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Geologia da Região da Antiforma de Estremoz Orientação de J. Tomás Oliveira Apoios:

Geologia da Região da Antiforma de Estremoz

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Geologia da Região da Antiforma de Estremoz

Orientação de J. Tomás Oliveira

Apoios:

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1- Introdução

A Antiforma de Estremoz é uma estrutura tectónica gerada durante a Orogenia Varisca. Estende-se desde Sousel até

Alandroal, reaparecendo, ainda que com expressão mais reduzida na região da Mina do Bugalho, onde é deslocada pela Falha

de Odemira-Ávila (figura 1). Esta estrutura faz parte do designado Sector de Estremoz-Barrancos, um dos vários sectores em

que foi dividida a Zona de Ossa Morena, em Portugal (Oliveira et al., 1991, Piçarra, J.,2000; Araújo et al, 2013). A envolver a

antiforma ocorre uma sucessão terrígena estruturalmente complexa, que inclui sequências sedimentares de idade

compreendida entre o Ordovícico e o Devónico Inferior.

A Antiforma de Estremoz é mundialmente conhecida pela sua riqueza em mámores, explorados já no tempo dos romanos e

que em tempos recentes têm sido objecto de intensa exploração, em dezenas de pedreiras espalhadas entre Estremoz e

Alandroal. A pedreira de Pardais, situada na terminação periclinal SE da estrutura, é uma das maiores explorações do mundo,

a céu aberto. Actualmente, já se exploram aqui mármores em galerias subterrâneas. Além dos mármores, há pequenas

explorações ou ocorrências de minerais metálicos, sendo de salientar a antiga mina de Miguel Vacas, a norte da aldeia de

Pardais, onde se explorou cobre associado a óxidos de cobre.

Por sua vez, as características estratigráficas e estruturais da antiforma são ainda tema de controvérsia, que abordaremos a

seguir.

2 - Estratigrafia

Tendo em vista a melhor compreensão da estratigrafia da região, vamos dividi-la em duas sucessões com significado tectono-

estratigráfico distinto.

2.1 - A sequência estratigráfica da Antiforma de Estremoz

De baixo para cima ocorre a seguinte sucessão:

-Xistos de Mares: trata-se de xistos escuros a que se associam bancadinhas de espessura centimétrica de cherte negro.

Podem também ocorrer metagrauvaques e mesmo anfibolitos, em particular no NE Alentejano. A espessura é aqui

desconhecida, seguramente da ordem de várias centenas de metros. A sua posição estratigráfica corresponde à parte

superior da Unidade Série Negra, reconhecida em toda a zona de Ossa Morena. Embora não sejam conhecidos fósseis ou

outro qualquer método que permita a sua datação, é comummente aceite que a idade é do Neoproterozóico( Edicariano).

-Série base do Câmbrico: corresponde a uma sucessão de litologias que englobam sedimentos vulcaniclásticos de natureza

ácida, de cor clara e granularidade fina, arcoses e conglomerados. Na região de Estremoz, conglomerados são relativamente

raros, sendo predominantes as rochas vulcanogénicas. No Sector de Alter do Chão-Elvas, situado a norte, os conglomerados

incorporam calhaus de cherte negro, quartzo, quartzito, anfibolitos muito estirados, provenientes do soco neoproterozóico

subjacente, afectado pela Orogenia Cadomiana. Por essa razão, a unidade é considerada discordante sobre o soco

neoproterozóico. A espessura é variável, raramente ultrapassando os 100m.

Formação Dolomítica: é constituída por calcários dolomíticos, claros e maciços, com intercalações de níveis siliciosos, mais

abundantes na parte superior da unidade. A espessura é da ordem dos 500 m. Por correlação coma Formação Carbonatada

de Elvas, por sua vez correlacionada com os Calcários de Alconera (a sul de Badajoz), ricos em fósseis de Câmbrico Inferior

(trilobites, arqueociáteos, etc), a Formação Dolomítica tem sido considerada do Câmbrico Inferior. Oliveira, V. (1984) sugeriu

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que este último nível silicioso marcaria uma lacuna estratigráfica que abrangeria todo o Câmbrico Médio e Superior,

representando portanto a base do Ordovícico.

Figura 1. Carta Geológica da terminação sudeste da Antiforma de Estremoz (Piçarra, 2000).

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Complexo Vulcano-Sedimentar Carbonatado de Estremoz: é neste complexo que ocorrem os famosos mármores de

Estremoz, que aparecem interestratificados em calcoxistos e rochas vulcânicas básicas (metabasaltos alcalinos) e ácidas

(metariolitos) mais importantes na parte superior do complexo, com espessura total variável, que pode atingir os 400 m. Os

mármores têm cores muito variadas, desde negros, tipo Ruivina, até brancos. Estes mármores podem conter bolsadas de

xistos escuros, que correspondem a antigas estruturas cársicas preenchidas com sedimentos finos, posteriormente

metamorfizados. A idade destes mármores, e do complexo em geral, é objecto de alguma controvérsia. De facto, os

mármores foram tradicionalmente considerados do Câmbrico Inferior, por comparação com a Formação Carbonatada de

Elvas. Esta correlação foi questionada por V. Oliveira (1984) que os considerou do Ordovícico, por estarem suprajacentes aos

níveis siliciosos da base do Ordovícico. Mais recentemente, Piçarra e Le Men (1994) identificaram crinóides em mármores da

estrutura das Ferrarias (Mina do Bugalho), cuja idade é mais recente do que o Ordovícico Médio. Mais tarde Sarmento et al.

(2000 ) identificaram restos de conodontes, que sugerem a idade compreendida entre o Silúrico Superior e o Devónico

Inferior, e muito recentemente Piçarra identificou fósseis de tentaculites, muito comuns no Devónico. Parece assim haver

fortes razões para admitir que a idade dos Mármores de Estremoz seja considerada pelo menos de idade superior ao

Ordovícico Médio, com elevada probabilidade de ter atingido o Devónico Inferior.

2.2-Sucessão envolvente da Antiforma de Estremoz

Da mais antiga para a mais recente ocorrem as seguintes unidades:

Formação de Fatuquedo: esta unidade foi definida na região de Barrancos e reconhecida em todo o Sector de Alter do Chão-

Elvas, onde também é conhecida por Xistos de Terrugem. Constitui a unidade mais recente deste sector, não datada, mas

considerada do Câmbrico Médio, por se situar estratigraficamente acima da base do Câmbrico Médio, datado em Espanha.

As litologias dominantes são xistos cinzentos, metarenitos micáceos, metagrauvaques e metaconglomerados, estes últimos

muito desenvolvidos na região de Barrancos-Encinasola (Espanha), e que se vão tornando sucessivamente mais escassos para

NW. A espessura total desta unidade é da ordem dos 1000 m. Na sucessão envolvente da Antiforma de Barrancos, a NE de

Alandroal, no centro de estruturas anticlinais afloram xistos, metagrauvaques e metarenitos, que foram correlacionados com

a Formação de Fatuquedo (Piçarra, 2000). A topo desta sucessão ocorre um nível constituído por bancadas de quartzito

intercaladas em xistos, com espessura de alguns metros, impregnadas de óxidos de Fe e Mn. Localmente podem ocorrer

conglomerados associados este nível. Oliveira V. (1984) considerou que este nível sublinha a base do Ordovícico, discordante

sobre a Formação de Fatuquedo.

Formação de Barrancos: também definida na região de Barrancos, esta unidade é constituída por xistos e psamitos

finamente estratificados, roxos e esverdeados característicos, bem expostos nas trincheiras situadas á entrada da vila de

Barrancos. A cor roxa mantem-se até à Falha de Odemira-Ávila, altura a partir da qual desaparece, passando a predominar as

tonalidades cinzento-esverdeadas. Na região de Barrancos, a parte superior da unidade é mais enriquecida em bancadinhas

de metaarenitos micáceos e metagrauvaques ricos em icnofósseis. Esta parte superior também conhecida por Xistos com

Phyllodocites, forneceu fósseis de graptólitos e de acritarcas que indicam idade de Ordovícico Inferior a Médio. Na área

envolvente da Antiforma de Estremoz, os xistos e psamitos da Formação de Barrancos são cinzento-esverdeados, e a parte

superior com incnofósseis não é conhecida. A idade da Formação não está bem definida, uma vez que só a parte superior

está bem datada. A espessura é seguramente superior a 500 m.

Formação da Colorada: também definida na região de Barrancos, esta formação integra uma sucessão de bancadas de

arenitos impuros, micáceos, de espessura variando de centimétrica a métrica, alternando com xistos escuros. Na região de

Barrancos, a unidade chega a atingir 200 m de espessura, mas na Região de Estremoz fica reduzida a poucos metros. A

unidade aparece sistematicamente associada à base da Formação Xistos com Nódulos do Silúrico Inferior, descritos adiante.

Em Barrancos e noutros locais foram identificados graptólitos da Base do Silúrico na parte superior da unidade que dá

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passagem à Formação dos Xistos com Nódulos do Silúrico. Por sua vez, há aparente passagem litológica gradual para a

Formação de Barrancos. Por isso se admite que parte da Formação Colorada pode ter idade ordovícica.

Restos de bancadas de quartzitos ocorrem, ainda que de modo esporádico, directamente sobre o CVS de Estremoz. Neste

aspecto, é particularmente elucidativo o afloramento situado no vértice Carambo, 1 Km a NW de Alandroal, perto da estrada

para Vila Viçosa. Aqui, uma bancada de quartzito atribuído à Formação Colorada está suprajacente a mármores do CVSC de

Estremoz e os liditos que se sobrepõem à bancada de quartzito forneceram graptólitos da base do Silúrico (Piçarra, 2000).

Formação do Xistos com Nódulos: designação herdada da terminologia de Nery Delgado, é constituída na parte inferior por

xistos escuros grafitosos e liditos, finamente estratificados, que gradualmente passam para o topo a xistos negros e psamitos

finamente estratificados, com passagens de liditos. No estratotipo da unidade, definido em Barrancos, a espessura total é de

cerca de 50m, estando nela incluído todo o Período Silúrico, materializado pela presença de biozonas de graptólitos todos os

andares deste período. Trata-se portanto de uma sucessão condensada.

Na região envolvente da Antiforma, os níveis inferiores da unidade estão bem representados em numerosos afloramentos, e

sempre com espessuras de poucas dezenas de metros. Contudo, só estão datados com graptólitos das Séries do Silúrico

Inferior a Médio (Landoveriano a Wenlockiano).

Formação dos Xistos Raiados: em toda a envolvente da Antiforma existe uma sucessão de xistos, psamitos e quartzitos

finamente estratificados que têm características litológicas semelhantes às da Formação dos Xistos Raiados, com estratotipo

na região de Barrancos. Por essa razão, foram atribuídos ao Silúrico Superior-Devónico Inferior, embora esta idade não tenha

ainda sido provada. De acordo com esta interpretação, esta será a unidade com maior distribuição espacial em toda a região

envolvente da Antiforma (Piçarra, 200).

É interessante notar que em toda a região envolvente da Antiforma ocorrem rochas básicas filonianas, do tipo dos doleritos e

basaltos, intercaladas na Formação dos Xistos Raiados. Estas rochas básicas, com características alcalinas, foram

consideradas do Silúrico (Mata e Munhá, 1985), mas a nova cartografia sugere que poderão ser do Devónico.

3- Estruturação Tectónica

Toda a região está afectada pela Orogenia Varisca, aqui caracterizada pela existência de duas fases de deformação. A

primeira fase com dobras e clivagem associada orientadas para NW e vergentes para SW terá gerado um estilo estrutural do

tipo pelicular, tendo na base um plano de carreamento que aflora na janela tectónica de Estremoz e que se enraíza para NE,

na região oriental da Antiforma, e para SW na região ocidental. Este carreamento aparece reforçado pelo facto de, como

vimos anteriormente, os fósseis encontrados nos mármores do CVSC de Estremoz serem de idade silúrico-devónica, mais

recentes que os quartzitos da Formação da Colorada e liditos da base do Silúrico que lhe estão tectonicamente sobrepostos.

A segunda fase de deformação gerou dobras isoclinais com clivagem associada sub-vertical ou mergulhando fortemente para

SW. Nesta fase dá-se a verticalização dos cavalgamentos gerados na primeira fase de deformação.

Uma palavra sobre o designado Carreamento da Juromenha, com interpretação controversa. Toda a sequência do Câmbrico

Inferior a Médio do Sector de Alter do Chão Elvas se encontra invertida e vergente para SW. Os Xistos e Grauvaques da

Unidade dos Xistos de Terrugem (equivalentes à Formação de Fatuquedo), do topo desta sucessão, foram considerados em

contacto cavalgante com os então designados xistos do Silúrico (Perdigão, 1976) sublinhado pela presença de óxidos de Fe e

Mn. Nesta interpretação, uma mancha de xistos e grauvaques que aparecem a oeste deste contacto cavalgante foi

interpretada como pertencente aos Xistos de Terrugem, desenhando uma estrutura do tipo klipe, enraizada no

cavalgamento. Na Carta Geológica de Portugal, na escala 1:500000, edição de 1992, o carreamento foi substituído por um

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cavalgamento e o designado klipe passou a ser interpretado como um anticlinal. Como vimos, Oliveira, V. (1984) considera

que o nível com Fe e Mn materializa uma discordância na base do Ordovícico e demonstra que os xistos anteriormente

atribuídos ao Silúrico, pertencem de facto à Formação de Barrancos. Na sequência deste trabalho, Piçarra (2000) realizou

cartografia detalhada na região, pondo em evidência que o nível com Fe/Mn se apresenta dobrado e que tem sempre

subjacente os xistos e grauvaques atribuídos à Formação de Fatuquedo, desenhando estruturas anticlinais. Esta

interpretação questiona a existência do Carreamento associado ao nível com óxidos de Fe e Mn. Este nível pode seguir-se até

à região de Alter do Chão e está frequentemente associado a uma falha inversa, muitas vezes acompanhada de quartzo. Por

essa razão foi recentemente interpretada, na recente edição da Carta Geológica de Portugal, escala 1:000000, como

materializando um cavalgamento, que será subsidiário do manto de carreamento que aflora na janela tectónica de Estremoz.

Finalmente, há que sublinhar que toda sucessão estratigráfica foi afectada por metamorfismo regional que atinge a fácies da

clorite, localmente da biotite. Os filões de rochas básicas provocam metamorfismo de contacto materializado pelo

desenvolvimento de xistos mosqueados na sua proximidade.

Nota final: esta síntese da geologia da região de Estremoz evidencia semelhanças com a que foi observada nas excursões realizadas no

Encontro de Moura, em 2012. Estas semelhanças estiveram na base da definição do designado Sector de Estremoz-Barrancos.

4 - A visita de campo

Paragem 1

Localizada nas trincheiras do IP2, a cerca de 1km a sul de São Bento de Mampurcão. Neste local, na barreira ocidental da

estrada, podem observar-se, de norte para sul, xistos e chertes negros da Formação dos Xistos de Mares (figura 2), a que se

sobrepõem rochas vulcaniclásticas de granularidade fina, claras, muito afectadas pela clivagem xistenta (figura 3). Associados

a este nível vulcaniclástico podem ocorrer arcoses e mesmo conglomerados, estes visíveis na barreira leste da estrada (figura

4). Este nível dá passagem, para norte, às dolomias do Câmbrico, mal expostas, sendo contudo visíveis alguns restos de

carbonatos e o terreno castanho-avermelhado que lhe está geralmente associado

Figura 2. Formação dos Xistos de Mares: bancadinhas de espessura centimétrica de cherte escuro intercaladas

em xistos cinzento.

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A B

Figura 3. Sedimentos vulcaniclásticos de granularidade fina, deformados pela clivagem xistenta (A)

e conglomerado com matriz detrítica vulcanogénica e calhaus de quartzo (B)

Paragem 2

Localizada na estrada Vila Viçosa- São Romão, na base do castelo de Vila Viçosa. São aqui observados, em razoáveis

condições, os xistos e liditos da base da Formação dos Xistos com Nódulos (figura 5)

Figura 5. Formação dos Xistos com Nódulos : bancadinhas de liditos alternando com

xistos negros, na parte inferior da unidade.

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Paragem 3

Situada na mesma estra, cerca de 500 m a nordeste da anterior, em frente a uma capela, na barreira sudoeste da estrada. Ao

longo da barreira observa-se xistos e liditos passando a xistos escuros, afectados por clivagem xistenta e intruídos por um

filão de rocha básica.

Figura 6. Rocha básica muito alterada, intruída em xistos escuros, atribuídos à Formação dos Xistos com Nódulos.

Figura 7. Na mesma barreira, ocorrem veios de quartzo, localmente com

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formato em “boudin”

Paragem 4

Na estrada Vila Viçosa-São Romão, no alto do vértice geodésico Papa Solas. Na barreira do lado norte, e de oriente para

ocidente, pode observar-se sucessivamente: xistos cinzento-escuros da Formação dos Xistos com Nódulos; filão de quartzo;

psamitos micáceos da Formação da Colorada; xistos finamente laminados e muito dobrados, com dobras tardias e associadas

a estruturas do tipo kink band, considerados da formação dos Xistos Raiados. Entre estas duas últimas unidades existe um

acidente tectónico, do tipo cavalgamento, que terá rejogado posteriormente à segunda fase de formação (figuras 8 e 9).

Paragem 5

Na estrada para São Romão, cerca de 500m a leste do vértice geodésico Papa Solas, nas barreiras da estrada estão bem

expostos os xistos e psamitos cinzento- esverdeados da Formação de Barrancos, afectados por clivagem xistenta da segunda

fase de deformação varisca (S2) orientada para N40W, subvertical. Na barreira do lado sul estão expostas lineações de

intersecção L2 desta clivagem com a estratificação (S0^S2), com ângulos de inclinação opostos (figuras 8 A e B). Na figura 10

está representada a interpretação destas variações na inclinação da lineação L2.

COQZ

CO

XR ?CO

XN

A

B

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Figura. 8. Unidades expostas na barreira norte da estrada perto do vértice Papa Solas: XN-xistos cinzento- escuros; Qz –f ilão de quartzo; Co

-psamitos micáceos; XR- xistos e psamitos finamente estratificados (A) e pormenor dos xistos XR, com dobras tardias (B)

A B

Figura 9. Formação de Barrancos: xistos e psamitos cinzento-esverdeados, sendo visíveis as lineações L2 no plano da clivagem

S2, mergulhando 45º para NW (A) e 70º para SE (B).

S2

S0

L2

Figura 10. A interpretação estrutural das lineações mostra que estão relacionadas com dobra da primeira fase vergente para

SW transectada pela clivagem associada à fase de deformação

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Paragem 6

Barreira da estrada São Romão- Juromenha, lado leste, 500 m a norte do Monte da Misericórdia. Na transição entre os xistos, psamitos e metagrauvaques da Formação Fatuquedo para os Xistos e psamitos da Formação de Barrancos ocorre um nível com bancadas de quartzito impregnadas de óxidos de Fe e Mn (figura 11). Este nível tem sido sucessivamente considerado como marcador da discordância da base do Ordovício ou, em alternativa, como marcador de um carreamento designado por Carreamento da Juromenha. Constata-se que este nível está dobrado desenhando estruturas anticlinais, o que questiona a sua relação com o carreamento.

Figura 11. Nível com óxidos de Fe e Mn, no contacto entre a Formação de Fatuquedo, a norte do local, não visível e xistos cinzentos meteorizados atribuídos à Formação de Barrancos.

Paragem 7

Na estrada Alandroal – Elvas, cerca de 50m a oeste do cruzamento com a estrada para São Romão, perto da ponte sobre a

Ribeira de Asseca. Boa exposição do grauvaques atribuídos á Formação de Fatuquedo (figura 12).

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Figura 12. Grauvaques da Formação de Fatuquedo. Notar a refracção da clivagem, com indicação de que estas bancadas

encontram em posição direita.

Paragem 8

Observação da exploração de mármores na Pedreira de Pardais

No ano de 2011 foram explorados 892.520 toneladas de mármores e calcários, com o valor de 83.704.000 euros,

constituindo o valor mais elevado de entre as rochas ornamentais, que no total renderam 147.468.000 euros.

Em termos de substâncias exportadas, os mármores e calcários representam 20% do total, valor este que é só ultrapassado

pelo Cu produzido nas minas de Neves Corco (65%). Fonte: Informação Estatística da Indústria Extractiva, Dezembro, 2012.

Direcção Geral de Energia e Geologia.

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