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ISSN 1679-2645
Federação daS INdúStrIaS do eStado da BahIa SIStema FIeB
Bahia
aNo XXIII Nº 244 2016
Gestão positiva
Um bom clima organizacional e práticas modernas podem evitar o assédio moral nas empresas
eDitoRiaL
Três reportagens desta edição da Bahia Indústria chamam atenção
pelo que elas têm em comum: o desafio da inovação. A primeira
trata de projeto de iniciação científica de três estudantes do Ebep,
o ensino médio do SESI, que propõe uma solução ecologicamente
correta aplicada à agricultura: o bioplástico, produzido a partir da
fécula de mandioca.
A segunda traz uma solução tecnológica, também com aplicação
na agroindústria, dentro daquilo que se convencionou chamar In-
dústria 4.0. E a terceira reportagem aborda a adoção de novos con-
ceitos de gestão para evitar o assédio moral nas empresas, prática
que não apenas afeta o indivíduo vítima da ação, como a própria
organização e seus resultados em produtividade e desempenho.
No projeto do bioplástico é louvável a proposta de estimular jo-
vens estudantes a pensar soluções inovadoras que podem vir a ter
grande impacto na sociedade. Mais louvável ainda é a iniciativa da
Escola Djalma Pessoa de introduzir, ainda no ensino médio, a ini-
ciação científica como disciplina complementar ao currículo, esti-
mulando nos adolescentes o gosto pela investigação e pela ciência.
Na pesquisa, coordenada pelo professor Fernando Moutinho, a
ideia é substituir o plástico produzido com derivados do petróleo
por um biodegradável que, além de se decompor após 60 dias,
também pode levar nutrientes à planta e corrigir o ph do solo de
plantio.
Na proposta sobre a Indústria 4.0, a reportagem traz um exem-
plo de iniciativa que materializa a utilização da conectividade na
gestão da produção, a partir de um sistema integrado para monito-
ramento de clima, irrigação e prevenção de pragas em área plan-
tada. A experiência desmistifica a ideia de que inovar exige gran-
de aporte de recursos e mostra que mesmo as pequenas empresas
estão em condições de fazer apostas em soluções tecnológicas de
custo moderado.
E por fim, a abordagem sobre o assédio moral no ambiente em-
presarial, que pode ser evitado se adotadas práticas modernas de
gestão. A reportagem mostra, principalmente, que implantar uma
gestão positiva, capacitar seus líderes e passar uma mensagem
clara sobre o comportamento ético de seus profissionais pode se
traduzir em bons resultados.
O presidente da Associação Brasileira de Recursos humanos,
Secção Bahia, Cezar Almeida, acrescenta ainda que com a evolu-
ção tecnológica, as empresas estão migrando de um modelo me-
canicista para o orgânico, em que todas as partes de uma empresa
trabalham por meio de sistemas interligados, onde o que as faz
girar é a confiança, e onde há confiança, não há espaço para o as-
sédio moral.
Edição traz reportagem sobre experiência da Indústria 4.0 que desmistifica a ideia de que inovar exige grande aporte de recursos e mostra que mesmo as pequenas empresas podem apostar em soluções tecnológicas de custo moderado
Shutt
ErSto
ck
As diversas formas de inovar
4 Bahia Indústria
SindicatoS filiadoS à fiEBSindicato da indúStria do açúcar e do Álcool no eStado da Bahia, [email protected] / Sindicato da indúStria de Fiação e
tecelagem no eStado da Bahia, [email protected] / Sindicato da indúStria do taBaco no eStado da Bahia, [email protected] / Sindicato da indúStria do curtimento de couroS e PeleS no eStado da Bahia, [email protected] / Sindicato da indúStria
do VeStuÁrio de SalVador, lauro de FreitaS, SimõeS Filho, candeiaS, camaçari, diaS d’ÁVila e Santo amaro, [email protected] /
Sindicato daS indúStriaS grÁFicaS do eStado da Bahia, [email protected] / Sindicato da indúStria de extração de ÓleoS VegetaiS
e animaiS e de ProdutoS de cacau e BalaS no eStado da Bahia, [email protected] / Sindicato da indúStria da cerVeja e de BeBi-
daS em geral no eStado da Bahia, [email protected] / Sindicato daS indúStriaS do PaPel, celuloSe, PaPelão, PaSta de madeira
Para PaPel e arteFatoS de PaPel e PaPelão no eStado da Bahia, [email protected] / Sindicato daS indúStriaS do trigo, milho,
mandioca e de maSSaS alimentíciaS e de BiScoitoS no eStado da Bahia, [email protected] / Sindicato da indúStria de minera-
ção de calcÁrio, cal e geSSo do eStado da Bahia, [email protected] / Sindicato da indúStria da conStrução do eStado da Bahia,
[email protected] / Sindicato da indúStria de calçadoS, SeuS comPonenteS e arteFatoS no eStado da Bahia, [email protected] / Sindicato daS indúStriaS metalúrgicaS, mecânicaS e de material elétrico do eStado da Bahia, [email protected] / Sindicato daS indúStriaS de cerâmica e olaria do eStado da Bahia, [email protected] / Sindicato daS indúStriaS de SaBõeS,
detergenteS e ProdutoS de limPeza em geral e VelaS do eStado da Bahia, [email protected] / Sindicato daS indúStriaS
de SerrariaS, carPintariaS, tanoariaS e marcenariaS de SalVador, SimõeS Filho, lauro de FreitaS, camaçari, diaS d’ÁVila, Sto.
antônio de jeSuS, Feira de Santana e Valença, [email protected] / Sindicato daS indúStriaS de FiBraS VegetaiS no eStado da
Bahia, [email protected] / Sindicato da indúStria de PaniFicação e conFeitaria da cidade do SalVador, [email protected]
/ Sindicato da indúStria de ProdutoS QuímicoS, PetroQuímicoS e reSinaS SintéticaS do eStado da Bahia, [email protected] /
Sindicato da indúStria de material PlÁStico do eStado da Bahia, [email protected] / Sindicato da indúStria de Produ-
toS de cimento no eStado da Bahia, [email protected] / Sindicato da indúStria de mineração de Pedra Britada do eStado da
Bahia, [email protected] / Sindicato daS indúStriaS de ProdutoS QuímicoS Para FinS induStriaiS e de ProdutoS FarmacêuticoS
do eStado da Bahia, [email protected] / Sindicato da indúStria de mÁrmoreS, granitoS e SimilareS do eStado da Bahia, [email protected] / Sindicato da indúStria alimentar de congeladoS, SorVeteS, SucoS, concentradoS e lioFilizadoS do eStado da
Bahia, [email protected] / Sindicato da indúStria de carneS e deriVadoS do eStado da Bahia, [email protected] / Sindicato
da indúStria do VeStuÁrio da região de Feira de Santana, [email protected] / Sindicato da indúStria do moBiliÁrio do eS-
tado da Bahia, [email protected] / Sindicato da indúStria de reFrigeração, aQuecimento e tratamento de ar do eStado da Bahia,
[email protected] / Sindicato daS indúStriaS de conStrução ciVil de itaBuna e ilhéuS, [email protected] / Sindicato daS
indúStriaS de caFé do eStado da Bahia, [email protected] / Sindicato daS indúStriaS de laticínioS e ProdutoS deriVadoS do eS-
tado da Bahia, [email protected] / Sindicato daS indúStriaS de aParelhoS elétricoS, eletrônicoS, comPutadoreS, inFormÁtica
e SimilareS doS municíPioS de ilhéuS e itaBuna, [email protected] / Sindicato daS indúStriaS de conStrução de SiStemaS de tele-
comunicaçõeS do eStado da Bahia, [email protected] / Sindicato daS indúStriaS metalúrgicaS, mecânicaS e de material
elétrico de Feira de Santana, [email protected] / Sindicato daS indúStriaS de reParação de VeículoS e aceSSÓrioS do eS-
tado da Bahia, [email protected] / Sindicato nacional da indúStria de comPonenteS Para VeículoS automotoreS, [email protected] / Sindicato daS indúStriaS de FiBraS VegetaiS no eStado da Bahia, [email protected] / Sindicato
daS indúStriaS de coSméticoS e de PerFumaria do eStado da Bahia, [email protected] / Sindicato daS indúStriaS de arteFa-
toS de PlÁSticoS, BorrachaS, têxteiS, ProdutoS médicoS hoSPitalareS, [email protected] / Sindicato Patronal daS indúStriaS
de cerâmicaS VermelhaS e BrancaS Para conStrução e olariaS da região SudoeSte e oeSte da Bahia [email protected] Sindicato
da indúStria de aduBoS e corretiVoS agrícolaS do nordeSte (Siacan) [email protected] / Sindicato nacional da indúStria da
conStrução e reParação naVal e oFFShore (SinaVal) [email protected] / Sindicato daS indúStriaS de PaniFicação e conFeitaria
do eStado da Bahia, [email protected]
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Alexandre Furlan
fala sobre
modernização
das leis do
trabalho
Mais flexibilidade
Estudantes do Ebep desenvolvem
projeto pioneiro que utiliza a fécula
de mandioca para produzir
bioplástico para aplicação no
agronegócio
iniciação científica na escola
A novas unidades integradas do
Sistema FIEB em Luís Eduardo
Magalhães e Barreiras passam a
oferecer serviços do SESI, SENAI, IEL
e CIEB na região
Unidades integradas na região oeste
sumáRio
14
Ilustração bamboo nº 244 jul/ago.2016
6
Prevenir a prática
de assédio moral é
prioridade nas
empresas que
seguem as mais
modernas
práticas de gestão
aMbiente corporativo
16
22
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6 Bahia Indústria
entRevista AlexAndre FurlAn
Os direitos do trabalhador estão em patamar constitucional, não temos como suprimi-los
A recuperação da competitividade da econo-
mia brasileira passa pela modernização das
normas de trabalho. Segundo o presiden-
te do Conselho de Relações do Trabalho da
Confederação Nacional da Indústria (CNI), Alexandre
Furlan, dar segurança e liberdade para empresas e
trabalhadores negociarem rotinas e formas de atua-
ção profissional é avanço fundamental e não repre-
senta retrocesso nas conquistas trabalhistas do país.
Para ele, o debate no Brasil deve se pautar pela busca
do equilíbrio entre competitividade e produtividade
das empresas com a devida proteção do trabalhador,
a exemplo de reformas trabalhistas feitas por países
da União Europeia.
De que forma a lei trabalhista brasileira, que com-
pleta 73 anos em 2016, impacta a competitividade da
economia brasileira? O que precisa ser feito?
Temos uma visão clara da necessidade de moder-
nização da legislação trabalhista brasileira. As regras
estão desatualizadas diante das novas necessidades
de empresas e trabalhadores, decorrentes do avanço
tecnológico, e seu efeito no mundo do trabalho. A le-
gislação deveria ter acompanhado a evolução, na me-
dida em que estabeleceu a proteção
dos direitos do trabalhador – o que
é extremamente necessário – mas
ela parou no tempo. O que temos,
então, é uma Consolidação das
Leis do Trabalho (CLT) que busca
adaptar a realidade a ela, quando
deveríamos ter uma CLT que pro-
cura se adequar aos novos tempos.
Um caminho seria dar segurança e
liberdade para a negociação cole-
tiva? qual seria o papel da Justiça
do Trabalho?
A Justiça estaria lá para coibir
negociações coletivas que frau-
dassem dispositivos legais. Mas,
sem sombra de dúvida, a partir do
momento em que o Brasil observou
um amadurecimento do sindicalis-
mo, seja do lado do trabalhador, se-
ja do patronal, é claro que a nego-
ciação coletiva deveria se sobrepor
àqueles aspectos da lei que estão
ultrapassados. O Brasil é um país
extremamente heterogêneo e isso
tem enorme impacto nas relações
de trabalho. Uma indústria insta-
lada no Nordeste convive com um
contexto totalmente distinto de ou-
tra instalada no ABC de São Paulo.
E quem tem as melhores condições
de ajustar as rotinas e as relações
do trabalho são as empresas com
Bahia Indústria 7
JoSé PAuLo PAES/cNI
seus trabalhadores, sempre com
respeito à legislação.
Dentro de uma eventual reforma
trabalhista, a valorização da ne-
gociação coletiva é o avanço mais
factível de todos os avanços ne-
cessários nessa área?
Sem dúvida. Além de estar pre-
visto na Constituição, a partir do
momento que houver uma sinali-
zação de que haverá respeito à nor-
ma de autotutela, principalmente
por parte do Tribunal Superior do
Trabalho, àquilo que as partes ne-
gociaram livremente, teremos um
avanço bastante grande. hoje isso
não é realidade justamente por
causa da insegurança jurídica. O
que acontece é que, mesmo quan-
do uma empresa e um sindicato
firmam um acordo com amparo na
lei, essa negociação é cancelada
por força de uma decisão judicial.
que cláusulas, por exemplo?
Um dos casos é o de uma em-
presa instalada no interior em que
é firmado um acordo para forne-
cer transporte àqueles trabalha-
dores que moram em áreas não
servidas pelo transporte público.
Isso é bom para a empresa, por-
que assegura o comparecimento
do seu trabalhador, e bom para o
empregado, que tem o conforto de
um transporte para chegar em sua
casa. Mas aí vem uma ação civil
pública e o tribunal entende que
o tempo passado na condução for-
necida pela empresa deve ser con-
tado como hora in itinere (em traje-
to) e computado em sua jornada de
trabalho como hora extra. Ou seja,
essa cláusula nunca mais entrará
em uma negociação coletiva.
Algumas centrais sindicais têm di-
to que negociar cláusulas como a
adoção de rotinas mais flexíveis ou de local de tra-
balho são um retrocesso trabalhista. Como o senhor
avalia essas colocações?
Retrocesso na legislação trabalhista seria supres-
são efetiva de direitos do trabalhador. Todos os direi-
tos do trabalhador estão em patamar constitucional
(férias, 13º salário, FGTS, INSS, jornada de trabalho),
não temos como suprimi-los. Quando falamos de mo-
dernizar e flexibilizar, estamos defendendo relações
do trabalho que não estão expressamente descritas
numa legislação de 73 anos. Diminuir um intervalo
intrajornada para compensar no fim do expediente,
permitindo que uma pessoa evite trânsito ou possa
buscar o filho na escola não pode ser entendido como
um retrocesso. São necessidades que variam de acor-
do com a região e que deveriam ser negociadas.
E por que não se consegue ter segurança para se
negociar cláusulas como essas?
O fator principal de nossa não evolução é que, to-
da vez que se busca discutir a modernização das re-
lações do trabalho no Brasil, enfrentamos o debate
ideológico do “capitalista explorador” contra “traba-
lhador explorado”. Esse tipo de conversa não combi-
na com o século XXI. Para quem tem que competir e
produzir num mercado global, é preciso pensar em
mudanças numa legislação que tem amarras indiscu-
tíveis para as empresas e trabalhadores exercerem o
direito de negociar livremente.
Como experiências de outros países, que reformaram
suas leis trabalhistas para melhorar a competitivida-
de da economia, podem ensinar ao brasil?
Ensinam que aquilo que estamos defendendo há
muito tempo é verdade, que tem fundamento. Mostra
que aqueles que se opõem à modernização das rela-
ções do trabalho estão atrasando o desenvolvimento
do nosso país. Dizemos que a Europa, por exemplo,
está na nossa frente, que ela enxergou a necessidade
dessas mudanças buscando equilibrar a proteção do
trabalhador com a competitividade e a produtivida-
de de suas empresas. Então, por que nós, que somos
um país em desenvolvimento, vamos seguir aqueles
modelos antigos que todos estão abandonando? Será
que todo mundo está andando na contramão da his-
tória e só o Brasil e uns poucos países que adotam o
protecionismo exacerbado estão certos? Eu acredito
que não. A nossa agenda não é uma agenda corpora-
tiva, é uma agenda para o Brasil. [bi]
Liberdade para negociação não é retrocessoPresidente do conselho de relações do trabalho da cNI afirma que modernizar as normas trabalhistas é fundamental para que as empresas possam competir
AGÊNCIA CNI DE NOTÍCIAS
8 Bahia Indústria
FotoS urBINo BrIto/coPErPhoto/SIStEMA FIEB
Movimentar mais de R$ 24
milhões em negócios fu-
turos entre empresas do
extremo-sul do estado. Esta é a
expectativa dos participantes da
rodada de negócios realizada no
evento LiderAção, promovido pela
Veracel Celulose, Instituto Euval-
do Lodi (IEL-BA) e Associação Em-
presarial Pró-Desenvolvimentista
do Extremo-Sul da Bahia (Pro-
den), nos dias 30 de junho e 1º de
julho, no município de Eunápolis.
há mais de 57 anos no merca-
do, a Expresso Nepomuceno já
transformou em realidade a ex-
pectativa gerada com o LiderAção.
A empresa teve mais de 20 encon-
tros de negócios durante o evento
e, deste total, 50% resultaram em
acordos comerciais. “Alguns for-
necedores já estão realizando ser-
viços. Fechamos acordos na área
de manutenção de equipamentos,
mecânica, elétrica, por exemplo”,
explica o gerente administrativo
da divisão florestal da empresa,
Emerson de Oliveira.
A 2Tree Consultoria, que atua há
cinco anos no mercado com certifi-
cação florestal e serviços técnicos
ambientais, também participou do
evento. A gerente institucional da
empresa, Gerlen Barbosa, avaliou
como positivo o contato com ou-
tras empresas e a possibilidade de
ouvir suas demandas. “Pudemos
conhecer demandas de algumas
empresas da região e, a partir dis-
so, podemos ampliar nosso escopo
de atuação”, disse.
Mais de 120 empresas, entre
Negócios à vistaEvento promovido pela Veracel, IEL e Proden estimulou a geração de negócios em Eunápolis
Rodadas de
negócios e
palestras
marcaram o
LiderAção,
realizado em
Eunápolis
de negócios a partir dos achados
desta iniciativa”, defende o pre-
sidente da Veracel, Sérgio Alípio.
Além de criar um ambiente fa-
vorável para estimular negócios, o
superintendente do IEL-BA, Evan-
dro Mazo, também ressalta outro
aspecto importante do evento, o
de sensibilizar as empresas par-
ticipantes para a importância da
qualificação. “A partir do momen-
to em que as empresas percebem
que estão aquém dos critérios
exigidos pelas grandes organi-
zações, elas se conscientizam da
necessidade da qualificação. Mui-
tas percebem que é preciso se de-
senvolver para melhor atender às
necessidades do mercado e gerar
mais negócios”, pontuou Mazo.
tRoca De eXpeRiÊnciasAlém da rodada de negócios, o Li-
derAção também contou com pa-
lestras, seminários, exposição de
produtos e serviços e rodada cré-
dito. A programação diversificada
levou informação aos participan-
tes, contribuindo para a capacita-
ção de lideranças da região.
“O LiderAção acaba se consti-
tuindo em um Fórum Empresarial,
um ponto de convergência de em-
presas e instituições representa-
tivas do empresariado, como IEL
e FIEB. A continuidade do evento
talvez seja o grande segredo para
a multiplicação dos seus resulta-
dos”, destaca o presidente da Pro-
den, Leandro Mosello.
Os participantes também pu-
deram conhecer o case de sucesso
da Avatim – Cheiros da Terra, in-
dústria de aromas e cosméticos. A
história da empresa foi comparti-
lhada pela fundadora e diretora
Mônica Burgos, que falou sobre a
trajetória de crescimento da em-
presa em todo o Brasil. [bi]
compradores e fornecedores, par-
ticiparam da rodada de negócios
nos dois dias do evento, que teve
como objetivo estimular a gera-
ção de negócios e fomentar o net-
-working entre empresas, fortale-
cendo a cadeia de suprimentos e a
economia local.
“Empresas, poder público,
instituições de apoio ao empre-
sariado e de crédito podem criar
estratégias para sanar lacunas de
competitividade e gerar qualifi-
cação de fornecedores, capacita-
ção profissional e oportunidades
circuito
Bahia Indústria 9
por cleber borges
“As novAs tecnologiAs estão AcelerAndo As mudAnçAs nA nAturezA do trAbAlho: Até 2020, quAse metAde dAs profissões podem ser AfetAdAs pelos AvAnços dA robóticA”Klaus Schwab, engenheiro e economista alemão, presidente do Fórum Econômico Mundial, autor do livro A Quarta Revolução Industrial
brasileiro condena qualidade do serviço públicoSete em cada dez brasileiros acham que a baixa qualidade dos serviços públicos se
deve mais à má gestão dos recursos do que à falta deles. Pesquisa realizada pela
Confederação Nacional da Indústria mostra que 81% dos brasileiros acreditam que o
governo já arrecada muito e não precisa aumentar os impostos para melhorar os
serviços públicos. Para 84% das pessoas os impostos no Brasil são elevados ou muito
elevados e 73% são contra o retorno da Contribuição Provisória sobre Movimentação
Financeira (CPMF). Para 80% dos entrevistados, o governo deve reduzir as despesas
atuais para diminuir os déficits orçamentários. A conclusão é que a população não
quer pagar mais impostos e continuar tendo serviços de má qualidade.
CNI prevê recuperação em 2017Não há, no horizonte próximo,
sinais de uma mudança no
cenário econômico negativo,
verificado desde o ano passado.
Neste ano, o PIB do Brasil
encolherá 3,5% e o PIB industrial
cairá 5,4%. As estimativas são da
Confederação Nacional da
Indústria (CNI). De acordo com a
entidade, os investimentos
recuarão 13,9% em 2016. A
ociosidade do parque produtivo é
recorde para o período recente, o
custo e disponibilidade de
financiamento não favorecem a
retomada de projetos e a confiança
dos empresários ainda é baixa. A
expectativa é que a economia
deverá voltar a crescer somente no
segundo semestre de 2017.
Inflação fecha o ano em 7,3%A inflação de 2016 chegará a 7,3%.
Mesmo mostrando indícios de
moderação, a inflação ainda
permanece muito acima da meta
central estabelecida pelo
Conselho Monetário Nacional (de
4,5%). E a taxa de juros real vem
subindo sucessivamente desde
janeiro de 2016. De lá para cá,
aumentou 1,3 ponto percentual e
atingiu 7,8% a.a. em junho,
devendo recuar lenta e
paulatinamente até o final do ano.
Já a taxa de câmbio real/dólar
segue em trajetória de queda. A
cotação média do real em relação à
moeda norte-americana registrou
seis meses consecutivos de queda,
passando de R$ 4,05 em janeiro
para próximo de R$ 3,30 em julho.
A estimativa, diante do atual
quadro, é que a taxa de câmbio
média de 2016 fique em R$ 3,48.
Desemprego tende a aumentarEm relação ao desemprego, a taxa anual deve
fechar 2016 em 11,5% da população
economicamente ativa. Os primeiros cinco meses
deste ano confirmam o cenário de deterioração no
mercado de trabalho. O desemprego ultrapassou
os dois dígitos ainda no primeiro bimestre e segue
em trajetória de alta. Consequentemente, o
consumo das famílias diminuirá 4,8%.
10 Bahia Indústria
sindicatos
tendências para o mercado de café são apresentadas na fieb
boa prática baiana é destaque em encontro na FIERN A convite da Confederação
Nacional da Indústria (CNI) e da
Federação das Indústrias do
Estado do Rio Grande do Norte
(FIERN), o presidente do
Sindicato da Indústria de
Produtos de Cimento no Estado
da Bahia (Sinprocim-BA), José
Carlos Telles Soares, participou
de um Bate-papo Sindical sobre
Defesa de Interesses, no dia
12.07, em Natal. O dirigente
sindical compartilhou a boa
prática do sindicato que resultou
em conquista de benefício fiscal
para o setor de produtos pré-
fabricados de cimento. Ele
enfatizou a importância do
acompanhamento das ações dos
órgãos públicos para buscar
formas de viabilizar a indústria
local, sobretudo em momentos
de crise.
Sede do Sinduscon-bA recebe certificado IPTU Verde O Sinduscon-BA recebeu o
certificado do IPTU Verde, pela
utilização de ações e práticas
sustentáveis na construção da
sede do sindicato. Trata-se de um
incentivo da Prefeitura de
Salvador, que oferece descontos
no imposto, para estimular
empreendimentos imobiliários a
realizarem tais práticas em suas
construções. “Este certificado
representa o esforço do sindicato
na construção da sede, pois
procuramos trazer diversos
atributos que servissem de
exemplo para o mercado”, afirma
o presidente do Sinduscon-BA,
Carlos Henrique Passos.
O diretor
executivo
da AbIC
apresentou
a pesquisa
O consumo de café no Brasil deve crescer, em média, 2,8% ao ano até
2019. É o que aponta pesquisa apresentada pelo diretor executivo da
Associação Brasileira da Indústria do Café (ABIC), Nathan
Herszkowicz, durante a reunião regional conjunta com o Sindicato das
Indústrias de Café do Estado da Bahia (Sincafé), no dia 14.07.
Além do levantamento, que indica as tendências no mercado de café no
Brasil, o encontro também discutiu aumento dos custos com a matéria-
prima. “O encolhimento da oferta da matéria-prima, provocado pela
seca aqui na Bahia e por problemas na safra em outros estados
produtores, é uma das preocupações dos empresários”, pontuou o
presidente do Sincafé-BA, Antônio Roberto de Almeida.
Sindicer quer ampliar aproximação com ceramistas Aproximar o sindicato das empresas do interior está entre as
prioridades da nova diretoria do Sindicato das Indústrias de
Cerâmica (Sindicer), eleita para mandato até 2019. “Estamos
realizando visitas, conscientizando os ceramistas da importância
de trabalharmos juntos para um resultado cada vez melhor para a
indústria cerâmica”, afirma o presidente Jamilton Nunes. Além de
destacar a importância do associativismo, o sindicato sensibiliza
os empresários para a regularização ambiental. A nova gestão
também busca a aproximação com as universidades e a ampliação
das ações de comunicação.
ANGELo PoNtES/coPErPhoto/SIStEMA FIEB
Bahia Indústria 11
Presidentes de 14 sindicatos de
bebidas de todo o país reuniram-
se na Federação das Indústrias de
Minas Gerais (FIEMG), em junho,
para o 2º Intercâmbio de
Lideranças Setoriais da Indústria
de Bebidas, ação do Programa de
Desenvolvimento Associativo
(PDA), da CNI. No encontro, os
presidentes participantes
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A importância da comunicação
para a imagem de uma
organização e a necessidade de se
desenvolver um bom
relacionamento com a imprensa
foram alguns dos assuntos
discutidos, em junho, na Oficina
Media Training, realizada na FIEB,
como parte das ações do PDA.
Ministrada pela consultora
relacionamento com a imprensa
Consultora da CNI realizou atividades práticas durante a oficina
sindcerbe participa de encontro setorial em Mg
Iniciativa busca estreitar relacionamento entre líderes empresariais
FIEMG/DIVuLGAção
Sindifite orienta empresários para processo de exportação O Sindicato da Indústria de Fiação e Tecelagem
(Sindifite) promoveu, em junho, encontro entre
empresários do segmento e a equipe do Centro
Internacional de Negócios (CIN/FIEB) com a
finalidade de apresentar o Programa de
Competitividade para Internacionalização. “É
importante para o setor têxtil, em especial as
micro, pequenas e médias empresas, ter apoio
para se estruturar para a exportação”, disse o
presidente do Sindifite, Eduardo Catharino
Gordilho.
Sindicatos orientam sobre fiscalização trabalhista Para discutir o conjunto de normas,
procedimentos e documentos relacionados à
fiscalização trabalhista e às boas práticas no
atendimento ao fiscal do trabalho, a FIEB
levou a Vitória da Conquista, em junho, mais
uma turma do curso Como atender a
fiscalização do trabalho?. A iniciativa ocorreu
em parceria com Sinprocim-BA, Simagran-BA
e Sindiplasba.
O Sinprocim aproveitou a oportunidade para
realizar uma reunião itinerante, com o objetivo
de aproximar o sindicato das demandas das
indústrias da região e disseminar ações para
capacitação das empresas.
Incentivos podem reduzir crise no setor, diz Sindaçúcar A Bahia produz cerca de 20% do etanol e de
5% do açúcar que consome. De acordo com o
Sindicato da Indústria do Açúcar e do Álcool
(Sindaçúcar-BA), criar e ampliar incentivos
fiscais para a indústria sucroalcooleira, que
demanda por altos investimentos, é uma das
alternativas para ampliar a produção de etanol
e açúcar no estado. “É preciso um esforço
conjunto dos produtores com o governo
estadual no sentido de ampliar a área irrigada
para fazer face aos longos períodos de seca”,
afirmou Luiz Queiroga, presidente do
Sindaçúcar, reeleito para mandato até 2019.
Adriane Lorenzon, a oficina teve o
objetivo de aperfeiçoar o
desempenho de líderes sindicais
no relacionamento com a
imprensa. As dinâmicas dos
veículos de comunicação e o uso
da linguagem mais adequada às
especificidades de jornais, rádios,
TVs e sites, também foram
apresentados.
conheceram boas práticas do setor
e reavaliaram os desafios e
propostas definidas no 1º
Intercâmbio, realizado em 2015. “O
contato com outros presidentes e a
formação desta rede colaborativa
são muito valiosos”, avaliou o
presidente do Sindcerbe-BA,
Jefferson Noya, que participou do
encontro, pelo segundo ano.
12 Bahia Indústria
por CArOlINA MENDONçA
INDÚSTRIA 4.0 é REALIDADE NO SENAIProjetos de inovação para a indústria, com alta conectividade entre várias tecnologias, são desenvolvidos no cimatec
Bahia Indústria 13
Considerada por muitos co-
mo a quarta revolução in-
dustrial, uma nova fase de
produção da manufatura
começa a ganhar contornos do que
antes eram apenas cenas de ficção
científica. Máquinas que se comu-
nicam com máquinas, com com-
ponentes, com trabalhadores e
todos eles se interconectando com
a internet. Este é o cenário da In-
dústria 4.0, no qual está previsto o
uso de tecnologias como: Internet
das Coisas (IoT), big data, sistemas
cyber-físicos, entre outros.
Se a indústria brasileira ainda
está se familiarizando com a di-
gitalização e com os impactos que
ela pode ter sobre a competitivi-
dade, na Bahia a maior parte dos
segmentos está longe das formas
“inteligentes” de produzir. Porém,
a realização de projetos ousados,
com o apoio do SENAI Cimatec,
mostra que este novo “chão de
fábrica” já é realidade para quem
está investindo nas novas tecnolo-
gias e modelos de negócio.
Depois de ver o pai passar por
perdas na lavoura de café, o enge-
nheiro mecânico Matheus Ladeia
resolveu iniciar a criação de um
dispositivo que coleta e envia in-
formações ao produtor ajudando-
-o a tomar decisões sobre irriga-
ção, podas e adubações, além de
fornecer indicativos de pragas e
doenças no talhão.
O projeto foi selecionado pelo
Startup Brasil – Programa Nacio-
nal de Aceleração de Startups, o
que possibilitou o desenvolvimen-
to de parte das tecnologias no Ci-
matec, assim como o acompanha-
mento do modelo de negócio pelo
Núcleo de Empreendedorismo
do Centro Tecnológico do SENAI.
Com o apoio de um fundo de in-
vestimentos, o Dr Farm abriu para
pré-vendas e deve estar disponível
no mercado no início de 2017.
O Dr Farm está baseado em qua-
tro elementos: os dados são cole-
tados por cápsulas com sensores,
codificados e transmitidos por um
gateway de processamento e envia-
dos para um sistema web e mobile
direto da fazenda, utilizando sinal
de telefone ou de internet. Estes
podem ser acessados por um apli-
cativo no smartphone. “O sistema
também emite alertas de onde irão
surgir focos de pragas e doenças.
Desta forma, o produtor tem um
panorama geral das necessidades,
aumentando a produtividade com
menos custos”, conta Ladeia, um
dos sócios do negócio.
pequenas empResasPara o gerente do Instituto SENAI
de Inovação (ISI) em Automação,
herman Lepikson, o projeto é um
bom exemplo de que produtos de-
safiadores podem ser criados na
Bahia, sem altos investimentos
financeiros. “As empresas de pe-
queno porte podem participar de
editais de fomento e programas
Manufatura
avançada
prevê sistemas
inteligentes
e conectados
a favor da
produtividade
Elementos-chave da Indústria 4.0» Uso, em escala industrial, de sistemas de automação associados a sistemas cyber-físicos (elementos computacionais aplicados a controles de objetos físicos)
» Uso das tecnologias de automação digital com ou sem sensores, manufatura aditiva (3D) e coleta, processamento e análise de grandes quantidades de dados (big data)
» Internet das Coisas (combinação de bens físicos e tecnologias digitais) em todos os campos da economia
para acelerar suas ideias inova-
doras. E os grandes empresários
precisam enxergar que, sem in-
vestimento em novas tecnologias
e processos, irão ficar para trás”,
afirma.
Na opinão de Lepikson, a ideia
de que as indústrias serão am-
bientes “inabitados”, funcionando
sem trabalhadores, é uma utopia.
Mas ele acredita que será possível
dar autonomia a uma série de pro-
cessos liderados pela inteligência
computacional e a capacidade de
interação entre as tecnologias uti-
lizadas.
A CNI lançou, em abril deste
ano, o relatório da primeira pes-
quisa nacional sobre a adoção de
tecnologias digitais relacionadas
à era da manufatura avançada,
a chamada Indústria 4.0. A Son-
dagem Especial Indústria 4.0 foi
realizada com 2.225 empresas de
todos os portes e trouxe dados
sobre a integração digital das di-
ferentes etapas da cadeia de valor
dos produtos industriais, desde o
desenvolvimento até o uso.
A pesquisa revelou que 48%
das empresas consultadas utili-
zam, pelo menos, uma das dez
tecnologias digitais listadas no es-
tudo, como automação digital sem
sensores; prototipagem rápida ou
impressão 3D; utilização de servi-
ços em nuvem associados ao pro-
duto ou incorporação de serviços
digitais nos produtos.
O estudo aponta que o Brasil,
apesar de atrasado nesta “revolu-
ção”, pode alcançar um bom pata-
mar de competitividade desde que
se acelere os investimentos. “O es-
forço de digitalização precisa ser
realizado, simultaneamente, em
todas as dimensões”, afirma o ge-
rente de Pesquisa e Competitivida-
de da CNI, Renato da Fonseca. [bi]
Shutt
ErSto
ck
.
-
-
14 Bahia Indústria
Um plástico biodegradável, proveniente de
uma fonte renovável e regional. Foi com esse
projeto que as estudantes Aline Costa, Anan-
da Lima e Camila Pires, alunas da Escola
SESI Djalma Pessoa, foram premiadas na Feira Brasi-
leira de Ciências e Engenharia (Febrace), promovida
pela Universidade de São Paulo (USP). O projeto do
bioplástico foi escolhido o melhor da Bahia e assegu-
rou às estudantes uma bolsa de Iniciação Cientifica
Júnior (ICJ), concedida pelo Conselho Nacional de De-
senvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
Concorrendo com cerca de três mil projetos, a pro-
posta apresentada pelas meninas foi uma das 170 ini-
ciativas premiadas. O projeto mostra a viabilidade de
se utilizar o amido de mandioca como matéria-prima
para produzir o bioplástico, um polímero natural de
baixo custo, de fácil acesso e com facilidade de bio-
degradação.
Orientado pelo professor-pesquisador Fernando
Moutinho, o projeto foi desenvolvido em etapas, que
incluiu capacitação em técnicas de laboratório, co-
por PATrÍCIA MOrEIrA E DéCIO ESquIvEl
Ciência na escola
Alunas do programa de Iniciação científica Júnior do SESI, conquistam bolsa de pesquisa do cNPQ
Politécnica na Universidade de
São Paulo, a Febrace.
Para a diretora da Escola Djal-
ma Pessoa, Cristina Silva Andra-
de, a conquista é um reconhe-
cimento e um estímulo. “A pre-
miação evidencia que é possível
inserir os estudantes do ensino
médio em projetos de iniciação
científica. O resultado qualifica
o trabalho desenvolvido pelo nú-
cleo de pesquisa da escola e, con-
sequentemente, pela Rede SESI de
Educação”, pontua.
Desde o início da pesquisa,
Ananda Lima Dias, uma das alu-
nas premiadas, teve convicção do
impacto positivo do projeto. “A
partir do momento que entrei no
grupo de pesquisa descobri que
um pequeno passo na área cientí-
nhecimento em normas de segu-
rança e uso de equipamentos de
segurança individual, totalizando
dois anos de trabalho.
“Temos várias áreas de atuação
para que o aluno busque desenvol-
ver artigos ou projetos de iniciação
científica. Quando ele se engaja e
é reconhecido, é muito gratifican-
te, pois ele sabe que pode ir além.
É sensacional para o professor e
fundamental para o estudante”,
orgulha-se o orientador.
ReconhecimentoAo longo destes dois anos, a equi-
pe participou de diversos encon-
tros científicos regionais, até ob-
ter o reconhecimento em um dos
maiores eventos de iniciação cien-
tífica júnior, realizado pela Escola
Bahia Indústria 15
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Ananda, o
professor
Fernando,
Aline e Camila:
o grupo de
pesquisa do
bioplástico
fica pode significar um grande pulo para o futuro”,
relata a estudante.
“Ao chegar na feira, o sentimento foi de dever
cumprido, pois participar de um evento com as pro-
porções da Febrace mostra que todo o esforço valeu a
pena. Saber da premiação foi um daqueles momentos
incríveis em que você percebe que está no caminho
certo, e que este pode ser apenas mais um objetivo
que foi alcançado”, comemora a estudante.
Para as outras duas premiadas, Camila Santana e
Aline Cézar, as horas dedicadas ao laboratório vale-
ram a pena. O aprendizado adquirido, com a possi-
bilidade de dar continuidade à pesquisa iniciada há
dois anos, é a principal conquista. “Fizemos várias
amostras e ainda estamos em fase de teste destas
novas soluções. A bolsa de estudos vai permitir que
a gente continue se dedicando mais ao projeto”, diz
Camila. Aline acredita que a possibilidade de fazer
pesquisa de iniciação científica abriu perspectivas.
“Tenho hoje uma visão mais ampliada em relação
aos estudos”, arrematou.
pLástico BioDeGRaDáveL
O plástico utilizado atualmente no manejo de
mudas de plantas é descartado no meio am-
biente, podendo durar mais de 300 anos para se
decompor na natureza. Com o bioplástico desen-
volvido no projeto, o material pode ser incorpo-
rado à terra, se decompondo no prazo de um a
três meses, sem prejudicar o solo.
O avanço nas pesquisas permitiu que os
estudantes fizessem adaptações no produto de
forma a dar novas propriedades ao bioplásti-
co, como por exemplo, o uso para equilibrar
o ph do solo, que deve ter base neutra para
favorecer o desenvolvimento da muda. Outra
possibilidade que vem sendo experimentada
pela equipe de pesquisa é a de enriquecer o
bioplástico com nutrientes que possam ser re-
vertidos em favor da planta.
O Programa de Iniciação Científica Júnior é
desenvolvido pelo Núcleo de Pesquisa da Es-
cola SESI Djalma Pessoa, que tem como fina-
lidade reunir professores de diferentes áreas e
estudantes que têm interesse em trabalhar com
pesquisa científica no ensino médio. Os proje-
tos são desenvolvidos a partir de problemáticas
atuais e demandas que atendam ao anseio do
mundo moderno e tecnológico, como processos
de produção sustentáveis, e que diminuam im-
pactos ao meio ambiente.
São seis linhas de pesquisa adotadas no Pro-
grama de Iniciação Científica júnior, sendo que
três delas, as de Tecnologias Verdes, Inovações
Tecnológicas e Centro de Memória são as mais
consolidadas. As inciativas envolvem diversas
áreas de conhecimento, como química, física,
matemática, história, geografia, biologia e disci-
plinas das áreas de artes.
“Temos uma oportunidade única de des-
pertar nesses jovens, ainda no ambiente do
ensino médio, o gosto e a curiosidade científi-
ca. Isso abre perspectivas”, arremata o profes-
sor Moutinho. [bi]
16 Bahia Indústria
por PATrÍCIA MOrEIrA
ejamos três situações. Uma exe-
cutiva, recém-contratada, chega
ao novo trabalho com o desafio
de reverter os resultados ruins e
levar a equipe a superar metas
em um prazo exíguo. A equipe
reage com indiferença à nova
contratada e ignora sistematica-
mente as ordens da executiva,
impondo-lhe um isolamento.
Sem condições de trabalho, de-
primida e insegura, a profissio-
nal termina por pedir seu desligamento.
Em outro caso, um empregado sentia-se humi-
lhado com apelidos pejorativos atribuídos por seu
chefe, que também o chamava de incompetente e
burro. Diante do tratamento recorrente do seu su-
perior, ele procurou o setor de recursos humanos
para reclamar e acionou a ouvidoria da empresa.
Sem que tenha sido adotada alguma providência
para por fim às agressões, o profissional acabou
desenvolvendo doenças psicológicas. O caso foi
parar nos tribunais.
O outro caso é o do funcionário de uma agência
bancária que atuava no caixa. Diariamente, ele se
sentia pressionado para que atingisse metas e re-
clamou na Justiça do Trabalho que sua superviso-
ra impunha-lhe cobrança excessiva. Testemunhas
sem conFLitos
Assédio moral nas empresas pode ser combatido com medidas preventivas e adoção de modernas práticas de gestão
Bahia Indústria 17
sem conFLitos
18 Bahia Indústria
saiBa mais
o que é assédio moral?É a exposição de trabalhadores a situações humilhantes, constrangedoras, repetitivas e prolongadas, com o objetivo de afetar sua dignidade e degradar o ambiente de trabalho.
como se configura o assédio no ambiente de trabalho? Ele pode ser praticado de colega para colega ou por um superior hierárquico ou por um colaborador contra seu superior. No caso dos colegas, por meio de ações negativas e ofensivas, que levam a pessoa ao isolamento. Quando praticado por um superior, por meio de abuso de poder, coação, perseguição, uso da força ou ameaças. Fazer fofocas, intrigas, injúrias e insinuações com a intenção de desautorizar um superior, também é praticar assédio moral.
que situações não se configuram como assédio?Cobranças, críticas construtivas e avaliações sobre o trabalho e/ou divergências de opinião específicas, feitas de forma não vexatória são naturais em um ambiente de trabalho e não podem ser confundidas com imposições direcionadas para uma pessoa de modo repetitivo e que comprometam a integridade física, psicológica e a identidade do indivíduo.
quais as consequências para o ambiente profissional?A capacidade de trabalho fica comprometida, com redução da eficiência, alta rotatividade de empregados, aumento dos afastamentos previdenciários por problemas físicos e psicológicos e do risco de processos trabalhistas na Justiça.
ouvidas relataram que o tratamento da supervisora
se dava aos gritos e de forma incisiva, e era especial-
mente direcionada ao reclamante, que alegou que as
cobranças atentavam contra a sua dignidade.
Os três relatos são de processos de denúncia de
assédio moral julgados pela Justiça do Trabalho. O
primeiro, praticado por subalternos em relação a um
superior; o segundo, no sentido inverso. O terceiro,
no entanto, não foi reconhecido como assédio moral
pelo Tribunal trabalhista, que considerou a cobrança
para o atingimento de metas parte da realidade das
empresas em um cenário competitivo.
Por ano, no Brasil, ocorrem mais de três mil de-
núncias de assédio moral. Para que ocorra assédio,
pressupõe-se prática abusiva e frequente. Um com-
portamento isolado ou eventual não configura a prá-
tica, embora possa produzir dano moral. Mas é certo
que o assédio começa com pequenos conflitos mal
resolvidos.
Especialista no tema, o advogado Aurélio Pires
lembra que, juridicamente, não existe no país lei es-
pecífica que caracterize o assédio moral como crime.
há, no entanto, no Congresso Nacional, alguns Pro-
jetos de Lei neste sentido. “Todavia, existem figuras
delituosas, decorrentes do assédio moral, que podem
ser caracterizadas como crime, a exemplo do cons-
trangimento ilegal, crime de calúnia ou difamação e
contra a Organização do Trabalho que podem refletir
coação moral no ambiente de trabalho”, exemplifica
o advogado.
Aurélio Pires
lembra
que há vários
projetos no
Congresso
para tipificar o
assédio moral
ANGELo PoNtES/coPErPhoto/SIStEMA FIEB
Bahia Indústria 19
Pires destaca que a responsabi-
lidade criminal recai normalmen-
te sobre o autor dos procedimentos
delituosos, mas lembra que a posi-
ção dos Tribunais tem geralmente
atribuído a responsabilidade civil
ao empregador – mesmo que o ato
seja praticado por prepostos –, e a
reparação se dá por meio de inde-
nização por dano moral.
Diante de ambientes de traba-
lho cada dia mais desafiadores, as
empresas precisam ficar atentas
para prevenir a prática de assédio
moral, mantendo um bom clima
organizacional nas empresas.
pRevençãoDe acordo com o presidente da
Associação Brasileira de Recursos
humanos – Secção Bahia (ABRh-
-BA), Cezar Almeida, as empresas
têm que estar alertas aos benefí-
cios de um ambiente de trabalho
positivo.
“O bom ambiente gera engaja-
mento dos empregados, que se tra-
duz em conexão emocional com
a empresa e o trabalho. Diversos
institutos de pesquisa comprovam
que os indicadores de negócios são
sempre mais elevados nas empre-
sas em que há maior engajamento.
Nelas, há menos acidentes de tra-
balho, menos absenteísmo, maior
lucratividade e equipe comercial
com performance de trabalho 50%
maior do que nas concorrentes”,
observa Almeida.
Para ele, enfrentar o problema
do assédio moral de frente é funda-
mental. Embora a prática muitas
vezes ocorra de forma impercep-
tível, o setor de recursos humanos
pode lançar mão de alguns ins-
trumentos úteis. “É preciso ficar
atento aos sinais no momento da
entrevista de desligamento, que é
quando o profissional pode sinali-
zar por que está saindo da empre-
sa”, destaca. Outro sinal apontado
por Almeida é o absenteísmo con-
centrado em determinada área,
que pode sinalizar um problema
pontual com algum líder.
A empresa engajada em preve-
nir a prática deve comunicar cla-
ramente seu posicionamento por
meio da alta direção e de canais
específicos, como a ouvidoria, que
preserva o sigilo do denunciante.
Também deve treinar seus líderes
para esta nova ordem. “O assédio
moral pode até gerar obediência,
mas não gera resultados”, adverte,
lembrando que outra ferramenta
são os comitês de ética ou o pró-
prio código de ética da empresa.
“As empresas que perceberem
indícios não devem negar, mas
enfrentar o problema. O assédio
moral tem consequências em to-
dos os níveis: nos funcionários
por comprometimento do desem-
penho e problemas de saúde; na
empresa pela perda de produção
por absenteísmo e desmotivação
e, para a sociedade, custos com os
serviços de saúde e aposentado-
rias antecipadas, pois estes casos
podem gerar processos irreversí-
veis”, arremata.
meDiDa De sucessoO presidente da ABRh-BA lembra,
ainda, que um ambiente de traba-
lho saudável também é medida de
sucesso empresarial. Empresas
listadas em bolsa que fazem par-
te de rankings de “melhores para
trabalhar” possuem melhores in-
dicadores de performance e isso
leva os investidores a olhá-las de
forma diferenciada, pois as que
cuidam do capital humano são as
que têm maior capacidade de ino-
vação e criatividade.
“Com a Indústria 4.0 vários pa-
radigmas estão sendo rompidos e
se as empresas não estiverem pre-
dispostas a mudar vão ficar para
trás. A atração de futuros talentos,
ou seja, o capital intelectual, está
ligada ao ambiente de trabalho”,
explica.
Cezar Almeida acrescenta que
o mundo está vivenciando uma
mudança de modelo de gestão,
em que as empresas estão passan-
do de uma visão mecanicista, em
que todos os recursos são parte de
uma máquina, inclusive o huma-
no, para uma visão orgânica, em
que a empresa é um organismo
vivo e todas as partes fazem parte
dele como sistemas interligados.
“Nesta nova concepção de gestão,
todas as partes são importantes e
o que faz a empresa girar é a con-
fiança. Não há espaço para o assé-
dio moral”, finaliza.
Almeida lembra
que o assédio
é menor nas
empresas com
bom clima
organizacional
ArQuIVo PESSoAL
20 Bahia Indústria
por MANOElA COSTA GONçAlvES
Ultimamente, o debate sobre o
assédio moral no ambiente de tra-
balho tem se intensificado. O ins-
tituto, contudo, por sua própria
natureza, não é atual e remonta às
origens das relações de emprego.
Mas, por que razão apenas agora o
assunto vem sendo tão explorado?
A resposta não é simples, con-
siderando que não existe norma
que trate especificamente sobre
o tema, sendo sua conceituação
construída ao longo do tempo por
meio de entendimentos doutriná-
rios e jurisprudenciais.
A expressão “assédio” traduz
a noção de um comportamen-
to desagradável, abusivo, a que
alguém está sujeito de forma re-
petida. E quando a esta noção se
acresce o cunho moral, passa-se a
avaliar a situação sob a ótica das
consequências que aquela con-
duta provoca no indivíduo que se
sente lesado.
É por isso que se pode conceitu-
ar o assédio moral, sob a ótica tra-
balhista, como toda conduta abu-
siva e repetida que se manifesta
por meio de comportamentos, pa-
lavras, gestos ou escritos, capazes
de infligir danos à personalidade,
dignidade ou integridade física e/
ou psíquica do indivíduo, pondo
em risco seu emprego ou degra-
dando o ambiente de trabalho.
há, todavia, situações do coti-
diano que podem induzir à falsa
percepção do assédio moral, mas
que com ele não se confundem e,
por isso, é preciso estar atento à
ordem de ocorrência dos fatos pa-
ra poder distinguir o assédio mo-
Assédio moral – o atual “velho problema”
ral de, por exemplo, meros dissa-
bores como o estresse, divergência
de opiniões ou situações de cons-
trangimento isoladas, que embora
possam ensejar danos de natureza
moral, não configuram o assédio
propriamente dito.
Quem comete o assédio moral,
via de regra, tem a intenção de tor-
nar o ambiente de trabalho insu-
portável para a vítima, obrigando-
-a a pedir demissão, ou de obter a
sujeição de um grupo de trabalha-
dores às políticas impostas pelo
empregador, o chamado assédio
moral organizacional.
Em tempos de crise, como a
que atravessamos, as relações de
trabalho ficam em evidência, seja
pela necessidade de maior produ-
tividade a menores custos, seja
pela instabilidade das relações
interpessoais, gerada pela insegu-
rança quanto à manutenção dos
empregos. São situações propícias
à ocorrência do assédio moral e
que afloram com maior intensida-
de à medida que a situação econô-
mica do país se agrava.
Por outro lado, a dignidade da
pessoa humana foi consagrada
pela Constituição Federal como
direito fundamental, de modo
que, além do direito ao trabalho
e ao salário digno, ao empregado
foi assegurado o direito de ser res-
peitado e a um ambiente de traba-
lho saudável. E é justamente neste
contexto conflituoso que se veri-
fica o crescimento substancial do
número de ações judiciais decor-
rentes de assédio moral.
Acontece que as consequências
do assédio não são negativas ape-
nas para os empregados, assim
Manoela Costa gonçalves, da Gerência Jurídica da FIEB
como o prejuízo financeiro para o
empregador não decorre exclusi-
vamente de condenações judiciais.
Os principais reflexos negativos
na empresa e que, indiretamente,
impõem o dispêndio financeiro,
são a queda na produtividade e in-
tensa rotatividade de empregados,
alteração na qualidade do serviço/
produto e aumento do número de
afastamentos.
Com base no art. 932, III, do
Código Civil, a Justiça do Trabalho
responsabiliza o empregador pelos
danos causados a terceiros, ainda
que cometidos por prepostos, de
modo que é seu dever zelar pelo
ambiente de trabalho saudável,
sensibilizando a todos sobre os re-
flexos de suas ações, assim como
fiscalizar os atos praticados, a fim
de coibir a ocorrência do assédio.
E aqui se fala em sensibilizar
“a todos” porque o assédio moral
pode ser cometido por qualquer
funcionário, independentemente
de hierarquia. há assédio moral
praticado por superiores a seus
subordinados (vertical/descen-
dente), por subordinados a seus
superiores (vertical/ascendente),
por colegas de trabalho (horizon-
tal) e até mesmo por superiores e
colegas (misto).
Assim, é preciso que emprega-
dor e empregado estejam imbuí-
dos do mesmo espírito de parceria
para a construção de um ambiente
de trabalho saudável, principal-
mente em tempos de recessão,
quando o trabalho deve ser ainda
mais valorizado para garantir a
continuidade da atividade econô-
mica do empregador e a manuten-
ção dos empregos. [bi]
Bahia Indústria 21
conselhos
Compem debate desafios das MPMEO secretário da Micro e Pequena Empresa da Presidência da República
(Sempe), José Ricardo da Veiga, participou de debate com empresários
baianos a respeito dos esforços necessários à adequação do Projeto de
Lei Complementar 125/2007 às expectativas dos pequenos negócios,
visando o incremento da competitividade e crescimento dessas
empresas. O encontro foi promovido pelo Conselho da Micro e
Pequena Empresa (Compem) da FIEB, no dia 26.07. Para o
coordenador do Compem e vice-presidente da FIEB, Carlos Gantois, o
encontro trouxe excelentes notícias, na medida em que o secretário
veio para esclarecer as alterações da lei.
inovações para redução de custos na indústria de petróleo e gás
CPgN e Citec
realizaram
evento conjunto
para empresários
e especialistas
JEFF
ErSo
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EIxo
to/c
oPEr
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to/S
IStE
MA F
IEB
FotoS âNGELo PoNtES/coPErPhoto/SIStEMA FIEB
A oferta da Petrobras ao mercado de 104
concessões de campos terrestres na Bahia,
Ceará, Rio Grande do Norte, Espírito
Santo e Sergipe tem movimentado as
empresas baianas do mercado de óleo e
gás. Para discutir soluções de
competitividade para o estado, a FIEB,
por meio dos Conselhos de Petróleo, Gás
e Naval (CPGN) e de Inovação e Tecnologia
(Citec); realizou, em 7 de julho, o seminário
“Inovações para redução de custos na indústria
de petróleo e gás”. O evento reuniu especialistas e
empresários do setor.
O uso da nanotecnologia no fluido de perfuração e
de sondas de mineração na extração de petróleo
foram algumas das tecnologias apresentadas no
evento. O desafio é tornar o setor petrolífero mais
atrativo em áreas economicamente maduras, já que
a atividade enfrenta uma crise, assim como toda a
cadeia petrolífera, por conta da queda do preço da
commodity após um ciclo de supervalorização.
Reunião discute ações dos conselhos temáticosOs planos de ação para 2016 dos Conselhos
Temáticos da FIEB foram discutidos em
reunião com o presidente, Ricardo Alban, na
sede da entidade. Além de discutir as ações
desenvolvidas, o encontro teve como objetivo
identificar possibilidades de cooperação entre
os conselhos para as iniciativas programadas,
já que muitas vezes eles atuam em linhas
semelhantes.
“Sabemos que os nossos conselhos são
bastante produtivos e buscamos uma
atuação de forma harmônica”, pontuou
Ricardo Alban, na abertura da reunião.
Representantes dos 12 conselhos temáticos
apresentaram as ações desenvolvidas e
planejadas para 2016. “Assim, podemos
buscar sinergia e identificar ações conjuntas
que possam potencializar a atividade”,
avaliou o coordenador do Conselho de
Portos, Sergio Faria.
Negócios com TaiwaN • As oportunidades
de negócios e parcerias entre Brasil e Taiwan
foram apresentadas a empresários baianos, no
dia 05.07, na sede da FIEB, em evento
promovido pelo Taiwan Trade Center do Brasil
(Taitra), em parceira com a Federação, através
do Conselho de Comércio Exterior (Comex) e
com apoio do Centro Internacional de Negócios
da Bahia (CIN-FIEB).
22 Bahia Indústria
Como parte do projeto de interiorização do Sis-
tema FIEB, duas unidades integradas SESI,
SENAI, IEL foram inauguradas oficialmente
em junho, na Região Oeste do estado. O presi-
dente da Federação, Ricardo Alban, dirigentes e exe-
cutivos do Sistema FIEB participaram da solenidade
de entrega oficial dos equipamentos nos municípios
de Luís Eduardo Magalhães e Barreiras.
Com investimentos da ordem de R$ 29 milhões, as
unidades integradas reforçam, de acordo com o pre-
sidente da FIEB, o compromisso da instituição com o
crescimento do interior baiano, contribuindo para o
desenvolvimento social e econômico do estado. “Este
é o projeto de uma instituição. É um compromisso ini-
ciado em outras gestões e que será continuado”, disse.
Com os novos equipamentos, o Sistema FIEB vai
ampliar seus serviços no Oeste baiano, beneficiando
um número maior de indústrias com ações nas áreas
de educação, estágio, qualificação profissional, apoio
nas áreas de gestão e de segurança no trabalho. Em
Barreiras, por exemplo, a partir de 2017 será oferecido
o Ebep, ensino médio do SESI articulado com o SENAI.
As instalações das unidades atendem aos mais mo-
dernos requisitos ambientais e de responsabilidade so-
cial, com reuso de águas e acessibilidade a portadores
de necessidades, com rampas e sanitários especiais.
Em Luís Eduardo Magalhães, o complexo situado
no bairro Florais Léa conta com dez salas de aula,
quatro laboratórios, biblioteca, quadra poliesportiva
e área de saúde odontológica do SESI; além de oito
salas de aula, dois laboratórios e uma oficina de prá-
ticas profissionais do SENAI.
Já em Barreiras, a unidade fica no bairro Bela Vis-
De portas abertas para o futuroSistema FIEB inaugura unidades integradas nos municípios de Barreiras e Luís Eduardo Magalhães
ta e inclui sete salas de aula, dois
laboratórios e área de saúde, para
atendimento em Saúde Ocupacio-
nal e Odontologia do SESI; além de
sete salas de aula, dois laboratórios
e oficinas de práticas profissionais
do SENAI.
Em Luís Eduardo Magalhães,
a unidade integrada foi batizada
com o nome do ex-presidente da
FIEB e ex-vice-presidente da CNI,
Nelson Taboada Souza. Filho do
por MArTA ErhArDT
Inauguração das unidades
integradas de Luís Eduardo
Magalhães e barreiras
homenageou representantes
da indústria; comitiva teve
a oportunidade de conhecer
laboratórios do SENAI e das
escolas do SESI
Bahia Indústria 23
PérIcLES ArErê/coPErPhoto/SIStEMA FIEB
homenageado, Nelson Almeida Taboada elogiou o
complexo. “Só tenho elogios para esta iniciativa. Es-
sa unidade será muito importante para a região e, em
especial, para a formação dos jovens”, afirmou.
homenaGemA escola do SESI levou o nome do escritor João Ubal-
do Ribeiro. “Tenho certeza de que meu pai estaria
feliz e emocionado, assim como estou neste momen-
to”, disse Emília Ribeiro, filha do homenageado, que
também recebeu do estudante do SESI, Jackson Car-
valho, uma caricatura do escritor baiano.
Já o prédio do SENAI foi batizado como Edf. Vic-
tor Fernando Ollero Ventin, ex-presidente da FIEB.
“Participamos da semente deste projeto, que vai pro-
porcionar a educação e a profissionalização de jovens
aqui na região”, lembrou o homenageado.
No município de Barreiras, a unidade integrada le-
vou o nome do político Antônio Balbino de Carvalho
Filho, que foi governador da Bahia e ministro da Edu-
cação. Neto do homenageado, Antônio Balbino Neto
ressaltou a importância da indústria para agregar
valor à produção agrícola local. “Junto com a indús-
tria, temos tudo para transformar a região, trazendo
progresso e qualidade de vida”, disse.
A Escola do SESI foi batizada como Ignez Pitta de
Almeida, pedagoga e historiadora da região. “Tere-
mos o retorno do nosso passado industrial, porque
aqui serão preparados os futuros trabalhadores da
indústria”, afirmou a professora, que completou 74
anos no dia da homenagem.
Já o prédio do SENAI foi batizado como Edf. Sér-
gio Pedreira de Oliveira Souza, ex-vice-presidente da
FIEB. “Espero que esta casa se constitua numa fábri-
ca de talentos, que venha a desenvolver processos
inovadores, capazes de contribuir para que as empre-
sas da região alcancem alto nível de competitivida-
de”, disse Pedreira.
As cerimônias contaram com a presença de auto-
ridades e representantes de instituições parceiras,
a exemplo do prefeito de Luís Eduardo Magalhães,
humberto Santa Cruz; o vice-prefeito de Barreiras,
Paê Barbosa, o diretor da Associação Bahiana de Im-
prensa (ABI), Nelson José de Carvalho e o desembar-
gador Luiz Roberto Mattos. Em Barreiras, o presiden-
te da FIEB, Ricardo Alban, o superintendente do IEL,
Evandro Mazo, e o secretário de Administração do
município, Antelmo Farias, assinaram um convênio
de estágio entre o IEL e a prefeitura. [bi]
24 Bahia Indústria
Investir em SST reduz o absenteísmoDado é de pesquisa realizada com 500 médias e grandes empresas do país
por ClEbEr bOrGEScoM inforMações da agência cni
Investir em saúde e segurança no trabalho dá retor-
no aos negócios. É o que revela pesquisa do Serviço
Social da Indústria (SESI) com 500 médias e gran-
des empresas de todo o país, em segmentos como
construção, metalurgia, vestuário, alimentos, bebi-
das, têxtil, vestuário, energia e de máquinas e equi-
pamentos, dentre outros. Para 48% delas, medidas
nesta área reduzem as faltas ao trabalho, 44% dizem
que há aumento de produtividade e 35% que há redu-
ção de custos.
Na visão das empresas, os aspectos da área de saú-
de e segurança que mais prejudicam a produtividade
João ALVArEz/ArQuIVo SIStEMA FIEB
Serviços de
odontologia
fazem parte
do portfólio
da entidade
dos trabalhadores são acidentes e estresse no traba-
lho, seguidos de doenças crônicas não transmissí-
veis, como problemas osteomusculares, pressão alta
e diabetes.
No levantamento, concluído em fevereiro de 2016,
71,6% das indústrias afirmam dar alta atenção à
saúde e segurança dos trabalhadores. Além disso,
conforme 89,6% das empresas ouvidas, o grau de
atenção da indústria brasileira ao tema deve aumen-
tar nos próximos cinco anos. Ações nestas áreas re-
duzem faltas ao trabalho, aumentam a produtivida-
de no chão-de-fábrica e reduzem custos. A pesquisa
Bahia Indústria 25
Criado em 1º de julho de 1946, o
Serviço Social da Indústria (SESI)
completa 70 anos. Na Bahia, o SE-
SI possui 68 anos (data de 1948).
Desde o início, contribui para tor-
nar ambientes de trabalho mais
seguros e saudáveis, por meio de
ações de melhoria da seguran-
ça do trabalho e da promoção da
saúde do trabalhador. Além disso,
oferece educação básica e conti-
nuada de qualidade para milhões
de empregados da indústria e seus
dependentes nas 27 unidades da
federação. Afinal, trabalhador
saudável é sinônimo de indústria
produtiva e competitiva.
O SESI oferece soluções em
saúde e segurança no trabalho,
promoção da saúde, educação de
jovens e adultos e educação con-
tinuada, adequadas a cada reali-
dade empresarial. São serviços de
consultoria que visam reduzir os
custos das empresas, melhorar a
saúde e o bem-estar de trabalha-
dores e aumentar a produtivida-
de nas indústrias. Recentemente,
lançou o Programa de Gestão do
Absenteísmo em 15 estados.
O SESI é a instituição mais lem-
brada no Brasil quando o assunto
é saúde e segurança do trabalho. É
o que mostra pesquisa do Instituto
FSB Pesquisa com 500 médias e
grandes empresas, feita entre outu-
bro de 2015 e fevereiro de 2016. Foi
apontado espontaneamente como
referência no tema por 20,5% dos
gestores entrevistados. Em 2015, o
SESI atendeu nacionalmente mais
de um milhão de trabalhadores em
serviços de segurança e de promo-
ção da saúde.
Na Bahia, foram mais de 117 mil
trabalhadores atendidos em 2015
com ações em segurança e saúde
no trabalho, incluindo serviços de
odontologia, procedimentos em
SST e aplicação de vacinas. E reali-
zadas mais de 85 mil matrículas em
educação básica e continuada. [bi]
mostra ainda que a alta importân-
cia dada ao tema está relacionada
à preocupação com o bem-estar do
trabalhador, à maior conscientiza-
ção das empresas e à prevenção de
acidentes de trabalho.
pRoDutiviDaDeNa Bahia, a G&E Manutenção e Ser-
viços Ltda., empresa de montagem
e manutenção industrial, com atu-
ação nas áreas de petróleo&gás,
petroquímica, energia, siderurgia
e celulose, é exemplo de investi-
mento em SST. Os grupos envolvi-
dos nos contratos de manutenção
são divididos em equipes, as quais
são avaliadas diariamente e rece-
bem pontuação por ações de 5S,
assiduidade, desvios encontrados
na área de segurança no trabalho
e produtividade. As equipes me-
lhores ranqueadas são premiadas.
Tatiana Mendes, coordenadora
de SST da G&E, diz que houve re-
dução do absenteísmo e aumento
de produtividade na empresa.
Graças ao trabalho de prevenção
em SST, a G&E obteve a certifica-
ção OhSAS 18001 (Gestão de Saú-
de e Segurança Ocupacional).
A importância dada pelas em-
presas ao tema se reflete na redu-
ção dos acidentes e doenças do
trabalho no Brasil. Dados do Mi-
nistério do Trabalho e Previdên-
cia Social apontam que o número
de acidentes de trabalho por gru-
po de 100 mil trabalhadores caiu
mais de 17% entre 2007 e 2013.
“Os acidentes e doenças trazem
grande variedade de despesas,
desde custos médicos e indeniza-
ções aos trabalhadores e famílias
até perda de produtividade e des-
gaste da imagem das empresas”,
destaca o diretor de Operações do
SESI Nacional, Marcos Tadeu de
Siqueira.
Entidade é referência
117.263
3.476
684.103 27.410
ATENDIMENTO DO SESI EM 2015 – BAHIA
EDUCAÇÃO
SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO
Trabalhadoresbeneficiados
Procedimentos em SSTe Odontologia
Trabalhadores edependentes atendidosna aplicação de vacinas
5.551Matrículas em
educação básica eensino médio
Pessoas atendidasem educação
de jovens e adultos
79.821Matrículas em
cursos deeducação continuada
Atendimento do sEsI em 2015 - Bahia
26 Bahia Indústria
VALtEr PoNtES/coPErPhoto/SIStEMA FIEB
Estimular o engajamento de micro, pequenas e
médias empresas em práticas de responsabi-
lidade socioambiental. Com este objetivo, foi
realizado na Federação das Indústrias do Esta-
do da Bahia (FIEB), no dia 29.06, o seminário Como
cumprir requisito legal agregando valor ao seu projeto
social, promovido pelo Conselho de Responsabilida-
de Social da FIEB (Cores) e pelo Serviço Social da In-
dústria (SESI).
Na oportunidade, os empresários baianos pude-
ram conhecer os Bancos de Articulações Sociais,
que incentivam ações com foco no uso de excedentes
de produção, materiais recicláveis ou reutilizáveis.
“Temos como meta para este ano lançar outros dois
bancos de articulação: o de Resíduos de Materiais Ele-
trônicos e o de Projetos Sociais”, ressaltou o coorde-
nador do Cores, Marconi Andraos.
A assessora do Conselho de Responsabilidade So-
cial da FIEB, Márcia Mariz, falou sobre o projeto dos
Bancos de Articulações Sociais e apresentou o Banco
de Materiais Eletrônicos, que já articulou a doação de
630 itens de resíduos eletrônicos da FIEB para a insti-
tuição Fábrica Cultural. Ela também explicou a atua-
ção do Banco de Articulação Projetos Sociais, do qual
fazem parte o projeto Passport 0342, da Associação
do Futuro nas Ações Sócio-Educativas e Esportivas
(Afase) e o programa Vira Vida, desenvolvido pelo SE-
SI, para apoiar jovens e adolescentes com idades en-
tre 15 e 24 anos em situação de vulnerabilidade social.
“No caso do Programa Vira Vida, o Banco vai ar-
Atuação socialmente responsável conselho de responsabilidade Social (cores) e SESI apresentaram o projeto Bancos de Articulação Sociais
ticular a contratação de jovens
como aprendizes pelas empresas
baianas, oferecendo à indústria
a oportunidade de cumprir o re-
quisito da Lei da Aprendizagem
e fortalecer a atuação na área de
responsabilidade social”, expli-
cou Márcia Mariz.
viRa viDaO projeto oferece acolhimento psi-
cossocial, além da oportunidade
de preparação profissional e enca-
minhamento para o trabalho. Ele
será alavancado pelo Banco de Ar-
ticulação Projetos Sociais da FIEB.
A representante do Conselho
Nacional do SESI, Eliane Noro-
nha, falou sobre o programa, que
já atendeu em todo o país mais de
7.400 jovens, desde sua criação,
em 2008, até abril deste ano. Des-
se total, 2.900 foram inseridos no
mercado de trabalho. Na Bahia,
o Vira Vida foi iniciado em 2010 e
atendeu 695 jovens até abril des-
te ano, com inserção de 402 deles
no mercado de trabalho. “A par-
ticipação das empresas é muito
importante. Esperamos as opor-
por MArTA ErhArDT
temos como meta para este ano lançar outros dois bancos de articulação: o de resíduos de Materiais eletrônicos e o de projetos sociais
“Marconi Andraos, coordenador do Cores
Bahia Indústria 27
VALtEr PoNtES/coPErPhoto/SIStEMA FIEB
Representantes
do Sistema
FIEb e
convidados
participaram
do seminário
tunidades para que esses jovens
tenham uma condição de inclu-
são social”, disse.
A CCR – Metrô Bahia é uma das
empresas baianas que contratam
jovens aprendizes do Vira Vida.
A empresa iniciou, em julho, a
terceira turma de jovens aprendi-
zes, de acordo com o líder da área
de gestão de pessoas, Luís Carlos
Gonçalves. “A empresa conta com
o apoio do SESI no acompanha-
mento destes jovens”, ressaltou.
Gonçalves destacou que quatro jo-
vens que entraram na empresa co-
mo aprendizes participaram de se-
leção interna e foram efetivados.
Outra parceira do programa na
Bahia, Rita Anunciação, presiden-
te do Núcleo de Assistência Social
Bom Samaritano, uma das insti-
tuições que encaminham jovens
para o Vira Vida, falou sobre a im-
portância do programa para trans-
formar a vida dos jovens e adoles-
centes atendidos. Ela apresentou
relatos de jovens que mudaram
de vida e tiveram oportunidade
de inclusão a partir do Vira Vida.
“Vocês são muito importantes na
vida dessas pessoas. Tenham cer-
teza de que vocês contribuem para
a felicidade de muitas famílias”,
afirmou.
A programação contou com pa-
lestra da coordenadora na Bahia
de Fiscalização da Aprendiza-
gem do Ministério do Trabalho,
Marli Pereira, que representou
a Superintendência Regional do
Trabalho e Emprego. Ela explicou
o funcionamento da Lei da Apren-
dizagem e esclareceu dúvidas dos
participantes. “O investimento na
aprendizagem, na juventude, é o
melhor que a empresa pode fazer”,
destacou.
Participaram do evento o vice-
-presidente da FIEB, Alexi Portela
Júnior; a gerente de Desenvolvi-
mento Estratégico do SESI, Tatiane
Mascarenhas, e Valéria Scavuzzi,
da área de Educação Profissional
do SENAI. [bi]
28 Bahia Indústria
inDicaDoRes números da Indústria
PRODUçãO VOLTA A CAIR NA bAhIASomente quatro dos 11 segmentos pesquisados pelo IBGE tiveram crescimento, incluindo bebidas e celulose e papel
A produção física da indús-
tria de transformação da
Bahia apresentou queda
de 1,3%, na comparação
dos últimos 12 meses, terminados
em maio, com igual período an-
terior, após o decréscimo (-1,6%)
registrado em março. Com esse re-
sultado, a Bahia passa do 3º para o
2º lugar no ranking dos 14 estados
que participam da PIM PF-R, do
cobre e de ligas de cobre), Bebidas
(9,0%, cervejas, chope e refrige-
rantes), Celulose e papel (2,2%,
pastas químicas de madeira) e Re-
fino de petróleo e biocombustíveis
(1,4%, maior fabricação de óleo
diesel e gasolina automotiva).
Apresentaram resultados ne-
gativos: Equipamentos de Infor-
mática (-40,7%), Veículos auto-
motores (-14,7%, menor produção
de automóveis e painéis para
instrumentos dos veículos auto-
motores), Minerais não metálicos
(-13,8%, queda na massa de con-
creto preparada para construção,
cimentos “Portland”, ladrilhos,
placas e azulejos de cerâmica para
pavimentação ou revestimento e
argamassas), Borracha e plástico
(-2,5%, menor produção de pneus
novos de borracha para ônibus e
caminhões, reservatórios, caixas
d’água e artefatos semelhantes de
plástico, filmes de material plásti-
co para embalagem e sacos, saco-
las e bolsas de plástico), Couro e
Calçados (-2,2%), Produtos quími-
cos (-1,3%) e Alimentos (-1,2%).
Na comparação de maio de 2016
com igual mês do ano anterior, a
produção física da indústria de
transformação baiana apresentou
queda de 1,4%. Seis dos 11 seg-
mentos industriais da Bahia apre-
sentaram resultados positivos:
Metalurgia (35,5%, maior produ-
ção de barras, perfis e vergalhões
de cobre e de ligas de cobre), Be-
bidas (30,9%, maior produção de
refrigerantes, cervejas e chope),
Alimentos (20,1%, maior fabrica-
ção de açúcar cristal, cacau ou
chocolate em pó, manteiga, gor-
dura e óleo de cacau e biscoitos),
qual apenas Mato Grosso apresentou resultado posi-
tivo (5,4%).
Os demais estados registraram resultados negati-
vos: Amazonas (-18,4%), Rio de Janeiro (-12,2%), São
Paulo (-11,5%), Pernambuco (-10,4%), Rio Grande do
Sul (-10,2%), Paraná (-9,4%), Minas Gerais (-9,0%),
Ceará (-8,4%), Santa Catarina (-8,0%), Pará (-7,0%),
Goiás (-2,5%) e Espírito Santo (-1,4%).
Na Bahia, apenas quatro dos 11 segmentos pesqui-
sados registraram crescimento: Metalurgia (11,4%,
com maior produção de barras, perfis e vergalhões de
Bahia Indústria 29
JAN
JUL
FEV
MA
R
AB
R
MA
I
JUN
AG
O
SET
OU
T
NO
V
DEZ
Fonte: IBGE; elaboração Fieb/SDI. Nota: Exclusive a indústria extrativa mineral; base = 100 (média 2012)
115
110
105
100
95
90
85
80
75
70
2014
20162015
Bahia - Produção Física da indústria de Transformação (2014-2016)
JAN
JUL
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Fonte: IBGE; elaboração Fieb/SDI. Nota: Exclusive a indústria extrativa mineral; base = 100 (média 2012)
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2014
20162015
Bahia - Produção Física da indústria de Transformação (2014-2016)
No âmbito setorial, o desempenho
no ano é reflexo dos resultados ne-
gativos de alguns segmentos, com
destaque para Veículos Automoto-
res, Produtos Químicos e Alimen-
tos. A recuperação da indústria
brasileira ocorrerá de forma lenta
nos próximos anos, visto que no
curto prazo há poucos elementos
que indiquem uma retomada.
A estimativa de mercado é de
queda da produção industrial este
ano (-5,90%) e de modesto cres-
cimento só em 2017 (+1,00%), de
acordo com informações do Banco
bahia: pim-pf de maio 2016
Indústria de Transformação -1,4 2,8 -1,3Refino de petróleo e biocombustíveis -18,8 14,0 1,4Produtos químicos 16,8 4,4 -1,3Veículos automotores -6,4 -27,4 -14,7Alimentos 10,0 2,1 -1,2Celulose e papel 10,9 4,1 2,2Borracha e plástico -4,7 -6,0 -2,5Metalurgia 35,5 27,3 11,4Couro e Calçados -19,8 -4,9 -4,1Minerais não metálicos -21,0 -19,4 -13,8Equipamentos de Informática 2,4 -1,5 -40,7Bebidas 30,9 15,8 9,0Extrativa Mineral -27,8 -21,2 -13,7
VArIAção (%)
SETORES MAI16/MAI15 JAN-MAI16/ JUN15-MAI16/ JAN-MAI15 JUN14-MAI15
Produtos químicos (16,8%, maior
produção de amoníaco, ureia, po-
licloreto de vinila PVC e propeno),
Celulose e papel (10,9%, maior
produção de pastas químicas de
madeira) e Equipamentos de In-
formática (2,4%).
Apresentaram resultados ne-
gativos: Minerais não metáli-
cos (-21,0%), Couro e Calçados
(-19,8%, menor produção de cal-
çados femininos de couro), Refi-
no de Petróleo e Biocombustíveis
(-18,8%, menor produção de óleos
combustíveis, óleo diesel e naf-
tas para petroquímica), Veículos
automotores (-6,4%) e Borracha e
plástico (-4,7%, menor e de reser-
vatórios, caixas d’água, cisternas,
piscinas e artefatos semelhantes
de plástico, pneus novos de bor-
racha usados em ônibus e cami-
nhões e filmes de material plástico
para embalagem).
poDe pioRaR A menor queda da produção física
da indústria da Bahia em compa-
ração ao Brasil é pontual: em 2015
houve parada da produção na
RLAM, o que deprimiu a base de
comparação. Em 2016, a partir do
2º semestre, é esperado que a pro-
dução da indústria baiana apre-
sente queda mais acentuada por
conta das paradas de manutenção
previstas: Braskem e RLAM.
A indústria foi um dos setores
que primeiro começou a sofrer
com a crise econômica. O consu-
mo das famílias em baixa e a falta
de investimentos contribuíram pa-
ra os resultados negativos. A crise
política tem sua parcela de res-
ponsabilidade neste cenário ruim.
Central (relatório Focus). Alguns
indicadores ilustram as dificulda-
des enfrentadas pela economia na-
cional: (i) inflação elevada (o IPCA
acumulou alta de 9,3% em maio
deste ano, contra um teto de meta
de inflação de 6,5% para o ano); (ii)
patamar elevado da taxa de juros,
com a Selic mantida em 14,25%;
e (iii) crescimento do desemprego
– segundo a PNAD (Pesquisa Na-
cional por Amostra de Domicílios
Contínua – Estimativa Trimestral,
do IBGE), em março de 2016, a taxa
de desemprego foi de 10,9%. [bi]
30 Bahia Indústria
painel
Votorantim Metais e SENAI Cimatec inauguram plantas-piloto em Simões FilhoDois projetos inovadores selaram mais uma parceria entre a
Votorantim Metais (VM) e o centro tecnológico SENAI Cimatec,
no dia 5.7, quando foram inauguradas as plantas-piloto de
Metais Valiosos e Carvão Alto Volátil (CAV) da holding do setor
mínero-metalúrgico. Os projetos foram desenvolvidos no SENAI
Cimatec por meio da Associação Brasileira de Pesquisa e
Inovação Industrial (Embrapii). Um dos projetos foi
desenvolvido para testar a viabilidade da recuperação de metais
valiosos da Barragem dos Peixes, localizada em Juiz de Fora
(MG). Já na planta CAV será avaliada a possibilidade de
substituição de um combustível à base de petróleo por carvões
de origem vegetal em câmaras de combustão. “Os projetos
representam uma grande inovação não só no Brasil, mas no
mundo”, afirmou o gerente da VM, Rodrigo Gomes.
âNGELo PoNtES/coPErPhoto/SIStEMA FIEB
Leone Andrade,
Adelson Souza,
Alexandre
gomes e
Rodrigo gomes,
durante a
inauguração
Cartão FNE é lançado na FIEb
A FIEB sediou a cerimônia de
lançamento oficial do Cartão FNE,
do Banco do Nordeste, na Bahia.
No mesmo evento, realizado em
junho, na sede da Federação, em
Salvador, também foram
entregues três troféus da segunda
edição do Prêmio Banco do
Nordeste da Micro e Pequena
Empresa, que reconhece
iniciativas inovadoras e melhoria
da competitividade, nos setores
Indústria, Comércio e Serviços. O
Cartão foi criado para facilitar a
aquisição de bens e serviços e
insumos financiados com o Fundo
Constitucional de Financiamento
do Nordeste – o FNE. O presidente
do Banco do Nordeste (BNB),
Marcos Holanda, ressaltou a
importância do FNE para o
Nordeste e enfatizou que o cartão,
que utiliza uma plataforma
tecnológica inovadora, é um
produto completo, pois contém
dois limites no mesmo cartão:
investimento e giro de insumos.
Workshop e Prêmio IEL de Estágio No dia 18 de agosto, quando é
comemorado o Dia do Estagiário, a
FIEB sedia a 17ª edição do
Workshop de Estágio, promovido
pelo Instituto Euvaldo Lodi (IEL/
BA), em parceria com o Fórum de
Estágio da Bahia. O jornalista
Jefferson Beltrão e o empreendedor
e fundador do Emprelab,
Daniel Maior, fazem palestra no
evento. A programação também
inclui a entrega do Prêmio IEL de
Estágio, que vai reconhecer a
atuação dos agentes envolvidos no
processo de estágio.
Evento discute liderança em tempos de crise
Empresários baianos trocaram experiências sobre
liderança em tempos de crise, dia 16.6, na FIEB,
durante o Diálogo Empresarial, promovido em
parceria com a CNI, por meio do Programa de
Desenvolvimento Associativo (PDA). Além de
palestra sobre a liderança em tempos de crise, o
evento contou com depoimentos de empresários e
apresentação dos portfólios do SESI, SENAI e IEL.
A iniciativa é fruto do projeto-piloto do Modelo de
Atuação Articulada entre as Áreas Sindical e de
Mercado do Sistema Indústria, que tem como
objetivo aprimorar a atuação junto às empresas e o
estímulo ao associativismo. Também participam do
projeto Sindifite, Simagran e Sindvest Salvador.
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Cardoso, da
bMD Têxteis
Bahia Indústria 31
SESI formou turma de EJA em CamacanCom mais de 370 alunos matriculados no programa de Educação de Jovens e Adultos (EJA) na região Sul, o SESI Bahia
formou uma turma de 25 alunos de da empresa Malwee, que receberam o diploma de ensino médio. A turma é formada por
trabalhadores da indústria e seus dependentes maiores de 18 anos que haviam deixado de estudar por 17 ou 25 anos e
retomaram os estudos em séries variadas. Para realizar esta inciativa, o SESI conta com a parceria da rede municipal da
cidade de Camacan. O objetivo é a elevação do nível de escolaridade. Atualmente, estão sendo oferecidas turmas de EJA em
Ipiaú, Itajuípe e Itabuna. De acordo com Janaína Santos Silva, coordenadora do EJA, o SESI trabalha com uma plataforma
de ensino que assegura a autonomia do aluno e com isso reduz a possibilidade de evasão. Na formatura, o secretário de
Educação, Antonio Márcio Andrade, representou o prefeito de Camacan.
Fórum IEL de Carreiras acontece em SalvadorA capital baiana vai sediar,
em outubro, o Fórum IEL de
Carreiras, evento com
palestras, oficinas e
atendimento coaching para
orientar estudantes e jovens
profissionais sobre o
desenvolvimento de suas
carreiras. O evento acontece
nos dias 28 e 29/10, no
Salvador Shopping, e terá
entre os palestrantes o
jornalista Caco Barcellos, o
educador Eugênio Mussak e o
especialista em cultura
digital Gil Giardelli.
Programa beneficia empresas de FeiraAprimorar processos dos
pequenos negócios que
atuam como fornecedores de
grandes indústrias,
estimulando o
desenvolvimento econômico
de Feira de Santana é o
objetivo do Programa de
Encadeamento Produtivo
Multiâncoras, iniciado em
junho. O projeto, promovido
e coordenado pelo Sebrae, é
executado pelo IEL, com o
apoio do CIFS.
Plano contra a tríplice epidemia treinou mais de 600 pessoasMais de 600 trabalhadores de cerca de 60 empresas já foram
capacitados até o momento no Plano SESI de Enfrentamento da Tríplice
Epidemia, serviço gratuito oferecido pelo SESI Bahia às empresas
industriais. O objetivo deste projeto de responsabilidade social é
capacitar trabalhadores e empregadores de indústrias para atuarem
como vetores de multiplicação das práticas de prevenção da dengue,
chikungunya e zika.
De acordo com Angela Macêdo Magalhães, coordenadora de Promoção
da Saúde do SESI Lucaia e idealizadora do Plano SESI, a iniciativa tem
tido um índice de satisfação elevado e boa adesão dos participantes. O
treinamento busca instrumentalizar o multiplicador a identificar
criadouros e a erradicá-los, preparando-os para atuar na empresa, no
domicílio e na comunidade. A meta é atingir 400 empresas industriais.
ANGELo PoNtES/coPErPhoto/SIStEMA FIEB
Esquetes
teatrais fazem
parte do
treinamento
para
trabalhadores
de empresas
industriais
32 Bahia Indústria
jurídico
Estado reduzirá incentivos fiscais Foi publicada, em 21.06.16, a
Lei Estadual nº 13.564, que
institui condição para
concessão e manutenção de
benefícios e incentivos fiscais
ou financeiros relacionados ao
ICMS, vinculando a concessão
à comprovação, pelo
contribuinte, de realização de
depósito do valor
correspondente a 10% destes
benefícios ou incentivos, em
favor do Fundo Estadual de
Combate e Erradicação da
Pobreza. Tal regramento
aplica-se, inclusive, em
relação aos benefícios e
incentivos fiscais ou
financeiros cuja fruição esteja
em curso. É importante
ressaltar que ato do Executivo
definirá procedimentos para o
cálculo e o recolhimento do
valor do depósito previsto na
lei e poderá restringir a
aplicação das condições a
determinados benefícios ou
programas de incentivo.
STJ determina reflorestamento O Superior Tribunal de Justiça, ao julgar o REsp
1381191, condenou agropecuária a reflorestar
área de preservação ambiental desmatada
antes da vigência do Código Florestal. O STJ
entendeu que o dever jurídico de demarcar,
averbar e restaurar a área de reserva legal
transfere-se automaticamente ao adquirente ou
possuidor do imóvel, independentemente de
inexistir, à época do desmatamento, a
obrigatoriedade de constituir reserva legal.
Sancionada a lei do PDDU de SalvadorFoi publicada, em 30.06.16, a Lei
Municipal nº 9.069, que dispõe
sobre o Plano Diretor de
Desenvolvimento Urbano (PDDU)
do Município de Salvador.
A lei possui 404 artigos e dispõe
sobre o desenvolvimento
econômico, o meio ambiente, a
cultura, a habitação, a
infraestrutura, equipamentos e
serviços urbanos básicos, o
ordenamento territorial, dentre
outros. O projeto foi aprovado
pela Câmara com 133 emendas,
das quais 52 de iniciativa popular
e 80 de autoria dos vereadores.
Cota PCD: empresa é isentada de multa O Tribunal Superior do
Trabalho, ao julgar o E-ED-RR
- 658200-89.2009.5.09.0670,
afastou a imposição de multa
à empresa que comprovou a
impossibilidade de
atendimento ao disposto no
art. 93 da Lei Federal 8.213/91,
o qual prevê que a empresa
com 100 ou mais empregados
está obrigada a preencher de
2% a 5% dos seus cargos com
beneficiários reabilitados ou
pessoas portadoras de
deficiência.
A decisão, que produz efeitos
somente às partes do
processo, levou em
consideração a comprovação
da empresa de ter empenhado
todos os esforços na seleção
de seu quadro de pessoal em
observância à lei e a
dificuldade que as empresas
têm enfrentado para
encontrar profissionais aptos
no mercado de trabalho.
FotoS ShuttErStock
Bahia Indústria 33
iDeias
por ArMANDO DA COSTA NETO
A educação brasileira vive um mo-
mento de grande oportunidade
para definição de novos rumos.
Ultrapassada a fase de debates
sobre a pertinência ou não de uma
base nacional comum curricular,
prevaleceu o entendimento de que
ela é necessária. A tarefa agora é a
construção do melhor documento
possível, que revele as necessida-
des sociais e produtivas do país. A
participação e o debate tornam-se
imperativos nesse momento, car-
regado de revoluções paradigmá-
ticas e de comportamento.
Por isso criamos a Série SESI
Diálogos de Educação, com o ob-
jetivo de promover participação e
contribuição ao debate, em con-
junto com a sociedade. Não pre-
tendemos o lugar de protagonista
dessas discussões, mas, tão so-
mente, fazer a nossa parte.
A primeira edição focou o ensi-
no médio, etapa que fecha o ciclo
da educação básica e abre, ou pelo
menos assim deveria ser, as possi-
bilidades de vida cidadã e produ-
tiva para milhares de jovens. Con-
tamos com a valiosa contribuição
de renomados profissionais estu-
diosos do tema, num auditório re-
pleto de educadores do SESI e de
organizações públicas e privadas.
Constatações baseadas em sé-
ries históricas apontam que o en-
sino médio brasileiro patina.
A despeito do aumento expres-
sivo do investimento público di-
reto, por estudante, que triplicou
nos últimos anos, a qualidade não
melhora. O ENEM, com as altera-
ções sofridas no tempo, se trans-
formou num grande funil movido
pelas profundas desigualdades
sociais ainda existentes. Entre os
inscritos e aqueles que efetiva-
mente conseguem ocupar as va-
gas disponíveis para o ensino su-
perior existe um oceano de jovens
que ficam à deriva.
O desempenho dos alunos está
fortemente ligado às condições so-
ciais de suas famílias. Das causas
que explicam o mau desempenho
75% a 80% são de ordem socioe-
conômica. Assim, o efeito escola,
apenas 20% a 25%, nos impõe ain-
da mais por decisões acertadas.
Enfim, é fato de que a cobertura
aumentou, mas apenas um terço
consegue ir para o ensino supe-
rior; a qualidade não melhorou, a
despeito do aumento dos investi-
mentos; e existe grande desigual-
dade no desempenho dos alunos
relacionada à sua condição social.
Não fosse um cenário suficien-
temente complexo, a regulamenta-
ção atual engessa e sobrecarrega o
ensino médio, que convive com
uma formação inicial de professo-
res insuficiente tanto no “o que”
quanto no “como” ensinar.
Das reflexões no SESI Diálogos,
uma alternativa foi apresentada
na direção da diversificação do
ensino médio. Vários caminhos e
trajetos diferentes num sistema ar-
ticulado entre o nível médio e o su-
perior. Vários países se organizam
assim. Em Singapura, depois do
nível fundamental, o jovem tem 6
alternativas para avançar na sua
escolarização. A sua escolha cer-
tamente depende dos seus dese-
O desempenho dos alunos está fortemente ligado às condições sociais de suas famílias. Das causas que explicam o mau desempenho 75% a 80% são de ordem socioeconômica
Armando da Costa Neto, superintendente do SESI Bahia
diálogos para mais qualidade na educação
jos, capacidades e condições. Po-
líticas públicas podem compensar
a falta do último, uma vez garanti-
dos os dois primeiros critérios.
Será que o modelo único de for-
mação geral, igual para todos, é
realmente a melhor forma de pro-
mover nossa imensa população
de jovens à cidadania plena e ao
mundo do trabalho?
Da nossa parte, temos avan-
çado com uma educação para o
mundo do trabalho, articulando
a educação básica do SESI com
a educação profissional do SE-
NAI. Definimos pela ampliação
do ensino médio, porta de saída
da educação básica e etapa mais
próxima de um início efetivo da
profissionalização. Pretendemos
chegar a 2018 com nove escolas de
ensino médio em oito municípios
da Bahia. Queremos mais. Quere-
mos aumentar a qualidade do que
fazemos, fortalecer a identidade
de escolas voltadas para a indús-
tria e contribuir com a melhoria
da qualidade de nossa escola pú-
blica. Tudo isso passa por diálogo,
cooperação e visão estratégica. [bi]
livros
leitura&entretenimento
As engrenagens do negócioEm 1991, Bill Gates, um dos fundadores da
Microsoft, pediu a um amigo a
recomendação de um livro. Descobriu
Aventuras Empresarias, de John Brooks. A
obra é indicada aos que querem entender
o mundo dos negócios. São 12 cases em
que os fracassos, muito mais do que os
triunfos, aparecem em destaque. Os temas
incluem inovação, estratégia, dinâmica de
mercados, ética e câmbio, e mostram que
o poder das decisões é capaz de alavancar
uma empresa ou dizimá-la.
Identidade nacionalSob uma visão da perspectiva brasileira, o
autor Eduardo Giannetti analisa, em
Trópicos Utópicos, a crise civilizatória,
apontando as ilusões e os estímulos que a
alimentam. Organizado em microensaios,
o livro dá uma nova abordagem à questão
da identidade, olhando sempre para o
futuro. O leitor é conduzido a passar por
reflexões sobre a ciência, a tecnologia e o
crescimento econômico, buscando assim,
uma proposta para redescobrir o país e
pensar no futuro.
Aventuras EmpresariaisJohn Brookseditora Best Business576p.R$ 62,90
Trópicos Utópicos - Uma perspectiva brasileira da crise civilizatóriaeduardo GiannettiCompanhia das Letras216p.R$ 34,90
34 Bahia Indústria
humor em dose duplaCompletando dez anos em 2016, o grupo Teatro Nu apresenta
dois espetáculos no Teatro SESI, com direção de Gil Vicente
Tavares. Os Javalis, em cartaz em agosto, tem um enredo que
gira em torno de uma suposta invasão de javalis à cidade, que
destroem tudo e todos. A montagem é inspirada na obra O
Rinoceronte, de Ionesco, e faz uma crítica à sociedade
contemporânea, marcada pelo consumismo e pela perda de
referências. Em O homem A e o homem B, que entra em cartaz
em setembro, dois sobreviventes precisam conviver sitiados
em uma casa e confiar um no outro. Os personagens são
interpretados por Carlos Betão e Marcelo Praddo.
FotoS DIVuLGAção
A humanidade em trânsito Com um olhar carregado de um teor social peculiar, o
fotógrafo Sebastião Salgado evidencia na exposição Êxodos
– O mundo real de uma humanidade que busca uma vida
melhor. Após seis anos e 40 países percorridos, o autor busca
uma reflexão sobre diversas questões de pessoas que tiveram
de deixar sua terra natal. É a história perturbadora de
migrantes, refugiados e exilados, divididas em cinco temas
centrais: África, Luta pela Terra, Refugiados e Migrados,
Megacidades e Retratos de Crianças. Em cada abordagem, o
registro de pessoas que, mesmo em meio ao caos, enxergam
nas crianças a esperança e a dignidade humana.
Não perca Caixa Cultural Salvador, ter a dom, das 9h às 18h. Até 21.08. Rua Carlos Gomes, 57, Centro. Grátis
Não perca Teatro SESI, sextas, às 20h. Ingressos: R$ 40 e 20 (meia). Rua Borges dos Reis, 9, Rio Vermelho.
exposição
teatro
71 3534-8090 www.fieb.org.br/senai
WorldSkills 2015
95% das empresas preferem os
alunos do SENAI. Uma instituição,
com mais de 70 anos de experiência
no mercado, que oferece a melhor
formação profissional do mundo
segundo a WorldSkills 2015. Com
cursos personalizados para as
necessidades da sua empresa, o
SENAI é um grande polo de geração
e multiplicação do conhecimento
técnico e tecnológico.