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julho de 2011 GEOHISTÓRIA DE GUIRATINGA julho de 2011 2. ASPECTOS GEOGRÁFICOS 2.1 LOCALIZAÇÃO Guiratinga está localizada na meso-região sudeste Mato- grossense, micro-região de Tesouro, ocupa uma área de 5.061,69 km², ficando distante da capital cerca de 322 km por rodovia asfaltada. A sede do município fica a 520m acima do nível do mar e limita-se com os municípios de Tesouro, Torixoréu, Araguainha, Alto Garças, Pedra Preta, São José do Povo, Poxoréo e Pontal do Araguaia. QUADRO Nº 01- LIMITES DO MUNICÍPIO Localiza ção Município Norte Tesouro Sul Alto Garças Leste Torixoréu Oeste São José do Povo Fonte: pesquisa de campo MAPA 01- LOCALIZAÇÃO DO MUNICÍPIO PROF°. JOÃO ANTONIO PEREIRA ESPECIALISTA EM PROD. E ORG. DO ESPAÇO GEOGRÁFICO MT

Geohistória de Guiratinga com exerc´cicios

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2. ASPECTOS GEOGRÁFICOS

2.1 LOCALIZAÇÃO

Guiratinga está localizada na meso-região sudeste Mato-grossense, micro-região de Tesouro, ocupa uma área de 5.061,69 km², ficando distante da capital cerca de 322 km por rodovia asfaltada.

A sede do município fica a 520m acima do nível do mar e limita-se com os municípios de Tesouro, Torixoréu, Araguainha, Alto Garças, Pedra Preta, São José do Povo, Poxoréo e Pontal do Araguaia.

QUADRO Nº 01- LIMITES DO MUNICÍPIO

Localização Município

Norte Tesouro

Sul Alto Garças

Leste Torixoréu

Oeste São José do Povo Fonte: pesquisa de campo

MAPA 01- LOCALIZAÇÃO DO MUNICÍPIO

Fonte: pesquisa de campo

2.2 VIAS DE ACESSO

Rodovias que servem o município – MT 270 – totalmente pavimentada e sinalizada, interliga-se com a BR 163 e BR 364, ligando os municípios, Guiratinga à Barra do Garças,

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Rondonópolis e Cuiabá.

MT 110 – Interliga-se a BR 070, ligando os municípios de Alto Garças, Tesouro, Primavera do Leste, Goiânia. MT 107 – Interliga-se a MT 340 e a BR 070, ligando aos municípios de Poxoréo, Primavera do Leste.

MAPA RODOVIÁRIO – VIAS DE ACESSO A GUIRATINGA - MT

Fonte: Google Maps 2011

Distâncias: 322 Km da Capital Cuiabá, 110 Km de Rondonópolis, 100 da Br 070, 240 Km de Barra do Garças e 800 Km de Brasília.

2.3 ASPECTOS GEOMORFOLÓGICOS2.3.1 MORFOLOGIA

A topografia é bastante irregular, apresentando áreas planas, formadas de chapadões, áreas com aclives e declives bastante acentuados, constituídas de terrenos rocitosos.

A região apresenta um relevo típico da Depressão do Araguaia, que se destaca pelas suas feições e belezas estruturais sendo assim constituída:

Planalto dos Alcantilados (Serra das Araras, Morro da Arnica e Serra da

Saudade);

Planalto do Taquari-Itiquira (Serra da Estrela)

Sua topografia é bastante irregular, apresentando áreas planas, formadas por chapadões, áreas com aclives e declives bastante acentuados, constituídos de terrenos rochosos.

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2.3.2 GEOLOGIA

O município apresenta coberturas não dobradas do Fanerozóico, sub-bacia ocidental da Bacia do Paraná com quatro subformações geológicas predominantes:

Formação Ponta Grossa, Formação Cachoeirinha, Formação Palermo, Formação Aquidauana.

Essas formações são propensas a explorações metalogenéticas dos seguintes minerais:

Sulfato de Cobre, Chumbo, Ferro, Diamante, Manganês, Calcáreo. Ouro, Urânio, argila.

2.4 HIDROGRAFIA

O município é recortado por rios das bacias Tocantins/Araguaia (Rio das Garças, Bandeira, Piau, Cai-Cai, água Suja, Diamantino, Lajeadinho, Aldeia, Taboca, Mosquito, entre outros) e Platina (Rio Prata, Areia, Floriano, Santo Antônio, entre outros) ensejando a formação de grandes matas ciliares e áreas agropastoris.

2.5 PEDOLOGIA

A pedologia municipal é formada por areia quartzosa álicas e distróficas, (pastagens artificiais com brachiaria) Cambissolos distróficos e álicos, solos Litólicos eutróficos, (extremamente pedregoso e pouco férteis, utilizado como pastagens naturais), Podzólicos Vermelho Amarelo, distrófico + Latossolo Vermelho Escuro distrófico e Latossolos Vermelho Amarelo distrófico, (solos dos topos dos chapadões, utilizados para agricultura de exportação: soja, milho, sorgo, algodão).

2.6 CLIMA

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O clima é caracterizado como tropical úmido. A temperatura média anual de 24ºC, maior máxima 40º C. As chuvas geralmente ocorrem entre setembro a abril e o período de seca vai de maio a agosto. A precipitação pluviométrica tem uma intensidade variando entre 1400 a 1600mm.

2.7 VEGETAÇÃO

O município apresenta uma riqueza biológica inigualável. Localizado em uma região ecótone, congrega espécies vegetais e animais dos ecossistemas do cerrado, Amazônia e pantanal.

Há um enorme banco de germoplasma à espera de estudo específicos. De plantas que curam a animais em extinção, algumas das quais ainda não foram sequer catalogadas e precisam ser estudadas com urgência antes de desaparecerem devido à expansão da agricultura mecanizada e da prática das queimadas no cerrado.

2.8 MEIO AMBIENTE

Guiratinga não possui rede oficial de esgoto, sendo apenas 50% beneficiada com rede particular e as mesmas não recebem qualquer tipo de tratamento e os dejetos são despejados nos córregos que passam pelo município.

A coleta de lixo é feita duas vezes por semana em veículo inadequado. Não possui aterro sanitário e o lixo é depositado a céu aberto e ocasionalmente incinerado.

2.9 TURISMO: NOVO DESAFIO

Ao longo dos anos a economia municipal se baseou na produção agropecuária e na extração diamantífera. A forte vocação local para produção primária de grãos, algodão e carne, aliada à exploração dos monchões, grupiaras e golfos legaram um status de Princesinha do Leste à outrora Lajeado.

No final da década de 1970, o município recebeu levas sucessivas de migrantes gaúchos, paranaenses e paulistas que muito contribuíram para a edificação do novo eldorado. O emprego de técnicas modernas e muita dedicação foram consolidando este novo ciclo econômico que muito contribuiu para a geração de emprego e renda, no entanto a indústria sem chaminés é uma inclinação natural a esse município que possui inúmeros pontos de visitação natural com praias belíssimas, rios piscosos e natureza exuberante.

2.17 Exercícios de Fixação de Aprendizagem

01 – No tocante a localização geográfica e espacial é correto afirmar que:(A) Guiratinga é um município integrante da região Norte de Mato Grosso;(B) Guiratinga é um município integrante da região Sudeste de Mato Grosso;(C) Guiratinga é um município integrante da região Sodoeste de Mato Grosso;(D) Guiratinga é um município integrante da região Sul de Mato Grosso;(E) Guiratinga é um município integrante da região Leste de Mato Grosso.

02 – Coloque (V) para verdadeiro e (F) para Falso:(A) A MT 270 é uma rodovia estadual não pavimentada que liga Guiratinga a Tesouro;

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(B) Guiratinga está localizada na meso-região sudeste Mato-grossense;(C) Guiratinga é um município integrante da micro-região de Torixoréu;(D) Pontal do Araguaia limita-se com Guiratinga no setor Nordeste;(E) O município de Guiratinga interliga-se com a BR 164 e BR 361.

03 – Relacione as Colunas:(A) Norte ( ) São José do Povo(B) Sul ( ) Tesouro(C) Leste ( ) Poxoréu(D) Oeste ( ) Torixoréu(E) Nordeste ( ) Araguainha/Ponte Branca(F) Noroeste ( ) Pedra Preta(G) Sul ( ) Pontal do Araguaia(H) Sudeste ( ) Alto Garças

04 – Assinale a alternativa em que todas as unidades do relevo pertencem a Guiratinga:(A) Morro Dois Irmãos, Serra da Estrela; Serra da Sabina;(B) Serra do “S”, Morro Alto, Serra da Arnica;(C) Serra da Petrovina, Serra do Rola Jegue, Morro do Moleque;(D) Serra das Araras, Morro da Arnica e Serra da Saudade;(E) Serra da Estrela, Serra da Arnica e Morro Dois Irmãos.

05 - Sobre os aspectos geológicos do município de Guiratinga é incorreto afirmar:(A) Apresenta coberturas não dobradas do Fanerozóico, sub-bacia ocidental da Bacia do Paraná;(B) Possui quatro subformações geológicas predominantes: Formação Ponta Grossa, Formação Cachoeirinha, Formação Palermo, Formação Aquidauana.(C) O diamante foi o principal agregador populacional nos primórdios da ocupação de Lageado;(D) As formações geológicas indicam que é possível encontrar petróleo, ouro, manganês, calcário e urânio em proporções industriais;(E) As formações geológicas indicam que em função do baixo retorno a exploração mineral não é viável, restando corrigir os impactos ambientais causados pelo garimpo de diamantes e investir na agropecuária.

06 – Relacione as colunas colocando 01 para rios e córregos integrantes da Bacia Tocantins/Araguaia, 02 para rios e córregos da Bacia Platina.

(01) Rio Prata ou Tadarimana ( ) Rio Vermelho(02) Rio das Garças ( ) Floriano ( ) Piau ( ) Areia ( ) Bandeira

07 – Relacione os principais tipos de solos do município de Guiratinga______________________________________________________________

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HISTÓRICO

Etimologia Toponímica: GUIRATINGA – Substantivo feminino. Termo que se origina do tupi “güirá / gyra”, que significa ave, pássaro ou garça + “tinga”, relacionando-se à cor branca, alvo, claro: garça branca (OB, AH, SB).

A história de Guiratinga deve ser contada a partir do século XIX (1890) sinalada pelas incursões de Antônio Cândido de Carvalho, através do Leste Mato-grossense, desbravando e ajudando a construir vários povoados.

Em seguida a Missão Salesiana no Brasil, aos 18.06.1894 estabeleceu, uma de suas dependências no lugar denominado “Merure” em pleno centro dos índios bororos, e essa dependência denominou-se “Colônia Indígena Sagrado Coração de Jesus” sob a direção do padre João Duroure de origem Francesa.

Graças ao trabalho persistente dos padres Salesianos e das filhas de Maria Auxiliadora, que lograram pacificar os bororos é que foi possível tornar habitável a região, pela civilização branca.

Em 1895, chegaram a esta região nortistas e nordestinos, que haviam embrenhando-se nas matas e cerrados em busca de seringueiras e das famosas mangabeiras, árvores que proliferam por toda extensão do Rio Araguaia e Garças e que era muito rica em látex. Com a escassez da Borracha muitos migrantes não regressaram à região de origem, preferindo aqui se estabelecerem.

Por essa época, vieram de Minas e Goiás as famílias Moraes, Cajango e Balbino que se instalaram na região com o objetivo de explorarem a criação de gado bovino e a agricultura de subsistência.

Foi João José de Moraes Cajango com apelido “Cajango” mineiro, que era trabalhador na fazenda Bravista do seu sogro, percebeu que o cascalho ali existente era muito parecido com o de sua terra natal, e por essa semelhança começou a investigar sobre a possível existência de diamantes na região. Em uma destas investigações, um índio bororo, informou que na confluência dos rios Cassununga e Garças, havia grande quantidade de pedrinhas que brilhavam, a qual os índios denominavam de toricuiêgo.

Sabedor do achado, Cajango costumava contar essas e outras estórias as pessoas que por ali passavam.

No ano de 1.900, passa pela fazenda Boa Vista, um baiano de nome Feliciano Sezilo dos Santos, que ouve atento todas estórias contadas por Cajango.

Feliciano, estimulado por ele resolve se fixar no porto indicado pelos índios bororo, ou seja, na confluência dos rios Cassununga e Garças, isso já por volta de 1908, porém Feliciano não se instalou sozinho, trouxe consigo um grupo de pessoas entre as quais sua esposa, Joana Francisca de Jesus.

Certo dia, Joana Francisca lavando pratos no rio Cassununga sente que um cascalho diferente dos outros feria o prato, esta pequena amostra foi levada até a fazenda Boa Vista e Cajango se incumbiu de mandar analisá-la e constatou ser diamante.

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O grupo de Sezilo se debruçou arduamente sobre a garimpagem, o que extraia quilates e mais quilates de diamante. Dessa forma foi fundado o primeiro garimpo da região.

A notícia da descoberta de diamantes em Lageado alastrou-se rapidamente por todo o país e levas de aventureiros, notadamente do Nordeste, Goiás e Minas Gerais afluíram para essa região Mato-grossense ocasionando o surgimento de povoados como, Santa Rita do Araguaia, Lageado, Alto Garças, Barra do Garças, Poxoréo, Itiquira e outros.

FUNDAÇÃO DA CIDADE

A fundação de Guiratinga deve-se ao mineiro Augusto Alves, que em 1920 quando fazia reconhecimento da região juntamente com sua família, chegaram as margens do córrego Lageadinho e instalaram-se num rancho de sapé; pouco tempo depois edificou uma bonita casa, às margens do córrego Seminário, que serviria de ponto de partida para a futura cidade de Lageado.

Augusto Alves foi gradativamente contatando os moradores que residiam na área, bem como aqueles que chegavam para ali se fixar, demarcando-lhes um lote, sempre obedecendo a um traçado urbanístico ordenado, para a construção de suas casas, fazendo com que Guiratinga, embora sendo uma cidade edificada por garimpeiros, obedecesse o traçado de uma cidade planejada.

ASPECTOS POLÍTICOS

Até os idos de 1929, Guiratinga embora recebendo um acentuado fluxo de pessoas procedentes de Minas, Goiás e das lavras diamantíferas do Estado da Bahia, era conhecida simplesmente como “povoação do Lageado”, e pertencia ao município de Santa Rita do Araguaia.

Com a exploração de um cascalho que aflorava, e as escavações davam quantidades abundante de diamantes nos garimpos do Garças Lageado melhorou e cresceu sensivelmente e aos 25.09.1929, por força da Lei Estadual nº 1.023 passou a categoria de Vila, denominando-se Vila Lajeado.

À medida que se intensificavam os garimpos dos rios Garças e Bandeira, mais se esvaziava a população garimpeira estabelecida em Santa Rita do Araguaia, então sede do seu município.

Lageado desenvolvia-se rapidamente, gente de toda parte aqui se estabelecia, o que acentuou um rápido crescimento a ponto de aos 02 de agosto de 1933 ter sido e levados a categoria de cidade, através do decreto-lei Estadual nº 291 com este decreto, Lageado passava a condição de distrito sede de um município que não era seu, ou melhor, de um município que tinha o nome de Santa Rita do Araguaia... Porém esse fato durou pouco.

Com a elevação de Lageado a condição de distrito sede do município, Santa Rita do Araguaia, entrou em profunda decadência, política, econômica e social.

Com a emancipação política, o então prefeito de Santa Rita do Araguaia, Dr. Juliano José da Silva, devia assumir o cargo em Lageado mais não o fez, tendo sido nomeado o 1º

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Tenente. Francisco Fernandes dos Santos, que pouco tempo depois acabou morto tragicamente em Cuiabá, assumindo o cargo de prefeito Manoel Cruz.

DECRETO QUE CRIA O PRÓPRIO MUNICÍPIO

Em 1938, aconteceu um fato importante na vida de Lageado, por força de Decreto-Lei nº 145 de 29.03.1938 a cidade passa a ser sede do seu próprio município, ou seja, de Lageado. Acabou-se pois, o absurdo de Lageado ser sede do município de Santa Rita do Araguaia.

DECRETO LEI QUE MUDA O NOME DA CIDADE

Após, a Segunda Guerra Mundial um Decreto Lei Federal procurou impedir que houvesse no país cidades com o mesmo nome, como já existia uma cidade gaúcha com o nome de Lageado, cidadãos de todas as classes sociais se reuniram na sede da Associação Comercial para discutirem a mudança do nome da cidade, em Assembléia acabaram por adotar o nome de “Guiratinga” que em tupi-guarani tem o significado de “Garça Branca”, ave abundante na Região. Foi por Decreto-Lei Estadual nº 545 de 31.12.1943 a cidade passou a se chamar definitivamente Guiratinga.

PREFEITOS QUE ADMINISTRARAM O MUNICÍPIO

PERÍODO PREFEITO1933 Francisco Fernandes dos Santos1934 Manoel Cruz1934 Flavio Augusto de R. Rubim1935 Oscar Lacerda1935/36 Celso Lacerda Azevedo1936/37 Antonio da Cunha Abreu1938/39 Gabriel Ferreira1939/45 Clóvis Huguiney1945 Galileu de Lara Pinto1945/47 Pedro Ferreira Filho1947/50 Humberto Marcílio1951/54 Pedro Ferreira Filho1954/58 Artur Moura Rosa1958/62 Pedro Antunes de Souza Filho1963/67 Walter Ferreira Leão1967/70 Flamarion Lopes Dourado1970/73 Thiers Ferreira1973/77 Eduíno Orione1977/83 Wanderlandes Marques Vieira1983/89 Nelson de Souza Filho1989/92 Joaquim Alves de Moura1993/96 Célia Maria Soares Orione1997/2000 Nelson de Souza Silva

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2000/2004 Francelino Pedro Da Silva Filho2005/2008 Hélio Antonio Felipin Goulart2009/2012 Gilmar Domínguez Mocellim2013/2016 Hélio Antonio Felipin Goulart

OS DIAMANTES DOS RIOS CASSUNUNGA E GARÇAS - DESTINO E COMERCIALIZAÇÃO

O diamante minério, tão cobiçado foi descoberto pela primeira vez em solo Mato-grossense no século XVIII, de produção esporádica, porém ressurgido com vigor no século XX, que teve como palco das explorações o leste do estado; os garimpeiros eram nordestinos e nortistas; os primeiros achados diamantíferos ocorreram na confluência dos rios Cassununga com o Garças (1908), foi ali que teve o início de um processo intenso de povoamento, o qual deu origem a diversas cidades entre as quais Guiratinga.

O povoado de Lageado, local de grande concentração dos garimpeiros que exploravam os garimpos do Cassununga e Garças, começou a ser visitado por compradores de diamantes conhecidos como capangueiros, que vendiam para Cuiabá, a compradores locais e de outros centros. Com o passar do tempo os grandes compradores começaram a monopolizar o comércio das pedras, por essa época um grande comprador do Rio de Janeiro famoso joalheiro o Sr. Luis de Rezende, logo despertou para a diferença das pedras vindas de Minas Gerais e outras partes dos país, e as da região do leste de Mato Grosso, por tanto de maior valor. Como comerciante de visão, o Sr. Rezende colocou um agente seu em Mato Grosso, mais precisamente, nas margens do Rio Garças por nome de Daniel Lima, começando a imensa luta pelo controle efetivo sobre os garimpeiros, única forma de garantir a exclusividade de concessão.

Sr. Daniel Lima que ali chegou acompanhado de uma equipe experiente de mineiros, equipados com atualizados instrumentos de trabalho, passou então a superintender o grupo de Sezilo. No ano de 1919 foram remetidos para o Rio de Janeiro aproximadamente 12 quilos de diamantes equivalentes a mais de 55 mil quilates, não durou muito tempo o domínio do agente Daniel de Lima que representava, Luis de Rezende, nos meados de 1922, chegava à região garimpeira do Rio das Garças, o baiano Cândido Soares Filho. Representante de J. Polak, agente aliado a forte grupo econômico fixado no exterior. Com a chegada de Cândido Soares, surgiu um confronto, comercial com Daniel de Lima o que fez com que subissem os preços dos diamantes. Não satisfeito com o que estava sendo produzido na região. Cândido Soares foi à Bahia de onde trouxe um grande número de pessoas, que foram contratados para trabalharem para ele na extração de diamantes.

A disputa pela hegemonia sobre os garimpos foi imensa e lutas violentas foram travadas, no leste Mato-grossense na disputa pelo poder e prestígio nas concessões. Aja visto que em 1940 o número de garimpeiros no estado era de 45.000 sendo que 35.000 estavam fixados na região dos rios Araguaia, Garças e Poxoréo.

A REVOLUÇÃO DE MORBECK X CARVALHINHO

A região do Garças no antigo leste de Mato-grossense por volta de 1925, foi sacudida pelo movimento armado travado entre dois chefes locais, nas zonas de garimpo que se tornou

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conhecida por "Revolução de Morbeck e Carvalhinho", dois caudilhos de grande prestígio entre os garimpeiros que habitavam esta região.

José Morbeck, natural da Bahia, chegou a zona diamantífera no Vale do Garças, dez anos antes de “Carvalhinho”, estabelecendo-se em Santa Rita do Araguaia em 1912 onde exerceu inicialmente a atividade de engenheiro agrimensor.

A trajetória morbeckiana foi marcada pelo comando de um grande número de trabalhadores do garimpo, os quais depositavam nele toda confiança; conquistando também o apoio de políticos importantes como o Presidente do Senado, Senador Azeredo e do então General Cândido Mariano da Silva Rondon, do Presidente da República Epitácio Pessoa e de diversos Governadores do Estado.

Todo esse prestígio lhe custou um alto preço. Em 1913 através do Ato administrativo nº 462 do então Presidente do Estado de Mato Grosso Dr. Joaquim Augusto da Costa Marques, foi nomeado o Engenheiro Agrimensor José Morbeck para o cargo de Diretor da Repartição de Terras, Minas e Colonização.

Em 26 de junho de 1914 era publicada a Resolução nº 686, ampliada posteriormente pela Lei nº 707 de 15 de junho de 1915 que concedia a “exploração de jazidas minerais, metais e metalóides, fósseis minerais etc; existentes no Vale do Rio das Garças e seus afluentes, desde as cabeceiras até sua foz no Rio Araguaia”1 ao Coronel Antonio Mota Moreira que representava interesses estrangeiros em nosso Estado e o Dr. José Morbeck deveria referendar o Ato do Governador do Estado.

Tal decisão era contrária à suas pretensões no Vale do Garças, assim começaria uma enorme disputa pelo poder político local movido pelo disputadíssimo interesse econômico na região da então Lageado que era apontada por Leônidas de Mattos, graças a sua situação coreográfica, o delimite equidistante de toda região diamantífera, o intercâmbio permanente entre Minas Gerais, São Paulo o Norte e o Sul do Brasil através de linhas aéreas e rodovias e pelas vultuosos transações monetárias, como um local de “assombroso progresso”2.

Morbeck teve que decidir entre os interesses do Governador e seus próprios anseios; optou por não referendar o Ato do Governador e em função disto seria demitido sumariamente “a bem do Serviço Público, da Disciplina e da Moralidade Administrativa”3.

Como saldo positivo lhe restara um incondicional apoio por parte dos garimpeiros do Vale que entendiam ser Morbeck o principal responsável pela manutenção do emprego de aproximadamente quinze mil homens e suas famílias nas áreas diamantíferas do Garças e o respaldo de inúmeros políticos influentes a nível estadual e nacional.

Morbeck empreendeu uma batalha administrativa pessoal tentando suspender o Ato que lhe imputara tamanho constrangimento e em 1916 o Presidente do Estado de Mato Grosso, fez retirar a expressão: “a bem do serviço público e da moralidade administrativa” do ato demissionário.

A zona garimpeira continuava sem interferência do governo. Os garimpos do

1 Arquivo Público de Mato Grosso – Cuiabá – Livro AB Nº 132 Jornal O Araguaia Ano III - Nº 84

3 Ato Administrativo Nº 540, de 01/04/1915 – Arquivo Público de Mato Grosso, Cuiabá – Livro AB Nº 13

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Cassununga, Garças, Bandeiras, Lajeado, Pombas e são Pedro, produziam quantidades enormes de diamante de alta qualidade, e isto despertava o interesse de negociantes nacionais e internacionais. Como via de regra, os diamantes dessas áreas eram remetidos para diversas capitais brasileira entre as quais destacava-se o Rio de Janeiro. Sabe-se que em um só ano em 1919 foram remetidos aproximadamente 12 quilos de diamantes equivalentes a 55 mil quilates.

Sempre que necessitavam, os Governadores solicitavam o apoio de Moberck para realizar atividades de intimidação e ou até mesmo de execução e ou expulsão de uma área de interesses pessoais como foi o caso da ação em prol de Pedro Celestino, futuro governador do Estado, oportunidade em que Morbeck e seu bando, composto por mais de 300 homens, lutou contra os adversários de Pedro Celestino, arrasando e destruindo usinas de açúcar e fazendas pertencentes a seus adversários. Seu bando era temido e respeitado por grande parte da população do então, norte e leste de Mato Grosso. Morbeck contava com grandes companheiros de confiança: Reginaldo de Melo, Cândido Soares Filho, Quincas Lobão, Manoel Balbino de Carvalho entre outros.

Manoel Balbino de Carvalho, apelidado de “Carvalhinho”, era um compadre leal e de muita confiança, foram sócios num estabelecimento comercial instalado no garimpo da "Urtiga", as margens do Rio Bandeira.

Graças ao apreço de Morbeck, Carvalhinho se tornara o segundo homem forte na escala de poder entre os garimpeiros do Vale; Morbeck era o grande coronel e Carvalhinho seu Sub Comandante.

A febre diamantífera produzia o fenômeno da rápida proliferação de corruptelas no Vale, da noite para o dia surgiam povoados interligados por rotas aéreas e com grande fluxo comercial uma vez que os garimpeiros na ânsia de bamburrar não queriam perder tempo com a produção de alimentos.

Todos os principais núcleos diamantíferos contavam com um representante de Morbeck visando manter seu prestígio e fazer-se respeitar na região. Considerando-se intendente (Chefe de Polícia) de Araguaia e Garças, se via na obrigação de enviar para essa área, pessoas de sua absoluta confiança.

Para o garimpo do Rio Bandeira enviou Manoel Balbino de Carvalho o “Carvalhinho”. Ao Cassununga enviou Quincas Lobão. Em Lajeado enviou Cândido Soares Filho, o coronel “Candinho”. Para Pombas e São Pedro enviou Reginaldo de Melo.

As Regiões de garimpos, eram dirigidas, política e economicamente pelos poderosos do lugar ou seja, por indivíduos que pela aceitação ou temor exerciam liderança.

Durante muitos anos os governadores do Estado de Mato Grosso, não interferiam na vida dos garimpos, porém, tiveram ao seu lado, o apoio do chefe local, que contribuía com os préstimos de seu bando nas ocasiões de disputas eleitoreiras; era uma espécie de troca de favores; um não interferia no mandonismo do outro.

Essa política de apadrinhamento fez com que as zonas de garimpo ficassem conhecidas como "Terras sem Lei" onde imperava a violência e o banditismo. Daí a necessidade da interferência do poder constituído, porém, sabendo do poderio dos garimpeiros

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na região do Garças e Araguaia, os governadores do estado evitavam enfrentá-los diretamente.

Inúmeros governadores demonstraram a intenção de cobrar impostos das extrações de diamantes naquela região, mas isto desagradava profundamente os garimpeiros que liderados por Morbeck sempre recusaram a atender as exigências do Governo.

Paralelo ao mandonismo local, o governo estadual enfrentava problemas da mesma ordem com relação à fixação das fronteiras entre os estados de Goiás e Mato Grosso, além da passagem dos temidos homens da Coluna Prestes.

Todo novo governo do estado articulava uma estratégia diferente para tentar resolver estes problemas que causava enorme incômodo aos poderes constituídos. Em 1918 assume a Presidência do Estado o Bispo D. Francisco de Aquino Correia que articulou um plano que resolveria de forma definitiva o conflito pela posse da área em litígio.

Dom Aquino acreditava que um plebiscito seria o caminho adequado à questão dos limites mas sabia também que a população garimpeira de todo o Vale do Garças era constantemente cortejada pelos políticos goianos, na tentativa de conquistá-los juntamente com os frutos de seus serviços para o estado de Goiás. A única forma de reverter esse processo seria conquistando o apoio de alguém que fosse respeitado e tivesse muito prestígio com os moradores da região.

Sem hesitar Dom Aquino oferece ao Dr. José Morbeck uma proposta irrecusável na época para realização de um plebiscito; o mesmo receberia a vultuosa quantia de dez contos de réis para alcançar um resultado favorável ao antigo estado de Mato Grosso na questão referente aos nossos limites com o estado de Goiás.

Morbeck aceitou a proposta, convenceu os moradores para votarem favoráveis ao estado de Mato Grosso, despertou a ira das autoridades e políticos goianos e nunca conseguiu receber o valor que lhe fora prometido. Este episódio trouxe profundo desgaste econômico ao Coronel Morbeck e deixava claro que neste período em que a palavra de um homem comum valia muito mais do que qualquer papel assinado pois, o que ele tinha de maior valor era sua honra, não podia confiar na palavra, nem em documentos assinados daquele governador de estado.

O “berro” falava mais alto, a destreza no dedo dizia quem merecia viver ou morrer e muitas vezes era importante estar no lado certo; ser protegido do chefe, ser membro de um bando, muitas vezes significava ter vida longa.

O que nem Morbeck nem os demais garimpeiros sabiam era que este era apenas a primeira parte de um audacioso plano que tinha por objetivo maior desestabilizar o poder político do Coronel dos garimpos, e evacuar a área para que o Coronel Antonio Mota Moreira pudesse manter o controle de toda zona mineralógica.

Realizado o plebiscito, restava agora equipar um forte aparato policial para que uma vez decretado a evacuação da área, qualquer indício de insurreição fosse eliminado ainda no ninho.

Nesta ocasião, sem sequer suspeitar do mirabolante plano que já vinha sendo posto

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em ação, Morbeck se desloca até a cidade de Cuiabá visando requerer 500 mil hectares de terras para a formação de sua fazenda “Patagônia”, aproveitando também a viagem para receber do governador do Estado o pagamento de seus serviços prestados por ocasião da realização do plebiscito.

D. Aquino não pagou o que lhe era devido e ainda negou-lhe deferimento com relação a documentação de suas terras sem nenhuma explicação para tal ato. Morbeck retorna para o Vale do Garças e alerta os garimpeiros sobre os riscos que os mesmos corriam diante do quadro que se desenhava.

Os garimpeiros se revoltam contra a atitude do governador e começam a se preparar para um inevitável combate. Reunidos sob o comando de Morbeck os garimpeiros decidem criar um estado independente denominado “Garimpeirama” (terra de garimpeiros).

A sede dos insurretos seria a antiga Lageado, ponto de passagem obrigatória para os garimpos de toda região Leste Mato-grossense, detentora do Morro da Arnica que ficaria conhecido em todo o estado como o “Fortim do Cassununga” palco de sangrentas batalhas.

Nesta época torna-se famosos um telegrama extremamente desafiador enviado ao Governador Dom Aquino Correa: “Ou Cai a Concessão ou Rebenta a Revolução”! Este telegrama foi atribuído a Morbeck e isto fez com que seu prestigio entre os garimpeiros aumentasse ainda mais.

A situação política do Vale permaneceu inalterada até janeiro de 1922 quando o Coronel Pedro Celestino Corrêa da Costa assume o governo estadual e no ano seguinte em maio de 1923 assina o Decreto Nº635 considerando caduca a Concessão que vigorou como Lei durante aproximadamente oito anos, apesar de jamais ter se efetivado na pratica em função da oposição de Morbeck aos seus homens.

Sentindo a necessidade de possuírem uma organização mais sólida os garimpeiros do vale criam a Liga Garimpeira com objetivo de resolver questões internas e externas referentes à lida diária. A chefia da Liga fora atribuído a José Morbeck e na diretoria figuravam nomes como: Manoel Balbino de Carvalho (Carvalhinho), Salvador da Hora, Leonardo Cortes, Ondino Lima e Candido Soares (Coronel Candinho).

Os constantes acontecimentos e com o passar do tempo, seria natural que Pedro Celestino se descontentassem com abusivo poder de Morbeck e desejasse estender o seu também na região Leste de Mato Grosso.

A tática de celestino foi a mudança de apoio político de Morbeck para Carvalhinho já que ele não podia vencê-los, resolveu colocar os dois para se definharem.

Manoel Balbino de Carvalho nasceu em Pernambuco e migrou para o Leste de Mato Grosso em 1922, se estabelecendo em Santa Rita do Araguaia, Morbeck o acolheu como um verdadeiro irmão e muito mais do que compadres, tornaram-se carne da mesma carne; ao longo dos anos Carvalhinho atuou como sub Chefe dos Garimpeiros do Vale. Pela sua origem Carvalhinho tinha uma inclinação natural para trabalhar com os maranhense enquanto que Morbeck mostrava preferência pelo trabalho com os baianos.

Morbeck e Carvalhinho conseguiram manter uma sociedade extremamente forte até 1925 quando começam a ocorrer discórdias entre seus homens que acabaria por dividi-los;

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aproveitando-se da situação delicada que envolviam os dois caudilhos o Governador do Estado resolveu intervir.

Visando aumentar ainda mais a instabilidade no Vale do Garças, o Governador nomeia Carvalhinho como Superintendente do Vale do Garças, função que ao longo dos anos Morbeck exercia naturalmente.

Outros fatos contribuíram pra minar a amizade desses caudilhos que dominaram aos longos dos anos os destinos daqueles que se aventuravam bamburrar no Vale do Garças.

BAILE DA DISCÓRDIA

As zonas diamantíferas eram famosas por gerar afortunados do dia para noite, pela violência entre os homens que lidavam com o garimpo, pelo código de ética existente entre os garimpeiros e pela escassez de mulheres. Ocasião onde elas estivessem reunidas; eram garantido absoluta platéia masculina disposta a esbanjar e realizar atos de bravura visando conquistar sua prenda.

Inúmeras zonas de baixo meritíssimo tornaram-se famosas, entre elas destacavam-se as de Cassununga e Lageado. As prostitutas que freqüentavam esses prostíbulos eram muito disputadas e algumas acabaram conquistando não apenas o bolso mas o coração de seus amantes e estes acabaram por transforma-las em respeitáveis senhoras.

Para essas áreas migravam mulheres dos mais remotos cantos do país em busca de fama e dinheiro; muitas destas mulheres conquistaram tanto dinheiro que se davam ao luxo de utilizar roupas Francesas para seduzir suas prezas. Eram comum as mesma se exibirem com a nota de valor geralmente levando preso na cinta-liga; isto era uma espécie de código para os garimpeiros através do valor da nota, eles sabiam se possuíam condições de bancar o programa.

Quando surgiam festas era a oportunidade dos solteirões fisgarem alguma prenda; para imaginarmos a desproporção em existentes entre homens e mulheres é só relembrarmos um adágio popular muito comum nesta época: “baiano que atravessa dois rios esta solteiro de novo”, como grande maioria da população do vale era formada por forasteiros podemos imaginar como a disputa era acirrada. Muitas vezes para não arrumar confusão a dama era obrigada a dançar com todos os cavalheiros que se encontravam no baile.

Em dezembro de 1924 aconteceu no garimpo de São Pedro um baile muito concorrido, nesse baile acontece uma acirrada discussão entre um Baiano e um Maranhense, ambos pertencentes ao bando de Morbeck e Carvalhinho pela preferência de uma dama conhecida como “Caboclinha” para dançar uma música.

O que não passava de um aparente incidente, provocou a divisão entre o grupo. Chiquinho, responsável pelo grupo que estava garimpando naquela área resolveu lavar a honra de um de seus homens que fora surrado no baile; reúne seus homens e parte para o garimpo de Alcantilado onde assassinam friamente dezoito maranhenses a sangue frio em uma emboscada durante o horário de trabalho.

Depois do massacre o grupo de Chiquinho se dirige para o povoado de São Pedro. A população insegura se dirige a Reginaldo Melo um dos homens fortes de Morbeck, em busca

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de segurança momento em que o mesmo sentindo-se também inseguro teria respondido: “O que esta feito não está por fazer”, diante da resposta de Reginaldo muitos fogem apavorados de São Pedro para as mais diversas áreas de garimpo do estado temendo represálias, outros se deslocam até Cassununga relatando o ocorrido a Morbeck e Carvalhinho solicitando a intervenção dos mesmos no episódio.

A situação na zona de garimpo estava insustentável, Baianos e Maranhenses declararam guerra mutuamente; quando algum desconhecido se aproximava de um garimpo deveria se identificar para não ser morto. Para saber se o desconhecido era Baiano ou Maranhense determinava-se que o mesmo pronunciasse a palavra “costela”, se o mesmo dissesse “custela” sabia-se que ele era baiano, se ele pronunciasse “costela” sabia-se que o mesmo era maranhense, muitas vezes isto era suficiente para determinar se o individuo deveria viver ou morrer.

Morbeck e Carvalhinho também tinham suas preferências, se por um lado o Coronel preferia trabalhar com os baianos, Carvalhinho preferia os maranhenses. Este episódio acirrou ainda mais os ânimos de todos os moradores do Vale; Morbeck deseja punir Reginaldo por sua omissão diante do ocorrido, Carvalhinho defende a idéia que Reginaldo lhes tinha sido muito útil em ocasiões passadas e que as punições se houvessem, deveriam ser estendidas aos participantes do episódio deixando Reginaldo fora das punições, observe:

“prenda-se os demais, porém não se persiga Reginaldo que está inocente e é amigo dedicado nas ocasiões precisas”

Morbeck realiza um julgamento sumário do bando que ataca São Pedro, determinado a morte Chiquinho e todos seus homens; quanto a Reginaldo, determinou sua captura e conseqüente condução para Cuiabá onde o mesmo deveria permanecer preso.

Chegando em Cuiabá por intervenção de Carvalhinho Reginaldo é solto; descontentes com o ato os Cabos Morbeckianos que haviam acompanhado a escolta até Cuiabá localizam Reginaldo que estava hospedado no bairro Coxipó e tentam praticar a justiça com as próprias mãos.

Reginaldo sentindo-se ameaçado realiza um disparo que acaba de matar Antonio Leandro; José Franklin e Deija Lira assassinaram friamente Reginaldo de Melo fugindo logo em seguida com a satisfação do dever cumprido e da honra lavada.

JOGO DO PODER

Com o intuito de contatar as bases políticas, Morbeck e Carvalhinho deslocam-se até o Rio de Janeiro; viajam juntos e instalam-se num mesmo hotel. Carvalhinho se encontra com Pedro Celestino e este o nomeia para função de Delegado Especial do Garças e Araguaia e Agente Arrecadador das Minas dos Garimpeiros.

O objetivo implícito no entanto era estirpar o poder paralelo que Morbeck havia conquistado, ele era o comandante absoluto do Vale do Garças e sua menor vontade se configurava como uma ordem.

Ao longo dos anos fora acumulando fama e respeito através de suas ações mandonista algumas das quais se configuravam como um desafio explicito à suposta ordem exercida pelo Governador do Estado e ao própria Presidente da Republica. Observe algumas destas ações:

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1923 – Expulsão do Promotor de Justiça da Comarca de Santa Rita do Araguaia, Dr. Alloysio Valadares;1924 – Fuzilamento de Olavo de Tal e mais oito companheiros no atual Distrito Guiratinguense de Alcantilado;1925 – Assalto a Delegacia de Santa Rita do Araguaia;1925 – Saque e vandalismo na Casa de Comercio do Sr. Manoel Balbino de Carvalho;1925 – Prisão do Juiz de Direito da Comarca de Santa Riata do Araguaia, Dr. Diocleciano do Canto Meneses;1925 – Assassinato do Coronel Honório Álvares e do Sargento Dyonisio Carvalho;Expulsão do Sr. Daniel Lima da Região de Lageado sob ameaça de morte e confisco de dragas e outros materiais da Liga Garimpeira.Morbeck sentindo-se traído com a nomeação de seu compadre e sócio na atividade garimpeira, resolveu mudar-se de hotel deixando claro que desta vez o rompimento seria definitivo.

Carvalhinho apoiado pelo prestigio do Governador do Estado desfruta temporariamente das benesses do cargo, mal sabia ele que Morbeck já estava de retorno ao Vale do Garças para arregimentar pessoal e se preparar o embate final.

MORCEGOS E CAI N’ÁGUAS

Ao regressar do Rio de Janeiro Morbeck articula cuidadosamente um meticuloso plano; sabia que além da superioridade numérica de homens o fator surpresa era fundamental para lograr êxito.

Em sua viagem de regresso Carvalhinho passa por Cuiabá, recebe reforço policial, munição e armamento e se dirigem para Santa Rita do Araguaia; dali se estruturam e saem para aprisionar Morbeck. O Coronel dos garimpeiros já havia sido avisado e mal sabia Carvalhinho que o encontro entre ambos seria muito mais rápido do que ele esperava.

Na calada da noite do dia 24 de maio de 1925 havia algo de estranho no ar; sorrateiramente jagunços morbeckianos percorriam as ruas de Santa Rita do Araguaia; de madrugada cercaram e tomaram de assalto a residência de Carvalhinho.

A casa de Carvalhinho havia se transformado também na Delegacia Municipal; na ocasião havia apenas dezoito homens e desta vez parecia que era o fim do bando e seu líder; trezentos jagunços morbeckianos desencadearam a ofensiva; saraivadas de balas, cortavam os céus de Santa Rita.

Para sobreviver, Carvalhinho e alguns poucos homens conseguiram fugir atirando-se nas águas do Rio Araguaia. A casa comercial de Carvalhinho é incendiada; passado o ataque apenas o silencio e a decepção permanecia, muitos corpos estavam estendidos no chão mas o principal não estava lá e isto significava que os outros embates ainda seriam travados.

Este episódio, ficou conhecido como “Morcegos e Cai N’Água”, isso porque o bando de Morbeck atacara durante a madrugada e Carvalhinho se atirara na água.

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CONTRA OFENSIVA

Carvalhinho foge para a cidade de Mineiros onde gozava de enorme prestigio político, monta seu quartel general, planeja, municiosamente o revide; sentindo-se inferiorizado numericamente parte a cavalo para os sertões baiano na região do Rio São Francisco com o intuito de arregimentar pessoal.

Sabendo que a região do Garças havia se transformado num verdadeiro barril de pólvora, Carvalhinho desloca-se até Salvador e solicita proteção de Pedro Celestino para sua Volta.

De Salvador Carvalhinho parte para Buenos Ayres com o que havia de mais temerosos entre o povo humilde do sertão; jagunços destemidos entre os quais Domingos Laborão lhe acompanhavam mas isto não era suficiente para sentir-se seguro. Diante da ameça de emboscada; Carvalhinho e seu bando seguem uma rota fluvial através da Bacia Platina viajando pelos rios Paraná, Paraguai e Cuiabá até chegar a capital de nosso Estado onde recebeu o reforço de mais de trezentos homens da força policial estadual.

Não satisfeito com o percentual numérico do seu bando, Carvalhinho enviou homens de sua confiança a São Pedro, para arregimentar mais combates junto aos garimpeiros.

Em 1926 Morbeck viaja para o Rio de janeiro com o objetivo de conseguir armamento e munição para seus homens deixando o comando de sua tropa ao Coronel Candinho; Carvalhinho sente que este é o momento decisivo e resolve atacar os jagunços morbeckianos; longe de seu comandante o bando não oferecia muita resistência.

O ATAQUE AO FORTIM DO CASSUNUNGA

O ataque se processa ma serra da Arnica conhecida então como Fortim do Cassununga, de vitória em vitória Carvalhinho foi dominando Cassununga, Lageado e conseguindo chegar até Santa Rita do Araguaia.

Morbeck retornou do Rio de Janeiro com forte reforço de armas e munição, as quais foram a ele doadas por políticos, sob o pretexto de que as mesmas deveriam ser usadas na repressão à coluna Prestes que nesse momento (1926) passava por Mato Grosso.

Ocorreu mudança no Governo Estadual, ocasião em que Mário Corrêa da Costa sucede Pedro Celestino.

O novo Governo objetivava acabar com as lutas armadas no leste Mato-grossense, fazendo valer e ser reconhecido, definitivamente na região, o poder Estadual. Para tanto Mário Corrêa instalou, mesmo sob o peso das armas, o poder estadual.

Os bandos de Morbeck e Carvalhinho, nesse momento já esgotados, põem termo as hostilidades. Morbeck permaneceu em Santa Rita do Araguaia, mas já não gozava do prestigio anterior. Carvalhinho e seu bando, foram para Poxoréo, nesta ocasião currutela recém fundada, onde fixaram residência.

Temendo novos incidentes, o Governador, envia para Poxoréo um destacamento, dirigido pelo Tenente Telésforo Nóbrega, vários atos de violência são cometidos, de lado a

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lado, o Tenente Telésforo fez vingar as forças governamentais.

Carvalhinho, sentindo ver desfeito o seu sonho de retomada de liderança política, solicita do Governo Estadual indenização sobre os prejuízos sofridos. Como o Governo retardou a resposta aos clamores, Carvalhinho com seu bando, atacaram o quartel, ocasião em que se assistiu a muitas mortes, dentre as quais do Tenente Telésforo.

Carvalhinho e sua gente fogem par Goiás, temeroso de um povável revide Governamental. Como já previsto, Mário Corrêa persegue e prende Carvalhinho e seu bando, em Jataí (GO), que são transferidos para Três Lagos e daí para Poxoréo. Ali o bando e seu chefe são obrigados a desfilar pelas ruas, para que aquilo servisse de exemplo aos demais, em franca demonstração da real existência de um poder Estadual forte.

De Poxoréo são conduzidos até Cuiabá, onde novamente saem em passeata. Carvalhinho e seu bando permanecem em Cuiabá até 1930 quando, com a Revolução Getulista são postos em Liberdade.

Esse episódio: Morbeck X Carvalhinho; que durou vários anos, foi uma luta fratricida que ensangüentou o Garças. Os grupos se desfizeram, porém os resquícios de vingança e revide persistiram por muito tempo. Porém, nem Morbeck, nem Carvalhinho tiveram vantagens nessa estúpida guerrilha, a não ser, os louros de terem sido os líderes da primeira revolução leste de Mato Grosso.

Com a queda dos dois caudilhos, que já não detinham mais nenhum prestígio, o Governo estadual pode finalmente manter o controle sobre as terras do Vale do Garças.

HINO DE GUIRATINGA (não Oficializado)

Letra: Aureny Silva

Salve terra de amor, que inspira Pedacinho de ouro do Brasil.Estando longe teus filhos aspiram.Teu amor, sempre altivo e varonil.Tua Glória, um passado brilhante,Teu presente de amor sem igual,Teu futuro uma espera vibranteEu te amo minha terra natal.

Garimpeiros, outrora em teus rios,Procuravam minerais sem cessar,Bandeirantes, de ouro bravio.Teu trabalho iremos continuar,Terra nobre jamais igualada,Sem esquivo teu nome elevaremos.Graciosa Princesa do LesteEu te adoro com amor senhorilComo esbelta florzinha silvestre,Balançando nos campos do Brasil,O teu nome Guiratinga amada,

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Para sempre em nós ficará,O futuro que brilha em tua estrada,Brevemente pungente chegará.

Nosso amor é perpétuo e perene, Em nosso peito, ele estava,Canto a ti, a canção tão solene,Em louvor ao teu nome adorado,Os teus filhos serão Como aves, num céu de anil,Para dar-te renome estão,Te amando e,Servindo ao Brasil.

Mato Grosso, se sente altivo,Nosso peito palpita de amor,Teu brasão é um símbolo vivo,Que um dia o poeta Sonhou..

Garça Branca, Princesinha do Leste...O teu nome sublime será,Tua luz fulgente empreste,Para o céu, do Brasil iluminar.

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Censo 2010 - Primeiros Resultados

Total da população    13.867    pessoas

Total de homens    7.237    pessoas

Total de mulheres    6.630    pessoas

Total da população urbana    11.434    pessoas

Total da população rural    2.433    pessoas

Total de domicílios particulares    5.306    domicílios

Total de domicílios particulares ocupados    4.188    domicílios

Total de domicílios particulares não-ocupados fechados    442    domicílios

Total de domicílios particulares não-ocupados de uso ocasional

   408    domicílios

Total de domicílios particulares não-ocupados vagos    268    domicílios

Total de domicílios coletivos    15    domicílios

Total de domicílios coletivos com morador    10    domicílios

Total de domicílios coletivos sem morador    5    domicílios

Dados Básicos

População Área Bioma

13.867 hab. 5.061,69 km2 Cerrado

Localização da Sede

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População

Pirâmide Etária

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Economia

Produto Interno Bruto

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Outros Temas

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MAPA DE GUIRATINGA

GUIRATINGA - -

Cidades de MT

Origem Histórica -A história da efetiva ocupação do território, que atualmente constitui-se no município de Guiratinga, foi marcada pelas expedições de Antônio Cândido de Carvalho, seguido de João José de Moraes - o Cajango, Luíz Antônio de Moraes e João Balbino de Moraes. Os primeiros desbravadores da região pretendiam explorar a agricultura e pecuária. Vinham do estado de Goiás, sempre atraídos pela exuberância das pastagens naturais e fertilidade do solo. A partir de 1894, estabeleceu-se na região a Missão Salesiana do Brasil, que havia partido de Cuiabá a 17 de junho daquele mesmo ano. Esta missão levou o nome de Colônia Indígena Coração de Jesus, ficando sob a direção do padre João Duroure, que era de origem francesa. Este mesmo religioso foi anos mais tarde, em 1933, o fundador da “Obra Salesiana de Guiratinga”.

  Em 1920, Augusto Alves, natural do estado de Minas Gerais, construiu o primeiro rancho em Lageadinho, exatamente onde se situa a sede municipal do município de Guiratinga. Atribui-se a Augusto Alves a façanha de ter lançado as bases de povoamento do município de Guiratinga. O primeiro nome, Lageadinho, era referência geográfica a um córrego de igual nome, que se avizinhava à corruptela formada basicamente de mineiros e baianos. A Lei nº. 961, de 12 de junho de 1926, alterou a denominação de Lageadinho para Lageado.

  Em 8 de agosto de 1929, o Decreto Lei nº. 870, determinava que fosse reservada área de 3.600 hectares de terras, considerada devolutas, para a constituição do patrimônio de Lageado. Fato inédito deu-se através do Decreto-Governamental nº. 291, de 20 de agosto de 1933.Por este instrumento legal houve a transferência da sede e comarca, do município de Santa Rita do Araguaya - então todo poderoso, para Lageado, um simples povoado, um distrito subalterno que funcionaria como sede municipal. O fato foi essencialmente político, bem típico do coronelismo que imperava na época no governo de Mato Grosso, foi uma verdadeira humilhação à comunidade de Santa Rita. Em 1934, foi nomeado prefeito municipal de Lageado o 1º tenente Francisco Fernandes dos

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Santos. Ainda no mesmo ano assumiu o poder municipal de Santa Rita do Araguaya no distrito sede de Lageado o Dr. Flávio Augusto de Rezende Rubim. No ano de 1935 o prefeito passou a ser o Dr. Oscar Lacerda, que no mesmo ano foi substituído pelo Dr. Celso de Lacerda Azevedo. Este por sua vez entregou o cargo no ano seguinte, em 1936, ao Sr. Antônio da Cunha Abreu.

  No dia 17 de julho de 1937, o Interventor Federal no estado de Mato Grosso, Júlio Müller, nomeou prefeito o Sr. Gabriel Ferreira. Não demorou muito e a situação voltou ao normal, retornando Santa Rita do Araguaya à condição de município e comarca. O Decreto-Lei nº. 145, de 29 de março de 1938, criou o município de Lageado. Em 1939, tomou posse como primeiro prefeito do município criado o Dr. Clóvis Hugueney. Em 31 de dezembro de 1943, através do Decreto-Lei-Federal nº. 545, Lageado teve seu nome alterado para Guiratinga. Segundo um relatório da própria prefeitura municipal de Guiratinga, durante a administração do prefeito Joaquim Alves de Moura, a alteração deveu-se “... a um consenso da população mais esclarecida, visto que os garimpeiros permaneciam arredios”. Em 1945, período ainda dominado pela ditadura de Vargas, foi nomeado prefeito o Dr. Galileu de Lara Pinto. Em 19 de dezembro de 1945, o mesmo Lara Pinto devolveu o cargo ao Dr. Clóvis Hugueney, que governou por mais dois anos.

  No ano de 1947, o prefeito já era o Sr. Pedro Ferreira Filho, que ficou menos de um ano no cargo, passando-o ao Dr. Humberto Marcílio Reinaldo em 01 de dezembro de 1947. Em 1950, passou o cargo ao Sr. Arthur de Moura Rosa, que teve como administrador o Sr.Walter Ferreira Leão, que desenvolveu seus trabalhos como tesoureiro na prefeitura local. Em 1954, foi eleito o Sr. Arthur de Moura Rosa, tomando posse oficialmente no dia 31 de dezembro de 1955. Pedro Antunes Ferreira Filho foi eleito em 1958, tomando posse em 31 de dezembro de 1959 e em 1962, foi a vez de Walter Ferreira Leão ser eleito prefeito, tomando posse em 31 de dezembro de 1963. Governou até 1966, quando ganhou a eleição o Sr. Flamarion Lopes Dourado, que tomou posse no dia 31 de dezembro de 1967. Em 1969 quem tomou posse foi o Sr. Thiers Ferreira.No ano de 1972, quem se saiu vitorioso foi o Sr. Eduino Jacomo Orione, tendo na vice o Sr. José Antunes de Souza, e nomeado como Secretário Geral o Sr. José Bruno. Em 1976, foi eleito o Sr. Wanderlandes Marques Vieira, que teve como vice o tradicional músico e um dos mais antigos moradores de Guiratinga, o Sr. Lydio Magalhães de Carvalho. No ano de 1982 elegeu-se prefeito o Sr. Nelson de Souza Lima, que disputou a vaga juntamente com o oposicionista Juracy Pereira de Souza.Em 1988,foi eleito o Sr.Joaquim Alves de Moura,tendo como vice o Sr. Heronides Rezende de Moraes. Nas eleições de 1992, saiu vitoriosa a Sra. Célia Maria Soares Orione, que teve na vice o Sr.Adevenil R. da Silva, governando até 31 de dezembro de 1996, ocasião em que entregou o cargo ao Sr. Nelson de Souza Silva.

MT e seus Municípios

GuiratingaHistória e Dados Gerais

A história da efetiva ocupação do território, que atualmente constitui-se no município de Guiratinga, foi marcada pelas expedições de Antonio Cândido de Carvalho, seguido de João José de Moraes - o Cajango, Luíz Antonio de Moraes e João Balbino de Moraes. Os primeiros desbravadores da região pretendiam explorar a agricultura e pecuária. Vinham do Estado de Goiás, sempre atraídos pela exuberância das pastagens naturais e fertilidade do solo. A partir de 1894, estabeleceu-se na região a Missão Salesiana do Brasil, que havia partido de Cuiabá a 17 de junho daquele mesmo ano. Esta missão levou o nome de Colônia Indígena Coração de Jesus, ficando sob a direção do pade João Duroure, que era de origem francesa. Este mesmo religioso foi, anos mais tarde, em 1933, o fundador da “Obra Salesiana de Guiratinga”. Em 1920, Augusto Alves, natural do Estado de Minas Gerais, construiu o primeiro rancho em Lajeadinho, exatamente onde situa-se a sede municipal do município de Guiratinga. Atribui-se a Augusto Alves a façanha de ter lançado as bases de povoamento do município de Guiratinga. O primeiro nome, Lajeadinho, era referência geográfica a um córrego de igual nome, que se avizinhava à corrutela formada basicamente de mineiros e baianos. A Lei nº 961, de 12 de junho de 1926, alterou a denominação de Lajeadinho para Lajeado. Em 8 de agosto de 1929, o Decreto Lei nº 870, determinava que fosse reservada área de 3.600 hectares de terras, considerada devolutas, para a constituição do patrimônio de Lajeado. Neste período o povoado tinha seu território jurisdicionado ao município de Santa Rita do Araguaya. Fato inédito deu-se através do Decreto-Governamental nº 291, de 20 de agosto de 1933. Por este instrumento legal houve a transferência da sede e comarca, do município de Santa Rita do Araguaya - então todo poderoso, para Lajeado, um simples povoado, um distrito subalterno que funcionaria como sede municipal. O fato foi essencialmente político, bem típico do coronelismo que imperava na época no governo de Mato Grosso, foi uma verdadeira humilhação à comunidade de Santa Rita. Em 1934, foi nomeado prefeito municipal de Lajeado o 1º tenente Francisco Fernandes dos Santos. Ainda no mesmo ano assumiu o poder municipal de Santa Rita do Araguaya no distrito sede de Lajeado o dr. Flávio Augusto de Rezende Rubim. No ano de 1935 o prefeito passou a ser o dr. Oscar Lacerda, que no mesmo ano foi

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substituído pelo dr. Celso de Lacerda Azevedo. Este por sua vez entregou o cargo no ano seguinte, em 1936, ao sr. Antônio da Cunha Abreu. No dia 17 de julho de 1937, o Interventor Federal no Estado de Mato Grosso, Júlio Müller, nomeou prefeito o sr. Gabriel Ferreira. Não demorou muito e a situação voltou ao normal, retornando Santa Rita do Araguaya à condição de município e comarca. O Decreto-Lei nº 145, de 29 de março de 1938, criou o município de Lajeado. Em 1939, tomou posse como primeiro prefeito do município criado o dr. Clóvis Hugueney. Em 31 de dezembro de 1943, através do Decreto-Lei-Federal nº 545, Lajeado teve seu nome alterado para Guiratinga. Segundo um relatório da própria prefeitura municipal de Guiratinga, durante a administração do prefeito Joaquim Alves de Moura, a alteração deveu-se “...a um consenso da população mais esclarecida, visto que os garimpeiros permaneciam arredios.” Em 1945, período ainda dominado pela ditadura de Vargas, foi nomeado prefeito o dr. Galileu de Lara Pinto. Em 19 de dezembro de 1945, o mesmo Lara Pinto devolveu o cargo ao dr. Clóvis Hugueney, que governou por mais dois anos. No ano de 1947, o prefeito já era o sr. Pedro Ferreira Filho, que ficou menos de um ano no cargo, passando-o ao dr. Humberto Marcílio Reinaldo em 01 de dezembro de 1947. Em 1950, passou o cargo ao sr. Arthur de Moura Rosa, que teve como administrador o sr. Walter Ferreira Leão, que desenvolveu seus trabalhos como tesoureiro na prefeitura local. Em 1954, foi eleito o sr. Arthur de Moura Rosa, tomando posse oficialmente no dia 31 de dezembro de 1955. Pedro Antunes Ferreira Filho foi eleito em 1958, tomando posse em 31 de dezembro de 1959 e em 1962, foi a vez de Walter Ferreira Leão ser eleito prefeito, tomando posse em 31 de dezembro de 1963. Governou até 1966, quando ganhou a eleição o sr. Flamarion Lopes Dourado, que tomou posse no dia 31 de dezembro de 1967. Em 1969 quem tomou posse foi o sr. Thiers Ferreira. No ano de 1972, quem saiu-se vitorioso foi o sr. Eduino Jacomo Orione, tendo na vice o sr. José Antunes de Souza, e nomeado como Secretário Geral o sr. José Bruno. Em 1976, foi eleito o sr. Wanderlandes Marques Vieira, que teve como vice o tradicional músico e um dos mais antigos moradores de Guiratinga, o sr. Lydio Magalhães de Carvalho. No ano de 1982 elegeu-se prefeito o Sr. Nelson de Souza Lima, que disputou a vaga juntamente com o oposicionista Juracy Pereira de Souza. Em 1988, foi eleito o sr. Joaquim Alves de Moura, tendo como vice o Sr. Heronides Rezende de Moraes. Nas eleições de 1992, saiu vitoriosa a Sra. Célia Maria Soares Orione, que teve na vice o sr. Adevenil R. da Silva, governando até 31 de dezembro de 1996, ocasião em que entregou o cargo ao sr. Nelson de Souza Silva.

Texto:João Carlos Vicente Ferreira.

A corrutela do Tesouro surgia logo após, com uma população sempre crescente. Seguindo a máxima de que garimpeiro não se fixa em lugar nenhum e, portanto não cria raiz, o povoado de Tesouro só estabilizou-se com a vinda de comerciantes, agricultores e criadores de gado, que desprezavam a cata garimpeira. Essa gente deu estabilidade ao lugar. Que, no entanto, continuou a abrigar em seus domínios atividades garimpeiras. Bom para todo mundo.

A guerra pelo poder no leste, tanto política quanto financeira, patrocinada pelo governo do estado e pelo engenheiro agrônomo José Morbeck, teve reflexos no povoado do Tesouro. Outro fator desestabilizador foi a passagem da Coluna Prestes, hoje vista de uma forma totalmente diferente daqueles anos – 1926/1927.

A paz voltou a reinar nos garimpos do Garças a partir de meados da década de trinta. Por ocasião da divisão Territorial e Administrativa do estado de Mato Grosso, de 31 de dezembro de 1937, o povoado de Tesouro apareceu como distrito do então ”todo-poderoso” município de Santa Rita do Araguaya. Por anos a fio permaneceu nesta situação.

Mais tarde teve seu território sob a jurisdição do município de Lajeado, posteriormente denominado Guiratinga. A lei nº. 664, de 10 de dezembro de 1953, de autoria do deputado Clóvis Hugueney, criou o município de Tesouro, com território desmembrado do município de Guiratinga.

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