Garantias do Processo Criminal: «Artigo 32.º, n.º4 CRP: análise crítica à luz do texto originário de 1976»

Embed Size (px)

Citation preview

  • 8/3/2019 Garantias do Processo Criminal: Artigo 32., n.4 CRP: anlise crtica luz do texto originrio de 1976

    1/2

    Garantias do Processo Criminal

    Artigo 32., n.4 CRP: anlise crtica luz do texto originrio de 19761

    ARTIGO 32.

    (Garantias de processo criminal)

    1. O processo criminal assegurar todas as garantias de defesa.2. Todo o arguido se presume inocente at ao trnsito em julgado da sentena de condenao.3. O arguido tem direito assistncia de defensor em todos os actos do processo, especificando

    a lei os casos e as fases em que ela obrigatria.

    4. Toda a instruo ser da competncia de um juiz, indicando a lei os casos em que ela deveassumir forma contraditria.

    5. O processo criminal ter estrutura acusatria, ficando a audincia de julgamento subordinadaao princpio do contraditrio.

    6. So nulas todas as provas obtidas mediante tortura, coaco, ofensa da integridade fsica oumoral da pessoa, abusiva intromisso na vida privada, no domiclio, na correspondncia ou

    nas telecomunicaes.

    7. Nenhuma causa pode ser subtrada ao tribunal cuja competncia esteja fixada em leianterior.

    () II. Alm das principais garantias clssicas em matria do processo criminal

    (ns 2, 3, 5 , 6 e 7) a Constituio estabeleceu, inovadoramente, o princpio da

    competncia judicial exclusiva para a instruo (n.4).

    Contudo, tendo em conta a impraticabilidade imediata desse regime

    designadamente por carncia de juzes , a Constituio em sede de disposies

    transitrias, atribuiu a competncia para a instruo criminal ao MP, embora sob a

    direco de um juiz (artigo 301., n.3 CRP).

    ARTIGO 301.

    (Tribunais)

    1. A reviso da legislao vigente sobre a organizao dos tribunais e o estatuto dos juzesestar concluda at ao fim da primeira sesso legislativa.

    2. At 31 de Dezembro de 1976 estaro publicadas as leis previstas no n. 1 do artigo 223. e non. 2 do artigo 226.

    3. Nas comarcas onde no houver juzos de instruo criminal, e enquanto estes no foremcriados, em cumprimento do n. 4 do artigo 32., a instruo criminal incumbir ao

    Ministrio Pblico, sob a direco de um juiz.

    1CANOTILHO, Gomes, MOREIRA, Vital: Constituio da Repblica Portuguesa Anotada, Coimbra Editora,

    1978, p. 100

  • 8/3/2019 Garantias do Processo Criminal: Artigo 32., n.4 CRP: anlise crtica luz do texto originrio de 1976

    2/2

    Este regime transitrio foi objecto de concretizao legislativa atravs do Decreto-Lei

    n. 321/76, de 4 de Maio, sucessivamente alterado pelo Decreto-Lei n. 618/76, de 27

    de Julho e pelo Decreto-Lei n. 354/77, de 30 de Agosto.

    A Constituio apenas exige que a instruo seja da competncia de ou,

    transitoriamente, seja dirigida por um juiz, mas deve entender-se que, comoresultar desde logo do princpio acusatrio (n.5 ), o juiz da instruo deve ser

    diferente do juiz de julgamento.

    III. O n.4 parece permitir a interpretao de que s quando houver instruo em

    sentido formal que esta deve ser da competncia do juiz e no j assim quando se

    trate do inqurito preliminarinstitudo pelo Decreto-Lei n. 605/75, de 3 de Novembro

    (na redaco que lhe foi dada pelo Decreto-Lei n. 377/77), para crimes a que

    correspondam penas correccionais (CP 1886, artigo 56.) ou penas de suspenso ou

    censura (CP 1886, artigo 57., ns 2 e 3). Resta saber se assim se cumprir a imposio

    constitucional do n.1. ()