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BOLETIM INFORMATIVO 735 735 735 anos de anos de anos de Franciscanas de Ingolstadt Franciscanas de Ingolstadt Franciscanas de Ingolstadt Edição: Nr.19 Ano 07/ 2011 Ed.: Generalato/Alemanha

Gnadenthal ecoando

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Gnadenthal

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BOLETIM INFORMATIVO

735735735 anos de anos de anos de

Franciscanas de IngolstadtFranciscanas de IngolstadtFranciscanas de Ingolstadt

Edição: Nr.19 Ano 07/ 2011 Ed.: Generalato/Alemanha

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ÍNDICE

Nº. Título Página

1. Introdução pela Superiora Geral..................................................................... 03

2. Espiritualidade ................................................................................................. 05

2.1. Primeira prioridade – Cap. Geral 2010

“Somos Franciscanas de Ingolstadt, como Irmãs menores....................................05

2.2. Fontes Franciscanas ...................................................................................... 05

2.3. Questões para reflexão.................................................................................. 07

3. Autobiografias

3.1. Região Alemã: Ir. Salome Hrubesch ............................................................... 07

3.2. Região Brasileira: Ir. Beatriz Polo.................................................................... 12

5. Notícias do Generalato............................................................................................15

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1. Introdução pela Superiora Geral.

N a semana da Oitava da Páscoa nós, as Irmãs da Alemanha, reali-zamos nosso retiro anual.

Quando o sol nos presenteava com o ar de sua graça e quando a temperatura ambiente o permitia, eu gostava de fazer minha oração “andante” caminhando por entre os canteiros do jardim e do gramado da Casa-Mãe. O andar para cá e para lá me proporcionava ritmo e con-centração. Levantando os olhos dos textos recebidos do orientador do retiro, aliás bem apropriados para a reflexão e o “ruminar” do que se ouvira antes nas palestras, minha atenção descansava nas inúmeras flo-res e gramíneas, que formavam um tapete estendido a meus pés. As sin-gelas margaridinhas e as flores do dente-de-leão, num amarelo-vivo, pa-recendo gemas de ovo, davam colorido vivo ao verde das gramíneas. Vez

Retiro 2011

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ou outra passava por mim, minúsculo pára-quedas carregando uma semente de árvore à procura de solo apropriado para germinar.

Observando as flores pensava: nenhuma flor é igual à outra, mesmo sendo da mesma família. Cada uma tem uma beleza individualizada, o que torna ainda mais bonito e harmônico o conjunto de todas elas. E me perguntava porque, na natureza, a maioria das flores e das plantas tem um formato arredondado. Será sinal da perfeição? Da perfeição de Deus?

O formato arredondado das flores reportava-me à mesa grande, quase do tamanho das mesas em torno das quais se reúnem os ministros dos governos do mundo, em torno da qual estavam reunidas as Irmãs du-rante as palestras do retiro. Dezesseis alemãs, seis brasileiras e uma alemã, vivendo no Brasil. Algumas em cadeira de rodas ou necessitan-do da bengala para se locomover, uma ou outra adoentada ou se recu-perando de cirurgia, algumas ainda em gozo de plena força e energia, poucas jovens.

Como as flores do jardim, umas diferentes das outras no seu caráter e na sua constituição física. Os olhares atentos, em rostos já cansados e marcados pela idade, denotavam que todas estavam buscando o mes-mo objetivo: fazer uma viagem ao interior de si mesmas, em busca da face do Senhor.

O tema do retiro não poderia ser mais adequado a esta “paisagem” diversificada em torno à mesa: “Ama a história de tua vida. Ela é o caminho que Deus andou contigo.” (Leo Tols-toi).

Contemplando as Irmãs reuni-das, eu dizia para mim mesma: estas são minhas Irmãs, para o meio das quais eu fui chamada a viver e servir!

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2. Espiritualidade

2.1. “Somos Franciscanas de Ingolstadt, como Irmãs menores

Libertando-nos daquilo que nos amarra interior e exteriormente: da imposição da própria vontade, de idéias fixas, de exigências pessoais, da comodidade, da superficialidade, de cargos, serviços e lugares...” (Capítulo Geral – 2010 – Prioridades)

2.2. Das Fontes Franciscanas

“Mas é principalmente urgente uma palavra sobre a Ordem que ele as-sumiu e manteve por amor e pela profissão. O que dizer? Ele próprio plantou no início a Ordem dos Frades menores e naquela ocasião lhe impôs este nome. Realmente, quando assim escrevia na regra: ‘E sejam menores’, ao proferir esta palavra, naquela mesma hora, disse: ‘Quero que esta fraternidade se chame Ordem dos Frades Menores’. – E eram verdadeiramente menores os que, sendo submissos a todos, sempre buscavam os lugares desprezados e exercer o ofício em que parecesse haver alguma desonra, para que assim merecessem fundar-se no sólido (fundamento) da verdadeira humildade e neles, pela feliz disposição, se erguesse a construção espiritual de todas as virtudes. – Na verdade, so-bre o fundamento (cf. Ef 2,20) da constância, levantou-se a nobre estru-tura da caridade na qual as pedras vivas (cf. 1Pd 2,5), recolhidas de to-das as partes do mundo, foram edificadas como habitação do Espírito Santo (cf. Ef 2,22). Com quanta caridade os novos discípulos de Cristo se abrasavam! Quão grande amor de companheirismo vigorava neles! Pois, quando se reuniam em algum lugar, ou se encontravam no caminho, co-mo acontece, resplandecia o fogo do amor espiritual, espargindo sobre todo amor as sementes da verdadeira afeição. Como? Abraços castos, afetos suaves, ósculo santo, conversa agradável, riso modesto, fisiono-mia alegre, olhar simples (cf. Mt 6,22), ânimo suplicante, língua que abranda, resposta delicada (cf. Pr 15,4.1), o mesmo propósito, pronto

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serviço e mão infatigável.”

(1 Cel 38 – “Fontes Franciscanas e Clarianas”, Ed. Vozes, 2004, pág. 223-224)

“De certo modo transformado nos santos frades pelo ardor do amor e pelo fervor do zelo que tinha pela perfeição deles, o santíssimo pai pen-sava muitas vezes dentro de si sobre as qualidades e virtudes que devi-am ornar um bom frade menor. E dizia que seria bom frade menor aque-le que tivesse a vida e as qualidades destes santos frades: a fé de Frei Bernardo, que, com o amor à pobreza, a teve de forma perfeitíssima; a simplicidade e a pureza de Frei Leão, que foi realmente de uma pureza santíssima; a cor- tesia de Frei Ân-gelo, que foi o pri- meiro cavaleiro a entrar na Ordem e que era ornado de toda a gentileza e benignidade; o aspecto gracioso e o senso natural com a conversa agradável e devo-ta de Frei Masseu; a mente elevada em contemplação que Frei Egídio teve até a máxima perfeição; a virtu-osa e constante oração de Frei Rufino, que rezava sempre, sem in-terrupção: mesmo dormindo ou fa-zendo alguma coi- sa tinha sempre seu espírito com o Senhor; a paciên-cia de Fr. Junípero, que atingiu um estado perfeito de paciência, porque tinha plena consci- ência da própria vileza, que continuamente tinha diante dos olhos, e um ardente desejo de imitar a Cristo no caminho da cruz; o vigor corporal e espiritual de Frei João di Lodi, que, naquele tempo, ultrapassou todos os homens em força física; a caridade de Frei Rogério, cuja vida inteira e comportamen-to estavam no fervor da caridade; e a solicitude de Frei Lúcido, que teve grandíssima atenção e quase não queria morar um mês no mesmo lugar, mas quando lhe agradava ficar num lugar, imediatamente se afastava e dizia: ‘Não temos morada aqui (cf. Hb 13,14), mas no céu’”.

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(2EP, capítulo 85 – “Fontes Franciscanas e Clarianas” – Ed. Vozes, 2004, pág. 1080-1081)

2.3. Questões para reflexão:

2.3.1 Nestes dois textos, o que é importante ressaltar?

2.3.2 Exercitemo-nos como Irmãs menores! A exemplo de Francis-

co, procuremos expressar qualidades das Irmãs que vivem na

nossa Comunidade, ou de Irmãs com quem convivemos anterior-

mente.

2.3.3 Quanto ao ser “Irmã menor”, conforme nos propusemos no

Capítulo Geral de 2010, na prática do dia-a-dia, o que nos propo-

mos a exercitar melhor?

(Contribuição da Ir. Júlia Engel)

3. Autobiografias

3.1. Região Alemã: Ir. Salome Hrubesch

Quando fui de férias, em agosto de 1990, visitar minha mãe, um sonho realizou-se. Meus irmãos mais velhos, Viktor e Franz, surpreen-deram-nos com uma viagem de carro até a República Tcheca, até nossa aldeia natal Überdörfel, em Abts-dorf (a tcheca Opatov), na região de Zwittau (Svitavy). Atravessando a fronteira aberta, viajamos durante oito horas pela bonita e acidentada terra da Boêmia, a fim de ver mais uma vez nossa casa paterna, que desde 1945 não nos pertencia mais. Por dois dias fomos hóspedes da atual proprietária tcheca, que nos acolheu e serviu carinhosamente.

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Meus pais, Alois Hrubesch e Anna, nascida Rotzer, casaram em 1928 na Igreja de romarias Brünn. Nos primeiros anos moraram na casa paterna de meu pai. Em 1931 construíram eles próprios uma ca-sa num terreno herdado por minha mãe.

Com 4 filhos: Viktor, Emilie, Franz e Else mudaram-se para esta casa em 1932. Aí havia luz, ar e lugar suficientes. Em outubro de 1937 faleceu, no prazo de 2 dias, a querida Else, de seis anos de idade. Que dor para to-dos!

Eu nasci em 29 de novembro de 1937 e no dia 4 de dezembro fui batiza-da com o nome de Elisabeth. Em 1941 veio ao mundo meu irmão mais novo, Edwin.

Nossa vida em casa era muito simples. Três cabras e pouco mais de dez galinhas representavam a maior fonte de alimentação. Oportunamente era engordado um porco ou um ganso por ocasião do Natal. Frutas da horta e do campo eram suficientes para o consumo próprio. Nas colhei-tas ajudavam os parentes. A missa de domingo e a oração diária eram obrigação natural.

Nosso pai trabalhava como ferroviário. Era severo e inflexível na sua convicção. Ele também não entrou no partido do nacional-socialismo, quando Hitler dominou o país, em 1938. Isto trouxe para ele, e para a família, freqüentes vezes,consequências desagradáveis. Ele foi enviado ao front, durante a guerra. Os filhos sofriam na escola tratamentos injus-tos e gozação. Em 1944 Viktor foi para o serviço militar.

Nossa mãe ficou doente em consequência do serviço pesado na fábrica. Então meus irmãos mais velhos tiveram que ajudar bastante. Todos os dias rezávamos pelo pai e pelo Viktor, por um feliz retorno para casa.

Em setembro de 1943 iniciei o ansiado tempo escolar. A escola foi fecha-da em novembro de 1944, quando aí foram alojados prisioneiros de guerra. Certa noite, meu pai chegou em casa. Ele escapou por pouco da

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morte. Seus companheiros ele nunca mais viu. Viktor foi ferido e num último meio de transporte trazido para um hospital militar. Depois foi feito prisioneiro e após sua soltura teve que passar por um campo de trabalho forçado, na República Tcheca.

Em maio de 1945 terminou a guerra. Nós víamos soldados alemães pas-sando por nossa aldéia, também fugitivos em carros puxados por cava-los, sempre com medo e pressa. Então os temidos russos, e mais tarde os tchecos, ocuparam nossa região. Um tempo de terror! Seguiram-se desapropriações, transporte para um campo de trabalho forçado, sepa-ração da família. Em abril de 1946 fomos todos expulsos. Em vagões fe-chados, para animais, após longa viagem, fomos levados para a frontei-ra, para a Baviera. Soldados americanos livraram-nos de piolhos e perce-vejos e deram-nos de comer. Depois fomos levados de trem, atra- vés de Regensburg e Munique, para Ingols- tadt. Em 13 de abril estávamos na estação ferroviária e de lá fo-mos repartidos por diversos acampamen-tos provisórios. Em setembro Viktor nos localizou através do serviço alemão de in-formação. Ele conse- guiu fugir do campo de trabalho forçado e atravessar a fronteira. Que alegria! Em toda esta aflição sentimos a mão protetora de Deus.

Em setembro do mesmo ano prossegui minha formação fundamental na Escola Sto. Antonio. Em 1947 pude celebrar minha Primeira Eucaristia. Em 1949 mudamos para uma barraca mais próxima ao centro antigo da cidade e transferi-me para a “Münsterschule”, que frequentei até 1952. Tive boas professoras, especialmente a bondosa Ir. Maria Winfrieda Ei-chlinger, do Convento Gnadenthal, na área de Trabalhos Manuais. Quan-do eu estava na oitava série, ela me perguntou um dia se eu não queria ser Irmã. Eu fiquei surpresa a respeito e precisei de tempo para refletir. Também tive que conversar com meus pais a respeito. Eles me desacon-selharam. Mas eu gostei da idéia e não desisti.

Ir. Winfrieda deu-me a “Philothea”, de S. Francisco de Salles, textos de Sta. Teresa de Lisieux e outros livros de leitura espiritual e aconselhou-

Curso de esquiagem no ginásio

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me à oração perseverante. Ela se preocupou comigo também material-mente. E então ela me apresentou à Superiora Madre Benigna Daub-meier e mais tarde á Madre Fridolina Lautner e convidou também meu pai para uma conversa. Meus pais deixaram de ser contra. O pároco Brems, da paróquia St. Moritz, ajudou-me a discernir minha vocação. Depois da oitava série eu ingressei no Ginásio alemão do Convento de Gnadenthal, onde pude residir como interna. Na Biblioteca encontrei muitas biografias de santos, que me interessaram. Aí também me tornei membro da Congregação Mariana.

Em novembro de 1957 faleceu meu pai. Em 1958 fui para Augsburg, a fim de me preparar profissionalmente na área social. De 1959 a 1961 frequentei o curso para mulheres, de catequese e de orientação espiritual, em Mu-nique. A introdução nas diversas matérias da teologia católica me deixaram feliz. Depois do exame de admissão à “Missio Canonica”, per-guntou-me a Madre Fridolina: “o que a Se-nhora decidiu, a Senhora virá?” Eu concordei cautelosamente.

Em 28 de agosto de 1961 deixei minha família e ingressei, na manhã se-guinte, no Postulantado do Convento Gnadenthal. Começou uma nova vida. Encontrei grande alegria no ideal franciscano, no Ofício comunitá-rio, na santa liturgia, no canto, na vivência fraterna. Em 1962 recebi o hábito religioso e me tornei Noviça com o nome Irmã Maria Salome. Mi-nha muito bondosa e exemplar Mes-tra foi Ir. Raphaela Rosenbusch. Em 1963 fiz os Votos Temporários e em 1968, os Perpétuos. Inseguranças e dificuldades não faltaram. Com elas tive que crescer.

De 1961 a 1964 atuei como catequis-ta na Escola Fundamental e colhi mi- Dia da vestição

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nhas primeiras experiências e experimentei também meus limites. Depois pude partici-par de dois cursos para tornar-me professo-ra de estenografia e datilografia. Desta ma-neira, pude lecionar três matérias nas nos-sas escolas. Em 1986 adoeci com leucemia crônica. Bom tratamento aliviou a vida coti-diana. Em agosto de 1987 pude visitar nos-sas Irmãs no Brasil. Um presente! Desde então estou com o coração e os pensamen-tos sempre de novo lá. Em 2002 encerrei meu trabalho na Escola. No Convento eu presto serviços na portaria e sirvo o almoço aos po-bres.

Também acompanho o projeto pa-drinhos-afilhados e outros projetos sociais para alunos pobres no Brasil. Sirvo à Comunidade tão bem quanto possível, de acordo com minhas for-ças e dons.

Se olho para trás, toma conta de mim a gratidão, em primeiro lugar

em relação a Deus, que me conduziu a esta Congregação e me aplainou o caminho. Eu agradeço aos meus pais e irmãos por todo o amor e apoio.

Agradecida penso também nas co-Irmãs, que se tornaram para mim um exemplo: Ir. Anselma e seu amor de doação ao preparar pacotes para os pobres do Brasil, a querida Ir. Paula Senninger, minha Diretora no Ginásio, Ir. Euphemia, Ir. Cla-ra, Ir. Petra, mas também todas as outras Irmãs, as falecidas e as ainda vivas, com as quais jamais me encontrei. Deus abençoe a todas elas!

Despedida no Brasil da Irmã

Aparecida

Com a irmã Edith na escola

Numa festa de Jubileu

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3.2. Região Brasileira: Ir. Beatriz Polo

Eu, Irmã Beatriz Polo, sou filha de Tranquilo Polo, falecido em 13 de ou-tubro de 1978, e de Metildes Pozzer Polo, falecida em 08 de junho de 1999.

Nasci em 19 de março de 1941, em Linha Polo, no município de Machadi-nho, Rio Grande do Sul. No batismo recebi o nome de Josefina. Sou a sexta filha entre doze irmãos: seis meninas e seis meninos. Tive uma infância muito feliz, vivendo no interior (roça), aju- dando sempre nos afaze-res da casa e da la- voura, ou cuidando dos irmãozinhos. Gran- de era a alegria quando chegava o domingo e todos íamos à Capela para rezarmos o terço com a pequena co-munidade. Depois podíamos brincar com as amiguinhas e as primas na casa das tias. Toda noite, após o jantar, papai e mamãe nos reuniam para a reza do terço. Este era um momento muito forte pa-ra a família reunida. Muitas vezes o sono nos pegava de surpresa, mas um gole de água o espantava. Guardo muitas boas lembranças do tempo de criança, lembranças estas que nem o tempo apagará. A mais impor-tante era o respeito às pessoas, que os pais nos ensinaram, e também a educação, bem como os princípios cristãos. Eles foram os primeiros cate-quistas da família.

Para melhor me preparar para a Primeira Eucaris-tia fiquei na casa de uma tia que morava perto do Colégio das Irmãs Catequistas Franciscanas. Foi um tempo muito difícil, longe do aconchego da família. Mesmo estudando com as Irmãs Cate-quistas Franciscanas, não senti o chamado para a Vida Religiosa Consagrada. Somente mais tarde, em 1954, quando conheci a Irmã Anselma Alt e dela recebi uma cartinha, aí acendeu uma chama. Assim, em janeiro de 1955 fui para Esteves Júnior

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com a mana Judith, que no mesmo ano seguiu para São Paulo. Para mim tudo era novo. E após poucos dias em Esteves Júnior, tivemos que arrumar a mudança e nos mudar para Peritiba. Quando tudo estava pronto, a viagem foi num velho jipe, onde levávamos também um por-quinho, o qual perdemos na estra-da... Ao final do mesmo ano, arru-mei novamente as malas para ir a São Paulo. Quanta mudança no iní-

cio da caminhada! Era mesmo para balançar o coração e a vocação pelas dificuldades que dia-a-dia eram apresentadas. Foi um ano nada fácil, mas a vontade de seguir este caminho era mais forte e com a graça de Deus ia superando os desafios. Em São Paulo continuei os meus estudos. Em 1958 a Irmã Fridolina ofereceu-me o Curso de Enfermagem, que du-rou 18 meses. Em 1959 fiz o Postulantado e em 1960 houve a vestição para entrar no Noviciado. Em 1961 fiz os Votos Temporários. Em 1964 fiz os Votos Perpétuos. Em janeiro do mesmo ano fui transferida para São Miguel do Iguaçu, para uma nova frente de missão, quando teve início o Colégio Nossa Senhora de Fátima, em meio a muitas dificuldades, princi-palmente a falta de água e muita poeira. Usávamos hábito preto, com partes engomadas, o que dificultava ainda mais.

Em 1967 fui transferida para a Penha, Paraná. Em 1968 seguiu transferência para São Paulo, para o Colégio Nossa Senhora Aparecida, onde cuidei das Ir-mãs doentes e dos alunos que se machucavam no pátio do Colégio. A partir de 1975 fiz um trabalho no Hospital Jaraguá, perto do Colégio, que durou 05 anos. Por motivo de saúde tive

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que deixar este trabalho no Hospital. A partir do ano de 1980, até 1986, continuei no Colégio Nossa Senhora Aparecida, cuidando das Irmãs do-entes. Em 1989 fui transferida para o Colégio São Francisco, em Ponta Grossa. Em 1989, novamente para São Miguel do Iguaçu, para o Lar dos Idosos. Em 1999 fui para o Centro de Espiritualidade Nossa Senhora da Paz, Ponta Grossa. Em 2002 houve nova transferência para São Miguel do Iguaçu, para o Lar dos Idosos.

No mesmo ano, em outubro, participei com um grupo de Irmãs da Experi- ência Assis, nos caminhos de Francisco e Clara. Foi uma experiência inesquecível. Uma outra experiência inesquecível aconteceu no final do ano de 2010 e início do ano de 2011, quando pude ir para a Casa-Mãe, para o Gna-denthal, em Ingolstadt. Foram dias mui- to ricos e pude beber da fonte, de onde as primei- ras Irmãs nossas partiram para o Brasil. Muito me enri- queceu po-der participar da vida de oração das Irmãs, sentir tanta riqueza interior que cada uma pos-sui. “Muito obrigada”, Irmãs, pelo testemunho de vida, jamais me esque-cerei! Um grande “Deus lhes pague” às Superioras, que me deram este presente pelos 50 anos de Vida Religiosa Consagrada. Sou-lhes muito grata.

De retorno da Alemanha, continuo com meu trabalho de doação junto aos velhinhos no “Lar dos Idosos Dom Scalabrini”. Que Deus seja louvado por tudo!

(Irmã Beatriz Polo – S. Miguel do Iguaçu, Páscoa de 2011).

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4. Notícias do Generalato

Há mais tempo a Sra. Barbara Pritzl mani-

festou o desejo de nos acompanhar numa visita à “Missio”, em Muni-que. Assim, no dia 02 de março fomos com ela, de trem, Irmãs Paula, Júlia e Marlei, a Munique, apesar do marido estar gravemente doente. Chegando lá, entregamos logo os muitos selos co-letados pela Sra. Pritzl e por nós, o que muito alegrou a Ir. Hildegardes, que

os recebeu. Depois de fortalecidas com café e “Brezel”, típica rosquinha bávara, visitamos a exposição missionária e a Capela do Centro Missionário. A senhora que nos conduziu soube orien-tar nossos “olhos” para apreciarmos as diversas expressões culturais e visões teológicas da fé. A Capela mostra uma surpreendente arte africa-na (Malawi). Grandes esculturas em madeira, no formato de “árvores da vida”, contornam todo o ambiente da Capela. O objetivo da Missio é des-pertar para a consciência missionária. O almoço tomamos num restau-rante popular, onde degustamos “linguiça da Turíngia”. A Sra. Pritzl ainda nos mostrou outras particularidades de Munique. Na volta a Ingolstadt, houve atraso do trem, devido à obstrução dos trilhos por um enorme guindaste.

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No dia 04 de março, a “parte restante” da Comunidade do Donnersber-ger Gut, Irmãs Paula e Júlia, participou do Dia Mundial de Oração, na Igreja Evangélica “São Paulo”. Encontramos com pessoas conhecidas de nossa paróquia e também senhoras evangélicas, que costumam vir na oração ecumênica pela paz, que acontece mensalmente na Capela do Generalato. Enfrentamos muito frio nesta noite.

O encontro dos Religiosos da Diocese de Eichstaett ocorreu no dia 18 de março, em Ingolstadt, na paróquia São Cristóvão. O Padre responsável pelos religiosos, na Dio-cese, Josef Blomenho-fer, conce-lebrou a missa com o pároco da paró-quia. Após a missa houve confrater-nização numa sala ao lado da Igreja. Foi a primeira vez que estivemos nesta Igreja, construída após a se-gunda guerra mundial e, portanto, num estilo moderno. Impressiona o grande “painel da fome”, da “Miserior”, afixado atrás do altar, no alto. Nesta ocasião muitas pessoas perguntaram da Ir. Christiana, cuja ausên-cia começava a se fazer sentir.

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Ir. Christiana continua internada em hospital de Regensburg. Diversos tratamentos tem sido feitos, incontáveis exames, transferências de se-ção e de hospital, na tentativa de descobrir a causa das constantes infec-ções que tem tido. Pequenas melhoras tem sido observadas. O dedicado irmão, o José, a visita diariamente. Nós e as Irmãs da Casa-Mãe nos al-ternamos em visitas periódicas. A visita à doente, em companhia do ir-mão José, costuma terminar na casa dele, onde se encerra com o café. No dia de seu aniversário, 30 de abril, uma vizinha nossa, a Sra. Braun, nos levou à Irmã doente, que pede insistentemente para vir para casa. Sempre nos perguntamos como vai continuar o tratamento e a evolução do estado de saúde da Irmã. O caminho ainda será longo... Continuamos confiando na ajuda de Deus, na assistência médico-hospitalar e na va-lente vontade de viver da Ir. Christiana.

No dia 23 de março realizou-se no salão das “Escolas-Gnadenthal” a en-trega simbólica do cheque da “Sternstunden” para as obras do projeto “Lar Maria Albertina/Colégio Franc. Sta. Isabel”, na pessoa da Sra. Mari-anne Lueddeckens. Houve falas “oficiais”, uma homena-gem dos alunos e professo-res das “Escolas-Gnadenthal”, foi lida a carta de agradecimento da Ir. Ber-nadette Marsaro e projeta-das imagens da nova cons-trução no “Lar Maria Alberti-na”. Ir. Salome, que acompa-nhou o encaminhamento do projeto, coordenou a realiza-ção deste evento, que foi so-lene e alegre. Dna. Ria Win-daus também esteve presen-te. No final do encontro fo-ram servidos comes-e-bebes.

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Dia 27 de março chegaram do Brasil as Irmãs Margarida Müller, que fora fazer férias, acom-panhada pela Ir. Bernadete Kuhn, que veio por dois anos ajudar na Ca-sa-Mãe. À Ir. Berna-dete desejamos que se sinta logo “em casa” e que sua permanência na Alemanha seja enriquecedora para ela e boa para as Irmãs a quem ela veio servir.

E no dia 09 de abril foi a vez de recepcionar no aeroporto de Munique as Irmãs Inácia Bergleiter, que veio fazer férias com sua família, e a Ir. Fabí-ola Covello, que a acompanha, pois Ir. Inácia não tem mais condições de viajar sozinha. Desejamos que Ir. Inácia tenha ótimas férias.

Na semana após a Páscoa, nos dias 25 (à noite) até 30 (pela manhã) de abril, tive-mos o nosso retiro anual. O orientador foi o Fr. Clau-dius Groß, que é o atual diretor da “Missionszentrale” de Bonn, que substituíu o Fr. Estêvão Ottenbreit nesta tarefa e que foi indicado

por ele para orientar o retiro. Foi uma semana abençoada!

Igreja Maria Brunnlein

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No dia 14 de maio aconteceu a anual romaria mariana. O grupo de 25 pessoas (Irmãs e amigos) partiu em 04 mini-ônibus, às 9,00 h, em direção a Wemding. Passamos por paisagens primaveris, onde o verde das plan-tações de trigo e dos bosques combinava com o amarelo do “Raps” (colza, planta que fornece óleo comestível). Assim que um grupo de romeiros (que tinha vindo a pé por mais de 80 km) deixou a Igreja, tomamos nossos lugares em frente ao altar de Maria Brünnlein (Maria do Pocinho), de onde jorra ininterruptamente água fresca de uma fonte. O Pe. Stadler presidiu a celebração da Eucaristia e na homilia ressaltou a figura de Maria como “fonte da graça”. O coral das Irmãs cantou alguns cantos. No final da missa todos receberam uma garrafinha com água do pocinho de Maria. Houve tempo pa-ra rezar, lavar os olhos, to- mar água da fonte... antes do almoço antecipa-damente encomen-dado, num restauran-te ao lado da Igreja. Após o al- moço, o “comboio” seguiu pa-ra Mörns- heim, onde a família do arquite-to Hajek nos rece-beu frater- nalmente. Todos foram ver a reforma da “Casa Maria da Paz”, nossa casa de férias, que está sendo preparada para receber, durante o dia, pessoas idosas e também alojar grupos para cursos, retiros... e as Irmãs em férias. Às 17,00 h nos reunimos novamente, desta vez na Igrejinha “Maria End” (Maria da boa-morte), onde houve a reza de maio. Um casal do lu-gar cantou, a duas vozes, cantos bonitos relativos a Maria. Em seguida, voltamos à casa da família Hajek, onde pudemos jantar. No finalzinho da tarde, já entrando a noite, voltamos para casa, com um coração agrade-cido e alegre, pois o dia havia sido de bênçãos e de alegre convivência.

Mörnsheim—Casa de férias

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Secretaria do Generalato São Francisco

Ziegeleistr. 35 85 055 Ingolstadt/ Alemanha

Tel.: 0841/ 95 35 33-13 Fax: 0841/ 95 35 33-19