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GEOPOLITICA 11-09-2012

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Um olhar de descoberta na Paris da Belle Époque

João Anzanello Carrascoza1 Christiane Godinho Santarelli2

RESUMO

Ao estilo dos textos de Baudelaire sobre os flâneurs que caminhavam na cidade de Paris, descobrindo os símbolos da modernidade, este artigo narra a chegada de um estrangeiro à capital francesa no início do século XX e seu passeio pela cidade. Ao longo de um dia, ele tomará contato com as obras de importantes artistas como Toulouse-Lautrec, Murcha e Chéret, que desenharam cartazes para shows, embalagens de produtos, folhetos promocionais, entre outras manifestações artísticas exploradas pelo então nascente espírito moderno. À semelhança do romance de Umberto Eco, A misteriosa chama da rainha Loana, que reproduz ima-gens da cultura pop e erudita em meio à sua narrativa, o texto segue o formato de ensaio ilustrado, fundindo a ficção com os aspectos reais da Paris na efervescência da Belle Époque. A estrutura, portanto, rompe com os gêneros tradicionais dos artigos acadêmicos, apresentando con-teúdo reflexivo por meios dos personagens e da trama engendrada. Palavras-chave: Paris; Belle Époque; modernidade; imagens; publicidade.

ABSTRACT

In the style of Baudelaire’s texts on the flâneurs who used to walk in the city of Paris, finding the symbols of modernity, this article narrates the ar-

1 Doutor em Ciência da Comunicação pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA-USP), onde leciona no curso de Publicidade e Propaganda, e docente do Programa de Mestrado em Comunicação e Práticas de Consumo da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM-SP).2 Doutoranda em Ciência da Comunicação pela Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo (ECA-USP).

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rival of a foreigner in the early 20th century in Paris, and his tour around the French capital. In the course of one day, he will be in contact with the works of important artists, such as Toulouse-Lautrec, Murcha and Chéret, who drew posters for shows, products’ packages, advertising leaflets, among other artistic manifestations, explored by the then rising modern spirit. Similar to Umberto Eco’s novel The mysterious flame of Queen Loana, which reproduces images of both pop and erudite culture in its narrative, the text follows the illustrated essay format, merging fiction and the real aspects of Paris’ effervescent Belle Époque. The structure, therefore, breaks free from the traditional genres of academic articles, presenting the reflexive content by means of its characters and engendered plot.Keywords: Paris; Belle Époque; modernity; images; advertising.

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A chegada

Fechou os olhos, e o espírito daquela época, bela e moderna, abriu-se aos seus pés. Como se na tela dos irmãos Lumière, Paris, o paraíso dos turistas, vibrava em imagens, saltando para a sua realidade. A realidade das majestosas mansões do Faulbourg Saint-Germain, dos espetáculos do Théâtre des Varietés, dos divertidos vaudevilles, dos animados cafés chantants, dos grandes magazines.

O passeio

Emergindo da névoa, a cidade rugia aos ouvidos virgens do estrangeiro que, à porta de um pequeno hotel perto da Gare Saint-Lazare, suspirou ao iniciar seu passeio. Para trás já ficara o Boulevard Haussmann, en-quanto adiante o exuberante Palais des Tuileries chamava a sua atenção, silenciosamente.

Era o seu primeiro dia em Paris. Na noite anterior, sentira-se exaus-to pelas dez horas que levara para fazer de trem a viagem de Charing Cross até ali. Apesar de excitado com a atmosfera elétrica da mais vi-brante capital da Europa, havia preferido o suave entorpecimento de Morfeu à imediata embriaguez do absinto que serviam no Café du Helder, como soubera por um pôster afixado na estação ferroviária, onde desembarcara.

Com o Paris-Almanach numa das mãos e a bengala na outra, seguiu pela Rue de Rivoli, a respirar a brisa que levemente movia os galhos das árvores. Sorria por dentro, pela felicidade de estar, enfim, girando as engrenagens de seu sonho. Mirava a rua ruidosa com uma falsa calma, porque, em verdade, seus olhos, vorazes, queriam conhecê-la no ato. E a toda a Paris, máquina de fabulosas novidades.

O momento era maior que a sua capacidade de registrá-lo na memó-ria. E o aprazia sentir essa agradável tensão. Haveria tempo para desco-brir as mil e uma maravilhas que a cidade oferecia, desde o esplendor de sua arquitetura, espalhada em tantos prédios e monumentos históricos, à diversidade de seus programas culturais.

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Desejava, nessa manhã ensolarada, vivenciar o progresso que mar-chava a cada quadra de Paris, ainda sob o clima efusivo das Exposições Universais com seus inusitados “panoramas de viagem”.

Mais à frente, na calçada oposta, um gazeteiro vendia o Le Figaro. O estrangeiro atravessou a rua, de onde pôde vislumbrar a Place Vendôme, e seguiu em direção ao gazeteiro. Esperou que ele desse o troco ao cava-lheiro vestido com invejável apuro, e comprou o jornal.

Apressado, leu as manchetes na primeira página e folheou o jornal para verificar a sua diagramação, planejando lê-lo mais tarde, sentado confortavelmente num café. Admirou-se em dar, em meio às notícias, com a profusão de propagandas que vendiam um sem-número de cobi-çadas mercadorias: digestivos, chocolates, tintos dos vinhedos do Château Lafitte, máquinas de costura, cosméticos, artigos de toucador.

E ainda havia muitos anúncios de atrações cul-turais como o Le salon des cent, o cinematógrafo, a revista Simplicissimus, o ballet do Folies-Bergère.

Ante aquela espantosa variedade de marcas de produtos, de novos serviços, o estrangeiro se sentia a um só tempo deslumbrado e inquieto, como um rio ao se aproximar da imensidão do mar.

Continuou a caminhar pela Rue de Rivoli. A vitrine de uma bou-langerie, com pães de variados forma-tos à mostra, sugou a sua atenção. O estrangeiro parou,

contemplando como uma criança aque-las iguarias. Estupendo!, sussurrou para si mesmo. A vontade de experimentar um pedaço de torta em forma de ponte o do-minou. E era apenas o início do passeio! Teria outros dias para se entregar a todo tipo de degustação…

Figura 1.

Figura 2.

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Em seguida, atraiu-o a tabuleta ao la-do da boulangerie, onde fora afixado um cartaz colorido dos Biscuits Champagne Lefèvre-Utile. Nele, duas damas prova-vam os biscoitos num nobre salão ao lado de um cavalheiro de monóculo. Os traços sinuosos do desenho, tão cheio de orna-mentos, só podiam ser fruto da evolução tecnológica da litografia. Formidável, ele disse para si mesmo. Sim, era formidável que os pintores agora não estivessem mais limitados a produzir apenas estampas re-tilíneas.

Mais à frente, num longo tapume, ali instalado para esconder as obras de remodelação promovidas pelo prefei-to da cidade, viu restos de um outro cartaz, que parecia ter sido arranca-do. Pelo que sobrara dele, não conseguiu adivinhar qual seu desenho.

Pouco depois, entrou num café, procurou um canto tranqüilo e se acomodou. Ia ler seu jornal quando viu, na parede, o cartaz de uma mulher de traços suaves, cachos de cabelos compridíssimos e esplendi-damente estilizados, os ombros desnudos, anunciando os papéis Job para

enrolar fumo. Fixou-se nos detalhes

do monograma geomé-trico ao redor da figura feminina. Notou que era formado pelo desenho das letras da palavra Job, que se repetia, decorando todo o fundo. Era, inega-velmente, um affiche da vicejante Art Nouveau. Seus olhos luziam, admi-rados. E, embora fumasse

Figura 3.

Figuras 4 e 5.

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apenas charuto, teve desejo de comprar aquele papel para experimentá-lo com um tabaco parisiense.

Ao seu lado, um homem, diante de um livro aberto, notou seu olhar nu, de fascinação.

É uma obra-prima, não é?, comentou ele. O estrangeiro aproveitou a entente cordiale do francês para lhe per-

guntar o nome do pintor que desenhara o pôster. Mucha, respondeu o homem. Um checoslovaco que viera a Paris tra-

balhar com o pintor Jean-Paul Laurens. A encomenda de um cartaz para divulgar uma peça de teatro de Victorien Sardou, com Sarah Bernhardt, mudara a sua vida.

Ele caiu nas graças da atriz, explicou o francês. E contou que, desde então, o ar-

tista era quem fazia quase todos os pôsteres das peças do Theatre de la Renaissance.

Seu estilo decorativo, de inu-meráveis volutas, ganhara também o interesse de grandes companhias que o procuravam para fazer carta-zes publicitários de seus produtos.

Veja aquele ali, disse o homem, apontando para outro affiche junto ao balcão do café. É outra obra de Mucha.

O estrangeiro agradeceu a infor-mação, ergueu-se e foi apreciar de perto o pôster. Nele se via, ao centro, um casal de refinada aparência, rodeado de longas folhagens e delica-das flores alvas. Era uma imagem preciosa, de arte em superfície e de cores em camadas, facilmente compreensível, um estilo que parecia ter nascido para apresentar com perfeição as novidades do comércio e da indústria.

O estrangeiro voltou à mesa; um admirável mundo novo de apelos estéticos se expandia aos seus olhos.

Figura 6. Figura 7.

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É realmente um artista magnífico, disse, ao sentar-se. O francês meneou a cabeça em sinal de cumplicidade e retornou à

leitura de seu livro. No largo salão, sem a névoa do fumo, que só era permitido à noite,

alguns homens tomavam licor diante dos tabuleiros de dama e das pe-ças de dominó, enquanto as mulheres sussurravam em sofás luxuosos ao lado de compridos espelhos.

O estrangeiro pediu ao garçom um mazagran. O copo de café com a garrafa d’água logo lhe foi servido. Enquanto degustava prazerosamente a bebida, mirava pela janela o frenesi do trânsito lá fora, a vida moderna que disseminava, com seu ritmo acelerado, uma infinidade de tentado-ras emoções.

Entregou-se ao devaneio, repassando na memória alguns logradouros de Paris que desejava visitar: o Champs-Elysées, o Jardin du Luxem-bourg, o Quartier Latin com seus desregrados estudantes.

Estava, finalmente, fincado na energia da cidade; e a sua realidade febril, tão palpável, chamava-o para prelibá-la em sua plenitude.

E ele foi ao seu encontro. Pagou a conta, deixando un sou para o garçom, e despediu-se do fran-

cês que, ao vê-lo se retirar, disse:Se for pela rua de Richelieu, verá mais um Mucha. O estrangeiro agradeceu, com um gesto de reverência, e saiu do café. Seguiu pela mesma rua de onde viera e desembocou numa maior,

que confirmou ser, numa placa de esquina, a própria Rue de Richelieu. As pessoas caminhavam com vivacidade e o rumor dos coches e auto-

móveis hipnotizava. O sol iluminava as calçadas limpas e reformadas aos seus pés, a ciência e a higiene modernas haviam triunfado em Paris.

Deu mais alguns passos, a admirar o traçado das casas mercantis, e avistou num muro, do outro lado da rua, um cartaz em formato vertical, de suave colorido, igual aos vistos havia pouco no café.

Atravessou a rua para apreciá-lo melhor. No centro do affiche, uma mulher de feições orientais, num vestido longo e cheio de do-bras que parecia se mover por um vento invisível, segurava uma taça de bebida. Möet & Chandon, podia-se ler ao alto, e Dry Imperial, na

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extremidade inferior. Ao redor da cabeça da jovem, como se fosse sua auréola, uma espécie de vitral decorativo. O tema do eternel feminine estava de novo ali.

O estrangeiro suspirou, embevecido, e permaneceu uns minutos observando os pormenores da ilustração.

Paris era mesmo uma galeria de arte a céu aberto. Continuou seu tour, passando pelo Palais Royal, à

frente do qual se deteve para contemplar a imponente construção.

Depois, seguiu até o Louvre, sem plano de visitá-lo àquela hora. Faria-o na manhã seguinte.

Ansiava explorar a capital a pé, nesse primeiro dia, bordejando apenas seus patrimônios arquitetônicos

para, com mais tranqüilidade, e em outro momento, enveredar pelos seus interiores.

O frisson da cidade, com um milhão e meio de habitantes, deslum-brava-o. Paris das ruas labirínticas e insalubres, do caótico sistema de transporte, fora sepultada, e estava à frente das outras metrópoles euro-péias. As grandes avenidas abertas pelo barão Hausmann, havia poucas décadas, tinham dado à cidade uma magia urbanística que se espraiava por todos os cantos. Por isso, o estrangeiro podia agora cruzá-la, de ponta a ponta, flanando. Um universo de paisagens chamativas nascia a cada quarteirão. Motivo pelo qual ele pressionava fortemente a mão em sua bengala para não levitar.

Deteve-se uns minutos ante o imponente Grand Hôtel, projetado por Charles Garnier, com seus setecentos esplêndidos quartos, e seu vizinho e rival, o Grand Hôtel du Louvre.

Depois tangenciou o Palais des Tuileries e seguiu até a Place de la Concorde, onde parou para desfrutar a visão magnífica da Avenue des Champs-Elysées. Enquanto a contemplava, um omnibus estacionou à beira da calçada. As damas apearam primeiro e, em seguida, os homens desceram do andar superior; um deles escorregou nos estribos e quase caiu sobre uma jovem que passava.

Figura 8.

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O pequeno azáfama se desfez, o omnibus partiu e as pessoas se dis-persaram. Algumas se dirigiram para o Sena; o estrangeiro, contornando a praça, foi no encalço delas. Lera no almanaque sobre os mouches, botes a vapor que cruzavam o rio, e tencionava ver como eram.

Puxou do bolso o relógio preso à corrente: dez da manhã. Hora apro-priada para esse programa.

O estrangeiro enfrentou a fila e o alarido dos parisienses e conseguiu seu bilhete. Tirou o chapéu e se instalou na proa da “mosca”; dali pode-ria ver o traçado de prédios da Rive Gauche. E, um a um, eles desliza-ram à sua vista, quietos sob o véu centenário de sua história. O sol forte tremulava nas águas do Sena, atiçando o fogo de seus olhos que a tudo consumiam como labaredas.

Depois, o mouche girou e fez o percurso de volta, para que pudesse ver, plenamente, as belezas da outra margem.

O estrangeiro desembarcou uma hora mais tarde, a passos lentos, sa-boreando o prazer de flutuar naquele ca-minho estreito, que, no entanto, alargava as margens de sua alma.

Andou a esmo, ladeando o rio e, quan-do se deu conta, vislumbrava a Ile de la Cité, vista, ainda há pouco, da proa do barco.

Próximo a um poste, numa longa pa-rede, estava o pôster de uma motocicleta Comiot, sobre a qual uma jovem, com chapéu e lenço ao pescoço, dirigia numa estrada rural, em meio a gansos inquietos e lavradores surpresos.

Vendo-a com as mãos no guidon do charmoso veículo, o estrangeiro se sentia como criatura de um mundo em atraso, a anos-luz dessa civilização que, minuto a minuto, seduzia-o com novos maquinismos.

Por aquelas imediações, sabia que havia bons restaurantes, alguns na Galerie de Valois, onde poderia provar a cuisine da capital. Consultou seu

Figura 9.

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almanach e constatou que estava a dois quarteirões dela. Rumou para lá, assobian-do, como se suas poucas horas de flâneur pela cidade o tivessem dotado da naturali-dade dos parisienses.

Num tapume, ao lado da galeria, avul-tava outro pôster. Em seu centro, num estilo menos revoluto que os vistos até então, sobressaía um enorme gato negro, símbolo da Tournée du Chat Noir.

Ah!, o estrangeiro exclamou. Outro dos muitos cabarés que desejava conhecer.

Não demorou para encontrar na ga-leria o restaurante Véfour. A aparência

nobre do local e a satisfação dos comensais, que conversavam animada-mente, o conquistaram à primeira mirada.

O garçom o conduziu a uma boa mesa e lhe entregou um livreto com dezenas de páginas ilustradas mais parecido a um catálogo de artes do que a um menu. Havia uma notável variedade de opções: hors d’oeuvres, sopas, pratos de carne, caça, vegetais e fruits en compote. Os preços, em francos, eram elevados, mas ele agiu com classe, como se fosse um habitué.

Aceitou a sugestão do garçom e pediu uma maionese de salmão co-mo entrada, seguida de rosbife com purê de batatas e queijos. E, claro, fez questão de uma garrafa de tinto das vinhas francesas.

Comeu com gosto, saboreando cada bocado lentamente, pensando naquela cidade idílica que se desnudava para ele.

Findo o almoço, acometeu-o um delicioso entorpecimento. Para despertar, pensou em fazer compras no Le Printemps ou no Au Bon Marché. Ainda não visitara um magasins de nouveautés, estava curioso para se inteirar das novas mercadorias – as roupas, os sapatos, as jóias, os perfumes. Cogitava ir também à Maison Violet para conhecer os cosmé-ticos e demais inovações em toilette do Reine des Abeilles, que faziam o gosto dos aristocratas locais. Mas talvez fosse melhor visitá-la na tarde seguinte.

Figura 10.

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E havia ainda a torre Eiffel, com sua estrutura inteiramente de ferro, o Arco do Triunfo, a catedral de Notre-Dame, a gare D’orsay, o Pantheón, os espetáculos no Odéon…

Precisava se controlar ante aquele charivari de tentações...Peregrinou um pouco pela Rue Voltaire, que o lembrou a figura de

Candide; depois atravessou a Rue de L’université e, rapidamente, chegou no Au Bon Marché.

Enveredou-se pelos seus saguões, onde deparou-se com parisienses e turistas comprando lençóis, peças de seda, luvas, casacos de pele, guar-da-chuvas, miudezas de armarinho. Mercadorias que ele jamais imagi-nara num mesmo local ali estavam, umas ao lado das outras, expostas em suportes inovadores, como sereias de cantos silenciosos.

Girou pelo magazine por mais algum tempo, sem se cansar, analisando os pro-dutos, inteirando-se de suas qualidades, tocando-os.

Não resistiu aos feitiços do consumo e comprou uma caixa de lenços finos, um pente de casco de tartaruga e uma tesou-rinha de aparar unhas.

Antes de sair, jubilante, viu um pe-queno cartaz junto à bancada sobre a qual se acumulavam embalagens em forma de cone. Era um affiche da Com-pagnie Française des Chocolats et des Thés. Um belo desenho, de tons pastel e curvas doces, que revelava um momento de ternura entre mãe, filha e o gato da casa. A um canto da ilustração, via-se a embalagem do chá, em forma de cone, igual às expostas ali.

O estrangeiro estudou o cartaz e procurou o nome do artista. Lá es-tava, no canto direito: Steinler. O traço era singelo, sem filigranas, em comparação ao de Mucha, mas também atraente. A cena lembrava um instantâneo da vida familiar, e quem a via, como um voyeur, flagrava a intimidade alheia.

Figura 11.

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De volta à luminosidade solar da rua, o estrangeiro retornou às cercanias do Louvre. Consultou o almana-que e soube que a primeira linha do metrô, Vincennes-Maillot, fora inaugurada havia pouco tempo, unindo o leste ao oeste da cidade. Decidiu conhecê-la àquela hora.

No percurso até a estação, viu outros cartazes pu-blicitários afixados diretamente nos muros. Um deles, de Chèret – o primeiro mestre da nova litografia, como soube depois –, desbotado pela chuva e pelo sol, exibia uma jovem num esvoçante vestido amarelo. Divulgava o Purgatif Géraudel, mais uma conquista da ciência médica para o bem-estar do homem moderno.

A arte rompera a moldura dos museus e se espalha-va pelas ruas. Era uma dádiva poder apreciar gratuitamente o trabalho daqueles artistas, as imagens que, como essa, pareciam ganhar vida e mover-se em meio aos transeuntes.

E tão surpreendente para o estrangeiro, como andar no trem subter-râneo, foi ver, nos corredores de acesso à plataforma, as paredes cobertas de affiches. Anunciavam móveis, cervejas, artigos de tocador, tecidos, louças, variados shows e até o filme Voyage dans la lune, baseado na obra de Jules Verne.

Ao sair da estação do metrô, inte-ressou-se por um vendedor com uma sacola às costas cheia de rolos de de-senhos. Viu quando ele abriu inteira-mente um deles para mostrar a um turista.

É um legítimo Lautrec, disse o ven-dedor. E argumentou que affiches co-mo aquele haviam se tornado obras de colecionador.

A ilustração trazia a figura de uma jovem oriental com vestido e chapéu

Figura 12.

Figura 13.

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negros. Acima de sua cabeça, lia-se Di-van Japonais.

Uma litografia do célebre Toulou-se-Lautrec, que colocara seu talento a serviço da publicidade, desenhando car-tazes para espetáculos teatrais, shows de danças e cabarés.

O vendedor mostrou outro cartaz ao turista. O estrangeiro se aproximou e viu o desenho de Jane Avril, a famosa dançarina de cancã.

Uma obra-prima de Lautrec, disse o vendedor. E enfatizou que era oferta única, porque Lautrec morrera havia poucos meses. Não haveria outras opor-tunidades de adquirir um affiche dele.

O turista sorriu, disse Mérci, mérci, e se retirou, atravessando rapidamente a rua.

O estrangeiro se apaixonara pelas gravuras, mas, quando soube o preço, desistiu. Eram caras demais para suas posses.

O vendedor desenrolou outro cartaz: o de um cavalheiro com ares de fidal-go e um cachecol vermelho ao redor do pescoço. Ambassadeurs. Aristide Bruant dans son cabaret, dizia seu texto.

Mais um belo Lautrec. E, mesmo sem poder comprá-lo, o estrangeiro achava extraordinário

poder mirá-lo ali, como se ainda em tinta fresca. Despediu-se do vendedor e flanou mais um pouco pelas ruas cen-

trais. Depois, folgou num banco do Jardin du Luxembourg, onde ficou a mirar, por entre os galhos das árvores, o sol que já não fulgia com a mesma força.

Figuras 14 e 15.

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O frescor do vento acariciava seu rosto. Intensas tinham sido as sen-sações que experimentara desde a manhã. E a cidade continuava a se desdobrar a toda velocidade, as ruas rasgadas por gente e mais gente, omnibus, coches, automóveis...

Entardecia. Apesar da fadiga, o estrangeiro sentia-se excitado para ir a Montmar-

tre, nos subúrbios. Ouvira tantas histórias sobre sua vida artística, os ca-barés, os bordéis, os teatros de revista, que nada o convenceria a adiar para o dia seguinte o passeio até lá.

O Moulin Rouge não lhe saía da imaginação, as dançarinas de cancã habitavam seu sonho desde que decidira empreender a jornada a Paris.

Urgia encontrar um táxi para levá-lo a Montmartre.E foi nesse momento que passou por ele um homem alto, elegante-

mente trajado. Não obstante os refinados traços de seu rosto, o olhar era frio e melancólico. O chapéu impecável e os sapatos exóticos o diferen-ciavam dos indivíduos que circulavam pela cidade. Um autêntico dândi!

O estrangeiro se lembrou das palavras de Baudelaire: “O dandismo é um sol poente; como o astro que declina, é magnífico, sem calor e cheio de melancolia”.

Continuou a perambular até o fim do Boulevard Saint-Michel, de-sembocando numa rua sem saída. Ao contrário de tudo o que vira, lá a sujeira imperava, e pessoas em andrajos imundos dividiam restos de comida. O mau cheiro o repugnou. Um mendigo deu pela sua presença e veio em sua direção.

O estrangeiro afastou-se dali, às carreiras. Quando alcançou uma das laterais de Notre-Dame, viu um coche desocupado e sinalizou para o condutor.

Mal se ajeitou, os cavalos se moveram, velozes. E ele partiu para Mont-martre, apagando da mente aquele miserável que o havia assustado.

Agora se extasiava com as luzes elétricas que se acendiam nas man-sões à margem esquerda do Sena e, lá adiante, no Au Bon Marché e em outros magazines.

Chegou à colina de Montmartre quando a noite já engolia, vagarosa-mente, o esplendor da tarde.

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Desceu do táxi. Uma brisa leve se insinuava pelos espaços abertos. Parou no alto da colina para observar Paris sem o poder do sol. Dali po-dia ver as luzes da cidade latejando lá embaixo, como um enxame de es-trelas encravadas na escuridão da terra. Uma vista feérica que se gravou para sempre em sua memória de homem dos tristes trópicos.

Embrenhou-se por uma ruela pouco iluminada, seguindo um rumor que se tornava, a cada um de seus passos, mais vívido e alegre, enquanto sua sombra bruxuleava no chão de pedra. Desembocou numa rua maior que fervia de gente e onde o vozerio crescia. Uma música efusiva soava ao longe.

Em meio ao vaivém das pessoas, notou, ao fundo, numa pracinha, um pintor sentado num tamborete, e, aos seus pés, dezenas de telas apoiadas num muro, em exposição. A Nova Arte pulsava até nos rincões mais afastados de Paris.

Sentado no degrau de uma escada, à porta de um café, um homem dormitava. Outro circulava entre os notívagos, a carregar uma tabuleta às costas e outra ao peito, anunciando um espetáculo de ballet.

Algumas floristas, exageradamente maquiadas e falantes, iam para lá e para cá, abordando os passantes.

Um vendedor ofereceu-lhe um binóculo para teatro e outro insistiu em lhe mostrar gravuras licenciosas. Aqui e ali se viam policiais, mas eles só observavam as pessoas, indiferentes ao azáfama de Montmartre.

O estrangeiro prosseguiu até chegar a um edifício intensamente iluminado, onde uma longa fila se formava. Era o Moulin Rouge, como pôde comprovar no affiche colado na parede, que mostrava uma cena supostamen-te igual à que ele veria lá dentro: uma dan-çarina a erguer uma das pernas num clássico passo de cancã.

Sua alma porejava felicidade. Pôs-se na fila e, enquanto aguardava,

um homem de pele morena, com sotaque Figura 16.

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esquisito, aproximou-se dele e apontou várias vezes para o bolso do paletó, ofere-cendo algo que trazia oculto. Ao estran-geiro pareceu que o homem mencionava as palavras “haxixe” e “ópio”. Respondeu com um meneio negativo de cabeça. O si-nistro vendedor insistiu, mas ele se fez de desentendido, a consciência alerta para os perigos que brotavam sob o disfarce dos prazeres.

À porta do Moulin Rouge, um velho gritava Entrée, entrée, apressando os es-pectadores.

Chegou a vez de o estrangeiro entrar. Pareceu que pisava na terra dos idílios. Em meio à névoa da fu-

maça dos cigarros, viu homens bebendo e conversando desbragada-mente ao redor das mesas. O movimento eufórico dos atendentes pelo salão, o verde vívido do absinto nos copos e a atmosfera carregada de excitação o transportaram para uma longínqua realidade. O dia fora pejado de descobertas que desaguavam, aos borbotões, na foz daquela penumbra.

O estrangeiro pediu uma dose de absinto, ansioso para provar seu gosto. E foi prontamente atendido.

Bebeu um gole. Outro. Outro mais. E sentiu que experienciava um momento único, maior do que podia sorver, um momento de transbor-damento. O show ia começar. A febre alta do ambiente, a gargalhada dos bêbados e o efeito da bebida alcoólica o entorpeceram.

O retorno

Abriu os olhos, e o espírito da nossa época, tão pós, um século à frente, focou vagarosamente um dos milhares de carros em chamas nos subúr-bios de Paris – os novos lumes da Cidade Luz. Em vez de um pôster publicitário, a foto da força antimotim da polícia francesa lançando

Figura 17.

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jatos d’água contra os suspeitos de vandalismo perto da torre Eiffel: os imigrantes que viviam na periferia da capital.

Foi a imagem primeira à janela de seu despertar. O fogo líquido come-çando a incinerar esses tempos de hi-per-realidade.

Referências bibliográficas

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Sites consultadoshttp://baudelaire.litteratura.com

Figura 18.

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http://www.musee-orsay.frhttp://www.museeabsinthe.comhttp://www.museedelapub.orghttp://www.paris.org/expos/belleepoquehttp://www.parisrama.com/thematiques/transport_a_paris.htm

Créditos das imagens

Figura 1: Mucha, Alphonse. Nectar Liqueur, 1899. Litografia (64 x 26 cm). In MUCHA, J.; HENDERSON, M. Alphonse Marie Mucha. London: Academy Editions, 1974, p. 85.

Figura 2: Cheret, Jules. Folies-Bergère, 1893. Litografia (121 x 23 cm). In FEINBLATT, E. & BRUCE, D. Toulouse-Lautrec and his Contemporairies. Posters of the Belle Époque from the Wagner Collection. Los Angeles: County Museum of Art, 1985, s/p.

Figura 3: Mucha, Alphonse. Biscuits Champagne Lefrèvre-Utile, 1896. Litografia (35.5 x 52 cm). Paris: sdac, s/d. 1 cartão postal, color.

Figura 4: Cappiello, Leonetto. Chocolat Klaus, 1903. Litografia (150 x 109.3 cm). In FEINBLATT, E. & BRUCE, D. Toulouse-Lautrec and his Contemporairies. Posters of the Belle Époque from the Wagner Collection. Los Angeles: County Museum of Art, 1985, s/p.

Figura 5: Mucha, Alphonse. Job, 1898. Litografia (138.5 x 92.5 cm). In FEINBLATT, E. & BRUCE, D. Toulouse-Lautrec and his Contemporairies. Posters of the Belle Époque from the Wagner Collection. Los Angeles: County Museum of Art, 1985, s/p.

Figura 6: Mucha, Alphonse. Gismonda, 1895. Litografia (213 x 75 cm). In FEINBLATT, E. & BRUCE, D. Toulouse-Lautrec and his Contemporairies. Posters of the Belle Époque from the Wagner Collection. Los Angeles: County Museum of Art, 1985, s/p.

Figura 7: Mucha, Alphonse. Flirt, 1900. Litografia (61.5 x 27.5 cm). In FEINBLATT, E. & BRUCE, D. Toulouse-Lautrec and his Contemporairies. Posters of the Belle Époque from the Wagner Collection. Los Angeles: County Museum of Art, 1985, s/p.

Figura 8: Mucha, Alphonse. Möet & Chandon, 1899. Litografia (64 x 26 cm). In MUCHA, J.; HENDERSON, M. Alphonse Marie Mucha. London: Academy Editions, 1974, p. 85.

Figura 9: Steinlen, Theophile-Alexandre. Motocycles Comiot, 1899. Litografia (188 x 130.5 cm). In FEINBLATT, E. & BRUCE, D. Toulouse-Lautrec and his Contemporairies. Posters of the Belle Époque from the Wagner Collection. Los Angeles: County Museum of Art, 1985, s/p.

Figura 10: Steinlen, Theophile-Alexandre. Tournée du Chat Noir, 1896. Litografia (134.5 x 93 cm). In FEINBLATT, E. & BRUCE, D. Toulouse-Lautrec and his Contemporairies. Posters of the Belle Époque from the Wagner Collection. Los Angeles: County Museum of Art, 1985, s/p.

Figura 11: Steinlen, Theophile-Alexandre. Compagnie Française des Chocolats et des Thés, 1895. Litografia (77.5 x 57 cm). In FEINBLATT, E. & BRUCE, D. Toulouse-Lautrec and his Contemporairies. Posters of the Belle Époque from the Wagner Collection. Los Angeles: County Museum of Art, 1985, s/p.

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1. (Ufsc 2012) Sobre os temas capitalismo e globalização, assinale a(s) proposição(ões) correta(s). 01) No Brasil, a base material da reprodução da sociedade capitalista foi fundamentada na dominação

consentida das classes subalternas sobre a burguesia. 02) A regulação do capitalismo se dá por uma relação dialética do mercado, que através dos preços

regula a quantidade e as técnicas de produção de mercadorias. 04) Atualmente, a globalização extrapola as relações comerciais e financeiras. As pessoas estão cada vez

mais descobrindo na rede mundial de computadores (internet) uma maneira rápida e eficiente de entrar em contato com pessoas de outros países ou, até mesmo, de conhecer aspectos culturais e sociais de várias partes do planeta.

08) Mesmo antes do que seria conhecido como globalização, a maior internacionalização das economias permitiu às grandes corporações produzirem seus produtos em diversas partes do mundo, buscando principalmente a redução de custos.

16) A sociedade capitalista foi gestada em meio à dissolução da ordem feudal, particularmente nos países asiáticos, considerando-se o fortalecimento da relação de servidão em detrimento do trabalho assalariado.

32) O neoliberalismo se caracteriza como uma doutrina baseada em um conjunto de ideias políticas e econômicas capitalistas que defendem a ampla participação do Estado na economia.

2. (Pucsp 2012) “Quatro grandes desafios da 'regionalização' [MERCOSUL, p. ex.]: 1. Limitar a erosão a que está sendo submetido o Estado, mediante a recuperação da capacidade de regulação; 2. Recuperar o papel da acumulação capitalista nacional (privada e estatal), em relação à acumulação mundializada (corporações transnacionais) [...] para o desenvolvimento nacional; 3. Fortalecer o papel do setor privado nacional, com o propósito de que este se converta no ator modernizador, dinâmico e transformador [...]; 4. Reverter as condições estruturais de subdesenvolvimento e enfrentar as tendências objetivas negativas da globalização.”

(Raúl BERNAL-MEZA. America del Sur en el sistema mundial hacia el siglo XXI [América do Sul no sistema mundial,

no século XXI]. In: LIMA, Marcos Costa (org.). O lugar da América do Sul na nova ordem mundial. São Paulo: Cortez Editora, 2001. p. 35)

Tendo como referência o texto e a relação do processo de integração regional com o processo de globalização pode ser dito que (A) não existe incompatibilidade entre os dois processos, e que, embora haja por vezes alguma

contradição, os dois processos são, na essência, complementares. (B) o caminho para a superação do subdesenvolvimento é o da associação de capitais nacionais, com

capitais de escala global, no âmbito dos mercados regionais integrados. (C) a globalização enfraquece os Estados nacionais e submete os capitais nacionais a regimes

competitivos difíceis, o que pode ser combatido com mercados regionais regulamentados. (D) a regulamentação imposta pela globalização tem sido positiva para os Estados nacionais, pois estes

estavam se enfraquecendo como gestores econômicos e como referências políticas. (E) a regionalização é uma ação antiglobalização, que termina sendo uma ação antiacumulação do

capital, a favor da presença dominante do Estado no processo produtivo. 3. (Ufpa 2012) “Nos últimos vinte anos o Brasil tem desenvolvido novas formas técnicas e organizacionais, como a informatização e a automação nas atividades agropecuárias, na indústria e nos serviços, os atuais tipos de contratação e as políticas trabalhistas conduziram, entre outros aspectos, a um aumento do desemprego e da precarização das relações de trabalho.”

SANTOS, Milton; SILVEIRA, Maria Laura. O Brasil: território e sociedade no início do século XXI. 2. ed. Rio de Janeiro: Record, 2001, p. 220. (Texto adaptado).

A implicação das mudanças tecnológicas no mundo do trabalho, no Brasil, sugerida no texto, está identificada na alternativa: (A) A redução dos postos de trabalho nas atividades agropecuárias e industriais foi compensada pelo

investimento dos setores público e privado em postos de trabalho nos grandes centros urbanos.

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(B) As ampliações das necessidades produtivas, sobretudo a partir da revolução das telecomunicações, têm contribuído para o aumento do desemprego no setor informal da economia.

(C) As novas formas de contratação de trabalho, principalmente a terceirização, são um dos indicadores de que as relações de emprego se tornaram precárias, o que foi acompanhado da redução da renda do trabalhador brasileiro.

(D) A crescente diversificação das profissões atende às novas necessidades produtivas do mercado, no entanto é responsável pelo crescimento do desemprego no setor de serviços e na economia informal do país.

(E) O crescimento e a distribuição dos polos regionais de informática pelo território nacional foram responsáveis pela redução dos subempregos, na medida em que se absorveram os desempregados do mercado formal.

4. (Uerj 2012) Quando os auditores do Ministério do Trabalho entraram na casa de paredes descascadas num bairro residencial da capital paulista, parecia improvável que dali sairiam peças costuradas para uma das maiores redes de varejo do país. Não fossem as etiquetas da loja coladas aos casacos, seria difícil acreditar que, através de uma empresa terceirizada, a rede pagava 20 centavos por peça a imigrantes bolivianos que costuravam das 8 da manhã às 10 da noite. Os 16 trabalhadores suavam em dois cômodos sem janelas de 6 metros quadrados cada um. Costurando casacos da marca da rede, havia dois menores de idade e dois jovens que completaram 18 anos na oficina.

Adaptado de Época, 04/04/2011. A comparação entre modelos produtivos permite compreender a organização do modo de produção capitalista a cada momento de sua história. Contudo, é comum verificar a coexistência de características de modelos produtivos de épocas diferentes. Na situação descrita na reportagem, identifica-se o seguinte par de características de modelos distintos do capitalismo: (A) organização fabril do taylorismo – legislação social fordista (B) nel de tecnologia do neofordismo – perfil artesanal manchesteriano (C) estratégia empresarial do toyotismo – relação de trabalho pré-fordista (D) regulação estatal do pós-fordismo – padrão técnico sistêmico-flexível 5. (G1 - ifal 2012) Leia o texto abaixo e responda à questão.

“O capitalismo voltou a ser forte ideologicamente. É preciso deixar claro que em muitos casos (inclusive nos países tidos como desenvolvidos e democráticos) a ação repressiva contra os movimentos de contestação (comportamental e política) criou as condições para a "restauração capitalista". No entanto, nem só de repressão vive o capitalismo. A retomada da supremacia ideológica dos valores capitalistas está vinculada ao processo de reestruturação do aparato produtivo voltado para a segmentação do mercado. As empresas apropriaram-se da rejeição juvenil do padrão único de comportamento (adultos de classe média) e passaram a vender mercadorias capazes de compor uma multiplicidade de estilos de vida, dependendo da "personalidade" do consumidor”

(Cláudio Novais Pinto Coelho. A Cultura Juvenil de Consumo e as Identidades Sociais Alternativas. In: www.ritotal.com.br, acessado em 10/08/2002).

I. A relação entre a globalização e as diferenças sociais, presente na matéria, pode ser identificada

através da supremacia ideológica dos valores capitalistas. II. A violência contra os movimentos de contestação pode ser considerada como uma das consequências

da globalização do capitalismo. III. A expansão das empresas capitalistas no mundo contribuiu para o aumento das diferenças sociais

entre os jovens, mas diminuiu as desigualdades econômicas entre os países. IV. A globalização leva à criação de um mercado consumidor tanto padronizado quanto segmentado,

atendendo a uma sociedade de consumo homogênea e, ao mesmo tempo, adaptando-se às diferentes culturas.

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Estão corretas: (A) todas. (B) I, II e IV. (C) I e II. (D) II, III, IV. (E) I, II e III. 6. (Unesp 2012) Embora a miséria esteja espalhada pelo mundo, é possível delimitar áreas de concentração de extrema pobreza – pessoas vivendo com menos de US$ 1 por dia. No mapa, produzido pelo Centro de Pesquisas da Pobreza Crônica, a escala de tamanho dos países (anamorfose) está de acordo com seu número de habitantes em pobreza irreversível. A cor indica o nível de renda da maior parte dos habitantes pobres de cada país. Quando dados oficiais são insuficientes, os pesquisadores estimam as taxas nacionais de pobreza.

A partir da análise do mapa, cite o nome de duas regiões geográficas que se destaquem como desesperadamente pobres ou muito pobres. Exemplifique com o nome de um país que melhor demonstre a condição de desesperadamente pobre e de um país com a condição de muito pobre. A partir dos conhecimentos sobre essas regiões, mencione elementos geográficos que justifiquem essa pobreza. 7. (Upf 2012) Assinale V para as alternativas verdadeiras e F para as alternativas falsas. ( ) Até a década de 1970, a economia mundial continuou organizada sobre o complexo de tecnologias

baseadas no petróleo, na eletricidade, na eletrônica e na indústria química. ( ) Após 1970, esboçou-se um novo ciclo de inovações, conhecidas como Revolução Tecnocientífica,

que tinha seus fundamentos na revolução de inovação. ( ) O meio técnico caracteriza-se pelo predomínio da indústria e da transferência de matérias por meio

de rede de transporte, como ferrovias e rodovias. ( ) O predomínio das finanças e de transferência de capital e informação por meio de redes de

comunicações e de alta tecnologia, é inerente ao meio tecnocientífico. ( ) Esquematicamente, a rede é um sistema integrado de fluxos, constituída por pontos de acesso,

arcos de transmissão e nós ou polos de bifurcação.

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É correta: (A) F, V, V, F, F (B) F, F, F, F, F (C) V, V, V, V, V (D) F, F, F, V, V (E) V, F, V, V, F 8. (G1 - ifba 2012) “Embora tenha suas origens mais imediatas na expansão econômica ocorrida após a segunda guerra e na revolução técnico cientifica ou informacional, a globalização é a continuidade do longo processo histórico de mundialização capitalista.”

(MOREIRA, João Carlos e SENE, Eustáquio de. Geografia para o ensino médio: Geografia Geral e do Brasil. São Paulo: Scipione, 2002.p. 03)

Com relação ao desenvolvimento do capitalismo, sua mundialização e globalização, é possível afirmar que: (A) Os tigres asiáticos começaram a se constituir como potencias econômicas a partir da aplicação da

política de bem-estar social e do taylorismo/fordismo como elementos dinamizadores de suas economias.

(B) A constituição do MERCOSUL foi uma resposta político- econômica dos países da América Latina à perspectiva de constituição do NAFTA, uma vez que suas economias apresentam elevado grau de complementaridade e integração entre os setores primário, secundário e terciário.

(C) A chamada terceira revolução cientifica e tecnológica vem contribuindo intensamente com a integração entre os mercados, uma vez que possibilita maior grau de flexibilidade aos capitais internacionais, inclusive na perspectiva de substituição do dinheiro de papel pelo dinheiro de plástico e virtual em tempo real.

(D) Com a crise da economia americana, o valor das commodities agrícolas tem baixado seguidamente, contribuindo para atenuar a fome no Chifre da África.

(E) A crise que assola a economia-mundo tem contribuído para alterar e inverter as relações entre os países na divisão internacional do trabalho, pois até a China passou a ser credora dos EUA.

9. (G1 - ifsp 2012) Leia o texto a seguir.

Seguindo uma tendência observada nas empresas europeias e americanas, alguns investidores brasileiros estão migrando parte de seus negócios da China para o Vietnã. Os setores calçadista e têxtil são os que mais observaram esse tipo de mudança, com a instalação principalmente de fábricas americanas e europeias no Vietnã. Em estudo divulgado em março, a Câmara de Comércio Americana de Xangai, a AmCham, apontou que 88% das empresas estrangeiras sondadas optaram inicialmente por operar na China por causa dos baixos custos, porém, 63% dessas afirmaram que se mudariam ao Vietnã para cortar ainda mais o preço de produção.

(http://www.bbc.co.uk/portuguese/reporterbbc/story/ 2008/07/080709_vietannegociosmw.shtml. Adaptado) Pode ser associada ao conteúdo da notícia a seguinte afirmação: (A) atualmente, grande parte das empresas multinacionais é originária dos países subdesenvolvidos e aí

estão instaladas. (B) embora seja objeto de investimentos capitalistas, o sistema socialista chinês ainda afugenta as

empresas multinacionais. (C) a globalização facilitou a mobilidade de capitais e empresas, aumentando a competição entre países. (D) nos países asiáticos, o alto custo da mão de obra é compensado pela abundância de matérias-primas

minerais baratas. (E) a abertura comercial propiciada pela globalização permitiu às empresas brasileiras concorrerem com

as dos países europeus.

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10. (Uff 2012)

O título do mapa refere-se a uma parcela da população mundial que, ao ter acesso à difusão instantânea, comporia uma espécie de Comunidade Internacional, ancorada em redes como as ilustradas acima. A comparação entre a localização geográfica das redes televisivas e a da maior densidade de usuários de lnternet admite a indicação de outro título adequado a esse mapa. Assinale-o. (A) Colonização inversa: a provocação dos centros (B) Polarização Norte-Sul: a fragmentação global (C) Globalização em foco: um choque de civilizações (D) Integração regional: o protagonismo das periferias (E) Comunicação digital: o fim das diferenças culturais 11. (Ufpr 2012) O termo globalização tem sido usado para designar um fenômeno que trouxe profundas transformações à economia, à cultura e à organização geopolítica internacional. Explique esse fenômeno, apontando alguns dos seus impactos em nível mundial.

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12. (Uerj 2012) O capitalismo já conta com mais de dois séculos de história e, de acordo com alguns estudiosos, vive-se hoje um modelo pós-fordista ou toyotista desse sistema econômico. Observe o anúncio publicitário:

Uma estratégia própria do capitalismo pós-fordista presente neste anúncio é: (A) concentração de capital, viabilizando a automação fabril (B) terceirização da produção, massificando o consumo de bens (C) flexibilização da indústria, permitindo a produção por demanda (D) formação de estoque, aumentando a lucratividade das empresas 13. (Ufg 2012) Leia o texto a seguir.

“[...] os valores e interesses predominantes são construídos sem referência ao passado ou ao futuro no panorama intemporal das redes de computadores e da mídia eletrônica, em que todas as expressões ou são instantâneas, ou não apresentam sequência previsível. […] Essa virtualidade é nossa realidade porque está na estrutura desses sistemas simbólicos intemporais desprovidos de lugar cujas categorias construímos e cujas imagens, também por nós evocadas, modelam o comportamento, influenciam a política, acalentam sonhos e provocam pesadelos”.

CASTELLS, Manuel. A era da informação: economia, sociedade e cultura. São Paulo: Paz e Terra, 1999. v. 3. p. 411; 439. Nos últimos anos tem crescido de forma acentuada a utilização das redes sociais na internet, principalmente pelos mais jovens. Os protestos agora se difundem globalmente, e abaixo-assinados e petições públicas se reproduzem pelas redes, dando um novo significado ao conceito de cidadania.

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Com base no texto e nas informações apresentadas, conclui-se que, com o uso da internet, (A) as redes sociais têm contribuído para tornar o mundo mais humano e tolerante. (B) as redes sociais levam as pessoas a tornarem-se mais ativas na luta pela distribuição das riquezas. (C) os jovens encontram nas redes sociais um instrumento real para transformar a sociedade. (D) as redes sociais potencializam revoltas e manifestações, mas carecem de organização e limitam-se no

tempo. (E) os questionamentos críticos nas redes sociais têm mudado o comportamento consumista da

juventude. 14. (Uff 2012)

No mapa, em termos comparativos, registra-se o comércio entre sete grandes regiões do mundo e no interior de cada uma delas. (A) Apresente duas razões que expliquem a grande magnitude do comércio interno na Europa. (B) Cite duas razões que expliquem a desproporção entre o comércio interno da América do Sul-Central

e o comércio mantido por essa região com outras partes do mundo. 15. (Ufpr 2012) Comparando os dois textos a seguir, aborde as implicações dos conceitos de flexibilidade, internacionalização e terceirização. Texto 1: “A Inditex, um dos maiores grupos de distribuição de moda em nível mundial, conta com mais de 5000 lojas em 77 países na Europa, América, Ásia e África. Para além da Zara, a maior das suas cadeias comerciais, a Inditex conta com outros formatos: Pull&Bear, Massimo Dutti, Bershka, Stradivarius, Oysho, Zara Home e Uterque. O seu singular modelo de gestão, baseado na inovação e na flexibilidade, e a sua forma de entender a moda [...] permitiram-lhe uma expansão internacional rápida e uma excelente aceitação dos seus diferentes conceitos comerciais.”

Fonte: http://www.joinfashioninditex.com/joinfashion/, acesso em 22/08/2011.

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Texto 2: “Fiscais do Ministério do Trabalho flagraram fornecedores da marca de roupas Zara explorando bolivianos em condições análogas à escravidão em três confecções no Estado de São Paulo. De acordo com a SRTE/SP (Superintendência Regional do Trabalho e Emprego de São Paulo), três fornecedoras foram alvo da investigação – duas na capital paulista e uma em Americana (127 km de SP). As duas oficinas da capital – de propriedade de bolivianos, mas que, segundo a SRTE, era de responsabilidade da Zara – tinham, ao todo, 15 funcionários e foram fechadas pela SRTE. Os 15 trabalhadores receberam uma indenização conjunta no valor de R$ 140 mil. Em uma das oficinas, os fiscais chegaram a encontrar uma adolescente de 14 anos trabalhando. Ela só podia sair da oficina, que também servia como moradia, após autorização da chefia do local.”

Fonte:http://www1.folha.uol.com.br/mercado/961047-zara-reconhece-trabalho-irregular-em-3- confeccoes-de-sp.shtml,acesso em 22/08/2011.

16. (Uerj 2012) Importantes invenções dos séculos XIX e XX Invenções Ano Inventores

Telefone 1876 Alexander Graham Bell (escocês, residente no Canadá e nos EUA)

Carro 1886 Gottlieb Daimler (alemão) Rádio 1896 Guglielmo Marconi (italiano)

Avião 1903 1906

Irmãos Wright (norte-americanos): “Flyer 1” Alberto Santos Dumont (brasileiro): “14 bis”

Computador 1945 Marinha dos EUA e Universidade de Harvard: “Harvard Mark 1”

Satélite 1957 Comunidade científica da URSS: “Sputinik” Internet 1969 Comunidade científica dos EUA: “Arpanet”

Adaptado de BOMENY, Helena e outros. Tempos modernos, tempos de sociologia. São Paulo: Editora do Brasil, 2010.

As invenções apresentadas no quadro afetaram o mundo contemporâneo, em especial, no que se refere à circulação de ideias, pessoas e mercadorias. Em conjunto, essas invenções tiveram efeito principalmente sobre a ampliação da: (A) intervenção estatal (B) integração territorial (C) distribuição da riqueza (D) mobilidade ocupacional 17. (Fgvrj 2012) Vivemos numa era verdadeiramente global, em que o global se manifesta horizontalmente e não por meio de sistemas de integração verticais, como o Fundo Monetário Internacional e o sistema financeiro. Muito da literatura sobre a globalização foi incapaz de ver que o global se constitui nesses densos ambientes locais.

Saskia Sassen, 13 de agosto de 2011. http://www.estadao.com.br/noticias/suplementos, a-globalizacao-do-protesto, 758135,0.htm

Assinale a alternativa que contém uma proposição coerente com os argumentos apresentados no texto: (A) As metrópoles não apenas sofrem os efeitos da globalização, mas são espaços que produzem a

globalização. (B) As forças globais, tais como o FMI e os sistemas financeiros, não afetam os ambientes locais, desde

que eles sejam densos. (C) Na escala global, os agentes operam horizontalmente, enquanto, na escala local, os agentes operam

verticalmente. (D) A noção de escala global deixou de ter importância em geografia, já que o global só se revela por

meio do local. (E) A globalização conferiu densidade a todos os ambientes locais, na medida em que suas forças

atingem todos os lugares.

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18. (Ueg 2012) A questão do subdesenvolvimento está ligada à dominação política e econômica e ao tipo de relação estabelecida entre metrópole e colônia. A independência política das colônias não foi acompanhada da independência econômica. Nos países pobres e subdesenvolvidos, resguardando-se suas diferenças, é possível identificar algumas características comuns a todos eles. Entre essas diferenças, destacam-se as seguintes: (A) apresentam indicadores socioeconômicos favoráveis, embora com grande dívida externa. (B) apresentam grandes desigualdades sociais, dependência financeira e tecnológica. (C) dispõem de desenvolvimento tecnológico autônomo e importam mão de obra qualificada. (D) são exportadores de matéria-prima e possuem balança comercial favorável. 19. (Espcex (Aman) 2012) As bases das seguintes instituições econômicas multilaterais: o Fundo Monetário Internacional (FMI), que surgiu como fonte de empréstimos de curto prazo para países em crise financeira, e o Banco Internacional para a Reconstrução e Desenvolvimento (BIRD), que tinha como função original financiar os programas de reconstrução da Europa Ocidental e do Japão, foram lançadas na Conferência (A) das Nações Unidas Sobre o Comércio e o Desenvolvimento (Unctad). (B) das Nações Unidas Sobre o Desenvolvimento Sustentável. (C) de Estocolmo. (D) de Bretton Woods. (E) de Kyoto. 20. (Upe 2012) Observe a imagem a seguir.

As medidas para conter a atual crise financeira, anunciada na manchete acima, estão relacionadas a uma doutrina econômica, adotada por diversos países no mundo que apresenta algumas características. Sobre elas, analise as afirmativas a seguir: I. Corresponde a políticas neoliberais, controladas por organismos, como o FMI e o Banco Mundial e

tem como objetivo reduzir as barreiras aos fluxos globais de mercadorias e capitais e reduzir o controle estatal sobre o mercado, especialmente o financeiro.

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II. É oriunda do pensamento keynesiano e marcada pelo aumento do papel regulador do Estado na economia, pelo incentivo à criação de empregos públicos estatais e pela redução da privatização de órgãos governamentais. Essa política econômica foi amplamente estimulada pelo Consenso de Washington.

III. Aprofunda a lógica capitalista pela busca de lucro nas relações capital/trabalho, aumenta a produtividade do trabalho e do capital e globaliza a produção, a circulação e os mercados, aproveitando a oportunidade das condições mais vantajosas para a realização de lucros em todos os lugares.

Apenas está correto o que se afirma em (A) I. (B) II. (C) I e II. (D) I e III. (E) III. 21. (Upe 2012) Observe com atenção o organograma a seguir:

O organograma acima exibe duas versões distintas do sistema capitalista, planejadas em diferentes épocas, intrínsecas à economia de mercado, contudo diferenciadas por características marcadas por oposições conjuntas. Sobre elas, analise os itens a seguir:

I. O Keynesianismo defende a ampla intervenção do Estado na economia, enquanto o Neoliberalismo aceita uma intervenção mínima do Estado na economia.

II. O Keynesianismo é favorável ao aumento de gastos públicos, enquanto o Neoliberalismo estimula o Estado de bem-estar social.

III. O Keynesianismo propõe a geração de empregos por intermédio da receita pública, enquanto o Neoliberalismo defende a abertura econômica dos países.

IV. O Keynesianismo critica o pensamento econômico clássico, enquanto o Neoliberalismo busca aplicar os princípios do liberalismo clássico.

V. O Keynesianismo critica o princípio da “mão invisível”, enquanto o Neoliberalismo critica a privatização de estatais.

Apenas está correto o que se afirma em (A) I. (B) III. (C) I e II. (D) I, III e IV. (E) I, II, III e V.

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22. (G1 - cftmg 2012) Mapa do mundo econômico.

A partir da análise do mapa, não é correto inferir que o(s) (A) fluxos financeiros concentram-se entre os integrantes do grupo dos países centrais. (B) principais nós da rede encontram-se na interligação meridional das diversas bolsas de valores. (C) laços evidenciam a existência de uma periferia semi-integrada aos principais polos econômicos. (D) cinturões confirmam o predomínio da dinâmica de deslocamento populacional temporário no norte. 23. (Uff 2012) O economista grego Arghiri Emmanuel forneceu um retrato realista do processo histórico de industrialização no Terceiro Mundo, tomando como exemplo o caso indiano. O autor constata que a Índia, quando era ainda colônia britânica, limitava-se à produção de algodão e comprava os tecidos da Grã-Bretanha; em etapa posterior, passou a produzir tecidos, mas comprava as máquinas de tecelagem na antiga metrópole; mais tarde, passou a produzir ela mesma essas máquinas, enquanto a Grã-Bretanha e outros países desenvolvidos forneciam equipamentos e financiavam a industrialização.

Fonte DOWBOR. Ladislau. A Formação do Terceiro Mundo, São Paulo. Brasiliense, 1981, p. 69. Adaptado. O aspecto da industrialização periférica evidenciado na situação retratada é a

(A) dominação político-ideológica das elites. (B) exploração de recursos naturais. (C) desigualdade social dos trabalhadores. (D) cooperação técnica das empresas. (E) dependência da produção tecnológica.

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24. (G1 - cftmg 2012)

Na perspectiva da Organização Mundial do Comércio - OMC - os espaços em destaque podem ser denominados como (A) terceiro mundo. (B) países emergentes. (C) periferia deprimida. (D) integrantes do G-8. 25. (Udesc 2012) O novo rearranjo, ou a nova ordem mundial, tem imprimido uma série de modificações ao mundo contemporâneo. Uma dessas mudanças é a aglomeração de alguns países em blocos. Sobre os blocos econômicos, pode-se afirmar: (A) ALCA significa Área de Livre Comércio das Américas, e envolve somente os países do Mercosul. (B) A ALCA é a união do Nafta com o MERCOSUL, para fazer frente aos avanços da Comunidade

Europeia. (C) Fazem parte do Tratado de Livre Comércio da América do Norte – NAFTA o Canadá, o México e os

Estados Unidos. (D) Os EUA recusaram-se a fazer parte do MERCOSUL, pois amargam o maior deficit da balança

comercial de sua história, algo em torno de US$ 200 bilhões. (E) A ALCA é uma proposta de Fidel Castro no sentido de criar uma área de livre comércio do Alasca à

Terra do Fogo. 26. (Uftm 2012) O ano de 2011 poderá ser marcado na história da América Latina como o ano do começo de um novo bloco econômico, o MILA (Mercado Integrado Latino-Americano). Os países representantes deste grupo são: (A) Uruguai, Paraguai e Argentina. (B) Bolívia, Equador e Brasil. (C) Nicarágua, Cuba e México. (D) República Dominicana, Guatemala e Venezuela. (E) Colômbia, Peru e Chile.

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27. (Ufjf 2012) A Grécia teve uma queda do PIB de 8,1% no primeiro trimestre e 7,3% no segundo (2011), e a previsão oficial é de queda de 5,3% no ano. O desemprego subiu de 11,6%, em junho de 2010, para 16% um ano depois. E o deficit público cresceu 22% nos primeiros oito meses de 2011. a) Por que a Grécia está nessa situação? Observe o cartograma abaixo:

b) No mapa, são destacados, além da Grécia, outros países europeus que também apresentam sérios

problemas decorrentes da crise econômica mundial. Esses países são denominados de PIIGS. Esses países são:

28. (Uerj 2012) No início de 2011, o mundo assistiu apreensivo e esperançoso ao sopro de inconformismo no mundo árabe. Manifestantes contaram com a ajuda, em graus a serem precisados, de componentes cada vez mais comuns em situações desse tipo: a internet e o telefone celular. Na Tunísia, ativistas utilizaram Twitter e Facebook para organizar protestos. No Egito, blogs e também as redes sociais. Os episódios reaquecem o debate sobre qual é, afinal, o potencial dessas tecnologias quando o assunto é ativismo político e opõem dois grupos de analistas: os ciberutópicos, que acham que blogs e celulares tudo podem, e os cibercéticos, que pensam o contrário. A revolução pode não ser tuitada, no sentido de que um Twitter só não faz a revolução. Mas as que acontecerem no século XXI, é certo, passarão pelo Twitter e similares.

Adaptado de http://veja.abril.com.br, 28/01/2011 A reportagem apresenta uma reflexão acerca das possibilidades e limitações do uso das novas tecnologias no ativismo político no mundo atual. As limitações existentes para o emprego dessas tecnologias são justificadas basicamente pela: (A) disparidade regional quanto aos níveis de alfabetização (B) hierarquização social relativa ao acesso às redes virtuais (C) censura da mídia em função do intervencionismo governamental (D) dispersão populacional devido às grandes extensões territoriais

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29. (Uerj 2012) Número de empresas entre as 500 maiores do mundo Posição/país 1993 2008 1º EUA 159 140 2º Japão 135 68 3º França 26 40 4º Alemanha 32 39 5º China 0 37 6º Reino Unido 41 26

Distribuição de renda na China (percentual sobre o total de renda nacional)

Ano 20% mais pobres

60% intermediários

20% mais ricos

10% mais ricos

1992 6,2 49,9 43,9 26,8 2005 5,7 46,5 47,8 31,4

Adaptado de SENE, Eustáquio e MOREIRA, João C. Geografia geral e do Brasil. São Paulo. Scipione, 2010. Há trinta anos, a República Popular da China iniciou uma política de reformas da economia planificada implantada por Mao Tsé Tung. A partir da análise dos dados das tabelas, duas transformações socioeconômicas resultantes dessa política reformista são: (A) liderança tecnológica − redução dos lucros empresariais (B) estatização da produção − ampliação de leis previdenciárias (C) diversificação industrial − restrição dos direitos trabalhistas (D) concentração de capital − aumento das desigualdades sociais 30. (Uerj 2012)

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Os Investimentos Estrangeiros Diretos nos países incluem todo tipo de capital investido, à exceção daqueles para fins especulativos no setor financeiro. No atual momento do capitalismo, a posição ocupada pelos países emergentes indicados no gráfico reflete, principalmente, a seguinte característica de suas economias: (A) crescimento potencial do mercado consumidor (B) perspectiva de produção agrícola de exportação (C) industrialização tardia baseada em energia limpa (D) desenvolvimento expressivo de bens de alta tecnologia 31. (Fuvest 2012) A economia da Índia tem crescido em torno de 8% ao ano, taxa que, se mantida, poderá dobrar a riqueza do país em uma década. Empresas indianas estão superando suas rivais ocidentais. Profissionais indianos estão voltando do estrangeiro para seu país, vendo uma grande chance de sucesso empresarial.

Beckett et al., 2007. Em http://www.wsj-asia.com/pdf. Acessado em junho/2011. Adaptado. O significativo crescimento econômico da Índia, nos últimos anos, apoiou-se em vantagens competitivas, como a existência de (A) diversas zonas de livre-comércio distribuídas pelo território nacional. (B) expressiva mão de obra qualificada e não qualificada. (C) extenso e moderno parque industrial de bens de capital, no noroeste do país. (D) importantes “cinturões” agrícolas, com intenso uso de tecnologia, produtores de commodities. (E) plena autonomia energética propiciada por hidrelétricas de grande porte. 32. (Udesc 2012) Para alguns autores, a globalização é a fase mais recente da expansão capitalista. Nesta etapa alguns chefes de Estado têm feito conferências e decidido sobre as maiores operações industriais e financeiras do mundo. As ações deste grupo privilegiado, também conhecido como G-8, são decisivas para a economia mundial. Assinale a alternativa que contém os países que compõem o G-8. (A) Estados Unidos, Japão, Alemanha, França, Canadá, Itália, Reino Unido e Rússia. (B) Israel, França, Holanda, Dinamarca, China, Taiwan, Suíça e Reino Unido. (C) Alemanha, França, Reino Unido, Espanha, Japão, China, Rússia e Canadá. (D) Japão, China, Estados Unidos, Itália, Bélgica, Holanda, Luxemburgo e Suíça. (E) Alemanha, Itália, Israel, Polônia, Rússia, Canadá, Dinamarca e Grécia. 33. (Ufmg 2012) O desempenho das economias com algum nível de importância no cenário mundial é objeto de análise de agências internacionais, que buscam detectar o nível de confiabilidade dos países receptores de investimentos estrangeiros. Os estudos desenvolvidos por essas agências propõem medir o risco de “calote” que o capital pode enfrentar em determinado(s) país(es). Há um conjunto de critérios para se atribuir uma nota maior a países em que o risco é menor. Essa nota — denominada nota soberana — habilita, ou não, um ou mais países ao crédito internacional. Analise este quadro, em que está representada a evolução da nota soberana atribuída a porções continentais do Globo, no final da primeira década do século XXI: Balanço entre aumentos e reduções de notas soberanas*

2008 2009 2010 Europa - 6 - 12 - 15 América Latina 1 1 12

- Números negativos indicam que a região teve mais países com notas rebaixadas do que elevadas; números positivos indicam o contrário.

FMI, Moody’s. In: Folha de S. Paulo, São Paulo, 1º maio 2011. Caderno Mundo, p. A27. (Adaptado)

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Considerando as informações desse quadro e outros conhecimentos sobre o assunto, apresente duas razões que justificam A) a ascendência da América Latina na escala da nota soberana. B) o aumento do risco enfrentado pelo capital investido na Europa. 34. (Ufpr 2012) O termo BRICS tem sido utilizado para designar os países Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. Sobre esses países, é correto afirmar que: (A) formam um bloco econômico que, a exemplo do Mercosul e da União Europeia, estão estabelecendo

um conjunto de tratados e acordos visando a integração da economia. (B) são considerados países emergentes, embora possuam diferenças expressivas entre si, no que diz

respeito a população, território, recursos naturais e industrialização. (C) sua importância como bloco econômico e político tem reformulado a geopolítica mundial e

rivalizado com outras entidades supranacionais, a exemplo da ONU. (D) Uma das suas características é a semelhança no regime político adotado, mostrando que o mundo

ainda se divide por questões de natureza ideológica. (E) sua emergência como bloco foi consequência da alta capacidade em articular necessidades globais

com interesses regionais, acima dos interesses econômicos e políticos. 35. (Ufes 2012) Eua sob ataque [...] 11 de setembro Dez anos em uma nova rota

O mundo não foi mais o mesmo desde o 11 de setembro de 2001: o mais espetacular atentado suicida de todos os tempos matou 2.976 pessoas. O ataque coordenado, há exatos dez anos, foi lançado contra Nova York, capital financeira dos EUA, e Washington, centro do poder político e militar do país. Naquele mesmo dia, inesquecível para qualquer pessoa “conectada” com as notícias do mundo, soube-se que a História ganhava, então, novos rumos.

(EUA SOB ATAQUE. A Gazeta, Vitória, 11 de setembro de 2011, MUNDO, p. 46.

Um dos principais discursos veiculados na era da globalização é o de que vivemos num mundo sem fronteiras, a chamada aldeia global. Explique uma consequência, para o mundo globalizado, dos atentados de 11 de setembro de 2001, relativa a cada um dos seguintes aspectos: A) político-econômico; B) cultural. 36. (G1 - ifce 2012) É uma das principais mudanças registradas no cenário mundial a partir do final da década de 1980: (A) aumento dos conflitos relacionados a questões políticas e ideológicas. (B) proliferação de movimentos separatistas. (C) expansão do capitalismo neoliberal. (D) equilíbrio econômico-social entre os países do Norte e os do Sul. (E) aumento da estatização dos meios de produção. TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: Texto I O desenvolvimento não é um mecanismo cego que age por si. O padrão de progresso dominante descreve a trajetória da sociedade contemporânea em busca dos fins tidos como desejáveis, fins que os modelos de produção e de consumo expressam. É preciso, portanto, rediscutir os sentidos. Nos marcos do que se entende predominantemente por desenvolvimento, aceita-se rever as quantidades (menos energia, menos água, mais eficiência, mais tecnologia), mas pouco as qualidades: que desenvolvimento, para que e para quem?

(LEROY, Jean Pierre. Encruzilhadas do Desenvolvimento. O Impacto sobre o meio ambiente. Le Monde Diplomatique Brasil. jul. 2008, p.9.)

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37. (Uel 2012) A situação apontada no texto remete a problemas no uso dos recursos naturais. Com base no texto, no enunciado e nos conhecimentos sobre o desenvolvimento capitalista, considere as afirmativas a seguir. I. O desenvolvimento do capitalismo industrial baseou-se no uso de fontes de energia limpa como

principal elemento para a realização da produção. II. Elementos da natureza, como madeira e minérios, serviram para estruturar mecanismos coloniais de

dominação. III. No mundo atual, a consciência ecológica e a reciclagem de materiais são insuficientes para deter o

consumo desenfreado dos recursos naturais. IV. O capitalismo é racional no espaço de cada unidade produtiva e anárquico no plano social, pois o

capitalista contempla apenas o seu interesse individual. Assinale a alternativa correta. (A) Somente as afirmativas I e II são corretas. (B) Somente as afirmativas I e III são corretas. (C) Somente as afirmativas III e IV são corretas. (D) Somente as afirmativas I, II e IV são corretas. (E) Somente as afirmativas II, III e IV são corretas. TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:

Quando pensamos em comunicação, lembramo-nos da fala e da escrita, que são modos humanos de trocar informações. Os animais podem não ser capazes de falar ou dominar técnicas de linguagens avançadas, mas eles certamente possuem outros meios de se comunicar. O som da baleia, o uivo dos lobos, o coaxar dos sapos, o piar dos pássaros e até mesmo a dança agitada das abelhas ou o abanar de rabo de cachorros estão entre as diversas formas pelas quais os animais comunicam-se. As questões a seguir apresentam-se integradas pelo tema "Comunicação", que nos faz refletir sobre as várias formas de comunicação entre os seres de uma mesma espécie e também sobre a evolução das formas de comunicação humana desde os primórdios. Segundo Steven Mithen*, milhões de anos foram necessários para que a mente humana evoluísse. Os indícios desse longo processo de evolução estão hoje presentes em nosso comportamento, nas formas usadas para a comunicação, tais como a pedra, as pinturas, a escrita e até mesmo a forma como convivemos e como conversamos no cotidiano.

Mithen, Steven. A pré-história da mente. São Paulo: Editora da Unesp, 2002. Esse fato pode ser observado na tirinha seguinte, em que Helga dialoga com sua filha na presença de seu marido, Hagar.

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38. (Fatec 2012) Analise o gráfico a seguir.

As informações do gráfico sobre usuários da Internet permitem afirmar que (A) os três países com maior número de usuários são os mais democráticos. (B) os seis países com maior número de usuários são, predominantemente, países centrais. (C) o continente africano tem representantes entre os quinze países com maior número de usuários. (D) os cinco países com maior número de usuários correspondem aos países mais populosos do mundo. (E) os três países com maior número de usuários são países de industrialização mais antiga. TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:

A crise da Europa é hoje o maior risco para a economia mundial, disse o secretário do Tesouro dos Estados Unidos da América, referindo-se à tensão entre os bancos e os governos endividados. Disse, ainda, que a China e outros 1países emergentes com superavit nas contas têm espaço 5bastante para 2estimular o consumo interno, 3aumentar as importações e 4compensar a fraca demanda nas economias desenvolvidas. Para isso, os governos desses países deveriam deixar suas moedas valorizar-se. Em outras palavras, o câmbio subvalorizado da China resulta em valorização real das moedas de outros países emergentes, torna seus produtos mais caros e diminui seu poder de competição no comércio internacional.

Rolf Kuntz. O Estado de S.Paulo, 25/9/2011.

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39. (Unb 2012) Com referência às ideias do texto acima, aos temas a ele associados e às estruturas nele empregadas, julgue os itens subsequentes. (A) No texto, a expressão “países emergentes” (ref. 1) refere-se a nações cujo desempenho econômico é

caracterizado por ausência de competitividade no mercado internacional e baixa capacidade de produção.

(B) No passado, fenômenos climáticos eram fatores de queda na produção de alimentos e, consequentemente, de fome; atualmente, o que inibe a oferta de alimentos é a insuficiência de desenvolvimento tecnológico voltado para as atividades agrícolas.

(C) Entre os vários elementos que têm marcado a cultura e a memória do Nordeste brasileiro, incluem-se a seca recorrente, a pobreza da população e a migração. No entanto, atualmente, a agricultura irrigada e a industrialização têm introduzido dinâmicas econômicas que alteram essa imagem.

(D) A interdependência entre países, como aponta o texto, expressa a expansão de mercados e os avanços da tecnologia da informação e das comunicações, o que propicia o fluxo de capitais e acelera a integração global.

(E) A China diferencia-se dos demais países por seu regime de governo e pelo fato de seu vigoroso crescimento econômico basear-se nas exportações e prescindir de investimentos internos, o que torna seus produtos mais baratos que os produzidos pelos demais países emergentes.

Gabarito: Resposta da questão 1: 02 + 04 + 08 = 14. Justificativas (01) A base material foi consentida pela dominação da classe subalterna pela burguesia. (02) As relações capitalistas são reguladas pelas leis de mercado numa relação direta entre demanda,

preço e produção. (04) A globalização com sinônimo da intensificação das relações capitalistas com os avanços dos meios

de comunicação e transportes vem reduzindo os limites entre o tempo e o espaço no mundo. (08) A globalização como processo teve nas grandes corporações produtivas instaladas em várias partes

do mundo uma das mais relevantes etapas desse processo que busca acima de tudo a redução dos custos.

(16) A dissolução da ordem feudal teve como palco principal os países europeus inicialmente a relação de servidão antes do trabalho assalariado.

(32) O neoliberalismo preconiza acima de tudo a redução do papel do Estado na economia ou apenas como regulamentador das relações capitalistas estabelecidas.

Resposta da questão 2: [C] Como mencionado corretamente na alternativa [C], a globalização, definida pela integração dos mercados e capitais, ocorre sustentada pela doutrina neoliberal, cuja característica é a perda da autonomia dos estados nacionais perante o poder dos conglomerados internacionais. A integração por meio de blocos regionais apresenta-se como uma forma de fortalecer e regulamentar a economia da área integrada. Estão incorretas as alternativas: [A], porque existe incompatibilidade entre os processos haja vista que os mercados regionais permitem uma ação mais pontual dos Estados Nacionais; [B], porque a forma sugerida pelo texto para reduzir o subdesenvolvimento é a maior regulamentação do Estado sobre os mercados regionais; [D], porque a globalização sustentada pelo neoliberalismo resulta em desregulamentação da economia; [E], porque os mercados regionais, embora permitam uma ação mais determinada dos Estados, também caracterizam o contexto da globalização.

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Resposta da questão 3: [C] • INCORRETO. Não ocorreu o desenvolvimento de setores produtivos capazes de absorver a mão de

obra excedente, não havendo, assim, a compensação citada. • INCORRETO. O aumento do desemprego resultou da automação dos setores produtivos. • CORRETO. Uma das características da 3ª revolução industrial é a flexibilização da produção por

meio da terceirização, eliminando o contingente de operários nas fábricas e em outras unidades de produção econômica.

• INCORRETO. A diversificação das profissões atende à demanda do mercado, não sendo, porém, a causa do desemprego estrutural citado no texto, haja vista que este, ocorre em razão da automação dos setores.

INCORRETO. Os tecnopolos reduzem a demanda do emprego formal e, portanto, estimulam o aumento do subemprego. Resposta da questão 4: [C] Ao citar a produção das peças para uma das maiores redes de varejo do país, o texto faz referencia à terceirização, característica da terceira revolução industrial, cujo sistema produtivo é o toyotismo. Ao mencionar as condições insalubres e informais de trabalho, o texto indica características da produção pré-fordista, ou seja, as relações trabalhistas da 1ª revolução industrial. Resposta da questão 5: [B] I. CORRETO. Como mencionado no texto, a consolidação do capitalismo, ocorrida em concomitante ao processo de globalização, evidencia as diferenças sociais. II. CORRETO. Como mencionado no texto, a consolidação do capitalismo, como ideologia ocorrida na década de 1990 (fim da guerra fria), caracteriza ações repressivas contra movimentos de contestação. III. INCORRETO. Embora o texto aborde a produção diversificada das empresas baseada na rejeição juvenil ao padrão único, não há menção sobre diminuição da desigualdade econômica. IV. CORRETO. Como mencionado no texto, as empresas vendem mercadorias que atendem a uma multiplicidade de estilos de vida. Resposta da questão 6: A partir da análise do mapa, podemos perceber que as regiões geográficas que se destacam como desesperadamente pobres ou muito pobres são: África setentrional e África meridional. Exemplos de países com a condição de desesperadamente pobres: Níger, Burkina Faso, Chade, Mauritânia, República Centro-africana, Nigéria, Etiópia, Tanzânia, Moçambique e Malauí. Exemplos de países com condição de muito pobre: Uganda, Quênia, Gana, Camarões, Senegal, Zimbábue e Madagascar, na África e Nepal, Bangladesh, Mianmar e Camboja, na Ásia. Os elementos geográficos que justifiquem esta pobreza estão relacionados com a herança colônia, agravados por questões ambientais e socioeconômicas, tais como conflitos regionais e guerras civis, e sucessivos governos ditatoriais. Entre as questões ambientais podemos citar o acesso à água potável, as sucessivas secas e o processo de desertificação, que comprometem a segurança alimentar; nos aspectos socioeconômicos podemos citar as problemáticas infraestruturas médico-hospitalares, as condições sanitárias, bem como a precária distribuição de renda. Resposta da questão 7: [C] VERDADEIRO. A segunda revolução industrial iniciada no século XIX estende-se até o século XX, trazendo como características a utilização da eletricidade e do petróleo como fonte de energia, e o desenvolvimento dos setores de automotores, eletroeletrônicos e da indústria de base. VERDADEIRO. A terceira revolução industrial, denominada revolução tecnocientífica, inicia-se aproximadamente na década de 1970, tendo como característica o grande avanço tecnológico aplicado, particularmente aos setores da microeletrônica, química fina e engenharia genética. VERDADEIRO. A revolução tecnocientífica ocorre simultaneamente à prática neoliberal,

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intensificando a integração da produção e consumo por meio da abertura dos mercados, o que irá gerar maior desenvolvimento dos meios de transportes. VERDADEIRO. A revolução tecnocientífica gera desenvolvimento das telecomunicações e meios de transporte, intensificando a circulação de capitais. VERDADEIRO. As redes imateriais ou infovias sustentam a fluidez do capital e dos investimentos em nível global. Resposta da questão 8: [C] [A] INCORRETO – Os Tigres (ou Dragões) Asiáticos conheceram um processo de crescimento econômico extraordinário com a abertura de seus mercados para os investimentos externos, característica da política neoliberal. [B] INCORRETO – O Mercosul não possui o nível de integração ou complementaridade sugerido na alternativa. [C] CORRETO – A alternativa descreve corretamente o processo de globalização sustentado pelo desenvolvimento tecnológico da 3ª revolução industrial. [D] INCORRETO – A crise estadunidense e sua reverberação em nível mundial apontam para o decréscimo do consumo dos países desenvolvidos e, consequentemente, da produção, o que irá resultar em queda do valor das commodities. Contudo, tal fato não atenua e, sim, amplia a precariedade das economias de países, cuja função é a de fornecer matéria-prima. [E] INCORRETO – Embora a crise econômica mundial tenha alterado a posição dos países emergentes no sistema internacional de poder, não ocorreu a inversão dos papéis na divisão internacional do trabalho, haja vista que os países desenvolvidos, não obstante em crise, ainda detêm o controle financeiro mundial. Resposta da questão 9: [C] O texto indica a migração dos investimentos estrangeiros da China para o Vietnã em razão de condições mais favoráveis à produção e ao lucro, atestando maior mobilidade dos capitais e empresas, corretamente citados na alternativa [C]. Estão incorretas as alternativas: [A], pois a maior parte das multinacionais pertence aos países desenvolvidos; [B], pois a abertura econômica realizada pela China na década de 1980 alavancou uma corrida de investimentos para o país; [D], pois uma das vantagens oferecidas pelos países asiáticos citados é a abundante mão de obra barata; [E], pois as empresas brasileiras ainda sofrem de baixa competitividade tanto no mercado doméstico quanto no mercado mundial. Resposta da questão 10: [B] A alternativa [B] é a correta, pois o mapa evidencia o desigual acesso à informação em nível mundial, consolidando a regionalização criada na ordem multipolar que divide o mundo em dois grandes grupos a partir da linha da pobreza – norte: países desenvolvidos ou centrais; sul: países subdesenvolvidos ou periféricos. A análise do mapa permite observar que embora a globalização seja um processo de integração, a oposição dos dois grupos é recorrente, inclusive demonstrada pelo acesso à informação. A alternativa [A] é incorreta, pois não há inversão da colonização, haja vista que historicamente a colonização representou o poder das metrópoles, e estas ainda o detém, inclusive por meio do controle da informação. A alternativa [C] não mostra o choque das civilizações, haja vista que tal teoria desenvolvida por Samuel Hungtington foi embasada nos conflitos entre as diferentes etnias e religiões. As alternativas [D] e [E] contrariam a análise do mapa, pois afirmam respectivamente que os países subdesenvolvidos detém o poder do acesso à informação; e que esse acesso é distribuído de forma equitativa sobre o globo. Resposta da questão 11: Globalização é processo de integração econômica e cultural ocorrido predominantemente a partir da década de 1990, com a falência do bloco socialista e consequente aumento da prática neoliberal em nível mundial, que resultará em abertura dos mercados, fragilidade dos Estados Nacionais perante os

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conglomerados internacionais e consolidação dos blocos econômicos. Tal processo está apoiado na revolução tecnocientífica ou 3ª revolução industrial que resultará no desenvolvimento dos transportes e das telecomunicações sustentando essa integração. Os impactos em nível mundial ocorrem em todos os aspectos da organização política, econômica, social, cultural e ambiental. Em nível econômico, a globalização implica em maior integração econômica por meio das bolsas de valores, dos capitais produtivos e especulativos e dos blocos econômicos; ação dos organismos supranacionais como a ONU, o FMI, o Banco Mundial e a OMC; maior concentração da renda; aumento do mercado informal e do desemprego estrutural e recessivo, dentre outros. Em nível social, ocorre o aumento das migrações e consequentemente da xenofobia. Em nível político, ocorre uma maior flexibilização das fronteiras, marcada pelo aumento da ilegalidade, seja no tráfico de drogas e de armas ou da lavagem de dinheiro. Resposta da questão 12: [C] O modelo produtivo pós-fordista tem como estratégia a produção por “Just in time”, que permite a redução dos estoques e a flexibilização da produção para atender as exigências e demandas do mercado consumidor. Resposta da questão 13: [D] Os textos, no enunciado, fazem referência ao desenvolvimento do meio técnico-científico-informacional que, ao promover a integração global por meio das redes sociais, permite que esta seja utilizada como instrumento de manifestação e contestação política, embora sejam instantâneas ou não apresentem sequência previsível, como mencionado corretamente na alternativa [D]. Estão incorretas as alternativas: [A], [B], [C] e [E], porque o processo mencionado no texto é de caráter político e, não, social ou comportamental. Resposta da questão 14: a) Podem ser citados os seguintes fatores: - Amplo mercado consumidor interno com elevado nível de renda per capita em grande parte do continente resultante do processo de integração econômica precoce ocorrido desde 1957, com o Tratado de Roma e a criação do Mercado Comum Europeu, e que foi continuamente ampliada e aprofundada até a consolidação da União Econômica e Monetária na década de 1990 que se estendeu nesse início do século XXI para vários países do Leste Europeu que integraram o bloco socialista sob liderança da antiga União Soviética; - economias diversificadas e complementares com presença de países industrializados, países com forte peso do setor primário e também terciário (turismo) que favorecem a maior circulação comercial na região; - proximidade geográfica entre os países e presença de ampla rede de transportes multimodais que facilita o fluxo de pessoas, mercadorias e capitais. b) Podem ser citados os seguintes fatores: - Economias agroexportadoras ou minero-exportadoras com baixos níveis de industrialização e grande dependência de capitais e tecnologias externos, com algumas exceções setoriais no caso do Brasil e México, que dificultam um maior intercâmbio comercial entre os países; - Problemas Políticos regionais e históricos que dificultam a implantação de projetos regionais para formação de blocos econômicos ou de desenvolvimento e cooperação econômica conjuntos; - Problemas econômicos recentes entre os dois maiores integrantes do MERCOSUL, Brasil e Argentina, relacionados a algumas medidas protecionistas por eles adotadas; além de instabilidade política recente na Argentina; - Fracasso da criação da Área de Livre Comércio das Américas, proposta pelos EUA, em razão dos diferentes níveis de desenvolvimento econômico e social entre os países do continente e preocupações desses com as dificuldades de competitividade de suas empresas e setores econômicos com os concorrentes norte-americanos.

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Resposta da questão 15: Flexibilidade, internacionalização e terceirização são termos usualmente associados ao contexto da globalização e da 3ª revolução industrial que substitui a produção fordista pelo modelo pós-fordista ou de acumulação flexível, gerando transformações nas relações trabalhistas e nos sistemas de produção. Enquanto o fordismo é marcado pela rigidez no processo do trabalho e da produção, o pós-fordismo implanta o conceito de flexibilidade no trabalho, na produção e no consumo, cujas implicações podem ser observadas no texto 2 que salienta a subcontratação gerando o aspecto escravista da relação e a terceirização da produção, definida como a decomposição do processo produtivo. No texto 1 essa flexibilidade aplicada à produção, caracteriza a mobilidade geográfica dos investimentos ou a internacionalização dos fluxos de capitais – produtivos e especulativos – em forma de empresas que se estabelecem em diversos países, intensificando a circulação global de capitais. Resposta da questão 16: [B] O desenvolvimento dos meios de telecomunicações e transportes permitiu uma mudança conceitual nas noções de tempo e espaço, permitindo assim uma redução relativa das distâncias e, consequentemente, uma maior integração territorial. Resposta da questão 17: [A] O processo de desconcentração do processo produtivo provocou uma multiplicidade de novas metrópoles em diversos continentes. Nelas encontram-se as grandes agências de comunicação, centros de pesquisa, agências de publicidade etc. Com isso, passam a influenciar as cidades próximas, produzindo e ampliando o fenômeno da globalização. Resposta da questão 18: [B] a) INCORRETA – Os indicadores humanos e econômicos dos países subdesenvolvidos são depreciativos aliado às elevadas dívidas externas. b) CORRETA – A afirmativa indica as duas principais causas do subdesenvolvimento. Em países subdesenvolvidos, embora possa haver um grande volume financeiro, este fica concentrado em pequenas porcentagens da população. c) INCORRETA – Países subdesenvolvidos não possuem autonomia na produção tecnológica em razão do baixo investimento em educação, ciência e tecnologia, o que pode gerar também a insuficiência da mão de obra qualificada. d) INCORRETA – Embora haja diversos tipos de países subdesenvolvidos, de uma forma geral, estes exportam matéria-prima mantendo a tradição histórica de seu passado colonial, entretanto, suas balanças comerciais costumam ser deficitárias e não superavitadas. Resposta da questão 19: [D] A Conferência de Bretton Woods (1944) confirmou os Estados Unidos como potência econômica capitalista, o dólar como moeda de referência internacional, além das bases para o FMI (Fundo Monetário Internacional) e o Banco Mundial ou BIRD (Banco Internacional de Reconstrução e Desenvolvimento). Resposta da questão 20: [D] A crise da economia grega deu-se no contexto da política neoliberal, adotada desde a década de 1970 e praticada mais intensamente a partir da década de 1990, dando suporte necessário ao fluxo de capitais e mercadorias, típico do processo de globalização e regulados por organismos supranacionais como o FMI, o Banco Mundial e a OMC, como citado corretamente nas afirmativas I e III. A afirmativa II está incorreta porque, embora o Keynesianismo ou “Estado do bem-estar social” seja a articulação do papel regulador do Estado sobre a economia de mercado, este teve seu predomínio como tendência econômica sobre a economia global entre os períodos do pós-crise 1929 até a década de 1970, e não pode ser associado ao “Consenso de Washington”, haja vista que o termo se refere ao pacote de medidas neoliberais direcionadas à América Latina na década de 1990. Resposta da questão 21: [D]

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Estão corretas as afirmativas I, III e IV, porque o keynesianismo e o neoliberalismo são duas doutrinas econômicas do capitalismo cuja prática efetiva ocorreu, respectivamente, entre os anos 1930 a 1970, e década de 1970 até hoje. O keynesianismo – ou o “Estado do bem-estar social” – defende o papel de controle do Estado sobre a economia, em que um forte arcabouço tributário sobre a iniciativa privada sustenta um sistema de pleno emprego e de benefícios sociais que garantem um padrão de vida mínimo para a população. O neoliberalismo, teoria derivada da escola clássica do liberalismo de Adams Smith prega o “Estado mínimo”, ou seja, atribui ao livre mercado o funcionamento do sistema econômico baseado na desestatização, na abertura comercial e na autorregulação dos mercados. Estão incorretas as afirmativas: II, porque o “Estado do bem-estar social” é característica do Keynesianismo; V, porque o neoliberalismo prega a privatização ou a desestatização. Resposta da questão 22: [B] O hemisfério meridional, ou seja, a região sul do globo pouco esta inserido nos fluxos financeiro e econômico da globalização, isto confirma a alternativa [B] que entra em desacordo com as demais alternativas. Resposta da questão 23: [E] Veio à relação de dependência em questão ao pacto colonial, no qual a colônia teria que comprar tudo da metrópole e por sua vez a colônia só poderia comercializar com a mesma. Mas assim que os países começaram a se tornar independentes iniciou-se uma nova fase que foi a do imperialismo no qual o fornecimento de tecnologia era mais vantajoso para as antigas metrópoles. Resposta da questão 24: [B] [A] INCORRETA – Os países do terceiro mundo, ou mais adequadamente denominados periféricos, englobam uma porção maior do que a destacada no mapa. [B] CORRETA - O mapa evidencia países que se destacam por seu desempenho econômico na atualidade e, portanto, podem ser considerados como emergentes. [C] INCORRETA – No grupo de países subdesenvolvidos ou periféricos há uma parcela de nações cujas economias têm baixo grau de complementaridade com a economia global, o que não caracteriza os países em destaque no mapa. [D] INCORRETA – O G8 é um grupo que agrega o G7 (as sete nações mais industrializadas do mundo) e a Rússia. Compõe-se por: Estados Unidos, Inglaterra, França, Japão, Alemanha, Canadá, Itália e Rússia. Resposta da questão 25: [C] A ALCA (Área de Livre Comércio das Américas) é a proposta de um bloco econômico formado por todos os países do continente americano, exceto Cuba, forjada pelos EUA em 1994. Em função da disparidade econômica que envolve os EUA e os demais países da proposta, ela acabou por não ser implantada até hoje. Os maiores blocos econômicos ativos na América são o NAFTA (Tratado de Livre Comércio da América do Norte) e o MERCOSUL (Mercado Comum do Sul). Fazem parte do NAFTA: EUA, Canadá e México. Os países integrantes do MERCOSUL são: Brasil, Uruguai, Argentina e Paraguai. A Venezuela também está pleiteando vaga como membro permanente no MERCOSUL desde 2006, mas depende da aprovação dos congressos nacionais dos países já integrantes do bloco. Chile, Bolívia, Peru, Colômbia e Equador são países membros associados do Mercosul. Resposta da questão 26: [E] O Mercado Integrado Latino-Americano é uma organização que resultou da fusão das bolsas de valores de Bogotá, Lima e Santiago, criando a segunda maior bolsa de valores da região latino-americana, sendo a primeira, a brasileira BM&F Bovespa. Resposta da questão 27: a) A Grécia gastou bem mais do que podia na última década, pedindo empréstimos pesados e deixando

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sua economia refém da crescente dívida. Nesse período, os gastos públicos foram às alturas, e os salários do funcionalismo praticamente dobraram. Enquanto os cofres públicos eram esvaziados pelos gastos, a receita era afetada pela evasão de impostos - deixando o país totalmente vulnerável quando o mundo foi afetado pela crise de crédito de 2008. O montante da dívida deixou investidores relutantes em emprestar mais dinheiro ao país. Hoje, eles exigem juros bem mais altos para novos empréstimos que refinanciem sua dívida. A crise econômica na Grécia é explicada pelo alto endividamento externo decorrente de elevados gastos com funcionalismo público e previdência. Para manter esses investimentos, o país contraiu empréstimos que tiveram suas taxas de juros elevadas em razão da crise do mercado imobiliário e dos bancos estadunidenses que se espalhou pelo mundo, causando escassez de recursos. Impossibilitada de quitar seus compromissos financeiros, a economia do país entrou em colapso. b) Portugal, Itália, Irlanda, Grécia e Espanha ou Spain. PIIGS é um acrônimo pejorativo que engloba o conjunto de países cujas economias têm desempenho insuficiente, abrangendo, como demonstrado no mapa: Irlanda, Portugal, Espanha, Itália e Grécia. Resposta da questão 28: [C] Tomando como referência o ativismo político, a limitação do uso das redes sociais é resultado da censura dos governos ditatoriais, como citado corretamente na alternativa [C]. As diferenças demográficas indicadas nas alternativas [A], [B] e [D] em nível educacional, social ou de povoamento, não se constituem nesse contexto como fatores limitantes. Resposta da questão 29: [D] A China adota um modelo socioeconômico chamado de “Socialismo de Mercado”, ou seja, o estado ainda exerce um controle direto sobre os meios de produção, mas iniciou um processo de abertura econômica na década de 1980, no governo de Deng Xiao Ping, através da criação das ZEE’s (Zonas Econômicas Especiais) que representam “ilhas” econômicas capitalistas localizadas ao longo da faixa litorânea que recebem fortes investimentos externos diretos. É uma nação que já teve uma renda média reduzida, porém mais bem distribuída. Podemos perceber que o percentual de renda entre os mais pobres e a classe intermediária caiu, ocorrendo o inverso com os 20% mais ricos. Mas, o que mais chama a atenção na tabela é a acumulação acima dos 30% da renda entre os 10% mais ricos, caracterizando o aumento na concentração do capital. Resposta da questão 30: [A] Os BRIC’s – Brasil, Rússia, Índia, China e mais a África do Sul – são chamados de países emergentes devido à grande capacidade de atração de capital produtivo estimulado pelo menor custo de produção. Tal fato permitiu a expansão do mercado de trabalho formal e aumento da renda per capita e, consequentemente, o crescimento potencial do mercado consumidor interno. Resposta da questão 31: [B] Como o país tem mais de um bilhão de habitantes, embora a grande maioria da população indiana viva em condições muito precárias, há um grande número de pessoas com elevada qualificação profissional e um contingente ainda maior de trabalhadores sem qualificação que constituem um verdadeiro exército de mão de obra barata para as indústrias que utilizam muitos empregados na produção. Resposta da questão 32: [A] Originalmente as sete maiores economias industrializadas formavam o chamado G-7: EUA, Canadá, Alemanha, Itália, França, Reino Unido e Japão. Em 1998, o grupo convidou a Rússia para participar das reuniões deste grupo de países que, a partir de então, passou a se denominar G-8. A participação da Rússia neste grupo, mesmo depois da crise que levou a dissolução da URSS, está relacionada a importância política e bélica deste país no cenário internacional. O G-8 é formado por países que exercem grande influência nas instituições e organizações mundiais,

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como ONU, FMI, OMC. • Resposta da questão 33: O aumento da nota da América Latina se dá pelo processo que vem se desencadeando já a algumas décadas de amadurecimento da sua política econômica e a ascensão de alguns países no caso o Brasil de hoje ser considerado emergente, influenciando a nota para cima e atraindo novos investidores para a América Latina, não podendo esquecer também do México que de acordo com os analistas deve ser o próximo integrante do BRICS. O aumento do risco na Europa se deu principalmente na região da zona do euro no qual diversos países se endividaram devido ao alto custo da moeda, encarecimento de produtos e serviços e falta de investimentos em geração de novos empregos, fazendo com que alguns países não conseguissem cumprir com suas obrigações junto aos bancos credores. Desencadeando assim numa fuga de capitais e busca de novos locais para investimentos mais seguros. Resposta da questão 34: [B] Alternativa [A] - relata um bloco econômico e no caso dos BRICS isto não acontece. Alternativa [C] - retoma a questão do bloco econômico, misturando-o a outras entidades. Alternativa [D] - na ordem mundial multipolar (atual) o sistema econômico predominante é o capitalismo e o antigo sistema socialista vive sua transição, o mundo não vive mais a divisão ideológica relacionada à Guerra Fria. Alternativa [E] - Novamente a afirmação de que o BRICS está relacionado a um bloco econômico, sem contar que os países em destaque apresentam tanto interesses políticos quanto econômicos dentro desta articulação entre países. Resposta da questão 35: a) Uma das principais consequências políticas dos atentados de 11 de setembro foi o estabelecimento e ampliação acentuada da Doutrina Bush dentro do cenário internacional com a classificação de países como “Eixo do Mal” e a adoção de medidas unilaterais por parte dos EUA de ocupação militar de territórios e países acusados de serem tolerantes com redes terroristas mundiais, além da prisão de pessoas acusadas de associação ao terrorismo na Base Militar de Guantánamo, sempre em nome da “Guerra ao Terror” promovida em âmbito mundial pelo governo norte-americano. b) Uma consequência cultural dos atentados de 11 de setembro foi o aumento do preconceito e da intolerância étnica e religiosa, em grande parte difundida pela mídia ocidental, com relação aos povos islâmicos, gerando desde sentimentos extremos de xenofobia até rígidas políticas de controle de imigração adotadas por muitos países ocidentais, além do aumento do sentimento antiamericano em grande parte do mundo, especialmente Norte da África e grande parte da Ásia. Resposta da questão 36: [C]. Gabarito oficial. [B] e [C]. Gabarito Super Professor® Web. a) INCORRETA – O final da década de 1980 caracteriza a transição que levará à dissolução do bloco socialista e, portanto, ao fim da guerra fria, resultando em redução dos conflitos ideológicos. b) CORRETA – No contexto citado no enunciado ocorreu um aumento dos movimentos separatistas, como no caso da ex-Iugoslávia, ex-Tchecoslováquia, Timor Leste, Kosovo, dentre outros. Contudo, o gabarito oficial não menciona a alternativa como correta. c) CORRETA – O período citado caracteriza-se pela expansão dos investimentos e dos mercados ampliados pelas tendências neoliberais que marca a economia globalizada. d) INCORRETA – O período mencionado, denominado Nova Ordem Mundial ou Mundo Multipolar, tem sua regionalização estabelecida a partir do grau de desenvolvimento socioeconômico dos países, sendo então definido o norte – grupo de países desenvolvidos e o sul – conjunto de países

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subdesenvolvidos que mantém a diferença social, econômica e tecnológica. e) INCORRETA – Com a dissolução do bloco socialista, ocorre o aumento da desestatização ou privatizações. Resposta da questão 37: [E] I. INCORRETA – A segunda fase do Capitalismo denominada Capitalismo Industrial (século XIX) estruturou-se com a Revolução Industrial que por sua vez em sua primeira e segunda fase contou, respectivamente, com o carvão mineral e o petróleo como fontes de energia, fontes essas responsáveis dentre outros pela emissão de CO2. II. CORRETA – O processo de expansionismo europeu designado sob a forma de colonização e neocolonização estruturaram-se a partir de busca de matérias-primas. III. CORRETA – O consumo desenfreado na atualidade se dá entre outros fatores, pela ascensão dos países emergentes que aumentam a produção industrial e elevam o poder aquisitivo de parcela de suas populações aumentando o consumo e pelo aumento da população mundial que aumenta a demanda por recursos naturais. IV. CORRETA – O capitalismo busca a otimização da produção e do lucro dentro de seu espaço, contudo, por ter essencialmente como objetivo, a acumulação de riquezas, cria desigualdades e desequilíbrios na esfera da sociedade. Resposta da questão 38: [B] a) FALSO – A China, país que ocupa a liderança em número de usuários na internet, segundo o gráfico, embora tenha realizado um processo de abertura econômica, manteve uma estrutura monopartidarista com a ditadura do PC, fortemente centralizadora e repressiva. b) VERDADEIRO – Os seis países em número de usuários de internet são os países considerados centrais por se destacarem como tendo a maior porcentagem de comércio e transações financeiras na economia mundial. c) FALSO – Na tabela não há menção a um país do continente africano. d) FALSO – A Alemanha e o Reino Unido apresentam pequena população absoluta e, portanto, não podem ser considerados populosos. e) FALSO – Embora os EUA e o Japão tenham iniciado seu processo de industrialização no século XIX com a segunda revolução industrial, a alavancagem da indústria chinesa só ocorre com a abertura econômica do país realizada na década de 1980. • Resposta da questão 39: • INCORRETO. “Países emergentes” é uma expressão utilizada para referenciar os países cujas

economias subdesenvolvidas ou estagnadas têm alcançado nas últimas décadas, níveis extraordinários de crescimento.

• INCORRETO. As atividades agropecuárias são amplamente ancoradas pela tecnologia, resultando nos últimos tempos em aumento da produção e da oferta de alimentos. Contudo, sua distribuição pelo planeta é desigual em razão do alimento ser uma mercadoria e, portanto, depender da disponibilidade de capitais para adquiri-lo.

• CORRETO. Na década de 1980 desenvolve-se de forma notória a rizicultura no Maranhão e a fruticultura no Vale Médio do São Francisco; na década de 1990 a desconcentração industrial transfere algumas indústrias do estado de São Paulo para a região; na década de 2000 ocorre a substituição da cultura cacaueira pela cafeeira no sul da Bahia. Tais investimentos exemplificam uma nova dinâmica da economia do nordeste acompanhada pelas “migrações de retorno”.

• CORRETO. A globalização se caracteriza pela integração dos mercados e fluxos de capital proporcionados pelo desenvolvimento do meio técnico-científico-informacional.

INCORRETO. Embora o regime de governo da China seja diferenciado dos demais emergentes em razão de ser uma explícita ditadura, seu crescimento econômico apoiou-se em investimentos estrangeiros e seus produtos mais baratos são consequência de uma política monetária de subvalorização da moeda.

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