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FABIANA MOREIRA MACHADO GESTÃO POR PROCESSOS ORIENTADA AO LEAN THINKING E À TEORIA DO STAKEHOLDER: ESTUDO DE CASO EM UMA INSTITUIÇÃO FEDERAL DE ENSINO APARECIDA DE GOIÂNIA - GO 2019

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FABIANA MOREIRA MACHADO

GESTÃO POR PROCESSOS ORIENTADA AO LEAN THINKING E À TEORIA DO STAKEHOLDER: ESTUDO DE CASO EM UMA

INSTITUIÇÃO FEDERAL DE ENSINO

APARECIDA DE GOIÂNIA - GO

2019

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FABIANA MOREIRA MACHADO

GESTÃO POR PROCESSOS ORIENTADA AO LEAN THINKING E À

TEORIA DO STAKEHOLDER: ESTUDO DE CASO EM UMA

INSTITUIÇÃO FEDERAL DE ENSINO

Linha de Pesquisa

Administração Pública: Transformação e Inovação Organizacional

Orientador

Prof. Dr. Eliseu Vieira Machado Junior

Dissertação submetida ao Programa de

Pós - Graduação em Administração

Pública - PROFIAP da Universidade

Federal de Goiás, como requisito exigido

para a obtenção do título de Mestre em

Administração Pública.

APARECIDA DE GOIÂNIA - GO

2019

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AGRADECIMENTOS

À Deus, pela sua presença e por todos os dias me conceder oportunidades de

superação. Por me fazer entender que muito pouco eu sei, ou nada sei.

À minha família, meu ponto de apoio e fonte de alegria: mãe, pai, irmã, esposo e

avós (sempre em minha memória), com os quais compartilho meu tempo, meu carinho,

minhas dificuldades e conquistas.

Ao Professor Dr. Eliseu Vieira Machado Júnior, meu orientador que demonstrou

grande apoio e dedicação desde o meu início no mestrado, ensinando e sendo exemplo.

Às amigas da turma de mestrado, pelo companheirismo em vários dos momentos

difíceis e felizes que passamos e, por todas aquelas longas risadas que tivemos juntas nessa

jornada.

À Dra. Eliane Moreira Sá de Souza e à Dra. Cláudia Regina Rosal Carvalho,

grandes professoras que muito me incentivaram e contribuíram para este estudo, bem como

para o Programa Profiap.

Agradeço à Universidade Federal de Goiás pela oportunidade e pelo apoio que me

foi dado para a realização deste mestrado. Agradeço ainda, a todos os servidores da UFG que

se dispuseram a participar deste estudo, viabilizando a sua conclusão. Muito obrigada!

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“Nunca permita que a imaginação limitada dos

outros limite você.”

Mae Jemison

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RESUMO

Este estudo de caso realizou uma avaliação do processo de progressão funcional docente na

Universidade Federal de Goiás, a partir da utilização dos princípios e ferramentas da Gestão

por Processos, Lean Thinking e Teoria do Stakeholder, a fim de propor melhorias e construir a

metodologia de um plano de gestão por processos para a referida Instituição. No atual

contexto da gestão de instituições federais de ensino, com desafios contínuos, dificuldades

para lidar com as rápidas mudanças, além do rígido controle externo, surge o fator

competitividade organizacional – antes citado apenas no setor privado – abrangendo cada vez

mais o setor público, principalmente pela necessidade de atração de investimentos e captação

de recursos. Dessa forma, é essencial adaptar e consolidar bases teóricas para aplicação de

práticas de gestão por processos na UFG, sendo este o objetivo do estudo realizado. O

trabalho está dividido em duas partes, sendo que na primeira foi realizado o levantamento

teórico sobre as teorias utilizadas. A segunda parte consiste na aplicação prática do

conhecimento teórico adquirido ao processo de progressão funcional docente na UFG,

buscando identificar seu fluxo de valor, bem como eliminar os desperdícios existentes para

entregar valor aos clientes desse processo. O método de pesquisa utilizado foi a pesquisa-

ação, com coleta de dados bibliográficos, documentais, base legal e, aplicação de

questionários, além de realização de entrevistas com servidores da Instituição, com objetivo

de identificar a percepção de valor em relação ao processo estudado. Com o seu percurso

metodológico, o estudo demonstra as adaptações realizadas com a aplicação das ferramentas

de Gestão por Processos, Lean Thinking e Teoria do Stakeholder a um processo de uma área

administrativa e burocrática. Como resultado, obteve-se a construção do Plano de gestão por

processos para a UFG e indicação de melhorias significativas em fluidez do processo

estudado, eliminação de operações e movimentações desnecessárias, e sobretudo, a redução

de esperas.

Palavras-chave: Gestão por processos; Lean thinking; Progressão funcional docente; Teoria

do stakeholder; Universidade Federal de Goiás.

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ABSTRACT

This case study carried out an evaluation of the process of functional progression teacher at

the Goiás Federal University - UFG, using the principles and tools of Process Management,

Lean Thinking and Stakeholder Theory, in order to propose improvements and construct the

methodology of a management plan by processes for UFG. In the current context of federal

educational institutions, with continuous challenges, difficulties to deal with rapid changes,

besides the rigid external control, the organizational competitiveness factor emerges -

previously mentioned only in the private sector - increasingly involving the public sector,

mainly by the need to attract investment and raise funds. Thus, it is essential to adapt and

consolidate theoretical bases for application of management practices by processes in the

UFG, which is the objective of the study. The paper is divided into two parts, in the first one

was the theoretical survey on the theories used. The second part consists of the practical

application of theoretical knowledge acquired to the process of functional progression teacher

in the UFG, seeking to identify its value flow, as well as eliminating the existing waste to

deliver value to the clients of this process. The research method used was action research,

with bibliographical data collection, documents, legal basis and, application of questionnaires,

as well as interviews with employees of the UFG, in order to identify the value perception

related to the process studied. With its methodological approach, the study demonstrates the

adaptations made with the application of the tools of Process Management, Lean Thinking

and Stakeholder Theory to a process of an administrative and bureaucratic area. As a result, a

process management plan were developed for the UFG and significant improvements in

fluidity, elimination of operations and unnecessary movements, and above all reduction of

waits, were indicated for the process studied.

Keywords: Functional progression teacher; Goiás Federal University; Lean thinking; Process

management; Stakeholder theory.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Representação gráfica da definição de um processo ............................................... 21

Figura 2 – Classificação de processos ...................................................................................... 22

Figura 3 – Exemplo de Fluxo de processo em BPMN ............................................................. 31

Figura 4 – Exemplo de Mapeamento do Fluxo de Valor ......................................................... 44

Figura 5 – Stakeholders Primários e Secundários .................................................................... 54

Figura 6 – Percurso metodológico da pesquisa ........................................................................ 60

Figura 7 – Modelagem AS-IS do Processo de Progressão Funcional Docente ......................... 72

Figura 8 – Mapa de Fluxo de Valor do Processo de Progressão Funcional Docente no Estado

Atual ......................................................................................................................................... 78

Figura 9 – Mapeamento TO-BE do Processo de Progressão Funcional Docente ..................... 96

Figura 10 – Proposta de Mapa de Fluxo de Valor do Processo de Progressão Funcional

Docente no Estado Futuro ...................................................................................................... 100

Figura 11 – Etapas para a Gestão por Processos .................................................................... 110

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Elementos da modelagem BPMN.......................................................................... 32

Quadro 2 – Ícones para Mapeamento do Fluxo de Valor ......................................................... 42

Quadro 3 – Cadeia de valor: atividades sob a visão do cliente ................................................ 45

Quadro 4 – Recorte dos eixos essenciais da pesquisa bibliográfica ......................................... 62

Quadro 5 – Stakeholders em relação ao Processo de progressão funcional docente

na UFG ..................................................................................................................................... 84

Quadro 6 – Avaliação das Métricas Lean do Processo de progressão funcional docente ...... 102

Quadro 7 – Modelo de critérios para priorização de processos dentre demandas de gestão .. 111

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Perfil dos Participantes da Pesquisa ....................................................................... 86

Tabela 2 – Fatores considerados pelos Professores como muito importantes para o Processo

de progressão funcional docente............................................................................................... 87

Tabela 3 – Fatores considerados pela Área Técnica como muito importantes para o Processo

de progressão funcional docente............................................................................................... 88

Tabela 4 – Assuntos mais sugeridos para implementação no processo de progressão funcional

docente ...................................................................................................................................... 90

Tabela 5 – Análise crítica dos stakeholders primários em relação ao atual processo de

progressão funcional docente ................................................................................................... 91

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 – Percentual de Progressões concedidas com atraso e com prazo adequado. .......... 81

Gráfico 2 – Requerimentos de progressão realizados pelos docentes dentro e fora do prazo

adequado ................................................................................................................................... 82

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABPMP – Association of Business Process Management Professionals

BPM – Business Process Management

BPMN – Business Process Management Notation

CA – Comissão de Avaliação

CAPES – Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior

CAVI - Comissão de Avaliação Institucional

CBOK – Common Body of Knowledge

CD – Conselho Diretor

CGU – Controladoria Geral da União

CONSUNI – Conselho Universitário

CPPD – Comissão Permanente de Pessoal Docente

AD – Setor de Acompanhamento e Desenvolvimento

PA – Setor de Procedimentos Administrativos

FIN – Setor de Procedimentos Financeiros

EBTT – Ensino Básico, Técnico e Tecnológico

EPC – Event-driven Process Chain

FIFO – First in – First out

GEP – Área de Gestão de Pessoas

GesPública – Programa Nacional de Gestão Pública e Desburocratização

GP – Gestão por Processos

IDEF – Itegrated Definition Language

IFE – Instituição Federal de Ensino

IFES – Instituição Federal de Ensino Superior

LT – Lean Thinking

LTM – Lead Time

MEC – Ministério da Educação

MFV – Mapeamento do Fluxo de Valor

MIT – Massachusetts Institute of Technology

ME/PDG – Ministério da Economia/Planejamento, Desenvolvimento e Gestão

MS – Magistério Superior

NGP – Nova Gestão Pública

OMG – Object Management Group

PDI – Plano de Desenvolvimento Institucional

PE – Produção Enxuta

RADOC – Relatório de Atividades Docentes

SAD – Sistema de Avaliação de Desempenho

SEI – Sistema Eletrônico de Informações

SIAPE – Sistema de Administração de Pessoal

SICAD – Sistema de Cadastro de Atividades Docentes

STP – Sistema Toyota de Produção

TAV – Taxa de Agregação de Valor

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TCT – Total Cicle Time

TLT – Total Lead Time

TWT – Total Waiting Time

TGS – Teoria Geral de Sistemas

TS – Teoria do Stakeholder

UA – Unidade Acadêmica

UFG – Universidade Federal de Goiás

UML – Unified Modeling Language

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 15

1.1 OBJETIVOS ................................................................................................................. 16

1.2 JUSTIFICATIVA ........................................................................................................ 17

1.3 ESTRUTURA DO TRABALHO ................................................................................ 18

2 FUNDAMENTOS TEÓRICOS DA GESTÃO POR PROCESSOS ............................... 20

2.1 CONCEITOS SOBRE PROCESSOS ........................................................................ 20

2.1.1 Classificação de Processos ..................................................................................... 21

2.2 GESTÃO POR PROCESSOS ..................................................................................... 23

2.2.1 Importância e Perspectivas da Gestão por Processos ............................................. 25

2.2.2 Metodologia BPM - Business Process Management (Gestão de Processos de

Negócio) .......................................................................................................................... 27

2.2.3 Mapeamento e Modelagem de Processos .............................................................. 29

2.3 GESTÃO POR PROCESSOS NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA ....................... 32

2.3.1 Gestão por Processos nas Instituições Federais de Ensino .................................... 35

2.4 FATORES CRÍTICOS DE SUCESSO DA GP ......................................................... 36

3 A FILOSOFIA LEAN THINKING ..................................................................................... 38

3.1 DEFINIÇÕES E PRINCÍPIOS DA FILOSOFIA LEAN THINKING .................... 38

3.1.1 Valor, Fluxo de Valor e Desperdício ..................................................................... 39

3.1.2 Princípios do Lean Thinking .................................................................................. 41

3.2 MAPEAMENTO DO FLUXO DE VALOR .............................................................. 42

3.2.1 Estado atual e Estado futuro ................................................................................... 45

3.2.2 Kaizen - Melhoria Contínua ................................................................................... 46

3.3 LEAN EM ÁREAS ADMINISTRATIVAS E NO SERVIÇO PÚBLICO .............. 47

3.4 FATORES CRÍTICOS DE SUCESSO DO LT ......................................................... 49

4 TEORIA DO STAKEHOLDER .......................................................................................... 51

4.1 IDENTIFICAÇÃO E CLASSIFICAÇÃO DE STAKEHOLDERS .......................... 53

4.2 GESTÃO DE STAKEHOLDERS ................................................................................ 54

5 METODOLOGIA ................................................................................................................ 57

5.1 ETAPAS DO ESTUDO ............................................................................................... 59

6 DETALHAMENTO DE APLICAÇÃO DA METODOLOGIA AO PROCESSO DE

PROGRESSÃO FUNCIONAL DOCENTE ......................................................................... 67

6.1 CARACTERIZAÇÃO DO CAMPO PARA ESTUDO DE CASO ......................... 67

6.2 BASE LEGAL E NORMATIVA DO PROCESSO DE PROGRESSÃO ............... 68

6.3 DIAGNÓSTICO DO PROCESSO NO ESTADO ATUAL...................................... 71

6.3.1 Modelagem AS-IS................................................................................................... 72

6.3.2 Mapa de Fluxo de Valor no Estado Atual .............................................................. 78

6.4 ESTUDO DOS STAKEHOLDERS DO PROCESSO ................................................ 85

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6.4.1 Identificação e classificação dos Stakeholders ...................................................... 85

6.4.2 Construção e aplicação do questionário de pesquisa aos Stakeholders ................. 86

6.4.3 Análise da percepção de valor dos Stakeholders Principais .................................. 87

6.5 GERENCIAMENTO E TRANSFORMAÇÃO DO PROCESSO ........................... 93

6.5.1 Desenho TO-BE ..................................................................................................... 96

6.5.2 Proposta de Mapa do Fluxo de Valor no Estado Futuro ...................................... 100

6.5.3 Melhoria Contínua - Kaizen ................................................................................ 103

7. DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ................................................................................ 104

8. PROPOSTA DE INTERVENÇÃO: PLANO DE GESTÃO POR PROCESSOS PARA

A UFG .................................................................................................................................... 109

9. CONTRIBUIÇÃO TECNOLÓGICA E SOCIAL ......................................................... 117

CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................... 118

REFERÊNCIAS ................................................................................................................... 121

APÊNDICE A ....................................................................................................................... 132

APÊNDICE B ........................................................................................................................ 134

APÊNDICE C ....................................................................................................................... 135

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1 INTRODUÇÃO

O movimento para a melhoria organizacional vem sendo estudado desde o início

do século XX – com a Administração Científica de Taylor (1911), a Teoria da Burocracia de

Weber (1940), o Lean Manufacturing (Produção Enxuta) de Ohno e Toyoda (1950), a Gestão

da Qualidade de Juran e Deming (1951), o Lean Thinking – LT (Pensamento Enxuto) de

Womack e Jones (1990), a Reengenharia de Hammer (1996), o Business Process

Management – BPM (Gestão por Processos de Negócio) da Association of Business Process

Management Professionals (2003), entre outros – e nesse mesmo sentido, muitas

organizações procuram adotar ferramentas para melhorias de processos e eficiência, contudo

nem sempre com a eficácia esperada quando a prática é realizada.

Organizações são constituídas de diversas atividades que são desenvolvidas com o

objetivo de alcançar a missão institucional, sendo que essas atividades podem ser agrupadas e

denominadas como processos de negócio. Na administração pública, as Instituições Federais

de Ensino possuem fraquezas como a falta de recursos, tanto financeiros, quanto de pessoal

qualificado para realização de inovações na administração. Dessa forma, para atender à sua

missão, essas Instituições necessitam atualizar as formas de gestão e eliminar os esforços que

não agregam valor às suas partes interessadas (stakeholders).

Para a gestão por processos de negócio podem ser utilizadas metodologias para

identificar e entender os problemas, bem como auxiliar o gestor a melhorar e otimizar as

atividades organizacionais (SORDI, 2012). Rodrigues et al. (2017) ressaltam que a gestão por

processos é uma metodologia de avaliação contínua para a melhoria do desempenho dos

processos que mais impactam na satisfação dos clientes. Nesse contexto, o Lean Thinking

(Pensamento Enxuto) não objetiva apenas a otimização de processos, mas de todo o sistema

organizacional. Trata-se de uma abordagem sistêmica para a busca de atividades que agregam

valor ao cliente e da eliminação de desperdícios (WOMACK; JONES, 2004). Como aliada à

Gestão por Processos e ao Lean Thinking, a Teoria do Stakeholder auxilia na definição dos

públicos de interesse que a organização irá priorizar durante o processo para agregar valor.

Diante da dificuldade de implementar e gerenciar, de modo prático e contínuo, o

ciclo de vida completo de um processo e sua execução nas organizações, o presente estudo se

constitui relevante interesse para o setor público, haja vista que em um cenário de crise de

diversos recursos é necessário garantir a competitividade da organização por meio de

aprimoramento contínuo da gestão com a utilização de métodos para auxiliar no estudo dos

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processos, eliminação do desperdício e agregar valor aos stakeholders, adquirindo maior

capacidade de lidar com as mudanças.

Nessa direção, com base na importância da gestão por processos, alinhada à

filosofia lean thinking e à teoria do stakeholder, este estudo visa propor uma intervenção

organizacional, como forma de melhorar a eficiência dos resultados administrativos da

Universidade Federal de Goiás (UFG) por meio de um plano de gestão por processos para a

referida Instituição. Como recorte de pesquisa, parte-se do pressuposto de que há indícios de

baixa sinergia entre atividades e pessoas na UFG, indicando a necessidade de um instrumento

para conhecimento e gestão das atividades e processos, em busca pela eficiência e melhoria

contínua. Tais indícios são verificados em situações de retrabalhos, rupturas, longas esperas,

intervenção e solicitações de esclarecimento pelos órgãos de controle, gerando mais volume

de trabalho e desgaste para diversos setores na Instituição.

A partir dessa análise e da existência de múltiplos métodos e teorias científicas

sobre eficiência organizacional, a questão central é: A partir de elementos de Gestão por

Processos, do Lean Thinking e da Teoria do Stakeholder, como criar um plano de gestão por

processos para contribuir com a eficiência da UFG?

Para o estudo de caso, foi selecionado o Processo de progressão funcional docente

na UFG, tendo em vista a sua abrangência administrativa, o número de pessoas que podem ser

beneficiadas, a proximidade da pesquisadora com o processo, a quantidade de departamentos

envolvidos, a complexidade, a importância que o processo tem para os servidores, e o impacto

direto e indireto que pode haver em relação ao ambiente institucional interno e externo.

O resultado esperado deste estudo envolve a proposta de uma metodologia que

adote uma visão por processos aliada ao pensamento enxuto, podendo trazer significativas

contribuições tecnológicas e sociais para a gestão da UFG, as quais podem influenciar

positivamente os stakeholders das áreas indissociáveis de ensino, pesquisa e extensão dessa

Universidade, tornando-a mais competitiva.

1.1 OBJETIVOS

O objetivo geral deste estudo é apresentar uma proposta de Plano de gestão por

processos para a UFG, utilizando como base metodologias de Gestão por Processos (GP),

Lean Thinking (LT) e Teoria do Stakeholder (TS). Para tanto, o estudo será conduzido pelos

seguintes objetivos específicos:

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Diagnosticar o atual processo de progressão funcional docente na UFG e seus

fundamentos legais;

Caracterizar o processo a partir da Gestão por Processos, do Lean Thinking e

Teoria do Stakeholder; e,

Propor alterações para melhoria da eficiência do processo, utilizando as

metodologias de Gestão por Processos, Lean Thinking e Teoria do Stakeholder.

1.2 JUSTIFICATIVA

As Instituições Federais de Ensino (IFEs) vêm enfrentando uma realidade de

desafios contínuos e caminhos árduos para lidar com as rápidas mudanças, devido às

interações de seus processos internos com os processos e controles do ambiente externo. A

qualidade ganhou bastante enfoque na gestão de instituições de ensino, haja vista que o fator

competitividade organizacional, antes citado apenas no setor privado, abrange cada vez mais

o setor público. A competitividade das IFEs no âmbito público se justifica pela necessidade

de atração de investimentos, captação de recursos para seu orçamento, ou ainda se tornar polo

de referência em educação superior, por exemplo.

Para tanto, é preciso contar com a capacidade dos gestores em se adaptar às

transformações do ambiente externo. Nesse período de austeridade econômica e controle

social, é ainda maior a preocupação dos órgãos públicos superiores e órgãos de controle com

o enfoque econômico e operacional das instituições públicas de ensino, buscando mecanismos

de redução de seus custos, rastreabilidade de atos administrativos e de medição de

desempenho das IFEs.

Nessa busca por adaptação às mudanças do ambiente, identificam-se esforços

isolados para melhorias em processos na UFG, no entanto, ainda não são perceptíveis os

reflexos dessas ações no cotidiano e na cultura organizacional. Existe a necessidade de

modificações significativas na condução dos processos da Universidade, de forma a

transformá-los e agregar referências que os tornem mais eficientes do ponto de vista dos seus

stakeholders, principalmente de seus clientes finais.

Segundo Tapping e Shuker (2010) entre 60% e 80% de todos os custos envolvidos

para satisfazer as necessidades dos clientes, são funções administrativas, ou seja, a maior

parte dos custos está concentrada nas áreas administrativas e não nas de produção. Nesse

sentido, percebe-se que há uma evolução na produção científica relacionada à Gestão por

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Processos e à filosofia Lean Thinking para aumento de eficiência, contudo, com viés aos

interesses do setor privado. Dessa forma, é essencial adaptar e consolidar bases teóricas para

aplicação dessa prática na UFG.

De acordo com Cruz (2015), há cada vez mais evidências corroborando que a

abordagem lean thinking nas rotinas administrativas também traz melhorias em seus

processos. Diante desse contexto, e considerando o fato de que os princípios de gestão por

processos, lean thinking e teoria do stakeholder não exigem grandes investimentos para

implantação, surge a necessidade da realização deste estudo, a fim de propiciar maior

entendimento e melhoria das interrupções nos fluxos de trabalho e redução dos desperdícios

na gestão da UFG, com foco em agregar valor aos seus stakeholders.

1.3 ESTRUTURA DO TRABALHO

O trabalho está dividido em nove capítulos, iniciando pela introdução ao contexto

da pesquisa, objetivos e justificativa no Capítulo 1. No Capítulo 2 é apresentado o referencial

teórico sobre a Gestão por Processos, seus conceitos, perspectivas e aplicação como meio de

integração de pessoas, processos e conhecimento visando à eficiência e à qualidade para as

organizações, bem como a sua contextualização com a Administração Pública.

Em sequência do referencial teórico, o Capítulo 3 apresenta o tema da Filosofia

Lean Thinking, cujo objetivo principal é eliminar o desperdício dos processos produtivos para

gerar valor para os clientes, sendo uma forma sistemática e contínua de fazer cada vez mais

com cada vez menos recursos. Ao final do capítulo, o tema também foi contextualizado com a

Administração Pública.

No Capítulo 4, a Teoria do Stakeholder conclui o referencial teórico e se apresenta

como método de identificação e gerenciamento dos grupos que possuem interesses junto às

organizações, de forma a entender suas necessidades para o desenvolvimento de processos de

relacionamento com eles, visando alcançar a missão e os objetivos das organizações.

O Capítulo 5 apresenta os métodos a serem utilizados na pesquisa e um percurso

metodológico em nove etapas para a consecução dos objetivos deste estudo. Em seguida, o

Capítulo 6 apresenta o desenvolvimento e aplicação da pesquisa ao contexto do Processo de

progressão funcional docente da UFG, a partir dos temas de Gestão por Processos, Lean

Thinking e Teoria do Stakeholder, bem como a análise das informações obtidas após a

aplicação dos procedimentos metodológicos.

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No Capítulo 7 há a discussão dos resultados de acordo com os pontos importantes

identificados a partir das melhorias resultantes da aplicação da combinação de ferramentas

estudadas ao processo selecionado para o estudo de caso.

No Capítulo 8 está disponibilizada a proposta de intervenção organizacional,

produto deste estudo: o Plano de gestão por processos para a UFG, elaborado em oito etapas

para orientar as ações de gestão de processos organizacionais no âmbito da UFG.

No Capítulo 9 são apresentadas as importantes contribuições tecnológicas e

sociais decorrentes dos resultados deste estudo, finalizando em seguida, com as considerações

finais sobre a experiência da pesquisa e sugestões para futuras investigações.

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20

2 FUNDAMENTOS TEÓRICOS DA GESTÃO POR PROCESSOS

A abordagem sistêmica da gestão por processos nas organizações tem como

fundamento a Teoria Geral de Sistemas (TGS), a qual surgiu da necessidade de integração das

teorias da administração – Teorias Científica, das Relações Humanas, Estruturalista e

Comportamental – bem como de uma visão holística de que o conjunto das partes formam o

todo organizacional (SORDI, 2012).

Conforme Sordi (2012), a interdependência entre as partes de uma organização na

TGS é a base para a construção das teorias sobre gestão por processos, haja vista que Hammer

(2004) enfatiza que as inovações não devem ficar isoladas nos diversos departamentos – ou os

chamados silos funcionais – mas devem permear todos os processos da organização de uma

ponta a outra. Dessa forma, o enfoque sistêmico da gestão por processos indica para o

caminho da integração de todas as equipes, convergindo capacidades e conhecimento em

busca da qualidade, melhoria contínua e agregação de valor.

Desse modo, antes de realizar maior aprofundamento no estudo da gestão por

processos, é importante detalhar melhor o que são processos e suas características, conforme

será conduzido no item 2.1 a seguir.

2.1 CONCEITOS SOBRE PROCESSOS

Segundo Kluska et al. (2015), os processos representam o funcionamento de um

negócio, com o objetivo de organizar o fluxo da troca de valores entre a organização,

fornecedores e clientes. Para Oliveira e Grhomann (2016), processo é definido como um

conjunto de atividades utilizadas para transformar insumos em resultados conforme a

necessidade dos clientes.

De forma simples, Marshall Jr. et al. (2012, p. 33) definem processo como “a

transformação, com agregação de valor, de recursos em alguma coisa esperada”, conforme

ilustrado graficamente na Figura 1 a seguir. Para os autores, toda organização está permeada

por processos, os quais formam a base para que os gestores possam conduzí-las e melhorá-las

(MARSHALL JR. et al., 2012).

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Figura 1 – Representação gráfica da definição de um processo

Fonte: Elaborado pela Autora (2019), adaptado de Marshall Jr. et al. (2012)

Para teóricos clássicos como Davenport (1998) e Hammer e Champy (1994),

processo é um conjunto de atividades de trabalho com uma sequência lógica ou uma

ordenação específica com um começo, um fim, entradas e saídas, as quais possuem valor para

nichos de clientes. No mesmo sentido, Gonçalves (2000), acrescenta a concepção mais

frequente de processo como sendo um conjunto de atividades que recebem insumos,

adicionam valor e os transformam em produtos e serviços para clientes específicos.

Dentre as várias definições para processos, todas refletem o mesmo sentido, qual

seja, “uma série contínua ou intermitente de atividades multifuncionais que são naturalmente

ligadas junto com o trabalho, fluindo (por meio destas atividades) para um determinado

resultado” (BERTÉLI; BARCELLOS, 2017, p. 408). Segundo Rodrigues e Sousa (2015),

toda a teoria de processos se define como uma relação de esforço para atravessar a

organização de ponta a ponta, buscando atingir resultados na produção de bens e serviços com

valor para o cliente.

Segundo Longaray et al. (2017), os processos são meios que a organização possui

para transformar seus recursos e agregar valor aos produtos e serviços, a fim de atender os

clientes. Nesse sentido, Falcão Junior e Santos (2016) destacam que processos são compostos

por atividades inter-relacionadas que geram um fluxo de trabalho gerencial para solucionar as

demandas do contexto organizacional de modo a solucionar questões específicas. Diante de

toda a discussão teórica, Rodrigues et al. (2017) reforçam que, considerando os processos

como essenciais para as organizações que buscam maior eficiência e eficácia, é necessário

que haja na gestão uma compreensão clara dos processos que compõe uma organização.

2.1.1 Classificação de Processos

Para melhor entender, um conjunto de processos pode ser classificado em

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macroprocessos, processos e subprocessos, conforme o nível de abrangência. Conforme a

representação da Figura 2, macroprocessos são conjuntos maiores de processos integrados que

impactam significativamente no funcionamento da organização; Processos são subdivisões

dos macroprocessos e constituem um conjunto ordenado de atividades com início e fim, as

quais geram resultados para a organização em diferentes níveis; e, Subprocessos são

subdivisões dos processos, demonstrando maior nível de detalhamento das atividades

necessárias para a execução de cada processo (BRASIL, 2013a; MARSHALL JR. et al.,

2012).

Figura 2 – Classificação de processos

Fonte: Elaborado pela Autora (2019), adaptado de Marshall Jr. et al. (2012)

Já os estudos de Harrington (1993) adicionam mais duas classificações nessa

hierarquia de processos: a atividade, a qual constitui e integra os fluxogramas, detalhando

todo o caminho dos processos e subprocessos; e, e a tarefa, como a menor parte de um

processo, sendo um elemento de uma atividade específica.

Para Rummler e Brache (1994), as categorias básicas de processos podem ser

divididas em processos primários, responsáveis pelo atendimento direto ao cliente; processos

auxiliares, que dão suporte e controlam os recursos para manter os processos primários; e,

processos gerenciais, os quais estão relacionados à governança corporativa da organização,

orientando os demais processos. De forma similar, Longaray et al. (2017) categorizam os

processos em três formas básicas: processos primários, processos chave e processos críticos.

Para o autor, processos primários são aqueles que se relacionam com o cliente de forma

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direta; processos chave são necessários para o funcionamento da organização e, apesar de não

perceptíveis aos clientes, geram impacto no resultado final; e, processos críticos são aqueles

relacionados à estratégia da organização e que pode ser percebido pelo cliente como algo que

agrega valor ao resultado final.

2.2 GESTÃO POR PROCESSOS

Devido às mudanças nas relações de consumo, surgem clientes mais exigentes e a

pressão pela redução do tempo de entrega de produtos e serviços pelas organizações. Dessa

forma, na década de 80 observou-se um aumento de transformações para aumentar a

velocidade dos seus processos de negócio, discussões sobre reengenharia e a busca do

conceito de gestão por processos, o qual foi se popularizando na década de 90 pelos estudos

de Hammer (BERTÉLI; BARCELLOS, 2017; GONÇALVES, 2000).

Hammer e Champy (1994) observam que as mudanças entre clientes e

concorrência em um ambiente competitivo são as forças que impulsionam a necessidade de

inovação na forma de administrar as organizações. Buscando alcançar resultados mais

consistentes, bem como a entrega de produtos e serviços de qualidade ao mercado, as

organizações necessitam empregar processos eficientes e efetivos, de forma que a

institucionalização da gestão por processos contribui para a melhoria organizacional visando o

desempenho e a sustentabilidade (ROSSÉS et al., 2017).

Segundo Bertéli e Barcelos (2017), após a popularização dos benefícios obtidos

pelas organizações em virtude da adoção da gestão por processos, houve aumento das

publicações sobre o assunto. Teóricos como Grover e Kettinger (2000), Gonçalves (2000a),

Smith e Fingar (2003), Davenport (2005), Rosemann e De Bruin (2005), Jeston e Nelis (2006)

e Hammer (2007) disseminaram em seus estudos benefícios da gestão por processos para as

organizações como sendo redução de tempos, custos e falhas, bem como melhorias da

compreensão do trabalho, do fluxo de informações e aumento da produtividade (BERTÉLI;

BARCELLOS, 2017).

Segundo Oliveira e Grohmann (2016), seja em organizações públicas ou privadas,

a gestão por processos tem como objetivo aperfeiçoar os processos de trabalho de forma

contínua, a fim de alcançar melhores resultados para a organização, mobilizando todos os

colaboradores envolvidos para realizar técnicas de compreensão, análise, melhoria e controle

das rotinas organizacionais.

A Gestão por Processos (GP) tem como objetivo, estruturar o desempenho da

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organização por meio de uma visão sistêmica de seus processos, no sentido de melhorar os

produtos e serviços (CHANG, 2006). Nesse sentido, para Laurindo e Rotondaro (2006), o

foco da gestão por processos é voltado para o desenvolvimento organizacional, com objetivo

de melhorar qualitativamente e sistematicamente o desempenho na gestão, de forma a atingir

os objetivos do negócio.

Ao contrário do enfoque departamentalista que trata as funções organizacionais

separadamente, apenas como atividades isoladas por área de atuação, a gestão por processos

possui enfoque na visão sistêmica de todo o trabalho realizado pela organização, permitindo

assim a gestão do conhecimento e o aperfeiçoamento contínuo (BRASIL, 2013a). Com

enfoque sistêmico, a gestão por processos tem como objetivo projetar e melhorar

continuamente os processos organizacionais, utilizando-se de pessoas capacitadas para

trabalhar em equipe, na finalidade de agregar valor para o cliente (PRADELLA; FURTADO;

KIPPER, 2012).

A gestão por processos pode ainda ser definida como um conjunto de métodos e

tecnologias utilizado pelas organizações com o objetivo de integrar todas as partes

interessadas nos processos, permitindo aos gestores e às equipes ter uma visão completa de

todas as partes da atuação produtiva organizacional (CRUZ, 2009). Na prática, Martinho

(2011), destaca que a gestão por processos utiliza métodos, técnicas e a tecnologia da

informação para diagnosticar, mapear e controlar os processos organizacionais. Dessa forma,

segundo Rodrigues et al. (2017), com o profundo estudo dos processos existentes é possível

uma gestão efetiva do negócio como um todo, otimizando os fluxos e maximizando a entrega

de valor ao cliente.

Teóricos ressaltam a diferença entre gestão por processos e gestão de processos,

conceitos distintos, porém frequentemente confundidos em diversos estudos. Para os autores,

ambos os conceitos visam contribuir com a atividade fim da organização para atender melhor

as necessidades dos clientes. A gestão de processos possui abrangência reduzida e isolada em

sua utilização, focando em melhorar um determinado processo, buscando sua evolução

constante; já a gestão por processos possui um propósito maior, com foco na análise

modelagem e implementação dos processos de ponta a ponta, pressupondo alterações mais

estruturais na organização, no modo de pensar e agir em relação aos problemas e demandas

(SORDI, 2012; JESUS; MACIEIRA, 2014; CARVALHO; SOUSA, 2017).

Carrara (2011) e Lopes e Bezerra (2008) conceituam que a gestão por processos

pode ser implantada em uma organização como um método para execução de um programa de

qualidade, sendo o ponto de partida para a melhoria contínua dos processos produtivos, tendo

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em vista que o enfoque deste tipo de gestão dispõe de abordagem sistêmica para minimizar

perdas e melhorar suas entregas aos clientes. Nesse sentido, a gestão por processos é pensada

com foco em soluções preventivas, garantindo a participação das pessoas que contribuem para

o alcance dos resultados esperados (MORAES; ALVES FILHO, 2017).

Duas grandes linhas teóricas influenciaram a área de gestão por processos, sendo

o trabalho de Shewhart e Deming (1986), o qual deu origem ao movimento pela qualidade,

por meio de técnicas para isolar as causas dos problemas operacionais, bem como o trabalho

de Hammer e Champy (1993) na reengenharia de processos, direcionando o pensamento

administrativo para a modelagem de processos (RODRIGUES; SOUSA, 2015).

Para Laudon e Laudon (2002), a GP busca a melhoria contínua na organização por

meio de um conjunto de ferramentas, as quais permitem compreender melhor e otimizar a

maneira como os processos organizacionais são executados. As organizações precisam

acreditar na mudança como algo valioso para seu futuro em um mercado cada vez mais

dinâmico, estimulando assim, a participação das pessoas na adoção da gestão por processos.

Sentanin (2004) ressalta que as vantagens da prática da gestão por processos, em síntese,

envolvem melhoria do trabalho em equipe, pessoas trabalhando com enfoque sistêmico e

visão holística, integração dos sistemas de informação e geração de valor para o cliente.

Sobretudo, Bertéli e Barcelos (2017) destacam que, frequentemente, ao abordar conceitos da

gestão por processos, surgem os conceitos da gestão da qualidade.

2.2.1 Importância e Perspectivas da Gestão por Processos

As organizações estão inseridas em ambientes em constante mutação, por isso é

altamente recomendável a adoção de estratégias para rever seus processos continuadamente,

visando manter a utilização eficiente de seus recursos. Para tanto, a gestão por processos

auxilia as organizações na otimização de procedimentos internos, associando vantagens como

a redução de custos e a melhoria contínua para maximizar a satisfação de seus clientes

(RODRIGUES et al., 2017).

A importância da gestão por processos, para Sánchez-González et al. (2012), está

na visão além das fronteiras departamentais, de forma que o foco está em entregar resultados

ao cliente com o diferencial da qualidade. Para Garcia (2015) a gestão com foco na estrutura

organizacional e seus departamentos gera barreiras hierárquicas e problemas de comunicação,

de forma que dificulta a fluidez dos processos e o foco no cliente. Diante dessa abordagem

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funcional, as metas departamentais tornam-se mais importantes do que as contribuições para

entregar valor ao cliente.

De acordo com Silva (2014) trata-se de uma proposta de nova cultura de gestão

para tornar as organizações mais flexíveis. Para Domingues et al. (2015) a gestão por

processos aperfeiçoada envolve todos os setores da organização em busca daquilo que é

essencial para o bom desempenho, como a direção estratégica, alinhamento de recursos e

disciplina constante. A gestão por processos é o contínuo aperfeiçoamento das organizações,

haja vista que constantemente são conduzidas a modificar seus procedimentos para se

manterem competitivas (MARSHALL JR. et al., 2012).

Considerando que processos não existem de forma isolada, sendo que saída de um

é sempre a entrada de outro, Carvalho e Sousa (2017) destacam a importância da gestão por

processos para a construção de visão holística na organização em busca da simplificação do

trabalho para redução de perdas e do tempo de entrega para atingir a satisfação do cliente.

Segundo Kluska et al. (2015) os processos são estruturas fundamentais para gerenciamento

das organizações, sendo os ganhos com eficiência, qualidade e flexibilidade os benefícios

mais evidentes quando essa abordagem é utilizada na gestão.

Souza Júnior (2013) destaca que, além da produtividade e qualidade, as vantagens

da gestão por processos englobam o entendimento uniforme do processo por todas as partes

envolvidas, colaborando para a transformação do conhecimento, identificação de

oportunidades de melhoria e possibilidade de maior controle de desempenho. Nesse mesmo

sentido, Kohlbacher (2010), corrobora essa consequente melhoria do desempenho

organizacional por meio da gestão por processos, a qual possibilita melhor estruturação dos

processos para o alcance de maior velocidade, qualidade e redução de custos em todas as

áreas da organização para gerar valor para o cliente.

Dessa forma, a gestão por processos promove essa orientação de análise,

modelagem, implementação, execução, monitoramento e controle da melhoria contínua, o que

dá suporte para o alinhamento dos processos aos objetivos estratégicos da organização

(ABPMP, 2013). Assim a implementação da gestão por processos pode ser relacionada aos

níveis de produtividade, qualidade e inovação das organizações.

Salgado et al. (2013) complementam que a gestão por processos é marcada pelo

significativo envolvimento de todas as pessoas na organização, de forma que, além da além da

produtividade, pode gerar maior satisfação no trabalho, bem como desenvolver habilidades e

competências nas pessoas. Nesse contexto, Oliveira e Grohmann (2016) concluem que a

perspectiva da gestão por processos é a de que organizações são formadas por um conjunto de

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processos, os quais devem ser compreendidos, documentados e modelados, não de acordo

com a função dos seus departamentos, mas com o modo de trabalho que mais proporciona

valor agregado à sua estratégia, bens e serviços oferecidos.

2.2.2 Metodologia BPM - Business Process Management (Gestão de Processos de

Negócio)

De forma geral, as metodologias de gestão por processos têm como objetivo

principal a representação gráfica dos processos por meio de fluxos, mapas ou diagramas, para

que possam ser entendidos e analisados por todas as partes interessadas (PAVANI JUNIOR;

SCUCUGLIA, 2011). As metodologias possibilitam entender a sequencia dos processos,

avaliar o desenvolvimento de melhorias, racionalizando o processo e simplificando a sua

operacionalização, de forma a agregar valor para o cliente e tornar a organização mais

competitiva (PRADELLA et al., 2012).

A metodologia de gerenciamento de processos BPM (Business Process

Management) permite entender e melhorar os processos nas organizações, trazendo vantagens

como comunicação mais efetiva, produtividade e redução do desperdício. Segundo Pavani

Junior e Scucuglia (2011), BPM é uma das metodologias mais difundidas no âmbito da

modelagem de processos por propor uma visão interfuncional e interdepartamental,

promovendo resultados mais alinhados às expectativas dos clientes.

De acordo com Cruz (2008) BPM pode ser definida como um conjunto de

metodologias e tecnologias que possibilita a integração lógica entre os processos e seus

stakeholders, dando à organização uma visão completa da atuação de cada parte que compõe

os processos de negócio, tudo isso agindo através da automatização dos processos.

Segundo Palvarini e Quezado (2013) a gestão de processos busca compreender

minuciosamente a realidade de cada processo, com objetivo de implementar uma efetiva

gestão de riscos. Para tanto, os autores destacam que a gestão de processos passa por um

ciclo, o qual é constituído por quatro fases, quais sejam: a modelagem de processos para a

representação da realidade atual e desejada; a simulação, para avaliação de estimativas e

cenários; a emulação, para testar dados reais em projeções; e, a encenação para a

implementação, de fatos, dos processos testados (PALVARINI; QUEZADO, 2013).

Segundo Souza Júnior (2013) para que uma organização alcance seus objetivos

por meio da gestão de processos se faz necessária a adoção do ciclo de vida BPM. O BPM

CBOK (Common Body of Knowledge – Guide to the Business Process Management) – um

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guia para gerenciamento de processos de negócio – envolve o ciclo de vida BPM em uma

sequência de nove áreas de conhecimento essenciais para a implementação de uma

metodologia de gestão por processos, de maneira a criar uma visão geral e ampla de BPM,

sendo elas:

1) Gerenciamento - Visão ampla das operações de negócio, envolvendo diversos aspectos

do processo executado: tempo, custo, capacidade e qualidade. Integra estratégias e

objetivos com expectativas e necessidades de clientes. É a base para explorar as demais

etapas.

2) Modelagem - É a materialização do processo, de forma que se torna possível às pessoas

compreender, formalizar e comunicar os principais componentes de processos de

negócio.

3) Análise - A análise de processos envolve a utilização de técnicas como modelagem,

entrevistas e simulações para a compreensão completa e interfuncional das atividades dos

processos de negócio, bem como os resultados dessas atividades. O foco é compreender

os processos atuais (AS-IS). Constitui a base para a etapa de desenho de processos.

4) Desenho - O desenho é a definição formal de objetivos, organização do funcionamento

das atividades e regras necessárias para atingir resultados, sendo determinante para a

etapa de transformação de processos. Envolve o desenho do modelo futuro de processos

de negócio (TO-BE).

5) Gerenciamento de desempenho - É o monitoramento da execução de processos e o

acompanhamento do desempenho com o objetivo de apurar a eficiência e eficácia dos

processos, bem como identificar as falhas, repetições e fases desnecessárias. Envolve

ainda a compreensão do que medir e de como medir, implicando no controle de como o

trabalho se desenvolve.

6) Transformação - Envolve a mudança de paradigma em uma visão de ponta a ponta dos

processos, sobre como podem ser modificados, com objetivo de encontrar a melhor

maneira de realizar o trabalho. Inclui abordagens de melhoria, redesenho e reengenharia

de processos.

7) Organização do gerenciamento - Envolve o gerenciamento de atribuição de papéis,

responsabilidades, cultura e estrutura organizacional interfuncional, provendo suporte

para a organização ser orientada por processos.

8) Gerenciamento corporativo - O gerenciamento corporativo envolve práticas de BPM para

assegurar o alinhamento das estratégias de negócio com o foco do cliente e demais partes

interessadas. Sustentação dos ganhos por meio da otimização constante dos processos.

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9) Tecnologias de BPM - Envolve sistemas, ambientes e tecnologias da informação para

prover suporte à implementação de BPM na organização. Inclui tecnologias para apoiar a

modelagem, análise, desenho, execução e monitoramento de processos de negócio

(ABPMP, 2013).

No mesmo sentido, Pereira e Argoud (2013) simplificaram e propuseram cinco

passos para a implementação da gestão por processos nas organizações, sendo: conhecer a

estrutura e o contexto da organização, visando o entendimento do negócio e definição do

objetivo da gestão por processo; modelar e analisar os processos, para obter o diagnóstico da

situação atual e planos de ação; redesenhar os processos e construir novos mapas de processos

que caracterizam a situação futura; implementar os planos de ação e suas propostas de

melhoria dos processos; e, gerenciar e monitorar os resultados dos processos visando a

manutenção das melhorias implantadas.

2.2.3 Mapeamento e Modelagem de Processos

Para Silva (2014) o mapeamento facilita a gestão por processos haja vista que se

trata de uma forma de captação de informações sobre os processos para que se possa aplicar

técnicas de melhoramento como redesenho ou reengenharia. O mapeamento viabiliza a

consolidação do conhecimento para a estruturação de mudanças necessárias para cada

processo (GUSBERTI, 2006).

De acordo com Leal (2003), a técnica de mapeamento do processo é capaz de

identificar desperdícios e suas origens dentro da organização, fazendo com que o trabalho

funcione de forma mais sistêmica e alcance mais eficiência. Para Pavani Jr. e Scucuglia

(2011) a grande importância do mapeamento de processos está no fato de que se torna

possível registrar e documentar procedimentos, preservando o conhecimento da organização

para suporte ao longo do tempo.

A modelagem processos, segundo Davenport (2005), trata-se de representar

graficamente os estágios, atividades e tarefas detalhadas que compõem os processos da

organização. Segundo Rosemann (2006), a modelagem de processos é uma técnica utilizada

para registrar o fluxo dos processos existentes, o que permite redesenhá-los visando melhorias

futuras. Dessa forma, um conjunto de atividades pode ser representado detalhadamente do

início a fim por meio da modelagem de processos (SOUZA JÚNIOR, 2013).

Conhecendo a situação atual dos processos, numa perspectiva de identificação de

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problemas e necessidades de melhorias para agregar valor aos clientes finais é o grande ganho

competitivo que o mapeamento e a modelagem de processos podem proporcionar às

organizações. Na prática, a modelagem realiza a identificação dos caminhos do processo e os

representa por meio de fluxogramas para o entendimento e visão completa dos fluxos e

caminhos críticos dos processos, facilitando a análise e planejamento de melhorias

(RODRIGUES; SOUSA, 2015). Oliveira e Grohmann (2016) propõem a cultura da melhoria

contínua para realizar as modificações necessárias (remodelagem) identificadas por meio do

mapeamento.

Para Sánchez-Gonzáles et al. (2012), os envolvidos na gestão por processos

precisam identificar facilmente o contexto e as necessidades do ambiente organizacional, de

modo que o mapeamento dos processos deve ser apresentado de forma compreensível à todos.

Dessa forma, para realizar o mapeamento existem notações que definem situação atual dos

processos (AS-IS), e como deveria ser a situação futura (TO-BE) (SOUZA JÚNIOR, 2013).

Segundo ABPMP (2013), vários tipos de notações como BPMN (Business Process Model and

Notation), UML (Unified Modeling Language), EPC (Event-driven Process Chain), IDEF

(Itegrated Definition Language) e Fluxograma são utilizadas para representar a técnica de

mapeamento de processos. Dentre as diversas formas de notação, a BPMN é uma notação

padronizada que facilita a gestão dos processos, com foco no entendimento e controle das

informações, possibilitando a interação entre diversas áreas de negócio.

Segundo Tolfo et al. (2016) na etapa de diagnóstico da situação atual do processo,

AS-IS, é preciso identificar os itens envolvidos como atores, entradas, saídas, tarefas e demais

informações que revelem como o processo é executado, o que proporciona a modelagem para

seu entendimento por todos os envolvidos e potenciais melhorias. Em seguida da

identificação dos pontos de melhoria, discute-se a definição de mudanças necessárias para

cada atividade de compõe o processo. A representação das mudanças é a remodelagem do

estado atual para o estado futuro (TO-BE) do processo, passando pela validação de toda a

equipe antes de ser implantada como nova forma de execução e controle do processo (TOLFO

et al., 2016).

A BPMN (Notação de Gestão por Processos de Negócio) é uma notação criada

pelo Object Management Group (OMG) em 2002, para representar graficamente os processos

organizacionais permitindo uma visão mais simplificada dos processos. Segundo ABPMP

(2013, p. 77), notação pode ser definida como “um conjunto padronizado de símbolos e regras

que determinam o significado desses símbolos”. Considerando os diversos aspectos dos

processos de negócio, a notação BPMN apresenta um conjunto de símbolos para modelagem

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e desenho dos processos de forma padronizada, facilitando o entendimento dos fluxos do

processo pelas suas partes interessadas (ABPMP, 2013).

Um modelo BPMN é dividido em linhas paralelas denominadas swim lanes, as

quais são comparadas à piscinas divididas em raias. As piscinas representam processos e

participantes no processo. As raias podem ser a representação dos papeis desempenhados

pelos atores do processo, bem como podem representar organizações, sistemas ou qualquer

outro executor, ou ainda uma combinação deles no modelo gráfico. Dessa forma, os fluxos de

trabalho se movem e cruzam funções, formando caminhos de um papel para outro (ABPMP,

2013). A Figura 3 apresenta um fluxo de processo modelado segundo a notação BPMN.

Figura 3 – Exemplo de Fluxo de processo em BPMN

Fonte: ABPMP (2013, p. 82)

Existem quatro tipos de elementos que representam o comportamento do processo

em um modelo BPMN: objetos de fluxo (atividades, eventos, entradas (gateways)), objetos de

conexão (fluxo de sequência, de mensagem e associação), swim lanes (piscinas e raias),

artefatos (comentários e informações extras) e objetos de dados (descrevem como os dados

podem ser manipulados: entrada, saída ou banco de dados). O Quadro 1 apresenta a descrição

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32

dos principais tipos de elementos da notação BPMN para modelagem de processos utilizados

neste estudo.

Quadro 1 – Elementos de modelagem BPMN

TIPO ELEMENTO DESCRIÇÃO NOTAÇÃO

Objetos

de Fluxo

Eventos Indica o início do processo

Indica o término do processo

Atividades

Tarefa (atividade simples).

Subprocesso (a atividade contém um ou mais

subprocessos que poderiam ser representados

por novos diagramas)

Gateways

(decisões)

Gateway (somente um caminho dos vários

possíveis pode ser escolhido – controlam

pontos de convergência e divergência do

fluxo).

Objetos

de

Conexão

Fluxo de

Sequência

Fluxo de sequência (indica a ordem em que as

atividades são executadas).

Fluxo de

Mensagem

Associação

Fluxo de mensagem (indica o fluxo de

mensagens entre duas entidades diferentes).

Swim

lanes

(piscina e

raias)

Piscina

Pool ou piscina (é um contêiner de um único

processo que lhe dá nome – divisão física, as

atividades estão separadas fisicamente)

Raia

Lane ou raia (representa um papel ou área da

organização – divisão lógica, as atividades

estão separadas logicamente). Fonte: Adaptado de OMG (2011)

2.3 GESTÃO POR PROCESSOS NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Segundo Falcão Junior e Santos (2016), em ritmo cada vez mais acelerado, as

organizações públicas vêm passando por mudanças significativas, devido às atuais relações

sociais e políticas, de forma que são necessárias novas formas de conduzir seus processos e

aumentar a satisfação de todos que interagem com a organização. Para o autor, a gestão por

processos evidencia-se como método de renovação, fomentando a qualidade dos serviços

prestados pelas organizações públicas. Para Carvalho e Souza (2017), a sociedade brasileira

está buscando cada vez mais por serviços melhores e que atendam aos interesses da população

de forma transparente.

Segundo Silva (2014), a partir das iniciativas de reforma do governo conservador

de Margaret Thatcher no Reino Unido em 1979, a administração pública vem sofrendo

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33

pressão de um movimento generalizado para adequação das organizações públicas às

mudanças dos interesses e demandas sociais, conhecido como Nova Gestão Pública (NGP).

Nesse sentido, muitos países, diante da pressão social para aumentar a eficiência estão

investindo na mudança das organizações públicas para a redução de custos e maior qualidade

dos serviços prestados, a partir de novos modelos de gestão (CRAWFORD et al., 2003). De

acordo com Carvalho e Souza (2017), o advento da NGP traz a necessidade da adoção de uma

gestão organizacional menos centralizada, focada no desempenho e nos clientes usuários dos

serviços públicos.

Apesar da evolução dos modelos de administração pública ao longo da história,

não houve a substituição de um modelo pelo outro, haja vista que atualmente ainda é

perceptível a prática de muitas características dos modelos patrimonialista e burocrático em

diversos níveis de gestão (MAGALHÃES, 2017). Com a crise do Estado em várias partes do

mundo, a partir da década de 80, a administração pública gerencial começou a se estabelecer

com a proposta de ajuste das finanças públicas e melhoria na prestação de serviços

(BRESSER-PEREIRA, 1998; FERREIRA, 1999). De acordo com Manzini (2010), um fator

de grande transformação no setor público tem sido a incorporação de práticas de governança e

sistemas de gestão, visando alinhar os processos internos e aprimorar os sistemas de trabalho.

No Brasil, o princípio constitucional da eficiência, incluído pela Emenda

Constitucional n. 19, de 04 de junho de 1998, exige resultados positivos para o serviço

público, demandando rendimento profissional dos agentes públicos e presteza atendimento

das necessidades da sociedade (OLIVEIRA; GROHMANN, 2016). Contudo, para Klering e

Porsse (2014), apesar de a Reforma do Estado de 1995 no Brasil ainda não ter atingido uma

efetiva administração pública gerencial-social, percebe-se que a reforma já serviu para

avançar na implantação de mudanças melhorias nos governos em todas as esferas.

Matias-Pereira (2010) constata que o Estado brasileiro tem sérias dificuldades e

limites para atuar na qualidade dos seus serviços, deixando transparecer a morosidade e a

inflexibilidade da administração. Contudo, o autor destaca que há indícios que o Estado está

em busca do aperfeiçoamento do processo de governança pública e de novas estratégias de

atuação.

De acordo com Oliveira e Grohmann (2016) hierarquias rígidas, cultura,

estabilidade dos funcionários e mudanças periódicas da gestão são características específicas

da administração pública que têm influência negativa sobre as tentativas de melhoria e

mudança no setor. Nesse sentido, Silva (2014) enfatiza a necessidade dessas organizações

evoluírem em suas características burocráticas, buscando ferramentas que permitam melhorar

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seus desempenhos.

Falcão Junior e Santos (2016) ressaltam que é preciso superar a visão funcional,

no sentido de quebrar as barreiras internas das organizações públicas, buscando sempre as

possibilidades de eliminar tarefas e atividades desnecessárias ou em duplicidade que não

contribuem com as necessidades do cidadão.

Com o advento da NGP e a mudança de paradigmas para importar técnicas

gerenciais originadas na iniciativa privada para o serviço público, a gestão por processos

passou a ser pensada para serviço público como meio de compreensão dos métodos e

processos de trabalho para maximizar o desempenho e a utilização de recursos, refletindo

diretamente no aumento da qualidade dos serviços (CARVALHO; SOUSA, 2017;

OLIVEIRA; GROHMANN, 2016).

De acordo com Santos et al. (2011) a Teoria Geral dos Sistemas (TGS)

possibilitou às organizações uma visão de que são constituídas por um conjunto de

subsistemas interligados e interdependentes, o qual interage constantemente com o ambiente

em que estão inseridas. Essa perspectiva sistêmica permitiu que a atual teoria de gestão por

processos pudesse se destacar como método de integração de todas as partes da organização

com a necessidade do cliente (SANTOS et al., 2011).

Além disso, segundo Carvalho e Sousa (2017) é ainda mais necessária a gestão

por processos, quando se tratam de organizações que funcionam com recursos tão escassos

como o setor público, demandando maior capacidade de gestão para atender às necessidades

dos clientes. Entretanto, o autor ressalta a necessidade de administração do risco de insucesso,

devido às características ainda existentes no setor público como os aspectos legais, a redução

de recursos, a resistência às mudanças e a descontinuidade das lideranças, de forma que deve-

se levar em conta essas especificidades e enfatizar as mudanças no curto prazo.

De acordo com Domingues et al. (2015) o modo como as organizações

coordenam seus trabalhos é inerente ao meio pelo qual a organização irá gerar o aprendizado

e promover resultados em melhoria dos seus processos e atendimento das demandas com

qualidade. Dessa forma, Salgado et al. (2013) destacam aspectos motivadores para a adoção

da gestão por processos no setor público como sendo uma ferramenta valiosa de auxílio para

identificação de melhorias e promoção de transparência para a sociedade. O modelo de gestão

focado em regras rígidas e hierarquização apresenta muitas limitações e impede a organização

que o utiliza a tornar-se mais ágil e flexível, de acordo com as exigências atuais, fato que

reforça a busca pelo modelo de gerenciamento dos processos (GIVIANI; ARGOUD, 2015).

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2.3.1 Gestão por Processos nas Instituições Federais de Ensino

Segundo dados do INEP (2017) há 63 universidades federais e 40 institutos

federais no Brasil, somando 103 Instituições Federais de Ensino com 118.900 docentes

efetivos, um panorama que requer atenção especial no quesito gestão, eficiência e

competitividade, devido aos entraves e dificuldades particulares da educação pública

brasileira.

A partir do Programa Nacional de Gestão Pública e Desburocratização –

GesPública, o governo federal tem incentivado as organizações públicas a melhorarem a

gestão dos seus processos. Segundo Brasil (2014), o modelo do GesPública propõe a

orientação por processos, implicando numa postura proativa para antecipação de respostas

rápidas às mudanças do ambiente, visando aproveitar as oportunidades, eliminar de atividades

redundantes e agregar valor para as partes interessadas.

Para Garcia (2015), as instituições de ensino superior também têm recebido

cobranças no sentido de melhorar seu desempenho e, assim como outros tipos de organização,

precisam dar mais atenção ao aperfeiçoamento da sua gestão. Segundo Bolzan (2006), a

solução de problemas, tanto administrativos quanto acadêmicos, que envolvem a gestão

universitária está na busca pela qualidade para melhoria dos processos. Dessa forma, é

necessário que as IFEs sejam capazes de adaptarem-se à mudanças na forma de gestão, de

modo a adquirir agilidade e flexibilidade para atender às necessidades das partes interessadas

e cumprir sua função social (CARVALHO; SOUSA, 2017).

De acordo com Vieira e Vieira (2004), devido à explícita resistência à mudança,

as IFEs brasileiras possuem estruturas organizacionais altamente burocráticas, submetendo as

atividades universitárias – ensino, pesquisa e extensão – à normas rígidas muitas vezes

desnecessárias e repetitivas. Da mesma forma, Carvalho e Sousa (2017) corroboram que o

modelo de gestão adotado atualmente pelas instituições de ensino públicas continua sendo o

burocrático. Para os autores, o motivo da resistência está no medo da mudança, interesses

pessoais e proteção corporativa.

Para Vieira e Vieira (2004), deixar a cultura burocrática é o grande passo no

caminho da reestruturação das IFEs, sendo que, para Müller (2003) a quebra de paradigmas

com ênfase na gestão por processos é um dos maiores desafios das organizações modernas.

Segundo Secchi (2009), uma das principais características do modelo burocrático é o excesso

de formalidade na execução dos processos e comunicações, com base em funções e linhas de

autoridades. Dessa forma, a gestão por processos muda o foco em funções e autoridade para o

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foco em planejar e executar melhor as atividades, otimizando recursos, eliminando atividades

redundantes e aumentando a produtividade para fins de entregar valor ao cidadão (BIAZZI,

MUSCAT; BIAZZI, 2011).

2.4 FATORES CRÍTICOS DE SUCESSO DA GP

Estudo de teorias realizado por Trkman (2010) permitiu ao autor identificar que

entre 60% e 80% das iniciativas de gestão por processos têm falhado devido a fatores

organizacionais negativos como a falta de apoio da alta direção, baixo ou nenhum treinamento

em BPM para o pessoal envolvido e falta de comunicação e colaboração entre departamentos.

Já de acordo com o Guia BPM CBOK, os principais problemas encontrados na

implementação da gestão por processos envolvem barreiras humanas, quais sejam a falta de

envolvimento e outros interesses ocultos (ABPMP, 2013). Segundo Garcia (2015) para que

haja a transformação de uma organização orientada a processos, é essencial o envolvimento e

comprometimento das pessoas com a mudança.

De acordo com pesquisa desenvolvida por Ribeiro e Costa (2014), os fatores

críticos de sucesso da gestão por processos mais citados na teoria sobre o tema são, em

primeiro lugar, o apoio e comprometimento da alta administração, seguido de treinamento e

capacitação, medição de desempenho de processos, alinhamento entre estratégia e processos,

cultura organizacional, envolvimento das pessoas e comunicação. Trkman (2010) cita como

fatores críticos de sucesso para a gestão por processos itens como: o alinhamento dos

processos à estratégia de negócio com adoção da melhoria contínua para manter esse modo de

gestão; e o alinhamento dos processos com ferramentas tecnológicas. Além do alinhamento

estratégico e da tecnologia da informação, Rosemann e Vom Brocke (2010) citam mais quatro

fatores críticos de sucesso para a GP – métodos, governança, pessoas e cultura:

1) Alinhamento estratégico - Fator composto pelas competências de planejamento de

melhoria; vínculo com a capacidade estratégica; arquitetura de processos; medidas;

clientes e partes interessadas;

2) Governança - Fator composto pela tomada de decisão na gestão de processos; papeis e

responsabilidades; vínculo entre medidas e desempenho de processo; padrões de

processos, processos relacionados; e, conformidades da gestão de processos;

3) Métodos - Fator composto pelas competências de modelagem de processos;

implementação e execução; monitoramento e controle; inovação e melhorias; e, gestão de

programas e projetos de processo;

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4) Tecnologia da Informação - Fator importante utilizado como suporte às competências

definidas nos Métodos;

5) Pessoas - Fator composto pelas competências de: habilidades e especialidades;

conhecimento sobre gestão de processos; capacitação para processos; colaboração nos

processos e liderança; e,

6) Cultura - Fator composto pelas competências de: receptividade às mudanças; valores e

crenças; atitudes e comportamentos; atenção das lideranças e redes sociais de gestão de

processos (ROSEMANN; VOM BROCKE, 2010).

Tendo em vista um contexto de alinhamento e comprometimento com mudanças

organizacionais, bem como, o direcionamento de este estudo, em busca de inovação para

maior eficiência e competitividade, o próximo capítulo abordará o tema Lean Thinking como

filosofia de base para ações estratégicas de melhoria da gestão, visando o aumento do fluxo

produtivo, a redução de desperdícios e a melhoria de qualidade, a partir da ótica de valor das

partes interessadas nos processos.

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3 A FILOSOFIA LEAN THINKING

Pode-se definir lean thinking (pensamento enxuto) como uma abordagem que visa

a identificar e eliminar o desperdício dos processos produtivos, buscando sempre gerar valor

para os clientes (WOMACK; JONES; ROOS, 1990). A filosofia Lean surgiu no Japão após a

segunda guerra mundial, tendo como base o Sistema Toyota de Produção (STP). No pós-

guerra, o Japão encontrava-se em um cenário de profunda escassez de recursos e capital para

produção nas indústrias, o que fez com que a empresa japonesa Toyota desenvolvesse um

sistema de gestão com foco na eficiência e eliminação dos desperdícios na produção, o qual

foi consagrado como o Sistema Toyota de Produção e transformou a Toyota em uma das

maiores montadoras de automóveis do mundo (CAVAGLIERI; JULIANI, 2016).

Magalhães (2017) destaca que no processo de aplicação do modelo de produção

em massa americano em sua fábrica, a Toyota adaptou e aperfeiçoou as técnicas, criando um

novo processo produtivo – o STP – dando origem, posteriormente ao conceito de produção

enxuta. Para Cavaglieri e Juliani (2016), esta filosofia de gestão tem seu foco voltado para a

redução e eliminação desperdícios nos processos de produção, bem como no desenvolvimento

da melhoria contínua na cultura organizacional.

Segundo Magalhães (2017), na década de 80, a constante necessidade de atingir

objetivos e satisfazer o cliente deram forma a novas abordagens nos processos

organizacionais, originando o termo Lean na área da engenharia de produção. Contudo, foi

em 1992 que as organizações voltaram suas atenções ao STP, devido à obra de James

Womack e Daniel Jones – A máquina que mudou o mundo. Em seus estudos para buscar

maior conhecimento a respeito do STP, os autores, envolvidos em um projeto de pesquisa do

Massachusetts Institute of Technology (MIT) sobre a indústria automobilística mundial,

chegaram à definição do Lean Thinking e de seus cinco princípios basilares: valor; fluxo de

valor; fluxo contínuo; produção puxada; e perfeição (OLIVEIRA, 2016; SOUZA, 2016;

WOMACK; JONES, 2004). Após a publicação dessa obra, o pensamento Lean, criado com

foco na indústria, obteve grande notoriedade mundial, passando a ser estudado e aplicado em

todas as áreas da economia, desde organizações privadas ao setor público (MARTINS, 2014).

3.1 DEFINIÇÕES E PRINCÍPIOS DA FILOSOFIA LEAN THINKING

O pensamento enxuto (PE) é definido por Womack e Jones (2004) como uma

abordagem para especificar valor e gerenciar melhor as ações que criam valor nos processos,

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desde o fornecedor até a entrega ao cliente, de forma contínua, sem interrupções, sempre que

solicitadas, na tentativa de se fazer cada vez mais com menos.

Para Tapping e Shuker (2010), a produção enxuta tem como base as metas do

STP, implicando em esforço contínuo para o desperdício mínimo e fluxo máximo. Segundo

Pinto (2014), pensamento enxuto se refere à uma filosofia de gestão e liderança que tem como

objetivo a eliminação do desperdício e a criação de valor para o cliente. Para Leite et al.

(2017), trata-se de uma filosofia ou estratégia que prima pelas práticas de redução de

desperdícios no fluxo de valor para melhorar os resultados da organização como um todo e

valorizar o cliente.

Dessa forma, observa-se que na filosofia Lean o PE é uma forma sistemática e

contínua de fazer cada vez mais com cada vez menos recursos, sejam eles materiais,

financeiros, humanos ou temporais (WOMACK; JONES, 2004). Neste estudo, utilizaremos

este conceito como diretriz para melhorar ambientes administrativos, alinhando os objetivos

organizacionais aos fluxos que reduzem desperdícios e entregam maior valor para as partes

interessadas.

3.1.1 Valor, Fluxo de Valor e Desperdício

Valor é sempre definido pelo cliente, sendo expresso por suas expectativas por um

produto ou serviço específico. Os autores ressaltam que para entender um determinado valor,

primeiramente é preciso entender quem é o cliente. A partir de então, cabe à organização

identificar a necessidade do cliente e procurar atendê-la em um prazo específico, preço e

qualidade que possa satisfazer as expectativas do cliente (WOMACK; JONES, 2004).

Segundo Pinto (2014), valor é tudo aquilo que justifica a atenção, o tempo e o

esforço que dedicamos a algo. Contudo, não são apenas os clientes que esperam receber valor

das organizações, “os colaboradores, acionistas, fornecedores e a sociedade em geral também

esperam receber algo que valha a pena, para que continuem a apoiar o desenvolvimento de

uma organização” (PINTO, 2014, p. 7). Para o autor, todas as partes interessadas têm

necessidades específicas e a sua satisfação resulta no valor criado pela organização.

Um fluxo de valor, de acordo com Tapping e Shuker (2010), é composto pelo

fluxo de atividades e unidades de trabalho que produzem valor para o cliente. Womack e

Jones (2004) definem que o fluxo de valor é composto por todas as ações específicas

necessárias para se obter um produto específico, o que vai do recebimento do pedido até o

produto acabado nas mãos do cliente.

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Nesse sentido, é preciso adequar um fluxo contínuo para que as atividades sejam

realizadas todas em sequência, corretamente, sem desperdícios, fluindo sem interrupções e

reduzindo ao mínimo o tempo entre a emissão do pedido entrega do produto nas condições

especificadas pelo cliente (WOMACK; JONES, 2004).

Em relação ao desperdício, Tapping e Shuker (2010) apontam como um grande

problema nos ambientes administrativos, pois geralmente está camuflado nos processos,

sendo difícil de ser detectado. Contudo, os autores ressaltam que os mesmos princípios Lean

para combate a esse problema no ambiente de manufatura, podem ser replicados para o

ambiente de serviços, com a mesma finalidade.

Para Liker e Meier (2007), o desperdício são todas as atividades que são

realizadas nos processos produtivos, porém que não acrescentam valor ao produto ou serviço

final, sendo denominadas pelos japoneses de muda (desperdício), de forma que consomem

tempo e recursos sem agregar nenhum valor para aquilo que a organização oferece aos seus

clientes. Ohno (1997), ao estudar os problemas que impactam negativamente um sistema

produtivo, identificou sete tipos de desperdícios que podem afastar a produção do pensamento

enxuto, quais sejam:

1) Espera - Ocorre quando há tempo gasto em filas, preparações, máquinas paradas ou

materiais necessários não entregues. Geralmente ocorre pela falta de insumos, quebra de

máquina, falta de pedido do cliente, etc. Esta atividade, portanto consome tempo e não

agrega valor ao produto;

2) Transporte - É a movimentação desnecessária de peças e produtos. O transporte interno

custa caro para a empresa, sendo adicionado tempo e energia, mas não adiciona valor aos

produtos. Por exemplo, peças que são transportadas de um almoxarifado para outro;

3) Movimentação - É o movimento desnecessário de pessoas e recursos. Todas as ações

realizadas requerem tempo, quanto mais movimentos ou ações desnecessárias ocorrerem,

mais custos serão gerados, em função dos desperdícios;

4) Armazenamento - O maior de todos os desperdícios é o estoque em excesso, ou seja, mais

do que é necessário para a demanda. O armazenamento consome espaço, demanda

movimentação dentro da fábrica, pode danificar material e gera custo de manutenção do

capital;

5) Correções e Controle - Envolve defeitos, retrabalho e refugo. Gasta-se recursos para

refazer ou corrigir o que foi feito de forma errada. Em uma peça/serviço defeituoso,

existe mais desperdício do que a própria peça/serviço, pois os processos subsequentes

podem ter, por exemplo, uma parada de linha, além dos custos de retrabalho, se o defeito

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for recuperável;

6) Processamento - Operações desnecessárias, as quais se fossem eliminadas, não fariam a

menor falta,ou ainda, operações incorretas; e,

7) Produção em excesso - Produzir mais do que é preciso para atender o cliente é o pior tipo

de desperdício, pois contribui para a ocorrência dos outros seis desperdícios. A produção

que não é vendida gera um estoque desnecessário, que causará impacto no resultado, pois

incorre em custos de estocagem (OHNO,1997).

3.1.2 Princípios do Lean Thinking

A partir do foco na redução das perdas e nas atividades de criação de valor,

Womack e Jones (2004) estabeleceram cinco princípios fundamentais e sinérgicos que podem

transformar toda uma organização:

1) Especificar o que é valor para o cliente: Identificar quais as características do produto ou

serviço que satisfazem as expectativas e necessidades do cliente;

2) Identificar desperdícios na cadeia valor: Identificar a cadeia de valor para o produto ou

serviço, de modo a encontrar desperdícios no processo e eliminá-los, melhor adequando

as atividades da produção;

3) Fluxo Contínuo: Promover maior fluidez no processamento do produto ou serviço,

permitindo apenas atividades que acrescentam valor, minimizando o desperdício;

4) Produção Puxada: Permitir que a necessidade de produção seja guiada pelo cliente,

produzindo apenas o necessário e entregar apenas o que é realmente procurado pelo

cliente, no exato momento em que ele precisa, nem antes, nem depois; e,

5) Buscar a Perfeição: Perseguir a perfeição em todos os detalhes, buscando sempre

melhorar a situação atual de modo contínuo e permanente (WOMACK; JONES, 2004).

Para Tapping e Shuker (2010) os princípios Lean são destacados como: Definir

valor sob a perspectiva do cliente; Identificar o fluxo de valor; Eliminar os sete tipos de

desperdícios; Fazer com que o trabalho flua; Puxar o trabalho, não o empurrar; Buscar a

perfeição; Continuar a melhorar. Para Oliveira (2016), o pensamento enxuto integra

características para a geração de valor; a redução de desperdícios; a racionalização de recursos

e insumos; o foco nas necessidades e expectativas do cliente e demais stakeholders; e o

atendimento aos requisitos de qualidade.

Contudo, segundo Cruz (2015), atingir esses objetivos requer que o pensamento

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enxuto esteja estabelecido em um ambiente de trabalho em equipe e com a cultura de

melhoria contínua.

3.2 MAPEAMENTO DO FLUXO DE VALOR

Cavaglieri e Juliani (2016) destacam que, além da teoria, o conceito de

pensamento enxuto também apresenta ferramentas práticas para implementação nas

organizações, destacando-se dentre as principais: Mapeamento do Fluxo de Valor; Kaizen;

5S; Trabalho Padronizado; Células de Trabalho; Gestão Visual; Método FIFO (First in – First

out); Just In Time; Fluxo contínuo; Fluxo puxado; Kanban; Jidoka; Heijunka; Os Cinco

Porquês, A3 e Qualidade da Fonte. Nesta pesquisa, as ferramentas estudadas são o

Mapeamento do Fluxo de Valor (MFV) e o Kaizen, definidos a seguir.

O Mapeamento do Fluxo de Valor (MFV) pode ser definido como um diagrama

que demonstra o desenho de todas as etapas por onde passam a transformação dos recursos,

informações e atividades necessárias para atendimento das demandas dos clientes, do início

ao fim. Consiste no desenho completo de todo o processo que envolve a produção,

possibilitando uma visão sistêmica e a orientação para melhorias, desenvolvendo fluxos de

valor enxutos na organização (BENETTI, 2010; LIKER; MEIER, 2007). O Quadro 2

apresenta a descrição dos principais ícones para mapeamento do fluxo de valor utilizados

neste estudo.

Quadro 2 – Ícones para Mapeamento do Fluxo de Valor

TIPO DESCRIÇÃO ÍCONE

Cliente/Fornecedor

Ponto de partida para o processo,

podendo representar um cliente ou um

fornecedor

Caixa de Dados

A caixa de dados é colocada sob outros

ícones que requerem informações

adicionais.

Caixa de Processo

Dedicado

Representa uma atividade ou operação de

um processo

Correspondência

Representa o envio de mensagem a

alguma parte interessada

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(continuação)

TIPO DESCRIÇÃO ÍCONE

Fluxo de

Informações

Eletrônicas

Representa fluxo de informação e dados

de forma digital

Sistema puxado Representa a direção do fluxo de uma

atividade para outra

Linha do Tempo

É colocada na parte inferior do mapa,

representando os tempos de espera e de

processamento do processo.

Fonte: Adaptado de Tapping e Shuker (2010)

Segundo Magalhães (2017), o gerenciamento do fluxo de valor é um processo que

realiza captura e análises sistemáticas de dados para planejamento e associação de iniciativas,

sugerindo redução dos custos, eliminação de desperdícios e continuidade no fluxo de

informações de trabalho.

De acordo com Rother e Shook (2003), o mapeamento do fluxo de valor permite

visualizar sistematicamente e entender todo o processo, de forma que os mapas de fluxo de

valor são desenhados no estado atual e futuro, permitindo identificar e eliminar desperdícios,

bem como buscar a melhoria contínua. Para os autores, o MFV é muito mais útil do que

ferramentas quantitativas, tendo em vista que é possível enxergar em detalhe como a unidade

de produção deve funcionar e o que realmente deve fazer para a redução do lead time da

operação. “A questão básica de tornar-se enxuto não é apenas mapear, que é somente uma

técnica. O mais importante é implementar um fluxo que agregue valor” (ROTHER; SHOOK,

2003, p. 5).

Nesse sentido, Tapping e Shuker (2010) destacam que os mapas têm como

objetivo sinalizar oportunidades de melhoria do estado atual e projetar o estado futuro ideal. O

MFV utiliza métricas, tipicamente em minutos ou segundos, que auxiliam a conduzir a

melhoria e eliminação do desperdício. A métrica do lead time (TLT) ou prazo de entrega –

tempo total gasto entre o pedido do cliente e a entrega; o tempo de ciclo de trabalho – tempo

que passa entre o início de um processo ou atividade e seu término – podendo ser

desmembrado, detalhando componentes em tempo de processamento, tempo em espera

(TWT) ou tempo gasto caminhando, tempo de retrabalho, entre outros; já o tempo de ciclo

total (TCT), é a soma dos tempos de ciclo das atividades individuais, do qual se pode extrair

os desperdícios e obter a taxa de agregação de valor (TAV), ou seja, o período em que

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efetivamente se executou elementos de trabalho que efetivamente transformam o produto ou

serviço da maneira que o cliente enxerga valia (TAPPING; SHUKER, 2010). A Figura 4

apresenta um exemplo de MFV, com a visão de todo um fluxo, cuja simbologia padrão tem

como objetivo facilitar a identificação das fontes de desperdício no processo.

Figura 4 – Exemplo de Mapeamento do Fluxo de Valor

Fonte: Tapping e Shuker (2010, p. 74)

Conforme apresentado nos modelos de Tapping e Shuker (2010), podemos

calcular o lead time (TLT) do processo por meio da equação TLT = TCT + TWT. Obtendo o

lead time, é possível calcular o percentual de valor agregado do processo (TAV) por meio da

equação TCT/ TLT = TAV%.

Na definição de Rother e Shook (2003) se entende que o MFV segue a trilha de

produção do fornecedor ao cliente, desenhando cuidadosamente cada processo, material e

informação no fluxo e, em seguida, desenha-se como o fluxo deve ser para atingir melhores

resultados. Rother e Shook (2003) apontam ainda as principais vantagens da aplicação do

mapeamento do fluxo de valor: possibilita a visão sistêmica dos processos; ajuda na

identificação dos desperdícios e suas causas; possui uma linguagem comum para tratar todos

os processos; facilita a tomada de decisões sobre o fluxo; aproxima conceitos e técnicas

enxutas, aprimorando sua implementação de forma integrada; e, descreve detalhadamente o

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caminho para operar em fluxo contínuo.

Segundo Hines e Taylor (2000), as atividades de uma organização integram a

cadeia de valor e podem ser divididas em três grupos de acordo com a visão do cliente,

conforme Quadro 3: atividades que agregam valor; atividades que não agregam valor; e

atividades necessárias, mas que não agregam valor.

Quadro 3 – Cadeia de valor: atividades sob a visão do cliente

Atividades que

agregam valor

Atividades que tornam o produto ou serviço mais valioso, ou

seja, aquilo que os clientes realmente estão dispostos a pagar.

Atividades que não

agregam valor

Atividades que não agregam valor ao produto ou serviço, sendo

que clientes não se importam se elas vão ser ou não ser

realizadas e não estão dispostos a pagar por elas.

Atividades necessárias

que não agregam

valor

Atividades que não agregam valor ao produto ou serviço,

contudo precisam ser realizadas para a conclusão do processo e

os clientes também não estão dispostos a pagar por elas.

Fonte: Adaptado de Hines e Taylor (2000)

Rother e Shook (2003) recomendam que antes de se começar qualquer esforço

para melhoria, é preciso definir o valor sob a ótica do cliente do processo e começar de acordo

com as demandas do cliente, de forma a evitar o risco de se melhorar um fluxo para entregar

de forma bastante eficaz aquilo que o cliente não deseja obter. Em seguida, Rother e Shook

(2003) definem quatro etapas para realizar o MFV, sendo: 1º selecionar uma família de

produtos; 2º desenhar o estado atual do seu processo; 3º desenhar o estado futuro; e, 4º iniciar

um plano de trabalho e implementação, o qual descreva as ações concretas para se alcançar o

estado desenhado no mapa do estado futuro.

3.2.1 Estado atual e Estado futuro

O mapa do estado atual mostra o fluxo de unidades de trabalho e de informações,

representando visualmente do fluxo de recursos e informações para um fluxo de valor

específico de produção, sendo indispensável como ferramenta para gerenciar as melhorias do

processo (TAPPING; SHUKER, 2010).

Para Tapping e Shuker (2010), após a etapa de mapeamento e análise crítica do

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estado atual, pode-se ter início o desenho de um novo modelo ideal com as melhorias

pensadas para o futuro. O processo para mapeamento do estado futuro passa por três fases:

entender a demanda do cliente, implementar o fluxo contínuo, para execução correta das

atividades e nivelar o trabalho uniformemente, para reduzir tempos de espera, permanecendo

apenas o valor (TAPPING; SHUKER, 2010).

3.2.2 Kaizen - Melhoria Contínua

Kaizen, palavra de origem japonesa, vem de kai que significa desmontar,

modificar, e zen que significa fazer bem. Assim, os planos Kaizen – que podem estar

relacionados ao processo inteiro ou a algo simples em uma atividade – podem modificar os

processos a fim de torná-los melhores (TAPPING; SHUKER, 2010). De acordo com Rother e

Shook (2003), o termo Kaizen pode ser entendido como melhoria contínua e ser aplicada a um

processo ou a um fluxo de valor inteiro. Liker e Meier (2007) afirmam que a prática do

Kaizen é essencial para o pensamento enxuto e consiste em aprender e melhorar

continuamente os processos, em busca da perfeição. Segundo Rodrigues et al. (2017) a

melhoria contínua pode ser entendida como uma abordagem que analisa, simplifica e

aperfeiçoa continuadamente os processos organizacionais, com a finalidade de atingir maior

eficiência e adaptabilidade para a organização, alinhando seu desempenho com sua estratégia.

Segundo Marshall Jr. et al. (2012), o conceito de qualidade total introduzidos por

Deming (1950) e Juran (1954), ampliou o campo de atuação da melhoria nos processos

organizacionais, a partir do princípio holístico da participação de todos os membros da

organização, pois todos são responsáveis pelos resultados. Originalmente, a gestão da

qualidade era voltada para o conceito de inspeção, no entanto, hoje a qualidade é considerada

um elemento de gestão estratégico, com conceito ampliado e integrado com outras áreas do

conhecimento, essencial para o sucesso das organizações (MARSHALL JR. et al., 2012).

Não é preciso criar um plano perfeito, apenas crie um plano kaizen de maneira

que torne fácil a sua utilização. O plano precisa apenas ter o bastante para que as pessoas

comecem. A partir dos entendimentos práticos, o plano poderá ser modificado conforme

implementar melhorias. Um ambiente Kaizen precisa acontecer para que as melhorias sejam

sustentadas e que os esforços das equipes sejam reconhecidos e cultivados (TAPPING;

SHUKER, 2010).

Para Pinto (2014) é importante destacar que, assim como em muitas abordagens

de gestão, a melhoria contínua não representa uma solução rápida de implementar, nem rápida

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a dar resultados, de forma que, aos poucos as melhorias vão surgindo e formando um ciclo

repetido continuamente até que a perfeição seja alcançada.

3.3 LEAN EM ÁREAS ADMINISTRATIVAS E NO SERVIÇO PÚBLICO

Segundo Womack e Jones (2004), a aplicação do pensamento enxuto em um

ambiente administrativo é similar à estratégia de produção, pois a melhoria ocorre a partir de

atividades que identificam e eliminam os desperdícios. Tapping e Shuker (2010), com base

nos estudos de Womack e Jones, destacam ser de vital importância a aplicação do Lean em

áreas administrativas, com o objetivo de minimizar continuamente o desperdício e maximizar

o fluxo de criação de valor para o cliente, garantindo que os pedidos sejam atendidos

corretamente e subsidiando a direção estratégica da organização. Os autores apresentam uma

metodologia denominada Lean Office, a qual traz muitos dos termos Lean advindos da

manufatura para a realidade de serviços, visando o aprimoramento o fluxo de trabalho em

áreas administrativas (TAPPING; SHUKER, 2010).

Turati e Mussetti (2006) destacam que os conceitos Lean têm sido aplicados em

diversas organizações com bons resultados em seus processos administrativos. Com base em

Tapping e Shuker (2010), tal aplicação é de grande importância visto que 60% a 80% dos

custos envolvidos para atender a demanda de um cliente provém das áreas administrativas.

Segundo Nunes e Faccio (2014) é muito comum encontrar processos desarticulados em áreas

administrativas, ocorrendo atrasos, perdas e problemas de comunicação, sendo que o Lean faz

com que o trabalho e as informações fluam de maneira mais perceptível.

Nesse contexto, para Gonçalves et al. (2015) o Lean Office adere-se,

especialmente, aos fluxos de informações nos ambientes administrativos com objetivo de

melhorar a utilização da área de trabalho, reduzir problemas de comunicação, eliminar

retrabalhos e atividades que não agregam valor ao resultado dos processos, eliminar esforços

desnecessários e, aumentar a produtividade e a eficiência das funções administrativas.

No ambiente do serviço público, Pinto (2014) destaca que há grandes benefícios

para as organizações públicas que adotam a filosofia Lean Thinking em sua administração,

como por exemplo: melhoria da qualidade do serviço ao cliente, redução de custos e tempos,

melhoria na gestão e organização das operações de serviços. Para o autor, o objetivo do LT

nesse sentido é evitar ou reduzir desperdícios ligados aos fluxos de informações dos

processos, visto que processos desorganizados não agregam valor.

Turati e Mussetti (2006), em seus estudos sobre o LT aplicado ao setor público,

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apresentam resultados de eficiência da aplicação em setores administrativos públicos, de

forma que “a redução de etapas no atendimento fiscal a população de 5 para 1 e o lead time

total de atendimento de 24 horas para aproximadamente 10 minutos” (TURATI; MUSETTI,

2006, p. 01). A demora na prestação de serviços “é mais um tipo de desperdício, classificado

no Sistema Toyota de Produção como espera. Esse longo tempo de espera era uma das

maiores reclamações dos clientes-cidadãos” (TURATI; MUSETTI, 2006 p. 07).

Radnor e Walley (2008) em sua investigação sobre a implementação lean no setor

público identificaram as barreiras que dificultam o sucesso dos princípios do pensamento

enxuto nas organizações públicas do Reino Unido, sendo:

A falta de foco claro no cliente;

Excesso de procedimentos;

Pessoas trabalhando individualmente ou em departamentos isolados;

Excesso de alvos;

Falta de estratégia;

Crença em que os empregados trabalham demais e são mal remunerados; e

Falta de entendimento do fluxo do processo e visão sistêmica.

De acordo com Gonçalves et al. (2015), embora a filosofia Lean tenha surgido do

setor automobilístico, ela tem se adaptado tanto em setores de produção quanto

administrativos das mais diversas organizações públicas e privadas. E segundo Turati e

Musetti (2006), os setores não manufatureiros cada vez mais têm surpreendido com os bons

resultados da aplicação do Lean. Em complementação, Bhatia e Drew (2006) constataram os

desafios do setor público para a implementação da filosofia Lean, como sendo:

Assumir a perspectiva do cliente – de forma que as atividades sejam definidas

em função de gerar valor para o cliente. É difícil para organizações públicas

colocarem o cliente em primeiro lugar, devido à falta de competitividade.

Definir e gerenciar o processo de ponta a ponta – muitas vezes o fluxo de

trabalho cruza as fronteiras das organizações públicas, sendo necessário

envolver outros órgãos ou esferas de governo, os quais possuem interesses

diferentes, dificultando o gerenciamento do fluxo contínuo.

Expor e resolver os problemas – o excesso de procedimentos no setor público

não permite visualizar com clareza a ineficiência e gargalos dos processos.

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Desenvolver uma cultura de desempenho – existe a dificuldade fazer mais com

menos, pois é preciso mudar a cultura da organização para melhorar

desempenho das pessoas e atividades.

Segundo análise de Lima et al. (2010) do setor público, antes de adotar

ferramentas lean complexas, primeiro esse tipo de organização deve dar prioridade para se

engajar com os princípios do pensamento enxuto. Para os autores, o ponto principal é tornar

os conceitos e princípios básicos do lean compreensíveis para todos os níveis da organização,

possibilitando uma cultura de envolvimento de todas as pessoas, pois existem impactos

positivos em termos de eficácia e eficiência nas organizações que adotam os princípios lean

(LIMA et al., 2010).

3.4 FATORES CRÍTICOS DE SUCESSO DO LT

Contudo, para ter sucesso na implementação do pensamento enxuto, a

organização precisa estar comprometida em adotar a filosofia Lean, de modo que seus líderes

engajados devem motivar as pessoas para a mudança, do nível mais alto até o nível mais

baixo, envolvendo todos de acordo com os objetivos estratégicos da organização (NUNES;

FACCIO, 2014). Nesse mesmo sentido, Evangelista et al. (2013) reforça que a mentalidade

voltada para a mudança organizacional deve surgir no nível estratégico e ir se desdobrando

até o nível operacional, incorporando à cultura da organização novas formas de enxergar seus

processos, flexibilizando a solução de problemas.

Para Souza (2016) o alcance do sucesso da implementação do LT depende

extremamente das pessoas, sejam elas do nível gerencial ou operacional, ou seja, do nível de

apoio dos líderes da organização, bem como dos colaboradores que executam as atividades,

de fato, pois são elas que garantem o desempenho do sistema de melhorias e o crescimento

sustentável da empresa e podem identificar os recursos necessários para criar valor.

Pinto (2014) ressalta que desenvolver pessoas na em uma filosofia lean deve ser

entendido como um desafio permanente dentro de cada organização e como uma forma de

criar vantagens competitivas. Segundo o autor, para isso, é necessário abandonar os

paradigmas relacionados com a forma como lidamos com as pessoas nas organizações, a

começar pela questão da gestão de pessoas, percebendo e aceitando que não é possível gerir

pessoas. As pessoas devem ser lideradas porque, ao contrário de outros recursos como

espaços ou materiais, as pessoas acima de tudo, pensam. Dessa forma, não se trata apenas de

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conduzir pessoas no sentido da criação de valor para as partes interessadas, mas também de

desenvolver pessoas talentosas e criativas, certificando-se de que elas enxerguem na

organização os meios e as condições para satisfazer suas necessidades e objetivos

profissionais (PINTO, 2014).

Logo, percebe-se a necessidade de se tratar com sensibilidade as relações com as

pessoas nas organizações. Considerando nesta pesquisa, a visão da organização como um

sistema, se faz essencial o estudo da Teoria do Stakeholder, a qual embasará parte da análise

do ambiente a Instituição estudada, com foco no equilíbrio entre aqueles que exercem

influência na organização e que também são influenciados por ela. Dessa forma, o assunto

será mais bem elucidado no próximo capítulo.

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4 TEORIA DO STAKEHOLDER

Este capítulo aborda a Teoria do Stakeholder, em um contexto sistêmico de

estratégia, sobrevivência e longevidade das organizações, apresentando os conceitos mais

relevantes que podem implicar no cenário de gestão por processos desta pesquisa. Para

Machado Jr. (2009), o relacionamento com stakeholders está intimamente ligado com a

estratégia, o processo decisório, a cultura e a abordagem ética das organizações, de forma que

elas obtêm longevidade a partir do gerenciamento das necessidades desses grupos de

interesse.

Friedman (1970) destaca que, até meados da década de 80, os estudos em

administração elucidavam que as organizações deveriam se preocupar apenas com os lucros,

de forma a assegurar que seus proprietários e acionistas obtivessem ganhos financeiros.

Segundo esses primeiros estudos, caso as organizações passassem a ter a parte social como

outro foco, além do lucro, trariam prejuízos à sociedade, haja vista que quanto menos lucros,

menos empregos, salários e arrecadação de impostos (FRIEDMAN, 1970).

Contudo, as mudanças sociais e tecnológicas trouxeram alterações para os

ambientes organizacionais e novas concepções para que as organizações passassem a

construir relações com diversos grupos, preocupando-se também com a responsabilidade

social, não se resumindo apenas em lucros (CARROLL, 1979). Nos estudos de Carroll

(1979), em contraponto às teorias de Friedman (1970), havia o argumento de que as

organizações poderiam estabelecer relações mais consistentes com seus diversos grupos de

interesse, sob o aspecto de que a responsabilidade das organizações perante a sociedade não

se resumia a aumentar seus ganhos financeiros, mas também a dar atenção aos aspectos legais

e éticos relacionados aos stakeholders.

Nessa mesma linha de pensamento, o filósofo Robert Edward Freeman (1984)

elaborou a Teoria do Stakeholder (TS) no seu livro Strategic management: a stakeholder

approach, onde o termo stakeholder foi analisado a partir de um memorando do Stanford

Research Institute, o qual se referia a stakeholders como grupos sem o suporte dos quais a

organização deixaria de existir.

Freeman (1984) conceitua que stakeholder é qualquer grupo ou indivíduo que

pode afetar ou é afetado pelo fluxo de atividades de uma organização. O autor descreve as

organizações como parte da sociedade, de forma que deveriam ser consideradas mais

complexas e socialmente responsáveis pelos impactos gerados por suas atividades na

sociedade, contribuindo para o bem-estar social (FREEMAN, 1984). Já Clarkson (1995,

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p.106) conceitua stakeholders como “pessoas ou grupos que reivindicam ou dispõem de

propriedade, direitos ou interesses em uma empresa e em suas atividades no período passado,

presente e futuro” e, Donaldson e Preston (1995, p.67) referem-se à “(...) pessoas ou grupos

com interesses legítimos nos processos e aspectos substantivos de uma atividade corporativa”.

A partir de então, houve um marco no âmbito da pesquisa organizacional, de

forma que vários autores voltaram seus estudos e trabalhos para a Teoria do Stakeholder de

Freeman (1984) como Wood (1990), Clarkson (1995), Donaldson e Preston (1995), Machado

Jr. (2009), entre outros. O conceito de stakeholder para Clarkson (1995) é resumido em

pessoas ou grupos que possuem propriedade, direitos ou interesses na organização, a qualquer

tempo. Segundo Freeman (1984), o conceito de stakeholder tem como objetivo o equilíbrio

entre todas as partes interessadas da organização, refletindo uma nova maneira de direcionar e

realizar a gestão estratégica, resgatando o sucesso das organizações.

A TS de Freeman (1984) foi influenciada pela Teoria de Sistemas, Teoria das

organizações, bem como pelos estudos em estratégia e planejamento corporativo, de forma

que apresenta novas técnicas de gerenciamento com objetivo de garantir melhores resultados

e a longevidade das organizações, considerando todas as suas partes interessadas

(MACHADO JR., 2009). Para Clarkson (1995, p. 107) a longevidade das organizações

depende da “habilidade de seus gestores em criar riqueza, valor e satisfação suficientes para

aqueles que pertencem a cada grupo de stakeholders, de modo que cada grupo continue como

parte do sistema de stakeholders da corporação”.

Freeman et al. (2004) ressaltam ainda a necessidade de identificação, valorização

e integração das relações entre a organização e seus stakeholders, enfatizando o conceito de

gerenciamento do stakeholder, de forma que os gestores devem se esforçar para desenvolver

relacionamentos, inspirar e entregar valor para as partes interessadas, a fim de equilibrar a

satisfação das expectativas desses grupos e indivíduos.

O modelo de Freeman (1984) enfatiza a utilização do conceito de stakeholder no

entendimento e direcionamento das questões em volta da estratégia organizacional. Ainda, o

conceito de stakeholder pode ser utilizado para enriquecer a compreensão de cada uma das

tarefas estratégicas dos gestores à “luz das alterações internas e externas no ambiente

empresarial, oferecendo aos gestores um framework para entenderem como esses assuntos

estratégicos podem ser respondidos no ambiente turbulento da maior parte das corporações”

(FREEMAN, 1984, p. 44).

Nesse sentido, Clarkson (1995) também contribui ao afirmar que a longevidade

das organizações depende da habilidade de seus gestores em criar riqueza, valor e satisfação

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suficientes aos seus grupos de stakeholders. O autor desenvolveu ainda, classificações para os

grupos de stakeholders, dividindo-os em primário e secundário, mas sempre relacionados à

sobrevivência da organização.

4.1 IDENTIFICAÇÃO E CLASSIFICAÇÃO DE STAKEHOLDERS

Para Clarkson (1995), as organizações sem habilidade para identificar e atender

satisfatoriamente as expectativas dos seus grupos de interesse podem comprometer o seu

próprio sucesso e sobrevivência. O autor descreve a organização como parte integrante de um

sistema de stakeholders que se caracteriza pela complexidade das relações dos grupos de

interesse que possuem diferentes direitos, objetivos, expectativas e responsabilidades. Dessa

forma, a teoria de identificação e classificação de stakeholders de Clarkson (1995) contribuiu

com o desenvolvimento de conceitos relacionados à longevidade das organizações,

classificando os stakeholders em dois diferentes grupos: primários e secundários.

Segundo o autor, primeiro identifica-se os stakeholders que são responsáveis pela

continuidade da organização, denominados de stakeholders principais ou primários – seus

acionistas, investidores, funcionários, clientes e fornecedores, entre outros. Em seguida, os

demais stakeholders que não são primários, mas que de alguma forma influenciam ou são

influenciados pelas atividades da organização são denominados de stakeholders secundários.

De acordo com Clarkson (1995) a organização faz parte de um sistema de stakeholders

primários com alta complexidade nas relações, cujas expectativas quando não atendidas

satisfatoriamente, pode comprometer a sobrevivência da organização e ainda impactar, os

demais sistemas formados ao redor dessa organização.

Conforme destacado na Figura 5 stakeholders primários são aqueles que exercem

influência direta sobre a organização e normalmente são os primeiros a serem identificados

nas análises. Existe um elevado nível de interdependência entre a organização e o grupo de

stakeholders primários, de forma que estes devem se tornar motivo de constante preocupação

pela organização (WOOD, 1990; CLARKSON, 1995). O segundo grupo da teoria de

Clarkson (1995) é compreendido pelos stakeholders secundários, ou seja, aqueles de alguma

forma influenciam ou são influenciados pela organização, contudo sem estarem envolvidos

diretamente com as suas atividades e sem relação de dependência, pois não são considerados

essenciais para a sua sobrevivência. Além disso, os stakeholders secundários podem ser

opostos às estratégias da organização para atender aos grupos primários e ter capacidade de

exercer influências e mobilizar a opinião pública em favor ou desfavor da organização, como

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por exemplo, a imprensa e as organizações não governamentais (CLARKSON, 1995).

Figura 5 – Stakeholders Primários e Secundários

Fonte: Elaborado pela autora (2019), adaptado de Wood (1990)

Segundo estudos de Machado Jr. (2009), a riqueza organizacional é criada e

mantida, principalmente pelo grupo de stakeholders primários. Para o autor, eles têm relação

direta com a sobrevivência e longevidade da organização, pois são elementos essenciais e

podem ser considerados tomadores de decisão, haja vista que “eles lideram ou conduzem a

organização e decidem em qual direção a mesma deve ir, neste sentido e em última instância,

isto leva a firma a durar mais, significando e sendo claramente identificado como o processo

de escolha das estratégias” (MACHADO JR. 2009, p. 250).

Clarkson (1995) adiciona maior peso às responsabilidades dos gestores, não se

limitando à maximização dos lucros da organização, mas principalmente em se dedicarem a

atender as necessidades dos stakeholders principais. Nesse sentido, estudos sobre a gestão de

stakeholders foram desenvolvidos para que as organizações reconheçam e analisem as

características desses grupos e suas conexões com estratégia e longevidade da organização.

4.2 GESTÃO DE STAKEHOLDERS

Segundo Freeman (1984), as organizações têm necessidade de gerenciar as

relações com seus stakeholders, identificando-os, reconhecendo seus interesses e necessidades

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e aprimorando o relacionamento com eles, visando o alcance dos objetivos da organização.

Para o autor, a organização que não conhece quem são seus grupos de interesse, não constroi

mecanismos para entender suas necessidades e não desenvolve processos para se relacionar

com eles, têm menor capacidade de geri-los.

Machado Jr. (2009) observa a importância do gerenciamento e integração entre a

organização e os stakeholders, valorizando seus diversos interesses. Segundo o autor, o vigor

do negócio depende da satisfação das suas partes, haja vista que tais grupos mantêm seus

relacionamentos com a organização com a intenção de obterem vantagens. Para Donaldson e

Preston (1995), a gestão dos stakeholders viabiliza a realização dos vários objetivos da

organização, por meio da visualização e valorização das aspirações das partes interessadas,

sendo mais bem sucedidas aquelas organizações que realizam o gerenciamento de

stakeholders.

Para que as organizações consigam direcionar maior atenção às expectativas dos

seus stakeholders é de suma importância que tais grupos sejam identificados, classificados, e

que suas relações e conflitos de interesse sejam gerenciados (FREEMAN, 1984). O autor

destaca que apesar de o conceito de stakeholder parecer algo simples, ele torna-se bastante

complexo em sua aplicação, tendo em vista que seu gerenciamento envolve múltiplos níveis

de análise e requer a abordagem estratégica das expectativas dos stakeholders (FREEMAN,

1984).

Para incorporar nas rotinas da organização as preocupações dos stakeholders, bem

como monitorar essas relações com a organização, Freeman (1984) aborda a estratégia em

três diferentes níveis, sendo: primeiro quem são os stakeholders da organização; segundo,

quais os seus interesses, e terceiro, quais são as bases para os seus direitos sobre a

organização. Freeman (1984) compõe a análise de stakeholders em dois níveis, sendo que o

primeiro identifica e analisa os interesses de cada parte separadamente. Já no segundo nível é

realizada a integração entre os interesses identificados, com objetivo de obter um plano que se

adapte às mais variadas partes. A ideia do autor é obter estratégias que possam atender a

múltiplos stakeholders, em diversos cenários organizacionais.

Na gestão de stakeholders, Freeman (1984) destaca ainda outros três níveis para

entendimento dos processos utilizados para gerenciar stakeholders: o nível racional, em que

se procura identificar e compreender as expectativas dos stakeholders; o nível processual, em

que se procura compreender os processos utilizados pela organização nas relações com os

stakeholders e compará-los com os resultados obtidos no nível racional; e o nível

transacional, onde é preciso compreender as negociações e relações de troca entre a

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organização e seus stakeholders, analisando se estão relacionadas com os resultados obtidos

no nível racional.

Freeman (1984) ressalta que a TS pode ser aplicada em diversas organizações, não

importando a sua natureza ou tamanho, pois a teoria possui ferramentas e conhecimentos

disponíveis para a organização dar maior atenção e realizar o equilíbrio entre a satisfação das

suas expectativas e dos seus grupos de interesse. Em suma, identificar com exatidão os

stakeholders de um processo contribui para envolver as pessoas certas e para desenvolver

melhor comunicação entre elas, de forma a estabelecer uma relação de confiança com as

partes interessadas, permitindo o diferencial e o sucesso da organização.

Dessa forma, ao concluir este capítulo de referencial teórico, pode-se perceber a

interdependência essencial entre o gerenciamento por processos, o engajamento em agregar

valor aos processos e, o equilíbrio das expectativas e satisfação das organizações e dos seus

grupos de interesse, de forma que teoricamente, a GP, o LT e a TS têm forte vinculação entre

si, fornecendo a base para o presente estudo de caso, conforme os próximos capítulos a seguir.

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5 METODOLOGIA

Neste capítulo é apresentada a metodologia utilizada para conduzir o presente

estudo na Universidade Federal de Goiás, tendo em vista a necessidade de atender aos seus

objetivos geral e específicos, bem como responder à questão de pesquisa: A partir de

elementos de gestão por processos, do Lean Thinking e da Teoria do Stakeholder, como criar

um plano de gestão por processos para contribuir com a eficiência da UFG?

Ao atribuir-lhe caráter científico, a pesquisa adquire natureza aplicada, incluindo

proposta de intervenção para melhorias na gestão de uma universidade pública federal.

Segundo Prodanov e Freitas (2013, p. 51), pesquisa aplicada é aquela que “objetiva gerar

conhecimentos para aplicação prática, dirigidos à solução de problemas específicos”. Quanto

aos fins, esta pesquisa caracteriza-se como exploratória, a qual, para Prodanov e Freitas

(2013, p. 52) busca “descobrir um novo tipo de enfoque para o assunto. Assume, em geral, as

formas de pesquisas bibliográficas e estudos de caso”. Essa modalidade de pesquisa

proporciona maior familiaridade com o problema de estudo, com objetivo de torná-lo

explícito ou construir hipóteses por um novo ângulo (GIL, 2007). Quanto à abordagem do

problema, trata-se de pesquisa qualitativa. Essa abordagem possui ênfase nos processos e nos

significados ao fornecer análises mais detalhadas sobre as investigações, atitudes e tendências

de comportamento (MARCONI; LAKATOS, 2010).

O estudo de caso, segundo Prodanov e Freitas (2013, p. 60) “busca a aplicação

prática de conhecimentos para a solução de problemas”. Yin (2005) define o estudo de caso

como uma investigação empírica no contexto da vida real. Já a pesquisa-ação é caracterizada

pelo mapeamento de processos selecionados, análise e proposta de aplicação das ferramentas

teóricas pesquisadas. A pesquisa-ação possui “estreita associação com uma ação ou com a

resolução de um problema coletivo. Os pesquisadores e os participantes representativos da

situação ou do problema estão envolvidos de modo cooperativo ou participativo”

(PRODANOV; FREITAS, 2013, p. 60). Para esta pesquisa, foi escolhido o processo de

progressão funcional docente na UFG, tendo em vista a sua abrangência administrativa, o

número de pessoas que podem ser beneficiadas, a proximidade da pesquisadora com o

processo, a quantidade de departamentos envolvidos, a complexidade, a importância que o

processo tem para os servidores, e o impacto direto e indireto que pode haver em relação a

outros processos finalísticos da universidade como ensino, pesquisa, extensão, gestão e

avaliação institucional.

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Em relação ao delineamento, os procedimentos técnicos utilizados são a pesquisa

bibliográfica, pesquisa documental, estudo de caso e pesquisa-ação. Segundo GIL (2007) a

pesquisa bibliográfica é elaborada com base em material já publicado com o objetivo de

analisar posições diversas em relação a determinado assunto. Por meio da pesquisa

bibliográfica, a investigação de estudos publicados nas áreas da gestão por processos, filosofia

lean thinking, administração pública e teoria do stakeholder foi alicerce para o

desenvolvimento do referencial teórico, tendo sido analisados livros, dissertações, teses e

publicações periódicas sobre os temas escolhidos.

De acordo com Gil (2007), a técnica de pesquisa documental é semelhante à

bibliográfica, diferenciando apenas pela natureza das fontes, tendo em vista que se trata de

material que ainda não recebeu tratamento analítico. Neste estudo, a pesquisa documental foi

desenvolvida com base em documentos disponibilizados pela instituição pesquisada, como

requerimentos, regimento interno, resoluções, além do arcabouço legal de outras entidades

governamentais em torno das situações pesquisadas na UFG, como leis, orientações

normativas e portarias, que auxiliaram no desenvolvimento da pesquisa, sobretudo, como

forma de analisar a viabilidade legal das propostas de alteração no processo de progressão,

resultante deste trabalho.

Além das técnicas bibliográfica e documental, a base de dados da pesquisa

também foi composta pela análise de opiniões dos servidores técnicos e clientes finais do

processo de progressão docente, por meio de questionário, e, por entrevistas com servidores

dos departamentos envolvidos no processo. Segundo Marconi e Lakatos (2010) a entrevista

semiestruturada parte de questões básicas pré-definidas que interessam à pesquisa, sendo que

o uso da entrevista também permite averiguar fatos ocorridos, conhecendo a opinião, o

sentimento e ação das pessoas sobre os fatos. A entrevista foi realizada com objetivo de

aprofundar detalhes observados na análise documental e levantar maiores opiniões de

servidores em contato técnico direto com o processo estudado. Os dados coletados por meio

dos instrumentos de questionário e entrevista foram obtidos entre o período de janeiro a

março de 2019.

O questionário foi associado à escala de Likert de cinco pontos, variando de 1

(discordo totalmente) até 5 (concordo totalmente), aplicado junto às pessoas que se

constituem partes interessadas no processo investigado. Segundo Gil (2007), escalas são

instrumentos utilizados para medir a intensidade das opiniões do público-alvo da maneira

mais objetiva possível e, destaca que o questionário pode ser definido como uma técnica de

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investigação composta por questões apresentadas por escrito às pessoas, com objetivo de se

obter conhecimento de opiniões, interesses, expectativas, etc.

Ressalta-se que o projeto de pesquisa, bem como seu instrumento foi submetido

ao Comitê de Ética em Pesquisa da UFG antes de sua aplicação, estando aprovado na

Plataforma Brasil sob o Certificado de apresentação e apreciação ética nº

03149018.3.0000.5083 (Apêndice C). Na seleção dos participantes da pesquisa, as amostras

são definidas por critérios não probabilísticos, e selecionadas pelo método intencional, cuja

seleção é baseada no conhecimento sobre a população e o propósito do estudo (MARCONI;

LAKATOS, 2010). Dessa forma, foram escolhidos os servidores envolvidos diretamente no

atual processo de progressão funcional docente da UFG, incluindo todos os servidores que

trabalham nas instâncias de execução do processo e, uma amostra de 50% dos professores que

já obtiveram ao menos uma progressão em sua carreira docente.

As técnicas escolhidas para análise de dados foram a análise de conteúdo, e a

triangulação de teorias. Segundo Vergara (2005, p. 15) “a análise de conteúdo é considerada

uma técnica para o tratamento de dados que visa identificar o que está sendo dito a respeito de

determinado tema.” A triangulação “prevê os diversos ângulos de análise, as diversas

necessidades de recortes e ângulos para que a visão não seja limitada e o resultado não seja

restrito a uma perspectiva” (TUZZO; BRAGA, 2016 p. 141).

5.1 ETAPAS DO ESTUDO

O desenvolvimento da pesquisa está organizado em nove etapas sequenciadas, as

quais foram construídas com base na sequência das áreas de conhecimento essenciais para

implementação da metodologia de gestão por processos BPM da ABPMP (2013), bem como

nos princípios da teoria de LT de Womack e Jones (2004) e Tapping e Shuker (2010),

conforme demonstra a Figura 6 e o detalhamento das suas etapas nos itens a seguir.

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Figura 6: Percurso metodológico da pesquisa

Fonte: Elaborado pela autora (2019)

Etapa 1

Pesquisa

Bibliográfica

Etapa 2

Definição dos

Eixos Teóricos

essenciais

Etapa 3

Diagnóstico do

Processo de

progressão

funcional docente

Identificação do Estado

Atual do processo, aplicando

modelagem AS-IS e o MFV

Etapa 4

Identificação e

Classificação

dos stakeholders

Gestão por Processos; Lean

Thinking; Administração

Pública; e, Teoria do

Stakeholder

Recorte dos eixos teóricos

da pesquisa bibliográfica

Etapa 7

Gerenciamento do

Processo de

progressão

funcional docente

Aplicação da TS; do

desenho TO-BE; MFV; e

Kaizen à gestão do processo

Etapa 8

Apresentação e

Discussão dos

resultados

Etapa 5

Construção e

Aplicação do

questionário de

pesquisa

Proposta de Estado Futuro

para o processo de

progressão funcional

docente

Utilização das teorias de

Freeman (1984) e

Clarkson (1995)

Pesquisa documental:

processos de progressão

finalizados, legislação para

progressão docente; e

Entrevista: com responsáveis

pela execução do processo

Etapa 9

Proposta final do

Plano de Gestão

por Processos para

a UFG

Questionário baseado nos

eixos teóricos da Etapa 2

Comparação entre o estado

atual e o estado futuro do

processo de progressão

funcional docente

Etapa 6

Identificação da

percepção de valor

dos stakeholders

Por meio de análises das

respostas do questionário

Apresentação de

metodologia baseada nos

temas de GP, LT e TS

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Etapa 1 – Pesquisa bibliográfica

Na Etapa 1 (Figura 6), já concluída conforme Capítulos 2,3 e 4, foi realizada a

pesquisa e análise bibliográfica a partir da produção científica disponível sobre os temas

gestão por processos, lean thinking e teoria do stakeholder, analisando-os também no

contexto da administração pública. Dentre livros, dissertações, teses e artigos científicos, foi

selecionada a base teórica que permitiu o estabelecimento de relações entre os elementos-

chave dos temas pesquisados.

Etapa 2 –Definição dos eixos teóricos essenciais

Na Etapa 2 (Figura 6), por meio da pesquisa bibliográfica, foi realizado o

destaque das palavras-chave de cada tema estudado, seguido da associação entre todas as

palavras. Dessa forma, permitiu-se o recorte dos eixos teóricos essenciais em comum que

funcionam como eixos entre os temas estudados: gestão por processos, lean thinking,

administração pública e teoria do stakeholder. Dessa forma, o Quadro 4 a seguir demonstra

como foi realizado o recorte dos eixos, sendo que a coluna de palavras-chave dos temas

estudados se relaciona com a coluna de eixos teóricos. Exemplificando, é possível identificar

que as palavras melhoria contínua e evitar/reduzir retrabalho aparecem nos temas GP e LT e

são associadas à Eficiência, formando um eixo teórico entre os dois temas. Dessa forma, foi

possível alinhar uma base para posteriormente estruturar o instrumento de pesquisa, com base

nos 7 eixos identificados a partir da pesquisa teórica, quais sejam: eficiência, otimização de

resultados, alinhamento estratégico, foco no cliente, valor, comprometimento e qualidade,

conforme Quadro 4 a seguir.

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Quadro 4 – Recorte dos eixos essenciais da pesquisa bibliográfica

Temas Estudados Palavras-chave Eixos Teóricos

Fonte: Elaborado pela autora (2019)

Gestão por

Processos

Visão sistêmica; Integração de equipes;

Melhoria contínua; Resultados;

Necessidades dos clientes; Fluxo de

trabalho; Pessoas; Processos críticos; Ciclo

de processos; Gestão de riscos;

Mapeamento; Eficiência; Evitar retrabalho;

Conhecimento coletivo; Informações;

Fluxogramas; Planejamento; Metodologia;

Aperfeiçoamento; Mudanças; Cliente final;

Partes interessadas; Otimização;

Qualidade; Troca de valores;

Transformação; Eficácia; Estrutura

organizacional; Suporte; Sustentabilidade;

Reengenharia; BPMN; Controle; Apoio à

gestão; Adaptação; Descentralização

Eficiência

Otimização de

resultados

Foco no Cliente

Lean Thinking

Melhoria contínua; Pessoas; Fluxo de

Valor; Cliente final; Agregar valor;

Eliminar desperdício; Fluxo de

informações; Partes interessadas; Reduzir

esperas; Minimização de erros; Reduzir

retrabalho; Expectativas dos clientes;

Eficiência; Princípios LT; Economia de

recursos; Qualidade; Identificar valor;

Fluxo contínuo; Perfeição; Processos;

Adaptações; Cultura organizacional;

Envolvimento da equipe; Desempenho;

Planejamento; Sistematização; Mudanças;

MVF; Controle; Comprometimento da

administração; Sistema de trabalho

Eficiência

Valor

Comprometimento

Alinhamento

Estratégico

Foco no Cliente

Qualidade

Teoria do

Stakeholder

Grupos de interesse; Longevidade das

organizações; Processo decisório;

Relacionamento; Melhores resultados;

Satisfação; Ambiente organizacional;

Expectativas; Sistema; Equilíbrio;

Interdependência; Agregar valor

Eficiência

Alinhamento

Estratégico

Foco no Cliente

Valor

Administração Pública Gerencial;

Mudanças; Expectativas dos clientes;

Pessoas; Longas esperas;

Desburocratização; Descentralização;

Estrutura organizacional; Nova Gestão

Pública; Renovação; Transparência;

Barreiras internas; Foco no usuário;

Sistemas de trabalho; Fluxo de informações

Eficiência

Comprometimento

Foco no Cliente

Qualidade

Administração

Pública

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Etapa 3 – Diagnóstico do Processo de progressão funcional docente

Na Etapa 3 (Figura 6), foi realizado o diagnóstico do processo escolhido para o

estudo de caso, conforme demonstrado no item 6.3 do Capítulo 6. Inicialmente foi realizada a

pesquisa documental a partir da Lei nº 12.772/2012 que dispõe sobre a carreira dos

professores do magistério superior e da Resolução nº 18/2017 aprovada no Conselho

Universitário da UFG, a qual dispõe sobre a progressão funcional dos professores da carreira

do magistério. Nesta etapa de pesquisa documental, o objetivo é investigar os fundamentos

legais e requisitos necessários para a concessão de progressão aos professores, o que poderá

interferir e influenciar o fluxo do respectivo processo. Em seguida, tendo em vista que não há

a formalização do mapeamento do processo de progressão funcional docente na UFG, foi

realizada pesquisa documental em requerimentos de progressão já finalizados na UFG, para

investigar seu fluxo e definir melhor o processo. Complementarmente, junto às instâncias por

onde passa o processo de progressão funcional docente, foram realizadas entrevistas

semiestruturadas com 06 servidores responsáveis pelo processo, um em cada instância, acerca

do fluxo de atividades do processo de progressão. Dessa forma, foi diagnosticado como está

sendo executado o processo e realizado o mapeamento do seu estado atual (AS-IS) e do seu

fluxo de valor, como parte inicial de aplicação das ferramentas de BPM e MFV.

Etapa 4 – Identificação e classificação dos Stakeholders

Na Etapa 4 (Figura 6), foi realizada – conforme detalhes no item 6.4 do Capítulo 6

– a identificação e classificação dos stakeholders, sendo que ao adotar o método de

brainstorming, foram listadas as partes interessadas do processo de progressão funcional

docente na UFG, quais sejam: Docentes, Discentes, Gestão de Unidades Acadêmicas

(Direção/UA), Comissão de Avaliação de Unidades Acadêmicas (CA/UA), Gestores e

Técnicos da área de Gestão de Pessoas (GEP), Comissão Permanente de Pessoal Docente

(CPPD), Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES),

Ministério da Educação (MEC), Ministério da Economia/Planejamento Desenvolvimento e

Gestão (ME/PDG), Controladoria Geral da União (CGU). Pensando nos interesses de cada

um, foi realizada a classificação dos stakeholders, em primários e secundários, segundo as

teorias de Freeman (1984) e Clarkson (1995), conforme item 6.4 do Capítulo 6.

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Etapa 5 – Construção e Aplicação do instrumento de pesquisa

Na Etapa 5 (Figura 6), foi realizada a construção e aplicação do questionário

como instrumento de pesquisa (Apêndice A), conforme parte inicial do subitem 6.4.1 do

Capítulo 6. Dois questionários, elaborados com base nos eixos teóricos deste estudo, com

estruturas semelhante e questões, em sua maioria idênticas, foram aplicados aos dois grupos

de stakeholders do processo de progressão docente: para os professores, como clientes finais e

para os servidores que atuam na execução do processo. O questionário aplicado aos clientes

finais do processo foi composto por 27 perguntas fechadas de múltipla escolha e 1 pergunta

aberta, sendo dividido em duas partes: uma para caracterização do perfil do stakeholder (6

questões) e outra para avaliação de seus interesses e opiniões (21 questões). O questionário

aplicado aos stakeholders da área técnica foi composto por 40 perguntas fechadas de múltipla

escolha e 1 pergunta aberta, sendo dividas em 7 questões para caracterização do perfil do

stakeholder e 33 questões para avaliação de seus interesses e opiniões, sendo que ambos os

questionários tiveram as questões formuladas com base nos eixos teóricos definidos na etapa

2 deste capítulo. As questões fechadas possuem opções de resposta com base na escala de

Likert, de forma que cada afirmação é constituída por uma escala de um a cinco pontos que

variam da total discordância até a total concordância sobre determinada afirmação, bem como

de níveis de importância sobre determinada afirmação, variando de muito importante até a

não importância.

É importante ressaltar que o instrumento foi aplicado antecipadamente em pré-

teste e, posteriormente, aplicado apenas para os stakeholders primários e, as questões foram

adaptadas, conforme o grupo de stakeholders a que foi aplicado o instrumento, seja de

servidores de uma área meio ou área fim da UFG, conforme a estrutura apresentada no

Apêndice A. A aplicação do instrumento foi por meio de questionário eletrônico encaminhado

por e-mail aos dois grupos de stakeholders primários, a fim de captar a opinião das partes

interessadas em relação à eficiência, conformidade, pontos de melhoria e percepção de valor

sobre o processo de progressão funcional docente na UFG.

Etapa 6 – Identificação da percepção de valor dos stakeholders

Na Etapa 6 (Figura 6), foi realizada a identificação e percepção de valor dos

stakeholders do processo estudado, conforme subitem 6.4.1 do Capítulo 6. A partir dos

questionários respondidos, foi realizada análise de conteúdo para inferência e identificação de

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valor sob a ótica stakeholders, bem como o levantamento de suas necessidades em relação ao

processo de progressão funcional docente.

Etapa 7 – Gerenciamento do Processo de progressão funcional docente

Na Etapa 7 (Figura 6), foi realizado o gerenciamento do processo de progressão

funcional docente na UFG, conforme item 6.5 do Capítulo 6. Com base nos dados de

percepção de valor e necessidades dos grupos de stakeholders e nos eixos teóricos deste

estudo, foi realizada a triangulação de teorias para a gestão do processo, adaptando a

aplicação áreas de conhecimento essenciais para implementação da metodologia de gestão por

processos BPM e Mapeamento do Fluxo de Valor. Considerando os eixos essenciais das

teorias estudadas sobre gestão por processos, lean thinking, administração pública e teoria do

stakeholder, nesta etapa foram aplicados os conhecimentos e técnicas encontrados para

otimizar resultados, agregar valor às partes interessadas, reduzir desperdícios e aumentar a

eficiência do processo estudado, o que resultou demonstrado no mapeamento do estado

futuro do processo (TO-BE).

Etapa 8 – Apresentação e discussão dos resultados

Na Etapa 8 (Figura 6), foi realizada a apresentação e discussão dos resultados do

estudo, conforme o Capítulo 7. Foi feita comparação dos resultados encontrados na etapa de

mapeamento do processo atual em relação aos resultados obtidos após a aplicação da

metodologia proposta na etapa 7. Em seguida, a partir da triangulação das teorias estudadas e

testes realizados, foram discutidos os resultados, bem como as indicações de ajustes ao

processo de Progressão Funcional Docente.

Etapa 9 – Proposta final do Plano de Gestão por Processos para a UFG

Por último, na Etapa 9 (Figura 6), foi realizada a finalização da proposta de

intervenção da pesquisa com a formulação de uma metodologia, apresentada em um Plano de

Gestão por Processos, com o objetivo de contribuir com a gestão da UFG, apresentando

diretrizes para as ações de gestão por processos, conforme o Capítulo 8. Fundamentado nos

temas de GP, LT e TS, baseado nos eixos teóricos essenciais estudados e ainda, nas

metodologias BPM e MFV, o plano poderá auxiliar a UFG na implantação da gestão por

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processos e na sua transformação organizacional, sendo muito importante para a simplificação

da administração pública, considerando a eficiência, otimização de resultados, alinhamento

estratégico, foco no cliente, valor, fluxo de valor, comprometimento e qualidade.

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6 DETALHAMENTO DE APLICAÇÃO DA METODOLOGIA AO PROCESSO DE

PROGRESSÃO FUNCIONAL DOCENTE

Este capítulo se destina à aplicação dos procedimentos descritos a partir da

Etapa 3 (Figura 6) da metodologia deste estudo, visando obter resultados que possam,

posteriormente, contribuir com a solução de problemas e gestão da UFG, bem como

encontrar respostas para a questão que gerou o desenvolvimento desta pesquisa.

6.1 CARACTERIZAÇÃO DO CAMPO PARA ESTUDO DE CASO

O campo utilizado para a pesquisa-ação foi a Universidade Federal de Goiás,

uma Instituição Federal de Ensino Superior (IFES) caracterizada por ser “uma instituição

de ensino, pesquisa e extensão, que objetiva produzir, sistematizar e socializar

conhecimentos e saberes, formando profissionais e cidadãos comprometidos com

a transformação e o desenvolvimento da sociedade” (UFG, 2018, p. 1).

Com 57 anos de história, dividida em quatro regionais em cidades distintas –

Goiânia, Aparecida de Goiânia, Cidade de Goiás, Catalão e Jataí – a estrutura da UFG é

constituída pela Reitoria com 7 pró-reitorias e 6 secretarias, por 10 órgãos administrativos,

27 unidades acadêmicas e 19 unidades acadêmicas especiais. Além disso, há também 3

instâncias colegiadas deliberativas na administração central da Universidade, sendo o

Conselho Universitário (CONSUNI), a instância máxima na UFG com função normativa,

deliberativa e de planejamento. No ano de 2018, devido à tamanha expansão da UFG, as

regionais de Catalão e Jataí foram transformadas em duas novas IFES no Estado de Goiás:

a Universidade Federal de Jataí e a Universidade Federal de Catalão, contudo, devido ao

recente desmembramento, até que se forme a estrutura administrativa completa das duas

novas universidades, a UFG se mantém ainda como tutora dessas duas IFES e seus

processos organizacionais.

A organização e o funcionamento da UFG são disciplinados em seu regimento,

o qual regulamenta os assuntos internos da instituição. Já as políticas institucionais são

tratadas no Plano de Desenvolvimento Institucional – PDI, documento desenvolvido em

um processo de discussões junto à comunidade universitária, o qual apresenta a missão e

os princípios institucionais da UFG, bem como seu conjunto de objetivos e metas definido

a cada quatro anos. Conforme o PDI 2018-2022, a política de gestão de pessoas está

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definida e alinhada para o desenvolvimento humano e profissional dos servidores da

Instituição, “por meio de ações na área de gestão de pessoas, realizando as atividades de

provimento, capacitação, avaliação e administração da vida funcional, na perspectiva do

crescimento da UFG de forma a integrar todos que nela trabalham” (UFG, 2018, p. 35). A

política para os profissionais da educação reitera “a garantia de formação inicial e

continuada, com densidade teórico-prática e valorização da identidade do profissional

docente”, nos termos do Plano Nacional de Educação (2014-2024), o qual determina que

“os professores recebam salário equivalente aos demais profissionais com mesma

escolaridade e, também, a existência de planos de carreira tendo como referência o piso

salarial nacional” (UFG, 2018, p.26)

6.2 BASE LEGAL E NORMATIVA DO PROCESSO DE PROGRESSÃO

Inicialmente, ao se observar a fase de Gerenciamento das áreas de

conhecimento para implementação de BPM da ABPMP (2013), foi possível obter uma

visão mais ampla da organização e do processo, sendo que, para tornar compreensível o

processo de progressão funcional docente na UFG é preciso elucidar a estrutura da Carreira

do Servidor Docente e sua fundamentação legal. Dessa forma, é sabido que nas IFEs, as

carreiras de servidores docentes e servidores técnico-administrativos são distintas. No que

diz respeito aos docentes, foco deste estudo, a carreira possui fundamento legal na Lei n.º

12.772, de 28 de dezembro de 2012, a qual dispõe sobre a estruturação do Plano de

Carreiras e Cargos de magistério federal no ensino superior e no ensino básico, técnico e

tecnológico, dentre outros. A carreira de Magistério do Ensino Básico, Técnico e

Tecnológico (EBTT) é composta por cinco classes: D-I e D-II, com dois níveis de

progressão cada uma; D-III e D-IV, com quatro níveis de progressão cada uma; e, Classe

Titular, com nível único, sem progressão (BRASIL, 2012).

Já a carreira de Magistério Superior (MS) possui códigos de classificação

diferentes, porém também é composta por cinco classes: A e B, com dois níveis de

progressão cada uma; C e D com quatro níveis de progressão cada uma; e, E, com nível

único, sem progressão. Essas cinco classes possuem denominações relacionadas, sendo:

Classe B, com denominação de Professor Assistente; Classe C, com denominação de

Professor Adjunto; Classe D, com denominação de Professor Associado; Classe E, com

denominação de Professor Titular; já a Classe A, possui três denominações, conforme a

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titulação acadêmica do docente: Classe A com denominação de Professor Auxiliar, se

graduado ou portador do título de especialista; Classe A com denominação de Professor

Assistente A, se portador do título de mestre; ou Classe A com denominação de Professor

Adjunto A, se portador do título de doutor (BRASIL, 2012).

O ingresso nas carreiras de magistério MS ou EBTT ocorrerá sempre no

primeiro nível de vencimento da Classe A ou da Classe D-I, respectivamente, mediante

aprovação em concurso público de provas e títulos, sendo que, a partir da vigência da Lei

nº 12.772/2012, o concurso passa a exigir o título de doutor como requisito mínimo para o

MS. No entanto, A IFE poderá dispensar, no edital do concurso, a exigência de título de

doutor, podendo exigir título de mestre, de especialista ou de graduação, quando se tratar

de área de conhecimento ou de localidade com carência de doutores (BRASIL, 2012).

Destaca-se que a carreira de magistério, além das classes e níveis, possui

variação de regime de trabalho, podendo ser vinte ou quarenta horas semanais, ou ainda,

regime de dedicação exclusiva, em que são cumpridas quarenta horas semanais, contudo,

sem a possibilidade de atuação em outro tipo de atividade externa à IFE, salvo nas

exceções definidas em lei (BRASIL, 2012). Desse modo, as variações no tipo de regime

trabalhado e na classe e nível de progressão influenciam no valor da remuneração do

servidor docente.

De acordo com Brasil (2012), o desenvolvimento funcional na carreira de

magistério ocorre mediante progressão ou promoção, sendo que “progressão é a passagem

do servidor para o nível imediatamente superior dentro de uma mesma classe, e promoção,

é a passagem do servidor do último nível de uma classe para o primeiro nível da classe

subsequente”. Os requisitos para a progressão e promoção funcional na carreira docente

englobam, concomitantemente, o cumprimento do interstício de vinte e quatro meses de

efetivo exercício em um nível e, a aprovação em processo de avaliação de desempenho.

Para que ocorra a promoção para as Classes D e E, além de cumprir os

requisitos de interstício e desempenho, para a Classe D é necessário que o docente possua

título de doutor e, para a Classe E, título de doutor e aprovação de memorial que deverá

considerar as atividades de ensino, pesquisa, extensão, gestão acadêmica e produção

profissional relevante do docente, ou defesa de tese acadêmica inédita (BRASIL, 2012).

Segundo a Lei nº 12.772/2012, o efeito financeiro da progressão e promoção ocorrerá a

partir da data em que o docente cumprir o interstício e os requisitos estabelecidos em lei

para o desenvolvimento na carreira.

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O processo de avaliação de desempenho docente para fins de progressão e

promoção contempla as atividades de ensino, pesquisa, extensão e gestão, nos termos da

Lei nº 12.772/2012, sendo que cabe aos conselhos competentes no âmbito de cada IFE

regulamentar os procedimentos do referido processo, seguindo as diretrizes gerais para o

processo de avaliação de desempenho, as quais são estabelecidas pelo Ministério da

Educação - MEC (BRASIL, 2012). Nesse caso, em cumprimento à legislação, a UFG

regulamentou a avaliação de desempenho docente por meio da Resolução nº 18 de agosto

de 2017, aprovada pelo CONSUNI.

A avaliação de desempenho da Resolução CONSUNI nº 18/2017, além de

considerar as atividades relacionadas a ensino, pesquisa, extensão e gestão, considera ainda

a assiduidade, responsabilidade e qualidade do trabalho docente, nos termos da Lei nº

8.112/1990 e da Portaria do Ministério da Educação nº 554 de 20 de junho de 2013. O

procedimento de avaliação é composto pela pontuação do Relatório Anual de Atividades

Docentes (RADOC), com base no Anexo II da Resolução nº 18/2017, e, por meio da

pontuação obtida nas avaliações de desempenho anuais pela chefia imediata e semestrais

pelo corpo discente. A avaliação pela chefia imediata é realizada com base nos critérios do

art. 68 da Resolução nº 18/2017 e, a avaliação pelo corpo discente é realizada com base no

desempenho didático do professor, conforme diretrizes estabelecidas pela Comissão de

Avaliação Institucional - CAVI/UFG.

Adicionalmente, a Lei nº 12.772/2012 ainda previu a, criação da Comissão

Permanente de Pessoal Docente (CPPD) em cada IFE, com objetivo de prestar

assessoramento à Instituição na formulação e acompanhamento da execução da política de

pessoal docente, no que diz respeito à avaliação do desempenho para fins de progressão e

promoção funcional, dentre outras atribuições (BRASIL, 2012).

É importante ressaltar que, tanto o processo de progressão, quanto o de

promoção, possui procedimentos e atividades administrativas similares, apresentando

apenas a diferença de nomenclatura, devido à respectiva legislação – exceto pela promoção

para a Classe E, que inclui uma etapa a mais para a avaliação de memorial, e que não será

discutida neste estudo. Dessa forma, haja vista a similaridade entre os processos de

progressão e promoção, e o intuito de simplificar o entendimento como desenvolvimento

na carreira, neste estudo ambos os processos foram unificados e tratados como processo de

progressão funcional docente, apenas.

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6.3 DIAGNÓSTICO DO PROCESSO NO ESTADO ATUAL

Verificou-se que o processo de progressão funcional docente na UFG possui a

categoria de um processo-chave, conforme definição de Longaray et al. (2017), ou seja, em

visão sistêmica, dá parte do suporte necessário para o funcionamento da organização, visto

que as atividades acadêmicas que cumprem a missão da UFG estão interligadas à

progressão funcional dos seus professores. Além disso, é um processo vinculado ao

macroprocesso de desenvolvimento funcional na carreira docente, o qual integra os

processos de progressão, promoção, aceleração da promoção, retribuição por titulação,

alteração da denominação de classe, avaliação de desempenho e estágio probatório

docente.

Para diagnosticar a forma como está sendo executado o processo de progressão

funcional docente inicialmente foi realizada a análise documental de 20 requerimentos de

progressão e promoção já finalizados, escolhidos aleatoriamente no Sistema Eletrônico de

Informações – SEI/UFG, dentre os 1.161 requerimentos gerados publicamente entre

20/09/2017 e 31/12/2018. O início da análise em 20/09/2017 se deve à data de início da

utilização de requerimentos eletrônicos na UFG, de forma a facilitar a análise digital ao

invés da análise em processos em meio físico, demandando logística de desarquivamento

dos mesmos junto ao Centro de Informação, Documentação e Arquivo da UFG, e ainda,

maior tempo de processamento das informações em cada análise.

O processo de progressão funcional consiste em procedimentos de análise

como avaliações e pareceres e, procedimentos burocráticos de instrução e encaminhamento

processual. Foi verificado o fluxo de cada requerimento eletrônico selecionado, de forma

que foi possível identificar a sua tramitação, o seu tempo de conclusão, tempo de esperas,

bem como os principais desperdícios e pontos positivos durante sua execução. Em seguida,

como parte do diagnóstico, foi realizada a aplicação de entrevista semiestruturada com os

servidores da área técnica em diferentes departamentos, o que permitiu analisar melhor

como a área técnica atua na execução processo de progressão funcional na carreira docente

na UFG. A entrevista aplicada foi composta pela estrutura de perguntas verificada no

Apêndice B, dentre elas: Como um requerimento de progressão chega até você? Quais os

procedimentos tomados aos receber um requerimento de progressão? Quais atividades são

realizadas por você no requerimento? Em média, quanto tempo é necessário para realizar

cada procedimento?

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A partir das informações coletadas nas fases de análise documental e

entrevistas, foi possível realizar a modelagem e análise AS-IS do processo, em

conformidade com a sequência das áreas de conhecimento essenciais para implementação

da metodologia BPM da ABPMP (2013). Adicionalmente, com base no segundo princípio

da teoria de Womack e Jones (2004) e Tapping e Shuker (2010) – Identificação do Fluxo

de Valor – foi gerado o mapa do fluxo de valor do processo, utilizando a ferramenta MFV,

como parte inicial para eliminar desperdícios no processo, aproveitar melhor seus pontos

positivos e, adequar suas atividades à maior eficiência da produção de valor para os seus

stakeholders.

6.3.1 Modelagem AS-IS

Durante a coleta dos dados, foi realizada a descrição das atividades do processo

por etapas, possibilitando a sua modelagem. Contudo, não foi possível realizar a

modelagem exata no modo como o processo ocorre atualmente, haja vista que foi

observado que algumas UAs executam atividades de formas diversas ao que está disposto

na Resolução 18/2017, sem uma padronização do tempo de análise, da instrução, da

documentação e do fluxo de movimentação dos processos. Como forma de adaptação para

este estudo, buscou-se realizar a modelagem a partir do processo com o fluxo que foi

utilizado com maior frequência entre os requerimentos analisados na amostra utilizada, e

que cujo prazo de conclusão estava mais próximo da média de prazos verificados na

amostra. Dessa forma, a Figura 7 a seguir representa, em notação BPMN, essa modelagem

atual do processo de progressão docente, demonstrando as atividades administrativas que

constituem o fluxo de valor e suas unidades responsáveis.

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Figura 7: Modelagem AS-IS do Processo de Progressão Funcional Docente

Fonte: Elaborado pela Autora (2019)

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Conforme apresentado na modelagem AS-IS, as unidades e órgãos envolvidos

na execução do processo de progressão docente são:

a) Unidades Acadêmicas (UA):

i. Direção (composta pelo Diretor, com auxílio do Vice-Diretor e do Coordenador

Administrativo): responsável por parte da instrução do processo, com a inclusão

de documentos e encaminhamentos;

ii. Conselho – CD (composto pela Direção, Coordenadores de graduação, pós-

graduação, pesquisa, extensão e estágio, Presidente do núcleo docente e,

representantes entre: docentes, técnicos-administrativos e estudantes da UA):

responsável pela aprovação da avaliação de desempenho docente e do parecer da

CA.

iii. Comissão de Avaliação – CA (composta por três membros docentes da UA):

responsável pela avaliação dos requisitos para progressão e emissão do parecer de

aprovação;

b) Área de Gestão de Pessoas (GEP):

i. Comissão Permanente de Pessoal Docente – CPPD (composta por quinze

membros dentre os docentes da UFG): responsável pela verificação dos requisitos

para progressão, pela homologação da aprovação do CD e, pela emissão de

parecer para aprovação final do Reitor;

ii. Procedimentos Administrativos (PA): responsável pelas informações funcionais

do docente na instrução do processo, pela aprovação final do parecer da CPPD e,

pela emissão da portaria de concessão da progressão;

iii. Procedimentos Financeiros (FIN): responsável pelo registro da progressão no

histórico funcional, pelo lançamento de valores financeiros na folha de pagamento

e, pela autuação de processos de pagamento de exercício anterior.

Ao analisar a modelagem, temos que, após o requerimento do cliente, o

processo atual está constituído por 21 atividades, distribuídas em um fluxo entre 10

instâncias entre Unidades e Órgãos da UFG, conforme descrição a seguir:

1. Autuação do requerimento: professor autua processo eletrônico no SEI, anexa apenas o

requerimento assinado e encaminha o processo à Direção da UA, com antecedência a

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partir dos 90 dias anteriores ao vencimento do interstício de 24 meses de efetivo

exercício no mesmo nível de uma classe e atribui para a Direção da UA.

2. Encaminhamento: Direção da UA inclui despacho no processo, solicitando informação

sobre a atual situação funcional do professor na carreira docente e encaminha ao PA.

3. Informação Funcional - Controle e Instrução: um servidor do PA recebe o processo no

SEI e o distribui para o servidor responsável pelo assunto; Servidor responsável analisa,

com base nos sistemas de administração de pessoal e nos documentos da pasta

funcional: se o professor solicitou corretamente a classe e nível para os quais deseja

progredir; se já completou o interstício de 24 meses desde a data da sua última

progressão; se há outros processos relacionados ou similares em tramitação, em nome

do professor que altere, impeça, ou retarde a continuidade do requerimento. Em

seguida, o servidor instrui o processo com inclusão de despacho para comprovação das

informações coletadas e encaminha o processo à CPPD.

4. Análise de Impedimento - Controle e Instrução: um servidor da CPPD recebe o

processo no SEI e analisa se o professor solicitou corretamente a classe e nível para os

quais deseja progredir; e, se já completou o interstício de 24 meses desde a data da sua

última progressão; Havendo alguma inconsistência, informa o motivo em despacho e

encaminha ao professor interessado, para conclusão do processo; se não, insere

despacho para dar continuidade na análise do requerimento e encaminha à UA.

5. Documentação: um servidor da UA recebe o processo no SEI e o distribui para a

Direção da UA. A Direção encaminha ao professor, com despacho, para que ele anexe

os RADOCs, dos dois últimos anos e, as Avaliações do Docente pelo Discente dos dois

últimos anos.

6. Documentação: professor anexa RADOCs e Avaliações do Docente pelo Discente dos

dois últimos anos e encaminha para a Direção da UA.

7. Avaliação: Direção da UA anexa as certidões de ata de aprovação dos RADOCs do

professor e os analisa, bem como analisa suas Avaliações pelo Discente; em seguida

realiza a avaliação de desempenho do professor e encaminha ao CD para aprovação.

8. Aprovação: Na reunião do CD, realizada com periodicidade de uma vez ao mês, é feita

análise e decisão se haverá aprovação da avaliação de desempenho do professor pela

Direção. Se não houver aprovação, o processo é encaminhado ao servidor para ciência

da sua avaliação de desempenho e, se desejar, solicitar pedido de reconsideração; e,

continuando o professor sem a aprovação na avaliação de desempenho, o processo é

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concluído por falta de cumprimento de requisitos. Se houver a aprovação de

desempenho pelo CD, é inserida a certidão de ata de aprovação no processo, o qual é

encaminhado a um membro da CA para a análise da pontuação e requisitos para

progressão.

9. Controle e Instrução - Parecer: CA possui prazo de 30 dias para analisar os RADOCs,

avaliações do docente pelos discentes, avaliação da Direção e calcular a pontuação do

professor no último interstício de 24 meses, conforme os critérios estabelecidos no

Capítulo III e no Anexo II da Resolução 18/2017; e, para emitir parecer conclusivo pela

habilitação ou não do professor à progressão e, encaminhar ao CD para aprovação.

Após emissão do parecer, este deve ser assinado pelos três membros da CA antes de ser

enviado ao CD para aprovação.

10. Aprovação: Na reunião do CD, realizada com periodicidade de uma vez ao mês, é feita

análise e decisão se haverá aprovação do parecer da CA, dado o prazo de 30 dias para

aprovação, conforme Resolução 18/2017. Se houver reprovação, o processo é

encaminhado à CA para alguma correção, ou ao professor para ciência da inabilitação

para progressão; se houver a aprovação do parecer da CA pelo CD, é incluída a certidão

de ata de aprovação no processo, o qual é encaminhado ao professor, para ciência do

resultado da análise.

11. Ciência: Professor registra no processo que está ciente do resultado e, pode solicitar

reconsideração da análise à CPPD em 10 dias, ou, se não desejar reconsideração,

encaminha à Direção da UA.

12. Encaminhamento: Direção da UA inclui despacho no processo, para continuidade da

tramitação e encaminha à CPPD.

13. Controle e Parecer: um servidor da CPPD recebe o processo no SEI e o distribui para

um membro responsável; o membro analisa se a documentação está completa, analisa

parecer da CA aprovado pelo CD e, se houver necessidade de correções ou

complementações, retorna o processo à UA; ou, emite parecer de aprovação para

aprovação na sessão plenária semanal da CPPD.

14. Aprovação: Plenário da CPPD analisa e aprova o parecer; servidor responsável confere

e inclui certidão de ata de aprovação e, encaminha ao PA para decisão final.

15. Controle e Portaria: um servidor do PA recebe o processo no SEI e o distribui para o

servidor responsável pelo assunto; servidor responsável analisa toda a instrução dos

autos para certificar: se a classe, nível e data de interstício aprovados no parecer da

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CPPD estão de acordo com os dados informados no despacho inicial do PA sobre

situação funcional do professor; se a data de aprovação do parecer da CA pelo CD está

de acordo com a data informada no parecer da CPPD. Estando todas as informações

alinhadas, é emitida a minuta de portaria de concessão da progressão no sistema de

portarias e o processo é atribuído à Direção de PA.

16. Controle e Assinatura: Direção/PA inspeciona a instrução dos autos para verificar se há

erros: se o professor solicitou corretamente a classe e nível para os quais deseja

progredir; se já completou o interstício de 24 meses desde a data da sua última

progressão; se há outros processos relacionados ou similares em tramitação, em nome

do professor que altere, impeça, ou retarde a continuidade do processo; e, se as

informações do parecer aprovado na CPPD estão de acordo com o que foi aprovado no

parecer da CA. Se houver necessidade de alterações na instrução do processo, este é

encaminhado ao responsável pela alteração, com a devida justificativa; se a instrução

para progressão estiver correta, a portaria de concessão é assinada pela Direção/PA e o

processo é encaminhado à FIN, com despacho para as providências seguintes.

17. Registro: um servidor de FIN recebe o processo no SEI e o distribui para o servidor

responsável pelo assunto; servidor responsável registra o ato de progressão no Sistema

de Administração de Pessoal do Executivo Federal (SIAPE), com base nas informações

da portaria de concessão, gerando automaticamente o registro financeiro na folha de

pagamento do professor para o mês corrente.

18. Acerto: Apesar do pagamento automático, se a data de registro da progressão no SIAPE

for posterior à data em que o professor adquiriu o direito à progressão, é necessário o

servidor responsável de FIN realizar cálculo proporcional dos valores retroativos

correspondentes em planilhas eletrônicas e depois realizar o lançamento do acerto

financeiro no SIAPE. Em seguida atribui processo para o controle.

19. Controle e execução: servidor responsável realiza conferência dos registros, realiza a

execução financeira da folha no SIAPE, para pagamento e encaminha para a

Direção/FIN.

20. Finalização: Direção/FIN confere as informações e despacha o processo para o

professor interessado, para sua ciência.

21. Ciência: servidor da UA recebe processo no SEI e atribui para a Direção; Direção

atribui processo ao professor, o qual registra no processo que está ciente do resultado

final, cabendo recurso administrativo, na forma prevista no Regimento da UFG, se

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assim o professor desejar. Se o professor não encontrar necessidade de recurso, o

processo é concluído.

A modelagem em BPMN se demonstra importante na GP, pois o procedimento

contribui para que o gestor do processo possa começar a enxergar o fluxo de valor

administrativo e os seus desperdícios. Além disso, por se tratar de uma notação

visualmente mais conhecida e habitual para as pessoas, a modelagem em BPMN torna-se

mais fácil de ser divulgada e entendida em toda a organização. Após o início pela

modelagem AS-IS, o próximo item aborda a prática do MFV do estado atual do processo de

progressão, como segunda parte do diagnóstico.

6.3.2 Mapa de Fluxo de Valor no Estado Atual

Ao trazer para a prática o segundo princípio fundamental de Womack e Jones

(2004), bem como de Tapping e Shuker (2010), após a modelagem e análise do processo

de progressão, foi utilizada a ferramenta de MFV para identificar seu fluxo de valor e

formar a base para eliminar os sete tipos de desperdícios de Ohno (1997) da cadeia valor.

O resultado pode ser verificado na Figura 8, a seguir.

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Figura 8: Mapa de Fluxo de Valor do Processo de Progressão Funcional Docente no Estado Atual

Fonte: Elaborado pela Autora (2019)

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Analisando a Figura 8, temos que o fluxo de valor inicia-se pela demanda do

cliente, o professor. O processo flui pelas informações eletrônicas do SEI entre as

instâncias responsáveis por cada atividade, agregando valor e incluindo desperdícios até

retornar o serviço solicitado ao professor cliente. Abaixo da representação do fluxo de

atividades e tarefas, está localizada a linha do tempo, na qual pode ser identificado o tempo

de ciclo, tempo de espera, lead time e percentual de valor agregado do processo.

Os tempos de ciclo representados no MFV da Figura 8 foram obtidos por meio

das entrevistas com os servidores que atuam na execução do processo, os quais informaram

o tempo gasto com a operacionalização de cada atividade, sem a ocorrência de interrupções

no fluxo de trabalho. Já os tempos de espera aqui descritos foram obtidos através dos

tempos observados no histórico eletrônico dos requerimentos utilizados na amostra

documental. Foi cronometrado o tempo em dias e horas úteis (em expediente na

Instituição) gasto após cada atividade e com sua movimentação, bem como o tempo em

que o processo ficou parado, e em seguida, obteve-se a média simples entre os tempos de

espera e a conversão para minutos. Dessa forma, a linha do tempo representa os tempos

atuais de ciclo, conforme relatado pelos servidores em entrevista; e de espera, conforme

média extraída dos tempos de espera na amostra da análise documental. Ao final da linha

do tempo, podemos observar os resultados do tempo total de ciclo (TCT) e do tempo total

de espera (TWT) do processo obtidos pela soma dos tempos em execução de atividades e

em espera.

Podemos identificar no MFV do estado atual que o TCT do processo é de 332,

ou seja, atualmente no fluxo de valor, 332 minutos são gastos para executar atividades que

devem gerar valor para o cliente. Já o TWT é de 51.697 minutos que não agregam valor

para o cliente, pois são gastos com espera. Com esses dados, podemos calcular o lead time

(TLT) e o percentual de valor agregado do processo (TAV), conforme apresentado nos

modelos de Tapping e Shuker (2010). O lead time identificado foi de 52.029, ou seja, o

tempo total gasto para o processamento e entrega da demanda ao cliente. Já a métrica de

TAV, resultou em 0,63%, o que representa que do tempo total gasto para o processamento

do pedido, apenas 0,63% são gastos com atividades que geram valor para o cliente.

Na análise documental, a partir da amostra de requerimentos de progressão já

finalizados foi possível identificar mais detalhes sobre o fluxo atual do processo, haja vista

que o SEI registra todo o histórico de unidades e órgãos, usuários, data, hora, atividades e

movimentações nos processos gerados. Inicialmente, foi possível identificar que a

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tramitação do processo leva em média 173 dias úteis, desde o requerimento do interessado

até a sua conclusão com a ciência do interessado sobre o resultado final do processo, sendo

que a média de atraso para a concessão do requerimento é de 85 dias corridos.

Consequentemente, o atraso até a etapa de concessão da progressão acarreta atrasos no

pagamento dos seus respectivos efeitos financeiros, aumentando o tempo de atraso para a

conclusão total do processo, cuja média de atraso para entrega final ao professor

identificada foi de 152 dias.

Os atrasos aqui citados são decorrentes de atraso na emissão do ato de

concessão da progressão, no entanto, nesses casos o ato possui efeito retroativo à data de

cumprimento dos requisitos pelo professor, não trazendo nenhum prejuízo em termos

financeiros ou em relação à movimentação na carreira, apenas o retardo da execução

financeira em espécie. Mas, além disso, ressalta-se que há outro caso de atraso definido

apenas sob a ótica do professor, como prejudicial à sua carreira e planejamento financeiro,

contudo, administrativamente é sabido que não procede. Conforme os preceitos legais, as

progressões estão sendo concedidas a partir do cumprimento dos requisitos necessários –

interstício de 24 meses e aprovação em avaliação de desempenho – contudo, quando a data

de aprovação da avaliação de desempenho ocorre após a data de vencimento do interstício,

vinculando a data de concessão da progressão, o professor entende que há atraso na

concessão, pois deveria ser a contar do final do interstício.

Nesse sentido, foi verificado que os motivos dos atrasos podem ocorrer em

diversos pontos do fluxo de tramitação – desde o próprio professor que requere a

progressão fora do prazo de 90 dias estabelecido pela UFG na Resolução nº 18/2017, até as

etapas finais de pagamento dos valores referentes à progressão na carreira e envio para

ciência do interessado. O Gráfico 1 apresenta, em relação à amostra selecionada, o

percentual de progressões concedidas ao docente com atrasos e com prazo adequado.

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Gráfico 1: Percentual de progressões concedidas com atraso e com prazo

adequado (sob a ótica do docente)

Fonte: Elaborado pela Autora (2019)

Conforme apresentado no Gráfico 1 acima, 50% dos processos analisados na

amostra tiveram progressões concedidas fora do prazo adequado, sob a ótica do professor

interessado, ou seja, a partir da aprovação da avaliação pelo Conselho da UA e não a partir

do vencimento dos seus 24 meses de interstício em cada nível na carreira. No entanto,

verificou-se que das progressões entregues com atraso, 90% tiveram seus requerimentos

iniciais realizados pelo professor após o prazo. Ou seja, a cada 10 progressões concedidas

com atraso, apenas 1 é requerida pelo professor dentro da regra atual de 90 dias de

antecedência.

Já o Gráfico 2 demonstra que 70% de progressões da amostra foram requeridas

fora do prazo de antecedência pelos professores, sendo que dessas, 42,9% progressões

ainda foram concedidas no prazo adequado, sendo a entrega até a data do vencimento do

interstício, cumprindo o objetivo do processo.

Progressões que foram requeridas

pelo professor após o prazo

90%

Progressões que foram requeridas

pelo professor dentro do prazo

10%

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Gráfico 2: Requerimentos de progressão realizados pelos docentes dentro e fora do

prazo adequado

Fonte: Elaborado pela Autora (2019)

Das progressões que foram requeridas dentro do prazo mínimo de

antecedência, apenas 1 foi concedida com atraso (16,7%). Dentre os requerimentos

atendidos com atraso, verificou-se na análise amostral que foram gastos em média 40,8%

do tempo de tramitação somente na UA, sendo possível identificar desperdícios tanto

relacionados às atividades da área técnica na UA, quanto relacionados às tarefas do

docente para tramitação do processo.

Em relação aos desperdícios, conforme o terceiro princípio de Tapping e

Shuker (2010), foram identificadas no MFV ocorrências de todos os sete tipos de

desperdícios listados por Ohno (1997), como:

1. Esperas – foram registradas filas de requerimentos em todas as etapas e setores;

2. Transporte desnecessário (na manufatura seriam peças e produtos) – foi registrada a

inclusão de documentos, despachos, registro de ciência, desnecessários ao processo;

Além disso, há muito desmembramento de atividades e segmentação para vários

servidores diferentes, aumentando o fluxo de tramitação do processo, sem gerar mais

valor por isso.

3. Movimentação desnecessária (na manufatura seriam pessoas e recursos) – foi registrado

o envio de processo de um setor para outro, sem finalidade; bem como atribuição de um

servidor para outro, também sem finalidade. Ex.: professor encaminha o requerimento à

Direção da UA, para que esta encaminhe ao PA, sendo que o professor poderia enviar

ao PA diretamente, sem necessidade da intervenção de outra pessoa.

Requerimentos realizados pelo docente após o

prazo 70%

Requerimentos realizados pelo

docente no prazo 30%

Progressões concedidas com atraso

64,3%

Progressões concedidas

no prazo

42,9%

Progressões concedidas

no prazo

83,3%

Progressões concedidas com atraso

16,7%

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4. Armazenamento – foi registrado estoque de requerimentos parados em alguns setores,

sendo que poderiam ser concluídos e/ou, requerimentos que ficaram estocados

aguardando algum requisito, mas que já poderiam ter continuidade.

5. Correções e controle – foi registrado o retorno do processo para correção de

informações, para refazer atividades, para completar documentação e/ou para envio ao

setor correto. Além disso, há erros que perduram até a conclusão do processo sem serem

identificados e corrigidos, o que pode causar problemas futuros. Em alguns

requerimentos analisados, a tramitação do processo continuou mesmo sem a aprovação

dos RADOCs pelo CD/UA, contrariando a determinação da Resolução 18/2017. Em

outros casos, foi observado que a Direção aprova os RADOCs, a avaliação de

desempenho e/ou o parecer da CA, ad referendum (para posterior apreciação) do CD e

dá continuidade ao processo. Contudo, posteriormente, não é registrado no processo se a

reunião do CD apreciou e aprovou ou não aqueles requisitos homologados pela Direção.

6. Processamento – foram registradas atividades que não agregam valor ou que não são

necessárias para a execução do processo, as quais podem ser eliminadas. Ex.: atividades

que estão duplicadas ou triplicadas durante a tramitação do mesmo requerimento e,

outras que não possuem finalidade de serem executadas.

7. Produção em excesso – foi registrada a autuação de requerimentos em momentos

impróprios (antes que o professor completasse os requisitos para progressão). Essa

situação incorre em gasto de tempo para tramitar, analisar e indeferir um requerimento

que poderia ter sido encaminhado em outro momento, no qual certamente seria

deferido.

Diante da análise do estado atual do processo de progressão, etapa em que

foram observadas, como desperdícios, longas esperas, filas, atividades desnecessárias, falta

de padronização nas operações e uma melhor descrição de procedimentos, dentre outros

desperdícios, bem como, foi possível identificar no percentual de valor agregado do

processo atual. Toda essa análise é uma robusta ferramenta para correção de pontos fortes

e permitir a valorização dos pontos fortes da organização, aumentando a percepção de

valor por seus stakeholders do processo de progressão docente, conforme estudo

apresentado no item a seguir.

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6.4 ESTUDO DOS STAKEHOLDERS DO PROCESSO

Este capítulo se destina à execução das Etapas 4, 5 e 6 do percurso

metodológico da pesquisa (Figura 6), quais sejam: análise do ambiente organizacional em

relação ao processo funcional docente para identificação dos seus stakeholders; aplicação

do questionário de pesquisa aos stakeholders principais; e, análise dos dados obtidos com

as respostas dos questionários para identificar a percepção de valor dos stakeholders

principais, para que posteriormente, possa ser realizado o gerenciamento do processo atual

para transformação em uma proposta de estado futuro com maior valor agregado.

6.4.1 Identificação e classificação dos Stakeholders

A UFG empenha-se em uma missão de produzir e socializar conhecimentos,

formando profissionais comprometidos com o desenvolvimento da sociedade, visando

contribuir para o crescimento econômico, social, cultural, científico e tecnológico do país.

Dessa forma, a instituição agrega vários stakeholders, os quais precisam ser identificados

pela gestão da Instituição, de modo a proporcionar a atenção necessária a cada parte

interessada. O Quadro 5 apresenta todos os stakeholders identificados neste estudo, a sua

classificação em principais e secundários, bem como a sua área de abrangência em relação

ao processo de progressão funcional docente, especificamente.

Quadro 5 – Stakeholders em relação ao Processo de progressão funcional

docente na UFG

Stakeholders Principais Secundários Área

Professores X Cliente final

Direção das UAs X Área técnica

CA/UAs X Área técnica

CD/UAs X Área técnica

CPPD X Área técnica

PA X Área técnica

FIN X Área técnica

GEP X Gestão

Reitoria X Gestão

AD X Área técnica

Alunos X Macroambiente

CAPES X Macroambiente

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(continuação)

Stakeholders Principais Secundários Área

MEC X Macroambiente

ME/PDG X Macroambiente

CGU X Macroambiente

Fonte: Elaborado pela Autora (2019)

Para identificar os stakeholders relevantes ao processo de progressão funcional

docente na UFG, adotou-se o modelo de identificação e classificação proposto por

Clarkson (1995). Iniciando por meio de brainstorming, foram listados todos os possíveis

stakeholders do processo e, em seguida buscou-se entender os interesses de cada um diante

do processo de progressão. Ao se caracterizar o grau de interdependência e interesses (aqui

relacionado a influenciar ou ser influenciado) com as atividades do processo, as partes

foram classificadas: em primárias, por estarem envolvidas diretamente com a execução do

processo e serem partes essenciais para a sobrevivência da Instituição; e, em secundárias,

por não estarem envolvidas diretamente com o processo, mas que de alguma forma

influenciam ou são influenciadas por ele e pela Instituição.

6.4.2 Construção e aplicação do questionário de pesquisa aos Stakeholders

Para compor a análise dos stakeholders relacionados ao processo de progressão

docente conforme Freeman (1984), objetivando obter planos que possam atender a

múltiplos interessados em diversos cenários organizacionais, o questionário para coleta de

dados (Apêndice A) foi aplicado em dois grupos de stakeholders principais: um para os

servidores da área técnica que atuam na execução do processo e outro para o cliente final:

servidores docentes interessados na progressão ou promoção em sua carreira funcional.

Dentre os 2.563 docentes efetivos na UFG, foram disparados 1.100

questionários eletrônicos para identificação de valor sob a ótica do cliente final. O número

de questionários enviados foi definido por uma amostra de 50% dos docentes que já

obtiveram ao menos uma progressão na carreira. Ao todo foram obtidas 117 respostas, o

equivalente a 11% de retorno em relação à amostra de questionários disparados. Já o

questionário para identificação de valor sob a ótica da área técnica foi enviado para o total

de 245 servidores que atuam de alguma forma na execução do processo nas Unidades e

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Órgãos, sendo que o percentual de retorno de respostas foi de 24% em relação à amostra de

questionários disparados.

6.4.3 Análise da percepção de valor dos Stakeholders Principais

Inicialmente, no Gráfico 3 é apresentado um resumo do perfil dos participantes

da pesquisa, em percentual de acordo com a quantidade de respondentes do questionário

enviado aos stakeholders principais do processo de progressão docente.

Tabela 1: Perfil dos Participantes da Pesquisa

(percentual em relação ao total de respostas do questionário)

Características Qtde. %

São clientes finais do processo de progressão 117 66,9

Fazem parte da área técnica responsável pelo processo de

progressão 58 33,1

Possuem Doutorado 139 79,4

Possuem Mestrado 23 13,1

Possuem Especialização 11 6,3

Possuem Graduação 2 1,1

Possuem até 3 anos de UFG 15 8,6

Possuem de 3 a 15 anos de UFG 114 65,1

Possuem mais de 15 anos de UFG 46 26,3

Conhecem bem as normas para progressão funcional docente 47 26,9

Conhecem parcialmente as normas para progressão

funcional docente 87 49,7

Não conhecem as normas para progressão funcional docente 26 14,9

Vêem a necessidade de revisar o processo de progressão 141 80,6

Não vêem a necessidade de revisar o processo de progressão 16 9,1

Fonte: Elaborado pela Autora (2019)

Verifica-se na Tabela 1 que, dos 175 respondentes do questionário, a maior

parte dos participantes foi de docentes clientes finais do processo, 11%, sendo importante

destacar que 3% dos respondentes apontaram não conhecer as normas para a progressão

docente e 14% consideram necessária a revisão da forma como vem sendo tratado o

processo na UFG.

Da análise das respostas nos questionários, em alinhamento ao primeiro

princípio das teorias de Womack e Jones (2004) e Tapping e Shuker (2010) – especificar o

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que é valor para o cliente/definir valor sob a perspectiva do cliente – foram identificadas

características que satisfazem as expectativas e necessidades dos docentes, agregando valor

ao processo de progressão funcional, dentre elas, a Tabela 2 apresenta fatores avaliados

pelo grupo de docentes, em uma escala de 1 a 5 pontos, com notas entre 4 e 5,

correspondente a muito importante e extremamente importante no processo.

Tabela 2: Fatores considerados pelos Professores como muito importantes para o

Processo de progressão funcional docente (em percentual de professores

respondentes)

Fatores %

Qualidade na entrega do serviço desde o início do processo (sem erros

para posterior correção) 99,1

Comprometimento da equipe de servidores envolvidos com a gestão do

processo 98,3

Comprometimento da Administração da UFG com a gestão do processo 98,3

Prazo de inclusão da progressão na folha de pagamento 98,3

Capacitação profissional da área técnica que executa o processo 97,4

Meios de comunicação para solução de problemas das partes

interessadas no processo 96,6

Prazo de emissão da portaria que concede a progressão 95,7

Capacitação dos professores sobre o processo 94,9

Controle de qualidade do processo antes da finalização/entrega 94,9

Cordialidade no atendimento ao público 94,0

Melhoria da comunicação interdepartamental durante a tramitação do

processo 93,1

Mapeamento do fluxo do processo 92,3

Fonte: Elaborado pela Autora (2019)

Em complemento, 43% dos docentes respondentes indicaram de forma livre no

questionário de pesquisa outras necessidades que consideram importantes para o processo

de progressão funcional docente da UFG, dentre as quais:

a. Aumentar a pontuação de atividades de ensino e extensão para a progressão; Avaliar a

qualidade na produção de artigos e não somente a quantidade.

b. Determinar que a pontuação na avaliação da chefia imediata leve em consideração a

avaliação pelos discentes e a autoavaliação do professor, pois nem sempre isso ocorre;

Implementar meios de reduzir a interferência pessoal na avaliação de desempenho;

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Incluir meios de evitar o constrangimento da avaliação do docente em reuniões do

Conselho da UA.

c. Conscientizar os alunos da graduação sobre a importância de participar da avaliação

semestral dos docentes, haja vista que não é um procedimento obrigatório.

d. Promover capacitação para os docentes sobre o processo de progressão; Agilizar e

simplificar a tramitação e conclusão do processo pelos servidores de todos os

departamentos responsáveis; Melhorar da comunicação com os professores durante a

tramitação do processo; A gestão deveria enviar aviso ao docente quando estiver no

prazo de autuar o requerimento de progressão;

e. Efetuar o efeito financeiro da progressão retroativo à data do requerimento;

f. Otimizar o sistema de cadastro de atividades docentes (SICAD), para obter cálculo

automático da pontuação dos Radocs, bem como relatórios de gestão da pontuação para

os docentes.

A partir das sugestões de mudanças necessárias ao processo de progressão, foi

possível analisar que há uma grande oportunidade de agregação de valor ao processo, a

qual está relacionada à avaliação de desempenho da chefia imediata, à avaliação do

docente pelo discente e, aos critérios de pontuação de atividades dos docentes. Contudo

como essas percepções estão relacionadas a outros processos na UFG – os quais não foram

incluídos no escopo deste estudo – não serão tratadas especificamente aqui, mas é possível

deixar registrada aqui a sugestão de melhoria para a Instituição, em atenção à percepção de

valor dos stakeholders estudados.

Em sequência, da análise das respostas nos questionários aplicados ao grupo de

stakeholders da área técnica, para coletar sua percepção de valor em relação ao processo de

progressão funcional, foram identificados fatores avaliados com notas entre 4 e 5,

correspondente a muito importante e extremamente importante no processo, conforme

apresenta a Tabela 3 a seguir.

Tabela 3: Fatores considerados pela Área Técnica como muito importantes para o

Processo de progressão funcional docente (em percentual de servidores

respondentes)

Fatores %

Cordialidade no atendimento ao público 100

Trabalhar no processo de modo contínuo (sem interrupções, falhas ou

desperdícios): 100

Comprometimento da equipe envolvida com a gestão do processo 98,3

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(continuação)

Fatores %

Meios de comunicação para solução de problemas das partes

interessadas no processo 98,3

Qualidade na entrega do serviço desde o início do processo (sem erros

para posterior correção) 96,6

Comprometimento da Administração da UFG com a gestão do processo 96,6

Prazo de emissão da portaria que concede a progressão 96,6

Capacitação dos professores sobre o processo 96,6

Melhoria da comunicação interdepartamental na tramitação do processo 96,6

Prazo de inclusão da progressão na folha de pagamento 94,8

Capacitação profissional da área técnica que executa o processo 93,1

Controle de qualidade do processo antes da sua finalização/entrega 87,9

Mapeamento do fluxo do processo 86,2

Descentralização das atividades 77,6

Fonte: Elaborado pela Autora (2019)

Dentre os servidores respondentes da área técnica, 52% indicaram de forma

livre no instrumento de pesquisa outras necessidades que consideram importantes para o

processo de progressão funcional docente da UFG, dentre as quais:

a. Promover capacitação sobre utilização do sistema SEI para docentes e área técnica, bem

como melhorias no sistema, de forma que seja mais intuitivo e explicativo, diminuindo

a dificuldade dos usuários durante a tramitação do processo.

b. Promover capacitação para os docentes sobre como gerir sua carreira e apresentação da

legislação pertinente; Realizar campanhas nos sites das UAs, disponibilizando

informação sobre o processo aos docentes; Elaboração de cartilha sobre as

responsabilidades do docente e de cada departamento em relação à tramitação do

processo; Logo após autuação do requerimento, enviar material informativo do processo

ao professor, para que ele registre ciência dos procedimentos e normas sobre o processo.

c. Aumentar o quadro de membros e gratificações da CPPD; Revisar o método de análise

de processos pelos membros das CAs, tendo em vista a dificuldade de conciliação com

as suas cargas de atividade de docência; Transferir as atividades das CAs para

servidores técnicos; Estabelecer prazos para todos os setores que trabalham na execução

do processo;

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d. Adequações na atual pontuação para progressão docente, dentre critérios que somam

pontos e critérios que subtraem pontos, além de critérios mais rígidos; Revisar e

detalhar melhor a Resolução sobre progressão docente, eliminando lacunas ausentes de

informações; Indicar com maior clareza os critérios e as atividades realizadas pelo

docente que podem ser pontuados para a progressão; Incluir critérios mais rígidos para a

progressão, bem como diferenciar as exigências para cada Classe docente; Aumentar a

pontuação de atividades de ensino e extensão para a progressão.

e. Discussão de resultados positivos e negativos das atividades da área técnica, em relação

ao processo, com divulgação e comparação entre as UAs na UFG e em outras IFEs.

f. Alertar aos docentes quanto ao prazo de vencimento dos seus interstícios, visando a

autuação do processo com a antecedência adequada, garantindo a progressão na data

esperada.

Ao buscar compreender as relações de troca entre a organização e seus

stakeholders, a Tabela 4 aponta os principais grupos de sugestões apresentados pelas partes

participantes da pesquisa, por meio do questionário, totalizando 90 sugestões. Os prontos

de mudança mais citados englobam a capacitação dos professores sobre as normas e prazos

para progressão, com 12,2% de sugestões pelos respondentes; revisão da tabela de

pontuação de atividades docentes para progressão, 11,1%; e, maior agilidade na tramitação

para conclusão do processo, com 10% das sugestões.

Tabela 4: Assuntos mais sugeridos para implementação no processo de progressão

funcional docente (em quantidade de indicações e em percentual de servidores

respondentes)

Grupos de Sugestões Qtde. %

Capacitação dos professores sobre as normas/prazos para

progressão 11 12,2

Revisar a tabela de pontuação para progressão 10 11,1

Agilidade na tramitação do processo 9 10,0

Revisar a tabela de critérios para progressão 8 8,9

Capacitação/Melhorias no uso SEI 6 6,7

Adotar critérios mais rígidos para progressão 5 5,6

Retirar o requerimento de progressão da responsabilidade do

professor 5 5,6

Área técnica deve alertar o professor sobre seus prazos 4 4,4

Melhorias na utilização da avaliação pelos alunos 4 4,4

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(continuação)

Grupos de Sugestões Qtde. %

Melhorias/capacitação no SICAD 4 4,4

Revisão da data dos efeitos da progressão 4 4,4

Diminuir sobrecarga das CAs 4 4,4

Simplificar o processo 3 3,3

Apoio da área técnica ao professor durante o processo 2 2,2

Esclarecer as lacunas da resolução 2 2,2

Imparcialidade dos avaliadores e da chefia nas avaliações 2 2,2

Prazos para todas as instâncias por onde tramita o processo 2 2,2

Revisão da avaliação da Chefia 2 2,2

Revisar modelo das Comissões 2 2,2

Divulgação dos resultados quantitativos dos processos

executados pela Área Técnica 1 1,1

Fonte: Elaborado pela Autora (2019)

Já em uma análise extraída das questões de cunho crítico no instrumento de

pesquisa em relação ao processo de progressão, foi possível perceber que ainda há muitas

expectativas dos professores e da área técnica para serem atendidas durante o processo de

progressão funcional docente, haja vista que 40,3% dessas partes demonstram interesse de

que o atual processo seja revisado, a fim de aumentar o nível de satisfação dos

stakeholders primários, conforme demonstrado na Tabela 5.

Tabela 5: Análise crítica dos stakeholders primários em relação ao atual processo

de progressão funcional docente (em percentual de respondentes)

Fatores de Insatisfação %

Professores % Área

Técnica %Total

Consideram que o atual processo não atende às

expectativas dos professores 36,7 29,3 66,0

Concordam que existem pontos fracos, havendo

necessidade de revisar o atual processo 16,2 24,1 40,3

Consideram que possuem dificuldades de acesso

às normas e informações sobre o processo 19,0 10,3 29,3

Não se consideram satisfeitos em relação aos

resultados gerados pelo processo 19,6 8,6 28,2

Dizem não conhecer bem as normas da Resolução

interna nº 18/2017 sobre o processo 18,0 8,6 26,6

Fonte: Elaborado pela Autora (2019)

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Destarte já apontado por Freeman (1984), diante do estudo da percepção de

valor dos stakeholders primários do processo de progressão funcional docente, foi possível

concluir que o monitoramento e compreensão dos interesses de cada parte traz resultados

surpreendentes para a gestão, com a intenção de incluir nas estratégias de GP planos para

atender aos diversos stakeholders do processo e também da organização como um todo,

fortalecendo as relações de troca. Dessa forma, o item a seguir apresenta a etapa de

gerenciamento e transformação do processo atual em uma proposta de estado futuro, com

base nas etapas de diagnóstico e estudo de stakeholders.

6.5 GERENCIAMENTO E TRANSFORMAÇÃO DO PROCESSO

Com base na observação dos resultados das etapas de conhecimento do

regimento e contexto da Instituição, estudo da base legal do processo de progressão,

diagnóstico do processo, modelagem AS-IS, mapeamento do fluxo de valor no estado atual

e estudo dos stakeholders, foi realizado o gerenciamento de desempenho do processo, para

que, por meio da identificação de necessidades de melhorias, seja possível transformar os

desperdícios do processo em valor para o cliente final e demais partes interessadas.

Com o estudo dos procedimentos técnicos de execução do processo, foi

identificada uma série de problemas, os quais – com fundamento na análise de percepção

de valor e necessidades dos grupos de stakeholders – serão adaptados conforme os

conhecimentos teóricos encontrados nas dimensões essenciais deste estudo, para aumentar

a eficiência do processo e agregar valor.

Primeiramente, para atingir melhores resultados, sugere-se que o Processo de

Avaliação Anual de Desempenho Docente (um dos requisitos para progressão) passe a ser

realizado sempre no mês de dezembro de cada ano, em sistema informatizado já existente

na UFG: o SAD – Sistema de Avaliação de Desempenho, com gestão pela área de gestão

de pessoas, mais especificamente, pelo setor de Acompanhamento e Desenvolvimento

(AD). Dessa forma, a primeira avaliação dos docentes, na maioria das vezes, será

proporcional aos meses entre o mês de ingresso e o mês de dezembro, sendo as demais

sempre a cada doze meses, compreendendo o período de janeiro a dezembro de cada ano.

O docente será avaliado pela equipe a qual pertence e pela chefia imediata (Direção), com

base nos critérios de ensino, pesquisa, extensão, gestão, assiduidade, responsabilidade e

qualidade do trabalho – já detalhados na Resolução 18/2017, eliminando a necessidade de

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aprovação da avaliação pelos Conselhos das Unidades Acadêmicas. A média obtida na

avaliação será contabilizada para a progressão, juntamente com a média da avaliação pelo

corpo discente.

Em relação ao requerimento da progressão, tendo em vista dificuldade de

controle dos docentes, a sugestão é para que o setor de Acompanhamento e

Desenvolvimento (AD) passe a ter o controle do interstício de 24 meses dos docentes e que

o requerimento da progressão seja de responsabilidade do AD, autuando os processos

apenas no momento necessário, de forma que o volume de processos em tramitação poderá

ficar mais brando se os requerimentos forem autuados somente no momento adequado; e,

além disso, essa mudança trará impactos de redução na tarefa de cálculos para acertos

financeiros retroativos.

As atividades e os membros das CAs passarão a ser de responsabilidade da

CPPD, unificando as duas Comissões em apenas uma para realizar análise de RADOCs (já

aprovados pela chefia durante avaliação de desempenho) e Avaliações de Desempenho

Docente (da equipe, chefia e corpo discente) e, calcular a pontuação do professor para

progressão, conforme os critérios estabelecidos no Capítulo III e no Anexo II da Resolução

18/2017. Para unificar as duas Comissões é necessário fazer alteração no Regimento da

CPPD, aumentando o seu número de membros. Dessa forma, eliminam-se as atividades de:

aprovação de RADOCs pelo CD; aprovação de avaliação de desempenho da chefia pelo

CD; e, aprovação do parecer da CA pelo CD. Direção da Unidade aprova os Radocs,

realiza avaliação da chefia imediata e envia direto à CPPD, junto com a avaliação discente.

CPPD realiza parecer de avaliação (antes feito pela CA), sem necessidade de homologação

pelo CD (já que os Radocs e avaliação pela chefia já foram analisados e que não há

atribuição de aprovação de avaliação de desempenho individual/progressão no rol de

competências do CD, conforme o Regimento da UFG).

Há ainda a sugestão de padronizar os procedimentos do processo para todas as

Unidades e Órgãos, de forma que haja a uniformização do processo, para facilitar o

controle e análise de desempenho. Definir as atribuições padrão e prazos do Professor e

das demais áreas técnicas que executam o processo, formalizando em texto na Resolução

sobre o processo de progressão. Dessa forma, eliminam-se 3 das 5 atividades de controle

que estão sendo realizadas repetidamente pelo PA e CPPD, envolvendo desperdício de

tempo durante a tramitação do processo. Além disso, previne-se a quantidade de erros,

retrabalhos e retornos do processo para correções.

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Na questão aberta do questionário de pesquisa aplicado aos docentes, foi

destacado como valor que o início do efeito financeiro da progressão seja a partir da data

do requerimento do docente. No entanto, foi observado no estudo da base legal do processo

que, em relação aos efeitos financeiros das progressões, estes deverão ter início a partir da

data em que o docente cumprir concomitantemente o interstício em cada nível e os

requisitos estabelecidos em lei para o desenvolvimento na carreira. Dessa forma, não há

fundamento legal para adiantar os efeitos financeiros a partir do requerimento, mantendo-

os a partir da data de aprovação em avaliação de desempenho e vencimento do interstício,

o que vier por último. Contudo, espera-se que com a sugestão de alteração do processo de

avaliação de desempenho e eliminação de desperdícios no fluxo de valor, o docente

perceba mais rápida os efeitos financeiros decorrentes da concessão da progressão na

carreira em consonância com a data de vencimento do interstício.

Por último, sugere-se a realização de constantes ações de capacitação em

relação à todos os aspectos do processo de progressão funcional e sua fundamentação legal

pela área de Acompanhamento e Desenvolvimento de Pessoas, a fim de contribuir com o

amplo conhecimento pelos stakeholders do processo e, com a redução de erros, esperas e

demais desperdícios atuais do processo.

Dessa forma, apontamos a necessidade de inclusão e aprovação das seguintes

mudanças na atual Resolução nº 18/2017, para melhor normatizar o desenvolvimento na

carreira docente na UFG e subsidiar a transformação do processo de progressão funcional:

1. Novos procedimentos para a avaliação anual de desempenho docente entre a equipe e

a chefia imediata pelo SAD – Sistema de Avaliação de Desempenho da UFG;

2. Competência para o AD fazer a gestão do processo anual de avaliação de desempenho

docente;

3. AD terá competência para fazer o controle dos interstícios e autuar os requerimentos

de progressão docente;

4. Unificação das CAs à CPPD, aumentando o número de membros da CPPD (mudança

no Regimento da CPPD)

5. Retirar a necessidade das aprovações realizadas pelo Conselho Diretor das UAs no

processo, retirando do rol de documentos exigidos para a progressão, as atas de

aprovação do CD;

6. Definir novos prazos para análise do processo, tendo em vista a atividade de cada setor

responsável;

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7. Definir as responsabilidades exclusivas do professor durante o processo, bem como

dos demais setores por onde passa o processo;

É importante ressaltar que, antecipadamente, a legislação pertinente ao

processo de progressão funcional na UFG – Lei nº 12.772/2012; Lei nº 8.112/90; Portaria

MEC nº 554/2013; Nota Técnica MP nº 2556/2018; Resolução Consuni nº 18/2017;

Regimentos da CPPD e da UFG – foi analisada, com objetivo de confirmar a viabilidade

das alterações no processo propostas neste estudo.

6.5.1 Desenho TO-BE

A partir da coleta de informações sobre o procedimento analisado, buscou-se

incluir os interesses dos stakeholders e objetivos da Instituição no desenho do estado

futuro do processo de progressão docente. Conforme observado na Figura 9 a seguir,

houve redução no tamanho do caminho do processo e quantidade de atividades, destacando

o benefício da mudança em uma notação de fácil visualização e entendimento por todos na

organização, o que torna a notação BPMN uma importante ferramenta de registro de

mudanças nos procedimentos estudados.

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Figura 9: Mapeamento TO-BE do Processo de Progressão Funcional Docente

Fonte: Elaborado pela Autora (2019)

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Ao efetuar a transformação e o desenho das áreas de conhecimento para

implementação de BPM, temos que na proposta de futuro o processo será constituído por

15 atividades após o requerimento do cliente, distribuídas em um fluxo entre 09 instâncias

de Unidades e Órgãos da UFG, conforme descrição a seguir:

1. Autuação do processo: AD autua processo eletrônico no SEI, com 60 dias de

antecedência ao vencimento do interstício de 24 meses do professor, anexa a avaliação

de desempenho pela chefia e equipe (disponível para AD no sistema SAD) e despacha

o processo ao PA.

2. Informação Funcional - Controle e Instrução: qualquer servidor poderá receber o

processo no SEI e atribuir ao servidor responsável pelo assunto, o qual irá analisar,

com base nos sistemas de administração de pessoal e nos documentos da pasta

funcional: se a AD solicitou corretamente a classe e nível para os quais deseja

progredir; se já completou o interstício de 24 meses desde a data da sua última

progressão; se há outros processos relacionados ou similares em tramitação, em nome

do professor que altere, impeça, ou retarde a continuidade do requerimento. Em

seguida, o servidor instrui o processo com inclusão de despacho para comprovação das

informações coletadas e encaminha o processo à Direção da UA.

3. Encaminhamento: qualquer servidor lotado na Direção da UA recebe o processo no

SEI e o atribui para o professor interessado, enviando também um email pelo sistema

SEI, avisando o professor sobre a necessidade de anexar os RADOCs dos dois últimos

anos (completo ou parcial) e, as Avaliações do Docente pelo Discente dos dois últimos

anos.

4. Documentação: professor anexa RADOCs e Avaliações do Docente pelo Discente dos

dois últimos anos e encaminha para a Direção.

5. Conferência: Direção da UA verifica processo, se a documentação está correta e

completa, registra ciência e inclui despacho de acordo para continuidade da tramitação

e encaminha à CPPD.

6. Instrução e Parecer: qualquer membro da CPPD recebe o processo no SEI, analisa os

RADOCs, avaliações do docente pela chefia/equipe e pelos discentes e, calcula a

pontuação do professor no último interstício de 24 meses, conforme os critérios

estabelecidos no Capítulo III e no Anexo II da Resolução 18/2017; e, para emitir

parecer conclusivo pela habilitação ou não do professor à progressão, para aprovação

na sessão plenária semanal da CPPD.

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7. Aprovação: Plenário da CPPD analisa e aprova o parecer, inclui ata de aprovação e

encaminha à UA para ciência do professor.

8. Ciência: Professor registra no processo que está ciente do resultado e, pode solicitar

reconsideração da análise à CPPD em 10 dias, ou, se não desejar reconsideração,

encaminha ao PA para decisão final.

9. Portaria: servidor do PA responsável pelo assunto recebe o processo no SEI e emite

minuta de portaria de concessão da progressão no sistema de portarias e, o processo é

atribuído à Direção de PA.

10. Controle e Assinatura: Direção inspeciona a instrução dos autos para verificar se há

erros: se possui todos os documentos; e, se as informações do parecer aprovado na

CPPD estão de acordo com o que foi solicitado pelo AD, como data de interstício,

classe e nível. Se houver necessidade de alterações na instrução do processo, este é

encaminhado ao responsável pela alteração, com a devida justificativa; se a instrução e

a portaria para progressão estiverem corretas, a portaria de concessão é assinada pela

Direção e o processo é encaminhado à FIN, com despacho para as providências

seguintes.

11. Registro: servidor da FIN responsável pelo assunto recebe o processo no SEI, registra

o ato de progressão no SIAPE, com base nas informações da portaria de concessão,

gerando automaticamente o registro financeiro na folha de pagamento do professor

para o mês corrente.

12. Acerto: Apesar do pagamento automático, se o registro da progressão no SIAPE

ocorrer posteriormente à data do cronograma de fechamento da folha de pagamento no

SIAPE é necessário realizar cálculo proporcional dos valores retroativos

correspondentes e lançamento do acerto financeiro no SIAPE.

13. Controle e execução: servidor responsável realiza conferência dos registros, realiza a

execução financeira da folha no SIAPE, para pagamento e encaminha para a

Direção/FIN.

14. Finalização: Direção/FIN confere as informações e despacha o processo para o

professor interessado, para sua ciência.

15. Ciência: servidor da UA recebe processo no SEI e atribui ao professor, o qual registra

no processo que está ciente do resultado final, cabendo recurso administrativo, na

forma prevista no Regimento da UFG, se assim o professor desejar. Se o professor não

encontrar necessidade de recurso, o processo é concluído.

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6.5.2 Proposta de Mapa do Fluxo de Valor no Estado Futuro

O conjunto de sugestões de melhoria foi levantado a partir da análise da

percepção de valor dos stakeholders do processo, coletado por meio de questionários. O

valor agregado, quando possível legalmente, foi incorporado à construção da proposta do

mapa do estado futuro do processo, conforme representado na Figura 10 a seguir.

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Figura 10: Proposta de Mapa de Fluxo de Valor do Processo de Progressão Funcional Docente no Estado Futuro

Fonte: Elaborado pela Autora (2019)

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Ao implementar as propostas de melhoria ao estado futuro do processo, o mapa

de fluxo de valor, representado na Figura 10, apresentou resultados de redução de 48,49%

no lead time do processo, com TLT de 26.798. Com base nos terceiro e quarto princípios

fundamentais de Womack e Jones (2004) e, quarto e quinto princípios de Tapping e Shuker

(2010) foi introduzido o fluxo contínuo, como ponto de melhoria no processo, promovendo

maior fluidez no processamento das atividades, de forma que foram permitidas apenas

aquelas que acrescentam valor ao cliente, minimizando o desperdício; e, puxando o

trabalho, com a autuação do requerimento de progressão pelo AD, com controle dos

interstícios, é possível processar apenas as progressões necessárias, entregando o serviço

no exato momento em que o professor precisa, nem antes, nem depois – assim como em

uma produção puxada.

Conforme resultados do MFV futuro, podemos observar redução de 30% na

quantidade de atividades do fluxo e redução de 25% na quantidade de tarefas; redução de

41,5% no tempo de processamento das atividades (TCT=194); redução de 48,53% nas

esperas do processo (TWT=26.604); e, aumento de 14,2% na taxa de agregação de valor ao

processo (TAV=0,72%).

Foi analisado que o desmembramento da avaliação de desempenho do docente

para outro processo, a eliminação das atividades de aprovação de RADOCs e de avaliação

da chefia imediata pelo Conselho da UA, bem como a transferência da tarefa de pontuação

para progressão pela CA da UA para a CPPD, favorecem bastante a eliminação de filas,

esperas e operações desnecessárias, contribuindo para que o processo seja concluído com

maior agilidade, conforme a expectativa do professor que deseja progredir na carreira

funcional. Além disso, encaminhamentos e recebimentos diretos do processo no SEI, sem

necessidade de intermediários, também faz diferença na agilidade da tramitação, tendo em

vista que se trata de uma tarefa desnecessária que não agrega nenhum valor ao processo.

Não se determinou quantitativamente os novos tempos de espera entre cada

tempo de ciclo de atividades, de forma que foram repetidos os valores de espera referentes

ao estado atual. Essa decisão ocorreu devido à impossibilidade da pesquisa em determinar

a capacidade de operação de cada setor, o que demanda gestão interna e adequação de

outras rotinas para que se reduza o tempo de espera entre as atividades do processo de

progressão, tornando o fluxo de valor ainda mais contínuo.

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6.5.3 Melhoria Contínua - Kaizen

Aqui, propõe-se ainda uma sugestão final, em consonância com o quinto

princípio do LT de Womack e Jones (2004), bem como os sexto e sétimo princípios de

Tapping e Shuker (2010): Buscar a perfeição e continuar a melhorar. Após a

implementação das etapas de desenho e mapeamento do estado futuro, propõe-se a criação

de planos Kaizen para perseguir a perfeição em todos os detalhes do processo, buscando

sempre a melhoria contínua no estado atual do processo.

Considerando que o procedimento de melhoria contínua exige a prática do

processo, neste trabalho não foi possível aplicar planos kaizen ao processo estudado,

devido ao prazo para aprovação das propostas de intervenção e prazo para analisar os

efeitos das mudanças nas rotinas de trabalho da Instituição. Contudo, podemos propor

como exemplo de iniciativa para melhoria contínua a gestão de esforços e rotinas por cada

departamento da Instituição, pelos seus respectivos líderes, com o objetivo de reduzir as

esperas do processo de progressão docente em 20%, podendo resultar num fluxo de valor

com TWT de 21.283; TLT de 21.477. Essa ação para melhoria poderá resultar em uma

TAV de 0,90%, o que significa um aumento de 42,8% de agregação de valor em relação à

TAV do estado atual processo estudado ou aumento de 25% em relação à TAV da proposta

de estado futuro indicada no item 6.5.2.

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104

7. DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

O estudo identificou pontos importantes a partir das melhorias resultantes da

aplicação da GP combinada com o LT e a TS, demonstranto que os conceitos dessas

abordagens teóricas podem ser aplicados em áreas administrativas do seviço público, em

consonância com os princípios estudados na pesquisa bibliográfica – destacando-se

Womack e Jones (2004), Tapping e Shuker (2010), Freeman (1984) e Clarkson (1995) –

bem como com os eixos teóricos definidos neste estudo.

Verificou-se que as soluções indicadas foram capazes de detectar problemas e

fornecer respostas rápidas para a solução, reduzindo os desperdícios no ciclo do processo

e, consequentemente, o seu lead time. Ao comparar os mapas de fluxo de valor da situação

futura com a situação atual é possível verificar que 30% das atividades que não agregavam

valor ao processo foram eliminadas, conforme demonstrado no Quadro 6.

Quadro 6: Avaliação das Métricas Lean do Processo de Progressão Funcional

Docente

MÉTRICA ESTADO

ATUAL

ESTADO

FUTURO AVALIAÇÃO

TCT (processamento) 332 194 Redução de 41,5%

TWT (esperas) 51.697 26.604 Redução de 48,53%

TLT (entrega) 52.029 26.798 Redução de 48,49%

TAV (valor agregado) 0,63% 0,72% Aumento de 14,2%

Nº de Atividades 21 15 Redução de 30%

Nº de Tarefas 60 45 Redução de 25%

Nº de Instâncias 10 9 Redução de 10%

Fonte: Elaborado pela Autora (2019)

A avaliação das diferenças entre estado atual e futuro representam os

desperdícios eliminados e a consequente agregação de valor ao processo. Observou-se

ainda que, mesmo repetindo os valores de TWT do MFV do estado atual no estado futuro,

o gerenciamento das melhorias e proposta de estado atual já reduziu o tempo total de

espera em 48,53%, devido à eliminação de atividades e tarefas desnecessárias ou

readequação do fluxo do processo. No entanto, pressupõe-se que em pesquisas futuras essa

métrica ainda possa ser mais enxuta, tendo em vista que: a tarefa de envio de e-mail ao

professor interessado, notificando-o para que registre ciência – em complementação à

atribuição do processo no SEI – pode reduzir a espera até que o professor tome ciência da

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sua pontuação no processo; e, o ganho de agilidade em ter o processo autuado com a

antecedência adequada e eliminação de algumas atividades, fazendo com que a portaria de

concessão esteja vigente no prazo adequado, poderá reduzir a quantidade de situações para

acerto financeiro, reduzindo esperas e tempo de ciclo para essa tarefa no processo.

Durante o estudo dos stakeholders, foi identificado que as áreas técnicas não

fazem análise de seus pontos positivos e negativos em relação aos resultados

administrativos que entregam, o que pode ensejar em mais uma oportunidade de melhoria a

ser realizada nos planos Kaizen. Além disso, da análise de percepção dos stakeholders,

verificou-se que o processo de progressão docente foi bem avaliado nas respostas do

questionário aplicado. Apesar de apontarem problemas, é possível perceber que os

stakeholders nivelam sua satisfação geral mais pelos pontos positivos e efetividade ao final

do processo do que pelos pontos negativos como atrasos e retrabalho – o que não elimina a

necessidade de melhoria contínua e eficiência para a maior satisfação das partes.

Em relação aos eixos teóricos da pesquisa, verificou-se que, quanto à

eficiência, o modelo utilizado busca atender às expectativas do princípio constitucional da

eficiência e às expectativas de melhoria da administração pública, bem como reforça as

indicações teóricas, como em Rodrigues et al. (2017) e Kluska et al. (2015), de que para

ganhos em eficiência, qualidade e flexibilidade, é essencial a compreensão e gestão dos

processos dentro da estrutura da organização. No sentido de otimização de resultados, foi

possível perceber nos resultados deste estudo que o foco no desempenho e no cliente

permite o aperfeiçoamento dos processos de trabalho e alcançar melhores resultados para a

organização, conforme já destacado por Crawford et al. (2003) e Oliveira e Grohmann

(2016).

Considerando o eixo alinhamento estratégico, observou-se que há possibilidade

de maior alinhamento do processo de progressão funcional docente aos objetivos de gestão

de pessoas, a fim de fortalecer os recursos de competitividade da Instituição em um

ambiente de constantes mudanças, conforme ressaltam Ribeiro e Costa (2014), Hammer e

Champy (1994) e Marshall Jr. et al. (2012), sobre a necessidade de inovação na forma de

administrar as organizações e de alinhamento entre estratégia e processos com

envolvimento das pessoas. Em consonância com o eixo comprometimento, verificou-se

que o modelo de gestão por processos e pensamento enxuto envolve discursos teóricos de

Garcia (2015) e também de Ribeiro e Costa (2014), de forma que é essencial o

envolvimento e comprometimento da alta administração e da área técnica para que a

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mudança possa surgir e permanecer em transformação na organização. De fato, só o

comprometimento com a visão por processos e a filosofia Lean podem garantir o

desempenho, melhorias e crescimento sustentável da Instituição.

No eixo relacionado à foco no cliente, o modelo proposto é estruturado em uma

visão sistêmica, buscando a eficiência além das barreiras interdepartamentais, sempre com

o objetivo de de eliminar tarefas e atividades desnecessárias ou em duplicidade que não

contribuem com as necessidades dos stakeholders, valorizando seus interesses em uma

forma de integração de relações com a Instituição, em busca de ser mais bem sucedida, em

alinhamento com o que foi estudado em Falcão Junior e Santos (2016), Machado Jr. (2009)

e Freeman et al. (2004). O modelo proposta também se mostra bastante relacionado ao

eixo teórico de valor, já que se trata de uma iniciativa de esforço em entender as

necessidades específicas dos interessados, resultando numa gestão por processos para criar

e entregar valor para o cliente final e demais stakeholders, no mesmo sentido que

ressaltaram os autores Womack e Jones (2004), Rother e Shook, (2003), Rodrigues e Sousa

(2015) e Pinto (2014).

Em relação ao eixo da qualidade, o modelo proposto busca alcançar resultados

mais consistentes e entrega de qualidade aos stakeholders, junto à gestão por processos,

visando o desempenho , a sustentabilidade, a competitividade e a longevidade da

Instituição, na mesma linha dos estudos de Rossés et al. (2017), Sánchez-González et al.

(2012), superando as dificuldades existentes na administração publica para atuar na

qualidade dos seus serviços, reduzindo a morosidade e atividades burocráticas, conforme

destacado por Matias-Pereira (2010).

Dessa forma, com base nos temas e eixos teóricos da pesquisa e com a

validação do estudo em um processo real, verificou-se, que o modelo de gestão por

processos proposto se mostra adequado à sua finalidade de aperfeiçoar os processos de

trabalho a fim de alcançar melhores resultados para a organização, de forma sistêmica.

Foi possível a implementação da metodologia do Plano de Gestão por

Processos à realidade do processo de progressão funcional docente na UFG, o que realça a

possibilidade de aplicação da metodologia nos demais processos da Instituição. Contudo,

sugere-se a formação e engajamento de uma nova equipe em uma Coordenação de

Processos Organizacionais, para liderar a gestão por processos na UFG sistematicamente,

junto aos gestores e às áreas técnicas. Essa necessidade de uma coordenação central para

nortear a transformação na Instituição se mostra importante, tendo em vista a rotina e carga

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atual de trabalho dos seus servidores como um todo, cada um com sua área específica e

responsabilidades, podendo incorrer no início de um projeto que não será concluído.

Por conseguinte, uma coordenação para a gestão por processos ligada à

Reitoria elimina a comum barreira de falta de apoio da alta administração para a

implantação da gestão por processos, tornando-se na verdade um fator crítico de sucesso

para a gestão. Além disso, como na visão de Rother e Shook (2003), a melhoria do fluxo

de valor é uma responsabilidade da Administração, de forma que o seu papel é enxergar o

fluxo total, desenvolver uma visão enxuta melhorada e conduzir a sua implementação. A

área operacional pode até trabalhar na eliminação de desperdícios, mas somente a

Administração tem a perspectiva total do fluxo, cruzando os limites dos departamentos e

funções.

Da análise da situação dos fatores críticos de sucesso para GP identificados

durante a coleta de dados, foi possível perceber a falta da disseminação da visão por

processos e a falta de capacitação para os servidores que executam o processo de

progressão docente, bem como para os professores, clientes finais desse processo. Além

disso, foi possível observar que a barreira muito citada em estudos sobre gestão e também

na fala de gestores – a falta de comprometimento dos servidores – se mostra preocupante

para a implantação da GP, no entanto, também apresenta os caminhos para a mudança. Ao

entender o que é valor para os stakeholders é possível, além de obter flexibilidade e

melhorias organizacionais, alavancar a posição competitiva da Instituição, principalmente

no que se refere ao engajamento das pessoas. Foi observado um grande anseio de técnicos

e professores por mudanças para melhorar a eficiência no processo de progressão docente

como um todo, principalmente em relação à lógica na tramitação do processo e à

metodologia utilizada para avaliação de desempenho dos professores. E esse anseio por

mudanças vem da vontade de poder trabalhar melhor e com mais qualidade.

Em vários setores organizacionais, as pessoas enxergam algumas operações

desnecessárias, mas nem sempre conseguem orientar as mudanças que desejam. Desse

modo, é altamente importante o apoio da gestão quanto às mudanças, haja vista os ganhos

em melhoria contínua e motivação da força de trabalho. O ser humano busca no trabalho

novidades e conquistas; quer participar e ter retorno sobre seu esforço, além somente de

retorno financeiro. Para que as pessoas se sintam parte da organização é preciso sentir

orgulho por ter sido útil e ter contribuído para que algo se tornasse possível. Construir o

desenvolvimento do todo, em todas as direções, focando no respeito, atenção e

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consideração é uma ponte para a valorização das pessoas, de suas ideias, competência e de

seu compromisso no trabalho, conforme já estabelecido na política de gestão de pessoas do

PDI UFG 2018-2022, no que diz respeito à desenvolvimento humano e profissional dos

servidores da Instituição, capacitação, avaliação e administração da vida funcional e

valorização da identidade do profissional docente.

Outro fator decisivo na implantação bem sucedida da GP, aliada ao LT e à TS,

consiste em estabelecer e disseminar uma metodologia para servir como diretriz, com o

diferencial de ser adaptada à realidade da UFG. Baseada na melhoria pontual de cada

atividade, bem como na rotina de melhoria contínua, o plano proposto a partir deste estudo

utiliza os princípios do pensamento enxuto para tornar o trabalho no serviço público mais

ágil e mais eficiente. A proposta apresentada tem como objetivo orientar a gestão por

processos para simplificar e tornar mais efetiva a prática dos conhecimentos teóricos sobre

processos, na busca de maior eficiência, valor, e redução de desperdícios na Instituição,

conforme apresentado no capítulo 8 a seguir.

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8. PROPOSTA DE INTERVENÇÃO: PLANO DE GESTÃO POR PROCESSOS

PARA A UFG

PARTE 1 – APRESENTAÇÃO

Esta proposta de manual tem como objetivo orientar as ações de gestão de

processos organizacionais no âmbito da Universidade Federal de Goiás - UFG. A

metodologia sugerida facilitará o trabalho da organização em suas ações de simplificação,

eficiência e na busca por agregar valor aos seus processos.

Trata-se de uma metodologia consolidada a partir de estudo de caso sobre

gestão por processos na UFG, mesclando os principais eixos entre as teorias de Gestão por

Processos, Lean Thinking e Teoria do Stakeholder, a qual apresenta a Coordenação de

Processos Organizacionais e a Sequência de etapas a serem executadas para o alcance da

excelência na prestação de serviços e o cumprimento da missão institucional da UFG.

Complementarmente, com intuito de facilitação, deve ser considerada como parte dessa

proposta de plano todo o material obtido com a pesquisa teórica realizada na primeira parte

deste estudo.

Gestão por processos é gerenciar de forma sistêmica as transformações que

melhoram os serviços e informações entregues às suas partes interessadas. É uma forma

consciente e colaborativa utilizada pelas organizações para aprimorarem continuamente o

fluxo de trabalho, melhorando e agilizando a entrega de resultados aos clientes (servidores

e cidadãos), bem como proporcionando uma rotina mais ordenada e segura para os

servidores que participam dessa transformação. Gestão por processos é uma metodologia

que ordena e nos faz continuamente melhorar nosso dia a dia de uma forma ordenada e

sistematizada.

O Lean Thinking (pensamento enxuto) é uma filosofia para gestão do fluxo de

valor dos processos, com objetivo de eliminar os desperdícios, aumentar a eficiência e criar

valor para o cliente final, de forma contínua. Já Stakeholders (partes interessadas) podem

ser definidos como indivíduos ou grupos que podem, de alguma forma, influenciar na

organização ou serem influenciados por ela. Nesse sentido, a Teoria do Stakeholder possui

o preceito de buscar o entendimento dessas partes, para posterior direcionamento das

questões relacionadas à estratégia institucional, com objetivo de promover o equilíbrio

entre todas as partes para o sucesso da organização.

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1.1 A Coordenação de Processos Organizacionais - CPRO

Na discussão de resultados foi sugerida a formação de uma equipe central para

liderar sistematicamente a GP no âmbito da UFG, auxiliando na condução dos trabalhos e

do encaminhamento para informatização de processos, junto às Unidades e Órgãos da

Instituição. Entretanto, é perfeitamente possível que cada equipe se disponha e se

comprometa a realizar mudanças em sua unidade organizacional, por meio da metodologia

proposta neste estudo.

A CPRO é uma área de referência centralizada e de desenvolvimento de

competências para a gestão por processos, coordenando a execução das etapas de forma

alinhada junto aos stakeholders de cada processo gerenciado. Suas principais atribuições

são:

Aprimorar métodos e modelos para as iniciativas de GP, para que sejam executadas

de forma alinhada;

Planejar sua rotina de atividades;

Ser fonte de orientação e conduzir os trabalhos de GP junto às Unidades e Órgãos

da UFG;

Apoiar e acompanhar a implementação prática dos projetos de melhorias nas

Unidades e Órgãos da UFG;

Acompanhar o desempenho dos processos e informá-los às suas instâncias

superiores;

Gerenciar programas de capacitação e compartilhamento de conhecimentos

adquiridos com as iniciativas de GP;

Acompanhar e comunicar à toda a Instituição os benefícios alcançados com as

iniciativas de GP;

Difundir uma cultura organizacional orientada a processos e pensamento enxuto.

Dessa forma, os diversos setores da UFG poderão enviar à CPRO suas

iniciativas de melhoria de processos de trabalho, demandando mediante requerimento

próprio, disponível no site da CPRO. Após análise das demandas, a equipe da CPRO

iniciará a coordenar as melhorias junto ao setor interessado, realizando o levantamento de

informações, bem como o cronograma para gerenciamento do processo atual com

diagnóstico, transformação e agregação de valor para os stakeholders do processo

gerenciado.

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PARTE 2 – ETAPAS PARA A GESTÃO POR PROCESSOS

A seguir, com base no estudo realizado e, conforme apresentado na Figura 11,

foram elencadas a sequência de etapas e métodos para orientar a consecução da gestão por

processos organizacionais no âmbito da Universidade Federal de Goiás - UFG.

Figura 11: Etapas para a Gestão por Processos

Fonte: Elaborado pela Autora (2019)

Etapa I - Preparar e Planejar

Inicialmente, conforme apresentado na Figura 11, a primeira indicação no ciclo

de etapas para a gestão por processos é identificar as necessidades de gerenciamento, a

justificativa, preparar o que se quer realizar (escopo de atuação), quem são os responsáveis

principais pela execução do processo, bem como os riscos envolvidos.

Ao identificar as necessidades de gerenciamento – em virtude da limitação de

recursos de gestão e quantidade de processos no âmbito da Instituição – foram

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estabelecidos critérios para avaliar a priorização de processos em um cronograma de

gestão, de modo a colocar em primeiro lugar os processos cujo impacto seja de maior

relevância para os objetivos estratégicos da UFG e suas partes interessadas, conforme

exemplo no Quadro 7 para priorização de processos a seguir.

Quadro 7: Modelo de critérios para priorização de processos dentre demandas de

gestão (Pontuação de 0 a 5)

Critérios

x

Processos

Importância

diante da

missão,

objetivos e

metas da

UFG

Nível de

impacto

para o

cliente

final do

processo

Nível

quantitativo

de pessoas e

áreas

impactadas

Nível de

impacto

financeiro

positivo

Nível de

impacto

em

eficiência e

qualidade

Total

Peso 3 Peso 3 Peso 2 Peso 1 Peso 2

Processo 01

Processo 02

Processo 03

Processo xx

Fonte: Elaborado pela Autora (2019)

Assim, propõem-se os critérios de avaliação para conduzir a formação da

sequência dos processos a serem analisados, por ordem de prioridade institucional. Dessa

forma, em uma escala de pontuação de 0 a 5, em que 0 não é importante e 5 é

extremamente importante, com atribuição de pesos de 1 a 3, para cada critério deverá ser

atribuída uma pontuação. Em seguida, multiplica-se a pontuação pelo seu respectivo peso,

de forma que, ao final, quanto maior a soma total da atribuição de pontos, maior a

prioridade do processo na sequência de demandas para gestão.

Etapa II – Promover o alinhamento estratégico

Processos em desalinhamento com a estratégia da Instituição podem se tornar

obstáculos para o seu bom desempenho e competitividade. Nessa etapa é preciso

identificar como os temas de cada processo estão alinhados com a missão, os valores,

objetivos e metas da UFG. Ao questionar: Em que esse processo se relaciona com nossos

objetivos estratégicos? O que temos que desenvolver para alcançar os objetivos da

Instituição? Que melhorias de qualidade serão atingidas?, é possível obter o entendimento

da sua intenção estratégica e, a partir dessa informação orientar o modo como cada

processo gera valor aos seus stakeholders.

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Etapa III – Diagnosticar o contexto atual dos processos

Realizar consultas aos stakeholders sobre suas expectativas e as necessidades

do processo atual. Essas consultas podem ser baseadas em entrevistas semiestruturadas,

análise documental e também, por observação da execução do trabalho e comportamento

dos stakeholders. A Etapa III envolve investigação do trabalho nos setores relacionados ao

processo em gerenciamento, de forma que, para evitar desconforto no clima organizacional

é importante iniciar pela sensibilização das equipes, conscientizando e debatendo sobre da

gestão por processos, no sentido de que a metodologia que está sendo aplicada se trata de

uma base sólida não só para a estratégia da Instituição, mas também para atingir os

objetivos da equipe de execução do processo. É importante apresentar casos de sucesso,

reforçando o uso dessa metodologia.

Em seguida, inicia-se o diagnóstico e a modelagem do estado atual do processo

por meio de entrevistas, observação do trabalho e análise documental. O diagnóstico

consiste em entender como os recursos e fluxos do processo estão interagindo no arranjo

para transformação de insumos em entregas para as partes interessadas. A modelagem do

estado atual (AS-IS) do processo em notação BPMN é realizada em conjunto com o setor

responsável pelo processo e consiste na sua representação gráfica, facilitando a

visualização das informações como um todo e subsidiando o entendimento do processo por

toda a equipe e pela gestão.

Após a modelagem (AS-IS), é utilizada a ferramenta de Mapeamento do Fluxo

de Valor (MFV) para construir o mapa do fluxo de valor do estado atual do processo. O

MFV auxilia a gestor a identificar os pontos críticos do processo, as métricas de tempo de

execução e os desperdícios do processo, como atividades desnecessárias, recursos

subutilizados, filas e esperas. É imprescindível identificar quais são as atividades que mais

impactam no lead time (prazo de entrega), para então pensar em como diminuir esse

tempo.

Etapa IV – Realizar estudo dos Stakeholders

Consiste em identificar, classificar, entender a percepção de valor das

principais partes interessadas no processo em gerenciamento. Identificar quais são os

stakeholders de um processo contribui para envolver as pessoas certas e para desenvolver

melhor comunicação entre elas durante o planejamento e a execução do processo, de forma

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a estabelecer uma relação de confiança com as partes interessadas, permitindo o diferencial

e o sucesso da organização.

A identificação de stakeholders é iniciada com sessões de brainstorming entre

o gerenciador do processo e as equipes de execução. Em seguida, pode ser utilizada a

teoria de Clarkson (1995) para classificação em stakeholders primários e secundários. Para

esta etapa, também podem ser utilizadas entrevistas, questionário e observação das partes

interessadas primárias para coletar informações de valor e expectativas, relacionando-as ao

final, com a legislação pertinente e os objetivos estratégicos da instituição, de forma a

obter caminhos para a satisfação dos stakeholders do processo.

Etapa V – Gerenciar as melhorias futuras dos processos

Etapa para identificar desperdícios e meios de agregar valor para os

stakeholders, conforme o estudo das suas expectativas. Consistem em avaliar o processo

em relação à organização como todo. Perguntas do tipo: Como enxugar o processo,

mantendo as suas atividades necessárias? Como realizar as atividades com maior valor

agregado? Que objetivos estratégicos serão atingidos? A legislação vigente permite essas

mudanças? Que impacto as mudanças terão para os stakeholders?, possibilitam visualizar

valor e desperdícios no estado atual do processo, bem como realizar a proposta de MFV do

estado futuro para integrar as modificações ao fluxo e visualizar o seu impacto de melhoria

e otimização no processo, por meio das métricas na linha do tempo do processo.

Após otimizar o fluxo de valor do processo – incluindo mudanças que agregam

valor, eliminando as atividades desnecessárias que não agregam valor e, reduzindo o tempo

dedicado a atividades que podem até não agregar valor, mas são necessárias – é realizado o

desenho da proposta de estado futuro (TO-BE) do processo e em conjunto com os setores

responsáveis pelo processo. É importante a finalização do desenho em notação BPMN por

ser uma notação mais familiar na sociedade, de forma que propicia um melhor

entendimento do fluxo do processo, bem como suas alterações por todos os envolvidos e

interessados – o que é essencial para uma execução com bom desempenho.

Etapa VI – Manualizar os processos gerenciados

Consiste na formalização e documentação total dos processos, ou seja, o fluxo

de valor, a descrição de como é feita cada atividade no fluxo, os procedimentos necessários

e demais instruções de trabalho, visando facilitar o acesso à informação.

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A partir da manualização dos processos, seus executores poderão saber em

detalhes como as tarefas são realizadas, viabilizando maior fluidez e menor incidência de

erros no processo. Além disso, a documentação é importante para comparar o que deveria

ser feito com o que realmente está sendo feito, permitindo novas melhorias, para viabilizar

a realização de treinamentos, bem como para a manutenção e gestão dos conhecimentos

institucionais adquiridos. Sem a manualização as iniciativas propostas correm grande risco.

Etapa VII – Promover a divulgação das propostas futuras e capacitação dos

stakeholders principais

A comunicação é considerada um fator de sucesso para a gestão por processos

nas organizações. Para reforçar a cultura de gestão por processos é importante apresentar

os benefícios obtidos e resultados possíveis de ser alcançados, de forma que o

comprometimento passa a ser incentivado constantemente. Tendo em vista que a

comunicação é uma das mais fortes ferramentas para evitar problemas nas organizações,

torna-se imprescindível a divulgação da existência de manuais sobre o processo

gerenciado, deixando claro como e onde os stakeholders podem ter acesso às informações

que necessitam.

Adicionalmente, é de suma importância a realização de capacitação teórica

para área técnica de execução do processo sobre as mudanças realizadas, sobre a essência

do pensamento enxuto e sistêmico, os fluxos de trabalho, a importância de cada tarefa e

como elas impactam no desempenho da organização. Além disso, há necessidade de

capacitação para os clientes finais do processo, o que permite que os interessados tenham a

informação de como devem proceder junto à área técnica para resolução de problemas no

processo.

Etapa VIII – Implementar e agir para melhoria contínua

Após o redesenho de um processo e capacitação sobre as mudanças, é preciso

colocar em prática o novo conjunto de procedimentos que foram definidos. Nessa etapa é

possível verificar os reais resultados e aplicabilidade das melhorias propostas. A CPRO

intermediará o apoio da Administração da UFG para a implantação das melhorias

recomendadas e auxiliar as equipes em casos de problemas que podem surgir no fluxo do

processo decorrentes da execução na prática. Ao longo da prática, o MFV futuro pode ser

mais bem adaptado à realidade e necessidade dos stakeholders e estratégias da instituição.

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Agir para a melhoria contínua (Kaizen) começa com o hábito de olhar os

processos com uma perspectiva de quem busca por soluções e inovação. Coma a filosofia

de Kaizen, as equipes técnicas engajadas podem periodicamente contribuir com análise

crítica e sistêmica do processo e continuar trabalhando para o aumento da eficiência,

qualidade, segurança e redução de desperdícios. Nesse sentido, deve haver em cada

unidade e órgão da Instituição uma rotina de avaliação de processos, observando seus

objetivos principais em três fases: 1 – identificar onde é necessário aplicar melhorias

pontuais, e valorizar as ideias dos stakeholders; 2 – designar os responsáveis pela aplicação

e documentação das melhorias indicadas; 3 – execução da ação de melhoria.

O acompanhamento do desempenho dos processos também será realizado pela

CPRO a partir das análises de indicadores do MVF dos processos, podendo evoluir para

mais ações de Kaizen ou ainda, ser iniciado um novo ciclo de gerenciamento a partir da

Etapa I deste Plano, se entendido como necessário. A CPRO irá acompanhar o

desempenho dos processos, por meio de ficha de monitoramento, na qual serão

preenchidos pelos respectivos setores responsáveis, periodicamente, os resultados dos

indicadores dos processos. Dessa forma, será possível monitorar se os processos e recursos

de diferentes áreas estão se interagindo e convergindo para a satisfação dos stakeholders

dos processos e dos objetivos da UFG.

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9. CONTRIBUIÇÃO TECNOLÓGICA E SOCIAL

Retomando à justificativa para realização deste estudo, a qual destaca a realidade

de desafios contínuos das IFES para lidar com as rápidas mudanças influenciadas pelos

ambientes externo e interno, bem como o aumento da competição no âmbito público, este

trabalho analisou todo o fluxo e fundamento legal do processo de progressão funcional

docente da UFG – processo com alta demanda, complexidade e utilização de vários setores da

Instituição pesquisada.

A contribuição tecnológica e social está na elaboração e proposta do plano de

gestão por processos aplicável à UFG, em sua realidade, oferecendo uma metodologia, cuja

efetiva implantação poderá melhorar a gestão da Instituição nos ambientes administrativo,

técnico, acadêmico, político e social.

O estudo apresenta propostas de melhorias para um processo de grande relevância

para a UFG – o processo de progressão funcional docente – visando à contribuição para

entrega de valor ao maior ativo da Instituição: o seu corpo de servidores. Destaca-se que todas

as alterações propostas têm base em legislação vigente – em algumas delas necessitando

apenas de amparo do CONSUNI da UFG para implementação, com modificações pontuais na

sua atual Resolução nº 18/2017.

Nesse sentido, o estudo ainda contribui com a redução das dificuldades dos

docentes da Instituição para obtenção da progressão funcional e com a redução de

dificuldades no trabalho servidores da área técnica do processo, para o ensejo de uma maior

eficiência no desempenho do processo analisado.

Considerando que a progressão funcional pode ser considerada uma forma de

incentivo à produtividade acadêmica docente, este estudo contribui também para a política de

gestão de pessoas da UFG como ação para valorização do desenvolvimento e do trabalho das

pessoas que integram a instituição, bem como contribui para a consecução eficiente do plano

de carreira docente com remuneração equivalente.

Espera-se ainda que este estudo contribua com as demais pesquisas científicas

sobre temas relacionados, sendo que a metodologia aqui apresentada pode ser explorada ainda

por outras instituições públicas, como auxílio para a gestão por processos e para entrega de

valor à sociedade.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Norteado pelos princípios do LT de Womack e Jones (2004) e de Tapping e

Shuker (2003), o estudo diagnosticou o estado atual do processo de progressão docente, seus

pontos fracos e as possibilidades de melhoria por meio da aplicação das teorias de Gestão por

Processos (GP), Lean Thinking (LT) e Teoria do Stakeholder (TS), adaptadas à área

administrativa na UFG. Conforme pode ser observado neste estudo, a proposta de aplicação

das teorias estudadas demonstra claramente melhorias no fluxo de tramitação do processo,

reduzindo 30% da quantidade de atividades e de movimentação entre setores, eliminação de

operações desnecessárias e, redução de 48,49% no lead time do processo, reduzindo assim a

espera dos professores para obterem a efetivação da progressão na carreira.

Na busca de soluções para o processo, o estudo demonstrou que o LT, adicionado

às metodologias de GP e TS, podem ser aplicados no ambiente administrativo público. Apesar

da necessidade de adaptações em relação aos fundamentos teóricos originais, é possível

afirmar que os conceitos e ferramentas estudados podem ser utilizados para contribuir na

melhoria e gestão de processos administrativos na UFG, conforme se observa no capítulo de

discussão, onde foi possível vincular os resultados do estudo aos 7 eixos teóricos

determinados por meio da pesquisa teórica.

Confirma-se o pressuposto de baixa de sinergia entre e atividades e pessoas na

Instituição, percebido em situações de retrabalho, e esperas no fluxo do processo avaliado,

trazendo a necessidade de um modelo para a gestão por processos, em busca pela eficiência e

melhoria contínua. Dessa forma, diante da necessidade da área administrativa pública em

implementar o gerenciamento por processos, de modo prático e contínuo, este estudo

apresentou como proposta de intervenção organizacional, a criação de um plano de gestão por

processos em oito etapas, criado com base nas metodologias de GP, LT e TS, chegando à

resposta satisfatória da questão central da pesquisa e possibilitando a vantagem de uma visão

sistêmica por processos, aliada ao pensamento enxuto, como meio de contribuir para melhorar

a eficiência dos resultados administrativos da UFG, bem como para a entrega de valor aos

seus stakeholders.

Desse modo, além das melhorias específicas ao processo, em uma visão holística,

a proposta pode também interferir na competitividade da Universidade, como um todo e

contribuir para o cumprimento da missão institucional da UFG. Conforme observado na

pesquisa, a eficiência do processo pode influenciar na motivação e satisfação do professor,

impactando em melhoria da dedicação no ensino e nas demais atividades acadêmicas de

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pesquisa e extensão; por consequência, melhoria da avaliação institucional e maior

competitividade entre as demais instituições públicas e privadas de ensino. Destarte, um

cenário de crise de diversos recursos, é essencial garantir a competitividade da organização

por meio de aprimoramento contínuo da gestão e geração de valor aos stakeholders.

Dessa forma, além deste estudo responder à questão de pesquisa – demonstrando

uma metodologia nova para criação um plano de gestão por processos – houve a consecução

dos seus objetivos específicos: o atual processo de progressão funcional docente na UFG e

seus fundamentos legais foram diagnosticados por meio de pesquisa documental na

Instituição e entrevista com servidores responsáveis pela execução do processo; a

caracterização do processo a partir da GP, LT e TS foi possível com a identificação do estado

atual do processo, aplicando modelagem AS-IS e o MFV; já o objetivo de apresentar propostas

de alteração para melhoria da eficiência do processo foi alcançado a partir da identificação,

classificação e estudo dos stakeholders do processo, aplicação e análise de questionário para

identificação da percepção de valor dos stakeholders, bem como da aplicação do desenho TO-

BE, MFV e Kaizen ao teste de gestão do processo de progressão funcional docente.

Também é importante destacar que houve limitação quanto ao tempo para

realização de um estudo de caso maior, abrangendo os demais processos da Instituição

relacionados à carreira docente. Houve dificuldade de obtenção e análise dos dados da

pesquisa, devido às extensas fontes de dados documentais utilizadas, haja vista que, como a

análise do histórico de tramitação dos processos é bem minuciosa, demanda disponibilidade

de tempo e capacidade de observação do pesquisador. Além disso, a obtenção de dados é

complexa em se tratando de entrevistas, pois os servidores nem sempre podem querer expor a

verdadeira realidade da execução do seu trabalho. Dessa forma, por se tratar de processos com

insumos em formato de informações e não em formato de materiais, como na indústria, a

análise e identificação do fluxo de valor em áreas administrativas tornam-se bem mais

complexas de se enxergar e gerenciar.

Contudo, a divulgação dos resultados deste estudo aos seus stakeholders poderá

ocasionar ainda mais propostas de melhoria para o processo em questão e, como

recomendação para pesquisas futuras, seria interessante a replicação deste estudo em outra

IFE, comparando os resultados entre Instituições. Além disso, sugere-se a realização de

estudos relacionados ao vínculo entre a filosofia LT e cultura organizacional na

Administração Pública, para otimização das ações de melhoria contínua com planos kaizen.

Uma terceira recomendação de pesquisa futura, diz respeito à reformulação de critérios para a

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avaliação de desempenho dos docentes, destacando a preocupação da IFE em valorizar os

professores e seu respectivo desenvolvimento profissional, para uma educação de qualidade.

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132

APÊNDICE A

INSTRUMENTO DE PESQUISA - QUESTIONÁRIO APLICADO AOS STAKEHOLDERS

Primeiro, vamos identificar o seu perfil funcional

x N/A Qual cargo você ocupa na UFG? ____________________________

x x Em qual Unidade/Órgão você trabalha na UFG? ____________________________________

x x Há quanto tempo você trabalha na UFG? ( ) Até 3 anos; ( ) De 3 a 5 anos; ( ) De 5 a 10 anos;

( ) De 10 a 15 anos; ( ) Mais de 15 anos

x x Você já ouviu falar da Resolução CONSUNI/UFG nº 18/2017? ( ) Sim; ( ) Não

x N/A Você já ouviu falar do Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI) na UFG? ( ) Sim; ( )

Não

x x Qual a sua faixa etária? ( ) Até 20 anos; ( ) De 21 a 35 anos; ( ) 36 a 40 anos; ( ) De 41 a 45

anos; ( ) Mais de 45 anos

x x Qual sua escolaridade? ( ) Ensino fundamental; ( ) Ensino médio; ( ) Graduação; ( )

Especialização; ( ) Mestrado; ( ) Doutorado

Sta

keh

old

ers

Áre

a T

écn

ica

Sta

keh

old

ers

Cli

ente

Fin

al

Iremos analisar as necessidades de gestão do processo de

progressão e promoção funcional docente na UFG. Para tanto,

vamos analisar a percepção das pessoas que fazem parte das

diversas fases desse processo. Dessa forma, solicitamos que

indique suas percepções e opiniões, parte fundamental para esta

pesquisa.

Dis

cord

o t

ota

lmen

te

Dis

cord

o p

arc

ialm

ente

o c

on

cord

o,

nem

dis

cord

o

Co

nco

rdo

pa

rcia

lmen

te

Co

nco

rdo

to

talm

ente

EIXO

1-Discordo totalmente; 2-Discordo parcialmente; 3-Não

concordo, nem discordo; 4-Concordo parcialmente; 5-Concordo

totalmente

1 2 3 4 5

Alinhamento

estratégico x x Conheço bem as normas da Resolução CONSUNI/UFG nº 18/2017.

Alinhamento

estratégico x N/A

Conheço o conteúdo do Plano de Desenvolvimento Institucional -

PDI na UFG.

Alinhamento

estratégico x N/A

O atual processo de progressão possui conexão com os objetivos

estratégicos da UFG (Plano de Desenvolvimento Institucional -

PDI). Comprome-

timento x x

A Administração da UFG está comprometida com o bom

desempenho das atividades das áreas administrativas.

Comprome-

timento x N/A

Atualmente, estou bastante comprometido com o desempenho do

meu trabalho na UFG.

Eficiência x x Há necessidade de revisar o atual processo de progressão.

Eficiência x x O atual processo de progressão é eficiente.

Foco no

Cliente x x

O atual processo de progressão/promoção docente atende às

expectativas dos professores.

Foco no

Cliente x x

Os servidores têm fácil acesso às normas e informações sobre o

processo de progressão/promoção docente.

Otimização

de resultados x N/A

Atualmente é realizada análise dos possíveis resultados negativos

entregues pelo meu órgão/unidade.

Otimização

de resultados x N/A

Atualmente é realizada análise dos resultados positivos entregues

pelo meu órgão/unidade. Otimização

de resultados x x

Existem pontos fracos e gargalos no fluxo do processo de

progressão/promoção docente.

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133

Valor x N/A Considero que o mapeamento dos processos é relevante para a

realização das minhas atividades.

Qualidade x N/A Considero que meu conhecimento atual é suficiente para garantir a

qualidade dos serviços prestados por mim.

Qualidade x N/A Considero que os resultados entregues pelo meu Órgão/Unidade têm

qualidade para o seu público-alvo.

Qualidade x N/A Toda a equipe do meu Órgão/Unidade possui pleno conhecimento

em relação ao trabalho a ser entregue, no que diz respeito ao

processo de progressão/promoção docente. Foco no

Cliente x x

Avalie o seu nível de satisfação em relação aos resultados gerados

pelo processo de progressão/promoção docente.

Sta

keh

old

ers

Áre

a T

écn

ica

Sta

keh

old

ers

Cli

ente

Fin

al

Agora, atribua níveis de importância para os itens a seguir, a

respeito do atual processo de progressão/promoção funcional

docente da UFG.

o é

im

po

rta

nte

Po

uco

im

po

rta

nte

Ind

ifer

ente

Mu

ito

im

po

rta

nte

Ex

trem

am

ente

im

po

rta

nte

EIXO 1-Não é importante; 2-Pouco importante; 3-Indiferente; 4-Muito

importante; 5-Extremamente importante 1 2 3 4 5

Valor x x Sobre a capacitação dos professores para o processo de progressão

Valor x x Sobre a capacitação profissional dos servidores que atuam na

execução do processo de progressão

Valor x x Sobre a cordialidade no atendimento ao público

Valor x x Sobre a qualidade na entrega do serviço desde o início do processo

(sem erros para posterior correção)

Valor x x Sobre meios de comunicação para solução de problemas das partes

interessadas no processo

Valor x x Sobre melhorias na comunicação interdepartamental durante a

tramitação do processo de progressão

Valor x x Sobre o comprometimento da Administração da UFG com a gestão

do processo

Valor x x Sobre o controle de qualidade do processo antes da sua

finalização/entrega.

Valor x x Sobre o prazo de concessão da progressão/promoção (até a emissão

da portaria)

Valor x x Sobre o prazo de pagamento da progressão/promoção (inclusão na

folha de pagamento)

Valor x N/A Sobre poder trabalhar no processo de modo contínuo (sem

interrupções, falhas ou desperdícios)

Eficiência x N/A Sobre a centralização das atividades

Eficiência x N/A Sobre a descentralização das atividades

Comprome-

timento x x

Sobre o comprometimento da equipe de servidores envolvidos com

a gestão do processo de progressão/promoção docente

Otimização

de resultados x x Sobre o mapeamento do processo de progressão

Foco no

Cliente x x

Para encerrar, indique outras necessidades processo de progressão/promoção funcional

docente da UFG que não foram citadas.

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APÊNDICE B

Entrevista realizada com servidores da Área Técnica

1- Como um requerimento de progressão chega até você?

2- Quais os procedimentos tomados aos receber um requerimento de progressão?

3- Quais atividades são realizadas por você no requerimento?

4- Em média, quanto tempo é necessário para realizar cada procedimento?

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135

APÊNDICE C

Comprovante de aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa