116
Gerador elétrico de estator rotativo com magnetos permanentes e rotor fixo com enrolamentos concentrados: Análise e estudo do seu circuito magnético Gonçalo Pereira Miguéis Dissertação para obtenção do Grau de Mestre em Engenharia Eletrotécnica e de Computadores Orientador: Prof. Doutor Paulo José da Costa Branco Júri Presidente: Prof. Doutor Rui Manuel Gameiro de Castro Orientador: Prof. Doutor Paulo José da Costa Branco Vogal: Prof. Doutor Carlos Alberto Ferreira Fernandes Outubro de 2016

Gerador elétrico de estator rotativo com magnetos permanentes … · Gerador elétrico de estator rotativo com magnetos permanentes e rotor fixo com enrolamentos concentrados: Análise

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: Gerador elétrico de estator rotativo com magnetos permanentes … · Gerador elétrico de estator rotativo com magnetos permanentes e rotor fixo com enrolamentos concentrados: Análise

Gerador elétrico de estator rotativo com magnetos

permanentes e rotor fixo com enrolamentos

concentrados: Análise e estudo do seu circuito

magnético

Gonçalo Pereira Miguéis

Dissertação para obtenção do Grau de Mestre em

Engenharia Eletrotécnica e de Computadores

Orientador: Prof. Doutor Paulo José da Costa Branco

Júri

Presidente: Prof. Doutor Rui Manuel Gameiro de Castro

Orientador: Prof. Doutor Paulo José da Costa Branco

Vogal: Prof. Doutor Carlos Alberto Ferreira Fernandes

Outubro de 2016

Page 2: Gerador elétrico de estator rotativo com magnetos permanentes … · Gerador elétrico de estator rotativo com magnetos permanentes e rotor fixo com enrolamentos concentrados: Análise

i

Agradecimentos

Em primeiro lugar gostaria de agradecer à minha mãe, ao meu pai e à minha irmã. Estas são as pessoas

mais importantes na minha vida e a quem devo tudo o que tenho. Foram um apoio incondicional e

incansável em todas as etapas da minha vida.

Gostaria de agradecer ao professor Paulo Branco, por me ter dado a oportunidade de trabalhar consigo

desde cedo. Por me também me ter dado a oportunidade de aprender e pelo ambiente excecional que

criou durante este período.

Agradeço também aos meus colegas que estiveram a realizar dissertações com o professor Paulo

Branco, pela amizade e camaradagem que espero que fique para sempre.

Por fim, um agradecimento a todos os meus amigos por tornarem este trajeto mais divertido e

agradável.

Page 3: Gerador elétrico de estator rotativo com magnetos permanentes … · Gerador elétrico de estator rotativo com magnetos permanentes e rotor fixo com enrolamentos concentrados: Análise

ii

Resumo

O gerador síncrono tem sido a máquina por excelência na geração de energia elétrica. A sua

vertente de magnetos permanentes apresent a vantagens significativas, como ausência de

escovas, menor volume e maior rendimento. Os magnetos permanentes encontram -s e

localizados no indutor, que está normalmente situado na parte interior da máquina. Esta topologi a

apresenta, no entanto, alguns inconvenientes, como é o caso da descolagem esporádica dos

magnetos, devido à sua exposição a forças centrífugas oriundas da rotação da máquina.

Esta dissertação aborda o estudo de uma topologia em que o induzido se encontre na parte

interior e o indutor na parte exterior do gerador. Com esta abordagem a força centrífuga aplicada

aos magnetos tende a comprimi-los contra o indutor em vez de os descolar. Além disso, a

colocação dos magnetos permanentes no exterior facilita a sua remoção em caso de

necessidade, assim como minimiza problemas de temperatura que possam provocar a sua

desmagnetização.

Para a concretização da topologia a estudar para um gerador síncrono de magnetos

permanentes, realiza-se um projeto de um gerador síncrono monofásico de 20 kW e veloci dade

nominal de 100 rpm a ser empregue num sistema de microgeração adaptado à energia das

marés.

Nesta dissertação são desenvolvidos modelos eletromagnéticos e térmicos bem como, um

algoritmo de otimização que os interligue. É ainda estudado o comportamento do gerador em

vazio, com carga equilibrada e ainda para a situação de perda de uma das fases da carga. Por

último é estimado o tempo de vida útil do isolamento dielétrico do gerador dimensionado.

Palavras-chave: gerador síncrono de magnetos permanentes, elementos finitos, análise

eletromagnética, análise térmica.

Page 4: Gerador elétrico de estator rotativo com magnetos permanentes … · Gerador elétrico de estator rotativo com magnetos permanentes e rotor fixo com enrolamentos concentrados: Análise

iii

Abstract

In the past couple of years, the synchronous generator has been a widely used generator. In

particular, the permanent magnet synchronous generator has great benefits , such as the absence

of brushes, a smaller volume and a higher efficiency. The permanent magnets are located in the

inductor, which is normally located in the inner part of the machine. However, this topology has

some drawbacks, the main one being the occasional ungluing of the magnets due to centrifugal

forces originated by the rotational motion of the generator.

This master’s dissertation addresses the study of a topology in which the magnets are located

in the outer part of the machine, (rotor). With this approach, the centrifugal force tends to

compress the magnets instead of ungluing them, and additionally makes these components more

easily accessible allowing for an easy maintenance.

The sizing of a single phase permanent magnet synchronous generator which rotates at 100

rpm and that delivers 20 kW of active power to the load is intended. It is also intended that the

proposed generator operates through the kinetic energy extracted from river currents.

In the present master’s dissertation electromagnetic and thermal models, as well as an

optimization algorithm that interlink, both of them are, developed. The generator operating modes:

open circuit, full load and full load with the loss of one of the load phases are also studied. Lastly ,

the lifetime expectancy of the dielectric isolation of the generator windings for nominal operat ion

conditions is estimated.

Keywords: PM synchronous generator, finite-element method (FEM), electromagnetic analysis, thermal

analysis.

Page 5: Gerador elétrico de estator rotativo com magnetos permanentes … · Gerador elétrico de estator rotativo com magnetos permanentes e rotor fixo com enrolamentos concentrados: Análise

iv

Índice

Agradecimentos ..............................................................................................................................i

Resumo ........................................................................................................................................ ii

Abstract........................................................................................................................................ iii

Lista de Figuras ............................................................................................................................vii

Lista de Tabelas ........................................................................................................................... ix

Lista de Acrónimos.........................................................................................................................x

Lista de Símbolos ......................................................................................................................... xi

1. Introdução ..............................................................................................................................1

1.1. Principal objetivo .............................................................................................................1

1.2. Estrutura da dissertação ..................................................................................................1

2. Enquadramento ......................................................................................................................3

2.1. Inconvenientes das topologias “tradicionais” dos geradores síncronos de magnetos

permanentes ..............................................................................................................................3

2.2. Topologia proposta do gerador síncrono de magnetos permanentes para aplicações de

baixas velocidades .....................................................................................................................3

2.3. Aplicação do Gerador ......................................................................................................4

2.4. Materiais constituintes da máquina elétrica .......................................................................5

2.4.1. Magnetos permanentes ............................................................................................5

2.4.2. Material ferromagnético macio ..................................................................................7

2.4.3 Eixo do gerador ...........................................................................................................9

2.4.4. Condutores ..............................................................................................................9

2.5. Perdas no gerador de magnetos permanentes ................................................................ 11

2.5.1. Perdas nos materiais ferromagnéticos ..................................................................... 11

2.5.2. Perdas nos condutores........................................................................................... 14

2.6. Procedimentos efetuados num programa por elementos finitos ........................................ 14

2.7. Equações na origem do modelo eletromagnético em elementos finitos ............................. 15

2.7.1. Equações de Maxwell ............................................................................................ 15

2.7.2. Vetor potencial e potencial elétrico .......................................................................... 16

2.7.3. Restantes equações necessárias à resolução do problema ...................................... 16

2.7.4. Condições de fronteira ........................................................................................... 17

2.8. Equações na origem do modelo térmico em elementos finitos .......................................... 18

2.8.1. Diferentes formas de transmissão de energia térmica .............................................. 18

2.8.2. Equações para transferência de calor ..................................................................... 18

2.8.3. Condições de fronteira ........................................................................................... 21

2.8.3.1. Condição de fronteira de Dirichlet ........................................................................ 21

2.8.3.2. Condição fronteira de Newman ........................................................................... 21

2.9. Conceitos sobre circuitos magnéticos ............................................................................. 21

2.9.1. Conceito de relutância............................................................................................ 21

Page 6: Gerador elétrico de estator rotativo com magnetos permanentes … · Gerador elétrico de estator rotativo com magnetos permanentes e rotor fixo com enrolamentos concentrados: Análise

v

2.9.2. Método de cálculo da força magnetomotriz num circuito magnético com magneto s

permanentes ......................................................................................................................... 22

3. Modelo analítico de parâmetros concentrados com vista à simulação eletromagnética do gerador

em vazio...................................................................................................................................... 25

3.1. Geometria do gerador síncrono de magnetos permanentes ............................................. 25

3.1.1. Aspeto gráfico da topologia do gerador de magnetos permanentes ........................... 25

3.1.2. Distribuição dos condutores .................................................................................... 27

3.1.3. Variáveis que representam a geometria do gerador de magnetos permanentes ......... 28

3.2. Construção do modelo eletromagnético por parâmetros concentrados ............................. 30

3.2.1. Vantagens e desvantagens do modelo de parâmetros concentrados em comparação

com o modelo por elementos finitos ....................................................................................... 30

3.2.2. Resolução do circuito magnético do gerador de magnetos permanentes ................... 30

3.3. Resultados do gerador de magnetos permanentes em vazio ............................................ 35

3.3.1. Resultados obtidos através do modelo de parâmetros concentrados ......................... 35

3.3.2. Comparação de resultados entre várias geometrias obtidas a partir do modelo de

parâmetros concentrados ...................................................................................................... 36

3.3.3. Comparação dos resultados obtidos entre modelo de parâmetros concentrados e

elementos finitos. .................................................................................................................. 39

4. Modelo utilizado para a simulação em vazio e em carga do gerador de magnetos permanentes 41

4.1. Sistema elétrico isolado ................................................................................................. 41

4.1.1. Carga elétrica ........................................................................................................ 41

4.1.2. Conversor eletrónico de potência ............................................................................ 42

4.1.3. Modelos eletromagnético e térmico ......................................................................... 47

4.2. Condições a cumprir nos modelos eletromagnético e térmico .......................................... 49

4.2.1. Modelo eletromagnético: constrangimentos ................................................................. 49

4.2.2. Modelo térmico: constrangimentos .............................................................................. 52

4.3. Algoritmo de otimização para o dimensionamento do gerador de magnetos permanentes . 53

4.3.1. Interligação entre variáveis dos modelos eletromagnético e térmico .......................... 53

4.3.2. Algoritmo de otimização ......................................................................................... 55

5. Resultados do estudo do gerador de magnetos permanentes .................................................. 59

5.1. Geometrias do gerador a analisar .................................................................................. 59

5.1.1. Variáveis geométricas ............................................................................................ 59

5.1.2. Geometria selecionada para o gerador síncrono de magnetos permanentes ............. 63

5.2. Funcionamento em vazio ............................................................................................... 65

5.3. Funcionamento em carga .............................................................................................. 68

5.3.1. Análise eletromagnética em carga do gerador de magnetos permanentes ................. 68

5.3.2. Análise térmica em carga do gerador de magnetos permanentes .............................. 73

5.4. Análise do gerador aquando da perda de uma das fases da carga ................................... 77

5.5. Estimação do tempo de vida útil do isolamento dielétrico do gerador de magnetos

permanentes ............................................................................................................................ 82

6. Conclusões ........................................................................................................................... 85

Page 7: Gerador elétrico de estator rotativo com magnetos permanentes … · Gerador elétrico de estator rotativo com magnetos permanentes e rotor fixo com enrolamentos concentrados: Análise

vi

6.1. Considerações finais ..................................................................................................... 85

6.2. Trabalhos futuros .......................................................................................................... 86

Anexos ........................................................................................................................................ 87

Anexo I – Parâmetros que constituem as relutâncias no modelo eletromagnético de parâmetros

concentrados ............................................................................................................................ 87

Anexo II – Influência da variação da temperatura na resistividade elétrica dos condutores de cobre e

no valor de densidade de fluxo magnético residual dos magnetos permanentes ........................... 90

Anexo III – Características das geometrias simuladas através do modelo abordado no capítulo 4 . 92

Bibliografia .................................................................................................................................. 94

Page 8: Gerador elétrico de estator rotativo com magnetos permanentes … · Gerador elétrico de estator rotativo com magnetos permanentes e rotor fixo com enrolamentos concentrados: Análise

vii

Lista de Figuras

Figura 1 - Topologia do gerador de magnetos permanentes proposta na presente dissertação. ..........4 Figura 2 - Sistema RiverSails. .........................................................................................................5 Figura 3 - Posicionamento do gerador no sistema RiverSails. ...........................................................5 Figura 4 - Curvas BH dos magnetos permanentes. ..........................................................................7 Figura 5 - Curvas de desmagnetização dos magnetos permanentes. ................................................7 Figura 6 - Curva de magnetização do material ferromagnético macio. ...............................................9 Figura 7 - Curvas de magnetização típicas dos materiais ferromagnéticos. ...................................... 12 Figura 8 - Efeito das correntes de Foucault nos materiais ferromagnéticos maciços. ................ 13 Figura 9 - Efeito das correntes de Foucault nos materiais ferromagnéticos laminados. ............. 13 Figura 10 - Corpo com forma arbitrária onde ocorrem trocas de energia térmica. ............................. 19 Figura 11 - Parte ativa do gerador síncrono de magnetos permanentes com 8 pares de polos, plano

tridimensional. ............................................................................................................................. 26 Figura 12 - Parte ativa do gerador síncrono de magnetos permanentes com 8 pares de polos, plano

frontal. ......................................................................................................................................... 26 Figura 13 - Sentido de magnetização dos magnetos e do enrolamento dos condutores. ................... 27 Figura 14 - Distribuição das bobinas ligadas em série. ................................................................... 28 Figura 15 - Variáveis que representam a geometria do gerador. ..................................................... 29 Figura 16 - Gerador dividido em diferentes secções de acordo com a distribuição da densidade de fluxo

magnético prevista. ...................................................................................................................... 31 Figura 17 - Circuito magnético do gerador de magnetos permanentes............................................. 32 Figura 18 – Fluxograma do processo de cálculo do fluxo magnético. ............................................... 34 Figura 19 - Fluxo magnético por espira obtido através do modelo de parâmetros concentrados. ....... 36 Figura 20 - Força eletromotriz por espira obtida através do modelo de parâmetros concentrados...... 36 Figura 21 - Variação do valor eficaz da força eletromotriz em função da variação dos parâmetros

geométricos. ................................................................................................................................ 37 Figura 22 - Variação da relação força eletromotriz eficaz, volume do gerador, em função da variação

dos seus parâmetros geométricos. ................................................................................................ 37 Figura 23 - Variação da relação força eletromotriz eficaz, custo dos materiais do gerador, em função da

variação dos seus parâmetros geométricos. .................................................................................. 37 Figura 24 - Fluxo magnético por espira, obtido através dos modelos de parâmetros concentrados e por

elementos finitos. ......................................................................................................................... 40 Figura 25 - Força eletromotriz por espira, obtida através dos modelos de parâmet ros

concentrados e por elementos finitos . ........................................................................................ 40 Figura 26 - Análise espetral da força eletromotriz quando calculada pelos modelos de parâmetros

concentrados e por elementos finitos. ........................................................................................... 40 Figura 27 - Conversor eletrónico de potência. ................................................................................ 43 Figura 28 - Carga elétrica e filtros do conversor eletrónico de potência. ........................................... 44 Figura 29 - Variação aproximada da potência reativa no condensador. ........................................... 47 Figura 30 – Esquema representativo do modelo eletromagnético utilizado. ...................................... 48 Figura 31 - Onda de tensão com elevada distorção harmónica. ...................................................... 51 Figura 32 - Análise espetral da onda de tensão com elevada distorção harmónica. .......................... 52 Figura 33 - Esquema de interligação entre variáveis dos modelos eletromagnético e térmico. .......... 53 Figura 34 - Esquema de interligação entre as variáveis dos modelos eletromagnético e térmico após

fixação da temperatura dos magnetos permanentes e dos condutores de cobre. ............................. 54 Figura 35 - Fluxograma representativo do algoritmo de simulação do gerador de magnetos

permanentes. .............................................................................................................................. 57 Figura 36 - Principais variáveis que representam a geometria do gerador, PPolar=1........................... 60 Figura 37 - Principais variáveis que representam a geometria do gerador, PPolar=0........................... 60 Figura 38 - Custo dos materiais constituintes dos magnetos permanentes, veio, condutores de cobre e

material ferromagnético macio para cada geometria do gerador. ..................................................... 63 Figura 39 - Volume de cada geometria do gerador. ........................................................................ 63 Figura 40 - Massa de cada geometria do gerador. ......................................................................... 64 Figura 41 - Geometria do gerador de magnetos permanentes selecionada. ..................................... 64

Page 9: Gerador elétrico de estator rotativo com magnetos permanentes … · Gerador elétrico de estator rotativo com magnetos permanentes e rotor fixo com enrolamentos concentrados: Análise

viii

Figura 42 - Distribuição da densidade de fluxo magnético no gerador de magnetos permanentes. .... 65 Figura 43 - Densidade de fluxo magnético no material ferromagnético do induzido em vazio. ........... 66 Figura 44 - Análise espetral da densidade de fluxo magnético no material ferromagnético do induzido

em vazio. ..................................................................................................................................... 66 Figura 45 - Sistema elétrico isolado com representação das grandezas elétricas em análise no presente

capítulo. ...................................................................................................................................... 67 Figura 46 - Tensão total induzida aos terminais do gerador em vazio. ............................................. 67 Figura 47 - Análise espetral da tensão total induzida aos terminais do gerador em vazio. ................. 68 Figura 48 - Densidade de fluxo magnético nos magnetos permanentes em vazio. ........................... 68 Figura 49 - Densidades de fluxo magnético no material ferromagnético do induzido em vazio e em

carga. .......................................................................................................................................... 69 Figura 50 - Análise espetral da densidade de fluxo magnético no material ferromagnético do induzido

em carga. .................................................................................................................................... 69 Figura 51 - Tensão aos terminais do gerador. ................................................................................ 70 Figura 52 - Decomposição em harmónicas da tensão aos terminais do gerador. .............................. 70 Figura 53 - Corrente que circula nos enrolamentos do gerador. ...................................................... 70 Figura 54 - Decomposição em harmónicas da corrente que circula nos enrolamentos do gerador. .... 71 Figura 55 - Tensão na carga na condição de funcionamento nominal do gerador. ............................ 71 Figura 56 - Análise espetral da tensão na carga na condição de funcionamento nominal do gerador. 72 Figura 57 - Corrente na carga na condição de funcionamento nominal do gerador. .......................... 72 Figura 58 - Análise espetral da corrente na carga na condição de funcionamento nominal do gerador.

................................................................................................................................................... 72 Figura 59 - Potência insânia no gerador na sua condição nominal de funcionamento. ...................... 73 Figura 60 - Potência insânia na carga na condição de funcionamento nominal do gerador. ............... 73 Figura 61 - Densidade de fluxo magnético nos magnetos permanentes em carga. ........................... 74 Figura 62 - Análise espetral da densidade de fluxo magnético em carga. ........................................ 74 Figura 63 - Distribuição de temperatura no gerador de magnetos permanentes quando em

funcionamento nominal (modelo 2D). ............................................................................................ 76 Figura 64 - Distribuição de temperatura no gerador de magnetos permanentes quando em

funcionamento nominal (modelo 3D). ............................................................................................ 77 Figura 65 - Esquema do sistema elétrico em estudo com ocorrência de defeito numa das fases da

carga. .......................................................................................................................................... 78 Figura 66 - Tensão na carga na ocorrência de perda de uma das fases. ......................................... 78 Figura 67 - Análise espetral da tensão na carga na ocorrência de perda de uma das fases. ............. 78 Figura 68 - Corrente na carga na ocorrência de perda de uma das fases......................................... 79 Figura 69 - Análise espetral da corrente na carga na ocorrência de perda de uma das fases. ........... 79 Figura 70 - Tensão aos terminais do gerador na ocorrência de perda de uma das fases da carga. .... 80 Figura 71 - Análise espetral da tensão aos terminais do gerador na ocorrência de perda de uma das

fases da carga. ............................................................................................................................ 80 Figura 72 - Corrente no gerador na ocorrência de perda de uma das fases da carga. ...................... 80 Figura 73 - Análise espetral da corrente no gerador na ocorrência de perda de uma das fases da carga.

................................................................................................................................................... 81 Figura 74 - Potência instantânea entregue à carga na ocorrência de perda de uma das suas fases. . 81 Figura 75 - Potência instantânea aos terminais do gerador na ocorrência de perda de uma das fases

da carga. ..................................................................................................................................... 82 Figura 76 - Tempo de vida útil do isolamento dielétrico dos condutores. .......................................... 83 Figura 77 - Localização das variáveis Yaux1 e Xaux1. ........................................................................ 87 Figura 78 - Localização da variável Yaux2. ...................................................................................... 88 Figura 79 - Variação da resistividade elétrica dos condutores de cobre em função da temperatura. .. 90 Figura 80 - Variação da densidade de fluxo magnético residual em função da temperatura. ............. 91

Page 10: Gerador elétrico de estator rotativo com magnetos permanentes … · Gerador elétrico de estator rotativo com magnetos permanentes e rotor fixo com enrolamentos concentrados: Análise

ix

Lista de Tabelas

Tabela 1 - Características dos magnetos permanentes. ...................................................................6 Tabela 2 - Comparação entre características de diferentes materiais utilizados no isolamento dos

condutores. ................................................................................................................................. 10 Tabela 3 - Classes térmicas do isolamento das máquinas elét ricas. ................................................ 11 Tabela 4 - Analogia entre principais grandezas elét ricas e magnéticas. ........................................... 22 Tabela 5 - Variáveis geométricas. ................................................................................................. 29 Tabela 6 - Componentes passivos do andar Dc e do filtro de saída ................................................. 47 Tabela 7 - Variáveis geométricas das geometrias simuladas com 10 pares de polos. ....................... 61 Tabela 8 - Variáveis geométricas das geometrias simuladas com 8 pares de polos. ......................... 62 Tabela 9 - Valor das variáveis geométricas que constituem a geometria selecionada do gerador de

magnetos permanentes. ............................................................................................................... 65 Tabela 10 - Condutividades térmicas dos materiais contidos na cava do gerador. ............................ 75 Tabela 11 - Principais características das geometrias simuladas com 10 pares de polos. ................. 92 Tabela 12 - Principais características das geometrias simuladas com 8 pares de polos. ................... 93

Page 11: Gerador elétrico de estator rotativo com magnetos permanentes … · Gerador elétrico de estator rotativo com magnetos permanentes e rotor fixo com enrolamentos concentrados: Análise

x

Lista de Acrónimos

AC – Corrente alternada

AWG – American Wire Gauge

DC – Corrente continua

FEM – Modelo por elementos finitos

Fmm – Força magnetomotriz

GMP – Gerador de magnetos permanentes

PM – Magnetos permanentes

PWM – Modelação por largura de impulso

Page 12: Gerador elétrico de estator rotativo com magnetos permanentes … · Gerador elétrico de estator rotativo com magnetos permanentes e rotor fixo com enrolamentos concentrados: Análise

xi

Lista de Símbolos

Símbolo Quantidade Unidades

𝛼𝑐𝑢 Coeficiente de temperatura 1/℃

𝛼𝐼𝑑𝑧 Ângulo do material ferromagnético macio

do induzido °

𝛼𝑀𝑎𝑔 Ângulo dos magnetos permanentes °

𝛼𝑃 Coeficiente de expansão térmica do fluído 1/K

𝛼𝑃𝑎𝑠𝑠𝑜 Variável incremental na rotação do gerador rad

𝛼𝑅𝑜𝑡 Ângulo de rotação do gerador rad

Δ𝐶𝑢𝑠𝑡𝑜𝑀𝑎𝑡

Variação do custo dos materiais que constituem os magnetos permanentes,

veio, condutores de cobre e material ferromagnético macio do gerador em relação à sua geometria de referência

%

Δ𝑖𝐿𝑓𝑂𝑢𝑡 Variação máxima da corrente na bobina

𝐿𝑓𝑂𝑢𝑡 A

Δ𝑄𝑓𝑂𝑢𝑡 Variação da potência reativa no

condensador 𝐶𝑓𝑂𝑢𝑡 VAr

Δ𝑡𝑑𝑐 Intervalo de tempo em que os díodos do

retificador não conduzem s

Δ𝑉𝐶𝑓𝑂𝑢𝑡 Variação máxima da tensão no

condensador 𝐶𝑓𝑂𝑢𝑡 V

Δ𝑉𝑑𝑐 Variação da tensão aos terminais do

condensador V

Δ𝑉𝑜𝑙𝑢𝑚𝑒 Variação do volume do gerador em relação

à geometria de referência %

𝛿 Coeficiente de tempo em que o par de

IGBTs conduz

𝜖 Emissividade

휀 Permissividade elétrica F/m

𝜖𝐵 Variável que define a o valor máximo

admissível entre densidades de fluxo magnético

T

𝜖𝐷 Variável que incrementa ou decrementa o

parâmetro 𝐷 m

𝜖𝑃 Variável que define a o valor máximo

admissível entre o intervalo de potência desejado

W

휀𝑙𝑎𝑚 Espessura de uma chapa m

𝜗𝑖𝑠 Energia de ativação eV

𝑣𝐿𝑓𝑂𝑢𝑡 Tensão instantânea no condensador 𝐶𝑓𝑂𝑢𝑡 V

𝜆 Condutividade térmica W/(m K)

𝜆𝑎𝑟 Condutividade térmica do ar W/(m K)

𝜆𝑐𝑢 Condutividade térmica dos condutores de

cobre W/(m K)

Page 13: Gerador elétrico de estator rotativo com magnetos permanentes … · Gerador elétrico de estator rotativo com magnetos permanentes e rotor fixo com enrolamentos concentrados: Análise

xii

𝜆𝑒𝑞 Condutividade térmica da área de

magnetos permanentes onde se encontram os condutores

W/(m K)

𝜆𝐼𝑠𝑜𝑙 Condutividade térmica do isolamento

dielétrico W/(m K)

𝜇 Permeabilidade magnética H/m

𝜇𝐸𝐹 Permeabilidade magnético do entreferro H/m

𝜇𝐹𝑒 Permeabilidade magnético do material

ferromagnético macio H/m

𝜇𝑀𝑃 Permeabilidade magnética dos magnetos

permanentes H/m

𝜇𝑃 Viscosidade dinâmica do fluído Pa s

𝜌𝑐𝑢 Resistividade do cobre Ω ∙ m

𝜌𝑀 Carga elétrica por unidade de volume C/m3

𝜌𝑅𝑒𝑓 Resistividade do cobre à temperatura de

referência Ω ∙ m

𝜌𝑇 Densidade mássica do corpo kg/m3

𝜎 Condutividade elétrica S/m

𝜎𝑒𝑞 Condutividade elétrica equivalente do um

material laminado e isolado

dielectricamente

S/m

𝜎𝑀 Condutividade elétrica de um material

formado por um bloco maciço S/m

𝜙 Fluxo magnético Wb

𝜓 Fluxo magnético ligado Wb

Ω Corpo arbitrário

𝜔𝐶 Frequência angular das formas de onda

entregues à carga rad/s

𝐴 Vetor de potencial T m

𝐴𝑟𝑒𝑎𝐶𝑜𝑛𝑑 Área da secção transversal de um condutor

de cobre

m2

𝐴𝑟𝑒𝑎𝑆𝑙𝑜𝑡 Área de uma cava m2

𝐵 Densidade de fluxo magnético T

𝐵𝐼𝑑𝑧 Densidade de fluxo magnético no material

ferromagnético do induzido junto aos enrolamentos

T

𝐵𝐼𝑑𝑡 Densidade de fluxo magnético máxima no

material ferromagnético do indutor T

𝐵𝐼𝑑𝑧𝐴𝑛𝑡 Variável auxiliar que guarda o valor de

𝐵𝐼𝑑𝑧 T

𝐵𝑖𝑠 Constante associada ao material utilizado

como isolante h

𝐵𝐽 Densidade de fluxo magnético no “joelho” da curva BH do material ferromagnético

macio T

𝐵𝑀𝑎𝑔 Densidade de fluxo magnético nos

magnetos permanentes T

Page 14: Gerador elétrico de estator rotativo com magnetos permanentes … · Gerador elétrico de estator rotativo com magnetos permanentes e rotor fixo com enrolamentos concentrados: Análise

xiii

𝐵𝑚𝑎𝑥 Valor máximo da densidade de fluxo

magnético T

𝐵𝑟 Densidade de fluxo magnético residual T

𝐶𝑢𝑠𝑡𝑜𝑀𝑎𝑡

Custo dos materiais que constituem os

magnetos permanentes, veio, condutores de cobre e material ferromagnético macio

do gerador

𝐶𝑑𝑐 Condensador do andar DC do conversor

eletrónico de potência F

𝐶𝑓𝑂𝑢𝑡 Condensador do filtro de saída F

𝑐𝑃 Capacidade térmica a pressão constante J/(kg K)

𝑐𝑣 Capacidade térmica a volume constante J/(kg K)

𝐷 Profundidade do gerador m

𝐷𝐶𝑖𝑙 Diâmetro do gerador m

𝐷𝐼𝑛𝑓 Limite inferior do parâmetro 𝐷 m

𝐷𝑀 Campo de deslocamento elétrico C/m2

𝐷𝑆𝑢𝑝 Limite superior do parâmetro 𝐷 m

𝐸 Campo elétrico V/m

𝐹𝑚𝑚 Força magnetomotriz A

𝑓 Frequência elétrica Hz

𝑓𝐶 Frequência de comutação dos IGBTs do

inversor Hz

𝑓𝑒𝑚 Força eletromotriz V

𝑓𝑒𝑚𝑒𝑓 Valor eficaz de força eletromotriz V

𝑓𝑓𝑂𝑢𝑡 Frequência de ressonância do filtro de saída

Hz

𝑓𝑝𝐶 Fator de potência da carga

𝑓𝑠𝑎í𝑑𝑎 Frequência das formas de onda entregues

à carga Hz

𝑔 Aceleração da gravidade m/s2

𝐻 Intensidade de campo magnético A/m

𝐻𝐶 ′ Coercividade aparente A/m

𝐻𝐼𝑑𝑧 Intensidade de campo magnético no

material ferromagnético do induzido junto

aos enrolamentos

A/m

ℎ Coeficiente de transferência de calor W/(m2 K)

ℎ𝐸𝐹 Altura do entreferro m

ℎ𝐼𝑑𝑡 Altura do material ferromagnético do

indutor m

ℎ𝐼𝑑𝑡 ′ Altura da relutância do indutor m

Page 15: Gerador elétrico de estator rotativo com magnetos permanentes … · Gerador elétrico de estator rotativo com magnetos permanentes e rotor fixo com enrolamentos concentrados: Análise

xiv

ℎ𝐼𝑑𝑧 Altura do material ferromagnético do

induzido m

ℎ𝐼𝑑𝑧𝐸𝑥𝑡 Altura da relutância da componente externa

do induzido m

ℎ𝐼𝑑𝑧𝐼𝑛𝑡 Altura da relutância da componente interna

do induzido m

ℎ𝑀𝑃 Altura dos magnetos permanentes m

ℎ𝑅 Altura da relutância m

ℎ𝑉𝑒𝑖𝑜 Raio do eixo do gerador m

𝐼𝐶 Valor eficaz da corrente fornecida à carga

por fase A

𝐼𝑒𝑓 Valor eficaz da corrente elétrica A

𝐼𝐼𝑛 Corrente nos enrolamentos do gerador A

𝐼𝑖𝑛𝑣 Corrente à entrada do inversor de tensão A

𝑖𝐶 Corrente instantânea simples na carga A

𝑖𝑑𝑐 Corrente no andar de corrente contínua A

𝑖𝐼𝑛𝑣 Corrente instantânea no inversor A

𝑖𝐿𝑓𝑂𝑢𝑡 Corrente na bobina 𝐿𝑓𝑂𝑢𝑡 A

𝑖𝑅𝑒𝑡 Corrente instantânea no gerador A

𝐽 Densidade de corrente elétrica A/m2

𝐽𝑖𝑛 Densidade de corrente elétrica na entrada

do gerador A/m2

𝐽𝐹 Densidade de correntes de Foucault A/m2

𝐽𝑆 Densidade de corrente à superfície A/m2

𝐾𝑐𝑢 Coeficiente de utilização dos condutores de

cobre

𝑘𝑎𝑟 Coeficiente de utilização do ar

kB Constante de Stefan-Boltzmann eV/K

𝑘𝑓 Constante de cálculo das correntes de

Foucault

𝑘𝐼𝑠𝑜𝑙 Coeficiente de utilização do isolamento

dielétrico

𝑘ℎ Constante de cálculo das correntes de

histerese

𝐿𝐶 Indutância da carga H

𝐿𝑓𝐼𝑛 Indutância do filtro de entrada H

𝐿𝑓𝑂𝑢𝑡 Indutância do filtro de saída H

𝐿𝑖𝑠 Tempo de vida útil do isolamento dielétrico h

𝑙𝑐𝑢 Comprimento dos condutores de cobre m

Page 16: Gerador elétrico de estator rotativo com magnetos permanentes … · Gerador elétrico de estator rotativo com magnetos permanentes e rotor fixo com enrolamentos concentrados: Análise

xv

Massa Massa do gerador kg

𝑁𝐼𝑛𝑓 Limite inferior do parâmetro 𝑁𝑆

𝑁𝑀𝑎𝑥 Número máximo de condutores por cava

𝑁𝑃 Número de circuitos em paralelo por cava

𝑁𝑃𝑈𝑠𝑜 Variável auxiliar que guarda o valor de 𝑁𝑃

𝑁𝑆 Número de espiras por cava

𝑁𝑆𝑢𝑝 Limite superior do parâmetro 𝑁𝑆

𝑁º𝐻𝑎𝑟𝑚𝑆𝑢𝑝200𝐻𝑧 Número de harmónicas com frequência

superior a 200 Hz

𝑛 Velocidade de rotação do gerador rpm

𝑛𝑃𝐹𝑀1 Índice da equação das perdas nos

materiais ferromagnéticos

𝑛1 Normal exterior do meio 1

𝑛2 Normal exterior do meio 2

𝑛ℎ1 Constante do cálculo das perdas por

histerese

𝑃 Potência ativa no gerador de magnetos

permanentes W

𝑃𝐶 Potência ativa na carga W

𝑃𝑐𝑢 Perdas nos condutores de cobre W

𝑃𝑑𝑐 Potência no andar contínua do conversor

eletrónico de potência W

𝑃𝑓 Perdas de Foucault W

𝑃�̂� Densidade de perdas de Foucault W/kg

𝑃𝐹𝑒𝑟𝑟𝑜𝑀𝑎𝑔 Perdas nos materiais ferromagnéticos W

𝑃ℎ Perdas por histerese W

𝑃𝑖 Potência de perdas do elemento 𝑖 W

𝑃𝐼𝑑𝑡 Potência de perdas no material

ferromagnético do indutor W

𝑃𝐼𝑑𝑧 Potência de perdas no material

ferromagnético do induzido W

𝑃𝐼𝑛𝑠𝑡 𝐼𝑛 Potência instantânea à saída do gerador W

𝑃𝐼𝑛𝑠𝑡 𝑂𝑢𝑡 Potência instantânea à entrada da carga W

𝑃𝑀𝑎𝑔 Potência de perdas nos magnetos

permanentes W

𝑃𝑟 Número de Prandtl

𝑝 Número de pares de polos

𝑝𝑢𝑙 Índice de pulsação do retificador

Page 17: Gerador elétrico de estator rotativo com magnetos permanentes … · Gerador elétrico de estator rotativo com magnetos permanentes e rotor fixo com enrolamentos concentrados: Análise

xvi

𝑝𝑃𝑜𝑙𝑎𝑟 Variável indicativa do tipo de peça polar do

gerador

𝑄 Calor J

𝑄𝑖 Fonte de calor i J

𝑞 Fluxo de calor J/m2

𝑅 Relutância magnética 1/H

𝑅𝐴𝐷 Número de Rayleigh

𝑅𝐶 Resistência da carga Ω

𝑅𝐸𝐹 Relutância do entreferro 1/H

𝑅𝑓𝑖𝑐 Resistência fictícia que simula a resistência

equivalente do inversor e carga Ω

𝑅𝐼𝑑𝑡 Relutância do material ferromagnético do

indutor 1/H

𝑅𝐼𝑑𝑧𝐸𝑥𝑡 Relutância da componente externa do

material ferromagnético do induzido 1/H

𝑅𝐼𝑑𝑧𝐼𝑛𝑡 Relutância da componente interna do material ferromagnético do induzido

1/H

𝑅𝑀𝑃 Relutância dos magnetos permanentes 1/H

𝑟𝑐𝑢 Resistência dos condutores de cobre Ω

𝑆𝐶 Potência aparente entregue à carga VA

𝑆𝑒𝑐𝑐𝑢 Secção transversal dos condutores de

cobre m2

𝑆𝑒𝑐𝐸𝐹 Secção transversal da relutância do

entreferro m2

𝑆𝑒𝑐𝐼𝑑𝑡 Secção transversal da relutância do indutor m2

𝑆𝑒𝑐𝐼𝑑𝑧𝐸𝑥𝑡 Secção transversal da relutância da

componente externa do induzido m2

𝑆𝑒𝑐𝐼𝑑𝑡𝐼𝑛𝑡 Secção transversal da relutância da

componente interna do induzido m2

𝑆𝑒𝑐𝑀𝑃 Secção transversal da relutância dos

magnetos permanentes m2

𝑆𝑇 Secção transversal da relutância m2

𝑇 Temperatura ℃

𝑇𝜔 Temperatura da componente do gerador que está em contacto com o fluido

𝑇𝑐 Período de comutação dos semicondutores s

𝑇𝐶𝑜𝑛𝑑 Temperatura nos condutores de cobre ℃

𝑇𝐶𝑜𝑛𝑑𝑈𝑠𝑜 Variável auxiliar que armazena o valor de 𝑇𝐶𝑜𝑛𝑑 ℃

𝑇𝐶𝑜𝑛𝑑𝑅𝑒𝑓 Temperatura dos enrolamentos de cobre à

temperatura de referência ℃

𝑇𝑒𝑥𝑡 Temperatura externa ℃

𝑇𝑓 Temperatura do fluído ℃

Page 18: Gerador elétrico de estator rotativo com magnetos permanentes … · Gerador elétrico de estator rotativo com magnetos permanentes e rotor fixo com enrolamentos concentrados: Análise

xvii

𝑇𝑔𝑒𝑟 Período da tensão gerada pelo gerador s

𝑇𝑖𝑠 Temperatura do isolamento dielétrico K

𝑇𝑀𝑎𝑔 Temperatura nos magnetos permanentes ℃

𝑇𝑀𝑎𝑔𝑈𝑠𝑜 Variável auxiliar que guarda o valor de 𝑇𝑀𝑎𝑔 ℃

𝑡 Tempo s

𝑈𝐶 Valor eficaz da tensão fornecida à carga

por fase V

𝑉 Potencial elétrico V

𝑉𝐴𝐵 Tensão composta entre as fases A e B V

𝑉𝐵𝐶 Tensão composta entre as fases B e C V

𝑉𝐶 Tensão simples numa das fases da carga V

𝑉𝐶𝐴 Tensão composta entre as fases C e A V

𝑉𝐶𝑓𝑂𝑢𝑡 Tensão no condensador 𝐶𝑓𝑂𝑢𝑡 V

𝑉𝑑𝑐 Tensão média no condensador 𝐶𝑑𝑐 V

𝑉𝐺𝑒𝑟𝑀𝑎𝑥 Valor máximo da tensão gerada pelo

gerador de magnetos permanentes V

𝑉𝑖 Volume do elemento 𝑖 m3

𝑉𝐼𝑛 Tensão aos terminais do gerador V

𝑉𝑜𝑙𝑢𝑚𝑒 Volume do gerador m3

𝑉𝑛𝑢𝑐𝑙𝑒𝑜 Volume do núcleo de material

ferromagnético macio m3

𝑊ℎ Área da curva BH do material

ferromagnético macio Pa

𝑋𝑎𝑢𝑥1 Variável auxiliar no cálculo de 𝑆𝑒𝑐𝐼𝑑𝑧𝐸𝑥𝑡 m

𝑥𝑙𝑎𝑚 Número de laminas de um material

laminado

𝑌𝑎𝑢𝑥1 Variável auxiliar no cálculo de ℎ𝐼𝑑𝑧𝐸𝑥𝑡 m

𝑌𝑎𝑢𝑥2 Variável auxiliar no cálculo de ℎ𝐼𝑑𝑧𝐼𝑛𝑡 e

𝑆𝑒𝑐𝐼𝑑𝑧𝐼𝑛𝑡 m

𝑍𝐶 Impedância equivalente da carga Ω

Page 19: Gerador elétrico de estator rotativo com magnetos permanentes … · Gerador elétrico de estator rotativo com magnetos permanentes e rotor fixo com enrolamentos concentrados: Análise

1

1. Introdução

1.1. Principal objetivo

O principal objetivo desta dissertação é o projeto de um gerador síncrono de magnetos

permanentes com uma topologia inversa, ou seja, em que o circuito do induzido (estator) se

encontre fixo e na parte interior da máquina, enquanto o circuito rotativo do indutor (rotor) se

localize na sua parte exterior. Dimensionar-se-á um gerador monofásico de baixa tensão para

baixas velocidades, isto é, com uma velocidade nominal de rotação correspondente a 100 rpm .

Pretende-se ainda que este forneça um valor de potência ativa de 20 kW a uma carga modelado ra

de uma habitação.

O gerador será dimensionado para aplicações relacionadas com a extração de energia das

correntes marítimas. Deste modo, tenciona-se que este seja robusto, apresente uma construção

modular e que se encontre inserido num sistema isolado constituído pelo mesmo e por uma carga

elétrica. A interligação da carga ao gerador será efetuada por um conversor AC/DC/AC,

apresentado no seguimento da presente dissertação. Este mesmo conversor possibilita o

aparecimento de sistemas não sinusoidais, considerados neste trabalho.

Pretende-se desenvolver um modelo eletromagnético e térmico que possibilite o

dimensionamento de várias geometrias de geradores com diferentes dimensões e números de

pares de polos. Intenta-se no final desta dissertação selecionar uma geometria do gerador de

entre as simuladas, consoante os seguintes requisitos: preço dos materiais, peso e volume.

1.2. Estrutura da dissertação

A presente dissertação encontra-se organizada em seis capítulos.

No primeiro capítulo, apresentam-se o principal objetivo da dissertação e a estrutura adotada

neste trabalho.

No segundo capítulo, introduzem-se, de forma sucinta, o conjunto de conteúdos teóricos no

âmbito do projeto de máquinas elétricas, que servem de auxílio a temáticas abordadas nos

restantes capítulos. O capítulo 2 começa por abordar a importância do gerador síncrono na

geração de energia elétrica. Seguidamente, apresenta-se uma topologia que, por um lado,

pretende colmatar lacunas existentes nas topologias típicas do gerador síncrono de magnetos

permanentes, e, que por outro, pretende estar adaptada aos desafios impostos por sistema de

extração de energia das correntes marítimas que proporciona a sua rotação. São mencionados

os principais fatores a ter em consideração para o gerador, tendo em conta o ambiente em que

vai estar inserido. Subsequentemente, procede-se à realização de uma análise e seleção dos

materiais constituintes do gerador, identificando as suas principais características e os seus

limites de operação. Posteriormente, especificam -se as equações que proporcionam o cálculo

das perdas de Joule que ocorrem no gerador, referindo-se ainda as principais equações

Page 20: Gerador elétrico de estator rotativo com magnetos permanentes … · Gerador elétrico de estator rotativo com magnetos permanentes e rotor fixo com enrolamentos concentrados: Análise

2

eletromagnéticas e térmicas a resolver pelo programa por elementos finitos além das condições

de fronteira a considerar. Por último, abordam-se os conceitos de relutânc ia magnética e de força

magnetomotriz que serão necessários no capítulo 3.

No terceiro capítulo é desenvolvido um modelo de parâmetros concentrados para o gerado r,

um que se pretende simular o seu comportamento eletromagnét ico. Começa-se por apresent a r

a geometria a simular, bem como as variáveis geométricas que a caracterizam e a estrutura do

seu circuito magnético. Por fim, são simuladas várias geometrias do gerador em vazio e verific a -

se a precisão deste modelo comparativamente com um modelo por elementos finitos.

O quarto capítulo apresenta os elementos do sistema onde se pretende que o gerador esteja

integrado, isto é, o conversor eletrónico de potência e a carga trifásica a alimentar. Apresenta -

se o dimensionamento do sistema, tendo em conta os filtros nele contidos, e procede-se à

enumeração das variáveis cujos limites têm de ser cumpridos de modo a garantir a correta

operação do gerador. Posteriormente, realçando-se o facto de que a interligação das variáveis

que são comuns aos modelos eletromagnét ico e térmico, realçando-se que a simulação em carga

do gerador deve ser efetuada através de um algoritmo de otimização que considere a simulação

integrada e sequencial dos dois modelos. Consequentemente, descreve-se um algoritmo que

visa dimensionar o gerador através da interligação de três modelos: parâmetros concentrados

(circuitos do sistema elétrico), eletromagnét ico de parâmetros distribuídos (parte eletromagnét ic a

do gerador) e térmico de parâmetros distribuídos (parte térmica do gerador). Este algoritm o

efetua a alteração de variáveis eletromagnét icas e térmicas, de modo a cumprir todos os

constrangimentos impostos ao gerador.

No quinto capítulo apresentam-se os resultados das simulações efetuadas segundo o

algoritmo apresentado no capítulo anterior para o gerador em carga. Posteriormente é

selecionada a geometria mais vantajosa e são analisados os resultados das suas simulações em

maior detalhe. É também analisado o comportamento do gerador na ocorrênc ia da perda de uma

das fases da carga. Por último, é estimado o tempo de vida útil do isolamento dielétrico do

gerador nas condições de carga equilibrada e operação nominal.

No sexto capítulo, são enumeradas algumas limitações do presente trabalho associadas a

alterações a serem efetuadas em trabalhos futuros. Por fim, são apresentadas as conclusões

obtidas na presente dissertação.

Page 21: Gerador elétrico de estator rotativo com magnetos permanentes … · Gerador elétrico de estator rotativo com magnetos permanentes e rotor fixo com enrolamentos concentrados: Análise

3

2. Enquadramento

2.1. Inconvenientes das topologias “tradicionais” dos geradores síncronos de magnetos

permanentes

O gerador síncrono de magnetos permanentes está em atividade desde cerca de 1950 [ 1] e

tem sido a máquina por excelência quer em aplicações com baixas velocidades, como por

exemplo na produção de energia elétrica baseada em energias alternativas [2,3], quer em

aplicações caracterizadas por altas velocidades, tanto na indústria aeronáutica como em volant es

de inércia [4,5].

Nestas aplicações, a topologia do gerador é caracterizada pela localização dos magnetos no

indutor, o qual constitui a parte móvel e interior da máquina situada no seu eixo. Com o passar

dos anos, esta topologia tem apresentado alguns inconvenientes , tanto a nível mecânico como

a nível magnético, nomeadamente:

- A localização dos magnetos permanentes no interior da máquina e associadas ao seu eixo.

Isto dificulta não apenas a sua magnetização in loco (quando for o caso), bem como qualque r

operação de manutenção dos mesmos, por exemplo, a sua substituição;

- As forças centrífugas sobre os magnetos podem ser muito elevadas, particularmente em

aplicações com altas velocidades de rotação, e podem provocar danos mecânicos na sua

estrutura causando a sua desmagnetização. Na maioria dos casos aplica-se uma cinta de

carbono à volta do rotor de modo reforçar a fixação dos magnetos, protegendo-os assim da ação

da força centrífuga. No entanto, esta cinta aumenta o entreferro da máquina, fazendo com que a

força magnetomotriz tenha de ser aumentada de modo a que se possa obter a mesma força

eletromotriz .

2.2. Topologia proposta do gerador síncrono de magnetos permanentes para aplicações de

baixas velocidades

Para fazer face aos problemas introduzidos no capítulo anterior, isto é, fixação dos magnetos

permanentes, fácil acesso e substituição de alguns componentes da máquina elétrica, propõe -

se o estudo de uma máquina síncrona de magnetos permanentes em que o induzido se encontre

na parte interior e o indutor na parte exterior da mesma, onde estarão também localizados os

magnetos. A Figura 1 ilustra um gerador de magnetos permanentes com esta topologia. Como

objetivo final, pretende-se efetuar o dimensionamento de um gerador síncrono monofásico com

uma velocidade de rotação nominal de 100 rpm e que entregue 20 kW de potência ativa à carga.

Pretende-se que o gerador apresente as seguintes caracterís ticas: baixo custo, dimensões

reduzidas, alta eficiência, alta fiabilidade, baixa manutenção e const rução modular. Na Figura 1

para além do gerador, encontra-se ilustrada uma caneta de modo a dar ao leitor uma ideia do

tamanho da máquina elétrica a dimensionar.

Page 22: Gerador elétrico de estator rotativo com magnetos permanentes … · Gerador elétrico de estator rotativo com magnetos permanentes e rotor fixo com enrolamentos concentrados: Análise

4

Figura 1 - Topologia do gerador de magnetos permanentes proposta na presente dissertação.

Com a configuração proposta na presente dissertação, verifica -se que embora os magnetos

continuem a estar sujeitos a forças centrífugas, agora estas forças contribuem para sua fixação,

uma vez que os empurram contra o indutor. Eliminam-se as cintas de carbono, obtendo-se assim

um reduzido entreferro, ao mesmo tempo que se mitiga a possibilidade de danos mecânicos nos

magnetos.

Procurar-se-á também dimensionar a máquina na perspetiva de que esta apresente uma

construção modular, isto é, de fácil acesso e substituição de alguns dos seus componentes. Com

esta configuração pretende-se ainda obter um acesso mais fácil aos magnetos permanentes, que

são um componente crítico da máquina.

2.3. Aplicação do Gerador

O gerador estudado na presente dissertação foi projetado para a geração de energia elétrica

através da energia cinética extraída das correntes marítimas. Mais concretamente, o sistema

utilizado é semelhante ao sistema RiverSails, [6], levado a cabo pela empresa Tidal Sails, que

consiste na colocação ao longo da largura do rio, de velas de alumínio acopladas a cabos. Este

sistema é colocado de modo a formar uma figura geométrica em forma triangular, como se pode

ver na Figura 2. Nos vértices da figura geométrica formada, Figura 3, existe a possibilidade da

colocação de um gerador elétrico, que pela configuração do sistema sugere uma máquina com

indutor exterior e induzido interior. O sistema em questão está atualmente em fase de testes e

Page 23: Gerador elétrico de estator rotativo com magnetos permanentes … · Gerador elétrico de estator rotativo com magnetos permanentes e rotor fixo com enrolamentos concentrados: Análise

5

tem como principais vantagens: o elevado rendimento, a ausência de poluição e o baixo custo,

sendo que se espera alcançar em 2020 a geração de energia elétrica com um custo de

0,05 €/kWh, [6]. As velas estão dotadas de um mecanismo de auto-ajus te do ângulo segundo a

componente longitudinal do rio em função da velocidade da corrente de água. No caso da

ocorrência de correntes demasiado fortes, as velas ajustam o seu ângulo de modo a dispersar a

energia em excesso, preservando o sistema.

Figura 2 - Sistema RiverSails.

Figura 3 - Posicionamento do

gerador no sistema RiverSails.

Tendo em consideração a velocidade das correntes marítimas, foi selecionada uma

velocidade de operação nominal do gerador correspondente a 100 rpm . Este baixo valor de

rotação associado ao elevado valor de potência do gerador, 20 kW, indicia que este experienc i e

forças elevadas. A robustez do gerador é também um dos seus maiores requisitos, devido aos

perigos ambientais e ao seu elevado custo de manutenção. Outra importante característica do

gerador está relacionada com a sua necessidade em tolerar defeitos. De modo a assegurar esta

característica, o gerador pode ser construído tendo em consideração uma estrutura modular.

2.4. Materiais constituintes da máquina elétrica

Neste subcapítulo são apresentados os principais materiais e respetivos critérios de seleção ,

relacionados com o dimensionamento do gerador.

2.4.1. Magnetos permanentes

Os magnetos permanentes são um componente crítico numa máquina elétrica, já que são

eles que fornecem o fluxo magnético, cuja variação no tempo providencia o aparecimento da

força eletromotriz. Estes elementos são também conhecidos como materiais ferromagnét ic os

duros, já que na ausência de campos externos, e uma vez magnetizados, mantêm alinhados

grande parte dos spins dos eletrões que os constituem, garantindo assim a sua magnetizaç ão

[7]. Os materiais ferromagnét icos duros mais utilizados hoje em dia, bem como as suas principais

vantagens e desvantagens encontram -se descritos na Tabela 1, [8]. É de notar que o parâmetro

densidade de fluxo magnético remanescente, está relacionado com a amplitude máxima do

campo magnético disponível, e o parâmetro campo coercivo, está relacionado com a

propicial idade da desmagnetização do material ferromagnét ico duro na presença de campos

magnéticos externos [9].

Page 24: Gerador elétrico de estator rotativo com magnetos permanentes … · Gerador elétrico de estator rotativo com magnetos permanentes e rotor fixo com enrolamentos concentrados: Análise

6

Tabela 1 - Características dos magnetos permanentes.

Principais Vantagens Principais Desvantagens

Ferrite

Reduzido custo monetário

Elevado valor de campo coercivo

Elevada resistência à

desmagnetização e corrosão

Elevadas temperaturas máximas

de operação

Reduzida resistência mecânica

Reduzido valor de densidade de

fluxo magnético remanescente

Alnico

Elevada resistência mecânica

Elevada resistência à corrosão

Elevadas temperaturas máximas

de operação

Elevado custo

Baixo valor de densidade de fluxo

magnético remanescente

Samário-Cobalto Elevada resistência à corrosão

Elevadas temperaturas máximas

de operação

Elevado custo

Reduzida robustez mecânica

Neodímio-Ferro-Boro Elevado valor de densidade de

fluxo magnético remanescente

Reduzida robustez mecânica

Reduzida resistência à corrosão

Junção materiais

magnéticos e

polímeros Flexibilidade do material

Reduzido valor de densidade de

fluxo remanescente

Uma vez que, como foi referido no subcapítulo 2.2, um dos requisitos na construção do

gerador é que este apresente um volume reduzido, a escolha do magneto a usar recaiu sobre o

neodímio-ferro-boro uma vez que apresenta o maior valor de densidade de fluxo magnét ico

remanescente e não apresenta valores de campo coercivo reduzidos (em valor absoluto). No

entanto, este tipo de magneto apresenta reduzida resistência à corrosão. Para mitigar este fac to

aplicou-se uma cobertura anticorrosiva. Existem revestimentos à base de vários materiais sendo

alguns exemplos: o níquel, o ouro, o cobre ou o epóxi. Tendo como critério a relação qualidade

preço, decidiu-se revest ir os magnetos com uma cobertura à base de níquel [10].

Uma vez escolhido o tipo e revestimento, tornou-se necessário escolher o magneto

específico que apresente a melhor relação densidade de fluxo magnético remanescente com

temperatura máxima de operação, sabendo que quanto maior for um parâmetro, menor será o

outro. Deste modo, começou-se por fixar a temperatura máxima de operação do magneto em

150℃ . Selecionou-se dentro dos magnetos que cumprem este requisito, o que apresentou maior

valor de densidade de fluxo magnético remanescente. Foi escolhido o magneto 46SH da empresa

Eclipse Magnetics, [11]. Como pode ser comprovado na curva BH deste magneto, presente na

Figura 4, o valor de densidade de fluxo magnético a ser utilizado nos cálculos posteriores

depende da temperatura a que os magnetos se encontram.

Page 25: Gerador elétrico de estator rotativo com magnetos permanentes … · Gerador elétrico de estator rotativo com magnetos permanentes e rotor fixo com enrolamentos concentrados: Análise

7

Figura 4 - Curvas BH dos magnetos permanentes.

Depois da seleção dos magnetos permanentes, tornou-se necessário enumerar as potenc iais

causas que conduzem ao aparecimento de perdas irrevers íveis na capacidade do material

fornecer campo magnético, [12]. Estas perdas ocorrem devido a dois grandes fatores. O primeiro

está relacionado com a operação dos magnetos em situações em que estes apresentem

temperaturas superiores às suas temperaturas máximas de operação. Para evitar esta situação

projetar-se-á o gerador de modo a que, no seu modo nominal de operação, a temperatura nos

magnetos seja 135℃ , garantindo deste modo uma margem de segurança de 15℃ . O outro fator

causador de perdas irrevers íveis . É a operação dos magnetos em situações onde estes

apresentem uma densidade de fluxo magnético inferior à verificada nos “joelhos” das curvas de

desmagnetização da Figura 5. Para a temperatura de 135°C estima-se que este valor

corresponda a 0,35 T , valor obtido após a interpolação das curvas a 100 ℃ e 150 ℃.

Figura 5 - Curvas de desmagnetização dos magnetos permanentes.

2.4.2. Material ferromagnético macio

O material ferromagnético macio é também um componente crucial na composição de um

gerador elétrico, uma vez que direciona o caminho que o fluxo percorre. Este material é

Page 26: Gerador elétrico de estator rotativo com magnetos permanentes … · Gerador elétrico de estator rotativo com magnetos permanentes e rotor fixo com enrolamentos concentrados: Análise

8

frequentemente constituído por uma liga de ferro à qual se adiciona silício, de modo a aumenta r

a sua resistividade elétrica, reduzindo assim as perdas por correntes induzidas. Com este intuito,

é também usual dividir o material em placas isoladas dielectricamente entre si, em vez de um

bloco maciço.

Existem dois grandes grupos destes materiais, o primeiro é constituído por placas de material

orientado, isto é, com maior facilidade de magnetização numa direção específica, apresent ando

menor densidade de perdas magnéticas, maior valor de permeabilidade magnética e custo

monetário mais elevado [13] do que o segundo grupo de materiais, denominado material não

orientado. É de notar que o gerador está dimensionado para operar a baixas velocidades, o que

como é visível pela equação (1) se traduz em baixas frequências, sendo 𝑛 a velocidade de

rotação da máquina, em rotações por minuto, 𝑓 a frequência elétrica, em Hz, e 𝑝 o seu número

de pares de polos.

𝑓 =

𝑛 𝑝

60 (1)

Uma vez que o material ferromagnét ico macio, abordado na presente secção, está sujeito a

variações de campos magnéticos, e sendo este material condutor, existirão correntes induz idas

a circular neste material. Estas correntes , também conhecidas por correntes de Foucault, dão

origem a perdas designadas com o mesmo nome. Estas perdas podem ser expressas por

equações semelhantes à expressão (2), onde 𝑘𝑓 é uma constante relacionada com o material e

𝐵𝑚𝑎𝑥 ,o valor máximo de densidade de fluxo magnético verificado. Dado que, como já foi

constatado no parágrafo anterior, a operação da máquina ocorrerá com reduzidos valores de

frequência elétrica, devido à sua baixa rotação, conclui-se pela análise da equação (2) que as

perdas de Foucault, 𝑃𝑓 , serão também de reduzida magnitude.

𝑃𝑓 = 𝑘𝑓 𝐵𝑚𝑎𝑥 𝑓

2 (2)

Pelo motivo anteriormente citado, e pelo facto de um dos objetivos na construção da máquina ,

passar pela construção de um gerador de reduzido custo monetário, optou-se pelo segundo tipo

de material ferromagnético macio, isto é, não orientado. Tomada esta decisão, foi selecionado o

material ferromagnético macio DI-MAX M-10X da empresa AK Steel, [14]. Este material foi

escolhido segundo o critério de maior valor de permeabilidade magnética. A sua curva BH está

ilustrada na Figura 6.

De modo a fazer o melhor aproveitamento do material ferromagnético macio, isto é, para que

ele não se encontre saturado ou sobredimensionado em termos de volume, projetar -se-á a

máquina de modo a que opere com um valor máximo de densidade de fluxo magnético, no

material ferromagnético macio, correspondente ao valor verificado no “joelho” da curva da Figura

6, isto é, 1,35 T .

Page 27: Gerador elétrico de estator rotativo com magnetos permanentes … · Gerador elétrico de estator rotativo com magnetos permanentes e rotor fixo com enrolamentos concentrados: Análise

9

Figura 6 - Curva de magnetização do material ferromagnético macio.

2.4.3 Eixo do gerador

A rotação do gerador é assegurada por uma estrutura que liga o indutor e as velas metálicas

referenc iadas no subcapítulo 2.3. Esta estrutura não será simulada na presente dissertação ,

devido à necessidade do seu planeamento mecânico. Existe ainda a necessidade de utilizar um

eixo que mantenha o induzido fixo. O material escolhido para o efeito foi aço, uma vez que, por

um lado, é um material de elevada resistência mecânica, por outro, não é ferromagnét ico, o que

permite que não haja interferência no circuito magnético do gerador.

Tendo em consideração o formato cilíndrico do veio, procedeu -se ao cálculo do seu diâmetro,

𝐷𝐶𝑖𝑙 em mm de acordo com a equação (3), sendo 𝑃 o valor da potência ativa da máquina em

watts , e 𝑛 seu número de rotações por minuto [15].

𝐷𝐶𝑖𝑙 = √1,77×106 𝑃

1000 𝑛

3

(3)

2.4.4. Condutores

O último grande componente do gerador elétrico compreende os condutores elétricos

colocados à volta do induzido. É usual a escolha de condutores de cobre uma vez que é um

material que apresenta uma boa condutividade elétrica em função do seu preço. De realçar que

estes materiais apresentam um grau de pureza elevado, acima de 99% [17].

Quanto à sua secção, e tendo em consideração que a escolha de uma secção demasiado

elevada se traduz em dificuldades de enrolamento dos condutores na máquina, optou-se pelo

uso de condutores de secção de 2,09 mm2, ou seja, 14 AWG.

Embora estes condutores apresentem uma resistividade elétrica a 20℃ próximo dos

1,8×10−8 Ωm, é de evidenciar que este valor varia em função da sua temperatura, segundo a

equação (4).

Page 28: Gerador elétrico de estator rotativo com magnetos permanentes … · Gerador elétrico de estator rotativo com magnetos permanentes e rotor fixo com enrolamentos concentrados: Análise

10

𝜌𝑐𝑢(𝑇𝑐𝑢) = 𝜌𝑅𝑒𝑓 [1 + 𝛼𝑐𝑢 (𝑇𝐶𝑜𝑛𝑑 −𝑇𝐶𝑜𝑛𝑑𝑅𝑒𝑓)] (4)

Onde 𝜌𝑅𝑒𝑓 é a resistividade do cobre a uma temperatura de referênc ia, 𝛼𝑐𝑢 é o coeficiente de

temperatura do cobre, 𝑇𝐶𝑜𝑛𝑑 𝑅𝑒𝑓 é a temperatura de referência e 𝑇𝐶𝑜𝑛𝑑 é a temperatura a que o

condutor se encontra.

Tabela 2 - Comparação entre características de diferentes materiais utilizados no isolamento dos

condutores.

Poliuretano

alquídico

Poliéster

alquídico

Poliéster

epóxi

alquídica

Silicone

epóxi

Poliéster

epóxi

Temperatura

máxima de

operação

[ºC]

130 155 155 180 180

Força

mecânica 2 3 3 1 4

Flexibilidade 4 3 2 2 2

Resistência

à humidade 3 3 3 3 4

Resistência

química 3 3 3 3 4

Torna-se agora necessário definir o tipo de isolamento dielétrico que irá revestir os

condutores. Este tipo de isolamento é o mais exigente no dimensionamento de uma máquina

elétrica, já que, é o que se encontra mais próximo da principal fonte de calor, as perdas no cobre

[16]. Para além da função dielétrica, este isolamento tem ainda outras funções, tais como o

aumento da resistência mecânica e a proteção contra poeiras e humidade.

Apresenta-se na Tabela 2, [17], uma seleção de resinas e vernizes isolantes. À exceção da

temperatura máxima de operação, as característ icas destes materiais apresentam -s e

categorizadas numa escala de 0 a 4. O primeiro passo, na escolha do material isolante a utilizar,

passa por definir a temperatura contínua de operação nos enrolamentos do gerador. Prevê -s e

que esta seja próxima dos 155℃ na situação de operação nominal. Assim sendo, e de acordo

com a norma IEC 60034-1 [18], é possível a utilização de um isolamento nos condutores de

classe térmica F, como se pode ver também na Tabela 3. De modo a garantir uma margem de

segurança decidiu-se utilizar um isolamento de classe H, que suporta uma temperatura cont ínua

de operação no isolamento dos condutores correspondente a 180℃ .

Page 29: Gerador elétrico de estator rotativo com magnetos permanentes … · Gerador elétrico de estator rotativo com magnetos permanentes e rotor fixo com enrolamentos concentrados: Análise

11

Como se pretende dimensionar um gerador elétrico de baixa tensão, isto é, com uma tensão

eficaz nominal inferior a 1 kV [17], a característica dielétrica do material isolante não é o fator

determinante, uma vez que, todos os materiais da Tabela 2 cumprem esse requisito. Assim

sendo, tendo em consideração a classe térmica do gerador e as restantes característ ic as

apresentadas na tabela anteriormente referida, selecionou-se o isolante poliéster epóxi, uma vez

que à exceção do parâmetro flexibilidade, este é material o que apresenta característ icas mais

robustas.

Tabela 3 - Classes térmicas do isolamento das máquinas elétricas.

Classe Térmica Temperatura máxima contínua de

operação [℃]

B 130

F 155

H 180

2.5. Perdas no gerador de magnetos permanentes

As perdas presentes num gerador elétrico advêm da não idealidade dos materiais que o

constituem. Estas perdas têm um papel fundamental na determinação da eficiência elétrica e na

temperatura de operação do gerador. Estas podem ser divididas em dois grupos: perdas nos

materiais ferromagnét icos e perdas nos condutores de cobre.

2.5.1. Perdas nos materiais ferromagnéticos

As perdas mencionadas nesta secção podem ser divididas em dois grupos: perdas por

histerese e perdas por correntes de Foucault [19]. As primeiras têm origem no facto de nem toda

a energia do campo magnético no material ferromagnético, ser retornada quando a força

magnetomotriz é removida. As segundas resultam do facto do material ferromagnético ser um

material condutor, e como tal, estando também ele sujeito a variações do campo magnético, fica

sujeito a tensões e correntes induzidas, as quais, em associação com a resistência elétrica do

material dão origem a perdas.

Uma das expressões mais utilizadas para o cálculo destas perdas, é a expressão de

Steinmetz, equação (5), [20].

𝑃𝐹𝑒𝑟𝑟𝑜𝑀𝑎𝑔 = 𝑃ℎ+ 𝑃𝐹 = 𝑘ℎ 𝐵𝑚𝑎𝑥

𝑛ℎ1 𝑓 + 𝑘𝐹 𝐵𝑚𝑎𝑥2 𝑓2 (5)

Na relação (5) as expressões 𝑘ℎ , 𝑘𝐹 e 𝑛h1 são constantes que dependem fortemente do

material ferromagnét ico, 𝐵𝑚𝑎𝑥 é o valor da amplitude máxima do campo magnético e 𝑓 é o valor

Page 30: Gerador elétrico de estator rotativo com magnetos permanentes … · Gerador elétrico de estator rotativo com magnetos permanentes e rotor fixo com enrolamentos concentrados: Análise

12

da frequênc ia elétrica a que o gerador se encontra a operar. O cálculo dos coeficientes 𝑘ℎ e 𝑘𝐹

é normalmente obtido através de um ajuste da equação (5) aos valores de perdas fornec i dos

pelo fabricante, para valores fixos de densidade de fluxo magnético e frequência. Os dados do

fabricante, anteriormente mencionados, são normalmente fornecidos a partir de frequênc i as

superiores a 50 Hz. Como o gerador a ser dimensionado na presente dissertação irá operar com

valores de frequência elétrica reduzidos, os resultados do ajuste da equação (5), não são

satisfatórios devido à disparidade nos valores de frequênc ia.

Assim sendo, recorreu-se ás definições de cada tipo de perda para se proceder ao seu

cálculo. Em relação às perdas por histerese sabe-se que estas podem ser traduzidas pela

expressão (6) [21]:

𝑃ℎ = 𝑉𝑛𝑢𝑐𝑙𝑒𝑜 𝑊ℎ 𝑓 (6)

Sendo que, 𝑉𝑛𝑢𝑐𝑙𝑒𝑜 representa o volume do núcleo do material ferromagnético, onde as perdas

por histerese estão a ser calculadas, e 𝑊ℎ representa a área da curva BH, melhor expressa pela

expressão (7):

𝑊ℎ = ∮𝐻 𝑑𝐵 (7)

Figura 7 - Curvas de magnetização típicas dos materiais ferromagnéticos .

Nesta expressão, 𝐵 e 𝐻 são valores de densidade de fluxo magnético e de intensidade de

campo magnético respetivamente, retirados ao longo de um ciclo. Ciclo este, que tem uma forma

análoga ao representado pela Figura 7.

Quanto às perdas por correntes de Foucault, sabe-se que estas correntes aparecem num

material condutor quando este está na presença de um campo magnético variável. O sent ido

destas correntes pode ser determinada pela regra da mão direita, como mostra a Figura 8.

(a) (b)

(c)

(d)

0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000 45000

0.5

1

1.5

2

2.5Curva de Magnetização B(H) do Hiperco 50

H [A/m]

B [

T]

(a)

(b) (c)

230ºC 200ºC 170ºC

0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000 45000

0.5

1

1.5

2

2.5Curva de Magnetização B(H) do Hiperco 50

H [A/m]

B [

T]

Page 31: Gerador elétrico de estator rotativo com magnetos permanentes … · Gerador elétrico de estator rotativo com magnetos permanentes e rotor fixo com enrolamentos concentrados: Análise

13

Figura 8 - Efeito das correntes de Foucault nos

materiais ferromagnéticos maciços.

Figura 9 - Efeito das correntes de Foucault nos

materiais ferromagnéticos laminados.

Sabe-se também que a densidade destas correntes está relacionada com o campo elétrico

pela equação (8).

𝑱𝑭 = 𝜎 𝑬 (8)

Sendo 𝑱𝑭 a densidade de correntes induzida no material, 𝜎 a sua condutividade elétrica e 𝑬

o campo elétrico. Estas correntes induzidas dão origem a perdas por efeito de Joule no material,

e a sua densidade pode ser expressa pela relação (9).

𝑃�̂� = 𝑱𝑭 ∙ 𝑬 (9)

Relacionando as expressões (8) e (9), obtém-se uma expressão simplificada, que é

representada pelo integral de volume na equação (10).

𝑃𝐹 = ∫

𝐽𝐹2

𝜎𝑉 𝑑𝑉 (10)

Existe uma diferença no método de cálculo da condutividade equivalente dos materiais

ferromagnét icos. Uma vez que os magnetos permanentes são compostos por um bloco maciço,

a sua condutividade elétrica corresponde à condutividade do material de que são constituídos,

no caso, neodímio, ferro e boro. Por outro lado, o material ferromagnét ico macio é composto por

chapas laminadas e isoladas dielectricamente entre si, pelo que a sua condutividade equival ent e

é diferente condutividade da verificada num bloco maciço deste material. Assim sendo, recorre -

B(t)

𝑖𝐹

B(t)

𝑖𝐹

(a) (b)

Page 32: Gerador elétrico de estator rotativo com magnetos permanentes … · Gerador elétrico de estator rotativo com magnetos permanentes e rotor fixo com enrolamentos concentrados: Análise

14

se à expressão (11) para o cálculo da condutividade elétrica equivalente do material

ferromagnét ico macio 𝜎𝑒𝑞 , [22]. Nesta, 𝜎𝑀 é a condutividade elétrica do material e 𝑥 𝑙𝑎𝑚 é o

número de lâminas que o constituem e cujo valor aproximado pode ser calculado através da

expressão (12), onde 𝐷 é a profundidade do gerador e 휀𝑙𝑎𝑚 é a espessura de cada chapa.

𝜎𝑒𝑞 =

𝜎𝑀𝑥𝑙𝑎𝑚2 (11)

𝑥𝑙𝑎𝑚 =

𝐷

휀𝑙𝑎𝑚

(12)

É importante salientar que a expressão (10) apenas é válida em sistemas sinusoidais. No

caso de não nos encontrarmos na presença de um sistema deste tipo, terá de se proceder à

transformação deste sistema, num sistema sinusoidal, através da decomposição das correntes

de Foucault em harmónicas. Nesse caso, o valor, das perdas de Foucault, será então o resultado

da soma da expressão (10) aplicada a cada harmónica. A equação (10) é válida para materiais

ferromagnét icos, o que inclui os magnetos permanentes e o material ferromagnét ico macio.

2.5.2. Perdas nos condutores

As perdas mencionadas nesta secção advêm da não idealidade do cobre como material

condutor, isto é, do facto deste apresentar uma resistência elétrica não nula. Estas perdas são

expressas pela expressão (13), [23], que também só é válida para regimes sinusoidais.

𝑃𝑐𝑢 = 𝑟𝑐𝑢 𝐼𝑒𝑓

2 (13)

Onde 𝑟𝑐𝑢 é a resistência do enrolamento de cobre e 𝐼𝑒𝑓 é o valor eficaz da corrente que o

percorre. Repare-se ainda que o valor da resistência do condutor depende diretamente da

temperatura de operação do gerador, isto é, ela aumenta com o aumento da temperatura. A

resistência do condutor pode ser calculada segundo a equação:

𝑟𝑐𝑢 =

𝑙𝑐𝑢 𝜌𝑐𝑢𝑆𝑒𝑐𝑐𝑢

(14)

Em que 𝑙𝑐𝑢 é o comprimento do condutor de cobre, 𝑆𝑒𝑐𝑐𝑢 é a sua secção e 𝜌𝑐𝑢 é a

resistividade do cobre expressa pela equação (4).

2.6. Procedimentos efetuados num programa por elementos finitos

A filosofia dos programas por elementos finitos consiste em dividir um problema grande, num

conjunto de problemas de menor complexidade chamados elementos finitos.

Page 33: Gerador elétrico de estator rotativo com magnetos permanentes … · Gerador elétrico de estator rotativo com magnetos permanentes e rotor fixo com enrolamentos concentrados: Análise

15

Este programa apresenta como entradas: a geometria da máquina, os parâmetros

característicos dos materiais utilizados e outras características mais específicas de cada modelo.

O modelo eletromagnét ico apresenta como entrada a velocidade de rotação do gerador e o

modelo térmico apresenta como entrada as perdas. Como saída obtêm-se os valores das

variáveis pretendidas e/ou os seus gráficos.

O programa em questão funciona realizando os seguintes passos, [24]:

1) Discretização da geometria da máquina em pequenos elementos;

2) Aplicação de equações a cada elemento anteriormente discretizado;

3) Junção de todas as equações num sistema ou matriz;

4) Aplicação das condições de fronteira e condições iniciais;

5) Resolução do sistema de equações anterior;

6) Cálculo das grandezas pretendidas e construção dos gráficos necessários;

A discretização da geometria em elementos é efetuada através de uma malha, isto é, através

de uma aproximação de cada elemento a uma função geométrica elementar. Geralmente recorre -

se a triângulos, que, dependendo da precisão necessária , poderão ser maiores ou menores.

Quanto menores forem os elementos, maior serão a precisão e o tempo de simulação. Assim

sendo, terá de ser encontrado um compromisso que depende da geometria e do tipo de problem a

em análise. É de referir que os elementos não necessitam de ser obrigatoriamente todos do

mesmo tamanho.

2.7. Equações na origem do modelo eletromagnético em elementos finitos

Neste subcapítulo, especificam-se os fundamentos subjacentes ao modelo eletromagnét ic o

por elementos finitos.

2.7.1. Equações de Maxwell

Este modelo parte das equações de Maxwell, (15), (16), (17) e (18), onde a variável 𝑯

representa a intensidade de campo magnético, 𝑬 o campo elétrico, 𝑱 a densidade de corrent e,

𝑫𝑴 o campo de deslocamento elétrico, 𝑩 a densidade de fluxo magnético, e 𝜌𝑀 a carga elétrica

por unidade de volume.

∇×𝑯 = 𝑱 +

𝜕𝑫𝑴

𝜕𝑡 (15)

∇×𝑬 = −𝜕𝑩

𝜕𝑡 (16)

Page 34: Gerador elétrico de estator rotativo com magnetos permanentes … · Gerador elétrico de estator rotativo com magnetos permanentes e rotor fixo com enrolamentos concentrados: Análise

16

∇ ∙ 𝑩 = 0 (17)

∇ ∙ 𝑫𝑴 = 𝜌𝑀 (18)

A equação (15) é conhecida como Lei de Ampére, a (16) como Lei de Faraday e as equações

(17) e (18) como Lei de Gaus, para circuitos magnéticos e elétricos respetivamente.

2.7.2. Vetor potencial e potencial elétrico

Analisando a equação (17) constata-se que a divergênc ia da densidade de campo magnét ico

é nula. Assim sendo, recorre-se a um campo auxiliar denominado vetor potencial 𝑨, tal que:

𝑩 = ∇×𝑨 (19)

A equação (19) resulta do facto da divergência de um rotacional ser sempre nula. Da equação

anterior (19) e da equação (16), temos que:

∇× (𝑬 +

𝜕𝑨

𝜕𝑡) = 0 (20)

Reformulando a expressão anterior obtêm-se:

𝑬 = −∇ ∙ V −

𝜕𝑨

𝜕𝑡 (21)

Onde V é o potencial escalar.

2.7.3. Restantes equações necessárias à resolução do problema

Outra equação necessária à resolução do problema é a equação (22):

∇ ∙ 𝑱 = −

𝜕𝜌𝑀

𝜕𝑡 (22)

Em meios lineares, homogéneos e isotrópicos pode-se ainda recorrer às três relações abaixo

apresentadas:

𝑱 = 𝜎 𝑬 (23)

Page 35: Gerador elétrico de estator rotativo com magnetos permanentes … · Gerador elétrico de estator rotativo com magnetos permanentes e rotor fixo com enrolamentos concentrados: Análise

17

𝑫𝑴 = 휀 𝑬 (24)

𝑩 = 𝜇 𝑯 (25)

∇ ∙ 𝑫𝑴 = 𝜌𝑀 (26)

Onde 𝜎 é a condutividade elétrica do material e 휀 é sua permissividade. Como foi mencionado

anteriormente 𝜇 é a permeabil idade magnética. Quanto à densidade de corrente induzida, esta

pode ser obtida através da seguinte expressão:

𝑱𝒊𝒏 = 𝜎

𝜕𝑨

𝜕𝑡 (27)

2.7.4. Condições de fronteira

As equações de Maxwell aliadas às equações (23), (24), (25) e (26) são suficientes para

efetuar um estudo magnético num circuito constituído por um só material, no entanto, é

necessário adicionar ao sistema condições fronteira quando estamos a estudar a interação entre

vários materiais, [25].

𝒏𝟐×(𝑬𝟏 − 𝑬𝟐) = 0 (28)

𝒏𝟐 ∙ (𝑫𝟏 − 𝑫𝟐) = 𝜌 (29)

𝒏𝟐×(𝑯𝟏 − 𝑯𝟐) = 𝑱𝑺 (30)

𝒏𝟐 ∙ (𝑩𝟏 −𝑩𝟐) = 0 (31)

𝒏𝟐 ∙ (𝑱𝟏 − 𝑱𝟐 ) =𝜕𝜌

𝜕𝑡 (32)

Nestas equações 𝒏𝟐 é a normal exterior do meio do material 2 e 𝑱𝑺 representa a densidade

de corrente à superfície.

Page 36: Gerador elétrico de estator rotativo com magnetos permanentes … · Gerador elétrico de estator rotativo com magnetos permanentes e rotor fixo com enrolamentos concentrados: Análise

18

2.8. Equações na origem do modelo térmico em elementos finitos

Neste subcapítulo pretende-se especificar os fundamentos sobre os quais o modelo térmico

em elementos finitos assenta.

2.8.1. Diferentes formas de transmissão de energia térmica

Toda a matéria que nos rodeia é composta por átomos e moléculas. Esses átomos e

moléculas estão em movimento constante, e é este movimento que produz energia térmica.

Existem três modos de transmissão de energia térmica. O primeiro é denominado condução,

ocorre em substâncias que se encontram em contacto físico direto, e no qual as partículas com

maior velocidade chocam com as partículas com menor velocidade, acelerando-as [26]. Este é o

meio predominante de transmissão de energia térmica entre sólidos.

O segundo modo é intitulado convecção. É caracterizado pela transmissão de energia térmica

entre dois locais através do movimento de fluidos, envolvendo também a transferênc ia de massa

dentro do fluído [27]. Quando um fluido é aquecido desloca-se para longe da fonte de calor

transportando energia térmica. Começa por aquecer e, consequentemente, expande-se, ficando

menos denso, o que provoca a sua movimentação ascendente. Este é usualmente o método de

transferência de energia térmica nos líquidos e gases.

O último modo é designado por radiação e ocorre através da emissão de ondas

eletromagnéticas. Quanto mais quente o objeto, maior frequênc ia terão as ondas emitidas [28] .

Não é necessário contacto direto entre objetos, e até pode ocorrer através do vácuo. De modo a

garantir a conservação de energia, a perda de energia 𝑊 pelos eletrões está associada à

emissão de radiação de várias fontes (calor, luz), constituídas por partículas, fotões de

frequência 𝑓 = 𝑊/ℎ. A temperatura determina o comprimento de onda ou frequência da radiação

eletromagnética como indicado pela lei de Planck de radiação do corpo negro.

2.8.2. Equações para transferência de calor

Com o objetivo de determinar as equações a resolver no modelo térmico por elementos

finitos, partiu-se do princípio da conservação da energia térmica em que, [29]:

Taxa de variação do calor = Calor gerado pelas fontes de calor internas + fluxo de calor a

entrar no corpo.

Considere-se então um corpo arbitrário Ω, ilustrado na Figura 10, com uma fronteira Λ, cuja

componente normal unitária é 𝒏𝟏 . Sabe-se que 𝑐𝑣 é a quantidade de energia necessária para que

uma unidade de massa do corpo aumente uma unidade de temperatura, que 𝜌𝑇 é a densidade

mássica do corpo, e 𝑇 é a sua temperatura. Pode-se então expressar matematicamente a

energia térmica no corpo, num instante 𝑡 da seguinte forma:

Page 37: Gerador elétrico de estator rotativo com magnetos permanentes … · Gerador elétrico de estator rotativo com magnetos permanentes e rotor fixo com enrolamentos concentrados: Análise

19

∫ 𝑐𝑣 𝜌 𝑇(𝑡)Ω

𝑑𝑉 (33)

Figura 10 - Corpo com forma arbitrária onde ocorrem trocas de energia térmica.

Tendo como objetivo escrever a expressão que representa o calor gerado por estas fontes,

definiu-se a variável 𝑄 como a variável que representa as fontes de calor. Calor este, proveni ent e

das perdas nos enrolamentos de cobre, perdas nos magnetos permanentes e perdas no material

ferromagnét ico macio, do indutor e induzido. Cada componente da variável 𝑄 pode ser obt ido

segundo a equação (34), onde 𝑄𝑖 é o calor gerado pela fonte 𝑖, 𝑃𝑖 a potência de perdas que lhe

deu origem e 𝑉𝑖 o seu volume.

𝑄𝑖 =

𝑃𝑖𝑉𝑖

(34)

Por fim, como o fluxo de calor representado pela variável 𝑞 estará a sair do gerador, a

equação (35) apresentará um valor negativo ao passar pela fronteira Λ.

∫ 𝑞(𝑡) ∙ 𝑛Λ

𝑑𝐴 (35)

Aplicando o teorema da divergênc ia obtém-se a expressão (36).

∫ 𝑞(𝑡) ∙ 𝑛Λ

𝑑𝐴 = ∫ ∇ ∙ 𝑞(𝑡)Ω

𝑑𝑉 (36)

Juntando as equações (33), (34) e (36) sobre a forma do princípio da conservação de energia ,

chega-se à expressão (37).

Ω

Λ 𝐐

𝐧𝟏 𝐪

Page 38: Gerador elétrico de estator rotativo com magnetos permanentes … · Gerador elétrico de estator rotativo com magnetos permanentes e rotor fixo com enrolamentos concentrados: Análise

20

𝑑

𝑑𝑡(∫ 𝑐𝑣 𝜌𝑇 𝑇(𝑡)Ω

𝑑𝑉) = ∫ 𝑄(𝑡)Ω

𝑑𝑉−∫ ∇ ∙ 𝑞(𝑡)Ω

𝑑𝑉 (37)

Que pode ser simplificada numa primeira fase para a equação (38).

∫ 𝑐𝑣 𝜌

𝑑 𝑇(𝑡)

𝑑𝑡Ω 𝑑𝑉 = ∫ 𝑄(𝑡)

Ω 𝑑𝑉−∫ ∇ ∙ 𝑞(𝑡)

Ω 𝑑𝑉 (38)

E numa segunda fase para a expressão (39).

𝑐𝑣 𝜌

𝑑 𝑇(𝑡)

𝑑𝑡+ ∇ ∙ 𝑞(𝑡) = 𝑄(𝑡) (39)

Consoante o modo de transmissão de energia térmica, a fórmula de cálculo do fluxo de calor

varia. Para a condução esta variável é calculada através da equação (40), para a convecção é

utilizada a equação (41) e para a radiação a equação (42) [24].

𝑑𝑞

𝑑𝑡= −𝜆 ∇ ∙ T (40)

𝑑𝑞

𝑑𝑡= ℎ (𝑇𝑓 − 𝑇𝜔)

(41)

𝑑𝑞

𝑑𝑡= 𝜖 kB T

4 (42)

Onde 𝜆 é a condutividade térmica do material, ℎ o coeficiente de transferênc ia de calor, 𝜖 a

emissividade do material e kB é a constante de Stefan-Boltzmann. A variável 𝑇𝜔 representa a

temperatura da componente do gerador, que está em contacto com o fluido no processo de

convecção e 𝑇𝑓 representa a temperatura do fluido.

O coeficiente ℎ é calculado para um cilindro horizontal com convecção não forçada através

da fórmula expressa pela equação (43) [30].

ℎ =𝜆

𝐷𝑐𝑖𝑙

(

0,6+

0,387 𝑅𝐴𝐷

16

(1 + (0,559/𝑃𝑟)96)

827

)

2

(43)

Onde 𝐷𝑐𝑖𝑙 é o diâmetro do gerador, 𝑃𝑟 é o número de Prandtl e 𝑅𝐴𝐷 é o número de Rayleigh

que é calculado através da equação:

𝑅𝐴𝐷 =

𝑔 𝛼𝑃 𝜌2 𝑐𝑃 |𝑇− 𝑇𝑒𝑥𝑡| 𝐷𝑐𝑖𝑙

3

𝜆 𝜇𝑃 (44)

Page 39: Gerador elétrico de estator rotativo com magnetos permanentes … · Gerador elétrico de estator rotativo com magnetos permanentes e rotor fixo com enrolamentos concentrados: Análise

21

Sendo 𝑔 a aceleração da gravidade, 𝛼𝑃 o coeficiente de expansão térmica do fluido, 𝑐𝑃 a

capacidade específica de calor a pressão constante, 𝑇𝑒𝑥𝑡 a temperatura externa e 𝜇𝑃 a

viscosidade dinâmica do fluido.

2.8.3. Condições de fronteira

As equações anteriores necessitam de condições auxiliares para a solução do problema nas

fronteiras da geometria, denominadas condições de fronteira. Assim sendo, apresentam-se em

seguida as duas condições necessárias.

2.8.3.1. Condição de fronteira de Dirichlet

Esta condição declara que a temperatura na fronteira do corpo é dada pela expressão (45):

𝑇(𝑡) = 𝑇0 (45)

Em que 𝑇0 pode ser uma função ou simplesmente uma constante.

2.8.3.2. Condição de fronteira de Newman

Esta condição é expressa pela equação (46).

𝑛 ∙ 𝑞 = 𝑞𝑜 (46)

Em que 𝑞0 pode ser uma função ou simplesmente uma constante.

2.9. Conceitos sobre circuitos magnéticos

Neste subcapítulo pretende-se introduzir alguns conceitos relacionados com a resolução de

circuitos magnéticos. Estes circuitos vão ser utilizados no decorrer da presente dissertação, no

processo de construção de um modelo que simule o comportamento eletromagnét ico do gerado r.

2.9.1. Conceito de relutância

A análise de circuitos magnéticos pode ser realizada recorrendo à lei de Ampére ou à lei de

Hopkinson. Na construção do modelo magnético realizada no Capítulo 3 optou-se por utilizar a

última, uma vez que, é uma lei mais intuitiva e permite uma melhor visualização das grandez as

envolvidas. Esta lei envolve grandezas como relutância e força magnetomotriz , que são análogas

a grandezas elétricas como se pode ver na Tabela 4:

Page 40: Gerador elétrico de estator rotativo com magnetos permanentes … · Gerador elétrico de estator rotativo com magnetos permanentes e rotor fixo com enrolamentos concentrados: Análise

22

Tabela 4 - Analogia entre principais grandezas elétricas e magnéticas.

Grandezas elétricas Grandezas magnéticas

Tensão Força magnetomotriz

Corrente Fluxo magnético

Resistência Relutância

A força magnetomotriz é análoga à tensão num circuito elétrico. A relutância magnética é

análoga à resistência elétrica, na medida em que o fluxo magnético tende a percorrer o caminho

com menor relutância. No entanto, em vez de dissipar energia magnética a relutância armazena -

a. A relutância de um circuito magnético uniforme pode ser calculada segundo a seguinte

expressão:

𝑅 =

ℎ𝑅𝜇 𝑆𝑇

(47)

Onde ℎ𝑅 representa a altura, 𝜇 a permeabilidade magnética e 𝑆𝑇 a secção transversal do

componente do circuito magnético, que a relutância respetiva representa.

2.9.2. Método de cálculo da força magnetomotriz num circuito magnético com magnetos

permanentes

Como a excitação da máquina é efetuada através de magnetos permanentes, a força

magnetimotriz pode ser calculada segundo a expressão (48):

𝐹𝑚𝑚 = −𝐻𝑐

′ ℎ𝑀𝑃 (48)

Onde ℎ𝑀𝑃 é a altura do magneto e 𝐻𝐶′ é a coercividade aparente, associada à represent aç ão

linear das suas curvas de magnetização [31]. Assumindo que esta curva de magnetização pode

ser descrita pela equação (49), como aproximação usual para magnetos de neodímio-ferro-bo ro

[31], é possível obter o valor de coercividade aparente, através da permeabilidade magnét ica

dos magnetos, e da sua densidade de fluxo magnético remanescente expressa pela equação

(50).

𝐵 = 𝜇𝑀𝑃 (𝐻−𝐻𝑐

′)𝜇𝑀𝑃 𝐻+ 𝐵𝑟 (49)

Page 41: Gerador elétrico de estator rotativo com magnetos permanentes … · Gerador elétrico de estator rotativo com magnetos permanentes e rotor fixo com enrolamentos concentrados: Análise

23

𝐻𝑐′ = −

𝐵𝑟𝜇𝑀𝑃

(50)

Pelo que a força magnetomotriz pode ser reescrita da seguinte forma:

𝐹𝑚𝑚 =

𝐵𝑟 ℎ𝑀𝑃𝜇𝑀𝑃

(51)

Page 42: Gerador elétrico de estator rotativo com magnetos permanentes … · Gerador elétrico de estator rotativo com magnetos permanentes e rotor fixo com enrolamentos concentrados: Análise

24

Page 43: Gerador elétrico de estator rotativo com magnetos permanentes … · Gerador elétrico de estator rotativo com magnetos permanentes e rotor fixo com enrolamentos concentrados: Análise

25

3. Modelo analítico de parâmetros concentrados com vista à simulação eletromagnética do gerador em vazio

Neste capítulo, definem-se as característ icas geométricas do gerador, assim como as

variáveis que as podem sintetizar. Procede-se também à construção de um modelo de

parâmetros concentrados com o objetivo de efetuar a simulação do comportam ent o

eletromagnético do gerador. Posteriormente, são analisados os resultados obtidos através deste

modelo. Com o intuito de perceber como se comportam determinadas grandez as

eletromagnéticas, alteram-se as variáveis que estabelecem a geometria do gerador e analisam-

se os resultados. Comparam-se os resultados obtidos para uma mesma geometria relativos aos

modelos de parâmetros concentrados e eletromagnético por elementos finitos. Posteriorm ent e

são retiradas conclusões da precisão do modelo de parâmetros concentrados.

3.1. Geometria do gerador síncrono de magnetos permanentes

Tendo em conta o objetivo de dimensionar um gerador monofásico de baixa tensão, isto é,

um gerador que apresente um valor máximo de tensão eficaz de 1 kV [17], e de modo a evitar

elevados aumentos de tensão em curtos intervalos de tempo, foi-se mais longe nesta restrição.

Com efeito, no procedimento limitou-se o valor máximo da onda de tensão a 1 kV de modo a

evitar a necessidade da colocação de filtros 𝑑𝑉/𝑑𝑡, isto é, filtros que evitem elevados aumentos

da amplitude da tensão num curto intervalo de tempo [32]. Dimensionar-se-á o gerador de modo

a que este opere à velocidade nominal de 100 rpm e entregue 20 kW de potência ativa à carga.

É de notar que na presente dissertação se considera que a inércia da máquina é suficientem ent e

elevada para que as variações na sua velocidade sejam insignificantes.

Define-se nesta secção a geometria e variáveis associadas ao gerador de magnetos

permanentes a simular. Por último, estuda-se o sentido de magnetização dos magnetos

permanentes, bem como, a orientação dos condutores na máquina em estudo.

3.1.1. Aspeto gráfico da topologia do gerador de magnetos permanentes

Para se proceder à simulação do comportamento do gerador em vazio, torna-se necessário

apresentar graficamente a sua geometria. Pretende-se simular, numa primeira fase, uma

geometria com 8 pares de polos como a representada na Figura 11. Esta figura ilustra a máquina

num plano 3D que permite ter a perceção dos seus componentes e da sua profundidade. No

entanto no decorrer da presente dissertação, a análise do gerador será feita com recurso a

imagens que privilegiem um plano frontal, à semelhança do que acontece na Figura 12.

Page 44: Gerador elétrico de estator rotativo com magnetos permanentes … · Gerador elétrico de estator rotativo com magnetos permanentes e rotor fixo com enrolamentos concentrados: Análise

26

Figura 11 - Parte ativa do gerador síncrono de magnetos permanentes com 8 pares de polos, plano tridimensional.

Figura 12 - Parte ativa do gerador síncrono de magnetos permanentes com 8 pares de polos, plano frontal.

Page 45: Gerador elétrico de estator rotativo com magnetos permanentes … · Gerador elétrico de estator rotativo com magnetos permanentes e rotor fixo com enrolamentos concentrados: Análise

27

Na Figura 12 é possível distinguir os vários materiais que constituem o gerador. A cinzento

escuro e na zona exterior da máquina encontra-se o material ferromagnético macio. Progred indo

para uma zona ligeiramente mais interior encontram -se blocos com a cor cinzento claro que

representam os magnetos permanentes. O conjunto dos dois componentes referidos formam o

indutor. Com o formato cilíndrico e uma cor acastanhada encontram -se os condutores de cobre.

Entre os aglomerados de condutores está, uma vez mais a cinzento escuro, o material

ferromagnét ico macio. Por fim, o cilindro na zona central da figura é o veio do gerador composto

por aço não magnético. Estes três últimos componentes formam o induzido. É ainda de referi r

que a camada de ar existente entre cada magneto e o material ferromagnético macio do induz ido

é designada por entreferro.

3.1.2. Distribuição dos condutores

Figura 13 - Sentido de magnetização dos magnetos e do enrolamento dos condutores.

Uma vez identificados os materiais e a geometria do gerador, torna-se relevante identificar o

sentido de enrolamento dos condutores, assim como o sentido de magnetização dos magnetos.

Para que, aos terminais de cada conjunto de condutores, se possa obter uma tensão com a

mesma polaridade, estes devem ser enrolados segundo a regra da mão direita, como se pode

ver na Figura 13. Embora todos os condutores tenham a mesma direção, a corrente que os

𝑍

𝑋

𝑌

Page 46: Gerador elétrico de estator rotativo com magnetos permanentes … · Gerador elétrico de estator rotativo com magnetos permanentes e rotor fixo com enrolamentos concentrados: Análise

28

percorre tem sentidos opostos, nesta figura, as setas representam o sentido de magnetizaç ão

dos magnetos, as cruzes representam a distribuição dos condutores com correntes a circular no

sentido negativo do eixo das abcissas e os pontos representam a distribuição dos condutores

com correntes a circular no sentido positivo do mesmo eixo.

Figura 14 - Distribuição das bobinas ligadas em série.

Concluindo a análise da distribuição dos condutores, é de mencionar que cada bobina situada

à volta de cada polo do induzido se encontra ligada em série com as seguintes, como mostra a

Figura 14. Nesta figura está apenas representada uma espira por par de polo. No entanto,

existirão 𝑁𝑆 espiras por cava.

3.1.3. Variáveis que representam a geometria do gerador de magnetos permanentes

Para que se possa simular o comportamento do gerador de magnetos permanentes, é

conveniente transpor a sua geometria em variáveis que a representem. Estas variáveis e a sua

localização encontram-se indicadas na Figura 15, nesta, as variáveis ℎ𝑉𝑒𝑖𝑜 e ℎ𝐼𝑑𝑧 represent am,

respetivamente, os raios do eixo e do material ferromagnético macio do induzido. As variáveis

ℎ𝐸𝐹 , ℎ𝑀𝑃 e ℎ𝐼𝑑𝑡 representam as alturas do entreferro, dos magnetos permanentes e do material

ferromagnét ico macio do indutor. Do mesmo modo, 𝛼𝐼𝑑𝑧 representa o ângulo ocupado pelo

material ferromagnético macio do induzido e 𝛼𝑀𝑎𝑔 o ângulo ocupado pelos magnetos. Na Tabela

Page 47: Gerador elétrico de estator rotativo com magnetos permanentes … · Gerador elétrico de estator rotativo com magnetos permanentes e rotor fixo com enrolamentos concentrados: Análise

29

5 estão sintetizados os valores que estas variáveis tomam nas simulações efetuadas no presente

capítulo.

Tabela 5 - Variáveis geométricas.

Variável Valor

ℎ𝑉𝑒𝑖𝑜 [mm] 35

ℎ𝐼𝑑𝑧 [mm] 158

ℎ𝐸𝐹 [mm] 1

ℎ𝑀𝑃 [mm] 25

ℎ𝐼𝑑𝑡 [mm] 16

𝛼𝐼𝑑𝑧 [°] 11,25

𝛼𝑀𝑎𝑔 [°] 11,25

Figura 15 - Variáveis que representam a geometria do gerador.

ℎ𝑉𝑒𝑖𝑜

ℎ𝑀𝑃

ℎ𝐸𝐹

ℎ𝐼𝑑𝑧

ℎ𝐼𝑑𝑡

𝛼𝑀𝑎𝑔 𝛼𝐼𝑑𝑧

𝛼𝑅𝑜𝑡

Page 48: Gerador elétrico de estator rotativo com magnetos permanentes … · Gerador elétrico de estator rotativo com magnetos permanentes e rotor fixo com enrolamentos concentrados: Análise

30

3.2. Construção do modelo eletromagnético por parâmetros concentrados

Existem várias opções a utilizar com o intuito de simular o gerador. Uma destas é a utilização

de um modelo analítico de parâmetros concentrados, neste subcapítulo são expostas e

discutidas as suas vantagens e desvantagens, bem como, as equações que estão na base da

sua construção.

3.2.1. Vantagens e desvantagens do modelo de parâmetros concentrados em comparação com o modelo por elementos finitos

O modelo eletromagnét ico de parâmetros concentrados, desenvolvido neste capítulo, tem

como objetivo permitir a simulação do comportamento do gerador em vazio. Importa referir que

este modelo apresenta alguns pontos favoráveis e outros desfavoráveis.

Vantagens:

- Permite a otimização da geometria do gerador através do uso mais eficiente de algoritmos

matemáticos. Isto verifica-se possível devido ao facto de estarmos na presença de um reduz ido

número de equações a resolver;

- Permite uma simulação mais rápida que um modelo por elementos finitos;

- Devido à sua menor complexidade, o desenvolvimento deste modelo demora menos tempo

do que a parametrização de um modelo por elementos finitos, e;

- Exige o recurso a um único software para efetuar simulações em vazio e em carga.

Desvantagens:

- Menos preciso que um modelo por elementos finitos. É de salientar que esta precisão pode

ser melhorada com a adaptação das relutâncias magnéticas ao perfil de densidade de fluxo

magnético do gerador. No entanto, constata-se que este processo de ajuste das relutâncias não

é conveniente, uma vez que exige ajustes manuais e o conhecimento prévio do perfil de fluxo

magnético de uma geometria particular, dificultando assim o processo de otimização.

3.2.2. Resolução do circuito magnético do gerador de magnetos permanentes

O modelo em estudo assenta em algumas assunções e hipóteses simplificativas. Em primeiro

lugar assume-se que a máquina se encontra a operar em regime estacionário. É também

assumido que a permeabil idade magnética de cada material, tem o mesmo valor no mesmo

instante de tempo. A permeabilidade magnética do entreferro corresponde a 4 𝜋×10−7H/m, a dos

magnetos permanentes corresponde a 1,05 vezes este valor e a permeabilidade magnética do

material ferromagnético macio varia segundo a sua curva BH da Figura 6.

Como já foi referido na secção 2.9.1, o presente modelo será simulado segundo a lei de

Hopkinson. Deste modo, e assumindo que o fluxo magnético apenas circula pelo material

ferromagnét ico macio, entreferro e magnetos permanentes (não há dispersão magnética ),

Page 49: Gerador elétrico de estator rotativo com magnetos permanentes … · Gerador elétrico de estator rotativo com magnetos permanentes e rotor fixo com enrolamentos concentrados: Análise

31

dividiu-se o gerador em diferentes secções representadas na Figura 16. A cada secção foi

atribuída uma relutância magnética como se pode ver na Figura 17 que ilustra o circuito

magnético do gerador. Nesta figura, encontram-se também expressas as variáveis que

representam os elementos constituintes do seu circuito magnético, sendo eles: 𝑅𝐼𝑑𝑡 a relutânc i a

do material ferromagnético macio do indutor, 𝑅𝑀𝑃 a relutância dos magnetos permanentes e 𝑅𝐸𝐹

a relutância do entreferro. A relutânc ia do material ferromagnético macio do induzido foi dividida

em dois componentes devido ao seu diferente formato geométrico. Assim sendo, denominou -s e

𝑅𝐼𝑑𝑧𝐸𝑥𝑡 a relutância magnética da componente exterior do induzido e 𝑅𝐼𝑑𝑧𝐼𝑛𝑡 a relutânc ia

magnética da sua componente interior. Ao contrário dos restantes materiais, os magnetos

permanentes são representados, não só pela sua respetiva relutância, mas também por uma

fonte de força magnetomotriz, 𝐹𝑚𝑚 .

Figura 16 - Gerador dividido em diferentes secções de acordo com a distribuição da densidade de fluxo magnético prevista.

Sabendo que devido à simetria do gerador, o fluxo que circula em cada ramo do induz ido

corresponde ao fluxo total dividido pelo número de pares de polos, e que o fluxo que circula em

cada ramo do indutor corresponde a metade deste valor, aplicou-se o equivalente magnético da

segunda lei de Kirchhoff a uma malha da Figura 17. A equação (52) expressa a relação magnét ica

entre o fluxo e a 𝐹𝑚𝑚 ao longo da malha indicada na Figura 17.

Page 50: Gerador elétrico de estator rotativo com magnetos permanentes … · Gerador elétrico de estator rotativo com magnetos permanentes e rotor fixo com enrolamentos concentrados: Análise

32

Figura 17 - Circuito magnético do gerador de magnetos permanentes.

2 𝐹𝑚𝑚 −2 𝜙

8 (𝑅𝑀𝑃(𝛼𝑅𝑜𝑡) + 𝑅𝐸𝐹(𝛼𝑅𝑜𝑡)+ 𝑅𝐼𝑑𝑧𝐸𝑥𝑡(𝛼𝑅𝑜𝑡) + 𝑅𝐼𝑑𝑧𝐼𝑛𝑡)−

𝜙

16𝑅𝐼𝑑𝑡= 0 (52)

Simplificando esta expressão, chega-se à equação de cálculo do fluxo magnético, (53).

𝜙(𝛼𝑅𝑜𝑡) =16 𝐹𝑚𝑚

𝑅𝑀𝑃(𝛼𝑅𝑜𝑡)+ 𝑅𝐸𝐹(𝛼𝑅𝑜𝑡)+ 𝑅𝐼𝑑𝑧𝐸𝑥𝑡(𝛼𝑅𝑜𝑡)+ 𝑅𝐼𝑑𝑧𝐼𝑛𝑡 +𝑅𝐼𝑑𝑡2

(53)

Como já foi referido na secção 2.9.2 a força magnetomotriz em vazio é calculada segundo a

equação (51), onde foi considerado 𝜇𝑀𝑃 = 4,2 𝜋 ×10−7 H/m e 𝐵𝑟 = 1,23 T.

Em relação aos valores das relutâncias, verifica -se que estes variam durante a rotação do

gerador. É relevante notar que para a presente geometria, de acordo com a Tabela 5 e Figura

12, é possível obter a forma de onda de fluxo magnético através da resolução do seu circuito

magnético, durante apenas um quarto do período elétrico. A restante forma de onda é obtida por

simetria em relação aos eixos das ordenadas e das abcissas. Assim, a rotação do gerado r

durante um quarto do seu período elétrico, tem como posição inicial a posição expressa na Figura

15 e roda até ao momento em que os magnetos ficam completamente desalinhados do induz ido,

𝑅𝐼𝑑𝑡

𝑅𝑀𝑃

𝑅𝐸𝐹

𝑅𝐼𝑑𝑧𝐸𝑥𝑡

𝑅𝐼𝑑𝑧𝐼𝑛𝑡

𝐹𝑚𝑚

Page 51: Gerador elétrico de estator rotativo com magnetos permanentes … · Gerador elétrico de estator rotativo com magnetos permanentes e rotor fixo com enrolamentos concentrados: Análise

33

posição final. A variável 𝛼𝑅𝑜𝑡 sendo o ângulo de rotação do indutor, apresentará um valor inicial

de 0 rad e um valor final igual a 𝛼𝑀𝑎𝑔 , neste caso 𝜋

16 rad. É então possível definir as expressões

das relutâncias magnéticas para o período simulado, 0 ≤ 𝛼𝑅𝑜𝑡 ≤𝜋

16𝑟𝑎𝑑 na forma das relações (54)

a (58).

𝑅𝐼𝑑𝑡 =ℎ𝐼𝑑𝑡′

𝜇𝐹𝑒 𝑆𝑒𝑐𝐼𝑑𝑡 (54)

𝑅𝑀𝑃(𝛼𝑅𝑜𝑡) =

0,8 ℎ𝑀𝑃𝜇𝑀𝑃 𝑆𝑒𝑐𝑀𝑃

+0,2 ℎ𝑀𝑃

𝜇𝑀𝑃 𝑆𝑒𝑐𝑀𝑃(𝛼𝑅𝑜𝑡𝛼𝑀𝑎𝑔

)

(55)

𝑅𝐸𝐹(𝛼𝑅𝑜𝑡) =

ℎ𝐸𝐹

𝜇𝐸𝐹 𝑆𝑒𝑐𝐸𝐹 (𝛼𝑅𝑜𝑡𝛼𝐼𝑑𝑧

)

(56)

𝑅𝐼𝑑𝑧𝐸𝑥𝑡(𝛼𝑅𝑜𝑡) =

0,8 ℎ𝐼𝑑𝑧𝐸𝑥𝑡𝜇𝐹𝑒 𝑆𝑒𝑐𝐼𝑑𝑧𝐸𝑥𝑡

+0,2 ℎ𝐼𝑑𝑧𝐸𝑥𝑡

𝜇𝐹𝑒 𝑆𝑒𝑐𝐼𝑑𝑧𝐸𝑥𝑡 (𝛼𝑅𝑜𝑡𝛼𝐼𝑑𝑧

)

(57)

𝑅𝐼𝑑𝑧𝐼𝑛𝑡 =

ℎ𝐼𝑑𝑧𝐼𝑛𝑡𝜇𝐹𝑒 𝑆𝑒𝑐𝐼𝑑𝑡𝐼𝑛𝑡

(58)

Os termos 𝜇𝑀𝑃, 𝜇𝐸𝐹 e 𝜇𝐹𝐸 são, respetivamente, as permeabilidades magnéticas dos magnetos

permanentes, do entreferro e do material ferromagnético macio. 𝑆𝑒𝑐𝐼𝑑𝑡 é a secção transversal do

material ferromagnét ico macio do indutor, 𝑆𝑒𝑐𝐼𝑑𝑧𝐸𝑥𝑡 e 𝑆𝑒𝑐𝐼𝑑𝑡𝐼𝑛𝑡 são as secções transversais, das

componentes externa e interna do mesmo material, localizado no induzido. Por último, 𝑆𝑒𝑐𝑀𝑃 e

𝑆𝑒𝑐𝐸𝐹 são as secções transversais dos magnetos permanentes e entreferro, respetivamente. A

variável ℎ𝐼𝑑𝑡 ′ representa a altura da relutância representativa do material ferromagnético macio

do indutor. As formas de cálculo dos componentes destas relutâncias magnéticas encontram -s e

descritas em detalhe no Anexo I.

É de salientar que as expressões (55) e (57), estão divididas em dois termos: um termo fixo

(o da esquerda) com oitenta por cento do peso e outro termo (o da direita) que varia com o

aumento do ângulo de rotação, tendo apenas vinte por cento do peso da relutância magnét ica.

Este procedimento visa simular o efeito da expansão do fluxo proveniente de uma relutância com

menor secção para outra com maior.

Page 52: Gerador elétrico de estator rotativo com magnetos permanentes … · Gerador elétrico de estator rotativo com magnetos permanentes e rotor fixo com enrolamentos concentrados: Análise

34

Figura 18 – Fluxograma do processo de cálculo do fluxo magnético.

Sim Não

Cálculo de: 𝜇𝐹𝑒

Equação (60)

ห𝐵𝐼𝑑𝑧𝐴𝑛𝑡 − 𝐵𝐼𝑑𝑧ห < 𝜖𝐵

Cálculo de: 𝐵𝐼𝑑𝑧 e 𝐻𝐼𝑑𝑧

Equações: (59) e (60)

Guardar o valor de 𝐵𝐼𝑑𝑧 numa variável auxiliar

𝐵𝐼𝑑𝑧𝐴𝑛𝑡 = 𝐵𝐼𝑑𝑧

Cálculo do 𝐵𝐼𝑑𝑧 correspondente ao 𝐻𝐼𝑑𝑧 na

curva BH da Figura 6

Cálculo de: 𝑅𝐼𝑑𝑡 , 𝑅𝑀𝑃 , 𝑅𝐸𝐹 , 𝑅𝐼𝑑𝑧𝐸𝑥𝑡 , 𝑅𝐼𝑑𝑧𝐼𝑛𝑡

Equações: (54) a (58)

Cálculo de: 𝜙(𝛼𝑅𝑜𝑡 )

Equação (53)

) a (Error! Reference s

𝛼𝑅𝑜𝑡 (𝑘) = 𝛼𝑅𝑜𝑡(𝑘 − 1) +𝛼𝑃𝑎𝑠𝑠𝑜

Início

𝜇𝐹𝑒 = 0,003H/m; 𝛼𝑅𝑜𝑡 = 0 rad;

𝛼𝑃𝑎𝑠𝑠𝑜 = 1,3×10−4 rad

Page 53: Gerador elétrico de estator rotativo com magnetos permanentes … · Gerador elétrico de estator rotativo com magnetos permanentes e rotor fixo com enrolamentos concentrados: Análise

35

Na Figura 6 verifica-se que a curva BH do material ferromagnét ico macio não é linear. Assim

a sua permeabil idade magnética teve de ser calculada de forma iterativa como ilustra o

fluxograma da Figura 18. Este cálculo consiste numa sequência de computações constituída pelo

cálculo das relutâncias magnéticas, equações (54) a (58), fluxo magnético, equação (53),

densidade de fluxo magnético no material ferromagnético macio, equação (59), e intensidade de

campo magnético, equação (60). A partir do valor de intensidade de campo magnét ico

anteriormente obtido e da curva BH do material ferromagnético macio, é calculado o novo valor

de densidade de fluxo magnético no mesmo material, bem como a sua permeabil i dade

magnética, equação (60). Caso a diferença entre as variáveis de densidade de fluxo magnét ico

seja maior que um valor predefinido, 𝜖𝐵 , é repetido o processo descrito neste parágra fo,

começando pelo recálculo das relutâncias magnéticas. Caso contrário, é aumentado o valor do

ângulo de rotação da máquina, 𝛼𝑅𝑜𝑡 por intermédio da variável 𝛼𝑃𝑎𝑠𝑠𝑜 seguido do ciclo de

procedimentos descritos no presente parágrafo, começando pelo cálculo das relutâncias para

esta nova posição angular.

𝐵𝐼𝑑𝑧 =

𝜙

𝑆𝑒𝑐𝐼𝑑𝑧𝐸𝑥𝑡 (59)

𝐻𝐼𝑑𝑧 =

𝐵𝐼𝑑𝑧𝜇𝐹𝑒

(60)

O cálculo da força eletromotriz é efetuado através da equação (61).

𝑓𝑒𝑚 =𝑑𝜓

𝑑𝑡= 𝑁𝑆

𝑑𝜙

𝑑𝑡 (61)

3.3. Resultados do gerador de magnetos permanentes em vazio

Neste capítulo, apresentam-se os resultados obtidos através da simulação do modelo de

parâmetros concentrados para a geometria do gerador representada na Figura 12. Em seguida

variam-se as variáveis que sintetizam esta geometria de modo a perceber qual o seu efeito na

simulação eletromagnética da máquina. Por fim são comparados os resultados simulando a

geometria da Figura 12 através de um modelo de parâmetros concentrados e de um modelo por

elementos finitos, com o intuito de verificar a precisão do primeiro.

3.3.1. Resultados obtidos através do modelo de parâmetros concentrados

Através do modelo eletromagnét ico de parâmetros concentrados, descrito no subcapítulo 3.2,

simulou-se o gerador com a geometria representada na Figura 12. Esta pode ser sintetizada

pelas variáveis geométricas da Tabela 5, sendo que a sua profundidade, representada pela

variável 𝐷, apresenta um valor de 20 cm. Deste modo, numa espira, obtiveram-se as formas de

Page 54: Gerador elétrico de estator rotativo com magnetos permanentes … · Gerador elétrico de estator rotativo com magnetos permanentes e rotor fixo com enrolamentos concentrados: Análise

36

onda representadas na Figura 19 e na Figura 20, representativas do fluxo magnético e da força

eletromotriz , respetivamente.

Figura 19 - Fluxo magnético por espira obtido através do modelo de parâmetros concentrados.

Como pode ser observado na Figura 19, o fluxo magnético tem uma forma de onda

aproximadamente sinusoidal. Analisando a evolução da força eletromotriz na Figura 20, verific a -

se que esta apresenta uma descontinuidade em 𝑡 = 37,5 ms . É de salientar que estas

descontinuidades não estão de acordo com o que acontece na realidade, embora seja de esperar

que o seu andamento seja em geral o correto. As descontinuidades devem-se, em grande parte,

ao facto de o modelo não considerar fugas magnéticas.

Figura 20 - Força eletromotriz por espira obtida através do modelo de parâmetros concentrados.

3.3.2. Comparação de resultados entre várias geometrias obtidas a partir do modelo de parâmetros concentrados

De modo a verificar quais os parâmetros que mais contribuem para o aumento da força

eletromotriz , volume e custo do gerador, simulou-se a geometria anterior tida como referênc i a,

bem como variações desta geometria, onde os parâmetros ℎ𝐼𝑑𝑧 , ℎ𝐸𝐹 , ℎ𝑀𝑃 , ℎ𝐼𝑑𝑡 e 𝐷 são

aumentados, um de cada vez, com valores arbitrários de 1, 10, 25 e 50 mm. No fim, procede -s e

Page 55: Gerador elétrico de estator rotativo com magnetos permanentes … · Gerador elétrico de estator rotativo com magnetos permanentes e rotor fixo com enrolamentos concentrados: Análise

37

à comparação dos resultados das geometrias simuladas em relação à de referência, obtendo -s e

as variações relativas de cada uma das grandezas em análise. Estes resultados encontram -s e

expressos nas Figuras 21 a 23.

Figura 21 - Variação do valor eficaz da força eletromotriz em função da variação dos parâmetros geométricos.

Figura 22 - Variação da relação força eletromotriz eficaz, volume do gerador, em função da variação dos seus parâmetros geométricos.

Figura 23 - Variação da relação força eletromotriz eficaz, custo dos materiais do gerador, em função da variação dos seus parâmetros geométricos.

Page 56: Gerador elétrico de estator rotativo com magnetos permanentes … · Gerador elétrico de estator rotativo com magnetos permanentes e rotor fixo com enrolamentos concentrados: Análise

38

No que concerne o parâmetro custo dos materiais, (Figura 23), só foram considerados os

custos variáveis relativos à construção do gerador, admitindo que os custos fixos, como por

exemplo o corte dos materiais, são iguais para todas as geometrias. A razão pela qual não foram

considerados os preços fixos, assenta no facto das empresas de corte dos materiais

orçamentarem os seus serviços em função da complexidade do corte e do número de peças a

cortar. Esta tarefa exige mão de obra especializada, cuja remuneração suplanta o custo de

operação das máquinas de corte.

As variáveis Δℎ𝐼𝑑𝑧 , Δℎ𝐸𝐹 , Δℎ𝑀𝑃 , Δℎ𝐼𝑑𝑡 , Δ𝐷 correspondem, respetivamente, às variações dos

parâmetros ℎ𝐼𝑑𝑧 , ℎ𝐸𝐹 , ℎ𝑀𝑃 , ℎ𝐼𝑑𝑡 e 𝐷. Por outro lado, a variável Δ 𝑓𝑒𝑚𝑒𝑓 corresponde à variação do

valor eficaz da força eletromotriz, Δ 𝑉𝑜𝑙𝑢𝑚𝑒 corresponde à variação do volume do gerador e

Δ 𝐶𝑢𝑠𝑡𝑀𝑎𝑡 corresponde à variação do custo dos materiais que o constituem. O rácio Δ 𝑓𝑒𝑚𝑒𝑓

Δ 𝑉𝑜𝑙𝑢𝑚𝑒 é

indicador da sensibilidade da fem face a uma variação do volume e o rácio Δ 𝑓𝑒𝑚𝑒𝑓

Δ 𝐶𝑢𝑠𝑡𝑜𝑀𝑎𝑡 é um

indicador é um indicador de sensibilidade da fem face a uma variação dos custos dos materiais.

É importante perceber que o aumento de qualquer um dos parâmetros considerados, ℎ𝐼𝑑𝑧 ,

ℎ𝐸𝐹 , ℎ𝑀𝑃 , ℎ𝐼𝑑𝑡 e 𝐷 , pode ter como consequência a alteração de qualquer uma das relutânc i as

magnéticas, presentes na resolução do circuito magnético do gerador. Tomando -se como

exemplo um aumento da variável ℎ𝐼𝑑𝑧 , verifica-se que esta variação implicará o aumento das

secções transversais do entreferro e dos magnetos permanentes, o que terá como consequê nc i a

uma redução das relutânc ias representativas destes componentes . Isto acontece devido ao fac to

de a máquina apresentar uma geometria cilíndrica e também devido ao facto dos ângulos 𝛼𝐼𝑑𝑧 e

𝛼𝑀𝑎𝑔 se manterem constantes.

Analisando a Figura 21 verifica-se que o aumento do entreferro, representado pela variável

ℎ𝐸𝐹 , tem um efeito prejudicial na força eletromotriz. Deste modo, conclui-se que o entreferro deve

ser o mais reduzido possível. Optou-se deste modo por utilizar um entreferro de 1 mm .

Verifica-se também que uma variação da altura do indutor, ℎ𝐼𝑑𝑡, não tem efeitos significat i vos

no valor eficaz da fem (Figura 21). Conclui-se então que este parâmetro deve ter apenas a altura

suficiente que permita que a densidade de fluxo magnético, no material ferromagnético macio do

indutor, seja próxima de 1,35 T, pelos motivos referenc iados na secção 2.4.2.

Quanto ao parâmetro que representa a altura dos magnetos permanentes, ℎ𝑀𝑃 , verific a -s e

através da análise da Figura 21 que este é o segundo parâmetro com mais elevada influênc ia na

variação do valor eficaz de força eletromotriz. No entanto, é importante referir que a variável ℎ𝑀𝑃

tem limites de operação, isto é, este deve estar associado a uma densidade de fluxo magnét ico

no material ferromagnético macio do induzido que não ultrapasse 1,35 T.

No que diz respeito ao parâmetro 𝐷, que representa a profundidade do gerador, verifica -s e

que embora não apresentando limitações em termos de desempenho dos materiais, este não é

o parâmetro que mais contribui para o aumento do valor eficaz da força eletromotriz.

Page 57: Gerador elétrico de estator rotativo com magnetos permanentes … · Gerador elétrico de estator rotativo com magnetos permanentes e rotor fixo com enrolamentos concentrados: Análise

39

Por fim, analisando o parâmetro que representa a altura do induzido, ℎ𝐼𝑑𝑧 , verifica-se que

este é o parâmetro que proporciona uma maior variação da força eletromotriz (Figura 21). A

razão prende-se com o facto da variável ℎ𝐼𝑑𝑧 contribuir para a variação das secções transvers ais

de outros componentes do gerador, como por exemplo dos magnetos permanentes, mas

sobretudo por permitir variar o número de condutores por cava. É ainda de salientar que esta

variável é a que conduz a um maior rácio Δ 𝑓𝑒𝑚𝑒𝑓

Δ Volume e

Δ 𝑓𝑒𝑚𝑒𝑓

Δ CustoMat, como pode ser observado nas

Figuras 22 e 23, ou seja esta variável é que a conduz a um maior aumento da força eletromot riz

utilizando um menor volume do gerador e um menor custo dos materiais. É assim expectável que

o gerador tenha um melhor desempenho nas geometrias em que apresente um maior valor de

raio.

Pela análise efetuada, podem-se apontar 3 conclusões importantes para a geometria do

circuito magnético do gerador:

- O entreferro da máquina deve ser o mais pequeno possível. Fixou-se em 1 mm ;

- Os parâmetros ℎ𝐼𝑑𝑡 e ℎ𝑀𝑃 devem ser dimensionados de modo a que a densidade de fluxo

magnético nos materiais ferromagnét icos do indutor e induzido, se encontre próxima de 1,35 T;

- O parâmetro ℎ𝐼𝑑𝑧 deve apresentar um valor elevado, na medida em que é o que conduz a

um maior valor eficaz de força eletromotriz utilizando um menor volume e um menor custo dos

materiais utilizados.

3.3.3. Comparação dos resultados obtidos entre modelo de parâmetros concentrados e elementos finitos.

Com o objetivo de verificar a precisão do modelo de parâmetros concentrados desenvol v ido

nos subcapítulos anteriores, decidiu-se comparar os seus resultados com os resultados obtidos

através de um programa por elementos finitos utilizando a mesma geometria.

Comparando os resultados dos dois modelos obtiveram -se os gráficos da evolução do fluxo

magnético e da força eletromotriz, representados na Figura 24 e na Figura 25, respetivament e.

Analisando estes gráficos verifica-se que, embora as ondas de fluxo magnético se aproximem,

apresentando uma diferença de 3% entre os seus valores eficazes, o mesmo não se verifica nas

ondas da força eletromotriz que apresentam uma diferença entre valores eficazes de 7%. Para

além da diferença do valor de tensão eficaz, a força eletromotriz apresenta uma análise espetral

bastante distinta quando calculada por cada um destes modelos, como é possível observar na

Figura 26. Conclui-se então que o modelo de parâmetros concentrados não é tão preciso quanto

o necessário para a geometria da máquina que se pretende simular.

Page 58: Gerador elétrico de estator rotativo com magnetos permanentes … · Gerador elétrico de estator rotativo com magnetos permanentes e rotor fixo com enrolamentos concentrados: Análise

40

Figura 24 - Fluxo magnético por espira, obtido através dos modelos de parâmetros concentrados e por elementos finitos.

Figura 25 - Força eletromotriz por espira, obtida através dos modelos de parâmetros concentrados

e por elementos finitos.

Figura 26 - Análise espetral da força eletromotriz quando calculada pelos modelos de parâmetros concentrados e por elementos finitos.

Page 59: Gerador elétrico de estator rotativo com magnetos permanentes … · Gerador elétrico de estator rotativo com magnetos permanentes e rotor fixo com enrolamentos concentrados: Análise

41

4. Modelo utilizado para a simulação em vazio e em carga do gerador de magnetos permanentes

Uma vez que o modelo construído no capítulo anterior não se verificou preciso na modulação

eletromagnética do gerador, optou-se por tratar o dimensionamento do mesmo utilizando um

programa por elementos finitos. Optou-se também por tratar o dimensionamento do gerador em

carga uma vez que neste modo de operação os constrangimentos são mais rigorosos. Começa -

se neste capitulo por definir o sistema isolado de que o gerador irá fazer parte, descrevendo em

detalhe a carga e conversor eletrónico de potência que também o integram. Procede-se em

seguida à explicitação dos modelos eletromagnét ico e térmico a utilizar no dimensionamento do

gerador. Posteriormente expõem-se os constrangimentos de cada modelo. Por fim, desenvol ve -

se o algoritmo de dimensionamento do gerador que integra os modelos anteriormente referidos.

4.1. Sistema elétrico isolado

O gerador elétrico cujo dimensionamento é alvo de estudo na presente dissertação deverá

estar incluído num sistema isolado constituído pelo gerador, por um conversor eletrónico de

potência e por uma carga elétrica. A estrutura do gerador já foi abordada no capítulo anterior, a

qual permitiu verificar as variáveis geométricas mais significativas para a otimização do gerado r

em termos de densidade de potência. Neste subcapítulo pretende-se abordar algumas

características da carga elétrica considerada e do conversor eletrónico de potência.

4.1.1. Carga elétrica

Com o intuito de modelar uma carga elétrica de uma habitação e, tendo em consideração

que o fator de potência médio ponderado das mesmas é de 0,86 indutivo [33], utilizou-se uma

carga constituída pela série de uma resistência elétrica com uma indutância.

Pretende-se que o gerador forneça 20 kW de potência ativa à carga. No entanto, este valor

é demasiado elevado para o consumo médio doméstico, selecionando-se deste modo uma carga

trifásica que permita a divisão da potência pelas fases. Enfatizando uma vez mais o facto de a

carga ser modelada para uma habitação, salienta-se que a forma de onda de tensão deva ser

fornecida deve apresentar um valor eficaz de 230 V e uma frequência de 50 Hz. Em contrapart i da,

sabe-se que é conveniente que o gerador opere com valores de tensão superiores aos verific ados

na carga. Com efeito, quanto maior for a tensão do gerador para a mesma potência, menor será

a sua corrente e, consequentemente, menores serão as perdas nos condutores , (13), e menor

volume terá a máquina, devido à menor exigência do seu dimensionamento térmico. Tendo em

consideração as diferenças de tensão entre gerador e carga, e devido ao facto de, por um lado,

o gerador ser monofásico e, por outro, a carga ser trifásica, infere -se que será necessári o

recorrer a um inversor de tensão descrito na próxima secção.

Page 60: Gerador elétrico de estator rotativo com magnetos permanentes … · Gerador elétrico de estator rotativo com magnetos permanentes e rotor fixo com enrolamentos concentrados: Análise

42

Estando na presença de uma carga trifásica alimentada a 230 V, pode-se determinar quais

os valores da resistência e indutância equivalentes que a constituem de modo a consumir a

potência desejada. Partindo da definição de fator de potência expressa na equação (62) e

sabendo que a partir da potência aparente se pode obter o valor da impedância da carga,

equação (63), é possível obter a equação (64) através da conjugação de (62) e (63). Como a

carga é constituída por dois elementos, um resistivo, 𝑅𝐶 , e um indutivo, 𝐿𝐶 , será necessária mais

uma equação para satisfazer o número de incógnitas. Assim sendo, recorreu-se à expressão (65)

fazendo novamente uso da definição de fator de potência. A partir da resolução do sistema de

equações, (64) e (65), obtiveram-se os valores da resistência e indutância da carga que

correspondem a 5,87 Ω e 11,04 mH respectivamente.

𝑓𝑝𝐶 =𝑃𝐶𝑆𝑐 ⇔ 𝑆𝐶 =

𝑃𝐶𝑓𝑝𝐶

(62)

𝑆𝐶 = 3 𝑈𝐶 𝐼𝐶 = 3

𝑈𝐶2

𝑍𝐶 ⇔ 𝑍𝐶 = 3

𝑈𝐶2

𝑆𝐶

(63)

𝑍𝐶 = √𝑅𝐶

2 + (𝜔𝐶 𝐿𝐶)2⇔3

𝑈𝐶2

𝑃𝐶/𝑓𝑝𝐶= √𝑅𝐶

2 + (𝜔𝐶 𝐿𝐶)2

(64)

𝑓𝑝𝐶 = cos(𝑎𝑟𝑐 𝑡𝑔 (

𝜔𝐶 𝐿𝐶𝑅𝐶

)) (65)

Nas equações anteriores, 𝑓𝑝𝐶 representa o fator de potência da carga, 𝑆𝐶 e 𝑃𝐶 represent am

as potências aparente e ativa que lhe são entregues, 𝑈𝑐 e 𝐼𝐶representam os valores eficazes da

tensão e corrente da carga por fase, 𝑅𝑐 e 𝐿𝐶 são os valores resistivos e indutivos da carga

mencionados no parágrafo anterior e 𝜔𝐶 representa a frequência angular da carga que é descrita

pela equação (66).

𝜔𝐶 = 2 𝜋 𝑓𝑠𝑎í𝑑𝑎 (66)

4.1.2. Conversor eletrónico de potência

Como referido na secção precedente, é necessário o recurso a um conversor eletrónico de

potência de forma a ligar a saída monofás ica do gerador à carga trifásica. Para este efeito,

selecionou-se um conversor AC/DC/AC, isto é, constituído por um retificador, um andar de

corrente contínua e um inversor. O andar de corrente contínua é composto por um condensado r,

𝐶𝑑𝑐, o qual pode ser visto como um elemento que desacopla o retificador do inversor, permit indo

assim um controlo independente deste último [34].

Page 61: Gerador elétrico de estator rotativo com magnetos permanentes … · Gerador elétrico de estator rotativo com magnetos permanentes e rotor fixo com enrolamentos concentrados: Análise

43

Quanto ao retificador, selecionou-se um retificador monofásico em ponte e a díodos como se

pode ver na Figura 27. Uma vez que o conteúdo harmónico das formas de onda toma maior

importânc ia na carga, o principal critério de seleção deste retificador recaiu no baixo preço dos

semicondutores por ele utilizados.

No que diz respeito ao inversor, optou-se pela utilização de um inversor trifásico com IGBTs,

observável na Figura 27. A seleção dos semicondutores em questão assenta no facto destes

serem os semicondutores de excelência em aplicações de potência a baixa e média tensão,

atendendo, por um lado, à sua capacidade de suportar as tensões e correntes, e, por outro, ao

seu custo monetário [35].

Uma vez que o inversor vai trabalhar com frequências de comutação elevadas, torna -se

necessário o recurso a um filtro que anule o efeito introduzido pelas comutações, de modo a que

a tensão e corrente entregues à carga sejam alternadas sinusoidais. Assim sendo, selecionou -

se um filtro LC, representado na Figura 28, constituído por uma bobina, 𝐿𝑓𝑂𝑢𝑡 , em série com a

carga e um condensador, 𝐶𝑓𝑂𝑢𝑡 em paralelo com a carga. O dimensionamento dos component es

que compõem o filtro é efetuado levando em consideração um compromisso entre o seu

desempenho ao nível do conteúdo harmónico das ondas entregues à carga e o seu custo, peso

e dimensões. Quanto mais elevada for a indutância da sua bobina, maior será a queda de tensão

na mesma, bem como, o custo, o volume e as dimensões associadas ao filtro [36].

Figura 27 - Conversor eletrónico de potência.

𝐺𝑀𝑃

𝐶𝑑𝑐

𝑖𝑅𝑒𝑡 𝑖𝐼𝑛𝑣

𝑖𝑑𝑐

𝑉𝑑𝑐

𝐶𝑎𝑟𝑔𝑎

Page 62: Gerador elétrico de estator rotativo com magnetos permanentes … · Gerador elétrico de estator rotativo com magnetos permanentes e rotor fixo com enrolamentos concentrados: Análise

44

Figura 28 - Carga elétrica e filtros do conversor eletrónico de potência.

Quanto à modulação utilizada pelo inversor, selecionou-se a modulação por largura de

impulso (PWM - pulse width modulation) de três níveis, dado que é um tipo de modulação simples

e que requer componentes do filtro de saída com menores dimensões do que o mesmo tipo de

modelação a dois níveis [35]. Para a sua frequênc ia de comutação selecionou-se 20 kHz , uma

vez que a partir desta gama de frequências o ruído que advém da comutação dos semicondut o res

começa a ser inaudível pelo ouvido humano [37].

No que diz respeito ao dimensionamento dos componentes passivos utilizados no convers o r,

começou-se pelo dimensionamento do condensador, 𝐶𝑑𝑐 , que constitui o andar de corrente

contínua. Para este efeito, considera-se uma resistência equivalente fictícia dada pela expressão

(67), a qual encontrar-se-ia ligada ao retificador e permite o cálculo da corrente média fornec i da

ao inversor expressa pela equação (68), [38].

𝑅𝑓𝑖𝑐 =𝑉𝑑𝑐2

𝑃𝑑𝑐 (67)

𝐼𝑖𝑛𝑣 =

𝑉𝑑𝑐𝑅𝑓𝑖𝑐

(68)

Em (67) e (68) 𝑉𝑑𝑐 é o valor médio da tensão no condensador e 𝑃𝑑𝑐 é a potência entregue ao

inversor. De salientar que, para o efeito, foi considerado um rendimento de 100% tanto do

retificador como do inversor. Assim sendo, 𝑃𝑑𝑐 tem o mesmo valor que a potência aparent e

entregue à carga, ou seja, 23,26 kW segundo a equação (62). Partindo da expressão da corrente

no condensador, equação (69), e assumindo que a tensão aos seus terminais se comporta de

forma aproximadamente linear, é possível obter uma expressão aproximada de cálculo do valor

do condensador, (70), através da conjugação das equações (69), (67) e (68), isto porque, quando

o retificador não conduz, a corrente do condensador é igual à corrente que passa pelo invers o r.

Utilizando um valor de 𝑉𝑑𝑐 correspondente a 650 V obteve-se um valor de 𝐶𝑑𝑐 de 18 mF.

𝐺𝑀𝑃

𝑉𝐶𝑓𝑂𝑢𝑡

𝑖𝐿𝑓𝑂𝑢𝑡 𝑖𝑐

𝐶𝑓𝑂𝑢𝑡 𝐶𝑓𝑂𝑢𝑡 𝐶𝑓𝑂𝑢𝑡

𝑅𝐶 𝑅𝐶 𝑅𝐶

𝐿𝐶

𝐿𝐶 𝐿𝐶

𝑉𝐶𝐴

𝑉𝐴𝐵

𝑉𝐵𝐶

𝐿𝑓𝑂𝑢𝑡

𝐿𝑓𝑂𝑢𝑡

𝐿𝑓𝑂𝑢𝑡

𝐿𝑓𝐼𝑛

𝑉𝑐

Page 63: Gerador elétrico de estator rotativo com magnetos permanentes … · Gerador elétrico de estator rotativo com magnetos permanentes e rotor fixo com enrolamentos concentrados: Análise

45

𝑖𝑑𝑐 = 𝐶𝑑𝑐𝑑𝑉𝑑𝑐𝑑𝑡𝑑𝑐

≅ 𝐶𝑑𝑐Δ𝑉𝑑𝑐Δ𝑡𝑑𝑐

(69)

𝐶𝑑𝑐 ≅ 𝐼𝑖𝑛𝑣

Δ𝑡𝑑𝑐Δ𝑉𝑑𝑐

=Pdc Δ𝑡𝑑𝑐Δ𝑉𝑑𝑐 𝑉𝑑𝑐

(70)

Δ𝑡𝑑𝑐 =

𝑃𝑒𝑟𝑔𝑒𝑟

𝑝𝑢𝑙

(71)

Nas equações anteriores Δ𝑉𝑑𝑐 representa a variação máxima admissível da tensão aos

terminais do condensador e Δ𝑡𝑑𝑐 o intervalo de tempo em que os díodos não conduzem. Esta

variável depende de 𝑝𝑢𝑙 , isto é, do índice de pulsação do retificador [39]. No caso do retificado r

monofásico em ponte 𝑝𝑢𝑙 toma o valor de 2. O termo Δ𝑡𝑑𝑐 e depende também de 𝑇𝑔𝑒𝑟 que

representa o período da tensão gerada pelo gerador e que é fornecido pela equação (72) onde

𝑛 representa o número de rotações por minuto e 𝑝 o número de pares de polos do gerador.

𝑇𝑔𝑒𝑟 =60

𝑛 𝑝 (72)

No que concerne ao dimensionamento do filtro de saída do inversor, começou-se por aplicar

a segunda lei de Kirchhoff, à malha constituída pelo condensador 𝐶𝑑𝑐 , bobina 𝐿𝑓𝑂𝑢𝑡 e

condensador 𝐶𝑓𝑂𝑢𝑡 ,ilustrados na Figura 28 e relacionadas pela equação (73). Em seguida,

substituiu-se na equação (73) a tensão da bobina dada pela expressão (74), onde se admit iu

também que a corrente que circula na bobina se comporta de forma aproximadamente linear para

o período de tempo em causa. Posteriormente, partindo da equação (75), resultante da

substituição de (74) em (73), e sabendo que a tensão média na carga é igual à tensão no

condensador 𝐶𝑑𝑐 durante a parcela em que o par de IGBTs conduz, 𝛿, obtém-se a expressão

(76). De modo a determinar 𝐿𝑓𝑂𝑢𝑡 , optou-se por utilizar o valor de 𝛿 que conduz ao maior valor da

última indutância. Para este efeito, igualou-se a expressão (76) a zero e procedeu-se à sua

diferenciação em função de 𝛿, (77). Posteriormente substituiu -se o resultado desta equação em

(76), obtendo-se a expressão que permite o cálculo aproximado do coeficiente de autoinduç ão

𝐿𝑓𝑂𝑢𝑡 do filtro de saída, (78), [40]. Obteve-se para 𝐿𝑓𝑂𝑢𝑡 o valor de 490 μH.

𝑉𝑑𝑐 = 𝑣𝐿𝑓𝑂𝑢𝑡

+𝑉𝐶𝑓𝑂𝑢𝑡 (73)

𝑣𝐿𝑓𝑂𝑢𝑡

= 𝐿𝑓𝑂𝑢𝑡

𝑑𝑖𝐿𝑓𝑂𝑢𝑡𝑑𝑡

(74)

Page 64: Gerador elétrico de estator rotativo com magnetos permanentes … · Gerador elétrico de estator rotativo com magnetos permanentes e rotor fixo com enrolamentos concentrados: Análise

46

𝑉𝑑𝑐 = 𝑣𝐿𝑓𝑂𝑢𝑡

+𝑉𝐶𝑓𝑂𝑢𝑡= 𝐿𝑓𝑂𝑢𝑡

𝑑𝑖𝐿𝑓𝑂𝑢𝑡𝑑𝑡

+𝑉𝐶𝑓𝑂𝑢𝑡≅ 𝐿𝑓𝑂𝑢𝑡

Δ𝑖𝐿𝑓𝑂𝑢𝑡Δ𝑡

+ 𝑉𝐶𝑓𝑂𝑢𝑡

(75)

𝐿𝑓𝑂𝑢𝑡 =(𝑉𝑑𝑐 −𝑉𝐶𝑓𝑂𝑢𝑡

) Δ𝑡

Δ𝑖𝐿𝑓𝑂𝑢𝑡=𝑉𝑑𝑐 (1 − 𝛿) 𝛿 𝑇𝑐

Δ𝑖𝐿𝑓𝑂𝑢𝑡

(76)

𝑑 𝐿𝑓𝑂𝑢𝑡𝑑 𝛿

= 0 ⟺−𝑉𝑑𝑐 𝛿 𝑇𝑐 + 𝑉𝑑𝑐 (1 − 𝛿) 𝑇𝑐

Δ𝑖𝐿𝑓𝑂𝑢𝑡= 0⟺ 𝛿 =

1

2 (77)

𝐿𝑓𝑂𝑢𝑡 =

𝑉𝑑𝑐𝑇𝑐

4 Δ𝑖𝐿𝑓𝑂𝑢𝑡 (78)

Quanto ao dimensionamento do condensador do mesmo filtro, 𝐶𝑓𝑂𝑢𝑡 , partiu-se da equação

(79) relativa à potência reativa neste componente. Admitiu-se que a variação da corrente no

condensador é linear durante o período de comutação dos semicondutores, (81). Reconhec endo

que a tensão aos terminais do condensador permanece aproximadamente inalterada durante o

referido período, a variação de potência reativa experienciada por este componente coincide com

a área da corrente no condensador durante metade deste período, Figura 29, [40]. Neste

seguimento substituiu -se a variação da potência reativa em (79) pela área referida, sendo que

a sua base corresponde a 𝑇𝑐/2 e a sua altura a Δ𝐼𝐿𝑓𝑂𝑢𝑡/2. Assim sendo, obteve-se a equação que

permite o cálculo do condensador do filtro de saída, equação (80), [40]. Segundo esta equação

dimensionou-se 𝐶𝑓𝑂𝑢𝑡 com o valor de 50 μF.

𝐶𝑓𝑂𝑢𝑡 =d𝑄𝑓𝑂𝑢𝑡d𝑉𝐶𝑓𝑂𝑢𝑡

≅Δ𝑄𝑓𝑂𝑢𝑡Δ𝑉𝐶𝑓𝑂𝑢𝑡

⇔ 𝐶𝑓𝑂𝑢𝑡 Δ𝑉𝐶𝑓𝑂𝑢𝑡≅ Δ𝑄𝑓𝑂𝑢𝑡 =

1

2

𝑇𝑐2

Δ𝐼𝐿𝑓𝑂𝑢𝑡2

=𝑇𝑐 Δ𝐼𝐿𝑓𝑂𝑢𝑡

8 (79)

𝐶𝑓𝑂𝑢𝑡 =

𝑇𝑐 Δ𝐼𝐿𝑓𝑂𝑢𝑡8 Δ𝑉𝐶𝑓𝑂𝑢𝑡

=𝑉𝑑𝑐 𝑇

2

32 𝐿𝑓𝑂𝑢𝑡 Δ𝑉𝐶𝑓𝑂𝑢𝑡

(80)

𝑇𝐶 =1

𝑓𝐶= 50 𝜇𝑠 (81)

Para que este filtro funcione corretamente é necessário que se verifique a condição (82), em

que 𝑓𝑠𝑎í𝑑𝑎 é a frequênc ia da tensão aos terminais da carga, 50 Hz, 𝑓𝑐 é a frequênc ia de comutação

dos semicondutores que, como já foi mencionado, é 20 kHz, e por fim, 𝑓𝑓𝑂𝑢𝑡 é a frequência de

ressonânc ia do filtro de saída que é expressa pela equação (83), [38]. Salienta-se que nas

frequências da equação (82), 𝑓𝑓𝑂𝑢𝑡 deve ser pelo menos uma década maior que 𝑓𝑠𝑎í𝑑𝑎 , e que 𝑓𝑐

deve também ser pelo menos uma década maior que 𝑓𝑓𝑂𝑢𝑡 . A condição anterior é cumprida uma

vez que 𝑓𝑓𝑂𝑢𝑡 corresponde a 2 kHz.

Page 65: Gerador elétrico de estator rotativo com magnetos permanentes … · Gerador elétrico de estator rotativo com magnetos permanentes e rotor fixo com enrolamentos concentrados: Análise

47

𝑓𝑠𝑎í𝑑𝑎 ≪ 𝑓𝑓𝑂𝑢𝑡 ≪ 𝑓𝑐 (82)

𝑓𝑓𝑂𝑢𝑡 =

1

√𝐿𝑓𝑂𝑢𝑡 𝐶𝑓𝑂𝑢𝑡

(83)

Figura 29 - Variação aproximada da potência reativa no condensador.

A Tabela 6 resume os componentes passivos do andar Dc e do filtro de saída.

Tabela 6 - Componentes passivos do andar Dc e do filtro de saída

Parâmetro Valor

𝐶𝑑𝑐 [mF] 18

𝐿𝑓𝑂𝑢𝑡 [ μH] 490

𝐶𝑓𝑂𝑢𝑡 [μF] 50

4.1.3. Modelos eletromagnético e térmico

A simulação do sistema elétrico constituído pelo gerador, conversor eletrónico de potência e

carga, terá de ser realizada por diferentes programas. No que diz respeito ao gerador, pretende -

se que este seja simulado por um programa eletromagnético por elementos finitos, a partir de

uma geometria bidimensional. Uma vez que não é possível simular a carga e o conversor de

potência neste programa, pretende-se que estes componentes sejam simulados através do

software de modelação Simulink. Neste programa é utilizado um esquema semelhante ao

representado na Figura 28, em que o gerador passa a ser representado por uma série de fontes

de tensão parametrizadas segundo a decomposição em harmónicas da onda de tensão obt ida

através do programa eletromagnético por elementos finitos. Foram apenas consideradas as

harmónicas com amplitude superior a 1% em relação à fundamental.

𝐼𝐶𝑓𝑂𝑢𝑡

Δ𝐼𝐿𝑓𝑂𝑢𝑡/2

TC

2

tempo [s] TC 2 TC

𝐼 [𝐴]

Page 66: Gerador elétrico de estator rotativo com magnetos permanentes … · Gerador elétrico de estator rotativo com magnetos permanentes e rotor fixo com enrolamentos concentrados: Análise

48

Dado que se vai proceder à simulação do gerador em carga, verifica-se que a simulação do

seu modelo eletromagnético exige a interação entre os dois programas anteriormente referi dos,

elementos finitos e Simulink. Esta interação está esquematizada no fluxograma da Figura 30,

onde se verifica que o primeiro passo é a simulação do gerador em vazio, 𝐼𝐼𝑛(𝑡) = 0, realizada

através do programa eletromagnético por elementos finitos por forma a obter a tensão em vaz io,

𝑉𝐼𝑛(𝑡). Em seguida, simula-se no software Simulink onde se encontram o conversor e a carga

trifásica, obtendo-se a onda de corrente aos terminais do gerador 𝐼𝐼𝑛(𝑡) que, por sua vez, é

inserida no programa eletromagnético por elementos finitos e imposta aos condutores do

gerador. A partir deste primeiro ciclo, procede-se à simulação dos dois programas de forma

cíclica até se garantir que os perfis de tensão e corrente são idênticos em iterações consecuti vas.

Este processo é semelhante ao verificado na resolução de equações não lineares.

Figura 30 – Esquema representativo do modelo eletromagnético utilizado .

Por seu turno, o modelo térmico consiste na simulação da geometria da máquina em causa,

através do programa térmico por elementos finitos, partindo também de uma geometri a

bidimensional. Esta simulação é efetuada em regime estacionário, ao contrário do que ocorre no

modelo eletromagnético.

𝑉𝐼𝑛(𝑡) 𝐼𝐼𝑛(𝑡)

𝐼𝐼𝑛(𝑡) = 0

Programa eletromagnético por

elementos finitos 2D

(gerador síncrono de magnetos

permanentes)

Fim

Simulink

(conversor eletrónico + carga trifásica)

Page 67: Gerador elétrico de estator rotativo com magnetos permanentes … · Gerador elétrico de estator rotativo com magnetos permanentes e rotor fixo com enrolamentos concentrados: Análise

49

4.2. Condições a cumprir nos modelos eletromagnético e térmico

De modo garantir a longevidade o desempenho do gerador é necessário assegurar que este

opere dentro de alguns limites. Pretende-se no presente subcapítulo enumerar os

constrangimentos que garantem o bom funcionamento eletromagnét ico e térmico do gerado r,

que são elementos essenciais a ter em linha de conta no seu dimensionamento.

4.2.1. Modelo eletromagnético: constrangimentos

Nesta secção, abordam-se sete constrangimentos que asseguram o desempenho

eletromagnético do gerador. Os primeiros destes constrangimentos estão relacionados com a

densidade de fluxo magnético no material ferromagnét ico macio do induzido e indutor. Como

explicitado na secção 2.4.2, é conveniente que o valor destas grandezas esteja situado na

vizinhança do “joelho” da curva BH da Figura 6, 𝐵𝐽 , que no presente caso é aproximadament e

igual a 1,35 T. Esta condição permite, por um lado, que a onda de força eletromotriz não se

encontre deformada pela saturação magnética, e por outro, que a máquina não se encontre

sobredimensionada. Estes requisitos são expressos pelas equações (84) e (85), onde 𝐵𝐼𝑑𝑧 e 𝐵𝐼𝑑𝑡

são as densidades de fluxo magnético dos materiais ferromagnéticos macios do induzido e

indutor, respetivamente. Como referido na secção 3.3.2, para uma velocidade de rotação nominal

e para um valor de carga nominais, o cumprimento destas condições está relacionado com o

correto dimensionamento das variáveis geométricas do gerador, abordadas na Figura 15. Caso

estas condições não se verifiquem, a geometria terá de ser ajustada.

𝐵𝐼𝑑𝑧 ≤ 𝐵𝐽 (84)

𝐵𝐼𝑑𝑡 ≤ 𝐵𝐽 (85)

O próximo constrangimento está relacionado com o facto do espaço físico de uma cava ser

limitado, o que implica que o número de condutores por cava também o será. Assim sendo, deve

ser respeitada a condição (86) onde 𝑁𝑆 e 𝑁𝑃 são, respetivamente, o número de condutores em

série e o número de circuitos em paralelo numa cava, 𝑁𝑀𝑎𝑥 é o número máximo de condutores

por cava, 𝐴𝑟𝑒𝑎𝐶𝑜𝑛𝑑 é a secção transversal de um condutor, 𝐴𝑟𝑒𝑎𝑆𝑙𝑜𝑡 é a área da cava e 𝐾𝑐𝑢 é o

seu coeficiente de utilização. Este coeficiente está relacionado com o facto de os condutores não

conseguirem ocupar toda a área disponível na cava, uma vez que por um lado existe sempre

uma percentagem de ar entre eles e por outro necessita de ser alocado espaço ao seu isolament o

dielétrico. O parâmetro 𝐾𝑐𝑢 representa a proporção da área disponível na cava que é ocupada

pelos condutores de cobre. O seu valor típico varia entre 0,3 e 0,7 [41]; assumiu-se neste trabalho

o valor médio de 0,5.

Page 68: Gerador elétrico de estator rotativo com magnetos permanentes … · Gerador elétrico de estator rotativo com magnetos permanentes e rotor fixo com enrolamentos concentrados: Análise

50

𝑁𝑆 ∙ 𝑁𝑃 ≤𝐾𝑐𝑢 𝐴𝑟𝑒𝑎𝑆𝑙𝑜𝑡𝐴𝑟𝑒𝑎𝐶𝑜𝑛𝑑

= 𝑁𝑀𝑎𝑥 (86)

O terceiro constrangimento a ser verificado, consiste na limitação do valor máximo da tensão

aos terminais do gerador. Tal como mencionado na secção 3.1, pretende-se dimensionar um

gerador que apresente um valor máximo de tensão inferior a 1 kV; deste modo evita-se a

necessidade da colocação de filtros 𝑑𝑉/𝑑𝑡, isto é, filtros que evitem elevados aumentos da

amplitude da tensão num curto intervalo de tempo [32]. Esta condição pode ser expressa pela

inequação (87), onde 𝑉𝐺𝑒𝑟𝑀𝑎𝑥 é o valor máximo da tensão aos terminais do gerador. Caso esta

condição não se verifique, deve proceder-se à diminuição do valor do número de enrolament os

em série 𝑁𝑠.

𝑉𝐺𝑒𝑟𝑀𝑎𝑥 < 1 kV (87)

Deve também ser verificado que a potência ativa entregue à carga corresponda a 20 kW,

expressão (88). Uma vez que estamos na presença de uma carga inserida num sistema

sinusoidal equilibrado, e visto que esta foi dimensionada para operar com os valores de potênc ia

em questão, a presente condição garante também que o valor eficaz de tensão entregue à carga

corresponde a 230 V. Caso 𝑃𝐶 < 20 kW, deve diminuir-se a profundidade, 𝐷, do gerador; caso

𝑃𝐶 > 20 kW, deve proceder-se ao aumento de 𝐷.

𝑃𝐶 = 20 kW (88)

O seguinte constrangimento está relacionado com a conservação da capacidade de os

magnetos operarem sem ocorrênc ia de perdas irrevers íveis na sua capacidade de magnetizaç ão.

Como já foi referido na secção 2.4.1, a densidade de fluxo magnético nos magnetos, 𝐵𝑀𝑎𝑔 , deve

ser superior à densidade de fluxo magnético verificada no “joelho” (caso este joelho exista) da

sua curva de desmagnetização, ilustrada na Figura 5. Essa condição está expressa pela

inequação (89) para uma temperatura de 135℃. No caso da ocorrência de (89) deve procede r -

se à diminuição do número de condutores em série por cava, 𝑁𝑆.

𝐵𝑀𝑎𝑔 > 0,35 T (89)

O último constrangimento está relacionado com a forma de onda de tensão do gerador. Sabe-

se que o fluxo magnético é o resultado da interação da geometria do gerador com as forças

magnetomotrizes que, por sua vez, são produzidas pelos magnetos permanentes e pela corrente

que percorre os enrolamentos da máquina. Sabe-se também que a tensão aos terminais do

gerador é proporcional à derivada temporal do fluxo ligado com os condutores, (61), pelo que se

conclui que a tensão no gerador depende em parte da corrente que o percorre em carga. Por

Page 69: Gerador elétrico de estator rotativo com magnetos permanentes … · Gerador elétrico de estator rotativo com magnetos permanentes e rotor fixo com enrolamentos concentrados: Análise

51

outro lado, sabe-se também que a corrente que circula no gerador depende da tensão aos seus

terminais.

Não sendo necessário que a forma de onda da tensão aos terminais do gerador seja

sinusoidal, já que o conversor de potência e os seus filtros o garantem à carga, é necessári o

garantir que a corrente que circula no gerador não tenha uma influênc ia excessiva no seu fluxo

magnético, isto porque, devido à interdependênc ia das formas de onda de tensão e corrente,

este facto implicaria a modificação permanente destas mesmas formas de onda, resultando no

aparecimento de cada vez mais harmónicas de alta frequênc ia na sua constituição, como se pode

verificar na Figura 31. Considerou-se 200 Hz como máximo limite para alta frequência e 5 como

o número limite de harmónicas significantes no sinal, condição (90). Na análise espetral

associada à condição (90) foram apenas consideradas as componentes de maior influênc ia, isto

é, foram somente consideradas as harmónicas com amplitude pelo menos 5% superior à

componente fundamental. Caso a condição (90) não se verifique deve proceder-se à diminuição

do número de condutores em série por cava, 𝑁𝑆.

𝑁º𝐻𝑎𝑟𝑚𝑆𝑢𝑝200𝐻𝑧

< 5 (90)

Figura 31 - Onda de tensão com elevada distorção harmónica.

A Figura 32 apresenta a decomposição em harmónicas da onda de tensão representada na

Figura 31. Tendo em consideração que a máquina apresenta 8 pares de polos e que esta roda a

100 rpm , verifica-se após a aplicação de (1), que a harmónica fundamental da Figura 31

corresponde a 13,33 Hz e que a sua décima quinta harmónica corresponde a 200 Hz. Uma vez

que na Figura 32 existem 11 harmónicas com frequência superior a 200 Hz conclui-se que a

condição (90) não é cumprida para a onda de elevada distorção harmónica.

Page 70: Gerador elétrico de estator rotativo com magnetos permanentes … · Gerador elétrico de estator rotativo com magnetos permanentes e rotor fixo com enrolamentos concentrados: Análise

52

Figura 32 - Análise espetral da onda de tensão com elevada distorção harmónica.

Para reduzir a influência da corrente que circula no gerador na sua onda de tensão, reduz indo

o aparecimento de formas de ondas semelhantes à que se encontra na Figura 31, foi colocado o

filtro constituído pela bobina, 𝐿𝑓𝐼𝑛 , à saída do gerador, observável na Figura 28. Ainda que por

um lado, o aumento do valor deste filtro evite que a onda de corrente apresente amplitudes tão

elevadas, por outro, aumenta o valor de tensão no gerador, uma vez que, impõe uma queda de

tensão aos seus terminais. Este filtro foi dimensionado segundo (91), [38].

2 𝜋 𝑓 𝐿𝑓𝐼𝑛 = 0,03 𝑅𝑓𝑖𝑐 (91)

4.2.2. Modelo térmico: constrangimentos

Existem dois constrangimentos térmicos a respeitar. O primeiro está relacionado com a

manutenção da capacidade de magnetização por parte dos magnetos permanentes, mencionada

na secção 2.4.1, que refere que a temperatura dos magnetos, 𝑇𝑀𝑎𝑔 , deverá ser inferior à sua

temperatura máxima de operação. Esta condição pode ser expressa pela equação (92) onde foi

considerada uma margem de segurança de 15℃ em relação à temperatura máxima de operação

dos magnetos permanentes. Caso a condição (92) não se verifique, deve proceder-se ao

aumento do número de circuitos em paralelo por cava, 𝑁𝑃, de modo a diminuir as perdas nos

condutores. Este processo pode, contudo, conduzir ainda a um ajuste do número de condutores

em série, 𝑁𝑠, segundo a relação (86) que deve ser cumprida.

𝑇𝑀𝑎𝑔 < 135 ℃ (92)

O segundo constrangimento diz respeito à temperatura no isolamento dos condutores. Estes

apresentam um valor de temperatura máximo de operação, o qual também irá definir a classe

térmica do isolamento dielétrico do gerador. De modo a preservar o isolamento do condutor, é

Page 71: Gerador elétrico de estator rotativo com magnetos permanentes … · Gerador elétrico de estator rotativo com magnetos permanentes e rotor fixo com enrolamentos concentrados: Análise

53

então necessário ser verificada a condição (93), onde 𝑇𝐶𝑜𝑛𝑑 é a temperatura no isolamento dos

condutores. Caso esta condição não se verifique, deve proceder -se ao aumento do número de

circuitos em paralelo por cava, 𝑁𝑃, de modo a reduzir os valores de corrente.

𝑇𝐶𝑜𝑛𝑑 < 180 ℃ (93)

4.3. Algoritmo de otimização para o dimensionamento do gerador de magnetos permanentes

Neste capítulo explicitam-se as variáveis comuns e interdependentes no que diz respeito aos

modelos eletromagnético e térmico. Posteriormente desenvolve-se o algoritmo de otimização

com vista ao dimensionamento do gerador.

4.3.1. Interligação entre variáveis dos modelos eletromagnético e térmico

Figura 33 - Esquema de interligação entre variáveis dos modelos eletromagnético e térmico.

Devido à elevada diferença entre os valores das constantes de tempo térmicas e

eletromagnéticas, é possível realizar as simulações destes modelos separadamente. Pelo que à

partida se poderia supor, que o dimensionamento do gerador será realizado, numa primeira fase

simulando o modelo eletromagnético as vezes necessárias até que este cumpra todos os

constrangimentos eletromagnét icos pretendidos e, numa segunda fase, simulando o modelo

𝑇𝐶𝑜𝑛𝑑

Modelo

Eletromagnético

𝐷

𝑁𝑆

𝑁𝑃

𝐵𝑟

𝜌𝑐𝑢

Verificação das

condições:

(84) 𝑎 (90)

𝐷

𝑃𝐼𝑑𝑡

𝑃𝐼𝑑𝑧

𝑃𝑀𝑎𝑔

𝑃𝑐𝑢

Modelo Térmico

Verificação das

condições:

(92) 𝑒 (93)

𝑇𝑀𝑎𝑔

Page 72: Gerador elétrico de estator rotativo com magnetos permanentes … · Gerador elétrico de estator rotativo com magnetos permanentes e rotor fixo com enrolamentos concentrados: Análise

54

térmico, ajustando os parâmetros térmicos separadamente. Constata-se porém que este

processo não é viável, uma vez que, por um lado, estes modelos dependem de variáveis comuns,

por outro, para se assegurar o cumprimento dos diferentes constrangimentos necessários para

um determinado modelo, terá de se atuar em variáveis que afetarão o outro.

Assim, considerando uma geometria bidimensional, a velocidade de rotação do gerado r

constante e também constantes as características dos materiais, os parâmetros a ajustar em

cada modelo de modo a que estes cumpram os requisitos necessários, estão indicados na Figura

33. Nesta figura, 𝑃𝑐𝑢 e 𝑃𝑀𝑎𝑔 representam as potências de perdas nos condutores de cobre e nos

magnetos respetivamente, 𝑃𝐼𝑑𝑧 e 𝑃𝐼𝑑𝑡 representam as perdas nos materiais ferromagnét i cos

macios do induzido e indutor. As setas que entram num modelo representam os parâmetros de

entrada e as que saem deste representam as variáveis de saída. Por outro lado, as setas que

interligam parâmetros representam a interdependênc ia destas variáveis. Verifica-se que o

parâmetro comum aos dois modelos é a profundidade do gerador, 𝐷. Constata-se também que,

por um lado, é necessário saber a temperatura dos magnetos, 𝑇𝑀𝑎𝑔 , para se determinar a

densidade de fluxo magnético residual por estes produzida, 𝐵𝑟, e por outro, é necessário saber

a temperatura nos condutores, 𝑇𝐶𝑜𝑛𝑑 , de modo a determinar o valor da sua resistividade, 𝜌𝑐𝑢 , que

possibilita a determinação da sua resistência e, consequentemente, das perdas produzidas por

este elemento.

Figura 34 - Esquema de interligação entre as variáveis dos modelos eletromagnético e térmico após fixação da temperatura dos magnetos permanentes e dos condutores de cobre .

Modelo

Eletromagnético

𝐷

𝑁𝑆

𝑁𝑃

Verificação das

condições:

(84) 𝑎 (90)

𝐷

𝑃𝐼𝑑𝑡

𝑃𝐼𝑑𝑧

𝑃𝑀𝑎𝑔

𝑃𝑐𝑢

Modelo Térmico

Verificação das

condições:

(92) 𝑒 (93)

Page 73: Gerador elétrico de estator rotativo com magnetos permanentes … · Gerador elétrico de estator rotativo com magnetos permanentes e rotor fixo com enrolamentos concentrados: Análise

55

Contudo, verifica-se ser possível efetuar algumas simplificações relativamente ao esquema

da Figura 33. Sabe-se, que a temperatura nos magnetos não deve ultrapassar a sua temperatu ra

máxima de operação, uma vez que, uma temperatura superior viola o requisito (92) e uma

temperatura muito inferior indicia que a máquina se encontra sobredimens ionada. Com este

conhecimento, é possível fixar o parâmetro 𝐵𝑟 assumindo que a sua temperatura nos magnetos

corresponde a 135℃ . Recorrendo ao conhecimento retirado de simulações previam ent e

realizadas sabe-se também que a temperatura nos condutores deve rondar os 155℃ . Assim

sendo, é possível fixar também o parâmetro 𝜌𝑐𝑢 . Após estas simplificações obtém-se um novo

esquema ilustrado pela Figura 34. É de notar que embora seja expectável que as temperatu ras

dos magnetos permanentes e dos condutores de cobre se aproximem dos 135℃ e dos 155℃

respetivamente, no caso da ocorrência de temperaturas inferiores os valores de 𝐵𝑟 e 𝜌𝑐𝑢 não

apresentam uma variação significativa como se pode ver pelos gráficos apresentados no Anexo

II. É ainda de mencionar que o programa por elementos finitos faz uso da densidade de fluxo

magnético residual nos magnetos permanentes, assumindo também que a sua permeabil i dade

magnética se mantém constante e igual a 4,2 𝜋×10−7H/m.

4.3.2. Algoritmo de otimização

Devido ao facto da simulação do gerador exigir diferentes programas, e dos modelos

eletromagnético e térmico necessitarem de ser simulados de modo acoplado, decidiu-se utilizar

um programa por elementos finitos que permite a sua utilização através do software MATLAB,

que, por sua vez, também se interliga ao programa simulink. O uso integrado das três platafo rm as

é possível através da parametrização do programa por elementos finitos utilizando uma

linguagem própria baseada em Java, [42].

Assim sendo e tendo em consideração os requisitos a cumprir, desenvolveu-se o algoritmo

de dimensionamento do gerador cujo fluxograma está representado na Figura 35. Este algoritm o,

começa com a inicialização de algumas variáveis. Seguidamente, é simulado o modelo

eletromagnético da Figura 30, seguido da verificação dos constrangimentos: (86) a (90). No caso

do seu incumprimento, é alterado o valor do número de enrolam entos em série, 𝑁𝑆. Caso

contrário procede-se à verificação da potência ativa na carga, ajustando o valor da profundi dade

do gerador, 𝐷, até que esta potência se encontre dentro do intervalo desejado. Este processo de

simulação do modelo eletromagnético em conjunto com a variação da profundidade do gerado r

é repetido para diferentes valores de 𝑁𝑆 até que se obtenha o mínimo valor deste parâmetro que

cumpra os constrangimentos (86) a (90).

Page 74: Gerador elétrico de estator rotativo com magnetos permanentes … · Gerador elétrico de estator rotativo com magnetos permanentes e rotor fixo com enrolamentos concentrados: Análise

56

Sim

Sim

Não

Sim

Não Não

Sim

Sim

Não

Início

𝐷 = 0,5 m; 𝑁𝑃 = 1; 𝑁𝑆𝑢𝑝 = 𝑁𝑀𝑎𝑥; 𝑁𝐼𝑛𝑓 = 1; 𝑁𝑆 = 𝑁𝑀𝑎𝑥

𝐷𝑆𝑢𝑝 = 0 m; 𝐷𝐼𝑛𝑓 = 0 m; 𝜖𝐷 = 0,1 m; 𝜖𝑃 = 100 W;

Variáveis geométricas

𝑁𝑆𝑢𝑝 = 𝑁𝑆; 𝐷𝑆𝑢𝑝 = 0; 𝐷𝐼𝑛𝑓 = 0;

𝑁𝑠 = 𝑓𝑙𝑜𝑜𝑟(𝑁𝑆𝑢𝑝 + 𝑁𝐼𝑛𝑓)/2

𝑃𝐶 < 20 𝐾𝑊 𝑃𝐶 > 20 𝐾𝑊 + 𝜖𝑃

Modelo Eletromagnético

ห𝑁𝑆𝑢𝑝 − 𝑁𝐼𝑛𝑓ห > 1

[(𝑃𝐶 ≤ 20 𝐾𝑊 + 𝜖𝑃 ) 𝑒

(𝑉𝐺𝑒𝑟𝑀𝑎𝑥 > 1 𝐾𝑉 𝑜𝑢

𝑜𝑢 𝑁º𝐻𝑎𝑟𝑚𝑆𝑢𝑝200𝐻𝑧> 5 𝑜𝑢

𝐵𝑀𝑎𝑔 < 0,35 𝑇]

𝐷𝐼𝑛𝑓 = 𝐷

𝐷𝑆𝑢𝑝 = 0 𝐷𝐼𝑛𝑓 = 0 𝐷 = (𝐷𝑆𝑢𝑝 + 𝐷𝐼𝑛𝑓 )/2

𝐷𝑆𝑢𝑝 = 𝐷

𝐷 = 𝐷 + 𝜖𝐷 𝐷 = 𝐷 − 𝜖𝐷

Page 75: Gerador elétrico de estator rotativo com magnetos permanentes … · Gerador elétrico de estator rotativo com magnetos permanentes e rotor fixo com enrolamentos concentrados: Análise

57

Figura 35 - Fluxograma representativo do algoritmo de simulação do gerador de magnetos permanentes.

Não

Sim

Não

Sim

Sim

Não

𝑃𝐶 ≥ 20 𝐾𝑊 𝑒

𝑃𝐶 ≤ 20 𝐾𝑊 + 𝜖𝑃

𝑁𝑈𝑠𝑜 = 𝑁𝑆; 𝑁𝐼𝑛𝑓 = 𝑁𝑆;𝐷𝑆𝑢𝑝 = 0;

𝑁𝑆 =𝑓𝑙𝑜𝑜𝑟 (𝑁𝑆𝑢𝑝 + 𝑁𝐼𝑛𝑓)

2;𝐷𝐼𝑛𝑓 = 0;

𝑇𝑀𝑎𝑔 = 200 ℃; 𝑇𝑐𝑢 = 200 ℃; 𝑁𝑆 = 𝑁𝑈𝑠𝑜

𝑇𝑀𝑎𝑔𝑈𝑠𝑜 = 0; 𝑇𝐶𝑜𝑛𝑑𝑈𝑠𝑜 = 0; 𝑁𝑃 = 𝑓𝑙𝑜𝑜𝑟(𝑁𝑀𝑎𝑥/𝑁𝑆)

Modelo Eletromagnético

Modelo Térmico

𝑇𝑀𝑎𝑔 > 135℃ 𝑜𝑢

𝑇𝐶𝑜𝑛𝑑𝑈𝑠𝑜 > 180 ℃

𝑇𝑀𝑎𝑔𝑈𝑠𝑜 = 𝑇𝑀𝑎𝑔 ; 𝑇𝐶𝑜𝑛𝑑𝑈𝑠𝑜 = 𝑇𝐶𝑜𝑛𝑑

𝑁𝑃𝑈𝑠𝑜 = 𝑁𝑃 ; 𝑁𝑃 = 𝑁𝑃 − 1;

𝑇𝑀𝑎𝑔𝑈𝑠𝑜 = 0 𝑜𝑢

𝑇𝐶𝑜𝑛𝑑𝑈𝑠𝑜 = 0

𝑁𝑆 = 𝑁𝑆 − 1;

𝑁𝑆𝑢𝑝 = 𝑁𝑆 + 1

𝑁𝐼𝑛𝑓 = 𝑁𝑆 − 2

𝐷𝑆𝑢𝑝 = 0; 𝐷𝐼𝑛𝑓 = 0;

𝑇𝑀𝑎𝑔 = 𝑇𝑀𝑎𝑔𝑈𝑠𝑜; 𝑇𝐶𝑜𝑛𝑑 = 𝑇𝐶𝑜𝑛𝑑𝑈𝑠𝑜

𝑁𝑃 = 𝑁𝑃𝑈𝑠𝑜 ;

Fim

Sim

𝐵𝐼𝑑𝑧 ≤ 𝐵𝐽 𝑒

𝐵𝐼𝑑𝑡 ≤ 𝐵𝐽 Geometria válida

Geometria inválida

Page 76: Gerador elétrico de estator rotativo com magnetos permanentes … · Gerador elétrico de estator rotativo com magnetos permanentes e rotor fixo com enrolamentos concentrados: Análise

58

Subsequentemente, procede-se ao cálculo do número máximo admissível de circuitos em

paralelo, 𝑁𝑃, isto é, ao valor que cumpre a condição (86). Posteriormente é simulado o modelo

térmico, o qual fornece o valor das perdas ao modelo eletromagnético. Em seguida são

analisadas as condições térmicas. Caso as condições (92) e (93) sejam cumpridas é diminuída

consecutivamente a variável 𝑁𝑃 até se obter o mínimo valor desta variável que cumpra os

correspondentes requisitos. Caso contrário é aumentado o valor de 𝑁𝑃 o que implica uma

diminuição de 𝑁𝑆, segundo (86). Com este objetivo e já com o novo valor de 𝑁𝑆, é novam ent e

simulado o modelo eletromagnético alterando o valor da profundidade do gerador até que a

potência na carga esteja dentro do intervalo desejado. No momento em que se atinja o valor

desta potência, é de novo retomado o ciclo de procedimentos do início deste parágrafo até que

as condições eletromagnétic as e térmicas sejam cumpridas. Por último verificam-se as condições

(84), 𝐵𝐼𝑑𝑧 ≤ 𝐵𝐽 e (85), 𝐵𝐼𝑑𝑡 ≤ 𝐵𝐽 . No caso do seu cumprimento considera-se que a geometria é

válida. Caso contrário deve proceder-se à alteração da geometria do gerador.

O método utilizado para ajustar a profundidade do gerador e o número de enrolamentos em

série encontra-se descrito em mais detalhe no presente parágrafo. Tome-se como exemplo o

ajuste da profundidade do gerador. Verifica-se que esta variável começa por tomar um valor

incial arbitrário, o qual é usado na simulação inicial do modelo eletromagnético. Caso após esta

simulação a potência na carga apresente um valor superior ao desejado, o parâmetro 𝐷 é

considerado como o limite superior que esta variável pode tomar, 𝐷 = 𝐷𝑆𝑢𝑝 . De seguida diminui -

se o valor da profundidade do gerador até que se obtenha uma potência na carga inferior à

desejada, 𝐷 = 𝐷 − 𝜖𝐷 , momento em que se alcança o limite inferior que 𝐷 pode tomar, 𝐷 = 𝐷𝐼𝑛𝑓 .

Caso na simulação inicial se verifique que a potência na carga é inferior ao desejado são

aplicados os procedimentos inversos, isto é, determinando-se o limite inferior de 𝐷, 𝐷 = 𝐷𝐼𝑛𝑓 ,

seguido do aumento do valor desta variável, 𝐷 = 𝐷 +𝜖𝐷 , até que se verifique o valor de potênc ia

na carga superior ao desejado, obtendo-se assim o limite superior de 𝐷, 𝐷 = 𝐷𝑆𝑢𝑝 . Posteriorm ente

é simulado o modelo eletromagnético utilizando um valor de profundidade do gerado r

correspondente à média dos seus limites inferior e superior, que por sua vez são atualizad os no

fim de cada simulação. Quando se verificar que a potência na carga está dentro do interval o

desejado cessa-se o atual conjunto de procedimentos. Este mesmo método é aplicado com o

número de enrolamentos em série, com a nuance das variáveis 𝐷, 𝐷𝑆𝑢𝑝 e 𝐷𝐼𝑛𝑓 , serem substituídas

por 𝑁𝑆 , 𝑁𝑆𝑢𝑝 e 𝑁𝐼𝑛𝑓.

A função “𝑓𝑙𝑜𝑜𝑟 ”, presente no fluxograma da Figura 35, providencia o número inteiro

arredondado por defeito do valor que lhe for fornecido. As variáveis com o índice “Uso”: 𝑁𝑈𝑠𝑜,

𝑁𝑃𝑈𝑠𝑜, 𝑇𝑀𝑎𝑔𝑈𝑠𝑜 e 𝑇𝐶𝑜𝑛𝑑𝑈𝑠𝑜 , são variáveis auxiliares utilizadas pelo programa e que guardam o valor

do parâmetro em causa.

As variáveis geométricas referidas no fluxograma da Figura 30 são as variáveis que

sintetizam a geometria do gerador.

Page 77: Gerador elétrico de estator rotativo com magnetos permanentes … · Gerador elétrico de estator rotativo com magnetos permanentes e rotor fixo com enrolamentos concentrados: Análise

59

5. Resultados do estudo do gerador de magnetos permanentes

Neste capítulo abordam-se os resultados do estudo do gerador de magnetos permanent es

segundo os modelos e o processo de otimização apresentados no capítulo anterior. Começar -

se-á por definir as geometrias a simular. Seguidamente, será selecionada a geometria do gerado r

que apresente a ponderação entre a menor massa, menor volume e menor custo dos materiais .

Posteriormente, efetuar-se-á uma análise do gerador em vazio e em carga, tanto em termos

eletromagnéticos quanto em termos térmicos. Ainda nesta secção procede-se ao estudo da

operação do gerador sem uma das fases da carga, regime desequilibrado. Por último, estimar-

se-á o tempo de vida do gerador na sua condição nominal de operação.

5.1. Geometrias do gerador a analisar

De modo a assegurar que se obtém um gerador com reduzido volume, massa e custo

pretende-se analisar várias geometrias, procedimento este que permite a seleção daquela que

apresente características mais vantajosas em termos de reduzido volume, massa e custo dos

materiais. Estas geometrias incluem dois valores de pares de polos distintos, opção que por um

lado, permite a seleção do número de pares de polos que se comprove mais vantajoso, e por

outro, permite a validação dos resultados devido ao seu mais elevado número.

5.1.1. Variáveis geométricas

Optou-se por simular geometrias semelhantes à ilustrada na Figura 15 repetida na Figura 37.

No entanto, decidiu-se simular geometrias com diferentes peças polares do induzido de modo a

averiguar a que apresenta melhores resultados segundo os critérios referidos no parágra fo

anterior. As variáveis geométricas mencionadas no fluxograma da Figura 30 são as variáveis que

sintetizam o conjunto de geometria: ℎ𝐼𝑑𝑡, ℎ𝑀𝑃 , ℎ𝐸𝐹 , ℎ𝐼𝑑𝑧 , ℎ𝑉𝑒𝑖𝑜 , 𝛼𝑀𝑎𝑔 , 𝛼𝐼𝑑𝑧 e 𝑝𝑃𝑜𝑙𝑎𝑟 , e à exceção da

última, encontram-se ilustradas na Figura 36. O parâmetro 𝑝𝑃𝑜𝑙𝑎𝑟 toma o valor 0 quando a peça

polar tem o formato ilustrado pela Figura 37, e toma o valor de 1 quando esta tem o formato

ilustrado pela Figura 36.

No que diz respeito à atribuição de valores a estas variáveis, constata-se que nem todas

devem ser alteradas na formação de novas geometrias . A variável ℎ𝑉𝑒𝑖𝑜 foi dimensionada para a

potência e velocidade nominais segundo a equação (3), pelo que se conclui que esta deve tomar

sempre o mesmo valor, ou seja, 35 mm. Como já foi mencionado na secção 3.3.2, as variáveis

ℎ𝐼𝑑𝑡 e ℎ𝑀𝑃 devem ser dimensionadas de modo a que densidade de fluxo magnético nos materiais

ferromagnét icos macios do indutor e induzido, respetivamente, se aproximem do valor verifi cado

no “joelho” da curva BH deste material, que no caso, corresponde a 1,35 T. A última destas

variáveis não propícia a alterações é ℎ𝐸𝐹 , que como já foi referido foi fixada em 1 mm, um valor

Page 78: Gerador elétrico de estator rotativo com magnetos permanentes … · Gerador elétrico de estator rotativo com magnetos permanentes e rotor fixo com enrolamentos concentrados: Análise

60

reduzido uma vez que este parâmetro é necessário mecanicamente para a rotação da máquina,

contudo apenas tem efeitos nefastos na análise eletromagnética.

Figura 36 - Principais variáveis que representam a geometria do gerador, PPolar=1.

Figura 37 - Principais variáveis que representam a geometria do gerador, PPolar=0.

ℎ𝑉𝑒𝑖𝑜

ℎ𝑀𝑃

ℎ𝐸𝐹

ℎ𝐼𝑑𝑧

ℎ𝐼𝑑𝑡

𝛼𝑀𝑎𝑔 𝛼𝐼𝑑𝑧

ℎ𝑉𝑒𝑖𝑜

ℎ𝑀𝑃

ℎ𝐸𝐹

ℎ𝐼𝑑𝑧

ℎ𝐼𝑑𝑡

𝛼𝑀𝑎𝑔 𝛼𝐼𝑑𝑧

Page 79: Gerador elétrico de estator rotativo com magnetos permanentes … · Gerador elétrico de estator rotativo com magnetos permanentes e rotor fixo com enrolamentos concentrados: Análise

61

Tabela 7 - Variáveis geométricas das geometrias simuladas com 10 pares de polos.

Geometria 𝒉𝑰𝒅𝒛 [𝐦𝐦] 𝒉𝑴𝑷 [𝐦𝐦] 𝒉𝑰𝒅𝒕 [𝐦𝐦] 𝜶𝑰𝒅𝒛 [°] 𝜶𝑴𝒂𝒈 [°] 𝑷𝒑𝒐𝒍𝒂𝒓 𝒑

𝟏 196 60 13 5,7 5,7 0 10

𝟐 201 56 12 5,7 5,7 1 10

𝟑 250 4 15 5,7 10,8 0 10

𝟒 252 2 15 5,7 10,8 1 10

𝟓 196 56 17 8,1 8,1 0 10

𝟔 200 52 17 8,1 8,1 1 10

𝟕 243 7 19 8,1 10,8 0 10

𝟖 243 6 20 8,1 10,8 1 10

𝟗 149 38 12 5,7 5,7 0 10

𝟏𝟎 127 60 12 5,7 5,7 1 10

𝟏𝟏 184 4 11 5,7 10,8 0 10

𝟏𝟐 186 2 11 5,7 10,8 1 10

𝟏𝟑 152 34 13 8,1 8,1 0 10

𝟏𝟒 145 42 12 8,1 8,1 1 10

𝟏𝟓 178 7 14 8,1 10,8 0 10

𝟏𝟔 180 5 14 8,1 10,8 1 10

Conclui-se então que as variáveis geométricas a alterar são: ℎ𝐼𝑑𝑧 , 𝛼𝑀𝑎𝑔, 𝛼𝐼𝑑𝑧 e 𝑃𝑝𝑜𝑙𝑎𝑟 . Decidiu-

se atribuir dois valores a cada uma destas variáveis de modo a inferir o efeito destes parâmet ros

na análise eletromagnética e térmica do gerador por elas constituído.

Ao parâmetro 𝑃𝑝𝑜𝑙𝑎𝑟 , foram atribuídos os valores, 1 e 0. À variável 𝛼𝐼𝑑𝑧 foram atribuídos dois

valores angulares em função do ângulo máximo possível que esta variável pode ocupar, ou seja,

𝜋

𝑝 rad . O primeiro destes valores é 0,32

𝜋

𝑝 𝑟𝑎𝑑 e o segundo 0,455

𝜋

𝑝 𝑟𝑎𝑑 . Ao atribuir valores à

variável 𝛼𝐼𝑑𝑧 em função do número de pares de polos garante-se que, embora os valores desta

variável sejam distintos em ângulo, são iguais em proporção para diferentes pares de polos. Os

valores atribuídos a 𝛼𝐼𝑑𝑧 têm um elevado impacto no dimensionamento do gerador uma vez que,

por um lado, um reduzido valor viabiliza o emprego de um número mais elevado de condutores,

tanto em série como em paralelo. Por outro, um elevado valor de 𝛼𝐼𝑑𝑧 permite a obtenção de um

maior valor de fluxo por espira.

No que diz respeito à variável 𝛼𝑀𝑎𝑔 , foram-lhe também atribuídos dois valores de base em

função do número de pares de polos 0,32𝜋

𝑝 𝑟𝑎𝑑 e 0,6

𝜋

𝑝 𝑟𝑎𝑑. No entanto, nas situações onde se

verificar que 𝛼𝐼𝑑𝑧 é superior a 𝛼𝑀𝑎𝑔 , alterar-se-á o valor desta variável para um terceiro valor, de

modo a garantir que o ângulo do magneto seja igual ou superior ao ângulo do induzido, isto é,

Page 80: Gerador elétrico de estator rotativo com magnetos permanentes … · Gerador elétrico de estator rotativo com magnetos permanentes e rotor fixo com enrolamentos concentrados: Análise

62

se 𝛼𝐼𝑑𝑧 > 𝛼𝑀𝑃 então 𝛼𝑀𝑃 = 𝛼𝐼𝑑𝑧. Com esta alteração garante-se a obtenção de resultados mais

satisfatórios. Por fim, refere-se que a variável ℎ𝐼𝑑𝑧 foi parametrizada de modo a que o diâmetro

da geometria bidimensional da máquina correspondesse a 0,54 m e 0,4 m, possibilitando a

simulação de máquinas com o mesmo diâmetro.

Conclui-se então que se está na presença de quatro variáveis passíveis de se alterar, ℎ𝐼𝑑𝑧 ,

𝛼𝐼𝑑𝑧 , 𝛼𝑀𝑎𝑔 e 𝑃𝑃𝑜𝑙𝑎𝑟 , e que a cada uma delas lhe foi atribuído dois valores distintos. Por

conseguinte, conclui-se que o número de geometrias a simular é obtido através da combinação

destas quatro variáveis, resultando em 16 geometrias por par de polos, ou, 32 geometrias totais .

Os pares de polos selecionados foram 10 e 8.

A Tabela 7 apresenta as variáveis geométricas que constituem as geometrias com 10 pares

de polos ao passo que a Tabela 8 apresenta as geometrias com 8 pares de polos. De modo a

facilitar a nomenclatura de cada geometria optou-se por lhe atribuir um número representat i vo.

As geometrias simuladas com 10 pares de polos foram então numeradas de 1 a 16, ao passo

que, as geometrias constituídas por 8 pares de polos foram numeradas de 17 a 32.

Tabela 8 - Variáveis geométricas das geometrias simuladas com 8 pares de polos.

Geometria 𝒉𝑰𝒅𝒛 [𝐦𝐦] 𝒉𝑴𝑷 [𝐦𝐦] 𝒉𝑰𝒅𝒕 [𝐦𝐦] 𝜶𝑰𝒅𝒛 [°] 𝜶𝑴𝒂𝒈 [°] 𝑷𝒑𝒐𝒍𝒂𝒓 𝒑

𝟏𝟕 195 58 16 7,2 7,2 0 8

𝟏𝟖 210 43 16 7,2 7,2 1 8

𝟏𝟗 247 4 18 7,2 13,5 0 8

𝟐𝟎 248 3 18 7,2 13,5 1 8

𝟐𝟏 200 49 20 10,2 10,2 0 8

𝟐𝟐 208 41 20 10,2 10,2 1 8

𝟐𝟑 239 7 23 10,2 13,5 0 8

𝟐𝟒 241 5 23 10,2 13,5 1 8

𝟐𝟓 127 60 12 7,2 7,2 0 8

𝟐𝟔 152 35 12 7,2 7,2 1 8

𝟐𝟕 181 4 14 7,2 13,5 0 8

𝟐𝟖 184 2 13 7,2 13,5 1 8

𝟐𝟗 137 47 15 10,2 10,2 0 8

𝟑𝟎 150 34 15 10,2 10,2 1 8

𝟑𝟏 175 6 18 10,2 13,5 0 8

𝟑𝟐 177 5 17 10,2 13,5 1 8

As característ icas mais importantes resultantes da simulação da cada uma destas geometri as

encontram-se expressas no Anexo III.

Page 81: Gerador elétrico de estator rotativo com magnetos permanentes … · Gerador elétrico de estator rotativo com magnetos permanentes e rotor fixo com enrolamentos concentrados: Análise

63

5.1.2. Geometria selecionada para o gerador síncrono de magnetos permanentes

As geometrias descritas na secção anterior foram simuladas de acordo com o algoritmo da

Figura 35. Como já foi mencionado os critérios de seleção da geometria do gerador são o volum e,

massa e custo dos principais materiais constituintes do gerador.

A Figura 38 ilustra o custo dos materiais constituintes dos magnetos permanentes, veio,

condutores de cobre e material ferromagnético macio do induzido. Após a análise desta figura

conclui-se que a geometria com menor custo, é a geometria 8, perfazendo aproximadam ent e

5100 €. Esta geometria apresenta também o menor volume de entre as 32 simuladas, como é

visível pela Figura 39, apresentando um volume de 0,11 m3. Todavia a geometria com menor

massa é a geometria 18 com 740 kg.

Figura 38 - Custo dos materiais constituintes dos magnetos permanentes, veio, condutores de cobre e material ferromagnético macio para cada geometria do gerador.

Figura 39 - Volume de cada geometria do gerador.

Page 82: Gerador elétrico de estator rotativo com magnetos permanentes … · Gerador elétrico de estator rotativo com magnetos permanentes e rotor fixo com enrolamentos concentrados: Análise

64

Figura 40 - Massa de cada geometria do gerador.

A geometria 18 apresenta uma menor massa e um maior volume que a geometria 8 uma vez

que esta última apresenta na sua constituição uma maior percentagem de materiais com menor

densidade mássica e maior preço específico, nomeadamente, condutores de cobre e magnetos

permanentes. Selecionou-se a geometria número 8 como a mais indicada para a construção do

gerador, visto que, esta é 118% mais barata que a número 18, sendo apenas 1% mais pesada.

Os valores das variáveis que sintetizam a geometria escolhida com 10 pares de polos encontram -

se expressos na Tabela 9. A Figura 41 apresenta um aspeto final do gerador, visualizando-se os

magnetos e a sua distribuição, o eixo de suporte ao gerador, além do induzido e do indutor.

Figura 41 - Geometria do gerador de magnetos permanentes selecionada.

Page 83: Gerador elétrico de estator rotativo com magnetos permanentes … · Gerador elétrico de estator rotativo com magnetos permanentes e rotor fixo com enrolamentos concentrados: Análise

65

Tabela 9 - Valor das variáveis geométricas que constituem a geometria selecionada do gerador de magnetos permanentes.

𝒉𝑰𝒅𝒛 [𝐦𝐦] 𝒉𝑴𝑷 [𝐦𝐦] 𝒉𝑰𝒅𝒕 [𝐦𝐦] 𝜶𝑰𝒅𝒛 [°] 𝜶𝑴𝒂𝒈 [°] 𝒑𝑷𝒐𝒍𝒂𝒓 𝑫 [𝐦𝐦] 𝒑

243 6 20 8,1 10,8 1 480 10

5.2. Funcionamento em vazio

Após a determinação da geometria a utilizar, procede-se ao estudo do comportamento do

gerador a operar em vazio. A primeira grandeza a analisar é a distribuição da densidade de fluxo

magnético no gerador. Esta distribuição encontra -se ilustrada na Figura 42 para uma posição

angular, onde a escala colorida representa a intensidade da densidade de fluxo magnético e as

linhas pretas representam as linhas de potencial magnético. Nesta figura, o campo magnét ico é

apenas criado pelos magnetos permanentes, uma vez que na análise em vazio não existem

correntes a circular nos condutores do gerador. Da análise da Figura 42, é ainda possível

observar que as condições (84) e (85), ou seja 𝐵𝐼𝑑𝑡 ≤ 𝐵𝐽 e 𝐵𝐼𝑑𝑧 ≤ 𝐵𝐽 são cumpridas. Por último,

destaca-se o facto da existência de uma zona do material ferromagnét ico do induzido onde a

densidade de fluxo magnético é reduzida, isto é, inferior a 0,6 T, pelo que se conclui que esta

área não é aproveitada magneticamente. Contudo, este facto é uma inevitabilidade do

cumprimento da condição (84).

Figura 42 - Distribuição da densidade de fluxo magnético no gerador de magnetos permanentes .

X [m]

]

B [T] Y [m]

Page 84: Gerador elétrico de estator rotativo com magnetos permanentes … · Gerador elétrico de estator rotativo com magnetos permanentes e rotor fixo com enrolamentos concentrados: Análise

66

A Figura 43 ilustra a forma de onda da densidade de fluxo magnético no material

ferromagnét ico do induzido e apresenta uma forma de onda sinusoidal. Esta grandeza tem

especial importânc ia, uma vez que representa a densidade de fluxo magnético irá estabelecer o

fluxo magnético ligado com os condutores, estando fortemente relacionada com a tensão

induzida neste componente. Como é visível pela Figura 44 a densidade de fluxo magnético no

material ferromagnético do induzido em vazio é constituída por uma onda sinusoidal pura.

Figura 43 - Densidade de fluxo magnético no material ferromagnético do induzido em vazio.

Figura 44 - Análise espetral da densidade de fluxo magnético no material ferromagnético do induzido em vazio.

A Figura 45 representa o sistema elétrico em estudo na presente dissertação e que foi

abordado com maior detalhe no capítulo 4. Esta figura expõe a localização das formas de onda

elétricas que serão apresentadas no presente capítulo.

No que diz respeito à forma de onda de tensão total obtida aos terminais do gerador, ilust rada

na Figura 46, é possível verificar que estamos também na presença de uma onda sinusoidal

pura, conclusão também suportada pela sua análise espetral representada na Figura 47. Tanto

a tensão como a densidade de fluxo magnético apresentam um período de 0,06 𝑠 e uma

Page 85: Gerador elétrico de estator rotativo com magnetos permanentes … · Gerador elétrico de estator rotativo com magnetos permanentes e rotor fixo com enrolamentos concentrados: Análise

67

frequência de 50

3 Hz, que pode ser arredondada a 16,7 Hz. Estes valores são calculados através

da expressão (1) para uma velocidade de 100 rpm e 10 pares de polos.

Figura 45 - Sistema elétrico isolado com representação das grandezas elétricas em análise no presente capítulo.

Figura 46 - Tensão total induzida aos terminais do gerador em vazio.

No que concerne à análise térmica do gerador, o primeiro passo consiste na identificação

das suas fontes de calor. Posto que se está a analisar o seu comportamento em vazio, conclui -

se que as perdas nos concutores são nulas, consequência da não existência de correntes a

circular neste material. Quanto às perdas verificadas no material ferromagnético macio ,

relembra-se que estas são proporc ionais à intensidade e frequência da densidade de fluxo

magnético verificada neste componente, (5). Devido ao facto de a onda sinusoidal da densidade

de fluxo magnético apresentar uma frequência reduzida, Figura 43 , verifica-se que as perdas

neste material são desprezáveis. No que diz respeito às perdas nos magnetos permanent es,

𝑉𝐼𝑛 𝐺𝑀𝑃

𝐼𝐼𝑛

𝐼𝐿𝑜𝑎𝑑𝐴

𝐼𝐿𝑜𝑎𝑑𝐵

𝐼𝐿𝑜𝑎𝑑𝐶

𝑉𝐿𝑜𝑎𝑑𝐶 𝑉𝐿𝑜𝑎𝑑𝐵 𝑉𝐿𝑜𝑎𝑑𝐴

𝐶𝑎𝑟𝑔𝑎

𝐹𝑖𝑙𝑡𝑟𝑜 𝑑𝑒 𝑆𝑎𝑖𝑑𝑎

𝐹𝑖𝑙𝑡𝑟𝑜 𝑑𝑒 𝐸𝑛𝑡𝑟𝑎𝑑𝑎

Page 86: Gerador elétrico de estator rotativo com magnetos permanentes … · Gerador elétrico de estator rotativo com magnetos permanentes e rotor fixo com enrolamentos concentrados: Análise

68

verifica-se que estas perfazem 74 W, um valor reduzido para a dimensão do gerador. Conclui-s e

deste modo, que não existe nenhuma limitação térmica em vazio.

Figura 47 - Análise espetral da tensão total induzida aos terminais do gerador em vazio.

Figura 48 - Densidade de fluxo magnético nos magnetos permanentes em vazio.

5.3. Funcionamento em carga

A análise em carga do gerador divide-se em dois grandes grupos: eletromagnética e térmic a.

Neste subcapítulo ir-se-ão examinar as características mais importantes destas análises na

situação em que o gerador funciona no modo nominal de operação.

5.3.1. Análise eletromagnética em carga do gerador de magnetos permanentes

À semelhança do que foi realizado no subcapítulo anterior, começa-se a presente análise

pela determinação da densidade de fluxo magnético no material ferromagnético macio do

induzido. Na Figura 49 estão ilustradas estas grandezas para os modos de operação do gerado r

em vazio e em carga. Verifica-se que a densidade de fluxo magnético é agora afetada pelo campo

produzido pelas correntes que circulam nos condutores. O sentido das correntes resulta, segundo

a lei de Lenz, da força eletromotriz induzida aos terminais do gerador que terá o sentido tal de

forma a manter o fluxo magnético constante. Consequentemente, a sua criação está assoc iada

Page 87: Gerador elétrico de estator rotativo com magnetos permanentes … · Gerador elétrico de estator rotativo com magnetos permanentes e rotor fixo com enrolamentos concentrados: Análise

69

a um valor de densidade de fluxo magnético com sentido inverso à criada pelos magnetos, pelo

que se constata que 𝐵 em carga tem menor amplitude que a congénere em vazio. Após a análise

espectral desta forma de onda em carga, Figura 50, verifica-se que ao contrário da grandeza em

vazio, em carga 𝐵𝐼𝑑𝑧 apresenta duas harmónicas na sua constituição, a fundamental e uma de

terceira ordem com uma frequênc ia de 50 Hz e com uma magnitude correspondente a 16% em

relação à fundamental .

Figura 49 - Densidades de fluxo magnético no material ferromagnético do induzido em vazio e em carga.

Figura 50 - Análise espetral da densidade de fluxo magnético no material ferromagnético do induzido em carga.

Na Figura 51 encontra-se ilustrada a forma de onda de tensão aos terminais do gerado r

quando este se encontra no seu modo nominal de operação. Uma vez que a onda de densidade

de fluxo magnético nos condutores não é sinusoidal, Figura 49, a onda de tensão também não o

será, Figura 52. No entanto, já foi referido que este requisito apenas é exigido às ondas de tensão

e corrente fornecidas à carga. A forma de onda ilustrada na Figura 51 apresenta um valor máximo

de 967 V, pelo que se confirma que o constrangimento (87), 𝑉𝐺𝑒 𝑟𝑀𝑎𝑥 < 1 kV, é cumprido.

Page 88: Gerador elétrico de estator rotativo com magnetos permanentes … · Gerador elétrico de estator rotativo com magnetos permanentes e rotor fixo com enrolamentos concentrados: Análise

70

Figura 51 - Tensão aos terminais do gerador.

Figura 52 - Decomposição em harmónicas da tensão aos terminais do gerador.

Figura 53 - Corrente que circula nos enrolamentos do gerador.

Quanto à forma de onda da corrente que circula nos enrolamentos do gerador, verifica -s e

que esta apresenta o andamento ilustrado na Figura 53. A sua amplitude corresponde a 109 A,

Page 89: Gerador elétrico de estator rotativo com magnetos permanentes … · Gerador elétrico de estator rotativo com magnetos permanentes e rotor fixo com enrolamentos concentrados: Análise

71

no entanto, devido ao facto do gerador apresentar 17 condutores em paralelo por cava, a

amplitude máxima da corrente por condutor no interior do gerador será de 6,4 A. A Figura 54

expressa as principais harmónicas constituintes desta onda de corrente, as quais serão

importantes no dimensionamento térmico da máquina.

Figura 54 - Decomposição em harmónicas da corrente que circula nos enrolamentos do gerador.

No que diz respeito às formas de onda de tensão na carga pode verificar -se, pela análise da

Figura 55, que estas formam um sistema alternado e equilibrado, apresentando um valor eficaz

de 230 V a uma frequênc ia de 50 Hz. A Figura 56 apresenta a análise espetral da forma de onda

de uma tensão na carga. Analisando esta figura repara-se que embora esta forma de onda não

seja puramente sinusoidal devido à presença de uma harmónica de sétima ordem, o seu efeito

pode ser negligenciado uma vez que esta apresenta uma amplitude inferior a 2%

comparativamente com a harmónica fundamental.

Figura 55 - Tensão na carga na condição de funcionamento nominal do gerador.

As ondas de corrente na carga apresentam um andamento sinusoidal, Figura 57. O seu valor

eficaz corresponde a 34 A e a sua frequência corresponde também a 50 Hz.

Page 90: Gerador elétrico de estator rotativo com magnetos permanentes … · Gerador elétrico de estator rotativo com magnetos permanentes e rotor fixo com enrolamentos concentrados: Análise

72

Figura 56 - Análise espetral da tensão na carga na condição de funcionamento nominal do gerador.

Figura 57 - Corrente na carga na condição de funcionamento nominal do gerador.

Figura 58 - Análise espetral da corrente na carga na condição de funcionamento nominal do gerador.

Como consequência das ondas de tensão e corrente no gerador, obtém-se uma forma de

onda de potência instantânea neste elemento representada pela Figura 59. Sabendo que o valor

Page 91: Gerador elétrico de estator rotativo com magnetos permanentes … · Gerador elétrico de estator rotativo com magnetos permanentes e rotor fixo com enrolamentos concentrados: Análise

73

médio desta forma de onda corresponde à potência ativa fornecida pelo gerador, conclui-se que

este fornece 20,2 kW.

Figura 59 - Potência insânia no gerador na sua condição nominal de funcionamento.

A Figura 60 representa o valor de potência instantânea na carga, pelo que se pode inferir

que a potência ativa que lhe é entregue, isto é, o triplo do valor médio de uma forma e onda da

Figura 60 corresponde a 20,0 kW . Conclui-se deste modo, que o constrangimento (88), 𝑃𝐶 =

20 kW é cumprido.

Figura 60 - Potência insânia na carga na condição de funcionamento nominal do gerador.

5.3.2. Análise térmica em carga do gerador de magnetos permanentes

O primeiro passo da análise térmica do gerador passa pela identificação das suas fontes de

calor. No que diz respeito às perdas nos magnetos permanentes em carga, verifica -se um

aumento de 78% em relação ao seu valor na operação do gerador em vazio. Este facto ocorre

uma vez que, embora a densidade de fluxo magnético nos magnetos permanentes quando em

carga, Figura 61, apresente uma menor amplitude, esta passa a ser constituída por harmónic as

de elevada frequência (Figura 62) comparativamente com a mesma grandeza em vazio, vis íve l

Page 92: Gerador elétrico de estator rotativo com magnetos permanentes … · Gerador elétrico de estator rotativo com magnetos permanentes e rotor fixo com enrolamentos concentrados: Análise

74

na Figura 50. Verifica-se que as perdas no conjunto de magnetos correspondem a 132 W, o que

perfaz cerca de 20 % das perdas totais do gerador.

Figura 61 - Densidade de fluxo magnético nos magnetos permanentes em carga.

Figura 62 - Análise espetral da densidade de fluxo magnético em carga.

Embora o valor das perdas nos magnetos em vazio e em carga sejam bastante distintos, o

mesmo não acontece com o material ferromagnét ico macio. Devido ao facto deste material

apresentar uma resistência elétrica mais elevada, as correntes nele induzidas têm menor

amplitude, pelo que se verifica que neste material as perdas em carga continuam a ser

desprezáveis . Como já foi referido na secção 2.5.1, existem dois grandes fatores responsáveis

pela diferença dos valores da condutividade elétrica entre os magnetos permanentes e o material

ferromagnét ico macio. O primeiro fator está relacionado com o facto deste componente ser

constituído por materiais de elevada resistividade elétrica, como é o caso do silício. O outro fator

é o facto deste material ser constituído por chapas laminadas e isoladas dielectricamente entre

si, ao passo que, os magnetos são compostos por um bloco maciço. Deste modo a condutivi dade

elétrica dos magnetos permanentes corresponde à condutividade ponderada dos materiais que

os constituem, no caso neodímio, ferro e boro, por outro lado é utilizado um valor de

Page 93: Gerador elétrico de estator rotativo com magnetos permanentes … · Gerador elétrico de estator rotativo com magnetos permanentes e rotor fixo com enrolamentos concentrados: Análise

75

condutividade elétrica equivalente na condutividade que representa o material ferroma gnét ic o

macio. Esta é calculada segundo a equação (94), também referida na secção 2.5.1.

𝜎𝑒𝑞 =

𝜎𝑀𝑥𝑙𝑎𝑚2 (94)

Por fim, chega-se à última fonte de calor presente no gerador. Esta, localiza-se nos

condutores de cobre e tem origem nas perdas por efeito de Joule. O cálculo destas perdas é

realizado através da soma do resultado da equação (13) aplicada a cada uma das harmónic as

presentes da Figura 54. Estas perdas apresentam para a geometria em questão um valor de

497 W, o que perfaz cerca de 80% do valor das perdas de Joule totais no gerador. Conclui -s e

que, embora o gerador apresente um elevado número de condutores em paralelo, as perdas no

cobre continuam a ser o parâmetro que mais peso tem no seu dimensionamento térmico.

Tabela 10 - Condutividades térmicas dos materiais contidos na cava do gerador.

Parâmetro Valor

𝑘𝑎𝑟 0,30

𝑘𝐼𝑠𝑜𝑙 0,20

𝑘𝑐𝑢 0,5

𝜆𝑎𝑟 [W/(m ∙K)] 0,0341

𝜆𝐼𝑠𝑜𝑙 [W/(m ∙ K)] 0,64

𝜆𝑐𝑢 [W/(m ∙K)] 379

𝜆𝑒𝑞 [W/(m ∙K)] 190

Após a determinação da magnitude das perdas em cada material, foi efetuada a análise

térmica. Para esta análise foi atribuída uma condutividade térmica equivalente à área onde se

encontram situados os condutores. A necessidade da aplicação desta condutivid ade equival ent e

surge da perceção de que nesta mesma área da Figura 63 existem três materiais: os condutores

de cobre, o seu isolamento dielétrico e o ar que os rodeia. Uma vez que o recurso a uma

geometria que contenha os condutores representados separadamente, à semelhança do que

acontece Figura 41, implica um maior tempo de simulação, optou-se por utilizar um valor de

condutividade equivalente de 190 W/(m ∙ K). Esta grandeza é composta pela média ponderada

da condutividade de cada um dos materiais face à percentagem de área ocupada por cada um

deles, a expressão que permite o seu cálculo é a equação (95). Nesta, as grandez as

representadas por 𝑘 representam os coeficientes de utilização dos materiais, ou seja as frações

de espaço ocupado por cada um deles e as grandezas representadas por 𝜆 representam as

condutividades térmicas dos mesmos materiais. Na expressão (95) os índices ar, Isol e cu

representam respetivamente os materiais ar, isolamento dielétrico dos condutores e condutores

Page 94: Gerador elétrico de estator rotativo com magnetos permanentes … · Gerador elétrico de estator rotativo com magnetos permanentes e rotor fixo com enrolamentos concentrados: Análise

76

de cobre. Os valores que cada um destes parâmetros toma a 135℃ estão indicados na Tabela

10.

𝜆𝑒𝑞 = 𝑘𝑎𝑟 𝜆𝑎𝑟+ 𝑘𝐼𝑠𝑜𝑙 𝜆𝐼𝑠𝑜𝑙 +𝑘𝑐𝑢 𝜆𝑐𝑢 (95)

Figura 63 - Distribuição de temperatura no gerador de magnetos permanentes quando em funcionamento nominal (modelo 2D).

A simulação térmica do gerador em carga resultou na distribuição térmica ilustrada pela

Figura 63. Repara-se que nesta figura a transferência de calor foi apenas considerada no sent ido

radial, devido às limitações do software com geometrias bidimensionais. Consequentemente, o

calor acumula-se na zona interior da máquina, situação que difere da realidade, uma vez que o

seu eixo também apresentará condução e convecção de calor para o exterior. Destaca-se no

entanto que, embora esta distribuição de calor não seja a mais precisa, é a que representa as

piores condições em que o gerador se pode encontrar. Conclui-se deste modo que o seu

dimensionamento foi efetuado para o pior cenário. Nesta simulação, a temperatura dos magnetos

atinge os 134℃ , concluindo-se que o constrangimento (92), 𝑇𝑀𝑎𝑔 < 135 ℃ , é cumprido. A

temperatura nos condutores atinge os 155℃ , cumprindo-se também o constrangimento (93),

𝑇𝐶𝑜𝑛𝑑 < 180 ℃. Embora com este valor de temperatura se pudesse utilizar um isolamento de

classe térmica 𝐹 , optou-se por utilizar um isolamento de classe 𝐻 de modo a garantir uma

margem de segurança. Estas classes térmicas foram referidas em maior detalhe na secção 2.4.4.

𝑇 [℃]

Page 95: Gerador elétrico de estator rotativo com magnetos permanentes … · Gerador elétrico de estator rotativo com magnetos permanentes e rotor fixo com enrolamentos concentrados: Análise

77

Figura 64 - Distribuição de temperatura no gerador de magnetos permanentes quando em funcionamento nominal (modelo 3D).

Com o intuito de visualizar a distribuição de temperatura no gerador de um modo mais

preciso, procedeu-se à sua simulação usando agora uma geometria 3D. Desta simulação resulta

a distribuição da Figura 64, onde é visível que já existe escoamento de calor pelo veio, resultando

numa distribuição térmica com temperaturas inferiores às verificadas na Figura 63. Os magnetos

apresentam menos 8℃ e os condutores menos 12℃ que na simulação térmica bidimensional.

5.4. Análise do gerador aquando da perda de uma das fases da carga

Neste subcapítulo procede-se à análise do comportamento do gerador para a situação de

perda de uma das fases da carga. Selecionou-se a fase 𝐶 como a fase onde o defeito ocorre,

como ilustra a Figura 65.

As formas de onda de tensão e corrente na carga após a ocorrência do defeito encontram -

se expressas na Figura 66 e na Figura 68, respetivamente. Repara-se através da análise destas

figuras que a desfasagem destas grandezas passa a ser de 180° em vez dos 120° característ ic os

do sistema trifásico equilibrado. Verifica-se também que existe uma ligeira deformação das

formas de onda de tensão na carga comparativamente com o seu modo de operação equilibrado,

incluindo o aparecimento de uma harmónica de sexta ordem, Figura 67. No que diz respeito ao

valor eficaz de tensão verifica-se que este perfaz 221 V, que corresponde a uma redução de 4%

em relação ao valor verificado na situação em que não ocorre defeito. A onda de corrente na

carga é sinusoidal pura como se pode ver pela análise da Figura 69, e o seu valor eficaz não

apresenta variações significativas relativamente ao modo de operação com carga equilibrada.

𝑇 [℃]

Page 96: Gerador elétrico de estator rotativo com magnetos permanentes … · Gerador elétrico de estator rotativo com magnetos permanentes e rotor fixo com enrolamentos concentrados: Análise

78

Figura 65 - Esquema do sistema elétrico em estudo com ocorrência de defeito numa das fases da carga.

Figura 66 - Tensão na carga na ocorrência de perda de uma das fases.

Figura 67 - Análise espetral da tensão na carga na ocorrência de perda de uma das fases.

𝐺𝑀𝑃

𝑉𝐶𝑓𝑂𝑢𝑡

𝑖𝐿𝑓𝑂𝑢𝑡 𝑖𝑐

𝐶𝑓𝑂𝑢𝑡 𝐶𝑓𝑂𝑢𝑡 𝐶𝑓𝑂𝑢𝑡

𝑅𝐶 𝑅𝐶 𝑅𝐶

𝐿𝐶

𝐿𝐶 𝐿𝐶

𝑉𝐶𝐴

𝑉𝐴𝐵

𝑉𝐵𝐶

𝐿𝑓𝑂𝑢𝑡

𝐿𝑓𝑂𝑢𝑡

𝐿𝑓𝑂𝑢𝑡

𝐿𝑓𝐼𝑛

𝑉𝑐

Page 97: Gerador elétrico de estator rotativo com magnetos permanentes … · Gerador elétrico de estator rotativo com magnetos permanentes e rotor fixo com enrolamentos concentrados: Análise

79

Figura 68 - Corrente na carga na ocorrência de perda de uma das fases.

Figura 69 - Análise espetral da corrente na carga na ocorrência de perda de uma das fases.

No que concerne ao desempenho do gerador de magnetos permanentes cujo

dimensionamento é tratado na presente dissertação, analisam -se as formas de onda de tensão

aos seus terminais, Figura 70, e da corrente nos seus enrolamentos, Figura 72. À semelhanç a

do que acontece com a onda de tensão na carga, a onda de tensão aos terminais do gerado r

apresenta uma maior deformação, indiciada pelo aparecimento de harmónicas de segunda e

quarta ordem, Figura 71, além de uma redução do valor eficaz de tensão, que neste caso é de

2% relativamente ao verificado no modo de funcionamento sem defeito nas fases da carga.

Relativamente à onda de corrente no gerador, Figura 72, verifica-se que esta apresent a

aproximadamente o mesmo número de harmónicas na sua constituição, Figura 73, contudo

devido ao defeito, a impedânc ia equivalente da carga diminui implicando uma diminuição do valor

eficaz de corrente. Neste modo de operação a corrente apresenta um valor eficaz correspondent e

a 30,3 A que constitui uma redução de 40% relativamente ao valor apresentado no modo de

operação sem falha na carga.

Page 98: Gerador elétrico de estator rotativo com magnetos permanentes … · Gerador elétrico de estator rotativo com magnetos permanentes e rotor fixo com enrolamentos concentrados: Análise

80

Figura 70 - Tensão aos terminais do gerador na ocorrência de perda de uma das fases da carga.

Figura 71 - Análise espetral da tensão aos terminais do gerador na ocorrência de perda de uma das fases da carga.

Figura 72 - Corrente no gerador na ocorrência de perda de uma das fases da carga.

Page 99: Gerador elétrico de estator rotativo com magnetos permanentes … · Gerador elétrico de estator rotativo com magnetos permanentes e rotor fixo com enrolamentos concentrados: Análise

81

Como consequência da redução do valor eficaz de corrente no gerador, a potência at iva

entregue à carga diminui. A Figura 74 ilustra potência instantânea para uma das fases da carga,

e apresenta um valor médio correspondente a 6,2 kW. É de referir que devido à desfasagem entre

correntes ou tensões corresponder a 180° , os gráficos de potência instantânea para ambas as

fases da carga são coincidentes. Uma vez que a potência ativa corresponde ao valor médio da

potência instantânea e uma vez que estamos na presença de duas fases na carga conclui -se que

o valor de potência ativa entregue à carga corresponde a 12,4 kW.

Figura 73 - Análise espetral da corrente no gerador na ocorrência de perda de uma das fases da carga.

Figura 74 - Potência instantânea entregue à carga na ocorrência de perda de uma das suas fases.

Como consequência das ondas de tensão e corrente no gerador representadas na Figura 70

na Figura 72 respetivamente, obtém-se o gráfico de potência instantânea no gerador ilust rada

na Figura 75. O valor médio desta potência, ou seja, o seu valor de potência ativa corresponde

a 12,5 kW. À semelhança o que acontece na carga a potência ativa fornecida por este gerado r

também diminui face ao modo equilibrado de operação.

Page 100: Gerador elétrico de estator rotativo com magnetos permanentes … · Gerador elétrico de estator rotativo com magnetos permanentes e rotor fixo com enrolamentos concentrados: Análise

82

Outra consequência da redução da corrente que circula nos enrolamentos do gerador é a

diminuição nas suas perdas, tanto nos magnetos permanentes como nos condutores de cobre.

As primeiras perfazem nesta situação 82 W, constituindo uma redução de 38% . As segundas,

perfazem 178 W, o que representa uma redução de 64 %. Uma vez que os valores de perdas no

gerador diminuem no caso de perda de uma das fases da carga, pode-se concluir que a

temperatura dos seus materiais também diminui comparativamente com o modo equilibrado de

operação. Assim sendo, conclui-se que o gerador suporta a perda de uma das fases sem

qualquer efeito nefasto que reduza o seu tempo de vida útil.

Figura 75 - Potência instantânea aos terminais do gerador na ocorrência de perda de uma das fases da carga.

5.5. Estimação do tempo de vida útil do isolamento dielétrico do gerador de magnetos permanentes

Neste subcapítulo procede-se à determinação do tempo de vida útil do gerador. Este conceito

de tempo de vida útil, consiste no número de unidades temporais que passam desde o momento

em que este é fabricado até o instante em que o desempenho para o qual foi desenvolvido deixa

de ser alcançado [43].

A experiência indica que existem determinados componentes do gerador que se tendem a

danificar mais cedo. Eles são tipicamente: os rolamentos, as escovas e o isolamento dielét rico

dos condutores [43]. Uma vez que o presente gerador não é dotado de escovas, ir-se-á analisar

apenas nesta dissertação o tempo de vida útil do seu isolamento dielétrico.

Para a determinação do tempo de vida útil, utilizou-se a equação (96), [44]. Nesta expressão,

𝑳𝒊𝒔 representa o tempo de vida útil do isolamento em horas, 𝑻𝒊𝒔 a temperatura a que este está

exposto em Kelvin, 𝐤𝐁 a constante de Boltzmann, 𝝑𝒊𝒔 a energia de ativação e 𝑩𝒊𝒔 é uma

constante associada ao material utilizado como isolante.

Page 101: Gerador elétrico de estator rotativo com magnetos permanentes … · Gerador elétrico de estator rotativo com magnetos permanentes e rotor fixo com enrolamentos concentrados: Análise

83

𝐿𝑖𝑠 = 𝐵𝑖𝑠 𝑒𝜗𝑖𝑠kB 𝑇𝑖𝑠

(96)

Para isolamentos de classe térmica 𝑯 , verifica-se que a constante 𝐤𝐁 toma o valor de

𝟖𝟔, 𝟏𝟕 𝛍 𝐞𝐕/𝐊 [43] e 𝝑𝒊𝒔 toma o valor 𝟏,𝟑𝟖 𝐞𝐕 [45]. Uma vez que as classes térmicas são

determinadas de modo a que o isolamento dure pelo menos 𝟐𝟎 𝟎𝟎𝟎𝐡 com a correspondent e

temperatura de operação [43], é possível calcular a constante 𝑩𝒊𝒔 para a temperatura máxima de

operação do isolamento de classe térmica 𝑯, isto é, 𝟏𝟖𝟎 ℃. Calculou-se então o valor se 𝑩𝒊𝒔

segundo (96), que corresponde a 𝟖, 𝟗𝟕 ×𝟏𝟎−𝟏𝟐 horas.

Após a determinação deste parâmetro é possível a elaboração do gráfico da Figura 76, que

nos indica o tempo de vida útil do isolamento, em função da temperatura a que este material se

encontra. Assumindo que a temperatura do isolamento é semelhante à verificad a nos condutores

é possível, através do gráfico da Figura 76, determinar o número de horas que o isolament o

durará mantendo a sua performance num nível desejado. Considerando que o gerador opera

permanentemente em condições nominais, conclui-se então que o tempo de vida útil do gerado r

é de 𝟏𝟒𝟒 𝟑𝟒𝟎 𝐡 o que corresponde a aproximadamente 𝟏𝟔 anos. Caso se tivesse optado por um

isolamento dielétrico de classe 𝑭, obter-se-ia um tempo de vida útil do isolamento de 𝟏𝟖 𝟑𝟑𝟏 𝐡,

isto é, aproximadamente 𝟐 anos.

Figura 76 - Tempo de vida útil do isolamento dielétrico dos condutores.

Page 102: Gerador elétrico de estator rotativo com magnetos permanentes … · Gerador elétrico de estator rotativo com magnetos permanentes e rotor fixo com enrolamentos concentrados: Análise

84

Page 103: Gerador elétrico de estator rotativo com magnetos permanentes … · Gerador elétrico de estator rotativo com magnetos permanentes e rotor fixo com enrolamentos concentrados: Análise

85

6. Conclusões

6.1. Considerações finais

A longo desta dissertação estudou-se uma topologia do gerador de magnetos permanent es

que prevenisse a descolagem dos magnetos. Foi proposta uma topologia onde o indutor está

localizado na parte exterior que constitui o rotor, enquanto o induzido se encontra na parte interior

do gerador que constitui o estator. Tendo em consideração que a rotação da máquina em estudo

é providenciada pelo fluxo da corrente de água de um rio, dimensionou-se o gerador para operar

com uma velocidade nominal de 𝟏𝟎𝟎 𝐫𝐩𝐦. No que diz respeito à carga que o gerador alimenta,

selecionou-se uma carga modeladora de uma habitação, is to é, constituída por uma bobina em

série com uma indutância onde se verifica um fator de potência indutivo de 𝟎, 𝟖𝟔. Uma vez que

se pretende que o gerador forneça 𝟐𝟎 𝐤𝐖 de potência ativa à carga, e sabendo que tipicament e

este valor é excessivo para a maioria das habitações, optou-se pela utilização de uma carga

trifásica. Tendo em consideração que ao contrário da carga o gerador é monofásico e sabendo

que estes dois componentes apresentam frequênc ia de operação distintas, foi necessári o

recorrer a um conversor eletrónico de potência para interligar o gerador à carga. Selecionou -s e

um conversor AC/DC/AC, isto é, constituído por um retificador monofásico, um andar Dc e um

inversor trifásico com modulação PWM.

No capítulo 3 estudou-se o uso de um modelo analítico de parâmetros concentrados com o

intuito de simular o comportamento eletromagnético do gerador. Aqui simulou-se uma geometri a

de referência, bem como, geometrias oriundas de variações das variáveis que sintetizam a

geometria do gerador. Verificou-se que, por um lado, tendo em vista a melhor performance do

gerador nem todas as variáveis geométricas devem ser alteradas , e por outro, algumas delas

apresentam limites de operação. Embora este modelo apresentasse à partida um elevado

número de benefíc ios, no que diz respeito ao tempo de simulação e à sua complexidade,

verificou-se que ele não é tão preciso quanto o necessário.

Devido aos motivos mencionados no último parágrafo decidiu-se abandonar o modelo

analítico de parâmetros concentrados, recorrendo-se a um programa por elementos finitos que

faz uso dos módulos eletromagnét ico e térmico. Em virtude da diferença de programas de

modelação do gerador, conversor de potência e carga, foi selecionado um programa por

elementos finitos que permite o seu uso através do software MATLAB. Determinaram-se ainda

os constrangimentos que o gerador tem de cumprir de modo a garantir a sua performance e a

qualidade da energia entregue à carga. Desenvolveu-se ainda um algoritmo de simulação do

gerador, levando em consideração a interligação de variáveis entre os modelos eletromagnét ic o

e térmico, bem como os constrangimentos a cumprir.

Foram simuladas várias geometrias com 𝟖 e 𝟏𝟎 pares de polos, segundo o algoritmo

anteriormente referido. Após a sua análise em função do custo dos materiais, volume e massa

do gerador, verificou-se que, de um modo geral, as geometrias mais vantajosas apresent avam

Page 104: Gerador elétrico de estator rotativo com magnetos permanentes … · Gerador elétrico de estator rotativo com magnetos permanentes e rotor fixo com enrolamentos concentrados: Análise

86

duas característ icas em comum, um elevado valor de diâmetro e uma peça polar larga. A

geometria mais vantajosa apresentava, para além destas caracterís ticas, um elevado número de

pares de polos, magnetos com elevado valor angular e uma elevada área do material

ferromagnét ico macio do induzido na zona à volta da qual se encontram enrolados os condutores.

Verificou-se que para a operação nominal do gerador as perdas no cobre correspondem a

cerca de 𝟖𝟎% das suas perdas totais e que as perdas no material ferromagnético macio são

desprezáveis a baixas velocidades. No que diz respeito ao modelo térmico por elementos finitos

conclui-se que este deve ser simulado a partir de uma geometria tridimens ional, uma vez que no

caso de uma geometria a duas dimensões apenas é considerada a transferência de calor no

sentido radial, no entanto, esta simulação fornece as piores condições em que o gerador se pode

encontrar.

Posteriormente, analisou-se a performance do gerador na situação de ocorrência de falha

numa das fases da carga. Verificou-se que esta situação não causa qualquer efeito nefasto no

tempo de vida útil do gerador.

Por último, realizou-se a análise do tempo de vida útil do isolamento dielétrico dos

condutores. Conclui-se, que caso o gerador opere nas condições nominais é esperado que o seu

isolamento apresente um tempo de vida útil próximo de 𝟏𝟔 anos.

6.2. Trabalhos futuros

O dimensionamento do gerador realizado na presente dissertação foi efetuado com base nos

resultados obtidos após a simulação de diferentes geometrias com dois pares de polos distintos .

No entanto, seria benéfico simular um maior número de pares de polos de modo a obter o valor

mais vantajoso deste parâmetro. Neste seguimento, seria também conveniente efetuar

simulações de novas geometrias com parâmetros próximos da geometria selecionada na

presente dissertação, com o intuito de se alcançar a geometria ótima.

O estudo realizado nesta dissertação assenta na assunção de que o gerador estará sempre

a operar com uma velocidade de rotação correspondente a 𝟏𝟎𝟎 rpm. Como tal, seria benéfic o

realizar um estudo em função do perfil de velocidade de um rio ao longo do dia.

Com o avanço da tecnologia dos semicondutores e controladores, surgem converso res

eletrónicos de potência mais adequados à conversão eletromecânica de energia. Sugere-se a

aplicação deste tipo de conversores, que podem apresentar um maior rendimento, ao mesmo

tempo que um menor custo e volume. Tem-se como exemplo o caso dos conversores matriciais

[46].

Page 105: Gerador elétrico de estator rotativo com magnetos permanentes … · Gerador elétrico de estator rotativo com magnetos permanentes e rotor fixo com enrolamentos concentrados: Análise

87

Anexos

Anexo I – Parâmetros que constituem as relutâncias no modelo eletromagnético de parâmetros concentrados

No seguimento da construção do modelo de parâmetros concentrados abordado no capítulo

3, definem-se neste anexo as variáveis que compõem as relutâncias utilizadas no mesmo

modelo. Estes parâmetros terão de depender apenas de constantes e das variáveis de entrada,

sendo estas: 𝒉𝑽𝒆𝒊𝒐 , 𝒉𝑬𝑭 , 𝒉𝑴𝑷 , 𝒉𝑰𝒅𝒕 , 𝜶𝑰𝒅𝒛 e 𝜶𝑰𝒅𝒕.

ℎ𝐼𝑑𝑡′ = (ℎ𝐼𝑑𝑧+ℎ𝑀𝑃+ℎ𝐸𝐹+ℎ𝐼𝑑𝑡/2)

𝜋

𝑝 (97)

𝑆𝑒𝑐𝐼𝑑𝑡 = ℎ𝐼𝑑𝑡 𝐷 (98)

𝑆𝑒𝑐𝑀𝑃 = 𝛼𝑀𝑎𝑔𝜋

180 (ℎ𝐼𝑑𝑧+ℎ𝐸𝐹+ℎ𝑀𝑃/2) 𝐷 (99)

𝑆𝑒𝑐𝐸𝐹 = 𝛼𝐼𝑑𝑧𝜋

180 (ℎ𝐼𝑑𝑧+ℎ𝐸𝐹/2) 𝐷 (100)

As variáveis 𝒀𝒂𝒖𝒙𝟏 e 𝑿𝒂𝒖𝒙𝟏 são variáveis auxiliares e estão representadas na Figura 77 e são

expressas pelas equações (101) e (102).

Figura 77 - Localização das variáveis Yaux1 e Xaux1.

𝑋𝑎𝑢𝑥1

ℎ𝐼𝑑𝑧 𝑌𝑎𝑢𝑥1

𝛼𝐼𝑑𝑧

2

Page 106: Gerador elétrico de estator rotativo com magnetos permanentes … · Gerador elétrico de estator rotativo com magnetos permanentes e rotor fixo com enrolamentos concentrados: Análise

88

𝑌𝑎𝑢𝑥1 = ℎ𝐼𝑑𝑧 𝑐𝑜𝑠 (𝛼𝐼𝑑𝑧𝜋

180

1

2) (101)

𝑋𝑎𝑢𝑥1 = ℎ𝐼𝑑𝑧 𝑠𝑖𝑛(𝛼𝐼𝑑𝑧

𝜋

180

1

2)

(102)

Outra variável auxiliar necessária à determinação dos parâmetros em causa é 𝒀𝒂𝒖𝒙𝟐 , esta

variável está representada na Figura 78 e expressa pela equação (103).

Figura 78 - Localização da variável Yaux2.

𝑌𝑎𝑢𝑥2 =

𝑋𝑎𝑢𝑥1

𝑡𝑔(𝜋2 𝑝) (103)

Os restantes parâmetros que constituem as relutâncias do modelo de parâmetros

concentrados são:

ℎ𝐼𝑑𝑧𝐸𝑥𝑡 = 𝑌𝑎𝑢𝑥1 −𝑌𝑎𝑢𝑥2 (104)

𝑆𝑒𝑐𝐼𝑑𝑧𝐸𝑥𝑡 = 2 𝑋𝑎𝑢𝑥1 𝐷 (105)

𝑋𝑎𝑢𝑥1

𝑌𝑎𝑢𝑥2

𝜋

2 𝑝

Page 107: Gerador elétrico de estator rotativo com magnetos permanentes … · Gerador elétrico de estator rotativo com magnetos permanentes e rotor fixo com enrolamentos concentrados: Análise

89

ℎ𝐼𝑑𝑧𝐼𝑛𝑡 =

(𝑌𝑎𝑢𝑥2−ℎ𝑉𝑒𝑖𝑜)

2+𝜋

𝑝

(𝑌𝑎𝑢𝑥2+ℎ𝑉𝑒𝑖𝑜)

2

(106)

𝑆𝑒𝑐𝐼𝑑𝑧𝐼𝑛𝑡 =

(𝑌𝑎𝑢𝑥2+ ℎ𝑉𝑒𝑖𝑜)

2 𝜋

𝑝 𝐷

(107)

𝜇𝐸𝐹= 4 𝜋×10−7 𝐻/𝑚 (108)

𝜇𝑀𝑃 = 1,05 𝜇𝐸𝐹 𝐻/𝑚 (109)

Page 108: Gerador elétrico de estator rotativo com magnetos permanentes … · Gerador elétrico de estator rotativo com magnetos permanentes e rotor fixo com enrolamentos concentrados: Análise

90

Anexo II – Influência da variação da temperatura na resistividade elétrica dos condutores de cobre e no valor de densidade de fluxo magnético residual dos magnetos permanentes

Este anexo pretende apresentar ao leitor dados que suportem as afirmações efetuadas na

secção 4.3.1. Na sequência da fixação dos parâmetros 𝑩𝒓 , densidade de fluxo magnético residual

nos magnetos permanentes e 𝝆𝒄𝒖 , resistividade elétrica dos condutores de cobre, foi previsto que

nas simulações efetuadas a temperatura nos magnetos permanentes corresponderia a 𝟏𝟑𝟓℃ e

a temperatura nos condutores de cobre corresponderia a 𝟏𝟓𝟓℃. Foi também afirmado que no

caso da ocorrência da alteração nas temperaturas destes materiais as variações dos parâmet ros

𝑩𝒓 e 𝝆𝒄𝒖 não seriam significat ivas.

A Figura 79 apresenta a percentagem de variação do valor de 𝝆𝒄𝒖 em relação ao valor

verificado no mesmo parâmetro à temperatura de referência, isto é, à temperatura a que se prevê

que os enrolamentos estejam, 𝟏𝟓𝟓℃. Após a análise desta figura é possível concluir que para

uma variação de 𝟐𝟓 ℃ em relação à temperatura prevista a resistividade elétrica dos condutores

varia 𝟔, 𝟖%.

Figura 79 - Variação da resistividade elétrica dos condutores de cobre em função da temperatura.

A Figura 80 apresenta a percentagem de variação do valor de 𝑩𝒓 em relação ao valor

verificado no mesmo parâmetro à temperatura de referência, isto é, à temperatura a que se prevê

que os magnetos se encontrem, 𝟏𝟑𝟓℃. Após a análise desta figura é possível concluir que para

uma variação de 𝟐𝟓 ℃ em relação à temperatura prevista, a densidade de fluxo magnét ico

remanescente nos magnetos permanentes varia 𝟑, 𝟕%.

Verifica-se que embora se preveja que as temperaturas dos magnetos permanentes e

condutores de cobre estejam próximas do valor previsto, no caso da ocorrênc ia de algum desvio

o parâmetro 𝝆𝒄𝒖 varia 𝟎, 𝟐𝟕% pela variação de 𝟏℃ e o parâmetro 𝑩𝒓 varia 𝟎, 𝟏𝟓% também pela

variação de 𝟏℃. Deste modo pode-se concluir que as simplificações efetuadas na secção 4.3.1.

são fundamentadas.

Page 109: Gerador elétrico de estator rotativo com magnetos permanentes … · Gerador elétrico de estator rotativo com magnetos permanentes e rotor fixo com enrolamentos concentrados: Análise

91

Figura 80 - Variação da densidade de fluxo magnético residual em função da temperatura.

Page 110: Gerador elétrico de estator rotativo com magnetos permanentes … · Gerador elétrico de estator rotativo com magnetos permanentes e rotor fixo com enrolamentos concentrados: Análise

92

Anexo III – Características das geometrias simuladas através do modelo abordado no capítulo 4

A Tabela 11 e a Tabela 12 apresentam respetivamente as principais características das

geometrias com 10 e 8 pares de polos. Verifica-se após a análise destas tabelas que em geral

as geometrias com 10 pares de polos apresentam valores mais elevados de perdas nos

magnetos, este facto ocorre uma vez que a frequênc ia das correntes que são induzidas neste

material é mais elevada que no caso das geometrias com 8 pares de polos. Verifica-se, no

entanto, que este aumento de frequência tem um efeito benéfico na redução da profundidade do

gerador comparativamente com as geometrias que apresentam 𝟖 pares de polos.

Tabela 11 - Principais características das geometrias simuladas com 10 pares de polos.

Geometria 𝑫 [𝐦𝐦] 𝑵𝑺 𝑵𝒑 𝑽𝒊𝒏𝒎𝒂𝒙 [𝐕] 𝑷𝒄𝒖 [𝐖] 𝑷𝒎𝒂𝒈 [𝐖] 𝑻𝑴𝒂𝒈 [℃]

𝟏 0,757 23 14 853 834 79 129

𝟐 0,675 19 16 971 752 47 131

𝟑 0,797 16 12 946 728 244 130

𝟒 1,071 10 13 955 742 150 125

𝟓 0,671 16 13 904 693 159 125

𝟔 0,573 16 13 945 654 60 134

𝟕 1,48 6 11 994 630 323 128

𝟖 0,480 17 17 967 497 132 134

𝟗 1,66 14 13 913 1172 65 123

𝟏𝟎 1,850 11 12 949 1516 31 135

𝟏𝟏 1,071 17 17 915 775 209 134

𝟏𝟐 1,620 9 11 977 1156 116 135

𝟏𝟑 1,286 11 11 895 1029 126 129

𝟏𝟒 1,269 10 11 934 1002 34 131

𝟏𝟓 1,016 12 14 993 743 223 131

𝟏𝟔 1,005 11 14 868 646 113 126

Page 111: Gerador elétrico de estator rotativo com magnetos permanentes … · Gerador elétrico de estator rotativo com magnetos permanentes e rotor fixo com enrolamentos concentrados: Análise

93

Tabela 12 - Principais características das geometrias simuladas com 8 pares de polos.

Geometria 𝑫 [𝐦𝐦] 𝑵𝑺 𝑵𝒑 𝑽𝒊𝒏𝒎𝒂𝒙 [𝐕] 𝑷𝒄𝒖 [𝐖] 𝑷𝒎𝒂𝒈 [𝐖] 𝑻𝑴𝒂𝒈 [℃]

𝟏𝟕 0,712 29 14 828 795 72 126

𝟏𝟖 0,607 27 17 936 744 50 133

𝟏𝟗 0,793 22 13 951 746 245 132

𝟐𝟎 1,128 16 11 937 965 130 127

𝟐𝟏 0,595 21 13 866 699 132 132

𝟐𝟐 0,582 19 15 891 571 70 124

𝟐𝟑 0,799 14 11 998 772 300 131

𝟐𝟒 0,528 21 19 913 477 128 129

𝟐𝟓 2,072 15 11 800 1498 89 127

𝟐𝟔 1,333 17 14 906 1180 53 134

𝟐𝟕 1,184 19 14 920 818 214 131

𝟐𝟖 1,739 13 10 895 1218 200 133

𝟐𝟗 1,646 11 11 864 1106 127 123

𝟑𝟎 1,279 12 12 882 921 84 125

𝟑𝟏 1,378 11 11 972 990 203 130

𝟑𝟐 1,225 12 12 881 877 107 131

Page 112: Gerador elétrico de estator rotativo com magnetos permanentes … · Gerador elétrico de estator rotativo com magnetos permanentes e rotor fixo com enrolamentos concentrados: Análise

94

Bibliografia

[1] B. Marques, “Virtual Prototyping of a Brushless Permanent Magnet AC Motor -

Electromagnetic and Thermal Design using CAD”, M.S. thesis, Dept. Elect. Eng.

and Comput. Sci., IST, Lisbon, Portugal, 2012, pp. 2.

[2] N. Madani, “Design of a Permanent Magnet Synchronous Generator for a Vertical

Axis Wind Turbine”, M.S. thesis, Dept. Elect. Eng., KTH, Stockholm, Sweden, 2011,

pp. 1-3.

[3] T. Reigstad, “Direct Driven Permanent Magnet Synchronous Generators with Diode

Rectifiers for Use in Offshore Wind Turbines”, M.S. thesis, Dept. Elect. Power. Eng.,

NTNU, Trondheim, Norway, 2007, pp. 1-5.

[4] J. Cardoso, “Análise de soluções para geradores eléctricos integrados em turbinas

de aeronaves”, M.S. thesis, Dept. Elect. Eng. and Comput. Sci., IST, Lisbon,

Portugal, 2014, pp. 1-4.

[5] M. Marques, “Design and Control of an Electrical Machine for Flywheel

EnergyStorage System”, M.S. thesis, Dept. Elect. Eng. and Comput. Sci., IST,

Lisbon, Portugal, 2008, pp. 2-6.

[6] Tidal Sails. (2014, Oct. 2). Tidal Sails [online]. Available: http://tidalsails.com/about-

us [May 6, 2016].

[7] A. Hellemans and B. Bunch, The Timetables of Science, 1st ed. New York City,

USA: Simon & Schuster, 1988, pp.41.

[8] Permanent Magnet Selection and Design Handbook, Magcraft Co, Richmond,

Virgínia, USA, 2007, pp 3-11.

[9] B. Bochenkov, “A review of modern materials of permanent magnets”, in Russian-

Korean International Symposium on Science and Technology”, Novosibirsk,

Russia, 2004, pp 201-203.

Page 113: Gerador elétrico de estator rotativo com magnetos permanentes … · Gerador elétrico de estator rotativo com magnetos permanentes e rotor fixo com enrolamentos concentrados: Análise

95

[10] S. Trout, “Material selection of permanent magnets considering thermal properties”,

in Electrical Insulation Conference and Electrical Manufacturing & Coil Winding

Conference, Cincinnati, Ohio, USA, 2001, pp. 365-370.

[11] Sintered Neodymium Iron Boron (NdFeB) Magnets, Eclipse Magnetics Co.,

Sheffield, England, 2016, pp. 1-19.

[12] Magnet Guide & Tutorial, Alliance LLC Co, Valparaiso, Chile, 2013, pp. 23-24.

[13] J. Coey, Magnetism and Magnetic Materials, 1st ed. Cambridge, England:

Cambridge University Press, 2010, pp. 14-19.

[14] DI-MAX M-10X Not oriented Electrical sheets, AK Steel Co, West Chester, Ohio,

USA, 2016, pp. 1-8.

[15] B. Oberg et al, Machinery’s Handbook, 27th ed. New York, USA: Industrial Press,

2004, pp. 299-302.

[16] I. Bolde and S. Nasar, The Induction Machine Design Handbook, 2nd ed. New York,

USA: CRC Press, 2010, pp. 41-46.

[17] J. Pyrhonen, T. Jokinen and V. Hrabovcová, Design of Rotating Electrical

Machines, 2nd ed. New Delhi, India: Wiley, 2014, pp. 341.

[18] Rotating electrical machinery, IEC, 60034-1, 2004.

[19] P. Parthasaradhy and D. Ranganayakulu, “Hysteresis and eddy current losses of

magnetic material by Epstein frame method-novel approach”, in International

Conference on Innovations in Electrical & Electronics Engineering, Hyderabad,

India, 2014, pp. 85-93.

[20] Y. Kim, G. Cho and G. Kim, “The Estimation Method Comparison of Iron Loss

Coefficients through the Iron Loss Calculation”, J. Electr. Eng. Technol., vol. 8, no.

6, pp. 1409-1411, Jan., 2013.

[21] P. Sen, Principles of Electric Machines and Power Eletronics, 2nd ed. New Jersey,

USA: john wiley & sons, 1996, pp. 16-20.

Page 114: Gerador elétrico de estator rotativo com magnetos permanentes … · Gerador elétrico de estator rotativo com magnetos permanentes e rotor fixo com enrolamentos concentrados: Análise

96

[22] J. Kim, “A equivalent finite element of lamination for design of electromagnetic

engine valve actuator”, J. of Magnetics, vol. 4, no. 11, pp. 151-155, Aug., 2006.

[23] C. Huynh, L. Zheng and D. Acharya, “Losses in High Speed Permanent Magnet

Machines Used in Microturbine Applications”, J. of Eng. For Gas and Turbine

Power, vol. 131, no. 2, pp. 022301- 0223016, Mar., 2009.

[24] B. Pentenrieder, “Finite Element Solutions of Heat Conduction Problems in

Complicated 3D Geometries Using the Multigrid Method”, M.S. thesis, Dept.

Electric. Eng., TUM, Munich, Germany, 2005, pp. 11-14.

[25] AC/DC Module User’s Guide, COMLSOL Co., Burlington, MA, USA, 2015, pp 28-

37.

[26] J. Smith, H. Van Ness and M. Abbott, Introduction to Chemical Engineering

Thermodynamics, 6th ed. New York, USA: McGraw-Hill, 2001.

[27] A. Ghajar and C. Yunus, Heat and Mass Transfer, 3rd ed. New York, USA:

McGraw-Hill, 2006, pp. 2-6.

[28] C. Geankoplis, Transport Processes and Unit Operations, 3rd ed. Englewood Cliffs,

New Jersey, USA: Prentice-Hall, 1993, pp. 9-19.

[29] “Assignment Solutions of Partial Differential Equations”, class notes for Introduction

to partial differential equations, Dept. of Math., Univ. Central Arkansas, Conway,

South Carolina, USA, 2006, pp. 2.

[30] C. Geankoplis, Fundamentals of Heat and Mass Transfer, 7th ed. Englewood Cliffs,

New Jersey, USA: John Wiley & Sons, 2011, pp 613-616.

[31] A. Fitzgerald, C. Kingsley and S. Umans, Electric Machinery, 6th ed. New York,

USA: McGraw-Hill, 2003, pp 42.

[32] Motor Book, 1st ed., Grundfos Co, Bjerringbro, Denmark, 2004, pp. 174.

Page 115: Gerador elétrico de estator rotativo com magnetos permanentes … · Gerador elétrico de estator rotativo com magnetos permanentes e rotor fixo com enrolamentos concentrados: Análise

97

[33] P. Bandini and A. Francato, “Avaliação do fator de potência em instalaçõeselétricas

residênciais, Dept. of department of hydric resources”, XVIII Congresso interno de

iniciação cientifica, Campinas, Brazil, 2010, pp. 1.

[34] N. Orlando et al, “Comparison of power converter topologies for permanent magnet

small wind turbine system”, International Symposium on Industrial Electronics,

Cambridge, United Kingdom, 2008, pp. 2360.

[35] T. Gilmore and R. Sladky, “Ratings of Semiconductors for AC Drives”, IEEE Trans.

Ind. Appl., vol. 37, no. 2, pp. 0093–9994, Mar., 2001.

[36] A. Al-Abduallah et al, “Five-Phase Induction Motor Drive System with Inverter

Output LC Filter”, GCC Conference and Exhibition, Doha, Qatar, 2013, pp. 153-

158.

[37] L. Huber and M. Jovanović, “Comparison of Audible Noise Caused by Magnetic

Components in Switch-Mode Power Supplies Operating in Burst Mode and

Frequency-Foldback Mode”, Applied Power Electronics Conference and

Exposition, Fort Worth, Texas, USA, 2014, pp. 2895 – 2901.

[38] J. Cardoso, “Impacto da microgeração na qualidade de energia de uma rede de

baixa tensão”, M.S. thesis, Dept. Elect. Eng. And Comput. Sci., IST, Lisbon,

Portugal, 2009, pp. 15-20.

[39] L. Pinto, “Gerador elétrico integrado em turbinas de aeronaves: Análise térmica

para uma localização frontal e acoplamento no eixo de baixa rotação de um

gerador síncrono de magnetos permanentes de 90 kW”, M.S. thesis, Dept. Elect.

Eng. And Comput. Sci., IST, Lisbon, Portugal, 2015, pp. 31.

[40] “VSC – Voltage Source Converters”, class notes for Power Electronics for

Renewable Energy, Dept. of Elect. Eng. and Comput. Sci., IST, Lisbon, Portugal,

2015.

[41] M. Kazimierczuk and H. Sekiya, “Design of AC Resonant Inductors Using Area

Product Method”, ECCE Energy Conversion Congress and Exposition, San Jose,

CA, USA, 2009, pp 994.

Page 116: Gerador elétrico de estator rotativo com magnetos permanentes … · Gerador elétrico de estator rotativo com magnetos permanentes e rotor fixo com enrolamentos concentrados: Análise

98

[42] LiveLink for MATLAB, COMSOL Co, Burlington, MA, USA, 2015, pp. 10-13.

[43] E. Brancato, “Estimation of Lifetime Expectancies of Motors”, IEEE Electr. Insul.

Mag., vol. 8, no. 3, pp. 5 - 13, Aug., 2002.

[44] T. Dakin, “Electrical Insulation Deterioration Treated as a Chemical Rate

Phenomenon”, IEEE Trans. Commun., vol. 67, no. 1, pp. 113 – 115, June, 2009.

[45] C. Han, “Lifetime Evaluation of Class E Electrical Insulation for Small Induction

Motors”, IEEE Electr. Insul. Mag., vol. 27, no. 3, pp. 14, June, 2011.

[46] J. Kolar et al, “Novel three phase ac dc ac sparse matrix converter”, IEEE Trans.

Power Electron., vol. 22, no. 5, pp. 1649 – 1661, September, 2007.