72
ALEX MANOEL DA SILVA Gênero Acantholaimus Allgén, 1933 (Chromadoridae: Nematoda): Distribuição Espacial em Dois Cânions e Áreas adjacentes na Bacia de Campos e descrição de Uma Nova Espécie da Bacia PotiguarRECIFE, FEVEREIRO DE 2015

Gênero Acantholaimus Allgén, 1933 (Chromadoridae: Nematoda ... Silva... · Figura 4: Abundância relativa de Acantholaimus em relação ... representantes marinhos deste filo ocorrem

  • Upload
    tranbao

  • View
    217

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

ALEX MANOEL DA SILVA

“Gênero Acantholaimus Allgén, 1933 (Chromadoridae:

Nematoda): Distribuição Espacial em Dois Cânions e Áreas

adjacentes na Bacia de Campos e descrição de Uma Nova

Espécie da Bacia Potiguar”

RECIFE, FEVEREIRO DE 2015

UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO

CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

DEPARTAMENTO DE ZOOLOGIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOLOGIA ANIMAL

ALEX MANOEL DA SILVA

“Gênero Acantholaimus Allgén, 1933 (Chromadoridae:

Nematoda): Distribuição Espacial em Dois Cânions e Áreas

adjacentes na Bacia de Campos e descrição de Uma Nova

Espécie da Bacia Potiguar”

Orientador: Dr. André Morgado Esteves

Co-orientadora: Dra. Maria Cristina da Silva

Dissertação de mestrado apresentada ao

Programa de Pós-graduação em Biologia

Animal da Universidade Federal de

Pernambuco, como parte dos requisitos

para obtenção do título de Mestre em

Biologia Animal.

Catalogação na Fonte: Bibliotecário Bruno Márcio Gouveia, CRB-4/1788

Silva, Alex Manoel da

“Gênero Acantholaimus Allgén, 1933 (Chromadoridae: Nematoda): distribuição espacial em dois cânions e áreas adjacentes na Bacia de Campos e descrição de uma nova espécie da Bacia Potiguar” / Alex Manoel da Silva. – Recife: O Autor, 2015. 70 f.: il.

Orientadores: André Morgado Esteves, Maria Cristina da Silva Dissertação (mestrado) – Universidade Federal de Pernambuco. Centro de Ciências Biológicas. Pós-graduação em Biologia Animal, 2015. Inclui referências

1. Nematoda 2. Bacia de Campos (RJ e ES) 3. Rio Grande do Norte I.

Esteves, André Morgado (orient.) II. Silva, Maria Cristina da (coorient.) III. Título.

592.57 CDD (22.ed.) UFPE/CCB-2015-157

RECIFE, FEVEREIRO DE 2015

Dissertação defendida e aprovada pela banca examinadora composta por:

Titulares:

_________________________________________________________

Dr. Patrícia Fernandes Neres

UFPE – Depto. Zoologia (Membro Interno)

_________________________________________________________

Dr. Francisco José Victor de Castro

UFCG – CES – Campos Cuité (Membro Externo)

_________________________________________________________

Dr. Tatiana Fabrício Maria

UNIRIO – Depto. Ecologia e Recursos Marinhos (Membro Externo)

Suplentes:

_________________________________________________________

Dr. Ulisses dos Santos Pinheiro

UFPE – Depto. Zoologia (Membro Interno)

_________________________________________________________

Dra. Adriane Pereira Wandeness

UFPB – Depto. Engenharia e Meio Ambiente (Membro Externo)

Dedico à minha mãe Marli, ao meu pai Isaias e à

minha querida irmã Amanda

Agradecimentos

A todos que estiveram direta ou indiretamente envolvidos na construção deste trabalho,

sem vocês seria impossível chegar até aqui.

Ao projeto Habitats coordenado pelo CENPES/PETROBRAS pela oportunidade de

estudar o material.

A FACEPE pela concessão da bolsa de Mestrado.

A minha orientadora, Drª Verônica Fonsêca-Genevois. Agradeço por todos os

ensinamentos, tanto acadêmicos quanto cotidianos, legados por ela. Grato pelo

incentivo e oportunidade de entrar para a família meiofauna.

Ao meu amigo vascaíno, orientador e coordenador do Programa de Pós-Graduação em

Biologia Animal, Dr. André Esteves pela dedicação, paciência e ajuda. Mesmo que

muito atarefado, sempre esteve presente.

A Dra. Cristina Silva, pela amizade e orientação desde antes do início deste estudo, bem

como pela valiosa co-orientação neste trabalho. Agradeço por me receber tão bem em

sua casa, lá o trabalho fluiu! A sua querida filha Lara e ao seu esposo Neyvan, pelas

conversas entre um parágrafo e outro.

Aos membros da banca examinadora por aceitarem participar e contribuir na avaliação

deste estudo.

Aos admiráveis e dedicados colegas que fazem parte do Laboratório de Meiofauna. Em

especial a Ritinha (companheira no terceiro turno), Patrícia e Juliana, por sanarem tantas

dúvidas. Agradeço também a Alessandra, Amanda, Iza, Neidoca, Tarci, Vivi, Valéria(s),

Mila, Winne, Adriane, Milena, Lídia, Mariana, Paulo, Cláudio, Adriano, Sandro...

obrigado, os dias de laboratório com vocês foram muito mais divertidos!

Aos colegas de turma e professores do PPGBA pelos momentos de aprendizado e

diversão em sala de aula.

Agradeço especialmente aos amigos Rafael (sempre me aconselhou e ajudou desde

antes do início do projeto, valeu cara! Muito obrigado pelas fotos!), Alexandre e Mário

pelos momentos divididos durante as aulas, pelas opiniões e auxílio durante a execução

do projeto, pelas conversas e brincadeiras cotidianas.

Agradeço aos grandes amigos que a vida me deu!

Aos meus pais Marli e Isaias por todo apoio, dedicação, amor e confiança desde

sempre!

A minha querida irmã em quem me espelho, Amanda Silva, por me incentivar, entreter,

e estar comigo nas horas mais difíceis! Muito obrigada!

Aos meus familiares por me ajudarem, direta ou indiretamente, nesta etapa.

―É preciso que eu suporte duas ou três lagartas se

quiser conhecer as borboletas.‖

Saint-Exupéry

LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Localização dos pontos de coleta no Talude da Bacia de Campos, Rio de

Janeiro, Brasil. Em (A) estão evidenciados os transectos F, G, H e I. Em (B) estão

indicados os transectos traçados nos cânions CANAC e CANG, os quais se localizam

em entre os transectos G e H. A profundidade das isóbatas (400 metros, 700 m, 1000 m

e 1300 m) aumentam de Oeste para Leste em ambas as figuras. ................................... 19

Figura 2: Box corer utilizado nas coletas de sedimento do talude (A); gabaritos

metálicos inseridos no sedimento coletado com este equipamento (B); detalhe de um

dos subquadrados, do qual se retirou a amostra para a análise da nematofauna dos

intervalos dos estratros sedimentares de 0-2 e 2-5 cm (C). ............................................ 21

Figura 3: Mapa da Bacia Potiguar. ................................................................................. 21

Figura 4: Abundância relativa de Acantholaimus em relação aos outros gêneros

pertencentes à Família Chromadoridae encontrados nas Isóbatas de 700 m, 1000 m e

1300 m nos Cânions Almirante Câmara (CANAC) e Grussaí (CANG), e no Talude

Adjacente da Bacia de Campos, RJ. ............................................................................... 26

Figura 5: Abundância relativa de Acantholaimus ao longo de três isóbatas (700 m, 1000

m, e 1300 m) nos Cânions Almirante Câmara (CANAC) e Grussaí (CANG), bem como

no Talude adjacente da Bacia de Campos, RJ, Brasil .................................................... 27

Figura 6: Abundância relativa das espécies de Acantholaimus encontradas nos estratos

sedimentares (0-2 cm e 2-5 cm), nas áreas dos Cânions Almirante Câmara (CANAC) e

Grussaí (CANG) e no do Talude adjacente da Bacia de Campos, Rio de Janeiro, Brasil.

........................................................................................................................................ 28

Figura 7: Distribuição das espécies do gênero Acantholaimus em três isóbatas estudadas

(700 m, 1000 m, 1300 m) nas áreas dos Cânions Almirante Câmara (CANAC) e Grussaí

(CANG) e no do Talude adjacente da Bacia de Campos, Rio de Janeiro, Brasil. .......... 29

Figura 8: Distribuição das espécies do gênero Acantholaimus nos estratos sedimentares

(0-2 cm e 2-5 cm) nos estratos sedimentares nos Cânions Almirante Câmara (CANAC)

e Grussaí (CANG) e no do Talude adjacente da Bacia de Campos, Rio de Janeiro,

Brasil. .............................................................................................................................. 30

Figura 9: Distribuição das espécies do gênero Acantholaimus nas áreas dos Cânions

Almirante Câmara (CANAC) e Grussaí (CANG) e no do Talude adjacente da Bacia de

Campos, Rio de Janeiro, Brasil. ..................................................................................... 31

Figura 10: Análise de ordenação multidimensional (MDS) considerando as áreas dos

Cânions Almirante Câmara (CANAC) e Grussaí (CANG) e no do Talude adjacente da

Bacia de Campos, Rio de Janeiro, Brasil ....................................................................... 32 Figura 11: Análise de ordenação multidimensional (MDS) considerando três isóbatas

estudadas (700 m, 1000 m, 1300 m) nas áreas dos Cânions Almirante Câmara

(CANAC) e Grussaí (CANG) e no do Talude adjacente da Bacia de Campos, Rio de

Janeiro, Brasil. ................................................................................................................ 32

Figura 12: Análise de ordenação multidimensional (MDS) considerando os estratos

sedimentares (0-2 cm e 2-5 cm) nas áreas dos Cânions Almirante Câmara (CANAC) e

Grussaí (CANG) e no do Talude adjacente da Bacia de Campos, Rio de Janeiro, Brasil.

........................................................................................................................................ 33

Figura 13: Acantholaimus marlii sp. nov.: (A) holótipo macho, visão geral; (B) região

anterior (cutícula, poros cuticulares; seta indicando posição da fovea amphidialis com

indicação da seta); (C) região anterior (cavidade bucal); (D) região anterior (região

faringeal); (E) espículas e gubernáculo. ......................................................................... 39

Figura 14: Acantholaimus marlii sp. nov.: (A) holótipo macho (lâmina 44), visão geral;

(B) região anterior (cutícula, poros cuticulares, arranjo cefálico e fovea amphidialis);

(C) região anterior (cavidade bucal); (D) região anterior (região faringeal e anel

nervoso); (E) espículas e gubernáculo. ........................................................................... 40

Figura 15: Acantholaimus marlii sp. nov.: (A) alótipo, visão geral; (B) região anterior

(cutícula; poros cuticulares ; seta indicando posição da fovea amphidialis); (C) região

anterior (cavidade bucal); (D) região anterior (região faringeal); (E) Ovários. ............. 41

Figura 16: Acantholaimus marlii sp. nov.: (A) alótipo(lâmina 4), visão geral; (B) região

anterior (cutícula, poros cuticulares, arranjo cefálico e fovea amphidialis); (C) região

anterior (cavidade bucal); (D) região anterior (região faringeal e anel nervoso); (E)

Ovários. .......................................................................................................................... 42

Figura 17: Acantholaimus marlii sp. nov.: (A) parátipo, visão geral; (B) região anterior

(cutícula; seta indicando posição da fovea amphidialis); (C) região anterior (cavidade

bucal); (D) região anterior (região faringeal); (E) porção filiforme da cauda. ............... 43

Figura 18: Acantholaimus marlii sp. nov.: (A) parátipo (lâmina 19), visão geral; (B)

região anterior (cutícula, arranjo cefálico e fovea amphidialis); (C) região anterior

(cavidade bucal); (D) região anterior (região faringeal); (E) porção terminal da cauda. 44

LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Teste ANOSIM feito com base na matriz de similaridades das espécies

(valores de R, nível de significância adotado = p < 0,05) para o conjunto de estações

representativas das áreas (cânions e adjacentes), isóbatas (700 m, 1000 m e 1300 m) e

estratos (0-2 cm e 2-5 cm). ............................................................................................. 33

Tabela 2: Resultado da análise SIMPER com as principais espécies, suas contribuições

individual e acumulativa de acordo com os estratos sedimentares (0-2 cm e 2-5 cm)

coletados nas áreas dos Cânions Almirante Câmara (CANAC) e Grussaí (CANG) e no

do Talude adjacente da Bacia de Campos, Rio de Janeiro, Brasil.................................. 33

Tabela 3: Medidas do corpo (µm) de Acantholaimus marlii sp. nov. Ver abreviaturas

em ―Material e Métodos‖. Holótipo (n° 44); Alótipo (n°4); Parátipos fêmeas (n° 27 e

22); Parátipos juvenis (n° 19, 30 e 48). Parâmetro ausente(*); não obtido(-); cauda

quebrada (#). ................................................................................................................... 45

RESUMO

Os nematódeos formam um dos grupos mais abundantes entre os metazoários. Os

representantes marinhos deste filo ocorrem desde a costa até as regiões abissais. Em mar

profundo existem diversos ambientes, e um deles são os Cânions submarinos. Estes

Cânions são pouco estudados e considerados oásis de biodiversidade. A família

Chromadoridae é uma das mais abundantes em mar profundo, sendo o gênero

Acantholaimus típico deste ambiente. O objetivo deste trabalho foi determinar a

composição específica e a distribuição espacial das espécies de Acantholaimus nos

cânions Grussaí e Almirante Câmara e nas áreas adjacentes do talude na Bacia de

Campos, Rio de Janeiro, Brasil, bem como realizar a descrição de uma nova espécie do

gênero Acantholaimus oriunda das amostras coletadas na Plataforma Continental da

Bacia Potiguar, Rio Grande do Norte, Brasil. A amostragem, para a Bacia de Campos, foi

realizada em maio de 2008. Quatro transectos foram estabelecidos sobre os cânions e

Talude adjacente, em 700 m de profundidade, 1000 m e 1300 m. Em cada estação 3

réplicas foram coletadas, (com dois estratos sedimentares de 0-2 cm e 2-5 cm) e fixados

em formol 10%. Para a Bacia Potiguar a amostragem foi realizada em 2009. Em cada

estação 3 réplicas foram coletadas e fixadas em formol 4%. Em laboratório, a mesma

metodologia foi empregada para o material obtido em ambas as Bacias. As amostras

foram lavadas em água corrente, utilizando peneiras com intervalos de malhas de 0,045

mm e 0,3 mm. O material retido na peneira de 0,045 mm foi extraído pela técnica de

flotação com sílica coloidal. Cem Nematoda foram retirados de cada amostra,

diafanizados, medidos e identificados em nível de espécie. Nos Cânions e Talude

adjacente da Bacia de Campos, um total de 453 indivíduos foram encontrados e

identificados em 11 espécies. As espécies mais abundantes foram Acantholaimus maks,

A. microdontus, A. elegans e A. calathus, respectivamente. Foi feito o primeiro registro

das espécies A. barbatus e A. sieglerae para o Atlântico sul. A análise MDS mostrou uma

separação destas espécies em função dos estratos sedimentares. O BIOENV mostrou que

os percentuais de argila e carbonato e os valores de carbono total foram às variáveis que

melhor se correlacionaram com a estrutura da comunidade. A partir das amostras

coletadas na Bacia Potiguar, uma nova espécie de Acantholaimus foi descrita e novos

caracteres foram incluídos à diagnose deste gênero.

Palavras chaves: Mar profundo, Nematódeos marinhos, Taxonomia, Acantholaimus, Brasil

ABSTRACT

Nematodes are one of the most abundant groups of metazoans. Marine species occur

from the coast to the hadal regions. The deep sea has numerous environments, and one

of them is the submarine canyons. These canyons are poorly studied and considered

hotspots of biodiversity. The Family Chromadoridae is one of the most abundant at the

deep sea, and the genus Acantholaimus is typical of this environment. The aim of this

study was to determine the species composition and spatial distribution of

Acantholaimus species in Grussaí and Almirante Camara canyons, and in the adjacent

areas of Campos Basin, Rio de Janeiro, Brazil, and carry out the description of a new

species of the genus Acantholaimus derived from samples collected in the Continental

Shelf of the Potiguar Basin, Rio Grande do Norte, Brazil. The sampling for the Campos

Basin was done in May 2008. Four transects were located above the canyons and the

adjacent slope, in 700 meters depth, 1000 m and 1300 m. Three replicates were taken in

each station (with two sediment layers of 0-2 cm and 2-5 cm) and fixed in formaldehyde

10%. For the Potiguar Basin sampling was carried out in 2009. At each station three

replicas were collected and fixed in 4% formaldehyde. In the laboratory, the same

methodology was applied to the material obtained in both basins. The samples were

washed in water, using sieves with mesh intervals of 0.045 mm and 0.3 mm. The

material retained on the 0,045 mm sieve was extracted by flotation technique with

colloidal silica. Hundred Nematoda were taken from each sample, diaphanized,

measured and identified to the species level. The Canyons and adjacent Slope of the

Campos Basin, a total of 453 individuals were found and identified in 11 species. The

most abundant species were Acantholaimus maks, A. microdontus, A. elegans and A.

calathus. There was the first record of the species A. barbatus and A. sieglerae for the

South Atlantic. The MDS analysis showed a division of those species in function of

sediment layers. The BIOENV analysis showed that clay, carbonate and the total carbon

values were variables that had the best correlation with the community structure. From

the samples collected in the Potiguar Basin, a new species of Acantholaimus was

described and new characters have been added to the diagnosis of this genus.

Keywords: Deep Sea, Marine Nematodes, Taxonomy, Acantholaimus, Brazil

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................... 13

2.OBJETIVOS ........................................................................................................................... 17

2.1Objetivo Geral ...................................................................................................................... 17

2.2 Objetivos Específicos........................................................................................................... 17

3 HIPÓTESES ........................................................................................................................... 17

4 MATERIAL E MÉTODOS ................................................................................................... 18

4.1 ÁREA DE ESTUDO (Bacia de Campos) .......................................................................... 18

4.1.2PROCEDIMENTO DE COLETA PARA A BACIA DE CAMPOS ............................ 20

4.2 ÁREA DE ESTUDO (Bacia Potiguar).............................................................................. 21

4.2.2 PROCEDIMENTO DE COLETA PARA A BACIA POTIGUAR .............................. 21

4.3 PROCESSAMENTO DAS AMOSTRAS BIOLÓGICAS NO LABORATÓRIO ......... 22

4.4 IDENTIFICAÇÃO E DESCRIÇÃO TAXONÔMICA DE Acantholaimus ................... 23

4.5 VARIÁVEIS AMBIENTAIS .............................................................................................. 24

4.6 ANÁLISE DOS DADOS ..................................................................................................... 24

5 RESULTADOS ....................................................................................................................... 26

5.1 ANÁLISES ELABORADAS A PARTIR DAS AMOSTRAS DOS CÂNIONS E ÁREAS

ADJACENTES DA BACIA DE CAMPOS ............................................................................. 26

5.2 DESCRIÇÃO DA NOVA ESPÉCIE DE Acantholaimus ................................................. 34

7 DISCUSSÃO ........................................................................................................................... 48

6 CONCLUSÃO ........................................................................................................................ 54

7 REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 55

13

1. INTRODUÇÃO

Os Nematoda formam um dos grupos de metazoários mais abundantes da Terra

(HUGOT ET AL., 2001) e é considerada uma das três maiores radiações que tem

produzido mais espécies multicelulares no mundo (BOUCHER E LAMBSHEAD, 1995).

A pouco mais de uma década, o número de espécies descritas era em torno de 26.646 das

quais 4 a 5 mil são organismos de vida livre, sendo estes números considerados baixos,

pois se estima que possam existir cerca de um milhão de espécies de Nematoda

(LAMBSHEAD, 1993; HUGOT ET AL., 2001). Tais organismos ocupam qualquer tipo

de substrato, zona climática e batimetria (GIERE, 2009). Estes animais também são

conhecidos por sua alta abundância em sedimentos marinhos e terrestres, podendo atingir

milhões de indivíduos por metro quadrado (WARWICK E PRICE, 1979; HEIP ET AL.,

1985; SOETAERT ET AL., 1995).

Os organismos marinhos deste Filo estão entre os grupos de animais mais comuns

e amplamente distribuídos, ocorrendo desde a costa até regiões abissais (DE LEY ET

AL., 2006). Cerca de 80 a 95% dos indivíduos e 50 a 90% da biomassa do meiobentos

usualmente consiste de nematódeos (HEIP ET AL., 1985; VINCX ET AL., 1994;

NETTO 2005; GIERE, 2009). Em relação aos demais grupos do meiobentos, o seu

domínio numérico frequentemente aumenta com a profundidade da água (THIEL, 1975;

VINCX ET AL., 1994; REX ET AL., 2006).

Os oceanos cobrem cerca de 60-70% de toda superfície terrestre (GLOVER E

SMITH, 2003; THISTLE, 2003) e o conhecimento sobre esta área submersa está restrito

nos últimos 200 anos (INGELS, 2010a). Estima-se que, nesse ambiente, ainda exista um

grande número de espécies não descobertas pela ciência, especialmente em regiões

profundas (BOUCHET, 2006). O oceano profundo é considerado um ambiente extremo:

a pressão é alta, a temperatura é baixa e a entrada de matéria orgânica é pequena

(THISTLE, 2003; INGELS, 2010a). Glover e Smith, (2003) relatam que possivelmente,

uma das características que mais distingue o ecossistema do oceano profundo dos demais

seja a baixa produtividade. Os autores explicam ainda que a energia para a biota de mar

profundo, exceto para fontes hidrotermais e fontes frias, é derivada de uma precipitação

atenuada de detritos de águas superficiais, podendo estes variar de restos de fitodetritos a

carcaças de baleia. Comunidades de oceano profundo viventes em sedimentos

inconsolidados frequetemente exibem alta diversidade local de espécies (SNELGROVE

E SMITH, 2002).

14

No oceano profundo, a pressão, a temperatura da água e oxigênio podem limitar a

distribuição vertical e constituir uma barreira para a dispersão dos organismos deste

ambiente (INGELS, 2010a). As interações entre fatores abióticos tais como: a

granulometria, a batimetria, e a disponibilidade de alimento, exercem influência direta

sobre a estrutura, riqueza e densidade da nematofauna em mar profundo (THIEL, 1983;

GOODAY ET AL., 1992; DANOVARO ET AL., 2000; LITTLE, 2000; SOLTWEDEL,

2000; LAMBSHEAD ET AL., 2002; GIERE, 2009; INGELS ET AL., 2009, FONSECA,

2014).

O mais antigo documento sobre nematódeos de mar profundo encontrado é datado

de 1926, relativo aos resultados da expedição através do Atlântico Norte entre os anos de

1895 e 1896 pelo navegador dinamarquês Ingolf (DITLEVSEN, 1926). Apesar do

conhecimento da vida em oceano profundo ter aumentado consideravelmente nos últimos

anos (MIJULTIN ET AL., 2010), a literatura registra poucos estudos ecológicos que

compilam dados sobre nematofauna de mar profundo em nível específico e dentre estes

podem ser citados: Tietjen, 1971, 1976, 1984, 1989; Vitiello, 1976; Vivier, 1978; Dinet e

Vivier, 1979; Jesen, 1988b; Soetaert et al., 1995; Bussau, 1993; Vermeeren et al., 2004.

A nematofauna registrada para o mar profundo brasileiro exibe uma riqueza

considerável apesar dos poucos trabalhos realizados para esta área. Todavia, até o

momento tais estudos concentram-se na Bacia de Campos, no Rio de Janeiro, e a maioria

deles são trabalhos com descrições de novas espécies (NETTO, 2005; BOTELHO ET

AL., 2007; 2009; LIMA ET AL., 2009; SILVA ET AL., 2009; CAVALCANTI ET AL.,

2009; FONSÊCA-GENEVOIS ET AL., 2009; GUILHERME ET AL., 2009; SILVA,

2012; MOURA, 2013).

No mar profundo existem os Cânions submarinos, os quais formam vales

quilométricos, profundos e estreitos recortando a margem continental

(KIRIAKOULAKIS ET AL., 2011), e representam algumas das mais penetrantes

estruturas que formam a presente morfologia destas margens (MULDER ET AL., 2004).

Estas estruturas frequentemente terminam no assoalho marinho profundo em forma de

leque, criando uma via direta de águas rasas para o mar profundo favorecendo o acúmulo

de matéria orgânica, sendo, portanto considerados uma importante fonte de carbono

(GARRISON ET AL., 2001; THOMSEN ET AL., 2002; ACCORNERO ET AL., 2003;

RAMIREZ-LLODRA ET AL., 2010). Desta forma, estes ambientes podem ser

considerados um oásis de biodiversidade (INGELS, 2010a).

15

Estudos que comparam dados da nematofauna encontrada em sistemas de cânions

e em suas respectivas áreas adjacentes, como os realizados por Garcia et al., (2007) e Van

Gaever et al., (2009a), são escassos (SILVA, 2012). De forma semelhante, pesquisas com

foco nos Nematoda concentrados em áreas de cânions (DE BOVÉE E LABAT, 1993;

SOETAERT E HEIP, 1995; SOLTWEDEL ET AL., 2005; GARCIA ET AL., 2007;

INGELS ET AL., 2009, 2010a; 2010b; LINS ET AL., 2013) são consideradas

incipientes.

O registro de dados relativos aos nematódeos encontrados em sistemas de cânions

está limitado a poucos locais: no Mediterrâneo (VIVIER, 1978) no cânion Cassidaigne;

(SOETAERT ET AL., 1991; SOETAERT E HEIP, 1995) na Baía de Calvi; (DE BOVÉE

E LABAT, 1993, GRÉMARE ET AL., 1992) no Golfo de Lion, no Mar da Groelândia

(SOLTWEDEL ET AL., 2005), na margem Ibérica Ocidental (GARCIA ET AL., 2007;

INGELS ET AL., 2009; INGELS ET AL., 2010a), no Golfo da Guiné (VAN GAEVER

ET AL., 2009) no Oceano Atlântico, na margem Céltica (LINS ET AL., 2013) e

Vanreusel et al., (2010), que trabalharam com amostras de diversos locais como no oeste

da África e também na margem Ibérica Ocidental e no Mediterrâneo.

Para o Brasil, estudos ecológicos e taxonômicos sobre nematofauna relacionada a

sistemas de Cânions submarinos são ainda mais raros. A literatura registra apenas o

estudo desenvolvido por Silva (2012). A autora registrou a existência de 8 ordens e 180

gêneros pertencentes a 39 famílias. Em adição ao estudo citado, foi possível identificar

118 espécies, um gênero novo e 20 novas espécies para a ciência nos Cânions Grussaí,

Almirante Câmara e no Talude adjacente. Estes resultados mostram a riqueza ainda

pouco explorada que pode ser encontrada em sistemas de Cânions submarinos. O

presente trabalho é o segundo estudo ecológico em nível específico para áreas de Cânions

no Brasil.

Em ambientes de mar profundo, a família Chromadoridae Filipjev, 1917 apresenta

frequentemente alta abundância (VANHOVE, 1999; LAMBSHEAD ET AL., 2000,

2002, 2003; RAMIREZ ET AL., 2010; MUTHUMBI, 2011). Esta família é composta por

15 gêneros e, de forma geral, comunidades de nematódeos de mar profundo são

amplamente dominadas pelo gênero Acantholaimus Allgén, 1933 (LAMBSHEAD 2003;

VANREUSEL ET AL., 2010).

O gênero Acantholaimus é considerado típico de mar profundo e frequentemente

um dos mais abundantes (SOETAERT E HEIP, 1995; VANAVERBEKE ET AL., 1997a;

VANAVERBEKE ET AL., 1997b; GAMBI ET AL., 2003; INGELS, 2010a;

16

MIJULTINA E MIJULTIN, 2010; SILVA ET AL., 2010; MUTHUMBI ET AL., 2011).

Assim como os gêneros típicos de oceano profundo, Acantholaimus possui como

característica o cosmopolitismo (FONSECA ET AL., 2006; MIJULTINA ET AL., 2013).

Este gênero é composto por 51 espécies válidas (MUTHUMBI E VINCX, 1997;

TCHESUNOV, 2014), sendo 96% encontradas em mar profundo. Ocorre desde a quebra

da plataforma continental até sedimentos abissais nos oceanos de todo o mundo

(SOERTAERT E HEIP 1995; MUTHUMBI ET AL., 2004). Recentemente, Vanreusel et

al., (2010) mostraram que o gênero Acantholaimus ocorre em profundidades mais

elevadas, não ocorrendo majoritariamente em plataforma.

Na Bacia de Campos, Acantholaimus está presente de 700 m a 1300 m de

profundidade. Mantidas as relações existentes do gênero com os parâmetros abióticos, o

presente estudo propõe-se a investigar as diferenças na organização populacional das

espécies do gênero presente nos Cânions Almirante Câmara, Grussaí e áreas do Talude

adjacente da Bacia de Campos, Rio de Janeiro, Brasil. Além disso, este estudo apresenta

uma nova espécie para a ciência descrita a partir de amostras coletadas na Plataforma

Continental da Bacia Potiguar, Rio Grande do Norte, Brasil.

Este trabalho é parte integrante do projeto ―HABITATS – Heterogeneidade

Ambiental da Bacia de Campos‖, dando continuidade ao projeto ―Caracterização

Ambiental da Bacia de Campos‖, proposto pelo CENPES/PETROBRAS, que visou

caracterizar o sistema bêntico da Bacia de Campos, em escala regional, de forma a

auxiliar o entendimento da dinâmica deste sistema.

17

2. OBJETIVOS

2.1 Objetivo Geral

Determinar a composição e a distribuição espacial das espécies do

gênero Acantholaimus em dois cânions e áreas adjacentes na Bacia de

Campos, Rio de Janeiro, Brasil e descrever uma nova espécie do gênero

presente na Bacia Potiguar, Rio Grande do Norte, Brasil.

2.2. Objetivos Específicos

Identificar as espécies do gênero Acantholaimus, nos Cânions Almirante

Câmara e Grussaí e suas áreas adjacentes da Bacia de Campos;

Avaliar a distribuição das espécies de Acantholaimus em quatro isóbatas

(700 m, 1000 m e 1300 m) nos Cânions Grussaí e Almirante Câmara e

suas áreas adjacentes da Bacia de Campos;

Comparar a abundância total do gênero Acantholaimus entre os estratos

sedimentares (0-2 e 2-5 cm) dos Cânions Almirante Câmara e Grussaí e

suas áreas adjacentes da Bacia de Campos;

Correlacionar a distribuição espacial das espécies com as variáveis

ambientais do sedimento (granulometria, carbono orgânico total e

fitopigmentos).

Descrever uma nova espécie do gênero Acantholaimus presente na

Plataforma Continental da Bacia Potiguar e incluir novos caracteres à

diagnose do gênero.

3. HIPÓTESES

H1 = Não existem diferenças significativas quanto à distribuição das espécies de

Acantholaimus, considerando os fatores espaciais: batimétrico (isóbatas) e áreas

(Cânions e Talude adjacente).

H2 = Há uma diferença significativa na abundância do gênero Acantholaimus

entre os estratos sedimentares;

18

4. MATERIAL E MÉTODOS

4.1 ÁREA DE ESTUDO (Bacia de Campos)

A Bacia de Campos está situada no litoral Sudeste do Brasil, entre 21°30'W e

23°30'S na costa do estado do Rio de Janeiro (Figura 1A). Ocupa uma área de 115.800

km2 com profundidade de até 3.500 metros. Limita-se ao norte com a Bacia do Espírito

Santo, pelo Alto da Vitória, e ao sul com a Bacia de Santos com o Alto de Cabo Frio

(SOARES-GOMES ET AL., 1999).

O regime hidrodinâmico da região é controlado pelo empilhamento das massas de

água características do Atlântico Sul. Nos primeiros 3500 m de coluna de água,

encontram-se a Água Tropical (AT), a Água Central do Atlântico Sul (ACAS), a Água

Intermediária Antártica (AIA), a Água Circumpolar Superior (ACS), a Água Profunda do

Atlântico Norte (APAN) e a Água Circumpolar Inferior (ACI) (SILVEIRA, 1997).

A fisiografia submarina desta Bacia é constituída pelas províncias: Plataforma

Continental, Talude Continental, Sopé ou Elevação Continental onde está situado o Platô

de São Paulo (ALMEIDA E KOWSMANN, 2011).

O talude continental apresenta largura de 40 km e possui declividade média de

2,5°. Sua base é mais rasa no limite norte (cerca de 1500 m), e mais profunda ao sul

(cerca de 2000 m) (VIANA ET AL., 1998). O Talude Continental é a província

fisiográfica onde estão talhados os cânions submarinos, estando estes divididos em três

Grupos. No Grupo Nordeste de Cânions são encontrados os Cânions Almirante Câmara,

Tabajara, Grussaí, Itapemirim e São Tomé (ALMEIDA E KOWSMANN, 2011).

Todavia, nesta pesquisa serão estudados o Cânion Almirante Câmara (CANAC) e o

Cânion Grussaí (CANG) (Figura 1B).

O CANAC é bem estudado geologicamente, possui 36.068 m de comprimento

sendo o maior dentre os cânions da Bacia de Campos e apresenta uma das maiores

médias de desnível das paredes, com 335 m na margem direita (ALMEIDA E

KOWSMANN, 2011). Este Cânion atinge a plataforma continental, apresentando um

canal sinuoso e perfil em ―V‖ (FARRE ET AL., 1983). Ao contrário do que ocorre no

CANAC, o CANG não é explorado cientificamente e pouco se sabe ao seu respeito.

Possui forma de ―U‖ e não apresenta um sistema de turbidez associado. Ambos os

cânions são considerados imaturos (MACHADO ET AL., 2004).

19

Figura 1: Localização dos pontos de coleta no Talude da Bacia de Campos, Rio de Janeiro, Brasil.

Em (A) estão evidenciados os transectos F, G, H e I. Em (B) estão indicados os transectos traçados

nos cânions CANAC e CANG, os quais se localizam em entre os transectos G e H. A profundidade

das isóbatas (400 metros, 700 m, 1000 m e 1300 m) aumentam de Oeste para Leste em ambas as

figuras.

Fonte: Adaptado de CENPES/PETROBRAS (2008).

B

A

20

4.1.2 PROCEDIMENTO DE COLETA PARA A BACIA DE CAMPOS

A coleta das amostras foi realizada em 2008, a bordo do Navio Oceanográfico

Gyre, durante a execução do projeto ―Heterogeneidade Ambiental da Bacia de Campos‖

(HABITATS).

As amostras de sedimento foram coletadas com um box corer do tipo USNEL

SPADE CORER, modificado para coleta de 0,25 m2 de sedimento (Figura 2A).

O box corer utilizado possui uma abertura superior pela qual são inseridos

testemunhos para a retirada das amostras (Figura 2B). Uma área de 0,01m2 foi amostrada

em cada lançamento. Cada uma das amostras foi estratificada obedecendo aos seguintes

intervalos sedimentológicos: 0-2 e 2-5 cm (Figura 2C). Por fim, as amostras foram

fixadas diretamente em formol 10% tamponado com bórax.

Foram definidas, para este estudo, quatro estações de coleta nos Cânions CANG e

CANAC, além de quatro transectos nas áreas do Talude Continental. Estes transectos

foram denominados G e F (adjacentes ao CANG); I e H (adjacentes ao CANAC). Em

cada cânion e área adjacente, foram amostradas quatro isóbatas: 400 m, 700 m, 1000 m e

1300 m. Para cada ponto foram coletadas três réplicas (Figura1A, B). Cada réplica foi

coletada em lançamentos distintos do equipamento na mesma região batimétrica. Além

disso, em cada lançamento foram retiradas amostras para o estudo de outros grupos

biológicos, bem como para a aferição dos parâmetros biológicos.

Devido a problemas operacionais, as amostras referentes à isóbata de 400 m do

CANG não foram coletadas. Pelos mesmos motivos, não foi possível a obtenção das

amostras no transecto G nas isóbatas de 400 m e 700 m.

21

Figura 2: Box corer utilizado nas coletas de sedimento do talude (A); gabaritos metálicos inseridos

no sedimento coletado com este equipamento (B); detalhe de um dos subquadrados, do qual se

retirou a amostra para a análise da nematofauna dos intervalos dos estratros sedimentares de 0-2 e

2-5 cm (C).

Fonte: Adaptado de CENPES/PETROBRAS (2008).

4.2 ÁREA DE ESTUDO (Bacia Potiguar)

A Bacia Potiguar localiza-se na interseção da margem continental equatorial com

a margem continental leste brasileira, ocupando a metade setentrional do Rio Grande do

Norte e a região nordeste do Ceará (Figura 3) (CASSAB, 2003). Limita-se a noroeste

pelo Alto Estrutural de Fortaleza, a oeste e a sul pelas rochas do embasamento cristalino e

a norte, a nordeste e a leste pela cota batimétrica. Ocupa uma área de 48.000 km2, sendo

21.500 km2 distribuídos entre as cidades de Natal e Fortaleza e 26.500 km

2 submersos

(COSTA ET AL., 2006).

Figura 3: Mapa da Bacia Potiguar.

Fonte: Adaptado de CENPES/PETROBRAS (2009).

22

4.2.2 PROCEDIMENTO DE COLETA PARA A BACIA POTIGUAR

A amostragem foi realizada em 2009. As coletas de sedimentos foram efetuadas

em triplicata para cada estação, com auxílio de um busca-fundo do tipo Van Veen. Cada

amostra foi obtida a partir de um testemunho de área de 10,7 cm2. O material coletado

foi acondicionado em potes plásticos etiquetados, fixado com formol 4% e armazenado

para transporte.

4.3 PROCESSAMENTO DAS AMOSTRAS BIOLÓGICAS NO LABORATÓRIO

O método utilizado para o processamento das amostras em laboratório foi o

mesmo para ambas as Bacias. As amostras lavadas em água corrente, retidas em peneiras

com intervalos de malhas de 0,045 mm e 0,3 mm. O material retido na peneira de 0,045

mm foi extraído pela técnica de flotação com sílica coloidal, de densidade 1,18 g.cm-3

(SOMERFIELD ET AL., 2005). Foram triados no máximo 150 Nematoda de cada

amostra, no entanto, todos os animais foram retirados quando não existia a quantidade

necessária. Estes indivíduos foram transferidos para recipientes de vidro contendo a

solução I até passarem pelo método de diafanização. Os Nematoda passaram pelo

processo de diafanização (DE GRISSE, 1969). Neste processo, os espécimes são imersos

em três soluções distintas: a solução I, que consiste da mistura de formol (4%) e glicerina

na proporção de 99:1; a solução II, composta de etanol (96%) e glicerina na proporção

95:5; a solução III com etanol (96%) e glicerina na proporção de 50:50. A finalidade

deste procedimento é realizar a transferência total da glicerina para o corpo do animal,

sem resíduos de etanol. Além de conferir maior durabilidade aos Nematoda, este

procedimento faz com que a cutícula bem como as estruturas internas dos Nematoda

sejam clareadas, facilitando a visualização de tais estruturas.

No final desse processo, 100 nematódeos de cada amostra foram depositados em

lâminas permanentes de vidro, com base no método de Cobb (1917). Para a montagem, as

lâminas foram previamente lavadas com álcool a 70%, para eliminação de impurezas

presentes no vidro. Estas foram preparadas com um círculo de parafina, contendo uma

gota de glicerina no centro, onde foi disposto um único animal e, posteriormente

recoberto por uma lamínula. Por aquecimento, a parafina foi derretida e a lamínula

aderida à lâmina através do resfriamento da parafina. As lâminas foram levadas a

23

microscópio óptico para a identificação dos Gêneros de Nematoda. Posteriormente os

espécimes de Acantholaimus foram separados para identificação das espécies.

4.4 IDENTIFICAÇÃO E DESCRIÇÃO TAXONÔMICA DE Acantholaimus

A classificação taxonômica foi baseada em Lorenzen (1994) e De Ley et al.,

(2006). As medidas morfométricas, fotos e desenhos foram efetuados com o auxílio de

microscópio binocular (OLYMPUS CX 31), munido de um tubo de desenho. As medidas

corpóreas foram obtidas em milímetros (mm) com auxílio de um curvímetro,

posteriormente foram convertidas em micrômetros (μm). As denominações para as

regiões do corpo estudadas seguem Coomans (1979). Além dessas medidas, foram

utilizados os índices a, b e c (De Man, 1880), além do c’. Para a identificação das

espécies e a fim de comprovar o registro da nova espécie foram utilizadas as descrições

originais quando possível, a bibliografia disponível nos sites NeMys, pertencente à

Universidade de Ghent e WoRms que possuem um banco de dados sobre as espécies já

descritas até o presente momento, além da literatura mais recentemente publicada

(MIJULTINA E MIJULTIN, 2011; MIJULTINA ET AL., 2013).

Na maior parte dos espécimes analisados a cauda estava partida na porção

filiforme. A fim de minimizar erros nas medidas e nos índices corpóreos tradicionalmente

utilizados na taxonomia de Nematoda marinha de vida livre, foram utilizados os índices

a’, b’, %v’, descritos por Miljutina e Miljutin (2011). As medidas foram expressas em

micrômetros (µm), porcentagem ou proporções.

Abaixo, segue a lista de abreviações utilizadas:

% amph: proporção do diâmetro da fovea amphidialis na região correspondente do

corpo

% bulb: proporção do diâmetro do bulbo faringeano na região correspondente do corpo

% nr: porcentagem do anel nervoso em relação à região anterior

%v: porcentagem da distância da vulva para a região anterior em relação ao

comprimento total do corpo

%v’: porcentagem da distância da vulva para a região anterior em relação ao

comprimento do corpo sem a cauda

abd: diâmetro anal

amph: diâmetro máximo da fovea amphidialis

Amph: distância da fovea amphidialis para a região anterior

bulb: diâmetro do bulbo faringeano

c.pre.c: comprimento da cerda pré-cloacal

cs: comprimento das cerdas cefálicas

c. dd: comprimento do dente dorsal

c. dsv: comprimento do maior dente subventral

hd. lab. ext.: diâmetro da cabeça no nível das cerdas labiais externas

24

ext. lab.: comprimento das cerdas labiais externas

gub: comprimento do gubernáculo

hd: diâmetro da cabeça no nível das cerdas cefálicas

int. lab.: comprimento das cerdas labiais internas

L: comprimento total do corpo

L’: comprimento do corpo sem a cauda

mbd: diâmetro máximo do corpo

nr: distância do anel nervoso para a região anterior

Ov ant.: comprimento do ovário anterior

Ov pos.: comprimento do ovário posterior

ph: comprimento da faringe

som. c.: comprimento das cerdas somáticas

spic: comprimento das espículas

t: comprimento da cauda

T: comprimento dos testículos

v: distância da vulva para a região anterior

a: L/mbd

a’: L’/mdb

b: L/ph

b’: L’/ph

c: L/t

c’: t/abd

4.5 VARIÁVEIS AMBIENTAIS

Os dados representativos das variáveis ambientais do sedimento (granulometria e

carbonatos) foram fornecidos pela equipe da Universidade Estadual do Norte Fluminense,

a qual foi coordenada pelo Prof. Dr. Carlos Eduardo Rezende.

Já os dados de fitopigmentos (clorofila e feopigmentos) foram gerados pela equipe

da Universidade Federal do Rio de Janeiro, coordenada pelo Prof. Dr. Rodolfo Paranhos.

4.6 ANÁLISE DOS DADOS

A Abundância Relativa (%) de cada espécie foi calculada na base de seu

percentual em relação ao número total de indivíduos.

Para uma abordagem multivariada, foi aplicado o índice de similaridade de Bray-

Curtis (CLARKE E WARWICK, 1994) aos dados do número de indivíduos por espécie

em cada réplica por estação de coleta. A partir das matrizes de similaridade obtidas foram

realizadas análises de ordenação não métrica multidimensional (MDS). As diferenças

entre os grupos de amostras foram avaliadas, quanto à significância, pelo uso do teste

ANOSIM (CLARKE E WARWICK, 1994). O procedimento de porcentagem de

25

similaridades (SIMPER) foi aplicado para definir o percentual de contribuição das

espécies dentro e entre os grupos evidenciados pela análise de ordenação (MDS).

Para uma avaliação da relação, entre a estrutura da comunidade bentônica e as

variáveis ambientais, foi feito o procedimento BIOENV, que realiza uma correlação

(teste de Spearman) entre a matriz de similaridades da fauna e a matriz das variáveis

ambientais (CLARKE E WARWICK, 1994). Todas essas análises foram realizadas a

partir do programa PRIMER 6.0 for Windows.

26

5. RESULTADOS

Os resultados aqui apresentados foram divididos em duas partes, sendo a primeira

referente às análises feitas a partir das espécies identificadas do gênero Acantholaimus,

seja nas áreas de cânions e suas áreas adjacentes da Bacia de Campos.

A segunda parte envolve a descrição de uma nova espécie e a inclusão de novos

caracteres à diagnose do gênero partir do material proveniente da Bacia Potiguar.

5.1 ANÁLISES ELABORADAS A PARTIR DAS AMOSTRAS DOS CÂNIONS E

ÁREAS ADJACENTES DA BACIA DE CAMPOS

Nos Cânions e áreas adjacentes do Talude da Bacia de Campos foram encontrados

e analisados 453 espécimes de Acantholaimus. Este gênero correspondeu a mais da

metade dos indivíduos pertencentes à família Chromadoridae (Figura 3).

Figura 4: Abundância relativa de Acantholaimus em relação aos outros gêneros pertencentes à

Família Chromadoridae encontrados nas Isóbatas de 700 m, 1000 m e 1300 m nos Cânions

Almirante Câmara (CANAC) e Grussaí (CANG), e no Talude Adjacente da Bacia de Campos, RJ.

De forma geral, o número de espécimes do gênero Acantholaimus apresentou

aumento nas isóbatas de maior profundidade (Figura 4). A isóbata de 1300 metros

apresentou o maior percentual dentre o total de indivíduos analisados.

0%

20%

40%

60%

80%

100%

CANAC CANG Talude Adjacente

Outros

Achantholaimus

27

Figura 5: Abundância relativa de Acantholaimus ao longo de três isóbatas (700 m, 1000 m, e 1300

m) nos Cânions Almirante Câmara (CANAC) e Grussaí (CANG), bem como no Talude adjacente

da Bacia de Campos, RJ, Brasil

Dentro do total de 453 espécimes analisados, foram identificadas 11 espécies, as

quais se encontram listadas abaixo.

FILO NEMATODA Potts, 1932

CLASSE CHROMADOREA Inglis, 1993

SUBCLASSE CHROMADORIA Pearse, 1942

ORDEM CHROMADORIDA Chitwood, 1933

Subordem Chromadorina Filipjev, 1929

Superfamília Chromadoroidea Filipjev, 1917

Família Chromadoridae Filipjev, 1917

Subfamília Spilipherinae Filipjev, 1918

Acantholaimus Allgén, 1933

Acantholaimus aequisetosus Soetaert, 1988

Acantholaimus akvavitus Gerlach, Schrage e Riemann, 1979

Acantholaimus barbatus Miljutina e Miljutin, 2011

Acantholaimus calathus Gerlach, 1979

Acantholaimus crenatus Soetaert, 1988

Acantholaimus elegans Jensen, 1988

Acantholaimus iubilus Gerlach, Schrage e Riemann, 1979

Acantholaimus maks Gerlach, Schrage e Riemann, 1979

Acantholaimus microdontus Gourbault e Vincx, 1985

Acantholaimus sieglerae Miljutina e Miljutin, 2011

Acantholaimus vermeuleni Muthumbi e Vincx 1997

Este é o primeiro registro das espécies Acantholaimus barbatus e Acantholaimus

sieglerae para o Atlântico Sul.

0% 20% 40% 60% 80% 100%

1300m

1000m

700m

28

Entre estas espécies, a mais abundante foi Acantholaimus maks, com 35% do total

de indivíduos. As espécies Acantholaimus microdontus, Acantholaimus calathus e

Acantholaimus elegans com 21% e as duas últimas com 11% respectivamente, foram as

demais espécies abundantes no estudo. Acantholaimus akvavitus representou 2% do total

de indivíduos, e as espécies Acantholaimus aequisetosus, Acantholaimus barbatus e

Acantholaimus sieglerae representaram apenas 1% cada (Figura 5).

Figura 6: Abundância relativa das espécies de Acantholaimus encontradas nos estratos

sedimentares (0-2 cm e 2-5 cm), nas áreas dos Cânions Almirante Câmara (CANAC) e Grussaí

(CANG) e no do Talude adjacente da Bacia de Campos, Rio de Janeiro, Brasil.

Os indivíduos pertencentes à espécie A. maks foram os mais abundantes no

presente estudo. Esta espécie mostrou um aumento na proporção de indivíduos com o

aumento da profundidade (Figura 6). A espécie A. microdontus, segunda mais

abundante neste estudo, apresentou diminuição na proporção de indivíduos com o

aumento da profundidade, um padrão inverso quando comparado ao exibido pela

espécie A. maks.

As demais espécies não apresentaram alterações percentuais importantes em

virtude do aumento da profundidade.

A. aequisetosusA. akvavitus

A. barbatus

A. calathus

A. crenatus

A. elegans

A. iubilus

A. maks

A. microdontus

A. vermeuleni

A. sieglerae

29

Figura 7: Distribuição das espécies do gênero Acantholaimus em três isóbatas estudadas (700 m,

1000 m, 1300 m) nas áreas dos Cânions Almirante Câmara (CANAC) e Grussaí (CANG) e no do

Talude adjacente da Bacia de Campos, Rio de Janeiro, Brasil.

Foi observado que os estratos de 0-2 cm e de 2-5 cm exibem semelhança em

relação à composição específica. Entretanto, estes mostram diferenças quanto à

proporção de indivíduos para cada espécie (Figura 7). No estrato sedimentar de 0-2 cm,

a espécie A. maks ocupou a maior proporção de indivíduos. Dentro do intervalo de 2-5

cm, o domínio foi divido entre A. maks (30%) e A. microdontus (23%). Apenas a

espécie A. sieglerae foi encontrada exclusivamente no estrato mais inferior.

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

700m 1000m 1300m

A. sieglerae

A. vermeuleni

A. microdontus

A. maks

A. iubilus

A. elegans

A. crenatus

A. calathus

A. barbatus

A. akvavitus

A. aequisetosus

30

Figura 8: Distribuição das espécies do gênero Acantholaimus nos estratos sedimentares (0-2 cm e 2-

5 cm) nos estratos sedimentares nos Cânions Almirante Câmara (CANAC) e Grussaí (CANG) e no

do Talude adjacente da Bacia de Campos, Rio de Janeiro, Brasil.

A comparação entre as áreas do Cânion e do Talude Adjacente mostrou uma

composição especifica semelhante, porém com proporções diferentes entre as espécies, o

que poderia indicar possíveis variações na composição quali-quantitativa das associações

das espécies de Acantholaimus (Figura 8). Duas espécies, A. crenatus e A. aequisetosus,

ocorreram exclusivamente nas áreas adjacentes aos Cânions. Todavia, estas apresentaram

baixas proporções.

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

0-2cm 2-5cm

A. sieglerae

A. vermeuleni

A. microdontus

A. maks

A. iubilus

A. elegans

A. crenatus

A. calathus

A. barbatus

A. akvavitus

A. aequisetosus

31

Figura 9: Distribuição das espécies do gênero Acantholaimus nas áreas dos Cânions Almirante

Câmara (CANAC) e Grussaí (CANG) e no do Talude adjacente da Bacia de Campos, Rio de

Janeiro, Brasil.

A análise de ordenação multidimensional (MDS) não mostrou um arranjo

(disposição espacial) das similaridades entre as amostras, tanto para as isóbatas quanto

para as áreas (Figuras 9 e 10), o que foi confirmado pelo teste ANOSIM, com valores de

R não significativos (Tabela 1).

Na análise de ordenação multidimensional (MDS) realizada para os estratos

sedimentares, foi possível observar uma separação em função dos estratos sedimentares

(Figura 11). Esta separação ocorreu devido às diferenças nas abundâncias das espécies

Acantholaimus maks, Acantholaimus microdontus, Acantholaimus calathus,

Acantholaimus elegans e Acantholaimus vermeuleni nesses estratos conforme indicado

pela análise SIMPER (Tabela 2).

A análise BIOENV mostrou que os percentuais de argila e carbonato e os valores

de carbono total foram as variáveis que melhor se correlacionaram com a estrutura da

comunidade, no entanto, o valor da correlação não foi significativo (rho = 0,155; p =

0,13).

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

ADJACENTE CÂNION

A. sieglerae

A. vermeuleni

A. microdontus

A. maks

A. iubilus

A. elegans

A. crenatus

A. calathus

A. barbatus

A. akvavitus

A. aequisetosus

32

Figura 10: Análise de ordenação multidimensional (MDS) considerando as áreas dos Cânions

Almirante Câmara (CANAC) e Grussaí (CANG) e no do Talude adjacente da Bacia de Campos,

Rio de Janeiro, Brasil

Figura 11: Análise de ordenação multidimensional (MDS) considerando três isóbatas estudadas (700

m, 1000 m, 1300 m) nas áreas dos Cânions Almirante Câmara (CANAC) e Grussaí (CANG) e no do

Talude adjacente da Bacia de Campos, Rio de Janeiro, Brasil.

ISOBATA

700m

1000m

1300m

2D Stress: 0,19

ÁREA

CÂNION

ADJACENTE

2D Stress: 0,19

33

Figura 12: Análise de ordenação multidimensional (MDS) considerando os estratos sedimentares (0-2

cm e 2-5 cm) nas áreas dos Cânions Almirante Câmara (CANAC) e Grussaí (CANG) e no do Talude

adjacente da Bacia de Campos, Rio de Janeiro, Brasil.

Tabela 1: Teste ANOSIM feito com base na matriz de similaridades das espécies (valores de R,

nível de significância adotado = p < 0,05) para o conjunto de estações representativas das áreas

(cânions e adjacentes), isóbatas (700 m, 1000 m e 1300 m) e estratos (0-2 cm e 2-5 cm).

Fatores Rglobal P

Áreas 0,001 0,45

Isóbatas 0,007 0,34

Estratos 0,23 0,0001

Tabela 2: Resultado da análise SIMPER com as principais espécies, suas contribuições individual e

acumulativa de acordo com os estratos sedimentares (0-2 cm e 2-5 cm) coletados nas áreas dos

Cânions Almirante Câmara (CANAC) e Grussaí (CANG) e no do Talude adjacente da Bacia de

Campos, Rio de Janeiro, Brasil.

Espécies

Abundâncias medias Contribuição para

dissimilaridades (%) Estratos sedimentares

0-2cm 2-5cm

Acantholaimus maks 2,52 1,26 26,59

Acantholaimus microdontus 1,60 0,55 20,81

Acantholaimus calathus 1,04 0,06 11,58

Acantholaimus elegans 0,63 0,58 11,24

Acantholaimus vermeuleni 0,10 0,84 11,09

Acantholaimus iubilus 0,35 0,29 06,88

Acantholaimus crenatus 0,29 0,00 03,58

ESTRATO

0-2cm

2-5cm

2D Stress: 0,19

34

5.2 DESCRIÇÃO DA NOVA ESPÉCIE DE Acantholaimus

A partir dos exemplares de Acantholaimus encontrados no material proveniente da

Bacia Potiguar, foi possível confirmar a presença de uma nova espécie.

Apresenta-se uma lista taxonômica das espécies válidas para o Gênero

Acantholaimus. Esta lista foi baseada no NeMys e WoRms, além de estar acrescida da

literatura mais recentemente publicada (MIJULTINA E MIJULTIN, 2011; MIJULTINA

ET AL., 2013).

FILO NEMATODA Potts, 1932

CLASSE CHROMADOREA Inglis, 1993

SUBCLASSE CHROMADORIA Pearse, 1942

ORDEM CHROMADORIDA Chitwood, 1933

Subordem Chromadorina Filipjev, 1929

Superfamília Chromadoroidea Filipjev, 1917

Família Chromadoridae Filipjev, 1917

Subfamília Spilipherinae Filipjev, 1918

Acantholaimus Allgén, 1933

Acantholaimus aequisetosus Soetaert, 1988

Acantholaimus aheneus Bussau, 1993

Acantholaimus akvavitus Gerlach, Schrage e Riemann, 1979

Acantholaimus angustus Bussau, 1993

Acantholaimus arminius Gerlach, 1979

Acantholaimus arthrochaeta Miljutina e Miljutin, 2011

Acantholaimus barbatus Miljutina e Miljutin, 2011

Acantholaimus caecus Bussau, 1993

Acantholaimus calathus Gerlach, Schrage e Riemann, 1979

Acantholaimus cornutus Miljutina e Miljutin, 2011

Acantholaimus coruscus Bussau, 1993

Acantholaimus crenatus Soetaert, 1988

Acantholaimus cyathibucca Vivier, 1985

Acantholaimus effilatus Soetaert, 1988

Acantholaimus elegans Jensen, 1988

Acantholaimus ewensis Platt e Zhang, 1982

Acantholaimus filicaudatus Soetaert, 1988

Acantholaimus formosus Mijultina, Mijultin e Tchesunov, 2013

Acantholaimus gathumai Muthumbi e Vincx, 1997

Acantholaimus geraerti Muthumbi e Vincx, 1997

Acantholaimus gigantasetosus Vivier, 1985

Acantholaimus heipi Muthumbi e Vincx, 1997

Acantholaimus incomptus Vivier, 1985

35

Acantholaimus invaginatum Muthumbi e Vincx, 1997

Acantholaimus iubilus Gerlach, Schrage e Riemann, 1979

Acantholaimus longisetosus Allgén, 1933

Acantholaimus longistriatus Gourbault e Vincx, 1985

Acantholaimus macramphis Gourbault e Vincx, 1985

Acantholaimus maks Gerlach, Schrage e Riemann, 1979

Acantholaimus megamphis Vivier, 1985

Acantholaimus microdontus Gourbault e Vincx, 1985

Acantholaimus minutus (Vitiello, 1970)

Acantholaimus mirabilis Soetaert, 1988

Acantholaimus obviatus Vivier, 1985

Acantholaimus occultus Bussau, 1993

Acantholaimus pilosus Kreis, 1963

Acantholaimus polydentatus Gerlach, 1951

Acantholaimus pygmaeus Soetaert, 1988

Acantholaimus quadridentatus Jensen, 1985

Acantholaimus quintus Gerlach, Schrage e Riemann, 1979

Acantholaimus robustus Miljutina e Miljutin, 2011

Acantholaimus septimus Gerlach, Schrage e Riemann, 1979

Acantholaimus setosus Vitiello, 1970

Acantholaimus sieglerae Miljutina e Miljutin, 2011

Acantholaimus skukunae Mijultina et al., 2013

Acantholaimus spinicauda (Gerlach, Schrage e Riemann, 1979)

Acantholaimus tchesunovi Miljutina e Miljutin, 2011

Acantholaimus tectus Bussau, 1993

Acantholaimus vasicola Soetaert, 1988

Acantholaimus veitkoehlerae Mijultina e Miljutin, 2011

Acantholaimus vermeuleni Muthumbi e Vincx, 1997

Acantholaimus verscheldi Muthumbi e Vincx, 1997

Emenda da diagnose de Acantholaimus após Tchesunov (2014)

Corpo com cutícula pontuada, frequentemente formando fileiras transversais. A

diferenciação lateral pode estar presente como pontos maiores, irregulares ou arranjados

em fileiras. As cerdas somáticas podem estar presentes ou ausentes. O arranjo cefálico é

composto de cerdas setiformes ou papiliformes, sendo distribuído em dois (6+10) ou três

(6+6+4) círculos. O segundo e o terceiro círculos de cerdas são articulados na espécie

Acantholaimus arthrochaeta. A fovea amphidialis é arredondada com borda posterior

interrompida, quase em forma de vírgula ou ainda em forma de espiral, sendo esta mais

larga do que comprida. Cavidade bucal armada com três ou mais dentes sólidos, os quais

podem estar ou não protraídos. A faringe com bulbo basal presente ou ausente. A

glândula ventral, o poro excretor e o anel nervoso são de difícil visualização. As fêmeas

36

possuem dois ovários opostos, refletidos e antidrosmous. São ovíparas e em algumas

espécies, existe registro de ovoviviparidade. Os machos possuem um único testículo

anterior. As espículas possuem um formato peculiar, achatadas e fortemente alargadas na

porção proximal. O gubernáculo apresenta comprimento e forma variável.

Espermatozóide gigante, piriforme, quase sempre estruturalmente complexo. Cerdas pré-

cloacais podem estar presentes ou ausentes. Suplementos pré-clocais ausentes. Cauda

cônico-cilíndrica, com porção final filiforme. Marinho, tipicamente encontrado em

oceano profundo. Número de espécies: 51

Espécie tipo do gênero: Acantholaimus longisetosus Allgén, 1933

Acantholaimus marlii sp. nov.

Material tipo: Holótipo:1 macho (MNRJ xx); Alótipo: 1 fêmea (MNRJ xx); Parátipos: 2

fêmeas (xx –xx NM LMZOO-UFPE) e 3 juvenis (xx-xx NM LMZOO-UFPE). Material

coletado na Bacia Potiguar, entre 45 e 100 metros de profundidade. Faciologia areia

bioclástica fina a grossa. Coletor: Van-Veen.

Etimologia: em homenagem à Marli Maria da Silva, mãe do discente (Alex Silva).

Medidas são dadas na Tabela 3.

Descrição

Holótipo

Corpo cilíndrico e atenuado nas extremidades, medindo 684 µm de comprimento

até a região anal (Figuras 12A e 13A). Cutícula densamente pontuada com pontos

organizados em linhas transversais. Diferenciação lateral iniciada posteriormente à fovea

amphidialis, se estendendo ao longo da faringe até a porção superior do bulbo, não

existindo no restante do corpo. Diferenciação lateral com pontos maiores, dispostos de

forma dispersa e mais espaçados que os medianos, os quais são mais densamente

arranjados. Os poros cuticulares são ovais e se distribuem de forma desordenada,

estendem-se ao longo de todo o corpo, exceto na porção filiforme da cauda, sendo

maiores e mais esclerotizados lateralmente. Cerdas somáticas ocorrem a partir da porção

posterior à fovea amphidialis, e se distribuem em quatro fileiras longitudinais sublaterais

e encontram-se presentes ao longo de todo o corpo, exceto na porção filiforme da cauda.

O arranjo cefálico é distribuído em três círculos de cerdas, seguindo o padrão 6 + (6 + 4),

dos quais, o primeiro círculo é papiliforme. As cerdas labiais externas medem 3 µm cada

e as cerdas cefálicas medem 25 µm cada, correspondendo a 89% do diâmetro cefálico. A

fovea amphidialis está localizada abaixo das cerdas cefálicas, possui a forma de uma

37

espiral, transversalmente mais larga, com 13 µm de diâmetro, representando 48% do

diâmetro da área correspondente, e situado a 10 µm da região anterior (6%) (Figuras 12B

e 13B). A cavidade bucal possui cinco dentes sólidos (1 dorsal maior e 4 subventrais

menores) (Figura 12C e 13C). O mais longo mede 6 µm. O mais protuberante dentre os

dentes subventrais possui o formato semelhante a um ―abridor de garrafas‖ e mede 3 µm.

Os demais são diminutos e de difícil visualização. A faringe (130 µm) é cilíndrica,

musculosa, se alarga no nível do esophoestoma, e na extremidade da porção posterior,

forma um bulbo basal bem desenvolvido (39 µm de diâmetro), preenchendo 77% da área

do corpo correspondente. O anel nervoso está situado a 41% da região anterior (Figuras

13D). O sistema reprodutor apresenta um testículo anterior e estendido (394,5 µm), o

qual ocupa 58% do comprimento do corpo medido sem a cauda e posicionado a direita do

intestino. As espículas são curvas, alargadas e achatadas na porção proximal (Figuras 12E

e 13E). Gubernáculo em forma de bastão afunilado em ambas as extremidades e

ligeiramente curvado na porção proximal. Apófise ausente. Suplementos pré-cloacais

ausentes. Três glândulas caudais. Cauda cônico-cilíndrica com porção final filiforme.

Alótipo

Fêmea (lâmina n°4) bastante similar ao macho, exceto quanto às cerdas somáticas

que estão ausentes, (cerdas somáticas em número reduzido quando comparado ao

holótipo, foram visualizados apenas no parátipo n° 22, seguindo um padrão de

distribuição semelhante ao visualizado no macho). Corpo com 804 µm de comprimento

até a região anal, e diâmetro máximo de 54 µm (Figuras 14A e 15A). Os poros

cuticulares ocorrem ao longo de todo o corpo com tamanho, forma e distribuição

semelhante aos encontrados no macho (Figuras 14B e 15B), entretanto, estes são

visualizados na cauda, diferentemente do macho onde os poros caudais não foram

visualizados. Cerdas labiais externas e cerdas cefálicas equivalente a 20% e 74,5% do

diâmetro correspondente respectivamente. Fovea amphidialis medindo 13 µm de

diâmetro, localizado a 10 µm da região anterior, ocupando 46% da área do corpo

correspondente. A cavidade bucal é semelhante a visualizado no macho (Figuras 14C e

15C). Faringe semelhante à visualizada no macho (Figura 14D e 15D). Bulbo basal ocupa

75% da área do corpo correspondente. A vulva está localizada a 516 µm da região

anterior, 64% do comprimento do corpo medido sem a cauda. Dois ovários opostos,

refletidos e antidrosmous (Figuras 14E e 15E), posicionado a esquerda do intestino.

Ovário anterior e posterior medindo 189 e 248 µm respectivamente. Três glândulas

38

caudais. Cauda cônico-cilíndrica e com porção final filiforme, ocupada por duas fileiras

de poros circulares.

Parátipo – Juvenil

Devido à ausência de células germinativas primordiais, o espécime analisado

(lâmina 19) encontra-se no primeiro estágio de desenvolvimento. Juvenil compartilha

características de ambos os adultos. Corpo com 618 µm de comprimento (Figuras 16A e

17A). Cutícula densamente pontuada sem diferenciação lateral (Figura 17B). Poros

cuticulares não visualizados ao longo do corpo (exceto na porção filiforme da cauda).

Cerdas somáticas se distribuem de forma semelhante à visualizada no macho, entretanto

em menor número. Não foi possível visualizar as cerdas labiais internas e externas, bem

como o anel nervoso e o poro excretor. A fovea amphidialis ocupa 49% da região do

corpo correspondente (Figuras 7B e 8B). Cavidade bucal similar a dos adultos (Figura

16C e 17C). Faringe semelhante a observado nos adultos (93 µm), entretanto esta

apresenta estreitamento a 39% do comprimento (Figuras 16D e 17D). Bulbo basal ocupa

76% da área do corpo correspondente. Cauda cônico-cilíndrica com porção terminal

filiforme (Figuras 16E e 17E), sendo esta última parte, ocupada por duas fileiras de poros

circulares.

39

Figura 13: Acantholaimus marlii sp. nov.: (A) holótipo macho, visão geral; (B) região anterior

(cutícula, poros cuticulares; seta indicando posição da fovea amphidialis com indicação da seta); (C)

região anterior (cavidade bucal); (D) região anterior (região faringeal); (E) espículas e gubernáculo.

Fotos: Rafael B. de Moura.

40

Figura 14: Acantholaimus marlii sp. nov.: (A) holótipo macho (lâmina 44), visão geral; (B) região

anterior (cutícula, poros cuticulares, arranjo cefálico e fovea amphidialis); (C) região anterior

(cavidade bucal); (D) região anterior (região faringeal e anel nervoso); (E) espículas e gubernáculo.

Ilustrações: Alex M. da Silva.

41

Figura 15: Acantholaimus marlii sp. nov.: (A) alótipo, visão geral; (B) região anterior (cutícula;

poros cuticulares ; seta indicando posição da fovea amphidialis); (C) região anterior (cavidade

bucal); (D) região anterior (região faringeal); (E) Ovários.

Fotos: Rafael B. de Moura.

42

Figura 16: Acantholaimus marlii sp. nov.: (A) alótipo(lâmina 4), visão geral; (B) região anterior

(cutícula, poros cuticulares, arranjo cefálico e fovea amphidialis); (C) região anterior (cavidade

bucal); (D) região anterior (região faringeal e anel nervoso); (E) Ovários.

Ilustrações: Alex M. da Silva.

43

Figura 17: Acantholaimus marlii sp. nov.: (A) parátipo, visão geral; (B) região anterior (cutícula;

seta indicando posição da fovea amphidialis); (C) região anterior (cavidade bucal); (D) região

anterior (região faringeal); (E) porção filiforme da cauda.

Fotos: Rafael B. de Moura.

44

Figura 18: Acantholaimus marlii sp. nov.: (A) parátipo (lâmina 19), visão geral; (B) região anterior

(cutícula, arranjo cefálico e fovea amphidialis); (C) região anterior (cavidade bucal); (D) região

anterior (região faringeal); (E) porção terminal da cauda.

Ilustrações: Alex M. da Silva.

45

Tabela 3: Medidas do corpo (µm) de Acantholaimus marlii sp. nov. Ver abreviaturas em “Material

e Métodos”. Holótipo (n° 44); Alótipo (n°4); Parátipos fêmeas (n° 27 e 22); Parátipos juvenis (n° 19,

30 e 48). Parâmetro ausente(*); medida não obtida(-); cauda quebrada (#).

Acantholaimus sp. nov. ♂ ♀ ♀ ♀ J J J

N° da lâmina 44 4 27 22 19 30 48

L 1104 1200 1152 942 618 729 660

L ' 684 804 756,5 582 380 457 411

int. lab papila papila papila papila − − −

ext. lab 3 4 4 4 − − −

dn lab. ext. 18 18 23 18 − − −

cs 25 21 22 22 − − −

hd 28 27 31 29 − − −

c. dd 6 7 6 7 − − −

c. dsv 3 4 − 5 − − −

ph 130 160 160 157 93 120 109

bulb 39 31,5 35 37,5 − − −

% bulb 77% 75% 81% 78% − − −

amph 13 13 13 11 − − −

Amph 10 10 10 16 − − −

% amph 48% 46% 37% 37% 49% − −

nr 61 73 − 74 − − −

%nr 41% 47% − 47% − − −

mbd 45 54 48 54 24 39 37,5

abd 28,5 31,5 28,5 34,5 21 27 24

som. c. 18-21 − − 13-17 − − −

T 394,5 * * * * * *

spic 31,5 * * * * * *

spic arc 36 * * * * * *

gub 13,2 * * * * * *

V * 516 474 426 * * *

V% * 43% 41% 45% * * *

%V' * 64% 63% 73% * * *

Ov. ant. * 189 225 − − − −

Ov. pos. * 248 203 − − − −

t # # # # 238,5 271,5 249

a − − − − 26 19 18

b − − − − 5,5 6 6

c − − − − 3 3 3

a' 15 15 16 11 16 12 11

b' 5 5 5 4 3 4 4

c' − − − − 11 10 17

46

Diagnose diferencial

Acantholaimus marlii sp. nov. é caracterizado por possuir um corpo longo, e a

cavidade bucal composta por cinco dentes sólidos (4 subventrais e 1 dorsal), sendo o

maior localizado dorsalmente e o mais protuberante entre os subventrais possui o formato

semelhante a um ―abridor de garrafas‖. Além disso, difere de todas as outras espécies do

gênero por apresentar fovea amphidialis em forma de espiral, sendo esta mais larga do

que comprida e aqui considerada como característica diferencial e única para o gênero.

A nova espécie compartilha com Acantholaimus arthrochaeta Miljutina e Miljutin

2011, características como: o arranjo das cerdas somáticas ao longo do corpo (4 fileiras

longitudinais sublaterais), o número de dentes na cavidade bucal (5), um dente dorsal

bem desenvolvido e de comprimento semelhante (6-7 µm em A. marlii sp. nov. vs. 5-6

µm em A. arthrochaeta). O maior dente entre os quatro subventrais também exibe

dimensão similar (5 µm em A. arthrocaeta VS. 3-5 µm em A. marlii sp. nov.). O

comprimento das espículas (31-41 µm em A. arthrocaeta VS. 32 µm em A. marlii sp.

nov.), do gubernáculo (10-17 µm em A. arthrocaeta VS. 13 µm em A. marlii sp. nov.) e

o diâmetro anal (20-38 µm em A. arthrocaeta VS. 21-34,5 em A. marlii sp. nov.)

também são semelhantes.

Entretanto, A. arthrochaeta apresenta características distintas tais como:

comprimento L’ superior quando comparado a A. marlii sp. nov. (411-804 µm vs. 839-

1055 µm em A. marlii sp. nov.), ornamento cuticular formado de pontos arranjados de

forma desordenada até o nível da faringe, diferenciação lateral que se estende ao longo de

todo o corpo (exceto na porção filiforme da cauda), cavidade bucal com 12 rugas

cilíndricas, bulbo faríngeo pobremente desenvolvido e cerdas cefálicas articuladas e as

somáticas podendo ser clavadas. Além disso, o testículo ocupa entre 40-50% da região

pré-anal, proporção inferior ao observado em A. marlii sp. nov. (58%). As espículas

descritas para a A. arthrocaeta apresentam maior curvatura, evidenciando maiores

valores de comprimento quando medidas em arco (41-56 µm VS. 36 µm na nova

espécie).

A espécie Acantholaimus maks Gerlach, Schrage e Riemann 1979, compartilha

com a nova espécie características como: o número de dentes na cavidade bucal (5), um

dente dorsal bem desenvolvido e de comprimento semelhante (6 µm VS. 6-7 µm em A.

marlii sp. nov.) o diâmetro da fovea amphidialis (11-14 µm VS. 11-13 µm A. marlii sp.

nov.), a porcentagem que esta estrutura ocupa na área correspondente do corpo (37-50%

47

vs. 37-49% em A. marlii sp. nov.), e o diâmetro anal (27-45 µm VS. 24-35 µm em A.

marlii sp. nov.).

Todavia, a espécie A. maks difere da descrita no presente estudo por possuir as

seguintes características: comprimento L’ superior (877-1844 µm VS. 411-804 µm em A.

marlii sp. nov.), cutícula sem diferenciação lateral, espículas de maior comprimento (45-

60 µm vs. 32 µm em A. marlii sp. nov.) e curvatura, gubernáculo bifurcado na porção

distal, e um testículo que ocupa menor proporção da área pré-anal (40% VS. 58% em A.

marlii sp. nov.).

48

7. DISCUSSÃO

Chromadoridae pode ser citada como uma das principais e mais abundantes

famílias de Nematoda em mar profundo (DINET E VIVIER, 1979; THISTLE E

SHERMAN, 1985; PLATT E WARWICK, 1988; SOETAERT E HEIP, 1995;

LAMBSHEAD ET AL., 2003; MUTHUMBI ET AL., 2004, 2011; NETTO ET AL.,

2005; DE MESEL ET AL., 2006; INGELS, 2010a; MIJULTINA ET AL., 2010;

MIJULTINA E MIJULTIN, 2010, VANREUSEL, 2010; MUTHUMBI ET AL., 2011).

Para as áreas de Cânions submarinos, a presença de Chromadoridae foi relatada por

Tietjen, 1984; Ingels et al., 2010a; Lins et al., 2013. No entanto, a sua dominância é relata

em poucos trabalhos, sendo citado como subdominante ou apresentando dominância

alternada (GAMBI ET AL., 2003; INGELS, 2010a; MIJULTINA E MIJULTIN, 2010;

MUTHUMBI ET AL., 2011, LINS ET AL., 2013).

Esta presença constante, na maioria dos estudos se deve ao fato da dominância do

gênero Acantholaimus na família Chromadoridae para ambientes de mar profundo

(VANAVERBEKE ET AL., 1997B; MUTHUMBI ET AL., 2011; MOURA ET AL.,

2013). No presente estudo, Acantholaimus predominou em mais da metade dos

indivíduos pertencentes a esta família.

Nas estações da Bacia de Campos, aqui consideradas, foram encontrados 621

indivíduos no total, porém devido ao estado de conservação em que se encontravam os

espécimes somente 453 espécimes puderam ser identificados em nível específico.

Miljutin et al., (2010) explicam o porquê de existir algumas dificuldades em trabalhar

com espécimes de mar profundo, tais como: a dificuldade no procedimento de coleta, a

ausência na uniformidade da comunidade e talvez a principal delas seja adquirir um

número razoável de exemplares a ser estudado. O número de indivíduos encontrados nos

cânions e no talude adjacente da Bacia de Campos não pode ser considerado expressivo,

principalmente porque se trata de dados em nível específico e a maioria dos trabalhos

utiliza densidade. As diferenças nas densidades faunísticas podem ser explicadas por

diversos fatores, tais como a presença da ressurgência que pode influenciar no alto nível

da produção primária, resultando no acréscimo do aporte fitodentrítico sazonal no mar

profundo e consequentemente, um aumento no estoque bentônico (JOINT ET AL., 2002).

Para ambientes de Cânions submarinos, a razão para explicar as diferenças nas

densidades seria o nível de maturidade do cânion (FARRE ET AL., 1983), que se refere

ao grau que este adentrou a plataforma continental e sua capacidade de transportar

sedimento para o talude (SCHMIDT ET AL., 2001). De acordo com Machado et al.,

49

(2004) o cânion Almirante Câmara foi grande alimentador de areias para o Platô de São

Paulo durante o período Glacial do Pleistoceno. Contudo, tanto o Cânion Almirante

Câmara quanto o Grussaí são considerados cânions imaturos, pois não mais possuem um

sistema de turbidez associado (MACHADO ET AL., 2004).

De forma geral, o número de espécimes de Acantholaimus aumentou de acordo

com o aumento da profundidade. Vanaverbeke et al., (1997b) encontraram o mesmo

resultado exibido por Muthumbi et al., (2011) que mostraram que a abundância relativa

da família Chromadoridae exibiu tendência a um aumento nas isóbatas de maior

profundidade, sendo a maior proporção dos espécimes desta família (≥50%),

representados pelo gênero Acantholaimus.

Considerando que os indivíduos aqui foram encontrados entre as profundidades de

700 e 1300 metros, este gênero foi registrado em profundidades semelhantes por Soetaert

e Heip (1995) em áreas de quebra do Talude, zonas abissais e hadais do Mar

Mediterrâneo. Já Vanreusel et al., (1997) encontrou em profundidades próximas a 2000 m

na Bacia ao Norte de Fiji e Muthumbi et al., (2011), no Oceano Índico Ocidental ao longo

da costa do Quênia com profundidades entre 500 e 2000 m e Vanaverbeke (1997b) para o

Oceano Ártico, no mar de Laptev em batimetrias entre 65 e 3237 m. Em cânions, Ingels

(2010a) encontrou Acantholaimus em profundidades superiores no cânion Nazaré (3400 e

4300 m), localizado na Margem Ibérica Oeste. Muitas espécies deste gênero parecem ser

cosmopolitas, pois são comumente encontradas em todos os oceanos (MIJULTINA ET

AL., 2013).

Dentro do total de 453 espécimes estudados, 11 espécies foram identificadas.

Silva (2012) registrou sete espécies para a mesma área, incluindo os mesmos cânions

(Almirante Câmara e Grussaí), assim como o talude adjacente (G e H). A explicação para

que se tenha encontrado um número maior de espécies, se deve ao fato de que no presente

estudo, o talude adjacente foi acrescido de mais dois transectos (F e I), além do estrato

sedimentar de 2-5 cm ter sido adicionado. Estes fatores contribuíram para elevar a chance

de encontrar mais quatro espécies, aumentando assim a lista das espécies de

Acantholaimus encontradas para a Bacia de Campos.

Neste estudo, a espécie mais abundante foi A. maks. Esta espécie foi descrita

primeiramente por Gerlach, Schrage e Riemann (1979) para a Bacia do Peru, Sudeste do

Pacífico (3365 – 6313 m) e, redescritra por Gourbault e Vincx (1985) para o Sudeste do

Oceano Atlântico (2992 – 4308 m). Posteriormente, Vivier em 1985 fez um complemento

dessas descrições para o Nordeste do Atlântico, no Golfo de Biscaia (2690 m). Bussau

50

(1993) registrou esta espécie em cavidades internas de nódulos de manganês na Bacia do

Peru (4142 – 4150 m). Já Mijultin et al., (2011) encontrou a mesma espécie para o

Nordeste tropical do Pacífico, para zona da fratura Clarion Clipperton, em faixas

remanescentes após dragagem experimental de nódulos de manganês (5000 – 5035 m).

Esta espécie tem sido associada a locais onde nódulos polimetálicos são observados

(THIEL, 1992; 2003; BUSSAU, 1993; MIJULTINA ET AL., 2010, MIJULTIN ET AL.,

2011). Em relação às isóbatas, A. maks dominou em todas as profundidades, alcançando

35% no total, no entanto esta teve seu predomínio na isóbata de 1300 m em que obteve

40% da proporção total dos espécimes. Esta espécie também foi dominante nos estratos,

tanto de 0-2 cm quanto de 2-5 cm. Em relação às áreas prospectadas A. maks dominou

também nos cânions e no talude adjacente, contudo sua maior representatividade foi

evidenciada na região do talude adjacente.

A segunda maior abundancia relativa dentre as espécies encontradas no presente

estudo, pertenceu a A. microdontus. A espécie difere do restante da família, sendo

caracterizada principalmente por apresentar a cavidade bucal estreita com três dentes

diminutos e de pontas finas (GOURBAULT E VINCX, 1985). As outras espécies de

Acantholaimus possuem dentes e bocas grandes (SILVA, 2012). Foi descrita

primeiramente por Gourbault e Vincx, (1985), para zonas abissais da França. Em relação

às isóbatas, A. microdontus representou 21% do total de indivíduos, ocupou a segunda

maior proporção de espécimes em 700 m e 1000 m. Sua maior representatividade ocorreu

na isóbata de 1000 m, onde correspondeu a 26% dos espécimes, decrescendo em 1300 m.

Esta espécie também foi a segunda em abundância nos estratos (0-2 cm e 2-5 cm), no

entanto esteve mais abundante no talude adjacente (23%) do que nos cânions (14%). Este

registro amplia a área de ocorrência desta espécie no Talude da Bacia de Campos, visto

que o primeiro registro de A. microdontus para o Atlântico Sul foi realizado para a

mesma área de estudo por Silva (2012). Não há na literatura mais fontes que incluam esta

espécie em outras publicações.

Duas espécies evidenciaram abundâncias iguais: A. calathus e A. elegans, com

11% do total de indivíduos cada. A. calathus foi descrita pela primeira vez por Gerlach et

al., (1979) para o Sudeste do Pacífico. Esta espécie esteve presente em todas as isóbatas

aqui prospectadas, e sua importância cresceu na mais profunda delas, em que A. calathus

ocupou 13% dos indivíduos ali encontrados, alcançando portando a segunda maior

abundancia em 1300 m. Em relação à espécie A. elegans o primeiro registro foi realizado

por Jensen (1988a) para o mar profundo da Noruega (o autor não cita a profundidade).

51

Posteriormente, Muthumbi e Vincx (1997), redescreveram a espécie para a costa do

Quênia. Esta espécie esteve bem representada em todas as isóbatas, ocupando sempre a

faixa entre 10 e 12% da proporção total dos espécimes em cada uma delas. Apresentou

uma proporção semelhante nos estratos: 0-2cm (10 %) e 2-5 cm (11%) e foi mais

abundante nos cânions (15%) do que no talude adjacente (9%).

As espécies A. iubilus, A. sieglerae e A. vermeuleni, estiverem presentes nos dois

cânions (Almirante Câmara e Grussaí) e no talude adjacente (G, H, F e I), apresentando

proporções entre 1 e 7%. Estas também estiveram presentes em todas as isóbatas e

estratos sedimentares, com exceção de A. sieglerae que ocorreu apenas no estrato de 0-2

cm. A. vermeuleni e A. iubilus foram encontradas por Muthumbi e Vincx (1997) para o

Oceano Índico em profundidades que variaram entre 500 m e 2088 m. Dentre estas

espécies, A. iubilus é a mais amplamente distribuída, tendo sido encontrada também por

Gerlach et al., (1979) para o Sudeste do Pacífico (3086 e 6313 m); Gourbaut e Vincx

(1985) para o Nordeste do Atlântico (2063 e 4308 m); Jensen (1988a) para o mar da

Noruega (970 e 3290 m); Tietjen (1989) para a Planície abissal de Hatteras, Oceano

Atlântico Norte (5411m) e para valas no Oceano Pacífico, Porto Rico (7460 e 8380 m);

Mijultin e Mijultina (2011), para o Nordeste do Pacífico, na zona da fratura Clarion

Clipperton (5000 e 5035 m); Mijultina et al., (2013) para o Oceano Atlântico, na Bacia da

Angola (5450 m).

A espécie A. akvavitus que neste estudo representou pouco mais de 2% do total de

indivíduos, foi descrita por Gerlach et al., (1979) em batimetrias entre 4526 e 4925 m. Os

demais registros encontrados na literatura foram realizados para a Baía de Biscay,

noroeste do Atlântico (VIVIER, 1985), a uma profundidade de 4700 m, e para a Bacia da

Angola, sudeste do Atlântico (MIJULTINA ET AL., 2013) a 5450 m de profundidade. As

espécies A. aequisetosus e A. crenatus estiveram presentes somente no Talude adjacente.

A literatura encontrada sobre ambas as espécies está pobremente descrita, com ausência

de detalhes e informações. Os desenhos estão confusos e com pouco refinamento, além

da ausência de fotos.

Com base nos caracteres morfométricos, foi possível realizar o primeiro registro

das espécies A. barbatus e A. sieglerae para o Atlântico Sul. Ambas ocorreram entre

1000 e 1300 m de profundidade. Estas espécies foram descritas recentemente por

Mijultina et al., (2011) para o Nordeste do Pacífico, na zona da fratura Clarion

Clipperton, entre 4800 e 5029 m de profundidades. Os mesmos autores concluíram, com

base em descrições morfológicas que muitas espécies de Acantholaimus possuem

52

distribuição extremamente ampla. Tal conclusão é apoiada também por dados

moleculares para outros gêneros de nematódeos (DECRAEMER ET AL., 2001;

BHADURY ET AL., 2008; BIK ET AL., 2010) e grupos da meiofauna (LECROQ ET

AL., 2009; MENZEL ET AL., 2011). A aparente homogeneidade do sedimento em mar

profundo e a ausência de barreiras que impeçam a dispersão dos Nematoda, podem

explicar a ocorrência destas espécies em diferentes locais do extenso ambiente de mar

profundo (VANHOVE, 1999; LAMBSHEAD E BOUCHER, 2003).

A análise de ordenação multidimensional não mostrou um arranjo das

similaridades entre as amostras, tanto para as isóbatas quanto para as áreas, o que foi

confirmado pelo teste ANOSIM, com valores de R não significativos. Este resultado

pode ter sido influenciado pelo número de indivíduos de cada espécie envolvida na

análise. A maioria dos estudos de Nematoda, incluindo mar profundo, está identificado

em nível de família ou gênero (MUTHUMBI E VINCX, 1997). Contudo, Mijultin et al.,

(2010) explicam que em estudos ecológicos, quando os animais são identificados em

espécies, cada espécie vai conter poucos indivíduos, muitas vezes apenas um organismo.

Na análise de ordenação multidimensional realizada para os estratos sedimentares,

foi possível observar uma separação das espécies em função dos estratos sedimentares. A

análise SIMPER mostrou que esta separação ocorreu devido à presença das espécies A.

maks, A. microdontus, A. calathus, A. elegans e A. vermeuleni. Este resultado corrobora

com a literatura, a qual mostra que espécies de Nematoda pertencentes a um determinado

gênero podem co-habitar o mesmo ambiente ocupando diferentes estratos sedimentares

(SOETAERT ET AL., 1991; JENSEN, 1988a). A segregação vertical é um exemplo de

heterogeneidade espacial em fundos marinhos e pode ajudar a explicar o alto número de

espécies de Nematoda comumente encontradas em sedimentos de oceano profundo

(FONSECA ET AL., 2006). Em uma amostragem realizada no Talude da Ilha de Corsia,

no Mar Mediterrâneo, os cinco primeiros centímetros do sedimento foram co-habitados

por seis espécies do gênero Acantholaimus, entretanto estas possuíam diferentes

estruturas bucais e presumidamente utilizam diferentes recursos alimentares (HEIP,

1996). Frequentemente várias espécies de Acantholaimus ocorrem juntas em uma

amostra, com diferentes tamanhos corporais, comprimento da cauda e detalhes do

armamento bucal (MILJUTINA E MILJUTIN 2011; MILJUTINA ET AL., 2013) e,

possivelmente estas espécies podem ocupar diferentes nichos ecológicos em comunidades

de nematódeos de mar profundo (TCHESUNOV, 2014). Segundo Soetaert et al., (1997) a

penetração dos nematódeos verticalmente no sedimento parece ser diretamente impactada

53

pela oferta de alimento e não pelas condições biogeoquímicas. Todavia, outros autores

afirmam que a distribuição vertical está muitas vezes relacionada com um conjunto de

fatores incluindo variáveis biológicas, físicas e químicas (WARWICK E GREEN 1984;

WETZEL ET AL., 1985; GIERE 1993; HENDELBERG E JENSEN 1993; STEYAERT

ET AL., 1999; SOETAERT ET AL., 2002).

A análise BIOENV mostrou que as variáveis que melhor se correlacionaram com

a estrutura da comunidade foram os percentuais de argila, carbonato e os valores de

carbono total. No entanto o valor da correlação não foi significativo. Nossos resultados

sugerem o mesmo padrão encontrado por Vanaverbeke et al., 1997a; Vanaverbeke et al.,

1997b; Muthumbi et al., 2004, onde a alta abundância do gênero Acantholaimus esteve

relacionada com diminuição do alimento disponível.

Um último ponto a ser discutido é a apresentação de uma nova espécie para a

ciência, sendo esta a terceira do gênero Acantholaimus descrita para sedimentos de águas

rasas. A espécie Acantholaimus marlii sp. nov. provem do material coletado na

Plataforma Continental da Bacia Potiguar, entre 45 e 100 m de profundidade. De acordo

com Ingels, (2010a), mesmo sendo um gênero típico de mar profundo, este ocorre desde a

plataforma até as zonas abissais. Apenas duas espécies haviam sido descritas para

sedimentos de águas rasas (GERLACH, 1951; PLATT E ZHANG, 1982; DE MESEL ET

AL., 2006). A primeira espécie do gênero a ser descrita para este ambiente foi

Acantholaimus polydentatus Gerlach, 1951 coletada a 6 m de profundidade no mar

Báltico em Holnes, Flensburg, norte da Alemanha. A segunda, Acantholaimus ewensis

Platt e Zhang, 1982 que foi descrita para a Baía de Firemore, Wester Ross, noroeste da

Escócia, coletada a 3 m de profundidade.

54

6. CONCLUSÃO

Este estudo gerou novos dados relativos às espécies do gênero Acantholaimus

tanto para mar profundo quanto para águas raras no Brasil. As espécies encontradas na

área dos cânions e Talude da Bacia de Campos correspondem a 21% de toda a riqueza

conhecida no mundo para o gênero. Além disso, a partir de amostras coletadas na

Plataforma Continental da Bacia Potiguar, foi possível realizar a descrição de uma nova

espécie para a ciência, Acantholaimus marlii sp. nov. bem como a inclusão de novos

caracteres à diagnose deste gênero.

Por meio da observação dos espécimes encontrados na Bacia de Campos, pode-se

confirmar que espécies de Acantholaimus podem co-habitar um micro habitat explorando

diferentes camadas sedimentares. Isso corrobora com a hipótese relacionada a diferenças

na abundância entre os estratos sedimentares. Quanto à distribuição das espécies, foi

possível apoiar a hipótese proposta de que não há diferenças significativas considerando

os fatores batimétricos e horizontais.

55

7. REFERÊNCIAS

ABEBE, E.; GRIZZLE, R. E.; HOPE, D. and THOMAS, W. K. Nematode diversity

in the Gulf of Maine, USA, and a Web-accessible, relational database. Jornal of the

marine Biological Association of the United Kingdom. 84:1159-1167 (2004)

ACCORNERO, A.; PICON, P.; DE BOVÉE, F.; CHARRIÈRE, B.; BUSCAIL, R.

Organic carbon budget at the sediment–water interface on the Gulf of Lions

continental margin. Continental Shelf Resource v. 23, p. 79–92 (2003)

ALMEIDA, G. A.; KOWSMANN, R. O. Caracterização geomorfológica do fundo

marinho do talude continental da bacia de campos, RJ. XIII ABEQUA Congress -

The South American Quaternary: Challenges and Perspectives (2011)

BHADURY, P.; AUSTEN, M. C.; BILTON, D. T.; LAMBSHEAD, P. J. D.;

ROGERS, A. D.; SMERDON, G. R. Evaluation of combined morphological and

molecular techniques for marine nematode (Terschellingia spp.) identification.

Marine Biology 154, 509–518 (2008)

BIK, H. M.; THOMAS, K. W.; LUNT, D. H.; LAMBSHAED, P. J. D. Low

endemism, continued deep-shallow interchanges, and evidence for cosmopolitan

distribution in free-living marine nematodes (order Enoplida). DMC Evolutionary

Biology 10, 389, (2010)

BOTELHO, A.P.; SILVA, M.C.; ESTEVES, A.M.; FONSÊCA-GENEVOIS, V.

Four new specdies of Sabatieria Rouville, 1903 (Nematoda, Comesomatidae) from

the Continental Slope of Atlantic Southeast. Zootaxa v. 402, p. 39-57 (2007)

BOTELHO, A.P.; SILVA, M.C.; SOBRAL, L. D. T.; FONSÊCA-GENEVOIS,

V.G. Two new species of Sabatieria Rouville 1903 (Nematoda, Comesomatidae)

with conical-cylindrical tails, from Campos Basin, Rio de Janeiro, Brazil. Zootaxa

v. 2096, p. 82-98 (2009)

56

BOUCHET, P. Magnitude of marine biodiversity. In: DUARTE, C. M. (Ed.) The

exploration of Marine Biodiversity: scientific and technological challenges. Bilbao,

Espanha. Fundacion EBVA. p. 31-64 (2006)

BOUCHER, G.; LAMBSHEAD, P. J. D. Ecological Biodiversity of Marin

Nematodes in Samples from Temperate, Tropical, and Deep-Sea Regions

Conservation Biology v.9, n.6, p.1594-1604 (1995)

BUSSAU, C. Taxonomische und ökologische Untersuchungen an Nematoden des

Peru-Beckens. Dissertation, Christian-Albrechts- Universität, Kiel (1993)

CASSAB, R. C. T. Paleontologia da formação Jandaíra, cretáceo superior da Bacia

Potiguar, com ênfase na Paleobiologia dos Gastrópodos. Tese de doutorado.

Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro (2003)

CAVALCANTI, M. F.; SILVA, M. C.; FONSÊCA-GENEVOIS, V. Spirodesma

magdae nov. gen. nov. sp. (Nematoda: Desmodoridae) from the Brazilian deep sea

(Campos Basin, Rio de Janeiro, Brazil). Zootaxa v. 2086, p.109-118 (2009)

CLARKE, K. R.; WARWICK, R . M. Change in Marine Communities. Plymouth

Marine Laboratory, 144 pp. (1994)

COBB, N.A. Notes on nemas. Contribution Science of Nematology v. 5, p. 11

(1917)

COOMANS, A. A proposal for a more precise terminology of the body regions of a

nematode. Annales de la Societe Royale Zoologique de Belgique, 108, 155–117pp

(1979)

DANOVARO, R.; TSELEPIDES, A.; OTEGUI, A.; DELLA CROCE, N. Dynamics

of meiofaunal assemblages on the continental shelf and deep-sea sediments of the

Cretan Sea (NE Mediterranean): relationships with seasonal changes in food supply.

Progress in Ocean-ography v. 46, p. 367-400 (2000)

57

DE BOVÉE, F.; LABAT, J. P. Asimulation mode lof a Deep Meiobenthic

compartment a preliminary approach. Marine Ecology Pubblicazioni Della

Stazione Zoologica Di Napoli I v.14, n.2, p.159–173 (1993)

DECRAEMER, W.; GOURBAULT, N.; HELLÉOUET, M. N. Cosmopolitanism

among nematodes: examples from Epsilonematidae. Vie et Milieu 51, 11–19 (2001)

DE MESEL, I.; LEE, H .J.; VANHOVE, S.; VINCX, M.; VANREUSEL, A.

Species diversity and distribution within the deep-sea nematode genus

Acantholaimus on the continental shelf and slope in Antarctica. Polar Biology v. 29,

860-871 (2006)

DE GRISSE, A. T. Redescription ou modification de quelques techniques utilisées

dans l`étude dês nématodes phytoparasitaires. Mededelingen Rijksfakulteit

Landbouwwetenschappen Gent v. 34, p. 351–369 (1969)

DE LEY, P.; DECRAEMER, W.; EYUALEM-ABEBE. Introduction: Summary of

Present Knowledge and Research Addressing the Ecology and Taxonomy of

Freshwater Nematodes. In: Eyualem-Abebe, Traunspurger, W. and Andrássy, I.

(Eds) Freshwater Nematodes: Ecology and Taxonomy (pp. 3-30). CABI

Publishing, UK (2006)

DE MAN, J. G. Die einheimischen, frei in der reinen Erde und im süßen Wasser

lebenden Nematoden. Vorläufiger Bericht und deskriptiv-systematischer

Teil.Tijdschrift Nederlandsche Dierkundig Vereeiging v.5, p 1–104 (1880)

DINET, A.; VIVIER, M. H. Le méiobenthos abyssal du Golfe de Cascogne II Les

peuplements de nématodes et leur diversité spécifique. Cahiers de Biologie Marine

v. 20, p.109-123 (1979)

DITLEVSEN, H. Free-living nematodes. The Danish Ingolf Expedition 4B(6):1–40

(1926)

58

FARRE, J. A.; MACGREGOR, B. A.; RYAN, W. B. F.; ROBB, J. M. Breaching

the shelfbreak: a passage from youthful to mature phase in canyon evolution. In:

Stanley, D. J.; Moore, G. T. (Ed.). The shelfbreak critical interface on

Continental Margins. Tulsa: Society of Economic Paleontologists and

Mineralogists, p. 25-39. (Society of economic paleontologists and mineralogists.

Special Publication, 33) (1983)

FONSÊCA-GENEVOIS, V.; ESTEVES, A. M.; SILVA, M. C.; BOTELHO, A. P.;

LACERDA, A.; GUILHERME, B. C.; CASTRO, F. V.; MIRANDA JÚNIOR, G.

V.; SANTOS, G. A. P.; BÁRTHOLO, G. M.; LINS, L.; TOSTA, L.;

CAVALCANTI, M. F.; RODRIGUES, N. R.; ALVES, O. F. S.; NERES, P. F.;

LIMA, R. C. C.; PINTO, T. K .O.; ALVES, T. N. C.; OLIVEIRA, V. S.;

VENEKEY, V.; LIRA, V.; SARAIVA, W. Nematoda do Talude da Bacia de

Campos. Rio de Janeiro - Brasil. Salvador: Fast Design v.1. 198pp (2009)

FONSECA, G.; DECRAEMER, W.; VANREUSEL, A. taxonomy and spicies

distribuition of the genus Manganonema Bussau, 1993 (Nematoda: Monhysterida).

Cahiers de Biologie Marine. v 47. p.189-203 (2006)

GAMBI, C.; VANREUSEL, A.; DANOVARO, R. Biodiversity of nematode

assemblages from deep-sea sediments of the Atacama slope and trench (South

Pacific Ocean). Deep-Sea Research I v. 50, 103-117 (2003)

GARCIA, R.; KOHO, K.A.; DE STIGTER, H.C.; EPPING, E.; KONING E.;

THOMSEN, L. Distribution of meiobenthos in the Nazaré canyon and adjacent

slope (Western Iberian Margin) in relation to sedimentary composition. Marine

Ecology Progress Series v.340, p.207–220 (2007)

GARRISON, T.; OWEN, C.; PIRIE, D.; DRAPER, G.; MILNE, D.H. Essentials of

oceanography. Brooks/Cole, Belmont (2001)

GERLACH, S. A. Drei bemerkenswerte neue Nematoden aus der Kieler Bucht

Zool. Anz., 147: 37-43 (1951)

59

GERLACH, S.A.; RIEMANN F. The Bremerhaven checklist of aquatic nematodes.

A catalogue of nematoda adenophorea excluding dorylaimida (part 1).

Veröffentlichungen Instituts für Meeresforschung in Bremerhaven Suppl v.4,

n.1, p.1–403 (1973)

GERLACH, S. A.; RIEMANN, F. The Bremerhaven Checklist of Aquatic

Nematodes. Veroffentlichungen des Instituts fur Meeresforschung in Bremerhaven,

Supplement 4(Heft 2). Bremerhaven. 734pp (1974)

GERLACH, S. A.; SCHRAGE, M.; RIEMANN, F. Die Gattung Acantholaimus

(Nematoda, Chromadondae), und Beobachtungen iiber emen mutmasslichen

Transportmechamsmus fur Spermlen bel A. calathus sp. n. Veröffentlichungen

Instituts für Meeresforschung in Bremerhaven v.18, p. 35-67 (1979)

GIERE, O. Meiobenthology: The Microscopic Fauna in Aquatic Sediments.

Springer Verlag, Berlin: 328 pp. (1993)

GIERE, O. Meiobenthology. The microscopic motile fauna of aquatic sediments,

2nd edn. Springer, Berlin Heidelberg (2009)

GLOVER, A. G.; SMITH, C. R. The deep-sea floor ecosystem: current status and

propescts of antropogenic change by the year 2025. Environmental Conservation

(2003)

GOURBAULT, N.; VINCX, M. Nematodes abyssaux (Campagne Walda du N/O

―Jean Charcot‖). VI. Le genre Acantholaimus: especes nouvelles et etude de

l’apareil reproducteur a spermatozoides geants. Bulletin du Museum D'Histoire

Naturelle, Paris v. 7, n.3, p. 611-632 (1985)

GOODAY, A. J.; LEVIN, L. A.; LINKE, P.; HEEGER, T. The role of benthic

foraminifera in deep-sea food webs and carbon cycling. In: ROWE, G. T.;

PARIENTE, V. (ed.) Deep-Sea food chains and the global carbon cycle. Kluwer

Academic Publishers, p. 63-91 (1992)

60

GRÉMARE, A.; MEDERNACH, L.; DE BOVÉE, F.; AMOUROUX, J.M.;

VÉTION, G.; ALBERT, P.; Relationships between sedimentary organics and

benthic meiofauna on the continental shelf and the upper slope of the Gulf of Lions

(NW Mediterranean). Marine Ecology Progress Series v. 234, p.85-94 (1992)

GUILHERME, B.C.; SILVA, M.C.; ESTEVES, A.M. Description of a new species

of Epacanthion (Thoracostomopsidae, Nematoda) from Brazil and a modified key

for species identification. Zootaxa v.2096, p. 99–108 (2009)

HEIP C.; VINCX M.; VRANKEN, G. The ecology of marine nematodes.

Oceanography and Marine Biology - An Annual Review v. 23, p. 399–489

(1985)

HEIP, C. Biodiversity of Marine Sediments. In: DI CASTRI, F.; YOUNÈS, T.

Biodiversity, Science and Development: Towards a new partnership. CAB

International, Wallingford p.138-147 (1996)

HENDELBERG M.; JENSEN, P. Vertical distribution of the nematode fauna in a

coastal sediment influenced by seasonal hypoxia in the bottom water. Ophelia, 37,

83–94 (1993)

HUGOT, J. P.; BAUJARD, P.; MORAND, S. Biodiversity in helminths and

nematodes as a field of study: an overview. Nematology, n.34. p.77-83 (2001)

INGELS, J.; KIRIAKOULAKIS, K.; WOLFF, G.A.; VANREUSEL, A. Nematode

diversity and its relation to quantity and quality of sedimentary organic matter in the

deep Nazaré Canyon, Western Iberian Margin. Deep-Sea Resource, Part 1,

Oceanography Resource Papers v.56, n.9, p. 1521-1539 (2009)

INGELS, J. Structural and functional biodiversity of metazoan meiobenthic

communities in submarine canyon and slope sediments. Evidence from field studies

and experiments. Tese de Doutorado. University of Ghent, Marine Biology, 210 pp.

(2010a)

61

INGELS, J.; BILLETT, D. S. M.; VAN GAEVER, S.; VANREUSEL, A. An insight

into the feeding ecology of deep-sea canyon nematodes — Results from field

observations and the first in-situ 13

C feeding experiment in the Nazaré Canyon.

Journal of Experimental Marine Biology and Ecology, 396 (2011) 185–193

(2010b)

JENSEN, P. Four new nematode species, abundant in the deep-sea benthos of the

Norwegian Sea. Sarsia 73:149–155 (1988a)

JENSEN, P. Nematode assemblages in the deep-sea benthos of the Norwegian Sea.

Deep-Sea Res 35(7):1173–1184 (1988b)

JOINT, I.; GROOM, S.B.; WOLLAST, R.; CHOU, L.; TILSTONE, G.H.;

FIGUEIRAS, F.G.; LOIJENS, M.; SMYTH, T.J. The response of phytoplankton

production to periodic upwelling and relaxation events at the Iberian shelf break:

estimates by the C-14 method and by satellite remote sensing. Journal of Marine

Systems v. 32, n. (1-3), p. 219-238 (2002)

KIRIAKOULAKIS, K.; BLACKBIRD, S.; INGELS, J.; VANREUSEL, A.;

WOLFF, G. A. Organic geochemistry of submarine canyons: The Portuguese

Margin. Deep-Sea Research II v.58, p. 2477-2488 (2011)

LAMBSHEAD, P.J.D. Recent developments in marine benthic biodiversity

research. Okanis, Vol. 19, pp. 5-24 (1993)

LAMBSHEAD, P.J.D.; TIETJEN, J.; FERRERO, T.J.; JENSEN, P. Latitudinal

diversity gradients in the deep sea with special reference to North Atlantic

nematodes. Marine Ecology Progress Series, 194, 159–167 (2000)

LAMBSHEAD, P. J. D.; BROWN, C. J.; FERRERO, T. J.; MITCHELL, N. J.;

SMITH, C. R.; HAWKINS, L. E.; TIETJEN, J. Latitudinal diversity patterns of

deep-sea marine nematodes and organic fluxes: a test from the central equatorial

Pacific. Marine Ecology Progress Series, v. 236, p. 129–135 (2002)

62

LAMBSHEAD, P.J.D.; BROWN, C.J.; FERRERO, T.J.; HAWKINS, L.E.; SMITH,

C.R.; MITCHELL, N.J. Biodiversity of nematode assemblages from the region of

the Clarion Clipperton Fracture Zone, an area of commercial mining interest.

BioMed Central v. 3, p.1–12 (2003)

LECROQ, B.; GOODAY, A. J.; PAWLOWSKI, J. Global genetic homogeneity in

the deep-sea foraminiferan Epostominella exigua (Rotaliida: Pseudoparrellidae).

Zootaxa 2096, 23–32 (2009)

LEE, H.J.; VANHOVE, S.; PECK, L.S.; VINCX, M. Recolonisation of meiofauna

after catastrophic iceberg scouring in shallow Antarctic sediments. Polar Biology v.

24, n. 12, p. 918-925 (2001)

LIMA, R.C.C.; LINS, L.; SILVA, M.C.; ESTEVES, A.M. Four new species of

Syringolaimus De Man, 1888 (Nematoda: Ironidae) from the Southeast Atlantic

(Brazil), with redefinition of valid species and the proposal of a new key. Zootaxa

v.2096, p. 119–136 (2009)

LINS, L.; VANREUSEL, A.; CAMPENHOUT, J. V.; INGELS, J. Selective

settlement of deep-sea canyon nematodes after resuspension - an experimental

approach. Journal of Experimental Marine Biology and Ecology 441 (2013)

110–116 (2013)

LITTLE, C. The biology of soft shores and estuaries. Oxford University Press,

Oxford (2000)

LORENZEN, S. The phylogenetic systematics of freeliving nematodes. The Ray

Society 162, 383 pp (1994)

MACHADO, L.C.R.; KOWSMANN, R.O.; ALMEIDA JR., W.; MURAKAMI,

C.Y.; SCHREINER, S.; MILLER, D.J.; PIAULINO, P.O.V. Geometry of the

proximal part of the modern turbidite depositional system of the Carapebus

Formation, Campos Basin: a model for reservoir heterogeneities. B. Geoci.

Petrobras, Rio de Janeiro, v. 12, n. 2, p. 287-315. Maio/Nov (2004)

63

MENZEL, L.; GEORGE, K. H.; MARTINEZ ARBIZU, P. Submarine ridges do not

prevent large-scale dispersal of abyssal fauna: a case study of Mesocletodes

(Crustacea, Copepoda, Harpacticoida). Deep-Sea Research I 58, 839–864 (2011)

MIJULTIN, D. M.; GAD, G.; MILJUTINA, M. M.; MOKIEVSKY, V. O.;

FONSECA-GENEVOIS, V.; ESTEVES, A. M. The state of knowledge on deep-sea

nematode taxonomy: how many valid species are known down there? Mar

Biodivers (2010)

MILJUTIN, D. M.; MILJUTINA, M. A.; MARTÍNEZ ARBIZU, P.; GALÉRON, J.

Deep-sea nematode assemblage has not recovered 26 years after experimental

mining of polymetallic nodules (Clarion–Clipperton Fracture Zone, Tropical Eastern

Pacific). Deep-Sea Research I 58:885–897 (2011)

MILJUTINA, M. A.; MILJUTIN, D. M.; MAHATMA, R; GALÉRON, J. Deep-sea

nematode assemblages of the Clarion–Clipperton Nodule Province (Tropical North-

Eastern Pacific). Mar Biodivers 40:1–15 (2010)

MIJULTINA, M. A.; MIJULTIN, D. M. Seven new and four known species of the

genus Acantholaimus (Nematoda: Chromadoridae) from the abyssal manganese

nodule field (Clarion-Clipperton Fracture Zone, North-Eastern Tropical Pacific).

Helgoland Marine Research (2011)

MIJULTINA, M. A.; MILJUTIN, D. M.; TCHESUNOV, A. V. Seven

Acantholaimus (Chromadoridae: Nematoda) species from one deep-sea sediment

sample (Angola Basin, south-east Atlantic). Journal of the Marine Biological

Association of the United Kingdom, 93(4), 935–953 (2013)

MOURA, J. R. Nematofauna no talude da bacia de campos, rio de janeiro, brasil:

uma avaliação batimétrica. Dissertação de mestrado. Universidade Federal de

Pernambuco. Pernambuco, 68p. (2013)

64

MULDER, T.; CIRAC, P.; GAUDIN, M.; BOURILLET, J.F.; TRANIER, J.;

NORMAND, A.; WEBER, O.; GRIBOULARB, R.; JOUANNEAU, J.M.;

ANSCHUTZ, P.; JORISSEN, F.J. Understanding continent–ocean sediment

transfer. EOS Trans-actions of the American Geophysical Union 85 (27), 257–

264 (2004)

MUTHUMBI, A.W.; SOETAERT, K.; VINCX, M. Deep-sea nematodes from the

Indian Ocean: New and known species of the family Comesomatidae.

Hydrobiologia, 346, 25-57 (1997)

MUTHUMBI, A.; VINCX, M. Acantholaimus (Chromadoridae: nematoda) from the

Indian Ocean: description of seven species. Hydrobiologia, v. 346, p. 59-76, (1997)

MUTHUMBI, A.W.; VANREUSEL, A.; DUINEVELD, G.; SOETAERT, K.;

VINCX, M. Nematode community structure along the continental slope off the

Kenyan Coast, Western Indian Ocean. International Review of Hydrobiology

v.89, p.188–205 (2004)

MUTHUMBI, W. N. A.; VANREUSEL, A.; VINCX, M. Taxon-related diversity

patterns from the continental shelf to the slope: a case study on nematodes from the

Western Indian Ocean. Marine Ecology. ISSN 0173-9565 (2011)

NETTO, S. A.; GALLUCCI, F.; FONSECA, G. F. C. Meiofauna communities of

continental slope and deep-sea sites in SE Brazil. Deep-sea Research I, v. 52, p.

845–859 (2005)

PLATT, H. M.; ZHANG, Z. N. New species of marine nematodes from Loch

Ewe, Scotland. Bull BR Mus Nat Hist (Zool) 42:227–246 (1982)

PLATT, H.M.; WARWICK, R.M. Free-living marine Nematodes – Part II

Chromadorids. Synopses of the British Fauna (New Series) v.38, p. 1–502 (1988)

RAMIREZ-LLODRA, E.; BRANDT, A.; DANOVARO, R.; DE MOL, B.;

ESCOBAR, E.; GERMAN, C.R.; LEVIN, L.A.; MARTINEZ ARBIZU, P.;

65

MENOT, L.; BUHLMORTENSEN, P.; NARAYANASWAMY, B.E.; SMITH,

C.R.; TITTENSOR, D.P.; TYLER, P.A.; VANREUSEL, A.; VECCHIONE, M.

Deep, diverse and definitely different: unique attributes of the world's largest

ecosystem. Biogeosciences v.7, p. 2851-2899 (2010)

REX, M.A.; ETTER, R.J.; MORRIS, J.S.; CROUSE, J.; McCLAIN, C.R.;

JOHNSON, N.A., STUART, C.T.; DEMING, J.W.; THIES, R.; AVERY, R. Global

bathymetric patterns of standing stock and body size in the deep-sea benthos,

Marine Ecology Progress Series. 317, 1–8 (2006)

SCHMIDT, S.; DE STIGTER, H.C.; VAN WEERING, T.C.E. Enhanced short-

term sediment deposition within the Nazare Canyon, North-East Atlantic. Marine

Geology v. 173, n.1–4, p. 55–67 (2001)

SILVA, C. M.; CASTRO, F. J. V.; CAVALCANTI, M. F.; FONSÊCA-

GENEVOIS, V. Spirinia lara sp. n. and Spirinia sophia sp. n. (Nematoda,

Desmodoridae) from the Brazilian continental margin (Campos Basin, Rio de

Janeiro). Zootaxa, 2081: 31-45 (2009)

SILVA, C. M. Contribuição de cânions na biodiversidade da nematofauna do

atlântico sul – bacia de campos, rio de janeiro, brasil. Tese de doutorado.

Universidade Federal de Pernambuco. Pernambuco, 433p. (2012)

SILVEIRA, I. C. A. O Sistema Corrente do Brasil na Bacia de Campos, RJ. Tese de

livre docente. Instituto Oceanográfico Universidade de São Paulo. São Paulo, 160 p.

(2007)

SNELGROVE, P. V. R.; SMITH, C. R. A. riot of species in an environmental calm:

the paradox of the species-rich deep sea. Oceanography and Marine Biology

Annual Review 40: 311–342 (2002)

SOARES-GOMES, A.; ABREU, C.M.R.C.; ABSHER, T.M.; FIGUEIREDO, A.G.

Abiotic features and the abunbance of macrozoobenthos of continental margin

66

sediments of East Brazil. Archive of Fishery Marine Research, 47(2/3), 321–334

(1999)

SOETAERT, K.; HEIP, C.; VINCX, M. The meiobenthos along a Mediterranean

deepsea transect off Calvi (Corsica) and in an adjacent canyon. Marine Ecology v.

12, p. 227-242 (1991)

SOETAERT, K.; VINCX, M.; HEIP, C. Nematode community structure along a

Mediterranean shelf-slope gradient. PSZN I: Marine Ecology v.16, n.3, p. 189–206

(1995)

SOETAERT, K.; HEIP, C. Nematode assemblages of deep-sea and shelf break sites

in the North Atlantic and Mediterranean Sea. Marine Ecology Progress Series v.

125, p.171–183 (1995)

SOETAERT, K.; VANAVERBEKE, J.; HEIP, C.; HERMAN P. M. J.;

MIDDELBURG, J. J.; DUINEVELD, G.; SANDEE, A. Nematode distribution in

ocean margin sediments of the Goban Spur (north-east Atlantic) in relation to

sediment geochemistry. Deep-Sea Research 44:1671–1683 (1997)

SOETAERT, K.; MUTHUMBI A. W.; HEIP, C. H. R. Size and shape of ocean

margins nematodes: morphological diversity and depth-related patterns. Marine

Ecology Progress Series, 242, 179–193 (2002)

SOLTWEDEL, T. Metazoan meiobenthos along continental margins: a review.

Progress in Oceanography v. 46, p. 59–84 (2000)

SOLTWEDEL, T.; PORTNOVA, D.; KOLAR, I.; MOKIEVSKY, V.; SCHEWE, I.

The small-sized benthic biota of the Hakon Mosby Mud Volcano (SW Barents Sea

slope). Journal of Marine Systems v. 55, p. 271–290 (2005)

SOMERFIELD, P. J.; WARWICK, R. M.; MOENS, T. Meiofauna Techniques. A.

Eleftheriou, A. McIntyre (Eds.), Methods for the study of Marine Benthos (3rd

Edn.), Blackwell Science Ltd, Oxford, p. 229–272 (2005)

67

STEYAERT, M.; GARNER, N.; VAN GANSBEKE, D.; VINCX, M. Nematode

communities from the North Sea: environmental controls on species diversity and

vertical distribution within the sediment. Journal of the Marine Biology

Association of the U.K., 79, 253–264 (1999)

TCHESUNOV, A. V. Order Chromadorida Chitwood, 1933. In ANDREAS

SCHMIDT-RHAESA (ed). Handbook of Zoology Gastrotricha, Cycloneuralia

and Gnathifera v.2 Nematoda, pp. 399-434 (2014)

THIEL, H. The size structure of deep-sea benthos. International Revue des

gesamten Hydrobiologie, v. 60, p. 579-606 (1975)

THIEL, H. Meiobenthos and nanobenthos of the deep sea. In: ROWE, G. T. (ed.)

The sea, New York, v. 8, p. 167–230 (1983)

THIEL, H.; SCHRIEVER, G.; BUSSAU, C.; BOROWSKI, C. Manganese nodule

crevice fauna. Deep-Sea Research I, v. 41, pp. 419-423 (1993)

THIEL, H. Anthropogenic impact on the deep-sea. In: Tyler PA (ed) Ecosystems of

the deep oceans. Elsevier. Amsterdam, pp 427–472 (2003)

THISTLE, D.; SHERMAN, K. M. The nematode fauna of a deep-sea site exposed

to Strong near-bottom currents. Deep-Sea Res 32:1077–1088 (1985.

THISTLE, D. The deep-sea floor: an overview. In: Ecosystems of the World 28, P.

A. Tyler, editor. Elsevier Science pp. 5-37 (2003)

THOMSEN, L.; VANWEERING, T.; GUST, G. Processes in the benthic boundary

layer at the Iberian continental margin and their implica- tion for carbon

mineralization. Progress in Oceanography v.52, n. 2–4, p. 315–329 (2002)

TIETJEN, J. H. Ecology and distribution of deep-sea meiobenthos off North

Carolina. Deep-Sea Research v.18, p.941–951 (1971)

68

TIETJEN, J. H. Distribution and species diversity of deepsea nematodes off North

Carolina. Deep-Sea Research v.23A, p. 755–768 (1976)

TIETJEN, J. H. Distribution and species diversity of deep sea nematodes in the

Venezuela basin. Deep-Sea Research I 31, 119–132 (1984)

TIETJEN, J. H. Ecology of deep-sea nematodes from the Puerto Rico Trench area

and Hatteras Abyssal Plain. Deep- Sea Research I v. 36, p. 1579–1594 (1989)

VAN GAEVER, S.; GALÉRON, J.; SIBUET, M.; VANREUSEL, A. Deep-sea

habitat heterogeneity influence on meiofaunal communities in the Gulf of Guinea.

Deep-Sea Research II v.56, p. 2259–2269 (2009)

VANAVERBEKE, J.; SOETAERT, K.; HEIP, C.; VANREUSEL, A. The metezoan

meiobenthos along the continental slope of the Gobon Spur (NE Atlantic). Journal

of Sea Research 38, pp. 93-107 (1997a)

VANAVERBEKE, J.; MARTINEZ A.P.; DAHMS, H.U.; SCHMINKE, H.K. The

metazoan meiobenthos along a depth gradient in the Arctic Laptev Sea with special

attention to nematode communities. Polar Biology v.18, p. 391–401, (1997b)

VANAVERBEKE J.; BEZERRA T. N.; BRAECKMAN, U.; DE GROOTE, A.; DE

MEESTER, N.; DEPREZ, T.; DERYCKE, S.; GUILINI, K.; HAUQUIER, F.;

LINS, L.; MARIA, T.; MOENS, T.; PAPE, E.; SMOL, N.; TAHERI, M.; VAN

CAMPENHOUT, J.; VANREUSEL, A.; WU, X.; VINCX, M. NeMys: World

Database of Free-Living Marine Nematodes. Accessed at http://nemys.ugent.be

on 2014-10-28 (2014)

VANHOVE, S.; ARNTZ, W.; VINCX M. Comparative study of the nematode

communities on the southeastern Weddell Sea shelf and slope (Antarctica). Marine

Ecology Progress Series v. 181, p. 237–256 (1999)

69

VANREUSEL, A.; VAN DEN BOSSCHE, I.; THIERMANN, F. Free-living marine

nematodes from hydrothermal sediments: similarities with communities from

diverse reduced habitats. Marine Ecology Progress Series 157:207–219 (1997)

VANREUSEL, A.; FONSECA, G.; DANOVARO, R.; DA SILVA, M.C.;

ESTEVES, A.M.; FERRERO, T.; GAD, G.; GALTSOVA, V.; GAMBI, C.;

GENEVOIS, V.D.; INGELS, J.; INGOLE, B.; LAMPADARIOU, N.; MERCKX,

B.; MILJUTIN, D.; MILJUTINA, M.; MUTHUMBI, A.; NETTO, S.; PORTNOVA,

D.; RADZIEJEWSKA, T.; RAES, M.; TCHESUNOV, A.; VANAVERBEKE, J.;

VAN GAEVER, S.; VENEKEY, V.; BEZERRA T.N.; FLINT, H.; COPLEY, J.;

PAPE, E.; ZEPPILLI, D.; MARTINEZ, P.A.; GALERON, J. The importance of

deep-sea habitat heterogeneity for global nematode diversity. Marine Ecology

Evolution Perspectives v. 31, p.6–20 (2010)

VERMEEREN, H.; VANREUSEL, A,; VANHOVE, S. Species distribution within

the free-living marine nematode genus Dichromadora in the Weddell Sea and

adjacent areas. Deep-Sea Res II 51:1643–1664 (2004)

VIANA, A. R.; FAUGÈRES, J. C.; KOWSMANN, R. O.; LIMA, J. A. M.;

CADDAH, L. F. G.; RIZZO, J. G. Hydrology, morphology and sedimentology of

the Campos continental margin, offshore Brazil. Sedimentary Geology, v. 115, p.

133–157 (1998)

VINCX, M.; BETT, B. J.; DINET, A.; FERRERO, T.; GOODAY, A. J.;

LAMBSHEAD, P. J. D.; PFANNJUNCHE, T.; SOLTWEDEL, T.; VANREUSEL,

A. Meiobenthos of the deep Northeast Atlantic. Advances in Marine Biology, v.

30, p. 188 (1994)

VITIELLO, P. Peuplements de nématodes marins des fonds envasés de Provence.

II. Fonds détritiques envasés et vases bathyales. Ann Inst Océanogr 52(2):283–311

(1976)

VIVIER, M.H. Influence d´un déversement industriel profond sur la nématofaune

(Canyon de cassidaigne, Mediterranée). Tethys 8:307-321 (1978)

70

VIVIER, M.H. Espegraveces du genre Acantholaimus (Nematoda, Chromadoridae,

Spilipherinae) - Peuplements du golfe de Gascogne, L. Laubier et Cl. Monniot,

eacuted. Ifremer 20: 331-349 (1985)

WARWICK, R. M.; GREEN, J. M. Community structure of estuarine meiobenthos.

Marine Ecology Progress Series, 18, 97–111 (1984)

WARWICK, R. M.; PLATT, H. M.; SOMMERFIELD, P. Free-living Marine

Nematodes Part III – Monhysterids. Synopses of the British Fauna (New Series)

Eds: Doris M. Kermack e R.S.K. Barnes. 53, 296p (1998)

WARWICK, R. M.; PRICE, R. Ecological and metabolic studies on free-living

nematodes from estuarine mud-flat. Estuarine and Coastal Marine Science, v.9

p.257-271 (1979)

WETZEL, M. A.; JENSEN, P.; GIERE, O. Oxygen /sulphide regime and nematode

fauna associated with Arenicola marina burrows: new insights in the thiobios case.

Marine Biology, 124, 301–312 (1985)

WoRMS Editorial Board. World Register of Marine Species. Available from

http://www.marinespecies.org at VLIZ (2014)