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Gabarito TVQ 2017 – Segunda Fase Sumário I. Síntese Polimérica: entendimento a nível molecular _________________________ 1 II. Regras de Baldwin ____________________________________________________ 8 III. Química de Coordenação: um ensaio sobre a Teoria do Orbital Molecular e Espectroscopia Vibracional ________________________________________________ 11 IV. Sólidos iônicos: de uma fase à outra ___________________________________ 16 V. Ácido Maleico e Ácido Fumárico ________________________________________ 18 VI. Titulação de Ni com dimetilglioxima ___________________________________ 24 VII. Espectroscopia no infravermelho ______________________________________ 26 VIII. Dinâmica de colisões reacionais _______________________________________ 28

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Gabarito TVQ 2017 – Segunda Fase

Sumário

I. Síntese Polimérica: entendimento a nível molecular _________________________ 1

II. Regras de Baldwin ____________________________________________________ 8

III. Química de Coordenação: um ensaio sobre a Teoria do Orbital Molecular e

Espectroscopia Vibracional ________________________________________________ 11

IV. Sólidos iônicos: de uma fase à outra ___________________________________ 16

V. Ácido Maleico e Ácido Fumárico ________________________________________ 18

VI. Titulação de Ni com dimetilglioxima ___________________________________ 24

VII. Espectroscopia no infravermelho ______________________________________ 26

VIII. Dinâmica de colisões reacionais _______________________________________ 28

1

I. Síntese Polimérica: entendimento a nível molecular

a) A reação representada abaixo corresponde a uma reação de polimerização

por condensação, mais especificamente, trata-se de uma reação de esterificação.

O mecanismo está representado abaixo. No qual observa-se (i) a ativação

da carbonila com meio ácido, seguida da (ii) adição nucleofílica do etilenoglicol com

a (iii) subsequente eliminação de água, como é esperado para reações de

condensação.

O meio ácido é utilizado para catalisar a reação. De modo que a utilização

de ácido permite que a reação corra por uma via de menor energia de ativação,

favorecendo cineticamente a reação. Além disso, é importante salientar que

carbonila de ácidos carboxílicos não são tão eletrofílicas quanto carbonilas de

aldeídos, cetonas, cloreto de ácidos e anidridos de ácidos carboxílicos. Tal

característica pode ser explicada pelas possíveis estruturas de ressonância, nas

quais fica evidente a deslocalização dos pares de elétrons não ligantes do grupo –

OH.

2

No esquema acima, fica evidente que em meio ácido a estrutura de

ressonância estabiliza garante maior eletrofilicidade para o carbono do grupo

carbonila.

O raciocínio desenvolvido acima é dirigido pela Teoria de Ligação de

Valência, mas também poderia ser explicado pela Teoria de Orbital Molecular, a

qual sugere que a catálise ácida promove a diminuição entre a diferença dos níveis

energéticos do orbital molecular LUMO (lowest unocoppied molecular orbital) do

eletrófilo e a energia do orbital molecular HOMO (highest ocuppied molecular orbital)

do nucleófilo, permitindo portanto que a adição nucleofílica ocorra.

b) A estratégia apresentada, faz sentido do ponto de vista teórico e tem sido

explorada em escala industrial. O polímero inicial (PET), possui grupos carbonilicos

pouco eletrofílicos, tal característica pode ser entendida pela Teoria de Ligação de

Valência e especialmente pela representação das principais estruturas de

ressonância possíveis para grupos estéres ressonantes com anel aromático.

As estruturas canônicas representadas acima, evidenciam que a deficiência

de elétrons do carbono do grupo C=O é parcialmente suprida pela ressonância dos

elétrons do sistema aromático e pelos pares de elétrons não ligante do oxigênio

procedente do álcool. Em resumo, pode-se afirmar que grupos carbonilicos de

ésteres adjacentes a sistemas aromáticos são menos eletrofílicos e

3

consequentemente menos susceptíveis aos ataques de nucleófilos. Além disso vale

ressaltar que a degradação é catalisada por enzimas, de modo que sistemas mais

rígidos como os aromáticos serão menos propensos a se ajustar nos sítios

catalíticos das enzimas, dificultando a hidrólise do polímero.

Desse modo, a adição de um segmento alifático com grupos carbonílicos

mais eletrofílicos favorecerá enormemente a biodegradação do material.

c) Os sais de sulfato em questão, quando são utilizados em suas formas anidras

atuam como agentes secantes – retirando pequenos volumes de água do ambiente.

Na reação de polimerização por condensação ocorre a formação de água como um

subproduto reacional. Desse modo, utilizando os sais de sulfato, pode-se remover

a água do meio reacional perturbando a reação no sentido de formação dos

produtos, tal como é proposto pelo Princípio de Le Chatelier.

d) Como é esperado a partir da interpretação do enunciado o fragmento

metálico de Zn2+ está diretamente relacionado com a atividade do catalisador. De

modo que, a coordenação da espécie catiônica de zinco à carbonila deve tornar o

grupo C=O significativamente mais eletrofílico, facilitando a adição de nucleófilos

como a água, por exemplo. Nesse contexto, é importante enfatizar que a ativação

da carbonila é substancial para que a molécula de água adicione-se a carbonila do

grupo éster.

Duas abordagens são possíveis para entender fenomenologicamente a

atividade do catalisador. A primeira seria a interpretação a partir da Teoria de

Ligação de Valência, que permite afirmar que a espécie de Zn2+ estabiliza a forma

canônica cujo átomo de carbono possui maior eletrofilicidade, favorecendo portanto,

reações de adição nucleofílica.

4

A segunda alternativa seria interpretar o aumento da reatividade do grupo

carbonílico pela Teoria de Orbital Molecular (TOM). Nesse caso é esperado que a

coordenação do fragmento metálico de Zinco à carbonila promova diminuição

energética dos orbitais moleculares HOMO e LUMO, cuja denominação deriva do

inglês highest ocuppied molecular orbital e lowest unocuppied molecular orbital,

respectivamente.

Para entender as reações de adição nucleofílica pela TOM, é importante

destacar os seguintes aspectos:

› Orbitais moleculares LUMO geralmente possuem maior energia que

os orbitais moleculares HOMO;

› A adição nucleofílica ocorre pela interação orbitalar do HOMO do

nucleofílo com o LUMO do eletrófílo;

› Além disso, quanto menor for a diferença energética entre o HOMO

do nucleofílo e o LUMO do eletrófilo mais favorável será a reação de

adição nucleofilica.

Nesse sentido, analisando qualitativamente os orbitais moleculares

envolvidos na adição nucleofílica, antes e após a coordenação do Zinco, temos:

5

O esquema acima, representa a diminuição energética após a coordenação

do Zn2+ promovendo, portanto, a diminuição da diferença energética entre os

orbitais HOMO e LUMO do nucleófilo e do eletrófilo, respectivamente, possibilitando

a adição nucleofilica ao grupo C=O do éster.

e) A partir das proporções mássicas em porcentagem, é possível se determinar

a fórmula mínima em termos das proporções mássicas:

Zn41,394%C22,813%H2,872% O32,921%

Considerando 100g do composto, temos:

Zn41,394gC22,813gH2,872g O32,921g

Em seguida, dividindo-se as respectivas quantidades em massa pelas

massas molares dos elementos em questão ( Zn = 65,38 g mol-1, O = 16 g mol-1, H

= 1,008 g mol-1, C = 12,011 g mol-1).

Zn0,63C1,90H2,85 O2,06

Dividindo todos pelo menor valor (0,63) é possível encontrar fórmula mínima

do complexo de zinco:

ZnC3H4,5 O3,25

Para se obter a fórmula molecular do complexo é necessário multiplicar por

um valor para obter índices estequiométricos inteiros. Logo, multiplicando cada um

dos índices por 4, produziremos

Zn4C12H18O13

Analisando o material de partida e assumindo que a estrutura do ligante

acetato tenha sido preservada é possível escrever a seguinte formula molecular

para complexo.

6

Zn4(OCOCH3)6O

Logo, a partir da fórmula e considerando a existência de um ligante oxo

fazendo quatro ligações (μ4 − O) com os núcleos metálicos de Zinco é possível

chegar na seguinte estrutura do complexo.

A ligação μ4 − O é possível devido ao fato do oxigênio central possuir

valência 2-, e consequentemente possuir oito elétrons de valência, alocados em

orbitais hibridizados sp3, permitindo portanto que os quatro pares de elétrons sejam

utilizados para fazer ligações com o centro metálico de Zinco.

f)

7

A análise das curvas para as amostras A, B e C de PET permite afirmar que

a Amostra C apresenta menor polidispersidade, pois esta curva apresenta

claramente a menor largura a meia altura. Além disso, a amplitude de massa molar

do polímero que compõem a amostra C é menor, de modo a reforçar que a Amostra

C corresponde a amostra mais homogênea.

Considerando a massa molar cuja fração de polímero maior é igual a 61.000

g mol-1 e que o polímero é composto por (C10H8O4)n onde a massa molar da unidade

monomérica é 192 g mol-1. É possível determinar o valor de n:

192n g mol−1 = 61.000 g mol−1

Onde n = 318 unidades.

Observação: O número de unidades monoméricas depende essencialmente da

massa molar do polímero observada no gráfico acima, como a resolução da

abscissa não permite a escolha de um valor exato, caso o estudante encontre valor

próximo de 300 unidades, utilize a massa molar do monômero correta e evidencie

o raciocínio corretamente – a resposta será considerada correta.

8

II. Regras de Baldwin

a) Orbitais moleculares do fragmento C=C. Note que os orbitais HOMO podiam

ser apresentados de duas formas distintas, como representado abaixo

b) O ângulo de Burgi-Dunitz podem ser obtido qualitativamente através da

racionalização de interações eletronicamente favoráveis entre o orbital HOMO de

um nucleófilo com o LUMO do framento C=C em conjunto com fenômenos de

repulsão entre o HOMO do nucleófilo com o HOMO do fragmento C=C.

No caso a trajetória que apresentaria maior sobreposição entre o orbital

HOMO do nucleófilo com o LUMO do fragmento C=C também apresentaria grande

repulsão eletrônica entre a sobreposição dos orbitais ocupados HOMO do nuleófilo

com HOMO do framento C=C, como pode ser visualizado acima.

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Portanto a adoção de uma trajetória lateral como observada por Bürgi e

Dunitz permite a interação do nucleófilo com o LUMO enquanto mantem reduzida

a repulsão entre os orbitais ocupados do fragmento e do nucleófilo.

c) O mecanismo para a formação do produto 2a corresponde inicialmente a

desprotonação da hidroxíla fenólica, seguida da adição conjugada 1,4. Note que

nessa reação o metóxido de sódio atua como base.

d) No caso da formação dos produtos 2a e 2b, sendo ciclizações 6-endo-trig e

5-exo-trig , respectivamente, portanto permitidas pelas regras de Baldwin.

Considerando os orbitais envolvidos nos reagentes a aproximação esperadas entre

os orbitais HOMO e LUMO correspondentes podem ser observadas abaixo.

Percebe-se que nas conformações apresentadas a interação orbitalar necessária

para ocorrência da reação química ocorre sem grandes desvios da geometria

molecular.

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No entanto no caso da ciclização do produto 3 ocorre facil sobreposição

adequada de orbitais para obtenção do produto 4, porém não temos sobreposição

adequada para a interação com o outro carbono da dupla ligação

consequentemente impossibilitando a formação de outro produto em quantidades

relevantes. Do ponto de vista da regra de Baldwin a reação observada corresponde

a uma ciclização 4-exo-trig que é permitida enquanto o produto não observado

corrresponde a uma ciclização 5-endo-trig que como esperado não é permitida

pelas regras de Baldwin.

e) Observando comparativamente as estruturas dos compostos 5 e 6 pode-se

concluir que ocorreu uma reação de 5-endo-trig. No entanto pelas regras de Baldwin

esse tipo de reação de ciclização não seria permitida. Adicionalmente é indicado

que tal reação só ocorre em condições ácidas , porém não em condições básicas.

A reação do composto 6 apenas em condições ácidas, como apresentado no

enunciado, ocorre devido a estabilização de diferentes formas de ressonância

nessas condições, indicandando assim que ocorrem alterações significantes na

distribuição de densidade eletrônica pela molécula de forma que o mecanismo de

ciclização se torna favorável.

No caso nas condições ácidas ocorre o favorecimento da protonação da

carbonila, como demonstrado abaixo, assim permitindo a formação de uma nova

espécie positivamente carregada que pode ser representada pelas formas de

ressonância I, II e III. Especificamente as espécies II e III permitem a explicação do

fenômeno observado, pois pela forma de ressonância II nota-se que existe um

caráter carbocatiônico, no entanto as regras de Baldwin não são diretamente

aplicáveis a sistemas carbocatiônicos, então mesmo sendo uma ciclização 5-endo-

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trig, portanto não permitida, ela ocorre. Analogamente pode-se obervar que a forma

de ressonância III indica a ocorrência de uma ciclização 6-exo-trig e portanto

permitida pelas regras de Baldwin.

Ambas as racionalizações atuam na explicação da ciclização aparente 5-

endo-trig observada. Como em condições básicas esse equílibrio com a forma

protonada da carbonila é impossibilitado, a reação não ocorre, assim como

esperado pelas regras de Baldwin.

III. Química de Coordenação: um ensaio sobre a Teoria do Orbital

Molecular e Espectroscopia Vibracional

a) Seguindo a representação exemplificada para o O2 temos o seguinte

diagrama de orbitais moleculares para a molécula de CO. Note que diferentemente

do caso do oxigênio molecular existe uma inversão de energia entre os orbitais 1𝜋

e 3𝜎 devido a interação orbitalar entre os orbitais 2s e 2p, como representado

abaixo.

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Adicionalmente está exemplificado abaixo a representação espacial dos orbitais

HOMO e LUMO para esta diatômica.

b) Como informado no enunciado, considerando a teoria do campo cristalino a

aproximação de seis ligantes em um arranjo octaédrico resultará no seguinte

desdobramento dos orbitais d do metal.

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Como se trata de uma espécie de Fe(II) de campo forte, os seis elétrons

presentes no metal ocuparão os três orbitais degenerados de baixa energia (dxy, dxz

e dyz). Consequemente apenas or orbitais vazios dx2-y2 e dz2 podem interagir

preferencialmente com o HOMO do ligante. Analogamente os orbitais dxy, dxz e dyz

são apresentam capacidade de interagir com o LUMO dos ligantes, assim

realizando retrodoação.

No caso dos ligantes O2 ou CO, seus respectivos orbitais HOMO (ou SOMO)

como representado no exercício anterior serão responsáveis pela doação de

densidade eletrônica para os orbitais degenerados eg enquanto os orbitais t2g

estarão envolvidos na retrodoação para o orbital LUMO (ou SOMO) dos ligantes.

c) Do ponto de vista orbitalar pode-se notar que no caso do CO o orbital HOMO

se apresenta paralelo ao eixo da ligação na diatômica enquanto o respectivo orbital

LUMO está perpendicular a este mesmo eixo. De forma que a aproximação com

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ângulo de 180° com a plano do grupo heme permite a interação entre os orbitais

citados anteriormente.

No entanto o orbital SOMO da molécula de O2 apresentá certa angulação em

relação ao eixo da ligação O=O, consequemente a aproximação adequada para

favorecer a sobreposição entre os orbitais eg e t2g do metal com o SOMO exige a

formação de um angulo de aproximadamente 120° como observado

experimentalmente.

d) No processo de retrodoação temos usualmente a doação de densidade

eletrônica para orbitais de caráter antiligante nos ligantes, consequentemente tal

transferência de carga atua reduzindo a ordem de ligação no ligante. Considerando

que o parâmetro k , correspondente à constante de força da ligação, é proporcional

a força da ligação na diatômica então a redução da ordem de ligação como

resultado da retrodoação tem como consequência a redução do parâmetro k.

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Os demais termos da equação permanecem invariantes, portanto a redução

do k resulta em uma diminuição da frequência de estiramento observada.

e) Como discutido no item anterior, é esperado que com aumento da

retrodoação ocorra uma redução na frequência de estiramento observada. Portanto

observando os dados experimentais apresentados no exercício espera-se que o

complexo com ligante thiofenoláto axial apresente maior retrodoação que o

correspondente com o ligante derivado do imidazol.

Em relação às enzimas podemos correlacionar os grupos axiais histidina e

cisteína com os dos complexos modelo apresentados no enunciado. Nota-se que o

resíduo de histidina apresenta grande semelhança estrutural com o ligante 1-metil-

imidazol enquanto que o resíduo de cisteína é semelhante ao ligante thiofenol. De

forma que podemos esperar que assim como no caso dos complexos modelo, o

complexo com resíduo de cistéina possibilite maior retrodoação ao ligante

coordenado que o correspondente com o resíduo de histidina.

Nas condições biológicas em ambas as enzimas, nas cyps 450 e na

hemoglobina, o ligante coordenado é usualmente uma molécula de oxigênio.

Consequentemente com a maior retrodoção do resíduo axial de cistéina nas CYPs

450 ocorre um maior enfraquecimento da ligação O=O , assim facilitando a clivagem

da ligação. De forma contrária, na hemoglobina, esse tipo de fenômeno não é

observado devido a menor retrodoação no complexo com ligante axial de histidina.

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IV. Sólidos iônicos: de uma fase à outra

a) Temos que, a partir da termodinâmica, o composto β -AgI é o mais estável

na temperatura e pressão ambiente. Sendo assim, ao ser formado o composto α -

AgI espera-se que esse seja convertido no composto mais estável, o β -AgI.

Entretanto, isso não é observado na experiência realizada na solução com excesso

de Ag+. Essa aparente contradição pode ser elucidada a partir da cinética da reação:

ao ser formado o composto em sua forma alfa, a conversão para a estrutura mais

estável ocorre de forma muito lenta por se tratar de fases sólidas, não podendo ser

observada na escala de tempo da realização do experimento.

b) O gráfico mostra uma brusca mudança do coeficiente de condutividade do

AgI em aproximadamente 420 K, coincidente com a temperatura da transição de

fase do composto, passando de mais estável a fase β para α. Sabendo que a

estrutura do sólido é um fator determinante para sua capacidade condutora, visto

que determina a menor ou maior mobilidade dos íons, temos que a mudança na

estrutura cristalina que ocorre na transição de fases é a responsável pela mudança

do coeficiente observada no gráfico.

c) Na curva do cloreto de sódio, a variação abrupta do coeficiente de

condutividade ocorre em seu ponto de fusão, ou seja, a mudança de estado físico

proporciona grande alteração na sua condutividade iônica.

Na fase líquida, a movimentação das cargas é muito mais eficiente do que

na estrutura sólida e, consequentemente, a condutividade também.

d) De forma também generalizada, podemos dizer que os tamanhos dos cátions

são menores do que os tamanhos dos ânions. Os cátions são átomos que doaram

um ou mais elétrons a ânions, fazendo com que os eletróns restantes no átomo

sentissem uma carga nuclear efetiva maior, se aproximando do núcleo e diminuindo

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assim o seu raio iônico. De forma similar, os ânions, que recebem elétrons, têm seu

raio aumentado, pois os elétrons adicionados à sua eletrosfera resultam na

diminuição da carga nuclear efetiva na camada de valência, permitindo, assim, o

aumento do tamanho do átomo. Essa racionalização está de acordo com a

generalização proposta, de forma que os cátions, como menores íons, podem ser

considerados os portadores de carga, visto que a mobilidade é inversamente

proporcional ao tamanho do íon.

e) Como mostra o gráfico, a condutividade da fase α é muito superior àquela

observada para a fase β, ou seja, pode-se inferir que a mobilidade dos portadores

de carga na estrutura cristalina do α -AgI é maior. Tendo em vista que quanto maior

o fator de empacotamento (razão entre o volume ocupado pelos átomos e o volume

da célula unitária), menor o espaço vazio nas células unitárias que compõe a

estrutura cristalina, espera-se que o fator de empacotamento para a estrutura α-

AgI seja menor do que para β-AgI, garantinda que a mobilidade dos portadores de

carga seja favorecida na estrutura α.

f) O seguinte diagrama mostra como pode ser obtido o ΔHtransição a partir das

respectivas energias de rede das fases α e β:

Sendo assim, o ΔHtransição pode ser escrito segundo a seguinte equação:

ΔHrede α-AgI – ΔHrede β-AgI = ΔHtransição .

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g) Como temos que nas transições de fase ΔG = 0, podemos reorganizar a

seguinte expressão para obter a entropia de transição:

ΔG = ΔH – T ΔS.

ΔStransição = 𝚫𝐇 𝐭𝐫𝐚𝐧𝐬𝐢çã𝐨

𝑻

V. Ácido Maleico e Ácido Fumárico

a) A interconversão direta do ácido maleico para o ácido fumárico envolveria

uma rotação da ligação dupla. Este fenômeno possui uma grande barreira

energética, já que a rotação prejudica o alinhamento dos orbitais π e

consequentemente, enfraquece a ligação química. Em outras palavras, a reação

não ocorre porque a ligação dupla é rígida.

Com a protonação, esta ligação adquire um maior caráter de ligação simples

e, desta forma, a barreira energética da rotação é diminuída drasticamente.

b) Ponto de fusão: O ácido fumárico possui uma geometria que permite a

formação de uma rede de moléculas interagindo por meio de ligações de hidrogênio,

levando a uma estrutura cristalina com um bom empacotamento. Já no ácido

maleico, parte das ligações de hidrogênio serão intermoleculares e sua geometria

não permite a formação de uma rede cristalina tão favorável, o que resulta em

19

interações intermoleculares mais fracas. Portanto, o ácido fumárico possui maior

ponto de fusão.

Solubilidade: No ácido maleico, os momentos de dipolo resultantes dos

grupos carboxila de adicionam, fazendo com que a molécula tenha um momento de

dipolo diferente de zero – esta polaridade favorece o processo de hidratação. No

ácido fumárico, os momentos de dipolo das duas carboxilas se cancelam, fazendo

com que o momento de dipolo da molécula seja igual a zero. Desta forma, o ácido

maleico terá uma solubilidade maior que a do ácido fumárico.

c) A diferença do primeiro pKa do ácido maleico e do ácido fumárico está

relacionada com a estabilidade da base conjugada. A remoção de um próton no

ácido maleico resulta em um ânion estabilizado por uma ligação de hidrogênio

intramolecular. No ácido fumárico, a geometria da molécula não permite essa

ligação de hidrogênio intramolecular. Desta forma, a desprotonação é mais

favorável para o ácido maleico, fazendo com que este tenha um pKa1 menor quando

comparado ao ácido fumárico.

20

Essa estabilização resultante da ligação de hidrogênio intramolecular precisa sem

superada para que ocorra a segunda desprotonação do ácido maleico, o que

dificulta o processo. Desta forma, o ácido maleico possui pKa2 maior que o do ácido

fumárico.

d)

Espécie predominante após adição de titulante:

(1) 10 mL – H2B

(2) 30 mL – HB-

(3) 50 mL – B2-

e) Primeiramente, devemos escrever os equilíbrios químicos envolvidos e suas

respectivas constantes

- Primeira ionização do ácido maleico (H2Ma)

𝐻2𝑀𝑎 ⇌ HMa− + 𝐻+

21

𝐾𝑎1 =[HMa−][𝐻+]

[𝐻2𝑀𝑎]

𝐾𝑎1 = 10−𝑝𝐾𝑎1 = 1,259 × 10−2

- Segunda ionização do ácido maleico (H2Ma)

HMa− ⇌ Ma2− + 𝐻+

𝐾𝑎2 =[Ma2−][𝐻+]

[HMa−]

𝐾𝑎2 = 10−𝑝𝐾𝑎2 = 8,511 × 10−7

- Autoionização da água

𝐻2O ⇌ OH− + 𝐻+

𝐾𝑤 = [OH−][𝐻+]

𝐾𝑤 = 1,00 × 10−14

- Solubilização do sal

𝑁𝑎2Ma ⇌ Ma2− + 2𝑁𝑎+

Em seguida, fazemos os balanços de massa correspondente ao ácido e ao sal

adicionados

𝐶á𝑐𝑖𝑑𝑜 + 𝐶𝑠𝑎𝑙 = [Ma2−] + [HMa−] + [𝐻2𝑀𝑎]

2𝐶𝑠𝑎𝑙 = [Na+]

Por fim, fazemos o balanço de cargas

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[𝐻+] + [Na+] = 2[Ma2−] + [HMa−] + [OH−]

Para facilitar os cálculos, vamos considerar as seguintes aproximações

- Como estamos em meio ácido

[OH−] ≪ [𝐻+]

- Como Ka1 é muito maior que Ka2

[Ma2−] ≪ [HMa−]

Desta forma, as equações do balanço de carga e do balanço de massa podem ser

escritas como

[𝐻+] + [Na+] = [HMa−]

𝐶á𝑐𝑖𝑑𝑜 + 𝐶𝑠𝑎𝑙 = [HMa−] + [𝐻2𝑀𝑎]

2𝐶𝑠𝑎𝑙 = [Na+]

Somando [H2Ma] dos dois lados da equação do balanço de carga

[𝐻+] + [Na+] + [𝐻2𝑀𝑎] = [HMa−] + [𝐻2𝑀𝑎]

Substituindo as equações do balanço de massa na equação anterior

[𝐻+] + 2𝐶𝑠𝑎𝑙 + [𝐻2𝑀𝑎] = 𝐶á𝑐𝑖𝑑𝑜 + 𝐶𝑠𝑎𝑙

[𝐻2𝑀𝑎] = 𝐶á𝑐𝑖𝑑𝑜 − 𝐶𝑠𝑎𝑙 − [𝐻+]

Como Cácido= 0,005 mol/L e Csal= 0,001 mol/L

[𝐻2𝑀𝑎] = 0,004 − [𝐻+]

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Desta forma, encontramos a concentração de H2Ma em função apenas da

concentração de H+ do meio. Agora, podemos substituir [H2Ma] na equação de Ka1

para encontrar [HMa-]

[HMa−] =[𝐻2𝑀𝑎]𝐾𝑎1

[𝐻+]

[HMa−] =(0,004 − [𝐻+]) × 0,01259

[𝐻+]

[HMa−] =(5,036 × 10−5) − 0,01259[𝐻+]

[𝐻+]

Com isso, podemos substituir esta concentração na equação do balanço de carga

[𝐻+] + [Na+] = [HMa−]

[𝐻+] + 2𝐶𝑠𝑎𝑙 =(5,036 × 10−5) − 0,01259[𝐻+]

[𝐻+]

Organizando os termos, chegamos a um polinômio de segundo grau

[𝐻+]2 + 0,002[𝐻+] = (5,036 × 10−5) − 0,01259[𝐻+]

[𝐻+]2 + 0,01459[𝐻+] − (5,036 × 10−5) = 0

Substituindo [H+] por x, podemos usar softwares ou alguns sites para encontrar mais

facilmente as raízes desta equação. Deste modo, obtemos

𝑥1 = −0,01747

𝑥2 = 0,002882

Como a concentração de H+ é um valor positivo, temos que

[𝐻+] = 2,882 × 10−3 𝑚𝑜𝑙/𝐿

24

Finalmente

𝑝𝐻 = −log[𝐻+]

𝑝𝐻 = −log[𝐻+]

𝑝𝐻 = 2,54

VI. Titulação de Ni com dimetilglioxima

a) Como o teor de Ni na liga está em torno de 2%, 1,0g da liga metálica conterá

cerca de 0,02g de Ni, o que corresponde a

0,02 𝑔 𝑑𝑒 𝑁𝑖

58,69 𝑔/𝑚𝑜𝑙= 3,41 × 10−4 𝑚𝑜𝑙 𝑑𝑒 𝑁𝑖

Essa quantidade de metal requer

2 × (3,41 × 10−4 𝑚𝑜𝑙 𝑑𝑒 𝑁𝑖)(116,12𝑔 𝑑𝑒 𝐷𝑀𝐺/𝑚𝑜𝑙 𝑑𝑒 𝑁𝑖) = 0,0792 𝑔 𝑑𝑒 𝐷𝑀𝐺

Pois 1 mol de Ni2+ necessita de 2 mol de DMG. Um excesso de 50% de DMG seria

(1,5 x 0,0792g) = (0,119g). Essa quantidade de DMG está contida em

0,119𝑔 𝑑𝑒 𝐷𝑀𝐺

0,01𝑔 𝑑𝑒 𝐷𝑀𝐺/𝑔 𝑑𝑒 𝑠𝑜𝑙𝑢çã𝑜= 11,9𝑔 𝑑𝑒 𝑠𝑜𝑙𝑢çã𝑜

Que ocupa um volume de

11,9𝑔 𝑑𝑒 𝑠𝑜𝑙𝑢çã𝑜

0,79 𝑔 𝑑𝑒 𝑠𝑜𝑙𝑢çã𝑜/𝑚𝐿= 15 𝑚𝐿

b) Para cada mol de Ni existente no aço, será formado 1 mol de precipitado.

Portanto, 0,1340 g de precipitado corresponde a

25

0,1340 𝑔 𝑑𝑒 𝑁𝑖(𝐷𝑀𝐺)2

288,91 𝑔 𝑑𝑒 𝑁𝑖(𝐷𝑀𝐺)2/𝑚𝑜𝑙 𝑑𝑒 𝑁𝑖(𝐷𝑀𝐺)2 = 4,638 × 10−4 𝑚𝑜𝑙 𝑑𝑒 𝑁𝑖(𝐷𝑀𝐺)2

A massa de Ni no aço é

(4,638 × 10−4 𝑚𝑜𝑙 𝑑𝑒 𝑁𝑖)(58,69 𝑔/𝑚𝑜𝑙) = 0,02722 𝑔 𝑑𝑒 𝑁𝑖

E a porcentagem em massa de Ni presente no aço é

0,02722 𝑔 𝑑𝑒 𝑁𝑖

1,1634 𝑑 𝑑𝑒 𝑎ç𝑜× 100 = 2,34%

c) Em pH ácido, a dimetilglioxima (que neste caso pode ser considerada um

ácido) estará na sua forma protonada. Desta forma, a presença desses hidrogênios

poderia impedir a formação do complexo devido a repulsão estérica ou, caso

ocorresse formação de um complexo, o composto de coordenação formado,

Ni(DMG)2 2+, seria solúvel em por ser um cátion, não ocorrendo precipitação.

d) A configuração eletrônica do metal (mais especificamente o preenchimento

dos orbitais d) é um dos principais fatores que indicam quando o metal formará um

complexo estável com determinados ligantes. O cátion Ni2+ possui configuração

eletrônica 1s2 2s2 2p6 3s2 3p6 3d8. Assim como o Ni2+, os cátions Au3+ e Pd2+

também possuem oito elétrons em seus orbitais d mais externos – em outras

palavras, são do tipo d8. Desta forma, é justificável que estes metais também

formem complexos estáveis com DMG. Já os cátions Zr4+ e Ca2+ são do tipo d0 e,

por isso, é compreensível que eles não formem complexos estáveis com DMG.

e) Em meio básico, se os cátions Fe(III), Al(III) e Cr(III) estiverem presentes,

pode ocorrer precipitação dos hidróxidos metálicos Fe(OH)3, Al(OH)3 e Cr(OH)3. A

massa desses hidróxidos se somaria à massa de Ni(DMG)2 na análise, fazendo com

que a concentração de níquel calculada seja maior do que a concentração real.

Citrato e tartarato formam complexos solúveis e estáveis com Fe(III), Al(III) e Cr(III);

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desta forma, os cátions complexados ficam indisponíveis para reagir com os íons

hidróxido, impedindo a precipitação indesejada.

VII. Espectroscopia no infravermelho

a) As geometrias e o grupo pontual das moléculas em questão encontram-se

abaixo:

Os grupos pontuais são determinados seguindo o fluxograma. Assim, temos os

grupos C2v para a água, D∞h para o gás carbônico e Td para o metano.

27

b) Todos os espectros apresentam apenas duas bandas vibracionais, desse

modo, o único jeito de determinar a qual molécula pertence cada espectro é

avaliando a freqüência de vibrações. Considere a equação abaixo:

k

c2

1

Onde é a freqüência em cm-1, c é a velocidade da luz, k é a constante de

força e é a massa reduzida.

Apesar de ser uma aproximação rudimentar, pois o calculo da freqüência não

é tão simples para um modo vibracional que envolva o movimento de vários átomos,

podemos utilizar essa equação quantitativamente para atribuir os espectros.

Dessa forma, como o CO2 possui maior massa reduzida, espera-se que suas

bandas se apresentem com menor freqüência, portanto, corresponde ao espectro

1.

A água e o metano possuem modos vibracionais com massa reduzida

parecida, porém, a constante de força das ligações OH é maior do que as ligações

CH, assim, OH deve possuir modos vibracionais mais energéticos (maior número

de onda). Portanto o espectro 2 corresponde à molécula de água e o espectro 3

corresponde ao metano.

c) Ao substituir o hidrogênio por flúor, aumenta-se consideravelmente a massa

reduzida do sistema. Dessa forma, segundo a equação do item B, esperar-se-á um

deslocamento das bandas para menores números de onda. Quanto ao número de

bandas, vemos que este permanece constante, pois não há mudança de simetria.

Em relação à intensidade das bandas nada se pode afirmar, uma vez que a

intensidade é determinada pela variação do momento de dipolo com o movimento

28

dos átomos, fator que não é possível quantificar considerando apenas a estrutura

da molécula.

d) A regra de seleção para espectroscopia no infravermelho estabelece que,

para que um modo seja ativo, precisa haver alteração no momento de dipolo da

molécula com o movimento dos átomos. A molécula Br2 livre não é ativa no

infravermelho pois o seu momento de dipolo não se altera quando a ligação Br-Br

estica no movimento vibracional.

Quando o Br2 está posicionado paralelamente ao anel, graças à simetria do sistema,

o movimento vibracional dos átomos de Br não irá causar alteração no momento de

dipolo, dessa forma, não será ativo no infravermelho e não teremos a banda

presente no espectro do enunciado. Porém, quando o Br2 se posiciona

perpendicularmente ao anel, o movimento vibracional dos átomos de bromo

provoca alteração no momento de dipolo e, portanto, o modo será ativo no

infravermelho, correspondendo à banda do espectro apresentado.

Assim, pode-se afirmar, com base no espectro dado, que a conformação mais

estável é aquela na qual a molécula de bromo se apresenta perpendicular ao anel

benzênico.

VIII. Dinâmica de colisões reacionais

a) Na figura abaixo está representada a curva do potencial de morse para o

estado fundamental da molécula de H2, onde D0 corresponde a energia de

dissociação da molécula em questão. A análise da curva sugere que a magnitude

da energia de dissociação é proporcional a profundidade da curva de potencial.

Desse modo, pode-se tirar conclusões sobre a força da ligação das moléculas, a

partir das curvas de potencial de morse.

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A imagem fornecida no enunciado do exercício, permite afirmar que as forças

de ligação das moléculas de hidrogênio no estado fundamental e estado excitado

são diferentes.

A partir dos diagramas de orbitais moleculares da molécula H2 (estado

fundamental) e H2∗ (estado excitado) verifica-se que quando a molécula de

hidrogênio é excitada eletronicamente ocorre a ocupação de orbitais moleculares

com caráter antiligante o que promove a diminuição da ordem de ligação e

consequentemente a diminuição da força de ligação/magnitude da energia de

dissociação.

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Logo, podemos concluir que a curva de maior profundidade corresponde a molécula

no estado fundamental. Tal como está representado na figura a seguir.

b) Como pode ser observado pela gráfico de curva de nível o ponto C

corresponde a um ponto de sela. No caso se trata do valor máximo na trajetória de

menor energia entre A e B, portanto correspodendo ao estado de transição para

esta reação.

Pelo diagrama das curvas de nível, o trajeto de menor energia entre os

pontos A e B corresponde a linha vermelha representada na figura abaixo

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Adicionalmente a representação da energia livre de Gibbs em função da

trajetória está representada abaixo

c) Na resolução deste item serão utilizadas as nomenclaturas para as distâncias

internucleares como representado na figura abaixo. No caso de uma colisão bem

sucedida para a reação H + H2 é esperado que uma ligação química se quebre

(Rab) e que uma nova se forme (Rbc), portanto observando as figuras percebe-se

que no caso da II a curva IIc , correspondente a ligação química Rab, permanece

inalterada assim indicando uma colisão mal sucedida. Enquanto na figura I a curva

Ic tem seu valor aumentado de forma crescente após 30fs, enquanto a curva Ib tem

seu valor reduzido, portanto indicando a quebra e formação de uma nova ligação.

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Utilizando este racioncínio podemos classificar a figura I como a

correspondente a uma colisão bem sucedida enquanto a figura II corresponde a

uma colisão mal sucedida

Analisando inicialmente a curva I, percebe-se que a curva Ic apresenta o

menor valor no início da trajetória consequentemente indicando que esta curva se

trata da ligação inicial H-H , portanto Rab de acordo com a nomenclatura escolhida.

Esta escolha é confirmada pelo caráter oscilatório da curva Ic devido à vibração

molecular. Sabendo que a figura I corresponde a uma colisão bem sucedida a curva

Ib que assume o comportamento da curva Ic após os 30fs possivelmente

corresponde a nova ligação formada (Rbc). Por fim a curva restante, Ia, representa

a distância Rac.

De forma análoga, no caso da figura II , na qual a colisão é mal sucedida,

pode-se identificar que a curva inalterada de caráter oscilatório, IIc, representa a

distância da ligação química Rab. Enquanto que pela figura não é possível

identificar se Ia e Ib corresponde a respectivamente Rac e Rbc ou vice versa.

Distâncias

Internucleares

Figura I Figura II

Rac Ia IIa/IIb

Rbc Ib IIb/IIa

Rab Ic IIc

d) Note que entre as duas reações comparadas, representadas abaixo, o único

parâmetro da equação Z12 que distinto entre elas é a massa reduzida.

H + D2 → HD + D

D + H2 → HD + H

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Sendo assim podemos facilmente utilizar a seguinte razão das massas reduzidas

para deteminar a razão entre as densidades de colisão para cada uma das reações.

Nas contas serão utilizadas as seguintes massas aproximadas mH=1 e mD=2.

𝜇𝐻+𝐷2=

1 ∗ 4

1 + 4= 0,8

𝜇𝐷+𝐻2=

2 ∗ 2

2 + 2= 1

Portanto a razão entre as densidades de colisão será

𝑍𝐷+𝐻2

𝑍𝐻+𝐷2

=

√1

𝜇𝐷+𝐻2

√1

𝜇𝐻+𝐷2

= √𝜇𝐻+𝐷2

𝜇𝐷+𝐻2

= √0,8 = 0,89

A razão entre os fatores pré-exponenciais será

𝐴𝐷+𝐻2

𝐴𝐻+𝐷2

=3,17 × 10−10

2,67 × 10−10= 1,19

O resultado pode ser interpretado de duas formas. Caso você esperasse a

ocorrência de outros fatores dinâmicos não presentes no simples modelo de colisão

de esferas rígidas, a pequena diferença da razão experimental com o valor obtido

pela razão das densidades de colisão poderia ser esperada. No entanto, a

consideração da validade do modelo de esferas rígidas para esta reação simples

leva a uma discordância entre o esperado e o calculado.