108
UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENSINO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA CAMILA REGINA ROSA KOPS GOETHE E NEWTON: A TEORIA DAS CORES PARA A DISCUSSÃO ENTRE ARTE E CIÊNCIA DISSERTAÇÃO PONTA GROSSA 2019

GOETHE E NEWTON: A TEORIA DAS CORES PARA A DISCUSSÃO …repositorio.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/4980/1/goethenewtonteoria... · GOETHE E NEWTON: A TEORIA DAS CORES PARA A DISCUSSÃO

  • Upload
    others

  • View
    9

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: GOETHE E NEWTON: A TEORIA DAS CORES PARA A DISCUSSÃO …repositorio.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/4980/1/goethenewtonteoria... · GOETHE E NEWTON: A TEORIA DAS CORES PARA A DISCUSSÃO

UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENSINO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA

CAMILA REGINA ROSA KOPS

GOETHE E NEWTON: A TEORIA DAS CORES PARA A DISCUSSÃO

ENTRE ARTE E CIÊNCIA

DISSERTAÇÃO

PONTA GROSSA

2019

Page 2: GOETHE E NEWTON: A TEORIA DAS CORES PARA A DISCUSSÃO …repositorio.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/4980/1/goethenewtonteoria... · GOETHE E NEWTON: A TEORIA DAS CORES PARA A DISCUSSÃO

CAMILA REGINA ROSA KOPS

GOETHE E NEWTON: A TEORIA DAS CORES PARA A DISCUSSÃO

ENTRE ARTE E CIÊNCIA

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-graduação em Ensino de Ciência e Tecnologia como requisito parcial para obtenção de “Mestre em Educação” – Área de Concentração: Ensino de Ciência e Tecnologia, da Universidade Tecnológica Federal do Paraná.

Orientadora: Profa. Dra. Eloiza Aparecida Silva Ávila de Matos

Coorientador: Prof. Dr. Awdry Feisser Miquelin

PONTA GROSSA

2019

Page 3: GOETHE E NEWTON: A TEORIA DAS CORES PARA A DISCUSSÃO …repositorio.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/4980/1/goethenewtonteoria... · GOETHE E NEWTON: A TEORIA DAS CORES PARA A DISCUSSÃO

Ficha catalográfica elaborada pelo Departamento de Biblioteca da Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Câmpus Ponta Grossa n.37/20

Elson Heraldo Ribeiro Junior. CRB-9/1413. 04/05/2020.

K83 Kops, Camila Regina Rosa

Goethe e Newton: a teoria das cores para a discussão entre arte e ciência. / Camila Regina Rosa Kops, 2020.

106 f.; il. 30 cm.

Orientadora: Profa. Dra. Eloiza Aparecida Silva Avila de Matos Coorientador: Prof. Dr. Awdry Feisser Miquelin

Dissertação (Mestrado em Ensino de Ciência e Tecnologia) - Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciência e Tecnologia, Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Ponta Grossa, 2020.

1. Arte e ciência. 2. Arte - Estudo e ensino. 3. Cores - Estudo e ensino. 4. Goethe, Johann Wolfgang von, 1749-1832. 5. Newton, Isaac, Sir, 1642-1727. I. Matos, Eloiza Aparecida Silva Avila de. II. Miquelin, Awdry Feisser. III. Universidade Tecnológica Federal do Paraná. IV. Título.

CDD 670.42

Page 4: GOETHE E NEWTON: A TEORIA DAS CORES PARA A DISCUSSÃO …repositorio.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/4980/1/goethenewtonteoria... · GOETHE E NEWTON: A TEORIA DAS CORES PARA A DISCUSSÃO

FOLHA DE APROVAÇÃO

Título da Dissertação Nº 163/2019

GOETHE E NEWTON: A TEORIA DAS CORES PARA A DISCUSSÃO ENTRE ARTE E CIÊNCIA

por

Camila Regina Rosa Kops

Esta dissertação foi apresentada às 14:00 em 25/11/2019 como requisito parcial para a

obtenção do título de MESTRE EM ENSINO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA, com área de

concentração em Ciência, Tecnologia e Ensino, do Programa de Pós-Graduação em Ensino

de Ciência e Tecnologia. O(a) candidato(a) foi arguido(a) pela Banca Examinadora composta

pelos professores abaixo citados. Após deliberação, a Banca Examinadora considerou o

trabalho aprovado.

Prof. Dr. Josie Agatha Parrilha da Silva (UEPG)

Prof. Dr. Rosemari Monteiro Castilho Foggiatto Silveira (UTFPR)

Prof. Dr. Awdry Feisser Miquelin (UTFPR) Prof. Dr. (UTFPR) – Eloiza Aparecida Ávila de Matos

Prof. Dr. Eloiza Aparecida Ávila de Matos

(UTFPR) Coordenadora do PPGECT

A FOLHA DE APROVAÇÃO ASSINADA ENCONTRA-SE NO DEPARTAMENTO DE

REGISTROS ACADÊMICOS DA UTFPR – CÂMPUS PONTA GROSSA

Page 5: GOETHE E NEWTON: A TEORIA DAS CORES PARA A DISCUSSÃO …repositorio.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/4980/1/goethenewtonteoria... · GOETHE E NEWTON: A TEORIA DAS CORES PARA A DISCUSSÃO

DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho aos estudantes e/ou amantes das cores.

Page 6: GOETHE E NEWTON: A TEORIA DAS CORES PARA A DISCUSSÃO …repositorio.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/4980/1/goethenewtonteoria... · GOETHE E NEWTON: A TEORIA DAS CORES PARA A DISCUSSÃO

AGRADECIMENTOS

A Deus, pois está sempre presente em minha vida, me dando forças nos momentos

tristes e felizes, e na elaboração desta pesquisa.

À Professora Drª Eloiza Aparecida Silva Avila de Matos e ao Professor Dr. Awdry

Feisser Miquelin, por terem acreditado em mim. Com suas orientações, cresci como

pessoa e profissionalmente, tornaram-se as pessoas nas quais irei me espelhar pelo

resto de minha carreira.

A todos os professores das disciplinas ministradas ao longo do mestrado, foi

somente por seus esforços e preocupação conosco que foi possível chegar até aqui.

Também aos professores que fizeram parte da minha banca, que contribuíram para

o enriquecimento deste trabalho.

À minha família, pelo companheirismo, compreensão e apoio mesmo antes de iniciar

o mestrado, sempre incentivando as minhas decisões e desafios.

Em especial, às minhas amigas, Camila Gonçalves Klipan, Thais Angélica Castanho

e Eliziane Ribeiro, por sempre estarem presentes em minha vida, pela amizade,

confiança, incentivo, cooperação e apoio.

A meu esposo, que sempre se mostrou compreensivo pelas minhas faltas, por

motivos de estudos. Sempre me incentivando para conseguir concluir. A nossa

família que se forma a partir de agora, com a chegada da Isis.

A meus pais, que sempre me instigaram aos estudos.

A todos que direta ou indiretamente contribuíram para a conclusão desta pesquisa.

Page 7: GOETHE E NEWTON: A TEORIA DAS CORES PARA A DISCUSSÃO …repositorio.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/4980/1/goethenewtonteoria... · GOETHE E NEWTON: A TEORIA DAS CORES PARA A DISCUSSÃO

Assim como, por diversas razões, o artista

deve respeitar o diletante, assim também,

em questão científicas, o amador é capaz

de contribuir om algo útil e agradável.

Mais do que a arte, as ciências se

baseiam na experiência, e muitas pessoas

estão preparadas para ela.

(GOETHE, Johann, 1940)

Page 8: GOETHE E NEWTON: A TEORIA DAS CORES PARA A DISCUSSÃO …repositorio.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/4980/1/goethenewtonteoria... · GOETHE E NEWTON: A TEORIA DAS CORES PARA A DISCUSSÃO

RESUMO

KOPS, Camila Regina Rosa. Goethe e Newton: A Teoria das Cores para a discussão entre arte e ciência. 2019. 108 f. Dissertação (Mestrado em Ensino de Ciência e Tecnologia), Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Ponta Grossa, 2019.

Esta dissertação destaca o Estudo das Cores de Newton e Goethe e analisa como

ambas são abordadas no curso de Licenciatura em Artes Visuais numa Universidade

Estadual do sul do Paraná. O objetivo geral foi analisar o Estudo das Cores de Goethe

e Newton e suas contribuições no ensino de arte para compreensão da natureza da

ciência. Quanto à abordagem, a pesquisa caracteriza-se como qualitativa, de natureza

aplicada e, quanto aos procedimentos, um estudo de caso. Tem-se como universo de

pesquisa 21 acadêmicos do 1° ano e 13 acadêmicos do 4° ano, de 2017. Para

obtenção dos dados optou-se pelo uso de 3 questionários abertos (dois diagnósticos,

inicial e final, e um para avaliação de conteúdo) e desenhos elaborados pelos

acadêmicos. Os resultados obtidos nos 1° e 2° encontros com o 1° ano apontaram

que: o Estudo das Cores é importante para a carreira profissional, evidenciou-se a

dificuldade em esboçar uma relação entre ciência e cores, a maioria deles conhecia

apenas o Estudo das Cores de Newton, Goethe é mais citado por sua obra literária,

houve dificuldade em relacionar o estudo interdisciplinar entre Goethe e Newton. No

3° encontro, com o 4° ano, registraram que: o Estudo das Cores no curso de Artes

Visuais é visto de maneira sucinta, Goethe é pouco mencionado ao longo do curso,

têm maior conhecimento do Estudo das Cores de Newton; também indicaram que

ambos estudos são importantes e se complementam e elencaram exemplos de

práticas possíveis em sala de aula. Em vista desses apontamentos, organizou-se um

jogo – Estudo das Cores: Goethe e Newton, a partir do software de criação de jogos

digitais, Construct 2, para expor os dois estudos de maneira lúdica e complementar, a

fim de elucidar as relações interdisciplinares, complementares, visando a melhor

compreensão da natureza da ciência. O jogo foi configurado como produto

educacional desta dissertação. Os acadêmicos consideram-no um instrumento

pedagógico e didático de grande valia para auxiliar no Ensino das Cores no Ensino

Fundamental. Os dados mostram que há necessidade de dar mais ênfase sobre o

Estudo das Cores no curso de Artes Visuais. Por serem futuros professores

trabalharão com o fenômeno Cor, que é algo subjetivo e depende da sensibilidade

dos olhos para ser captada. Os acadêmicos consideraram que, aprender sobre os

Estudos das Cores de Goethe e Newton em conjunto, auxilia na compreensão de

como os cientistas e artistas utilizam a criatividade e a imaginação como recurso para

explorar a compreensão de experimentos científicos e artísticos.

Palavras-chave: Arte e Ciência. Estudo das Cores. Goethe e Newton. Ensino de

Arte.

Page 9: GOETHE E NEWTON: A TEORIA DAS CORES PARA A DISCUSSÃO …repositorio.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/4980/1/goethenewtonteoria... · GOETHE E NEWTON: A TEORIA DAS CORES PARA A DISCUSSÃO

ABSTRACT

KOPS, Camila Regina Rosa. Goethe and Newton: The theory of color for the discussion between art and Science. 2019. 108 f. Dissertation (master’s in science and Technology Teaching), Federal Technology University - Paraná. Ponta Grossa, 2019.

This dissertation highlights the Study of Colors by Newton and Goethe and analyzes

how both are addressed in the Visual Arts Degree course at a State University in

southern Paraná. The overall objective was to analyze Goethe and Newton´s Study of

Colors and their contributions to art teaching for understanding the nature of Science.

Regarding the approach the research is characterized as qualitative, of applied nature,

and as the procedures a case study. It has as research universe 21 students from the

1st year and 13 students from the 4th year, 2017. To obtain the data, we chose to use

3 open questionnaires (two diagnoses: initial and final and one for content evaluation).

And drawings prepared by academics. The results obtained in the 1 st and 2nd

meetings with the 1 st year indicated that the Study of Colors is important for the

professional career; the difficulty in sketching a relationship between science and color

was evidenced; most of them knew only Newton’s Color Study; Goethe is best cited

for his literary work; There was difficulty in relating the interdisciplinary study between

Goethe and Newton. At the 3rd meeting, with the 4 th year, they commented that the

Study of Colors, in the Visual Arts course, is seen in a brief way; Goethe is little

mentioned throughout the course; have greater knowledge of Newton’s Color Study;

indicated that both are important and complement each other; listed examples of

possible classroom practices. In view of these notes, a game was organized – Study

of Colors: Goethe and Newton, from the digital game creation software, Construct 2,

to expose both studies in a playful and complementary way, in order to elucidate

interdisciplinary relations, complementary aiming at a better understanding of the

nature of science. The game was configured as an educational product of this

dissertation. Academics consider it a valuable pedagogical and didactic instrument to

assist in the Teaching of Colors in Elementary School. The data show that there is a

need for more emphasis on the Study of Colors in the Visual Arts course, as future

teachers will work with the color phenomenon, which is subjective and depends on the

sensitivity of the eyes to be captured. Scholars have found that learning about Goethe

and Newton’s Color Studies together helps in understanding how scientists and artists

use creativity and imagination as a resource for exploring understanding of

experiments.

Keywords: Art Science. Study of Colors. Goethe and Newton. Art Teaching.

Page 10: GOETHE E NEWTON: A TEORIA DAS CORES PARA A DISCUSSÃO …repositorio.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/4980/1/goethenewtonteoria... · GOETHE E NEWTON: A TEORIA DAS CORES PARA A DISCUSSÃO

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Johann Wolfgang von Goethe .................................................................. 19

Figura 2 – Ilustração da Doutrina das Cores ............................................................. 25

Figura 3 – Círculo Cromático ..................................................................................... 26

Figura 4 – O olho humano ......................................................................................... 28

Figura 5 – Raios de prismas cromáticos ................................................................... 29

Figura 6 – Imagens Preta e Branca para o olho ........................................................ 30

Figura 7 – Retrato de Sir Isaac Newton..................................................................... 31

Figura 8 – Experimentações de Newton com o Prisma ............................................. 34

Figura 9 – Página 11 – Livro de arte: experimento de Newton.....................................35

Figura 10 – Página 277 – Livro de arte: Refração da luz..............................................35

Figura 11 – Disco de Newton .................................................................................... 38

Figura 12 – Brasil Político.......................................................................................... 41

Figura 13 – Desenho do acadêmico 3 ....................................................................... 74

Figura 14 – Desenho do acadêmico 4 ....................................................................... 75

Figura 15 – Desenho do acadêmico 6 ....................................................................... 76

Figura 16 – Desenho do acadêmico 16 .................................................. ...................76

Figura 17 – Quadro de desenhos dos acadêmicos, a favor da Doutrina das Cores de

Goethe....................................................................................................................... 77

Figura 18 – Quadro de desenhos dos acadêmicos, a favor do Estudo das Cores de

Newton ...................................................................................................................... 80

Figura 19 – Quadro de desenhos dos acadêmicos, neutros ao Estudo das Cores .. 80

Quadro 1 – Cores e as sensações por elas causadas.................................................46

Page 11: GOETHE E NEWTON: A TEORIA DAS CORES PARA A DISCUSSÃO …repositorio.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/4980/1/goethenewtonteoria... · GOETHE E NEWTON: A TEORIA DAS CORES PARA A DISCUSSÃO

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 – Questão 1, Primeiro e Segundo encontro ............................................... 60

Gráfico 2 – Questão 2, Primeiro e Segundo encontro ............................................... 62

Gráfico 3 – Questão 3, Primeiro e Segundo encontro ............................................... 63

Gráfico 4 – Questão 4, Primeiro e Segundo encontro ............................................... 65

Gráfico 5 – Questão 5, Primeiro e Segundo encontro..................................................66

Gráfico 6 – Questão 1, Terceiro encontro ................................................................. 68

Gráfico 7 – Questão 2, Terceiro encontro ................................................................. 69

Gráfico 8 – Questão 3, Terceiro encontro....................................................................70

Gráfico 9 – Questão 4, Terceiro encontro....................................................................71

Gráfico 10 – Questão 5, Terceiro encontro..................................................................72

Gráfico 11 – Questão 6, Terceiro encontro..................................................................73

Page 12: GOETHE E NEWTON: A TEORIA DAS CORES PARA A DISCUSSÃO …repositorio.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/4980/1/goethenewtonteoria... · GOETHE E NEWTON: A TEORIA DAS CORES PARA A DISCUSSÃO

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO........................................................................................................11

2 ESTUDO DAS CORES...........................................................................................17

2.1 JOHANN WOLFGANG VON GOETHE ................................................... ............18

2.2 ISAAC NEWTON……………………………………………………………………….31

2.2.1 Índice de Refração............................................................................................32

2.3 O OUTRO LADO DA CIÊNCIA............................................................................39

2.4 DISCUSSÃO SOBRE A COR: A RELAÇÃO ENTRE ARTE E CIÊNCIA.............42

2.4.1 A Utilização da Cor............................................................................................44

3 METODOLOGIA E ANÁLISE DOS DADOS ................................................... .......48

3.1 DELINEAMENTO DA PESQUISA...................... ................................................. 49

3.2 CARACTERIZAÇÃO DA POPULAÇÃO ............................................................. 50

3.3 ASPECTOS ÉTICOS.................................... ............................................ ...........51

3.4 CARACTERIZAÇÃO DO ESPAÇO E CURSO......................................................51

3.5 MOMENTOS DA PESQUISA DE CAMPO............................................................52

3.5.1 Primeiro Momento - Contato com a Universidade..............................................52

3.5.2 Segundo Momento - Aplicação com os Acadêmicos do Primeiro Ano ...............52

3.5.3 Terceiro Momento - Aplicação com os Acadêmicos do Quarto Ano...................54

3.5.3.1 Proposição do produto educacional................................................................54

3.5.3.1.1 Construct 2...................................................................................................55

3.5.3.1.2 Jogo - Estudo das Cores: Goethe e Newton.................................................55

3.5.3.1.3 Caracterização do jogo................................................................................56

3.5.3.2 Procedimentos de análise...............................................................................58

3.5.3.3 Análise dos dados coletados - primeiro encontro............................................59

3.5.3.3.1 Análise dos dados coletados - segundo encontro........................................67

3.5.3.3.2 Análise dos dados coletados - desenhos.....................................................73

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................ ...82

REFERÊNCIAS .................................................................................................... .....85

APÊNDICE A..............................................................................................................88

APÊNDICE B..............................................................................................................90

APÊNDICE C..............................................................................................................92

APÊNDICE D..............................................................................................................97

APÊNDICE E............................................................................................................101

Page 13: GOETHE E NEWTON: A TEORIA DAS CORES PARA A DISCUSSÃO …repositorio.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/4980/1/goethenewtonteoria... · GOETHE E NEWTON: A TEORIA DAS CORES PARA A DISCUSSÃO

11

1 INTRODUÇÃO

A presente pesquisa engloba a Doutrina1 das Cores de Johann Wolfgang van

Goethe2, conhecido literário alemão, e o Estudo das Cores de Isaac Newton3, cientista

renomado. O Estudo das Cores de Newton, de forma resumida, associa a luz solar

como sendo a responsável pelo surgimento das Cores. Em seus experimentos, depois

de alguns ajustes fundamentais, Newton observou em um ambiente escuro e fechado,

uma pequena faixa de passagem de luz adentrando o ambiente. Nessa experiência,

percebeu que se dissolvia a luz solar nas sete Cores do arco-íris, através de um

prisma, e julgou que as Cores eram correspondentes ao tamanho da partícula de luz.

Já Goethe, em suas análises, não se limitou em reproduzir apenas os experimentos

de Newton, em uma sala escura, pois não concordava com seus resultados. Estudou

as Cores em ambientes abertos, com mais luz do que escuridão, e com essa

experiência, Goethe observou que resultavam, dessa maneira, as Cores

1 Os estudos feitos por Goethe são abordados nesta pesquisa como Doutrina, por usar a tradução da palavra “Farbenlehre”. Já, as pesquisas de Newton, são chamadas de Estudos. 2 Johann Wolfgang von Goethe (1749 - 1832) foi um escritor alemão e pensador que também fez incursões pelo campo da ciência. Como escritor, Goethe foi uma das mais importantes figuras da literatura alemã e do romantismo europeu, nos finais do século XVIII e início do século XIX. Juntamente com Friedrich Schiller, foi um dos líderes do movimento literário romântico alemão Sturm und Drang. De sua vasta produção fazem parte: romances, peças de teatro, poemas, escritos autobiográficos, reflexões teóricas nas áreas de arte, literatura e ciências naturais. Além disso, sua correspondência epistolar com pensadores e personalidades da época é grande fonte de pesquisa e análise de seu pensamento. Através do romance Os Sofrimentos do Jovem Werther, Goethe tornou-se famoso em toda a Europa no ano de 1774. Mais tarde, com o amadurecimento de sua produção literária, e influenciado pelo também escritor alemão Friedrich Schiller, Goethe se tornou o mais importante autor do Classicismo de Weimar. Goethe é até hoje considerado o mais importante escritor alemão, cuja obra influenciou a literatura de todo o mundo. Disponível em: <https://conhecimentos-verdadeiros.webnode.com/products/biografia-goethe/.> Acesso em: 01 mai. 2018. 3 Isaac Newton - Cientista inglês (1643-1727). Um dos maiores gênios da história. Trouxe uma nova compreensão do Universo e dos fenômenos que ocorrem na Terra e nas estrelas. Ele nasceu em Woolsthorpe, Lincolnshire, Inglaterra, e estudou no Trinity College, em Cambridge. Antes de completar 24 anos de idade, ele já havia criado o teorema dos binômios e o cálculo funcional, descoberto o espectro da luz e escrito sua Teoria da Gravitação. Há quem afirme que ele teria elaborado esta teoria em 1665 ao observar a queda de uma maçã. Newton também inventou o telescópio refletor. No telescópio refletor, a luz não era simplesmente ampliada, mas refletida diretamente para o olho da pessoa por meio de um espelho grande e côncavo e de um espelho pequeno e plano, sem passar por lentes de vidro. Em 1667, com apenas 25 anos de idade, Newton foi eleito membro do Trinity College. Enquanto esteve em Cambridge, desenvolveu as famosas Três Leis do Movimento, uma façanha espetacular para uma pessoa ainda tão jovem. Em 1687, Newton publicou seus Princípios Matemáticos da Filosofia Natural. Neste trabalho, ele demonstrou a estrutura do Universo, o movimento dos planetas e calculou a massa do Sol, dos planetas e de algumas luas. Se Colombo e Magalhães haviam provado que a Terra era esférica, Newton demonstrou que a Terra não é uma esfera perfeita, mas um esferoide oblongo – ligeiramente achatada nos pólos pela força centrífuga de sua própria rotação. Seu trabalho teórico com luz e telescópios foi combinado num único compêndio, intitulado Óptica, publicado em 1704. Disponível em: < https://www.sohistoria.com.br/biografias/newton/> Acesso em: 21 jan. 2019.

Page 14: GOETHE E NEWTON: A TEORIA DAS CORES PARA A DISCUSSÃO …repositorio.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/4980/1/goethenewtonteoria... · GOETHE E NEWTON: A TEORIA DAS CORES PARA A DISCUSSÃO

12

complementares, resultantes do experimento de Newton. Diferente de Newton,

Goethe considerou a luz e a escuridão essenciais para o surgimento das Cores.

Contempla-se, neste estudo, as peculiaridades encontradas nos Estudo das

Cores de Goethe e de Newton. Sobre a comparação entre os Estudos Heisenberg

(2015, p.211) salienta que:

Tornou-se claro, a todos aqueles que se ocuparam das doutrinas goethiana e newtoniana das cores nos tempos atuais, que obviamente não se ganha muito conhecimento mediante a investigação da pergunta sobre qual das duas doutrinas seria verdadeira ou falsa. Entretanto, em cada questionamento específico uma decisão deve ser tomada e, com isso, nos lugares onde há efetivamente uma oposição o método das ciências naturais de Newton torna-se vitorioso sobre a força intuitiva de Goethe. Mas, no fundo, ambas as teorias tratam de coisas distintas e permanece a pergunta sobre como é possível que tantos objetos distintos possam ser vinculados ao conceito.

De fato, ambos os Estudos se complementam e não se anulam, ainda que

Goethe acreditasse, pois por trinta anos, até os últimos dias de sua vida, tentou

mostrar que estava certo e Newton, errado. Os dois Estudos sobre as Cores se

complementam, pelo fato de Goethe começar suas pesquisas onde Newton

terminava. Ambos possuíam visões corretas sobre o fenômeno, sob maneiras de

observações diferenciadas. Goethe e Newton, e seus respectivos Estudos, foram

importantes para o desenvolvimento da ciência, cada um com o seu propósito. Por

exemplo, Goethe defendia que a cor existia enquanto fenômeno além da física e

preocupava-se com os aspectos fisiológicos na visão cromática. Já Newton, “analisou

os fenômenos da dispersão e da composição da luz branca” (SILVEIRA, 2015, p.23).

Brito e Reis (2016, p.297) argumentam sobre a importância de conhecer o contexto

histórico de ambas as “Teorias”4:

As teorias de Goethe e Newton possuem uma relação, não necessariamente antagônicas, mas de certo modo complementar, tendo em vista que a teoria goetheana contempla aspectos que não são compreendidos pela teoria de Newton, como a interpretação das cores a partir das sensações causadas. Devemos levar em consideração que estas teorias partem de visões de mundo completamente distintas, baseadas em suas próprias filosofias e derivadas da necessidade pessoal de ambos. Estes aspectos da teoria de Goethe e Newton são importantes para fazermos uma abordagem contextual do Ensino de Ciências em que o conhecimento da ciência não se basta em si mesmo, mas só ganha legitimidade na medida

4 Esta dissertação irá mencionar as pesquisas sobre as Cores de Newton como: Estudo das Cores e de Goethe como Doutrina das Cores.

Page 15: GOETHE E NEWTON: A TEORIA DAS CORES PARA A DISCUSSÃO …repositorio.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/4980/1/goethenewtonteoria... · GOETHE E NEWTON: A TEORIA DAS CORES PARA A DISCUSSÃO

13

em que permite maior reflexão e compreensão do mundo onde a ciência é construída. Uma leitura científica da cultura, bem como uma leitura cultural da ciência são fundamentais para uma formação cidadã de estudantes da escola básica.

Ao pensar nesses aspectos de leitura científica da cultura e leitura cultural da

ciência é que se constitui o problema de pesquisa: como a discussão do Estudo das

Cores de Newton e Goethe no ensino de arte contribui para a compreensão da

Natureza da Ciência? Esta pesquisa tem como objetivo geral: analisar a Teoria das

Cores de Goethe e Newton e suas contribuições no ensino de arte para compreensão

da Natureza da Ciência. E como objetivos específicos: investigar sobre a questão cor;

levantar as percepções dos acadêmicos em relação à Teoria das Cores; averiguar de

que maneira os profissionais de Artes Visuais estão trabalhando com a Teoria das

Cores; elaborar um produto educacional destinado a ensinar a Teoria das Cores, para

facilitar a compreensão da relação arte e ciência no Ensino Fundamental.

Para maior divulgação dos Estudos sobre as Cores e para usar a tecnologia

de maneira a somar com a educação, se produz um jogo de natureza educacional,

como ferramenta para aprimorar os conceitos dos Estudos de maneira lúdica,

utilizando a Construct 25 para a produção do jogo. Com essa ferramenta é possível

alterar as questões a cada jogo, multiplicando conhecimento a cada questão, no jogo

proposto aqui, as perguntas são sempre voltadas ao Estudo das Cores.

Sobre a quem pode interessar o Estudo sobre as Cores, o próprio Goethe

justifica em sua obra, na introdução de Doutrina das Cores:

Nosso trabalho será bem-vindo ao técnico e ao colorista. Pois são justamente aqueles que refletiram sobre o fenômeno das cores e não se contentaram com a teoria até então válida: foram os primeiros a constatar a insuficiência da doutrina de Newton. Não é indiferente o lado pelo qual se aborda um saber, uma ciência, e faz muita diferença a porta por onde se entra. O fabricante, homem originalmente prático, que todos os dias têm inevitavelmente de lidar com as cores, cuja convicção é sensível ao lucro ou

5 De forma extremamente resumida, a Construct é um software criado para desenvolvimento de jogos

digitais, popularmente conhecido como Game Engine. Ela foi projetada especificamente para criação de jogos 2D, baseados em HTML 5, no qual não se exige do usuário o conhecimento de programação, apenas lógica e que permite exportar para diversas plataformas. Toda a programação de um jogo na Construct é feita de modo visual utilizando o conceito de evento e ações, onde para cada evento se tem uma ou mais ações. Uma das suas principais características é o desenvolvimento extremamente rápido de um jogo, pois ela vem nativamente preparada com componentes e comportamentos prontos para uso. Basta criar um objeto, adicionar um comportamento para ele e programar seus eventos e ações, tudo de forma visual. Disponível em: <https://producaodejogos.com/conhecendo-construct-2/> Acesso em: 05 jan. 2019.

Page 16: GOETHE E NEWTON: A TEORIA DAS CORES PARA A DISCUSSÃO …repositorio.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/4980/1/goethenewtonteoria... · GOETHE E NEWTON: A TEORIA DAS CORES PARA A DISCUSSÃO

14

prejuízo, à perda de tempo e dinheiro, e que deseja progredir e igualar ou ainda superar o que foi feito por outros. (GOETHE, 2013, p.75-76)

Na convicção de Goethe não bastava a explicação de Newton sobre as Cores

surgirem da luz branca. Por isso, Goethe começou a fazer experimentos a partir das

pesquisas feitas por Newton. O Estudo das Cores de Newton é o mais referido e

muitas vezes só ele é estudado de fato.

Bach Junior (2016) explica o motivo pelo qual apenas Newton é mencionado:

Por ter se contraposto a Newton em sua teoria das cores, tanto a metodologia de Goethe quanto as suas obras científicas e na ótica, tiveram lenta aceitação ao longo da história da ciência, uma vez que não coadunaram com o paradigma da sua época. (BACH JUNIOR, 2016, p. 118)

Enquanto isso, a Doutrina das Cores de Goethe às vezes é citada, sendo

possível nem ser mencionada. Em relação ao Estudo das Cores, o fato de serem bem

aceitos pela sociedade os estudos de Newton, Mbarga e Fleury, (2016, p.95-96)

exemplificam que: “em essência, isso significa que se um pensador grego famoso e

de prestígio disse alguma coisa, então ela é válida para sempre”. É o que ocorre com

o Estudo das Cores de Newton, por se tratar de uma figura conceituada ao meio

científico, seu estudo é sempre referenciado.

No que se refere aos estudos cromáticos, os trabalhos de Newton são considerados atualmente um marco no desenvolvimento da ciência da cor. A chamada Ciência da cor contida na Teoria da Cor e é definida como o estudo dos aspectos físicos da cor. (SILVEIRA, 2015, p.24)

E, assim, Goethe escrevendo de maneira impolida, ou seja, tentando provar

que Newton estava errado, sobre os experimentos de Newton, está em demérito, pois

ambos trazem conhecimentos importantes para o Estudo das Cores.

O público alvo desta pesquisa são os acadêmicos do primeiro e último ano do

curso de Licenciatura em Artes Visuais da instituição pesquisada, tem-se como

procedimento um estudo de caso. Escolheu-se as duas turmas, para investigar o

desenvolvimento do pensamento sobre as Cores, observando como entraram e como

a formação neste curso mudou esse contexto, caso haja mudanças realmente.

Há o fato de que o curso de Artes Visuais, na instituição pesquisada, trabalha

com utilização das Cores, ao longo dos quatro anos propostos pela grade curricular,

Page 17: GOETHE E NEWTON: A TEORIA DAS CORES PARA A DISCUSSÃO …repositorio.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/4980/1/goethenewtonteoria... · GOETHE E NEWTON: A TEORIA DAS CORES PARA A DISCUSSÃO

15

com os aspectos subjetivos e objetivos em determinadas obras, com a criatividade, e

assim por diante. E mesmo neste contexto, não se exploram as essências trazidas na

Doutrina das Cores de Goethe, assim como outros cursos o fazem, como arquitetura,

publicidade e outros. Determina-se este tema, visando propiciar subsídios para

Estudos de Cor relacionados às Artes Visuais e Natureza da Ciência.

A Natureza da Ciência (NdC), “possibilita a discussão de questões sobre a

ciência, a forma como ela é produzida e suas características, conhecimentos

importantes quando falamos de um Ensino de Ciência para a cidadania” (DURBANO,

2015, p.14).

Trata-se de mostrar aos acadêmicos a importância de verem os cientistas

além de sua profissão, vê-los como seres humanos, que assim como qualquer outro,

podem errar e/ou agir por interesses próprios. Transparecer que, muitas vezes, a

ciência vincula-se a benefícios imediatos, com experimentos que irão beneficiar uma

pequena parcela da população e que, sistematicamente, as pessoas que têm maior

poder aquisitivo, iriam se beneficiar e a classe mais pobre, nem teria acesso.

Se pararmos para pensar em educação, principalmente a pública, onde os

alunos mostram-se carentes em diversos aspectos, estudar a Doutrina das Cores de

Goethe é preocupar-se com este indivíduo, na maneira como ele vê e sente o mundo.

Mostrar para ele que houve uma pessoa que teve coragem de contrapor estudos de

um cientista renomado, e que conseguiu apresentar resultados que também se

tornaram importantes, os quais não foram abordados na pesquisa anterior, e que a

complementam. É trabalhar Natureza da Ciência (NdC), pois instiga-se o aluno a

desenvolver sua criatividade, pois ele não deve aceitar tudo o que estuda como uma

verdade absoluta, e que algo é impossível de mudar e/ou evoluir.

Com essa reflexão o trabalho proposto busca referenciar a Doutrina de

Goethe sobre as Cores, o qual cai em descrédito, por ter sido produzida com um

método considerado não científico, diferente dos Estudos das Cores de Newton.

Newton, por se tratar de um ilustre cientista, tem seu Estudo das Cores como o mais

referenciado e estudado até hoje. Muitos nem questionam esse motivo e/ou nem

sabem da existência da Doutrina das Cores de Goethe. E os que já ouviram falar,

ainda assim, continuam apenas fazendo menção aos Estudos de Newton.

O capítulo 2 traz um referencial teórico focado na Cor, salientando que ela

não tem existência material, ela é uma sensação, e que há alguns efeitos luminosos

que fazem surgir a Cor. Como a Cor luz, a qual Newton estudava, e a Cor pigmento,

Page 18: GOETHE E NEWTON: A TEORIA DAS CORES PARA A DISCUSSÃO …repositorio.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/4980/1/goethenewtonteoria... · GOETHE E NEWTON: A TEORIA DAS CORES PARA A DISCUSSÃO

16

que Goethe empregava em seus experimentos. Este capítulo se faz importante para

entender a Cor, trabalhando com a alfabetização científica e tecnológica e a Natureza

da Ciência.

No capítulo 3, descreve-se a metodologia deste trabalho. Compõe-se: Análise

do Discurso, pesquisa de natureza aplicada, com abordagem qualitativa, quanto aos

procedimentos um estudo de caso, como coleta de dados empregam-se questionários

e desenhos.

Por fim, no capítulo 4, apontam-se as considerações finais.

Page 19: GOETHE E NEWTON: A TEORIA DAS CORES PARA A DISCUSSÃO …repositorio.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/4980/1/goethenewtonteoria... · GOETHE E NEWTON: A TEORIA DAS CORES PARA A DISCUSSÃO

17

2 ESTUDO DAS CORES

No ensino básico, geralmente há referência apenas ao Estudo das Cores de

Newton e, ainda de maneira simplificada, sem mencionar que ele teve que refazer

muitas vezes o mesmo experimento, até conseguir colocar todos os aparatos

utilizados em seu experimento, na posição exata, para chegar à conclusão conhecida

hoje. Silva e Martins (2003, p.56) descrevem como se desenvolveu o experimento de

Newton:

Em 1672 Newton apresentou seu conceito de que a luz é “uma mistura heterogênea de raios com diferentes refrangibilidades” cada cor corresponde a uma diferente refrangibilidade. Apresentou também vários experimentos para corroborar sua teoria. No primeiro, um feixe de luz solar passa através de um prisma, formando uma mancha em uma parede. Newton notou que a mancha não era circular como o disco solar – ela era alongada. Para explicar este efeito, assumiu que a luz branca do Sol era composta de muitos raios diferentes. Cada tipo de raio seria refratado em uma direção diferente e seria associado a uma cor diferente.

Depois de vários experimentos Newton fez o Experimentum Crucis, neste a

luz passa por dois prismas. “O 1º prisma produzia um espectro colorido e o segundo

era usado para estudar o desvio da cor. O experimento mostrou que cada cor não era

separada pelo 2º prisma e que cada cor era desviada em um ângulo diferente” (SILVA;

MARTINS, 2003, p. 56). Silva e Martins (2003, p, 59) comentam sobre um artigo

produzido por Newton, onde Newton apresenta a sua conclusão correta, após vários

experimentos:

Em seu artigo de 1672, Newton já havia chegado à conclusão “correta”: cada cor espectral tem propriedades fixas e imutáveis; e cada cor tem uma refrangibilidade específica. Essa ideia de Newton não é intuitiva. Ela não surgiu automaticamente em sua mente, mas sim lentamente, após um trabalho intenso. O ponto principal foi descobrir se as cores podem ser transformadas e criadas ou não. Este é o objetivo principal do Experimentum Crucis de Newton.

Goethe e Newton se diferem em seus conceitos mais simples, Heisenberg

(2015, p. 209-210) discorre sobre essas diferenças:

Na teoria Newtoniana, o fenômeno mais simples é o raio de luz monocromático estritamente delimitado, depurado das luzes de outras cores e outras direções mediante dispositivos complexos. O conceito mais simples

Page 20: GOETHE E NEWTON: A TEORIA DAS CORES PARA A DISCUSSÃO …repositorio.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/4980/1/goethenewtonteoria... · GOETHE E NEWTON: A TEORIA DAS CORES PARA A DISCUSSÃO

18

da doutrina de Goethe é a clara luz do dia que aflui a nós. Esse fenômeno fundamental da teoria newtoniana, tão estranho à nossa intuição, abre assim à matemática e à arte da medição o acesso aos fenômenos ópticos.

A Doutrina das Cores de Goethe dificilmente é citada, e quando é lembrada,

na sua maioria é para fazer uma comparação negativa, quando comparada ao Estudo

das Cores de Newton.

São vários os nomes de estudiosos sobre a Cor, como por exemplo:

“Leonardo da Vinci, Isaac Newton, Johann Wolfgang von Goethe, Michel-Eugène

Chevreul”, (SILVEIRA, 2015, p. 4), entre outros. Mas, qual o motivo de tantos estudos

referentes a um tema que parece ser bastante simples? Silveira, (2015, p. 15) explica

um pouco dessa complexidade.

A cor participa da construção simbólica perspectiva de todas as pessoas, porém essas pessoas podem sentir essa construção de maneiras diferentes. Um espectador de televisão tem na cor um reforço para o canal de comunicação da informação que ele precisa perceber e entender nos acontecimentos da novela; uma criança ainda não tem toda a paleta de cores por onde a sua cultura transita; mas um idoso não só a tem como a manipula para se comunicar.

A Cor está ligada ao desenvolvimento cultural da população. Diversas áreas

estudam os efeitos das Cores, como a publicidade, moda, comunicação, área da

educação, prevenção de acidentes, medicina, arte, ciência, entre outras.

No Estudo das Cores de Goethe e de Newton, denota-se a preocupação em

ordenar as Cores de maneira que elas fiquem organizadas conforme suas convicções,

um pelo lado matemático e o outro pelo fisiológico. É importante o conhecimento de

ambos, pelo fato de que os dois Estudos se preocupam com o surgimento e utilização

da Cor, e as organizam de forma a expressar suas complexidades, cada um à sua

maneira, porém um não é mais importante que o outro. Por isso os tópicos seguintes

focam-se na Doutrina e no Estudo das Cores de Goethe e de Newton.

2.1 JOHANN WOLFGANG VON GOETHE

Page 21: GOETHE E NEWTON: A TEORIA DAS CORES PARA A DISCUSSÃO …repositorio.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/4980/1/goethenewtonteoria... · GOETHE E NEWTON: A TEORIA DAS CORES PARA A DISCUSSÃO

19

Figura 1 – Johann Wolfgang von Goethe

Fonte: <https://www.martin-missfeldt.com/art-pictures/speed-paintings-2/johann-wolfgang-von-goethe.php> (2007)

Goethe (1749-1832) (Figura 1) foi um importante romancista, dramaturgo e

filósofo alemão. Pertencia a uma família rica, estudou com o auxílio do seu pai e por

tutores. Herdou de seu pai o interesse pelas artes e a ciência. Sua mãe, também, teve

uma grande participação para seu gosto eclético, fazia leituras de estórias todas as

noites para ele, despertando sua criatividade. Goethe cursou direito (1765-68), nessa

mesma época mostrou interesse pela poesia, gravura em metal, xilogravura, desenho

e pintura. “Em sua vida acadêmica fez amizades com acadêmicos de medicina, o que

fez com que ele se interessasse por temas científicos, logo começou a frequentar

aulas de anatomia” (ROSA, 2012, p. 13). Seu interesse pelas artes começou desde

muito jovem, tinha afeição por pinturas e desenhos. “Seu encanto por arquitetura

começa com uma viagem à Itália, também nesta viagem há o encontro determinante

entre a ciência e a arte em sua vida” (TEIXEIRA; KAMITA, 2015, p. 14).

Em 1786/88, Goethe viaja para Itália, nessa viagem ele teve contato com a

arquitetura, obras de artes, culturas gregas e romanas, Renascimento, entre outros.

Na Itália visitou, muitas vezes, a Catedral Gótica de Strasburg, a qual o deixou

surpreendido pela sua grandiosidade, “Goethe pesquisa o âmbito da arte e o da

ciência, e deixa sobre esta experiência um magnífico relato em Viagem à Itália”

(POSSEBON, 2009, p. 8).

Page 22: GOETHE E NEWTON: A TEORIA DAS CORES PARA A DISCUSSÃO …repositorio.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/4980/1/goethenewtonteoria... · GOETHE E NEWTON: A TEORIA DAS CORES PARA A DISCUSSÃO

20

Nesta viagem começaram a germinar as ideias que iriam conduzi-lo à elaboração de uma teoria das cores nos anos seguintes. Seu interesse pela arte e seu espírito criador orientaram sua pesquisa numa direção peculiar e com um tipo de aproximação aos fenômenos cromático distintos da ciência da sua época. Interessa a Goethe uma explicação, um entendimento do modo como suscitam as cores, e que este venha a servir a todos os campos do conhecimento em que os homens tenham que lidar com o fenômeno cromático, e principalmente ao domínio da produção artística. Ele conhece a teoria vigente sobre as cores elaborada por Newton um século antes, mas ela não o satisfaz. (POSSEBON, 2009, p.9)

Viajar para Itália, fez Goethe perceber que os artistas, até então, não se

mostravam preocupados com combinações das Cores, antes de iniciarem seus

trabalhos, também não tinham nenhum método a ser seguido. Desde então, sentiu-se

na necessidade de produzir um estudo mais profundo sobre as Cores. “Em suas

pesquisas buscou mostrar que as Cores não são elementos da luz, e sim das trevas

em conjunto com a luz, ou seja, a mistura do claro e do escuro” (ROSA, 2012, p.30).

Para Goethe não bastava a explicação de Newton, sobre as Cores surgirem da luz

branca. Defendia a ideia de que a Cor teria existência além da física. “Para ele não

bastava concluir que a Cor surgia da luz branca, mas também a influência dos

aspectos fisiológicos na visão cromática” (SILVEIRA, 2015, p. 25). Goethe e Newton

tiveram métodos e critérios distintos em seus Estudos.

Teixeira e Kamita (2015, p. 36) comentam que “Goethe relaciona a arte e a

ciência em suas pesquisas sobre as Cores, mas especificamente, em sua “teoria”,

intitulada: Doutrina das Cores”. Escreveu o livro, Zur Farbenlehre6, publicado em 1810.

“A Doutrina das Cores oscila entre um discurso científico e uma linguagem poética”

(GOETHE, 2013, p.49).

A questão da pintura na Farbenlehre compreende que a sensibilidade artística é reivindicada como princípio de investigação, em um pulso comum com a ciência, em um nível onde não se separam, em que não são somas de dimensões separadas, são uma mesma coisa. Arte e ciência, desta maneira, não podem ser unidas, apenas reunidas após uma separação. (TEIXEIRA e KAMITA, 2015, p. 43)

O estudo das obras de Goethe em relação às Cores tem grande importância

artística e científica e, segundo Einführung (2012, não p.), “Goethe lançou um foco

6 Todas as traduções a que tive acesso (inglesa, espanhola e italiana) costumam verter Farbenlehre por Teoria das Cores”. Embora mesmo no Brasil seja conhecida com esse título, procurei ser mais fiel a palavra Lehre, traduzida aqui por “Doutrina” (GIANNOTTI in GOETHE, 2013, p.7).

Page 23: GOETHE E NEWTON: A TEORIA DAS CORES PARA A DISCUSSÃO …repositorio.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/4980/1/goethenewtonteoria... · GOETHE E NEWTON: A TEORIA DAS CORES PARA A DISCUSSÃO

21

diferente para o estudo científico, fugindo das abordagens tradicionais sobre o assunto

Cor”.

Sua aversão a experimentos com lentes e prismas, no interior de um quarto escuro, ilustra bem essa nova postura diante do fenômeno cromático. A investigação ao ar livre, onde o olhar reencontra a natureza, é a única que parece fasciná-lo. (GOETHE, 2013, p. 45)

Goethe escreve sobre ciência de maneira poética, porém, com conhecimento

científico. Em um artigo, Bach Junior (2016, p.126) explica o que seria desenvolver

ciência para Goethe:

Significa colocar o próprio ser humano numa dinâmica evolutiva de suas faculdades cognitivas e perceptivas. Sua ciência de base fenomenológica pressupõe, então, um processo de educação intrínseco, onde o cogito cartesiano é substituído por outra referência ontológica. Na fenomenologia da natureza, o eu penso o fenômeno não está separado do eu participo no fenômeno. O primeiro grau de participação no fenômeno acontece via percepção. A ciência fenomenológica exige a instrução dos sentidos para a experiência da evidência da essência.

Goethe não elabora seus experimentos apenas utilizando prismas e lentes,

pois ele propõe “uma interpretação das Cores a partir do órgão da visão” (GOETHE,

2013, p. 45). Goethe era a favor de experimentos sem aparatos de difícil acesso,

gostava de utilizar objeto simples, que qualquer pessoa teria a possibilidade de

conseguir, para realizar seus experimentos. Visava buscar as sensações que as

Cores traziam para o indivíduo, e para isso estudava a luz e a escuridão. Segundo

Possebon (2009, p. 54), Goethe estudava a turvação (trübung), o arque fenômeno, a

luz e as trevas.

Turvação é um conceito básico utilizado por Goethe e não tem a conotação que tem em português, de sujeira. Ele indica, mais no sentido de opacidade. Portanto, turvação, para ele, está relacionada diretamente com a materialidade. Assim, todo meio que pode ser atravessado pela luz tem um grau de turvação. O ar, por exemplo, não é absolutamente transparente, sua materialidade, embora rarefeita, faz com que enxerguemos objetos distantes com cores alteradas. O vidro também tem seu grau de turvação, por mais cristalino que seja, assim como a água límpida, e assim por diante. A plena transparência só seria possível na ausência total da matéria.

Page 24: GOETHE E NEWTON: A TEORIA DAS CORES PARA A DISCUSSÃO …repositorio.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/4980/1/goethenewtonteoria... · GOETHE E NEWTON: A TEORIA DAS CORES PARA A DISCUSSÃO

22

Ao estudar a turvação, Goethe considera ainda mais errado o Estudo das

Cores de Newton, pois, para ele, jamais uma luz branca poderia se transformar em

Cores mais escuras que ela mesma. Além de estudar as Cores, com uma postura

científica distinta, busca deixar de lado “preposições e pré-julgamentos, para com

autoisenção se aproximar do fenômeno. Deixa valer plenamente a percepção

sensorial, e do seu pensar afora busca encontrar a explicação para a experiência

observada” (POSSEBON, 2009, p. 24).

As sensações que Goethe valorizava tanto foram denominadas por ele de

“Efeito-Sensível-Moral da Cor7”. Esse Efeito deve ser levado em conta para

estudantes das Cores de diversas áreas do conhecimento. A “fenomenologia de

Goethe aprimorou a relação do ser humano com o sentido visual, isso o coloca em

oposição aos princípios de Newton, o qual fazia a matematização da natureza, Goethe

o criticou por isso” (BACH JUNIOR, 2016, p.126). “A análise fenomenológica de

Goethe é uma análise conceitual e não pode nem definir a física, nem a contradizer”

(GOETHE, 2013, p.51). Goethe não tinha a intenção de definir a cor fisicamente e sim

estudar o efeito que a cor gera no olho. Repetiu diversas vezes os seus experimentos,

assim como experimentou em diversas condições ambientais. “A preocupação

principal de Goethe era pesquisar o universo das cores como fenomenológico” (BACH

JUNIOR, 2016, p. 119). Sobre o aspecto fenomenológico, Bach Junior (2016, p.118)

explanou:

Como fenomenologia da natureza, o método de pesquisa de Goethe tem implicação no campo da educação, ao fundamentar um processo de aquisição do conhecimento que não busca a dicotomização entre sujeito e objeto. Ao enfatizar a formação do sujeito em seu aperfeiçoamento em relação às impressões sensoriais, a fenomenologia da natureza possui desdobramentos para a prática educativa ao percorrer processos paradigmáticos diferenciados em comparação ao reducionismo dos modelos matemáticos, herdados do passado como referências referendas e estabelecidas. Nestes termos, a fenomenologia da natureza se apresenta como processo complementar aos métodos científicos vigentes, evitando, assim, absolutizações e unilateralidades presentes em qualquer formação reducionista. Deste modo, este estudo vem colaborar na proposição de um

7 “Efeito-Sensível-Moral das Cores” – Goethe afirma que as cores têm caráter próprio, que cada cor tem uma atuação característica sobre o psiquismo humano: elas nos causam estados anímicos específicos e provocam em diferentes indivíduos sensações, reações e comportamentos similares. E ainda que se possa tomar a cor (na pintura, por exemplo) sob uma perspectiva simbólica, uma análise mais aprofundada revelará sempre um elemento objetivo, que é o caráter de cada cor, combinado ao simbólico denotado. Fonte: POSSEBON, Ennio. A teoria das cores de Goethe. 2009. Disponível em: http://www.sab.org.br/portal/images/Artigos/artes/teoria-das-cores-de-goethe/teoriadascores-enniopossebon.pdf. Acesso em: 10 jan. 2019.

Page 25: GOETHE E NEWTON: A TEORIA DAS CORES PARA A DISCUSSÃO …repositorio.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/4980/1/goethenewtonteoria... · GOETHE E NEWTON: A TEORIA DAS CORES PARA A DISCUSSÃO

23

processo educativo dialógico, tendo a natureza como parceira ativa e o método de pesquisa de Goethe como suporte dialógico e intermediador.

Goethe não distingue objeto e sujeito. “O que pulsa mais amplamente nas

doutrinas goetheanas é uma ideia – e uma sensação – de vida, de natureza como vida

e como existência” (TEIXEIRA; KAMITA, 2015, p. 30).

Se pararmos para pensar em educação, principalmente a pública, a qual os

alunos mostram-se carentes em diversos aspectos. Estudar a Doutrina das Cores de

Goethe é preocupar-se com este indivíduo, na maneira em que ele vê e sente o

mundo. É essencial mostrar para eles que, houve uma pessoa que teve coragem de

contrapor o Estudo de um cientista renomado e conseguiu apresentar resultados que

também se tornaram importantes, os quais não foram vistos no Estudo anterior e que

o complementavam. É trabalhar Natureza da Ciência (NdC), pois instiga-se o aluno a

desenvolver sua criatividade, pois ele não deve aceitar tudo o que estuda, como uma

verdade absoluta, e que algo é impossível de mudar e/ou evoluir. Sobre a importância

da Doutrina das Cores de Goethe, Brito e Reis (2016, p. 288) salientam que:

O conhecimento dessa crítica goetheana representa uma boa oportunidade para apresentar a estudantes da escola básica uma outra visão sobre a natureza, possibilitando, dessa forma, uma visão mais crítica e rica sobre a produção do conhecimento científico. Ainda que a proposta de Goethe para a teoria das cores não tenha saído vencedora no campo científico é importante a sua discussão com os alunos para que a apropriação da ciência não seja meramente instrumental.

Brito e Reis descrevem uma “crítica goetheana”, fazendo menção à maneira

que Goethe escreveu sobre o Estudo de Newton. Goethe tinha interesse em mostrar

os aspectos subjetivos, os quais os Estudos de Newton não abordaram. Em sua

Doutrina Goethe também expressa que arte e ciência têm muitas propriedades em

comum.

O poeta alemão reuniu em si a criatividade poética e pesquisa científica, utilizando-se da arte para a compreensão do mundo, da mesma forma que é realizado, ainda que com maior rigor, pela ciência. Para o poeta, arte e ciência teria uma relação muito íntima. Em seu pensamento a arte parecia tão objetiva quanto a ciência, de modo que a visão artística de Goethe se encontrava complementada pela visão científica. (BRITO; REIS, 2016, p.289)

Page 26: GOETHE E NEWTON: A TEORIA DAS CORES PARA A DISCUSSÃO …repositorio.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/4980/1/goethenewtonteoria... · GOETHE E NEWTON: A TEORIA DAS CORES PARA A DISCUSSÃO

24

Sua trajetória foi valorizada pela Bauhaus8 com Itten, Kandinsky, Paul Klee e

Joseph Albers. Cada um deles desenvolveu um modo diferenciado de trabalhar com

a harmonização cromática de Goethe. “O trabalho deles consolidou uma base

pedagógica para o aprendizado da Cor na Bauhaus e em todas as escolas que por

ela foram influenciadas” (POSSEBON, 2009, p.17-18). Com isso, a Doutrina das

Cores de Goethe trouxe uma nova compreensão das propriedades cromáticas em

todas as escolas que foram por ela influenciadas.

Goethe sempre foi muito curioso e estudioso. Quando esteve doente na casa

de seu pai, aproveitou a biblioteca vasta contando com livros de gêneros diversos

como: filósofos gregos, literários, história da arte e ciência, para aprimorar seus

conhecimentos. “Foram alvo da curiosidade do jovem enfermo, tais como: Giordano

Bruno (1586-1600), Paracelso (1493-1541) e Argruppa de Nettesheim (1486-1535)”

(BRITO; REIS, 2016, p. 289). Com estudos feitos sobre escritos de Giordano Bruno,

Goethe dispôs uma concepção de o universo ser infinito.

Para entendermos as concepções de Goethe, é importante esclarecer o que

se passava em seu cotidiano. Na época de Goethe, havia dois pontos de vista

vigentes, a emanentista e a imanentista. A primeira diz respeito às teorias de Deus,

nas quais o mundo seria o seu reflexo. E a segunda, na que Goethe se baseava,

“acreditavam que o mundo por si só era divino na total autonomia de suas leis, não

dependendo de um todo. Essa visão estaria voltada para um tipo de investigação

baseada na harmonia dos fenômenos da natureza” (BRITO; REIS, 2016, p. 289).

8 A escola Bauhaus (que significa, em alemão, “Casa da Construção”) foi uma das mais expressivas e influentes instituições de arte do século XX e tinha como eixo central de desenvolvimento artístico o design arquitetônico – agregando a isso as mais variadas expressões artísticas. O idealizador da Bauhaus, o arquiteto Walter Gropius (1883-1969), era fortemente influenciado pelas vanguardas modernistas europeias e ele próprio pretendia que a Bauhaus fosse um dos “carros-chefes” do modernismo. Disponível em: <https://mundoeducacao.bol.uol.com.br/artes/escola-arte-bauhaus.htm> Acesso em: 17 fev. 2019.

Page 27: GOETHE E NEWTON: A TEORIA DAS CORES PARA A DISCUSSÃO …repositorio.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/4980/1/goethenewtonteoria... · GOETHE E NEWTON: A TEORIA DAS CORES PARA A DISCUSSÃO

25

Figura 2 – Ilustração da Doutrina das Cores.

Fonte: Goethe (2013)

Seu estudo foi publicado em 1810, denominado Farbenlehre (Doutrina das

Cores) perdurou por mais de trinta anos, a qual apresenta a frustação, por não se

preocupar com a cor enquanto fenômeno físico, a respeito do Estudo das Cores de

Newton. Teve sua tradução, do alemão para o inglês, 30 anos após a sua edição. A

figura 2 mostra “ao invés de descrever um comportamento físico da luz, o círculo

cromático se torna um recurso para explorar as dimensões fisiológicas, psíquicas e

espirituais da cor (GOETHE, 2013, p.26). Goethe contribuiu para a libertação do

visível. E compreende que a sensibilidade artística deve ser investigada, assim como

a ciência. A ciência estava presente na técnica de preparação do pigmento para o

surgimento da Cor e a arte influenciava no sentimento que esta Cor trazia ao

observador. Goethe também insistia que as Cores resultantes do experimento em que

a luz do sol atravessa o prisma, resulta em Cores opacas, são elas: magenta, amarelo

e ciano. Possebon, (2009, p. 21) relata como foi feito o experimento de Goethe, que

fez com que ele pensasse que Newton estava equivocado:

Através deles demonstra, primeiro, que a luz solar não se decompõe pelo prisma, mas sim que um feixe de luz suficientemente largo, ao atravessá-lo, produz uma imagem deslocada em cujas bordas surgem cores. Ou seja, as cores surgem onde se estabelece o contraste entre claro e escuro, entre luz e trevas. De um lado da imagem produzida pelo feixe de luz surge uma faixa vermelha junto a uma auréola azul. E entre estas duas formações a luz branca permanece.

Page 28: GOETHE E NEWTON: A TEORIA DAS CORES PARA A DISCUSSÃO …repositorio.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/4980/1/goethenewtonteoria... · GOETHE E NEWTON: A TEORIA DAS CORES PARA A DISCUSSÃO

26

Ao progredir com o experimento, diminuindo o tamanho do feixe de luz e

distanciando o prisma, resulta o experimento de Newton. O que prova que não é

sempre que o experimento de Newton acontece corretamente, tem uma posição certa

para conseguir observar as Cores do Disco de Newton, logo, Newton não poderia

generalizar e dizer que o feixe de luz branca gera as sete Cores do arco-íris. Sobre a

Cor verde, Goethe também discordava de Newton. “Pois para ele, assim como os

artistas de sua época, o verde era a Cor resultante da combinação das Cores, azul e

amarelo, e não simples, espectral, como Newton propunha” (SILVEIRA, 2015, p.25).

O Círculo Cromático (Figura 3) de Goethe foi organizado de maneira que as Cores

ficassem opostas as suas complementares, como por exemplo, púrpura e verde,

facilitando a combinação das Cores.

Figura 3 – Círculos Cromáticos

Fonte: Goethe (2013)

As Cores presentes na Doutrina de Goethe são: amarelo, azul, verde, roxo,

vermelho (púrpura) e laranja. Brito e Reis (2016, p. 292) evidenciam que:

A teoria goetheana busca sintetizar cor e luz como um fenômeno único capaz de se revelar aos nossos olhos e por eles ser interpretados, ao passo que Newton compreende que as cores derivam da luz. A leitura de Goethe acerca dos fenômenos ópticos o levou a uma conclusão repleta de inspiração poética, ao mesmo tempo em que se centrava em suas concepções filosóficas. A luz deveria, portanto, ser observada a partir de sua completude que contemplava a luz e as cores em sua unidade.

Page 29: GOETHE E NEWTON: A TEORIA DAS CORES PARA A DISCUSSÃO …repositorio.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/4980/1/goethenewtonteoria... · GOETHE E NEWTON: A TEORIA DAS CORES PARA A DISCUSSÃO

27

Goethe levava em consideração sombra e luz em seus experimentos e as

sensações causadas pelas Cores. A luz seria sentida em todas as Cores. Ele valoriza

as impressões subjetivas. Seus experimentos recusam a ajuda de aparatos e

instrumentos, para que o pesquisador pudesse experimentar as sensações geradas

pelo experimento. Brito e Reis (2016, p. 291) explicam que para Goethe os “aparelhos

utilizados em experimentos também poderiam falsificar a imagem do mundo. Estes

aparelhos e os consequentes cálculos matemáticos eram responsáveis por violar a

natureza”. Outro aspecto em que discordava de Newton é o fato de a luz ser dividida

em luzes coloridas, para ele a luz era indivisível, sendo simples e homogênea, e a luz

colorida sempre seria mais escura que uma luz incolor (SILVEIRA, 2015, p. 25).

De acordo com Goethe, havia três manifestações da aparência da Cor: Cores

fisiológicas, as Cores químicas e físicas. Cores fisiológicas, “eram as que pertenciam

aos olhos e que dependiam diretamente da sua capacidade de ação e reação”

(SILVEIRA, 2015, p. 25). Os efeitos luminosos contêm radiação eletromagnéticas, que

permitem-na induzir a sensação de Cor, os efeitos se dividem em dois grupos: Cores-

pigmentos e Cores-luz. A primeira, também denominada química, se constitui de

substâncias químicas que formam os objetos, ou o reflexo da luz em determinado

objeto. “O que determina a cor- pigmento é a quantidade de luz refletida nas

substâncias corantes” (ROSA, 2012. p.33-34). A segunda, bem como intitulada física,

seriam fontes de luzes, solar ou artificial, refletidas pelos objetos coloridos. Em análise

dos Estudos das Cores de Goethe e Newton, o primeiro estudava as cores-pigmento

em síntese subtrativa, como o amarelo e o azul produzindo o verde. E o segundo,

raciocinava sobre as Cores-luz, síntese aditiva (SILVEIRA, 2015, p.27).

Com a clássica parte das Cores Fisiológicas e, em certa medida, em toda extensão do livro, podemos dizer que Goethe faz algo como dar corpo às cores. Fundação de toda doutrina, segundo o próprio autor, esta seção introduz o olho na pesquisa do aparecimento da cor. Faz-se notar que, apesar deste desdobramento ser evidente, não é uma introdução do olhar na teoria, mas sim do órgão olho. Esta diferença sugere que o “olhar formal” ou “olhar artístico, cultivado intelectualmente” não é, em princípio uma prioridade para o autor; Goethe adentra sua fenomenologia pela porta da ciência, ao mesmo tempo, tem a clareza de que trazer a pesquisa para o olho carrega um sujeito (o leitor, “the beholder”) junto. (TEIXEIRA; KAMITA, 2015, p. 17)

Com observações da ação da retina (Figura 4) Goethe encontra

correspondências com o funcionamento da luz. Na escuridão a retina está

descansada, desconectada, já na presença da luz está atuante, conectada.

Page 30: GOETHE E NEWTON: A TEORIA DAS CORES PARA A DISCUSSÃO …repositorio.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/4980/1/goethenewtonteoria... · GOETHE E NEWTON: A TEORIA DAS CORES PARA A DISCUSSÃO

28

Considera-se que nas duas situações o olho está cego. “O fato de o homem não

enxergar na iluminação extrema é prova, para Goethe, de que as cores não existem

na luz pura” (TEIXEIRA; KAMITA, 2015, p.18).

Figura 4 – O olho humano

Fonte: SILVEIRA (2015)

Segundo Silveira (2015, p. 80) “na retina se realiza a ligação entre o físico, o

biológico e o psicológico da visão. É a parte do olho encarregada de transformar a

energia radiante em impulsos nervosos, que são transmitidos ao cérebro através do

nervo óptico”. A Doutrina das Cores ressaltava os aspectos perceptivos relacionados

ao olho preocupado com a visão, “também com a característica fisiológica, tornando

o seu trabalho contemporâneo” (GOETHE, 2013, p.14).

Para explicar sobre a importância da luz e a escuridão, Goethe faz os

experimentos com o prisma (Figura 5), “estudo de Goethe sobre o prisma, na sua

interação com a sombra, que diferem de Newton ao não representar as sete cores de

espectro” (GOETHE, 1940, apud GIANNOTTI, 2013, p. 22), ele mostra a variação da

refração com a utilização do prisma. Teixeira e Kamita, (2015, p. 20) esclarecem que:

O experimento de jogar luz branca sobre o prisma e testemunhar a decomposição desta luz em sete cores só acontece em exatidão com doses equilibradas de luz e escuridão; o ato isolado da refração não é suficiente para a aparição das cores. Esta observação abre, para Goethe, a possibilidade de mostrar as variações da refração possíveis com o prisma, de acordo com a distância da superfície branca e da presença de escuridão. Logo percebe que na parte mais próxima ao prisma aparecem apenas duas

Page 31: GOETHE E NEWTON: A TEORIA DAS CORES PARA A DISCUSSÃO …repositorio.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/4980/1/goethenewtonteoria... · GOETHE E NEWTON: A TEORIA DAS CORES PARA A DISCUSSÃO

29

bordas de cor; uma vermelho-amarela e outra azul-violeta, enquanto a luz branca ainda aparece no centro, apenas com a distância e movimento, as duas bordas se sobrepõe formando o verde. Com este experimento Goethe comprova o que diz ser um fato conhecido por qualquer criança: o verde não é cor pura, como calcula Newton, apenas a mistura do amarelo com azul.

A refração é movimento, e para Goethe o movimento é muito importante, pois

“é o deslocamento da luz sobre a escuridão que produz na borda deste contato as

Cores” (TEIXEIRA; KAMITA, 2015, p. 21).

Figura 5 – Raios de prismas cromáticos

Fonte: Goethe (2013, p. 22)

Goethe fez vários experimentos, um deles foi verificar a sensação causada

pelas Cores, quando mexem com determinado objeto, fazendo-o parecer maior ou

menor (Figura 6). Esse experimento teve influências na astronomia, “Tycho Brahe

(1546-1601) concluiu que a Lua em conjunção com o Sol, a Lua nova (mais escura),

parece um quinto menor do que em oposição, a Lua cheia (mais clara)” (BRITO; REIS,

2016, p.294). Brito e Reis (2016, p. 294) descrevem o experimento:

Para demonstrar tal efeito, Goethe usou a ideia de dois círculos do mesmo tamanho, um deles na cor branca sobre um fundo preto e outro preto sobre um fundo branco. De acordo com sua conclusão, esses círculos, quando observados simultaneamente, passam a impressão de que possuem tamanhos diferentes. Temos a impressão; ao observá-los, de que o círculo preto sobre o fundo branco é aproximadamente um quinto menor que o outro, sendo assim, se a imagem preta for aumentada nessa proporção eles parecerão iguais.

Page 32: GOETHE E NEWTON: A TEORIA DAS CORES PARA A DISCUSSÃO …repositorio.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/4980/1/goethenewtonteoria... · GOETHE E NEWTON: A TEORIA DAS CORES PARA A DISCUSSÃO

30

Figura 6 – Imagens Preta e Branca para o olho

Fonte: Goethe (2013, p. 82)

Segundo a Doutrina goetheana, as Cores devem ser especificadas de

maneira como elas ocorrem, ou seja, as Cores fisiológicas, sobre as quais Goethe

discorre, são aquelas produzidas pela retina. Portanto, os olhos, para Goethe, são os

objetos de estudo primordiais para entender como as Cores são produzidas fora

(causas externas) e refletidas neles. Goethe não nega o fenômeno físico, o que ele

ressalta com a sua Doutrina é que a ciência não se preocupa com a sensação causada

pela Cor.

Newton, ao contrário de Goethe, preocupou-se somente em estabelecer os critérios para a produção da cor como fenômeno físico. Nesse aspecto, embora as críticas de Goethe se revelassem posteriormente inconsequentes, o principal mérito de sua análise é ter mostrado que a cor também existe como fenômeno que escapa à física. Assim, essas duas interpretações diversas do fenômeno cromático não devem ser pensadas como necessariamente incompatíveis, mas como pontos de vista que se baseiam em critérios, ou métodos de comparação, inteiramente distintos. (GOETHE, 2013, p.44-45)

As críticas feitas por Goethe foram consideradas inconsequentes, pela

maneira como ele escreveu sobre Newton, pois ele não anula o Estudo de Newton e

sim complementa. Goethe começou onde Newton parou. Mas, afinal, como é

constituída a “teoria” de Newton, a qual Goethe queria até o final de sua vida, provar

que estava errada? Na sessão seguinte, encontram-se os Estudos das Cores de

Newton.

Page 33: GOETHE E NEWTON: A TEORIA DAS CORES PARA A DISCUSSÃO …repositorio.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/4980/1/goethenewtonteoria... · GOETHE E NEWTON: A TEORIA DAS CORES PARA A DISCUSSÃO

31

2.2 ISAAC NEWTON

Figura 7 – Retrato de Sir Isaac Newton

Fonte: https://www.pinterest.ca/pin/27866091428692983/. (2018)

Em 1665, Isaac Newton (1643-1727) (Figura 7) realizou o estudo com a

intenção de apresentar a luz branca como sendo a mistura de raios com diferentes

refrangibilidades, dando ênfase à luz solar e sobre a essência da óptica física. Os

conteúdos constituídos de suas investigações “tornaram-se assuntos de um livro que

é considerado fundamental para o estudo sobre a Cor: Óptica – um Tratado sobre a

Reflexão, a Refração e as Cores da Luz” (ROSA, 2012, p.44). Seu livro foi publicado

em 1704, relatou-se na obra o que foi exposto ao longo de seus experimentos, Newton

denomina sua descoberta (raios luminosos e coloração de corpos) como Cores

permanentes dos corpos naturais. Atualmente o Estudo é encontrado nos livros

didáticos de maneira simples e direta. Sugere-se aqui a leitura do Trabalho de

Conclusão de Curso de Fernanda Domingos (2017)9, que faz uma análise de 5 livros

didáticos e constata que eles abordam o Estudo sobre luz e Cores de Newton de

maneira simplificada. Como se ele tivesse encontrado os resultados de seus estudos

em um primeiro experimento e de maneira simples. Silva e Martins (2003, p.7)

corroboram o fato de que não foi uma tarefa fácil, como os livros didáticos atuais dão

9 DOMINGOS, Fernanda Daniele de Souza. A teoria das cores de Newton no livro didático de física: um enfoque epistemológico. Trabalho de conclusão de curso da Universidade Estadual da Paraíba. 2017. Disponível em: file:///C:/Users/Camila%20e%20Idevam/Downloads/PDF-%20Fernanda%20Daniele%20de%20Sousa%20Domingos%20(1).pdf. Acesso em: 20 dez. 2019.

Page 34: GOETHE E NEWTON: A TEORIA DAS CORES PARA A DISCUSSÃO …repositorio.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/4980/1/goethenewtonteoria... · GOETHE E NEWTON: A TEORIA DAS CORES PARA A DISCUSSÃO

32

a entender. Se em relação ao Estudo das Cores de Newton, que é cientista

conceituado, os livros, na sua maioria, apontam seu experimento de maneira

simplificada, o que esperar em relação à Doutrina das Cores de Goethe?

Em seu artigo de 1672, Newton já havia chegado à conclusão “correta”, cada cor espectral tem propriedades fixas e imutáveis; e cada cor tem uma refrangibilidade específica. Essa ideia de Newton não é intuitiva. Ela não surgiu automaticamente em sua mente, mas sim lentamente, após um trabalho intenso. O ponto principal foi descobrir se as cores podem ser transformadas e criadas ou não. Este é o objetivo principal do Experimentum Crucis de Newton.

No seguimento do texto, evidencia-se o experimento de Newton com o(s)

prisma(s) de vidro. Inicia-se falando sobre o Índice de Refração, que diz que a luz,

quando passa de um meio para outro, gera uma reação.

2.2.1 Índice de Refração

Sobre o índice de refração, Silveira (2015, p.23) explica que:

Através das experimentações com o prisma, de vidro, triangular, Newton mostrou que a separação da luz branca nas suas componentes cores (espectros) se dá pelos diferentes desvios sofridos pelas componentes ao atravessar o prisma. Os desvios propriamente ditos se devem ao fenômeno da refração, enquanto as diferenças entre estes desvios se devem à dispersão do índice de refração do prisma (o índice de refração é uma função do comprimento de onda que está associado à cor da luz).

Silveira faz menção ao experimento de Newton com o prisma de vidro, este

experimento é estudado nos dias atuais pelas disciplinas de física, ciências e artes.

Na parte da física, as Diretrizes Curriculares da Educação Básica (DCE) (2008, p.72)

traziam em nota de rodapé a indicação de um artigo intitulado “A teoria das cores de

Newton: Um exemplo do uso da História da ciência em sala de aula”10. Ainda salientam

o que é referido no artigo, “questões que podem ser abordadas em sala de aula

através da História da Ciência e alertam para os cuidados que devemos ter para não

apresentarmos uma visão distorcida do método científico e uma ideia mística sobre

ciência.” Na parte dos Conteúdos Estruturantes – Eletromagnetismo, nos Conteúdos

Básicos em relação à Natureza da luz e suas propriedades é onde encontra-se

10 Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/ciedu/v9n1/05.pdf>. Acesso em: 04 ago. 2017.

Page 35: GOETHE E NEWTON: A TEORIA DAS CORES PARA A DISCUSSÃO …repositorio.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/4980/1/goethenewtonteoria... · GOETHE E NEWTON: A TEORIA DAS CORES PARA A DISCUSSÃO

33

referência sobre a Cor na Avaliação, onde o aluno deve “associar fenômenos

cotidianos relacionados à luz como por exemplo: a formação do arco-íris, a percepção

das Cores, a Cor do céu dentre outros, aos fenômenos luminosos estudados”

(PARANÁ, 2008, p. 97). Em arte, a Cor encontra-se no Elemento Formal, a qual é

estudada na História da Arte, nos Movimentos e Períodos. Em Ciências está nas

avaliações do sétimo ano. Possebon (2009, p. 22) discursa sobre como os livros

didáticos apresentam o Estudo das Cores de Newton:

A divulgação da Teoria newtoniana das cores nos livros didáticos, em geral, fala de um “raio de luz” que atravessa um prisma e se decompõe em um espectro de sete cores. Tal “raio de luz” que provinha de um furo na janela tinha, de acordo com os textos de Newton, a precisa dimensão de 1/3 de polegadas! Portanto não podemos falar em um raio adimensional, ou mesmo de ínfimas dimensões. O melhor e mais preciso é então sempre pensá-lo como um “feixe de luz.” A dimensão do feixe tem uma importância fundamental no experimento. E a alteração dela produz resultados visuais completamente distintos.

Neste recorte feito sobre o texto de Possebon percebe-se que o livro didático

apresenta, de maneira simplificada, o Estudo das Cores de Newton. Sabe-se que

Newton reproduziu várias vezes seu experimento, até localizar os seus aparatos na

posição ideal e chegar à conclusão final. Mas, nos livros didáticos, apresentam o

Estudo de Newton como algo simples, como se tivesse sido fácil chegar ao resultado

que ele chegou. Sobre a Teoria de Newton, Possebon (2009, p.98) explica o que ele

pretendia separar as cores com suas devidas refrangibilidades:

Através deste experimento Newton pretendeu que as características dos “raios” que ocasionaram as diversas cores são intrínsecas, e não modificáveis pela refração. E que a cada raio associa-se um grau específico de refrangibilidade. Cada “raio” de cor teria um desvio diferente através do prisma e não ocasionaria um novo espectro. Como consequência destas conclusões, ele irá afirmar a impossibilidade de se corrigir a aberração cromática nos telescópios, o que era um grande transtorno para os astrônomos da época. Nesta época, ele inventa o telescópio refletor (com espelhos ao invés de lentes) como solução para o problema da aberração. Um século, depois seriam inventadas as lentes acromáticas, que tornaram possível a construção de telescópios refratores, os quais, contrariando sua afirmação, não apresentavam mais a aberração cromática.

Possebon (2009, p. 101) salienta, também, que “os experimentos relatados

irão demonstrar quanto Newton se afasta dos conceitos da óptica de imagem ao

Page 36: GOETHE E NEWTON: A TEORIA DAS CORES PARA A DISCUSSÃO …repositorio.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/4980/1/goethenewtonteoria... · GOETHE E NEWTON: A TEORIA DAS CORES PARA A DISCUSSÃO

34

introduzi-lo na óptica física e nos fenômenos de dispersão.” O

experimento desenvolveu-se da seguinte maneira:

Para provar que estava correto quanto a estes desvios, idealizou um experimento onde permitia que um estreito raio de sol entrasse por um pequeno orifício na janela do seu próprio quarto escurecido, passando pelo prisma e produzindo um espectro. Depois, usando um anteparo opaco, com um pequeno orifício, Newton separou deste espectro feixes de luz de uma só cor, deixando-os passar através de um segundo prisma. Quando esta radiação monocromática passava pelo segundo prisma, emergia sem qualquer modificação de cor, levando-o a conclusão de que o segundo prisma apenas produzia outro desvio de direção, isto é, estas radiações não poderiam novamente se dividir em outras componentes com diferentes propriedades. (SILVEIRA, 2015, p. 23)

A figura 8 expõe o experimento com os prismas descrito por Silveira. Sobre o

segundo prisma, Silveira (2015, p.23) salienta que, “apenas produzia outro desvio de

direção, isto é, estas radiações não poderiam novamente se dividir em outras

componentes com diferentes propriedades.” O Estudo das Cores de Newton, é

considerado atualmente um marco no desenvolvimento da ciência da Cor. “A

chamada Ciência da cor está contida na Teoria da Cor e é definida como o estudo dos

aspectos físicos da cor” (SILVEIRA, 2015, p. 24).

Figura 8 – Experimentações de Newton com o Prisma

Fonte: SILVEIRA (2015, p. 24)

Page 37: GOETHE E NEWTON: A TEORIA DAS CORES PARA A DISCUSSÃO …repositorio.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/4980/1/goethenewtonteoria... · GOETHE E NEWTON: A TEORIA DAS CORES PARA A DISCUSSÃO

35

Figura 9 – Página 11 – Livro de arte: experimento de Newton

Fonte: PARANÁ (2016, p. 11)

Figura 10 – Página 277 – Livro de arte: Refração da luz

Fonte: PARANÁ (2016, p. 277)

Os livros didáticos não discutem sobre a importância da posição de desvio

mínimo, explicam como se fosse fácil chegar ao experimento da figura 8. As figuras 9

e 10 ilustram a maneira que o livro didático de 2016 apresenta o Estudo das Cores de

Page 38: GOETHE E NEWTON: A TEORIA DAS CORES PARA A DISCUSSÃO …repositorio.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/4980/1/goethenewtonteoria... · GOETHE E NEWTON: A TEORIA DAS CORES PARA A DISCUSSÃO

36

Newton. O livro de 2020 não aborda o Estudo das Cores de Goethe e Newton. Goethe

percebeu que para atingir o resultado de Newton neste experimento deveria

posicionar o prisma distante do orifício de entrada de luz, pois sem isso não

conseguiria visualizar as 7 cores, como Newton conseguira. Goethe, ao olhar para

uma parede branca através de um prisma e não vendo cor alguma, logo considera o

Estudo das Cores de Newton incorreto. Goethe (2013, p. 43-44) realizou vários

experimentos com prismas e lentes, observando principalmente a natureza e chegou

às seguintes conclusões:

I. A luz é o ser mais simples, indivisível e homogêneo que conhecemos. Ela não pode ser composta, muito menos de luzes coloridas. II. Qualquer luz que se reveste de uma cor determinada é mais escura do que a luz incolor. A claridade não pode ser composta a partir da escuridão. III. Inflexão, refração, reflexão são três condições sob as quais frequentemente observamos as cores aparentes, apesar de serem antes a ocasião que a causa da manifestação delas mesmas, pois todas essas três condições podem existir sem o fenômeno cromático. Há também outras condições significativas. Por exemplo, a moderação da luz, a reciprocidade de efeitos da cor sobre a sombra. IV. Existem apenas duas cores puras, o azul e o amarelo, uma cor específica que ambas proporcionam, o vermelho, e duas misturas, o verde e o púrpura: o restante são gradações dessas cores, não sendo cores puras. V. A luz incolor não é composta nem por cores aparentes, nem por pigmentos. Um branco não pode ser composto nem pela luz incolor nem por pigmentos. Todos os experimentos que se apoiam nisso são falsos ou mal realizados. VI. As cores aparentes surgem com a modificação da luz mediante circunstâncias exteriores. As cores são estimuladas junto à luz, não sendo derivadas dela. Se as condições cessam, a luz torna-se incolor como antes, não porque as cores voltam-se para si mesmas, mas porque se extinguem, do mesmo modo que a sombra se torna incolor, quando o efeito de uma contraluz é retirado.

“Goethe preocupava-se em demonstrar que a cor aparece junto com a luz.

E Newton preocupava-se em estabelecer os critérios para a produção da cor como

fenômeno físico” (GOETHE, 2013, p.44). E qual a importância dessa posição do

prisma para o Estudo das Cores de Newton? Silva e Martins (2003, p.57 e 58)

respondem a pergunta.

Newton calculou o ângulo formado entre os raios solares após atravessarem o prisma “e encontrou que os raios emergentes deveriam compreender um ângulo de cerca de 31’”. No entanto, o ângulo medido entre os raios era 2° 49’ ao invés de 31’. Tudo isso mostra que a posição de desvio mínimo é uma condição necessária do primeiro experimento de Newton. Apesar disso, Newton não deixou claro em 1672 que esta posição era importante e não ensinou como encontrá-la.

Page 39: GOETHE E NEWTON: A TEORIA DAS CORES PARA A DISCUSSÃO …repositorio.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/4980/1/goethenewtonteoria... · GOETHE E NEWTON: A TEORIA DAS CORES PARA A DISCUSSÃO

37

Apesar da importância da posição de desvio mínimo para a análise dos experimentos de Newton, os livros-textos não a discutem. Muito pelo contrário, apresentam as conclusões de Newton como óbvias e muito fáceis de serem atingidas.

Para chegar à conclusão da posição correta do prisma, Newton formalizou 6

experimentos, “acompanhados por muitas variações e comentários, antes de concluir

a prova de sua proposição” (SILVA; MARTINS, 2003, p. 58). Se o próprio Newton

percebeu que não estava exato o seu primeiro experimento e fez outras tentativas

para conseguir atingir o seu objetivo e chegar ao chamado Experimentum Crucis11, o

que faz os livros didáticos escreverem de maneira imprecisa (Figura 9 e 10), levando

o aluno a aprender o Estudo das Cores de Newton, como se fosse “uma crença

científica e não como um conhecimento científico, já que vários outros experimentos

são necessários para justificá-la” (SILVA; MARTINS, 2003, p. 63). Porém, Newton

“nunca questionou o fato de que as Cores aparecem no olho de forma subjetiva”

(GOETHE, 2013, p. 21). “Além de poder controlar o experimento, pois fez em um

quarto escuro, e podia alterar a aparição dos feixes cromáticos, era sobre essa tomada

de decisão que Goethe era contra” (GOETHE, 1940, apud GIANNOTTI, 2013, p. 22).

Newton foi o primeiro a organizar as Cores em um disco (Figura 11)

denominado “Disco de Newton”. Porém, dependendo da rotação, não se consegue

atingir ao objetivo de chegar à cor branca.

Neste disco há sete cores espectrais, quando este disco é girado entre 50 a 80 rotações por minuto, as cores reduzem visualmente em três, aparecem somente às cores primárias. Se aumentar a rotação começam a desaparecer os azuis. Chegando a 800 rotações por minuto, há a sensação de formação da cor ocre forte, e não a do branco, como era previsto em pesquisas anteriores. (ROSA, 2012, p. 46)

11 Constata-se que a popularização da ótica newtoniana ocorreu não somente em decorrência de uma criteriosa metodologia de trabalho. No caso, o prestígio de Newton enquanto filósofo natural e homem público contribuiu decisivamente para que as características problemáticas de suas teorias e aparentes concepções alternativas fossem praticamente ignoradas pelos estudiosos ao longo do século XVIII. Disponível em: < http://uniesp.edu.br/sites/_biblioteca/revistas/20170705174833.pdf> Acesso em: 05 jun. 2018.

Page 40: GOETHE E NEWTON: A TEORIA DAS CORES PARA A DISCUSSÃO …repositorio.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/4980/1/goethenewtonteoria... · GOETHE E NEWTON: A TEORIA DAS CORES PARA A DISCUSSÃO

38

Figura 11 – Disco de Newton

Fonte: http://heitorborbasolucoes.com.br/♪♫♩♫♭♪-as-cores-significado-

das-cores-♪♫♩♫♭♪/. (2016)

Além de organizar as Cores em um disco “Newton relacionou as sete Cores

com as sete notas musicais, com os sete planetas, porém, essa divisão é muito

discutida, pois, o azul anil faz pouca diferença nesse contexto” (ROSA, 2012, p. 47).

Apesar de ter uma característica voltada à ciência, mais racional, ele também

mostrava outras percepções para as Cores.

Ao pensar em estudar, além dos aspectos científicos, assim como

percepções, nesta pesquisa se aborda a Natureza da Ciência (NdC). A NdC tem como

objetivo “que as pessoas tenham um conhecimento científico que seja útil e as auxilie

nas questões do cotidiano” (DURBANOS, 2015, p.13). Para justificar os motivos de

estudar a NdC em sala de aula, em relação ao Estudo das Cores de Newton, Silva e

Martins (2003, p. 54) salientam sobre a importância do conhecimento da História da

ciência.

Professores de Física (mesmo de nível universitário) algumas vezes não entendem a natureza da ciência. Eles tentam mostrar como se obtém uma teoria a partir da observação e experimentos ou como se pode provar uma teoria – apesar da impossibilidade filosófica de ambas as tentativas. Às vezes os professores não estão cientes de sua falta de entendimento e usam a História da Ciência para melhorar o ensino. No entanto, o tipo de História da Ciência que eles usam é distorcida e simplificada.

Page 41: GOETHE E NEWTON: A TEORIA DAS CORES PARA A DISCUSSÃO …repositorio.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/4980/1/goethenewtonteoria... · GOETHE E NEWTON: A TEORIA DAS CORES PARA A DISCUSSÃO

39

É importante conhecer a história da ciência para entender a NdC. Para

compreender o Estudo das Cores de Newton é necessário estudar os outros

experimentos feitos por ele, assim como outros cientistas da época. Segundo Martins

e Silva (2015, p. 28) “Newton estudou e refletiu sobre vários trabalhos de Descartes,

Charleton, Boyle e outros autores. Pois nenhum pesquisador desenvolve seu trabalho

do nada, sem ter antes, estudado os pensadores anteriores”.

O próximo tópico discorrerá sobre a importância do conhecimento científico,

com preocupação voltada à alfabetização científica e tecnológica.

2.3 O OUTRO LADO DA CIÊNCIA

A maior parte da população vê a ciência como algo benevolente que apenas

traz coisas boas. Não percebem que a ciência faz experimentos com animais e até

pessoas indefesas para conseguir variados produtos; que produz bombas para a

destruição em massa, entre outros absurdos que ficam aquém do conhecimento e/ou

reflexão da população em geral, os quais só enxergam bons valores vindos da ciência.

Isso acontece porque a população tem a crença científica e não o conhecimento

científico. Sobre a crença e o conhecimento científico, Silva e Martins (2003, p. 55) os

diferenciam da seguinte forma:

Há uma importante distinção entre conhecimento científico e crença científica. Dizemos que alguém tem conhecimento científico sobre algum assunto se ele ou ela sabe os resultados científicos, aceita esses resultados e tem o direito de aceitá-los pois sabe como este conhecimento é justificado e sobre o que está baseado. Crença científica, por outro lado, corresponde ao conhecimento dos resultados científicos, junto com sua aceitação como verdade, quando essa aceitação é baseada no respeito à autoridade do professor ou dos cientistas. Além do mais, é muito mais fácil adquirir crença científica do que conhecimento científico.

Para adquirir um conhecimento mais abrangente sobre ciência faz-se

necessário um ensino contextual da ciência, valorizando questões sociais, históricas

e filosóficas, “ligadas à como ocorre a construção do conhecimento científico”

(DURBANO, 2015, p.21). Sendo assim, é necessário estudar a Natureza da Ciência

(NdC), pois ela preocupa-se com a visão científica que é empregue atualmente,

principalmente pelos acadêmicos de licenciatura, os quais, com a devida formação,

serão os professores que em breve formarão pósteros cidadãos.

Page 42: GOETHE E NEWTON: A TEORIA DAS CORES PARA A DISCUSSÃO …repositorio.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/4980/1/goethenewtonteoria... · GOETHE E NEWTON: A TEORIA DAS CORES PARA A DISCUSSÃO

40

Os aspectos que devem ser evitados são os seguintes: a ciência como sendo

uma verdade absoluta, ela também é a resposta para tudo, as teorias se tornam leis,

entre outros, os quais levam a conceitos errôneos sobre a ciência.

É preciso trabalhar a NdC nas escolas, fazendo com que os alunos consigam

adquirir essa leitura em contextos diversos (televisão, internet, escola, revistas, entre

outros). Trata-se de uma alfabetização científica e tecnológica, a qual torna o aluno

apto a fazer essa leitura. Por isso é importante ter o conhecimento dos dois Estudos

das Cores. Sobre os Estudos das Cores de Goethe e Newton, Possebon (2009, p.6)

descreve como Goethe encaminhou a sua pesquisa.

Propôs outra direção de ciência, outra postura científica. Sua Teoria das Cores não se ocupa da quantificação, e seu enfoque fenomenológico prioriza o elemento qualitativo. Embora sua teoria não se construa sobre alicerces matemáticos, nem por isso deixa de possuir um rigor de observação dos fenômenos e de suas conexões lógicas.

Goethe propunha uma ciência da natureza que sistematizava a apreensão

sensível das Cores, pensando no método perceptivo, trabalha a percepção frente à

ciência moderna e mecanicista. Em sua Doutrina ele faz com que o leitor trabalhe os

seus sentidos. Teixeira e Kamita (2015, p.75) comentam sobre o desenvolvimento dos

sentidos, segundo Goethe:

Sobre o ato desta tradução da natureza, há passagens em que Goethe expõe deliberadamente seu incômodo com os limites das palavras, sugerindo mesmo que falemos menos – ironia do poeta. No curso da experimentação da Farbenlehre, o leitor é levado a um estado de quase cegueira em que tudo enxerga; os sentidos são a tal ponto estimulados que a oposição entre ouvir e ver (não vemos o som, não ouvimos uma imagem) torna-se complementar, é como ver a natureza em sua própria língua.

Se pensarmos na apreensão sensível das Cores de Goethe, no contexto

atual, trabalharíamos com mensagens ocultas nas imagens das mídias, por exemplo.

Para que o aluno saiba ler uma imagem desde a estética até mensagens subliminares

presentes nas mesmas.

Escolhe-se a figura 12, como exemplo, para que o aluno reflita sobre as

correlações sociais, que envolvem o Estudo das Cores, assim como a NdC,

alfabetização científica e tecnológica, entre outros, que são importantes no contexto

escolar. Pode-se trabalhar com as Cores presentes, buscando quais foram os

Page 43: GOETHE E NEWTON: A TEORIA DAS CORES PARA A DISCUSSÃO …repositorio.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/4980/1/goethenewtonteoria... · GOETHE E NEWTON: A TEORIA DAS CORES PARA A DISCUSSÃO

41

primeiros pigmentos que constituíram essas Cores, pesquisar o motivo pelo qual a

bandeira tem essas Cores, dentre outras abordagens que se pode propor como

trabalho com o Estudo das Cores. Mas essa imagem apresenta muitas mensagens

contemporâneas. Por exemplo, os três indivíduos pintando a bandeira, a mensagem

que essa cena nos passa é que o Brasil está sendo produzido pelo povo brasileiro e

que, se esse povo se trabalhar em conjunto, terá mais poder do que os políticos do

“planalto acinzentado”. Atualmente, estão sendo cortadas verbas de projetos de

pesquisas, abalando o futuro científico brasileiro, é possível alertar em sala de aula

sobre os prejuízos trazidos por esse corte e mostrar que é dever do povo não deixar

passar atitudes desse nível, que prejudicam o futuro da nação. Por isso se faz

necessário a NdC, a alfabetização científica e tecnológica, entre outras, que tornam o

aluno mais crítico e apto para lutar por seus direitos. Com a doutrina de Goethe,

poderia trabalhar com as emoções causadas pelas cores e comparar entre os

participantes da proposta, verificando, através das respostas, as estatísticas. E com o

Estudo das Cores de Newton poderia verificar o grau de refrangibilidade de cada cor

presente na imagem.

Figura 12 – Brasil político

Fonte: <http://www.salesianos.com.br/politica-para-criancas-e-adolescentes-como-os-pais-e-a-escola-podem-contribuir/> (2019)

Com os conceitos bem trabalhados de NdC, arte e ciência, considera-se que

o aluno consiga perceber a importância de estudar ambos os Estudos, de Goethe e

de Newton. Esse aluno, embasado por esse conhecimento e entendendo a

Page 44: GOETHE E NEWTON: A TEORIA DAS CORES PARA A DISCUSSÃO …repositorio.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/4980/1/goethenewtonteoria... · GOETHE E NEWTON: A TEORIA DAS CORES PARA A DISCUSSÃO

42

importância de sua participação, começaria a não aceitar inverdades e a tomar

providências para que não existam mais assuntos ocultos.

2.4. DISCUSSÃO SOBRE A COR: A RELAÇÃO ENTRE ARTE E CIÊNCIA

Desde as primeiras manifestações das atividades humanas, o homem

produziu Cores para expressar conhecimento, crenças, magias, sentimentos e

encantamentos. Porém ainda não se podia definir o que era a Cor. A definição de Cor

só ocorrerá em meados do século XIX, com estudos das Ópticas físicas, química e

fisiológica. A Cor é percebida pelas pessoas e por alguns animais, facilitando o

reconhecimento de objetos e de espaços com maior precisão. Mas como a Cor é

constituída afinal?

A Cor não tem existência material. Ela existe porque há luz e as ações da luz

refletem no objeto ocasionando ações nervosas no órgão da visão, resultando na Cor.

Sendo assim, a Cor é apenas uma sensação que aparece devido à existência da luz

(objeto físico) e dos olhos (receptor).

Falar que a Cor não tem existência material soa estranho, pois ao olhar para

os objetos parece que a Cor está inserida em seu material, como se a Cor “grudasse”

nos mesmos. Por isso, faz-se necessário o estudo de três aspectos básicos para o

Estudo das Cores, são eles: construção física da Cor, aspectos fisiológicos e culturais

simbólicos da percepção cromática e efeitos químicos. Para embasar este

pensamento, cita-se Silveira (2015, p. 15) que esclarece cada um dos três aspectos.

Dentro da Teoria da Cor, pode-se estudar a cor sob três aspectos básicos importantes, que se derivam em outros e outros, infinitamente. Um deles acontece fora do ser humano, isto é, independente da sua vontade. Este é o aspecto da construção física da cor. Muitos designers nem chegam a estudar este aspecto por achá-lo irrelevante, porém é o aspecto crucial para que a percepção visual cromática aconteça, pois se não há como a cor aparecer e ser interpretada. Os outros dois aspectos têm a interferência do ser humano como fator essencial na elaboração simbólica da cor. Diz-se aqui dos aspectos fisiológicos e os aspectos culturais simbólicos da percepção cromática. Quando os raios atingem os olhos, acontecem efeitos químicos importantes que influenciam toda a construção perceptiva simbólica. Os aspectos simbólicos da construção perspectiva cromática são aspectos que os seres humanos participam por se comunicar, por fazerem parte da cultura. Os três aspectos devem ser pensados juntos, isto é, um está inevitavelmente ligado ao outro.

Page 45: GOETHE E NEWTON: A TEORIA DAS CORES PARA A DISCUSSÃO …repositorio.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/4980/1/goethenewtonteoria... · GOETHE E NEWTON: A TEORIA DAS CORES PARA A DISCUSSÃO

43

Goethe (2013, p.72) também escreve sobre essas três condições em que a

Cor se mostra, cor fisiológica, química e física:

Consideramos, em primeiro lugar, as cores na medida em que pertencem ao olho e dependem de sua capacidade de agir e reagir. Em seguida, despertam a atenção na medida em que as percebemos através de meios incolores ou com o auxílio destes. Por fim, são dignas de nota na medida em que podemos pensá-las como parte do objeto. Chamamos as primeiras de fisiológicas, as segundas de físicas e as terceiras de química. As primeiras são constantemente fugidas, as segundas são passageiras, embora tenham uma certa permanência. As últimas têm longa duração.

Deve-se levar em consideração a interdependência entre esses três aspectos,

para entender que a cor não tem existência material e que são os aspectos físicos que

definem a Cor, como uma sensação percebida. O aspecto físico deve ser o primeiro

aspecto a se considerar sobre a Cor. Silveira (2015, p. 41 e 42) explana sobre a

importância de entender o aspecto físico que trata da aparição da Cor ainda sem a

interpretação do ser humano.

Entender a cor através de seus aspectos físicos é entendê-la pelo lado da física e através da sua lógica matemática de possíveis organizações em modelos topológicos. Fisicamente, a cor é definida como uma sensação produzida por certas organizações nervosas sob a ação da luz, isto é, ainda sem a interpretação humana.

A Cor contém radiações eletromagnéticas, com isso “os efeitos luminosos são

capazes de induzir a sensação de Cor, esses efeitos dividem-se em dois grupos: o

das Cores-luz12 e Cores-pigmento13” (ROSA, 2012, p.33).

Newton focou seus estudos nas Cores-luz e Goethe nas Cores-pigmento,

além de refazer os experimentos de Newton. “Newton discorria sobre as Cores

espectrais ou Cores-luz, explicadas pela síntese aditiva, enquanto Goethe estudava

as Cores-pigmento, que sob a síntese subtrativa têm o amarelo e o azul produzindo o

12 É o intervalo visível do espectro eletromagnético e tem como resultado da mistura das três cores primárias a luz branca. O estímulo da cor-luz é obtido de duas formas: pode ser emitido por uma fonte de luz monocromática, ou obtido por dispersão dos raios luminosos de luz não monocromáticas (SILVEIRA, 2015, p.48). 13 A cor-pigmento é a substância material constituinte do objeto e é denominada de acordo com a sua natureza química. Ela pode absorver, refratar ou refletir os raios luminosos componentes da luz incidente. Por exemplo, um corpo é chamado de vermelho porque tem a capacidade de absorver quase todos os raios da luz branca incidente, refletindo para os nossos olhos apenas a totalidade dos vermelhos. A esse processo dá-se o nome de síntese subtrativa (SILVEIRA, 2015, p.45).

Page 46: GOETHE E NEWTON: A TEORIA DAS CORES PARA A DISCUSSÃO …repositorio.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/4980/1/goethenewtonteoria... · GOETHE E NEWTON: A TEORIA DAS CORES PARA A DISCUSSÃO

44

verde” (SILVEIRA, 2015, p.27). Porém, Goethe trabalhou também com as Cores-luz,

reproduzindo experimentos de Newton.

Isaac Newton foi um dos pioneiros a pesquisar sobre a Cor-luz. Em 1704 ele

lançou “Óptica”, livro de grande importância para se compreender a Cor. Ele percebe

que se a luz branca incidisse sobre um prisma de vidro, e esse vidro estivesse polido,

originaria inúmeras Cores. Santos (2010) conta que:

Isaac Newton curioso em descobrir por que tal acontecimento ocorria, pegou um prisma totalmente polido e o colocou frente a um orifício que ele mesmo fizera na janela do seu quarto. Com esse feito, ele percebeu que a luz branca, proveniente do Sol, se dispersava em feixes coloridos e a esse conjunto de cores chamou spectrum. Newton não era a favor da ideia de que esse colorido surgia devido a impurezas existentes no prisma. Assim sendo, realizou novo experimento onde deixava apenas uma cor passar através de um segundo prisma. Com isso, verificou que ele não adicionava nada ao feixe de luz que incidia sobre ele. Dessa forma, o físico lançou a hipótese de que a luz não era pura, mas sim formada pela mistura ou superposição de todas as cores do espectro, e concluiu ainda que a luz se decompõe por causa da refração que sofre ao passar de um meio para outro com índices de refração diferentes.

Após sua experiência com o prisma, Newton observa que os corpos, quando

expostos a luz branca, modificavam suas Cores, porque refletiam algumas faixas de

Cores mais fortemente que outras. Assim, Newton inicia pesquisas sobre as Cores

dos corpos. E para Newton, “[...] as Cores de todos os corpos são devidas

simplesmente ao fato de que eles refletem a luz de certa Cor em maior quantidade do

que as outras” (SANTOS, 2010). Newton publica seu Estudo muitos anos depois da

sua descoberta, pois o Estudo era considerado oposto aos meios científicos. Newton

inspirou-se nos desenhos circulares de Leonardo da Vinci, observando o percentual

de sombra e se havia ausência de luz na natureza, ele trocaria esses percentuais pelo

índice de refração dos raios luminosos.

A seguir, enfatiza-se como a cor está ligada ao desenvolvimento cultural, o

qual era valorizado por Goethe com o “Efeito-Sensível-Moral das Cores”.

2.4.1 A Utilização da Cor

A Cor tem grandes impactos através de seus estímulos. Diversas áreas

estudam os efeitos das Cores, como Publicidade, Moda, Comunicação, Educação,

Medicina, Arte, Ciência, entre outras. Porém, por mais que haja muitas áreas que

Page 47: GOETHE E NEWTON: A TEORIA DAS CORES PARA A DISCUSSÃO …repositorio.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/4980/1/goethenewtonteoria... · GOETHE E NEWTON: A TEORIA DAS CORES PARA A DISCUSSÃO

45

estudam as Cores é difícil generalizar e dizer que determinada Cor passa a mesma

sensação para todas as pessoas. Pois é fato, que nem todo mundo enxerga as Cores

da mesma maneira. Por isso, muitas áreas do conhecimento consideram esse assunto

muito importante.

A Cor está presente ao nosso redor, nos objetos, nos lugares, nas roupas,

enfim, em tudo. Sobre o sentimento e a sensação que as Cores causam nas pessoas,

Goethe foi um estudioso que tinha o intuito de apresentar o sentimento trazido pelas

Cores e intitulava esse sentimento como “Efeito-Sensível-Moral da Cor”.

As indústrias utilizam o Estudo das Cores, para produzir seus rótulos,

propagandas, entre outros. O estudo feito sobre o efeito que as Cores passam para

as pessoas é estudado pela Psicologia das Cores14.

Goethe tinha uma perspectiva muito parecida com a Psicologia das Cores.

Pois, para ele, o “Efeito-Sensível-Moral da Cor” deveria ser levado em consideração.

Segundo Goethe, o olho recebia as Cores e o cérebro fazia associações importantes

com a informação recebida pela Cor. A história da arte passou por uma longa transição

no decorrer dos anos e a Cor foi alvo de muitas interpretações com o passar do tempo.

Ao estudar o psicológico humano e que influências a Cor tem sobre o homem,

Goethe (1963, p. 536) fala que: “As virtudes curativas antigamente atribuídas às

pedras preciosas “tivesse tido” sua origem na experiência profunda do bem-estar

indescritível procurando por essas pedras. Acreditando que as Cores não só

engendram estados de ânimo, mas também se adaptam a eles.” A psicologia estuda

a Cor, por ela ser considerada uma sensação, para conhecer os dados perspectivos

e sensitivos que influenciam no inconsciente e consciente e aspecto emocional dos

indivíduos. Muitas pesquisas foram feitas sobre a utilização mística das Cores, ainda

estão longe de serem terminadas, pois é muito difícil chegar a uma conclusão com

tantas variáveis que se encontram nesse contexto.

Sobre o Efeito-Sensível-Moral da Cor, Goethe (2013, p.165) discorre que:

Já que ocupa um lugar tão elevado na série de fenômenos naturais originários, preenchendo com uma diversidade bem definida o círculo simples

14 A Psicologia das Cores é uma ferramenta muito importante usada por artistas, decoradores de interiores e como mecanismo de marketing em muitas indústrias. Quando visitamos um museu para apreciar uma obra de arte, nós o absorvemos através das cores que vemos, porque invocam dentro de nós certas emoções, fazendo a afirmação de que todos a veem de forma diferente como uma realidade. Disponível em: < https://gerandoaguias.com/psicologia-das-cores/> Acesso em: 30 jan. 2019

Page 48: GOETHE E NEWTON: A TEORIA DAS CORES PARA A DISCUSSÃO …repositorio.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/4980/1/goethenewtonteoria... · GOETHE E NEWTON: A TEORIA DAS CORES PARA A DISCUSSÃO

46

que lhe foi designado, não devemos nos surpreender ao percebermos que a cor, em suas manifestações mais gerais e elementares na superfície de um material, sem nenhuma relação com a qualidade ou forma dele, produz sobre o sentido que lhe é mais adequado, a visão, e, por meio deste, sobre a alma, um efeito que, isoladamente, é específico e, em combinação, é em parte harmônico, em parte característico, mas também desarmônico, embora sempre definido e significativo, que se vincula imediatamente à moralidade. É por isso que as cores, consideradas como um elemento da arte, podem ser utilizadas para os fins estéticos.

Segundo Goethe “o olho precisa das cores, como precisa da luz” (GOETHE,

2013, p. 165). A seguir apresenta-se um quadro, o qual são apresentadas as cores e

as sensações por elas causadas, segundo “a Doutrina das Cores de Goethe na sexta

seção: Efeito-Sensível-Moral da Cor” (GOETHE, 2013, p.163-194).

Quadro 1 – Cores e as sensações por elas causadas

Cores Sensações

Amarelo (lado positivo)

- Impressão calorosa e agradável. Na pintura pertence à parte iluminada e ativa. - Por uma modificação leve e imperceptível, a bela impressão de fogo e de ouro se transforma numa sensação de sujeira e a cor nobre e encantadora se torna, ao contrário, vergonhosa, repulsiva e desagradável.

Amarelo – avermelhado (lado positivo)

- Proporciona ao olho uma sensação de calor e contentamento. -Tudo o que se diz respeito do amarelo também vale aqui, embora num grau mais alto.

Vermelho – amarelado (laranja) (lado positivo)

- Lado ativo se apresenta em sua mais alta energia. - A sensação se intensifica até se tornar insuportável.

As cores do lado positivo são estimulantes, vivazes, ativas.

Azul (lado negativo)

- Esta cor é energia, mas está do lado negativo e, na sua mais alta pureza, é, por assim dizer, um nada estimulante. Ela pode ser vista como uma contradição entre estímulo e repouso. - Sensação de frio. O vidro azul mostra os objetos numa luz triste.

Azul – avermelhado (Violeta) (lado negativo)

- Anima. - Inquieta.

Vermelho- azulado (lado negativo)

- É empregado de modo difuso e atenuado em roupas, fitas e outros adornos, pois produz, por sua natureza, um estímulo muito especial. - Inquieta.

Vermelho (púrpura) - Proporciona tanto uma impressão de seriedade e dignidade quanto de benevolência e graça. A primeira ocorre no seu estado escuro e condensado; a última, no claro e diluído. - Através de um vidro púrpura, uma paisagem bem iluminada se apresenta com uma luz terrível.

Verde - Nosso olho tem uma satisfação real com essa cor.

Fonte: Goethe (2013)

Segundo Goethe (2013), as cores nos proporcionam estados de ânimos

específicos. As cores podem ser utilizadas para certos fins sensíveis, morais e

estéticos. Goethe (2013, p. 98) comenta que “o círculo cromático é um indicador das

interações polares existentes nas cores.” Goethe atribui à Cor uma dimensão

Page 49: GOETHE E NEWTON: A TEORIA DAS CORES PARA A DISCUSSÃO …repositorio.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/4980/1/goethenewtonteoria... · GOETHE E NEWTON: A TEORIA DAS CORES PARA A DISCUSSÃO

47

fisiológica, preocupa-se com os efeitos que produz na retina do observador. Também

explora as dimensões psíquicas e espirituais da Cor. O que torna sua Doutrina

contemporânea é o fato dele trabalhar com as Cores fisiológicas e os experimentos

feitos com aquarela. “Em seus estudos Goethe fez experimentos com aquarela, as

quais antecipam as primeiras pinturas abstratas” (GOETHE, 2013, p.19). “Goethe

considera um círculo cromático a própria demonstração de sua teoria. As tabelas

fazem ver como as Cores efetivamente se comportam e interagem” (GOETHE, 2013,

p.20).

O próximo tópico apresentará o caminho utilizado para atingir os objetivos

deste estudo.

Page 50: GOETHE E NEWTON: A TEORIA DAS CORES PARA A DISCUSSÃO …repositorio.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/4980/1/goethenewtonteoria... · GOETHE E NEWTON: A TEORIA DAS CORES PARA A DISCUSSÃO

48

3 METODOLOGIA E ANÁLISE DOS DADOS

Devido ao fato de as escolas apresentarem o Estudo das Cores de maneira

incompleta, Bazzo (2018, p.63) discorre sobre o fato de os currículos escolares

estarem ultrapassados, “somos ainda muito presos a currículos herméticos que não

permitem a entrada das novas variáveis nas reflexões dos problemas que se

multiplicam a todo instante”. Por isso, esta pesquisa escolheu, como público alvo,

futuros professores de arte, para trabalhar o Estudo das Cores com eles, com a

preocupação de que no futuro eles abordem esse assunto em sala de aula.

Este estudo tem como abordagem a pesquisa caracterizada como qualitativa,

de natureza aplicada, e quanto aos procedimentos, um estudo de caso. Como coleta

de dados, utilizam-se três questionários abertos, 2 de diagnósticos (inicial e final) e 1

para avaliação do conteúdo. Esses métodos serão abordados mais profundamente no

decorrer do texto. Também foram feitos desenhos pelos acadêmicos, para buscar

maior aproximação entre os Estudos das Cores. Esses métodos foram escolhidos

para resolver o seguinte problema: Como a discussão da Teoria das Cores de Newton

e Goethe, no ensino de Arte, contribui para a compreensão da Natureza da Ciência?

Tem-se como objetivo geral: analisar o Estudo das Cores de Newton e Goethe

e suas contribuições no ensino de arte para compreensão da Natureza da Ciência. E

como objetivos específicos: investigar sobre a questão da cor; levantar as percepções

dos acadêmicos referentes à Teoria da Cor; averiguar de que maneira os profissionais

de Artes Visuais estão trabalhando com a Teoria das Cores e elaborar um produto

educacional destinado a ensinar a Teoria das Cores, para facilitar a compreensão da

relação arte e ciência no Ensino Fundamental.

Em busca de respostas, se faz uma investigação no curso de Artes, com os

acadêmicos do 1°ano (2017) e 4° ano (2018), que cursam Licenciatura em uma

universidade pública do Paraná. Escolhe-se essa amostragem baseada em

agrupamento, pelo fato de que serão futuros professores, e espera-se que esses

profissionais estejam aptos a trabalhar com os Estudos das Cores, visando à

compreensão da Natureza da Ciência em suas abordagens.

Em duas tardes (total de 8 aulas), o tema Estudo das Cores foi trabalhado

com as turmas. No final, foi aplicado o produto educacional, jogo, para validar a sua

função de expositor de conhecimento dos Estudos das Cores.

Page 51: GOETHE E NEWTON: A TEORIA DAS CORES PARA A DISCUSSÃO …repositorio.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/4980/1/goethenewtonteoria... · GOETHE E NEWTON: A TEORIA DAS CORES PARA A DISCUSSÃO

49

3.1 DELINEAMENTO DA PESQUISA

Define-se esta pesquisa como qualitativa pelo fato de instigar os participantes

a pensarem livremente sobre o tema. De natureza qualitativa, “as questões são

estudadas no âmbito em que elas se apresentam sem qualquer manipulação

intencional do pesquisador” (PRODANOV; FREITAS, 2013, p. 70). Como critério de

natureza aplicada, busca-se, segundo Prodanov e Freitas (2013, p. 126), “produzir

conhecimentos para aplicação prática dirigidos à solução de problemas específicos”.

Como coleta de dados aplicam-se questionários com perguntas abertas (Apêndice A

e B), “são aquelas que permitem liberdade de respostas ao informante. Elas trazem a

vantagem de não haver influência das respostas pré-estabelecidas pelo pesquisador,

pois o informante escreverá aquilo que lhe vir a mente” (CHAER; DINIZ; RIBEIRO,

2011, p. 262). E como critério de procedimento técnico faz-se um estudo de caso,

“quando o pesquisador tem pouco controle sobre os eventos e quando o foco se

encontra em fenômenos contemporâneos inseridos em algum contexto da vida real”

(PRODANOV; FREITAS, 2013, p. 128).

Para dar suporte ao questionário e fazer uma análise interpretativa do que foi

aplicado ao longo da pesquisa, estuda-se a análise do discurso. Rosa (2013, p. 128)

explica que a análise do discurso procura identificar “as condições de produção do

Discurso e como este Discurso se relaciona com os outros Discursos de seu campo.

Também procura identificar que aspectos da Ideologia este Discurso corporifica e

tenta justificar.” Neste caso, analisa-se o conhecimento sobre o Estudo das Cores de

Goethe, em especial se o curso de graduação aborda esse assunto com os seus

acadêmicos.

Nesta pesquisa, os dados foram coletados a partir de questionários abertos,

desenhos, debates e a filmagem da aula para aprimorar a análise do material coletado.

O encontro se dividiu em dois momentos, sendo o primeiro com o 1° ano (primeiro

semestre de 2017) e o segundo com o 4° ano (segundo semestre de 2018), totalizando

oito aulas.

A priori busca-se um levantamento do conhecimento prévio dos acadêmicos,

principalmente nas áreas de arte e ciência. Logo depois, aplica-se o questionário

inicial, para coletar os dados sobre o conhecimento prévio dos acadêmicos, em dois

momentos, no 1° ano; e em um momento apenas, o primeiro, no 4° ano.

Page 52: GOETHE E NEWTON: A TEORIA DAS CORES PARA A DISCUSSÃO …repositorio.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/4980/1/goethenewtonteoria... · GOETHE E NEWTON: A TEORIA DAS CORES PARA A DISCUSSÃO

50

O primeiro momento, para averiguar o conhecimento prévio dos acadêmicos,

realiza-se com aplicação do questionário. Num segundo momento introduz-se a teoria,

com o discurso sobre os Estudos das Cores de Goethe e Newton. Posteriormente,

emprega-se o segundo questionário, para investigar se a arguição sobre os Estudos

das Cores foi compreendida pelos acadêmicos. Também, aplica-se o produto

educacional, o jogo, aos acadêmicos do 4° ano para verificar se é uma ferramenta

promissora. O produto tem como objetivo apresentar os Estudos sobre as Cores de

Goethe e Newton. Apresenta-se um texto de apoio, o qual deve ser estudado antes

do início do jogo. Depois da leitura do texto, inicia-se o jogo de perguntas e respostas

sobre os Estudos das Cores de Goethe e Newton.

3.2 CARACTERIZAÇÃO DA POPULAÇÃO

Foram escolhidos, como sujeitos desta pesquisa, os acadêmicos do curso

de Licenciatura em Artes Visuais, de uma universidade estadual do Paraná, devido

ao fato de estarem em formação para serem professores de arte. Escolheu-se o

primeiro ano para investigar que conhecimento os calouros/acadêmicos trazem ao

entrar na universidade e também porque no primeiro ano eles começam a estudar

sobre as Cores. E o quarto ano, para ver o que foi aprendido ao longo do curso,

além do fato de ser nesse período que ocorre a oferta de disciplinas que falam

sobre o estudo da arte e da ciência de maneira optativa e a distância (Fad).

Os acadêmicos foram escolhidos levando em consideração o ano de

matrícula. A princípio pensou-se em aplicar no primeiro ano apenas, pois, segundo

a grade curricular do curso, é nessa época que são visadas com mais prioridade o

Estudo das Cores. Porém, em um primeiro contato com os acadêmicos, no segundo

período de 2017, notou-se a dificuldade nas respostas, além de averiguar que na

ementa do curso há disciplinas de diversificação ou aprofundamento, que são

relevantes para esta pesquisa, considerou-se a primeira coleta de dados, em 2017.

Após o primeiro encontro, decidiu-se aplicar novamente o questionário e o produto,

agora aos acadêmicos do quarto ano do curso de Licenciatura em Artes Visuais,

para observar se ao longo da graduação há um aprofundamento do conhecimento

sobre o Estudo das Cores de Goethe e Newton.

Page 53: GOETHE E NEWTON: A TEORIA DAS CORES PARA A DISCUSSÃO …repositorio.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/4980/1/goethenewtonteoria... · GOETHE E NEWTON: A TEORIA DAS CORES PARA A DISCUSSÃO

51

3.3 ASPECTOS ÉTICOS

Foram selecionados, como participantes, acadêmicos do primeiro (21

pessoas) e quarto (13 pessoas) anos do curso de Licenciatura em Artes Visuais

numa universidade pública do Paraná. Tratando-se de um curso de formação de

professores, acredita-se que com o aprendizado das teorias por esses

profissionais, a exploração das duas teorias teria um público mais abrangente

futuramente, por isso, não se aplicou no Ensino Fundamental e/ou Médio.

Para poder utilizar os dados expostos pelos acadêmicos, forneceu-se o

Termo de consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) (Apêndice C), no qual constam

todos os dados da pesquisa. Garantindo o anonimato dos participantes na pesquisa

adotou-se a representação dos acadêmicos pesquisados por notação acadêmica

de 1 a 21, também deu-se a troca de contatos para eventuais trocas de

conhecimento. Esse termo foi lido por eles, antes do início da intervenção.

3.4 CARACTERIZAÇÃO DO ESPAÇO E CURSO

O curso de Licenciatura em Artes Visuais de uma universidade pública do

Paraná distribui as suas disciplinas ao longo de quatro anos, no período matutino.

As disciplinas variam entre presenciais obrigatórias a distanciais optativas, também

há algumas com duração de meio semestre.

Essas últimas, consideradas optativas, são ofertadas duas a cada ano, no

terceiro e no quarto ano, e o aluno deve escolher apenas uma, a qual irá cursar ao

longo do ano em questão, elas são chamadas de disciplinas de diversificação ou

aprofundamento. Duas dessas disciplinas são importantíssimas para a formação,

pensando em arte e ciência, são elas: Diálogos Arte-Ciência (à distância, no quarto

ano) e Laboratório de Licenciatura em Artes Visuais (à distância, segundo semestre

do terceiro ano). Ambas as disciplinas abordam a relação entre a arte e a ciência

em diferentes épocas e contextos, também se preocupam com o estudo inter e

transdisciplinar. Caso o aluno não opte por elas, tem outras duas possibilidades de

disciplinas: Cerâmica e Curadoria em Artes Visuais.

A ementa do curso é encontrada no site da universidade, no lado esquerdo

do site, encontra-se a área de ensino, na opção cursos, no ícone ao lado desta

opção, clica, e abre o catálogo de cursos. Abre o mais recente, no setor de Ciências

Page 54: GOETHE E NEWTON: A TEORIA DAS CORES PARA A DISCUSSÃO …repositorio.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/4980/1/goethenewtonteoria... · GOETHE E NEWTON: A TEORIA DAS CORES PARA A DISCUSSÃO

52

Humanas, Letras e Artes, escolhe a opção Licenciatura em Artes Visuais. Ao clicar

neste curso, abrirá links os quais pode-se escolher a Matriz Curricular e encontra-

se também a página do departamento.

3.5 MOMENTOS DA PESQUISA DE CAMPO

Esta pesquisa dividiu-se em etapas. A primeira se constitui a partir do

contato com a universidade. A segunda é o encontro com os acadêmicos, a qual

se faz pela aplicação do questionário aberto (inicial) (Apêndice A), para o primeiro

ano de Licenciatura em Artes Visuais, com intuito de descobrir o conhecimento

prévio dos acadêmicos. Depois de respondidos os questionários, faz-se a

explicação dos Estudos das Cores de Goethe e Newton. Novamente a aplicação

do questionário aberto (final) e, por fim, a produção de ilustrações sobre os Estudos.

A Terceira etapa diz respeito, ao retorno à universidade, para aplicar o questionário

aberto (avaliação do conteúdo) e o jogo, para acadêmicos do quarto ano do curso.

No final, com os dados coletados, se faz a quarta etapa, a análise dos dados

coletados, chegando aos resultados e discussões.

3.5.1 Primeiro Momento – Contato com a Universidade

A priori entrou-se em contato com a universidade por e-mails trocados entre

a pesquisadora e a então coordenadora do curso, em 2017. A coordenadora levou

o projeto que havia sido anexado no e-mail, assim como o questionário, para uma

reunião entre os professores e responsáveis pelo curso, para decidirem se era

possível ou não fazer a intervenção com os acadêmicos. Depois dessa reunião, foi

autorizada a aplicação do projeto. O estudo foi aplicado nas aulas da coordenadora

do segundo período de 2017, com a duração de quatro aulas.

3.5.2 Segundo Momento – Aplicação com os Acadêmicos do Primeiro Ano

O primeiro contato ocorreu em 29 de maio de 2017, período matutino, com

os acadêmicos do primeiro ano. Os acadêmicos foram orientados a levarem lápis

de cor, pois dentre as atividades teria a produção de um desenho, (que serão

Page 55: GOETHE E NEWTON: A TEORIA DAS CORES PARA A DISCUSSÃO …repositorio.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/4980/1/goethenewtonteoria... · GOETHE E NEWTON: A TEORIA DAS CORES PARA A DISCUSSÃO

53

analisados no tópico 3.5.3.3.2 desta dissertação) quando ocorreria a aplicação do

projeto, durante a aula da professora.

No dia 29 de maio de 2017, em sala estavam 22 acadêmicos e uma

estagiária da professora. A professora não estava presente, pois estava

participando de um congresso, fora da cidade. Entretanto, disponibilizou suas aulas

e sua estagiária, assim como a secretária, as quais estavam ali para dar respaldo,

caso precisasse.

A princípio se fez uma apresentação sobre a pesquisadora, sobre a

pesquisa e instituição de ensino a qual está inserida. Em seguida, foram

distribuídos os questionários, os quais se constituem de 5 questões abertas

(Apêndice A). O questionário foi respondido antes da explanação sobre os Estudos

das Cores de Goethe e Newton, para buscar o conhecimento prévio dos

acadêmicos.

Para coletar os dados dessa pesquisa usa os questionários abertos,

porque, tem-se o intuito de buscar a opinião de futuros educadores em relação ao

tema de pesquisa. Constitui-se de perguntas abertas, pois se tem o interesse de

obter mais informações, informações essas, mais fundamentadas, e muitas

algumas vezes inesperadas, aumentando o detalhamento das respostas (HILL;

HILL, 2008, 93-94). Contudo, sabe-se que há a possibilidade de haver respostas

evasivas, mas vale o risco para tentar reunir um conhecimento mais autêntico dos

acadêmicos.

Os critérios que se buscou avaliar foram: o conhecimento prévio dos

acadêmicos sobre arte e ciência, também sobre o Estudo das Cores de Goethe e

Newton. E se os acadêmicos consideram pertinente a aplicação de ambos os

Estudos no ensino.

Após o término dos questionários, começou a parte da discussão sobre o

Estudo das Cores. Foram apresentados slides referentes à história da ciência,

também se buscou (Apêndice D – Plano de aula) apresentar alguns pesquisadores,

estudiosos sobre as cores, especialmente Newton e Goethe. Foi explicado

separadamente cada Estudo. Foram assistidos vídeos referentes a eles, para

deixar mais claro o assunto. Depois dessa explicação, houve um momento para

discussões e novamente foi aplicado o questionário. Depois do intervalo os

acadêmicos retornaram e, de uma forma mais lúdica, foram convidados a fazer

Page 56: GOETHE E NEWTON: A TEORIA DAS CORES PARA A DISCUSSÃO …repositorio.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/4980/1/goethenewtonteoria... · GOETHE E NEWTON: A TEORIA DAS CORES PARA A DISCUSSÃO

54

desenhos que expressassem o que aprenderam sobre as teorias de Goethe e

Newton.

Há algumas observações importantes a mencionar: alguns acadêmicos

não sabiam que a professora não estaria presente, assim que descobriram,

assinaram a presença e, antes mesmo do intervalo, durante a explicação, saíram e

não voltaram mais. Restando apenas 15 alunos. Dentre os acadêmicos que

permaneceram, estava uma acadêmica autista, a qual me fez parar muitas vezes

ao longo da explicação, para explicar de maneiras diferentes, pois ela não estava

entendendo. Os que ficaram durante todo o encontro, mostraram-se interessados

a participar e compartilhar seus conhecimentos. No término foram recolhidos todos

os questionários e os desenhos dos acadêmicos.

3.5.3 Terceiro Momento – Aplicação com os Acadêmicos do Quarto Ano

O segundo encontro se constituiu com acadêmicos do quarto ano de

Licenciatura em Artes Visuais, no segundo semestre de 2018. Esse encontro foi

programado entre a pesquisadora e o atual coordenador do curso. O encontro

ocorreu nas aulas da disciplina de Projeto Articulador. Para o segundo encontro o

jogo já estava pronto, por isso foi aplicado e testado para constatar se era benéfico,

ou não, para expor o conhecimento dos Estudos das Cores de Goethe e Newton,

em sala de aula. No segundo questionário que os acadêmicos deveriam responder,

havia questões referentes ao jogo para averiguar se ele foi acessível e se era

considerado aplicável em sala de aula. Na sequência, explica-se a maneira que se

constitui o jogo.

3.5.3.1 Proposição de produto educacional

Propõe-se trabalhar com a ferramenta de programação Construct 2, sendo

produto educacional resultante de um mestrado profissional. A proposta do produto é

fazer um jogo (Estudo das Cores: Goethe e Newton) que exponha as teorias das cores

de Goethe e Newton, pensando em trabalhar com a tecnologia em sala de aula. A

exposição das teorias ocorre de duas maneiras: com o texto de apoio presente no

menu do jogo, o qual pode ser visto antes de iniciar o jogo, e durante o jogo, o qual se

constitui com perguntas e respostas referentes as teorias.

Page 57: GOETHE E NEWTON: A TEORIA DAS CORES PARA A DISCUSSÃO …repositorio.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/4980/1/goethenewtonteoria... · GOETHE E NEWTON: A TEORIA DAS CORES PARA A DISCUSSÃO

55

3.5.3.1.1 Construct 215

É um software de criação de jogos digitais, conhecido como “game engine” –

motor de jogo. Serve para construir e/ou juntar materiais para produção de jogos

digitais em tempo real. Os jogos são digitais 2D baseados em HTML 5.

No Construct 2, preocupa-se com o modo visual, ele baseia-se em ações e

eventos, os eventos dependem das ações. Para criação de jogos, é uma ferramenta

rápida, pois contém aparatos prontos para a produção. É para quem tem o interesse

de produzir um jogo, e não tem conhecimento em programações, mas tem

conhecimento de lógica. Depois de algumas tentativas de reconhecimento, é possível

produzir um jogo.

Há três versões: Free, Personal e Business. A primeira é uma versão gratuita,

porém há algumas limitações como: não poder vender o jogo, alguns recursos serem

limitados, o jogo não estar disponível para versões multiplataformas, como, por

exemplo, Android, entre outros, que condicionam o usuário a exportar para HTML 5.

Sendo assim, o jogo só será executado nos navegadores: Chrome, Internet Explorer,

Firefox, entre outros. Essa é a versão utilizada no produto educacional desta pesquisa.

A segunda e a terceira versão são pagas. O que difere uma da outra, além do valor,

é a possibilidade de uso comercial. Também há opção de compra de pacotes extras,

como por exemplo, de gráficos ou ferramentas, entre outros.

3.5.3.1.2 Jogo – Estudo das Cores: Goethe e Newton

Trata-se de um jogo de perguntas e respostas. Para continuar jogando, ou

seja, passando as fases, o jogador tem que responder as questões corretamente. Se

o jogador responde erroneamente, a pergunta fica na tela até ele responder

corretamente, como foi programado no Construct 2.

No jogo em questão, produziu-se um texto de apoio (Apêndice E), exibindo

os dois estudos, a ser lido antes do início do jogo, como preparação para as perguntas

presentes no jogo. Esse texto está incluso no software do jogo, no menu do jogo, o

jogador tem a opção de acessá-lo.

15 Disponível em: https://producaodejogos.com/conhecimento-construct-2/ e https://producaodejogos.com/construct-2/. Acesso em: 03 set. 2018.

Page 58: GOETHE E NEWTON: A TEORIA DAS CORES PARA A DISCUSSÃO …repositorio.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/4980/1/goethenewtonteoria... · GOETHE E NEWTON: A TEORIA DAS CORES PARA A DISCUSSÃO

56

Esse material se destina a acadêmicos do curso de Licenciatura em Artes

Visuais e a alunos do Ensino Fundamental. O jogo é uma ferramenta que pode auxiliar

no ensino-aprendizagem. Estima-se que esse jogo auxiliará na assimilação e reflexão

referente aos dois Estudos das Cores.

Para acessá-lo deve-se acessar ao link: <https://www.construct.net/en/free-

online-games/estudo-cores-goethe-newton-12175/play>.

3.5.3.1.3 Caracterização do jogo

O jogo intitula-se “Estudo das Cores: Goethe e Newton”, que tem o intuito de

divulgar os Estudos das Cores de Goethe e Newton. O jogo é indicado para emprego

como recurso didático para alunos do nono ano. Para jogar esse jogo, o qual se

constitui de perguntas e respostas, deve-se fazer a leitura do texto de apoio (Apêndice

E) de maneira aprimorada.

A) Primeira cena (fase 1) – Apresentação

Inicia-se o jogo com a apresentação de Goethe e Newton, ambos se

encontram no centro de um palco como plano de fundo e dizem seus nomes. Newton

diz: “Olá! Eu sou Newton!” e Goethe diz: “Olá! Eu sou Goethe!”.

B) Fase 2 - Newton

Logo após a apresentação, muda-se o plano de fundo para uma sala escura.

Aparece somente Newton e ele diz: “A luz branca resulta das sete Cores básicas:

vermelho, laranja, amarelo, verde, azul, anil, roxo”. Após isso, o personagem Newton

pergunta ao jogador: “Quem fez esse experimento?”. A resposta que o personagem

aguarda é: “Newton”. Caso o jogador erre a resposta, a pergunta fica aparecendo e

junto a ela uma mensagem dizendo que a resposta está errada, e que é necessário

tentar novamente. Isso só ocorrerá até o jogador escrever a resposta esperada.

Quando a resposta for assertiva, o jogador lê a mensagem seguinte: “Parabéns, você

acertou!”.

C) Fase 3 e 4 - Goethe

Goethe é o personagem da vez. Ele diz: “O homem faz parte da natureza”. E

pergunta: “Quais as três etapas que considero no fenômeno da aparência da Cor?”.

Sendo esperado como resposta: “Cores fisiológicas, físicas e químicas”.

D) Fase 5 – Disco de Newton

Page 59: GOETHE E NEWTON: A TEORIA DAS CORES PARA A DISCUSSÃO …repositorio.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/4980/1/goethenewtonteoria... · GOETHE E NEWTON: A TEORIA DAS CORES PARA A DISCUSSÃO

57

A priori tinha-se a intenção de fazer um jogo de disputa entre os dois Estudos,

onde o Disco de Newton e o Círculo Cromático de Goethe seriam seus escudos de

proteção. Entretanto, ao longo da pesquisa, com mais embasamento teórico, percebe-

se que um Estudo complementa o outro, e não disputam entre si. Por isso, decidiu-se

trabalhar o jogo com estilo de questionário, para fixar melhor os dois raciocínios.

Nesse momento em questão, Newton conta aos jogadores o seguinte: “Fui o

primeiro a organizar as sete Cores em um disco”. E pergunta: “Como se chama o meu

disco?”. A resposta correta é: “Disco de Newton”. Caso a resposta esteja errada,

aparece a seguinte mensagem: “Ops, tente novamente”. Se o jogador escrever a

resposta certa, aparece a mensagem: “Isso mesmo, você acertou”. E o jogo continua.

E) Fase 6 - Espectro

Newton: “Chamei de espectro, as 7 cores resultantes de meu experimento.

Ocorria na decomposição da luz solar em várias cores quando atravessava um

prisma”. Em seguida a pergunta: “Como se denomina esse processo, o qual consistia

na decomposição da luz solar em várias cores?”. Resposta: “Difração”. Assim como

as outras fases, o jogo só continua se o jogador colocar a resposta corretamente.

F) Fase 7 – Cores fisiológicas

O personagem Goethe fala: “A Cor é produto da relação da retina e do

cérebro”. A seguir a pergunta: “Como denomino essas Cores?”. Resposta: “Cores

fisiológicas”.

G) Fase 8 – Aspecto Psicológico.

Goethe: “Me importo com a percepção das Cores”. E indaga: “Qual aspecto

me preocupa mais?”. Resposta: “Psicológico”.

H) Fase 9 – Círculo Cromático

Continua-se com o mesmo personagem e cena. Goethe comenta: “Organizei

as Cores no círculo de maneira que fiquem opostas as suas complementares”. E

questiona: “Quais Cores pertencem ao meu círculo?”. Resposta: “Amarelo, verde,

azul, roxo, vermelho e laranja”. Com a resposta colocada dessa maneira o jogador

continuaria o jogo.

I) Fase 10 – Goethe díspar a Newton

A partir dessa fase do jogo, apresenta-se a disparidade entre os dois Estudos.

Mostra-se que ambas são importantes, independente da maneira que foram feitas, as

experiências e os resultados obtidos, elas, em conjunto, formam um bom

aprofundamento teórico para os interessados pelo estudo das cores.

Page 60: GOETHE E NEWTON: A TEORIA DAS CORES PARA A DISCUSSÃO …repositorio.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/4980/1/goethenewtonteoria... · GOETHE E NEWTON: A TEORIA DAS CORES PARA A DISCUSSÃO

58

Aqui os personagens Goethe e Newton aparecem lado a lado e as questões

referentes a eles começam a surgir:

Pergunta de Newton: “Sobre a Teoria das Cores, qual o meu objeto principal

de pesquisa?”. Resposta: “A luz”.

Fase 11 - Pergunta de Goethe: “E o meu objeto principal, qual é?”. Resposta:

“O homem”.

Fase 12 - Pergunta: “Segundo Goethe, por qual órgão humano deveríamos

começar a estudar, referente ao estudo das cores?”. Resposta: “Retina”.

Fase 13 - Pergunta: “Qual foi o nome dado por Goethe pelas sensações

geradas pela cor?”. Resposta: “Efeito Sensível-Moral da cor”.

J) Pergunta final

Essa fase foi pensada para que os acadêmicos pudessem refletir sobre a

importância dessa ferramenta de trabalho no ensino-aprendizagem. Pergunta: “Com

relação ao jogo proposto pela pesquisadora, o que você achou dessa ferramenta para

o ensino?” Justifique.

As respostas devem ser debatidas entre os jogadores.

3.5.3.2 Procedimentos de análise

Ao analisar a ementa do curso percebe-se que no primeiro ano já começam

o Estudo sobre as Cores e também da história da arte, a qual faz menção às Cores,

pois ela está presente em todos os períodos artísticos, e cada período a aborda de

uma maneira específica, o que torna importante o conhecimento da história dos

períodos. No primeiro ano é ofertada a disciplina “Epistemologia e origem da

Ciência e Arte”, a qual acredita-se que dará respaldo aos acadêmicos para

responder as perguntas empregues no questionário de pesquisa. Arte e ciência

também são aprofundadas em uma disciplina que se intitula “Diálogos Arte-

Ciência”, mas como disciplina de aprofundamento ou diversificação à distância e

opcional no quarto ano.

Os acadêmicos do primeiro ano mostraram-se com dificuldade nas

respostas dos questionários, pois a maneira que eles responderam, muitas vezes,

não atingiu o objetivo esperado que seria retratar de fato o que eles sabiam, com

os mínimos detalhes em suas respostas. As perguntas eram abertas, para que as

respostas fossem minuciosas, mas a maioria respondeu sim e não, e não justificou,

Page 61: GOETHE E NEWTON: A TEORIA DAS CORES PARA A DISCUSSÃO …repositorio.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/4980/1/goethenewtonteoria... · GOETHE E NEWTON: A TEORIA DAS CORES PARA A DISCUSSÃO

59

como estava sendo pedindo nas questões e como a pesquisadora orientou também

que fizessem justificativas.

Notou-se que todos julgam as cores como importante, porém nem todos

tinham o conhecimento da importância de um estudo interdisciplinar entre arte e a

ciência para estudá-las.

No próximo item, analisa-se o questionário aplicado para acadêmicos do

primeiro ano de Artes Visuais.

3.5.3.3 Análise dos dados coletados – primeiro encontro

Os dados foram coletados a partir de um questionário, estruturado com 5

questões abertas. Também, pela produção de desenhos que expressassem os

Estudos das Cores, realizada pelos acadêmicos e pela filmagem feita para

conseguir documentar possíveis respostas orais.

Os acadêmicos tinham idade entre 17 e 23 anos, divididos em 12 mulheres

e 9 homens, totalizando 21 acadêmicos. Estavam matriculados no primeiro ano de

Licenciatura em Artes Visuais (UEPG). Esses estudantes deram as seguintes

respostas para as 5 questões:

Page 62: GOETHE E NEWTON: A TEORIA DAS CORES PARA A DISCUSSÃO …repositorio.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/4980/1/goethenewtonteoria... · GOETHE E NEWTON: A TEORIA DAS CORES PARA A DISCUSSÃO

60

Gráfico 1 – Questão 1 – Primeiro e segundo encontro

Fonte: Autoria própria (2019).

No primeiro questionário, a maioria dos acadêmicos, 9 deles, deixaram a

resposta dessa questão em branco. Em segundo lugar, 6 acadêmicos, citaram que as

Cores influenciaram nos sentimentos e significados as obras. O acadêmico 16,

comenta que: “A cor é um dos elementos mais importantes das artes, pois está

presente em todos os aspectos da área. É a base de estudos, como pintura e tem

grande relação com nossos sentidos e sensações”.

No segundo questionário, 15 acadêmicos apontaram a influência das Cores

nos indivíduos como aspecto mais importante. O acadêmico 10 ressalta que:

“Cada cor carrega por si só uma gama de significados. O emprego de uma cor em uma determinada obra pode mudar o olhar do público sobre ela. Conhecer melhor as cores nos abrem portas, para que possamos empregar de forma mais coesa o uso das cores em nosso cotidiano”.

A professora Silveira (2015, n.p.) salienta a importância de estudar as Cores:

“As informações reunidas na chamada Teoria da Cor são uma ferramenta muito

importante para o estudante e para o profissional de áreas visuais, podendo até ser

um diferencial em sua formação”.

Ao fazer uma análise do primeiro encontro, com o 1º questionário, percebe-

se que o conhecimento prévio dos acadêmicos apresentou-se de maneira mais

tecnicista. Segundo eles, as Cores são importantes para deixar a composição mais

harmoniosa, ao trabalhar as combinações. Por mais que falem em harmonização,

estão abordando apenas a estética. “A cor participa da construção simbólica

6

1

9

5

15

2

0

4

0

2

4

6

8

10

12

14

16

Sentimentos/Sensações/Significados

ManifestaçõesArtísticas

Branco Aplicação detonalidades

1a) Qual a importância do Estudo sobre as Cores em arte?

1° encontro

2° encontro

Page 63: GOETHE E NEWTON: A TEORIA DAS CORES PARA A DISCUSSÃO …repositorio.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/4980/1/goethenewtonteoria... · GOETHE E NEWTON: A TEORIA DAS CORES PARA A DISCUSSÃO

61

perceptiva de todas as pessoas, porém essas pessoas podem sentir essa construção

de maneiras diferentes” (SILVEIRA, 2015, p.15). Apenas seis deles justificaram que

há influências emocionais no Estudo sobre as Cores.

No 2° encontro, percebe-se que 16 entre os 21 acadêmicos, perceberam o

“Efeito Sensível-Moral das Cores”, justificando que elas são importantes, para

expressar sentimentos. Ou seja, a Doutrina de Goethe prevaleceu nessa primeira

questão.

Sobre o Efeito Sensível-Moral das Cores, Goethe (2013, p.165) discorre que:

As cores que vemos nos corpos não são algo completamente estranho ao olho, como se de algum modo fosse a primeira vez que tivesse tal sensação. Ao contrário, esse órgão sempre se dispõe a produzir, por si mesmo, as cores, e desfruta de uma sensação agradável, quando externamente se apresenta algo adequado a sua natureza e se fixa de modo significativo sua capacidade de ser determinado numa certa direção.

No item “A cor com relação: arte e ciência”, desta pesquisa, encontra-se a

informação de que a Cor não tem existência material. Que a Cor é apenas uma

sensação que aparece devido a existência da luz (objeto físico) e dos olhos (receptor).

Desse modo, o estudo da luz e dos olhos, torna-se essencial para o aprendizado sobre

as Cores, assim como o estudo interdisciplinar entre arte e ciência.

Nesta pesquisa, na seção: “A utilização da cor”, observa-se que, segundo

Goethe, o olho recebia as Cores e o cérebro fazia associações importantes com a

informação recebida pela Cor. A história da arte passou por uma longa transição no

decorrer dos anos e a Cor teve muitas interpretações com o passar do tempo. Devido

a esse fato, dois acadêmicos citaram, em seus questionários, as manifestações

artísticas como sendo importantes.

Com a próxima questão, buscou-se compreender o conhecimento dos

acadêmicos sobre a relação entre ciência e cores.

Page 64: GOETHE E NEWTON: A TEORIA DAS CORES PARA A DISCUSSÃO …repositorio.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/4980/1/goethenewtonteoria... · GOETHE E NEWTON: A TEORIA DAS CORES PARA A DISCUSSÃO

62

Gráfico 2 - Questão 2 – Primeiro e segundo encontro

Fonte: Autoria própria (2019).

No primeiro encontro a maioria dos acadêmicos, 11, deixaram essa resposta

em branco. Em segundo lugar, ficou a resposta referente aos aspectos das

composições físicos e químicos que constituem as cores. Sobre o estímulo físico e a

estrutura química, Silveira (2015, p.45) explica que:

O chamado estímulo físico é emitido por uma fonte enérgica direta (luz colorida), ou por dispersão dos raios luminosos da luz branca. A transformação da luz branca em luz colorida é atribuída a três causas: natureza dos átomos na molécula (onde a coloração resulta da absorção e reflexão diferenciada dos raios coloridos componentes da luz branca incidente sobre a substância. Trata-se de coloração influenciada pela composição e estrutura química dos corpos as chamadas cores-pigmento) e a posição da molécula no espaço (fenômeno de dispersão, de interferência e de polarização cromática – as chamadas cores-luz).

Esta resposta foi a mais citada no segundo encontro também, porém nenhum

as definiu como a professora Silveira. Por exemplo, o acadêmico 16, no primeiro

encontro diz: “Através da ciência, podemos entender como as cores são formadas e

sua importância de forma física e química.” O mesmo acadêmico, discorre no segundo

encontro: “A ciência explica a formação das cores, a importância delas em nossas

vidas, mostra formas de usá-las. Podemos entender as cores de formas química e

física com a ciência”.

Nota-se uma dificuldade em redigir uma resposta, antes e depois da

explicação. A priori 11 deixaram em branco, em seguida 6 acadêmicos também não

se sentiram aptos para responder, ou faziam parte do grupo que assinou a lista de

presença e saiu. No primeiro questionário, apresentaram-se de maneira mais racional

2

11

2 2

4

0

2

6

43

6

3

0

2

4

6

8

10

12

Importância da luz

Branco Estudo de Newton

Reações causadas

pelas cores

Composições física e química

Sentimentos/ sensações

2a) Qual a relação entre Ciência e Cores?

1° encontro 2° encontro

Page 65: GOETHE E NEWTON: A TEORIA DAS CORES PARA A DISCUSSÃO …repositorio.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/4980/1/goethenewtonteoria... · GOETHE E NEWTON: A TEORIA DAS CORES PARA A DISCUSSÃO

63

e positivista em relação à ciência. Percebe-se que a definição de ciência para eles é

vaga. Não consideram a arte, uma ciência. Não mencionam sobre as produções das

tintas, com extrações de pigmentos da natureza. Nota-se nesse momento que eles

têm o conhecimento do Estudo das Cores de Newton. E que a Cor só tem existência

devido à luz.

No segundo questionário, os alunos que responderam ficaram divididos entre

o Estudo das Cores de Goethe e Newton. Demonstraram que a ciência não precisa

ser apenas racional, ela pode interferir no emocional também.

Ao analisarmos a teoria das cores sob a perspectiva das concepções pessoais nas quais Goethe estaria imerso, podemos compreender o quão improvável poderia lhe parecer a teoria newtoniana para a luz, pois a mesma não se insere nesta visão de mundo. O pensamento científico à época de Goethe estava fortemente baseado em pilares que rejeitavam quaisquer esquemas metafísicos para a interpretação dos fenômenos da natureza e é nesta concepção que o pensamento newtoniano se insere. Goethe, em contrapartida, privilegia conceitos capazes de contemplar fatores metafísicos e subjetivos como as sensações causadas ao sentido da visão diante do fenômeno da luz, fundamentando sua teoria na transição das formas e nas analogias entre os fenômenos, construindo os mesmos através das leis de polaridade. (BRITO; REIS, 2016, p. 291)

Analisando os dois Estudos, os acadêmicos percebem que elas se

complementam, pois Goethe começa sua pesquisa onde Newton parou.

Com a próxima questão, buscou-se saber sobre o conhecimento dos

acadêmicos sobre o Estudo das Cores de Newton.

Gráfico 3 - Questão 3 – Primeiro e segundo encontro.

Fonte: Autoria própria (2019).

13

8

0 0

78

1

5

0

2

4

6

8

10

12

14

Experimento com oprisma

Deixou em branco Resultadosmatemáticos

Luz

3a) Qual a vinculação entre Isaac Newton com o Estudo das Cores?

1° encontro 2º encontro

Page 66: GOETHE E NEWTON: A TEORIA DAS CORES PARA A DISCUSSÃO …repositorio.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/4980/1/goethenewtonteoria... · GOETHE E NEWTON: A TEORIA DAS CORES PARA A DISCUSSÃO

64

Sobre essa questão, a maioria mostrou que sabia sobre o experimento com

um prisma. O acadêmico 12 comenta, no primeiro encontro, que: “Newton descobriu

que o prisma era capaz de refletir as 7 Cores-luz, que são as Cores que encontramos

no arco-íris, e que o prisma invertido refletia o branco novamente.” Outro acadêmico

(4) no segundo encontro, explica: “Isaac Newton estudou, através do prisma, a

separação do feixe cromático (luz branca) em feixes coloridos.”

Essa questão mostrou que os acadêmicos, na sua maioria, tinham o

conhecimento sobre o Estudo das Cores de Newton, e suas opiniões não mudaram

muito depois da aula e debate. Realça-se que os acadêmicos possuem o

conhecimento conforme citado no referencial teórico, simplista. Onde supõe-se que

Newton chegou à conclusão de sua pesquisa de maneira simples e rápida. Sobre

essa maneira como é estudado o Estudo das Cores de Newton, sugere-se a leitura

do artigo16 “A teoria das cores de Newton: um exemplo do uso da História da Ciência

em sala de aula”, de Cibelle Celestino Silva e Roberto de Andrade Martins, 2003.

Nesse artigo eles demonstram que é necessário analisar os detalhes do experimento

de Newton observando considerações implícitas sobre a posição exata do prisma.

Silva e Martins (2003, p. 63) comentam que:

Os livros-texto não exibem a estrutura da argumentação de Newton. Os livros não levantam a possibilidade de surgirem outras interpretações para esse experimento, já que ele não elimina a possibilidade de o prisma produzir as cores quando o feixe de luz branca o atravessa. Os estudantes que estudam por esses livros são obrigados a aceitar a teoria de Newton como uma “crença” científica e não como um “conhecimento” científico, já que vários outros experimentos são necessários para justificá-la. Além disso, a interpretação do método científico presente nesses textos está em desacordo com o conhecimento histórico e filosófico atuais.

Se Newton, que é mais conhecido, é apontado dessa maneira no ensino, o

que esperar de Goethe? A próxima questão busca descobrir se os acadêmicos sabem

algo sobre Johann Goethe, em especial, sobre a Doutrina das Cores.

16 http://www.scielo.br/pdf/ciedu/v9n1/05.pdf. Acesso em: 15 jan. 2019.

Page 67: GOETHE E NEWTON: A TEORIA DAS CORES PARA A DISCUSSÃO …repositorio.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/4980/1/goethenewtonteoria... · GOETHE E NEWTON: A TEORIA DAS CORES PARA A DISCUSSÃO

65

Gráfico 4 - Questão 4 – Primeiro e segundo encontro.

Fonte: Autora (2019).

No primeiro encontro, a maioria dos acadêmicos apontaram que conheciam

Johann Goethe pela literatura escrita por ele. E apenas 4 deles escreveram que

sabiam do contraponto com Newton.

No segundo questionário, conseguem perceber que Goethe se contrapôs a

Newton, e que sua pesquisa levou tempo para ser elaborada. Perceberam que Goethe

dá ênfase a sensação que as Cores causam no observador, trabalhando o aspecto

subjetivo.

Possebon (2009, p.13) salienta sobre a importância do conhecimento da

Doutrina das Cores de Goethe:

Dirigir um novo olhar para a Teoria das Cores de Goethe pode significar uma ampliação das perspectivas de investigação científica, incrementos ao produzir artístico e ao desenvolvimento da própria psicologia da cor, diante dos impasses e desafios que o desenvolvimento científico-tecnológico nos impõe nesta época.

Sobre o fato de considerar as Cores importantes para transmitir sentimentos

ao observador, em arte, Possebon (2009, p.120) discorre que:

Do elenco das contribuições de Goethe para a cromática, pode ser inferido que sua influência caminhou como um fio invisível transpassando a obra de influentes artistas e professores. Hoje podemos confirmar que a base da sistemática de ensino da harmonização cromática em muitas escolas de artes e design tem os seus fundamentos na Farbenlehre, independente de ter sido esse um fato consciente aos professores atuais.

8

4 4

2 2

00

2

8

3

0

8

0123456789

Poeta/romancista/

literário

Em branco Contrapontocom Newton

Estudo daDoutrina das

cores

Não EfeitoSensível-

Moral da cor

4a) Você já ouviu falar de Johann Goethe?

1° encontro 2° encontro

Page 68: GOETHE E NEWTON: A TEORIA DAS CORES PARA A DISCUSSÃO …repositorio.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/4980/1/goethenewtonteoria... · GOETHE E NEWTON: A TEORIA DAS CORES PARA A DISCUSSÃO

66

Possebon termina falando “independente de ter sido esse um fato consciente

aos professores atuais”, devido ao fato de que os professores de arte concordam que

as cores transmitem sentimentos e sensações, mas nem sempre citam as pesquisas

de Goethe como referência desse fato. Por isso a importância da divulgação da

Doutrina das Cores de Goethe.

O conhecimento dessa crítica goetheana representa uma boa oportunidade para apresentar a estudantes da escola básica uma outra visão sobre a natureza, possibilitando, dessa forma, uma visão mais crítica e rica sobre a produção do conhecimento científico. Ainda que a proposta de Goethe para a teoria das cores não tenha saído vencedora no campo científico é importante a sua discussão com os alunos para a apropriação da ciência não seja meramente instrumental. O poeta alemão reuniu em si a criatividade poética e pesquisa científica, utilizando-se da arte para a compreensão do mundo, da mesma forma que é realizado, ainda que com maior rigor pela ciência. Para o poeta, arte e ciência teria uma relação muito íntima. Em seu pensamento a arte parecia tão subjetiva quanto a ciência. (BRITO e REIS, 2016, p. 288 e 289)

Gráfico 5 - Questão 5 – Primeiro e segundo encontro.

Fonte: Autoria própria (2019).

No primeiro encontro essa questão foi deixada em branco pela maioria dos

acadêmicos. E no segundo encontro, eles discorrem que os Estudos se

complementam. Nessa última questão, foi interrogado sobre a interdisciplinaridade

entre a arte e a ciência, com relação ao Estudo de Goethe e de Newton. Constata-se

13

2 2 2 2

0 0

4

10 0 0

9

7

0

2

4

6

8

10

12

14

5a) Qual a importância do Estudo das Cores de Goethe e de Newton para o estudo interdisciplinar da arte?

1° encontro 2° encontro

Page 69: GOETHE E NEWTON: A TEORIA DAS CORES PARA A DISCUSSÃO …repositorio.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/4980/1/goethenewtonteoria... · GOETHE E NEWTON: A TEORIA DAS CORES PARA A DISCUSSÃO

67

que, no primeiro questionário, quinze dos vinte e um acadêmicos não souberam

responder. Os outros seis alunos tentaram responder, mas ainda está longe a reflexão

deles sobre a interdisciplinaridade. Apenas um aluno salientou que os Estudos têm

relações e essas relações devem ser estudas.

No segundo questionário, os acadêmicos, na sua maioria, mudaram suas

respostas. Relatou-se que ambos os Estudos são importantes, que eles se relacionam

e se complementam, tornando-se importantes para outras áreas do conhecimento

também. Silveira (2015, p. 27) justifica o fato de que ambos os Estudos estavam

corretos:

Na verdade, os dois estavam corretos em suas afirmações. Por um lado, Newton discorria sobre as cores espectrais ou cores-luz, explicadas pela síntese aditiva, enquanto Goethe estudava as cores- pigmento, que sob a síntese subtrativa têm o amarelo e o azul produzindo o verde.

Complementam-se porque Goethe começa seu estudo onde Newton

terminou. Brito e Reis (2016, p.297) justificam que:

É possível compreender, portanto, que as teorias de Goethe e Newton possuem uma relação, não necessariamente antagônicas, mas de certo modo complementares, tendo em vista que a teoria goetheana contempla aspectos que não são compreendidos pela teoria de Newton, como a interpretação das cores a partir das sensações causadas. Devemos levar em consideração que estas teorias partem de visões de mundo completamente distintas, baseadas em suas próprias filosofias e derivadas da necessidade pessoal de ambos.

Por mais que os acadêmicos tenham conseguido perceber que os dois

estudos se complementam, com apenas um contato, por mais que tenham sido quatro

aulas consecutivas, é pouco o tempo para a discussão sobre o assunto. Porém, foram

instigados a buscar mais conhecimento sobre o Estudo das Cores, pois como futuros

professores, esse tema ainda será bastante abordado por eles.

3.5.3.3.1 Análise dos dados coletados – Segundo encontro

Os dados foram coletados a partir de um questionário (Apêndice B),

estruturado com 6 questões abertas e 1 pergunta que é a pergunta final do jogo

Page 70: GOETHE E NEWTON: A TEORIA DAS CORES PARA A DISCUSSÃO …repositorio.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/4980/1/goethenewtonteoria... · GOETHE E NEWTON: A TEORIA DAS CORES PARA A DISCUSSÃO

68

intitulado - Estudo das Cores: Goethe e Newton. O jogo também foi apresentado e

aplicado aos acadêmicos.

Os acadêmicos tinham idade entre 21 e 50 anos. Divididos em 11 mulheres

e 2 homens, totalizando 13 acadêmicos. Estavam matriculados no quarto ano de

Licenciatura em Artes Visuais em uma universidade pública do Paraná. Esses

estudantes deram as seguintes respostas para as 6 questões:

Gráfico 6 - Questão 1 – Terceiro encontro

Fonte: Autoria própria (2019).

Essa questão pretendia observar o conhecimento das Cores dos acadêmicos

e se, ao longo do curso de Licenciatura em Artes visuais, esse assunto era abordado.

Com as respostas da primeira pergunta do terceiro encontro, percebe-se que, ao

longo do curso de Licenciatura, o Estudo das Cores de modo geral foi estudado de

maneira superficial. Não sendo aprofundados nem o Estudo de Newton e nem a

Doutrina de Goethe. O acadêmico 9 comenta que:

Fiz uma oficina no curso em que tive um pouco mais de compreensão sobre a Teoria das cores. No curso mesmo estudamos apenas o círculo cromático. Sobre Teoria das Cores aprendi que recebemos uma cor pela visão, que é transformada pelo nosso cérebro, assim como a imagem.

Silveira (2015, p. 7) justifica a importância desse conhecimento:

Estudar a percepção da cor em detalhes é requisito básico para estudantes das áreas que desenvolvem suas principais articulações no âmbito visual.

14%

57%

29%

0%

1b) Como teve acesso ao conhecimento sobre o Estudo das Cores?

No Ensino Básico

No curso de Arte, de maneirasuscinta

Page 71: GOETHE E NEWTON: A TEORIA DAS CORES PARA A DISCUSSÃO …repositorio.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/4980/1/goethenewtonteoria... · GOETHE E NEWTON: A TEORIA DAS CORES PARA A DISCUSSÃO

69

Sendo assim, a Teoria da Cor é fundamental para uma ampla faixa de cursos que vão desde o Design e suas ênfases específicas, como Gráfico, Produto, Moda, Interiores, Web, Comunicação Visual, passando pelos cursos que têm como foco as Artes Visuais, tais como as Artes Plásticas, até a Arquitetura nos seus aspectos formais.

Pelos relatos dos acadêmicos, eles percebem a importância desse assunto

na vida profissional e, pelo fato de ser pouco abordado ao longo do curso, buscam

pesquisar em particular.

A próxima questão investiga se os acadêmicos têm conhecimento sobre

Johann Goethe.

Gráfico 7 - Questão 2 – Terceiro encontro

Fonte: Autoria própria (2019).

Três dos acadêmicos ressaltaram que não sabem de quem se trata. Os

demais justificaram que tem o conhecimento, mas ofertado por oficinas, PIBID, pelo

estudo do TCC, e minimamente em algumas disciplinas do curso.

O acadêmico 13 comenta que: “Sim. Nas aulas de pintura, nada muito

aprofundado, que tenha cativado a lembrar, lembro apenas do círculo cromático”. A

questão anterior aborda o Estudo das Cores, em geral, ao longo do curso, essa verifica

a Doutrina das Cores de Goethe, a qual também é citada, ao longo do curso, nada

muito aprofundado.

Essa questão mostra que o curso de Licenciatura em Artes Visuais da

universidade pesquisada, não tem preocupação com o Estudo das Cores voltado a

Newton e Goethe.

2; 15%

1; 8%

5; 39%

5; 38%

2b) Você já ouviu falar de Johann Goethe? Comente.

Não

Sim. Poeta.

Sim. Doutrina das cores.

Mencionado as vezes emcursos diversos.

Page 72: GOETHE E NEWTON: A TEORIA DAS CORES PARA A DISCUSSÃO …repositorio.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/4980/1/goethenewtonteoria... · GOETHE E NEWTON: A TEORIA DAS CORES PARA A DISCUSSÃO

70

A próxima questão verifica o Estudo das Cores de Newton ao longo do curso

de Licenciatura.

Gráfico 8 – Questão 3 – Terceiro encontro

Fonte: Autoria própria (2019).

Sobre o Estudo de Newton, os acadêmicos mostraram que sabem algumas

coisas referentes ao experimento com o prisma, mas não aprofundaram muito nesse

contexto.

O acadêmico 5 comenta que: “Isaac Newton estudou as cores, com

aprofundamento em refração e incidência da luz. A origem das cores é a luz”.

As respostas se dividem em “não sei”, “estudo físico sobre a origem da cor” e

“refração”. A resposta “não sei”, para uma turma de quarto ano é preocupante, pois

logo estarão, se já não estiveram lecionando. Como abordarão o tema Cor de maneira

completa com os alunos? As outras duas respostas mostram maior conhecimento

sobre o estudo das cores de Newton.

Comparando essa questão com os questionários anteriores, percebe-se que

não mudam muito as respostas dos acadêmicos do primeiro e quarto ano do curso.

10; 77%

1; 7%

1; 8%

1; 8%

3b) Qual a vinculação entre Isaac Newton com o Estudo das Cores?

Experimento com um prisma.

Estudo físico sobre a origem dacor.

Refração.

Não sei.

Page 73: GOETHE E NEWTON: A TEORIA DAS CORES PARA A DISCUSSÃO …repositorio.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/4980/1/goethenewtonteoria... · GOETHE E NEWTON: A TEORIA DAS CORES PARA A DISCUSSÃO

71

Gráfico 9 - Questão 4 – Terceiro encontro

Fonte: Autoria própria (2019).

Nessa questão, a maioria dos acadêmicos discorre que ambas são

importantes para o ensino. Em segundo lugar os que consideram que é apenas a

Doutrina das Cores de Goethe e, em terceiro, apenas os Estudos de Newton. Com

essa questão os acadêmicos demonstram que “Goethe estava certo em associar as

cores aos sentimentos, mas isso não invalida a teoria de Newton” (POSSEBON, 2009,

p.117).

O acadêmico 3 comenta que: “Ambas. Dentro da ciência nenhuma teoria é

absoluta e ambas contribuem para uma melhor compreensão de mundo”. Os estudos

se complementam pelo fato de que Goethe começa onde Newton parou e aborda

pontos que não foram abordados pelas pesquisas feitas por Newton.

A próxima questão investiga como os acadêmicos trabalhariam com o Estudo

das Cores em sala de aula, refletindo que estamos em um mundo informatizado e que

tudo chama mais atenção dos alunos que apenas a teoria em sala de aula. Por isso a

proposta era pensar em atividades diferenciadas para trabalhar com as Cores.

2; 15%

1; 8%

10; 77%

0; 0%

4b) Qual "teoria" você considera mais relevante para o ensino?

Goethe

Newton

Ambas

Page 74: GOETHE E NEWTON: A TEORIA DAS CORES PARA A DISCUSSÃO …repositorio.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/4980/1/goethenewtonteoria... · GOETHE E NEWTON: A TEORIA DAS CORES PARA A DISCUSSÃO

72

Gráfico 10 - Questão 5 – Terceiro encontro

Fonte: Autoria própria (2019).

Com essa questão buscou-se verificar algumas ideias de como trabalhar com

o Estudo das Cores, além da “teoria”, pois trabalhar apenas com conteúdo torna a

aula desinteressante. Pensando na atualidade, onde os alunos tem muitos aparatos,

que chamam a sua atenção ao seu redor, são interessantes usar diversos meios para

despertar o interesse desses alunos.

O acadêmico 10 justifica que trabalharia da seguinte forma:

De modo interdisciplinar, perpassando: a história sobre o estudo de cores, sua formação física, sua influência psicológica, uso dentro da publicidade e propaganda, formação e classificação das cores pigmento e seus usos dentro da arte.

A resposta mais citada pelos acadêmicos foi fazer leitura de imagens,

trabalhar com obras de arte em sala de aula e estudar todos os elementos presentes

na imagem, desde a Cor até a história da arte, a sociedade do período em que a obra

foi feita, e o que foi proposto pelo pintor que a produziu. Em segundo lugar ficou o

contexto histórico, investigar o que estava ocorrendo quando determinado estudo da

Cor ocorreu, sendo de Newton, de Goethe ou outros, para entender o motivo pelo qual

se chegou à determinada conclusão. Em terceiro lugar, ficaram as respostas deixadas

em branco e Cores e sensações causadas pelas Cores. Essa última poderia focar na

Doutrina das Cores de Goethe e na história da arte desde primórdios da Arte Rupestre

até os dias atuais, e investigar as características de cada cor ao longo desse período.

Em quarto lugar ficaram as respostas: filmes, internet e propaganda. Nessa última

2; 15%

1; 8%

1; 8%

3; 23%

4; 31%

2; 15%

5b) Descreva como você trabalharia sobre o Estudo das Cores em sala de aula.

Leitura de obra de arte. Filmes. Internet e propagandas.

Contexto histórico. Cores e sensações. Em branco.

Page 75: GOETHE E NEWTON: A TEORIA DAS CORES PARA A DISCUSSÃO …repositorio.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/4980/1/goethenewtonteoria... · GOETHE E NEWTON: A TEORIA DAS CORES PARA A DISCUSSÃO

73

proposta, há um leque bem abrangente de possibilidades, e se podem juntar todos os

aspectos que os acadêmicos sugeriram.

Ao pensar em ferramentas que auxiliem o ensino sobre as Cores no ensino,

a questão a seguir, busca saber sobre o jogo proposto como produto educacional

desta dissertação.

Gráfico 11 – Questão 6 – Terceiro encontro

Fonte: Autoria própria (2019).

Com a resposta dos alunos percebe-se que o jogo é uma ferramenta

promissora para auxiliar no ensino sobre as Cores. Pois trabalha o Ensino das Cores

de maneira lúdica, e pela forma que o software de criação de jogos digitais, Construct

2, se constitui, permite que as perguntas sejam alteradas, e todas as vezes que for

trabalhar com os alunos, há a possibilidade de trazer questões diferenciadas sobre o

assunto.

3.5.3.3.2 Análise dos dados coletados – Desenhos

No primeiro encontro foi solicitado aos 21 acadêmicos que produzissem

desenhos que demonstrassem o conhecimento deles referente ao Estudo das Cores

e que, junto com o desenho, escrevessem o que esse desenho expressava. “Para

entendermos as cores como ação, é preciso uma linguagem poética que fale por meio

de imagens” (GOETHE, 2013, p.47).

Estavam presentes 21 acadêmicos, porém 3 deles não realizaram os

desenhos. Os grupos com características parecidas se dividem da seguinte forma: Os

23%

23%23%

31%

6b) Com relação ao jogo proposto pela pesquisadora, o que você achou dessa ferramenta para o ensino?

Interessante para introduzir o tema.A aula se torna mais lúdica.Divertido e didático.Capaz de despertar a vontade do aluno estudar.

Page 76: GOETHE E NEWTON: A TEORIA DAS CORES PARA A DISCUSSÃO …repositorio.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/4980/1/goethenewtonteoria... · GOETHE E NEWTON: A TEORIA DAS CORES PARA A DISCUSSÃO

74

que expressam que os Estudos das Cores se complementam, os que se identificam

apenas com Newton ou Goethe e os neutros, os últimos fizeram o desenho, mas não

comentaram nada sobre eles.

Inicia-se esta análise com o acadêmico 3, o qual desenha o prisma, como se

estivesse representando o experimento de Newton, porém junto com as Cores surgem

corações e expressões. Justifica, abaixo do desenho, com as seguintes palavras:

“Através desse desenho tentei fazer uma junção da Teoria de Newton que é voltada

para a ciência e de Goethe que diz que a Cor pode transmitir emoções e sensações.”

A partir desse discurso e desenho, percebe-se que o acadêmico considerou que os

dois estudos se complementam.

Figura 13 – Desenho do acadêmico 3.

Fonte: Acadêmico 3 (2018)

Com o desenho do acadêmico 4 (Figura 13), acontece a mesma coisa, ele

justifica que ambos os Estudos se complementam. Ele comenta: “Sem Newton não

saberíamos que a luz branca pode ser dividida em outros feixes coloridos, sem Goethe

não interpretaríamos as sensações que as Cores nos causam”. Esse acadêmico

também concorda que ambos os estudos se complementam. Assim como os

acadêmicos 6 e 16, totalizando 4 acadêmicos.

Page 77: GOETHE E NEWTON: A TEORIA DAS CORES PARA A DISCUSSÃO …repositorio.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/4980/1/goethenewtonteoria... · GOETHE E NEWTON: A TEORIA DAS CORES PARA A DISCUSSÃO

75

Figura 14 – Desenho do acadêmico 4.

Fonte: Acadêmico 4 (2018)

O acadêmico 6 (Figura 15) desenha Goethe e Newton se beijando. Ele não

escreveu o que ele estava expressando com o seu desenho, como foi solicitado.

Assim sendo, há como fazer uma leitura da imagem de maneira geral, lembra-se sobre

o que Goethe escreveu em sua Doutrina sobre ações e paixões da luz.

A polaridade entre ação e paixão se reproduz no próprio movimento da reflexão sobre as cores: no primeiro momento precisam ser separadas entre si, para depois serem reunidas novamente através da Einbildungskraft (“força de formação em um” – imaginação). A imaginação transforma a polaridade originária numa totalidade. É por isso que uma linguagem simplesmente conceitual só poderia descrever a letra, mas não o espírito da cor. “Só a poesia pode provocar essa animação inesperada da linguagem” necessária para a descrição das cores como fenômeno vivo. (GOETHE, 2013, p.50)

Nesse contexto, o Estudo das Cores deve ser visto com outros olhos, pois o

sentimento e a imaginação são importantes para uma leitura sobre a Cor. Em relação

à Figura 15, pode-se fazer a leitura mais contemporânea do desenho. Goethe não se

preocupava apenas pelo fator fisiológico da cor, mas também com questões químicas

e físicas. Por isso, Goethe e Newton se complementam, pois Goethe faz seu estudo

onde Newton parou. E ambos trouxeram benefícios com seus estudos.

Pensar na compreensão de natureza da ciência é ter a percepção de que os

sentimentos trazidos pelas cores podem influenciar nas sensações causadas nos

indivíduos. Também “a ciência não pode fornecer respostas a todas as perguntas,

envolve a imaginação e invenções de explicações, apesar da investigação científica

se basear na lógica e ter base empírica” (DURBANOS, 2015, p.23).

Page 78: GOETHE E NEWTON: A TEORIA DAS CORES PARA A DISCUSSÃO …repositorio.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/4980/1/goethenewtonteoria... · GOETHE E NEWTON: A TEORIA DAS CORES PARA A DISCUSSÃO

76

Figura 15 – Desenho do acadêmico 6.

Fonte: Acadêmico 6 (2018)

Sendo assim, a Doutrina das Cores, segundo Goethe, não tem gênero

definido, pode variar sua linguagem sendo científica ou poética, sem perder o foco.

Figura 16 – Desenho do acadêmico 16.

Fonte: Acadêmico 16 (2018)

A figura 16 esboça a figura de uma xícara. O acadêmico 16 justifica que a

intenção dessa ilustração é expressar sensações de frio e calor. Salienta ainda “que

as Cores são muito mais que aspectos físicos e químicos, pois são as Cores que dão

Page 79: GOETHE E NEWTON: A TEORIA DAS CORES PARA A DISCUSSÃO …repositorio.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/4980/1/goethenewtonteoria... · GOETHE E NEWTON: A TEORIA DAS CORES PARA A DISCUSSÃO

77

sentido a nossa vida e a tudo que sentimos”. Sobre essas sensações Goethe (2013,

p. 172) discorre que:

O olho se põe em atividade logo que percebe a cor e é de sua natureza produzir imediatamente, de forma tão inconsciente quanto necessária, uma outra que, juntamente com a primeira, compreende a totalidade do círculo cromático. Uma cor estimula o olho, por meio de uma sensação específica, a empenhar-se pela universalidade.

As sensações causadas pelas Cores nos indivíduos são algo particular, vão

depender da experiência vivida com elas e desenvolverão sensações particulares.

Goethe (2013, p. 173) ressalta:

Se nossa percepção de uma cor isolada era de certa forma patologicamente afetada, na medida em que éramos levados a sensações vivazes e inspiradoras, brandas e nostálgicas, ora rebaixados ao comum, a exigência de totalidade, inala ao nosso órgão, nos livra assim dessa limitação; ele se põe em liberdade ao produzir o oposto do singular que lhe foi dado, alcançando, portanto, uma totalidade satisfatória.

Os acadêmicos 7, 13, 14, 15, 17, 19 e 20 descreveram em seus desenhos

que se familiarizam com a Doutrina das Cores de Goethe. Por ela trabalhar com as

sensações causadas pelas Cores.

Figura 17 – Quadro de desenhos dos acadêmicos, a favor da Doutrina das Cores.

Page 80: GOETHE E NEWTON: A TEORIA DAS CORES PARA A DISCUSSÃO …repositorio.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/4980/1/goethenewtonteoria... · GOETHE E NEWTON: A TEORIA DAS CORES PARA A DISCUSSÃO

78

Fonte: Acadêmicos (2018)

Com os desenhos reunidos, da figura 17, percebe-se que 7 dos acadêmicos

identificaram-se com a Doutrina das Cores de Goethe. Em seus desenhos,

expressaram sentimentos, utilizando formas e Cores. Eles se identificaram com o

Efeito – Sensível – Moral da Cor. Segundo Goethe (2013, p.184) “o conhecimento do

Page 81: GOETHE E NEWTON: A TEORIA DAS CORES PARA A DISCUSSÃO …repositorio.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/4980/1/goethenewtonteoria... · GOETHE E NEWTON: A TEORIA DAS CORES PARA A DISCUSSÃO

79

efeito das cores, individuais ou combinadas, na sensação é particularmente

necessário”. Em sua Doutrina ele diz essa frase direcionado ao pintor. Aqui direciona-

se também ao acadêmico de Artes, pois trabalhará futuramente o tema Cor em sala

de aula com seus alunos e mostrará as possíveis influências que as Cores podem

exercer, estando presentes na sociedade. Possebon (2009, p. 48 e 49) ressalta a

importância da percepção das Cores:

O ambiente físico do planeta nos é dado principalmente pela percepção das cores. Antes de todos os significantes e significados produzidos pela civilização, estamos expostos à percepção das cores. Tudo o que vemos, antes de qualquer outra coisa, são cores. Toda a nossa percepção de limites, forma e dimensão decorrem principalmente da percepção das cores e dos juízos que fazemos sobre elas. Estamos imersos em uma atmosfera. A visão, como sentido dominante, nos orienta. Percebemos, distinguimos e compreendemos as infinitas variações cromáticas e, através disto, conquistamos nosso entendimento de espaço, de movimento e de tempo. Pensamos em linhas quando a percepção nos apresenta limites de cores; pensamos em profundidades quando enxergamos diferenças de claridade. Mas sempre percebemos basicamente cores, de diversos matizes, diferentes claridades e saturações. Nossos juízos complementam estes dados de percepção e aí construímos nosso entendimento do mundo.

Possebon comenta mais a frente, em seu texto, que Goethe com a Doutrina

das Cores, queria proporcionar ao professor um instrumento em que fosse possível

manter um discurso agradável sobre as cores. Goethe já pensava no ensino sobre as

Cores com a Doutrina das Cores.

As próximas ilustrações (Figura 18) referenciam o Estudo das Cores de

Newton. Os comentários feitos por eles revelam que se identificam com Newton pelo

fato de seu Disco apresentar cores mais fortes do que o Círculo Cromático de Goethe.

A segunda imagem do quadro, não apresenta legenda, mas faz-se aqui uma análise

dela. Newton geralmente é mais estudado, pelo fato de ser um cientista renomado.

Sendo assim, muitos consideram apenas o seu Estudo importante. Por isso a leitura

de imagem feita para essa ilustração seria o ar de superioridade que Newton tem com

o seu experimento embaixo do braço. Retrata muito bem o que ainda acontece com o

Estudo das Cores.

Page 82: GOETHE E NEWTON: A TEORIA DAS CORES PARA A DISCUSSÃO …repositorio.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/4980/1/goethenewtonteoria... · GOETHE E NEWTON: A TEORIA DAS CORES PARA A DISCUSSÃO

80

Figura 18 – Quadro de desenhos dos acadêmicos, a favor do Estudo das Cores de Newton

Fonte: Acadêmicos (2018)

A Figura 19 é a junção dos desenhos que não acompanham legenda feita por

seus desenhistas. Porém, ao observar as Cores, percebe-se que alguns se identificam

com as cores de Newton e outros com as de Goethe, outros ficaram indecisos.

Goethe e Newton estudaram sobre as cores com intenções diferenciadas.

Silveira (2015, p. 28) difere os dois da seguinte maneira, “para Newton, a cor era

puramente um fenômeno físico, enquanto para Goethe, a cor era um fenômeno que

também existia além da Física, agregando a estes a influência da fisiologia e da cultura

humana na percepção visual cromática”.

Goethe começa seus estudos onde Newton parou, por isso se complementam

e ambos seus estudos são importantes. Por Newton ser mais visado, estamos em

débito com a Doutrina das Cores de Goethe.

Figura 19 – Quadro de desenhos dos acadêmicos, neutros aos Estudos das Cores

Page 83: GOETHE E NEWTON: A TEORIA DAS CORES PARA A DISCUSSÃO …repositorio.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/4980/1/goethenewtonteoria... · GOETHE E NEWTON: A TEORIA DAS CORES PARA A DISCUSSÃO

81

Fonte: Acadêmicos (2018)

Com as ilustrações feitas pelos acadêmicos, aumenta-se a percepção da

influência que as Cores têm sobre os significados. Esses significados são

apresentados na página 45 desta pesquisa. Alguns desses acadêmicos não

escreveram muito detalhadamente no questionário, porém o seu desenho conseguiu

expressar as palavras que não foram ditas.

A seguir apresentam-se as Considerações Finais deste trabalho.

Page 84: GOETHE E NEWTON: A TEORIA DAS CORES PARA A DISCUSSÃO …repositorio.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/4980/1/goethenewtonteoria... · GOETHE E NEWTON: A TEORIA DAS CORES PARA A DISCUSSÃO

82

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Busca-se com esta pesquisa expressar a importância de ambos os Estudos

das Cores, de Goethe e de Newton, para o ensino sobre as Cores. Por isso, o público

alvo desse estudo foram acadêmicos do curso de Licenciatura em Artes Visuais de

uma universidade pública do Paraná. Escolheram-se as turmas de 1° e 4° ano para

investigar como está sendo trabalhado o assunto Cores na academia. A Cor está

presente em tudo e exerce grande influência nos sujeitos. Ela deve ser estudada em

todos os aspectos, desde a sua formação, até as sensações que ela passa com suas

tonalidades.

Percebe-se, após o primeiro encontro com os acadêmicos, a falta de

aprofundamento científico. Muitos conhecem apenas o Estudo das Cores de Newton,

que é o mais referido, na maioria das vezes, de forma simplificada, sem preocupação

com a Natureza da Ciência. Em suas produções artísticas, há uma visão construtivista,

pois, esse conhecimento ainda está em processo de transformação.

Os acadêmicos deixaram claro que ainda há a dificuldade em definir o que é

algo científico, pois eles consideram apenas o Estudo de Newton científico. Arte, para

eles, é apenas o aspecto emocional. Diferente do pensamento de Goethe, em que a

arte e a ciência teriam leis semelhantes, deveria haver um paralelo entre leis da

natureza e da arte.

Após os contatos com os acadêmicos, é possível confirmar a hipótese desse

trabalho: O conhecimento da Teoria das Cores de Goethe e Newton favorece o ensino

de arte relacionando arte e ciência. Analisando as respostas dos acadêmicos, em seu

antes e depois da arguição, por mais que alguns já tivessem algum conhecimento

referente à Doutrina de Goethe, houve uma reflexão referente ao aspecto “Sensível-

Moral-da Cor”, polaridade, Ações e Paixões da Luz, entre outros, referidos por Goethe.

Esses conceitos são os caminhos para esclarecer que a ciência também tem que se

preocupar com o aspecto cultural, social e histórico, os quais afetam o aspecto

subjetivo e estudar as duas em conjunto favorecerá ainda mais esse contexto. Goethe

e Newton trouxeram para a ciência e arte conhecimento que auxiliou em pesquisas

posteriores a eles.

Como problema de pesquisa indagou-se: Como a discussão da Teoria das

Cores de Newton e Goethe, no ensino de arte, contribui para a compreensão da

Natureza da Ciência? Os acadêmicos perceberam que dá para escolher uma obra de

Page 85: GOETHE E NEWTON: A TEORIA DAS CORES PARA A DISCUSSÃO …repositorio.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/4980/1/goethenewtonteoria... · GOETHE E NEWTON: A TEORIA DAS CORES PARA A DISCUSSÃO

83

arte e buscar tudo que conseguir sobre ela, sobre as Cores, sobre o que se passava

na época dessa pintura, quais os fatos científicos que estavam acontecendo na época

que essa pintura foi produzida, entre outros aspectos que podem ser abordados. Outro

exemplo é trabalhar com a tecnologia, ela está muito presente nos tempos atuais, é

interessante salientar sobre o que é benéfico para eles e o que atrapalha o seu

desenvolvimento. Eles conseguem apontar que Goethe e Newton fizeram

experimentos de formas diferentes e com isso conseguiram resultados distintos.

A ciência de Newton era focada em explicar o motivo pelo qual as coisas

aconteciam, já a de Goethe queria mostrar como as coisas aconteciam e o que isso

poderia trazer para o homem. A preocupação desta pesquisa é formar os futuros

alunos desses acadêmicos, que eles consigam compreender que a ciência pode

melhorar a qualidade de vida, mas tem algumas consequências que são negativas e

eles devem tomar decisões junto à sua comunidade. Os acadêmicos identificam que

os Estudos se complementam. Goethe defendia o Efeito-Sensível-Moral da Cor, pois

a Cor se formava nos olhos do homem e trazia a ele algumas sensações. Para um

estudo mais contextual de ciência, é significativo apresentar diferenças entre os

Estudos. Facilita-se a compreensão da ciência como sendo algo cultural. Um estudo

emergiu como ponto positivo para o ensino do Estudo das Cores de forma mais

concreta e satisfatória.

Buscou-se com o jogo- Estudo das Cores: Goethe e Newton, divulgar o Estudo

das Cores de Goethe e Newton e mostrar que eles jamais iriam concordar um com o

outro, pois ambos pesquisavam por vieses diferentes o mesmo assunto. Nenhum dos

dois estava errado. Um buscou pelo lado científico e matemático e o outro pelo lado

das sensações e fisiológico. O que tornou a Doutrina de Goethe menos acessível foi

a maneira como ele abordou o tema. Por outro lado, os acadêmicos mostraram-se

interessados em trabalhar com o jogo, perceberam que os seus futuros alunos serão

instigados a estudar para conseguir acertar as respostas do jogo ampliando a visão

sobre NdC.

Goethe sempre salientou a importância do conhecimento prévio da história da

arte, tanto para a produção, como para a observação de uma obra de arte. Goethe

nos proporcionou estudar a Cor não somente pelo lado físico e lógico, mas, pelo lado

emocional. Porém, em seus experimentos, não dispensava o uso da matemática. Para

o artista o lado emocional é muito importante, pois somente com o emocional ele

atinge os sentimentos das pessoas. O lado físico também tem sua importância, mas,

Page 86: GOETHE E NEWTON: A TEORIA DAS CORES PARA A DISCUSSÃO …repositorio.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/4980/1/goethenewtonteoria... · GOETHE E NEWTON: A TEORIA DAS CORES PARA A DISCUSSÃO

84

trabalhando só a física, a arte perde seu aspecto Sensível-Moral, é importante ter o

conhecimento de ambas as áreas. São poucos os livros que abrangem a Doutrina de

Goethe, alguns somente dão uma pincelada sobre o assunto. É importante para as

artes despertar esse interesse pela Doutrina de Goethe, pois ele tem visões dos

filósofos da natureza, e seu estudo é à base das Artes Visuais do século XX. Sendo

assim, é de grande importância o conhecimento sobre o Estudo das Cores a todas as

pessoas que se interessam por arte e ciência. Concorda-se com Possebon (2009, p.

122) quando diz que “devemos nos confessar em débito com Goethe, pois sua

Doutrina, ciência do mais alto nível, não goza ainda da divulgação, consideração e do

estudo sistemático merecido”.

Com este estudo, mostrou-se que elas se complementam, pois Goethe

começa seu estudo onde Newton parou e consegue contribuir com um outro olhar

para o Estudo das Cores. Neste estudo, focou-se mais em Goethe, pois a Doutrina

dele é a menos conhecida e é a que os artistas mais se identificam por trabalhar a

sensibilidade. Com o produto educacional, foi possível perceber que há a

possibilidade de alunos de séries fundamentais terem acesso aos Estudos das Cores.

E tratando-se de um jogo, trabalha-se de maneira lúdica, aproximando a tecnologia

da escola, faz com que eles tenham o interesse de estudar.

A pergunta que se faz agora é: o que fazer para que a Doutrina das Cores de

Goethe seja tão reconhecida como a sua obra literária?

Com os resultados, foi possível perceber que o curso de Artes, na instituição

pesquisada, não trabalha de maneira aprofundada nenhum dos Estudos das Cores.

Os acadêmicos apontaram esse conhecimento como importante. Assim como os

autores citados nesta pesquisa como Silveira (2015), Possebon (2009), entre outros.

Sugere-se que ambos os Estudos sejam abordados no curso.

Page 87: GOETHE E NEWTON: A TEORIA DAS CORES PARA A DISCUSSÃO …repositorio.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/4980/1/goethenewtonteoria... · GOETHE E NEWTON: A TEORIA DAS CORES PARA A DISCUSSÃO

85

REFERÊNCIAS

BACH JUNIOR, J. As cores fisiológicas na ciência de Goethe: educação e

fenomenologia. Revista Ciência, Educação, Bauru, UNICAMP, v.22. n.1. p. 117-

128, 2016.

BARBOSA, H. As cores: Significado das cores. Artigos técnicos. 17 out. 2014.

Disponível em: <http://heitorborbasolucoes.com.br/♪♫♩♫♭♪-as-cores-significado-das-

cores-♪♫♩♫♭♪/> Acesso em: 29 set 2016.

BAZZO, W. A. Quase três décadas de CTS no Brasil! Sobre avanços, desconfortos e provocações. Revista Brasileira de Ensino de Ciência e Tecnologia. Ponta Grossa (PR) v.11, N.2, 2018. Disponível em: <https://periodicos.utfpr.edu.br/rbect/article/vieual/8427>Acesso em: 13 nov. 2018.

BRITO, N. B DE; REIS, J. C. DE O. A teoria das cores de Goethe e sua crítica a

Newton. Revista Brasileira de História da Ciência, Rio de Janeiro, v.9, n 2, p. 288-

298, jul/dez 2016.

CHAER, G.; DINIZ, R. R. P.; RIBEIRO, E. A. A técnica do questionário na pesquisa

educacional. Revista Evidência, Araxá, v.7, p.251-266, 2011. Disponível em:

<www.educadores.diadia.pr.gov.br/arquivos/File/maio2013/sociologia_artigo/pesquis

a_social.pdf.> Acesso em: 25 Fev 2018.

DURBANO, J. P. D. M. A natureza da Ciência no Ensino: importância, pesquisa e

introdução. 1. ed. Curitiba: Editora Prisma, 2015. 223p.

GOETHE. J. W. V. Doutrina das cores. São Paulo: Nova Alexandria. 2013. GOETHE. J. W. V. Esboço de uma teoria das cores. In____ Obras Completas. Vol. 1,2 e 3. Barcelona: Aguilar, 1963. GONÇALVES, C. P; CALLARI, V. Política para crianças e adolescentes: Como os pais e a escola podem contribuir? Imagem. Mar. 2019. <http://www.salesianos.com.br/politica-para-criancas-e-adolescentes-como-os-pais-e-a-escola-podem-contribuir/> Acesso em: 20 Mar 2019 HEISENBERG, W. A doutrina goetheana e newtoniana das cores à luz da física

moderna. Sciente Estudia, São paulo, V.13, n. 1, p. 207-221, 2015.

HILL, M. M; HILL, A. Investigação por questionário. Lisboa: Edições Sílabo, 2008.

KNELLER, G. Portrait of Sir Isaac Newton. Portrait. 31 mar 1702. Disponível em:< https://www.pinterest.ca/pin/27866091428692983/. 2018> Acesso: 17 mar 2018.

Page 88: GOETHE E NEWTON: A TEORIA DAS CORES PARA A DISCUSSÃO …repositorio.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/4980/1/goethenewtonteoria... · GOETHE E NEWTON: A TEORIA DAS CORES PARA A DISCUSSÃO

86

MBARGA, G.; FLEURY, J. M. O que é ciência? Curso On-line de Jornalismo

Científico. 2010. Disponível em: <www.wfsj.org/course/pt/pdf/mod_5.pdf> Acesso

em: 03 Mar 2018.

MISSFELDT. M. Johann Wolfgang von Goethe. Digital painting. 31 mai.2007. Disponível em: <https://www.martin-missfeldt.com/art-pictures/speed-paintings-2/johann-wolfgang-von-goethe.php> Acesso em: 07 Jul 2018. MIKA, C. A. Teoria da cor de Goethe e Kandinsky: percepções do efeito sensível- moral da cor. 2010, 74f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Artes Visuais) - Universidade Estadual de Ponta Grossa, Ponta Grossa, 1985. PARANÁ. Diretrizes Curriculares da Educação Básica Arte. Paraná, 2008.

POSSEBON, E. L. A teoria das cores de Goethe hoje. São Paulo, 168 p., 2009.

Tese - Doutorado. Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP.

PRODANOV, C. C.; FREITAS, E.C. Metodologia do trabalho científico [recurso eletrônico]: métodos e técnicas da pesquisa e do trabalho acadêmico / Cleber Cristiano Prodanov, Ernani Cesar de Freitas. – 2. ed. – Novo Hamburgo: Feevale, 2013. Disponível em: <http://www.feevale.br/Comum/midias/8807f05a-14d0-4d5b-b1ad-1538f3aef538/E-book%20Metodologia%20do%20Trabalho%20Cientifico.pdf> Acesso em: 03 Mar 2018.

EINFÜHRUNG. E. Teoria da cor (Goethe). Disponível em: <wiki.anthroposophie.net/farbenlehre_(GOETHE).> Acesso em: 10 jul. 2012. ROSA, C. R. Resquícios das obras de Goethe na arte e na ciência: Um estudo aprimorado sobre as cores. Ponta Grossa, 126 p., 2012. Trabalho de Conclusão de Curso - Licenciatura em Artes Visuais - Universidade Estadual de Ponta Grossa. ROSA, P. R. da S. Uma Introdução à pesquisa qualitativa em Ensino de ciência. Universidade Federal de Mato Grosso do Sul. Campo Grande. 2013. 172 p. Disponível em: http://www.paulorosa.docente.ufms.br/Uma_Introducao_Pesquisa_Qualitativa_Ensino_Ciencias.pdfAcesso em: 10 Nov 2019. SÁNCHEZ GAMBOA, S. Pesquisa em educação: métodos e epistemologias. Chapecó: Argos, 2012. 212 p. SANTOS, M. A. da S. Newton e as cores. Mundo educação, 2010. Disponível em: < http://www.mundoeducação.com.br/física/newton-as-cores.htm.> Acesso em 13 Fev 2012. SILVA, C. C.; MARTINS, R de A. A teoria das cores de Newton: Um exemplo do uso de História da ciência em sala de aula. Revista Ciência e Educação. V. 9. n.1, p. 53-65, 2003) Disponível em: <www.scielo.br/pdf.ciedu/v9n1/05.pdf> Acesso em: 07 abr. 2018. SILVEIRA, L. M. Introdução à cor. Curitiba: Ed. UTFPR, 2015.

Page 89: GOETHE E NEWTON: A TEORIA DAS CORES PARA A DISCUSSÃO …repositorio.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/4980/1/goethenewtonteoria... · GOETHE E NEWTON: A TEORIA DAS CORES PARA A DISCUSSÃO

87

TEIXEIRA, M. L. N. KAMITA, J. M. A Farbenlehre e J. W. Goethe (1749-1832) e o problema da visão do método goetheano de fazer ciência. Rio de Janeiro, 2015. 96 p. Dissertação de Mestrado. Departamento de História, Pontíficia Católica do Rio de Janeiro – PUC.

Page 90: GOETHE E NEWTON: A TEORIA DAS CORES PARA A DISCUSSÃO …repositorio.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/4980/1/goethenewtonteoria... · GOETHE E NEWTON: A TEORIA DAS CORES PARA A DISCUSSÃO

88

APÊNDICE A - Questionário aplicado no primeiro encontro com os acadêmicos do primeiro ano

Page 91: GOETHE E NEWTON: A TEORIA DAS CORES PARA A DISCUSSÃO …repositorio.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/4980/1/goethenewtonteoria... · GOETHE E NEWTON: A TEORIA DAS CORES PARA A DISCUSSÃO

89

Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciência e Tecnologia Orientadora: PROF ª DRA. Eloiza Apª. Silva Avila de Matos

Co orientador PROF. DR. Awdry Feisser Miquelin Mestranda: Camila Regina Rosa Kops

Curso: Mestrado Profissional – Programa de pós-graduação em ensino de ciências e tecnologia. Data: ___/___/___ Nome: ____________________________________________________ Idade:_______ Sexo:________ Ensino fundamental e médio em: Colégio particular ( ) Público ( ) Misto ( ) 1) Qual a importância do estudo sobre as Cores?

2) Qual a relação entre ciência e Cores?

3) Qual a vinculação entre Isaac Newton com o Estudo das Cores?

4) Você já ouviu falar de Johann Goethe?

5) Qual a importância do Estudo das Cores de Goethe e de Newton para o estudo interdisciplinar da arte? Comente sobre o seu desenho.

Page 92: GOETHE E NEWTON: A TEORIA DAS CORES PARA A DISCUSSÃO …repositorio.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/4980/1/goethenewtonteoria... · GOETHE E NEWTON: A TEORIA DAS CORES PARA A DISCUSSÃO

90

APÊNDICE B - Questionário aplicado aos acadêmicos do quarto ano

Page 93: GOETHE E NEWTON: A TEORIA DAS CORES PARA A DISCUSSÃO …repositorio.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/4980/1/goethenewtonteoria... · GOETHE E NEWTON: A TEORIA DAS CORES PARA A DISCUSSÃO

91

Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciência e Tecnologia Orientadora: PROF ª DRA. Eloiza Apª. Silva Avila de Matos

Co orientador PROF. DR. Awdry Feisser Miquelin Mestranda: Camila Regina Rosa Kops

Curso: Mestrado Profissional – Programa de pós-graduação em ensino de ciências e tecnologia. Data: ___/___/___ Nome: ____________________________________________________ Idade:_______ Sexo:________ Ensino fundamental e médio em: Colégio particular ( ) Público ( ) Misto ( )

1) Como teve acesso ao conhecimento sobre o Estudo das Cores?

2) Você já ouviu falar de Johann Goethe? Se sim, comente. Sim ( )

Não ( )

3) Qual a vinculação entre Isaac Newton com o Estudo das Cores? 4) Qual Estudo você considera mais relevante para o ensino? Justifique.

Goethe ( )

Newton( )

Ambas( )

5) Descreva como você trabalha ou trabalharia, sobre o Estudo das Cores em sala de aula. Sim ( )

Não ( )

6) Com relação ao jogo proposto pela pesquisadora, o que você achou dessa ferramenta para o ensino? Justifique.

Page 94: GOETHE E NEWTON: A TEORIA DAS CORES PARA A DISCUSSÃO …repositorio.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/4980/1/goethenewtonteoria... · GOETHE E NEWTON: A TEORIA DAS CORES PARA A DISCUSSÃO

92

APÊNDICE C- TCLE (Termo de consentimento livre e esclarecido)

Page 95: GOETHE E NEWTON: A TEORIA DAS CORES PARA A DISCUSSÃO …repositorio.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/4980/1/goethenewtonteoria... · GOETHE E NEWTON: A TEORIA DAS CORES PARA A DISCUSSÃO

93

Título da pesquisa: Goethe e Newton: A Teoria das Cores para a discussão entre

arte e ciência

Pesquisador(es/as) ou outro (a) profissional responsável pela pesquisa, com

Endereços e Telefones:

Prof.ª Espec.: Camila Regina Rosa Kops. Telefone: (042) 99820-8585 Email:

[email protected] Endereço: Programa de Pós-graduação em Ensino

de Ciência e Tecnologia. Universidade Tecnológica Federal do Paraná - UTFPR,

Campus Ponta Grossa; Av Monteiro Lobato, s/n - Km 04 CEP 84016-210 - Ponta

Grossa - PR – Brasil, (42) 32204800.

Prof.ª Orientadora: Drª. Eloiza Aparecida Silva Avila de Matos. Endereço: Programa

de Pós-graduação em Ensino de Ciência e Tecnologia. Universidade Tecnológica

Federal do Paraná - UTFPR, Campus Ponta Grossa; Av Monteiro Lobato, s/n - Km 04

CEP 84016-210 - Ponta Grossa - PR – Brasil, (42) 32204800.

Prof. Corientador: Dr. Awdry Feisser Miquelin. Endereço: Programa de Pós-graduação

em Ensino de Ciência e Tecnologia. Universidade Tecnológica Federal do Paraná -

UTFPR, Campus Ponta Grossa; Av Monteiro Lobato, s/n - Km 04 CEP 84016-210 -

Ponta Grossa - PR – Brasil, (42) 32204800.

A) INFORMAÇÕES AO PARTICIPANTE

A Sou acadêmica do Curso de mestrado profissional da Universidade Tecnológica

Federal do Paraná – UTFPR estou desenvolvendo uma pesquisa para iniciar

minha produção de dissertação, que objetiva identificar o conhecimento de

acadêmicos do curso de Licenciatura em Artes Visuais, sobre o Estudo das Cores

e analisar o conhecimento sobre dois vieses o de Newton e Goethe. E depois de

fazer uma pesquisa sobre conhecimento prévio, com aplicação de

questionário, aplicar-se-á uma apresentação sobre o tema proposto, para os

acadêmicos. Essa apresentação será gravada, porém sem aparecer os rostos

dos participantes, apenas para ajudar na transcrição do momento para a

pesquisa, logo após este trabalho serão excluídos os vídeos. Após o término

da apresentação do tema, novamente será aplicado o questionário para

analisar como os acadêmicos aceitaram a proposta. Sua participação é de

extrema importância. Asseguro que sua identidade será preservada, na

medida em que os dados serão analisados de forma coletiva. Informamos que

a presente pesquisa, além de não apresentar risco aos participantes, busca

encontrar conhecimentos que poderão, futuramente, contribuir na construção

alternativas que facilite este processo de construção de conhecimento.

Esclarecemos, ainda, que os dados resultados de cada participante são

confidenciais não necessitando de identificação para responder este questionário.

Tais informações serão utilizadas para fins acadêmicos, podendo ser

Page 96: GOETHE E NEWTON: A TEORIA DAS CORES PARA A DISCUSSÃO …repositorio.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/4980/1/goethenewtonteoria... · GOETHE E NEWTON: A TEORIA DAS CORES PARA A DISCUSSÃO

94

apresentadas em congressos, publicações ou outra forma de divulgação nacional

ou internacional. Neste sentido, solicitamos sua colaboração e participação como

voluntária para a coleta de dados. Ressalta-se que você tem todo o direito de não

autorizar e em qualquer momento de a pesquisa interromper sua participação,

devendo somente avisar o pesquisador de sua desistência. Caso concorde,

solicitamos a gentileza de concretizar sua concordância, assinando esse termo de

consentimento livre e esclarecido.

1. Apresentação da pesquisa. Está pesquisa tem o intuito abordar os Estudos das Cores de Goethe e Newton.

Fazer uma análise sobre as dois Estudos se ambos apresentam a mesma

importância no curso de Licenciatura em Artes Visuais. Aplicar-se-á dois

questionários um no início e outro no término da apresentação das teorias.

Buscando analisar se os acadêmicos percebem a importância dos dois Estudos

no ensino de arte e ciências. Essa apresentação será gravada, porém sem

aparecer os rostos dos participantes, apenas para ajudar na transcrição do

momento para a pesquisa, logo após este trabalho serão excluídos os vídeos.

Após o término da apresentação do tema, novamente será aplicado o questionário

para analisar como os acadêmicos aceitaram a proposta.

2. Objetivos da pesquisa17. Investigar sobre a questão da Cor; Levantar as percepções dos acadêmicos, referente a Teria das Cores; Averiguar de que maneira os profissionais de Artes Visuais estão trabalhando com a Teoria das Cores. Elaborar um produto educacional destinado a ensinar a Teoria das Cores, para facilitar a compreensão da relação arte e ciência no Ensino Fundamental.

3. Participação na pesquisa. Sua participação será na resposta de questionários empregados, no início e

término da oficina sobre as teorias. Participação em discussões e nas práticas

envolvidas. Serão feitas filmagens apenas para ajudar na coleta de dados, em

sua transcrição. Não serão expostos para terceiros, ou seja, não serão

utilizados para apresentações futuras.

4. Confidencialidade. As informações coletadas através dos questionários serão utilizadas

exclusivamente para fins desta pesquisa, ficando de domínio restrito a pós-

graduanda Camila Regina Rosa Kops, sua orientadora Drª. Eloiza Aparecida Silva

Avila de Matos, e seu coorientador Dr. Awdry Feisser Miquelin. Os dados serão

utilizados somente pela autora da pesquisa mediante a sua autorização, não

correrá riscos de exposição, pois seus dados serão mantidos em sigilo e no

anonimato, caso o participante sinta-se constrangido será ressarcido formalmente

pela pesquisadora, porém não haverá ressarcimento financeiro. Ao término da

pesquisa, os resultados estarão disponíveis para a sua apreciação e consulta.

5. Riscos e Benefícios.

17 Houve alterações no título, objetivos entre outros, após a qualificação.

Page 97: GOETHE E NEWTON: A TEORIA DAS CORES PARA A DISCUSSÃO …repositorio.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/4980/1/goethenewtonteoria... · GOETHE E NEWTON: A TEORIA DAS CORES PARA A DISCUSSÃO

95

5a) Riscos: Os acadêmicos participantes desta pesquisa não terão complicações

legais. Entretanto o desconforto que o sujeito poderá sentir é o de compartilhar

informações pessoais ou confidenciais, no entanto deixamos claro que o sujeito não

precisa responder a qualquer pergunta ou parte de informações se sentir que ela é

muito pessoal ou sentir-se desconfortável.

5b) Benefícios: Ao participar desta pesquisa o sujeito não terá nenhum benefício

direto. Entretanto, esperamos que este estudo traga informações importantes, e que

possa contribuir para elaboração do material didático de apoio à prática pedagógica.

Portanto, sua colaboração e participação poderão trazer benefícios para o

desenvolvimento científico.

6. Critérios de inclusão e exclusão.

6a) Inclusão: Participaram dessa pesquisa acadêmicos do curso de Licenciatura em Artes Visuais da Universidade Estadual de Ponta Grossa professores, e que aceitem participar voluntariamente.

6b) Exclusão: Acadêmicos que não aceitem participar voluntariamente. 6. Direito de sair da pesquisa e a esclarecimentos durante o processo.

Informamos, que lhe são assegurados:

* O direito de não participar desta pesquisa, se assim o desejar, sem que isso

acarrete qualquer prejuízo.

* O acesso a qualquer momento às informações de procedimentos e benefícios

relacionados à pesquisa, inclusive para resolver dúvidas que possam ocorrer.

* A garantia de anonimato e sigilo quanto ao seu nome e quanto às informações

prestadas no instrumento. Não serão divulgados nomes, nem qualquer informação

que possam identificá-lo (a) ou que estejam relacionados com sua intimidade.

* A liberdade de retirar seu consentimento a qualquer momento, durante o

andamento da pesquisa, sem que isto lhe traga prejuízo na instituição.

Além disso:

* O estudo não acarretará maleficências e seus resultados trarão benefícios para

o desenvolvimento científico. Portanto, sua colaboração e participação poderão trazer

benefícios para o desenvolvimento científico.

* Sempre que quiser poderá pedir mais informações sobre a pesquisa através

do telefone da pesquisadora do projeto (42-998208585) e, se necessário através do

telefone do Comitê de Ética em Pesquisa (41) 3310-4494.

A sua participação é voluntária, e a recusa em participar não irá acarretar

qualquer penalidade ou perda de benefícios. Você pode assinalar o campo a seguir,

para receber o resultado desta pesquisa, caso seja de seu interesse: ( ) quero receber

os resultados da pesquisa (e-mail para

Page 98: GOETHE E NEWTON: A TEORIA DAS CORES PARA A DISCUSSÃO …repositorio.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/4980/1/goethenewtonteoria... · GOETHE E NEWTON: A TEORIA DAS CORES PARA A DISCUSSÃO

96

envio:_______________________________________________) ( ) não quero

receber os resultados da pesquisa

7. Ressarcimento e indenização

8. Ressarcimento: Não há qualquer valor econômico, a receber ou a pagar, pela

sua participação. Não haverá nenhuma forma de reembolso de dinheiro, já que com

a participação na pesquisa você não terá nenhum gasto.

9. Indenização: O participante terá direito a indenização se sofrer por danos

morais ao participar desta pesquisa, o valor da indenização vai depender da análise

judicial de cada caso.

ESCLARECIMENTOS SOBRE O COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA: O Comitê de Ética em Pesquisa envolvendo Seres Humanos (CEP) é constituído por uma equipe de profissionais com formação multidisciplinar que está trabalhando para assegurar o respeito aos seus direitos como participante de pesquisa. Ele tem por objetivo avaliar se a pesquisa foi planejada e se será executada de forma ética. Se você considerar que a pesquisa não está sendo realizada da forma como você foi informado ou que você está sendo prejudicado de alguma forma, entre em contato com o Comitê de Ética em Pesquisa envolvendo Seres Humanos da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (CEP/UTFPR). Endereço: Av. Sete de Setembro, 3165, Bloco N, Térreo, Bairro Rebouças, CEP 80230-901, Curitiba-PR, Telefone: (41) 3310-4494, e-mail: [email protected]. B) CONSENTIMENTO Nome Completo :_____________________________________________________ RG:______________Data de Nascimento:___/___/_____Telefone:_______________ Endereço: ______________________________________________________________ CEP: ________________ Cidade:____________________ Estado: _______________ Assinatura: ______________________________ Data: ___/___/______ Eu declaro ter apresentado o estudo, explicado seus objetivos, natureza, riscos e benefícios e ter respondido da melhor forma possível às questões formuladas. Nome completo: ________________________________________________________ Assinatura pesquisador (a): __________________ Data:___/___/__ (ou seu representante) Para todas as questões relativas ao estudo ou para se retirar do mesmo, poderão se comunicar, via e-mail: [email protected] ou telefone: (42)99820-8585. Contato do Comitê de Ética em Pesquisa que envolve seres humanos para denúncia, recurso ou reclamações do participante pesquisado: Comitê de Ética em Pesquisa que envolve seres humanos da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (CEP/UTFPR) Endereço:Av. Sete de Setembro, 3165, Bloco N, Térreo, Rebouças, CEP 80230-901, Curitiba-PR, Telefone: 3310-4494,E-mail:[email protected].

Page 99: GOETHE E NEWTON: A TEORIA DAS CORES PARA A DISCUSSÃO …repositorio.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/4980/1/goethenewtonteoria... · GOETHE E NEWTON: A TEORIA DAS CORES PARA A DISCUSSÃO

97

APÊNDICE D – Plano de aula

Page 100: GOETHE E NEWTON: A TEORIA DAS CORES PARA A DISCUSSÃO …repositorio.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/4980/1/goethenewtonteoria... · GOETHE E NEWTON: A TEORIA DAS CORES PARA A DISCUSSÃO

98

I. Plano de Aula: Goethe e Newton: A teoria das cores para a discussão entre arte e ciência

Data: 29/05/2017

II. Dados de Identificação: Professor (as): Eloiza Aparecida Silva Avila de Matos e Sandra Borsoi Professor (a) estagiário (a): Camila Regina Rosa Kops Disciplina: Fundamentos teóricos da linguagem visual Turma: 1º ano do curso de Licenciatura em Artes Visuais Período: Tarde.

III. Tema: - Teoria das Cores; - Newton e Goethe; - Conceito fundamental: Contraponto entre as teorias das cores de Goethe e Newton.

IV. Objetivos:

Objetivo geral: Conhecer as Teorias das Cores de Goethe e Newton.

Objetivos específicos: Compreender a relevância das duas teorias na arte e na ciência; identificar

a interdisciplinaridade da Teoria das Cores no ensino de Arte; proporcionar o conhecimento sobre a

Teoria das Cores de Goethe e a percepção sobre a natureza da ciência; explorar a vida de Goethe,

para entender a sua teoria.

V. Conteúdo:

- Vida de obra de Goethe e Newton; -Teoria das cores; -Oposição das teorias.

VI. Desenvolvimento do tema:

Goethe: arte e ciência

De acordo com Kestler (2008) os interesses de Goethe eram amplos, ele acreditava que a arte e a natureza teriam leis semelhantes. Por isso notou-se que Goethe “[...] até o fim de sua longa vida, não só pesquisou em vários campos de conhecimento, como também se correspondeu com os mais influentes cientistas de seu tempo. ” (KESTLER, 2008, p.108)

No decorrer da vida de Goethe, ele acumulou uma visão científica precisa sobre a natureza, e esta visão era diferente da abordagem científica convencional. Goethe sempre considerou a sua teoria das cores como a obra mais significativa de seus trabalhos. Na verdade, com sua teoria das cores, Goethe lançou diferentes estudos científicos, fugindo das abordagens tradicionais sobre o assunto cor. (EINFÜHRUNG, 2012)

O contraponto entre Isaac Newton e Johann Goethe em relação à compreensão ao estudo das cores, têm-se Isaac Newton mais técnico, determinista, representa a ciência mecanicista, realizou sua experiência em uma sala escura, observando sete cores, sob ângulos desiguais. E Goethe, com linguagem poética, mas discurso científico formulou um círculo cromático mais simétrico, com as seis cores posicionadas opostas as suas complementares. O que ele fez de diferente de Newton, foi reproduzir o experimento em plena luz do dia, sendo assim ele deu ênfase no sentido da luz. Sua pesquisa sobre a teoria das cores, chamada de Doutrina das Cores, durou mais de trinta anos.

A interdisciplinaridade entre a arte e ciência para a sociedade

A teoria das Cores de Goethe abriu novas portas para o conhecimento das cores. Os estudos de Goethe ligaram o fenômeno cromático a diversas áreas do conhecimento. Em sua pesquisa Doutrina das Cores, Goethe reúne linguagem poética e discurso científico. A teoria de Goethe reforça os significados das cores para o homem na medida em que estabelece conexão simbólica entre percepção, cor e emoção. O homem é o centro do interesse de Goethe. (BARROS, 2006)

Estudar cores torna o aluno um cidadão mais consciente, pois saberá fazer uma leitura de imagem de produtos disponíveis na sociedade em geral.

Page 101: GOETHE E NEWTON: A TEORIA DAS CORES PARA A DISCUSSÃO …repositorio.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/4980/1/goethenewtonteoria... · GOETHE E NEWTON: A TEORIA DAS CORES PARA A DISCUSSÃO

99

Os paradigmas de Kuhn

A priori estuda-se sobre os paradigmas de Thomas Kuhn, pois segundo ele, “A existência de um paradigma capaz de sustentar uma tradição de ciência normal é a característica que distingue a ciência da não-ciência. ” (CHALMERS, 1993). Os paradigmas são pressupostos da ciência. Kuhn e os paradigmas irão representar a parte da Natureza da Ciência. Também discutir-se-á sobre a Natureza da Ciência, fazendo uma abordagem na história da Ciência. Na parte artística, no ensino de arte, há importância de ressaltar esse tema, visto que é pouco abordado. Goethe foi o primeiro a estudar a cor com caráter interdisciplinar, definindo a cor como uma sensação, mostrando a importância da luz. Atualmente ele é muito referenciado em artigos com tema de arquitetura e decoração, assim como foi muito abordado antigamente na instituição de ensino Bauhaus, ensinando sobre a utilização das cores para seus alunos; nas obras de Willian Turner e na Ótica fisiológica. Até hoje ele é um assunto incomodo, por ir contra as teorias de Newton, muitos cientistas não o aceitavam e a sociedade desconhecia seu trabalho, por não ter acesso a sua teoria. Goethe e Newton apenas pensavam no tema das cores de maneiras diferentes.

Thomas Kuhn demonstrava que o conhecimento científico não é linear. É importante que os cientistas estejam em constante busca do novo, para progredir. Paradigmas, escrevendo de maneira sucinta, ocorrem quando a ciência normal entra em crise, logo vão à busca de resoluções, a crise é resolvida, surge um novo paradigma. A partir de paradigmas que cientistas encontram respostas para determinados problemas que a ciência coloca, sendo assim, segundo Kuhn, os cientistas evoluem. (CHALMERS,1993)

Momentos da aula: 1º) Apresentação dos pesquisadores (Formações e intenções); 2º) Aplicação do questionário para fazer uma sondagem inicial; 3º) Slide com conteúdo explicativo sobre as Teorias das Cores de Newton e

Goethe; 4º) Aplicação do questionário para constatar o que foi assimilado durante a

aula; 5º) Desenho com foco nas características de Goethe e Newton (ambientes,

cores, luz e sombra, características físicas e psíquicas). Escrever um comentário explicativo sobre o desenho.

VII. Recursos didáticos: Projetor, computador, máquina de foto e vídeo, quadro, giz, lápis de cor, papel sulfite, questionários e vídeos.

VIII. Avaliação: Aplicação de questionário no início e no término da aula. Desenhos com técnicas de pintura referenciando as cores de cada teoria. XIX. Bibliografia: BARROS. L. R. M. A cor no processo criativo: Um estudo sobre a Bauhaus e a teoria de Goethe. São Paulo: Editora Senac São Paulo, 2006. BAZZO, Walter A.; PALACIOS, Eduardo Marino García; GALBARTE, Juan Carlos González; LINSINGEN, Irlan Von; CEREZO, José Antonio López; LUJÁN, José Luis; GORDILO, Mariano Martín; OSORIO Carlos; PEREIRA, Luiz Teixeira do Vale Pereira; VALDÉS, Célida. Introdução aos Estudos CTS (Ciência, Tecnologia e Sociedade). Editora: Organização dos Estados Ibero-americanos, 2003. CHALMERS. A. F. O que é ciência afinal? Trad. Raul Filker: Editora Brasiliense, 1993.

Page 102: GOETHE E NEWTON: A TEORIA DAS CORES PARA A DISCUSSÃO …repositorio.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/4980/1/goethenewtonteoria... · GOETHE E NEWTON: A TEORIA DAS CORES PARA A DISCUSSÃO

100

EINFÜHRUNG. E. Teoria da cor (Goethe). Disponível em: <wiki.anthroposophie.net/farbenlehre_(GOETHE).> Acesso em: 10 jan. 2017. KESTLER, I. M. F. Johann Wolfgang Von Goethe: Arte e Natureza, poesia e ciência. In: NEVES M. C. D; SILVA. J. A. P. Evoluções e Revoluções: O mundo em transição. Maringá: Massoni, 2008. NOUJAIM, Teixeira, Maria Luisa; KAMITA, João Masao. A Farbenlehre de J. W. Goethe (1749-1832) e o problema da visão do método goetheano de fazer ciência. Rio de Janeiro, 2015. 96 p. Dissertação de Mestrado – Departamento de História, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. SEED. DIRETRIZES CURRICULARES DA EDUCAÇÃO BÁSICA ARTE. Paraná, 2008.

Page 103: GOETHE E NEWTON: A TEORIA DAS CORES PARA A DISCUSSÃO …repositorio.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/4980/1/goethenewtonteoria... · GOETHE E NEWTON: A TEORIA DAS CORES PARA A DISCUSSÃO

101

APÊNDICE E- Texto de apoio para o jogo

Page 104: GOETHE E NEWTON: A TEORIA DAS CORES PARA A DISCUSSÃO …repositorio.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/4980/1/goethenewtonteoria... · GOETHE E NEWTON: A TEORIA DAS CORES PARA A DISCUSSÃO

102

A) NEWTON

O Estudo das Cores de Newton é o mais conhecido, nele consiste em um

experimento em uma sala escura, com apenas uma pequena entrada de luz, utilizando

um prisma triangular. Quando raios de luz refletem no prisma, geram as Cores:

vermelho, laranja, amarelo, verde, azul, anil e roxo. Em outra experiência Newton

adiciona mais um prisma, quando a luz permeia o segundo prisma, restabelece a luz

branca original. (PEDROSA, 2009). “Com este experimento Newton analisou os

fenômenos da distribuição e constituição da luz branca.” (SILVEIRA, 2015). Newton

chamou de Espectro, as Cores resultantes de sua prática. E o processo de

decomposição da luz solar em várias Cores, denominou de Difração. Também

organizou as Cores em um disco, ele foi o primeiro a fazer isso, chamou o seu disco

de “Disco de Newton”.

As pesquisas de Newton foram muito importantes para a evolução do Estudo

sobre as Cores. Mas, não se pode dizer que ele é o único a ser referenciado sobre o

Estudo das Cores, e nem o mais importante. Neste trabalho, aborda-se também sobre

a Doutrina das Cores de Goethe, a qual é pouco mencionada por divergir aos

experimentos de Newton.

B) GOETHE

A Doutrina das Cores de Goethe, denominada (Farbenlehre), perdurou-se em

pesquisas, por mais de 30 anos. Goethe sempre discordou sobre a experiência do

prisma de Newton, “ele indagava que quando a luz do sol se lança no anteparo do

prisma projeta-se Cores opacas que se origina ao magenta, amarelo e ciano [...] elas

eram complementares das Cores conseguidas pela experiência antecedente de

Newton.” (FREITAS, 2010, p.17) Em seu experimento Goethe observou que as Cores

primárias eram: verde, roxo e vermelho. Logo organizou o seu círculo de forma que

as Cores fiquem opostas as suas complementares, assim as Cores que pertenciam

ao seu círculo eram: amarelo, verde, azul, roxo, vermelho e laranja. Segundo ele o

branco era mais importante que o preto. “Para ele, o branco, ao escurecer, tornava-

se amarelo, e o preto, ao clarear, tornava-se azul e se intensificam na medida em que

se saturavam.” (SILVEIRA, 2015, p. 26). E ele considerava a luz como simples,

indivisível e homogênea. Avançou o conceito sobre a questão que os olhos humanos

são capazes de produzirem Cores sob ação de alguns estímulos. Goethe era um

excelente observador, realizou um estudo aprofundado sobre este fenômeno,

Page 105: GOETHE E NEWTON: A TEORIA DAS CORES PARA A DISCUSSÃO …repositorio.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/4980/1/goethenewtonteoria... · GOETHE E NEWTON: A TEORIA DAS CORES PARA A DISCUSSÃO

103

“chegando à conclusão de que se tratava de manifestações de cores fisiológicas e

que a visão humana, como forma normal de funcionamento, tende à totalização

cromática, produzindo ela mesma as Cores que necessita”. (PEDROSA, 2008, p. 84-

85).

Goethe preocupava-se com o Efeito Sensível-Moral da Cor, para ele as Cores

geravam reações diversas nos indivíduos. Por isso o estudo das Cores, para ele era

tão importante.

Goethe “elabora uma fenomenologia da percepção visual, iniciando com o

efeito que a luz e a escuridão exercem sobre o olho.” (BACH JUNIOR, 2016, p.120).

Segundo ele, há três etapas a serem consideradas no fenômeno da aparência da cor,

são elas: Cores fisiológicas, físicas e químicas. Bach Junior, (2016, p. 119), salienta

que:

Em relação às cores como manifestações fenomenologias elas foram categorizadas de acordo com o padrão de transitoriedade e durabilidade da manifestação. Cores fisiológicas, física e químicas diferenciam-se segundo uma questão de temporalidade da manifestação. As cores fugidas, rápidas e efemeramente transitórias são um fenômeno produzido pelo olho humano, e foram denominadas por Goethe de cores fisiológicas. As cores temporárias, com certa duração dependendo das condições externas, foram classificadas como fenômenos das cores físicas. Por último, a cores permanentes, fixas e ligadas aos objetos, são as cores químicas.

As Cores fisiológicas dependiam da ação e da reação, pois cabiam aos olhos

essa percepção. Cores físicas ou Cor luz, ocorrem quando a luz atinge o objeto. E as

Cores químicas ou pigmentos, se constituem de substâncias químicas, as quais

formam os objetos. Nestas etapas é que se diferenciam as premissas de Goethe e

Newton. Enquanto Goethe preocupava-se mais com a Cor-pigmento e Newton com a

Cor-luz. Também se desaproximam com relação a Cor verde. Segundo Silveira,

(2015, p.27) “Goethe concordava com a visão dos meios artísticos de sua época, os

quais tinham o verde como uma Cor composta pela combinação do amarelo e do azul,

e não uma Cor simples, espectral, como defendia Newton.” Porém, por mais que cada

um tenha feito os seus experimentos de maneiras distintas, um em uma sala escura,

com um pequeno orifício de luz, e o outro a luz do dia, ambos estavam corretos, cada

um à sua maneira.

C) GOETHE X NEWTON

Page 106: GOETHE E NEWTON: A TEORIA DAS CORES PARA A DISCUSSÃO …repositorio.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/4980/1/goethenewtonteoria... · GOETHE E NEWTON: A TEORIA DAS CORES PARA A DISCUSSÃO

104

Goethe foi considerado um “pensador modesto”, por escrever de maneira

agressiva sobre o experimento de Newton. Seu livro intitulado “Doutrina das cores”,

publicado na Alemanha em 1808, apresentou o tema de forma aguerrida, causando

grande polêmica. Contendo uma linguagem científica e crítica, escrevendo contra as

experiências de Newton, sua leitura não era aceita pela sociedade. Goethe não

admitia que a luz branca fosse pelas diferentes luzes do espectro. Pedrosa (2009,

p.65), conta que:

À primeira vista, poderia parecer apenas simples incompreensão. Mas não se tratava disto. Tratava-se de uma não aceitação decorrente de razões especulativas, em que verdades relativas complicavam o que deveria ser simples. Ele estava informado, tanto quanto os físicos de nossos dias, com respeito à luz branca.

A Doutrina de Goethe não era uma incompreensão dos Estudos das Cores de

Newton, eles só pensavam de maneiras contrárias, porém, não foi compreendido

desta maneira. A população em geral muitas vezes não tinha acesso a sua pesquisa,

sendo assim, seu livro caiu em descrédito. Relatou Pedrosa, (2009, p.62-63) que a

Doutrina de Goethe “foi contestada por muitos, utilizada em silêncio por alguns e

permaneceu longos anos em completo esquecimento público.

Por mais que Goethe tenha sido reconhecido como um mero “pensador

modesto”, ele estudou várias áreas do conhecimento, assim como pintores

conhecidos que além de pintores eram cientistas. Goethe estudou Literatura, Temas

Científicos, Artes, entre outros. Assim sendo, ele não discordava de Newton de

maneira leiga. Sobre o que distanciou os dois resultados, Mika (2010, p. 41) relatou

que:

Em uma época em que os estudos feitos por Newton eram considerados verdades absolutas no mundo inteiro. Newton fez experimentos com o prisma em seu quarto, em um ambiente escuro, e constatou que as cores obtidas pela refração na luz branca eram em número sete. E confirmou que com mais um prisma colocado ao contrário do primeiro as cores coloridas voltavam a ser a luz branca. Era exatamente isso que Goethe não aceitava, ele não acreditava que isso seria possível, devido as suas observações incorretas, é nesse ponto que toda a sua teoria caía em descrédito. Suas observações levavam em conta o prisma, mas não em um ambiente escuro e sim ao ar livre sob a luz do dia. Mas essa contradição de Goethe não impediu que ele contribuísse com suas teorias sobre a cor.

Page 107: GOETHE E NEWTON: A TEORIA DAS CORES PARA A DISCUSSÃO …repositorio.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/4980/1/goethenewtonteoria... · GOETHE E NEWTON: A TEORIA DAS CORES PARA A DISCUSSÃO

105

Goethe mostrou com sua Doutrina que a Cor se misturava com diversas áreas

do conhecimento e não poderia ficar presa apenas a estudos científicos e

matemáticos. Ele foi o primeiro a abranger questões referentes às sensações geradas

pela cor, especificamente as Cores do círculo cromático e da harmonia das Cores. Ele

chamou essas sensações de “Efeito Sensível-Moral da Cor”. Goethe orientava-se pela

subjetividade de sua percepção, “procurando captar as leis da natureza, guiando-se

pela intuição natural das artes: olhar, sentir e captar o princípio da qualidade”.

(BARROS, 2006, p. 278). Goethe mesmo com suas interpretações inequívocas,

acabou produzindo um excelente material para reflexão sobre o assunto das Cores.

Com o estudo dos dois enfoques, nota-se que ambas são importantes para o

público que precisa estudar sobre as Cores, para conseguir um resultado mais amplo.

Segundo Silveira, (2015, p.27):

Na verdade, os dois estavam corretos em suas afirmações. Por um lado, Newton discorria sobre as cores espectrais ou cores-luz, explicadas pela síntese aditiva, enquanto Goethe estudava as cores-pigmento, que sob a síntese subtrativa têm o amarelo e o azul produzindo o verde.

O tema Cor chama atenção de um público abrangente, mas o Estudo das Cores

não é tão simples, pois nele consiste em estudo de: pigmentos químicos, física (luz),

fisiologia, entre outras áreas que remetem a Cor. E, ainda, a maior dificuldade do

Estudo da Cor é ela apresentar uma natureza efêmera, pois depende da luz para

existir.

A Doutrina de Goethe abriu novas portas para o conhecimento das Cores.

Revelou um amplo horizonte sobre o fenômeno cromático e ligou esses fenômenos

com diversas áreas do conhecimento. Goethe tinha o intuito de democratizar o

conhecimento das Cores, por isso ele abordou as outras áreas do conhecimento além

da arte e da ciência. Goethe estava ciente que a Doutrina das Cores na óptica física

para os artistas tinha pouco proveito. E com a sua Doutrina, complementando a luz,

dois elementos primordiais na pintura. Segundo Goethe, a Cor surge da dinâmica

desses opostos, luz e sombra. Esta premissa de Goethe abriu caminhos para

interpretações futuras. Então, para Goethe, a Cor, o claro e escuro, eram elementos

essenciais para a percepção visual. Proporcionou a reflexão sobre o assunto, ele

contribui com seis Cores do seu círculo e com conceitos como Efeito Sensível-Moral

das Cores, pureza, totalidade, polaridade e isso refletiu na arte que surgiu no século

Page 108: GOETHE E NEWTON: A TEORIA DAS CORES PARA A DISCUSSÃO …repositorio.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/4980/1/goethenewtonteoria... · GOETHE E NEWTON: A TEORIA DAS CORES PARA A DISCUSSÃO

106

seguinte. O grande salto no pensamento de Goethe ocorreu quando ele percebeu que

o órgão visual estava envolvido na aparência das Cores, coisa que até então não

haviam feito pesquisas aprofundadas sobre este aspecto. Bach Junior (2016, p.125)

salienta que:

A Teoria das Cores não possui, então um desenvolvimento reflexivo linear, mas hologramático. Assim como é necessário conhecer todos os experimentos (multiplicidade) a “abrangê-los” (unidade), a fenomenologia de Goethe exige que se tenha familiaridade com suas outras obras (multiplicidade) no campo científico e de seus princípios fundamentais (unidade).

É indispensável ir à busca de conhecer os momentos históricos tanto no ensino

da arte como no da ciência, para ter um respaldo em metodologias didáticas,

resgatando o que foi eficaz e que se perderam no tempo. Na contemporaneidade com

a evolução tecnológica, há novos focos com relação à arte e a ciência. Por isso é

essencial ter um conceito bem estruturado sobre as cores, para se conseguir alcançar

os objetivos que satisfaçam as necessidades humanas, culturais e sociais.