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Segunda-feira, 24 de março de 2014 Gazeta do Povo Infância e adolescência / Notícias do Brasil subterrâneo SUS atende 20 casos por dia de crianças vítimas de violência sexual. Denúncias crescem, mas violação ainda é invisível Denise paro e Fernanda Trisotto, com agência o globo A cada dia, pelo menos 20 crianças de zero a 9 anos de idade são atendidas nos hospitais brasileiros que integram o Sistema Único de Saúde (SUS), após terem sido vítimas de violência sexual. Os dados são do Ministério da Saúde. De acordo com o Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), mantido pelo governo federal, em 2012 houve 7.592 notificações desse tipo de violência. O número corresponde a 27% de todos os casos de violência infantil registrados pelos hospitais. Na faixa etária de 10 a 19 anos de idade, foram 9.919 casos de abuso sexual, ou 27 por dia, no mesmo ano. Na maior parte dos casos, a violência aconteceu dentro de casa e o agressor era do sexo masculino. No Paraná, a situação não é muito diferente. Em 2012, Foz do Iguaçu registrou a maior taxa de violência, no estado, contra crianças e adolescentes e tem o 12.º índice de todo o país, com 180 registros de casos de violência sexual, incluindo estupro, assédio sexual, exploração sexual e pornografia infantil. A média representa 94,6 casos para cada 100 mil habitantes. Muito além Embora esses números sejam assustadores por si só, a quantidade de brasileiros vítimas de violência sexual na infância e na adolescência deve ser ainda maior. A questão é que nem todos os municípios brasileiros enviam os dados para o Sinan. Os balanços preliminares de 2012 indicam que dos mais de 5 mil municípios do país, 2.917, pouco mais da metade, encaminharam informações. Outro indicador que permite monitorar violações, o Sistema de Informações para a Infância e Adolescência (Sipia), abastecido pelos conselhos tutelares, também padece de defasagem, apesar de sua importância no sistema de monitoramento: uma análise dos dados de 2009 a 2014 permite observar a curva ascendente no número de registros. Os dados permitem dizer que estados com redes de proteção mais bem organizadas acabam por representar parcela expressiva dos casos, o que não corresponde à realidade. “Sempre tem esse paradoxo. Quando aparece mais, não quer dizer que são territórios mais violentos, mas que a notificação é maior”, argumenta a superintendente de planejamento da Fundação de Ação Social de Curitiba (FAS), Jucimeri Silveira. Especialista em atendimento a crianças e adolescentes em situação de risco, o educador Valtenir Lazzarini diz que a subnotificação de registro tem várias explicações. Uma delas é a sobrecarga de trabalho e falta de equipamentos nos conselhos tutelares. “É a partir daí que saem todos os encaminhamentos de responsabilização,

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Segunda-feira, 24 de março de 2014

Gazeta do Povo Infância e adolescência / Notícias do Brasil subterrâneo SUS atende 20 casos por dia de crianças vítimas de violência sexual. Denúncias crescem, mas violação ainda é invisível Denise paro e Fernanda Trisotto, com agência o globo

A cada dia, pelo menos 20 crianças de zero a 9 anos de idade são atendidas nos

hospitais brasileiros que integram o Sistema Único de Saúde (SUS), após terem sido vítimas de violência sexual. Os dados são do Ministério da Saúde. De acordo com o Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), mantido pelo governo federal, em 2012 houve 7.592 notificações desse tipo de violência. O número corresponde a 27% de todos os casos de violência infantil registrados pelos hospitais. Na faixa etária de 10 a 19 anos de idade, foram 9.919 casos de abuso sexual, ou 27 por dia, no mesmo ano. Na maior parte dos casos, a violência aconteceu dentro de casa e o agressor era do sexo masculino.

No Paraná, a situação não é muito diferente. Em 2012, Foz do Iguaçu registrou a maior taxa de violência, no estado, contra crianças e adolescentes e tem o 12.º índice de todo o país, com 180 registros de casos de violência sexual, incluindo estupro, assédio sexual, exploração sexual e pornografia infantil. A média representa 94,6 casos para cada 100 mil habitantes.

Muito além Embora esses números sejam assustadores por si só, a quantidade de brasileiros vítimas de violência sexual na infância e na adolescência deve ser ainda maior. A questão é que nem todos os municípios brasileiros enviam os dados para o Sinan. Os balanços preliminares de 2012 indicam que dos mais de 5 mil municípios do país, 2.917, pouco mais da metade, encaminharam informações.

Outro indicador que permite monitorar violações, o Sistema de Informações para a Infância e Adolescência (Sipia), abastecido pelos conselhos tutelares, também padece de defasagem, apesar de sua importância no sistema de monitoramento: uma análise dos dados de 2009 a 2014 permite observar a curva ascendente no número de registros.

Os dados permitem dizer que estados com redes de proteção mais bem organizadas acabam por representar parcela expressiva dos casos, o que não corresponde à realidade. “Sempre tem esse paradoxo. Quando aparece mais, não quer dizer que são territórios mais violentos, mas que a notificação é maior”, argumenta a superintendente de planejamento da Fundação de Ação Social de Curitiba (FAS), Jucimeri Silveira.

Especialista em atendimento a crianças e adolescentes em situação de risco, o educador Valtenir Lazzarini diz que a subnotificação de registro tem várias explicações.

Uma delas é a sobrecarga de trabalho e falta de equipamentos nos conselhos tutelares. “É a partir daí que saem todos os encaminhamentos de responsabilização,

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medidas de proteção e os registros quantitativos para elaboração de políticas públicas”, observa.

Avanços Para o procurador de Justiça do Ministério Público do Paraná Olympio de Sá Sotto Maior Neto, pelo menos parte da população passou a fazer um raciocínio de que todas as crianças e adolescentes são filhos da sociedade . “Esse olhar atento e solidário em relação a essas crianças e adolescentes de agora faz a sociedade indicar para os órgãos responsáveis a existência de casos visíveis”, argumenta.

O procurador pondera que mesmo os casos de abuso que ocorrem no ambiente familiar, outrora silenciados, passaram a ser denunciados. “A ideia de que o que acontecia dentro da residência era problema exclusivo da família mudou.” Dados mostram que abuso é um crime que se dá em família

Quando uma família de militares a tirou da vida de “menina de rua”, no Rio de Janeiro, Maura de Oliveira Lobo deveria estar a caminho de uma infância melhor. Não foi o que aconteceu. Além de trabalhar como empregada doméstica, sem remuneração, aos 6 anos de idade conheceu um tipo de violência que não esquece, mesmo hoje, casada e com dois filhos. Foi abusada por dez anos, por dois de seus “patrões”, dentro das casas onde morou, em vilas militares.

Hoje, à frente de uma organização não governamental que atende vítimas de violência sexual e jovens vulneráveis, Maura diz que só conseguiu superar medos, e formar uma família, porque sempre se sentiu muito sozinha. Mas conta que a dor de ser vítima da violência sexual na infância vai permanecer pelo resto da vida.

“Lembro da cor do fio do bigode do primeiro pedófilo. Sou capaz de desenhar cada cena que vivi. É como se o meu coração tivesse gavetinhas. A gavetinha das coisas negativas está lá. Mas a gente abre gavetas de coisas positivas na vida. É possível ser feliz”, declara Maura, 45 anos.

O abuso sofrido por Maura não é exceção. As estatísticas do Sistema de Informações para a Infância e Adolescência (Sipia), do governo federal, apontam que a maior parte dos casos de abuso sexual ocorre no ambiente familiar ou no círculo de amizades. No caso de João*, de 5 anos, o molestador era o motorista do transporte escolar, que durante 2013 o levava e buscava na escola.

“Meu filho sempre foi um menino ativo e brincalhão, e de repente passou a ficar quieto e acuado. A gente perguntava se havia algo errado e ele ficava ‘congelado’, não respondia”, lembra o pai de João*, contando como a família começou a desconfiar do abuso.

Em novembro do ano passado, o menino chegou em casa com a boca machucada. Disse que o ferimento foi provocado por “brincadeiras” que o condutor do

transporte escolar fazia com ele. Uma semana depois, falou para os pais que esteve na casa do motorista. E disse

que não queria mais ser levado para o colégio por ele. O homem tem 51 anos de idade. Depois de várias sessões com uma psicóloga, o garoto contou à especialista sobre

os abusos sexuais sofridos no banco de trás do carro em que o “Tio Carlos” o levava para a escola. O motorista foi preso esta semana pela polícia do Rio de Janeiro. *nome fictício Alerta / Maioria dos municípios do estado não tem plano de enfrentamento à violência

O Plano Nacional de Enfrentamento à Violência Sexual começou a ser colocado em prática no ano 2000. No Paraná, conforme indicação do plano estadual, os municípios têm até 2015 para estabelecer um plano municipal. Até agora, as cidades que já tomaram a iniciativa foram Curitiba, São José dos Pinhais, Ponta Grossa e Foz do Iguaçu.

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Membros da Rede Proteger, que reúne cerca de 40 instituições de Foz do Iguaçu em torno da defesa dos direitos da criança e do adolescente, dizem que é preciso avançar muito quando se trata do plano municipal de Foz do Iguaçu. Inclusive, lançá-lo de fato.

A secretária de Ação Social do município, Cláudia Pereira, alega que o plano foi assinado no dia 17 de maio de 2013 e que algumas ações foram colocadas em prática, como campanhas de sensibilização, realizadas no ano passado, com outdoors e palestras.

O orçamento previsto para a iniciativa, diz Cláudia, é de R$ 766 mil. Apenas 70 cidades do PR preenchem o Sipia na web

A divergência de informações entre fontes oficiais dificulta o estabelecimento de ações eficazes contra a violência sexual na infância e adolescência.

Levantamento feito pelo Centro Marista de Defesa da Infância no Paraná indica disparidade nos dados colhidos pelo Disque 100, Sinan, Sistema de Informações para Crianças e Adolescentes (Sipia) e o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Lauane Natalle, analista de monitoramento do Centro Marista, diz que no Paraná apenas 18% dos 399 municípios, ou seja, 70 cidades, preenchem o Sipia na versão web. Mesmo assim, em 2010 o Paraná apareceu como estado com o maior número de violações dos direitos da criança e adolescente no país, com mais de 12 mil registros.

Foz do Iguaçu desponta com maior número de casos, 3.441. Curitiba, com 121. “Não precisa de tanto experiência e conhecimento da área para falar que isso não

é representativo da realidade”, diz Lauane. 20% das mulheres Estima-se que até os 18 anos, 20% das mulheres de todo o

mundo sofrem algum tipo de violência sexual. A estimativa é da Organização Mundial de Saúde.

70% dos casos de abuso de crianças de zero a 9 anos de idade acontecem dentro de casa da vítimna, conforme indicam os dados. Notoficações tendem a aumentar, o que denota mudança de mentalidade, mas a violência doméstica ainda é um assunto tabu. É preciso mais campanhas e pessoal treinado para lidar com a informação.

Bem Paraná Política em debate / Em alta

O Ministério Público marcou a primeira reunião de conciliação entre a Sesa e o sindicato dos trabalhadores na saúde do Paraná, em greve desde a semana passada. A reunião de negociação acontece hoje, às 14 horas na Secretaria de Administração, no Palácio das Araucárias.

Gazeta do Povo Editorial / Os feriados da Copa voltam à Câmara Nem mesmo a questão da mobilidade é motivo suficiente para paralisar a cidade; há diversas opções que dispensam a folga generalizada

Nesta segunda-feira, a Câmara Municipal de Curitiba realiza mais uma audiência

pública para discutir a possibilidade de decretar feriados municipais nos dias em que a cidade receberá jogos da Copa do Mundo – uma decisão que o Legislativo municipal vem empurrando com a barriga desde o segundo semestre do ano passado. A Lei Geral da

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Copa prevê a possibilidade dos feriados, e os vereadores começaram a discuti-la no meio de 2013. Decidiram esperar o sorteio da Copa, no início de dezembro, para avaliar a importância dos jogos e resolver o assunto sabendo que seleções viriam para Curitiba.

Mas, mesmo depois da definição das partidas, a Câmara resolveu deixar o tema para 2014.

Pelo calendário da competição, a Arena da Baixada terá partidas nos dias 16, 20, 23 e 26 de junho – o dia 23, no entanto, coincide com uma partida da seleção brasileira, ocasião em que deverá ser decretado feriado nacional (outra decisão bastante questionável). Portanto, os vereadores terão de analisar folgas nos dias em que jogam Irã e Nigéria, Honduras e Equador, e Argélia e Rússia.

O principal argumento em favor da adoção de feriados é o urbanístico. “Esvaziando” a cidade dos deslocamentos feitos por motivos de trabalho, a

movimentação dos turistas/torcedores em direção à Arena da Baixada ficaria mais fácil. No entanto, mesmo esse argumento se mostra frágil diante de diversos fatores. O

estádio é facilmente alcançável pela rede de biarticulados, que já não enfrentam trânsito; boa parte do setor hoteleiro está instalada dentro de um raio que permite aos visitantes ir até mesmo a pé ao estádio, se assim desejarem; e as escolas já adaptaram seu calendário para evitar a coincidência com a Copa, ajudando a desafogar as ruas. Para facilitar deslocamentos, não seria preciso instituir feriados: bastaria o reforço na frota de ônibus ou a adoção de linhas especiais (como se faz às quartas-feiras com a novena no santuário do Perpétuo Socorro, por exemplo). O comércio poderia adotar horários alternativos de funcionamento, inclusive porque durante os horários dos jogos propriamente ditos a movimentação tenderia a cair.

Como já afirmamos em ocasiões anteriores, não tem a menor lógica fazer os estabelecimentos da cidade fecharem as portas justamente nos dias em que Curitiba receberá o maior fluxo de turistas e torcedores. Se um dos bons argumentos para a realização de um evento esportivo desse porte é o fato de que os visitantes movimentarão grandes somas de dinheiro na cidade, o feriado desvirtua completamente essa expectativa ao criar uma situação em que as pessoas não terão onde gastar.

É verdade que os empresários podem decidir abrir seus estabelecimentos por conta própria mesmo em caso de feriado. No entanto, o setor de comércio e serviços veria seus ganhos minorados graças ao pagamento dos encargos trabalhistas que incidem nesses casos. No início de março, a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo divulgou estudo segundo o qual, se todas as cidades decretarem feriado nos dias de seus jogos, além dos feriados nacionais em dias de partidas do Brasil, as empresas poderiam perder até R$ 30 bilhões com dispensa de funcionários ou pagamento de horas extras. Se, apesar da decretação de feriados, todas as empresas resolvessem funcionar mesmo assim, o gasto com o pagamento de horas adicionais seria de R$ 135 bilhões, dos quais R$ 50 bilhões corresponderiam a custos e encargos trabalhistas. Seria um caso absurdo, em que um evento que deveria trazer grandes lucros acabaria provocando grandes prejuízos.

A Copa está se aproximando; que os vereadores discutam o tema com profundidade, mas não esperem muito mais para decidir – muitos curitibanos serão afetados pela decisão, seja qual for. Esperamos que prevaleça o bom senso e que os estrangeiros conheçam uma Curitiba que sabe festejar, mas também valoriza o trabalho; não podemos deixar que a alegria típica do brasileiro acabe vista pelos visitantes como sinônimo de indolência. Artigo / A punição a adolescentes infratores Homero figueiredo lima e marchese, advogado, é mestre em Direito pela UFPR.

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Em fevereiro, a comissão de Constituição, Justiça e Cidadania do Senado Federal (CCJ) rejeitou diversas propostas de alteração do art. 228 da Constituição que buscavam reduzir a maioridade penal no país. Por 11 votos a 8, a comissão considerou que o atual estabelecimento da maioridade penal aos 18 anos é um direito fundamental do cidadão brasileiro e, portanto, constitui cláusula pétrea de nossa Lei Fundamental, não sujeita nem sequer à deliberação.

A discussão sobre a redução da maioridade penal no Congresso Nacional, contudo, deve continuar. A própria decisão da CCJ foi contestada em recurso assinado por 18 senadores, e a deliberação sobre a constitucionalidade da matéria deve ser levada ao plenário do Senado no mês de abril. Caso o parecer do colegiado seja favorável, os senadores terão diante de si propostas interessantes, como o Projeto de Emenda Constitucional n.º 33/2012, que reduz a maioridade penal para 16 anos, mas apenas nos casos de crimes hediondos e após um laudo técnico atestar que o autor tinha a compreensão do caráter criminoso de sua conduta.

Na Câmara dos Deputados, diversas propostas de enrijecimento da punição a adolescentes infratores também estão em discussão. Muitas dessas propostas, em vez de buscar a alteração da Constituição, que exige a aprovação de 3/5 dos membros dos senadores e deputados federais, concentram-se na mudança da Lei n.° 8.069/90, o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), que, como lei ordinária, pode ser alterada por voto da maioria simples dos congressistas.

A proposta de maior destaque em tramitação na Câmara é o Projeto de Lei n° 5.454/2013, protocolado a pedido do governador Geraldo Alckmin, de São Paulo. O projeto cria o Regime Especial de Atendimento, destinado a maiores de 16 anos que praticarem condutas equivalentes ao homicídio, latrocínio, sequestro e estupro.

Atualmente, a maior sanção atribuída a esses infratores pelo ECA é a internação em uma instituição exclusiva a adolescentes pelo prazo máximo de três anos. De acordo com o projeto, os autores desses atos mais graves, ao completarem 18 anos, passariam para um regime de internação de maior contenção e vigilância, no qual poderiam permanecer por até oito anos.

A idade máxima para um adolescente infrator permanecer internado no país passaria, assim, dos atuais 21 para 26 anos. A proposta não muda o modo de cumprimento da internação, que continuaria sendo feito em estabelecimento distinto dos locais de cumprimento de penas pelos adultos, e no qual os infratores devem ser separados por idade, porte físico e gravidade da infração cometida.

Em um momento em que a violência cometida por adolescentes no país causa espanto pela crueldade dos atos praticados e pela certeza da impunidade por parte dos infratores, iniciativas como a PEC n.º 33/2012 e o PL n.° 5.454/2013 precisam ser recebidas com destaque e apoio. Os projetos são importantes porque endurecem a punição a adolescentes infratores de maior periculosidade, afastando-os da sociedade e de infratores que cometam atos menos graves, sem abrir mão da tentativa de sua ressocialização.

À população, em especial, cabe envolver-se na discussão dos projetos, manifestando sua opinião a respeito das propostas por meio de e-mails, telefonemas ou cartas aos seus representantes no Congresso. Coluna do leitor / Maioridade penal

A cada dia nos deparamos com o crescente índice de criminalidade por parte de jovens infratores. Não há saída: nossos políticos devem se conscientizar de que já passou da hora de alterar o Código Penal para que esses delinquentes menores paguem por seus crimes na proporção de sua gravidade. Devemos caracterizar menores de 18 anos os jovens que procuram trabalho, estudam, têm objetivos na vida; esses, sim, são

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menores. Já os menores que roubam e matam precisam ser tratados como criminosos. Elcio João Koleski

Racismo Vivemos na sociedade das diferenciações, dos privilégios, dos foros privilegiados. Não podemos focar no racismo como o senhor dos preconceitos, e sim como mais um nó nesse cordão de aflições. Nosso povo aprendeu a aceitar as coisas, como se o divino mal imperasse sobre nosso livre arbítrio. Calamos-nos diante do mal, fazemos vistas grossas aos absurdos. Liberdade, igualdade e fraternidade nunca foram pontos cardeais na rosa dos ventos da ética e moral de nossa república. Marcos Garcia

Leite adulterado Quando coisas como a adulteração de leite acontecem, fica provado a toda a população que órgãos como a Anvisa não passam de grandes cabides de emprego. Não serve para nada e ainda atrapalha quem quer trabalhar. Luiz Alexandre Giovanella Justiça / STF revê contrabando como crime menor Decisões judiciais têm derrubado o princípio da insignificância usado para livrar da prisão os operários da indústria ilegal de cigarros Mauri König E Diego Antonelli

O contrabando de cigarro do Paraguai para o Brasil chegou a uma proporção que levou o Judiciário a rever a prática como crime de baixo poder ofensivo. Decisões judiciais têm derrubado o princípio da insignificância usado para livrar da prisão os operários do contrabando. Caso exemplar ocorreu em decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) em fevereiro de 2012, ao negar pedido de habeas corpus alegando o princípio da insignificância em caso de condenação por contrabando de cigarros pela Justiça Federal em Santa Catarina.

Embora a jurisprudência da Suprema Corte possibilite enquadrar o crime de descaminho no princípio da insignificância quando o valor dos impostos sonegados for inferior a R$ 10 mil, o STF considerou que se trata de contrabando e, nesse caso, o objeto material sobre o qual recai a conduta é a mercadoria total ou parcialmente proibida. Na avaliação dos ministros do STF, existe um bem maior em risco do que impostos sonegados: a saúde pública.

“O objetivo precípuo dessa tipificação formal é evitar o fomento de transporte e comercialização de produtos proibidos por lei. Assim, não se trata tão somente de sopesar o caráter pecuniário do imposto sonegado, mas sim de possibilitar a tutela, dentre outros bens jurídicos, da saúde pública”, disse o ministro Gilmar Mendes ao negar o habeas corpus. “No contrabando, o desvalor da conduta é maior, sendo, portanto de afastar, em princípio, a aplicação do princípio da insignificância.”

A decisão tem norteado as cortes menores do Judiciário. O Tribunal Regional Federal da 4.ª Região reformou sentença que absolveu um homem preso pela PRF com cigarros paraguaios ao desviar do posto de controle da BR-277 usando uma estrada rural de Santa Terezinha do Itaipu, a 20 km da fronteira com o Paraguai. A absolvição sumária em primeira instância se baseou no princípio da insignificância (a mercadoria não ultrapassava R$ 12 mil). O Ministério Público Federal recorreu contra a sentença no TRF-4.

No entender do desembargador federal Élcio Pinheiro de Castro, esse tipo de crime transcende o limite fiscal, pois agride a saúde pública e a atividade industrial brasileira. Ele se baseou no posicionamento do STF, que considera incabível o uso do princípio da insignificância em casos de contrabando. O entendimento do relator foi acompanhado pelos demais integrantes do TRF-4.

Até essa revisão judicial, contrabandistas de cigarro eram enquadrados apenas no artigo 334 do Código Penal, com pena de reclusão de um ano a quatro anos. Agora, eles

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podem também ser enquadrados nos tipos penais que preveem crimes contra a saúde pública, constantes, por exemplo, nos artigos 276 e 278, com pena de reclusão de um ano a cinco anos e multa. Máfia do cigarro usa estratégia de seguradoras

A máfia do cigarro contrabandeado do Paraguai para o Brasil encontrou no merca do de seguros uma estratégia para diluir os prejuízos com eventuais apreensões. Passou a usar um sistema idêntico ao resseguro, operação pela qual o segurador transfere a outro uma parte do risco assumido ao emitir uma apólice e cede também parte da responsabilidade e do prêmio recebido. Nessa lógica, os barões do contrabando fecham um carregamento de cigarro fracionando-o em cotas, de maneira a dividir o prejuízo em caso de perda ou compartilhar o lucro em caso de sucesso na transação.

Essa era a estratégia usada, por exemplo, pelo empresário preso em outubro pela Polícia Federal em Foz do Iguaçu. Dono de uma casa de shows na cidade, Éderson Foletto seria o financiador de uma quadrilha de contrabando, fornecendo recursos financeiros para a compra de mercadorias contrabandeadas do Paraguai, sobretudo cigarros e eletrônicos. “Ele funcionava como agente financiador, mas tinha participação ativa na quadrilha”, ressalta o delegado da PF em Foz, Ricardo Cubas César.

Investimento Foletto buscava comerciantes da fronteira dispostos a investir em um carregamento de cigarro. Ele propunha um determinado porcentual, conforme o poder financeiro de cada um, e assim fechava quatro ou cinco cargas com o dinheiro de quatro ou cinco pessoas. Se apenas uma dessas cargas chegasse ao destino já seria o suficiente para salvar o valor investido. Acima disso, o lucro era partilhado conforme a participação de cada um no investimento.

O negócio implica em algum risco, mas é altamente lucrativo. Os contrabandistas nunca usam os próprios bens, de forma a evitar perdas e não deixar rastros. Os carros lotados de cigarro usados para desviar o controle policial são roubados ou financiados em nome de laranjas. A perda se restringe à carga, facilmente reposta. Um carro de passeio transporta em média 25 caixas, com 500 maços cada, uma perda pequena diante da capacidade de produção do Paraguai e da estrutura usada para enviar ao Brasil.

Para evitar grandes perdas, os contrabandistas recrutam caminhoneiros endividados. Pagam R$ 15 mil pelo frete de um caminhão e R$ 5 mil para o motorista. Uma carreta transporta entre 700 e 800 caixas, que pode resultar em um lucro líquido de R$ 500 mil numa cidade como São Paulo. Os barões do contrabando não perdem nada mais além da carga. Ao dono do caminhão, em caso de apreensão, cabe uma multa entre R$ 800 mil e R$ 1 milhão. A multa é estipulada pelo valor do cigarro, avaliado em US$ 1,50 o maço pela Receita Federal. Penas brandas favorecem os criminosos

O contrabando de cigarro se prevalece de penas brandas e da relativização cultural do brasileiro, que vê a atividade como forma de subsistência e não como crime. Basta notar as esquinas do país, onde se vende cigarro paraguaio sem restrições. E a impunidade ajuda o ilícito a crescer nas fronteiras. A visão do contrabando como um crime de menor poder ofensivo, as penalidades brandas e a alta lucratividade são determinantes para esse negócio.

“Geralmente essas pessoas são enquadradas em crimes de descaminho ou contrabando. A pena pode chegar de um a quatro anos [de reclusão], mas ela será cumprida em regime aberto. Ou então, pagam fiança e saem”, analisa o delegado da Polícia Federal (PF) em Foz do Iguaçu, Ricardo Cubas César. Houve casos em que o delegado determinou fiança de R$ 50 mil para um contrabandista. “O patrão do sujeito veio e pagou”, revela Cubas.

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Ao pagar as fianças, os barões do contrabando não só exibem seu poder financeiro, mas também ganham confiança nessa rede de negócios ilícitos. É uma forma de manter seus funcionários calados diante da polícia e dizer-lhes que podem confiar nele no caso de imprevistos. Do lado oposto, isso cria uma sensação de impotência. “Já tive a surpresa de deter o mesmo sujeito três vezes em um mês”, diz o titular da Delegacia de Repressão a Entorpecentes da PF no Paraná, Marco Smith.

Professor do Instituto de Relações Internacionais da Universidade de Brasília (UnB), Argemiro Procópio Filho considera muito branda a lei que pune o contrabando, embora a atividade esteja sob controle do crime organizado. “Isso permite e facilita o crime. São quadrilhas especializadas com sistema de distribuição e lucro bilionário”, diz Procópio, autor do livro Brasil no Mundo das Drogas.

Revisão O Judiciário brasileiro começa a rever o conceito de “baixo poder ofensivo” que permite ao contrabandista se livrar da cadeia pagando uma mísera fiança.

Um avanço é o enquadramento desse tipo de contrabando na lei dos crimes contra a saúde pública. Contudo, ainda não está definido a partir de qual quantidade passa a ser contrabando.

Penas Contrabandistas de cigarro, que eram enquadrados no artigo 334. com pena de um a quatro anos de prisão, agora podem receber penas adicionais de um a cinco anos por climes contra a saúde pública. Relatório / TCU aponta alto índice de professores fora de função Folhapress

O número de professores desviados das salas de aula de escolas públicas de ensino médio do país para trabalhos administrativos e por afastamento é maior que o déficit de docentes com formação específica nesse ciclo de ensino. É o que aponta um relatório do TCU (Tribunal de Contas da União), feito com o apoio de tribunais de contas de 25 estados e Distrito Federal.

O trabalho aponta para uma série de problemas que levam ao mau desempenho das escolas públicas em geral, entre eles o subfinanciamento do setor. Segundo o dado do órgão, o país gasta pouco mais de 1/4 do que a média dos países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico no ensino médio.

Segundo o TCU, há carência de 32 mil professores com formação específica nas 12 disciplinas obrigatórias do ensino médio, num quadro que tem no total cerca de 400 mil docentes.

O estudo indica que há 40 mil professores em atividade administrativa, além de outros 5 mil cedidos a órgãos fora do sistema educacional e outros 16 mil afastados. Para o TCU, uma melhor organização dos estados e do governo federal poderia melhorar a gestão desse problema. Fim da greve / Educadores voltam hoje ao trabalho Amanda Audi

Os educadores dos Centros Municipais de Educação Infantil (CMEIs) de Curitiba devem voltar hoje às atividades. A greve da categoria terminou na tarde de sábado, após assembleia dos trabalhadores realizada em frente à sede da prefeitura de Curitiba. O prefeito Gustavo Fruet (PDT) se comprometeu a iniciar nesta segunda-feira uma força-tarefa junto com as secretarias de Educação e de Recursos Humanos para apresentar cenários aos educadores que permitam a elaboração de um plano de carreira, com

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redução da carga horária e isonomia à categoria. Os resultados devem ser apresentados em 8 de abril.

Indicativo No entanto, os educadores também aprovaram novo indicativo de greve e podem começar nova paralisação no mesmo dia 8, caso os resultados apresentados não estejam de acordo com as reivindicações. O sindicato da categoria vai se reunir hoje na Procuradoria para negociar o pagamento da multa de R$ 240 mil. Caixa preta / Site reúne 70 queixas sobre Saúde a cada dia Folhapress

Destinado a receber depoimentos dos usuários dos sistemas de saúde do Brasil, o site Caixa-Preta da Saúde (www.caixapretadasaude.org.br) reuniu 567 reclamações em apenas oito dias no ar – média de cerca de 70 por dia. A iniciativa é da AMB (Associação Médica Brasileira).

No ranking das reclamações, até a última quarta-feira, a demora no atendimento é a campeã, com 55% das denúncias; a falta de remédios vem em segundo lugar com 34%. Entram na lista falta de leito, falta de médicos, de materiais, mau atendimento, entre outros.

“Esta é uma prova contundente de que a situação da saúde no país está ruim”, afirma o presidente da associação, Florentino Cardoso.

Para enviar uma reclamação, é preciso apenas ter um e-mail válido. O endereço eletrônico não é revelado, mas o nome da pessoa e do alvo da denúncia, sim. É possível visualizar as postagens anteriores e compartilhar via Facebook ou Twitter.

Segundo a entidade, todos os depoimentos feitos no site passam por um critério de avaliação. A associação pede que usuários forneçam o máximo possível de detalhes, com fotos, vídeos e reprodução de documentos que comprovem a situação.

“Mensalmente, a entidade planeja apurar as denúncias que se repetirem dos mesmos hospitais ou clínicas e enviar para o Ministério Público, para que se faça uma investigação sobre o caso”, afirma Cardoso.

“Nós queremos que todas as denúncias sejam resolvidas. Para isso, os gestores dos hospitais entram em contato conosco. Resolvido o problema, tiramos do ar, como já aconteceu”, explica.

A maior parte das reclamações é do estado de São Paulo, que está no topo da lista com 144 reclamações, sendo 31 apenas da capital.

Em seguida estão Bahia, com 85; Minas Gerais, com 65 e Rio Grande do Sul, com 62. Os estados que menos acumulam reclamações são Roraima, Tocantins, Alagoas e Amapá, com apenas uma denúncia cada. Finanças estaduais / PR é o estado com menos liberações de empréstimos pelo governo federal Desde 2011, governo paranaense obteve aval da STN para receber apenas dois financiamentos. Estado tem cinco pedidos pendentes André Gonçalves, correspondente

O Paraná é a unidade da federação com menos autorizações do governo federal

para realizar empréstimos ao longo da gestão Dilma Rousseff. Desde 2011, o estado recebeu aval definitivo da Secretaria do Tesouro Nacional (STN) para apenas duas negociações, que somam R$ 953,5 milhões. Outras cinco, que chegam a R$ 2,445 bilhões, ainda estão sendo avaliadas.

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Na comparação referente ao número de empréstimos liberados, apenas o Mato Grosso do Sul também teve somente dois no período – a diferença é que a administração sul-matogrossense não tem outros pedidos pendentes. O Paraná também fica em último lugar quando é feita a proporção entre o volume de recursos das operações e os habitantes de cada estado. Nesse caso, a STN autorizou R$ 87 por paranaense – 44 vezes menos do que os R$ 3.859 por liberados por morador do Amapá, que está no topo do ranking.

Em um cálculo que leva em consideração as riquezas produzidas por unidade da federação, o volume de empréstimos liberados para o Paraná corresponde a 0,4% do Produto Interno Bruto (PIB) do estado. O índice mais próximo é o de São Paulo – 1,5%.

No Amapá, a porcentagem cresce para 31,6%. O que é a STN Ligada ao Ministério da Fazenda, a STN é responsável pela

apreciação das condições financeiras de estados e municípios para contrair empréstimos que demandam garantia da União. A secretaria afere, entre outros pontos, as condições de endividamento e pagamento dos entes, além dos limites de gastos estabelecidos pela Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF). Negociações que envolvem bancos internacionais também precisam do aval do Senado.

As dificuldades da gestão Beto Richa (PSDB) para conseguir as autorizações da STN começaram no segundo semestre de 2011. Desde o começo, as divergências com o órgão giram em torno do que pode ser considerado gasto com pessoal dentro dos limites estabelecidos pela Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF). A interpretação inicial da STN era de que o Paraná descumpria a LRF por excluir do cálculo gastos com pensionistas e Imposto de Renda Retido na Fonte.

Após alterações promovidas pela Secretaria Estadual da Fazenda nas contas do fundo de previdência do estado, o órgão autorizou, em novembro do ano passado, a assinatura de um contrato de US$ 350 milhões (R$ 822,5 milhões) com o Banco Mundial. No dia 8 de novembro, a STN emitiu nota em que atestava que o estado “passou a cumprir os limites da despesa com pessoal” e que mais dois empréstimos do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), de US$ 60 milhões (R$ 141 milhões) e US$ 67,2 milhões (R$ 158 milhões) também seriam autorizados. Cinco meses depois, ambos continuam pendentes.

Em tese, a nova interpretação do Tesouro Nacional também serviria para a liberação dos outros quatro empréstimos em análise, o que também não aconteceu. Considerado exemplo-chave no embate entre STN e o governo do estado, o empréstimo de R$ 817 milhões do Banco do Brasil dentro do Programa de Apoio ao Investimento de Estados e do Distrito Federal (Proinveste) esteve próximo de ser liberado, em dezembro do ano passado. A autorização foi atrasada, no entanto, por uma denúncia encaminhada pelo senador Roberto Requião, que contesta as contas de pessoal apresentadas pelo estado.

Em paralelo, a Procuradoria-Geral do Estado apresentou uma ação cautelar ao Supremo Tribunal Federal (STF) para conseguir a autorização do empréstimo. No mês passado, o ministro Marco Aurélio Mello acatou os argumentos e determinou que a STN deveria aceitar a aferição feita pelo Tribunal de Contas do Paraná de que os gastos com pessoal estão dentro dos limites da LRF. O Tesouro Estadual, no entanto, ainda não liberou os recursos.

R$ 87 por paranaense é a média de recursos de empréstimos liberados pela STN ao estado. O Amapá, que está no topo do ranking, recebeu a liberação de R$ 3859 por morador desde 2011. Finanças estauais / Comparativo não mostra perseguição da União aos governos tucanos

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Dentre os dez estados com mais liberação de empréstimos pela União, três são comandados pelo PSDB e apenas dois pelo PT André Gonçalves, correspondente

As dificuldades encontradas pelo governo do Paraná para a liberação dos

empréstimos pela União estão entre os principais temas da pré-campanha para o Palácio Iguaçu. O governador Beto Richa (PSDB) tem reclamado de perseguição do governo federal para beneficiar a principal adversária, a senadora e ex-ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann (PT). A comparação das liberações da Secretaria do Tesouro Nacional (STN) para outros estados administrados pelo PSDB, contudo, não corrobora a tese.

Os tucanos estão no comando de oito unidades da federação, e o PT, de cinco. Na lista das dez com maiores valores autorizados pela STN, estão três governadas pelo PSDB (São Paulo, Minas Gerais e Goiás) e duas pelo PT (Bahia e Rio Grande do Sul).

Entre as dez com mais liberações por habitante, três são do PSDB (Roraima, Tocantins e Goiás) e uma do PT (Sergipe).

Do outro lado, as autorizações também não significam facilidades para os petistas na relação com os aliados. Estado com mais empréstimos liberados na gestão Dilma Rousseff, o Rio de Janeiro é administrado pelo PMDB e se transformou em um dos principais focos de tensão para o PT. O atual governador, Sérgio Cabral (PMDB), vai apoiar a candidatura do vice, Luiz Fernando Pezão (PMDB), contra o senador Lindberg Farias (PT). Novo secretário fala em solução técnica, mas pede apoio político

Quatro quadrimestres seguidos é o período em que o governo do Paraná extrapolou o limite prudencial de gastos com pessoal previstos na Lei de Responsabilidade Fiscal, o que prejudicou a liberação de empréstimos.

Terceiro nome a comandar a Secretaria Estadual da Fazenda durante a gestão Beto Richa (PSDB), Luiz Eduardo Sebastiani fala em buscar uma solução técnica para conseguir a liberação dos empréstimos. Em paralelo, cobra união de representantes paranaenses de todos os partidos no Congresso Nacional para o desfecho das negociações.

“Não estamos falando de financiamentos para um governo, mas para um estado”, ressalta o secretário. A primeira ação dele depois que assumiu o cargo, no dia 14, foi uma reunião com representantes do Banco do Brasil em que abordou a liberação de R$ 817 milhões do Proinveste. “Essa é uma negociação fundamental para o equilíbrio financeiro do estado.”

Sebastiani nega que a atual situação financeira do Paraná inviabilize a formalização dos empréstimos, apesar de o estado ter estado acima do limite prudencial de gastos com pessoal previsto na Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) ao longo dos últimos quatro quadrimestres. “Posso atestar que não há nenhum outro estado em situação melhor que o Paraná, mas que muitos outros têm condições piores”, declarou.

Procurada para se pronunciar sobre as operações de crédito em análise na Secretaria do Tesouro Nacional (STN), a assessoria de imprensa do Ministério da Fazenda não se pronunciou. De pai para filho / Famílias tradicionais na política ocupam 35% da Assembleia Dos 54 deputados estaduais, 19 são parentes de outros políticos e dirigentes públicos que têm ou tiveram destaque no Paraná Taiana Bubniak

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A profusão de júnior, filho e neto nos nomes dos deputados estaduais indica a forte presença de linhagens de tradicionais famílias de políticos na Assembleia Legislativa do Paraná (Alep). Dos 54 parlamentares, 19 (35% do total) têm relações diretas de consanguinidade com outros políticos. O desenho da “árvore genealógica” da Assembleia mostra que a tradição familiar é fator decisivo para angariar votos.

“Ter um parente que já exerceu um cargo público torna tudo mais fácil, pois ele já tem uma rede de relações anteriores, que é uma forma de puxar votos”, diz o professor e cientista político Ricardo Oliveira, da UFPR. Segundo ele, o fato de muitos parentes de políticos tradicionais ocuparem cargos eletivos é uma das causas da concentração de poder e da reprodução de um comportamento parecido entre políticos ao longo dos anos.

O novo velho De uma forma geral, há três tipos de deputados. Uma parte das vagas é ocupada por quem tenta a reeleição, outra por quem já teve cargos eletivos ou comissionados e uma terceira parcela dos eleitos são os novatos, que correspondem à renovação do poder político. Mas, tradicionalmente no Paraná, uma parte expressiva dos novatos é de parentes de políticos já conhecidos.

“O que se vê é que os deputados novos, tanto na política quanto na idade, quase sempre pertencem às famílias tradicionais. Eles entram herdando um espólio já consolidado e não vão ter atuações muito diversas daqueles que os antecederam. O novo entra com vícios antigos”, comenta Malco Camargo, cientista político da PUC-MG.

De acordo com ele, a rede de relações familiares dificulta a entrada de novas lideranças, que representariam outros setores da sociedade. “As lideranças trabalhistas ou estudantis não têm vez nessa lógica”, diz.

Emendas Além de diminuir a pluralidade de setores representados no Legislativo, a presença maciça de famílias tradicionais favorece o nepotismo, diz Ricardo Oliveira. “Há cargos em comissão que são distribuídos para aliados, que podem então empregar os familiares próximos. Essas instituições têm orçamento superdimensionado, às vezes maior que de secretarias importantes, e isso é mais um fator de influência”, afirma ele.

Para Oliveira, o instrumento das emendas parlamentares acaba favorecendo a eleição dos sucessores familiares. “Um prefeito que recebeu uma emenda de um deputado fica refém daquele acordo e vai apoiar o filho, neto ou sobrinho do parlamentar no futuro. O eleitor que foi beneficiado por aquele dinheiro também vai lembrar-se disso no futuro e continuar votando naquela família, mesmo que os benefícios não sejam contínuos.”

Proximidade / Atual legislatura tem dois casos de tio e sobrinho no cargo de deputado

Ribas Carli, Miró Guimarães, Curi, Lupion, Anibelli, Maron, Leprevost e outros sobrenomes de deputados estaduais soam familiares porque estão há muito tempo em cargos públicos do Paraná. São filhos, netos, sobrinhos e irmãos de políticos que já foram igualmente deputados, conselheiros do Tribunal de Contas do Paraná (TC), prefeitos no interior. Há dois casos de tio e sobrinho que atuam na mesma legislatura: Plauto Miró Guimarães é tio de Bernardo Ribas Carli; a mesma relação de Hermas Brandão Junior e Evandro Junior – ambos familiares de Hermas Brandão, ex-presidente da Assembleia e ex-conselheiro do TC. A deputada Rose Litro tem outro tipo de relação familiar: ela é esposa de um ex-deputado, Luiz Fernandes Litro.

“A formação do capital desses políticos é quase que exclusivamente por causa dos parentes. Em alguns casos, se o parente perde o cargo, esse político também deixa de ter relevância, o que mostra que eles alcançam o cargo mais por influência do que por competência”, diz o professor e cientista político Ricardo Oliveira, da UFPR.

Fortalecimento da sociedade civil é alternativa ao “familismo”

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A socióloga Maria do Socorro Braga, da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), afirma que a relação entre famílias e política é recorrente no país. “O eleitor está acostumado com esse perfil, e votar nas mesmas famílias é um ingrediente da cultura política brasileira”, diz. Ela explica que esse fenômeno é visto em várias democracias do mundo. “Para que isso mude, o caminho não é enfraquecer a política, mas fortalecer entidades que representam a sociedade civil.”

Para o cientista político Ricardo Oliveira, da UFPR, melhorar a administração dos órgãos públicos é o caminho para resolver as distorções provocadas pela presença contínua das mesmas famílias no Legislativo. “Dar mais valor ao concurso público e menos aos cargos comissionados seria uma medida inicial para conter essas redes de apoio”, diz. A democratização desses espaços, com votações abertas e portais da transparência efetivos, também pode ser a saída para o fortalecimento da Assembleia Legislativa como um órgão que reflete os anseios dos eleitores, de acordo com o professor.

Eleitor “Quem vota fica refém das escolhas que os partidos apresentam. Eles lançam candidatos com mais chances de ser eleitos, e aí quem tem sobrenome forte é privilegiado”, explica Malco Camargo, da PUC-MG. Se a lista de concorrentes não é renovada, o eleitor fica acostumado ao mesmo padrão de político, que atende pedidos e não faz mudanças mais profundas, acrescenta a professora Maria do Socorro. “O papel do eleitor é limitado. Mas ele tem de começar a pensar de forma universal, em mudanças estruturais da sociedade e não no político que atende pedidos pontuais”, diz. Escândalo petolífero / Petrobras cogitou comprar refinaria por valor maior Jornal revela que, em 2008, estatal avaliou comprar a metade restante de Pasadena por preço 119% maior do que havia pago por 50% das ações dois anos antes Da Redação, com Folhapress

Quatro anos antes de ser obrigada pela Justiça a comprar os 50% remanescentes

da empresa belga Astra Oil na refinaria de Pasadena (EUA), a diretoria da Petrobras tentou adquirir a integralidade do empreendimento por um valor 119% maior do que havia pago dois anos antes por 50% da sociedade. A informação foi divulgada ontem pelo jornal Folha de S.Paulo, que teve acesso a documento que registra reunião do Conselho de Administração da Petrobras de 3 de março de 2008.

Segundo o registro da reunião, Nestor Cerveró (então diretor da área internacional da estatal) propôs a compra dos 50% remanescentes pelo valor de US$ 788 milhões. Em 2006, a Petrobras havia comprado os outros 50% da mesma Astra por US$ 360 milhões. A Astra, por sua vez, comprou toda a unidade por apenas US$ 42,5 milhões em 2005. Mais tarde, em 2012, a Petrobras foi obrigada pela Justiça dos EUA a comprar os outros 50% da refinaria por um valor de US$ 820,5 milhões. O negócio custou ao todo US$ 1,2 bilhão. O valor de mercado da refinaria, porém, é de apenas US$ 180 milhões.

Rapidez De acordo com o jornal, Cerveró relatou em 2008 que havia apresentado a proposta à Astra dois meses antes da reunião do conselho. Disse ainda que a empresa belga teria aceitado a oferta no mesmo dia. De acordo com o documento, a proposta teria recebido o aval do então presidente da estatal, José Sérgio Gabrielli; e dos diretores Almir Barbassa, Renato Duque, Cerveró, Paulo Roberto da Costa (preso na quinta-feira) e Graça Foster, atual presidente da Petrobras.

Na ocasião, porém, o conselho da Petrobras ficou intrigado com a rapidez com que a Astra aceitou a oferta. A proposta acabou sendo discutida em outras três reuniões do conselho. Ela foi recusada.

Dois anos antes desse episódio, Cerveró havia sido responsável pelo relatório “falho” que, segundo a presidente Dilma Rousseff, a levou a assinar a compra de 50%

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das ações da refinaria, em 2006, sob condições desfavoráveis. À época, Dilma ocupava o cargo de presidente do Conselho de Administração da Petrobras.

Altos cargos O documento “falho” de 2006 e a desconfiança sobre o negócio proposto por Cerveró em 2008, porém, não impediram que ele continuasse ocupando altos cargos na direção da Petrobras. Até a semana passada, era diretor da BR Distribuidora, um braço da estatal do petróleo. Foi demitido em meio ao escândalo da compra da refinaria.

O Ministério Público do Rio de Janeiro, o Tribunal de Contas da União e a Polícia Federal estão investigando a compra e o valor pago pela refinaria.

FHC volta atrás O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) voltou atrás ontem e defendeu a abertura de uma CPI para investigar a compra da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos, pela Petrobras. Na semana passada, FHC havia dito que não seria necessário uma CPI porque outros órgãos já estão investigando o caso: o Ministério Público do Rio de Janeiro, o Tribunal de Contas da União e a Polícia Federal. “Embora, antes desse desdobramento eu tivesse declarado que a apuração poderia ser feita por mecanismos do Estado, creio que é o caso de ampliar a apuração”, disse ontem o ex-presidente. Folha de Londrina CML fará 'tomada de contas' sobre concurso da saúde Trabalho será feito por técnicos do Legislativo com apoio da Controladoria Geral do Município; não há prazo para conclusão Luís Fernando Wiltemburg, Reportagem Local

O vereador Mário Takahashi (PV) protocolou ofício na Câmara de Vereadores para

a instauração de uma tomada de contas especial relativa ao polêmico concurso da saúde promovido pela Prefeitura de Londrina no ano passado. O pedido foi feito por recomendação da Controladoria do Legislativo, que analisou documentos pedidos pelo parlamentar e encontrou discrepâncias em valores.

A medida fiscalizatória é necessária, segundo Takahashi, porque os documentos solicitados à prefeitura foram encaminhados de forma incompleta. Em várias ocasiões, ao serem complementados, traziam dados discrepantes do que já havia sido entregue.

O ofício da tomada de contas foi protocolado no último dia 18 na Câmara e será encaminhado ao Executivo, que deverá providenciar condições para a análise na Secretaria da Saúde. Os trabalhos, feitos por técnicos do Legislativo, deverão ter apoio da Controladoria Geral do Município, mas não há prazo para a realização – Takahashi acredita que deve levar cerca de 10 dias até a primeira fiscalização.

Segundo Takahashi, que também é presidente da Comissão de Finanças da Câmara, o relatório da auditoria feita pela Controladoria indica, por exemplo, diferenças em valores arrecadados, nos gastos, inscrições em duplicidade e pagamentos a funcionários em valores diferentes por uma mesma função ou em casos sem comprovação de trabalho.

A maior parte da análise se foca no pagamento de gratificações aos membros da Comissão Organizadora do certame. A auditoria não identificou, por exemplo, valores pagos a três pessoas que não são servidoras municipais e diferença no número de questões anuladas elaboradas por um dos membros.

Além disso, o valor total de pagamentos informado pela Secretaria de Saúde (R$ 22.466,64) é maior do que o identificado ao somar os valores entregues a cada um (R$ 21.347,08).

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Ao analisar as horas extras pagas, a auditoria também identificou que houve membros da Comissão Auxiliar recebendo valores relativos à Comissão Geral; lançamentos de pagamentos relativos a dois concursos e pagamentos a servidores que fizeram trabalhos externos alheios ao concurso.

Os auditores do Legislativo, ao fim do relatório, ressaltaram que os documentos foram encaminhados fora da ordem dos questionamentos da Câmara, sem autenticação e com ausência de documentos e informações. "Diante de todas as observações efetuadas, não é possível chegar à conclusão definitiva dos valores da prestação de contas", consta na conclusão.

O advogado especialista em Direito Administrativo Romeu Bacellar Filho considera a tomada de preços uma medida salutar para coibir casos futuros com irregularidades. "A Câmara tem o dever de fiscalizar, o Tribunal de Contas atua apenas como um auxiliar. Ou seja, é o Legislativo que tem esse poder dentro do município. Mas, hoje, há uma espécie de comodismo e conformismo que deixa a função para o TC", opina.

Saiba Mais- A Câmara de Vereadores pode instaurar "tomada de contas especial", conforme trecho da Lei Orgânica do Tribunal de Contas (TC) do Paraná, "diante da omissão do dever de prestar contas, da não comprovação da aplicação dos recursos, da ocorrência de desfalque ou desvio de dinheiro, bens ou valores públicos, ou ainda, da prática de qualquer ato ilegal, ilegítimo ou antieconômico de que resulte dano ao erário".

A tomada de contas especial, ainda de acordo com a Lei Orgânica do TC, deve apurar os fatos, identificar os responsáveis e quantificar o dano. Provas marcadas por polêmicas

Promovido por meio dos editais 82 e 83 do ano passado, o concurso para a área de saúde previa a contratação de 432 profissionais e teve mais de 13 mil inscritos. A primeira prova foi aplicada em 15 de julho do ano passado. O certame, entretanto, foi anulado após a identificação de que as questões eram semelhantes a provas aplicadas em outros municípios do País. Também houve denúncias de quebra de sigilo na elaboração das provas. Os casos são investigados pelo Ministério Público, que recomendou o cancelamento.

A suspensão deu um prejuízo de R$ 407 mil à prefeitura. Os problemas levaram à instauração uma ação por improbidade administrativa envolvendo o então secretário de Saúde Francisco Eugênio Alves de Souza e 14 servidores municipais. Na sequência, Francisco Eugênio acabou pedindo exoneração do cargo.

Com a anulação, a prefeitura teve de fazer contratações temporárias enquanto as vagas do concurso não eram preenchidas. A MS Concursos, do grupo Sarmento, venceu licitação para elaborar e aplicar uma nova prova, ao custo de R$ 215,1 mil. A empresa já tinha histórico de certames cancelados para o Tribunal Regional Eleitoral de Santa Catarina e para a Polícia Civil do Pará.

Uma nova prova foi aplicada no fim de dezembro, mas a troca de envelopes levou a novo cancelamento do concurso para os cargos de condutor socorrista, técnico de enfermagem em Saúde da Família e técnico da saúde em urgência e emergência. Mais tarde, em janeiro deste ano, a Sarmento confirmou à prefeitura plágio em questões para o cargo de médico da Saúde da Família, que também foi cancelado. Novos testes foram aplicados para as quatro categorias no mesmo mês. (L.F.W.) FHC defende CPI para apurar caso Pasadena Até então, oposição estava reticente quanto à exploração política do caso Folhapress

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São Paulo - O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso defendeu ontem a abertura de uma CPI para investigar as recentes revelações de irregularidades na compra da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos, pela Petrobras.

O PSDB, antes reticente quanto à exploração política do caso, recebeu o aval do ex-presidente para ampliar as apurações além dos "mecanismos do Estado" antes defendidos pela sigla.

À época da compra da refinaria, o conselho da empresa era presidido por Dilma Rousseff, então chefe da Casa Civil. Na semana passada, a presidente admitiu ter aprovado a compra de 50% iniciais de Pasadena.

Por meio de nota, o Planalto disse que só aprovou o negócio porque teve acesso apenas a um parecer "falho", que não mencionava cláusulas importantes do contrato, como esta que levaria a Petrobras a ter de comprar os 100% da refinaria, via judicial.

"Os acontecimentos revelados pela imprensa sobre malfeitos na Petrobras são de tal gravidade que a própria titular da Presidência, arriscando-se a ser tomada como má gestora, preferiu abrir o jogo e reconhecer que foi dado um mau passo no caso da refinaria de Pasadena", disse FHC.

"Embora, antes desse desdobramento eu tivesse declarado que a apuração poderia ser feita por mecanismos do Estado, creio que é o caso de ampliar a apuração. O presidente do PSDB, senador Aécio Neves, conduzirá o tema, em nome do partido, podendo mesmo requerer, com meu apoio, uma CPMI", continuou.

Segundo ele, "é preciso saber porque só depois de tudo sabido foi demitido o responsável pelo parecer que induziu a compra desastrada da refinaria nos Estados Unidos e que relações havia entre o diretor demitido e o que está preso". Apreensões de cocaína crescem quatro vezes mais no Paraná No último quinquênio, volume de apreensões alcançou 10,8 toneladas, 216% a mais do que o apreendido no País entre 2004 e 2008 Lúcio Flávio Moura, Reportagem Local

Um tradicional corredor usado pela logística de distribuição de maconha, o Paraná

tem se firmado também como rota de passagem de cocaína. De acordo com levantamento feito pela FOLHA com base nos balanços de apreensões da Polícia Federal, o Estado saltou de oitavo para sexto colocado no ranking nacional, ultrapassando Rio de Janeiro e Pará. A lista é liderada por São Paulo. Em 2004, foram apreendidos quase 328 quilos da droga no território paranaense, contra 1.779 quilos no ano passado, um crescimento de 442%.

No entanto, o maior indício que o Paraná vive um "boom" na passagem de cocaína pode ser verificado analisando os dados nacionais. Em 2004, o País apreendeu 7,4 toneladas da droga contra 35,7 toneladas em 2013, o ano que marcou o recorde histórico em volume. Ainda assim, o crescimento é de 377%, 65 pontos percentuais mais baixo que a alta paranaense.

A diferença fica ainda mais clara com a comparação entre os dois últimos quinquênios. De 2004 a 2008, foram apreendidas 79,4 toneladas de cocaína no País. No período 2009-2013, o volume alcançou 119,9 toneladas. O aumento foi, portanto, de 50,8%, muito inferior aos 216% do crescimento estadual. A participação do Paraná no total de apreensões também deu um salto, passando de 4,28% do volume tirado de circulação entre 2004 a 2008, contra 9% no quinquênio seguinte.

No balanço nacional das apreensões de maconha, o crescimento entre 2004 e 2013 foi de 45,6%, menos da metade da alta em território paranaense (105%). No cálculo entre os dois últimos quinquênio, o volume de apreensões caiu 6%, de 843,4 para 792,6 – no Paraná subiu 13%.

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Os números também mostram que o ritmo de ocorrências envolvendo cocaína está bem mais acelerado do que as de maconha. A reportagem calculou a diferença de volume de cocaína apreendida em dois períodos de cinco anos (2004 a 2008 e 2009 a 2013). No primeiro quinquênio, foram 3.431 quilos, bem abaixo dos 10.844 quilos do segundo período, aumento de 216%.

Como base de comparação, a quantidade de maconha interceptada pelas forças de segurança em 2013 foi "apenas" 105% maior que a de 2004, passando de 37,3 para 76,5 toneladas. O levantamento também aponta uma certa estabilidade no nível de apreensões de maconha comparando as duas metades do decênio. Na primeira metade, foram 247 toneladas, contra as 280,3 toneladas da segunda metade, alta de 13,3%.

Em relação a maconha, o Paraná manteve em 2013 a mesma segunda colocação registrada em 2004 no rol dos estados onde mais se apreende, encabeçado por Mato Grosso do Sul.

Embora o crescimento no volume apreendido de cocaína tenha sido significativamente maior também nos principais estados do ranking de apreensões, o ritmo paranaense é ainda mais acelerado. No grupo dos 10 estados com mais apreensões, o volume cresceu de 6,3 para 30,9 toneladas, índice de 385%, ou seja, 57 pontos percentuais menor que o incremento paranaense no mesmo período.

No último balanço anual divulgado pela Polícia Federal, em 2012, as delegacias que ficam a menos de 150 quilômetros da fronteira, concentraram as abordagens bem-sucedidas em busca de entorpecentes. Naquele ano, as delegacias de Foz do Iguaçu e de Cascavel recolheram 1.387 quilos de cocaína, mais de 83% do total do Estado. Guaíra apreendeu outros 52,7 quilos, mais que a soma das três maiores cidades do interior, Londrina, Maringá e Ponta Grossa.

No mesmo ano, quase 82% da maconha apreendida também foi interceptada na fronteira, com destaque para Foz do Iguaçu, responsável por mais da metade do volume. Cascavel e Guaíra ocupam os dois outros lugares do pódio de delegacias campeãs de ações bem-sucedidas de combate ao narcotráfico. Presos fazem motim no Norte Pioneiro Atualmente, a cadeia abriga 93 presos onde cabem no máximo 40 Celso Felizardo, Reportagem Local

Santo Antônio da Platina - Um princípio de rebelião foi registrado na madrugada de ontem na carceragem da 38ª Delegacia Regional de Polícia de Santo Antônio da Platina (Norte Pioneiro). Revoltados com a superlotação, os presos arrancaram portas de ferro das grades e quebraram as paredes de uma das alas da prisão. Os policiais de plantão tiveram que acionar o reforço da Equipe da Rotam de Jacarezinho para conter uma provável fuga. A tensão se estendeu por toda a madrugada e só foi contida nas primeiras horas da manhã.

Os policiais e agentes carcerários da Secretaria de Estado de Justiça (Seju) começaram as negociações, mas os detentos exigiram a presença da Juíza da Vara Criminal do Fórum de Santo Antônio da Platina, Maristela Andrade de Carvalho, que ouviu as reivindicações por melhorias na carceragem e transferência de presos condenados para penitenciárias. Atualmente, a cadeia abriga 93 presos onde cabem no máximo 40.

Por volta das 6 horas, a Tropa de Choque da PM fez uma operação para revistar toda a cadeia. Uma das alas teve de ser isolada para reformas. Os presos envolvidos, cerca de 70, terão o crime de dano ao patrimônio público acrescentado às penas. Até a tarde de ontem, a Polícia Civil ainda não tinha contabilizado os prejuízos. Há 25 dias, oito presos fugiram da cadeia usando uma furadeira manual.

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Bem Paraná Disputa política atrapalha debate sobre transporte, diz vereador Para relator da CPI, Bruno Pessuti, rivalidade entre grupos do prefeito Fruet e do governador Beto Richa dificulta soluções consensuais sobre sistema Ivan Santos

A disputa político-eleitoral está contaminando e dificultando a busca de soluções

consensuais entre a prefeitura de Curitiba e o governo do Estado para a questão do transporte coletivo na Capital e região metropolitana. A opinião é do vereador Bruno Pessuti (PSC), relator da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Câmara Municipal que investigou o sistema, e concluiu que a licitação feita em 2010 foi irregular e está na raiz dos problemas enfrentados hoje.

Apesar disso, o parlamentar considera que as decisões tomadas recentemente tanto pela administração do prefeito Gustavo Fruet (PDT) quanto do governador Beto Richa (PSDB), no sentido de congelar o valor da tarifa cobrada do usuário até que os contratos sejam rediscutidos na Justiça são acertadas. E que ao final desse processo será possível realizar um termo de ajustamento de conduta com as empresas de ônibus que poderá desembocar em uma nova licitação, com redução da tarifa e do déficit do sistema. Em entrevista ao Bem Paraná, Bruno Pessuti avalia os últimos acontecimentos em relação a essa questão, que ganhou as ruas a partir das manifestações do ano passado, transformando-se no centro do debate público no País.

Bem Paraná - O que o senhor achou da decisão do prefeito Gustavo Fruet de congelar a tarifa em R$ 2,70?

Bruno Pessuti – Eu particularmente vejo como uma medida acertada. Porque muitas irregularidades citadas não só pela CPI, mas também pelo Tribunal de Contas e até mesmo pela própria auditoria interna da Urbs mostravam que essas irregularidades não poderiam estar sendo cobradas do usuário do transporte. Principalmente a questão dos impostos exclusivos. Sendo que na votação do Tribunal de Contas da medida cautelar, os próprios empresários alegaram, através do seu representante, que era irregular a cobrança dos impostos exclusivos (na tarifa). Da mesma forma da taxa de risco que foi retirada. É absurdo também ser cobrado do usuário. Fazendo uma analogia, seria a mesma coisa que a gente chegar na praça de pedágio e a tarifa subir para R$ 15,40 para R$ 15,60 porque há risco de chover ou da ponte cair. Dessa forma vimos como acertada. A CPI contribuiu, mostrou as irregularidades, e o prefeito proativamente, com o respaldo da CPI, do TCE, tomou essa decisão, dando à Justiça a tarefa de definir se esse contrato é válido ou não. Se a gente está contestando um item do contrato, o contrato inteiro pode ser questionado. Devido a tantos indícios de irregularidades que nós citamos.

BP - Em seu relatório, o senhor já apontava a necessidade de revisão do contrato atual e de realização de uma nova licitação. Acha que tudo o que está acontecendo vai desembocar nisso?

Bruno Pessuti – A gente torce para que isso aconteça. É notório que a licitação não foi completa das questões constitucionais. Primeiramente há uma ilegalidade constatada da falta de parecer jurídico. Isso por si só já poderia anular o contrato. Mas temos que avaliar se a simples anulação do contrato resolve o problema. E aparentemente não resolve o problema, afinal os ônibus têm que continuar rodando.

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Então a gente precisa ter todo um respaldo jurídico, um termo de ajustamento de conduta, para que uma nova licitação seja realizada de acordo com as premissas que a Constituição pede. Impessoalidade, isonomia. E a possibilidade de redução da tarifa. Tribunais / Justiça deveria priorizar decisão sobre ônibus

Bem Paraná - As empresas alegam que a inclusão do imposto de renda na planilha de custos da tarifa está prevista na licitação feita em 2010, e que sua retirada exigiria sua substituição para manutenção da receita e do equilíbrio econômico-financeiro do contrato.

Bruno Pessuti – Primeiro é preciso lembrar que a lei municipal não prevê a inclusão dos impostos exclusivos. O decreto do prefeito também não. Apenas surge esse item no edital. Há uma instrução normativa da Justiça que impede a inclusão de impostos como formação de planilhas para custos. Isso já mostra a ilegalidade do processo. O que remunera as empresas é o capital investido e não a previsão do imposto. A fórmula matemática usada no edital é de para cada um real investido há uma remuneração de 1% ao mês, que dá aproximadamente 12,5% ao ano. Ao longo dos quinze anos do contrato, com essa remuneração, no final eles terão os 8,5% de taxa interna de retorno.

A inclusão desse imposto na expectativa de que ele gerasse lucro mostrasse lesiva ao interesse público, já que de acordo com os balanços financeiros apresentados, elas geraram muito pouco lucro. Eu digo que são possíveis de alteração para que seja até interessante gerar prejuízo contábil, já que você não precisa pagar imposto. O lucro operacional é de mais de R$ 100 milhões ao ano, e se transforma em um prejuízo contábil.

BP - As empresas também alegam que as exclusões determinadas pela prefeitura não levam em conta as ações judiciais em andamento, e que essas ações impedem alterações na planilha antes do julgamento na Justiça?

Bruno Pessuti – Vejo como uma manobra para evitar a alteração desses itens notadamente ilegais que estão colocados na tarifa. Os outros itens que estão sendo questionados haverá sim um processo amplo contraditório, afinal é necessário ouvir todas as partes. Mas esses itens: taxa de risco e impostos exclusivos, não deveriam estar dentro da planilha desde o início. Quanto aos outros, é possível o questionamento, mas entendemos que eles podem ser retirados. Por exemplo, o fundo assistencial deve ser retirado visto que o usuário não é sindicalizado. Não tem ele que remunerar o sindicato.

É uma relação patrão-empregado. A mesma forma o SegBus. É notório no contrato que isso tem que ser pago pelo contratado, não pelo usuário. Mas isso tudo tem que ser visto na Justiça.

BP – Ou seja, o papel da Justiça, nesse momento é preponderante? Bruno Pessuti – Exatamente, é fundamental. Nós estamos dependendo da Justiça.

E sempre lembrar que a Justiça tem que ser rápida, tem que julgar de acordo com a legislação, mas tem que ser rápida.

BP – O senhor acha que o TJ deveria priorizar o julgamento dessa questão, até para evitar que o impasse perdure?

Bruno Pessuti – Com certeza. É uma questão que envolve o interesse de 1,1 milhão de pessoas que utilizam o sistema diariamente. E envolve uma quantia que ultrapassa R$ 1 bilhão ao ano. Então a gente sabe que é necessário que a Justiça faça na sua velocidade para que seja correto, mas de maneira eficiente e mais rápida possível. A população não pode ser prejudicada por um contrato que pode ter sido mal feito na gestão anterior.

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Legalidade / “Urbs não pode fiscalizar e gerir ao mesmo tempo” Bem Paraná - No relatório, entre os itens que o senhor sugeriu a retirada

da planilha está a taxa de administração da Urbs. Isso não prejudicaria a fiscalização do serviço?

Bruno Pessuti – A taxa da Urbs a gente colocou como uma possibilidade. Poderia ser retirada, mas demandaria um esforço muito grande da prefeitura para buscar esses recursos que são aproximadamente de R$ 35 milhões ao ano no Orçamento da cidade.

Se a gente fala do Orçamento da cidade é dinheiro da saúde, da educação, mas também pode ser da publicidade. Nós sugerimos também que outros recursos acessórios do sistema poderia ser colocados, como por exemplo a propaganda nas laterais dos ônibus, que seriam suficientes para remunerar a Urbs. É uma coisa complexa você pensar que a taxa da Urbs, cada vez que a tarifa aumenta a taxa aumenta na mesma proporção da passagem. Eu tenho sugerido ao prefeito que se possibilite um orçamento anual fixo da Urbs, ou que ela mude de empresa de economia mista para autarquia. Ou faz a fiscalização ou faz a gerência. A gente não pode ter a mesma empresa fazendo as duas coisas.

BP – O senhor acha que a questão político-eleitoral está contaminando o debate sobre o transporte coletivo?

Bruno Pessuti – Complica com certeza. É nítido. Não há como negar que no ano de 2012, quando a diferença entre a tarifa técnica e a cobrada dos usuários chegou a 51 centavos, havia um compromisso do governo do Estado de subsidiar a tarifa sem criar confusões ou sem propagandear. Sabendo da necessidade e do papel do governo do Estado no subsídio à região metropolitana. Agora com as reduções do imposto, com a CPI, com todas as coisas que estão sendo feitas a diferença entre a tarifa técnica e a social pode chegar a 10 centavos. A gente sabe que o valor da tarifa social subiu. Mas a diferença tem diminuído drasticamente. Uma soma de esforços, dos governos estadual, federal, e municipal. Isso tem que ser louvado. Todos os governos trabalhando em prol disso. Inclusive até a Câmara Municipal retirou dinheiro do orçamento para aplicar no subsídio ao transporte. Mas a questão política é muito evidente devido aos antagonismos que têm entre a prefeitura e o governo do Estado. O governo do Estado está passando por dificuldades financeiras e as quantias que somam o subsídio são recursos significativos. E ele tem feito a sua parte, está fazendo a pesquisa origem-destino como o início do processo de licitação. A partir do momento em que for possível fazer essa licitação será possível também reduzir a tarifa metropolitana.

BP - A prefeitura de Curitiba e dos demais municípios da RMC cobram do governo do Estado que ele assuma a responsabilidade pelo transporte na região. A licitação já não deveria ter sido feita?

Bruno Pessuti – Acho que não é questão de demorar demais. Talvez esteja acontecendo no tempo certo. A justificativa da licitação em Curitiba de 2010 era de que o Ministério Público havia determinado sua realização até o final do ano. E aconteceu o que aconteceu, uma licitação que nos primeiros três anos gerou tanto prejuízo para a população. O governo do Estado agora, com a Secretaria do Desenvolvimento, a partir do Ratinho Júnior (PSC), está fazendo o estudo de origem-destino que é essencial para saber como funciona o transporte na região metropolitana. Financiamento / “Subsídio é um mal necessário hoje”

Bem Paraná - A médio e longo prazo, a manutenção dos subsídios não cria uma “bola de neve” insustentável e não compromete outros gastos essenciais como saúde e educação? Outras medidas como taxação de veículos de uso individual não deveriam ser estudadas?

Bruno Pessuti – Exatamente isso. Uma das coisas que me sinto motivado é discutir o futuro que nós queremos, não só do transporte, mas da cidade como um todo.

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O subsídio é um mal necessário hoje. Nós não podemos aceitar que a população que anda de ônibus, geralmente com menos condições financeiras, seja responsável por pagar tarifas elevadas. Por isso existe o subsídio. Só que o subsídio é dinheiro da segurança, da saúde, da educação, do remédio. Tudo o que o Estado poderia utilizar para melhorar a qualidade de vida da população como um todo, não só da que está andando de ônibus. Não é vantajoso. Entendemos que deve haver uma nova metodologia de funcionamento. Tem uma proposta que é você modificar a maneira como se cobra o transporte. Eu já sugeri uma tarifa temporal. Sempre falo que uma tarifa mensal, equivalente a R$ 120,00 ou 44 passagens. Um exemplo de como Curitiba ficou para trás é a dificuldade de se obter o cartão de transporte. A lei exige comprovante de residência.

Um turista não tem como adquirir. Na verdade nós temos um pedágio urbano indireto que é o estacionamento. Não seria necessário hoje taxar o transporte individual. Nós temos que criar mecanismos que incentivem a não utilizar o transporte individual.

Bem Paraná - O senhor é candidato às eleições deste ano? Bruno Pessuti – A princípio não. Temos trabalhado pela candidatura do meu pai,

Orlando Pessuti, a governador pelo PMDB. Eu estou em outro partido, mas não escondo de ninguém. Se meu pai conseguir consolidar a candidatura dele a governador não tem sentido eu me candidatar a deputado. Fica uma relação paternalista. Por mais interesse que a gente tenha, tem que esperar a vez. Tenho muito tempo pela frente. Agora se meu pai não for candidato, é possível até que eu tente disputar a eleição.

BP - Seu pai é pré-candidato ao governo pelo PMDB. Caso sua candidatura seja confirmada, como fica a sua posição dentro do PSC, já que o partido tende a apoiar a reeleição do Beto Richa?

Bruno Pessuti – Se o meu pai for candidato a governador eu tenho certeza que meu partido não se oporá a que eu faça parte do palanque dele. Com certeza, pois se trata de uma questão familiar. A questão política, das ideologias, não colocaria a prova na campanha. Caso ele não seja candidato nós teremos liberdade para apoiar qualquer outro candidato.

BP – Nós temos visto reclamações de vereadores em relação à articulação política da administração Fruet. Como o senhor vê a relação entre a Câmara e a prefeitura hoje?

Bruno Pessuti – Como eu sou novo aqui não tenho muito conhecimento dessa relação antes do Gustavo Fruet. O que eu tenho certeza é que o Gustavo é uma pessoa muito correta nas suas atitudes de fazer com que as coisas aconteçam dentro da legalidade. Muito se fala da questão do varejo, do atendimento aos eleitores, dos vereadores que necessitam de uma coisa na comunidade. Eu tenho uma relação diferente com o prefeito. Eu me sinto vereador da cidade como um todo. Eu não tenho um bairro específico, um nicho político específico. Dessa forma eu não preciso dessas demandas mais localizadas. Caso Carli Filho / Defesa apresenta novo recurso ao TJ-PR

A Primeira Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Paraná (TJ-PR) deve julgar novo recurso no caso do ex-deputado Luiz Fernando Ribar Carli Filho. A defesa do ex-deputado ingressou com recurso de embargo de declaração, objetivando modificar os termos da última decisão que determinou a remessa do caso para julgamento pelo júri popular.

Este recurso da defesa pode ser julgado amanhã ou em seções posteriores, pela mesma Primeira Câmara Criminal e pelo relator desembargador Telmo Cherem. O advogado Criminalista Elias Mattar Assad, que funciona no processo como assistente da acusação pela família da vítima Gilmar Rafael Yared, declarou que o recurso tem cunho meramente protelatório e que a decisão de júri popular não deve mudar.

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Questão de Direito / NPJ da Estácio Curitiba assina convênio com Juizado Especial Cível de Pinhais e Colombo

O Núcleo de Prática Jurídica (NPJ) da Estácio Curitiba firmou convênio com o Juizado Especial Cível das cidades de Pinhais e de Colombo, para que os alunos do curso de Direito prestem atendimento aos moradores dessas cidades, em questões jurídicas de menor complexidade.

o Juizado Especial Cível são atendidos casos de pessoas com rendimento de até 20 salários mínimos. Embora as causas nesta faixa não necessitem da representação por advogado, os estudantes de direito irão orientar as pessoas para que suas reclamações sejam formuladas de maneira mais clara e de acordo com as normas legais.

Estácio Curitiba proporcionará aos seus estudantes do 9.º e 10.º períodos a oportunidade de uma importante experiência profissional, que será muito útil quando eles ingressarem no mercado de trabalho. Através deste convênio, os alunos irão fornecer orientação jurídica, esclarecer as partes sobre documentação, redigir petições, etc. Tudo para que os processos possam ser mais céleres e eficazes para as partes.

Segundo Cristiane Castro, coordenadora do NPJ da Estácio Curitiba, “na maioria dos casos são pessoas sem o conhecimento jurídico e que buscam a tutela jurisdicional muitas vezes sem saber exatamente esclarecer qual é sua pretensão. Logo, a atividade desenvolvida pelos acadêmicos é de fundamental importância para quem não tem condições de contratar advogado particular”, “Com esta parceria nossos alunos estarão contribuindo para a sociedade, além de aprender na prática como agir no dia a dia como um profissional da área jurídica”, completa. Questão de Direito / A conduta e o direito penal / A casa caiu! Jônatas Pirkiel

Esta expressão, muito utilizada na atividade policial como “jargão” (palavra de difícil compreensão para quem não faz parte do meio onde é falado), para dizer que tudo foi descoberto, poderá ser utilizada agora em razão da descoberta da “maior fraude jamais vista no Brasil”, quem sabe no mundo, e envolve a Petrobrás. A maior e mais querida empresa da nossa economia, pois sempre foi sinônimo da capacidade brasileira e do sonho de auto-suficiência.

Na semana que passou, a imprensa brasileira, de modo geral, repercutiu a realização de um negócio da “china” realizado pela Petrobrás e que deve representar um prejuízo de mais de 1 bilhão de dólares. O assalto aos cofres públicos nos casos dos anões do orçamento, do mensalão, até somando os outros escândalos secundários, na realidade é coisa de “ladrão de galinha”.

O golpe consistiu na compra de uma refinaria no Texas (Estados Unidos) pela empresa “Astra Oil”, em 2005, pela “bagatela” de 42 milhões de dólares. No ano seguinte, a empresa compradora vende, só a metade desta “coisinha”, pela “bagatela” de 360 milhões de dólares para a “nossa” Petrobrás, com a obrigação contratual de que a mesma Petrobrás comprasse a outra metade. Como estava no contrato, foi obrigada a comprar, em 2012, a outra metade também pela “bagatela” de 820 milhões de dólares.

Negócio da “lua” para a “Astra Oil”, particularmente quando o mercado afirma que esta “coisinha” não vale mais que 180 milhões de dólares.

O interessante é que o negócio foi aprovado pela presidenta do Conselho de Administração da Estatal, è época ministra chefe da Casa Civil, Dilma Roussef. Um prejuízo de mais de 1 bilhão de dólares. Mas de1 bilhão de dólares. É tão odioso, que poderíamos ir dormir e passar a noite toda repetindo: 1 bilhão de dólares.

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Quem responderá por isto???? Talvez o porteiro ou o vigia da Petrobrás. Quem vai ser preso neste caso, como ocorreu no caso da compra de parte do banco do Silvio Santos pela Caixa Econômica (outro negocinho da china)? Ninguém, ninguém e ninguém.

O caso vai ser apurado no congresso? Ia, Mas a coisa já foi acertada e os honrados parlamentares agora acham que não há mais necessidade...

Vamos depositar, como brasileiros, todas as nossas esperanças no Ministério Público Federal, que já vem investigando o caso. Depois, se tudo caminhar como deve, se alguma autoridade com “foro” bastante privilegiado, o caso vai para a mais “alta apreciação” do Supremo Tribunal Federal.

Diante de tudo isto, e depois que tudo isto se confirmar, vamos continuar acreditando que a Justiça no Brasil é efetivamente para p.n. e p.!!!