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NOME: Maria Alzira Mamana de Barros RA: 910116814 TURMA: 7º A UNIDADE: Memorial GANHO PONDERAL NA GESTAÇÃO NUTRIÇÃO MATERNO INFANTIL Profa. Lilian Cardia Guimarães Artigo Científico apresentado à Universidade Nove de Julho referente ao Trabalho de Conclusão de Curso para obtenção do título de Nutricionista

Ganho Ponderal Na Gestação - TCC

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Trabalho de Conclusão de Curso - Nutrição. ganho Ponderal na Gestação. Acompanhamento do ganho de peso da gestante.

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NOME: Maria Alzira Mamana de Barros RA: 910116814 TURMA: 7º A UNIDADE: Memorial

GANHO PONDERAL NA GESTAÇÃO

NUTRIÇÃO MATERNO INFANTILProfa. Lilian Cardia Guimarães

Artigo Científico apresentado à Universidade Nove de Julho referente ao Trabalho de Conclusão

de Curso para obtenção do título de Nutricionista

São Paulo2013

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GANHO PONDERAL NA GESTAÇÃO[WEIGHT GAIN IN PREGNANCY]

MARIA ALZIRA MAMANA DE BARROSGraduando em Nutrição da Universidade Nove de Julho

[[email protected]]

LILIAN CARDIA GUIMARÃES Mestranda, Ciências da Saúde - Obesidade Mórbida

Professor do curso de Nutrição da Universidade Nove de Julho [[email protected]]

RESUMO A qualidade da gestação, está diretamente ligada ao estado nutricional da mãe, pois

principalmente no primeiro trimestre da gestação, o embrião para se desenvolver vai depender

exclusivamente dos nutrientes ingeridos pela mãe e de suas reservas de energia. Portanto, o

acompanhamento nutricional deve ser iniciado, se possível na fase pré-gestacional. Além disso, o

ganho de peso deve ser estimado e adequado de maneira personalizada, evitando os transtornos

decorrentes da obesidade, ou no outro extremo, a desnutrição provocada pelo receio da gestante

em se tornar obesa. Para este estudo foram selecionados artigos publicados nos últimos 5 anos que

abordam o tema da evolução ponderal, sua avaliação, riscos e intercorrências relativas ao ganho

ponderal desordenado, para a gestante e o desenvolvimento fetal.

PALAVRAS-CHAVE: Ganho ponderal, estado nutricional, suplementação, anemia,

macrossomia, diabetes mellitus gestacional, avaliação nutricional e antropometria na gestação

ABSTRACT

The quality of pregnancy, is directly linked to the nutritional status of the mother, as especially in

the first trimester of pregnancy, the embryo to develop will rely solely on nutrients ingested by the

mother and its energy reserves. Therefore, nutritional counseling should be initiated, if possible in

the pre-pregnancy. In addition, the weight gain should be treasured and appropriate in a

personalized way, avoiding the problems caused obesity, or other extreme undernutrition caused

by the fear of the pregnant of becoming obese. For this study were selected articles published in

the last five years to address the issue of weight gain, its evaluation, risks and complications

related to uncontrolled weight gain for pregnant women and fetal development.

KEYWORDS: wheight gain in pregnancy, nutritional status maternal, supplements, anemia

during pregnancy, macrosomia, gestational diabetes mellitus, nutritional avaliation and

anthropometry.

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INTRODUÇÃO

O estado nutricional materno tem sido avaliado principalmente para estimar o peso da criança

ao nascer, risco de defeitos no tubo neural (DTNs), e síndrome alcoólica fetal. O peso ao

nascer é altamente correlacionado com mortalidade e morbidade infantil. Recém-nascidos que

nascem pequenos para a idade gestacional (PIG) apresentam risco aumentado para patologias

a longo prazo, tais como hipertensão, obesidade, intolerância à glicose e doença

cardiovascular. Além do consumo dietético de uma mulher, outros fatores como qualidade do

ar e pureza da água, podem contribuir negativamente para uma gravidez. ¹

É de fundamental importância o monitoramento do ganho de peso e a qualidade da

alimentação da Gestante, por meio de uma orientação e acompanhamento nutricional efetivos.

O objetivo deste trabalho é verificar os riscos e intercorrências derivadas da alimentação

inadequada na Gestação, enfatizando a importância da orientação nutricional e monitoramento

do ganho ponderal.

DESENVOLVIMENTO

O presente estudo compreende uma revisão bibliográfica realizada através de consulta às

bases de dados em Saúde, destacando-se a Scielo, PubMed e Bireme. Para a busca de artigos

foram utilizadas as palavras-chave: ganho ponderal, estado nutricional, suplementação,

anemia, macrossomia, diabetes mellitus gestacional, avaliação nutricional e antropometria na

gestação e seus respectivos termos em inglês: wheight gain in pregnancy, nutritional status

maternal, supplements, anemia during pregnancy, macrosomia, gestational diabetes mellitus,

nutritional avaliation and anthropometry. Foram selecionados artigos publicados nos últimos

5 anos que abordam o tema da evolução ponderal, sua avaliação, riscos e intercorrências

relativas ao ganho ponderal desordenado, para a gestante e o desenvolvimento fetal.

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Gestação

A fecundação normal ocorre quando espermatozóides saudáveis em números adequados

penetram o muco cervical receptivo, ascendendo através de um trato uterotubal evidente e

fertilizam um óvulo saudável dentro de 24 horas de ovulação. No 6º ou 7º dia após a

ovulação, a implantação do blastócito ocorre. No 7º ou 8º dia o trofoblasto prolifera e invade

o endométrio e começa a produzir a gonadotrofina coriônica humana (HCG). Os principais

eventos do primeiro trimestre envolvem organogênese com o desenvolvimento do coração,

cérebro, sistema nervoso central e rins.1

Durante as semanas 1 e 2, o zigoto se divide e a implantação ocorre. A partir das semanas 3 e

4 o sistema nervoso central, os olhos, os braços e as pernas começam a ser formados. As

semanas 4 e 8 são consideradas período embrionário. Durante as semanas 5 e 6 os olhos e os

ouvidos se desenvolvem, seguidos pelo desenvolvimento genital, rins, palato e dentes. Na

semana 9 e finalizado o período embrionário, começando o período fetal. É frequentemente

após 4 semanas de gestação, que uma mulher sabe que está grávida, o que corresponde a duas

semanas após a falta de menstruação. A gravidez é contada a partir do primeiro dia do último

ciclo menstrual.1

O desenvolvimento da placenta começa no momento da implantação, isto é, no sexto dia de

concepção, logo que o blastócito inicia a invasão do endométrio. Em torno do sexto dia,

começa a interação trofoblasto-epitélio uterino. As microvilosidades do citotrofoblasto do

polo embrionário, interdigitam-se com as microvilosidades do epitélio colunar do endométrio.

Colunas de trofoblasto começam a penetrar os espaços entre as células colares por ação de

enzimas proteolíticas, que vão digerindo a matriz glicoproteica, a elastina e o colágeno,

componentes intercelulares normais. Somente a partir da 4ª semana, quando tem início o

funcionamento do aparelho cardiovascular com o pulsar do coração, o sistema intra-

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embrionário, já estará conectado ao extra-embrionário, ou seja, ao pedúnculo, ao saco vitelino

e às vilosidades. O embrião passa então a receber nutrientes do sangue materno, proveniente

das artérias espiraladas, agora denominadas uteroplacentárias. 2

A placenta pode ser considerada como a oposição ou fusão das membranas fetais com a

mucosa uterina e tem por objetivo promover as trocas de nutrientes, gases e metabólitos entre

os organismos materno e fetal.²

Ganho Ponderal na Gestação

A inadequação do ganho de peso durante a gestação, tem sido apontada como fator de risco

tanto para a mãe quanto para o concepto. O ganho de peso aquém do recomendado pode

acarretar restrição de crescimento intrauterino, parto prematuro, baixo peso ao nascer e

aumento das taxas de morbimortalidade perinatal. Enquanto o ganho excessivo está associado,

no feto, a hemorragias, macrossomia, desproporção céfalo-pélvica, asfixia; e na mulher,

diabetes mellitus gestacional, hipertensão arterial, pré-eclampsia, eclampsia, maior retenção

de peso pós-parto e aumento do risco de obesidade futura, contribuindo para a elevação da

prevalência desse agravo.3

A grande variação no ganho de peso na gestação em mulheres saudáveis, parece ser

determinada por diferentes características maternas. Gravidez na adolescência, baixo peso

pré-gestacional, baixo nível de renda, hábito de fumar, consumo de álcool e de drogas na

gestação, contribuem para o ganho de peso gestacional insuficiente. Por outro lado, o ganho

de peso excessivo pode ser determinado pela idade acima de 35 anos, sobrepeso ou obesidade

pré-gestacional, ter companheiro, consumo de álcool na gestação e trabalhar fora de casa.3

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Dadas as repercussões na saúde da mãe e de seu filho, as alterações nutricionais necessitam

ser compreendidas e trabalhadas na atenção básica, na lógica da integração com os programas

de saúde materno-infantil, com vistas à melhoria do resultado obstétrico – redução dos índices

de morbimortalidade materna, melhoria das condições ao nascimento (peso e idade

gestacional ao nascer) e redução da mortalidade perinatal.4

Os países em desenvolvimento enfrentam duas situações extremas de má-nutrição: de um

lado, a subnutrição e, do outro, o aumento do sobrepeso, da obesidade e das enfermidades

crônicas. O Brasil, em particular, encontra-se numa fase de transição epidemiológica, com

alteração no perfil de morbimortalidade populacional, na qual as doenças infecciosas e

parasitárias estão dando lugar às doenças crônicas não transmissíveis, como a obesidade, por

exemplo.4

A obesidade é atualmente um dos principais problemas de saúde pública em países

desenvolvidos. Para alguns países em desenvolvimento, o aumento da prevalência da

obesidade representa um problema emergente. A revisão sistemática da literatura acerca da

epidemiologia do ganho de peso durante a gestação, indica que tanto o ganho excessivo de

peso durante a gravidez quanto a mudança de estilo de vida após o nascimento do bebê,

elevam o risco de obesidade em mulheres em idade fértil. Existem evidências de que a

gestação pode aumentar o peso corporal no pós-parto para alguns subgrupos de mulheres,

principalmente aquelas com elevado ganho de peso gestacional. IMC pré-gestacional elevado

é igualmente associado com acelerados e persistentes incrementos de peso no pós-parto. 5

Analisando os resultados dentro da atual perspectiva da transição nutricional do país, parece

existir uma maior tendência à obesidade na Região Nordeste, mas apenas estudos posteriores

poderão confirmar. Se, por um lado, encontra-se ainda uma prevalência elevada de

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desnutrição no início da gravidez, são, todavia, bastante elevadas as taxas de sobrepeso e

obesidade, o que se explicaria pela baixa escolaridade e pelos hábitos alimentares atuais que

privilegiam uma dieta rica em carboidratos e lipídeos. Ambos os fatores geram respostas em

cascata determinadas pela condição socioeconômica inferior, característica desta população.6

O ganho de peso gestacional é resultante das modificações estruturais e funcionais que

ocorrem na mulher para suprir as demandas nutricionais materno-fetais. O ganho ponderal

fisiológico em uma gestação normal, portanto, corresponde ao crescimento fetal, líquido

amniótico, placenta, útero, tecido mamário e volume sanguíneo aumentados, bem como ao

acúmulo variável de líquido tecidual e tecido adiposo. A deposição variável de tecido adiposo

durante a gestação ocorre em função dos fatores genéticos, nutricionais, sociodemográficos e

comportamentais. São estes fatores, portanto, que determinarão, em última instância, o ganho

de peso gestacional e consequentes desfechos gestacionais e neonatais. 7

Segundo a OMS, o monitoramento do ganho ponderal durante a gestação é um procedimento

de baixo custo e de grande utilidade para o estabelecimento de intervenções nutricionais

visando à redução de riscos maternos e fetais. A orientação nutricional pode proporcionar um

ganho de peso adequado, prevenindo o ganho excessivo e, consequentemente, ocasionar

redução da incidência de diabetes gestacional, pré-eclampsia, eclampsia e hipertensão arterial.

O mesmo se aplica ao ganho ponderal insuficiente, um dos determinantes da restrição de

crescimento intrauterino. 8

Em um estudo realizado no Centro de Atenção à Mulher, Instituto Materno Infantil Professor

Fernando Figueira, Recife, Pernambuco, Brasil, 2000/2001, verificou-se que os altos

percentuais de inadequação nos estados nutricionais iniciais nesta população (25,4% de baixo

peso e 26,2% de sobrepeso/obesidade) foram muito semelhantes aos encontrados em uma

pesquisa realizada com 141 gestantes de baixo-risco em um serviço de saúde no Município de

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São Paulo, onde foram encontrados 21% de baixo peso e 4% de sobrepeso/obesidade. A

similaridade desses achados em regiões distintas do país é uma indicação de que na região

Nordeste, a obesidade, e não apenas a desnutrição, representa um problema relevante ou em

ascensão nas mulheres gestantes, pelo menos nos centros urbanos. Isso está de acordo com a

atual transição epidemiológica e nutricional em que se encontra o Brasil, caracterizada por

uma mudança entre as duas tendências de sentido opostos: declínio da desnutrição

concomitante à emergência do sobrepeso/obesidade. 9

Avaliação Nutricional

O instrumento desenvolvido por Atalah et al. e recomendado pelo

Ministério da Saúde em 2004, contrário à curva de Rosso, a qual objetiva

minimizar riscos nutricionais apenas para o feto, visa também o estado

nutricional materno e relaciona o IMC por idade gestacional. Sua

elaboração baseia-se em fatos epidemiológicos importantes como a

redução da desnutrição materna, acompanhada pelo aumento da

prevalência da obesidade e pela redução da incidência de baixo peso ao

nascer. Para a prática clínica, essas novas evidências reclamam outra

abordagem de técnicas de procedimentos pré-natais, que não sejam

centradas apenas na desnutrição materna.7

Instrumentos de Avaliação Nutricional

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CURVA DE ROSSO 7

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Avaliação do Estado Nutricional da gestante acima de 19 anos,

segundo massa corporal (IMC) por semana gestacional. 7

Page 11: Ganho Ponderal Na Gestação - TCC

Principais intercorrências gestacionais, devido à nutrição inadequada

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Recentemente, alguns estudos internacionais e nacionais demonstraram uma estreita relação

entre ganho de peso gestacional excessivo e macrossomia. A definição de macrossomia ainda

constitui tema em debate, mas em geral ela tem sido definida como valores de peso ao nascer

>4.000 g, >4.500 g ou valores de peso ao nascer acima do percentil 90 da curva de referência

para idade gestacional e sexo. A ocorrência de macrossomia tem sido associada a um aumento

no risco de cesáreas, trauma no parto e morbidade infantil, especialmente quando associada ao

diabetes gestacional. Entre os principais determinantes da macrossomia, destaca-se a idade

materna avançada, a multiparidade, a obesidade pré-gestacional, além do ganho de peso

gestacional excessivo. 10

Dentre as investigações sobre determinantes do ganho de peso gestacional, talvez sejam os

fatores nutricionais os mais claramente percebidos. É consenso que o IMC pré-gestacional

está fortemente relacionado ao ganho de peso, sendo o maior preditor no segundo trimestre

gestacional. Gestantes com IMC baixo ou ideal ganham peso mais rapidamente no segundo

trimestre, enquanto as obesas ganham mais rapidamente no terceiro. Estudos com mulheres de

grupos étnicos diversificados mostraram que quanto maior o IMC, maior o ganho ponderal.8

Pesquisa prospectiva desenvolvida no Brasil mostrou que estar com sobrepeso ou obesidade,

no início da gestação, representou um risco 4,5 e 9,0 vezes maior de ter um ganho ponderal

excessivo nos segundo e terceiro trimestres, respectivamente. Foi demonstrado que gestantes

obesas têm perda de peso ou baixo ganho de peso gestacional quando comparadas às

gestantes com IMC normal.11 Em estudo de coorte com 215 gestantes de baixo risco no

município de São Paulo verificou-se, através de análise multinível, que aquelas que iniciaram

a gestação com IMC adequado ganharam em média 0,075 kg por semana a mais do que as

com sobrepeso ou obesidade. Vale salientar que estes resultados podem refletir um maior

cuidado da equipe do pré-natal e da própria gestante em relação ao ganho ponderal, uma vez

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que o risco do ganho de peso excessivo entre as gestantes com sobrepeso ou obesidade é

bastante disseminado. 7

DMG

As alterações no metabolismo materno são importantes para suprir as demandas do feto.

Entretanto, mulheres que engravidam com algum grau de resistência à insulina, como nos

casos de sobrepeso/obesidade, obesidade central e síndrome dos ovários policísticos,

associado à ação dos hormônios placentários anti-insulínicos, favorecem o quadro de

hiperglicemia de intensidade variada, caracterizando o diabetes mellitus gestacional (DMG) e

levando a efeitos adversos maternos e fetais. A principal complicação fetal em mulheres com

DMG é a macrossomia, que se associa à obesidade infantil e ao risco aumentado de síndrome

metabólica (SM) na vida adulta. Complicações imediatas maternas também estão associadas

ao DMG, sendo mais comuns as Síndromes Hipertensivas.12

Quadro 212

Ocorrência dos desfechos primários de acordo com as diversas categorias de glicemia

plasmática materna.

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O estilo de vida e os fatores psicossociais podem estar associados ao maior ganho de peso

entre mulheres com IMC pré-gestacional na faixa do sobrepeso e obesidade. Além disso, estas

mulheres podem ter menos atitudes favoráveis para o alcance de ganho de peso adequado, tais

como hábitos alimentares saudáveis e prática de atividade física regular, quando comparadas

às mulheres com ganho de peso adequado. 4

Verificou-se que, quanto maior a escolaridade, em anos de estudo, maior a chance do ganho

de peso acima do recomendado, tal como em estudo realizado em São Paulo (SP), em que

gestantes com quatro anos ou mais de estudo apresentaram ganho de quase dois quilos a mais

quando comparadas às demais.8

Deficiência de micronutrientes

As deficiências de micronutrientes, dentre elas a anemia e DVA (Deficiência de Vitamina A),

caracterizam-se como um importante problema de saúde e nutrição entre mulheres e crianças,

em função do seu impacto negativo para a saúde reprodutiva e o desenvolvimento infantil,

contribuindo para o incremento dos índices de morbimortalidade no binômio mãe-filho.

Portanto, o estado nutricional de micronutrientes da mulher não afeta somente sua própria

saúde, mas também as gerações futuras.4

Com relação à anemia, o Ministério da Saúde vem preconizando a suplementação universal

no pré-natal, a partir da 20ª semana de gestação. Por outro lado, uma crítica deve ser feita à

cobertura do programa de suplementação de vitamina A, pois, apesar de vários trabalhos

mostrarem que, mesmo no principal eixo econômico da região sudeste do Brasil, os resultados

obtidos apontam a DVA como um problema de proporções preocupantes. As medidas

intervencionistas estão limitadas às áreas do território brasileiro, tradicionalmente incluídas no

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mapa de regiões endêmicas da carência, como Nordeste, Vale do Jequitinhonha, Vale do

Murici na região norte de Minas Gerais e Vale do Ribeira, em São Paulo. 4

Os defeitos de fechamento do tubo neural (DFTN) são mal formações congênitas resultantes

do fechamento incorreto ou incompleto do tubo neural entre a terceira e quarta semana do

desenvolvimento embrionário e englobam a anencefalia, encefalocele e espinha bífida.

Estudos relatam a importância do ácido fólico na prevenção dos DFTN, apesar do seu

mecanismo de atuação ainda ser pouco compreendido. Indicações de redução, em torno de

50% a 70%,4,8 na ocorrência de tais defeitos congênitos após a suplementação

periconcepcional deste nutriente têm feito várias organizações de saúde recomendarem a sua

utilização. 13

Outras complicações de origem psicossomática

Na gravidez, as mulheres apresentam comumente alterações nos hábitos alimentares como

desejo e/ou aversão a determinados alimentos. As alterações desaparecem após o término da

gravidez, raramente causando riscos para a mãe ou para o feto. Transtornos alimentares, como

bulimia e anorexia nervosa, também podem ocorrer na gestação, o que aumenta o risco de

complicações obstétricas e fetais. Relacionam-se à maior incidência de hiperemese gravídica,

menor ganho ponderal materno, retardo do crescimento fetal intrauterino, prematuridade,

recém-nato com baixo peso, desnutrição do bebê após o parto e depressão pós-parto. Grávidas

com anorexia são também submetidas a cesarianas com maior frequência. Portanto,o

reconhecimento desses transtornos é muito importante.14

A hiperemese gravídica é uma síndrome marcada por vômitos incoercíveis no primeiro

trimestre da gestação, proporcionando perda de peso e riscos à gravidez. A hiperemese

gravídica estaria relacionada ao agravamento ou ao desenvolvimento de transtornos

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alimentares na gestação, embora a prevalência destes em mulheres com hiperemese gravídica

seja desconhecida. Alguns autores sugerem que sejam pesquisados três sinais de advertência

para o desenvolvimento de transtornos alimentares na gravidez: ausência de ganho ponderal

em duas visitas consecutivas no segundo trimestre da gestação, história pregressa de

transtorno alimentar e hiperemese gravídica. Estando presentes, deve-se investigar ativamente

os hábitos alimentares das pacientes e se necessário, encaminhar para tratamento

psicológico/psiquiátrico, o quanto antes.14

Assistência pré-natal

A importância dos Núcleos de Apoio à Saúde da Família (NASF), criados pela portaria

154/0834, bem como da inclusão do Nutricionista como componente dos mesmos, para a

ampliação da abrangência, da integralidade e da resolutibilidade da assistência pré-natal,

ganha maior visibilidade neste trabalho. O Nutricionista, ao ser inserido em uma estratégia

que tem como campos de intervenção o indivíduo, a família e a comunidade, tem a

competência necessária, no âmbito da assistência pré-natal, para realizar a promoção de

hábitos alimentares saudáveis, prevenção, diagnóstico e tratamento dos distúrbios nutricionais

pré-gestacionais (baixo peso, sobrepeso e obesidade), gestacionais (ganho de peso

inadequado) e carências nutricionais específicas (anemia e hipovitaminose A). 15

O profissional Nutricionista deve colaborar com a equipe de saúde no cuidado de

intercorrências da gestação (hipertensão arterial e diabetes gestacional), educar os

componentes da equipe de saúde da família na área de alimentação e nutrição e, propor

orientações nutricionais adequadas à cultura, às condições fisiológicas e à disponibilidade de

alimentos. Os profissionais da equipe mínima e do NASF devem compartilhar seus

conhecimentos, permitindo uma visão ampliada da saúde a partir do trabalho multidisciplinar,

em direção a uma assistência integral à saúde da população.15

Page 17: Ganho Ponderal Na Gestação - TCC

Educação Nutricional

Foi elaborada, pela Universidade Federal da Bahia, Escola de Nutrição, uma Pirâmide

alimentar adaptada para as gestantes eutróficas na faixa etária de 19 a 30 anos, fundamentada

nas diretrizes do guia alimentar para a população brasileira, visando a Educação Nutricional,

para esta etapa tão importante da vida de uma mulher. No presente estudo, ilustra as

recomendações para uma boa alimentação durante o período gestacional.16

Figura 1. Pirâmide alimentar adaptada para gestantes eutróficas de 19 a 30 anos.Fonte: Demétrio, F.Ilustração: Fernando Souza.Finalização computação gráfica: Wesley Santos.Dados de porções: Anexo C do guia alimentar para população brasileira.

Rev. Nutr., Campinas, 23(5):763-778, set./out., 2010

DISCUSSÃO

Considerando os diversos riscos nutricionais, provocados por deficiências e inadequações da

alimentação das gestantes, tanto de macro, como de micronutrientes, especialmente as

Page 18: Ganho Ponderal Na Gestação - TCC

anemias, diabetes gestacionais, hipertensão, estados de desnutrição, obesidade, que

prejudicam a gestante e o desenvolvimento do concepto, assim como reduzem a probabilidade

da gestação chegar a termo, torna-se imprescindível uma orientação nutricional personalizada

e o monitoramento da evolução ponderal da gestante, por meio de avaliação nutricional

periódica.

Uma orientação nutricional eficiente, pode evitar ou minimizar esses riscos, além de garantir à

gestante uma dieta adequada a seu estado nutricional, que forneça os macro e micronutrientes

em quantidade e qualidade necessários à sua saúde e ao desenvolvimento fetal, desde o

concepto, em todas as etapas gestacionais.

A qualidade da gestação, está diretamente ligada ao estado nutricional da mãe, pois

principalmente no primeiro trimestre da gestação, o embrião para se desenvolver vai depender

exclusivamente dos nutrientes ingeridos pela mãe e de suas reservas de energia. Portanto, o

acompanhamento nutricional deve ser iniciado, se possível na fase pré-gestacional. Além

disso, o ganho de peso deve ser estimado e adequado de maneira personalizada, evitando os

transtornos decorrentes da obesidade, ou no outro extremo, a desnutrição provocada pelo

receio da gestante em se tornar obesa.

Ao elaborar a presente revisão bibliográfica, verificou-se a escassez de trabalhos científicos

voltados exclusivamente ao ganho ponderal na gestação, especificamente sobre resultados de

uma orientação nutricional. Será de grande utilidade pesquisas na especialidade materno-

infantil, no setor de Nutrição do núcleo de assistência à saúde básica, para que as estratégias

possam ser aprimoradas e os serviços à Gestante sejam efetivos e relevantes á Saúde Pública.

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