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Encarte de luxo para CD de coletanea de musicas da MPB Projeto gráfico e Diagramação: Guilherme Resende Ilustrações: Elifas Andreato 36 páginas: 14cm x 16,5cm – 4×4cores
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ocê que está com este CD nas mãos deve ser um apreciador da boa música. Foi por esse motivo também que eu cheguei à frente desse projeto: por ser uma apaixonada pela música popular brasileira, pela
arte brasileira, pelas coisas do Brasil.Esta é a terceira edição de uma idéia que surgiu em 2001, quando Roberto
Tranjan e Paulo Masayuki, outros dois loucos por nossa nação e nossa canção, resolveram juntar música da melhor qualidade ao redor de temas importantes. A eles uniram-se os artistas Cláudio Duarthe e Elifas Andreato, que emprestaram seus talentos para termos mais que CDs, obras de arte.
Para construir o enredo do tema Gente, nos inspiramos na frase de Paulo Freire: “o homem é objeto por distorção e sujeito por vocação”. Assim, o primeiro bloco retrata gente tratada como objeto, usada, estereotipada, excluída; no segundo, uma metamorfose, canções que trazem o desejo de sair da sub-condição, indignação, vontade imensa de se sentir gente de verdade; chegamos, então, ofegantes, ao terceiro bloco, querendo ouvir coisas de gente considerada como sujeito, gente que brilha, essa, em quem a gente acredita; e, aí, fechamos com um tributo à música que retrata a nossa gente, gente bem brasileira, gente bonita. Eita Brasil!
Só conseguimos concretizar essa obra com o inestimável apoio dos empresários e amigos Regis, da Jaguaré, Sérgio, da Teixeira Pinto, Nilson, da Raw Material, Abreu, da Bandeirante Brazmo, Cita, da Tintas Alves, e do meu parceiro na Cempre, Silvio Bugelli. Também contamos com a maestria do Trio Futricando e a imensa paciência da produtora Mariza Ramos.
Ouça cada um dos blocos com ouvidos e coração atentos. Emocione-se com as canções, com os intérpretes, com os arranjos; se quiser emoção maior, deguste, enquanto escuta, cada imagem do Elifas. Mas, principalmente, contemple o som, o tom, o quão bom é entender de gente!
Sandra CamposEducadora da Cempre – Educação nos Negócios • Coordenadora do Projeto
V
Gentileza (Trio Futricando)
ABERTURA Intérprete: Trio Futricando
Roda viva (Chico Buarque)
Desse fruto (Edvaldo Santana, Akira Yamazaki e Osnofa)
Tipo zero (Noel Rosa)
GENTE COMO OBJETO Intérprete: Verônica Ferriani
Arranjos: Cláudio Dhuarte e Pratinha
Carne e osso (Taiguara)
Fantasia (Chico Buarque)
Segue o teu destino (Fernando Pessoa e Sueli Costa)Disparada (Geraldo Vandré e Theo de Barros)
METAMORFOSE Intérprete: Lucila Novaes
Tear (Renato Teixeira)
Além do espelho (João Nogueira e Paulo César Pinheiro)
Deus me fez assim (Nelson Cavaquinho)
GENTE COMO SUJEITO Intérprete: Lula Barbosa
Gente humilde (Garoto, Chico Buarque e Vinicius de Moraes)
A cara do Brasil (Vicente Barreto e Celso Viáfora)
Moda à brasileira (Pratinha)
Com a perna no mundo (Gonzaguinha)
GENTE NOSSA Intérprete: Zé Luiz Mazziotti
ocê que está com este CD nas mãos deve ser um apreciador da boa música. Foi por esse motivo também que eu cheguei à frente desse projeto: por ser uma apaixonada pela música popular brasileira, pela
arte brasileira, pelas coisas do Brasil.Esta é a terceira edição de uma idéia que surgiu em 2001, quando Roberto
Tranjan e Paulo Masayuki, outros dois loucos por nossa nação e nossa canção, resolveram juntar música da melhor qualidade ao redor de temas importantes. A eles uniram-se os artistas Cláudio Duarthe e Elifas Andreato, que emprestaram seus talentos para termos mais que CDs, obras de arte.
Para construir o enredo do tema Gente, nos inspiramos na frase de Paulo Freire: “o homem é objeto por distorção e sujeito por vocação”. Assim, o primeiro bloco retrata gente tratada como objeto, usada, estereotipada, excluída; no segundo, uma metamorfose, canções que trazem o desejo de sair da sub-condição, indignação, vontade imensa de se sentir gente de verdade; chegamos, então, ofegantes, ao terceiro bloco, querendo ouvir coisas de gente considerada como sujeito, gente que brilha, essa, em quem a gente acredita; e, aí, fechamos com um tributo à música que retrata a nossa gente, gente bem brasileira, gente bonita. Eita Brasil!
Só conseguimos concretizar essa obra com o inestimável apoio dos empresários e amigos Regis, da Jaguaré, Sérgio, da Teixeira Pinto, Nilson, da Raw Material, Abreu, da Bandeirante Brazmo, Cita, da Tintas Alves, e do meu parceiro na Cempre, Silvio Bugelli. Também contamos com a maestria do Trio Futricando e a imensa paciência da produtora Mariza Ramos.
Ouça cada um dos blocos com ouvidos e coração atentos. Emocione-se com as canções, com os intérpretes, com os arranjos; se quiser emoção maior, deguste, enquanto escuta, cada imagem do Elifas. Mas, principalmente, contemple o som, o tom, o quão bom é entender de gente!
Sandra CamposEducadora da Cempre – Educação nos Negócios • Coordenadora do Projeto
V
pensando no que escrever para este novo CD, me dei conta que nestes 40 anos de profissão só desenhei gente, e isso me levou a consultar meu livro e rever parte do meu acervo. Nele encontrei gente pobre,
sofrida; gente fantasiada, feliz; crianças carentes, outras cheias de esperança. Nenhuma paisagem. As poucas flores que desabrocham são seguras por mãos humanas, representando um gesto de carinho entre pessoas que se amam.
Meu primeiro desenho feito na fábrica, quando ainda era operário, é uma mulher segurando um cravo vermelho. Recebeu o nome de Gabriela, em homenagem a Jorge Amado – mas só muitos anos depois, uma vez que o aprendiz de torneiro mecânico mal sabia ler e não conhecia o romance.
Nessa trilogia – Vida, Trabalho e, agora, Gente – se confirma essa minha obsessão pela gente brasileira. Quando a música me deu a oportunidade de ilustrá-la, retratei seus maiores criadores. Alguns deles são aqui revisitados, em vozes e arranjos de rara sensibilidade. Estes registros inéditos são a prova de que o tempo é capaz de engrandecer ainda mais certas canções.
Fico feliz por emprestar sugestões e desenhos para mais um capítulo da minha história com nossa música popular.
Elifas Andreato
GENTE PRA NÓS É O QUE NOS MOVIMENTA.Gente pra nós é o que nos entusiasma, o que nos encanta, o que nos energiza.
Gente é a força motriz da gente.
Se for gente que trabalha, nos encanta mais.
Se for gente brasileira, nos comove mais.
Se for gente que ensina, vibramos.
Se for gente que aprende, amamos!
Que este CD, com músicas que cantam toda gente, lembre-lhe,
sempre, o quanto importante você é pra gente!
ESTE CD É UMA HOMENAGEM À “NOSSA GENTE”.Gente com quem trabalhamos, gente pra quem trabalhamos.
Gente que nos aceita como realmente somos.
Gente que acabamos de conhecer e velhos amigos de todos os tempos.
Gente simples, mas de coração tão nobre.
Que nos ensina a ser gente... Gente de valor!
Que faz toda diferença pra gente!!!
FALAR DE GENTE NÃO É NOVIDADE PRA GENTE DA TEIXEIRA PINTO.Antes de ser uma empresa que constrói prédios e indústrias,
nós somos gente que constrói sentimentos e relacionamentos.
Somos gente que ama, gente que chora, gente que ri...
Gente que se desdobra trabalhando para oferecer o melhor.
Isso é mais que concreto para todos nós – isso é construir por você!
E tão bom quanto incentivar e valorizar o desenvolvimento da música brasileira
é apoiar um CD cujo tema é GENTE.
Porque a Teixeira Pinto acredita, e muito, em nossa gente.
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ABERTURAIntérprete: Trio Futricando
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Tem dias que a gente se senteComo quem partiu ou morreuA gente estancou de repenteOu foi mundo então que cresceuA gente quer ter voz ativaNo nosso destino mandarMas eis que chega a roda vivaE carrega o destino pra lá
Roda mundo, roda-giganteRodamoinho, roda piãoO tempo rodou num instante Nas voltas do meu coração
A gente vai contra a correnteAté não poder resistirNa volta do barco é que senteO quanto deixou de cumprirFaz tempo que a gente cultivaA mais linda roseira que háMas eis que chega a roda vivaE carrega a roseira pra lá
Roda mundo, roda-giganteRodamoinho, roda piãoO tempo rodou num instanteNas voltas do meu coração
A roda da saia, a mulataNão quer mais rodar, não, senhorNão posso fazer serenataA roda de samba acabouA gente toma a iniciativaViola na rua, a cantarMas eis que chega a roda vivaE carrega a viola pra lá
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Roda mundo, roda-giganteRodamoinho, roda piãoO tempo rodou num instante Nas voltas do meu coração
O samba, a viola, a roseiraQue um dia a fogueira queimouFoi tudo ilusão passageiraQue a brisa primeira levouNo peito a saudade cativaFaz força pro tempo pararMas eis que chega a roda vivaE carrega a saudade pra lá
Roda mundo, roda-giganteRodamoinho, roda piãoO tempo rodou num instanteNas voltas do meu coração
Intérprete: Verônica Ferriani
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GENTE COMO OBJETO
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Tem gente por aí vivendo que nem bichoFuçando comida na lata do lixoTem gente por aí vivendoque nem bichoFuçando comida na lata do lixo
Irmã gêmea da loucuraDos gritos na noite escuraÉ gente dormindo debaixodo viadutoE comendo a parte mais podredo fruto
É gente que nem pareceque é genteMas que a gente sabe que é genteÉ gente que nem pareceque é genteMas que a gente sabe que é gente
Também tem gente por aí vivendo que nem genteGuardando seu ouroa unha e denteTambém tem gente por aí vivendo que nem genteGuardando seu ouroa unha e dentede
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GENTE COMO OBJETOIntérprete: Verônica Ferriani • Participação Especial: Edvaldo Santana
Trancando as portas sem saber que na ruaSangra exposta a ferida suaÉ gente engordandopor cima do frutoE atirando a parte mais podreno lixo, no lixo
É gente que até parece que é genteMas que a gente sabe que é bichoÉ gente que até parece que é genteMas que a gente sabe que é bicho
Tem gente por aí vivendoque nem genteGuardando seu ouroa unha e denteTem gente por aí vivendoque nem genteGuardando seu ouroa unha e dente
Trancando as portas sem saber que na ruaSangra exposta a ferida suaÉ gente engordandopor cima do frutoE atirando a parte mais podreno lixo, no lixo
É gente que até parece que é genteMas que a gente sabe que é bichoÉ gente que até parece que é genteMas que a gente sabe que é bicho
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Você é um tipo que não tem tipoCom todo tipo você se pareceE sendo um tipo que assimila tanto tipoPassou a ser um tipo que ninguém esquece(O tipo zero não tem tipo)
Quando você penetra no salãoE se mistura com a multidãoVocê se torna um tipo destacadoDesconfiado todo mundo ficaQue o seu tipo não se classificaE você passa a ser um tipo desclassificado
Você é um tipo que não tem tipoCom todo tipo você se pareceE sendo um tipo que assimila tanto tipoPassou a ser um tipo que ninguém esquece
Eu até hoje nunca vi nenhumTipo vulgar tão fora do comumQue fosse um tipo tão observadoVocê ficou agora convencidoQue o seu tipo já está batidoE o seu tipo é o tipo do tipo esgotado
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Intérprete: Verônica FerrianiMa
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GENTE COMO OBJETO
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Eu quero, simEu quero coisas novasMas o que eu procuro mesmo são mais vidasEu grito, simMas grito meu lirismoE o meu grito vai sanar minhas feridas
E a música, e a místicaAplicam sangue novo no meu serCalam minha dorE o lúcido, e o válido, e o sólidoVão matar você, que evita o seu amor
Por isso eu vouTrazer você comigoProgramar o amor em seus computadoresVou mais alémEu morro, mas consigoGerminar a minha flor em seus rancores
Nem dúvidas, nem dívidasJamais vão destruir a minha flor dentro de vocêQue cérebro, que máquinaConseguem fazer mais que um grande amor dentro de você ?
Saiba quem agride a minha liraQuanto mais ferida, mais diz o que senteAinda vou ouvir você dizer pra mim, eu amo, simSou carne, sou osso, sou genteca
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METAMORFOSEIntérprete: Lucila Novaes
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Jamais vão destruir a minha flor dentro de você
E se, de repenteA gente não sentisseA dor que a gente fingeE senteSe, de repenteA gente distraísseO ferro do suplícioAo som de uma cançãoEntão, eu te convidariaPra uma fantasiaDo meu violão
Canta, canta uma esperançaCanta, canta uma alegriaCanta maisRevirando a noiteRevelando o dia Noite e dia, noite e dia
Canta a canção do homemCanta a canção da vidaCanta maisTrabalhando a terra Entornando o vinhoCanta, canta, canta, canta
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METAMORFOSEIntérprete: Lucila Novaes
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6Canta a canção do gozoCanta a canção da graçaCanta maisPreparando a tintaEnfeitando a praçaCanta, canta, canta, canta
Canta a canção de glóriaCanta a santa melodiaCanta maisRevirando a noiteRevelando o diaNoite e dia, noite e dia
Segue o teu destinoRega as tuas plantasAma as tuas rosasO resto é a sombraDe árvores alheias
A realidadeSempre é mais ou menosDo que nós queremosSó nós somos sempreIguais a nós próprios
Suave é viver sóGrande e nobre é sempreViver simplesmenteDeixa a dor nas arasComo ex-voto aos deuses
Vê de longe a vidaNunca a interroguesA resposta está além dos deuses
Mas, serenamenteImita o OlimpoNo teu coraçãoOs deuses são deusesPorque não se pensamPorque não se pensam
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METAMORFOSEIntérprete: Lucila Novaes
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Prepare o seu coração pras coisas que eu vou contarEu venho lá do sertão, eu venho lá do sertãoEu venho lá do sertão e posso não lhe agradar
Aprendi a dizer não, ver a morte sem chorarE a morte, o destino, tudo; a morte, o destino, tudoEstava fora de lugar, eu vivo pra consertar
Na boiada já fui boi, mas um dia me monteiNão por um motivo meu, ou de quem comigo houvesseQue qualquer querer tivesse, porém por necessidadeDo dono de uma boiada cujo o vaqueiro morreu
Boiadeiro muito tempo, laço firme braço forteMuito gado, muita gente pela vida seguireiSeguia como num sonho, que boiadeiro era um rei
Mas o mundo foi rodando nas patas do meu cavaloE nos sonhos que fui sonhando, as visões se clareandoAs visões se clareando, até que um dia acordei
Então não pude seguir, valente em lugar tenenteE dono de gado e gente, porque gado a gente marcaTange, ferra, engorda e mataMas com gente é diferente
Se você não concordar, não posso me desculparNão canto pra enganar, vou pegar minha violaVou deixar você de lado, vou cantar noutro lugar
Na boiada, já fui boi, boiadeiro, já fui reiNão por mim, nem por ninguémQue junto comigo houvesseQue quisesse ou que pudesse, por qualquer coisa de seuPor qualquer coisa de seu, querer mais longe que eu
Mas o mundo foi rodando nas patas do meu cavaloE já que um dia montei, agora sou cavaleiroLaço firme, braço forte, de um reino que não tem rei
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METAMORFOSE
Intérprete: Lucila Novaes
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E já que um dia montei, agora sou cavaleiro
Hoje eu senti a magiaQue tem a poesiaPra reinventarPresenciei que ela podeDe um jeito bem simplesNos modificarE destravei as palavrasAbri as janelasVoltei a voarRedescobri em mim mesmoInstintos exatosPra me governar
Fiz a mudança dos rumosPrefiro de fatoQuem saiba dançarTodas as coisas pequenasda vida serenaEu quero encontrarGente que ache bonitoIsto aqui ou aquiloUma coisa qualquerOnde estiver esse povoEu vou decididoRecomeçarPeço um silêncio profundoUm minuto pro mundoParar de soar
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GENTE COMO SUJEITOIntérprete: Lula Barbosa
Nada é mais lindo que a vidaE que a raça que habitaEsse nosso lugarUnam-se todos aquelesQue pensam tambémem um novo tearQue tecerá esse linhoDe gente bonitaQue gosta da paz
Vamos ouvir dos poetasRespostas exatasPara transformarEssa paisagem desertaOnde tudo é mentiraMiragens no arDar para nossas criançasApenas as frutasque dão no pomarE pro coração da gente O suficiente direito de amar
Unam-se todos aquelesQue pensam também em um novo tearQue tecerá esse linhoDe gente bonitaQue gosta da paz
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iro Quando eu olho meu olho além do espelhoTem alguém que me olha e não sou euVive dentro do meu olho vermelhoÉ o olhar de meu pai que já morreuO meu olho parece um aparelhoDe quem sempre me olhou e protegeuAssim como meu olho dá conselhoQuando eu olho no olhar de um filho meu
A vida é mesmo uma missãoA morte, uma ilusãoSó sabe quem viveuPois quando o espelho é bomNinguém jamais morreu
Sempre que um filho meu me dá um beijoSei que o amor de meu pai não se perdeuSó de olhar seu olhar sei seu desejoAssim como meu pai sabia o meuMas meu pai foi-se embora com cortejoE, no espelho, chorei porque doeuSó que olhando meu filho agora eu vejoEle é o espelho do espelho que sou eu
Toda imagem no espelho refletidaTem mil faces que o tempo ali prendeuTodos têm qualquer coisa repetidaUm pedaço de quem nos concebeuA missão de meu pai já foi cumpridaVou cumprir a missão que Deus me deuSe meu pai foi o espelho em minha vidaQuero ser pro meu filho espelho seu
E o meu medo maior é o espelho se quebrar
GENTE COMO SUJEITOIntérprete: Lula Barbosa
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Nunca se deve odiar, nem desejar mal a ninguém Seria bom a gente ver todos vivendo muito bem Juro por tudo que é sagrado, jamais pensei em me vingar O que eu mais aprendi no mundo Foi viver, sofrer e perdoar
Não é você que vai fazer mudar a minha opinião Posso chorar, que ninguém vai modificar meu coração Já perdoei até você, que desejou meu fim Que bom que Deus me fez assim
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GENTE COMO SUJEITOIntérprete: Lula Barbosa
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Tem certos dias em que eu penso em minha genteE sinto assim todo meu peito se apertarPorque parece que acontece de repenteFeito um desejo de eu viver sem me notar
Igual a como quando eu passo no subúrbioEu, muito bem, vindo de trem de algum lugarE aí me dá uma inveja dessa genteQue vai em frente sem nem ter com quem contar
São casas simples com cadeiras na calçadaE, na fachada, escrito em cima que é um larPela varanda, flores tristes e baldiasComo a alegria que não tem onde encostar
E aí me dá uma tristeza no meu peitoFeito um despeito de eu não ter como lutarE eu, que não creio, peço a Deus por minha genteÉ gente humilde, que vontade de chorar
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GENTE NOSSAIntérprete: Zé Luiz Mazziotti
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Eu estava esparramado na redeJeca urbanóide de papo pro arMe bateu a pergunta, meio a esmo:Na verdade, o Brasil o que será?O Brasil é o homem que tem sedeOu quem vive da seca do sertão?Ou será que o Brasil dos doisé o mesmoO que vai é o que vem na contramão?
O Brasil é um caboclo sem dinheiroProcurando o doutor n’algum lugarOu será o professor Darcy RibeiroQue fugiu do hospital pra se tratar?
A gente é torto igualGarrincha e AleijadinhoNinguém precisa consertarSe não der certo a gentese virar sozinhoDecerto, então, nunca vai dar
O Brasil é o que tem talher de prataOu aquele que só comecom a mão?Ou será que o Brasilé o que não comeO Brasil gordo na contradição?O Brasil que bate tambor de lataOu que bate carteira na estação?O Brasil é o lixo que consomeOu tem nele o maná da criação?a
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ra Brasil Mauro Silva, Dunga e ZinhoQue é Brasil zero a zero e campeãoOu o Brasil que parou pelo caminhoZico, Sócrates, Junior e Falcão
A gente é torto igualGarrincha e AleijadinhoNinguém precisa consertarSe não der certo a gentese virar sozinhoDecerto, então, nunca vai dar
O Brasil é uma foto do BetinhoOu um vídeo da Favela Naval?São os trens da alegria de BrasíliaOs trens de subúrbio da Central?Brasil-Globo de Roberto Marinho?Brasil-bairro: Carlinhos, Candeal?Quem vê, do Vidigal,o mar e as ilhasOu quem das ilhas vê o Vidigal?Brasil encharcado, palafita?Seco açude sangrando, chapadão?Ou será que éuma avenida Paulista?Qual a cara da cara da nação?
A gente é torto igualGarrincha e AleijadinhoNinguém precisa consertarSe não der certo a gentese virar sozinhoDecerto, então, nunca vai dar
GENTE NOSSAIntérprete: Zé Luiz Mazziotti
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Enquanto pinga, num secaLadainha doutras época eu me garro a recordarFé em Deus e pé na tábuaLata d’água na cabeça, num é fácil equilibrarVem balançando as cadeiraEssas morena num têm pena, sobe e desce, faz pensarAté parece brincadeira esse molejoBenfazejo é esse caminharTua graça é minha paisagemVou fazer uma tatuagem pros teus zóio eu me lembrar
Se essa moda pega feito a moda da pingaNa paia um bom cigarro eu vou pitarCorto um taio na aguardenteViro as mágoa do avesso, é um diacho não chorarCanto a moda à minha maneiraPrenda minha me algema na cadeia desse olharVem das rua, das ladeira o remelexo Cai o queixo só da gente oiáDesgraça pouca é bobagem Não quero tirar vantagem, mas não custa aperciá
Óia, os bóia fria têm valorMóia esses meus zóio teu calorNosso tempero é brasileiro, num tem jeitoNosso jeito hospitaleiro é mais mióAfia os dedo, violeiroRanca do fundo do peito uma moda em tom maior
Sai da terra essa inspiraçãoAi, esses teus zóio é a tentaçãoAmor desfeito é passageiroMas enquanto arde no peito a moda fica em tom menorNão desespero, eu sou mineiroEu te espero amor primeiro, vem curar a minha dor
Ô, padroeira, vem abençoarEsse teu povo que vive de acreditarVambora lá já se faz tarde, móia guelaBota sebo nas canelaVem mais eu pra nóis cantar
GENTE NOSSAIntérprete: Zé Luiz Mazziotti
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Acreditava na vidaNa alegria de serNas coisas do coraçãoNas mãos um muito fazerSentava bem lá no altoPivete olhando a cidadeSentindo o cheiro do asfaltoDesceu por necessidade
Ó, DinaTeu menino desceu o São CarlosPegou um sonho e partiuPensava que era um guerreiroCom terras e gente a conquistarHavia um fogo em seus olhosUm fogo de não se apagar
Diz lá pra Dina que eu voltoQue seu guri não fugiuSó quis saber como éQual éPerna no mundo, sumiu
Diz lá pra Dina que eu voltoQue seu guri não fugiuSó quis saber como éQual éPerna no mundo, sumiu
com
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E hojeDepois de tantas batalhasA lama dos sapatosÉ a medalhaQue ele tem pra mostrar PassadoÉ um pé no chão e um sabiáPresenteÉ a porta abertaE futuro é o que viráMas, e daí?
Ô ô e e áO moleque acabou de chegarÔ ô e e áNessa cama é que eu quero sonhar Ô ô e e áAmanhã boto a perna no mundo Ô ô e e áÉ que o mundo é que é meu lugar
Gon
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GENTE NOSSA Intérprete: Zé Luiz Mazziotti
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No segundo semestre de 2000, os músicos Cláudio Duarthe (violão), Prata (flauta e bandolim) e Welington Moreira (bateria e percussão) se reuniram com o objetivo de desenvolver um trabalho genuinamente brasileiro. Surgia o trio Futricando. Dos gêneros mais variados da nossa música (choro, samba, baião, bossa nova, entre outros), a tônica do trabalho acabou se enveredando mais tendenciosamente para o nosso apreciado chorinho e para o samba.Completando a tríade Vida, Trabalho e Gente, o Futricando compôs um tema especialmente para a abertura deste terceiro CD – assim como nas edições anteriores –, cujo título é Gentileza. Fugindo um pouco da proposta inicial do trio, que tem uma ligação mais direta com o choro e o samba, o Futricando mostra mais uma vez que pode transitar com propriedade por outros caminhos, passeando pelos mais variados ritmos e gêneros da nossa riquíssima música popular brasileira.
futricando
Verônica Ferriani subiu ao palco pela primeira vez em 2003, a convite do violonista Chico Saraiva. De lá para cá, dividiu palcos e projetos com nomes consagrados da música popular, como Francis Hime, Tom Zé, Aldir Blanc, Martinho da Vila, Ivan Lins, Beth Carvalho, Moacyr Luz, Guinga e muitos outros. A artista também integra a banda Gafieira São Paulo. Em 2009 lança um disco com o grupo, além de seu primeiro álbum individual.
Zé Luiz Mazziotti Ainda jovem, o cantor dividia palco com feras da música brasileira: Johnny Alf, Alaíde Costa, Leny Andrade... Mais tarde, cantou com Simone, Gal Costa e Ivan Lins, e também produziu álbuns para diversos artistas. Na carreira, já são oito discos gravados. O mais recente é uma homenagem a Chico Buarque. No repertório, As Vitrines, Embarcação, Cadê Você? (com participação de Chico) e até uma versão de Eu Te Amo em francês.
Lula Barbosa começou a carreira no fim dos anos 1970 com o Grupo Semente. Pouco depois, lançou-se em carreira solo. Dividiu palco com Djavan, Nelson Cavaquinho, Adoniran Barbosa, Ivan Lins e outros. Ganhou projeção nacional ao conquistar a segunda colocação no Festival dos Festivais da TV Globo, em 1985. Desde então, tornou-se um compositor requisitado, tendo canções gravadas por Roberto Carlos, Fábio Jr. e Jair Rodrigues.
Lucila Novaes Após conquistar diversos festivais, lançou o pri-meiro álbum em 1998: Frestas de Céu. No repertório, Chico Buarque, Lô Borges, entre outros. Gravou ainda quatro CDs, além de participar de bem escolhidos projetos, como os tributos a Ary Barroso e Isau-rinha Garcia. Seu mais recente disco, Sol a Sol, teve a participação de Francis Hime. Conquistou o título de cantora-revelação pela Rádio Trianon, foi indicada ao Prêmio Sharp e foi finalista do Prêmio Visa.
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FICHA TÉCNICA
TRIO FUTRICANDOViolão: Cláudio DuartheFlautas e Bandolim: PratinhaPercussão: Welington Moreira (Pimpa)
Intérpretes Verônica FerrianiLucila NovaesLula BarbosaZé Luiz Mazziotti
Direção Musical Cláudio DuartheGravação Duaudio Estúdio, por Cláudio DuartheMixagem Duaudio Estúdio, por Cláudio Duarthe e Mauro CogoMasterização Estúdio Soundup, por Mauro CogoProdução Mariza Ramos
Direção de Arte e Ilustrações Elifas AndreatoProjeto Gráfico Guilherme Resende
ocê que está com este CD nas mãos deve ser um apreciador da boa música. Foi por esse motivo também que eu cheguei à frente desse projeto: por ser uma apaixonada pela música popular brasileira, pela
arte brasileira, pelas coisas do Brasil.Esta é a terceira edição de uma idéia que surgiu em 2001, quando Roberto
Tranjan e Paulo Masayuki, outros dois loucos por nossa nação e nossa canção, resolveram juntar música da melhor qualidade ao redor de temas importantes. A eles uniram-se os artistas Cláudio Duarthe e Elifas Andreato, que emprestaram seus talentos para termos mais que CDs, obras de arte.
Para construir o enredo do tema Gente, nos inspiramos na frase de Paulo Freire: “o homem é objeto por distorção e sujeito por vocação”. Assim, o primeiro bloco retrata gente tratada como objeto, usada, estereotipada, excluída; no segundo, uma metamorfose, canções que trazem o desejo de sair da sub-condição, indignação, vontade imensa de se sentir gente de verdade; chegamos, então, ofegantes, ao terceiro bloco, querendo ouvir coisas de gente considerada como sujeito, gente que brilha, essa, em quem a gente acredita; e, aí, fechamos com um tributo à música que retrata a nossa gente, gente bem brasileira, gente bonita. Eita Brasil!
Só conseguimos concretizar essa obra com o inestimável apoio dos empresários e amigos Regis, da Jaguaré, Sérgio, da Teixeira Pinto, Nilson, da Raw Material, Abreu, da Bandeirante Brazmo, Cita, da Tintas Alves, e do meu parceiro na Cempre, Silvio Bugelli. Também contamos com a maestria do Trio Futricando e a imensa paciência da produtora Mariza Ramos.
Ouça cada um dos blocos com ouvidos e coração atentos. Emocione-se com as canções, com os intérpretes, com os arranjos; se quiser emoção maior, deguste, enquanto escuta, cada imagem do Elifas. Mas, principalmente, contemple o som, o tom, o quão bom é entender de gente!
Sandra CamposEducadora da Cempre – Educação nos Negócios • Coordenadora do Projeto
VGentileza (Trio Futricando)
ABERTURA Intérprete: Trio Futricando
Roda viva (Chico Buarque)
Desse fruto (Edvaldo Santana, Akira Yamazaki e Osnofa)
Tipo zero (Noel Rosa)
GENTE COMO OBJETO Intérprete: Verônica Ferriani
Arranjos: Cláudio Dhuarte e Pratinha
Carne e osso (Taiguara)
Fantasia (Chico Buarque)
Segue o teu destino (Fernando Pessoa e Sueli Costa)Disparada (Geraldo Vandré e Theo de Barros)
METAMORFOSE Intérprete: Lucila Novaes
Tear (Renato Teixeira)
Além do espelho (João Nogueira e Paulo César Pinheiro)
Deus me fez assim (Nelson Cavaquinho)
GENTE COMO SUJEITO Intérprete: Lula Barbosa
Gente humilde (Garoto, Chico Buarque e Vinicius de Moraes)
A cara do Brasil (Vicente Barreto e Celso Viáfora)
Moda à brasileira (Pratinha)
Com a perna no mundo (Gonzaguinha)
GENTE NOSSA Intérprete: Zé Luiz Mazziotti