67
ADRIANO CRASTO DE MORAIS GERENCIAMENTO DE CUSTO E TEMPO EM PROJETOS CAPEX Monografia de Conclusão do CEAI – Curso de Especialização em Administração Industrial da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo São Paulo 2008

GERENCIAMENTO DE CUSTO E TEMPO EM …vanzolini.org.br/download/TCC_FINAL_ADRIANO_CRASTO.pdf · outras, as metodologias que utilizam o PMBOK (Project Management Body of Knowledge)

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: GERENCIAMENTO DE CUSTO E TEMPO EM …vanzolini.org.br/download/TCC_FINAL_ADRIANO_CRASTO.pdf · outras, as metodologias que utilizam o PMBOK (Project Management Body of Knowledge)

1

ADRIANO CRASTO DE MORAIS

GERENCIAMENTO DE CUSTO E TEMPO EM PROJETOS CAPEX

Monografia de Conclusão do CEAI – Curso de Especialização em Administração Industrial da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo

São Paulo 2008

Page 2: GERENCIAMENTO DE CUSTO E TEMPO EM …vanzolini.org.br/download/TCC_FINAL_ADRIANO_CRASTO.pdf · outras, as metodologias que utilizam o PMBOK (Project Management Body of Knowledge)

2

ADRIANO CRASTO DE MORAIS

GERENCIAMENTO DE CUSTO E TEMPO EM PROJETOS CAPEX

Monografia de Conclusão do CEAI – Curso de Especialização em Administração Industrial da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo

Orientador: Prof. MAURO ZILBOVICIUS

São Paulo 2008

Page 3: GERENCIAMENTO DE CUSTO E TEMPO EM …vanzolini.org.br/download/TCC_FINAL_ADRIANO_CRASTO.pdf · outras, as metodologias que utilizam o PMBOK (Project Management Body of Knowledge)

3

RESUMO

Atualmente existem algumas correntes de pensamento no âmbito da Gestão de

Projetos que propõem metodologias, procedimentos, ferramentas, etc., as quais as empresas

tentam aplicar em sua rotina de Gerenciamento de Projetos. Dentre estas, destacam-se, entre

outras, as metodologias que utilizam o PMBOK (Project Management Body of Knowledge)

como guia de melhores práticas, bem como uma infinidade de ferramentas que resultam em

procedimentos com foco em um gerenciamento eficiente de um projeto. Este conjunto de

conhecimentos e técnicas tem sido considerado indispensável e polariza as abordagens neste

tema, gerando certa correria das empresas para se adequarem a tal tendência, fato este

observado na gestão de outras áreas de conhecimento, como por exemplo, a aplicação da ISO,

na área de qualidade.

No entanto, nota-se que a aplicação e introdução de tal aprimoramento em gestão de

projetos requerem um profundo estudo e planejamento que levem em conta diversos fatores

culturais e estratégicos, principalmente em organizações que não são orientadas a projetos, ou

projetizadas, as quais podem estar optando por soluções que não sejam adequadas ou que

sejam demasiado onerosas ou complicadas de se implementar, gerando assim resultados

insatisfatórios e até mesmo inutilizáveis.

Esta profissionalização deve ser cuidadosa para evitar a criação de um ambiente

revolto em que as empresas podem se encontrar nesta busca por uma fórmula de excelência

em cada departamento, introduzindo sistemas e processos simultaneamente, muitas vezes sem

a comunicação adequada para garantir ou até mesmo melhorar a mínima sinergia que conecta

todos os departamentos em direção ao cumprimento da missão da empresa e à entrega dos

resultados esperados pelos acionistas.

Neste cenário este trabalho propõe-se a questionar e avaliar a aplicação destas

metodologias em empresas não orientadas a projetos, utilizando duas empresas como campo

de pesquisa, onde se observam diversos problemas no gerenciamento de projetos, com

maiores conseqüências no controle de custos e tempo ou prazo dos projetos, que demonstram

resultados plenamente insatisfatórios. Assim, este breve estudo buscará levantar causas,

discutirá as metodologias aplicadas e tentará propor uma solução mais adequada para as

empresas poderem melhorar seu desempenho na área de Gerenciamento de Projetos, mais

especificamente, na questão de tempo e custo, aspectos considerados críticos em uma

primeira análise e que são, portanto, o problema a ser tratado como objeto de estudo.

Page 4: GERENCIAMENTO DE CUSTO E TEMPO EM …vanzolini.org.br/download/TCC_FINAL_ADRIANO_CRASTO.pdf · outras, as metodologias que utilizam o PMBOK (Project Management Body of Knowledge)

4

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO.................................................................................................................. 5 2. FUNDAMENTOS BÁSICOS DE GERENCIAMENTO DE PROJETOS........................ 6 2.1. Definição de Projeto........................................................................................................ 6 2.2. Termos Técnicos relacionados a Projetos ....................................................................... 7 2.3. Projetos Capex................................................................................................................. 8 2.4. Portfolio de Projetos........................................................................................................ 9 2.5. Métricas de Avaliação de Projetos .................................................................................. 9 2.5. Projetos e Estruturas Organizacionais........................................................................... 10

2.5.1. Partes Interessadas no Projeto ................................................................................ 10 2.5.2. Estruturas Organizacionais..................................................................................... 11

2.6. Gerenciamento de Projetos............................................................................................ 12 2.7. Estrutura do PMBOK – Grupos de Processos............................................................... 13 3. ESTUDO DE CASOS ...................................................................................................... 15 3.1. Empresa 1 ...................................................................................................................... 16

3.1.1. Estrutura Organizacional – Empresa 1................................................................... 16 3.1.2. Histórico de Gerenciamento de Projetos – Empresa 1 ........................................... 19 3.1.3. Processos de Gerenciamento de Projetos – Empresa 1 .......................................... 21

3.2 - Empresa 2..................................................................................................................... 34 3.2.1 - Estrutura Organizacional – Empresa 2.................................................................. 34 3.2.2 - Histórico de Gerenciamento de Projetos na Empresa 2 ........................................ 36 3.2.3 - Processos de Gerenciamento de Projetos – Empresa 2......................................... 38

4. ANÁLISE DA SITUAÇÃO ATUAL DAS EMPRESAS................................................ 45 4.1 - Análise dos Processos de Gerenciamento.................................................................... 45 4.2 - Análise do Gerenciamento de Tempo.......................................................................... 47 4.3 - Análise do Gerenciamento de Custo............................................................................ 55 4.4 – Causas Principais......................................................................................................... 60 4.5 – Soluções Propostas ...................................................................................................... 61 5 – CONCLUSÃO................................................................................................................ 66 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................. 67

Page 5: GERENCIAMENTO DE CUSTO E TEMPO EM …vanzolini.org.br/download/TCC_FINAL_ADRIANO_CRASTO.pdf · outras, as metodologias que utilizam o PMBOK (Project Management Body of Knowledge)

5

1. INTRODUÇÃO

A demanda de Projetos de Investimento nas empresas de estudo tem crescido de forma

notável nos últimos anos e, conseqüentemente, o montante investido para a modernização das

mesmas. Parece então razoável e seguro considerar que a busca da eficiência e otimização da

rotina do Departamento de Projetos figure como uma questão chave para o alcance dos

resultados da empresa não só no nível operacional, mas também no nível estratégico, já que

faz parte do plano estratégico das empresas alcançarem a excelência em suas diversas áreas.

Assim, em um primeiro momento avalia-se que será muita bem recebida pelos diversos níveis

envolvidos em projetos na empresa uma reavaliação não só da visão de projetos, mas também

em como tornar o controle de tempo e custo de projetos mais assertivo e consistente.

Este trabalho visa então avaliar as práticas existentes hoje na área de Gerenciamento

de Projetos dentro de duas empresas de estudo e propor, sugerir e até mesmo desenvolver

quais práticas podem ser aplicadas para minimizar a ocorrência de atrasos e estouros de

orçamento em Projetos de Investimento.

De forma a facilitar a exposição e análise do problema a ser estudado, este trabalho foi

estruturado para proporcionar ao leitor primeiramente uma ambientação no tema em que se

insere o foco do estudo, baseando-se principalmente nas definições propostas pelo Project

Management Body of Knowledge, ou PMBOK, já que é nele que se concentram as atenções da

área de Gerenciamento de Projeto, sendo reconhecido como guia de melhores práticas.

Após a exposição das definições e conceitos principais relacionadas ao Gerenciamento

de Projetos, será descrito em detalhes o método de estudo do Problema, ou seja, como a

situação atual no tocante ao Gerenciamento de Projetos nas duas empresas utilizadas como

campo de pesquisa será apresentada, analisada e estudada.

Ilustrada a situação atual e descrito o método de estudo, serão enfim avaliadas

soluções para o Problema que possibilitem uma abordagem mais eficiente na otimização do

Gerenciamento de Projetos, mais especificamente, na gestão de custo e prazo, foco principal

deste estudo.

Page 6: GERENCIAMENTO DE CUSTO E TEMPO EM …vanzolini.org.br/download/TCC_FINAL_ADRIANO_CRASTO.pdf · outras, as metodologias que utilizam o PMBOK (Project Management Body of Knowledge)

6

2. FUNDAMENTOS BÁSICOS DE GERENCIAMENTO DE PROJETOS

Para poder fundamentar tanto o problema de estudo, como o ambiente em que ele

ocorre e as soluções a serem avaliadas, este capítulo tem como objetivo prover ao leitor uma

iniciação ao tema, definindo e ilustrando os conceitos mais relevantes que serão mencionados,

referenciados e questionados no decorrer deste trabalho.

2.1. Definição de Projeto

Existem muitas definições para projetos, onde são observadas convergência e

similaridades acentuadas e que podem, sem perda de generalidade, serem compiladas na

definição de que Projetos são esforços empreendidos para o atendimento de um objetivo em

um período finito de tempo.

Observando a definição acima é visível a forte relação com a finitude, ou seja, projetos

são atividades com condições de contorno finitas, sejam elas de custo, tempo, qualidade, etc.

Outra relação é a de unicidade -, um projeto é a implantação prática e efetiva de uma solução

inovadora para o atendimento de um objetivo. Por mais que um projeto seja equivalente ou

até mesmo a replicação de um projeto similar, cada projeto é considerado único, pois existem

diversas condições que são singulares e formam particularidades em cada projeto; por

exemplo, o projeto de implantação de um Sistema de Gestão no Brasil e o mesmo projeto

sendo implantado na Europa podem ser considerados como Projetos únicos e diferentes,

devido a enorme quantidade de condições e situações que farão destes dois projetos

empreitadas verdadeiramente únicas, apesar de terem o mesmo objetivo. Quanto à iniciativa

para a criação de um projeto, o PMBOK (2004) lista algumas motivações como a demanda de

mercado, necessidade organizacional, solicitação de um cliente, avanço tecnológico ou até

mesmo um requisito legal.

Outra característica marcante de um projeto é que ele possui elaboração progressiva,

que significa que o projeto é desenvolvido em etapas ou fases, e que as mesmas estão

interconectadas e influenciam diretamente no andamento do projeto como um todo.

Uma falácia recorrente na definição de projetos e que vale ser esclarecida é a

diferenciação entre projeto e operação. Enquanto projetos são esforços temporários, operações

são atividades contínuas, rotineiras, geralmente repetitivas, necessárias para a manutenção da

atividade da empresa; projetos, por sua vez, podem também ser encarados como a

implantação de melhorias nas operações.

Page 7: GERENCIAMENTO DE CUSTO E TEMPO EM …vanzolini.org.br/download/TCC_FINAL_ADRIANO_CRASTO.pdf · outras, as metodologias que utilizam o PMBOK (Project Management Body of Knowledge)

7

Outra falácia marcante que compromete o entendimento das características acima

mencionadas é de que ciclos de vida do projeto e do produto representam o mesmo conceito.

O ciclo de vida de um produto pode ser entendido como todo o tempo despendido

desde a geração da idéia do desenvolvimento de um produto até sua retirada do mercado,

passando pelo estudo, desenvolvimento, testes, produção e comercialização. Para cada uma

destas etapas pode ser utilizado um projeto para que os objetivos de cada etapa sejam

alcançados. Ainda, após o término de um projeto, as entregas deste serão administradas pela

operação, por exemplo, em um projeto de implantação de um novo sistema de automação de

uma planta industrial, a responsabilidade da manutenção, manuseio, treinamento, etc., serão

do Departamento de Ooperações. A figura 2-1 ilustra a interação entre os ciclos de vida do

projeto e do produto.

Figura 2-1. Relação entre o produto e os ciclos de vida do projeto

Fonte: PMBOK (2004)

2.2. Termos Técnicos relacionados a Projetos

Nesta seção são apresentadas as definições de alguns termos técnicos extraídas do

PMBOK (2004) e compiladas abaixo:

• Escopo do Projeto: O trabalho que precisa ser realizado para entregar um produto,

serviço ou resultado com as características e funções especificadas;

• Escopo do Produto: As características e funções que descrevem um produto, serviço

ou resultado;

• Estrutura Analítica do Projeto (EAP): A EAP é uma decomposição hierárquica

orientada à entrega do trabalho a ser executado pela equipe do projeto, para atingir os

objetivos do projeto e criar as entregas necessárias;

Page 8: GERENCIAMENTO DE CUSTO E TEMPO EM …vanzolini.org.br/download/TCC_FINAL_ADRIANO_CRASTO.pdf · outras, as metodologias que utilizam o PMBOK (Project Management Body of Knowledge)

8

• Linha de Base: Compõem-se das referências planejadas as quais serão utilizadas para

comparar o progresso e os resultados esperados do projeto. Estão previstas no

PMBOK as linhas e base de tempo, custo, escopo e qualidade;

• Risco: É um evento ou condição incerta que, se ocorrer, terá um efeito positivo ou

negativo sobre pelo menos um objetivo do projeto, como tempo, custo, escopo ou

qualidade.

Outras definições importantes são as de tempo, prazo, custo e orçamento. Tempo e

custo são áreas de conhecimento nas quais são aplicados processos de gerenciamento de

projetos para garantir o prazo e o orçamento do projeto, que por sua vez são respectivamente

o tempo necessário ou considerado para que o projeto seja entregue e montante financeiro

considerado ou disponível para a realização do projeto.

2.3. Projetos Capex

Os Projetos tratados neste trabalho serão, a não ser que seja mencionado o contrário,

primordialmente Projetos de Investimento, ou Projetos CAPEX, de Capital Expenditure.

Estes figuram os projetos que utilizam o capital da empresa para adquirir ou melhorar os bens

físicos da mesma, tais como equipamentos, propriedades e imóveis. Estes investimentos, no

entanto, podem ter além do foco na melhoria e modernização, a adequação a Normas e

Legislação.

Pode-se então notar uma importante característica dos Projetos aqui estudados: o

Cliente que receberá o Projeto é interno, ou seja, será representado pelo Gerente ou

Coordenador de uma outra área dentro da mesma empresa.

Assim, pode-se citar como exemplos de projetos Capex nas empresas estudadas:

• Projetos de ampliação de uma unidade da empresa;

• Aquisição de novos equipamentos;

• Adequação técnica de instalações para atendimento de alguma legislação;

• Implantação de um sistema de automação para as operações;

• Compra e teste de novos equipamentos para posterior avaliação e replicação em outras

unidades da empresa.

Page 9: GERENCIAMENTO DE CUSTO E TEMPO EM …vanzolini.org.br/download/TCC_FINAL_ADRIANO_CRASTO.pdf · outras, as metodologias que utilizam o PMBOK (Project Management Body of Knowledge)

9

2.4. Portfolio de Projetos

A iniciativa dos projetos de investimento são identificadas no planejamento estratégico

da empresa, onde são levantadas todas as possibilidades de ganhos e melhorias e adequações

que poderiam ser atendidas por um Projeto e que estão alinhados com os objetivos

estratégicos.

Este conjunto de iniciativas será priorizado segundo diversas métricas, como por

exemplo retorno financeiro, exigência legal, ganho de mercado, viabilidade, etc, formando

assim o Portfolio de Projetos da empresa, que é nada mais que o conjunto de todas as

iniciativas que podem ou não ser viabilizadas pela execução de um projeto.

2.5. Métricas de Avaliação de Projetos

Foi mencionado na seção anterior da forte relação dos projetos com a finitude e

unicidade. Já que os projetos são gerenciados principalmente sob restrições de custo, prazo,

escopo e qualidade, é natural que a maioria das métricas que avaliem o sucesso de Projetos

estejam baseadas na medição de quanto uma ou mais destas grandezas estão de acordo com os

valores definidos no início do Projeto.

Para ilustrar a idéia desta restrição, é utilizada como modelo a figura 2-2:

Qualidade

Escopo Custo

Tempo

Qualidade

Escopo Custo

Tempo

Figura 2-2. Triângulo de Restrições de Projeto Fonte: Mingus (2002)

A interpretação da figura parte da idéia de que o comprimento de cada lado representa

a magnitude da importância qualitativa e/ou quantitativa de cada grandeza. Por exemplo,

Page 10: GERENCIAMENTO DE CUSTO E TEMPO EM …vanzolini.org.br/download/TCC_FINAL_ADRIANO_CRASTO.pdf · outras, as metodologias que utilizam o PMBOK (Project Management Body of Knowledge)

10

considerando um Projeto que tinha como representação inicial um triângulo eqüilátero, e caso

seja necessário diminuir o tempo do Projeto sem diminuir o escopo, é necessário aumentar o

custo para que a qualidade (área do círculo) seja mantida. Este exemplo pode ser estendido a

alterações nas outras grandezas.

Quanto maior a aderência do projeto aos valores estimados e validados destas

grandezas, mais bem sucedido o projeto é considerado. No entanto, é comum verificar-se a

tendência em considerar-se um excelente projeto aquele que entregue exatamente aquilo que

foi especificado, nas métricas e valores especificados. Por essa linha, entregas antecipadas ou

de escopos além do especificado são consideradas falha de planejamento ou desperdício dos

recursos da empresa, por exemplo.

2.5. Projetos e Estruturas Organizacionais

Projetos são esforços temporários para entrega de um produto, serviço ou resultado.

Analisando novamente a definição de projetos, é indispensável ilustrar como este

empreendimento influencia as relações entre os envolvidos no projeto, dentro e fora da

empresa e como a cultura e estrutura organizacionais são relevantes na prática do

Gerenciamento de Projetos.

2.5.1. Partes Interessadas no Projeto

As partes interessadas no projeto ou stakeholders são os todos os indivíduos afetados

pela implantação de um Projeto ou que estejam envolvidos ativamente em todas as fases que

circundam a implantação de um Projeto. São, portanto stakeholders:

• Equipe do Projeto: time do Projeto, Gerente de Projeto;

• Patrocinador do Projeto, Corpo Diretor da Empresa, Colaboradores da Empresa;

• Fornecedores, Clientes;

• Órgãos Públicos, Reguladores, Entidades de Classes;

• Comunidade, população em geral;

Como as partes interessadas no projeto representam todos que influenciam ou são

influenciados por um projeto, podemos facilmente imaginar que esta influência pode ser tanto

negativa, como positiva. Por exemplo, em um projeto de construção de uma estrada, as

famílias a serem desapropriadas, os órgãos ambientais são exemplos de partes que

influenciam negativamente o sucesso da execução de um projeto. No entanto, dentro do

Page 11: GERENCIAMENTO DE CUSTO E TEMPO EM …vanzolini.org.br/download/TCC_FINAL_ADRIANO_CRASTO.pdf · outras, as metodologias que utilizam o PMBOK (Project Management Body of Knowledge)

11

mesmo grupo de pessoas, podem ser encontradas partes que influenciam positivamente o

projeto. No exemplo supracitado, as famílias que não forem desapropriadas podem ser a favor

do projeto, devido à expectativa de crescimento e prosperidade após a implantação do projeto

de estrada na região da comunidade. A figura 2-3 mostra um diagrama das relações entre as

partes interessadas no projeto.

Figura 2-3. A relação entre as partes interessadas e o projeto

Fonte: PMBOK (2004)

2.5.2. Estruturas Organizacionais

Outro fator bastante relevante na prática do Gerenciamento de Projetos é a forma em

como a empresa está estruturada para lidar com projetos, sua cultura, estilo e valores. Quanto

à estruturação organizacional e sua relação com o Gerenciamento de Projetos, as empresas

são comumente classificadas em Organizações Funcionais e Organizações Projetizadas.

Nas Organizações Funcionais, nota-se a clara definição de cargos e hierarquias. Já nas

Organizações Projetizadas, as estruturas, cargos e hierarquias são montadas de acordo com o

Projeto e sua alocação de recursos humanos é particular. Existem ainda organizações que

possuem estruturas que mesclam algumas características das Organizações Projetizadas e

Funcionais. Estas organizações são reconhecidas como Organizações Matriciais, e podem ser

consideradas desde Matricial Fraca, até Matricial Forte, dependendo do grau de similaridade

com os extremos. A figura 2-4 ilustra as estruturas organizacionais apresentadas com relação

à sua influência em projetos.

Page 12: GERENCIAMENTO DE CUSTO E TEMPO EM …vanzolini.org.br/download/TCC_FINAL_ADRIANO_CRASTO.pdf · outras, as metodologias que utilizam o PMBOK (Project Management Body of Knowledge)

12

Figura 2-4. Influências da estrutura organizacional nos projetos

Fonte: PMBOK (2004)

2.6. Gerenciamento de Projetos

Nas seções anteriores foi dada uma visão geral do cerne conceitual que envolve o

Gerenciamento de Projetos, onde para tornar a exposição mais objetiva e adequada ao

propósito do trabalho, foram priorizados os tópicos a serem expostos e definidos, deixando

claro então que foram definidos apenas os tópicos sobre Gerenciamento de Projetos que

possuem relação direta com o problema de estudo ou que sejam necessários para o mínimo de

entendimento sobre o tema.

Assim, após a exposição das definições mais relevantes sobre o que cerca o

entendimento sobre o que são Projetos e como estão inseridos em um ambiente

organizacional, seguem abaixo algumas definições para o que é de fato o Gerenciamento de

Projetos:

O gerenciamento de projetos é a aplicação de conhecimento, habilidades, ferramentas e técnicas às atividades do projeto a fim de atender aos seus requisitos. O gerenciamento de projetos é realizado através de processos, usando conhecimento, habilidades, ferramentas e técnicas do gerenciamento de projetos que recebem entradas e geram saídas. (PMBOK Terceira Edição, 2004, p.37)

Page 13: GERENCIAMENTO DE CUSTO E TEMPO EM …vanzolini.org.br/download/TCC_FINAL_ADRIANO_CRASTO.pdf · outras, as metodologias que utilizam o PMBOK (Project Management Body of Knowledge)

13

Aplicação de conhecimento, habilidade, ferramentas e técnicas para as atividades do projeto com objetivo de alcançar os resultados do projeto. (Mingus, 2002, p.8)

“[...] Processo de tomar decisões que envolvem o uso de recursos, para realizar atividades temporárias, com o objetivo de fornecer um resultado”. (Maximiano, 1997, p.40)

Observa-se acima um direcionamento conceitual, onde se pode destacar certa

equivalência no que diz respeito principalmente à preocupação em atingir os objetivos do

Projeto, sejam eles uma entrega, um evento ou um produto. Desta forma, o Gerenciamento de

Projetos pode ser encarado como uma gestão de recursos fortemente focada em resultados e,

indo um pouco mais além, cercada de restrições e premissas permeadas em um ambiente de

volatilidade variável, tanto de estrutura como de expectativas e necessidades.

2.7. Estrutura do PMBOK – Grupos de Processos

O PMBOK (2004) define que o Gerenciamento de Projetos é realizado através da

utilização de processos de gerenciamento. Como o termo processo de gerenciamento será

amplamente utilizado para descrever a situação das empresas de estudo, cabe ilustrar como o

mesmo está definido nesta literatura. Isolando apenas o conceito de Processo temos:

“[...] Um processo é um conjunto de ações e atividades inter-relacionadas realizadas

para obter um conjunto pré-especificado de produtos, resultados ou serviços” PMBOK (2004,

p.38). Como exemplo de um processo pode-se citar a elaboração do cronograma do projeto.

Estes processos são agrupados simultaneamente em grupos de processos de

gerenciamento de projetos e em áreas de conhecimento, e têm como objetivo realizar um

mapeamento de todos os processos identificados como melhores práticas e que podem ser

aplicados no gerenciamento de qualquer projeto e suas interconexões. A figura 2-5 mostra o

mapeamento de todos os processos previstos no PMBOK.

Page 14: GERENCIAMENTO DE CUSTO E TEMPO EM …vanzolini.org.br/download/TCC_FINAL_ADRIANO_CRASTO.pdf · outras, as metodologias que utilizam o PMBOK (Project Management Body of Knowledge)

14

Figura 2-5. Mapeamento dos processos de gerenciamento de projetos entre os grupos

de processos de gerenciamento de projetos e áreas de conhecimento Fonte: PMBOK (2004)

Page 15: GERENCIAMENTO DE CUSTO E TEMPO EM …vanzolini.org.br/download/TCC_FINAL_ADRIANO_CRASTO.pdf · outras, as metodologias que utilizam o PMBOK (Project Management Body of Knowledge)

15

3. ESTUDO DE CASOS

Este trabalho utilizará como campo de pesquisa duas empresas distintas.

Primeiramente será apresentado um breve histórico recente dos resultados apresentados pelo

Departamento de Projetos nas duas empresas, e será montada uma base de dados para análise,

que será de extrema importância não só para mensurar as conseqüências da ocorrência de

atrasos e estouro de orçamento em Projetos de Investimento, como também será uma fonte

valiosa de dados que permita uma identificação de possíveis nuanças não percebidas em uma

primeira análise ou em uma aproximação do problema meramente teórica.

Com posse deste histórico, a prática da Gestão de Projetos propriamente dita será

descrita à luz das metodologias existentes nas empresas sempre levando em conta as

particularidades do ambiente das mesmas, avaliando criticamente sua eficácia e aplicabilidade

nesta fase tendo como base apenas os resultados observados no histórico apresentado.

Estas impressões serão então utilizadas para comparar e confrontar as metodologias e

processos existentes nas empresas junto à bibliografia, a qual se baseia pelo conteúdo

proposto pelo PMBOK e demais fontes, a partir do capítulo 4,. Será então possível avaliar e

questionar se a abordagem atual das empresas está em desacordo com o que sugere a

bibliografia e, caso afirmativo, em qual nível e teor.

Como conseqüência desta análise será feita uma investigação das causas que levam a

uma Gestão de Projetos ineficiente, com enfoque principal no estouro de prazo e custo. De

posse das causas identificadas, as mesmas serão priorizadas e será proposta uma abordagem

alternativa que tente minimizar a ocorrência do Problema e que proporcione um contato mais

próximo e mais realista com o Problema.

Page 16: GERENCIAMENTO DE CUSTO E TEMPO EM …vanzolini.org.br/download/TCC_FINAL_ADRIANO_CRASTO.pdf · outras, as metodologias que utilizam o PMBOK (Project Management Body of Knowledge)

16

3.1. Empresa 1

Para tornar a explanação mais didática da situação atual da Empresa 1, a descrição das

próximas seções será estruturada da seguinte forma:

1. Descrição da estrutura organizacional do Departamento de Projetos. Nesta seção será

mostrado como está constituída a estrutura organizacional da Empresa: quais os papéis

típicos, suas responsabilidades e qual o tipo de estrutura organizacional que melhor a

descreve.

2. Histórico do Gerenciamento de Projetos da empresa. Será feita aqui uma descrição

quantitativa e qualitativa do histórico recente dos Projetos de Investimento da

empresa.

3. Descrição dos Processos de Gerenciamento de Projeto na empresa. Conforme descrito

na seção 2.7 e para uma melhor contextualização, serão mapeados e analisados os

processos da prática de Gerenciamento de Projetos que se incluam nos Grupos de

Processos de Gerenciamento de Projetos previstos no PMBOK, ou seja, os processos

de cada empresa serão agrupados nas categorias de Grupos de Processos de Iniciação,

Planejamento, Execução, Controle e Encerramento.

3.1.1. Estrutura Organizacional – Empresa 1

Apesar de não ser uma organização projetizada, a Empresa 1 possui uma estrutura fixa

para o Gerenciamento de Projetos, sendo ela formada por um especialista em Engenharia

Civil (Coordenador do Departamento); um especialista em Engenharia Mecânica (Engenheiro

Pleno); um Especialista em Engenharia Elétrica e Automação (Engenheiro Pleno); uma

coordenadora de Obras Civis (Engenheira Plena) quatro Engenheiros Junior, sendo dois civis

e dois elétricos; uma estagiária de Administração e uma estagiária em Engenharia Civil. Esta

estrutura é mostrada na figura 3-1.

Page 17: GERENCIAMENTO DE CUSTO E TEMPO EM …vanzolini.org.br/download/TCC_FINAL_ADRIANO_CRASTO.pdf · outras, as metodologias que utilizam o PMBOK (Project Management Body of Knowledge)

17

Gerência Ativos /Regional 5

CoordenaçãoAtivos / Manutenção

CoordenaçãoProjetos**

Engenheiro SêniorCivil**

Engenheiro JrAutomação

**Obs.: Ocupadas pelo mesmo funcionário

Engenheiro PlenoElétrica / Automação

Engenheiro PlenoMecânica

Engenheiro JrElétrica

EngenheiroPleno Civil

Engenheiro JrCivil 1

Engenheiro JrCivil 2

EstagiárioCivil

EstagiárioAdministração

Organograma – Empresa 1Departamento de Projetos

Gerência Ativos /Regional 5

CoordenaçãoAtivos / Manutenção

CoordenaçãoProjetos**

Engenheiro SêniorCivil**

Engenheiro JrAutomação

**Obs.: Ocupadas pelo mesmo funcionário

Engenheiro PlenoElétrica / Automação

Engenheiro PlenoMecânica

Engenheiro JrElétrica

EngenheiroPleno Civil

Engenheiro JrCivil 1

Engenheiro JrCivil 2

EstagiárioCivil

EstagiárioAdministração

Gerência Ativos /Regional 5

CoordenaçãoAtivos / Manutenção

CoordenaçãoProjetos**

Engenheiro SêniorCivil**

Engenheiro JrAutomação

**Obs.: Ocupadas pelo mesmo funcionário

Engenheiro PlenoElétrica / Automação

Engenheiro PlenoMecânica

Engenheiro JrElétrica

EngenheiroPleno Civil

Engenheiro JrCivil 1

Engenheiro JrCivil 2

EstagiárioCivil

EstagiárioAdministração

Organograma – Empresa 1Departamento de Projetos

Figura 3-1. Organograma do Departamento de Projetos da Empresa 1

Fonte: Empresa 1

Esta estrutura está ligada ao Departamento de Ativos e sob seu gerente, não existindo,

portanto, um gerente funcional exclusivo para a Área de Projetos. Ainda, o Gerente de Ativos

ainda ocupa a posição de Gerente Regional, conforme ser visto na figura 3-2.

Com relação à posição de gerentes de projeto, esta não existe. O que existe é a posição

de Líder de Projeto. Isso faz com que qualquer engenheiro pleno ou sênior membro do

departamento, a princípio, é elegível como líder para qualquer projeto.

Conforme visto na seção 2.5, e analisando o exposto acima, a Empresa 1 pode ser

considerada como uma estrutura Matricial Balanceada, já que mescla as características de

uma organização projetizada com uma funcional. Pelo observado na rotina e estrutura da

Empresa 1, podem ainda serem destacadas as seguintes características:

Os Líderes de Projeto têm autoridade moderada, tendo autonomia para:

• Elaborar o Escopo do Projeto;

• Negociar com as partes interessadas mudanças no Projeto;

• Selecionar fornecedores;

• Representar o Projeto junto ao Patrocinador;

Page 18: GERENCIAMENTO DE CUSTO E TEMPO EM …vanzolini.org.br/download/TCC_FINAL_ADRIANO_CRASTO.pdf · outras, as metodologias que utilizam o PMBOK (Project Management Body of Knowledge)

18

No entanto, como esta autoridade é limitada, onde se observa:

• Dificuldade em obter recursos adicionais para o Projeto;

• Baixa autonomia para tomar decisões que envolvam outras áreas;

• Dificuldade em conseguir apoio das partes interessadas;

• Outras áreas só disponibilizam recursos mediante negociação entre os representantes

de cada Área;

Superintendência

GerênciaComercial

GerênciaRH

GerênciaFinanceira

GerênciaAtivos*

GerênciaTecnologia do Concreto

GerênciaRegional 4

GerênciaRegional 1

GerênciaRegional 2

GerênciaRegional 3

GerênciaRegional 5*

GerênciaRegional 6

*Obs.: Ocupadas pelo mesmo Gerente

Organograma – Empresa 1Nível Gerencial

Superintendência

GerênciaComercial

GerênciaRH

GerênciaFinanceira

GerênciaAtivos*

GerênciaTecnologia do Concreto

GerênciaRegional 4

GerênciaRegional 1

GerênciaRegional 2

GerênciaRegional 3

GerênciaRegional 5*

GerênciaRegional 6

*Obs.: Ocupadas pelo mesmo Gerente

Superintendência

GerênciaComercial

GerênciaRH

GerênciaFinanceira

GerênciaAtivos*

GerênciaTecnologia do Concreto

GerênciaRegional 4

GerênciaRegional 1

GerênciaRegional 2

GerênciaRegional 3

GerênciaRegional 5*

GerênciaRegional 6

*Obs.: Ocupadas pelo mesmo Gerente

Organograma – Empresa 1Nível Gerencial

Figura 3-2. Organograma do nível gerencial da Empresa 1

Fonte: Empresa 1

A disponibilidade dos recursos é baixa, já que o líder de projeto não tem muita

liberdade para obter os recursos que necessita. Tal necessidade deve ser passada ao

Coordenador de Projetos que por sua vez tem de negociar com o patrocinado e/ou com as

gerências funcionais a disponibilidade dos recursos.

O Líder de Projetos se dedica todo o tempo ao gerenciamento dos projetos sob sua

responsabilidade. Por mais que a estrutura seja enxuta e não raro seja necessário que o líder

desempenhe atividades passíveis de delegação e que fujam do seu papel intrínseco, todas estas

atividades são referentes aos projetos do líder. Um exemplo típico é a emissão de requisições

de compra e reservas de viagens. Quando não há recurso disponível para esta atividade, o

Page 19: GERENCIAMENTO DE CUSTO E TEMPO EM …vanzolini.org.br/download/TCC_FINAL_ADRIANO_CRASTO.pdf · outras, as metodologias que utilizam o PMBOK (Project Management Body of Knowledge)

19

próprio líder de projeto é quem as realiza. Ainda, não há recursos administrativos para todos

os líderes de projeto. Assim, as atividades administrativas são repassadas ao recurso que conta

com a ordem de prioridade dada pelo Coordenador de Projetos para realização das tarefas.

Como todos os clientes do Departamento de Projetos são internos, ou seja, são

compostos por gerentes Regionais e coordenadores de outras Áreas, podem ser destacadas

nestas relações a dificuldade de se obter apoio junto a estes Clientes, a baixa sinergia e

comunicação entre as áreas e o entendimento insuficiente das partes interessadas sobre o que

a prática do Gerenciamento de Projetos.

3.1.2. Histórico de Gerenciamento de Projetos – Empresa 1

Para poder realizar uma análise sobre o Problema foco deste estudo, foi decidido

realizar a coleta da maior quantidade de dados possíveis e disponíveis sobre os Projetos

Capex da Empresa 1. Inicialmente, foi considerada como janela de estudo o período entre

2005 e 2006, os quais possuíam dados consolidados no Sistema de gerenciamento de projetos

da empresa.

No entanto, foram encontrados diversos problemas e situações na aquisição dos dados

dos projetos. No período proposto para coleta dos dados não foram encontrados documentos

padronizados e/ou completos sobre o controle do todos os projetos, conforme é mostrado na

tabela 3-1. Assim, para a maioria dos projetos, os status e informações presentes nestes

controles não são confiáveis:

• As datas de conclusão não representam necessariamente a conclusão do projeto: há

projetos não terminados que constam como terminados e há projetos terminados com

datas de conclusão equivocadas;

• Há projetos sem dados de performance de prazo e custos e com valores de orçamento

desatualizados;

A dificuldade de encontrar dados consistentes sobre o controle dos projetos além de

figurar um obstáculo para a análise do problema, já se destaca como um forte indicativo da

ineficiência na prática do Gerenciamento de Projetos na Empresa 1. Desta forma, fica clara a

necessidade de se aprofundar e ampliar a abordagem ao problema, o que será feito nas seções

subseqüentes deste capítulo, com outras formas de aproximação.

Para tal, o histórico da prática de projetos em questão será descrito de uma forma mais

qualitativa, mostrando os aspectos relevantes em função dos Grupos de Processos de

Page 20: GERENCIAMENTO DE CUSTO E TEMPO EM …vanzolini.org.br/download/TCC_FINAL_ADRIANO_CRASTO.pdf · outras, as metodologias que utilizam o PMBOK (Project Management Body of Knowledge)

20

Gerenciamento de projetos mostrados na seção 2.7, que se mostra didático e ajudará a

descrição da situação da empresa.

Com relação à metodologia utilizada, Empresa 1 se utiliza de guias de melhores

práticas internos, como ambientes de gestão do capital intelectual e ambiente de

padronização, manuais de operação e conduta, como também sugere e aceita as melhores

práticas sugeridas pelo PMBOK. No entanto, não existe ou ainda não foi implantada na

Empresa 1 uma metodologia específica para Gerenciamento de Projetos.

Tabela 3-1. Dados histórico de projetos consolidados do período entre 2005 e 2006

ID do Projeto TotalAtividades Início Final Valor Atual Orçamento Situação dPerformance

CronoPerformanceCustos

Performance % Completo

VariaçãoTérmino

AQ-VLEVE-21 7 20-Sep-05 A 26-Dec-05 A 1.293.178,02 1.296.100,00 Inactive 0 1 100% 0,0d Bombas EGX 3 05-Jul-05 A 16-Aug-05 A 0 6.960.000,00 Inactive 0 0 100% -29,0d

BOMBAS-EGX 3 29-Aug-05 A 31-Aug-05 A 5.676.205,58 6.960.000,00 Inactive 1 1,23 100% -1,0d CARROSV 3 03-Jun-05 A 06-Jun-05 A 75.000,00 75.000,00 Inactive 0 1 100% 0,0d

DCA-CON-96 10 01-Jun-05 A 28-Dec-05 A 59.641,87 60.000,00 Inactive 0 1,01 100% -114,0d EGX-DMV-7 3 05-Apr-06 A 03-Jul-06 A 11.174.000,00 11.174.000,00 Inactive 1,9 1 100% 57,0d EGX-TI-29 5 14-Aug-06 A 11-Sep-06 A 1.440,00 1.500,00 Inactive 0 1,04 100% 0,0d EGX-TI-30 5 14-Aug-06 A 14-Sep-06 A 2.880,00 3.000,00 Inactive 0 1,04 100% 0,0d

EGX31GOL 6 06-Mar-05 A 16-May-05 A 0 0 Inactive 0 0 100% -9,0d EGX_GG 3 04-Dec-04 A 01-Feb-05 A 122.800,86 122.801,00 Inactive 1 1 100% -40,5d

EGXCAMINHOES 3 25-Aug-04 A 03-May-05 A 22.590.360,02 22.387.528,00 Inactive 1 0,99 100% -170,5d EGXCARREGA 4 15-Oct-04 A 03-May-05 A 3.281.627,30 3.267.515,00 Inactive 1 1 100% -128,5d

GPS - SP 14 02-Oct-04 A 21-Sep-05 A 307.327,22 460.000,00 Inactive 1 1,17 100% -247,5d PROJETOREGX 3 02-Aug-05 A 04-Oct-05 A 4.560,00 8.200,00 Inactive 0 1,8 100% -45,0d

V.Apoio 3 16-Aug-05 A 28-Oct-05 A 1.136.250,00 1.296.200,00 Inactive 1 1,14 100% -52,0d V.Gerencia 3 29-Sep-05 A 28-Oct-05 A 126.774,33 132.000,00 Inactive 1 1,04 100% -20,0d

AMERICANA 51 11-May-05 A 08-Dec-05 A 66.785,40 70.000,00 Inactive 0 1,05 100% 0,0d ATIBAIA 69 11-May-05 A 01-Mar-06 A 0 0 Inactive 0 0 100% -43,0d

Autom. Cajamar 71 22-Nov-05 A 14-Feb-06 A 107.813,30 105.397,00 Inactive 1 0,98 100% -17,0d Bica Giratória 10 22-Nov-05 A 19-Jan-06 A 69.652,51 70.262,00 Inactive 1 1,01 100% 0,0d

BRASILIA 56 11-May-05 A 08-Dec-05 A 92.183,99 98.000,00 Inactive 1 1,06 100% 0,0d Caxias Pedreira 3 29-Sep-05 A 19-Oct-05 A 2.001,60 90.000,00 Inactive 0 44,96 100% -13,0d CENTRALMNT 3 09-Mar-05 A 03-May-05 A 137.965,66 138.000,00 Inactive 1 1 100% -39,0d CONTAGEM 3 11-May-05 A 05-Oct-05 A 2.890,41 2.891,00 Inactive 0 1 100% -104,0d

DCA-CON-115 3 09-Mar-05 A 03-May-05 A 230.919,13 231.000,00 Inactive 1 1 100% -39,0d DCA-CON-120 10 21-Feb-05 A 26-Aug-05 A 346.326,70 346.750,00 Inactive 0 1 100% -2,0d DCA-CON-121 2 21-Feb-05 A 03-May-05 A 0 0 Inactive 0 0 100% 0,0d DCA-CON-122 8 14-Mar-05 A 16-May-05 A 0 90.000,00 Inactive 1 0 100% -22,0d DCA-CON-124 116 21-Feb-05 A 30-Aug-05 A 324.865,44 360.750,00 Inactive 0 1,11 100% 0,0d DCA-CON-125 116 21-Feb-05 A 05-Aug-05 A 265.366,71 334.585,00 Inactive 0 1,26 100% 0,0d DCA-CON-126 3 21-Feb-05 A 12-May-05 A 23.175,00 90.000,00 Inactive 1 3,88 100% -28,0d DCA-CON-127 116 09-Mar-05 A 15-Sep-05 A 31.108,33 309.900,00 Inactive 0 9,96 100% 0,0d DCA-CON-128 3 21-Feb-05 A 12-May-05 A 0 90.000,00 Inactive 1 0 100% -28,0d DCA-CON-129 3 21-Feb-05 A 12-May-05 A 23.305,26 90.000,00 Inactive 1 3,86 100% -28,0d DCA-CON-130 3 21-Feb-05 A 12-May-05 A 5.427,76 90.000,00 Inactive 1 16,58 100% -28,0d DCA-CON-131 3 21-Feb-05 A 12-May-05 A 0 90.000,00 Inactive 1 0 100% -28,0d DCA-CON-132 11 09-Mar-05 A 02-Dec-05 A 227.505,36 240.725,00 Inactive 0 1,06 100% 0,0d DCA-CON-133 117 09-Mar-05 A 19-Sep-05 A 1.053.674,71 1.061.675,00 Inactive 0 1,01 100% 0,0d DCA-CON-134 3 10-Mar-05 A 12-May-05 A 5.160,13 90.000,00 Inactive 1 17,44 100% -28,0d DCA-CON-144 6 09-Mar-05 A 30-May-06 A 117.155,71 125.000,00 Inactive 0 1,07 100% 0,0d DCA-CON-52 49 03-Jan-05 A 25-May-05 A 74.000,86 75.742,00 Inactive 1 1,02 100% 3,0d DCA-CON-73 72 24-Nov-05 A 24-Dec-12 A 121.698,72 115.432,00 Inactive 1 0,95 100% -1785,0d DCA-CON-97 5 20-Jul-05 A 23-Dec-05 A 97.460,40 99.900,00 Inactive 0 1,03 100% 0,0d EGX-459-AD 76 01-Jul-05 A 10-Feb-06 A 159.915,47 146.234,00 Inactive 1 0,91 100% -95,0d

EGX-AUTO-21 70 20-Mar-06 A 07-Jun-06 A 103.184,46 115.432,00 Inactive 1 1,12 100% -9,5d EGX-AUTO-22 71 03-Feb-06 A 09-Jun-06 A 112.486,33 115.931,00 Inactive 1 1,03 100% -28,0d EGX-AUTO-33 70 02-May-06 A 07-Dec-06 97.934,75 115.432,00 Active 1 1,18 100% -96,0d EGX-AUTO-34 70 20-Mar-06 A 23-Jun-06 A 113.570,91 115.432,00 Inactive 1 1,02 100% -12,0d EGX-AUTO-35 70 27-Apr-06 A 30-Aug-06 A 99.858,58 115.332,00 Inactive 1 1,15 100% -19,0d EGX-AUTO-36 70 09-May-06 A 07-Dec-06 106.353,27 121.170,00 Active 1 1,14 100% -77,0d EGX-AUTO-37 70 24-Apr-06 A 25-Jul-06 A 108.422,23 115.432,00 Inactive 1 1,06 100% -1,0d EGX-AUTO-9 70 01-Mar-06 A 30-Aug-06 A 107.591,56 115.000,00 Inactive 1 1,07 100% -66,0d EGX-DHO-1 33 30-Mar-06 A 11-May-06 A 17.187,94 20.000,00 Inactive 1 1,16 100% -2,0d EGX-DMV-8 10 10-May-06 A 27-Jun-06 A 60.700,08 62.000,00 Inactive 1 1,02 100% 11,0d EGX-DMV-9 10 03-May-06 A 09-Jun-06 A 55.000,00 55.000,00 Inactive 1 1 100% -1,0d EGX-LT-5 19 09-May-06 A 10-Jul-06 A 59.320,56 59.400,00 Inactive 1,07 1 100% 3,0d EGX-TI-15 10 02-Jun-06 A 01-Sep-06 A 1.566,00 2.066,00 Inactive 1 1,32 100% -45,0d EGX-TI-17 7 03-May-06 A 07-Jun-06 A 4.988,00 4.988,00 Inactive 1 1 100% 3,0d EGX-TI-18 10 27-Apr-06 A 13-May-06 A 9.547,18 11.549,00 Inactive 1 1,21 100% -1,0d EGX-TI-19 5 19-Jul-06 A 25-Jul-06 A 690 750 Inactive 0 1,09 100% 0,0d EGX-TI-20 5 19-Jul-06 A 09-Sep-06 A 690 750 Inactive 0 1,09 100% 0,0d EGX-TI-21 13 08-Aug-06 A 22-Sep-06 A 5.000,00 5.000,00 Inactive 0 1 100% 12,0d EGX-TI-22 5 19-Jul-06 A 09-Sep-06 A 3.590,00 4.500,00 Inactive 0 1,25 100% 0,0d EGX-TI-23 5 19-Jul-06 A 09-Sep-06 A 3.590,00 4.500,00 Inactive 0 1,25 100% 0,0d EGX-TI-24 5 19-Jul-06 A 09-Sep-06 A 3.590,00 4.500,00 Inactive 0 1,25 100% 0,0d EGX-TI-25 5 19-Jul-06 A 09-Sep-06 A 3.590,00 4.500,00 Inactive 0 1,25 100% 0,0d EGX-TI-26 5 19-Jul-06 A 09-Sep-06 A 3.590,00 4.500,00 Inactive 0 1,25 100% 0,0d EGX-TI-27 5 19-Jul-06 A 09-Sep-06 A 3.590,00 4.500,00 Inactive 0 1,25 100% 0,0d EGX-TI-28 5 19-Jul-06 A 09-Sep-06 A 3.590,00 4.500,00 Inactive 1 1,25 100% 0,0d

EGXTRAFADM 3 23-Oct-04 A 03-May-05 A 276.504,54 1 Inactive 1 0 100% -132,5d Fonte: Empresa 1

Page 21: GERENCIAMENTO DE CUSTO E TEMPO EM …vanzolini.org.br/download/TCC_FINAL_ADRIANO_CRASTO.pdf · outras, as metodologias que utilizam o PMBOK (Project Management Body of Knowledge)

21

3.1.3. Processos de Gerenciamento de Projetos – Empresa 1

Esta seção tem como objetivo mapear os processos de gerenciamento de projetos da

Empresa 1 no grupos de processos de Iniciação, Planejamento, Execução, Monitoramento e

Controle e Encerramento. Devido a natureza dos processos encontrados na Empresa 1 e de

sua própria rotina de gerenciamento de projetos, os grupos de processos de execução, e

monitoramento e controle previstos no PMBOK correspondem ao grupo de execução e

controle da Empresa 1, conforme pode ser visto na tabela 3-2.

Tabela 3-2. Resumo dos processos de gerenciamento da Empresa 1

Iniciação Planejamento Execução Monitoramento e Controle Encerramento

Iniciação Planejamento EncerramentoPortfolio de Projetos Declaração de Escopo de

ProjetoEncerramento Contratual

Geração de Idéia Declaração de Escopo do Produto

Entrega ao Cliente

Aprovação de Projetos Cronograma Encerramento Administrativo

OrçamentoAnálise de RiscosReunião de KOM

Execução e ControleControle de Aquisições

Mudança de Escopo

Controle de Cronograma

Grupos de Processos - PMBOK

Grupos de Processos - Empresa 1

Controle de Custos

Fonte: Empresa 1

No Grupo de Processos de Iniciação foram identificados os Processos de Elaboração

do Portfolio de Projetos, Geração de Idéia e Aprovação do Projeto, mostrados a seguir.

Portfolio de Projetos

No final de cada ano, é elaborada pelo nível estratégico da Empresa uma previsão de

objetivos estratégicos em todas as áreas. Destes, alguns têm relação com a manutenção do

negócio, adequação da empresa a exigências legais, participação em novos mercados,

aumento da competitividade, entre outros. São então propostas iniciativas para atendimento

destes objetivos as quais são priorizadas em função de diversos fatores, como aderência ao

planejamento estratégico, valor do investimento, etc. Depois de priorizadas, algumas

iniciativas precisam de um projeto para que sejam viabilizadas. O Conjunto das iniciativas

estratégicas que com a execução de projetos auxiliarão no atendimento das metas estratégicas

da empresa forma o Portfolio de Projetos da empresa. Na Empresa 1, estes Projetos podem

são dispostos em cinco categorias:

Page 22: GERENCIAMENTO DE CUSTO E TEMPO EM …vanzolini.org.br/download/TCC_FINAL_ADRIANO_CRASTO.pdf · outras, as metodologias que utilizam o PMBOK (Project Management Body of Knowledge)

22

• Expansão – São caracterizados como Projetos de Expansão aqueles que visam ampliar

o negócio, sua capacidade de produção instalada. Por exemplo: implantação de novas

filiais, compra de outras empresas, etc.

• Modernização – São projetos que têm como objetivo aumentar a eficiência

operacional, renovar equipamentos e instalações obsoletas, atender a novos padrões

tecnológicos, etc. Exemplos de Projetos de Modernização são: Automação de Usinas

de Concreto, Reforma de Caminhões Betoneira, Modernização de Prensas Hidráulicas.

• Sustaining – Os Projetos de Sustaining são aqueles que, se não executados, põem em

risco a continuidade do negócio. Um exemplo de Projeto de Sustaining é a

implantação de uma nova filial em um novo terreno, quando a Filial atual está em um

terreno alugado e o proprietário se nega a renovar o contrato de aluguel.

• Saúde, Segurança e Meio Ambiente – Uma verba fixa em função da produção de cada

filial é alocada para Projetos de Adequação das filiais para as exigências internas ou

externas (Legais) com relação à Segurança, Saúde e Meio Ambiente.

• Pesquisa e Desenvolvimento – Os Projetos de P&D são aqueles em que será

despendida verba para utilização em estudo de alternativas que tenham possibilidade

de trazer algum retorno para a empresa. Um exemplo de Projeto de P&D é o estudo da

utilização de medidores de umidade para as areias componentes do concreto.

Depois de identificados, os Projetos são classificados conforme categorias de projetos

mostradas acima e por Regional. Nesta ocasião é feita também uma estimativa do custo

provável de cada Projeto e seu Prazo de execução.

A principal saída deste Processo é uma compilação de dados em planilha eletrônica

dos projetos que serão executados, com os dados de custo, prazo, a classificação do projeto e

a regional para qual se destina.

Geração de Idéia

Para o processo de Geração de Idéia, a equipe do projeto fará uma ponte com os

líderes de projeto, áreas envolvidas e os clientes de projeto para então elaborar a chamada

Planilha de Investimento. Nesta planilha são preenchidos todos os dados preliminares sobre o

Projeto. A função da Planilha de Investimento é:

• Documentar de forma padronizada cada Proposta para um Projeto;

• Documentar o Escopo Preliminar do Projeto;

• Documentar a Justificativa do Projeto;

Page 23: GERENCIAMENTO DE CUSTO E TEMPO EM …vanzolini.org.br/download/TCC_FINAL_ADRIANO_CRASTO.pdf · outras, as metodologias que utilizam o PMBOK (Project Management Body of Knowledge)

23

• Documentar os Resultados mensuráveis e não mensuráveis o Projeto;

• Calcular o retorno financeiro e assim verificar a viabilidade do Projeto;

• Documentar o parecer das áreas envolvidas sobre o Projeto;

• Documentar o Orçamento preliminar do Projeto, o qual será apresentado;

• Servir de Base para futuras auditorias sobre as informações do Projeto;

• Documentar a Aprovação do Projeto pelo Comitê de Aprovação de Projetos.

A saída deste Processo é a criação de uma Planilha de Proposta de Investimento, para

cada Projeto.

Aprovação do Projeto

Após a elaboração da Planilha de Investimento é iniciado o processo de Aprovação do

Projeto. De posse da Planilha de Investimento, o projeto então é apresentado a um comitê de

aprovação pelo Líder do Projeto, que irá por sua vez avaliar a veracidade das informações

apresentadas e, caso seja positiva, a aprovação do projeto e a liberação do orçamento

preliminar do mesmo, onde, não raro, é sempre descontado de algum valor, em média 10% do

total. Esta prática é comumente conhecida como “Coeficiente de Desafio”.

As principais observações com relação aos processos do grupo de Iniciação são de que

o envolvimento das partes interessadas no processo de geração da idéia é insuficiente e que a

alta administração pressiona enormemente o Departamento de Projetos para sobrepor os

objetivos estratégicos a capacidade do Departamento, restringindo severa e até

irresponsavelmente as condições de contorno para a execução do projeto, notadamente o

prazo, orçamento e escopo do projeto.

Depois de descritos os processos do Grupo de Iniciação da Empresa 1, serão

apresentados os processos do Grupo de Planejamento. Os processos encontrados na Empresa

1 foram os de Elaboração da Declaração do Escopo do Projeto, Elaboração da Declaração do

Escopo do Produto, Elaboração de Cronograma, Elaboração de Orçamento, Análise de Riscos

e Reunião de Apresentação do Projeto, ou Kick-Off Meeting.

Elaboração da Declaração do Escopo do Projeto

Na ocasião do preenchimento da planilha de Proposta de Investimento, é criada uma

versão preliminar da declaração de escopo do Projeto. Nesta declaração, constam os seguintes

itens principais:

Page 24: GERENCIAMENTO DE CUSTO E TEMPO EM …vanzolini.org.br/download/TCC_FINAL_ADRIANO_CRASTO.pdf · outras, as metodologias que utilizam o PMBOK (Project Management Body of Knowledge)

24

• Resultados – Uma lista sumarizada dos principais resultados a serem entregues pelo

projeto, ou seja, suas entregas significam a completude do projeto.

• Objetivo – São critérios quantificáveis ou não os quais o projeto tem a missão de

alcançar. São as metas do projeto.

• Equipe e Responsabilidades – Qual será o Líder do Projeto, a equipe do projeto e suas

responsabilidades.

• Premissas – são listadas as condições que são aceitas como verdadeiras e que

influenciam diretamente na execução do projeto.

• Restrições – da mesma forma, são listados os limites organizacionais que nortearão a

execução do projeto. As restrições podem ser de prazo e custo, como também de

recursos, dependência de outros projetos e situações, por exemplo.

• Exclusões – as exclusões do projeto tentam deixar claro quais responsabilidades não

são cobertas pelo projeto, desde resultados e entregas até do uso de recursos

específicos.

• Riscos – São sumarizados os riscos pré-identificados que podem contribuir

positivamente ou negativamente para o Projeto.

• Cronograma – É proposto um cronograma macro preliminar para o Projeto.

Após a emissão da Declaração de Escopo, a mesma é submetida à aprovação do

Cliente do Projeto e da equipe do Departamento de Projetos e, caso necessário, revisões são

criadas. No entanto, a Declaração de Escopo do Projeto não é apresentada na reunião de

Aprovação do Projeto, sendo assim os detalhes do Escopo percebidos pelo Departamento de

Projetos têm de ser levantados verbalmente na reunião Aprovação do Projeto, para que a

Superintendência fique ciente dos mesmos. Outra questão é que o cliente na maior parte das

vezes somente participa deste processo após aprovação da Planilha de Investimento pela

superintendência, o que limita bastante a flexibilidade com relação a mudanças de Escopo.

Analisando o processo descrito acima sob a luz da prática usual do Departamento de

Projetos da Empresa 1, podemos verificar alguns indicativos de ineficiência, a saber:

1. O Cronograma proposto no Escopo Preliminar do Projeto é apenas estimado ou, não

raro, não é elaborado um cronograma que se adeque às exigências da Superintendência

e/ou do Cliente do Projeto.

2. Na seção de restrições da Declaração do Escopo são incluídos tantos tópicos que

prevêem a data de início e conclusão esperada para o Projeto como também os que

Page 25: GERENCIAMENTO DE CUSTO E TEMPO EM …vanzolini.org.br/download/TCC_FINAL_ADRIANO_CRASTO.pdf · outras, as metodologias que utilizam o PMBOK (Project Management Body of Knowledge)

25

alertam sobre o fato de o Cronograma ter sido estimado superficialmente e que isto

pode ter impacto negativo no Projeto.

3. A Declaração de Escopo preliminar acaba tornando-se definitiva, devido às pressões

da alta administração e da falta de abertura para a realização do planejamento do

projeto e, por conseqüência, o refinamento do Escopo;

4. O Orçamento utilizado no Escopo Preliminar do Projeto é o Orçamento aprovado na

Planilha de Investimento do projeto. É importante notar que este Orçamento foi

aprovado e congelado em sua maioria com valores estimados e antes do Planejamento

do Projeto, e que, durante o andamento do mesmo pode ser identificado que o

Orçamento precisa ser revisto.

5. Na seção de restrições do da Declaração do Escopo são incluídos tantos tópicos que

alertam sobre o fato de o Orçamento ter sido estimado e que isto pode ter impacto

negativo no Projeto.

Elaboração da Declaração do Escopo do Produto

O próximo processo a ser descrito é o de Elaboração da Declaração do Escopo do

Produto. Dependendo do tipo de Projeto, uma ou várias Declarações de Escopo do Produto

serão elaboradas e entregues aos fornecedores de produtos e serviços que serão, pois

conforme visto na seção 3.2.1, a estrutura do Departamento de Projetos é bastante enxuta e

quase totalidade dos serviços são contratados ou terceirizados.

O Escopo do Produto é geralmente composto de um documento relativamente

padronizado que contém todas as informações técnicas necessárias para especificar da forma

mais abrangente e detalhada possível as características mínimas de fornecimento de um dado

Produto a ser adquirido para o projeto, seja ele, serviço, material, insumos, equipamentos, etc.

Geralmente, os tópicos previstos nas declarações de Escopo de Produto são:

• Objetivo do Projeto – Descrição muito sucinta sobre o Projeto a que se destina a

aquisição.

• Glossário – Um glossário de termos técnicos pode ser apresentado.

• Descrição dos Serviços – Em caso de especificação de serviços, os mesmos são

descritos e detalhados.

• Descrição de Produto – Em caso de especificação de equipamentos ou materiais, os

mesmos são descritos e suas especificações mínimas de fornecimento são apontadas.

Page 26: GERENCIAMENTO DE CUSTO E TEMPO EM …vanzolini.org.br/download/TCC_FINAL_ADRIANO_CRASTO.pdf · outras, as metodologias que utilizam o PMBOK (Project Management Body of Knowledge)

26

• Prazo de entrega – Para equipamentos e materiais, o prazo máximo de entrega é

informado.

• Prazo de Execução dos Serviços – No caso de serviços, o prazo médio para execução

dos serviços é informado.

• Responsabilidades – São descritas quais itens são inclusos e exclusos para cada uma

das partes. Este item também varia se a especificação for para produto ou serviço. Por

exemplo, uma exclusão padrão nas especificações de Serviço são a de que todo os

materiais e equipamentos necessários para execução dos serviços sejam de

responsabilidade do fornecedor, e não da Empresa 1.

Analisando o Processo descrito acima sob a luz da prática usual do Departamento de

Projetos da Empresa 1, podemos verificar alguns indicativos de ineficiência, a saber:

1. Normalmente o tempo de elaboração do Escopo do Produto não é contemplado no

Cronograma do Projeto.

2. O Escopo do Produto tem o objetivo de ser o mais claro e abrangente possível para

garantir que as propostas dos fornecedores estejam alinhadas com o que foi

especificado. Caso contrário serão necessários aditivos, que resultam em aumento de

custo.

Com a elaboração das Declarações de Escopo de Produto, tem-se a documentação

técnica das especificações dos produtos serviços e resultados que serão alcançados com a

implantação do projeto.

Elaboração do Cronograma

Outro processo no grupo de Planejamento é a Elaboração do Cronograma. Onde o

ponto de partida para a criação do Cronograma do projeto é o cronograma macro estimado

para a Declaração de Escopo do Projeto. Em teoria, para elaborar o cronograma seria

realizada uma reunião entre o líder do projeto e o Coordenador de Projetos e são listadas as

atividades principais para o projeto. Demais integrantes do Departamento de Projetos são

livres para participar destas reuniões. Para estas atividades seriam então atribuídos prazos para

conclusão baseados na vivência dos participantes daquele tipo de Projeto ou por estimativa.

Neste momento, o relacionamento entre as atividades também é analisado e elaborado.

A listagem das atividades do projeto, o tempo estimado para realizá-las e o

relacionamento entre elas são então compilados em um Cronograma-padrão em planilha

eletrônica, que será incluído posteriormente no Sistema de Gestão de Projetos.

Page 27: GERENCIAMENTO DE CUSTO E TEMPO EM …vanzolini.org.br/download/TCC_FINAL_ADRIANO_CRASTO.pdf · outras, as metodologias que utilizam o PMBOK (Project Management Body of Knowledge)

27

A versão definitiva do cronograma é então incluída no Sistema de Gestão de Projetos

como a linha de base de tempo, ou baseline. É com a linha de base que o Projeto será

comparado durante sua execução, podendo assim ser acompanhando no andamento do Projeto

se o mesmo está atrasado ou adiantado.

É, no entanto, verificado na prática que o cronograma de marcos preliminar elaborado

para o Escopo preliminar no processo de Geração de Idéia acaba tornando-se o cronograma

definitivo e assim se verificou que é comum que tempo real para execução dos projetos seja

mais longo que o proposto na Proposta de Investimento e na Declaração de Escopo, como

também novas atividades para o atendimento do Escopo do Projeto são identificadas. Neste

tipo de situação, normalmente duas ações podem ser tomadas: negociar com o Patrocinador e

Cliente do Projeto o aumento do prazo de conclusão do projeto ou tentar propor a reavaliação

do cronograma elaborado. Qual ação vai ser tomada depende de diversos fatores, como, por

exemplo, criticidade do projeto, influência das partes interessadas, Orçamento total do

Projeto, etc.

Elaboração do Orçamento

Para o processo de Elaboração do Orçamento do projeto, equipe do projeto se baseia

nas estimativas preliminares realizadas no processo de Geração da Idéia. Com a aprovação do

projeto pelo Comitê, o Departamento de Projetos inicia o processo de cotação de todas as

aquisições do Projeto, o que geralmente se estende até a fase de execução do Projeto.

Pode-se ver claramente então que só será verificado se a estimativa inicial se

confirmará como eficiente e assim cobre todos os custos inicialmente previstos no Escopo do

Projeto durante a fase de execução, o que aumenta consideravelmente o risco da necessidade

de um alto investimento em caso de mudanças no Escopo do Projeto.

Assim, normalmente o que ocorre é que o orçamento aprovado na reunião do Comitê é

diretamente incluído no Sistema de Gestão de Projetos como a linha de base de custos, e é em

relação a esta linha que o Projeto será acompanhado durante sua execução, podendo assim ser

visualizado se o mesmo está com o custo acima ou abaixo do orçado.

Análise de Riscos

Alguns líderes de projeto incluem em seu breve planejamento o processo de Análise

de Riscos para os projetos por eles liderados, a qual também é incluída na Declaração de

Escopo do Projeto.

Page 28: GERENCIAMENTO DE CUSTO E TEMPO EM …vanzolini.org.br/download/TCC_FINAL_ADRIANO_CRASTO.pdf · outras, as metodologias que utilizam o PMBOK (Project Management Body of Knowledge)

28

Esta análise consiste basicamente de uma lista de riscos identificados pela equipe do

Projeto, para os quais são atribuídas probabilidades de ocorrência e grau de impacto no

Projeto, conforme ilustra a figura 3-3.

Tabela 3-3. Tabela de riscos típica dos projetos da Empresa 1

Análise de Riscos

Item Descrição

Impa

cto

Prob

abili

dade

P X

IPrioridade % Minimização do Risco Contingência para o Risco

Com

o T

empo

Estratégia

1 Atraso no Alvará de Construção 9 2 18 33%Agilizar aprovaçáo Comitê III.Reunir Docs necessários.Encaminhar 3 cotações a Suprimentos.

Acionar o suporte de licenciamento na Engemix.Incluir cláusulas de atraso.

Agrava Transferir

2 Atraso na liberação do Licenciamento 9 5 45 83% Reuniões periódicas para acompanhamento.Comunicação Assertiva.

Acionar o suporte de licenciamento na Engemix.Incluir cláusulas de atraso.

Agrava Prevenir

3 Atraso e problemas na Montagem com a Schwing 6 5 30 56%

Comunicação Assertiva.Levantar todos os pontos técnicos na Negociação.Validar aderência ao Escopo no Kick Off Meeting.

Renegociação com Segundo colocado.Nova contratação.Revisar Escopo e Cronograma.

Agrava Mitigar

4 Problemas de fornecimento da Usina completa pela Schwing 9 6 54 100%

Verificação das condições contratuais sobre o recebimento e fornecimento da Usina.Inspeção prévia da Usina em São Miguel.

Acionar Dep. Suprimentos e/ou Jurídico.Solicitar verba adicional (10% Orçamento)

Agrava Prevenir

5 Atraso e problemas na Montagem com outros fornecedores 6 5 30 56%

Comunicação Assertiva.Preferir fornecedores recomendadaos pela VC.Levantar todos os pontos técnicos na Negociação.Validar aderência ao Escopo no Kick Off Meeting.

Renegociação com Segundo colocado.Nova contratação.Revisar Escopo e Cronograma.Buffer no cronograma.

Agrava Mitigar

6 Atraso de Obras Civis 6 7 42 78%Comunicação Assertiva.Levantar todos os pontos técnicos na Negociação.Validar a aderência ao Escopo periodicamente.

Renegociação com Segundo colocado.Nova contratação.Revisar Escopo e Cronograma.Solicitar verba adicional (10%)Buffer no cronograma.

Agrava Mitigar

7Orçamento não contemple Obras de SISSMA 9 6 54 100% Comunicação Assertiva com o Dep. de SISSMA

Utilizar os investimentos de SISSMA de 2007 para abrir projetos de adequação na Usina. Constante Transferir

8 Orçamento não atender ao mínimo do Escopo 6 5 30 56%

Orçamentação eficiente.Convocação de empresas Alternativas.Preferir fornecedores recomendadaos pela VC.Definição estruturada do Escopo.Definição estruturada do Orçamento.

Utilizar carteira 2007 para abrir sub-projetos.Solicitar verba adicional Constante Mitigar

9 Problemas na Mudança de ERP de Sistema VC para o SAP 9 4 36 67% Comunicação Assertiva com TI/SGV.

Planejar a emissão de PC´s para o período de parada.

Negociação com fornecedores.Acompanhar contingências para Dep. Suprimentos.Buffer no Cronograma.

Agrava Transferir

10 Projeto Cancelado por motivos estratégicos ou legais 9 1 9 17%

Comunicação assertiva com a Diretoria e Gerência.Escopo aprovado pela Diretoria e Gerência.Relatórios semanais de acompanhamento.

Realocação da verba.Reabertura do Projeto em outra Usina.

Agrava Prevenir

11 Mudanças de Escopo no Andamento do Projeto 6 5 30 56%

Elaboração Precisa do Escopo.Reunião com especialistas para aprovação do Escopo.Prever em Contrato uma cláusula sobre mudança de Escopo.

Revisar Escopo e Cronograma.Buffer no cronograma.Solicitar verba adicional (10%).

Diminui Prevenir

max 54 Fonte: Empresa 1

Na prática, o que ocorre é apenas uma documentação de riscos que podem ocorrer no

Projeto, elaborada apenas pelo líder do projeto e sem validação das partes interessadas.

Reunião de Apresentação do Projeto

Os processos do Grupo de Planejamento do Projeto se encerram com a Reunião de

Apresentação do Projeto, ou Kick-off Meeting. A reunião de Kick Off é a apresentação formal

do projeto às partes interessadas. Ainda, a Declaração do Escopo do Projeto, o Cronograma

do Projeto, o Orçamento e a Análise de Riscos são apresentados e sua aprovação é solicitada,

onde alguns pontos-chave podem ser checados pelo Departamento de Projetos:

Com relação ao Escopo do Projeto e do Produto:

• As Premissas e Restrições do Projeto são levantadas e é verificado se todos têm o

mesmo entendimento das mesmas;

• As Exclusões também têm seu entendimento alinhado entre todos os participantes;

Page 29: GERENCIAMENTO DE CUSTO E TEMPO EM …vanzolini.org.br/download/TCC_FINAL_ADRIANO_CRASTO.pdf · outras, as metodologias que utilizam o PMBOK (Project Management Body of Knowledge)

29

• Fatores para o sucesso do Projeto, como apoio de outras áreas, formalizações de

marcos do Projeto, etc, podem ser levantados e tratados na reunião, conforme a

necessidade de apoio e o tipo e relacionamento entre o Departamento de Projetos e o

Cliente;

• Se necessário, são solicitadas também as aprovações do Escopo do Produto.

Também são apresentadas as versões finais do Cronograma, Orçamento e Análise de

Riscos do projeto às partes interessadas.

Depois de tudo apresentado e discutido, a Declaração do Escopo do Projeto é então

validada e aprovada com a assinatura do Gerente responsável pela área que receberá o

Projeto. Caso necessário, o Escopo pode ser revisado em função desta reunião e uma nova

aprovação tem de ser agendada.

Esta nova aprovação não ocorre na prática -, o Escopo é validado mesmo que com

ressalvas e caso haja modificações, as mesmas serão negociadas durante a execução do

projeto. Muitos conflitos ocorrem nesta reunião principalmente por duas razões: a primeira é a

pressão da alta administração para definir o Escopo em função apenas dos interesses

estratégicos; a outra é a de que normalmente as demais partes interessadas não se envolvem

ativamente nos processos que deveriam no tempo que deveriam, deixando de contribuir com

informações, expectativas e necessidades em um momento em que o projeto já está aprovado

e, em tese, pronto para execução.

Foram vistos até agora os processos dos Grupos de Processo de Gerenciamento de

Iniciação e Planejamento mapeados na Empresa 1. A seguir, foram mapeados os processos do

Grupo de Execução e Controle, são eles: Controle de Aquisições, Controle de Escopo,

Controle de Cronograma, Controle de Custos.

Controle de Aquisições

O processo de Controle de Aquisições compreende todas as atividades necessárias

para realizar a cotação, compra e entrega das aquisições do projeto, sejam elas serviços ou

equipamentos ou materiais.

O importante a ser ressaltado neste processo é que atividades como emissão de

pedidos de compra e acompanhamento de pedidos e entregas, ou follow up, não é realizado

integralmente pelo Departamento de Compras, ou seja, não há um recurso dedicado para

auxiliar a equipe do projeto nestas atividades e a equipe tem que incluir em sua rotina o

acompanhamento e cobrança diária ou semanal destas atividades, negociando os casos mais

urgentes com as prioridades do Departamento de Compras, que não serve apenas o

Page 30: GERENCIAMENTO DE CUSTO E TEMPO EM …vanzolini.org.br/download/TCC_FINAL_ADRIANO_CRASTO.pdf · outras, as metodologias que utilizam o PMBOK (Project Management Body of Knowledge)

30

Departamento de Projetos, mas todos os Departamentos. Quando não obtém o apoio

necessário, resta ao líder do projeto designar alguém da equipe para realizar tais atividades.

Controle de Escopo

Outro processo do Grupo de Controle e Execução é o de Controle de Escopo. Nos

casos em que a mudança de Escopo não afeta os resultados do Projeto previstos na Declaração

do Escopo do Projeto, ou seja, o custo, prazo, escopo e qualidade, o Cliente não chega a ser

informado e a mudança é decidida pela equipe do Projeto.

No entanto, quando a mudança de Escopo torna-se mais significativa, a mesma tem

que ser apresentada ao cliente e ao gerente do departamento de ativos e projetos,

principalmente quando haverá alguma alteração no custo ou prazo, as quais, se ocorrerem,

tem um tratamento dependente de vários fatores.

No caso de alguma alteração de custo, o Dep. de Projetos tentará buscar todas as

alternativas que balanceiem este aumento, seja eliminando parte do Escopo, ou negociando

novamente as outras aquisições do projeto. Nos dois casos o Cliente é informado e pode

participar na busca por soluções, até mesmo custeando este aumento de custo pelo

Departamento Operacional.

Quando a alteração provocada pela mudança de Escopo é no prazo do projeto,

normalmente o que acontece é uma formalização junto ao cliente e a mesma busca por

alternativas é empreendida, sendo dada a preferência por aquelas que não incorram em

aumento de custos.

Esta aparente aversão ao aumento de custos é devido à dificuldade em solicitar verbas

adicionais para os Projetos. No entanto, quando o caso é inevitável, é necessário realizar

novamente o processo de Aprovação do Projeto, onde o valor adicional tem que ser

apresentado e justificado. O valor máximo que pode vir a ser liberado como verba adicional é

de 10% do valor total do Projeto. Se o valor de 10% não for suficiente, o Projeto é terminado

com o Escopo reduzido e, caso seja possível justificar, será aberto um novo Projeto.

Atualmente não há um padrão para controle de custo e prazo dos projetos. Foram

observadas diversas iniciativas para acompanhamento da evolução dos projetos, no entanto,

ainda não há uma obrigatoriedade formal que inclua na rotina dos líderes de Projeto este

acompanhamento. A seguir serão descritas as práticas mais comumente utilizadas. Notar que

um dado projeto pode utilizar alguma dessas, todas ou nenhuma, ficando a cargo do líder de

projeto o modelo de acompanhamento utilizado.

Page 31: GERENCIAMENTO DE CUSTO E TEMPO EM …vanzolini.org.br/download/TCC_FINAL_ADRIANO_CRASTO.pdf · outras, as metodologias que utilizam o PMBOK (Project Management Body of Knowledge)

31

Controle de Cronograma

O processo de Controle de Cronograma é realizado pela equipe do Projeto e é

caracterizado pela atualização do Sistema de Gestão de Projetos periodicamente, conforme as

atividades vão sendo executadas o seu progresso é inserido no Sistema, o que possibilita a

emissão de relatórios de status e de acompanhamento.

No caso de atraso de atividades, no entanto, o que acontece na prática é que não há um

procedimento padrão para compensar e controlar os atrasos e, quando os mesmos ocorrem e

caso não sejam superados, o líder do projeto tem que justificá-lo junto ao patrocinador. Ainda,

observa-se que como o andamento não é acompanhado devidamente como um todo,

atividades que terminaram mais cedo poderiam possibilitar o início de outras, caso este

controle fosse mais eficiente.

Controle de Custos

Em alguns casos, o controle de custos se resume ao acompanhamento dos pedidos

emitidos pelo Departamento de Compras, conforme mostrado no processo de Controle de

Aquisições. Já em outros projetos foi verificado um controle independente, notadamente

naqueles em que há mais serviços do que materiais nas aquisições, e os pagamentos são

realizados conforme medição dos serviços concluídos. Nenhum projeto, no entanto, utiliza os

relatórios previstos no Sistema de Gestão de Projetos, e no Sistema de Gestão Centralizado da

empresa.

Caso seja verificado que o projeto está gastando mais do que o aprovado, recorre-se às

mudanças de Escopo descritas no processo de Controle de Escopo para tentar diminuir o

impacto do estouro nos gastos realizados.

Após a execução do projeto, o mesmo é considerado como na fase de encerramento

quando um dos seguintes acontece:

I. Todos os resultados previstos no Escopo do Projeto ou em suas revisões foram

entregues;

II. Todos os Pedidos de Compra foram emitidos e atendidos;

III. O Projeto foi cancelado;

O caso I figura a melhor possibilidade, onde o Projeto transcorreu dentro do previsto

no Escopo e suas revisões e, sendo assim, o caso sempre contempla o caso II. A recíproca, no

entanto, não é verdadeira -, alguns Projetos terminam após a emissão de todos os Pedidos de

Compra sem que seu Escopo tenha sido entregue completamente.

Page 32: GERENCIAMENTO DE CUSTO E TEMPO EM …vanzolini.org.br/download/TCC_FINAL_ADRIANO_CRASTO.pdf · outras, as metodologias que utilizam o PMBOK (Project Management Body of Knowledge)

32

O Caso III mostra que um Projeto pode também ser cancelado, seja por uma falha

crônica e irrecuperável de planejamento ou execução, como também por motivos estratégicos,

que requeiram seu encerramento. Indiferente de qual dos casos um dado Projeto se enquadre,

os procedimentos para encerramento são os mesmos.

Encerramento Contratual

Primeiramente, é realizado um fechamento contratual, onde pode haver uma

formalização do cliente confirmando que considera o Projeto como entregue se necessário

com as ressalvas aplicáveis. Esta formalização pode ser por e-mail, Termo de Aceite ou Ata

de Reunião, não havendo nem obrigatoriedade nem padrão para tal procedimento. A figura 3-

3 mostra um modelo típico utilizado para aceitação do projeto pelo cliente.

Caso fosse padronizado e aplicado por todos os líderes de projeto, este processo seria

uma boa prática para envolver mais as partes interessadas e documentar o encerramento do

projeto.

Encerramento Administrativo

Após o encerramento contratual, é realizado o fechamento Administrativo. Com a

contemplação de todos os custos incorridos no projeto e atualização dos status das atividades

no Sistema de Gestão de Projetos da Empresa. Como o desempenho em prazo e custo

influencia nas metas, e conseqüentemente, na remuneração variável de todos, infelizmente o

que deveria motivar as equipes de projetos provoca justamente o contrário: os dados inseridos

no Sistema de Gestão de Projetos são irresponsavelmente irreais e não refletem a realidade

encontrada no andamento do projeto, mas sim o interesse particular financeiro de alguns

membros da organização. Como os projetos não são auditados, esta prática acabou tornando-

se comum.

Após o mapeamento dos processos encontrados na Empresa 1, alguns pontos merecem

alguns comentários.

Como não há uma lista dos processos existentes, nem um guia que norteie e padronize

a execução dos mesmos, nota-se que os líderes de projeto não têm um padrão de

seqüenciamento na execução das atividades nas diversas fases do projeto, já que não há uma

linha formal que conecte as fases e seus processos, deixando que a lógica de cada líder de

projeto seja seu guia na tarefa de gerenciar estes processos e, conseqüentemente, o projeto.

Além disso, muitos dos Processos são sequer realizados, em alguns casos todo o

andamento do Projeto é informal e não documentado propriamente, com exceção da fase de

Page 33: GERENCIAMENTO DE CUSTO E TEMPO EM …vanzolini.org.br/download/TCC_FINAL_ADRIANO_CRASTO.pdf · outras, as metodologias que utilizam o PMBOK (Project Management Body of Knowledge)

33

Iniciação, que por exigir a necessidade da interface com o Sistema de Gestão de Projetos da

Empresa, tem de ser realizada conforme método específico.

Fica difícil então falar em metodologia quando os processos não são claros ou

integrados, as ferramentas não foram implantadas levando em conta as particularidades da

Empresa e não há conhecimento e apoio estratégico na prática do Gerenciamento de Projetos.

TERMO DE ACEITAÇÃO FINAL DO PROJETO

ATIVIDADE:

PROJETOS

Instalação e fixação de cabos de cobre conforme especificação do Projeto em valas pré-escavadas e regularizadas

Demolição de piso concreto existente

LÍDER PROJETO:

EXECUÇÃO DE OBRAS CIVIS

Implantação SPDA - Usina do Jaguaré

Abertura de valas para encaminhamento de cabos

Reaterro e compactação após instalação das hastes e cabos com material existente retirado das escavações

As instalações devem atender a Norma NBR 5419

Revisão da rede de aterramento existente, conforme destacado no Projeto

Elaboração de As Built

Recolhimento de ART responsáveis

GERENTE ATIVOS:

QUADRO DE ASSINATURAS: APROVAÇÕES

FOLHA:

OBSERVAÇÕES

DATA DA ACEITAÇÃO:

DATA VISTORIAAP NARP

Emissão de Laudo de Aterramento

EXECUÇÃO DE MONTAGENS ELÉTRICAS

Concretagem e regularização do pavimento demolido

ATIVIDADES

Retirada do entulho resultante dos serviços de escavação e demolição

GERENTE OPERAÇÃO:

LÍDER FILIAL:

Figura 3-3. Termo de aceite técnico típico de projetos

Fonte: Empresa 1

Page 34: GERENCIAMENTO DE CUSTO E TEMPO EM …vanzolini.org.br/download/TCC_FINAL_ADRIANO_CRASTO.pdf · outras, as metodologias que utilizam o PMBOK (Project Management Body of Knowledge)

34

3.2 - Empresa 2

Esta seção se destina a descrever a situação atual da Empresa 2 na prática do

Gerenciamento de Projetos. A estrutura das seções será a mesma apresentada na seção 3.3

para a Empresa 1, ou seja, serão descritos a estrutura organizacional, histórico recente dos

projetos da empresa e mapeamento dos processo existentes.

Como o tempo de pesquisa na Empresa 2 foi bem menor do que na Empresa 1, a

pesquisa como um terá de certa maneira menor quantidade de informação e algumas

descrições serão mais sucintas.

3.2.1 - Estrutura Organizacional – Empresa 2

A Empresa 2 possui um estrutura de Gerenciamento de Projetos corporativa, formada

por um centro de excelência localizado na matriz. Esta estrutura é responsável pela definição

da metodologia de Gerenciamento de Projetos, pela elaboração de padrões corporativos, tanto

técnicos, tais como equipamentos-padrão, métodos de construção, como também de

Gerenciamento de Projetos. Esta base de conhecimento é composta de uma série de

documentos, manuais, procedimentos, etc., os quais são disponibilizados na rede interna da

Empresa.

Ainda, este departamento é responsável por auditar os Projetos técnica e

metodologicamente, tendo em vista a comprovação da operacionalidade das soluções técnicas

de cada projeto, bem como sua viabilidade e uso de todas as ferramentas disponibilizadas.

Na filial de pesquisa a empresa mantém uma estrutura reduzida de Departamento de

Projetos. Outra similaridade com a Empresa 1 é que não há uma estrutura própria para

detalhamento de Projetos de Engenharia, os mesmos são sempre adquiridos de empresas

externas, assim como também quaisquer serviços necessários para a execução dos Projetos. A

figura 3-4 mostra a estrutura organizacional do Departamento de Projetos da Empresa 2.

No entanto, para um dado projeto, uma estrutura organizacional própria do projeto é

formada, fazendo então que a Empresa 2 se caracterize como sendo uma organização

matricial balanceada, onde a figura do Gerente de Projeto é dedicada ao projeto, mas a equipe,

por ser multidisciplinar e composta de pessoas também de outros departamentos, pode ter

dedicação apenas parcial ao projeto.

Page 35: GERENCIAMENTO DE CUSTO E TEMPO EM …vanzolini.org.br/download/TCC_FINAL_ADRIANO_CRASTO.pdf · outras, as metodologias que utilizam o PMBOK (Project Management Body of Knowledge)

35

SuperintendênciaBrasil

GerênciaComercial

Presidência AL

DiretoriaFinanceira

GerênciaRH

GerênciaSSMA

DiretoriaOperacional, Projetos e Manutenção

GerênciaOperacional

Eng. Projetos Eng. Projeto ASupervisorManutenção

EquipeManutenção (10)

AdministrativoProjetos (1)

GerênciaProjeto A

Organograma – Empresa 2

SuperintendênciaBrasil

GerênciaComercial

Presidência AL

DiretoriaFinanceira

GerênciaRH

GerênciaSSMA

DiretoriaOperacional, Projetos e Manutenção

GerênciaOperacional

Eng. Projetos Eng. Projeto ASupervisorManutenção

EquipeManutenção (10)

AdministrativoProjetos (1)

GerênciaProjeto A

Organograma – Empresa 2

Figura 3-4. Organograma – Empresa 2

Fonte: Empresa 2

Assim, é válido ilustrar esta estrutura organizacional para um dos projetos em

execução na empresa, com seus papéis e responsabilidades sugeridas, para uma melhor

contextualização da apresentação dos processos de gerenciamento, a serem mostradas nas

seções subseqüentes. A figura 3-5 mostra o organograma para um dado projeto na Empresa 2,

cujos papéis e responsabilidades são:

• Dono do Projeto – O Dono do Projeto é o responsável final pelo projeto, tem

autoridade para tomar decisões estratégicas, provê suporte, direcionamento e

comunicação estratégica para todos os envolvidos no projeto.

• Analista de Negócios – O Analista de Negócios representa os clientes externos: suas

necessidades e expectativas. É de sua responsabilidade o estudo de mercado que irá

identificar as oportunidades que necessitem de projetos para serem executadas, bem

como a realização de um estudo de viabilidade financeira, legal, fiscal, etc.

• Cliente Interno – O Cliente interno do Projeto participa nas definições operacionais e

técnicas dos projetos, validando as soluções possíveis e assumindo a operação dos

projetos após a implantação do projeto.

Page 36: GERENCIAMENTO DE CUSTO E TEMPO EM …vanzolini.org.br/download/TCC_FINAL_ADRIANO_CRASTO.pdf · outras, as metodologias que utilizam o PMBOK (Project Management Body of Knowledge)

36

• Gerente de Projeto – O Gerente do Projeto é indicado pelo Dono do Projeto e têm

como principais responsabilidades coordenar as atividades de planejamento e

execução do projeto; liderança formal e responsabilidade pelo cumprimento do

Escopo do Projeto; assegurar uma comunicação eficiente entre todos os envolvidos no

projeto; informar o progresso do andamento do projeto para o Dono do Projeto.

• Time do Projeto – O Time do Projeto é uma equipe multidisciplinar liderada e que

responde ao Gerente de Projetos composta por profissionais de diversas áreas, tais

como Engenharia, Compras, Finanças, Segurança e Meio Ambiente, Qualidade,

Manutenção, Operações, Jurídico, etc. A participação e envolvimento, bem como a

constituição do Time do Projeto podem variar no andamento do Projeto, conforme

avaliação do Gerente de Projeto.

Vale notar que a participação e influência de cada um dos papéis é flexível ao longo

do tempo, onde a participação do Analista de Negócios é alta no início do Projeto e vai

decaindo com o tempo, ao passo de que a do Gerente de Projetos e do Time do Projeto

aumenta. O Cliente Interno tem um envolvimento pequeno até as fases finais do projeto e

Dono do Projeto tem envolvimento praticamente constante.

3.2.2 - Histórico de Gerenciamento de Projetos na Empresa 2

Assim como na Empresa 1, os Projetos de Investimento, ou Capex são classificados em

categorias. As categorias usuais utilizadas na Empresa 2 são:

• Projetos de Tecnologia da Informação;

• Projetos de Saúde e Meio Ambiente;

• Projetos de Manutenção e Renovação de Ativos;

• Projetos de Melhoria;

• Projetos de Expansão.

Novamente e conforme ocorreu com a Empresa 1, a tentativa de tentar reunir as

informações com histórico dos projetos realizados para verificação de suas performances em

custo e prazo mostrou-se bastante frustrante. Não há na Empresa 2 um Sistema Integrado de

Gerenciamento de Projetos, no qual fiquem arquivados de forma padronizada e acessível às

informações dos Projetos.

Infelizmente, as informações encontradas são basicamente os Data Books, que são as

versões finais dos Projetos de Engenharia e informações técnicas das implantações realizadas.

Page 37: GERENCIAMENTO DE CUSTO E TEMPO EM …vanzolini.org.br/download/TCC_FINAL_ADRIANO_CRASTO.pdf · outras, as metodologias que utilizam o PMBOK (Project Management Body of Knowledge)

37

Ainda, este material é sempre elaborado pelo fornecedor do equipamento, empreiteiro,

fabricante, etc., e não é elaborado pela empresa.

SuperintendênciaBrasilPresidência AL Diretoria

FinanceiraDiretoria

Operacional, Projetos e Manutenção

Eng. CampoMecânica

AdministrativoProjetos (1)

GerênciaProjeto A

Eng. Projeto A Eng. CampoCivil

Inspetor deQualidade

GerenteSuprimentos

GerenteFinanceiro

Técnico deSegurança

Gerente de ProjetosEmpreiteiro

Comitê de Liderança

Organograma – Empresa 2 – Equipe do Projeto A

SuperintendênciaBrasilPresidência AL Diretoria

FinanceiraDiretoria

Operacional, Projetos e Manutenção

Eng. CampoMecânica

AdministrativoProjetos (1)

GerênciaProjeto A

Eng. Projeto A Eng. CampoCivil

Inspetor deQualidade

GerenteSuprimentos

GerenteFinanceiro

Técnico deSegurança

Gerente de ProjetosEmpreiteiro

Comitê de Liderança

Organograma – Empresa 2 – Equipe do Projeto A

Figura 3-5. Organograma – Organograma para o Projeto A - Empresa 2 Fonte: Empresa 2

No entanto, com a análise das informações disponíveis, ficou claro certo padrão de

práticas ineficientes que serão de grande valia para uma análise mais profunda da

aplicabilidade das metodologias com relação ao estouro de custo e prazo, dentre elas:

• Não há documentação eficiente do projeto com relação a recursos (equipe do projeto),

estimativa de custos, validação de escopo;

• Não há registro de baselines, que são linhas de base para avaliação da performance do

projeto para custos e prazo, o que torna difícil tanto o controle como a avaliação do

projeto;

• Não registro formal do controle do cronograma do projeto. Na maioria dos casos, o

único cronograma que há é o proposto pelos fornecedores para desempenharem seus

serviços;

• O último Projeto de Grande valor foi orçado em U$ 20 Mi e depois de concluído foi

verificado que a quantia despendida foi de U$ 35 Mi, ou seja, 75% acima do orçado. O

Projeto também teve um atraso de 100 dias, que correspondeu a 33% acima do

previsto;

Page 38: GERENCIAMENTO DE CUSTO E TEMPO EM …vanzolini.org.br/download/TCC_FINAL_ADRIANO_CRASTO.pdf · outras, as metodologias que utilizam o PMBOK (Project Management Body of Knowledge)

38

• O uso de Metodologia em Gerenciamento de Projetos e treinamento de pessoal na área

é recente e sua aplicabilidade ainda não foi comprovada e completamente inserida na

rotina de Gerenciamento de Projetos;

• Alguns projetos mostraram níveis de operacionalidade abaixo do aceitável, causando

em alguns casos, investimento perdido e não recuperado;

• Como não há validação formal de conclusão das fases do projeto e sua garantia pelo

Dono do Projeto, o projeto ficará com brechas para sucessivas reavaliações

desestruturadas, que fazem com que o status atual do projeto seja difícil de definir e,

por conseqüência, qual caminho e próximos passos deverão ser tomados.

Assim como foi realizado para a primeira empresa, será descrita a forma atual de como

é realizada a prática da Gestão de Projetos nesta empresa. Similarmente à seção 3.1.3, serão

descritos os processos de Gerenciamento de Projetos para os Grupos de Processos de

Gerenciamento de Iniciação, Planejamento, Execução, Controle e Encerramento. No entanto,

como já mencionado, o foco deste trabalho é a análise dos estouros em tempo e custo e então

será dada ênfase a estes aspectos, tendo nestes uma descrição mais aprofundada.

3.2.3 - Processos de Gerenciamento de Projetos – Empresa 2

Com o intuito de tornar a Gestão de Projetos mais eficiente na empresa, foi criado um

Manual de Gerenciamento de Projetos, o qual tem forte influência do PMBOK e que figura

como expressão máxima do esforço do Departamento de Excelência em profissionalizar e, por

conseqüência, obter os benefícios de uma gestão eficaz.

Este documento se estrutura basicamente de uma forma onde são apresentados os

requerimentos mínimos para um Projeto, estrutura organizacional padrão de um Projeto e

então as fases e seus processos associados, relacionados a cada papel previsto na estrutura

organizacional.

Devido a natureza dos processos encontrados na Empresa 2 e de sua própria rotina de

gerenciamento de projetos, os grupos de processos mapeados apresentam certa diferença com

os Grupos de Processos previstos no PMBOK, conforme pode ser visto na tabela 3-4. Ainda,

para a Empresa 2 os processos serão descritos de forma mais sucinta e agrupados em função

dos Grupos de Processos, tanto pelo menor tempo de pesquisa, mas também pela

impossibilidade de publicar maiores detalhes, devido ao guia de conduta da empresa.

Page 39: GERENCIAMENTO DE CUSTO E TEMPO EM …vanzolini.org.br/download/TCC_FINAL_ADRIANO_CRASTO.pdf · outras, as metodologias que utilizam o PMBOK (Project Management Body of Knowledge)

39

Tabela 3-4. Resumo dos processos de gerenciamento de projetos da Empresa 2

Comunicação aos Envolvidos

Aprovação do Dono do Projeto

Entrega do Projeto ao Cliente InternoReuniões de Alinhamento

Performance FinanceiraPerformance OperacionalPerformance TécnicaEncerramento Formal

Gerenciamento dos Riscos do Projeto

Gerenciamento da Construção e/ou Implementação do ProjetoVerificação do Escopo e Controle de Mudanças de EscopoDocumentação das informações do Projeto

Administração dos Contratos FirmadosTestes de Garantia de Qualidade, Segurança e Meio AmbientePlano de Comissionamento

Treinamento e Capacitação dos Usuários das entregas do Projeto

Projetos Básicos de Engenharia

Elaboração da Proposta de Investimento InicialReuniões de AlinhamentoComunicação aos Envolvidos

Aprovação do Dono do Projeto

Projetos de Engenharia DetalhadosPlanejamento de Execução

Finalização da Proposta de InvestimentoReuniões de AlinhamentoComunicação aos Envolvidos

Aprovação do Dono do Projeto

Plano de Qualidade, Segurança e Meio AmbientePlano de Recursos

Plano de Aquisições e Compras

Escopo FinalCronograma FinalAnálise de Riscos FinalEstimativa de Custos Final

Comunicação aos EnvolvidosAprovação do Dono do Projeto

Atualização do Business CaseRefinameno EscopoRefinamento CronogramaRefinamento Análise de Riscos

Refinamento Estimativa de Custos

Planejamento de Qualidade, Segurança e Meio AmbientePlanejamento de Recursos

Estratégia de Aquisições e Compras

Cronoganograma Análise Preliminar de RiscosEstimativa Preliminar de CustosReuniões de Alinhamento

Identificação

Monitoramento e Controle

Elaboração de Business Escopo Básico

Controle dos Contratos e AquisiçõesControle de Custos e Cronograma

Grupos de Processos - PMBOK

Grupos de Processos - Empresa 2

Encerramento

Execução Avaliação

Iniciação Planejamento Execução

DefiniçãoSeleção

Fonte: Empresa 2

Grupos de Processo de Iniciação e Planejamento

O Manual de Gerenciamento da Empresa 2 faz uma divisão dos Grupos de Processos

algo diferente da prevista no PMBOK (conforme figura 3-4) mas com mesmo efeito prático.

Os Grupos de Processo de Iniciação e Planejamento do PMBOK correspondem aos de

Identificação, Seleção e Definição do Manual da Empresa 2

No Grupo de Processos de Identificação são levantadas as oportunidades que podem

ter seus objetivos atingidos pela execução de um Projeto. Esta oportunidade é então analisada

com relação ao alinhamento com os objetivos estratégicos da empresa e um estudo de

viabilidade financeiro é elaborado, onde estão previstos os processos de:

• A elaboração de um Escopo Básico do Projeto, com estimativas preliminares de custo

e cronograma.

• Definição preliminar do Organograma do Projeto;

• Análise preliminar dos riscos do Projeto;

• Análise preliminar dos custos e viabilidade Operacionais.

• Aprovação pelo Dono do Projeto para a fase de Seleção;

As principais saídas destes processos serão um Estudo de Viabilidade e a Declaração

preliminar do Escopo do Projeto.

Algumas observações válidas sobre a condução de tais processos:

Page 40: GERENCIAMENTO DE CUSTO E TEMPO EM …vanzolini.org.br/download/TCC_FINAL_ADRIANO_CRASTO.pdf · outras, as metodologias que utilizam o PMBOK (Project Management Body of Knowledge)

40

• O grande Problema enfrentado na Elaboração do Escopo Básico do Projeto são as

estimativas de custo e cronograma, que além de pobres e baseadas em estimativas por

analogia e históricos anteriores, mostram-se sempre imprecisas além do aceitável.

• O organograma do projeto, normalmente não é elaborado nesta fase. A análise

preliminar dos riscos é feita sem o envolvimento de todos os integrantes da estrutura

organizacional sugerida.

• Com relação à viabilidade operacional, técnica e financeira há um maior

envolvimento das partes interessadas e um consenso em torno das definições e

soluções possíveis.

Podemos então resumir que os grandes problemas encontrados são principalmente o

envolvimento de todas as partes interessadas, que fica aquém do necessário, e não há o padrão

de se assinar algum termo para validação de definições, fazendo com que algumas definições

chave desta fase não sejam acompanhadas pelos seus maiores interessados ou especialistas,

adicionando assim bastante ruído na exatidão que o Estudo de Viabilidade e a Declaração de

Escopo irão atingir.

No Grupo de Processos de Seleção será tomado como ponto de partida o Estudo de

Viabilidade e a Declaração de Escopo para que sejam analisadas todas as soluções possíveis

que atinjam os Objetivos do Projeto, sejam eles técnicos, operacionais, comerciais e

estratégicos. Eis os processos previstos:

• Atualização do Estudo de Viabilidade;

• Refinamento das Estimativas de Custos, Cronograma, Escopo do Projeto;

• Projetos Básicos de Engenharia: Fluxogramas, Croquis, etc.;

• Análise de impactos ambientais e de licenciamento junto aos órgãos competentes;

• Estratégias de aquisições e compras, manutenção e operação;

• Refinamento da Análise de Riscos do Projeto;

• Planos preliminares de Recursos, Qualidade, Custos;

• Planos preliminares comerciais: estimativas de vendas, prospecção de contratos;

• Aprovação pelo Dono do Projeto para a fase de Definição;

As principais saídas desta fase são os Planos preliminares do Projeto e a Proposta de

Investimento.

A Proposta de Investimento consiste de um documento que compila e reúne todas as

informações até agora geradas, de forma a descrever o cenário comercial atual, quais os

Page 41: GERENCIAMENTO DE CUSTO E TEMPO EM …vanzolini.org.br/download/TCC_FINAL_ADRIANO_CRASTO.pdf · outras, as metodologias que utilizam o PMBOK (Project Management Body of Knowledge)

41

objetivos comerciais e estratégicos a serem atingidos com a implantação do Projeto, e as

últimas versões do Escopo do Projeto e Estudo de Viabilidade do Projeto.

Com posse deste documento, o Dono do Projeto irá apresentá-lo aos Diretores

Corporativos na matriz da empresa e justificar sua viabilidade e necessidade junto aos

objetivos estratégicos da empresa.

Nesta mesma fase é realizada a primeira Revisão Técnica do Projeto, onde são

delegados auditores do Departamento de Excelência Operacional para que analisem se as

soluções técnicas escolhidas e o gerenciamento do Projeto como um todos segue as

recomendações previstas pelo Departamento.

Caso o trabalho realizado até então seja validado, o Projeto é liberado pelo

Departamento de Excelência Operacional para a fase de Definição.

O principal ponto observado é que não há distinção clara entre os processos de

Identificação e Seleção e o trabalho feito na fase de Identificação já avança no direcionamento

para uma das soluções. Assim, a primeira revisão Técnica do Projeto não é realizada, o que

pode trazer grandes problemas caso seja verificado mais adiante que mudanças drásticas no

Projeto sejam necessárias.

O Grupo de processos de Definição valida e refina a solução escolhida para detalhar o

Planejamento até agora realizado:

• Versão Final da Proposta de Investimento;

• Desenvolvimento dos Projetos Detalhados de Engenharia necessários para a Execução

do Projeto;

• Declaração Final do Escopo do Projeto, incluindo Custos e Cronograma,;

• Validação das análises de impactos ambientais e de licenciamento junto aos órgãos

competentes;

• Planos de aquisições e compras, manutenção e operação;

• Análise Final de Riscos do Projeto;

• Planos de Recursos, Qualidade, Custos, de Comunicação e Informação;

• Planos Comerciais: estimativas de vendas, prospecção de contratos;

• Elaboração de um Plano de Execução do Projeto.

• Aprovação pelo Dono do Projeto para a fase de Execução;

Após a aprovação do Dono do Projeto, o mesmo é novamente submetido a uma

Revisão Técnica do Projeto e ao corpo diretor para que o Projeto tenha uma aprovação formal

Page 42: GERENCIAMENTO DE CUSTO E TEMPO EM …vanzolini.org.br/download/TCC_FINAL_ADRIANO_CRASTO.pdf · outras, as metodologias que utilizam o PMBOK (Project Management Body of Knowledge)

42

corporativa e a verba para a execução do mesmo seja liberada. Caso haja modificações

exigidas nestas ocasiões, as mesmas deverão ser efetuadas e o Projeto deve ser reapresentado.

Novamente o que se observa é que na prática os processos de Identificação já

englobam os processos e suas atividades relacionadas nas fases de Seleção e Definição e não

há uma checagem de se todos os processos foram cumpridos e se as saídas correspondentes

foram entregues e validadas. Assim, processos como a Análise de Riscos e os Planos do

Projeto, quando elaborados, raramente são revisitados, refinados e atualizados.

Outro grande problema é que as estimativas de custos e o prazo preliminares se

mantêm as mesmas desde o Início do Projeto, agregando assim uma grande possibilidade de

que mudanças profundas venham a ocorrer no Projeto, com impactos imprevisíveis na

viabilidade técnica e estratégica.

Grupos de Processos de Execução, Monitoramento e Controle, Encerramento

Com relação aos processos de Execução, temos:

• Controle e Monitoramento das condições legais, de regulação e permissões;

• Controle dos Contratos e Aquisições;

• Estratégias operacionais, como Plano final de Custos Operacionais;

• Treinamento e Capacitação dos Usuários das entregas do Projeto;

• Plano de Comissionamento, que definirá como serão acompanhadas pelo Time do

Projeto a montagem, iniciação e testes de equipamentos e instalações previstas no

Projeto;

• Administração dos Contratos Firmados;

• Gerenciamento dos Riscos do Projeto;

• Controle de Custos e Cronograma;

• Gerenciamento da Construção e/ou Implementação do Projeto;

• Testes de Garantia de Qualidade;

• Verificação do Escopo e Controle de Mudanças de Escopo;

• Documentação das informações do Projeto;

• Entrega do Projeto ao Cliente Interno;

• Reuniões de Alinhamento (em todos);

• Reuniões de Comunicação a todos os envolvidos (stakeholders) (em todos);

• Aprovação pelo Dono do Projeto para a fase de Avaliação;

Page 43: GERENCIAMENTO DE CUSTO E TEMPO EM …vanzolini.org.br/download/TCC_FINAL_ADRIANO_CRASTO.pdf · outras, as metodologias que utilizam o PMBOK (Project Management Body of Knowledge)

43

Vale notar que conforme exposto acima, tem-se na metodologia adotada da Empresa 2

que o Projeto realmente é entregue na Execução ao Cliente (sempre interno neste caso) e não

no de Encerramento, como no PMBOK.

Como as estimativas de Custo e Prazo são pobres, e Escopo Técnico não sendo

perfeitamente validado com todos as partes interessadas, a Execução não raro é interrompida

para sucessivas reavaliações do Projeto, o que compromete profundamente a performance em

prazo do projeto, já que o mesmo começa a atrasar as datas para início da Execução; os custos

também começa a ficar comprometidos pois geralmente alguns gastos já começaram a ser

incorridos, como por exemplo aluguel de máquinas, serviços de segurança, etc, que

continuarão a ser pagos mesmo com o Projeto parado. Por fim, os ganhos financeiros do

Projeto se comprometem na medida em que o fluxo de caixa deixa de se comportar com o

esperado na Proposta de Investimento.

Outros prejuízos de estimativas pobres são simplesmente o não cumprimento do Custo

orçado e do Cronograma planejado, que acarretam para o Gerente de Projetos um esforço às

vezes inútil para seguir uma referência não apurada e que acaba se mostrando não condizente

com a realidade encontrada durante a Execução.

Com a mudança de Sistema Financeiro sem a participação do Departamento de

Projetos para auxiliar nas definições dos relatórios financeiros dos projetos, não há uma forma

eficiente de se medir, documentar e controlar os custos do projeto, que são feitos em planilhas

eletrônicas, sujeita os erros de digitação e de tempo de atualização.

O mesmo acontece com tempo. Não há suporte na metodologia para elaboração de

Cronograma, nem como para o acompanhamento e controle das atividades deste. A

metodologia apenas indica o que deve ser feito, mas não dispõe de ferramentas para auxiliar

na indicação de como deve ser feito este processo.

Após a finalização de todos os processos e atividades associadas, o projeto é dado

como terminado e então pode ser avaliado com relação a seu desempenho, atendimento aos

objetivos estratégicos e comerciais e atendimento ao Escopo aprovado para o projeto, ou seja,

o projeto tem que ter atingido as metas previstas na Proposta de Investimento Final.

Assim, são avaliados por todos os envolvidos no Projeto:

• Performance Financeira;

• Performance Operacional;

• Performance Técnica;

• Fechamento formal do Projeto pelo Gerente de Projetos e pelo Dono do Projeto;

Page 44: GERENCIAMENTO DE CUSTO E TEMPO EM …vanzolini.org.br/download/TCC_FINAL_ADRIANO_CRASTO.pdf · outras, as metodologias que utilizam o PMBOK (Project Management Body of Knowledge)

44

• Divulgação corporativa dos resultados.

Atualmente o Departamento de Projetos encontra-se com franco descrédito perante a

organização, pois do pouco documentado sobre os projetos, só há informações

desencontradas, desestruturadas e de pouca valia. Não há um documento formal para

fechamento do Projeto, Aceite técnico do Cliente Interno, Entrega ou de Lições aprendidas,

este último crucial para criação de uma base sólida de conhecimento.

De uma forma geral, a maior falha encontrada na metodologia da empresa, é que esta

metodologia se preocupa apenas em listar e indicar os Processos típicos reconhecidos como

eficientes.

Não há assim um aprofundamento na justificativa de cada processo, detalhamento com

padrões corporativos para cumprimento de cada processo, estratégias para o gerenciamento

dos processos e suas interconexões, além da falta de controle para que seja verificado se os

mesmos são até utilizados. Desta forma, o que se observa é que os projetos são geridos sem

uma metodologia definida e ainda em desenvolvimento.

Page 45: GERENCIAMENTO DE CUSTO E TEMPO EM …vanzolini.org.br/download/TCC_FINAL_ADRIANO_CRASTO.pdf · outras, as metodologias que utilizam o PMBOK (Project Management Body of Knowledge)

45

4. ANÁLISE DA SITUAÇÃO ATUAL DAS EMPRESAS

Tendo sido exposta de maneira crítica e tendo como base o histórico e metodologias

de Gerenciamento interno das Empresas, teremos a partir deste capítulo a finalidade de

revisitar a bibliografia escolhida, composta do PMBOK e de títulos que nele se baseiam, e

realizar um paralelo entre o que está previsto nesta bibliografia com o que acontece na rotina

das empresas com relação à Gestão de Projetos, notadamente na área de tempo e custo, na

tentativa de buscar as causas de por que a performance nestas áreas está tão abaixo do que

fora planejado e esperado, comprometendo de uma forma global o sucesso dos Projetos

implantados.

Com base nesta análise será verificado onde se encontram as principais causas deste

problema, a qual colocará em cheque se o atual direcionamento proposto pela bibliografia é

inadequado, e se sim, em que nível.

Didaticamente, este capítulo apresentará a seguinte estrutura:

1. Comparação entre os Processos de Gerenciamento de Projetos propostos pelo

PMBOK e os Processos encontrados nas Empresas;

2. Mapeamento das incoerências, falhas e observações notáveis para levantamento das

possíveis causas;

3. Verificação do que sugere a bibliografia com relação às causas encontradas para

priorização e tratamento das possíveis causas do Problema;

4. Analisar e propor soluções para as causas reconhecidas e aceitas como causadoras do

Problema.

Como as duas empresas de certa forma se apóiam e se inspiram no próprio PMBOK,

caso da Empresa 1, ou buscam alternativas próprias na tentativa de adaptar e criar uma

abordagem ao tema, caso da Empresa 2, vê-se então que a iniciativa de utilizar o PMBOK

como referência bibliográfica mostra-se aceitável e coerente, até porque como esta

bibliografia é atualmente aceita como referência na área, seu questionamento continua

pertinente.

4.1 - Análise dos Processos de Gerenciamento

Na seção 2.7 o conceito de Processo de Gerenciamento foi apresentado. Este conceito

está de acordo com a situação encontrada nas empresas, já que todos os processos

identificados em ambas nada mais são que um conjunto de ações que, a partir de uma série de

Page 46: GERENCIAMENTO DE CUSTO E TEMPO EM …vanzolini.org.br/download/TCC_FINAL_ADRIANO_CRASTO.pdf · outras, as metodologias que utilizam o PMBOK (Project Management Body of Knowledge)

46

condições iniciais e dados de entrada, geram a obtenção de resultados práticos que alimentam

os demais processos necessários para o andamento do Projeto. Conforme visto, a figura 2-5

mostra um resumo de todos os Processos previstos no PMBOK.

No PMBOK estes processos estão divididos por Área de Conhecimento e por Grupo

de Processos de Gerenciamento. Com relação à interação por Área de Conhecimento temos a

seguinte justificativa:

“Esses processos interagem entre si de formas complexas, que não podem ser totalmente explicadas em um documento ou por meio de gráficos. Os processos também podem interagir em relação a escopo, custo, cronograma do projeto, etc., que são denominados áreas de conhecimento”. (PMBOK 2004, p.54)

Já com relação ao agrupamento destes processos, o PMBOK justifica:

“Esta norma descreve a natureza dos processos de gerenciamento de projetos em termos da integração entre os processos, das interações dentro deles e dos objetivos a que atendem. Esses processos são agregados em cinco grupos, definidos como os grupos de processos de gerenciamento de projetos”. (PMBOK 2004, p.54)

Esta divisão se apresenta razoável e coerente, pois foi observado na prática que um

Projeto se caracteriza por um conjunto de esforços altamente integrados em diversos níveis.

Ainda, as Áreas de Conhecimento apresentadas foram identificadas nos Processos utilizados

por ambas as empresas. Desta forma, utilizaremos como base de comparação os Processos

descritos na Figura 2-5.

Levando em conta os Processos descritos na Empresa 1 e suas interações, e conforme

já identificado na seção 3.1.3, os Grupos de Processos presentes na empresa diferem do

sugerido pelo PMBOK, onde os Grupos de Execução e Monitoramento e Controle

correspondem ao Grupo de Execução da Empresa 1.

Com relação à Empresa 2, a situação é similar, onde os Grupos de Iniciação e

Planejamento do PMBOK correspondem aos de Identificação, Seleção e Definição e os

Grupos de Execução, Monitoramento e Controle e Encerramento correspondem aos de

Execução e Avaliação.

Para auxiliar na visualização da distribuição dos Processos encontrados nas empresas,

os mesmos foram agrupados juntamente com os Processos descritos no PMBOK seguindo

suas divisões em Grupos de Processos e Áreas de Conhecimento. Esta compilação dos dados

é mostrada na tabela 4-1.

Page 47: GERENCIAMENTO DE CUSTO E TEMPO EM …vanzolini.org.br/download/TCC_FINAL_ADRIANO_CRASTO.pdf · outras, as metodologias que utilizam o PMBOK (Project Management Body of Knowledge)

47

Como o enfoque deste estudo está voltado para o gerenciamento de tempo e custo, será

feita uma primeira aproximação às informações estritamente relacionadas a estas Áreas de

Conhecimento previstas no PMBOK, ilustrando então como está previsto por este guia as

melhores práticas com relação à gestão de tempo e custo de projetos. Estes processos serão

descritos em maiores detalhes e um paralelo com os processos previstos nas empresas será

iniciado, na tentativa de identificar similaridades e diferenças e outras observações

fundamentais para o levantamento das principais causas dos problemas de gestão associados.

4.2 - Análise do Gerenciamento de Tempo

Conforme pode ser visto na tabela 4-1, os processos de gerenciamento de tempo do

Projeto estão descritos abaixo, juntamente com a definição prevista no PMBOK:

1. “Definição da atividade – Identificação das atividades específicas do cronograma

que precisam ser realizadas para produzir as várias entregas do projeto.” (PMBOK

2004, p. 123). Na figura 4-1, é mostrada a estrutura deste Processo, com as

entradas, ferramentas e técnicas e saídas para execução do mesmo.

Figura 4-1. Processo de Definição da atividade: Entradas, ferramentas e técnicas, e saídas

Fonte: PMBOK, 2004, p.127

2. “Seqüenciamento de atividades – Identificação e documentação das dependências

entre as atividades do cronograma.” (PMBOK 2004, p. 123). Na figura 4-2, é

mostrada a estrutura deste Processo, com as entradas, ferramentas e técnicas e

saídas para execução deste Processo.

Page 48: GERENCIAMENTO DE CUSTO E TEMPO EM …vanzolini.org.br/download/TCC_FINAL_ADRIANO_CRASTO.pdf · outras, as metodologias que utilizam o PMBOK (Project Management Body of Knowledge)

48

Áreas de Conhecimento

IniciaçãoPMBOK

Iniciação - Empresa 1

Iniciação - Empresa 2

PlanejamentoPMBOK

Planejamento - Empresa 1

Planejamento - Empresa 2

ExecuçãoPMBOK

Execução - Empresa 1

Execução - Empresa 2

Monitoramento e Controle PMBOK

Monitoramento e Controle

Empresa 1

Monitoramento e Controle

Empresa 2

EncerramentoPMBOK

Encerramento - Empresa 1

Encerramento - Empresa 2

Integração Desenvolver Termo de Abertura do Projeto

Elaborar Portfolio de Projetos

Elaboração de Business Case

Desenvolver Plano de Gerenciamento do Projeto

Planejamento de Execução

Orientar e Gerenciar a Execução do Projeto

Plano de Comissionamento

Monitorar e Controlar o Trabalho do Projeto

Encerrar o Projeto Entrega ao Cliente Documentação das informações do Projeto

Desenvolver Declaração de Escopo Preliminar do Projeto

Elaborar Geração de Idéia

Aprovação do Dono do Projeto

Finalização da Proposta de Investimento

Gerenciamento da Construção e/ou Implementação do Projeto

Controle Integrado de Mudanças

Encerramento Administrativo

Entrega do Projeto ao Cliente Interno

Aprovação de Projetos

Aprovação do Dono do Projeto

Encerramento Formal

Escopo Escopo Básico Planejamento do Escopo

Declaração de Escopo de Projeto

Escopo Final Mudança de Escopo Verificação do Escopo e Controle de Mudanças de Escopo

Verificação do Escopo Mudança de Escopo Verificação do Escopo e Controle de Mudanças de Escopo

Performance Técnica

Definição do Escopo Declaração de Escopo do Produto

Projetos de Engenharia Detalhados

Controle do Escopo Performance Operacional

Criar EAP

Tempo Cronoganograma Preliminar*

Definição de Atividade Cronograma Cronograma Final Controle de Cronograma

Controle de Cronograma

Controle de Cronograma

Controle de Custos e Cronograma

Seqüênciamento de AtividadeEstimativa de Recursos da Atividade

Estimativa de Duração da Atividade

Desenvolvimento do Cronograma

Custos Estimativa Preliminar de Custos

Estimativa de Custos Orçamento Estimativa de Custos Final

Controle de Custos Controle de Custos Controle de Custos Controle de Custos e Cronograma

Performance Financeira

Orçamentação

Qualidade Planejamento da Qualidade

Plano de Qualidade, Segurança e Meio Ambiente

Realizar a Garantia da Qualidade

Realizar o Controle da Qualidade

Testes de Garantia de Qualidade, Segurança e Meio Ambiente

Recursos Humanos Planejamento de Recursos Humanos

Plano de Recursos Contratar ou Mobilizar a Equipe do Projeto

Treinamento e Capacitação dos Usuários das entregas do Projeto

Gerenciar a Equipe do Projeto

Desenvolver a Equipe do Projeto

Comunicações Reuniões de Alinhamento

Planejamento das Comunicações

Reunião de KOM Reuniões de Alinhamento

Distribuição das Informações

Reuniões de Alinhamento

Relatório de Desempenho

Reuniões de Alinhamento

Comunicação aos Envolvidos

Comunicação aos Envolvidos

Comunicação aos Envolvidos

Gerenciar as partes interessadas

Comunicação aos Envolvidos

Riscos Análise Preliminar de Riscos*

Planejamento de Gerenciamento de Riscos

Análise de Riscos Análise de Riscos Final

Gerenciamento dos Riscos do Projeto

Monitoramento e Controle de Riscos

Identificação de RiscosAnálise Qualitativa de RiscosAnálise Quantitativa de RiscosPlanejamento de Resposta aos Riscos

Aquisições Planejar Compras e Aquisições

Plano de Aquisições e Compras

Solicitar Respostas de Fornecedores

Controle de Aquisições

Administração dos Contratos Firmados

Administração de Contrato

Controle de Aquisições

Controle dos Contratos e Aquisições

Fechamento do Contrato

Encerramento Contratual

Planejar Contratações Selecionar Fornecedores

Grupos de Processos de Gerenciamento de Projetos

Tabela 4-1. Mapeamento dos processos de Gerenciamento de Projetos das Empresas de estudo segundo o PMBOK

Page 49: GERENCIAMENTO DE CUSTO E TEMPO EM …vanzolini.org.br/download/TCC_FINAL_ADRIANO_CRASTO.pdf · outras, as metodologias que utilizam o PMBOK (Project Management Body of Knowledge)

49

Figura 4-2. Processo de Seqüenciamento de atividades: Entradas, ferramentas e técnicas, e saídas

Fonte: PMBOK, 2004, p.130

3. “Estimativa de recursos da atividade – Estimativa do tipo e das quantidades de

recursos necessários para realizar cada atividade do cronograma.” (PMBOK 2004,

p. 123). Na figura 4-3, é mostrada a estrutura deste Processo, com as entradas,

ferramentas e técnicas e saídas para execução do mesmo.

Figura 4-3. Processo de Estimativa de recursos da atividade: Entradas, ferramentas e técnicas, e saídas

Fonte: PMBOK, 2004, p.136

4. “Estimativa de duração da atividade – Estimativa do número de períodos de

trabalho que serão necessários para terminar as atividades individuais do

cronograma.” (PMBOK 2004, p. 123). Na figura 4-4, é mostrada a estrutura deste

Processo, com as entradas, ferramentas e técnicas e saídas para execução do

mesmo.

Page 50: GERENCIAMENTO DE CUSTO E TEMPO EM …vanzolini.org.br/download/TCC_FINAL_ADRIANO_CRASTO.pdf · outras, as metodologias que utilizam o PMBOK (Project Management Body of Knowledge)

50

Figura 4-4. Processo de Estimativa de duração da atividade: Entradas, ferramentas e técnicas, e saídas

Fonte: PMBOK, 2004, p.139

5. “Desenvolvimento do cronograma – Análise dos recursos necessários, restrições

do cronograma, durações e seqüências de atividades para criar o cronograma do

projeto.” (PMBOK 2004, p. 123). Na figura 4-5, é mostrada a estrutura deste

Processo, com as entradas, ferramentas e técnicas e saídas para execução do

Processo.

Figura 4-5. Processo de Desenvolvimento do cronograma: Entradas, ferramentas e técnicas, e saídas

Fonte: PMBOK, 2004, p.143

6. “Controle do cronograma – Controle das mudanças no cronograma do projeto.”

(PMBOK 2004, p. 123). Na figura 4-6, é mostrada a estrutura deste Processo, com

as entradas, ferramentas e técnicas e saídas para execução do Processo.

Page 51: GERENCIAMENTO DE CUSTO E TEMPO EM …vanzolini.org.br/download/TCC_FINAL_ADRIANO_CRASTO.pdf · outras, as metodologias que utilizam o PMBOK (Project Management Body of Knowledge)

51

Figura 4-6. Processo de Desenvolvimento do cronograma: Entradas, ferramentas e técnicas, e saídas

Fonte: PMBOK, 2004, p.152

Vale notar que todos os Processos estão no Grupo de Processos de Planejamento, com

exceção de Controle de cronograma, que se encontra no Grupo de Controle e Monitoramento.

Com relação aos Processos identificados nas Empresas, temos que na Empresa 1 há

apenas o Processo de Elaboração do Cronograma no Grupo de Processos de Planejamento. Na

Empresa 2 há a Elaboração do Cronograma Preliminar e Elaboração do Cronograma Final,

nos Grupos de Processo de Iniciação e Planejamento, respectivamente.

Aprofundando a observação destes processos, foram levantados os seguintes pontos

principais:

• Na Empresa 1, apesar de não existir um Processo relacionado a Gerenciamento de

Tempo no Grupo de Processos de Iniciação, no Processo de Geração de Idéia, o qual

tem como objetivo criar um documento de Proposta de Investimento, está prevista a

inclusão de um cronograma de marcos, e portanto, preliminar;

• Na Empresa 2, há o Processo de Elaboração de Cronograma Preliminar no Grupo de

Processos de Iniciação;

• Não há no PMBOK no Grupo de Processos de Iniciação nenhum Processo relacionado

ao Gerenciamento de Tempo do Projeto. No entanto, os Processos do Grupo de

Iniciação, Desenvolver Termo de Abertura do Projeto e Desenvolver Declaração de

Escopo Preliminar do Projeto, prevêem que sejam inseridos na Declaração de Escopo

Preliminar do Projeto ao menos os marcos do cronograma.

Fazendo uma ponte com a rotina da Empresa 1, descrita na seção 3.1, foi observado

que o cronograma de marcos, utilizado para elaboração da Proposta de Investimento, não é

refinado nem desenvolvido para as demais fases do Projeto, ou seja, é utilizado como linha de

base de tempo do Projeto uma estimativa de baixa precisão e que não levará em conta

Page 52: GERENCIAMENTO DE CUSTO E TEMPO EM …vanzolini.org.br/download/TCC_FINAL_ADRIANO_CRASTO.pdf · outras, as metodologias que utilizam o PMBOK (Project Management Body of Knowledge)

52

processos futuros. O que se observa é que após a aprovação do Projeto com este cronograma,

o Planejamento se desenvolverá em função dele, com Definições de Escopo, Custo, Tempo e

Recursos tendo que se adequar a esta primeira estimativa, sem, no entanto, haver abertura

para que o Cronograma a ser elaborado no Processo de Elaboração de Cronograma seja

alterado significativamente.

Somam-se a estes problemas a pressão do nível estratégico no Processo de Geração de

Idéia, que impõe por restrições de tempo estimativas grosseiras sem permitir que sejam

revistas após a execução dos Processos do Grupo de Planejamento. Mesmo com a

participação de todas as partes interessadas na elaboração da Proposta de Investimento, são as

diretrizes estratégicas que restringirão o tempo para execução do Projeto. A elaboração de

Cronograma é então baseada em estimativas realizadas com um foco apenas estratégico, onde

não são levados em conta os vários Processos envolvidos na elaboração de um Cronograma.

Vê-se ainda que apesar de haver interesse da Equipe dos Projetos em seguir os

Processos do PMBOK para elaboração do Cronograma, a mesma não dispõe de tempo e

abertura para desenvolvimento do mesmo, e os Processos de Gerenciamento de Tempo para o

Grupo de Iniciação previstos no PMBOK acabam se fundindo em apenas um para a Empresa

1, que é o Processo de Elaboração do Cronograma. Ou seja, não são realizados os processos

de Definição da Atividade, Seqüenciamento de Atividades, Estimativa de Recursos da

Atividade e Estimativa de Duração de Atividade, previstos no PMBOK. Isto figura como um

grande problema segundo Maximiano (1997, p.76), que considera a definição das atividades

como a base para a gestão do prazo do projeto e a definição de recursos é a base para a gestão

do custo do projeto.

Na Empresa 2 está previsto o Processo de Elaboração de Cronograma preliminar, para

o Grupo de Iniciação, que será utilizado na elaboração da Proposta de Investimento. Assim

como na Empresa 1, este Cronograma trata-se apenas de uma tabela de marcos, sem seguir os

Processos previstos no PMBOK e, por conseqüência, suas técnicas sugeridas para cada

Processo. Para o Grupo de Planejamento, está prevista a Elaboração do Cronograma final.

Diferentemente da Empresa 1, na Empresa 2 há um tempo maior para a execução dos

Processos de Planejamento. No entanto, apesar de ser indicado pela metodologia da Empresa

2 que os Processos de Elaboração de Cronograma Preliminar e Final devem ser feitos, não são

disponibilizadas técnicas padronizadas para a elaboração do mesmo; também não há uma

verificação e pressão do Departamento de Excelência operacional para que o cronograma seja

finalizado de forma a estar mais detalhado, preciso e que então reflita uma situação mais

próxima da realidade e portanto mais simples de ser monitorada e controlada.

Page 53: GERENCIAMENTO DE CUSTO E TEMPO EM …vanzolini.org.br/download/TCC_FINAL_ADRIANO_CRASTO.pdf · outras, as metodologias que utilizam o PMBOK (Project Management Body of Knowledge)

53

Novamente, o que se observa é que o refinamento do cronograma é deixado de lado, e

não raro a versão final do mesmo se trata da preliminar com apenas uma revisão de forma e

não de conteúdo.

Conforme visto na seção 3.1, na Empresa 1 não há padronização do controle do tempo

do Projeto, e apesar de algumas ferramentas disponíveis, algumas até alinhadas com o

sugerido pelo PMBOK (ver figura 4-6) como por exemplo relatórios de desempenho, software

de gerenciamento de projetos e relatórios de progresso, seu uso não é disseminado o

suficiente. Até mesmo os relatórios de desempenho e software de gerenciamento são

atualizados com dados irreais para maquiar problemas e tentar preservar o cumprimento das

metas do departamento. Assustador é que tal prática, dependendo do impacto na organização,

pode ter inclusive o aval da Gerência de Projetos.

Na Empresa 2, assim como os demais processos, apenas consta na metodologia que o

cronograma deve ser controlado mas não é indicado ou sugerido como isto deve ser feito.

Assim, na rotina da empresa este controle acaba ficando a cargo do gestor de cada projeto, e

infelizmente este é apenas feito de forma reativa, ou seja, quando se verifica que determinada

atividade estourou ou até mesmo quando é necessário publicar um relatório do andamento do

projeto devido a alguma visita ou solicitação.

Com a situação da Empresa 2 relatada, mais uma nova impressão toma forma: se com

a disponibilidade de guias detalhados há grande dificuldade em padronizar, implantar, medir

resultados e aprimorar metodologias, apenas com indicações superficiais torna-se ainda mais

difícil implantar uma metodologia eficiente, já que se pode assim ter uma idéia de que existe

conhecimento prévio e qualificação da equipe dos projetos, o que pode não existir. Ainda, fica

impressão de falta de conteúdo, o que compromete a aceitação de tal metodologia, bem como

o envolvimento de todas as partes interessadas.

O Processo de Controle de Cronograma torna-se então uma luta perdida nas duas

empresas, pois seria bastante otimista esperar que um cronograma elaborado com tantos

problemas traduzisse de forma precisa o andamento das atividades do Projeto ao ponto de

poder ser controlado satisfatoriamente. Segundo Dinsmore (2002, p.72) “O controle de

cronograma consiste em influenciar fatores que criam mudanças no cronograma, para garantir

que qualquer mudança seja benéfica ou tenha reduzido seu efeito sobre o plano inicialmente

estabelecido. Da mesma forma é muito importante o processo de determinar e registrar as

mudanças ocorridas no plano, com a devida documentação de suporte e aprovação por quem é

de direito, e finalmente gerenciá-las.”, ou seja, nada do que foi observado nas empresas

estudadas.

Page 54: GERENCIAMENTO DE CUSTO E TEMPO EM …vanzolini.org.br/download/TCC_FINAL_ADRIANO_CRASTO.pdf · outras, as metodologias que utilizam o PMBOK (Project Management Body of Knowledge)

54

Outra impressão revelada é a de que por mais que esteja claro que as duas empresas

possuem problemas no Gerenciamento de Tempo, os Processos do Grupo de Iniciação do

PMBOK não contemplam um Processo para o Gerenciamento de Tempo. Como se observou

que na rotina das empresas não há tempo para um planejamento eficiente, caso da Empresa 1,

ou então não há motivação, envolvimento e apoio metodológico, caso da Empresa 2, fazendo

com que o Processo de Elaboração de Cronograma se situe no Grupo de Processos de

Iniciação, tem-se então um indicativo de que pode haver problemas de aplicabilidade ou

interpretação, e indo mais além, na própria estrutura dos Grupos de Processos e Áreas de

Conhecimentos sugeridos pelo PMBOK.

Soma-se a isto uma outra nuança observada e que vale ser ressaltada: os Processos de

Gerenciamento, apesar de estruturados em função dos Grupos de Processos e Áreas de

Conhecimento, têm suas interações e critérios de utilização não muito definidos. Segundo o

PMBOK, temos:

“[...] Na prática eles se sobrepõem e interagem de maneiras não totalmente detalhadas aqui. Os profissionais mais experientes de gerenciamento de projetos reconhecem que existe mais de uma maneira de gerenciar um projeto. As especificações de um projeto são definidas como objetivos que precisam ser realizados com base na complexidade, no risco, no tamanho, no prazo, na experiência da equipe do projeto, no acesso aos recursos, na quantidade de informações históricas, na maturidade da organização em gerenciamento de projetos e no setor e na área de aplicação. Os grupos de processos necessários e seus processos constituintes são orientações para a aplicação do conhecimento e das habilidades de gerenciamento de projetos adequados durante o projeto. Além disso, a aplicação dos processos de gerenciamento de projetos a um projeto é iterativa e muitos processos são repetidos e revisados durante o projeto. O gerente de projetos e a equipe do projeto são responsáveis pela determinação de que processos dos grupos de processos serão empregados e por quem, além do grau de rigor que será aplicado à execução desses processos para alcançar o objetivo desejado do projeto.”. (PMBOK Terceira Edição, 2004, p.39)

Dado o exposto acima, pode-se dizer que o julgamento da aplicabilidade dos

Processos de Gerenciamento e a sua forma de interação e ocorrência pesa sobre a equipe do

Projeto, mais especificamente sobre o Gerente de Projetos. No entanto, conforme pode ser

visto na figura 4-1, é sugerido pelo PMBOK que o primeiro Processo de Gerenciamento de

Tempo, Definição da Atividade, seja realizado tendo como dado de entrada a própria

Declaração do Escopo do Projeto, reafirmando assim que a Definição da Atividade, que é o

primeiro processo de Gerenciamento de Tempo, tenha seu início sugerido após a Declaração

Page 55: GERENCIAMENTO DE CUSTO E TEMPO EM …vanzolini.org.br/download/TCC_FINAL_ADRIANO_CRASTO.pdf · outras, as metodologias que utilizam o PMBOK (Project Management Body of Knowledge)

55

do Escopo do Projeto, e durante o Planejamento, confirmando que não há assim um Processo

definido e sugerido de Gerenciamento de Tempo na Iniciação.

E não há como, apesar de ser aceitável a idéia de que os Processos se sobreponham

não se fazer uma conexão entre os grupos de processo o próprio andamento do Projeto: é algo

simples e intuitivo que um esforço multidisciplinar para entrega de resultados, que é um

Projeto, tenha que ser pensado, ponderado, organizado, executado e terminado, em outras

palavras, Iniciado, Planejado, Executado, Controlado e Encerrado, conforme sugere o

PMBOK. Conclui-se então que por mais que o PMBOK defenda que a natureza dos processos

como interativa e complexa, e de fato o é, a estrutura de grupo de processos indica fortemente

um caminho cronológico a ser percorrido. Com isto, a necessidade de um Processo de

Gerenciamento de Tempo na Iniciação seria fundamental, pelo menos para a realidade das

duas empresas estudadas.

4.3 - Análise do Gerenciamento de Custo

Os processos de gerenciamento de tempo do Projeto estão descritos abaixo,

juntamente com a definição prevista no PMBOK:

1. “Estimativa de custos – Desenvolvimento de uma estimativa dos custos dos

recursos necessários para terminar as atividades do projeto.” (PMBOK 2004, p.

157). Na figura 4-7, é mostrada a estrutura deste Processo, com as entradas,

ferramentas e técnicas e saídas para execução deste Processo.

Figura 4-7. Processo de Estimativa de custos: Entradas, ferramentas e técnicas, e saídas

Fonte: PMBOK, 2004, p.162

Page 56: GERENCIAMENTO DE CUSTO E TEMPO EM …vanzolini.org.br/download/TCC_FINAL_ADRIANO_CRASTO.pdf · outras, as metodologias que utilizam o PMBOK (Project Management Body of Knowledge)

56

2. “Orçamentação – Agregação dos custos estimados de atividades individuais ou

pacotes de trabalho para estabelecer uma linha de base dos custos.” (PMBOK

2004, p. 157), conforme a figura 4-8.

Figura 4-8. Processo de Orçamentação: Entradas, ferramentas e técnicas, e saídas

Fonte: PMBOK, 2004, p.167

3. “Controle de custos – Controle dos fatores que criam as variações de custos e

controle das mudanças no orçamento do projeto.” (PMBOK 2004, p. 157),

conforme figura 4-9.

Figura 4-9. Processo de Controle de Custos: Entradas, ferramentas e técnicas, e saídas

Fonte: PMBOK, 2004, p.171

Ao compararmos os processos acima através da figura 4-1 com os existentes nas

empresas e com seus históricos e observações descritos nas seções 3.1 e 3.2, podemos notar

que na Empresa 1 e no PMBOK não há um processo de Gerenciamento de Custo no Grupos

de Processos e Iniciação. No entanto, nos Processos de Desenvolver Declaração de Escopo

Preliminar do Projeto e Geração de Idéia, do PMBOK e da Empresa 1, respectivamente, está

Page 57: GERENCIAMENTO DE CUSTO E TEMPO EM …vanzolini.org.br/download/TCC_FINAL_ADRIANO_CRASTO.pdf · outras, as metodologias que utilizam o PMBOK (Project Management Body of Knowledge)

57

prevista uma estimativa preliminar de custos. Já na Empresa 2 existe na Iniciação o processo

de Estimativa Preliminar de Custos.

De maneira similar ao ocorrido com o Gerenciamento do Tempo, observa-se que na

Empresa 1 não há valorização nem entendimento de que deve-se dispor de mais tempo e

abertura para mudanças nas estimativas preliminares de custo. Novamente, é realizada uma

estimativa muito pobre em precisão.

Uma abordagem é sugerida pelo ICEC – International Cost Engineering Council, que define 6 classes de estimativas de custo (Kerzner, 2001) mostradas na tabela 4-2:

Tabela 4-2. Classes de Estimativas de Custos propostas pelo ICEC

Classe Descrição em Português Termo Original (Inglês) % de ErroI Projeto Executivo (Detalhado) Definitive +/- 5%II Projeto Básico Capital Cost +/- 10 a 15%III Anteprojeto (Preliminar) Appopriation +/- 15 a 20%IV Projeto Esquemático Schematic +/- 20 a 25%V Viabilidade Feasibility +/- 25 a 30%VI Ordem de Grandeza Order of Magnitude > +/- 35%

Fonte: Kerzner, 2001

Pode-se ver então que na fase inicial as estimativas de custo realmente podem ser

menos precisas, pois como o Projeto ainda está em fase de estudos, talvez a necessidade de

tempo, recursos e até de custo (por exemplo, consultorias para análises técnicas, elaboração

de projetos detalhados, etc) sejam elevadas para uma iniciativa ainda em estudo.

Considerando apenas a Empresa 1, o maior erro reside em se considerar esta

estimativa preliminar como a linha de base de custos, não dando abertura para que ela seja

revisada na fase de planejamento, quando se tem uma definição mais precisa do Escopo do

Projeto.

Analisando a figura 4-7, vê-se que o PMBOK sugere algumas técnicas de estimativa

de custos, mas o que se observa na prática é que se utilizam apenas os dados históricos de

outros projetos, o que pode introduzir imprecisões devido ao tempo dos dados de histórico,

pois referências antigas podem não consideram flutuações de preço, câmbio, etc., ou o uso de

dados de custos aparentemente similares, mas que posteriormente se mostrem não

corretamente aplicados.

De toda forma, seria complicado aplicar outra forma de estimativa, já que como o

próprio cronograma consta apenas de marcos, não está desenvolvido o suficiente para ilustrar

todas as atividades do projeto e assim todas as entregas específicas, que podem vir a serem

Page 58: GERENCIAMENTO DE CUSTO E TEMPO EM …vanzolini.org.br/download/TCC_FINAL_ADRIANO_CRASTO.pdf · outras, as metodologias que utilizam o PMBOK (Project Management Body of Knowledge)

58

levantadas durante a execução do projeto. Em termos práticos, sem ter em mãos as durações

de cada atividade do projeto e os custos unitários de cada pacote de trabalho, ou conforme cita

Maximiano (1997) “Nenhum projeto trabalha com previsões orçamentárias exatas, mas com

estimativas de custos, cuja precisão depende do tempo investido no planejamento. Para

aumentar a precisão do orçamento do projeto, é necessário planejar.”, fica difícil para a equipe

realizar uma melhor estimativa e resta a ela basear-se em dados históricos, duvidosos

inclusive, para estimar os custos do projeto, pois não há tempo nem suporte estratégico para a

obtenção destas informações.

Na Empresa 2 está previsto o Processo de Estimativa de Custos Preliminar. Mais uma

vez e similar a Empresa 1, usam-se apenas dados históricos e como o cronograma e o Escopo

do projeto ainda são preliminares, a estimativa de custos mostra-se bastante imprecisa. A

diferença é que na Empresa 2 permite-se um erro de até 40% nesta estimativa preliminar e, na

Estimativa Final um erro de até 10%, similar a proposta na tabela 4-1. Apesar desta abertura,

novamente o que ocorre na prática é que é mantida a estimativa preliminar baseada em dados

históricos e esta é considerada o orçamento do Projeto.

Outras atividades observadas que severamente influenciam a qualidade do Orçamento

do Projeto nas duas empresas são a definição do Escopo do Projeto e a Análise de Riscos, que

são componentes da Declaração de Escopo do Projeto presentes nas duas Empresas e está

prevista pelo PMBOK.

Como existe na Empresa 1 uma forte pressão para que o Escopo do Projeto seja

definido e validado ao mesmo tempo que seu estudo de viabilidade, não é difícil perceber que

com o refinamento do Escopo ocorrendo com o andamento do Projeto, normalmente são

identificadas novos pacotes de trabalho para entrega do Escopo validado, sejam eles devidos a

erros de estimativa de custos ou falhas de conteúdo do Escopo preliminar pressionado a ser

validado como definitivo. Assim, o Escopo do projeto tem que ser fechado o mais

precisamente e rapidamente possível, para que revisões no orçamento sejam minimizadas,

conforme ilustrado por Dinsmore (2002), “A capacidade de influência nos custos é maior nos

estágios iniciais do projeto, e é por essa razão que uma definição mais cedo do escopo é

importante, assim como a completa especificação dos requisitos e execução de um plano

consistente.”

Inclusive, dependendo do Projeto, quando uma necessidade de custo adicional para

entrega do Escopo é identificada, em vez de o projeto ser re-planejado e os custos revistos,

ocorre a redução do Escopo como tentativa de não se permitir a ocorrência de mais gastos

além do previsto. Na Empresa 2 há uma conduta mais profissional com relação tanto à

Page 59: GERENCIAMENTO DE CUSTO E TEMPO EM …vanzolini.org.br/download/TCC_FINAL_ADRIANO_CRASTO.pdf · outras, as metodologias que utilizam o PMBOK (Project Management Body of Knowledge)

59

definição do Escopo como nos procedimentos em caso de mudanças. Quando há o

refinamento do Escopo com conseqüências no orçamento do Projeto, o mesmo tem abertura

de ser revisto e seu orçamento re-aprovado. O problema é que estas análises ocorrem

normalmente durante a execução do projeto, fazendo com que este novo possível orçamento

seja inevitavelmente comparado com um orçamento de menor valor global aprovado

anteriormente, caracterizando assim da mesma maneira um gasto além do previsto.

A Análise de Riscos é incipiente nas duas empresas. Em ambas os riscos do projeto

são identificados e priorizados, assim como o impacto dos mesmos no projeto. Quando estes

impactos são também financeiros, é prevista uma reserva de contingência para ser utilizada no

caso de ocorrência destes riscos. No entanto, durante a execução não é feita uma revisão dos

riscos nem seu gerenciamento é efetuado, fazendo com que até a verba alocada para

contingências seja utilizada para cobrir outros gastos não previstos e devidos a diversas

causas, como por exemplo, mudanças de escopo, falhas na definição de escopo, custos de

atrasos ou de riscos não identificados, etc. Mignus (2002) reforça a importância da análise de

riscos: “Em termos de seguir de acordo com um plano, experientes gerentes de projeto

entendem que eles e suas equipes de projetos são humanos. Tarefas não são sempre definidas

corretamente, estimativas nem sempre são precisas, e eventos inesperados podem mudar um

projeto drasticamente. No entanto aplicando-se técnicas de controle a um projeto,

especialmente técnicas de gerenciamento de riscos, os projetos podem acompanhar mais de

perto o planejamento.”.

O último Processo, Controle de Custos, está previsto nas duas empresas. Conforme

ilustrado nas seções 3.1 e 3.2 eles se resumem basicamente a um controle reativo, onde os

gastos vão sendo contemplados e, caso eles sejam maiores do que o previsto, cabe a cada

Gerente de Projeto equalizar essa diferença, seja reduzindo ou modificando o Escopo,

utilizando as verbas de contingência, reduzindo o nível de qualidade, ou até mesmo

solicitando mais verba a alta administração da empresa. Nem mesmo com a emissão de

relatórios dos Sistemas Comerciais das Empresas foi observado a criação de um controle

estruturado, tanto de progresso da performance em custos e sua comparação com o orçamento

inicial, tanto como para documentar as incongruências e falhas, independentemente da causa.

Mais uma vez, vale ressaltar, na Empresa 2 não é indicado como o Controle de Custos deve

ser feito.

Para efeito de ilustração, segundo o PMBOK, este processo prevê a utilização de uma

série de técnicas e ferramentas para o Controle de Custos, conforme pode ser observado na

figura 4-9. Não há como verificar a eficácia destas ferramentas nas empresas, já que não há

Page 60: GERENCIAMENTO DE CUSTO E TEMPO EM …vanzolini.org.br/download/TCC_FINAL_ADRIANO_CRASTO.pdf · outras, as metodologias que utilizam o PMBOK (Project Management Body of Knowledge)

60

sequer motivação para este controle e nenhum indício do uso de tais ferramentas e técnicas,

mesmo que similares, tendo sido encontrado. Ainda, nota-se ainda que não há no PMBOK

nem na literatura que nele se baseia uma maior atenção aos aspectos organizacionais,

notadamente com relação à projetização das empresas. Com relação ao controle de projetos e

seu papel no gerenciamento de projetos como um todo, Kerzner (2002) acredita que há uma

diferença significativa para a gerência de projeto baseada no tipo de empresa, projetizada ou

não-projetizada, onde para empresas não-projetizadas é sugerido um melhor controle de custo

e utilização melhor de recursos internos e para as empresas projetizadas o foco em

desenvolver as metodologias superiores da gerência de projeto.

4.4 – Causas Principais

Podemos assim após o exposto levantar as principais causas do Gerenciamento

ineficiente de Prazo e Custo nas empresas estudadas:

• Não há no PMBOK um Processo de Gerenciamento de Tempo no Grupo de Processos

de Iniciação, que seria mais aplicável na realidade das empresas estudadas. A

utilização de um cronograma de marcos na Iniciação, apesar de ser razoável e

aceitável, por tratar-se apenas do momento em que a iniciativa do Projeto é avaliada,

constitui-se de um dado importante para o estudo de viabilidade técnica e financeira

do Projeto e, portanto, é de certa forma lógico que exista tempo, recursos e abertura

para um Processo definido de Gerenciamento de Tempo antes do Planejamento do

Projeto, ainda mais porque os projetos são medidos por sua eficiência em tempo,

sendo pertinente se iniciar mais cedo e mais profundamente seu Gerenciamento.

• Na Empresa 1, devido a pressões e falta de entendimento da alta administração, não é

disponibilizado tempo para que o cronograma preliminar seja mais detalhado. Esta

estimativa passa então a ser o próprio cronograma, fazendo com que todo o

planejamento seja comprometido, já que a equipe terá que seguir as duras restrições

impostas em uma estimativa pouco precisa para realizar o Projeto;

• Na Empresa 2, apesar de um maior comprometimento, e um maior tempo de

planejamento, não há motivação nem suporte para uma elaboração do cronograma. O

cronograma preliminar também passa a ser o cronograma final com poucas alterações;

• Não há um Processo de Gerenciamento de Custos do Projeto no Grupo de Processos

de Iniciação previstos no PMBOK. Da mesma forma que para o Gerenciamento de

Tempo e verificando a aplicabilidade dos Processos na realidade das empresas, a falta

Page 61: GERENCIAMENTO DE CUSTO E TEMPO EM …vanzolini.org.br/download/TCC_FINAL_ADRIANO_CRASTO.pdf · outras, as metodologias que utilizam o PMBOK (Project Management Body of Knowledge)

61

de um maior esforço dedicado às estimativas preliminares de custos compromete o

estudo de viabilidade técnica e financeira do Projeto, definição do Escopo e por

conseqüência, a performance em custos do Projeto;

• As estimativas de custo preliminares não são refinadas e desenvolvidas durante o

planejamento do Projeto e constituem o próprio Orçamento do Projeto. Mais uma vez,

na Empresa 1 não há o apoio necessário da alta administração para possibilitar o

detalhamento do Escopo do Projeto, que gera subsídios para o refinamento do

orçamento preliminar. Em ambas as empresas a principal técnica utilizada para

estimativa de custos é a captura de dados históricos dos projetos, que apesar de

estarem previstos no Processo de Estimativa de Custos do PMBOK (ver figura 4-7),

são compostos de dados pouco confiáveis, já que os projetos anteriores também foram

mal documentados e possuíram estimativas de custos pouco precisas.

• Não há habilidade ou qualificação do Gerente de Projetos e sua equipe para aplicar

técnicas mais eficientes ante aos problemas encontrados nos Processos de

Gerenciamento de Tempo e Custo: tanto a elaboração como os controles não utilizam

técnicas estruturadas e definidas, mesmo as previstas no PMBOK ou em outras fontes,

caso da Empresa 2, que possui um manual próprio.

• As empresas não são Projetizadas, e a representatividade de seus Departamentos de

Projetos, bem como sua influência e poder para obter recursos, envolvimento e espaço

nas definições estratégicas são limitadas. Em ambas não há um membro do

Departamento de Projetos na alta administração nem nenhum membro da alta

administração tem formação ou experiência específicas em Gerenciamento de

Projetos.

• O PMBOK e a literatura que nele se baseia não consideram aspectos organizacionais

da forma adequada. Há um forte direcionamento nos aspectos de cunho operacional,

promovendo diversas ferramentas e práticas para a realização dos projetos. No

entanto, a visão organizacional apresentada é muito simples e sucinta, comprovando

que na maioria das empresas, principalmente as não-projetizadas, haverá dificuldades

e falhas na análise da aplicação destes guias de práticas.

4.5 – Soluções Propostas

Apesar de as causas constatarem que o principal problema do Gerenciamento já ocorre

no início do Projeto, ficou claro que a abordagem sugerida pelo PMBOK já na Iniciação dos

Page 62: GERENCIAMENTO DE CUSTO E TEMPO EM …vanzolini.org.br/download/TCC_FINAL_ADRIANO_CRASTO.pdf · outras, as metodologias que utilizam o PMBOK (Project Management Body of Knowledge)

62

Projetos não se aplica às empresas estudadas. Por mais que fatores como a habilidade do

Gerente de Projetos para entender a natureza da interação entre os Processos e o

discernimento para escolher os Processos adequados e aplicá-los seja indicada, este trabalho

mostrou que mesmo assim as condições de contorno previstas neste guia de referência são

muito próximas de situações ideais, servindo mais como uma base de conhecimento para

ambientação na área de Gerenciamento de Projetos, do que como guia prático. Ainda, é

inegável que na realidade das empresas estudadas, que se caracterizam por serem empresas de

organização não projetizada, cujo cliente a qual se destinam os projetos é interno e, por isso, a

entrega de projetos de investimento não faz parte do core business das empresas, uma

tentativa alternativa deve ser aplicada.

Para tal, este estudo sugere que o PMBOK deve não só incluir Processos definidos

para o Gerenciamento de Tempo e Custo no Grupo de Processos de Iniciação, mas indo mais

além, devem ser tratadas de forma mais assertiva e objetiva as condições de aplicação do guia

para empresas em que o Cliente do Projeto seja interno, fato também não mencionado e

tratado claramente pelo PMBOK nem na literatura analisada e que no PMBOK se baseia. Esta

reestruturação pode ser feita com uma nova revisão do PMBOK, voltada para projetos de

engenharia em empresas não projetizadas cujo cliente é interno, cujas realidades mostraram

que o gerenciamento de tempo e custo deve ser iniciado antes do previsto pelo PMBOK, mas

mesmo esta revisão pode ser estendida para as outras empresas, pois é notório que tempo e

custo são as principais restrições e indicadores de desempenho dos Projetos, e quanto mais

cedo e incisivamente forem iniciados os Processos de Gerenciamento destas áreas, mais

chances do Gerenciamento de Tempo e Custo ser mais eficiente e, por conseqüência, o

desempenho do projeto ser otimizado. Como o PMBOK apresenta-se de forma muito geral e

ideal, a tentativa de segui-lo é inviável para as empresas estudadas.

Com relação às empresas, são necessárias profundas mudanças organizacionais. O

Departamento de Projetos precisa ter mais autonomia e voz diante da alta administração,

podendo participar mais ativamente nas decisões, dividindo as limitações da capacidade atual

de gerenciamento de projetos como um todo, e não especificamente de tempo e custo,

podendo assim recusar condições e premissas que não possam ser cumpridas e que fatalmente

resultarão em projetos fracassados sem que o Departamento de Projetos seja penalizado ou

tenha sua imagem arranhada. Com isto, as equipes de projetos poderão dedicar-se em

melhores condições para realizar de forma consistente as estimativas preliminares de custo e

tempo ou então dispor de tempo e suporte para o desenvolvimento destes processos no

andamento do projeto.

Page 63: GERENCIAMENTO DE CUSTO E TEMPO EM …vanzolini.org.br/download/TCC_FINAL_ADRIANO_CRASTO.pdf · outras, as metodologias que utilizam o PMBOK (Project Management Body of Knowledge)

63

A figura do cliente interno também tem que ser revista, pois esta traz vícios

organizacionais que penalizam o Departamento de Projetos: o patrocinador, representado pela

alta administração, e o cliente, representado por algum departamento da empresa, têm uma

postura de baixo envolvimento e uma visão equivocada da importância do Departamento de

Projetos, por considerarem mais importantes as rotinas diretamente relacionadas com o

negócio da empresa, ou seja, desempenhos operacionais, comerciais e financeiros

provenientes das atividades de cada empresa. Faz-se então necessário prover que enxerguem

que o bom gerenciamento de projetos fará com que o retorno financeiro e expectativas dos

clientes sejam mais bem atendidos, com benefícios para toda a organização.

Como conseguir esta mudança radical nas empresas? Este estudo sugere que existam

papéis na alta administração que façam parte do Departamento de Projetos. Uma sugestão é a

de que o patrocinador do projeto deve ser um membro do Departamento de Projetos ou pelo

menos alguém consciente de que deve dar apoio e suporte ante as pressões de definições de

Escopo e, por conseqüência, de tempo e custo dos projetos. Com isso outras causas do

problema de estudo, como a qualificação e habilidades do Gerente de Projetos, podem dispor

de investimentos e acompanhamento mais próximo e atuante, que possibilitem inclusive

maior competência e liberdade das equipes de projetos em desenvolver suas próprias

abordagens de Gerenciamento. Esta mudança, de certa forma drástica, mostra-se como de

grande impacto para as empresas, sem necessitar que as mesmas tenham que se tornarem

organizações projetizadas de fato para conseguirem seus objetivos em Gerenciamento de

Projetos. Aliás, mesmo organizações projetizadas e com clientes externos têm seus problemas

em Gerenciamento de Projetos, e não seria viável sugerir que as empresas tornem-se

projetizadas, pois como já mencionado, a entrega de projetos não faz parte do core business

das empresas estudadas e toda sua estrutura organizacional provavelmente não mudaria para

se adequar a um dos departamentos. Com um departamento de projetos mais atuante,

valorizado e qualificado, a empresas podem até apostar no desenvolvimento interno do seu

guia de gerenciamento de projetos, tendo base e entendimento necessários para considerar sua

nova identidade organizacional e inclusive poder participar mais ativamente das definições

estratégicas e de suas iniciativas, contribuindo com sua visão e agregando eficiência e

confiabilidade até no desempenho estratégico.

Do ponto de vista técnico e para servir de suporte para este processo de aprendizado e

mudança, este trabalho também sugere uma forte mecanização do Gerenciamento de Projetos,

através do estudo e implantação de um Sistema de Gerenciamento de Projetos altamente

customizado, onde cada passo e processo devam ser documentados e validados pelos Gerentes

Page 64: GERENCIAMENTO DE CUSTO E TEMPO EM …vanzolini.org.br/download/TCC_FINAL_ADRIANO_CRASTO.pdf · outras, as metodologias que utilizam o PMBOK (Project Management Body of Knowledge)

64

de Projeto, patrocinadores e até pela alta administração, de forma eletrônica. Apesar de já se

notar que esta iniciativa traria grandes mudanças e dificuldades enormes para sua

implementação e aceitação, seria uma prova da eficácia da mudança organizacional proposta,

um teste para os novos papéis do patrocinador, gerente de projetos e da alta administração na

rotina de gerenciamento de projetos e uma ferramenta facilitadora para o processo de aumento

da importância, entendimento da missão e valorização do Departamento de Gerenciamento de

Projetos.

Resumindo então temos que as principais soluções propostas por este trabalho são a

revisão do PMBOK, principalmente na sua desconsideração de Processos de Gerenciamento

de Tempo e Custo na Iniciação dos projetos e ampliar sua visão para empresas não-

projetizadas e com clientes internos; Reestruturação organizacional das empresas, tendo como

principal agente a colocação do patrocinador dos Projetos como membro do Departamento de

Projetos; por fim, a implantação de um sistema altamente robusto para o gerenciamento de

projetos a fim de auxiliar no processo de mudança da visão sobre o Departamento de Projetos.

Com relação ao detalhamento da implantação destas soluções, temos que neste

trabalho, por se tratar de um breve estudo, não serão previstos os detalhes de implantação de

tantas iniciativas, até porque em uma abordagem rápida o resultado seria apenas mais um

guia, que assim como visto, não prevê uma séria de condições para sua aplicação e não

passam de instruções sistemáticas em condições de contorno demasiado ideais. As mudanças

organizacionais serão profundas e requerem uma análise de teorias das organizações para

poder assim propor o direcionamento adequado e qual abordagem deve ser adotada. Da

mesma forma, a profissionalização da gestão de projetos levará em conta esta nova

estruturação, se desenvolvendo em paralelo, podendo assim ter capacidade crítica de avaliar

os guias existentes e, a partir deles, criar sua identidade de gestão de projetos. Finalmente, as

ferramentas técnicas de suporte a estas mudanças, neste caso um novo Sistema de

Gerenciamento altamente robusto e interligado entre todas as partes interessadas, teria que ser

amplamente estudado e poderia até ser um projeto piloto para avaliar o progresso e eficácia

destas soluções. Assim, este breve estudo com sinaliza uma proposta de direcionamento para

aprofundamento, onde cada uma destas iniciativas requer novos e extensivos estudos para sua

viabilização. A figura 4-10 ilustra a síntese destas soluções e como elas se poderiam ser

relacionar.

Page 65: GERENCIAMENTO DE CUSTO E TEMPO EM …vanzolini.org.br/download/TCC_FINAL_ADRIANO_CRASTO.pdf · outras, as metodologias que utilizam o PMBOK (Project Management Body of Knowledge)

65

Auto-Conhecimento

Mecanização

Re-Estruturação Mudança de papéisNova Visão de Projetos

Estudos de Teoria Organizacional

Estudos de Planejamento

Estratégico

Profissionalização direcionada à nova

identidade

Desenvolvimento de uma gestão de projetos

particular

Suporte a implantação de nova cultura

Refinamento técnico e operacional

Criação de IdentidadeDesenvolvimento Intelectual

Novos desdobramentosMelhorias com bases reais

Auto-Conhecimento

Mecanização

Re-Estruturação Mudança de papéisNova Visão de Projetos

Estudos de Teoria Organizacional

Estudos de Planejamento

Estratégico

Profissionalização direcionada à nova

identidade

Desenvolvimento de uma gestão de projetos

particular

Suporte a implantação de nova cultura

Refinamento técnico e operacional

Criação de IdentidadeDesenvolvimento Intelectual

Novos desdobramentosMelhorias com bases reais

Figura 4-10. Direcionamento possível para implantação das soluções encontradas

Page 66: GERENCIAMENTO DE CUSTO E TEMPO EM …vanzolini.org.br/download/TCC_FINAL_ADRIANO_CRASTO.pdf · outras, as metodologias que utilizam o PMBOK (Project Management Body of Knowledge)

66

5 – CONCLUSÃO

Este estudo tomou como base o principal instrumento reconhecido nas empresas na

área de Gerenciamento de Projetos, o PMBOK, e tentou, juntamente com a avaliação da

prática desta disciplina em duas empresas distintas, verificar por que tantos projetos atrasam e

têm seu orçamento final acima do previsto.

Conforme visto, houve diversas dificuldades no estudo das empresas, onde os dados

encontrados mostraram-se altamente insuficientes e não-confiáveis. Ainda, mesmo em

situações em que há certo suporte para a execução de alguns processos de gerenciamento, não

há condições nas empresas dentro da rotina do Departamento de Projetos para sua aplicação,

seja por falta de qualificação e habilidade, ou por falta de motivação.

Soma-se a isto o fato de o nível estratégico das empresas ter idéia vaga da importância

atual dos projetos para o alcance global de suas metas e impor limites e metas inalcançáveis

para o departamento de projetos, reforçando sua imagem negativa e sua ineficiência.

Neste cenário pouco do previsto pelo PMBOK é aplicado e ainda assim foram

encontrados problemas estruturais neste guia, tornando-o ainda mais distante da realidade das

empresas.

Notou-se então, que com o andamento do trabalho, foi tomando forma a consciência

de que não apenas o guia utilizado para estudo, mas também as empresas de estudo

apresentam problemas estruturais; o guia por prever condições demasiado ideais para sua

implementação e pela baixa atenção dada às características organizacionais das empresas; e as

empresas, caracterizadas como não-projetizadas, por não darem o valor devido à área de

projetos, imprimindo condições inaceitáveis para uma rotina eficiente. Este fato, de certa

forma, tornou este trabalho mais interessante e motivador, por abrir novas correntes de estudo,

que com certeza podem identificar novas tendências e desenvolver teorias a respeito do

gerenciamento de projetos, que hoje padece apenas da predominância de guias em sua

literatura.

Com isso, as soluções apresentadas culminaram em diversas iniciativas

multidisciplinares, que causam desdobramentos e por sua vez necessitam de estudos

profundos para desenvolver a melhor abordagem e suas respectivas implementações.

Page 67: GERENCIAMENTO DE CUSTO E TEMPO EM …vanzolini.org.br/download/TCC_FINAL_ADRIANO_CRASTO.pdf · outras, as metodologias que utilizam o PMBOK (Project Management Body of Knowledge)

67

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

SERRA, F.; TORRES, M. C. e TORRES A. P. Administração estratégica, Rio de Janeiro: Reichmann e Afonso Editores, 2004. LIMONGI-FRANÇA, A. C.; FISCHER, A. L.; NOGUEIRA, A. J. F. M.; ARRELANO, E. B.; REIS, G. G.; SHYNIASHIKI, G.; SAMPAIO, J. R.; DUTRA, J. S.; HIPÓLITO, J. A. M.; ALBUQUERQUE, L. G.; FLEURY, M. T. L.; EBOLI, M.; OLIVEIRA, M. M.; FISCHER, R. M.; CASADO, T. As pessoas na organização, São Paulo: Editora Gente, 2002. DINSMORE, P. C.; CAVALIERI, A. Como se tornar um profissional em gerenciamento de projetos: livro-base de “Preparação para Certificação PMP – Project Management Professional”, 2.ed., Rio de Janeiro: Qualitymark, 2005 MINGUS, N. Project management in 24 hours, Madison: CWL Publishing, 2002. MAXIMIANO, A. C. A. Administração de projetos: como transformar idéias em resultados, 2.ed., São Paulo: Atlas, 2002. Um Guia do Conjunto de Conhecimentos em Gerenciamento de Projetos: Guia PMBOK®, 3.ed., Newton Square, Pennsylvania: Project Management Institute, 2004. COUTINHO, I. A. De nada resolve planejar se não controlar. Disponível em: <http://www.pmkb.com.br/index.php?option=com_content&task=view&id=19&Itemid=25>. Acesso em: 12 de maio de 2008. NETO, M. S.; TRUZZI, O. M. S. Perspectivas contemporâneas em análise organizacional, Artigo, São Paulo, UFSCar, 2002. BELLOQUIM, A. PMBOK não basta: Entendendo como a Cultura e o Poder afetam os projetos. Disponível em: < http://www.pmkb.com.br/index.php?option=com_content&task=view&id=91&Itemid=25> Acesso em: 12 de maio de 2008.