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O MUNDO ANTIGO O mundo antigo, ou mundo bíblico, compreende todos os povos antigos mencionados na Bíblia que habitavam a área banhada pelo Mediterrâneo (Grande Mar) e aqueles que ficam entre este, o Mar Negro(Euxino), Mar Cáspio(também chamado Mar Setentrional), Golfo Pérsico(ou mar meridional) e Mar Vermelho(denominado pelos romanos Mar Eritreu). Considerando que o relato bíblico de ambos os Testamentos abrange a área desde Espanha, o ponto mais ocidental das atividades do apóstolo Paulo, até Pérsia, país mais oriental com que esteve relacionado o povo de Israel, e desde o Ponto, provincia mais setentrional da Ásia Menor, ao Sul do Mar Negro, cujo povo estava representado em Jerusalém no dia de Pentecostes (At 2.9), até o extremo sul da Arábia onde, provavelmente, ficará a lendária terra de Ofir, tantas vezes mensionada na Bíblia, podemos dizer que a expresões mundo antigo e mundo bíblico são praticamente são praticamente sinônimas. 1. LIMITES Em termos gerais, pode-se delimitar a área do mundo antigo da seguinte maneira: Norte: uma linha reta que começa na Espanha, passa pelo norte da Itália e mar negro e vai até o Mar Cáspio. Leste: Uma linha reta que parte do mar Cáspio, e passando pelo Golfo Pérsico vai até o Mar Arábico. Sul: Uma linha reta que, partindo do Mar Arábico, vai na direção oeste, passando pela Etiópia e terminando no deserto da Líbia, no continente Africano. Oeste: Uma linha reta que parte do sul do deserto da Líbia e termina na Espanha, abrangendo o Egito e as regiões do norte da África. Em termos mais específicos, diríamos que a referida área fica situada em longitude 5º oeste e 55º leste, e entre 10º e 45º latitude norte.

GEOGRAFIA BÍBLICA

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O MUNDO ANTIGO

O mundo antigo, ou mundo bíblico, compreende todos os povos antigos

mencionados na Bíblia que habitavam a área banhada pelo Mediterrâneo (Grande

Mar) e aqueles que ficam entre este, o Mar Negro(Euxino), Mar Cáspio(também

chamado Mar Setentrional), Golfo Pérsico(ou mar meridional) e Mar 

Vermelho(denominado pelos romanos Mar Eritreu).

Considerando que o relato bíblico de ambos os Testamentos abrange a

área desde Espanha, o ponto mais ocidental das atividades do apóstolo Paulo, até

Pérsia, país mais oriental com que esteve relacionado o povo de Israel, e desde o

Ponto, provincia mais setentrional da Ásia Menor, ao Sul do Mar Negro, cujo povo

estava representado em Jerusalém no dia de Pentecostes (At 2.9), até o extremo sul

da Arábia onde, provavelmente, ficará a lendária terra de Ofir, tantas vezes

mensionada na Bíblia, podemos dizer que a expresões mundo antigo e mundo

bíblico são praticamente são praticamente sinônimas.

1. LIMITES

Em termos gerais, pode-se delimitar a área do mundo antigo da seguinte

maneira:

Norte: uma linha reta que começa na Espanha, passa pelo norte da Itália

e mar negro e vai até o Mar Cáspio.

Leste: Uma linha reta que parte do mar Cáspio, e passando pelo Golfo

Pérsico vai até o Mar Arábico.Sul: Uma linha reta que, partindo do Mar Arábico, vai na direção oeste,

passando pela Etiópia e terminando no deserto da Líbia, no continente Africano.

Oeste: Uma linha reta que parte do sul do deserto da Líbia e termina na

Espanha, abrangendo o Egito e as regiões do norte da África.

Em termos mais específicos, diríamos que a referida área fica situada em

longitude 5º oeste e 55º leste, e entre 10º e 45º latitude norte.

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2. EXTENSÃO

São as seguintes as regiões do mundo antigo, ligadas as Revelação, e

suas caracteristicas:

2.1. Mesopotâmia

Literalmente “entre rios”, é a vasta região do oeste asiático margeada

pelos rios Tigres e Eufrades, que se estende desde os montes da Armênia ao norte

até o Golfo Pérsico ao sul, de cerca de um milhão e meio de quilômetros quadrados.

É a terra dos primeiros dias da história bíblica e o berço da humanidade. Isto porque,

acordo com as possibilidades geográficas e as mais recentes conclusões históricas

e antropológicas, o surgimento do homem ocorreu na região da Mesopotâmia, o

 jardim do Éden certamente localizou-se nas nascentes dos rios Tigre e Eufrates (Gn

2. 10-14). Também fatos importantes como o dulúvio, formação da família de Noé,

migrações de sua descendência etc. deram-se nesta região. A parte norte desta

região é conhecida como Assíria e a parte sul como Babilônia ou Caldéia, habitadas

por vários povos em diferentes épocas. Súmérios, acadios, amorreus e semitas

estabeleceram-se na Mesopotâmia e se fundiram, saindo deste caldeamento a

notável figura do patriarca Abraão, que por sua vez, deu origem ao povo hebreu.Hoje a região é ocupada pelo Iraque e parte pela Turquia.

  Agora apreciemos, separadamente, as duas subdivisões da Meso

potâmia.

1) Assíria: Região de planalto montanhoso em quase toda a área, filho de Sem

neto de Noé (Gn 10.11). A sua mais antiga cidade e capital doi Assur; filho de

Sem e neto de Noé (Gn 10.11). A sua mais antiga cidade e capital foi Assur,em torno de cujo distrito desenvolveu-se o país que em épocas diferentes tem

possuído diferentes dimensões. Os primitivos habitantes da Assíria,

mesclando-se com os acádios, semitas, vindos da Síria por volta de 2500

a.C., formaram o povo conhecido pelo nome de Assírio2.A cidade mais

célebre da região, e desde 885 a.C. capital da mesma, foi Nínive, à margem

oriental do terço superior do Rio Tigre. Foi nas montanhas da Assíria que o rei

Salmanazar instalou uma grande parte do cativo de Israel (Reino do Norte).

2) Babilônia ou Caldéia: Conhecida também pelos nomes antigos de Sumer,

 Acade, terra de Sine ou de Sinear, é região baixa a alagadiça, extremamente

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fértil devido ao lado depositado pelos rios Tigres e Eufrates, especialmente na

parte sul, e também devido a irrigação artificial produzida por um sistema de

canais. Seus habitantes primitivos foram os sumérios vindos do planalto persa

que, fundindo-se com os acádios, formaram o povo mais tarde chamado

babilônio. A fertilidade do aluvião tornou esta área frequentemente cobiçada

por povos próximos e distantes. Várias cidades prósperas estabeleceram-se

na região: Ur, Eridu, Obeide, Larsa, Fara, Ereque, Nipur e outras, merecendo

menção especial a Babilônia, edificada por Nimrode – filho de Cusi, neto de

Cão e bisneto de Noé e que se tomou em capital do famoso Império

Babilônico, situada no noroeste do país atravessada pelo rio Eufrates. Pelo

sistema de canais, não só em toda a região se faziam presentes as águas

carregadas de húmus fertilizantes, como também se faziam a comunicação e

intercâmbio comercial entre muitas cidades. E quando em decorrência de

inundações mais violentas, ou negligencia de governos, os leitos dos rios e

canais apresentavam desvios consideráveis, verificava-se o declínio de varias

dessas cidades. Como exemplo deve-se mencionar a cidade de Ur que,

 julgando-se pelas escavações ali realizadas, ao tempo de Abraão era porto

marítimo, mas cujas ruínas hoje encontram se a cerca de 250 quilômetros aonorte do fundo do Golfo Pérsico Nesta região, Judá ficou exilado ao 70 anos,

e nela exerceram seu ministério profetas Daniel e Ezequiel.

2.2 Arábia

Esta é uma região de imensos desertos que se estende desde a foz do rio

Nilo até o golfo Pérsico no sentido oeste-leste, e desde a Síria até o Golfo Arábico

no sentido norte-sul. Foi na parte ocidental da Arábia, também chamada ArábiaPétrea – incluindo-se nela a Península do Sinai e Edom – que os israelitas

peregrinaram 40 anos e onde foi dada a lei por intermédio de Moisés. Os seus

habitantes primitivos foram os amalequitas, os idumeus (edomitas), os israelitas, os

midianitas, os amonitas e os cenitas, pertencendo a estes últimos o sogro de

Moisés, Jetro. Cada um desses povos, alguns nômades e outros seminômades,

constituía um pequeno reino. No extremo sul da Arábia provavelmente ficava a

lendária terra de Ofir, célebre pelo seu ouro, tantas vezes mencionada na Bíblia. A

maio caminho entre o Golfo de Ácaba e o Mar Morto ficava a cidade mais importante

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da chamada Arábia Pétrea quiça de toda a Arábia – Selá ou Petra, ao oriente do

Monte Hor em cujo cimo morreu Arão, irmão de Moisés.

2.3 Pérsia

Primitivamente a região era pequena, situada a nordeste do Golfo

Pérsico, a sudeste de Babilônia e Elão, ao sul da Média. Hoje a região é ocupada

pelo Irai moderno. O império persa chegou a abranger toda a Ásia Ocidental, Grécia

e Egito.

 A capital mais antiga era Persagada, ou Pasárgada, e até Susã, antiga

capital do Elão. Depois da queda do império babilônico sob o poder medo-persa,

Ciro, o rei persa, foi quem decretou o repatriamento dos judeus, ordenado ao

mesmo tempo a reconstrução do templo e a restituição dos vasos sagrados que

Nabucodonozor, rei da Babilônia, havia tomado (ED. 1.1 -11, 5. 13 – 15). Foi na

Pérsia que tiveram lugar os acontecimentos descritos no livro de Ester.

2.4 Elão ( ou Elami)

País antigo ao qual os gregos denominavam Suziânia, limitando-se ao sul

com o golfo Pérsico; a oeste com o rio Tigre- portanto com Babilônia e Assíria – aonorte com a Média e a leste com a Pérsia.Segundo provas arqueológicas,sua

capital,Susã,foi fundada cerca de 4000 A.C.1Em épocas diferentes pertenceu aos

impérios vizinhos,como Assíria,Babilônia e Pérsia.Quedorlaomer, que aprisionou Ló

e em cuja perseguição saiu Abraão derrotando-o,era rei de Elão(Gên. 14).É região

montanhosa e relativamente fértil.Hoje é província do Irã.

2.5 MédiaEsta região ficava ao norte do Elão, a leste da Assíria, ao sul do mar 

Cáspio e partes da Armênis, e a oeste da Partia, que hoje corresponde á moderna

província persa de Khorasan e que ao tempo do império romano marcava o limite

oriental do mesmo. Há uma única menção dos partas na bíblia, em Atos 2:9, onde

se faz referência aos povos representantes em Jerusalém no dia de Pentecostes.

Grande parte da Média é uma vasta planície com cerca de 1000 metros de altitude

coberta de ricas pastagens. Os medos em tem pos remotos viriam divididos em

muitas tribos, portando sem governo central, sem exército, sem vida organizada.

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  Assim foram presa fácil de impérios vizinhos mais poderosos.A

princípios.A princípio a Média esteve sujeita á Assíria.Foi naquele tempo que os

cativos de Samaria (Reino do Norte) foram levados por Sargão II, rei da Assíria,

para essa terra (2 Reis 17.6, 18. 11). Mais tarde, quando as tribos escolheram

Déjoces como seu rei, estas foram definitivamente unificadas numa só nação, com

sua capital na cidade de Ramada – que os gregos denominaram Ecbatana, que é a

 Acmetá de ESDRAS 6.2, cercada de “sete muralhas concêntricas e de alturas

diferentes de tal modo que sobressaíam uma das outras, predominando a mais

interna sobre as demais’. Aliada à Babilônia, a Média sacudiu o jugo da periclitante

 Assíria. Cerca de cem anos mais tarde a Pérsia absorveu a Média, que nunca mais

deixou de ser uma província persa (hoje iraniana).

2.6 Armênia ou Arará

Esta região abrange extensas e altas serras ao norte da Média, Asssíria e

Síria, tendo a Ásia Menor e o Mar Negro a oeste, o Mar Cáspio a leste, e ao norte as

montanhas do Cáucaso. Nesta região encontram-se as cabeceiras dos rios tigre e

Eufrates, a provável área do Éden e o monte Arará – na parte nordeste - - onde

descansou a arca de Noé no fim do dilúvio (embora alguns dicionaristas afirmemque a arca desceu sobre “um dos montes de Araá, ignorando-se qual seja”).

2.7 Síria ou Arã (hebr)

Localiza-se a sudeste da Armênia, a leste da Ásia Menor e do

Mediterrâneo, ao norte da palestina e a oeste da Assíria e partes da Arábia, cortada

na direção norte - sul pela cordilheira do Líbano, paralela á costa do Mediterrâneo,

que apresenta duas divisões: Líbano – a mais ocidental, a ante-Líbano – a oriental,em cujo extremo sul fica o célebre Monte Hermon. Os dois rios mais importantes da

região correm entre as duas divisões dos Líbanos: Orontes, para o norte e depois

oeste, passando perto da cidade de Antioquia e desaguando no Mediterrâneo, e o

Leontes, para o sul, repentinamente desviando o seu curso para o mesmo mar.

Grande parte da região é uma planície exuberante de fertilidade. Os sírios (ou

arameus) são descendentes de Arã, filho de Sem e neto de Noé. Nos dias

patriarcais esta região era constituída de pequenos reinos independentes que

levavam o nome de sua cidade principal, como Arã-naaraim, Arã-demascus, Arã-

zoba etc. Parece que Harã, centro comercial e militar que ficava no distrito de Padã-

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 Arã, onde Abraão habitou com seu pai e onde deixou sua parentela para sair para

Canaã, ao tempo do patriarca, pertencia ao noroeste da Mesopotâmia, vindo mais

tarde incorporar-se a Síria. Damasco é capital da síria até hoje, sendo, conforme se

crê, a mais antiga cidade viva da Terra.

 A Síria foi conquistada sucessivamente por Salomão, assírios, babilônios,

persas, gregos e romanos. A Síria foi o primeiro país estrangeiro a receber o

cristianismo pelo testemunho dos crentes perseguidos em Antioquia, onde estes

foram primeiramente chamados cristãos (At 11.26).

2.8 Fenícia

Esta região era uma nesga de terra entre o Mediterrâneo, a oeste, a

cordilheira do Líbano, ou Síria, a leste, Palestina ao sul e Síria, também ao norte, até

a pequena ilha de Arada onde ficava a cidade de Arvade, medindo, em média, 25

quilômetros de largura por 250 de comprimento. As suas cidades principais citadas

no antigo testamento são Tiro e Sidom. Entretanto pelas escavações arqueológicas,

depreende-se que os limites da Fenía em tempos bem remotos estendiam-se ao

norte além de Rashamra, antiga Ugarit, defronte da ilha de Chipre. Seus habitantes,

provavelmente originários do Golfo Pérsico, ocupam a costa do Mediterrâneo por volta de 1700 a.C. Eram famosos em navegação, comercio. Ciências, artes e

literatura, exercendo uma notável influência sobre as demais nações do mundo de

então. Durante a sua existência foram muitas vezes subjugados pelas potências

próximas e distantes, mas sempre souberam conservar a sua cultura e unidade. As

suas colônias espalhadas pela costa e ilhas do Mediterrâneo, bem como seu

intercâmbio comercial com outros povos, foram os fatores principais de sua

expansão. Os cartagineses (colônia de Cartago,África) eram seus descendentes.Oslibaneses que hoje ocupam a região são seus descendentes.

2.9 Palestina ou Canaã

É região banhada pelo Mediterrâneo a oeste, tendo ao norte a Fenícia e a

Síria, e a leste e sul a Arábia, sendo que ao sul também fica parte do Egito. As suas

características serão estudadas detalhadamente mais adiante neste livro.

2.10 Egito

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Certamente depois de Palestina , a terra que mais se salienta na bíblia, do

ponto de vista histórico e religioso, é o Egito.Isto porque está intimamente

relacionando á formação dos hebreus, um povo distinto e especialmente destinado a

ser o instrumento a Revelação. A sua posição geográfica é no nordeste

africano;tendo ao norte o Mar Mediterrâneo, a leste partes da Palestina e Arábia -

esta separada pelo Mar Vermelho – ao sul, antigamente a Etiópia, hoje Sudão, e a

oeste da Líbia, com seu imenso deserto também conhecido pelo nome de Saara.É

uma vasta região deserta vivificada pelo rio d’água que corre na direção sul – norte,

que é o Rio Nilo.Seu nome antigo é Misraim, ou Misr, deriva do folho Cham ou

Cão,filho de Noé, que para lá se dirigiu depois do dilúvio. Seu nome poético foi

Rahabe, usado nos Salmos, livro de Jó e profecia de Isaías, que alguns interpretes

pensam seja alusivo a algum monstro marinho da mitologia semita, como Dragão.

Em tempos remotos o Egito atingiu grande desenvolvimento em ciências, letãs e

artes, como provam os monumentos e documentos descobertos em grande

quantidade. A famosa fertilidade do Egito devia-se ao lodo espalhado em vastas

áreas, especialmente no Baixo Egito ou Delta, pelas inundações do grande rio. O

Egito foi o lugar da longa permanência dos descendentes de Jacó (430 anos) da

qual os últimos 80 anos foram de dura escravidão. Das doze famílias do filho deJacó já haviam se formado doze grandes tribos com cerca de dois milhões e meio a

três milhões de pessoas. Dentre elas Deus levantou Moisés, a quem preparou

maravilhosamente para ser o libertador do seu povo. A província de Gósen, a

sudeste do Delta (denominação dada ao estuário do rio Nilo que toma a

configuração da letra D do alfabeto grego em posição invertida) foi a área habitada

pelos israelistas. Mênfis, Tebas, Alexandria e Cairo são as cidades principais do

Egito.

2.11 Etiópia

Região do Oriente africano frequentemente citadas nas Escrituras

Sagradas, compreendendo a área do alto Nilo, Sudão e Abissínia. Seus limites são;

Egito, ao norte (modernamente Sudão); Mar Vermelho ou Arábia, a leste; Líbia, a

oeste; e partes orientais da África, ao sul, desconhecidas nos tempos bíblicos, hoje

ocupadas pela Somália. Em língua hebraica a região era conhecida pelo nome de

terra de Cush, no antigo egípcio Kas ou Kesh e em etíope Kish. Era habitada pelos

descentes de Cusi, filho de Cão e noto de Noé. Parece que segundo Gênesis 2.3

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havia na região Asiática – norte da Mesopotâmia ou Armênia – uma outra área com

o mesmo nome até certa altura da pré-história. O tesoureiro do reino da Etiópia, cuja

conversão é narrada no capítulo 8 do livro de Atos dos Apóstolos, parece ter sido o

primeiro a introduzir a religião cristã naquela região.

2.12 Líbia

Uma extensa região do norte da África, quase totalmente deserta, na

costa do Mediterrâneo, a oeste do Egito, com limites ocidentais muito vagos. Seus

habitantes são descendentes de Put, filho de Cão, ou Lubim (Jr 46.9; Dn 11.43),

povo dividido em pequenas tribos que mais tarde passaram a ser conhecidos como

líbios. Ao tempo dos romanos a província era dividida em Líbia Marmárica (parte

oriental) e Líbia Cirenaica (parte ocidental), sendo Cireneu a capital. No dia de

Pentecoste estavam presentes em Jerusalém alguns habitantes desta região (At.

2.10).

2.13. Ásia Menor 

É a enorme península do extremo ocidental do coninente asiático,

banhada ao norte pelo Mar Negro, a oeste pelo Mar Egeu e ao sul peloMediterrâneo. Aleste limita-se com a Armênia, extremo norte da Mesopotâmia e

Síria. A região é um planalto elevado e pedregoso, rodeada de cadeias de

montanhas qu ecorrem pela orla marítima e semeada de inúmeros lagos de água

doce e salgada, razão esta por que há poucos rios de volume considerável, senão o

Cidno que deságua no Mediterrâeno e a cujas margens ficava a célebre cidade de

Tarso, terra natal de Paulo, o apóstolo, e Caico, Hermo, Meandro e Caister (às

margens deste último ficava situada a famosa cidade de Éfeso, capital de toda aregião ao tempo do Novo Testamento) que despejam as suas águas no Mar Egetu.

 As provínciasou distritos emque os romanos dividiram a região eram as seguintes:

 Ao norte – Ponto, Paflagônia e Bitínia; a oeste – Mísia, Lídia e Cária; ao sul – Lícia,

Panfília, Cilícia (cuja cidade principal era Tarso); no centro e a leste – Frígia, Glácia,

Pisídia, Licaônia e Capadócia. Todas estas provinciais a leste da Mísia e Lídia

também era conhecidas simplesmente como Ásia. Foi esta região o grande palco

das atividades missionário sde Paulo e seus companheiros, bem como a área em

que se encontravam as “sete igrejas da Ásia” referidas no livro de Apocalipse. Hoje o

moderno Estado da Turquia abrange toda esta área. Os habitantes primitivos desta

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região representavam a mais complexa mistura de raças, cultos e culturas

diferentes, merecendo destaque os hititas que na Ásia Menor tiveram o centro de

sua civilização, particularmente na região central, chamada Anatólia.

2.14 Grécia ou Hélade

 A península do sudeste europeu banhada a leste pelo Mar Egeu, ao sul

pelo Mediterrâneo e a oeste pelo Mar Jônico. Ao norte ficava a Macedômia. A Grécia

 Antiga era conhecida pelo nome de Acáia, que é a parte sul da península, e a região

de Atenas, a sudeste, conhecia-se como a Ática. A Grécia é toda recortada pelo

mar, cercada por muitas ilhas e ilhotas, coberta de montanhas de declives abruptos,

quase sem planícies e sem rios, podendo-se cultivar somente plantas que suportem

os estios ardentes e secos dominantes. Por esta e outras razões como lutas

políticas, pobreza da terra, etc – os gregos tornaram-se cheios do espírito de

aventuras, de conquistas, de ambição por riquezas, o que explicaa chamada

Diáspora gega do século 12 ao século 6 a.C., ou seja, a expansão dos gegos para

além das fronteiras da Grécia propriamente dita, isto é, ilhas do Egetu e do

Mediterrâneo, Mar Negro, Ásia Menor,sul da Itália, norte da África (Líbia) e até

Massília (sul da França atual), com suas colônias agrícolas e entrepostoscomerciais. Assim “os gregos usaram e assimilaram todos os tipos antigos de

civilização e lhes deram um sentido próprio do seu modo de sentir e vir. Nenhum

outro povo conseguiu imprimir; tão indelevelmente como este, as marcas do seu

pensamento sobre as gerações de todos os tempos”. Os gregos – também

chamados helenos – são descendentes de Javão, neto de Noé, que ofi parai dos

  jônios, uma das principais tribos na formação da raça grega juntamente com os

dórios). Quando a Grécia caiu sob a tutela de Filipe da Macedônia – que era meiogrego e meio bárbaro, mas educado na Grécia – já a cultura helenista era conhecida

por toda parte. E com as conquistas de seu filho Alexandre, o Grande, a língua

grega divulgou-se pelo mundo antigo de tal forma que a propagação do cristianismo

por aquela vasta área tornou-se fácil. A Grécia foi outro palco de atividades

missionárias de Paulo, o apóstolo.

2.15 Macedônia

País quefica ao norte da Grécia cuja história antes de 560 a.C. pouco se

conhece, mas que sob o domínio de Filipe, o Macedônio, e de seu filho Alexandre, o

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Grande, tornou-se potência mundial do seu tempo (36ºa 323 a.C.). Limitava-se sul

com a Grécia, a leste com o Mar Egetu e com a Trácia, ao norte com os Montes

balcânicos e aoste com partes de Trácia e Ilíaco. Hoje a região forma o norte da

Grécia, da Iugoslávia e o sul da Bulgária e Turquia européia. Macedônia era uma

vasta planície fértil envolvida por altas montanhas. Os seus habitantes eram

provavelmente da mesma origem dos gregos, proém sofrendo maior mistura de

tribos bárbaras da Ásia e das regiões do norte do Mar Negro. Após a morte de

 Alexandre, o Grande, quiseram os seus generais “assegurar o impéri para o infante,

seu filho, sob a regência da imperatriz víúva e de seu irmão. Em breve, porém,

surgiram dissensões entre os generais. Todos os membros da família de Alexandre

foram afastados do poder; o número dos generais foi reduzido de sete para quatro;

estes quatro assumiram o título de reis, e fundaram quatro realezas: Ptolomeu, no

Egito; Seleuco, na Síria; Antípater, na Macedônia, e Filetero, na Ásia Menor.” No

 Antigo Testamento não é mencionada a Macedônia, mas o profeta Daniel refere-se

a este império em 2.39, 7.6, 8.5, 8. Em 142 a.C., tornou-se província do Império

Romano. O apóstolo Paulo, na sua segunda viagem missionária pela Síria (51 d.C.),

solicitado por meio de uma visão (At 16.9), atravessou o Mar Egetu e penetrou no

continente europeu pela Macedônia, passando por Neápolis, Filips, Anfípolis, Apolônia, Tessalônica e Beréia, deixando duas igrejas estabelecidas em Filipose

Tessalônica.

2.16 Ilírico ou Ilíria

Esta região ficava a oeste da Macedônia, nooreste da Grécia e leste do

Mar Adriáticos, que a separa da Itália, e ao sul da Pnaônia, incluindo-se nela a

Dalmácia. Segundo Romanos 15.19 esta foi a reigão mais distante na direção nortea que chegou Paulo com a mensagem do evangelho. Muito pouco se sabe da

história desta região e seus habitantes primitivos, senão que ao tempo das conquists

romanas eram montanheses bastante selvagens. Modernamente esta

regiãocompreende a Albânia e Iugoslávia.

2.17 Itália

Esta é outra Península do sul da Europa, no Mediterrâneo, tendo ao norte

a cadeia dos Montes Alpes, a leste o Mar Adriático e a oeste o Mar Tirreno. Na Itália

está a célebre cidade de Roma, sua capital, que ao tempo do Novo Testamento era

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também a capital do vasto e poderoso Império Romano. E região montanhosa,

entremeada de vales férteis com rios abundantes, dos quais o principal é o Tibre, em

cujas margens fica a cidade de Roma, fundada em 753 a.C. o pequeno reino foi se

estendendo até abranger toda a península. Em 190 a.C. os exércitos romanos

invadiram a Síria, na Ásia Menor e paultainamente foram submetendo outras regiões

ao poder romano. Assim, em 63 a.C., a Palestina tornou-se tributária do Império

Romano, sendo governada, sucessivamente, por reis, governadores e procuradores.

 Ainda que o império fosse tolerante para com a religião dos povos conquistados, já

para com os cristãos – devido a sua agressividade aos ritos pagãos e o seu esforço

de fazer adeptos – não o foi. Fortes perseguições foram desencadeadas ao tempo

de Nero e de Domiciano contra os cristãos em toda parte. Não obstante, estes

continuaram a multiplicar-se e exercer a sua influência a tal ponto que, no princípio

do quarto século da nossa era, o cristianismo tornou-se a religião do Estado sob o

governo de Constantino, o Grande. Não se sabe quem teria levado o evangelho à

Itália, mas quando Paulo escreveu a sua Carta aos Romanos, no ano 57 ou 58 d.C.,

  já havia crents ali. Entre 61 e 63 d.C., Paulo pregou em Roma, embora como

prisioneiro.

2.18 Espanha

Esta região fica no extremo ocidental do mundo antigo, fazendo parte da

chamada Península Ibérica, no sudoeste da Europa, banhada ao sul pelo Mar 

mediterrâeno e ao norte pelo Oceano Altântico. Segundo alguns estudiosos, Társis,

tera para onde se dirigia o profeta Jonas quando entendeu desobedecer ao Senhor,

ficava ao sul da Espanha, perto da atual Gibraltar.Segundo Romanos 15. 24 – 28,

Paulo demonstrou o desejo de visitar a Espanha para ali pregar o evangelho. E ochamado fragmento Muratori, escrito em 170 d.C., afirma que o apóstolo havia

chegado até a Espanha. Esta região também foi palco de perseguições antrozes aos

cristãos, especialmente durante a Idade Média com o estabelecimento dos

tristemente célebres tribuinais de inquisição.

2.19 Ilhas do Gentious ou Ilha do Mar 

É designação aplicada na Bíblia às ilhas do Mediterrâeno e Mar Egetu,

das quais as principais são: Creta, Chipre, Rodes,Patmos, Mitilene, Samotrácia e

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talvez Malta e Sicília, bem como de regiões mais remotas, poucos conhecidas aos

tempos bíblicos.

3. MONTANHAS

Uma vez que vamo estudar separadamente – na Parte II deste livro – a

geografia da Palestina, trataremos neste tópico das montanhas extrapalestínicas do

Mundo Antigo relacionadas com a história bíblica. Destas, as cinco mais importantes

são as seguintes:

3.1 Arará

Fica no sudoeste da Armênia e é célebre pelo encalhe da arca de

Noé.Tem cerca de 5000m de altitude.O texto bíblico de Gên. 8:4 diz que a arca

parou sobre “os montes de Arará”. Portanto, ignora-se o local exato do pouso da

arca, embora a tradição aponte a montanha mais lata da região como tal e cujo

nome é Arará.

3.2 Sinai ou Horebe

Localizando no extremo sudoeste da Ásia , na Península do Sinai, que

tem forma triangular e que é banhada por dois braços do Mar Vermelho chamados

golfo Suez e Golfo de Acaba, ficando este do lado oriental da península e aquele do

lado ocidental. A península por sua natureza divide-se em duas parte: urna ao norte,

predominantemente deserta com leves elevações; outra ao sul, na qual predomina a

topografia montanhosa, de elevações entre 1.000 e 2.000m de altitude cortadas por 

valesde dimensões variadas cobertos de algumas vegetações em certas épocas doano. É nesta região sul da península que se localiza o Monte Sinais, também

chamado Horebe. Esta dupla nomenclatura é explicada por diversos modos pelos

exploradoresorientalistas. Dizem uns que as duas designações não se referem ao

mesmo local, embora apontem o mesmo bloco maciço (Gesenius) com duas

elevações próximas – Sinais, a mais alta, de cerca de 2.500m de altitude e que fica

mais ao sul e Horebe deve ter sido o nome do conjunto montanhoso e Sinai uma das

elevações mais salientes (Hengstenberg e Robinson). E ainda outros acham que

Sinai era o nome mais antigo e Horebe o mais recente da mesma montanha

(Ewald). Provavelmente a primeira é a melhor explicação. No Monte Sinai Moisés

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recebeu a Lei, com a qual se firmou o pacto entre Deus e o povo de Israel,

originando-se, assim, a nacionalidade hebraica com seus aspectos religioso e civil.

No mesmo monte, uns oucos anos antes, Moisés teve a visaõ da sarça ardente –

quando apascentava os rebanhos do seu sogro – e seis séculos depois Elias, o

profeta, teve a visão de Deus (Irs 19) emquelhe foi revelado que apesar da idolatria

de Israel havia muitos joelhos em seu meio que não se haviam dobrado a Baal. Hoje

o Sinai é conhecido pelo nome de Jebel – Musa, que significa “monte de Moisés”.

3.3 Líbanos

  A cordilheira dos Montes Líbanos, que corre paralelamente à costa

oriental do mediterrâneo, fica na parte ocidental da Síria, ao norte da Palestina, e

apresenta-se em duas divisões: 1)Líbano e 2) Ante –Libano.

Esta divisão não é conhecida nas Escrituras Sagradas, mas vem do

tempo da dominação grega e persiste até hoje. A cadeia de montanhas que fica a

oeste é conhecida como Líbano e a que fica a leste como Ante-Líbano. A altitude de

ambas as cadeias varia entre 1.900 e 3.300m. A sua extensão na direção norte-sul é

de cerca de180 quilômetros e na direção oste-leste varia entre 20 e 20 em linha

área.O vale que separa as duas cadeias demontanhas toma nomes diferentes: aosulé chamado Vale do Leontes,por onde correo rio do mesmo nome; pouco mais

para o norte é conhecido como o Vale de Mispá, que se estende por entre os

contrafortes das duas cadeias; e do centro para o norte toma o nome de Vale do

Orontes, pois que serve de leito para o rio do mesno nome. Ao tempo de Josué o

vale era conhecido simplesmente como Vale do Líbano. Era famoso pela sua

fertilidade. Nas encostas dos Líbanos cresciamos famosos cedros e as esbeltas

faias, madeiras empregadas na construção do templo de Salomão, cobertura denavios, palácios dos reis, instrumentos musicais etc., por serem de grande duração.

Os Montes Líbanos são frequentemente citados nas Escrituras.

3.4 Hermon

Ete monte fica no exremo sul da cadeia dos Montes Ante-Libanos, no limite sul

da Síria e extrem norte da Palestina, tambémconhecida como Monte Sirion e

Monte Senir. Devido a sua altitude que atinge pouco mais de 3.000m (os dados

oferecidos pelos vários autores diverge consideravelmente quanto à altitude

destemonte, oscilando entre 2.750 e 3.365m), sua escassa vegetação (exceto

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nas encostas inferiores onde a vegetação é extremamente rica) e sua

cobertura permanente de neve e gelo, este nome se reveste de uma

imponência majestosa, podendo ser avistado de muitas partes da Palestina,

Síria, Arábia, Fenícia e Mediterrâneo. Durante o inverno, o enorme véu da neve

baixa até cerca de 1500m. À medida que avança o verão, a neve vai

derretendo, formando fios de Água e riachos que descem pelas encostas e

regam as partes inferiores do monte e os vales, ficando no seu tríplice cume

(formado por três elevações ou picos dispostos em triângulo) uma calota de

gelo que reflete os raios solares, qual um espelho, a distância enorme.

  Acreditase que a transfiguração de Jesus teve lugar em algum ponto da

encosta sul deste monte, embora a tradição aponte o Monte Tabor, na Galiléia.

Pelas numerosas ruínas de templos dedicados a Baal e outros deuses pagãos

encontrados ao seu redor, pode-se concluir que em tempos antigos o Hermom

foi de fato um monte sagrado, como era o significado do seu nome. Atualmente

seu nome é Jebel-esh-Sheik, Isto é, “O Monte chefe”.

O Hermom tem um papel importante na formação do clima da região. Principalmente

na Palestina, cataliza as correntes de ar quente e úmido vindas do

Mediterrâneo, precipitando um orvalho denso em áreas mais próximas echuvas abundantes em regiões próximas e distantes. Isto devido a baixa

temperatura reinante em suas culminâncias.

3.5. Seir.

Na realidade Seir não é um monte isolado e sim, uma serra de montanhas, que

corre na direção norte-sul na região de Edom na Arábia ocidental (durante a dominação

romana era denominada Arábia Petra), entre o sul do Mar Morto e o extremo norte doGolfo de Acaba. Sua altitude varia entre 300 e 2.000 metros. Na encosta leste, um pouco

afastado da serra, mas pertencendo ao mesmo sistema fica o Monte Hor. Nele morreu

 Arão, irmão de Moisés, durante a peregrinação de Israel em demanda da terra prometida.

Nas montanhas de Seir, provavelmente na parte norte, habitava Esaú, irmão de Jacó. Na

região central dos Montes Seir ficava a cidade-fortaleza Petra, também conhecida como

Selá, posto militar grardião das fronteiras meridionais do Império Romano.

4. RIOS

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Na vasta área do Mundo Antigo, podemos considerar quatro rios importantes:

Nilo, Tigre, Eufrates e Jordão.

4.1. Nilo

De cerca de 6.500 quilômetros de comprimento, o Nilo é o primeiro rio do

continente africano e o segundo do mundo, tendo suas nascentes na região dos grandes

lagos da África Equatorial, por onde se estendem os seus dois braços chamados. Nilo

Branco e Nilo Azul e seus afluentes. O Nilo corre na direção sul-norte através do Egito

desagregando no Mediterrâneo através de um vasto estuário de 25 quilômetros de

largura, formado pelos três braços ( que antigamente eram sete), denominado Delta. As

chuvas produzidas pelas nuvens formadas sobre o Oceano Índico e levadas pelos ventos

sobre as cordilheiras da África Oriental e Equatorial faziam transbordar o Nilo a seus

afluentes, levando para o Egito aluvião fertilizantes das vertentes das montanhas. O

transbordamento do Nilo nos regiões áridas do Egito e conseqüente abundância das

colheitas, notadamente na região do Delta, era considerado pelos egípcios obra dos

deuses. Daí o caráter que o povo atribuía ao rio. A parte navegavel ia até a Ilha

Elefantina, antigamente chamada Yeb, 1.145 quilômetros ao sul de Cairo, junto da

primeira catarata. Há mais cinco outras cataratas no Alto Nilo que não permitem a

navegação. Além de ser o ponto final da rota comercial, a ilha Elefantina também era oposto militar mais avançado do governo egípcio na direção sul, pois as escavações nela

efetuadas mostram vestígios de fortificações que abrigavam guarnições militares. Provas

iguais nos oferecem as ruínas da cidade de Siene (moderna Assuã), referida em Ez

29.10, que fica em frente à ilha. Na mesma ilha ainda foram encontradas ruínas de uma

colônia judaica e documentos em grande quantidade que relatam acontecimentos entre

400 e 525 a. C., oferecendo novos dados sobre a dispersão dos judeus pelo mundo

então, suplementando, assim, a narrativa bíblica ao assunto.11

4.2 Tigre ou Hidequel (Gr. E Hebr. Resp.)

Este é o rio que, nascendo nas montanhas da Armênia, corre na direção

sudeste do lado oriental da Mesopotâmia até juntar-se com o Eufrates cerca de 160

quilômetros antes do golfo Pérsico.

Devido à mudança do leito do rio através dos tempos – quer pelos meios

naturais (inundações), quer pelos artificiais (canalização) – e também preferência de suas

diversas nascentes, o percurso total do Tigre varia entra 1.780 e 2.300 quilômetros,

segundo os dados oferecidos pelos diversos autores. Nos tempos remotos ele desaguava

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diretamente no Golfo Pérsico, mas, devido ao aluvião formado na Baixa-Mesopotâmia,

hoje despeja suas águas no Eufrates, que daí pra frente recebe o nome de Shat-el-Arab.

Em sua margem esquerda, na altura do seu terço superior, ficam as ruínas da

antiquíssima cidade de Nínive, cuja história começa no terceiro milênio a. C., e no seu

terço inferior, na margem direita, fica a cidade de Bagdá. Fora os primeiros capítulos de

Gênesis, pouquíssimas são as referências bíblicas ao Tigre.

4.3. Eufrates

Também conhecido como “Grande Rio”. As suas nascentes acham-se

no maciço montanhosos na Armênia. De início o rio corre para o ocidente, chegando

a uma distância de apenas 93 quilômetros do Mediterrâneo. Depois toma a direção

sudeste, atravessando a célebre cidade de Babilônia a cerca de 140 quilômetros de

seu estuário. O curso total do rio também varia entre 2.880 e 3.330 quilômetros,

segundo diversos autores. Aparentemente esta diferença se explica pelas mesmas

razões citadas com referência ao comprimento do Rio Tigre. Na época da maior 

glória do domínio hebreu, o rio Eufrates era o seu limite nordeste. Também

constituía o limite ocidental da Mesopotâmia. Devido à diferença de nível do Eufrates

e do Tigre, foi construído pelos antigos um sistema de canais, tornando assim o valeda Mesopotâmia estgremamente fértil, especialmente na região sul, ou Baixa-

Mesopotâmia, também chamada Caldéia. Todos os dois rios depositam uma faixa

de terra no fundo do Golfo Pérsico fazendo-o recuar. Calcula-se que desde os

tempos de Abraão, quando a sua cidade (Ur dos Caldeus) era porto marítimo, o

Golfo Pérsico tenha cerca de 250 quilômetros.Também o Eufrates nos tempos

antigos desaguava diretamente no Golfo Pérsico.Hoje cerca de 160 quilômetros ao

norte do referido golfa junta-se com o rio Tigre e daí em diante é chamado Shat-el- Arab.

4.4. Jordão

Este é o rio, da terra santa inúmeras vezes referido nas escrituras

sagradas.É formado por várias nascentes nas encostas noroeste e oeste do Monte

Hermom.Seu percurso totaliza cerca de 340 quilômetros e atravessa dois lagos:

 A)Meron e B)Galiléia, desaguando no Mar Morto.A peculiaridade do Jordão é que

este é o único rio do mundo cujo leito é inferior ao nível do mar. A depressão

começa desde três quilometros ao sul das águas de Meron e continua cada vez

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mais acentuadas até chegar a 426m no Mar Morto, cuja profundidade chega a

400m. Portanto, trata-se de uma depressão de 826m. sendo a mais profunda do

globo terrestre. (Mais adiante, quando tratarmos dos rios da Palestina, o Jordão será

apreciado com mais detalhes).

Há outros três grandes rios no Mundo Antigo, porém sem importância

para a Geografia Bíblica. São eles: Leontes e Orontes, na Síria.

O primeiro correndo no seu último trecho pelo limite norte de Canaã e o

segundo banhando a cidade de Antioquia – e Tibre, na Itália, em cuja margem

esquerda fica a cidade de Roma.

5. DESERTOS

Na bíblia encontramos várias referencias a desertos, e isto em virtude das

peregrinações dos patriarcas e do povo de Israel, bem como da formação de

Moisés, o grande guia do povo de Deus, que se efetuou especialmente nos desertos

do Êxodo. A idéia de deserto entre os antigos Judeus abrangia três aspectos

distintos, a saber: Yeshimon  – deserto absoluto, onde não há possibilidade de

sobrevivência animal ou vegetal. Heraboth   – lugar devastado, desértico, emconseqüência de destruição. É o caso de cidades destruídas pela guerra. Midbar ou

Arabah deserto com certas possibilidades de vida animal e vegetal que, na época

chuvosa do ano transformava-se em campo viçoso procurado pelos pastores para

pastagem de seus rebanhos. Os israelitas peregrinaram 40 anos em desertos deste

tipo. Aqui abordaremos os desertos extrapalestínicos, os palestinicos veremos

quando tratamos da geografia da palestina. Os desertos extrapalestínicos da

Palestina, relacionados com a Bíblia podem ser divididos em dois grupos, tendo alinha do Mar Morto-Golfo de Ácaba como divisória:

5.1. O Grupo do Oeste.

1) Shur.(Ex 15.2), que alguns identificam como o de Etam (Ex 13.20), estende-se

pelo noroeste da península do Sinai, ao largo da fronteira nordeste do Egito e costa

oriental do Mar vermelho (Golfo de Suez). Alguns identificam como o de Etã (Ex

13.2). 2) Sin, que é o prolongamento do anterior  na direção sul da costa oriental do

mesmo mar, abrangendo o terço médio da mesma. 3) Sinai, abrange toda a parte

sul da península, incluindo o monte Sinai, bem como a parte oriental da mesma até

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o fundo do Golfo de Ácaba. 4) Parã, cobre todo o centro da península, deslocando-

se um pouco para nordeste da mesma. 5) Cades, ou Cades-Barneia, pequena área

que fica ao norte do parã e leste de Shur. 6) Zim, fica a leste do Cades. Estes dois

últimos desertos constituíam o limite sul da Palestina, também conhecido pelo nome

de Negeb. 7. Berseba. Este é um pequeno deserto em torno da cidade de Berseba o

marco meridional da Terra Santa. A expressão “de Dã a Berseba” era maneira de

definir a extensão norte-sul do território Palestino.

5.2. O Grupo Leste.

1) Indumeu, fica a sudeste do Mar Morto. 2) Moabe, a nordeste do mesmo mar. 3)

Quedemote, ao norte de Moabe. 4) Diblat.  5) Beser , cuja localização é

desconhecida, são desertos de pouquíssima importância histórica e que são

mencionadas apenas acidentalmente.

6. CIDADES

O estudo das cidades do mundo antigo requer que as dividamos em dois

grupos: a) grupo extrapalestínico e b) o grupo palestino. A esta altura do nosso

estudo vamos focalizar as do primeiro grupo, ou seja, extrapalestínico. Porém antesfaçamos uma descrição geral das cidades bíblicas.

5.1 Descrição Geral

Entende-se por cidades bíblicas aquelas que de alguma forma são

relacionadas com a história bíblica, ainda que não mencionadas especificamente.

Quanto ao planejamento das cidades antigas, o elementos fundamental

era o muro protetor queabrigava a cidade dos ataques dos inimigos. A altura dessesmuros variava de acordo com a importância e o tamanho da cidade; igualmente a

sua largura. Segundo o Dicionário da Bíblia, de John D. Davis, o grande historiador 

Heródoto, descrevendo a célebre cidade de Babilônia, diz queos seus muros tinham

“a espessura de 50 cúbitos reais, que correspondente a 20 metros e a altura de 200

cúbitos reais, ou 112 metros”. A parte principal no interior da cidade era o palácio

real, localizado geralmente bem no centro, de forma retangular, em estilo de

fortaleza muito resistente. Sobre os muros do palácio e da cidade haviam torres e

vigias permanentes. As portas eram poucas em cidades menores e numerosas em

maiores. Junto delas, em praças ou largos, faziam-se feiras livres e outras

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transações comerciais, bem como as assembléia dos cidadãos e os julgamentos.

Em algumas cidades a praça central, junto do palácio real, é que seriva para todos

estesfins. As ruas das cidades antigas eram estreitas e geralmente escuras, devido

às pontes que ligavam as casas de ambos os lados; eram muito úmidas e sujas

devido ao lixo das casas que era despejado nelas. A não ser em cidades grandes,

as ruas não obedeciam a qualquer planejamento, o material empregado na

construção das cidades dependia do predominante na região.Na Babilônia, por 

exemplo, predominava o barro, ou seja, tijolos de barro secados ao sol ou

queimados. Já no Egitoera a pedra o material principal, embora fosse usado também

o tijolo de barro. Na Palestina também os dois elementos eram comuns nas

construções das cidades, ainda que a pedra fosse mais comum. As casas e o

mobiliário variavam de acordo com as posses dos proprietários, constituindo,

geralmente, a exibição do poderio econômico. As residências dos ricos eram

geralmente miniaturas de paláciao real, com as suas peças amplas, seus jardins

bem tratados, suas piscinas e objetos de ornamentação, como colunetas,

estatuetas, vasos etc. Ao passo que as casas dos pobres eram simples, com poucas

divisões e mobiliário modesto. A localização das cidades geralmente obedecia às

conveniências da população. Assim, eram construídas sobre montes ou elevaçõesonde a posição contribuía para a sua defesa; e em lugares férteis, junto de

nascentes de águas. Havia, porém, numerosas cidades em vastas regiões planas,

 junto a alguns oásis ou poços.

Quanto a importância, as cidades eram duplamente notáveis. Em primeiro

lugar, porque constituíam o refúgio das populações rurais ou agrícolas. Estas, em

tempo de guerra, abandonavam os seus campos e recolhiam-se nas cidades ao

abrigo de suas muralhas. Em segundo lugar, muitas delas, tendo sido construídasem lugares estratégicos ou passagens obrigatórias que davam acesso às regiões

menos defensáveis, constituíam as cidades militares para obstar a invasão dos

inimigos. Entre estas pode-se mencionar Jericó junto do vau (passagem rasa) do

Jordão, por onde os exércitos dos inimibos do leste obrigatoriamente tentariam

invadir a terra de Canaã pelo sudeste.

Cidades Principais do Grupo Extrapalestínico

Destacam-se neste grupo, pela sua importância e relação com os hebreus

e com o cristianismo primivito, as seguintes:

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1. Ur. Situada ao sul da Babilônia ou caldeia, hoje chamada Mugheir (perto das

escavações da antiga Ur). Cidade natural do patriarca Abraão. centro industrial,

agrícola e comercial de grande importância; porto marítimo, segundo as escavações

arqueológicas (o Golfo Pérsico antigamente ia até Ur); antidiluviana. Com a

mudança do leito do rio Eufrates e ascendência da cidade de Babilônia que ficava a

25 quilômetros de Babilônia ao norte, foi perdendo a sua importância. Nas

escavações arqueológicas de Ur temos as mais antigas evidencias da cultura

sumeriana.

2. Ninive. Segundo Gênesis 10.11 foi uma das cidades mais antigas da Assíria.

Tornou-se a capital do mundo no período áureo do império Assírio. Ficava a margem

oriental do Tigre superior, 50 quilômetros ao norte da confluência do rio zabe com

aquele. Segundo Jonas 3.3, levava-se três dias para percorer (atravessar?) a

cidade.Geralmente os hebreus e outros estrangeiros nas suas condiçõesincluíam as

cidades vizinhas que confinavam com Ninive como seus subúrbios. Foi tomada

pelos babilônios em 612 A.C. terminando assim a sua glória.Dois dos livros

proféticos do antigo testamento tem Nínive por objetivo: Jonas e Naum.

3. Damasco. Segundo os historiadores “a cidade viva mais antiga da terra”,

localizada ao sul da Síria, no planalto oriental do Ante-Libano. Através dos séculos

tem sido a Capital da Síria. Notável Por se constituir centro estratégico para o

comércio do mundo antigo, por se tratar de um ponto de entroncamento das

estradas que culminavam Egito e Arábia com Assíria, Babilônia e Roma (via Éfeso,

na Ásia Menor). Conforme a tradição, Damasco teve por fundador Uz, neto de Sem,

que habitava aquelas regiões (provavelmente o cenário da historia de Jô). É citada

frequentemente nas Escrituras Sagradas em que as referências vão desde os dias

das peregrinações de Abraão (Gn 14) até o tempo do apóstolo São Paulo (Gl 1.17).

4. Menfis. Os hebreus a conheciam pelo nome de Nofe (Is 19.13). A cidade mais

importante do Egito sentetorial que, segundo Heródoto, teria sido edificada por 

Menes, primeiro rei do Egito mencionado na historia, localizada na margem ocidental

do Nilo, cerca de 20 quilômetros ao sul de Cairo capital do Egito. As pirâmides

egípcias mais famosas ficam perto desta cidade. Os judeus que permaneceram na

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Palestina, depois da destruição de Jerusalém pelo rei babilônio Nabucodonozor,

mais tarde fugiram para o Egito e se estabeleceram em Menfis (Nofe) e mais outros

pontos daquele país (Jr 44.1). Hoje no localda antiga capital do Baixo Egito acham-

se duas aldeias.

5. Babilônia. A antiga e bela capital do famoso império babilônico, notável pelos

seus maravilhosos palácios, jardins suspensos, muralhas quase inexpugnáveis etc.

Segundo Heródoto, historiador grego - citado por J. D. Davis em seu Dicionário da

Bíblia - as muralhas que cercavam a “cidade maravilhosa” do mundo antigo eram

duplas e tinham cerca de 28 metros de largura e até 112 metros de altura e 96

quilômetros de extensão, construídas de tijolos com argamassa de betume com 250

torres e 100 portões de cobre. Conforme Jeremias . 51:58, podemos imaginar o que

eram os muros de Babilônia. Esta cidade foi edificada sobre as duas margens do rio

Eufrates, em torno do local da torre de Babel, cerca de 500 quilômetros a noroeste

do Golfo Pérsico (250 quilômetros ao tempo de Abraão, pois que Ur, cidade do

Patriarca, era cidade marítima, conforme provam as escavações em suas ruinas que

hoje ficam a cerca de 250 quilômetros do fundo do Golfo Pérsico) A época de seu

maior esplendor foi o tempo do rei Nabucodonosor, ou seja, século 6 A.C.,portantonos dias do profeta Daniel,quando o povo de Judá foi levado cativo para aquela

região.As suas origens pré-históricas remontam aos dias de Nimrode (Gn 10.10). Foi

na cidade de Babilônia que Alexandre, o Grande, terminou os seus dias em 323 a .

C.

6. Arã. Poucas informações temos desta cidade. É certo que ficava na região

chamada Arã-naaraim, ou Padã-arã, no planalto sentetorial da Mesopotâmia, onde

permaneceram por algum tempo Terá e seu filhos depois de deixarem Ur.

Entretanto, pelo que se pode concluir de alguns dados arqueológicos, tratava-se de

um importante centro militar e comercial, ponto de convergência dos caminhos da

 Assíria, Babilônia, Ásia Menor, Egito (via Palestina) e Síria.

7. Jerusalém: (Ver estudo adiante sobre cidades principais do Grupo Palestino)

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8. Tiro. Cidade antiga e muito importante da Fenícia. Conforme relatos de escritores

e historiadores antigos (Hérodoto e outros), sua fundação remonta a 2750 a.C. É

mencionada muitas vezes nas Escrituras Sagradas, tanto no Antingo quanto no

Novo Testamento. De início a cidade foi edificada sobre um pequeno promontório,

transferindo-se mais tarde para uma ilha próxima a fim de resistir melhor aos

constantes ataques dos inimigos. Mas Alexandre, o Grande, tomou a ilha de Tiro em

332 a.C., depois de sete meses de cerco, tendo construído um molhe através do

estreito que a separava do continente. Foram os Tírios navegantes e comerciantes

famosos, que mantinham relações com regiões as mais distantes. Foram eles que

fundaram Cartago, na África setentrional, no século 9 a.C. Ao tempo de Davi e

Salomão, o rei de Tiro, Hirão, manteve estreita amizade com Israel, ajudando

comsua madeira e artíficesa construir os palácios e o templo (2Cr 2.1 – 16). Foram

as cidades fenícias Tiro e Sidom as únicas em território estrangeiro que Jesus

vistiou durante o seu ministério terreno (Mt 15. 21 – 31). Paulo tocou em Tiro no final

de sua terceira viagem missionária, onde havia um grupo de cristãos.Orígenes, um

dos notáveis pais das Igreja Cristã, que morreuem 254 d. C, foi sepultado na basílica

cristã de Tiro. O nome moderno desta cidade é Sur.

9. Sidon. Outra cidade importante e muito antiga da Fenícia, cerca de 30

quilômetros ao norte de Tiro, porto marítimo do Mediterrâneo, é freqüentemente

referida na Bíblia. Foi arrasada, muitas vezes, pelos conquistadores, e reconstruída.

Hoje seu nome é Saida. A importância desta cidade foi tão grande que os

historiadores da antiguidade freqüentemente referiam-se aos sidonios como

sinônimo de fenícios. Um dos reis sidonios, Etbaal, era pai de Jezabel, a terrível

mulher de Acabe, rei de Israel. Segundo pode-se concluir das referências biblícas,os sidonios, parece, não mantiveram as mesmas relações com os hebreus como os

de Tiro. Paulo atracou neste porto, quando de sua viagem a Roma, (At 27.3) onde

tinha amigos

10 Atenas. Este é o nome da capital da Ática, um dos estados da Grécia, fundada

em 1156 a.C., que em 1834 tornou-se a capital de todo reino da Grécia, distante

ceca de nove quilómetros do Mar Pireu, sendo seu porto comercial mais próximo

Falero. Atenas era celebre como centro da ciência, da literatura e das artes do

mundo antigo, atraindo inúmeros estudantes de todas as regiões. As As referencias

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bíblicas a esta cidade são todas elas relacionadas com a obra missionária de Paulo

(At 17. 15 – 18. 1; 1 Ts 3.1).

11 Éfeso. A cidade mais importante da costa ocidental da Ásia Menor, cuja origem

remonta ao século 11 a.C., localizada na margem direita do rio cayster, cerca de 18

quilômetros da desembocadura deste com o mar Egeu, na província de Lídia. Era a

um só tempo o porto mais importante do Egeu oriental, a capital da Ásia Proncosular 

e o entrocamento das duas estradas mais importantes (leste – oeste e norte – sul)

da grande península ao tempo dos romanos. Seu magnífico templo consagrado à

deusa Diana (Ártemis dos gregos), que levou 220 anos para ser construído e tinha

55m de largura por 122 m de comprimento, seu teatro com capacidade para 25 mil

pessoas assentadase seu hipódromo eram de fama mundial. Paulo, reconhecendo a

importância estratégica de Éfeso, ficou ali durante dois anos e três meses (At 19. 8 –

10) entre os anos 54 e 57 d.C., realizando o seu maior trabalho missionário.

12 Roma. Cidade das mais antigas da península itálica, edificada sobre sete colinas,

na margem esquerda do rio Tibre, a 24 quilômetros da desembocadura deste no mar 

Tirreno, na costa ocidental da península. A data de fundação, universalmente aceita,

é 753 a.C. Famosa por ter sido a capital política e cultural do mundo por váriosséculos. Ao tempo do apóstolo Paulo a “Cidade Eterna” como é chamada já possuía

cerca de 1 milhão de habitantes. Paulo esteve preso em Roma durante dois anos e

dali escreveu quatro epistolas: aos Éfesios, aos Filipenses, aos Colossences e a

Filemom.

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PARTE II

A PALESTINA

1. GOEGRAFIA FÍSICA DA PELESTINA

1.1 Nomes

 A região que nós conhecemos pelo termo Palestino tem recebido, através

dos tempos, nomes diferentes, bem como tem sofrido alterações quanto à sua

extensão.

1.1.1. Canaã ou Terra de Canaã

É o nome mais antigo por se tratar da terra habitada pelo neto de Noé,

Canaã e sua decendência. Literalmente significa “habitante de terras baixas”,

designado assim. Provavelmente, a preferência dos descendentes de Canaã pelas

planícies. De muitas passagens bíblicas depreende-se que este era o nome para

designar o território entre o Mediterrâneo e o rio Jordão.

1.1.2 Terra dos Amorreus.

É outro nome antigo que, tanto no Antigo Testamento, como nos escritos

profanos, designa a mesma região territorial conhecida como Canaã, pois os

amorreus são descendentes dos cananeus.

1.1.3.Terra dos Hebreus.Nome cuja origem uns atribuem a Éber, patriarca importante de quem

descende Abraão, e outros a Haber ou Habirú, termo que significa "o do outro lado,

ou do além", alusão à circunstância de que Abraão veio de um país situado do outro

lado do Rio Eufrates.( o grande divisor natural de regiões do antigo Oriente) e cujo

descendentes vieram a torna-se donos da terra.

1.1.4. Terra de Israel ou Terra dos Israelitas.

Esta designação ocorre com freqüencia no Antigo Testamento e significa

"terra pertencente aos descendentes de Jacó" a quem o Senhor colocou o nome e

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de cujos doze filhos formaram-se as doze tribos que constituíram o povo de Israel.

 Após o cisma,este nome aplicava-se apenas ao Reino do Norte.

1.1.5. Terra de Judá ou Judéia.

 A princípio este nome se referia somente à área que, na distribuição da

terra de Canaã, após a conquista, tocou por sorte à tribo de Judá. Depois da divisão

do reino de Israel, nesta designação incluía-se também a área pertencente à tribo de

Benjamim, assim formando o Reino de Judá. Quando o povo de Deus voltou do

cativeiro babilônico e reorganizou a sua vida nacional, este nome passou a ser 

usado para designar todo o território comprometido na benção de Jacó ( Gênesis

49:8-12) e seus habitantes foram chamados de "judeus".

1.1.6. Terra da Promessa ou Terra Prometida.

É o nome dado a terra de Canaã por causa da promessa de Deus feita a

 Abraão, quando de sua chamada, (Gênesis 12:1-4),e na qual Deus estabeleceu o

seu servo e sua descendência.

1.1.7. PalestinaEste nome deriva-se do termo Filístia,ou seja, a terra habitada pelos

filisteus. Na Bíblia este nome é dado a uma faixa de terra a sudoeste de Canaã, ao

largo do Mar Mediterrâneo até o Egito. Posteriormente figuras como Plinio e Josefo

passaram a chamar por este nome toda a região de Canaã. Desde os tempos do

domínio romano até os dias que precederam a fundação do moderno Estado de

Israel. Palestina era o nome mais usado.

1.1.8.Terra Santa.

É a designação dada pelo profeta Zacarias em (2:12) e pelos cristãos

desde a Idade Media, por ter sido aquela terra palco de maravilhas divinas,

particularmente do nascimento, ministério e sacrifício do Filho de Deus em favor dos

homens.

1.2. Localização

Localizada no continente asíatico, a 30º latitude norte, banhada pelo Mar 

Mediterrâneo (extremo leste) em toda a extensão do seu limite ocidental, mais ou

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menos equidistante dos pontos principais do Mundo Antigo, a Palestina constituía-se

num centro de gravidade para mundo e as civilizações da antiguidade. Do ponto de

vista comercial, ficava na rota obrigatória do trafego entre o Oriente e o Ocidente,

bem como entre o Norte e o Sul; e do ponto de vista político, igualmente passagem

inevitável dos exércitos conquistados das grandes portências ao seu redor; as

devastações sofridas pela Palestina em repetidas ocasiões durante a sua história.

1.3. Limites

 A Palestina limita-se: ao norte com a Síria e Fenícia; ao Leste – com

partes da Síria e partes da Arábia; (desrto arábico); ao Sul – com Arábia; a Oeste –

com o mar Mediterrâneo. Naturalmente estes são os limites médios ou

prevalecentes da história política da Palestina, havendo épocas em que eles sofriam

algumas modificações resultantes das conquistas ou perdas nas lutas com as

nações vizinhas.

1.4. Superfície

  A superfície da Palestina variou consideravelmente no decorrer dos

tempos, ora sendo mais extensa. Como nos dias dos reis Davi e Salomão, quandopela conquista anexaram-se vários territórios vizinhos,ora sendo mais reduzidas,

quando foi invadida pelos reinos ao seu redor. Entretanti em termos médios,

podemos dizer que a sua superfície é de cerca de 30 mil quilômetros quadrados,

sendo o seu comprimento em direção do norte para o sul - de aproximadamente 250

quilômetros e largura media de 120 quilômetros. Comparando com as superfícies

dos estados brasileiros, a Palestina era um pouco maior que o Estado de Sergipe.

1.5 Topografia

De um modo geral os geógrafos modernos costumam dividir a Palestina

em quatro secções longitudinais: 1 Planice da costa do Mediterrâneo; 2 Região

montanhosa central; 3 Vale do Jordão; 4 Planalto Oriental, ou zona montanhosa de

Galaad, a Transjordania.

Para um estudo mais detalhado da topografia da Palestina vamos seguir o esquema

a baixo:

1.5.1 Planícies

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(1) Planície do Acre ou Aco – região do extremo noroeste da costa palestínica, ao

sul da Fenícia e que se estende até o Monte Carmelo, bordejando a Baía do Acre.

(2) Planície de Sarom – Região compreendida entre o monte Carmelo e a cidade de

Jope, alargando-se na direção das montanhas da região central à medida que

avança para o sul. Esta planície é particularmente conhecida pelos famosos lírios e

outras variedades de flores.

(3) Planície da Filístia ou marítima– A faixa de terra habitada pelos filisteus, entre

Jope e Gaza, no sudeste da Palestina, ou seja, junto da costa sul, com cerca de 75

quilômetros de comprimento por 25 de largura. Região muito fértil, produzindo em

abundância cereais e frutas. As cinco cidades principais dos filisteus, fortemente

muradas, eram: Gaza, Ecron, Azoto, Ascalom e Gate. Eram as fortalezas da

planície.

(4) Planície de Sefelá – Região situada entre a planície da Filístia e as montanhas

de Judá ao oriente, cujo o nível é ligeiramente mais elevado que a da planície da

Filistia, semeada de colinas baixas e muito fértil, produzindo principalmente trigo,uva e oliva.

(5) Planície de Jesreel ou Esdralon, também chamada de Armargedon – Embora

possa também ser classificada como vale, pela sua extensão e aspecto do conjunto

é preferível qualificá-la de planície. Confluência de três vales, dos quais o central,

Jesreel, é o mais importante, a planície que traz este nome é considerada a maior 

da Palestina e a mais famosa. Está situada entre os montes da Galileia e os deSamaria, alargando-se para o noroeste até as fraldas do Monte Carmelo e sul dos

Montes Líbanos.

No ângulo suleste da planície fica o local da antiga e importante cidade

fortificada de Jesreel, que foi a capital do Reino do Norte ao tempo de Acabe e

Jezabel. Para o leste desta cidade desce o Vale de Jesreel até atingir o Jordão na

altura de Bete-Sea. De modo que a cidade empresta o seu nome tanto a planície

que se estende para o noroeste da mesma, como ao vale que toma a direção leste.

Devido a sua posição estratégica, via de comunicação natural entre

Damasco e Mediterrâneo, a planície foi palco de inúmeras batalhas desde os dias de

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Gideão, na época dos Juízes. O rio Quison (Kishoi) atravessa a planície

longitudinalmente, de leste a oeste, desembocando no Mediterrâneo ao norte do

Monte Carmelo.

O nome profético desta planície - Armargedon, (Ap 16.16), que significa

“Montanha de Magedo ou Megido” é uma associação de fundo histórico com

sangrentas batalhas ocorridas perto da cidade de Megido, ao sul da planície, para

caracterizar as futuras dores e os triunfos do povo de Deus.

Existem outras planícies menores espalhadas pelo interior da Palestina,

como a de Jericó, a de Dotam, a de Moabe, a de Genezaré etc

1.5.2. - Vales 

 A Palestina é terra de muitos vales, aqui vamos enumerar e localizar os

principais:

(1) Vale do Jordão. Este é o maior vale da Palestina; começando ao sapé do monte

Hermom, no extremo norte, corta o país longitudinalmente até o Mar Morto, no

extremo sul. No seu ponto inicial é muito estreito, cerca de 100 metros, alargando-separa 3 quilômetros logo a baixo do Mar da Galileia, chegando a 15 quilômetros na

região de Jericó, e tornando a estreitar-se pouco antes do Mar Morto, no seu ponto

final. Po este vale corre o célebre rio Jordão, que lhe empresta o nome. É o vale

que chega a maior profundidade de toda a face da terra, 426 metros a baixo do nível

do Mar Mediterrâneo, numa distância de 215 quilômetros em linha reta desde

Hermom até o Mar Morto.

(2) Vale de Jesreel. Não se deve confundir este vale com a planice do mesmo

nome; confusão que ocorre frequentemente pelo fato de alguns autores chamarem a

planície também pelo nome de Vale deEsdraelon. O vale de Jesreel tem o seu

começo nas cabeceiras do ribeiro de Jalud, que serpenteia pelo mesmo, e termina

no vale do Jordão na altura de Bete-Seã.

(3) Vale de Açor. Este fica entre as terras de Judá e Benjamim, ao sul de Jericó, no

qual se deu o apedrejamento e queima de Acã e toda a sua família.(4) Vale de Aijalom. Situa-se na região de Sefel, a 24 quilômetros a nordeste de

Jerusalém, onde se deu a vitoriosa batalha de Josué com os amorreus quando o sol

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parou sobre Gibeom e a lua sobre o vale de Aijalom. Sua extensão mede-se em 18

quilômetros de comprimento na direção do Mediterrâneo, por 9 de largura.

(5) Vale de Escol, a oeste de Hebrom, famoso pela sua fertilidade especialmente a

dos vinhedos. Segundo Números 13. 22 – 27, foi deste vale que os espias levaram a

Moisés um cacho de uvas tão pesado que foram preciso dois homens para

transportá-lo.

(6) Vale de Hebrom ou Manre. Fica a cerca de 30 quilômetros a sudeste de

Jerusalém, no qual se levanta a célebre cidade de Hebrom, em cujas cercanias

fixou-se por longo tempo a família de Abraão.

(7) Vale de Sidim. Conforme Gênesis 14. 3 – 10, tudo faz crer que este é o valoe

onde se encontra hoje o Mar Morto, especialmente a pare do sul do mesmo,

provável região de Sodoma e Gomorra.

(8) Vale de Siquém. Situado no centro de Canaã, entre os montes Gerizim ao sul e

Ebal ao norte, tem cerca de 12 quilômetros de comprimento, estendendo-se na

direção noroeste da cidade de Siquém, chamada atualmente Nablus. Neste vale

está o poço de Jacó, famoso pelo encontro de Jesus com a samaritana.

(9) Vale de Moabe, é o vale mais largo dos três “wadis” que desembocam na

planice de Moabe a nordeste do Mar Morto.Outros vales menores serão mencionados mais adiante em relação a

diversos acidentes geográficos.

1.5.3 Planaltos

Dois sãoos planaltos gerais da Palestina: O Planalto Central,que é como

a continuação dos Montes Líbanos, que corre pelo centro do país na direção norte-

sul; e o Planalto Oriental, que pode ser considerado como continuação do Ante –Líbano, correndo na mesma direção do anterior. A altitude de ambos varia entre 650

e 1.300m.

(1) Planalto Central – Subdivide-se em três seções:a. Planalto de Naftali, queé a

reigão da Galiléia ao norte; b) Planalto de Efraim, a região de Samária ao centro; c)

Planalto de Judá, ao sul, entre Betel e Hebrom.

(2) Planalto Oriental – Fica ao oriente do Jordão, também subdivide-se em três

partes distintas: a. Planalto de Basã ou Auran; desde o sul do Montem Hermon até o

vale por onde corre o rio Yarmuque. É a região mais fértil para o plantio de trigo e

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pastagem de gado; b. Planalto de Gileade, entre Yarmuque e Hesbom, cortado pelo

Jaboque; também região de grande fertilidade; c. Planalto de Moabe,a leste da

última parte do curso do Jordão e Mar Morto até o rio Arnon. Esta já é a região mais

rochosa entrecortada de prados de exuberantes pastagens.

1.5.4 MONTES

É interessante notar a atitude dos hebreus para com os montes.Neles

este povo via a justiça e a grandeza de Deus reveladas na natureza. As numerosas

e variadas experiências religiosas e militares frequentemente estiveram relacionadas

com os montes. Daí nota-se um certo temor pelos montes. Neste temor parece que

os hebreus expressavam a superioridade, a elevação e a distancia entre a criatura e

o Criador. Também Deus geralmente falava aos líderes do pov onosmontes – assim

falou a Moisés no Monte Sinais, a Elias no Monte Horebe etc. Isto certamente

concorreu para a formação do conceito que eles tinham de Deus como estando, em

todos os sentidos, acima do homem, mais acessível a este; um Deus transcendente,

mascomo qual o homem pode ter comunhão.

Podemos dividir os montes da Palestina em dois grupos gerais:

Os montes Palestínicos propriamente ditos e os montes transjordânicos.

1. Montes Palestínicos Propriamento Ditos

O estudo dos montes obedeerá a subdivisão dos planaltos já estudados.

 Assim teremos os montes de Naftali, os de Efraim e os de Judá no Planalto Central;

depois, os montes de Basã, os de Gileade e os de Moabe no Planalto Oriental.

A. Os Montes de Naftali A expressão no singular- Monte de Naftali –usada nas antigas traduções

da Bíblia designa todo o conjunto montanhoso do norte ocidental da Palestina,

abrangendo a alta e a baixa Galiléia, o qual, por ocasião da conquista de Canaã por 

Israel,coube às tribos de Aser, Zebulo, Issacar e Naftali, sendo que a última,

ocupando a área mais extensa, deu o nome a toda a região. Nas tradições mais

recentes já se usa a expressão “região montanhosa de Naftali” da qual os quatro

montes abaixo destacados são os mais importantes.

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a) Monte Hatin- fazendo parte do pequeno conjunto chamado, Cornos de hatim

localiza-se a oeste do Mar da Galiléia. É de pouca altitude - cerca de 180m – tendo

no lado oriental uma meseta, pouco acima do sopé, coberta de vegetação rearefeita,

mas copada. Por se tratar de lugar pitoresco, com ampla vista para o Mar da

Galileia, julga-se ter sido ali o lugar onde Jesus reuniu os seus discípulos e proferiu

o célebre Sermão do Monte, razão pela qual também é conhecido como “Monte das

Bem-Aventuranças”.

b) Monte Tabor : Com 615m de altitude, localiza-se também na Galiléia, na parte

nordeste da planície de Jesreel ou Esdraelon. Na historia do Velho Testamento este

monte tem significação importante devido às batalhas ocorridas junto ao mesmo,

como sejam: a de Baruque e Débora contra Sisera (z 4) e de Gideão contra os reis

midianitas (Jzs 8). No segundo século da nossa era grandes teólogos pensaram que

a transfiguração de Jesus se dera ali, chegando a construir em seu topo marcos

comemorativos do acontecimento, que mais tarde a mãe de Constantino, Santa

Helena, transformou em três templos; um paraJesus, outro para Moisés e outro para

Elias. Posteriormente, porém, razões fortes fizeram crer que a transfiguração teria

ocorrido em alguma elevação do lado sul do monte Hermom.

c) Monte Gilboa. Este fica a sudeste da planice de Jesreel e tem forma alongada,medindo 13 por 5 a 8 quilômetros e altura de 543 metros. Seus flancos são

íngremes e escarpados. Inesquecível pela morte de Saul e seu filho Jõnatas na

batalha contra os filisteus.

d) Monte Carmelo. Seu nome significa “campo fértil, jardim” – isto provavelmente

devido a proverbial fertilidade que nos tempos idos cobria vastas áreas de sua

cobertura. Na realidade o Carmelo é uma pequena cordilheira com cerca de 30

quilômetros de comprimento por 5 a 13 de largura que pende do Mediterrâneo parasudeste Palestina adentro. O ponto mais alto desta serra fica na extremidade

sudeste –cerca de 575 metros – em cujas imediações havia um altar antigo, referido

em Ireis 18.32, lugar do desafio lançado pelo profeta Elias aos profetasde Baal e

consequente fracasso destes. Ao lado norte do monte corre o rio Quison em cuja

margem Elias mandou exterminar os profetas de Baal em fuga.Este é o único monte

que se destaca do Planalto Central na direção oeste,formando um promontório ao

sul da Planície do Acre (Acho ou Ashet) e é a única parte do território da

Palestinaque avança Mar Mediterrâneo adentro, formando, ao norte, a Baía do

 Acre,onde se localiza a cidade de Haifa. Note-se que este monte ou serra forma

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uma barrreira entre as planícies Esdraelom ao norte e Sarom ao sul, apresentando

em seus flancos inúmeras cavernas que pela sua conformação interna algumas

parecem (algumas) ter sido habitadas. Uma delas é assinalada como “Gruta de

Elias”, que hoje é um santuário muçulmano.

e) Monte de Efraim: É a região montanhosa que abrange principalmente a área

que coube a tribo de Efraim, a meia tribo de Manassés e um pouco da de Benjamim.

Também com referencia a esta região, em algumas traduções mais antigas fala-se

em singular – Monte de Naftali, bem como Monte de Israel e Monte (ou montes) de

Samária (Js 20.7; Jr 31.5, 6). Os mais importantes destes montes são Ebal e

Gerizim, também conhecidos como o Monte da Maldição e o Monte da Benção,

porque Josué, conforme determinação de Moisés (Dt 11.29; 27.1 – 13), reuniu seis

tribos num monte e seis no outro, ficando a arca, os sacerdotes, os levitas e os

anciãos no vale, para que de um dos montes, o Gerizim, fossem lidas as bençãos

para os que guardam a lei do Senhor, respondendo o povo das seis tribos reunidas

no Ebal com um amém; e destenome, o Ebal, fossem pronunciadas as maldições

que viriam sobre os infiéis, respondendo, por suavez, com um amém, as tribos

reunidas no Gerizim (Js 8.30 -34). Dizem os que tem visitado o vale de Siquém que

os dois montes de fato forma uma espécie de anfiteatro em que os efeitos acústicospermitem distinguir num dos montes e no vale a voz de uma pessoa que fala do

outro nome.

a) Monte Ebal, situado ao norte de Nablus, antiga Siquém, tem uma atitude de 300

m acima do vale (1.015m acima do nível do Mediterrâneo) e é árido e escarpado.

b) Monte Gerizim. Fica ao sul do vale de Siquém, também árido e escarpado, com

apenas 230m, acima do vale (940m do Mediterrâneo). Possui uma história particular.

É que, depois do cativeiro babilônico dos judeus, os samaritanos, sob o governo desambalá, construíram um templo rival ao de Jerusalém, constituindo a Manassés

sumo-sacerdote do mesmo. Este era genro de Sambalá, o governador, e fora

expulso do sacerdócio judaico de Jerusalém por ter esposado uma mulher 

estrangeira (Ne 13.28). Embora mais tarde, em 129 a.C., o templo fosse destruído

por João Hircano, nos dias de Jesus ainda os samaritanos continuavam a celebrar o

seu culto no alto do monte Gerizim (Jo 4), como se deduz da conversa de Jesus

com a mulher samaritana junto ao poço de Jacó que ficava a beira da estrada que

passava pelo vale de Siquém.

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C. Os montes de Judá. Todo o conjunto montanhoso que se estende ao sul dos

montes de Efraim é denominado na Bíblia Montes de Judá, ou , em sua forma

singular, Monte de Judá, ou ainda Montanhas de Judéia. Trata-semais de uma série

de elevações, separada por vales formosos opor onde correm riachos com suas

vertentes para o Mediterrâneo ou para o Mar Morto, elevando-se mais na região

deJerusalém, baixando-se depois na direção sul, para elevar-se novamente nos

arredores de Hebrom, e finalmente perder-se nos desertos de Zim e de Edom.As

principais elevações que devemos considerar neste conjunto montanhoso são as da

região de Jerusalém (ou Aglomerados de Jerusalém).

a) Monte Sião - É um monte com cerca de 800m de altitude, o mais alto dos montes

da cidade de Jerusalém. Até algumas décadas atrás discutia-se sobre Sião ou Ofel

estava a antiga fortaleza dos jebuseus que, devido a sua posição privilegiada, se

prestava bem para a defesa da cidade de Jerusalém e que Davi, logoquesefez rei de

todo o Israel,comandando os homens da tribos de Judá e Benjamin (em cujos

termos achava-se a cidadela até então não conquistada), tomou, fazendo dela a

capital do seu reino (2Sm 5. 6 – 10). Hoje não há dúvida que a fortaleza achava-se

sobre Ofel. Mais tarde, tendo Davi levado para Sião a arca, este monte passou a

ser considerado monte sagrado. Quando a arca foi transferida para o templo queSalomão construiu no monte Moriá, “o nome Sião compreendia também o templo”, e

daí por diante designava freqüentemente toda a cidade de Jerusalém.

b) Monte Moriá. Fica a leste de Sião, separado deste pelo Vale de Tiropeon. É de

forma alongada e pende na direção norte-sul, sendoque a parte sul, mais baixa era

chamada Ofel. Várias são as atitudes atribuídas a este monte, desde 798 até 900m

(parce que a primeira é a mais aceitável). Segundo Gênesis 22.2., este nome

deisgnava não propriamente um monte, mas sim, uma região.Geralmente é aceitoque foi neste monte que Abraão levantou um altar e preparou-se para sobre o

mesmo sacrificar o Isaque, seu único filho (Gn 22.9, 10). Cerca de um milênio

depois, Salomão construiu nesse mesmo lugar o famoso tempo de Jerusalém (2Cr 

3.1); o aspecto primitivo deste monte, principalmente no seu lado ocidental, foi

profundamente alterado através dos séculos pelos aterros e edificações.

c) Monte das Oliveiras. Este monte faz parte de uma pequena cordilheira, com

cerca de três quilômetros de comprimento, que corre do norte para o sul no lado

oriental do vale de Cedrom que o separa do monte Moriá. A cordilheira apresenta

quatro elevações distintas, sendo que a mais baixa, a que fica defronte do monte

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Moriá, tem 820 metros de altitude acima do nível do Mar, 120 metros acima do

Cedrom e cerca de 60 metros sobre o platô do Templo no monte Moriá. É este o

monte das Oliveiras propriamente dito. Na sua base ocidental fica o jardim de

Getsemane e nos seus flancos há abundancia de oliveiras. Para este monte Jesus

se dirigiu muitas vezes. Vários eram os caminhos que rodeavam o monte; alguns

deles passavam pelo seu cume, de forma levemente arredondada, levando os

viajores para Betfagé, Betânia, Jericó e outras partes do Oriente. Foi deste monte

que Jesus, olhando para a cidade de Jerusalém, chorou sobre ela, pronunciando as

palavras proféticas referentes à sua destruição (Lc 19. 28-44).

d) Monte da tentação ou da quarentena.  A tradição assinala como local onde

Jesus foi tentado logo após seu batismo. Fica cerca de 29 quilômetros a sudeste de

Jerusalém, com apenas 98m acima do nível do Mediterrâneo, porém 320m acima

de sua base, pois se encontra já na depressão do Vale do Jordão. As escrituras não

o identificam, embora a inferência por Lucas 4.5 possa nos levar a aceitação do que

diz a tradição.

2. Montes TranjordânicosEstes também chamados Montes do Planalto Oriental (ou Montes de Galaada

ou Gileade), igualmente podem ser agrupados nas três regiões distintas em que se

dividem as terras para o oriente do Jordão.

a) Monte de Basã. Não se trata de uma certa elevação e sim de um largo e fértil

conjunto montanhoso na parte norte. Planalto Oriental, limitado ao norte pelo

Hermon, a leste pelo deserto da Síria e parte do deserto da Arábia, ao sul pelo Valede Yarmuque e a oeste pelo Jordão e Mar da Galiléia. É o monte a que se refere o

Salmo 68.15. Nos dias de Abraão esta parte da Transjordania era habitada pelo

povo de gigantes chamados Refains, cujo último rei foi Ogue - morto pelos israelitas

ainda sob o comando de Moisés - e cuja cama de ferro media cerca de 4 m de

comprimento por 1,80 de largura (Dt 3.11). Na conquista, esta região coube a meia

tribo de Manassés.

b) Monte de Galaada ou Gileade. Outro conjunto montanhoso, ao sul de

Yarmuque, indo até a parte norte do Mar Morro, dividido ao meio pelo ribeiro de

Jaboque. Na parte sul há uma montanha mais elevada, a qual os Arábes chamam

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de Jeber Jilade. Talvez este fosse o monte que deu nome a região toda; entretanto

não há certeza disto. A linguagem bíblica parece que usa a designação Monte de

Gileade com referência à região toda, que é um conjunto de elevações da parte

central do Planalto Oriental. Esta região coube à tribo de Gade por ocasião da

conquista e foi o primeiro território conquistado pelos Israelitas (Nm 21. 24; Dt 2. 36),

até então dominado pelos amorreus, cujo rei era Seom. Esta foi a terra de Elias, o

grande profeta de Israel (IRs 17.1). No tempo do Novo Testamento, esta parte da

Transjordânia era conhecida como Peréia.

c) Montes de Moabe-   Ainda que não se encontre na Bíblia uma expressão

precisamente Montes de Moabe e sim “campo de Moabe” e “país de Moabe”, o fato

é que a região ocupada por moabitas ao sul da Transjordânia e ao oriente do Mar 

Morto é bastante montanhosa, destacando-se o conjunto mais próximos do Mar 

Morto, chamado “montes de Abarim” com as seguintes elevações:

a) Nebo ou Pisga (Dt 34.1). A cerca de 15 quilômetros ao leste da foz do Jordão e

por trás da planice de Moabe, com 800m de altitude, de onde Moisés contemplou a

Terra da Promessa e onde morreu (Dt 34.1-6). Alguns autores fazem distinção entreos montes Nebo e Pisga, apontando este último como um pico daquele.

b) Monte Peor. Este monte fica pouco a nordeste de Nebo. Do cume deste, Balaão

contemplou o acampamento de Israel na planície e o abençoou pela terceira vez,

quando era para ser amaldiçoado, como era o desejo de Balaque, rei de Moabe (Nm

23. 28 – 24, 25).

1.5.6 Hidrografia

 A Hidrograma da Palestina pode ser dividida em três partes, a saber;

mares, lagos e rios.

1 Mares

(1) Mar Mediterrâneo. Também conhecido na Bíblia como o Mar Grande e “Mar Ocidental”. Este Mar banha toda costa ocidental da Palestina. É de pouca

profundidade na costa palestina, assim impedindo a aproximação de navios de

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maior calado mesmo dos tempos antigos, razão por que o Mediterrâneo não

funcionava para Israel como caminho marítimo, antes o isolava do mundo. O único

porto do Mediterrâneo de que se valiam os israelitas era Jope, onde há um pequeno

promontório com um alinha de arrecifes. Entretanto, devido a esses arrecifes e os

bancos de areia, era de pouca procura pelos navegantes, preferindo estes os portos

fenícios. Assim, do ponto de vista político-militar, o Mediterrâneo constituía para a

Palestina uma vasta defesa natural de sua fronteira ocidental. Por este mar foram

levados os famosos cedros do Líbano para Jope, destinados à construção do templo

de Salomão em Jerusalém. Neste mar foi lançado o profeta Jonas quando fugia da

missão recebida. Por suas águas navegou o apóstolo Paulo mais de uma vez em

suas viagens missionárias. Neste mar ficam as ilhas referidas na Bíblia, das quais

destacamos Chipre, Creata e Malta.

2) Mar Morto – Também conhecido pelos nomes de “Mar Salgado”, “Mar Oriental”,

“Mar de Ló, Asfaltite (Josefo), Mar do Arabá e Mar da Planície (Dt 3.17; Jl 2.20; II Rs

14.25. Fica na foz do rio Jordão, entre os montes de Judá e os montes de Moabe, na

mais profunda depressão do globo. É de forma ovalada, medindo 76 quilômetros de

comprimento na direção norte-sul e 17 quilômetros de largura, com seu nível a

426m abaixo do nível do Mediterrâneo e com 400m de profundidade máxima que se

verifica na parte norte. Na parte sudeste (na altura do terço inferior) há um

promontório ou península, chamada Lisã ou língua. As suas costas são mais planas

no lado ocidental e bastante acidentadas e escarpadas no lado oriental. As suas

águas são as mais densas da superfície da terra, com cerca de 25% de salinidade,

em razão das enormes jazidas de sal no sul e da excessiva evaporação. O fato

bíblico mais importante relacionado com este mar é a destruição de Sodma e

Gomorra, cidades que, parece tiveram lugar no sul do Mar Morto, hoje coberto por 

um pantanal betuminoso. O seu nome atual, Mar Morto, foi lhe dado pelos geógrafos

e historiadores antigos do século II da nossa era, Pausanias (grego) e Justino

(romano), devido ao aspecto triste e desolador que domina a região.

3) Mar da Galiléia - Também conhecido pelos nomes de Mar de Quinerete (Nm

31.11), Mar de Tiberíades (Jo 21.1) e Lago de Genezaré (Lc 5.1). Na verdade trata-

se de um lago de água doce formado pelo rio Jordão, mas, devido as suasdimensões avantajadas e temporais violentos que freqüentemente o agitam, as

populações adjacentes o tem chamado de mar. É o segundo lago equilibrador das

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águas do Jordão, sendo o primeiro o de Meronm que fica 20 quilômetros ao norte.

Mede aproximadamente 24 quillômetros de comprimento por l4 de largura, tendo

seu nível 225m abaixo do nível do Mediterrâneo e profundidade média de 50 m.

Suas águas são claras e muito piscosas. As suas margens do lado oriental são

montanhosas, enquanto do lado ocidental e na direção noroeste estendem-se

planícies férteis com cidades importantes, como Cafarnaum, Corazim, Magdala,

Genezaré, Betsaida, Tiberíades e outras. O clima da região, especialmente ao norte,

é muito agradável, propício à lavoura e pecuária. As cidades das margens do Mar da

Galiléia e as próprias praias e águas deste foram palco de acontecimentos

importantes do ministério terreno de Jesus operando milagres, apaziguando a

tempestade, andando sobre o mar, alimentando milhares com a multiplicação de

pães, pronunciando preciosos ensinamentos (Sermão do Monte) e aparecendo aos

discípulos após a ressurreição.

2) Lagos

Um único lago encontramos no território palestínico o Lago de Merom,

também conhecido como Águas de Merom (Js 1.5,7), e modernamente como lago de Hulé (nome

árabe). Também era formado pelas águas do Jordão, como o Mar da Galiléia, e

localizava-se a 20 quilômetros ao

Rios

Os rios Palestinícos são distribuídos em duas bacias hidrográficas: Baciado Mediterrâneo e Bacia do Jordão.

1) Bacia do Mediterrâneo

a) Belus – Segundo se crê, trata-se de Sior Libnate referido em Josué 19.26. Corre

a sudoeste dos termos de Asser, na direção do Mediterrâneo, despejando as suas

águas na Baía de Acre, pouco ao sul da cidade de Aco (mais tarde denominada

Ptolemaide e Acre). É torrente que se manifesta somente na época das chuvas,

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permanecendo seco o seu leito por quase dois terços do ano. É um dos chamados

Wadis que são abundantes na Palestina.

b) Quisom (ou Kishon) - Este é o maior rio da Bacia do Mediterrâneo e o segundo

da Palestina. Nascendo das pequenas correntes de Gilboa e Tabor, Montes da

Galiléia, e recolhendo outras águas da Planície de Esdraelom, corre na direção

noroeste ao largo do Monte Carmelo até desaguar no Mediterrâneo, na parte sul da

Baía de Acre. As suas águas são impetuosas e perigosas durante o inverno, ao

passo que no verão são escassas. Foi junto deste rio que Baraque derrotou Sísera,

sendo os cadáveres dos seus soldados arrastados pela corrente do mesmo (Jz

5.21), e Elias matou os profetas de Baal depois do célebre desafio no Monte

Carmelo (I Rs 18.40).

c) Caná - Outro wadi ou torrente dos meses de chuvas, que nasce perto de Siquém

e, atravessando a Planície de Sarom, verte no Mediterrâneo sete quilômetros ao

norte de Jope. É mencionado em Josué 16.8 e 17.9 como limite entre as terras de

Manassés e Efraim.

d) Gaás - É outro ribeiro, wadi, que atravessa a região de Sarom na direção leste-

oeste e deságuam no Mediterrâneo perto de Jope. o seu nome provavelmente deve-

se a um monte, não identificado, perto do qual foi sepultado o grande líder Josué (Js

24.30). Quanto às referencias bíblicas ao ribeiro, encontramos em I Samuel 23.30e 1

Crônicas 1.32.

e) Sorec - Nascendo nas montanhas de Judá, a sudoeste de Jerusalém, este wadi,seguindo a direção noroeste, despeja suas águas no Mediterrâneo entre Jope e

 Acalom, ao norte da Filistia. Os flancos suaves do vale que ele percorre, por sinal

largo e fértil, são famosos pelos vinhedos de uma espécie de uva síria muito

apreciada. Segundo Juízes 14.1-5 e 16.4, nas proximidades deste rio ficava Timná,

cidade de Dalila, mulher filistéia que cavou a ruína de Sansão.

f) Besor  - Este é o mais volumoso de todos os wadis que desembocam no

Mediterrâneo. Nasce no sul das montanhas de Judá, passa ao largo de Berseba

pelo lado sul desta cidade e lança-se no mar à uns oito quilômetros ao sul da cidade

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de Gaza. Seu nome moderno é wadi Sheriah. É mencionado nas Escrituras em I

Samuel 30.1-25, no episódio da libertação dos habitantes de Ziclague das mãos dos

amalequitas, por Davi e seus seiscentos homens, dos quais duzentos haviam ficado

 junto de Besor, cansados, para guardar a bagagem.

Bacia do Jordão - Este é o rio principal da Palestina e corre na direção norte-sul,

assim dividindo o país em duas partes distintas - Canaã propriamente dita e

Transjordânia. Seu nome significa declive ou o que desce. o Jordão origina-se da

confluência de quatro pequenos rios, a 1 quilômetros ao norte do Lago de Merom,

cujas cabeceiras - menos as do primeiro - encontram-se nos flancos ocidental e

meridional do Monte Hermom. São eles: Bareighit, o mais ocidental e cujas fontes

não se alimentam das torrentes do Hermom. Hasbani, o mais longo - cerca de 40

quilômetros de extensão - e tem sua nascente na encosta ocidental do Hermom, a

520m de altitude. Ledan, o mais volumoso porque se origina de muitas fontes nas

proximidades da antiga cidade de Dã, nosopé meridional do Hermom, e cujo leito

pode ser considerado como começo do Vale do Jordão;por ser o braço central das

nascentes do grande rio. Banias, a mais oriental das quatro nascentesdo Jordão, a

mais curta, de apenas 8 quilômetros, porém a mais bela, que jorra de umaimensagruta na encosta meridional do Hermom, pouco ao norte da antiga cidade de

Cesárea de Filipe,da qual hoje resta apenas uma pequena aldeia cujo nome

moderno é Banias.Costuma-se dividir ocurso do Jordão em três trechos, para um

estudo mais detalhado: o primeiro trecho, ou seja, aregião das nascentes, é o que

acabamos de descrever nos seus aspectos mais setentrionais e quevai até o Lago

de Merom. Depois da junção das quatro nascentes, o Jordão atravessa uma

planíciepantanosa numa extensão de 11 quilômetros e entra no Lago de Merom.Neste trecho a sualargura varia muito e a profundidade vai a 3 e 4m. O segundo

trecho, também chamado o JordãoSuperior, compreende o rio entre o Lago de

Merom e o Mar da Galiléia, extensão esta de cerca de20 quilômetros. E um trecho

quase reto, com um declive de 225m o que tornam as suas águasimpetuosas e

provoca um enorme trabalho de erosão. A força da impetuosidade das águas

do Jordão neste trecho é tanta que quase 20 quilômetros Mar da Galiléia adentro

ainda se percebe asua correnteza. Neste trecho o terreno é rochoso, de vegetação

média e a largura do rio variaentre 8 e 1 5m. o terceiro trecho, ou o Jordão Inferior,

estende-se do Mar da Galiléia ao Mar Mortonuma distância de 117 quilômetros em

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linha reta e cerca de 340 quilômetros pelo leito sinuoso dorio, tendo uma largura que

varia entre 25 e 35m e 1 a 4m de profundidade. Este trecho sofre umdeclive de

200m pelo qual o rio desce precipitadamente, formando numerosos meandros

ecascatas e alargando o vale até 15 quilômetros, como ocorre na altura de Jericó.

Este vale élimitado quase em toda a sua extensão por verdadeiras muralhas de

rocha calcária, o que tornamuito difícil a travessia do mesmo. Até o tempo dos

romanos não havia ponte sobre o Jordão, demodo que a travessia do mesmo era

feita em certos lugares de margens mais rasas e águas menosprofundas, chamados

vaus. Um desses vaus ficava defronte de Jericó, outro, perto dadesembocadura do

rio Jaboque; e o terceiro, nas proximidades de Sucote. O rio Jordão, sob todosos

pontos de vista, como: geográfico, histórico, político, econômico e religioso, é o rio

maisimportante do mundo antigo. Está ligada a Revelação desde os dias de Abraão

até os dias de Jesus. Nas suas margens ocorreram numerosos e importantes

acontecimentos, como a separaçãodas águas para o povo de Israel entrar na Terra

de Canaã, sob o comando de Josué (Js 3.9-17); apermissão dada por Moisés às

tribos de Rúben e Gade para ficarem na Transjordânia (Nm 32.1-32); a história de

Gideão, bem como a de Jefté (Jz 7,8,10,11); as lutas políticas de Davi (II Sm

17.24,19.18); a travessia, em seco, dos profetas Elias e Eliseu (II Rs 2.6-14); a curade Naamã, generalsírio que fora acometido de lepra (II Rs 5.1 -i 4); a recuperação

do machado de um “seminarista’(II Rs 6.1-7); a anexação dos territórios dos gaditas,

rubenitas e manassitas (Transjordânia) à Síriapelo seu rei Hazael (II Rs 10.32,33); o

ministério de João Batista e o batismo de Jesus (Mc 1.5,9).

b) Querite - Verdadeiramente não se trata de um rio perene, e sim de um wadi,

torrente das épocas de chuvas, que desce dos montes de Efraim e desemboca noJordão, pela margem ocidental, pouco ao norte de Jericó, depois de percorrer uma

região agreste, povoada de corvos e águias. Em alguma gruta nas margens deste

ribeiro escondeu-se o profeta Elias, por ordem do Senhor, onde foi sustentado pelos

corvos que lhe levavam pão e carne todos os dias pela manhã e à tarde (I Rs 17.1-

7).

c) Cedrom - Também este não é um rio perene, porem nas épocas de chuvas torna-

se uma torrente impetuosa. Nasce a dois quilômetros a noroeste de Jerusalém e,

correndo na direção sudeste, passa ao lado leste da Cidade Santa pelo Vale de

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Josafá - que separa esta do Monte das Oliveiras - e prossegue rumo sudeste até o

Mar Morto, numa distância de cerca de 40 quilômetros, por um leito profundo e

sinuoso. Os principais fatos bíblicos relacionados com o ribeiro de Cedrom são: a

fuga de Davi por causa da revolta de Absalão, seu filho, e a travessia de Jesus para

o jardim de Getsêmane na noite de sua agonia (Jo 18.1).

d) Yarmuque - Este é o principal afluente oriental do Jordão, embora não esteja

mencionado naBíblia. É formado por três braços, dos quais o mais setentrional

recebe águas abundantes dasvertentes orientais e meridionais do Monte Hermom e

desemboca no Jordão, seis quilômetros aosul do Mar da Galiléia.

e) Jaboque - É outro tributário oriental do Jordão. Nasce ao sul do Monte Gileade,

corre para leste, depois para norte e noroeste, descrevendo uma verdadeira semi-

elipse, até desaguar no Jordão, mais ou menos no meio do curso deste, entre o Mar 

da Galiléia e o Mar Morto, depois de terpercorrido cerca de 130 quilômetros. É

célebre na história bíblica pela luta de Jacó com o anjo do Senhor, ocasião em que o

nome deste foi mudado para Israel (Gn 32.22-32).

f) Arnom - Nasce nas montanhas de Moabe, a leste do Mar Morto, despejando

neste as suas águas. Este rio primeiramente separava os moabitas dos amorreus e

depois os moabitas do território datribo de Rúben, ficando como limite meridional

permanente dos territórios israelitas da Transjordânia. Os profetas Isaías e Jeremias

pronunciaram condenações contra Moabe referindo-se a Arnom (Is 16.2; Jr 48.20).

O missionário alemão F. A. Klein, em 1868, achou a célebre pedra Moabita nas

ruínas da cidade de Dibon, que fica a quilômetros ao norte de Arnom. Estapedracontém uma inscrição feita pelo rei moabita Mesa em 850 a.C., em hebraico-

fenício, que confirmaa passagem bíblica de II Reis 3.1-27.

1.5.7. Desertos Palestínicos

Do ponto de vista bíblico, os desertos que nos interessam mais na área

palestínica são os localizados a norte e oeste do Mar Morto, também conhecido

como Deserto de Judá (Jz 1.16) ou Deserto da Judéia (Mt 3.1). O uso da forma

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singular explica-se pela referência ao conjunto de áreas desertas a leste das

montanhas de Judá até o Jordão e Mar Morto, conjunto este que se subdivide nos

seguintes desertos menores:

Maon, Zife e Engedi, que ficam entre sul de Hebrom e o Mar Morto. São

particularmente relacionados com Davi durante as suas fugas das perseguições de

Saul (I Sm 24-26). Mais ao norte destes três estendem-se outros dois desertos:

Tecoa e Jeruel. São ligados a singular vitória do rei Jeosefá sobre os seus inimigos

amonitas e moabitas, que tentaram atacar o reino de Judá pelo sul (II Cr 20), a vida

e ministério do profeta Amós (Am 1.1), bem como de João Batista (Lc. 1,80). E ainda

mais ao norte destes desertos ficam os de Jericó, Betaven e Gabaom, já nos

termos de Benjamim, entre as cidades de Betel ao norte, ribeiro de Cedrom ao sul e

Jordão a leste. O primeiro, como o nome indica, fica ao sul, leste e oeste da história

cidade; o segundo, ao sul e leste de Betel; o terceiro, a leste da cidade de Gabaom

(ou Gideão) (IISm 2.24).

1.5.8 Clima Palestínico

 A Palestina, embora pequena em extensão, apresenta um clima muito

variado. Isto se deve a cinco fatores fundamentais:

1) Posição Geográfica

Encontrando-se o pais entre 30º e 33º latitude norte, o clima ésubtropical

ou temperado brando. Porém esta condição básica,em parte, é modificada por 

outros fatores.

2) Topografia AcidentadaOs altos montes,os profundos vales, especialmente o Vale do Jordão,

causam profundas modificações no climacom as suas correntes aéreas frias e

quentes.

3) A Proximidade do Mediterrâneo

Este é o fornecedor de nuvens para a Palestina que osmontes altos,

como Hermon, condensama ponto de precipitá-las em forma de chuva.

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4) A proximidade dos Desertos

 A leste e ao sul as correntes quentes dos desertos contribuem com a sua

parcela na variedade do clima palestínico.

5) Os Ventos

 As correntes úmidas do mar, as frias das montanhas do norte e as

quentes dos desertos completam a formação do clima. Há uma corrente aérea seca

e quente que vem do deserto da Arábaia (leste), chamada siroco, que é tão quente

e seca que, quando prevalece, queima toda a plantação. Em Lucas 12. 54, 55,

Jesus referiu-se a orientação popular pelos ventos.

Geadas fortes e neve sobre as montanhas da Palestina são coisas

comuns no inverno. Já no Vale do Jordão, na mesma época, o termômetro marca

em média 25º, ao passo que no verão chega a 45º à sombra. Na orla do

mediterrâneo o clima “é mais unifome e menos rigorososo” enquanto na região

montanhosa da Galiléia, Samária e Judéia o frio chega a demorar semanas.Esta

variedade do clima oferece ao país também variedade de cultura e consequente

riqueza. Daí a expressão bíblica “terra que mana leite e mel” (Ex 13.5).

Uma referência especial merece o orvalho no clima palestínico,particularmente “o orvalho de Hermon” citado no Salmo 133.3. Este é de vital

importância na época da seca. São os vapores quentes que se elevam durante o dia

e são condensados pelas correntes frias das montanas e então caem em forma de

orvalho cerrado sobre a vegetação ávida pela umidade.

2. GEOGRAFIA ECONÔMICA DA PALESTINA

Devido à variedade do clima e do solo, a Palestina oferece tambémabundante variedade de produtos nos três reinos da natureza: vegetal animal e

mineral. As referências bíblicas aos diferentes produtos e á fartura dos mesmos nos

tempos antigos convencem-nos dos santos e amoráveis propósitos de Deus em dar 

aquela terra em herança perpétua a seu povo. Entretanto, sendo Israel um povo

teocrático, a produção da terra estaria intimamente à religião, isto é, tanto a

abundância quanto a escassez seriam proporcionais ao estado espiritual do povo (Dt

28).

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2.1. Reino Vegetal

No reino vegetal os produtos mais comuns eram o trigo, a oliva e a uva. Estes eram

os elementos básicos da alimentação dos hebreus e formavam o trinômio tão

repetido na Bíblia - “pão, azeite, e vinho”. Também eram comuns: cevada, lentilha,

feijão, pepino, cebola, alho, mostarda, figo, melão, tâmara e romã.

Das plantas silvestres podemos citar cedro, pinheiro, faia, carvalho, acácia,

palmeira, murta, lírio do campo e Rosa de Saron.

Embora em maior ou menor proporção, pode-se encontrar toda esta flora pela

extensão total do território palestino. Convém notar aqui que na Judéia são mais

comuns os olivais e vinhedos, que prosperam mesmo em terrenos pedregosos; na

Samaria, os bosques de acácias, cedro e pinheiros; na Galiléia, os cereais, embora

estes sejam também comuns nos vales e planícies de outras regiões.

2.2. Reino animal

Os animais palestinos mais importantes eram: vaca, ovelha, cabra, mula, camelo,

  jumento, cavalo e o cão, na ordem dos domésticos que serviam tanto para o

alimento como para o trabalho e transporte; corça, lebre, chacal, lobo, raposa,

leopardo, leão, hiena, víbora e outros na ordem dos selvagens, dos quais somenteuns poucos podiam servir para o consumo; perdiz, codorniz, pombo, galinha,

avestruz, cegonha, rola, pelicano, corvo e tantas outras aves; abelhas e gafanhotos

de várias espécies, moscas, mosquitos, formigas, etc., na ordem dos insetos; e uma

abundante variedade de peixes (cerca de 43 espécies).

Referência especial merece o gafanhoto que até hoje é consumido como alimento,

especialmente pela classe pobre, e do qual João Batista se alimentava. Arrancando-

lhe as asas e os pés, puxa-se a cabeça, comprimindo ao mesmo tempo o corpo,assim retirando os intestinos. Depois o corpo do gafanhoto é secado ao sol, tostado

no fogo ou frito no azeite e está pronto para o consumo.

2.3. Reino Mineral

Entre os metais o mais abundante parece ter sido a prata (1Rs 10.27), depois cobre,

estanho, chumbo, enxofre, betume (asfalto) e também ouro. Entretanto, a Bíblia não

indica que estes minerais nos tempos antigos fossem extraídos do solo palestínico,

com exceção de betume (Gn 14.10) na região de Sodoma e Gomorra, ao sul do Mar 

Morto. Hoje, porém, há bastante mineração de carvão, salgema, potassa, enxofre,

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ferro, cobre, etc. O comércio aos tempos bíblicos variava conforme as circunstâncias

políticas em relação aos países vizinhos, Assim, a Palestina comerciava os seus

produtos com a Síria, Arábia, Egito, e principalmente com a Fenícia (Ez 27.17).

3 GEOGRAFIA HUMANA DA PALESTINA

3.1 Os habitantes primitivos da Palestina

Bem nos primórdios da história étnica da Palestina, antes da chegada de Abraão á

terra então chamada Canaã, a região era ocupada por diversas tribos conhecidas

sob o nome geral de cananeus (Gn 12.6; 24.3,37), havendo quem opine que essas

tribos eram dez, a princípio, reduzindo-se a sete ao tempo da conquista (Gn 15.18-

21; Dt 7.1), pelo que nos informa Moisés em Gn 10.15-20, quase todos os povos da

região da Terra da Promessa primitivamente eram da estirpe camita, pois eram

descendentes do mais moço de Cão, chamado Canaã. As cidades desses povos

eram muradas e fortificadas, cada uma tendo o seu próprio rei, exceto umas poucas

que eram de natureza mais nômade. Esses reinos eram, geralmente, independentes

e bastante belicosos para alcançar a supremacia. Alguns desses reinos, e em certas

épocas quase todos eles, eram subordinados ao Egito. Os mais importantes delessão os seguintes:

3.1.1. Cananeus

 Ainda que esta designação seja aplicada, na linguagem bíblica, a todos os

povos da Palestina primitiva, no sentido mais restrito se limitavaaos descendentes

de Canaã, que habitavama costa do mediterrâeno desde a Baía do Acre até Jope; o

norte da Palestina, desde o Mediterrâneo até o Vale do Jordão; e ao longo do Vale

do Jordão até o sul do Mar Morto. As provas arqueológicas nos dão a idéia destadistribuição. Conforme a ordem divina, os cananeus, como os demais povos da

Terra da Promessa, deveriam ser exterminados por causa de seus pecados. (Dt 9,

5), entretanto os israelitas não o fizeram, pois são citados no recenseamento de

Davi muitos séculos mais tarde (II Sm24.7), casavam-se com os israelistas (I Cr 2.3)

e um dos apóstolos era cananeu (Mt 10.4).

3.1.2 Amorreus

É outro povo descendente de Canaã, filho de Cão, embora alguns historiadores,

baseados em Números 15:45 e Deut. 1:44, o classifiquem como cananitas. Parece,

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porém mais razoável fazer uma distinção entre os dois povos parentes. Os amorreus

ocupavam ao tempo da conquista a região ao sul e leste de Jerusalém e a vasta

montanhosa a leste do Jordão, a Transjordânia (Núm. 13:30). Foi o povo que

ofereceu a mais tenaz oposição ao avanço dos israelitas, haja vista a batalha em

Gabaom, quando Josué pediu a Deus que o sol e a lua se detivessem (Jos. 10:4-5,

12-24).

3.1.3 Heteus

Também estes são camitas, pois descendem de Hete,filho de Canaãe neto de

Cão (Gn 10.15). Hoje são conhecidos como hiteus e hititas, nos registros históricos

e arqueológicos. Parece que ao tempo de Abraão era um povo que rivalizava com

os cananeus e os amorreus em poder e número. Pelo quejá se conhece deste

povo,as áreas por ele ocupadas, em diversas épocas de sua história, estendiam-se

desde a Ásia Menor,norte da Palestina, Síria, indo até o rio Eufrates. Abraão os

encontrou também em Hebrom (Gn 23); Esaú, irmão de Jacó, casou-se com duas

mulheres hetéias (Gn 26.34, 35) na região de Berseba, sudoeste da Palestina; ao

tempo da peregrinação dos hebreus, quando Moisés enviou os doze espias para o

reconhecimento da terra que haviam de ocupar, os heteus são citados entre outrospovos presentes nas montanhas do sul da Palestina (Nm 13. 29); também fizeram

parte de uma aliança contra os hebreus sob o comando de Josué a leste de

Jerusalém (Js 9. 1, 2); quando da volta do cativeiro, nos dias de Esdras. Os

israelistas encontram os heteus na Palestina e casam-se com suas filhas,

cometendo abominação contra o Senhor (Ed 9. 1,2). Daí concluí-seque

comunidades (colônias) dos heteus, em menor ou maior número, sempre existiram

na terra da Palestina, e nunca foram exterminados por Israel.

3.1.4 Jebuseus

Jesus ou Jerusalém era o único lugar onde habitava este pequeno povo, pois

não é mencionada outra qualquer área ocupada por eles. Porém, ainda que

pequeno, era um povo valente. Encastelado na suacidade de Ofel (Sião?), resistiu

aos ataques de Josué e seus exéctios, embora este lograsse aprisionar e matar o

seu rei (Js 10. 23, 24). Só muito mais tarde, nos dias do rei Davi, éque foram

expulsos de sua fortificação. Foi quando Jerusalém foi proclamda capital do reino de

Israel (2Sm 5. 6 -9). Entretanto, os jebuseusnao foram completamente exterminados

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e continuaram a habitar entre os hebreus. A áera em que Salomão mais tarde

edificou o famoso templo foi comprada por Davia de um jebuseu de nome Araúna

(25m 24. 18 – 25).

3.1.6 Perizeus

Este era um dos povos que habitavam a terra de Canaã e que parece

evidente não ter origem carmita, primeiramente, por não constar o seu nome na lista

dos filhos de Cão em Gênesis 10. 15 – 20 e, também por não ter o costume demurar 

as suas cidades, uma vez que a sua ocupação era a agricultura, como provam as

escavações arqueológicas, levando, portanto, um tipo de vida diferente. Ao tempo

de Abraão estavam eles entre os cananeus na região de Betel (Gn 13.7); nos dias

de Jacó havia um grupo ou colônia deste povo nas proximidades de Siquém (Gn

34.30); logo após a morte de Josué, travaram batalha com Judá e Simeão nas

montanhas do sul (Jz 1.1-5), tendo, antes, ocupado também as montanhas do norte

(Jz 17.15).

3.1.7 Refains

Também conhecidos como anaquins e emins (Js 11.21 e Dt 2. 10, 11),também estes não parecem possuir qualquer parentesco com os cananeus.

Habitavam algumas regiões de ambos os lado do Jordão e de Hebrom. Pertencendo

a uma raça aborígene de gigantes (Dt 2.10). A leste do Mar da Galiléia, na região de

Basã, os israelitas, ainda sob o comando de Moisés, derrotou Ogue, o rei de Basã

que era um remanescente dos gigantes, cuja cama de ferro media nove côvados de

cumprimento e quatro de largura (Dt 3.11), ou seja, aproximadamente 4m por 1,80m.

3.1.8 Girgazeus

Segundo Gênesis10.16 eram camitas. São várias vezes mencionados na

Bíblia, mas não se sabe em que partes da Palestina habitavam. Alguns admitem que

tenham ocupado alguma área na margem ocidental do Jordão, ou a oeste de Jericó.

3.2 Os Habitantes Vizinhos da Palestina ao Tempo da Conquista pelos Hebreus

Devido á posição geográfica da Palestina, vários foram os povos que se

limitavam com ela. Alguns desses povos vizinhos eram francamente hostis ao povo

de Deus, outros apenas desconfiados, e só uns poucos (como os fenícios) de

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atitudes cordial. Pela influência que tais povos exerceram sobre o povo de Israel nos

terrenos político, social, comercial e notadamente religioso, a vida deste último foi se

alterando com sérios prejuízos morais, espirituais e econômicos.

Israel, desviando-se dos mandamentos e caminhos de Deus por força desta

influência, sofreu toda sorte de castigos, como secas, derrotas em guerras,

cativeiros, etc. Mas, por outro lado, frequentemente Deus recompensava a fidelidade

do seu povo com as vitórias e abundância de bens que concedia a ele perante os

olhos daqueles povos inimigos. Apreciemos alguns daqueles Povos vizinhos de

Israel.

3.2.1 Amalequitas

Frequentemente citados na Bíblia; Sempre hostis ao povo de Deus; de origem

muito incerta, embora alguns os tenham identificado como descendentes de Esaú,

irmão gêmeo de Jacó, que depois de vender a sua primogenitura, seguiu rumo

diferente na vida; cujo neto Amaleque era príncipe (chefe de uma família tribal) e

habitava na região de Edom. (Gn 36.12,16).

Porém, como vamos aceitar esta identidade se já no tempo de Abraão

(tetravó do príncipe Amaleque) havia amalequitas na mesma região (Gn 14.1-17)?

De qualquer forma, sabemos que era um povo numeroso e poderoso, nômade, mascujo território principal de guerrilhas e pilhagens ficava entre o Mar Vermelho ao sul,

Neguebe (área deserta entre o sul da Palestina e Egito) a oeste, e Edom ao leste

(sul do Mar Morto), conforme 1Sm 15.7. Tiveram várias batalhas com os israelitas,

sendo a primeira em Refidim, na zona do Sinai, pouco depois da travesia do Mar 

Vermelho, quando, sem provocação, por pura pilhagem, atacaram o povo de Deus

pelam retaguarda e foram derrotados (Êx 17.8-16; Dt 25.17-19). Na mesma ocasião

Moisés anunciou o extermínio posterior deste povo inimigo de Israel, o que secumpriu nos dias do rei Ezequias (1Cr 4.41-43). Entretanto, durante vários séculos

antes do seu extermínio, Deus usou os amalequitas como instrumentos para

castigar o seu povo rebelde (Jz 3.12,13; 6.3-5).

3.2.2 Edomitas ou Idumeus

Estes são semitas, pois são parentes dos hebreus, descendentes de Esaú,

irmão de Jacó. O capítulo 36 de Gêneses, fala da numerosa descendência de Esaú

que se estabeleceu na montanha de Seir, ou seja, na região entre o sul de Moabe e

Mar Morto e o Golfo de Ácaba, que é um vasto maciço montanhoso de cerca de 180

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quilômetros de extensão, conquistado aos aborígenes horeus onde há seu tempo

floresceriam cidades como Elatia (1Rs 9.26), Ezion-Geber (Dt 2.9), Bosra (Gn 36.33)

e Selá ou Petra (2Rs 14.7), que foi a capital.Devido á antiga inimizade, por certo os

edomitas recusaram a passagem aos israelitas pelo seu território quando estes já

estavam próximos a Canaã. (Nm 20.18-21). Mais tarde, no tempo dos Juizes, este

povo chegou a invadir o território israelita. Durante o período da monarquia hebréia,

ora eram dominados, ora ganhavam independência, para finalmente serem

obrigados a se refugiarem em Judá sob a humilhação dos nabateus (presume-se de

descendência ismaelita) em 320 a.C. que os expulsaram de sua terra, assim

cumprindo-se a profecia de Malaquias em cap. 1 v. 1-5. Herodes, o Grande, que

governou cerca de 40 anos sobre os judeus durante o domínio romano, era idumeu.

3.2.3 Moabitas

Segundo Gn 19.37 os moabitas eram descendentes de Moabe, filho de Ló

que era sobrinho de Abraão. Portanto, também eles eram semitas. Apesar do

parentesco, sempre foram inimigos declarados dos hebreus, embora algumas vezes

demonstrassem boa vontade para com alguns deles como no caso de Davi e sua

família quando perseguidos por Saul (1Sm 22.3).Ocupavam o território ao leste do Mar Morto e do Jordão até a altura do rio

Jaboque. Mas quando os hebreus chegaram a Canaã os amorreus os havia

obrigado a recuar até o rio Arnon (Nm 21.20-26). Como fizeram os Edomitas,

também os Moabitas recusaram a Israel passagem pelo seu território quando este já

se aproximava de Canaã. E temendo o povo de Deus foram buscar aliança com os

midianitas, contratando a Balaão para amaldiçoar Israel. Este não logrando êxito

contra o povo de Deus, “foi-se, e voltou ao seu lugar” (Nm 24.25), enquanto Israelchegou são e salvo a Sitim, sua última parada, antes de atravessar o Jordão para a

conquista da Terra Prometida. Porém as filhas dos moabitas seduziram os israelitas

as práticas idólatras e licenciosas do seu culto, pelo que morreram de uma vez 24

mil israelitas. (Nm 25.9).

Por motivo de parentesco deste povo com Israel, Deus mandou que os

moabitas não fossem guerreados Dt 2.9), mas, por causa da hostilidade que estes

sempre demonstraram para com os israelitas, o Senhor ordenou que não fossem

admitidos na congregação até a décima geração (Dt 23.3-6).

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No decorrer da história os moabitas foram alternadamente tributários e

independentes de Israel. Ao tempo dos Juízes chegaram a oprimir o povo de Deus

por 18 anos, cobrando-lhe tributo. Depois houve diversos conflitos entre Moabe e

Israel durante a monarquia hebraica, acabando por os profetas de Israel anunciarem

o extermínio de Moabe por constituir-se tão ferrenho inimigo do reino de Deus (Is

15.16,25; Jr 48; Ez 25.8-11; Am 2.1-3; Sf 2.8- 11). E de fato Moabe foi reduzido à

ruína por Nabucodonozor, para nunca mais reerguer-se. Contudo, Deus honrou uma

mulher moabita, Rute, escolhendo-a para bisavó de Davi, integrando, portanto, a

linhagem de Jesus. É o que ameniza a triste memória daquele povo.

3.2.4 Midianitas

Eram semitas, pois descendiam de Midiã, filho de Abraão com Cetura

(Quetura), segundo Gn 25.1-6. Antigas listas genealógicas Árabes mencionam uma

tribo por nome Ketura, dando como seu local de habitação as proximidades da

cidade de Meca. Tudo faz crer que mais tarde se expandiram para oeste e norte,

pois no tempo de Moisés parece que a “terra de Midiã”, para onde este fugira do

Egito e onde se casara (Êx 2.15-22), ficava ao leste do Sinai. Isto porque, anos

depois, Jetro, o sogro de Moisés, levou a mulher deste ao Sinai, onde os israelitasestavam acampados, e ofereceu sacrifício a Deus, bem como aconselhou a seu

genro uma distribuição de responsabilidades para evitar um esgotamento (Êx 18).

Quando o povo de Israel chegou á Moabe, na Transjordânia, encontrou outro grupo

de midianitas que se aliaram aos moabitas para resistirem ao povo de Deus. Nos

dias dos Juízes eles subjugaram os israelitas por sete anos, quando Gideão, na

região de Jesreel, os exterminou para sempre (Jz 7 e 8). Note-se, ainda, que nos

dias do patriarca Jacó, seu filho José foi vendido a uma caravana de mercadores emidianitas que o levaram ao Egito, onde o venderam como escravo ao capitão da

guarda de Faraó, Potifar (Gn 37.25, 28,36). Parece, pois, tratar-se de um povo

nômade que finalmente desapareceu.

3.2.5 Amonitas

Igualmente semitas, descendentes de Ló (Gn 19.38), viviam nômades na

região da transjordânia, ao norte do rio Arnon, entre o Jordão e o deserto arábico.

Foram muito cruéis e vingativos para com o povo de Israel, atacando e pilhando

muitas vezes por longos anos durante os períodos dos Juízes e do Reino. Deus

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vingou a sua crueldade por ocasião da invasão dos babilônicos cumprindo-se as

profecias de Jr. 49.1-5 e Ez 25:1-7, reduzindo a ruínas as suas cidades. Hoje a

região é habitada pelos Árabes do novo Estado da Transjordânia, com a sua capital

 Aaman. E o ódio deste povo contra Israel parece que não diminuiu em nada.

3.2.6 Sírios

 Ao nordeste e norte da Palestina ficavam os domínios da Síria cujas relações

com o povo de Deus foram ora fraternais, ora hostis.

Sabemos que os sírios (ou arameus) os quais no tempo do reino unido de

Israel eram organizados em pequenos reinos independentes, sempre conhecidos

pelo nome de sua cidade principal, eram da estirpe semita.

Três destes reinos sírios limitavam-se com a Palestina e em diversas épocas

guerrearam com esta: Damasco (on Aram-Damasco), que foi mais poderoso e mais

hostil para com Israel; Zobá (ou Aram-Zobá), situado a oeste de Damasco, indo até

Hamate (1Sm 14.47); e Maaca (ou Aram-Maaca), a oeste de Zobá, indo até os

limites da Fenícia (1Cr 19.7-19). Todos eles, foram conquistados por Davi durante

seu reinado, porém ao final do tempo de Salomão o reino de Damasco logrou

libertação, tornando-se adversário tenaz de Israel.

3.2.7 Fenícios

Este foi um grande povo que habitava a estreita faixa   de terra no norte da

Palestina, entre os montes Líbanos o Mediterâneo, desenvolvendo, pela navegação

e comércio, uma vasta riqueza. (Ez 27).

Este povo era camita (Gn 10.15-19), embora sua língua pertencesse ao grupo

semita. As duas cidades que sobressaíam, em diferentes épocas eram Tiro e Sidon. As divindades principais dos fenícios Baal e Asterote, cujo culto se infiltrou em Israel

e atingiu as culminâncias quando do reinado de Acabe que casou-se com a princesa

fenícia, Jezabel, de triste memória. Entretanto as relações entre os hebreus e os

fenícios sempre foram pacíficas e cordiais. Por ocasião da conquista sob o comando

de Josué, o território fenício, embora contido na promessa dada por Deus, e que

tocaria á tribo de Aser, não foi tomado (Jz 1.31).

Mais tarde, nos dias de Davi e Salomão, o rei de Tiro, Hirão, tornou-se o grande

fornecedor do material para a construção da casa real de Israel e do templo de

Jerusalém (2Sm 5.11; 1Rs 5), bem como ajudou a Salomão nos Seus

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empreendimentos comerciais pelo mar, em troca de provisões de trigo, vinho e

azeite, e mais vinte e cinco cidades da região da Galiléia (1Rs 9.11). Só depois da

divisão do reino os fenícios romperam a aliança com Judá, apoiando as dez tribos

de Israel, razão pela qual alguns profetas pronunciaram sentenças fortes contra os

fenícios (Ez 28.6-7; 22,23; Am 1.9-10; Jl 3.4-8).

3.2.8 Filisteus

Este povo, cuja origem é desconhecida embora pela referência de Jz 14.3,

em que os filisteus são chamados “incircuncisos”, possa concluir-se que, não sendo

semitas, deveriam ser camitas, ocupava uma área de terra no extremo sul da costa

palestínica e era extremamente belicoso, razão por que Deus não permitiu que o seu

povo por ocasião do êxodo seguisse o caminho mais curto para Canaã que passava

pela terra dos filisteus. (Êx 13.17).

 As cinco cidades fortificadas dos filisteus representavam os cinco estados

independentes, mas confederados, e cujas nomes foram Asquelom, Gaza, Gat,

 Azdod e Ecrón. Na divisão da Terra da Promessa, a Filistia coube ás tribos de Judá

e Dá. Somente depois da morte de Josué é que Judá atacou a Filistia e tomou Gaza,

 Asquelom e Ecrón (Jz 1.18). Nunca foi possível uma paz permanente entre osfilisteus e os hebreus. Estiveram em lutas constantes durante toda a história de

Israel, isto é, durante os períodos dos Juízes, do reino unido, dos dois reinos e de

Judá quando ficou sozinho na Palestina. Depois do cativeiro de Judá, a Síria anexou

a Filistia. E só depois das conquistas de Alexandre, o Grande, que destruiu Gaza, a

última cidade fortificada que resistiu, é que os filisteus desapareceram para sempre

como povo.

 Além desses povos vizinhos mais próximos que apreciamos neste estudo,devemos mencionar os grandes povos pouco mais distantes dos limites da Palestina

e com os quais Israel teve relações diplomáticas, ou belicosas. São eles: os

egípcios, ao sul, e bailônios e assírios, a leste. Não nos deteremos nos detalhes da

história dessas relações, uma vez que esta já foi abordada na parte referente ao

Mundo Antigo.

3.3 Cidades Palestínicas

Por cidades, entendemos os conjuntos de habitações humanas fixas. Abraão,

quando chegou à Terra da Promessa ou Canaã, já encontrou muitas cidades, das

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quais algumas são mencionadas no livro de Gênesis. Geralmente as cidades

palestínicas antigas eram construídas sobre elevações ou mesmo montes, cercadas

de muros de defesa de altura e largura variadas, com portas pesadas providas de

trancas seguras, com torres devigia sobre os muros e ainda uma vala circundando

seus limites por fora dos muros (Dt 3.5; I Rs 11.24; Ne 3. 1-15). Passemos em

revistas as principais cidades palestínicas.

3.3.1 Jericó

Segundos alguns pesquisadores, Jericó, se não é a cidade mais antiga do

mundo, certamente é a mais antiga do mundo, certamente é a mais antiga de toda a

Canaã. Como prova disto são apresentados os vestígios de vida humana na Idade

da Pedra encontrados nas camadas mais profundas de suas ruínas. Fica localizada

na parte inferior do vale do Jordão, a oito quilômetros deste na direção oeste, a 12

quilômetros ao norte do Mar Morto e a 24 quilômetros de Jerusalém na direção leste;

e, ainda, a 272 metros abaixo do nível do Mediterrâneo, junto da fonte de Eliseu ou

 Ain es-Sultan. Ao tempo da Conquista de Canaã pelo povo de Israel, Jericó era uma

cidade grande e bem fortificada, dominando a passagem do Jordão ao sudeste da

Palestina à margem do caminho de Jerusalém para a Transjordânia. Entretanto, foidestruída, milagrosamente, aos olhos do povo de DEUS comandado por Josué,

depois de um cerco de sete dias com marchas ao redor de seus muros. (Js 6).

Naquela ocasião Josué amaldiçoou o homem que viesse a reedificar a cidade o que

se cumpriu cerca der quinhentos anos depois, nos dias do rei Acabe (1 Rs 16.34).

Uma vez reedificada, Jericó aos poucos foi retomando seu lugar de importância e

várias ocorrências ali verificadas com relação ao povo hebreu, tanto no tempo do

Velho Testamento como no do Novo Testamento, estão registradas na Bíblia. Acidade moderna está a 1.600 metros a sudeste da anterior.

3.3.2 Hebrom

Situada a sul das montanhas de Judá, a oeste do Mar Morto, a 32 quilômetros

ao sul de Jerusalém, figura também entre as cidades mais antigas do mundo. Seu

nome primitivo foi Kiriath – Arba (Js 1.10). Abraão, ao chegar à terra de Canaã,

permaneceu por algum tempo em Hebrom (Gn 3.18). Foi lá que ele adquiriu a cova

de Macpela dos heteus para sepultar a sua mulher Sara,lugar este que se tornou

verdadeiro cemitério dos patriarcas, pois mais tarde ali foram sepultados também o

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próprio Abraão, seu filho Isaque e sua mulher Rebeca, bemcomo Jacó e sua mulher 

Léia (Gn 23.9, 17, 19; 25.9, 19; 49.29-33; 50.13). Séculos depois Davi foi ungido rei

em Hebrom e ali reinou durante sete anos e seis meses sobre todo o Israel (25m

2.11), depois do que a capitaldo reino passou a ser Jerusalém. Hebrom não é

mencionada no Novo Testamento. Existe até hoje,como nome de El Khalil, habitada

em sua grande maioria por maometanos que construiram sobre a antiga cova de

Macpela uma mesquita, onde é vedada a entrada dos cristãos.

3.3.3 Belém

Também é uma das mais antigas cidades da Palestina. Situada 10

quilômetros ao sul de Jerusalém, na estrada que vai para Hebrom numa colina de

700m de altitude nas montanhas de Judá, uma região sobremodo fértil. Seu nome

bíblico é Bethlehem-Efrata (que significa “casa de pão”) ou Belém de Judá, para

distinguir de outra cidade de igual nome existente na Planície de Esdraelom. A

primeira menção de Belém na Bíblia é relativa aos tempos patriarcais, quando da

morte da Raquel a amada de Jacó, que ocorreu pouco ao norte desta cidade por 

ocasião do nascimento de Benjamin (Gn 35. 16 – 20). Foi ali que se realizou o

casamento de Boaz com a moabita Rute, uma estrangeira que se tornou a bisavô dorei Davi e, portanto, ascendente de Jesus (Rt 4. 21, 22). Também ali nasceu Davi, o

notável rei de Israel, e Jesus, o Filho de Deus e Salvador do mundo.

3.3.4 Jope (Jafa ou Iafa)

É outra cidade das mais antigas da Palestina e, segundo alguns escritores

romanos, é até antediluviana. Nos registros egípcios o seu nome já era conhecido

nos dias do faraó Tutmés III (c. 1504-1450 a.C.), bem como nos do faraó AmenófisIV (Cartas de Tel-el-Amarna, 137 a.C.). Situada a cerca de 60 quilômetros a

noroeste de Jerusalém, na costa do Mediterraeneo, era o porto da capital

israelita.Segundo II Crônicas 2.16 e Esdras 3.7 os cedros do Líbano, utilizados na

construção do primeiro e depois do segundo templo em Jerusalém, eram levados

pelo mar até Jope, ali desembarcados, e depois conduzidos a Cidade Santa. Foi

neste porto que Jonas embarcou para Tarsis tentando fugir da vontade de Deus (Jn

13). Já nos dias do Novo Testamento, Jope aparece no livro de Atos com duas

ocorrencias do ministério do apóstolo Pedro: a da ressurreição de Tabita (At 99.36-

43) e da visão na casa de Simão o curtidor, que dissipou as dúvidas dos apótolos

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quanto ao acesso dos gentios à graça do evangelho. Jope sofreu muitos ataques e

arrasamentos dos exércitos inimigos atravésdos tempos, isto é, egipcios, assírios,

gregos, romanos, tucos, cruzados e franceses. Porém, sempre voltou a prosperar, e

hoje, junto da velha Jope, ergue-se a moderna Tel Aviv, o grande centro dos

sionistas judeus.Havia umavila na Galiléia com o mesmo nome, Jafa ou Jafia.

3.3.5 Siquém.

Esta é outra das cidades mais antigas da Palestina, pois sua historia remonta

a mais de 2000 a.C., quando das peregrinações de Abraão. Fica situada entre os

montes Ebal e Gerizim, na Samaria, bem no centro geográfico da Palestina, no fértil

vale de Siquém. Abraão, vindo de Ará, acampou em Siquém e ali erigiu o seu

primeiro altar na terra de Canaã após a aparição do Senhor que lhe declarou: “A tua

semente darei esta terra” (Gn 12.6,7). Mais tarde Jacó, ao voltar da Mesopotâmia,

fixou-se ali e levantou um altar ao Senho (Gn 33. 18-20). Nas cercanias de Siquém

Jacó cavou um poço que se tornou celebre pelo encontro que se deujunto domesmo

entre Jesus e a mulher samaritana. Também ali foramenterrados os ossos de José

trazidos do Egito (Js 24.32). Ainda em Siquem, Roboão, filho de Salomão, foi

coroado rei de Israel, mas devido a sua imprudência e arrogância,o reino foi divididoejeroboão, o rei das dez tribos revoltadas, fez de Siquém a capital do Reino do Norte

(Irs12). Conforme II Reis 17.24, certamente também Siquém recebeu os colonos

assírios que, após a queda do Reino do Norte, estabeleceram-se nas cidades e de

cuja mesclagem com os judeus remanescents resultou a raça samaritana. A cidade

foi destruída e reconstruída varias vezes. Hoje é chamada Neblus.

3.3.6. Samaria.Fundada em 921 a.C. por Onri, rei de Israel e pai de Acabe, esta cidade

foi uma das mais importantes e influentes na vida de Israel. Situada a oito

quilômetros a noroeste de Siquém, num monte de cerca de 100m de altitude,

rodeada de muralhas quase inexpugnáveis, foi a capital do Reino do Norte durante

200 anos. Caiu sob o poder da assíria em 722 a.C.depois de um prolongado cerco

que começou no tempo de Salmanasar V e terminou no de Sargão II. Ampliada e

embelezada durante os dias de diferentes reis de Israel, foi também sede de idolatria

a Baal, que era adorado num templo de Jesrusalém em riqueza e esplendor. Os

profetas freuqentemente condenavam Samária por sua idolatria, a ponto de tornar-

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se aquela cidade sinônimo de infidelidade a Jeová. No período grego foi

reestabelecida a sua glória antiga, porém, já nas lutas nacionalistas posteriores,

João Hircano, em 109 a. C., arrasou a cidade. Finalmente, ao tempo de Herodes, foi

reedificada; era a Samária do tempo do Novo Testamento. Filipe lá pregou o

evangelho com muita aceitação. (At 8. 1-25). Hoje, no local, há uma pequena

povoação por nome Sebustieh ,rodeadas de ruínas que estão sendo exploradas e

estudadas por várias entidades arqueológicas. Notáveis são os restos da chamada

Colunata de Herodes, de dois quilômetros de extensão, que apesar dos dois mil

anos decorridos, lá estão como testemunhas da antiga glória de Samária.

3.3.7. Nazaré.

 A 22 quilômetros do extremo sul do mar da Galiléia, na direção oeste, fica

a cidade de Nazaré, onde trancorreu a infância e a juventude de Jesus de Nazaré. A

cidade não é mencionada no Antigo Testamento. O Novo Testamento registra a sua

incredulidade. Por algum motivo não gozava de boa reputação entre os judeus (Jo

1.46). Entretanto, para os cristãos, depois de Jerusalém e Belém, ela é a cidade

mais célebre da Palestina. Hoje é a cidade palestinica de maior proporção de

cristãos entre os seus habitantes.

3.3.8. Cesaréia

Fica a 75 quilômetros a noroeste de Jerusalém, entre Jope e o Monte

Carmelo, no litoral do Mediterrâneo. Foi construída por Herodes, o Grande local da

antiga cidadela dos filisteus chamada Torre de Strato, e cognominada Cesaréia em

homenagem a César Augusto, imperador romano. Nos tempos do Novo Testamento

foi a cidade mais célebre da Palestina por tratar-se de sua capital política. Lá estava

a sede da administração civil e militar da província romana. Os grandes edifícios, o

templo, o anfiteatro, o hipódromo, os teatros, ruas pavimentadas, instalação de água

e esgoto, etc., fizeram a gloria da cidade, embora por pouco tempo. É certamente a

cidade do evangelista Filipe e de Cornélio, o centurião romano, primícias entre os

gentios (At 8.40; 21.8;10). Foi visitada várias vezes pelo apóstolo Paulo, que ali

esteve preso durante dois anos após a sua magnífica defesa diante de Festo a

 Agripa e de onde embarcou para Roma. Foi ali que nasceu o célebre Eusébio,

“primeiro historiador da igreja cristã e o primeiro geógrafo da Palestina”.

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3.3.9. Cesaréia de Filipo.

O tetrarca Filipe deu este nome à antiga vila fenícia de Baal-Gade em

honra ao Tibério César, seu protetor. E para distingui-la da Cesaréia do

Mediterrâneo acrecentou-lhe o seu próprio nome. Ampliando e embelezando a

cidade que se encontrava ao sopé do monte Hermom, Filipe fê-la uma espécie de

estância de veraneio para a aristocracia da época. Por encontrar-se no extremo

norte do país, foi palco de várias batalhas durante a sua história. A sua primeira

menção na Bíblia está em Josué 11, quando os cananeus ali ofereram a sua

resistência ao exército de Jesué. Mas o acontecimento mais importante para os

cristãos foi que ali Pedro fez a sua célebre confissão: “Tu és o Cristo, o Filho do

Deus vivo”, ocasião em que Jesus pronunciou a profecia da indestrutibilidade de sua

igreja. (Mt 16.13,16, 18,24).

3.3.10. Tiberíades.

Fica na margem ocidental do mar da Galiléia (ao lago de Tiberíades) a 8

quilômetros da extremidade sul do referido mar. A cidade não é mencionada no

 Antigo Testamento, e uma só vez seu nome aparece no Novo Testamento (João 6.23). Provavelmente a antiga de Rakkart, se que fala a literatura rabínica do período

interbíblico, teria assinalado o local onde ao tempo de Jesué havia uma cidade forte

por nome Racate, referida em Jesué 19:35, e que mais tarde deu lugar a Tíberiades.

Sabemos, porém, que a Tiberíades do Novo Testamento foi construída por Herodes

 Antipas entre os anos 17 e 25 d.C., para servir de capital à tetrarquia da Galiléia e

Peréia, e que durante a construção os operários descobriam que o local era de um

antigo cemitério. Teria sido a cidade forte de Recate? O nome da cidade foi dado emhomenagem ao imperador romano da época, Tibério César. Não temos notícia de

que Jesus tivesse visitado alguma vez a cidade, apesar de sua importância.

Entretanto, podemos compreender que, sendo considerada cidade imunda pelos

 judeus, por ter sido construída sobre um cemitério, deveria ter um caráter gentílico.

O judeu que entrasse na cidade se tornava cerimonialmente impuro. Outra razão

teria sido para evitar um encontro com Herodes, a quem considerava como raposa

(traiçoeira e mau), pois havia mandado matar o João Batista e poderia também

antecipar a sua morte (Lc 13.32; 23.8). Porém, depois da destruição de Jerusalém,

em 70 d.C., veio a ser o centro do judaísmo na Palestina. Para lá foi transferido o

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sinédrio e foram construídas muitas sinagogas, fundando-se a célebre academia

rabínica que preparou o Mischnâ, o Talmude Palestínico (também chamado

Talmude de Jerusalém), que é uma coleção de tradição e interpretação do Antigo

Testamento. Também a Massora,ou seja, conjunto de comentários críticos e

gramaticais sobre o texto hebraico do Antigo Testamento, fixando a pronúncia das

palavras pormeio de sinais – chamados massoréticos – em lugar das vogais.

Originou-se, em grande parte, emTiberíades, durante o século IV da nossa era, hoje

a cidade é chamada Tubariyeh, sendo a única das cidades da margem ocidental do

Mar da Galiléia que ainda subsiste, sendo que das outras – como Cafarnaum,

Magdala, Eetsaida, Corazim – restam apenas ruínas.

3.3.11 Cafarnaum

Não há certeza absoluta do local exato de Cafarnaum. Sabemos, porém,

que era cidade da costa noroeste do Mar da Galiléia, a principal entre outras tantas

regiões, posto militar romano (Mt 5 – 13) e centro de recolhimento de imposto do

império (Mt 9. 9-13). Por motivos vários, dois temsido os lugares presumíveis da

antiga Cafarnaum: Tel-Hum e Khan – Minieh, sendo que o primeiro reúne as

probabilidades maiores. Pelos vestígios das antigas estradas, há indícios de queCafarnaum era centro comercial movimentado, pois ficava na margem da rota entre

Damasco, na Síria, e Ptolemaida, no Mediterrâneo. Mas o fato mais importante para

os estudiosos da Bíblia é que Capernaum era a cidade residencial de Jesus, bem

como do seu discípulo Pedro (Mt 8.14-17; 9.1). Também foi ali que o Salvador 

realizou o maior numero de milagres e pronunciou os mais profundos ensinamentos.

3.3.12 Jerusalém“Lugar de paz” “Habitação segura” entre as cidades mais celébres do

mundo encontramos Jerusalém. No que diz respeito a historia bíblica ela ocupa o

primeiro lugar. Esta posição privilegiada de Jerusalém não está em sua extensão,

nem em sua riqueza ou expressão cultural e artística, e sim em sua profunda e

ampla relação com a revelação, ou seja, no seu sentido religioso. Ela foi de um

modo especial, o cenário das manifestações patentes e evidentes do poder, da

 justiça, da sabedoria, da bondade, da misericórdia, enfim. Da Grandeza de Deus.

Por isto as alusões proféticas e apostólicas a apresentam como o próprio símbolo do

céu (Is 52.1-4; Ap 21).

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(1) Nomes – Durante a sua longa historia – já cerca de3.000 anos – a cidade era

conhecida por vário snomes, assim como:

a) Urasalim – Encontrado nas Cartas de Tel-el-Amarna escritas por voltade

1400 a.C., provavelmente é o seu nome mais antigo.

b) Salém – É o nome mais antigo que apareceu na Bíblia, já em uso nos dias de

 Abraão (Gn 14.18). Provavelmente trata-se de uma abreviação da palavra

Jerusalém, cidade devotada a Shalém, antiga divindade semítica da paz e

prosperidade.

c) Jebus – Assim era conhecida a cidade dos jebuseus na época dos Juízes (Jz

19. 10,11).

d) Jerusalém –É o nome mais comum e que permanece até o presente.

e) Sião – Este era o nome de um dosmontes da cidade.

f) Cidade de Davi ou Cidade do Grande Rei –Estes nomes relacionam-se

como ato heróico de Davi na tomada da fortaleza, quando então a cidade foi

conquistada e feita a capital do Reino de Israel (Irs 8.1; II Rs 14.20; Sl 48.2).

g) Cidade de Deus ou Cidade Santa –  Assim chamada por estar ali o templo

nacional; olocal do culto centralizado (Sl 46.4; Ne 11.1).

h) Cidade de Judá –  A capital do reino de Judá, a cidade principal do reino (IICr25.28).

i) Aelia Capitolina- Foi o nome dado pelo imperador romano Adriano, que a

reedificou no século II d.C. Aelia em honra a Adriano, cujo primeiro nome era

 Aelius, e Capitolina, divindade suprema dos romanos.

 j) El Kuds – É o nome que os árabes deram a Jerusalém. O seu significado é

“a santa’.

(2) Localização e Topografia –Jerusalém fica situada na parte sul da cordilheira

central da Palestina, ouseja, nas montanhas de Judá, na mesma latitude do extremo

norte do Mar Morto, a 21 quilômetros a oeste do mesmo e a 51 quilômetros a leste

do Mediterrâneo. Está edificada sobreum promontório a 800m de altitude,

subdivididoem uma série de montes ou elevações. A leste do promontório fica o Vale

de Josafá ou Cedrom, que separa a cidade do Monte das Oliveiras. Aoeste e ao sul

fica o vale de Hinon (Gehena gr.) que em certa época da historia foi o “vale da

matança”, assim chamado por causa dos sacrifícios das crianças em holocausto ao

ídolo Moloque (II Rs 23.10; Jr 7. 31 – 34) e dos fogos que ardiam constantemente,

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consumindo o lixo da cidade, os detritos dos holocaustos pagãos, etc. Daí por 

analogia a palavra grega Gehena que significa “vale de Hinon” que veio a designar o

lugar de castigo eterno dos condenados, o inferno (Mt 13.42; Mc 9. 43-48). Sendo

que a cidade é isolada pelos lados leste, oeste e sul do conjunto da cordilheira pelos

vales já mencionados, resta apenas o lado norte suscetível ao crescimento, uma vez

que por ele o tabuleiro continua ligado ao conjunto montanhoso. O aspecto geral da

cidade ao tempo de Cristo apresentava uma configuração de um trapézio irregular 

que se alarga do sul para o norte, dividindo-se em cinco zonas ou bairros

caracterizados pelas elevações do tabuleiro: Ofel, que fica a sudeste e onde havia

uma antiga fortificação; Moná, a leste, onde estava edificado o templo de Salomão;

Bezeta, ao norte; Acra, a noroeste; e Sião, a sudoeste. Um vale interno chamado

Tiropeom, que corria mais ou menos na direção de noroeste para sudeste e sul,

separava alguns desses bairros. Porém, através dos tempos, a superfície da cidade

tem sofrido muitas alterações com os aterros deste vale, desaparecendo, assim, o

antigo aspecto em que as elevações eram mais distintas.

(3) Muros e Portas –  Até a destruião da cidade pelos romanos no ano 70 d.C.,

Jerusalém era protegida aoleste, sul e oeste por uma só muralha, tendo havido,porém, ao norte três muros, edificados em épocas diferentes, por força da expansão

da mesma. O primeiro,q eu data dos dias de Davi, Salomão e seus

sucessores,rodeava a antiga cidade do Ofoel, passando pelo sul do Vale do

Tiropeom e do Monte Sião, subindo pelo lado oeste do mesmo, na direção norte, até

o sul da elevação de Acra, e daí na direção leste, até o norte do Monte Moriá,

descendo pela aba oriental deste até Ofel na direção sul. Trechos deste muro já

existiam desde os tempos dos jebuseus. Este muro era provido de 60 torres para assentinelas. O segundo muro foi levantado por Jotão, Ezequias e Manassés – e

depois do cativeiro reedificado por Neemias – seguindo praticamente o mesmo

traçado do primeiro nos lados leste, sul e oeste, abrangendo, porém, nolado

nortenovas áreas – Acra e parte de Bezeta. Porém a linha norte od segundo muro é

muito discutida e por ora nada de definitivo se sabe a seu respeito. O terceiro muro,

cujo fim era incluir os subúrbios do norte no sistema de segurança da cidade, foi

obra de Herodes Agripa I, começada cerca de dez anos após a crucificação de

Cristo. Também os vestígios deste muro são escassos e discutidos quanto à sua

exata direção.

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 As portas nos muros de Jerusalém eram numerosas durante a longa

história da cidade. No livro de Neemias, por exemplo, temos referencia a cerca de

dez delas: porta velha, porta do peixe, porta do Efraim, porta das ovelhas, porta

oriental, porta do gado, porta da água, porta dos cavalos, porta da fonte, porta do

esterco. Nem todas elas podem ser localizadas. Porém as principais portas de

Jerusalém, pelas quais o povo transitva mais frequentemente, e cujos nomes

perduraram por mais tempo, foram estas: a. Porta de Jope (ou Jafa) a oeste,que

dava para as vias de comunicação com as cidades da região ocidental; b. Porta de

Damasco ou Peixe, que no primeiro muro teve o nome de Efraim, ao norte, dando

acesso ao centro e ao norte do país, bem como ao estrangeiro; c. Porta de Herodes,

também ao nort, não é mencionada na Bíblia, pois ficava no muro quefoi edificado

pouco depois de Crsito mais ou menosna direção da porta velha do segundo muro;

d. Porta das Ovelhas ou de Benjamim a leste; logo ao norte da esquina do templo; e.

Porta Oriental ou do Ouro, hoje fechada, também a leste, logo ao sul da esquina

sudeste da área do templo; g. Porta da Água, do msmo lado oriental, que conduzia a

fonte de Guiom; h. Porta da Fonte;ao sul, junto do tanque de Siloé e o açude velho

para abeberar o gado; i. Porta do Esterco ou de Monturo, também ao sul; j. Porta do

Vale, ou dos Essêncios, ainda ao sul, no canto sudoeste da cidade.

(4) Cidade de Comunicação – Jerusalém sempre esteve ligada pelos quatros

pontos cardeais a toda a Palestina e aos países estrangeiros. Ao norte partiam os

caminhos para Samária, Galiléia, Fenícia, Síria e Mesopotâmia. A leste,desde as

quatro portas orientais, convergiam os caminhos para Jericó e todo o Vale do

Jordão, bem como para as estradas da Transjordânia que levavam os viajantes para

a Arábia, Síria etc. Ao sul a cidade comunicava-se com Hebrom e Egito. A oesteligava-se com Jope e os caminhos para a Filistia e Egito, bem como para a Fenícia,

na direção norte.

3.4 Estradas Palestínicas

Desde os tempos de Abraão já havia caminhos cruzando a Tera de

Canaã em todas as direções. Certamente nos dias dos patriarcas esses caminhos

não passavam de trilhos por onde trafegavam caravanas dos mercadores e dos

pastores de rebanho.s Já nos dias de Josué, dos Juízes e da monarquia hebraica,

vemos o uso de carros ferrados que certamente exigiam estradas mais definidas,

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embora seguindo os trilhos antigos. E no tempo dos romanos já havia até estradas

pavimentadas para o deslocamento rápido de suas legiões militares. Tais noções

podemos colher de Juízes 1.19; Ireis 22.31; 35.28; II Reis 23.30; Aos 8.28 etc.

Costuma-se dividir em quatro grupos principais as estradas da Palestina:

3.4.1 Grupo da Costa

Eram estradasque corriam paralelas à costa do Mediterrâneo, conhecidas

também como Caminho da Terra dos Filisteus. Tinham a sua origem no Egito e

estendiam-se até Fenícia e Síria, ao norte, onde se desviavam para oeste, na

direção da Ásia Menor, e para leste, na direção da Mesopotâmia. Era um grupo

composto de várias estradas com ramificações para oeste, atingindo cidades

costeiras como Jope, Ptolemaida, Tiro, Sidom e outras, e também para leste, saindo

um ramal de Gaza e passando por Berseba e sul da Judéia na direção da Arábia;

outro de Lida para Jerusalém, Jericó e Transjordânia; e mais outro atravessando o

Vale de Esdraelom, a baixa Galiléia, indo até Damasco. Este grupo, devido a sua

importância internacional, era também chamado o caminho das nações. Os

exércitos das grandes nações do norte, do leste e do sul da Palestina (Síria, Assíria,

Babilônia e Egito) deslocavam-se por estas estradas para os seus encontros bélicos.3.4.2 Grupo Central

Este grupo partia do sul da Judéia, e, passando por Hebrom, Belém

Jerusalém, Betel, Siquém, Samária, ia até Cafarnaum, ao norte da Galiléia, onde se

entroncava com a estrada de Damasco. Também este grupo apresentava

ramificações tanto para oeste como para leste, das quais as mais importantes são

as seguintes: no extremo sul da Judéia uma ramificação para oeste, na direção de

Gaza, indo até o Egito, e outra para leste, indo até a Arábia. Na altura de Jerusalém,uma ramificação para oeste, via Lida, indo até Jope, e outra para leste, via Jericó,

atingindo a Transjordânia e entroncando-se com outro grupo de estradas na direção

de Petra, para o sul, e na de Damasco, para o norte, via Peréia. Mais outra

ramificação, embora não das mais antigas, ocorria na região central de Samária, na

altura das cidades de Siquém e Samaria, atingindo Cesaréia para oeste e Bete-Seã

(Citópolis) para nordeste, onde havia uma passagem rasa do Jordão, ou vau,

entroncando-se o ramal com as estradas da Transjordânia. De Bete-Seã também

partia uma ramificação para norte indo até Cafarnaum, passando pelas cidades da

margem ocidental do Mar da Galiléia. E por último, em Nazaré, a ramificação na

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direção noroeste atingia Ptolemaida (antiga Aco, ou Acre dos franceses), no sentido

leste a cidade de Bete-Seã, e para nordeste chegava a Cafarnaum, onde

entroncava-se com a estrada que vinha de Damasco. Notese que, apesar de ser 

esta estrada do centro o caminho mais curto entre a Judéia e Galiléia, os judeus

evitavam-na devido à inimizade antiga entre eles e os samaritanos, preferindo

passar pela Transjordânia. Entretanto parece que Jesus não deu importância a este

fato, pois, pelo menos em três vezes. durante o seu ministério, ele atravessou a

Samária: quando manteve memorável diálogo com a mulher samaritana junto ao

poço de Jacó perto de Sicar, no Vale de Siquém (Jo 4.3- 42); quando os discípulos

rogaram a Jesus poder para fazer descer fogo do céu para consumir os samaritanos

que rejeitaram a presença de Jesus (Lc 9.51-56); e quando curou os dez leprosos,

sendo que somente um deles, que era samaritano, é que voltou para agradecer a

graça recebida (Lc 17.1-19).

Grupo da Transjordânia ou Leste

Havia neste grupo pelo menos duas estradas: uma que partia do vau do

Jordão, em frente a Jericó, e se dirigia para o norte pelo lado leste do Jordão até o

vau que fica defronte de Bete-Seã - que era itinerário preferido pelos judeus para

evitar a passagem pela Samária - prosseguindo para nordeste até Damasco; e outraque, originando-se em Elate, no fundo do Golfo de Ácaba, passando por Petra e o

leste do Monte Seir e do Mar Morto, dirigia-se para Hesbom, deixando para oeste

uma ramificação que passava por Jericó e Jerusalém indo até Jope, e de Hesbom

avançando pelos montes de Abarim e Gileade para o norte até Damasco.

Grupo de Damasco

Neste grupo geralmente são contadas somente as estradas que partem da

velha cidade Síria e se dirigem para o Mar Mediterrâneo. Segundo estaclassificação, as que passam pelo território palestínico são apenas duas: a primeira,

a que passa pelo sul do lago de Merom, desce para Cafarnaum, vai até Nazaré e

antiga Ptolemaida na costa marítima; e a segunda, que deixando Damasco passava

por Cesaréia de Filipe dirigindo-se para Tiro, cidade costeira da Fenícia. A primeira

era pavimentada ao tempo dos romanos, e para se viajar por ela cobrava-se

pedágio. Alguns acham que o ofício de Mateus, antes de seu chamado para o

discipulado, era ode cobrar o pedágio. Havia outras estradas que cruzavam a

Palestina, porém eram de menor importância. As que aqui mencionamos dão-nos

uma idéia geral das vias de comunicação terrestre que dispunham os antigos na

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Palestina. Resta ainda fazer referência ligeira às estradas que partiam de Damasco

para o norte até Hamate e Arã, de onde prosseguiam para a Ásia Menor, Grécia e

Roma na direção oeste, e para a Mesopotâmia e Pérsia na direção leste. Destas

últimas serviram-se os patriarcas nas suas peregrinações para Canaã,

especialmente Abraão e Jacó e os hebreus cativos, e daqueles, os missionários das

novas do evangelho de Cristo do primeiro século: Paulo, Silas, Timóteo e Lucas.

3.5 Costumes Orientais Especialmente os Palestínicos

Os habitantes do Oriente Próximo, ou das terras bíblicas, sempre tiveram,

como ainda têm, o seu estilo peculiar de vida,de expressão e de pensamento. Isto

se deve às particularidades geográficas, étnicas e religiosas dos mesmos. Na

impossibilidade de uma apreciaçã vasta e completa do assunto – pois que o escopo

deste livro é limitado, vamos apresentar aqui apenas um esboço sucinto desses

costumes e usos das terras bíblicas, dada a importância deste conhecimento na

interpretação bíblica.

3.5.1 Sobre a Família Hebraica

(1) Casamento

Os hebreus consideravam o casamento de origem divina e de importânciabásica para a vida individual, social e nacional (Gn 2.18; 1.28). Segundo o ideal

divino, o casamento havia de ser monogâmico (Mt 19.1-8); a poligamia era tolerada

no Antigo Testamento, porém no Novo Testamento inteiramente repudiada. O

concubinato era tolerado nos casos de esterilidade da mulher legítima, mas

freqüentemente também fora desta condição, especialmente entre ricos, nobres e

reis (Gn 16.2; 30.3,4,9; I Sm 1.2; 25m 5.13; Jz 8.30; I Rs 1.3). A posição de

concubina sempre era de uma esposa secundária, pois geralmente tratava-se deuma serva (escrava) ou prisioneira de guerra, e poderia ser despedida em qualquer 

tempo e sem qualquer direito a amparo (Dt 21.10-14). Entretanto, a Bíblia não

esconde os males da poligamia e da concubinagem. O casamento misto era proibido

em defesa da família, da tribo e da pureza da raça (Dt 7.1-4). Havia também o

casamento por levirato, quando, por morte do marido que não deixava filhos, o irmão

deste deveria casar-se com a cunhada viúva para suscitar descendência ao seu

irmão falecido (Dt 25.5).

a) Contrato de Casamento -- Este, geralmente, era feito por terceiros - pai do

noivo, seu irmão mais velho, tio, ou algum amigo muito chegado, e só

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excepcionalmente pela mãe (Gn 21.21; 24.38; 34.8). Em alguns casos o próprio filho

fazia a sua escolha, ficando, porém, com terceiros as negociações (Gn 34.4). Estas

consistiam nas consultas quanto ao destino dos bens por força do enlace que não

poderiam enfraquecer a tribo nem expor a moça ao desamparo (Nm 36); e nos

acertos quanto ao dote que o noivo havia de pagar ao pai da moça (uma espécie de

dádiva que compensava a perda da filha); geralmente oscilava entre 30 e 50 ciclos e

selava o contrato matrimonial, mas podia ser efetuado também em forma de

trabalho, como no caso de Jacó (Gn 29.15-20, 34.12; Ex 2.17; I Sm 18.25; Gn 24.2-

53). O dote da concubina era o preço da compra (no caso de serva ou escrava). Os

casamentos consangüíneos entre os hebreus eram proibidos (Lv 18.1-18), embora

fossem comuns entre os caldeus (Gn 20.12), os egípcios, os persas e outras nações

orientais.

b) Noivado - Este era o primeiro ato do casamento, porém tão importante que

somente a morte ou infidelidade podiam dissolvê-lo. Desde o momento em que o

noivo entregava à noiva, ou ao representante dela, na presença de testemunhas

uma moeda com a inscrição “Seja consagrada “casada” a mim” uma espécie de

 juramento - o jovem casal era (Rt 4.9-1; Ez 6.8) considerado casado, embora a sua

vida conjugal se efetuasse só depois das núpcias (Mt 1.18) que, segundo oTalmude, poderiam ocorrer um mês depois para as viúvas e um ano depois para as

virgens (no caso de Jacó durou sete anos). Durante o noivado o homem era isento

do serviço militar. Depois do exílio babilônico, adotou-se o costume de lavrar um

compromisso escrito.

c) Núpcias - A festa de núpcias durava, geralmente, sete dias (Jz 14.12),

prolongando-se, excepcionalmente, até catorze dias. O noivo, sendo rico, distribuía

roupa nupcial aos convidados (Mt 22.11). Saindo de sua casa, ia à casa dos pais danoiva acompanhado de amigos e vestido de sua melhor roupa, com grinalda na

cabeça (Ct 3.1; Is 61.10), ao som de música e de cânticos. Quando as núpcias eram

realizadas à noite, as pessoas que acompanhavam o cortejo muniam-se de tochas

(lâmpadas). Recebendo a esposa na casa dos pais desta, com rosto velado,

acompanhada das bênçãos paternais, o esposo a conduzia, em cortejo ainda maior,

para a casa de seu pai ou para a sua própria, onde seguia-se o banquete depois do

qual os noivos eram conduzidos à câmara nupcial (Mt 2.1-10; 25.1-13). Nos seis

dias subseqüentes, as festas continuavam, embora mais resumidas. A lua-de-mel

legal era de um ano, durante a qual o marido estava isento das obrigações militares.

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(2) Divórcio - A dissolução dos laços matrimoniais entre os hebreus era permitida

como uma “necessidade calamitosa”, porém não aprovada, e mesmo repudiada já

na última parte do Antigo Testamento (Dt 24.1; Mt 2.13-16). Também Jesus repudiou

o divórcio, exceto no caso de adultério (Mt 19.3-9). O divórcio tinha que ser efetivado

por um documento escrito, chamado carta de divórcio, entregue à mulher pelo

marido (Mt 19.7), para lhe dar direito a um novo casamento. Se, porém, viesse a

divorciar-se do seu segundo marido ou mesmo se este viesse a morrer; já não

poderia reconciliar-se com o primeiro, uma vez que se encontrava contaminada pela

coabitação com outro homem (Dt 24.4).

(3) Os Filhos - Estes eram considerados dádivas divinas, especialmente os do sexo

masculino. Por isso a esterilidade era julgada como uma falta de favor de Deus. A

herança era dividida somente entre os filhos do sexo masculino. As filhas recebiam a

herança somente na falta de filhos herdeiros. As filhas solteiras eram sustentadas

pelos irmãos até que se casassem. Seu casamento podia ocorrer somente com

alguém de dentro da mesma tribo. A primogenitura era honrada e respeitada entre

todos os povos orientais. O primogênito recebia a porção dobrada dos bens

paternos; com a morte do pai, assumia a direção da família e as funções sacerdotais

da mesma (na época anterior à adoção da lei mosaica). Quanto à educação dosfilhos, o pai era obrigado a ensinar-lhes desde cedo um ofício que lhes garantisse a

subsistência.(Nm 27; Dt 21.15-17). Áquila, Priscila e Paulo sabiam fabricar tendas

(At 18.3).

3.5.2 Sobre a Vida Social Hebraica

(1) O Lugar da Mulher na Sociedade – De um modo geral, os orientais dos temposantigos relegavam a mulher à uma condição bastante inferior à do homem. Porém

os hebreus asseguravam à mulher o gozo de vários direitos não encontrados nos

costumes de outras nações. Entre os hebreus ela merecia lugar de honra e distinção

(Pv 31.10-31). A mãe era digna das mesmas honras que se deviam ao pai (Ex

21.12; Pv. 1.8). Perante as autoridades, a mulher tinha o direito de requerer justiça

(Nm 27.1; 1 Rs 3.16-18). Quanto às ocupações, quase que não existia distinção de

sexo. Assim, a mulher moça pastoreava rebanhos (Gn 29.6; Ex 2.16); trabalhava

nos campos (Rt 2.3) e carregava a água das fontes para o abastecimento da casa.

Entretanto, as principais obrigações das mulheres eram os trabalhos domésticos,

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bem mais complicados e difíceis que aqueles que as mulheres têm hoje. Elas moíam

o grão (Mt 24.41), preparavam as refeições (Gn 18.6; I Sm 13.8), “fiavam a lã e

teciam o pano” (1 Sm 2.19). Na história do povo hebreu há também uma juíza (Jz

4.4) e pelo menos três profetisas (Ex 15.20; I Rs 2.14).

(2) Saudações -- Estas sempre eram prolongadas no Oriente. Jesus, por exemplo,

mandou aos seus discípulos que a ninguém saudassem pelo caminho justamente

para poupar tempo (Lc 10.4). A posição mais comum era a inclinação do corpo para

a frente e com a mão direita posta no lado esquerdo do peito (Gn 23.7,12). Outra

maneira usada, especialmente perante pessoas superiores, era a prostração ou

inclinação até a terra (Gn 18.2; 42.6). As expressões mais comuns eram: “Paz”, “Paz

seja convosco”, “Paz esteja nesta casa” (I Sm 25.6; Lc 24.36; I Cr 12.18).

(3) Enterros e Manifestação de Luto - Constatada a morte, o corpo do falecido era

lavado e enrolado com faixas ou lençóis impregnados de perfumes. Raramente eram

usados esquifes ou caixões abertos. O embalsamamento não era costumeiro entre

os hebreus. Embora José e Jacó tivessem sido embalsamados, sabemos, porém,

que o foram pelos egípcios, que possuíam o segredo do processo. O enterro era

feito no mesmo dia da morte - isto por exigência do clima quente que favorecia a

decomposição rápida e também por força da lei que tornava imundo quem tocasseem um defunto (Nm 19.1-16) - acompanhado do cortejo fúnebre na seguinte ordem:

as mulheres, as carpideiras (eram as lamentadoras profissionais), o defunto, os

parentes e amigos mais próximos, e o povo. Os túmulos dos pobres eram simples

covas no chão cobertas de terra e marcadas por uma pedra, ao passo que os

sepulcros dos mais abastados eram cavados na rocha, com umas pedras grandes,

redondas, à porta, para fechá-los. Os sepulcros eram geralmente localizados fora da

cidade, mas também em certas regiões e épocas ficavam nos pátios das casas. Ocostume de caiar os túmulos era praticado para evitar a contaminação cerimonial por 

pisar neles. O período de luto era de sete dias, em casos excepcionais era

delongado para mais (I Sm 31.13; Gn 50.1-4,10; Dt 34.8). As manifestações de luto

eram variadas: o rasgar de roupas, o andar descalço, o lançar do pó na cabeça, o

vestir-se de saco, o arrancar os cabelos e a barba, o lançar-se no chão, o jejuar; o

choro desesperado, o andar com rosto coberto etc. (Gn 37.34; I Sm 18.3 1; 15.30; Jó

2.12; Am 8.10; Mc 5.38,39). Como demonstração de respeito filial e para a

perpetuação da memória dos mortos (I Sm 18.18) costumavam os hebreus levantar 

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“colunas” (monumentos que consistiam de uma pedra mais ou menos alongada que

se fixava na terra no sentido vertical).

3.5.3 Habitações

(1) Tendas - Este era o tipo mais primitivo de habitação palestínica e de um modo

geral de todo o Oriente. A primeira referência a tendas na Bíblia temos em Gênesis

4.20. Originalmente parece que eram feitas de pele de cabra; depois evoluíram para

tecido de pêlos de cabra de uma qualidade especial (de pêlo longo, escuro, muito

resistente). Os tipos de tendas variavam de tempos em tempos, desde o mais

primitivo - um grande pedaço de tecido retangular levantado sobre uma vara

horizontal, apoiada em alguns esteios verticais, e preso pelos quatro cantos a

estacas ao rés-do-chão até o mais complicado feitio octogonal, com uma ou duas

colunas verticais no centro e divisões internas para dormitórios de homens,

mulheres, crianças, casais, servos, sala, cozinha etc.

(2) Cabanas - Eram ranchos feitos de estacas encimando varas cobertas de ramos

ou folhagens, ou mesmo de tecidos, destinados a permanência mais prolongada no

local.

(3) Tabernáculo - O termo que significa simplesmente habitação e que tanto pode

ser uma tenda como uma cabana. Entretanto, na Bíblia esta palavra é aplicadaespecificamente à tenda que durante a peregrinação dos israelitas pelo deserto

servia para o culto de Deus. Era uma construção portátil de 30 côvados de

comprimento por 10 côvados de largura, ou seja, aproximadamente 15m por 5m,

que foi substituída pelo famoso templo de Salomão construído em Jerusalém.

  Aquele templo, segundo as descrições de I Reis 6 e I Crônicas 3, era algo

majestoso. Porém, não sabemos se o seu tipo arquitetônico era egípcio, fenício ou

algum outro.(4) Casas -Pelas escavações arqueológicas, conclui-se que na Palestina as casas

eram feitas de pedra, de tijolos e de madeira (menos Comum), dependendo do que

era mais encontrado na região. Quanto ao tamanho, geralmente eram de um só

cômodo e de um só andar. Os cidadãos mais abastados construíam casas de dois

pavimentos com vários cômodos. Os telhados nas regiões mais quentes eram

chatos e transformados em terraços, cercados de parapeitos, com acesso por uma

escada exterior. Já nas regiões mais frias eram encontrados telhados em forma de

meia-água ou cumeeira para o deslizamento da neve. Esses telhados ou terraços

eram feitos de paus colocados em sentido cruzado ou paralelo, cobertos, de barro

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misturado com capim (estuque). Devido ao clima quente, à noite o terraço era o

lugar preferido para o descanso, meditação e dormida, e durante o dia para

secagem de roupa, de cereais etc. Dos telhados dos edifícios públicos

proclamavam-se os decretos e os avisos de natureza coletiva (Lc. 12.3; Mt 10.27). A

divisão interna das casas dependia das posses do dono e do tamanho da mesma.

 As casas de dois andares possuíam um pátio interno com poço, tanques e até

piscina. Na parte da frente, logo à entrada, ficava a sala de visitas, ao lado, o quarto

dos hóspedes e o dos donos da casa e, mais adiante, as acomodações dos servos,

a cozinha, a despensa etc. No segundo andar; os cômodos dos filhos ou outros

moradores da casa e freqüentemente também dos próprios donos. Esses cômodos

sempre davam a porta para o pátio interno. As portas eram estreitas e baixas e as

 janelas poucas e sem vidros. A estalagem (khan - hospedaria) era sempre uma casa

maior; de dois andares, acrescida de acomodação para os animais e servos na parte

posterior; com a costumeira área central ou pátio.

(5) Torres de Vigia - Eram armações de estacas e galhos, como as cabanas, com

uma plataforma de 2m a 2,5m de altura para facilitar a vigilância dos pomares e das

lavouras (Is 5.2; Mt 12.1). As torres de caráter permanente eram feitas de pedra com

acomodações para a família na parte inferior; para os meses de calor; e umaplataforma em cima para a guarda.

(6) Palácios - Eram as residências reais, construídas com requintes de luxo, em

estilos que variavam com a época de influência histórica - egípcio, fenício, assírio,

grego, romano (os últimos ao tempo do Novo Testamento).

3.5.4 Mobília

 A mobília dos antigos no Oriente era bem reduzida. Nas tendas geralmentenada mais havia senão tapetes ou esteiras servindo como divã, cadeira, mesa e

cama, pois os orientais tinham por costume sentar-se no chão sobre as pernas

cruzadas. Os egípcios e babilônios, segundo parecem, introduziram mais cedo que

os outros povos a cadeira e a mesa, estas de 20 e 25cm de altura. Outros objetos de

um habitante de tendas eram: o martelo para fixar as estacas, duas pedras de

moinho para moer o grão, algumas panelas de barro ou metal para preparar comida,

tigelas, amassadeiras e odres (recipientes de couro de animais para leite e vinho) e

sela de camelo. Nas casas já havia camas e cadeiras (I Rs 4.10), bem como mesas,

embora estas sempre baixas. Os candeeiros eram de barro ou metal em forma de

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pires, com uma espécie de beiço num certo ponto da borda para o descanso do

pavio, que era de algodão ou lã. O combustível comumente era o óleo de oliva

(azeite) ou de sésamo (gergelim). Com o tempo os candeeiros passaram a ser 

cobertos por uma tampa em que havia um orifício para o pavio. Talheres não se

usavam antigamente. Um pedaço de pão ou mesmo a mão eram usados para retirar 

a comida da tigela. Porém, havia garfos para uso no preparo do alimento na cozinha.

3.5.5 Alimentação

Pão, leite, mel, legumes, frutas, farinha, azeite e vinho eram a base alimentar.

 A carne geralmente aparecia somente em ocasiões festivas. Também o peixe era

comum nas proximidades dos lagos e mares. O pão era feito de farinha de trigo,

cevada, centeio ou milho. Também costumava-se comer o grão dos cereais cru -

como vinha do campo - tostado, deixado de molho, cozido em leite ou em caldo de

carne. Manteiga e queijo eram feitos de leite de cabra ou de vaca (mais raramente).

O azeite era a gordura mais usada para temperar a comida. Os legumes mais

comuns eram lentilha, cebola, alho, pepino, repolho e couve-flor. Também eram

comuns as amêndoas, o cominho, o endro e o coentro. Das frutas fazemos amenção de uva, figo, tâmaras, ameixas, pêssegos. A carne mais apreciada era a de

cabra, assada ou cozida em água ou no leite.

3.5.6 Vestuário

Este era confeccionado de algodão, seda, linho ou lã.

(1) Peças do Vestuário Masculino Túnica - Era uma camisola de algodão

ou linho, sem mangas, chegando até os joelhos. A túnica dos ricos e dos sacerdotestinha mangas compridas e largas. Manto ou capa - Era uma peça de fazenda

geralmente de lã que se usava por sobre a túnica, servindo também como cobertor;

tapete, sela etc. Era uma peça bastante adornada com franjas e bordas (Dt 2.12). O

cinto do manto - Era feito de couro ou fazenda espesso, bastante comprido para dar 

várias voltas na cintura, por dentro do qual também carregavam-se dinheiro e outras

miudezas. O sapato dos palestinos era a sandália confeccionada de couro ou pano e

presa ao pé por cordões de algodão ou fitas de couro fino. Os ornamentos

masculinos mais comuns eram o cajado, o anelsinete (que nos tempos mais remotos

usava-se pendurado ao pescoço por meio de um cordão, porém posteriormente no

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dedo) e as filacténas (tiras de couro com caixinhas, contendo alguns trechos da lei,

presas à testa e ao pulso esquerdo - Ex 13.9; Dt 6.8). 13 Na cabeça usava-se o

turbante que consistia de uma fita longa enrolando a parte superior da cabeça, ora

em forma esférica, ora em cônica, truncada, dependendo do gosto. Porém a

cobertura mais comum, era um lenço quadrado preso por uma fita ao redor da

cabeça, deixando a parte mais longa para trás a fim de proteger o pescoço.

Geralmente a fita era de cor diferente dado lenço. Parece que os calções eram

usados, por algum tempo, somente pelos sacerdotes (Ex 28.42; 39.28; Lv 6.11).

(2) Peças do Vestuário Feminino- As mulheres usavam as mesmas peças, porém

mais longas e mais ornamentadas, exceto o turbante. As mulheres usavam o véu

sobre o rosto quando apareciam em público. Quanto aos ornamentos e enfeites,

apreciavam pendentes no nariz, nos lábios e nas orelhas; anéis e pulseiras;

diademas na cabeça (Is 3.16-24). A pintura em volta dos olhos já era conhecida nos

dias de Jezabel (I Rs 9.30).

3.5.7 Dinheiro, pesos e medidas

O intercâmbio comercial palestino sofreu as constantes influências

políticas estrangeiras. O uso mais remoto de permuta de valores entre os povosorientais era feito pela simples troca de mercadorias. Depois entrou em uso a troca

de um certo peso de metais preciosos - em forma de pó, pipetas ou barras (cunhas)

- pelos objetos ou propriedades imóveis. Assim, Abraão, ao necessitar de um campo

para sepultar a sua esposa Sara, ‘pesou (...) quatrocentos ciclos de prata, moeda

corrente entre os mercadores’ (Gn 23.16). O siclo, portanto, era um padrão de peso

que variava conforme o metal que se pesava (prata, ouro ou cobre). Talento Era

outro peso, para metais preciosos, usado para valores maiores (como entre nós hojeusamos arroba, tonelada etc.). O ciclo cunhado (no valor de um e de meio ciclo)

apareceu pela primeira vez entre os hebreus por volta do ano 143 a.C., nos dias do

sacerdócio de Simão Macabeu, quando exerceu autoridade sobre a Palestina

 Antíoco VII da Síria. O lançamento das primeiras moedas de curso nas transações

comerciais deve-se aos gregos entre 700 e 650 a.C., seguindo-se os persas por 

volta do ano 500 a.C. A primeira moeda citada na Bíblia é o dárico, uma moeda

persa (Ed 2.69) com que os hebreus já estavam familiarizados. Com a introdução

de novas moedas na Palestina - de tempos em tempos - e face à exigência legal de

pagamento de impostos do Templo, de ofertas e aquisição de animais para o

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sacrifício, surgiu o ofício de cambista, pois somente a moeda judaica podia entrar no

tesouro sagrado. Como o uso e o valor das moedas variava de tempos em tempos e

de país para país, toma-se muito difícil preparar um quadro exato das moedas

orientais, seus valores nas diversas épocas e o seu valor correspondente nos dias

presentes. Entretanto, damos, a seguir; algumas moedas e valores em curso na

Palestina, principalmente nos dias do Novo Testamento.

(1) Dinheiro

a) Shekel ou siclo - Era a unidade básica de peso entre os hebreus que servia

também como padrão de valor antes da cunhagem de moedas. Seu valor-peso

correspondente em gramas dependia do metal tomado como padrão. Assim,

segundo o historiador Josefo, o shekel ou siclo de ouro tinha cerca de 1 6g e o de

prata aproximadamente 1 4g. Já o siclo babilônico era apenas de 8g. O siclo

sagrado, ou o siclo de santuário (Ex 30.13), é interpretado de várias maneiras, mas

parece não tratar-se de um siclo diferente do siclo comum - que era o de prata - mas

de peso padrão preservado no Tabernáculo.

b) Óbolo ou jeira - Era submúltiplo do siclo, ou seja, a sua vigésima parte (Nm

18.16).

c) Beca - Outro submúltiplo de siclo, era igual a 10 óbolos ou meio siclo (Ex 3 8.26).d) Arratel - 300 gramas.

e) Mané - Múltiplo de siclo, valendo 50 siclos, ou cerca de 800 gramas, era também

chamado mina.

f) Talento - 3 mil siclos, aproximadamente 50 quilogramas, ou 60 minas.

(2) Moedas Cunhadas

a) Dárico - A moeda cunhada persa mais antiga, conhecida pelos hebreus noperíodo da restauração (Ed. 2.69), valendo, segundo John D. Davis, um dólar.

b) Shekel ou siclo - A primeira moeda judaica cunhada (shekel e meio shekel de

prata e a subdi visão em quartos de cobre, chamados leptos).

c) Dracma - (moeda grega) e denário (moeda romana) - Ambas valiam um quarto de

um shekel ou siclo. Didracma, meio siclo, era a moeda do tributo (Mt 17.2 1).

d) Estáter - Moeda romana, igual a um siclo ou shekel judaico.

e) Ceitil - Moeda romana, também chamada sescum, valia uma oitava parte de um

as (Lc. 12.6; Mt 10.29). Dois ceitis equivaliam a um quadrante, e 4 quadrantes a um

as ou asse.

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(3) Pesos

Segundo Levítico 19.36, os hebreus desde os tempos mais remotos de

sua nacionalidade usavam pesos e medidas para avaliar o dinheiro e outros artigos

comerciais. Os pesos referidos na Bíblia são os seguintes: óbolo ou jeira, shekel ou

siclo, beca, arratel, mané ou mina, e talento, cujos valores já foram apreciados na

primeira parte do tópico sobre o dinheiro.

(4) Medidas

A - Medidas de Comprimento

a) Cúbito ou côvado - A unidade principal que variava entre 45 e 55cm.

b) Dedo ou dígito - Correspondendo à largura de um dedo; cerca de 2cm.

c) Mão - Cerca de quatro dedos.

d) Palmo -Aproximadamente 23cm.

e) Vara ou cana de medir- Igual a seis côvados ou cúbitos.

f) Braça - (medida grega) - Cerca de 2,20m (At 27.28).

g) Estádio - (medida grega equivalente ao comprimento da pista do estádio de

Olímpia, centro de competições atléticas) – Igual a 185m.

h) Milha - (medida romana) - Equivalente a 1.500m.i) Caminho de um Sábado - Correspondia a 1.000m aproximadamente, e

originou-se do costume observado no deserto, junto do Sinai, de não se

percorrer no sábado distância maior que a do arraial até o tabernáculo.

B- Medida de Superfície

Jeira, que, segundo Angus, “é um espaço de terra que uma junta de bois

pode lavrar num dia” Evidentemente a dimensão exata da jeira não é possível de se

estabelecer; mas os autores opinam em tomo de 2.500 m2.C - Medidas de Capacidade

Para secos:

a) Efa - Unidade padrão contendo cerca de 36 litros.

b) Alqueire, seá ou três medidas - A terça parte de uma efa; mais ou menos 12

litros. Nota: alguns autores dão apenas 8,5 litros.

c) Gomer ou omer - A décima parte de uma efa (Ex 16.36), cerca de 3,6 litros.

d) Cabo ou medida - Aproximadamente 1,5 litro.

e) Homer ou coro - 10 efas ou 360 litros.

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Para líquidos:

a) Bato - A unidade básica, igual à efa: com capacidade de 36 litros (Ez 45.1).

b) Hin - Uma sexta parte de efa: 6,6 litros.

c) Logue - Um doze avos de um hin, ou seja, cerca de meio litro.

d) Almude ou metreta - Igual ao bato: 36 litros.

e) Léteque - Cinco batos: aproximadamente 180 litros.

Nota: Algumas destas medidas variam de acordo com os autores e

investigadores que nem sempre tiveram ao seu alcance as melhores fontes. Nesta

tabela baseamo-nos em Joseph Angus e John D. Davis, considerados os melhores.

3.5.8 Calendário e festas de Israel

(1) Calendário Judaico

 Apresenta as seguintes divisões dotempo e maneiras de contá-lo;

a) Dia - Este era contado do pôr-do-sol até o pôr-do-sol do dia seguinte (Gn 1.5),

embora o termo também significasse o período da luz nas 24 horas. Quanto à

subdivisão do dia, no Antigo Testamento, nota-se que o sistema de hora eradesconhecido. Costumava-se dividir o dia simplesmente em períodos, com a

nomenclatura seguinte:

Manhã - de 6 até 10horas ou pouco mais; Calor do dia - de 10 até 14 ou 15 horas;

Fresco do dia - de 15 às 18 horas. O período da noite obedecia a uma divisão em

três vigílias: Primeira vigília: - de 18 horas até meia-noite; Segunda vigília: - de meia-

noite às 3 horas; Terceira vigília: -de 3 às 6 horas da manhã. Já no Novo

Testamento temos a seguinte subdivisão do dia: Terceira hora do dia -9 horas; Sextahora do dia - 12 horas; Nona hora do dia - 15 horas; Décima segunda hora do dia -

18 horas. Ao passo que a.noite era dividida em quatro vigílias: Primeira vigília - de

18 às 21 horas; Segunda vigília – de 2l horas a meia-noite; Terceira vigília - de meia-

noite às 3 horas, também designada pela expressão “o cantar do galo”; Quarta

vigília - de 3 às 6horas, também chamada ‘a manhã”

b) Semana – Este era de setedias chamados pelos ordinais –primeiro dia etc., ainda

queo sexto dia geralmente fosse denominado o dia da preparação, e o sétimo, pelo

seu caráter sagrado, o sábado (descanso).

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c) Meses - A observação das fases da lua determinou a divisão do ano em doze

meses ou período de 29 e 30 dias alternadamente, em cujos nomes percebe-se a

raiz cananéia, bem como a babilônica: Abib (mais antigo) ou Nisã (pós-exílico) era o

nome do primeiro mês correspondente ao fim de março ou começo de abril, Zife

(Zive) ou lar; Sivã, Tamuz, Ab, flui. Etaním ou Tishrí, Bul (Chesvan ou Marchesvani)

Kislev, Tebel, Shebat e Adar. Mas como o ano lunar retrocedia em números de dias

e assim desencontrava das estações agrícolas determinadas pelo ciclo solar; tornou-

se necessário intercalar um mês intermediário cada três anos, ou seja, o 13º mês,

denominado Ve-Adar (exatamente sete vezes em cada ciclo de 19 anos), o que

levou a se adotar o ano do ciclo solar.

d) Anos - No calendário hebreu havia o ano religioso, que começava com a Páscoa

no dia do mês de Abib ou Nisã (março ou abril) e o ano civil, cujo início era

assinalado com a Festa das Trombetas no dia 2 de Tishri ou Etanim

(correspondendo ao final de setembro ou começo de outubro). Havia, também, de

sete em sete anos um ano sabático (Ex 23.10,1) para o descanso do solo,

destinação da produção espontânea para os pobres e peregrinos e cancelamento

das dívidas, e o ano do jubileu, ou sela, cada 50 anos, quando todos os escravos

hebreus eram libertados e as terras vendidas restituídas aos primitivos donos ouseus legítimos descendentes. Parece que isto contribuiu muito para a cultura social

do povo, pois foi “O plano de Deus para evitar que a riqueza da nação fosse

acumulada nas mãos de poucos” e que os irmãos de raça ficassem perpetuamente

escravizados uns aos outros.

(2) As Festas de Israel

Os judeus celebravam sete festas religiosas anualmente, sendo que cinco eram daépoca mosaica e duas de épocas posteriores. As mais importantes delas - às quais

um judeu homem não podia faltar por exigência da lei - eram três: a da Páscoa, a de

Pentecostes e a dos Tabernáculos (Ex 23.14-19). Elas objetivavam manter viva no

coração do povo a realidade de que tudo que ele possuía ou tudo que ele era em si

vinham de Deus como dádiva. Inclusive a própria fertilidade da terra e a colheita

resultante eram provas da providência de Deus a favor de seu povo. Em resumo, as

lições que as festas pretendiam ensinar eram as seguintes: a) Tudo provém de

Deus, como proprietário que é de todas as coisas; b) A natureza produz pela

providência de Deus (uma espécie de maná); c) Este Deus a quem pertencem todas

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as coisas e que faz a terra produzir milagrosamente é o Deus dos hebreus, que os

dirige, guia e protege, com o fim de habilitá-los a desempenhar no mundo uma

missão específica e messiânica. Isto também fomentava a unidade nacional

indispensável. De modo que o zelo na celebração das festas expressava a

consonância espiritual do coração do povo com a sua conduta, ao passo que a

negligência neste sentido provava o declínio espiritual do povo e atraía sobre o

mesmo pobreza, tristeza e perturbações sociais e políticas que o faziam sofrer.

Entretanto, a celebração simples e formal das festas, sem os fundamentos

espirituais que as deviam motivar, não era aceita por Deus (Am 5.21-27). As festas

eram as seguintes:

a) Páscoa- Também chamada Festa dos Pães Asmos ou Dias dos Asmos, era

celebrada de 14 a 21 do mês de Abib ou Nisã, o primeiro do ano religioso, como um

memorial do livramento dos hebreus do jugo egípcio, destacando, especialmente, a

passagem (este é o significado da palavra “páscoa”) do anjo que feriu os

primogênitos dos egípcios, poupando, porém, os lares em cujos umbrais israelitas

havia o sangue do cordeiro sacrificado na véspera. O cordeiro devia ser assado

inteiro e comido com ervas amargas e com pães asmos (sem fermento). O sangue

aspergido nos umbrais significava a redenção ou expiação; as ervas amargas eramalusivas à amargura do cativeiro; e os pães asmos eram o símbolo da pureza com

que a festa devia ser celebrada. E como o ano começava na primavera, adicionou-

se do segundo dia em diante uma significação relativa à alegria e gratidão pela

colheita dos primeiros frutos da semeadura da cevada (o período das colheitas

dividia-se em duas partes: da cevada e o do trigo), quando o sacerdote agitava

perante o altar um molho deste cereal (Lv 23.10,1).

b) Pentecostes - Denominada também Festa das Semanas, Festa da Ceifa ou Festa

das Primícias. Celebrava-se 50 dias (ou sete semanas) após a Páscoa, no 3º mês,

Sivã, e durava um dia. Comemorava aproximação do fim da colheita do trigo (e com

ele a de todos o cereais) de que era feito o “pão de cada dia” ou seja, a alimentação

comum do povo; A oferta peculiar desta festa era composta de dois “pães movidos”

(Lv 23.17), fermentados - porque representavam as imperfeições do povo - e era

acompanhada de uma outra, composta de dois cordeiros, para expiação de

pecados. Depois do exílio babilônico adicionou-se à festa de Pentecostes também a

comemoração da adoção da lei no Sinai.

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c) Tabernáculos - Festa conhecida também como a da Colheita, Festa do Senhor ou

simplesmente “a festa” (Ex 23.3-43; Dt 16.13-15; Jo 7.34), celebrava-se no 7 º mês;

Tishri, e durava sete dias (15 a 21). De todas as festas, esta era a mais alegre

porque caía justamente numa época do ano em que todos os corações estavam

repletos de contentamento pelas colheitas guardadas nos celeiros, frutos recolhidos

e a vindima feita, o que falava eloqüentemente do favor de Deus e ao mesmo tempo

lembrava a proteção de Deus durante a peregrinação no deserto quando o povo

habitava em tendas ou cabanas, isto é, tabernáculos (habitações portáteis,

improvisadas). Diz A. Edersheim que três eram as coisas principais que distinguiam

esta festa das demais: “o caráter alegre das celebrações, a habitação em “tendas” e

os sacrifícios e ritos peculiares à semana” A habitação em tendas ou cabanas feitas

de ramos de árvores, durante os sete dias da festa; visava a recordação dos 40

anos de peregrinação no deserto sob a proteção divina. Mais tarde, na história dos

 judeus, a celebração desta festa sofreu algumas modificações de pouca monta.

d) Trombetas ou Lua Nova - Era observada no 10 e 20 dias de Tishri, 7º mês,

porque assinalavam a 7ª lua nova do ano religioso e o inicio do ano civil. Entretanto,

todo dia primeiro de cada mês caía em lua nova e era assinalado por ofertas e

celebrações solenes. A particularidade desta celebração era o toque de trombetasdos sacerdotes com que se dava o início da festa.

e) Dia da Expiação - Este era o dia l0 do 7º mês, Tishri. É observado com abstenção

dos trabalhos e com jejum. Neste dia, somente o sumo sacerdote oficiava, e o fazia

não com vestes comuns, mas especiais, como expressão de pureza. Este era o

único dia do ano em que o sumo sacerdote entrava no Santo dos Santos para

oferecer expiação por si mesmo, pelos sacerdotes e pelo povo. Era realmente o dia

mais importante de todo o calendário judaico e o mais complexo no que diz respeitoaos sacrifícios, seu preparo, seus detalhes e seu oficiante (Lv 16; 23.26-32; Hb 9 e

10).

f) Purim - Festa instituída para comemorar o livramento dos judeus que habitavam a

Pérsia nos dias da perseguição planejada por Hamã, que visava o extermínio total

da raça judaica nos domínios persas. O termo purim significa sorte, e deriva-se do

fato de Hamã ter lançado sorte para saber o dia em que seria executado o seu plano

macabro (Et 3.7), plano este que tornou-se em maldição para Hamã (Et 9.25). A

festa era celebrada nos dias 14 e 15 do 120 mês, ou seja, o mês de Adar (Et 9.21).

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4. GEOGRAFIA POLÍTICA DA PALESTINA

  Antes dos aspectos geográficos relacionadoscom as fases político-

históricas, apresentamos aqui um resumo do aspecto étnico dos hebreus, no quediz

respeito, particularmente, à sua origem.

4.1 Origem dos Hebreus

Como é do conhecimento de todo estudante da Bíblia, Deustomou um

caldeu, Abraão, no sul da Babilônia, de origem semita, para nele constituir um povo

seu que viesse beneficiar todas as demais raças com a revelação que lhe daria do

seu caráter, sua natureza e seu própito (Gn 12. 1 – 3). A data do nascimento de brão

não é possível de ser determinada com precisão, mas a época geralmente aceita é

2000 a.C..Com75 anos de idade, o patriarca deixou a sua cidade natal, Ur dos

caldudes, ambiente idólatra e politeísta, e emigrou em companhia de seupai e seu

sobrinho Ló para Canaã, detendo-se em Arã, mais tarde conhecida como Sina,

localizada no noreste da Mesopotâmia. Algum tempo depois, morendo seu pai Tera,

 Abraão deixa Arã, e com sua mulher Sara e seu sobrinho Ló, parte para Canaã ou

Palestina, a sudoeste de Arã, terra que Deus havia prometido ao patriarca e sua

descendencia por herança perpétua(Gn 11. 10 – 12.9). Não sabemos em que tempotambém Naor, irmão de Abraão, fixou-se em Arã, mas tudo faz crer que foi ali que

  Abraão mandou buscar esposa para o seu filho Isaque, Filho da Promessa,

encontrando-a na pessoa de sua sobrinha-neta, Rebeca, ou seja, neta de seu irmão

Naor. Mais tarde o neto de Abraão, Jacó, encontra na mesma parentela e no mesmo

lugar as suas duas esposas – Lia e Raquel, filhas de Labão, irmão de Rebeca.

Destas duas uniões e mais duas com as concubinas, Bilá e Zilpa, que eram servas

de suas esposas, nasceram a Jacó doze filhos, cujas famílias deramorigem às dozetribos de Israel. Depois de cereca de cem anos de peregrinação na Terra da

Promessa, Abraão morreu aos 175 anos de idades. Seu filho Isaque, seu neto Jacó

e os doze bisnetos, com as respectivas famílias habitaram na mesma terra, porém

sem possuí-la, durante mais ou menos 215 anos, quando a tribo de Jacó desceu

para o Egito, ondejá estava José, filho de Jacó, como primeiro ministro do Faraó.

Nesta altura eram 70 os descendentes de Jaco em sua tribo. A área geográfica

percorrida pelos três patriarcas durante as suas peregrinações na Palestina se

fixava entre Siquém, Betél, Hebrom e Berseba; portanto a parte central e a do sul,

próximo ao Egito. Naquela época da formação pré-tribal dos hebreus, a Palestina

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estava ocupada por vários povos, uns maiores, outros menores, sendo que o

predominante era o cananeu.

Durante a permanência dos israelitas (como são chamados os filhos de

Israel ou Jacó) no Egito – que durou 215 anos, segundo a Septuaginta (tradução

grega do Antigo Testamento) e 430 anos segundo Êxodo 12.40 – as doze tribos

desenvolvera-se num grande povo que ao tempo do Êxodo deve terchegado a cerca

de três milhões de pessoas, segundo os cálculos dos entendidos. Este povo, que

  junto do Sinai foi constituído em nação, entrou em Canaã praticamente com o

mesmo número de almas (comparar Nm 1.46 e 26.51). A área conquistada por 

Josué somada àquela que na Transjordânia já fora conquistada por Moisés, juntas,

não representavam maisque uma sexta parte da área prometida por Deus a

 Abraão,que era desde o Egito até o rio Eufrates (Gn15.18). Não foram conquistadas

a Filistia, a Fenícia, a terra do Emate (Síria) nem as partes de Edom e Moabe ao sul

e leste do Mar Morto.

4.2 A Palestina ao Tempo da Conquista e dos Juízes

Uma vez encerradas as campanhas da conquista, Josué repartiu a terra

entre as doze tribos da seguinte maneira: a tribo de Levi não teria herança, masteria48 cidades entre as demais tribos por todo o território conquistado (Js21. 41).

Porém, a parte de José, filho de Jacó, seria dividida entre os seus dois filhos, Efraim

e Manassés, perfazendo, assim, outra vez, o número de12 as heranças na terra

conquistada, dividimos a distribuição delas em dois grandes agrupamentos: tribos da

Palestina Oriental ou Transjordânia, e tribos da Palestina Ocidental ou Canaã

propriamentedita.

4.2.1Tribos da Palestina Oriental ou Transjordânia

Estas são duas e meia: Rúben, logo ao norte de Moabe e a leste do

Jordão; Gade, ao norte de Rúben e a leste do Jordão; e meia tribo de Manassés, ou

Manassés Oriental, ao norte de Gade e a leste do Jordão e do Mar da Galiléia.

4.2.2Tribos da Palestina Ocidental ou Canaã

Estas podem ser divididas em três grupos: (1) Grupo do Norte – Naftali,

 Aser e Zebulom, entre Fenícia, Mediterrâeno e Jordão, ou Galiléia;(2) Grupo do

Centro – Issacar, Manassés Ocidental (meia tribo de Manassés), Efraim, Benjamim

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Dã, ou mais tarde Samária; (3) Grupo do Sul – Judá e Simeão, posteriormente

conhecida como Judéia.

Durante o período de Juízes, esta divisão permaneceu praticamente a

mesma, porém com menos precisão devido às misturas dos elementos das tribos

pelo casamento e emigração de áreas mais desertas para as mais propícias à

agricultura e pecuária, como no caso da tribo de Simeão que se confundiu com a de

Judá.

4.3 DivisãoPolítica no Período do Reino Unido

Neste período a Palestina possuia a maior área em toda a sua história,ou

seja, aquela que fora prometida por Deus a Abraão. Foi quando devido às

conquistas de Davi e Salomão, o território do império hebreu estendeu-se desde

Filistia, Berseba e o Golfo de Ácaba (ou cidades deEzion-Geber e Elate ao sul) até a

Babilõnia a leste, abrangendo Edom, Moabe e Amon, até Hamate e Damasco, ou

Síria, ao norte (II Sm 8).

4.4 Divisão Política no Período dos Dois Reinos

Como sabemos, após a morte de Salomáo o reino hebreu cindiu-se emdois: 1) O Reino do Norte ou de Israel, com a capital inicialmente em Siquém e

depois em Samária, integrado pelas áreas ocupadas por 10 tribos, a saber: Dâ (no

extremo norte ao pé do Hermom, para onde havia emigrado do sul devido à pressão

dos filisteus e cananeus nos dias dos Juízes), Aser, Naftali, Issacar, Zebulom,

Manassés Ocidental (meia tribo), Efraim é uma parte de Benjamim a oeste do

Jordão, e Manassés Oriental (meia tribo), Gadee Rúben a leste do Jordão. Recorde-

se que a tribo de Levi não recebeu herança territorial na divisão daterra conquistadapor ser tribo sacerdotal, mas 35 de suas 48 cidades estavam localizadas na área do

Reino do Norte. Com o culto idolátra estabelecido por Jerobão – primeiro rei do

Reino do Norte – em Dã e Betel, muitos dos levitas retiraram-se para Judá. Devido à

incapacidade dos reis, às barreiras naturais – como o Vale do Jordão e montanhas

na vastidão territorial – que impediam o desenvolvimento de uma unidade política

sólida, os reinos de Damasco, Hamate, Amon e Moabe sacudiram o jugo hebreu e

um após outro recuperaram a sua independência. Assim, os limites do território de

Isarel na parte nortevoltaram ao que eram antes da época davídica. 2) O Reino do

Sul ou Reino de Judá, com a capital em Jerusalém, abrangendo o território das

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tribos de Judá, Simeão e parte de Benjamim. Como se vê, a área deste rieno era

muito menor e maispobre que a do norte. As partes anteriormente subjugadas por 

Davi, como algumas cidades dos filisteus e o reino de Edom, voltaram à sua

independência, reduzindo-se, assim, a extensão territorial da parte sul do antigo

Reino Unido.

Com a ascensão da Assíria, o Reino do Norte caiu nas mãos deste

império e o povo foi levado em cativeiro em 722 a.C.(I Cr 5.26; II Rs 17.6) para

nunca mais voltar às suas herdades.Em lugar do povo de Israel, os reis assírios

colocaram populações de outras áreas conquistadas do seu império (II Rs 17. 24-

41), especialmente em Samária e seus arredores (áreas de Efraim e Manassés) de

cuja mescla com os remanescentes judeus originou-se a raça dos samaritanos, raça

estaque evoluiu para uma seita que adotava apenas o Pentauco, com variantes

samartinadas, e cujo centro religioso era o templo construído no Monte Gerizim,

formando um sincretismo religioso sempre hostilizado pelos judeus (III Rs17.33).

4.5 A Palestina no Período de Judá Sozinho

Depois da queda do Reino do Norte, o Reino de Judá, permaenceu ainda

cerca de 135 anos em seu território bastante reduzido e como tributário da Assíriadurante a maior parte desse período. Porém, com a ascensão da Babilônia sobre a

 Assíria, veio o cativeiro de Judá pela Babilônia, ao tempo de Nabucodonozor. A

invasão ocorrem em 605 a.C., quando o rei de Judá era Joaquim. Judá foi reduzido

a um estado de vassalagem e a maioria dos habitantes – entre eles Daniel - foi

levada em cativeiro para a Babilônia. De modo que aquela data assinala o começo

dos 70 anos de cativeiro babilônico, embora a queda definitiva do reino só ocorresse

em 587 a.C., com a destruição de Jerusalém. Do capítulo 32 ao 36 de II Crônicas, oestudante pode encontrar um resumo dos acontecimentos deste período e assim

perceber as circunstâncias em que se deu o término do Estado judeu na Palestina.

4.6 A Palestina Durante o Cativeiro e a Ressureição

Durante os 70 anos de cativeiro babilônico, a Palestina como tal deixou

de existir, senão como uma província da Babilônia subdividida em setores de

influência de governos fantoches das areas da Síria, da Samária e de Judá. Os

tributos pesados impostos pela Babilônia e a insuportável influencia das populações

pagãs alienigenas a modificar os costumes judaicos e a pureza racial entre os

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remanescentes (exceto na área de Judá no quediz respeito a miscigenação das

populações) fizeram com que muitos judeus que ficaram na Palestina emigrassem

mais tarde como refugiados para o Egito, pois temos referências bíblicas e

descobertas arqueológicas que indicam este fato (Tafnes, Migdol, Nofe ou Mênfis e

Patros, referida em Jeremias 44.1 e Ilha Elefantina). O cativeiro babilônico cessou

com a supermacia da Pérsia sobre o mundo antigo. Quando o rei persa, Ciro,

subjugou o rei da Babilônia, decretou no mesmo ano uma lei pela qual foi dada

permissão aos judeus para voltarem a sua terra, Judéia, reconstruiremo seu templo

em Jerusalém em restaurarem o seu culto (II Cr 36. 22, 23). Isto aconteceu em 538

a.C., quando, então começou o longo e penoso período da restauração do Estado

 judeu na Palestina, ou mais propriamente nos limites reduzidos do antigo Reino de

Judá. O panorama geográfico da nova comunidade judaica, restaurada sob a

proteção persa e adminsitrada por governadors nomeados pela Pérsia – como o

foram Zorobabel e Neemias – era muito insignificante. O seu limite setentrional

começava na margem ocidental do Rio Jordão pouco acima de Jericó, e passando

ao norte de Betel findava em Jope, na costa do Mediterrâno. O limite do flanco oeste

partia de Jope e em direção sudeste ia até Hebrom. Ao sul o limite era uma linha

entre Hebrom e Mar Morto na direção leste. E a leste o seu limite era a costaocidental da parte noroeste do Mar Morto e a margem ocidental do Rio Jordão até

um ponto pouco ao norte de Jericó. Entretanto, o fator importante era a cidade de

Jerusalém, a antiga capital, no centro desta área. A sua reconstrução (notadamente

o Templo e os muros da cidade) requereu muito sacrifício, polarizando as futuras

esperanças pelo ressurgimento da vida nacional na Terra da promessa.

4.7 A Palestina no Período Grego

 A dominação grega secundou a persa em 331 a.C., com a marcha de

 Alexandre, o Grande, sobre Jerusalém. Porém a situação político geográfia da

Palestina não se alterou muito. Com a morte do grande conquistador macedônio, as

áreas conquistadas passaram às mãos dos seus quatro generais, dosquais dois –

Ptolomeu e Seleuco, respectivamente reis gregos do Egito e da Síria – passaram a

disputar a Palestina. Por 122 anos, isto é, de 320 a 198 a.C., a Palestina

permaneceu sob os ptolomeus do Egito. Durante este período, por força da política

helenizadora dos ptolomeus, os judeus aos poucos iam se fixando em outras áreas

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da Palestina, como Galiléia, Peréia (ou Transjordânia) etc. Na guerra entre Egito e

Síria em 198 a.C., Antioco, o Grande, que era o sexto rei selêucida da Síria,

arrebatou a Palestina ao Egito. Porém, a política helenizadora dos selêucidas foi

muito mais violenta que a dos ptolomeus, aliás, a dos ptolomeus era apenas

persuasiva, ao passo que a dos seléucidas foi de uma violência cruel. Como

resultado da tirania sacrílega dos grecos-sírios, eclodiu a revolta dos macabeus, da

família dos hasmoneus, que em 167 a.C., saiu vitoriosa da luta. Seguiu-se,então, um

período de independência sob o governo dos reis-sacerdotes macabeus até 63 a.C.,

quando o romano Pompeu tomou a cidade de Jerusalém, permitindo, porém, que os

macabeus continuassem na posse do trono até 40 a.C., quando Herodes, o Grande

(um idumeu) foi noemado, pelo senado romano, rei da Judéia. Nesta altura, a Judéia

 já não era apenas a antiga área do Reino de Judá, mas Judéia, Samária, Galiléia,

Traconites e Pereia.

4.8 A Palestina sob o Domínio dos Romanos, ou a Divisão Política do Tempo

do Novo Testamento

Como sabemos, em 63 a.C., Pompeu tomou a cidade de Jerusalém. Com

este feito, a Judéia dos macabeus passou a ser uma província romana. Porem, sóem 37ª.C., quando Herodes, o Grande, passou a governar a Judéia em nome de

Roma, é que o domínio romano como tal se fez sentir. Herodes superintendia toda a

área da Palestina dos tempos dos reis de Israel, inclusive a região de Decápolis.

Porém, no ano 4 d.C., após a morte de Herode, toda esta região foi dividida com os

seus três sucessores, dando-se o nome de tetrarquia a cada divisão territorial.

 Assim, a Herodes Arquelau que levou o título de etnarca –foi dada a tetraquia de

Samária, abrangendo as áreas de Samária, Judéiae Iduméia, Herodes Antipas, atetrarquia da Galiléia, compreendendo a Galiléiae Peréia; a Herodes Filipe, a região

de Basã, dividida em cinco distritos. Gaulanites, Batana, Auranites, Ituréia e

Traconites; e finalmente Lisânias, que não era descendente de Herodes, o Grande,

coube a tetrarquia de Abilene, localizada entre o Líbano e Ante-Líbano, região

pertencente a Palestina nos dias de Salomão. Entre 41 e 44 d.C., Herode Agripa I,

neto de Herodes, o Grande, com o advento de Calígula ao trono do império

Romano, governou sozinho sobre todo esse vasto território das quatro tetrarquias,

com sede em Cesária, onde morreu ignominiosamente (At 12). Após a morte de

  Agripa I, a região recebeu uma nova divisão política, sendo dividida em duas

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províncias: ao norte a chamada Quinta Província, quese compunha das tetrarquias

de Filipe e de Lisânias, governada por Herodes, Agripa II, e Província da Judéia

abrangendo a Judéia, Samária, Galiléia e Peréia, governada por procuradores

romanos, com sede em Cesaréia. Ambas permaneceram até o ano 70 d.C., quando

da revolta dos judeus sufocada pelos romano, sob o comando geral de Tito, que

liquidou de novo o Estado Judaico, anexando-se à Síria.

4.9 A Palestina Desde os Tempos Bíblicos Até os Nossos Dias

Depois dos anos70 da nossa era, destruido o Templo e arrasada a cidade

de Jerusalém, devastadas as cidadese as povoações de toda a área da Judéia

reduzidas a escravos fugitivos ou cadáveres, a Palestina deixou de ter qualquer 

importancia política. Só depois do ano 323 d.C., quando o imperador Constantino

abraçou o cristianismo e cessaram as perseguições aos judeus e cristãos, é que a

Palestina gozou de alguma importancia, porém, antes por tratar-se do berço do

cristianismo do quepor ser a terra dos judeus. Mas com a decadência do Império

Romano (476 d.C.),, a Palestina foi relegada a um longo esquecimento até quase o

fim da Primeira Guerra Mundial, quando os aliados invadiram e libertaram a

Palestina do Império Otomano, abrindo em seguida, com a famosa Proclamação deBalfour (1917), as portas do país à imigração judaica em ampla escala.

Desde a queda do Império Romano Ocidental até os dias atuais, a

Palestina esteve sob as mais variadas influências políticas,cujo quadro cronológico

segue abaixo:

De 476 a 634 – A Palestina é uma província longíqua e insignificante do

Império Romano Oriental com sede em Constantinopla.

De 634 a 750 – É governada pelos califas (soberanos muçulmanos) doreino de Damasco, conquistado pelos árabes.

De 750 a 960 – Torna-se parte do governo sírio dos domínios arábes

De 960 a 1095 – A Palestina é dominada pelo califado egípcio

De 1095 a 1187 – Período das Cruzadas para libertar a Terra Santa das

mãos dos muçulmanos

De 1187 a1250 – A Palestina torna-se parte do Império Muçulmano sob a

chefia de Saladino.

De 1250 a 1517 – Governam a Palestina os mamelucos egípcios (forças

militares egípcias formadas pelos escravos).

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De 1517 a 1914 – A Palestina faz parte do Império Otomano, estabelecido

pelo sultão Selim I.

De 1914 a 1918 – Após a invasão da Palestina pelos aliados, a Inglaterra,

atendendo às aspirações do movimento sionista em todo o mundo (Sociedade

  Amigos de Sião, organização judaica que desde 1869 começou a promover a

colonização da Palestina pelos judeus), emite uma declaração oficial em 2 de

novembro de 1917, pelos secretário do exterior LordeBalfour, apoiando a “criação,

na Palestina, de um lar para o povo judeu e que envidará o máximo esforço para a

conquista desse objetivo”, declaração esta que passou a ser conhecida como a

Declaração de Balfour. Já em 1918 incrementou-se consideravelmente a imigração

dos judeus para a Palestina.

De 1918 a 1948 – Por delegação da Liga das Nações, a Inglaterra

assume, em 1922, o Mandato da Palestina, cujo conteúdo responsibiliza “a Potência

Mandatária por colocaro país em condições políticas, administrativas e econômicas

que garantam a instalação do lar nacional judeu e o desenvolvimento de instituições

autônomas”. No mesmo Mandato foram delimitadas as fronteiras do país, excluindo

a Transjordânia da Palestina. O mandato terminou em 15 demaio de 1948, com a

retirada da administração britânica que o cumpriu procurando restaurar o país com acolaboração da Agência Judaica, que foi a própria organização sionista.

De 1948 a 1949 – A 29 de novembro de 1947 a Assembléia das Nações

Unidas, sob a presidência do eminente brasileiro Oswaldo Aranha, votou a resolução

que recomendava o estabelecimento, na Palestina, de um Estado judeu e de um

Estado árabe. Os árabes palestinianos, não conformados com a partilha, logo deram

início a uma série de hostilidades contra a população judaica, que resistiu

heroicamente, liquidando em poucos meses, a provacação. Em 14 de maio de 1948foi proclamado o Estado de Israel, com a estrutura de república democrática, o

primeiro governo autônomo judaico em mais de 2 mil anos. No dia seguinte,

exatmente quando termina o mandato ingles na Palestina, os Estados da Liga-Arábe

 – Jordânia, Síria, Líbano, Iraque, Egito e Arábia Saudita – invadiram o território do

Estado de Israel com o propósito de liquidá-lo.Estava deflagrada a Guerra Israelense

de Independência, queso terminou em 1949 com a assinatura de armísticos, em

separado, com Egito, Jordânia, Líbano e Síria, depois de varridas as forças

atacantes nas três frentes, resultando em uma ampliação da área do Estado além

das fronteiras propostas pelas Nações Unidas na chamada Revolução da Partilha.

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De 1949 a 1967 - Já em 1955 voltaram a registrar-se incursões, de

bandos armados egípcios no território israelense, saqueando bens, matando

centenas de judeus, provocação que resultou na invasão da Península do Sinai por 

Israel em outubro de 1956, terminando por vencer o inimigo e destruir suas bases de

penetração. As Nações Unidas, no entanto, constrangeram as forças israelenses a

se retirarem para suas fronteiras anteriores,sob promessa de levantar o bloqueio

egípcio à entrada do Golfo de Ácaba, que impedia a navegação com o porto de Eliat

no extremo sul do país, e guarnecer, com força internacional neutria, a fronteira com

o Egito para fazer cessar as incursões provocadoras. Terminou, assim, a chamada

Guerra do Sinai.De fato as promessas foram cumpridas, mas dez anos depois, a

pedido do Egito (aliado da Síria, provocadora da tensão), as forças internacionais

foram retiradas da fronteira israelense e em 5 de junho de 1967 Israel foi invadido

pelos quatros países arábes simultaneamente – Síria, Jordânia, Egito e Argélia,

arrastando consigo mais oito Estados árabes. Israel enfrentou os inimigos em três

frentes – Síria, jordaniana e egípcia – destruindo o poder beligerante dos mesmos

em cerca de 100 horas e ocupando todas as áreas ao ocidente do Jordão e quase

toda a Península do Sinai. Mediante um apelo das Nações Unidas, no sentido de

cessar fogo, a luta terminou com grandes vantagens para Israel, que, sozinho,derrotou uma aliança de 12 nações. Por proposta da União Soviética, a ONU apelou

para que as forças israelenses voltassem às posições anteriores ao início do

conflito, mas Israel respondeu que só aceitaria quaisquer discussões de condições

de paz definitiva, direta e separadamente, com seus vizinhos.

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ÁSIA MENOR

INTRODUÇÃO

Os aspectos bíblicos relacionados com a Àsia Menor são os da expansão

missionária do cristianismo no primeiro século da nossa era. Para se entender 

melhor esta expansão, torna-se necessário apreciar, preliminarmente, a extensão

dessa região, seu aspecto físico, bem como econômico e também político.

1. SITUAÇÃO E EXTENSÃO

 A Ásia Menor, ou seja, a enorme península do extremo ocidental do

continente asiático, fica entre o Mediterrâneo, ao sul; o Mar Egeu. A oeste; o Mar 

Negro, ao norte, e os Montes Taurus, que a limitam com a Síria, Mesopotâmia e

 Armênia, a leste. Toda esta vastíssima região, de cerca de 520 mil quilômetros

quadrados, foi palco das muitas atividades missionárias do apóstolo Paulo e seus

companheiros Barnabé, Timóteo, Lucas, Silas e Tito, e, segundo a tradição, do mais

 jovem dos doze que andavam com Jesus, João, quando já em avançada idade, pois

é muito provável que tenha terminado o seu ministério em Éfeso e que as sete

igrejas da Ásia (Ásia, na concepção do Apocalipse de João, abrange a província

romana com os antigos distritos da Mísia, Lídia, Frígia e Cária) tenham estado por 

algum tempo sob os seus cuidados.

2. ASPECTO FÍSICO.

É um planalto pedregoso, semeando de lagos de água doce e salgada,

rodeado de cadeias de montanhas e de costa acidentada. Os rios navegáveis são

poucos, devido à natureza lacustre da península, e quase todos eles de curso

relativamente pequeno. O maior deles é o Halis, que percorre uma vasta área do

leste da península para finalmente desaguar no Mar Negro. Ao Sul, despejando suas

águas no Mediterrâneo, temos na direção de leste para este, os seguintes: Píramos,

Saros e Cidno. Às margens deste último ficava a célebre cidade de Tarso, terra natalde Paulo, o apóstolo, e um dos três maiores centros intelectuais do mundo antigo,

sendo os outros dois, Atenas e Alexandria. A oeste, desembocando no Mar Egeu, há

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quatro rios dignos de referência: Meandro, em cuja parte superior encontra-se o

tributário Licos, nas margens do qual ficavam as cidades de Colosso e Laodicéia;

Caister, que banha já quase na sua foz a célebre cidade de Éfeso; Hermo, cujo

tributário Pactolo banha as cidades de Filadélfia e Sardes; e Cairo, em cuja margem

direita, distando 20 quilômetros do Mar Egeu, ficava a antiga Pérgamo, capital dum

antigo reino do mesmo nome e depois capital da província romana da Ásia, mais

tarde suplantada pos Éfeso.

O clima da região é de grande variedade, dadas as diferenças de altitude,

os ventos dominantes e a configuração física. Entretanto, considerando apenas de

um modo geral os fatores temperatura e umidade, o clima na região norte, nas

proximidades do Mar Negro, é frio e úmido, ao passo que nas partes sul e oeste é

seco e tropical. Na parte central-leste predominam as chuvas e a temperatura

amena.

 As estradas da Ásia Menor, desde as mais remotas épocas, obedeciam a

dois rumos fundamentais com ramificações na direção de nordeste. Os rumos

fundamentais eram: a) O de oeste-leste, partindo de Éfeso e passando por 

Laodicéia, Colosso e Apaméia, bifurcava-se para o nordeste, rumo a Anatólia e

Capadocia, e para sudeste, na direção de Antioquia da Pisídia, Icônio, listra, Derbe eTarso, penetrando na Síria, onde entroncava-se com as vias mesopotâmicas e

palestino-egipcias; e b) O de sul-norte, acompanhando a costa do Mar Egeu desde

Éfeso através de Esmirna, Pérgamo e Adramitio, indo uma das ramificações para os

portos de Troas e Tróia, embarcadouros para Macedônia e Grécia, e outra para as

regiões da Bitínia e Ponto, na costa do Mar Negro. Inúmeras outras ramificações

ligavam esses dois rumos fundamentais, como aqueles seguidos por Paulo na sua

segunda viagem missionária quando de Listra dirigiu-se para a Bitínia, porém foilevado, por direção divina, rumo oeste, para Trôade.

3. ASPECTO ECONÔMICO

 A região é rica em minérios, como carvão, ferro, zinco, cobre, níquel e

prata, sendo que esta, cobiçada pelos antigos assírios, provocou até guerras. A

pecuária é muito desenvolvida, desde a antiguidade, na parte central da península,

principalmente a criação de ovelhas e cabras. A agricultura vem em terceiro lugar,

devido à natureza do terreno que é extremamente pedregoso.

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4. ASPECTO POLÍTICO

 Até onde a História permite estudar o aspecto político da Ásia Menor,

verifica-se que lá pelo séclo 20 a.C., grupos de tribos indo-européias penetraram na

região central ou Anatólia, algumas das quais eram conhecidas pelo nome de Hati.

 As chamadas Tabuinhas Capadócias, descobertas em Kanish, referem-se a 10

pequenos principados existentes naquela região pelos idos de 1900 a.C. Cerca de

200 anos depois já havia um forte reino hitita na Ásia Menor que estendeu o seu

domínio até a Mesopotâmia e que perdurou influente e dominante sob a forma de

Império Hitita, com sua capital Carquêmis, até o século 8 a.C., quando os assírios o

derrotaram. Durante o domínio assírio, e depois babilônico e persa, pouco ou nada

se sabe da longíqua península. Já ao tempo das conquistas dos gregos, que

etnicamente constituíram – desde longa data – o elemento principal da população

ocidental da península, a região (de origem jafética) foi dividida em várias províncias

para melhor administração, divisão esta que posteriormente foi modificada em

algumas áreas pelos romanos. De modo que ao tempo do apóstolo Paulo, ou da

expansão do cristianismo da Palestina para o Ocidente, os romanos já haviam feito

os seus reajustes políticos na administração da vasta região, reunindo várias das

antigas províncias gregas e dando novos nomes a outras,. Assim, por exemplo,Cária, Lídia, Mísia e partes da Frígia, como Pisídia e Licaônia,foram anexadas à

Galácia. Nesta altura é proveitoso recordar a divisão das províncias romanas da

 Ásia Menor ao tempo de Paulo, feita na parte I deste livro: 1) Províncias do Litoral do

Mediterrâneo – Lícia, Panfília, Cilícia. 2) Províncias do Litoral do Mar Egetu – Mísia,

Lídia, Cárdia. 2) Províncias do Litoral do Mar Negro – Ponto,Patagônia, Bitínia. 4)

Províncias do Interior –Galácia, Capadócia, Licaônia, Pisídia, Frígia.

5. EXPANSÃO DO CRISTIANISMO PARA O OCIDENTE

Este estudo deve ser precedido de um rápido preâmbulo de atividades

apostólicas na direção do ocidente de Jerusalém, antes da passagem dos

missionários da equipe de Paulo para a Ásia Menor.

Depois da ascensão de Cristo, o primeiro impulso evangelístico para fora

de Jerusalém na direção dos gentios foi a viagem de Filipe – um dos sete diáconos

da Igreja em Jerusalém, de origem grega – para a Samária, onde obteveum notavel

exito. Assim os samaritanos serviramde ponte entre os judeus e os gentios para a

evangelização do mundo, pois admitindo-se crentes dessa raça mistana igreja cristã,

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a prota estava aberta para a admissão dos gentios também. Da Samária, Filipe foi

conduzido pelo Espírito Santo a um ponto de uma estrada que ia de Jerusalém para

Gaza, a sudoeste daquela, perto do Mediterrâneo. Foi ali queele encontrou o ilustre

Ministro da Fazenda da Rainha Candace, dos etíopes. Convertido, o etíope élog

batizado e leva o evangelho para a sua terra no continente africano. Dali, via Azoto,

Filipe viaja para Cesaréia, onde fixa residência e evangeliza juntamente com suas

filhas (At 21 8,9).

Também o Apóstolo Pedro fez uma viagem curta, mas importante, porque

assinalou a queda do muro de separação entre judeus e gentios. Segundo Atos9.32,

notamos que o apóstolo tocou em muitos lugares para finalmente chegar a Lida,

situada poucos quilômetros a sudeste de Jope, ondecurouo paralítico Enéias e levou

à conversão “todos que habitavam” aquela cidade e a vizinha localidade de Sarona

(At 9.35). De Lida, a chamado de uma comissão enviada de Jope a propósito do

falecimento da jovem Tabita ou Dorcas,Pedro vai a Jope, consola osquechoram a

perda sentida e ressucita a jovem; e também ali muitos creram no Senhor” (At 9.42).

Em Jope Pedro hospeda-se em casadeum crente por nome Simão, junto à praia, e

numa hora de oração no terraço tem uma visão que o autoriza a ir a Cesaréia, à

casa de Cornélio, um gentio, pois era o oficial do exército romano de ocupação daPalestina e ali pregar o evangelho. Pedro obedece e pela graça deDeus opera

maravilhas naquela cidade, resultando o seu trabalho em vários batismos, que foram

os primeiros entre os gentios (fora o eunuco etíope batizado por Filipe, o diácono,

em Atos 10). E assim estava o caminho aberto para a evangelização dos gentios (At

11. 1-18). Em seguida surge um outro movimento missionário por meio de uma

perseguição. Este, além de judeus, também atinge os gregos em Antioquia da Síria.

De Jerusalém, a igreja envia para lá o seu representante Barnabé, que conclui pelaautenticidade evangélica do movimento (At 11. 19-24).O piedoso servo do Senhor 

lembra-se então de Saulo, que estava em Tarso. Este, depois da conversão,havia-

se retirado para algum lugar da Arábia, visitando novamente Damasco e Jerusalém,

para finalmente refugiar-se em Tarso, sua cidade natal, pois havia sido prevenido

sobre um plano para Antioquia da Síria (At 11.25), Barnabé prestou o maior serviço

à causa das missões. A mão de Deus esteve com os seus dois servos de tal

maneira que dentro de apenas um ano já havia em Antioquia uma notável igreja,

predominantemente gentílica, com uma competente equipe de obreiros, de onde

partiu o movimento de missões estrangeiras. Desse movimento resultou o célebre

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apelido que passou a ser o qualificativo supremamente honroso dos crentes de todo

o mundo – é que os seguidores de Cristo daí para diante passaram a ser chamados

cristãos (At 9.23 e 13. 1 -3).

5.1 Primeira Viagem Missionária de Paulo

Consolidado o trabalho evangélico em Antioquia, a igreja local, orientada

pelo Espírito Santo, comissiona a Barnabé e Saulo para a pregação das boas-novas

ao mundo gentílico. Acompanha-os o jovem João Marcos, de Jerusalém. A

descrição detalhada desta viagem está narrada por Lucas em Atos 13.4 a14.27.

De Antioquia, descendo a serra da costa, os missionários chegaram ao

porto marítimo de:

Selêucia, na foz do Rio Orontes, a 25 quilômetros de Antioquia, de onde

tomaram um navio para a ilha de Chipre, a 85 quilômetros a oeste da costa da Síria,

e famosa pelas suas antigas minas de cobre, desembarcando em:

Salamina, porto oriental da ilha, ondehavia várias sinagogas dos judeus

nas quais os missionários pregaram o evangelho de Cristo. Dali, tomando o rumo

leste-oeste no sentido lingitudinal da ilha, foram apregando por todas as povoações

até chegar a:

Pafos, a capital dailha e sede do governo proconsular romano, distante

cerca de 160 quilômetros de Salamina. Ali os missionários enfrentaram um feiticeiro

de nome Bar-Jesus ou Elimas, o qual estava tentando desviar do caminho da

salvação o procônsul Sérgio Paulo, evangelizado por eles. Porém Paulo (este é o

nome pelo qual Saulo é conhecido daí por diante) repreendeu o feiticeiro ferindo-o

com cegueira por alguns dias. Diante deste fato, o procônsul rendeu-seaoevangelho. Daí os mensageiros das boas – novas navegam para o norte, na direção

do continente da Ásia Menor, aportando em:

Perge, capital da província romana da Panfília, devota da deusa Artemis

(a mesma que em Éfeso era conhecida como Diana). Para penetrar no continente,

era necessário atravessar a perigosa cordilheira dos Montes Taurus que se

levantam logo atrás da cidade, infestados de salteradores, mas adiante dos quais

habitavam populações necessitadas do evangelho da graça. Não consta que na ida

tivessem os missionários pregado o evangelho nesta cidade, porém sabemos que o

fizeram na volta. Parece que na ida foram pertubados pela atitude de João Marcos

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que, não querendo prosseguir, voltou a Jerusalém, razão por que no início da

segunda viagem missionária de Paulo este de forma alguma quis levar junto a João

Marcos, não obstante a insistência de Barnabé. Esta atitude de Paulo redundou em

separação entre ele e Barnabé na obra missionária (At 15. 35-39). De Perge os dois

missionários partiram para:

Antioquia da Psídia, centro comercial e político daquela província. Paulo

pregou por dois sábados, na sinagoga local, interessando judeus e gregos. No

segundo sábado, porém, impressionados pela enorme aceitação que a palavra dos

missionários tivera entre os gentios, os judeus, incitando mulheres e autoridades,

moveram uma tremenda perseguição contra os pregadores, a ponto de os

expulsarem da cidade. Porém, ali ficou uma igreja de Cristo. Dali os valorosos

pregoeiros da verdade partiram para:

Icônio, quase 100 quilômetros a leste de Antioquia, na estrada de Éfeso

para Tarso e partes do Oriente. Depois de algum tempo de permanência e intensa

atividade evangelística, também dali foram expulsos os missionários. Então foram

para:

Listra, colônia romana a 35 quilômetros a leste de Icônio. Depois de uma

cura milagrosa do coxo, os homens de Listra quiseram tributar culto aos pregadores,e só a muito custo foi que Paulo conseguiu disuadi-los de tal intento. Porém, logo

depois, um grupo de judeus de Antioquia da Pisídia e de Icônio chegaram a Listra e

incitaram o povo contra os missionários, sendo estes apedrejados e Paulo arrastado

para fora da cidade como morto. Mas os discípulos cuidaram de Paulo e o

despediram, juntamente com Barnabé, para:

Derbe, distante dali 32 quilômetros. Ali tiveram muita liberdade de pregar 

o evangelho, sendo esta cidade o ponto final desta primeira viagem missionário dePaulo. De Derbe poderiam voltar para Tarso e Antioquia da Síria com muito mais

facilidade, porém Paulo,cheio de entusiasmo pela obra do evangelho, preferiu voltar 

pelo mesmo caminho por onde haviam passado na ida, talvez estabelecendo mais

outras igrejas das quais não temos notícias, como em Perge, Atália etc, e

confirmando os irmãos nos lugares onde havia deixado igrejas estabelecidas,

inclusive elegendo anciãos para as mesmas. De Perge, na Panfília, dirigiram-se para

o porto de:

Atália, de onde embarcaram para Antioquia da Síria, ponto inicial de sua

viagem. A igreja os recebeu com alegria e ouviu o relatório cheio de inspiração e

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gozo no Senhor pela operação patente do Espírito Santo na proclamação do

evangelho aos gentios. Esta viagem ocorreu, segundo a melhor cronologia, entre os

anos 46 e 48 d.C.

5.2 Segunda Viagem Missionária de Paulo

 A narrativa desta viagem encontra-se em Atos 15.36 a18.22 Depois de

aproximadamente três anos de intervalo, durante os quais dois valorosos obreiros

ficaram em Antioquia pregando e ensinando, com muitos outros, a palavra do

Senhor, Paulo teve a inspiração do alto para fazer uma segunda viagem missionária

pela Ásia, confirmando o trabalho realizado na primeira incursão envagelística

naquela área. Certamente ele nem por sonho teria imaginando o alcance desta

viagem no quediz respeito à penetração.

 As etapas desta viagem podem ser divididas em três itinerários:

1) O da Ásia na ida; 2) O da Europa; 3) O da Asia na volta.

5.2.1 O Itinerário da Ásia na Ida

 Ao preparar a segunda viagem, Paulo não concordou com Barnabé em

levar denovo com eles João Mardos, pois este os havia deixado no meio da viagempela sua inconstância.Isto trouxe uma contenda entre os dois obreiros, resultando a

separação em duas equipes – uma composta de Barnabé e João Marcos, que se

dirigiu para Chipre, e outra de Paulo e Silas, jovem da igreja de Jerusalém, que

estava em Antioquia.

De Antioquia, Paulo e Silas tomaram rumo ao norte, viajando por terra

para:

Síria, isto é, vistiando os grupos de crentes formados na região norte daSíria, de onde passaram para:

Cilícia, cuja capital era Tarso. Lucas não menciona os nomes das

localidades desta província atingidas pelos missionários. Entretanto, fácil é perceber 

que por lá já havia igrejas estabelecidas anteriormente. E por certo o foram pelo

próprio apóstolo durante a sua permanência em Tarso,antes da partida para

 Antioquia a convite de Barnabé. Atravessando os Montes Taurus, chegaram a:

Derbe e Listra, que foram os pontos finais da primeira viagem. Em Listra

Paulo encontrou o jovem Timóteo, que lhe pareceu apto para o trabalho missionário

e o convidou para integrar a sua equipe. Partindo dali, depois de confirmar na fé os

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irmãos, foram passando pelas regiões da Frígiae da Galácia, talvez pretendendo

visitar as igrejas de Icônio, Antioquia da Pisídia e outras,entretanto foram impedidos

de alguma forma pelo Espírito Santo que os encaminhou para a Mísia. Dali julgaram

conveniente ir e anunciar o evangelho no extremo norte, isto é, na província de

Bitínia. Mas novamente o Espírito do Senhor lhes impediu o intento e eles desceram

para a cidade marítima da Mísia, chamada:

Troas, na costa do Egeu. Foi ali que Paulo teve uma visão de um homem

da Macedônia (parte da Europa que fica defronte da Misia), pedindo que passasse

àquela região e ali anunciasse o evangelho. Assim os missionários chegaram a

conhecer a vontade de Deus e partiram para a Europa, penetrando no mundo

ocidental com a mensagem gloriosa de salvação dos pecadores. Nesta altura nota-

sequeo autor do livro de Atos – Lucas passa ao uso do pronome pessoal na primeira

pessoa do plural, “nós” o que leva a crer que foi em Troas que ele juntou-se aos três

missionários para ajudá-los na obra.

5.5.2 O Itinérário da Europa

De Troas (na Ásia) navegaram para;

Samotrácia, que é uma ilha a 33 quilômetros da costa. Ali nãodemoraram, certamente pela pressa do navio, prosseguindo para;

Neápolis, cidade marítima do continente europeu, porto que serivia à

importante cidade de Filipos, colônia romana. Também em Neapólis os missionários

não demoraram, mas dirigiram-se imediatamente para:

Filipos, ponto inicial de Paulo na evangelização da Europa, onde os

missionários obtiveram magníficos resultados de sua pregação manifestos na

convesão de uma distinta senhora, chamada Lídia, da jovem adivinhadora e docarcereiro e toda a sua casa. Foi neste lugar que pregadores das boas novas

sofreram também as primeiras perseguições na Europa por parte das autoridades

instigadas pelos prejudicados com a conversão da adivinhadora, sendo dois deles -

Paulo e Silas encarcerados. Mas na providência de Deus até aquela prisão teve

resultados favoráveis ao evangelho, pois o carcereiro veio a converter-se com toda a

sua família. Deixando assim o princípio de um trabalho que sabemos foi o mais

querido do grande apóstolo, foram para:

Tessalônica, tendo passado por Anfilópolis e Apolônia, lugares em que

não se detiveram por motivos desconhecidos. Tessalônica era uma cidade histórica,

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grande centro comercial e militar, portanto,ponto estratégico para a difusão do

evangelo. Paulo estabeleceu ali uma igreja composta de judeus e gentios. Porém,

premidos pela oposição dos judeus fanáticos, os missionários Paulo e Silas (parece

que Lucas e Timóteo haviam ficado em Filipos para continuar o trabalho) seguiram,

de noite, para:

Bereia, a 80 quilômetros da Tessalônica, onde o evangelho foi muito bem

aceito. Entretanto, os judeus fanáticos de Tessalônica foram a Beréia e alvoroçaram

o povo contra os misteriosos a ponto de Paulo ter necessidade de retirar-se por mar 

para Atenas, deixando os companheiros para trás, chegando a:

Atenas, a importância capital da cultura grega. Depois de uma rápida

vista pela cidade, o apóstolo percebeu a idolatria dominante. Falando no areópago

(lugar de discussões publicas e de sentenciar as causas), fez uma extraordinária

defesa do cristianismo perante os filósofos gregos. Porém o orgulho e a corrupção

dos atenienses não permitiram que estes aceitassem a mensagem só apostolo. Dali

o missionário dirigiu-se para:

Corinto, metrópole comercial e política da Grécia naquele tempo, situada

a 70 quilômetros de Atenas. Nesta cidade, que foi o ponto final da sua segunda

viagem missionária na direção do Ocidente, Paulo permaneceu 18 meses. Tambémfoi ali que o apostolo conheceu o consagrado casal Priscila e Áquila, com os quais

iniciou o trabalho em Corinto e depois também em Éfeso, tendo sofrido tremendas

perseguições.

5.2.3. Itinerário da Ásia na Volta

De volta para Antioquia da Síria, Paulo embarcou no porto de Cencréia, a

13 quilômetros a leste de Corinto, onde também já havia uma igreja, certamenteestabelecida durante a estada do apóstolo em Corinto. Dali navegou em direção

leste, atravessando o Mar Egeu, em companhia de Priscila e Áquila, para:

Éfeso, capital da Ásia proconsular, junto à foz do Rio Caister, famosa

pelo seu teatro, seu hipódromo e seu templo colossal consagrado à deusa Diana (ou

 Ártemis). Nesta cidade o casal de auxiliares do apóstolo que o acompanhou desde

Corinto, ao qual mais tarde juntou-se o jovem Apolo, grupo que atuou eficientemente

para preparar o terreno para o trabalho de Paulo que brevemente voltaria para lá. De

Éfeso Paulo navegou diretamente para:

Casaréia, na Palestina, de onde subiu para:

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Jerusalém, saudando os irmãos da igreja e relatando-lhes as maravilhas

que o Senhor havia operado durante os quase três anos (51 a 53) gastos na

sugunda viagem. De Jerusalém dirigiu-se para:

Antioquia da Síria, seu ponto de partida para todas as viagens.

5.3 Terceira Viagem Missionária de Paulo

Depois de breve período de descanso, Paulo empreendeu uma terceira

viagem missionária, descrita em Atos 18.23 a 21.8. Partindo de:

Antioquia novamente, Paulo dirige-se através das províncias de Cilícia,

Galácia e Frigia, confirmando na fé todos os discípulos convertidos nos lugares

anteriormente visitados, para:

Éfeso, que é o ponto principal de suas atenções nesta viagem. Para

evangelizar este centro da província e suas adjacências, durante os seus dois anos

de atividade nesta cidade, deve ter dado origem às chamadas “sete igrejas da Ásia”

referidas no Apocalipse (At. 19.10). Excepcionalmente notável foi a atuação do

apóstolo em Éfeso frente às perseguições e alvoroços de seu trabalho trouxe no

seio daquela população. A crendice devotada a deusa Diana sofreu sérios abalos. A

feitiçaria perdeu seu prestigio pela queima publica de livros dos muitos convertidosem Éfeso. Finalmente teve que despedir-se dos discípulos, aparentemente sob

pressão de novas e mais violentas ameaças de perseguição, dirigindo-se para:

Troas, onde esperou o seu novo companheiro de trabalho Tito, que lhe

trouxe noticias de Corinto, passando dali para Macedônia, provavelmente visitando

os lugares em que na viagem anterior havia estabelecido igrejas. Dali desceu para:

Corinto, onde pôs em ordem as irregularidades ocorridas na igreja de

onde escreveu as duas importantes Epístolas aos Gálatas e Romanos. Três mesesdepois de sua chegada, já os judeus novamente preparava-lhes ciladas para o

eliminar do cenário. E a fim de despistar os seus algozes, voltou pela costa do Mar 

Egeu, subindo até Filipos e dali talves tenha ido a Ilírico, província situada na costa

do Mar Adriático da Macedônia. De Filipos regressou a Troas na Ásia, depois

passando a Assôs, dirigiu-se para Mitilene, capital da Ilha de Lesbos; depois de

Quios, ilha montanhosa do Egeu, e mais adiante para Samos, também Ilha do

mesmo mar, tomando o rumo de Trojilo, promontório da costa da Ásia, indo depois

para Mileto, de onde o apóstolo manda chamar os anciãos de Éfeso dos quais se

despede para sempre. Continuando, passou por Cós, ilha de Rodes, Pátara, de

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onde navegou diretamente para Tiro, na costa da Fenícia, confortando irmãos de

uma igreja cuja origem não nos é conhecida. Prosseguindo, foi para Ptolemaida (ou

 Acra), visitando outro grupo de irmãos, e depois para o porto de Cesaréia, visitando

o evangelista Filipe com as suas filhas, para chegar a Jerusalém, por ocasião da

festa de Pentecostes, onde o amor dos irmãos o envolveu, mas o ódio dos judeus o

descobriu para tirar-lhe a vida.

5.4. Viagem de Paulo a Roma

 Ao concluir a sua terceira viagem missionária, Paulo chegou a Jerusalém

por ocasião da festa de Pentecostes. O ódio dos judeus havia crescido diante do

sucesso do evangelho pregado por Paulo. Reconhecida a sua presença em

Jerusalém e particularmente no Templo, num acesso de cólera os seu inimigos

tentaram liquidá-lo. Não fosse a pronta intervenção dos soldados romanos, por 

certo, naquela ocasião, Paulo teria perecido. Ao perceber a impossibilidade de

conseguir garantias na província, porque a tendência das autoridades romanas era

não julga-lo por tratar-se de uma questão religiosa, o apóstolo apelou para César, e

por isto foi enviado a Roma na condição de prisioneiro.

De Jerusalém foi que começou a sua ultima viagem para o Ocidente.Diante do perigo de ser arrebatado pela turba enfurecida de judeus fanáticos, o

oficial da Torre de Antônia (fortaleza junto do Templo) tomou a providência de

conduzir o apóstolo de noite, sob forte guarda, até:

Antípatres. Dali foi remetido para:

Cesaréia, onde permaneceu preso por dois anos, ao fim dos quais partiu

para Roma, tendo tido a oportunidade de pregar o evangelho às autoridades

romanas: Félix, Festo e Agripa. Na viagem Paulo foi acompanhado de seus amigosLucas e Aristarco (de Tessalônica). De Cesaréia navegaram para:

Sidom, onde lhes foi permitido visitar os amigos crentes, partindo dali

para:

Mirra, porto da província de Lícia, na Ásia Menor. Neste porto fizeram a

baldeação para outro navio que, levando pelos ventos, foi até:

Bons Portos, na Ilha de Creta, onde esperaram melhorar o tempo.

Navegando dali, foram acompanhados por uma tremenda tempestade que durante

14 dias os manteve entre a vida e a morte, naufragando nas proximidades da:

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Ilha de Malta, ou Melita, que se acha ao sul da Silícia, a grande ilha

italiana. Depois de passarem alguns dias naquela ilha, tendo Paulo curado o pai do

homem principal da localidade, Públio, e se abastecido dos viveres necessários à

viagem, embarcaram num navio alexandrino rumo a:

Siracusa, na costa oriental da Sicília. Dali seguiram para:

Régio, já na península itálica, de lá navegando para:

Potéoli, ponto final da viagem marítima, onde acharam alguns crentes

que solicitaram a sua permanência, ficando ali sete dias. As duas ultimas etapas,

antes de chegar a Roma, foram:

Praça de Ápio e Três Vendas, a setenta quilômetros de Roma, onde

vários irmãos vieram da capital do império para receber o apostolo e seus

companheiros, tendo sabido de sua chegada a Potéli. Este gesto dos irmãos deu

mais animo a Paulo, prevendo ele agora a vitória do evangelho também em Roma,

apesar de suas cadeias. Finalmente chega Paulo a:

Roma, capital política e cultural do império. Ali o apóstolo ficou preso

durante dois anos, morando em casa particular alugada perto do quartel pretoriano.

Embora acorrentado a um soldado, a sua prisão foi bastante suave. Dali Paulo

escreveu as seguintes epístolas: Efésios, Filipenses, Colossenses e Filemom.Depois de longa espera, Paulo foi absolvido e posto em liberdade.

5.5. Viagem de Paulo Entre a sua Primeira e Segunda Prisão em Roma

Há evidencias claras, pelo que encontramos nas chamadas “Epistolas

Pastorais” de que ele foi absolvido e que reassumiu o seu antigo trabalho de visitar 

igrejas já estabelecidas e organizar outras novas, tendo sido preso novamente

pouco depois.Este período entre a sua primeira prisão em Roma e a segunda écoberto de incertezas quanto às suas atividades e lugares onde elas foram

exercidas. De modo que o itinerário que segue é apenas uma conjectura.

Colossos teria sido o seu novo campo de trabalho, após a libertação da

sua primeira prisão em Roma, segundo se concluir de Filipenses 1.22. Era uma

cidade da Frígia, Ásia Menor, às margens do rio Lico, na rotaterrestre entre o

Ocidente e o Oriente. Ali havia uma igreja que teria sido fundada pelo trabalho de

Epafras e arquipo.

Filipos teria sido outro lugar visitado por Paulo nesse período (Fp 2.24)

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Nicópolis, segundo Tito 3.12, teria sido mais outro lugar visitado pelo

apóstolo, situado na região grega de Epiro, no litoral do Mar Adriático.

Mileto e Greta, lugares escandalosos na viagem de Jerusalém para

Roma. Em Creta aparentemente desejava desenvolver trabalhos amplos para

adiantamento da obra do evangelho, mas teve que deixar os planos nas mãos de

Tito. É o que se depreende de Tito 1.5 e II Timóteo 4.20.

Troas. Pelo que se lê em II Timóteo 4.13, parece que Paulo teve que

deixar apressadamente este lugar, pois pede ao seu jovem companheiro que traga a

Roma, onde está preso, a sua capa e os pergaminhos deixados ali.

Éfeso. A suposição é que Paulo tenha sido preso em Troas e levado para

Éfeso para o interrogatório prévio, antes de ser remetido a Roma.

O ministério de Paulo estava já no fim. Nero estava no trono do império,

naqueles dias, e no frenesi de sua loucura incendiou a cidade de Roma, atribuindo a

culpa aos cristãos, o que provocou a terrível perseguição neroniana. Certamente o

bravo soldado de Cristo pareceu na onda desta perseguição.

E assim terminamos o nosso breve estudo de Geografia Bíblica.