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Curso 4 - Como planejar os demais aspectos do projeto?
- 1 -
Gestão de Projetos
Curso 4: Como planejar os
demais aspectos do projeto?
Curso 4 - Como planejar os demais aspectos do projeto?
- 2 -
SUMÁRIO PÁG
Visão Geral 03
Qualidade 04
Recursos Humanos 14
Comunicação 18
Riscos 30
Aquisições 46
Integração 52
Bibliografia/Sugestão Leitura 55
Curso 4 - Como planejar os demais aspectos do projeto?
- 3 -
Visão Geral
Objetivo
Conhecer:
O que é qualidade?
Os equívocos comuns em qualidade.
Os custos da qualidade.
O que é gerenciamento da qualidade.
Como planejar a qualidade do projeto.
No primeiro curso – Como trabalhar em projetos? – aprendemos que um projeto
deve levar em consideração outros aspectos que também merecem atenção, embora
em menor intensidade, em sua fase inicial, uma vez que eles também são importantes
no planejamento, pois uma falha neste grupo de processos poderá afetar
significativamente o projeto, por exemplo, o prazo ou os custos.
Conforme a figura ao lado, e
recordando a questão das áreas do
conhecimento, o gerenciamento de
projetos eficaz deve considerar nove
disciplinas.
Anteriormente, focamos as três que compõem a chamada restrição tripla. São elas:
Escopo.
Tempo.
Custo.
Neste curso, trataremos das outras seis disciplinas:
Qualidade.
Recursos humanos.
Comunicação.
Curso 4 - Como planejar os demais aspectos do projeto?
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Riscos.
Aquisições.
Integração de todas elas.
Ao final deste módulo, você conhecerá:
O que é qualidade.
Os equívocos comuns em qualidade.
Os custos da qualidade.
O que é gerenciamento da qualidade;
Como planejar a qualidade do projeto.
O que é qualidade?
No curso anterior, falamos do planejamento da restrição tripla (escopo, tempo e custo).
A qualidade é afetada por este trio de restrições e é uma preocupação que está
presente em todos os projetos. É normalmente ela que determina se as expectativas
dos interessados foram atendidas.
Respeitar prazos e orçamentos é uma coisa; se gerarmos um produto incorreto ou
inferior, o prazo e o orçamento de repente vão perder a importância.
Um aspecto que deve ser considerado no planejamento do projeto é o que podemos
fazer para garantir que as necessidades do cliente quanto aos resultados do projeto
sejam alcançadas.
Resumindo, devemos deixar o cliente satisfeito. Muitos poderiam dizer ―faça a coisa
certa na primeira vez‖, outros diriam ―mantenha seu projeto alinhado com as
expectativas do cliente‖.
“O conceito moderno de qualidade tem foco na satisfação do cliente e na
conformidade do projeto com as necessidades deste cliente, e não com
padrões previamente criados pela empresa ou pela equipe do projeto”
Lewis R. Ireland
• O que deve ser feito para garantir que faremos certo já na primeira vez?
• Como saber se a abordagem adotada está realmente alinhada com as
necessidades do cliente?
• Quais itens devem ser observados para avaliar se o trabalho está correto?
Curso 4 - Como planejar os demais aspectos do projeto?
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Traduzindo para a linguagem da qualidade:
“verificar a conformidade com o que foi solicitado”.
Vejamos um exemplo simples com o qual nos deparamos quase diariamente: a questão
da temperatura de uma sala de aula. A expectativa dos alunos é que a temperatura
esteja em média 23 graus centígrados, com uma variação de 1 grau centígrado para
cima ou para baixo.
O dimensionamento e a instalação dos
equipamentos têm que considerar este requisito
de temperatura agradável, com pouca variação.
A métrica é a temperatura do ar, que deve ser
acompanhada com certa periodicidade. Se
estiver acima, os equipamentos serão ligados
com mais ar frio, caso contrário será insuflado ar
mais quente até que a temperatura retorne ao
patamar determinado.
O que fazer para garantir que estes valores sejam alcançados?
Você poderia sugerir a utilização de um termômetro e alguém de cinco em cinco
minutos para observar a temperatura; se ela estiver abaixo da média, deve-se desligar
o ar frio e ligar o ar quente, do contrário deve-se manter mais ar frio.
Veja, a preocupação é manter a conformidade (a
temperatura em 23 graus), e não o desenvolvimento do
produto que refrigerará a sala.
Qualidade é isso. Determinar a conformidade e garantir
que as coisas se mantenham nela.
Pense no que deve ser feito para cumpri-la e em quais
atividades devem ser planejadas em seu projeto para
assegurar a conformidade. Observe a seguir uma definição mais completa de qualidade.
Muito se fala em qualidade, mas um fato importante é definir o que é qualidade.
Certamente, os clientes sabem o que é quando a vêem; os fornecedores prometem que
seus bens e serviços a incorporam. Só que, na maioria das vezes, ambas as visões não
têm uma definição clara e comum do que é realmente qualidade, e isso acaba trazendo
muitos problemas para os projetos. Um destes é que cada organização estabelece sua
própria definição. No final, contudo, todas elas levam à base fundamental da qualidade,
expressamente:
Curso 4 - Como planejar os demais aspectos do projeto?
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O cliente define qualidade e determina o que é necessário para que suas
expectativas sejam satisfeitas.
A definição de qualidade do PMI®, citada no Guia PMBOK®,
é ―o grau até o qual um conjunto de características
inerentes satisfaz às necessidades‖ (American Society for
Quality, 2000). Estas necessidades declaradas e implícitas
são um insumo para o desenvolvimento dos requisitos do
projeto. Portanto, um item importante do gerenciamento da
qualidade do projeto é ―transformar as necessidades, os
desejos e as expectativas dos interessados em requisitos
através da análise dos stakeholders, realizadas durante o
gerenciamento do escopo do projeto‖. Contudo, outras
definições são também relevantes, como:
• Conformidade com as especificações;
• Conformidade com expectativas mutuamente acordadas;
• Aptidão para uso;
• Satisfação do cliente/serviço ao cliente.
Para o PMI®, um projeto com qualidade é aquele que foi entregue em conformidade
com os requisitos e especificações (ele deve produzir o que foi estabelecido) e está
adequado ao uso (deve satisfazer às reais necessidades dos clientes).
No final, qualidade se resume em satisfazer às
expectativas e especificações do cliente, como diria
a letra de uma música do filme Mogli: ―o necessário,
somente o necessário, o extraordinário é demais!‖.
Portanto, na visão do PMI®, exceder as
expectativas do cliente não é recomendável.
De fato, eles chamam isso de ―gold-plating‖, cuja
tradução literal é banhar a ouro. Na verdade, é um
trabalho desnecessário e tipicamente leva a custos
mais altos para o projeto, por exemplo,
funcionalidades adicionais não solicitadas, escopo
suplementar ou desempenho melhor do que o
desejado. Esta prática não é recomendada, porque
este trabalho não agrega valor ao projeto.
O gerente de projeto deve dedicar seu tempo a garantir que os projetos estejam em
conformidade com os requisitos e não entregando extras.
Equívocos comuns em qualidade
Muitas pessoas compreendem certos conceitos sobre qualidade de forma ambígua, o
que acaba por produzir equívocos. Os mais comuns são listados a seguir:
Curso 4 - Como planejar os demais aspectos do projeto?
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Qualidade custa muito caro.
É talvez o equívoco mais comum.
Esta noção provavelmente surgiu porque a ideia de se planejar um produto de
qualidade, desde o princípio, sugere uma imagem de se dedicar muito(s) tempo,
recursos e esforços no planejamento.
Contudo, o fato é que o planejamento antecipado da qualidade economiza dinheiro em
longo prazo, porque ele reduz o retrabalho e acarreta menos rejeição e menos
consumidores insatisfeitos.
Qualidade é um luxo.
É parente próximo do primeiro equívoco e tem sua origem, pelo menos em parte, na
ideia de que a qualidade custa muito caro. Muitas pessoas associam itens caros com
qualidade.
Por exemplo, se uma pessoa compra uma casa cara, a dedução automática é que essa
casa tem uma construção de alta qualidade. Contudo, se o mesmo empreiteiro construir
uma casa mais barata, na mesma rua, quem pode dizer se a qualidade é diferente ou é
a mesma?
Categoria menor significa baixa qualidade.
Essa é uma confusão muito comum, ―categoria menor‖ significa ter menos
funcionalidades ou configurações, não qualidade.
Por exemplo: Fusca e Mercedes. O Fusca tem menos qualidade do que o Mercedes? A
resposta é não: o Fusca tem é menor grau, ou seja, menor quantidade de recursos.
O Guia PMBOK® define grau como ―uma categoria ou nível usado para distinguir itens
que tenham o mesmo uso funcional, mas não dividem os mesmos requisitos para
qualidade‖. O grau é determinado pelos requisitos funcionais do cliente. Baixa qualidade
é sempre um problema, mas grau baixo não é. O gerente de projeto e a equipe
determinam e entregam o grau e o nível de qualidade exigidos.
Manter a qualidade não é tão importante quanto o custo e o cronograma.
O Guia PMBOK® expressa que custo, tempo e qualidade são igualmente importantes.
Projetos que entregam seus produtos ou serviços no prazo e dentro do cronograma,
mas são completamente inaceitáveis pelo cliente, não são bem-sucedidos.
Não há tempo disponível para produzir com qualidade.
Este equívoco, com muita probabilidade, surgiu em áreas com restrições de tempo para
comercialização (como a indústria de softwares). Em tais áreas, a urgência em se
lançar produtos à frente no mercado frequentemente ultrapassa o planejamento básico
do projeto e, ainda mais, o planejamento da qualidade.
O resultado de não produzir com qualidade desde o princípio provoca defeitos
constantes, refugo do trabalho e clientes insatisfeitos, mesmo quando o prazo final de
comercialização é cumprido.
Curso 4 - Como planejar os demais aspectos do projeto?
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Organizações orientadas à qualidade mudaram
suas perspectivas sobre estes equívocos,
especialmente os que dizem respeito ao custo.
Há claras evidências de que o custo de se
melhorar a qualidade é menor do que a
economia resultante.
Joseph Juran, um dos gurus da qualidade,
criou o conceito do ―custo da qualidade‖. Ele
percebeu que os executivos jamais dariam
atenção a aspectos como ―taxas de defeitos‖
ou ―limites de controle‖. Ele decidiu traduzir a
qualidade para uma linguagem que eles
conseguiam entender: ―dinheiro‖, este é o
conceito de custo da qualidade.
Custo da qualidade
É relacionado ao desembolso total com a qualidade dos produtos/serviços, incluindo o
que se gasta para melhorar a qualidade (conformidade), e com o prejuízo decorrente da
falta dela (não-conformidade).
A ideia é fazer com que o custo da conformidade compense a perda oriunda da não-
conformidade. Por exemplo, gastar $50 para não perder $100.
Custo da conformidade
Os custos dos processos proativos de
qualidade incluem:
Custos de avaliação — estão
associados ao teste e ao controle
de matérias-primas e produtos. Os
gastos com laboratórios de
qualidade, por exemplo, poderiam
evitar que falhas internas se
transformassem em falhas
externas.
Custos de prevenção — são decorrentes da prevenção de falhas. Por exemplo:
revisões de concepção, treinamento e doutrinação, planejamento.
Curso 4 - Como planejar os demais aspectos do projeto?
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Custo da não-conformidade
O custo da falta de qualidade é dividido
em:
• Custos de falhas internas — são
aqueles decorrentes de defeitos
descobertos antes de o produto
ser enviado para o cliente. O
retrabalho e o expurgo de peças
são exemplos.
• Custos de falhas externas — são
aqueles originados de defeitos
descobertos após a entrega para o cliente. Por exemplo: recall de produtos
automobilísticos.
De qualquer forma, o custo da qualidade é uma
abordagem orientada a resultado para medir e estimar a
efetividade e o benefício dos processos de gerenciamento
da qualidade do projeto da organização.
É um meio útil de trazer a atenção do gerenciamento para
a necessidade da qualidade.
Na opinião de Juran, colocar dinheiro em prevenção e
avaliação não é, de maneira alguma, jogar dinheiro fora.
Os investimentos são compensados por reduções no custo
das falhas.
Por exemplo, você gasta $ 1.000,00 no treinamento de uma equipe que reduz
significativamente falhas na produção de um determinado item. O valor desta redução é
de R$ 2.000,00. Portanto, a organização ―ganhou‖ R$ 1.000,00.
Crosby, outro guru da qualidade, prega este princípio em seu livro A qualidade é grátis.
O que é gerenciamento de qualidade?
A gestão da qualidade trata de assegurar que o projeto satisfará a todas as
necessidades para as quais ele foi empreendido. Isso inclui todas as atividades, em
todos os níveis da gerência, que determinem a política, os objetivos e as
responsabilidades e os implementem por meio dos processos de planejamento, do
controle, da garantia e melhoria da qualidade.
Com base nisso, o Guia PMBOK® definiu três processos para gerenciar a
qualidade nos projetos:
Planejamento da qualidade.
Garantia da qualidade.
Curso 4 - Como planejar os demais aspectos do projeto?
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Controle da qualidade.
O planejamento da qualidade é crítico porque ele será a base para o restante das
iniciativas de qualidade. Envolve identificar padrões de qualidade que o produto deve
alcançar, para que o cliente fique satisfeito com o resultado final do projeto.
Como planejar a qualidade
O Guia PMBOK® define o planejamento da qualidade como a ―identificação dos padrões
de qualidade relevantes para o projeto e a determinação de como satisfazê-los‖ (Guia
PMBOK®, seção 8.1).
Um princípio do pensamento moderno sobre o gerenciamento da qualidade em projeto
é que qualidade não é inspecionar, e sim prevenir. No entanto, a inspeção certamente é
parte do gerenciamento da qualidade, porém ela geralmente não é considerada o
melhor caminho para aprimorar a qualidade.
Planejar a qualidade significa preparar um documento (plano do gerenciamento da
qualidade) que descreva:
Os padrões de qualidade adotados para o projeto;
Os critérios para medir se a qualidade está sendo alcançada;
Lista de verificação usada para observar se um conjunto de etapas foi
cumprido;
Métricas de qualidade que informem ao gerente de projeto se o projeto está
fora de controle, visando recomendar ações corretivas e/ou preventivas.
Para se preparar um bom plano, o PMI® recomenda algumas ferramentas e técnicas,
incluindo o conceito do custo da qualidade.
Análise de custo-benefício: a análise de custo-benefício deve ser considerada no
processo de planejamento da qualidade do projeto. O principal benefício de atingir os
requisitos de qualidade é um menor retrabalho. O custo primário é a despesa associada
com as atividades do gerenciamento da qualidade do projeto.
Benchmarking: envolve a comparação de atividades do projeto reais ou planejadas
àquelas de outros projetos, para gerar ideias de melhorias e fornecer um padrão de
mensuração de desempenho. Algumas pessoas descrevem este processo como uma
busca por melhores práticas.
Projeto de experimentos: é uma técnica analítica que ajuda a identificar quais
variáveis possuem mais influência no resultado total. Por exemplo, designers podem
querer determinar qual combinação de carroceria com pneus produz o veículo com as
características mais desejáveis a um custo razoável.
Diagrama de causa e efeito:
conhecido por Diagrama de
Ishikawa ou Diagrama de Espinha
Curso 4 - Como planejar os demais aspectos do projeto?
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de Peixe. É um tipo especial de fluxograma que apresenta como causas e subcausas se
relacionaram para criar problemas ou efeitos potenciais.
Elaboração de fluxogramas: fluxogramas são diagramas que mostram como vários
elementos de um sistema se relacionam. Os tipos mais conhecidos são os fluxogramas
de sistema ou processo, que mostram os elementos inter-relacionados.
Outras ferramentas adicionais, como o brainstorming, também são recomendadas no
Guia PMBok® (seção 8.1.2.5) para serem utilizadas no planejamento da qualidade.
Filosofia da qualidade
A cultura organizacional deve apoiar a noção de que a
qualidade deve ser planejada no projeto, desde o
princípio.
É essencial para um planejamento de sucesso analisar
cuidadosamente as especificações do cliente e os
padrões de qualidade que apóiem a entrega do serviço
ou produto, como foi acordado. E, antes que qualquer
iniciativa de qualidade seja implementada em uma
organização, os níveis mais altos da direção
devem estar comprometidos com ela.
A filosofia da qualidade estabelece os padrões na organização e para cada indivíduo a
ela integrado. Veja o exemplo da Johnson & Johnson: é uma companhia com uma forte
filosofia corporativa e uma vontade de implementar e segui-la. Sua filosofia de
qualidade é ―não colocar o público em perigo‖. De acordo com ela, quando os vidros
de Tylenol® foram contaminados com cianeto, todos eles foram retirados das
prateleiras, com uma tremenda perda de lucros no curto prazo. A resposta positiva do
público a este ato foi tão poderosa que a companhia recuperou suas perdas iniciais
dezenas de vezes.
A EAP é fundamental para implementar a qualidade
Ferramentas e técnicas básicas de
gerenciamento de projetos são a
sustentação de todos os processos
de boa qualidade, e a ferramenta
mais importante entre todas é a
EAP. Geralmente, as primeiras
ideias sobre as expectativas do
cliente quanto à qualidade tomam
forma quando da análise de uma
declaração de trabalho, documento
gerado na maioria das vezes pelo
cliente. No entanto, o planejamento
Curso 4 - Como planejar os demais aspectos do projeto?
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real da qualidade ocorre depois que a EAP é desenvolvida, porque é aí então que a
equipe do projeto define o sistema e desenvolve padrões que garantam a qualidade ao
longo do ciclo de vida do projeto.
Identificando o cliente
Conhecer o cliente é a chave para se fornecer um produto ou serviço de qualidade, mas
muitas pessoas não percebem que têm múltiplos clientes. Eles incluem:
• O cliente do projeto – pessoa ou organização que é a usuária final do
produto ou serviço criado pelo projeto;
• Clientes internos, que são os que recebem as tarefas ou os serviços que
os indivíduos fornecem;
• Clientes ocultos, como stakeholders, que são indivíduos ou organizações
que podem afetar significativamente o futuro do projeto.
Projetos, com frequência, fracassam ou ficam aquém das expectativas porque os
stakeholders não são identificados. A equipe do projeto deve identificar todos os
stakeholders (e todos os que pensam que o são) e tratá-los como clientes.
Clientes e stakeholders (os termos são intercambiáveis) podem ser externos à
organização ou internos. Eles também podem ser invisíveis; isto é, eles podem ter um
interesse no projeto, mas não têm contato direto com as atividades dele. Por
exemplo, um grupo ambientalista pode ter um interesse vital em um projeto que pode
afetar o ecossistema.
O que é uma especificação?
Especificações conduzem o projeto e os
padrões com os quais a equipe do projeto
define o projeto e a sua qualidade.
Uma especificação é algo que um produto ou
serviço deve fazer ou uma qualidade que um
produto ou serviço deve ter.
Geralmente, definir especificações em termos
de funcionalidade de produtos é melhor do que defini-las em termos de especificações
de engenharia, porque especificações funcionais fornecem à equipe mais flexibilidade
para criar soluções inovadoras. Quando é possível propor alternativas, as equipes do
projeto podem frequentemente desenvolver soluções melhores a custos mais baixos.
Especificações podem vir de diversas fontes. Normalmente, a maioria das especificações
é fornecida pelo cliente ou pela área de negócios da organização; elas podem ser
encontradas nos contratos, nas declarações de trabalho, na declaração de escopo ou
em comentários feitos pelo cliente durante as negociações de pré-projeto.
Curso 4 - Como planejar os demais aspectos do projeto?
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Identificando as especificações do cliente
Os gerentes de projeto devem identificar todas as
especificações de um projeto, envolvendo o cliente
neste processo.
Apesar de parecer trivial, escrever ou interpretar
especificações pode ser muito difícil.
A melhor abordagem é listar tantas especificações
quanto possível e, então, pedir ao cliente para
verificá-las e esclarecê-las.
O objetivo é definir claramente o produto antes que
ele entre em produção; fazer isso custa menos e
cria menos stress.
Lembre-se de incluir fornecedores internos e externos potenciais durante a fase de
determinação das especificações; eles podem lhe dar perspectivas valiosas.
Resumindo
A qualidade é importante para o sucesso dos projetos, o papel dela é garantir
que as expectativas dos interessados sejam atendidas. Ela pode ser definida
pelos stakeholders, pela equipe do projeto, pelo patrocinador, pelos padrões
de qualidade e por uma combinação desses e de outros fatores. Se o projeto
envolve a produção de um novo instrumento de cirurgia cardíaca, por
exemplo, provavelmente haverá uma série de padrões de qualidade que
deverão ser atendidos. As partes devem ter tamanho e formato específicos, o
instrumento deve ser construído com um determinado material etc.
Geralmente, existe um dilema no qual a qualidade é uma preocupação.
Atender aos padrões de qualidade para o projeto vai custar alguma coisa —
tempo ou recursos. Isso é conhecido como custo da qualidade, mas não
atender aos padrões também vai ter um custo, porque o projeto será
considerado malsucedido, podendo haver a necessidade de reparos,
descartes e retrabalho. O custo é dividido em duas categorias – custo da
conformidade e custo da não-conformidade.
O planejamento da qualidade abrange a identificação de clientes e
especificações. Existem clientes com características diferentes, e eles devem
participar na definição e aprovação das especificações.
Padrões de qualidade fornecem a linha base com a qual medimos o
desempenho. O foco do planejamento da qualidade é identificá-los para cada
pacote de trabalho da EAP.
Curso 4 - Como planejar os demais aspectos do projeto?
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Recursos humanos
Objetivo
Conhecer:
Como se faz o planejamento dos recursos humanos.
Planejamento dos recursos humanos
Todo projeto requer pessoas. O processo de planejamento de recursos humanos
documenta as funções e responsabilidades das pessoas ou dos grupos envolvidos nos
diversos elementos do projeto, apresentando as relações de subordinação para cada um
deles.
Nos projetos, os recursos estão organizados em estruturas organizacionais temporárias,
portanto é necessário a cada projeto planejar como distribuir os recursos humanos,
identificando a sua posição na estrutura do projeto, seu papel e sua responsabilidade.
Estes processos têm como objetivo tornar mais efetivo
o uso das pessoas envolvidas nos projetos, que
fracassam muitas vezes por falhas na definição da
equipe ou por pouca participação dos interessados.
uma influência decisiva para o sucesso ou o fracasso.
De pouco adianta informar a um gerente de
departamento que sua área tem um papel
fundamental em uma atividade do projeto que começa
amanhã.
As pessoas devem ser envolvidas o mais cedo
possível, informá-las é uma tarefa do gerente de
projetos.
O planejamento de recursos humanos está fortemente associado com o planejamento
de comunicação (que será tratado em seguida) e deve responder a três perguntas
simples:
1. Quem faz o quê?
2. Quem se reporta a quem no projeto?
3. Em que momento as pessoas devem participar no projeto?
Definição de responsabilidades e papéis
A pergunta 1 (―Quem faz o quê?‖) é a mais importante no planejamento de recursos
humanos. Aqui existem duas premissas para o sucesso:
Curso 4 - Como planejar os demais aspectos do projeto?
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1) Os recursos para cada atividade do projeto devem estar disponíveis quando
necessário, nem antes ou depois, e a quantidade deve ser a absolutamente necessária,
nem mais e nem menos.
2) Cada atividade deve possuir uma pessoa como responsável, que deve:
• Tomar providências para garantir que a tarefa tenha sucesso;
• Responder pelo fracasso ou pelos problemas da atividade;
• Tomar decisões que afetem positivamente a probabilidade de sucesso da
tarefa.
A figura a seguir exemplifica as responsabilidades associada à EAP para o projeto Festa.
A definição de responsabilidades usa como ferramenta a Matriz de Responsabilidades.
Ela conecta a EAP a pessoas ou grupos responsáveis pelas atividades do projeto.
Matriz de Responsabilidades
É um método utilizado para exibir, na forma de tabelas, as pessoas responsáveis pela
realização dos itens de trabalho na EAP. É uma ferramenta útil, pois enfatiza quem é
responsável em cada item de trabalho e mostra o papel de cada um na realização do
projeto global.
Algumas matrizes de responsabilidades usam um X ou R para mostrar quem é
responsável pelos itens de trabalho; outras utilizam um P ou R para designar
responsabilidade principal e um S ou A para indicar a secundária de assessoria ou o
apoio em cada pacote de trabalho específico.
Curso 4 - Como planejar os demais aspectos do projeto?
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É uma boa ideia designar apenas uma pessoa como líder ou o principal responsável
para cada pacote de trabalho. A dupla designação aumenta o risco de que determinado
trabalho fique ―órfão‖.
Como diz o ditado, ―cão que tem dois donos
morre de fome‖. Quem trabalha em projetos
ouve isso frequentemente. Depois da expressão
―mais perdido do que cachorro que caiu do
caminhão de mudança‖, essa outra referência
aos caninos é das mais ilustrativas de uma
situação comum no ambiente de projetos: a falta
de um único responsável para cada pacote de
trabalho na EAP. É perfeita a imagem do animal
que sucumbe à dúvida de seus donos, que não
sabem quem tem que lhe dar comida.
O objetivo deste provérbio é alertar para os problemas que advêm da falta de definição
de quem deve cumprir uma tarefa. A falta do responsável designado gera problemas
tanto no caso de ninguém cuidar do assunto quanto na possibilidade de haver excesso
de pessoas querendo tratar o problema.
Há situações em que o responsável não cuida da tarefa porque ele desconhece que foi
incumbido dela.
Às vezes, ninguém se sente responsável por uma tarefa pelo simples motivo de que ela
efetivamente não tem dono, o que acontece porque não foi dito quem deve fazê-la ou
se entregou o trabalho de forma ambígua a mais de uma pessoa.
A responsabilidade por definir o responsável é sempre do gerente do projeto, por isso
todos os projetos devem ter as atribuições de responsabilidades claramente definidas, e
o melhor jeito de fazer isso é utilizando a Matriz de Responsabilidades. A figura a seguir
ilustra uma matriz com atribuições primárias (P) e secundárias (s).
Organograma do projeto
A ferramenta utilizada para a segunda questão (“Quem se reporta a quem no
projeto?”) pode ser facilmente respondida elaborando-se um organograma.
Curso 4 - Como planejar os demais aspectos do projeto?
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Este é um tipo de gráfico bastante popular, que apresenta os relacionamentos de
reporte do projeto (―Quem manda em quem?‖). Nos projetos, as estruturas são
temporárias e múltiplas, em muitas situações o recurso pode estar comprometido com
mais de um projeto. Portanto, é importante saber como as pessoas estão
hierarquicamente distribuídas naquele projeto em particular.
Em projetos maiores, onde o trabalho de gerenciamento é dividido, o organograma
pode tornar–se altamente complexo. Já em projetos menores, esta estrutura pode ser
tão simples e conhecida que até dispense a criação deste diagrama.
Cronograma na forma de
histograma de recursos
A terceira pergunta trata do
momento em que as pessoas
devem se envolver com o projeto
– isso é parte do cronograma.
Usando um gráfico conhecido por
histograma de recursos, que mostra
os períodos nos quais os recursos são
necessários no projeto e quando o
processo de recrutamento deve
começar.
Em geral, o histograma de recursos é
exibido na forma de um gráfico com recursos específicos, que apresenta a linha de
tempo do projeto no eixo horizontal e a quantidade de trabalho em horas no eixo
vertical. Veja o exemplo.
Resumindo
• Todo projeto requer pessoas. O processo de planejamento de recursos humanos
documenta as funções e responsabilidades das pessoas ou dos grupos
envolvidos nos diversos elementos do projeto, apresentando as relações de
subordinação para cada um deles. Nos projetos, os recursos estão organizados
em estruturas organizacionais temporárias, portanto é necessário a cada projeto
planejar como distribuir os recursos humanos, identificando a sua posição na
estrutura do projeto, seu papel e sua responsabilidade.
• Estes processos têm como objetivo tornar mais efetivo o uso das pessoas
envolvidas nos projetos, que fracassam muitas vezes por falhas na definição da
equipe ou por pouca participação dos interessados. Seres humanos geralmente
são o elo mais fraco do projeto, mas é certo que o fator humano tem uma
influência decisiva para o sucesso ou o fracasso.
• O planejamento de recursos humanos está fortemente associado com o
planejamento de comunicação e deve responder a três perguntas simples: quem
faz o quê? Quem se reporta a quem no projeto? Em que momento as pessoas
devem participar no projeto? A pergunta ―quem faz o quê?‖ é a mais importante
no planejamento de recursos humanos.
Curso 4 - Como planejar os demais aspectos do projeto?
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• Existem duas premissas para o sucesso: 1ª – os recursos para cada atividade
do projeto devem estar disponíveis quando necessário, nem antes ou depois, e a
quantidade deve ser a absolutamente necessária, nem mais e nem menos; 2ª –
cada atividade deve possuir uma pessoa como responsável, que deve tomar
providências para garantir que a tarefa tenha sucesso, responder pelo fracasso
ou pelos problemas da atividade e tomar decisões que afetem positivamente a
probabilidade de sucesso da tarefa.
Comunicação
Objetivo
Conhecer:
O que é comunicação.
Estilos de comunicação.
O gerenciamento das comunicações do projeto.
O planejamento das comunicações.
O plano de comunicação.
Comunicação
Bons projetos são o resultado da combinação de
ações, decisões e estratégias, executadas por
equipes com uma variedade de papéis e
responsabilidades, que se relacionam com outras
pessoas e buscam um resultado bem-sucedido.
Para que isso aconteça com sucesso, é
fundamental um bom processo de comunicação,
ou seja, a informação correta para as pessoas
certas, relatando-se o progresso e o andamento
do projeto de forma adequada para os diferentes
interessados e identificando-se claramente as
preferências de cada envolvido.
Os gerentes de projeto precisam desenvolver boas
habilidades de comunicação e aplicar os processos
recomendados para melhorar os resultados do
projeto, planejando o que, como e para quem
comunicar.
Mas, antes de abordarmos sobre como planejar a comunicação, vamos discutir alguns
conceitos fundamentais sobre este tema.
O que é comunicação?
Comunicação: afinal de contas, o que é isso?
Curso 4 - Como planejar os demais aspectos do projeto?
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Todo projeto precisa de um bom plano de gerenciamento de comunicação que
documente as necessidades de informação dos interessados, quando distribuí-la
e a forma como será transmitida.
Ele deve abordar as necessidades de todas as partes interessadas. As
informações comunicadas normalmente abrangem:
Andamento do projeto.
Declarações de escopo e suas atualizações.
Informações básicas do projeto.
Riscos, ações.
Medidas de desempenho.
Aceitação do projeto.
Um plano de gerenciamento das comunicações normalmente descreve:
O que deve ser comunicado?
De que forma deve ser comunicado e método de transmissão (como).
Propósito da comunicação (por quê).
Frequência das comunicações, período de distribuição, incluindo datas de início e
término (quando).
Pessoa responsável pela distribuição da informação.
A palavra é oriunda do latim (comunicare) e significa compartilhar, tornar comum. É um
esforço bidirecional que envolve:
- A transmissão da informação utilizando um conjunto de símbolos (verbais,
não-verbais, gráficos);
- O entendimento comum para uma ou mais pessoas (receptores), por meio de
mecanismos (meios) adequados;
- O posterior recebimento do feedback pelo emissor.
Por se achar que a gestão das comunicações no projeto já está implícita e é uma coisa
automática, ela é frequentemente ignorada.
Curso 4 - Como planejar os demais aspectos do projeto?
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Sempre que falamos em projetos, as lembranças que vêm à mente são EAP,
cronogramas, recursos, plano de projetos, riscos etc. Mas e a comunicação? Onde está?
Por que quase não se fala no plano de comunicações ou na reunião de kick-off?
Lembrem-se de que não haverá escopo ou cronograma sem comunicação. Como
elaborar planos e desejar obter resultados se as pessoas não se relacionarem e
compartilharem seus conhecimentos?
Comunicação
O PMI® destaca a importância de uma comunicação efetiva, pois a maioria dos
gerentes dos projetos concluídos com sucesso gastou aproximadamente 90% do seu
tempo envolvido em algum tipo de comunicação, seja ela escrita, falada, de forma não-
verbal, com um estilo formal ou informal.
Os gerentes devem saber aplicar os diferentes tipos e estilos de comunicação, assim
como desenvolver um ambiente que propicie uma comunicação franca e aberta entre os
participantes do projeto.
Então, a comunicação é de extrema
importância para o projeto e seu
planejamento é essencial.
O PMI®, talvez sem querer, deu o
destaque merecido para a
disciplina, colocando-a no Guia
PMBOK® como capítulo 10.
Portanto, em projetos, a
comunicação é DEZ!
O fato é que não importa quanto a
tecnologia avance, projetos são e
serão executados por pessoas e
dependerão muito delas para que
sejam implementados com sucesso.
Saber lidar com os desafios da comunicação impostos em cada empreendimento é um
fator crítico de sucesso não só para o projeto, mas também para a vida profissional.
Lembrem-se de que ―nem só do caminho crítico vive um projeto, alguém precisa dizer
onde ele está!”.
Modelo de comunicação
Aristóteles foi o primeiro a citar um modelo de comunicação, ao dizer que o processo
requer pelo menos três elementos: aquele que fala, o que foi dito e aquele que escuta.
Assim, ele criou a base dos modelos de comunicação atuais, reconhecida pela maioria
dos autores com quatro partes principais, conforme o mostrado na figura a seguir:
Curso 4 - Como planejar os demais aspectos do projeto?
- 21 -
• Emissor ou transmissor: é aquele que origina a mensagem, determinando qual ideia
deverá ser transmitida e compartilhada com o receptor e de que forma esta será
codificada, considerando qual será o meio utilizado para transmissão e as
particularidades do receptor.
• Mensagem: são os pensamentos, sentimentos ou ideias transformados em um
―código‖, que deve ser compreensível tanto pelo emissor quanto pelo receptor.
• Meio ou mídia: é o veículo ou mecanismo usado para encaminhar a mensagem. A
escolha do meio vai destacar e influenciar o efeito da mensagem. Os meios mais
comuns são o visual, o auditivo e o tátil.
• Receptor: é aquele para o qual a mensagem é destinada. Utilizando os sentidos ele
decodifica e aplica a ela sua percepção (função ou efeito mental de representação dos
objetos, sensação, senso), ou seja, a sua compreensão da ideia recebida. Este processo
é bastante variável e dependente de formação cultural, estresse, emoções, humor,
aceitação, preconceitos etc. Essas variáveis fazem com que algumas vezes a ideia
originalmente transmitida possa ser percebida de forma diferente, criando uma espécie
de filtro e produzindo uma falsa compreensão. Este efeito de ―filtragem‖ cria as
barreiras de comunicação.
Barreiras de comunicação
É importante que o gerente de projeto reconheça a existência delas e saiba como
codificar sua mensagem de forma a minimizar ou contornar os efeitos produzidos pelas
barreiras. É o que costumeiramente dizemos ―falar com jeito‖, ―saber como falar‖.
Claro que estas barreiras não aparecem somente do lado do receptor. Muitas vezes, ao
transmitirmos a mensagem, inserimos alguns sinais de forma proposital ou não,
dependendo do nosso ―estado de espírito‖, que podem produzir um falso entendimento
da ideia e, algumas vezes, provocar desentendimentos sérios.
O nível de conflito no projeto tende a aumentar quando há barreiras de comunicação.
A seguir, temos alguns tipos de barreiras:
Curso 4 - Como planejar os demais aspectos do projeto?
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Barreiras de conhecimento
Incluem o despreparo para lidar com o processo oral ou escrito da comunicação. São
cenários típicos:
Uso inadequado de linguagem técnica não familiar aos interessados;
Desconhecimento do assunto a ser comunicado;
Excesso de informação;
Falta de habilidades para lidar com equipamentos e tecnologia não
dominados pelo emissor.
Barreiras comportamentais
São casos típicos de barreiras comportamentais:
Desconfiança entre os envolvidos.
Atitudes preconceituosas ou hostis.
Desinteresse, ansiedade.
Omissão intencional de fatos e informações.
Não saber ouvir.
Falta de atenção ao assunto e prejulgamentos.
Uma das recomendações para reluzi-las pode ser o uso mais intenso da comunicação
face a face, que possui recursos diferentes da comunicação impressa e escrita, muito
utilizada no gerenciamento de projetos.
Na comunicação escrita, é necessário haver objetividade, clareza, detalhamento e
visualização gráfica para que a comunicação seja eficaz, pois ela se dará
exclusivamente por meio do que estiver impresso ou escrito, quer seja num documento
ou numa tela de computador.
Barreiras organizacionais
Alguns exemplos deste tipo de barreira são:
Falta de flexibilidade da estrutura organizacional, excessivamente burocrática,
com excesso de regras, padrões e procedimentos.
Difícil acesso aos equipamentos de comunicação.
Uma cultura organizacional que desestimula ou desfavorece o processo de
comunicação na empresa.
Barreiras técnicas
Alguns exemplos de barreiras técnicas:
Uso incorreto de padrões técnicos, equipamentos ultrapassados.
Curso 4 - Como planejar os demais aspectos do projeto?
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Baixa qualidade de transmissão, distorções de sinal ou desconhecimento da
tecnologia empregada.
Versões conflitantes de sistemas informatizados.
O que pode ser feito para superar as barreiras à comunicação?
Algumas dicas para minimizar as barreiras incluem:
Definir claramente o tipo de informação a ser enviada para cada interessado.
Usar um estilo de redação claro e objetivo em toda comunicação escrita, com
frases bem estruturadas e escolha adequada das palavras, facilitando a
compreensão pelo receptor.
Utilizar técnicas de apresentação fazendo um preparo antecipado, adotar um
design adequado nos recursos audiovisuais; uso adequado de cores e
tamanhos de letra, boa linguagem verbal e corporal.
Uso adequado de cores e tamanhos de letra, boa linguagem verbal e
corporal.
Evitar o excesso de termos técnicos ou de siglas ou de jargões fora de
contexto.
Evitar o uso de piadas que envolvam questões de raça, sexo, nacionalidade e
que possam deixar a pessoa ―sem graça‖.
Quando utilizar a comunicação oral, observe princípios definidos para a
comunicação escrita, como clareza, objetividade e construção adequada de
frases, mas tomando cuidado, pois este processo ocorre ao vivo e sem
chances de se reescrever ou apagar o que foi dito, o que recomenda cautela,
refletir antes de falar e cuidado permanente com a compreensão e feedback
fornecidos pelo receptor sobre a mensagem que lhe é transmitida.
Falar e ouvir na hora certa, responder a perguntas.
Ser pontual e honesto quando ocorrem atrasos ou qualquer outro problema
que possa ser recebido pelos interessados através de outros meios, portanto
não os omita.
O emissor deve deixar clara a existência e disponibilidade de um canal aberto
(como encontros pessoais previamente acertados) para o esclarecimento e
sanamento de dúvidas quando os interessados desejarem.
Considerar que aspectos políticos e estruturas de poder podem influir na
condução de projetos, o que recomenda cuidado na forma e maneira de
abordar assuntos polêmicos, controvertidos ou passíveis de gerar conflitos e
desentendimentos.
Adotar uma estratégia proativa de comunicação, considerando:
Curso 4 - Como planejar os demais aspectos do projeto?
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(1) a identificação de eventos (marcos) de comunicação, onde o
gestor deve reportar o andamento e progresso do projeto.
(2) a criação de um canal de comunicação direto entre os gerentes de
projeto e os interessados, para esclarecimentos imediatos.
(3) manter algum tipo de boletim informativo do projeto de linguagem
simples e familiar a todos os envolvidos.
Avaliar constantemente aperfeiçoar suas habilidades técnicas e
comportamentais ao lidar com o processo de comunicação, incorporando e
fazendo uso de técnicas e lições aprendidas cada vez que ele ocorre.
Estabelecer um canal de comunicação pessoal rápido e direto entre os
gerentes do projeto e esses interessados.
Tipos de comunicação
A comunicação quanto ao tipo pode ser
classificada como:
Verbal, que faz uso apenas da
palavra, seja ela escrita ou falada.
Não-verbal, quando faz uso de
sinais, e paralinguística, que faz uso
de entonações vocais.
Comunicação verbal
Esta pode ser oral ou escrita e ainda é o tipo
mais utilizado para transmitir informações, bem
como um dos mais eficazes.
Nos dias de hoje, em decorrência das facilidades tecnológicas como e-mail e SMS (short
message, por meio de pagers e celulares), a forma escrita está aumentando
significativamente. É comum observarmos pessoas próximas uma da outra utilizando a
comunicação escrita muitas vezes por meio de e-mails.
Manter comunicações orais e presenciais é extremamente importante para aumentar o
espírito de equipe. Um gerente não deve só ―pilotar‖ seu projeto por meio da escrita ou
simplesmente do celular; a presença física e os milhares de sinais não-verbais que são
transmitidos ampliam a confiança dos envolvidos no processo.
O PMI® destaca a importância da proximidade do time (tight matrix) para manter uma
comunicação eficaz. Na medida do possível, é muito saudável manter contatos
presenciais com os envolvidos. Isso faz uma grande diferença.
A comunicação oral é mais rápida, pois permite mantermos a mensagem simples e
apresentar os pensamentos de forma mais organizada e rápida. Na maioria das vezes, é
um mecanismo de duas vias, possibilitando a obtenção do feedback por parte do
receptor durante sua transmissão.
Curso 4 - Como planejar os demais aspectos do projeto?
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Durante os processos de negociação, a comunicação oral é fundamental, pois auxilia a
desenvolver um processo de entendimento do problema. Muitos dos conflitos podem ser
minimizados quando do uso deste veículo.
Já a comunicação escrita é mais detalhada do que a oral,
sendo utilizada para explicar temas de maior complexidade
e quando é necessário algum tipo de formalização.
Geralmente, é mais organizada e de melhor entendimento,
permitindo ao receptor a revisão da mensagem,
absorvendo-a em seu próprio ritmo.
Comunicação não-verbal
Também conhecida como a linguagem corporal, é aquela
que se dá sem o uso de palavras.
O termo não-verbal pode induzir a erro, pois a definição
―não-verbal‖ exclui sinais vocais ou paralinguísticos e indicações como tom de voz
emocional, que são obviamente muito importantes. A linguagem do corpo também
exclui sinais vocais.
Este tipo de comunicação é mais primitivo e eficiente do que a comunicação verbal. A
riqueza de símbolos é enorme, alguns pesquisadores afirmaram que existem mais de
700.000 sinais diferentes! É notório que muitas coisas podem ser mais bem expressas
de uma maneira não-verbal (dor, sentimentos, emoções, cansaço etc.).
Comunicação paralinguística
É aquela que utiliza sons ou qualidade de voz que acompanha a fala e revela a situação
em que o falante se encontra (se ele está bem, mal, alegre, triste, cansado etc.).
Aspectos como velocidade e entonação são considerados paralinguísticos.
Estilos de comunicação
O gerente de projeto, dependendo da mensagem verbal, poderá empregar o estilo mais
apropriado, e este poderá ser formal ou informal.
Comunicação formal
É aquela onde um conjunto de regras e procedimentos devem ser seguidos, exigindo
um formato, um protocolo. Muitas metodologias de gestão de projetos determinam
certa sequência de eventos e/ou procedimentos com documentos formatados. No
ambiente de projetos, toda a comunicação formal deve veicular por meio dos gerentes
de projeto de todas as organizações envolvidas no projeto.
Por exemplo: se um executivo da organização ―A‖ e um executivo da organização ―B‖,
durante um jantar, resolvem ―formalizar‖ mudanças no projeto, estas só poderão ser
consideradas oficiais se os gerentes de projeto participarem do processo.
Curso 4 - Como planejar os demais aspectos do projeto?
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Comunicação informal
É aquela onde não há um conjunto de regras, a comunicação é livre. A maioria dos
gerentes de projeto prefere comunicar-se verbal e informalmente, pois a comunicação
formal pode alcançar custos elevados. Metodologias eficientes de gestão de projetos
promovem não só uma gestão mais informal, mas igualmente uma comunicação
eficiente, lateral e verticalmente.
Se utilizada adequadamente, a comunicação informal pode trazer muitos benefícios
para o projeto. É uma comunicação construída na base da confiança mútua entre todos
os envolvidos. Claro que isso não significa que você irá abolir a comunicação formal do
projeto, ela é necessária no devido momento.
O gerenciamento das comunicações do projeto
Ele proporciona interfaces entre as pessoas, ideias e informações que são necessárias
para que o projeto tenha sucesso.
Compreende a transmissão de mensagens com o uso adequado dos meios, aplicando o
tipo e o estilo mais adequados para o momento.
A publicação do PMI® — Roles and Responsibilities of the Project Manager afirma que o
gerente do projeto deve ser um comunicador — para os executivos, para a equipe do
projeto e para todos os interessados no projeto. Ele deve prover direção, organizar
reuniões e retransmitir as informações e ideias de/para todos os interessados.
O gerente do projeto tem a responsabilidade de saber quais mensagens devem ser
enviadas, para quem e em que momento, bem como traduzi-las para uma linguagem
que todos possam compreender.
A definição encontrada no Guia PMBOK® é que o gerenciamento
das comunicações do projeto ―é um conjunto de processos
necessários para assegurar a geração, a coleta, a divulgação, o
armazenamento e a disposição final apropriada e oportuna das
informações do projeto.
Ele estabelece vínculos importantes entre as pessoas, ideias e
informações necessárias para o sucesso do projeto.
Todas as pessoas envolvidas no projeto devem estar preparadas
para enviar e receber informações e devem compreender também como as informações
em seu poder podem afetar o projeto como um todo.
Os processos que compõem o gerenciamento das comunicações incluem:
Planejamento da comunicação;
Distribuição da informação;
Relatório do desempenho;
Gerenciamento dos interessados.
Curso 4 - Como planejar os demais aspectos do projeto?
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Todos estão associados às habilidades de comunicação genéricas, mas não significam a
mesma coisa que elas. Estas aptidões são consideradas parte da administração geral
que o gestor de projeto faz uso no seu dia-a-dia de trabalho.
Já os processos definidos pelo PMI® cuidam da questão administrativa da comunicação:
preparar um plano, executá-lo durante a execução do projeto, manter os envolvidos
informados do progresso, andamento e das tendências (forecast).
Também buscam garantir que todas as informações necessárias pelo projeto, incluindo
aí planos de projeto, registros das reuniões (atas), avaliações dos riscos,
documentações técnicas etc., sejam controladas e documentadas.
Eles não se preocupam apenas com a documentação escrita, mas também como a
informação de uma forma geral deverá fluir e ser compartilhada no ambiente de
projeto, minimizando assim os impactos causados por ―ruídos‖ e os mal-entendidos que
podem levar os projetos ao fracasso.
Neste módulo, será discutido o processo de planejamento da comunicação.
Planejamento das comunicações
O objetivo do planejamento das comunicações é
determinar quais serão as necessidades de
comunicação dos interessados. O principal
documento gerado por ele é o plano de
comunicações, que indicará: quem precisará, qual
a informação, quando, como ela deverá ser
fornecida e por quem.
As necessidades de informação e os métodos de
distribuição variam muito de um projeto para outro.
Para se fazer planejamento das comunicações, é
necessário conhecer como está estruturado o
projeto e as organizações que dele dependem. Ou
seja, ele está estreitamente ligado ao planejamento
organizacional porque a estrutura organizacional dos envolvidos tem um efeito
importante sobre a comunicação do projeto. Dentre as diferentes estruturas
organizacionais (projetizada, matricial e funcional), a comunicação será mais complexa
no ambiente matricial.
Identificar as necessidades de informações e a maneira de disponibilizá-las aos
interessados é considerado fator importante para o sucesso do projeto. Muitos
executivos definem um bom gerente de projeto como aquele que os mantém
informados e não aquele que resolve tudo sozinho.
Todo projeto precisa de um bom plano de comunicação, mas nem todos podem
contar com os mesmos tipos de comunicação ou os mesmos métodos para a
distribuição das informações. O plano de gerenciamento das comunicações documenta
as necessidades de informação dos interessados, quando distribuí-la e a forma como
será transmitida. Como as comunicações nos projetos são complexas, um plano de
gerenciamento das comunicações deve estar por escrito na maioria dos projetos.
Curso 4 - Como planejar os demais aspectos do projeto?
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Ele deve abordar as necessidades de
todas as partes interessadas. As
informações comunicadas
normalmente abrangem:
Andamento do projeto.
Declarações de escopo e
suas atualizações.
Informações básicas do
projeto.
Riscos, ações.
Medidas de desempenho.
Aceitação do projeto etc.
Os interessados e sua necessidade em termos de comunicação devem ser identificados
logo ao início dos processos de planejamento, facilitando o desenvolvimento dos novos
documentos.
A elaboração de um plano de comunicação eficaz deve ter em mente atingir os
seguintes propósitos:
Garantir que informações relevantes sejam disponibilizadas às partes
interessadas na sequência, no prazo e momento adequados.
Identificar e indicar problemas potenciais, por meio de relatórios de damento
(status report).
Facilitar a tomada de decisão e o controle das mudanças.
Oferecer um processo específico para feedback e mecanismos para a
resolução de conflitos.
Melhorar e facilitar o trabalho em equipe, a cooperação e colaboração.
O Guia PMBOK® recomenda que um plano de
gerenciamento das comunicações contenha os seguintes
elementos:
O que deve ser comunicado?
Curso 4 - Como planejar os demais aspectos do projeto?
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De que forma?
Propósito da comunicação (por quê).
Frequência das comunicações.
Período de distribuição, incluindo datas de início e término.
Formato da comunicação e método de transmissão.
Pessoa responsável pela distribuição da informação.
As informações a serem compartilhadas com os interessados e os métodos de
distribuição adotados dependem das necessidades dos stakeholders, da complexidade
do projeto e das políticas organizacionais. Determinadas comunicações podem ser
informais, ao passo que outras devem ser escritas e manter uma cópia incluída nos
arquivos do projeto.
Resumindo
• A palavra comunicação vem do latim (comunicare) e significa compartilhar,
tornar comum. É um esforço bidirecional que envolve a transmissão da
informação utilizando um conjunto de símbolos de entendimento comum para
uma ou mais pessoas (receptores), através de mecanismos (meios) adequados,
e o posterior recebimento do feedback pelo emissor.
• O PMI® destaca a importância de uma comunicação efetiva, pois a maioria dos
gerentes dos projetos concluídos com sucesso gastou aproximadamente 90% do
seu tempo envolvido em algum tipo de comunicação, seja ela escrita, falada, de
forma verbal, não-verbal, com um estilo formal ou informal. Os gerentes devem
saber aplicar os diferentes tipos e estilos de comunicação, assim como
desenvolver um ambiente que propicie uma comunicação franca e aberta entre
os participantes do projeto. Então, comunicação é de extrema importância para
o projeto e seu planejamento é essencial.
• É importante que o gerente de projeto reconheça a existência das barreiras de
comunicação e saiba como codificar sua mensagem, de forma a minimizar ou
contornar os efeitos produzidos pelas barreiras.
• A comunicação quanto ao tipo pode ser classificada como verbal, que faz uso
apenas da palavra, seja ela escrita ou falada, não-verbal, quando faz uso de
sinais, e paralinguística, que faz uso de entonações vocais.
• O gerenciamento das comunicações do projeto proporciona interfaces entre as
pessoas, ideias e informações que são necessárias para que o projeto tenha
sucesso. Compreende a transmissão de mensagens com o uso adequado dos
meios, aplicando o tipo e o estilo mais adequados para o momento.
Riscos
No primeiro curso, quando foi apresentada a definição de projeto, aprendemos que
cada projeto é único e possui certo grau de exclusividade. Isso faz com que os projetos
Curso 4 - Como planejar os demais aspectos do projeto?
- 30 -
estejam repletos de incertezas e, no que se refere a tarefas futuras, com que os custos,
a duração e o impacto sobre o fluxo de caixa não sejam completamente conhecidos. Os
gerentes de projetos deveriam estar aptos a lidarem com elas, em todas as suas
dimensões.
Estes cenários são facilitados por conta do ambiente em que vivemos hoje, o qual
apresenta alta volatilidade e competitividade, desafiando a cada momento os objetivos
do projeto.
Muitos dos profissionais que gerenciam projetos dentro das organizações aprenderam o
ofício como consequência de um longo e caro processo na base de tentativas e erros.
Falta a eles:
- o conhecimento conceitual das técnicas, dos métodos e das ferramentas que
permitem a identificação e análise de incertezas e de um mecanismo estruturado
que auxilie neste ambiente;
- um processo que os prepare para encarar os múltiplos cenários que se
apresentam, facilitando a identificação;
- o aprendizado a partir de experiências passadas.
Conforme dito por George Santayana, "aqueles que não podem lembrar o passado
são condenados a repeti-lo‖.
Objetivo
Conhecer:
a definição de risco;
as características dos riscos;
a exposição ao risco;
os benefícios do gerenciamento de riscos;
o gerenciamento de riscos integrado ao planejamento do projeto;
o planejamento do gerenciamento dos riscos;
a identificação dos riscos;
a análise dos riscos;
o desenvolvimento de respostas a riscos;
o plano de gerenciamento de riscos;
a responsabilidade pelo gerenciamento de riscos.
Curso 4 - Como planejar os demais aspectos do projeto?
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Definição de riscos
Risco é um evento de condição incerta, ou seja, poderá ou não ocorrer. No caso de
sua manifestação, terá um impacto de efeito positivo ou negativo nos objetivos do
projeto.
Na verdade, os riscos são incertezas. Quanto mais conhecer sobre riscos e suas
consequências, mais preparado se está para lidar com eles, caso ocorram.
Note que, na definição, é claramente explicitado que há tanto um efeito positivo como
um negativo.
―Risco‖ é uma palavra que assusta e imediatamente evoca uma imagem de algo ruim,
mas é importante lembrar que risco pode também fornecer benefícios.
O gerenciamento de riscos, conforme o citado no Guia PMBOK®, é ―o processo de
identificação, análise, desenvolvimento de respostas e monitoramento dos riscos em
projetos, com o objetivo de diminuir a probabilidade e o impacto de eventos negativos e
de aumentar a probabilidade e o impacto de eventos positivos‖. Ou seja, é um processo
sistemático que consiste em identificar as possíveis incertezas e tentar controlá-las por
meio das etapas: (1) identificar, (2) analisar e (3) responder ao risco do projeto.
Os riscos se manifestam por vários motivos, alguns são internos ao projeto e outros
externos. O ambiente do projeto, o planejamento, o processo de gerenciamento,
recursos inadequados, entre outros, podem contribuir nesse sentido. Se tudo fosse
puramente uma questão de sorte ou azar, o gerenciamento de riscos não teria sentido e
analisar tendências tampouco.
Um projeto que ultrapasse seu orçamento, não é entregue dentro do prazo ou faz uso
dos recursos financeiros fora das datas estabelecidas coloca em perigo os processos
organizacionais que dependam da sua conclusão.
Comentar sobre risco é falar sobre:
- A identificação de fatores que podem afetar o sucesso de um projeto;
- A probabilidade deles assumirem valores que venham prejudicar ou favorecer,
total ou parcialmente, o projeto;
- As consequências destes fatores assumirem aqueles valores em particular.
Portanto, um risco tem três características que o definem:
É um evento que se pode definir.
O evento é o fato que pode ocorrer, tanto bom como ruim.
Lembre-se de que risco por si mesmo é uma palavra neutra:
• pode ser algo devastador;
• poderia se constituir numa oportunidade para melhorar a capacidade e o lucro
da organização.
Não importa a condição, o evento de risco é o que pode acontecer ao projeto.
Há uma probabilidade de que ele ocorra.
Curso 4 - Como planejar os demais aspectos do projeto?
- 32 -
A probabilidade do risco é simplesmente definida como as chances que o evento tem de
ocorrer.
Claramente, pode haver um evento potencial, mas se as chances de que ele ocorra
forem quase nulas, então não é realmente um risco – na prática, é importante
considerar este aspecto.
Há uma consequência ou impacto para o projeto, caso ele se manifeste.
As consequências de o evento acontecer são mensuradas em termos de seu impacto no
projeto.
Há um evento de risco identificado, com alta probabilidade de acontecer; mas, se o
impacto (mesmo que ele ocorra) for baixo, ele pode ser ignorado ou pelo menos
tolerado. Com estas características assim descritas, o teor de exposição ao risco, no
projeto e na organização, pode ser determinado.
Observe que nesses componentes é possível notar que a probabilidade está diretamente
associada à causa, assim como o efeito está para o impacto.
Isso significa que, se forem tomadas ações sobre a causa, será afetada a probabilidade
e, se forem sobre o efeito, o impacto é que sofrerá alteração.
Um dos desafios que o gerente e a equipe de projetos
enfrentam é definir risco.
Embora estejamos oferecendo uma definição e
descrevendo suas características, a realidade é que
cada pessoa tem sua própria visão de risco. Por
exemplo, se alguém pergunta ―qual é o risco?‖, estará
pedindo uma descrição do evento. Outra faria a
mesma pergunta e estaria se referindo ao impacto ou
à exposição de sua organização.
Assim sendo, é imperativo que o gerente do projeto
seja bem experiente no assunto e particularmente
inclinado a determinar exatamente o que a pessoa
quer saber.
Exposição ao risco
Este conceito é outra forma de descrever o impacto da ocorrência de um evento de
risco.
Ela é determinada multiplicando-se a
probabilidade pelo impacto. Colocando
de outra forma: a maioria dos gerentes de
projeto iguala a exposição ao risco ao valor
esperado (que é uma medida comum usada
em avaliação de risco e qualidade e será
tratado posteriormente).
Curso 4 - Como planejar os demais aspectos do projeto?
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Quando um executivo questiona ―qual é nossa exposição ao risco?‖, o interesse dele
está em determinar qual seria o custo disso para o projeto.
O risco é uma função de seu impacto versus a probabilidade
Benefícios do gerenciamento de riscos
Minimizar gerenciamento por crises
Quando um evento de risco ocorre, há sempre uma resposta reativa
se o risco não foi previsto.
Minimizar surpresas e problemas
Como você vai logo descobrir, identificar o risco e planejar-se para ele
é a melhor maneira de evitar surpresas. Como diz o adágio, ―não ser
pego de calças curtas‖.
Ganhar vantagem competitiva
Todo processo de risco bem desenvolvido, documentado e
implementado, reduz impactos de eventos de risco no cronograma e
no custo, melhorando a vantagem da organização diante do mercado.
Diminuir variâncias do projeto em geraL
Um dos maiores problemas do gerenciamento de projeto é manter o
progresso do projeto dentro das variâncias de custo e prazo
planejadas.
Curso 4 - Como planejar os demais aspectos do projeto?
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O gerenciamento de riscos é uma das principais formas para manter essas variações
dentro da tolerância.
Caso o risco se manifeste, a resposta será aplicada, garantindo a manutenção do
planejado.
Aumentar a probabilidade de sucesso
Manter o projeto dentro do cronograma e orçamento planejados
garante que ele seja concluído com sucesso.
Aumentar a lucratividade
Um planejamento de risco ineficiente leva ao retrabalho, a desvios no
cronograma e ao aumento nos custos, enquanto um eficiente
minimiza estes problemas, contribuindo diretamente para um excelente resultado final.
A responsabilidade pelo gerenciamento de riscos
O gerente do projeto é que tem a responsabilidade final pelo gerenciamento de riscos
em seu projeto. Não é recomendável que este papel seja delegado a uma pessoa em
especial ou a um grupo, porque a tendência é presumir que alguém está resolvendo os
problemas de risco, quando, na verdade, isso pode não estar acontecendo.
No entanto, isso não significa que o gerente do
projeto não possa designar líderes de tarefas ou
outros membros da equipe para se encarregarem
da observação de riscos potenciais, identificados
em suas tarefas, e implantarem resposta
estratégica ao risco, caso venha a ocorrer.
O gerente do projeto é responsável pela iniciação
e liderança do processo de riscos. Isso é feito pela
integração de um plano de gerenciamento de riscos
no plano do projeto, garantindo então que cada
membro da equipe esteja familiarizado com os
riscos identificados e cientes de quando podem ocorrer durante o projeto, que tarefas
seriam afetadas e qual a estratégia de reação a ser adotada.
Os membros da equipe do projeto são responsáveis por:
garantir o desempenho do processo de gerenciamento de riscos;
observar os indicadores de que o evento possa ocorrer;
implementar estratégias apropriadas de reação ao risco;
Curso 4 - Como planejar os demais aspectos do projeto?
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relatar o status do risco ao gerente do projeto, atividade considerada como
uma das mais importantes.
O gerenciamento de riscos é integrado ao planejamento do projeto
O gerenciamento de riscos tem de ser executado em todo o ciclo de vida do projeto.
A identificação de eventos potenciais de risco começa durante os estágios iniciais do
planejamento do projeto.
Há diversas etapas no processo de planejamento de risco e cada uma delas é discutida
a seguir.
É importante lembrar que este procedimento não pode ser executado isoladamente;
deve ser feito de forma completa, sendo cada etapa reavaliada toda vez em que o risco
seja considerado durante o projeto.
As etapas do processo de risco são divididas em:
1. Identificação dos fatores de risco.
2. Quantificação do impacto e da probabilidade de ocorrência.
3. Desenvolvimento de respostas ou ações que favoreçam os objetivos do projeto.
4. Aplicação e controle das respostas durante a execução do projeto.
Estas são as etapas importantes que serão abordadas, discutindo os seus resultados e
como obtê-los.
O detalhamento do assunto pode ser obtido em treinamentos mais avançados ou
consultando a bibliografia sugerida.
As três primeiras etapas são realizadas durante o planejamento do projeto. Elas estão
documentadas no Guia PMBOK® por meio dos seguintes processos de planejamento:
Planejamento do gerenciamento dos riscos.
Identificação dos riscos.
Análise qualitativa dos riscos.
Análise quantitativa dos riscos.
Planejamento de respostas a riscos.
A quarta etapa será abordada no ―Monitoramento e controle do projeto‖.
Curso 4 - Como planejar os demais aspectos do projeto?
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1-Planejamento do gerenciamento dos riscos
Categorias de risco
Esta é a primeira etapa do processo. O Guia PMBOK® o define como ―decisão de como
abordar, planejar e executar as atividades de gerenciamento de riscos de um projeto‖.
Ele deve ser completado, de maneira que a análise e planejamento de riscos não se
tornem reflexão posterior ao projeto. É importante separar tempo e processos para
planejar os riscos do projeto. Isso pode ser feito pela realização de uma reunião da
equipe, tratando especificamente de questões de risco. A agenda para a reunião deve
incluir:
• Análise de lições aprendidas de projetos similares.
• Revisão de todos os documentos dos projetos (declaração de trabalho, contratos,
especificações, gráficos de disponibilidade de recursos etc.) para garantir que a equipe
esteja ciente de todas as fontes de risco em potencial.
• Concluir com um acordo a respeito do processo que será seguido e das ferramentas e
técnicas que serão adotadas no planejamento dos riscos associados ao projeto em
questão.
Os fatos aqui são:
Como se preparar para os riscos do projeto.
Qual metodologia de trabalho será utilizada.
Assegurar que o nível, tipo e a visibilidade do gerenciamento de riscos
estejam de acordo com o risco e a importância do projeto em relação à
organização, para fornecer tempo e recursos suficientes para as atividades
de gerenciamento de riscos e para estabelecer uma base acordada de
avaliação de riscos.
Portanto, o esforço dedicado ao seu gerenciamento deve ser condizente ao tamanho, à
complexidade do projeto e, principalmente, à experiência e às habilidades da equipe do
projeto.
Curso 4 - Como planejar os demais aspectos do projeto?
- 37 -
O resultado do processo é um plano de gerenciamento de riscos, que está incluído
no plano geral do projeto. Os pontos a destacar neste plano são a categorização dos
riscos e a questão da tolerância e percepção dos interessados aos riscos.
Representam uma forma de identificar os riscos de uma maneira sistemática e servem
de base para a sua compreensão.
O uso dessas categorias contribui para a eficácia e qualidade do processo, ou seja,
melhora a determinação e identificação de riscos, pois estabelece uma linguagem
comum de descrição destes para todos os envolvidos.
Existem diversos modelos de categorias de risco. O Guia PMBOK® sugere um modelo
que inclui as seguintes:
• Riscos de gerenciamento do projeto – incluem o planejamento incorreto do
cronograma e recursos, projetos mal planejados, disciplinas ou metodologias de
gerenciamento de projeto inadequadas e desconhecimento do assunto pelo
gerente de projetos e partes interessadas.
• Riscos técnicos, de qualidade ou desempenho – incluem aqueles associados
às tecnologias desconhecidas/complexas ou a modificações tecnológicas
previstas no decorrer do projeto. Um exemplo típico são as constantes versões
de hardware e software que prometem compatibilidade com a versão anterior,
mas quase nunca cumprem. Os riscos de desempenho incluem objetivos de
performance pouco realistas.
• Riscos organizacionais – aqui podem ser citados os conflitos de recursos
decorrentes de projetos ocorrendo simultaneamente na organização; objetivos
de escopo, tempo e custos pouco realistas em relação aos recursos ou estruturas
reais da organização.
• Riscos externos – nessa categoria entram fatores externos ao projeto, tais
como dificuldades trabalhistas, questões políticas e climáticas, novas legislações
ou regulamentações. Os riscos catastróficos — conhecidos como força maior —
em geral ficam fora do escopo do gerenciamento de riscos, pois envolvem
técnicas de recuperação de desastres. Aí se incluem eventos da natureza de
grande impacto, tais como terremotos, furacões, tornados, erupções vulcânicas,
inundações, agitações sociais, terrorismo etc.
• Outros formatos – muitos gerentes classificam os riscos de acordo com as
diferentes áreas de conhecimento, por exemplo: risco de escopo, de prazo, de
custo, qualidade etc.
Tolerância dos interessados ao risco
Cada atividade tem um benefício e/ou uma
utilidade que são percebidos e tolerados de modo
diferente por pessoas diferentes. O mesmo
resultado pode ser mais útil para uma pessoa do
que para outra.
Exemplo: para algumas pessoas, andar de elevador
pode ser um risco alto (percepção) e que não seria
tolerado, portanto, a atividade deve ser evitada. Já
Curso 4 - Como planejar os demais aspectos do projeto?
- 38 -
para outras pessoas, isso pode ser uma atividade absolutamente normal que não
oferece nenhum tipo de ameaça, sendo tolerada.
É importante que o gerente de projetos identifique e documente a percepção e a
tolerância ao risco dos principais interessados no projeto.
Lembre-se de que elas mudam ao longo do projeto, por serem afetadas por inúmeros
fatores, por isso, mantenha controle sobre este item durante todo o projeto, e não
apenas no seu início.
2 - Identificação dos riscos
Este é o passo mais importante de um bom gerenciamento de riscos, sendo vital para
todos os demais processos.
Se não souber quais são as ameaças ao projeto, como se preparar para elas?
É comprovadamente a etapa mais importante por diversas razões:
é uma das funções iniciais que o gerente
do projeto deve desempenhar;
se o gerente e a equipe do projeto não
identificarem riscos, eles não podem tomar
as medidas reativas que sejam
necessárias;
o simples fato de se identificarem riscos
começa a reduzir, desde o começo, a
possibilidade de sua ocorrência.
Albert Einstein tem uma citação que tem
muito a ver com a questão dos riscos desconhecidos:
“Eu não me preocupo com as coisas que sei que não sei.
Eu só me preocupo com as coisas que não sei que não sei.
Porque as coisas que sei que não sei, é fácil — é só procurar que vou
saber.
Porém, as coisas que não sei que não sei, não tenho nem por onde
começar!” (Einstein, circa 1940)
Portanto, para transformar as coisas que não sei que não sei (desconhecido-
desconhecido), é importante ter um bom processo de identificação dos riscos.
O objetivo é identificar e documentar todos os riscos capazes de afetar o projeto e
documentá-los, bem como as suas características.
É um processo iterativo, envolvendo técnicas de dinâmicas de grupo, pois as pessoas
têm percepções e tolerâncias diferentes.
A identificação de riscos continua a ser importante ao longo de todo o projeto. Apesar
da fase inicial do planejamento de projeto ser o melhor momento para se identificarem
riscos, não é somente nela que isso deve acontecer, mas sim em toda a vida do projeto,
Curso 4 - Como planejar os demais aspectos do projeto?
- 39 -
de forma contínua. Somando-se a isso, a listagem inicial de riscos deve ser usada e
atualizada até que o projeto seja concluído.
O resultado do processo é uma lista de eventos de risco especificamente
descritos. Devem ser colocados desta forma:
1. Algo que pode ou não acontecer.
2. Em um tempo específico determinado.
3. Causando um impacto particular ao projeto.
Por exemplo, ―se responsáveis pela validação de software não estiverem disponíveis,
os testes não poderão ser conduzidos, resultando em atrasos no cronograma‖.
Vale ressaltar que neste momento as declarações não quantificam a probabilidade e o
impacto. Estes serão determinados nos processos de análise qualitativa e quantitativa,
realizados após a identificação dos riscos.
Como identificar riscos?
Conforme explicado anteriormente, a identificação de riscos é um processo que utiliza
dinâmicas de grupo, e deve seguir diretrizes para descrever os eventos de risco, pois a
eficiência deste processo se relaciona diretamente à exatidão desta descrição.
Se eles não forem especificados, como a equipe do projeto poderá desenvolver uma
reação ao risco? Como a organização será capaz de usar as lições aprendidas no futuro?
As diretrizes para identificação e descrição incluem o seguinte:
Apontar o evento que pode acontecer, quando é provável que ocorra e qual o
impacto que ele terá. Por exemplo, no projeto de construção de um quiosque
de auto-atendimento, o fornecedor do vidro resistente a temperatura – difícil
de ser encontrado – poderia deixar o negócio antes de entregar o produto e
assim causar atrasos no cronograma.
Identificar os riscos relacionados aos pacotes de trabalho da EAP é uma boa
alternativa. Isso garante a cobertura de todos os riscos significativos e
facilita a análise de seus efeitos potenciais no custo e no cronograma do
projeto.
Ao identificar riscos, seja abrangente, mas não absurdo. É fácil começar um
processo de brainstorming sobre riscos, baseado em cada pacote da EAP,
desenvolvendo uma longa lista de riscos insignificantes. A identificação deve
focar os itens que tenham uma probabilidade de ocorrer e um impacto
razoável sobre o projeto.
O processo de identificação de riscos deve ser concluído pela equipe em um
trabalho de grupo, e não de forma individual.
Existem inúmeras ferramentas e técnicas utilizadas para a identificação dos riscos, que
ajudam a equipe do projeto no processo. Incluem o seguinte:
Curso 4 - Como planejar os demais aspectos do projeto?
- 40 -
• Entrevistas com especialistas – este método começa
com a identificação das pessoas adequadas à entrevista.
Não considere somente aqueles indivíduos que têm
conhecimento pertinente. Convide também pessoas que
desejam voluntariamente partilhar informações na
entrevista.
• Técnica Delphi – é a forma mais envolvente de
técnicas de entrevista de especialistas. A origem de seu
nome é devida a um oráculo grego que ficava aos pés do
Monte Parnaso, cuja predição mais famosa foi a de que
Édipo mataria seu pai e se casaria com sua mãe. A
técnica busca alcançar um consenso de especialistas que
participam de forma anônima e remota. O
questionamento é enviado por um moderador para os
participantes, suas respostas são compiladas e os dados
são redistribuídos para revisões adicionais, até que um
resultado seja alcançado.
• Brainstorming – técnica bastante aplicada, relatada anteriormente. Implica
reunir em um local um pequeno grupo de pessoas (em geral de sete a dez),
especialistas no assunto, incluindo indivíduos de fora do projeto (pelo menos
duas). O fundamento por detrás desta técnica é que a ideia de um pode inspirar
outra e assim por diante, de modo que, até o final da sessão, você tenha
identificado todos os riscos possíveis.
• Técnica de Grupo Nominal – similar ao brainstorming e à técnica Delphi, mas
aqui a participação é mais silenciosa no sentido que coleta informações extras
buscando insights de outras pessoas. Usa grupos que estão fisicamente
próximos, como no brainstorming, porém é similar à técnica Delphi no que tange
ao pensamento individual e ao registro de informações por escrito. Um grupo
pequeno de cinco a sete pessoas é o tamanho ideal da equipe.
Ferramentas e técnicas para identificar riscos
• Análise SWOT (forças, fraquezas, oportunidades e
ameaças) – técnica que avalia o projeto para identificar
seus pontos fortes, fracos, quais oportunidades podem
ser perseguidas e quais são as fraquezas. É muito
utilizada na avaliação inicial dos projetos.
• Analogia – busca em projetos similares eventos de
risco que tenham acontecido e baseia-se no processo de
lições aprendidas. O fundamento deste processo é tão
antigo quanto o livro de Eclesiastes, na Bíblia, em seu
capítulo 1, versículo 9: ―O que tem sido, isso é o que há
de ser; e o que se tem feito, isso se tornará a fazer;
nada há que seja novo debaixo do Sol‖. Na verdade,
poucos processos são totalmente únicos. Mesmo o
projeto Apolo de ida à Lua usou tecnologia já existente e
previamente implementada.
Curso 4 - Como planejar os demais aspectos do projeto?
- 41 -
• Checklists, questionários e modelos – são ferramentas adicionais que, como
no processo de analogia, baseiam-se na ideia de que nenhum projeto novo
representa um conjunto de riscos completamente novo. Pessoas e companhias
frequentemente compilam listas de riscos que ocorreram em projetos anteriores,
e então criam checklists, questionários e modelos extraídos destas listas.
Organizações e associações do ramo também produzem tais tipos de
informação.
As ferramentas e técnicas apresentadas são todas comprovadas e cada uma delas tem
diferentes aspectos na exposição dos riscos, permitindo que a equipe do projeto
identifique-os de formas diferentes. O gerente do projeto deve ser cuidadoso ao
escolher a ferramenta mais adequada para cada situação. Para saber mais sobre elas,
consulte a bibliografia sugerida.
3- Analisando os riscos
Um dos resultados mais importantes no gerenciamento de riscos é decidir o que deve
ser feito com eles, em outras palavras, como reagir aos riscos. Infelizmente, não é
possível tratar de todos. Isto ficaria muito dispendioso e demorado para o projeto. Em
função disto, é necessário identificar aqueles que realmente merecerão a atenção do
gerenciamento.
Provavelmente, a identificação não é mais difícil no planejamento do que determinar
como atribuir algum valor, numérico ou de outra natureza, para o evento de risco. Sem
uma forma de quantificar este aspecto, é impossível analisar o impacto dele sobre o
projeto e determinar uma prioridade e relevância necessária para um gerenciamento
eficiente.
A informação sobre riscos é em geral apresentada em uma destas três
formas ou em uma combinação das mesmas:
Narrativa
Tipo de informação que, em alguns aspectos, é útil, pois oferece um jeito fácil de
coletar dados sobre um evento de risco.
Por exemplo, uma pessoa pode fornecer uma descrição completa de um risco potencial,
sua fonte e o que deve ser feito para prevenir e controlar. A maior desvantagem deste
formato é que não contempla ferramentas para mensurar a probabilidade do risco ou
seu impacto no projeto.
Qualitativa
A informação qualitativa faz uso de termos como ―alta,‖ ―média‖ ou ―baixa‖, para
descrever a probabilidade e/ou o impacto da ocorrência de eventos de risco.
Este formato de apresentar a informação sobre os riscos é melhor do que a narrativa,
para explicar a severidade do impacto destes.
Entretanto, este formato tem suas limitações. Descrever um evento de risco como
tendo uma probabilidade média de ocorrência dá uma ideia de sua grandeza, mas deixa
uma vasta gama de possibilidades a serem consideradas. O que é médio? Quanto vale?
Curso 4 - Como planejar os demais aspectos do projeto?
- 42 -
Os termos alta, média e baixa são muito subjetivos. Um risco alto para uma pessoa
pode ser um risco médio para outra. Mesmo na forma qualitativa de apresentação, é
mais prático se a sua escala seja definida mais quantitativamente.
Por exemplo, definir riscos baixos como sendo aqueles que estão entre zero e 20% de
probabilidade de ocorrência esclarece o que significa ―baixo risco‖. Contudo, é ainda
melhor usar um número especificamente quantificado do que uma escala (0% a 20%).
Quantitativa
Em uma análise quantitativa, números são usados para a avaliação de probabilidade
(em percentuais, onde 0% e 100% estão descartados, pois representam
respectivamente nenhuma chance de ocorrência e ocorrência garantida) e impacto. Isto
é útil por duas razões importantes:
• Atribuir um número à probabilidade de risco permite que sejam usadas mais
ferramentas para avaliá-lo.
• Quantificar a probabilidade de risco fornece mais objetividade à sua avaliação.
Gostando ou não, temos de entender que sempre haverá certa subjetividade ao se
atribuir probabilidades às ocorrências de risco, mas existem ferramentas poderosas que
ajudam a mitigar riscos, se primeiro pudermos quantificá-los.
Uma apresentação quantitativa de risco é aquela associada a números. Por exemplo, se
podemos dizer que um evento tem 15% de probabilidade de ocorrência e que seu
impacto teria um custo de $10,000 para o projeto, então nós teremos definido o risco
quantitativamente. Da mesma forma que na análise qualitativa, é difícil atribuir uma
probabilidade exata a um evento de risco; é uma questão de experiência, opinião de
especialistas, lições aprendidas etc. Quanto melhor as informações históricas, mais
exatas as avaliações de probabilidade e impacto serão.
O resultado deste processo é ter uma listagem
de riscos priorizados e classificados. A
organização poderá decidir quais deles terão
respostas.
Quando eles são analisados de forma
quantitativa, o valor do risco é calculado
multiplicando-se a probabilidade versus o
impacto. Este conceito é conhecido por valor
monetário esperado.
Por exemplo: em um evento A existem 40% de
chances de que o programa não seja aprovado
nos testes e isso causaria o impacto de R$
200.000,00. O valor em risco será de R$
200.000,00 x 0,4 = R$ 80.000,00. Em um
evento B, existem 80% de chances de que ocorra um atraso na entrega do produto,
causando assim um impacto de R$ 50.000,00. O seu valor monetário esperado será de
R$ 40.000,00. Se for possível escolher apenas um risco, o evento A seria o escolhido.
Curso 4 - Como planejar os demais aspectos do projeto?
- 43 -
4- Desenvolvimento de resposta a riscos
Após finalizar a análise e priorização de riscos, o gerente do projeto conduz a equipe no
planejamento de estratégias de resposta a riscos.
Isso envolve definir o que deve ser feito em relação a cada risco principal.
O procedimento exige a avaliação das opções de resposta e a documentação das
estratégias a serem adotadas. Para realizar esta função, o gerente do projeto deve
conhecer todos os tipos de resposta a riscos e escolher a que melhor se adapte,
baseado na natureza dos riscos envolvidos. Esta parte do processo pode ser
considerada como uma tentativa de responder a questões como:
A ameaça:
Pode ser aceita?
Pode ser evitada ou minimizada?
Pode ser transferida para outra parte?
A oportunidade:
Pode ser ignorada?
Pode ser maximizada?
Gatilho de risco
Como os riscos nem sempre ocorrem isoladamente, uma estratégia de resposta a um
risco pode afetar outros, aumentando-os ou tornando-os mais toleráveis.
Elas podem também criar um risco inteiramente novo. Portanto, após tomar decisões
preliminares sobre a resposta, o gerente do projeto deve conduzir uma avaliação de
seus efeitos nos demais riscos do projeto. A avaliação de cada estratégia em relação à
outra deve continuar até se definir um conjunto adequado. Este deve ser incorporado
ao plano de gerenciamento de riscos.
A documentação de todas as opções de resposta deve ser reservada,
independentemente do conjunto escolhido. Se a resposta escolhida falhar, a equipe do
projeto irá examinar a documentação, reavaliar suas opções e substituí-las por outra
resposta de risco.
Estratégias de resposta para ameaças
Considerando-se os riscos para ameaças, há quatro tipos de estratégias de respostas ao
risco que podem ser usadas, de acordo com o Guia PMBOK®: prevenção, transferência,
mitigação, aceitação.
Prevenção:
É a resposta mais direta ao risco. Significa eliminar o risco ou, no mínimo, a
possibilidade de ter qualquer impacto sobre o projeto.
Curso 4 - Como planejar os demais aspectos do projeto?
- 44 -
Como é possível evitar um risco? Por exemplo, substituir um produto mais sofisticado e
não testado previamente por um componente mais simples e testado. Isso pode
eliminar a possibilidade de atrasos em um projeto de integração de sistemas.
Em geral, qualquer risco significativo deve ser evitado se a abordagem de prevenção for
relativamente simples e não tiver outros efeitos adversos.
Transferência
Diferente da prevenção, a transferência não elimina o risco. Em vez disto, transfere o
risco e a responsabilidade de reação para outros.
A transferência envolve algum tipo de relacionamento legal ou contratual. O mais óbvio
é o seguro de responsabilidade, por exemplo, transferir o risco de dano à propriedade
para uma companhia de seguros.
Ao adotar este tipo de estratégia, lembre que ela
provavelmente não será gratuita. A parte para
quem o risco é transferido negociará algo em
troca, isso normalmente significa alguma forma de
pagamento.
Mitigação
Mitigar significa tanto reduzir a probabilidade da ocorrência do risco quanto minimizar
seu impacto. Em outras palavras, é a tentativa de reduzir a exposição a um risco alto
demais para ser aceito.
A probabilidade da ocorrência de um evento de risco pode ser reduzida usando técnicas
similares às adotadas na prevenção. Por exemplo, utilizar abordagens mais simples ou
acrescentar recursos ao projeto pode minimizar problemas.
A diferença entre prevenção é que as chances de ocorrência do evento de risco são
apenas reduzidas, mas não eliminadas em definitivo.
Aceitação
Às vezes um gerente de projeto deve aceitar a ameaça de um risco simplesmente
porque não há estratégias disponíveis para enfrentá-la.
Em outro momento, ele pode decidir aceitá-la por ser a abordagem mais sensata. Isto
deve ocorrer se a análise de todas as estratégias anteriormente apresentadas
revelarem que seus custos serão mais altos do que o do risco tolerado.
Em qualquer caso, o gerente de projeto e a organização devem estar preparados para
as consequências do evento aceito, caso ocorra.
Há, no entanto, mais de um modo de aceitar um risco. Conforme explicado no Guia
PMBOK®, o risco pode ser aceito ativa ou passivamente.
A aceitação passiva significa que nada será feito para se preparar antecipadamente
para o risco, ele será enfrentado se e quando ocorrer.
Curso 4 - Como planejar os demais aspectos do projeto?
- 45 -
A aceitação ativa significa que o risco é aceito quando ele ocorre, porém um plano de
contingência foi elaborado antecipadamente para este momento.
Isto pode ser feito com a reserva de alguma quantia em dinheiro ou com recursos a
serem usados quando o risco ocorrer.
Estratégias de resposta para oportunidades
Da mesma forma que as ameaças, as oportunidades também podem ser enfrentadas
usando-se várias estratégias de resposta. As abordagens básicas incluem as seguintes:
ignorar, melhorar e buscar.
As estratégias para se lidar com as oportunidades são conceitualmente opostas às
correspondentes para enfrentar as ameaças.
Buscar: é o oposto a prevenir uma ameaça, pois deve garantir que o evento ocorra,
em vez de que não ocorra.
Melhorar: significa tentar aumentar o valor esperado. É oposto à mitigação, porque se
tenta aumentar em vez de diminuir tanto a probabilidade e/ou o impacto da
oportunidade.
Ignorar: significa escolher não fazer nada a respeito de um risco desejável,
corresponde a aceitar a ameaça. Você simplesmente decide lidar com o assunto se e
quando surgir.
Plano de gerenciamento de riscos
O plano de gerenciamento de riscos é o resultado final de todo o trabalho de resposta
ao risco. Deve conter os resultados dos passos precedentes de identificação, análise e
priorização de riscos.
São documentadas quais respostas serão dadas para se gerenciar os vários riscos,
como serão implementadas e quem será responsável por cada uma delas.
Finalmente, o plano de gerenciamento de riscos deve especificar como as reservas
serão usadas e quem gerenciará seu uso.
Resumindo
Risco é um evento de condição incerta, poderá ou não ocorrer. No caso de sua
manifestação, terá um impacto de efeito positivo ou negativo nos objetivos do
projeto. Quanto mais conhecer sobre riscos e suas consequências, mais
preparado se está para lidar com eles, caso ocorram. Na definição, é explicitado
que há tanto um efeito positivo como um negativo. É importante lembrar que
risco pode também fornecer benefícios.
O gerenciamento de riscos, conforme o Guia PMBOK®, é ―o processo de
identificação, análise, desenvolvimento de respostas e monitoramento dos riscos
em projetos, com o objetivo de diminuir a probabilidade e o impacto de eventos
Curso 4 - Como planejar os demais aspectos do projeto?
- 46 -
negativos e de aumentar a probabilidade e o impacto de eventos positivos‖. Ou
seja, é um processo sistemático que consiste em identificar as possíveis
incertezas e tentar controlá-las por meio das etapas: (1) identificar, (2) analisar
e (3) responder ao risco do projeto.
Os riscos se manifestam por vários motivos, alguns são internos ao projeto e
outros externos. O ambiente do projeto, o planejamento, o processo de
gerenciamento, recursos inadequados, entre outros, podem contribuir nesse
sentido. Se tudo fosse puramente uma questão de sorte ou azar, o
gerenciamento de riscos não teria sentido, e analisar tendências tampouco.
Um dos desafios que o gerente e a equipe de projetos enfrentam é definir risco,
pois cada pessoa tem sua própria visão de risco. O gerente do projeto é
responsável pela iniciação e liderança do processo de riscos. Isso é feito pela
integração de um plano de gerenciamento de riscos no plano do projeto,
garantindo, então, que cada membro da equipe esteja familiarizado com riscos
identificados e ciente de quando podem ocorrer durante o projeto, que tarefas
seriam afetadas e qual a estratégia de reação a ser adotada.
O plano de gerenciamento de riscos é o resultado final do trabalho de resposta
ao risco. Deve conter os resultados dos passos precedentes de identificação,
análise e priorização de riscos. São documentadas quais respostas serão dadas,
para se gerenciar os vários riscos, como serão implementadas e quem será
responsável por cada uma delas. Finalmente, o plano de gerenciamento de
riscos deve especificar como as reservas serão usadas e quem gerenciará seu
uso.
Aquisições
Cada vez mais as organizações estão focadas em sua linha de negócios e não mantêm
mais em seus quadros certas especializações que não fazem mais parte dessa linha.
Isso faz com que os profissionais necessários para o projeto sejam terceirizados. Surge
então a necessidade de uma gestão que tenha a preocupação de:
Decidir se para uma determinada parte do projeto deve ser feita a contratação
ou o projeto utilizará recursos já disponíveis internamente;
Preparar um documento de aquisição que detalhará o que será contratado e
quais critérios serão adotados para escolha do fornecedor, assim como
modalidades de contratação e pagamentos;
Determinar quais documentos devem ser preparados para se fazer a contratação
e disponibilizá-los para os candidatos;
Solicitar e avaliar as propostas de cada proponente.
Objetivo
Conhecer:
Curso 4 - Como planejar os demais aspectos do projeto?
- 47 -
Como planejar compras e aquisições;
Sobre ―fazer ou comprar?‖ (―make or buy?‖);
Os tipos de contratos;
O plano de gerenciamento das aquisições e a declaração do trabalho;
Como planejar contratações.
O PMI® define o gerenciamento de aquisições do projeto como os processos exigidos
para comprar ou adquirir os bens e serviços necessários para desempenhar o trabalho.
Bens e serviços são tipicamente referidos como produto e são obtidos fora da
organização executora.
É também objetivo deste gerenciamento a construção e a manutenção de relações
comerciais sólidas e equilibradas entre cliente e fornecedor, permitindo assim a
conclusão do projeto com sucesso.
Neste curso, o gerenciamento de projeto é visto na perspectiva do comprador na
relação entre comprador e fornecedor. Geralmente, o fornecedor é chamado de
subcontratado, vendedor ou terceiro e, normalmente, gerencia seu trabalho no projeto.
Aquisições X Contratos
Muita gente conhece gerenciamento das aquisições por gerenciamento de contratos.
Gerenciamento de contratos são instrumentos que possibilitam, sob o ponto de
vista legal, firmar acordo entre cliente e fornecedor, sendo uma forma de garantir que
as partes, que concordaram em trocar produtos e serviços por dinheiro (tecnicamente,
isso é chamado de consideração), cumpram o acordo final. Os termos e as condições de
um contrato são a principal entrada para os processos do vendedor, descrevem os
principais marcos, entregas e objetivos ou, ainda, podem ser uma restrição, pois
limitam as opções da equipe do projeto (por exemplo, solicitando a aprovação do
comprador para decisões ou mudanças de pessoal). Contratos são passíveis de
execução em um Tribunal de Justiça e garantem que o resultado seja entregue e que o
dinheiro seja pago.
O gerenciamento das aquisições na visão do Guia PMBOK® se constitui por dois
processos:
Planejar compras e aquisições.
Planejar contratações.
Curso 4 - Como planejar os demais aspectos do projeto?
- 48 -
Planejar compras e aquisições
Determina se algo deve ser contratado (aquisição de recursos e/ou materiais) ou
produzido internamente, além de definir o que adquirir e quando (Guia PMBOK®, seção
12.1).
Identifica os bens ou serviços a serem comprados fora da organização e as
necessidades do projeto que podem ser atendidas pela equipe.
Isto é feito durante o esforço de definição do escopo e envolve a determinação de
adquirir ou não, como adquirir, o que adquirir, quanto adquirir e onde adquirir. O
documento declaração do escopo do projeto proporciona informações importantes sobre
as necessidades e estratégias do projeto que devem ser consideradas durante o
planejamento. Ela também fornece a lista de entregas e critérios de aceitação do
projeto e seus produtos, serviços e resultados.
Se a decisão tomada é a de não obter produtos e serviços de fora da organização
executora, os demais processos do gerenciamento da aquisição não serão
desempenhados.
As aquisições influenciam o cronograma do projeto e vice-versa. Por exemplo, a
disponibilidade de um fornecedor ou de materiais pode causar um impacto significativo
no cronograma e na estimativa de recursos e das durações da tarefa.
Uma preocupação que o gerente do projeto deve ter quanto a aquisições são as
políticas e normas relacionadas a compras na organização, porque muitas vezes elas
podem causar impacto no planejamento. A organização pode, por exemplo, exigir que
sejam seguidos procedimentos de aprovação de compras quando ultrapassarem
determinados limites.
Outro cuidado é quanto aos riscos que surgem, que muitas vezes influenciam o tipo de
contrato que será adotado na negociação com o fornecedor.
Fazer ou comprar? (Make or buy?)
Esta pergunta nem sempre é relevante para o projeto, mas em alguns casos pode se
aplicar a determinados aspectos dele.
Curso 4 - Como planejar os demais aspectos do projeto?
- 49 -
A questão é: os produtos ou serviços necessários ao projeto devem ser feitos ou
adquiridos?
Decidir sobre isso é um aspecto fundamental do gerenciamento, esta é uma ferramenta
essencial do processo.
Dependendo das condições, é mais barato comprar – embora em outras faça mais
sentido elaborar uma solução interna.
Essa decisão pode ser tomada no nível do recurso individual, para uma entrega inteira
ou mesmo para o projeto em si.
Fazer ou comprar deve ser preferencialmente feito no início da definição do escopo para
que seja determinado se o projeto inteiro deve ser executado internamente ou
contratado. À medida que o projeto evoluir, decisões de fazer-ou-comprar adicionais
podem ser necessárias.
Existem vários fatores que devem ser considerados com
respeito a essas decisões. Obviamente que o fator principal é
o custo. Você deve considerá-los para gerar o produto ou
serviço:
• Produtos, materiais, equipamentos, instalações, salários
dos empregados;
• custos indiretos. Estes incluem itens como custos de
treinamento, custos de gerenciamento, despesas
administrativas (o custo de comprar) e manutenção
permanente.
É importante observar que o custo não deve ser o único fator a ser considerado nas
decisões ―make or buy‖. Leve em consideração itens como controles de processos,
segredos comerciais, habilidades, treinamentos, riscos de se ter outra organização
envolvida no dia-a-dia da empresa, questões de capacidade e disponibilidade. Estes são
pontos que devem ser avaliados antes que a decisão seja tomada.
Tipos de contratos
Se a decisão de comprar foi tomada, é importante que
seja definido também como serão as condições
comerciais, portanto devem ser avaliadas as diferentes
modalidades contratuais. Elas incluem desde contratos
de preço fechado que minimizam o risco do cliente,
pois o preço é determinado e fixo, independentemente
dos cenários que porventura surjam, até contratos
onde o cliente deve reembolsar todos os custos do
fornecedor e ainda lhe pagar um adicional a título de
comissionamento. Obviamente que isso traz para o
cliente a maior parcela de risco do contrato.
Outro tipo de contrato bem popular é o de preço
unitário (chamado de Time & Material). Comumente é
Curso 4 - Como planejar os demais aspectos do projeto?
- 50 -
negociado um valor por hora trabalhada. Aqui o risco corre por conta do comprador,
pois na maioria das vezes a quantidade total de horas não é conhecida.
Para maiores informações sobre as diferentes modalidades contratuais envolvidas no
processo de aquisições, recomendamos consultar a bibliografia sugerida.
O processo de planejar as compras e aquisições tem como um dos resultados um plano
para gerenciar as aquisições que, de acordo com o Guia PMBOK®, ―descreve como os
processos de aquisição serão gerenciados desde o desenvolvimento da documentação
de aquisição até o encerramento do contrato.
O plano de gerenciamento de aquisições pode incluir, dentre outros:
Tipos de contratos a serem usados, quem deve preparar estimativas
independentes (ter uma ideia de quanto custa) e se elas são necessárias
como critérios de avaliação;
As ações que a equipe de gerenciamento de projetos poderá tomar sozinha
(nível de autoridade em aquisições);
Documentos de aquisição padronizados, caso sejam necessários; restrições e
premissas que poderiam afetar as compras e aquisições planejadas.
Plano de gerenciamento das aquisições e a declaração do trabalho
Outro item importante é a declaração de trabalho, abordada no grupo de processos de
iniciação. Ela deverá conter uma descrição do item a ser comprado em detalhes
suficientes que permita aos potenciais fornecedores tomar a decisão de participar ou
não da oferta.
Uma declaração de trabalho deve ser redigida de forma clara e concisa evitando
ambiguidades, contendo, entre outras informações:
Uma especificação técnica
detalhada pode ser apresentada
no formato de figura, gráfico ou
texto, incluindo especificações
de projeto, de desempenho ou
funcionais.
A quantidade desejada, a
qualidade requerida e os
critérios de aceitação do
produto.
As condições de realização do
trabalho incluindo o período,
local e prazo de entrega, bem
como o processo de pagamento.
Questões gerenciais, incluindo
como deve ser feita a
Curso 4 - Como planejar os demais aspectos do projeto?
- 51 -
comunicação, o acompanhamento do trabalho, as reuniões e quais relatórios
deverão ser produzidos.
Como será o suporte, a garantia e os treinamentos necessários.
Planejar contratações
O processo de planejar contratações, conforme definição do Guia PMBOK®, tem como
função ―preparar os documentos necessários para dar suporte à solicitação de respostas
de fornecedores e de sua seleção‖.
Estes documentos contêm os requisitos
do produto e definem critérios para a
avaliação dos fornecedores e suas
propostas, pois eles devem ser
devidamente instruídos sobre as
necessidades do comprador antes de
fazer as propostas.
Quando tratamos sobre ciclo de vida, foi
comentado da possibilidade do
fornecedor não se interessar pela oferta
do cliente.
A documentação deve ser detalhada o suficiente para que não existam mal-entendidos
sobre as características do produto ou serviço que está sendo comprado, mas, cuidado,
pois um excesso de detalhamento pode ser prejudicial à capacidade do fornecedor de
buscar soluções melhores e mais criativas.
Resumindo
Neste módulo de planejamento das aquisições, vimos como determinar o que
deve ser contratado no projeto, por meio da seleção dos pacotes de
trabalhos e recursos que serão obtidos fora da equipe do projeto.
O gerenciamento de contratos são instrumentos que possibilitam, sob o
ponto de vista legal, firmarem acordo entre cliente e fornecedor, sendo uma
forma de garantir que as partes, que concordaram em trocar produtos e
serviços por dinheiro (tecnicamente, isso é chamado de consideração),
cumpram o acordo final. Os termos e as condições de um contrato são a
principal entrada para os processos do vendedor, descrevem os principais
marcos, as entregas e os objetivos ou, ainda, podem ser uma restrição, pois
limitam as opções da equipe do projeto (por exemplo, solicitando a
aprovação do comprador para decisões ou mudanças de pessoal). Contratos
são passíveis de execução em um Tribunal de Justiça e garantem que o
resultado seja entregue e que o dinheiro seja pago.
Uma ferramenta importante neste processo é a análise do fazer-ou-comprar.
Seus resultados são um plano de aquisições e uma declaração do trabalho,
que contém a especificação desejada.
Curso 4 - Como planejar os demais aspectos do projeto?
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Integração
Objetivo
Conhecer:
A integração de todas as áreas de conhecimento em um único plano do projeto.
Integração
Quando foram apresentadas as diferentes áreas do conhecimento, destacamos que
todas interagem entre si e que uma mudança em uma delas inevitavelmente produz
alterações em todas as demais.
Torna-se necessária uma área que integre todos os esforços de planejamento em um
único documento, conhecido como o plano do projeto.
Rita Mulcahy, conhecida autora de livros para o gerenciamento de projetos, faz um
comentário interessante sobre integração.
―Se alguém perguntasse a você qual é a principal função do gerente de projetos, o que
você diria?
A resposta é: fazer a integração.
Enquanto o trabalho do projeto está sendo feito, a função dos membros da equipe é
concentrar-se em completar os pacotes de trabalho.
O patrocinador do projeto deve proteger o projeto contra mudanças e perda de
recursos.
A função do gerente de projetos é reunir todas as peças do projeto em uma
unidade coesa (que faz com que o projeto seja realizado mais rapidamente, a um
custo mais baixo e com menos recursos) e, ao mesmo tempo, cumprir os objetivos do
projeto. A reunião de todos estes elementos é o plano do projeto.
Plano do Projeto
Este documento, na verdade, é a integração de todos os demais planos produzidos em
cada uma das áreas de conhecimento tratadas anteriormente. Esses planos devem ser
integrados, facilitando a visualização do projeto como um todo.
Na definição do Guia PMBOK®, ―o plano de gerenciamento do projeto define como o
projeto é executado, monitorado, controlado e encerrado.
Esse plano documenta o conjunto de saídas dos processos de planejamento do grupo de
processos de planejamento. Muitas pessoas confundem o cronograma com o plano do
projeto — o cronograma é parte dele.
O plano do projeto inclui outros elementos, tais como:
Declaração de escopo do projeto, EAP.
Curso 4 - Como planejar os demais aspectos do projeto?
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Cronograma.
Custos e orçamento.
Plano da qualidade do projeto.
Plano de recursos, matriz de responsabilidades, organogramas.
Plano de comunicações.
Plano de gerenciamento de riscos.
Plano de gerenciamento das aquisições.
O plano é a linha mestra do projeto (linha de
base) e determina como o trabalho será
executado para atingir os objetivos do projeto e
como as mudanças devem ser monitoradas e
controladas.
Ao longo dos processos de execução, o plano
deverá ser rigorosamente acompanhado, os
desvios devem ser gerenciados e as ações
devem ser tomadas para que eles não
aconteçam (ações preventivas) ou para colocar o
projeto de volta no planejado (ações corretivas).
Para que o projeto possa iniciar sua execução, o
plano deve ser apresentado e aprovado
formalmente pelos participantes. Esta apresentação é chamada de reunião de
lançamento ou kick-off.
A integração é necessária desde a iniciação do projeto, quando os diversos aspectos
deste devem ser atrelados aos interesses das organizações envolvidas, até o
encerramento, quando o projeto retorna à organização para sua validação e posterior
uso.
O conteúdo do plano do projeto pode variar de organização para organização, sendo
geralmente definido pela metodologia escolhida pela organização.
Resumindo
• Quando foram apresentadas as diferentes áreas do conhecimento, destacamos que
todas interagem entre si e que uma mudança em uma delas inevitavelmente produz
alterações em todas as demais. Torna-se necessária uma área que integre todos os
esforços de planejamento em um único documento, conhecido como o plano do projeto.
• O plano de gerenciamento do projeto define como o projeto é executado, monitorado,
controlado e encerrado. Esse plano documenta o conjunto de saídas dos processos de
planejamento do grupo de processos de planejamento. Muitas pessoas confundem o
cronograma com o plano do projeto — o cronograma é parte dele. O plano do projeto
Curso 4 - Como planejar os demais aspectos do projeto?
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inclui outros elementos, tais como: a declaração de escopo do projeto, o plano de
comunicações, o plano de gerenciamento de riscos, o plano de qualidade, a matriz de
responsabilidades, organogramas e o plano de recursos.
• O plano é a linha mestra do projeto (linha de base) e determina como o trabalho será
executado para atingir os objetivos do projeto e como as mudanças devem ser
monitoradas e controladas. Ao longo dos processos de execução, o plano deverá ser
rigorosamente acompanhado, os desvios devem ser gerenciados e ações devem ser
tomadas para que eles não aconteçam (ações preventivas) ou para colocar o projeto de
volta no planejado (ações corretivas).
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
-Guia PMBOK – Guia do Conjunto de Conhecimentos em Gerenciamento de Projetos-3ª
edição. Publicado por Project Management Institute, Inc.
SUGESTÃO DE LEITURA
- PETERS, Tom – Rompendo as Barreiras da Administração. São Paulo: Harbra, 1993.
-VALERIANO, Dalton. Moderno Gerenciamento de Projetos, São Paulo: Prendice Hall, 2005.
-RABECHINI Jr., Roque. O Gerente de Projetos na Empresa. São Paulo: Atlas, 2005.
-DINSMORE, Paul Campbell. Gerenciamento de Projetos: Como Gerenciar seu Projeto com
Qualidade, dentro do Prazo e Custos Previstos.Rio de Janeiro: Qualitymark, 2004.
-MEREDITH, Jack R; Mantel, Samuel J. Jr. Administração de Projetos: Uma Abordagem
Gerencial. 4ª edição. Rio de Janeiro: LTC, 2003.
-HIGA, Francisco, Vai dar M... – Soluções para seu Projeto Não Afundar. Editora GENTE.
ESPECIFICAÇÃO DE PUBLICAÇÃO
a. Documento: apostila do curso Como planejar os demais aspectos do
projeto?
Válido até: indeterminado.
c. Responsabilidade: 4636-1/Departamento de Treinamento.
d. Seção/ramal do responsável: Ramal 43840
e. Homologado por: Departamento de Desenvolvimento de Sistemas
f. Restrito aos participantes do TreiNet Como planejar os demais aspectos do
projeto?
g. Público alvo:
Agências
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Departamentos
Usuários específicos (contas de e-mail)
Todos os usuários
h. Classificação
Confidencial
Uso interno
Uso público
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