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1 AULA 04 - PARTICIPAÇÃO: DE QUE ESTAMOS FALANDO? AULA 04 PARTICIPAÇÃO: DE QUE ESTAMOS FALANDO? GESTÃO EDUCACIONAL - FUNDAMENTOS

Gestão Educacional - Fundamentos - aula 04

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Gestão Educacional - Fundamentos - aula 04

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1AULA 04 - PARTICIPAÇÃO: DE QUE ESTAMOS FALANDO?

AULA 04PARTICIPAÇÃO:

DE QUE ESTAMOS FALANDO?

GESTÃO EDUCACIONAL - FUNDAMENTOS

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2 GESTÃO EDUCACIONAL - FUNDAMENTOS

PARTICIPAÇÃO: DE QUE ESTAMOS FALANDO?

Você já refletiu sobre o significado da palavra participação?

Não?

Podeser,mastodossabemoqueissosignifica,mesmosemterparadoporuminstanteerefletidosobreotema.

Todossabemosinstintivamentequeparticipaçãosignificaatividade,ação,atodeparticipar,ouseja,tomarpartedealgo.

Dandoprosseguimentoaoraciocínio,vocêidentificouaparticipaçãodediferentespessoasquecompõemacomunidadeescolar?

Você sabia que a participação é um princípio constitucional?

Na sociedade e na escola, ao participarmos dos processos de planejamento etomadadedecisões,exercemosodireitoeodeverdecidadãos,construímoseocupamosespaçosdecidadania.

Asnossasiniciativasdeparticipaçãonessesprocessostransformamarealidadequenoscercae,aomesmotempo,nosajudaadesenvolvernossascapacidadesehabilidadesdemocráticas.

Aparticipaçãoéumprocessoeducativotantoparaaequipegestoraquantoparaos demais membros das comunidades escolar e local. Ela permite confrontar ideias,argumentarcombaseemdiferentespontosdevista,expornovaspercepçõesealternativas.

Porissoéquequandofalamosemparticipaçãonainstituiçãodeensino,falamosemgestãodemocrática.

Maiorparticipaçãoeenvolvimentodacomunidadenasinstituiçõesproduzem:

• Respeitoàdiversidadecultural,àcoexistênciadeideiaseconcepçõespedagógicas;

• Reconhecimentoeaceitaçãodenossasdiferençasmedianteumdiálogoaberto,franco,esclarecedorerespeitoso.

• Participaçãoeconvivênciadediversossujeitossociaisemumespaçocomumdedecisõeseducacionais.

A gestão democrática dos sistemas de ensino e das instituições requer aparticipação coletiva das comunidades escolar e local na administração de recursoseducacionaisfinanceiros,depessoal,patrimônio,naconstruçãoenaimplementaçãodeprojetoseducacionais.

Nessesentido,agestãodemocráticadaescolaéviabilizadamedianteprocedimentos

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degestãocapazesde:

• Propiciarocomprometimentodosenvolvidos;

• Decidireimplementardeformaparticipativa,asideiasacordadas;

• Estabelecerprocedimentosinstitucionaisadequadosàigualdadedeparticipaçãodetodosossegmentosdacomunidadeescolarelocal;

• Articular interesses coletivos, de forma a melhorar o projeto pedagógico, aqualidadedeensinoeoclimaorganizacional.

Aparticipaçãoprovocamudançassignificativasnavidadaspessoas,namedidaemqueelaspassamaseinteressaresesentirresponsáveisportudoquerepresentainteresse comum. Assumir responsabilidades, escolher e inventar novas formas derelaçõescoletivasfazempartedoprocessodeparticipaçãoetrazempossibilidadesdemudançasqueatendamainteressescoletivos.

AAssembleiaEscolarfoichamadaparadiscutiraseguintepautadereunião:

• ConsertodeBebedouros;

• Compradelivrosparaabiblioteca;

• Ônibusparaaexcursãoda5ª.Série.

Esseéumexemplodedecisõescompartilhadasque,incentiva,aparticipaçãodosagentesresponsáveispelagestãoeducacionalquepossuiasseguintescaracterísticas:compartilhamento de decisões e informações; preocupação com a qualidade daeducaçãoecomarelaçãocustobenefício,atransparência(capacidadededeixarclaroparaacomunidade,comosãousadososrecursosdaescola,inclusiveosfinanceiros).

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Participação –princípioconstitucionalquesignifica:atividade,ação,atodeparticipar,ouseja,tomarpartedealgo.

Sendo princípio constitucional é direito de todo cidadão.

Jáexisteumcertoconsensoquantoànecessidadeeaimportânciadaparticipaçãodepais,alunoseoutrosmembrosdacomunidadelocalnasinstituições.

Noentanto,alémdesseconsenso,énecessáriorealizaresforçosparaincorporarmosàescolaàquelesque,pordiferentesrazões,poucoounadaintervêmnavidadainstituição.Convidá-losafalarsobresuasatividadesdetrabalho–umtemaqueconhecembem–esobreoexercícioefetivodosdireitosdacriançapodeproduzirresultadossatisfatóriosdemaiorparticipação.

Umadasfrentesdeparticipaçãoexploradasatualmentepelasinstituiçõesescolareseseussistemasdeensinoéoprotagonismojuvenil.Temosouvidomuitosobreissonaatualidade.

Mas em que consiste o protagonismo juvenil?

OProtagonismoJuveniléumtipodeaçãodeintervençãonocontextosocialpararesponderaproblemasreaisondeojovemésempreoatorprincipal.

É uma forma superior de educação para a cidadania não pelo discurso daspalavras,maspelocursodosacontecimentos.Épassaramensagemdacidadaniacriandoacontecimentos,ondeojovemocupaumaposiçãodecentralidade.

O Protagonismo Juvenil significa, tecnicamente, o jovem participar como atorprincipalemaçõesquenãodizemrespeitoàsuavidaprivada,familiareafetiva,masaproblemas relativosaobemcomum,naescola,nacomunidadeounasociedademaisampla.Outroaspectodoprotagonismoéaconcepçãodojovemcomofontedeiniciativa,queéação;comofontedeliberdade,queéopção;ecomofontedecompromissos,queéresponsabilidade.

Na raiz do protagonismo, tem que haver uma opção livre do jovem, ele tem

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queparticiparnadecisãosevaiounãofazeraação.Ojovemtemqueparticipardoplanejamentodaação.Depoistemqueparticiparnaexecuçãodaação,nasuaavaliaçãoenaapropriaçãodosresultados.Existemdoispadrõesdeprotagonismojuvenil:quandoaspessoasdomundoadultofazemjuntocomosjovensequandoosjovensfazemdemaneiraautônoma.Asduasformasestãosendomuitoexploradaspelasinstituiçõesdeensinoefazemadiferençaquandooassuntoéparticipação.

Pense nisso!

Fonte:MAZIERO,S.M.B.Reflexõesparamaterialdidático.Curitiba,UNIANDRADE,2005.

Baseadonaafirmativa:Énecessáriorealizaresforçosparaincorporarmosàescolaàquelesquepordiferentesrazões,poucoounadaintervêmnainstituição,analiseondeecomoasituaçãodeconvidarmembrosnãoparticipantesparaumencontrosobreosdireitosdascriançaspodetrazê-losparadentrodainstituição.

OS MECANISMOS DE PARTICIPAÇÃO E A AUTONOMIA DA ESCOLA

O que tem a ver participação e autonomia? Vejamos...

Pensaragestãodemocráticaimplicaampliaroshorizonteshistóricos,políticose culturais em que se encontram as instituições de ensino, objetivando alcançar acadadiamaisautonomia.Quandofalamosemautonomia,estamosdefendendoqueacomunidadeescolartenhaumgraudeindependênciaeliberdadeparacoletivamentepensar,discutir,planejar,construireexecutarseuprojetopedagógico,entendendoquenesteestácontidooprojetodeeducaçãooudeescola,queacomunidadealmeja,bemcomoestabelecerosprocessosdeparticipaçãonodia-a-diadaescola.

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Você saberia conceituar autonomia? Pense um pouco...

Autonomia está ligada ao conceitode autogoverno, isto é, à faculdadequeosindivíduos (ouasorganizações) têmdeseregeremporregraspróprias.Contudo,seaautonomiapressupõealiberdade(ecapacidade)dedecidir,elanãoseconfundecomaindependência.

Desse modo, é possível concluir que a autonomia precisa ser cotidianamenteconstruída,nãosendo,portanto,resultadodeatoseresoluçõesdecretadas.Agarantiadeprogressivosgrausdeautonomiaéfundamentalparaaefetivaçãodeprocessosdegestãodemocrática.

Existemseteprincípiosparaaelaboraçãodeumprogramadereforçodaautonomiadasescolas:

1. Oreforçodaautonomiadaescoladeveserdefinidolevandoemcontaasdiferentesdimensõesdaspolíticaseducativas.

2. Aautonomiadasescolasésempreautonomiarelativa,umavezqueécondicionadapelospoderespúblicosepelocontextoemqueseefetiva.

3. Uma política de reforço de autonomia das escolas não se limita a dispositivoslegais,masexigeacriaçãodecondiçõesedispositivosquepermitamasautonomiasindividuaiseaconstruçãodosentidocoletivo.

4. Aautonomianãopodeserconsideradacomoumaobrigaçãoparaasescolas,massimcomoumapossibilidade.

5. Oreforçodaautonomiadasescolasnãotemumafunçãoemsimesmo,maséummeio para que elas ampliem emelhorem as oportunidades educacionais queoferecem.

6. Aautonomiaéuminvestimentobaseadoemcompromissoseimplicamelhoriaeavançosparaaescola.

7. Aautonomiatambémseaprende.

(COMISSÃONACIONALDEAVALIAÇÃO,INEP,2004)

Ou seja, entendemos a autonomia e a gestão democrática como espaçosarticuladosdeconstruçãodiáriae,portanto, resultadodamobilizaçãoeenvolvimentode todos no partilhamento do poder e no compromisso com o aprendizado políticodesseprocessoqueseefetivaoexercíciodaconstruçãocotidianadevárias formasdeparticipação.Aconstruçãodeautonomiaéprocessualesearticulaaoesforçomaisamplodedemocratizaçãodaescola.

Participaçãoefetivaegestãodemocráticasãofundamentaisparaqueaautonomiaescolarsejaresultadodaconstruçãocoletivaedemocráticadeprojetos,nainstituiçãodeensino,quevenhamaatenderaosanseiosdacomunidadeescolar.Aconstruçãodessesprocessos,comodiscutimosanteriormente,implicaagarantiadeprocessosparticipativos

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deescolhadosdirigentesescolaresedeoutrosmecanismosdeparticipaçãocomoosConselhosEscolares.

Agarantiadeefetivaçãodaparticipaçãocidadãsugere,portanto,avivênciadedinâmicascoletivasdeparticipaçãonasesferasdepoderededecisão,poisosprocessosdeparticipação,cujanatureza,caráterefinalidadessedirecionamparaaimplementaçãodedinâmicascoletivas, implicamocompromissocomopartilhamentodopoderpormeiodemecanismosdeparticipaçãoenvolvendoosatoreseseupapelnesseprocesso.

Amobilizaçãodaspessoas,ouseja,oiníciodoprocessodeparticipaçãopodecomeçar quando elas se defrontam com situações problema. As dificuldades nosincentivamacriarnovasformasdeorganização,departicipardasdecisõespararesolvê-las. Espaçosdediscussãopossibilitam trabalhar ideiasdivergentes na construçãodeprojetos.

Uma escola que sofre com a depredação de seu espaço físico tem a grandeoportunidadedeangariarparticipação,nãosódacomunidadeescolarcomotambémdalocal.Esseéumgrandeexemploparapraticaraparticipaçãoeaautonomianaresoluçãodeproblemas. Começandocomapergunta:Oquepodemos fazerparacombateradepredaçãodenossaescola?

Apartirdisso,utilizar-sedasseguintesestratégias:

• Saberouvirtodasasopiniões;

• Estaratentoàssolicitaçõesdacomunidade;

• Ouvircomatençãooqueosmembrosdacomunidadetêmadizer.

• Delegarresponsabilidadesaomáximopossívelàspessoas.

• Garantirapalavraatodos.

• Respeitarasdecisõestomadasemgrupo.

Em resumo, conceituamos autonomia como sendo: autogoverno, isto é, àfaculdadequeosindivíduos(ouasorganizações)têmdeseregeremporregraspróprias.Contudo,seaautonomiapressupõealiberdade(ecapacidade)dedecidir,elanãose

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confundecomaindependência.

E ainda, definimos participação efetiva e gestão democrática como sendofundamentais para que a autonomia escolar seja resultado da construção coletiva edemocráticadeprojetos,nainstituiçãodeensino,quevenhamaatenderaosanseiosdacomunidadeescolar.

Nossodesafiocomogestores,entreoutros,épromovernapráticacotidianadascomunidades local eescolar, aefetivaçãodeumapropostapedagógicaqueatendaointeressecoletivo.Acomunidadeescolarcompõe-sedealunos,professores,funcionáriosepais.Jáacomunidadelocalenglobaoentornosocialdeumainstituição,seusvizinhosemsentidoamplo.Garantiraparticipaçãodessessegmentosedacomunidade localéfundamentalparaumagestãocolegiada.

Fonte:MAZIERO,S.M.B.Reflexõesparamaterialdidático.Curitiba,UNIANDRADE,2005.

Asaçõesdesenvolvidasnaescolarefletemomomentohistóricoqueasociedadeestávivendo.Assim,aescolatorna-semaisreal,maisatuante,quantomaioronúmerodesujeitossociaisparticipandoativamentedeseusprocessos.

Comente a afirmação, baseado no que vimos até agora sobre autonomia eparticipação.

ALGUNS PRINCÍPIOS DA ORGANIZAÇÃO E GESTÃO ESCOLAR PARTICIPATIVA

A escola é uma instituição social que apresenta unidade em seus objetivos(sociopolíticos e pedagógicos), interdependência entre a necessária racionalidade nousodosrecursos(materiaiseconceituais)eacoordenaçãodeesforçohumanocoletivo.

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Qualquermodificação, em sua estrutura ou no seu funcionamento de umdos seuselementos,projeta-secomoinfluênciabenéficaouprejudicialnosdemais.

Por ser um trabalho complexo, a organização e gestão escolar requeremo conhecimento e adoção de alguns princípios básicos, cuja aplicação deve estarsubordinadaàscondiçõesconcretasdecadaescola.

Propomos os seguintes princípios de concepção da gestão democrática-participativa:

AUTONOMIA DAS ESCOLAS E DA COMUNIDADE EDUCATIVA

A autonomia é o fundamento da concepção democrático-participativa degestão escolar, razão de ser do projeto pedagógico. Ela é definida como faculdadedas pessoas de autogovernar-se, de decidir sobre seu próprio destino. Autonomiadeuma instituiçãosignificaterpoderdedecisãosobreseusobjetivosesuas formasdeorganização,manter-se relativamente independentedopodercentral,administrarlivremente recursos financeiros. Sendo assim, as escolas podem traçar seu própriocaminhoenvolvendoprofessores,alunos,funcionários,paisecomunidadepróximaquesetornamco-responsáveispeloêxitodainstituição.Éassimqueaorganizaçãodaescolasetransformaeminstânciaeducadora,espaçodetrabalhocoletivoeaprendizagem.

Certamente trata-se de uma autonomia relativa. As escolas públicas não sãoorganismosisolados,elasintegramumsistemaescolaredependemdaspolíticaspúblicasedagestãopública.Osrecursosqueasseguramossalários,ascondiçõesdetrabalho,aformaçãocontinuadanãosãooriginadosnaprópriaescola.Portanto,ocontrolelocalecomunitárionãopodeprescindirdasresponsabilidadesedaatuaçãodosórgãoscentraiseintermediáriosdosistemaescolar.Issosignificaqueadireçãodeumaescoladeveserexercidatendoemconta,deumlado,oplanejamento,aorganização,aorientaçãoeocontroledesuasatividadesinternasconformesuascaracterísticasparticularesesuarealidade;poroutro,aadequaçãoeaplicaçãocriadoradasdiretrizesgeraisquerecebedosníveissuperioresdaadministraçãodoensino.

Essaarticulaçãonemsempresedásemproblemas.Osistemadeensinopodeestardesprovidodeumapolíticaglobal,podeestarmalorganizadoemaladministrado.Asautoridadespodematribuirautonomiaàsescolaspara,comisso,desobrigaropoderpúblicodesuasresponsabilidades.Se,porsuavez,oscritériosediretrizesdeorganizaçãosãoestabelecidosdentrodemarcosestreitosdearticulaçãocomasociedade.Ou,ainda,subordinando-seàsdiretrizesdosórgãossuperiores,podeacontecerqueasescolasasapliquemmecanicamente,semlevaremcontaascondiçõesreaisdeseufuncionamento.Porissomesmo,aautonomiaprecisasergerida,implicandoumaco-responsabilidadeconsciente,partilhada,solidária,detodososmembrosdaequipeescolar,demodoaalcançar,eficazmente,osresultadosdesuaatividade–aformaçãoculturalecientífica

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dosalunoseodesenvolvimentodaspotencialidadescognitivaseoperativas.

RELAÇÃO ORGÂNICA ENTRE A DIREÇÃO E A PARTICIPAÇÃO DOS MEMBROS DA EQUIPE ESCOLAR.

Esse princípio conjuga o exercício responsável e compartilhado da direção, aformaparticipativadagestãoearesponsabilidadeindividualdecadamembrodaequipeescolar.Sobsupervisãoeresponsabilidadedodiretoraequipeescolarformulaoplanoouprojetopedagógico-curricular,tomadecisõespormeiodediscussãocomacomunidadeescolarmaisampla,aprovaumdocumentoorientador.Apartirdaí,entramemaçãooselementos(instrumentoseprocedimentos)doprocessoorganizacionalemqueodiretorcoordena,mobiliza,motiva,lidera,delegaasresponsabilidadesdecorrentesdasdecisõesaosmembrosdaequipeescolarconformesuasatribuiçõesespecíficas,prestacontasesubmeteàavaliaçãodaequipeodesenvolvimentodasdecisõestomadascoletivamente.

Nesse princípio está presente a exigência da participação de professores, pais,alunos, funcionários e outros representantes da comunidade bem como a forma deviabilizaçãodessaparticipação:ainteraçãocomunicativa,abuscadoconsensoempautasbásicas,odiálogointersubjetivo.Poroutrolado,aparticipaçãoimplicaosprocessosdegestão,osmodosdefazer,acoordenaçãoeacobrançadostrabalhose,decididamente,o cumprimento de responsabilidades compartilhadas dentro de uma mínima divisãode tarefas e alto grau de profissionalismo de todos. Conforme temos ressaltado, aorganizaçãoescolardemocráticaimplicanãosóaparticipaçãonagestão,masagestãodaparticipação.

Desse modo, a gestão democrática não pode ficar restrita ao discurso daparticipaçãoeàssuasformasexternas:aseleições,asassembleiasereuniões.Elaestáaserviçodosobjetivosdoensino,especialmentedaqualidadecognitivadosprocessosdeensinoeaprendizagem.Alémdisso,aadoçãodepráticasparticipativasnãoestálivredeserviràmanipulaçãoeaocontroledocomportamentodaspessoas.Aspessoaspodemserinduzidasapensarqueestãoparticipandoquando,naverdade,estãosendomanipuladasporinteressesdegrupos,facçõespartidáriasetc.

ENVOLVIMENTO DA COMUNIDADE NO PROCESSO ESCOLAR

O princípio da autonomia requer vínculos mais estreitos com a comunidadeeducativa,basicamenteospais,asentidadeseorganizaçõesparalelasàescola.Apresençadacomunidadenaescola,especialmentedospais,temváriasimplicações.Prioritariamente,os pais e outros representantes participam do Conselho de Escola, da Associação dePaiseMestres(ouorganizaçãocorrelatas)paraprepararoprojetopedagógico-curriculareacompanhareavaliaraqualidadedosserviçosprestados.Adicionalmente,usufruem

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daspráticasparticipativasparaparticiparemdeoutrasinstânciasdecisóriasnoâmbitoda sociedade civil (organizações de bairro, movimentos de mulheres, de minoriasétnicaseculturais,movimentosdeeducaçãoambientaleoutros),contribuindoparaoaumentodacapacidadedefiscalizaçãodasociedadecivilsobreaexecuçãodapolíticaeducacional (Romão, 1997).Alémdisso, a participaçãodas comunidades escolar emprocessosdecisóriadárespaldoagovernosestaduaisemunicipaisparaencaminharaoPoderLegislativoprojetosdeleiqueatendammelhoràsnecessidadeseducacionaisdapopulação(CiseskieRomão,1997).

PLANEJAMENTO DAS TAREFAS

Oprincípiodoplanejamentojustifica-seporqueasescolasbuscamresultados,asaçõespedagógicaseadministrativasbuscamatingirobjetivos.Hánecessidadedeumaaçãoracional,estruturadaecoordenadadeproposiçãodeobjetivos,estratégiasdeação,provimentoeordenaçãodosrecursosdisponíveis,cronogramaseformasdecontroleeavaliação.Oplanodeaçãodaescolaouprojetopedagógico,discutidoeanalisado publicamente pela equipe escolar, torna-se o instrumento unificador dasatividadesescolares,convergindonasuaexecuçãoointeresseeoesforçocoletivodosmembrosdaescola.

A FORMAÇÃO CONTINUADA PARA O DESENVOLVIMENTO PESSOAL E PROFISSIONAL DOS INTEGRANTES DA COMUNIDADE ESCOLAR

A concepção democrática-participativa de gestão valoriza o desenvolvimentopessoal, a qualificação profissional e a competência técnica. A escola é um espaçoeducativo, lugar de aprendizagem em que todos aprendem a participar dosprocessosdecisórios,masétambémolocalemqueosprofissionaisdesenvolvemsuaprofissionalidade.

Aorganizaçãoegestãodotrabalhoescolarrequeremoconstanteaperfeiçoamentoprofissional–político, científico,pedagógico–de todaaequipeescolar.Dirigirumaescola implica conhecer bem seu estado real, observar e avaliar constantemente odesenvolvimentodoprocessodeensino,analisarcomobjetividadeosresultados,fazercompartilharasexperiênciasdocentesbem-sucedidas.

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O PROCESSO DE TOMADA DE DECISÕES DEVE BASEAR-SE EM INFORMAÇÕES CONCRETAS, ANALISANDO CADA PROBLEMA EM SEUS MÚLTIPLOS ASPECTOS E NA AMPLA DEMOCRATIZAÇÃO DAS INFORMAÇÕES

Esteprincípio implicaprocedimentosdegestãobaseadosnacoletadedadoseinformaçõesreaiseseguras,naanáliseglobaldosproblemas(buscarsuaessência,suascausas,seusaspectosmaisfundamentais,paraalémdasaparências).Analisarosproblemasem seus múltiplos aspectos significa verificar a qualidade das aulas, o cumprimentodos programas, a qualificação e experiência dos professores, as características sócio-econômicaseculturaisdosalunos,os resultadosdo trabalhoqueaequipe sepropôsaatingir,asaúdedosalunos,aadequaçãodemétodoseprocedimentosdidáticosetc.Ademocratizaçãodainformaçãoimplicaoacessodetodosàsinformaçõesecanaisdecomunicaçãoqueagilizematomadadeconhecimentodasdecisõesedesuaexecução.

AVALIAÇÃO COMPARTILHADA

Todasasdecisõeseprocedimentosorganizativosprecisamseracompanhadoseavaliados,apartirdoprincípiodarelaçãoorgânicaentreadireçãoeaparticipaçãodosmembrosdaequipeescolar.Alémdisso,éprecisoinsistirqueoconjuntodasaçõesdeorganizaçãodotrabalhonaescolaestãovoltadosparaasaçõespedagógico-didáticas,emfunçãodosobjetivosbásicosdaescola.Ocontroleimplicaumaavaliaçãomútuaentredireção,professoresecomunidade.

RELAÇÕES HUMANAS PRODUTIVAS E CRIATIVASASSENTADAS NA BUSCA DE OBJETIVOS COMUNS

Esseprincípioindicaaimportânciadosistemaderelaçõesinterpessoaisemfunçãodaqualidadedo trabalhode cada educador, da valorizaçãoda experiência individual,doclimaamistosodetrabalho.Aequipedaescolaprecisainvestirsistematicamentenamudançadasrelaçõesautoritáriaspararelaçõesbaseadasnodiálogoenoconsenso.Nasrelaçõesmútuasentredireçãoeprofessores,entreprofessoresealunos,entredireçãoefuncionáriostécnicoseadministrativos,háquecombinarexigênciaerespeito,severidadeetatohumano.

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Paraalcançarmososobjetivosaosquaisestamosnosreferindodesdeo iníciodesta reflexão, umaproposta importante é a realizaçãode Festas da Escola Cidadã,entendidascomomomentosdedescontração,dealegria,deencontroederesgatedaculturapopular,quepodemsetraduzirematividadespotencializadorasdeprocessosaltamentepedagógicos.

As festaspodemfavorecer,porexemplo,umtrabalhocontínuodeavaliaçãoedereconstruçãodopróprioprojetodevida,deescola,decidadeoudesociedadedaequipeescolar,queéconvidadaarefletireaobservarasdiferençaspessoais,grupaisouinstitucionaisalipresente.

Demandas permanentes e esporádicas da comunidade, dos jovens que estãodentroeforadaescola,tambémpodemsermobilizadaseregistradasnasfestas,oquefacilitaaaproximaçãodacomunidadecomaescolaemelhoraasrelaçõespessoaiseinterpessoais,dentroeforadela.Comisso,asfestascontribuemcomacriaçãodenovosespaçosrelacionais,criativoseaprendentes,maisdoquetransmissores,reprodutivoseensinantes.

Emresumo,estudamosaqui,osprincípiosdeconcepçãodagestãodemocrática-participativasendoesses:

1. Autonomiadasescolasedacomunidadeeducativa-fundamentodaconcepçãodemocrático-participativadegestãoescolar,razãodeserdoprojetopedagógico.

2. Relaçãoorgânicaentreadireçãoeaparticipaçãodosmembrosdaequipeescolar:Esseprincípioconjugaoexercícioresponsávelecompartilhadodadireção,aformaparticipativadagestãoearesponsabilidadeindividualdecadamembrodaequipeescolar.

3. Envolvimento da comunidade no processo escolar:O princípio da autonomiarequervínculosmaisestreitoscomacomunidadeeducativa,basicamenteospais,asentidadeseorganizaçõesparalelasàescola.Apresençadacomunidadenaescola,especialmentedospais,temváriasimplicações.

4. Planejamento das tarefas: O princípio do planejamento justifica-se porque asescolasbuscamresultados,asaçõespedagógicaseadministrativasbuscamatingirobjetivos.

5. A formação continuada para o desenvolvimento pessoal e profissional dosintegrantesdacomunidadeescolar:Aconcepçãodemocrática-participativadegestãovaloriza o desenvolvimento pessoal, a qualificação profissional e a competência

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técnica.

6. O processo de tomada de decisões deve basear-se em informações concretas,analisandocadaproblemaemseusmúltiplosaspectosenaamplademocratizaçãodasinformações

7. Avaliaçãocompartilhada: Todas as decisões e procedimentos organizativosprecisam ser acompanhados e avaliados, a partir do princípio da relação orgânicaentreadireçãoeaparticipaçãodosmembrosdaequipeescolar.

8. Relaçõeshumanasprodutivasecriativasassentadasnabuscadeobjetivoscomuns:esseprincípioindicaaimportânciadosistemaderelaçõesinterpessoaisemfunçãodaqualidadedotrabalhodecadaeducador,davalorizaçãodaexperiênciaindividual,doclimaamistosodetrabalho.

Acomunicaçãoentreaequipeescolar,ospais,osestudanteseseusfamiliareséumadasestratégiasusadasparaestabelecerumapráticaescolarparticipativa.Apartirdeumavisãocomumaspessoasdefinemobjetivos,metas,caminhosteóricosepráticosaseremseguidos.ElasconstroemoPlanodeDesenvolvimentodaEscola,osprojetosfinanceiroepedagógicodeformamaisabrangenteerealista.Aspessoasqueconvivemnamesmaescolararamentecomungamdeumamesma“...visãodeconjuntobemfundamentadasobreoqueprecisacadagrupoqueacompete”.

Acomunicaçãoabertaeclara,desobstaculizada,podeserumaestratégiaeficientecapazdepromoverumacertavisãodeconjuntoefacilitarapossibilidadedeintegraracomunidadeescolarconsigoprópria,dentrodeseusprópriosmuros,ecomacomunidadelocal,ocontextoexternoquecircundaaescola.

Fonte:MAZIERO,S.M.B.Reflexõesparamaterialdidático.Curitiba,UNIANDRADE,2005.

Considerando o princípio: Envolvimento da comunidade, no processo escolar,comentesuasimpressõessobreomesmoecomoelepodeserestabelecido,deformaefetiva.

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PAPÉIS DOS AGENTES QUE PARTICIPAM DA GESTÃO: PARTICIPAÇÃO DA MANTENEDORA, DO EDUCADOR, DO DISCENTE E DA COMUNIDADE NA ADMINISTRAÇÃO DA ESCOLA

Peloquevimosatéaqui,éfácilperceberquesemoalunoainstituiçãodeensinonãoexiste,masquesuaidentidadenãosedefinesemapresençadoprofessor.Porém,aescola comoespaçodeconstruçãodeconhecimentos sistematizadospormeiodacontradiçãoentreosaberdoalunoeosconhecimentosuniversais,nãoexistemapenaspelasimplespresençadealunoseprofessoresemseuinterior.

A relação “professor-aluno” não é uma relação individual, nem isolada. Ela seampliaecriaumaredederelaçõesentreosprofessoreseogrupodealunoscomosquais trabalham, como também, entre os professores de umamesma classe, turma,sérieedisciplina.Acosturadessaredeéadefiniçãodeobjetivoseducacionaiscomuns,ouseja,definiçãodashabilidadesaseremdesenvolvidascomcadagrupodealunos.

Aescolaéumlugardetrocadeexperiênciaentreaspessoasquedelaparticipamenoqualocampodeaprendizagem,instaladonasaladeaulapelotrabalhodoprofessor,irradia-separaosoutrosespaços.Dessemodo,arelaçãoprofessor-alunoseampliaepenetraasoutrasrelaçõesqueaconstituem.

Podemos perceber que, muitas vezes, essa multiplicidade de relações éestabelecidadentrodecadaescola,apenaspelofatodequeexistemalunos.Contudo,é necessário que os diversos atores as carreguem de intencionalidade para quearticuladamente,façamcumpriraprincipalfunçãosocialdaescola:darcondiçõesparaosalunosseapropriaremdeconhecimentosuniversaiseseinstrumentalizaremcomasferramentasutilizadasnoprocessodeconstruçãocoletivadesseconhecimento,afimdecriaremnovosconhecimentosparamelhorviverem.

Esse“melhor-viver”implica,necessariamente,emumacapacidadedeorganizaçãodessesconhecimentoseferramentaseseuacionamentocotidianonoenfrentamentode problemas, o que significa a busca demelhores soluções e na determinação domomentocertodetomardecisões,principalmente,nadefiniçãodequaisoslimiteseascondiçõesdesuaautonomiaparadecidirsobredeterminadoassunto.Essacapacidadedeorganizaçãoéoquechamamosdecapacidadede“gestãodavida”.Odesenvolvimentodessacapacidadedeveseroobjetivodetodasaspessoasqueparticipamdaescolaesãoresponsáveisporseusalunos.

Nesse sentido, a participação dos profissionais da educação, da comunidade,dasfamíliasedosprópriosalunosnasdecisõesedeliberaçõesrelativasàgestãoescolar

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compõeumimportanteconjuntodeexperiênciasparacadaparticipantedoprocesso.

Assim, podemos entender a gestão democrática como um exercício cotidianoquequalificaprofissionaise famíliasa conduziremoprocessoeducacionalescolarembeneficiodoaluno.

Osprofissionaisdaeducação,alémdaresponsabilidadesocialcompartilhadapelafamíliaeorestantedasociedade,têmumdeverprofissionalparacomcadaaluno.Essaresponsabilidadeeessedeversãodeterminadospelosdiferentespapéisquecadaumdesempenhanaescola,osquaisinstalamrelaçõesdepodertambémdiferenciadas.

Ograndedesafiodaescola,atualmente,épromoverodiálogoentreosparticipantesdainstituiçãoescolar,possuidoresdediferentessaberes,muitosdelesdesconsideradospelachamada“culturaerudita”.Énecessário,pois,reafirmaraespecificidadedospapéisdocorpotécnicoedocentedachamadaescola,bemcomosuaresponsabilidade,paraquepossamosencontrarummododepromoveressediálogo,compreendendo-ocomoprocesso educativo de construção de um conhecimento novo, que traga para escolaos saberes da família, da comunidade, dosoutrosprofissionais que a realizameque,portanto,sãotambémeducadores.

Aprimeira responsabilidadedos técnicos (diretoresepedagogos)eprofessoreséseorganizarememtornodarelação“professor-aluno”,núcleodoprocessodeensino-aprendizagem.Tantooprofessor,quantoosalunos,trazemumconjuntodereferenciassociais(éticas,culturais–inclusiveumsistemadevaloresetc.)eindividuais(característicasfísicas,depersonalidade,entreoutras)evãoestabelecendotalrelaçãodesdeoprimeirodiadeaula.

Porém, o professor se diferencia de seus alunos pelo domínio que temde umconjuntodeconhecimentossistematizadosaolongodesuavidapessoaleprofissional,inclusiveosrelativosaochamado“conhecimento-científico”.Ele,portanto,trazalgonovoaoalunoe,comojádissemos,essanovidadenãosignificaapenasosconteúdosescolaresque referenciam esse conhecimento,mas o reconhecimento de que esses conteúdosse apresentam organizados em estruturas (as disciplinas) que nos possibilitam fazerdiferentesleiturassobreomundo.

Sendoassim,oprofessordevemapearasreferênciassociaisepessoaisquecadaalunotrazparaasaladeaulaecriar,apartirdelas,atitudesdeproblematizaçãodeacordocom a temática a ser abordada.Os caminhos que os alunos passam a construir parasuperaremosproblemascolocadospeloprofessorinstauramumarelaçãodialógica(dediálogoentreambos)-tambémchamada“campodeaprendizagem”–repletadeconflitosecontradiçõesquepromovemrupturasepossibilitamareconstruçãodoconhecimento.

O estabelecimento desse campo envolve professor e alunos e implica naaprendizagemde ambos, sem anular as diferenças que trazemno processo, inclusiveà autoridade do professor. A autoridade é compreendida no âmbito do papel que oprofessordesempenhanarelação:deorientador,dedinamizador,derealimentadordoconhecimento,dequemfazacosturadesseprocessoeporeleéresponsável.

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17AULA 04 - PARTICIPAÇÃO: DE QUE ESTAMOS FALANDO?

Pelo papel que assume, é o professor, também, o articulador da entrada doconhecimento dito “não-formal” na escola. Ele estimula a entrada de informaçõese conhecimentos, relativos aos saberes das famílias e da comunidade na instituiçãoescolar,pormeiodotrabalhoquerealizaoaluno.Alémdisso,auxiliaoestabelecimentodeprocedimentosparaqueessessaberesentremnaescola,demodoqueessaconsigalê-losecompreendê-los.

Aaçãoarticuladadosprofessoreséorientadapelocorpotécnico,quesubsidiaoseutrabalho.Osprofissionaisqueestãomaispróximosdoprofessor,nessesentido,sãoospedagogos,quechamaremosaqui,deespecialistas.Opedagogoqueexerceafunçãodesupervisortemporresponsabilidadecoordenarotrabalhodosprofessores,segundo a concepção curricular definida ematerializada no projeto pedagógico dainstituiçãoescolar.Assim, competeaosupervisor fazerodiagnósticodo trabalhodecadaprofessor,afimdeajudá-loasuperarproblemasedificuldadesquesurgemnodia-a-dia,rediscutindoametodologiautilizadaemseutrabalhoearticulandoasaçõesdocoletivodocente.

Opedagogo,conhecidocomoorientador,ajudaoprofessorarealizarumaleitura,decadaaluno,que tragasubsídiosnoprocessodeavaliação.Oorientadorcolaborana organização dessa leitura como objetivo de estabelecer critérios que orientem aavaliaçãogeral da classe eda série equepossibilitem rediscutir sistematicamente aavaliaçãoindividual.Assim,auxiliaoprofessoraredefinirasestratégiasutilizadascomcadaaluno,classeesérie,ajudandoarealizarainterfacecomospais.

Otrabalhodospedagogosconhecidoscomoorientadoresupervisorsedádeformaintegrada,tantonaformulaçãodediagnósticos,quantonaorientaçãodasleiturasenoapoiodadoaoprofessor.Suasaçõesseconjugame,pelopapelquedesempenham,esses especialistas se tornam responsáveis por sugerir e coordenar propostas decapacitaçãoparaosprofessoresdaunidadeescolar.

Paraqueostécnicoseosprofessoresrealizemseutrabalhodemodointegradoé necessário que sejam determinados, no projeto pedagógico de cada instituiçãode ensino, momentos para troca de informações e experiências, bem como para oreplanejamento.Énecessárioquesedestineumnúmerodehorassemanaisparaqueoprofessorpossareavaliarseutrabalhoebuscarsubsídiosparacorrigirequívocos.Ainstituiçãodevedefinir em seuplanejamento, reuniões semanais deprofessores pordisciplinaesérie,comotambémreuniõesmaisgeraisparasocializaressaatividadedereavaliaçãoesistematizá-la,comaajudadogestoreespecialistasdaunidadeescolar.Osmomentosdereuniãosãoimportantestambém,poisasexperiênciastrazidaspelosprofessores podem ajudá-los a identificar problemas ou questões que estimulem aformulaçãodeprojetosinterdisciplinares.Arealizaçãodereuniõessemanaiscomesseintuito é fundamental para o planejamento das atividades que constarão da partediversificadadocurrículo.

Os pedagogos devem ter momentos destinados ao planejamento conjunto

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18 GESTÃO EDUCACIONAL - FUNDAMENTOS

de suas ações, ao atendimentodeprofessores edos alunos, à realizaçãode reuniõessemanaiscomodiretordainstituiçãoparacolocá-loapardeseutrabalho,dosproblemase dificuldades dos professores, dos encaminhamentos dados e, também, para buscarsubsídios.

Na falta do pedagogo, é o diretor quem assume essas atribuições. Isso nãosignificaque,seaescolacontacomessesespecialistas,odiretortemapenasopapeldeadministrador,poiséelequemalia,nosdoiscasos,aadministraçãoàpropostapedagógicadainstituição.Porisso,odiretortambémacompanhaeauxiliaotrabalhodosespecialistasedosprofessores,bemcomosuaarticulação.

São também, atribuições do diretor: coordenar o processo de elaboração dapropostapedagógicadainstituiçãoeorganizarestratégiasdemobilizaçãoeparticipaçãodas famíliasedacomunidadeparasua realização.Alémdisso,éoeloprivilegiadodecomunicaçãoentreaSecretariadeEducaçãoeainstituiçãoescolar.

Portanto, odiretor temcomoprincipal responsabilidade, coordenaroprocessodemocrático da gestão escolar, mobilizando seus diversos participantes. É seu papelconhecer e auxiliar todo o trabalho pedagógico realizado na escola pelos técnicos e,principalmente,pelosprofessores,quemelhorconhecemosalunoseasfamílias.

Devidoàampliaçãodafunçãodaescolaeaoseucaráterdeinstituiçãosocialdeatendimentoqueporsuanaturezaéincompleta,épapeldodiretorpromoveracriaçãodeuma rede interinstitucional, articulando a escola eoutras instituições educativas, ainstituiçõesdaáreadesaúde,justiça,promoçãosocial,aocampodotrabalho.Odiretorassimintegraoutrasinstituições,colocandoàdisposiçãodiversosserviçosdequealunos,profissionais,famíliaseatécomunidadenecessitam,masmuitasvezesnãosabemcomoacessá-lose,dessemodo,nolimitedasuaesferadeatuação,estimulaacriaçãodeumaredesocialdeatendimentoemâmbitolocal.

Aodefinirmosospapéisdocorpotécnicoedocente,inclusivedodiretor,apartirdonúcleodeexistênciadainstituição–arelaçãoprofessor–aluno–queserealizapormeio dos saberes do aluno, em interação com o chamado saber científico, podemosressignificaragestãodemocráticadasunidadesescolares.Essaressignificaçãovaiindicar,dentre outros aspectos importantes, que o papel do diretor se amplia e ganhamaisimportância,assimcomoopapeldosespecialistaseprofessores,pelaparticipaçãodasfamílias,dascomunidades,edosprópriosalunos.

Foilongaestadiscussão?...Mastenhocertezaquevaleuapena.Nóscomogestoreseducacionaisdevemosconheceropapeldecadaumnoprocessodedesenvolvimentodainstituiçãodeensino.

Agora você sabe qual o papel de cada um, não?

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19AULA 04 - PARTICIPAÇÃO: DE QUE ESTAMOS FALANDO?

Oobjetivodesteestudoémostraraimportânciadecadapapelnodesenvolvimentodagestão,bemcomoarealimportânciadaparticipaçãodecadaumnainstituição.

Peloquevimosatéaqui,éfácilperceberquesemoalunoainstituiçãodeensinonãoexiste,masquesuaidentidadenãosedefinesemapresençadoprofessor.

Umexemploclaro,sobreadefiniçãodepapéisnoprocessodegestãoéotrabalhoqueumaescolaprecisadesenvolverparatrazerdevoltaosalunosqueabandonaramainstituição:

• Otrabalhopoderáserrealizadoporalunos,professores,especialistas,gestoreseoutraspessoasdacomunidadeescolar;

• Apartirdalistadematriculados,identifiquemosquenãoestãomaisfrequentandoasaulas.Verifiquemoendereçodessesalunoseformempequenosgruposdeduasoutrêspessoasparaumavisitaaoendereço;

• Quandotiveremoportunidadedeconversarcomopróprioex-aluno,deveutilizarumquestionárioelaboradoemconjuntoquevaiidentificarascausasdoabandono;

• Nessaocasiãodeve-seconversarcomoex-alunoesuafamíliasobreaimportânciadeestudarereforçarqueaescolaestádebraçosabertospararecebê-lodevolta;

• Podemseridentificadascausasdoabandonocomo,porexemplo,anecessidadedetrabalhar.Aquientraemcenaosorientadoreseducacionais,quelidamdiretamentecomasquestõesqueenvolvemosalunoseestesdevemprocuraraprefeituraeacâmaramunicipalporprogramascomobolsaescolaquecheguematéascriançaseadolescentes;

• Sehácasosdetrabalhoinfantil,pode-seprocuraroConselhoTutelarouoPoderJudiciário, pois isso é crimeprevisto em lei. Alémdisso, entre 7 e 14 anos, todacriançaobrigatoriamentedevefrequentaraescola;

• Seogrupoqueabandonouéconstituídopormaioriadepessoasnegras,talvezaescolatenhaquetrabalharmelhoraquestãodadiscriminaçãoedopreconceitoracial.Estetrabalhoinicia-senasaladeaulaentrealunoseprofessores,masnãoéoúnicoaserdesenvolvido.Deve-seenvolvergestor,especialistasecomunidadenoassunto;

• Se forem conflitos pessoais (entre alunos, com professores, etc.) é precisodesenvolveraquestãododiálogoedanegociaçãodentrodainstituição.Maisumavezéumtrabalhocomplexoqueenvolvetodaaescola.

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• Pode-seaindacriarumgrupopermanenteparaorientaçãodeais, alunoseex-alunos sobre a importância de estudar,mostrando sempre que a razão de ser daescolaéoalunoeseuprocessodeaprendizagem.

Estudamosatéaquiospapéisdosagentesqueparticipamdagestão,sendoeles:

Alunos–razãodeserdainstituiçãodeensino–trazemumconjuntodereferenciassociais(éticas,culturais–inclusiveumsistemadevaloresetc.)eindividuais(característicasfísicas,depersonalidade,entreoutras)evãoestabelecendotalrelaçãodesdeoprimeirodiadeaula,inicialmentecomosprofessores;

Professores – diferenciam-se dos alunos na questão do aprofundamento dequestões sociais, e, também, é o articulador da entrada do conhecimento dito “não-formal”naescola.Eleestimulaaentradadeinformaçõeseconhecimentos,relativosaossaberesdasfamíliasedacomunidadenainstituiçãoescolar,pormeiodotrabalhoquerealizaoaluno.Alémdisso,auxiliaoestabelecimentodeprocedimentosparaqueessessaberesentremnaescolademodoqueessaconsigalê-losecompreendê-los.

Pedagogo/supervisor - . O supervisor tem por responsabilidade coordenar otrabalhodosprofessores, segundoa concepção curricular definida ematerializadanoprojetopedagógicodainstituiçãoescolar.Assim,competeaosupervisorfazerodiagnósticodotrabalhodecadaprofessor,afimdeajudá-loasuperarproblemasedificuldadesquesurgemnodia-a-dia,rediscutindoametodologiautilizadaemseutrabalhoearticulandoasaçõesdocoletivodocente.

Pedagogo/Orientador - O orientador ajuda o professor a realizar uma leitura,decadaaluno,quetragasubsídiosnoprocessodeavaliação.Oorientadorcolaboranaorganizaçãodessaleituracomoobjetivodeestabelecercritériosqueorientemaavaliaçãogeral da classe e da série e que possibilitem rediscutir sistematicamente a avaliaçãoindividual.Assim,auxiliaoprofessoraredefinirasestratégiasutilizadascomcadaaluno,classeesérie,ajudandoarealizarainterfacecomospais.

Diretor-coordenaroprocessodeelaboraçãodapropostapedagógicadainstituiçãoeorganizarestratégiasdemobilizaçãoeparticipaçãodasfamíliasedacomunidadeparasua realização.Alémdisso, éo eloprivilegiadode comunicaçãoentre a SecretariadeEducaçãoeainstituiçãoescolar.Tem,ainda,comoprincipalresponsabilidade,coordenaroprocessodemocráticodagestãoescolar,mobilizandoseusdiversosparticipantes.Éseupapelconhecereauxiliartodootrabalhopedagógicorealizadonaescolapelostécnicose,principalmente,pelosprofessores,quemelhorconhecemosalunoseasfamílias.

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21AULA 04 - PARTICIPAÇÃO: DE QUE ESTAMOS FALANDO?

Finalizando,aodefinirmosospapéisdocorpotécnicoedocente, inclusivedodiretor,apartirdonúcleodeexistênciadainstituição–arelaçãoprofessor–aluno–queserealizapormeiodossaberesdoaluno,eminteraçãocomochamadosabercientífico,podemosressignificaragestãodemocráticadasunidadesescolares.Essaressignificaçãovaiindicar,dentreoutrosaspectosimportantes,queopapeldodiretorseampliaeganhamaisimportância,assimcomoopapeldosespecialistaseprofessores,pelaparticipaçãodasfamílias,dascomunidades,edosprópriosalunos.

Umdosprincipaisdesafiosatuaisdenossasinstituiçõeséfazercomquecriançase adolescentesnelapermaneçame consigamconcluirosníveisdeensinoem idadeadequada.Issoéumcompromissointernacional,assumidoem1995,pordiversospaísespresentesnaConferênciaMundialdeEducaçãoparaTodosrealizadaemJointiemnaTailândia que ficou conhecido como: a garantia do acesso, regresso, permanência esucessodoalunonasinstituiçõesdeensino.

Ainda,outrocompromissoéque,jovenseadultostambémtenhamseusdireitosatendidos.

Mas,paraqueasinstituiçõescumpramessescompromissosinternacionaisdospaísespresentes,nacitadaconferência:Seráquesabemosquemsãoosalunosque,nanossa escola, apresentammaior dificuldadenoprocessode aprendizagem? E ainda,sabemos quais são os papéis de todos os agentes da gestão escolar em trabalharcomessasdificuldadesparagarantirosucesso?Sabemosquemsãoaquelesquemaisfaltamàescola?Ondevivem?Eosqueabandonaram?Sabemosomotivo?Oqueestãofazendo?Estamosnosesforçandoparatrazê-losdevolta?Temostratadoessasituaçãocomocuidadodoocarinhoqueelamerece.

Aoresponderessaseoutrasperguntasrelativasaestadimensão,acomunidadeescolar poderá discutir formas de a escola oferecer boas oportunidades deaprendizagematodososcidadãoseainda,saberexatamentequalopapeldecadaumnodesenvolvimentodotrabalho,oquechamamosdegestãoeducacional.

Fonte:MAZIERO,S.M.B.Reflexõesparamaterialdidático.Curitiba,UNIANDRADE,2005.

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22 GESTÃO EDUCACIONAL - FUNDAMENTOS

Lembrandodoexemploquevimos,sobreospapéisdecadaum,notratoàquestãodoabandonoescolar,escrevaaquicomovocêelaborariaumquestionáriodeabordagemdosalunosevadidos.

Neste tópico foi possível entendermos o processo de participação tratandodegestãodemocrática,e,descobrimosquesóépossívelestabelecerparticipaçãodeagentes,se houver democracia. Discutimos os procedimentos que promovem o envolvimento,ocomprometimentoeaparticipaçãodascomunidadesescolare localnogovernodaescola.

Vimosainda,osmecanismosdeparticipaçãoeautonomiadaescola,trabalhandonovamentecomoquesignificaautonomia,masagora,comofoconaindependênciaeliberdadeparapensarcoletivamente.

Continuamosnossacaminhada,rumoaoentendimentodosprocessosdegestãoeducacional, conhecendo os princípios da organização e gestão escolar participativatendoemvistaquea escola éuma instituição social queapresentaunidadeem seusobjetivos.

E...Finalizamosestetópicodemonstrandoospapéisdosagentesqueparticipamdagestãodemonstrandoqueaescola,comoespaçoentreosaberdoalunoeconhecimentosuniversais,nãoexistesomentepelasimplespresençadealunoseprofessores,maspelaredederelaçõesentreascomunidadesescolarelocal.

Vocêachaquejáchegamosaofinal?Estácertodequenãoprecisamosdemaisnadaparaexercerafunçãodegestoreducacionalcomqualidadenasnossasações?...

Não...precisamosaindatrabalharcomumtemacentralnosprocessosdegestão:ClimaeculturaorganizacionaisnasInstituiçõesdeEnsino.

Vamosverdeumaformamaisclaraoqueéumaorganizaçãoescolar.Quaissãoospreceitoslegaisqueestãoportrásdessasorganizações.

Então,vamosemfrentee,nopróximotópico,trabalharemoscomOquesignificaclimaeculturaorganizacionaisnasinstituiçõesdeensino.

Veremoscomoumainstituição,verdadeiramentesólidaseorganiza!

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23AULA 04 - PARTICIPAÇÃO: DE QUE ESTAMOS FALANDO?

BRASIL. Ministério da Educação. Instituto Nacional de Estudos e PesquisasEducacionais Anísio Teixeira. ComissãoNacional de Avaliação da Educação Superior.SistemaNacionaldeAvaliaçãodaEducaçãoSuperior–SINAES.Roteiro de Auto-Avaliação Institucional: orientações gerais.Brasília.2004

CISESKI,AA,ROMÃO, J. E.Conselhos de Escola: coletivos instituintes da Escola Cidadã.SãoPaulo,CortezEditora,1997.

COLOMBO, S. S.Gestão Educacional – Uma nova visão. Porto Alegre. ArtmedBookman,2004.

COSTA,V.L.C.Gestão Educacional e descentralização – Novos padrões.SãoPaulo,Ed.Cortez,1998.

MAZIERO,S.M.B. Reflexões para material didático.Curitiba,UNIANDRADE,2005.

OLIVEIRA,M.AM.Gestão Educacional.Petrópolis:Vozes,2005.