Gemaa_A Cara Do Cinema Nacional LER URGENTE

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  • 6/A Cara do Cinema Nacional:

    gnero e cor dos atores, diretores e roteiristas dos filmes brasileiros

    (2002-2012)Marcia Rangel Candido

    Gabriella Moratelli Vernica Toste Daflon

    Joo Feres Jnior

    textos paradiscusso

    Grupo de Estudos Multidisciplinaresda Ao Afirmativa

  • Expediente

    Universidade do Estado do Rio de Janeiro - UERJ

    Instituto de Estudos Sociais e Polticos IESP

    Grupo de Estudos Multidisciplinares da Ao Afirmativa

    gemaa.iesp.uerj.br

    [email protected]

    Coordenadores

    Joo Feres Jnior

    Luiz Augusto Campos

    Pesquisadores Associados

    Marcia Rangel Candido

    Veronica Toste Daflon

    Assistentes de pesquisa

    Gabriella Moratelli

    Thyago Simas

    Leandro Guedes

    Capa, layout e diagramao

    Luiz Augusto Campos

  • textos para discusso do gemaa / ano 2014 / n. 6 / p. 2

    6/ textos para discusso gemaa A Cara do Cinema Nacional: gnero e cor dos atores, diretores e roteiristas dos filmes brasileiros (2002-2012)

    Marcia Rangel Candido Pesquisadora IESP-UERJ

    Gabriella Moratelli Pesquisadora IESP-UERJ

    Vernica Toste Daflon Pesquisadora IESP-UERJ

    Joo Feres Jnior Professor IESP-UERJ

    Este texto discute a questo da diversidade na produo cinematogrfica brasileira. Para termos uma compreenso da distncia entre estatuto legal e realidade, primeiro apresentamos um levantamento da legislao existente no tocante incluso dos negros na produo audiovisual. Em seguida, a partir de uma anlise quantitativa dos filmes nacionais de maior bilheteria entre 2002 e 2012, estabelecemos a distribuio das funes de direo, roteirizao e atuao, de acordo com as variveis cor e gnero. O objetivo principal constatar quais so os agentes construtores da representao e como ela construda.

    Os estudos sobre o cinema brasileiro que se ocupam das questes de cor e

    gnero frequentemente concedem preferncia descrio de personagens e

    abordagem de filmes especficos. O presente texto busca contribuir para o

    debate sobre representao a partir de um recorte diferente, que d tratamento

    quantitativo a um corpus composto por filmes brasileiros que conquistaram

    maior bilheteria no pas ao longo da ltima dcada. Ao optar pelo presente

    escopo de pesquisa, procuramos caracterizar a produo nacional que obteve

    mais difuso comercial nos ltimos anos. Partimos de duas questes centrais:

    h diversidade nos processos de criao dos filmes? Os diferentes grupos sociais

    encontram-se representados nessas produes? Entende-se aqui que o cinema

    um espao a partir do qual se difundem padres estticos e costumes que

    ajudam a formar a percepo das pessoas sobre o mundo e sobre si mesmas

    (Kellner, 2001). Embora no se possa negar a possibilidade de agncia dos

    indivduos, necessrio atentar para as formas simblicas que participam em

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    sua formao. Se h uma linha tnue entre representaes, formao de valores

    e de expectativas sociais, a democratizao dos espaos e, em particular, da

    mdia de suma importncia para que os sujeitos possam obter estima social,

    elemento constitutivo da integridade humana. Afinal, como assinala Axel

    Honneth (1992), a introjeo pelo sujeito de uma imagem negativa de si mesmo

    limita sua capacidade de se constituir como igual perante seus parceiros de

    interao social. Nesse sentido, a constatao de que existe um monoplio na

    produo de representaes por um grupo majoritariamente branco, de elite e

    do gnero masculino sugere que os meios audiovisuais operam como uma caixa

    de ressonncia das ideias de um grupo dominante e, portanto, difundem

    esteretipos e representaes enviesadas das vivncias de outros grupos sociais.

    Em outras palavras, eles hipoteticamente funcionam como uma pedagogia da

    inferioridade e da hierarquia social, emprestando-lhes um aspecto de

    naturalidade e legitimidade aos olhos de quem quer que consuma seus

    produtos, no caso aqui, filmes.

    O debate sobre representao e diversidade na cultura tema amplamente

    explorado pelas cincias humanas. Regina Dalcastagn (2007), por exemplo,

    demonstrou como o campo literrio se configura como um espao de

    excluso1, no qual homens brancos so maioria, seja entre personagens ou

    autores. Do mesmo modo, em nosso estudo sobre o campo do cinema,

    buscamos dar centralidade s categorias de raa e gnero, visando a identificar

    os grupos mais expostos a excluses e sub-representao.

    O cinema brasileiro se configurou historicamente como um campo pouco

    diverso. No temos aqui o objetivo de expor sua histria de modo exaustivo, seja

    do ponto de vista das relaes raciais, seja do ponto de vista de gnero. Contudo,

    vale ressaltar alguns momentos a ttulo de ilustrao. O trabalho de Noel dos

    Santos Carvalho (2005) demonstra como o negro esteve historicamente exposto

    a um papel de subalternidade, no obtendo protagonismo e tampouco uma

    1 DALCASTAGN, Regina. A auto-representao de grupos marginalizados: tenses e estratgias na narrativa contempornea. Letras de Hoje, Porto Alegre, v.42, n.4, p.18-31, dezembro 2007. Disponvel em: < http://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/fale/article/view/4110/3112>. Acesso em: 28 de julho de 2014.

  • textos para discusso do gemaa / ano 2014 / n. 6 / p. 4

    participao significativa na produo cinematogrfica. Na poca do cinema

    mudo, final do sculo XIX e comeo do sculo XX, negros s apareciam nas

    filmagens como figurantes acidentais. A partir do desenvolvimento da tcnica de

    decupagem, isto , a diviso de uma cena em planos, o cinema se embranqueceu

    ainda mais, pois agora era tecnicamente possvel introduzir cortes e, assim,

    eliminar imagens indesejadas de negros, pobres, indgenas, entre outros, nos

    processos de montagem (Carvalho, 2005).

    Isso permitiu que o ideal de embranquecimento da populao fosse transposto

    para as telas. Em torno da dcada de 1950, o gnero da chanchada introduziu a

    representao do negro, mas na forma de uma caricatura exotizada e

    estereotipada (Carvalho, 2005). No mesmo perodo, com inspirao no sucesso

    das chanchadas, mas buscando se dissociar daquilo que percebia como

    vulgaridade, a burguesia paulistana direcionou investimentos para a construo

    de uma cultura que se espelhasse na produo europeia e fosse acessvel elite.

    A Companhia Vera Cruz nasceu desse desejo e deu preferncia contratao de

    diretores estrangeiros ou brasileiros que haviam trabalhado no exterior (Stam,

    1997). A idealizao da branquidade foi central na produo da Vera Cruz, que

    era flagrantemente racista (Carvalho, 2005). Antes de fechar as portas, a

    empresa ainda tentou popularizar a temtica de seus filmes, por vislumbrar

    chances de maior sucesso comercial (Stam, 1997).

    O marco que representou um avano na mudana na representao dos negros

    foi o Cinema Novo, desenvolvido a partir de uma perspectiva de esquerda,

    durante a dcada de 1960. Esse cinema configurou-se como antirracista e como

    fundador de uma nova representao, contrria aos esteretipos dominantes do

    negro (Carvalho, 2005). A despeito disso, h quem aponte para uma falta de

    enfrentamento da ideologia do branqueamento que pairava no contexto

    nacional, pois foram poucos os filmes que romperam com a esttica dominante

    (Arajo, 2006). Se houve avanos na incluso de atores e atrizes negros, este

    avano no se estendeu s funes de direo e roteiro, que permaneceram nas

    mos de realizadores brancos (Carvalho, 2005). No que toca perspectiva de

    gnero, a participao feminina continuou sendo irrisria (Alves et al; 2011).

  • textos para discusso do gemaa / ano 2014 / n. 6 / p. 5

    Com o golpe de 1964, as mudanas que estavam em curso foram em parte

    estancadas, ainda que na dcada de 1970 tenha havido no Brasil uma influncia

    difusa dos movimentos sociais negros norte-americanos e africanos (Carvalho,

    2005). Tambm nesta dcada, a representao da mulher comeou mudar, em

    conjunto com outros valores sociais que marcam uma mudana cultural mais

    ampla (Alves et al; 2011).

    Segundo dados do IBGE (2010), 22% dos brasileiros so do sexo masculino e de

    cor branca, 26% do sexo masculino e de cor parda ou preta, 24% do sexo

    feminino e de cor branca e 27% do sexo feminino e de cor preta ou parda. A

    despeito da diversidade da populao, os espaos de representao que possuem

    mais visibilidade permanecem fechados ao monoplio de grupos minoritrios.

    Nas telenovelas da Rede Globo transmitidas entre os anos de 1993 e 1997,

    apenas 7,9% dos 830 atores eram de cor preta ou parda. O padro de excluso

    foi verificado tambm na publicidade: do total de 1.204 modelos que figuraram

    em anncios publicitrios veiculados pela Revista Veja entre 1994 e 1995,

    somente 6,5% eram negros. Durante esse mesmo perodo, os anncios presentes

    na Revista Nova, voltada para o pblico feminino, apresentaram apenas 4% de

    modelos pretos e pardos (DAdesky apud Telles, 2004).

    Ao examinar a situao de desigualdade de gnero no cinema brasileiro em

    perspectiva histrica, Paula Alves et al. (2011) identificam uma participao

    diminuta das mulheres em cargos de direo e roteiro ao longo do tempo,

    embora tenha havido uma trajetria de crescimento nos ltimos anos. Segundo

    Alves et al., ao entrarem em contato com o cinema como consumidoras, as

    mulheres foram expostas ao olhar masculino dominante que as colocava em

    uma posio objetificada e mercantilizada. No entanto, esta anlise permanece

    alheia questo racial.

    O presente estudo se prope a cobrir essa lacuna ao levar em conta as duas

    variveis, raa e gnero, na anlise da produo cinematogrfica brasileira

    comercial. Primeiro, elencaremos a legislao existente sobre a incluso dos

    negros nos espaos de representao. Em seguida, apresentaremos a

  • textos para discusso do gemaa / ano 2014 / n. 6 / p. 6

    metodologia de pesquisa empregada. Por fim, discutiremos os dados gerados e

    as concluses.

    Legislao e igualdade racial

    Leis municipais. A partir de um mapeamento, encontramos um total de nove

    leis municipais que tm por objetivo ampliar a representao dos negros na

    mdia audiovisual. Destas nove, apenas cinco leis estabelecem efetivamente

    cotas de representao. A obrigatoriedade de observncia de tais cotas, por sua

    vez, recai apenas sobre agncias e produtoras independentes contratadas por

    prefeituras, o que exclui produtoras e agncias privadas. Isso significa que as

    poucas leis existentes que estipulam cotas de representao no audiovisual

    recaem apenas sobre a produo independente, que no est vinculada aos

    grandes estdios e tampouco s grandes distribuidoras. Em outras palavras, as

    leis, alm de escassas, no atingem o cinema comercial. A nica lei que

    contempla ambas as formas de produo a n 3.269, de 30 de agosto de 2011,

    sancionada na cmara do municpio do Rio de Janeiro, e que determina a

    incluso de no mnimo 40% de artistas e modelos negros na elaborao e

    produo de filmes subvencionados ou coproduzidos pela Prefeitura.

    Leis estaduais. Na esfera estadual encontramos trs leis. Duas so estatutos de

    promoo da igualdade racial sancionados pelos governos do Rio Grande do Sul

    (2011) e da Bahia (2014). Tais normas contm artigos quase idnticos aos do

    Estatuto da Igualdade Racial2 aprovado em mbito federal em 2010. Assim

    como ocorre com a maior parte das leis municipais, os artigos so voltados para

    a esfera pblica e, ao se referirem promoo de igualdade de oportunidades,

    utilizam redao vaga e inespecfica, como fica exemplificado nos excertos:

    assegurar igualdade de representao (...); adotar a prtica de conferir

    oportunidades; assegurar a representao justa e proporcional dos diversos

    segmentos raciais da populao. Mesmo quando se tenta estabelecer

    parmetros quantitativos para esta participao, so utilizados termos genricos

    que, como mostra Silva (2010) ao analisar a trajetria do Estatuto da Igualdade

    2 No se pretende com essa informao diminuir a importncia regional do avano e da promoo do debate pblico sobre o tema da igualdade racial. Porm, constatou-se que houve poucas mudanas nos textos destes estatutos comparando-se ao que foi formulado na esfera federal.

  • textos para discusso do gemaa / ano 2014 / n. 6 / p. 7

    Racial federal, possuem carter mais autorizativo do que impositivo. Vejamos o

    artigo 20 do Estatuto da Igualdade Racial do Rio Grande do Sul:

    A idealizao, a realizao e a exibio das peas publicitrias veiculadas pelo Poder Pblico devero observar percentual de artistas, modelos e trabalhadores afrodescendentes em nmero equivalente ao resultante do censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica - IBGE - de afro-brasileiros na composio da populao do Rio Grande do Sul (Rio Grande do Sul, 2011).

    Leis federais. Na esfera federal, o Estatuto da Igualdade Racial, sancionado em

    20 de julho de 2010, representou um avano importante de atendimento s

    demandas do movimento negro no Brasil. A elaborao deste estatuto teve como

    ponto de partida o Projeto de Lei n 3.198/2000, proposto pelo senador Paulo

    Paim e elaborado em colaborao com o movimento negro, seguido por dois

    substitutivos (Silva, 2010)3. No que diz respeito participao de artistas negros

    em filmes, programas e peas publicitrias, o estatuto determina, em seu artigo

    44, que devam ser garantidas oportunidades iguais a atores, figurantes e

    tcnicos negros, sendo vedada toda e qualquer discriminao de natureza

    poltica, ideolgica, tnica ou artstica (Brasil, 2010). Acrescenta ainda, em seu

    artigo 46, a necessidade de incluir clusulas de participao de artistas negros

    nos contratos de realizao de filmes, programas ou quaisquer outras peas de

    carter publicitrio (Brasil, 2010). No entanto, o estatuto no estabelece um

    percentual ou uma proporo especfica. No Grfico 1 podemos ver como as

    proposies de leis se distribuem pelas esferas de governo.

    Grfico 1: Quantidade de leis sobre representao visual dos negros propostas em cada esfera de governo, com destaque para cotas

    3 Os substitutivos foram: PL n 213/2003 e o PL n 7.720/2010.

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  • textos para discusso do gemaa / ano 2014 / n. 6 / p. 9

    Tabela 1: Sntese das leis de promoo da diversidade na mdia e na produo cinematogrfica

    4 Em seu artigo 2 determina que consideram-se pessoas afrodescendentes as que se enquadram como negros, pardos ou denominao equivalente, conforme classificao adotada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica.

    Categoria Local Data Nmero Direo Objetivo

    Municipal Vitria 02/05/1995 4193 Agncias de publicidade e produtores independentes contratadas pela Prefeitura. Assegurar a pluralidade tnica na idealizao de

    comercial e anncio.

    Municipal Rio de Janeiro 15/05/1995 2325 Agncias de publicidade e produtores

    independentes contratados pela Prefeitura. COTAS: incluso de 40% dos artistas e modelos negros na realizao de comercial ou anncio.

    Municipal Belo Horizonte 17/11/1995 6979 Agncias de publicidade e produtores

    independentes contratados pela Prefeitura. COTAS: incluso de 40% de modelos negros em

    filmes e demais peas publicitrias.

    Municipal So Paulo 13/06/1997 12353 Agncias de publicidade e produtores

    independentes contratados pela Prefeitura do Municpio.

    Incluir artistas e modelos negros na realizao de comercial ou anncio.

    Municipal Rio de Janeiro 30/08/2001 3269 Filmes subvencionados ou coproduzidos pela

    Prefeitura. COTAS: incluso de 40% de atores e modelos

    negros na realizao de filmes.

    Municipal So Mateus 16/09/2003 241 Agncias de publicidade e produtores

    independentes contratados pela Prefeitura. Assegurar a pluralidade tnica na realizao de

    comercial ou anncio.

    Municipal Campinas 13/12/2004 12156 Empresas que participarem de licitaes e

    concorrncias promovidas pela Administrao Municipal.

    COTAS: observar a cota mnima de atores e modelos afrodescendentes4 nas peas

    publicitrias.

  • textos para discusso do gemaa / ano 2014 / n. 6 / p. 10

    5 Institui o Estatuto da Igualdade Racial no Estado do Rio Grande do Sul.

    Municipal Joinville 09/06/2005 5229 Agncias de publicidade e propaganda contratadas pelo Poder Executivo Municipal. COTAS: incluso de no mnimo 20% de artistas negros na realizao de comercial ou anncio.

    Municipal Cricima 02/12/2010 5709 Agncias de publicidade e/ou produtores independentes, contratados pelos rgos

    pblicos municipais.

    COTAS: incluso de no mnimo 20% de artistas e modelos negros da idealizao e realizao de

    comercial ou anncio.

    Estadual Esprito Santo 23/06/2005 8062 Agncias de publicidade e produtores

    independentes, contratados pelo Governo do Estado.

    COTAS: incluso de no mnimo 40% de artistas e modelos negros na realizao de comercial ou

    anncio.

    Estadual Rio

    Grande do Sul

    2011 136945 Poder Pblico (artigo 20).

    Observar percentual de artistas, modelos e trabalhadores afrodescendentes em nmero

    equivalente ao resultante do censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica - IBGE - de

    afro-brasileiros na composio da populao do Rio Grande do Sul na idealizao, realizao e

    exibio das peas publicitrias.

    Estadual Rio

    Grande do Sul

    2011 13694 Emissoras de televiso e salas cinematogrficas (artigo 22).

    Adotar a prtica de conferir oportunidades de emprego para atores, figurantes e tcnicos

    negros, sendo vedada toda e qualquer discriminao de natureza poltica, ideolgica,

    tnica ou artstica na produo de filmes, programas e peas publicitrias.

  • textos para discusso do gemaa / ano 2014 / n. 6 / p. 11

    6 Institui o Estatuto da Igualdade Racial e de Combate Intolerncia Religiosa no Estado da Bahia. 7 Institui o Estatuto da Igualdade Racial

    Estadual Rio

    Grande do Sul

    2011 13694 rgos e entidades da Administrao Pblica Estadual (artigo 23).

    Tonar possvel a incluso de clusulas de participao de artistas negros nos contratos de

    realizao de filmes, programas ou quaisquer outras peas de carter publicitrio nos termos

    da Lei Federal n. 12.288/2010.

    Estadual Bahia 2014 131826

    Poltica de comunicao social do Estado e publicidade dos atos, programas, obras, servios

    e campanhas institucionais do Estado (artigo 60).

    Assegurar a representao justa e proporcional dos diversos segmentos raciais da populao nas peas institucionais, educacionais e publicitrias, observando-se o percentual da populao negra

    na composio demogrfica do Estado.

    Estadual Bahia 2014 13182 Emissoras pblicas estaduais de teledifuso e radiodifuso (artigo 61).

    Desenvolver programao pluralista, assegurar a divulgao, valorizao e promoo dos diversos

    segmentos tnico-raciais, religiosos e culturais do Estado.

    Federal Brasil 20/07/2010 122887 Emissoras de televiso e salas cinematogrficas (artigo 44).

    Adotar a prtica de conferir oportunidades de emprego para atores, figurantes e tcnicos

    negros, sendo vedada toda e qualquer discriminao de natureza poltica, ideolgica,

    tnica ou artstica.

    Federal Brasil 20/07/2010 12288

    rgos e entidades da administrao pblica federal direta, autrquica ou fundacional, as

    empresas pblicas e as sociedades de economia mista federais (artigo 46).

    Incluir clusulas de participao de artistas negros nos contratos de realizao de filmes,

    programas ou quaisquer outras peas de carter publicitrio.

  • textos para discusso do gemaa / ano 2014 / n. 6 / p. 12

    A partir da coleta de dados do contedo das leis municipais, estaduais e

    federais, observamos que houve uma evoluo maior nos estados e municpios

    do que na esfera federal. Entretanto, em nenhuma das esferas houve avano

    efetivo no que diz respeito interveno na mdia de carter privado. Ao no

    estipularem cotas, metas e/ou quantidades especficas, optando pelo uso de

    termos genricos, as leis do liberdade para que cada empresa, agncia ou

    produtora, defina por si o contingente de negros nas suas produes, o que

    contribui para a baixa efetividade dessas normas.

    A cara do cinema brasileiro Metodologia

    A metodologia do trabalho consistiu em uma anlise descritiva dos filmes de

    maior bilheteria do cinema brasileiro entre 2002 e 2012. Para tal, foram usadas

    como fonte de pesquisa as listagens anuais que a Agncia Nacional do Cinema

    (Ancine) divulga em seu website (http://www.ancine.gov.br/). O recorte

    estabelecido contemplou os 20 filmes que obtiveram maior bilheteria em cada

    ano8, excluindo os documentrios e os filmes infantis, o que totalizou um corpus

    de 218 longas-metragens.9 Tambm empregamos uma classificao mais

    abrangente com outros critrios como ambientes10 de locao, regies11 e idade

    dos atores e atrizes. Contudo, o presente texto se concentrar em algumas

    variveis especficas. Analisaremos as caractersticas dos diretores, roteiristas e

    atores/atrizes, que foram classificados segundo seu gnero feminino e

    masculino - e cor.

    Para definir a primeira varivel, optamos pelo conceito de gnero, segundo o

    qual o feminino e o masculino so produtos de construes sociais e no

    necessariamente do sexo biolgico. Com respeito varivel de cor, utilizamos a

    heteroidentificao racial, ou seja, o grupo de cor de cada sujeito pesquisado foi

    aferido pelos prprios pesquisadores. Para classificar a cor, utilizamos as

    8 Com exceo para o ano de 2012, onde ao retirar os filmes infantis e os documentrios, s foram computados 18 filmes. 9 O filme 5 X favela foi retirado da amostra por ser um outlier, ou seja, por ter um nmero incomum de diretores, roteiristas e atores. 10 Os ambientes foram divididos entre: urbano, rural, rea indgena, serto, favela e asfalto. 11 As regies classificadas foram: Norte, Nordeste, Centro-Oeste, Sudeste e Sul.

  • textos para discusso do gemaa / ano 2014 / n. 6 / p. 13

    categorias do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica (IBGE): branca,

    preta, parda, amarela e indgena.12 A cartela de cor da Pesquisa Social Brasileira

    (Almeida et al, 2002) serviu como parmetro para que os codificadores da

    pesquisa categorizassem a cor dos atores, roteiristas e diretores dos filmes, cujas

    fotografias foram obtidas em pesquisa na internet. Ocupamo-nos no apenas

    dos protagonistas, mas tambm do elenco principal dos filmes, selecionando

    atores e atrizes que tivessem algum tipo de destaque nos trailers, sinopses13 ou

    cartazes de divulgao dos filmes. Alm disso, foi dada ateno para a questo

    da heteronormatividade entre os personagens, isto , buscamos verificar se h

    espao para a representao de orientaes sexuais diversas. O objetivo geral

    aqui proposto mostrar quem so os agentes construtores da representao e

    quem so os indivduos construdos por ela, buscando constatar se h

    diversidade em ambos os quesitos.

    Resultados

    A presente pesquisa se prope a verificar se os padres de excluso de raa e

    gnero verificados na televiso se repetem no cinema brasileiro comercial. A

    srie de grficos que se segue apresenta os percentuais de participao de

    homens e mulheres, negros e brancos no cinema. Examinamos as funes de

    direo, roteirizao e, por fim, a de atuao, observando a distribuio dos

    indivduos por gnero e cor. Uma rpida anlise da correlao entre o cargo de

    diretor e os gneros cinematogrficos dos filmes permite tambm verificar se h

    vis na presena de diretores e diretoras conforme o tipo de filme em questo.

    1) Diretores

    O diretor ocupa o cargo mais prestigioso dentro da produo de um filme e

    tambm considerado o principal criador da obra cinematogrfica. O Grfico 2,

    que expe as frequncias relativas de diretores dos gneros masculino (86,3%) e

    feminino (13,7%), demonstra que h um vis muito desfavorvel s mulheres.

    Em termos gerais, isso significa que ainda que as mulheres estejam presentes

    nas telas de cinema, elas esto mormente em uma posio de objetos de

    12 OSRIO, 2003. P. 7 13 O site usado como fonte para as sinopses foi o http://www.cineclick.com.br/

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    e a cor dos

    7% dos dire

    a, o que exp

    centual de

    por seu tur

    em conjun

    o dos film

    F

    1%

    Pret

    text

    upam lu

    diretores

    s diretores

    etores tm

    pressa uma

    diretores

    rno, mostr

    nto, constat

    mes de ma

    13,7%

    eminino

    % 1%

    ta Par

    tos para disc

    ugar mino

    segundo o

    F

    expostos n

    m cor branca

    a disparida

    segundo a

    F

    ra que qua

    ta-se a to

    aior bilhete

    %

    97

    rda Bra

    cusso do ge

    oritrio

    o gnero

    onte: GEMAA

    no Grfico

    a, 1% cor a

    ade extrem

    a cor

    onte: GEMAA

    ando as va

    otal exclus

    eria.

    86,3%

    Masculi

    7%

    anca Am

    emaa / ano

    na const

    A, a partir de

    3, abaixo,

    amarela e s

    mamente ac

    A, a partir de

    ariveis g

    o das mu

    %

    no

    1%

    marela

    2014 / n. 6 /

    truo de

    e dados da A

    so ainda

    somente 2%

    centuada.

    e dados da A

    nero e cor

    ulheres pre

    / p. 14

    essas

    Ancine.

    mais

    % cor

    Ancine.

    r so

    etas e

  • Grf

    2) G

    Dete

    form

    uma

    e qu

    filme

    No c

    aps

    roma

    Grf

    com

    fico 4: Perc

    neros Cin

    erminar o

    matao qu

    a tipologia

    ue se desen

    es preexist

    caso dos fi

    s excluso

    ance, ao

    fico 5 pod

    dia e rom

    0

    centual de

    nematogrf

    gnero de

    ue dada

    de persona

    nrola em u

    tentes que

    ilmes brasi

    o dos infa

    o, aventur

    demos cons

    mance.

    0% 1%

    Preta

    text

    diretores

    ficos

    e um filme

    ao enredo

    agens num

    m contexto

    formam o

    ileiros de m

    antis e do

    ra, policial

    statar a pr

    0% 1%

    Parda

    Femin

    tos para disc

    segundo o

    F

    e consiste

    o. Um gn

    m padro d

    o familiar.

    o gnero e

    maior bilh

    os docume

    l, suspens

    redominn

    1%

    a

    nino M

    cusso do g

    o gnero e

    onte: GEMAA

    em catego

    nero cinem

    e narrativa

    . Ele se rel

    criam um

    heteria, os

    entrios, f

    e, fico

    ncia do g

    13%

    84%

    Branca

    Masculino

    emaa / ano

    a cor

    A, a partir de

    oriz-lo de

    matogrfico

    a relativam

    laciona com

    mundo fic

    gneros m

    foram: dra

    cientfica

    nero dram

    1% 0

    Amare

    2014 / n. 6 /

    e dados da A

    e acordo co

    o se define

    mente previ

    m um grup

    ccional com

    mais incide

    ama, com

    e musical

    ma, seguid

    0%

    ela

    / p. 15

    Ancine.

    om a

    e por

    isvel

    po de

    mum.

    entes,

    mdia,

    l. No

    do de

  • Grfcinem

    Pesq

    signi

    femi

    docu

    cient

    difer

    atrib

    categ

    obse

    Bras

    Os f

    pesq

    Prev

    mulh

    Grf

    fic

    restr

    fico 5: Percmatogrfic

    quisas rea

    ificativa e

    inino ou m

    umentrios

    tfica. Isso

    rentes gn

    buies en

    gorizamos

    ervar se es

    sil.

    filmes de

    quisa perte

    visivelment

    heres foram

    ficos 6 dem

    o cientfic

    ries sua

    Fi

    centuais deco (2002-2

    alizadas no

    ntre os g

    masculino p

    s, dramas

    o atribu

    neros cinem

    nviesada po

    os filmes

    sse mesmo

    maior bil

    encem maj

    te, dentre

    m esses os

    monstra qu

    ca teve um

    a participa

    Dra

    Com

    Roma

    A

    Avent

    Poli

    Suspe

    co Cient

    Musi

    text

    e filmes br012)

    os Estado

    neros dos

    para dirigi-

    e anima

    do tanto

    matogrfic

    or preconc

    da nossa

    o vis se r

    heteria no

    oritariame

    e os filme

    s gneros c

    ue nenhum

    ma mulher

    ao nessas

    3%

    1%

    1%

    1%

    0%

    0%

    ama

    dia

    nce

    o

    tura

    cial

    nse

    fica

    cal

    tos para disc

    rasileiros d

    F

    s Unidos

    s filmes e

    -los. As mu

    es do qu

    quantida

    cos como

    ceitos sexi

    a amostra

    repete na

    o Brasil n

    ente aos g

    es dirigido

    cinematog

    m filme de

    r como di

    s reas, tal

    7%

    %

    cusso do g

    e maior bi

    onte: GEMAA

    demonstr

    e a escolh

    ulheres tm

    ue filmes d

    ade de rec

    tambm p

    stas (Klos,

    em gnero

    produo

    na dcada

    neros dra

    os tanto

    grficos pre

    ao, aven

    retora, o

    como ocor

    31%

    emaa / ano

    lheteria po

    A, a partir de

    ram haver

    a de pess

    m mais cha

    de ao, h

    cursos mob

    por uma d

    , 2013). E

    os cinemat

    de longas

    analisada

    ama, com

    por home

    edominant

    ntura, polic

    que pode

    rre nos Est

    5

    2014 / n. 6 /

    or gnero

    e dados da A

    r uma rel

    soas do g

    ances de d

    horror e f

    bilizados p

    distribui

    Em razo d

    togrficos

    s-metragen

    pela pres

    dia e roma

    ens como

    tes. Contud

    cial, suspen

    ser indci

    tados Unid

    55%

    / p. 16

    Ancine.

    lao

    nero

    irigir

    fico

    pelos

    o de

    disso,

    para

    ns no

    sente

    ance.

    por

    do, o

    nse e

    io de

    dos.

  • Grafdiret

    3) Ro

    A fu

    cinem

    pers

    m

    femi

    fico 6: Disttores (2002

    oteiristas

    no de ro

    ma, pois o

    onagens. O

    majoritrio,

    inino comp

    D

    Co

    Rom

    Ave

    P

    Sus

    Fico Cie

    M

    tribuio p2-2012)

    oteirista t

    o roteirista

    O Grfico 7

    represent

    pe apenas

    0%

    0%

    0%

    0%

    0%

    0%

    4

    2%

    1%

    1%

    1%

    1%

    Drama

    omdia

    mance

    Ao

    entura

    Policial

    spense

    entfica

    Musical

    text

    proporciona

    tambm ce

    a o respo

    7 mostra q

    tando 74%

    s 26%.

    6%8%

    4%

    %

    %

    %

    %

    %

    tos para disc

    al dos film

    F

    entral para

    onsvel po

    que tambm

    % dos caso

    32%30%

    cusso do g

    es de acor

    onte: GEMAA

    a a produ

    r elaborar

    m nessa fu

    os analisa

    54%

    emaa / ano

    do com o

    A, a partir de

    o das rep

    a histria

    uno o gn

    dos, enqu

    61%%

    M

    F

    2014 / n. 6 /

    gnero do

    e dados da A

    presentae

    a e constru

    nero mascu

    uanto o g

    Masculino

    Feminino

    / p. 17

    os

    Ancine.

    es no

    uir os

    ulino

    nero

  • Grf

    O Gr

    mais

    de

    repr

    anal

    Grf

    Se a

    pard

    reve

    masc

    baix

    fico 7: Perc

    rfico 8, qu

    s uma vez

    cor branc

    resentam a

    isados.

    fico 8: Perc

    anlise da

    dos, a an

    lar outro

    culino e d

    a a particip

    P

    centual de

    ue apresen

    que h pou

    ca: 93% do

    apenas 4%

    centual de

    a cor dos r

    lise dessa

    vis. No

    de cor bran

    pao de in

    F

    1%

    Preta

    text

    roteiristas

    nta os perce

    uco espao

    total. H

    % de um to

    roteiristas

    oteiristas r

    varivel

    Grfico 9

    nca o perfi

    ndivduos

    26%

    eminino

    3%

    Parda

    tos para disc

    s segundo

    F

    entuais de

    o para a di

    uma nfim

    otal de 412

    s segundo

    F

    revela a su

    conjugada

    9 verificam

    il dominan

    pretos e p

    93%

    Branca

    cusso do ge

    o gnero

    onte: GEMAA

    roteiristas

    versidade:

    ma presena

    2 roteirista

    a cor

    onte: GEMAA

    ub-represen

    a varive

    mos que

    nte na fun

    pardos ness

    74%

    Masculi

    0%

    Amarela

    emaa / ano

    A, a partir de

    s segundo a

    a maioria

    a de pretos

    as envolvi

    A, a partir de

    ntao sev

    el de gne

    o indivd

    o de rot

    sa funo,

    no

    4%

    a SemInforma

    2014 / n. 6 /

    e dados da A

    a cor, evide

    a dos roteir

    s e pardos

    idos nos fi

    e dados da A

    vera de pre

    ero capa

    duo do g

    teirista. Se

    a mulher p

    mao

    / p. 18

    Ancine.

    encia

    ristas

    , que

    ilmes

    Ancine.

    etos e

    az de

    nero

    e j

    preta

  • ou p

    3% d

    fotog

    infor

    Grf

    4) At

    O ca

    alcan

    gran

    atriz

    prod

    das

    pare

    fen

    Em

    enco

    masc

    10,

    femi

    que

    parda est

    dos casos

    grafias na

    rmao.

    fico 9: Perc

    tores

    ampo da i

    nar o pb

    nde bilhete

    zes. Supom

    dutores e in

    produes

    ece repous

    tipo branc

    relao ao

    ontra uma

    culino, em

    os intrpr

    inino 41%

    isso no si

    0%

    P

    inteiramen

    no foi po

    a internet.

    centual de

    interpreta

    blico. Em n

    eria tem

    mos que o

    nvestidore

    s. A avalia

    sar sobre

    co, como de

    o gnero, a

    a propor

    mbora com

    retes do g

    do elenco

    ignifica qu

    % 1%

    Preta

    text

    nte exclud

    ossvel con

    . Esses ca

    roteiristas

    o aque

    nossa pesq

    uma reco

    uso da im

    es como po

    ao do po

    determin

    emonstrar

    a categoria

    o mais

    vantagem

    gnero ma

    principal

    ue os papi

    0% 3%

    Parda

    Femi

    tos para disc

    da dela. Ca

    nhecer a co

    asos foram

    s segundo

    F

    ele com m

    quisa, const

    rrncia co

    magem des

    ossibilidade

    otencial de

    nados pad

    remos mais

    a relativa

    balancead

    m para o l

    asculino r

    dos filmes

    is atribudo

    24%

    68%

    Branca

    inino Ma

    cusso do g

    abe aqui um

    or dos rot

    m registra

    o gnero e

    onte: GEMAA

    maior visib

    tatamos qu

    onsiderve

    sses profis

    e de alavan

    e atrao

    dres estt

    s adiante.

    interpret

    da entre

    ltimo. Com

    epresentam

    s. Contudo

    os a esses

    1% 2%

    SemInforma

    asculino

    emaa / ano

    ma breve o

    teiristas pe

    ados sob o

    e a cor

    A, a partir de

    bilidade e

    ue o cinem

    l dos mes

    sionais e

    ncar a bilh

    do pblico

    ticos que

    ao aqu

    os gnero

    mo fica vis

    m 59% e

    o, import

    intrpretes

    0%%

    oAma

    2014 / n. 6 /

    observao

    ela ausnc

    o rtulo

    e dados da A

    potencial

    ma brasileir

    smos ator

    encarada p

    heteria e o l

    o, por sua

    privilegia

    uela em qu

    os feminin

    svel no Gr

    os do g

    tante pond

    s sejam ise

    0%

    arela

    / p. 19

    o: em

    ia de

    sem

    Ancine.

    para

    ro de

    res e

    pelos

    lucro

    a vez,

    am o

    ue se

    no e

    rfico

    nero

    derar

    entos

  • de e

    atrib

    estru

    maio

    corre

    Grf

    Quan

    com

    de c

    popu

    e pa

    pess

    esteretipo

    buam ao

    uturadas e

    or parte

    espondnc

    fico 10: Pe

    ndo nos

    puseram o

    cor branca

    ulao bras

    ardas, pret

    soas de pele

    s de gner

    sexo biol

    em torno d

    dos per

    cia obrigat

    ercentual d

    debruam

    os elencos

    e apenas

    sileira co

    tos e preta

    e no bran

    F

    texto

    ro. Dentre

    lgico um

    de papis

    rsonagens

    ria entre s

    e atores e

    mos sobre

    principais

    20% de c

    omposta po

    as, torna-se

    nca no cine

    41%

    eminino

    os para discu

    os filmes

    ma srie d

    de gnero

    foi conc

    sexo biolg

    atrizes seg

    F

    a varive

    s dos filme

    cor preta o

    or 46% de

    e flagrante

    ema brasile

    usso do ge

    analisado

    de caracte

    o pr-deter

    cebida em

    gico, orien

    gundo o g

    onte: GEMAA

    el cor do

    es, constat

    ou parda.

    brancos e

    e a sub-rep

    eiro.

    59%

    Masculi

    emaa / ano 2

    s, houve p

    ersticas n

    rminados.

    m torno

    tao sexu

    nero

    A, a partir de

    os atores

    amos que

    Se consid

    brancas e

    presenta

    no

    2014 / n. 6 /

    poucos que

    naturalizad

    Alm dis

    da ideia

    ual e gnero

    e dados da A

    e atrizes

    80% dele

    derarmos q

    53% de pa

    o do grup

    p. 20

    e no

    das e

    so, a

    a de

    o.

    Ancine.

    que

    s so

    que a

    ardos

    po de

  • Grf

    A co

    cor j

    quad

    conj

    as co

    aque

    com

    gran

    grup

    difer

    14%

    cu

    mulh

    prete

    no c

    para

    e vol

    imor

    da c

    cujo

    pard

    fico 11: Pe

    omposio

    j em si u

    dro se rev

    unto, anl

    ombinae

    ela que m

    ercial. Ess

    nde bilhete

    po do gne

    rena de co

    dos atores

    urioso nota

    her mulat

    ende mest

    cinema ape

    a reforar a

    luptuosa, a

    ralidade, d

    conjugalida

    s gneros

    da , nesse

    ercentual d

    extremam

    um dado al

    vela ainda

    lise cujos r

    es de cor e

    mais est e

    se grupo p

    eria. Tal p

    ero feminin

    or, apesar

    s so home

    ar que, a

    ta cone

    tia e no r

    enas 2% d

    a tese segu

    a mulher p

    da margina

    ade - just

    de maior

    sentido, t

    12%

    Preta

    text

    e atores e

    mente desig

    larmante q

    a mais agu

    resultados

    gnero co

    excluda d

    erfaz apen

    percentual

    no de cor b

    de menor

    ens de cor p

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  • textos para discusso do gemaa / ano 2014 / n. 6 / p. 23

    todo caso, seja qual for sua natureza moderna ou ps-moderna a identidade na sociedade contempornea cada vez mais mediada pela mdia que, com suas imagens, fornece moldes e ideais para a modelagem da identidade pessoal. (Hall, 2006: 317)

    A afinidade com a publicidade e o consumo, a lgica de produo industrial e a

    ambio por uma ampla audincia, por sua vez, tendem a fazer do cinema um

    meio predominantemente conservador, orientado por frmulas, cdigos e

    normas convencionais, assim como normalmente refratrio a contedos que

    contrariem um olhar presumidamente conservador do espectador. Se somarmos

    a isso a predominncia de indivduos brancos, de elite, e do gnero masculino

    nos mbitos da direo, roteirizao e atuao no cinema, o carter conservador

    do cinema torna-se ainda mais pronunciado, uma vez que os contedos da

    derivados tendem a reverberar opinies associadas classe social, raa e gnero

    de seus produtores. A entrada de grupos minoritrios nesses espaos traria a

    esperana de que novas perspectivas possam contribuir para uma viso de

    mundo mais aberta, menos enviesada e livre de esteretipos, onde as diferenas

    que compe nossa sociedade possam ser representadas, e no invisibilizadas.

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    Como citar Candido, Marcia Rangel; Moratelli, Gabriela; Daflon, Vernica Toste;

    Feres Jnior, Joo. A Cara Do Cinema Nacional: gnero e cor dos atores, diretores e roteiristas dos filmes brasileiros (2002-2012). Textos

    para discusso GEMAA (IESP-UERJ), n. 6, 2014, pp. 1-25.

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