido o treinamento
introdutório. Com o novo mapeamento, o aumento do número de ESF e a necessidade de
incorporar profissionais às ESF que estavam incompletas, foi realizado processo seletivo
para ACS e oferecido o curso introdutório para todos (antigos e novos) ACS do PSF. Há
propostas de educação continuada.
Não há mecanismos de supervisão que apoiem a solução de casos clínicos mais complexos.
Quando a ESF tem dificuldades em resolver a demanda é encaminhada para o CAIS e
espera o retorno.
Avaliação A CSF criou recentemente uma agenda de trabalho para as ESF e estas devem avaliar a
cada dia as atividades realizadas (visitas domiciliares, palestras, atendimentos, etc.) e
encaminhar a avaliação mensal para a CSF. No entanto, a CSF não tem tempo para analisar
as informações.
Não existem processos sistematizados de avaliação. Há reuniões com a rede básica em que
são discutidos os problemas mais graves do PSF mas não é considerada pela CSF como
uma atividade de avaliação.
A supervisão distrital deverá utilizar o SIAB e selecionar os indicadores para avaliar o
desempenho das ESF.
Não há instrumentos ou indicadores para avaliar a qualidade da atenção prestada pelo PSF.
Algumas avaliações são realizadas em seminários.
Os manuais do Ministério da Saúde passaram a ser utilizados pelas ESF a partir de agosto
de 2001: atividades de pré-natal, programa da criança, tuberculose, programa de mulher,
hipertensão arterial e diabetes. Está em elaboração um documento para as ESF contendo
orientações mais gerais, retiradas dos manuais do MS, protocolos e outras normas.
A Coordenação estadual do PSF treinou um técnico para implementar o SIAB na gestão
anterior mas o seu desempenho não foi eficiente. A CSF atual encontrou dificuldades e
precariedades na operacionalização do sistema de informações que estava desatualizado.
As ESF não sabem o seu número no SIAB que não corresponde à identificação fixada na
CSF. As micro-áreas não foram numeradas em seqüência o que resulta em dificuldades de
identificação dos ACS.
GOIÂNIA – IMPLEMENTAÇÃO PSF 60
O cadastramento dos profissionais estava muito incompleto, mas já foi organizado. No
cadastro encontravam-se ACS que já tinham sido demitidos ou retirados da área mas
permaneciam no SIAB para que não fossem reduzidos os recursos do PAB. As
informações eram mantidas mas a área estava descoberta. A maioria dos ACS nunca tinha
sido cadastrada.
O cadastramento das famílias não foi realizado por todos os ACS e, ainda hoje, alguns não
realizaram o cadastro ou não enviaram os dados que não foram digitados no sistema e
neste aspecto o SIAB também estava desatualizado. Entre junho e julho a CSF dedicou-se
ao cadastramento de 5.000 famílias pois havia defasagem entre o número de ACS e o
número de famílias atendidas, correndo o risco de interromper o repasse do PAB. As ESF
incompletas e as mudanças freqüentes dos profissionais dificultaram a operacionalização
do SIAB.
Atualmente a CSF prioriza a implementação do SIAB mas ainda está cadastrando os cerca
de 200 novos ACS e as ESF.
O SIAB pode ser utilizado para monitorar a produtividade dos profissionais. Foi possível
identificar nas ESF, por meio do quantitativo de procedimentos, alguns profissionais que
não têm realizado as atividades ou as realiza parcialmente.
A CSF utiliza o SIAB para verificar a produtividade do profissional quando há denúncias
ou queixas sobre o seu desempenho. Caso a produtividade seja adequada é feita uma visita
de supervisão. Caso a produtividade seja baixa, conversam com o profissional tendo por
base a sua produção, e é oferecida nova oportunidade mudando o local de trabalho. No
entanto, os dados do SIAB não têm sido utilizados como subsídios para o planejamento.
O Secretário Municipal de Saúde considerou que o SIAB, por trabalhar com grupos
agregados, oferece poucos subsídios para o monitoramento e para a avaliação. No seu
entender há problemas derivados da programação do sistema e outros relativos à
desorganização encontrada.
A CSF não utiliza as informações de produção do SIAB pois estão revendo, em reuniões
com cada ESF, o preenchimento dos formulários e a qualidade dos dados. A prioridade no
momento está relacionada com a alimentação do sistema de informações.
O SIAB tem sido utilizado por pesquisadores e estudantes externos e também das próprias
ESF para pesquisas ou trabalhos científicos.
GOIÂNIA – IMPLEMENTAÇÃO PSF 61
5. CONTROLE SOCIAL NO PSF
O ponto de vista de Conselheiros representantes dos usuários sobre participação do CMS na implementação do PSF A percepção dos conselheiros entrevistados quanto à discussão do projeto do PSF no CMS
foi divergente. O Conselheiro Municipal de Saúde representante dos usuários 1 afirmou
que o CMS participou das discussões sobre a implantação do PSF. A discussão foi rápida
embora todos os Conselheiros tenham podido intervir. No entanto, o Conselheiro 2 afirmou
que o projeto nem chegou ao CMS, não houve participação no momento da implantação e
apenas recentemente, após surgirem muitas denúncias, estão ocorrendo discussões. As
denúncias foram de problemas na constituição das ESF, falta de articulação, falta de
material e desentendimento de médicos com ACS. A partir de então o CMS procurou a
CSF para que explicasse o PSF e pediu às equipes para comparecerem no Conselho
Municipal de Saúde.
Vários conselheiros participaram da XI Conferência Nacional de Saúde e levaram material
sobre o PSF para Goiânia. A partir de então os conselheiros começaram a ler e a discutir o
assunto nas reuniões.
O CMS tem pequena interferência nas diretrizes e prioridades do PSF, na opinião do
Conselheiro 1 enquanto o Conselheiro 2 afirma que o CMS não tinha poder de controlar as
atividades realizadas no PSF e apenas legitimava decisões já tomadas pelo governo
municipal na gestão anterior mas que no momento atual o CMS está participando,
discutindo e conhecendo a estratégia.
A Saúde da Família foi considerada uma estratégia prioritária na atual gestão municipal de
saúde pelos dois conselheiros sendo que o Conselheiro 1 argumentou que isso é devido ao
PSF trabalhar com prevenção, desafogar o Centro de Saúde e o ACS ter mais facilidade de
conhecer a realidade.
O PSF foi considerado fundamental por um dos conselheiros pois ser um programa que
possibilita o acesso aos cuidados de saúde. Foi valorizado também o vínculo preconizado
do médico com a comunidade e o fato dos agentes terem que morar na comunidade o que
“leva o povo a confiar no programa”. O outro conselheiro também considerou que a
proposta do MS é positiva e terá avanços e resultados porque a população se educa mais:
“Muitas vezes as pessoas não têm saúde por falta de educação, de informação, como no
caso da dengue, em que se investe tanto e ainda existem pessoas que não têm consciência
GOIÂNIA – IMPLEMENTAÇÃO PSF 62
do que é a doença”. O PSF teria possibilidades de informar mais que as campanhas de
esclarecimento e, eventualmente, quando bem estruturado, poderia substituir os agentes de
combate à dengue.
O PSF é importante porque vai na casa e conhece a realidade das pessoas e na estratégia o
ACS trabalha junto com as famílias. “A gente sabe que saúde não é só o médico”. “O PSF
é importante e precisa continuar”.
A maneira como foi e está implementado o PSF no município foi considerado tanto a
melhor forma de cuidar da saúde das pessoas em geral quanto a melhor forma de dar
atenção especial à saúde das pessoas mais pobres pelos dois conselheiros. O Conselheiro 2
também considerou que é uma boa forma mas insuficiente para cuidar da saúde das
pessoas e que é uma boa idéia mas na prática não atende as necessidades de saúde da
população atendida.
Não há canais específicos de comunicação para que os usuários do PSF apresentem
demandas e/ou denúncias sobre o funcionamento mas isso pode ser feito por intermédio
dos Conselhos Locais de Saúde ou entrando em contato direto com representantes no
Conselho Municipal de Saúde.
Os conselheiros concordaram sobre a influência do CMS na maioria das atividades do PSF
embora o consenso seja de baixa interferência do CMS na definição das diretrizes e
prioridades do PSF, nunca influencia na criação de USF, poucas vezes ou nunca interfere
nos resultados das atividades sobre as condições de saúde da população, nunca influencia
na quantidade e tipo de equipamentos ou medicamentos necessários nas USF, na
supervisão e controle do PSF no município, na capacitação das ESF, na adaptação das
Unidade Básicas (centros ou postos de saúde) em USF, na seleção ou indicação de
profissionais ou de ACS, nas atividades que são oferecidas pelas USF/ESF, no
acompanhamento das informações do SIAB e na quantidade de recursos financeiros
destinados ao PSF. O único consenso positivo foi que o CMS interfere sempre na
capacitação dos Conselheiros Locais de Saúde.
As divergências apresentadas pelos conselheiros foram em relação à interferência do CMS
na escolha das comunidades que serão atendidas pelo PSF (Conselheiro 1 – muitas vezes e
Conselheiro 2 – nunca), na localização das ESF (muitas vezes e nunca), no
acompanhamento das atividades realizadas pelas ESF (muitas vezes e nunca) e no
GOIÂNIA – IMPLEMENTAÇÃO PSF 63
acompanhamento das discussões nos Conselhos Locais de Saúde (muitas vezes e poucas
vezes).
Os aspectos positivos do PSF segundo os conselheiros foram o atendimento domiciliar, o
atendimento preventivo, a diminuição das filas e a confiança da comunidade nos
profissionais enquanto os aspectos negativos assinalados foram o grande número de
famílias atendidas por cada ESF, a não inclusão de profissionais como fonoaudiólogo e
psicólogo na ESF, e a falta de atendimento por especialista que obriga o paciente
encaminhado pelas ESF a “bater de porta em porta para conseguir agendar uma consulta
com o especialista”.
O ponto de vista de Conselheiros representantes dos usuários sobre impacto do PSF Segundo os conselheiros entrevistados, o impacto PSF foi excelente sobre o aumento da
cobertura vacinal. Foi bom sobre as seguinte ações: redução da mortalidade infantil,
redução da mortalidade materna, aumento no número de consultas de enfermagem,
aumento no número de atendimento por pessoal de nível médio e aumento no número de
paciente referenciados e efetivamente atendidos.
Os conselheiros divergiram no que se refere a ampliação da atenção à saúde e na melhoria
da qualidade da atenção prestada, pois para o Conselheiro 1 o impacto do PSF sobre estas
ações foi bom, e para o Conselheiro 2 regular. Quanto à redução da demanda sobre os
serviços de urgência/emergência, os Conselheiros 1 e 2 informam um impacto regular do
PSF.
O Conselheiro 2 considera que o impacto na mudança do perfil epidemiológico em
decorrência de redução de doenças evitáveis foi bom, mas para o Conselheiro 1 foi regular.
Com relação a maior satisfação do usuário com o sistema público de saúde, o Conselheiro
2 afirma que o impacto do PSF foi bom, mas para o Conselheiro 1 foi regular.
No que se refere ao aumento no número de consultas médicas por habitantes e aumento da
cobertura de pré-natal, o Conselheiro 1 considerou o impacto do PSF bom e o Conselheiro
2 achou que foi excelente.
Quanto à avaliação do impacto do PSF sobre a resolutividade do sistema público de saúde,
para o Conselheiro 2 foi excelente e para o Conselheiro 1 foi regular. A avaliação do PSF
enquanto uma atividade que precisa ser complementada por outros programas e atividades
foi excelente para os Conselheiros 1 e 2. O impacto do PSF como a estratégia que permite
GOIÂNIA – IMPLEMENTAÇÃO PSF 64
transformar o modelo assistencial de forma a atender às necessidades de saúde da
população, foi considerado bom pelo Conselheiro 1 e excelente pelo Conselheiro 2.
6. INTEGRAÇÃO À REDE
Estratégias de integração à rede básica e de conversão do modelo A coordenação do PSF está subordinada ao Departamento da Rede Básica, responsável
pela atenção básica e pela Divisão de Programas Especiais, que além do PSF/PACS é
composta também pelo Programa Nascer Cidadão que faz a notificação de todos os
nascimentos ocorridos em Goiânia e acompanhamento de crianças até o primeiro ano de
vida. No momento, a articulação entre as coordenações do PSF e da Rede Básica vem
acontecendo por meio de reuniões e implementação de ações conjuntas. O Departamento
da Rede Básica tem um colegiado – do qual participa a coordenação do PSF – que se reúne
todas as manhãs (8:00 às 9:00), com a participação por vezes, de outro colegiado formado
por representantes das unidades básicas de saúde.
Não foi prevista integração das ESF com a rede. Nas “casinhas do PSF”, segundo relato da
coordenação, as ações de saúde executadas pelos profissionais do PSF tinham baixa
resolutividade, o que levava o usuário a procurar médicos das unidades básicas
tradicionais. Essa duplicidade de atendimento gerou conflitos entre os profissionais da rede
e as ESF, e, principalmente questionamentos quanto à função e importância do PSF. Essa
situação ainda não foi alterada, embora existam algumas mudanças. Em regiões onde
funcionam os mini-postos ou “casinhas do PSF” a situação ainda é considerada bastante
difícil, pois as ESF não têm qualquer infra-estrutura que possibilite maior resolutividade
das ações executadas.
Uma das unidades de saúde que hoje funciona como USF foi construída na gestão anterior
para ser um centro de saúde. Como no local haviam duas ESF sem sede, estas foram
alocadas no espaço do centro, sem que houvesse adaptação da estrutura física. A unidade
recém inaugurada não tinha equipamentos, que ainda estão sendo adquiridos. Para
operacionalização da conversão da UBS por USF não foi realizada nenhum tipo de reforma
da estrutura física da unidade. A outra unidade convertida sofreu alterações apenas no que se
refere aos recursos humanos. Todos os profissionais e especialistas que já trabalhavam no
Centro de Saúde foram remanejados e a unidade passou a ser ocupada somente pelas ESF.
Deste modo, quanto aos recursos humanos, a estratégia foi de contratação de pessoal
especificamente para atuar nas equipes de PSF. Esse processo gerou conflitos na
GOIÂNIA – IMPLEMENTAÇÃO PSF 65
comunidade que passou a reivindicar retorno do atendimento nas especialidades básicas, ao
qual os moradores estavam habituados. Para os coordenadores, esse tipo de conflito foi
gerado pela falta de entendimento da população sobre o que seria a estratégia de Saúde da
Família. Este aspecto vem sendo debatido pela atual coordenação no CMS e com
comunidades, entendendo-se que possíveis mudanças ocorrerão de forma gradual.
No momento atual, há programação de conversão de outras unidades e ampliação da
estratégia de Saúde da Família. Em Goiânia está previsto o funcionamento de unidades
mistas, isto é unidades nas quais atuarão equipes do PSF e da rede básica pré-existente. Os
gestores consideram que em bairros nos quais já existe atenção básica consolidada, os
centros de saúde são referência para essas populações. Há casos também em que essas
unidades funcionam 24 horas e prestam atendimento especializado e de
urgência/emergência, serviços estes necessários que devem ser mantidos e que ultrapassam
as atribuições do PSF. O modelo de unidade de saúde que planejado para Goiânia incluiria
a ESF, com apoio de especialistas como pediatra, ginecologista e cardiologista além de
apoio de serviços de urgência, ajuste esse que permitiria a referência interna nas próprias
UBS.
Não há um cronograma exato em relação à conversão das unidades tradicionais em USF,
contudo, estão sendo realizadas reuniões e oficinas com os profissionais que atuam na
rede, nas quais são apresentadas propostas para estimular o interesse em atuar nas ESF.
Adscrição de clientela, conformação da rede de serviços e sistematização de oferta: mecanismos de referência e contra-referência O PSF no município foi implantado inicialmente, conforme discutido acima, sem qualquer
integração à rede de serviços de saúde.
A organização de uma rede integrada no município com mecanismos de referência é
prioridade da SMS e está em processo de construção. Este não é um aspecto específico do
PSF. A rede de serviços de saúde do SUS no município de Goiânia ainda não está bem
articulada, embora mecanismos de referência tenham sido criados na gestão anterior. Há
baixa integração entre as unidades de saúde próprias do município (em seus diversos
níveis), e entre as unidades municipais e aquelas estaduais.2 As Centrais de Marcação já
implementadas não são suficientes para garantir a integração da rede.
2 Pode-se depreender a partir das falas dos gestores municipais baixa autoridade para exercer a gestão das unidades do SUS que não são próprias do município, sejam estas contratadas/conveniadas ou estaduais.
GOIÂNIA – IMPLEMENTAÇÃO PSF 66
A rede básica de saúde em Goiânia está composta por centros de saúde de pequeno porte,
centros de saúde maiores (CIAMS e CAIS), nos quais há atendimento ambulatorial e pronto-
atendimento de urgência, além das USF, sem articulação entre as mesmas e por vezes entre
programas no interior de uma mesma unidade.
A relação do PSF com as demais unidades da rede básica é de encaminhamento de
pacientes, que em muitos casos, poderiam ter seus problemas de saúde resolvidos pela
própria ESF se dispusessem de equipamentos básicos. No caso das UBS compartilhadas, as
ESF apenas ocupam o espaço físico das unidades tradicionais, com funcionamento
paralelo, sem articulação, o que gera conflitos.
As diferenças salariais, o menor controle sobre as ESF que por vezes resulta em não
cumprimento da carga horária e alguns privilégios das ESF (auxílio alimentação e
transporte até o local de trabalho) exacerbam os conflitos entre os profissionais das
unidades tradicionais e do PSF.
A atual coordenação está realizando um trabalho de sensibilização, contando inclusive com
a participação do prefeito, junto aos gestores dos distritos e das unidades de saúde com a
intenção de esclarecer os objetivos do PSF enquanto estratégia de mudança do modelo
assistencial. Estão sendo realizados vários seminários internos entre as diversas instâncias
da rede básica. A sensibilização vem ocorrendo também junto às ESF com o objetivo de
mostrar a importância de trabalharem integradas às UBS3. A preocupação em converter as
unidades básicas em USF é afirmada como central na atual gestão, tanto que as unidades
que venham a ser criadas a partir de agora serão todas USF.
A coordenação de Saúde da Família entende que o PSF e as unidades básicas já existentes
devem ser a porta de entrada do sistema, o que ainda não ocorre. Os mecanismos de
referência e articulação da rede estão em processo de implementação. Segundo os gestores
da SMS “as referências não fluem”.
Ainda não há adscrição de clientela para as UBS, mas, formalmente, para acessar os
demais níveis de complexidade do sistema, o usuário do PSF deve dirigir-se à UBS mesmo
após ser atendido pela ESF para que então seja encaminhado. Na maioria das USF não é
possível fazer a referência pois ainda não há computadores e linhas telefônicas.
3 Os coordenadores das unidades de saúde eram tradicionalmente nomeados a partir de indicação dos vereadores. Na atual gestão foi efetivado um processo articulado pela SMS com o Conselho Municipal de Saúde e os Sindicatos, com participação dos Conselhos Locais, para a indicação de uma lista de candidatos entre os quais a equipe da SMS escolhe o gestor.
GOIÂNIA – IMPLEMENTAÇÃO PSF 67
No município existe uma Central de Marcação de Consultas e Exames Especializados, para
exames e consultas de média e alta complexidade e uma Central de Emissão de Guias para
Exames Laboratoriais informatizada (conhecido como check in) subordinadas ao
Departamento de Controle e Avaliação. Cada UBS dispõe de uma cota financeira e um
terminal de computador para emissão de guias para exames. No cupom aparece o nome do
usuário, médico solicitante, exame solicitado e a inscrição do exame pago pelo SUS. O
paciente é orientado a procurar a rede credenciada de laboratórios.
Não há dificuldades para a realização de exames de patologia clínica em função da ampla
rede de serviços privados conveniados ao SUS. Com a implantação do “vale-exame”
houve uma proliferação de laboratórios e postos de coleta privados próximos às unidades.
Não há definição de nenhum mecanismo de referência ou regionalização na utilização
desses serviços. Esse sistema está sendo inserido também nas USF. Até o momento, o
médico do PSF faz o pedido e o usuário tem que ir até a UBS para buscar o vale-exame. A
rede de apoio diagnóstico e terapêutico é extensa e, na sua grande maioria, privada. O
objetivo da atual administração é reverter este quadro fortalecendo a rede pública de saúde
na cidade.
Para os exames de média e alta complexidade é necessária autorização prévia (tomografia,
ressonância, arteriografia e todos os procedimentos que estão em APAC – oncologia,
radioterapia, terapia renal substitutiva e outros exames de medicina nuclear). O médico do
PSF encaminha o pedido diretamente para o Departamento de Rede Básica que após
análise envia ao setor de Controle e Avaliação para que o procedimento seja autorizado e
possa ser realizado. Até hoje, não foram estabelecidas cotas físicas ou financeiras para
exames e consultas especializadas para as ESF. Contudo, na opinião dos gestores, esse
limite deverá ser estabelecido pois o teto financeiro do município está sendo ultrapassado.
O município de Goiânia, por ser capital, dispõe de ampla rede de serviços de saúde, mas no
SUS municipal há carência de especialistas em áreas como dermatologia e endocrinologia.
A referência para a fisioterapia passa pelo mesmo processo das demais consultas
especializadas, ou seja, as sessões são marcadas via Central e realizadas em clínicas
particulares conveniadas ao SUS. A fisioterapia integra a lista de procedimentos de alto
custo. Há dois médicos ortopedistas responsáveis pela análise e autorização destes
encaminhamentos.
Existe também uma Central de regulação de internações, que monitora a ocupação de
leitos. No Setor de Controle e Avaliação há médico auditor durante as 24 horas, que
GOIÂNIA – IMPLEMENTAÇÃO PSF 68
autoriza as AIHs emitidas pelos serviços. A maior parte dos leitos hospitalares é privada
conveniada ao SUS. O principal foco de estrangulamento é constituído por algumas
cirurgias eletivas de otorrinolaringologia e alguns procedimentos de cirurgia geral, como
cirurgia de vesícula.
Não há nenhum mecanismo de contra-referência específico para o PSF. Há guias de
referência e contra-referência para a rede como um todo, entretanto, a maior dificuldade
hoje é o retorno dos pacientes – a contra-referência. Pacientes das UBS e do PSF
referenciados para a realização de consultas especializadas, segundo relato, não querem
retornar à rede básica e desejam continuar o atendimento na clínica especializada. Neste
caso a contra-referência, não ocorreria, por iniciativa dos pacientes.
Pronto-atendimento e emergência
As ESF, com algumas exceções, não prestam pronto-atendimento e não atendem à
demanda espontânea. Nestes casos, as equipes encaminham para o pronto-atendimento das
unidades maiores ou para os serviços de emergência. As ESF têm um processo de trabalho
estruturado de forma rígida de modo que atendem basicamente aos programas pré-
definidos, sem responsabilidade pela demanda espontânea. Esse arranjo, segundo os
gestores entrevistados, seria decorrência de múltiplos fatores: falta de clareza sobre as
atribuições do PSF, ausência de responsabilização em relação à clientela e insuficiência de
infra-estrutura física. Estes aspectos estão sendo trabalhados pela atual administração que
está equipando e convertendo algumas unidades tradicionais em USF, além do trabalho de
sensibilização junto aos profissionais da rede.
Em casos de emergência, a ESF não dispõem de recursos para realizar qualquer tipo de
atendimento. Segundo a Coordenação do PSF, o que pode ser feito é o encaminhamento do
paciente, utilizando-se o carro da SMS, até uma das quatro UBS que funcionam 24 horas
ou para unidades que funcionam de doze a quinze horas por dia. Os grande serviços de
urgência em hospitais e pronto-socorros, encontram-se sobrecarregados em função do
atendimento da demanda de outros municípios de Goiás e de outros estados como Minas
Gerais, Mato Grosso, Ceará, Bahia e Tocantins.
Outro problema que sobrecarrega os serviços de urgência e emergência é a procura destes
para pronto-atendimento. Parte dos usuários dirige-se diretamente a esses serviços, mesmo
em casos sem gravidade que poderiam ser atendidos nas demais instâncias da rede básica,
o que agrava o problemas de longas das filas e tempos de espera.
GOIÂNIA – IMPLEMENTAÇÃO PSF 69
Outras estratégias para integração do PSF à rede (informatização, telefone, manuseio de prontuários, outros formulários) Como estratégia de integração do PSF à rede, está em fase inicial a informatização das
unidades em função do cadastramento para o Cartão Nacional de Saúde. Pretende-se
aumentar o número de computadores nas unidades básicas de saúde e criar uma rede de
comunicação online entre elas. Até o momento, a estratégia mais amplamente
implementada foi a instalação de linhas telefônicas em quase todas as USF. Foi relatada
também a criação de formulários específicos para o PSF.
Articulação do PSF aos programas de saúde coletiva
A atual Coordenação do PSF vem atuando de modo articulado com as outras coordenações
da SMS. Estabelece interface e atuação conjunta com o Departamento de Epidemiologia e
com as demais divisões do Departamento de Rede Básica. A SMS de Goiânia tem uma
proposta política de gestão colegiada.4 Em todos os níveis hierárquicos da Secretaria estão
formados colegiados, sob coordenação do Secretário Municipal de Saúde responsáveis
pelo desenvolvimento de dez projetos gerenciais: Planejamento Integrado e Integração das
Ações em todos os níveis da SMS; Descentralização; Implantação de um Modelo de
Atenção à Saúde comprometido com as necessidades da população; Participação Popular e
fortalecimento do Controle Social; Atuação Intersetorial; Abastecimento; Recursos
Humanos; Adaptações, Reestruturações e Reformas nas unidades de saúde tradicionais em
USF; e Desenvolvimento de Campanhas.
O Departamento de Epidemiologia faz diversas interfaces com o PSF. As “Ações
Integradas de Saúde”, realizadas em parceria com outras secretarias da prefeitura,
envolvem ações conjuntas deste departamento e o PSF nas campanhas de multivacinação,
entrega de folhetos sobre doenças sexualmente transmissíveis, bloqueios, identificação e
diagnóstico de patologias como hanseníase e tuberculose. Atualmente encontra-se em fase
de planejamento o desenvolvimento de ações conjuntas no campo da mortalidade infantil.
Não há dificuldades na articulação entre a coordenação do PSF e o Departamento de
Epidemiologia segundo relato dos gestores. As diretrizes e prioridades entre as duas
coordenações se aproximam quando o objetivo é trabalhar ações de prevenção. Está sendo
implantado um projeto de Vigilância à Saúde que envolve o Departamento de Rede Básica 4 Ao todo foram formados 12 colegiados: Projetos Gerenciais; Departamentos da SMS; do Departamento de Rede Básica; Distritos Sanitários; Unidades de Saúde; Unidades de Urgência; PSF; Saúde Mental;
GOIÂNIA – IMPLEMENTAÇÃO PSF 70
e o PSF, a Vigilância Epidemiológica e Sanitária e o serviço de Zoonoses. O primeiro
projeto conjunto iniciado foi “Xô Dengue”. Está em constituição o Comitê de Vigilância
Ambiental, do qual o PSF fará parte. Já foram realizados eventos de mobilização social
com a participação das equipes e de membros da coordenação do PSF. O outro modo de
articulação ocorre por meio de capacitação das ESF.
Foi promovido pelo Departamento de Epidemiologia treinamento em dengue hemorrágico,
imunização, tuberculose, hanseníase, dengue clássico, raiva humana e serviço de
notificação, dos quais participaram médicos e enfermeiros do PSF, responsáveis por
repassarem o treinamento aos ACS.
Além disso, nas campanhas, o Departamento de Epidemiologia passa os dados sobre
cobertura vacinal para as ESF. Até o momento, o Departamento não trabalha outros dados
produzidos pelo PSF.
Avaliação dos gestores quanto ao processo de integração – resultados, dificuldades, ajustes necessários na rede, nos programas e no PSF
• Integração à rede assistencial
O processo de integração do PSF à rede encontra-se em fase inicial. Na opinião dos
gestores, na unidade em que ocorreu uma experiência de integração dos diversos serviços
existentes, o principal resultado foi o aumento da resolutividade das ações executadas e
diminuição do número de encaminhamentos. Contudo, essa experiência ainda é incipiente
e isolada o que impede qualquer tipo de avaliação.
Quanto às dificuldades para integrar o PSF/USF à rede de serviços os gestores destacam a
falta de clareza sobre as atribuições do PSF, perfil inadequado dos profissionais que atuam
nas ESF, insuficiência de infra-estrutura física e equipamentos, e déficit de pessoal. Foi
ressaltado que os profissionais que atuam nas ESF têm uma concepção do PSF apenas
como um trabalho de prevenção e promoção de saúde e não como uma estratégia de
atenção integral.
Sensibilização dos gestores, dos profissionais das ESF e da comunidade são as principais
medidas tomadas pela atual gestão com o objetivo de integrar o PSF à rede de serviços. Os
gestores enfatizam a importância de iniciativas das próprias ESF no processo de integração
à rede, a necessidade de supervisão continuada e mudanças no modo de funcionamento e
Maternidade Nascer Cidadão; Centro de Referência Terapêutico e Diagnóstico; Hospital Psiquiátrico Wassily Chuc; e Centro de Referência em Fisioterapia e Ortopedia Básica.
GOIÂNIA – IMPLEMENTAÇÃO PSF 71
na estrutura física das unidades de saúde. Os ajustes no PSF estão transformando o
processo de trabalho, para que haja subordinação das ESF à gerência das unidades básicas
e à coordenação dos distritos. O modelo de atenção básica proposto em Goiânia incluiria
ESF, especialidades básicas, além de apoio de serviços de urgência, com referência interna
às próprias UBS.
• Integração com setores de epidemiologia
Na opinião dos gestores, pode-se observar resultados positivos quanto à experiência de
integração do PSF ao controle de riscos e doenças. O aumento da cobertura vacinal foi o
principal resultado até o momento.
Uma das dificuldades apontadas para integrar o PSF aos Programas de Vigilância
Epidemiológica é o fato das ESF cobrirem apenas um terço da população do município.
Trabalhar junto às unidades básicas tradicionais exige do Departamento de Epidemiologia
estratégias diferenciadas daquelas utilizadas no trabalho com as ESF. Para melhorar a
integração foi apontada a necessidade de recursos humanos e materiais, além de discussão
sobre a atuação do PSF nos programas, o que já vem sendo realizado pela SMS.
Avaliação dos profissionais das ESF quanto ao processo de integração do PSF na rede Em Goiânia, os profissionais de nível superior em sua grande maioria (86,2%) reconhecem
a existência de um sistema para marcação de consultas especializadas. Apenas 3,2%, entre
médicos e enfermeiros, não o conheciam.
Tabela 35 - Percepção dos profissionais de nível superior por função quanto à existência de um sistema de marcação de consultas especializadas, Goiânia (GO), 2001
Sistema de Marcação de Consultas Especializadas Total Médico Enfermeiro N % N % N %Sim 81 86,2 40 88,9 41 83,7Não 10 10,6 5 11,1 5 10,2Não sabe/Não respondeu 3 3,2 - - 3 6,1Total 94 100,0 45 100,0 49 100,0
Os profissionais de nível superior conseguem agendar, quando necessário, consultas
especializadas, internação ou exame na maioria das vezes (64,8%). Todavia, 31,9%
somente conseguem fazê-lo algumas vezes.
GOIÂNIA – IMPLEMENTAÇÃO PSF 72
Tabela 36 - Possibilidade de agendamento de atendimento especializado por função segundo profissionais de nível superior, Goiânia (GO), 2001
Agendamento Total Médico Enfermeiro N % N % N %Sempre 7 7,4 4 8,9 3 6,1Na maioria das vezes 54 57,4 24 53,3 30 61,2Algumas vezes 30 31,9 16 35,6 14 28,6Não sabe/Não respondeu 3 3,2 1 2,2 2 4,1Total 94 100,0 45 100,0 49 100,0
Para a maioria dos profissionais de nível superior de Goiânia, o tempo mínimo de espera
do paciente referenciado para as ações especializadas fica em torno de mais de 15 dias
(35,1%), já o tempo máximo (34,0%) fica em mais de 120 dias. Para a maioria dos
profissionais (82,9%) o tempo mínimo de espera é mais de 15 dias. No caso dos exames o
tempo mínimo é de 1 a 2 dias (41,5%) e o máximo de 16 a 30 dias (51,1%). Parte
considerável dos profissionais não soube informar os tempos máximo e mínimo de espera
para internações. Todavia 56,4% informam que para as internações o paciente espera pelo
menos 1 a 2 dias e no máximo 15 dias (40,4%).
Tabela 37 - Tempo mínimo e máximo de espera para consultas especializadas segundo profissionais de nível superior das ESF, Goiânia (GO), 2001
Tempo de espera mínimo
N % % acum.
Tempo de espera máximo
N % % acum.
1 a 2 dias 10 10,6 10,6 1 a 15 dias 2 2,1 2,13 a 4 dias* 2 2,1 12,7 16 a 30 dias 12 12,8 14,97 a 10 dias 14 14,9 27,6 31 a 60 dias 8 8,5 23,411 a 15 dias 19 20,2 47,8 61 a 90 dias 7 7,4 30,8mais de 15 dias 33 35,1 82,9 90 a 120 dias 7 7,4 38,2 Mais de 120 dias 32 34,1 72,3Não sabe/Não resp. 16 17,1 100,0 Não sabe/Não resp. 26 27,7 100,0Total 94 100,0 Total 94 100,0*Não houve registro para 5 e 6 dias Tabela 38 - Tempo mínimo e máximo de espera para exames segundo profissionais de
nível superior das ESF, Goiânia (GO), 2001 Tempo de espera
mínimo N % %
acum. Tempo de espera
máximo N % %
acum. 1 a 2 dias 39 41,5 41,5 1 a 15 dias 25 26,6 26,63 a 4 dias 11 11,7 53,2 16 a 30 dias 48 51,1 77,75 a 6 dias 10 10,6 63,8 31 a 60 dias 3 3,2 80,97 a 10 dias 15 16,0 79,8 61 a 90 dias 2 2,1 83,011 a 15 dias 8 8,5 88,3 Não sabe/Não resp. 16 17,0 100,0Não sabe/Não resp. 11 11,7 100,0 Total 94 100,0 Total 94 100,0
GOIÂNIA – IMPLEMENTAÇÃO PSF 73
Tabela 39 - Tempo mínimo e máximo de espera para internações segundo profissionais de nível superior das ESF, Goiânia (GO), 2001
Tempo de espera mínimo
N % % acum.
Tempo de espera máximo
N % % acum.
Menos de 1 dia 16 17,0 17,0 menos de 1 dia 11 11,7 11,71 a 2 dias 53 56,4 73,4 1 a 15 dias 38 40,4 52,13 a 15 dias - - - 16 a 30 dias 4 4,3 56,4Mais de 15 dias 1 1,1 74,5 90 a 120 dias 2 2,1 58,5 mais de 120 dias 2 2,1 60,6Não sabe/Não resp. 24 25,5 100,0 Não sabe/Não resp. 37 39,4 100,0Total 94 100,0 Total 94 100,0
A maioria dos profissionais de nível superior (35,1%) considera que os Centros de Saúde
com serviço de urgência são os mais acessíveis à população durante finais de semana e
feriados. Para 20,5% destes profissionais a população dispõe nos fins de semana e feriados
principalmente de pronto-socorros e de hospitais de emergência na opinião de 17,2% dos
profissionais de nível superior.
Tabela 40 - Serviços de saúde que a comunidade dispõe nos fins de semana e feriados, segundo profissionais de nível superior das ESF, Goiânia (GO), 2001 Serviços de saúde N %
Centro de Saúde com atendimento noturno 17 11,3Centro de Saúde com serviço de urgência 53 35,1Pronto-Socorro 31 20,5Emergência Hospitalar 26 17,2Outro 20 13,2Não sabe/Não respondeu 4 2,6Total 151 100,0
Quanto a acessibilidade da USF, 74,5% dos ACS e auxiliares de enfermagem consideram
as unidades acessíveis à população. Na percepção de 22,2% destes profissionais as USF
não são acessíveis no município de Goiânia.
Tabela 41 - Percepção dos ACS e auxiliares de enfermagem quanto à acessibilidade da USF, Goiânia (GO), 2001
Acessibilidade N % Sim 225 74,5Não 67 22,2Não sabe/Não respondeu 10 3,3Total 302 100,0
GOIÂNIA – IMPLEMENTAÇÃO PSF 74
7. GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS DO PSF
Mecanismos de seleção A estratégia da SMS de Goiânia, na gestão 1997-2000 foi implantar o PACS e expandir
para o PSF escolhendo gradualmente as áreas de cobertura. Entre novembro de 97 e junho
de 98 realizaram-se os dois processos seletivos para o PACS, na região Noroeste. Em
agosto de 98 houve outra seleção para a região Leste.
Ainda entre novembro e dezembro de 99 foi realizado processo seletivo de Agentes
Comunitários de Saúde para as regiões Sudoeste e Sul, e em janeiro de 2000 implantado o
PSF. Em setembro de 2000 foram selecionados mais ACS para região Norte e implantada
uma ESF, e outra em Andreia Cristina, área da região Sudoeste.
Tabela 42 - Processos seletivos realizados para ACS e PSF, por região, em Goiânia (GO), 1997 a 2000
Região 1997 1998 1999 2000Noroeste 252 145 Leste 163 Norte 107 172Sul 102 Sudoeste 105Oeste/Mendanha 123 Total 252 308 332 279Fonte: SMS, Relatório Geral 1997 – 2000.
O processo de seleção dos profissionais em Goiânia é realizado pela coordenação do PSF
da Secretaria Municipal de Saúde. A seleção dos profissionais de nível superior, médicos e
enfermeiros, consiste em análise curricular e entrevista. A seleção dos ACS está
normatizada pela Secretaria Estadual de Saúde, e se inicia por emissão de edital, divulgado
no Conselho Municipal de Saúde, em associações de moradores e escolas. A seleção tem
“caráter de concurso público”, com a característica de ser específica para uma determinada
área, segundo integrante da coordenação do PSF.
Para concorrer ao cargo de ACS é necessário comprovação de primeiro grau completo,
moradia na área, disponibilidade de 8 horas diárias e ser maior de idade. Os candidatos são
submetidos a prova escrita, entrevista e treinamento. A inscrição é gratuita, feita pela SMS,
através da coordenação municipal do programa.
Houve ao todo 4.006 inscrições e 3.464 pessoas realizaram prova, entre os anos de 1998 e
2000. As entrevistas cobriram o número de selecionados (1062), e enfatizou observar os
conhecimentos do candidato sobre o PSF, a disponibilidade de carga horária, iniciativa e
postura face a proposta de trabalho do PSF. A SMS examinou os currículos de médicos,
GOIÂNIA – IMPLEMENTAÇÃO PSF 75
enfermeiros e auxiliares de enfermagem. Os auxiliares de enfermagem existentes e
contratados realizaram concurso da SMS em 1998.
O treinamento introdutório é para todos os selecionados. Promovido pela coordenação do
programa tem como objetivos: promover ações de integração do grupo; capacitar médicos,
enfermeiros e auxiliares e ACS para desenvolver ações de promoção e prevenção a saúde;
elaborar diagnóstico de saúde para planejamento das ações a serem desenvolvidas na área
de atuação; cadastrar as famílias através de visitas domiciliares (específico para o ACS),
registrar informações da equipe no SIAB, direcionar as ações de atenção básica segundo
preconizado pelo MS.
A atual gestão estabeleceu novos critérios para a seleção dos profissionais de nível superior
que exigem experiência anterior no PSF, a especialização em saúde pública ou saúde da
família, considerando-se que este último curso já existe em alguns pólos de capacitação do
Brasil. No entanto, há carência de profissionais com especialização em saúde da família
para seleção e contratação para o PSF.
A Secretaria Municipal de Saúde está realizando levantamento de necessidades de pessoal
para realização de concurso para todos os profissionais. Este mecanismo de seleção é
considerado o mais adequado, visando a criação de vínculo do profissional com a SMS,
fator importante para a motivação dos profissionais.
Na fase de transição do modelo de atenção para a Saúde da Família há possibilidades de
desativar serviços e há dificuldades em atrair profissionais com experiência e perfil para
reorganizar o modelo de assistência e realizar as transformações contando com os
profissionais efetivos da secretaria. Em setembro de 2001 vários profissionais da rede
enviaram currículos, desejando integrar-se ao PSF.
Modalidades de contratação As ESF foram formadas por profissionais contratados especificamente para tal, apenas uma
parcela de 10% dos médicos e enfermeiros eram da própria rede. A contratação dos
médicos, enfermeiros, auxiliares de enfermagem e ACS é feita por mediação da Fundação
de Apoio à Pesquisa da Universidade Federal de Goiás (FUNAP). A maioria dos
profissionais não é concursada. Embora considerem a contratação por concurso público a
forma ideal, apontam dificuldades dessa modalidade em selecionar profissional com perfil
adequado. A contratação sem concurso público é considerada mais conveniente na atual
GOIÂNIA – IMPLEMENTAÇÃO PSF 76
conjuntura, possibilitando mais agilidade no processo e facilitando a mobilidade dos
profissionais.
O vínculo não exige a dedicação exclusiva dos profissionais, sendo que médicos realizam
outras atividades como plantões e consultas particulares em consultórios. Enfermeiros e
auxiliares de enfermagem também realizam plantões. A coordenação não conhece outra
atividade entre os ACS.
A CSF considera, de modo geral, que os profissionais, especialmente os médicos, não
cumprem a carga horária de trabalho contratada, com raras exceções de profissionais
considerados muito dedicados. Alguns profissionais foram dispensados por não cumprirem
a carga horária ou ainda por não se adequarem ao perfil desejado.
Estratégias de atração de profissionais para o PSF Utilizou-se como estratégia para atrair os profissionais a oferta salarial diferenciada para
médicos e enfermeiros, divulgada através de edital. Segundo os gestores, a divulgação foi
discreta nas Unidades de Saúde, convidando os profissionais a aderirem ao PSF, com
incentivos financeiros. A adesão ao PSF é opcional para os profissionais da rede, que são
consultados sobre o desejo de integrar as equipes e as possibilidades de se adequarem ao
programa. A adesão significa uma complementação salarial. Os profissionais efetivos da
SMS que estão hoje no PSF são majoritariamente concursados e no momento este grupo
não atinge o percentual de 10% do total de profissionais do PSF.
Os médicos são contratados sob mais de uma modalidade. Existem profissionais
contratados CLT, sem concurso, que recebem salário de R$1.200,00 registrados em
carteira de trabalho, complementados por uma bolsa de pesquisa da FUNAP, no valor de R$
2.144,00. Sobre o valor da bolsa, por sua natureza de apoio à atividade de pesquisa, não
incidem descontos de INSS ou imposto de renda, mas não são pagos férias nem 13o salário.
Para os médicos do quadro efetivo da SMS além do salário referente ao contrato de 20
horas semanais há um complemento pela FUNAP de R$ 400,00 e mais a bolsa de pesquisa
fornecida.
Os profissionais de enfermagem efetivos e concursados pela secretaria recebem salário e
complementação FUNAP de R$790,00, que não tem caráter de bolsa. A FUNAP ainda
contrata os enfermeiros não efetivos em regime de CLT, com o salário registrado em
carteira de trabalho. Neste caso, não há bolsa de complementação.
GOIÂNIA – IMPLEMENTAÇÃO PSF 77
Os profissionais do PSF também recebem subsídios para alimentação que pode ser
fornecida no local de trabalho ou subsidiada pela Secretaria. Esta ainda oferece transporte
em carros oficiais para as unidades.
No momento atual, a coordenação não realiza nenhuma estratégia para atrair pessoal.
Pontualmente, alguns profissionais da rede que têm perfil para trabalhar com PSF são
remanejados. A coordenação afirma que a cidade atrai profissionais vindos do interior que
entregam currículos. A dificuldade está em que esta oferta de profissionais apresente o
perfil adequado.
Tabela 43 - Salário médio de médicos e enfermeiras, vínculo com a Prefeitura e com o PSF, Goiânia (GO), 2001
Profissional Vínculo Carga Horária Salário médio Salário Total Modalidade Médico Prefeitura 20 horas
40 horas 850,00
1.200,00850,00
1.200,00 Concursado, CLT
PSF 40 horas 1.200,00 (CLT) +2.144,00 (FUNAP)
3.348,00
Selecionado, CLT e complementação
Enfermeira Prefeitura 30 horas + 750,00 750,00 Concursado PSF 40 horas 750,00 + 790,00
(FUNAP)
1.500,00 Selecionado, CLT e complementação
Rotatividade e estratégias para fixação dos profissionais
O tempo médio de permanência do profissional no PSF é de mais de um ano. Entre os
médicos há pedidos de afastamento seja para os recém formados que vão se especializar,
cursar residência, seja para os médicos mais velhos que não se adequam ao perfil do PSF.
A inadequação desses profissionais também se apresenta nos conflitos interpessoais. Os
médicos não estão preparados para trabalhar em equipe, tendo atitude geralmente
centralizadora, não compartilhando ações dentro da unidade.
Os ACS também apresentam alguma rotatividade, por motivo de mudança de endereço. A
rotatividade é menor entre os enfermeiros e auxiliares de enfermagem.
Como estratégias para estabilizar as ESF tem-se realizado seminários de integração das
equipes do PSF, cursos de capacitação, especialização, objetivando maior adequação do
profissional ao modelo, e assegurar ao profissional a estabilidade desta estratégia.
Recentemente foi realizada contratação de pessoal com experiência anterior em PSF,
atraindo-se profissionais de fora do Estado. A CSF aponta alguns vícios dos profissionais
da rede, vinculados a modelos tradicionais de atenção que os torna menos adequados às
atribuições do PSF.
GOIÂNIA – IMPLEMENTAÇÃO PSF 78
Para a reposição dos profissionais de nível superior afastados há um processo contínuo de
seleção e entrevistas realizado pela coordenação.
Instituição contratante As contratações dos profissionais das ESF são realizadas pela Fundação de Apoio à
Pesquisa da Universidade Federal de Goiás – FUNAP/UFG. A FUNAP não exerce outras
atividades alem de efetuar pagamentos aos profissionais. Atualmente, o Secretário busca
uma participação mais ativa da Fundação na seleção de pessoal e acompanhamento dos
contratos, realizado hoje pela própria secretaria.
Vantagens e desvantagens da contratação por terceiros As principais dificuldades apontadas na contratação de pessoal pela FUNAP referem-se: a
falta de vínculo profissional efetivo com a Secretaria ou Prefeitura, caracterizando trabalho
temporário, pois o contrato pode ser renovado ou não; disparidades salariais entre
profissionais de mesma categoria, principalmente em relação aos médicos, que exigem
mais de uma modalidade de pagamento. Os contratos não obedecem nenhuma
uniformidade quanto a salários e carga horária.
Considera-se como vantagem do contrato dos profissionais por esta instituição a maior
agilidade de contratação, demissão ou afastamento. Outra vantagem apontada é a
pontualidade no pagamento dos profissionais. A opção por convocar e contratar através da
Fundação foi, em parte, devida a falta de disponibilidade de carga horária exigida entre os
profissionais da rede. Em parte a questão econômica dos encargos sociais influenciou na
decisão uma vez que sobre a bolsa não incidem taxações.
Sobre o concurso público
O secretário considera que o concurso público seria a forma ideal de contratação, mas na
atual conjuntura ele limita a adequação dos profissionais ao perfil desejado para o PSF e
torna mais lenta a contratação. No caso de Goiânia há uma tendência na oferta de médicos
de dois tipos de profissionais: o recém-formado, sem especialização e o médico em final de
carreira, sem perfil adequado. Do ponto de vista do profissional, o gestor pensa que o
concurso reduz sua mobilidade dentro do território nacional.
A CSF também admite ser o concurso público o ideal, pois estabelece vínculo entre os
profissionais e a Secretaria e dá maior estabilidade ao emprego. A dificuldade está em se
ter profissional especializado em quantidade suficiente, além de que o perfil do PSF é algo
GOIÂNIA – IMPLEMENTAÇÃO PSF 79
novo, uma exigência da estratégia, que ainda não está consolidada e não é percebida nas
relações com os outros níveis da assistência.
8. CAPACITAÇÃO DAS ESF
Sistema de capacitação O Pólo Regional de Capacitação, segundo o Coordenador, foi formado em 2001 e ofereceu
vinte e duas vagas em especialização para nível superior em saúde da família em convênio
com a Universidade de Goiás. Dessas vagas, Goiânia ficou com sete ou oito: três ou quatro
para enfermeiros e quatro para médicos.
No estado de Goiás há residência médica e curso de especialização em saúde da família em
universidades públicas e privadas. Em Goiânia, o Hospital das Clínicas oferece
treinamento de especialização em saúde da família, sem participação do Pólo de
Capacitação. Segundo uma das coordenadoras há sete cursos de especialização no
momento em Goiânia, reconhecidos pelo Ministério da Saúde, como o curso lançado pela
UNAEF, entidade particular, para o qual já haveriam inscritos.
Outros cursos estão em estruturação. O Pólo, responsável pelo treinamento introdutório
para todo o estado, inclui agora Goiânia que por muito tempo havia ficado à margem. Os
treinamentos são promovidos conjuntamente por SMS, SES, Conselho Regional de
Medicina (CRM) e Associação Médica, sendo a grande maioria pelo Centro de Formação –
CENFOR do Departamento de Saúde da Comunidade (DESAC), da Superintendência de
Ações Básicas da SES/GO.
A estratégia de programação dos cursos é realizada pela DESAC. O material da capacitação
é quase todo fornecido pela Secretaria Estadual de Saúde. A metodologia é elaborada de
acordo com os programas, tendo por referência a estruturação básica dos treinamentos
indicada pelo Ministério da Saúde.
O treinamento é realizado na modalidade de aulas expositivas. A coordenação não tem
conhecimento de manuais ou similares para a capacitação.
Tipo de treinamento e programação da capacitação Na implantação inicial os profissionais não receberam um programa de treinamento
introdutório.
GOIÂNIA – IMPLEMENTAÇÃO PSF 80
Como a intenção para os próximos meses de 2001 é expandir o número de equipes para
cem e completá-las para implantação, é necessário fazer um novo processo de treinamento
introdutório, de acordo com as normas definidas pelo Ministério da Saúde. Com isto
pretende-se discutir mais a prática do PSF, ou seja, o trabalho em equipe para médicos,
enfermeiros e auxiliares de enfermagem.
Em agosto de 2001, os agentes comunitários de saúde recentemente selecionados, bem
como os antigos, estavam recebendo treinamento introdutório pela Secretaria. Os ACS
estariam também sendo capacitados para o cadastramento do Cartão SUS.
Para substituir o modelo de atenção vigente pela estratégia do PSF é necessário rever a
concepção de trabalho com ênfase na integralidade das ações, a intersetorialidade e a
mudança de postura profissional. Nesse sentido foi realizado trabalho conjunto com a
Secretaria Estadual de Saúde, organizando um cronograma de treinamento para os cerca de
trezentos profissionais médicos, enfermeiros e auxiliares de enfermagem. A agenda prevê
seis turmas de cinqüenta pessoas, em torno de seis semanas.
Segundo a Coordenação da Saúde da Família já houve alguns treinamentos relativos às
ações desenvolvidas pelo programa. Há algumas contradições sobre as modalidades de
treinamento e a abrangência entre os profissionais: os treinamentos em programas não
atingem igualmente médicos e enfermeiros; há discordância sobre a participação dos
auxiliares de enfermagem.
Cursos oferecidos na atual fase de reestruturação da capacitação:
Treinamento introdutório para ACS e demais profissionais de saúde.
Curso de clinica médica.
Educação em saúde para DST/AIDS.
Treinamento em Hipertensão Arterial e Diabetes.
Atualização em sala de vacina.
Atualização em tuberculose.
Oficina de Planejamento Estratégico.
Atenção Integral as Doenças Prevalecentes na Infância.
Curso de multiplicadores para Introdutório do PSF.
GOIÂNIA – IMPLEMENTAÇÃO PSF 81
Adequação da capacitação Para o Secretário há uma grande deficiência no âmbito da capacitação. Os treinamentos
eram insuficientes e pouco consistentes, pois não abrangiam os problemas de saúde e as
articulações entre ações coletivas e individuais. Nesta gestão a capacitação e
aperfeiçoamento dos profissionais estão sendo novamente planejados.
Os treinamentos reprogramados, conforme a CSF, visam adequar a capacitação em relação
aos programas: saúde da mulher, saúde da criança, AIDPI, tratamento de queimados,
assistência integral à adolescência e à infância, hipertensão e diabetes.
O treinamento introdutório, considerado insuficiente, está sendo realizado segundo um
cronograma que visa atingir o conjunto dos profissionais e após sua conclusão serão
iniciadas novas modalidades.
Os gestores consideram a qualidade dos profissionais que atuam nas ESF entre regular e
boa, sendo que há unanimidade quanto a avaliação do enfermeiro como boa, destacando-se
como a melhor do conjunto dos profissionais.
GOIÂNIA – IMPLEMENTAÇÃO PSF 82
9. FINANCIAMENTO DO PSF EM GOIÂNIA (GO)
A maior parte dos recursos que compõe a arrecadação municipal de Goiânia é procedente
das transferências intergovernamentais, característica que modela, em grande parte, o
formato federativo brasileiro.
Tabela 44 - Receitas Municipais por tipo de receita, Goiânia, 2000 e 2001 (valores em reais)
2000 2001 (*) Receitas valor % valor %
Diretamente Arrecadada 191.530.906,82 29,05 201.949.000,00 30,29Transferências 446.298.095,62 67,68 411.803.614,13 61,77Receitas de capital 21.562.779,88 3,27 52.900.000,00 7,94Total 659.391.782,32 100,00 666.652.614,13 100,00Fonte: Ministério da Saúde / SIOPS, 2000. (*) Refere-se ao valor orçado Dentre as transferências para o município destaca-se o peso decisivo da União, que
responde por cerca de 35% da receita total arrecadada pelo município em 2000, percentual
semelhante ao do ano subseqüente.
Tabela 45 - Receitas do Município de Goiânia, segundo fonte de arrecadação. 2000 e
2001 (valores em reais) Receitas 2000 2001* Valor % Valor %Município** 213.09..686,70 32,32 254.849.000,00 38,23União 228.339.814,91 34,63 222.145.614,13 33,32Estado 192.112.819,39 29,13 162.624.000,00 24,39Outras receitas 25.845.461,32 3,92 27.054.000,00 4,06Total 659.391.782,32 100,00 666.672.614,13 100,00Fonte: Ministério da Saúde / SIOPS, 2000. (*) Refere-se ao valor orçado (**) Incluem as receitas de capital A receita arrecadada pela Secretaria Municipal de Saúde corresponde a pouco mais de 25%
da receita total do município, o que revela que o SUS tem funcionado como importante
fonte de recursos para o município.
GOIÂNIA – IMPLEMENTAÇÃO PSF 83
Tabela 46 - Receitas do Município de Goiânia (GO), segundo fonte de arrecadação. 2000 e 2001 (valores em reais)
Receitas 2000 2001* Valor % valor %Municipal** 493.449.997,39 74,83 496.524.614,13 74,48Arrecada pela SMS 165.941.784,93 25,17 170.148.000,00 25,52Total 659.391.782,32 100,00 666.672.614,13 100,00Fonte: Ministério da Saúde / SIOPS, 2000. (*) Refere-se ao valor orçado (**)Inclui toda a arrecadação municipal, excetuando-se a receita captada pela Secretaria Municipal de Saúde.
Se compararmos a receita SUS com as transferências de ordem constitucional, observamos
que ela ultrapassa os 60%, representando um montante superior a outras fontes de
transferência, como por exemplo o Fundo de Participação dos Municípios.
Tabela 47 - Transferências da União segundo fontes de arrecadação, Goiânia (GO), 1999 a 2001 (valores em reais)
Receitas 2000 2001* valor % valor % Constitucionais 78.826.421,56 34,52 69.170.614,13 31,14SUS 140.929.763,77 61,72 138.480.000,00 62,34Outras 8.583.629,58 3,76 14.495.000,00 6,52Total 228.339.814,91 100,00 222.145.614,13 100,00Fonte: Ministério da Saúde / SIOPS, 2000. (*) Refere-se ao valor orçado O peso do setor saúde na arrecadação municipal é inegável. As informações contidas no
SIOPS 2000, no entanto, não permitem especificar as fontes de arrecadação dentro do setor
saúde, revelando falhas no preenchimento do instrumento por parte da SMS. O único item
que permite especificação é o da arrecadação proveniente de SIA/AIH que respondeu ,em
2000, por 84.93% da arrecadação total do setor saúde no município.
Em relação aos gastos em saúde, observa-se uma diferença entre as despesas empenhadas e as realizadas,
revelando certa dificuldade de gastos à medida que os efetivamente realizados correspondem a cerca de 90%.
Tabela 48 - Gasto Total em Saúde, Goiânia (GO), 2000 - 2001 (valores em reais)
Gastos 2000 2001* SUS ** SMS Total SUS SMS Total Empenhados 127.080.744,79 24.900.910,14 151.981.654,93 141.925.000,00 27.918.000,00 169.843.000,00Realizados 113.726.836,81 22.299.689,11 136.026.525,92 - - - Diferença 89,49 89,55 89,50 - - - Fonte: Ministério da Saúde / SIOPS, 2000. (*) Refere-se ao valor orçado (**) Referem-se às transferências da União para o SUS municipal Tal como ocorreu em relação às receitas, as informações contidas no SIOPS 2000 não
permitem uma especificação mais apurada no que diz respeito aos elementos de despesa.
GOIÂNIA – IMPLEMENTAÇÃO PSF 84
De forma geral, pode-se dizer que, para o ano de 2000, os gastos com pessoal
corresponderam a pouco mais de 16% dos gastos em saúde, sendo este custeio proveniente
do tesouro municipal. A participação da esfera federal se dá no custeio dos investimentos e
outros, o que inclui o custeio de PAB e SIA/AIH. Observa-se que o único custeio da
Secretaria Municipal de Saúde é o com gastos de pessoal.
Tabela 49 - Gastos em Saúde realizados por tipo de despesa, Goiânia (GO), 2000 (valores em reais)
Despesas com saúde - 2000 Recursos Pessoal Outros Custeios Investimentos Total
Valor % Valor % Valor % Valor %Tesouro Municipal 22.299.689,11 16,39 - - - - 22.299.689,11 16,39Federal (SUS) - - 110.476.303,90 81,22 3.250.532,91 2,39 113.726.836,81 83,60Total 22.299.689,11100,00110.476.303,90100,00 3.250.532,91 100,00 136.026.525,92 100,00Fonte: Ministério da Saúde / SIOPS, 2000. Em 2001, esta relação se mantém, sendo que os gastos da União para o custeio de
investimentos tiveram um incremento percentual, enquanto os outros custeios sofreram
uma ligeira redução.
Tabela 50 - Gastos em Saúde realizados por tipo de despesa, Goiânia (GO), 2001 (valores em reais)
Despesas com saúde – 2001* Recursos Pessoal Outros Custeios Investimentos Total
Valor % Valor % Valor % Valor %Tesouro Municipal 27.918.000,00 16,44 _ _ _ _ 27.918.000,00 16,44Federal (SUS) 130.553.000,00 76,87 11.372.000,00 6,69 141.925.000,00 83,56Total 27.918.000,00100,00130.553.000,00100,00 11.372.000,00100,00 169.843.000,00 100,00Fonte: Ministério da Saúde / SIOPS, 2000. (*) Refere-se ao valor orçado Comparando Receitas e Despesas As despesas com saúde no município representaram 20,63% de sua receita total em 2000,
proporção que aumentou ligeiramente no ano seguinte (25,48%). Embora a contrapartida
municipal no financiamento dos gastos em saúde tenha tido um incremento em 2001,
quando comparada a 2000, pode-se dizer que ela vem permanecendo baixa, situando-se em
torno de 4.52% do orçamento municipal em 2000 e 5,62% em 2001, percentual que se
encontra ainda muito aquém do previsto na Emenda Constitucional 29/2000.
Tabela 51 – Participação percentual do Tesouro Municipal e do SUS nos Gastos com Atenção à Saúde sob Gestão Municipal, Goiânia (GO), 2000 a 2001
Relação gastos / receita 2000 2001*Gastos municipais com saúde no total da receita municipal 4,52 5,62Gastos de outras fontes com saúde (repasses do SUS e convênios federais) no total geral da 17,25 21,29
GOIÂNIA – IMPLEMENTAÇÃO PSF 85
receita Gastos totais com saúde em relação ao total geral da receita 20,63 25,48Fonte: Ministério da Saúde / SIOPS, 2000. (*) Refere-se ao valor orçado
10. PROPOSTAS DE EXPANSÃO E CONSOLIDAÇÃO DO PSF
Na opinião dos atuais gestores, no momento da implantação faltou clareza do que seria o
PSF. Todavia, hoje se trabalha com a idéia de que o PSF é uma estratégia de integração na
rede municipal, com remapeamento das áreas cadastramento no padrão Cartão SUS.
Há uma proposta de expansão para cem equipes ainda em 2001 em áreas já cobertas
atualmente pelo PSF. Estas áreas apresentam muitos problemas devido ao processo não
planejado de implantação das primeiras quarenta e cinco ESF, que trabalhavam como
volantes.
Unidades estão sendo construídas e profissionais estão sendo contratados para implantar o
novo modelo. Essa expansão é só do número de ESF nas áreas já cobertas, pois havia uma
sobrecarga das equipes atuantes quanto à população adscrita.
Em 2002, programa-se a expansão para áreas ainda não cobertas, pretendendo-se
completar 200 ESF. Entre os gestores entrevistados, não houve concordância quanto à
meta para a atual gestão. Segundo o secretário municipal, a meta seria alcançar cobertura
de cerca de cinqüenta por cento da população, até o final do governo, em 2004; já para
coordenadores do PSF a pretensão seria implantar um total de 300 ESF, o que significaria
uma cobertura de quase 100% da população.
Os projetos de expansão estão inseridos no orçamento participativo do município de
Goiânia. A CSF está participando da elaboração de modelo para construção de novos
centros com uma arquitetura voltada para o PSF.
Os principais problemas do PSF segundo os atuais gestores são o perfil das ESF e o
modelo de implantação, que não estimulou a integração com a rede. Nesse sentido, estão
sendo promovidas novas estratégias de envolvimento da população, de esclarecimentos
para a imprensa e para os profissionais sobre as atribuições do PSF.
A primeira medida é integrar a rede básica, tendo o PSF como estratégia principal de
reestruturação da atenção básica no município. Esse planejamento segundo a CSF deve ser
conjunto, envolver toda a Secretaria, a rede e os distritos sanitários, ainda em formação, os
quais se incumbiriam da expansão em cada área. Os distritos ainda estão carentes de uma
equipe mínima: diretor geral, diretor administrativo, diretor técnico e pessoal de apoio. É
GOIÂNIA – IMPLEMENTAÇÃO PSF 86
necessário maior suporte técnico em planejamento, gerência e supervisão para os
coordenadores dos distritos. Para isso já tiveram um assessoria externa, que segundo a CSF
ajudou nessa reestruturação, mas a carência seria ainda grande.
11. AVALIAÇÃO DO PSF QUANTO ÀS CONDIÇÕES NECESSÁRIAS PARA IMPLANTAÇÃO, DIFICULDADES ATUAIS, VANTAGENS E INOVAÇÕES
Além da concepção inicial que obstaculiza a integração do PSF à rede, duas outras
dificuldades principais são apontadas pelos gestores: a necessidade de construção de novas
UBS para ampliar a cobertura e a baixa adesão dos profissionais de saúde ao PSF.
A rede de unidades básicas de saúde atual não permite uma expansão brusca do PSF.
Mesmo que todas as unidades sejam convertidas, a rede física não comportaria as equipes
necessárias para a expansão de cobertura pretendida. É necessário construir novas
unidades.
Outro grande problema é a falta de pessoal com perfil adequado ao novo modelo de
atenção e a pouca adesão dos profissionais das equipes, o que exige planejar e realizar a
capacitação das mesmas. Há insuficiência de profissionais, basicamente de profissionais
médicos.
Para implantar o PSF os recursos humanos têm de mudar a concepção do modelo
assistencial: passar de uma idéia de pronto-atendimento para uma concepção de atenção
integral. Para isso é necessário investir em capacitação uma vez que a formação
universitária em geral não corresponde a esta outra concepção.
Outros problemas são a falta de condições de financiamento e de capacidade de
contratação de pessoal, por conta de amarras legais, como a Lei de Responsabilidade
Fiscal.
Na opinião dos gestores seria necessária a revisão dos incentivos financeiros do MS. Estes
cobrem apenas parte dos custos das equipes com pagamento de pessoal, mas o custo de
uma equipe é muito mais alto em função dos encargos sociais. Os gestores consideram que
esse incentivo deveria ser maior e que a escala de incentivos não está adequada para
grandes cidades com grande concentração de população. Na capital, o número de ESF e
consequentemente de profissionais para cobrir uma mesma porcentagem de população, é
GOIÂNIA – IMPLEMENTAÇÃO PSF 87
muito maior do que em pequenas cidades, fazendo com que seja mais difícil para gestores
de grandes centros urbanos receberem os incentivos de valores mais elevados.
Avaliação dos gestores O aspecto mais positivo do PSF, na opinião dos gestores municipais, é a possibilidade de
vinculação da população às equipes, da responsabilização pela saúde das famílias. Nas
áreas em que esses vínculos foram estabelecidos pode-se observar experiências muito
positivas de relacionamento afetivo com a população e de envolvimento com a
comunidade. Este estreitamento de vínculos permitiu melhor acompanhamento de casos
clínicos, de gestações, do desenvolvimento e crescimento das crianças e da cobertura
vacinal.
O programa possibilita inclusão social por meio da ampliação da participação da
comunidade que opina e se reúne nos Conselhos. Segundo os gestores entrevistados, a
comunidade quer a permanência do PSF, mesmo em locais onde os profissionais estiveram
mais isolados. A comunidade vem participando na formação desse projeto de atenção
básica.
Por conta dos problemas relatados na implantação do PSF, as opiniões dos gestores
entrevistados em Goiânia são bastante variadas quanto aos impactos do programa,
conforme observa-se no quadro abaixo.
Quadro 12 – Opinião dos Gestores SUS quanto ao impacto do PSF, Goiânia (GO), agosto 2001
Impacto sobre Sem Baixo Médio Alto Não SabeAmpliação do acesso da população à atenção à saúde 1 1 1 1 1 Melhoria da Qualidade da atenção prestada 3 1 1 Redução da pressão da demanda sobre os serviços de urgência/emergência 1 3 1
Mudança no perfil epidem. decorrência da redução de doenças evitáveis 1 1 1 1 1
Redução da mortalidade infantil 1 2 1 Aumento da cobertura vacinal 2 2 1 Redução da mortalidade materna 2 1 2 Aumento no número de consultas médicas por habitante 1 1 1 2 Aumento no número de consultas de enfermagem 3 1 1 Aumento no número de atendimentos por pessoal de nível médio 1 1 2 1
Aumento da cobertura de pré-natal 1 2 1 1 Aumento no número de paciente referenciados e efetivamente atendidos 1 3 1
Maior satisfação dos usuários com o sistema público de saúde 2 2 1 Maior resolutividade do sistema público de saúde 3 2
GOIÂNIA – IMPLEMENTAÇÃO PSF 88
Segundo a avaliação dos gestores, a implantação do PSF em Goiânia teve baixo impacto na
qualidade da atenção prestada, na redução da demanda por serviços de
urgência/emergência e no aumento do número de pacientes referenciados e efetivamente
atendidos. O PSF pouco teria modificado o perfil epidemiológico em decorrência da
redução de doenças evitáveis. Na percepção dos gestores, o impacto sobre a redução da
mortalidade materna teria sido baixo, apesar de relatarem aumento da cobertura pré-natal.
Como pontos positivos são apontados a redução da mortalidade infantil e aumento da
cobertura vacinal. Não há concordância entre os gestores quanto ao aumento de consultas
médicas por habitante, embora considerem que o número de consultas de enfermagem e de
pessoal de nível médio tem ampliado.
Embora na opinião dos gestores entrevistados ainda não seja possível avaliar o impacto do
PSF nas condições de saúde da população e na garantia de acesso ao cuidado integral,
concordam com a afirmação quanto ao potencial do PSF como estratégia capaz de
transformar o modelo assistencial para melhor atender às necessidades de saúde da
população. Concordam também que o programa é uma atividade de promoção de saúde
que precisa ser completada por outros programas e atividades.
Avaliação dos profissionais das ESF Aos 555 profissionais das ESF de Goiânia foi solicitado que comentassem livremente um
fato positivo e um fato negativo de sua experiência no PSF. Os aspectos apresentados
ultrapassaram a expectativa da investigação e demandaram a agregação temática de
maneira a preservar a coerência e guardar correspondência com os tópicos propostos no
plano de análise. Deste conjunto de profissionais, 83 (14,95%) não responderam.
Todos os profissionais das ESF de Goiânia apontam, com mais freqüência, como
experiências positivas no PSF o trabalho junto à comunidade (que engloba trabalhar com
população cadastrada, ajudar, informar, educar, e apoiar mudanças das condições de saúde
e de vida por meio de promoção de eventos coletivos) e o vínculo do profissional com a
comunidade em conjunto com a reciprocidade da participação da população (que envolve
trabalhar com população cadastrada, conhecer os problemas locais, aprender com a
população, manutenção de vínculos, e também o reconhecimento de parte da população do
trabalho realizado, receptividade e aceitação das orientações das ESF.
GOIÂNIA – IMPLEMENTAÇÃO PSF 89
A ampliação do acesso aos serviços e resolutividade da população atendida é outra
classificação de experiências positivas no PSF assinalado em terceiro ou quarto lugar por
profissionais da ESF.
Entre os profissionais de nível médio e elementar é considerado como experiência positiva
a possibilidade de trabalhar com grupos de terceira idade, gestantes, hipertensos,
diabéticos, crescimento e desenvolvimento de crianças e aleitamento materno assim como
a possibilidade de formar grupos para acompanhamento de pacientes.
Para os profissionais de nível superior, em quarto lugar, constitui experiência positiva a
oportunidade de trabalhar em equipe (que agrupa bom entrosamento da equipe,
aprendizado entre colegas a partir dos processos de trabalho e leituras em conjunto,
valorização pessoal e crescimento profissional), considerado como a sexta experiência
mais positiva pelos profissionais de nível médio.
A observação do impacto do PSF sobre alguns problemas de saúde, entre os quais são
citados: redução de desnutrição, da mortalidade infantil e materna, da desidratação, da
diarréia, dos abortos e da gestação precoce, ocupam, na classificação de experiências
positivas de todos os profissionais de nível médio, a quinta posição.
Quadro 13 – Classificação das experiências positivas no PSF segundo profissionais das ESF, Goiânia (GO), 2001
Experiências positivas Posição na percepção dos profissionais de
nível superior
Posição na percepção dos profissionais de
nível médio Trabalhar junto à comunidade 1º 1º Vínculo do profissional com a comunidade, reciprocidade da participação da população
2º 2º
Trabalho em equipe 4º 6º Ampliação do acesso e resolutividade 3º 4º Impacto sobre alguns problemas de saúde 5º 5º Controlar os grupos de risco mais comuns, formar grupos para acompanhar pacientes
- 3º
Entre as experiências negativas há menor correspondência entre as percepções dos
profissionais de diferentes níveis de formação. Os profissionais de nível superior
identificam, principalmente, a falta ou inadequação de recursos materiais, equipamentos e
recursos humanos na equipe. Para os profissionais de nível médio a experiência negativa
mais citada foi a precariedade das relações de trabalho, que inclui valor do salário,
instabilidade do emprego e desvio de função, categoria que ocupa a quinta posição na
classificação dos profissionais de nível superior sobre experiências negativas no PSF.
GOIÂNIA – IMPLEMENTAÇÃO PSF 90
Falta de insumos (medicamentos, material de curativo, papel) e falta de condições físicas
(espaço inadequado para atividades e funcionamento partilhado de salas e consultórios
foram apontados pelos profissionais de nível médio e elementar, em segundo e terceiro
lugares na classificação de experiências negativas, e também entre profissionais de nível
superior embora a ordem de classificação seja inversa.
Os profissionais de nível superior referem em quarto lugar a falta de treinamento da
equipe, e em sexto e sétimo lugar problemas referentes à oferta e demanda de serviços,
respectivamente, a resolutividade dos pacientes atendidos e excesso de demanda.
Os profissionais de nível médio consideram como experiência negativa a pequena
valorização do trabalho pela comunidade e demais serviços de saúde e às condições de
trabalho insalubres, que se referem especialmente ao fato do trabalho se realizar com
exposição ao sol, chuva, poluição ambiental e à ausência de uniforme, que os proteja do
contato com doentes.
Quadro 14 – Classificação das experiências negativas no PSF segundo profissionais das ESF, Goiânia (GO), 2001
Experiência negativa Posição na percepção dos
profissionais de nível superior
Posição na percepção dos
profissionais de nível médio
Falta de recursos materiais, humanos e equipamentos 1º - Falta de condições físicas 2º 3º Falta de insumos 3º 2º Falta de treinamento da equipe 4º - Precariedade das relações de trabalho 5º 1º Falta de resolutividade 6º - Excesso de demanda 7º - Não valorização do trabalho pela comunidade e demais serviços de saúde
- 4º
Insalubridade - 5º
Avaliação dos agentes comunitários de saúde e auxiliares de enfermagem
As percepções dos agentes comunitários de saúde e auxiliares de enfermagem das ESF
entrevistados sobre o PSF são concordantes e bastante positivas.
Para 67,3% dos agentes comunitários de saúde o PSF vem substituindo a rede básica no
atendimento da população, embora 82,8% concordem também que o PSF concentra-se em
áreas pobres ou periféricas. A primeira assertiva é confirmada pelo alto grau de
concordância, 71,8% e 76,3% respectivamente, com as afirmativas de que a partir da
GOIÂNIA – IMPLEMENTAÇÃO PSF 91
implantação do PSF a população atendida procura menos os serviços hospitalares e
especializados e procura primeiro a USF.
Quanto ao atendimento prestado, apenas 27,4% dos ACS identificam algum tipo de
resistência por parte da população em relação às ações das ESF. A maioria dos agentes
concorda que o PSF atende por agendamento prévio e atua nos programas de saúde
coletiva, 78,4% e 87,4% respectivamente, embora 60% concordem também que o PSF
cumpre na prática funções de pronto-atendimento5.
Para 71,5% dos ACS o PSF ampliou o acesso de novas populações aos serviços de saúde
em Goiânia e 66% acreditam que o programa atraiu populações vizinhas, o que
sobrecarrega o atendimento prestado pelas equipes.
Quanto ao acesso aos outros níveis de atenção, a maioria dos agentes concorda que o PSF
garante tanto o atendimento em outros serviços especializados quanto internações
hospitalares quando necessários. Apenas 28,6% consideram o tempo médio entre o
agendamento e o atendimento elevado. Um dos principais problemas identificados é
quanto à assistência farmacêutica, 60% dos agentes consideram que o programa não
fornece medicamentos da Farmácia Básica suficientemente.
Para 70,2% dos ACS, o PSF tem favorecido ações intersetoriais no município com o
objetivo de enfrentar os problemas identificados em sua área de atuação.
5 Essa avaliação por parte dos ACS e dos auxiliares de enfermagem pode significar que o PSF cumpre as duas funções. Poderia contudo ser considerada contraditória e sinalizar problema de compreensão da afirmativa. As funções de pronto-atendimento são conhecidas como “demanda espontânea”.
GOIÂNIA – IMPLEMENTAÇÃO PSF 92
Quadro 15 - Percepção dos agentes comunitários de saúde sobre o PSF em percentuais, Goiânia (GO), 2001
Percepção sobre PSF Concorda Concorda Pouco/Não Concorda
Não Sabe/Não Respondeu
O PSF vem substituindo a rede básica no atendimento da população
67,3 28,1 4,5
O PSF concentra-se em áreas pobres ou periféricas no município 82,8 10,5 1,6Com o PSF, a população atendida procura menos os serviços hospitalares especializados
71,8 26,1 2,0
Com o PSF, a população procura primeiro a USF 76,3 18,4 5,3A população procura primeiro a rede convencional ou hospitalar 21,6 72,3 6,1A população alvo resiste às ações das ESF 27,4 62,5 10,2O PSF atende por agendamento prévio 78,4 16,4 5,3O PSF cumpre na prática as funções de pronto atendimento 60,0 35,5 4,5O PSF atua nos programas de saúde coletiva 87,4 8,5 4,1O PSF ampliou o acesso de novas parcelas da população aos serviços de saúde no município
71,5 21,6 6,9
O PSF atrai as populações vizinhas que sobrecarregam o atendimento
66,1 30,2 3,7
O PSF tem favorecido a ação intersetorial no município para o enfrentamento de problemas identificados em sua área de atuação
70,2 20,0 9,8
O PSF não tem nenhuma importância na atenção a saúde do município
2,4 93,1 4,5
O PSF não garante o atendimento em outros serviços quando necessários
21,6 72,3 6,1
O PSF não garante a internação, quando necessária 23,3 71,8 4,9O PSF não fornece medicamentos da Farmácia Básica suficientemente
60,0 34,3 5,7
O tempo médio entre o agendamento e o atendimento é elevado 28,6 65,3 6,1 A avaliação dos auxiliares de enfermagem aproxima-se na maioria dos pontos à apreciação
dos ACS. Para 73,7% dos auxiliares de enfermagem o PSF vem substituindo a rede básica
no atendimento da população, embora 75,5% concordem também que o PSF concentre-se
em áreas pobres ou periféricas. A primeira assertiva é confirmada pelo alto grau de
concordância, 73,7% e 70,1% respectivamente, com as afirmativas de que a partir da
implantação do PSF a população atendida procura menos os serviços hospitalares
especializados e procura primeiro a USF.
Quanto ao atendimento prestado, apenas 26,4% dos auxiliares de enfermagem identificam
algum tipo de resistência por parte da população em relação às ações das ESF. A grande
maioria dos auxiliares concorda que o PSF atende por agendamento prévio e atua nos
programas de saúde coletiva, 80,7% e 93% respectivamente, embora 66,7% concorde
também que o PSF cumpre na prática as funções de pronto-atendimento.
GOIÂNIA – IMPLEMENTAÇÃO PSF 93
Para 71,5% destes profissionais o PSF ampliou o acesso de novas populações aos serviços
de saúde em Goiânia e 75,4% acreditam que o programa atraiu populações vizinhas, o que
sobrecarrega o atendimento prestado pelas equipes.
Quanto ao acesso aos outros níveis de atenção, a maioria dos auxiliares concorda que o
PSF garante tanto o atendimento em outros serviços especializados quanto internações
hospitalares quando necessários. Apenas 15,8% consideram o tempo médio entre o
agendamento e o atendimento elevado. Um dos principais problemas identificados é
quanto à assistência farmacêutica, 57,9% dos auxiliares consideram que o programa não
fornece medicamentos da Farmácia Básica suficientemente.
Para 82,5% dos auxiliares, o PSF tem favorecido ações intersetoriais no município com o
objetivo de enfrentar os problemas identificados em sua área de atuação.
Quadro 16 - Percepção dos auxiliares de enfermagem sobre o PSF em percentuais, Goiânia (GO), 2001
Percepção sobre PSF Concorda Concorda Pouco/Não Concorda
Não Sabe/Não Respondeu
O PSF vem substituindo a rede básica no atendimento da população
73,7 19,3 7,0
O PSF concentra-se em áreas pobres ou periféricas no município 75,5 21,0 3,5 Com o PSF, a população atendida procura menos os serviços hospitalares especializados
73,7 22,8 3,5
Com o PSF, a população procura primeiro a USF 70,1 17,6 12,3 A população procura primeiro a rede convencional ou hospitalar 14,0 77,1 8,8 A população alvo resiste às ações das ESF 26,4 59,6 14,0 O PSF atende por agendamento prévio 80,7 8,8 10,5 O PSF cumpre na prática as funções de pronto atendimento 66,7 28,0 5,3 O PSF atua nos programas de saúde coletiva 93,0 1,8 5,3 O PSF ampliou o acesso de novas parcelas da população aos serviços de saúde no município
73,7 19,3 7,0
O PSF atrai as populações vizinhas que sobrecarregam o atendimento
75,4 19,3 5,3
O PSF tem favorecido a ação intersetorial no município para o enfrentamento de problemas identificados em sua área de atuação
82,5 8,8 8,8
O PSF não tem nenhuma importância na atenção a saúde do município
1,8 94,7 3,5
O PSF não garante o atendimento em outros serviços quando necessários
19,3 75,4 5,3
O PSF não garante a internação, quando necessária 19,3 75,4 5,3 O PSF não fornece medicamentos da Farmácia Básica suficientemente
57,9 36,9 5,3
O tempo médio entre o agendamento e o atendimento é elevado 15,8 78,9 5,3
GOIÂNIA – IMPLEMENTAÇÃO PSF 94
Avaliação das famílias sobre o PSF
Os entrevistados consideraram, na maioria das vezes (61) que depois que da implantação
do PSF as condições de saúde do bairro melhoraram e 23 que permaneceram como
estavam. Doze pessoas não souberam responder. Um percentual de informantes um pouco
menor (55) considerou que depois do PSF as condições de saúde de sua família
melhoraram e 43 que continuaram como estavam. Mais da metade (61) dos entrevistados
de Goiânia consideraram que depois da criação do PSF as pessoas de sua residência
procuram hospitais e especialistas tanto quanto antes da implementação do PSF e 35
afirmaram que procuram menos. Dois declararam que a procura é maior e dois não
souberam responder. No que se refere a procura de serviços de urgência e emergência a
maioria (69) afirmou que a procura é igual a antes da implementação do PSF, 25
consideram que os residentes procuram menos, 2 que procuram mais e 4 não souberam
responder.
Perguntados sobre a qualidade de vida da família após a implantação do PSF catorze
entrevistados responderam que melhorou muito, 49 que melhorou pouco e 35 que não
melhorou.
Quanto ao atendimento em caso de doença, depois da criação do PSF, 41 entrevistados
responderam que melhorou pouco, 17 que melhorou muito, 34 que não melhorou, apenas
dois que o atendimento piorou e cinco não souberam responder.
Foi solicitado também que os entrevistados comparassem o atendimento recebido nas USF
com o que existia anteriormente em Postos ou Centros de Saúde. Sessenta e sete pessoas
afirmaram que antes do PSF existiam unidades de saúde na localidade mas apenas metade
destes (33) declarou que era atendido com freqüência nessas unidades de saúde. Do grupo
que pode realizar a comparação 17 pessoas (51,5% dos residentes que eram atendidos com
freqüência em unidades de saúde tradicionais) consideraram que o atendimento na USF é
melhor, 8 pessoas afirmaram que era igual e cinco que na USF é pior que o recebido
anteriormente em Centros e Postos de Saúde existentes.
Quando este grupo foi solicitado a analisar segundo tipo de atividade realizada os
resultados foram: quanto a participação das atividades nos bairros 15 pessoas (45,5%)
consideraram que a atuação da USF é melhor que a dos Centros ou Postos de Saúde
existentes anteriormente, 6 que era igual e apenas uma que a atuação da USF neste aspecto
é pior que as unidades tradicionais de saúde. No entanto, 11 pessoas (33,3%) deste grupo
GOIÂNIA – IMPLEMENTAÇÃO PSF 95
de entrevistados afirmou não saber avaliar. Quanto ao conhecimento dos problemas da
comunidade 15 pessoas consideraram que a atuação da USF é melhor, cinco afirmaram que
é igual e um entrevistado que a atuação da USF é pior que os Centros e Postos de Saúde
existentes. Doze pessoas declararam não saber avaliar.
Em relação ao conhecimento técnico para interferir nos problemas um grupo ainda maior
de pessoas (14 entrevistados ou 42,5%) não souberam avaliar. Dez pessoas afirmaram que
a USF é melhor neste aspecto que as unidades existentes anteriormente, seis afirmaram que
é igual e três que na USF é pior. Quanto a responsabilidade em relação aos moradores do
bairro 13 entrevistados afirmaram que a USF é melhor, 8 pessoas afirmaram que é igual, e
ninguém declarou que na USF é pior do que nas unidades tradicionais. Porém, doze
pessoas afirmaram que não sabiam avaliar.
Na comparação em relação à facilidade em obter consulta marcada mais da metade (24)
considerou que na USF é melhor, quatro consideraram que é igual e um entrevistado
declarou que era pior que nos Centros ou Postos de Saúde. Quatro pessoas (12%)
afirmaram não saber avaliar. Mas, quanto à facilidade de obter consulta sem agendar 15
entrevistados afirmaram que na USF é melhor, sete que é igual e cinco que é pior, elevando
os que não souberam avaliar para seis.
Mais da metade (21) afirmou que a USF tem melhores condições de oferecer bom
atendimento que as unidades tradicionais de saúde, cinco declararam que as condições são
iguais, três afirmaram que a USF tem piores condições de atendimentos e quatro não
souberam responder. Na obtenção de medicamentos apenas quatro afirmaram que na USF
é mais fácil de obter os remédios e a maioria (15) considerou que a facilidade era igual na
USF e nas unidades de saúde tradicionais. Seis entrevistados afirmaram que na USF era
pior neste aspecto e oito pessoas não souberam responder. Uma última pergunta referia-se
a facilidade de obtenção de outros serviços e benefícios como cesta de alimentos, programa
do leite, etc. mas 32 dos entrevistados declararam que não sabiam responder.
Mais da metade não souberam responder avaliar serviços e atividades de vacinação,
laboratório, acesso ao atendimento odontológico e o próprio atendimento odontológico
(estas últimas atividades não estão incluídas no PSF em Goiânia). Mais de 80% não
souberam avaliar atividades como pré-natal, inalação, programa de leite e curativos.
Aconteceram problemas de interpretação do “não se aplica” e muitas respostas foram
acrescentadas ao “não sabe” responder.
GOIÂNIA – IMPLEMENTAÇÃO PSF 96
A avaliação de entrevistados das famílias usuárias do PSF em Goiânia considerou como
muito bom ou bom o atendimento médico (75) mas o acesso ao atendimento médico é
considerado bom ou muito bom por 43 entrevistados. Atendimento de enfermagem (40) e
encaminhamentos a outros serviços (43) foram positivamente avaliados. Ruim ou péssimo
foram considerados o acesso ao atendimento médico (23) e encaminhamento para outros
serviços (9).
Quadro 17 - Avaliação das famílias quanto a qualidade de atividades e serviços prestados na USF (em números absolutos), Goiânia (GO), 2001
Serviços ou atividades muito bom ou bom
regular ruim ou péssimo
não se aplica não sabe
Recepção 37 27 14 - 22 Triagem 37 21 8 - 33 Acesso ao atendimento médico
43 19 23 - 15
Atendimento médico 75 6 3 - 16 Acesso ao atendimento odontológico
6 1 3 32 58
Atendimento odontológico
7 1 1 32 59
Atendimento de enfermagem
49 9 3 - 39
Acompanhamento de CD crianças
19 1 - 1 79
Curativos 12 2 1 - 85 Encaminhamento para outros serviços
43 5 9 1 42
Inalação 4 1 - 2 93 Laboratório 30 3 2 12 53 Teste do pezinho 6 - - 16 78 Planejamento familiar 10 4 - 1 85 Pré-natal 13 - - 5 82 Exame preventivo 29 3 3 5 60 Programa de leite 4 - 1 3 92 Vacinação 32 - - 13 55 Perguntados se, de modo geral, estavam satisfeitos ou não com o PSF as respostas foram:
66% estavam satisfeitos, 10% estavam mais ou menos satisfeitos e 18% não estavam
satisfeitos. Apenas seis não souberam responder. Mas, 64 entrevistados afirmaram que o
PSF deve realizar mudanças enquanto 34 pessoas afirmaram que deve permanecer
funcionando como está. No entanto, a maioria (54) considerou que a USF não deve ofertar
novas atividades e 40 pessoas afirmaram que deve oferecer novas atividades.
Os entrevistados foram solicitados a expressar-se livremente sobre aspectos positivos (“o
que o(a) senhor(a) mais gosta do PSF?”) e sobre aspectos negativos. Cerca de 30% dos
entrevistados manifestaram que não há nada de que não goste e as opiniões desfavoráveis
GOIÂNIA – IMPLEMENTAÇÃO PSF 97
concentraram-se nos aspectos relativos aos ACS (17), profissionais de nível superior (13
entrevistados) e acesso ao atendimento, marcação de consultas e encaminhamentos (12
entrevistados), a medicamentos e exames laboratoriais (4 entrevistados) e aos serviços de
saúde e de emergência (2 entrevistados). Seis entrevistados manifestaram opiniões
desfavoráveis relacionadas à falta de humanização no atendimento. Dezessete pessoas não
responderam.
Tabela 46 - Opiniões dos informantes desfavoráveis ao PSF, Goiânia (GO), 2001 Opiniões desfavoráveis ao PSF NNão tem nada que não gosta 29Relacionado com ACS 17Acesso ao atendimento, marcação de consultas e encaminhamentos 12Falta de humanização no atendimento 6Relacionado com profissionais de nível superior 13Condições físicas e de localização da unidade de saúde 4Acesso a medicamentos e exames laboratoriais 4Acesso aos serviços de saúde e de emergência 2Não respondeu 17
Dentre as opiniões favoráveis ao PSF observa-se que a maioria (cerca de 25% das
respostas) esteve relacionada aos ACS, aos profissionais de nível superior e ao acesso ao
atendimento, marcação de consulta e encaminhamento, exatamente os três temas
predominantes das opiniões desfavoráveis. A seguir, foram assinalados a humanização no
atendimento (2 entrevistados), programas e atividades realizadas que agrupa opiniões
referentes ao tratamento, acompanhamento e cuidado com doentes, gestantes, idosos,
adolescentes, etc. também mencionados por 2 pessoas. Catorze entrevistados não
responderam e quatro mencionaram que “não gostam de nada” e “não tem nada de que
goste mais”.
Tabela 47 - Opiniões dos informantes favoráveis ao PSF, Goiânia (GO), 2001 Opiniões favoráveis ao PSF NNão tem nada que gosta mais 2Não gosta de nada 2Visita domiciliar 16Orientação e prevenção 5Relacionado com ACS 26Acesso ao atendimento, marcação de consultas e encaminhamento 21Humanização no atendimento 22Relacionado com profissionais de nível superior 2Acesso a medicamentos e exames laboratoriais 1Programas e atividades realizadas 2Não respondeu 14
Consultados sobre mudanças que deveriam ser realizadas no PSF as 64 propostas foram
agrupadas e a maioria (32 pessoas) referem-se aos profissionais das ESF que envolvem:
aumento do número de profissionais, inclusão de especialistas na ESF (ginecologista,
GOIÂNIA – IMPLEMENTAÇÃO PSF 98
pediatra), mudanças nas atividades realizadas pelos ACS (“ação mais eficaz como aferir
pressão, fazer curativos e outros procedimentos simples”), humanizar o atendimento e
resolutividade (“deveriam resolver realmente o problema, curar as doenças das pessoas”).
A seguir, as propostas concentram-se nas visitas domiciliares (29,7%), acesso ao
atendimento, marcação de consultas e encaminhamentos (5 propostas) e condições físicas e
de localização da USF (5 propostas). Acesso aos medicamentos e exames laboratoriais (4
propostas) e aos serviços de emergência (1 proposta). Um entrevistado sugeriu: “devia
acabar com o PSF e melhorar os serviços do CAIS”.
Em relação às novas atividades que a USF deveria oferecer foram apresentadas 40
sugestões, cerca da metade delas referentes aos profissionais de nível superior como
inclusão de médicos especialistas, outros profissionais (nutricionista e psicólogo) e
ampliação da abrangência de atuação de profissionais existentes (atendimento
odontológico de adultos). Cerca de 15% das sugestões referiram o acesso a realização de
exames laboratoriais e o acesso a medicamentos. Atividades de prevenção, promoção de
saúde e educação em saúde foram sugeridas em 20% das propostas de novas atividades e
envolvem “palestras sobre doenças sexualmente transmissíveis, como evitar doenças,
ginástica para idosos, grupos de ajuda, vacinação e treinamento e capacitação em relação a
prevenção de doenças”.
GOIÂNIA – EQUIPES DE SAÚDE DA FAMÍLIA 100
IV - EQUIPES DO PROGRAMA SAÚDE DA FAMÍLIA: ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO E PRÁTICAS ASSISTENCIAIS
O campo da Saúde da Família destaca os recursos humanos como fator fundamental para a
implementação do programa nos municípios. Vários estudos já observaram a ausência de
profissionais capacitados para atuar neste tipo de projeto. É necessário habilitação para o
trabalho multiprofissional e interdisciplinar, organizado a partir de uma equipe, onde não há
supostamente uma hierarquia. Em face disto há dificuldades em contratar profissionais
apesar de salários mais atraentes, e a rotatividade entre os mesmos prejudica a organização
do trabalho e o processo de transformação das práticas assistenciais.
Outro problema que deve ser enfrentado para efetiva substituição de práticas assistenciais
proposta pela estratégia da Saúde da Família é a insegurança no trabalho gerada pela
prevalência de formas de contratação precárias, praticadas em face da reforma do Estado e
expressas na Lei de Responsabilidade Fiscal dos Municípios que não permite ultrapassar
65% os gastos com pessoal.
Esse é um dilema importante desta inovação nas práticas de saúde: é um processo intensivo
em força de trabalho implementado em uma conjuntura que impõe limites severos para a
contratação. É uma proposta sustentada no estabelecimento de vínculos com a comunidade
sem garantir os vínculos trabalhistas para as ESF.
Segundo as diretrizes da Estratégia da Saúde da Família (MS/SAS, 1998), há algumas
competências de caráter geral e organizacional que os profissionais de saúde da família
devem desenvolver, além do reconhecimento da relevância do trabalho em equipe a ser
desenvolvido em uma unidade básica de saúde:
• Promoção da saúde, ou seja, capacidade de identificar os fatores determinantes da
qualidade de vida, bem como compreender o sentido da responsabilização
compartilhada como base para o desenvolvimento das ações que contribuem para o
alcance de uma vida saudável.
• Planejamento das ações, capacidade para diagnosticar a realidade local para
elaborar e avaliar planos de trabalho capazes de produzir impacto sobre a realidade
sanitária na população, familiar e individual de uma área de abrangência.
GOIÂNIA – EQUIPES DE SAÚDE DA FAMÍLIA 101
Ao investigar a experiência de implementação do Programa de Saúde da Família em
Goiânia (GO) levantou-se junto a todos os integrantes das 75 ESF já implantadas no
município até 31 de julho de 2001. As informações, opiniões e percepções desses buscam
identificar o perfil dos profissionais que compõem suas equipes, a forma de inserção no
PSF, os fatores importantes a análise da operacionalização da conversão do modelo de
atenção à saúde nas Unidades Básicas e do estabelecimento de vínculos entre a ESF e a
comunidade.
A análise está estruturada ao redor dos eixos: organização do trabalho proposta para as
Equipe de Saúde da Família no município, a absorção e valorização pelos profissionais e
pela população-alvo do modelo de atenção; facilidades e dificuldades encontradas pelos
profissionais para o desempenho de suas atribuições e efetivo desenvolvimento das
diretrizes da Saúde da Família.
A percepção da ESF sobre a articulação do PSF com a rede de serviços de saúde, já
analisada anteriormente no capítulo sobre implementação, retorna aqui ilustrada com
percepções dos profissionais de nível superior, médio e elementar.
Tabela 48 – Total de profissionais pesquisados das ESF em Goiânia (GO), 2001 Profissional Responderam Não Responderam Total Médico 45 18 63 Enfermeiro 49 6 55 Agente Comunitário de Saúde 245 35 280 Auxiliar de Enfermagem 57 6 63 Total 396 65 461
1.PERFIL DOS PROFISSIONAIS DAS EQUIPES DE SAÚDE DAS FAMÍLIAS
Perfil dos profissionais de nível superior O perfil nacional dos profissionais do PSF (MS, 2000) mostra que os médicos se dividem
entre homens e mulheres; enquanto que entre enfermeiros, a grande maioria é de mulheres.
Os profissionais que, mesmo inseridos no mercado, optaram por trabalhar em USF são
formados em faculdades públicas e têm entre 30 e 49 anos. É baixo o índice de pós-
graduação entre os mesmos, apesar dos médicos considerarem necessário o aprimoramento
profissional.
GOIÂNIA – EQUIPES DE SAÚDE DA FAMÍLIA 102
A composição das 75 ESF de Goiânia envolve, em tese, 75 médicos, 75 enfermeiras, já que
em Goiânia a equipe não tem odóntologos. Essa composição não foi verificada no conjunto
existente de profissionais de nível superior nem tampouco entre os que responderam os
questionários.
Como se observa a maioria dos profissionais é do sexo feminino (72,3%), predominância
que é absoluta entre os enfermeiros, 47 ou 95,92%. Entre os médicos é maior a presença do
sexo masculino: 24 ou 53,33% da categoria.
Tabela 49 - Caracterização dos profissionais de nível superior quanto a função por sexo, Goiânia (GO), 2001
Categoria Profissional
Masculino Feminino Total
N % N % N Médico 24 53,33 21 46,7 45 Enfermeiro 2 4,1 47 95,9 49 Total 26 27,6 68 72,3 94 As ESF de Goiânia são formadas por profissionais jovens. A maior concentração está na
faixa etária compreendida entre 25 e 29 anos de idade, com 33 profissionais (35,1%), mas
se analisarmos o conjunto de dados temos um percentual cumulativo de 58,5% até os 39
anos. Destacam-se também 18 profissionais com mais de 50 anos (23,5% do total de
profissionais), indicando atração de segmentos no final de carreira.
Tabela 50 - Caracterização dos profissionais de nível superior quanto à faixa etária,
Goiânia (GO), 2001 Faixa Etária N % de 20 a 24 anos 1 1,1 de 25 a 29 anos 33 35,1 de 30 a 34 anos 17 18,1 de 35 a 39 anos 4 4,3 de 40 a 44 anos 2 2,1 de 45 a 49 anos 15 16 de 50 a 54 anos 12 12,8 de 55 a 59 anos 3 3,2 60 anos e mais 3 3,2 Não respondeu 4 4,3 Total 94 100 Entre os profissionais de nível superior pesquisados observa-se que pouco mais da metade
(54,6%) tem curso de especialização. Embora não tenham sido tabuladas por categoria
GOIÂNIA – EQUIPES DE SAÚDE DA FAMÍLIA 103
profissional as informações disponíveis indicam que a especialização é maior entre médicos
divididos entre saúde pública (23,4%) e clínica básica (11,7%), destacando-se pediatria,
obstetrícia e clínica médica. Entre as enfermeiras apenas uma declarou ter especialização
em enfermagem obstétrica. Há também 10 profissionais com mais de uma especialização,
combinado-se saúde pública/coletiva e clínica, além de seis médicos com curso em clínicas
especializadas como reumatologia, nefrologia, cardiologia, urologia e medicina do trabalho.
Tabela 51 - Caracterização dos profissionais de nível superior quanto à especialização, Goiânia (GO), 2001 Especialização N % Tem 51 54,2
• Medicina Social/Saúde Pública 22 23,4• Clinica Básica • Clinica Especializada
116
11,76,3
• Dupla Especialização 10 10,6Não Tem /Não Respondeu 43 45,8Total 94 100,0
A principal motivação para médicos e enfermeiros aderirem ao PSF em Goiânia refere-se a
"compartilhar a idéia de que a estratégia Saúde da Família pode reorganizar a atenção à
saúde no SUS", e "identificar-se com a proposta do PSF no município", sendo que para os
enfermeiros (55,1%) o fato das atribuições do profissional de enfermagem ser compatível
com sua formação e especialização também é considerado fator importante de motivação.
Entre 40% dos médicos o PSF foi apontado como possibilidade de uma vida mais
organizada a partir de uma jornada fixa e remuneração compatível.
Não se confirma a tese de que os profissionais vêem o PSF como um mercado promissor,
com salário diferenciado, procurado por profissionais insatisfeitos em suas inserções
anteriores. Entre os entrevistados apenas dois enfermeiros estavam desempregados ao
escolher a inserção no PSF.
GOIÂNIA – EQUIPES DE SAÚDE DA FAMÍLIA 104
Tabela 52 – Caracterização dos profissionais de nível superior quanto ao motivo da opção pelo PSF, Goiânia (GO), 2001
Médico Enfermeiro
Total Motivo da opção pelo PSF
N % N % N % Porque é um mercado de trabalho promissor, com salário diferenciado
4 8,8 4 8,2 8 8,5
Por se sentir motivado para trabalhar junto a comunidades pobres
18 40% 19 38,7 37 39,4
Porque a Secretaria Municipal de Saúde ofereceu a possibilidade para mudar de prática dentro da rede local
11 24,4 6 12,2 17 18,1
Por se identificar com a proposta de trabalho do PSF no município
25 55,5 32 65,3 57 60,6
Por considerar as atribuições de médicos/ enfermeiros do PSF compatíveis com a sua formação e especialização
13 28,8 27 55,7 40 42,5
Por estar insatisfeito com a atividade e a remuneração anterior.
3 6,6 2 4,1 5 5,3
Por estar desempregado - - 2 4,1 2 2,1
Pela possibilidade de ter uma vida organizada a partir de uma jornada de trabalho fixa e remuneração compatível
18 40 3 6,1 21 22,3
Por compartilhar com a idéia de que a estratégia da Saúde da Família pode reorganizar a atenção à saúde no SUS
38 84,4 33 67,3 71 75,5
Por compartilhar com a idéia de que a estratégia da Saúde da Família pode ser um avanço no sentido do controle social da população organizada sobre os serviços de atenção social
26 57,7 28 57,1 54 57,4
Outro 3 6,6 5 10, 8 8,5
Conclui-se que no caso de Goiânia as ESF estão funcionando incompletas, há falta de
profissionais de nível superior, os quais apresentam uma formação pouco adequada para o
perfil do trabalho proposto para o PSF.
Perfil dos profissionais de nível médio e elementar Observa-se que nas duas categorias profissionais há uma presença predominante do sexo
feminino (91,8%), sendo maior entre os agentes comunitários de saúde.
GOIÂNIA – EQUIPES DE SAÚDE DA FAMÍLIA 105
Tabela 53 - Caracterização dos profissionais de nível médio e elementar quanto à categoria profissional, por sexo, Goiânia (GO), 2001
Função Masculino Feminino Total N % N % N %
Agente Comunitário de Saúde 17 5,6 228 75,5 245 81 Auxiliar de Enfermagem 8 2,6 49 16,22 57 19 Total 25 8,2 277 91,8 302 100
Os profissionais de nível médio e elementar da ESF de Goiânia apresentam uma
composição interessante. Tem uma população de jovens até 30 anos de 114 profissionais. A
maior concentração está entre os 30 e 35 anos, com 74 profissionais (24,5%). Abaixo há um
elenco de 97 profissionais em idade madura .Somente 5 profissionais estão acima dos 50
anos, sendo portanto baixa a inserção de pessoas com experiência.
Tabela 54 - Caracterização dos profissionais de nível médio e elementar, quanto à faixa etária, Goiânia (GO), 2001
Faixa etária N % menos de 20 anos 4 1,3 de 20 a 24 anos 55 18,2 de 25 a 29 anos 55 18,2 de 30 a 34 anos 74 24,5 de 35 a 39 anos 54 17,9 de 40 a 44 anos 43 14,2 de 45 a 49 anos 12 4 de 50 a 54 anos 4 1,3 60 anos e mais 1 0,3 Total 302 100 Percebe-se que grande parte dos profissionais tem o ensino médio completo, ou seja,
concluíram a terceira série do segundo grau (191 pessoas ou 63,2%). A escolaridade se
revela muito alta se a este fato se acresce que há uma concentração de 10,9% com a ultima
série do primeiro grau completa, indicando que estes profissionais têm nível elementar e
mais 16% cursam o segundo grau.
Quando perguntados se tinham uma formação técnica 141 responderam sim, e 65,2 %
destes afirma ser em enfermagem, 12,8% em contabilidade e 9,9 % em magistério.
GOIÂNIA – EQUIPES DE SAÚDE DA FAMÍLIA 106
Tabela 55 - Caracterização quanto à escolaridade dos profissionais de nível médio e elementar, Goiânia (GO), 2001
Nível de escolaridade N % Percentual Válido
Percentual Acumulado
1ª série do 1º grau 1 0,3 0,3 0,3 3ª série do 1º grau 1 0,3 0,3 0,7 4ª série do 1º grau 1 0,3 0,3 1 5ª série do 1º grau 2 0,7 0,7 1,7 6ª série do 1º grau 2 0,7 0,7 2,3 7ª série do 1º grau 2 0,7 0,7 3 8ª série do 1º grau 33 10,9 10,9 13,9 1ª série do 2º grau 18 6 6 19,9 2ª série do 2º grau 35 11,6 11,6 31,5 3ª série do 2º grau 191 63,2 63,2 94,7 4ª série do 2º grau 7 2,3 2,3 97 Superior completo e incompleto 7 2,3 2,3 99,3 Não sabe/Não respondeu 2 0,7 0,7 100 Total 302 100 100
A maioria dos entrevistados afirmou ter realizado curso com enfoque em Saúde da Família,
que pode ter sido parte da capacitação profissional do PSF. Os profissionais tomaram
conhecimento do PSF através de divulgação da seleção de profissionais para o programa
feita na comunidade.
O perfil deles aponta uma boa escolaridade, e parte com formação técnica apropriada ao
trabalho. No entanto, as ESF em Goiânia apresentam-se bastante incompletas, pois em tese
deveriam existir 300 ACS e 75 auxiliares de enfermagem.
2. INSERÇÃO PROFISSIONAL NO PSF
Inserção dos médicos, odontólogos e enfermeiros no PSF A inserção do profissional é aqui analisada como todo o processo administrativo que
recruta, seleciona, contrata com jornada de trabalho específica, exerce supervisão do
trabalho, entendida como educação continuada e define o processo de trabalho no âmbito
das unidades de saúde da família. A inserção profissional estrutura a organização do
trabalho e das práticas assistenciais. O processo formador motiva o profissional a optar por
esta modalidade de trabalho, como uma alternativa no mercado de trabalho.
Esse processo é estudado pela caracterização dos profissionais de nível superior quanto à
experiência anterior, ao tempo de atuação no PSF, à forma de seleção, à modalidade de
GOIÂNIA – EQUIPES DE SAÚDE DA FAMÍLIA 107
contratação, carga horária e tipo de capacitação oferecida para o profissional pela
coordenação do PSF municipal.
Grande número de entrevistados (39%) declaram nunca ter tido experiência em projetos
semelhantes ao PSF, com destaque maior entre os médicos (26,6%). 61% dos profissionais
já tiveram experiência anterior em outro município ou estado.
Tabela 56 – Caracterização dos profissionais de nível superior quanto à experiência anterior, Goiânia (GO), 2001
Categoria Profissional Médico Enfermeiro Total Neste município - 2 2 Em outro município 14 19 33 Em outro Estado 9 15 24 Nunca teve esse tipo de experiência
25 12 37
Não sabe / não reponde 1 1
Quanto ao tempo de atuação no PSF, a maior concentração é na faixa de 13 a 24 meses de
atuação, seguido de 25 até 36 meses, perfazendo as duas faixas mais de 65% dos
profissionais. Há 13 profissionais no programa desde sua implantação e 15% dos
profissionais ingressaram há menos de um ano.
Tabela 57 - Caracterização dos profissionais de nível superior quanto ao tempo de atuação e categoria profissional no PSF, Goiânia (GO) 2001
Tempo de atuação no PSF Médico Enfermeiro Total Até seis meses 2 6 8 De seis meses a 12 meses 4 2 6 De 13 meses a 24 meses 17 16 33 De 25 meses a 36 meses 16 16 32 De 37 meses a 48 meses 5 7 12 Mais de 4 anos - 2 2 Não sabe/Não respondeu 1 - 1 Total 45 49 94 Todos os profissionais foram selecionados por processo de convocação pública mediante
entrevista e análise de currículo. Algumas informações evidenciam que nem todos os
profissionais conhecem e entendem o processo administrativo de seleção e contratação.
GOIÂNIA – EQUIPES DE SAÚDE DA FAMÍLIA 108
Tabela 58 - Caracterização dos profissionais de nível superior por função quanto à forma de seleção do PSF, Goiânia (GO), 2001
Forma de seleção MédicoN %
Enfermeiro N %
TotalN
Concurso público, envolvendo prova, currículo e entrevista
2 25 6 75 8
Seleção interna à Secretaria Municipal de Saúde de profissionais da própria rede local
13 52 12 48 25
Entrevista 38 52,1 35 47,9 73Análise de currículo 34 46,6 39 53,7 73Indicação de gestores 2 100 - - 2Outro 2 50 2 50 4
Várias são as modalidades de contratação: os médicos do PSF têm contrato com a SMS,
regido pela CLT, e grande número menciona receber bolsa de complementação salarial de
órgão federal. Entre os enfermeiros prevalece contrato através de empresa que presta
serviço a SMS.
84% dos profissionais têm vínculo de 40 horas semanais sendo que esta é a carga horária de
trabalho semanal entre 73,33% dos médicos e 93,88% dos enfermeiros. Os salários de
médicos e enfermeiros são diferenciados, sendo que ambas as categorias consideram que o
piso salarial é incompatível com as atribuições desenvolvidas. A maior insatisfação
encontra-se entre os enfermeiros (98,0%), o que indica frustração deste profissional em
face às expectativas da escolha, pois como se viu no perfil, os enfermeiros indicam que as
atribuições do PSF são compatíveis com sua formação.
Tabela 59 - Caracterização dos profissionais de nível superior por função quanto às faixas salariais, Goiânia (GO), 2001
Faixas salariais Médico Enfermeiro Total N % N % NAté R$ 1000,00 1 12,5 7 87,5 8De R$ 1001,00 a R$ 2000,00 6 12,8 41 87,2 47De R$ 2001,00 a R$ 3000,00 12 100 - - 12De R$ 3001,00 a R$ 4000,00 25 100 - - 25Não sabe/Não respondeu 1 50 1 50 2 Solicitados a indicar o tipo necessário de capacitação para o desempenho de suas
atividades, destacam as diversas opções com relativo equilíbrio, indicando a importância da
educação continuada na proposta de trabalho. As freqüências são altas, e em ordem
decrescente as respostas foram: “participar de encontros entre os profissionais da saúde da
GOIÂNIA – EQUIPES DE SAÚDE DA FAMÍLIA 109
família para troca de experiências” (75), “receber treinamento de atualização em atenção
básica" (74), “receber capacitação permanente focalizada nos atendimentos a grupos
específicos” (69) e "receber treinamento introdutório adequado às novas atribuições” (61).
Tabela 60 - Caracterização dos profissionais de nível superior por função quanto ao
tipo de capacitação necessária ao exercício, Goiânia (GO), 2001 Tipo de capacitação necessária Médico Enfermeiro Total N % N % N Receber treinamento introdutório adequado às novas atribuições 34 75,6 27 55,1 61 Receber treinamento de atualização em atenção básica para médicos e enfermeiros
36 80 38 73,4 74
Receber treinamento que permita a elaboração ou o aperfeiçoamento da análise do perfil epidemiológico local
28 62,2 25 51 53
Receber capacitação permanente focalizada nos atendimentos a grupos específicos
39 86,6 30 61,2 69
Participar de encontros entre os profissionais da saúde da família promovidas pela secretaria municipal para troca de experiências
36 80 39 79,6 75
Não sabe/Não respondeu - - 1 100 1 A supervisão é uma variável limite entre o processo administrativo de inserção e a
organização das práticas de assistência a partir de novas abordagens. O resultado sobre a
existência de supervisão foi amplamente positivo: 81 % reconhecem a sua realização, sendo
que 59,8% declaram que sua periodicidade “é ocasional” e 12,3% dizem ser semanal.
Perguntados sobre a natureza da atividade de supervisão, há forte indicação de que a
supervisão é essencialmente gerencial, como indicam 65 dos entrevistados e 23 declaram
que ela está direcionada às relações interpessoais. Os principais objetivos da supervisão são
o controle das atividades realizadas (45), o estabelecimento de elo de ligação entre gestão e
execução (38) e oferecer suporte técnico a ESF (31).
GOIÂNIA – EQUIPES DE SAÚDE DA FAMÍLIA 110
Tabela 61 - Caracterização dos profissionais de nível superior por função quanto à freqüência das atividades de supervisão, Goiânia (GO), 2001
Supervisão Médico N %
Enfermeiro N %
Total N
É ocasional 26 54,2 22 45,8 48 100 Obedece a uma programação prévia 8 44,4 10 55,6 18 100 Tem periodicidade semanal 4 40 6 60 10 100 Tem periodicidade mensal 1 100 1 100 Outra 1 33,3 2 66,7 3 100 Não sabe/Não respondeu 1 100 1 100 Inserção de Agentes Comunitários de Saúde e Auxiliar de Enfermagem no PSF O tempo de atuação dos profissionais de nível médio e elementar das ESF concentra-se na
faixa de 25 a 36 meses, indicando uma certa estabilidade dos que se incorporaram, já que os
processos seletivos a partir da implantação obedeceram a um cronograma. Há 55
profissionais atuando desde o início do programa e mais recentemente tem havido
recrutamento especialmente para ACS, não havendo proporcionalidade nesta locação.
Tabela 62 - Caracterização dos profissionais de nível médio e elementar por categoria profissional e quanto ao tempo de atuação no PSF, Goiânia (GO), 2001
Tempo de atuação no PSF Agente Comunitário de Saúde
Auxiliar de Enfermagem Total
Até seis meses 14 4 18 De seis meses a 12 meses 36 2 38 De 13 meses a 24 meses 35 15 50 De 25 meses a 36 meses 104 21 125 De 37 meses a 48 meses 44 11 55 Mais de 4 anos 2 2 4 Não sabe/Não respondeu 10 2 12 Total 245 57 302 Observa-se que os entrevistados em sua maioria (258) declara ter passado por um
processo seletivo coordenado pela Secretaria Municipal de Saúde, envolvendo entrevista
e em menor escala, análise de currículo. Os entrevistados confirmam a inexistência de
indicação política mas percebe-se a influência de gestores na inserção de profissionais
no programa.
Há certo desconhecimento sobre as formas de contratação, embora a mais assinalada é
"através de serviço prestado à SMS por empresa". A quase totalidade dos profissionais do
PSF, 278 (92,1%) considera que o salário não está compatível com as atribuições,
indicando insatisfação quanto às condições salariais.
GOIÂNIA – EQUIPES DE SAÚDE DA FAMÍLIA 111
Tabela 63 - Caracterização dos profissionais de nível médio e elementar por categoria profissional e quanto à forma de seleção, Goiânia (GO), 2001
Forma de seleção ACS N %
Auxiliar de Enfermagem N %
Total N
Carta de apresentação de associação de moradores endossando a sua residência junto à Secretaria Municipal de Saúde
1 100 1
Processo seletivo da Secretaria Municipal de Saúde 222 86 36 14 258 Análise de currículo 8 33 16 67 24 Entrevista 171 83 34 17 205 Indicação de políticos (prefeito, vereador) 1 50 1 50 2 Indicação dos gestores do PSF 5 56 4 44 9 Outro 6 67 3 33 9 Não sabe/Não respondeu 9 69 4 31 13 A capacitação profissional é percebida como necessária ao desempenho das atividades. O
treinamento introdutório para conhecer competências e atribuições dos membros da equipe
é o mais indicado pelos profissionais de nível médio e elementar (254), seguido por “ter
capacitação permanente para ações focalizadas sobre os grupos de risco” (196) e “ter
supervisão em serviço sob a liderança da enfermeira” (158).
Tabela 64 - Caracterização dos profissionais de nível médio e elementar por categoria profissional e quanto ao tipo de capacitação necessária ao exercício profissional, Goiânia (GO), 2001
Tipo de capacitação Necessária Agente Comunitário de Saúde N %
Auxiliar de Enfermagem N %
Total N
Ter treinamento introdutório para conhecer competências e atribuições dos membros da equipe
205 81 49 19 254
Ter supervisão em serviço sob a liderança da enfermeira 121 77 37 23 158 Ter capacitação permanente para ações focalizadas sobre os grupos de risco
157 80 39 20 196
Outra 21 91 2 8,7 23 Não sabe/Não respondeu 21 88 3 13 24
A supervisão dos profissionais é entendida como uma atividade positiva que visa,
principalmente, favorecer o bom entrosamento e cooperação na equipe, é um elo de ligação
entre gestão e execução, e propicia melhor integração dos profissionais na realização das
atividades programadas.
GOIÂNIA – EQUIPES DE SAÚDE DA FAMÍLIA 112
Tabela 65 – Caracterização dos profissionais de nível médio e elementar quanto aos
objetivos da atividade de supervisão, Goiânia (GO), 2001 Objetivos N % Visa o resultado final do trabalho de ESF 112 13 Visa favorecer o bom entrosamento e cooperação na equipe 148 17,2 Significa um elo de ligação entre a gestão e a execução, por onde fluem queixas, demandas
131 15,2
Permite maior participação dos ACS e dos auxiliares de enfermagem no processo de decisão dos níveis executivos
58 6,7
Não sabe/Não tem 24 2,8 Elege temas para o processo de educação continuada em função do acompanhamento específico das ações dos ACS e dos auxiliares de enfermagem na comunidade
111 12,9
Controla a realização das atividades-fim quanto às regras e normas definidas para os procedimentos como organizar as pastas familiares, estatísticas com notificações dos indicadores de saúde
119 13,8
Controla a realização das atividades-fim do ACS e dos auxiliares de enfermagem em relação ao Plano de Metas
99 11,5
Ajusta as metas em função do preparo técnico da ESF 59 6,9 Total 861 100 Obs.: A soma dos valores absolutos e relativos ultrapassa o total de respondentes e os 100%, respectivamente, porque a questão que deu origem à tabela admite mais de uma resposta Os profissionais afirmam em grande número que há um relacionamento bom e respeitoso,
no qual, o trabalho coletivo é prioritário para a equipe, e se dá de forma participativa, em
que todos têm papel importante nas reuniões de grupos, nas atividades educativas e de
promoção à saúde e prevenção de riscos.
GOIÂNIA – EQUIPES DE SAÚDE DA FAMÍLIA 113
3. TRABALHO EM EQUIPE Um terceiro bloco de questões busca analisar como os profissionais percebem o seu
processo de trabalho com base numa equipe multiprofissional, cujos métodos de trabalho
apontam para uma maior proximidade com a comunidade e com o meio ambiente onde o
módulo se insere.
O trabalho em equipe visa trazer para o desenvolvimento dos serviços de saúde o debate
sobre a humanização do atendimento e a responsabilização de todos, profissionais e
usuários, pela mudança nas condições de vida e saúde.
Atribuições e atividades desenvolvidas, forma de organização do trabalho dos médicos e enfermeiros Abordados sobre como definem o perfil da equipe em que atuam os entrevistados declaram
que há uma composição padrão da ESF e que o relacionamento interno é bom e respeitoso
(82 profissionais). Consideram que a equipe é sensível e aberta com capacidade de rever as
rotinas (79 profissionais), sendo que 46 profissionais assinalam a opção “dinâmica,
organiza a programação das atividades da equipe semanalmente", e 25 profissionais
percebem a ESF como “participativa, elabora constantemente o diagnóstico de saúde”, e 42
afirmam que a ESF tem “o trabalho coletivo (como) prioritário”. Coerentemente, observa-
se incidências quase nulas nas opções que indicam um trabalho individualizado e
conflitivo, com pouca flexibilidade na revisão de rotinas.
GOIÂNIA – EQUIPES DE SAÚDE DA FAMÍLIA 114
Tabela 66 - Caracterização dos profissionais de nível superior quanto ao perfil da equipe, Goiânia (GO), 2001
Perfil da equipe Médico Enfermeiro TotalRelacionamento bom e respeitoso 40 42 82 Relação conflituosa - 1 1 Tem uma composição padrão (médico, enfermeiro, odontólogos, auxiliar de enfermagem e agentes)
8 7 15
Tem composição padrão, que pode contar com apoio para atenção psicossocial 6 5 11 O trabalho coletivo é prioritário 22 20 42 O trabalho individual dos profissionais oferece pouco suporte ao conjunto - 2 2 Dinâmica, organiza a programação das atividades da equipe semanalmente 21 25 46 Apática, apresenta dificuldades tanto no trabalho interno quanto no trabalho na comunidade
1 1 2
Participativa, elabora constantemente o diagnóstico de saúde em conjunto e com a participação da comunidade
13 12 25
Sensível e aberta a mudanças com capacidade de rever suas rotinas e procedimentos com a comunidade
39 40 79
Fechada, trabalha voltada especialmente para uma rotina pré-estabelecida 2 3 5 Outra 1 4 5 Não sabe/Não respondeu Os profissionais de nível superior consideram que a programação é realizada a cada semana
e sofre mudanças ocasionais. Médicos e enfermeiros declaram ser permitido atender
pessoas que estão fora da população adscrita, observando-se por parte de 75% dos
profissionais uma flexibilização no atendimento.
Há uma avaliação positiva do desempenho da equipe por parte dos profissionais de nível
superior. Basta para isso, que se observe a concentração de percepções “muito satisfatório”
e “satisfatório” em um conjunto grande de atividades e conhecimentos relativos a promoção
da saúde, reorganização da atenção básica, novas formas de organização do trabalho que
permitem conhecer os principais problemas de saúde da população, intervir positivamente
no enfrentamento dos problemas de saúde pelo acolhimento da demanda, possibilidade de
garantir o acesso na atenção básica e encaminhar para outros níveis de atenção.
O estabelecimento de vínculos com a população e a capacidade de conhecer seus principais
problemas de saúde foi considerado como muito satisfatório ou satisfatório,
respectivamente, por 90 e 88 profissionais.
Por outro lado, aparece com certa relevância “pouco satisfatório” ou "não satisfatório" na
capacidade de articulação com outros setores sociais (45), de garantia de serviços
GOIÂNIA – EQUIPES DE SAÚDE DA FAMÍLIA 115
especializados (68), e de controlar grupos de riscos com efetiva distribuição de
medicamentos (66).
Tabela 67 - Caracterização dos profissionais de nível superior quanto à percepção de desempenho da equipe na atenção prestada, Goiânia (GO), 2001
Capacidades
Muito Satisfatório
Satisfatório
Pouco Satisfatório
Não Satisfatório
N sabe/ Não responde
Total
Capacidade de conhecer os principais problemas de saúde da população
41 49 3 - 1 94
Capacidade intervir positivamente no enfrentamento dos problemas de saúde
15 68 10 - 1 94
Garantir o acesso ao serviço de atendimento básico a toda população cadastrada
23 54 16 - 1 94
Encaminhar para outros níveis de atenção, quando necessário
12 40 29 10 3 94
Garantir internação 17 43 21 10 3 94 Garantir atendimento em serviços especializados 3 20 38 30 3 94 Garantir atendimento para realização de exames 15 58 15 5 1 94 Não existência de fila na porta da USF 29 45 11 6 3 94 Acolhimento das demandas 23 50 18 2 1 94 Estabelecimento de vínculos com a população da área
44 44 4 1 1 94
Retorno do paciente para atendimento pela ESF, após encaminhamento
14 32 25 21 2 94
Controle dos grupos de risco, com efetiva distribuição de medicamentos
1 26 36 30 1 94
Resolução de 80% ou mais casos pela ESF 20 62 10 1 1 94 Capacidade de realizar ações educativas ou outras de promoção à saúde
25 52 14 15 3 94
Articulação com outros setores sociais atuantes naárea de abrangência para enfrentamento de problemas identificados
6 28 43 2 2 94
Realização de atividades preventivas individuais 30 52 9 1 2 94 Atribuições e atividades desenvolvidas, forma de organização do trabalho dos ACS e os auxiliares de enfermagem Foi oferecido aos entrevistados uma lista de atividades para que marcassem quais eram
mais freqüentes. Entre os ACS as indicações que tiveram incidência maior do que 50% são
visitas domiciliares, atualização de cadastro, identificação das famílias de risco, reuniões de
equipe, atenção ao puerpério, acompanhamento dos núcleos familiares de risco
identificados, agendamento e encaminhamentos necessários, desenvolvimento de ações de
educação e vigilância à saúde.
Os auxiliares destacaram: reuniões de equipes, realização de visitas e procedimentos de
enfermagem em domicílios, acompanhamento de consultas de enfermagem, quando
GOIÂNIA – EQUIPES DE SAÚDE DA FAMÍLIA 116
necessárias, agendamento e encaminhamentos necessários, atenção ao puerpério e
aplicação de vacinas.
Os ACS e auxiliares de enfermagem confirmam a percepção de que a ESF apresenta um
relacionamento interno bom e respeitoso, é participativa, em que todos têm um papel
importante nas reuniões, nas atividades educativas de promoção da saúde e prevenção de
riscos e que é prioritário para a equipe o trabalho coletivo .
Tabela 68 - Caracterização dos profissionais de nível médio e elementar quanto ao perfil da equipe, Goiânia (GO), 2001
Perfil da equipe ACS Aux. de Enf.
Total
N % N % N Relacionamento bom e respeitoso 168 80 43 20 211 Relacionamento conflituoso 11 79 3 21 14 Dinâmica, revê as rotinas e procedimentos estabelecidos para aperfeiçoar o trabalho coletivo
71 77 21 23 92
Repete regularmente a programação das atividades pactuadas 37 82 8 18 45 O trabalho coletivo é a prioridade da equipe 110 80 28 20 138 O trabalho individual dos profissionais oferece pouco suporte ao conjunto 42 93 3 6,7 45 Participativa, todos têm um papel importante nas reuniões de grupos, nas atividades educativas de promoção da saúde e prevenção de riscos
128 78 37 22 165
Sensível às necessidades da comunidade apontadas pelo trabalho do ACS 80 78 22 22 102 Outra 2 50 2 50 4 Não sabe/Não respondeu 15 88 2 12 17 Os ACS e auxiliares de enfermagem afirmam que a periodicidade da programação
definida pela equipe é semanal, mudando ocasionalmente. Os instrumentos utilizados
com mais freqüência pelos profissionais de nível médio e elementar como facilitadores
do trabalho são: a programação semanal (205), a reunião de equipe (200) e o cadastro
das famílias (226), sendo que o mapa da área e o plano de metas são menos utilizados.
Para esses profissionais são cinco os grupos destacados como que exigem maior cuidado:
hipertensos; diabéticos gestantes; idosos; e, crianças de 0 a 1 ano. Em seguida aparecem:
crianças de 1 a 5 anos; hanseníase, e tuberculosos.
GOIÂNIA – EQUIPES DE SAÚDE DA FAMÍLIA 117
Tabela 69 - Caracterização dos profissionais de nível médio e elementar por função quanto aos grupos que exigem mais cuidados em sua micro-área, Goiânia (GO), 2001
Grupos que exigem mais cuidados Agente Comunitário deSaúde N %
Auxiliar de Enfermagem N %
Total N
Gestantes 212 81 49 19 261 Crianças de 0 a 1 ano 189 81 44 19 233 Crianças de 1 a 5 anos 128 84 24 16 152 Crianças de 6 a 12 anos 21 75 7 25 28 Adolescentes 56 84 11 16 67 Diabéticos 219 82 49 18 268 Hipertensos 237 81 55 19 292 Tuberculosos 77 81 18 19 95 Hanseníase 92 87 14 13 106 Idosos 199 82 43 18 242 Outros 18 86 3 14 21 Não sabe/Não respondeu 3 75 1 25 4 A principal dificuldade apontada como comprometedora do desempenho das ESF diz
respeito a forte demanda por atendimento médico, e é seguida pela gravidade dos riscos
sociais no âmbito da comunidade em que se insere a USF e grande densidade populacional
adscrita.
Tabela 70 - Caracterização dos profissionais de nível médio e elementar quanto à freqüência na ocorrência de dificuldades, Goiânia (GO) 2001
Dificuldades Muito freqüenteN %
Freqüente N %
Pouco freqüenteN %
Não ocorre N %
N.sabe/N. respondeuN %
Difícil acesso ao território 11 3,6 34 11 91 30 132 44 34 11
Gravidade dos riscos sociais no âmbito da comunidade 92 31 87 29 85 28 17 5,6 21 7
Grande densidade populacional em relação ao padrãodo programa
63 21 97 32 71 24 25 8,3 46 15
Quantidade excessiva de membros individuais nosgrupos familiares em relação ao padrão proposto
31 10 72 24 108 36 29 9,6 62 21
Forte demanda por atendimento médico 212 70 62 21 14 4,6 4 1,3 10 3,3 Uso inadequado dos serviços de saúde 41 14 83 28 73 24 65 22 40 13 Fragilidade dos vínculos dentro da equipe 23 7,6 25 8,3 112 37 95 32 47 16 Fragilidade dos vínculos com a comunidade 15 5 29 9,6 129 43 78 26 51 17 Rotatividade dos profissionais 30 9,9 62 21 90 30 64 21 56 19
GOIÂNIA – EQUIPES DE SAÚDE DA FAMÍLIA 118
Baixa mobilização dos usuários para participar daorganização
59 20 58 19 104 34 31 10 50 17
Baixa mobilização da comunidade para participar nosConselhos Locais
86 29 55 18 97 32 28 9,3 36 12
Processo de planejamento e programação deatividades inadequado
11 3,6 37 12 90 30 111 37 53 18
Condições sócio-ambientais muito adversas 45 15 59 20 96 32 49 16 53 18 Percepção das ESF sobre as condições de realização e os resultados de sua atividade Os profissionais de nível superior percebem mudanças positivas na relação entre os
serviços e a população, especialmente pelo PSF ter se tornado a porta de entrada do sistema
de atenção (63) e porque a população se sente mais esclarecida sobre os cuidados rotineiros
com a saúde (52). Fazem restrições por considerarem que há exerce forte pressão para o
atendimento médico da demanda espontânea (70). Reconhecem também a ampliação do
acesso aos serviços de saúde que o PSF promove (47). Um número reduzido (6) considera
ainda que não houve mudança pelo fato da pequena abrangência do programa e 21 pensam
que a manutenção das condições sócio-economicas de carência nestas comunidades
prejudica a melhoria da qualidade de vida.
Tabela 71 - Percepção dos profissionais de nível superior de mudanças nas relações serviços e população, Goiânia (GO), 2001
Mudanças nas relações serviços e população Médico Enfermeiro
Total
N % N % N Sim, porque a USF tornou-se a porta de entrada do sistema de atenção 31 49 32 51 63 Sim, porque a ESF oferece recursos adequados ao enfrentamento dos problemas de saúde na comunidade
7 50 7 50 14
Sim, porque a população se sente esclarecida sobre cuidados rotineiros com a saúde
23 44 29 56 52
Sim, porque a ESF conta com um sistema de referência e contra referência que permite ampliar a confiança no trabalho e na resolutividade da rede básica
2 20 8 80 10
Em parte, porque a ESF ampliou o acesso de novas parcelas da população aos serviços de saúde no município
24 51 23 49 47
Em parte porque a população ainda tem uma forte demanda por atendimento médico, pressionando a ESF para o atendimento da demanda espontânea
33 47 37 53 70
Não, porque a população ainda procura primeiro a rede convencional ou hospitalar
1 20 4 80 5
Não, porque o PSF tem uma área de abrangência ainda pequena 3 50 3 50 6 Não, porque os fatores sócio-econômicos que determinam a condição de carência da comunidade ainda prevalecem sobre a qualidade da atenção
8 38 13 62 21
Outro 1 14 6 86 7 Não sabe/Não respondeu 1 50 1 50 2
GOIÂNIA – EQUIPES DE SAÚDE DA FAMÍLIA 119
O espaço físico da USF é considerado principalmente como acessível a população e com
visibilidade dentro da comunidade, por médicos e enfermeiros. No entanto, só 40% julgam
que a USF tem condições tecnológicas necessárias ao desenvolvimento das ações básicas
de saúde, e só 9,5% acham que permite atender com conforto para o profissional e o
usuário. Também não é considerado adequado para as atividades coletivas seja as reuniões
da equipe seja dos grupos de risco.
Tabela 72 – Percepção dos profissionais de nível superior sobre o espaço físico da USF, Goiânia (GO), 2001
Espaço físico USF Médico Enfermeiro Total N N N Especialmente construído para abrigar uma equipe da saúde da família da SMS
- 1 1
Permite o atendimento de forma confortável para os usuários e para os profissionais
5 4 9
Contém o mínimo de tecnologia necessária ao desenvolvimento das ações básicas de saúde
17 20 37
Permite realizar reuniões de equipe com privacidade 7 14 21 Permite promover reuniões de grupo de risco ou de orientação e educação em saúde
11 17 28
É um local de fácil acesso e visível para toda a comunidade 24 24 48 Tem manutenção satisfatória 6 6 12 Foi restaurado satisfatoriamente para abrigar uma equipe da saúde da família
4 2 6
Outro 16 22 38 Não sabe/ Não responde 3 2 5
Para os profissionais de nível médio e elementar a USF é acessível à população (74,5%),
entretanto, 22,5% afirmam o contrário e somente 3,3% “não sabe ou não respondeu”.
Segundo 78,8% desses profissionais ela não oferece conforto aos usuários e profissionais.
4. VÍNCULOS ENTRE ESF E COMUNIDADES De acordo com os profissionais de nível superior, pode-se afirmar que há uma relação
cordial e cooperativa com a população, o que favorece a resolução dos problemas. Somente
três profissionais indicam que a relação com a comunidade é formal, em função das
necessidades do serviço de saúde.
Consideram que há vínculo forte da ESF com a comunidade, sendo este fato mais
observado entre os enfermeiros e reconhecem (68 profissionais) com maior ênfase que a
estratégia desenvolvida pelo PSF é promotora da melhoria da qualidade dos cuidados com a
doença e da qualidade de vida do cidadão.
GOIÂNIA – EQUIPES DE SAÚDE DA FAMÍLIA 120
Tabela 73 - Percepção dos profissionais de nível superior da relação da ESF com a população, Goiânia (GO), 2001
Médico Enfermeiro Total Relação da ESF com a população N N N
Cordial e cooperativa na resolução dos problemas 26 29 55 Formal em função das necessidades de serviço 3 - 3 De vínculo, com base no reconhecimento das famílias, de seus membros individuais e de suas necessidades específicas
18 35 53
Promotora da melhora da qualidade de vida do cidadão, a partir de um conjunto de orientações sobre promoção da saúde e cuidados com a doença
31 37 68
Não sabe/Não respondeu 2 - 2 Em geral, os profissionais de nível superior percebem que a população valoriza
positivamente os novos procedimentos implementados, principalmente quanto ao
atendimento multiprofissional (68), a realização de grupos de risco e de promoção a saúde
(69), e o realização de visitas domiciliares (81). Os profissionais de nível superior
consideram que a população "valoriza pouco” as reuniões de diagnóstico e programação de
ações coletivas (44).
Tabela 74 – Caracterização dos profissionais de nível superior quanto à percepção da valorização da população acerca dos novos procedimentos, Goiânia (GO), 2001
Atividades Muito Valoriza Pouco Não valoriza
Não sabe não resp.
Atendimento de uma equipe multiprofissional
24 44 18 2 6
Realização de grupos de educação sobre riscos e promoção à saúde
16 53 18 2 5
Ações desenvolvidas junto a segmentos da população através de visitas domiciliares
29 51 8 1 5
Reuniões para discutir diagnóstico e programação das ações coletivas
3 32 44 8 7
Solicitados a comentar se o fato de residir na mesma comunidade é fator de favorecimento
no impacto de suas ações e atividades relacionadas ao PFS, temos para um total de 302
respostas, que em média 8% dos profissionais não respondeu ou não soube responder. As
opções indicam em ordem decrescente que o fato é favorável no sentido de aceitação da
presença dos profissionais em seu domicílio (243), base para relação amistosa (223) e
observação de focos de risco no ambiente familiar e social (223), resolução dos problemas
(191), procura dos moradores para apresentar queixas e discutir soluções (175), adesão a
GOIÂNIA – EQUIPES DE SAÚDE DA FAMÍLIA 121
mobilização (173), acompanhamento do paciente encaminhado para outros serviços (151) e
compreensão quando algum solicitação não foi efetuada (111). Neste último item percebe-
se em contraposição a maior incidência de respostas que indicam que o fato prejudica as
ações desenvolvidas (36%).
Tabela 75 - Caracterização dos profissionais de nível médio e elementar quanto à percepção da comunidade sobre o impacto do fato deles residirem na mesma, Goiânia (GO), 2001
Percepção Favorece Prejudica
Nem favorece, nem prejudica
Não sabe
Não responde
Total
N % N % N % N % N % N A relação amistosa com as famílias da comunidade 223 74 12 4 41 14 9 3 17 6 302 A procura dos moradores para apresentar queixas e discutir soluções
175 58 53 18 45 15 3 1 26 9 302
Aceitação de sua presença em seus domicílios 243 81 6 2 26 8,6 2 1 25 8 302 Observação de focos de riscos no ambiente familiar e social
223 74 11 3,6 33 11 12 4 23 8 302
A adesão à mobilização em torno dos problemas ambientais e da necessidade de participação nos conselhos locais de saúde
173 57 4 1,3 73 24 24 8 28 9 302
Resolução dos problemas 191 63 11 3,6 68 23 7 2 25 8 302 Compreensão quando alguma solicitação por parte de algum membro familiar não é atendida
111 37 96 32 55 18 11 4 29 10 302
Acompanhar o usuário em seu agendamento, encaminhamento para fora da área da comunidade e retorno a atenção da ESF
151 50 35 12 67 22 20 7 29 10 302
Controle Social A existência de CLS em operação é referida por 74,2% dos profissionais. Apenas 17
profissionais não responderam ou não sabem dizer se existe CLS. Entre os que conhecem
sua existência, a participação sempre é muito baixa, mas 52,5% participa ocasionalmente
como membro da ESF. É grande a referência a nunca terem participado do CLS (106
profissionais ou 36,2% do total).
GOIÂNIA – EQUIPES DE SAÚDE DA FAMÍLIA 122
Tabela 76 - Caracterização das ESF onde há CLS, quanto à participação dos profissionais no mesmo, Goiânia (GO), 2001
Participação Freqüência Percentual Sempre, como representante da equipe de Saúde da Família 22 7,5 Ocasionalmente, como membro da equipe de Saúde da Família
154 52,6
Nunca participa 106 36,2 Não sabe/Não respondeu 11 3,7 Total 293 100,0 Base: Profissionais que afirmaram existir em operação um Conselho Local de Saúde associado a sua unidade Para um percentual acumulado de 38,4 % dos profissionais entrevistados a presença das
lideranças comunitárias no levantamento do diagnóstico foi entre “forte” e “expressiva”,
mas a concentração maior (41,1%) é para os que afirmam que há fraca presença das
lideranças no processo de diagnóstico das condições sócio-sanitárias. Cabe destacar, que
estes profissionais são em sua maioria moradores da comunidade em que trabalham,
exercendo muitas vezes, “extra-oficialmente” o papel de líderes comunitários, servindo de
mediadores de conflito entre população, demais profissionais locais de saúde e o governo
municipal.
Na opinião desses profissionais o principal problema de saúde pode ser um agravo como
hipertensão, diabetes, alcoolismo, infeção respiratória, verminose e parasitose,
desnutrição e problemas (alergias) respiratórios. Destacam ainda problemas ambientais
como saneamento básico e falta de esgoto: problemas outros como desemprego, drogas e
gravidez na adolescência.
41,6% dos profissionais que compõem a ESF consideram o trabalho do CLS pouco
relevante para o desenvolvimento das condições de saúde, porém, em seu conjunto, 33,1%
declaram ser relevante e 18,1% muito relevante o trabalho do CLS. Entre profissionais a
avaliação sobre a forma como se desenvolvem as atividades no Conselho Local de Saúde
indica haver algum ou poucos conflitos dentro do CLS.
O grau de participação dos profissionais das ESF em fóruns de discussão da política de
saúde é baixo: menos de um terço (116) dos profissionais participam. Do total desses
profissionais 60,0% não participam ou nunca participaram de outros fóruns de formulação
de política e de ações de saúde.
GOIÂNIA – EQUIPES DE SAÚDE DA FAMÍLIA 123
Tabela 77 - Caracterização das ESF quanto à participação em outros fóruns de política de saúde, Goiânia (GO), 2001
Participação N % Sim 116 29,5 Não 238 60,0 Não sabe/Não respondeu 42 10,5 Total 396 100,0
GOIÂNIA – FAMÍLIAS USUÁRIAS DO PSF 124
V. FAMÍLIAS USUÁRIAS DO PSF EM GOIÂNIA (GO)
As famílias pesquisadas foram selecionadas por uma série de procedimentos que
associaram seleção de quatro ESF, sorteio de três micro-áreas em cada ESF, e sorteio ou
busca sistemática de oito a nove domicílios em cada micro-área. Foram pesquisadas e
sistematizadas as informações de 100 domicílios e respectivas unidades familiares em 12
micro-áreas abrangendo 400 moradores.
Considerando a existência, em agosto de 2001, em Goiânia de 75 equipes com uma
cobertura de 30% da população total do município e uma média de 1.333 moradores por
ESF é recomendável cautela nas generalizações dos resultados da pesquisa. No entanto, o
grupo de famílias foi meticulosamente pesquisado e caracterizado o que permite inferir
resultados aproximados para outros grupos familiares similares de usuários do PSF no
município.
A maioria das perguntas referem-se ao entrevistado ou alguém de sua residência de forma
que é obtido um retrato do conjunto de moradores dos domicílios pesquisados. Muitas
perguntas admitem mais de uma resposta e foram analisadas, em geral, pela participação
da resposta no total de caracterizados e não no total de respostas. O total de caracterizados
varia: 100 domicílios, chefes de família ou informantes, 400 moradores, 90 chefes de
família empregados ou que têm rendimentos, 204 moradores empregados ou que têm
rendimentos, 52 episódios de doenças no último mês, 14 episódios de violência ou
acidentes envolvendo moradores nos últimos 12 meses, 73 doenças crônicas referidas, três
gestantes e 18 crianças de até 2 anos de idade, etc..
Todas as informações foram tabuladas considerando o total das quatro ESF e por cada
ESF, numeradas de 01 a 04, à qual a unidade familiar está adscrita. Por vezes, são
analisadas situações específicas que caracterizam a localidade e permitem analisar o
vínculo comunidade-ESF mencionando o número da ESF.
Todas as ESF selecionadas de Goiânia situam-se em área urbana. As equipes 01 e 02
apresentam experiências bem sucedidas, de vínculos com a comunidade e estão instaladas
em unidades de saúde da família, embora a equipe 01 em imóvel construído especialmente
e a equipe 02 em imóvel adaptado, extremamente precário. As equipes 03 e 04 apresentam
dificuldades nos vínculos com a comunidade, há demandas de especialistas nas ESF, uma é
“inquilina” de uma Unidade Básica de Saúde e outra está em imóvel alugado, há
GOIÂNIA – FAMÍLIAS USUÁRIAS DO PSF 125
problemas na localização das unidades. A equipe 04 encontra resistências de parte de
atuante Conselho Local de Saúde.
1. CARACTERIZAÇÃO DAS FAMÍLIAS E DOS DOMICÍLIOS, CONHECIMENTO E PARTICIPAÇÃO EM CONSELHOS COMUNITÁRIOS EM GERAL E DE SAÚDE
Caracterização das famílias e vulnerabilidade à pobreza As informações das 100 residências entrevistadas em Goiânia (GO) foram obtidas, em sua
maioria, por meio de entrevistas com o cônjuge (64%), o chefe de família respondeu em
29% dos casos enquanto outros familiares foram entrevistados em 7% das moradias. A
escolaridade dos informantes é baixa: 28% dos informantes tem no máximo 4 anos
incompletos de estudo incluindo 9% sem escolaridade. Não há universitários entre os
informantes. Há diferenças de escolaridade dos informantes segundo as ESF selecionadas:
na equipe 03 e, principalmente na equipe 04 a escolaridade dos informantes é mais
elevada.
19% dos informantes tinha menos de 4 anos de estudo e 58% tinha menos de 8 anos de
estudo, somados aos 9 que declararam não ter escolaridade, significam 67% dos
entrevistados com escolaridade menor que o ensino fundamental completo.
A pobreza1 está fortemente correlacionada a características do chefe da família2 e da
unidade familiar: chefia feminina, jovem, pretos ou pardos, e com escolaridade de menos
de quatro anos são mais vulneráveis à pobreza, indivíduos empregados sem carteira
assinada ou desempregados, e razão de dependência familiar3 zero são variáveis que
aumentam a probabilidade do indivíduo ser pobre no Brasil. Além dessas, consideram-se
duas variáveis locacionais: região de residência (Nordeste é mais vulnerável) e estrato de
residência (rural é mais vulnerável) (Rocha, 1995: 231-2)
As variáveis locacionais são favoráveis ao conjunto de famílias pesquisadas (região Centro
Oeste e estrato de residência urbano).
1 No texto de referência (Rocha, 1995) a pobreza é caracterizada como uma síndrome de carências diversas que é associada à insuficiência de renda, já que a renda é o meio privilegiado de atendimento de necessidades nas sociedades modernas. 2 Considerado como “principal supridor da renda familiar” por Sônia Rocha (1995:231). Nesta pesquisa a condição de chefia familiar foi referida pelo informante. Há controvérsias importantes na caracterização de chefia familiar em unidades familiares conjugais em que ambos trabalham e obtêm rendimentos. Uma forma de categorizar seria considerar unidades monoparentais distinguindo-as por sexo ou conjugais em que ou não há chefe de família ou há dois chefes de família. 3 Razão ou taxa de dependência resulta da relação entre o número de ocupados (ou que têm rendimentos)/ total de pessoas na família. Quanto mais próximo de zero indica famílias numerosas com crianças menores
GOIÂNIA – FAMÍLIAS USUÁRIAS DO PSF 126
Caracterização dos chefes de família A maioria dos entrevistados referiu a condição de chefia masculina de família (74%). A
vulnerabilidade da chefia feminina incide em 26% das famílias. Os chefes de família
situam-se, nas faixas etárias entre 30 e 55 anos (66%). A faixa etária acima de 65 anos
agrupa 16 chefes de família, metade concentrados em famílias adscritas à equipe 03, e a
chefia jovem (entre 15 e 24 anos) envolve quatro unidades familiares.
A caracterização do chefe de família segundo a cor ou raça auto-referida revelou que 56%
consideram-se brancos, 32% pardos e 12% são pretos. Cerca de 44% das famílias
apresentam vulnerabilidade à pobreza relacionada à cor do chefe, sendo menor nas famílias
adscritas à equipe 04 e mais acentuada nas famílias adscritas à equipe 01.
No que se refere à escolaridade observa-se que 9 dos chefes de família não tem
escolaridade e que 29 tem menos de 4 anos de estudo, totalizando 38% de famílias em que
há alta probabilidade que seus membros sejam pessoas pobres. Os percentuais de baixa
escolaridade são similares aos verificados entre os informantes, em sua maioria cônjuges, o
que não corrobora um panorama nacional de maior escolaridade das mulheres. Sessenta e
quatro chefes de família têm menos de 8 anos de estudos (excluídos os sem escolaridade).
Apenas 5 chefes de família possuem o 1o grau completo, 9 possuem o 2o grau completo e
um chefe de família não respondeu; nenhum chefe de família cursou a faculdade. Nas
famílias adscritas à equipe 01, a escolaridade dos chefes de família é mais baixa que a
observada no conjunto das equipes (36% possui menos de 4 anos e somados a 16% sem
escolaridade, totaliza 52% dos chefes de família sem ou com baixa escolaridade). As
famílias adscritas à equipe 03 e, principalmente, à equipe 04 tem proporcionalmente mais
chefias (52%) com escolaridade superior a 8a série completa (ensino fundamental). A
situação se agrava considerando que 94% dos chefes de família não está estudando.
Dos 100 domicílios entrevistados, 10 chefes de família não trabalham ou não possuem
rendimentos. Os demais 90 podem ter uma ou mais fontes de rendimento. A maioria destes
está empregado no setor privado (34,4%) ou possui rendimentos provenientes de
aposentadorias ou pensões (28,9%). Cerca de 26% trabalham por conta própria fora de
casa, e oito são empregadores. Entre os 90 chefes de família que trabalham ou possuem
rendimentos apenas 25 (27,8%) possuem carteira de trabalho assinada. A vulnerabilidade à
pobreza das famílias com chefes desempregados e sem carteira assinada atinge elevados
de 10 anos (ou maiores de 65 anos sem rendimentos) que constituem grupos vulneráveis à pobreza. É um indicador que permite captar de forma sintética diversas características adversas associadas à pobreza.
GOIÂNIA – FAMÍLIAS USUÁRIAS DO PSF 127
patamares: 10 desempregados e sem rendimentos e 65 trabalhadores sem carteira de
trabalho.
Tabela 78 - Caracterização dos chefes de família que trabalham ou têm rendimentos quanto à posição na ocupação, Goiânia (GO)
Posição na ocupação N % Recebe benefícios sociais1 2 2,2Empregador 8 8,9Empregado do setor privado 31 34,4Empregado do setor público 8 8,9Por conta própria em casa 2 2,2Por conta própria fora de casa 23 25,6Trabalhador doméstico - -Aposentado/pensionista 26 28,9Locador de imóvel - -Recebe seguro desemprego - -Não respondeu - -Total 90 1001 Bolsa-alimentação, bolsa-educação e outros programas de renda mínima
Observa-se que 54% dos chefes de família recebem até 2 salários mínimos, incluindo 10
chefes de família que declararam não ter rendimentos. A maior parte dos chefes de família
recebe rendimentos entre 1 e 5 salários mínimos. Nas famílias adscritas à equipe 04
observa-se situação econômica menos vulnerável: 48% dos chefes de família recebem
acima de 3 salários mínimos, inclusive o único chefe de família da amostra que recebe
entre 10 e 20 salários mínimos.
Tabela 79 - Caracterização do chefe de família quanto aos rendimentos mensais (em salários mínimos)1, Goiânia (GO)
Níveis de renda N % Sem rendimentos 16 15,4Até ½ salário mínimo 7 6,7De ½ a 1 salários mínimos 36 34,6De 1 a 2 salários mínimos 28 26,9De 2 a 5 salários mínimos 16 15,4De 5 a 10 salários mínimos 1 1,0Mais de 10 salários mínimos - -Não informado - -Total 104 1001 Salário-mínimo de agosto de 2001, R$180,00 (cento e oitenta reais).
Caracterização das famílias e moradores A maioria das 100 residências pesquisadas era habitada por unidades familiares de 3 a 5
membros (64%). Percentual ao redor de 15% das casas abrigava até 2 moradores ou mais
de 6 moradores.
GOIÂNIA – FAMÍLIAS USUÁRIAS DO PSF 128
Entre os 400 moradores pesquisados, 45% é do sexo masculino e 55% do sexo feminino. A
população estudada segue o perfil etário encontrado no município como um todo. A
distribuição dos moradores segundo faixas etárias revela que a população é jovem: um
quarto têm até 14 anos, 58,6% têm até 24 anos, e 7,5% tem 65 ou mais anos.
Tabela 80 - Caracterização dos moradores das residências pesquisadas quanto a faixa etária, Goiânia (GO), 2001
Faixa etária N % Menor de 14 anos 106 26,5De 15 a 19 anos 43 10,8De 20 a 29 anos 73 18,3De 30 a 39 anos 62 15,5De 40 a 49 anos 55 13,8De 50 a 59 anos 23 5,8De 60 a 64 anos 8 2,065 ou mais anos 30 7,5Não respondeu - -Total 400 100,0
Quarenta e três por cento dos moradores pesquisados se auto-classificaram como sendo
negros ou pardos, 57,0% definiram-se como brancos. Quanto à escolaridade do conjunto
de moradores das residências pesquisadas pode-se observar que há um percentual de
13,8% de moradores sem escolaridade, 25,6% tem menos de 4 anos de estudo, totalizando
39,4% vulneráveis no âmbito educacional. Foram encontrados 57% dos moradores
pesquisados com menos de 8 anos de estudo (excluídos os sem escolaridade) e 9,3% com o
ensino fundamental completo. A barreira do segundo grau deixou passar 77 pessoas entre
as famílias pesquisadas.
Tabela 81 - Caracterização dos moradores e dos chefes de família das residências pesquisadas quanto ao nível de escolaridade, Goiânia (GO), 2001
Moradores Chefes de família Nível de escolaridade N % N %
Sem escolaridade 55 13,8 9 9,0Menos de 4 anos 102 25,6 29 29,0Mais de 4 anos e menos de 8 anos 125 31,4 35 35,01o grau completo 37 9,3 5 5,02o grau incompleto 37 9,3 12 12,02o grau completo 39 9,8 9 9,0Universitário incompleto - - - -Universitário completo 1 0,3 - -Não respondeu 4 1,0 1 1,0Total 435 100,0 100 100,0
A maioria dos moradores não estuda (65,5%) mas na faixa etária entre 7 e 14 anos (60
pessoas), 98,4% freqüentam a escola o que é um excelente índice educacional. No entanto,
GOIÂNIA – FAMÍLIAS USUÁRIAS DO PSF 129
dados do SIAB de junho de 2001 indicam que 7,51% das pessoas com 15 anos ou mais
entre famílias cadastradas pelo PSF não são alfabetizadas e que 12,61% das crianças entre
7 e 14 anos não freqüentam a escola.
Na residências pesquisadas em Goiânia há uma (34%), duas pessoas (41%) ou três (13%)
pessoas trabalhando. No conjunto das famílias, em apenas uma residência ninguém possuía
rendimentos (família adscrita à equipe 01).
A taxa de dependência nos grupos familiares pesquisados em Goiânia revelou que a
situação mais favorável (taxa de dependência entre 0,61 e 1,00) abrange 37 famílias das
100 pesquisadas. No outro pólo, de maior vulnerabilidade à pobreza segundo este
indicador, situam-se 35 famílias.
Tabela 82 - Caracterização das residências quanto à taxa de dependência, Goiânia (GO), 2001
Taxa de dependência
N %
0,01 - 0,20 6 6.00,21 - 0,40 29 29.00,41 - 0,60 28 28.00,61 - 0,80 19 19.00,81 - 1,00 18 18.0Total 100 100,0
Em Goiânia observamos fixação geográfica das famílias, e os pequenos movimentos
migratórios restritos ao âmbito intramunicipal. Residem há mais de 10 anos no bairro ou
comunidade 37,3% dos moradores, e cerca de 46% dos chefes de família, proporção ainda
maior (84%) nos chefes das famílias adscritas à equipe 02. Doze chefes de família e 22%
dos moradores residem na localidade há menos de 2 anos, característica mais acentuada
nos chefes das famílias adscritas à equipe 01 (24%) e inexistente na equipe 02. Oitenta e
nove moradores residem no bairro ou localidade há menos de 2 anos e destes, 15 são
crianças menores de 2 anos.
Entre os chefes de família que residem no bairro ou comunidade há menos de 2 anos a
maioria (58%) provem de outras localidades do próprio município de Goiânia. Dois chefes
de família provinham de outros municípios de Goiás e três eram originários de outro
estado. Nas famílias vinculadas à equipe 01, não há diferença entre a origem local, de outro
município de Goiás ou de município de outro estado, cada qual representado por dois
chefes de família que moram no bairro ou comunidade há menos de 2 anos. Ainda deste
GOIÂNIA – FAMÍLIAS USUÁRIAS DO PSF 130
grupo de moradia recente no bairro a origem é predominantemente urbana (100% dos
chefes de família e 96,7% dos moradores).
A distribuição do tempo de residência no bairro ou localidade dos moradores segundo as
ESF selecionadas: a equipe 01 concentra 100% de moradores há menos de 10 anos no
local, e um significativo grupo de moradia recente (35%), enquanto a equipe 02 apresenta
o maior percentual (67,3%) de moradores há mais de 10 anos, também parcela
considerável (46%) das famílias adscritas à equipe 03. Entre os moradores que residem há
menos de 2 anos no bairro ou localidade 55,1% provêm do próprio município de Goiânia e
15 são crianças menores de 2 anos que nasceram na localidade. Dentre os moradores
residentes há menos de 2 anos, 78,7% referiram o estado de Goiás como lugar de origem,
5,6% (5 pessoas) dos estados de Rondônia, Paraná e Mato Grosso. Os grupos estão
concentrados em famílias adscritas a certas equipes: todos os de Rondônia e de Mato
Grosso moram na área da equipe 01, enquanto os paranaenses estão na área de cobertura da
equipe 03. Apenas duas pessoas que vivem no bairro ou localidade há 2 anos ou menos
eram de origem rural. Em relação ao tempo de moradia na localidade anterior, 28,1%
indicaram a permanência de até 2 anos (baixa fixação) enquanto 25,8% viveu mais de 10
anos na local anterior (fixação). Na equipe 01 há maior concentração de pessoas que
moraram menos de 2 anos na residência anterior e também de pessoas com tendência à
fixação (moraram mais de 10 anos na residência anterior). Nas equipes 02 e 04 cerca de
30% dos moradores que residem há menos de 2 anos na localidade moraram mais de 10
anos na localidade anterior.
Seguindo a mesma tendência dos chefes de família pesquisados, a maioria dos moradores
que trabalham ou têm rendimentos são empregados do setor privado (42,6%) ou são
aposentados e pensionistas (23,5%). Cerca de 17% dos moradores trabalham por conta
própria fora de casa. No que se refere à formalização do vínculo de trabalho por meio de
carteira assinada verificou-se que apenas 60 moradores (29,4% dos que trabalham ou têm
rendimentos) tinham carteira de trabalho assinada.
GOIÂNIA – FAMÍLIAS USUÁRIAS DO PSF 131
Tabela 83 - Caracterização dos moradores que trabalham ou têm rendimentos quanto à posição na ocupação, Goiânia (GO), 2001
Posição na ocupação N % Recebe benefícios sociais 5 2,5Empregador 10 4,9Empregado do setor privado 87 42,6Empregado do setor público 13 6,4Conta própria em casa 6 2,9Conta própria fora de casa 34 16,7Trabalhador doméstico 16 7,8Aposentado/Pensionista 48 23,5Locador de imóvel - -Recebe Seguro desemprego - -Não respondeu - -Total 204 100,0
Quase metade dos moradores que trabalham ou têm rendimentos entre famílias usuárias do
PSF em Goiânia está ocupada nos setores de comércio e serviços (49,8%). O segundo
maior grupo é representado por aposentados e pensionistas (21,6%) mostrando a
importância de rendimentos do sistema de proteção social na economia municipal. Em
Goiânia as ocupações agropecuárias não têm significado, e o emprego industrial foi baixo
(6,4%) entre os moradores pesquisados. Ocupações no setor de construção civil significam
6,4% do total.
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Tabela 84 – Caracterização dos moradores que trabalham ou têm rendimentos quanto ao setor de atividade, Goiânia (GO), 2001 Setor Todas as
equipes Equipe 1 Equipe 2 Equipe 3 Equipe 4
N % N % N % N % N % Empregadores 7 3.2 1 2.0 1 1.8 2 3.0 3 6.1Ocupações na indústria extrativa - - - - - - - - - -Ocupações na indústria de transformação
14 6.4 1 2.0 10 18.2 1 1.5 2 4.1
Ocupações na construção civil 16 7.3 5 10.2 5 9.1 4 6.1 2 4.1Ocupações em comércio e serviços
109 49.8 22 44.9 24 43.6 33 50.0 30 61.2
Ocupações em transporte e comunicações
9 4.1 2 4.1 2 3.6 4 6.1 1 2.0
Aposentado/Pensionista 48 21.9 9 18.4 10 18.2 21 31.8 8 16.3Ocupações artesanais, artísticas e desportivas
2 0.9 1 2.0 1 1.8 0 0.0 0 0.0
Ocupações na agropecuária 1 0.5 0 0.0 0 0.0 0 0.0 1 2.0Outras ocupações não incluídas nas anteriores
- - - - - - - - - -
Ocupações mal definidas 1 0.5 1 2.0 0 0.0 0 0.0 0 0.0Ocupações administrativas 7 3.2 2 4.1 2 3.6 1 1.5 2 4.1Locador 0 0.0 0 0.0 0 0.0 0 0.0 0 0.0Recebe benefícios sociais* 5 2.3 5 10.2 0 0.0 0 0.0 0 0.0Total 219 100.0 49 100.0 55 100.0 66 100.0 49 100.0 (*) Salário-escola, renda cidadã, ajuda à seca, seguro desemprego Obs.: A soma dos valores ultrapassa o total de moradores que trabalham ou têm rendimentos porque um mesmo morador pode ter mais de uma ocupação.
Do conjunto de moradores pesquisados ou que têm rendimentos cerca de 63% recebe até 2
salários mínimos. Repete-se para o conjunto dos moradores o observado anteriormente nos
chefes de família: há uma situação econômica menos vulnerável de 12,8% dos moradores
adscritos à equipe 04 que recebem de 3 a 5 salários mínimos. De um total de 204
moradores que trabalham ou têm rendimentos, 17 trabalham por temporada dos quais
76,4% (9 moradores) trabalham em média durante períodos de 6 a 12 meses o que
interrogar a compreensão da pergunta pelos entrevistados.
GOIÂNIA – FAMÍLIAS USUÁRIAS DO PSF 133
Tabela 85 - Caracterização dos moradores que trabalham ou têm rendimentos quanto à faixa de rendimentos mensais (em salários mínimos)1, Goiânia (GO), 2001
Níveis de renda N % Sem rendimentos - -Até ½ salário mínimo 11 5,4De ½ a 1 salário mínimo 68 33,3De 1 a 2 salários mínimos 50 24,5De 2 a 5 salários mínimos 59 28,9De 5 a 10 salários mínimos 11 5,4Mais de 10 salários mínimos 1 0,5Não informado 4 2,0Total 204 100,01 Salário-mínimo de agosto de 2001, R$180,00 (cento e oitenta reais).
Dentre os moradores de 15 a 64 anos, a maioria (75,5%) está ocupada. O percentual de
desocupação é de 24,5%, sendo que esta proporção é maior entre os moradores adscritos à
equipe 01 e 02 (ao redor de 28%). No total de moradores desocupados (73 pessoas), a
maioria apresentava experiência em trabalho anterior (72%), e 2,7% não respondeu. A
equipe 03, porém, apresenta uma situação diferenciada da média, com proporção maior de
desocupados sem nenhuma experiência de trabalho anterior (40,0%). Dentre os moradores
desocupados apenas 21 (29%) procuraram trabalho nos últimos 30 dias. Dentre os
moradores desocupados com experiência anterior de trabalho (53 moradores) 96% (51
moradores) estava há mais de 30 dias sem trabalhar.
Características dos domicílios A infra-estrutura habitacional é elemento importante na caracterização das condições de
vida e de saúde da população. Indicadores de vulnerabilidade habitacional são: tipo de
construção, densidade por dormitório, banheiro interno ou externo, individual ou coletivo,
abastecimento de água, esgotamento sanitário e coleta de lixo. Em conjunto delimitam um
ambiente mais ou menos saudável em que vivem as pessoas.
A maior parte dos domicílios (99%) é construída com tijolos ou adobe, 58% têm de 5 a 6
cômodos, e 75,0% têm uma densidade entre 1,0 a 1,4 moradores por cômodo. Densidades
mais elevadas (acima de 2,0 até 4,9 moradores por cômodo) foram observados em apenas 5
do total de moradias pesquisadas e concentram-se nas residências das famílias adscritas às
equipes 01 (2 famílias com densidade entre 2,0 e 4,9 moradores por cômodo) e 04 (2
famílias com densidade entre 2,0 e 2,4 moradores por cômodo). A maioria das casas têm
entre dois (50%) e três (26%) dormitórios. Em seis das 100 casas pesquisadas não existia
GOIÂNIA – FAMÍLIAS USUÁRIAS DO PSF 134
cozinha independente; presumimos que o cômodo é também utilizado como dormitório.
No que se refere à densidade de moradores por dormitório observa-se que 52,0% dos
domicílios tinha 2,0 a 2,4 moradores por dormitório, o que é uma densidade média elevada,
cerca de 21% das moradias tinha uma baixa densidade (confortável)por dormitório entre
1,0 e 1,4 pessoas, enquanto 27% tinham densidade de 3,0 a 3,4 moradores por dormitório
ou superior como uma família adscrita à equipe 04 com densidade de moradores por
dormitório entre 4,0 e 4,9 e outra família vinculada à equipe 04 em que dormem entre 5,0 e
5,9 por dormitório. Cerca de 84% das casas pesquisadas têm banheiro interno. Faixas em
torno de 6 das casas tinham banheiro externo exclusivo, ou banheiro interno e externo. Em
quatro casas não existiam banheiros exclusivos.
Em relação ao abastecimento de água 68,0% dos domicílios estão ligados à rede geral, e
31,0% se abastece de água por meio de poço ou nascente. Em 68 domicílios a água é
filtrada, é clorada em 8 residências, é fervida em 5 domicílios e em 24 domicílios a água
não é tratada.
Todas as residências pesquisadas recebem fornecimento de energia elétrica. O
fornecimento de energia elétrica é regular, 60% das residências não tinha sofrido
interrupção de energia na semana anterior, mas 36% das residências pesquisadas referia de
uma até três interrupções de energia na semana anterior.
A ligação à rede geral de esgoto atende 40% dos domicílios pesquisados mas com uma
distribuição territorial extremamente diferenciada: 96% das moradias das áreas cobertas
pelas equipes 01 e 02 não têm ligação com a rede de esgoto enquanto 96% das casas
adscritas à 03 tem ligação com a rede geral. Cerca de 55% dos domicílios possuem outro
tipo de esgotamento sanitário (fossa sem escoadouro, em particular nos domicílios das
áreas cobertas pela equipe 01 (80%0 e 02 (96%). Nas moradias das áreas cobertas pela
equipe 04 há uma situação mais favorável (56% têm ligação sanitária) mas quase a metade
da população não tem saneamento básico.
O sistema público de coleta de lixo serve 100% dos domicílios pesquisados com uma
regularidade de coleta média de 3 vezes por semana (80%). Em 83 domicílios não é
utilizado nenhuma outra forma de jogar fora o lixo mas 10% das residências queimam, 2%
enterram, 1,0% jogam o lixo no próprio terreno.
Há importantes vulnerabilidades habitacionais entre as famílias pesquisadas no que se
refere ao acesso a abastecimento de água ligado à rede geral (32%), ao esgotamento
GOIÂNIA – FAMÍLIAS USUÁRIAS DO PSF 135
sanitário (60%) e a densidade por dormitório. Mas a coleta pública de lixo e o
fornecimento de energia elétrica têm cobertura total e assim como no que se refere ao tipo
de construção as vulnerabilidades são baixas.
Meios de comunicação e participação em grupos comunitários A televisão é o meio de comunicação mais freqüentemente utilizado por moradores
entrevistados (73% assiste sempre ou quase sempre) seguido do rádio (46% escutam
sempre ou quase sempre). Cerca de 30% afirmam ler livros sempre e quase sempre. As
rádios comunitárias não constituem um meio de divulgação massivo e a internet não é
acessível para a totalidade dos informantes. A leitura de jornais é bastante reduzida entre
os entrevistados e a leitura sempre ou quase sempre de jornais é o menos freqüente entre
todos os meios de comunicação.
Os moradores entrevistados em Goiânia se locomovem principalmente por meio de ônibus
(86 moradores) ou de carro (13 moradores). Cavalo é citado por seis entrevistados (das
equipes 02 e 03) como meio de transporte mais utilizado.
Tabela 86 - Caracterização do informante quanto ao uso e freqüência de meios de comunicação, Goiânia (GO), 2001
Meio de comunicação
Sempre Quase sempre Raramente Não Sem resposta
TV 56 17 24 3 -Rádio comunitária
2 - 4 94 -
Rádio 33 13 25 29 -Jornais 8 3 22 67 -Revistas 7 11 15 67 -Livros 21 9 15 55 -Internet - - 1 99 -
Há pequena participação dos moradores pesquisados em todos os tipos de grupos
comunitários, excetuando-se os grupos religiosos em que cerca de 52% dos moradores
participam sempre ou quase sempre. O tipo de grupo comunitário mais freqüentado depois
deste foi grupo de caridade (3,8%) e associação de moradores em que cerca de 4,5% dos
moradores participam sempre ou quase sempre. A não participação significa entre 92 e 100
por cento dos moradores, dependendo do tipo de grupo, excetuando grupos religiosos.
GOIÂNIA – FAMÍLIAS USUÁRIAS DO PSF 136
Tabela 87 - Caracterização dos moradores quanto à participação e freqüência de participação em grupos comunitários por tipo (em percentuais), Goiânia (GO), 2001
Grupo Comunitário Sempre Quase sempre Raramente Não participa Religioso 40,3 11,6 6,3 41,8Cultural ou desportivo 2,0 - 0,3 97,8Ajuda Mútua - - - 100,0Caridade 3,8 - 0,8 95,5Associação de moradores
2,5 2,0 2,8 92,8
Partidos Políticos 1,8 0,8 1,5 96,0Cooperativa 0,3 - - 99,8Outros - - 0,2 99,8
Conhecimento e participação em Conselhos de Saúde 70% não conhecem o Conselho Municipal de Saúde e 88% não conhecem o Conselho
Local de Saúde. Entre aqueles que conhecem o CMS (30) nenhum declara participar. O
mesmo acontece com o CLS: dos 12 entrevistados que declaram conhecer o CLS nenhum
deles participa. A avaliação das reuniões do CMS e dos CLS ficou prejudicada pois não
havia entre os entrevistados ninguém que participasse.
Apenas 9 pessoas afirmaram ter apresentado queixas ou reclamações sobre serviços de
saúde (quatro a profissionais de saúde e quatro a autoridades governamentais do setor
saúde) e somente 22 identificam órgãos a recorrer em casos de denúncias ou queixas de
serviços de saúde. Destes sete pessoas procurariam autoridades governamentais do setor
saúde e seis entrevistados afirmaram que recorreriam aos profissionais de saúde. Meios de
comunicação (5 pessoas) e órgãos de defesa do consumidor (1 pessoa) em conjunto
constituem o terceiro grupo de recursos possíveis para realizar denúncias ou reclamações.
A maioria dos entrevistados (87%) não soube responder à pergunta se havia sido feito um
plano de saúde para a sua comunidade e nove moradores informaram que não havia sido
feito. Apenas dois entrevistados informaram que o plano havia sido feito e concluído e
outros dois responderam que a elaboração do plano foi iniciada mas sem concluir.
Coerentemente com as respostas anteriores, nenhum dos moradores entre os pesquisados
participou da elaboração do plano de saúde da comunidade.
GOIÂNIA – FAMÍLIAS USUÁRIAS DO PSF 137
2. IDENTIFICAÇÃO DE PROBLEMAS PRIORITÁRIOS E DA SITUAÇÃO DE SAÚDE DO BAIRRO OU COMUNIDADE E ATENDIMENTO USUAL AOS PROBLEMAS DE SAÚDE
Foi solicitado que cada entrevistado assinalasse os três maiores problemas em sua
comunidade, sem restringir-se a problemas de saúde. Por ordem decrescente do número de
vezes em que os problemas foram mencionados: problemas referentes a segurança e
violência por 52% dos entrevistados; infra-estrutura urbana, em geral, congregando
queixas relacionadas à ruas e praças não asfaltadas, poeira, falta de transporte, falta de
telefone, falta de local para lazer dos jovens e falta de iluminação pública foram
mencionados por 42% dos entrevistados; problemas referentes à infra-estrutura urbana de
saneamento englobando falta de esgoto da rede pública, falta de água encanada ou de água
tratada, e lixo que os moradores jogam na rua ou que não é recolhido no dia previsto foram
referidos por 39% dos entrevistados; o quarto grupo de problemas mais citado agrupa
dificuldades relacionadas à saúde e a educação ficou em quinto lugar englobando falta de
escola no bairro, falta de vagas, falta de escola para adultos, ensino precário ou ruim, falta
de incentivo para os adolescentes estudarem (atividades extra curriculares) e falta de
creche e jardim-de-infância referidos por 12% dos entrevistados. Pobreza e ao desemprego
foram mencionados por apenas três informantes.
Problemas de saúde também foram mencionados entre os principais problemas da
comunidade por cerca de 25% dos informantes mas receberam tipologia especial:
relacionados à saúde em geral (5), com profissionais ou unidades básicas (8), acesso ao
atendimento (9), relacionadas às emergências (1), relativas à exames (1) e outros (1).
Considerando um total de 193 menções, problemas relacionados à saúde foram
considerados como problemas principais do bairro apenas em 13% dos casos.
A seguir foi solicitado que o entrevistado assinalasse os três maiores problemas de saúde
existentes em sua comunidade e cerca de 20% não responderam. Acesso ao atendimento
foi o problema mais mencionado (38%), relacionado ao tempo de espera para ser atendido,
mesmo com consulta marcada, a falta de vaga para consultas, ao péssimo atendimento no
posto de saúde, à dificuldade em ser atendido quando encaminhado e outras dificuldades
em obter consultas. Dificuldades relativas aos profissionais de saúde foram mencionados
por 31% englobando queixas de falta de médicos especialistas, falta de profissionais para
atender no posto, falta de dentista ou dificuldade em ser atendido por dentistas, falta de
visita domiciliar dos médicos, incompetência do médico em fazer diagnósticos e número
reduzido de visitas domiciliares por agentes comunitários de saúde. O terceiro grupo de
GOIÂNIA – FAMÍLIAS USUÁRIAS DO PSF 138
problemas de saúde identificado, mencionado por 23% dos entrevistados, refere-se às
emergências que englobam queixas de falta de atendimento de emergência no posto de
saúde, falta de unidade de emergência ou serviço de saúde 24 horas, falta de ambulâncias
para levar os doentes e atendimento demorado na emergência. Em quarto lugar, foram
referidos tanto problemas de saúde relativos às doenças prevalecentes (15) quanto à falta
de medicamentos nas unidades de saúde (14).
Perguntados a quem caberia solucionar os problemas de saúde assinalados, a maior parte
das respostas dividiu-se entre o governo estadual (30) e o governo municipal (31). A
Secretaria Municipal de Saúde foi responsabilizada por 24 entrevistados e os serviços de
saúde (postos e centros, hospitais) também tiveram importante parcelas de respostas (24).
Um número importante (35) não soube responder a pergunta. As concentrou-se no governo
municipal (93%), muito mais que o governo estadual (18%), e a própria (35%). Serviços e
profissionais de saúde são pouco responsabilizados. A ESF foi identificada como
responsável na resolução dos problemas de saúde por três entre 100 entrevistados e
ninguém imputou responsabilidade ao agente comunitário de saúde.
Tabela 88 - Caracterização dos responsáveis pela resolução dos problemas de saúde na opinião dos entrevistados, Goiânia (GO), 2001
Responsáveis identificados Todas as equipes
Equipe 1 Equipe 2 Equipe 3 Equipe 4
N % N % N % N % N % Governo estadual 30 30,0 7 28,0 5 20,0 13 52,0 5 20,0 Governo municipal 31 31,0 10 40,0 3 12,0 10 40,0 8 32,0 Secretaria Municipal de Saúde 24 24,0 8 32,0 7 28,0 3 12,0 6 24,0 Outra secretaria municipal 1 1,0 1 4,0 - - - - - - Centros e postos de saúde 22 22,0 - - 11 44,0 9 36,0 2 8,0 Hospitais 2 2,0 - - 1 4,0 1 4,0 - - Equipes de saúde da família 3 3,0 2 8,0 1 4,0 - - - - Agentes comunitários de saúde - - - - - - - - - - Conselho Local de Saúde - - - - - - - - - - Conselho Municipal de Saúde - - - - - - - - - - Igrejas - - - - - - - - - - Clubes - - - - - - - - - - Associações de moradores 8 8,0 8 32,0 - - - - - - Pessoas que moram na comunidade 3 3,0 1 4,0 1 4 - - 1 4,0 Outro 4 4,0 3 12,0 - - 1 4,0 - - Não sabe 35 35,0 9 36,0 9 36,0 9 36,0 8 32,0 Obs.: A soma dos valores absolutos e relativos ultrapassa o total de informantes e os 100%, respectivamente, porque o respondente pode ter indicado mais de um responsável pelos problemas de saúde da comunidade.
GOIÂNIA – FAMÍLIAS USUÁRIAS DO PSF 139
Situação de saúde e atendimento aos problemas de saúde das famílias A situação de saúde foi pesquisada de diversos modos: doenças e condições referidas sob
acompanhamento das Equipes de Saúde da Família; episódios de doenças no último mês;
episódios de violência nos últimos 12 meses; portadores de doenças crônicas; e, para todos
estes foram investigados os modos usuais de atendimento e acompanhamento dos
problemas de saúde.
Entre as doenças, comportamentos (alcoolismo) e condições (gravidez, crescimento e
desenvolvimento) sob acompanhamento das Equipes de Saúde da Família observa-se um
número pequeno de grávidas (3) e menores de um ano (5). Há mais crianças e adolescentes
em faixa pré-escolar e escolar mas não há atividades específicas do PSF direcionadas a
esses grupos. Entre as doenças a mais referida foi hipertensão arterial que atinge cerca de
10% dos moradores pesquisados. Doença de Chagas foi mencionada por 8 moradores
(2,0%) e hanseníase por dois. A ausência de malária é coerente com o perfil
epidemiológico de Goiânia, mas a ausência de portadores de tuberculose incita a avaliação
da capacitação diagnóstica dos profissionais das ESF. Chama a atenção a referência de dez
casos de diabetes.
Quadro 18 - Caracterização dos moradores quanto à doenças ou condições referidas, Goiânia (GO), 2001
Doença ou condição referida N % Diabetes 10 2,5 Doença mental 5 1,3 Doença de Chagas 8 2,0 Epilepsia 4 1,0 Hanseníase 2 0,5 Hipertensão arterial 38 9,5 Malária - - Tuberculose - - Desnutrição 1 0,3 Portadores de deficiência física 3 0,8 Alcoolismo 5 1,3 Mulheres grávidas 3 0,8 Crianças com menos de 1 ano 5 1,3 Crianças de 1 a 4 anos 28 7,0 Crianças de 5 a 9 anos 37 9,3 Crianças de 10 a 14 anos 36 9,0 Total 400 100,0
No último mês foram referidos 52 episódios de doença entre 400 moradores, 13 foram
considerados graves, 15 foram considerados “mais ou menos graves” e 23 foram
considerados sem gravidade. Quatorze consideraram estarem curados, 33 continuavam
GOIÂNIA – FAMÍLIAS USUÁRIAS DO PSF 140
doentes (22 relataram estar “mais ou menos” e 11 acharam que o quadro estava inalterado)
e 3 consideraram que estavam pior. A USF/ESF foi procurada pela maior parte (16) dos
que referiram episódio de doença no último mês, 7 procuraram Posto ou Centro de Saúde
mas 12 procuraram hospitais. Nove não procuraram serviço ou profissional de saúde.
Embora existissem portadores de doenças crônicas em 55 residências pesquisadas
referindo 73 casos, 91% dos domicílios não apresenta doentes acamados nos últimos 15
dias. Apenas 9% das casas têm doentes nesta situação, e apenas 2% das residências
apresentam pessoas idosas permanentemente acamadas.
As condições crônicas referidas concentraram-se na hipertensão arterial (60% dos
domicílios com doentes crônicos), diabetes (18,2%), doença de Chagas (14,5%). Das
doenças monitoradas pelo PSF, além destas, foram mencionados três casos de Hanseníase,
quatro casos de epilepsia, dois casos de doença mental, mas nenhum caso de desnutrição.
Doenças do aparelho respiratório e do sistema ósteomuscular contribuem, cada qual, com
cerca de 20% de domicílios que referem moradores com doenças crônicas, e dão uma idéia
de situações incapacitantes ou que reduzem a capacidade de trabalho que não são objeto de
atividades do PSF.
Tabela 89 - Caracterização das residências com doentes crônicos segundo as doenças crônicas referidas, Goiânia (GO), 2001
Doenças crônicas referidas N % Doença de Chagas 8 14,5Hanseníase 3 5,5Desnutrição - -Hipertensão arterial 33 60,0Doença mental 2 3,6Epilepsia 4 7,3Diabetes 10 18,2Doenças do ap. circulatório exceto hipertensão 6 10,9Neoplasias - -Doenças do aparelho respiratório 11 20,0Doenças do sistema nervoso, exceto epilepsia 1 1,8Transtornos mentais e comportamentais 4 7,3Doenças do sistema osteomuscular e do tec. Conjuntivo 12 21,8Doenças do aparelho digestivo 3 5,5Doenças endócrinas, nutricionais e metabólicas, exceto diabetes 1 1,8Doença de olho e anexos 3 5,5Doença do ouvido e da apófise mastoide 2 3,6Doenças infecciosas e parasitárias, exceto as monitoradas pelo PSF - -Sintomas e sinais mal definidos 4 7,3Não respondeu - -Total de domicílios 55 100,0
GOIÂNIA – FAMÍLIAS USUÁRIAS DO PSF 141
Deve ser recordado que os entrevistados referiram como dentre os três maiores problemas
de saúde da comunidade dificuldades relacionadas com dificuldades de acesso ao
atendimento ambulatorial e contínuo (38,0%), dificuldades relacionadas com os
profissionais de saúde (31%), e ao atendimento de emergência (23%). Doenças específicas
aparecem em quarto lugar em ordem decrescente de respostas.
Casos de violência ou acidentes nas comunidades Sessenta e uma pessoas referiram que são comuns casos de violência ou acidentes em suas
comunidades, com concentração de casos nas áreas adscritas às equipes 02 (72%
afirmaram que acidentes e casos de violência são comuns) e 03 (64%). Os tipos de
violência mais relatados foram assassinatos (30) seguidos de brigas em lugares públicos
(29), roubos de residências ou estabelecimentos comerciais (23) e assalto a mão armada
(15).
Foram relatados 14 episódios de violência ou acidentes com os entrevistados ou residentes
de seus domicílios nos últimos 12 meses. Apenas 3 episódios foram graves enquanto os
demais foram sem gravidade (5) ou não houve ferimentos (6). Consequentemente, a
maioria (8) não procurou nenhum serviço de saúde e 4 procuraram hospitais.
Perguntados o que costumam fazer diante de mal-estar ou adoecimento, 89 informam que
procuram um profissional de saúde, e 5 tomam chá ou remédios caseiros. Entre os serviços
e profissionais de saúde procurados em primeiro lugar os mais mencionados foram Centro
de Saúde com serviço de urgência (26), Postos ou Centros de Saúde (21), USF (20) e
hospitais (18). Para o atendimento em situações de mal-estar e adoecimento em períodos
noturnos ou em finais de semana os moradores relatam recorrer a Centros de Saúde com
serviços de urgência (32), hospitais (20), Posto ou Centro de Saúde (13) enquanto 10
esperam para ver se melhoram.
O ACS não é um recurso em caso de adoecimento ou mal-estar. A “rede” de atenção
básica ofereceria cobertura usual a 41 casos enquanto a “rede de emergência” atenderia 44
casos. Em períodos noturnos ou finais de semana a USF não é recurso disponível, a
atenção básica é mencionada por 13 pessoas enquanto a “rede de emergência” atende 52
dos casos.
GOIÂNIA – FAMÍLIAS USUÁRIAS DO PSF 142
3. CONHECIMENTO E UTILIZAÇÃO DO PSF
A grande maioria dos entrevistados (93) conhece o PSF e o meio de divulgação mais
referido foi a visita do ACS (56). Foram também mencionados, em ordem decrescente,
como meio de informação sobre o PSF a televisão (26), amigos ou conhecidos (6), visita
da ESF (4). Cartazes, folhetos, jornais, rádio e rádio comunitário não foram mencionados
como meios de informação sobre o programa e apenas um entrevistado mencionou
reuniões na comunidade.
Entre os 93 entrevistados mais da metade (51) conhece o local em que o PSF funciona
atualmente e 48 afirmam que é fácil chegar a esse local sendo que a maioria (44 entre 51
que conhecem o local) chegam a pé. Apenas nas famílias adscritas à equipe 03, três
entrevistados informaram que não é fácil chegar na USF.
Agentes Comunitários de Saúde Os agentes comunitários de saúde desempenham importante papel na ESF, e constituem o
vínculo mais próximo dos usuários até porque devem morar na localidade. Mas, além da
proximidade de residência, as atribuições do ACS envolvendo acompanhamento e busca
ativa de situações e problemas de saúde, referência para a USF e fornecimento de
orientações, tem grande significado nas relações estabelecidas com os profissionais e
equipes de saúde e com a concepção de saúde como qualidade de vida que devem
constituir a base de estruturação do sistema de saúde.
A grande maioria (95) conhece o ACS responsável da área em que moram e a maioria
destes (64) considera que o ACS conhece os problemas de saúde de sua família. Apenas 9
entrevistados consideram que o ACS conhece “mais ou menos” os problemas de saúde de
sua família e 19 consideram que o ACS não conhece os problemas de saúde de sua família.
Em relação ao conhecimento do ACS sobre os problemas de saúde da comunidade um
percentual menor (56) afirmou que o ACS conhece, 5 pessoas declararam que o ACS
conhece “mais ou menos”, 9 declararam que o ACS não conhece os problemas de saúde da
comunidade e 25 não souberam avaliar.
Um alto percentual dos entrevistados (82) declarou que os ACS estabelecem um bom
relacionamento com as pessoas que são por eles acompanhados. Onze não souberam
avaliar. A grande maioria (69) considera que os ACS orientam a respeito de cuidados de
saúde embora 14 pessoas informaram que os ACS não realizam orientações. Quanto às
orientações dadas pelos ACS 57 dos entrevistados consideraram que as orientações são
GOIÂNIA – FAMÍLIAS USUÁRIAS DO PSF 143
totalmente compreensíveis. Apenas um entrevistado respondeu que as orientações são
incompreensíveis.
Do conjunto de atividades do ACS a visita domiciliar foi considerada boa ou ótima por 61
entrevistados, apenas 6 não souberam avaliar esta atividade, 11 consideraram péssima ou
ruim e 17 consideraram regular. O número de pessoas que não sabiam avaliar certas
atividades foi bastante elevado: orientação sobre soro de reidratação oral (59),
acompanhamento de vacinação de crianças e gestantes (55), orientação sobre métodos de
planejamento familiar (69) e sobre prevenção de intoxicações domésticas4 (75), educação
em saúde bucal para crianças (67), orientação sobre prevenção da AIDS (62). Algumas
atividades receberam altos percentuais de resposta “não se aplica” (incentivo ao
aleitamento materno, identificação de gestantes e encaminhamento para o pré-natal,
atividades de prevenção e promoção da saúde de idosos, e identificação e orientação de
portadores de deficiências físicas e mentais) referindo-se a inexistência naquela residência
de alvo da atividade e portanto não ser possível a avaliação. Essas atividades receberam
menores percentuais de resposta “não sabe avaliar”.
As atividades dos ACS consideradas como boas ou ótimas por mais da metade dos
entrevistados foram somente duas: capacidade de identificar situações de risco e
capacidade de identificar pessoas doentes. Receberam acima de 40% de aprovação as
atividades de orientações sobre prevenção e cuidados doenças endêmicas (traduzidas como
“mais comuns na região”), e ações educativas para prevenção de câncer ginecológico.
As atividades dos ACS consideradas como ruins ou péssimas por cerca de 5% dos
entrevistados, foram educação em saúde bucal para crianças, orientação sobre prevenção
de intoxicações domésticas.
4 Embora a atividade de orientações para prevenção de intoxicações domésticas não esteja incluída nas atribuições dos ACS nem nas ações das ESF, foi introduzida na pesquisa por ser importante causa de morbidade infantil nos grandes centros urbanos.
GOIÂNIA – FAMÍLIAS USUÁRIAS DO PSF 144
Quadro 19 - Avaliação das famílias sobre atividades realizadas pelos ACS (em números absolutos), Goiânia (GO)
Atividades Péssimo ou
ruim Regular bom ou
ótimo Não se aplica
Não sabe
Capacidade de identificar situações de risco
3 8 53 - 31
Capacidade de identificar pessoas doentes
4 4 54 - 33
Orientação sobre prevenção de AIDS
4 1 28 - 62
Orientação sobre prevenção e cuidados doenças endêmicas
2 4 42 - 47
Monitoramento de doenças de pele e parasitoses em crianças
3 1 16 39 36
Educação em saúde bucal para crianças
6 2 15 5 67
Orientação sobre prevenção de intoxicações domésticas
5 4 10 1 75
Orientação sobre os métodos de planejamento familiar
2 2 16 6 69
Acompanhamento de vacinação de crianças e gestantes
- - 2 38 55
Orientação sobre soro de reidratação oral
1 2 27 6 59
Acompanhamento do crescimento de crianças menores de 2 anos
2 - 7 79 7
Incentivo ao aleitamento materno 2 - 6 79 8 Identificação de gestantes e encaminhamento para pré-natal
- - 3 92 -
Ações educativas para prevenção do câncer de colo de útero e de mama
2 5 40 4 44
Ações educativas referentes ao climatério
1 - 8 60 26
Atividades de prevenção e promoção da saúde de idosos
- 1 13 72 9
Acompanhamento de tratamento domiciliar e doentes crônicos
4 5 28 41 17
Identificação e orientação de portadores de deficiências físicas e mentais
4 - 5 68 18
Visitas domiciliares (qualidade) 11 17 61 - 6 É alta a freqüência mensal de contatos entre os residentes e os ACS: 25 entrevistados
afirmaram encontrar menos de uma vez por mês, 26 declararam encontrar uma vez por
mês, 22 encontravam os ACS entre 2 a 5 vezes por mês e 12 pessoas encontram o ACS de
26 a 30 vezes mensais. O local mais citado de encontro com o ACS é a residência do
entrevistado (59) seguido da rua (45) e 12 que encontram o ACS na unidade de saúde.
Analisando as respostas das famílias entrevistadas segundo as ESF selecionadas há
diferenças que indicam maior freqüência de contato na rua (16) na equipe 02 ao invés de
na casa do entrevistado (13).
GOIÂNIA – FAMÍLIAS USUÁRIAS DO PSF 145
Atendimento na USF A grande maioria (83) dos entrevistados afirmou que alguém de sua residência já foi
atendido na USF ou por profissionais da ESF excetuando o ACS sendo que 32 foram
atendidos menos de uma vez por mês nos últimos 3 meses, 28 foram atendidos entre 2 a 5
vezes e 22 foram atendidos nesse período uma vez por mês.
Quando considerado o período dos últimos 30 dias 52 entrevistados referiram que eles ou
alguém de sua residência entraram em contato com profissionais da ESF, incluindo o ACS,
sendo o motivo mais assinalado (19) o sentir-se mal. A consulta estava marcada foi
assinalado por 13 pessoas e visita de rotina apenas por dez.
O médico foi o profissional da ESF com quem as pessoas mais entraram em contato (34)
nesse período, seguido pelo ACS (12) e o enfermeiro (3). Um entrevistado referiu ter
entrado em contato com o dentista (equipe 04) o que deve ser verificado já que em Goiânia
a ESF não inclui o odontólogo. Não há diferenças importantes entre as famílias segundo as
ESF selecionadas.
No mesmo período o local mais assinalado de contato com profissionais da ESF, incluindo
o ACS, foi a unidade de saúde (33), seguida da casa do entrevistado (16). Não há
diferenças importantes entre as famílias segundo as ESF selecionadas.
Foi solicitado ao entrevistado que informasse a freqüência de contatos estabelecidos com
profissionais das ESF segundo tipo de profissional. A seguir um quadro síntese das
respostas (em %). 29% dos entrevistados referiram contato menos de uma vez por mês
com o agente comunitário de saúde, 26% informaram o contato com este profissional uma
vez por mês e 22% de duas a cinco vezes por mês. Cerca de 12 % informaram a freqüência
de 26 a 30 vezes por mês. Excetuando-se o ACS com quem quase metade dos
entrevistados referiu entrar em contato entre 1 a 5 vezes por mês, enfermeiros e médicos
entram em contato com os usuários do PSF, respectivamente em 83 e 70 dos casos, menos
de uma vez por mês.
GOIÂNIA – FAMÍLIAS USUÁRIAS DO PSF 146
Quadro 20 - Caracterização dos residentes quanto à freqüência mensal (%) de contato segundo o tipo de profissional da ESF, Goiânia (GO), 2001
Tipo de profissional e freqüência contato
ACS Aux. adm. Aux. enfer. Enferm. Médico
Menos de 1 vez por mês 29 94 89 83 791 vez por mês 26 4 6 10 172 a 5 vezes 22 2 4 7 46 a 10 vezes 4 - - - -11 a 15 vezes 4 - 1 - -16 a 20 vezes 3 - - - -Mais de 20 vezes 12 - - - -Não respondeu - - - - -
Entre os entrevistados que entraram em contato com profissionais da ESF, incluindo o
ACS, no último mês 32 relataram que já conheciam o profissional e 20 não o conheciam.
Foi solicitado que realizassem uma avaliação do profissional que prestou este atendimento.
Quase todos (98,1%) referiram que o profissional havia sido amável e educado. Quarenta e
cinco dos entrevistados (entre 52 que entraram em contato no último mês) consideraram
que o profissional forneceu informações sobre o estado de saúde da pessoa atendida. A
maioria (42) considerou que o profissional tinha conhecimentos para resolver o problema
de saúde, mas oito pessoas responderam que o profissional não tinha conhecimentos para
tal.
Cerca de 40% das pessoas atendidas pelas ESF precisou ser encaminhada para outros
serviços, principalmente para realização de exames (45,8%) e 41,7% para consulta médica
especializada. Na equipe 04 a maior parte dos encaminhamentos é para realização de
exames enquanto a equipe 02 encaminha a maior parte para consulta médica especializada.
Tabela 90 - Motivo de encaminhamento para outros serviços de saúde, Goiânia (GO), 2001
Motivos Todas as equipes Equipe 01 Equipe 02 Equipe 03 Equipe 04
N % N % N % N % N %Para consulta médica 10 41,7 2 33,3 4 66,7 3 60,0 1 14,3Para fazer exames 11 45,8 3 50,0 2 33,3 2 40,0 4 57,1Para internação ou cirurgia - - - - - - - - - -Para obtenção de medicamentos - - - - - - - - - -Outros motivos 3 12,5 1 16,7 - - - - 2 28,6
Base: Informantes que precisaram ser encaminhados para outro serviço de saúde ou para outro profissional. Obs.: A soma dos valores absolutos e relativos ultrapassam o total de respondentes e os 100%, respectivamente, porque a questão que deu origem à tabela admite mais de uma resposta. Os pacientes são encaminhados, por todos os motivos, para serviços públicos embora não
identifiquem a esfera (47,6%), 28,6% são encaminhados para serviços públicos municipais
e 14,4% são encaminhados para serviços estadual (um único paciente encaminhado
GOIÂNIA – FAMÍLIAS USUÁRIAS DO PSF 147
adscrito à equipe 04), de natureza desconhecida ou classificada como outros cada qual um
paciente encaminhado da equipe 01).
Tabela 91 - Natureza do serviço de saúde para o qual foi encaminhado, Goiânia (GO), 2001
Natureza do estabelecimento Todas as equipes Equipe 01 Equipe 02 Equipe 03 Equipe 04
N % N % N % N % N % Público municipal 6 28,6 3 50,0 1 20,0 1 20,0 1 20,0Público estadual 1 4,8 - - - - 1 20,0 - -Público, mas não sabe a esfera 10 47,6 1 16,7 4 80,0 2 40,0 3 60,0Privado - - - - - - - - - -Não sabe se público ou privado 1 4,8 1 16,7 - - - - - -Outros 1 4,8 1 16,7 - - - - - -Base: Respondentes que precisaram ser encaminhados para outro serviço de saída ou para outro profissional. Obs.: A soma dos valores absolutos e relativos ultrapassam o total de respondentes e os 100%, respectivamente, porque a questão que deu origem à tabela admite mais de uma resposta. Quando são atendidos pela ESF 53,8% dos entrevistados geralmente conseguem resolver o
problema de saúde neste atendimento mas 46,2% precisam procurar um especialista.
Quando se trata da realização de exames 30,8% conseguem realizar todos os exames, 50%
conseguem realizar alguns exames e 15,4% não conseguem realizar nenhum exame. No
referente a medicamentos apenas 9,6% recebem todos os medicamentos, 50% recebem
alguns medicamentos e 38,5% não recebem nenhum medicamento. Quanto ao acesso das
pessoas mais pobres aos serviços especializados 86 entrevistados afirmam que existem
dificuldades para acessar tais serviços.
A maioria das famílias não teve problemas de atendimento na USF com enfermeiro (82%),
médico (79%) e auxiliar de enfermagem (79%). No caso do dentista, pela inexistência do
profissional nas ESF em Goiânia, esta pergunta não se aplica. O auxiliar de enfermagem,
embora com número reduzido, foi o profissional com quem 5 entrevistados informaram
terem tido problemas relacionados à criação de barreiras ao acesso de atenção à saúde que
envolve “recusa de encaminhar ao médico, recusa de marcar consulta” (2) e falta de
humanização no atendimento (1) que engloba “grosseria, falta de educação” e “não dá
determinadas informações, se recusa a realizar determinados procedimentos”. As
dificuldades com auxiliares de enfermagem estão concentradas nas equipes 01 e 03.
No relacionamento com outros profissionais, quatro entrevistados mencionaram problemas
com os médicos devidos à criação de barreiras ao acesso (2), falta de humanização no
atendimento (1) e falta de qualidade (1). Apenas uma pessoa referiu problemas de
atendimento com o enfermeiro (criação de barreiras ao acesso e falta de humanização).
GOIÂNIA – FAMÍLIAS USUÁRIAS DO PSF 148
Quadro 21 - Problemas de atendimento na USF referidos pelos entrevistados, segundo o profissional da ESF e o tipo de problema, em números absolutos, Goiânia (GO), 2001
Profissional da ESF
Falta humanização
Barreiras ao acesso de atenção à
saúde
Falta de qualidade
Não respondeu Total entrevistados
com problemas referidos
Aux. enfermagem 1 2 1 - 4 Enfermeiro 1 1 - - 1 Médico 1 2 1 - 4
Mais da metade (63%) dos entrevistados refere que não há problemas de atendimento na
USF seja na realização de exames (63%), seja na obtenção de medicamentos (61%), seja
por falta de equipamentos (72%).
Dos 20 entrevistados que referiram problemas de atendimento nas USF na realização de
exames, a maioria (18) mencionou criação de barreiras e dificuldades no acesso e apenas
um (adscrito à equipe 01) referiu que os problemas eram devidos à falta de material e
equipamentos. Dos 24 entrevistados que mencionaram problemas em conseguir
medicamentos a maioria (20) foi devido a dificuldades no acesso aos medicamentos e
quatro pessoas não especificaram o tipo de problema. A maior parte dos que referiram
dificuldades no acesso a medicamentos estavam adscritos à equipe 01. Quanto aos
problemas com equipamentos mencionados por nove entrevistados oito estavam
relacionados com a falta de equipamentos e se manifestaram em famílias adscritas à todas
as equipes, com discreta ênfase na equipe 01.
Portadores de Doenças Crônicas
Em 55 residências pesquisadas existiam portadores de doenças crônicas referindo 73 casos.
As doenças mais citadas foram hipertensão arterial (43,8% dos casos crônicos referidos),
diabetes (13,7%), doença de Chagas (11%). Das doenças monitoradas pelo PSF, além
destas, foram mencionados três casos de Hanseníase, quatro casos de epilepsia, dois casos
de doença mental, mas nenhum caso de desnutrição. Doenças do aparelho respiratório e do
sistema ósteomuscular foram mencionadas com freqüência (20% dos domicílios com
moradores portadores de afecções crônicas.
Os portadores de doenças crônicas são acompanhados pela USF/ESF em 34,5% dos casos
e 30,9% dos doentes crônicos não recebem acompanhamento. Dentre os que recebem
acompanhamento 18% dos doentes crônicos são atendidos em hospital e 11% em
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consultórios médicos especializados. Na equipe 04, 35,7% dos portadores de doenças
crônicas têm acompanhamento hospitalar.
Os portadores de doenças crônicas recebem acompanhamento, em geral, até uma vez por
mês (39,5%), apenas quando apresenta problemas (34,2%) e de “depende do problema
(21,1%). 50% dos portadores de doença crônica, adscritos à equipe 03, só recebe
acompanhamento quando apresentam problemas.
A maioria dos acompanhamentos é realizada com agendamento prévio de consulta
(73,7%). A equipe 01 atende mais, em comparação às outras três, a demanda espontânea
(sem marcação de consulta) dos portadores de doença crônica.
Os portadores de doenças crônicas tomam (69,1%) tomam medicamentos diariamente e as
formas de obtenção destes medicamentos mais citados foram: compra na farmácia (69%), e
obtenção em serviços públicos de saúde (52,4%). Na equipe 03 um percentual mais
elevado do que a média (69,2%) obtêm os medicamentos em serviços públicos de saúde.
As alternativas não são excludentes e considerando que só 10% consegue receber todos os
medicamentos, é sugestivo que os usuários complementam as formas de obtenção dos
medicamentos, da compra direta na farmácia com vários serviços públicos.
As modalidades de atividades realizadas e as freqüências médias mensais de participação
nessas atividades por portadores de doenças crônicas foram referidas da seguinte forma:
72,7% recebem orientações individuais menos de 1 vez por mês e 21,8% recebem
orientações individuais pelo menos uma vez por mês. Quase todos (90,9%) recebem
orientação em grupo menos de uma vez por mês, e 3,6% recebem orientações em grupo
uma vez por mês. Recebem medicamentos menos de uma vez por mês 60% dos portadores
de doenças crônicas e 29,2% recebem medicamentos pelo menos uma vez por mês. A
consulta médica é realizada mensalmente em 38,2% dos doentes crônicos enquanto 54,5%
dos doentes crônicos é consultado por médicos menos de uma vez por mês. A consulta de
enfermagem é realizada em 78,2% dos casos menos de uma vez por mês e mensalmente
em 12,7% dos doentes crônicos.
Ao responderem qual o profissional da ESF que atende com mais freqüência portadores
doenças crônicas o ACS foi mencionado em 49,12% dos casos, o médico em 23,6%. Cerca
de 20% responderam que não havia ninguém que os acompanhasse com mais freqüência.
GOIÂNIA – FAMÍLIAS USUÁRIAS DO PSF 150
Gravidez O acompanhamento das gestantes foi pouco analisado pois no conjunto das famílias
entrevistadas em Goiânia foram mencionadas apenas três grávidas. Duas eram
acompanhadas em Centros de Saúde com serviço de emergência (1) e em hospital (1) e
uma foi referida como não recebendo acompanhamento (na equipe 01). As grávidas com
acompanhamento eram atendidas, em média, até uma vez por mês, sempre com
agendamento de consulta. No entanto, as duas gestantes referem que o acompanhamento
da gravidez é realizado pelo ACS.
Crescimento e Desenvolvimento de Crianças até 2 anos de idade No total de famílias entrevistadas existiam 18 crianças menores de 2 anos sendo que quatro
não recebiam acompanhamento (três pertencem a famílias adscritas à equipe 02). Nove
crianças recebem acompanhamento na USF pela ESF e duas crianças são acompanhadas
em postos de saúde.
Das 14 crianças acompanhadas 50% recebiam atendimento até uma vez por mês, e 28,6%
eram acompanhadas somente quando apresentavam problemas de saúde. A maior parte dos
acompanhamentos (78,6%) é realizado com marcação de consulta. O médico foi o
profissional da ESF que realizou a maioria (42,9%) dos acompanhamentos. Quatro
crianças (entre as 14 que recebiam acompanhamento) eram atendidas por profissionais que
não integram o PSF e o ACS foi identificado por dois entrevistados como o profissional
que atende com maior freqüência crianças até dois anos de idade. Nas famílias adscritas à
equipe 02 observa-se que apenas o médico acompanha crianças menores de dois anos
enquanto nas demais equipes o acompanhamento é compartilhado entre médicos e ACS
das ESF e profissionais não pertencentes ao PSF.
GOIÂNIA - CONCLUSÕES 151
VI. CONCLUSÕES
Nesta seção são apresentadas resumidamente as principais características da implementação
do PSF e elencados fatores facilitadores e dificultadores do processo em Goiânia. Ao final
são sinalizados aspectos específicos a considerar na implementação da estratégia de saúde
da família em grandes centros urbanos.
O PSF foi implantado em Goiânia em outubro de 1998, com apoio político do prefeito e do
Secretário Municipal de Saúde em resposta às diretrizes da política nacional de incentivo à
implantação do PSF e à necessidade de ampliar o acesso à atenção básica no município. O
planejamento inicial não previa a conversão do modelo assistencial da atenção básica.
Inicialmente constituíram-se sete ESF. Essas primeiras equipes foram implantadas sem
programação prévia - apoiadas na existência do PACS na região - em áreas sem serviços de
saúde, com população carente e com concentração de crianças em situação de risco
epidemiológico. Não foram criadas unidades de saúde da família, parte das equipes
funcionava como volante e algumas ocupavam espaços como inquilinos em Centros de
Saúde da rede convencional, o que gerou conflitos com profissionais dessas unidades.
Em dezembro de 2000 a expansão havia sido intensa, aumentando para 67 ESF. No
momento da pesquisa, em agosto de 2001, existiam 75 ESF constituídas por médicos,
enfermeiros, auxiliares de enfermagem e ACS. Não há odontólogos nas ESF de Goiânia.
A mudança dos gestores municipais no início de 2001 não permitiu caracterizar, em
profundidade, alterações no processo de implementação. A atual gestão passou a
compreender o programa como estratégia de reorientação do modelo de atenção, dando
prioridade ao PSF no que se refere à restruturação da rede de saúde em Goiânia. A atual
CSF atua de forma articulada com as outras coordenações da SMS na construção de uma
nova forma de entendimento do PSF como uma estratégia de atenção integral à saúde.
A SES não acompanhou o processo de implantação do PSF em Goiânia. Segundo os atuais
gestores a implantação do programa no município seguiu regras próprias e desconsiderou
alguns pré-requisitos e recomendações, em especial a articulação do programa à rede básica
de saúde.
GOIÂNIA - CONCLUSÕES 152
O PSF não foi amplamente discutido pelo CMS no momento de sua implantação. Mais
recentemente, após denúncias, o programa vem sendo discutido no CMS. Ambos
conselheiros entrevistados consideram que a saúde da família é uma estratégia prioritária na
atual gestão municipal e que ampliou o acesso aos cuidados de saúde para a população.
Entre os aspectos positivos do PSF segundo os conselheiros destacam-se: o atendimento
domiciliar, o atendimento preventivo, a diminuição das filas e a confiança da comunidade
nos profissionais. Já entre os aspectos negativos estão a ausência de profissionais como
fonoaudiólogo e psicólogo na ESF e falta de atendimento especializado. Não há canais
específicos de comunicação para que os usuários do PSF apresentem demandas ou
denúncias sobre o seu funcionamento, o que pode ser feito por intermédio dos CLS ou via
contato direto com os representantes no CMS.
Em Goiânia estão sendo desenvolvidas estratégias de integração do PSF à rede assistencial.
A falta de resolutividade do atendimento gerou conflito entre os profissionais da rede e as
ESF, expresso no questionamento sobre a importância do PSF e no duplo atendimento do
paciente. Nesta fase de restruturação, busca-se a integração por meio da operação da
Central de Marcação de Consulta e Exames Especializados, da Central de Emissão de
Guias para Exames Laboratoriais e de uma Central de Regulação de Internações, ainda
insuficientes para garantir a integração da rede. A coleta dos exames não é realizada pelas
ESF. Os profissionais da ESF conhecem e utilizam o sistema de marcação de exames e de
consultas especializadas, e informam que conseguem agendar consultas especializadas num
prazo maior de 11 dias, mas para exames os prazos são menores, 50% são agendados em
menos de quatro dias. Em relação ao encaminhamento para internações, parte considerável
dos profissionais não soube informar os tempos máximo e mínimo de espera, embora os
que souberam informar relatassem que os pacientes esperam pelo menos de 1 a 2 dias e no
máximo 15 dias.
A atual CSF vem estabelecendo interfaces e atuação conjunta com o Departamento de
Epidemiologia e com as demais divisões do Departamento de Rede Básica, numa proposta
política de gestão colegiada.
Entre as dificuldades relatadas pelos gestores para integrar o PSF à rede de serviços
destacam-se a falta de clareza sobre as atribuições do PSF, perfil inadequado dos
GOIÂNIA - CONCLUSÕES 153
profissionais que atuam nas ESF, insuficiência de infra-estrutura física e equipamentos, e
déficit de pessoal.
Para o atendimento de casos de emergência, os Centros de Saúde com serviços de urgência,
pronto-socorros e hospitais de emergência são os mais acessíveis à população nos feriados
e finais de semana. 22,2% dos ACS e auxiliares de enfermagem consideram que as USF
não são acessíveis.
A CSF não implementou mecanismos de supervisão rotineira para as ESF, sendo esta
realizada de forma não programada, tendo a direção das unidades de saúde nas quais estão
alocadas a responsabilidade pela supervisão diária e pelo controle da freqüência dos
profissionais. A CSF busca mudar essa concepção de forma a integrar o PSF na rede básica,
como porta de entrada do SUS municipal, e estabelecer uma relação entre as ESF e os
gestores de unidades locais.
A CSF tem atuado na restruturação municipal do SIAB e vem acompanhando o
preenchimento dos formulários em conjunto com as ESF. Atualmente a CSF utiliza os
dados para verificar a produtividade do profissional quando há denuncias ou queixas sobre
o seu desempenho. Os dados do SIAB ainda não são utilizados como subsídio para o
planejamento e a qualidade dos dados está sendo revista pela CSF.
A CSF apresenta como dificuldades a falta de equipamentos de informática, de veículo
próprio e de dotação orçamentaria específica para a coordenação, que não tem autonomia
para realizar despesas.
Os profissionais são submetidos a processo de seleção realizado pela Coordenação
municipal do PSF. O concurso público é considerado pelos gestores como mecanismo de
seleção adequado, que possibilitaria a criação de vínculo do profissional com a Secretaria
Municipal de Saúde e como fator importante de motivação dos profissionais. No entanto, a
seleção é feita por meio de seleção pública, considerada mais conveniente na conjuntura
atual por possibilitar maior agilidade e mobilidade dos profissionais.
As equipes constituem-se principalmente por profissionais contratados para o PSF e apenas
uma pequena parcela é da própria rede, sendo esta contratação realizada pela Fundação de
Apoio à Pesquisa da Universidade Federal de Goiás (FUNAP).
GOIÂNIA - CONCLUSÕES 154
A contratação pela Fundação teria como principal desvantagem o menor vínculo do
profissional com a SMS, além das disparidades salariais e de carga horária com
profissionais efetivos da mesma categoria, principalmente entre os médicos. Como
vantagem apresenta maior agilidade para contratação, demissão ou afastamento.
A remuneração para os médicos e enfermeiros do PSF é diferenciada funcionando como
forma de incentivo para adesão dos profissionais ao programa. Os profissionais do PSF
recebem ainda subsídios para alimentação e transporte para as unidades.
O contrato dos profissionais não exige dedicação exclusiva e os profissionais,
especialmente os médicos, de modo geral não cumprem a carga horária contratada, sendo
este um dos motivos de dispensa, aliado ao perfil inadequado para trabalhar no PSF.
A rotatividade é maior entre médicos e ACS e menor entre os enfermeiros e auxiliares de
enfermagem. Como estratégia para diminuir a rotatividade tem-se realizado capacitações e
seminários de integração das equipes.
Os critérios estabelecidos para a seleção dos profissionais de nível superior foram
reformulados, com exigência de experiência anterior no PSF e especialização em Saúde
Pública ou Saúde da Família. Há, entretanto, carência de profissionais com especialização
em PSF.
A capacitação das ESF em Goiânia é recente. Somente em 2001, o município foi incluído
na estratégia de capacitação do Estado, vinculada ao Pólo Regional de Capacitação, criada
neste ano em convênio com a Universidade Federal de Goiás. Anteriormente o próprio
município promovia o treinamento introdutório sendo que as sete primeiras ESF não
receberam este treinamento.
Em Goiânia há proposta de expansão do número de equipes ainda em 2001 em áreas já
cobertas pelo PSF, para adequar o número de famílias adscritas por equipe atualmente
excessivo. A estimativa do gestor é de implantar um total de 200 equipes até o final da
gestão (2004).
Dentro da atual perspectiva de reformulação da estratégia, inclui-se a necessidade de
revisão da concepção de todo o trabalho e de mudança de postura dos profissionais. Para
GOIÂNIA - CONCLUSÕES 155
tanto, a SMS vem organizando em conjunto com a SES um cronograma de treinamentos
para médicos, enfermeiros e auxiliares de enfermagem.
Em relação ao financiamento, assim como na maioria dos municípios brasileiros, grande
parte dos recursos que compõem a arrecadação municipal de Goiânia é procedente das
transferências intergovernamentais, principalmente da União (35% do total da receita
arrecadada pelo município em 2000). O SUS é importante fonte de recursos para o
município: a receita orçada pela SMS em 2001 corresponde a cerca de 25% do total da
receita municipal.
Para o ano de 2000 as despesas com saúde no município de Goiânia foram custeadas em
grande parte por recursos federais (83,6%). A contrapartida municipal, que variou entre
4,52% em 2000 e 5,62% das receitas municipais em 2001, fica aquém do previsto pela
Emenda Constitucional nº 29.
Quanto à composição da equipe, a maioria dos profissionais com nível superior é do sexo
feminino (72,3%). Entre os médicos é maior a presença do sexo masculino (53,3%). A
composição da equipe é de adultos jovens (58,5% até 39 anos). Pouco mais da metade dos
profissionais de nível superior (54,6%) têm curso de especialização nas mais diversas áreas.
Parte das ESF estão funcionando incompletas, além da ausência do odontólogo. Há falta de
profissionais de nível superior, os quais apresentam formação pouco adequada para o perfil
do PSF.
Entre os profissionais de nível médio e elementar, verifica-se também a predominância do
sexo feminino (91,8%), sendo maior entre os agentes comunitários de saúde. Em geral são
jovens até 30 anos, representando 62% do total. O perfil destes profissionais aponta boa
escolaridade: grande parte tem o ensino médio completo (63,2%).
Grande número de profissionais entrevistados de nível superior (61%) declararam ter tido
experiência em projetos semelhantes ao PSF em outro município ou estado; entre os
médicos a metade tinha experiência anterior. Quanto ao tempo de atuação no PSF, a maior
concentração (65%) está na faixa de 13 a 36 meses, o que corresponde ao tempo de
existência do programa. A supervisão das atividades administrativas da equipe e da
organização das práticas de assistência a partir de novas abordagens é percebida
positivamente pelas ESF.
GOIÂNIA - CONCLUSÕES 156
O tempo de atuação dos profissionais de nível médio e elementar das ESF encontra-se na
faixa de 25 a 36 meses. Há 55 profissionais atuando desde o início do programa indicando
uma certa estabilidade.
Para os profissionais de nível médio e elementar a capacitação profissional é percebida
como necessária ao desempenho das atividades, sendo que a supervisão é vista como
atividade positiva. O trabalho coletivo é prioritário para a equipe, e se dá forma
participativa; todos têm importante papel nas reuniões de grupos, nas atividades educativas
e de promoção à saúde e prevenção de riscos. Os integrantes da ESF avaliam de forma
positiva o relacionamento entre os profissionais.
Quanto ao processo de trabalho, médicos e enfermeiros afirmam seguir programação
semanal que sofre mudanças ocasionais. Percebe-se a existência de vínculo com a
população, todavia atendem também pessoas fora da população adscrita. Os profissionais
consideram que existe uma relação cordial e cooperativa com a população, o que favorece a
resolução dos problemas e a constituição de vínculo, visão mais partilhada pelos
enfermeiros. A capacidade de articulação com outros setores sociais, contudo, não é
satisfatória, segundo os entrevistados.
A forte demanda por atendimento médico individual (demanda espontânea) compromete o
desempenho das ESF na opinião dos profissionais. Para os profissionais de nível médio e
elementar outra dificuldade é a gravidade dos riscos sociais na comunidade atendida pela
USF; além da grande densidade populacional adscrita por equipe.
Os novos procedimentos implementados (atendimento por equipe e visita domiciliar) são
valorizados pela população na percepção dos profissionais de nível superior. Entretanto,
afirmam que a população “valoriza pouco” as reuniões de diagnóstico e programação de
ações coletivas. Os profissionais afirmam que a participação da população na realização do
diagnóstico é de forma geral baixa.
A maior parte dos profissionais conhece a existência dos CLS, mas mais da metade declara
não participar freqüentemente. A participação em outros fóruns de discussão da política de
saúde também é baixa.
Quanto às famílias usuárias entrevistadas, a maior parte refere chefia masculina. Os chefes
de família concentram-se nas faixas etárias de 30 a 55 anos. A maior parte (56%) dos
GOIÂNIA - CONCLUSÕES 157
chefes é de cor branca (auto referida) e a maioria (62%) têm menos de oito anos de estudo.
Mais da metade dos chefes de família (54%) recebem até dois salários mínimos e apenas
24% possuem carteira de trabalho assinada. Observa-se o mesmo nível de escolaridade
entre o conjunto dos moradores pesquisados e os chefes de família (menos de 8 anos de
estudo). A maioria dos moradores não estuda (65%), mas na faixa etária entre 7 e 14 anos
98,4% freqüentam a escola. Na maioria das residências pesquisadas há uma ou duas
pessoas trabalhando. A taxa de dependência mais favorável (entre 0,61 e 1,00) abrange 37
famílias das 100 pesquisadas e no pólo oposto, de maior vulnerabilidade, estão 35 famílias.
Seguindo a mesma tendência observada entre os chefes de família, a maioria dos moradores
empregados ou que têm rendimentos trabalham no setor privado ou são aposentados e
pensionistas. No que se refere à formalização do vínculo de trabalho por meio de carteira
assinada verificou-se que apenas 29,4% dos que trabalham ou têm rendimentos possui
carteira assinada.
A maior parte dos domicílios pesquisados é construída com tijolos ou adobe (99%), sendo
que 58% têm de 5 a 6 cômodos com uma densidade entre 2,0 e 2,4 moradores por
dormitório, 84% das casas pesquisadas têm banheiro interno, 68% dos domicílios estão
ligados à rede geral, e todas as residências recebem energia elétrica. A ligação à rede geral
de esgoto atende 40% dos domicílios pesquisados, embora apresente uma distribuição
territorial extremamente diferenciada. O sistema público de coleta de lixo serve 100% dos
domicílios todavia sem regularidade.
A televisão é o meio de comunicação mais utilizado pelos moradores entrevistados seguido
pelo rádio. O principal meio de locomoção das famílias pesquisadas é o ônibus (86
moradores). Os moradores têm pequena participação em grupos comunitários, excetuando-
se grupos religiosos e, em menor escala, grupos de caridade e Associação de Moradores.
Setenta por cento não conhecem o CMS e 88% não conhecem o CLS. A maioria dos
entrevistados (87%) não soube responder à pergunta se havia sido feito um plano de saúde
para a comunidade.
Os três maiores problemas da comunidade assinalados pelos entrevistados, em ordem
decrescente, foram referentes à: segurança e violência, infra-estrutura urbana em geral
(urbanização, transporte, telefonia) e infra-estrutura de saneamento. Os três principais
GOIÂNIA - CONCLUSÕES 158
problemas de saúde da comunidade assinalados pelos entrevistados, em ordem decrescente,
foram referentes ao acesso ao atendimento (38%), dificuldades relativas aos profissionais
de saúde (31%) e às emergências (23%). Perguntados a quem caberia resolver os problemas
de saúde assinalados, dois terços consideram ser responsabilidade do nível municipal e um
terço do governo estadual.
Quanto à situação de saúde das famílias, observou-se um pequeno número de grávidas e de
menores de 1 ano entre moradores das famílias usuárias do PSF. A doença mais referida foi
hipertensão arterial atingindo cerca de 10% dos moradores entrevistados.
No último mês foram referidos 52 episódios de doenças entre os 400 moradores, dos quais
13 foram consideradas graves. A USF/ESF foi procurada por um terço dos que referiram
episódios de doenças no último mês. Mais da metade (33) consideraram que permaneciam
doentes.
Sessenta e uma pessoas referiram que são comuns casos de violência ou acidentes em suas
comunidades, sendo os tipos mais relatados os assassinatos e brigas em lugares públicos.
Foram relatados 14 episódios de violência ou acidentes com os entrevistados ou residentes
de seus domicílios nos últimos 12 meses sendo que na maioria não houve ferimentos.
Diante de mal-estar ou adoecimento, 89 informaram que procuram um profissional de
saúde e 5 tomam chá ou remédios caseiros. Entre os serviços e profissionais de saúde
procurados os mais mencionados foram Centro de Saúde com serviços de urgência (26),
Postos ou Centros de Saúde (21) e em terceiro lugar a USF (20). Isto é apenas 21% dos
entrevistados informam procurar a USF como primeira opção de atendimento.
A grande maioria dos entrevistados (93) conhece o PSF sendo o meio de divulgação mais
referido a visita do ACS (56). Mais da metade dos entrevistados (51) conhecem o local em
que o PSF funciona atualmente. Menos da metade afirma que a USF é de fácil acesso.
A grande maioria dos entrevistados (95) conhece o ACS responsável pela área em que mora
e a maioria destes (64) considera que o ACS conhece os problemas de saúde de sua família.
Em relação ao conhecimento do ACS sobre os problemas da comunidade o percentual é
menor. Expressivo número de famílias não soube avaliar diversas atividades que fazem
parte do conjunto de orientações e ações que deveriam ser realizadas pelos agentes. Um
alto percentual dos entrevistados declarou que os ACS estabelecem um bom
GOIÂNIA - CONCLUSÕES 159
relacionamento com as pessoas que são por eles acompanhadas e que orientam em relação
aos cuidados com a saúde de forma compreensível. A visita domiciliar avaliadas como boa
ou ótima por 61 pessoas entrevistadas. As atividades dos ACS consideradas boas ou ótimas
por mais da metade dos entrevistados foram duas: capacidade de identificar situações de
risco e capacidade de identificar pessoas doentes.
Em relação à freqüência mensal de contato com os ACS, 26 pessoas declararam encontrar
uma vez por mês, 25 pessoas menos de uma vez por mês e 22 pessoas encontram entre 2 a
5 vezes por mês. Quanto ao atendimento na USF, a grande maioria (83) dos entrevistados
afirmou que alguém de sua residência já foi atendido na USF e 52 pessoas referiram que
elas ou alguém de suas famílias entraram em contato com os profissionais da ESF,
incluindo o ACS, sendo o motivo mais assinalado (19) sentir-se mal. O médico foi o
profissional com quem as pessoas mais entraram em contato. Entre os entrevistados que
entraram em contato com profissionais da ESF, incluindo o ACS, 32 relataram que já
conheciam o profissional e 20 não o conheciam. Quase todos (98,1%) afirmaram que os
profissionais que os atenderam havia sido amáveis e educados e mais da metade dos
entrevistados (52) consideraram que o profissional forneceu informações sobre o estado de
saúde da pessoa atendida.
Quando são atendidos pela ESF 53,8% dos entrevistados conseguem resolver seus
problemas neste atendimento e cerca de 46% das pessoas atendidas pelas ESF, segundo
informações das famílias precisam ser encaminhadas para consulta médica especializada e
52,4% para realização de exames.
A maioria das famílias entrevistadas não teve problemas de atendimento na USF. Contudo,
o auxiliar de enfermagem foi o profissional mencionado pelos entrevistados como o
responsável pela criação de barreiras e falta de humanização no atendimento à saúde. Mais
da metade (63%) dos entrevistados refere que não há problemas de atendimento na USF
seja na realização de exames ou por falta de equipamento. Todavia, quando se trata de
realização de exames apenas 30,8% afirmam que conseguem realizar todos os exames e
9,6% informam que recebem todos os medicamentos.
GOIÂNIA - CONCLUSÕES 160
Em 55 residências pesquisadas existiam portadores de doenças crônicas referindo 73 casos,
sendo que a maior parte (43,8%) são hipertensos. Cerca de 35% dos casos de portadores de
doenças crônicas são acompanhados pelas USF.
A maioria dos acompanhamentos é realizada com agendamento prévio. Aproximadamente
setenta por cento dos portadores de doenças crônicas tomam medicamentos diariamente e
na maior parte dos casos (69%) os medicamentos são comprados na farmácia e 52,4% os
obtém em serviços públicos de saúde. O profissional da ESF que atende com maior
freqüência os portadores de doenças crônicas é o ACS.
No conjunto das famílias foram encontradas apenas três grávidas, sendo uma sem
acompanhamento. As outras duas são acompanhadas em outros serviços que não PSF, em
geral uma vez por mês, sempre com agendamento prévio. Duas gestantes referem que o
ACS faz visitas regulares acompanhando a gravidez.
No conjunto das famílias entrevistadas foram encontradas 18 crianças menores de 2 anos
sendo que 4 não recebiam acompanhamento e 9 recebem acompanhamento da USF/ESF.
Das crianças acompanhadas 50% recebiam atendimento até uma vez por mês. O ACS e o
médico são os profissionais da ESF que com maior freqüência realizam o acompanhamento
do crescimento infantil.
As famílias entrevistadas usuárias do PSF consideram, na maioria das vezes, que as
condições de saúde do bairro e de sua família melhoraram após a implantação do PSF.
Todavia, a maioria também informou que após a criação do PSF, as pessoas de sua
residência continuam apresentando o mesmo padrão de utilização dos serviços hospitalares,
de urgência, emergência e especializados. Entre os usuários que puderam estabelecer
comparação entre a atenção prestada pelas USF e outros serviços, metade considera que o
atendimento recebido na USF é melhor. A maioria das famílias considerou ser mais fácil
agendar consulta no PSF e afirmou que as USF têm melhores condições de oferecer bom
atendimento que as unidades tradicionais de saúde embora a dificuldade em obter
medicamentos seja igual a das unidades tradicionais.
Quanto ao atendimento recebido na USF mais da metade dos entrevistados avaliam
positivamente o atendimento médico e o atendimento de enfermagem. Negativamente
foram avaliados o acesso ao atendimento médico e encaminhamento para outros serviços.
GOIÂNIA - CONCLUSÕES 161
Sessenta e seis por cento dos entrevistados estão satisfeitos com o PSF, embora a maioria
também considere que o programa deva sofrer mudanças. As mudanças sugeridas
relacionam-se: à ampliação das intervenções realizadas pelos agentes nos domicílios,
acesso ao atendimento, marcação de consultas e encaminhamentos e condições físicas e
localização da USF. Foi sugerida a inclusão de novos profissionais nas ESF (médicos
especialistas, psicólogo, nutricionista) e atendimento odontológico.
Os principais problemas do PSF para os gestores são o perfil e a baixa adesão dos
profissionais da ESF; o modelo de implantação que não estimulou a integração com a rede;
e a falta de USF. Na opinião dos gestores é necessário uma revisão dos critérios utilizados
pelo MS para financiamento do PSF em grandes centros urbanos. Aspectos positivos para
os gestores: possibilidade de vinculação da população às equipes, responsabilização pela
saúde das famílias, redução da mortalidade infantil e aumento da cobertura vacinal.
Aspectos negativos para os gestores: baixo impacto na qualidade da atenção prestada, na
redução da demanda por serviços de urgência/emergência e no aumento de pacientes
referenciados e efetivamente atendidos.
Os profissionais das ESF apontam com maior freqüência como experiências positivas o
trabalho e o vínculo do profissional junto à comunidade, além da participação popular. A
ampliação do acesso aos serviços e a resolutividade também foram mencionados como
aspectos positivos. Os profissionais de nível médio e elementar destacam como
experiências positivas a possibilidade de trabalhar com grupos de terceira idade, gestantes,
hipertensos, diabéticos, crescimento e desenvolvimento de crianças e aleitamento materno.
Para a maioria dos ACS e auxiliares de enfermagem o PSF vem substituindo a rede básica,
ampliando o acesso aos outros níveis de atenção e favorecendo ações intersetoriais no
município.
A pesquisa realizada em Goiânia mostrou que neste município embora grande número de
equipes estejam implantadas, o programa ainda não está integrado à rede, sua concepção
inicial não contemplou reorganização da assistência nem a substituição do modelo de
atenção básica tradicional. No momento de sua implantação concentrava-se em ações
educativas individuais e concretizava-se por meio de visitas domiciliares. Tinha uma
GOIÂNIA - CONCLUSÕES 162
estrutura rígida do processo de trabalho o que dificultava o atendimento da demanda
espontânea.
Os fatores dificultadores da implementação do programa, além da concepção inicial
incluem: perfil inadequado dos profissionais, insuficiência de estrutura física e
equipamentos, grande número de famílias adscritas por ESF, carência de pessoal
experiente, falta de capacitação, ausência de supervisão rotineira, estruturação insuficiente
do SIAB, déficit de recursos financeiros, alta demanda por atendimento médico individual,
vulnerabilidade ocupacional das famílias usuárias, dificuldades de acesso aos
medicamentos, manutenção do padrão de utilização de serviços hospitalares e
especializados, altas taxas de encaminhamento e baixa participação popular.
A atual equipe de gestores do programa passou a compreendê-lo como estratégia para
reorientação do modelo de atenção. Novas unidades estão sendo construídas e alguns
centros de saúde convertidos em USF. O modelo proposto pelo gestor municipal contudo
prevê o compartilhamento de uma mesma unidade por ESF e atendimento especializado.
Há projeto de estabelecer equipes de especialistas no âmbito distrital para apoiar a
assistência prestada pelas equipes, além da constituição de equipes distritais de supervisão.
Para a equipe central o modelo do PSF deve articular ações de promoção e prevenção com
a assistência individual (pronto atendimento de afecções agudas). Considera-se também que
em cada unidade de saúde com mais de uma ESF, estas deveriam ser compostas por
profissionais médicos com diferentes perfis (especialidades básicas: ginecologia, pediatria,
clínico geral). Esta seria uma das necessidades de adaptação do PSF para grandes cidades
na opinião dos gestores municipais.
Outros fatores facilitadores são: atuação da coordenação de forma articulada com outras
coordenações da SMS, gerência colegiada, alta escolaridade dos ACS e bom
relacionamento entre os profissionais das equipes.
O grupo selecionado de famílias entrevistadas não possibilita generalizações, inclusive
porque há diferenças nos vínculos entre ESF selecionadas e famílias adscritas. Por um lado,
observa-se satisfação com o programa mas, por outro, um grande desconhecimento sobre a
existência de Conselhos Locais de Saúde, do Conselho Municipal de Saúde, de atividades
GOIÂNIA - CONCLUSÕES 163
que são atribuições dos ACS e mesmo dificuldades em avaliar certas atividades no interior
das USF.
Além dos aspectos específicos relacionados ao município estudado algumas observações
sobre o processo de implementação do PSF em grandes centros urbanos podem ser
apontados:
• A estratégia da Saúde da Família, assim como toda expansão da atenção básica, é
intensiva em força de trabalho e encontra, na conjuntura atual, uma série de obstáculos
na contratação de recursos humanos com constituição formal dos vínculos trabalhistas o
que introduz uma fragilidade relevante no processo.
• A mudança no modelo assistencial centrada em programação de atividades para grupos
de riscos e oferta organizada confronta-se com as demandas individuais por atenção e
com o hábito da população em receber atenção especializada mesmo na rede básica. A
demanda individual é por oferta oportuna e resolutiva no momento de adoecimento,
enquanto a programação volta-se para o coletivo no acompanhamento dos grupos de
risco, gerando conflitos. A adequação entre respostas às necessidades individuais e às
coletivas é importante nó crítico da estratégia de saúde da família que necessita ser
equacionado. Além disso é importante criar possibilidades de adequação do padrão de
oferta às necessidades sociais em saúde de grandes centros urbanos.
• Observa-se uma “polarização” nos vínculos com a comunidade em que as relações são
prioritariamente estabelecidas com o ACS ou com o médico, sem conferir o pretendido
protagonismo aos profissionais de enfermagem.
• A adscrição das famílias às ESF e USF não leva em consideração os fluxos das pessoas
nos espaços urbanos, principalmente, em metrópoles. A adscrição domiciliar dificulta a
provisão de assistência para trabalhadores.
• Os principais componentes da atenção básica continuam concentrados nos grupos de
gestantes e crianças menores de um ano mas os estudos revelaram a importância de
realizar ações destinadas a crianças e adolescentes (entre 7 e 14 anos) e a homens
adultos.
GOIÂNIA - CONCLUSÕES 164
• As doenças crônicas têm grande prevalência (muito maior que a presença de gestantes e
crianças menores de um ano) e em alguns casos (doenças do aparelho respiratório) não
são objetos de atividades do PSF.
• A população atendida apresenta vulnerabilidades podendo-se considerar que a
estratégia de saúde da família no caso estudado promove expansão de cobertura para
grupos desfavorecidos.
• As faixas de financiamento do MS segundo cobertura municipal do PSF não são
adequadas para grandes centros urbanos em que a quantidade de ESF (e os recursos
financeiros para tal) deve ser extremamente elevada para atingir os patamares de
cobertura preconizados.
GOIÂNIA – REFERÊNCIAS DOCUMENTAIS 165
REFERÊNCIAS DOCUMENTAIS
CÂMARA MUNICIPAL DE GOIÂNIA. Decreto 1.426 de 14 de novembro de 1991 que
dispõe sobre o Conselho Municipal de Saúde e Decreto 2.486 de 11 de novembro de
1993 que dispões sobre alterações no decreto 1.426 de 14 de novembro de 1991, que
criou o Conselho Municipal de Goiânia.
CÂMARA MUNICIPAL DE GOIÂNIA. Lei no. 18 de 18 de outubro de 1993 que cria os
Conselhos Locais de Saúde e dá outras providências.
CMS – CONSELHO MUNICIPAL DE SAÚDE DE GOIÂNIA. Regimento Interno do
Conselho Municipal de Saúde.
CMS – CONSELHO MUNICIPAL DE SAÚDE DE GOIÂNIA. Ata da 8ª Assembléia
Geral Ordinária do CMS, 24 de fevereiro de 1999.
CMS – CONSELHO MUNICIPAL DE SAÚDE DE GOIÂNIA. Ata da 19ª reunião
ordinária do CMS, 26 de janeiro de 2000.
CMS – CONSELHO MUNICIPAL DE SAÚDE DE GOIÂNIA. Ata da 11ª Reunião
Extraordinária do CMS, 21 de junho de 2000.
CMS – CONSELHO MUNICIPAL DE SAÚDE DE GOIÂNIA Ata da 25a Reunião
Ordinária do CMS, 26 de julho de 2000.
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE), 1991. Censo
Demográfico 1991. Rio de Janeiro: IBGE.
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE), 2000. Censo
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INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE), 1996.
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GOIÂNIA – REFERÊNCIAS DOCUMENTAIS 166
MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2001. DATASUS. Sistema de Informações de Nascidos Vivos
- SINASC.
MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2001. DATASUS. Sistema de Informações Hospitalares -
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MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2001. DATASUS. Sistema de Informações Ambulatoriais -
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MS/SPS/DAB/SE/DI. Pacto de Indicadores de Atenção Básica - 2001. Série histórica dos
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RASSI, E, 2000. Apresentação. Relatório Geral 1997-2000. (SMS-Goiânia org.), Goiânia:
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SMS-GOIÂNIA, 2001. Plano Municipal de Saúde - Gestão 2001 a 2004. Goiânia:
PM/SMS.
SMS-GOIÂNIA, 2000. Relatório Geral 1997-2000. Goiânia: PM/SMS.
SMS-GOIÂNIA, 2001. Estratégias para 2001: 5 grandes objetivos com estratégias, ações e
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SAS/ COSAC/ DATASUS/ SIAB/ MS. Série Histórica da Produção da Área Geral.
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20/07/2001.
GOIÂNIA – ANEXOS
ANEXOS
Quadro A - Percepção de ACS e auxiliares de enfermagem sobre o PSF, Goiânia (GO), 2001
Percepção sobre PSF Concorda Concorda Pouco/Não Concorda
Não Sabe/Não Respondeu
% % % O PSF vem substituindo a rede básica no atendimento da população
68,6 26,5 5,0
O PSF concentra-se em áreas pobres ou periféricas no município 81,5 16,6 2,0Com o PSF, a população atendida procura menos os serviços hospitalares especializados
72,2 25,5 2,3
Com o PSF, a população procura primeiro a USF 75,2 18,2 6,6A população procura primeiro a rede convencional ou hospitalar 20,2 73,2 6,6A população alvo resiste às ações das ESF 27,2 61,9 10,9O PSF atende por agendamento prévio 78,8 14,9 6,3O PSF cumpre na prática as funções de pronto atendimento 61,2 34,1 4,6O PSF atua nos programas de saúde coletiva 88,4 7,3 4,3O PSF ampliou o acesso de novas parcelas da população aos serviços de saúde no município
71,9 21,2 7,0
O PSF atrai as populações vizinhas que sobrecarregam o atendimento
67,8 28,2 4,0
O PSF tem favorecido a ação intersetorial no município para o enfrentamento de problemas identificados em sua área de atuação
72,5 17,9 9,6
O PSF não tem nenhuma importância na atenção a saúde do município
2,3 93,4 4,3
O PSF não garante o atendimento em outros serviços quando necessários
21,2 72,8 6,0
O PSF não garante a internação, quando necessária 22,5 72,5 5,0O PSF não fornece medicamentos da Farmácia Básica suficientemente
59,6 34,7 5,6
O tempo médio entre o agendamento e o atendimento é elevado 26,1 67,9 6,0
GOIÂNIA – ANEXOS
Quadro B – Percepção dos agentes comunitários de saúde sobre o PSF, Goiânia (GO), 2001
Percepção sobre PSF Concorda Muito Concorda Concorda Pouco
Não Concorda
Não Sabe/Não Respondeu
Total
% % % % % %O PSF vem substituindo a rede básica no atendimento da população 26,1 41,2 20,8 7,3 4,5 100,0O PSF concentra-se em áreas pobres ou periféricas no município 41,6 41,2 10,2 5,3 1,6 100,0Com o PSF, a população atendida procura menos os serviços hospitalares especializados
26,1 45,7 19,2 6,9 2,0 100,0
Com o PSF, a população procura primeiro a USF 31,0 45,3 12,7 5,7 5,3 100,0A população procura primeiro a rede convencional ou hospitalar 4,9 16,7 33,5 38,8 6,1 100,0A população alvo resiste às ações das ESF 7,8 19,6 29,0 33,5 10,2 100,0O PSF atende por agendamento prévio 34,7 43,7 13,1 3,3 5,3 100,0O PSF cumpre na prática as funções de pronto atendimento 19,2 40,8 18,4 17,1 4,5 100,0O PSF atua nos programas de saúde coletiva 38,8 48,6 7,3 1,2 4,1 100,0O PSF ampliou o acesso de novas parcelas da população aos serviços de saúde no município
23,7 47,8 14,7 6,9 6,9 100,0
O PSF atrai as populações vizinhas que sobrecarregam o atendimento 36,7 29,4 11,0 19,2 3,7 100,0O PSF tem favorecido a ação intersetorial no município para o enfrentamento de problemas identificados em sua área de atuação
16,3 53,9 14,7 5,3 9,8 100,0
O PSF não tem nenhuma importância na atenção a saúde do município
1,2 1,2 2,9 90,2 4,5 100,0
O PSF não garante o atendimento em outros serviços quando necessários
6,1 15,5 18,8 53,5 6,1 100,0
O PSF não garante a internação, quando necessária 8,6 14,7 6,5 65,3 4,9 100,0O PSF não fornece medicamentos da Farmácia Básica suficientemente
32,7 27,3 15,1 19,2 5,7 100,0
O tempo médio entre o agendamento e o atendimento é elevado 9,0 19,6 23,3 42,0 6,1 100,0
GOIÂNIA – ANEXOS
Quadro C - Percepção dos auxiliares de enfermagem sobre o PSF, Goiânia (GO), 2001
Percepção sobre PSF Concorda Muito Concorda Concorda Pouco
Não Concorda
Não Sabe/Não Respondeu
Total
% % % % % %O PSF vem substituindo a rede básica no atendimento da população 31,6 42,1 12,3 7,0 7,0 100,0O PSF concentra-se em áreas pobres ou periféricas no município 40,4 35,1 17,5 3,5 3,5 100,0Com o PSF, a população atendida procura menos os serviços hospitalares especializados
33,3 40,4 17,5 5,3 3,5 100,0
Com o PSF, a população procura primeiro a USF 33,3 36,8 12,3 5,3 12,3 100,0A população procura primeiro a rede convencional ou hospitalar 3,5 10,5 17,5 59,6 8,8 100,0A população alvo resiste às ações das ESF 5,3 21,1 26,3 33,3 14,0 100,0O PSF atende por agendamento prévio 31,6 49,1 5,3 3,5 10,5 100,0O PSF cumpre na prática as funções de pronto atendimento 8,8 57,9 17,5 10,5 5,3 100,0O PSF atua nos programas de saúde coletiva 38,6 54,4 1,8 - 5,3 100,0O PSF ampliou o acesso de novas parcelas da população aos serviços de saúde no município
28,1 45,6 19,3 - 7,0 100,0
O PSF atrai as populações vizinhas que sobrecarregam o atendimento 42,1 33,3 7,0 12,3 5,3 100,0O PSF tem favorecido a ação intersetorial no município para o enfrentamento de problemas identificados em sua área de atuação
35,1 47,4 5,3 3,5 8,8 100,0
O PSF não tem nenhuma importância na atenção a saúde do município
1,8 - 3,5 91,2 3,5 100,0
O PSF não garante o atendimento em outros serviços quando necessários
10,5 8,8 17,5 57,9 5,3 100,0
O PSF não garante a internação, quando necessária 7,0 12,3 7,0 68,4 5,3 100,0O PSF não fornece medicamentos da Farmácia Básica suficientemente
33,3 24,6 15,8 21,1 5,3 100,0
O tempo médio entre o agendamento e o atendimento é elevado 7,0 8,8 17,5 61,4 5,3 100,0
GOIÂNIA – ANEXOS
Quadro D - Percepção de ACS e auxiliares de enfermagem sobre o PSF, Goiânia (GO), 2001
Percepção sobre PSF Concorda Muito Concorda Concorda Pouco
Não Concorda
Não Sabe/Não Respondeu
Total
% % % % % %O PSF vem substituindo a rede básica no atendimento da população 27,2 41,4 19,2 7,3 5,0 100,0 O PSF concentra-se em áreas pobres ou periféricas no município 41,4 40,1 11,6 5,0 2,0 100,0 Com o PSF, a população atendida procura menos os serviços hospitalares especializados
27,5 44,7 18,9 6,6 2,3 100,0
Com o PSF, a população procura primeiro a USF 31,5 43,7 12,6 5,6 6,6 100,0 A população procura primeiro a rede convencional ou hospitalar 4,6 15,6 30,5 42,7 6,6 100,0 A população alvo resiste às ações das ESF 7,3 19,9 28,5 33,4 10,9 100,0 O PSF atende por agendamento prévio 34,1 44,7 11,6 3,3 6,3 100,0 O PSF cumpre na prática as funções de pronto atendimento 17,2 44,0 18,2 15,9 4,6 100,0 O PSF atua nos programas de saúde coletiva 38,7 49,7 6,3 1,0 4,3 100,0 O PSF ampliou o acesso de novas parcelas da população aos serviços de saúde no município
24,5 47,4 15,6 5,6 7,0 100,0
O PSF atrai as populações vizinhas que sobrecarregam o atendimento 37,7 30,1 10,3 17,9 4,0 100,0 O PSF tem favorecido a ação intersetorial no município para o enfrentamento de problemas identificados em sua área de atuação
19,9 52,6 12,9 5,0 9,6 100,0
O PSF não tem nenhuma importância na atenção a saúde do município
1,3 1,0 3,0 90,4 4,3 100,0
O PSF não garante o atendimento em outros serviços quando necessários
7,0 14,2 18,5 54,3 6,0 100,0
O PSF não garante a internação, quando necessária 8,3 14,2 6,6 65,9 5,0 100,0O PSF não fornece medicamentos da Farmácia Básica suficientemente
32,8 26,8 15,2 19,5 5,6 100,0
O tempo médio entre o agendamento e o atendimento é elevado 8,6 17,5 22,2 45,7 6,0 100,0
GOIÂNIA – ANEXOS
Organograma da Secretaria Municipal de Saúde – Goiânia (GO), 2001
Fundo Municipal de Saúde Departamento Administrativo
Gabinete Assessoria de Planejamento
Dep. de Rede Básica Dep. de Epidemiologia Dep. de Zoonoses Dep. de Saúde Bucal Dep. de Vigilância Sanitária Dep. de Controle e Avaliação
Secretário