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GEOGRAFIA

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Didatismo e Conhecimento 1

GEOGRAFIA

1. NATUREZA, MEIO AMBIENTE E REPRESENTAÇÕES DO ESPAÇO

● Dinâmicas da natureza: dinâmicas do relevo, do clima, do solo, da hidrografia e dos

componentes biológicos (flora e fauna);● Relação sociedade-natureza: o processo de

desenvolvimento e a transformação da natureza; o aproveitamento econômico e a gestão dos

recursos naturais; poluição dos componentes ambientais; as estratégias para o uso e

conservação do meio ambiente; os processos de recuperação das áreas degradadas urbanas e

rurais; as grandes temáticas ambientais atuais; recursos naturais e energia; os grandes

ecossistemas mundiais e brasileiros;● Representações do espaço: a linguagem

cartográfica; orientação e localização; escalas cartográficas; projeções cartográficas;

sistema de posicionamento global (GPS) e coordenadas geográficas; fundamentos do

geoprocessamento; fusos horários; a utilização dos mapas para o conhecimento, o

planejamento e a gestão do território.

RELEVO BRASILEIRO

A formação do relevo brasileiro decorre da ação de diversos elementos, como a estrutura geológica do território, os agentes internos, o tectonismo e o vulcanismo, e os agentes externos: as águas correntes e o intemperismo.

Entre as principais características do nosso relevo, destaca-se o predomínio das formações sedimentares recentes, que ocupam 64% da superfície. Tais formações se sobrepõem aos terrenos pré-cambrianos, mais antigos, que formam o embasamento de nosso relevo, de origem cristalina, e que afloram em 36% do território. Como reflexo dessa estrutura geológica, de base sedimentar, a alti-metria de do relevo brasileiro vai caracterizar-se pelo predomínio das baixas e médias altitudes.

O relevo brasileiro, em sua formação, não sofreu a ação dos movimentos orogenéticos recentes, responsáveis pelo surgimento dos chamados dobramentos modernos e, por isso, caracteriza-se pela presença de três grandes formas: os planaltos as depressões e as planícies. Os planaltos e as depressões representam as formas predominantes, ocupando cerca de 95% do território, e têm origem e tanto cristalina quanto sedimentar. Em alguns pontos do territó-rio, especialmente nas bordas dos planaltos, o relevo apresenta-se muito acidentado, como a ocorrência de serras e escarpas. As planícies representam os 5% restantes do território brasileiro e são exclusivamente de origem sedimentar.

Classificação do relevo brasileiro

Existem várias classificações do nosso relevo, porém algumas delas se tornaram mais conhecidas e tiveram grande importância em momentos diferentes da nossa história.

A mais antiga delas é a que foi elaborada pelo professor Arol-do de Azevedo, na década de 40, que utilizava como critério para a definição das formas o nível altimétrico. Assim, a superfícies aplainadas que superassem a marca dos 200 m de altitude seriam classificadas como planaltos, e as superfícies aplainadas que apre-sentassem altitudes inferiores a 200 m seriam classificadas como planícies. Com base nisso, o Brasil dividia-se em oito unidades de relevo, sendo 4 planaltos, que ocupavam 59% do território e 4 planícies, que ocupavam os 41% restante.

No final da década de 50, o professor Aziz Nacib Ab’Saber apresentou uma nova classificação, com maior rigor científico, que utilizava como critério para a definição das formas o tipo de alte-ração dominante na superfície, ou seja, o processo de erosão e se-dimentação. Planalto corresponderia a superfície aplainada, onde o processo erosivo estaria predominando sobre o sedimentar, en-quanto a planície (ou terras baixas) se caracterizaria pelo inverso, ou seja, o processo sedimentar estaria se sobrepondo ao processo erosivo. Por essa divisão, o relevo brasileiro se compunha de 10 unidades, sendo 7 planaltos, que ocupavam 75% do território, e três planícies, que ocupavam os 25 restantes.

A localização de 92% do território brasileiro na zona intertro-pical e as baixas altitudes do relevo explicam a predominância de climas quentes, com médias de temperatura superiores a 20º C. Os tipos de clima presentes no Brasil são: equatorial, tropical, tropical de altitude, tropical atlântico, semiárido e subtropical.

O clima equatorial domina a região amazônica e se caracteriza por temperaturas médias entre 24º C e 26º C e amplitude térmica anual (diferença entre a máxima e a mínima registrada durante um ano) de até 3º C. As chuvas são abundantes (mais de 2.500 mm/ano) e regulares, causadas pela ação da massa equatorial continen-tal. No inverno, a região pode receber frentes frias originárias da massa polar atlântica. Elas são as responsáveis pelo fenômeno da friagem, a queda brusca na temperatura, que pode chegar a 10º C.

Extensas áreas do planalto central e das regiões Nordeste e Sudeste são dominadas pelo clima tropical. Nelas, o verão é quente e úmido e o inverno, frio e seco. As temperaturas médias excedem os 20º C, com amplitude térmica anual de até 7º C. As chuvas va-riam de 1.000 a 1.500 mm/ano.

O tropical de altitude predomina nas partes altas do Planalto Atlântico do Sudeste, estendendo-se pelo norte do Paraná e sul do Mato Grosso do Sul. Apresenta temperaturas médias entre 18º C e 22º C e amplitude térmica anual entre 7º C e 9º C. O compor-tamento pluviométrico é igual ao do clima tropical. As chuvas de verão são mais intensas devido à ação da massa tropical atlântica. No inverno, as frentes frias originárias da massa polar atlântica podem provocar geadas.

A faixa litorânea que vai do Rio Grande do Norte ao Paraná sofre atuação do clima tropical atlântico. As temperaturas variam entre 18º C e 26º C, com amplitudes térmicas crescentes conforme se avança para o sul. Chove cerca de 1.500 mm/ano. No litoral do Nordeste, as chuvas intensificam-se no outono e no inverno. Mais ao sul, são mais fortes no verão.

O clima semiárido predomina nas depressões entre planaltos do sertão nordestino e no trecho baiano do vale do Rio São Fran-cisco. Suas características são temperaturas médias elevadas, em torno de 27º C, e amplitude térmica em torno de 5º C. As chuvas, além de irregulares, não excedem os 800 mm/ano, o que leva às “secas do Nordeste”, os longos períodos de estiagem.

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Didatismo e Conhecimento 2

GEOGRAFIAO clima subtropical predomina ao sul do Trópico de Capricór-

nio, compreendendo parte de São Paulo, Paraná e Mato Grosso do Sul e os Estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Caracte-riza-se por temperaturas médias inferiores a 18º C, com amplitude térmica entre 9º C e 13º C. Nas áreas mais elevadas, o verão é sua-ve e o inverno frio, com nevascas ocasionais. Chove entre 1.500 mm e 2.000 mm.

A mais recente classificação do relevo brasileiro é a proposta pelo professor Jurandyr Ross, divulgada em 1995. Fundamentando suas pesquisas nos dados obtidos a partir de um detalhado levan-tamento da superfície do território brasileiro, realizado através de sistema de radares do projeto Radambrasil, do Ministério de Minas e Energia, o professor Ross apresenta uma subdivisão do relevo brasileiro em 28 unidades, sendo 11 planaltos,11 depressões e 6 planícies.

Essa nova classificação utilizou como critério a associação de informações sobre o processo de erosão, sedimentação dominante na atualidade, com a base geológica e estrutural do terreno e ainda com o nível altimétrico do lugar. Assim, define-se planalto como uma superfície irregular, com altitudes superiores a 300 m, e que teve origem a partir da erosão sobre rochas cristalinas ou sedi-mentares; depressão é uma superfície mais plana, com altitudes entre 100 e 500 m, apresentando inclinação suave, resultante de prolongado processo erosivo, também sobre rochas cristalinas ou sedimentares; e planície é uma superfície extremamente plana e formada pelo acúmulo recente de sedimentos fluviais, marinhos ou lacustres.

Vejamos uma síntese com as características mais importantes de cada uma das subunidades do relevo brasileiro:

- Planaltos

Planalto da Amazônia Oriental - constitui-se de terrenos de uma bacia sedimentar e localiza-se na metade leste da região, numa estreita faixa que acompanha o rio Amazonas, do curso mé-dio até a foz. Suas altitudes atingem cerca de 400 m na porção norte e 300 m na porção sul.

Planaltos e Chapadas da Bacia do Parnaíba - constituem-se também de terrenos de uma bacia sedimentar, estendendo-se das áreas centrais do país (GO-TO), até as proximidades do litoral, onde se alargam, na faixa entre Pará e Piauí, sendo cortados de norte a sul, pelas águas do rio Parnaíba. Aí encontramos a predo-minância das formas tabulares, conhecidas como chapadas.

Planaltos e Chapadas da Bacia do Paraná - caracterizam-se pela presença de terrenos sedimentares e pelos depósitos de rocha de origem vulcânica, da era mesozoica. Localizam-se na porção meridional do país, acompanhando os cursos dos afluentes do rio Paraná, estendendo-se desde os estados de Mato Grosso e Goiás, até o Rio Grande do Sul, ocupando a faixa ocidental dessa região, atingindo altitudes em torno de 1.000 m.

Planalto e Chapada dos Parecis - estendendo-se por uma larga faixa no sentido Leste-Oeste na porção centro ocidental do país, indo do Mato Grosso até Rondônia. Dominados pela pre-sença de terrenos sedimentares, suas altitudes atingem cerca de 800 m, exercendo a função de divisor de águas das bacias dos rios Amazonas, Paraguai e Guaporé.

Planaltos Residuais Norte Amazônicos - ocupam uma área onde se mesclam terrenos sedimentares e cristalinos, na porção mais setentrional do país, do Amapá até o Amazonas, caracteri-zando-se em alguns pontos pela definição das fronteiras brasileiras e em outros, pela presença das maiores altitudes do Brasil, como o Pico da Neblina (3014 m), na divisa do estado de Roraima com a Venezuela.

Planaltos Residuais Sul-Amazônicos - também ocupam ter-renos onde se mesclam o rochas sedimentares e cristalinas, esten-dendo se por uma larga faixa de terras ao sul do Rio Amazonas, desde a porção meridional do Pará até Rondônia. O destaque dessa subunidade é a presença de algumas formações em que são en-contradas jazidas minerais de grande porte (é o caso da serra dos Carajás, no Pará).

Planaltos e Serras do Atlântico Leste e Sudeste - ocupam uma larga faixa de terras na porção oriental do país e, em terrenos predominantemente cristalinos, onde observamos a presença de superfícies bastante acidentadas, com sucessivas escarpas de pla-nalto; daí o fato de ser chamada a região de “domínio dos mares de morros”. Aí encontramos também formações de elevadas altitudes, como as serras do Mar e da Mantiqueira, que caracterizam este planalto como sendo a “região das terras altas”. Na porção mais interior dessas subunidade, em Minas Gerais, encontramos uma importante área rica em minério, na serra do Espinhaço, na região denominada Quadrilátero Ferrífero.

Planaltos Serras de Goiás Minas - terrenos de formação an-tiga, predominantemente cristalinos, que se estendem do sul de Tocantins até Minas Gerais, caracterizando-se por formas muito acidentadas que como a serra da Canastra, onde estão as nascentes do rio São Francisco - entremeadas de formas tabulares, como as chapadas nas proximidades do Distrito Federal.

Serras e Residuais do Alto Paraguai - ocupam uma área de rochas cristalinas e rochas sedimentares antigas, que se concen-tram ao norte e ao sul da grande planície do Pantanal, no oeste bra-sileiro. Aí, na porção meridional, destaca-se a serra da Bodoquena, onde as altitudes alcançam cerca de 800 m.

Planalto da Borborema - corresponde a uma área de terrenos formados de rochas pré cambrianos e sedimentares antigas, apare-cendo na porção oriental no nordeste brasileiro, a leste do estado de Pernambuco, como um grande núcleo cristalino e isolado, atin-gindo altitudes em torno de 1.000 m.

Planalto Sul-rio-grandense - superfície caracterizada pela presença de rochas de diversas origens geológicas, apresenta um certo predomínio de material pré cambriano. Localiza-se na ex-tremidade meridional do país, no sul do Rio Grande do Sul, onde encontramos as famosas “coxilhas”, que são superfícies convexas, caracterizadas por colinas suavemente onduladas, com altitudes inferiores a 450 m.

- Depressões

Depressão da Amazônia Ocidental - corresponde a uma enorme área de origem sedimentar no oeste da Amazônia, com al-titudes em torno de 200 m, apresentando uma superfície aplainada, atravessada ao centro pelas águas do rio Amazonas.

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Didatismo e Conhecimento 3

GEOGRAFIADepressão Marginal Norte Amazônia - localizada na por-

ção norte da Amazônia, entre o planalto da Amazônia oriental e os planaltos residuais norte amazônicos, com altitudes que variam entre 200 e 300 m. Com rochas cristalinas e sedimentares antigas, e estende-se entre o litoral do Amapá e a fronteira do estado do Amazonas com a Colômbia.

Depressão Marginal Sul Amazônia - com terrenos predomi-nantemente sedimentares e altitudes variando entre 100 e 400 m, está localizado na porção meridional da Amazônia, intercalando-se com as terras dos planaltos residuais sul amazônicos.

Depressão do Araguaia - acompanha quase todo o vale do rio Araguaia e apresenta terrenos sedimentares, com uma topografia muito plana e altitudes entre 200 e 350 m. Em seu interior encon-tramos a planície do rio Araguaia.

Depressão Cuiabana - localizada no centro do país, encaixa-da entre os planaltos da bacia do Paraná, dos Parecis e do alto Pa-raguai, caracteriza-se pelo predomínio dos terrenos sedimentares de baixa altitude, variando entre 150 e 400 m.

Depressão do Alto Paraguai Guaporé - superfície caracteri-zada pelo predomínio das rochas sedimentares, localiza-se entre os rios Jauru e Guaporé, no estado de Mato Grosso.

Depressão do Miranda - atravessada pelo rio Miranda, loca-liza-se no MS, ao sul do Pantanal. É uma área em que predominam rochas cristalinas pré cambrianas, com altitudes extremamente baixas, entre 100 e 150 m.

Depressão Sertaneja e do São Francisco - ocupam uma extensa faixa de terras que se alonga desde as proximidades do litoral do Ceará e Rio Grande do Norte, até o interior de Minas Gerais, acompanhando quase todo o curso do rio São Francisco. Apresentam variedade de formas e de estruturas geológicas, porém destaca-se a presença do relevo tabular, as chapadas, como as do Araripe (PE-CE) e do Apodi (RN).

Depressão do Tocantins - acompanha todo o trajeto do Rio Tocantins, quase sempre em terrenos de formação cristalinas pré cambriana. Suas altitudes declinam de norte para sul, variando en-tre 200 e 500 m.

Depressão Periférica da Borda Leste da Bacia do Paraná - caracterizada pelo predomínio dos terrenos sedimentares das eras Paleozoica e Mesozoica, aparece como uma larga faixa de terras, localizada entre as terras dos planaltos da bacia do Paraná e do Atlântico leste e sudeste. Suas altitudes oscilam entre 600 e 700 m.

Depressão Periféricas sul-rio-grandense - ocupam as terras sedimentares drenadas pelas águas do rio Jacuí e do Rio Ibicuí, no Rio Grande do Sul. Caracteriza-se por baixas altitudes, que variam em torno dos 200 m.

- Planícies

Planície do Rio Amazonas - a região das terras baixas ama-zônicas era considerada uma das maiores planícies do mundo, mas atualmente todo esse espaço divide-se em várias unidades, clas-sificadas como planaltos, depressões e planície. Se considerásse-

mos apenas a origem, seus,1,6 milhões de quilômetros quadrados formariam uma grande planície, pois a origem é sedimentar. Se considerássemos a altimetria, também denominaríamos esta região de planície, pois não ultrapassa 150 m de altitude. Considerando-se, no entanto, o processo erosivo e deposicional, percebemos que mais de 95% dessas terras baixas são, na verdade, planaltos ou de-pressões de baixa altitude, onde o processo erosivo se sobrepõe ao de sedimentação restando à planície verdadeira uma estreita faixa de terras às margens dos grandes rios da região.

Planície do Rio Araguaia - é uma planície estreita que se es-tende no sentido norte-sul, margeando o trecho médio do rio Ara-guaia, em terras dos estados de Goiás e Tocantins. Em seu interior, o maior destaque fica com a ilha do Bananal que, com uma área de cerca de 20.000 km2 , é a maior ilha fluvial do planeta.

Planície e Pantanal do Rio Guaporé - trata-se de uma faixa bastante estreita de terras planas e muito baixas, que se alonga pe-las fronteiras ocidentais do país, penetrando a noroeste, no territó-rio boliviano, tendo seu eixo marcado pelas águas do rio Guaporé.

Planície e Pantanal Mato-grossense - corresponde a uma grande área que ocupa porção mais ocidental do Brasil Central. É de formação extremamente recente, datando do período quaterná-rio da era Cenozoica; por isso apresenta altitudes muito modestas, em torno de 100 m acima do nível do mar. É considerada a mais típica planície brasileira, pois está em constante processo de sedi-mentação. Todo ano, durante o verão, as chuvas aumentam o nível de águas dos rios, que transbordam. Como o declive do relevo é mínimo, o fluxo maior das águas que descem para o Pantanal su-pera a capacidade de escoamento do rio Paraguai, eixo fluvial que atravessa a planície de norte a sul, ocasionando, então, as grandes enchentes que transformam toda a planície numa enorme área ala-gada (vem daí o nome “pantanal”).

Passado o verão, com a estiagem do inverno, o rio retorna ao seu leito normal, e o Pantanal transforma-se então numa enorme área plana, coberta de campos, como uma planície comum.

Planície da Lagoa dos Patos e Mirim - ocupa quase a totali-dade do litoral gaúcho, expandindo-se na porção mais meridional até o território do Uruguai. A originalidade dessa planície está em sua formação dominantemente marinha e lacustres, com mínima participação da deposição de origem fluvial.

Planícies e Tabuleiros Litorâneos - correspondem a inúme-ras porções do litoral brasileiro e quase sempre ocupam áreas mui-to pequenas. Geralmente localizam se na foz de rios que deságuam no mar, especialmente daqueles de menor porte. Apresentam-se muito largas no litoral norte e quase desaparecem no litoral su-deste. E em trechos do litoral nordestino, essas pequenas planícies apresentam-se intercaladas com áreas de maior elevação as barrei-ras-, também de origem sedimentar.

Planaltos: Os planaltos são terrenos relativamente planos e situados em áreas de altitude mais elevada. São limitados, pelo menos de um lado, por superfícies mais baixas. No Brasil, são exemplos o Planalto Central Brasileiro, o Planalto Centro-Sul Mi-neiro, os planaltos da Região Amazônica e os planaltos da bacia sedimentar do Paraná.

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GEOGRAFIAPlanícies: As planícies são áreas planas ou suavemente ondu-

ladas, formadas pela deposição de sedimentos transportados pela ação da água ou do vento, por exemplo. Em geral, encontram-se em regiões de baixa altitude. Por surgirem da deposição de sedi-mentos inconsolidados (partículas que não se assentaram) vindos de outros locais, são relevos mais recentes que outros. Entre as planícies brasileiras, destacam-se a do Pantanal mato-grossense, a do rio Amazonas e seus principais afluentes e as encontradas no litoral do país.

Depressões: As depressões são um conjunto de relevos planos ou ondulados que ficam abaixo do nível altimétrico (de altitude) das regiões vizinhas. Exemplos de depressão no Brasil podem ser encontrados na Região Amazônica, como as depressões do Acre e do Amapá. Encontram-se ainda na Região Sudeste, onde sítios urbanos aproveitaram as características favoráveis do relevo para a construção de grandes cidades, como São Paulo e Belo Horizonte.

Serras: As serras constituem relevos acidentados, geralmente em forma de cristas (partes altas, seguidas por saliências) e topos aguçados ou em bordas elevadas de planaltos. A Serra do Mar e a Serra da Mantiqueira são bons exemplos. As chapadas e os tabu-leiros são relevos de topo plano formados em rochas sedimentares, normalmente limitados por bordas com inclinações variadas.

Chapadas: As chapadas estão situadas em altitudes medianas a elevadas. São exemplos no Brasil a Chapada Diamantina, as cha-padas dos Guimarães e dos Parecis. Os tabuleiros são encontrados em altitudes relativamente baixas, podendo ocorrer nas faixas cos-teiras e interiores. No litoral, predominam na Região Nordeste e, no interior, na Região Amazônica.

Patamares: Por fim, os patamares são formas planas ou ondu-ladas que constituem superfícies intermediárias ou degraus entre áreas de relevo mais elevado e áreas mais baixas. São encontrados na Região Nordeste entre as depressões sertanejas e a Serra da Borborema e na bacia sedimentar do Paraná, formando degraus entre níveis diferenciados de planaltos.

CLIMA BRASILEIRO

Para identificar os tipos climáticos predominantes no território brasileiro, é preciso analisar os fatores do clima, tanto os dinâmi-cos como os estáticos. Os fatores estáticos vêm a ser a latitude e altitude. A latitude é à distância em graus de um ponto qualquer da superfície terrestre à linha do equador.

No Brasil, 93% do território localiza-se no interior da Zona Tropical, o que determina o predomínio de climas quentes, já os 7% restantes do território constituem uma exceção: são áreas em que predominam climas amenos, por situarem em latitudes mais distantes do equador. Considerando-se apenas a latitude, o Brasil possuiria só dois tipos climáticos:

Tropical, com área de ocorrência restrita ao interior da Zona tropical, ou seja, a área do país que se estende desde o extremo norte até o trópico de Capricórnio;

Temperado, com área de ocorrência correspondente ás áreas situadas ao sul do Trópico de capricórnio, de médias latitudes.

No caso da altitude, o território brasileiro possui uma altitude relativamente baixa, quando comparada com a de outros países. Assim apenas 7,3%de suas terras estão acima dos 800 metros. A influência da altitude é sentida particularmente nas chamadas ter-ras altas do sudeste.

Outro fator climático são os fatores dinâmicos: as massas de ar, cinco grandes massas de ar agem frequentemente sobre o Bra-sil. Seu deslocamento ocorre devido ás diferenças de pressão at-mosférica entre dois pontos. Dentre elas temos:

- Mec (massa equatorial continental, é uma massa quente e instável originada na Amazônia Ocidental, que atua sobre todas as regiões do país. Apesar de continental é uma massa úmida, em razão da presença de rios caudalosos e da intensa transpiração da massa vegetal da Amazônia, região em que provoca chuvas abun-dantes e quase diárias, principalmente no verão e no outono. No verão, avança para o interior do país provocando as “chuvas de verão”.

- Mea (massa equatorial atlântica) é quente, úmida e originária do Atlântico Norte (próximo à Ilha de Açores). Atua nas regiões litorâneas do Norte do Nordeste, principalmente no verão e na pri-mavera, sendo também formadoras dos ventos alísios de nordeste.

- Mta (massa tropical atlântica) origina-se no Oceano Atlân-tico e atua na faixa litorânea do Nordeste ao Sul do país. Quente e úmida provoca as chuvas frontais de inverno na região Nordeste a partir do seu encontro com a Massa Polar Atlântica e as chuvas de relevo nos litorais sul e sudeste, a partir do choque com a Serra do Mar. Também é formadora dos ventos alísios de sudeste.

- Mpa (massa polar atlântica) forma-se no Oceano Atlântico sul (próximo à Patagônia), sendo fria e úmida e atuando, sobretudo no inverno no litoral nordestino (causa chuvas frontais), nos esta-dos sulinos (causa queda de temperatura e geadas) e na Amazônia Ocidental (causa fenômeno da friagem, queda brusca na tempera-tura).

- Mct. (massa tropical continental), originada na Depressão do Caco, é quente e seca e atua basicamente em sua área de origem, causando longos períodos quentes e secos no sul da região Centro-oeste e no interior das regiões Sul e Sudeste.

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GEOGRAFIA

Indicação das massas de ar pelo Brasil.

Tipos Climáticos Considerando a influência exercida pelos fatores climáticos

sobre o território brasileiro, são identificados os grandes tipos de clima:

Clima subtropicalAs regiões que possuem clima subtropical apresentam gran-

de variação de temperatura entre verão e inverno, não possuem uma estação seca e as chuvas são bem distribuídas durante o ano. É um clima característico das áreas geográficas a sul do Trópico de Capricórnio e a norte do Trópico de Câncer, com temperaturas médias anuais nunca superiores a 20ºC. A temperatura mínima do mês mais frio nunca é menor que 0ºC.

O clima semiáridoO clima semiárido, presente nas regiões Nordeste e Sudeste,

apresenta longos períodos secos e chuvas ocasionais concentradas em poucos meses do ano. As temperaturas são altas o ano todo, ficando em torno de 26 ºC. A vegetação típica desse tipo de clima é a caatinga.

Clima equatorial úmidoEste tipo de clima apresenta temperaturas altas o ano todo. As

médias pluviométricas são altas, sendo as chuvas bem distribuídas nos 12 meses, e a estação seca é curta. Aliando esses fatores ao fe-nômeno da evapotranspiração, garante-se a umidade constante na região. É o clima predominante no complexo regional Amazônico.

Clima TropicalPresente na maior parte do território brasileiro, este tipo de

clima caracteriza-se pelas temperaturas altas. As temperaturas mé-dias de 18 °C ou superiores são registradas em todos os meses do ano. O clima tropical apresenta uma clara distinção entre a tempo-rada seca (inverno) e a chuvosa (verão). O índice pluviométrico é mais elevado nas áreas litorâneas.

Clima tropical de AltitudeApresenta médias de temperaturas mais baixas que o clima

tropical, ficando entre 15º e 22º C. Este clima é predominante nas partes altas do Planalto Atlântico do Sudeste, estendendo-se pelo centro de São Paulo, centro-sul de Minas Gerais e pelas regiões serranas do Rio de Janeiro e Espírito Santo. As chuvas se concen-tram no verão, sendo o índice de pluviosidade influenciado pela proximidade do oceano.

Características climáticas de cada RegiãoRegião Norte, a maior parte da região apresenta clima equa-

torial. Caracteriza-se pelo clima quente, com temperaturas médias anuais variando entre 24º e 26 ºC. Na foz do rio Amazonas, no litoral do Pará e no setor ocidental da região, o total pluviométrico anual geralmente excede os 3.000 mm. De Roraima até o leste do Pará as chuvas ocorrem com menor frequência, ficando em torno de 1.500 a 1.700 mm anuais. O período chuvoso da região ocorre nos meses de verão/outono, com exceção de Roraima e parte do Amazonas, onde as chuvas ocorrem mais no inverno.

Região Nordeste, é uma região de caracterização climática complexa. O clima equatorial úmido está presente em uma peque-na parte do estado do Maranhão, na divisa com o Pará; o clima litorâneo úmido ocorre no litoral da Bahia ao do Rio Grande do Norte; o clima tropical está presente nos estados da Bahia, Ceará, Maranhão e Piauí; e o clima tropical semiárido ocorre em todo o sertão nordestino. Quanto ao regime térmico, na região nordeste as temperaturas são elevadas, com médias anuais entre 20º e 28 ºC, sendo que já foram registradas máximas em torno de 40 ºC no Piauí e no sul do Maranhão. Os meses de inverno apresentam mínimas entre 12º e 16 ºC no litoral, e inferiores nos planaltos, sendo que já foi registrado 1 ºC na Chapada da Diamantina. As chuvas são fonte de preocupação na região, variando de 2.000 mm até valores inferiores a 500 mm anuais. A precipitação média anual é inferior a 1.000 mm. Além disso, no sertão nordestino o período chuvoso normalmente dura apenas dois meses no ano, podendo eventualmente até não existir, causando as secas.

Região Centro-oeste, o clima da região é tropical semiúmido, com chuvas de verão. Nos extremos norte e sul da região, a tem-peratura média anual é de 22 ºC e nas chapadas varia de 20º a 22 ºC. Na primavera/verão, são comuns temperaturas elevadas, sendo que a média do mês mais quente varia de 24º a 26 ºC. A média das máximas do mês mais quente oscila entre 30º e 36 ºC. No inverno, em virtude da invasão polar, é comum a ocorrência de tempera-turas mais baixas. No mês mais frio, a temperatura média oscila entre 15º e 24ºC, enquanto a média das mínimas fica entre 8º a 18ºC. A pluviosidade média é de 2.000 a 3.000 mm anuais ao norte de Mato Grosso, enquanto no Pantanal mato-grossense é de 1.250 mm. Apesar disso, a região centro-oeste é bem provida de chuvas, sendo que mais de 70% do total de chuvas ocorrem de novembro a março, o que torna o inverno bastante seco.

Região Sudeste, nesta região, as características climáticas mais fortes são de clima tropical. No litoral, predomina o clima tropical atlântico e, nos planaltos, o tropical de altitude, com gea-das ocasionais. Existe ainda uma grande diversificação no que diz respeito à temperatura. No limite de São Paulo e Paraná, a tem-peratura média anual situa-se entre 20 ºC, enquanto ao norte de Minas Gerais a média é 24 ºC, e nas áreas mais elevadas das serras do Espinhaço, Mantiqueira e do Mar, a média pode ser inferior a 18 ºC, devido ao efeito conjugado da latitude com a frequência das

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Didatismo e Conhecimento 6

GEOGRAFIAcorrentes polares. No verão, são comuns médias das máximas de 30 a 32 ºC. No inverno, a média das temperaturas mínimas varia de 6º a 20 ºC, com mínimas absolutas de -4 a 8 ºC. Em relação à pluviosidade, a altura anual da precipitação nessas áreas é superior a 1.500 mm, chegando a 2.340 mm no alto do Itatiaia e 3.600 mm na serra do Mar, em São Paulo. Os menores índices pluviométricos anuais são registrados nos vales dos rios Jequitinhonha e Doce, em torno de 900 mm.

Região Sul, com exceção do norte do Paraná, onde predomina o clima tropical, nesta região o clima predominante é o subtro-pical, responsável pelas temperaturas mais baixas do Brasil. Na região central do Paraná e no planalto serrano de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul, o inverno costuma registrar temperaturas abaixo de zero, com o surgimento de geada e até de neve em al-guns municípios. A temperatura média anual situa-se entre 14 e 22 ºC, sendo que nos locais com altitudes acima de 1.100 m, cai para aproximadamente 10 ºC.

HIDROGRAFIA BRASILEIRA

Definição

A hidrografia é o ramo da geografia física que estuda as águas do planeta, abrangendo, portanto rios, mares, oceanos, lagos, ge-leiras, água do subsolo e da atmosfera. A grande parte da reserva hídrica mundial (mais de 97%) concentra-se em oceanos e mares, com um volume de 1.380.000.000 km³. Já as águas continentais representam pouco mais de 2% da água do planeta, ficando com um volume em torno de 38.000.000 km³.

Hidrografia do Brasil

O Brasil tem um dos maiores complexos hidrográficos do mundo, apresentando rios com grandes extensões, larguras e pro-fundidades. A maioria dos rios brasileiros nasce em regiões pouco elevadas, com exceção do rio Amazonas e de alguns afluentes que nascem na cordilheira dos Andes. O Brasil possui 8% de toda a água doce que está na superfície da Terra. Além disso, a maior bacia fluvial do mundo, a Amazônica, também fica no Brasil. So-mente o rio Amazonas deságua no mar um quinto de toda a água doce que é despejada nos oceanos.

Rios de planalto e de planície

Devido à natureza do relevo, no Brasil predominam os rios de planalto, que apresentam rupturas de declive, vales encaixados, entre outras características, que lhes conferem um alto potencial para a geração de energia elétrica. Encachoeirados e com muitos desníveis entre a nascente e a foz, os rios de planalto apresentam grandes quedas-d’água. Assim, em decorrência de seu perfil não regularizado, ficam prejudicados no que diz respeito à navegabi-lidade. Os rios São Francisco e Paraná são os principais rios de planalto.

Em menor quantidade, temos no Brasil os rios que correm nas planícies, sendo usados basicamente para a navegação fluvial, por não apresentarem cachoeiras e saltos em seu percurso. Como exemplo, podem ser citados alguns rios da bacia Amazônica (re-gião Norte) e da bacia Paraguaia (região Centro-Oeste, ocupando áreas do Pantanal Mato-Grossense). Entre os grandes rios nacio-nais, apenas o Amazonas e o Paraguai são predominantemente de planície e largamente utilizados para a navegação.

Apesar da maioria dos rios brasileiros nunca secar, alguns apresentam características curiosas, como por exemplo, o Jagauri-be (Ceará), que desaparece nas secas, e o Paraguaçu (Bahia), que se torna subterrâneo e depois volta a ficar visível.

Características gerais

• Ocorrência de grande parte dos rios do tipo caudalosos, isso significa cursos com elevado volume de água e que não secam (pe-rene), característica derivada do clima úmido. Somente no sertão nordestino ocorre, em determinadas localidades, rios temporários.

• Domínio principal de foz do tipo estuário e alguns rios com foz do tipo delta.

• Os regimes dos rios brasileiros são de predominância do tipo pluvial, isso quer dizer que os períodos de cheias e vazantes são determinados pela ocorrência de chuvas e secas, influência direta do clima na hidrografia.

• Modesta quantidade de lagos. • Superioridade de rios que desaguam no mar, nascem no in-

terior do país e percorrem em direção ao oceano, chamado de dre-nagem do tipo exorreica.

• Grande parte dos rios corre sobre planaltos e depressões, esses são os tipos de relevo que mais se destacam no Brasil, favo-recendo a instalação de usinas hidrelétricas.

•Grande parte dos rios brasileiros apresenta regime Tropical Austral, com cheias de verão e vazante no inverno.

Deltas

Os deltas correspondem à foz de um curso de água em que os aluviões fluviais se acumulam em vez de serem redistribuídos pelas vagas e correntes litorais. Deste modo, os deltas caracteri-zam-se por um avanço da terra em relação ao mar. É justamente esse traço que identifica os deltas. Muitas vezes o rio divide-se em vários braços, mas essa não é uma condição absolutamente ne-cessária. No fundo, um delta representa o oposto de um estuário, porque no caso do delta as ações fluviais, de origem continental, dominam sobre as ações marinhas.

Os deltas atuais são holocénicos, mas sobrepõem-se mui-tas vezes a deltas mais antigos em locais subsidentes. Ao longo do litoral brasileiro existem áreas de progradação quaternária, a maioria das quais vinculadas a importantes desembocaduras flu-viais, enquanto que outras não apresentam qualquer ligação com desembocaduras fluviais, atuais ou pretéritas. Todos os casos até aqui estudados, podem ser explicados pelo modelo de evolução paleogeografia concebido pelos autores, válido para o trecho Ma-caé (RJ) a Maceió (AL). Dois ou mais dos estádios do modelo completo podem ser omitidos na explicação da história evolutiva de algumas dessas planícies. As planícies costeiras dos rios Doce (ES) e Paraíba do Sul (RJ) caracterizam-se pela presença de ex-pressivos deltas intralagunares, que foram construídos no interior de extensas paleolagunas.

As planícies costeiras dos rios Jequitinhonha (BA) e São Francisco (SE/AL), ambas de menor expressão do que as anterio-res, não apresentam deltas intralagunares porque nunca chegaram a desenvolver lagunas de maior porte durante a sua evolução geo-lógica. Por outro lado, a foz do Rio Parnaíba (PI/MA) pode ser considerada como de domínio essencialmente eólico e a planície de Caravelas (BA) não possui qualquer relação com desemboca-dura fluvial. Nessas planícies, que foram frequentemente descritas como essencialmente holocênicas, foram também encontrados se-dimentos pleistocênicos ao lado dos holocênicos.

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Didatismo e Conhecimento 7

GEOGRAFIAAs tradicionais bacias hidrográficas do Brasil

Uma bacia hidrográfica é um conjunto de terras drenadas por um rio principal, seus afluentes e subafluentes. O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) classifica os rios em nove bacias. São elas:

Bacia Amazônica

É a maior bacia hidrográfica do mundo, com 7.050.000 km², sendo mais da metade localizado em terras brasileiras. Abrange também terras da Bolívia, Peru, Colômbia, Venezuela, Guiana, Guiana Francesa e Suriname. Seu rio principal, o Amazonas, nas-ce no Peru com o nome de Vilcanota e recebe posteriormente os nomes de Ucaiali, Urubamba e Marañon. Quando entra no Brasil, passa a se chamar Solimões e, após o encontro com o Rio Negro, perto de Manaus, recebe o nome de Rio Amazonas.

Bacia do Nordeste

Abrange diversos rios de grande porte e de significado regio-nal, como: Acaraú, Jaguaribe, Piranhas, Potengi, Capibaribe, Una, Pajeú, Turiaçu, Pindaré, Grajaú, Itapecuru, Mearim e Parnaíba. O rio Parnaíba forma a fronteira dos estados do Piauí e Maranhão, desde suas nascentes na serra da Tabatinga até o oceano Atlântico, além de representar uma importante hidrovia para o transporte dos produtos agrícolas da região.

Bacia do Tocantins Araguaia

Com uma área superior a 800.000 km2, a bacia do rio To-cantins Araguaia é a maior bacia hidrográfica inteiramente situada em território brasileiro. O rio Tocantins nasce na confluência dos rios Maranhão e Paraná (GO), enquanto o Araguaia nasce no Mato Grosso. Localiza-se nessa bacia a usina de Tucuruí (PA), que abas-tece projetos para a extração de ferro e alumínio.

Bacia do Paraguai

Destaca-se por sua navegabilidade, sendo bastante utilizada para o transporte de carga. Assim, torna-se importante para a in-tegração dos países do MERCOSUL. Suas águas banham terras brasileiras, paraguaias e argentinas.

Bacia do Rio Paraná

É a região mais industrializada e urbanizada do país. Na bacia do Paraná reside quase um terço da população brasileira, sendo os principais aglomerados urbanos as regiões metropolitanas de São Paulo, Campinas e de Curitiba. O rio Paraná, com aproximada-mente 4.100 km, tem suas nascentes na região Sudeste, separando as terras do Paraná do Mato Grosso do Sul e do Paraguai. O rio Paraná é o principal curso d’água da bacia, mas também são muito importantes os seus afluentes e formadores, como os rios Grande, Paranaíba, Tietê, Paranapanema, Iguaçu, dentre outros. Essa bacia hidrográfica é a que tem a maior produção hidrelétrica do país, abrigando a maior usina hidrelétrica do mundo: a Usina de Itaipu, no Estado do Paraná, projeto conjunto entre Brasil e Paraguai.

Bacia do São Francisco

Nasce em Minas Gerais, na serra da Canastra, atravessando os estados da Bahia, Pernambuco, Alagoas e Sergipe. O Rio São Francisco é o principal curso d’água da bacia, com cerca de 2.700 km de extensão e 168 afluentes. De grande importância política, econômica e social, principalmente para a região nordeste do país, é navegável por cerca de 1.800 km, desde Pirapora, em Minas Gerais, até a cachoeira de Paulo Afonso. O principal aglomerado populacional da bacia do São Francisco corresponde à Região Me-tropolitana de Belo Horizonte, na região do Alto São Francisco.

Bacia do Sudeste Sul

É composta por rios da importância do Jacuí, Itajaí e Ribeira do Igua pé, entre outros. Os mesmos possuem importância regio-nal, pela participação em atividades como transporte hidroviário, abastecimento d›água e geração de energia elétrica.

Bacia do Uruguai

É formada pelo rio Uruguai e por seus afluentes, desaguando no estuário do rio da Prata, já fora do território brasileiro. O rio Uruguai é formado pelos rios Canoas e Pelotas e serve de divisa entre os Estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Faz ainda a fronteira entre Brasil e Argentina e entre Argentina e Uruguai. Deságua no oceano após percorrer 1.400 km. A região hidrográfica do Uruguai apresenta um grande potencial hidrelétrico, possuindo uma das maiores relações energia/km² do mundo.·.

Bacia do Leste*

Assim como a bacia do nordeste, esta bacia possui diversos rios de grande porte e importância regional. Entre eles, temos os rios Pardo, Jequitinhonha, Paraíba do Sul, Vaza-Barris, Itapicu-ru, das Contas, Paraguaçu, entre outros. O rio Paraíba do Sul, por exemplo, situa-se entre os estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, apresentando ao longo do seu curso diversos apro-veitamentos hidrelétricos, cidades ribeirinhas de porte e indústrias importantes, como a Companhia Siderúrgica Nacional.

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GEOGRAFIANavegação fluvial

Na Amazônia, os rios que são tradicionalmente utilizados como hidrovias são: Amazonas, Madeira, Araguaia, Guaporé e To-cantins. O Rio Araguaia apresenta cerca de 1.162 km navegáveis, entre São João do Araguaia e Beleza. O Rio Tocantins apresenta aproximadamente 1.900 km navegáveis, partindo de Belém (PA), até Peixe (GO). Porém, essa navegação só é considerada útil, em qualquer época do ano, de Miracema do Norte (GO) para jusante.

Para que o Rio São Francisco seja navegável durante todo o ano, é necessário que a jusante da Pirapora (MG) regularize o seu escoamento, construindo reservatórios.

Recursos hídricos

O Brasil apresenta 12% dos recursos hídricos do planeta, é uma quantidade bem considerável, porém tais recursos não são aproveitados e distribuídos de maneira adequada. No início de 1997 a lei nº 9433 foi sancionada, e com isso foi estabelecida a Política Nacional de Recurso Hídrico e o desenvolvimento do Sis-tema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos. Conside-ravam a água como um bem de domínio público, e em casos de falta a prioridade seria para o consumo humano.

Em meados do ano 2000 a lei nº 9984 foi promulgada, desen-volvendo a ANA (Agência Nacional de Águas), que ficou encarre-gada de outorgar e exercer fiscalização sobre o direito de uso dos recursos hídricos, além de criar e desenvolver movimentos com o intuito de impedir e controlar a ação das secas e inundações.

Águas subterrâneas

Para facilitar o estudo das águas subterrâneas o Brasil foi divi-dido em regiões homogêneas, formando 10 províncias hidrogeolo-gias. Os limites dessas províncias não coincidem necessariamente com os das bacias hidrográficas, estas províncias são regiões onde os sistemas aquíferos apresentam condições semelhantes de arma-zenamento, circulação e qualidade de água.

Energia hidrelétrica

A grande extensão territorial do Brasil com predomínio de planaltos ondulados, o clima tropical dominante a sua vasta hi-drografia, com predomínio de regime tropical pluvial, muito favo-recem a instalação de usinas geradoras de hidroeletricidade, me-diante o aproveitamento do elevado potencial hidráulico existente.

O potencial hidráulico de um rio é determinado pela função de duas variáveis:

- Volume de água.- A altura de queda d’água ou ângulo de declividade do leito

do rio.O potencial hidrelétrico é resultado do aproveitamento parcial

do potencial hidráulico, pois depende da altura da barragem e do volume médio de descarga nesse ponto durante o ano.

A ANEEL

A ANEEL (Agencia Nacional de Energia Elétrica) foi criada em 1996, e é o órgão responsável por regularizar e fiscalizar os aspectos técnicos, econômicos e administrativos das empresas do setor. Em 2001, houve crise de energética que gerou a necessidade de reduzir o consumo de energia elétrica por meio de racionamen-to de energético.

A crise ocorreu por uma soma de fatores: as poucas chuvas, e a falta de planejamento e ausência de investimentos em geração e distribuição de energia. Com a escassez de chuva, o nível de água dos reservatórios das hidroelétricas baixou e os brasileiros foram obrigados a racionar energia.

Principais hidrelétricas

A Rede Hidro meteorológica Nacional, conforme dados da Agência Nacional de Energia Elétrica – ANEEL é composta hoje por 5.138 estações, das quais 2.234 pluviométricas, 1.874 fluvio-métricas e 1.030 de outros tipos, como sedimento métricas, telemé-tricas, de qualidade das águas, evaporimétricas e climatológicas.

A energia elétrica atende a cerca de 92% dos domicílios no país. A produção de energia é realizada por usinas hidrelétricas e termoelétricas, sendo que as usinas hidrelétricas respondem, por cerca de 97% da energia elétrica gerada.

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Didatismo e Conhecimento 9

GEOGRAFIAPrincipais hidrelétricas do Brasil:

Potencial Hidrelétrico Bacias Hidrográficas

O valor do potencial hidrelétrico brasileiro é composto pela soma da parcela estimada (remanescente + individualizada) com a inventariada.

O potencial estimado é resultante da somatória dos estudos:• De potencial remanescente - resultado de estimativa reali-

zada em escritório, a partir de dados existentes, sem qualquer le-vantamento complementar, considerando-se um trecho do curso d’água, via de regra situado na cabeceira, sem determinar o local de implantação do aproveitamento; e,

• Individualizados - resultado de estimativa realizada em es-critório para um determinado local, a partir de dados existentes ou levantamentos expeditos, sem qualquer levantamento detalhado.

A parcela inventariada inclui usinas em diferentes níveis de estudos - inventário, viabilidade e projeto básico - além de apro-veitamentos em construção e operação (ELETROBRÁS, 2004). O potencial inventariado é resultante da somatória dos aproveita-mentos:

• Apenas em inventário - resultado de estudo da bacia hidro-gráfica, realizado para a determinação do seu potencial hidrelétri-co, mediante a escolha da melhor alternativa de divisão de queda, caracterizada pelo conjunto de aproveitamentos compatíveis entre

si e com projetos desenvolvidos, de forma a se obter uma avaliação da energia disponível, dos impactos ambientais e dos custos de implantação dos empreendimentos;

• Com estudo de viabilidade - resultado da concepção glo-bal do aproveitamento, considerando sua otimização técnico-eco-nômica que permita a elaboração dos documentos para licitação. Esse estudo compreende o dimensionamento das estruturas princi-pais e das obras de infraestrutura local e a definição da respectiva área de influência, do uso múltiplo da água e dos efeitos sobre o meio ambiente;

• Com projeto básico - aproveitamento detalhado e em pro-fundidade, com orçamento definido, que permita a elaboração dos documentos de licitação das obras civis e do fornecimento dos equipamentos eletromecânicos;

• Em construção - aproveitamento que teve suas obras inicia-das, sem nenhuma unidade geradora em operação; e.

• Em operação - os empreendimentos em operação constituem a capacidade instalada.

Os aproveitamentos somente são considerados para fins esta-tísticos nos estágios “inventário”, “viabilidade” ou “projeto bási-co”, se os respectivos estudos tiverem sido aprovados pelo poder concedente.

O potencial hidrelétrico brasileiro consiste em cerca de 260 GW. Contudo apenas 68% desse potencial foi inventariado. Entre as bacias com maior potencial destacam-se as do Rio Amazonas e do Rio Paraná.

Poluição

O termo poluição, muito empregado nos dias atuais, designa conjunto dos resíduos de compostos tóxicos liberados pelo homem na atmosfera, mas também as substâncias que, sem serem, de ime-diato, verdadeiramente perigosas para os organismos vivos, exer-cem uma ação perturbadora sobre o meio ambiente.

O termo poluir, etimologicamente, significa “profanar, sujar, manchar, degradar”. São vocábulos muito claros e parecem tão adequados quanto as longas definições elaboradas pelos peritos.

A história da poluição está diretamente refletida nos progres-sos da tecnologia. Foi no Neolítico que as primeiras causas da contaminação do meio ambiente apareceram. Devido à descoberta da agricultura, apareceram as cidades e, pela primeira vez, a den-sidade da população humana ultrapassou e muito, a densidade que caracteriza as populações de qualquer outra espécie de mamíferos, ainda que das mais gregárias. Mesmo assim as fontes de poluição continuaram muito limitadas na natureza. Elas advinham da conta-minação microbiológica das águas através dos efluentes domésti-cos e muito pouco, por metalurgia primitiva de elementos tóxicos não ferrosos, como o cobre. Foi com o nascimento das grandes indústrias, durante o século XIX, que a contaminação da água, do ar e dos solos tornou-se localmente preocupante, principalmente nas imediações das instalações mineiras e nas grandes cidades in-dustriais superpovoadas.

As mais graves questões de poluição dos nossos dias provêm de novas tecnologias que se desenvolveram e ao longo das três últimas décadas e estão ligados ao lançamento, no meio ambien-te, de substâncias ao mesmo tempo tóxicas e não biodegradáveis, se não indestrutíveis, ou de compostos inertes ou pouco reativos, liberados nos diversos meios, em quantidades sempre crescentes, como é o caso das embalagens plásticas.

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Didatismo e Conhecimento 10

GEOGRAFIANos dias atuais, população e poluição crescem de modo ace-

lerado, no entanto o poder auto purificador da ecosfera está cada vez mais comprometido pela dispersão de resíduos tóxicos e varia no sentido contrário, com a tendência à completa neutralização.

O desperdício dos países ocidentais e o apelo frequente de re-novação dos bens de consumo, têm concorrido para aumentar, em enormes proporções, a importância das poluições. Assim, o volu-me dos resíduos jogados no lixo é artificialmente aumentado pela obsolescência dos bens de consumo que levanta dentro de nossa sociedade. Está havendo uma delapidação de energia e de matérias-primas que levarão toda a humanidade a um déficit insuperável para as atividades industriais e agrícolas. É certo que também a ur-banização acelerada, com a concentração das indústrias, está entre os fatores mais preocupantes.

O aumento de poluição na ecosfera é ao mesmo tempo quan-titativo e qualitativo. Devemos atentar, também, para a comercia-lização de novas substâncias poluentes permitidas pela Química Moderna, muito nocivas para os seres vivos e cuja fabricação em grande escala, é geralmente empreendida antes que se façam quaisquer estudos de suas propriedades toxicológicas e ecológicas. As três causas principais de contaminação da ecosfera, na civiliza-ção industrial são: a produção da energia, as atividades da indústria química e as atividades agrícolas.

Dentro da busca para produzir energia podemos citar, como fatores importantes, o uso da hulha que começou a contribuir para as poluições atmosféricas, a extração do carvão e do petróleo, fei-tas em ritmo cada vez mais acelerado e o gás natural. A extração e o uso do petróleo acompanham inúmeras poluições e muitos ou-tros contra sensos ecológicos.

A crescente expansão da indústria química implica em inú-meros compostos minerais ou orgânicos, muitas vezes altamen-te tóxicos, que circulam na biosfera. Pouco a pouco, a atmosfera está sendo envenenada por compostos persistentes de toxicidade perniciosa. Vestígios destes compostos têm sido encontrados nos organismos de mamíferos do Grande Norte canadense, de peixes pelágicos e até de animais antárticos. Temos, portanto, a prova de que o oceano mundial constitui-se em receptáculo final de acumu-lação de todos os resíduos produzidos pela tecnologia moderna.

A elevação de produtividade obtida nas terras de plantio é acompanhada de muitos efeitos indesejáveis ou nocivos. Contri-buiu para este aumento de rendimento, o emprego de adubo mi-neral e o uso de pesticidas, este último afetando diretamente o homem. A contaminação da alimentação humana constitui, atual-mente, um dos mais preocupantes problemas do meio. Outros componentes que afetam o homem são os antibióticos, sulfamidas e hormônios usados em zootecnia, como também o uso de aditi-vos alimentícios, tais como corantes, aromatizantes, estabilizantes, que poluem nossa comida.

Em última análise, o problema das poluições é multiforme e afeta diretamente o Homem através da contaminação dos meio inalados ou ingeridos.

Os poluentes podem ser agrupados de acordo com sua nature-za física, química, biológica, etc, ou de modo ecológico, de acordo com seus efeitos, seja segundo o meio no qual são lançados e sobre o qual exercem ação nociva. Os poluentes penetram no organismo, sob o ponto de vista toxicológico, através de inalação, ingestão, contato, etc.

As substâncias liberadas na ecosfera, em quase totalidade dos casos, são levadas para muito longe do ponto onde foram lançadas. A circulação atmosférica e hidrológica se encarregará de dispersá-las de modo progressivo no conjunto da ecosfera. Todo composto orgânico ou mineral, mesmo que sólido, pode teoricamente passar para o ar. Este fenômeno acontece devido à circulação das mas-sas de ar na troposfera e na estratosfera. As correntes horizontais combinam-se com movimentos verticais das massas de ar que oca-sionam uma circulação atmosférica de norte para sul. Ventos oeste leste originam um tipo de circulação que permite a troca das mas-sas de ar entre os dois hemisférios ao nível da troca da troposfera das regiões equatoriais.

Salvo raras exceções, os poluentes atmosféricos não permane-cem no ar infinitamente, pois as precipitações trazem-nos de volta à superfície do solo ou à hidrosfera. Em consequência de fenôme-nos geoquímicos, a massa dos poluentes lançados pelo homem, cedo ou tarde será levada ao oceano mundial, o último receptáculo dos agentes tóxicos.

O estudo do pH das águas de chuva, demonstra que este bai-xou seriamente em consequência o uso cada vez maior de óleos combustíveis pesados, ricos em enxofre. Podemos concluir que a combinação de diversos fatores geoquímicos assegura a dispersão e a distribuição dos poluentes pelo conjunto da biosfera.

O Panorama das Poluições

É muito ampla a definição de poluição, pois abrange tanto poluentes de origem natural quanto poluentes ligados. A poluição de origem natural é rara, e como exemplo, podemos citar as erup-ções vulcânicas que lançam na atmosfera quantidades variáveis de cinzas e gases tóxicos. No entanto, a poluição cresceu simul-taneamente com o progresso industrial. Como cita o relatório do Conselho Nacional de Pesquisa dos Estados Unidos, “a poluição aumenta não somente pelo fato de que o espaço disponível para cada indivíduo se reduz à medida que as populações crescem, mas também porque a demanda individual cresce continuamente, a tal ponto que cada um de nós tem mais restos e resíduos, mas, à pro-porção que aumenta a densidade de população, tornam-se cada vez mais raros os locais onde se possam jogar fora qualquer coisa: o lixo de cada um começa a invadir o espaço vital do vizinho”.

No entanto, todas as nossas concepções econômicas e filo-sóficas estão ainda impregnadas da crença de que o Homem é o senhor da Natureza e pode modificá-la impunemente. Somente agora começamos a perceber que o desrespeito às leis da ecologia resulta num certo número de acidentes como a crescente poluição da biosfera. É imprescindível admitir que a Terra é limitada, como também os recursos de que dispomos e que uma expansão quanti-tativa indefinida não é possível.

Sabemos que o lançamento de um poluente na atmosfera nun-ca será um fenômeno apenas local, mas atingirá sempre uma re-gião mais ou menos vasta. Um bom exemplo desta dispersão são os tratamentos com inseticidas, porque mais de 50% da matéria ativa pode passar para o ar em consequência de fenômeno de con-destilação em presença do vapor de água, mesmo que se trate de produtos pouco voláteis, como o D.D.T. e a dieldrina. Uma aná-lise de água da chuva, feita na Inglaterra, demonstra a existência constante de diversos inseticidas. A transferência a longa distância explica que se tenham encontrado teores de 41 ppb em D.D.T. nos aerossóis caídos sobre Barbados, nas Antilhas.

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Didatismo e Conhecimento 11

GEOGRAFIAO homem fabrica muitos produtos que têm a particularidade

de persistir por muito tempo na Natureza, pois suas moléculas são inatacáveis pelos seres vivos, em particular pelas bactérias, que desempenham o papel mais ativo nos ciclos biogeoquímicos. Estes produtos são chamados de “não-biodegradáveis”, o quer dizer que se acumulam nos ecossistemas. Nesta categoria incluem-se muitos inseticidas, principalmente os organo clorados como o D.D.T. A liberação de moléculas não-biodegradáveis resulta num envenena-mento progressivo da biosfera, por isso é indispensável substituir tais moléculas por outras, que sejam biodegradáveis. Isso já foi feito com os detergentes. Porém, pesquisas devem provar que tais moléculas resultantes da degradação não terão um poder tóxico superior.

Os praguicidas, que são produtos utilizados para matar ani-mais ou vegetais indesejáveis, incômodos ou nocivos, podem ser classificados em três grandes categorias: inseticidas, herbicidas e fungicidas. Na verdade, são nomes enganosos porque os herbici-das e inseticidas não atacam apenas ervas daninhas e insetos, mas também os pássaros.

Os inseticidas inorgânicos são os de utilização mais antiga. Os inseticidas orgânicos naturais, de origem vegetal, são também de emprego antigo e os inseticidas orgânicos de síntese já fazem parte de uma segunda geração, desde sua origem em 1939. A segunda categoria dos inseticidas orgânicos de síntese é a dos organoclo-rados, são os mais numerosos e talvez, os melhores. São os mais seletivos, e suas moléculas se degradam com mais facilidade, não se acumulando na natureza e são, também, os menos tóxicos para o homem.

Os herbicidas são produtos destinados a eliminar as ervas da-ninhas e seu uso maciço traz inconvenientes para o gado, que é atraído a certas plantas que normalmente não comeriam.

Os fungicidas destinam-se a lutar contra cogumelos parasitas como os carvões e as ferrugens, contra diversos bolores ou contra espécies de fungos.

Os praguicidas assumiram importância na economia moderna; o mercado mundial de inseticidas chega a 600 milhões de dólares.

Os poluentes atmosféricos podem ser gases (óxido de carbo-no, óxidos de enxofre e de nitrogênio) ou então partículas sólidas ou líquidas em suspensão no ar (poeiras metálicas, substâncias à base de flúor, amianto, pesticidas, etc.). Quanto à origem, classi-ficam-se como:

- Poluentes naturais: poeiras arrancadas ao solo; sais marinhos provenientes do salpico das ondas; poeiras e gases de origem vul-cânica; produtos de incêndios espontâneos de florestas; produtos de origem vegetal, como o pólen;

- Poluentes devidos aos transportes: combustão de carburantes dos veículos a motor; poeira arrancada ao revestimento das estra-das;

- Poluentes devidos às combustões: combustão do carvão e dos derivados de petróleo para aquecimento doméstico e nas cen-trais térmicas;

- Poluentes de origem industrial: indústria de metais, indústria do cimento; indústria química; indústria do petróleo.

Numerosos fatores atmosféricos (especialmente o vento) e to-pográficos fazem a dispersão dos poluentes gasosos. Possivelmen-te, os óxidos de enxofre (SO2) sejam os poluentes mais nocivos da atmosfera. São produzidos a partir da combustão de carvões ou

combustíveis líquidos de centrais térmicas, diversas indústrias, au-tomóveis, aquecimento doméstico ou queima de detritos. Possuem toxicidade para os vegetais, provocando diversas alterações e, até mesmo, o desaparecimento completo de vegetação vizinha de fon-tes poluidoras. As essências florestais são mais atingidas que as plantas anuais, pois a duração de sua vida permite a manifestação de efeitos cumulativos.

O flúor é eliminado por diversas indústrias, principalmente pela do alumínio. O flúor e seus compostos são tóxicos em doses muito fracas e tem ação cumulativa: no ar poluído, os tecidos dos vege-tais vão-se enriquecendo progressivamente de flúor. As folhas vão necrosando e caem ao atingir metade de sua superfície, acarretando desnutrição e morte, aos poucos, da árvore. Nos animais, as manifes-tações patológicas conhecidas por fluoroses, estão ligadas a um teor muito elevado de flúor nos vegetais consumidos, causando redução no ritmo de crescimento, lesões nos dentes e no esqueleto, além de ocorrências de mortalidade.

Os óxidos de nitrogênio são produzidos pela combustão dos motores de automóveis e, portanto são mais abundantes no ar das cidades. A formação de smog oxidante ocorre através de meca-nismos muito complexos e que se pode esquematizar da seguinte forma: em presença de radiações ultravioleta, o dióxido de nitrogê-nio decompõe-se em monóxido de nitrogênio e oxigênio atômico. Este pode reagir com o oxigênio molecular, formando o ozônio. São muitos os prejuízos causados à agricultura pela poluição fo-toquímica.

O monóxido de carbono não é irritante nem malcheiroso, mas ao combinar-se com a hemoglobina, diminui a capacidade do san-gue para transportar oxigênio. As pessoas intoxicadas sentem ver-tigens, dores de cabeça, cansaço. A principal fonte reside nos gases de escapamento dos automóveis. Esse gás se difunde rapidamente na atmosfera e a zona de perigo é a que se encontra ao nível do solo, na vizinhança dos pontos de emissão.

O dióxido de carbono, mesmo sendo um constituinte normal da atmosfera e indispensável aos vegetais que, graças à fotossín-tese, têm nesse gás a sua fonte de carbono, tem caráter poluente quando ultrapassa um certo nível. Antes da época industrial, o car-bono tinha seu ciclo perfeitamente equilibrado: matéria orgânica formada através da fotossíntese era decomposta, graças à respira-ção dos seres vivos, e às fermentações. Assim o gás carbônico era liberado e vinha substituir, na atmosfera, o que havia sido retirado do ar pelos vegetais clorofilados. O consumo mundial de combus-tíveis fósseis tem aumentado o problema da poluição e criado o esgotamento das reservas não renováveis.

O oceano desempenha um papel fundamental nesta absorção do gás carbônico suplementar. Muito se discute sobre as possíveis consequências deste aumento do teor de gás carbônico do ar. Por ser este gás opaco à radiação infravermelha emitida pela Terra, sua presença provoca um “efeito estufa”, isto é, um aumento da temperatura do globo. Até o ano 2000, o aumento foi de alguns décimos de grau, mas isto seria suficiente para provocar fusão to-tal dos gelos polares e uma elevação do nível dos mares. Estudos sobre a variação da temperatura média anual demonstram que es-tamos, neste momento, num período de aquecimento geral. Alguns autores afirmam que a acumulação de poeiras na atmosfera seja um dos fatos de resfriamento, por refletirem os raios solares no espaço. A compensação se daria evitando um aumento da tempe-ratura do globo.

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Didatismo e Conhecimento 12

GEOGRAFIAO ar das cidades tem de 100 a 200 vezes mais poeiras do que

o do campo, pois a espessura da camada atmosférica afetada não ultrapassa algumas centenas de metros. Do ponto de vista térmi-co, o clima das grandes cidades é caracterizado por uma redução das amplitudes de temperatura, em consequência do aumento das mínimas noturnas, principalmente no verão, e de um aumento das médias anuais.

O metal tóxico mais abundante e mais espalhado na atmosfera é o chumbo. A contaminação pelo chumbo é ainda pouco conhe-cida. A principal fonte de poluição é o automóvel, portanto é mais intensa nas vizinhanças das estradas.

Nossos conhecimentos das consequências da poluição atmos-férica são ainda insuficientes, particularmente no que diz respei-to aos efeitos da permanência prolongada de seres humanos em meios fracamente poluídos. Pessoas muito expostas a misturas po-luentes permitem concluir que doenças como bronquite aumentam nitidamente, como também o aparelho cardiovascular. Acredita-se que o câncer pulmonar possa ser provocado por diversos poluentes presentes no ar. Outros efeitos desastrosos são devidos à poluição atmosférica tais como enegrecimento das fachadas das constru-ções, ataque das pedras calcárias pelas águas das chuvas ácidas, ou pelo ácido nítrico, formado por bactérias a partir do amoníaco presente no ar das cidades e degradação dos telhados de zinco pela ação do ácido sulfúrico.

A poluição atmosférica custa caro em termos de saúde, de re-dução das colheitas, de degradação de florestas ou imóveis. Diante desses fatos, seria mais razoável prevenir a poluição, tomando as medidas necessárias.

Completando, seria preciso tratar da poluição sonora que cas-tiga o meio urbano e a vizinhança dos aeroportos. Acima de 80 decibéis, ocorrem traumatismos psíquicos e fisiológicos

A poluição dos solos pode apresentar-se sob diversos aspec-tos. Ocorre muito frequentemente no campo, mas pode aparecer também nas cidades, onde vemos o enfraquecimento das árvores plantadas nas praças e ao longo das ruas.

A agricultura moderna está cada vez mais industrializada e utiliza doses cada vez maiores de adubos. Eles são necessários para devolver ao solo os elementos dele retirados pelas colheitas e levados para longe. A tendência atual é de empregar exclusiva-mente adubos minerais, abandonando-se os adubos orgânicos tra-dicionais como o esterco. Como consequência teremos uma redu-ção do teor de húmus do solo e uma degradação de sua estrutura.

Em zonas áridas ou semiáridas, onde é necessário suprir a falta de água de chuva com a irrigação, observa-se um tipo de poluição que é a salinização dos solos. As águas de irrigação não penetram em profundidade nos solos pouco permeáveis, e ao evaporar o sal nela contido deposita-se nas camadas superiores.

Os praguicidas ocasionam a redução das populações animais e vegetais e, às vezes, sua eliminação. A toxicidade dos inseticidas pode ser aguda, quando se manifesta imediatamente após a ab-sorção do inseticida por um ser vivo ou pode ser crônica, quando a absorção quotidiana e contínua de pequenas doses durante um período mais ou menos longo. Os herbicidas levam a uma rare-fação extrema de certas plantas que crescem, de preferência nas colheitas. Os insetos úteis são os mais sensíveis aos inseticidas e os mais atingidos. Mamíferos e aves também sofrem com o tratamen-to por inseticidas. Os mamíferos são, frequentemente, ainda mais sensíveis que os pássaros à ação dos inseticidas. As intoxicações agudas com praguicidas ao homem, constituem uma exceção em

virtude das precauções tomadas. As únicas vítimas são as crianças ou os operários em contato com os praguicidas. No entanto encon-tram-se pequenas quantidades de praguicidas nos alimentos e em particular nos laticínios.

As águas podem ser poluídas de forma natural. Na floresta, grandes quantidades de folhas mortas caem nos pequenos rios e charcos, onde sofrem uma fermentação que consome grande parte do oxigênio da água, causando uma mortalidade sazonal da fauna. Aos efeitos da falta de oxigênio, acrescenta-se o efeito tóxico de alguns elementos constituintes das folhas mortas.

Vários produtos químicos poluentes podem ser encontrados nas águas. Os fosfatos contidos nos detergentes são, em parte responsáveis pela eutroficação de lagos e rios. Também provém dos detergentes a espuma que se acumula sobre cursos de água, impedindo as trocas de oxigênio com a atmosfera e inibindo a autodepuração da água. Eles têm uma toxicidade que traz sérios acidentes aos peixes. Os detergentes biodegradáveis suprimiram as espumas dos rios e permitiu liberar na Natureza moléculas tóxicas de propriedades ainda não bem conhecidas. Os efeitos bactericidas desses produtos provocam um bloqueio da autodepuração ainda mais acentuado que no caso dos detergentes não biodegradáveis.

Fertilizantes como os nitratos e fosfatos, são empregados em doses altas e podem ser responsáveis pela eutroficação. É cada vez mais comum encontrarem-se nitratos infiltrados nas águas sub-terrâneas. Também são encontrados na água muitos metais e sais minerais de origem industrial. No Japão, as águas dos arrozais, às vezes, se tornam tão poluídas pelo chumbo que o arroz se torna im-próprio para o consumo. O mercúrio, cujos efeitos nocivos foram principalmente estudados em meio marinho, também está presente em água doce.

Os inseticidas têm os mesmos efeitos em meio aquático e em meio terrestre. A cada tentativa de destruir as larvas aquáticas de insetos nocivos, como mosquitos ou borrachudos, observa-se uma elevada mortalidade de peixes, principalmente os que são muito sensíveis aos inseticidas como o D.D.T. e à rotenona.

Poluições biológicas são as provocadas por matérias orgâni-cas suscetíveis de sofrer fermentação bacteriana. Tanto em água doce, como em meio marinho, a causa fundamental desta poluição é a fraca solubilidade do oxigênio na água. A introdução de maté-rias orgânicas na água desencadeia a proliferação de bactérias que consomem muito oxigênio.

Quando os resíduos de águas poluídas mais ou menos ricas em nitratos e fosfatos se tornam demasiado abundantes em relação à quantidade de água pura disponível, surge o fenômeno da eutro-ficação. Manifesta-se nos rios lentos e sobretudo nos lagos onde a correnteza é insuficiente para evacuar as águas usadas. A eutrofi-cação não se verifica apenas nos lagos alpinos; ocorre em todos os lugares do mundo. Os Grandes Lagos da América do Norte, que constituem a maior reserva de água doce do mundo, estão quase perdidos, por causa dos abundantes despejos de águas usadas que recebem.

Produtos petrolíferos são lançados nos oceanos, voluntaria-mente ou não, numa quantidade que varia de 1 a 10 toneladas por ano. A essa poluição devem ser acrescentadas as perdas naturais de lençóis petrolíferos submarinos e os transportes de hidrocarbo-netos por via atmosférica. É possível que a quantidade dos hidro-carbonetos evaporados ou produzidos pela combustão incompleta nos motores e trazidos por via atmosférica seja ainda maior do que a dos lançamentos diretos.

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Didatismo e Conhecimento 13

GEOGRAFIAO lançamento de petróleo no mar é obra de navios petroleiros

que, após a limpeza dos reservatórios lançam ao mar uma mistura de água com resíduos de petróleo, que é sumariamente decantada. Esta técnica não permite recuperar senão uma parte do petróleo. Cerca de dez toneladas de hidrocarbonetos são lançadas ao mar de cada vez. Muitos navios nem a praticam e atiram ao mar os produ-tos da lavagem sem perder tempo com a decantação. As refinarias lançam ao mar uma grande quantidade de resíduos, acrescidos aos lubrificantes para automóveis, despejados na terra ou nos cursos de água, que são levados para o mar.

Os efeitos dos hidrocarbonetos sobre a fauna e a flora depen-dem, em grande parte, da composição química dos mesmos, que é muito variável. Entretanto, poucas pesquisas têm sido realizadas a esse respeito. Pode-se afirmar que este tipo de poluição é um fenô-meno mundial. Os resíduos da degradação bacteriana do petróleo formam bolas de diâmetro variável (1mm a 10 cm), que sujam todos os oceanos, conforme já foi possível verificar através de uma coleta de todos os seres vivos e partículas que se encontram na superfície da água, apanhados com a ajuda de redes especiais.

Metais pesados é o nome que se dá a uma série de elementos que ocupam as colunas centrais da classificação periódica. Todos têm propriedades tóxicas e são encontrados em pequenas doses no meio natural, sendo que alguns deles são indispensáveis, pois entram na constituição de enzimas. Entretanto, se o meio estiver sobrecarregado de metais pesados, os animais e vegetais absorve-rão quantidades excessivas destes elementos, podendo intoxicar-se. Os mais tóxicos são o chumbo e o mercúrio.

O mercúrio é o elemento mais estudado e o mais temido. Sua presença na água do mar tem sua quantidade aumentada pelos re-síduos de diversas indústrias, trazidos pelos rios. Ele é utilizado na fabricação de vários aparelhos elétricos, na fabricação do cloro e da soda, na indústria de plásticos e de tintas anticorrosivas. Serve como bactericida e fungicida na fabricação da pasta de papel e é componente básico de numerosos fungicidas e herbicidas. A in-toxicação ou envenenamento por mercúrio, causa uma moléstia que ataca principalmente o sistema nervoso, e já ocasionou muitas mortes em Minamata, de onde veio seu nome “doença de Mina-mata”.

As marés vermelhas sejam, talvez a mais espetacular con-sequência da poluição. Este fenômeno é devido à pululação de organismos pouco exigentes quanto ao oxigênio - os peridíneos (algas unicelulares). As marés vermelhas aparecem naturalmente, sobretudo nas regiões tropicais. Os peridíneos segregam na água substâncias tóxicas que são responsáveis pela morte maciça de pei-xes. Já houve acidentes relacionados com o sistema nervoso e até casos de morte em pessoas que tinham comido mariscos. A toxina responsável ainda não foi isolada, mas os efeitos podem ser mini-mizados pelo uso de anti-histamínicos.

Durante muito tempo foram descarregadas no mar águas ricas em microrganismos de todos os tipos, pois acreditava-se que as águas do mar fossem capazes de destruir os micróbios patogênicos estranhos nelas introduzidos. Esta teoria, da autodepuração, é mui-to controvertida ultimamente, pois o grande número de casos de poluição bacteriana vem demonstrar que há nisso grande parte de exagero. A maior parte dos micróbios encontra, no meio marinho, condições favoráveis à sobrevivência, à resistência, ao retorno à vida ativa. Os germes patogênicos que vão ter ao mar é, quase totalmente, de origem humana, levados por cursos de águas poluí-dos, por esgotos das localidades litorâneas, por despejos selvagens

de acampamentos, de navios, de veranistas. Portanto, a poluição é muito mais grave durante os períodos de férias, em regiões em que população fica quase decuplicada.

A poluição microbiana manifesta-se principalmente pela in-cidência de doenças como as salmoneloses, febre tifoide, as para-tifoides, as gastroenterites, de que há milhares de casos todos os anos, com uma mortalidade às vezes inquietante. Muitas afecções são mais frequentes entre os veranistas de beira-mar como afecções oculares semelhantes à “conjuntivite das piscinas”, das afecções rinofaríngeas, de várias afecções cutâneas, como as furunculoses devidas a estafilococos ou a Candida. Um número considerável de fungos patogênicos estão presentes na areia das praias, causando doenças da pele, tais como dermatoses e micoses.

Pode haver contaminação indireta através do consumo de pro-dutos do mar. Basta lembrarmos a epidemia de cólera, propagada por mexilhões. Já foram contraídas, também, febre tifoide e hepa-tite por vírus.

Um aspecto relativamente novo da poluição tem como causa principal a construção de centrais elétricas cada vez mais numero-sas e cada vez mais potentes. Indústrias siderúrgicas, usinas têxteis que lavam a lã e refinaria de açúcar influem para o aquecimento das águas, porém em menor proporção. A central elétrica deve dis-por de uma fonte fria para poder funcionar. A mistura de águas quentes e águas frias não se efetua facilmente, devido às diferen-ças de densidade e viscosidade. Frequentemente há formação de “massas” ou “plumas” térmicas que propagam as águas quentes até pontos localizados, mais distantes.

A temperatura é um fator ecológico importante, entretanto não o único, entre todos os que agem sobre os seres vivos. Para cada espécie, é possível definir uma temperatura máxima letal e acima dela, o animal só pode sobreviver durante um tempo muito limi-tado. Há também a temperatura mínima letal, próxima a zero grau Celsius. Peixes submetidos durante um certo tempo a uma tempe-ratura chamada “de aclimatação” apresentam temperaturas letais tanto mais elevadas quanto mais elevada é a própria temperatura de aclimatação.

A elevação da temperatura acarreta uma diminuição do teor em gás dissolvido e consequentemente o consumo de oxigênio pelos seres vivos aumenta. Este aumento de necessidade é devido à ati-vação do metabolismo e à diminuição da afinidade da hemoglobina para com o oxigênio. A penúria de oxigênio no meio aquático é maior quanto mais povoado for esse meio. A desgaseificação rápida que se segue ao aquecimento das águas pode provocar a morte dos peixes por embolia, isto é, por aparecimento de minúsculas bolhas de nitrogênio no sangue.

Os seres vivos reagem diferentemente a um choque térmico conforme a fase desenvolvimento em que se encontrem. Os está-gios mais jovens (ovos, larvas, alevinos) são os mais sensíveis. Os invertebrados mostram a mesma sensibilidade que os peixes e os mais vulneráveis são os crustáceos.

A consequência da implantação generalizada de centrais trará, evidentemente, a eliminação dos peixes estenotérmicos (trutas e outros salmonídeos) e sua substituição por peixes brancos de me-nor valor, nos rios das trutas, caracterizadas por águas frescas e bem oxigenadas. O desenvolvimento de organismos patogênicos são favorecidos por uma temperatura elevada, principalmente as espécies termófilas anaeróbicas, que é singularmente temível para o homem. Há, portanto, um grande risco para os consumidores de frutos do mar, crustáceos e peixes em serem contaminados por salmonelas que, como sabemos, são os agentes da febre tifóide e salmoneloses.

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Didatismo e Conhecimento 14

GEOGRAFIAAS GRANDES PAISAGENS NATURAIS DA TERRA.

EUROPA

Relevo

O relevo europeu é constituído basicamente por duas unida-des de relevo que são as planícies e os maciços antigos, ocupando especialmente o centro e o norte do continente. Existem também os dobramentos modernos que são compostos por áreas montanho-sas, provenientes do pouco tempo de processo erosivo, portanto sofreu pouco desgaste, essa característica é comum desde o sul até a Península Ibérica. Dentre os dobramentos modernos e de relevo mais elevado os principais são: os Pireneus ocupa uma área de 450 quilômetros entre os limites territoriais da França com a Espanha, em alguns pontos as altitudes podem atingir 3.000 metros. Os Al-pes, ocorre em uma extensão de 1.100 quilômetros e atravessa o território da França, Itália, Alemanha, Suíça e Áustria; e o ponto mais elevado é o Monte Branco com 4.807 metros. Os Apeninos se encontram na Itália e percorre o território de norte a sul, em pelo menos 1.500 quilômetros, essa região abriga vulcões sendo que alguns são ativos. Cárpatos ocorre nas terras da Eslováquia, Polônia, Ucrânia e Romênia e o Cáucaso está situado entre o Mar Negro e o Mar Cáspio nos territórios da Rússia, Geórgia, Armênia e Azerbaijão.

Hidrografia

Devido à composição climática existente na Europa os rios presentes no continente são relativamente pequenos quanto a seu curso e volume, apesar das limitações, esses mananciais foram sempre muito importantes para as atividades desenvolvidas na re-gião, especialmente por se tratar de rios navegáveis. Nesse sentido, os rios principais do continente europeu são: rio Reno (1.300 km de extensão) que nasce nos Alpes; Sena (770 km de extensão), sua nascente está localizada ao sudeste de Paris; Ródano (800 km de extensão), nascente nos Alpes suíços; Volga (3.531 km de exten-são), nasce a noroeste de Moscou e Danúbio (mais de 2.800 km de extensão), nasce nos Alpes alemães.

Clima

A Europa está localizada na zona temperada da Terra, dessa forma, apresenta climas de temperaturas mais amenas, dentre as particularidades de cada região podem ser identificados diversos tipos de climas, sendo que os principais são:

Clima de montanha: ocorre especialmente em áreas de re-levo de grandes altitudes, como os Alpes e Pireneus, nessas áreas as chuvas são bem distribuídas durante todo o ano, essas se de-senvolvem de forma mansa e rápida, os invernos são extensos e rigorosos, constituídos por nevadas e geadas.

Temperado oceânico: é formado por um elevado índice plu-viométrico, especialmente na primavera e no inverno, e tempera-turas amenas.

Temperado continental: ocorre no centro e leste da Europa, as chuvas desenvolvem com menos incidência que no temperado oceânico e amplitudes térmicas mais elevadas.

Subpolar: predomina em áreas próximas à região ártica, é constituída por duas estações bem definidas, sendo que o inverno é extremamente rigoroso e longo, com temperaturas que atingem -50ºC e verão com período bastante restrito, com temperaturas que variam entre 16ºC e 21°C. Mediterrâneo: esse tipo de clima é típi-co do sul da Europa com verões quentes e invernos mais amenos em relação a outras regiões do continente, nesse há duas estações bem definidas, seca no verão e chuvosa no inverno.

Vegetação

A composição vegetativa da Europa é variada devido aos dife-rentes solos e climas, desse modo, podem ser identificados diver-sos tipos de vegetações, dentre elas estão:

Tundra: essa cobertura vegetal é comum em regiões de clima subpolar, vegetação constituída por musgos, gramíneas, arbustos e liquens, flora proveniente da junção de fungos e algas.

Floresta coníferas: composição vegetativa constituída por pinheiros em áreas do sul.

Floresta temperada: é composta por pinheiros, além de ár-vores como a faia e o carvalho, esses vegetais têm característica de perder as folhas no inverno, conhecidos por floresta caducifólia.

Estepes: vegetação composta por herbáceas ou gramíneas provenientes dos solos férteis.

Vegetação mediterrânea: é composta por xerófilas, plantas típicas de regiões secas, tais como maquis e garrigues.

AMÉRICA ANGLO-SAXÔNICA

Relevo

A América do Norte apresenta basicamente três tipos, como ocorre em grande parte de todo continente americano.

- Porção ocidental: abriga uma série de cadeias de monta-nhas, muitas dessas são vulcões que se encontram em atividade e, pois isso, há uma grande ocorrência de terremotos. Dentre as muitas montanhas presentes as principais são: Cadeias da Costa, Sierra Nevada e as montanhas Rochosas.

- Porção oriental: corresponde a regiões onde se encontram planaltos e montanhas de idade geológica antiga e que, devido a isso, sofreu diversos e longos processos erosivos. Os principais planaltos são: Labrador (Canadá) e Monte Apalache (Estados Uni-dos).

- Porção central: essa região abriga extensas áreas compostas por planícies, abrangendo também rios e lagos, as mais conheci-das são: as planícies de Lacustre (Canadá), do Mississipi (Estados Unidos) e a planície dos Grandes Lagos.

Hidrografia

A hidrografia da América do Norte é bastante diversificada, no território canadense os lagos predominam, existem pelo menos 150 mil lagos, grande parte de origem glacial. A maior concentra-ção de lagos da América do Norte está localizada entre as frontei-ras dos Estados Unidos e do Canadá, diante disso, os maiores e mais importantes são: Superior, Michigan, Huron, Erie e Ontário, o primeiro possui 84 mil km2. Quantos aos rios, no Canadá o que

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Didatismo e Conhecimento 15

GEOGRAFIAse destaca é o rio São Lourenço, isso por que serve como hidrovia entre os Grandes Lagos e o Oceano Atlântico. Nos Estados Uni-dos, o mais importante quanto à capacidade de navegação é o rio Mississipi, outros importantes são Colorado e Columbia, ambos utilizados na irrigação e na geração de energia elétrica.

Clima e vegetação da América do Norte

Devido à dimensão territorial, na América do Norte são de-senvolvidos diversos tipos de composição vegetativa e climática, os principais são:

Tundra: Tipo de vegetação que desenvolve a partir do degelo, é composto por liquens, musgos, ervas e arbustos de baixa estatu-ra, isso proveniente do clima frio com invernos longos e rigorosos.

Floresta Temperada: esse tipo de vegetação ocorre em re-giões onde predomina o clima temperado, caracteriza-se por apre-sentar as estações do ano bem definidas com invernos frios e ve-rões quentes, as florestas temperadas são compostas por árvores caducifólias e musgos, e presença de cedros, carvalho e pinheiro.

Estepe e Pradaria: ocorre em áreas que possuem clima semi-árido, com temperaturas elevadas e longos períodos de estiagem, devido a essa adversidade, a composição vegetativa é bastante res-trita com a presença de gramíneas e ausência de árvores.

Vegetação desértica: desenvolve em regiões desérticas no sul dos Estados Unidos, na fronteira com o México, e também na re-gião do rio Colorado. O clima é desértico, por isso é seco durante todo o ano.

Savana: ocorre em lugares onde há incidência de chuvas re-gulares durante o ano e temperaturas sempre abaixo de 10ºC nas estações do outono e inverno.

Vegetação de montanhas: Devido à altitude a temperatura tende a cair, assim, apresenta clima parecido com o clima frio, quanto à cobertura vegetal existem poucas formas presentes.

Ausência de vegetação: ocorre em regiões da América do Norte que possui temperaturas muito frias, ou seja, polar. Essa ad-versidade climática não permite o desenvolvimento de nenhuma forma de vegetação.

Estruturas Geológicas

Escudos Antigos: formados por rochas velhas, quase sempre magmáticas e metamórficas, que sofreram forte erosão, apresen-tando baixas altitudes (exemplo - Planalto do Labrador).

Planícies Sedimentares: na parte central do continente nor-te-americano.

Dobramentos Recentes: típicos da região oeste e de forma-ção recente (“era Terciária”), apresentando grandes altitudes e vul-canismo ativo (exemplo - as Montanhas Rochosas).

Ásia

Relevo

O monte Evereste, ponto culminante do relevo mundial, situa-se na fronteira China-Nepal.

O continente asiático apresenta contrastes: vastas planícies aluviais e costeiras e grandes planaltos com altíssimas cordilhei-

ras, que se estendem por uma vasta área do centro-sul, da Tur-quia até à Indonésia. Isso tudo faz da Ásia o único continente com quase mil metros de altitude média. As mais altas montanhas lo-calizam-se na cordilheira do Himalaia, mas há outras espalhadas por todo o território, estando localizadas na Ásia as 18 montanhas mais altas do mundo.

O relevo asiático se caracteriza por apresentar contrastes extremos de altitude:

As mais elevadas cordilheiras e planaltos da Terra: Himalaia,-Pamire Tibete, onde se localizam os pontos mais altos do globo terrestre: (Everest, 8.840 metros,Kanchenjunga, 8.598 metros,e muitos outros, com altitudes superiores a 7.000 metros). As maio-res depressões absolutas do planeta: o Mar Morto, 395 metros. Al-gumas regiões banhadas pelo oceano Pacífico pertencem ao Círcu-lo de Fogo, ou seja, devido a sua formação geológica recente estão sujeitas a erupções vulcânicas e a terremotos. É o caso do Japão e da Indonésia. Alguns planaltos são muito altos e se intercalam às cordilheiras, como é o caso do Pamir e do Tibete, contrastando com outros mais antigos, de altitudes menos elevadas, como os da Armênia, do Decã. As planícies fluviais asiáticas são recobertas com o aluvião trazido pelos rios que as percorrem e que se dirigem principalmente para os oceanos Índico e Pacífico. As principais planícies fluviais são a Indo-gangética (Índia), a Mesopotâmica (Iraque), a Siberiana (Rússia) e as dos rios Yang-tsé (China) e Me-kong (Vietnã). O continente asiático projeta, em direção aos ocea-nos que o circundam, diversas penínsulas, sendo as principais a da Anatólia, a Arábica, a Hindustânica, a da Indochina e a da Coreia.

Clima

A vasta extensão territorial e, portanto, as diferenças de lati-tude, a presença alternadas de áreas baixas e elevadas, a grande influência das massas de ar e ainda a continentalidade e a maritimi-dade trazem para o continente grande variedade de tipos de clima e, consequentemente, de formações vegetais. Nas terras situadas no extremo norte predomina o clima polar, que vai se tornando mais ameno em direção ao sul. O centro do continente, por situar-se distante de influências marítimas e, em parte, devido à altitude do relevo, que bloqueia a passagem dos ventos oceânicos, é do-minado pelo clima temperado continental, que alterna verões de elevadas temperaturas com invernos muito frios. Já o temperado oceânico, ocupando grandes extensões do continente, sofre varia-ções em função da altitude do relevo, da latitude e da interiori-dade. Mais para o sul, à retaguarda das grandes cordilheiras, que impedem a passagem dos ventos úmidos do oceano, encontram-se vastas extensões dominadas por clima semiárido e clima árido, formando uma extensa faixa de desertos. A Ásia abriga a maioria dos desertos existentes na Terra: da Arábia (Arábia Saudita), da Síria, de Thal (Paquistão), do Thar (ou Grande Deserto Indiano), de Lut (ou deserto do Irã), de Gobi (Mongólia), de Taklamakan (China), Karakum (Turcomenistão), Kerman (Irã), da Judeia (Is-rael), de Negev (Israel).

No litoral da Ásia Ocidental surge uma faixa estreita de clima do tipo mediterrânico, enquanto nos arquipélagos do sul do con-tinente, nas proximidades do Equador, aparecem climas de tipo quente: equatorial e tropical. Entre todos os tipos de clima da Ásia, no entanto, o que mais influi nas condições de vida locais, sobre-

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Didatismo e Conhecimento 16

GEOGRAFIAtudo orientando as atividades agrícolas, é o tropical de monções. Abrangendo as regiões mais populosas do continente, estende-se pelas planícies costeiras da Índia e do sudeste e leste da China, com violentas chuvas durante o verão. Caracteriza-se pela ativida-de dos ventos, conhecidos como monções, que sopram do Índico e do Pacífico para o continente durante o verão, e do interior da Ásia para esses oceanos durante o inverno. A ocorrência de monções se deve ao fato de que as terras continentais aquecem-se e esfriam mais rapidamente do que as águas oceânicas. Durante o verão, o interior da Ásia, ao esquentar-se, forma uma área de baixa pressão, que contrasta com as altas pressões dos oceanos, provocando o deslocamento de ventos úmidos do mar para terra. Esses ventos são as monções de verão. No inverno, ocorre o inverso: os ocea-nos estão mais quentes do que o continente, formando áreas de baixa pressão e atraindo os ventos continentais. São as monções de inverno. As regiões montanhosas, independentemente de sua localização geográfica, apresentam temperaturas muito baixas, em razão da altitude.

Hidrografia

Tanto as chuvas abundantes da região influenciada pelos climas equatorial e tropical quanto a grande quantidade de neve derretida das altas montanhas favorecem a existência de grandes rios, que correm em quase todas as direções do continente asiático. Podemos destacar:

Rio Yangtzé na região das Três Gargantas.

Rios que deságuam no oceano Pacífico. Alguns têm grande volume de água devido às monções de verão. Merecem destaque os rios Huang-ho (ou Amarelo), Si-kiang e Yang-tsé-kiang (ou Azul), todos na China, além do Mekong, na Indochina; rios que deságuam no oceano Índico. Alguns deles são também monçôni-cos e tornam-se muito volumosos durante o verão. Merecem desta-que rios da Índia e de Bangladesh, como o Bramaputra, o Ganges e o Godavari, e o rio Indo, no Paquistão; rios que correm para norte e desaguam no oceano Glacial Ártico. São exemplos os rios Obi, Ienissei e Lena, que congelam durante grande parte do ano. Como o degelo ocorre a partir de seus altos cursos, as águas, ao chegarem ao médio curso e encontrarem barreiras de gelo, esparramam-se por vastas extensões de suas margens, causando frequentes inun-dações; rios que desembocam no golfo Pérsico. Merecem desta-que o Tigre e o Eufrates, que formam a planície da Mesopotâmia; rios da Ásia Centro oriental que desaguam em lagos. Podemos ci-tar o Sir Daria e o Amu Daria, que desaguam no mar de Aral, além de outros que desaparecem dentro do deserto.

A Ásia apresenta poucos lagos, embora de grande extensão, como o Baikal e o Balkhash, localizados na Rússia. Se os lagos existem em pequeno número, os mares asiáticos aparecem com muito mais destaque: mar Vermelho, que limita as costas africanas e asiáticas; Mar da Arábia; a sudeste, mar da China Meridional, mar da China Oriental, Mar de Andamã e mar Amarelo; os mares da Indonésia: de Java, de Timor, de Banda, de Celebes; a nordeste, os mares de Okhotsk, do Japão e de Bering. No limite com a Euro-pa, aparece o maior mar fechado do mundo, o mar Cáspio.

Vegetação

Como as formações vegetais dependem do tipo de solo e prin-cipalmente do clima, a Ásia apresenta muitas variedades vegetais, ainda que parcialmente destruídas ou alteradas pela milenar ocu-pação humana. No extremo norte do continente, junto ao polo, não há condições para a existência de vegetação, porém mais ao sul, na planície Siberiana, começam a surgir formações de tundra. Ainda rumo ao sul, à medida que o clima polar se torna menos intenso e o frio se estendem por um número menor de meses, aparece a vasta região da taiga, quase integralmente pertencente à Rússia. O maior destaque, entretanto, está nas estepes, que ocupam gran-des extensões da Ásia Central, aparecendo em áreas de clima tem-perado continental. Os arquipélagos situados na Ásia Meridional apresentam-se recobertos por florestas equatoriais e tropicais, não muito diferentes das que existem na Amazônia brasileira. Essas formações podem ser observadas também no centro-sul, onde igualmente se verifica a presença de savanas, em que a vegetação herbácea é dominante, apresentando arbustos e árvores em asso-ciações pouco densas, como o jângal na Índia. Registra-se ainda a ocorrência de florestas temperadas em extensões consideráveis no Extremo Oriente e de vegetação xerófita nas áreas desérticas ou semiáridas do continente.

Oceania

Oceania é uma região geográfica e geopolítica, composta por vários grupos de ilhas do oceano Pacífico (Polinésia, Melanésia e Micronésia). O termo Oceania foi criado em 1831 pelo explo-rador francês Dumont d’Urville. O termo é usado hoje em vários idiomas para designar um continente que compreende a Austrália e ilhas do Pacífico adjacentes. Os limites da Oceania são definidos de várias maneiras. A maioria das definições reconhecem partes da Australásia como a Austrália, Nova Zelândia e Nova Guiné, e par-te do Arquipélago Malaio como sendo partes da Oceania. Embora as ilhas da Oceania não formem um continente verdadeiro, a Ocea-nia, às vezes, é associada com o continente da Austrália ou com a Australásia, com o propósito de dividir o planeta em agrupamentos continentais. É o menor “continente” em área e em população (não contando com a Antártica).

O Novíssimo Mundo - assim chamado por ter sido descoberto apenas em 1770, pelo inglês James Cook - é formado por milhares de ilhas de diversas extensões, desde pequenos atóis coralígenos até a Austrália, pouco menor que o Brasil. Ocupa ao todo uma área de mais de 8.900.000 quilômetros quadrados nos quatro hemisfé-rios: estende-se de 21 graus de latitude norte a 50 graus de latitude sul e de 111 graus de longitude leste a 119 graus de longitude oeste. Atravessada pela linha do Equador e pelo Trópico de Capricór-nio, a Oceania localiza-se nas zonas climáticas intertropical e tem-perada do sul. Devido à sua grande extensão de leste para oeste, abrange oito fusos horários, inclusive a linha que determina a mu-dança de data (Linha internacional de mudança de data). Além de inúmeras possessões não-independentes, administradas por países europeus, pelos Estados Unidos ou por nações desenvolvidas do continente, a Oceania inclui 14 Estados soberanos, entre os quais se destacam a Austrália e a Nova Zelândia, pelo grande desenvol-vimento econômico, e a Papua-Nova Guiné, o segundo país do continente em população e área territorial. Os demais, de extensão reduzida, população numericamente inexpressiva e economia sub-desenvolvida, são: Fiji, Samoa Ocidental, Nauru, Tonga, ilhas Sa-

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Didatismo e Conhecimento 17

GEOGRAFIAlomão, Vanuatu, Kiribati, Palau, Estados Federados da Micronésia e Tuvalu. Devido ao grande número de ilhas, costuma-se dividir o continente em: Pertencente ao Chile, a ilha de Páscoa abriga um mistério histórico: de que forma seus antigos habitantes transpor-taram e puseram de pé as enormes estátuas espalhadas pela ilha.

Australásia: são as maiores ilhas, Austrália, Tasmânia, Nova

Guiné e geograficamente, porém não cultural e historicamente, a Nova Zelândia;

Melanésia (“ilhas negras”): o nome é derivado de melanina, pigmento escuro da pele, e alude à cor dos habitantes dessas ilhas pouco extensas, localizadas, em sua maioria, ao norte, nordeste e leste da Austrália. Grande parte delas são possessões francesas e britânicas; as que constituem países independentes são Papua-No-va Guiné, Ilhas Salomão, Vanuatu e Fiji;

Micronésia (“pequenas ilhas”): formada por ilhas muito pe-quenas, situadas ao norte e nordeste da Melanésia. O Reino Unido e os Estados Unidos possuem o maior número de territórios dessa área. Kiribati, Palau, Estados Federados da Micronésia, Ilhas Mar-shall e Nauru são os países independentes desse grupo;

Polinésia (“muitas ilhas”): corresponde às ilhas mais distantes da Austrália, dispersas por uma grande área do Pacífico. São em sua maioria possessões britânicas e francesas. Os países indepen-dentes da Polinésia são Tonga, Samoa, Tuvalu e, historicamente e culturalmente (o último em relação aos seus povos aborígenes), a Nova Zelândia (nome polinésio: Aotearoa). O estado estaduniden-se do Havaí e a ilha chilena Rapam Nui ou ilha de Páscoa também fazem parte da Polinésia.

Embora grande parte das ilhas seja de origem vulcânica ou formada por atóis coralígenos, as características físicas do conti-nente oceânico são muito variadas. Por isso, faremos um estudo setofizado de seus traços dominantes. Trata-se um continente sem nenhuma fronteira terrestre entre seus 14 países constituintes. A única linha divisória política terrestre é entre Ásia e Oceania, a fronteira entre a Indonésia e a Papua-Nova Guiné. Cultural, lin-guística e etnicamente, o estado indonésio de Irian Jaya, tido como sendo asiático, é semelhante à Papua-Nova Guiné, habitados pelos povos papuas. Geograficamente a ilha de Nova Guiné, inteira, faz parte da Australásia, portanto Oceania. Os motivos para classificar seu lado ocidental como asiático são meramente políticos.

ÁFRICA

Relevo

Geralmente, a altitude do continente africano aumenta do no-roeste ao sudeste. As bandas costeiras baixas, com excepção da costa mediterrânica e a costa da Guiné, são geralmente estreitas, antes de criar-se abruptamente. Ao noroeste, as cadeias do Atlas, sucessões de PIC escarpes que culminam4 165 má altitude e entre qual intercalam-se elevadas bandejas, estendem-se do Marrocos até na Tunísia2 400 km por longo.

Paisagem

O Sara, mais o grande deserto do mundo, estende-se do Atlân-tico mer Rouge à parte e outro do trópico do Câncer. Esta vasta depressão é espalhada de relevos (Adrar mauritanien, Aïr, Hoggar, Tibesti). Certas partes do Sara, como o Tanezrouft e o deserto da

Líbia, são extremamente áridas. Ao leste, o deserto é atravessado Nil; toma fim, com o deserto Arábico e o deserto Nubie, frente la mer Rouge. Ao Sul do deserto, esta depressão prossegue-se por uma região de transição, o Sahel (do qual o nome significa “margem”), faz de planícies e fracas ondulações. Ao sudoeste, o Fouta-Djalon, os maciços do Atakora, no norte do Benim, e o Adamaoua, no sudoeste do Camarões são raros os pontos emer-gentes do relevo. Ao centro da África, a bacia do Congo é uma de-pressão essencial. As bandejas orientais, em redor do Equador, são mais elevada do continente. Ocupam a vertente oriental da África e estendem-se la mar Rouge Zambèze. A sua altitude média exce-de1 500 m. Criam-se progressivamente sobre a bandeja etíope para exceder 3 000 os m; Ras Dachan (4 620 m), no norte da Etiópia, é o ponto culminante. Mais ao Sul encontram-se vários vulcões, dos quais o Kilimandjaro, quem com seus5 895 mde altitude é o ponto culminante da África, o monte o QUÊNIA (5 199 m) e o monte Elgon. Uma caraterística topographique específica das montanhas orientais é o vasto sistema de fossos tectônicos (Rift Valley) que atravessam a região no sentido norte-sul. Ao oeste, o Ruwenzori atinge uma altitude máxima5 119 mà PIC Margherita. O Sul do continente é constituído vasta de uma bandeja, cortada pelas de-pressões do delta do Okavango e o deserto Kalahari. O rebordo meridional da bandeja austral contorna a costa sueste sobre cerca de1 100 kme culmina3 650 mno Drakensberg, na África do Sul. O Karroo é uma bandeja árida cerca de de 260 000 Km ², igualmente na África do Sul. O deserto do Namib estende-se quase2 000 kmao longo da costa do oceano Atlântico. A ilha da Madagáscar é cons-tituída de uma bandeja central devastada pela erosão e limitada ao leste por uma planície costeira úmida. A maior parte dos so-los africanos apresenta uma drenagem irregular e uma cobertura preática pouco visível, excepto ao Sara onde de grandes cobertu-ras fósseis e rios subterrâneos foram localizados (Argélia, Líbia). Os solos são frequentemente incultivaveis devido à violência das chuvas e a lixiviação dos minerais. Os solos desérticos, pobres em componentes orgânicos, cobrem uma vasta extensão. Certos solos savane, endurecidos, apresentam couraças (laterite).

Os Rios

Existe seis grandes bacias hydrographiques na África. Com excepção da bacia do lago a Chade, cujas águas evaporam-se sob o efeito do calor, conduz muito no mar e são caraterizados por quedas e rápido que impedem a navegação. Nil, mais o longo rio do mundo com seus6 650 km, arrose o nordeste da África. For-mado do Bahr el-Azrak, que toma a sua fonte no lago curtiu na Etiópia, e o Bahr el-Abiad, que a sua ao Sul do Burundi e se forma à sair do lago Vitoria, Nil vaza para o norte, atravessa o Sara e lança-se no Mar Mediterrâneo por um largo delta. O Congo, com seus4 400 km, banha uma grande parte da África central. Nasce na Zâmbia e vaza para o norte sob o nome de Lualaba. Obliqua para o oeste seguidamente para o sudoeste para lançar-se no ocea-no Atlântico. O terceiro grande rio africano, o Níger, na África ocidental, é longos cerca de de 4 200 Km; o seu curso superior é navegável apenas durante a estação das chuvas. O Níger, que toma a sua fonte sobre a bandeja do Fouta-Djalon, vaza para o norte e está-o formando um vasto delta interno onde as águas da cheia estendem-se antes de dirigir-se para o Sul, seguidamente lançar-se no golfo da Guiné por um delta aos braços múltiplos. Zambèze, longo cerca de3 540 km, nasce na Zâmbia, no sudeste da África, e vaza para o Sul, é o e o sudeste antes de lançar-se no Oceano Índico.

Zambèze apresenta numerosas quedas, das quais mais notá-

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GEOGRAFIAveis são as quedas Vitoria. O rio Cor de laranja (2 100 km) e o seu afluente o Vaal banha o Sul da África. A Laranja nasce no maciço do Drakensberg e derrama-se, ao oeste, no Atlântico após ter es-cavado gargantas espetaculares. O abastecimento de água é um problema essencial na África. Vastas extensões sofrem da insu-ficiência ou da irregularidade das chuvas e as populações devem armazenar a água à vista do atraso ou a insuficiência das precipi-tações. Outras regiões têm reservas surabondantes. Existe grandes pântanos e certas zonas periodicamente são inundadas (Sul do Su-dão, delta interno do Níger). Nos últimos anos, de numerosas bar-ragens e tanques foram construídos para canalizar a água destinada à irrigação ou para a produção hydroélectrique (barragens Assouan sobre Nil, de Akosombo sobre o Volta, de Manantali sobre o Níger, Inga sobre o Congo, de Kariba e de Cabora baseou em Zambèze). Graças aos seus numerosos cursos de água, a África possui cerca de 40 % do potencial hydroélectrique mundial.

Clima

Uma grande parte do continente é apresentada à influência do clima tropical. Na África oriental, montanhas param a monção do Oceano Índico. O clima de África é fortemente influenciado pelo facto de este continente ser atravessado quase a meio pela linha do equador e estar compreendido na sua maior parte entre os trópicos. É um continente bastante quente, onde os climas se individualizam mais pelas variações pluviométricas do que pelas térmicas, à exce-ção das extremidades norte e sul, de clima mediterrânico. A partir do equador para norte e para sul, o clima passa de equatorial para tropical e desértico quente. Nas zonas mais altas o clima é de alti-tude e nas zonas temperadas o clima é mediterrânico. Distinguem-se várias grandes zonas climáticas. A parte central do continente e a costa oriental da Madagáscar têm um clima caraterístico da flo-resta pluvial tropical. A temperatura média é cerca de 30 °C, com precipitações anuais próximas1 800 mm. O clima da costa da Gui-né assemelha-se ao clima equatorial, mas as chuvas concentram-se só uma numa estação; não há, contudo meses sem chuva. Ao norte e o Sul, o clima da floresta pluvial deixa o lugar ao clima tropical, caraterizado por uma estação úmida durante os meses de verão e uma estação seca durante os meses de inverno, que se alonga à medida que se aproxima trópicos. As precipitações anuais totais variam1 500 mm550 mm. De parte e outro do Equador, a humida-de diminui quando a latitude aumenta, e passa-se floresta densa à floresta à folhas caducas seguidamente à floresta clara e por último la savane. Le Sahelé uma zona climática intermédia entre savane e o deserto onde as precipitações (400600 mm) permitem ainda a cultura do painço sem irrigação, por conseguinte a existência de uma agricultura de subsistência elementar. Muito vastas extensões têm um clima árido, ou desértico. O Sara, no norte, o Abyssinie, no leste, e Kalahari e o deserto do Namib, no sudoeste, recebe menos250 mmde chuvas por ano. Ao Sara, as variações de tem-peratura entre o dia e a noite, e entre as estações são importantes. Durante a estação fria, a temperatura noturna cai frequentemente debaixo0 °C. As zonas de clima e de vegetação mediterrânicos en-contram-se extremo no noroeste e o extremo sudoeste da África. Estas regiões são caraterizadas por invernos suaves e úmidos, e ve-rões quentes e secos. Sobre as bandejas da África oriental, em es-pecial ao Quênia e o Uganda, as precipitações são repartidas bem ao longo de todo o ano e as temperaturas são iguais. O clima da elevada bandeja da África do Sul é moderado na região do Cabo.

Vegetação

A vegetação reflete as zonas climáticas. A região da flores-ta pluvial tropical, onde as precipitações anuais médias exce-dem1 300 mm, é coberta de uma vegetação densa fougeres e de espumas, dominada por grandes árvores à folhas persistentes e de numerosas espécies de madeira dura tropical. Ao Sul do Equador, a floresta primária ocupa ainda zonas não negligenciáveis, nomea-damente no leste da República democrática do Congo, sobre as inclinações do Ruwenzori e os montes Virunga, favorecida por precipitações importantes (4 0006 000 mma e mais, com uma hu-midade 90 %). Existe uma zona de florestas de montanhas, com precipitações anuais médias mais importantes que o da floresta pluvial tropical, elevadas nas bandejas do Camarões, na Angola, a África oriental e em cerca de regiões da Etiópia, onde uma exten-são coberta de matos faz lugar à árvores à madeira dura e coníferas primitivos.

Savana arborizado, com precipitações anuais de 9001 400 mm, cobre vastas extensões de vegetação resistente ao fogo: ervas, le-guminosas e matos misturados à florestas de árvores folhudas. Sa-vane arbustive, com precipitações anuais de cerca de 500900 mm, é coberto de elevadas ervas, arbustos, pequenos bosques de árvo-res folhudas isoladas onde emergem às vezes de grandes árvores, vestígios antigos de uma grande floresta hoje desaparecida.

O desaparecimento destas pequenas florestas, do qual per-manecem frequentemente apenas árvores e arbustos dispersados, anuncia a transição com savana ervoso, uma zona particularmente sensível à desertificação, introduzindo insensivelmente uma pai-sagem saheliana. No Sahel, o homem, as suas culturas e os seus bovinos vivem ao limite das possibilidades da natureza e sofrem do menor acidente climático. É a mata, com uma vegetação ste-ppe, e precipitações anuais de cerca de 300500 mm. A erva é mais baixo e os arbustos cobertos de espinhas. A zona subdésertica (130300 mm), onde empurram cerca de arbustos dispersos, verdit após as chuvas durante um curto período. É antichambre da zona desértica (menos130 mm) onde a vegetação, rara ou inexistente, pode alimentar apenas os camelos e às vezes cerca de cabras.

América do sul

A América do Sul é um subcontinente que compreende a por-ção meridional do continente americano - formado também pela América Central e a América do Norte. A América do Sul limita-se a leste com o oceano Atlântico, a oeste com o oceano Pacífico, e ao norte com o mar do Caribe. Liga-se à América Central pelo Panamá.

Relevo

Três regiões montanhosas determinam o contorno principal do continente: a cordilheira dos Andes, os planaltos residuais Nor-te Amazônicos (antigo planalto das Guianas ou sistema Parima), e os planaltos e serras do Atlântico-Leste-Sudeste. Há entre essas regiões, áreas de planícies, formadas pelas três principais bacias hidrográficas do continente: a Amazônica, a do Orinoco e a do rio Paraná. O ponto culminante é o monte Aconcágua (6.959m), na fronteira entre o Chile e a Argentina. Toda a costa leste da América do Sul é composta por planaltos de origem geológica muito antiga, devido a isso sofreu longos processos erosivos e atualmente possui características relativamente planas. No interior da América do Sul identifica-se em grande parte uma predominância de planaltos com

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Didatismo e Conhecimento 19

GEOGRAFIApouca elevação e planícies. No extremo ocidente do subcontinente o relevo é constituído por grandes altitudes, onde está localizada a Cordilheiras dos Andes que corresponde a um dobramento alpino oriundo do encontro entre a placa de nazca e a placa sul-america-na, devido a isso a região desenvolve uma grande incidência de abalos sísmicos. A Cordilheira dos Andes se estende desde a Vene-zuela até o Chile, diante dessa extensão os Andes possuem aspec-tos distintos que variam de acordo com cada particularidade, pode ser classificado como: Andes setentrionais úmidos, Andes centrais ou áridos e Andes meridionais ou frios.

Litoral

Atlântico com 16 mil km de extensão, o litoral tem baixos declives, uma larga plataforma continental e é rico em acidentes, como por exemplo, os golfos de Darien e o da Venezuela, as pe-nínsulas de Goajira e Pária, no mar das Antilhas, e as baías de São Marcos, Todos os Santos e Guanabara. O Pacífico com 9.000km possui costas altas, com grandes profundidades submarinas, e a única área mais acidentada está localizada no sul, onde aparecem muitas ilhas e arquipélagos.

Hidrografia

As bacias do Amazonas, do Orinoco e do Paraná banham, em conjunto, uma área superior a 11.000.000km². O maior sistema é o formado pelo rio Amazonas e seus afluentes, entre eles alguns de grande extensão, como o Negro, o Juruá, o Purus e o Madeira. Também merecem destaque os rios São Francisco, no Brasil, e o Magdalena, na Colômbia. A maior parte dos lagos sul-america-nos fica nos Andes e o maior deles é o Titicaca, o mais alto lago navegável do mundo, entre a Bolívia e o Peru. Na faixa atlântica, os dois maiores são o Maracaibo, na Venezuela, e a lagoa dos Pa-tos, no Brasil. A América do Sul, em recurso hídrico, possui uma das maiores bacias hidrográficas do mundo, como por exemplo, a bacia do Amazonas que é a maior do mundo. O grande potencial hídrico desse subcontinente é proveniente dos aspectos climáticos que predominam em grande parte do território onde prevalecem os climas úmidos (equatorial e tropical úmido) com altos índices pluviométricos.

As principais bacias hidrográficas presentes na América do Sul são:

Bacia Amazônica: está localizada na floresta Amazônica e abrange o Brasil, Bolívia, Peru, Equador, Colômbia, Venezuela e Guiana.

Bacia do Prata: corresponde à união de três sub-bacias (Pa-raná, Paraguai e Uruguai).

Bacia do Rio São Francisco: encontra-se totalmente em ter-ritório brasileiro e tem como rio principal o São Francisco.

Clima

A América do Sul pode ser dividida em quatro zonas climáti-cas distintas: tropical, temperada, seca e fria, distribuídas confor-me o relevo da região. As chuvas são abundantes na maior parte da América do Sul, com exceção das áreas desérticas do Peru e norte do Chile, Patagônia argentina e nordeste brasileiro. O deserto de

Atacama, no Chile, é uma das regiões mais secas do mundo. De-vido à extensão territorial, no sentido norte-sul, o continente sofre influência de duas zonas climáticas, a intertropical e a temperada do sul. Dessa forma, é identificado clima equatorial, tropical, além da presença de clima mediterrâneo e temperado. O relevo é um dos primordiais na composição dos climas, dessa forma ao longo de toda planície amazônica não há altitudes que possam impedir a lo-comoção de massas de ar quente ou fria, servindo assim como uma espécie de corredor de passagem de massas que seguem seu trajeto para interagir com as características locais e assim dar origem às distintas variações climáticas. Além dos climas já apresentados, na América do Sul são identificados ainda os climas: frio de mon-tanha, característico dos Andes; semiárido que ocorre nos Andes Central e nordeste brasileiro; e árido ou desértico que ocorre na Patagônia (Argentina) e do Atacama (Chile).

Como o clima em grande parte é o equatorial e tropical, de-senvolve grandes florestas do tipo latifoliadas, que corresponde à floresta equatorial, como a Amazônica. Nas áreas de clima tro-pical, que ocorre nos territórios do Brasil, Paraguai, Venezuela e Colômbia, ocorrem vegetações tais como as savanas (cerrado no planalto central brasileiro, chaco no Paraguai e Bolívia e lhanos na Venezuela). E nas regiões de clima tropical úmido ocorrem as florestas tropicais como a floresta Atlântica na costa brasileira. Nas regiões onde prevalece o clima subtropical, como no sul do Brasil, Uruguai e Argentina, ocorrem vegetações como Mata de Araucá-ria, além de estepes e pradarias. Em uma restrita parcela da Amé-rica do Sul ocorre o clima temperado, essa característica climática se apresenta no sul do Chile, a vegetação que desenvolve na região é a floresta temperada.

CARTOGRAFIA

A Geografia precisa situar com precisão na superfície da Terra aquilo que quer estudar e analisar. A elaboração de mapas nasceu da necessidade de representar a forma da Terra e dos continentes e medir as distâncias entre lugares. A cartografia é a ciência e a arte da representação gráfica da superfície terrestre. O seu produto final é o mapa. Os mapas são fundamentais para a Geografia, pois nada mais são do que a representação total ou parcial do espaço geográfico.

Desde a Antiguidade há a preocupação de se elaborar vários tipos de mapas. Até a metade do século XV, os mapas eram re-presentações de descrições de itinerários para viajantes, mas não representavam fielmente a realidade do espaço terrestre.

No final da Idade Média começaram a ser desenhados os por-tulanos, verdadeiros mapas em duas dimensões: indicavam a posi-ção dos portos e o contorno das costas.

A partir do século XVII desenvolveu-se a ciência geodésica, que permitiu calcular com mais correção a latitude e a longitude de um determinado ponto e a altitude de um lugar em relação ao mar.

Atualmente, os meios mais modernos utilizados pela cartogra-fia são as fotografias aéreas, o sensoriamento remoto e a informá-tica, que auxilia na precisão dos cálculos. A fotografia aérea, rea-lizada de aviões, proporciona o material básico para a elaboração de mapas. As fotografias são feitas de maneira que, sobrepondo-se duas imagens do mesmo lugar, obtém-se a impressão de uma só imagem em relevo. Graças a elas representam-se os detalhes da su-perfície do solo. Sobre o terreno, o topógrafo completa o trabalho, revelando os detalhes pouco visíveis nas fotografias.

Outra técnica cartográfica é o sensoriamento remoto. Consiste

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GEOGRAFIAna transmissão, a partir de um satélite, de informações sobre a su-perfície do planeta ou da atmosfera.

No Brasil utiliza-se o termo mapa, de forma genérica, para identificar vários tipos de representação cartográfica. Mesmo que, em alguns casos, a representação não passe de uma lista de pa-lavras e números, ou de um gráfico que mostre como ocorre de-terminado fenômeno, essa representação recebe o nome de mapa. Embora o termo esteja popularizado, a grande maioria dos brasi-leiros possui um conhecimento muito restrito de cartografia devido ao nível de importância que é dado à alfabetização cartográfica no ensino formal e à difusão de mapas para uso cotidiano. Porém, os mapas estão em toda parte, jornais, revistas, canais abertos de tele-visão – quem não olha o mapa do tempo no jornal diário? - mapa rodoviário, do metrô, da cidade, e tantos outros que poderiam ser-vir para alguma coisa, mas que quando existem, desorientam mais do que orientam. Talvez para o usuário não interesse como eles foram feitos, mas, se servem à necessidade imediata, se cumprem seu objetivo.

Se considerarmos que os mapas servem de orientação e de base para o planejamento e conhecimento do território, a socieda-de acaba sendo consumidora dessas representações cartográficas que são um meio de comunicação. Porém, na maioria das vezes, esses mapas não têm cumprido o seu papel. A função de um mapa quando disponível ao público é a de comunicar o conhecimento de poucos para muitos, por conseguinte ele deve ser elaborado de forma a realmente comunicar. Provavelmente, parte da responsa-bilidade pela atual proliferação de mapas pouco eficazes se deve também, ao acesso irrestrito às ferramentas tecnológicas desenvol-vidas para análise de dados espaciais aliadas ao desconhecimento dos procedimentos inerentes à representação cartográfica.

Do ponto de vista científico, a busca por métodos que deem conta da representação de processos complexos da contempora-neidade também provocou o aumento de pesquisas em áreas emer-gentes como o geoprocessamento, a informática, o meio ambiente e a saúde pública, para os quais os sistemas de informação geo-gráfica fornecem ferramentas que ajudam na produção de mapas. Isso certamente contribui, cada vez mais, para que os mapas sejam concebidos como documentos que revelam o visível e o invisível na imagem, como, por exemplo, as concepções ideológicas de uma sociedade. No entanto, independente do objetivo, o mapa como um meio de comunicação exige conhecimentos específicos de Car-tografia, tanto de seu criador como do usuário, leitor e consumidor.

Mapas Temáticos

Na cartografia, os mapas têm características específicas que os classificam, e representam elementos selecionados de um determi-nado espaço geográfico, de forma reduzida, utilizando simbologia e projeção cartográfica. Para os cartógrafos, os mapas são veícu-los de transmissão do conhecimento que pode ser o mais amplo e variado possível ou o mais restrito e objetivo possível e afirma que cada mapa tem seu autor, uma questão e um tema, mesmo os mapas de referência geral, os topográficos ou os cadastrais.

Todo o mapa, qualquer que seja ele, ilustra um tema e até o mapa topográfico não escapa à regra. Dessa forma, define como mapas temáticos, todos os mapas que representam qualquer tema, além da representação do terreno. Os procedimentos de levanta-

mento, redação e comunicação de informações por meio de mapas, diferem de acordo com a formação e especialização dos profis-sionais em cada campo, a exemplo dos geólogos, geomorfólogos, geógrafos, entre outros, que se expressam na forma gráfica.

A elaboração de mapas temáticos abrange as seguintes etapas: coleta de dados, análise, interpretação e representação das infor-mações sobre um mapa base que geralmente, é extraído da carta topográfica. Os mapas temáticos são elaborados com a utilização de técnicas que objetivam a melhor visualização e comunicação, distinguindo-se essencialmente dos topográficos, por representa-rem fenômenos de qualquer natureza, geograficamente distribuí-dos sobre a superfície terrestre. Os fenômenos podem ser tanto de natureza física como, por exemplo, a média anual de temperatura ou precipitação sobre uma área, de natureza abstrata, humana ou de outra característica qualquer, tal como a taxa de desenvolvi-mento, indicadores sociais, perfil de uma população segundo va-riáveis tais como sexo, cor e idade, dentre outros.

Cada mapa possui um objetivo específico, de acordo com os propósitos de sua elaboração, por isso, existem diferentes tipos de mapas. O mapa temático deve cumprir sua função, ou seja, dizer o quê, onde e, como ocorre determinado fenômeno geográfico, uti-lizando símbolos gráficos (signos) especialmente planejados para facilitar a compreensão de diferenças, semelhanças e possibilitar a visualização de correlações pelo usuário. O fato dos mapas temá-ticos não possuírem uma herança histórica de convenções fixas, a exemplo dos topográficos, se deve às variações temáticas e aos as-pectos da realidade que representam, sendo necessárias adaptações diferenciadas a cada situação.

Conteúdo Político Ideológico dos Mapas

Á primeira vista você pode estranhar o mapa-múndi apresen-tado, que pode dar a impressão de estar “invertido” e “distorcido”. Isso acontece porque estamos acostumados a observar os mapas “normais” centrados na Europa, com o hemisfério norte acima do sul, e, em geral, com as terras do hemisfério norte despropor-cionalmente maiores. Como o nosso planeta é esférico, podemos representá-lo tendo qualquer ponto como centro. A opção entre di-ferentes representações cartográficas não é simplesmente técnica mas, também, política ou geopolítica. Na verdade, qualquer mapa contém uma visão de mundo e um conteúdo político-ideológico.

A representação do mundo e sua interpretação pelo ser huma-no sempre foi objeto de investigação das ciências sociais como a

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Didatismo e Conhecimento 21

GEOGRAFIAgeografia, antropologia, sociologia e a psicologia.

Esta preocupação pela forma como a realidade objetiva é in-terpretada pela subjetividade, propicia um campo de argumentação e reflexão ao mesmo tempo rico e complexo. Sua riqueza repousa no fato de que não existe um mundo sem sua consequente e in-trínseca representação, ou fazendo-se uso de uma linguagem mais antropológica, não há um mundo concebível sem a admissão de sua compreensão precedente a própria existência da configuração do entendimento, pois o espaço e o tempo precedem e estruturam os processos cognitivos do homem, por se tratarem de categoriais a priori da natureza, havendo então a partir desta consideração uma multiplicidade e criatividade inesgotável de formas de se explicar a realidade do entorno e sua representação. Torna-se evidente a imensurabilidade teórica e epistemológica desta riqueza presente na representação do espaço geográfico.

Por outro lado o mundo entendido como compreensão daquilo que é construído pela nossa percepção direta a priori pelos sentidos e a posteriori pelos processos cognitivos de formulação das matri-zes de conhecimento e seus modelos explicativos, não seria expli-cado por uma simples teoria geral com âmbito totalizante com re-lação a complexidade da realidade objetiva, advém desta demanda uma necessidade de aprofundamento da linguagem no que tange a representação do espaço, dando um viés de importância imen-surável para o discurso e suas modalidades de construção e ação.

Talvez justamente por ser indefinidamente complexo e in-trinsecamente rico é que o mundo humanamente concebido, in-terpretado e posteriormente diversamente compreendido possua uma gama tão extensa de possibilidades e divergências de repre-sentação, indo de encontro à potência de criação da subjetividade daqueles responsáveis pelas estruturações coletivas ou individuais das imagens representativas da realidade.

Crenças que regem as ações de um povo, compreendendo em seus discursos as principais características intersubjetivas que for-mulam em seu conjunto as peculiaridades coletivas e as marcas individuais destas comunidades.

É possível fazer uma analogia metafórica comparando a geo-grafia e seus sacerdotes, os geógrafos consagrados pela academia como detentores de seu discurso, com os antigos sofistas dos pri-mórdios da filosofia grega; quem meio a inquietação de se explicar e compreender o mundo excedia a capacidade de estruturação dis-cursiva em teorias monolíticas, desencadeando em várias vertentes de pensamento, onde cada um ao seu modo procurava explanar sobre a complexidade mundana, de acordo com a sua forma de interpretar os objetos e fenômenos constituintes da realidade obje-tiva imediata a sua percepção sensorial e cognitiva.

Com algumas diferenças historicamente justificáveis, vemos a geografia desde que se tornou mais uma das assinaturas do corpo argumentativo da ciência moderna, elaborar uma diversidade de teorias e hipóteses de explicação do mundo que variam conforme o momento e contexto histórico no qual o geógrafo está inserido, sendo possível identificar seus traços individuais em suas elucu-brações e também as influências que vão deste a corrente dominan-te da época, ou um movimento emergente vanguardista de pensa-mento que esteja em ebulição em sua contemporaneidade.

O mais importante de se ressaltar nesta trajetória histórica da Geografia na academia, é o exclusivismo discursivo na hora de agenciar os problemas que afligem não só o que está disposto além de seus métodos e metodologia, ou seja, seu objeto de estudo, mas também os seus próprios pilares de sustentação construídos de

acordo com os moldes das justificações da racionalização teórica; excluindo para a margem de suas teorias tudo o que não respeitar esta lógica de pensamento cartesiano, como por exemplo, a falta de reconhecimento dos estudos relacionados à geografia da per-cepção ou cultural, onde o principal objetivo é reconhecer a ne-cessidade de inclusão ao discurso geográfico as culturas e proces-sos de subjetivação não diretamente relacionados com os padrões científicos de análise e entendimento calcados principalmente no neopositivismo e no racionalismo extremado.

Todas estas características nos aproximam das teorizações sobre a não neutralidade do pesquisador, neste caso o geógrafo, em relação ao seu objeto de estudo, o espaço geográfico e suas bifurcações terminológicas e discursivas inerentes à geografia, mas também deixando a mostra a possibilidade epistemológica de se discutir algumas das questões referentes à geografia, o poder e a ideologia e as imagens representativas criadas pela vontade na ciência geográfica.

O Discurso Ideológico e a Geografia

A geografia como qualquer outra área da Ciência é construí-da a partir de um discurso disciplinar específico, que dá ao seu corpus teórico metodológico status científico, garantindo assim o reconhecimento da existência de uma área específica do conheci-mento acadêmico voltado para a análise do espaço social. Com um desenvolvimento histórico deveras turbulento, devido a grandes influências de diversas correntes ideológicas distintas, a geogra-fia passou por mudanças sutis em suas teorias e metodologias, de acordo é claro com o contexto analisado.

Seguindo o estudo feito pelo geógrafo francês Yves Lacoste (1988), temos uma sólida apresentação de como estes discursos ideológicos não só influenciam o discurso geográfico como tam-bém o estruturam em seus conceitos e temáticas.

Percebemos então a importância de se considerar as ambiva-lências e divergências existentes no discurso geográfico. O estudo do espaço geográfico se modifica dependendo da abordagem, mé-todos e correntes teóricas escolhidos pelo pesquisador da ciência geográfica. É a partir destas divergências na escolha destes aportes teóricos da pesquisa, que as representações sociais criadas pelo discurso geográfico vão ficar fortemente pressionados pela ordem discursiva – neste caso podendo ser entendida como ideologia – que este pesquisador, ou grupo de pesquisadores defenderem como sendo o adequado para seus estudos.

O Espaço Geográfico e sua Representação

Sabendo da grandeza do problema relacionado a quantidade de variáveis a ser atingidas pela ciência geográfica, nos alertam sobre o perigo eminente destes discursos distorcerem a realidade, muitas vezes adaptando características em prol de suas delimi-tações julgadas por um conjunto de regras como sendo prioritá-rias: A combinação de fatores geográficos, que aparece quando se considera um determinado espaço, não é a mesma que aquela que pode ser observada para um espaço menor que está “contido” no precedente. Assim, por exemplo, aquilo que se pode observar no fundo de um vale alpino e os problemas que podem ser colocados a propósito desse espaço e das pessoas que aí vivem, diferem da-quilo que se vê quando se está sobre um dos picos e essa visão das coisas se transforma quando se olham os Alpes de avião, a 10.000 metros de altitude.

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Didatismo e Conhecimento 22

GEOGRAFIAPodemos perceber a importância dada a questão cartográfica

como um dos principais instrumentos de poder da geografia. Essa preocupação com a representação social do espaço por meio das cartas cartográficas entra em comum acordo com as considerações de Boaventura de Sousa Santos sobre os mapas simbólicos.

Essa confluência sobre os mapas sociais mostra como a geo-grafia tem um papel fundamental na construção das representações sociais; ficando mais evidente nos casos em que o seu discurso que pode se caracterizar como dominante sobrepor-se a uma comple-xidade representacional não alcançada por métodos quantitativos por exemplo – característica muito comum nos mapas políticos nacionais, regionais e estaduais – ficando a mostra a fragilidade teórica presente nestes verdadeiros mapas simbólicos da realidade, que não se configuram apenas pelas cartas cartográficas, mas tam-bém pelo escopo teórico/metodológico e principalmente político nos quais o discurso geográfico irá se apoiar para legitimar seu papel como agente de interpretação da realidade objetiva.

A dificuldade da geografia em abarcar toda a complexidade social e estrutural da realidade deixa claro que, suas bases epis-temológicas ainda precisam ser desenvolvidas e ampliadas para novas abordagens e concepções teóricas. Esta defasagem da escala de abrangência discursiva da geografia evidencia a dificuldade de se conseguir abarcar em uma única análise, politicamente, ideo-logicamente e historicamente construída, toda rede de detalhes e nuanças presentes em um dado contexto.

O espaço de representação social configura-se assim como sendo a principal riqueza da geografia e ao mesmo tempo o seu maior desafio epistemológico, pois diferentes métodos e metodo-logias já foram elaborados e defendidos para se chegar a sua redu-ção explicativa. No entanto temos que considerar as variantes do espaço geográfico que compõem a representação social, como por exemplo os mitos, os símbolos sociais, as identidades culturais, a política e o poder presente nas sociedades, os diferentes graus de sociabilidade entre as comunidades humanas, etc.

Procurando resumir este complexo quadro analítico no qual o espaço geográfico e suas variáveis vem se encaixar, teremos três grandes eixos temáticos estruturadores e derivativos deste todo, a saber: a sociabilidade, a temporalidade e a espacialidade; podemos complementar o discurso como sendo o veículo e o estruturados das fronteiras entre estes três eixos, formando um todo movido pelo seu inexorável movimento de dever, que o faz ser dinâmico e autotransformador – e também com certo grau de adaptabilidade – de suas características estruturantes: A conjunção destes três eixos, a sociabilidade, a espacialidade e a temporalidade, entrelaçadas e pelo dever, dão ao espaço geográfico toda a complexidade que o discurso da geografia procura apreender e conceituar em seu esco-po teórico, fazendo uso de classificações, diferenciações e delimi-tações para atingir tais objetivos de compreensão do espaço.

A Ordem do Discurso na Representação do Espaço Social

A geografia se enquadra no rol de disciplinas da ciência que tem como objetivo construir verdadeiros sistemas de construção e estruturação discursiva.

Estas disciplinas foram amplamente trabalhadas, e podemos contextualizar esta fundamentação na construção do discurso pre-sente em todas as correntes da geografia. Temos então uma situa-ção tanto política como ideológica neste contexto; e isso se dá não só pelo fato de o conhecimento geográfico ser social por excelên-cia, mas também porque os conhecimentos existentes nas teorias e aplicações desta ciência ser de extrema utilidade para os órgãos governamentais e em certa medida para os interesses empresariais dos mais diversos.

Apresentam-nos várias proposições sobre como o discurso age como instrumento de poder, controle, exclusão, inclusão, clas-sificação e ordenação e diz que estes são Procedimentos internos, visto que são os discursos eles mesmos que exercem seu próprio controle; procedimentos que funcionam, sobretudo, a título de princípios de classificação, de ordenação, de distribuição, como se tratasse, desta vez, de submeter outra dimensão do discurso do acontecimento e do acaso.

Trazendo esta discussão especificamente para o campo da geografia, observaremos com certa facilidade como é possível discernir este processo de classificação e ordenação – principal-mente – no decurso da evolução do pensamento geográfico. Como foi visto, diversas abordagens já foram elaboradas e reestrutura-das, deixando claro a importância da carga política e ideológica no discurso geográfico, manifestando estas ideologias na forma de representar a sociedade, seja para controlar, classificar ou ordenar o mundo e os indivíduos, característica fundamental da cartografia e todas as outras aplicações e ações da geografia no espaço social.

Projeções Cartográficas

A melhor maneira de representar a Terra como um todo é por meio de um globo. Mas para conhecer melhor a superfície do planeta são necessários mapas planos. No entanto, converter um corpo esférico como a Terra numa figura de superfície plana não pode ser feito sem deformar sua representação. Os cartógrafos de-senvolveram vários métodos chamados projeções cartográficas, ou seja, maneiras de representar um corpo esférico sobre uma super-fície plana.

Porém, toda projeção resulta em deformações e incorreções. Em cada projeção há concessões: para representar corretamente uma característica, outras são distorcidas. As deformações podem acontecer em relação às distâncias, às áreas ou aos ângulos. Con-forme o sistema de projeção utilizado, as maiores alterações da re-presentação localizam-se em uma ou outra parte do globo: nas re-giões polares, nas equatoriais ou nas latitudes médias. O cartógrafo define qual é a projeção que vai atender aos objetivos do mapa.

Os sistemas de projeções constituem-se de uma fórmula mate-mática que transforma as coordenadas geográficas, a partir de uma superfície esférica (elipsoidal), em coordenadas planas, mantendo correspondência entre elas. O uso deste artifício geométrico das projeções consegue reduzir as deformações, mas nunca eliminá-las.

Os tipos de propriedades geométricas que caracterizam as projeções cartográficas, em suas relações entre a esfera (Terra) e um plano, que é o mapa, são:

a) Conformes – os ângulos são mantidos idênticos (na esfera e no plano) e as áreas são deformadas.

b) Equivalentes – quando as áreas apresentam-se idênticas e os ângulos deformados.

c) Afiláticas – quando as áreas e os ângulos apresentam-se de-formados.

Tipos de Projeções

Como as deformações são inevitáveis, cada tipo de projeção é classificado de acordo com a característica que permanece correta. Assim, as chamadas projeções equidistantes mantêm as distâncias corretas; as projeções “conformes” são as que mantêm a igualdade dos ângulos e das formas dos continentes; e as equivalentes mos-tram corretamente a distância e a proporção entre as áreas.

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GEOGRAFIAExistem três principais tipos de projeção: - Cilíndricas: uma das mais utilizadas é a de Mercator (1512-

1594), com uma visão do planeta centrada na Europa. Outro exem-plo é a do cartógrafo contemporâneo Arno Peters, que divulgou em 1973 uma projeção que reflete corretamente as dimensões das áreas dos continentes.

Projeção de MercatorNesta projeção os meridianos e os paralelos são linhas retas que

se cortam em ângulos retos. Corresponde a um tipo cilíndrico pouco modificado. Nela as regiões polares aparecem muito exageradas.

Projeções de Mercator ou Cilíndrica Equatorial

Projeção de Peters

Outra projeção muito utilizada para planisférios é a de Arno Peters, que data de 1973. Sua base também é cilíndrica equivalen-te, e determina uma distribuição dos paralelos com intervalos de-crescentes desde o Equador até os pólos, como podemos observar no mapa a seguir.

Projeção Cilíndrica Equivalente de Peters

As retas perpendiculares aos paralelos e as linhas meridianas têm intervalos menores, resultando na representação das massas continentais, um significativo achatamento no sentido Leste-Oeste e a deformação no sentido Norte Sul, na faixa compreendida entre os paralelos 60o Norte e Sul, e acima destes até os polos, a impres-são de alongamento da Terra.

- Cônicas: são mais usadas para representar as latitudes mé-dias, pois apenas as áreas próximas ao Equador aparecem retas.

- Azimutais: também chamadas planas ou zenitais, têm um ponto de vista central, mas deformam áreas distantes desse ponto. São as preferidas para representar as áreas polares.

Projeção Ortográfica

Ela nos apresenta um hemisfério como se o víssemos a grande distância. Os paralelos mantêm seu paralelismo e os meridianos passam pelos polos, como ocorre na esfera. As terras próximas ao Equador aparecem com forma e áreas corretas, mas os polos apre-sentam maior deformação.

Projeção de Mollweide

Nesta projeção os paralelos são linhas retas e os meridianos, linhas curvas. Sua área é proporcional à da esfera terrestre, tendo a forma elíptica. As zonas centrais apresentam grande exatidão, tanto em área como em configuração, mas as extremidades apre-sentam grandes distorções.

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GEOGRAFIA

Projeção de Goode, que modifica a de Moolweide

É uma projeção descontínua, pois tenta eliminar várias áreas oceânicas. Goode coloca os meridianos centrais da projeção cor-respondendo aos meridianos quase centrais dos continentes para lograr maior exatidão.

Projeção de Holzel

Projeção equivalente, seu contorno elipsoidal faz referência à forma aproximada da Terra que tem um ligeiro achatamento nos polos.

O mapa é uma imagem reduzida de uma determinada super-fície. Essa redução - feita com o uso da escala - torna possível a manutenção da proporção do espaço representado. É fácil reconhe-cer um mapa do Brasil, por exemplo, independente do tamanho em que ele é apresentado, pois a sua confecção obedeceu a determina-da escala, que mantém a sua forma. A escala cartográfica estabele-ce, portanto, uma relação de proporcionalidade entre as distâncias lineares num desenho (mapa) e as distâncias correspondentes na realidade.

Um mapa pode possuir níveis distintos de abrangência, de modo que podemos mapear o mundo, continentes ou partes deles, países, regiões, Estados ou mesmo ruas. Todas as vezes que visua-lizamos um mapa, independentemente do seu tema (mapa político, físico, histórico, econômico), podemos saber a distância real que há entre dois pontos ou o tamanho de uma área. Isso é possível por meio da verificação da escala disposta nos mapas.

Escala é variação de proporção de uma área a ser mapeada, quem a determina é o responsável pela elaboração do mapa.

Exemplo prático: Quando se tem a intenção de construir um mapa de um espaço, de maneira que represente fielmente as medidas reais do mesmo, pode-se seguir o seguinte princípio: Se

uma sala de aula possui 5 metros de largura por 5 metros de com-primento, a mesma pode ser representada da seguinte forma: se estabelece que cada centímetro no papel equivale a 1 metro ou 100 centímetros no real. Desse modo, a escala produzida é 1:100 (1cm: 100cm) ou 1/100 (1cm/100cm).

As escalas podem ser indicadas de duas maneiras, através de uma representação gráfica ou de uma representação numérica.

Escala Gráfica

A escala gráfica é representada por um pequeno segmento de reta graduado, sobre o qual está estabelecida diretamente a relação entre as distâncias no mapa, indicadas a cada trecho deste segmen-to, e a distância real de um território. Observe:

A escala representa que cada centímetro no papel corresponde a 3 km na superfície real.

A escala gráfica apresenta a vantagem de estabelecer direta e visualmente a relação de proporção existente entre as distâncias do mapa e do território. É representada sob a forma de um segmento de reta, normalmente subdividido em seções e ao longo do qual são registradas as distâncias reais correspondentes às dimensões do segmento. Em alguns mapas essas distâncias surgem na escala métrica europeia (fig.1) e noutros conjugam-se as unidades de me-dida europeias com as anglo-saxônicas (fig. 2) - em milhas (utili-zadas pelos ingleses e americanos).

Fig. 1 - Escala gráfica Fig. 2 - Escala gráfica

em Km ( escala métrica) em Km e milhas

Ex.: Na escala 1: 100 000 - “1 cm” representa a distância no mapa enquanto que o “100 000 cm” representa a distância real. Isto significa que 1 cm no mapa corresponde a 100 000 cm na realidade, ou seja 1 km.

Escala Numérica

A escala numérica é estabelecida através de uma relação ma-temática, normalmente representada por uma razão, por exemplo: 1: 300 000 (1 por 300 000). A primeira informação que ela fornece é a quantidade de vezes em que o espaço representado foi reduzi-do. Neste exemplo, o mapa é 300 000 vezes menor que o tamanho real da superfície que ele representa.

Na escala numérica as unidades, tanto do numerador como do denominador, são indicadas em cm. O numerador é sempre 1 e indica o valor de 1cm no mapa. O denominador é a unidade variá-vel e indica o valor em cm correspondente no território. No caso da escala exemplificada (1: 300 000), 1cm no mapa representa 300 000 cm no terreno, ou 3 km.

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GEOGRAFIACaso o mapa seja confeccionado na escala 1 300, cada 1cm no

mapa representa 300 cm ou 3 m. Para fazer estas transformações é necessário aplicar a escala métrica decimal:

Escala 1 : 300 000

3 0 0 0 0 0km hm dam m dm cm

3 km 0 0 0 0 0

ou

Escala 1 : 300

3 0 0

km hm dam m dm cm

3 m 0 0

Aplicação da Escala

A escala (E) de um mapa é a relação entre a distância no mapa (d) e a distância real (D). Isto é: E =

As questões que envolvem o uso da escala estão geralmente relacionadas a três situações:

1. Calcular a distância real entre dois pontos, separados por 5 cm (d), num mapa de escala (E) 1: 300 000.

D = 5 cm . 300 000D = 1 500 000 cm ou 15 km2. Calcular a distância no mapa (d) de escala (E) 1: 300 000

entre dois pontos situados a 15 km de distância (D) um do outro.d = = 5 cm

3. Calcular a escala (E), sabendo-se que a distância entre dois pontos no mapa (d) de 5 cm representa a distância real (D) de 15 km.

E = ou 1 : 300 000

Exemplo da utilização dos dois tipos de escalas na mesma si-tuação: Já deves ter reparado que alguns mapas trazem uma escala gráfica, outros trazem uma escala numérica e, existem ainda, os que trazem os dois tipos de escalas. Observa o mapa de Portugal e poderás ver que o mesmo mapa pode ser acompanhado por qual-quer um dos tipos de escalas. Como sabes, as escalas gráficas e numéricas representam-se de forma diferente mas têm o mesmo objetivo.

Escala Gráfica: Vantagens - Mantêm-se a proporcionalidade quando surgem reduções, ampliações. Desvantagens - Menor pre-cisão/rigorosa.

Escala Numérica: Vantagens - Maior precisão/rigorosa. Des-vantagens - Imprópria para reduções, ampliações.

Grande e Pequena Escala

Para a elaboração de mapas de superfícies muito extensas é necessário que sejam utilizadas escalas que reduzam muito os ele-mentos representados. Esses mapas não apresentam detalhes e são elaborados em pequena escala. Portanto, quanto maior o denomi-nador da escala, maior é a redução aplicada para a sua elaboração e menor será a escala. Os mapas de pequena escala são mapas em que a realidade foi muito reduzida, servindo para representar grandes superfícies ou a totalidade do planeta, mas com poucos pormenores (mapa corográfico, planisférios ou mapas mundi). Têm escalas inferiores a 1/100 000. Estes mapas representam vas-tas áreas de territórios, mas com pouca riqueza de pormenor. Estes mapas servem sobretudo para termos uma visão de conjunto acer-ca dos fenômenos que se passam a nível mundial, como é o caso da distribuição mundial do climas.

As escalas grandes são aquelas que reduzem menos o espaço representado pelo mapa e, por essa razão, é possível um maior detalhamento dos elementos existentes. Por isso, são aquelas cujo denominador é menor. As escalas maiores normalmente são de-nominadas de plantas que podem ser utilizadas num projeto ar-quitetônico ou para representar uma cidade. De acordo com os exemplos já citados a escala 1: 300 é maior do que a escala 1: 300 000. Os mapas de grande escala mostram muitos pormenores da realidade (ruas, quarteirões, vias de comunicação, etc., sendo, por isso, muito úteis para a exploração a pé de uma pequena área). São mapas que se aproximam muito da realidade, ou seja, não foram muito reduzidos. Têm escalas compreendidas entre 1/10 000 e 1 / 100 000. Por exemplo: 1/50.000 é superior a 80.000. Estes mapas representam pequenas áreas de território, mas com uma grande riqueza em nível do pormenor. As plantas e mapas topográficos (que representam colinas, rios, cidade e comunicações da área re-presentada) são exemplos de mapas de grande escala.

A escolha da escala é fundamental ao propósito do mapa e ao tipo de informação que se pretende destacar. Numa pequena escala o mais importante é representar as estruturas básicas dos elementos representados e não a exatidão de seu posicionamento ou os detalhes que apresentam. Aliás, o detalhamento neste tipo de mapa compromete a sua qualidade e dificulta a sua leitura. Numa grande escala como plantas de uma casa ou de uma cidade existem uma maior preocupação com os detalhes, mas assim mesmo as in-formações devem ser selecionadas para atender apenas o objetivo pelo qual foram elaboradas.

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GEOGRAFIAComo Calcular Distâncias ReaisA escala de um mapa é um auxiliar precioso para calcularmos distâncias. Face a um mapa podemos de ter de calcular: a distância real;

a distância no mapa; a escala do mapa.Para trabalhar com escalas, ou seja, para saber quanto mede determinada distância entre dois pontos na realidade, é necessário saber

fazer reduções.

Unidades de Comprimentokm hm dam m dm cm mm

quilômetro hectômetro decâmetro metro decímetro centímetro milímetro1000m 100m 10m 1m 0,1m 0,01m 0,001m

Segue as seguintes regras: Exemplos:6 000 000 cm = 60 km (conta-se 5 casas para a esquerda a partir das unidades).10 km = 1 000 000 cm (conta-se 5 casas para a direita a partir das unidades).

1. Identifica a escala presente no mapa - 1/21000000. 2. Mede com a régua a distância entre os lugares que queres saber.

Exemplo : Lisboa - Londres ( 9cm )

3. Usa a regra da proporcionalidade para calcular a distância real. 1cm 9cm-------------- = --------21000000cm X x= 21000000 x 9:1x= 189.000.000x= 1890Kms Problemas com escalas:

Problema A - Temos um mapa com escala 1 / 250 000. Nesse mapa as localidades A e B estão separadas 4 cm. Qual a distância que as separa na realidade? Neste problema sabemos a escala e a distância no mapa. Pretendemos saber a distância real.

Resolução: 1cm 4cm-------------- = --------250000 cm X x = 250000 x 4x=250000cm=1000000cmx= 10 km

Resposta: as duas localidades distam entre si 10 km.

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GEOGRAFIAProblema B - No mesmo mapa, queremos assinalar uma lo-

calidade K que se encontra situada 3 km a Norte da localidade A. Neste problema sabemos a escala do mapa e a distância real. Queremos saber a distância no mapa.

Resolução:1º - temos de reduzir os 3 km a centímetros, dá 300000. Agora

já podemos efetuar os cálculos. 1cm X-------------- = --------250000 cm 300.000 X=300.000 : 250000 =1,2 cm

Resposta: no mapa devemos medir 1,2 cm, para Norte da lo-calidade A e assinalar a localidade K.

Problema C - Temos uma planta de uma sala de aula sem es-

cala. Nesta planta as janelas estão representadas com 1 cm, mas sa-bemos que na realidade medem 3 metros. Neste problema sabemos a distância no mapa e a distância real. Queremos saber a escala.

Resolução:1º - temos de reduzir os 3 m a centímetros, dá 300. Agora já

podemos efetuar os cálculos. 1cm 1-------------- = --------300 cm X X=300 x 1:1 =300

Resposta: a escala dessa planta é de 1 / 300.

Todo mapa é uma representação da realidade. Porém, nenhum mapa consegue captar todos os elementos que fazem parte da rea-lidade. Por mais precisas que sejam, as representações sempre carregam algum grau de incertezas e limitações. Ao se reduzir as dimensões do fato que se deseja representar, é necessário também simplificar e resumir as informações que o espaço real contém. Transformar essas informações em um conjunto de símbolos que possam ser lidos, analisados e interpretados é a tarefa do cartó-grafo.

Os mapas, como um meio de comunicação, têm sua lingua-gem própria, e o seu “alfabeto” é composto de símbolos arranjados em padrões específicos. Para compreender um mapa é necessário que a informação possa ser entendida com facilidade.

Os principais símbolos utilizados nos mapas são de três tipos: pontos, linhas e áreas. A maneira de apresentá-los pode mudar em relação à escala, ao objetivo do mapa, ou de acordo com o fenô-meno a ser observado. Se aquilo que se deseja representar é pouco extenso e bem localizado – os principais núcleos urbanos de um território –, pode-se utilizar pontos (círculos, quadrados etc.); se, ao contrário, o que se quer representar é extenso – como regiões agrícolas –, é preferível utilizar áreas (cores, tramas etc.).

Informações Qualitativas e Quantitativas

Os mapas podem apresentar informações qualitativas, ou seja, em que cada elemento presta um tipo de informação por si mesmo; ou podem apresentar informações quantitativas, em que é neces-sário fazer a relação entre os elementos para obter a informação

transmitida pelo mapa. Um exemplo de informação qualitativa é a representação de uma casa (ponto), de uma estrada (linha) ou de um campo cultivado (área).

Nos mapas de informações qualitativas, o uso de cores, tonali-dades e hachuras, padrões de arranjo ou de orientação dos elemen-tos serve apenas para diferenciá-los, dando-lhes identidade.

Já nos mapas onde se obtêm informações quantitativas, os pontos, as linhas e as áreas são diferenciadas entre si com o uso de recursos visuais, como tamanho, padrão de textura utilizado, valor atribuído a cada cor ou intensidade das tonalidades das cores utilizadas.

Convenções e Legendas

Convenções são os sinais ou símbolos, como cores e figuras, usados para representar os fenômenos desejados no mapa. A maio-ria das figuras e cores é reconhecida internacionalmente. O con-junto dos símbolos usados no mapa constitui a sua legenda.

Representação do Relevo Terrestre

As principais formas de representação do relevo terrestre são os mapas com curvas de nível, os mapas com gradação de cores, as hachuras e o perfil topográfico. As curvas de nível são linhas que ligam pontos ou cotas de altitude em intervalos iguais. A partir delas pode-se construir um tipo de gráfico especial, chamado perfil topográfico. Curvas de nível muito juntas indicam um terreno mui-to inclinado, e afastadas significam uma inclinação mais suave. As hachuras e a gradação de cores representam o terreno com uma informação visual imediata e direta. As hachuras representam o relevo por meio de um conjunto de linhas paralelas ou próximas umas às outras. Quanto mais intensas, mais inclinado é o terreno. A gradação de cores faz o mesmo utilizando uma gama de tonali-dades em que são atribuídos valores numéricos aos tons e às cores.

No entanto, para representar os diversos temas é preciso re-correr a uma simbologia específica que, aplicada aos modos de implantação - pontual, linear ou zonal, aumentam a eficácia no for-necimento da informação. As regras dessa simbologia pertencem ao domínio da semiologia gráfica.

A semiologia gráfica foi desenvolvida por Bertin (1967) e está ao mesmo tempo ligada às diversas teorias das formas e de sua re-presentação, e às teorias da informação. Aplicada à cartografia, ela permite avaliar as vantagens e os limites da percepção empregada na simbologia cartográfica e, portanto, formular as regras de uma utilização racional da linguagem cartográfica, reconhecida atual-mente, como a gramática da linguagem gráfica, na qual a unidade linguística é o signo.

O signo (símbolo) é constituído pela relação entre o signi-ficante (ouvir falar de algo como por exemplo, papel), o objeto referente (esse papel) e o significado (ideia de papel formada na mente do interlocutor ao ouvir falar papel, um papel qualquer). No entanto, o signo é constituído por significante (mensagem acústica: papel) e significado (conceito, ideia de papel). Por exemplo, num mapa do uso das terras, o signo constituído pelo significante «cor laranja» tem o significado de cultura permanente. Dessa forma, os signos são construídos basicamente, com a variação visual de for-ma, tamanho, orientação, cor, valor e granulação para representar fenômenos qualitativos, ordenados ou quantitativos nos modos de implantação pontual, linear ou zonal.

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Didatismo e Conhecimento 28

GEOGRAFIA

A variável visual tamanho corresponde à variação do tamanho do ponto, de acordo com a informação quantitativa; a variável vi-sual valor pressupõe a variação da tonalidade ou de uma sequência monocromática; a granulação corresponde a variação da reparti-ção do preto no branco onde deve-se manter a mesma proporção de preto e de branco; a variável visual cor significa a variação das cores do arco-íris, sem variação de tonalidade, tendo as cores a mesma intensidade. Por exemplo: usar azul, vermelho e verde é usar a variável visual “cor”. O uso do azul-claro, azul médio e azul escuro corresponde à variável “valor”. A variável visual orienta-ção corresponde às variações de posição entre o vertical, o oblíquo e o horizontal e, por fim, a forma, agrupa todas as variações geo-métricas ou não.

A observação das regras apresentadas no quadro de variáveis visuais permite uma comunicação muito mais eficaz. Com exce-ção da variável visual cor (matiz), a utilização correta das demais permite a representação em preto ou tons de cinza; técnicas muito importantes quando o mapa elaborado precisa ser impresso com baixo custo, porém, com ótimos resultados.

A legenda deverá ser organizada de acordo com a relação existente entre os dados utilizando as variáveis visuais que repre-sentem exatamente as mesmas relações, ou seja, essa relação po-derá ser qualitativa, ordenada ou quantitativa. Na construção da legenda, após identificar a variável visual mais adequada ao tipo de informação que se quer representar, e seu respectivo modo de implantação, acontece a transcrição da linguagem escrita para a gráfica. Dessa forma, as relações entre os dados e sua respectiva representação, são pontos de partida na caracterização da lingua-gem cartográfica.

Para que o processo de comunicação entre o construtor do mapa e o usuário – leitor do mapa se estabeleça, os seguintes prin-cípios jamais poderão ser ignorados:

- Um fenômeno se traduz por um só sinal. Exemplo: arroz, fei-jão e milho. Não apresenta quantidade e nem ordem. A informação nesse caso é qualitativa e a variável visual mais adequada para sua representação é a forma ou a cor (matiz).

- Uma ordem se traduz somente por uma ordem. Exemplo: densidades, hierarquias e sequências ordenadas, ou seja, quando a informação quantitativa é ordenada em classes e a variável visual mais adequada é o valor (monocromia). Nesses casos, não se deve utilizar a variável visual tamanho porque não é possível diferenciar quanto vale cada ponto dentro da classe estabelecida.

- Variações quantitativas se traduzem somente pela variável visual tamanho.

Além das variáveis visuais, o quadro apresentado, também apresenta os modos de implantação. Esses são diferenciados de acordo com a extensão do fenômeno na realidade. Dessa forma, distinguem-se três modos de implantação: implantação pontual, quando a superfície ocupada é insignificante, mas localizável com precisão; implantação linear, quando sua largura é desprezível em relação ao seu comprimento, o qual, apesar de tudo, pode ser traça-do com exatidão; implantação zonal, quando cobre no terreno uma superfície suficiente para ser representada sobre o mapa por uma superfície proporcional homóloga.

As variáveis visuais podem ser percebidas de modo diferen-te, conforme um conjunto de propriedades que podem ser: sele-tivas, associativas, dissociativas, ordenadas e quantitativas. São chamadas variáveis visuais seletivas, quando permitem separar visualmente as imagens e possibilitam a formação de grupos de imagens. A cor, a orientação, o valor, a granulação e o tamanho possuem essa propriedade. São associativas quando permitem agrupar espontaneamente, diversas imagens num mesmo conjun-to; forma, orientação, cor e granulação possuem a propriedade de serem vistos como imagens semelhantes. Ao contrário, quando as imagens se separam espontaneamente, a variável é dissociativa; este é o caso do valor e do tamanho. São chamadas variáveis or-denadas quando permitem uma classificação visual segundo uma variação progressiva. São ordenados o tamanho, valor e a granula-ção. Finalmente, são quantitativas quando se relacionam facilmen-te com um valor numérico. A única variável visual quantitativa é o tamanho. Isto porque somente as figuras geométricas possuem uma área e um volume que pode ser visualizado com facilidade, permitindo relacionar imediatamente com uma unidade de medida e, portanto, com uma quantidade que é visualmente proporcional. Conhecer e distinguir as características de cada variável visual é importante porque ajuda o cartógrafo a construir mapas temáticos que atendem aos objetivos de comunicação e a fazer mapas capa-zes de transmitir a sensação condizente com as características dos dados, consequentemente, ajuda a fazer mapas úteis.

Métodos de Mapeamento

O nível de organização dos dados, qualitativos, ordenados ou quantitativos, de um mapa está diretamente relacionado ao méto-do de mapeamento e a utilização de variáveis visuais adequadas à sua representação. A combinação dessas variáveis, segundo os métodos padronizados, dará origem aos diferentes tipos de mapas temáticos, entre os quais os mapas de símbolos pontuais, mapas de isolinhas e mapas de fluxos; mapas zonais, ou coropléticos, mapas de símbolos proporcionais ou círculos proporcionais, mapas de pontos ou de nuvem de pontos.

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Didatismo e Conhecimento 29

GEOGRAFIAFenômenos Qualitativos

Os métodos de mapeamento para os fenômenos qualitativos utilizam as variáveis visuais seletivas forma, orientação e cor, nos três modos de implantação: pontual, linear e zonal.

A construção de mapa de símbolos pontuais nominais leva em conta os dados absolutos que são localizados como pontos e utili-za como variável visual a forma, a orientação ou a cor. Também é possível utilizar símbolo geométrico associado ou não as cores. A disposição dos pontos nesse mapa cria uma regionalização do espa-ço formada especificamente pela presença/ ausência da informação.

Mapas de símbolos pontuais com informação seletiva no modo de implantação pontual.

Os mapas de símbolos lineares nominais são indicados para representar feições que se desenvolvem linearmente no espaço como a rede viária, hidrografia e, por isso, podem ser reduzidos a forma de uma linha. As variáveis visuais utilizadas são a forma e a cor. Esses mapas também servem para mostrar deslocamentos no espaço indicando direção ou rota (rotas de transporte aéreo, cor-rentes oceânicas, fluxo de migrações, direções dos ventos e cor-rentes de ar) sem envolver quantidades. Nesses mapas qualitativos a espessura da linha permanece a mesma, variando somente sua direção.

Os mapas corocromáticos apresentam dados geográficos e utilizam diferenças de cor na implantação zonal. Este método deve ser empregado sempre que for preciso mostrar diferenças nominais em dados qualitativos, sem que haja ordem ou hierar-quia. Também é possível o uso das variáveis visuais granulação e orientação, neste caso, as diferenças são representadas por padrões preto e branco. Quando do uso de cores, estas devem separar gru-pos de informações e os padrões diferentes a serem aplicados, para fazer a subdivisão dentro dos grupos. Para os usuários, a visualiza-ção de fenômenos qualitativos em mapas corocromáticos, apenas aponta para a existência ou ausência do fenômeno e não a ordem ou a proporção do fenômeno representado.

Fenômenos Ordenados

Os fenômenos ordenados são representados em classes visual-mente ordenadas e utilizam a variável valor na implantação zonal. Os mapas mais significativos para representar fenômenos ordena-dos são os mapas coropléticos.

Os mapas coropléticos são elaborados com dados quantitati-vos e apresentam sua legenda ordenada em classes conforme as regras próprias de utilização da variável visual valor por meio de tonalidades de cores, ou ainda, por uma sequência ordenada de cores que aumentam de intensidade conforme a sequência de valo-res apresentados nas classes estabelecidas. Os mapas no modo de implantação zonal, são os mais adequados para representar distri-buições espaciais de dados que se refiram as áreas. São indicados para expor a distribuição das densidades (habitantes por quilôme-tro quadrado), rendimentos (toneladas por hectare), ou índices ex-pressos em percentagens os quais refletem a variação da densidade de um fenômeno (médicos por habitante, taxa de natalidade, con-sumo de energia) ou ainda, outros valores que sejam relacionados a mais de um elemento.

Fenômenos Quantitativos

Os fenômenos quantitativos são representados pela variável visual tamanho e podem ser implantados em localizações pontuais do mapa ou na implantação zonal, por meio de pontos agregados, como também, na implantação linear com variação da espessura da linha.

Os mapas de símbolos proporcionais representam melhor os fenômenos quantitativos e constituem-se num dos métodos mais empregados na construção de mapas com implantação pontual. Esses mapas são utilizados para representar dados absolutos tais como população em número de habitantes, produção, renda, em pontos selecionados do mapa. Geralmente utiliza-se o círculo pro-porcional aos valores que cada unidade apresenta em relação a uma determinada variável, porém, podem-se utilizar quadrados ou triângulos. A variação do tamanho do signo depende diretamente da proporção das quantidades que se pretende representar. Geral-mente o número de classes com utilização do tamanho, deve atin-gir no máximo cinco classes.

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GEOGRAFIA

Mapa de círculos proporcionais com informação quantitativa no modo de implantação pontual

Recomenda-se evitar duas formas de símbolos proporcionais num mesmo mapa (circulo e triângulo), pois dificultam a comu-nicação cartográfica. Especialmente, quando é necessário repre-sentar duas informações quantitativas com implantação pontual, pode-se recorrer ao mapa de círculos concêntricos ou o mapa de semicírculos opostos que permite a comparação de uma mesma variável obtida em períodos diferentes.

O mapa de círculos concêntricos consiste na representação de dois valores ao mesmo tempo por meio de dois círculos sobrepos-tos com cores diferentes. Este tipo de representação é recomenda-do para a apresentação de uma mesma informação em períodos distintos, ou para duas informações diferentes com dados não mui-to discrepantes.

Para representar quantidades na implantação zonal utilizam-se os mapas de pontos. Esse mapa possui a vantagem de possibilitar uma leitura muito fácil por meio da contagem dos pontos, dando a sensação de conhecimento da realidade. No entanto a elaboração desse mapa pressupõe muita abstração uma vez que a distribuição dos pontos não ocorre segundo a distribuição do fenômeno.

Os mapas de pontos ou de nuvem de pontos expõem dados absolutos (número de tratores de um município, numero de habi-tantes, totais de produção, etc.) e o número de pontos deve refletir exatamente o número de ocorrências. Sua construção depende de duas decisões: qual valor será atribuído a cada ponto e como esses pontos serão distribuídos dentro da área a ser mapeada.

Mapa de nuvem de pontos com informação quantitativa no modo de implantação pontual no qual se visualiza uma mancha mais clara ou mais escura consoante a ocorrência do fenômeno

representado.

Os mapas isopléticos ou de isolinhas são construídos com a união de pontos de mesmo valor e são aplicáveis a fenômenos geográficos que apresentam continuidade no espaço geográfico. Podem ser construídos a partir de dados absolutos de altitude do relevo (medida em determinados pontos da superfície da Terra); temperatura, precipitação, umidade, pressão atmosférica (medidas nas estações meteorológicas); distância tempo, ou distância custo (medidas em certos pontos ao longo de vias de comunicação) e outros, como volume de água (medida em pontos de captação); também podem ser construídos a partir de dados relativos como densidades, percentagens ou índices.

Os mapas de fluxo são representações lineares que tentam simular movimentos entre dois pontos ou duas áreas. Esses mo-vimentos podem ser medidos em certos pontos ao longo das vias de comunicação ou entre duas áreas, na origem e no destino sem necessariamente especificar a via de comunicação. Esse tipo de mapa mostra claramente em que direção os valores ou intensidades de um fenômeno crescem ou decrescem.

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Didatismo e Conhecimento 31

GEOGRAFIA

Mapa de fluxo com informação quantitativa no modo de implantação linear.

Vários tipos de mapas temáticos podem ser construídos de acordo com os métodos apresentados, porém, outros fatores, como o modo de expressão, escala e conteúdo dos mapas, são igualmen-te importantes e devem ser observados no processo de elaboração e leitura de mapas.

Modo de Expressão

Modo de expressão diz respeito a cada tipo específico de re-presentação cartográfica e está relacionado ao objetivo da constru-ção e a escala. Os mais comuns são o mapa e a carta.

O mapa resulta de um levantamento preciso e exato, da super-fície terrestre, e é apresentado em escala pequena (escalas inferio-res a 1:1.000.000). Os limites do terreno representado coincidem com os limites político-administrativo, sendo que o título e as in-formações complementares são colocados no interior do quadro de representações que circunscreve a área mapeada. São exemplos característicos de mapas, o mapa mundi, mapa dos continentes, mapas nacionais, estaduais, regionais, municipais, mapas políticos e administrativos, organizados em atlas de referência, atlas temáti-cos e escolares, ou em livros didáticos.

A carta é uma representação de parte da superfície terrestre em escala média ou grande, dos aspectos artificiais e naturais de uma área, subdividida em folhas delimitadas por linhas conven-cionais - paralelos e meridianos - com a finalidade de possibilitar a avaliação de detalhes, com grau de precisão compatível com a escala. Geralmente, essas representações possuem como limites as coordenadas geográficas, e raramente terminam em limites políti-co-administrativo. As observações e informações tais como título, escala e fonte, aparecem fora das linhas que fecham o quadro da representação, ou seja, a linha que circunscreve a área objeto de representação espacial.

Entre os tipos de mapas menos utilizados aparecem o carto-grama e a anamorfose cartográfica. Cartograma ou mapa diagrama é uma das denominações que recebe um mapa que representa da-dos quantitativos em forma de gráfico sobre mapas de áreas ex-

tensas como estados, países, regiões. Esse termo se cristalizou no Brasil nas décadas de 1960-1980, como usual para mapas nessas escalas. São representações que se lidam menos com os limites exatos e precisos como as coordenadas geográficas, para se preo-cupar mais, com as informações que serão objeto de distribuição espacial no interior do mapa, a fim de que o usuário possa visuali-zar seu comportamento espacial.

Anamorfose é uma figura aparentemente disforme que, por reflexão num determinado sistema óptico produz uma imagem regular do objeto que representa, a anamorfose cartográfica ou geográfica é uma figura que expõe o contorno dos espaços re-presentados de forma distorcida para realçar o tema. A área das unidades espaciais é alterada de forma proporcional ao respectivo valor, mantendo-se as relações topológicas entre unidades contí-guas. Por exemplo, numa carta que represente a distribuição geo-gráfica da densidade populacional, as áreas dos municípios podem ser ampliadas ou reduzidas de acordo com o afastamento daquele parâmetro em relação à média. Em outros casos, a distorção do espaço é realizada de acordo com o valor de certos tipos de relação espacial entre lugares, tais como a distância medida ao longo das estradas ou o tempo de deslocamento gasto para percorrer essa distância.

PIB DAS MICROREGIÕES

Escala

A escala do mapa é um fator de aproximação do terreno e possui significado científico e técnico. No plano da pesquisa e do levantamento de campo, a escala determina o nível de detalhe em função do espaço a ser mapeado; no estágio da redação, a escala é a condição da precisão, da legibilidade, da boa apresentação e da eficiência do mapa.

O número e o acúmulo dos símbolos empregados dependem do espaço disponível (tamanho da folha que será impresso), ou seja, quanto maior a redução da imagem terrestre, menor será a escala, mais severa a seleção das informações e mais abstrata a

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GEOGRAFIAsimbologia.

Um mapa na escala 1:1.000.000 significa que 1cm lido no mapa equivale a 1.000.000 de cm (ou 10 km) da distância real. A escala deve estar localizada em uma posição de destaque no mapa. Pode-se representá-la na forma numérica (Escala 1:1.000.000) ou gráfica. A escala gráfica é um segmento de reta dividido de modo a permitir a medida de distâncias na carta. Este tipo de escala per-mite visualizar, as dimensões dos objetos representados no mapa. O uso da escala gráfica tem vantagens sobre o de outros tipos, pois será reduzido ou ampliado juntamente com o mapa, através de métodos fotográficos ou copiadoras, podendo-se sempre saber a escala do documento com o qual se está trabalhando.

Normalmente as escalas são classificadas em função do tema representado. Uma classificação geral das escalas em função do tamanho escala geográfica e aplicações.

Escala Grande - maiores que 1:25.000 - Escala de Deta-lhe (visão local) - Plantas Cadastrais, Levantamentos de Detalhes ou Planos topográficos e Cartas Temáticas.

Escala Média - de 1: 25:0000 até 1:250.000 - Escala de Semi-Detalhe (visão local e regional) - Cartas Topográficas; Mapas e Cartas Temáticas.

Escala Pequena - menores que 1: 250.000 - Escala de Reco-nhecimento ou de Síntese (visão regional, nacional e global) - Car-tas Topográficas e Mapas Temáticos.

A escala de um mapa não é apenas uma simples relação de redução. É também, um meio de representar a realidade sobre uma dada superfície de papel (ou monitor), uma maior ou menor porção do espaço. A escala é, portanto, um meio de enfocar objetos da realidade conforme as diversas ordens de grandeza, desde as que se medem em milhares de quilômetros até as que não ultrapassam alguns metros. Daí decorre a importância fundamental da escala para a Cartografia, uma vez que todos os tipos de representação cartográfica e todos os procedimentos cartográficos dependem es-tritamente dela. Entre esses procedimentos encontra-se a generali-zação que é o processo de adaptação dos elementos de um mapa de uma dada escala para uma escala inferior. Tecnicamente, a genera-lização compreende a seleção dos detalhes da realidade que serão mantidos no mapa em função do tema ou de seu valor como refe-rência geográfica; e uma esquematização do desenho que, consiste em atenuar características desprezíveis para acentuar os caracteres mais importantes, que desapareceriam com a redução, procurando preservar as relações espaciais observadas na realidade e resguar-dando sua legibilidade.

Quanto às aplicações há uma diferenciação entre as cartas te-máticas e topográficas. Cartas topográficas em escalas maiores de 1:25.000, são chamadas, convencionalmente, por plantas cadas-trais e são utilizadas para representar cidades com alta densidade de edificações em escala grande e muito detalhada. As cartas to-pográficas em escalas médias possuem as seguintes característi-cas: 1:25.000 representam áreas específicas e com forte densidade demográfica; as de 1:50.000 retratam zonas densamente povoa-das; 1:100.000 representam áreas priorizadas para investimentos governamentais; e as cartas de 1:250.000 fornecem as bases para o planejamento regional e projetos envolvendo o meio ambiente. Com relação às especificidades das cartas topográficas em escalas menores, as de 1:500.000 são de uso aeronáutico e foram confec-cionadas nos EUA durante a Segunda Guerra Mundial. Finalmen-te, as de 1:1.000.000, são formadas por um conjunto de 46 cartas que recobrem completamente o território brasileiro e fazem parte da Carta Internacional do Mundo ao Milionésimo – CIM. Elas re-presentam toda a superfície terrestre e fornece subsídios para estu-

dos e análises de aspectos gerais e estratégicos. Geralmente, as cartas topográficas servem de base cartográfi-

ca para a elaboração de mapas temáticos, por isso, é importante co-nhecer a disponibilidade desse mapeamento específico no Brasil. Os mapeamentos existentes, em escalas de visão regional e local, recobrem porções do território equivalentes aos seguintes percen-tuais de cobertura sistemática: 81% (1:250.000), 75% (1:100.000), 14% (1:50.000) e 1% (1:25.000). Os altos índices de vazios carto-gráficos, nas diversas escalas, e a inexistência de atualizações das folhas topográficas existentes, correspondem a lacunas na repre-sentação dos aspectos físicos e antrópicos da realidade brasilei-ra. Segundo a Comissão Nacional de Cartografia grande parte do mapeamento disponível possui mais de trinta anos, ressaltando-se também os baixíssimos níveis de cobertura do território nas esca-las 1:25.000 e 1:50.000 e a falta de cobertura em escala topográfica de grandes extensões da Amazônia, em especial na faixa de fron-teira internacional.

Classificação quanto ao conteúdo

Quanto ao conteúdo os mapas podem ser classificados em analítico ou de síntese. O mapa analítico mostra a distribuição de um ou mais elementos de um fenômeno, utilizando dados primá-rios, com as modificações necessárias para a sua visualização. São exemplos de mapas analíticos os mapas de distribuição da popula-ção, cidades, supermercados, redes hidrográficas e rodovias entre outros tantos temas.

Mapa analítico - círculos proporcionais sobrepostos ao coroplético, representando aspectos de um único fenômeno.

O mapa de síntese é mais complexo e exige profundo conhe-cimento técnico dos assuntos a serem mapeados. Representam o mapeamento da integração de fenômenos, feições, fatos ou acon-tecimentos que se interligam na distribuição espacial. Esses mapas permitem que se estabeleçam estudos conclusivos sobre a inte-gração e interligação dos fenômenos. Entre os exemplos de ma-pas de síntese encontram-se os mapas de uso do solo, mapas de sensibilidade e mapas de zoneamento, mapas geomorfológicos e

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GEOGRAFIAmapas tipológicos diversos. Os mapas de síntese são construídos para mostrar ao leitor as relações existentes entre vários dados, tal como sua eventual aptidão para determinar conjuntamente outros fenômenos ou outras combinações. Os mapas de síntese devem ser objetivos e legíveis e comportar apenas dados essenciais.

Mapa de síntese – mapa coroplético representando a síntese de estudos sobre diferentes fenômenos

Após a conceituação e diferenciação dos diferentes tipos de mapas, podemos considerar que um mesmo mapa também pode ser classificado quanto ao modo de expressão, quanto a escala e conteúdo além do modo de implantação, variável visual e nível de organização.

As preocupações com a visualização e comunicação das infor-mações nos mapas continuam sendo objeto de estudo de diversos pesquisadores, que acrescentaram as ferramentas computacionais às pesquisas. Procuram-se as melhores formas de comunicar a in-formação cartográfica como também, explicitar quais são as res-postas que a mente humana dá à apresentação de mapas na tela de vídeo.

Desde que se conheça a linguagem dos mapas e a gramática cartográfica, existem ferramentas computacionais que ajudam na construção de mapas. Softwares livres disponíveis na internet po-dem ajudar a reunir e compilar dados espaciais na forma de mapas.

Os mapas elaborados para comunicação, construídos para uso público, são julgados por sua aparência e utilidade. Por isso, buscar conceitos e conhecimentos cartográficos para sua elabo-ração é imprescindível, especialmente, quando se deseja revelar algo por meio da visualização.

FUSOS HORÁRIOS

Os fusos existem para conciliar o relógio com as característi-cas geográficas de cada país, ou seja, se em um lugar está anoite-cendo às 18h, é improvável que em outro lado do planeta (em que

o dia está nascendo) o relógio marque o mesmo horário. Para isso, em uma conferência astronômica nos Estados Unidos no ano de 1884, foram instituídos os fusos horários, faixas imaginárias cridas com o intuito de dividir o planeta em 24 faixas iguais, com 15º de longitude entre cada uma delas - correspondendo ao ângulo que a Terra gira a cada hora - contados a partir de um meridiano inicial (sendo este o Meridiano de Greenwich, localizado em Londres).

A maior parte dos países do mundo adota o sistema com exce-ção da China (o país asiático tem um fuso apenas, uma decisão do governo local). Já a antiga União Soviética tinha 11 fusos horários.

Ao passar de um fuso a outro, deve-se ajustar o para estar de acordo com o fuso horário da região. Se alguém vier da Europa para o Brasil deve diminuir as horas, mas se alguém da Europa for para o Japão, deve aumenta-las, ou seja, a partir do Meridiano de Greenwich, deve-se aumentar as horas para o leste e diminuir para oeste.

Toda a região que entre os limites de uma faixa possui a mes-ma hora, entretanto, pode ocorrer de um país ter diferentes horá-rios/fusos devido a sua grande extensão territorial, como o Brasil, que tem atualmente três fusos. No mundo existem 24 fusos horá-rios, sendo 11 fusos inteiros e um semifuso para cada lado.

Meridiano de Greenwich (GMT)

O Meridiano de Greenwich, também conhecido como meri-diano primeiro meridiano (0°), é uma linha imaginária no centro do fuso zero, sendo definido em 1884 como referência da hora oficial mundial, ou hora GMT (Greenwich Meridian Time). A hora GMT foi substituída pelo UTC - Universal Time Coordinated em 1986. A UTC que é uma mensuração baseada em padrões atômi-cos, ao contrário do GMT que se baseia na rotação da Terra.

O Meridiano é referência para se calcular o horário em qual-quer lugar do mundo, desde que se compreenda corretamente algu-mas regras: os fusos horários são contados de 0 a 180º para oeste e para leste de Greenwich. A cada 15º, partindo de Greenwich para o leste, as horas aumentam e para o oeste, diminuem (isso se dá pelo movimento de rotação da Terra, que ocorre de oeste para leste). Basta saber em que lado do Meridiano uma cidade se encontra (leste ou oeste) para calcular seu horário. São Paulo, por exemplo, está no fuso 45º oeste do Meridiano, ou seja, São Paulo tem 3 horas a menos que em Londres.

Há sempre duas datas no globo, mas há somente um caso em que todos os fusos estão na mesma data: quando em Greenwich for meio-dia.

Linha Internacional da Data

É a linha que acompanha o meridiano de Greenwich (180º), através do Pacífico, determinando a mudança de data civil em todo o planeta. Ultrapassando o ponto exato em que essa linha se loca-liza, é necessário alterar a data para o dia anterior (a leste) ou para o próximo (a oeste). A LID não coincide com o meridiano de 180°, pois ela sofre desvios para que não corte qualquer área habitada.

Como a LID divide o fuso de 180° em duas metades iguais, dois lugares situados na área de abrangência desse fuso podem apresentar hora igual, mas datas diferentes.

O horário de verãoComo no verão os dias passam a ser mais longos que as noites,

os relógios são adiantados com a ideia é de aproveitar melhor a luz natural, gastando-se menos energia elétrica devido ao aproveita-

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GEOGRAFIAmento não apenas da luz da manhã, como também da luz do final do dia, evitando sobrecarga de consumo. No Brasil, o horário de verão sido adotado regularmente desde 1985.

Em regiões próximas à linha do Equador (como o Norte e grande parte do Nordeste do Brasil), porque mesmo com a chega-da do verão a duração do dia e noite não costumam ser alteradas significativamente, permanecendo a mesma durante todo o ano. Já no Rio Grande do Sul, no verão os dia chegam a ser quatro horas mais longos em comparação com o inverno. O horário de verão não ocorre apenas no Brasil como também em países como Esta-dos Unidos, Japão e também na Europa.

Calculando corretamente à distância (em graus)

Na hora do cálculo podem acontecer duas situações:

1 – Se os dois lugares estiverem no mesmo hemisfério, deve-se subtrair a longitude maior da longitude menor, por exemplo:

30° é a distância entre A e B, e deverá ser convertida para horas: 30° = 2 horas.

2 – Se os dois lugares estiverem em hemisférios diferentes soma-se as longitudes:

30° é a distância entre X e Y. Essa distância deverá ser conver-tida para horas: 30° = 2 horas.

No Planeta Terra, temos 24 horas ou 24 fusos horários distri-buídos pelos dois hemisférios (Oeste e Leste). Por convenção, o início da contagem das horas faz-se no meridiano de Greenwich (GMT).

A virada do ano

Em que lugar do mundo o ano vira primeiro? Agora que co-nhecemos a Linha Internacional da Data fica fácil responder a essa pergunta. Um lugar pouco badalado que é um dos primeiros a ‘ver’ o ano-novo é a cidade russa de Uelen, na fria região da Sibéria. Uelen está situada no extremo leste da Rússia, junto ao Estreito de Bering, que divide a Ásia da América do Norte. Mas são as paradi-síacas ilhas do oceano Pacífico que chamam a atenção do mundo. É para lá que vão milhares de turistas de vários países até o último dia de dezembro para comemorar a chegada do ano-novo.

Países como Tonga e Kiribati e as Ilhas Chatham, que perten-cem à Nova Zelândia, estão próximos da Linha Internacional da Data e separados entre si por alguns poucos minutos. Kiribati, por exemplo, é um arquipélago cortado pela Linha da Data. Enquanto a capital Bairiki estará comemorando o 1º de janeiro, as ilhas a les-te – que estão no meridiano 180º oeste – têm que esperar quase um dia para fazer o mesmo. Igual paciência precisam ter os habitantes de Samoa Ocidental, também na Oceania.

A doença do fuso horário O jet lag ou doença do fuso horário é muito comum quando

se atravessa muitos fusos horários em pouco tempo. Esse proble-ma acontece devido a um descompasso entre os ritmos internos do organismo e os externos. Além da queda no desempenho e na concentração, a doença pode resultar em irritabilidade, cefaleia, taquicardia e alteração dos padrões de sono e fome. Ela também é comum em pessoas que estão submetidas a turnos irregulares de trabalho.

A adaptação a um novo fuso horário pode levar de 3 a 18 dias. Evitar café e bebidas alcoólicas e ter uma boa noite de sono na véspera da viagem são as principais recomendações para ajudar o organismo a acostumar-se ao novo ritmo.

A redução de quatro para três fusos no Brasil

O Brasil deixou de ter quatro fusos horários. O território bra-sileiro está localizado a oeste do Meridiano de Greenwich (fuso zero), abrangendo o fuso - 2 fuso - 3 e fuso - 4 (não existe mais o fuso -5), isto quer dizer que em virtude da sua grande extensão ter-ritorial, em vez de quatro fusos. O primeiro fuso (-2 horas GMT) sobre as ilhas oceânicas e mais 2 fusos (-3 e -4 horas em relação à GMT) sobre o território Brasileiro. O horário de Brasília (horário oficial brasileiro) continua -3 horas em relação ao GMT. Portanto todo horário sob território brasileiro é atrasado em relação à hora GMT ou UTC.

Com a extinção do fuso localizado no extremo oeste da região Amazônica, os moradores do Acre, de parte do Amazonas e de parte do Pará tiveram que ajustar seus relógios. O Acre, que esta-va duas horas atrás em relação ao horário de Brasília, fica agora com uma hora de diferença. O Pará ficou com o mesmo horário do

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GEOGRAFIADistrito Federal. No Amazonas, onde parte dos municípios tinha duas horas de diferença com a capital federal e outra parte tinha uma hora, a diferença agora é de uma hora em relação a Brasília, em todo o Estado.

A região amazônica está muito perto da linha do Equador, en-tão a luminosidade é maior, o que ajuda. No caso do Amazonas, por exemplo, os dois fusos que cortavam o Estado causavam trans-tornos. Se alguém localizado no extremo-oeste do Estado quisesse falar com Manaus, precisaria estar atento aos horários locais, prin-cipalmente em órgãos públicos.

2. TRABALHO, TECNOLOGIA E A PRODUÇÃO SOCIAL DO ESPAÇO

● Capitalismo global, tecnologia e espaço geográfico: modelos produtivos; as diferenças socioeconômicas do mundo contemporâneo;

os diferentes momentos da divisão internacional do trabalho; o processo de mundialização e/ou

globalização da economia capitalista; os organismos supranacionais; o terceiro setor

e a organização do espaço;● Territórios e dinâmicas da indústria: a

espacialização do processo de industrialização; concentração espacial e financeira da economia industrial; dispersão da atividade industrial; es-

trutura industrial e os agentes sociais que coman-dam o setor;

● Trabalho e sociedade: as relações de trabalho no mundo contemporâneo; o desenvolvimento tec-

nológico e científico e as formas de organização do trabalho; informalidade, precarização das rela-ções de trabalho e as formas de profissionalização

na contemporaneidade;● Espaço rural: diferentes formas de

organização da produção agrária no mundo; a modernização do campo e suas consequências sociais e ambientais; a agricultura familiar e o agronegócio; as relações cidade-campo e suas

transformações; estrutura fundiária e as relações de trabalho; conflitos pela terra e os principais atores sociais envolvidos; atividades não-rurais

desenvolvidas no campo.

A Globalização Capitalista

A integração da economia mundial não é uma tendência pós-Guerra Fria: é uma característica do capitalismo que Karl Marx, o pai do socialismo científico, já havia identificado no século XIX. O que de fato muda com o fim da Guerra Fria, da corrida arma-mentista, da divisão bipolar do mundo entre os Estados Unidos e a União Soviética é que essa integração ganhou dimensões nunca antes experimentadas.

A globalização, como se convencionou denominar essa inte-gração, não se dá apenas no nível da macroeconomia. Mas é, sem dúvida, a macroeconomia regida pelo grande capital, que não se submete ao pleito popular e é muitas vezes impermeável à demo-cracia. Talvez seja a utopia do capital como bandeira anti-socialis-ta que une mundo central e mundo periférico.

Impossível pensar, hoje, em dois ou três mundos. É equivoca-do pensar no mundo pobre e no mundo rico separadamente. São faces diferentes de um mesmo sistema, o capitalista. As crises nas bolsas de valores, na Ásia, nos Estados Unidos, na Europa e no Brasil mostram isso. Sem exceção, nos países atingidos pela crise – na verdade todos, em maior ou menor proporção – o Estado teve de intervir a fim de salvaguardar a estabilidade da economia, o que beneficiou a todos, com certeza, mas onerou significativamente a camada mais pobre da população, que arcará, no mundo inteiro, com o ônus do desemprego. O neoliberalismo, aí, não valeu. É claro que, se não houvesse a intervenção do Estado na economia – e isso aconteceu não só no Brasil, mas nos Estados Unidos, no Japão, na Alemanha, no Reino Unido, na França, nos Tigres Asiá-ticos, enfim em um grande número de países – a crise teria sido pior. Mas também devemos nos ater ao fato de que, se toda crise nos possibilita pensar em soluções e nos aprimorarmos, o Estado tem de estar de prontidão. Se ante a ameaça de colapso do siste-ma o milagre neoliberal não funcionou, devemos então pensar que ressuscitar essa prática político-econômica fracassada no século passado não é a solução; ou então teremos de arcar com as conse-quências da ressurreição de propostas que na prática não surtiram o efeito desejado, criticadas atualmente até por aqueles que só co-nhecem fatos isolados da História.

A nova ordem internacional do fim dos anos 80 parece não se ter consolidado, pelo menos do ponto de vista político.

O fim da URSS

A ordem que se estabeleceu com o fim da Guerra Fria e com a dissolução do socialismo real, inicialmente no Leste Europeu, com a desintegração da URSS, e depois no restante do mundo, colocou em xeque a situação vigente a partir do fim da Segunda Guerra Mundial, caracterizada pela bipolarização do mundo, sob o ponto de vista político-ideológico, que tinha como expoentes os Estados Unidos, à frente do mundo capitalista, dito “Mundo Livre”, e a URSS, no comando do mundo socialista, embora não de forma unânime, haja vista as dissidências na postura de países como a China, a Iugoslávia e a Albânia.

A nova ordem é multipolar. Nela, o mundo está dividido em áreas de influência econômica. As alianças militares perderam o sentido, pelo menos no que se refere à oposição ao bloco político-ideológico antagônico. Hoje, tem lugar a expansão das alianças econômicas: União Europeia, Nafta, ALCA, Mercosul, APEC. No contexto da economia globalizada, os blocos econômicos são um grande impulso para a otimização do crescimento econômico inte-grado. Os Estados-Nação perderam espaço para a ação das trans-nacionais. Extinguiu-se o embate direita-esquerda, característico do confronto leste-oeste que permeou a Guerra Fria.

Se é possível identificar o início dessas transformações, sem dúvida ele tem lugar em meados da década de 80, quando Mikhail Gorbachev assumiu o poder na URSS. Com o planejamento estatal em crise desde o fim dos anos 70, com a Guerra Fria absorvendo quase 1/3 de seu orçamento, diante da não-adesão da população

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GEOGRAFIAaos planos quinquenais, e com o comprometimento da máquina es-tatal com a cultura que se criou ao redor da corrupção, Gorbachev entendeu serem necessárias mudanças no país. Essas mudanças abrangeriam as esferas política e econômica. Era também necessá-rio acabar com a Guerra Fria e abrir a economia do país aos inves-timentos externos, com os quais se poderia reorientar a tecnologia, sofisticada no setor militar, para o incipiente setor civil. A URSS tinha a capacidade de lançar mísseis intercontinentais e de manter uma estação espacial em órbita, mas era absolutamente incapaz de produzir automóveis ou eletrodomésticos de qualidade.

Diante dessas necessidades, Gorbachev deu início a um amplo processo de abertura política – glasnost – e de reestruturação da economia – perestroika.

A abertura política, que possibilitaria à população manifestar-se a respeito de suas necessidades, tornando-a coautora da ação do Estado que efetivamente a representaria, possibilitou, no entanto, a eclosão de sentimentos nacionalistas, sufocados duramente duran-te a Guerra Fria. A reestruturação da economia, que redirecionaria a ação do planejamento estatal para o setor civil, fez vir à tona o que de fato era sabido pelo governo e pela sociedade soviética: que o planejamento estatal fora um fracasso, se não em sua totalidade, pelo menos devido à consolidação da burocracia e da maquiagem dos resultados que o Estado procurou contabilizar politicamente.

O caos econômico, associado à instabilidade política, efeitos colaterais do processo de modernização do país, levaram a URSS ao fim em 1991. E diante da necessidade de manutenção da in-tegração econômica das ex-repúblicas soviéticas, visto que ainda não gozavam de autonomia nesse setor para se inserirem no mer-cado internacional, criou-se a CEI – Comunidade dos Estados In-dependentes, que tinha também como atributo o monitoramento do arsenal da ex-URSS.

Os Países Pós-Socialistas

Efetivamente a CEI nasceu morta. Do ponto de vista econô-mico, as ex-repúblicas soviéticas tomaram rumos não necessaria-mente concordantes. O fato é que pouco resta hoje do que já foi a segunda maior economia do mundo. As crises se sucedem.

A Rússia, detentora da maior parcela do arsenal da ex-URSS, vive uma crise sem precedentes. A incerteza na sucessão do pre-sidente Boris Yeltsin torna os investidores externos temerosos. A política econômica do Estado russo não dá conta das garantias exi-gidas pelo mercado internacional para a completa inserção do país. O rublo desvaloriza-se a cada dia. O Estado já pediu uma morató-ria. Além disso, movimentos nacionalistas eclodem em constante tensão – caso da Chechênia e, mais recentemente, do Daguestão.

No resto do países que outrora se admitiam socialistas, a si-tuação não é muito diferente. Na Europa, alguns como a Hungria, a Polônia e a República Checa vislumbram a possibilidade de in-gressar na UE – União Europeia; outros como as ex-repúblicas soviéticas Casaquistão, Uzbequistão e Quirguízia veem seus go-vernos ameaçados pela expansão do islamismo. A Coreia do Norte e Cuba amargam embargos econômicos que impedem tentativas mais concretas de ingressar no mundo sem fronteiras. Enfim, im-plodiu-se o mundo socialista, ou mais propriamente o socialismo real, deixando órfãos e sem orientação os partidos de esquerda; alguns até sucumbiram à proposta neoliberal.

O Neoliberalismo do Primeiro Mundo

Na Europa Ocidental, o fim do socialismo significou a apa-rente vitória do neoliberalismo. No início dos anos 90 a política da Europa do Oeste inclinou-se para propostas com menor participa-ção do Estado, atribuindo ao mercado a solução de muitos proble-mas. Afortunadamente, a população desses países entendeu muito rápido que essa política neoliberal traria o retrocesso, e as grandes perdas seriam sentidas na área social. Na segunda metade da déca-da de 90, a tendência neoliberal foi desbancada politicamente na Alemanha, na França, na Itália e na Inglaterra.

A globalização que derruba fronteiras poderia desestabilizar a economia da Europa unida e colocá-la à mercê do capital especu-lativo internacional, criando espaço para a ação maior de capitais americanos.

A nova ordem internacional acabou com um sem-núme-ro de conflitos diretamente ligados à ação das superpotên-cias; mas fez surgir outros, na sua maioria de origem étnica, religiosa e nacional, que durante a Guerra Fria foram man-tidos em estado latente, pois poderiam ameaçar a hegemo-nia das superpotências sobre determinados países ou regiões. Entre os países capitalistas, a despeito de ter-se pronunciado ainda mais a diferença entre ricos e pobres, agora Norte Sul, vale a aber-tura dos mercados, o fim de restrições comerciais e a implantação de um comércio mais amplo, sob a égide da OMC – Organização Mundial do Comércio, que substituiu o GATT – General Agree-ment of Taxes and Trading (Acordo Geral de Tarifas e Comércio).

A palavra de ordem é a inserção no mercado mundial. Os ca-pitais estão cada vez mais livres e, perante uma variada gama de possibilidades de investimentos, deslocam-se facilmente de um país para outro, de uma economia menos atraente para outra mais atraente, até que uma outra surja, num fluxo contínuo de investi-mentos que se movimentam ao sabor dos ventos da economia.

O Neoliberalismo nos Países Emergentes

No entanto, os efeitos alucinantes do mercado livre, das múl-tiplas possibilidades de investimento e de integração econômica acarretaram a atual crise mundial.

Os países emergentes, como os Tigres Asiáticos, a Rússia, e o Brasil, sucumbiram à mobilidade do capital internacional. Depen-dentes de investimentos externos, esses países foram obrigados a abrir suas economias e seu mercado consumidor. No entanto, a concorrência dos produtos importados frente aos nacionais abalou o parque industrial dos países do sul, exceção feita aos Tigres Asiá-ticos. Seus governos, por sua vez, não responderam ao chamado neoliberal de atribuir cada vez mais ao mercado o equacionamento das questões sociais. Endividadas e com máquinas administrativas inoperantes do ponto de vista político e monetário, essas econo-mias quebraram.

O smart money – o “dinheiro esperto”, ou seja, o capital espe-culativo internacional – não vê nesses países amplas possibilida-des de se reproduzir. Para evitar a fuga desses capitais, essenciais para a manutenção de seu tênue desenvolvimento, os países do sul queimam suas reservas cambiais, elevam as taxas de juros, agra-vam seus problemas sociais internos, ampliam as desigualdades, mas mantêm os investimentos externos, que não tardarão a exigir mais e mais capitais, em mero processo de especulação.

O mundo sem fronteiras amplia as desigualdades. Isso está

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GEOGRAFIAexpresso no relatório das Nações Unidas para o Desenvolvimento Humano. Os países ricos enriquecem ainda mais, enquanto os paí-ses pobres perdem suas reservas e são obrigados a se sujeitar cada vez mais às determinações do mercado financeiro.

Com a globalização da economia, há a perspectiva de uma maior integração no sentido de cooperação entre os países; mas existem os excluídos – nações que não constituem Estados nacio-nais. A globalização não dá conta do nacionalismo, que surge na defesa de interesses de nações apartadas do direito a um território, o que faz eclodir inúmeros conflitos políticos, étnicos, religiosos e até mesmo tribais. No mundo global não há espaço para aque-las nações que, por mais justa que seja sua reivindicação, não se constituíram como Estado e não são, portanto, economicamente viáveis. A globalização é o que o capitalismo quer, independen-temente do desenvolvimento, da integração real e da mutualidade entre os povos.

As Crises Econômicas Capitalistas

O processo de aprofundamento e alargamento das relações capitalistas no mundo veio acompanhado de outro, igualmente drástico, para as populações: o das sucessivas crises de superpro-dução, que passavam, a contar da década de 1870, a fazer parte da realidade econômica dos países capitalistas desenvolvidos, cujas consequências atuariam no sentido de contribuir, sensivelmente, para a promoção de alterações profundas na estrutura das socieda-des burguesas. A partir da consolidação do capitalismo na sua fase imperialista, percebem-se as crises econômicas como muito mais prolongadas, ao contrário do que se podia sentir nas crises ante-riores à transição para o capitalismo monopolista, as quais teriam se caracterizado por serem explosivas e menos duradouras, causa-das, principalmente, por más colheitas e ausência de produtos no mercado, provocando fome, miséria e revoltas sociais de vulto, a canalizar o descontentamento imediato das massas.

De fato, somente com a passagem para o capitalismo mono-polista, a Europa continental passaria a sentir a plena expansão das relações capitalistas no campo, transformando a antiga estrutura baseada no atendimento às necessidades de consumo dos produto-res em uma economia voltada, essencialmente, à produção de mer-cadorias. Neste momento, o caráter das crises também se transfor-ma. Hilferding, cujos estudos ajudaram Lênin a desenvolver suas análises sobre o imperialismo, dizia que, na produção mercantil pré-capitalista, as perturbações na economia eram decorrentes de catástrofes naturais ou históricas, como queda da colheita, secas, epidemias, guerras. Isto porque tal produção era dirigida a atender às necessidades próprias dos produtores, ligando produção e con-sumo como meio e fim, ao passo que somente o capitalismo plena-mente consolidado passa a generalizar a produção de mercadorias, fazendo com que todos os produtos tomem a forma de mercadorias e tornando o produtor dependente do mercado, ao fazer da venda da mercadoria condição prévia para a retomada da produção.

A dependência do produtor em relação ao mercado, a anarquia na produção e a separação do produtor do consumo (o produto deixa de ser propriedade do produtor e, consequentemente, sua produção não tem mais como objetivo central o seu consumo) são características da produção capitalista, ou seja, da produção cujo objetivo é a realização e multiplicação do lucro. A possibilidade de crise no capitalismo nasce da produção desordenada e do fato pelo qual a extensão do consumo, pressuposição necessária da acumu-

lação capitalista, entra em contradição com outra condição, a da realização do lucro, já que a ampliação do consumo de massas exigiria aumento de salários, o que provocaria redução da taxa de mais valia. Tal contradição insanável faz com que o capital busque compensá-la através da expansão do campo externo da produção, isto é, da ampliação constante do mercado. Quanto mais a força produtiva se desenvolve, tanto mais entra em antagonismo com a estreita base da qual dependem as relações de consumo. Portanto, a crise periódica é inerente ao capitalismo, pois somente pode ser resultante das condições específicas criadas pelo próprio sistema.

Segundo a teoria exposta originalmente por Marx no Livro III de O Capital, quanto mais se desenvolve o capitalismo, mais de-cresce a taxa média de lucro do capital. Esta ideia fundamenta-se no fato de que o processo de acumulação capitalista leva, necessa-riamente, ao aumento da composição orgânica do capital, a qual é apontada como sendo a relação existente entre o capital constante (o valor da quantidade de trabalho social utilizado na produção dos meios de produção, matérias-primas e ferramentas de trabalho, ou seja, o “trabalho morto” representado, basicamente, pelas máqui-nas e pelos insumos necessários à produção) e o capital variável (valor invertido na reprodução da força de trabalho, o “trabalho vivo” dos operários). O processo de acumulação resulta na tendên-cia à substituição do “trabalho vivo”, a única fonte de valor, por “trabalho morto”, que não incorpora às mercadorias nova quanti-dade de valor, mas apenas transmite às mesmas a quantidade de valor já incorporada nos meios de produção. Como a taxa de lucro depende da taxa de mais valia, cujo valor se reduz com a redução do “trabalho vivo”, as taxas de lucro, a longo prazo, tendem a de-crescer.

Tal situação é decorrente da própria concorrência inerente ao sistema capitalista, a qual obriga os capitalistas a buscar superar seus rivais através do investimento em meios de produção tecno-logicamente mais avançados, para reduzir os custos da produção, além de tentar economizar ao máximo na parcela relativa ao capi-tal variável, em função do acirramento dos conflitos provocados pela luta de classes e pelo fortalecimento do movimento operário. A queda da taxa de lucro, portanto, é resultado, em última instân-cia, da tendência à substituição do “trabalho vivo” por “trabalho morto”, fazendo reduzir a fonte de mais valia, o que acaba por originar uma super acumulação de capital e de mercadorias, ao mesmo tempo em que promove uma restrição na capacidade de consumo da sociedade, por causa do desemprego que desencadeia.

Com o desenvolvimento pleno do capitalismo, cresce a inter-dependência internacional dos processos econômicos nacionais, situação que se reflete no caráter das crises, fazendo da crise capi-talista um fenômeno mundial. Ao mesmo tempo, porém, enquanto as firmas menores sofrem a falência e a bancarrota em massa, o processo de concentração do capital faz aumentar a capacidade de resistência da grande empresa. Enquanto a produção artesanal e voltada para consumo próprio é praticamente aniquilada com o progresso do capitalismo, a grande empresa, cuja produção passa a atingir amplos mercados e se diversifica, pode prosseguir durante a crise, mesmo tendo sido forçada a reduzir parte da produção. A re-sistência às crises é também aumentada pela forma de organização da sociedade anônima, que, decorrente da crescente influência dos bancos junto às indústrias, é responsável pela maior facilidade na captação de capitais e no acúmulo de reservas na época de “pros-peridade”, além de proporcionar um controle maior na gerência do capital.

Do quadro exposto não convém inferir que as empresas resul-

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GEOGRAFIAtantes de processos de concentração, fusão ou cartelização sejam capazes de debelar os efeitos da crise, mas, sim, que possam en-cará-los de maneira menos traumática, pois o peso maior da cri-se será sentido pelas indústrias não cartelizadas. No que tange à luta de classes, a concentração de capital faz crescer o poder do empresariado no enfrentamento à organização crescente dos tra-balhadores. A grande indústria também é capaz de oferecer maior resistência às greves operárias do que, antes, permitia a estrutura das pequenas e médias empresas, isoladas entre si e competindo umas com as outras.

Na fase imperialista, o poder industrial separa-se da fábrica e centraliza-se num truste, num monopólio, num banco, ou na burocracia de Estado, sendo ultrapassada a fase liberal na qual o proprietário era, ao mesmo tempo, empreendedor, gerenciando uma propriedade individual ou familiar. A concorrência clássica da época da “mão invisível do mercado” foi substituída pela con-corrência entre oligopólios, empresas múltiplas comandadas por gerências que trocaram a gestão empirista e intuitiva do capita-lismo liberal pelo planejamento estratégico. Ao contrário do que parte da esquerda imaginou, a planificação gerencial das empresas não significou um passo na direção do socialismo, pois a competi-ção não deixou de existir, apenas tendo se transferido para novos patamares, assim como o planejamento oligopolista não alterou a estrutura da sociedade, mas contribuiu para o processo de renova-ção e ampliação da hegemonia burguesa.

O Capitalismo Contemporâneo

As tendências verificadas na passagem para o imperialismo aprofundaram-se durante a primeira metade do século XX, sendo responsáveis pela eclosão de duas guerras mundiais, entremeadas pela grande crise econômica de 1929 e a ascensão do nazifascis-mo. Uma nova ordem econômica mundial foi erigida, no mun-do capitalista, após a Segunda Grande Guerra, muito em função do surgimento de um poderoso bloco socialista capitaneado pela União Soviética. A Conferência de Bretton Woods, realizada nos EUA em 1944, estabelecia as bases da economia capitalista con-temporânea, com a definição das regras do sistema monetário e financeiro internacional capitalista ao fim do conflito, visando impedir o excesso de moeda circulante e a inflação (conforme a ortodoxia liberal, o excesso de dinheiro circulando no mercado e altos salários dos trabalhadores eram apontados como principais causadores da inflação e das crises econômicas).

A conjuntura do pós-guerra apontava para o poderio inques-tionável dos Estados Unidos, que saíam da guerra como a grande potência econômica, financeira, política e militar, liderando o blo-co capitalista e iniciando a Guerra Fria contra a União Soviética e o bloco socialista. Duas nações poderosas, Alemanha e Japão, estavam derrotadas; França e Inglaterra debilitadas pela guerra. O dólar foi definido como moeda padrão internacional (os EUA deti-nham 80% das reservas de ouro do planeta, e o Tesouro norte-ame-ricano garantia a conversibilidade do metal em troca de dólares). Foi o momento da criação do BIRD (Banco Internacional para Re-construção e Desenvolvimento, o Banco Mundial), do FMI (Fundo Monetário Internacional), que receberam dos EUA um capital de U$ 10 bilhões e do GATT (atual Organização Mundial do Comér-cio). Estas instituições foram criadas com o objetivo de adminis-trar um sistema no qual o desenvolvimento econômico mundial passava a depender em larga medida da aceitação das condições impostas pelos Estados Unidos.

O Plano Marshall encabeçou a ajuda estadunidense aos paí-

ses capitalistas destruídos pela guerra. Foram destinados U$ 13 bilhões à Europa, com desvalorizações maciças das outras moedas em relação ao dólar e politizando as relações econômicas dos EUA com os demais países, em função do endurecimento com o Leste europeu. À medida que crescia a participação dos EUA na defesa do chamado “mundo livre” (capitalista), os gastos militares desse país passaram a representar o maior movimento de capitais para o exterior.

A nova conjuntura internacional enterrava definitivamente a antiga ordem imperial baseada na colonização direta. O “novo imperialismo” implicou que cada vez mais regiões do globo se tornassem dependentes do mercado, fato que permitiria à nova po-tência imperial capitalista (EUA) penetrar muito além do alcance da conquista militar e do domínio político direto. O capitalismo, que sempre foi capaz de gerar novas e crescentes necessidades de expansão permanente, demonstrava também ser capaz de produzir outra forma de dominação, diferente de qualquer uma que tenha existido no passado: a dominação não mais exclusivamente depen-dente do controle político e militar direto, mas realizada através de imperativos econômicos e da subordinação ao mercado, manipula-do em benefício do capital imperialista.

Novos métodos de sujeição foram desenvolvidos, permitindo às principais potências capitalistas e aos Estados Unidos, em par-ticular, direcionarem os Estados a agirem em benefício do grande capital, sem a necessidade de a todo momento exercer o domínio militar direto. Ilustração significativa desta mudança foi a emer-gência da Alemanha e do Japão após a guerra, com a ajuda de seus antigos adversários, como os maiores competidores econômicos dos EUA, numa relação contraditória de concorrência e coopera-ção.

Nos anos seguintes à guerra, os Estados Unidos e as principais economias capitalistas viveram um longo boom econômico. Em tais condições, havia interesse real no desenvolvimento das eco-nomias nacionais, tendo em vista que isso significava a expansão dos mercados consumidores. Tal situação favoreceu a emergên-cia do Welfare State (Estado de Bem Estar Social), caracterizado pela aplicação de um conjunto de medidas e leis de proteção aos trabalhadores adotadas pelos Estados europeus a partir de 1945. Em países como Inglaterra, França, Suécia, Alemanha e outros, o Estado passou a ser responsável pela previdência social, pela assistência médica universal, estabelecendo, ainda, seguros sociais que garantiam o amparo à velhice, à invalidez, à maternidade e aos desempregados. Além disso, o Estado passava a controlar os seto-res estratégicos da economia (energia, comunicações, transportes, serviços públicos, etc).

A emergência do Welfare State foi consequência de uma sé-rie de fatores conjugados, para além da conjuntura de crescimento econômico após a Segunda Grande Guerra: a conquista de direitos sociais e trabalhistas pelo movimento operário europeu, após mais de um século de embates; o receio de novas crises econômicas após o crack da Bolsa de Nova York, em 1929; a experiência key-nesiana anterior nos Estados Unidos, com o New Deal, durante o governo Roosevelt; a ascensão ao poder de partidos social-de-mocratas, trabalhistas ou socialistas; o fortalecimento dos partidos comunistas após a guerra, graças à participação destacada na resis-tência ao nazifascismo em seus países e ao prestígio conquistado pela União Soviética em função de sua decisiva atuação para a derrota da Alemanha nazista e para a libertação dos territórios sob domínio alemão; a pressão político-ideológica exercida pelo bloco socialista.

Os primeiros sintomas de uma nova crise capitalista de gran-

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GEOGRAFIAdes proporções, porém, foram sentidos na década de 1960, quan-do o passivo externo, isto é, o dólar circulante fora dos Estados Unidos, era exatamente igual às reservas norte-americanas em ouro. Se todo mundo chegasse com dólar e exigisse do governo dos EUA a troca por ouro, as reservas cairiam a zero. Daí para a frente, o distanciamento entre o passivo externo e o ouro nos EUA só tendeu a aumentar. A conjuntura internacional era marcada pela crescente recuperação das economias européias e do Japão, resul-tando na maior concorrência das empresas destes países com as norte-americanas, acompanhada de um processo acirrado de lutas de libertação nacionais na África e na Ásia (1958/1963) e da ex-pansão da Guerra Fria. A participação direta dos EUA em conflitos regionais, como as Guerras da Coréia e do Vietnam aprofundaram os gastos militares e a corrida armamentista. Daí que a crise do petróleo, em 1973, tenha sido apenas a gota d›água de um processo de crise de superprodução já há tempos anunciado.

Neoliberalismo e Globalização

O boom econômico terminava nos anos 1970, em grande parte porque a competição entre as grandes potências capitalistas produ-zia uma crise de superprodução e queda de lucros. Começava um novo movimento descendente na economia capitalista globaliza-da. Paralelamente, a crise política vivenciada nos anos 1980 pelos países socialistas do Leste Europeu e, com maior dramaticidade, pela União Soviética da era Gorbatchev, possibilitou a ofensiva do grande capital na fase neoliberal, marcada pela ascensão ao poder de grupos de direita, por meio das eleições, em diversos países ocidentais (Margaret Thatcher, 1979, Inglaterra; Ronald Reagan, 1980, EUA; Helmut Khol, 1982, Alemanha; Schluter, 1983, Di-namarca).

As origens do pensamento neoliberal estão ligadas ao livro O Caminho da Servidão, do economista Friedrich Hayek (1944), através do qual atacava a social-democracia e o keynesianismo, buscando resgatar as bases teóricas do liberalismo clássico, às vés-peras das eleições na Inglaterra, vencidas pelos trabalhistas, logo após a guerra. Em 1947, uma reunião de intelectuais contrários à política keynesiana, em Mont Pèlerin, na Suíça, inaugurava a “francomaçonaria neoliberal”. Hayek e seus companheiros argu-mentavam que o novo “igualitarismo” do período, promovido pelo Estado de Bem Estar Social, destruía a liberdade dos cidadãos e a vitalidade da concorrência, da qual dependeria a prosperidade de todos. Somente cerca de quarenta anos depois o pensamento neoli-beral encontrava campo fértil para sua difusão, sendo adotado pe-los grupos econômicos que hegemonizaram os Estados nacionais com políticas de desmonte dos sistemas de bem estar e de ataques às conquistas dos trabalhadores, visando inaugurar uma nova fase de acumulação capitalista.

As raízes da crise dos anos 1970, segundo os neoliberais, esta-ria no poder excessivo e nefasto dos sindicatos e, de maneira geral, do movimento operário, que havia corroído as bases da acumula-ção capitalista com suas pressões reivindicativas sobre os salários e com sua “pressão parasitária” para que o Estado aumentasse cada vez mais os gastos sociais. Tais processos teriam sido responsá-veis pela redução dos níveis necessários de lucros das empresas e pelo desencadeamento de movimentos inflacionários, provocando a crise econômica. As soluções propostas para enfrentamento da crise centravam-se na conformação de um Estado forte para rom-per com o poder dos sindicatos e para controlar a circulação do dinheiro, ao mesmo tempo em que se apresentava como um Estado mínimo na intervenção direta na economia e nos gastos sociais.

As metas supremas dos governos neoliberais passavam a ser a estabilidade monetária; a contenção dos gastos com o bem estar social; a restauração da taxa “natural” de desemprego, ou seja, o aumento do exército de reserva de mão-de-obra, para reduzir salá-rios e quebrar o poder de pressão dos sindicatos; as reformas fis-cais para incentivar agentes econômicos; a redução dos impostos cobrados aos mais ricos e às grandes fortunas (setor dinâmico da sociedade capitalista). Uma nova e “saudável desigualdade” volta-ria a dinamizar as economias avançadas.

Dentre as principais políticas adotadas pelos governos neoli-berais estavam os programas de privatizações de empresas esta-tais nos setores estratégicos e de serviços públicos, favorecendo o avanço dos processos de oligopolização e monopolização do capital. O desmonte do Estado de Bem Estar se deu através do corte nos gastos sociais e da mercantilização dos direitos sociais duramente conquistados pelas classes populares, os quais foram convertidos em bens ou serviços adquiríveis no mercado (saúde, educação, seguridade social transformam-se em mercadorias). A ideologia dominante promove a exaltação do mercado: competir é a regra; cidadania vira sinônimo de possibilidade de acesso ao consumo dos bens no mercado.

Desenvolvem-se novas formas de dominação dos trabalhado-res, associadas à crescente deterioração e precarização dos direitos trabalhistas, com a necessária depreciação do valor de uso da mais importante das mercadorias no sistema capitalista: a força de tra-balho. O aumento do desemprego industrial nos países de capita-lismo desenvolvido, a adoção de novas técnicas de gerenciamento da produção e de controle da força de trabalho, sob a égide do toyotismo, os processos de terceirização e fragmentação das uni-dades produtivas (a reestruturação produtiva), a expropriação do contrato de trabalho e dos direitos sociais, como forma de tornar o emprego descartável e a mão de obra plenamente disponível para o capital, tudo isso contribui para a perda do sentido de classe e da capacidade de organização e de resistência à exploração por parte dos trabalhadores.

Uma das principais teses propagadas pelas correntes neoli-berais é a de que a chamada globalização contemporânea, além de caracterizar uma nova época histórica marcada pelo triunfo final do capitalismo, o que teria fechado as portas para outras al-ternativas políticas e sociais, promoveria uma crescente unidade e integração do capital internacional. A transnacionalização do capital significaria não a intensificação da concorrência, mas, ao contrário, o declínio da competição entre os grandes capitalistas e a interpenetração dos capitais de origens nacionais, por meio de uma crescente colaboração entre as empresas. Haveria, assim, uma relação inversa entre globalização e competição. Quanto mais globalmente integrado ficasse o capitalismo, menos concorrência haveria.

Na verdade, a globalização moderna significa justamente o contrário. Não podemos esquecer jamais que a competição é e sempre será o coração do sistema capitalista e que será sempre uma lei da concorrência que o capital busque caminhos para ven-cer ou evitar a competição. Sendo assim, uma das consequências da competição capitalista é o fato de que os perdedores poderão ser absorvidos pelos vencedores. Portanto, a tendência à concentração e à centralização do capital é uma das expressões da concorrência, não sua antítese. A competição envolvendo grandes corporações transnacionais intensifica-se à medida que novos e cada vez mais agressivos competidores participam da guerra pelos mercados.

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GEOGRAFIAA revolução das comunicações e a introdução da automação,

que em um primeiro momento reduziu a capacidade de negociação da classe operária, possibilitaram a concentração da produção em unidades produtivas especializadas e capazes de abastecer o mer-cado mundial. A criação de mercados comuns e a queda de barrei-ras tarifárias facilitaram o fluxo de mercadorias. Teóricos anuncia-ram a sociedade pós-industrial e a era dos serviços. Na esquerda, virou moda dizer que o tempo do trabalho se foi e seria a vez dos excluídos. O proletariado não diminuiu, ao contrário, cresceu em termos mundiais.

O capitalismo incorporou regiões e populações inteiras à pro-dução de mercadorias. Desorganiza a economia camponesa da China e da Índia, separando os trabalhadores dos seus meios de produção. Cerca de um bilhão e meio de trabalhadores foram in-corporados à produção capitalista de mercadorias. Com novos tra-balhadores e novos consumidores, o capitalismo garantiu mais um ciclo de expansão. Cento e cinquenta anos de conquistas sociais dos trabalhadores da Europa e dos EUA, o Estado de Bem Estar Social e a concorrência do bloco socialista encareceram o preço da força de trabalho. A produção manufatureira, em grande parte, migrou da Europa, dos EUA e do Japão para outras regiões – norte do México, Malásia e Indonésia, sul da China e Índia. Esse pro-cesso persiste, na busca de menores custos de reprodução da força de trabalho. Pela primeira vez, a maioria da população mundial está submetida ao processo de produção de mais valia, vivendo no assalariamento, vendendo sua força de trabalho aos detentores de meios de produção. Mais do que nunca, a contradição capital-trabalho é a principal em nosso tempo, não apenas como figura de retórica.

O impulso inicial do grande crescimento chinês foi dado pela produção para exportação de manufaturas de baixa qualidade. Multinacionais de todos os setores – eletroeletrônicos, brinquedos, autopeças – se instalaram na China ou terceirizaram a produção em empresas locais. Os custos baixos da força de trabalho e o con-trole cambial por parte do governo chinês permitiram a prática de preços bem abaixo dos padrões então vigentes. Mas a China tem diversificado a sua matriz industrial, dependendo cada vez menos da exportação de manufaturas de baixo valor agregado. Seu vigo-roso crescimento industrial e a consequente elevação do nível de vida de parte da sua população têm demandado quantidades cada vez maiores de combustíveis, minérios e alimentos no mercado mundial. Em contrapartida à deflação das manufaturas, assiste-se a uma inflação de produtos primários.

No mundo neoliberal e imperialista, os países e Estados nacio-nais continuaram a desempenhar um papel central, a despeito do muito que já se falou sobre a “globalização”. Em muitos aspectos, o poder estatal foi reforçado. É o caso das políticas monetárias que visam à estabilidade dos preços, a despeito do desemprego que geram. É o caso das políticas econômicas e sociais visando reduzir o custo do trabalho. No plano internacional, os Estados foram os vetores da mundialização da ordem neoliberal, pela eliminação das barreiras à circulação de bens e capitais e da abertura dos países ao capital internacional, principalmente, pela venda, a baixos preços, das empresas públicas mais rentáveis.

Para exercer o seu alcance global, o capitalismo precisa dos Estados nacionais para manter as condições vitais ao sucesso de suas operações, ou seja, todo um aparato legal, político, adminis-

trativo e coercitivo capaz de prover a ordem necessária à manu-tenção do sistema de propriedade numa situação de cada vez mais violenta desigualdade. Além disso, o capital global se beneficia do desenvolvimento desigual e da diferenciação existente nas di-versas economias do mundo, que proporcionam fontes baratas de trabalho e de recursos, ao mesmo tempo em que controlam a mo-bilidade da mão de obra. A forma política do capitalismo global, portanto, não é um Estado global, mas um sistema global de múl-tiplos Estados locais.

O capitalismo não criou o Estado nação, mas não é casual o fato de este instrumento da dominação burguesa ter praticamente se tornado a forma política universal no período em que os impe-rativos do mercado capitalista se difundiram até abranger todo o globo. Acima de tudo, no mercado globalizado, o capital necessita do Estado para manter as condições de acumulação e competiti-vidade de várias formas, preservando a disciplina do trabalho e a ordem social em face das crescentes políticas de expropriação (de direitos, contratos, postos de trabalho, conquistas sociais, etc). Toda corporação transnacional se erige sobre uma base nacional que depende de um Estado local para manter sua viabilidade, as-sim como necessita que outros Estados lhe proporcionem o acesso a novos mercados e a novos contingentes de trabalhadores. Proces-sos históricos nacionais de conquista da hegemonia na sociedade e no Estado por parte das frações burguesas locais associadas aos capitais transnacionais garantiram a efetiva expansão da ordem neoliberal em diversos países.

A globalização como uma forma de imperialismo necessita da desigualdade entre as economias nacionais e regionais, pois o capital se fortalece na diferenciação da economia mundial, tendo liberdade para se deslocar com o propósito de explorar regimes de mão de obra mais barata. Ao mesmo tempo, a relação entre poder econômico e poder político, entre capital e Estado, não sendo uma relação mecânica, mas contraditória e complexa, pode ser fonte de instabilidades para o domínio do capital globalizado. As realidades locais, onde efetivamente acontecem os processos de luta de clas-ses, a todo momento sofrem mudanças em função das contradições históricas e dos conflitos sociais, como pode ser verificado na con-juntura de amplos movimentos de massas e ascensão de governos de corte popular nos últimos anos na América Latina, assim como nas explosivas e massivas revoltas recentes na Grécia.

Diante deste quadro de instabilidade política e social perma-nente, o imperialismo, com seu centro hegemônico nos Estados Unidos, buscou aplicar, sob o governo Bush, a doutrina da “guerra permanente”, elegendo o “terrorismo” como inimigo central a ser abatido, com o real objetivo de sustentar a hegemonia do capi-tal global estadunidense numa economia mundial administrada por muitos e diferenciados Estados locais. A política belicista do governo Bush foi adotada em função da necessidade de manuten-ção da indústria bélica. O Pentágono garante o funcionamento da indústria no único setor que não é exportado nem terceirizado: o complexo industrial militar. É verdade que o complexo não está imune à crise da indústria americana, porém, consegue polpudos lucros, com a invenção de guerras e pagamentos à vista e com altos sobrepreços.

Para a ação global imperialista, o funcionamento deste com-plexo industrial militar, por meio da demonstração de um poder militar maciço, tem fundamentalmente a pretensão de exercer um

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GEOGRAFIAefeito intimidatório em todo o planeta, com os EUA assumindo o papel de “polícia do mundo” em favor do capital. Como o poder militar estadunidense não consegue estar em todo lugar o tempo todo, nem impor um sistema de Estados plenamente subservien-tes, a ação imperialista dos EUA se utiliza do efeito demonstração, atacando alvos fragilizados e previamente escolhidos, justamente por não oferecerem ameaça real imediata, como ocorre no Iraque e no Afeganistão.

A Crise Econômica Atual

Nos últimos anos, o capitalismo tem vivido ciclos de crise e expansão cada vez mais curtos e constantes. Desde o crash da bol-sa americana, em 1987, o capitalismo assistiu aos seguintes cho-ques: crise imobiliária no Japão, no início dos anos 1990, seguida pela estagnação dessa economia por mais de uma década; crise asiática, em 1997, com a quebra do mercado de capitais e de câm-bio e perda de dinamismo da Coreia e demais tigres asiáticos; a crise dos fundos, em 1998; crise cambial na Rússia, em 1999; crise cambial no Brasil, México e Argentina, em 2001; estouro da bolha da internet, em 2002; crise do mercado imobiliário estadunidense e crise de liquidez bancária na Europa e nos EUA. O aspecto finan-ceiro dessas crises é reflexo da perda de dinamismo das economias da União Europeia, EUA e Japão. A crise do subprime em 2007 foi resultado direto da diminuição da renda do trabalhador americano e do desemprego.

Na esteira da crise de 1987, os mecanismos de controle dos bancos centrais se sofisticaram, bem como a coordenação entre esses bancos. Existe uma rede internacional da liquidez, na qual participam o Federal Reserve, dos EUA, o Banco Central Euro-peu, o Banco da Inglaterra e o Banco Central Japonês. Ao mesmo tempo, a busca por ganhos maiores trouxe um desenvolvimento constante da “tecnologia” financeira, com o surgimento de novos fundos, securitização, diversificação de portfólios e derivativos. A garantia da liquidez fez os detentores de riqueza assumirem riscos maiores, criando um risco moral, em função do papel garantidor de última instância dos bancos centrais. Mecanismos de governança bancária e de disciplina da liquidez, como os acordos da Basileia, viraram letra morta, com a autonomia dos gestores de fundos, au-tonomia esta estimulada pelos grandes bancos, em busca de ga-nhos extras e diluição de riscos.

A velocidade das comunicações, casada com a desregulamen-tação geral dos mercados de dinheiro e ativos, permitiu a atua-ção dos detentores de riqueza por todo o planeta. A flexibilidade de atuação dos detentores de riqueza intensificou a concorrência por capitais. Empresas e governos ofereceram aos aplicadores re-munerações acima das taxas de inflação e de crescimento real da economia, aumentando os volumes de recursos nas mãos dos de-tentores de riqueza. Isso gerou uma superabundância de liquidez (dinheiro disponível para investimentos reais e financeiros), que, em consequência, levou a uma inflação de ativos. A globalização das finanças é decorrente da universalização do capital. Essa uni-versalização nada mais é do que a universalização da extração da mais valia, da exploração da força de trabalho.

A estagnação da economia estadunidense é um fenômeno cla-ro desde a década de 1970. Mesmo entremeado de períodos de grande crescimento, como na segunda metade dos anos 80 e de

meados dos anos 90, a tendência para o baixo crescimento é cons-tante. Os EUA assistiram a migração de várias de suas indústrias – para México, China, Leste Asiático – e a desnacionalização de muitas de suas empresas. A indústria automobilística, carro chefe da economia nos EUA, enfrenta uma crise sem precedentes, com fortes prejuízos das três maiores montadoras. A infraestrutura so-fre com o abandono e a falta de investimentos. O peso dos EUA no PIB global diminui ano a ano.

Importador universal, os EUA geram um imenso déficit ex-terno, casado com um déficit fiscal de similar magnitude. Para fazer frente a estes déficits, o capitalismo estadunidense depende do endividamento, endividamento do governo, das empresas e das famílias. Para sustentar esse endividamento, os EUA se tornaram os maiores importadores de capital. Vendem títulos de governo, ações, obrigações privadas, títulos de todo o tipo, empresas, tudo para sustentar o serviço das dívidas pública e privadas. Os EUA são o centro da especulação financeira, atraindo todo o tipo de dinheiro, dos fundos soberanos da Ásia e do Oriente Médio aos lucros das máfias de todo o tipo. O cassino global é vital para o financiamento do capitalismo nos EUA. A crise financeira é a crise da economia real estadunidense.

A economia dos EUA é vítima do próprio expansionismo. As grandes empresas procuram outros pousos, onde o custo da repro-dução da força de trabalho é mais baixo. A revolução tecnológica elevou a composição orgânica do capital, aumentando as taxas de mais valia e reduzindo as taxas de lucro. Isso forçou a uma concen-tração de capital em proporções nunca vistas, com fusões e aqui-sições que se espalham pela produção capitalista no mundo todo. A oligopolização da economia, inclusive do comércio varejista, destruiu a pequena e média indústria dos EUA.

Mas a mais recente crise econômica global não se restringe à esfera financeira ou ao mercado estadunidense. Trata-se de uma crise de super acumulação, tendo rapidamente se alastrado por todo o sistema capitalista e todos os países do mundo. Pelos volumes de recursos que envolve, é uma crise maior que a de 1929 e, como o capitalismo está globalizado, seja no comércio de bens e serviços, nas cadeias produtivas, no caráter mundial das grandes empre-sas ou na movimentação financeira, ela atinge, simultaneamente, o centro do sistema, ou seja, Estados Unidos, Europa e Japão, e impacta os chamados mercados emergentes, como China, Rússia, Índia e Brasil. Muitos outros países, cujas economias dependem de suas exportações para os grandes centros do capitalismo, já sofrem os efeitos da crise, uma vez que, assim como a China, reduziram suas compras no exterior. A saída de capitais para as matrizes das empresas e bancos é outra fonte de abalo para estes países.

A origem deste processo é o “estouro” do mercado de crédito imobiliário dos EUA, onde empresas construtoras e compradores aliaram-se na inadimplência, oferecendo e aceitando créditos sem garantias, combinando ganância pelos ganhos fáceis com apli-cações financeiras e operações sem lastro (apostas, como num cassino) com a imprudência gerada por um padrão de consumo exacerbado. Mas este é apenas um aspecto superficial da crise. Se levarmos em conta que as taxas de lucro das grandes empresas mundiais – principalmente as de matriz nos EUA – estão em queda desde os anos 1960, fica evidente que a busca por ganhos financei-ros de investidores diversos, além do movimento especulativo em si, é uma tentativa das empresas de manter o nível de suas taxas de lucro. Em função da crescente expropriação dos trabalhadores e da redução de sua capacidade de compra em nível mundial, as

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GEOGRAFIAempresas produzem mais do que os mercados em retração podem absorver. Assim, a onda sucessiva de compra e venda de papéis acaba por criar um castelo de cartas, que facilmente desmorona por não ter vínculos com a economia real, da produção. Ocorre, assim, a superacumulação de capitais e a impossibilidade de valorizá-los na esfera da produção.

Ainda é cedo para que os efeitos e a duração da crise sejam estimados com precisão, pois se, por um lado, o montante de ca-pital envolvido é muito alto, é também correto afirmar que hoje, ao contrário de 1929, os Estados estão mais aparelhados para fazer frente a problemas econômicos. Há instituições mais fortes, arti-culação internacional e uma aliança entre os Estados capitalistas, para os quais a debelação da crise é uma necessidade. As receitas disponíveis, do ponto de vista do capital, são a receita keynesiana – com mais gastos públicos na produção e base fiscal – e a recei-ta monetarista, com a liberação de mais dinheiro para produtores privados e consumidores, na forma de crédito, com juros baixos. Outra saída, a saída “natural” do sistema, ou seja, simplesmente deixar que as empresas quebrem, ou que haja fusões e incorpora-ções para que empresas mais fortes surjam, para que o capitalismo se renove e volte mais forte, tem sido descartada pelos principais líderes do governos dos países centrais, como os presidentes Sar-kozy, da França, e Obama, dos EUA.

As primeiras respostas oferecidas pelos governos dos países centrais combinaram elementos de ajuda e de estatização de ban-cos e socorro a empresas de grande porte, além de baixas nas taxas de juros. A evolução da crise depende, portanto, da combinação de medidas a serem tomadas e o peso dado a cada uma delas. No momento, os sinais claros são de recessão, que poderá prolongar-se, tornando-se uma depressão, ou convergir para um período de alguns anos sem crescimento, ou seja, de estagnação, trazendo consigo o desemprego e grandes tensões sociais no centro e na pe-riferia do capitalismo. Neste quadro, a ofensiva contra os salários, direitos e garantias dos trabalhadores e até mesmo a vigência de modelos autoritários de exercício de poder são uma possibilidade a mais.

A reunião do G-20, realizada em Washington ao final de 2008, apontou para algumas ações voltadas para estimular a demanda, como medidas fiscais, mudanças na política monetária, mais re-cursos para o FMI ajudar as economias emergentes, empenho para romper o impasse na Rodada de Doha neste ano, reforma das ins-tituições de Bretton Woods para dar mais voz às economias emer-gentes, entre outras medidas, no que parece ser um passo no sen-tido de reforçar os aspectos regulatórios e de ação coordenada dos principais países do mundo.

A crise representa o fim de um período marcado pela presença hegemônica do projeto neoliberal, que propiciou uma forma de acumulação, pela qual a saída do Estado das esferas da produção – com a privatização de empresas públicas – e do planejamento, a desregulamentação das economias, o fim dos sistemas de prote-ção à produção interna, a retirada dos direitos dos trabalhadores, o desmonte dos sistemas de bem estar públicos e outras medidas deram a tônica, objetivando oferecer toda a liberdade aos capitais e aumentar a taxa de exploração do trabalho. Ganhou enormemente com o neoliberalismo o setor financeiro, gerando uma proporção de 10 dólares girando na esfera financeira para cada 1 dólar apli-cado na produção.

A crise significa também uma derrota política do capitalismo e a quebra de todos os mitos criados pelo grande capital para endeu-sar o neoliberalismo, como o mito do mercado autorregulador das

relações econômicas, o mito da retirada do Estado da economia e das privatizações, o mito da desregulamentação, além do mito da credibilidade das agências de risco e do fim da história. No terreno político, a crise marca o que pode ser o início do fim do Império estadunidense, uma vez revelada a sua debilidade interna, reforça a multipolaridade e abre espaço para a retomada da ofensiva do campo socialista, mesmo que, com a crise, os trabalhadores con-tinuem ainda desorganizados e precarizados. A crise põe em che-que, diretamente, o sistema de organizações multilaterais, como a ONU, e exige uma nova ordem institucional mundial.

Não devemos cultivar a ilusão de que esta crise é apenas mais uma crise do capitalismo e que este modo de produção, ao final do processo, sairá mais forte e seguirá o seu rumo num patamar su-perior, como ocorreu em outros momentos da história. Tampouco devemos cair na armadilha de acreditar que esta será a crise final do capitalismo. O desenrolar da crise depende, fundamentalmente, da sua condução política e da correlação de forças nos embates sociais que virão. As dimensões da crise e as dificuldades de sua superação sinalizam para o acirramento da luta de classes e para a retomada do movimento de massas em caráter mundial, abrindo reais possibilidades de enfrentamento no sentido da transformação e da derrocada do sistema capitalista.

Assim, cabe às forças revolucionárias lutar para que as classes trabalhadoras assumam, organizadamente, a condução, o protago-nismo do processo, garantindo soluções que, ao mesmo tempo em que combatem os efeitos imediatos da crise, criem as condições para que se acumule, na contestação da ordem burguesa, na defesa de seus direitos e na obtenção de novas conquistas, na organização e na consciência dos trabalhadores, a força necessária para assumir a direção política da sociedade no caminho da superação revolu-cionária do capitalismo. Mais do que nunca, está na ordem do dia a questão do socialismo.

A INDÚSTRIA BRASILEIRA

A industrialização no mundo

O processo de industrialização remonta ao século XVlll, quando emergem na Inglaterra (grande potência naquela época) uma série de transformações de ordem econômica, política, social e técnica, que se convencionou chamar de Revolução Industrial. Hoje esse processo é conhecido como 1ª Revolução Industrial, pois antecedeu novas transformações nos séculos XlX e no XX, as chamadas 2ª e 3ª Revoluções Industriais.

As transformações de ordem espacial a partir da indústria foram enormes alteraram a sociedade como um todo. Podemos citar como exemplo as mudanças ocorridas na própria Inglater-ra do século XlX, onde a indústria associada à modernização do campo gerou a expulsão de milhares de camponeses em direção às cidades, proporcionando o surgimento das cidades industriais, popularmente conhecidas como cidades negras em decorrência da poluição atmosférica gerada pelas indústrias.

Ocorreram também grandes mudanças sociais, evidenciando e definindo claramente as classes sociais do capitalismo: de um lado estavam os donos dos meios de produção (burguesia), que em prol de lucros cada vez maiores, exploravam a mão de obra em troca de salários miseráveis e em condições de trabalho precárias; do outro lado encontrava-se o proletariado (classe que vende sua força de trabalho em troca de um salário), que só foram conseguir melhores condições a partir do século XX através de greves que forçaram os patrões e Estados a concederem benefícios a essa camada da sociedade.

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GEOGRAFIAO avanço da indústria, especialmente a partir do século XlX,

deu-se em direção à outros países como a França, a Bélgica, a Ho-landa, a Alemanha, a Itália, e de países fora da Europa, como os EUA na América e o Japão na Ásia. Alguns desses países viriam a se tornar potências econômicas, industriais e militares séculos de-pois, dominando a economia como um todo, cujo peso influencia diretamente os outros países.

Foi apenas a partir do século XX, especialmente após a 2ª Guerra Mundial, que países do terceiro mundo também passaram por processos de industrialização, como é o caso do Brasil. Nes-ses países foi muito marcante a presença do Estado nacional e das empresas multinacionais no processo de industrialização, que im-pulsionaram esse processo e tornaram alguns países da periferia do mundo atuais potências industriais. Porém, diferentemente do que ocorreu nos países do mundo desenvolvido, a industrialização não resultou necessariamente na melhoria de vida das populações ou no desenvolvimento do país: o processo de industrialização nos países subdesenvolvidos se deu de forma dependente de capitais internacionais, gerando aprofundamento da dependência externa (mais precisamente dívidas externas), além do fato de que as in-dústrias que para cá vieram por já serem relativamente modernas não geraram o número de empregos necessários para absorver a mão de obra cada vez mais numerosa que vinha do campo para as cidades. O que mais tarde seria conhecido como o êxodo ru-ral, criou um processo de metropolização acelerado, que não foi acompanhado pela otimização e implantação de infraestrutura e da geração de empregos, dando início ao inchaço das grandes ci-dades (com diversos problemas decorrentes do mesmo), problema comum em países subdesenvolvidos.

O desenvolvimento da indústria nacional

Embora o Brasil seja considerado um país emergente ou em desenvolvimento, está quase um século atrasado industrialmen-te e tecnologicamente em relação às nações que ingressaram no processo de industrialização no momento em que a Primeira Re-volução Industrial entrou em vigor, como Inglaterra, Alemanha, França, Estados Unidos, Japão e outros.

O desenvolvimento industrial brasileiro se deu lentamente, acontecendo apenas com o rompimento de obstáculos e de me-didas políticas, como nos governos de Getúlio Vargas e Juscelino Kubistchek, que foram de extraordinária importância para que as indústrias se proliferassem no Brasil.

Durante os longos anos em que o território brasileiro foi co-lônia portuguesa, a economia nacional se restringiu à prática da agricultura conhecida por monocultura (o plantio de um único tipo de produto, como o açúcar).

A coroa portuguesa proibia a instalação do comércio manufa-tureiro no Brasil para impedir o crescimento e desenvolvimento de sua colônia, para que ela continuasse somente fornecendo produ-tos agrícolas para o mercado externo. Porém, pequenas mudanças econômicas se iniciaram a partir do processo de independência do Brasil, principalmente na metade do século XIX, com o desenvol-vimento da economia cafeeira, cujos lucros propiciaram investi-mentos em outras atividades econômicas, como a indústria.

Graças a esse cenário dos grandes lucros da economia cafeeira que surgiram empresários como Irineu Evangelista de Souza (o Barão de Mauá), preocupados com o desenvolvimento das estra-

das de ferro, das cidades e de toda infraestrutura necessária para o crescimento do país. Entretanto, as primeiras indústrias surgiram de maneira paulatina entre o final do século XIX e início do sécu-lo XX, representando ainda uma baixa participação na economia nacional.

Frente a essa situação, o Brasil importava praticamente todos os produtos industrializados, já que suas indústrias não haviam se desenvolvido o suficiente. A Europa, sendo a região do globo que mais se industrializava, não queria o desenvolvimento industrial brasileiro, já que perderia parte de seu mercado consumidor. O Brasil, portanto, dependeu exclusivamente da economia agrícola até a metade do século XX, enfrentando sérios problemas econô-micos e políticos.

As indústrias brasileiras se desenvolveram a partir de mudan-ças estruturais de caráter econômico, social e político, que, como citado acima, vinham ocorrendo desde a segunda metade do sé-culo XIX. Essas mudanças aconteceram especialmente nas rela-ções de trabalho, com a expansão do emprego remunerado que resultou em aumento do consumo de mercadorias, a abolição do trabalho escravo e o ingresso de estrangeiros no Brasil como italia-nos, alemães, japoneses, dentre outras nacionalidades, que vieram para compor a mão de obra, além de contribuir no povoamento do país, como ocorreu na região Sul. Um dos maiores acontecimentos no campo político foi a proclamação da República. Diante desses acontecimentos históricos, o processo industrial brasileiro passou por quatro etapas.

-1a fase: 1822 a 1930Havia reduzida atividade industrial, o que conferia ao país ca-

racterística agrário-exportadora.Ocorreram, porém, dois fatos que facilitam a industrialização

futura: a Abolição da Escravatura e a entrada de imigrantes, que vão servir de mão de obra.

- 2a fase: 1830 a 1956O ano de 1930 é considerado por alguns autores como o da

“Revolução Industrial” no Brasil. É o ano que marca o início da industrialização (que abriu as portas para que a atividade industrial se tornar a mais importante do país, beneficiada pela Crise de 1929 e pela Revolução de 1930).

A crise de 1929 constituiu exemplo da fragilidade da econo-mia brasileira e também um aviso de que o país necessitava diver-sificar sua produção. Ela determinou a decadência da cafeicultura e a transferência do capital para a indústria, o que associado à pre-sença de mão de obra e mercado consumidor, justificando a con-centração industrial no Sudeste, especificamente em São Paulo.

Bem como a primeira fase, esta tem uma característica inicial de quase exclusividade de indústrias de bens de consumo não du-ráveis, definindo o período chamado de “Substituição de impor-tações”. No entanto, a ação do Estado começa a alterar o quadro, com o Governo Vargas criando as empresas estatais do setor de base, como a CSN (siderurgia), PETROBRÁS e a CVRD (mine-ração).

- 3ª fase: 1956 a 1989Esse é o período de maior crescimento industrial do país em

todos os setores industriais, baseando-se sobre a aliança entre o

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GEOGRAFIAcapital estatal e o capital estrangeiro. O governo Juscelino Ku-bitschek (1956 – 1961) dá início à chamada “Internacionalização da Economia”, abrindo o país para empresas estrangeiras, em sua maioria do setor automotivo, como Wolkswagen. O período foi conhecido pelo seu otimismo e relação ao crescimento da econo-mia brasileira em que medidas como o Plano de Metas incentiva-ram a produção industrial. Essa política do JK para estimular o crescimento industrial ficou conhecida como nacional-desenvolvi-mentista, ela concentrava suas atenções em investimentos na área de energia e de transportes. O processo continuou mesmo durante a Ditadura Militar (1964 a 1985), com destaque para o Governo Médici e o período do “Milagre Brasileiro”, que determinou cres-cimento econômico (mas também aumento da dívida externa e concentração de renda, já que, para a realização de seus planos, JK utilizou-se de capital estrangeiro).

Foi com essas medidas políticas do governo de Getúlio Vargas e de Juscelino Kubistchek que a industrialização brasileira obteve um crescimento vertiginoso e adquiriu estabilidade, principalmen-te nos últimos anos do século XX e início do século XXI.

- 4a fase: 1989 - hojeIniciada no Governo Collor com continuidade até o Governo

Fernando Henrique, esta fase marca o avanço do Neoliberalismo no país, com sérias repercussões no setor secundário da economia.

Com a adoção do modelo neoliberal determinou-se a privati-zação de quase todas as empresas estatais, tanto no setor produti-vo, como as siderúrgicas e a CVRD, quanto no setor da infraestru-tura e serviços, como o caso do sistema Telebrás.

Os últimos anos marcaram também a abertura do mercado brasileiro, com expressivas reduções na alíquota de Importação. Por outro lado, houve aumento do desemprego graças à falência de empresas e as inovações tecnológicas adotadas, pois se tornou necessária a utilização de máquinas e equipamentos industriais de última geração, necessários para aumentar a competitividade e re-sistir à concorrência internacional.

A indústria brasileira no século XXI

A indústria brasileira está estagnada, e foi responsável por apenas 14,6% do PIB nacional, o que é ínfimo se comparando com dados de outros países em 2010, como China (43,1%), Co-reia (30,4%) ou mesmo Alemanha (20,8%). Entre os fatores que explicam essa situação, podemos citar os altos custos dos encargos da mão de obra (32,5% na folha); o alto custo do capital (juros e “spreads” bancários); a apreciação do câmbio, que aumentou a concorrência, em nosso mercado interno, com produtos impor-tados; os custos elevados dos insumos; a necessidade de investi-mentos na infraestrutura do país; a necessidade de uma política de inovação.

Grandes potências como Estados Unidos e Japão continuam sofrendo os efeitos da recessão, fazendo com que o Brasil, que tem uma economia dependente de capitais externos, apresente fortes reflexos dessa crise. Outro grande problema é o fato de que a ba-lança comercial brasileira é suscetível à preços internacionais mais baixos das matérias primas que o Brasil exporta, e aos preços mais altos de mercadorias que o país importa, como o petróleo.

A dependência da indústria brasileira não é só do capital, mas também da tecnologia estrangeira, já que o país ocupa o 43° lugar no ranking mundial de tecnologia da ONU, o que atinge direta-mente o desempenho industrial do país.

Se a economia já apresentava sinais de desaquecimento, com esses problemas as perspectivas para a indústria brasileira não são nada favoráveis para os próximos anos.

Seguindo uma forte tendência mundial, o Brasil vem passan-do por um processo de descentralização industrial chamado por alguns autores de desindustrialização, ocorrendo intra regional-mente e também entre as regiões. Com acentuada concentração em São Paulo, a distribuição espacial da indústria brasileira foi determinada pelo processo histórico, pois no momento do início da industrialização, o estado tinha (devido à cafeicultura) os prin-cipais fatores para instalação das indústrias, a saber: capital, mer-cado consumidor, mão de obra e transportes. Esta situação também se deve à atuação estatal, através de diversos planos governamen-tais como o Plano de Metas, que acentuou esta concentração no Sudeste, destacando novamente São Paulo. A partir desse processo industrial e sua respectiva concentração, o Brasil passa a se inte-grar (o país não possuía um espaço geográfico nacional integrado, constituindo uma estrutura de arquipélago econômico com várias áreas desarticuladas). Esta integração reflete nossa divisão inter-regional do trabalho, sendo tipicamente centro periferia, ou seja, com a região Sudeste polarizando as demais.

Há uma tendência de saída do ABC Paulista, buscando me-nores custos de produção do interior paulista, no Vale do Paraíba ao longo da Rodovia Fernão Dias, que liga São Paulo à Belo Ho-rizonte. Estas áreas oferecem benefícios atrativos como incentivos fiscais, menores custos de mão de obra, transportes menos conges-tionados e, por tratarem-se de cidades médias, melhor qualidade de vida, característica vital quando se trata de tecnopólos.

Essa desconcentração industrial entre as regiões vem deter-minando o crescimento de cidades médias dotadas de boa infraes-trutura e com centros formadores de mão de obra qualificada. Percebe-se também um movimento de indústrias tradicionais (que fazem uso intensivo de mão de obra, como a de calçados e vestuá-rios) para o Nordeste, em busca de mão de obra barata.

Podemos chamar os fatores que influenciam a mudança de uma empresa de uma região à outra (ou a instalação de uma em-presa em determinada locação) de fatores locacionais, sendo eles:

- Legislações fiscais, tributárias e ambientais amenas;- Vias de transporte e comunicações;- Matéria prima abundante e barata;- Mão de obra abundante e barata;- Energia abundante e barata;- Mercados consumidores;- Incentivos fiscais;- Infraestrutura;

Classificação das IndústriasPodemos classificar as indústrias com base em vários crité-

rios, porém o mais utilizado é o que leva em consideração o tipo e destino do bem produzido:

a) Indústrias de base: produzem bens que dão a base para o funcionamento de outras indústrias, ou seja, as chamadas matérias primas indústrias ou insumos industriais, como o aço;

b) Indústrias de bens de capital ou intermediárias: produzem equipamentos necessários para o funcionamento de outras indús-trias, como as de máquinas;

c) Indústrias de bens de consumo: produzem bens para o con-sumidor final, e são subdividas em:

c1) Bens duráveis: são as que produzem bens para consumo em longo prazo, como automóveis.

c2) Bens não duráveis: produzem bens para consumo geral-mente imediato, como as de alimentos.

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Didatismo e Conhecimento 45

GEOGRAFIAHá outros critérios classificatórios, como:1. Maneira de produzir:- Indústrias extrativas;- Indústrias de processamento ou beneficiamento;- Indústrias de construção;- Indústrias de transformação ou manufatureira;

2. Quantidade de matéria prima e energia utilizadas:- Indústrias leves- Indústrias pesadas

3. Tecnologia empregada:- Indústrias tradicionais- Indústrias dinâmicas.

AGRICULTURA BRASILEIRA

As atividades econômicas agrárias, também denominadas pri-márias, são aquelas próprias do campo, do meio rural: a agricul-tura, a pecuária e o extrativismo. Elas estão voltadas para a pro-dução de alimentos ou de matérias-primas a serem transformadas pela atividade secundária - a indústria.

A importância da agricultura no Brasil

A agropecuária no Brasil emprega mais de 25% da mão de obra do país - ou seja, da PEA (população economicamente ati-va). Porém, mesmo empregando cerca de 25% dos trabalhadores, a agropecuária é responsável por apenas 9% do PIB (produto interno bruto) do país.

Por outro lado, a agricultura é responsável por cerca de 25% da renda das exportações nacionais. A importância da agricultura brasileira é observada sob diferentes aspectos:

- Abastecer uma população urbana que cresce em ritmo ace-lerado;

- Gerar excedentes para exportação.Dos 8,5 milhões de km2 que o país possui apenas 44% são

explorados com atividades agropecuárias.As áreas com lavouras (temporárias e permanentes) abrangem

cerca de 475.000 km2, o que corresponde a aproximadamente 5% da área total do país.

O subaproveitamento do espaço agrícola no país é reflexo, entre outros fatores, da ausência histórica de uma política agrí-cola adequada. No Brasil, as frágeis políticas agrícolas adotadas nos últimos governos acabaram por determinar que vastos espaços agricultáveis fossem transformados em um instrumento especula-tivo financeiro: mais valia deixar a terra valorizar do que explo-rá-la.

Ao mesmo tempo, em um país tão rico em terras cultiváveis, uma porção considerável da população ainda passa fome; o Brasil frequentemente importa alimentos. Importamos vários produtos, entre eles o de maior valor, o trigo.

Plantar custa caro e envolve riscos. Por décadas, os incentivos à agricultura foram setoriais, privilegiando, sobretudo, as produ-ções voltadas para o mercado externo. Esses sectores agrícolas se modernizaram.

Infelizmente, no Brasil persiste ainda a baixa produtividade, o sub emprego e a pobreza no campo.

Agricultura e os fatores naturais

Clima

Embora a agricultura não dependa unicamente das condições climáticas, a verdade é que elas assumem importância fundamen-tal para a prática agrícola. A existência de variados tipos climáticos no País (equatorial, tropical, de altitude, subtropical e semi-árido) permite uma boa diversificação da produção agrícola, podendo-se cultivar desde os vegetais tipicamente tropicais até aqueles pró-prios de áreas temperadas, como é o caso do trigo, que é o mais cultivado no Centro-Sul do País. Devido ao predomínio de climas tropicais, é natural que nossa agricultura seja baseada no cultivo de vegetais típicos desse clima, como é o caso do café, da cana-de-açúcar, do cacau, do algodão e outros.

Solo

A camada superficial da litosfera, formada por rocha decom-posta, e onde há vida microbiana, é o que definimos como solo. As transformações físico-químicas criam aí condições favoráveis a nutrição e desenvolvimento das plantas e espécies vegetais de modo geral. Seu processo de formação é denominado pedogênese, sendo lento e complexo, dependendo da rocha matriz, do clima, das características do relevo e da matéria orgânica presente.

A espessura do solo varia e ele tem ciclo evolutivo: há solos jovens, maduros e senis. Uma vez degradados, é difícil recuperá-los. Devido à diversidade de nossa geologia e condições climáti-cas, o Brasil possui vários tipos de solos agrícolas, considerados, de modo geral, muito ácidos e frágeis, ao contrário do refrão co-mumente utilizado deque no Brasil “se plantando tudo dá”. Sendo assim, para que sejam utilizados de forma eficiente, os solos bra-sileiros têm que ser corrigidos de maneira correta quanto à acidez ou composição química.

- Massapê ou Massapé: solo escuro e resultante da compo-sição do ganisse e do calcário. É um solo de elevada fertilidade natural, encontrado na Zona da Mata Nordestina, onde, desde o período Colonial, é utilizado para o plantio da cana-de-açúcar.

- Terra Roxa: solo castanho avermelhado, resultante da de-composição do basalto. É também um solo de elevada fertilidade, de origem vulcânica, encontrado no Planalto Meridional e utiliza-do para diversos cultivos, com destaque para o café.

- Solo de Várzea: trata-se de um solo fertilizado pelo acúmulo de matéria orgânica e húmus trazido pelo rio margeado por ele. No entanto, devido às inundações constantes, restringe seu uso a alguns produtos, tais como o arroz.

- Salmourão: solo argiloso, geralmente formado pela decom-posição do granito em climas úmidos. Apresenta alguma fertilida-de e é encontrado no Planalto Atlântico e no Centro Sul do País.

Problemas dos Solos

Há diversos problemas que afetam os solos brasileiros, mas os mais comuns são: erosão, esgotamento, laterização e lixiviação. Esses provocam graves consequências que decorrem das carac-terísticas climáticas (quentes e úmidos) e das técnicas agrícolas empregadas (rudimentares). Apesar de limitadas, as medidas atual-

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GEOGRAFIAmente adotadas para combater tais problemas são: terraceamentos, curvas de nível, aplicação de adubos, irrigação e reflorestamento. Tais práticas são mais difundidas nas regiões Sudeste e Sul do País.

- Erosão e esgotamento dos solos: são provocados, sobretu-do, pelas características climáticas predominantes no país, isto é, maior concentração das chuvas durante o verão, e também pelo predomínio de técnicas rudimentares de cultivo: plantio em encos-tas de morros, inadequação dos vegetais às condições naturais, etc.

- Laterização: processo característico das regiões intertropi-cais de clima úmido e estações chuvosa e seca alternadas. Consiste na remoção da sílica e no enriquecimento dos solos em óxidos de ferro e alumínio, originando a formação de uma “crosta ferrugino-sa” capaz de impedir ou dificultar a prática agrícola. Esta crosta é conhecida também como “canga” e aparece em grandes extensões dos chapadões do Centro-Oeste e na Amazônia.

- Lixiviação: é a «lavagem» que ocorre nos solos das regiões tropicais úmidas, quando as chuvas intensas atravessam os solos de cima para baixo, carregando os elementos nutritivos superfi-ciais.

Combate aos problemas do solo

Existem várias técnicas agrícolas que podem combater os pro-blemas dos solos, tais como: o rotação de solos e de culturas, po-dendo haver também a associação da agricultura com a pecuária;

- adubação adequada;- terraceamento;- curvas de nível;- reflorestamento;- irrigação adequada.

Os efeitos do uso do solo

Preservar árvores é um bom método para a conservação do solo. A prática primitiva da queimada e o uso irracional do espaço agrícola são destrutivos. Não é recomendável que a floresta seja substituída por campo ou por cultivo dos produtos, porém, no Bra-sil, uma prática desenvolvida por técnicas agrícolas consiste em aproveitar os restos vegetais da própria mata para “forrar” o solo e plantar, como técnica de sombreamento, espécies de produtos entre as árvores nativas. É um sistema do tipo “corredor” com ra-cionalização de cultivo móvel e a ideia é manter a capacidade pro-dutiva do solo. A substituição gradual de árvores não produtivas por árvores comerciais é um outro método de conservação, mas este pode trazer o perigo das monoculturas, ao menos que o pro-cesso de substituição seja limitado a determinadas proporções. Os efeitos destrutivos das enchentes, por outro lado, e os benefícios da água e dos minerais dissolvidos, difundem-se em uma extensa área pelos sistemas de irrigação. Em muitas regiões, as medidas para irrigar o solo precisam ser combinadas com a drenagem do mesmo, no caso de excesso de água.

Principais problemas da agricultura

- Subaproveitamento do Espaço AgrícolaO Brasil apresenta subaproveitamento de suas terras agríco-

las, já que, apesar de possuir 8.547.403 km2, ocupa apenas cerca de 580.000 km2 com lavouras e 1.750.000 km2 com pastagens.

- Áreas de lavouras, pastagens, matas e terras não aproveita-das em relação à área total do território. Nos últimos anos, a área ocupada pelas atividades agropecuárias tem aumentado, embora a maior parte do território (73%) encontre-se ocupada por terras não-aproveitadas. Em relação à área total dos estabelecimentos agropecuários, verifica-se que as lavouras, pastagens, matas e ter-ras não-aproveitadas ocupam cerca de 40% das terras brasileiras. Suas terras estão utilizadas da seguinte maneira: áreas de lavouras, pastagens, matas e terras não-aproveitadas em relação à área total dos estabelecimentos agropecuários.

O Uso da TerraHá uma correlação entre o tipo de utilização agrária e o tama-

nho da propriedade. Assim, as grandes propriedades dedicam-se, em geral, ao cultivo de produtos voltados para a exportação (café, cana-de-açúcar, cacau, soja, algodão), à pecuária e ao extrativismo vegetal. Já as pequenas propriedades se caracterizam pelo desen-volvimento de cultivos comerciais e de subsistência, como arroz, feijão, milho, mandioca e produtos hortifrutigranjeiros em geral.

Produtividade Agrícola

O aumento da produção agrícola deve-se:- à expansão das fronteiras agrícolas em direção a Rondônia

e Mato Grosso;- à maior utilização de insumos industriais, apesar do seu alto

custo para os agricultores;- às altas cotações de alguns produtos no mercado nacional e

internacional, como o café, alaranja, o algodão, o arroz, a cebola e outros;

- à expansão da mecanização, principalmente em lavouras co-merciais como a da soja e do trigo no Centro-Oeste e no Sul do País. Entretanto, em algumas áreas do Brasil, ainda são registradas baixas taxas de produtividade, o que pode ser explicado por vários motivos:

- uso inadequado e insuficiente de adubos, fertilizantes e de-fensivos agrícolas;

- crédito rural voltado, sobretudo para os grandes proprietá-rios do Sudoeste e do Sul;

- baixa mecanização;- escassez de pesquisas agronômicas básicas;- baixas rendas e más condições de vida do trabalhador rural.

O Governo, por meio de vários programas específicos e de órgãos como a EMBRAPA (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuá-ria), pretende aumentar a produtividade agrícola. Para isso, aponta as seguintes metas:

- estímulo às pesquisas em Engenharia Rural;- aumento da assistência técnica, sobretudo aos pequenos pro-

prietários;- desenvolvimento de novas técnicas de plantio, colheita, se-

leção de sementes, etc.;- aumento do crédito rural;- estímulo à formação de cooperativas;

- criação do Pro várzeas e do Projeto Cerrado. O Pro várzeas Nacional é um programa agrícola criado em junho de 1981, que pretende utilizar as terras férteis das várzeas e, por meio de irri-gação, obter maior produtividade. O programa baseia-se na exis-tência de pelo menos 3 milhões de hectares de várzeas irrigáveis, ainda sem qualquer aproveitamento. Grande parte dessa área está

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GEOGRAFIAna bacia do rio Solimões (Amazônia). O Governo Federal criou, também, o Profir (Programa de Financiamento de Equipamentos de Irrigação).

Armazenamento e Transporte

Embora de forma indireta, esses dois fatores estão profunda-mente inseridos em atividades agrícolas. Só para citar um exem-plo, em determinadas regiões, chega-se a perder grande parcela de produção agrícola por falta de transporte e/ou armazenamento adequado. Tais dificuldades facilitam a ação dos intermediários e especuladores, diminuindo a lucratividade do homem do campo e aumentando o custo dos alimentos ao consumidor. Segundo os últimos levantamentos, o Brasil é o campeão do desperdício, cal-culado, em alguns casos, em cerca de 30% da safra. Em valores, estima-se que o desperdício alcance 5 bilhões de dólares por ano.

- Alqueire: medida agrária que corresponde em GO, MG e RJ a 48.000 m2 e em SP a 24.000 m2.

- Hectare: unidade de medida agrária equivalente a cem acres ou ainda a um hectômetro quadrado 10.000 m2.

- Pedogênese: processo de formação do solo onde se percebe a decomposição da rocha original, acúmulo de matéria orgânica e formação de húmus.

- Terraceamento: técnica agrícola que se constituiu em apro-veitar-se de curvas de nível de degraus (terraços). Típico da Ásia Oriental.

- Curva de nível: linha imaginária que une todos os pontos da mesma altitude, acima ou abaixo de uma referência conhecida. O mesmo que curva altimérrica, isópsa.

Estrutura fundiária

A expressão “estrutura fundiária” engloba o número e tama-nho das propriedades rurais, segundo as categorias dimensionais. Nesse campo, o Brasil enfrenta sérias dificuldades. Nossa estrutura fundiária é herança de um passado colonial, com predomínio das grandes propriedades (plantations) voltadas para atender às ne-cessidades do mercado externo. Até hoje os grandes latifúndios são maioria na área rural, geralmente subaproveitados. Podemos concluir que: a) Os pequenos estabelecimentos predominam em número (50,3%), enquanto sua área é insignificante (2,5%). b) Os grandes estabelecimentos (mais de 1.000 ha) ocupam quase a metade da área rural (45%), representando apenas 1,2% das pro-priedades; ou, simplificando: há muita gente com pouca terra e muita terra com pouca gente, oque demonstra a concentração fun-diária. Note que tanto o minifúndio (pequena propriedade) quanto o latifúndio são responsáveis por um desperdício de recursos, já que: a) No latifúndio, nem todo o espaço é aproveitado, havendo, portanto, desperdício de terras e capital. No minifúndio, há mão de obra ociosa, pois a terra é escassa. Os pequenos proprietários res-pondem por mais da metade da produção de alimentos do Brasil, e são os que menos assistência recebe do governo. Os conceitos de latifúndio e minifúndio serão definidos em função do módulo rural adotado na região gráfica e de seu uso.

Assim, uma grande propriedade dentro da Amazônia, embora não aproveitada com alguma atividade, é menos prejudicial que outra propriedade bem menor e mal aproveitada próxima a São Paulo. Por este motivo, surgiu a ideia de módulo rural (Estatuto da Terra, Lei n° 4.504 de 30/11/64), criado para estabelecer uma unidade legal de medida das propriedades, onde se leva em conta

a independência entre a dimensão, a situação geográfica do imóvel e seu aproveitamento. Os conceitos de latifúndio e minifúndio são definidos em função do módulo rural adotado na região.

- Módulo rural: área explorável que, em determinada posição do País, é direta e pessoalmente explorada por um conjunto fami-liar equivalente a quatro pessoas, correspondendo a mil jornadas anuais. A força de trabalho do nível tecnológico adotado naquela posição geográfica e, conforme o tipo de exploração considerado proporcione um rendimento capaz de assegurar-lhe a subsistência no processo social e econômico. Segundo o INCRA (Instituto Na-cional de Colonização e Reforma Agrária), é o mínimo de terras que uma família de 4 pessoas necessita para sua manutenção. O módulo rural varia conforme o desenvolvimento da região, sendo menor quanto maior o desenvolvimento.

- Minifúndio: será todo o imóvel com área explorável inferior ao módulo rural fixado para a respectiva região e tipos de explora-ção nela ocorrentes.

- Latifúndio por dimensão: será todo o imóvel com área su-perior a 600 vezes o módulo rural médio fixado para a respectiva região e tipos de exploração nelas ocorrente.

- Latifúndio por exploração: será todo o imóvel cuja dimen-são não exceda aquela admitida como máxima para empresa rural, tendo área igual ou superior à dimensão do módulo da região, mas que seja mantida inexplorada em relação às possibilidades físicas, econômicas e sociais do meio, com fins especulativos, ou que seja deficiente, ou inadequadamente explorada de modo a vedar-lhe a classificação como empresa rural. Atualmente, a estrutura fun-diária brasileira tem-se caracterizado por um parcelamento das propriedades, oque traz como consequência um crescimento do número de latifúndios:

- 1960 - 3.337.000 estabelecimentos- 1980 - 5.045.000 estabelecimentos Além desse fracionamen-

to verifica-se uma concentração de terras nas mãos dos latifundiá-rios.

- 1960 - 7l. 000.000 ha- 1980 - 164.500.000 há Considerando-se a distribuição dos

estabelecimentos rurais por região, observam-se diferenças signi-ficativas.

Região Norte

Caracteriza-se por possuir o mais baixo índice de área ocu-pada por estabelecimentos rurais do Brasil. Além disso, apresenta o predomínio de grandes propriedades (mais de 1.000 ha). Com relação à utilização do solo, a porcentagem em matas incultas é, naturalmente, a mais elevada do País. Esta situação determina a economia extrativa vegetal, principal atividade da região. As gran-des, médias e pequenas propriedades, estão assim distribuídas: a) Grandes propriedades: Sudoeste do AM e AC - extrativismo, bor-racha; Sudoeste do PA - extrativismo, castanha-do-pará; Ilha de Marajó e AP - pecuária; Norte de TO - pecuária de corte. Médias e pequenas propriedades: PA (Zona Bragantina) - pimenta-do-rei-no, malva, juta, cacau e fumo; AM (vale médio do rio Amazonas) - juta; PA, AM e AC, ao longo da Transamazônica, agrovilas e culturas diversificadas.

Região Nordeste

Apresenta o maior número de estabelecimentos agrícolas e o maior consumo de pessoas ocupadas nas atividades agropecuárias. Predominam as propriedades entre 200 e 2.000 ha. Na utilização da terra, sobressaem-se as pastagens. As principais áreas agrícolas

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GEOGRAFIAsituam-se na faixa costeira oriental. A zona do Agreste é ocupada por culturas voltadas para o consumo urbano, enquanto no Sertão encontra-se a criação de gado extensiva, ocupação tradicional. As grandes, médias e pequenas propriedades estão assim distribuídas: a) Grandes propriedades: Sertão - pecuária; Zona da Mata Nordes-tina - cana-de-açúcar; MA e PI - extrativismo vegetal; BA (litoral sul) cacau. b) Pequenas e médias propriedades: Vale do São Fran-cisco - arroz e cebola; CE (sul-sertão) - algodão; Agreste-algodão, agave.

Região Centro-Oeste

É também uma região com alta proporção de estabelecimentos com mais de 10.000 ha, porém predominamos grandes estabeleci-mentos entre 1.000 ha e 10.000 ha, dedicados à pecuária. Quanto à utilização da terra, dominam largamente as pastagens: esta é a região que apresenta a maior área ocupada por estabelecimentos agropecuários no Brasil, apesar de possuí-los em menor número. É, por excelência, a área de criação de gado bovino no Brasil, rea-lizada em sistema extensivo nos largos chapadões do cerrado e no Pantanal Mato-Grossense. As grandes, médias e pequenas proprie-dades estão assim distribuídas: a) Grandes propriedades: MT (par-te norte) - extrativismo vegetal; MS e MT (pantanal) - pecuária; GO, MS e MT (áreas dispersas no interior) - pecuária. b) Médias e pequenas propriedades: MS (sul, região de Dourados) - culturas diversificadas: café, milho e soja; GO (Ceres) - culturas diversifi-cadas.

Região Sul

Quanto à área ocupada, predominam no Sul as pequenas e mé-dias propriedades. Assim como a região Sudeste, esta região tam-bém destina parte de sua produção à indústria alimentícia, como carnes, milho, soja e outros itens. As grandes, médias e pequenas propriedades estão assim distribuídas: a) Grandes propriedades: PR (norte) - soja e café; PR (Mata de Araucária) - extrativismo madeira; RS (Campanha Gaúcha) - pecuária; RS e PR - áreas de cultura de trigo. b) Médias e pequenas propriedades: RS, PR e SC (áreas de povoamento europeu) vinhedos, trigo, batata, arroz, mi-lho, etc.

Sistemas Agrícolas

Sistema agrícola é a combinação de técnicas e tradições utili-zadas pelo homem nas suas relações com o meio rural para obter os produtos de que necessita. No Brasil são aplicados no campo vários tipos de sistemas agrícolas. O sistema extensivo é o mais utilizado: apenas em certas áreas, como no Sul e Sudeste, são en-contradas propriedades utilizando com mais frequência o sistema intensivo. Também os sistemas chamados de roça e plantation são antigos no Brasil e até hoje empregados. Veja abaixo os principais sistemas e suas características.

Sistema Intensivo- Uso permanente do solo.- Rotação de cultivos.- Fertilizantes.- Seleção de sementes.- Seleção de espécies.

- Mecanização.- Grande rendimento.- Produção elevada por hectare.- Mão de obra abundante e qualificada.

Terra escassa

O sistema intensivo pode ser caracterizado pela menor depen-dência do agricultor às condições naturais. Quanto menor a depen-dência, mais intensivo será o sistema agrícola.

Sistema Extensivo- Desmatamento e coivara.- Esgotamento dos solos.- Rotação de solos.- Pequeno rendimento.- Produção por trabalhador.- Terra abundante.- Mão de obra escassa e não-qualificada. Dentro do sistema

extensivo surge o termo “roça” ou itinerante, onde as técnicas utili-zadas são bastante rudimentares com pouco ou nenhum adubo, le-vando a terra ao esgotamento e, posteriormente, ao abandono. No Brasil, o sistema de roça é largamente encontrado, apresentando como resultado uma agricultura de baixos rendimentos e produção irregular.

Plantation- Predominantemente em áreas tropicais.- Monocultura.- Grandes estabelecimentos.- Capitais abundantes.- Mão de obra numerosa e barata.- Alto nível tecnológico.- Trabalho assalariado.- Aproveitamento agroindustrial da produção.

Cultivos destinados à exportação.

1. Grande rendimento.O sistema de plantation foi introduzido no Brasil na época

colonial, com o cultivo da cana-de-açúcar. No entanto, até hoje, este sistema é utilizado no cultivo do café, do cacau, da laranja, da soja e da própria cana.

2. Exploração da TerraDistinguem-se no Brasil as seguintes modalidades de explo-

ração da terra:• Exploração direta: quando é realizada pelo proprietário da

terra;• Exploração indireta: pode ser por meio de:- arrendamento

- quando a terra é alugada por um certo tempo e preço; - parceria - quando, por meio de contrato, a terra é cultivada e a produção é repartida na proporção estipulada entre as partes. A forma mais co-mum é a meiação (metade), havendo também outras, como a terça, etc. Nesta modalidade há também os “posseiros” ou ocupantes, lavradores sem terras que ocupam uma área para poder plantar. Os assalariados podem ser mensalistas ou diaristas. Deste último grupo fazem parte os boias-frias.

- Reforma Agrária

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GEOGRAFIAPrincipais produtos da agricultura brasileira

Café Quando o café chegou ao Brasil era considerado como uma

planta ornamental.Em 1860 o café tornou-se definitivamente importante na eco-

nomia brasileira, ao chegar à região de Campinas, no Estado de São Paulo. A partir deste fato, o café encontrou condições físicas favoráveis para o seu desenvolvimento, tais como: solo fértil, cli-ma tropical de altitude, planalto ondulado. Rapidamente, o café atingiu lotes a oeste do Estado, e posteriormente ocupou o Norte do PR, Sul de Minas e MS. O Brasil é considerado o maior produ-tor mundial de café.

CacauO cacau é um produto que nasceu no Brasil, sendo cultivado

primeiramente na Amazônia e atingindo o sul da Bahia, onde en-controu condições favoráveis para o seu desenvolvimento, como clima quente e superúmido, solo espesso e fértil.

Atualmente, a Bahia tem o cacau como o seu principal produ-to agrícola, sendo o maior Estado produtor de cacau do país.

O Brasil é um dos maiores produtores mundiais de cacau, ex-portando principalmente para a Argentina, Estados Unidos, Euro-pa e Japão.

Cana-de-açúcarA cana-de-açúcar chegou ao Brasil no século XVI através dos

portugueses. Inicialmente, este produto era cultivado principal-mente na Zona da Mata Nordestina e no Recôncavo Baiano.

A cana-de-açúcar representa um importante produto na eco-nomia do Brasil.

Em 1930, o cultivo de cana-de-açúcar atingiu o Estado de São Paulo, que logo se tornou o maior produtor brasileiro de cana. O Bra-sil é considerado o maior produtor mundial de cana-de-açúcar, expor-tando principalmente para os Estados Unidos, Europa e Rússia.

Ultimamente, houve um crescimento do investimento na me-canização da cultura de cana, pois esta técnica traz vantagens eco-nômicas e ambientais, porém o número de trabalhadores da indús-tria canavieira deve sofrer uma drástica redução.

SojaA soja é um produto recente no Brasil, e nas últimas décadas

tem se tornado importante na produção agrícola brasileira, e nas exportações. No Brasil, as regiões Sul e Sudeste são as principais produtoras de soja, sendo o Rio Grande do Sul o maior produtor brasileiro.

O Brasil é o segundo maior produtor mundial de soja, o pri-meiro é os Estados Unidos.

MilhoO milho é um produto que nasceu na América, e é muito co-

nhecido no mundo todo. No Brasil, a sua cultura está presente em todos os Estados, sendo o Paraná o principal produtor de milho.

Mundialmente, os Estados Unidos é o maior produtor de mi-lho, seguido da China e do Brasil.

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TrigoÉ o produto alimentício mais importado pelo Brasil. Em 1993 foram 5,0 milhões de toneladas de trigo importado para o Brasil, pois o

consumo interno foi de 7,2 milhões de toneladas e a produção interna foi de 2,3 milhões de toneladas. No Brasil, o maior produtor de trigo é o Estado do Paraná, seguido do Rio Grande do Sul.

ArrozNo Brasil encontramos a cultura de arroz em todos os estados, sendo o Rio Grande do Sul o maior produtor brasileiro, seguido de Minas

Gerais e Goiás. O Brasil é considerado um dos maiores produtores mundiais de arroz.

AlgodãoNo Brasil, o algodão começou a ser cultivado no período colonial. O Brasil ocupa a 6ª colocação dos maiores produtores mundiais de

algodão, sendo superado pela China, Rússia, EUA, Índia e Paquistão.

Principais produtos agrícolas em dados- Culturas temporárias de ciclo curto – algodão herbáceo, alho, amendoim, arroz, aveia, batata, cebola, centeio, cevada, feijão, fumo,

juta, milho, rami, soja, sorgo, tomate e trigo.- Cultura temporária de ciclo longo e culturas permanentes – abacaxi, algodão arbóreo, banana, cacau, café, cana-de-açúcar, castanha

de caju, coco da baía, guaraná, laranja, maçã, mandioca, pimenta do reino, sisal e uva

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PECUÁRIA BRASILEIRA

A pecuária brasileira coloca-se entre as maiores do mundo, apesar do inúmeros problemas inseridos na criação do gado. Os baixos níveis culturais, as práticas defeituosas, a inadequação da estrutura fundiária, as grandes distâncias, o baixo nível tecnológicos, o alto preço dos medicamentos são fatores que pesam no rendimento da pecuária.

Apesar disso, algumas áreas do sudestes e sul apresentam resultados mais positivos e rendimentos maiores. Atualmente, cerca de 25% do território brasileiro é constituído por pastagens naturais e artificiais. A área ocupada pelas pastagens tem aumentado de forma modesta.

As atividades econômicas são desenvolvidas no campo e na cidade. As atividades rurais estão divididas em agricultura e pecuária. No entanto, às vezes são estudadas de forma unificada: a agropecuária.

Basicamente, pecuária é a domesticação de animais realizada por meio da aplicação de técnicas e que tem como finalidade a comer-cialização. Geralmente, a pecuária é vinculada somente à produção bovina, porém esta não é a única, ainda podemos citar a suinocultura, equinocultura, avicultura, cunicultura, apicultura, piscicultura, ranicultura, entre outras.

As criações têm dois destinos: a subsistência e a comercialização. A pecuária é responsável pela produção de matérias-primas para a indústria têxtil e de alimentos. Na produção têxtil, são fabricados couros, ossos, chifres, entre outros. Já na indústria de alimentos, a atividade fornece carne, leite, ovos, etc.

Sem dúvida, a participação da pecuária que mais se destaca é a produção de carne e as criações fornecedoras são as de suínos, bovinos, bufalinos, ovinos, caprinos e aves. A produção leiteira também é muito importante, o leite é extraído de bovinos, bufalinos, ovinos e capri-nos.

A pecuária pode ser desenvolvida de duas formas básicas: a pecuária intensiva e a pecuária extensiva, as quais se diferenciam de acor-do com o nível de tecnologia empregado na produção. Na pecuária intensiva, os animais recebem cuidados relacionados à saúde, além de alimentação balanceada e demais cuidados, o que favorece um aumento significativo da produtividade. Já na pecuária extensiva, os animais são criados soltos em grandes extensões de terra sem receber grandes cuidados, fatores que implicam em uma baixa produtividade.

A palavra pecuária vem do latim pecus, que significa cabeça de gado. Ela é praticada desde o período Neolítico (Idade da Pedra Polida), quando o homem teve a necessidade de domesticar o gado para a obtenção de carne e leite.

Pecuária é a arte ou o conjunto de processos técnicos usados na domesticação e produção de animais com objetivos econômicos, feita no campo. Assim, a pecuária é uma parte específica da agricultura.

Também conhecida como criação animal, a prática de produzir e reproduzir gado é uma habilidade vital para muitos agricultores.Através da atividade pecuária, os seres humanos atendem à maior parte de suas necessidades de proteínas animais (com uma pequena

parte sendo satisfeita pela pesca e pela caça).Carne (bovina, bubalina - carne de búfalo, de aves etc), ovos, leite e mel são os principais produtos alimentares oriundos da atividade

pecuária. Couro, lã e seda são exemplos de fibras usados na indústria de vestimentas e calçados. O couro também é extensivamente usado na indústria de mobiliário e de automóveis. Alguns povos usam a força animal de bovídeos

e equídeos para a realização de trabalho. Outros também usam o esterco seco (fezes secas) como combustível para o preparo de alimentos.A pecuária corresponde a qualquer atividade ligada a criação de gado. Portanto, fazem parte da pecuária a criação de bois, porcos, aves,

cavalos, ovelhas, coelhos, búfalos, etc. A pecuária ocorre, geralmente, na zona rural e é destinada a produção de alimentos, tais como, carne, leite, couro, lã, etc.

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Didatismo e Conhecimento 53

GEOGRAFIAExistem dois tipos de pecuária:

- Pecuária de corte: destinada à criação de rebanhos com obje-tivo de produção de carne para o consumo humano. Na intensiva, o gado é criado preso ou em pequenos espaços, alimentado com ração específica. Neste tipo de criação, a carne produzida é macia e de boa qualidade para o consumo. Pode ser também pecuária extensiva (o gado é criado solto e alimenta-se de capim ou grama). A carne produzida é dura, pois o gado desenvolve uma musculatura rígida.

- Pecuária leiteira: destinada à produção de leite e seus deri-vados (queijos, iogurtes, manteigas, etc).

O Brasil é, mundialmente, um dos países mais fortes na pe-cuária. Em termos de quantidade de cabeças de gado, nosso país encontra-se na liderança. Somos também um dos maiores expor-tadores de carne de boi e frango, sendo que os países asiáticos e europeus são os principais importadores da carne brasileira. Com relação ao leite, os estados de Minas Gerais e São Paulo destacam-se na produção nacional.

Atualmente, técnicas de inseminação artificial e clonagem tem sido aplicadas na pecuária, gerando excelentes resultados na qualidade e na produção de carne, leite e seus derivados.

Importância da Pecuária no Brasil

No decorrer de sua expansão geográfica, a pecuária desem-penhou importante papel no processo de povoamento do territó-rio brasileiro, sobre tudo nas regiões Nordeste (sertão) e Centro – Oeste, mas também no sul do país (Campanha Gaúcha).

O Rebanho Bovino representa a principal criação do país, e apresenta como características:

O rebanho brasileiro é na maior parte de baixa qualidade, e, portanto de baixo valor econômico;

A relação bovino/habitante no Brasil é muito baixa quando comparado à países Argentina, Austrália e Uruguai.

A idade média do gado para abate no Brasil é de 4 anos, muito elevada em relação a países como Argentina, E.U. A e Inglaterra (cerca de 2 a¬nos)

-O peso médio também é muito baixo ainda, 230 a 240 quilos, contra mais de 600 quilos na Argentina, E.U. A e Inglaterra.

Como consequência dos fatores idade e peso, ocorre que a taxa de desfrute (percentual do rebanho abatido anualmente) no Brasil é muito baixa, cerca de 15% a 20% contra 30% da média mundial e 40% dos E.U. A

A pecuária brasileira é caracterizada pelo baixo valor econô-mico e pelo mau aproveitamento do potencial do rebanho, resul-tantes principalmente de deficiências tecnológicas tais como:

-Zootécnicas: falta de aprimoramento racial; - Alimentos: de-ficiência das pastagens (a maior parte é natural) e de rações com-plementares;

-Sanitário: elevada incidência de doenças infectocontagiosas e precária inspeção sanitária.

Principais áreas de Criação Região Sudeste. Possui o 2º maior rebanho bovino do país distribuídos em M.G., S.P., R.J. e E.S.

Nesta região predomina a raça zebu (Nelore, Gir, Guzerá), aparecendo raças europeias e mistas, destinadas tanto ao corte como a produção de leite.

EQUINOCULTURA é a parte da zootecnia especial que trata da criação de equinos. Normalmente não tem como finalidade a produção de alimentos, embora esse também seja um ramo ex-plorável.

Atividade similar à equinocultura (equinocultura, no Brasil) é a equideocultura que abrange a criação de asininos (asnos, burros, jumentos) e de seus híbridos com o cavalo: o bardoto (cavalo com jumenta) e a mula (jumento com égua).

Os cavalos normalmente são criados para serem vendidos e/ou ensinados e em raros casos são usados para a produção de ali-mentos, já que a carne de cavalo é pouco consumida.

CUNICULTURA é a parte da zootecnia especial que trata da criação de coelhos. Como atividade pecuária é o conjunto de pro-cedimentos técnicos e práticos necessários à produção de carne, pele e pelos de coelhos ou criação do animal em condições espe-ciais para uso como cobaias de laboratório. Tendo de gestação, uma coelha, 31 dias até o nascimento dos filhotes.

APICULTURA é a criação de abelhas para produção de mel e cera e também é a parte da zootecnia especial dedicada ao estudo e à criação de abelhas para os seguintes fins: produção de mel, própolis, geleia real, pólen e veneno. Além disso, as abelhas são ótimas polinizadoras.

PISCICULTURA é uma atividade multidisciplinar que se refe-re ao cultivo de organismos aquáticos, incluindo peixes, moluscos, crustáceos e plantas aquáticas.

RANICULTURA refere-se a criação de rãs.

OVINOCULTURA E CAPRINOCULTURA é a parte da zoo-tecnia que trata do estudo e da criação de ovelhas, de ovinos. Ati-vidade destinada à produção de alimento, na forma de carne e leite, e de outros produtos, tais como lã e pele. Da ovelha pode ser cha-mado no masculino por carneiro e quando pequeno como cordeiro, anho ou borrego, é um mamífero ruminante bovídeo da subfamília Caprina e, que também inclui a cabra.

O Brasil destaca-se por ter uma das maiores pecuárias do mundo, embora este setor apresente alguns problemas relaciona-dos à criação do gado.

Alguns fatores afetam o rendimento da pecuária brasileira, tais como: baixos níveis culturais, práticas defeituosas, inadequa-ção da estrutura fundiária, grandes distâncias, baixo nível tecnoló-gico, alto preço dos medicamentos.

Aproximadamente 25% do território brasileiro é formado por pastagens naturais e artificiais, tal área vem crescendo moderada-mente.

O rebanho bovino brasileiro apresenta 161 milhões de cabe-ças, sendo insuficiente os pastos para alimentá-los.

Mas este problema tem solução, pois as condições climáticas brasileiras são favoráveis.

O Brasil possui dois tipos de criação de gado, são elas:

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Didatismo e Conhecimento 54

GEOGRAFIA1. Intensiva – suas características são:

- áreas limitadas - rebanhos escassos - alto rendimento - aplicação de métodos científicos - destinada á produção de leite - proximidade dos grandes centros urbanos

Exemplo: Vale do Paraíba, Sul de Minas Gerais etc.

2. Extensiva – suas características são:

– grandes áreas – gado criado á solta – pastagens naturais – sem aplicação de técnicas adiantadas de criação – baixo rendimento – destinada ao corte (carne) – numero de cabeças por hectares reduzidos

Exemplo: Triângulo Mineiro, Campanha Gaúcha etc.

A pecuária brasileira é em sua maior parte do tipo extensiva, com baixo valor econômico, devido aos inúmeros problemas que já foram mencionados anteriormente. O rebanho brasileiro é um dos maiores do mundo, ultrapassando as 250 milhões de cabeças.

Gado Bovino

O rebanho bovino do Brasil apresenta 161 milhões de cabeças, um dos maiores do mundo, embora tenha um baixo rendimento na produção.

Este tipo de gado, mesmo apresentando um baixo rendimento na produção de carne, é o que apresenta melhor resistência às dificuldades físicas, e à falta de cuidados na criação extensiva.

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GEOGRAFIAPrincipio Áreas de Criação

Região Sudeste

1995 – apresenta 37 milhões de cabeças, considerado o segundo maior rebanho de gado bovino brasileiro.

- Pecuária de Corte Este tipo de pecuária concentra-se principalmente em Minas Gerais (23,6 milhões) e em São Paulo (15,4 milhões), sendo estes os dois

principais Estados criadores.

A pecuária de corte está distribuída da seguinte maneira:

- em São Paulo: Alta Sorocabana (Presidente Prudente) e Alta Noroeste (Araçatuba). - em Minas Gerais: Triângulo Mineiro, Região de Montes Claros, Médio Jequitinhonha. - no Espírito Santo: Extremo Norte.

Considerando o regime de exploração, há algumas diferenças entre essas áreas:

- em São Paulo destaca-se a atividade de engorda (invernadas). - em Minas Gerais destaca-se a produção e comercialização de animais de raça pura, sobretudo reprodutores zebuínos. - no Espírito Santo destaca-se a atividade de cria e recria de gado.

- Pecuária Leiteira As principais bacias leiteiras do Brasil estão nos estados de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro (Região Sudeste). O principal

objetivo desses produtores é abastecer os maiores centros consumidores do Brasil.

O rebanho leiteiro apresenta aproximadamente 8,2 milhões de cabeças, ou seja, de vacas ordenhadas no Sudeste.

A pecuária leiteira está distribuída da seguinte maneira:

- em São Paulo: Vale do Paraíba, Região de São João da Boa Vista, Região de São José do Rio Pardo – Mococa, Região de Araras – Araraquara.

- no Rio de Janeiro: Vale do Paraíba, Norte Fluminense. - em Minas Gerais: Sul de Minas Gerais, Zona da Mata Mineira, Bacia leiteira de Belo Horizonte, Alto Parnaíba.

Região Centro-Oeste

É a maior região em criação de gado bovino, na qual é praticada no sistema extensivo. Apresenta cerca de 55 milhões de cabeças, dis-tribuídas entre os estados de Goiás, Mato Grosso de Sul e Mato Grosso.

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GEOGRAFIAA pecuária é totalmente destinada ao corte.

As áreas produtoras de destaque são: Zona do Pantanal, Sudeste de Goiás, Vale do Paranaíba, sul do Mato Grosso do Sul.

Região Sul

É a região que apresenta o 3º maior rebanho brasileiro, tendo 26,6 milhões de cabeças. O rebanho da região Sul destaca-se pela sua qualidade, devido às condições físicas favoráveis da região.

As criações de gado são destinadas à produção de leite e ao corte.

As áreas de criação mais importantes são: - Campanha Gaúcha (RS) - Campos de Vacaria (RS) - Campos de Lajes (SC) - Campos de Guarapuava (PR)

Região Nordeste

Nesta região, a pecuária é do tipo extensiva, e o rendimento da criação é baixo devido às condições físicas não favoráveis, prejudicando a produção de carne.

As principais bacias leiteiras estão localizadas no agreste.

As áreas produtoras mais importantes estão distribuídas da seguinte maneira: - BA – corte e leite - Sertão do Nordeste – corte - Batalha – AL – corte

Região Norte

A região Norte apresenta o menor rebanho brasileiro, contando com cerca de 19 milhões de cabeças de bovinos e 1 milhão de bubalinos. As principais áreas onde a pecuária é desenvolvida são: Ilha de Marajó, Alto Rio Branco e litoral do Amapá.

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GEOGRAFIAGado Ovino

No Brasil existem 18,3 milhões de cabeças de ovinos, sendo que a sua criação é destinada especialmente à produção de lã.

O maior rebanho ovino brasileiro está concentrado no Rio Grande do Sul, contando com mais da metade da totalidade do país, seguido da Bahia que conta com mais de 2 milhões de cabe-ças, destinas à produção de carne.

Gado Suíno

O Brasil apresenta o 5º maior rebanho suíno mundial. Pode-mos encontrar criação de gado suíno por todo Brasil, concentran-do-se principalmente nas regiões Sul, Nordeste e Sudeste.

Diferentemente do gado bovino, que é criado normalmente em grandes propriedades, o gado suíno é criado em pequenas e médias propriedades.

Os principais estados produtores são: Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Paraná, Minas Gerais e Maranhão.

Pecuária tradicional e moderna

Tradicional:Está muito associada à agricultura tradicional, pois normal-

mente os agricultores também praticam pecuária tradicional, os animais fornecem estrume para a fertilização dos campos, pois ajuda no trabalho agrícola.

Produzem pequenas quantidades de produtos de origem ani-mal, e uma grande variedade de espécies animais, mas em pequena quantidade porque o objectivo é o auto consumo.

Moderna:A pecuária moderna é de carácter comercial e possui um ele-

vado grau de intensidade e de especialização. A pecuária moderna pode ser intensiva e extensiva:

- A intensiva desenvolve-se mais nos países industrializados, é uma criação de gado em espaços fechados, e têm condições para manter esta maneira de pecuária (controlo dos sanitários, há rações vitamínicas para os animais, há condições de temperatura adequa-da, etc.

- A extensiva pratica-se na Austrália, EUA, Argentina e no Brasil. Cria-se o gado em grandes espaços cercados, pastando em liberdade e utilizando o mínimo de mão de obra.

3. REDES, FLUXOS E OS RECORTES ESPACIAIS REGIONAIS

● Espaço urbano: ritmos e características do processo de urbanização; metropolização e as formas espaciais resultantes; critérios de defini-ção de aglomerado urbano; hierarquia urbana e rede de cidades; a estrutura interna das cidades; as condições de vida no meio urbano; moderni-

zação e exclusão no espaço citadino; as múltiplas formas da segregação socioespacial; movimentos sociais urbanos; o papel do setor de comércio e de serviços no espaço urbano e sua importância

na absorção de força de trabalho e na geração de renda;

● Fluxos: os circuitos mundiais de circulação de mercadorias; o sistema financeiro interna-

cional e os fluxos globais de capital; movimentos populacionais e as questões econômicas, políticas

e culturais associadas; circulação de informações e ciberespaço;

● Redes técnicas: conexões entre locais de pro-dução e de consumo e entre locais de moradia e

de trabalho; o papel das redes de transportes e de comunicações na dinâmica da economia e na or-

ganização do espaço; redes de produção e transmissão de energia;

● Recortes regionais: regionalização e unidades regionais no mundo; blocos regionais

de comércio internacional; estruturação econômi-ca, regionalização e unidades regionais no Brasil; organização espacial, social e econômica do esta-

do do Rio de Janeiro.

URBANIZAÇÃO NO BRASIL

Urbanização

O processo de urbanização no Brasil vincula-se a transforma-ções sociais que vêm mobilizando a população dos espaços rurais e incorporando-a à economia urbana, bem como aos padrões de sociabilidade e cultura da cidade. A inserção no mercado de traba-lho capitalista e a busca por estratégias de sobrevivência e mobili-dade social implicam na instalação em centros urbanos e em uma mobilidade espacial constantemente reiterada, que se desenrola no espaço da cidade ou tem nela sua base principal.

A maioria dos brasileiros vivem em cidades. Isso significa que pouco resta da sociedade rural que caracterizava o país nos anos 1940, quando cerca de 70% da população brasileira morava no campo.

O processo de urbanização no Brasil difere do europeu pela rapidez de seu crescimento. Ao passo em que na Europa esse pro-cesso começou no século 18, impulsionado pela Revolução Indus-trial, em nosso país ele só se acentuou a partir de 1950, com a intensificação da industrialização.

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Didatismo e Conhecimento 58

GEOGRAFIAO êxodo rural aumentou na década de 70 do século 20, com

a cidade de São Paulo assumindo a posição de principal polo de atração. Por conta desse crescimento descontrolado nos últimos 30 anos, 40 municípios que envolvem a capital paulista estão fi-sicamente unidos, formando uma mancha demográfica chamada conurbação.

Megacidade e cidade global

“Cidade global” e “megacidade” são termos relacionados à forte urbanização que vem ocorrendo no mundo. No entanto, em-bora estejam relacionados um ao outro, não podem ser confundi-dos, pois designam realidades diferentes.

Megacidade: O termo “megacidade” refere-se a cidades mui-to grandes em termos populacionais, não considerando outros aspectos desses centros urbanos. Expressa, portanto, um aspecto estritamente quantitativo.

Segundo dados divulgados pela Divisão de População da ONU, em 2000 existiam 23 megacidades no planeta:

Ásia: Pequim, Xangai e Tiangin (China); Calcutá, Bombaim e Nova Déli (Índia); Tóquio e Osaka (Japão); Seul (Coreia do Sul); Daca (Bangladesh); Karachi (Paquistão); Jacarta (Indonésia); Ma-nila (Filipinas); Bangcoc (Tailândia).

América do Norte e do Sul: Nova York e Los Angeles (Estados Unidos); São Paulo e Rio de Janeiro (Brasil); Cidade do México (México); Buenos Aires (Argentina).

África: Lagos (Nigéria); Cairo (Egito).Europa: Moscou (Rússia).

Nos países subdesenvolvidos, as megacidades são fortes polos de atração de população e tendem a ter seus problemas econômi-cos e sociais agravados. As perspectivas são de que nessas nações tenhamos, entre as décadas de 2010 e 2020, as maiores aglomera-ções urbanas do planeta.

Dessa forma, as metrópoles dos países desenvolvidos serão superadas por centros urbanos muito populosos como Lagos, Ka-rachi e Daca. Saliente-se que esse enorme contingente populacio-nal não será atendido em suas necessidades básicas de moradia, transporte, educação, saúde e emprego, o que aumentará significa-tivamente a miséria nessas regiões.

Cidade global: O termo “cidade global” é usado quando faze-mos uma análise qualitativa da cidade, referindo-nos ao seu grau de influência sobre outros centros urbanos, em diferentes partes do globo.

Uma cidade global, portanto, caracteriza-se como uma metró-pole, porém sua área de influência não é apenas uma região ou um país, mas parte considerável de nosso planeta. É por isso que as cidades globais também são denominadas “metrópoles mundiais”. Conforme alguns estudos demonstram, para a cidade ser conside-rada “global” é fundamental levarmos em conta suas atividades fi-nanceiras, administrativas, científicas e no campo da informação, o que vincula tais centros urbanos à sua influência regional, nacional ou mundial. Assim, uma cidade global deve apresentar:

a) sedes de grandes companhias, como conglomerados e mul-tinacionais;

b) bolsa de valores que possua influência na economia mun-dial;

c) grau sofisticado de serviços urbanos;

d) setor de telecomunicações amplo e tecnologicamente avan-çado;

e) centros universitários e de pesquisa de alta tecnologia; f) diversidade e qualidade das redes internas de transporte (vias ex-pressas, rodovias e transporte público);

g) portos e aeroportos modernos que liguem a cidade a qual-quer ponto do globo.

Com base nesses aspectos, os estudiosos criaram três níveis ou categorias de cidades, de acordo com o poder de influência des-ses centros urbanos: Alfa, Beta e Gama. Na atualidade são reco-nhecidas 55 cidades globais no planeta:

- Grupo Alfa (10 cidades de primeiro nível de importância): Londres, Nova York, Paris, Tóquio, Los Angeles, Chicago, Frank-furt, Milão, Hong Kong e Cingapura.

- Grupo Beta (10 cidades de segundo nível de importância): São Francisco, Sidney, Toronto, Zurique, São Paulo, Cidade do México, Madri, Bruxelas, Moscou e Seul.

- Grupo Gama (35 cidades de terceiro nível de importância): Osaka, Pequim, Boston, Washington, Amsterdã, Hamburgo, Dal-las, Dusseldorf, Genebra, Xangai, Montreal, Roma, Estocolmo, Munique, Houston, Barcelona, Berlim, Jacarta, Johanesburgo, Melbourne, Praga, Santiago, Taipe, Varsóvia, Atlanta, Budapes-te, Buenos Aires, Copenhague, Istambul, Kuala Lumpur, Manila, Miami, Minneapolis, Bangoc e Caracas.

Cidade

Cidade é uma área densamente povoada onde se agrupam zo-nas residenciais, comerciais e industriais. O significado de cidade (zona urbana, ambiente urbano) opõe-se ao de campo (zona rural). Cidade é a sede do município (cada divisão administrativa autôno-ma dentro de um Estado), a área onde existe concentração de habi-tantes. Cada Estado é composto por um conjunto de cidades, sendo que uma delas é considerada a capital de Estado por abrigar a sede administrativa e ser o principal centro de atividades de um Estado ou de um conjunto de Estados (País). Uma cidade caracteriza-se por um estilo de vida particular dos seus habitantes, pela urbaniza-ção (infraestrutura, organização, serviços de transporte, etc), pela concentração de atividades econômicas dos setores secundário e terciário, etc. As atividades primárias (agricultura, pecuária) são destinadas à zona rural.

O êxodo no rural

O êxodo rural é caracterizado pela emigração da população residente em zona rural (campo) com destino às cidades (zonas urbanas). Essa modalidade de migração ocorre em várias partes do planeta, fato que intensifica o processo de urbanização dos paí-ses. No Brasil, o êxodo rural se destacou na década de 1950 e, principalmente, durante a década de 1960, esse fato foi impulsio-nado pelo desenvolvimento industrial ocorrido nas cidades da Re-gião Sudeste, atraindo pessoas em busca de empregos e melhores condições de vida. Essa modalidade de migração é consequência das dificuldades de manutenção da agricultura de subsistência e a concentração fundiária, visto que o modelo econômico vigente privilegia os grandes latifundiários através de empréstimos para a mecanização das atividades rurais, fato que também agrava o êxodo rural, pois a mão de obra é substituída pelo intenso processo de mecanização das atividades agrícolas.

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Didatismo e Conhecimento 59

GEOGRAFIAOs pequenos produtores que não conseguem mecanizar sua

produção, tendo, consequentemente, baixo rendimento de produ-tividade, acabam em desvantagem no mercado e, muitas vezes, vendem seus terrenos para pagarem dívidas. Outro fator de grande relevância para o desencadeamento do êxodo rural é a atrativida-de que as cidades exercem sobre parte da população rural. Muitas pessoas migram para as cidades em busca de emprego com boa remuneração, infraestrutura e serviços (escolas, hospitais, trans-porte, etc.). Porém, o êxodo rural pode gerar vários problemas de ordem socioeconômica: inchaço das cidades, moradias em locais inadequados, superpovoamento de bairros pobres, aumento de fa-velas, aumento do desemprego, subemprego, violência entre ou-tros.Portanto, o êxodo rural pode gerar transtornos para toda a sociedade, principalmente para as pessoas que deixaram o campo com o intuito de obter melhores condições de vida nas cidades e que não conseguiram atingir esse objetivo. Nesse sentido, se faz necessária a realização de políticas públicas para solucionar esse tipo de problema, proporcionando subsídios para os pequenos pro-dutores rurais, maiores investimentos nas atividades do campo, além de estruturação (hospitais, escolas, etc.) de municípios com maioria da população rural, evitando a migração por motivos de ausência de determinados serviços.

A hierarquia urbana

A hierarquia urbana é estabelecida na capacidade de alguns centros urbanos de liderar e influenciar outros por meio da oferta de bens e serviços à população. Pode ser uma metrópole nacional (se influencia todo o território nacional) ou uma metrópole regio-nal (se influencia certa porção ou região do País).

Metropolização

No Brasil, o processo de urbanização foi essencialmente con-centrador: gerou cidades grandes e metrópoles.

Metrópoles: São cidades que possuem mais de 1 milhão de habitantes e polarizam uma determinada região. O Brasil possui atualmente 11 metrópoles:

- São Paulo;- Rio de Janeiro;- Curitiba;- Goiânia;- Manaus;- Belém;- Fortaleza;- Salvador;- Porto Alegre;- Belo Horizonte;- Recife

Obs: Brasília não é considerada metrópole, pois ela conheceu um crescimento endógeno, e por isso não polariza regiões.

Megalópoles: é a união de duas metrópoles. O Brasil possui somente uma megalópole, localizada no Vale do Paraíba tendo a via Dutra ligando- na.

O fenômeno da conurbação

Conurbação é um termo usado para designar um fenômeno urbano que acontece a partir da união de duas ou mais cidades/municípios, constituindo uma única malha urbana, como se fosse somente uma única cidade. A partir da unificação, as cidades en-volvidas começam a utilizar de maneira conjunta os mesmos ser-viços de infraestrutura, formando uma malha urbana contínua. O fenômeno de conurbação ocorre quando as áreas rurais dos muni-cípios vão sendo tomadas pelas edificações urbanas, desse modo, expande-se até “chocar” com outra cidade.

Os limites municipais quase não são percebidos, por isso dificulta a identificação precisa de onde termina ou começa um município. Esse processo não determina a inexistência de zonas rurais, muitas vezes são identificadas pequenas propriedades ru-rais voltadas para a produção hortifrutigranjeira - produtos que são comercializados no mercado local. No Brasil, esse fenômeno é identificado entre a capital do Estado de São Paulo e os municípios vizinhos, como Santo André, São Caetano, São Bernardo, Diade-ma e Guarulhos. A cidade de São Paulo expandiu de tal forma que “chocou” com os municípios vizinhos, constituindo uma imensa malha urbana, denominada de Grande São Paulo.

Os problemas urbanos

A intensa urbanização que vem ocorrendo no Brasil, especial-mente a partir de 1950, tem sido acompanhada por um processo de metropolização, isto é, concentração demográfica nas principais áreas metropolitanas do país. Isso significa que as grandes cidades, as metrópoles, crescem a um ritmo superior ao das pequenas e mé-dias cidades. Assim, quando somamos a população das nove prin-cipais cidades do país - São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Salvador, Fortaleza, Recife, Porto Alegre, Curitiba e Belém. Jun-tamente com as cidades que pertencem às suas respectivas áreas metropolitanas, verificamos que, em 1950, elas reuniam por volta d e18% da população nacional em 1970, esse número subiu para 25% e, em 1995, para cerca de 31% da população total do Brasil.

Com o crescimento acelerado dessas grandes cidades e com os processo de conurbação que nelas frequentemente ocorrem, cer-tos problemas urbanos - como os transportes, água, esgotos, uso do solo, etc. - não devem ser tratados isoladamente em cada cidade vizinha, mas em conjunto.

Problemas do lixo

O lixo produzido em nossas casas precisa ter um destino certo, pois quando isso não ocorre a cidade toda fica exposta a doenças e contaminação. Quando há uma coleta feita corretamente e o lixo encaminhado para uma cooperativa de reciclagem, esse problema pode ser bem menor, porém nas grandes cidades isso é cada vez mais difícil. Uma opção é tentar reaproveitar o lixo em casa mes-mo, fazendo uma horta e usando-o como adubo. Lembre-se sem-pre de separar o lixo adequadamente e colocá-lo para que a coleta o leve para um local apropriado.

Consequências

Um dos principais problemas são as enchentes causadas pelos lixos que estão nas ruas e entopem bueiros, desde papéis de balas até embalagens e sacolas maiores podem tapar os bueiros e as en-canações que escoam as águas. Quando isso ocorre ainda mais em cidades grandes como São Paulo, a tendência é haver enchentes, causando destruição e congestionamento por toda a cidade.

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Didatismo e Conhecimento 60

GEOGRAFIAQuando jogamos lixos que não são orgânicos em quintais, rios

e nas vias estamos contribuindo para o crescimento de problemas ambientais e também para o aquecimento global, que já é facil-mente percebido por nós todos os dias, com o calor excessivo e os dias de inverno intensos podemos contatar isso facilmente.

- Ilhas de calor: As “ilhas de calor” são uma anomalia do clima que ocorrem quando a temperatura em determinadas regiões dos centros urbanos fica muito maior do que a temperatura nas regiões periféricas. Em São Paulo, por exemplo, já chegou a ser registrada uma diferença de 10º Celsius entre uma temperatura medida no centro e na periferia da cidade, enquanto que a média mundial é de 9ºC. Essa anomalia climática ocorre devido à junção de diversos fatores como a poluição atmosférica (principalmente), alta densidade demográfica, pavimentação e diminuição da área verde, construção de prédios barrando a passagem do vento, gran-de quantidade de veículos e outros fatores que contribuem para o aumento da retenção de calor na superfície.

Em um local menos urbanizado, com mais áreas verdes e menos prédios, a radiação solar seria absorvida normalmente pela vegetação e pelo solo, e dissipada através dos ventos. A vegetação devolveria essa radiação através da evapotranspiração enquanto que a ausência de poluentes permitiria que parte da radiação refle-tisse na superfície e fosse enviada para as camadas mais altas da atmosfera, diminuindo a quantidade de calor. O problema é que, a substituição da vegetação pelo asfalto e concreto faz com que a radiação solar seja absorvida por estes materiais e convertida em ondas de calor que ficarão armazenadas, em grande parte durante o dia, escapando à noite (o asfalto pode chegar a 46ºC em um dia de verão enquanto que a grama não ultrapassa os 32ºC). A constru-ção de prédios cria uma barreira para os ventos não deixando que o calor seja dissipado. A presença de material particulado no ar, proveniente das chaminés de indústrias e escapamentos dos carros cria uma camada que barra a reflexão natural da maior parte dos raios solares.

Chuvas ácidas: A chuva ácida corresponde a uma chuva com elevado teor de acidez provocada pela forte concentração de óxido de enxofre e de azoto, dois tipos de gases provocados pela po-luição industrial. Estes gases quando lançados na atmosfera são absorvidos pelas partículas de água transformando-se em ácido sulfúrico e em ácido nítrico. As consequências mais visíveis das chuvas ácidas são a destruição de florestas em diversas partes do planeta e a corrosão de numerosos prédios e monumentos.

Os principais contribuintes para a produção dos gases que provocam as chuvas ácidas, lançados na atmosfera, são as emis-sões dos vulcões e alguns processos biológicos que ocorrem nos solos, pântanos e oceanos. A ação humana no nosso planeta é tam-bém grande responsável por este fenômeno. As principais fontes humanas desses gases são as indústrias, as centrais termoelétricas e os veículos de transporte. Estes gases podem ser transportados durante muito tempo, percorrendo milhares de quilômetros na atmosfera antes de reagirem com partículas de água, originando ácidos que mais tarde se precipitam. A precipitação ácida ocorre quando a concentração de dióxido de enxofre (SO2) e óxidos de azoto (NO, NO2, N2O5) é suficiente para reagir com as gotas de água suspensas no ar (as núvens).

Tipicamente, a chuva ácida possui um pH à volta de 4,5, po-dendo transformar a superfície do mármore em gesso.

- Efeito estufa: Apesar de o efeito estufa ser figurado como algo ruim, é um evento natural que favorece a proliferação da vida no planeta Terra. O efeito estufa tem como finalidade impedir que a Terra esfrie demais, pois se a Terra tivesse a temperatura muito baixa, certamente não teríamos tantas variedades de vida. Mas Ao longo dos últimos cem anos, a concentração de gases de efeito estufa vem aumentando por causa da maior atividade industrial, agrícola e de transporte, e principalmente devido ao uso de com-bustíveis fósseis. O efeito estufa gerado pela natureza além de be-néfico é imprescindível para a manutenção da vida sobre a Terra. Se a composição dos gases raros for alterada, para mais ou para menos, o equilíbrio térmico da Terra sofrerá conjuntamente.

A ação do ser humano na natureza tem feito aumentar a quan-tidade de dióxido de carbono na atmosfera, através de uma queima intensa e descontrolada de combustíveis fósseis e do desmata-mento. A derrubada de árvores provoca o aumento da quantidade de dióxido de carbono na atmosfera pela queima e também por decomposição natural. Além disso, as árvores aspiram dióxido de carbono e produzem oxigênio. Uma menor quantidade de árvores significa também menos dióxido de carbono sendo absorvido.

- Poluição ar: Quando o lixo orgânico é depositado de manei-ra incorreta na natureza, este pode acarretar sérios danos à natureza como a contaminação do solo e dos lençóis freáticos. Poluição da água é a introdução de partículas estranhas ao ambiente natural, bem como induzir condições em um determinado curso ou corpo de água, direta ou indiretamente, sendo por isso potencialmente nocivos à fauna, flora, bem como populações humanas vizinhas a tal local ou que utilizem essa água.

Hoje em dia a poluição da água é questão a ser tratada em um contexto global. Considera-se que esta é a maior causadora de mortes e doenças pelo todo o mundo e que seja responsável pela morte de cerca de 14000 pessoas diariamente. A água é geralmen-te considerada poluída quando está impregnada de contaminantes antropogênicos, não podendo, assim, ser utilizada para nenhum fim de consumo estritamente humano, como água potável ou para banho, ou então quando sofre uma radical perda de capacidade de sustento de comunidades bióticas (capacidade de abrigar pei-xes, por exemplo). Fenômenos naturais, como erupções vulcâni-cas, algas marinhas, tempestades e terremotos são causa de uma alteração da qualidade da água disponível e em sua condição no ecossistema.

Há três formas principais de contaminação de um corpo ou curso de água, a forma química, a física e a biológica: - a forma química altera a composição da água e com esta reagem; - a forma física, ao contrário da química, não reage com a água, porém afeta negativamente a vida daquele ecossistema; - a forma biológica, consiste na introdução de organismos ou microrganismos estra-nhos àquele ecossistema, ou então no aumento danoso de determi-nado organismo ou microrganismo já existente.

Além das formas, temos duas categorias de como pode se dar a poluição:

a) poluição localizada, onde a fonte de poluição origina-se de um ponto específico, como por exemplo, uma vala ou um cano. Exemplos de tal forma são o despejo de impurezas, por parte de uma estação de tratamentos residuais, por parte de uma empresa ou então por meio de um bueiro.

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Didatismo e Conhecimento 61

GEOGRAFIAb) poluição não localizada é uma forma de contaminação di-

fusa que não possui origem numa única fonte. É geralmente o re-sultado de acumulação do agente poluidor em uma área ampla. A água da chuva recolhida de áreas industriais e urbanas, estradas bem como sua consequente utilização é geralmente categorizada como poluição não localizada.

Como principais contaminantes da água, pode-se citar:- elementos que contenham CO2 em excesso (como fumaça

industrial, por exemplo)- contaminação térmica- substâncias tóxicas- agentes tensoativos- compostos orgânicos biodegradáveis- agentes patogênicos- partículas sólidas- nutrientes em excessos (eutrofização)- substâncias radioativas

Como recurso hídrico indispensável, torna-se cada vez mais importante a conscientização sobre a melhor forma de tratamento da água como sustentáculo da vida no planeta. Ainda mais se pen-sarmos que a maioria das comunidades espalhadas pelo planeta possuem pouca consciência sobre a melhor forma de tratamento de um de seus recursos mais importantes.

Poluição do solo A poluição do solo, ocorre devido os malefícios diretos e in-

diretos causados pela desordenada exploração e ocupação do meio ambiente, depositando no solo elementos químicos estranhos, pre-judiciais às formas de vida microbiológica e sua colaboração em relação às interações ecológicas regulares. As principais causas da poluição do solo são: o acúmulo de lixo sólido, como embalagens de plástico, papel e metal, e de produtos químicos, como fertilizan-tes, pesticidas e herbicidas.

O vidro, por exemplo, leva cerca de 5 mil anos para se decom-por, enquanto certos tipos de plástico, impermeáveis ao processo de biodegradação promovido pelos micro-organismos, levam mi-lhões de anos para se desintegrarem. Assim, o material sólido do lixo demora muito tempo para desaparecer no ambiente. As solu-ções usadas para reduzir o acúmulo de lixo, como a incineração e a deposição em aterros, também têm efeito poluidor, pois emitem fumaça tóxica, no primeiro caso, ou produzem fluidos tóxicos que se infiltram no solo e contaminam os lençóis de água.

A melhor forma de amenizar o problema, na opinião de espe-cialistas, é investir nos processos de reciclagem e também no uso de materiais biodegradáveis ou não descartáveis.

Poluição do ar

A poluição do ar é caracterizada pela presença de gases tó-xicos e partículas líquidas ou sólidas no ar. Os escapamentos dos veículos, as chaminés das fábricas, as queimadas estão constan-temente lançando no ar grandes quantidades de substâncias pre-judiciais à saúde. Nos grandes centros urbanos e industriais tor-nam-se frequentes os dias em que a poluição atinge níveis críticos. Os escapamentos dos veículos automotores emitem gases como o monóxido (CO) e o dióxido de carbono (CO2), o óxido de nitro-

gênio (NO), o dióxido de enxofre (SO2) e os hidrocarbonetos. As fábricas de papel e cimento, indústrias químicas, refinarias e as siderúrgicas emitem óxidos sulfúricos, óxidos de nitrogênio, en-xofre, partículas metálicas (chumbo, níquel e zinco) e substâncias usadas na fabricação de inseticidas.

Todos esses poluentes são resultantes das atividades humanas e são lançados na atmosfera. A emissão excessiva de poluentes tem provocado sérios danos à saúde como problemas respirató-rios (Bronquite crônica e asma), alergias, lesões degenerativas no sistema nervoso ou em órgãos vitais e até câncer. Esses distúrbios agravam-se pela ausência de ventos e no inverno com o fenômeno da inversão térmica (ocorre quando uma camada de ar frio forma uma parede na atmosfera que impede a passagem do ar quente e a dispersão dos poluentes). Os danos não se restringem à espécie humana. Toda a natureza é afetada. A toxidez do ar ocasiona a des-truição de florestas, fortes chuvas que provocam a erosão do solo e o entupimento dos rios.

No Brasil, dois exemplos de cidades totalmente poluídas são Cubatão e São Paulo. Os principais impactos ao meio ambiente são a redução da camada de ozônio, o efeito estufa e a precipitação de chuva ácida.

Inversão térmica

A inversão térmica é um fenômeno atmosférico muito comum nos grandes centros urbanos industrializados, sobretudo naqueles localizados em áreas cercadas por serras ou montanhas. Esse pro-cesso ocorre quando o ar frio (mais denso) é impedido de circular por uma camada de ar quente (menos denso), provocando uma al-teração na temperatura. Outro agravante da inversão térmica é que a camada de ar fria fica retida nas regiões próximas à superfície terrestre com uma grande concentração de poluentes. Sendo assim, a dispersão desses poluentes fica extremamente prejudicada, for-mando uma camada de cor cinza, oriunda dos gases emitidos pelas indústrias, automóveis, etc.

Esse fenômeno se intensifica durante o inverno, pois nessa época do ano, em virtude da perda de calor, o ar próximo à super-fície fica mais frio que o da camada superior, influenciando dire-tamente na sua movimentação. O índice pluviométrico (chuvas) também é menor durante o inverno, fato que dificulta a dispersão dos gases poluentes. É importante ressaltar que a inversão térmica é um fenômeno natural, sendo registrada em áreas rurais e com baixo grau de industrialização. No entanto, sua intensificação e seus efeitos nocivos se devem ao lançamento de poluentes na at-mosfera, o que é muito comum nas grandes cidades.

Doenças respiratórias, irritação nos olhos e intoxicações são algumas das consequências da concentração de poluentes na ca-mada de ar próxima ao solo. Entre as possíveis medidas para mini-mizar os danos gerados pela inversão térmica estão a utilização de biocombustíveis, fiscalização de indústrias, redução das queima-das e políticas ambientais mais eficazes.

Moradias

As moradias precárias, como as favelas, são acompanhadas pela ausência de infraestrutura. Para o crescimento de qualquer cidade se faz necessária a expansão de todo serviço público, como distribuição de água, rede de esgoto, energia elétrica, pavimenta-ção, entre outros. As áreas urbanas onde vivem as famílias pobres,

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Didatismo e Conhecimento 62

GEOGRAFIAgeralmente, são desprovidas de escolas, postos de saúde, policia-mento e demais infraestruturas. Em geral, favelas e demais bairros marginalizados surgem de modo gradativo em áreas de terceiros, especialmente do governo. Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), os oito municípios detentores do maior número de favelas são: São Paulo, com 612; Rio de Janeiro, com 513; Fortaleza, 157; Guarulhos, 136; Curitiba, 122; Campinas, 117; Belo Horizonte, 101; e Osasco, 101.

No início do século XX existiam no Rio de Janeiro e, poste-riormente, em São Paulo os cortiços, habitações que abrigavam várias pessoas, os quais eram constituídos por muitos cômodos alugados. Os cortiços eram velhas mansões que se localizam pró-ximas ao centro da cidade. Hoje, a alternativa de moradia para as pessoas carentes é a ocupação de terrenos periféricos de gran-des cidades, onde o valor é baixo. Isso é provocado pelo fato dos moradores possuírem pequeno poder aquisitivo, desse modo, não podem pagar um aluguel em um bairro estruturado e muito menos adquirir uma casa ou apartamento nele. Além disso, nas grandes cidades os imóveis têm alcançado valores extremamente elevados, distantes da realidade de grande parte da população.

Naturalmente, a configuração das grandes cidades brasileiras é excludente, tendo em vista que marginaliza um grupo social des-favorecido, enquanto em algumas periferias formam-se bairros do-tados de luxo, os condomínios fechados - que se constituem como verdadeiros guetos. Abaixo, resultado de uma nação capitalista.

COMÉRCIO BRASILEIRO

O comércio baseia-se na troca voluntária de produtos. As tro-cas podem ter lugar entre dois parceiros (comércio bilateral) ou entre mais do que dois parceiros (comércio multilateral). Na sua forma original, o comércio fazia-se por troca direta de produtos de valor reconhecido como diferente pelos dois parceiros, cada um valoriza mais o produto do outro. Os comerciantes modernos costumam negociar com o uso de um meio de troca indireta, o dinheiro. É raro fazer-se troca direta hoje em dia, principalmente nos países industrializados. Como consequência, hoje podemos separar a compra da venda. A invenção do dinheiro (e subsequen-temente do crédito, papel-moeda e dinheiro não-físico) contribuiu grandemente para a simplificação e promoção do desenvolvimento do comércio.

Comércio internoO comércio interno manifestava-se numa divisão em ramos

comerciais diferenciados, visível nas atividades retalhistas que eram condicionadas pela técnica de produção e o nível do sistema transportador. O comércio não profissional dependia da margem de bens que excediam o autoconsumo familiar. Nisso se distinguia do comércio ambulante e do comércio local fixo.

As cidades desempenhavam o papel de centro comercial para a população dos arredores. Era a sua função principal e nela se si-tuavam, além dos edifícios públicos e dos templos, sobretudo lojas de retalhistas. Cada ramo de comércio tinha o seu lugar marcado. A organização das trocas locais era muito mais susceptível de re-gulação do que o comércio de longa distância.

Comercio externo O comércio internacional ou comércio exterior é a troca de

bens e serviços através de fronteiras internacionais ou territórios. Na maioria dos países, ele representa uma grande parcela do PIB.

O comércio internacional está presente em grande parte da história da humanidade, mas a sua importância econômica, social e política se tornou crescente nos últimos séculos. O avanço industrial, dos transportes, a globalização, o surgimento das corporações multi-nacionais, tiveram grande impacto no incremento deste comércio. O aumento do comércio internacional pode ser relacionado com o fenômeno da globalização.

Balança comercial Balança comercial é um termo econômico que representa as

importações e exportações de bens entre os países. Dizemos que a balança comercial de um determinado país está favorável, quan-do este exporta (vende para outros países) mais do que importa (compra de outros países). Do contrário, dizemos que a balança comercial é negativa ou desfavorável. A balança comercial favorá-vel apresenta vantagens para um país, pois atrai moeda estrangeira, além de gerar empregos dentro do país exportador.

Comercio externo brasileiroDos diversos produtos exportados pelo brasil ¾ do valor vem

dos manufaturados e semimanufaturados. Portanto, no contexto da divisão internacional do trabalho, o país deixou de fazer parte do grupo dos simples fornecedores de matérias primas, enquadrando-se entre os países de industrialização parcial e tardia.

Um dos fatores dessa mudança foi o expressivo crescimento da nossa indústria no pós-guerra.

Outro foi a crescente internacionalização da economia brasi-leira a partir daquele período, que motivou, por exemplo, a instala-ção no nosso território de muitas empresas estrangeiras em busca de menores custos de produção.

A balança comercial no Brasil nos anos 70 a 2000Balança comercial é um termo econômico que representa as

importações e exportações de bens entre os países. Dizemos que a balança comercial de um determinado país está favorável, quan-do este exporta (vende para outros países) mais do que importa (compra de outros países). Do contrário, dizemos que a balança comercial é negativa ou desfavorável. A balança comercial favorá-vel apresenta vantagens para um país, pois atrai moeda estrangeira, além de gerar empregos dentro do país exportador.

O choque dos preços do petróleo entre 1973-1974 inaugurou uma longa fase de dificuldades para a economia brasileira, expres-sas no prolongado quadro de restrição externa. As relações de troca do Brasil com o resto do mundo, que haviam atingiram o seu ponto máximo em 1977, começaram a despencar isso não ocorreu em função apenas da elevação do preço do petróleo, como se costuma noticiar, mas principalmente porque os países centrais consegui-ram impor o aumento dos preços de seus produtos numa proporção muito superior ao dos produtos exportados pela periferia.

Além disso, a partir de 1980 forçaram para baixo os preços das commodities que o Brasil exportava que caíram 26% de 1980 a 1982. Demonstrando assim que o problema não estava princi-palmente no petróleo, o fato é que excluindo esse produto nossas exportações caíram 31% de 1977 a 1982. Dessa forma vários pro-blemas agravaram não só as relações socioeconômicas do Brasil perante o mundo, mas também as políticas adotadas para a nação.

Uma primeira consequência desse duplo choque, o do petró-leo e do aumento dos juros, foi a queda nas exportações brasileiras provocada pela recessão mundial e o aumento violento do déficit em conta corrente do balanço de pagamentos,

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Didatismo e Conhecimento 63

GEOGRAFIANo inicio dos anos 80, a crise da dívida e a recessão marcaram o cenário brasileiro. O crescimento econômico produzido pelo milagre

acabou gerando pressões inflacionárias e problemas na balança comercial, em vários lugares do Brasil ressurgiram pressões por melhor distribuição de renda e melhores condições de vida, além do segundo choque do petróleo comprometeu ainda mais a situação brasileira.

ANO DE 1999 -SALDO - 706 101 - 223 35 300 - 145 90 - 189 - 57 - 156 - 534 - 223 - 1.261EXP. 2.949 3.267 3.829 3.707 4.386 4.313 4.117 4.277 4.187 4.304 4.002 4.673 48.011IMP. 3.655 3.166 4.052 3.672 4.086 4.458 4.027 4.466 4.244 4.460 4.536 4.450 49.272

A partir de 1981, a ênfase do ajuste externo recaiu sobre o controle da absorção interna, assumia-se, explicitamente, o modelo de ajuste recessivo. Os ajustes feitos nesse período foram mais altos e duradouros que seus benefícios.

O preço desse ajuste em termos de inflação foi elevado e persistente, no caso da inflação a tendência à aceleração foi reforçada e se man-teve na cena brasileira até meados da década de 1990. As experiências frustradas de ajuste externo do período refletiam uma característica do desequilíbrio externo brasileiro baseado no ajuste recessivo.

Diante dos problemas que a economia brasileira vinha passando tais como a divida externa, inflação, endividamento do setor público, pressões exercidas por parte da população e dos trabalhadores, alguns planos econômicos foram adotados para sanar os efeitos desses pro-blemas, planos econômicos esses que na maioria das vezes não surtiram o menor efeito, mas em muitos casos a situação piorou.

- ANO DE 2001 -

SALDO - 478 78 - 281 120 207 276 108 623 595 250 287 857 2.642

EXP. 4.538 4.083 5.167 4.730 5.367 5.042 4.965 5.727 4.755 5.003 4.500 4.346 58.223

IMP. 5.016 4.005 5.448 4.610 5.160 4.766 4.857 5.104 4.160 4.753 4.213 3.489 55.581

A partir de 2000, o comércio exterior brasileiro aumentou num ritmo mais vigoroso. O crescimento econômico mundial, o aumento dos preços internacionais de produtos básicos, a diversificação dos mercados importadores e a maior produtividade da indústria nacional são fatores que favoreceram o dinamismo das exportações brasileiras, que passou a atingir sucessivos recordes.

Em 2011, o saldo da balança comercial brasileira foi positivo (superavit) em US$ 29,790 bilhões. Neste ano, o Brasil exportou US$ 256,041 bilhões e importou US$ 226,251 bilhões.

- ANO DE 2012 -

SALDO -1.306 1.706 2.022 879 2.960 805 2.872 3.225 2.553 1.659 -186 2.250 19.438

EXP. 16.141 18.028 20.911 19.566 23.215 19.353 21.003 22.381 19.998 21.763 20.472 19.749 242.580

IMP. 17.448 16.322 18.889 18.687 20.255 18.548 18.131 19.156 17.445 20.104 20.658 17.499 223.142

As exportações e Importações No que diz respeito às exportações, apesar dos ainda graves problemas que o país enfrenta com sua infraestrutura e algumas questões

externas, vemos que as mesmas veem se expandindo ao longo do tempo. Assim, nas últimas quatro décadas, 1965 a 2005, as exportações brasileiras apresentaram substancial expansão e diversificação tanto

em termos de produtos, visto que os manufaturados e semifaturados passaram a responder por fatias crescentes na pauta, como de mercados geográficos. As exportações alcançaram US$ 46,5 bilhões em 1995 contra US$ 1,6 Bilhões em 1965, cifra quase 30 vezes superior equiva-lente a um crescimento médio de 11,95% ao ano, embora esta média tenha caído para 8,2% no primeiro quinquênio da década de 90.

Em 1965, os USA e a Comunidade Econômica Europeia (CEE) constituíam os dois grandes mercados consumidores de produtos bra-sileiros. Juntos, absorviam aproximadamente 66% das exportações; a ALADI mais ou menos 15%; AAELC 8%; Europa oriental 7%; Japão e demais países asiáticos 4%. Hoje o destino das exportações brasileiras diversificou-se substancialmente com a inserção da Ásia, África e Oriente Médio nas correntes de comércio procedentes do Brasil.

A origem das exportações concentra-se nas regiões sudeste e sul e poucos Estados são dinâmicos nessa atividade, apesar de crescimen-tos, o que gera a necessidade de estimular a criação de mais polos de exportação a fim de incorporar novos estados à corrente de comércio.

Outro dado é que no Brasil poucas empresas de grande porte exportam muito, enquanto pequenas e médias exportam pouco e de modo geral apenas um ou dois tipos de produtos.

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Didatismo e Conhecimento 64

GEOGRAFIAA participação das exportações brasileiras no total do mundo

é de 1,44%, Na importação, o Brasil caiu uma posição em 2011, ocupando agora a vigésima primeira, mas aumentou sua participa-ção, de 1,25% para 1,29%.

Mercosul É o programa de integração econômica de cinco países da

América do Sul. Em sua formação original o bloco era composto por quatro países: Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai, entretan-to, em julho de 2006 a Venezuela aderiu ao bloco. O bloco também é chamado de Cone Sul porque sua formação original abrangia as nações do sul do continente, formando um cone. As discussões para a constituição de um mercado econômico regional para a América Latina remontam ao tratado que estabeleceu a Associação Latino-Americana de Livre Comércio (ALALC) desde a década de 1960.

Esse organismo foi sucedido pela Associação Latino-Ame-ricana de Integração na década de 1980. À época, a Argentina e o Brasil fizeram progressos na matéria, assinando a Declaração de Iguaçu (1985), que estabelecia uma comissão bilateral, à qual se seguiram uma série de acordos comerciais no ano seguinte. O Tratado de Integração, Cooperação e Desenvolvimento, assinado entre ambos os países em 1988, fixou como meta o estabelecimen-to de um mercado comum, ao qual outros países latino-americanos poderiam se unir.

Com a adesão do Paraguai e do Uruguai, os quatro países se tornaram signatários do Tratado de Assunção (1991) que estabe-lecia o Mercado Comum do Sul, uma aliança comercial visando a dinamizar a economia regional, movimentando entre si mercado-rias, pessoas, força de trabalho e capitais.

Inicialmente foi estabelecida uma zona de livre-comércio, onde os países signatários não tributariam ou restringiriam as importações um do outro. A partir de 1 de janeiro de 1995, esta zona de livre-comércio converteu-se em uma união aduaneira, na qual todos os signatários poderiam cobrar as mesmas alíquotas nas importações dos demais países (Tarifa Externa Comum). No ano seguinte, a Bolívia e o Chile adquiriram o status de membros as-sociados. O Chile encontra-se em processo de aquisição do status de membro pleno depois de resolver alguns problemas territoriais com a Argentina. Outras nações latino-americanas, como a Vene-zuela, manifestaram interesse em entrar para o grupo, o que se concretizou no dia 9 de dezembro de 2005.

As instituições integrantes do Mercosul, definidas pelo Trata-do de Assunção, foram revistas pelo Protocolo de Ouro Preto, em 1994. Por ele, cada país-membro tem um voto e as decisões neces-sitam ser unânimes. Três são as instâncias decisórias: um Conse-lho (com funções políticas), um Grupo (com funções executivas) e uma Comissão Técnica.

O Mercosul foi significativamente enfraquecido pelo colapso da economia argentina em 2002. Alguns críticos acreditam que a negativa de ajuda do governo Bush aquele país à época, foi basea-da em um desejo de enfraquecer o Mercosul, já que, teoricamente, os EUA percebem a iniciativa deste mercado como um problema para a sua estratégia político-econômica para a América Latina. No entanto, é mais provável que os Estados Unidos tenham deixa-do de ajudar a Argentina uma vez que esse país latino-americano não transmitia confiabilidade aos mercados internacionais, tendo deixado de honrar seus compromissos financeiros em diversas ocasiões.

Em 2004, entrou em vigor o Protocolo de Olivos (2002), que criou o Tribunal Arbitral Permanente de Revisão do Mercosul, com sede na cidade de Assunção (Paraguai). Uma das fontes de insegurança jurídica nesse bloco de integração era a falta de um tribunal permanente.

Nova rodada de negociações ocorreu a partir de Julho de 2004, entre outros tópicos, discutindo-se a entrada do México no grupo. Como resultado, em 8 de dezembro de 2004 os países membros assinaram a Declaração de Cuzco, que lançou as bases da Comu-nidade Sul-Americana de Nações, entidade que unirá o Mercosul e o Pacto Andino em uma zona de livre comércio continental.

Em dezembro de 2005, a Venezuela protocolou seu pedido de adesão ao Mercosul, e em 4 de julho de 2006 seu ingresso ao bloco econômico foi formalizado, em Caracas.

Muitos sul-americanos veem o Mercosul como uma arma contra a influência dos Estados Unidos na região, tanto na forma da Área de Livre Comércio das Américas quando na de tratados bilaterais.

A Divida externa no BrasilA origem da dívida externa remonta o ano de 1824. Na época,

foi contraída uma dívida no valor de 3 milhões de libras esterlinas, ficando conhecida depois como “empréstimo português”. A prin-cipio, o valor serviria para cobrir despesas do período colonial. Na prática, significava um pagamento à Portugal pelo reconhecimento de nossa independência.

Em 1829 foi realizado um novo empréstimo, que entrou para história como o “ruinoso”, realizado com o intuito de cobrir parce-las não quitadas na dívida anterior. Fechado o empréstimo, o Brasil recebeu apenas 52% do acordado. Os 48% restantes serviram para cobrir os juros da dívida anterior. Foram registrados outros dois empréstimos considerados importantes durante o período de Impé-rio (1843 e 1852) que ainda serviram para pagamentos de débitos relativos ao primeiro empréstimo, saudado completamente apenas em 1890.

Durante a chamada república do “café com leite”, o endivi-damento foi só aumentando. Analisando friamente a situação, per-cebe-se que o intuito foi a necessidade de garantir os privilégios da elite.

As perspectivas para o BrasilSabe-se que em situações de crise é que surgem as oportuni-

dades. Foi no contexto da crise de 1929 que o Brasil promoveu uma guinada política e optou por novos caminhos baseados na in-dustrialização dirigida à substituição de importações. Em poucas décadas, o país deixou de ser um país eminentemente rural e se tornou a 8ª economia do mundo.

Só que hoje é difícil vislumbrar esperanças para a humanidade e para o planeta com a permanência de uma economia predatória como a capitalista. Se a atual crise trouxer a oportunidade para a criação de uma forma de ordenamento social que possibilite uma distribuição racional dos frutos do trabalho e do próprio trabalho para a eliminação do desemprego, essa oportunidade é a luz que aguardamos no fim do longo túnel da história.

Parece cada vez menos consequente pensar soluções para os problemas brasileiros sem levar em consideração a realidade his-tórica global de crise do capitalismo, de crise da democracia e de crise do Estado de Bem Estar Social. Em outras palavras, parece não existir mais soluções isoladas para o Brasil num mundo que se

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Didatismo e Conhecimento 65

GEOGRAFIAglobaliza gradualmente a cada dia. Por outro lado, nem é possível acreditar-se mais em qualquer forma de ditadura por melhor inten-cionada que for. O poder sem controle democrático da sociedade civil, como já foi comprovado exaustivamente pela história do sé-culo XX, se degrada e acaba se tornando um fim em si mesmo.

A perspectiva para o Brasil no século XXI parece estar vincu-lada, enfim, à perspectiva existente para o conjunto da humanida-de num contexto histórico de revolução tecnológica alucinante, de globalização, de crises do capitalismo, da democracia e dos Esta-dos nacionais.

ECONOMIA BRASILEIRA

A economia do Brasil tem um mercado livre e exportador. Com um PIB nominal de 2,48 trilhões de dólares (4,14 trilhões de reais), foi classificada como a sexta maior economia do mundo em 2011, segundo o FMI (considerando o PIB de 2,09 trilhões de dólares, para 2010), ou a sétima, de acordo com o Banco Mundial e o World Factbook da CIA. É a segunda maior do continente ame-ricano, atrás apenas dos Estados Unidos.

Atualmente, a economia brasileira tem apresentado um cres-cimento consistente e, segundo o banco de investimento Goldman Sachs, deve tornar-se a quarta maior do mundo por volta de 2050. O Brasil é uma das chamadas potências emergentes: é o “B” do grupo BRICS. É membro de diversas organizações econômi-cas, como o Mercosul, a UNASUL, o G8+5, o G20 e o Grupo de Cairns. Tem centenas de parceiros comerciais, e cerca de 60% das exportações do país referem-se a produtos manufaturados e semimanufaturados. Os principais parceiros comerciais do Brasil foram: Mercosul e América Latina (25,9% do comércio), União Europeia (23,4%), Ásia (18,9%), Estados Unidos (14,0%) e ou-tros (17,8%).

Segundo o Fórum Econômico Mundial, o Brasil foi o país que mais aumentou sua competitividade em, ganhando oito posições entre outros países, superando a Rússia pela primeira vez e fechan-do parcialmente a diferença de competitividade com a Índia e a China, economias BRIC. Importantes passos dados desde a década de 1990 para a sustentabilidade fiscal, bem como as medidas toma-das para liberalizar e abrir a economia impulsionaram significati-vamente os fundamentos do país em matéria de competitividade, proporcionando um melhor ambiente para o desenvolvimento do setor privado.

O país dispõe de setor tecnológico sofisticado e desenvolve projetos que vão desde submarinos a aeronaves (a Embraer é a terceira maior empresa fabricante de aviões no mundo). O Brasil também está envolvido na pesquisa espacial. Possui um centro de lançamento de satélites e foi o único país do Hemisfério Sul a in-tegrar a equipe responsável pela construção da Estação Espacial Internacional (EEI). É também o pioneiro na introdução, em sua matriz energética, de um biocombustível - o etanol produzido a partir da cana-de-açúcar. Em 2008, a Petrobras criou a subsidiária, a Petrobras Biocombustível, que tem como objetivo principal a produção de biodiesel e etanol, a partir de fontes renováveis, como biomassa e produtos agrícolas.

Processo histórico

Quando os exploradores portugueses chegaram no século XV, as tribos indígenas do Brasil totalizavam cerca de 2,5 milhões de pessoas, que praticamente viviam de maneira inalterada desde a Idade da Pedra. Da colonização portuguesa do Brasil (1500-1822)

até o final dos anos 1930, os elementos de mercado da economia brasileira basearam-se na produção de produtos primários para ex-portação. Dentro do Império Português, o Brasil era uma colônia submetida a uma política imperial mercantil, que tinha três prin-cipais grandes ciclos de produção econômica - o açúcar, o ouro e, a partir do início do século XIX, o café. A economia do Brasil foi fortemente dependente do trabalho escravizado Africano até o final do século XIX (cerca de 3 milhões de escravos africanos im-portados no total). Desde então, o Brasil viveu um período de cres-cimento econômico e demográfico forte, acompanhado de imigra-ção em massa da Europa (principalmente Portugal, Itália, Espanha e Alemanha) até os anos 1930. Na América, os Estados Unidos, o Brasil, o Canadá e a Argentina (em ordem decrescente) foram os países que receberam a maioria dos imigrantes. No caso do Brasil, as estatísticas mostram que 4,5 milhões de pessoas emigraram para o país entre 1882 e 1934.

O Brasil atrelou a sua moeda, o real, ao dólar americano em 1994. No entanto, após a crise financeira da Ásia Oriental, a crise russa em 1998 e uma série de eventos adversos financeiros que se seguiram, o Banco Central do Brasil alterou temporariamente sua política monetária para um regime de flutuação gerenciada, enquanto atravessava uma crise de moeda, até que definiu a modi-ficação do regime de câmbio livre flutuante em janeiro de 1999. O país recebeu um pacote de resgate de US$ 30,4 bilhões do Fundo Monetário Internacional, em meados de 2002, uma soma recorde. O Banco Central brasileiro pagou o empréstimo do FMI em 2005, embora pudesse pagar a dívida até 2006. Uma das questões que o Banco Central do Brasil recentemente tratou foi um excesso de flu-xos especulativos de capital de curto prazo para o país, o que pode ter contribuído para uma queda no valor do dólar frente ao real du-rante esse período. No entanto, o investimento estrangeiro direto (IED), relacionado em longo prazo, menos investimento especula-tivo em produção, estima-se ser de US$ 193,8 bilhões para 2007. O monitoramento e controle da inflação atualmente desempenha um papel importante nas funções do Banco Central de fixar as ta-xas de juro de curto prazo como uma medida de política monetária.

Atualmente, com uma população de 190 milhões e recursos naturais abundantes, o Brasil é um dos dez maiores mercados do mundo, produzindo 35 milhões de toneladas de aço, 26 milhões de toneladas de cimento, 3,5 milhões de aparelhos de televisão e 5 milhões de geladeiras. Além disso, cerca de 70 milhões de metros cúbicos de petróleo estão sendo processados anualmente em com-bustíveis, lubrificantes, gás propano e uma ampla gama de mais de cem produtos petroquímicos. Além disso, o Brasil tem pelo menos 161.500 quilômetros de estradas pavimentadas e mais de 108.000 megawatts de capacidade instalada de energia elétrica.

Seu PIB real per capita ultrapassou US$ 8.000, devido à forte e continuada valorização do real, pela primeira vez nesta década. Suas contas do setor industrial respondem por três quintos da pro-dução industrial da economia latino-americana. O desenvolvimen-to científico e tecnológico do país é um atrativo para o investimen-to direto estrangeiro, que teve uma média de US$ 30 bilhões por ano nos últimos anos, em comparação com apenas US$ 2 bilhões/ano na década passada, evidenciando um crescimento notável. O setor agrícola, também tem sido notavelmente dinâmico: há duas décadas esse setor tem mantido Brasil entre os países com maior produtividade em áreas relacionadas ao setor rural. O setor agríco-la e o setor de mineração também apoiaram superávits comerciais que permitiram ganhos cambiais maciços e pagamentos da dívida externa.

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Didatismo e Conhecimento 66

GEOGRAFIACom um grau de desigualdade ainda grande, a economia bra-

sileira tornou-se uma das maiores do mundo. De acordo com a lista de bilionários da revista Forbes de 2011, o Brasil é o oitavo país do mundo em número de bilionários, à frente inclusive do Japão, com um número bastante superior aos dos demais países latino americanos.

Componentes da economia

O setor de serviços responde pela maior parte do PIB, com 66,8%, seguido pelo setor industrial, com 29,7%, enquanto a agri-cultura representa 3,5%. A força de trabalho brasileira é estimada em 100,77 milhões, dos quais 10% são ocupados na agricultura, 19% no setor da indústria e 71% no setor de serviços.

Agricultura e produção de alimentos

O desempenho da agricultura brasileira põe o agronegócio em uma posição de destaque em termos de saldo comercial do Brasil, apesar das barreiras alfandegárias e das políticas de subsídios ado-tadas por alguns países desenvolvidos. Em, segundo a OMC o país foi o terceiro maior exportador agrícola do mundo, atrás apenas de Estados Unidos e da União Europeia.

A importância dada ao produtor rural tem lugar na forma do Plano da Agricultura e Pecuária e através de outro programa espe-cial voltado para a agricultura familiar (Pronaf), que garantem o financiamento de equipamentos e da cultura, incentivando o uso de novas tecnologias e pelo zoneamento agrícola. Com relação à agricultura familiar, mais de 800 mil habitantes das zonas rurais são auxiliados pelo crédito e por programas de pesquisa e extensão rural, notadamente através da Embrapa. A linha especial de crédito para mulheres e jovens agricultores visa estimular o espírito em-preendedor e a inovação.

Com o Programa de Reforma Agrária, por outro lado, o ob-jetivo do país é dar vida e condições adequadas de trabalho para mais de um milhão de famílias que vivem em áreas distribuídas pelo governo federal, uma iniciativa capaz de gerar dois milhões de empregos. Através de parcerias, políticas públicas e parcerias internacionais, o governo está trabalhando para garantir infraes-trutura para os assentamentos, a exemplo de escolas e estabeleci-mentos de saúde. A ideia é que o acesso à terra represente apenas o primeiro passo para a implementação de um programa de reforma da qualidade da terra.

Mais de 600 000 km² de terras são divididas em cerca de cinco mil domínios da propriedade rural, uma área agrícola atualmente com três fronteiras: a região Centro-Oeste (cerrado), a região Nor-te (área de transição) e de partes da região Nordeste (semiárido). Na vanguarda das culturas de grãos, que produzem mais de 110 milhões de toneladas/ano, é a de soja, produzindo 50 milhões de toneladas.

Na pecuária bovina de sensibilização do setor, o “boi verde”, que é criado em pastagens, em uma dieta de feno e sais minerais, conquistou mercados na Ásia, Europa e nas Américas, particular-mente depois do período de susto causado pela “doença da vaca louca”. O Brasil possui o maior rebanho bovino do mundo, com 198 milhões de cabeças, responsável pelas exportações superando a marca de US$ 1 bilhão/ano.

Pioneiro e líder na fabricação de celulose de madeira de fibra-curta, o Brasil também tem alcançado resultados positivos no setor de embalagens, em que é o quinto maior produtor mundial. No mercado externo, responde por 25% das exportações mundiais de açúcar bruto e açúcar refinado, é o líder mundial nas exportações de soja e é responsável por 80% do suco de laranja do planeta e, teve os maiores números de vendas de carne de frango, entre os que lidam no setor.

Indústria

O Brasil tem o segundo maior parque industrial na Améri-ca. Contabilizando 28,5% do PIB do país, as diversas indústrias brasileiras variam de automóveis, aço e petroquímicos até compu-tadores, aeronaves e bens de consumo duráveis. Com o aumento da estabilidade econômica fornecido pelo Plano Real, as empresas brasileiras e multinacionais têm investido pesadamente em novos equipamentos e tecnologia, uma grande parte dos quais foi com-prado de empresas estadunidenses.

O Brasil possui também um diversificado e relativamente sofisticado setor de serviços. Durante a década de 1990, o setor bancário representou 16% do PIB. Apesar de sofrer uma grande reformulação, a indústria de serviços financeiros do Brasil oferece às empresas locais uma vasta gama de produtos e está atraindo inúmeros novos operadores, incluindo empresas financeiras es-tadunidenses. A Bolsa de Valores, Mercadorias e Futuros de São Paulo está passando por um processo de consolidação e o setor de resseguros, anteriormente monopolista, está sendo aberto a empre-sas de terceiros.

As reservas de recursos minerais são extensas. Grandes reser-vas de ferro e manganês são importantes fontes de matérias-primas industriais e receitas de exportação. Depósitos de níquel, estanho, cromita, urânio, bauxita, berílio, cobre, chumbo, tungstênio, zin-co, ouro, nióbio e outros minerais são explorados. Alta qualidade de cozimento de carvão de grau exigido na indústria siderúrgica está em falta. O Brasil possui extensas reservas de terras raras, minerais essenciais à indústria de alta tecnologia. De acordo com a Associação Mundial do Aço, o Brasil é um dos maiores produtores de aço do mundo, tendo estado sempre entre os dez primeiros nos últimos anos.

O Brasil, juntamente com o México, tem estado na vanguar-da do fenômeno das multinacionais latino-americanas, que, graças à tecnologia superior e organização, têm virado sucesso mundial. Essas multinacionais têm feito essa transição, investindo maciça-mente no exterior, na região e fora dela, e assim realizando uma parcela crescente de suas receitas a nível internacional. O Brasil também é pioneiro nos campos da pesquisa de petróleo em águas profundas, de onde 73% de suas reservas são extraídas. De acordo com estatísticas do governo, o Brasil foi o primeiro país capitalista a reunir as dez maiores empresas montadoras de automóvel em seu território nacional.

Maiores companhias

Até o momento, 33 empresas brasileiras foram incluídas na Forbes Global 2000 - uma classificação anual das principais 2000 companhias em todo o mundo pela revista Forbes. As 10 maiores empresas são:

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Didatismo e Conhecimento 67

GEOGRAFIA

Posição mundial Companhia Indústria

Receita (bilhões

$)

Lucros (bilhões

$)

Ativos (bilhões

$)

Valor de mercado

(bilhões $)Sede

8 Petrobras Operações de gás e petróleo 208,3 15,04 149,98 295,60 Rio de Janeiro

49 Vale Mineração 43,23 14,26 84,70 171,39 Rio de Janeiro

81 Banco Bradesco Banco 36,12 4,11 192,65 59,80 Osasco, Grande São

Paulo

101 Banco do Brasil Banco 28,61 2,60 202,00 41,54 Brasília

103 Banco Itaú Banco 28,97 2,05 167,06 28,22 São Paulo203 Unibanco Banco 15,29 1,94 84,04 27,37 São Paulo322 Eletrobrás Utilitários 9,20 0,54 56,62 18,08 Rio de Janeiro514 Usiminas Materiais 5,82 1,18 8,63 19,14 Belo Horizonte

519 Oi Serviços de telecomunicações 7,90 0,61 12,36 11,69 Rio de Janeiro

606 Gerdau Aço 11,03 0,63 12,39 8,13 Porto Alegre

Energia

O governo brasileiro empreendeu um ambicioso programa para reduzir a dependência do petróleo importado. As importações eram res-ponsáveis por mais de 70% das necessidades de petróleo do país, mas o Brasil se tornou autossuficiente em petróleo em 2006. O Brasil é um dos principais produtores mundiais de energia hidrelétrica, com capacidade atual de cerca de 108.000 megawatts. Hidrelétricas existentes fornecem 80% da eletricidade do país. Dois grandes projetos hidrelétricos, a 15.900 megawatts de Itaipu, no rio Paraná (a maior represa do mundo) e da barragem de Tucuruí no Pará, no norte do Brasil, estão em operação. O primeiro reator nuclear comercial do Brasil, Angra I, localizado perto do Rio de Janeiro, está em operação há mais de 10 anos. Angra II foi concluída em 2002 e está em operação também. Angra III tem a sua inauguração prevista para 2014. Os três reatores terão uma capacidade combinada de 9.000 megawatts quando concluídos. O governo também planeja construir mais 17 centrais nucleares até ao ano de 2020.

Situação econômica

Somente em 1808, mais de trezentos anos depois de ser descoberto por Portugal, é que o Brasil obteve uma autorização do governo português para estabelecer as primeiras fábricas.

No século XXI, o Brasil é uma das dez maiores economias do mundo. Se, pelo menos até meados do século XX, a pauta de suas expor-tações era basicamente constituída de matérias-primas e alimentos, como o açúcar, borracha e ouro, hoje 84% das exportações se constituem de produtos manufaturados e semimanufaturados.

O período de grande transformação econômica e crescimento ocorreu entre 1875 e 1975.Nos anos 2000, a produção interna aumentou 32,3% . O agronegócio (agricultura e pecuária) cresceu 47%, ou 3,6% ao ano, sendo o

setor mais dinâmico - mesmo depois de ter resistido às crises internacionais, que exigiram uma constante adaptação da economia brasileira.A posição em termos de transparência do Brasil no ranking internacional é a 75ª de acordo com a Transparência Internacional. É igual

à posição da Colômbia, do Peru e do Suriname.

Controle e reforma

Entre as medidas recentemente adotadas a fim de equilibrar a economia, o Brasil realizou reformas para a sua segurança social e para os sistemas fiscais. Essas mudanças trouxeram consigo um acréscimo notável: a Lei de Responsabilidade Fiscal, que controla as despesas públicas dos Poderes Executivos federal, estadual e municipal. Ao mesmo tempo, os investimentos foram feitos no sentido da eficiência da administração e políticas foram criadas para incentivar as exportações, a indústria e o comércio, criando “janelas de oportunidade” para os investidores locais e internacionais e produtores. Com estas mudanças, o Brasil reduziu sua vulnerabilidade. Além disso, diminuiu drasticamente as importações de petróleo bruto e tem metade da sua dívida doméstica pela taxa de câmbio ligada a certificados. O país viu suas exportações crescerem, em média, a 20% ao ano. A taxa de câmbio não coloca pressão sobre o setor industrial ou sobre a inflação (em 4% ao ano) e acaba com a possibilidade de uma crise de liquidez. Como resultado, o país, depois de 12 anos, conseguiu um saldo positivo nas contas que medem as exportações/importações, acrescido de juros, serviços e pagamentos no exterior. Assim, respeitados economistas dizem que o país não será profundamente afetado pela atual crise econômica mundial.

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Didatismo e Conhecimento 68

GEOGRAFIAPolíticas

O apoio para o setor produtivo foi simplificado em todos os níveis; ativos e independentes, o Congresso e o Poder Judiciário procederam à avaliação das normas e regulamentos. Entre as prin-cipais medidas tomadas para estimular a economia estão a redução de até 30% do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) e o investimento de US$ 8 bilhões em frotas de transporte rodoviário de cargas, melhorando assim a logística de distribuição. Recursos adicionais garantem a propagação de telecentros de negócios e in-formações.

A implementação de uma política industrial, tecnológica e de comércio exterior, por sua vez, resultou em investimentos de US$ 19,5 bilhões em setores específicos, como softwares e semicondu-tores, farmacêutica e medicamentos e no setor de bens de capital.

Renda

O salário mínimo ainda é muito baixo no Brasil. O PIB per capita do país gera em torno de R$21.252 ou US$ 12.144. Um estudo da Fundação Getúlio Vargas, com base em dados do IBGE, elaborou uma lista das profissões mais bem pagas do Brasil. Os valores podem variar muito de acordo com o estado da federação em que o profissional vive. As carreiras de Direito, Administração e Medicina ficaram entre as mais bem pagas, seguidas por algumas Engenharias.

Informações, índices e dados da economia brasileira.

- Moeda: Real (símbolo R$)- PIB (Produto Interno Bruto): R$ 4,143 trilhões ou US$

2,367 trilhões * taxa de câmbio usada US$ 1,00 = R$ 1,75 - Renda per Capita (PIB per capita): R$ 21.252 ou US$

12.144 * taxa de câmbio usada US$ 1,00 = R$ 1,75 - Coeficiente de Gini: 49,3 alto- Evolução do PIB nos últimos anos: 2,7% (2002); 1,1%

(2003); 5,7% (2004); 3,2% (2005); 4 % (2006); 6,1% (2007); 5,2% (2008); - 0,3% (2009); 7,5% (2010); 2,7% (2011).

- Crescimento do PIB no 3º trimestre de 2012: 0,6% (entre julho e setembro) em relação ao 2º trimestre de 2012. Em relação ao 3º trimestre de 2011, cresceu 0,9%.

- Taxa de investimentos: 18,7% do PIB - Taxa de poupança: 15,6% do PIB - Força de trabalho: 104 milhões - Inflação: 5,84% - Taxa de desemprego: 4,9% - Taxa básica de Juros do Banco Central (SELIC): 7,25%

ao ano Salário Mínimo Nacional: R$ 678,00 (a partir de 1º de janeiro de 2013)

- Dívida Externa: US$ 271 bilhões

Comércio Exterior:

- Exportações: US$ 256,041 bilhões - Importações: US$ 226,251 bilhões - Saldo da balança comercial: US$ 29,790 bilhões (superá-

vit) - Países que o Brasil mais importou: Estados Unidos, China,

Argentina e Alemanha

- Países que o Brasil mais exportou (2011): China, Estados Unidos, Argentina, Holanda e Japão

- Principais produtos exportados pelo Brasil: minério de ferro, ferro fundido e aço; óleos brutos de petróleo; soja e deri-vados; automóveis; açúcar de cana; aviões; carne bovina; café e carne de frango.

- Principais produtos importados pelo Brasil: petróleo bruto; circuitos eletrônicos; transmissores/receptores; peças para veículos, medicamentos; automóveis, óleos combustíveis; gás na-tural, equipamentos elétricos e motores para aviação.

- Organizações comerciais que o Brasil pertence: Merco-sul, Unasul e OMC (Organização Mundial de Comércio)

Tipos de energia consumida no Brasil

- Petróleo e derivados: 37,9%- Hidráulica: 15,2%- Gás natural: 8,8%- Carvão Mineral: 4,8%- Biomassa: 21,8%- Lenha: 10,1%- Nuclear: 1,4%

TRANSPORTE BRASILEIRO

O transporte no Brasil

Até a década de 1950, a economia brasileira se fundava na exportação de produtos primários, e com isso o sistema de trans-portes limitou-se aos transportes fluvial e ferroviário. Com a ace-leração do processo industrial na segunda metade do século XX, a política para o setor concentrou os recursos no setor rodoviário, com prejuízo para as ferrovias, especialmente na área da indústria pesada e extração mineral. Como resultado, o setor rodoviário, o mais caro depois do aéreo, movimentava no final do século mais de sessenta por cento das cargas.

As primeiras medidas concretas para a formação de um siste-ma de transportes no Brasil só foram estabelecidas em 1934. Des-de a criação da primeira estrada de ferro até 1946 os esquemas viários de âmbito nacional foram montados tendo por base as fer-rovias, complementados pelas vias fluviais e a malha rodoviária. Esses conceitos começaram a ser modificados a partir de então, especialmente pela profunda mudança que se operou na economia brasileira, e a ênfase passou para o setor rodoviário.

A crise econômica da década de 1980 e uma nova orientação política tiveram como consequência uma queda expressiva na des-tinação de verbas públicas para os transportes.

Transporte Ferroviário

A primeira estrada de ferro brasileira foi inaugurada no Rio de Janeiro em 1854, com 14,5 km de extensão, unindo a Baía de Guanabara ao sopé da Serra da Estrela, no caminho de Petrópolis. Outras foram construídas posteriormente, no Nordeste e no planal-to paulista, estas impulsionadas pela cultura do café – provocando a ligação Santos-São Paulo Jundiaí e a construção das linhas das Cias.

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GEOGRAFIAO setor ferroviário se desenvolveu de forma acelerada desde

a inauguração da primeira estrada de ferro, até 1920. A década de 1940 marcou o começo do processo de estagnação, que se acen-tuou com a ênfase do poder central na malha rodoviária. Diversas ferrovias e ramais começaram a ser desativados e a rede ferro-viária, que em 1960 tinha 38.287 km, reduziu-se a 26.659 km em 1980. A crise do petróleo na década de 1970 mostrou a necessidade da correção da política de transportes, mas dificuldades financeiras impediram a adoção de medidas eficazes para recuperar, moderni-zar e manter a rede ferroviária nacional, que entrou em processo acelerado de degradação.

Na década de 1980, a administração pública tentou criar um sistema ferroviário capaz de substituir o rodoviário no transporte de cargas pesadas. Uma das iniciativas de sucesso foi a construção da Estrada de Ferro Carajás, inaugurada em 1985, com 890 km de extensão, que liga a província mineral de Carajás, no sul do Pará, ao porto de São Luís MA. O volume de investimentos, porém, ficou muito aquém das necessidades do setor num país das dimen-sões continentais do Brasil.

As ferrovias transportam 33% da carga (minério de ferro e granéis) e já apresentam expansão em sua malha.

Transporte Rodoviário

No Brasil, a extensa área, a disponibilidade hídrica, a longa faixa litorânea e os relevos pouco acidentados não impediram a adoção de uma política de transportes apoiada nas rodovias. As estradas brasileiras tiveram sua construção iniciada apenas no sé-culo XIX e as rodovias surgiram só na década de 1920, primei-ro no Nordeste, em programas de combate às secas. Em 1928 foi inaugurada a primeira rodovia pavimentada, a Rio-Petrópolis, hoje rodovia Washington Luís.

A partir das décadas de 1940 e 1950, a construção de rodo-vias ganhou poderoso impulso devido a três fatores principais: a criação do Fundo Rodoviário Nacional, em 1946, que estabeleceu um imposto sobre combustíveis líquidos, usado para financiar a construção de estradas pelos estados e a União; a fundação da Pe-trobrás, em 1954, que passou a produzir asfalto em grande quan-tidade; e a implantação da indústria automobilística nacional, em 1957.

A mudança da capital do Rio de Janeiro para Brasília levou à criação de um novo e ambicioso plano rodoviário para ligar a nova capital a todas as regiões do país. Entre as rodovias construídas a partir desse plano destacam-se a Brasília-Acre e a Belém-Brasília, que se estende por 2.070 km, um terço dos quais através da selva amazônica.

Em 1973 passou a vigorar o Plano Nacional de Viação, que modificou e definiu o sistema rodoviário federal. Compõe-se o sis-tema federal das seguintes rodovias:

1) 8 rodovias radiais, com ponto inicial em Brasília e numera-ção iniciada por zero;

2) 14 rodovias longitudinais, no sentido norte-sul, com nume-ração iniciada em um;

3) 21 rodovias transversais, no sentido Leste-Oeste, com nu-meração iniciada em dois;

4) 29 rodovias diagonais, cuja numeração começa em três; 5) 78 rodovias de ligação entre cidades, com numeração ini-

ciada em quatro.

Entre as rodovias mais modernas do Brasil estão a Presidente Castelo Branco, que liga São Paulo à região Centro-Oeste; a Tor-res-Osório, no Rio Grande do Sul; a Rio-Santos, que, como parte da BR-101, percorre o litoral dos estados do Rio de Janeiro e São Paulo; e a rodovia dos Imigrantes, de São Paulo a Santos.

As dificuldades econômicas do país a partir do final da década de 1970 causaram uma progressiva degradação da rede rodoviária. Na década de 1980, o crescimento acelerado deu lugar à estag-nação. A perda de receitas, com a extinção, em 1988, do impos-to sobre lubrificantes e combustíveis líquidos e do imposto sobre serviços de transporte rodoviário, impediu a ampliação da rede e sua manutenção. Como resultado, em fins do século XX a precária rede rodoviária respondia por 65% do transporte de cargas e 92% do de passageiros.

Embora o sistema rodoviário, incrementado a partir da década de 60 com a expansão da indústria automobilística, seja oneroso (três vezes mais do que o ferroviário e nove vezes mais do que o fluvial, além de consumir 90% do diesel utilizado em transpor-tes no país), responde por cerca de 64% da carga que circula no território. Como objetivou a integração inter-regional, seu desen-volvimento prejudicou a melhoria e a expansão dos transportes ferroviário e hidroviário.

Transporte Hidroviário

Hoje, a navegação fluvial no Brasil está numa posição inferior em relação aos outros sistemas de transportes. É o sistema de me-nor participação no transporte de mercadoria no Brasil. Isto ocorre devido a vários fatores. Muitos rios do Brasil são de planalto, por exemplo, apresentando-se encachoeirados, portanto, dificultam a navegação. É o caso dos rios Tietê, Paraná, Grande, São Francisco e outros. Outro motivo são os rios de planície facilmente navegá-veis (Amazonas e Paraguai), os quais se encontram afastados dos grandes centros econômicos do Brasil.

Nos últimos anos têm sido realizadas várias obras, com o in-tuito de tornar os rios brasileiros navegáveis. Eclusas são construí-das para superar as diferenças de nível das águas nas barragens das usinas hidrelétricas. É o caso da eclusa de Barra Bonita no rio Tietê e da eclusa de Jupiá no rio Paraná, já prontas.

Existe também um projeto de ligação da Bacia Amazônica à Bacia do Paraná. É a hidrovia de Contorno, que permitirá a ligação da região Norte do Brasil às regiões Centro-Oeste, Sudeste e Sul, caso implantado. O seu significado econômico e social é de grande importância, pois permitirá um transporte de baixo custo.

O Porto de Manaus, situado à margem esquerda do rio Negro, é o porto fluvial de maior movimento do Brasil e com melhor in-fraestrutura. Outro porto fluvial relevante é o de Corumbá, no rio Paraguai, por onde é escoado o minério de manganês extraído de uma área próxima da cidade de Corumbá.

O Brasil tem mais de 4 mil quilômetros de costa atlântica na-vegável e milhares de quilômetros de rios. Apesar de boa parte dos rios navegáveis estarem na Amazônia, o transporte nessa região não tem grande importância econômica, por não haver nessa parte do País mercados produtores e consumidores de peso.

Os trechos hidroviários mais importantes, do ponto de vista econômico, encontram-se no Sudeste e no Sul do País. O pleno aproveitamento de outras vias navegáveis dependem da constru-ção de eclusas, pequenas obras de dragagem e, principalmente, de portos que possibilitem a integração intermodal. Entre as princi-pais hidrovias brasileiras, destacam-se duas: Hidrovia Tietê-Para-ná e a Hidrovia Taguari-Guaíba.

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Didatismo e Conhecimento 70

GEOGRAFIAPrincipais hidrovias

- Hidrovia Araguaia-Tocantins - A Bacia do Tocantins é a maior bacia localizada inteiramente no Brasil. Durante as cheias, seu principal rio, o Tocantins, é navegável numa extensão de 1.900 km, entre as cidades de Belém, no Pará, e Peixes, em Goiás, e seu potencial hidrelétrico é parcialmente aproveitado na Usina de Tucuruí, no Pará. O Araguaia cruza o Estado de Tocantins de nor-te a sul e é navegável num trecho de 1.100 km. A construção da Hidrovia Araguaia-Tocantins visa criar um corredor de transporte intermodal na região Norte.

Hidrovia São Francisco - Entre a Serra da Canastra, onde nas-ce, em Minas Gerais, e sua foz, na divisa de Sergipe e Alagoas, o “Velho Chico”, como é conhecido o maior rio situado inteiramente em território brasileiro, é o grande fornecedor de água da região semiárida do Nordeste. Seu principal trecho navegável situa-se en-tre as cidades de Pirapora, em Minas Gerais, e Juazeiro, na Bahia, num trecho de 1.300 quilômetros. Nele estão instaladas as usinas hidrelétricas de Paulo Afonso e Sobradinho, na Bahia; Moxotó, em Alagoas; e Três Marias, em Minas Gerais. Os principais projetos em execução ao longo do rio visam melhorar a navegabilidade e permitir a navegação noturna.

Hidrovia da Madeira - O rio Madeira é um dos principais afluentes da margem direita do Amazonas. A hidrovia, com as no-vas obras realizadas para permitir a navegação noturna, está em operação desde abril de 1997. As obras ainda em andamento visam baratear o escoamento de grãos no Norte e no Centro-oeste.

Hidrovia Tietê-Paraná - Esta via possui enorme importância econômica por permitir o transporte de grãos e outras mercadorias de três estados: Mato Grosso do Sul, Paraná e São Paulo. Ela pos-sui 1.250 quilômetros navegáveis, sendo 450 no rio Tietê, em São Paulo, e 800 no rio Paraná, na divisa de São Paulo com o Mato Grosso do Sul e na fronteira do Paraná com o Paraguai e a Argen-tina. Para operacionalizar esses 1.250 quilômetros, há necessidade de conclusão de eclusa na represa de Jupiá para que os dois trechos se conectem.

Taguari-Guaíba - Com 686 quilômetros de extensão, no Rio Grande do Sul, esta é a principal hidrovia brasileira em termos de carga transportada. É operada por uma frota de 72 embarcações, que podem movimentar um total de 130 mil toneladas. Os prin-cipais produtos transportados na hidrovia são grãos e óleos. Uma de suas importantes características é ser bem servida de terminais intermodais, o que facilita o transbordo das cargas. No que diz res-peito ao tráfego, outras hidrovias possuem mais importância local, principalmente no transporte de passageiros e no abastecimento de localidades ribeirinhas.

Transporte Aéreo

Implantado no Brasil em 1927, o transporte aéreo é realizado por companhias particulares sob o controle do Ministério da Aero-náutica no que diz respeito ao equipamento utilizado, abertura de novas linhas etc. A rede brasileira, que cresceu muito até a década de 1980, sofreu as consequências da crise mundial que afetou o setor nos primeiros anos da década de 1990.

O transporte aeroviário é responsável por 4% do movimento total de passageiros no Brasil. No segmento de carga, sua partici-pação é de 0,65%. A receita total do setor gira em torno de R$ 12 bilhões ao ano.

As companhias aéreas brasileiras transportaram em média 40 milhões de passageiros (29 milhões em voos internos e 11 milhões em voos internacionais), de acordo com o Departamento de Avia-ção Civil - DAC, com um acréscimo de 27,9% em relação ao ano anterior. Além disso, haviam 10.332 aeronaves registradas ativas e 2.014 aeroportos e aeródromos oficiais, sendo 1.299 privados e 715 públicos (dados de abril/2000).

Os principais centros do país em volume de passageiros trans-portados são pela ordem: São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Belo Horizonte, Salvador, Recife, Porto Alegre, Curitiba, Fortaleza e Manaus. Em volume de cargas, destacam-se São Paulo (incluindo-se o aeroporto de Viracopos, em Campinas - o 1° do país em carga aérea), Rio de Janeiro, Manaus, Brasília e Belo Horizonte.

Transporte Marítimo

Entre 1920 e 1945, com o florescimento da indústria de cons-trução naval, houve um crescimento constante do transporte marí-timo, mas a partir dessa época a navegação de cabotagem declinou de forma substancial e foi substituída pelo transporte rodoviário. Para reativar o setor, o Congresso aprovou em 1995 uma emenda constitucional que retirou dos navios de bandeira brasileira a reser-va de mercado na exploração comercial da navegação de cabota-gem e permitiu a participação de navios de bandeira estrangeira no transporte costeiro de cargas e passageiros.

Na realidade, o transporte multimodal é a melhor opção para o Brasil, pois a associação de vários sistemas de transporte e a criação de terminais rodoviários, ferroviários e hidroviários redu-ziriam os fretes, aumentariam a competitividade dos produtos e permitiriam uma maior integração territorial.

Além dos corredores de transportes (Araguaia-Tocantins, Les-te, Fronteira Norte, MERCOSUL, Transmetropolitano, Nordeste, Oeste Norte, São Francisco, Sudoeste), é fundamental abrir um caminho em direção ao oceano Pacífico (corredor bioceânico) para atingir os grandes mercados da Ásia e do Pacífico.

Transporte Dutoviário

Dá-se o nome de transporte dutoviário para a movimentação de fluidos e gases pela tubulação.

Dutos são tubulações especialmente desenvolvidas e cons-truídas de acordo com normas internacionais de segurança, para transportar petróleo e seus derivados, álcool, gás e produtos quí-micos diversos por distâncias especialmente longas, sendo então denominados como oleodutos, gasodutos ou polidutos. Os Dutos Subterrâneos são aqueles enterrados para serem mais protegidos contra intempéries, contra acidentes provocados por outros veícu-los e máquinas agrícolas, e também, contra a curiosidade e van-dalismo por parte de moradores vizinhos à linha dutoviária. Os Dutos Aparentes são aqueles visíveis, o que normalmente acontece nas chegadas e saídas das estações de bombeio, nas estações de carregamento e descarregamento. Os Dutos Submarinos são assim denominados devido à que a maior parte da tubulação está sub-mersa no fundo do mar. Este método é geralmente utilizado para o transporte da produção de petróleo de plataformas marítimas.

Tipos de DutoviasAs dutovias podem ser divididas em:• Oleodutos: produtos transportados são, em sua grande

maioria derivados do petróleo como óleo combustível, gasolina, diesel, álcool, GLP, querosene e nafta, e outros;

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Didatismo e Conhecimento 71

GEOGRAFIA• Minerodutos: empregado no transporte de produtos como

sal-gema, minério de ferro e concentrado fosfático;• Gasodutos: empregado no transporte de gás natural;• Polidutos: empregado no transporte de outros produtos

como, vinho, água, etc.

Vantagens e Desvantagens As principais vantagens das dutovias e do transporte dutoviá-

rio são:Permite que grandes quantidades de produtos sejam desloca-

dos de maneira segura, diminuindo o tráfego de cargas perigosas por caminhões, trens ou por navios e, consequentemente, dimi-nuindo os riscos de acidentes ambientais;

• Podem dispensar armazenamento;• Simplificam carga e descarga;• Diminuem custos de transportes;• Menor possibilidade de perdas ou roubos;• Redução do desmatamento;• Melhoria da qualidade do ar nas grandes cidades;• Facilidade de implantação, alta confiabilidade, baixo consu-

mo de energia e baixos custos operacionais;

Pode ser citada como desvantagem do transporte por dutovias a ocorrência de alguns acidentes ambientais.

EXTRATIVISMO VEGETAL E MINERAL

O Brasil possui grande extensão territorial e variadas forma-ções vegetais e geológicas. Assim, nosso país conta com grande diversidade e quantidade de vários recursos naturais, vegetais e minerais. Nessa aula vamos conhecer alguns dos produtos mais importantes em nossa economia conseguidos pelo extrativismo.

Extrativismo vegetal

O Brasil tem uma das maiores biodiversidades do mundo, mas o progressivo desmatamento de nossas vegetações naturais colo-ca em risco essa biodiversidade. A exploração predatória, muitas vezes ilegal, ameaça várias espécies de extinção. Faltam centros de apoio para essa atividade no Brasil. A infraestrutura de armaze-nagem e transporte é precária. A produtividade é baixa, as técnicas de extrativismo são arcaicas, há muito desperdício e o nível de rendimento par as pessoas que trabalham nessa atividade é muito baixo. Constituem uma mão de obra muito explorada que, muitas vezes, apenas subsiste. Muitas famílias que trabalham nessa ativi-dade vem sistematicamente abandonando o extrativismo vegetal e partindo para outras atividades econômicas. Infelizmente, muitas dessas famílias terminam por desmatar a área em que praticavam originalmente o extrativismo vegetal para desenvolver a agricul-tura ou pecuária.

Produtos em destaque

- madeira: as florestas cobrem grande extensão do território brasileiro garantindo a existência de numerosas espécies de ma-deira para usos diversos. A mata de araucárias fornece madeira principalmente para a produção de papel e celulose. Trata-se de uma floresta homogênea e aberta que facilita muito a extração. Atualmente cultivam-se florestas com espécies não nativas de crescimento mais rápido nas áreas em que as araucárias já foram retiradas.

A Mata Atlântica, apesar da proteção oficialmente estabele-cida, continua a sofrer com a exploração ilegal de suas espécies. A Floresta Amazônica produz muitas madeiras-de-lei (exemplo: mogno) e o extrativismo está concentrado nas áreas periféricas dessa floresta, em locais de acesso mais fácil e/ou cortadas por rodovias. É preocupante a entrada de madeireiras asiáticas que passam a atuar na região e a continuidade do corte ilegal apesar do reforço na fiscalização dos órgãos competentes.

Muitas florestas brasileiras são heterogêneas e a dispersão das árvores de mesma espécie contribui para o desperdício nessa ex-tração. É importante lembrar também que a maior parte da madeira cortada na Amazônia é consumida no mercado interno, principal-mente em São Paulo.

No Brasil destacam-se na produção de madeira os Estados do Pará, Rondônia, Mato Grosso e Paraná.

- castanha-do-pará: sua extração ocorre principalmente no leste do Pará. É um produto de utilização interna e exportação (Estados Unidos, Alemanha, Inglaterra). O fruto da castanheira é o ouriço, no interior do qual se encontram as castanhas utiliza-das como alimento e matéria prima para alguns setores industriais como cosméticos. O Pará mantém a liderança nacional, mas co-mum a produção em queda, assim como as exportações desse pro-duto. O avanço do corte da madeira e da pecuária na Amazônia e a entrada da Bolívia no mercado internacional têm contribuído para a redução da produção e das exportações.

- açaí/palmito: palmeira típica da região Amazônica (aproxi-madamente 25metros de altura) da qual tudo se aproveita: raízes, caule, frutos, folhas e palmito. Os frutos destinam-se mais ao mer-cado local e o palmito para exportação. A madeira e as folhas são empregadas, por exemplo, na construção de casas. O fruto é um pequeno coco que produz o suco e o vinho de açaí. O açaizeiro hoje responde pela maior parte da produção de palmito no Brasil devido à quase extinção desse recurso na Mata Atlântica em de-corrência de uma extração ilegal e predatória. Desenvolve-se nas terras firmes e várzeas da Amazônia.

- seringueira: o extrativismo do látex responde hoje por uma pequena parte da produção nacional de borracha e está concen-trado no sudoeste da Amazônia (Acre, Amazonas e Rondônia). O auge na extração do látex no Brasil ocorreu entre 1870 e 1910, levando milhares de nordestinos para o Acre (incorporado ao terri-tório brasileiro após acordo com a Bolívia). O contrabando de se-mentes de seringueira do Brasil, transplantadas no sudeste asiático comprometeu o domínio brasileiro no mercado mundial. O ciclo da borracha chegou ao final, não conseguindo resistir à concorrên-cia asiática. Atualmente, além de o país importar borracha, a maior parte da produção interna é conseguida pelo cultivo de seringuei-ras, como ocorre no oeste de São Paulo.

- lenha/carvão vegetal: madeiras menos nobres no Brasil são utilizadas como lenha ou queimadas para a produção de carvão ve-getal. Eliminar a utilização de mão de obra de crianças nos fornos de produção de carvão e vegetal no país é uma das atuais preo-cupações na área social. Essa produção de lenha/carvão vegetal abastece tanto o consumo doméstico como estabelecimentos co-merciais (padarias, pizzarias, churrascarias) e também indústrias irregularmente abastecidas por carvão mineral e que buscam no carvão vegetal uma alternativa. A utilização desse recurso tem di-minuído no país (provoca consequências prejudiciais ao meio am-biente), mas já contribuiu muito para o desmatamento no Sudeste e Centro-Oeste.

- Babaçu: palmeira com aproximadamente 20 metros de al-tura com maior produção no Maranhão e Tocantins. Seus frutos produzem amêndoas ricas em graxas e gorduras com aplicação industrial (esmagamento para a produção de óleo) e alimentícia.

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Didatismo e Conhecimento 72

GEOGRAFIAPesquisas procuram desenvolver o uso do óleo de babaçu como combustível. As folhas servem para a confecção de esteiras, cestos e quando derrubado, também se aproveita o palmito do babaçu. Mas seu uso permanece marginal e basicamente como produto de subsistência.

- carnaúba: palmeira com aproximadamente 15 metros de altura encontrada no Piauí, Ceará e Rio Grande do Norte, com grande uti-lização. O fruto serve como alimento, o caule fornece madeira resistente e das folhas se extrai a cera de carnaúba, com várias aplicações industriais. As folhas são usadas para a cobertura de casas, para confeccionar chapéus e cordas. Os carnaubais são espaçados e ensolarados acompanhando várzeas de rios intermitentes no Nordeste.

- piaçava, coco, castanha-de-caju e buriti: são outros importantes produtos de extrativismo no Nordeste. A piaçava fornece fibras mais duras, utilizadas na confecção de vassouras e cordas para navios. É uma palmeira nativa e endêmica do sul da Bahia, desenvolvendo-se em solos de baixa fertilidade.

O coco do litoral nordestino, trazido da Ásia pelos portugueses, tem ampla utilização: folhas para cobertura, casca do fruto para confec-ção de cordas, palmito para alimentação, água e polpa para consumo natural ou industrializados (incluindo a fabricação de sabão, sabonete, leite e óleo).

O cajueiro, que pode alcançar 20 metros de altura, é típico de porções litorâneas do nordeste tem ampla utilização. Sua castanha produz um óleo com propriedades especiais (uso culinário, cosmético e medicinal) e a polpa dos eu falso fruto é utilizada para a produção de sucos.

O buriti é uma palmeira que pode alcançar 35 metros de altura. As formações de buriti constituem um indício da presença de água. A polpa do seu fruto é importante fonte de alimento além de produzir um óleo com funções medicinais (contra queimaduras, efeito cicatrizante e aliviador). Também pode ser lembrada a oiticica, cujo óleo se presta para o fabrico de tintas e vernizes (como secante).

Extrativismo mineralA exportação de minérios é um item importante em nossa balança comercial. O Brasil possui uma das maiores produções mundiais de

vários minérios. Mas não somos autossuficientes em todos os recursos que utilizamos. Vamos analisar alguns dos mais importantes recursos encontrados no Brasil. Nessa aula não estaremos abordando os minérios utilizados como fontes de energia, como os combustíveis fósseis.

Minérios em destaque- ferro: o Brasil possui a sexta maior reserva de minério de ferro do mundo. Nossos minérios têm alta concentração do elemento ferro

e, portanto, apresentam elevada qualidade. Ocupamos o segundo lugar na produção mundial, perdendo apenas para a China. Mas estamos à frente desse país considerando-se o volume de minério de ferro já beneficiado. As exportações brasileiras no ano 2000 totalizaram 157 milhões de toneladas, principalmente para o Japão e a Alemanha.

O Estado de Minas Gerais é grande produtor, na região conhecida como Quadrilátero Ferrífero, cortada pelo Rio Doce. O Estado do Pará se destaca coma sua produção na Serra dos Carajás, exportada através da E F dos Carajás e do Porto de Itaqui, em São Luís, no Ma-ranhão. Também ocorre uma produção menor no Mato Grosso do Sul (Serra de Urucum). A CVRD (Companhia Vale do Rio Doce) é a principal empresa que trabalha com a extração do ferro.

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GEOGRAFIA- manganês: o Brasil possui apenas 1% das reservas mundiais de manganês. Nesse caso, o grande destaque mundial é a África do Sul.

Mas o Brasil chega a representar 18,7% da produção mundial no ano 2000 (2ªprodução mundial). A produção brasileira vem aumentando principalmente com a atuação da CVRD em Carajás. As exportações também têm apresentado substancial crescimento. Internamente o manganês é utilizado nas siderúrgicas compondo ligas com o ferro na produção de aço. A produção brasileira está concentrada no Estado do Pará (Serra dos Carajás) e Minas Gerais (Quadrilátero Ferrífero).

- alumínio: o Brasil possui 7,8% das reservas mundiais de alumínio e coloca-se em 3º lugar na produção mundial. Guiné e Austrália pos-suem as maiores reservas mundiais, sendo esse último o maior produtor mundial. A extração de bauxita é realizada no Vale do Rio Trombetas no Pará (Mineração Rio do Norte– 76,6%), com industrialização pela ALUNORTE/ALBRAS e no Estado de Minas Gerais. Vale lembrar o elevado índice de reciclagem do alumínio no Brasil (segundo do mundo, atrás apenas do Japão).

- estanho: o Brasil possui 6,8% das reservas mundiais, uma produção de6, 7% e um consumo de 3,2% do total mundial. O estanho, obti-do da cassiterita é utilizado na composição de ligas metálicas como a folha de flandres, com o aço. As principais áreas de produção estão no Estado do Amazonas (72%) e Rondônia (25%). As exportações começam a enfrentar uma concorrência cada vez maior do estanho colocado no mercado pela China (que possui 44,2% das reservas mundiais).

- cobre: o Brasil possui modesta participação no mundo em relação ao cobre, em um mercado dominado pelo Chile e EUA, tanto no que diz respeito às reservas como à produção. O Brasil possui apenas 1,8% das reservas mundiais. Nossa produção, concentrada nos Estados da Bahia e Pará (Carajás) é insuficiente para atender ao consumo interno. As importações são feitas do Chile e Peru.

- ouro: nossa produção é registrada em jazidas e na forma de aluvião (encontrado nos rios). Atende o mercado interno e externo. A ava-liação precisa dessa produção é complicada em razão do ouro extraído e comercializa do ilegalmente. Os pequenos garimpos, especialmente ilegais são responsáveis também por sérios danos ambientais de erosão do solo e contaminação de rios e solos com o mercúrio metálico. O Brasil participa, com números oficiais, de3, 7% das reservas e 2,1% da produção mundial. As estimativas oficiais são de uma produção de 52 toneladas em 2000.

- nióbio: minério utilizado na composição de ligas metálicas que requerem resistência e leveza. Estratégico para certos setores indus-triais como aeronáutica, naval e espacial, além da indústria automobilística. O Brasil detém grande parte das reservas e produção mundial e, internamente, a produção se concentra em Minas Gerais (96,3%), Amazonas (2,7%) e Goiás (1,0%).

- quartzo: minério estratégico para a indústria de informática e eletroeletrônica (computadores, chips), o Brasil detém quase a totalidade do quartzo mundial em estado natural. O Brasil exporta esse produto especialmente para o Japão, Hong Kong e Reino Unido.

- sal marinho: a grande extensão do litoral brasileiro e as condições físicas favoráveis (ventos alísios, elevada insolação e evaporação, elevada salinidade em alguns pontos do litoral) permitem ao Brasil uma grande produção que atende tanto o mercado interno como o exter-no. O Rio Grande do Norte é o maior produtor nacional (Macau - 1.744 mil t, Mossoró com 1.278 mil t e Areia Branca com 704 mil t, além de outros municípios). O Rio de Janeiro, com 95mil t (2,1% da produção nacional), o Ceará, com 65 mil t (1,4%) e o Piauí, com 30 mil t (0,6%) são outros produtores no Brasil.

- chumbo: a participação do Brasil nas reservas e produção de chumbo no mundo é muito reduzida. A produção brasileira é encontra-da em Minas Gerais com 43,5%, Rio Grande do Sul com 40,1%, Paraná com 11,7%, Bahia e outros Estados com 4,7%. O Brasil importa semimanufaturados de chumbo do Peru (62%), Venezuela, China, Reino Unido e Argentina. É utilizado na fabricação de baterias, óxidos, soldas e munições.

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GEOGRAFIAOutros destaques:• o Brasil é o sexto produtor mundial de cimento. Os maiores

produtores no Brasil são o Estado de Minas Gerais (maior produtor nacional com 22,8% do total), seguido de São Paulo (19,7%);

• temos a segunda maior reserva de caulim do mundo (usado em setores industriais como o do papel e refratários). A produção ocorre no Amapá, Pará, São Paulo, Minas Gerais e Rio Grande do Sul;

• produzimos diamante em áreas aluviais em Rondônia, em áreas indígenas;

• a produção de enxofre está crescendo no Brasil, mas as im-portações também têm se elevado. É uma matéria-prima muito utilizada na agricultura; o fosfato, outra matéria-prima para fertili-zantes também é importado pelo Brasil em quantidades crescentes. Nossos maiores fornecedores são Israel e Marrocos;

• o Brasil tem a quarta maior reserva mundial de Magnesita. A Bahia produz 98% do total e o Ceará 2%. A Magnesita é aplicada na produção de tijolos refratários;

• Niquelândia em Goiás produz praticamente metade do ní-quel extraído no Brasil, através de uma empresa do Grupo Voto-rantim. Entra na composição de ligas metálicas;

• o Brasil é grande importador de potássio para fertilizantes. Compra esse minério principalmente do Canadá (29,0%), a Rússia (20,0%), a Alemanha (20,0%) e Israel (15,0%) e outros;

• o Rio Grande do Norte é o único produtor no Brasil de con-centrados do minério de tungstênio. Somos importadores desse produto. Nossa participação nas reservas e produção mundial, as-sim como no caso da prata, são muito reduzidas.

RIO DE JANEIRO

Centro de Educação Ambiental - CEA

O Centro de Educação Ambiental desenvolve a política de educação ambiental do Município do Rio de Janeiro, através de programas e projetos que dão suporte à implantação de políticas públicas voltadas para o meio ambiente e a sustentabilidade da cidade.

Neste âmbito, as questões ambientais são tratadas como forma de integrar as ações do poder público e da população, difundindo valores, conceitos e princípios que incorporem a dimensão am-biental holística, humanística, democrática, participativa e inter-disciplinar. O Centro de Educação Ambiental atua como espaço gerador de conhecimentos, experimentação pedagógica e de disse-minação e divulgação de saberes relativos às questões ambientais.

O CEA conta com um Centro de Referência em Educação Ambiental que fica localizado no Parque Natural Municipal de Marapendi e um Núcleo de Educação Ambiental dentro do Parque Natural Municipal do Bosque da Barra.

Programa de Educação Ambiental em Áreas de Refloresta-mento - PEAR

O Programa Educativo em Áreas de Reflorestamento foi cria-

do para dar suporte pedagógico às ações do Projeto Mutirão Re-florestamento, também desenvolvido pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente. Executado desde 1995, em 2000 passa por uma reformulação metodológica, de modo a fortalecer a sua estrutu-ra. Dentre as suas ações destacam-se: a seleção e capacitação de

Agentes Ambientais para atuarem nas comunidades beneficiadas; realização de diagnósticos sócioambientais participativos, incluin-do pesquisas domiciliares nas comunidades; articulação e promo-ção de parcerias com entidades comunitárias, projetos e programas atuantes nestas comunidades; atividades educativas diversas para os públicos formal (escolas) e informal (comunidades), incluindo oficinas de arte-educação e de reaproveitamento de materiais, re-uniões comunitárias, mutirões de limpeza, palestras e visitas guia-das nas áreas de reflorestamento. Fonte: site-Prefeitura do Rio de Janeiro.

Principais Regiões do Estado

O Estado do Rio de Janeiro está dividido em oito Regiões de Governo. Esta divisão está apoiada na Lei n° 1.227/87, que apro-vou o Plano de Desenvolvimento Econômico e Social 1988/1991. Desde então, foram feitas algumas alterações tanto na denomina-ção quanto na composição dessas Regiões. São elas: Metropolita-na, Noroeste Fluminense, Norte Fluminense, Baixadas Litorâneas, Serrana, Centro-Sul Fluminense, Médio Paraíba e Costa Verde.

Decorridas duas décadas, sente-se a necessidade de uma nova regionalização para o Estado do Rio de Janeiro, que sofreu neste período muitas mudanças na sua organização espacial. O texto a seguir apresenta um resumo das características de cada uma dessas Regiões.

Região Metropolitana

A Região Metropolitana concentra capital, infraestrutura e força de trabalho. Aí se encontra a maior parte das indústrias do Estado, formando um parque industrial bastante diversificado. Reúne também serviços altamente especializados nos setores fi-nanceiro, comercial, educacional e de saúde, assim como órgãos e instituições públicas, entre outros.

Congregando 74% da população do Estado, a Região Metro-politana constitui-se também em espaço de pressão social marcado por grandes contradições, pois, muitas vezes, o crescimento eco-nômico não caminha junto com o atendimento das necessidades básicas da população. Essas questões podem ser diagnosticadas no espaço a partir de graves problemas, tais como: a distribuição desigual dos serviços e equipamentos urbanos; a crescente deman-da por habitações, marcada pelo aumento de submoradias e pela expansão de favelas; a intensa degradação do meio ambiente e o consequente esgotamento dos recursos naturais; a insegurança pú-blica, demonstrada pelos altos índices de criminalidade.

Os Municípios do Rio de Janeiro e Niterói são os que melho-res condições oferecem para atrair novos investimentos no Estado. O Rio de Janeiro, por ser o principal centro produtor e distribuidor de bens e serviços de todo o Estado, além de ser a sede do Gover-no estadual e de diversas instituições públicas e privadas. Niterói, pela função já exercida também como sede de governo estadual, além de se beneficiar da proximidade da cidade do Rio de Janei-ro, principalmente após a construção da Ponte Rio-Niterói. São também os municípios melhor pontuados nos indicadores sociais.

Ultimamente, o Município do Rio de Janeiro vem apresentan-do desconcentração industrial, com perdas na capacidade produtiva instalada (pela incapacidade de se adequar às mudanças ocorridas no mundo globalizado e de introduzir novas tecnologias) e na ge-ração de empregos. Desde meados dos anos 1990, vem ocorrendo

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GEOGRAFIAa transferência de sedes de muitas empresas para outros estados. Tal fato se relaciona, principalmente, a questões tributárias e de segurança pública. Seu setor de serviços é de grande importância na economia do Estado.

Niterói foi, durante muito tempo, a capital do antigo Estado do Rio de Janeiro. Perdeu esta função em 1975, quando se deu a fusão com o Estado da Guanabara. Cresceu na margem oriental da Baía de Guanabara. Sua comunicação com a cidade do Rio de Janeiro se dava através do transporte marítimo (barcas, na travessia da Baía de Guanabara) ou rodoviário, circundando, num longo trajeto, o recôncavo da Baía de Guanabara. A construção da Ponte Rio-Nite-rói (inaugurada em 1974) promoveu grandes mudanças na cidade, destacando-se a expansão do setor imobiliário. Dinamizaram-se o comércio e os serviços.

Niterói possui o melhor IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) do Estado. Escritórios de serviços especializados, hos-pitais, universidades, museus, grandes redes de supermercados, shoppings-centers, inúmeras agências de automóveis, centenas de bares e restaurantes etc. proporcionam muitas opções de entreteni-mento e prestação de serviços às famílias e às pessoas. Ao mesmo tempo, o Município está absorvendo uma série de investimentos industriais importantes nos setores ligados à cadeia produtiva de petróleo e gás. Destaque-se a reinauguração de estaleiros, com a reforma e a manutenção de plataformas e estruturas off-shore, além da construção de embarcações para o transporte de passageiros.

Outras áreas da Região Metropolitana que deverão sofrer nos próximos anos significativas mudanças socioeconômicas e espa-ciais são as que abrangem o Município de Itaboraí e seus vizinhos — diante da implantação do Complexo Petroquímico do Rio de Ja-neiro – COMPERJ —, e Itaguaí e vizinhanças, com a implantação da Companhia Siderúrgica do Atlântico — CSA. Itaguaí abriga o Porto de Sepetiba, além de possuir inúmeras indústrias e de assu-mir o papel de um centro comercial.

Os municípios que compõem tradicionalmente a Baixada Fluminense (Japeri, Queimados, Nova Iguaçu, Mesquita, Belford Roxo, Nilópolis, São João de Meriti e Duque de Caxias) e que constituem a periferia da metrópole do Rio de Janeiro, apesar de apresentarem, segundo o SEBRAE/RJ, um APL Petroquímico, Químico e Plástico (Duque de Caxias, Belford Roxo e São João de Meriti) e algumas concentrações de atividades industriais – ves-tuário (Nova Iguaçu e São João de Meriti) e papel/editorial/gráfica (Duque de Caxias e São João de Meriti), ainda se caracterizam como cidades dormitórios, carecendo das condições básicas de sobrevivência, enfrentando problemas de moradia, saneamento, educação e saúde, além de insuficiente mercado de trabalho. Aí vivem 27% da população da Região Metropolitana. Os municípios de Duque de Caxias e Nova Iguaçu estão se consolidando como subcentros dinâmicos dentro da Região Metropolitana, o mesmo ocorrendo com São Gonçalo, na margem oriental da Baía de Gua-nabara.

Região Noroeste Fluminense

A Região teve seu apogeu com a cultura cafeeira, responsável pela consolidação da ocupação desta porção do território flumi-nense. Com o declínio da cafeicultura, as atividades agropecuárias que a substituíram não conseguiram evitar o esvaziamento econô-mico e demográfico que se seguiu. Até hoje, a agropecuária carac-teriza-se, com raras exceções, por uma estrutura fundiária arcaica,

baseando-se, a exemplo de outras áreas do Estado, no binômio lati-fúndio-minifúndio, na má utilização das terras e na pecuária exten-siva, que, entre outras causas, são responsáveis pelo êxodo rural, provocando uma diminuição nos efetivos populacionais da zona rural. Todos esses fatores, somados e associados à fraca expansão das atividades industriais e terciárias, afetam negativamente a ge-ração de emprego e a renda na Região.

Itaperuna é o centro regional, exercendo influência sobre parte do Noroeste Fluminense, em função não só de sua evolução his-tórica, mas também da rede viária implantada, que possibilita sua ligação tanto com os demais municípios da Região como também com outras partes do Estado. Ao lado da produção cafeeira, no final do século XIX e início do século XX, contou o Município com outros cultivos e também com a pecuária de corte. Com esta diversificação, Itaperuna pôde se destacar dos demais municípios cafeeiros, desenvolvendo atividades comerciais e prestando ser-viços para toda a Região, assim como para municípios mineiros limítrofes.

Dois municípios despontam como pólos regionais: Santo An-tônio de Pádua e Bom Jesus do Itabapoana. O primeiro transfor-mou-se em importante núcleo de especialização no setor de ex-tração mineral, voltado para a explotação de rochas ornamentais (gnaisses, denominados pedra paduana e pedra madeira), cujas características o aproximam da definição de Arranjo Produtivo Local (APL). Apesar do “... baixo nível de qualificação gerencial e técnica e baixo nível tecnológico no processo, além de uma com-petição predatória instituída que tem levado os preços das rochas a patamares tão baixos que comprometem a sobrevivência de algu-mas empresas...” (SEBRAE/RJ), o setor responde por significativa geração de emprego e renda.

Santo Antônio de Pádua tem a seu favor a sua acessibilidade a território capixaba, assim como a municípios mineiros e da Região do Médio Paraíba, através das rodovias RJ-186 e BR-393, respec-tivamente. Verifica-se, em Santo Antônio de Pádua, a tendência para se transformar, junto com municípios próximos (Pirapetinga, em Minas Gerais, por exemplo), num polo papeleiro. Diversas em-presas estão sendo instaladas no Município: distribuidora de car-nes, distribuidora de bebidas, retífica de pneus, fundição e torrefa-ção de café. Sua influência já se faz sentir sobre território mineiro.

Bom Jesus do Itabapoana torna-se a cada dia menos depen-dente de Itaperuna. Situa-se numa posição privilegiada, pois é atravessado pela RJ-186, por onde circula o tráfego de caminhões e outros veículos que vêm do Espírito Santo e se dirigem à porção ocidental do Estado do Rio de Janeiro, passando por municípios mineiros, através da BR-393. Os necessários serviços de apoio lo-gístico ao transporte (mecânica, peças, postos de abastecimento etc.) acarretam a multiplicação de empresas do setor. Em decor-rência, a cidade já apresenta um centro comercial e de serviços especializado, e sua área de influência já se estende pelo sul do Espírito Santo e pela zona rural do norte do Município de Cam-pos dos Goytacazes. Além disto, observa-se um incremento das atividades rurais (criação de ovinos e caprinos; pecuária leiteira e cultivo de café), além de pequenos negócios.

Região Norte Fluminense

A agroindústria açucareira caracteriza, tradicionalmente, a Região Norte Fluminense. Nas últimas décadas, dois outros pro-dutos – petróleo e gás natural – assumiram importante papel na

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Didatismo e Conhecimento 76

GEOGRAFIAeconomia regional, colocando-a como uma das principais regiões do Estado. A produção do petróleo e do gás natural, extraídos da Bacia de Campos, é o principal fator de crescimento do PIB do Estado do Rio de Janeiro. As receitas dos municípios do Norte Fluminense – principalmente de Campos dos Goytacazes, Macaé, Quissamã, São João da Barra e Carapebus - sofreram substan-cial aumento em decorrência do recebimento dos royalties des-tes produtos. Em geral, com base nestes royalties, os municípios têm realizado melhorias urbanísticas em suas jurisdições, havendo necessidade de estudos mais detalhados sobre a aplicação destes recursos, visando a maximização dos benefícios à população, até porque é preciso pensar no pós-petróleo e gás.

Dois municípios se destacam na Região Norte Fluminense: Campos dos Goytacazes e Macaé. O primeiro exerce função pola-rizadora sobre o Norte e o Noroeste Fluminenses. Historicamente, desenvolveu-se com a economia açucareira, fundamental na difu-são do povoamento por ambas as Regiões. Ainda hoje, o cultivo da cana e a produção do açúcar/álcool se posicionam com destaque na economia do Município. Estes setores se modernizam através da mecanização e da concentração da produção em grandes unidades. No entanto, se, de um lado, este novo perfil da agroindústria con-tribui para aumentar a capacidade produtiva, de outro, reduz a po-pulação mantida permanentemente pela agricultura e pelas lavou-ras de subsistência, fazendo crescer o setor informal e a migração. Mais da metade da população economicamente ativa encontra-se no setor terciário, que atende às populações de grande parte dos municípios do Norte e Noroeste Fluminenses.

Campos dos Goytacazes concentra o maior número de esta-belecimentos industriais da Região, destacando-se as indústrias de produtos alimentares, química, transformação de produtos de minerais não metálicos e mecânica.

Macaé, até um passado recente, baseava sua economia na agroindústria, apoiada na cana-de-açúcar. Ultimamente, vem des-pontando como um pólo regional, em decorrência, principalmente, das atividades ligadas à extração do petróleo e do gás natural da Bacia de Campos. Inclui-se entre os municípios que receberam significativos fluxos migratórios nas últimas décadas.

Essas atividades extrativas recentes, com base de apoio em Macaé, vêm promovendo o incremento da indústria mecânica neste Município, assim como o crescimento acelerado e desorde-nado da malha urbana, com a proliferação de submoradias. Seus reflexos também se fazem sentir nos municípios vizinhos, como Rio das Ostras, pertencente à Região das Baixadas Litorâneas, e Conceição de Macabu. Um fenômeno bastante recente começa a ser observado: a expansão da área de influência de Macaé so-bre municípios da Região Serrana - tradicionalmente polarizados por Nova Friburgo (Trajano de Moraes e Santa Maria Madalena, por exemplo) -, facilitada pelo asfaltamento de estradas. Em San-ta Maria Madalena, saltam aos olhos as construções de imóveis cujos proprietários são oriundos de Macaé, que começa a expulsar pessoas em decorrência dos problemas associados ao seu rápido e desordenado crescimento urbano.

Região Serrana

A descrição que se segue sobre a Região Serrana caracteriza um cenário anterior aos deslizamentos e eventos associados ocor-ridos em janeiro de 2011. Sabe-se que a economia da Região foi profundamente afetada, implicando em alteração da produção,

assim como da oferta e demanda da mão-de-obra. Problemas am-bientais e sociais se acentuaram. Com a realização de estudos e pesquisas nas áreas ambiental, social e econômica, poder-se-á con-tar, mais para a frente, com informações mais precisas sobre esta nova realidade.

Essa Região é marcada por duas unidades espaciais diferen-ciadas. A primeira caracteriza-se por apresentar grande dinamis-mo, em função das atividades industriais e turísticas, abrangendo os Municípios de Nova Friburgo, Teresópolis e Petrópolis. Nos dois primeiros, também é importante a produção de hortifrutigran-jeiros, nos vales intermontanos.

Nova Friburgo e Petrópolis são os principais polos regionais. Nova Friburgo desempenha as funções industrial, de comércio e de prestação de serviços, exercendo influência sobre quase todos os municípios da Região Serrana. Apresenta indústrias de gêneros diversos, destacando-se as de vestuário, têxtil e metalurgia. Predo-mina a indústria tradicional, representada por pequenas e médias empresas, sobretudo as de vestuário e têxteis.

Nova Friburgo é o núcleo do APL de moda íntima, compos-to por este e pelos Municípios de Bom Jardim, Cordeiro, Duas Barras e Cantagalo. De acordo com o SEBRAE/RJ (2004), Nova Friburgo contava, em 2003, “... com cerca de 700 pequenas indús-trias de confecção, das quais aproximadamente 500 são formais e cerca de 200 informais. Esse arranjo é responsável pela produção de 200 milhões de peças por ano, 20 mil empregos diretos e vendas em torno de R$ 700 milhões/ano [...] Segundo as informações da RAIS-2001, o conjunto de atividades relacionadas ao setor ves-tuário neste arranjo envolvia 810 estabelecimentos, gerando 8.282 postos de trabalho, o que caracterizava este núcleo como o princi-pal do Estado no ramo vestuário.”

É visível a influência da função turística na economia de Nova Friburgo, que apresenta rede de hotéis de bom padrão. Atualmente, a preocupação com o uso sustentável do meio ambiente tem moti-vado o desenvolvimento do ecoturismo. O setor primário, embora tenha pouca participação na produção total do Município, destaca-se pela olericultura, despontando também a floricultura. A agricul-tura constitui uma atividade estável e com algumas características empresariais. A centralidade de Nova Friburgo e o seu papel po-larizador podem ser comprovados através da análise dos fluxos de migração no Estado, situando-se entre os que mais migrantes receberam nas últimas décadas.

Petrópolis desempenha o papel de polo, em função, principal-mente, do setor industrial, distinguindo-se os gêneros mecânica, têxtil e vestuário, além de suprir com o seu comércio e serviços as necessidades da população dos municípios próximos.

As indústrias têxteis e de vestuário de Petrópolis também for-mam um APL, voltado para a moda feminina e que se diferencia do de Nova Friburgo por produzir artigos de malha. De acordo com o SEBRAE/RJ (2004), este APL é o segundo mais importante do Estado no ramo têxtil-vestuário, sendo formado por micro e pequenas empresas.

A outra unidade, englobando o restante da Região, apresenta um fraco desempenho econômico, em função da substituição da atividade cafeeira pela pecuária extensiva, em solos empobreci-dos, trazendo baixos índices de produtividade, o que tem servido para forçar o êxodo de parcelas consideráveis da força de trabalho rural. Por outro lado, a atividade industrial como, por exemplo, a concentração, em Cantagalo, de atividades em torno da produção de cimento e fabricação de artefatos de concreto não possui o di-namismo suficiente para alterar este cenário.

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GEOGRAFIARegião das Baixadas Litorâneas

As atividades econômicas que caracterizaram a Região, até a década de 1960, estavam relacionadas à exploração do sal, à pro-dução de laranja, à pesca e à criação de gado. Durante as últimas décadas, as atividades ligadas ao turismo e ao lazer passaram a ser muito importantes nos municípios litorâneos, onde se observa, como consequência, o parcelamento do solo, resultante da espe-culação imobiliária, que aumenta ainda mais a demanda sobre os equipamentos urbanos e a estrutura viária. Este processo tem gera-do uma degradação ambiental generalizada, sobretudo nas lagoas, em consequência dos aterros, do aumento de despejos de esgotos “in natura” e da proliferação de moradias em áreas de proteção ambiental, entre outros.

Cabo Frio é, por excelência, o principal centro regional, a par-tir da diversificação das atividades comerciais e de serviços. É vi-sível o progressivo aumento do percentual da população economi-camente ativa que se dedica às atividades terciárias, consequência do desenvolvimento do comércio e dos serviços. A atividade que, nos dias atuais, desponta como a indicada para o crescimento do Município é o turismo, favorecido pelas condições do meio natu-ral. A função polarizadora de Cabo Frio é sentida sobre quase to-dos os municípios da Região, à exceção de Cachoeiras de Macacu, Casimiro de Abreu e Rio das Ostras.

Em Rio das Ostras, já se sente o reflexo do crescimento de Macaé, com a ampliação do mercado imobiliário – e, consequen-temente, do comércio e serviços –, já que é crescente o número de moradores de Rio das Ostras que trabalham em Macaé.

Região do Médio Paraíba

A Região do Médio Paraíba é, depois da Metropolitana, a mais industrializada do Estado do Rio de Janeiro, destacando-se o eixo Volta Redonda - Barra Mansa - Resende.

Volta Redonda e Barra Mansa exercem, juntos, influência direta sobre grande parte da Região, bem como sobre a porção meridional do Centro Sul Fluminense. Devem tal condição ao fato de abrigar uma conurbação, representada pelas duas sedes, cujo crescimento está relacionado à implantação da CSN, que desem-penhou papel multiplicador na atividade industrial regional, com consequente aumento dos serviços. Estes centros são beneficiados por rodovias, que permitem a comunicação não só com outros mu-nicípios fluminenses, mas também com São Paulo e Minas Gerais, destacando-se a Rodovia Presidente Dutra e a BR-393, que pos-sibilita a conexão com a rodovia BR-040, que liga o Rio a Belo Horizonte.

O Município de Resende abriga indústrias diversas, destacan-do-se a fábrica de ônibus e caminhões da Volkswagen. Exerce in-fluência sobre Itatiaia, Quatis e Porto Real. Sua posição privilegia-da no eixo Rio - São Paulo e a disponibilidade de terras são fatores importantes para a atração de novos empreendimentos.

Valença, Barra do Piraí e Porto Real são, também, importantes municípios industriais. Neste último, além das indústrias de vidro e de galvanização, destaca-se a Peugeot, montadora de automó-veis. Tem-se verificado visível crescimento urbano em Quatis e Penedo, em decorrência das atividades industriais de Porto Real.

Empresas industriais e de serviços podem ser observadas no Município de Piraí. Encontram-se espacialmente concentradas, sem as características de um APL, mas com visível impacto local.

A industrialização da Região gera uma série de problemas, com a consequente perda da qualidade de vida da população, re-tratada na expansão de submoradias e de periferias subequipadas, além da poluição do ar e do Rio Paraíba do Sul.

É importante registrar que, além da indústria, a agropecuária também assume papel de destaque no Médio Paraíba. A Região é uma das maiores produtoras de leite do Estado. Muitas vezes, esta atividade é praticada em moldes tradicionais, com fraca inserção no processo de modernização da agricultura, estando pouco articu-lada com o grande capital industrial, comercial e financeiro.

No Município de Rio das Flores, verifica-se um forte inves-timento no turismo rural (antigas fazendas de café), com visível ampliação da infra-estrutura de hospedagem.

Região Centro Sul Fluminense

Antiga região cafeeira, o Centro Sul Fluminense viveu, duran-te algumas décadas, as consequências da decadência desta cultura e, hoje, sua economia apoia-se na criação de gado, na olericultura e no turismo. A realidade mostra um forte parcelamento do solo, principalmente nos municípios próximos à Região Metropolitana, enquanto algumas grandes propriedades têm sido transformadas em hotéis fazenda e sítios de lazer.

A Região tem em Três Rios seu centro regional, embora suas atividades econômicas já não apresentem o mesmo dinamismo de anos atrás.

O Município de Paty do Alferes destaca-se pelas atividades de produção do tomate. O de Paraíba do Sul está recuperando o seu polo turístico, contando com trem turístico (ligando a sede aos distritos), teatro/cinema (restaurado), galeria cultural, museu fer-roviário e parque de exposições. Além disto, está reformando o Parque Salutáris (Parque das Águas).

Região da Costa Verde

A Região da Costa Verde é constituída pelos municípios de Parati, Angra dos Reis e Mangaratiba. Parati e Angra dos Reis fa-zem parte de uma microrregião denominada Baía da Ilha Grande. Mangaratiba, juntamente com Itaguaí, faz parte de outra microrre-gião – a da Baía de Sepetiba. A Região é reconhecida pelas suas belezas naturais, que favorecem o desenvolvimento do turismo, principalmente na microrregião da Baía da Ilha Grande.

Parati e Angra dos Reis caracterizavam-se pela presença da agricultura, praticada em moldes tradicionais - principalmente a cultura da banana -, assim como das colônias de pescadores, espa-lhadas ao longo do litoral. Por um tempo relativamente curto, vis-lumbrou-se a possibilidade de crescimento econômico alavancado pela indústria de construção naval, atividade que viveu um período de crise e que se encontra atualmente em recuperação.

A implantação da indústria de construção naval e a abertura da Rodovia Rio-Santos imprimiram à Região grandes modificações, não só ambientais como sociais e econômicas.

Em Angra dos Reis, os ecossistemas locais foram – e conti-nuam sendo – degradados pela atividade imobiliária. A presença das usinas nucleares (Angra I e II, assim como Angra III, em cons-trução) também é motivo de preocupação. Neste município e em Parati, o turismo constitui importante atividade dinamizadora do comércio e dos serviços, em função das inúmeras praias e ilhas e da presença da Mata Atlântica, ainda preservada.

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GEOGRAFIAMangaratiba apresenta características diferentes dos dois mu-

nicípios acima. Está mais ligada à Região Metropolitana, da qual fazia parte até o ano de 2002. Mangaratiba conta com um terminal de minérios e relativo potencial turístico.

É importante destacar a existência, em todas as Regiões de Governo, de sérios problemas ambientais associados à inexistên-cia de saneamento básico, à coleta e disposição de resíduos sólidos e à ocupação indevida das margens dos rios e das encostas. Fonte: Fundação CEPERJ

Lei nº 1227, de 17 de Novembro de 1987 (REVOGADO)

Dispõe Sobre o Plano de Desenvolvimento Econômico e Social do Estado do Rio de Janeiro, para o Período de 1988 a 1991.

O Governador do Estado do Rio de Janeiro,Faço saber que a Assembleia Legislativa do Estado do Rio de

Janeiro decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

Art. 1º - Ficam aprovados os programas, metas e projetos es-tabelecidos no Plano de Desenvolvimento Econômico e Social do Estado do Rio de Janeiro, para o período de 1988 a 1991.

Art. 2º - Fica o Poder Executivo autorizado a atualizar o Pla-no, por força de eventuais alterações nas condições inicialmente previstas, respeitada a estrutura básica das proposições nele esta-belecidas.

Art. 3º - Esta Lei entrará em vigor na data de sua publicação, revogadas as disposições em contrário.

Rio de Janeiro, 17 de novembro de 1987.

W. MOREIRA FRANCOGovernador

Geografia do Município do Rio de Janeiro

O Rio de Janeiro, com uma área de 43.766,6 km2, é o vigési-mo quarto estado brasileiro em extensão territorial. Faz parte da Região Sudeste, a mais desenvolvida do país. Possui limites terri-toriais com todos os estados que a compõem. Ao norte, limita-se com Minas Gerais; ao sul e a leste, com o Oceano Atlântico; a oeste, com São Paulo e, a nordeste, com o Espírito Santo. A maior parte destes limites são elementos naturais: Rio Paraíba do Sul, Rio Preto e pontos altos do Planalto de Itatiaia, entre o Rio de Janeiro e Minas Gerais; Rio Itabapoana, entre o Rio de Janeiro e o Espírito Santo; pontos altos da Serra do Mar e vários córregos, entre o Rio de Janeiro e São Paulo.

O relevo fluminense apresenta três unidades: as terras altas, as baixadas e os maciços costeiros.

As terras altas compreendem o planalto, onde se encontram as maiores altitudes. Aí se localizam a Serra do Mar, o Planalto de Itatiaia e parte do Vale do Paraíba do Sul. Em Petrópolis, Tere-sópolis e Nova Friburgo, a Serra do Mar é chamada de Serra dos Órgãos. Em Parati, é conhecida como Serra da Bocaina. Em outras partes do Rio de Janeiro, recebe diversas denominações locais.

Os pontos culminantes das terras altas são: Agulhas Negras (2.791m, no Município de Itatiaia), Pedra dos Três Picos (2.310m, entre os Municípios de Teresópolis e Nova Friburgo) e Pico do Macela (1.840m, no Município de Parati). Por suas belas e inte-ressantes características, tornam-se importantes pontos de atração turística.

Encontra-se no planalto, sobretudo nas áreas de relevo mais acidentado, o que restou da floresta que cobria quase todo o territó-rio do Estado do Rio de Janeiro, há quinhentos anos, quando aqui chegaram os portugueses. Ela é conhecida como Mata Atlântica, nela se identificando três tipos de floresta: a Ombrófila Densa, a Ombrófila Mista e a Estacional Semidecidual. Em várias partes do Estado, a floresta está renascendo espontaneamente, nos lugares onde a agricultura e a criação de gado deixaram de ser pratica-das. Encontram-se no litoral do Estado outros tipos de cobertura vegetal, como os manguezais e a vegetação existente nas praias, restingas e dunas.

As baixadas estão situadas entre o planalto e o oceano, en-tremeando-se também pelas colinas e maciços costeiros. Embora possuam o nome genérico de Baixada Fluminense, são mais co-nhecidas pelas suas denominações locais: Baixada dos Goytacazes (ou Campista), Baixada dos Rios Macaé e São João, Baixada da Guanabara e Baixada de Sepetiba. De acordo com a tradição, a expressão Baixada Fluminense fica restrita à porção do território que abrange os Municípios de Belford Roxo, Duque de Caxias, Japeri, Mesquita, Nilópolis, Nova Iguaçu, Queimados e São João de Meriti.

Os maciços costeiros (ou litorâneos) são elevações que sur-gem nas áreas das baixadas, desde Cabo Frio até o Município do Rio de Janeiro.

O Estado do Rio de Janeiro possui um litoral extenso, com 636 quilômetros, que se estende desde a barra (foz) do Rio Ita-bapoana (limite com o Espírito Santo) até a Ponta da Trindade (li-mite com São Paulo). Possui, também, um grande número de rios. O principal é o Paraíba do Sul.

O Rio de Janeiro possui um clima quente com áreas úmidas, semiúmidas e, até, secas. Nas áreas úmidas, quase todos os meses do ano são chuvosos; nas semiúmidas, de quatro a seis meses são secos, isto é, quase não chove neste período; nas secas, são mais de sete meses de muito pouca chuva.

A temperatura e a distribuição das chuvas pelos meses do ano variam, principalmente, de acordo com o relevo e a proximidade do mar. Quanto mais alto, mais baixa é a temperatura. Quanto mais perto do mar, mais amena. Desta forma, percebem-se vários tipos de clima, destacando-se o tropical e o tropical de altitude.

O clima tropical ocorre nas áreas de baixas altitudes, como as baixadas e a base da Serra do Mar. Apresenta temperatura média anual em torno de 24o C e áreas úmidas e semiúmidas.

O clima tropical de altitude ocorre nas terras altas (Serra do Mar, parte do Vale do Paraíba do Sul e Planalto de Itatiaia) e se caracteriza por temperaturas mais amenas, devido à altitude do re-levo. No Planalto de Itatiaia, são registradas as temperaturas mais baixas do Estado do Rio de Janeiro.

Algumas áreas são quentes e secas, como Arraial do Cabo e alguns municípios das Regiões Norte Fluminense e Noroeste Fluminense (exemplos: São João da Barra, São Francisco de Ita-bapoana e Bom Jesus do Itabapoana).

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Didatismo e Conhecimento 79

GEOGRAFIAVivem no território fluminense 15.993.583 habitantes, de

acordo com os resultados preliminares do Censo Demográfico de 2010 (IBGE). O Estado do Rio de Janeiro é o terceiro em po-pulação, depois de São Paulo (41.252.160 hab.) e Minas Gerais (19.595.309 hab.). É o estado mais urbanizado do país, com 97% de seus habitantes vivendo nas cidades (Censo 2010). A popula-ção está muito concentrada na Região Metropolitana, que é a mais populosa e a mais povoada, com 11.838.752 habitantes (74% do total do Estado) e 2.226 hab/km2. Nela, está a capital do Estado, a cidade do Rio de Janeiro, situada no município que tem este mes-mo nome. Só no Município do Rio de Janeiro, vivem 6.323.037 pessoas. É o mais populoso do Estado. Também na Região Metro-politana está o município com a maior densidade demográfica do Estado – São João de Meriti, com 13.087 hab/km2. Ele é, portanto, o mais povoado. De forma oposta, a Região de Governo menos povoada é o Noroeste Fluminense, com 59 hab/km2.

O Rio de Janeiro está dividido em 92 municípios, agrupados em oito Regiões de Governo. Estas Regiões são estabelecidas para orientar as ações de governo, com o objetivo de desenvolver os municípios, melhorando as condições de vida de seus habitantes. Fonte: CEPERJ

Aspectos Gerais

As favelas na cidade do Rio de Janeiro começaram a ter início no final do século XIX, quando várias transformações socioeco-nômicas pelas quais o Brasil passava e transformações locais co-meçaram a inchar a área central da cidade, formando os primeiros cortiços. Acredita-se que a primeira favela carioca tenha surgido em 1897 no antigo Morro de Santo Antônio, no entanto a favela mais antiga do país situa-se no Morro da Providência, onde alguns soldados provenientes da Guerra de Canudos começaram a morar

Segundo dados oficiais do Censo de 2010, coletados pelo Ins-tituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), cerca de dois nonos ou 22% da população da cidade do Rio de Janeiro mora em favelas, sendo a capital fluminense o município com com o maior número de moradores favelados do Brasil, 1.393.314 ha-bitantes. Em sua região metropolitana, 1.702.073 de pessoas mo-ram em “assentamentos subnormais”, a definição do governo para classificar as favelas, o que corresponde a 14,4% da população da metrópole.

As favelas cariocas possuem aspectos que as diferenciam das do resto do Brasil, com as de São Paulo. No Rio de Janeiro, esse tipo de assentamento urbano é mais populoso, predominando fave-las com mais de mil domicílios, além do surgimento dos chamados “complexos de favelas”, que são aglomerados de vários assenta-mentos subnormais próximos que acabaram por se conurbar, um fenômeno mais raro no restante do país. Outra característica das favelas cariocas é a sua proximidade de áreas nobres e centrais, o que cria um forte contraste social.

O processo de favelização do Rio de Janeiro

Já são mais de cem anos que a lógica da favelização no Rio é a mesma. A ausência de transporte de massa e de habitação popular subsidiada implicou na aproximação da mão de obra do mercado de trabalho mais atrativo. No caso, os bairros residenciais de classe média, pois assim se reduz o gasto de transporte, se ganha tempo e ainda se amplia a renda familiar com outros membros prestando serviços nas residências, no comércio, etc.

Na Zona Sul do Rio, estabeleceu-se uma relação de quase 5 para 1, entre a expansão residencial/comercial e os moradores em comunidades próximas. Nos anos 40, essa relação já estava estabe-lecida. O eixo ferroviário existente ligava o Centro à Zona Norte/Baixada. O Centro foi perdendo dinamismo. A ocupação dinâmica era na Zona Sul, para onde nunca se construiu um eixo de transpor-te de massa. Da mesma forma quando a Barra da Tijuca assumiu esse dinamismo.

Com as APACs a prefeitura conseguiu praticamente estabili-zar o crescimento da Zona Sul. Depois de 80 anos, pela primeira vez, a partir de 2005, a Zona Sul foi a região do Rio onde a quan-tidade de licenças para construir foi a menor. Com isso, nos anos 2000 a taxa de crescimento da população das favelas da Zona Sul se aproximou da taxa de natalidade (que sempre será seu piso) e o crescimento horizontal praticamente cessou em quase todas as favelas da região.

Agora surge um novo fluxo preocupante. Com a justificativa de arrecadar recursos, os terrenos remanescentes do Metrô na Zona Sul e outros lotes de propriedade estadual ou municipal, em áreas não edificandi, foram agregados num projeto de lei encaminhado à Câmara Municipal do Rio, descongelando-os e aumentando o gabarito em relação a seus entornos.

Com isso, reabre-se a Zona Sul ao processo de especulação imobiliária e volta-se a intensificar o adensamento demográfico. A conta pode ser feita com toda a certeza, aplicando sobre o número de residências/comércio a serem construídos o índice de popula-cional de 5 para 1 e a certeza da expansão das favelas da região em médio prazo para suprir mão de obra.

Neste momento, há vários casos de flexibilização de licenças para construir em áreas da Zona Sul e que só demonstram que se trata de uma visão indutiva de adensamento da região. Aqueles que falam tanto em favelização e que propõe medidas repressivas e amuralhadas, deviam atentar para este fator, comprovado através das décadas, e impedir que a especulação imobiliária na Zona Sul volte a ser o fator de maior risco de favelização. E os governos atuais, que tanto excitam a classe média local contra as favelas, estarão sendo eles, os promotores de novos e imprevisíveis fluxos.

Situações Problema

O Rio de Janeiro não é só lembrado pela extraordinária be-leza natural e a exuberância da culturapopular. A cidade também é marcada por contrastes extremos, um reflexo da altíssima desi-gualdade social existente. Os grandes problemas sociais do Rio de Janeiro refletem no abismo entre os mais ricos e os mais pobres, e sua proximidade em determinadas áreas geográficas.

Em um mesmo bairro como a Gávea, por exemplo, temos uma diferença de mais de 60 anos de desenvolvimento. É possível observar realidades opostas a poucos metros de distância. De um lado, a classe AA com suas mansões e altos níveis intelectuais e, do outro, grupos que convivem com a pobreza, os barracos e a falta de estrutura educacional.

Todo esse abismo de desigualdades gera muitas outras dificul-dades que sentimos no dia-a-dia da cidade. A violência, a crimina-lidade, o tráfico de drogas, a corrupção de policiais, as deficiências nos sistemas de saúde, educação e transporte fazem parte dos pro-blemas do carioca.

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GEOGRAFIAA violência urbana é um problema crescente, que passou a preocupar a todos principalmente a partir da década de 1980. A cidade apre-

senta índices elevados de criminalidade, em especial de homicídios. Entre 1978 e 2000, quase 50 mil pessoas foram mortas no Rio, a maioria vítimas do narcotráfico, assaltos ou balas perdidas. Há uma grande concentração de homicídios de adolescentes, idade de maior risco dentro do tráfico de drogas e que mais sofre com a violência policial.

Entretanto, pesquisas recentes demonstram que a violência diminuiu nos últimos anos no Rio de Janeiro. O Mapa da Violência dos Municípios Brasileiros de 2008 revelou que no Rio a taxa de homicídios por cada cem mil habitantes retrocedeu 40% entre 2002 e 2006. O sistema de indicadores feito pela organização Rio Como Vamos também confirma que a cidade teve uma queda no número de crimes fatais, que incluem lesão corporal seguida de morte e latrocínio. Em 2008, o índice foi de 35 casos para cada cem mil habitantes.

A violência existente na cidade não é causa dos problemas enfrentados, e sim a consequência deles. Os fatores históricos, a vivência em sociedade e as desigualdades são apenas alguns dos fatores que originaram a realidade que temos hoje. Precisamos entendê-los e analisá-los para conseguir encontrar soluções a estes problemas que prejudicam a cidade e seus moradores. Fonte: Soul Brasileiro.

Localização

Localização Geográfica: região Sudeste do BrasilCoordenadas Geográficas: 22º 54’ S 43º 10’ WLimites geográficos: Minas Gerais e Espírito Santo (norte); Oceano Atlântico (sul), São Paulo (oeste), Oceano Atlântico (leste)Área: 46.696,1 km²Fronteiras com os seguintes estados: Espírito Santo, Minas Gerais e São Paulo.

Fonte: site-Prefeitura do Rio de Janeiro.

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Didatismo e Conhecimento 81

GEOGRAFIA

4. POLÍTICA, ESTADO E GESTÃO DO TERRITÓRIO

● Ação do Estado: Estado moderno territorial; dimensão espacial da organização

político-administrativa; políticas públicas e estru-turação do espaço geográfico; políticas territoriais

de caráter regional; centralismo e federalismo; espaço e representação política;

● Geografia política e a geopolítica do mundo contemporâneo: geografia política e a

organização do território brasileiro; poder local; geografia do poder global e seus principais atores; sistema internacional contemporâneo; organiza-ções supranacionais; os principais conflitos geo-

políticos e suas inter-relações; os conflitos étnicos e religiosos; desdobramentos políticos dos desloca-mentos internacionais; processos de fragmentação territorial; Estado-Nação, território e territoriali-

dade; limites e fronteiras.

ORGANIZAÇÃO POLÍTICO-ADMINISTRATIVA DO BRASIL:

DIVISÃO POLÍTICA E REGIONAL.

A divisão política e administrativa do Brasil nem sempre foi a mesma. Do século XVI ao século XX, o país teve diversos ar-cabouços político-administrativos, a saber: as donatarias, as ca-pitanias hereditárias, as Províncias e final- mente os Estados, os Distritos e os Municípios.

O Brasil está dividido em Estados, que têm administração in-dependente, submetidos apenas à constituição brasileira, ao código de leis brasileiras e à sua própria constituição estadual.

As unidades (entes) da federação possuem autonomia, porém não soberania. Somente a República Federativa do Brasil possui a soberania. Esta, por sua vez, pode ser representada externamente pela União, que é um dos entes da Federação, juntamente com os Estados e Municípios.

Atualmente, o Brasil está dividido em 27 Unidades Federati-vas, sendo 26 estados e um Distrito Federal, agrupados em regiões.

Atual Divisão Político-administrativa

A organização político-administrativa da República Federati-va do Brasil compreende a União, o Distrito Federal, os Estados e os Municípios, todos autônomos nos termos da Constituição Fe-deral de 1988.

Distrito Federal

É a unidade autônoma onde tem sede o Governo Federal com seus poderes Executivo, Legislativo e Judiciário. Tem as mesmas competências legislativas reservadas aos estados e municípios, e é regido por Lei Orgânica, sendo vedada sua divisão em municípios. Brasília é a Capital Federal.

Estados

Os estados constituem as unidades de maior hierarquia dentro da organização político-administrativa do País. São subdivididos em municípios e podem ser incorporados entre si, subdivididos ou desmembrados para serem anexados a outros, ou formarem novos estados ou territórios federais, mediante aprovação da população diretamente interessada, através de plebiscito, e do Congresso Na-cional, por lei complementar. Organizam- se e regem-se por cons-tituições e leis próprias, observa- dos os princípios da Constituição Federal. A localidade que abriga a sede do governo denomina-se Capital.

Municípios

Os municípios constituem as unidades autônomas de menor hierarquia dentro da organização político-administrativa do Brasil. Sua criação, incorporação, fusão ou desmembramento dependem de leis estaduais, que devem observar o período determinado por lei complementar federal e a necessidade de consulta prévia, me-diante plebiscito, às populações envolvidas, após divulgação dos estudos de viabilidade municipal, apresentados e publicados na forma da lei. Os municípios são regidos por leis orgânicas, ob-servados os princípios estabelecidos na Constituição Federal e na constituição do estado onde se situam, e podem criar organizar e suprimir distritos.

A localidade onde está sediada a Prefeitura Municipal tem a categoria de Cidade.

Distritos

São unidades administrativas dos municípios. Sua criação, desmembramento ou fusão dependem de leis municipais, que de-vem observar a continuidade territorial e os requisitos previstos em lei complementar estadual. Podem ser subdivididos em unidades administrativas de- nominadas subdistritos, regiões administrati-vas, zonas ou outra denominação específica.

Divisão Regional do Brasil

O território do Brasil já passou por diversas divisões regio-nais. A primeira proposta de regionalização foi realiza- da em 1913, e depois dela outras propostas surgiram, tentando adaptar a divisão regional às características econômicas, culturais, físicas e sociais dos Estados. A regionalização atual é de 1970, adaptada em 1990, em razão das alterações da Constituição de 1988. O órgão responsável pela divisão regional do Brasil é o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Veja o processo brasileiro de regionalização:

1913

Divisão regional de 1913

A primeira proposta de divisão regional do Brasil surgiu em 1913, para ser utilizada no ensino de geografia. Os critérios utili-zados para esse processo foram apenas aspectos físicos – clima, vegetação e relevo. Dividia o país em cinco regiões: Setentrional, Norte Oriental, Oriental, Meridional e Central.

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GEOGRAFIA1940

Em 1940, o IBGE elaborou uma nova proposta de divisão para o país que, além dos aspectos físicos, levou em considera-ção aspectos socioeconômico. A região Norte era composta pelos Estados de Amazonas, Pará, Maranhão e Piauí e o território do Acre. Goiás e Mato Grosso formavam com Minas Gerais a região Centro. Bahia, Sergipe e Espírito Santo formavam a região Leste. O Nordeste era composto por Ceará, Rio Grande do Norte, Per-nambuco, Paraíba e Alagoas. Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, São Paulo e Rio de Janeiro pertenciam à região Sul.

1945

Divisão regional de 1945Conforme a divisão regional de 1945, o Brasil possuía sete re-

giões: Norte, Nordeste Ocidental, Nordeste Oriental, Centro-Oes-te, Leste Setentrional, Leste Meridional e Sul. Na porção norte do Amazonas foi criado o território de Rio Branco, atual Estado de Roraima; no norte do Pará foi criado o Estado do Amapá. Mato Grosso perdeu uma porção a noroeste (batizado como território de Guaporé) e outra ao sul (chamado território de Ponta Porã). No Sul, Paraná e Santa Catariana foram cortados a oeste e o território de Iguaçu foi criado.

1950

Os territórios de Ponta Porã e Iguaçu foram extintos e os Esta-dos do Maranhão e do Piauí passaram a integrar a região Nordeste. Bahia, Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro formavam a região Leste. Em 1960, Brasília foi criada, e o Distrito Federal, capital do país, foi transferido do Sudeste para o Centro-Oeste. Em 1962, o Acre se tornou Estado autônomo e o território de Rio Branco ganhou o nome de Roraima.

1970

Em 1970 o Brasil ganhou o desenho regional atual. Nasceu o Sudeste, com São Paulo e Rio de Janeiro sendo agrupados a Minas Gerais e Espírito Santo. O Nordeste recebeu Bahia e Sergipe. Todo o território de Goiás, ainda não dividido, pertencia ao Centro-Oes-te. Mato Grosso foi dividido alguns anos depois, dando origem ao estado de Mato Grosso do Sul.

Divisão regional atual

1990

Com as mudanças da Constituição de 1988, ficou definida a divisão brasileira que permanece até os dias atuais. O Estado do Tocantins foi criado a partir da divisão de Goiás e incorporado à região Norte; Roraima, Amapá e Rondônia se tornaram Estados autônomos; Fernando de Noronha deixou de ser federal e foi in-corporado a Pernambuco.

A divisão oficial do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divide o território brasileiro em cinco regiões:

- Norte: AM, PA, AC, RO, RR, AP e TO.- Nordeste: MA, PI, CE, RN, PB, PE, AL, SE, BA.

- Centro-oeste: GO, MT, MS e DF.- Sudeste: SP, RJ, MG e ES.- Sul: PR, SC e RS.

Região Norte

A região Norte possui sete Estados, onde podemos localizar a Bacia Amazônica e a Floresta Amazônica. É a maior das regiões, porém a menos povoada. O clima predominante da região é equa-torial.

Região Nordeste

A região nordeste possui nove Estados. É a segunda região que possui o maior número de habitantes. O clima varia de acordo com a localização, sendo úmido nas partes oriental e ocidental, e semiárido no centro.

Região Centro-Oeste

A Região Centro-Oeste possui três Estados, além do Distri-to Federal. É a segunda região mais extensa do Brasil, porém a menos populosa. O clima predominante é o tropical. A principal atividade econômica da região é a agropecuária.

Região Sudeste

A Região Sudeste possui quatro Estados. É a região brasileira mais evoluída, devido ao grande desenvolvi- mento econômico, industrial e agrícola, além de ser a mais populosa e povoada. O clima varia de acordo com a localização, sendo tropical atlântico no litoral, e tropical de altitude nos planaltos.

Região Sul

A Região Sul possui três Estados. É a menor região brasileira, que apresenta grande influência europeia, especialmente italiana e germânica. O clima predominante é o subtropical.

Complexos Regionais ou Regiões Geoeconômicas do Brasil

Além da divisão oficial do IBGE, outra proposta caracteriza os espaços brasileiros segundo a organização da sua economia. Ela foi elaborada em 1967 pelo geógrafo Pedro Pinchas Geiger, que dividiu o Brasil em três grandes complexos regionais – Amazônia, Nordeste e Centro- Sul –, segundo suas características geoeconô-micas.

Legenda:1 – Amazônia2 – Centro Sul3 – NordesteA divisão regional geoeconômica do Brasil utilizou como

critérios os aspectos naturais, sociais e, principalmente, os eco-nômicos. Essa divisão proporciona uma melhor análise do de-senvolvimento econômico do Brasil, além de permitir um estudo mais aprofundado das causas da desigualdade social no país. Na regionalização proposta desaparecem os limites que separam os estados.

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Didatismo e Conhecimento 83

GEOGRAFIAAlém disso, outras modificações são apresentadas:- O sul do Mato Grosso e de Tocantins está agrupado ao com-

plexo regional do Centro Sul, por causa de suas relações de depen-dência econômica.

- O norte de Minas Gerais passa a compor o com- plexo do Nordeste por ser uma área com características econômicas e natu-rais semelhantes: clima semiárido e pobreza, fazendo parte até do Polígono das Secas.

- A porção oeste do maranhão passa a integrar o complexo regional da Amazônia pela sua afinidade econômica extrativista (Mata dos Cocais).

Os complexos regionais geoeconômicos são forma- dos por:- Amazônia – Acre, Amazonas, Roraima, Amapá, Pará, Ron-

dônia, centro-norte do Mato Grosso, Tocantins e oeste do Mara-nhão.

- Centro Sul – Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Mato Grosso do Sul, Goiás, Distrito Federal, centro-sul de Minas Gerais, norte do Mato Grosso e extremo sul do Tocantins.

- Nordeste – Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Per-nambuco, Alagoas, Sergipe, Bahia, leste do Maranhão e norte de Minas Gerais.

As regiões geoeconômicas do Brasil apresentam grandes dife-renças econômicas, sociais, culturais, entre outros aspectos. Abai-xo apresentamos as principais características econômicas de cada região geoeconômica.

- Amazônia – Região geoeconômica que apresenta maior extensão territorial, com 4,8 milhões de quilômetros quadrados, o que corresponde a mais da metade do território brasileiro. As atividades econômicas desenvolvidas são: a agro- pecuária, que constitui o principal setor econômico; extrativismo vegetal que tem na borracha seu produto mais importante, outros produtos são a castanha do Pará e a madeira; mineração composta pela extração de ferro, ouro e manganês, com destaque para a serra dos Cara-jás, província mineral localizada em Belém com grandes jazidas de ferro; setor industrial, com destaque para a zona industrial de Manaus. Nessa área, ocorreu de forma significativa as lutas pela posse de terras.

- Centro-Sul – Corresponde à área maios povoada do país (dois terços dos habitantes), e concentra a maior parte dos recursos econômicos do Brasil, com grande quantidade de indústrias, co-mércio, bancos, mercado de capitais, entre outros. Nessa macror-região destacam-se as áreas industrializadas da Grande São Paulo, Grande Rio de Janeiro, Grande Belo Horizonte e Grande Porto Alegre. Possui o maior parque industrial do Brasil. Sua economia é diversificada, composta pelas atividades agrícolas mais modernas, bancos, merca- dos de capitais, empresas transnacionais, comér-cios, e diversas modalidades industriais. As práticas mais moder-nas da agropecuária encontram-se nessa área, localizadas princi-pal- mente no Mato Grosso do Sul.

- Nordeste – As principais atividades econômicas desenvolvi-das nesse complexo regional são: extrativismo vegetal, agricultu-ra, pecuária extensiva e de corte, cultivo irrigado de frutas e flores. Nas áreas litorâneas ocorre a extração de sal. Também há a presen-ça de indústrias.

No complexo regional do Nordeste há uma grande diferen-ciação de características físicas, fato que resultou numa divisão dentro dessa região, conhecida como as sub-regiões do Nordeste, que são:

Legenda:1. Meio-Norte (Maranhão e oeste do Piauí);2. Sertão (oeste do Piauí, Ceará, oeste dos estados do Rio

Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas e a maior parte do território da Bahia);

3. Zona da Mata (faixa litorânea dos estados do Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas Sergipe e Bahia);

4. Agreste (porção central dos estados do Rio Grande do Nor-te, Paraíba, Pernambuco, Alagoas e centro-oeste de Sergipe).

Divisão Sugerida por Milton Santos e Maria Laura Sil-veira

A regionalização sugerida por Milton Santos e Maria Laura Silveira pretende registrar a difusão diferencial do meio técnico-científico informacional. A ideia da regionalização concentrada não é nova. O próprio Milton Santos sugeriu o uso da denomina-ção em 1979. A novidade está na elucidação do conceito pela sua conexão implantada das infraestruturas e das redes que veiculam a revolução tecno-científica.

Dividiram o Brasil nas seguintes regiões: a Amazônia, o Bra-sil do Nordeste, o Centro-Oeste e a Região Concentrada.

A região Concentrada caracteriza-se pela densidade do siste-ma de relações que intensifica os fluxos de mercadorias, capitais e informações. O seu núcleo é a metrópole paulista, que desempenha funções de cidade global e reforça o comando sobre o território nacional. A soldagem do Sul e Sudeste reflete a descentralização industrial recente e a implantação de infraestruturas técnicas que a sustentam.

O Centro-Oeste emerge como área de ocupação periférica, fundada na especialização agropecuária e na modernização subor-dinada às necessidades das firmas que tem sede na Região Con-centrada. O estado de Tocantins, estranhamente deslocado para a região Norte pela constituição de 1988, reincorpora-se ao Centro-Oeste.

O Nordeste defini-se pelo peso das heranças: ”é uma área de povoamento antigo onde a constituição do meio mecanizado se deu de forma pontual e pouco densa”. A rugosidade do espaço geo-gráfico retarda os fluxos. A instalação das infraestruturas e redes informacionais realiza-se de modo descontínuo, “sobre um quadro sócio espacial praticamente engessado”.

A Amazônia caracteriza-se pela rarefação demo- gráfica e bai-xa densidade técnica. Os sistemas informacionais aparecem como formas externas, representadas, por exemplo, pelos satélites e ra-dares do Sivam. Os grandes projetos estruturam enclaves, isolados num meio pré-mecânico. O maranhão, conectado ao Projeto dos Polos de Alumínio, poderia ser incluído na Amazônia, mas miste-riosamente os autores prefeririam conservá-lo no Nordeste.

A nova proposta de divisão regional é uma síntese sedutora de um discurso geográfico sobre o Brasil e a globalização. O seu de partida é o anacronismo dos discursos elaborados há mais de três décadas.

REGIÕES BRASILEIRAS

O Brasil encontra-se política e geograficamente dividido em cinco regiões distintas, que possuem traços comuns no que se refe-re aos aspectos físicos, humanos, econômicos e culturais. Os limi-tes de cada região - Norte, Nordeste, Sudeste, Sul e Centro-Oeste - coincidem sempre com as fronteiras dos Estados que as compõem.

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GEOGRAFIAA região Norte é a que ocupa a maior parte do território brasi-

leiro, com uma área que corresponde a 45,27% dos 8.547.403,5 de km2 da área total do País. Formada por sete Estados, tem sua área quase totalmente dominada pela bacia do Rio Amazonas. A região Nordeste pode ser considerada a mais heterogênea do País. Divi-dida em quatro grandes zonas - meio-norte, zona da mata, agreste e sertão -, ocupa 18,26% do território nacional e tem nove estados. No Sudeste, região de maior importância econômica do País, está concentrado também o maior índice populacional - 42,63% dos 157.079.573 brasileiros - e produção industrial. É formada por quatro Estados e apresenta grandes diferenças sob o aspecto físico, com litoral, serras e planícies. Já o Sul, região mais fria do País, com ocorrências de geadas e neve, é a que apresenta menor área, ocupando 6,75% do território brasileiro e com apenas três Estados. Os rios que cortam sua área formam a bacia do Paraná em quase toda sua totalidade e são de grande importância para o País, prin-cipalmente pelo seu potencial hidrelétrico. Finalmente, a região Centro-Oeste tem sua área dominada basicamente pelo Planalto Central Brasileiro e pode ser dividida em três porções: maciço goiano-mato-grossense, bacia de sedimentação do Paraná e as de-pressões. Formado por quatro Estados, esta região vem sofrendo alterações significativas na sua cobertura vegetal, com o cerrado sendo substituído gradativamente por plantações ou criação de gado em função do processo de ocupação nesta parte do Brasil.

As regiões do Brasil são uma divisão que tem caráter legal e que foi proposta pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 1969. O IBGE levou em consideração apenas aspectos naturais na divisão do país, como clima, relevo, vegetação e hi-drografia; por essa razão, as regiões também são conhecidas como “regiões naturais do Brasil”. Há uma pequena exceção com rela-ção à região Sudeste, que foi criada levando-se parcialmente em conta aspectos humanos (desenvolvimento industrial e urbano). Cada um destes grupos é uma região, e as regiões brasileiras são.

Região Centro-Oeste

Com predominância do Ecossistema de Cerrado, a região pode ser dividida em 3 porções: maciço goiano-mato-grossense, bacia de sedimentação do Paraná e as depressões. É formada por 3 Estados: Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e o Distrito Fe-deral. Possui um território de 1.604.852 km² (18,9% do território nacional). Sua população é de cerca de 12 milhões de habitantes. Compõe-se dos estados: Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul e do Distrito Federal. Possui um território de 1 604 852 km2 (18,9% do território nacional). Sua população é de cerca de 12 milhões de habitantes.

Região Nordeste

Com predominância do Ecossistema de Caatinga, a região encontra-se dividida em quatro sub-regiões (zonas): meio-norte, zona da mata, agreste e sertão, e é formada por 9 Estados: Mara-nhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe e Bahia. Possui um território de 1.556.001 km² (18,2% do território nacional), dentro dos quais está localizado o Polígono das secas. Sua população é pouco superior a 50 milhões de habitantes. Compõe-se dos estados: Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe e Bahia. Possui um território de 1 556 001 km2 (18,2% do território nacional), dentro dos quais está localizado o Polígono das secas. Sua população é pouco superior a 50 milhões de habitantes.

Região Norte

Com predominância do Ecossistema de Floresta Amazônica, a região Norte é formada por 7 Estados: Acre, Amazonas, Rorai-ma, Rondônia, Pará, Amapá e Tocantins. Possui um território de 3.851.560 km² (45,2% do território nacional), e uma população pouco superior a 14 milhões de habitantes – o que faz dela a região com menor densidade demográfica. Compõe-se dos estados: Acre, Amazonas, Roraima, Rondônia, Pará, Amapá e Tocantins. Possui um território de 3 851 560 km2 (45,2% do território nacional), e uma população pouco superior a 14 milhões de habitantes – o que faz dela a região com menor densidade demográfica.

Região Sudeste

Com predominância do Ecossistema de Mata Atlântica, a re-gião apresenta grandes diferenças sob o aspecto físico, com litoral, serras e planícies e é formada por 4 Estados: Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro e São Paulo. Possui um território de 927.286 km² (10,6% do território nacional). Sua população é de cerca de 77 milhões de habitantes. Compõe-se dos estados: Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro e São Paulo. Possui um território de 927 286 km2 (10,6% do território nacional). Sua população é de cerca de 77 milhões de habitantes.

Região Sul

Com predominância do Ecossistema de Mata de Araucárias, a região é formada por 3 Estados: Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Possui um território de 575.316 km² (6,8% do ter-ritório nacional) e sua população é de mais de 26 milhões de ha-bitantes. Os limites das regiões sempre coincidem com limites de estados, não havendo estados que se espalhem por duas regiões. Compõe-se dos estados: Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Possui um território de 575 316 km2 (6,8% do território na-cional) e sua população é de mais de 26 milhões de habitantes.

A área correspondente ao estado de Tocantins (integrante da região Norte), por ter sido originária do desmembrado de Goiás (Centro-Oeste), foi a última alteração na delimitação das regiões brasileiras. Atualmente, muitos geógrafos e cientistas sociais pre-ferem a divisão geoeconômica proposta por Pedro Pinchas Geiger, em 1967, que leva em conta os aspectos naturais e humanos. Essa divisão consiste de três regiões e suas fronteiras não coincidem com as fronteiras estaduais: Amazônia, Centro-Sul e Nordeste. O vestuário típico folclórico no Brasil se compõe de três formas: rou-pas de couro (Nordeste), vestidos de renda da Bahia e roupa típica gaúcha.

Os Complexos RegionaisA divisão em complexos regionais não respeita o limite entre

os estados. O Norte de Minas Gerais encontra-se no Nordeste, en-quanto o restante do território mineiro encontra-se no Centro-Sul. O leste do Maranhão encontra-se no Nordeste, enquanto o oeste encontra-se na Amazônia. O sul de Tocantins e do Mato Gros-so encontra-se no Centro-Sul, mas a maior parte desses estados pertence ao complexo da Amazônia. Como as estatísticas econô-micas e populacionais são produzidas por estados, essa forma de regionalizar não é útil sob certos aspectos, mas é muito útil para a geografia, porque ajuda a contar a história da produção do espaço brasileiro.

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Didatismo e Conhecimento 85

GEOGRAFIAO Nordeste foi o polo econômico mais rico da América por-

tuguesa, com base na monocultura da cana de açúcar, usando trabalho escravo. Tornou-se, no século XX, uma região economi-camente problemática, com forte excedente populacional. As mi-grações de nordestinos para outras regiões atestam essa situação de pobreza.

O Centro Sul é na atualidade o núcleo econômico do país. Ele concentra a economia moderna, tanto no setor industrial como no setor agrícola, além da melhor estrutura de serviços. Nele se tam-bém a capital política do país.

A Amazônia brasileira é o espaço de povoamento mais re-cente, ainda em estágio inicial de ocupação humana. A área está coberta por uma densa floresta, com clima equatorial, que dificul-ta o povoamento. Os movimentos migratórios na direção desse complexo regional partem tanto do Centro Sul como do Nordeste, sendo que hoje a região mais recebe população.

O Nordestea) A zona da mata: É a faixa litorânea de planícies que se

estende do Rio Grande do Norte até o sul da Bahia. As chuvas são intensas e há duas estações bem definidas: o verão seco e o inverno chuvoso. Na época colonial, instalou-se nessa área o empreendi-mento açucareiro escravista. As condições ecológicas são ideais para o cultivo da cana. Os solos, férteis e escuros, conhecidos como massapê, cobrem os vales dos rios, que ficaram conhecidos como “rios do açúcar”. Vários desses rios são temporários, pois suas nascentes localizam-se no interior do semiárido. No início da colonização, a Zona da Mata não era dominada completamente pelas plantações de cana. A população das cidades e das fazendas necessitava de alimentos. Por isso, uma parte das terras ficava re-servada para culturas de milho, mandioca, feijão e frutas. Também existiam pastagens para a criação de gado. Essas terras eram os tabuleiros, áreas um pouco mais elevadas situadas entre os vales de dois rios.

Como os solos dos tabuleiros são menos úmidos e mais pobres que o massapê, não eram usados para o plantio da cana. Assim, ini-cialmente, toda a produção agrícola e até a pecuária localizavam-se na faixa úmida do litoral, onde se instalaram sítios familiares produtores de alimentos e fazendas de gado. Mas a produção de cana crescia, à medida que aumentavam as exportações de açúcar para a Europa. As sesmarias se dividiam entre os herdeiros dos pri-meiros proprietários. Cada um deles criava novos engenhos, que necessitavam de mais cana. Depois, os sítios foram comprados pe-los fazendeiros e as culturas de alimentos foram substituídas por novas plantações de cana.

Muita coisa mudou na Zona da Mata desde a época colonial. A escravidão deu lugar ao trabalho assalariado dos boias frias. Os antigos engenhos foram substituídos por usinas de açúcar e álcool. Mas a cana permaneceu como produto principal da faixa litorânea do Nordeste. O principal motivo dessa permanência esta na força política dos proprietários de usinas e fazendas. Durante o século XX, a produção de cana, açúcar e álcool do Centro Sul evoluiu tecnicamente, superando a produção da Zona da Mata. Mas os usi-neiros sempre conseguiram ajuda do governo federal ou dos go-vernos estaduais, sob a forma de empréstimos, perdão de dívidas ou garantia de preços mínimos. Dessa forma, impediram a diversi-ficação da agricultura do litoral nordestino. Isso não significa que a cana seja a única cultura da Zona da Mata. No litoral da Bahia, principalmente na área do Recôncavo Baiano, nas proximidades

de Salvador, aparecem importantes culturas de tabaco. No sul da Bahia, na área das cidades de Ilhéus e Itabuna, concentram-se as fazendas de cacau. Além disso, a produção de frutas vem adqui-rindo importância na Zona da Mata. Há várias frutas nativas do Nordeste - como o caju, o cajá, a mangaba e a pitanga - que servem para fazer deliciosos sucos e doces. Outras frutas, provenientes das áreas tropicais do Oriente - como a graviola, a jaca e a manga - adaptaram-se muito bem aos climas e solos nordestinos.

b) O Agreste: É uma faixa de transição ecológica entre a Zona da Mata e o Sertão nordestino. De largura aproximadamente igual a da Zona da Mata, corre paralelamente a ela, do Rio Grande do Norte ao sul da Bahia. Embora, como no Sertão, predomine o cli-ma semiárido, as secas do Agreste raramente são tão duradouras e os índices pluviométricos são maiores que os registrados no Ser-tão. Na verdade, grande parte do Agreste corresponde ao planal-to da Borborema, voltada para o oceano Atlântico, recebe ventos carregados de umidade que, em contato com o ar mais frio, provo-cam chuvas de relevo. Na encosta oeste do planalto, as secas são frequentes e a paisagem desolada do Sertão se torna dominante.

O povoamento do Agreste foi consequência da expansão das plantações de cana da Zona da Mata. Expulsos do litoral, os sitian-tes e criadores de gado instalaram-se nas terras do interior, antes ocupadas por indígenas. Dessa forma, o Agreste transformou-se em área produtora de alimentos. O Agreste abastecia a Zona da Mata de alimentos e esta por sua vez a Europa exportando açúcar. Após o fim da escravidão, as plantações canavieiras passaram a utilizar trabalhadores temporários, empregados durante a época da colheita. O Agreste passou a fornecer esses trabalhadores: sitiantes e camponeses pobres que deixam a sua terra nos meses de safra (transumância). Enquanto os homens ganham algum dinheiro na colheita, as mulheres e os filhos permanecem cuidando da lavoura doméstica.

Enquanto a Zona da Mata é uma área policultora, o Agreste é uma área policultora, já que seus sítios cultivam diversos ali-mentos e criam gado para a produção do leite, queijo e manteiga. Por isso mesmo, uma sub-região depende da outra, estabelecendo uma forte interdependência. Assim, a Zona da Mata precisa dos alimentos e dos trabalhadores do Agreste e este precisa dos merca-dos consumidores e dos empregos da Zona da Mata. As diferenças entre as duas sub-regiões não estão apenas naquilo que produzem, mas em como produzem. Na Zona da Mata, as sesmarias açuca-reiras da época colonial foram se dividindo e deram origem a cen-tenas de engenhos. Alguns nem faziam açúcar, apenas rapadura e aguardente. Mesmo assim, as fazendas resultantes não se tornaram pequenas propriedades, uma vez que os proprietários precisavam manter uma área suficiente para abastecer os engenhos.

No Agreste, ao contrário, as propriedades foram se subdivi-dindo cada vez mais, já que não cultivavam cana nem tinham en-genhos. Com a sucessão de diversas gerações, as propriedades do Agreste atingiram um tamanho mínimo, suficiente apenas para a produção dos alimentos necessários para a família, ou seja, para a prática da agricultura de subsistência. A pobreza do Nordeste está associada a esse contraste do mundo rural. De um lado, as usinas e fazendas açucareiras da Zona da Mata concentram a riqueza nas mãos de uma pequena parcela de proprietários. De outro, os mi-nifúndios do Agreste mantém na pobreza as famílias camponesas, que não tem terras e técnicas suficientes para praticar uma agricul-tura empresarial. Nos últimos anos vem se dando um processo de concentração de terras no Agreste, em virtude principalmente, da expansão de propriedades de criação de gado para corte.

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Didatismo e Conhecimento 86

GEOGRAFIAc) O Sertão: Mais de metade do complexo regional nordestino

corresponde ao Sertão semiárido. A caatinga, palavra de origem indígena que significa “mato branco”, é a cobertura dominante e quase exclusiva na imensa área do Sertão. A ocupação do Sertão, ainda na época colonial, se deu pela expansão das áreas de criação de gado. A pecuária extensiva representa, até hoje, a principal ati-vidade das grandes propriedades do semiárido. No século XVIII, a Revolução Industrial estava em marcha na Inglaterra. As fábricas de tecidos produziam cada vez mais, obtendo lucros fabulosos e exigindo quantidades crescentes de matérias-primas. Por essa épo-ca, começou a aumentar o plantio de algodão no Sertão nordestino. Vender algodão para os industriais ingleses tinha se tornado um ótimo negócio.

No século XIX, a Guerra Civil entre nortistas e sulistas nos EUA desorganizou as exportações de algodão estadunidense. No Nordeste, os pecuaristas do Sertão passaram a cultivar o algodão em uma parte das suas terras e o Brasil tomou mercados antes con-trolados pelos EUA. Os plantadores de algodão do Sertão torna-ram-se ricos fazendeiros, que disputavam o poder e a influência com os usineiros da Zona da Mata. No interior do Sertão definiu-se uma zona na qual as precipitações pluviométricas são mais baixas, denominada “Polígono das secas”. Porém não é verdade que as secas se limitem ao Polígono: muitas vezes, elas atingem todo o Sertão e até mesmo o Agreste. Também não é verdade que todos os anos existem secas no Polígono. No Sertão existiram secas his-tóricas que duraram vários anos, provocaram grandes tragédias so-ciais até hoje lembradas. As grandes secas ocorreram após vários anos de chuvas irregulares. A primeira grande seca historicamente documentada ocorreu no período de 1721 a 1727. Um historiador, Tomás Pompeu de Assis Brasil, escreveu que “1722 foi o ano da grande seca, em que não só morreram numerosas tribos indígenas, como o gado e até as feras e aves se encontravam mortas por toda a parte.”

O jornalista pernambucano Carlos Garcia explica o meca-nismo das secas: “A grande seca de 1932 começou realmente em 1926, quando as chuvas foram irregulares, irregularidade que se acentuou a cada ano seguinte. Em 1932, caíram chuvas finas em janeiro, mas cessaram totalmente em março. A estiagem de 1958 também foi uma grande seca, o que indica a ocorrência de um ciclo de anos secos a cada 26 anos, aproximadamente. Essa pe-riodicidade é que leva os sertanejos a afirmar que cada homem tem de enfrentar uma grande seca em sua vida. Além das grandes secas, ocorrem também secas localizadas, que atingem pequenos trechos de um ou outro estado nordestino, mas causam muitos es-tragos. Geralmente elas são provocadas pela falta de boas chuvas nas semanas seguintes ao plantio do milho, do feijão e do algodão. O plantio é feito logo depois das primeiras chuvas do verão. A germinação e o crescimento das plantinhas dependem da continui-dade das chuvas, na quantidade exata. Se as chuvas se reduzem, o calor e a insolação matam as lavouras que acabaram de germinar. Quando volta a chover, o camponês faz novas plantações. Mas, se as chuvas cessam novamente começa a tragédia. A essa altura, o camponês não tem mais dinheiro ou crédito nos bancos. Não con-segue, por isso, recomeçar o plantio. O milho e o feijão guardados do ano anterior são consumidos. Sem dinheiro e sem alimentos, resta esperar a ajuda do governo ou então tomar rumo das cidades. Assim, o sertanejo vira retirante.

d) O Meio-norte: Abrange os estados do Piauí e o Maranhão. Do ponto de vista natural, é uma sub-região entre o Sertão se-miárido e a Amazônia equatorial. Essa sub-região apresenta clima tropical, com chuvas intensas no verão. No sul do Piauí e do Mara-nhão, aparecem vastas extensões de cerrado. No interior do Piauí existem manchas de caatinga. No oeste do Maranhão, começa a floresta equatorial. Por isso, nem todo o Meio-Norte encontra-se no complexo regional nordestino: a parte oeste do Maranhão en-contra-se na Amazônia.

O Meio-Norte exibe três áreas diferentes, tanto pela ocupação como pela paisagem e pelas atividades econômicas. O sul e o cen-tro do Piauí, dominados pela caatinga, parecem uma continuação do Sertão. Essa área foi ocupada pela expansão das fazendas de gado, que vinham do interior de Pernambuco e do Ceará. A ati-vidade pecuarista foi a responsável pela fundação de Teresina, a única capital estadual do Nordeste que não se localiza no litoral. O Vale do Parnaíba é uma área especial. Recoberto pela Mata dos Cocais, tornou-se espaço de extrativismo vegetal do óleo do ba-baçu e da cera da carnaúba. Essas palmeiras não são cultivadas. A exploração dos seus produtos consiste apenas no corte das folhas da carnaúba e em recolher os cocos do babaçu que despencam da árvore. Nas áreas úmidas do norte do Maranhão, situada já nos limites da Amazônia, formaram-se fazendas policultoras que cul-tivam o arroz como principal produto. As chuvas fortes e as áreas semi alagadas das várzeas dos rios Mearim e Pindaré apresentam condições ideais para a cultura do arroz.

O Centro SulO Centro Sul se estende de Minas Gerais até o Rio Grande do

Sul, englobando também o Mato Grosso do Sul, Goiás e o Distrito Federal. Trata-se de uma área do território brasileiro onde o pro-cesso de industrialização, acelerado a partir de meados do século XX, se deu com maior intensidade. Isso levou à sua diferenciação em relação ao restante do país.

O Centro Sul é a área de maior capacidade produtiva. Nessa região ocorrem, com maior intensidade, os fluxos de circulação de mercadorias, pessoas, capitais e informações. Nela se encontram os mais importantes centros de decisões econômicas e políticas do país. A diferenciação do Centro Sul se dá por meio de alguns aspectos relevantes. Uma primeira característica seria a grande concentração industrial, com destaque para cinco grandes áreas industriais mais ou menos diversificadas.

Áreas geoeconômicas do Brasil• A área industrial que tem seu centro em São Paulo e se esten-

de até o Rio de Janeiro;• A zona metalúrgica em torno de Belo Horizonte;• A área industrial de Curitiba;• O nordeste de Santa Catarina, no vale do Itajaí;• A área industrial que vai de Porto Alegre até Caxias do Sul.

O Centro Sul é o principal cinturão agroindustrial do país. Nele encontramos áreas nas quais ocorreu uma verdadeira indus-trialização da agricultura, com uso de máquinas, adubos e fertili-zantes, além de especialização da produção nas chamadas empre-sas rurais. O Centro-Sul também possui a melhor infraestrutura viária do país. A intensa circulação de produtos e de pessoas, feita por meio de uma densa rede rodoviária e de ferrovias, revela a for-te integração e o dinamismo de sua área interna. Assim como sua articulação com as demais regiões do país. Devido ao seu maior

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GEOGRAFIAdesenvolvimento econômico, é no Centro-Sul que ocorrem os mais elevados níveis de renda do país. Há um forte contraste entre a renda média de um habitante do Centro-Sul e a de um habitante do Nordeste ou da Amazônia.

No entanto, se existem zonas com níveis de modernização e de vida elevados caso de algumas cidades no interior de São Pau-lo, no Vale do Itajaí, em Santa Catarina, ou no norte do Paraná -, existem também verdadeiros “bolsões” de pobreza. É o caso do Vale do Ribeira de Iguape, das cidades-satélites de Brasília e, prin-cipalmente, da periferia dos grandes centros urbanos. Mesmo nas áreas mais ricas o contraste entre “lugares de ricos” e “lugares de pobres” é nítido, marcante, e quase sempre assustador.

A Amazônia

A Amazônia compreende o território dos Estados de Ron-dônia, Acre, Amazonas, Roraima, Pará e Amapá e Tocantins, en-trando pelo Maranhão e o Mato Grosso. É a área que, a partir da década de 1970, integra-se ao mercado nacional como uma grande fronteira de recursos, isto é, como área de fornecimento de maté-rias-primas que provêm da agropecuária e da mineração.

A ocupação do território amazônico ainda está se processan-do. Essa ocupação busca integrar definitivamente a área à econo-mia do Centro-Sul e mesmo à economia internacional, graças aos grandes investimentos de capital em projetos de mineração, agro-pecuários e industriais. A Amazônia passa a ser, deste modo, uma fronteira que vai sendo expandida, e uma reserva de recursos que passa a ser utilizada. Entre as principais medidas adotadas para tornar possível essa integração, destacamos a construção de rodo-vias, forma mais visível dessa integração. Até a década de 50, a economia da Amazônia convergia para Belém, que atuava como o grande polo regional por meio de uma rede hidrográfica natural.

A construção das rodovias Belém-Brasília, Brasília Acre, Cuiabá Santarém e Porto Velho Manaus penetraram a região, ace-lerando a integração da Amazônia ao Centro Sul. Os capitais pú-blicos e privados investidos na construção de hidrelétricas como Tucuruí, na instalação de núcleos de mineração como Carajás, e de polos industriais como a Zona Franca de Manaus, procuram integrar a região à economia do país de forma mais efetiva - como fornecedora de produtos semi processados ou processados para os grandes mercados consumidores internos ou externos, e tam-bém como mercado consumidor dos produtos do Centro Sul. Os incentivos fiscais da Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia (Sudam) permitiram que as grandes empresas nacionais e transnacionais adquirissem enormes propriedades de terra, cujo aproveitamento de recursos naturais - os minérios, a madeira e a própria terra - tem provocado graves danos ambientais. A fronteira amazônica tem atraído, nas últimas décadas, importantes fluxos de migrantes. Duas correntes são identificadas: os que procedem do Centro-Sul, devido à modernização da agricultura, e que vão para Mato Grosso, Rondônia e mesmo para o Acre; e os que procedem do Nordeste, que se dirigem ao Pará e Tocantins, e que formam a Amazônia Oriental. A ocupação da nova fronteira, em grande me-dida desordenada, provoca graves conflitos sociais. Os diferentes contendores lutam principalmente pela posse da terra e pelo uso da floresta. Pouco a pouco, vai ganhando a opinião pública o movi-mento que propõe a necessidade de se ocupar a Amazônia de for-ma mais racional, preservando o equilíbrio ecológico com ações eficientes de manutenção da qualidade ambiental. O que se propõe é uma ocupação mais cuidadosa, visando um desenvolvimento equitativo e sustentável para a maior floresta pluvial do planeta.

Política Brasileira

Eleição do Presidente do Senado

O Senado Federal confirmou sua disposição em manter o ve-lho histórico de corporativismo e elegeu o alagoano Renan Calhei-ros, do PMDB, para presidir a Casa nos próximos dois anos. Ele derrotou com facilidade o novato Pedro Taques (PDT-MT), por 56 votos a 18. Houve dois votos em branco e dois nulos. Pedro Taques havia recebido o apoio de partidos cujas bancadas lhe ga-rantiriam pelo menos 26 votos. Porém, como a votação é secreta, houve o previsível índice de traições - PSDB, DEM, PSB, PSOL e PDT anunciaram apoio a Taques. Três senadores não comparece-ram à sessão: Luiz Henrique (PMDB-SC), João Ribeiro (PR-TO) e Humberto Costa (PT-PE).

Para angariar votos, Renan usou da conhecida habilidade em negociar cargos na Mesa Diretora e promessas de arranjos polí-ticos futuros na Casa. Roberto Requião ganhou a presidência do braço brasileiro do Parlamento do Mercosul e Eduardo Braga vi-rou líder do governo. Também cobrou a “fatura” pela blindagem que ofereceu ao governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), na naufragada CPI do Cachoeira.

Em seu discurso ao plenário, antes da votação, o candidato do PMDB à presidência do Senado não fez referência às denúncias de corrupção que tem enfrentado nos últimos dias. Ao final dos 20 minutos que teve para defender a candidatura, ele limitou-se a dizer que o Senado aprovou com celeridade a Lei da Ficha Lim-pa e que a ética é uma obrigação e responsabilidade de todos os parlamentares. Renan Calheiros assumiu, em seu pronunciamento, o compromisso de defender a liberdade de expressão e prometeu impedir o prosseguimento de qualquer proposta que signifique to-lher esse direito.

Por ser candidato, Taques foi o penúltimo a discursar, antes de Renan. Admitindo a derrota iminente, o senador discursou e se comparou ao herói da Pátria Tiradentes e ao ex-senador Ulysses Guimarães. Taques também lembrou do abaixo-assinado que cir-cula há quase uma semana na internet e que já recolheu 300 mil assinaturas contra a eleição de Calheiros. O pedetista alfinetou o adversário e os senadores que defenderam a eleição de Renan. O senador alagoano volta ao cargo de presidente da Casa depois de ter sido obrigado a renunciar, em 2007, por denúncias de corrup-ção que envolvem tráfico de influência e apresentação de notas falsas para comprovar sua renda.

Banco Central

O cenário da política brasileira apresenta inúmeras mudanças principalmente no que tange a economia. Nesta questão, o Banco Central alterou as regras de recolhimento de compulsório bancário sobre recursos com o objetivo de aumentar a liquidez do sistema financeiro, sobretudo nos pequenos e médios bancos. Essa medida tem o potencial de injetar cerca de 30 bilhões de reais no mercado num momento em que também há preocupação de impulsionar o crescimento econômico.

Tal medida busca otimizar a liquidez e descarta problemas com a saúde do sistema. A autoridade monetária anunciou que vai reduzir o percentual de compulsório a prazo que tem rendimento pela Selic - em 11% ao ano. Assim, o percentual cairá para 73% e depois, para 64%. Atualmente, todo o valor depositado é remu-

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GEOGRAFIAnerado pela taxa básica de juros. A ideia da medida é estimular as instituições financeiras a comprar ativos, como carteira de crédito, ou passivos como letras financeiras (título da dívida privados), de outros bancos, sobretudo médios e pequenos, para usá-los na de-dução do compulsório a prazo. Há alguns anos, o BC tem tomado medidas para estimular as instituições grandes a comprar as cartei-ras das pequenas e médias instituições.

O estoque total de recursos a prazo no compulsório é de 134 bilhões de reais. Atualmente, uma parcela de 60 bilhões de reais pode ser utilizada pelos bancos para deduzir esses ativos de outras instituições, mas apenas 31 bilhões de reais eram usados de fato, de acordo com dados do final de novembro. Estão dando um in-centivo adicional para que a outra metade seja aplicada. Isso mos-tra que os bancos estavam entendendo ser mais recompensador depositar o compulsório e ganhar a remuneração da Selic do que comprar carteira de crédito ou títulos privados de outros bancos. Ou seja, existe um potencial de 29 bilhões de reais que podem ser usados pelos bancos para comprar ativos de outras instituições in-jetando liquidez no mercado e, no limite, alimentando o consumo por meio de empréstimos. Segundo o diretor de Política Monetá-ria, o potencial é de cerca de 30 bilhões, mas não significa que todo o valor vai gerar crédito novo no sistema.

As medidas refletem ainda a preocupação do BC em estimular a economia, num momento que ela registrou estagnação no tercei-ro trimestre e as perspectivas são de crescimento menor. O BC já vem reduzindo a taxa de juros, enquanto o governo anunciou ações para incentivar o consumo. O BC não alterou a alíquota de 20% dos depósitos a prazo que tem de ir ao compulsório bancário, que é a parcela dos depósitos dos bancos que fica presa na autoridade monetária. Querem otimizar a liquidez do sistema a partir de uma regra que já existe hoje. Adicionalmente, o BC reduziu o valor do patrimônio de referência dos bancos para a venda da carteira, de DI ou de Letras Financeiras. O patrimônio caiu de 2,5 bilhões de reais, para 2,2 bilhões de reais. A autoridade monetária também decidiu incluir as letras financeiras como passivo a ser deduzido do compulsório a prazo num movimento para dar mais liquidez a esse papel.

Ficha Limpa

Em relação a aprovação do Projeto de Lei Ficha Limpa no Se-nado, foi considerada um avanço na política brasileira, no sentido de criar mecanismos para combater a corrupção no país. O projeto de lei, que foi elaborado por cidadãos comuns, entrou na pauta de votações e recebeu aval do Congresso devido à pressão popular, o que demonstra a rejeição do brasileiro aos políticos desonestos. O Projeto Ficha Limpa torna mais rigorosos os critérios que impe-dem políticos condenados pela Justiça de se candidatarem às elei-ções. Apesar de ter recebido emendas na Câmara dos Deputados e no Senado que amenizam seu impacto, ele contribui para mudar o comportamento da classe política.

A medida vai atingir políticos condenados por crimes graves, cuja pena de prisão é superior a dois anos, e aqueles que renuncia-rem o mandato visando escapar do processo de cassação. Também se discute se políticos já condenados pela Justiça perderão o direito de se candidatar ou se a lei só irá valer para os que receberem sen-tenças a partir da vigência das novas regras. A proposta chegou ao Congresso por meio do Projeto de Lei de Iniciativa Popular (PLP), que é quando o projeto tem origem na sociedade civil. Existem cinco tipos de propostas de leis que são apreciadas pelo Poder Le-gislativo: emenda constitucional projeto de lei complementar, lei

delegada, decreto legislativo e resolução. Cada iniciativa possui ri-tos próprios dentro das Casas legislativas e depende de um número mínimo de votos para ser aprovada.

No caso do Projeto Ficha Limpa, trata-se de uma lei comple-mentar. Esse tipo de projeto é feito para complementar ou regular uma regra já estabelecida pela Constituição Federal de 1988. Para ser aprovado, precisa de votos da maioria absoluta da Câmara dos Deputados e do Senado. Os projetos de lei complementar e ordiná-ria podem ser apresentados por um deputado ou um senador, por comissões da Câmara ou do Senado, pelo presidente da República ou pelo Supremo Tribunal Federal (STF), por Tribunais Superiores e pelo Procurador-Geral da República.

Um caminho mais difícil é ser apresentado pelo cidadão, por meio do Projeto de Lei de Iniciativa Popular. Para isso, é preci-so a assinatura de 1% dos eleitores brasileiros distribuído por, no mínimo, cinco unidades da Federação. Em cada Estado e no Distrito Federal é necessário o apoio mínimo de 3% do eleitora-do. A proposta do Ficha Limpa foi encaminhada à Câmara dos Deputados pelo Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral (MCCE). Foram coletadas mais de 1,6 milhão de assinaturas. O Projeto Ficha Limpa altera a Lei Complementar nº 64 de 1990. Esta lei, atualmente em vigor, estabelece critérios de impedimento para a candidatura de políticos, de acordo com a Constituição. O objetivo, segundo o texto, é proteger a “probidade administrativa” e a “moralidade no exercício do mandato”.

O Ficha Limpa proíbe que políticos condenados por órgãos colegiados, isto é, por grupos de juízes, se candidatem às eleições. Pela lei atual, o político ficaria impedido de se candidatar somente quando todos os recursos estivessem esgotados, o que é chamado de decisão transitada em julgado. O problema é que o trâmite pode demorar anos, o que acaba beneficiando os réus. Um processo cí-vel ou criminal começa a ser julgado no Fórum da cidade, onde acontece a decisão de primeira instância, que é a sentença proferi-da por um juiz. Se houver recurso, o pedido é analisado por juízes do Tribunal de Justiça dos Estados. Há ainda a possibilidade de apelar a uma terceira instância, que pode ser tanto o Superior Tri-bunal de Justiça (STJ) quanto, em se tratando de artigos da Cons-tituição, o Supremo Tribunal Federal (STF).

De acordo com a Lei Complementar nº 64, somente quando esgotados todos esses recursos o político que responde a processo poderia ser impedido de se candidatar. Já o Projeto Ficha Limpa torna inelegível o réu que for condenado por um grupo de juízes que mantiver a condenação de primeira instância, além daqueles que tiverem sido condenados por decisão transitada em julgado. Quanto ao prazo de inegibilidade, ele varia hoje de acordo com a infração cometida e o cargo ocupado pelo político. Com as al-terações do Ficha Limpa, o prazo é de oito anos após o fim do mandato, incluindo as eleições que ocorrerem durante o restante do mandato do político condenado, e independe do tipo de crime cometido.

Outra mudança diz respeito aos crimes que tornam o políti-co inelegível, caso condenado. O Ficha Limpa mantém todos os delitos previstos na lei em vigor (como crimes eleitorais, contra a administração pública e tráfico), e inclui outros, tais como: crimes contra o patrimônio privado, contra o meio ambiente e saúde, la-vagem e ocultação de bens, crimes hediondos e praticados por or-ganização criminosa. Segundo especialistas, emendas na proposta, feitas pelo Congresso, amenizaram o impacto da redação inicial do Ficha Limpa. Talvez a alteração mais importante seja aquela refe-rente ao dispositivo de “efeito suspensivo” de recursos. De acordo com essa emenda, um político condenado em segunda instância por um órgão colegiado pode apelar junto ao STF e conseguir a suspensão do recurso. Entretanto, essa medida dará mais agilidade ao processo, que terá prioridade na tramitação.

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GEOGRAFIAO texto original do Ficha Limpa também foi abrandado na Câ-

mara dos Deputados, no artigo relativo à condenação do político. De acordo com o projeto apresentado, o político ficaria impedido de concorrer às eleições se fosse condenado na primeira instância. Com a emenda parlamentar, a inegibilidade é aplicada somente em decisão colegiada ou de última instância. No Senado, foi apresen-tada uma emenda que determina que a proibição de candidaturas só vale para sentenças proferidas após a lei ser editada. A mudança na redação substituiu o tempo verbal: de “sido condenados” para “forem condenados”. Ou seja, somente políticos que forem conde-nados depois da Lei Ficha Limpa entrar em vigor serão impedidos de disputar as eleições, de acordo com a interpretação de alguns especialistas.

Políticos como o deputado Paulo Maluf (PP-SP), que não po-deria se candidatar às eleições, segundo o Ficha Limpa, pode fazer isso graças à emenda feita ao projeto. Na prática, o Projeto Ficha Limpa afeta um quarto dos deputados e senadores que respondem a inquéritos ou ação penal no STF. Porém, a lei sozinha não basta. As urnas ainda são a melhor forma de barrar os maus políticos. Entre os crimes que tornam candidatos inelegíveis estão estupro, homicídio, crime contra o meio ambiente e a saúde pública, contra a economia popular, fé pública, administração pública, patrimônio público, mercado financeiro, tráfico de entorpecentes e crime elei-toral. A lei também prevê que quem renuncia ao cargo político para evitar cassação fica impedido de se candidatar para as eleições que se realizarem durante o período remanescente do mandato e nos oito anos subsequentes ao término da legislatura.

O resultado da coleta foi entregue ao Congresso Nacional, marcando a data em que o PL foi protocolado e passou a tramitar na casa. O texto aprovado na Câmara dos Deputados foi mais fle-xível do que o proposto pelo MCCE. A ideia inicial era proibir a candidatura de todos os condenados em primeira instância. Antes da lei, só políticos condenados em ultima instância, o chamado trânsito em julgado, eram impedidos de disputar.

5. SOCIEDADE, ESPAÇO E CULTURA● Dimensão demográfica da produção do

espaço: dinâmicas do crescimento demográfico e seus efeitos na estrutura populacional; as

principais teorias demográficas; desigualdades sociais e espaciais.

● Espaço e cultura: nação; identidade nacional e nacionalismos; identidade regional e regio-

nalismos e a região geográfica; representações literárias e espaço geográfico; espaço e religião;

choques culturais, etnocentrismo e espaço.

População Brasileira

O estudo da população de uma área qualquer deve se iniciar pelas informações quantitativas básicas, ou seja, os valores de sua população relativa, esta também denominada de densidade de-mográfica. A população absoluta corresponde ao número total de habitantes de uma determinada área. Trata-se de uma informação importante, uma vez que através dela pode-se ter uma ideia de um

eventual mercado de consumo, ou da disponibilidade de mão-de-o-bra na região, ou ainda da necessidade e do porte dos investimen-tos governamentais para o conjunto da população. Quando uma certa porção do espaço apresenta uma elevada população absoluta, é considerada uma área populosa, o Brasil apresenta atualmente (2011) uma população de 194.227.984 habitantes. Essa quantia faz do país a quinta nação mais populosa do planeta, ficando atrás apenas da China e Índia, Estados Unidos e Indonésia, respectiva-mente. O Brasil é um país populoso, porém, é uma nação pouco povoada, com baixo índice de densidade demográfica. A densi-dade demográfica é o resultado da divisão da população de um determinado lugar por sua extensão territorial. São 194.227.984 pessoas em uma extensão territorial de 8.547.403,5 km², apresen-tando aproximadamente 22,72 habitantes por Km2, bem distante dos 881,3 habitantes por Km2 de Bangladesh.

No Brasil, o instrumento de coleta de dados demográficos é o recenseamento ou censo. O órgão responsável pela contagem da população é o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísti-ca), que realiza a pesquisa por meio de entrevistas domiciliares. O conhecimento quantitativo da população é de fundamental impor-tância, pois esses dados possibilitarão a realização de estimativas sobre mercado de consumo, disponibilidade de mão de obra, além de planejamentos para a elaboração de políticas públicas destina-das à saúde, educação, infraestrutura, etc. O primeiro censo demo-gráfico realizado no Brasil foi em 1872, nessa ocasião a população totalizava 9.930,478 habitantes, em 1900 era de 17.438.434, já em 1950 a população era de 51.944.397, no ano 2000 a quantidade de habitantes do Brasil registrada foi de 169.590.693. Conforme estimativas do IBGE, a população brasileira em 2050 será de apro-ximadamente 260 milhões de pessoas, apresentando um aumento populacional de quase 67 milhões de habitantes em relação à po-pulação atual.

Em razão do constante aumento populacional ocorrido no Brasil, principalmente a partir da década de 1960, intensificando-se nas últimas décadas, o país ocupa hoje a quinta posição dos países mais populosos do planeta, ficando atrás apenas da China, Índia, Estados Unidos e Indonésia. De acordo com dados do Censo Demográfico de 2010, realizado pelo Instituto Brasileiro de Geo-grafia e Estatística (IBGE), a população brasileira atingiu a marca de 190.755.799 habitantes.

No Brasil, o crescimento vegetativo é o principal responsável pelo aumento populacional, já que os fluxos migratórios ocorreram de forma mais intensa entre 1800 e 1950. Nesse período, a popu-lação brasileira totalizava 51.944,397 habitantes, bem longe dos atuais 190.755.799.

A população relativa, ou densidade demográfica, corresponde à relação entre o número de habitantes de uma determinada área e sua extensão territorial. É obtida através da divisão da popula-ção absoluta pela área territorial. Diz-se que uma área é povoada quando apresenta uma elevada densidade demográfica; quando sua densidade é muito baixa, diz-se que é um vazio demográfico. A taxa de população relativa do Brasil coloca-o entre os países me-nos povoados do planeta. É importante ressaltar que a densidade demográfica é um dado que nos fornece a distribuição teórica, e não real, da população pelo país. Entretanto, quando a densidade demográfica é alta, como a de alguns países europeus ou de leste-sudeste asiático, pode-se supor que ela se aproxime bastante da realidade. Isso porque alguns desses países têm pequena extensão territorial e, consequentemente, disponibilidade mínima de espa-ço, ocorrendo, assim, uma ocupação mais homogênea de todo o território.

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GEOGRAFIASe a densidade demográfica é baixa, como no caso do Brasil,

Canadá e outros países, a situação efetiva da distribuição da popu-lação pode ou não coincidir com o índice de população relativa. A população relativa do Brasil é reflexo de sua grande extensão territorial, e a baixa densidade demográfica não retrata a realidade nacional. Isso porque a população está muito mal distribuída: cer-ca de 90% dela se concentram próximo ao Oceano Atlântico, numa faixa que raramente ultrapassa 600km de largura.

A Distribuição da População Brasileira

O início e a evolução do povoamento do território brasileiro pelos portugueses teve um caráter marcadamente periférico. Um dos fatores responsáveis por isso foi o interesse mercantilista da época; visava-se apenas à exploração imediata das riquezas colo-niais, sem preocupação com a colonização definitiva. As poucas cidades e vilas, assim como todas as áreas agrícolas, concentra-vam-se na costa atlântica, elo de união com a Metrópole. O Tra-tado de Tordesilhas, que estabelecia os limites dos territórios na América entre Portugal e Espanha, foi sendo gradativamente des-respeitado. Durante os séculos XVII e XVIII, com as bandeiras, a mineração, a penetração pelo vale do rio Amazonas e a expansão da pecuária no vale do São Francisco e o sertão do Nordeste, ocorreu o maior povoamento do interior. Formaram-se, na verdade, “ilhas” de povoamento, pois a maior parte da população ainda continuou próxima ao litoral.

No final do século XIX e início do século XX, tivemos a fase de exploração da borracha na Amazônia, que, embora tenha du-rado pouco tempo, no Sudeste, ocorria a “marcha do café”, pro-piciando o avanço da povoação para o interior do estado de São Paulo e norte do Paraná. Após a segunda Guerra Mundial, e princi-palmente durante o governo de Juscelino Kubtschek (1956-1960), ocorreu um grande desenvolvimento industrial no Sudeste. Essa industrialização, que se estende até hoje, tem atraído contingentes populacionais de todas as outras regiões.

População por município em 2010

A população brasileira é muito desigualmente distribuída no território, com um forte contraste entre litoral e interior, o primeiro é densamente povoado, enquanto o último é muito menos ocupa-do. Esse contraste reflete os efeitos do processo de processo de co-lonização e assentamento do território que foi feito, basicamente, a partir do litoral para o interior, de leste a oeste e, secundariamente, de sul para norte.

Até as áreas de concentração têm ocupação desigual: mesmo em estados com grandes contingentes populacionais grandes la-cunas aparecem, e apenas São Paulo, o Paraná, Rio de Janeiro, Sergipe e Alagoas estão com seu território ocupado de maneira quase contínua.

No resto do país, a distribuição da população está relacio-nada com redes de transportes, vias navegáveis (na Amazônia) e rodovias: pode-se seguir no mapa, marcado pelas sedes dos mu-nicípios, as principais rodovias amazônicas (BR364 Cuiabá Porto Velho, BR163 Cuiabá-Santarém, BR010 Brasília-Belém, BR230 Transamazônica).

Malha municipal - Área dos municípios

Causa e consequência desses contrastes de povoamento, as diferenças entre os municípios são enormes, se os menores são se-melhantes aos seus equivalentes europeus, outros são do tamanho de países do velho continente. Entre o menor, Santa Cruz de Minas (Minas Gerais, 3,6 km2) e o maior, Altamira (Pará, 159.533km2), a proporção é demais de 1para 44.000. Quatro municípios, todos localizados na Amazônia ultrapassam os 100000 km2(a área sua combinada é quase do tamanho da França). Ao somaras áreas dos dez primeiros (de mais de 5.000 no total), chegamos a 11%do país, juntos eles representam a mesma área que os 3.450 menores jun-tos.

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GEOGRAFIA

Os casos extremos

Densidades

Densidade populacional por município em 2010

A distribuição de densidades obedece a uma lógica claramente Leste-Oeste, o resultado do processo de ocupação e colonização a partir da costa. Assim, as maiores densidades estão na parte mais próxima do litoral no Nordeste, no Sudeste e no Sul, elas podem ultrapassar a marca das 10 000pessoas por quilômetro quadrado nas capitais. Dividindo os 5.565municípiosem três grupos iguais, constrói-se um mapa de densidades contrastantes: a maior parte da Amazônia e do Centro-Oeste tem densidades muito baixa, en-tre 0,13e 16habitantes por quilômetro quadrado, onde se destacam apenas as capitais e alguns municípios que têm entre 16e 38habi-tantes por quilômetro quadrado.

A zona litorânea tampouco é homogênea: quase deserta ao norte do Rio Amazonas, ela é dividida em duas partes, de ambos os lados de um centro pouco ocupado (sul da Bahia e Espírito San-to). No Nordeste, o contraste nacional, entre o litoral e interior, é reiterado. No Sudeste e no Sul, no entanto, a densidade continua a ser elevada em muitas áreas próximas da fronteira ocidental do país, é o único lugar onde o Brasil mais povoado tem certa “pro-fundidade”, mas a densidade cai drasticamente na fronteira entre os estados de São Paulo e do Paraná, no leste, e do Mato Grosso do Sul, no oeste.

A população Absoluta por Regiões

O Sudeste é a região mais populosa do país, em função de seu alto grau de desenvolvimento econômico-industrial, que des-de a década de 1930 transformou-a num grande polo de atração populacional. Segunda região em população absoluta, o Nordeste se caracteriza por uma alta taxa de natalidade, que supera a taxa de mortalidade e a grande emigração. O forte povoamento regio-nal deve-se também a fatores históricos, uma vez que foi em sua faixa litorânea que tiveram início o povoamento do Brasil e seu aproveitamento econômico. O Sul é a terceira região brasileira em população absoluta. Seu povoamento deveu-se, sobretudo a maci-ça entrada de imigrantes europeus, no final do século passado, que para ali foram atendendo à política imigratória do governo, que desejava povoar a região. Hoje também o fato de ser a segunda região brasileira em produção econômica, atraindo grande número de migrantes internos.

A Região Norte é pouco populosa em função de dois aspectos muito marcantes: sua paisagem natural – onde se destacam uma floresta muito fechada e um clima super úmido – e sua economia, que sempre esteve ligada ao extrativismo. Mais recentemente, com a implantação de projetos hidrelétricos, minerais e industriais, sua população cresceu rapidamente, passando do quinto para o quarto lugar. O Centro-Oeste é a região menos populosa do país, tendo em vista sua atividade básica – a pecuária extensiva – não exigir muita mão de obra. Além disso, houve a introdução da lavoura comercial intensamente mecanizada, que também não gera muito emprego, não atraindo migrantes para a região e não oferecendo grandes perspectiva para quem nasce lá, que, por isso, acaba emi-grando.

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Didatismo e Conhecimento 92

GEOGRAFIAA População Relativa por Regiões

A população relativa brasileira, em função da grande extensão territorial, é relativamente baixa. Além de ter uma baixa densidade demográfica, o Brasil apresenta uma distribuição irregular dos ha-bitantes pelo território. A região Sudeste é a de maior densidade de-mográfica, devido, como já vimos, ao seu maior desenvolvimento econômico. A industrialização atraiu para a região grande número de imigrantes, vindos de todas as partes do país, tornando-a a mais populosa e mais povoada região brasileira. A região sul é a segun-da em densidade demográfica, em função de dois fatores: é como o Sudeste, uma região bastante rica (o que concentra população), e é formada apenas por três estados, fato que por si só já contribui para elevar a densidade regional. O Nordeste, muito populoso, é a segunda região em população absoluta. Entretanto, sua densidade demográfica é bem menor que a do Sudeste e do Sul, devido à sua grande área e ao fato de ser área de saída de população, tendo em vista seus graves problemas sociais e econômicos.

O Centro-Oeste é a quarta região brasileira em densidade demográfica, em função de sua extensa área e de sua economia baseada na agropecuária desenvolvida com pouca mão-de-obra. A região mais vazia do país é o Norte. Sua baixa densidade de-mográfica retrata a pequena participação da região na economia brasileira e sua grande área territorial (45,25% do território nacio-nal). As áreas de densidade demográfica mais elevada – o Sudeste, o Sul e a porção oriental do Nordeste – historicamente foram as primeiras a serem povoadas e são as que concentram a produção econômica do país.

As Formas de Crescimento Populacional

Existem duas maneiras de a população de um país crescer nu-mericamente: o movimento vertical e o movimento horizontal. O movimento vertical é fundamentado na diferença entre a quantida-de de crianças que nascem anualmente e a quantidade de pessoas que morrem, nesse mesmo ano, indicada através de valores por-centuais (%), ou em milhagem (‰). A diferença entre as duas taxas será, então, a taxa de crescimento da população. A esse resultado denominamos crescimento natural ou crescimento vegetativo. Já o movimento horizontal corresponde às migrações (deslocamento das pessoas de uma área para outra, onde fixam residência). Esse processo afeta diretamente o número de habitantes das duas áreas, a de origem e a de destino.

Taxa de fecundidade: O número médio de filhos tidos nas-cidos vivos por mulher ao final de seu período fértil, no Brasil, foi de 1,86 filho em 2010, bem inferior ao do Censo 2000, 2,38 filhos. Essa diminuição dos níveis de fecundidade ocorreu em todas as grandes regiões brasileiras. Os maiores declínios foram observa-dos nas regiões Nordeste e Norte, que possuíam os mais altos ní-veis de fecundidade em 2000. Entre as unidades da federação, a mais baixa taxa de fecundidade pertence ao Rio de Janeiro (1,62 filho por mulher), seguido por São Paulo (1,63) e Distrito Federal (1,69). A mais alta foi a do Acre (2,77 filhos por mulher).

O padrão de fecundidade das mulheres brasileiras também so-freu alterações entre 2000 e 2010. A tendência observada até então era de rejuvenescimento, isto é, uma maior concentração dos ní-veis de fecundidade nas idades mais jovens. Em 2010, ocorre uma mudança, e os grupos de 15 a 19 anos e de 20 a 24 anos de idade, que concentravam 18,8% e 29,3% da fecundidade total em 2000, respectivamente, passaram a concentrar 17,7% e 27,0% em 2010. Para os grupos de idade acima de 30 anos, observa-se um aumento de participação, de 27,6% em 2000 para 31,3% em 2010.

Taxa de mortalidade: o Brasil apresenta uma elevada taxa de mortalidade, também comum em países subdesenvolvidos, enqua-drando-se entre as nações mais vitimadas por moléstias infecciosas e parasitárias, praticamente inexistentes no mundo desenvolvido. Desde 1940, a taxa de mortalidade brasileira também vem cain-do, como reflexo de uma progressiva popularização de medidas de higiene, principalmente após a Segunda Guerra Mundial; da am-pliação das condições de atendimento médico e abertura de postos de saúde em áreas mais distantes; das campanhas de vacinação; e do aumento quantitativo da assistência médica e do atendimento hospitalar.

Taxa de mortalidade infantil: De 2000 para 2010, a taxa de mortalidade infantil caiu de 29,7‰ para 15,6‰, o que representou decréscimo de 47,6% na última década. Com queda de 58,6%, o Nordeste liderou o declínio das taxas de mortalidade infantil no país, passando de 44,7 para 18,5 óbitos de crianças menores de um ano por mil nascidas vivas, apesar de ainda ser a região com o maior indicador. O Sul manteve os menores indicadores em 2000 (18,9‰) e 2010 (12,6‰).

Na última década, a diminuição das desigualdades sociais e regionais contribuiu para a formação do quadro atual de baixa na mortalidade infantil e de maior convergência entre as regiões. To-davia, ainda há um longo caminho a percorrer para que o Brasil se aproxime dos níveis das regiões mais desenvolvidas do mundo, em torno de cinco óbitos de crianças menores de um ano para cada mil nascidas vidas.

Crescimento vegetativo: a população de uma localidade qualquer aumenta em função das migrações e do crescimento ve-getativo. No caso brasileiro, é pequena a contribuição das migra-ções para o aumento populacional. Assim, como esse aumento é alto, conclui-se que o Brasil apresenta alto crescimento vegetati-vo, a despeito das altas taxas de mortalidade, sobretudo infantil. A estimativa da Fundação IBGE para 2010 é de uma taxa bruta de natalidade de 18,67‰ — ou seja, 18,67 nascidos para cada grupo de mil pessoas ao ano, e uma taxa bruta de mortalidade de 6,25‰ — ou seja 6,25 mortes por mil nascidos ao ano. Esses revelam um crescimento vegetativo anual de 12,68.

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Didatismo e Conhecimento 93

GEOGRAFIAExpectativa de vida: no Brasil, a expectativa de vida está

em torno de 76 anos para os homens e 78 para as mulheres. Dessa forma, esse país se distância das nações paupérrimas, em que essa expectativa não alcança 50 anos (Mauritânia, Guiné, Níger e ou-tras), mas ainda não alcança o patamar das nações desenvolvidas, onde a expectativa de vida ultrapassa os 75 anos (Noruega, Suécia e outras). A expectativa de vida varia na razão inversa da taxa de mortalidade, ou seja, são índices inversamente proporcionais. As-sim no Brasil, paralelamente ao decréscimo da mortalidade, ocorre uma elevação da expectativa de vida.

Taxa de natalidade: As taxas de natalidade do Brasil, enqua-dradas entre as mais elevadas do mundo, vêm decrescendo niti-damente nos últimos anos. A análise desse declínio nas taxas de natalidade do país deve ser paralela à análise do processo de urba-nização da população brasileira, particularmente a partir de 1940. Direta ou indiretamente, as variações no número de nascimentos estão relacionadas às implicações socioeconômicas decorrentes do processo de urbanização do país. Entre inúmeros outros, costu-mam-se destacar como fatores inibidores da natalidade, principal-mente após 1970, os seguintes:

- no meio urbano, a idade média para o casamento é maior que no meio rural, diminuindo, assim, o período social de fertilidade e, consequentemente, a média de filhos por família;

- nas áreas urbanas, o custo da criação dos filhos é muito ele-vado, pois as exigências são maiores (educação, vestuário, trans-porte, etc.);

- a integração da mulher no campo de trabalho promoveu uma queda na natalidade, devido às restrições à gravidez no trabalho e à falta de creches. Essa é também uma das razões que explicam o elevado número de abortos realizados anualmente no país;

- como consequência da urbanização, houve maior acesso a métodos anticoncepcionais, especialmente na última década.

Estrutura Etária da População Brasileira

Em função das transformações ocorridas nos últimos anos, es-pecialmente no que se refere à natalidade (o número de crianças na faixa de 1 a 4 anos alcançou um total inferior ao das crianças de 5 a 9), a pirâmide etária do Brasil começou a assumir uma nova forma. A ainda significativa juventude da população brasileira, quase me-tade do total da população, se por um lado poderia ser considerada uma vantagem para o país, do ponto de vista da potencialidade da força de trabalho, por outro gera uma série de problemas sociais e econômicos, como:

- necessidade de grandes investimentos em setores como edu-cação e saúde, e na ampliação do mercado de trabalho;

- excessiva oferta de mão de obra, uma vez que as vagas no mercado de trabalho não acompanham o seu crescimento, o que determina a proliferação dos baixos salários, do subemprego e do desemprego;

- alto percentual de inativos ou dependentes, uma vez que aproximadamente 1/3 da população brasileira tem menos de 14 anos de idade.

O modelo de desenvolvimento da sociedade brasileira não op-tou pelo preparo educacional ou profissional dessa juventude, nem pela valorização de seus recursos, e o que se vislumbra para o país, num futuro próximo, é o agravamento dos problemas sociais já considerados insuportáveis hoje. Os dados do Censo 2010, divul-gados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística),

indicam que, no máximo 40 anos, a pirâmide etária brasileira será semelhante à da França atual. O país terá taxa de natalidade mais baixa e, com isso, média de idade maior. Há 50 anos, o país tinha o mesmo perfil etário do continente africano hoje: muitos jovens e crianças. Desde então, a população do país cresce em ritmo cada vez mais lento.

De acordo com o IBGE, a expansão demográfica média anual foi de apenas 1,17% nos últimos dez anos, ante 1,64% na década anterior. Nos anos 60, era de 2,89%. A população do país deve con-tinuar a crescer por mais duas gerações até os anos 2030. Depois, deve estacionar ou até diminuir. O país deve começar a se preparar para as transformações que já acontecem em países como a França. Temos a oportunidade de antecipar discussões como a da reforma da Previdência. Com um número de pessoas em idade ativa me-nor do que o de idosos, a solvência do sistema ficará ameaçada. Porém, até atingir esse estágio, o país será beneficiado pelo cha-mado “bônus demográfico”, caracterizado pela maior presença de adultos na sociedade. O predomínio da população produtiva vai dar condições de minimizar o impacto do envelhecimento nas con-tas públicas. A redução do número de crianças deve permitir ao país melhorar acesso e qualidade da educação sem aumentar muito os investimentos. Haverá também transformações no mercado de produtos e serviços. Com mais adultos e idosos, são esperadas mu-danças nos serviços de saúde, na construção civil e até em lazer. O país vai ter cada vez mais idosos levando vida ativa. A economia vai ter que se adaptar às novas necessidades de consumo dessa população.

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Didatismo e Conhecimento 94

GEOGRAFIA

Estrutura por Atividade

O estudo da distribuição da população por atividades econômicas e profissionais se realiza a partir da análise da chamada População Economicamen-te Ativa (PEA) e da População Não-Economicamente Ativa (PNEA), também conhecida como População Economicamente Inativa (PEI). De forma geral, considera-se como População Economicamente Ativa, ou PEA, a parcela da população absoluta que, tendo mais de 10 anos (no caso do Brasil, mais de 16 anos), está voltada pra o mercado de trabalho, tanto a que está efetivamente empregada, quanto a que está procurando emprego. A População Economicamente Inativa, ou PEI, é portanto, a parcela da população que não está envolvida com o mercado de tra-balho, ou seja, é a que não está trabalhando, nem está à procura de emprego. Nesse caso, incluem-se as crianças com menos de 10 anos de idade (menos de 16 no Brasil), os idosos e aposentados, os inválidos e as donas de casa, pois o trabalho doméstico, quando não é realizado por empregados, não é considerado atividade econômica. A População Economicamente Ativa costuma ser agrupada em três setores de atividades econômicas.

Setores AtividadesPrimário Relacionadas com o campo, com a agropecuária e o extrativismo.

Secundário Relacionadas diretamente com a produção industrial, a construção civil e a mineração.

Terciário Relacionadas com a prestação de serviços (educação, saúde, lazer, serviços bancários etc.) e o comércio.

A distribuição da População Economicamente Ativa pelos setores de atividade apresenta grandes diferenças entre países com distintos níveis de desenvolvimento. Países desenvolvidos, como a Alemanha, em geral têm sua População Economicamente Ativa concentrada no setor terciário, como produto de seu progresso econômico e social, e uma parcela muito pequena no setor primário, altamente, mecanizado. Já em países subdesenvolvidos, como a Indonésia, o setor primário emprega a maioria dos trabalhadores, resultado do elevado grau de atraso econômico e tecnológico. Há ainda países em estágio intermediário, como a Polônia, que embora apresente predomínio da População Eco-nomicamente Ativa no setor terciário, ainda tem um setor primário significativo, pois não dispõe de alta mecanização agrícola.

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Didatismo e Conhecimento 95

GEOGRAFIAPopulação Economicamente Ativa Brasileira

Os Indicadores Sociais no Brasil

Analisando-se os dados coletados e divulgados pelo IBGE, é possível afirmar-se que houve uma melhora nas condições sociais de grande parcela da população brasileira. Entre os principais indicado-res dessa melhora, destacam-se o índice de distribuição de renda, o nível de escolaridade e o número de domicílios que dispõem de bens e serviços básicos.

- Distribuição de renda: A desigualdade no Brasil atingiu o menor nível da história, segundo o estudo Desigualdade e Renda na Década. O Índice de Gini chegou a 0,5304 em 2010, superan-do o patamar da década de 60 (quanto mais o índice se aproxima de, mais desigual é o país). O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) identificou que 16.267.197 de pessoas vivem com renda per capita mensal de até R$ 70 no Brasil. Em 2010, a pobreza no País caiu 16% e atingiu a marca de 67,3% desde a implantação do Plano Real: 31,9% no governo Fernando Henrique e 50,6% durante o governo Lula, superando o período de imple-mentação do plano.

- Nível de alfabetização: a situação educacional da maioria da população do país ainda é extremamente grave e vergonhosa; no entanto, houve também aí uma ligeira melhora. O porcentual de habitantes sem instrução ou com menos de 1 ano de instrução – os analfabetos diminuiu, enquanto o porcentual de habitantes com 11 anos ou mais de instrução passou de 14,4% para 15,4%, nesse últimos anos.

- Domicílios com bens e serviços básicos: os dados mostram que nesse item também se verificou uma melhora. Dentre os servi-ços existentes, a iluminação elétrica está presente em quase todos os domicílios brasileiros (97,8%) e a coleta de lixo em 87,4% das moradias. Já o serviço de abastecimento de água alcança 82,7% dos domicílios e o esgotamento sanitário 67,2%.

Estrutura Étnica da População Brasileira

Um dos traços mais característicos da estrutura étnica da po-pulação brasileira é a enorme variedade de tipos, resultante de uma intensa mistura de raças. Esse processo vem ocorrendo desde o início da nossa história, portanto há quase 5 séculos. Três grupos étnicos básicos deram origem à população brasileira: o branco, o negro e o índio. O contato entre esses grupos começou a ocorrer nos primeiros anos da colonização, quando os brancos (portugue-ses) aqui se instalaram, aproximaram-se dos indígenas (nativos) e trouxeram os escravos negros (africanos). A miscigenação ocorreu

de forma relativamente rápida já nesse período, dando origem, en-tão, aos inúmeros tipos de mestiços que atualmente compõem a população brasileira.

Esses dados, entretanto, são muito discutíveis, porque não le-vam em conta as origens étnicas dos indivíduos, mas apenas a cor de sua pele. Assim devem ser analisados com cautela, pois a dis-criminação racial que atinge alguns grupos étnicos faz com que as respostas dos entrevistados sejam, muitas vezes, diferentes da rea-lidade. É comum que um entrevistado negro ou índio responda ser mestiço, assim como indivíduos mestiços respondam ser branco. Um fato, no entanto, é inquestionável: a população brasileira tor-na-se cada vez mais miscigenada, diminuindo as diferenças mais visíveis entre os três grupos étnicos originais.

O Índio: Nunca se fizeram levantamentos precisos sobre o número de indígenas no Brasil, até porque muitos grupos nativos mantiveram-se distantes do contato com a civilização. Entretan-to, estima-se que houvesse, no século XVI, um número entre 4 e 5 milhões de índios que, ao longo dos quatro séculos de aproxi-mação com o branco, viram-se reduzidos a aproximadamente 320 mil indivíduos. Devido a processos contínuos de extinção – lutas, doenças, fome – e aculturação, pela qual os indígenas perdem suas origens culturais e lingüísticas, assimilando as do homem branco, esse número tende a diminuir ainda mais, segundo seu grau de contato com o homem civilizado, os indígenas podem ser clas-sificados em: isolados (sem nenhuma aproximação e tornando-se cada vez mais raros); de contato intermitente (embora já tendo se aproximado dos brancos, conservam ainda certa autonomia cultu-ral); de contato permanente; integrados (alfabetizados, inseridos no mercado de trabalho, com acesso aos produtos do mercado de consumo etc.).

Historicamente, o que se observou não foi a tendência à in-tegração, mas sim à extinção do índio pois, além das doenças tra-zidas pelo contato com os brancos (gripe, sarampo, malária etc.), contribuíram para a extinção de vários grupos indígenas os con-flitos pela posse de terra. Com a expansão das fronteiras agrícolas e a recente descoberta de minérios em áreas das regiões Norte e Centro-Oeste, tornou-se comum a invasão das reservas indígenas por grupos de posseiros e garimpeiros, tornando os conflitos ainda mais freqüentes e graves. Até mesmo o governo viola os limites dessas reservas ao construir rodovias e hidrelétricas em seus li-mites. A fundação Nacional do Índio (FUNAI) tem como função aplicar a legislação contida no Estatuto do Índio, que fala em ga-rantir seus costumes e propiciar-lhes uma educação que vise a sua integração. Para muitos, entretanto, manutenção de costumes e integração são conceitos antagônicos, pois integrar significa des-truir língua, hábitos e crenças. Veja como a Constituição de 1988 aborda a questão do índio:

Capítulo VIII – Dos índios

Art. 231 – São reconhecidos aos índios sua organização so-cial, costumes, línguas, crenças e tradições, e os direitos originá-rios sobre as terras que tradicionalmente ocupam, competindo à União demarcá-las, proteger e respeitar todos os seus bens.

§ 1º - São terras tradicionalmente ocupadas pelos índios, e por eles habitadas em caráter permanente, as utilizadas para suas atividades produtivas, as imprescindíveis à preservação dos recursos ambientais necessários ao seu bem-estar e as necessárias à sua reprodução física e cultural, segundo seus usos, costumes e tradições.

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Didatismo e Conhecimento 96

GEOGRAFIA§ 2º - As terras tradicionalmente ocupadas pelos índios des-

tinam-se à sua posse permanente, cabendo-lhes o usufruto exclu-sivo das riquezas do solo, dos rios e dos lagos nelas existentes.

O Negro: Apesar de já ser predominante no Brasil, a po-pulação negra ainda sofre com a desigualdade racial.

Em comparação com o Censo realizado em 2000, o per-centual de pardos cresceu de 38,5% para 43,1% (82 milhões de pessoas) em 2010. A proporção de negros também subiu de 6,2% para 7,6% (15 milhões) no mesmo período. Esse resulta-do também aponta que a população que se autodeclara branca caiu de 53,7% para 47,7% (91 milhões de brasileiros).

Essa mudança de cenário faz parte de uma mudança cul-tural que vem sendo observada desde o Censo de 1991. O Bra-sil ainda é racista e discriminatório. Não é que da noite para o dia o País tenha deixado de ser racista, mas existem políticas. As demandas (da população negra), a questão da exclusão, tudo isso tem feito parte da agenda política.

O Branco: Pela primeira vez na História do Censo, a po-pulação do Brasil deixa de ser predominantemente branca. Pelos dados de 2010, as pessoas que se declararam brancas são 47,73% da população, enquanto em 2000 eram 53,74%. Nos outros Censos, até agora, os brancos sempre tinham sido mais que 50%. Em 2010, do total de 190.749.191 brasileiros, 91.051.646 se declararam brancos – o que faz com que, apesar de continuar sendo o grupo com maior número de pessoas em termos absolutos, a população branca tenha percentual menor do que a soma de pretos, pardos, amarelos e indígenas.

A migração interna: A migração interna corresponde aos mo-vimentos populacionais que ocorrem dentro do país sem alterar sua po-pulação total, embora provoquem significativas mudanças econômicas e sociais nas áreas onde acontecem.

Migração inter-regional: Devido a alterações históricas na estrutura socioeconômica das várias regiões brasileiras, verifica-mos que, em certos períodos, algumas áreas atraem populações, enquanto outras as repelem. Podemos identificas, assim, diversas movimentações inter-regionais relacionadas a fatos históricos. Além dessas movimentações, há inúmeras outras em toda a his-tória do Brasil, surgindo sempre novos fenômenos desse tipo. É o caso, por exemplo, das atuais frentes pioneiras que avançam em direção ao Brasil Central e Amazônia. As migrações internas, além de refletirem no seu deslocamento as mudanças econômicas que estão se realizando nas várias regiões, são de extrema importância no processo de ocupação territorial do país.

Outros Fluxos Migratórios

Dentro do país, há outros fluxos populacionais que não se caracterizam como migrações internas, pois não são duradouros. Apresentando ritmo, dimensão e objetivos variados, são chamados migrações pendulares. Os principais são:

- deslocamento dos corumbás – é o fluxo de pessoas que dei-xam o agreste ou o Sertão nordestino no período seco, após a co-lheita do algodão, para trabalhar na colheita de cana-de-açúcar na Zona da Mata, regressando depois ao local de origem. Tais fluxos e refluxos de população são ritmados pela alternância de períodos chuvosos e secos;

- deslocamento de boias-frias – corresponde aos movimentos de pessoas que, morando nas cidades, dirigem-se diariamente às fazendas para trabalhos agrícolas, conforme as necessidades dos fazendeiros. Trata-se de um movimento urbano-rural.

- deslocamento dos habitantes de cidades-dormitórios – são movimentos pendulares, diários e constantes, que se realizam em massa, dos núcleos residências periféricos, como bairros e cidades satélites, em direção aos centros industriais. Verificam-se nas zo-nas metropolitanas de grande densidade demográfica, como São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, etc.;

- deslocamento de fins de semana e férias – realizam-se com objetivos de lazer e descanso, sendo típicos de áreas de economia industrial. Periódicos e sazonais, tais movimentos estão ligados, em geral, à população que desfruta de um padrão de vida mais elevado.

A População Brasileira é Eminentemente Urbana

O Brasil chegou ao final do século XX como um país urbano. Este é o resultado de um processo iniciado na década de 50 na região Sudeste. A partir de então, este contraste se acentuou e se generalizou pelas cinco grandes regiões do país. Segundo o último Censo realizado, a população é mais urbanizada que há 10 anos: em 2000, 81% dos brasileiros viviam em áreas urbanas, agora são 84%.

Em 2010, apenas 15,65% da população (29.852.986 pes-soas) viviam em situação rural, contra 84,35% em situação urbana (160.879.708 pessoas). Em 2000, da população brasileira 81,25% (137.953.959 pessoas) viviam em situação urbana e 18,75% (31.845.211 pessoas) em situação rural. Para se comparar, inter-nacionalmente, o grau de urbanização no mundo há poucos anos ultrapassou 50%. Na União Europeia, há desde países com 61%, como Portugal, até outros como a França, com 85% da sua popula-ção morando em região urbana. No BRIC, o Brasil é o que possui maior grau de urbanização, pois a Rússia tem 73%, a China, 47% e a Índia, apenas 30%. Os EUA possui grau de urbanização pouco menor do que o do Brasil: 82%. Todos esses são de acordo com o The World FactBook da CIA para o ano de 2010.

A região Sudeste segue sendo a região mais populosa do Bra-sil, com 80.353.724 pessoas. Entre 2000 e 2010, perderam parti-cipação das regiões Sudeste (de 42,8% para 42,1%), Nordeste (de 28,2% para 27,8%) e Sul (de 14,8% para 14,4%). Por outro lado, aumentaram seus percentuais de população brasileira as regiões Norte (de 7,6% para 8,3%) e Centro-Oeste (de 6,9% para 7,4%).

Entre as unidades da federação, São Paulo lidera com 41.252.160 pessoas. Por outro lado, Roraima é o estado menos populoso, com 451.227 pessoas. Houve mudanças no ranking dos maiores municípios do país, com Brasília (de 6º para 4º) e Manaus (de 9º para 7º) ganhando posições. Por outro lado, Belo Horizonte (de 4º para 6º), Curitiba (de 7º para 8º) e Recife (8º para 9º) per-deram posições.

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GEOGRAFIAComo a população brasileira é predominantemente urbana -

84,4% é esperado que a estrutura nacional por sexo e idade na-cional seja próxima da observada na área urbana. As diferenças entre as estruturas etárias das áreas urbana e rural se devem prin-cipalmente aos fatores da dinâmica demográfica dessas duas po-pulações. Desse modo, têm-se as áreas urbanas com níveis de fe-cundidade e de mortalidade mais baixos do que os das áreas rurais e os movimentos migratórios que, na grande maioria das vezes, caracterizam a área urbana como de forte atração populacional e a rural como expulsora. Segundo os resultados do Censo Demo-gráfico 2000, das 5 196 093 pessoas que efetuaram movimentos migratórios de “data fixa”, 75,1% eram de áreas urbanas com des-tino urbano, 12,4% eram de áreas rurais com destino urbano; 7,7% de áreas urbanas com destino rural; e apenas 4,8% de áreas rurais com destino rural.

A base mais estreita da pirâmide etária da área urbana é fruto de uma menor fecundidade. A proporção de população menor de 5 anos de idade, nesta área, foi de 7,0%, enquanto na área rural, de 8,4%. Segundo os resultados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios - PNAD 2009, a taxa de fecundidade total para a área urbana foi de 1,8 filho contra 2,7 filhos na área rural. Valores bastante inferiores aos observados em 1960, 5,0 e 8,4 filhos para as áreas urbana e rural, respectivamente. O maior estreitamento da base da pirâmide etária da área urbana pode ser constatado através da razão crianças-mulheres: 27,5 crianças menores de 5 anos de idade para cada grupo de 100 mulheres de 15 a 44 anos de idade, enquanto na área rural este valor foi de 38,9, o que representa um acréscimo de 41,4%.

É nítido também um maior contingente de população masculi-na na área rural. Neste caso, tem-se 111,1 homens para cada grupo de 100 mulheres, sendo que na área urbana a razão de sexofoi de 93,4 homens para cada grupo de 100 mulheres. Esta maior parti-cipação da população masculina na área rural pode ser explicada pela seletividade da variável sexo nas correntes emigratórias de áreas rurais com destino urbano e pela natureza específica de de-terminadas atividades na agropecuária e na extração.

Apesar de nascerem mais crianças do sexo masculino do que do feminino, na população como um todo, tem-se mais mulheres que homens, em virtude dos diferenciais de mortalidade existen-tes entre os sexos. A mortalidade masculina é superior à feminina ao longo de toda a vida. Na ausência de erros de contagem e de declaração da idade, o comportamento das razões de sexo se apro-ximaria das obtidas para a área urbana. Contudo, para área rural, a

maior participação feminina só ocorrerá nas idades finais.Nas duas últimas décadas, a composição da população resi-

dente por sexo e grupos de idade sofreu mudanças importantes, como o estreitamento da base da pirâmide, o aumento da partici-pação relativa da população a partir do grupo de 25 a 29 anos de idade e o visível alargamento do topo da pirâmide etária, indicando o aumento da longevidade.

MIGRAÇÕES BRASILEIRAS

Migração ou movimento migratório é o deslocamento da po-pulação de um lugar para outro. Os deslocamentos populacionais podem ser definitivos ou temporários.

Diversos motivos levam as pessoas a migrar: guerras, condi-ções econômicas desfavoráveis, adversidades naturais como cli-mas extremamente frios ou quentes, atividades vulcânica intensa, entre outros.

Os movimentos migratórios podem ser externos ou internos.

Migrações externas

A migração externa, também denominada migração interna-cional, ocorre quando a população se desloca entre países. Há dois tipos de migração externa:

Emigração: refere-se ao movimento de saída das pessoas de seu país de origem. Essas pessoas são emigrantes no seu país de origem.

Os emigrantes brasileiros dirigiram-se predominantemente para os Estados Unidos, Japão e países da Europa.

Imigração: corresponde ao movimento de entrada das pessoas estrangeiras em um país. Elas são imigrantes nesse país.

A maior onda imigratória no Brasil se deu entre as décadas de 1850 e 1930 e era formada por alemães, espanhóis, sírios, libane-ses, poloneses, ucranianos, japoneses e, principalmente, italianos.

Migrações internas

A migração interna ocorre quando a população se desloca no interior de um país.

O êxodo rural corresponde à migração campo-cidade, isto é, à saída da população do meio rural com destino ao meio urbano. Esse é o movimento interno mais importante e é o responsável pela grande leva de migrantes que se dirigiram, e ainda se dirigem, às grandes cidades.

Existem outros dois tipos de migração interna:Transumância é o deslocamento populacional que ocorre em

certos períodos do ano.Migração pendular é o movimento diário de vaivém da popu-

lação que desloca da periferia para o centro e vice-versa.

Migrações no Brasil

A taxa de crescimento populacional é composta pelo cresci-mento vegetativo e pela entrada de imigrantes. O Brasil, desde o início de sua colonização, recebeu grandes contingentes popula-cionais. No Período Colonial, esse contingente foi quase exclusi-vamente de portugueses e de negros. A partir da última década do século XIX, vieram europeus de várias nacionalidades (principal-mente italianos, alemães e espanhóis) para substituir a mão de obra escrava nas fazendas de café. Calcula-se que, desde aquela época até hoje, entraram no Brasil cerca de 4,5 milhões de imigrantes.

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GEOGRAFIAPodemos observar muitos movimentos migratórios no Brasil,

muitos deles vinculados a ciclos econômicos. Podemos citar:- Séculos XVI e XVII – deslocamento de pessoas do litoral

para o interior do Nordeste acompanhando a expansão da pecuária (através do Vale do São Francisco);

- Século XVIII – deslocamento de paulistas e nordestinos para Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso atraídos pela descoberta de ouro e pedras preciosas;

- 1870-1910 – deslocamento de nordestinos para a Amazônia (especialmente para o Acre, durante o ciclo da borracha;

- final do século XIX-início do século XX – nordestinos para São Paulo, atraídos pela cafeicultura;

- década de 1940 – nordestinos para oeste paulista e norte do Paraná, atraídos pela expansão da cultura do algodão;

- década de 1950 – nordestinos para Goiás, atraídos pela oferta de empregos na construção civil durante a construção de Brasília;

- décadas de 1960/70 – nordestinos para a Amazônia, devi-do aos projetos descolonização agrícola e de mineração, além da abertura de rodovias como a Transamazônica.

O Nordeste é uma área de expulsão; o Sudeste, em particu-lar as áreas metropolitanas de São Paulo e do Rio de Janeiro, de atração. Essa migração regional também ocorre do campo para a cidade. Os camponeses vêm sendo expulsos de sua terra em de-corrência da estrutura fundiária do País, da violência no campo, da mecanização da agricultura e de fenômenos meteorológicos, como os longos períodos de seca.

O gráfico abaixo mostra bem esse dado.

Nas décadas de 1960 e 1970, como já foi citado anteriormente houve mudanças na direção dos fluxos migratórios para as regiões Norte e Centro-Oeste, incentivados pela política oficial de coloni-zação. Para essas regiões, dirigiram-se não apenas os nordestinos, mas também os sulistas (em decorrência da estrutura fundiária no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina), grandes contingentes po-pulacionais sem acesso a terra.

Com a participação de empresas transnacionais, incentivos fiscais e investimentos do governo federal, nas décadas de 1970 e 1980, foram implantados no Norte do país grandes projetos de mineração, que atraíram muitos garimpeiros para a região.

Algumas das consequências desses projetos foram os proble-mas socioambientais dessa ocupação. O desmatamento, realizado na maior parte das vezes por madeireiros, de maneira ilegal, empo-breceu os solos da região, tornando-os muitas vezes inadequados para a agricultura e impedindo a população nativa de obter seu sus-tento com o extrativismo. Grande parte das estradas acabou sendo “engolida” pela floresta – como ocorreu com a Transamazônica, que é transitável apenas em um pequeno trecho, na época de seca.

A violência na região também é um problema. Muitos migran-tes instalaram-se como posseiros ou grileiros, causando diversos conflitos com as populações nativas e indígenas e, ainda, com os defensores desses povos, como padres e missionários.

As migrações internas, muito intensas no país, sofreram mu-danças nas ultimas décadas. Segundo o IBGE, há em São Paulo as entradas de migrantes diminuíram em 12%, enquanto as saí-das aumentaram em 36%, fazendo com que o saldo migratório de 744.798 migrantes, registrado em 1991, declinasse para 339,926, em 2000. Já os Estados de Minas Gerais e Rio de Janeiro passa-ram de repulsores para receptores de população, ou seja, ocorreu aumento das entradas e diminuição das saídas.

Na década de 1990, com a reativação de alguns setores da eco-nomia nordestina, como o crescimento do turismo e a instalação de diversas empresas, estabeleceu-se um fluxo de retorno de po-pulação para o Nordeste. Entre 1995 e 2000, 48,3% das saídas do Sudeste foram em direção ao Nordeste. Entretanto, os estados que contam com maior saldo migratório negativo (maior quantidade de emigrantes) ainda se concentram no Nordeste: Paraíba, Ceará, Piauí, Pernambuco e Bahia.

A década de 1990 inaugurou outra etapa na historia das mi-grações internas: elas se tornaram menos volumosas e mais loca-lizadas. Além disso, outros fluxos se estabeleceram em direção ao Norte e ao Centro-Oeste.

O estado de Goiás destaca-se no Centro-Oeste por constituir o destino de um grande numero de imigrantes brasileiros, devido à atração exercidas por Brasília.

Regiões dinâmicas de alargamento da fronteira agropecuária do Centro-Oeste, como o Mato Grosso e do Norte como Rondônia e Pará, vêm atraindo migrantes do Nordeste. A expansão da pro-

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GEOGRAFIAdução agrícola tem gerado o aumento de emprego e da renda. A demanda por bens e serviços (escola, comercio e lazer) multiplica as atividades urbanas e o crescimento das cidades nessas regiões.

Entre as décadas de 60 e 2000, o Centro-Oeste e o Norte ti-veram as maiores taxas de crescimento populacional. A população de Rondônia, por exemplo, apresentou um aumento de 12 vezes: em 1960 tinha 69.792 habitantes, e em 1999 contava com 836.023 habitantes.

Migrações inter-regionais.

Em 1999, segundo o IBGE, 15,5 milhões de pessoas residiam fora de suas regiões de nascimento. Entre 1992 e 1999, 15,9% da população do Nordeste e 10% da do Centro-Oeste migraram.

No entanto, tendências mais recentes da mobilidade da po-pulação no Brasil apontam para o crescimento das migrações intrarregionais (de curta distância), Dos fluxos urbano-urbano e intrametropolitanos. Ou seja, muitas pessoas têm migrado de uma cidade para a outra ou no interior das áreas metropolitanas ou ain-da, de um município para outro, no mesmo estado, em busca de trabalho. Cidades com 100mil habitantes têm apresentado maior crescimento populacional e tem sido procuradas pelos migrantes. A queda do nível de vida das grandes cidades metropolitanas (vio-lência, transito, poluição) a saturação do mercado de trabalho e o aumento do subemprego têm contribuído para esses resultado.

Esses polos emergentes de desenvolvimento – por exemplo, os do interior paulista, como Ribeirão Preto e Campinas – apresen-taram um dinamismo regional e condições similares às das metró-poles, contribuindo assim para uma nova redistribuição da espacial da população.

A retração do setor industrial no município de São Paulo, por exemplo, reflete uma tendência internacional de desconcentração industrial, característica dessa época de globalização.

O gráfico abaixo mostra a evolução da vinda do números de imigrantes para o Brasil de 1850 até 1975.

QUESTÕES

1. O relevo terrestre é resultante da atuação de dois conjuntos de forças denominadas agentes do relevo, que compreendem os agentes internos ou criadores do relevo e os agentes externos ou modificadores do relevo. Podemos considerar agentes internos e externos, respectivamente:

a) Tectonismo e intemperismob) Águas correntes e seres vivosc) Vento e vulcanismod) Águas correntes e intemperismoe) Abalos sísmicos e vulcanismo

2. O Rio Grande do Norte apresenta um elevado potencial tu-rístico, principalmente em decorrência das belezas de sua paisa-gem litorânea, destacando-se algumas formas do relevo cuja con-figuração está associada a processos erosivos desencadeados pela ação de diferentes agentes.

Observe a figura.

Considerando os elementos da paisagem litorânea expostos na Figura, pode-se afirmar que esta corresponde a uma:

a) falésia, constituída pela deposição de areia paralelamente à costa, em decorrência da erosão eólica.

b) restinga, formada pela consolidação da areia de antigas praias, em decorrência da erosão marinha.

c) falésia, formada a partir de processos de erosão marinha, que originam paredões escarpados.

d) restinga, constituída a partir de processos de erosão eólica, que formam costas íngremes.

3. Do ponto de vista tectônico, núcleos rochosos mais antigos, em áreas continentais mais interiorizadas, tendem a ser os mais estáveis, ou seja, menos sujeitos a abalos sísmicos e deformações. Em termos geomorfológicos, a maior estabilidade tectônica dessas áreas faz com que elas apresentem uma forte tendência à ocorrên-cia, ao longo do tempo geológico, de um processo de

a) aplainamento das formas de relevo, decorrente do intempe-rismo e da erosão.

b) formação de depressões absolutas, gerada por acomodação de blocos rochosos.

c) formação de canyons, decorrente de intensa erosão eólica. d) produção de desníveis topográficos acentuados, resultante

da contínua sedimentação dos rios. e) geração de relevo serrano, associada a fatores climáticos

ligados à glaciação.

4. “A erosão acelerada não é uma coisa nova, ela acompanha a agricultura desde o seu início, há 4.000 ou 5.000 anos a.C., nos va-les do Eufrates, Tigre e Nilo, onde, presume-se, tenha sido o berço da agricultura.” (CONCIANI, Wilson. Processos erosivos: concei-tos e ações de controle. Cuiabá: Editora Cefet-MT, 2008. p. 11.)

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Didatismo e Conhecimento 100

GEOGRAFIAMesmo que a erosão seja um acontecimento antigo, como ci-

tado acima, o tema é sempre atual, trazendo muitos transtornos para as zonas rural e urbana. Sobre a erosão, suas causas e conse-quências, é correto afirmar que:

a) é caracterizada pela destruição e transformação de rochas pela ação de agentes que modelam a superfície terrestre, através dos fatores endógenos (clima, rios, correntes marítimas, enxurra-das) e de fatores exógenos (animais, homens e vulcanismos).

b) nas encostas, as águas superficiais escorrem e formam as ravinas ou voçorocas com sulcos laterais inclinados, entretanto só provocam efeitos na superfície dos solos e são facilmente contro-ladas pela ação antrópica.

c) é parte do processo de degradação do solo, provocando o acúmulo de metais pesados, lixiviação e diminuição de nutrientes; só ocorre com a intervenção do homem, tornando-se um dos mais sérios problemas ecológicos do planeta.

d) a ação do intemperismo físico e químico e das cheias e inundações compensam o material retirado pela erosão, com for-mações de cordões arenosos e praias nos rios e no litoral.

e) a ação da água como agente de erosão depende da quanti-dade que cai sobre o solo e da maior ou menor capacidade de infil-tração que este solo oferece. A erosão provocada pelo escoamento superficial recebe o nome de erosão laminar ou em lençol.

5. Observe:

No perfil topográfico acima, os “Planaltos e Serras de Les-te-Sudeste” e o “Pantanal Mato-grossense” estão representados, respectivamente, pelos

algarismos:

a) IV e III. d) III e I.

b) II e I. e) IV e I.

c) III e II.

6- Em relação aos tipos de clima no Brasil marque qual cli-ma abrange uma porção maior do território e melhor caracteriza o país:

(A) – Clima Semiárido(B) – Clima Equatorial(C) – Clima Subtropical(D) – Clima Tropical - (E) – Clima Desértico

7- As porções orientais do território brasileiro, em termos de clima, sofrem maior intervenção da massa de ar:

a) Equatorial Continental (Ec) b) Equatorial Atlântica (Ea) c) Tropical Continental (Tc) d) Tropical Atlântica (Ta) e) Polar Atlântica (Pa).

8- As características descritas abaixo fazem referência a um único tipo de clima brasileiro. Analise-as e responda a qual tipo de clima elas estão se referindo.

- Temperaturas médias elevadas ao longo do ano.- Baixa precipitação anual e chuvas mal distribuídas.- Encontro de quatro massas de ar: Equatorial Continental,

Equatorial Atlântico, Tropical Atlântico e Polar Atlântica.- O fenômeno La Niña, em que há um resfriamento da tempe-

ratura média das águas do Oceano Pacífico Equatorial, pode acar-retar um excesso de precipitação.

a) Clima Tropicalb) Clima Semiárido c) Clima Equatoriald) Clima Subtropicale) Clima Tropical Úmido

9- Leia com atenção os itens abaixo sobre massas de ar:I - A mEc atua o ano inteiro no Brasil provocando elevados

índices de chuva.II - A mEc é a principal responsável pela escassez de chuva no

interior do Nordeste.III - A mTa exerce grande influência sobre a área litorânea do

Brasil.IV - A mEa atua principalmente no Sul do Brasil.V - A mPa, fria e úmida, penetra no Brasil em forma de frente,

atingindo principalmente o interior do Nordeste.

De acordo com a leitura, identifique a resposta certa:A) I e IIB) II e IVC) I e III D) II e VE) IV e V

10- Em relação aos tipos climáticos encontrados no Brasil, a afirmação errada é:

A) O clima equatorial apresenta elevados índices pluviométri-cos e temperaturas médias acima de 22 °C.

B) O clima da costa oriental do Nordeste apresenta chuvas mais abundantes nos meses de inverno.

C) O clima tropical com chuvas de verão e invernos secos ocorre em grande parte do território brasileiro.

D) O clima subtropical apresenta pequenas amplitudes térmi-cas e chuvas concentradas no verão.

E) O clima semiárido apresenta baixos índices pluviométricos e grande irregularidade na distribuição das chuvas.·.

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Didatismo e Conhecimento 101

GEOGRAFIA11. Define-se “LAGOS DE VÁRZEA” como sendo aqueles

oriundos da acumulação de aluviões fluviais. Deduz-se que tais formações devem ser encontradas:

a) de modo abundante no país.b) no Rio Grande do Sul (como as Lagoas dos Patos e Mirim).c) na Amazônia.d) no baixo Paraná.e) no alto São Francisco.

12. A bacia hidrográfica brasileira com maior possibilidade de navegação é:

a) Bacia do São Francisco;b) Bacia do Paraná;c) Bacia do Uruguai;d) Bacia Amazônica;e) Bacia do Paraíba do Sul.

13 A expressão “Bacia Hidrográfica” pode ser entendida como:

a) o conjunto das terras drenadas ou percorridas por um rio principal e seus afluentes.

b) a área ocupada pelas águas de um rio principal e seus afluentes no período normal de chuvas.

c) o conjunto de lagoas isoladas que se formam no leito dos rios quando o nível de água da água baixa.

d) o aumento exagerado do volume de água de um rio princi-pal e seus afluentes quando chove acima do normal.

e) o lago formado pelo represamento das águas de um rio prin-cipal e seus afluentes.

14. A rede hidrográfica brasileira apresenta, dentre outras, as seguintes características:

a) grande potencial hidráulico predomínio de rios perenes e predomínio de foz do tipo delta.

b) drenagem exorréica, predomínio de rios de planalto e pre-domínio de foz do tipo estuário.

c) predomínio de rios temporários, drenagem endorréica e grande potencial hidráulico.

d) regime de alimentação pluvial, baixo potencial hidráulico e predomínio de rios de planície.

e) drenagem endorréica, predomínio de rios perenes e regime de alimentação pluvial.

15) Aponte a afirmativa incorreta:a) O regime dos rios brasileiros depende das chuvas de verão.b) Talvegue é a linha de maior profundidade do leito do rio.c) Os rios brasileiros possuem um regime pluvial, excetuan-

do-se o Amazonas que é complexo.d) Todos os rios do Brasil podem ser caracterizados como pe-

renes.e) A foz de um rio pode ser de dois tipos: o estuário, livre de

obstáculos, e o delta, com ilhas de luvião separadas por uma rede de canais.

16. Analise as seguintes afirmações que tratam do processo de industrialização no Brasil.

I. No governo de Getúlio Vargas, foram criadas as condições de infraestrutura necessárias para a industrialização brasileira.

II. O governo de Juscelino Kubitschek priorizou a construção de rodovias e obras para geração de energia.

III. A década de 1990 foi marcada pela globalização da econo-mia e pela consolidação do Brasil como grande produtor e expor-tador de tecnologia.

Está correto o que se afirma em

a) III apenas.b) I e II apenas.c) II apenas.d) I e III apenas.

17. Sobre a indústria brasileira, sua concentração e descon-centração espacial, a alternativa correta é:

a) A industrialização brasileira foi tardia, ao longo do século XIX, concentrando-se na região Sudeste do Brasil, reproduzindo as desigualdades regionais sociais e econômicas.

b) No governo de Getúlio Vargas, no período do Estado Novo, a preocupação estatal foi com a indústria de base, com enfoque na produção de energia e setor de transportes; já no governo de Jus-celino Kubitschek, o setor automobilístico teve a atenção maior.

c) A industrialização como substituição de importações, com capital estatal abundante e mão-de-obra barata, acontece no Brasil através da indústria de bens de consumo duráveis e com destaque para o setor têxtil e produção de alimentos.

d) A partir de 1950, como parte do planejamento estatal do governo federal, inicia-se a desconcentração industrial, acentuada depois de 1990, pela crescente abertura econômica e desenvolvi-mento técnico- científico.

e) Com a desconcentração industrial, o Sudeste brasileiro, principalmente São Paulo, passou por grandes mudanças espaciais e sociais, deixando de ser a área de maior concentração industrial, posto ocupado hoje pelo Nordeste brasileiro.

18. O processo de industrialização ocorrido no Brasil a partir de 1930 trouxe grandes transformações na organização do terri-tório nacional, pois constituiu uma economia cujo crescimento depende principalmente do dinamismo do mercado interno. Com base no enunciado e nos conhecimentos de geografia do Brasil, assinale a afirmativa correta.

a) A alta concentração industrial nas regiões metropolitanas e cidades médias próximas dessas áreas cria uma estrutura produtiva pouco integrada.

b) Como o mercado consumidor de bens industriais se con-centra nas cidades localizadas até 150 km do litoral, a interioriza-ção do desenvolvimento econômico continua a depender da agro-pecuária.

c) A industrialização forjou uma rede urbana constituída por duas metrópoles globais, algumas metrópoles nacionais e centros urbanos com áreas de influência regional ou local.

d) A agricultura de exportação vigente até 1930 criou uma economia estruturada em centro e periferia, sendo o primeiro a então capital federal, Rio de Janeiro, e a segunda, as áreas de pro-dução agropecuária.

e) A concentração industrial cada vez mais alta no Sul e Su-deste reduz os níveis de integração econômica do território brasi-leiro, que vai ficando cada vez mais desigual.

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Didatismo e Conhecimento 102

GEOGRAFIA19. Dentre as alternativas abaixo, que dizem respeito à indús-

tria brasileira no Século XXI, uma está incorreta.Assinale-a:

a) O Brasil detentor de um grande mercado interno, de abun-dantes recursos naturais, possui um parque industrial altamente di-versificado e conta com um desenvolvido setor de alta tecnologia.

b) Apesar de ser um país industrializado, apresenta indicado-res sociais de países subdesenvolvidos, dependência tecnológica e necessidade de aporte de investimentos internacionais.

c) No país, foram criados vários polos tecnológicos que con-centram as atividades de pesquisa e desenvolvimento de tecnolo-gias de ponta.

d) As atividades desenvolvidas nos polos tecnológicos inde-pendem de outros setores da economia.

e) Para a criação de polos tecnológicos que deram origem a instituições de ensino e pesquisa nacionais, foi fundamental o apoio governamental, colocando o país na vanguarda da tecnolo-gia de ponta.

20. A atividade industrial e a industrialização brasileira estão desigualmente distribuídas pelas regiões do país. Construídas pre-dominantemente no século XX, elas são componentes da moder-nização urbana que reinventa nossa sociedade e dinâmica espacial. Sobre a indústria e industrialização brasileira, é correto afirmar:

a) A industrialização tem suas raízes fincadas na economia da cana-de-açúcar e do café, que possibilitou a acumulação de capital necessária para a diversificação em investimentos no setor indus-trial, e esse fato permitiu a produção de bens de consumo duráveis, sobretudo automóveis e eletrodomésticos.

b) A indústria nasce dos capitais restantes do declínio da eco-nomia da cana-de-açúcar e do café. Esses capitais impulsionaram uma diversidade de pequenas indústrias de produção de bens de consumo não duráveis, tais como perfumaria, cosméticos, bebidas, cigarros, que apoiadas pelo Estado se difundiram pelo país.

c) A ação do Estado foi fundamental para desencadear o pro-cesso de industrialização brasileira, por exemplo, criando empre-sas estatais, como a antiga Companhia Vale do Rio Doce e a Com-panhia Siderúrgica Nacional, para investir na indústria de base. Sem elas não seria possível a implantação de indústria de bens de consumo duráveis.

d) A industrialização brasileira é fruto da capacidade inovado-ra do Estado e do empresariado nacional. Este último não mediu esforços para construir em todo o território nacional sistemas de transporte, comunicação, energia e portos, necessários à circulação de bens, serviços e pessoas por todas as regiões.

e) A industrialização brasileira se tornou possível a partir de investimentos do capital internacional, que não mediu esforços para construir em todo o território nacional sistemas de transporte, comunicação, energia e portos, necessários à circulação de bens, serviços e pessoas por todas as regiões.

21. A desconcentração industrial verificada no Brasil, na últi-ma década, decorre entre outros fatores, da:

a) a ação do Estado, por meio de políticas de desenvolvimento regional, a exemplo da Zona Franca de Manaus.

b) elevação da escolaridade dos trabalhadores, o que torna o território nacional atraente para novos investimentos indústrias.

c) presença de sindicatos fortes nos estados das regiões Sul e Sudeste, o que impede novos investimentos nessas regiões.

d) isenção fiscal oferecida por vários estados, o que impede novos investimentos nessas regiões.

e) globalização da economia que, por meio das privatizações, induz o desenvolvimento da atividade industrial em todo o terri-tório.

22. No período compreendido entre os anos de JK e o final do governo Geisel, o Brasil apresentou, entre outras características econômicas:

a) o predomínio da substituição de importações de bens de consumo e a redução das disparidades regionais.

b) grande desenvolvimento industrial dependente de tecnolo-gia e capitais estrangeiros e maior intervenção do Estado na eco-nomia.

c) grande expansão das empresas industriais de capitais nacio-nais, privados e estatais, e declínio da dívida externa.

d) o predomínio da substituição de importações de bens de consumo e menor intervenção do Estado na economia.

e) grande desenvolvimento industrial dependente de tecnolo-gia e capitais estrangeiros e a redução de disparidades regionais.

23. Na escolha de um local para a implantação das indústrias, os fatores mais importantes estão relacionados a matérias-primas, fontes de energia, mão-de-obra, recursos financeiros e acesso ao mercado consumidor dos bens produzidos. A importância de cada fator em relação aos demais pode variar. Depende do tipo de bens a produzir, da escala de produção pretendida, do grau de desenvol-vimento das técnicas utilizadas e da infraestrutura existente.

Da leitura do texto é possível concluir que:

a) as indústrias leves contam com maior número de opções, quanto à escolha do local para sua instalação.

b) as indústrias pesadas dispersam-se mais pelo espaço em função dos fatores disponíveis.

c) em função do destino final da produção, as indústrias leves necessitam de maiores espaços e investimentos.

d) como dependem de infraestrutura, as indústrias pesadas de-vem estar próximas a portos marítimos.

e) as indústrias leves são muito mais sensíveis às condições de infraestrutura, nos setores de transporte e energia.

24. A industrialização dos países do Terceiro mundo, entre os quais o Brasil, tem como características básicas:

a) ser historicamente recente;b) depender, e, grande parte, de capitais estrangeiros;c) dar mais ênfase ao desenvolvimento das indústrias de bens

de consumo;d) importar tecnologias estrangeiras.

Entre as consequências dessas características, destacam-se:

01. Desenvolvimento harmonioso desses países, já que o capi-tal fica disponível para investimentos sociais;

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Didatismo e Conhecimento 103

GEOGRAFIA02. Aumento do desemprego e do subemprego, já que o cres-

cimento demográfico continua alto e as tecnologias importadas são poupadoras da mão-de-obra;

04. Acentuação das desigualdades socioeconômicas, pela li-mitação do mercado de consumo às classes privilegiadas, já que a tecnologia importada encarece os produtos;

08. Aceleração do êxodo rural, fornecendo uma mão-de-obra qualificada às indústrias;

16. Desenvolvimento da tecnologia automobilística nacional.

A soma correta é:a) 6b) 31c) 14d) 7e) 15

25. “No Brasil, novas formas técnicas e organizacionais, como a informatização e a automação nas atividades agropecuá-rias, na indústria e nos serviços, os atuais tipos de contratação e as políticas trabalhistas conduziram, entre outros aspectos, a um aumento do desemprego e da precarização das relações de trabalho”.

(Adaptado de SANTOS, Milton; SILVEIRA, Maria Laura. O Brasil: território e sociedade no início do século XXI. 2. ed. Rio de Janeiro: Record, 2001. p. 220.).

Com base no texto e nos conhecimentos sobre as mudanças no mundo do trabalho no Brasil nas duas últimas décadas, considere as afirmativas a seguir:

I. Ao longo das duas últimas décadas, a precarização das re-lações de trabalho e o desemprego afetaram os trabalhadores das grandes regiões metropolitanas, especialmente em São Paulo, onde as taxas de desemprego atingiram números expressivos.

II. Nos últimos 20 anos, a redução dos postos de trabalho nas atividades agropecuárias e industriais foi integralmente compen-sada pelo aumento de postos de trabalho no setor de serviços nos grandes centros urbanos, evitando o crescimento da economia in-formal no país.

III. Nas duas últimas décadas, o crescimento e a distribuição homogênea dos pólos regionais de informática pelo território na-cional foram responsáveis pela redução dos subempregos, na me-dida em que absorveram os desempregados do mercado formal.

IV. Nos últimos 20 anos, as novas formas de contratação de trabalho, principalmente a chamada terceirização, são um dos indi-cadores da precarização das relações de emprego, que foi acompa-nhada da redução da renda média do trabalhador brasileiro.

Estão corretas apenas as afirmativas:a) I e II.b) I e IV.c) II e III.d) I, III e IV.e) II, III e IV.

26) Dono de belezas naturais exuberantes o Rio de Janeiro tem na floresta da Tijuca uma de suas glórias. Na floresta da Tijuca podemos encontrar preservadas áreas de:

A) TundraB) SavanaC) DesertoD) Mata AtlânticaE) Cerrado amazônico

27) Mata de baixada, restingas e manguezais podem ser en-contradas preservadas nas seguintes localidades:

A) Madureira e Copacabana;B) Méier e Grumari;C) Prainha e Grumari;D) Copacabana e São Cristovão;E) Penha e Barra da Tijuca.

28) A cidade do Rio de Janeiro tem, hoje, o status político de:A) Capital da República;B) Patrimônio da humanidade;C) Cidade irmã de Boston;D) Capital cultural do Brasil;E) Capital do estado do Rio de Janeiro.

29) Sobre os limites da cidade do Rio de Janeiro é correta a seguinte afirmação:

A) Ao Sul limita-se pela Baía de Guanabara;B) Ao Norte limita-se pelo Oceano Atlântico;C) Ao Oeste limita-se pela Baía de Guanabara;D) Ao Norte limita-se com vários municípios do Estado do

Rio de Janeiro;E) Ao Leste pela Baia de Sepetiba.

30) A região metropolitana do Rio de Janeiro é composta por:A) 10 municípios;B) 17 municípios;C) 12 municípios;D) 13 municípios;E) 15 municípios.

31) Todos os municípios abaixo fazem parte da região metro-politana do Rio de Janeiro, com exceção de:

A) Duque de Caxias;B) Itaguaí;C) Mangaratiba;D) Nilópoles;E) Nova Friburgo.

32) O município do Rio de Janeiro é composto de 32 regiões administrativas com:

A) 85 bairros;B) 95 bairros;C) 105 bairros;D) 159 bairros;E) 215 bairros;

33) Dos 1255 quilômetros quadrados do município do Rio de Janeiro mais de 37 quilômetros quadrados correspondem as ilhas do município. A maior ilha do Rio de Janeiro é:

A) A ilha de Villegnanon;B) A ilha das cobras;C) A ilha de Paquetá;D) A ilha do Frade;E) A ilha do Governador.

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GEOGRAFIA34) O Estado do Rio de Janeiro tem como limites:A) Os estados de Espírito Santo e São Paulo;B) Os estados da Bahia e do Espírito Santo;C) Os estados de São Paulo e da Bahia;D) Os estados de São Paulo, do Espírito Santo e de Minas

Gerais;E) Os estados da Bahia, de São Paulo e de Alagoas.

35) O ponto mais alto do relevo do Rio de Janeiro é:A) Pico das Agulhas Negras;B) Pico maior de Friburgo;C) Pedra do Sino;D) Pedra Açu;E) Morro Cara de Leão.

36) Nessa região domina o clima tropical semiúmido, com chuvas abundantes no verão e invernos secos a temperatura média anual é de 24 graus centígrados e o índice de chuvas chega a 1250 mm anuais. Essa definição corresponde:

A) Região Serrana;B) Baía da Ilha Grande;C) Baixada Fluminense;D) Serra Fluminense;E) Pico das Agulhas Negras.

37) O desmatamento do estado do Rio de Janeiro foi causado em maior parte pelo (a):

A) Mineração aurífera;B) Extração de petróleo;C) Ocupação agropastoril;D) Cultura de Soja;E) Cultura de Algodão.

38) O principal rio do Estado do Rio de Janeiro é o:A) Pomba;B) Muriaé;C) Piabinha;D) Piraí;E) Paraíba do Sul.

39) Das lagoas abaixo somente uma fica na cidade do Rio de Janeiro, ela é:

A) Lagoa Feia;B) Lagoa de Araruama;C) Lagoa de Saquarema;D) Lagoa de Maricá;E) Lagoa de Marapendi.

40) O estado do Rio de Janeiro possui mais de 11 milhões de habitantes, enquanto a cidade do Rio de Janeiro tem uma popula-ção estimada de:

A) mais de 2 milhões de habitantes;B) mais de 3 milhões de habitantes;C) mais de 6 milhões de habitantes;D) mais de 4 milhões de habitantes;E) mais de 5 milhões de habitantes;

41) A pesquisa nacional de amostra e domicílios realizada pelo IBGE revelou que mais de 50% da população do Rio de Ja-neiro é do seguinte grupo étnico:

A) Brancos;B) Pretos;C) Pardos;D) Indígenas;E) Amarelos.

42) O PIB do estado do Rio de Janeiro depende mais de 60% do setor:

A) FarmacêuticoB) AgropecuárioC) FrigoríficoD) De serviçosE) Petroquímico

43) O PAC programa de aceleração do crescimento do gover-no federal prevê uma série de investimentos no Rio de Janeiro. Um dos investimentos mais importantes é o chamado PAC das favelas, a construção de um teleférico, de 3000 unidades habitacionais, três postos de saúde ocorrerão no (a):

A) Rocinha,B) Cantagalo;C) Nova Sepetiba;D) Manguinhos;E) Complexo do Alemão.

44) A instalação de um UPP (unidades de polícia pacificadora) passou a ser um desejo de diversas comunidades do Rio de Janeiro. A primeira UPP na zona norte foi instalada:

A) No Complexo do Alemão;B) No Complexo de Manguinhos;C) No morro do Juramento;D) No morro do Borel;E) No morro da Providência.

Gabarito

1-A/ 2-C/ 3-A/ 4-E/ 5-E / 6- D/ 7-D/ 8- B/ 9-C/ 10-D / 11- C/ 12- D/ 13-A/ 14-B / 15-D

16) b 17) b 18) c 19) d 20) c 21) a 22) b 23) d 24) a 25) b26-D; 27-C; 28-E; 29-D; 30-B; 31-E; 32-D; 33-E; 34-D; 35-

A; 36-C; 37-C; 38-E; 39-E; 40-C; 41-A; 42-D; 43-E; 44-D

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