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GIOVANI CLAUDIO BRANCHER
ATIVIDADES EXTRACURRICULARES E SUA IMPORTÂNCIA NA
FORMAÇÃO ACADÊMICA
CANOAS, 2007
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2
GIOVANI CLAUDIO BRANCHER
ATIVIDADES EXTRACURRICULARES E SUA IMPORTÂNCIA NA
FORMAÇÃO ACADÊMICA
Trabalho de conclusão apresentado à bancaexaminadora do curso de Educação Física, doUNILASALLE – Centro Universitário La Salle, comoexigência legal parcial para a obtenção do grau deLicenciado em Educação Física, sob a orientação doProf. Ms. Rudnei de Andrade
CANOAS, 2007
3
TERMO DE APROVAÇÃO
GIOVANI CLAUDIO BRANCHER
ATIVIDADES EXTRACURRICULARES E SUA IMPORTÂNCIA NA
FORMAÇÃO ACADÊMICA
Trabalho de conclusão apresentado a banca examinadora como requisito parcialpara a obtenção do grau de Licenciatura em Educação Física do Centro Universitário
La Salle – UNILASSALE, pelo seguinte avaliador:
Prof. Ms. Rudinei de AndradeUNILASSALE
Canoas, 10 de julho de 2007.
4
AGRADECIMENTOS
A DEUS
Obrigado por teu amor e proteção e por tudo que me proporcionou até hoje.
A MINHA FAMÍLIA
Obrigado por sempre estarem ao meu lado em todos os momentos da vida.
AOS MEUS AMIGOS
Por todos os momentos que passamos juntos, sejam eles na Universidade, na vida
pessoal ou profissional. Por tudo que construímos e aprendemos.
AOS MEUS MESTRES
Obrigado por todo conhecimento que juntos compartilhamos nesta bela jornada
acadêmica. Pelas críticas construtivas e pela sabedoria que adquirimos nesses
anos.
5
PENSAMENTOS
“Se um dia tiver que escolher entre o mundo e o amor...
Lembre-se: se escolher o mundo ficará sem o amor, mas se
escolher o amor, com ele conquistará o mundo.”
Albert Eistein
6
RESUMO
Esta pesquisa que integra o Trabalho de Conclusão do Curso de Educação Físicado Unilasalle 2007/1 tem como objetivo identificar o valor e a importância dasatividades práticas extracurriculares na formação acadêmica. Tem comometodologia uma pesquisa qualitativa do tipo estudo de caso. A pesquisa realizou-seatravés de entrevistas semi-estruturadas com uma população composta de seteacadêmicos do Curso de Educação Física do Unilasalle. Estas entrevistas foramgravadas e posteriormente transcritas, as informações obtidas foram analisadas eordenadas de acordo com categorias de significados. Foram encontrados trêscategorias principais, Elaboração do Planejamento Escolar, Superar Dificuldades naEducação Física Escolar e Interesse na Formação Acadêmica e seis subcategorias:Consistência do Ensino, Participação Ativa dos Alunos, Adaptação à RealidadeEscolar, Dificuldades Encontradas no Estágio, Área de Especialização e Valor daPesquisa. Os resultados remetem a percepções mais críticas com o objetivo dequalificar e inserir novos conhecimentos na Educação Física Escolar a partir dapesquisa, formação continuada dos professores, elaboração de planos de ensinocriativos e consistentes para que as dificuldades escolares não desmotivem osalunos contribuindo para o fortalecimento da Educação Física Escolar.Palavras-chaves: Extracurriculares. Formação. Especialização.
ABSTRAT
This research that integrates the work of conclusion of the Course of PhysicalEducation of the Unilasalle 2007/1 it has as objective to identify to the value and theimportance of the extracurricular practical activities in the academic formation. Has amethodology qualitive research of the type study case. The research was becomefullfilled through interviews semi-structured with a composed population of sevenacademics of the course of Fhysical Education of unilasalle. These interviews hadbeen recorded and later transcribing, the gotten information had been analyzed andcommanded in accordance with the category of meanings. Three categories hadbeen found main, Elaboration of the school Planning, To surpass Difficulties in theschool Physical Education and Interest in the Academic Formation e sixsubcategorias: Consistency of education, Active Participation of the students,Adaptation the school Reality, Difficulties Found in the Periods of training, Area ofSpecialization and Valuation of the Research. The results send the perceptions mostcritical with the objective to characterize and to insert new knowledge in the schoolPhysical Education from the research, continued formation of professors, elaborationof creative and consistent plans of education the to school, of surpass difficultiesdesmotive the students, contributing for the fortify of the school Physical Education.Keywords: Extracurriculares. Formation. Specialization.
7
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO..........................................................................................................8
2 METODOLOGIA.....................................................................................................10
2.1 Pesquisa Qualitativa......................................................................................102.2 Estudo de Caso..............................................................................................112.3 Participantes...................................................................................................112.4 Instrumentos de Coletas de Informações..................................................11
2.4.1 Entrevista Semi-Estruturada.......................................................................12 2.4.2 Análise de Documentos.............................................................................12
2.5 Justificativa....................................................................................................132.6 Problema Pesquisa........................................................................................132.7 Objetivos.........................................................................................................13
3 REVISÃO DE LITERATURA.................................................................................14
3.1 Histórico da Educação Física.......................................................................143.2 Vivências Práticas de Ensino Extracurricular............................................163.3 Formação de Professores em Educação Física.........................................173.4 Estágios Curriculares na Formação de Professores.................................193.5 Especialização do Professor de Educação Física......................................20
3.5.1 Competências do Professor.......................................................................21
4 ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS......................................................24
4.1 Elaboração do Planejamento Escolar..........................................................24 4.1.1 Consistência do Ensino..............................................................................25 4.1.2 Participação Ativa dos Alunos....................................................................27
4.2 Superar Dificuldades na Educação Física Escolar.....................................29 4.2.1 Adaptação Frente à Realidade Escolar.....................................................30 4.2.2 Dificuldades Encontradas nos Estágios....................................................32
4.3 Interesse na Formação Profissional............................................................34 4.3.1 Área de Especialização.............................................................................35
4.3.2 Valorização da Pesquisa...........................................................................36
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS...................................................................................39
5.1 As limitações da Pesquisa...........................................................................395.2 Idéias de Continuidade.................................................................................39
6 CONCLUSÃO........................................................................................................41
REFERÊNCIAS.....................................................................................................42 APÊNDICE A – Termo de Consentimento............................................................44 APÊNDICE B – Roteiro das Entrevistas...............................................................45 APÊNDICE C – Unidade de Significados..............................................................46
8
1 INTRODUÇÃO
Nos últimos anos, temos observado nas diferentes áreas do conhecimento,
um contínuo processo de especialização e atualização necessárias para a
consolidação da profissão.
Assim como em vários setores da sociedade, também nós acadêmicos de
Educação Física devemos preparar de forma competente nossa formação. É neste
cenário, incluindo as dificuldades que encontrei nos estágios supervisionados, e que
segue minha linha de investigação. Com ausência de vivências práticas
extracurriculares em Educação Física escolar, sendo minhas primeiras experiências
os estágios supervisionados I e II, percebi a necessidade de buscar através da
pesquisa o complemento para minha formação.
De acordo com Lampert (2000, p.96), tem conceito de pesquisa: “o ato ou
efeito de investigar, uma indagação ou busca minunciosa para averiguação da
realidade, inquirição e ainda uma investigação e estudo, minudentes e sistemáticos,
com o fim de descobrir ou estabelecer fatos ou princípios relativos a um campo
qualquer de conhecimento”.
Sabemos que a universidade tem papel importante nesta formação, pois é
através do grupo docente que aprendemos o caminho norteador, facilitando nosso
trabalho na busca pelo conhecimento e garantindo condições de aprendizagem e
pesquisa.
Nesta perpectiva, Kanitz (2000 p.21) afirma que “o principal papel da
universidade hoje é levar o graduando a apreender a pensar e tomar decisões.”
9
Através desta pesquisa, busco conhecer se as vivências práticas extracurriculares
serão o diferencial na formação acadêmica. Saber das dificuldades encontradas nos
estágios supervisionados, o nível de conhecimento profissional do acadêmico com
maior vivência prática, e o caminho para consolidação da Educação Física na
percepção dos entrevistados.
A metodologia utilizada nesta pesquisa tem uma abordagem qualitativa do
tipo estudo de caso, caracterizada pela presença intensiva do pesquisador. Os
participantes deste estudo foi composto por sete acadêmicos do curso de Educação
Física do Centro Universitário La Salle, do oitavo semestre que cursaram ou estão
cursando a disciplina de estágio supervisionado II em 2007/1.
Para coleta e análise de dados foi utilizada a entrevista semi-estruturada com
cinco questões associadas ao assunto; as entrevistas foram gravadas, transcritas na
íntegra, favorecendo assim a compreensão e interpretação dos dados através das
unidades de significados para posterior análise. Para manter o sigilo dos
participantes, de acordo com o termo de consentimento, foi-lhes dado um número
de um a sete. A interpretação se dará pela revisão de literatura, respostas obtidas
nas entrevistas e análise dos dados.
10
2 METODOLOGIA
Esta pesquisa é de cunho qualitativo do tipo estudo de caso. Descreverei
nesta sessão os referenciais teórico-metodológicos que conduziram esta
investigação.
2.1 Pesquisa Qualitativa
Caracteriza-se por identificar diferenças entre objetos, este tipo de
investigação busca compreender um universo de significados obtidos através das
entrevistas.
Os métodos de investigação qualitativa pressupõem uma abordagem
diferenciada também no que se refere aos instrumentos de coleta de informações.
Eles devem ser colocados dentro de outra perspectiva, que não aquela que serve de
modelos matemáticos. (TRIVIÑÖS; MOLINA NETO, 1999, p.61)
Segundo Thomas e Nelson “A pesquisa qualitativa é caracterizada pela
presença intensiva do pesquisador. As ferramentas de coleta de dados são:
observação, entrevistas e instrumentos projetados pelos pesquisadores.” (THOMAS,
NELSON, 2002, p.35)
11
2.2 Estudo de caso
De acordo com Cauduro (2000, p. 22) defini estudo de caso como “estudo
profundo e exaustivo de um ou poucos objetos, pessoas, de maneira a permitir o seu
amplo e detalhado conhecimento.”
No âmbito educativo, “o estudo de caso qualitativo pode ser definido como um
processo que tenta descrever e analisar em termos complexos e compreensivos,
que se desenvolve durante um período de tempo.” (MOLINA, ROSANE; apud
TRIVINÕS, MOLINA NETO, 1999, p.96)
A partir desta metodologia procuro identificar e compreender no conteúdo
estudado as categorias e subcategorias de minha pesquisa.
2.3 Participantes
Os colaboradores deste estudo foi composto por sete acadêmicos do curso
de Educação Física do Centro Universitário La Salle, do oitavo semestre que
cursaram ou estão cursando a disciplina de estágio supervisionado II em 2007/1.
Os participantes foram comunicados previamente sobre o estudo e todos
assinaram um termo de consentimento.
2.4 Instrumentos de Coleta das informações
Os instrumentos utilizados para a coleta de dados da pesquisa foram
entrevistas semi-estruturadas com os acadêmicos e análise de conteúdo.
12
2.4.1 Entrevista semi-estruturada
A entrevista quando bem estruturada, constitui um excelente meio de
investigação associado a outros métodos.
Segundo Triviños
Uma entrevista semi-estruturada é quando o instrumento de coletaestá pensado para obter informações de questões concretas,previamente definidas pelo pesquisador, e, ao mesmo tempo, permiteque se realize explorações não-previstas, oferecendo liberdade aoentrevistado para dissertar sobre o tema ou abordar aspectos quesejam relevantes sobre o que pensa. (1999, p.74).
As entrevistas foram gravadas, transcritas na íntegra, favorecendo assim a
análise e interpretação dos dados.
2.4.2 Análise de Conteúdo
Análise de conteúdo ou revisão de literatura são instrumentos que
possibilitam a coleta de outras fontes de informação.
A análise de conteúdo pode ser realizada com fim descritivo ou inferencial,
cujo propósito é descrever e explicar as idéias sobre determinado assunto.
(NEGRINI apud TRIVIÑOS, 1999, p.79)
Os instrumentos utilizados nesta pesquisa como fonte de informação para
interpretação e análise foram: entrevista semi-estruturada e revisão de literatura.
13
2.5 Justificativa
O saber profissional em Educação Física, que sempre esteve em debate na
universidade, motivaram-me a pesquisar o conhecimento profissional do acadêmico
na área de Educação Física, analisando a importância das atividades práticas
durante a graduação.
As dificuldades pessoais que encontrei, e as limitações que precisei superar
durante as práticas supervisionadas de ensino, levaram-me a pesquisar de que
forma as vivências complementares poderiam de alguma forma aprimorar meu
conhecimento.
2.6 Problema de Pesquisa
Em quais aspectos as atividades não curriculares, sejam elas supervisionadas
ou não, aprimoram o conhecimento na formação acadêmica dos entrevistados?
2.7 Objetivos
����������� � ��������� � ������� � ���� � �êmicos nos estágios
supervisionados.
��������� � ����������� � ������� ��ão complementares na formação
do acadêmico.
������� ��� � � �êmicos quais intervenções são mais importantes na
preparação profissional, os estágios supervisionados ou atividades práticas
livres de orientação.
14
3 REVISÃO DE LITERATURA
3.1 Histórico da Educação Física
Para que se compreenda o momento atual da Educação Física é necessário
considerar suas origens no contexto brasileiro, abordando as principais influências
que marcam e caracterizam esta disciplina e os novos rumos que estão se
delineando.
No século passado a Educação Física esteve estreitamente vinculada às
instituições militares e a classe médica. Com o objetivo de melhorar a condição de
vida, muitos médicos assumiram uma função higienista e buscaram modificar os
hábitos de saúde e higiene da população. A Educação Física, então, favorecia a
educação do corpo,
Dentro dessa conjuntura, as instituições militares sofreram influência da
filosofia positivista, o que favoreceu que tais instituições também pregassem a
educação do físico. No ano de 1851 foi feita a Reforma Couto Ferraz, a qual tornou
obrigatória a Educação Física nas escolas do município da Corte.
Em 1882, Rui Barbosa deu seu parecer sobre o projeto 224 – Reforma
Leôncio de Carvalho, Decreto nº. 7247, de 19 de abril de 1879, da Instrução Pública.
“Defendendo a inclusão da ginástica nas escolas e destacando sua importância
15
como um exercício primordial para que construíssemos um povo mais forte,
saudável e educado moralmente”. (NEUENFELDT; CANFIELD, 2000, p.23)
Em 1929, na III Conferência Nacional da Educação, profissionais discutiram
métodos e práticas e os problemas relativos a Educação Física, que neste período
era baseada nos métodos europeus – o sueco, o alemão, e posteriormente o francês
– firmando-se em princípios biológicos. Na década de 30, no Brasil dentro de um
contexto histórico e político mundial, com a ascensão das ideologias nazistas e
fascistas, o exército passou a ser a principal instituição a comandar um movimento
em prol do ideal da Educação Física que se mesclavam os objetivos patrióticos e de
preparação militar.
Em 1937, na elaboração da Constituição, é que se fez a primeira referência à
Educação Física, em textos constitucionais federais, incluindo-a no currículo como
prática educativa obrigatória, porém não como disciplina curricular. Na promulgação
da lei de Diretrizes e Bases da Educação ficou determinada a obrigatoriedade da
Educação Física para o ensino primário e médio.
Após 1964, a educação de um modo geral, sofreu as influências da tendência
tecnicista. Era a época da difusão dos cursos técnicos profissionalizantes, com isso
em 1968, com a Lei nº. 5540, a Educação Física teve seu caráter instrumental
reforçado, sendo considerado uma atividade prática, voltado para o desempenho
técnico e físico do aluno.
Na década de 80 houve um novo rumo nas políticas educacionais na
Educação Física escolar, tendo como enfoque o desenvolvimento psicomotor do
aluno. Também surgiram neste período os primeiros cursos de pós-graduação em
Educação Física, o retorno de professores doutorados que estavam fora do Brasil, e
aumento das publicações de livros e revistas científicas. Com vista disso a Lei de
Diretrizes e Bases de 1996 determina:
A Educação Física, integrada a proposta pedagógica da escola, écomponente curricular da Educação Básica, ajustando-se às faixasetárias e as condições da população escolar, sendo facultativa noscursos noturnos. ( NEUNFELDT; CANFIELD, 2000, p.23)
16
Atualmente a existência de algumas abordagens para a Educação Física
Escolar no Brasil, resulta na articulação de diferentes teorias psicológicas,
sociológicas e filosóficas, ampliando o campo de reflexão sobre a área e
fortalecendo e sua importância no meio social.
3.2 Vivências Práticas no Ensino Extracurricular
Assim como os demais profissionais, todos nós sabemos o que fazemos bem,
o que realizamos satisfatoriamente, e o que precisa ser melhorado.
Vivenciar a realidade escolar na prática seria hoje tão importante, quanto à
vida acadêmica na Universidade. Sabemos do papel crucial que ela exerce
enquanto responsável pela formação acadêmica dos estudantes. Segundo Fiori
(1992, p.44), “A Universidade é o centro máximo da conscientização do processo
cultural”. Aproximar cada vez mais a teoria da prática, mostra a realidade escolar
que o aluno deverá enfrentar antes dos estágios curriculares.
Nesta perspectiva Kosik (1976, p.10) afirma para a importância do
conhecimento da realidade onde o aluno “exercita sua atividade prático-sensível,
sobre cujo fundamento surgirá a imediata intuição prática da realidade.’
Na visão de Okuma (apud GHILARDI1996, p.7) sobre as vivências práticas na
formação do profissional de Educação Física, ela nos apresenta que “tão importante
quanto a aquisição do conhecimento, são as vivências práticas à medida que tais
vivências forneçam subsídios necessários para que o graduando aprenda a lidar
com pessoas e possa conduzir sua ação profissional num nível de excelência.”
Não se trata de valorizar mais um tipo de conhecimento em detrimento a
outro, ocorre de equalizar a construção do conhecimento de forma diversificada,
reconhecendo a importância de ambos para a formação acadêmica, conforme
17
fundamenta Giroux (1997, p.82): “a teoria, no sentido mais geral, é essencial para
quase todas as etapas do pensamento, não apenas porque nos ajuda ordenar e
solucionar os dados, mas também porque nos fornece os instrumentos conceituais
com os quais questionar os próprios dados.”
As reformas curriculares que têm acontecido, já apontam para essa realidade,
com a criação do Bacharelado na maioria das instituições de ensino, visando
diferenciar as atividades do profissional da Educação Física, da área escolar,
daquele com um novo perfil profissional voltado ao programa de atividades físicas,
clubes, academias, empresas, personal trainners. Esta reforma tem como finalidade
a compreensão do processo político-pedagógico da escola pelo licenciado, e a
valorização da prática voltada aos esportes pelo Bacharel em Educação Física.
3.3 Formação de Professores em Educação Física
Todos nós sempre que começamos algo novo, temos inicialmente inúmeras
idéias de continuidade em benefício de nossa formação. Devemos ter como idéia
principal uma prática pedagógica voltada para a educação e cidadania através da
Educação Física.
Seja qual for a teoria, ou a área aplicada deste ensino, ela perderá seu valor
se não forem entendidos os princípios desta formação e das tendências
pedagógicas aplicadas.
Para Castro (apud NEIRA 2003, p.185), “o ensino se justifica como atividade
autônoma e intencional, ato complexo que pode incluir ações observáveis e
operações mentais, visando a aprendizagem.” Através desta abordagem, vemos a
importância de sabermos a razão do nosso ensino ou prática desenvolvida, pois
ficaria sem sentido ficarmos um longo tempo na Universidade, e depois aplicarmos
nosso conhecimento sem compreender os conceitos e mecanismos que justifiquem
seu propósito.
18
Colaborando neste sentido Tani diz:
Princípios fundamentais, conceitos teóricos básicos e estratégias deensino flexíveis constituem instrumentos indispensáveis que auxiliamos profissionais, senão a solucionar, ao menos a formular melhorseus problemas práticos. (1999, p.15)
Em outra abordagem Piaget (apud NEIRA, 2003, p.196) afirma:
Que o ensino em todas as suas formas, levanta três problemascentrais: finalidade do ensino, conteúdos ensinados e conhecimentodo desenvolvimento mental para elaborar meios adequados para aformação educativa, cuja solução está longe de ser conhecida eacerca dos quais falta inclusive, perguntar como serão resolvidos sema colaboração dos mestres ou de uma parte deles.
Nesse pressuposto verificamos alguns componentes possíveis na formação
dos futuros profissionais de Educação Física, e porque devemos conciliar nossos
conhecimentos teóricos adquiridos na Universidade, com as vivências durante nossa
formação.
Abordando está questão, o Parecer CNE/CP 28/2001, expõe:
A prática como componente curricular é, pois, uma prática que produz algono âmbito do ensino. Sendo a prática um trabalho consciente(...) ela teráque ser uma atividade tão flexível quanto outros ponto de apoio do processoformativo, afim de dar conta dos múltiplos modos de ser da atividadeacadêmico-científica. Assim, ela deve ser planejada quando da elaboraçãodo projeto pedagógico e seu acontecer deve se dar desde o início daduração do processo formativo e se estender ao longo de todo o seuprocesso. Em articulação intrínseca com o estágio supervisionado e comatividades de trabalho acadêmico, ela concorre conjuntamente para aformação da identidade do professor como educador.
Essas práticas visariam fortalecer a percepção do futuro profissional, sobre a
organização e planejamento escolar, a cultura escolar, esportiva, artística, lúdica e
educacional.
Outro ponto que deve ter relevância na formação acadêmica, são os trabalhos
de pesquisa realizados durante a graduação. Como concepção de pesquisa
19
devemos pensar na produção de conhecimento a ser aplicado em diferentes fases
da graduação e diferentes disciplinas. (FREIRE; REIS, 2002, p.44)
Enfatizar a importância da participação acadêmica em trabalhos de iniciação
científica, ou qualquer evento semelhante existente na universidade, em alguma
oportunidade durante o período de graduação poderá trazer contribuições diretas
para a valorização profissional e desenvolvimento do aluno. Tradicionalmente a
exigência de pesquisa ocorre apenas nos trabalhos de conclusão de curso.
Além disso, essa participação contribui para a produção de conhecimento e
preparação profissional. Preferencialmente estas pesquisas devem ser originadas na
área específica de interesse do acadêmico, assim ele poderá colocar em prática os
conhecimentos produzidos em seu meio de trabalho ou intervenção.
Observando estas condições, poderemos disseminar e valorizar nossas
práticas antecipando-se as constantes atualizações que a sociedade atual exige.
3.4 Estágios Curriculares na Formação de Professores
Os estágios curriculares fazem parte de uma importante etapa na promoção
do desenvolvimento acadêmico. Neste período buscamos formar uma base sólida de
aprendizagem e, ainda, superar o distanciamento entre o conhecimento teórico do
prático. Em outro entendimento podemos definir estágios curriculares como
integração entre a teoria veiculada no curso de graduação e os conhecimentos
advindos da observação e participação em situações reais de trabalho. (SILVA,
2003, p.1)
Os estágios profissionalizantes em qualquer área profissional seguem aseguinte orientação:
São regulamentados pela Lei nº. 6944 de 07/12/1977 e pelo DecretoLei nº. 87497 de 18/08/1982, devendo propiciar a complementação doensino e da aprendizagem e ser planejados, executados,acompanhados e avaliados em conformidade com os currículos,programas e calendários escolares. Além disso, envolvem atividadesde aprendizagem social, profissional e cultural, proporcionadas ao
20
estudante pela participação em situações reais de vida e trabalho deseu meio. (MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO, 2002)
Quando iniciou-se estudos para novas diretrizes curriculares, (SILVA, 2003,
p.3), assinalou que um aspecto importante referente aos estágios curriculares,
afirmando que:
“[...] se outrora, a prática de ensino podia ser desenvolvida sob a forma de
Estágio Supervisionado, agora Prática e estágio reapresentam momentos distintos,
ou seja, passam a ser cumpridos pelos alunos em duas modalidades: as práticas
pedagógicas e o estágio profissional supervisionado.”
Podemos concluir do referencial de Silva (2003), acima citado que, os
estágios profissionais supervisionados aproximam o acadêmico da sua futura
realidade profissional, favorecendo novas descobertas, aplicar os conhecimentos
que já detém, e abrem o caminho para a futura identidade profissional.
3.5 Especialização do Professor de Educação Física
Temos acompanhado uma sistemática preocupação com o desenvolvimento
do país, com geração de riquezas, aumento do Índice de Desenvolvimento Humano
(IDH), diminuição do desemprego. Para que isso aconteça devemos pensar na
especialização dos professores que serão os responsáveis por esse crescimento. “A
formação especializada de professores é tida como um certo caminho em direção ao
desenvolvimento do país e conseqüente preparação dos cidadãos.”(OLIVEIRA 2000
apud ALVES, 2005, p.35)
Assim como desejamos uma sociedade com elevado nível de conhecimento
científico, cultural e social, nós professores de Educação Física devemos nos
preocupar em formar um conhecimento cada vez mais abrangente e especializado.
Denominada formação continuada, ou formação continuum do educador, ela
envolve todas as aprendizagens decorrentes da atualização permanente, das
21
experiências profissionais vivenciadas, associadas ou não aos cursos de atualização
em nível de lato ou scricto sensu, que ampliam a formação inicial. Tais cursos se
caracterizam como um importante caminho para o desenvolvimento e
complementação dos conhecimentos adquiridos na formação universitária. Por isso,
segundo (VEJA, 2002, p.16) acredito que “a formação não se conclui, ela é
permanente.”
Entre as contribuições que os cursos de especialização, além do
desenvolvimento de conhecimentos, atitudes e habilidades, eles seguem duas
tendências que serão determinantes na formação do educador. O aprimoramento da
formação universitária, mesmo sendo de excelente nível, precisa de uma nova linha
de pensamento e reflexão responsável pela ampliação do conhecimento e fornecer
uma visão mais crítica das atividades docentes. E seguindo com a formação do
professor pesquisador, pois a pesquisa poderá trazer ao professor melhores
condições de compreender a atuação e intervenção em sua área de trabalho.
3.5.1 Competências do Professor
Muito discutido durante a formação acadêmica, as competências profissionais
do professor de Educação Física, ainda não possuem em parte da sociedade
respaldo e clareza de seus objetivos e benefícios que definam a disciplina como
área importante do conhecimento. Podemos constatar tais fatos, com a própria Lei
de Diretrizes e Bases, que elaboram artigos que possibilitam aos alunos a dispensa
da Educação Física em muitas oportunidades, contribuindo para a abstenção nestas
aulas.
Outro fato é a diminuição da carga horária da disciplina de Educação Física
em algumas escolas, tornando o trabalho do professor limitado dentro da escola.
Alheio à restrição do nosso espaço na escola, o professor deve: “Trazer às claras,
22
competências que podem apontar caminhos seguros sobre sua ação na pós-
modernidade.” (VEJA, 2000, p.23)
No momento atual devemos destacar a competência profissional, pessoal e a
responsabilidade social, atividades essenciais para superar as incertezas e a
restrição do espaço da Educação Física na escola. Nesta perspectiva a formação
profissional contempla um conjunto de saberes assimilados no período acadêmico,
que proporcionam ao professor um saber clássico e científico complementado
através da prática pedagógica. Por sua relevância, podemos afirmar que esta
competência formará a base de todo o conhecimento, será a partir disso criar
caminhos para novas formas de atuação, com criatividade e planejamento de nossas
ações. Conforme Vega (2000, p.25) “Buscar novas alternativas para os problemas
que se apresentam no dia-a-dia, não deixe que aulas monótonas tomem conta do
seu fazer pedagógico.”
Nas relações pessoais, promover a formação integral dos alunos através de
estilo de vida saudáveis, da afetividade, estabelecendo vínculos que aproximem os
alunos dos professores, para que eles possam expor seus anseios, suas dúvidas
pois é na escola que a maioria deles tem a oportunidade de esclarecer temas como
sexualidade, drogas, atualidades, ética.
Lidar com estes aspectos em casa ainda pode haver algum tipo de barreira,
preconceito ou inibição. Portanto cabe ao professor paciência para ouvi-lo e
confiança para orienta-lo com responsabilidade.
Conforme Mosquera e Stöbaus
Ouvir os outros e aprender a vê-los como são realmente éfundamental para as relações interpessoais, em especial para osprofessores, que devem de estar muito atentos e poder, assim, agirmelhor na realidade. (2001, p.97)
No segmento da sociedade, a Educação Física tem a seu favor, um amplo
sentido de atuação, pois tem a formação do ser humano seu eixo norteador de
estudo. Vemos neste meio a possibilidade de construir uma sociedade mais justa,
23
respeitando as diferenças sociais, a cultura, a liberdade de expressão, livre da
discriminação, atuando com ética e boa regra de convivência. Como cita Delors
(1999, p.19): “Trata-se de aprender a viver juntos, desenvolvendo o conhecimento a
cerca dos outros, da sua história, tradições e espiritualidade.”
24
4 ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS
Neste capítulo será destinado a descrição e interpretação dos resultados
extraídos da análise. A partir da unidade de significados foram encontradas três
categorias e subcategorias denominadas:
�������ão de Planejamento Escolar, como subcategorias, consistência do
ensino e participação ativa dos alunos.
�������� ���������� �������ão Física Escolar, como subcategorias,
adaptação frente à realidade escolar e dificuldades encontradas nos estágios.
������� �� �� �����ão profissional, tendo a área da especialização e
valorização da pesquisa, as subcategorias obtidas.
Vemos nesta abordagem, que as atividades extracurriculares podem sugerir
idéias muito mais abrangentes que a formação da experiência. Surgem aspectos
importantes como a preocupação com o futuro da Educação Física, superar
dificuldades no meio escolar, e especialização continuada do professor.
Relataremos a seguir a análise destas categorias.
4.1 Elaboração do Planejamento Escolar
Com participação mais atuante em atividades extracurriculares ou apenas em
25
trabalhos de observação, foi unânime na fala dos entrevistados, que o planejamento
escolar passou a ter um caráter fundamental para a qualidade do ensino. Esta visão
da prática pedagógica deverá trazer uma nova compreensão dos fundamentos a
serem aplicados na escola, contemplando várias áreas do conhecimento.
Segundo participante 5
Eu pesquisava muito em livros meus planos, pois eu tinha que aplicaras atividades com algum objetivo, ás vezes eu pegava uma atividadee planejava de acordo com a realidade e limitações da turma, comraras exceções eu alterava o plano durante a aula.
Nesta linha de pensamento, podemos definir que o objetivo de um planejamento
bem elaborado poderá ter várias finalidades e benefícios.
De acordo com Santos (2002, p.68)
A Educação Física tem várias finalidades, mas para que possadesempenhar seu papel em qualquer uma das concepções, seuprofissional precisa demonstrar domínio da sistematização,organização e aplicação dos seus conteúdos teóricos e práticos.Assim seria mais fácil convencer as pessoas a usufruí-los como umaeducação permanente, devendo a alegria e satisfação pessoal serdas principais razões para permanecerem gostando das atividadesque envolvam o exercício corporal.
4.1.1 A Consistência do Ensino
Através da experiência da prática docente, os entrevistados 1, 3, 4, 6, 7
procuram identificar e desenvolver uma prática pedagógica mais consistente, que
favoreça o exercício de um ensino com qualidade e esteja em sintonia com a
realidade dos alunos, facilitando a compreensão dos fenômenos e linguagens
corporais, o pleno desenvolvimento do educando, adotando atitude de solidariedade
que possibilitem a expressão dos sentimentos, afetos, emoções e a formação de
elementos necessários à atuação cidadã.
26
Participante 1
“Minha grande preocupação era elaborar uma aula em que todos
participassem, que ninguém ficasse de fora, e que aprendessem, essa era uma
preocupação minha nas aulas, e que não fosse apenas uma aula.”
Participante 4
Quando trabalhava com crianças, nas séries iniciais, eu sempre faziacírculos, criava uma história para facilitar o entendimento, colocavaarco, cordas, cones [...] isso facilitava o objetivo do trabalho que eradesenvolver a lateralidade, orientação espacial, desenvolvimentomotor, atos reflexos.
Participante 3
Quando fiz parte de uma equipe de recreação infantil, este foi o meuprimeiro contato com crianças e também onde tive minhas primeirasorientações práticas de atuação fora da Universidade. Essassituações de vida e trabalho me mostravam naquele momento, ogrande desafio que tinha pela frente, o crescimento profissional, poisdesconhecia as etapas de aprendizagem das crianças, havia maisera um passatempo, sem intervenções que beneficiassem de formaliteral o desenvolvimento psicomotor das crianças.
Participante 6
[...] aqui na Universidade eu ajudei um professor no laboratório depsicomotricidade, e foi meu primeiro contato com alunos e umaexperiência gratificante, daí percebi que meu caminho era trabalharcom crianças, participei de outro laboratório de psicomotricidadenuma escola onde passei a trabalhar depois. Aplicando asexperiências adquiridas neste período.
Participante 7
“[...] eu acho que o profissional não pode só chegar lá e dar a bola, pra isso
ele não precisaria ficar quatro, cinco anos estudando na Faculdade.”
Percebemos que os participantes pretendem fortalecer a imagem da
Educação Física, construindo um corpo de conhecimento com fundamentação
27
teórico acadêmicos que possibilitam aplicar na prática um ensino de qualidade e
competência. Para Oliveira (2000, p.27)
[...] é preciso que a Educação Física selecione seus valoresespecíficos, inerentes a seus objetos de estudo, justificando seupapel de componente curricular propriamente dito, com objetivoclaramente definido em termos de sua unidade.
4.1.2 Participação Ativa dos alunos
É um aspecto muito importante nas aulas de Educação Física a participação
dos alunos. Quantas vezes chegamos a escola, elaboramos nossa aula e ao colocar
em prática, sempre observamos aqueles alunos que preferem não participar das
aulas.
Manter estes alunos interessados em nossa proposta de trabalho, é um item
fundamental que devemos superar com nossa criatividade nas aulas aplicadas.
Vemos na opinião dos entrevistados.
Participante 1
Em certa oportunidade tive que retirar um aluno da aula, pois ele nãoestava participando com os outros, não participava porém atrapalhavaos demais alunos. Conversando com ele depois ele entendeu minhaatitude, passei pequenas responsabilidades a ele, me ajudar a buscarmaterial, demarcar a quadra, e isso fez com que ele se sentisse maisútil nas aulas.
Participante 2
Eu estabelecia um vínculo com os alunos, formando líderes que meajudavam a trabalhar com a turma [...] estabelecia meus planos ecaso eles participassem de todas as atividades propostas, teriam dezminutos no final da aula para atividades livres.
28
Participante 6
[...] com o passar do tempo parecia que éramos como amigos, asaulas começaram a ficar mais dispersas, descontraídas, bom depoiseu comecei a exigir mais dos alunos. Tive que conversar, explicartudo novamente o objetivo do trabalho, e exigir mais seriedade nasaulas.
Participante 4
Dei aulas para as séries iniciais, 1º a 4º séries, as poucas dificuldadesforam a dispersão das crianças, elas demoravam um pouco parafazer as atividades, e organizar as crianças para que elasparticipassem das atividades propostas.
Conhecer, envolver-se cada vez mais com as dificuldades observadas nos
alunos, estar próximo deles, criar oportunidades para que eles possam demonstrar
seus talentos, estabelecer vínculos e possibilitar aos alunos o envolvimento integral
na elaboração do próprio desenvolvimento, descentralizando o conhecimento
apenas no professor e a transmissão aos alunos de soluções já prontas e definidas,
favorecendo as reflexões e descobertas aos alunos.
Assim como a prendemos na Universidade, onde aos poucos estamos
deixando de ser apenas ouvintes e passamos a ter uma atitude mais ativa no
processo de nossa formação. Afirma Neira (2003, p.167).
Novos modelos de conceber o ensino e a aprendizagem supõem umanova atitude por parte dos professores, dos alunos e toda a equipeescolar. Requerem ainda um clima favorável a mudança, altamentemotivador tanto para o professor quanto para o aluno e, acima detudo, um ambiente facilitador, sem pressões nem constrangimentos,em que o medo de errar, a tensão inevitável e a competição cedemlugar para o companheirismo, a lealdade, a solidariedade e o desejode contribuir pra uma grande causa: a educação.
29
4.2 Superar dificuldades na Educação Física Escolar
Informações coletadas nas entrevistas mostraram que, assim como outras
áreas profissionais, a Educação Física enfrenta situações difíceis no meio escolar.
Espaços limitados para a prática da Educação Física, carência de recursos
materiais, principalmente nas escolas públicas, muitas vezes tendo que conviver
com a aspereza do cotidiano escolar, diante destas condições adversas o professor
se vê obrigado a buscar caminhos necessários para lidar com estes conflitos.
Tal situação é evidenciada principalmente no aspecto comportamental de
alguns alunos, das diferenças sociais, e do pouco interesse dos familiares com o
crescimento educacional destas crianças deixando-os fazer as coisas sem intervir
não demonstrando o que é certo e errado.
Neste contexto a escola é que acaba ficando com a educação integral destas
crianças, o que acaba gerando uma carga de responsabilidade enorme e
desgastante para os professores.
Podemos observar nestas entrevistas, a realidade que o acadêmico poderá
encontrar nos estágios ou atividades extracurriculares, e que às vezes passam
despercebidos no momento da graduação.
Participante 1
“Eu participei numa observação em Canoas, onde via as crianças de chinelo,
sem material ou uniforme adequado, no frio. Não havia condições de ter aulas de
Educação Física.”
Participante 7
[...] neste estágio eu pensei que ia desistir, porque foi um grandedesafio, eu fiz numa escola bem carente do bairro Bom Jesus emPorto Alegre. Na comunidade havia o tráfico de drogas, queindiretamente acabava envolvendo algumas crianças, eu tive muitadificuldade de dominar a turma tanto que um dia quase chorei, oprofessor interviu porque eles não me respeitavam.
30
Este enfrentamento com a realidade, mostra que o processo de formação
também acontece com as adversidades, numa concepção totalmente diferente
daquela idealizada dentro da Universidade.
Kosik (1976, p.10) “destaca a importância do conhecimento da realidade onde
o sujeito pratica sua atividade prático sensível, sobre cujo fundamento surgirá a
imediata intuição prática da realidade.”
4.2.1 Adaptação Frente à Realidade Escolar
A Educação Física faz parte da escola, e sua importância cada vez mais
incontestável traz uma adorável e benéfica alegria nas instituições. Para continuar
com estes objetivos ela deve sobretudo, manter-se atualizada mas sem perder sua
especificidade. As crianças quando chegam à escola querem divertir-se, brincar,
viver com intensidade atividades corporais e artísticas dentro das suas
possibilidades e limitações.
A adoção de uma nova postura frente à realidade escolar estabeleceu novas
idéias que abrem alternativas para o enfrentamento e criem soluções para que as
aulas não se tornem monótonas e repetitivas, ampliando o horizonte dos alunos para
afirmações e saberes.
Vejamos as alternativas apresentados pelos entrevistados
Participante 1
“[...] minhas atividades extracurriculares foram observações em escolas
estaduais e municipais, com escassez de recursos materiais [...] daí vemos a
necessidade do professor adapta as aulas a realidade de cada escola.”
31
Participante 4
A importância da diversidade de atuação, facilita a aplicação dosconhecimentos, pois na hora do trabalho depois de formado, essaspráticas ajudam a criar brincadeiras, jogos dependendo da faixaetária, em escolas, uso de materiais alternativos, criatividade paraelaborar as atividades, pois na maioria das escolas públicascontamos com poucos materiais.
Participante 7
“Foram oito aulas, as cinco primeiras foram difíceis, daí as três últimas foram
melhores, a gente se acostumou com a convivência, eu mudei minha estratégia, a
partir da sexta aula passei a exigir mais dos alunos, então foram as melhores aulas.”
Este diferencial corresponde a uma nova ação pedagógica que os
entrevistados utilizam na elaboração de seus planos para driblar as dificuldades.
Como afirma Cunha (1991, p.65) “a linguagem do saber deve corresponder a
linguagem da ação.”
Também houve casos em que os entrevistados vivenciaram em suas
atividades práticas situações em que não conseguiram intervir potencialmente na
inversão das adversidades.
Participante 6
Eu usava muito nos estágios as aulas de atividades pré-desportivas,elas eram uma base para meu estágio onde eu aplicava com meusalunos, ás vezes não davam muito certo, então eu conversava com oprofessor da disciplina sobre como deveria proceder nestassituações.
Participante 3
Sempre organizava os conteúdos a serem aplicados com a turma,porém ao coloca-los em prática acontecia sempre algo inesperado,haviam desistências, alunos sem interesse, situações que por fimacabavam desmotivando os demais alunos.
32
Ao se envolver em situações como esta o aluno deverá ter a clareza dos
desafios a superar, eliminando aspectos negativos que interfiram em sua prática
pedagógica, mobilizando recursos para enfrentar imprevistos do cotidiano
profissional.
Entre estes recursos está a elaboração de atividades associadas as
dimensões cognitivas, afetivas e psicomotoras do comportamento humano, que
compreendem as dimensões conceituais, que são os conhecimentos sobre
conceitos e princípios; os procedimentais que constituem o saber fazer e por último
as normas, valores e respeito a si e aos outros denominados atitudinais.
A utilização destes conteúdos em Educação Física compõem um conjunto de
conhecimentos necessários para o desenvolvimento das diferentes potencialidades
do aluno. É fundamental para nós professores, o conhecimento dos conceitos,
procedimentos e atitudes pois favorecem a integração entre saber, fazer e ser,
atividades necessárias aos processos de desenvolvimento humano.
4.2.2 Dificuldades Encontradas nos Estágios
Com o relato dos entrevistados, estabeleceu-se através da análise desta
subcategoria uma relação entre alguns fatores que resultaram nas dificuldades
enfrentadas por alguns acadêmicos nos estágios .
A maior dificuldade observada está em manter o domínio e atenção sobre a
turma. Formar um espírito de liderança que cative a confiança dos alunos, poderá
ser adquirido através de uma facilidade natural de lidar com os alunos ou na
preparação profissional, contemplando as necessidades do aluno e suas reações.
Tani apud Guilard (1998, p.8) concorda “que as vivências práticas são
importantes para aquisição da capacidade de lidar com as pessoas, no entanto ele
acredita que tal capacidade é adquirida ao longo do exercício da profissão.”
33
Observando a fala dos entrevistados 1, 3, 7 sobre as dificuldades
encontradas.
Participante 1
“[...] dificuldade que eu tive foi de elaborar meus planos de aula de acordo
com a turma, conforme eles gostavam, eles eram muito agitados, pois não sabia até
que ponto poderia exigir comprometimento deles.”
Participante 3
“Minha maior dificuldade foi o domínio sobre a turma durante as atividades [...]
insistia na continuidade do plano, onde melhor seria ter alterado, ou seja fazer algo
novo que despertasse o interesse dos alunos naquele momento.”
Participante 7
“[...] eu tive muita dificuldade de dominar a turma, tanto que um dia quase
chorei, [...]”
Em contrapartida os participantes 2, 4, 5, 6 em seus relatos encontraram
mínimas ou quase nenhuma dificuldade em seus estágios.
Participante 2
Pra minha surpresa eu me considerei uma ótima professora, tantopara os alunos como para a professora titular, eu me surpreendi poiseu não encontrei dificuldade [...] quando eu tinha dúvidas sempre aprofessora me ajudava com livros e material de pesquisa da própriaescola.
34
Participante 4
“[...] como dei aulas para as séries iniciais, as poucas dificuldades foram as
dispersões das crianças, a única dificuldade em si foram organizar as crianças para
que participassem das atividades propostas.”
Participante 5
Meus estágios foram muito bons, eu fiz numa instituição particular e aprofessora titular foi fundamental para elucidação de qualquer dúvida,eu sempre mostrava os planos para ela e para a professoraorientadora de estágio, e ela estava sempre presente, as criançastambém colaboravam, talvez devido a professora estar semprepróximo da gente. Mesmo com essa proximidade nunca houveinterferência nas aulas.
Participante 6
“Eu não tive muita dificuldade em estágios, pois eu fiz estágio na escola onde
trabalhava há três meses, não é que eu não tive dificuldade, elas foram minimizadas,
pois a criançada já tinham sido meus alunos no ano anterior.”
Os acadêmicos atribuem este bom desempenho ao correto planejamento das
atividades de aula com conteúdos bem elaborados, observando os recursos
disponíveis, tempo de aula e criatividade.
4.3 Interesse na Formação Pessoal
Esta categoria tem sido pautada pelos acadêmicos como um eixo de trabalho
que personaliza a atuação do professor no seu campo de intervenção. Eles
entendem que a formação do professor, que educa, inova e transforma, nunca
poderá ter um limite no exercício da profissão.
Entendo que a sobrevivência da profissão, assim como em qualquer outra
atividade, seja ela empresarial, comercial ou tecnológica deve seguir uma constante
35
evolução. Precisamos inovar para crescer e só conseguiremos isso com modelos de
trabalho atualizados e consistentes.
Tani (1998, p.4) afirma “que o não desenvolvimento de um corpo de
conhecimentos capaz de dar uma sustentação acadêmico-científica à prática
profissional coloca em cheque não só a autenticidade mas também a própria
sobrevivência.”
4.3.1 Área de Especialização
Defender o espaço da especialização é construir a própria identidade e
autonomia. Ciente disso, os acadêmicos cada vez mais destacam o valor deste
investimento, e a Universidade vem abrindo mais oportunidades para que o
acadêmico após a sua formação inicial na graduação, evite distanciar-se do
continuum ou formação continuada.
As declarações os entrevistados 4, 5, 6, 7 indicam uma percepção favorável a
está iniciativa.
Participante 4
A instituição que concede o estágio, a partir da observação do teutrabalho poderá renovar o período de estágio e até haver a efetivaçãona escola, se o acadêmico estiver bem preparado, que também podeser complementado num projeto de especialização.
Participante 5
“É importante vivenciarmos as diferentes áreas da Educação Física, tanto
academia, área escolar, de treinamento físico, pra depois quando tiver perto da
graduação saber que linha irá seguir para trabalhar ou especializar-se.”
36
Participante 6
“Elas são fundamentais, por causa se tu não tiver estas etapas experimentais,
tu não vai saber ao certo o caminho que tu queira seguir, ou especializar-se [...] pra
mim foi onde abriu as portas do aperfeiçoamento dentro da Universidade.”
Participante 7
“[...] o bom profissional hoje em dia, na minha opinião ele tem que se
envolver, se atualizar todos os dias, procurar novas coisas, o conhecimento é
dinâmico, quem não se atualiza é ultrapassado.”
Através das situações vividas por estes acadêmicos, eles perceberam a
necessidade de uma complementação em seu processo formativo frente as
necessidades que irão encontrar e as próprias exigências de trabalho, que certificam
ao profissional especializado melhores oportunidades e certa estabilidade.
Fato esse apoiado por Delors (1998, p.18) quando sugere que a educação
continuada deve “ser encarada como uma construção contínua da pessoa humana,
dos seus saberes e aptidões, da sua capacidade de discernir e agir.”
Complementa esta idéia Gunther e Molina Neto (apud ALVES 2005, p.39)
afirmando que a “formação continuada do professor, precisa conjugar a experiência
do professor, a competência técnico-científica e a competência comunicativa em um
processo de contínua reflexão sobre a prática.”
4.3.2 Valorização da Pesquisa
A Educação Física sempre passou a idéia de caracterização
predominantemente na sua estrutura curricular, com ausência de conhecimentos
teóricos, no que se refere a hábitos de saúde, higiene, maturação e asseio corporal.
Estavam vinculadas apenas as atividades físicas habituais, nas quais os alunos
37
testam suas habilidades motoras e melhoram suas capacidades físicas, porém ficou
evidenciado que os alunos necessitam algo mais que práticas, jogos e corridas.
Felizmente esses métodos de trabalho já foram quase ou totalmente abolidos,
permanecendo apenas na concepção de uma pequena parcela da sociedade.
Nesta subcategoria novas idealizações mostraram-se bem vindas na
percepção dos entrevistados, visando desmistificar está influência e agregar novos
valores ao papel da disciplina.
Participante 1
“Eu pesquisava muito sobre as disciplinas que eu tive na Universidade,
relacionada a aprendizagem, desenvolvimento motor, didática, anatomia, que iriam
me ajudar muito na escola.”
Participante 3
O acadêmico que se preparou durante a graduação, construiu seuespaço neste período através da pesquisa [...] adquiri umconhecimento capaz de desenvolver vários tipos de atividades, desdea organização de eventos esportivos, dominar técnicas, princípiospedagógicos, e o aluno que tem a oportunidade de viver tudo issoterá muito mais que um diploma, irá contribuir para o desempenhopessoal e reconhecimento da nossa profissão.
Participante 7
“Meu estágio II foi só com meninas do 1º ano do ensino médio, voltei para a
qualidade de vida, emagrecimento, anorexia e bulimia, tudo que uma adolescente de
15 a 16 anos se interessa, se preocupa, e foi ótimo.”
Apoiando essa idéia Soares (1996, p.10) diz: “É agradável constatar que os
anos 90 trouxeram um olhar mais abrangente aos estudos e pesquisas sobre a
Educação Física Escolar. Os assuntos de natureza biológica, psicológica e social
parecem ter mais debate da área.”
38
A busca por ampliar os conhecimentos multidisciplinares através da pesquisa,
retrata a importância de incluirmos em nosso cotidiano, não apenas técnicas de um
determinado esporte, que não é algo que desabone nosso trabalho, mas diversidade
de conteúdos, assim como os assimilados na graduação.
A necessidade de levar aos nossos alunos um grau de conhecimento maior
que o próprio desempenho físico tornará as aulas mais desafiadoras. E os alunos
precisam e gostam de desafios, eles aprenderão mais e melhor, sem perder a
especificidade da Educação Física.
39
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Nesta etapa do trabalho falarei sobre as limitações deste estudo e algumas
idéias de continuidade de pesquisa.
5.1 As Limitações da Pesquisa
As limitações encontradas neste estudo foram a complexidade do estudo e o
recebimento da literatura específica. Quando eram solicitadas literaturas importantes
a bibliotecas ou seus respectivos autores, as respostas ou envio dos mesmos
levaram um tempo excessivo.
A falta de acesso aos relatórios das atividades extracurriculares e de Estágio
dos acadêmicos também foi uma limitação.
5.2 Idéias de Continuidade
Existem algumas alternativas para ampliação deste estudo. O assunto em
questão concentra o interesse tanto de alunos como professores, e mesmo após a
conclusão do trabalho, aparecem novas opções de pesquisa que serão úteis para a
continuidade do trabalho. Abaixo possíveis idéias de continuidade.
40
���������ão dos professores sobre atividades extracurriculares
�������������� ������ ������������� � ������� ��� � ����� �����
aprendizado do acadêmico
����� �� �ão do interesse acadêmico pela especialização após a
graduação.
41
6 CONCLUSÃO
Através da análise das respostas obtidas pelos entrevistados, percebi que as
práticas extracurriculares vivenciadas pelos acadêmicos, possuem valores mais
importantes e significativos, que permitiram promover reflexões e novas idéias,
alterando minha concepção inicial centrada apenas na experiência prática.
Estando cada vez mais preocupados com o processo educacional, os
acadêmicos entrevistados destacaram que o planejamento escolar, foram
fundamentais em suas vivências práticas para a consistência do ensino,
participação e interesse dos alunos em aula. Mesmo tendo que superar situações
muito difíceis no âmbito escolar, os acadêmicos estão encontrando meios criativos
para superar as limitações sejam elas sociais, de infra-estrutura ou carência de
materiais para execução das aulas. A falta de experiência não foi considerado
relevante para elaboração de suas aulas durante o período de estágio.
Eles mostraram-se atentos e otimistas quanto ao futuro da Educação Física,
justificando que o conhecimento científico, obtido através da formação continuada,
após a graduação e o incentivo a pesquisa, são essenciais no processo de
construção do conhecimento. Diante disso, mesmo estando ciente da fragilidade da
educação, principalmente do setor público, vejo que os futuros profissionais da
Educação Física, estão dispostos a enfrentar este quadro e fortalecer a imagem
disciplina em todas as suas especialidades, atendendo as necessidades da
sociedade e colaborando para a sua formação.
42
Com este estudo, através das situações registradas e do trabalho
desenvolvido, espero aproximar o acadêmico da realidade escolar e que possibilite
de alguma forma o fortalecimento de nossa profissão.
43
REFERÊNCIAS
ALVES, Wanderson Ferreira. A Formação continuada e o desenvolvimentoprofissional do professor: paradigmas, saberes e práticas nos cursos deespecialização em Educação Física escolar. Revista Brasileira de EducaçãoFísica e Esporte. São Paulo, v.19, p.35-48, 2005.
BACK, João Miguel. Manual para apresentação de trabalhos acadêmicos:graduação e pós-graduação. 2.ed. Canoas-RS: Salles, 2006.
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CAUDURO, Maria Tereza. Investigação em educação física e esporte: um novoolhar pela pesquisa qualitativa. Ed. Feevale, 2004.
DELORS, Jaques. Educação, um tesouro a descobrir. São Paulo: Cortez, 1999.
FIORI, Ernani Maria. Educação e política. Porto Alegre: L&PM, 1991.
FREIRE, Elisabete dos Santos; REIS, Marise da Costa. Educação física: pensando aprofissão e a preparação profissional. Revista Mackenzie de Educação Física eEsporte. São Paulo, nº1, p.39-46, 2002.
GUILARD, Reginaldo. Formação profissional em educação física: A relação teoria eprática. Revista Motriz. São Paulo, v.4, nº1, jun.1998.
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GIROUX, Henry. Rumo a nova sociedade do currículo. Os professores comointelectuais. Porto Alegre: Artes Médicas, 1997.
KANITS, Stephen. Volta às aulas. Revista Veja. São Paulo, p.21, fev.2000.
LAMPERT, Ernani. Universidade na virada do século 21. Porto Alegre: Sulina,2000.
MOSQUERA, Juan José Mourino. Vida adulta: personalidade e desenvolvimento. 3ed. Porto Alegre: Sulina, 1997.
NEIRA, Marcio Garcia. Educação Física: desenvolvendo competências. São Paulo,Phorte, 2003.
NEUENFELDT, Derli Juliano; CANFIELD, Marta de Salles. Educação física:sociedade e identidade. Santa Maria: Imprensa Universitária, 2000, v.1.
OLIVEIRA, Dario. Educação básica: gestão do trabalho e da pobreza. Petrópolis:Vozes, 2000.
SANTOS, Luis Silva. Labirintos da educação física. Revista da Educação Física deMaringá. Maringá, v.13, nº2, p.63-70, 2002.
TANI, GO. Vivências práticas no curso de graduação em educação física:necessidade, luxo ou perda de tempo? Cadernos Documentos. Universidade de SãoPaulo, nº2, p.1-22, 1996.
THOMAS, Jerry; NELSON, Jack K. Métodos de pesquisa em atividade física.3.ed. Porto Alegre-RS: Artmed, 2002.
45
TRIVIÑOS, Augusto N.S; MOLINA NETO, Vicente. A pesquisa qualitativa naeducação física. Porto Alegre: Sulina, 1999.
VEGA, Eunice H. Tamiosso. As competências do professor de educação física napós-modernidade. Revista Movimento. Porto Alegre, v.8, nº3, p. 19-31, dez. 2002.
46
APÊNDICE A – Termo de Consentimento
TÍTULO DA PESQUISA: Atividades Práticas e sua Importância na Formação
Acadêmica.
PESQUISADOR: Giovani Brancher
ORIENTADOR: Prof. Rudinei de Andrade
Eu,_____________________________________________________ sendo
convidado(a) a participar das entrevistas para coleta de dados que será utilizado
para conclusão do Trabalho de Conclusão do Curso de Educação Física 2007/1, fui
informado dos objetivos deste estudo de forma clara, recebendo todos os
esclarecimentos sobre o conteúdo do estudo.
Minha participação é voluntária e poderei desistir em qualquer momento da
entrevista.
Todos os dados pessoais desta pesquisa será mantido em sigilo, e as
informações serão de uso exclusivo do Trabalho de Conclusão de Curso.
NOME:__________________________________________________
ASS.:___________________________________________________
DATA:_____ /_____/_____
47
APÊNDICE B – Roteiro das Entrevistas
1) Como você avalia as atividades práticas extracurriculares e curriculares para sua
formação acadêmica
2) Gostaria que relatasse como foram suas atividades práticas extracurriculares
com a Educação Física?
3) Conte-me quais foram as dificuldades que você encontrou na realização dos
estágios supervisionados.
4) Durante o período de estágio, relate quais eram seus principais meios de
pesquisa e orientações.
5) Fale sobre as influências das experiências extracurriculares na qualificação do
profissional de Educação Física, e quais contribuições elas podem trazer para o
futuro exercício profissional.
48
APÊNDICE C – Unidade de Significados
1. É extrema importância atividades extracurriculares e curriculares.
2. Em relação ao contato inicial que você tem com a criança, com a escola, com os
planos de aula, os planos de ensino.
3. Tu tem o início da vivência, uma preparação tua para os estágios.
4. O primeiro contato tira um peso enorme da responsabilidade que é ser professor.
5. Tu perde aquele medo inicial ao se integrar a escola
6. Minhas atividades extracurriculares na escola foram apenas observações
7. Numa observação que fiz as crianças não tinham material adequado para a
prática de Educação Física.
8. Não havia condições de ter aula.
9. Daí vemos a necessidade do professor adaptar as aulas a realidade de cada
escola.
10. Não foram muitas observações, mas ajudou para ter uma percepção dos futuros
estágios.
11. Eram solicitadas pelo professor
12. A dificuldade que eu tive foi de elaborar meus planos de aula de acordo coma
turma, conforme eles gostavam.
13. Como eu não tinha vivência nenhuma, foi difícil entrar na sala, estabelecer um
primeiro contato, fazer a chamada.
14. Tentar elaborar uma aula que todos participassem que ninguém ficasse de fora.
15. Tive a preocupação que eles aprendessem em minhas aulas, e que não fosse
apenas uma aula.
16. Alguns alunos não participavam, porém atrapalhavam os demais.
17. Não sabia até que ponto poderia exigir comprometimento deles.
18. Talvez por ser estagiário evitava cometer excessos na cobrança.
49
19. Pesquisava muito sobre disciplinas que eu tive na Universidade.
20. A professora titular da escola, os materiais didáticos que ela deixava na escola.
21. O professor orientador também tirava algumas dúvidas que eu tinha.
22. Mas poderia ter sido mais presente.
23. Teve pouca participação no estágio.
24. Toda vivência em qualquer área, é importante para diminuir a ansiedade.
25. Pois é um ambiente novo para nós.
26. Com essas experiências práticas estaremos iniciando nossa formação.
27. Facilitará o trabalho futuramente.
28. Qualifica o profissional ao entrar no mercado de trabalho.
29. Deveria ter me envolvido mais com essas atividades.
30. Depois de iniciar o estágio percebi isso.
31. É uma complementação, de vários estudos.
32. Que colocamos em prática a partir dos nossos conhecimentos.
33. Conhecimentos adquiridos na Universidade.
34. Foram apenas observações.
35. E as poucas que fiz deixaram a desejar.
36. Alunos participavam sem uniforme.
37. E nem sempre era falta de recursos.
38. Era opção do aluno.
39. Situações como esta não deveriam ser aceitas pelo professor.
40. Eu me considerei uma ótima professora.
41. Tanto para os alunos como para a professora titular.
42. Eu me surpreendi pois não encontrei dificuldade.
43. Estabeleci um vínculo com os alunos, formando líderes.
44. Meu estágio foi ótimo, queria ter ficado mais com a turma.
45. Sempre me entrosei bem com os alunos.
46. Estabelecia meus planos de aula.
47. Quando tinha dúvidas sempre a professora me ajudava.
50
48. E na escola havia livros e material de pesquisa com muitas atividades práticas.
para planejamento das aulas.
49. As atividades extracurriculares qualificam o profissional.
50. Ele será um professor diferenciado caso tenha atividades consistentes.
51. Acho estas atividades muito importantes.
52. Principalmente as livres e espontâneas.
53. É o momento de tirar dúvidas, corrigir erros.
54. E aplicar o efeito significativo do aprendizado nos estágios curriculares.
55. Identificar métodos de trabalho.
56. Vivenciar os diversos problemas enfrentados na área da Educação Física.
Escolar.
57. Tinha alguma experiência em academia quando entrei na faculdade.
58. Fiz parte de uma equipe de recreação infantil.
59. Este foi meu primeiro contato com crianças.
60. Onde tive minhas primeiras orientações práticas de atuação fora da
Universidade.
61. Foram atividades consistentes de vida e trabalho.
62. E mostraram-me o grande desafio que tinha pela frente.
63. O crescimento profissional, pois desconhecia as etapas de aprendizagem das
crianças.
64. Não havia intervenções que beneficiassem o desenvolvimento psicomotor das
crianças.
65. Minha maior dificuldade no estágio foi o domínio sobre a turma.
66. Organizava os conteúdos a serem aplicados com a turma.
67. Porém ao colocá-los em prática acontecia algo inesperado.
68. Haviam desistências, alunos sem interesse.
69. Ocasionando desmotivação de alguns alunos.
70. Havia falta de um plano "B", insistia na continuidade do plano.
71. Acho que o melhor seria ter alterado, fazer algo novo nesses momentos.
72. Para despertar o interesse dos alunos mais dispersos.
51
73. Meu maior conhecimento estava em academia.
74. Na escola dei continuidade ao trabalho do professor.
75. Pesquisava em livros de recreação no estágio I.
76. E quando fiz a cadeira opcional de basquete II apliquei em minhas aulas no
estágio II.
77. O professor da escola estava aplicando os fundamentos de basquete.
78. Existem dois referenciais entre os profissionais hoje formados nas
Universidades.
79. Quem conquista a graduação e sai para o mercado de trabalho.
80. E aquele que se preparou durante a graduação, construindo seu espaço neste
período.
81. O mercado está restrito e dinâmico.
82. Exigindo do profissional conhecimentos multidisciplinares.
83. E o aluno que tem a oportunidade de viver tudo isso.
84. Além do diploma terá reconhecimento profissional.
85. Fundamentando a relevância da nossa profissão.
86. Durante as práticas extracurriculares a diversidade de atuação facilita a
aplicação de conhecimentos.
87. Pois na hora do trabalho, no exercício da profissão, nos tornaremos mais
criativos.
88. Na elaboração de jogos, uso de materiais alternativos.
89. Pois na maioria das escolas públicas contamos com poucos materiais.
90. Trabalhei algum tempo em academia.
91. Foi importante pois eu tinha um conhecimento teórico.
92. Nem sempre a teoria que você apreende pode ser aplicado na prática.
93. Daí você busca estes conhecimentos teóricos, e as dúvidas que surgem são
esclarecidas com as pesquisas e os professores.
94. Pois em cada local podemos encontrar necessidades e condições diferentes de
trabalho.
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95. Minha primeira experiência extracurricular foi com reabilitação de crianças,
adultos e idosos.
96. Após a sessão de fisioterapia com outros profissionais.
97. Eu trabalhava amplitude de movimentos, alongamentos e reforço muscular.
98. Era gratificante ver meu trabalho reconhecido onde há poucas oportunidades
nesta área.
99. E mostra a abrangência legal onde nós profissionais de Educação Física,
podemos atuar.
100. Depois fui para uma escola particular, onde nesta mesma escola acabei
fazendo o Estágio I.
101. Neste semestre estou trabalhando com a turma de 2º Grau.
102. É ótimo trabalhar com adolescentes, pois é uma fase de transformações e
descobertas.
103. A gente acaba fazendo parte dessas fases, tornando-se além de professor,
orientador e amigo.
104. Haviam poucos alunos difíceis de trabalhar, eram aqueles que só querem jogo.
105. Eu atuava com várias atividades recreativas, técnicas pré-desportivas, e no final
um tempo para o jogo.
106. Fiz meu estágio em instituições particulares com boas condições estruturais.
107. Com matérias para colocar em prática minhas aulas.
108. Com relação às aulas também não tive dificuldades.
109. Já conhecia a escola, já havia ministrado aulas para séries iniciais antes do
estágio.
110. As poucas dificuldades foram a dispersão dos alunos, elas demoravam para
entender e realizar as atividades.
111. A tarefa que mais me exigia era organizar as crianças para que todas
participassem das atividades.
112. Eu sempre fazia circuitos, criava uma história para facilitar o entendimento.
113. Isso facilitava o objetivo do trabalho.
114. Desenvolvia a lateralidade, desenvolvimento motor, atos reflexos.
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115. Pesquisava muito em livros na maioria das vezes.
116. O professor supervisor de estágio me ajudou muito no desenvolvimento dos
planos de aula.
117. Junto à alguns colegas também tirava dúvidas.
118. É muito importante pela experiência que a gente adquiri.
119. Essas atividades serão cada vez mais valorizadas pelas instituições de ensino.
120. Tempos atrás não havia tanta valorização por estas práticas.
121. Isso aumenta a responsabilidade do aluno, havendo uma cobrança maior nos
estágios supervisionados.
122. Onde é o momento de errar, mas também aplicar nossas experiências.
123. Pois o estágio é uma vitrine, podendo ser o caminho da efetivação na escola se
o acadêmico estiver bem preparado.
�124. É de extrema importância para podermos vivenciar todas as áreas da
Educação Física.
125. Para depois quando estiver próximo da graduação, saber a linha de trabalho
que irá seguir, até para uma especialização.
126. Trabalhei bastante em academia, foi favorável e esclarecedor.
127. Pois podia aplicar os conhecimentos que nós aprendíamos nas aulas.
128. E identificar algumas diferenças que existem entre o conhecimento teórico na
prática.
129. Meus estágios foram muito bons.
130. Fiz numa instituição particular, e a professora titular foi fundamental para
elucidação de qualquer dúvida.
131. Ela me orientava sobre a turma.
132. Eu sempre mostrava os planos de aula para ela e para a professora orientadora
de estágio.
133. As crianças sempre colaboravam, talvez devido a professora estar sempre
próximo da gente.
134. Porém nunca houve interferência nas aulas.
135. Eu pesquisava muito em livros.
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136. Pois eu tinha que aplicar as atividades com algum objetivo.
137. Eu usava livros, às vezes selecionava uma atividade e adaptava de acordo com
a realidade e limitações da turma.
138. Com raras exceções eu alterava o plano durante a aula.
139. Tem como objetivo apreender, praticar.
140. Vivenciar todas as teorias que conhecemos durante a faculdade.
141. Também deveremos ter consciência e filtrar os conhecimentos que realmente
fazem à diferença.
142. E contribua para nossa qualificação.
143. Pois é sábio que existem coisas erradas, maus exemplos.
144. Mas também existem muitas coisas boas de extremo valor educativo.
145. Devemos nos orientar nelas e fazer destas experiências uma prova.
146. Que deve ser superada e proporcione um aprendizado consistente para o
futuro profissional.
147. Elas são fundamentais, importantes.
148. Sem estas etapas fundamentais, tu não irá saber ao certo o caminho que tu
queira seguir, ou especializar-se.
149. Eu já vivenciei várias atividades extracurriculares.
150. Me identifiquei com a área escolar.
151. Para ter novas idéias de atuação, conhecer outros ramos.
152. Abre as portas do aperfeiçoamento dentro da Universidade.
153. Ah, foram muito boas.
154. Muito boas porque ajudei um professor no laboratório de psicomotricidade aqui
na Universidade.
155. Foi meu primeiro contato com alunos, e uma experiência gratificante.
156. Era muito bom ter o reconhecimento das crianças.
157. Foi um ponto chave, daí fui descobrindo outras coisas.
158. Percebi que meu caminho era trabalhar com crianças, e aí que me encaixei.
159. Participei de outro laboratório de psicomotricidade numa escola onde passei a
trabalhar depois.
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160. Aplicando minhas experiências adquiridas.
161. Eu vou ser sincero, eu não tive muita dificuldade em estágios.
162. Eu fiz estágio na escola onde trabalhava há três meses.
163. Não é que eu não tive dificuldade, elas foram minimizadas pois a criançada já
tinham sido meus alunos no ano anterior.
164. Depois parecíamos que éramos como amigos,
165. As aulas começaram a ficar mais descontraídas.
166. Comecei a exigir mais dos alunos.
167. Tive que conversar e explicar novamente o objetivo do trabalho e exigir mais
seriedade nas aulas.
168. Eu usava muito nos estágios as aulas atividades pré-desportivas que eu tinha.
169. Eram uma base para meu estágio.
170. Ás vezes não davam muito certo, então eu conversava com o professor da
disciplina.
171. Usei também memoriais de recreação.
172. As atividades extracurriculares têm uma influência muito importante, pois nelas
teoricamente descobriremos nossa linha de trabalho.
173. Elas devem ser realizadas com dedicação.
174. E de alguma forma seremos beneficiado com estas vivências.
175. Mesmo não sendo uma área desejada de trabalho.
176. Contribuirá na nossa formação pedagógica.
177. São importantes porque, elas nos dão um embasamento, de atividades que a
gente não vivencia dentro da Faculdade.
178. O nosso currículo é extenso.
179. Fala de muita coisa importante, mas as atividades extracurriculares são
fundamentais.
180. Pois elas nos mostram práticas que não temos na Faculdade.
181. Eu fiz muitas atividades e pretendo ir sempre.
182. Todas para mim foram positivas.
183. Fiz muitos cursos em congressos.
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184. Trabalhei em programas a serem aplicados a comunidade em geral.
185. É um conhecimento alternativo de grande subjetividade.
186. Me formou uma base para que eu tomasse certas atitudes, posturas dentro da
nossa área.
187. A maioria dentro da Educação Física escolar.
188. Eu gosto dessa área de atuação.
189. O estágio I foi terrível, neste eu pensava que iria desistir.
190. Foi um grande desafio, fiz numa escola muito carente do Bairro Bom Jesus em
Porto Alegre.
191. Eram alunos extremamente carentes, eles não tinham tênis nem roupa
adequada para as práticas.
192. Com cultura fraca em relação aos esportes.
193. Havia preconceito em relação a alunos que não gostavam de futebol e optavam
por outras modalidades.
194. Na comunidade havia o tráfico de drogas.
195. O que acabava envolvendo indiretamente algumas crianças.
196. Tive muita dificuldade em organizar a turma, um dia quase chorei.
197. Foi necessário o professor intervir, porque elas não me respeitavam.
198. As primeiras aulas foram difíceis, as últimas melhoraram.
199. Eu mudei minha estratégia, elaborei aulas que exigiam mais dos alunos.
200. As aulas melhoraram muito.
201. Tudo que aprendi sobre domínio de turma, tudo de melhor e de pior vivenciei
neste estágio.
202. O estágio II foi um sonho, foi só com meninas do 1º ano do 2º grau.
203. Trabalhei com assuntos práticos e teóricos que adolescentes dessa faixa etária
se preocupam.
204. Foram duas experiências bem diversificadas.
205. Com características sociais bem diferentes.
206. Hoje eu agradeço as duas oportunidades.
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206. Pesquisei em livros e internet sobre artigos de planejamento e qualidade de
vida.
207. Usava polígrafos da Faculdade que utilizávamos nas disciplinas práticas.
208. O professor me ajudou muito no estágio I.
209. São importantes para as pessoas que querem manter-se atualizados.
210. O profissional de Educação Física ele deve estar sempre atualizando os
conhecimentos, reciclando.
211. Não basta apenas concluir a Faculdade e se acomodar.
212. Ficará para trás.
213. O profissional hoje em dia deve se envolver, ser dinâmico.
214. Quem não se atualiza é ultrapassado.
215. Tudo que estiver relacionado a nossa área, tem muito a acrescentar.
216. Não podemos chegar numa escola e dar a bola, os alunos não merecem isso.
217. Através destas experiências apreendemos a ser organizados.
218. Ter um planejamento com objetivos bem definidos e atualizados.
219. Com termos que se adaptem a realidade social e cultural da escola.