12
GESTÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS EM PEQUENAS CIDADES DA AMAZÔNIA ORIENTAL: ESTUDO DE CASO NA CIDADE DE BRAGANÇA PA Maria Plácida Costa e Silva 1 Jackeline Gouveia Procópio² Aninha Melo Moreira ³ 1 Estudante de Tecnologia em Gestão Ambiental; Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Pará; Bragança, Pará; [email protected]; ² Estudante de Tecnologia em Gestão Ambiental; Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Pará; Bragança, Pará; [email protected]; ³Doutoranda em Ciências Ambientais, pela Universidade Federal do Amazonas, Profª do Instituto Federal do Pará Resumo: As cidades são áreas que expressam as intervenções humanas no ambiente natural e assumem em maior ou menor grau, três funções principais residencial, terciária (serviços, comércio, administração) e secundária (indústrias). Na medida em que essas cidades cresceram, ocorreu o processo de adensamento populacional, causando diariamente, uma quantidade significativa de resíduos sólidos, em consonância com a legislação esses resíduos são os estados sólidos e semissólidos resultantes das atividades de origem industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de serviços e de varrição. Considera-se, extremamente volumosos os detritos de construção e demolição, com percentual duas vezes maior que os de lixo urbano de origem doméstica, residencial e comercial, acabam sendo descartados precariamente em terrenos inúteis, logradouros públicos e até em áreas de preservação permanente, causando dano ambiental. Mediante ao embasamento, ocorreu a preocupação em função das demandas de construção civil e como os resíduos pós uso estariam sendo descartados, prejudicando o ambiente. A expansão da cidade gera a necessidade de construções públicas e privadas, tornando-se geradoras de resíduos da construção civil, nesse contexto este trabalho teve por objetivo analisar a gestão dos resíduos sólidos da construção civil, em uma cidade de pequeno porte da Amazônia Oriental, Bragança, no Pará, na qual o aumento populacional, em função de fluxos migratórios recentes, gerou a demanda do aumento da área física da cidade, intensificando o volume de construções. Os procedimentos metodológicos para efetivação da pesquisa foram compostos por coleta de dados secundários e dados de campo; o primeiro estruturado a partir do levantamento bibliográfico, dados institucionais junto ao Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística e nas secretarias municipais, enquanto que o trabalho de campo, utilizou as técnicas de observação direta, entrevistas formais, a partir do roteiro prévio de questões e coleta de dados fotográficos. As análises foram primordialmente qualitativas, a partir da análise do discurso dos entrevistados. Os resultados permitiram um reconhecimento da intensidade dos problemas relacionados com as falhas nos canteiros de obras, a saber: a) falta de fiscalização, b) sanção dos infratores, c) violação das normas legais, d) ausência de qualificação política e administrativa municipal (Secretaria Municipal do Meio Ambiente e secretaria Municipal de Planejamento) e o papel das empresas na deposição irregular no município, que tem precárias extensões para a destinação final correta desses resíduos, embora, tenha um sistema de coleta pública e a Lei da Política Municipal de Resíduos Sólidos elaborada especificamente para esta questão.

GESTÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS EM PEQUENAS CIDADES … · Brasileiro de Geografia e Estatística e nas secretarias municipais, enquanto que o trabalho de campo, utilizou as técnicas

Embed Size (px)

Citation preview

GESTÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS EM PEQUENAS CIDADES DA AMAZÔNIA

ORIENTAL: ESTUDO DE CASO NA CIDADE DE BRAGANÇA – PA

Maria Plácida Costa e Silva1

Jackeline Gouveia Procópio²

Aninha Melo Moreira³ 1Estudante de Tecnologia em Gestão Ambiental; Instituto Federal de Educação, Ciência e

Tecnologia do Pará; Bragança, Pará; [email protected]; ²Estudante de

Tecnologia em Gestão Ambiental; Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do

Pará; Bragança, Pará; [email protected]; ³Doutoranda em Ciências Ambientais, pela

Universidade Federal do Amazonas, Profª do Instituto Federal do Pará

Resumo: As cidades são áreas que expressam as intervenções humanas no ambiente natural e

assumem em maior ou menor grau, três funções principais residencial, terciária (serviços,

comércio, administração) e secundária (indústrias). Na medida em que essas cidades cresceram,

ocorreu o processo de adensamento populacional, causando diariamente, uma quantidade

significativa de resíduos sólidos, em consonância com a legislação esses resíduos são os estados

sólidos e semissólidos resultantes das atividades de origem industrial, doméstica, hospitalar,

comercial, agrícola, de serviços e de varrição. Considera-se, extremamente volumosos os

detritos de construção e demolição, com percentual duas vezes maior que os de lixo urbano de

origem doméstica, residencial e comercial, acabam sendo descartados precariamente em

terrenos inúteis, logradouros públicos e até em áreas de preservação permanente, causando dano

ambiental. Mediante ao embasamento, ocorreu a preocupação em função das demandas de

construção civil e como os resíduos pós uso estariam sendo descartados, prejudicando o

ambiente. A expansão da cidade gera a necessidade de construções públicas e privadas,

tornando-se geradoras de resíduos da construção civil, nesse contexto este trabalho teve por

objetivo analisar a gestão dos resíduos sólidos da construção civil, em uma cidade de pequeno

porte da Amazônia Oriental, Bragança, no Pará, na qual o aumento populacional, em função de

fluxos migratórios recentes, gerou a demanda do aumento da área física da cidade,

intensificando o volume de construções. Os procedimentos metodológicos para efetivação da

pesquisa foram compostos por coleta de dados secundários e dados de campo; o primeiro

estruturado a partir do levantamento bibliográfico, dados institucionais junto ao Instituto

Brasileiro de Geografia e Estatística e nas secretarias municipais, enquanto que o trabalho de

campo, utilizou as técnicas de observação direta, entrevistas formais, a partir do roteiro prévio

de questões e coleta de dados fotográficos. As análises foram primordialmente qualitativas, a

partir da análise do discurso dos entrevistados. Os resultados permitiram um reconhecimento

da intensidade dos problemas relacionados com as falhas nos canteiros de obras, a saber: a)

falta de fiscalização, b) sanção dos infratores, c) violação das normas legais, d) ausência de

qualificação política e administrativa municipal (Secretaria Municipal do Meio Ambiente e

secretaria Municipal de Planejamento) e o papel das empresas na deposição irregular no

município, que tem precárias extensões para a destinação final correta desses resíduos, embora,

tenha um sistema de coleta pública e a Lei da Política Municipal de Resíduos Sólidos elaborada

especificamente para esta questão.

Palavras-chave: Cidade. Urbanização. Gestão Ambiental

INTRODUÇÃO

Ao longo da história do desenvolvimento das cidades, a ação do homem sobre o meio

ambiente urbano modificou totalmente as características naturais dos espaços físicos, o que

resultou na degradação dos recursos naturais e na poluição do ar, da água e do solo,

comprometendo a qualidade de vida presente e futura das cidades (Malheiros & Assunção, 2000

apud NETO, 2005).

Destacam que, o desenvolvimento urbano sem critérios ambientais e a dificuldade das

cidades em suprirem a demanda por infra-estrutura originam uma situação caótica. Logo, a

complexidade desses problemas requer ações dos gestores para buscar soluções permanentes e

sustentáveis. Recentemente essa temática, vem sendo advertida em grandes e pequenas cidades

e procura por meio dos municípios alcançar o bem-estar socioeconômico das coletividades.

No Brasil, o crescimento demográfico, está em processo de aceleração contínua, pois,

encontra-se agregado ao desenvolvimento econômico, social e ambiental. Nesse ponto, a

urbanização na Amazônia gerou um conjunto de aglomerados humanos que a distingue como

uma “floresta urbanizada” (Becker, B. 2004). Esse adensamento, implica na multiplicação dos

pontos de concentração da população na cidade, pois migram em busca de satisfazer suas

necessidades básicas como educação, saúde e novas oportunidades de trabalho.

Atualmente, as cidades são avaliadas como áreas que expressam interferências

humanas no ambiente natural e assumem em maior ou menor grau, três funções principais:

residencial, secundária (indústrias) e terciária (serviços, comércio e administração). Dito por

Mansor (2010), que o crescimento demográfico e a intensificação das atividades humanas por

melhoria no nível de vida, são responsáveis pelo aumento exponencial das quantidades de

resíduos sólidos gerados.

Consequentemente, essa situação reflete em problemas urbanos, devido a geração de

resíduos, em especial os resíduos da construção civil (RCC), pois o crescimento das urbes é

seguido pelas profundas intervenções no meio ambiente, como a retirada da vegetação, as

construções, o lançamento de poluentes no solo e na atmosfera, originando assim, diversos

efeitos negativos sobre todos os aspectos do ambiente.

Deste modo, possibilita-se avaliar a urbanização na Amazônia e a intensificação das

construções habitacionais e infraestruturas organizacionais, na geração dos RCC, sem critérios

ambientais, ocasionando dificuldades em suprirem o avanço das edificações, refletindo uma

situação desordenada. Tal fato, pode ser conferido na Região Norte, essencialmente sobre o

manejo inadequado dos RCC, desde a sua gênese até a destinação final, (como a deposição em

lixões a céu aberto ou até em cursos d’água), trazendo riscos ambientais, sociais, econômicos e

à saúde pública, incidindo diversos problemas para os moradores e as administrações públicas.

A construção civil, é reconhecida hoje, como grande geradora de resíduos e boa parcela

dos processos construtivos no país é essencialmente manual, cuja execução se dá no canteiro

de obras de construção e demolição, além de, potencialmente degradadores do meio ambiente,

ocasionam problemas logísticos e prejuízos financeiros (NAGALLI, 2014).

Para tanto, o Brasil criou diretrizes, que almeja o processo de planejamento, regulação

e organização, com força de lei, por meio do Conselho Nacional do Meio ambiente CONAMA

307 de 2002. Contudo, a solução do problema dos resíduos pode envolver uma complexa

relação interdisciplinar, abrangendo os aspectos políticos e geográficos, o planejamento local e

regional, elemento de sociologia e demografia, entre outros.

A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT, 2004), define resíduos como:

aqueles nos estados sólidos e semissólidos que resultam das atividades industriais, domésticas,

hospitalares, comerciais, agrícolas e de serviço de varrição. Considera, extremamente

volumosos os de construção e demolição, com percentual duas vezes maior que os de lixo

urbano de origem doméstica, residencial e comercial.

Na configuração dos trâmites, deve ser definido um modelo básico de gestão de resíduos

sólidos, contemplando instrumentos legais e mecanismos de sustentabilidade, entre outras

questões, criando-se uma estrutura para o seu gerenciamento, além, da exigência do emprego

das melhores técnicas e das ações operacionais necessárias (LIMA, 2001). Todavia, as medidas

inda são exclusas na condução desses problemas, são emergenciais e apenas corretivas, em

decorrência da falta de informações e do total despreparo de nossos gestores, em avaliar seus

impactos e adequarem programas de gestão integrada, a ser elaborada pelos municípios

conforme rege a resolução. Desse modo, ocorreu a preocupação em função do aumento das

obras de construção civil nas cidades e como os detritos estariam sendo descartados,

prejudicando ou não o ambiente.

Neste propósito, este trabalho mostra um estudo de caso nos enigmas ocasionados pela

ausência de gerenciamento dos resíduos sólidos urbanos da construção civil na cidade de

Braganca-PA, identificando casos de descartes irregulares pelo processo de materiais pós uso

nos canteiros de obras públicas e privadas, bem como, as ações da gestão municipal baseado

no uso das normas ordenadas na Política Municipal de Resíduos Sólidos (PMRS) da cidade.

Diante das artes exibidas, constata-se que, se houver um gerenciamento de RCC, que

tenham acondicionamento, transporte e o devido tratamento, poderá gerar uma série de

vantagens, e a evidência de uma delas é o beneficiamento da própria cidade através do uso de

materiais agregados em pavimentação, uma maneira ecologicamente correta e inteligente e que

se faz cada vez mais necessária, diante da escassez de áreas para a disposição de resíduos nos

centros urbanos das cidades.

Assim diante do exposto a pesquisa que norteou este artigo teve como objetivo analisar

o gerenciamento dos resíduos sólidos na construção civil, de acordo com a legislação

CONAMA N° 307/02 e os parâmetros da Gestão Ambiental. Especificamente foi: analisado o

gerenciamento dos resíduos através de análise bibliográfica e das informações obtidas;

caracterizado as ações de gerenciamento através da percepção da gestão ambiental frente a

legislação pertinente e descrita a destinação dos RCC na cidade de Bragança PA.

3 – PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

A cidade de Bragança encontra-se na Mesorregião do Nordeste Paraense,

especificamente na Microrregião Bragantina, dispondo aproximadamente de 215 km da capital

Belém, estimada com uma população em torno de 113. 227 habitantes e uma área territorial de

2.091 km², conforme dados do IBGE em 2010.

Esta cidade, situa-se à margem esquerda do rio Caeté, conhecida como “A Pérola do

Caeté”. De clima úmido e tropical, com o período chuvoso concentrado principalmente entre

os meses de janeiro a julho. Bragança é quase totalmente cercada por manguezais, mais

também, possui inúmeros igarapés em seu entorno. A economia local é centrada na pesca,

turismo e as festas culturais relevantes, com destaque à festividade de São Benedito, no dia 26

de dezembro (SOUSA JÚNIOR, 2010).

A pesquisa nesta cidade, foi iniciada e concretizada no segundo semestre de 2015,

designadamente em um estudo de caso nas obras de construção civil na área urbana da urbe. A

priori, o horizonte preponderante da pesquisa fundamentou-se, acerca de subsídios da

apreciação de pesquisas bibliográficas, contraídas, em teses, artigos, livros, documentos, sites

eletrônicos, registros de entrevistas e questionamentos, agregando esses elementos

metodológicos e teóricos para embasar a temática em discussão.

O método aplicado no estudo usou elementos investigativos e descritivos, utilizando-se

da informação nas dinâmicas das obras em construção, tanto pública quanto privada (médio e

grande porte), afim, de diagnosticar a responsabilidade da coleta de resíduos da construção

civil, conforme o gerenciamento explicitado no Plano Municipal de resíduos e a atual

destinação final dos mesmos.

O curso do esboço, teve sua elaboração e execução divididas em três etapas, em que:

inicialmente deu-se, a fase exploratória na escolha do tema centrado na problemática

identificada; em seguida buscou-se arcabouços de autores nomeados na temática da construção

civil, abordando o cenário dos RCC e a destinação final, além, das exigências da implantação

de planos integrados de gerenciamento de acordo com a gestão municipal.

Posteriormente, deu-se a coleta de dados para a análise qualitativa desses dados,

culminando nos resultados obtidos. O alvo em destaque, teve o enfoque em obras públicas sobre

a abordagem referida e à tomada dos ajustes que, priorizam a redução, reutilização e reciclagem

simultaneamente destes. Após, os pressupostos estudos teóricos, abonou-se a linha de pesquisa

in locun, com observação direta, elaboração e aplicação de questionários direcionados aos

respectivos sujeitos: mestres de obras, técnicos e trabalhadores das obras públicas. Além disso,

buscou-se analisar o conteúdo em uma leitura compreensiva do material coletado, permitindo

a evidência descrita na investigação aspirada na opção do estudo. Por fim, incluiu-se a captação

de registros fotográficos e a junção destes resultou na ponderação das destinações finais dos

RCC nas obras relacionadas no município em questão, por meio deste artigo.

4 - RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 - RESÍDUOS SÓLIDOS DIRECIONADOS NA CIDADE DE BRAGANÇA

Utilizando-se de alguns instrumentos dispostos no CONAMA, 307 de 2002, foram

observados em campo, a identificação dos aspectos dos RCC, em diferentes fases das ações

construtivas e dos súditos envolvidos nas empresas.

Entre os espaços locais da cidade, são agregados monumentos e sítios, fragmentos do

cenário passado, este encontra-se dinâmico e continua a mudar nos últimos anos. Diante desse

mosaico, seus elementos paisagísticos sofreram modificações ao longo do tempo, sendo peças

chaves para o entendimento relacionados principalmente as sucessivas e diversificadas camadas

da ocupação humana, admitindo-se que, as realizações das efetivas construções, ampliações e

demolições, realizadas informalmente pelos habitantes sejam os grandes geradores de RCC na

área das edificações presentes na cidade aludida, dentro dos aspectos da linha de pesquisa, pode-

se mostrar no quadro abaixo as configurações das obras ocorridas nos respectivos lugares.

Quadro 01 - Obras públicas e privadas em Bragança-PA

OBRAS PÚBLICAS DE GRANDE PORTE OBRAS PRIVADAS DE GRANDE PORTE

Terminal de Passageiros da Orla do Caeté

(Centro da Cidade) Lojas A Renovar (Centro da Cidade)

Reconstrução do Mercado de Peixe (Centro da

Cidade)

Hospital Santo Antônio Maria Zacarias

(Nazeazeno Ferreira)

Reconstrução do Mercado de Carne (Centro da

Cidade)

Residencial Açaí (Floriano Peixoto, na mata do

Lobão)

Teatro Escola Monsenhor Mâncio Ribeiro (Tv.

Senador José Pinheiro - Centro da Cidade)

Igreja Evangélica Assembleia de Deus (Centro

da Cidade)

Universidade Federal do Pará – UFPA (Alameda

Leandro Ribeiro, Aldeia)

Unidade de Pronto Atendimento -UPA (Perpétuo

Socorro)

Obras Públicas de Médio Porte Obras Privadas de Médio Porte

Unidade Básica de Saúde (UBS) Porte II

(Riozinho)

Dany Academia (Santos Dummont, Perpétuo

Socorro)

UBS Porte II (Vila Sinhá) Igreja do Perpétuo Socorro

UBS Porte II (Aldeia) Edificação do Senhor Salin

(Centro da Cidade)

UBS Porte II (Samaumapara) Edu Fotos (Perpétuo Socorro)

UBS Porte II (Perpétuo Socorro)

UBS Porte I (Alto Paraíso)

UBS Rute Passarinho (Centro da Cidade)

Fonte: Autoras (2015)

Em consonância com os dados obtidos, expõe-se que os problemas enfrentados pelos

geradores nestas obras, acontecem por meio da impotência na gestão dos resíduos acerca das

formas e destinação para tratamentos, dentro do plano exigido pela lei acenada e/ou serem

despejados em aterros sanitários apropriados. Em função disso, deu-se o aspecto da pesquisa,

verificando obras ativas e com grande potencial de detritos, visto em primeira mão, nas obras

de cunho público da área urbana onde, percebeu-se a deficiência no manuseio dos RCC.

Inicialmente, houve a necessidade de um questionário informal com perguntas objetivas com

os responsáveis das obras, obtendo-se as informações relevantes da investigação.

Porém, uma reforma de construção e demolição necessita de uma extrema fiscalização,

pois, conforme o Capítulo II, Art. 7° da Lei N° 4.180/2012, que estabelece diretrizes para a

implantação da Política Municipal de Resíduos Sólidos e para a elaboração do Plano Municipal

de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos, ordena ao Poder Público Municipal, ouvido o

Conselho Municipal do Meio Ambiente – COMDEMA – deve elaborar seu Plano Municipal

de Resíduos Sólidos, doravante denominado Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos

Sólidos – PMGIRS, que precisará conter o conteúdo mínimo previsto no artigo 19 da Lei

Federal n° 12.305 de 02 de agosto de 2010.

Apesar dos manifestos legais, da deposição irregular de resíduos e de suas implicações

graves a saúde da população e ao meio ambiente, também é corriqueiro encontrar depósitos de

entulhos despejados aleatoriamente em ruas, terrenos, estradas, calçadas e rios, ao longo do

perímetro urbano da cidade de Bragança, com aspectos de verdadeiros “bota-fora” ou mesmo,

lixões a céu aberto causando poluições em geral. Sobre essas questões, expõe-se nas figuras 01

e 02, a destinação incorreta de vários resíduos, expressando um número acentuado de restos

construtivos das obras jogados na zona citadina da urbe.

Figura 01 – Deposição irregular de RCC no

centro comercial de Bragança – PA

Figura 02 - Exoneração aleatória de RCC na

área urbana de Bragança – PA

Fonte: Autoras (2015) Fonte: Autoras (2015)

No cenário esboçado, é explicito que a disposição dos RCC, é realizada irregularmente

nos espaços a céu aberto na cidade, contraditório com as normas legais já citadas. Do mesmo

modo, são recolhidos pela prefeitura, além, dos automóveis próprios de uma loja local de

material de construção e encaminhados para revenda aos moradores locais, fazendo uso destes

em forma de aterro, isto é, são terceirizados.

Diante dessa realidade, é fato que, nos canteiros de obras a demanda de materiais

inutilizáveis é imensurável, os quais não utilizam os dispositivos recomendados legalmente na

aquisição dos materiais pós uso, espalhados pelo canteiro de obra ou descartados

aleatoriamente, fazendo com que haja desperdícios na utilização e obtenção de insumos.

Embora esteja fulgente a função do lixão da cidade, de receber apenas entulhos

domésticos, observa-se por meio da fala do catador da organização local, a existência de 90

catadores entre (mulheres, homens e crianças) presente no local, no qual afirma também, que a

autorização da destinação inadequada e pontual é feita pela prefeitura e empresas terceirizadas,

as quais insistem em despejar RCC, fato examinado na área visitada, como ilustra-se nas figuras

03 e 04.

Figura 03 – Deposição inadequada de

escórias no lixão do Marrocos – PA

Figura 04 – Deposição inadequada de

escórias de RCC em meio a materiais

diversos no lixão do Marrocos – PA

Fonte: Autoras (2015) Fonte: Autoras (2015)

No entanto, a Política de Resíduos Municipal, explicita no art. 27, institui disciplinas

para gerir os resíduos da construção civil, haja vista que, tais materiais não poderão ser

dispostos em aterros domiciliares, em áreas de bota fora, corpos d’agua, lotes vagos e em áreas

protegidas. Todavia, este registro está desarmônico com o regulamento, dispostos

precariamente a céu aberto pelos geradores, causadores de poluição visual e impactos

ambientais.

Tendo em vista, caracterizar as ações de gerenciamento dos RCC, evidenciou-se por

meio das perguntas e observações, que os adventos relatados partem dos próprios agentes das

construções. Assim, foi possível perceber os desafios que competem aos gestores públicos e as

empresas, frente as normas da legislação Conama, apresentando as seguintes particularidades:

Falhas nos canteiros de obras Nestas obras não há uma equipe de gerenciamento de

resíduos responsável pela coleta, tratamento e destino final;

Falta de fiscalização; ausência de fiscalização dos órgãos municipais e de soluções

ambientais para tratamentos e o destino final dos materiais pós uso;

Sanção dos infratores; conforme o CONAMA 307 dispor resíduos inadequados é crime

ambiental. As penas civis e administrativas de condutas lesivas ao meio ambiente não

são aplicadas, nestas obras;

Violação das normas legais; mostraram-se desprovidos do plano Municipal de gestão

dos RCC, resguardado pelo CONAMA;

Ausência de qualificação política e administrativa municipal (SEMMA e SEPLAN),

todavia, são entidades responsáveis pelo controle e fiscalização destas atividades e suas

aptidões, contudo disseram desconhecer tal postura e a execução destes órgãos;

Papel a empresas; nas últimas décadas a proteção ambiental tornou-se um exercício de

cidadania, nas obras analisadas faz-se necessário que as empresas demonstrem

responsabilidades ambientais perante a comunidade, seus clientes e órgãos ambientais.

Nesta perspectiva, não existe nenhum critério ambientalmente aplicado.

No que ordena a Lei CONAMA nº 307, constatou-se a falta de ações elaboradas no

Plano Municipal de Resíduos Sólidos na cidade de Bragança, uma vez, que define diretrizes

para a gestão integrada de resíduos sólidos, com vistas à prevenção, proteção e recuperação da

qualidade do meio ambiente, assegurando o uso adequado dos recursos ambientais no

município mencionado. Para melhor operacionalizar essa proteção ao meio ambiente, são

oferecidas metodologias na racionalização desses materiais, na busca por processos salutares

por meio do gerenciamento criado pela Lei deferida, agregado ao Plano de Gestão Municipal

para o destino final ambientalmente adequado.

CONSIDERACÕES FINAIS

A respeito dos resíduos, nos dias atuais pondera-se que, existem possibilidades de

incluir vicissitudes básicas no arcabouço dos RCC, a partir dos litígios emergentes do

gerenciamento, da gestão ambiental municipal e do desenvolvimento sustentável propostos na

lei. Deste modo, tais afluências adaptadas em estratégias positivas, propiciam uma qualidade

ambiental nos destinos dos materiais pós-uso, independente da falta de fiscalização municipal,

reconhecendo a vital ampliação pragmática destas, resguarda todos os envolvidos, não apenas

o poder público, mas as empresas, incluindo os engenheiros, mestres de obras, operários e a

sociedade em geral.

A despeito dos subsídios, contrastes pontuais foram evidenciados no estudo, a tendência

da inércia do governo municipal, em criar um espaço ambiental para os rejeitos conforme as

normas judiciais, pois o existente é insalubre, arriscado e pouco distinto. Essa tipologia indevida

das concentrações de entulhos aleatórios, causam impactos, propagação de doenças, poluição

visual e contaminação ambiental, enfraquecendo a qualidade de vida dos moradores, visto

principalmente no lixão do Marrocos e nos espaços urbanos da cidade, permitindo a

delimitação, perímetros, empecilhos e condicionantes que, configuram um mosaico precário

nas questões ambientais do munícipio.

Desta forma, o maior desafio dos gestores incumbidos nesse comprometimento, está

desenvolvido no próprio Plano Municipal de Gestão de Resíduos, que vão desde as elaborações

dos estilos oferecidos nas propostas sofisticadas, na melhoria de saúde pública e das questões

ambientais, num modelo único explícito na obrigação municipal, exclusivamente por meio

desses indicadores.

BIBLIOGRAFIAS

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR 10.004: Resíduos

sólidos – Classificação. Rio de Janeiro, 2004.

BECKER, Bertha. Amazônia: geopolítica do III milênio. Rio de Janeiro: Garamond, 2004.

BRAGANÇA, (Município). Lei n° 4.180, de 17 de dezembro de 2012. Estabelece diretrizes

para a implantação da Política Municipal de Resíduos Sólidos e para a elaboração do Plano

Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos.

BRASIL. Lei Federal nº 12.305 de 02 de Agosto de 2010. Institui a Política Nacional de

Resíduos Sólidos; altera a Lei no 9.605, de 12 de fevereiro de 1998; e dá outras providências.

Diário Oficial da União 2010.

CONAMA – CONSELHO NACIONAL DE MEIO AMBIENTE. Resolução Conama nº 307,

de 5 de julho de 2002. Estabelece diretrizes, critérios e procedimentos para a gestão dos resíduos

da construção civil. Diário Oficial da União, Brasília, n 136, p.95-96, 17 de jul. 2002.

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍTICA – IBGE. Pesquisa Nacional

da Cidade de Bragança. 2010. Disponível em:

http://www.cidades.ibge.gov.br/painel/historico.php?lang Acesso em 26 de maio de 2016.

LIMA, Jose Dantas. Gestão de resíduos sólidos urbanos no Brasil. João Pessoa, PB:

EMLUR, 2001.

MALHEIROS, Tadeu Fabrício; ASSUNÇÃO, João Vicente. Indicadores ambientais para o

desenvolvimento sustentável: um estudo de indicadores da qualidade do ar. In:

CONGRESSO INTERNAMERICANO DE ENGENHARIA SANITÁRIA E AMBIENTAL.,

27., 2000, Porto Alegre, RS. Anais...Rio de Janeiro: ABES, 2000 apud NETO, José da Costa

Marques. Gestão dos resíduos de construção e demolição no Brasil. São Carlos: RiMa, 2005.

MANSOR, Maria Teresa Castilho. Caderno de Educação Ambiental: Resíduos Sólidos. São

Paulo, SP: SMA, 2010.

NAGALLI, André. Gerenciamento de resíduos sólidos da construção civil. São Paulo, SP:

Oficina de Textos, 2014.