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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PRÓ – REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS PROJETO “A VEZ DO MESTRE “ GESTÃO DO CONHECIMENTO Claudia Maria Dos Santos Moura Orientador Prof. Mestre Robson Materko RIO DE JANEIRO FEVEREIRO / 2001

GESTÃO DO CONHECIMENTO - Pós-Graduação MARIA DOS SANTOS MOURA.pdf · ... as práticas de mensuração e divulgação de resultados e ... selecionadas de Gestão do Conhecimento,

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PRÓ – REITORIA DE PLANEJAMENTO E

DESENVOLVIMENTO

DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS

PROJETO “A VEZ DO MESTRE “

GESTÃO DO CONHECIMENTO

Claudia Maria Dos Santos Moura

Orientador

Prof. Mestre Robson Materko

RIO DE JANEIRO

FEVEREIRO / 2001

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PRÓ – REITORIA DE PLANEJAMENTO E

DESENVOLVIMENTO

DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS

PROJETO “A VEZ DO MESTRE”

GESTÃO DO CONHECIMENTO

Claudia Maria Dos Santos Moura

Orientador

Prof. Mestre Robson Materko

Trabalho monográfico apresentado como

Requisito parcial para a obtenção do Grau de

Especialista em Reengenharia e Gestão em

Recursos Humanos.

RIO DE JANEIRO

FEVEREIRO/ 2001

Agradecimentos

Agradeço a todos os meus amigos e ao

meu professor, orientador que durante esses meses,

contribuíram de forma significativa na elaboração

dessa monografia.

Dedicatória

Dedico este meu trabalho a minha família,

principalmente a meus queridos pais, aos meus avôs Juca e Eliza que em

outra dimensão espiritual me confortaram, a minha tia Irani e ao meu marido

que me deram forças para que eu pudesse chegar ao final dessa missão.

“O conhecimento é a capacidade, que o ser humano possui, de mudar sua vida a partir do pensamento, e esta capacidade foi sempre fundamental à existência humana, uma vez que ela permite mudar rapidamente padrões individuais e sociais, de modo a adaptar-se às

mudanças ambientais”.

(Castro D. M., Unicamp, 1995)

Sumário Introdução ............................................................................ 08 1- Organizações que aprendem............................................ 10 2 – Criação do Conhecimento Organizacional .................. 14 2.1 – Conhecimento Tácito e Conhecimento Explícito........ 16 4 - As Leis da Quinta Disciplina............................................. 20 5- Gestão do Conhecimento ,Capital Humano: Vantagem Competitiva ............................................................................ 27 Conclusão ................................................................................ 31 Referências Bibliográficas..................................................... 32

Resumo

Resumo

Organizações que aprendem são organizações que sabem valorizar o

conhecimento de seus funcionários para o seu próprio benefício bem como para

os que nela trabalham . Nos dias de hoje, onde usá-la cabe à organização

valorizar e estimular seus funcionários a difundir os próprios conhecimentos aos

seus companheiros de trabalho e expandir cada vez mais os seus.

Por se tratar de um tema atual, criou– me interesse em pesquisar ,

através de artigos, noticiários e livros .

Será abordada a Gestão do Conhecimento mostrando como a

informação foi sendo utilizada na história e como é vista atualmente pelas

organizações. utilizando-se o pensamento sistêmico como uma disciplina, onde

existem vários tipos de compensação , reforço e equilíbrio.

O que são as organizações que aprendem, onde os conhecimentos

pessoais entram para contribuir na formação de uma empresa que aprende ,

como desenvolver seu domínio pessoal dentro da empresa e com esta deve

estimular seus funcionários a crescer .

Liderar uma organização que aprende requer certas características,

por esta razão devem-se dar valor ao líder como gerente , como projetista e com

um professor. Já a questão da falta de tempo , deve ser vista com muita cautela

pelos gerentes e o conhecimento individual deve ser reconhecimento pelas

organizações.

É fundamental estimular o aprendizado e difundi-lo para benefício da

organização que competem no mercado mundial.

Introdução

“Reparta o seu conhecimento. É uma forma de alcançar a imortalidade.”

Dalaí Lama

(s/d)

São muitos os sinais de que o conhecimento se tornou o recurso

econômico mais importante para a competitividade das empresas e dos países.

Este trabalho se preocupa em discutir vários elementos constituintes da Gestão

do Conhecimento no ambiente empresarial e avaliá-los, de forma exploratória, no

contexto das empresas que atuam no Brasil.

Para melhor fundamentar esta discussão analisa-se a literatura que

trata dos processos individuais e coletivos relacionados à criatividade, ao

aprendizado e à importância do conhecimento tácito e da intuição. Em seguida,

são avaliadas várias dimensões da prática gerencial e da organização do trabalho

que facilitam e/ou estimulam os processos de geração, difusão e apropriação de

conhecimento no ambiente empresarial.

Entre as dimensões analisadas, encontram-se: o papel da alta

administração, a cultura organizacional, as características da estrutura

organizacional, as políticas de administração de recursos humanos, os sistemas

de informação, as práticas de mensuração e divulgação de resultados e os

processos de aprendizado por meio de alianças com outras empresas.

A partir das conclusões sobre as melhores práticas em cada uma

destas dimensões, existência de três grupos de empresas : Empresas que

Aprendem; Empresas Tradicionais e Pequenas Atrasadas.

O primeiro grupo, as Empresas que Aprendem, é constituído pelas

empresas que apresentaram o maior grau de aderência às práticas selecionadas

de Gestão do Conhecimento e também a maior tendência a terem um

desempenho empresarial superior, medido pela posição de mercado e,

principalmente, pelo ganho recente de market share. Verifica-se, que este grupo

apresenta uma maior concentração de empresas estrangeiras e de grande porte,

assim como empresas com maior envolvimento com o mercado externo e

atuando em setores de ponta.

O segundo grupo, as Empresas Tradicionais, em que comparação

com aquelas do primeiro grupo, apresentam menor aderência às práticas

selecionadas de Gestão do Conhecimento, vêm tendo um desempenho recente

não tão favorável,apresentando menor comprometimento com o mercado

externo, além de apresentarem capital predominantemente nacional (privado e

estatal).

O terceiro Grupo, as Pequenas Atrasadas, inclui empresas com baixo

grau de adesão às práticas associadas à "Gestão do Conhecimento". Estas se

caracterizam de maneira oposta às empresas do primeiro grupo, terem capital

predominantemente nacional, serem as empresas que indicaram menor ganho

recente de market share, colocarem-se, com maior freqüência, em terceiro lugar

ou inferior em termos de posição de mercado e não exercerem atividade

exportadora.

As conclusões do trabalho sugerem que as práticas gerenciais, que

foram relacionadas a uma efetiva Gestão do Conhecimento e, conseqüentemente,

ao estímulo ao aprendizado, à criatividade e à inovação no contexto

organizacional, estão fortemente associadas a melhores desempenhos

empresariais. Neste sentido, constituem-se como particularmente relevantes as

seguintes práticas gerenciais: liderança e cultura voltada para a experimentação,

para a inovação e para a busca de grandes desafios; trabalho em equipes

multidisciplinares; criação de diferentes oportunidades para o estabelecimento de

contatos pessoais como forma de desenvolver, difundir e assimilar o

conhecimento tácito dos funcionários; acesso generalizado à informação e ao

conhecimento organizacional; estímulo à diversidade e ao desenvolvimento

pessoal e profissional; e, finalmente, ampla inserção individual e organizacional

no ambiente externo à organização.

Organizações Que Aprendem “Seja em pesquisa e desenvolvimento, na gerência da empresa ou em qualquer outro aspecto do negócio, a força ativa é “pessoas”. E pessoas têm vontade própria, mente própria e uma forma de pensar própria. Se os próprios funcionários não estiverem suficientemente motivados a questionar as metas de crescimento e o desenvolvimento tecnológico... simplesmente não haverá crescimento, ganho de produtividade ou desenvolvimento tecnológico”.

Peter Senge (1998)

O aprendizado é o processo através do qual as organizações

adquirem, inovam ou disseminam o conhecimento . Logicamente, este é um

processo normal e amplamente praticado nas empresas. Porém, é na maioria

das vezes contingêncial, raramente planejado e administrada de forma a ocorrer

na hora certa e de maneira organizada ,concomitantemente com os objetivos da

organização.

Segundo Kim (1993,apud Robbins,2000,p.476), “uma organização

que aprende é uma organização que desenvolveu a capacidade contínua para

adaptar-se e mudar”. Tal como os indivíduos aprendem, o mesmo acontece com

as organizações. “Todas as organizações aprendem, quer escolham

conscientemente ou não, sendo um requisito fundamental para a continuidade de

sua existência”.

Já Kofman (1993,apud Robbins ,2000,p.77) estabelece que:

“Os proponentes da organização que aprende a encaram como remédio para os três problemas fundamentais inerentes às organizações tradicionais:fragmentação,competição e imediatismo. O primeiro problema, a fragmentação baseada na especialização cria “paredes” e “chaminés” que separam funções diferente em feudos independentes e freqüentemente em guerra. O s membros da equipe gerencial competem entre si para mostrar que tem razão, quem sabe mais ou é mais convincente. As divisões competem entre si quando deveriam cooperar para

compartilhar conhecimento. O terceiro , o imediatismo, desvia a atenção da administração para a resolução de problemas tenta desfazer-se de alguma coisa, ao passo que o criador tenta fazer alguma coisa nova para existência. Uma ênfase no imediatismo afasta a inovação e a melhoria contínua, em seu lugar, incentiva as pessoas a correrem para apagar incêndios”.

Existem três tipos de aprendizado organizacional: aprender como

melhorar o conhecimento existente ; aprender a criar um novo conhecimento e

disseminar ou transferir o conhecimento para outras áreas da organização.

O aprendizado organizacional assim como o aprendizado individual,

ocorre em quatro estágios : compreensão, conscientização ,ação e análise.

Essas tarefas coletivas, indicam o desafio de se criar uma organização

que aprende, uma vez que implicam em uma melhoria significativa na qualidade

dos relacionamentos e em uma comunicação eficaz , que deve ser franca e direta.

O processo de aprendizagem organizacional possui formas distintas: o

processo que leva à reflexão, chamado do ciclo “aprender” e o processo que leva

à ação, chamado de ciclo “aprender-agir”. Embora ambos possam acontecer no

mesmo momento, o primeiro é aquelas aonde as pessoas buscam novas

maneiras de aprender, novas maneiras de colocar este aprendizado em prática

ou de mudar os processos atuais. Já o ciclo “aprender-agir” é aquelas aonde as

pessoas fazem uso de um conhecimento adquirido na prática.

“Nenhuma organização que aprende se constrói da noite para o dia. O sucesso emana de atitudes cultivadas com zelo, de comprometimento e de processos gerenciais que acumulem resultados gradualmente e com firmeza . O primeiro passo é promover um ambiente propício ao aprendizado” (David A. Gavin, p. 51).

As organizações que aprendem são particularmente hábeis no

aprendizado do conhecimento organizacional, e para tanto utilizam práticas

diferenciadas que proporcionam “insights” para os diversos grupos, criando uma

participação ampla na geração do conhecimento e na produção de mudança.

Podemos dizer então, que nessas organizações o aprendizado é

intencional, eficaz e coerente ao objetivo e à estratégia da organização; é

oportuno, pois prevê ameaças, desafios e oportunidades; as pessoas se

consideram capazes de agregar continuamente novas formas de criar resultados,

tornando a organização mais flexível e ágil ao lidar com as incertezas e assim, as

mudanças caminham ao lado do aprendizado.

A responsabilidade de criar a visão do conhecimento é função da alta

gerência. É ela quem deve capacitar os colaboradores de uma empresa a terem

um senso de direcionamento que os tornem aptos a compreender a importância

das tarefas que desenvolvem dentro da organização. Através deste processo,

consegue-se obter um nível de comprometimento superior de cada indivíduo com

seu cargo e sua empresa, bem como o aumento de sua realização pessoal.

Dentro deste conceito, cria-se melhores condições para que as pessoas

expressem seus pontos de vista, idéias e intuições, o que muitas vezes podem

render valiosos “insights” para a empresa, resultando na geração do

conhecimento. Este é o modelo que contraria a empresa que limita o ser humano

a simplesmente desempenhar suas rotinas diárias de maneira sistemática, e em

muitos casos quase que roboticamente. As organizações que funcionam desta

maneira não abrem espaço para que seus colaboradores “descubram” seus

verdadeiros talentos e dons, desperdiçando recursos e diminuindo seu grau de

realização pessoal, à medida que estes percebem que o sistema apresenta- se

inteiramente fechado às novas propostas.

Para o desenvolvimento de um senso de compromisso com a empresa

também é preciso que o conhecimento já existente não seja transmitido de uma

maneira “engessada” inflexivel, ou seja, nunca afirmando que seja realmente

correto e definitivo. Uma pequena janela que se abre para a dúvida pode instigar

as pessoas a correrem atrás de um novo desafio: encontrar uma nova maneira

de se executar velhas rotinas, por exemplo. Gerou-se então um aprimoramento

nos processos organizacionais, que pode ser convertido em vantagem

competitiva para a organização. Este tema passa a ter cada vez mais relevância,

tanto que muitas empresas já desenvolvem métodos para mensurar a quantidade

e qualidade das informações que a alta gerência passam para outros membros,

tanto internos quanto externamente a companhia. Cada vez mais é necessário

que todos, mas fundamentalmente a alta direção , tenha consciência de que não

se pode desperdiçar o potencial latente de se criar conhecimento existente dentro

de cada mente, sem discriminação hierárquica .

Criação do Conhecimento Organizacional

“Gestão do Conhecimento é, em seu significado atual, um esforço para fazer com que o conhecimento de uma organização esteja disponível para aqueles que dele necessitem dentro dela, quando isso se faça necessário, onde isso se faça necessário e na forma como se faça necessário, onde isso se faça necessário e na forma como se faça necessário, com o objetivo de aumentar o desempenho humano e organizacional”. Terra

2000

A abordagem da filosofia ocidental ao conhecimento está relacionada

com o modo que os teóricos organizacionais tratam o conhecimento. A divisão

cartesiana entre sujeito e objeto, conhecedor e conhecido, geraram uma visão da

organização como mecanismo para processamento de informações, onde a

organização processa informa a partir do ambiente externo, para se adaptar a

novas circunstâncias. Esta visão é eficaz ao explicar como as organizações

funcionam, mas não explica a inovação. Quando as organizações inovam, criam

novos conhecimentos e informações, de dentro para fora, a fim de redefinir tanto

os problemas quanto às soluções, recriando o seu meio.

Precisamos de uma nova teoria da criação do conhecimento

organizacional, que sistematize relações, esclareça os seus vínculos , avalie seus

resultados e aplicações para explicar a inovação, bastante diferente da

abordagem ocidental tradicional. O ponto fundamental desta teoria é a distinção

entre o conhecimento tático e o explícito. O segredo para a criação do

conhecimento está na mobilização e conversão do conhecimento tático. Como

esta teoria tem sua preocupação com a criação do conhecimento organizacional

e não individual estará preocupada com os níveis de entidades criadoras do

conhecimento (grupal, individual,organizacional e interorganizacional), tendo sua

própria ontologia. Esta teoria tem as duas dimensões epistemológicas e

ontológicas da criação do conhecimento. Nessa fusão, surge a espiral da criação

do conhecimento, que surge quando ocorre a interação entre o conhecimento

tácito e o conhecimento explícito.

O conhecimento é a capacidade das pessoas de desempenhar nas

empresas, as mais diversas tarefas . Todas os profissionais que trabalham em

uma empresa possuem o chamado conhecimento organizacional que é a

capacidade de realizarem coletivamente tarefas que não seriam capazes de

realizar isoladamente.

O conhecimento pode ser explícito ou tático. É considerados explícitos

aquele conhecimento que está documentado através de manuais, procedimentos

escritos, arquivos de computador, desenhos técnicos, etc... Já o conhecimento

tático é aquele que não está documentado e depende da capacidade individual,

incluindo o instinto, a compreensão e a capacidade analítica. Deve-se notar que

os dois tipos de conhecimento são importantes para as organizações pois eles

se completam, sendo que o conhecimento tácito é fundamental para que o

conhecimento explícito seja colocado em prática de maneira adequada e

eficiente.

Conhecimento Tácito e Conhecimento Explicito

O conhecimento tácito e o conhecimento explícito são mutuamente

complementares, eles não são entidades totalmente separadas, interagem uns

com as outras e realizam trocas nas atividades criativas dos seres humanos . O

ser humano é criado dentro de uma atmosfera onde se expande e se integra ao

meio social. Essa interação é chamada de conversão social e é através dessa

conversão que o conhecimento tácito e explícito se difundem tanto em termos

quantitativos quanto qualitativos.

Existem quatro posturas distintas de conversão do conhecimento

partindo-se do princípio que o conhecimento é criado pelo meio de interação entre

o conhecimento tácito e o explícito.

Socialização é o processo de compartilhamento de experiências e, a partir , da

criação do conhecimento tácito, como modelos mentais ou habilidades técnicas

compartilhadas.

A combinação do conhecimento explícito com o explícito é um

processo de sistematização de conceitos em sistema de conhecimento. Esse

modo de conversão do conhecimento envolve a combinação de conjuntos

diferentes de conhecimento explícito. Os indivíduos trocam e combinam

conhecimentos através de meios como documentos reuniões, conversas ao

telefone ou redes de comunicação computadorizadas. As reconfigurações

existentes através da classificação, do acréscimo, da combinação e da

categorização do conhecimento explícito podem levar a novos conhecimentos.

No contexto dos negócios, consta-se a conversão do conhecimento

através da combinação, quando os gerentes de nível médio desmembram e

operacionalizam visões empresariais, conceitos de negócios ou conceitos de

produto. A gerência de nível médio desempenha um papel crítico na criação de

novos conceitos através da rede de informações e conhecimentos codificados.

N Kraft General Foods, fabricante de derivados do leito e alimentos processados,

dados do sistema sobre varejistas nos pontos de venda são usados não apenas

para descobrir o que vende e o que não vende, mas também para criar novas

maneiras de vender, ou seja, novos sistemas de método de venda. A empresa

desenvolveu um programa de marketing que faz uso intensivo das informações

coletas.

Na alta gerência da organização , o modo de combinação é realizado

quando os conceitos intermediários são combinados e integrados a conceitos

principais a fim de gerar um novo significado para estes últimos.

A externalização do conhecimento tácito em conhecimento explícito

consiste em um processo de articulação do conhecimento tácito em conceitos

explícitos, bem como um processo de criação do conhecimento perfeito, na

medida em que o conhecimento tácito se torna explícito, expresso na forma de

metáforas, analogias , conceitos, hipóteses ou modelos.

O modo de externalização da conversão do conhecimento é visto

geralmente no processo de criação do conceito e é provocado pelo diálogo ou

pela reflexão coletiva.

A externalização é a chave para a criação do conhecimento, pois cria

novos conceitos e explícitos a partir do conhecimento tácito. A eficácia e eficiência

da conversão do conhecimento tácito em explícito esta relacionada com o uso da

metáfora, analogia e modelo. O conhecimento tácito pode ser expresso na

medida do possível pela metáfora.

A metáfora é uma forma de perceber ou entender intuitivamente uma

coisa imaginando outra simbolicamente. É também uma ferramenta importante

para a criação de uma rede de novos conceitos. Esse processo criativo e

cognitivo continua à medida que pensamos nas semelhanças entre os conceitos

e sentimentos um desequilíbrio, contradição ou incoerência em suas associações,

o que leva à descoberta de um novo significado ou à formação de um novo

paradigma.

Metáfora e analogia muitas vezes se confundem . A associação

através da analogia é realizada pelo pensamento racional e concentra-se nas

semelhanças estruturais entre as duas coisas, daí as diferenças. Por outro lado, a

associação de duas coisas pela metáfora é motivada pela intuição e por imagens

holísticas e não tem como objetivo encontrar diferenças entre elas.

Desta forma, a analogia nos ajuda a entender o desconhecido

através do conhecido e elimina a lacuna entre imagem e o modelo lógico. Os

modelos são geralmente gerados a partir de metáforas quando são criados novos

conceitos no contexto dos negócios.

A internalização é o processo de incorporação do conhecimento

explícito no conhecimento tácito. É intimamente ligado ao aprender fazendo.

Quando são internalizadas nas bases do conhecimento tácito dos indivíduos sob

a forma de modelos mentais ou know-how técnico compartilhado, as experiências

através da socialização, externalização e combinação tornam-se ativos valiosos.

No entanto, para viabilizar a criação do conhecimento organizacional, o

conhecimento tácito acumulado precisa ser socializado com os outros membros

da organização, iniciando assim nova espiral da criação do conhecimento.

Para que o conhecimento explícito se torne tácito, são necessárias a

verbalização e a diagramação do conhecimento sob a forma de documentos,

manuais ou histórias orais. A documentação ajuda os indivíduos a internalizarem

suas experiências, aumentando assim seu conhecimento tácito. Além disso,

documentos manuais facilitam a transferências do conhecimento explícito para

outras pessoas, ajudando-as a vivências indiretamente as experiências dos outros

.

A espiral do conhecimento tem como objetivo compartilhar o

conhecimento tácito.Isoladamente contudo, constitui uma forma limitada de

criação do conhecimento. A não ser que se torne explícito, o conhecimento

compartilhado não pode ser facilmente alavancado pela organização como um

todo. Além disso, a mera combinação de diferentes informações explícitas em um

todo novo na realidade não amplia a base de conhecimento existente na empresa.

Porém quando há interação do conhecimento explícito em conhecimento tácito,

surge a inovação.

A criação do conhecimento organizacional é uma interação contínua e

dinâmica entre o conhecimento tácito e o conhecimento explícito. Essa interação

é moldada pelas mudanças entre diferentes modos de conversão do

conhecimento que, por sua vez, são induzidos por vários fatores.

Em primeiro lugar, o modo de socialização normalmente começa

desenvolvendo um campo de interação. Esse campo facilita o compartilhamento

das experiências e modelos mentais dos membros. O modo de externalização é

provocado pelo diálogo ou pela reflexão coletiva significativos, nos quais o

emprego do uma metáfora ajuda os membros da equipe a articularem o

conhecimento tácito oculto, que de outra forma é difícil de ser comunicado. A

modo de combinação é provocado pela colocação do conhecimento recém criado

e do conhecimento já existente proveniente de outras seções da organização em

uma rede .

Os conteúdos do conhecimento interagem entre si na espiral de criação

do conhecimento,gerando o compartilhamento do conhecimento sobre os

desejos dos consumidores podendo transformar em conhecimento conceitual

explícito sobre o conceito do novo produto . O conhecimento operacional baseado

na experiência muita vezes dá origem a um novo ciclo de criação do

conhecimento.

As Leis da Quinta Disciplina

Desde de cedo aprendemos a separar e dividir os problemas para

facilitar a execução de tarefas e o tratamento de assuntos complexos. Com isso,

freqüentemente deixamos de ver as conseqüências dos nossos atos e perdemos,

também , o sentido de conexão com o todo maior.

Precisamos resgatar a nossa capacidade de ver o mundo como um

sistema de forças entrelaçadas e relacionadas entre si. Ao fazermos isso

estaremos em condições de formar as organizações de aprendizagem. Nas quais

as pessoas tomarão posições objetivas,aprenderão a criar os resultados

desejados e a usar nos e elevados padrões de raciocínio. Enfim, onde as pessoas

aprenderão continuamente a aprender em grupo.

Se uma organização de aprendizagem fosse uma inovação no campo

de engenharia, os seus componentes seriam chamados de “tecnologias” , mas

como é uma inovação no campo do comportamento humano,seus componentes

devem ser vistos como “disciplinas”. Disciplina, nesse contexto, significa um

conjunto de teorias e técnicas que devem ser estudadas e dominadas para serem

posta em prática.

Para Peter Senge (1998) muitos dos problemas enfrentados nas

empresas são decorrentes das ações tomadas para solucionar outros no

passado. Se identificássemos isso, evitaríamos a perda de tempo buscando as

causas dos impasses pelos quais estamos passando no momento. Como

descobrir a causa , se as vendas de uma empresa caem vertiginosamente no

mês? Simples, a grande promoção do mês passado fez com que os compradores

habituais gastassem todas seus reservas com produtos em liquidação.

Existe um processo para solução de problemas que parte do princípio

de que quanto mais se é exigido, mais todos devem concentrar esforços para

ajudar a tomar a melhor decisão possível. Mas sabe-se que pelo exemplo do

feedback de compensação isto não funciona. Muitas empresas, quando percebem

a queda nas vendas de um determinado produto, investem pesado em

propaganda e baixam os preços. Isso pode solucionar temporariamente o

problema, mas os gastos extraordinários fazem com que se deixe de investir na

qualidade dos serviços como prazo de entrega e padrão de qualidade do produto.

No futuro essa queda faz com queda faz com que os consumidores fiquem

insatisfeitos e deixem de comprar. Assim quanto mais se vendem mais clientes se

perde.

O feedback de compensação causa um intervalo de tempo entre o

beneficio em curto prazo e o prejuízo em longo prazo. Uma solução sempre

parece maravilhosa quando cura os primeiros sintomas. As coisas podem

melhorar, ou até o problema ser resolvido, mas depois de alguns anos ele pode

voltar ou podem surgir novos problemas até piores. Como uma úlcera adquirida

pelo excesso de comprimidos para dor de cabeça.

As pessoas gostam de utilizar as soluções conhecidas para resolver

seus problemas, optando por aquilo que conhecem melhor. As soluções nem

sempre são fáceis de se encontrar, afinal se assim fossem outros já a teriam

achado. Por isto, Senge (1998,p.92) afirma :

“Insistir cada vez mais na busca de soluções familiares , deixando que os problemas básicos persistam ou se acentuem, é um indício claro de que o pensamento não – sistêmico está sendo adotado – o que chamamos freqüentemente, de síndrome de ö que precisamos aqui é um martelo maior”.

A solução fácil ou familiar não é apenas ineficaz, mas perigosa,

podendo criar dependências. Em longo prazo isso pode gerar a necessidade de

doses cada vez maiores de solução. A este fenômeno damos o nome de

“transferência de responsabilidade a um interventor”. Transfere-se a

responsabilidade da solução de um problema para alguém como mais poder que

nós, claro que tudo ficará resolvido no momento, mas após algum tempo

estaremos menos aptos ainda a resolvê-lo.

“O ritmo ideal para solução de problemas é muito lento do que o mais

rápido possível“ diz Senge, (1998,p.94). Quando o crescimento se torna

excessivo, o próprio sistema buscará compensá-lo , diminuindo o ritmo e ,

colocando em risco a sobrevivência da organização. Mas deve-se evitar temer a

intervenção sistêmica para que isso não o impeça de agir, ou seja , não fazer

nada, ao invés de tomar decisões que possam provocar um efeito contrário ou até

piorar as coisas .

Por traz de todos os problemas está uma característica fundamental

dos sistemas humanos complexos: “causa” e “efeito” não estão próximos no

tempo e espaço. Se existe um problema na linha de produção, costuma - se

buscar a causa na produção. Para Senger (1998) a origem de nossas dificuldades

não está na intensidade do problema nem nos adversários fortes, mas em nós

mesmos. Existe uma grande diferença entre a natureza de uma realidade e o que

pensamos a respeito dela . Para corrigir este engano devemos abandonar a idéia

de que causa e efeitos estão próximos no tempo e espaço.

Em geral a solução de um problema difícil é uma questão de descobrir

onde está a maior alavancagem, uma mudança que , com o mínimo de esforço,

resultaria em melhoria duradoura e significativa. O problema é que as mudanças

de alavancagem não são óbvias para a maioria dos envolvidos no sistema, até

que se entendam as forças que fazem parte desse sistema e que elas não estão

“próximas no tempo e no espaço” dos sintomas óbvios do problema.

Muitas vezes, dilemas complexos deixam de ser apenas dilemas e

passam a ser resultado do raciocínio instantâneo, e não do pensamento baseado

em processo, podendo ser visto de forma diferente quando se analisa

coincidentemente a mudança em longo prazo . A verdadeira alavancagem

consiste em ver como opções de escolha do tipo ou isto ou aquilo, podem ser

transformadas ao longo do tempo.

Ainda de acordo com Senge (1998) os sistemas vivos têm integridade ,

ou seja seu caráter depende de um todo. Mesmo nas organizações, para se

resolver certos problemas gerenciais mais complexos é necessário ver o sistema

inteiro responsável. Mas isto não é uma unanimidade, muitos problemas podem

ser resolvidos analisando-se exclusivamente as áreas diretamente envolvidas. O

chamado “princípio dos limites do sistema” consiste em examinar as interações

mais importantes para o problema em questão, independentemente dos limites da

organização. As organizações são projetadas de forma que dificulta a prática

desse princípio, reforçando as divisões de empresa. Quando não conseguimos

identificar o ponto de alavancagem de um determinado problema, a razão pode

estar no fato de que este ponto encontra-se nas interações, que não são

identificadas quando se analisa apenas a parte envolvida.

Segundo Senge (1998,p.99): “o pensamento sistêmico é uma disciplina

para ver o todo que pode ser maior que a soma das partes, é um quadro

referencial para haver ação mútua, ao invés de eventos”. Nos dias de hoje

pensamento sistêmico é mais necessário que nunca, pois nos tornamos cada vez

mais desamparados diante de tanta complexidade. Talvez a humanidade possa,

na atualidade, gerar mais informações do que o homem pode absorver, gerar uma

interdependência muito maior do que o homem pode administrar e de acelerar as

mudanças com uma velocidade muito maior do que o homem pode acompanhar.

A complexidade pode minar a confiança e a responsabilidade, mas o

pensamento sistêmico é o antídoto para essa sensação de impotência. O

pensamento sistêmico é uma disciplina para se ver as estruturas subjacentes às

situações complexas e para discernir entre mudanças de alta e de baixa

alavancagem. Para isso o pensamento sistêmico nos oferece uma linguagem que

começa com a reestruturação do modo como pensamos. O pensamento

sistêmico é a pedra fundamental que determina como as organizações que

aprendem pensam a respeito do seu universo.

A realidade é constituída de círculos, mas nós vemos linhas retas. E é

ai que começam nossas imitações ao raciocínio sistêmico. Isso se deve ao fato

de que o pensamento é derivado de nossa linguagem, que é responsável pela

formação da percepção. O que enxergamos depende do que estamos preparados

para ver.

No cotidiano usamos a palavra feedback no sentido de ter uma opinião

a respeito de algo que fizemos , ou seja feedback positivo é algo encorajador, e

negativo significa algo ruim.Já no pensamento sistêmico, feedback é um conceito

mais amplo, tem o sentido de fluxo de influência recíproca ,uma vez que toda e

qualquer influência é, ao mesmo tempo,causa e efeito jamais tendo um único

sentido.

Embora seja muito simples, o círculo de feedback derruba idéias

extremamente fortes, como a casualidade e o antropocentrismo, além de

complicar a ética da responsabilidade.

Ao dominar o pensamento sistêmico, abandonamos a premissa de que

existe um indivíduo ou agente individual responsável. A perspectiva de feedback

sugere que todos compartilhem a responsabilidade dos problemas gerados por

um sistema . Isso não quer dizer necessariamente que todos os envolvidos

podem exercer o mesmo poder de engajamento a longo prazo ,modelos mentais

para detectar as falhas na nossa maneira atual de ver o mundo para mudar o

sistema . O aprendizado em grupo permite que as pessoas enxerguem além dos

limites das suas perspectivas pessoais motivando-as a pesquisar continuamente

suas ações .

Devemos deixar de lado certos conceitos simplistas sobre causalidade

e responsabilidade, que funcionam bem em certas ocasiões, mas que quando

lidamos com problemas de complexidade dinâmica, passam a ser perda de

tempo.

Existem dois tipos distintos de processos de feedback: de reforço e de

equilíbrio. Os processos de feedback de reforço (ou de ampliação) são os

propulsores de crescimento. Já o feedback de equilíbrio (ou de estabilização)

entra em ação sempre que existe um comportamento orientado para uma meta.

Quando alguém faz parte de um sistema de feedback de reforço, pode

não perceber como as pequenas ações podem evoluir transformando-se em

grandes mudanças, para melhorar ou para pior. Ver o sistema permite influenciar

seu funcionamento.

Porém quando se está em um sistema de equilíbrio, busca-se a estabilidade , e

estando de acordo com a meta do sistema, o indivíduo ficará satisfeito. Caso

contrário, se sentirá frustrado em todos os seus esforços para mudar as coisas, a

não ser que possa mudar a meta do sistema ou enfraquecer sua influência. Em

um sistema de equilíbrio existe uma coesão que tenta manter o objetivo. Embora

conceitualmente simples, os processos de equilíbrio podem gerar um

comportamento surpreendente e problemático, caso não sejam detectados a

tempo . Isso não é tão raro de acontecer, uma vez que os círculos de equilíbrio

são muito mais difíceis de serem identificados do que os círculos de reforço,pois ,

na maioria das vezes parece que nada está acontecendo.

Para Peter Senge(1998) as defasagens entre as ações e as

conseqüências estão por toda parte nos sistemas humanos, podendo distanciar-

nos de nossa metas também podem resultar em instabilidade e colapso,

principalmente quando são prolongadas.

Em geral, o ponto de vista sistêmico é orientado em direção ä visão de

longo prazo. Por isso as defasagens e os círculos de feedback são tão

importantes. Com freqüência,podem ser ignorados em curto prazo, pois são

inconseqüentes e só voltam para assombrar em longo prazo.

Finalizando, o raciocínio sistêmico torna compreensível o aspecto mais

sutil da organização de aprendizagem, uma nova forma pela qual os indivíduos

vêem a si próprio e o mundo. No cerne da organização de aprendizagem existe a

mudança de mentalidade, a qual implica deixarmos de nos ver separadamente do

mundo para passamos a nos considerar parte integrante dele. Percebemos que

os nossos problemas não são causados por alguém ou alguma coisa externa e

sim através dos nossos atos. As organizações que aprendem tornam-se lugar

onde os indivíduos criam sua própria realidade e a transformam. “Dê-me uma

alavanca e um ponto de apoio... e moverei o mundo”.

Gestão do Conhecimento , Capital Humano como

Vantagem Competitiva

“ Numa economia onde a única certeza é a incerteza, apenas o

conhecimento é fonte segura de vantagem competitiva”.

Ikujiro Nonaka (2000)

As empresas não podem mais esperar que os produtos e práticas que

fizeram seu sucesso no passado possam mantê-las viável no futuro. Pressões de

preço não deixam espaço para a produção ineficiente. O ciclo de desenvolvimento

de um produto e sua introdução no mercado dura cada vez menos tempo. Hoje as

empresas necessitam de qualidade, valor, bom atendimento, inovação e

velocidade de chegada ao mercado para que possam ter sucesso, e esses fatores

serão ainda mais críticos no futuro.

Cada vez mais as empresas serão diferenciadas com base naquilo que

sabem , podemos então definir que as empresas prósperas da próxima década

como “uma organização que sabe como fazer bem e rápido novas coisas”.

O que faz as organizações funcionarem é o conhecimento. O

conhecimento não é algo novo. Novo é reconhecer o conhecimento como um

ativo corporativo e entender a necessidade de geri-lo e cercá-lo do mesmo

cuidado dedicado à obtenção de valor de outros ativos mais tangíveis.

O conhecimento deve levar em consideração sua principal matéria

prima que é o capital intelectual que inova e viabiliza a melhoria da organização.

Em seu livro “Capital Intelectual” Thomas Stewart (1998), menciona que

o aspecto mais importante de um processo de gestão do conhecimento é o

Capital Estrutural, ou seja, de forma bem resumida, como a empresa gerencia

este conhecimento. Já Paulo Henrique (2001) discorda desse ponto vista leva em

consideração o gerenciamento do conhecimento esta relacionado de formar direta

com sua própria fonte geradora – a mente humana. Afirma Prussak e Davenport

(1998) que: “Conhecimento é uma mistura fluída de experiência condensada,

valores, informação contextual e insight experimentado, a qual proporciona uma

estrutura para a avaliação e incorporação de novas experiências e informações” .

Segundo eles o conhecimento é uma mistura de vários elementos; é fluído e

formalmente estruturado ; é intuitivo e portanto difícil de colara em palavras ou de

ser entendido em termos lógicos.

O mais importante é que este conhecimento existe dentro das pessoas,

faz parte da complexidade e imprevisibilidade humana e é entregue através de

meios estruturados, tais como livros e documentos, e de contatos pessoa a

pessoa que vão desde conversas até relações de aprendizado.

Outro aspecto importante do conhecimento é a experiência. O

conhecimento desenvolve-se ao longo do tempo através da experiência. Um dos

principais benefícios da experiência é que ela proporciona uma perspectiva

histórica para olhar e entender novas situações e eventos. O conhecimento

nascido da experiência reconhece padrões que nos são familiares e pode fazer

inter-relações entre aquilo que está acontecendo agora e aquilo que antes

aconteceu.

A importância da experiência no conhecimento é indicar a capacidade

do conhecimento de lidar com a complexidade. Embora seja tentador buscar

respostas simples para problemas complexos e lidar com incertezas fingindo que

elas não existem, geralmente decide-se melhor sabendo mais do que sabendo

menos, ainda que o “menos” possa parecer mais claro e mais definido. Certeza e

clareza geralmente surgem quando se ignoram fatores essenciais.

O capital humano leva em consideração os valores e crenças numa

discussão sobre o conhecimento. Na verdade, os valores e crenças das pessoas

exercem forte impacto sobre o conhecimento organizacional , pois determinam,

em grande medida, aquilo que o conhecedor vê, absorve e conclui a partir de

suas observações.

Crescemos na Era Industrial mas ela se foi, suplantada pela Era da

Informação. Estamos deixando para trás um mundo econômico cujas principais

fontes de riqueza eram físicas. A terra, recursos naturais como petróleo, minério e

energia, e o trabalho humano e mecânico eram os ingredientes pelos quais se

gerava riqueza. Nessa nova era, a riqueza é o produto do conhecimento - não

apenas o conhecimento científico, mas a notícia, a opinião, a diversão, a

comunicação, as idéias e os serviços , tornaram-se as matérias-primas básicas e

os produtos mais importantes da economia.

A informação e o conhecimento são as armas competitivas mais

poderosas de nossa era. O conhecimento é mais valioso e poderoso do que os

recursos naturais, grandes indústrias ou contas bancárias. Em todos os setores,

as empresas bem-sucedidas são as que têm as melhores informações ou as que

as controlam de forma mais eficaz.

Mas, Capital Intelectual não significa um grupo de Ph.D´s trancados em

um laboratório ou num Staff de Diretores com MBA’s. O capital intelectual é a

soma do conhecimento de todos em uma empresa, o que lhe propicia vantagem

competitiva. Ao contrário dos ativos, com os quais empresários e contadores

estão familiarizados com propriedades, fábricas, equipamentos, dinheiro - o

capital intelectual é intangível. É o conhecimento da força de trabalho: o

treinamento, é a equipe de funcionários, é a rede eletrônica que transporta a

informação, é a cooperação, o aprendizado compartilhado entre a empresa e

seus clientes.

Hoje as empresas precisam aprender a gerenciar o conhecimento.

Alguém que saiba andar e correr no chão tem de aprender novas habilidades para

nadar e mergulhar e se movimentar dentro d’água da mesma forma. As

habilidades necessárias para o sucesso de indivíduos e empresas em seu novo

ambiente e na economia do conhecimento são em muitos casos, diferentes

daquelas com as quais estão acostumados.Em resumo, a empresas não podem

mais esperar que os produtos e praticas de sucesso do passado garantam seu

futuro, cada vez mais elas serão diferenciadas com base naquilo que sabem.

Em busca de novos fatores de eficiência, as empresas globais

terceirizaram grande parte do trabalho de produção para países onde o custo da

mão-de-obra é relativamente baixo. Cada vez mais as atividades baseadas no

conhecimento e voltadas para o desenvolvimento de produtos e processo estão

tornando-se as principais funções internas das empresas e aquelas com maior

potencial de obtenção de vantagem competitiva.

O que podemos notar é que as vantagens relativas a produtos e

serviços são cada vez mais difíceis de se sustentarem, o conhecimento, em

contrapartida, pode propiciar uma vantagem sustentável. Com o tempo, os

concorrentes quase sempre conseguem igualar a qualidade e o preço do atual

produto ou serviço do mercado. Quando isso acontece, porém, a empresa rica em

conhecimento e gestora do conhecimento terá passado para um novo nível de

qualidade, criatividade e eficiência.

A vantagem do conhecimento é sustentável porque gera retornos

crescentes e dianteira continuadas. Ao contrário dos ativos materiais que se

desgastam à medida que são usados: idéias geram novas idéias, conhecimento

compartilhado permanece com o doador ao mesmo tempo em que enriquece o

recebedor. A vantagem do conhecimento é uma vantagem sustentável!

Conclusão

Neste trabalho foi apresentado o tema Gestão do Conhecimento

abordando alguns aspectos contemporâneos. Como a informação foi ganhando

importância para as civilizações, e como foi mudando o modo de se passar à

frente os conhecimentos adquiridos.

Em seguida foram abordadas as leis da Quinta disciplina, dando-se

ênfase ao pensamento sistêmico, que pretende analisar a organização como um

todo. Mais adiante foi tratado os aspectos gerais das empresas que aprendem,

onde os indivíduos que nelas trabalham é que devem adquirir conhecimentos

para que a organização cresce. Foi apresentado o domínio pessoal como

disciplina de crescimento e aprendizado pessoais como foi mostrado o que é

necessário para se liderar uma organização que aprende, onde há uma nova

visão de liderança muito focada em tarefas sutis e de maior prioridades. O líder foi

tratado como um projetista , que são capazes de projetar suas ações; regentes

que conseguem determinar o rumo da orquestra; e professores que estimulam

todos a aprender, foram apresentados como modelos de liderança.

E finalmente foi abordada a questão da falta de tempo dos gerentes

para disseminar o aprendizado.

O conhecimento pessoal deve ser valorizado dentro das organizações

nos dias atuais. Deve-se estimular seus funcionários na busca incessante de

informação e a propagação para benefício da empresa. Aquelas organizações

que continuarem a desconsiderar a capacidade de seus funcionários intelectual,

criativa e intuitiva tendem a serem sucumbidas nesse contexto globalizado.

Cabe aos gerentes mudar dentro das estruturas organizacionais as

posturas tradicionais, protegendo o conhecimento adquirido e gerando parceria

externa com as demais empresas com o objetivo comum de crescimento.

Referências Bibliografiacas

SENGE, Peter , A Quinta Disciplina, Editora Best Seller, São Paulo, 1990

Qualidade, Revista, Editora Banas, nº 107, 2001

JUNIOR,Moacir, Gestão Estratégica do Conhecimento:Integrando

Aprendizagem,Conhecimento e Competência, Editora Atlas, São Paulo,2001

BOLGAR, Paulo, Gestão do Conhecimento e Capital Humano,Comunidade

Virtual ,2001

TERRA, Jose Cláudio Cyrineu, Gestão do Conhecimento: O Grande Desafio

Empresarial , Editora Negocio,2000

Havard Business Rewiew ,Gestão do Conhecimento ,Editora Campus,2000

NONAKA, Ikujiro; TAKEUCHI, Hirotaka, Criação do Conhecimento na

Empresa,Editora Campus, 1997

RODRIGUEZ, Martius Vicente, Gestão do Conhecimento ,IBPI,2000

MOTTA, Paulo R., Transformação Organizacional ,RJ ,Ed.Qualitymark,1997

GUERREIRO, Ramos Alberto .,A Nova Ciência das Oragnizações,RJ,

Fundação Getulio Vargas, 1981

Conhecimento,Tecnologia e Organização:

Evolução, Conflitos e Perspectivas Sumário - O século XX se encerra em um cenário de mudanças, impasses e

perplexidades. Essas mudanças podem ser observadas na transformação das

organizações, no trabalho e na educação. Este artigo aborda as principais

mudanças que caracterizam a segunda metade do século XX e suas

conseqüências e aplicações no campo da Administração. Mais especificamente,

são discutidas as novas perspectivas abertas pela Tecnologia da Informação e da

Comunicação e seus impactos nas organizações. É dada atenção especial à

função do Conhecimento nas empresas como elemento de competitividade e ao

papel da Tecnologia da Informação e da Comunicação no suporte à Gestão do

Conhecimento.

Este trabalho busca abordar as principais mudanças que caracterizam a segunda

metade do século XX e suas conseqüências e aplicações no campo da

Administração. Na primeira parte é traçado um quadro de referência histórico e

conceitual no qual essas mudanças serão discutidas. Na segunda parte, são

discutidas as novas perspectivas abertas pela Tecnologia da Informação e da

Comunicação e seus impactos nas organizações, num contexto acirradamente

competitivo. Na terceira e última parte é dada atenção especial à função do

Conhecimento nas empresas como elemento de competitividade, e ao papel da

Tecnologia da Informação e da Comunicação no suporte à Gestão do

Conhecimento.

Evolução: A Passagem para a Era do Conhecimento

O final do século XX, como no fim do século anterior, é marcado por impasses e

perplexidades. A tônica das reflexões gira em torno da mudança em todos os

níveis sociais. A sociedade parece viver, em escala global e mais do que nunca,

uma série de profundas e inéditas transformações. Cabe a reflexão, no entanto,

de que a destruição do passado, isto é, a destruição dos mecanismos sociais que

vinculam nossa experiência pessoal à das gerações passadas, tem sido uma

característica neste final de século XX.1

Assim sendo, as transformações operadas durante este século podem ser mais

bem compreendidas numa visão histórica, comparando-se qualitativamente a

sociedade do seu início com a da última década. Nessa visão, três aspectos

fundamentais podem ser ressaltados. Primeiro, o mundo deixou de ser

eurocêntrico. A Europa, paulatinamente, deixa seu papel central do final do século

XIX: a população declina, a produção mingua, os centros industriais se mudam

para outro lugar. Os Estados Unidos passam a ser a grande economia propulsora

da produção e do consumo em massa. O segundo aspecto importante é a

mundialização, o processo que paulatinamente foi transformando o mundo na

unidade básica de operações, suplantando a era das "economias nacionais". A

característica fundamental deste final de século XX é a tensão entre a aceleração

desse processo e a incapacidade das instituições e dos indivíduos em geral de se

adaptarem a ele. O terceiro aspecto fundamental é a desintegração dos padrões

de relacionamento social humano, e com ela a quebra do elo entre gerações. Daí

a ruptura entre passado e presente dando a dimensão da escala de mudança

global.

Se a tradição pode ser vista como o texto constitutivo de uma sociedade, texto

segundo o qual o presente se encontra interpretado e tratado, então a perda do

vínculo com a tradição traz a aparente desordem que sentimos na interpretação

do presente. Na verdade, é o pensamento moderno que opera rupturas, que

afasta a tradição portadora de permanência e apreende tudo sob o aspecto do

movimento, sendo deste, ao mesmo tempo, seu instrumento e expressão.

O conceito de mudança é central ao entendimento da evolução que a sociedade,

em geral, e as organizações, em particular, estão passando nessa segunda

metade do século. Este conceito tem sido usado e abusado nos diversos meios

de comunicação, bem como na extensa bibliografia atual sobre organizações. A

Informática, o Marketing e as diversas disciplinas de Comunicação têm se

apoderado do conceito de mudança e, em diversos momentos, têm traído seu

sentido original. Percebe-se, assim, que o movimento geral que substituiu a crítica

pela promoção comercial não deixou de afetar a filosofia. Assim, cabe retomar o

sentido original de "mudança", no caminho da análise da evolução das

organizações.

A idéia de mudança remete a origens filosóficas pré-socráticas em Heráclito

(século V a.C.) e Parmênides (século V a.C.). São duas visões antagônicas da

mudança. Para Heráclito, a tensão, o combate entre os opostos, à mudança e a

dialética são os princípios do universo (ao contrário, por exemplo, da harmonia

pitagórica), enquanto o Logos (a Razão) governa o mundo e mantém a sua

ordem. O ser está em permanente mutação. Já para Parmênides, o ser é uno,

inalterável, eterno, imóvel e indivisível. A mudança seria então uma ilusão dos

sentidos. Parmênides opõe a razão à percepção e à opinião.

A mudança se tornou uma categoria central no mundo atual, intimamente

associada com o comportamento das pessoas na sociedade e nas organizações.

A origem do termo "comportamento" data de cerca de 1490 e significava

conformidade a ordens exteriores. Hoje, as pessoas se comportam de acordo

com persuasões organizadas, e o indivíduo tornou-se uma criatura que se

comporta. Nessa linha, ocorre uma deturpação da noção de conduta humana que

se tornou característica básica das sociedades contemporâneas, numa

culminação de uma experiência histórica, a esta altura já velha de três séculos,

que tenta criar um tipo nunca visto de vida humana associada, ordenada e

sancionada pelos processos auto-reguladores de mercado.Nesse experimento o

indivíduo teria ganhado uma ilusória melhoria material e perdido, em troca, o

senso pessoal de auto-orientação. Isso se reflete nas organizações atuais em

uma "síndrome comportamentalista", ancorada em uma pronunciada "fluidez da

individualidade",9 segundo a qual a natureza humana seria inconstante e estaria

em contínua transição, numa visão que remete a Montaigne e antes a Heráclito. A

fluidez da individualidade está relacionada com a forma de representação pela

qual a sociedade capitalista se legitima, e dá espaço a uma forma de conduta

humana que se conforma a critérios utilitários, na qual o bom e o mau são

convenções e a imparcialidade substitui a verdade. Como conseqüência,

retomando o pensamento de Hobbes, o cidadão se conforma a prescrições

externas, não sendo livre para deliberar, e portanto verdadeiramente incapaz de

ação.10

Há assim uma fé errônea na absoluta transitoriedade das coisas. Whitehead já

defendia que não é concebível a mudança pela mudança, o fluxo do nada para o

nada. A idéia de fluxo de Whitehead é de que o caráter da realidade é composto

por organismos que permanecem através do fluxo das coisas. Assim, para mudar

é preciso antes ser. A origem dessa noção generalizada de transitoriedade está

em parte na ciência a partir do século XVII, que vê o universo como partículas em

movimento. Por outro lado, essa noção é também fruto da interiorização acrítica,

pelo indivíduo, da auto-representação da sociedade moderna.11

Do ponto de vista da percepção do cidadão comum, este final de século pertence

ao movimento, pertence à mudança. Tanto em extensão, quanto em intensidade,

as transformações envolvidas na modernidade são mais profundas do que a

maioria das mudanças características dos períodos anteriores. É importante

perceber que a percepção tanto de aceleração, quanto de descontinuidade,

advém do "descolamento" das relações sociais, isto é, a extração das relações

sociais dos contextos locais de interação e sua reestruturação em outras escalas

de espaço-tempo.12 Assim sendo, para além das mitificações que abundam na

bibliografia atual em Administração e na mídia impressa e televisada, a idéia geral

de mudança, em movimento nessa segunda metade do século XX , é crucial para

o entendimento da dinâmica da sociedade e das organizações. Não só mais

mudanças estão acontecendo, e mais rápido, mas também nossas percepções

das mudanças se tornam mais aguda pela simultaneidade entre acontecimento e

notícia propiciada pela Tecnologia da Informação e da Comunicação.

Vistas na ótica do presente, as mudanças são descontínuas e não parecem

seguir um padrão.13 Essas mudanças são particularmente incisivas no mundo do

trabalho. A tecnologia está automatizando cada vez mais atividades, reduzindo as

necessidades de pessoal. As empresas estão "terceirizando" cada vez mais

atividades. Os serviços públicos estão sendo privatizados. Nessas novas

condições, o emprego está desaparecendo e as pessoas estão buscando novas

maneiras de trabalhar. A organização está se transformando de uma estrutura

composta de cargos em um campo de "trabalho que precisa ser feito".14

Na Administração começa-se a falar em uma Era do Conhecimento, do Capital

Intelectual e da Inteligência Competitiva. O que torna o momento atual inédito,

sob a ótica das organizações, é o fato de que enquanto terra, trabalho, matérias-

primas e até o capital podem ser considerados recursos finitos, o conhecimento é

inexaurível.15 Nessa perspectiva, todas as áreas da organização precisam ser

repensadas. A moeda está perdendo seu caráter material, transformando-se em

uma mensagem: a moeda eletrônica.16

O trabalho é profundamente afetado. Uma das transformações mais importantes

ligadas à revolução industrial se refere à realidade do tempo de trabalho, pela

divisão do tempo em horas e dias "úteis" em contraposição a uma visão cíclica do

tempo na tradição. Nos sistemas industrializados ocidentais, o quadro temporal do

trabalho nas empresas está no centro das questões econômicas, culturais e

tecnológicas, numa tendência à flexibilização e à redução do tempo de

trabalho.17 A situação atual dessas questões é fruto de uma tendência, iniciada

na década de 1970 com a crise do petróleo, de novas relações entre a

organização e o meio externo, e de mundialização da economia e dos mercados.

Na Era do Conhecimento busca-se o "homem global", o homem integrado. Onde

o homem global está envolvido, não existe trabalho. O trabalho aparece com a

divisão do trabalho e com a especialização das tarefas. Com a Tecnologia da

Informação, o homem volta a se envolver - como nas sociedades tribais -

completamente em seus papéis. Nessa nova organização, o homem se

transforma em coletor de informações, num conceito inclusivo de "cultura". No

mundo deste final de século, nômade e sem emprego, o homem se volta para a

busca de conhecimento e o desenvolvimento dos processos criativos.18 Isso leva

conseqüentemente à previsão de que, principalmente na área de serviços, o

emprego irá desaparecer e com ele o homem trabalhador, mudando a visão de

"classe trabalhadora" como entendida até então.19 Pretende-se que, na nova

fase das organizações, os problemas sociológicos clássicos - o trabalhador como

apêndice da máquina, o trabalhador como escravo dos produtos do seu trabalho,

e o trabalhador sem possuir verdadeiramente os frutos do seu trabalho20 - sejam

superados.

A educação também é afetada, na medida em que passa a ser cada vez mais

direcionada para a descoberta, ao invés de apenas no sentido tradicional da

instrução.21 Para as organizações empresariais isso é uma necessidade hoje. O

homem global, munido de uma instrução abrangente e flexível, que lhe conferisse

mobilidade social e organizacional, sempre foi uma utopia. Hoje está se tornando

uma realidade, através das novas tecnologias de educação continuada e na

ênfase crescente no trabalho intelectual.22

A passagem para a Era do Conhecimento se dá na medida de uma maior

valorização da interconexão entre as áreas de atuação humana e no

"destronamento" da matéria. Na tecnologia, na economia e na política, a riqueza

sob forma de recursos físicos vem perdendo valor e significação. O poder do

conhecimento das pessoas vem ultrapassando a força bruta das coisas.23

Conflitos: A Tirania do Mercado

A entrada em cena do Conhecimento nas organizações remete à Teoria do

Capital Humano, que se apresenta sob duas perspectivas. Primeiro, na

perspectiva de uma mão-de-obra mais qualificada. E segundo, no auto

desenvolvimento pelo trabalhador de um capital pessoal levando à

empregabilidade. Essa teoria é uma derivação da teoria econômica neoclássica, e

seu ressurgimento, em parte, se deve à crise do modelo taylorista e, por outro

lado, à redefinição das relações de trabalho e do papel do sistema educacional. A

idéia de que o aperfeiçoamento da força de trabalho eleva a eficiência do trabalho

e do capital remete às obras de Adam Smith e Karl Marx. A ofensiva neoliberal da

década de 1980-1990 retomou a Teoria do Capital Humano, reforçada pelo

trabalho de Gary Becker, professor da Universidade de Chicago e Prêmio Nobel

de Economia em 1992. Becker usou essa teoria para explicar que as diferenças

de salário são responsabilidade dos próprios trabalhadores.24 A crítica à Teoria

do Capital Humana data da década de 70 e aponta o utilitarismo imediatista

decorrente de sua aceitação irrestrita.

Um ponto importante a considerar no atual contexto mundial são as

desigualdades. As transformações não se dão, nem podem se dar, de forma

homogênea sobre um conjunto heterogêneo de culturas, riquezas naturais,

sistemas políticos e diferenciadas capacidades produtivas. O quadro abaixo

exemplifica algumas diferenças marcantes, comparando renda per capita,

porcentagem de analfabetos e acesso ao saneamento básico em diferentes

países do mundo.

Outro ponto de conflito marcante, presente na passagem para a Era do

Conhecimento, é o desemprego tecnológico. As inovações tecnológicas

historicamente são responsáveis por desemprego, por vários motivos. Um

aspecto a se considerar é o do aumento da produtividade com as novas

tecnologias e a conseqüente racionalização dos processos e redução da

necessidade de mão-de-obra. Naturalmente, existem efeitos compensatórios,

como a criação de novos produtos, serviços e mercados. Assim sendo, não é

trivial determinar-se o impacto da tecnologia no emprego. Outro elemento a ser

considerado é a mudança na estrutura ocupacional e no perfil da força de

trabalho. Quando a tecnologia elimina posições de trabalho de um determinado

perfil profissional, geralmente cria outras posições - em maior ou menor

quantidade - em outro ponto da indústria, para empregar trabalhadores com outro

perfil profissional. De qualquer forma, constata-se que os trabalhadores menos

qualificados, ou com qualificações obsoletas, são mais atingidos pelo desemprego

tecnológico.25 Por outro lado, tendências recentes na organização dos processos

de trabalho têm incorporado estratégias de redução da divisão técnica do

trabalho, da individualização das tarefas e da rígida separação entre concepção e

execução, buscando o enriquecimento das tarefas e abrindo espaço para a

intervenção dos executores na modificação dos próprios processos de trabalho

com maior autonomia.26

Tudo isso se dá sob a "tirania do mercado globalizado", sob uma reestruturação

produtiva, com aumento do fluxo de capitais internacionais e aceleração

tecnológica. As conseqüências desse processo de globalização, seu caráter

parcial-globalização do capital, mas não do trabalho, por exemplo - e as suas

bases ideológicas, têm levado à percepção de paradoxos. Em paralelo com uma

crescente desregulamentação econômica, está ocorrendo um processo de

regionalização, aspectos não necessariamente antagônicos e, por vezes,

convergentes. Enquanto que a globalização leva a uma homogeneização dos

mercados, a regionalização leva a uma diferenciação dos produtos. O global e o

local determinam-se reciprocamente, às vezes de forma congruente, outras de

forma descontrolada. Cada país apropria de forma diferenciada o movimento

geral de globalização.27

No contexto globalizado atual, a empresa cessa de ser a célula básica da

sociedade industrial moderna e se torna combatente no mercado internacional,

transformando tecnologias novas em processos de produção e adaptando-se a

um meio ambiente de mudanças constantes e pouco previsíveis.28 O ambiente é

de disputa, de competição: fazer cada vez mais, melhor, mais barato.

Sob a tirania do mercado e o signo da inovação, um intenso debate tem-se

travado em torno das implicações desse processo para o ser humano em geral e

o trabalhador em particular. Há um conflito de visões. De um lado, uma visão

pessimista em que o homem é substituído pela máquina, com a conseqüente

redução do emprego. De outro lado, numa posição otimista em relação às

aplicações das novas tecnologias, aponta-se para a liberação do ser humano das

tarefas menos nobres (braçais e repetitivas) e sua dedicação às funções mais

elevadas (culturais e de lazer), em virtude do aumento da produtividade e do

tempo livre.29É importante observar que, enquanto variável social, a tecnologia

pressupõe formas de aplicação diversas a partir de condicionantes que presidem

sua introdução, podendo gerar efeitos diferenciados, dependendo de fatores

como regime político onde se inserem as empresas, tradições culturais,

desempenho econômico e formas de organização dos trabalhadores.30

Para as organizações, o fato é que produtividade e tecnologia convergem. Mais

ainda, segundo pesquisas recentes, essa convergência é mais incisiva em países

que investem adequadamente em

educação e pesquisa.31 E num ambiente globalizado, a dimensão internacional

da difusão tecnológica é muito maior. Pesquisas recentes mostram que um quarto

dos benefícios dos investimentos em pesquisa e desenvolvimento, feitos pelas

sete maiores economias, são apropriados por seus parceiros comerciais.32 Isso

dá uma medida da interdependência entre os desenvolvimentos tecnológicos

implementados em uma parte do mundo e seus reflexos em uma economia

globalizada.

Por outro lado, graças à tecnologia e às conexões eletrônicas entre clientes e

fornecedores, está havendo uma redução de custos de negociação e uma

facilidade maior para otimização das transações, numa nova abordagem de

parceria nas cadeias de valor agregado.33

Além disso, o desenvolvimento de novas tecnologias de transporte e

telecomunicações está constantemente redefinindo as fronteiras efetivas entre o

local, o nacional e o internacional. Os desenvolvimentos recentes em Informática

e Telecomunicações estão viabilizando o trabalho a distância, o que irá afetar a

oferta de mão-de-obra no nível local e internacional, seu preço e sua

capacitação.34

No final do século XX estes conflitos estão longe de ser superados. Os avanços

da Tecnonologia da Informação e da Comunicação e as novas formas e técnicas

organizacionais, em um contexto capitalista global, colocam em questão a

centralidade do trabalho. Após três séculos de sociedade industrial, o trabalho

está passando a assumir um conteúdo crescentemente intelectual, com o

aumento da importância da informação. Isso está levando a uma revisão das

correlações entre trabalho, emprego, identidade social e individual, e ao

surgimento de novas formas de construção de identidade e de socialização. Por

outro lado, as novas formas de ocupação da força de trabalho - como o trabalho

temporário, terceirização, etc. - estão ainda longe do conceito de trabalho humano

livre da esfera da necessidade de sobrevivência.35

A questão ética permeia a atuação organizacional hoje de forma crítica. Ética

deriva do termo grego que significa costumes.36Na passagem para a Era do

Conhecimento, seria ético considerar o Conhecimento como mais um recurso a

serviço do capital ? Seria o conhecimento gerenciável? Vive-se um momento de

recuperação da importância do r homem nas organizações, etiquetada de "capital

humano", "capital intelectual" e "inteligência competitiva". A perspectiva humana

vê a organização como um conjunto de indivíduos e grupos que têm objetivos de

auto-realização. Essa perspectiva concentra-se na ligação do indivíduo com o

trabalho, ressaltando os fatores de motivação, liderança e demais aspectos

psicossociais. Assim os indivíduos a organização - e não a tecnologia e nem o

mercado - são o centro de referência nessa perspectiva.37 Como acomodar os

conflitos e contradições inerentes ao momento atual? Essas são questões ainda

em aberto.

Nos pilares da chamada "sociedade da informação" está à tecnologia e seu

principal agente é a empresa.38 As empresas, principalmente as de grande porte,

parecem não ter outra alternativa a não ser se tornarem baseadas em informação.

As empresas baseadas em informação requerem muito mais especialistas gerais

do que as tradicionais. Para lidar com informação relevante para os objetivos

organizacionais, as essoas necessitarão de mais conhecimento.39 O papel do

conhecimento no trabalho só agora começa a ser reconhecido. E o papel do

trabalho na vida do indivíduo e da sociedade é um dos aspectos no qual a

sociedade moderna está mais confusa.40

No entanto, é cada vez mais aceito que o Conhecimento é crucial para o

crescimento e a criação de empregos. Hoje o Conhecimento exerce um papel

central no processo econômico. O investimento inatingível está crescendo muito

mais rápido do que o investimento físico. Indivíduos com mais conhecimento

obtêm empregos mais bem remunerados. Empresas com mais conhecimento são

mais bem-sucedidas em seus mercados. Nações com mais conhecimento são

mais produtivas. Esse papel estratégico está por trás dos investimentos

crescentes em conhecimento por parte dos indivíduos, empresas e países. As

economias mais desenvolvidas estão se tornando cada vez mais baseadas em

conhecimento.41

Perspectivas: A Tecnologia para a Gestão do Conhecimento

Novas formas de organização estão surgindo. As organizações são criadas para

executar estratégias de negócio. Diferentes estratégias têm levado a diferentes

tipos de organização. A necessidade de uma organização reconfigurável advém

do declínio da sustentabilidade de sua vantagem competitiva. Quando as

vantagens não duram muito, também não duram as organizações que as

exercem. Tradicionalmente, para competir, as empresas desenvolviam esforços

de planejamento e orçamento, desenvolvimento de novos produtos e serviços,

criação de sistemas de informação, sistemas de seleção, acompanhamento,

treinamento e compensação de recursos humanos, todos projetados e alinhados

entre si e com a estratégia e estrutura da empresa. Hoje esse modelo não

funciona tão bem porque as fórmulas de sucesso não duram. As vantagens, em

torno das quais a empresa projeta sua atuação, são rapidamente copiadas e

superadas.42 É o conhecimento que a organização detém, juntamente com a sua

capacidade de aprendizado coletivo, que permitem à organização se

"reconfigurar" adequadamente, e a tempo, no ambiente atual de mudança

permanente.

Naturalmente, as simplificações excessivas, tão comuns na Administração, devem

ser evitadas. As organizações são muitas coisas ao mesmo tempo, e a forma de

abordá-las irá condicionar a ação sobre elas. Imagens e metáforas - como

Inteligência Competitiva, Era do Conhecimento, Capital Intelectual, por exemplo -

não são somente construtos de interpretação ou formas de se encarar a

realidade: fornecem também uma estrutura para a ação.43 Assim, ao focarmos a

Gestão do Conhecimento, estamos mais buscando um novo caminho de ação do

que tentando simplificar as diversas dimensões organizacionais.

Uma pesquisa recente sobre a implantação da Gestão do Conhecimento em

empresas européias, publicada pela revista Information Strategy Online, ligada à

conceituada The Economist, traz algumas informações interessantes para

reflexão. Para 73 % das pessoas pesquisadas - entre gerentes e executivos - a

Gestão do Conhecimento é vista como:

Uma coleção de processos que governa a criação, disseminação e utilização

do conhecimento para atingir plenamente os objetivos da organização.44

Mesmo considerando o estado embrionário em que a Gestão do Conhecimento

se encontra nas organizações em todo mundo, este percentual de concordância

em torno de uma definição indica um amadurecimento em relação ao tema. Vale

lembrar que, pelo menos do ponto de vista acadêmico, este é um campo novo, na

confluência entre teoria da organização, estratégia gerencial e sistemas de

informação, que lida principalmente com aqueles aspectos críticos para a

adaptação e sobrevivência da empresa, diante de um ambiente de mudança

crescente e descontínua.

Para as empresas mais inovadoras, o conhecimento coletivo já é reconhecido

como uma competência fundamental para a performance organizacional, e se

baseia nas habilidades e experiências individuais em relação ao trabalho

realizado. É comum encontrar, na literatura especializada, essas questões

associadas a organizações do aprendizado, reengenharia de processos,

corporações virtuais, novas formas de organização, educação para o trabalho,

criatividade, inovação e tecnologia da informação. Para muitos autores a Gestão

do Conhecimento é um ponto importante de confluência entre a cultura

administrativa da empresa e a tecnologia de informação que ela utiliza.

Segundo a pesquisa da Information Strategy Online, 89 % dos entrevistados

acredita que o conhecimento é a chave para o poder nos negócios. As áreas

críticas de conhecimento apontadas pelos executivos europeus são: preferências

e necessidades dos clientes, desempenho da companhia, concorrência,

aplicações de tecnologia, uso da informação existente, setores e nichos de

mercado e regulamentações externas.

As organizações necessitam de uma abordagem que veja a organização como

uma comunidade humana, cujo conhecimento coletivo representa um diferencial

competitivo em relação à concorrência. É no conhecimento coletivo que se

baseiam as competências competitivas essenciais. Numa empresa de petróleo,

esse diferencial pode ser um entendimento mais apurado dos padrões geológicos

pelos engenheiros de perfuração. Numa companhia de gás, pode ser o

conhecimento técnico empregado pelo pessoal de campo. Para um

supermercado, pode ser uma compreensão mais abrangente dos hábitos de

consumo dos clientes. Já numa empresa de telemarketing, pode ser a

sensibilidade especial e a capacidade de empatia com o consumidor no momento

do atendimento. Em qualquer caso, esse conhecimento coletivo é aprimorado

criando-se redes informais de pessoas que realizam trabalhos afins, pessoas que

eventualmente estão dispersas em diferentes unidades de negócio.

O objetivo aqui é colocar em contato grupos de profissionais expostos a classes

de problemas e tentativas comuns de solução que, através da troca de

experiências e informações, aumentem e refinem o conhecimento coletivo. Os

problemas de relações humanas no trabalho nesse tipo de rede são cruciais para

a Gestão do Conhecimento. E para 83 % do universo pesquisado, a Gestão do

Conhecimento não é uma pura e simples extensão da Tecnologia da Informação.

Assim sendo, o desafio para a área de Tecnologia da Informação é identificar,

encontrar e/ou desenvolver, e implementar tecnologias e sistemas de informação

que apóiem a comunicação empresarial e a troca de idéias e experiências, que

facilitem e incentivem as pessoas a se unirem, a participarem, a tomarem parte

em grupos, e a se renovarem em redes informais. A empresa precisa dar meios

para que se formem comunidades de trabalho, e não apenas para que as

pessoas se comuniquem burocraticamente. Assim, o desafio para a área de

tecnologia passa a ser migrar de uma posição de suporte a processos para o

suporte a competências. É preciso sair do patamar do processamento de

transações, da integração da logística, do workflow e do comércio eletrônico, e

agregar um perfil de construção de formas de comunicação, de conversação e

aprendizado on the job, de comunidades de trabalho, e de estruturação e acesso

às idéias e experiências.

O papel a ser desempenhado pela Tecnologia da Informação é estratégico: ajudar

o desenvolvimento do conhecimento coletivo, e do aprendizado contínuo,

tornando mais fácil para as pessoas na organização compartilharem problemas,

perspectivas, idéias e soluções. Mas é preciso salientar que a Gestão do

Conhecimento é uma questão essencialmente de pessoas e processos. Muitas

empresas têm se frustrado com seus investimentos em comunicações e redes.

Fora da perspectiva da Gestão do Conhecimento, por exemplo, a adoção de

groupware tem fracassado em favorecer o trabalho realmente de equipe, gerando

apenas intermináveis listas de discussão pouco úteis para a empresa. Da mesma

forma, não é preciso ser adivinho para prever que a proliferação de intranets vai

gerar principalmente inúmeros pequenos web sites nas empresas, que

adicionarão pouco valor aos negócios.

Concluindo, as tecnologias úteis para a Gestão do Conhecimento são aquelas

que propiciam a integração das pessoas, que facilitam a superação das fronteiras

entre unidades de negócio, que ajudam a prevenir a fragmentação das

informações e permitem criar redes globais para o compartilhamento do

conhecimento, por exemplo, para a criação de bases de dados de clientes e para

o entendimento do comportamento do consumidor.