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GESTÃO EFICIENTE DO CAIXA: A UTILIZAÇÃO DO MODELO DE MILLER-ORR PARA REDUÇÃO DO CUSTO DE OPORTUNIDADE E AUMENTO DA RENTABILIDADE
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GESTO EFICIENTE DO CAIXA: A UTILIZAO DO MODELO DE MILLER-ORR PARA REDUO DO CUSTO DE OPORTUNIDADE E AUMENTO DA RENTABILIDADE
224 FACEF Pesquisa: Desenvolvimento e Gesto, v.15, n.2 - p.224-233 mai/jun/jul/ago 2012
GESTO EFICIENTE DO CAIXA: A UTILIZAO DO MODELO DE MILLER-ORR PARA REDUO DO CUSTO DE OPORTUNIDADE E AUMENTO DA RENTABILIDADE
CASH FLOW EFFECTIVE MANAGEMENT: THE USE OF THE MILLER-ORR MODEL TO REDUCE OPPORTUNITY COST AND INCREASE PROFITABILITY
Breno Augusto de Oliveira SILVA
Universidade Federal de Uberlndia MG Brasil [email protected]
Srgio Guimares NOGUEIRA
Universidade Federal de Uberlndia MG Brasil [email protected]
Krem Cristina de Sousa RIBEIRO
Universidade Federal de Uberlndia MG Brasil [email protected]
Recebido em 09/2011 Aprovado em 08/2012
Resumo
Este artigo tem o objetivo de desenvolver e analisar, por meio de um exemplo hipottico, a aplicao prtica do modelo de caixa de Miller-Orr e seus efeitos na rentabilidade e no custo de oportunidade de uma empresa. Para isto, simulou-se um fluxo de caixa para um perodo de 30 dias, para o qual se aplicou o modelo e analisou-se os efeitos. O exemplo proposto demonstrou que, para qualquer realidade organizacional, o modelo de Miller-Orr mostra-se como uma ferramenta de grande utilidade para os administradores financeiros na gesto eficiente do caixa, permitindo empresa manter em caixa um saldo ideal que reduza, ao mximo possvel, eventuais custos de oportunidade e de transao e maximize o retorno sobre os recursos financeiros excedentes da empresa.
Palavras-Chave: Gesto do caixa - Modelo de Miller-Orr - Custo de oportunidade - Rentabilidade
ISSN 1516-6503
eISSN 2316-3402
Breno Augusto de Oliveira SILVA / Srgio Guimares NOGUEIRA Krem Cristina de Sousa RIBEIRO
FACEF Pesquisa: Desenvolvimento e Gesto, v.15, n.2 - p.224-233 mai/jun/jul/ago 2012 225
Abstract
This paper aims to develop and analyze, through a hypothetical example, the practical application of the Miller-Orr cash model and their effects on profitability and opportunity cost of a company. For this, a cash flow was simulated for a period of 30 days, for which it was applied the model and analyzed the effects. The proposed example showed that, for any organizational reality, the Miller-Orr model is shown as a very useful tool for financial managers in the efficient cash management, allowing the company to keep an ideal cash balance that reduces, the maximum possible, any opportunity and transaction costs and, at the same time, maximize the return on the companys financial surplus.
Keywords: Cash management - Miller-Orr model
- Opportunity cost - Profitability
1 INTRODUO
1.1 Contextualizao e importncia do tema
Longe de ser uma novidade, o mercado atual
caracterizado por alta competitividade e rpidas
mudanas scio-econmicas. Nas ltimas
dcadas, a globalizao e a expanso da
tecnologia fez com que as empresas evolussem
em suas tcnicas de gesto para melhor enfrentar
a concorrncia e alcanar longevidade nos
negcios. Dentre as reas consideradas
estratgicas na organizao, a administrao
financeira sempre foi considerada como ponto
crtico do sucesso empresarial. As finanas,
resumidamente, lidam com as decises de
investimento e endividamento, tanto no curto
quanto no longo prazo. Ross, Westerfield e Jaffe
(1995) classificam as decises financeiras de
longo prazo aquelas referentes a oramento e
estrutura de capital, enquanto as decises de
curto prazo envolvem os ativos e passivos
circulantes da empresa, normalmente em um
perodo de um ano.
Em se tratando do curto prazo, horizonte de
tempo que o foco deste estudo, o
gerenciamento do capital de giro tem se
mostrado como importante fator de
competitividade das empresas. Essa relevncia
decorre do fato de a administrao do capital de
giro ser uma das principais ferramentas para se
lidar com o risco e a incerteza presente no
ambiente atual, alm de preservar a sade
financeira da empresa ao longo do tempo
(SCHERR, 1989; CENDRON; EID JUNIOR, 2001). Em
relao a esta importncia, Scherr (1989, p.2)
considera que em um mundo perfeito, no
haveria necessidade da gesto de ativos e
passivos circulantes, pois neste mundo no
haveria incerteza, custos de transao na compra
e venda de ativos, custos de obteno de
informao ou restries produtivas e
tecnolgicas, as taxas de juros seriam as mesmas
para os financiamentos e investimentos e os
mercados seriam perfeitamente competitivos. Em
tal mundo, no haveria vantagens em se
preocupar tanto com o curto prazo. Porm, a
realidade outra. O risco e a incerteza esto
presentes na demanda dos clientes, nos preos,
na disponibilidade de insumos e produtos
acabados, no valor dos custos de transao, no
valor dos custos fixos e variveis associados
produo, nas oscilaes das taxas de juros do
mercado e no acesso s tecnologias existentes.
Nesse contexto, torna-se indispensvel o papel da
administrao financeira, no sentido de manter a
capacidade da organizao de lidar com esses
fatores.
Segundo Menezes (2011), a administrao do
capital de giro est relacionada gesto dos
ativos e passivos circulantes, sendo estes
representados principalmente pelas contas a
pagar e aqueles pelas disponibilidades, estoques
e contas a receber.
GESTO EFICIENTE DO CAIXA: A UTILIZAO DO MODELO DE MILLER-ORR PARA REDUO DO CUSTO DE OPORTUNIDADE E AUMENTO DA RENTABILIDADE
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Dentre as principais decises financeiras a serem
tomadas pela empresa em relao gesto
desses ativos e passivos, cita-se o gerenciamento
do caixa. A administrao do caixa deve estar
estruturada para manter a capacidade da
empresa em arcar com suas obrigaes de curto
prazo e, ao mesmo tempo, permitir o
investimento em oportunidades rentveis de
negcio. A este aspecto, soma-se o conceito de
custo de oportunidade, ao considerar-se qual o
saldo ideal a ser mantido em caixa.
Em relao gesto do caixa, a principal deciso a
ser tomada pelos administradores financeiros
justamente pensar o seguinte problema: o alto
saldo mantido em caixa permite que a empresa
tenha segurana no pagamento de suas
obrigaes com terceiros, evitando o risco de
insolvncia, porm, expe a empresa aos custos
de oportunidade de no realizar investimentos
rentveis a partir do saldo excedente. Diante
dessa encruzilhada, torna-se relevante a
utilizao de modelos que, longe de ser uma
revoluo empresarial, auxiliam os tomadores de
deciso sobre qual o saldo timo de caixa a ser
mantido pela empresa, de maneira a garantir sua
sade financeira e permitir o ganho de retornos
em investimentos disponveis no mercado.
1.2 Objetivo
Considerando a relevncia do tema e a utilidade
para as empresas em minimizar o risco e a
incerteza, alm de proporcionar oportunidades
de maximizar o retorno dos recursos financeiros,
este artigo tem como objetivo desenvolver e
analisar, por meio de um exemplo hipottico, a
gesto eficiente do caixa e seus efeitos na
rentabilidade da empresa, sob a tica do modelo
de gesto de caixa de Miller-Orr.
2 REFERENCIAL TERICO
Aliar risco, retorno e liquidez um desafio
costumeiramente presente nas decises dos
gestores financeiros. Esse trade-off vale tanto
para investimentos de mdio e longo prazo,
quanto para aplicaes a curto e curtssimo prazo.
Na estrutura do balano patrimonial de uma
empresa, o caixa aparece como o ativo de
liquidez imediata. A existncia desta conta est
atrelada ao fato de as organizaes necessitarem
de recursos com alto grau de liquidez para
realizar seus compromissos de curtssimo prazo,
como por exemplo, pagamento de despesas
emergenciais (MATSUMOTO; LIMA, 2005, p.1).
Desta forma, o caixa suporta algumas
necessidades operacionais da empresa como
pagamento a fornecedores, desembolsos
emergenciais e at mesmo para servir de suporte
quando uma entrada de recurso prevista
(recebimento de duplicata, por exemplo) no
ocorre.
Em decorrncia da alta liquidez e como o prprio
nome sugere, da disponibilidade (a qualquer
tempo), a rentabilidade deste ativo prejudicada.
O caixa representa um dinheiro parado da
empresa. bom para socorrer eventuais
necessidades emergenciais, e poupar a empresa
de buscar emprstimos a juros elevados nas
instituies financeiras. Por outro lado, se
estocado em excesso, esse dinheiro perde a
oportunidade de ser aplicado em ativos com
rentabilidade atraente. O tipo de negcio da
empresa aliado ao grau de conservadorismo de
seus gestores e acionistas que determinar se
mais ou menos recursos ficaro guardados sob a
forma de disponibilidades imediatas, ou caixa.
Uma situao ideal seria a de inexistncia de
incertezas, onde o saldo de caixa poderia ser
nulo. Como a realidade bem diferente essa
reserva faz-se necessrio. Keynes (1982) apud
Breno Augusto de Oliveira SILVA / Srgio Guimares NOGUEIRA Krem Cristina de Sousa RIBEIRO
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Assaf Neto (2008) identificou trs motivos para as
empresas manterem determinado nvel de caixa.
O motivo-transao seria a necessidade intrnseca
ao negcio da organizao. Em seguida o motivo
precauo, que visa estar preparado para a
incerteza do mercado. O nvel de caixa pode ser
minimizado medida que a empresa apresentar
bom relacionamento com bancos e
consequentemente acesso a linhas de
financiamento a custos baixos. Por fim o motivo
especulao, que visa negcios de ocasio, como
compra de estoques por valores atraentes ou
investimentos em negcios com boa relao
retorno-risco.
Um bom dimensionamento do caixa comea pelo
estabelecimento de um saldo timo. Assaf Neto
(2008) destaca alguns cuidados que devem ser
tomados nesta ocasio. Em primeiro lugar,
trabalhar com horizontes de tempo mais curtos,
visto que o saldo do caixa e seus fatores de
influncia so dinmicos. Depois a questo da
sazonalidade, presente nas operaes de muitas
organizaes. Por fim a correo inflacionria
deste saldo.
2.1. O modelo de Miller-Orr
Na busca por um dimensionamento timo de
caixa, os gestores podem lanar mo de modelos
de administrao de caixa. Embora no
constituem ferramentas precisas, elas devem ser
entendidas como um apoio tomada de deciso
do quanto se manter nos ativos de
disponibilidade imediata. Assaf Neto (2008,
p.550) refora essa ideia ao dizer que como
todos os modelos tericos, constituem-se em
simplificaes da realidade, incorporando os
aspectos essenciais de uma deciso sobre o
volume ideal de caixa da empresa.
O modelo de Miller-Orr estabelece limites
superiores e inferiores de caixa, e prev resgates
ou investimentos instantneos de forma a manter
o saldo do caixa dentro destes patamares. Ele
recomendado em situaes de incerteza de fluxo
de caixa, onde tais variaes so aleatrias,
sendo, portanto probabilstico (ASSAF NETO,
2008, p.554). Scherr (1989) acrescenta que o
fluxo de caixa possui distribuio normal e seu
saldo oscila em torno de zero; que o desvio
padro desta distribuio no varia no tempo; e
que no h correlao do fluxo de caixa ao longo
do tempo.
O modelo de Miller-Orr pressupe: curva de
rendimentos dos investimentos constante; custo
fixo de transaes (investimento e
desinvestimento); existncia de um limite
inferior, definido pela gesto da empresa, abaixo
do qual o saldo de caixa no dever atingir
(MILLER; ORR, 1966).
A Figura 1 representa esquematicamente o
modelo com seus limites de controle.
Aps ajustados, se o saldo de caixa ultrapassa o
limite superior (em t = t1), um investimento
feito de forma a retorn-lo ao ponto timo (nvel
de retorno = Z). Caso contrrio, se o saldo atinge
um valor abaixo do limite inferior (em t = t4), um
desinvestimento feito para elevar o saldo do
caixa a este mesmo ponto timo.
Conforme dito, o estabelecimento do limite
inferior (LI) feito pelos administradores. O
modelo de Miller-Orr prope o clculo do nvel de
retorno (NR ou Z), de acordo com a seguinte
expresso:
Equao 1:
3
4
3
i
VaZ
Onde:
Z = Nvel de Retorno
a = Custo de transao (para investimentos ou
desinvestimentos)
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V = Varincia do fluxo de caixa dirio (igual ao
quadrado do desvio padro)
i = taxa de juros diria de ttulos negociveis
O limite superior (LS) calculado a partir da
varivel aqui chamada de R estatstico (R),
representados pelas equaes:
Equao 2: R = Z LI ou Z = R + LI
Equao 3: LS = 3 X R + LI
Onde:
R = R estatstico
Z = Nvel de Retorno
LI = Limite Inferior
LS = Limite Superior
A aplicao prtica deste modelo, bem como uma
melhor interpretao do grfico esquemtico,
ser realizada na seo 4 (Resultados e
Discusses). Por hora, o importante ter definido
o conceito do estabelecimento de limites
(superior e inferior) e que o saldo do fluxo de
caixa deve oscilar entre eles.
2.2 Custo de oportunidade
Outro fator a ser considerado na determinao
do saldo timo de caixa a relevncia do custo de
oportunidade de se manter saldo em caixa, ao
invs de investi-lo em ativos mais rentveis. O
conceito de custo de oportunidade est
relacionado com a escolha de uma alternativa de
investimento, entre diversas outras, que
maximiza a satisfao do agente econmico em
relao ao retorno obtido (FIPECAFI, 2001). Assaf
Neto (2008) inclui nesta discusso o conceito de
risco semelhante, ou seja, somente coerente
comparar custo de oportunidade entre
investimentos cuja incerteza na obteno de
retorno seja semelhante.
Beuren (1993) acrescenta a concluso de que o
custo de oportunidade no depende de quem
est usando estes recursos. Segue ento a ideia
de que a alternativa a ser escolhida em
Figura 1 - Modelo esquemtico de Miller-Orr
Fonte: Adaptado de Assaf Neto (2008)
Breno Augusto de Oliveira SILVA / Srgio Guimares NOGUEIRA Krem Cristina de Sousa RIBEIRO
FACEF Pesquisa: Desenvolvimento e Gesto, v.15, n.2 - p.224-233 mai/jun/jul/ago 2012 229
detrimento de outra no se relaciona
necessariamente apenas com investimentos
dentro da empresa ou unidade de negcio, mas
tambm fora dela.
Importante reforar que este conceito passa a
considerar, no apenas se a empresa produz lucro
ou prejuzo, mas tambm se mesmo produzindo
este, continua sendo atrativo investir em ativos
desta organizao.
No caso da gesto do caixa o conceito vem ao
encontro quando relacionado ao montante
parado como disponibilidade e que poderia estar
sendo investido em outras alternativas. Perceber
o excedente de caixa e o custo de oportunidade
por no investi-lo to importante quando no
deixar faltar saldo nesta conta, evitando assim, o
dispndio com taxas de juros sobre emprstimos
emergenciais praticados pelas instituies
financeiras.
3 PROCEDIMENTOS METODOLGICOS
Este artigo foi realizado a partir de uma simulao
de um fluxo de caixa hipottico mensal, ao qual
se aplicou o modelo de caixa de Miller-Orr.
Primeiramente, foram simulados, de forma
aleatria, o valor inicial previsto do caixa, assim
como as entradas e sadas de caixa dirias
previstas por um perodo de 30 dias corridos. A
partir das diferenas entre as entradas e sadas
dirias, foi calculada a varincia dos fluxos de
caixa previstos e, em seguida, calculados os
limites de controle do modelo de Miller-Orr.
Por meio dos limites de controle e do fluxo de
caixa dirio previsto para o perodo, foram
calculados os devidos investimentos e resgates
necessrios para restabelecer o ponto de retorno
(saldo timo de caixa). A partir do saldo da conta
de investimentos, pde-se analisar os efeitos das
aplicaes e dos custos de oportunidade na
rentabilidade que empresa teria ao final do
perodo.
4 RESULTADOS E ANLISE
Conforme dito anteriormente, para a aplicao do
modelo de Miller-Orr, simulou-se o valor inicial de
caixa, bem como as respectivas entradas e sadas
dirias, objetivando-se calcular a varincia do
fluxo de caixa previsto para o perodo de 30 dias.
Os dados obtidos esto apresentados no Quadro
1. Para calcular os limites de controle propostos
pelo modelo, utilizou-se, alm da varincia, os
seguintes dados simulados:
- O valor do caixa inicial, advindo do perodo
anterior, estipulado em $ 80.000,00;
- O limite inferior, definido pela administrao da
empresa, fixado em $ 50.000,00;
- A taxa de juros diria, definida em 0,0311% ao
dia, correspondente taxa Selic vigente.
- Os custos de transao, aplicados a cada
investimento e resgate, fixados em $ 200,00 por
transao;
A partir dos resultados obtidos no Quadro 1,
percebe-se que a empresa far duas aplicaes e
dois resgates durante o perodo previsto. Sempre
que o saldo de caixa ultrapassar o limite superior,
calculado em $ 304.563,15, ser necessrio uma
aplicao para restabelecer o saldo do caixa ao
ponto de retorno, calculado em $ 134.854,38. O
valor aplicado ser sempre a diferena entre o
saldo atual e o ponto de retorno e cada transao
ter um custo de $ 200,00. De maneira anloga,
sempre que o saldo do caixa estiver abaixo do
limite inferior, definido pela administrao em $
50.000,00, ser necessrio um resgate para
restabelecer o saldo do caixa ao ponto de
retorno. O valor resgatado ser sempre a
diferena entre o saldo atual e o ponto de retorno
GESTO EFICIENTE DO CAIXA: A UTILIZAO DO MODELO DE MILLER-ORR PARA REDUO DO CUSTO DE OPORTUNIDADE E AUMENTO DA RENTABILIDADE
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Quadro 1 - Aplicao do modelo de caixa de Miller-Orr em um fluxo de caixa hipottico mensal, considerando-se os efeitos dos investimentos realizados e dos custos de oportunidade incorridos. Valores sombreados de cinza foram simulados aleatoriamente, os demais foram calculados.
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3,76
10
9,62
1.30
7,76
90
7,76
-
-
18Q
ui65
.364
,38
58
.120
,00
44
.730
,00
13
.390
,00
78
.754
,38
-
-
-
352.
593,
38
109,
66
1.
417,
42
1.01
7,42
-
-
19Se
x78
.754
,38
49
.980
,00
48
.700
,00
1.
280,
00
80.0
34,3
8
-
-
-
35
2.70
3,04
10
9,69
1.52
7,11
1.
127,
11
-
-
20S
b80
.034
,38
-
-
-
80.0
34,3
8
-
-
-
35
2.81
2,73
10
9,72
1.63
6,84
1.
236,
84
-
-
21D
om80
.034
,38
-
-
-
80.0
34,3
8
-
-
-
35
2.92
2,45
10
9,76
1.74
6,60
1.
346,
60
-
-
22Se
g80
.034
,38
37
.200
,00
67
.450
,00
(
30.
250,
00)
49.7
84,3
8
-
(
85.
070,
00)
200,
00
267.
762,
21
83,2
7
1.82
9,87
1.
229,
87
85.2
70,0
0
(
26,
52)
23Te
r13
4.85
4,38
35.6
70,0
0
71.4
90,0
0
( 3
5.82
0,00
)99
.034
,38
-
-
-
267.
845,
49
83,3
0
1.91
3,17
1.
313,
17
85.2
70,0
0
(
26,
53)
24Q
ua99
.034
,38
33
.020
,00
82
.400
,00
(
49.
380,
00)
49.6
54,3
8
-
(
85.
200,
00)
200,
00
182.
528,
79
56,7
7
1.96
9,94
1.
169,
94
170.
670,
00
( 5
3,09
)
25Q
ui13
4.85
4,38
35.0
30,0
0
83.9
20,0
0
( 4
8.89
0,00
)85
.964
,38
-
-
-
182.
585,
55
56,7
8
2.02
6,72
1.
226,
72
170.
670,
00
( 5
3,09
)
26Se
x85
.964
,38
41
.350
,00
75
.040
,00
(
33.
690,
00)
52.2
74,3
8
-
-
-
18
2.64
2,34
56
,80
2.
083,
52
1.28
3,52
17
0.67
0,00
(
53,
09)
27S
b52
.274
,38
-
-
-
52.2
74,3
8
-
-
-
18
2.69
9,14
56
,82
2.
140,
34
1.34
0,34
17
0.67
0,00
(
53,
09)
28D
om52
.274
,38
-
-
-
52.2
74,3
8
-
-
-
18
2.75
5,96
56
,84
2.
197,
18
1.39
7,18
17
0.67
0,00
(
53,
09)
29Se
g52
.274
,38
52
.350
,00
49
.700
,00
2.
650,
00
54.9
24,3
8
-
-
-
18
2.81
2,80
56
,85
2.
254,
03
1.45
4,03
17
0.67
0,00
(
53,
09)
30Te
r54
.924
,38
61
.200
,00
20
.450
,00
40
.750
,00
95
.674
,38
-
-
-
182.
869,
65
56,8
7
2.31
0,91
1.
510,
91
170.
670,
00
( 5
3,09
)
31Q
ua95
.674
,38
58
.770
,00
22
.430
,00
36
.340
,00
13
2.01
4,38
-
-
-
18
2.92
6,52
56
,89
2.
367,
80
1.56
7,80
17
0.67
0,00
(
53,
09)
1.32
5.00
0,00
1.
091.
570,
00
1.26
6.75
3.09
3,33
SOM
A E
NTR
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AS
SOM
A S
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AS
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A (V
)
DIA
CAIX
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AD
E
Breno Augusto de Oliveira SILVA / Srgio Guimares NOGUEIRA Krem Cristina de Sousa RIBEIRO
FACEF Pesquisa: Desenvolvimento e Gesto, v.15, n.2 - p.224-233 mai/jun/jul/ago 2012 231
e, assim como na aplicao, cada resgate ter um
custo de $ 200,00.
O investimento realizado, j deduzido o custo da
transao, remunerado cumulativamente taxa
de 0,0311% ao dia. Da mesma forma, o resgate
efetuado, j deduzido o custo da transao, faz
com que a empresa incorra em um custo de
oportunidade de 0,0311% ao dia, j que o valor
resgatado para cobrir o saldo timo do caixa
poderia estar aplicado ao invs de estar parado
apenas para garantir a segurana dos pagamentos
de curto prazo.
A Figura 2 ilustra o saldo do caixa a partir das
transaes ocorridas sob duas perspectivas: as
linhas pontilhadas mostram o exato momento em
que o saldo do caixa extrapola os limites pr-
estabelecidos, enquanto que a linha contnua
demonstra seu comportamento quando aplicado
o modelo de Miller-Orr, assim como seus
consequentes investimentos e resgates.
Assim como demonstrado no Quadro 1, por meio
da Figura 2, possvel observar que nos
momentos t3 (Quarta, dia 03) e t9 (Tera, dia 09) o
valor do caixa extrapolou o limite superior e
investimentos foram feitos de forma a no deixar
excesso de dinheiro parado. Ao contrrio, nos
momentos t22 (Segunda, dia 22) e t24 (Quarta, dia
24) foram necessrios resgates das aplicaes
feitas, de forma a promover a manuteno do
caixa ao ponto de retorno.
Caso esses investimentos no fossem realizados
nos perodos sinalizados pelo modelo, a empresa
estaria incorrendo em um custo de oportunidade,
neste caso considerada a taxa Selic, em dois
momentos: em t3 e t9 este custo refere-se no
aplicao do saldo excedente; em t22 e t24 refere-
se ao que se deixou de ganhar ao resgatar os
valores investidos. Neste ltimo caso,
adicionalmente, a empresa poderia incorrer em
um custo elevado de juros, caso necessite de
repor o caixa com recursos de terceiros.
A figura 3 demonstra o comportamento do fluxo
de caixa da mesma empresa caso no fosse
utilizado o modelo de Miller-Orr.
A partir da Figura 3, fica evidente que a no
utilizao do modelo de Miller-Orr implica em um
excesso de saldo de caixa significativo entre t4 e
t25, representado pela rea sombreada, fazendo
com que a empresa incorra em um custo de
oportunidade consideravelmente maior do que
aquele incorrido com a aplicao do modelo. Com
a utilizao do modelo, conforme demonstrado
Figura 2 - Comportamento do fluxo de caixa para a simulao proposta, segundo o modelo de Miller-Orr
GESTO EFICIENTE DO CAIXA: A UTILIZAO DO MODELO DE MILLER-ORR PARA REDUO DO CUSTO DE OPORTUNIDADE E AUMENTO DA RENTABILIDADE
232 FACEF Pesquisa: Desenvolvimento e Gesto, v.15, n.2 - p.224-233 mai/jun/jul/ago 2012
pela Figura 2, este custo fica restrito ao perodo
de dez dias (de t22 a t31) e calculado sobre valores
prximos ao limite inferior. No caso ilustrado pela
Figura 3, ele ocorre em um perodo maior e sobre
valores visivelmente maiores.
5 CONCLUSES
O objetivo deste artigo foi o de demonstrar como
a utilizao de modelos de determinao do saldo
timo de caixa, mais especificamente o modelo
de Miller-Orr, pode contribuir para a gesto
eficiente do caixa das empresas, especialmente
quanto se trata da reduo do custo de
oportunidade de se manter um saldo inadequado
de recursos financeiros parados. O estudo foi
realizado a partir de uma simulao de um fluxo
de caixa hipottico mensal, ao qual se aplicou o
modelo de caixa de Miller-Orr.
Mesmo com suas limitaes, fator inerente a
qualquer modelo, a proposta de Miller-Orr pode
auxiliar os gestores financeiros a melhor
administrar o caixa da empresa. Dada as
particularidades de cada organizao e os
conceitos desenvolvidos no referencial terico
que abordam os pressupostos do modelo e
aplicaes recomendadas, percebe-se que uma
gesto eficiente de caixa por meio da utilizao
do modelo de Miller-Orr traz melhores resultados
do que uma gesto sem mtodo algum.
A partir do exemplo proposto, novas simulaes
podero ser feitas, a fim de se avaliar os efeitos
na rentabilidade dos recursos. Considerando-se
as mesmas entradas e sadas de caixa, mas
alterando o limite inferior, novos resultados sero
descobertos. Ao reduzir, por exemplo, o valor de
LI (limite inferior), automaticamente pelas
equaes apresentadas, o LS (limite superior) se
reduzir. Isso pode provocar a ocorrncia de um
nmero maior de investimentos e uma maior
rentabilidade dos recursos financeiros. Porm, os
custos de transao tambm sero maiores.
Se o parmetro a sofrer alterao for a taxa de
juros, o resultado do custo de oportunidade
tambm se altera. Neste caso torna-se
interessante analisar essa oscilao e tal
simulao pode ser apresentada como uma nova
proposta de artigo. Em linhas gerais, espera-se
que uma reduo na taxa possa inibir a
atratividade dos investimentos, visto o custo de
Figura 3 - Comportamento do fluxo de caixa para a simulao proposta sem utilizao de nenhum modelo
Breno Augusto de Oliveira SILVA / Srgio Guimares NOGUEIRA Krem Cristina de Sousa RIBEIRO
FACEF Pesquisa: Desenvolvimento e Gesto, v.15, n.2 - p.224-233 mai/jun/jul/ago 2012 233
transao. Por outro lado, um aumento na taxa
trar ganhos ainda maiores para a empresa.
Para qualquer realidade organizacional, o modelo
de Miller-Orr mostra-se como uma ferramenta de
grande utilidade para os administradores
financeiros. Uma gesto eficiente do caixa
permite que a tomada de deciso a respeito do
saldo ideal a ser mantido em caixa seja realizada
para buscar reduzir eventuais custos de
oportunidade e de transao e maximizar o
retorno sobre os recursos financeiros da empresa.
REFERNCIAS
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