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Garden-Cities Movement Na Europa da segunda metade do século XIX, ao mesmo tempo em que eram implementadas as iniciativas práticas do URBANISMO NEOCONSERVADOR, surgiram os modelos utópicos de comunidades urbanas alternativas. De todos apresentados, o que mais teve repercussão e possibilidades de aplicação foi a proposta, de bases culturalistas, de integração entre cidade e natureza, representada pelas GARDEN-CITIES ou cidades-jardim.

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Garden-Cities Movement

Na Europa da segunda metade do século XIX, ao mesmo tempo em que eram implementadas

as iniciativas práticas do URBANISMO NEOCONSERVADOR, surgiram os modelos

utópicos de comunidades urbanas alternativas.

De todos apresentados, o que mais teve repercussão e possibilidades de aplicação foi a proposta, de bases culturalistas, de integração entre cidade e natureza, representada pelas

GARDEN-CITIES ou cidades-jardim.

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Essas “cidades ideais” foram idealizadas pelo

britânico Ebenezer Howard (1850-1928), que acreditava que

todas as vantagens da vida mais ativa no meio urbano e toda a beleza e delícias do meio rural

poderiam estar combinadas de modo

satisfatório, através de uma nova forma de

planejamento.

Ebenezer Howard

(1850-1928)

Social CitiesDiagram (1898)

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Em 1898, Howard publicou Amanhã: um caminho

pacífico para a verdadeira reforma, mais tarde

reeditado como Cidades-jardim de amanhã (1902),

em que defendia a integração entre campo e

cidade – considerados como “imãs” –, através da proposta de cidades para

32.000 habitantes, com área aproximada de 400 ha e um cinturão agrícola de 2.000 ha, com autonomia

econômica.

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Suas características seriam: a malha de anéis concêntricos, recortados por vias radiais; as

demarcações precisas de setores e limites por meio de cinturões verdes; e a eliminação da especulação através do arrendamento dos terrenos, além de ter sua expansão controlada, já que seria fundada uma nova comunidade, ligada como satélite a um centro maior, quando a população máxima fosse atingida.

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Em 1899, Howard fundou a Garden City Association,

procurando aplicar na prática seus conceitos, os

quais não passavam de esquemas teóricos.

Martin Wagner (1885-1957)e Ernest May (1886-1970)podem ser considerados seguidores de Howard na Alemanha, assim como Henri Sellier (1883-1943)

na França.Henri Sellier(1883-1943)

Martin Wagner(1885-1957)

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Na Inglaterra, os arquitetos Raymond Unwin (1863-

1940) & Barry Parker (1867-1947), cuja empresa durou

de 1896 a 1914, foram responsáveis pela criação de várias cidades-jardim,

como a primeira delas, LETCHWORTH, implantada em 1903, a cerca de 56 km

de Londres, para uma população de 33.000 habitantes, além do

subúrbio londrino de HAMPSTEAD GARDEN

SUBURB (1905).Letchworth (1903, London GB)

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Letchworth(1903, London GB)

Unwin & Parker

Housing

layout

Plan

RaymondUnwin(1863-1940)

Residences

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Vistas aéreas de Letchworth

(1903, London GB)Unwin & Parker

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HampsteadGarden Suburb

(1905, North LondonInglaterra)

Unwin & Parker

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Em 1919, Louis de Soissons (1904-97)fundou a célebre

“cidade-jardim” de WELWYN, localizada a 15 km de Letchworth, na Inglaterra, tendo sido projetada para

40.000 habitantes, com previsão de expansão

para no máximo de 50.000 pessoas.

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Welwyn

(1919,

London GB)

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O modelo das cidades-jardim foi um dos mais profícuos no início do século XX, sendo aplicado em

protótipos urbanos na Europa e nos EUA, assim como no Brasil, sendo aqui exemplificados pelos bairros paulistanos da Vila Buarque (1891), Bairro

Higienópolis (1898) e, principalmente, Jardim América (1916), de Unwin & Parker (SEGAWA, 2000).

Jardim América(1916, São Paulo SP)Unwin & Parker

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Urbanismo Progressista

Somente no final do século XIX e nas primeiras décadas do XX que as bases do URBANISMO

MODERNO se assentaram com propostas mais realistas, embora algumas ainda esbarrassem

nas suas condições de implementação.

CHOAY (1992) considera os urbanistas progressistas aqueles que se interessaram pelo

rendimento máximo do sistema capitalista, através da eficiência que seria conseguida por

meio da melhoria da situação espacial dos trabalhadores (habitação e infra-estrutura).

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Arturo Soria y Mata (1844-1920) foi um

engenheiro espanhol que idealizou a proposta da CIUDAD LINEAL, que, ao contrário dos outros utopistas, abandonava a configuração “circular”

e adotava o formato linear como mecanismo

para a resolução de problemas como

especulação imobiliária, congestionamentos e

marginalização da população.

Ciudad Lineal(1882/92, Madri Espanha)

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Publicado em 1882 pelo jornal madrileno El progresoe implementado a partir de 1890, o modelo previa a

mecanização dos transportes e a melhoria das condições higiênicas, propondo a realização de um distrito alongado em 5,2 km nos arredores orientais

de Madri, tomando como elemento estruturante a linha de bonde elétrico (ferrocarril).

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A CIDADE LINEAR eliminava a distinção entre centro e periferia, pois definia um único e contínuo cinturão

urbano, paralelo às linhas de transporte, para ligar os centros históricos mais

antigos (“cidades-ponto”), ou seja, uma “cidade-rua” de

largura média de 500 m, que podia ser prolongada

indefinidamente, devendo a superfície interna às

“triangulações” ser destinada às atividades agrícola e

industrial.

Ciudad Lineal(1882/92, Madri Espanha)

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Já o arquiteto francês Tony Garnier (1869-48)

desenvolveu, entre 1901 e 1904, o plano da CITÈ

INDUSTRIELLE, publicado em 1917, o qual previa o

modelo de implantação de uma cidade para 35.000

habitantes, onde preconizava o zoneamento funcional e o emprego dos materiais modernos, além

de preocupações sanitárias e paisagísticas.

Cité Industrielle(1901/04-17, Paris França)

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A proposta exibia características lineares em planta, em que se distinguia pelo espaço verde, que

separava a zona residencial da comercial; pela distribuição ordenada de atividades, o que

setorizava a cidade em áreas distintas; e ainda por seu sistema de transportes, que caracterizava os

eixos de ligação por meio de avenidas.

Complexoindustrial

Vista geral

Estação central

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Cité Industrielle (1901/04-17)

1 Cidade antiga 6 Escolas profissionais

2 Estação central 7 Sanatório/ C. Repouso

3 Bairros residenciais 8 Complexo industrial

4 Centro da cidade 9/10 Cemitério/ Parque

5 Escolas primárias 11/12 Ferrovia/ Matadouro

1

3

3

3

77 6

2

4

5

5

5

5

9

8

8

1011

12

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Entretanto, o maior nome do urbanismo racionalista foi o do arquiteto franco-suíço Le Corbusier (1887-

1965), responsável por alguns planos

fundamentais no início do século passado,

insuperáveis tanto em termos ideológicos como

formais (traçados geométricos e princípios

funcionalistas).

Une ville contemporaine (1922)

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Em 1922, Le Corbusier apresentou o modelo utópico para Une ville contemporaine; um centro urbano

para 3.000.000 habitantes dividido em três setores distintos, que seriam delimitados por cinturões verdes e interligados por uma eficiente rede de

transportes.

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Com o Plan Voisin(1925), para Paris; e os

planos para Montevidéu, Buenos Aires, São Paulo

e Rio de Janeiro, propostos entre 1929 e

1931, Le Corbusier formulou a hipótese

teórica mais elevada da urbanística moderna, culminando com as

experiências do Plan Obus (1931), para Argel;

e da proposta para La Ville Radieuse (1935).

Plan Voisin (1925, Paris)Le Corbusier (1887-1965)

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Plan Voisin(1925, Paris França)

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Plano do Rio de Janeiro RJ(1936, Brasil)

Plano Obus(1931, Argel Argélia)

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La Ville Radieuse (1935)

1 Área residencial

2 Área comercial

3 Escolas

4 Indústrias

5 Indústrias

pesadas

1

3

1

3

2

4 4

5 5

1

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Finalmente, as propostas urbanas do alemão Ludwig Hilberseimer (1885-1969) –

não muito distantes dos pressupostos universais da Bauhaus (1919/33) –,

não eram mais que espaços abstratos, em que

a apreensão da natureza passava a ser de apenas

mais um elemento superficial de composição

urbana, de justificativas exclusivamente higienistas

e/ou estéticas.

Proposta p/a “Cidade Vertical”Hochhausstadt N-S e L-O (1925)

Proposta paraBlocos residenciais

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Proposta p/a “Cidade Residencial”em Grosstadtarchitekture(1927)

Ludwig Hilberseimer(1885-1969)