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LE CONFeSSION Por abilio machado de lima filho

“O mistério da confissão e as dúvidas, a intransigência

de alguns sacerdotes, as dissociações realizadas e as

agruras que atormentam algumas pessoas de fé.

Manifestou o Pai a sua misericórdia, reconciliando o

mundo consigo em Jesus cristo, que pacificou com sangue

a terra e o céu. O filho de deus, feito homem, habitou na

terra, entre os homens para libertá-los dos erros e da

escravidão e também para chamá-los das trevas e guia-

los à luz. Iniciou com isto um ministério, clamando pela

penitência, disse: ‘Fazei penitência e crede na palavra

que vos deixo. (Mc 1,15). Usou também por João Batista

que chamava aos homens no deserto: O batismo como

penitência à remissão dos pecados. (mc1, 4).”

O homem foi ensinado a buscar a conversão, uma

reconciliação com deus e, sobretudo consigo, buscando a

sua paz interior.

Mas onde está a grande autorização para que este

processo aconteça?

Onde mora o absurdo da intransigência?

Está em mim ou está ali, ao lado. Eu? Confesso estou

cansado...

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CENA I

.O CORREDOR DE Igreja, ao canto um confessionário com

duas cadeiras, umas imagens, cartazes de propaganda

na parede que oferecem cura, auto ajuda, bênçãos,

todos com seus valores. Há uma mesa em um dos lados,

com vários panfletos, à frente um altar, várias fases

do sofrimento do Homem.

.Uma música marca a entrada com velas acesas nos

corredores e escadas, o aroma de incensos deve ser

sentido, VISTO E ACEITO.

O jovem entra na Igreja...

NARRADOR

___o JOVEM ENTRA NA Igreja, está com a

mente aberta a tudo, deste que decidiu ir e participar

desta tarde de batismo, um momento de comunhão. Ao

passar pela porta, levado por sentimento explosivo ao

coração, uma alegria interior sentiu em estar naquele

ambiente que tanto lhe faz bem, por breve instante faz

uma leitura de si e o porquê gosta tanto dos rituais da

Igreja. A alegria irradia como um descanso à Alma.

Seus passos festivos, picolé à mão,

cumprimenta o segurança. Opa!

TOMÉ

___Opa?! Segurança uniformizado, colete

pintado, em amarelo, o tecido é azul, faz lembrar meu

próprio uniforme quando fazia parte do pelotão da

força especial, quando dos trabalhos de segurança e

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infiltrações... Será que é a prova? Não! Acho que não!

Olá! Tudo bem?

NARRADOR

___Enquanto termina o picolé de

chocolate, encosta-se ao balcão... Imagina um bar neste

estilo gótico que é o interior de uma catolic Church...

TOMÉ

___Eu colocaria os garçons de batina, e

na recepção a menina estaria de freira... Não haveria

copos, apenas taças e deveriam ser admiráveis. A nota

de consumação com a imagem de santo e uma citação que

denotasse a alegria de se beber bem e com moderação...

O segurança principal ficaria em um oratório no alto,

aqueles de madeira entalhada, nas laterais camarotes

que lembrassem o estilo colonial europeu... Deixa para

lá...

NARRADOR

___ Conserta a mente e se concentra.

Sobre uma mesinha vê alguns folhetos, felicita em voz

alta...

TOMÉ

___Que bom que vocês evangelizam... Há

muito não via isso na Igreja... (apanha o folheto)... Hã...

Que é isso? Propaganda? Este é de venda de livros,

auxílio na fé. Como satisfazer sua esposa, sexo no

casamento? Bar com strip-tease, casa de massagem com

belas garotas e garotos? O que é isso?

narrador

___Olha para a esposa...

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Tomé

___Você viu isto? Agora só falta a nós

irmos quem sabe fazer um sexinho gostoso na sacristia

ou bem apertadinho no confessionário... Deixa para lá...

Poderiam estar filmando e venderem para a sexos

bizarros ou góticos... Ou para aqueles sites na net...

narrador

___Poderia ser?!

TOMÉ

___Cada vez que entro em Igrejas fico

admirado com o espetáculo dos afrescos, as figurações

e, sobretudo esta imagem de sofrimento, por que será

que não colocaram as alegrias? Poderiam, com certeza,

terem colocado os milagres, os doze meninos brincando

nus no rio Jordão. Poderiam colocar as vitórias que o

povo conseguiu como: A liberdade do Egito, as

construções dos templos, o nascimento da Igreja...

Narrador

___Não se pode mostrar ao povo que ele

tem poder de fazer sem a submissão. Não se deve mostrar

ao povo que ele tem capacidade de erguer uma obra que

durará por séculos, que é inteligente e sagaz. Não

mostre o seu valor, mostre a ele que é pequeno, incapaz

e servil... E terá para sempre um seguidor fiel...

Tomé

___Mas não terá sua lealdade. Olha que

bela cena... Doída... Jesus crucificado, o seu semblante

com lágrimas de sangue, os pregos nas mãos e pés. Um

Cristo em concreto, mas que reflete a dor, a tormenta e

a tortura... Uma expressão de que está confuso e se

envergonha... Pelo que farão com seu sacrifício... Talvez

naquele momento lhe passasse à mente.

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NARRADOR

___Será que os homens valem minha dor?!

E é neste momento que se ouve o coral iniciar seu

aquecimento de voz, entoam os hinos que farão parte da

próxima celebração. E o Cristo parece olhar de soslaio

ao altar, ainda clamando e pedindo penitência. Sobre

seu baixo ventre figuraram um tecido de linho com

barras adornando em ouro... Aos pés ensangüentados

está Maria com sua dor de mãe... Uma límpida lágrima

escorrega pela sua face, será que ela sabia? Que ela

previra que passaria por tão profunda falta? A perda

de um filho... O filho que lhe fora dado por Deus... E agora

tomado de maneira tão castigada. À sua esquerda João

olha com o amor que sempre sentiu pelo homem, o amor

que em outros tempos iria ferir a sociedade hipócrita, um

amor acima do casual, amor verdadeiro. Um olhar de

admiração, admiração pela inteligência, pela

moralidade, pela filosofia de vida, pelo carisma, pela fé

que o seu amigo depositava em Deus, Admiração pelo

exemplo que lhe ensinava sempre... Olhava também com

medo, de seu futuro, da pequena comunidade que

iniciaram, agora com a principal mente se entregando

daquela maneira, o que seria de todos... João chora com

comoção, uma situação intrigada de tortura e traição...

TOMÉ

___Como este artista pensou em detalhes,

as marcas dos garrotes são visíveis, arroxeadas, os

pulsos e os tornozelos, os joelhos esfolados pelas

quedas nas ruelas estreitas de pedra, quando passaram

pelo centro da cidade... A rótula aparece raspada. Meus

olhos fecham, imagino-lhe a dor sentida, parece ferir a

mim... Acima da cintura, na quarta costela uma

perfuração o machucou profundamente, neste momento o

ar lhe estaria difícil de aspirar, os dedos das mãos

estão quase negros...

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NARRADOR

___Os resmungos da velha senhora na

cadeira de rodas retiram sua atenção daquela

crucificação para perceber a outra... outra forma, mas

também crucificante, estar ali, presa, na dependência de

outros para tudo... Ela tem uma acompanhante,

enfermeira. Em dados momentos a senhora tem espasmos,

surto de lamentação, na sua exigência na oração, tenta

falar com muita vontade, pede liberdade, não obtém

resposta, pede sobre sua família que a abandona por

outra vida, que não a que ela antes dedicara a eles, mas

hoje são doutores, nem em suas formaturas foi, ficou

observando apenas um convite esquecido sobre a

penteadeira em que se prosta para que uma

desconhecida a deixe ao menos mais aceitável aos olhos

deles... Quando em lapsos esquisitos lembram de vê-la.

TOMÉ

___Espero que neste domingo apareçam te

olhar e levem as crianças para que você as veja. Que

eles olhem seu braço com mais cuidado e percebam os

beliscões que leva, às escondidas, até mesmo aqui, na

nave da catedral de Deus. Fico observando minha

pequenina filha andar em procura de equilíbrio,

trejeitos de monstro de frankstein... Braços entendidos

à frente e pernas retas, duras, cambaleante, sorri a

cada passo elegendo a si sua conquista, sua autonomia e

sua liberdade. Ao passo que dou, vejo os camarotes que

alimentam a cobertura da nave principal, herança do

império e toda a sua nobreza de títulos comprados. Não

combinam tanto a sua proposta de conduta e as leituras

que se fazem, como homens possam se prestar a atitudes

tão triviais e distorcidas em vã esperança, ou não a têm

e sabem que já que não há devem tirar proveito dela,

pois um grande objeto comercial se abre.

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NARRADOR

___Há uma imagem que lhe faz estacar no

corredor, sua fé o faz desmoronar sob os pés da figura

imponente de Maria. De manto azul sobre a túnica de

linho branco, lhe oferece serenamente as mãos, e um

convite para que lhe ofereça sua aflição, ela se

oferece para limpar seu espírito atormentado, com dor e

solidão. Sob os pés jaz uma serpente escura que segura

firme nas presas uma maçã, que é maior que sua

mandíbula. Fala em si que a sabedoria é imensa, que não

existe alguém capaz de conseguir suporta-la por

completo, o conhecimento é algo grandioso, e que por

mais que o homem queira conseguira pouco, poucas

porções desta ponte reveladora de Deus. os olhos da

serpente pisoteada passam ferocidade, ao mesmo que um

pedido inconsciente de ajuda, de amparo, os séculos

passam e ela está ali, inerte, os músculos da boca

instigam raiva e fúria, uma figura insana...Toda a

mistura que faz parte do homem e que abarrota sua

essência, que corrói sua alma, sua natureza... o rapaz

sente dores e cai.

TOMÉ

___As pontadas em meu peito ardem, sinto.

Caio aos seus pés... Santa mãe. Imploro para que eu

consiga suportar essas dores e sobreviver, tenho

tantas coisas a fazer, quero ainda ver minhas sementes

florescerem, quero ver minhas mulheres juntas, amigas,

talvez até falando de mim, mas amparando-se. Afinal

serei eu o ponto comum. Encaminhar minhas crianças.

Continuar amando minha arte e ensinando a outros a

amá-la desta maneira. Hoje meu tio foi ao seu encontro,

recebe-o, ele foi um homem que sofreu muito, minha mãe.

Meu ‘tio Berto’, foi um grande amigo que tive. Se existe um

homem que eu posso dizer este nada me fez a não ser me

amar e me oferecer bons conselhos, foi este meu tio. Sei

que gostava muito de mim, foi assim sempre, às vezes

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causando ciúmes aos filhos, mas nosso relacionamento é

espiritual demais, para que se possa compreender. Assim

como é com minha tia, cara de minha mãe, ‘Tia tália’. Um

carinho diferente e especial. Um amor sem cobrança, sem

Exigência. Adoro ouvir dizer Deus te abençoe. Mas

quanto ao meu tio, trata-o bem, por favor, deixe-o agora

em descanso, que o que passou seja bálsamo e crédito

aos rumos dos céus. Lamento a sua ida e ao mesmo tempo

agradeço pelo espaço que estivemos próximos.

NARRADOR

___ Sorri... Seu sorriso mistura-se com as

lágrimas, sua filha anda pequenina, pelos corredores,

levanta-se e acompanha, ao chegar perto de sua esposa

algo faz com que olhe para o lado oposto, uma pequena

saleta, um ser mirrado, encurvado, está sentado na

cadeira forrada de vermelho, alta e colonial, Ri

amarelo e avisa a ela que vai confessar...

TOMÉ

___ Faz tempo que não faço isso, vou lá.

Tenho sim, tenho certeza que quero...

NARRADOR

___atravessa, os passos estão alegres,

pára na porta, retira o lenço que lhe cobre a cabeça e

reverencia o sacerdote. Ao fazer olha os pés e o

tornozelo do velho, existem curativos que fecham as

feridas da sandália de couro.

Tomé

___Podemos conversar? Melhor posso

confessar?

NARRADOR

___O velho, de cabelos que fazem

lembrar figuras de Einstein, o físico, aponta uma

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cadeira ao lado, vagarosamente levanta e vai até a

porta para fechá-la, não responde quando o rapaz

pergunta se quer que a feche. Quase gemendo pela vida

vai e volta, pesado cai sobre o estofado da cadeira

como se lhe faltassem força para agüentar a velha

carcaça, com algum mau humor incontido pergunta: Quer

confessar ou conversar simplesmente, o quê quer?

TOMÉ

___ Ele me pergunta como e eu fosse

culpado por ele estar fechado naquela sala, naquela

tarde e com aquele calor de início de verão. A sua veste

surrada estava coberta pela estola roxa do advento,

deveria ser mais alegre por ser o terceiro domingo a

terceira celebração do advento, as leituras falariam

sobre a manjedoura, a alegria da pobreza, da

humildade, da devoção, da firmeza de caráter...

NARRADOR

___estou esperando sua resposta...

Tomé

___Quero confessar, mas faz tanto tempo

que nem sei como fazer...

NARRADOR

___Quanto mais ou menos...

TOMÉ

___Acho que é irrelevante o tempo, eu

quero aproveitar em abrir meu baú e dizer, falar tudo...

NARRADOR

___Quanto?!

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TOMÉ

___Mais ou menos dez anos... Talvez

menos... Não sei.

NARRADOR

___Casado, ajuntado, amigado, ou...

TOMÉ

___Sou, fui casado e agora ajuntado...

Mas pela lei somos casados.

NARRADOR

___Então não posso te confessar...

TOMÉ

___Como?!

NARRADOR

___Eu não vou te confessar, não posso

fazer nada, está na ...

TOMÉ

___Não entendi...

NARRADOR

___Não posso fazer nada, está na Bíblia.

TOMÉ

___Onde está que você não pode fazer

isso?

NARRADOR

___Procure estudar a Bíblia e vai

encontrar... Ta escrito lá...

TOMÉ

___Já estudei e estudo a Bíblia, em qual

contexto está escrito? Estudei as doze principais

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religiões e sei que a católica é a oitava na

classificação de criação religiosa. meu querido me

explica...Vai...

NARRADOR

___Você vive em pecado...

TOMÉ

___o QUE É PECADO?

narrador

___Você estar ajuntado é pecado...

TOMÉ

___Deixa ver se eu entendo... Na sua

concepção, duas pessoas podem viver brigando, infelizes,

uma traindo a outra, chegarem por vezes às vias de

fato, mas o que importa é estarem ou não casados? Que

Igreja é esta?

NARRADOR

___É O QUE DIZ A Bíblia...

TOMÉ

___Tá. Me diz ao menos onde está

escrito...E já que estamos conversando, isto não é um

absurdo?

NARRADOR

___Eu não vou dizer. Deve descobrir.

TOMÉ

___Eu estou sendo educado com você...

Estou bravo, mas estou sendo paciente, o sua pessoa diz

que não pode me confessar por que não sou casado, mas

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pode ir lá na frente e abençoar um automóvel feito de

lata, causador da revolução industrial e criador dos

bolsões de miséria...

NARRADOR

___ a GENTE FAZ ISSO PARA SOBREVIVER... A

sociedade de hoje pede e a gente não se recusa...

TOMÉ

___mas se recusa a aceitar a confissão

de um homem que lhe procura, que quer abrir seu

coração e sua mente...

NARRADOR

___é ASSIM ATÉ COM OS ANIMAIS, ELES VÊEM E

COMO SÃO PESSOAS DE BEM NÓS REALIZAMOS Os SEUS

DESEJOS...

TOMÉ

___e NÃO PODE ACEITAR UMA CONFISSÃO POR

QUE EU NÃO SOU CASADO, INTRESSANTE, E SABER QUE FUI

COORDENADOR DE GRUPO DE JOVENS POR MAIS DE SEIS ANOS E

NUNCA ISSO INTERFERIU...

narrador

___Ninguém o deixaria fazer isso...

TOMÉ

___Implantamos novena perpétua a Nossa

Senhora das Graças, toda segunda-feira... E isso não

interferiu...

NARRADOR

___Sacrilégio... O que fala, não pode ser

verdade.

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TOMÉ

___Enquanto dirigi os jovens,

conseguíamos manter um número considerável de

membros aos domingos à tarde reunidos...

NARRADOR

___ Acredito que não... Não poderia. Não

na minha congregação.

TOMÉ

___MAS VOLTANDO À CONFISSÂO... Eu poderia

matar alguém e se fosse casado ganharia a confissão,

poderia roubar a assistência social ou alguma

pastoral que se fosse casado seria confessado, poderia

eu enganar várias pessoas levando-as ou à miséria e

até a morte e o meu querido padre iria na prisão para me

confessar, mas o que importa unicamente que seja

casado...

NARRADOR

___Você tem que entender...

TOMÉ

___ Entender que isso é absurdo... Não

consigo entender... Padre... A quem pertence o absurdo?!

NARRADOR

___Mas veja a Bíblia...

TOMÉ

___Lá vem a Bíblia de novo, onde está

escrito? E se assim ainda o tivesse, Ela foi encomendada

por Constantino, os preceitos que nela contém são

puramente regras, leis e dogmas romanos. e não da

Igreja fundada por Cristo, antes disso,

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NARRADOR

___Você deve acreditar na Bíblia...

TOMÉ

___ Eu acredito. Mas de uma outra forma,

com uma outra visão. Eu acredito em Jesus, na sua vinda e

seus ensinamentos, em Maria, em Deus. Mas quando se

referem a algumas cartas escritas em países como

prisioneiro ou sob a espada do soldado, não tenho como

acreditar... Tenho que crer que o homem é fadado a ter

medo, a falhas e, sobretudo os dogmas romanos que

absorveram ou trocarem a seu bel prazer às leis

gregas e de outros povos que conquistaram.

Encontraremos até alguns costumes egípcios, assírios e

tantos outros... Esses não fazem parte de mim.

NARRADOR

___Mas, sabe que está errado, você não

pode fugir de uma tradição de milhares de anos...

TOMÉ

___MAS se a própria Igreja pode fazer

suas mudanças pelas palavras nas traduções feitas,

poderá sim um dia acordar...

NARRADOR

___Acordar?!

TOMÉ

___Algumas mudanças são necessárias,

muitas se prendem a razões sociais, e hoje precisamos

somar a moral, a ética. Hoje é diferente do que quando

Constantino a registrou como sua para poder se tornar

seu papa e continuar Imperador da capital Romana.

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NARRADOR

___Você tem que acreditar que ele era um

homem de \Deus... Que deus o escolheu para isso...

TOMÉ

___Quererá fazer-me crer agora que

tenho que aceitar que não foi uso de política que

instituiu a Igreja e que o adjetivo ‘Romana’ na razão

social dela não foi imposição do imperador...

NARRADOR

___Eu quero que entenda que você pode

fazer parte da Igreja, pode ser dizimista, mas deve

ficar calado, submisso por que vive no pecado com sua

companheira...

TOMÉ

___Meu dinheiro é bem vindo, mas minha

ajuda moral não?!

NARRADOR

___É que com o dízimo podemos oferecer

mais aos sacerdotes e à Igreja...

TOMÉ

___E às pessoas nada...

NARRADOR

___o homem deve submissão À Igreja...

TOMÉ

___Meu velhinho... Com a sua idade...

Deveria pregar outros sensos morais e éticos aos fiéis

que vêem à Igreja... O senhor deveria saber mais que este

ser que está a sua frente, este ignorante que veio fazer

sua confissão... Mas ficamos assim... Ok?!

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(apertam-se as mãos)

NARRADOR

___Espero que Deus o faça refletir sobre

o que conversamos...

TOMÉ

___Eu também espero o mesmo meu padre.

Que Deus abra a mente do senhor, da Elite que Organiza

e dirige a Igreja, ou quem possa, para que a Igreja não

sucumba... Olha meu padre... Se a Igreja não mudar ela

vai acabar... Acaba e rapidamente, pois o homem já não

mais vai investir em guerras santas e não trará mais

proventos a ela, tampouco aceitará da mesma maneira

pacata a que já aconteceu nas últimas guerras, os

homens não ficarão calados!

NARRADOR

___Temo pelas palavras...

TOMÉ

___ Eu também padre... Mas temo mais a

omissão! ... Feliz Natal, e sai com um riso confuso,

olhei minha esposa com seu vestido de luz, e lhe disse...

Ele não quis receber minha confissão, segundo ele, ele

pode fazer, o motivo foi que não somos casados, somos

pecadores, como? Não. Não vou culpar toda a instituição

e tampouco os seus membros. Olha lá agora a freira vai

entrar e ele vai aceitar, será que ela vai contar que

judia das crianças na creche, que rejeitou mais uma

criança moreninha hoje? Que deu bronca naquela mãe

pobre que chegou atrasada porque não tinha dinheiro

para a lotação e veio a pé? Vê? Ela sai e olha para cá,

ele contou a nossa conversa, com certeza, que? Mas não

foi confissão, foi conversa em particular, mas foi

conversa. E deve mesmo ter falado, passou toda a

celebração nos observando, como querendo saber quem

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havia deixado seu padre nervoso com assuntos desta

feita.

NARRADOR

___Quando se está dentro do templo, ao

fixar os olhos espirituais no altar, centro de grande

força energética, e em algumas pessoas dá para ver a

aura de cada uma delas, o clamor e salpicações

coloridas que explodem aqui ou ali... Agora a gnose

insuflava-o a enxergar e com isso começava a avaliar o

que pertencia à Cristo e o que era Instituição...

TOMÉ

___Adoro os rituais, não os dogmas. Algo

aqui dentro há muito bate distante... Que será?

(os sinos dobram, vagarosamente, uma canção

gregoriana se ouve, junto o aviso final)

NARRADOR

___Avisos finais...

...... Meus livros estão à disposição, é claro que a um

preço bem pequeno, cada exemplar custa vinte reais...

...... Venha celebrar conosco, a vigília de fim de ano!

Se vier avise na secretaria, traga a sua coca-cola, seu

vinho, sua champagne e um prato de qualquer coisa... O

valor para passar a vigília conosco ficará entre quinze

a cinqüenta reais... Tenham uma boa noite!

FIM

(Copyright © 2006 by Abilio Machado de Lima Fº.)

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referências

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