Ghiraldelli.pro.Br-John Rawls Liberalismo Igualitrio Sem Metafsica

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    http://ghiraldelli.pro.br/2012/06/06/john-raw ls-liberalismo-igualitario-sem-metaf isica/ September 13, 2012

    John Rawls, liberalismo igualitrio sem metafsica

    Dois pioneiros americanos discutiam asperamente. A pendengados colonizadores era sobre mas. A macieira havia nascido noterreno do primeiro, mas seus galhos mais produtivos tinham

    avanado por cima da cerca, parando por sobre o terreno dosegundo. Uma chuva rpida deitou as mas todas no terreno dosegundo. Qual seria a medida justa para a posse das mas? Noconseguindo chegar a um acordo, eles buscaram ajuda na cidade,com um sbio do local. O sbio, ento eleito rbitro, examinou ocaso e lhes perguntou se queriam que a situao fosse resolvidapela lei de Deus ou pela lei dos homens. Puritanos at o ltimofio do cabelo, eles responderam quase que simultaneamente,bastante afirmativos: pela lei de Deus, claro! Ento, o sbiopediu a eles uma moeda e, atendido prontamente, examinou odinheiro para certificar a autenticidade, se de fato era ntido o ladocara e o lado coroa. Feito isso, ento, num impulso do polegaraliado ao indicador lanou-a ao ar, esperando-a cair na palma deuma mo e, num gesto rpido, exps uma das faces da moeda nodorso da outra mo. Em seguida, deu todas as mas a um doshomens.

    difcil encontrar algum que, ao escutar essa histria, no reclame. Como os dois litigantes, a maiorparte dos ouvintes, inicialmente, tambm prefere a lei de Deus. Mas os ouvintes fazem isso apenasporque escutam somente a palavra Deus, e da j julgam que o que segue dever ser algonecessariamente bom. Depois, quando a lei da moeda lanada aplicada, voltam a se lembrar darazo pela qual os homens inventaram suas prprias leis. Os homens perceberam que o melhor seriatentar crescentemente anular o modo aleatrio das coisas ocorrerem no mundo. A loteria da naturezaou da vida social, ou seja, o que ocorre pela sorte a lei de Deus parece nossa intuiomoderna algo pouco justo. Entendemos ento a razo de termos nos metido nesses casos, criandotambm a lei dos homens, ou melhor, a justia. Modernamente, estamos j quase acostumados atentar minorar as desvantagens advindas do que no podemos controlar e decidir, de modo a garantiliberdade e igualdade para todos principalmente igualdade de oportunidades. Damos o nome aisso de requisito bsico da justia social.

    Na histria da filosofia a idia atual de justia social tem sua ancestral na idia de cidade justa.Assim, no ponto de partida est a Grcia antiga e no ponto de chegada a Amrica.

    O filsofo grego Plato (428-347 a.C.) e o filsofo estadunidense John Rawls (1921-2002) criaram

    teorias da sociedade justa. So teorias antes normativas que descritivas. No so teorias sobre oque e, sim, teorias tipicamente filosficas, sobre o deve ser. Mas no so narrativas utpicas, comoas que vingaram no Renascimento, que mostravam cidades ideais que jamais poderiam se efetivar;so teorias que podem ser levadas adiante no sentido de guiar a construo de uma sociedade,ainda que se saiba que essa sociedade talvez no venha a funcionar risca, como a teoria gostaria.

    Plato imaginou a cidade justa em associao a uma profunda metafsica, isto , uma teoria no-emprica da natureza humana. Alis, pode-se dizer que ele criou o pensamento filosfico de tipometafsico exatamente no contexto da sua reflexo sobre a justia. Sua descrio da cidade justa,como se apresenta emA Repblica, harmoniza em um s conjunto uma teoria da alma humana euma hierarquia social. A alma humana divida em trs partes e a cidade, correspondentemente,

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    apresenta trs grandes grupos sociais fixos. A psicologia platnica indica a alma superior comosendo o intelecto, responsvel pela capacidade racional, isto , pelos clculos, formulaes de juzose decises; a alma espiritual abriga a disposio, o mpeto e a coragem; finalmente, a almainferior responde pelas necessidades ligadas a apetites e desejos. Essa psicologia tem comocorrespondente, no plano social, a hierarquia da populao da cidade. H, ento, o grupo de sbiosancios que funcionam como comandantes da cidade, o de soldados responsveis corajosamentepela defesa externa e pela paz interna e, por fim, o de trabalhadores manuais, os artesos e outros. Acidade justa justa medida que nada possa quebrar essa ordem hierrquica que lhe permite o seu

    timo funcionamento. Para tal, do grupo dos ancios escolhido o rei que, como todos os outrosancios, um filsofo. Sendo filsofo, est em contato com a verdade que, admitida como nica,tambm acessada pelos outros sbios, o que garante o consenso entre o grupo de governo. Dessemodo, no h disputa entre as elites, ficando afastada a possibilidade de formao de partidos, cujaconsequncia, como temia Plato, seria a diviso da guarda e, enfim, do povo, aglutinados em tornodeste ou aquele membro da elite. Uma diviso desse tipo, em partidos, acabaria conduzindo acidade s terrveis disputas internas dilacerantes bem conhecidas e vividas por Plato e atmesmo guerra civil, o que certamente seria o pice de uma situao de injustia.

    Diferentemente de Plato, em nossos tempos, a proposta de Rawls considerar a cidade justa comouma cidade democrtica, ou melhor, como uma sociedade liberal democrtica. Plato no foi umdemocrata, obviamente. Ele est mais distante de ns, ainda, no s pela sua postura de resistncia democracia, mas tambm pelo seu desconhecimento da inveno tipicamente moderna chamadaliberalismo, uma doutrina que, principalmente quanto poltica, reformulou a noo de democracia.No entanto, h algo de Plato em Rawls.

    Como Plato, Rawls tambm v a justia como uma virtude. Mas, em que sentido? Plato jamaisdeixou de lado as quatro virtudes cardeais do mundo antigo grego: temperana, coragem, sabedoriae justia. As trs primeiras deveriam se realizar nos indivduos enquanto que a ltima, a justia, seriauma virtude prpria tambm da cidade. A justia seria uma virtude coletivapar excellence. Isto ,Plato assumiu a palavra virtude em um seu sentido especfico, como quando a utilizamos pararesponder a pergunta em virtude do que se o que isto?. Sabia-se correto ao dizer que a cidadeera uma cidade, uma boacidade, uma coletividade funcional e harmnica se pudesse dizer, por

    exemplo, coisas como Esparta uma cidade (ou boa cidade) em virtude de sua justia. Nessesentido, Rawls no deixa de ser platnico. Uma coletividade uma sociedade organizada em virtudede sua justia.

    Todavia, quanto a outro aspecto, Rawls no nada platnico. Enquanto que Plato necessitou deuma metafsica (inventou-a por conta disso![1]) para poder instalar a justia como legtima, Rawlsmostra-se um pensador completamente de seu tempo o nosso tempo , criando uma teorianormativa sem metafsica.[2]Ele elabora a noo de razo pblica como neutra em relao aqualquer doutrina abrangente religiosa ou filosfica (isto , metafsica). Isto , Rawls no tem ediz no necessitar uma teoria filosfica da natureza humana e no apela (principalmente nos seusltimos trabalhos) para qualquer pretenso de universalidade quanto ao que afirma sobre sua teoria

    a teoria da justia como equidade.

    Talvez se possa dizer, para clarear o leitor j afinado com o meu prprio vocabulrio, que Rawls umtipode liberal ironista, no sentido em que Richard Rorty (1931-2007) criou essa expresso: ele,Rawls, francamente um liberal medida que quer uma sociedade cuja poltica no seja aquela quepermite que os mais humildes venham a ser humilhados pelos mais poderosos, mas, ao mesmotempo, ele no tem nenhum fundamento filosfico com o qual possa condenar aqueles que, em umasociedade liberal democrtica, atuem no sentido dessa m poltica.[3]A diferena para com Rorty, oque no implica em divergncia, que este v a justia como uma ampliao dos crculos delealdade a que pertencemos na nossa vida a famlia, o cl, a cidade, antes que a nao ou ahumanidade , independentemente de tipos de sociedade[4], enquanto que Rawls se interessa pela

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    ustia como o que pode regrar comportamentos polticos em sociedades do tipo liberal democrtica.

    No interior da idia de fornecer uma teoria normativa, ele pressupe que pode exibir algumas regraspara as pessoas avaliarem e, ento, escolherem as melhores para o conjunto de sua sociedade.Essas pessoas, ele a denomina de razoveis, os princpios que acolhem so as de sua teoria daustia como equidade.

    notrio que cada uma dessas pessoas razoveis de Rawls, como ele as define, deve se parecerbastante com algum capaz de incorporar a figura do sujeito da filosofia moderna, uma construocertamente metafsica ou prxima desta. Ou seja, seguindo vrios modernos (Kant frente),poderamos dizer que o ideal seria que todo indivduo pudesse ser autnomo, isto , atuar como umsujeito filosfico, aquele que consciente dos seus pensamentos e responsvel pelos seus atos.Todavia, Rawls no toma essa formulao em seu sentido metafsico ou filiado a uma grandemetanarrativa, mas agarra-a em um sentido metafisicamente desinflacionado. Toma-a naquelascaractersticas que podemos mais ou menos encontrar no homem emprico comum, informado, denossas democracias contemporneas, herdeiras do iderio e das instituies de divulgaoeducacional e cultural do Iluminismo. Este no seria seno aquele homem que, vivendo em umacultura regularmente democrtica, ocidental, abordado pela lei como algum capaz de entender eavaliar regras no s entre parceiros, mas entre ele e as instituies e, tambm, assumircompromissos privados e pblicos, alm de ser algum que d valor liberdade individual de

    conscincia, expresso e locomoo, igualdade perante a lei e igualdade de oportunidades, almda tolerncia, claro. Pessoas assim, razoveis, so convocadas por Rawls para avaliar umadoutrina da cidade justa, dizendo a ela sim ou no.

    Essa doutrina, segundo Rawls, deve ser escolhida por essas pessoas que, por sua vez, estariam nasituao que ele denomina de posio original, algo equivalente mas no igual ao que osprimeiros tericos modernos (os jusnaturalistas) chamaram de posio na situao pr-contratual.Na terminologia de Rawls, trata-se da posio original. Assim, elas estariam como quem veste umvu de ignorncia. Isto , no teriam nenhum conhecimento (classe, orientao sexual, renda,religio etc.) que pudesse permitir qualquer certificao sobre o lugar que ocupariam na sociedade aser regrada. Desconhecendo qual lugar ocupariam na sociedade, elas agiriam como legisladoras

    prudentes, muito provavelmente realizando uma escolha racional dos princpios que deveriamcomandar essa sociedade na qual iriam viver. A aposta de Rawls que elas normatizariam asociedade de uma forma que mesmo o lugar dos menos favorecidos, no seria um lugar esquecido,pois, caso cassem nesses lugares ao passarem a viver nessa sociedade, ainda assim viveriam emuma situao cujas dificuldades estariam tendo ateno social. Essa sociedade seria, segundo aaposta de Rawls, uma que pudesse garantir liberdades bsicas de modo igual para todos, posiese empregos abertos a todos sob condies justas de igualdade de oportunidades, sendo que asdesigualdades sociais e econmicas advindas dessa diferenciao seriam consideradas vlidassomente se viessem a beneficiar coletivamente os menos favorecidos.[5]

    A ideia de Rawls a de que um pequeno conjunto de regras (na verdade, dois princpios[6])

    perfeitamente condizente com o liberalismo, que pode ento ser rebatizado de igualitrio, sendo opreferido das pessoas razoveis. Com essa formulao, Rawls acredita dar um passo a mais nosentido do aperfeioamento do liberalismo.

    Como sabemos, segundo a tradio britnica, com John Locke (1632-1704), o liberalismo nasceupreocupado em garantir a liberdade individual, a tolerncia e, claro, a propriedade privada. Haviaalguma inteno para com a igualdade, mas no em uma relao harmnica com a liberdade.Filsofos americanos como John Dewey (1859-1956), cujos escritos serviram de base para o NewDeal [7], deram nova colorao ao liberalismo. Alertaram para a necessidade de afastar essadoutrina do exagerado cultivo do individualismo, calcado em uma exacerbada tendncia de valorizara proteo da propriedade privada e de promover a liberdade de escolha dos indivduos, no raro em

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    detrimento de objetivos coletivos necessrios ao progresso social. Todavia, se a gerao de Deweyforneceu ao liberalismo os ideais que puderam fazer os Estados Unidos se aproximar daspreocupaes da social democracia europia, isso no gerou nenhuma nova teoria polticanormativa. Quando John Rawls trouxe luz a sua teoria da justia como equidade, no foram poucosos que aplaudiram a iniciativa, e rapidamente ela se tornou o ponto de referncia dos debatesamericanos (e em boa parte dos pases de lngua inglesa) sobre filosofia poltica, especialmente apartir dos anos setenta.[8]

    Vinte e cinco sculos aps Plato, Rawls deu filosofia poltica uma teoria da cidade justa que novisa simplesmenteo funcionamento social e, sim, o no bloqueio das potencialidades individuais deseus habitantes. Quatro sculos aps Locke, Rawls procurou fazer com que o desenvolvimento daspotencialidades individuais dos habitantes da cidade justa tenha chance de se harmonizar com anecessria melhoria da sociedade em seu conjunto, talvez a nica forma de garantir quepotencialidades individuais venham realmente a dar frutos ou, os melhores frutos.

    2012 Paulo Ghiraldelli Jr., filsofo, escritor e professor da UFRRJ

    [1]Ghiraldelli Jr., P. A aventura da filosofia. Barueri-SP: Manole, 2010, vol. 1, pp. 11-48.

    [2]Rawls age na filosofia poltica como Donald Davidson (1917-2003) age na epistemologia. Assim,

    com o mesmo esprito que Davidson usa da teoria da verdade de Tarski, que neutra em relao sdoutrinas metafsicas, Rawls usa de apetrechos dessubstantivados para sua teoria da justia. Cf.Ghiraldelli Jr., P. Introduo filosofia de Donald Davidson. Rio de Janeiro: Multifoco-Luminria,2011. E mais: Ghiraldelli Jr., P. A aventura da filosofia. Barueri-SP: Manole, 2011, vol. 2.

    [3]Sobre Rorty e a noo de liberal ironista: Rorty, R. Contingency, Irony, and solidarity.Cambridge: Cambridge University Press, 1989.

    [4]Rorty, R. Pragmatismo e poltica. So Paulo: Martins Martins Fontes, 2005.

    [5]A formulao disso se faz pelos chamados dois princpios da teoria da justia como equidade:

    Primeiro Princpio: cada pessoa tem o mesmo irrevogvel direito a completo adequado esquemade liberdades bsicas, que compatvel com os mesmos esquemas de liberdades para todos.

    Segundo Princpio: Desigualdades sociais e econmicas so satisfatrias em duas condies: a)Elas devem estar ligadas a empregos e posies abertos a todos sob condies de justa igualdadede oportunidades; b) Elas devem beneficiar mais os membros menos favorecidos da sociedade.Rawls. Justice as Fairness. Cambridge/Londres: The Belknap Press of Harvard University Pres, pp.42-43.

    [6]Ver a nota 5.

    [7]A poltica do New Deal foi instaurada por Franklin D. Roosevelt nos Estados Unidos, para enfrentaa Grande Depresso (cujo incio oficial se deu com a Quebra da Bolsa de Nova York em 1929). Oprograma de Roosevelt introduziu um tipo de poltica keynesiana na Amrica, cujo programa liberalcarecia completamente dos benefcios sociais que hoje encontramos no chamado Welfare State damaior parte das democracias ocidentais. Assim, se na Europa o Welfare State foi construdo, mesmoque s completamente depois da II Guerra Mundial (e com ajuda de dinheiro americano), por pressoefetiva do movimento operrio (dividido entre comunistas e social-democratas), ou por tradiodeste, cunhada desde o sculo XIX, nos Estados Unidos isso se deu a partir de um acordo entregoverno e trabalhadores. Com essa poltica de acordo entre trabalhadores sindicalizados e ogoverno, foram criados programas de distribuio de alimentos, programas de investimentos eminfra-estrutura do pas, gerando muitos empregos e, enfim, a diminuio da jornada de trabalho e a

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    criao de programas de investimento agrcola macio. O Welfare State americano ainda menosacolhedor que seus equivalentes europeus, mas o que foi feito com o New Deal colocou os EstadosUnidos como uma super potncia em meio do sculo XX, o que se confirmou ainda mais aps o finalda II Guerra Mundial.

    [8]Os intelectuais brasileiros estranham os escritos de Rawls e, no raro, mesmo hoje, o tomamcomo novidade. que at bem pouco tempo, ao menos at os anos oitenta, nossa literatura sobrefilosofia poltica era predominantemente europia, isto , francesa, alem e italiana. A italiana tinhacerto predomnio, uma vez que o movimento partidrio brasileiro tinha certo apreo pelo debateeuropeu entre socialistas e eurocomunistas. Assim, os livros do pensador italiano Antonio Bobbioentravam em nossas universidades antes como manuais que como ensaios posicionados. Com o fimda URSS e com toda a reformulao geopoltica dos anos noventa, houve uma recesso intelectualna Europa, at ento muito centrada no debate marxista ou neomarxista. Foi assim que a literaturafilosfica americana recebeu uma ateno internacional em um grau no mais visto desde os temposde John Dewey. Foi nesse contexto que o debate da filosofia poltica entre liberais, libertrios ecomunitaristas evoluiu, ganhando o mercado editorial mundial. Comearam a aparecer tradues noBrasil dos livros de Rawls e, enfim, de seus crticos. Esse movimento no foi diferente do que ocorreutambm na Europa.

    Tags: Locke, Plato. Rorty, Rawls

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