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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS FACULDADE DE COMUNICAÇÃO E BIBLIOTECONOMIA CURSO DE BIBLIOTECONOMIA CARLA LOPES FERREIRA SUZANA FRANCISCA DA ROCHA GATE KEEPER: algumas explicações. Goiânia 2009

GATE KEEPER

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Page 1: GATE KEEPER

UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS

FACULDADE DE COMUNICAÇÃO E BIBLIOTECONOMIA

CURSO DE BIBLIOTECONOMIA

CARLA LOPES FERREIRA

SUZANA FRANCISCA DA ROCHA

GATE KEEPER:

algumas explicações.

Goiânia

2009

Page 2: GATE KEEPER

CARLA LOPES FERREIRA

SUZANA FRANCISCA DA ROCHA

GATE KEEPER:

algumas explicações.

Trabalho realizado para obtenção de

nota parcial na disciplina de Teoria da

Comunicação I, do curso de

Biblioteconomia, ministrado pelo

professor Ms. Daniel Christino, da

Faculdade de Comunicação e

Biblioteconomia da Universidade

Federal de Goiás.

Goiânia

2009

Page 3: GATE KEEPER

Meios de comunicação, opinião pública e newsmaking

Os meios de comunicação de massa influenciam na maneira como

compreendemos e “sentimos” o mundo. A cultura é veiculada por meio desses canais

(televisão, cinema entre outros). A grande questão é que os meios de comunicação

definem e influenciam de acordo com suas perspectivas, de modo subjetivo, as nossas

relações com a sociedade.

Dentro desse ângulo, pode-se constatar que os meios de comunicação de massa

constituem uma cultura. Isso porque o modo como as notícias são produzidas geram

uma construção social do conhecimento. A teoria do Newsmaking tenta compreender

justamente a modificação da opinião pública ocasionada pelos meios de comunicação.

Opinião pública é uma expressão a qual apresenta um conceito que modificado

durante os tempos. Sem refletir muito a respeito dessa expressão, pode-se dizer que é

uma opinião que representa a atitude da maioria, de opinião de indivíduo no grupo, no

público. Ela está relacionada a um fenômeno social podendo ou não possuir um caráter

político a qual é influenciada pelo sistema social de um país ou comunidade bem como

os veículos de comunicação de massa. Não necessariamente é oriunda da formação do

público nem mesmo pode representar uma vontade popular. Outra característica

marcante é sua dinamicidade, não sendo, portanto, estática. Alguns fatores interferem na

opinião pública:

a. Fatores sociais – o tipo de sociedade o qual pertencemos, assim como a classe

social considerando-se suas relações, interfere em nossa opinião pública. Sociedades

mais estáticas possuem opiniões contínuas, enquanto que nas sociedades mais

dinâmicas tendem a ser perecíveis podendo se modificar ou até mesmo desaparecer.

b. Fatores psicológicos e a persuasão – a opinião é mediadora entre o mundo

exterior e uma pessoa, no que diz a adaptação à realidade e ao grupo. As sociedades de

massa criam estereótipos os quais envolvem fatores afetivos e irracionais que

determinam atitudes, e como conseqüência levam a determinada ação. Essa é uma

maneira de induzir a uma opinião “dirigida”. O homem sendo um ser social é passível

de influência, e, portanto, pode ser persuadido por meio de propagandas (“molda

opiniões e julgamentos... agindo sobre os sentimentos”), estereótipos dentre outros.

De maneira geral pode-se afirmar que opinião pública não é da maioria e nem

unânime sendo composta (formada de diversas opiniões existentes no público).

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Diante dessa explanação, o Newsmaking possui duas correntes:

a. Gate keeper;

b. Agenda setting;

b.1. Espiral do silêncio.

Essas teorias “pressupõem” a idéia de que os meios de comunicação de massa

interferem nas nossas perspectivas em relação ao mundo. A corrente abordada neste

trabalho será Gate Keeper. A fim de esclarecer brevemente a Agenda Setting pode-se

dizer que os meios de comunicação (os quais ocultam determinados assuntos) são

capazes de dizer quais assuntos são prioritários na nossa agenda, em nosso discurso.

Nessa vertente há uma construção hierárquica de assunto os quais devem ser debatidos.

Em outras palavras, os meios de comunicação pautam, agendam com certa antecedência

os assuntos a serem disseminados e discutidos pela sociedade. Esse agendamento seria

“marcado” durante anos.

A espiral do silêncio seria uma vertente da Agenda Setting, na qual um único

assunto é pauta na maioria dos jornais e que acaba afetando todos os outros assuntos.

Entretanto esse assunto unânime entre os veículos de comunicação em massa é

temporário, pois o tema seria uma matéria pequena (originalmente), e ganha proporções

até se esgotar, gerando silêncio de outros temas de igual irrelevância.

Gate Keeper

No século XIX o conceito de opinião pública consistia na maioria, na opinião coletiva

compartilhada por todos e se torna geral, pois a maioria das pessoas aceitam-na como

sua. Uma característica importante: a opinião é compartilhada e não construída.

O Gate Keeper seria a interação direta do emissor da mensagem com o público que

ouve. Daí esse caráter de opinião compartilhada e não construída. Antigamente os

discursos eram emitidos em praças públicas (isso considerando que era a única forma de

tornar conhecidas as idéias na medida em que não existia tecnologia para facilitar isso e

o número de pessoas nas cidades era reduzido, comparando a nossa densidade

demográfica atual) as quais caracterizavam o espaço público. Nessas circunstâncias, a

perspectiva de mundo passa a ser da quantidade de informação. Para essas pessoas que

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escutam alguém promovendo um discurso em uma praça pública, sendo que essa é a

única fonte de informação delas, a percepção de mundo (no sentido das opiniões, de

compreensão de mundo) é compatível a esses discursos.

O espaço público é aquele, que dentro de um território urbano, de uso comum é de

posse coletiva. Á época da Antiguidade Clássica na Grécia o espaço público era

representado pela agora na qual a cidadania era exercida. Nas cidades européias

medievais as ruas e praças eram os espaços públicos em que os discursos eram

proferidos de acordo com os interesses do emissor: religiosos, políticos, etc.

Atualmente, o espaço público “localiza-se” nos meios de comunicação em massa. Isso

porque é através deles que o público, os políticos, a sociedade como um todo tem “voz”

e pode ser ouvida. As reclamações, as idéias, os apelos, entre outros são divulgados com

maior eficiência e eficácia graças a esses meios de comunicação. Normalmente uma

situação é conhecida ou solucionada a partir dessa divulgação, pois o alcance da

mensagem é maior, é global.

Os jornais podem ser compreendidos como elementos de ampliação e/ou redução do

mundo no qual vivemos. Dentro dessa nova lógica de compreensão do espaço público, o

lugar deixa de ser referência da dimensão do mundo, devido aos meios de comunicação.

É a partir deles que a comunicação ganha um processo industrial na produção de

notícias o qual é selecionado de acordo com seus objetivos. A relevância ou não dos

assuntos é determinada por essa “indústria”. O Gate Keeper seria então, um

“selecionador” (que autoriza/barra assuntos) de notícias a partir de aspectos sociais e

políticos. As notícias descartadas normalmente não refletem os interesses jornalísticos

ou não possuem qualidade na escrita ou ainda não são atrativas ao leitor. Isso segundo

uma pesquisa realizada por White (1950), na qual afirma que essas escolhas são de

acordo com “normas, ocupacionais, profissionais e organizativas que parecem ser mais

fortes do que as preferências pessoais”.

Segundo Mauro Wolf o que determina se uma notícia é passível ou não de ser veiculada

é devido ao seu valor, cujos fatores são:

a. as características substantivas das notícias: ao seu conteúdo;

b. à disponibilidade de material e aos critérios relativos ao produto informativo;

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c. aos meios de comunicação;

d. ao público;

e. à concorrência.

Para ele todas as formas de controle da informação, que podem estabelecer-se nas

decisões acerca da codificação das mensagens, da seleção, da formação da mensagem,

da difusão, da programação, da exclusão de toda a mensagem ou das suas componentes.

É importante ressaltar que o jornalista deve selecionar, apenas, as notícias a serem

divulgadas e não omitir dados importantes. Gate Keeper, em inglês quer dizer guardião

do portão, porteiro; e a metáfora desse nome consiste em "uma seleção de informação

em 'portões' controladas por 'porteiros', havendo informação que passa e outra que fica

retida" (WHITE apud SOUZA 2002, p39).

De acordo com as perspectivas apresentadas no início sobre a construção cultural

veiculada pelos meios de comunicação de massa pode-se alegar que através dos mesmos

construímos nossa realidade, bem como nossas opiniões e percepções. Não se

caracteriza por ser fatores decisivos na construção de nossas identidades culturais, nem

determinantes, no entanto contribuem para tal constituição.

REFERÊNCIAS

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1) A função do gate keeper na imprensa. Disponível em :

<http://www.iscafaculdades.com.br/estacaojornalismo/artigo_14.htm>. Acesso

em: 8 de junho de 2009.

2) Gate Keeper e Newsmaking online. Disponível em :

<http://anjosandre.wordpress.com/2008/03/19/gatekeeping-newsmaking-

online/>. Acesso em: 8 de junho de 2009.

3) Opinião pública. Disponível em:

http://www.portal-rp.com.br/bibliotecavirtual/opiniaopublica/0017.htm. Acesso em: 9

de junho de 2009.

4) WOLF, Mauro. Teorias da comunicação. 8. ed. Lisboa, Presença,[199-?]. 255 p.