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Modelo das Nações Unidas do Sistema Colégio Militar do Brasil

  

GUIA DE ESTUDOS: CORTE INTERAMERICANA DE 

DIREITOS HUMANOS  

 

 

Breno Vaz 

Felipe Romão 

George Harrison 

 

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ÍNDICE 

 

CARTAS DE APRESENTAÇÃO DOS DIRETORES 4 

O PROCESSO INTERAMERICANO DE RESPONSABILIZAÇÃO DOS           

ESTADOS POR VIOLAÇÃO AOS DIREITOS HUMANOS 5 

A Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) 6 

A Corte Interamericana de Direitos Humanos (Corte IDH) 8 

DIREITO AO TERRITÓRIO, XUCURU X BRASIL 10 

3.1 Relato do Caso 11 

3.2 Fatos alçados pela CIDH 12 

GLOSSÁRIO JURÍDICO: 14 

POSICIONAMENTOS 14 

REGRAS ESPECIAIS 18 

REGULAMENTO DA CORTE INTERAMERICANA DE DIREITOS HUMANOS 19 

REFERÊNCIAS 29 

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1. CARTAS DE APRESENTAÇÃO DOS DIRETORES

Felipe Romão

Olá, queridinhos e queridinhas!

Antes de tudo, gostaria de agradecer, em nome dos diretores da Corte Interamericana de Direitos Humanos, pelo seu interesse em participar das discussões que estão sendo propostas pelo nosso comitê! Mal podemos esperar para te conhecer, além de construir esse comitê que nos é tão querido contigo.

Eventualmente conheceremos você. Por agora, porém, nós diretores só podemos nos apresentar. Vou começar:

Tenho 20 anos e estou acabando o meu terceiro ano do curso de Direito na UnB (6° Semestre). Sou ex-aluno do CMB e do CMRJ, sendo que venho participando da MundoCM de alguma forma todos os anos desde o meu 2° ano do Ensino Médio, em 2014. Atualmente, além da minha participação na MundoCM, também participo de outros projetos na universidade, sendo Coordenador de Pesquisa do projeto de extensão “Veredicto” e integrante do grupo de pesquisa “Direito e Educação”.

Mas além de viver a universidade eu também vivo outras coisas. Tenho um gato fofíssimo chamado Sebastian e adoro jogos de diversos gêneros. Vou dar um destaque para RPGs porque isso é tudo de bom.

Breno Vaz

Meu nome é Breno, tenho 18 anos e estou no segundo semestre no curso de Direito da UnB. Venho lá do meu Goiás, mais especificamente de Goiânia. Mas, desde o começo do ano me

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encontro nessa cidade linda. Nesta minha vinda para a capital do país foi que descobri o mundo das simulações e como eu gostava de tal proposta. Esse comitê será a minha primeira oportunidade de experimentar a sensação incrível de ser diretor. Além da expectativa da primeira vez, minha animação para esse comitê vem muito do tema a ser tratado por ser tão atual e capaz de suscitar bons debates. Enfim, espero que possa trabalhar no que for possível para que todas e todas possam se apaixonar por esse comitê.

George Harrison

Hello, Folks! Tudo bem?

Fico muito feliz em recebê-los na CIDH e já estou certo que será uma experiência incrível que irá marcar a vida de vocês! Então, sou daqui mesmo de Brasília, e não faço direito, mas relações internacionais (7ª semestre). Minha vida na UnB é recheada de aventuras, atualmente faço parte da MundoCM e também do “Veredicto”, junto com o Felipe Romão, além de que também estou participando da criação de um Grupo de Estudos em Negociações Internacionais (GENI). Amo escutar músicas, principalmente as dos “The Beatles”, não preciso explicar… sempre que possível, busco contato com a natureza, ou seja, gosto muito de acampar! Isso é um pouquinho de George Harrison, até breve!

2. O PROCESSO INTERAMERICANO DE       

RESPONSABILIZAÇÃO DOS ESTADOS POR       

VIOLAÇÃO AOS DIREITOS HUMANOS 

Durante a 9ª Conferência Interamericana, realizada em Bogotá, Colômbia, em 1948, foram aprovadas a Carta da

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Organização dos Estados Americanos (OEA) e a Declaração Americana de Direitos e Deveres do Homem. A Carta da OEA é um tratado que se limitou a declarar, de modo genérico, os Estados-membros como detentores do dever de observar e garantir os direitos humanos, enumerados pela Declaração (RAMOS, 2014).

Em um longo desenvolvimento do Sistema Interamericano de Direitos humanos na OEA, o primeiro passo foi a criação em 1959 da Comissão Interamericana de Direitos Humanos – CIDH, tornada um órgão permanente da estrutura da OEA, em 1967. A próxima etapa foi em 1969, quando da aprovação da Convenção Americana de Direitos Humanos (CADH), tratado também chamado de Pacto de San José da Costa Rica; o qual, além de dar novas atribuições à Comissão, criou o segundo órgão de proteção aos direitos humanos no continente americano, a Corte Interamericana de Direitos Humanos (CorteIDH). Ambos os órgãos são especializados em assegurar o cumprimento das obrigações advindas do Pacto pelos Estados-membros signatários da OEA (RAMOS, 2014).

2.1. A Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) 

A Comissão Interamericana de Direitos Humanos é composta por sete comissários, indicados pelos Estados-membros da OEA e eleitos em votação secreta pela Assembleia da organização, para um mandato de quatro anos, com possibilidade de uma recondução. Importante consignar que os comissários devem desempenhar sua função com independência, pautado sua atuação em suas convicções pessoais, sem se ater a posicionamentos políticos ou nacionais.

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A Comissão é responsável pela análise de petições individuais que disponham sobre a responsabilização internacional de um Estado perante a Corte Interamericana de Direitos Humanos. Essa petição pode ser de (1) autoria da própria vítima; (2) de terceiros, incluindo organizações não governamentais; ou (3) oriunda de outro Estado.

Há, no entanto, algumas condições de admissibilidade da petição individual à Comissão: (1) esgotamento dos recursos locais; (2) ausência do período de seis meses, contados do esgotamento dos recursos internos, para a apresentação da petição; (3) ausência de litispendência internacional, o que impede o uso simultâneo de dois mecanismos internacionais de proteção de direitos humanos; e (4) ausência de coisa julgada internacional, o que impede o uso sucessivo de dois mecanismos internacionais de proteção de direitos humanos.

Passada a fase de admissibilidade da petição, inicia-se a fase conciliatória. Busca-se uma tentativa de solução amigável entre a vítima e o Estado infrator. Em caso de sucesso, a Comissão elabora um relatório, contendo os fatos e o acordo alcançado.

Por fim, caso constate concretamente a violação de direitos humanos, a Comissão elabora um relatório, com recomendações, encaminhando-o ao Estado infrator. Em caso de não acatamento das recomendações constantes nesse relatório, a Comissão poderá acionar o Estado infrator perante a Corte Interamericana de Direitos Humanos, desde que o Estado tenha reconhecido sua jurisdição contenciosa obrigatória. Outros Estados signatários, que também tenha reconhecido a jurisdição do tribunal, podem ajuizar a ação perante a Corte, em nome das vítimas. Pode ainda o próprio Estado interessado propor a ação,

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buscando uma sentença do tribunal que o isente das supostas violações aos direitos humanos.

2.2. A Corte Interamericana de Direitos Humanos (Corte IDH) 

A Corte Interamericana de Direitos Humanos é um órgão judicial autônomo, composto por sete juízes, nacionais dos Estados membros da OEA, eleitos pela Assembleia Geral da Organização, para um mandato de seis anos, permitida uma única reeleição.

Conforme estabelecido pela Convenção Americana de Direitos Humanos, o reconhecimento da jurisdição da Corte Interamericana de Direitos Humanos não é obrigatório aos seus signatários, sendo considerada cláusula facultativa (art. 62 da CADH).

É importante notar que, apesar de o Pacto de São José da Costa Rica ter sido ratificado pelo Brasil em 1992, foi apenas em 1998 que o Brasil reconheceu a jurisdição contenciosa obrigatória do Corte Interamericana de Direitos Humanos.

O tribunal possui jurisdição contenciosa (proferimento de sentença condenatória) e consultiva (emissão de pareceres ou opiniões consultivas, não vinculantes aos Estados-membros). Também possui competência para julgar causas relacionadas à interpretação e aplicação da Convenção Americana de Direitos Humanos, bem como de outros tratados concernentes à proteção dos direitos humanos nos Estados americanos. Com efeito, sua criação pode ser atribuída à necessidade de dar efetividade e concretude às declarações internacionais de direitos, promovendo

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processo de responsabilidade internacional dos Estados membros por violações aos direitos humanos.

A ação é iniciada pelo envio do Relatório de Mérito à 1

Corte. As vítimas ou seus representantes são intimados a apresentar uma petição inicial do processo internacional no prazo de dois meses.

Cabe destacar que somente os Estados Partes e a Comissão Interamericana de Direitos Humanos têm direito de submeter um caso à análise da Corte Interamericana de Direitos Humanos (cf. art. 61). Em outras palavras, os indivíduos dependem da atuação da Comissão ou de outro Estado para que seus reclamos cheguem à Corte. A legitimidade passiva é sempre do Estado, ou seja, a Corte não julga pessoas, apenas entes estatais nacionais.

As sentenças da Corte Interamericana de Justiça são definitivas e inapeláveis. No entanto, em caso de divergência acerca do sentido ou alcance da sentença, é possível a interposição do recurso de interpretação, que deve ser apresentado dentro do prazo de noventa dias, a contar da notificação da sentença (cf. art. 67).

1 “A etapa de Mérito é quando a CIDH decide se houve ou não violações de direitos humanos no caso analisado. [...] A etapa de mérito culmina com a aprovação de um "relatório de mérito". Se o relatório da Mérito concluir que os fatos do caso constituem violações dos direitos humanos, também inclui recomendações ao Estado. As aprovações de mérito não são publicadas imediatamente Quando um relatório de Mérito é aprovado de acordo com o Artigo 50 da Convenção Americana sobre Direitos Humanos, ele é confidencial e a Comissão notifica apenas as partes (o Estado e o peticionário). (OEA, c2015, on-line, tradução nossa)

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3. DIREITO AO TERRITÓRIO, XUCURU X BRASIL 

Nossa temática abrange o direito ao território indígena, tendo por base o caso que será debatido (Xucuru x Brasil), o qual teve a sua decisão proferida durante a organização do evento Mundo CM após o projeto ter sido proposto.

O reconhecimento do direito originário que os povos indígenas têm sobre suas terras no Brasil é uma conquista por si só, visto que apenas com a Constituição Federal de 1988 o Brasil passou a entender, pelo menos formalmente, que não há uma concessão de direitos quando se fala em demarcação e titulação de territórios de povos originários (incluindo aqui os Quilombolas além dos indígenas), mas sim um reconhecimento de um direito já existente. Essa percepção é importante pelo fato de que ela desconstrói a errônea concepção colonialista de que os territórios brasileiros, antes de serem colonizados, não eram ocupados e desfrutados por outros povos que teriam direito sobre essas mesmas terras.

Dito isso, o mero reconhecimento do direito pelas terras não basta. O Brasil, como Estado soberano, se compromete a garantir os direitos daqueles que estão sobre sua proteção, o que abrange, claramente, os povos originários. Isso se dá, em um primeiro momento, pelos processos de demarcação e titulação de terras, nos quais se identifica quais são esses territórios e são reconhecidos para todos os fins legais.

Uma problemática que surge é o fato de que devem ser garantidos os efeitos dessa titulação, como por exemplo a desocupação de pessoas não-indígenas que residem nesses

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territórios, visto que antes desse reconhecimento, tais indivíduos tinham o direito de adquirir essas terras.

Todo esse processo é realizado para que se possa não só ter um reconhecimento do direito de propriedade sobre as terras, mas sim um verdadeiro direito e poder de dispor sobre o seu pertence.

3.1 Relato do Caso  

Com aproximadamente 27.555 hectares de terras, o povo indígena Xucuru, localizado em Pesqueira (PE), tem sofrido por várias transformações devido ao processo de ocupação e expropriação de suas terras desde o século XVI. Ademais do reconhecimento cultural que se faz a essa comunidade, destaca-se seu engajamento nos movimentos indígenas nacional e em sua participação proativa nas comunicações junto com o governo brasileiro.

Em 16 de outubro de 2002, a Comissão Interamericana de Direitos Humanos recebeu uma petição contra o Estado Brasileiro, na qual as principais alegações dos peticionários estavam pautadas na violação do direito à propriedade coletiva do povo indígena Xucuru, pelo fato de haver negligenciado durante anos as leis que visassem a demarcação de seu território ancestral e pela insuficiente custódia judicial destinada a garantir esse direito, além da falta de recursos judiciais. É importante ressaltar que o percurso de organização política do povo Xucuru está

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intrinsecamente relacionado pelo atual processo de consolidação da identidade étnica dos povos indígenas.

As denúncias realizadas pelo povo indígena Xucuru retratam que o retardamento de aproximadamente dezesseis anos nos processos de demarcação de suas terras (1989-2005) são responsáveis por violar o direito à propriedade coletiva de seus membros e às garantias e proteção judicial, internacionalmente ratificadas pelo estado brasileiro na Convenção Americana Sobre Direitos Humanos, por meio dos artigos 21, 8 e 25. Os procedimentos de regularização do território tiveram seu início no final da década de 1980, justamente pelas mudanças de cunho político no cenário nacional relativas à instauração de uma democracia constitucional, que deram oportunidades para que os grupos indígenas levassem suas pautas para os mecanismos de governança estatal. O Estatuto do Índio – mais especificamente, na lei 6.001 de 19 de setembro de 1973 – e a Constituição Federal de 1988, preveem que o território onde localiza-se o grupo Xucuru faz parte de um bem da União e sua posse é garantida por meio de um processo administrativo de demarcação de terras.

3.2 Fatos alçados pela CIDH 

Em análise do processo, a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), retratou em seu Relatório No 44/15 (Caso 12.728) algumas considerações essenciais sobre o caso Xucuru. Dentre eles podemos encontrar assuntos relativos à: I) historicidade do território do povo Xucuru; II) indagações relativas aos Direitos Humanos; III) relação entre a luta dos povos

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indígenas e as ameaças que afligem os líderes desses movimentos; IV) conflito de interesses (CIDH, 2015).

Os indícios históricos do povo Xucuru remontam ao século XVI. Há documentos do Governo de Pernambuco datados de meados do século XVIII que apontam a colonização desse território onde se localizavam os Xucuru, conhecido anteriormente como Aldeia Ararobá (CIDH, 2015). A Terra Indígena Xucuru possui aproximadamente 23 “aldeias” com uma população de 7000 índios, sendo a maior população indígena no Nordeste (CIDH, 2015).

O Relatório sobre a Situação dos Direitos Humanos no Brasil (1997), como citado pela CIDH (2015), respalda que, segundo a tradição local, os povos indígenas Xucuru negociaram seu engajamento na Guerra do Paraguai, com sua participação conjunta com o Exército brasileiro, como meio de receber o reconhecimento de suas terras. Isso de fato, nunca se consolidou. Por mais que a demarcação das terras esteja em processo, organizada pela FUNAI, ela ocorre em uma conjuntura de insegurança e com aplicação mínima de recursos (CIDH, 2015).

Em seu relatório, a CIDH (1997) retratou que o povo indígena Xucuru era um caso peculiar devido à representação de um dos grandes obstáculos que dificultava o reconhecimento das terras indígenas: a dificuldade em promover o despejo de intrusos com bases legais. Além deste problema, verifica-se que os líderes dos movimentos, que estavam na “linha de frente”, eram frequentemente expostos a intimidação, ameaças e agressão (CIDH, 1997).

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Conforme a CIDH, a ocupação dos territórios indígenas se constitui em aproximadamente 12% da área rural a ser titulada, ao passo que o restante é ocupado por 281 fazendas e madeireiras (CIDH, 1997). A partir dessa conjuntura, emergem problemas relativos ao conflito de interesses entre a demarcação de terras dos indígenas e os interesses dos fazendeiros, que, incansavelmente, se opõem a essas medidas, o que acaba resultando em violência contra os povos indígenas (ONU, 2009 apud CIDH, 2015)

4. GLOSSÁRIO JURÍDICO: 

Reconhecendo a dificuldade que o uso de termos técnicos podem causar no entendimento tanto do Artigo quanto do caso em si, sugerimos o uso do glossário jurídico disponibilizado pelo STF. Sintam-se livres para nos comunicar sobre quaisquer dúvidas a qualquer momento, seja antes da MundoCM ou mesmo durante o evento! Além disso, o Supremo Tribunal Federal possui um portal http://www.stf.jus.br/portal/glossario/

5. POSICIONAMENTOS 

Comumente são enumerados os posicionamentos das representações dos diversos países nessa sessão do guia de estudos. Contudo, a dinâmica que adotaremos para o comitê de natureza jurídica é a de que cada juiz e juíza deverá estudar o caso e

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formular um entendimento próprio sobre a questão. Dito isso, o presente tópico apresentará de forma sucinta os posicionamentos das partes interessadas do caso: O Brasil e os Xucuru, mediante seus representantes.

Entender o que está sendo pedido e o que está sendo contestado é fundamental para um julgamento. Afinal, o julgamento é o deferimento ou não dos pedidos.

A comunidade indígena Xucuru, representada pelo

Movimento Nacional dos Direitos Humanos / Região Nordeste, pelo Gabinete de Assessoria Jurídica das Organizações Populares e pelo Conselho Indigenista Missionário, chega ao julgamento da Corte Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) após a fase de acordo elaborado pela Comissão Interamericana de Direitos Humanos criado para analisar petições iniciais e possibilitar a formação de acordos entre vítima e Estado. A partir da conciliação, a Comissão elaborou um relatório com recomendações a serem acatadas pelo Estado infrator. Este

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documento tinha como base o reconhecimento da propriedade coletiva devido às necessidades diversas de uma comunidade indígena, a qual tem como base a vida comunal. Ademais, reiterou-se a garantia pelo acesso aos recursos naturais e imateriais para a sobrevivência do grupo e da manutenção do vínculo religioso estabelecido para com a terra.

O relatório teve como outra base de argumentação a posse das terras a partir da modalidade do uso do solo e a posse consuetudinária, pois haveria se estabelecido uma tradição relacionada a ocupação secular indígena. Desse modo, a propriedade indígena iria além do reconhecimento oficial do Estado ao ter como pilar a utilização tradicional do território. Apesar disso, seria papel do Estado garantir a posse do espaço e a demora da garantia desse direito seria uma violação da propriedade coletiva. Além disso, a garantia da possibilidade de utilizar pacificamente a terra seria um dever do Estado, o qual não poderia apenas se limitar ao ato de demarcar e ir em busca da proteção do povo indígena.

A Comissão estabelece que, caso os princípios elencados pelo parecer fossem desrespeitados, a Corte seria acionada para julgar a ação do Estado-Infrator. Diante do comportamento do governo brasileiro e o acionamento por parte da Comissão, a fase de julgamento se iniciou.

Os representantes das vítimas alegaram que o processo de demarcação da terra se iniciou em 1989 e se estende por mais de 27 anos devido à má vontade dos agentes públicos. Essa demora em garantir a posse da terra traria extrema insegurança para o estabelecimento da comunidade. O direito de viver pacificamente em seu território também teria sido extirpado, segundo os acusadores, à medida em que o Estado permitia o estabelecimento

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de indivíduos não-indígenas no território e não agia rapidamente para impedir a ocorrência de conflitos. Nesse sentido, os representantes levantaram um histórico de ameaças e assassinatos ocorridos contra o povo Xucuru. Em face de tal cenário, os indígenas estariam impossibilitados de atingir o gozo total da terra devido à falta de segurança ocasionado pela inércia do Estado brasileiro, o que violava o direito à propriedade coletiva e colocava em risco a integridade do povo ao permitir um ambiente de tensão e insegurança.

Dado o exposto, os peticionários pedem pela condenação do Brasil pela violação dos artigos 21 (direito à propriedade privada), 8 (que protege as Garantias Judiciais, como o direito de ser ouvido em tribunal competente em prazo razoável) e 25 (direito à Proteção Judicial, ou seja, poder pedir auxílio estatal de forma simples e rápida quando se deparar com uma violação de seus direitos fundamentais) da Convenção Americana Sobre Direitos Humanos, além dos artigos 4 (Direito à vida) e 5 (Direito à Integridade Pessoal), incluídos na etapa de mérito.

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A defesa do Estado brasileiro teve como pilar o próprio regime jurídico do país no que tange à garantia do direito exclusivo e permanente do uso pelos indígenas da terra demarcada. O respeito à forma de organização, cultura, línguas e tradições também estariam assegurados. Para tanto, a União seria obrigada a proteger os territórios indígenas de acordo com a Constituição, a qual estabelece a terra indígena como bem da União, mas de uso permanente e exclusivo dos povos originários. Dessa forma, o Brasil tentou demonstrar que seu próprio ordenamento já assegura o direito indígena à propriedade coletiva.

O Estado brasileiro alegou que em recente inspeção no território Xucuru foram constatados apenas poucas ocupações insignificantes e pacíficas por não indígenas. Dessa forma, o povo indígena teria plena capacidade de usufruir das benesses do lugar.

Por fim, o Estado alegou que o processo de demarcação, titulação e intrusão da terra indígena envolve um processo complexo, principalmente devido à presença de não indígenas no território, os quais adentraram com boa-fé e precisam ser indenizados. O Estado ainda ponderou que o direito relativo ao acesso à Justiça, elencado no artigo 25 não teria sido violado dado a inexistência de medidas feitas pelo poder estatal para impedir esse direito. Em contrapartida, a defesa colocou que o processo corre em sua normalidade e que ainda não se extinguiu os recursos das decisões já proferidas. Dessa maneira, a demora para a finalização da ação não seria injustificada, o que isentaria o governo da alegação de desrespeito à propriedade coletiva do povo Xucuru.

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A preocupação do Estado com a garantia do devido processo aos não indígenas se dá pela cautela em assegurar que aqueles que adquiriram as terras hoje demarcadas de boa-fé tenham também os seus direitos assegurados, o que é correspondido com uma série de recursos judiciais que estão sendo tramitados no judiciário brasileiro.

6. REGRAS ESPECIAIS 

No presente tópico será apresentado agora o regulamento a ser utilizado pela Corte, sendo uma versão adaptada do regulamento adotado no Segundo Modelo das Nações Unidas do Sistema Colégio Militar do Brasil (II MundoCM), de autoria dos diretores do Tribunal Africano: Agenor Miranda; Anna Beatriz Abreu; Felipe Romão; Marcelo Alves; Mariana Testoni.

REGULAMENTO DA CORTE INTERAMERICANA DE 

DIREITOS HUMANOS 

Aprovado pela Corte no seu LXXXV Período Ordinário de Sessões celebrado de 16 a 28 de novembro de 2009 .

Artigo 1. Membros do Tribunal

1. O Tribunal é composto por dezessete (17) Juízes, nacionais dos Estados Parte. Tais magistrados devem ser imparciais e independentes, eleitos entre personalidades de alto respeito moral, que reúnem as condições exigidas para o exercício das mais altas funções judiciárias nos respectivos países, e/ou que sejam juristas de reconhecida

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competência e experiência em matéria de Direito Internacional e/ou dos Direitos Humanos.

Artigo 2. Diretoria do Tribunal

1. A Diretoria do Tribunal compor-se-á de quatro pessoas, das quais duas representarão o papel uno da Mesa Diretora da CorteIDH e duas representarão a Secretaria Executiva. Ao decorrer da simulação, os membros da Diretoria reorganizarão seus papéis em regime de rotatividade.

2. É autorizado aos membros da Diretoria se ausentarem da sessão em prol de questões que envolvem o evento MundoCM. Nenhuma ausência implicará déficit procedimental ao comitê e não ocorrerá situação em que a sala das sessões fique sem membros da Diretoria presentes.

3. A Diretoria é plenamente soberana, incumbindo-lhe o dever de zelar por um comitê respeitável e produtivo. Por esta razão, lhe é permitida chamar a atenção caso qualquer regra de decoro seja desrespeitada ou qualquer tipo de discurso de ódio seja proferido durante as sessões.

Artigo 3. Mesa Diretora e Presidência

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1. Cada um dos dois componentes da Mesa Diretora terá uma atribuição diferente em cada sessão, a saber: a elaboração da ata e organização da lista de oradores.

2. São atribuições da Mesa Diretora:

a. convocar sessões do Tribunal, em conformidade com o Estatuto e o presente Regulamento;

b. decidir as questões e moções levantadas nas discussões do Tribunal; auxiliar a moderação a ser feita pela Presidência; e

c. promover os trabalhos do Tribunal e velar pelo cumprimento do seu orçamento-programa;

3. As sessões contarão com a figura da Presidência para a moderação dos debates.

a. Delegadas/os que desejem fazer parte da presidência deverão indicar sua vontade quando ordenado pela Mesa, entrando em um esquema rotativo aleatório ou não a critério da Mesa;

b. Membros da Mesa poderão assumir a Presidência da sessão em casos necessários para um melhor andamento da sessão;

c. A Presidência poderá renunciar a qualquer momento se assim julgar necessário, passando para a/o próxima/o voluntária/o;

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4. São atribuições da Presidência:

a. Moderar o debate;

b. Dar a palavra àqueles que a requisitarem, de acordo com o disposto neste regulamento;

Artigo 4. Secretaria Executiva

1. A Secretaria Executiva do Tribunal estará composta por dois Secretários Executivos, membros da Diretoria.

2. O/a Secretário(a) Executivo(a) será uma pessoa com independência e alta autoridade moral, com experiência e trajetória reconhecida na área de Direitos Humanos e terá como função a retirada de dúvidas dos (as) Juízes (as). Caso algum simulante possua uma dúvida que não se encaixe nas questões ou moções, pode se dirigir à Secretaria.

3. Ao início de cada sessão será indicado quais membros da Diretoria representarão a Secretaria Executiva.

4. São atribuições da Secretaria Executiva:

a. Elucidar eventuais dúvidas que os simulantes tenham no decorrer da simulação

b. Assessorar a Presidência e os membros do Tribunal no desempenho de suas funções;

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Artigo 5. Funcionamento do Tribunal

1. O Tribunal está submetido ao cronograma geral da II MundoCM, que indicará os horários e durações das sessões, assim como atividades fora desta.

2. No início da primeira sessão será requerido que cada Juiz (a) faça um pronunciamento inicial expondo seu Voto Preliminar.

3. Ao início de cada sessão, será feita a chamada, onde os Juízes presentes deverão informar a presença. Caso algum Juiz chegue atrasado, sua presença será reconhecida automaticamente pela Presidência, sem a necessidade de moção para reconhecimento de presença.

4. Durante as sessões regulares nas modalidades formal e formal-informal, é solicitado que os (as) Juízes (as) permaneçam sentados (as) em suas mesas.

Artigo 6. Quórum

1. O quórum necessário para o início da sessão é de maioria absoluta.

2. O quórum necessário para a aprovação da decisão final a ser redigida pelo comitê é de maioria absoluta.

Artigo 7. Discussão

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1. As discussões do comitê se darão majoritariamente pela modalidade formal-informal. Nesse modelo, os (as) Juízes (as) que desejarem se pronunciar deverão posicionar suas placas em posição vertical a qualquer momento, oportunidade em que a Presidência irá tomar nota do seu pedido pela palavra, a qual será reconhecida.

2. O tempo de fala será inicialmente fixado pela Mesa Diretora, e deverá ser respeitado pelos simulantes.

3. O decoro é imprescindível e demandado de todos os membros do comitê.

Artigo 8. Questões e Moções

1. Questão de Ordem a. A Questão de Ordem pode ser acionada

quando as delegações sentirem que as regras de procedimento não estão sendo seguidas de acordo com este documento. A Presidência, com o auxílio da Mesa, deve deliberar imediatamente sobre este ponto;

b. Caso haja quaisquer dúvidas ou questões não abrangidas por este ponto, a delegação deve buscar um dos membros da Mesa para explicação em particular. Caso a Mesa julgue importante, poderá informar a todo o comitê;

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2. Moções: As moções são instrumentos dos quais os (as) Juízes (as) podem se utilizar para apresentar propostas de alteração procedimental na Corte. Elas buscam alterar o modo como a sessão está sendo conduzida. As moções se apresentam nas seguintes modalidades:

a. Debate informal-informal: O debate passa a não ser moderado pela Presidência. Os (as) Juízes (as) passam a ter liberdade total de se locomover na sala, bem como de se pronunciarem sem a necessidade que lhes seja concedida a palavra. Apesar de toda essa liberdade, o decoro deverá ser mantido todo o tempo. Para a apresentação dessa moção, o (a) Juiz (a) que a propuser deverá informar o tempo de debate não moderado e quais as justificativas do debate proposto. Essa moção precisa de reconhecimento da Mesa e aprovação por maioria simples dos (as) Juízes (as).

b. Extensão do debate informal-informal: Caso os (as) Juízes (as) observem a necessidade de continuar o debate informal-informal, logo após o fim deste, poderão mover essa moção. Sua finalidade é a mesma do debate informal-informal, e o tempo e justificativas deverão ser as mesmas do debate anterior. Essa moção precisa de reconhecimento da Mesa e maioria simples dos (as) Juízes (as) para ser aprovada. Ademais, esta moção só pode ser pedida uma única vez.

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c. Tour de table: As moções de Tour de table poderão ser utilizadas em momentos em que os Juízes observarem a necessidade de fazer uma pergunta objetiva a todos seus colegas, que deverão respondê-la de maneira mais prática e sintética possível. Essa moção, quando apresentada, não passa por processo de votação, sendo automaticamente aceita.

d. Adiamento da sessão: Quando o tempo estiver se aproximando do final programado para cada sessão, estará em ordem moções para o adiamento da sessão. Ela adia os debates do comitê para o próximo momento programado no cronograma da III MundoCM. Para ser aprovada, essa moção precisa de maioria simples.

e. Adiamento do debate: Quando a última sessão da simulação estiver se aproximando do final, estará em ordem a moção para o encerramento da sessão, finalizando todos os trabalhos do comitê.

f. Moção de Não Confiança i. A Moção de Não Confiança é a

possibilidade de trocar a Presidência caso o comitê julgue que esta não está cumprindo seus deveres de maneira satisfatória;

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1. A moção requer um pedido escrito informal enviado à Mesa;

2. O pedido deve conter a assinatura de pelo menos ⅕ dos membros do comitê;

3. A Moção entra em Ordem automaticamente e é colocada em voto pela Mesa, requerendo maioria simples;

4. Caso a moção passe, a próxima delegação na lista de espera ou cronograma, de acordo com o explorado na regra 10, será chamada a substituir a atual Presidência;

Artigo 9. Documentos

1. Na Corte Interamericana de Direitos Humanos da III MundoCM, todos os documentos deverão ser produzidos pelos (as) Juízes (as) e encaminhados à Secretaria Executiva, sendo reservado à Diretoria, também, o direito de introduzir documentos de autoria própria. Todos os documentos serão corrigidos e posteriormente reconhecidos pela Mesa Diretora, momento em que seu

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autor será requisitado para realizar a leitura em voz alta do documento.

2. Os documentos relevantes que devem ser produzidos pelo comitê são: voto preliminar, papéis de trabalho, atas de relatoria, decisão e votos.

3. Voto preliminar é o documento produzido pelos (as) Juízes (as) no momento de preparação para a simulação. Ele deve conter as impressões iniciais dos (as) Juízes (as) sobre o caso, não devendo, porém, apresentar uma sentença nesse momento. O voto preliminar deverá ser entregue em forma impressa por todos (as) na primeira sessão.

4. Papéis de Trabalho são documentos que visam apresentar ao comitê como um todo novas informações que contribuirão para o andamento de debate. Podem ser em forma de notícias ou dados diversos. Os papéis de trabalho podem ser apresentados tanto pelos (as) Juízes (as) como pela Diretoria.

5. As atas de relatoria serão redigidas pela Secretaria Executiva e lidas ao início de cada sessão. Sendo reservada à Mesa Diretora a decisão pela dispensa de tal leitura.

6. Decisão é o documento final a ser produzido pelo comitê resultante da deliberação quanto ao mérito do caso, contendo a decisão sobre os pedidos acolhidos pela CorteIDH. Deverão ser levadas em consideração as alegações, as provas apresentadas pelas partes e a informação obtida em audiências e mediante

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investigações. Para sua aprovação, publicação e envio ao país destinatário é necessária aprovação de maioria absoluta do comitê.

a. A decisão deverá conter as proposições e recomendações que a CorteIDH considerar pertinentes e a transmitirá ao Estado de que se trate. Neste caso, fixará um prazo para que tal Estado informe a respeito das medidas adotadas em cumprimento a essas sanções.

7. Além da decisão conjunta do comitê, é facultado e recomendado aos (às) Juízes (as) redigirem ou proferirem um voto individual durante a última sessão.

Artigo 10. Apresentação de petições

1. A admissibilidade da petição está a cargo da Diretoria, e esta somente tomará em consideração as petições sobre presumidas violações de direitos humanos definidas na Carta da Organização dos Estados Americanos (OEA) e na Declaração Americana de Direitos e Deveres do Homem das quais os Estados interessados são signatários, que constituem o fundamento da aludida queixa.

2. Em casos de gravidade ou urgência, a Secretaria Executiva notificará imediatamente o Tribunal.

3. O peticionário poderá designar, na própria petição ou em outro instrumento por escrito, um advogado ou outra pessoa para representá-lo perante o Tribunal.

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Artigo 11. Audiências

1. O Tribunal poderá realizar audiências públicas por sua própria iniciativa ou por solicitação da parte interessada. A escolha de convocar a audiência será tomada pela Mesa Diretora.

2. As audiências poderão ter por objeto receber informações das partes sobre alguma petição, um caso em tramitação perante o Tribunal, o acompanhamento de recomendações, medidas cautelares ou informação de caráter geral ou particular relacionada com os direitos humanos em um ou mais Estados membros da Organização dos Estados Americanos.

3. As audiências sobre petições ou casos terão por objeto receber exposições verbais ou escritas das partes sobre fatos novos e informação adicional àquela fornecida ao longo do processo.

4. Na audiência, as partes poderão apresentar qualquer documento, depoimento, relatório pericial ou elemento de prova.

5. Antes da sua participação, as testemunhas e peritos deverão identificar-se e prestar juramento ou promessa solene de dizer a verdade. A pedido expresso do interessado o Tribunal poderá manter em sigilo a identidade do depoente ou perito, quando necessário para sua proteção pessoal ou de terceiros.

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REFERÊNCIAS   

CORTE INTERAMERICANA DE DIREITOS HUMANOS. Relatório No. 44/15 Caso 12.728.                   

Relatório de Mérito Povo Indígena Xucuru Brasil. OEA, 2015.   

______. Relatório No. 44/15, Caso 12.728. Mérito. Povo indígena Xucuru. Brasil. 28 de                         

julho de 2015. 

______. Relatório No. 44/15, Caso 12.728. Mérito. Povo indígena Xucuru. Brasil. 28 de                         

julho de 2015. 

______. Relatório Sobre a Situação dos Direitos Humanos No Brasil. OEA/Ser.L/V/II.97                     

Doc. 29 rev. 1, 29 de setembro de 1997, Capítulo VI.E(2).   

OEA. Comisión Interamericana de Derechos Humanos: Informes de Fondo. c2015.                   

Disponível em: <http://www.oas.org/es/cidh/decisiones/fondos.asp>. Acesso em: 22           

de Setembro de 2018. 

ONU. Relatório do Relator Especial sobre a situação dos direitos humanos e as                         

liberdades fundamentais dos indígenas, James Anaya. Adendo: RELATÓRIO SOBRE A                   

SITUAÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS DOS POVOS INDÍGENAS NO BRASIL,                 

A/HRC/12/34/Add.2, 26 de agosto de 2009, paras. 31 e 32. 

RAMOS, André de Carvalho. Curso de direitos humanos. São Paulo: Saraiva, 2014.  

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