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GOVERNANÇA, RISCO E DESEMPENHO DAS COMPANHIAS ABERTAS BRASILEIRAS Resumo: Nesta pesquisa procurou-se estimar a qualidade da governança praticada por uma amostra significativa de companhias abertas brasileiras, por meio de um índice composto por 20 perguntas de respostas binárias, no período entre 2002 e 2006, e relacioná-la a alguns indicadores de risco e desempenho das companhias abertas brasileiras. Foram utilizados como indicadores para o desempenho o ebit-to-sales, o market-to-sales, o return on assets e o return on equity. . Como indicadores para o risco foram usados o beta local, o beta obtido com o uso do S&P 500, a volatilidade das ações das empresas, o risco idiossincrático, e o custo implícito do capital. Confirmou-se a hipótese inicial de que melhores níveis de governança estão associados a melhores desempenhos das empresas e menores riscos das empresas. Verificou-se que as empresas com maiores índices de governança têm maiores margens e valor e menores rentabilidades. Contudo, variações do índice de governança estiveram positivamente relacionadas com rentabilidade e margem. Constatou-se, também, a existência de indícios de que a relação entre governança e valor existe mesmo na presença das variáveis mediadoras de risco e desempenho. Os resultados conseguidos com a aplicação do método das regressões lineares foram confirmados pelos resultados obtidos com a utilização das equações estruturais. A endogeneidade verificada em diversos testes realizados, não invalidou os resultados obtidos com o uso das regressões lineares. Encontraram-se evidências de relação de causalidade da governança para o risco e o desempenho. Palavras-chave: Governança, risco, desempenho, regressões lineares e equações estruturais. Abstract: This study estimated the quality of governance practiced by a significant sample of Brazilian publicly traded companies between 2002 and 2006, and related it to risk and performance. An index composed of twenty questions, with all answers in binary form, was constructed to measure the quality of governance. Several indicators were used for risk such as the local beta, the beta obtained with the use of the S & P 500 index, share price volatility, idiosyncratic risk and the implicit cost of capital. Measures of performance were the following variables: return on assets), return on equity, the margin of ebit-to-sales, and the ratio of market value-to-sales). The results obtained through the application of the method of simple and multiple linear regressions, in increasing level of complexity, were confirmed, with robustness, by the results obtained by the use of structural equations, confirming the original hypotheses.

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GOVERNANÇA, RISCO E DESEMPENHO DAS COMPANHIAS ABERTAS

BRASILEIRAS

Resumo: Nesta pesquisa procurou-se estimar a qualidade da governança praticada por

uma amostra significativa de companhias abertas brasileiras, por meio de um índice composto

por 20 perguntas de respostas binárias, no período entre 2002 e 2006, e relacioná-la a alguns

indicadores de risco e desempenho das companhias abertas brasileiras. Foram utilizados como

indicadores para o desempenho o ebit-to-sales, o market-to-sales, o return on assets e o

return on equity. . Como indicadores para o risco foram usados o beta local, o beta obtido

com o uso do S&P 500, a volatilidade das ações das empresas, o risco idiossincrático, e o

custo implícito do capital. Confirmou-se a hipótese inicial de que melhores níveis de

governança estão associados a melhores desempenhos das empresas e menores riscos das

empresas. Verificou-se que as empresas com maiores índices de governança têm maiores

margens e valor e menores rentabilidades. Contudo, variações do índice de governança

estiveram positivamente relacionadas com rentabilidade e margem. Constatou-se, também, a

existência de indícios de que a relação entre governança e valor existe mesmo na presença das

variáveis mediadoras de risco e desempenho. Os resultados conseguidos com a aplicação do

método das regressões lineares foram confirmados pelos resultados obtidos com a utilização

das equações estruturais. A endogeneidade verificada em diversos testes realizados, não

invalidou os resultados obtidos com o uso das regressões lineares. Encontraram-se evidências

de relação de causalidade da governança para o risco e o desempenho.

Palavras-chave: Governança, risco, desempenho, regressões lineares e equações estruturais. Abstract: This study estimated the quality of governance practiced by a significant sample of

Brazilian publicly traded companies between 2002 and 2006, and related it to risk and

performance. An index composed of twenty questions, with all answers in binary form, was

constructed to measure the quality of governance. Several indicators were used for risk such

as the local beta, the beta obtained with the use of the S & P 500 index, share price volatility,

idiosyncratic risk and the implicit cost of capital. Measures of performance were the

following variables: return on assets), return on equity, the margin of ebit-to-sales, and the

ratio of market value-to-sales).

The results obtained through the application of the method of simple and multiple linear

regressions, in increasing level of complexity, were confirmed, with robustness, by the results

obtained by the use of structural equations, confirming the original hypotheses.

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The investigation of the endogeneity of the variable for governance suggests that this variable

has an endogenous character in relation to the risk and margin. Though the test of Granger

shows no evidence of a causal relationship between the variables of risk and performance in

governance, it shows signs of a causal relationship caused by governance on the variables of

risk and performance. The effects of possible endogeneity do not harm the results obtained

using the linear regressions.

Keywords: Governance, risk, performance, linear regressions and structural equations.

1 – Introdução

O potencial de crescimento das organizações é um aspecto relevante para os

investidores. Este potencial está ligado ao montante de recursos disponíveis para o

investimento e à capacidade de geração de um fluxo atrativo de retornos para os investidores.

Por outro lado, a segurança percebida no investimento e o baixo custo para monitorá-lo são

questões também importantes no ambiente globalizado dos mercados.

Sobre a perspectiva do monitoramento, as pesquisas sobre governança corporativa têm

inserido novos aspectos a serem analisados em uma tomada de decisão por parte dos

investidores, como: a) a estrutura de propriedade e controle da empresa; b) o ambiente de

negócios corporativos onde a empresa atua; c) o ambiente regulatório; d) a capacidade de

enforcement existente; e) a política de incentivos praticada pela empresa em relação aos

administradores; e f) algumas características específicas de cada organização, como a forma

de estruturação do conselho de administração, a existência e atuação de comitês, a

possibilidade de tag along, por exemplo.

Assume-se que o aprimoramento das práticas de governança está associado ao

desenvolvimento de melhores estruturas organizacionais e à busca de uma melhor dinâmica

no seu funcionamento, o que deve possibilitar o aumento da eficiência das empresas, queda

nos riscos e, em conseqüência, uma melhor avaliação por parte do mercado.

Entendendo-se que a meta almejada por essas companhias é o crescimento do retorno

dos acionistas e utilizando-se o valor da companhia como objetivo a ser maximizado, essas

organizações devem buscar como objetivos intermediários, a redução dos custos de capital

próprio e de terceiros e a melhoria do desempenho operacional. Nesse ambiente, o exercício

de melhores práticas de governança torna-se um dos instrumentos que podem permitir a

melhoria do processo de decisão nas empresas, além de proporcionar o aperfeiçoamento dos

controles e uma maior eficiência gerencial, e assim viabilizar o atingimento dessas metas

intermediárias.

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Nesse contexto identifica-se a seguinte situação problema: como a adesão a melhores

práticas de governança corporativa se relaciona com o risco e desempenho das companhias

abertas brasileiras? Foi investigada, ainda, a possível endogeneidade entre as variáveis de

governança e desempenho.

Na segunda seção desenvolveu-se um referencial teórico que suporta a construção do

índice amplo de governança e a escolha dos indicadores de risco e desempenho de modo a se

estabelecer relações entre essas variáveis. Na terceira seção apresentou-se a metodologia de

pesquisa por meio da qual se estudou possíveis relações entre governança, risco e

desempenho das companhias brasileiras. Na quarta seção promoveu-se a análise dos

resultados. Na quinta seção foram evidenciadas as conclusões que a pesquisa proporcionou,

relacionando alguns resultados obtidos com estudos precursores. Na última seção

relacionaram-se as referências que foram utilizadas como fonte de pesquisa.

2 – REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 – GOVERNANÇA E DESEMPENHO

Como referência para situar esta investigação destaca-se a pesquisa de Bohren e

Odegaard (2006), pois esta serve de referência para a escolha dos métodos e busca de

robustez nos resultados. Tais autores evidenciaram uma tipologia para os estudos

relacionando governança e desempenho que envolve o sentido da relação de causalidade

(governança para valor ou valor para governança), e se essa relação é de sentido único ou

duplo, apontaram para a importância das questões – endogeneidade, causalidade reversa ou

relações espúrias – e destacaram que o método das regressões (com dados em painel) é o mais

utilizado e o método das equações estruturais o mais adequado.

Bai et al. (2002) evidenciaram que os investidores pagam um prêmio que varia entre

41 e 67% de acréscimo no valor da ação de empresas com melhores práticas, além de

constatarem relação estatística entre governança e valor. Klapper e Love (2002) encontraram

indícios de relação entre governança, desempenho e valor, e observaram, ainda, que as

práticas de governança seriam endógenas e mais importantes em lugares com fraca proteção

legal. Brown e Caylor (2004) identificaram que empresas com melhores práticas são mais

rentáveis, são mais bem avaliadas pelo mercado e pagam melhores dividendos.

Beiner et al. (2004) observaram evidências de causalidade reversa (do valor na

governança) ao utilizarem sistemas de equações estruturais com o propósito de evitar os

problemas de endogeneidade.

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Durnev e Kim (2005) identificaram que a qualidade da governança é determinada

pelas oportunidades de crescimento, pela necessidade do capital externo e pela concentração

da propriedade, além de ratificarem a percepção de Klapper e Love (2002) de que governança

e transparência são mais importantes em mercados com baixa proteção legal.

Já Black, Jam e Kim (2006) conseguiram resultados robustos relacionando governança

e valor utilizando um índice considerado exógeno.

No Brasil, Da Silveira (2004) concluiu que o desempenho influencia o nível de

governança e evidenciou que o desempenho das empresas impacta a estrutura de propriedade,

e que essa estrutura não parece ser determinada de forma endógena por outras variáveis

corporativas.

Da Silva (2002) observou que existem sinais pouco significativos de que a estrutura de

controle e de propriedade tem impacto no valor de mercado das empresas. Constatou,

também, que quanto maior a concentração da propriedade, ou quanto mais concentrado os

direitos ao fluxo de caixa, por parte do controlador, menor o valor da empresa.

Já Leal e Da Silva (2005) confirmaram a existência de relação estatística significativa

entre governança e valor e verificaram que os resultados associados às questões de disclosure

da empresa são mais fortes que os outros aspectos de governança, além de existir uma forte

concentração da propriedade via estruturas indiretas e a utilização de ações sem direito a voto.

2.2 – QUALIDADE DA GOVERNANÇA PRATICADA

Os estudos mais recentes dispõem sobre um conjunto de aspectos relacionados com

governança, entre os quais podem ser destacados: a) a relevância das características das

estruturas de propriedade e controle das companhias; b) o nível de disclosure das

informações; c) a existência de benefícios privados advindos do controle; d) a qualidade da

auditoria; e) a existência de conselho fiscal e comitês; f) a composição do conselho de

administração; g) a política de remuneração da empresa; h) a existência de investidor

institucional ativista; i) a possibilidade de tag along para os minoritários; j) a existência de

provisões anti-takeovers; k) o nível de proteção aos direitos dos minoritários; e l) o nível de

desenvolvimento do mercado financeiro.

A diferenciação das empresas por meio de pontuação relativa aos tópicos

retromencionados proporciona um entendimento dos possíveis estágios em que as empresas

podem se situar em relação às práticas de governança que utilizam. Dessa forma,

implementou-se a mensuração da qualidade da governança praticada pelas empresas,

utilizando-se para isso de um índice amplo de governança cujas questões e critérios para

pontuação se encontram dispostas no Apêndice.

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2.3 – DESEMPENHO: CONCEITOS E INDICADORES

A dimensão desempenho da empresa foi mensurada por alguns indicadores contábeis,

financeiros e de mercado, pois assume-se nesta pesquisa o pensamento de Venkatraman e

Ramanujam (1987), segundo os quais, o desempenho de uma empresa nas pesquisas deve ser

explicitado por mais de uma variável. Para os referidos autores, não está claro se as variáveis

advindas das demonstrações contábeis e financeiras, dos valores de mercado ou ainda outras

medidas subjetivas de performance são simplesmente três métodos distintos de se

operacionalizar o construto desempenho, ou se esses métodos representam dimensões

distintas da performance da empresa. Dessa forma, entendem que o construto desempenho

seja multidimensional.

O desempenho foi mensurado a partir de indicadores que utilizaram dados das

demonstrações financeiras da companhia (DF), de suas informações trimestrais (ITR) ou dos

valores de mercado relativos às ações da empresa. A utilização do indicador MTS ocorreu em

função dos resultados obtidos por Black et al. (2006). A razão ETS foi o mais estável

indicador de performance ao longo do tempo, conforme evidenciaram Bhagat e Jefferis Jr.

(2005). Dessa forma, espera-se que os resultados das relações estatísticas envolvendo esse

indicador sejam significativos. Ainda segundo esses autores, os indicadores ROE e ROA são

variáveis bastante relevantes na investigação do impacto da governança no desempenho das

empresas. Assim sendo, incluíram-se também esses retornos como indicadores de

performance.

2.4 – GOVERNANÇA E RISCO

Entre outras pesquisas, pode-se dar destaque aos trabalhos de Drobetz et al. (2003),

Chen, Chen e Wei (2004), e Ashbaugh et al. (2004), pois estão em sintonia com a linha de

pesquisa desse trabalho.

Drobetz et al. (2003) conseguiram bons resultados para a influência do índice de

governança na diferença entre portfolios de melhor e pior governança. Em outro teste,

verificaram que o indicador de governança explicava parte do retorno das ações. Também

obtiveram bons resultados para o índice de governança ao utilizarem as proxies – dividend

yeld e a razão preço-lucro – como variáveis dependentes. Todos os coeficientes do índice de

governança nos testes tinham sinais alinhados com a expectativa inicial e possuíam

significância estatística.

Chen, Chen e Wei (2004) identificaram que práticas de governança relacionadas, ou

não, com disclosure estão negativamente relacionadas com o custo de capital. Contudo,

observaram que em mercados emergentes a diminuição do risco de expropriação dos

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minoritários é mais significativa para a redução do custo de capital do que a melhoria das

práticas de disclosure.

Ashbaugh et al. (2004) encontraram resultados estatisticamente significativos para a

relação envolvendo práticas de governança e custo de equity, em linha com o que a teoria

preconiza, e relação negativa significativa envolvendo o índice amplo e a redução no custo de

equity e nos betas das empresas.

Cremers e Vinay (2005) identificaram que o portfolio com maior vulnerabilidade aos

takeovers gera um retorno de 10 a 15% acima do retorno de mercado, quando um investidor

institucional tem uma participação significativa no capital da empresa. Por outro lado,

empresas com melhores controles internos geram um diferencial de 8% de retorno acima da

média do mercado quando essa característica está associada à grande possibilidade de a

empresa ser vulnerável a um takeover.

Derwall e Verwijmeren (2007) evidenciaram que melhores níveis de governança estão

associados com menores custos implícitos de equity, menores riscos sistemáticos e menores

riscos específicos.

2.5 – RISCO: CONCEITOS E INDICADORES

Incluiu-se nessa relação de variáveis, além do beta local (doravante também designado

de betalocal); o beta S&P 500 (doravante também denominado de betasp) da empresa, obtido

a partir da regressão dos retornos da ação da companhia contra os retornos do mercado

americano medidos pelo índice Standard & Poor´s 500 – S&P 500; a volatilidade dos

retornos das ações (doravante volat); o risco idiossincrático ou residual (doravante idios), cujo

indicador pode ser estimado pelo desvio padrão da distribuição da diferença entre os retornos

acontecidos e os retornos esperados com o uso do beta local (betalocal) e do beta S&P 500

(betasp) das empresas, em conformidade ao desenvolvido por Derwall e Verwijmeren (2007);

e o custo médio ponderado de capital (weighted average cost of capital – doravante também

denominado por wacc), inserido na pesquisa de modo a servir como uma proxy do custo

implícito de capital assumido por Ashbaugh et al. (2004).

O parâmetro – wacc – substitui o custo implícito utilizado em algumas pesquisas,

como é o caso do estudo de Ashbaugh et al. (2004). Nesta pesquisa utiliza-se o wacc devido

às dificuldades de se conseguirem targets de preço de anos anteriores para as ações da

amostra. O wacc de qualquer dos anos do período foi estimado com a utilização do modelo de

avaliação em um estágio, com dados advindos das demonstrações financeiras dos anos

anteriores ao que se calcula o indicador, utilizando-se o valor de mercado da empresa em 31

de dezembro desse ano.

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Espera-se que os coeficientes relacionados à variável governança indiquem relação

estatística significativa quando estiverem inseridos no modelo de estudo da variável risco, da

mesma forma que foi obtido por Ashbaugh et al. (2004).

Um teste robusto no sentido de se confirmar essa expectativa é o teste de retornos

excedentes (rex local e rex sp). Os indicadores utilizados são as diferenças entre os retornos

das ações no mercado (mensurados contra o Ibovespa e o índice S & P 500), e o retorno da

renda fixa no mesmo período, para as companhias situadas entre o primeiro terço e o terceiro

terço do universo amostral. Da mesma forma que as variáveis anteriores, essa variável é usada

no sentido de se conseguir inferências a respeito de possíveis relações envolvendo governança

e risco.

2.6. VARIÁVEIS DE CONTROLE

Nesta pesquisa, são inseridas diversas variáveis de controle, de modo a se utilizar

adequadamente os métodos propostos. Tal prática tem como objetivo possibilitar a obtenção

de resultados que possam direcionar e dimensionar adequadamente a relação entre governança

e desempenho das empresas. Entre as variáveis estão: a) percentual de imobilização dos ativos

(imob), calculado como a razão entre o ativo permanente e o ativo total; b) alavancagem

operacional (aop), calculado como a razão entre os resultados operacionais e as receitas

operacionais ocorridos entre anos consecutivos; c) relação entre endividamento e capital (de),

calculado como a razão entre o endividamento líquido da empresa e seu capital social; d)

tamanho da empresa (tam), calculado como o logaritmo da receita operacional líquida da

empresa; e) nível de investimentos (inv), calculado como a razão entre o saldo da conta

investimentose o montante do patrimônio líquido; f) alavancagem financeira (afin), calculada

como a razão entre o lucro por ação e o resultado operacional ocorrido entre anos

consecutivos; g) liquidez das ações em mercado (liq), valor retirado do banco de dados da

Economática; h) market-to-book value (mtbv), calculado como a razão entre o valor de

mercado e o valor contábil do equity; i) experiência societária (exp), calculada como o

logaritmo do número de meses que a companhia é aberta e tem suas ações listadas em bolsa

de valores; j) tamanho do conselho de administração (log cons), calculado como o logaritmo

do tamanho do conselho; k) dummy de controle privado nacional (pri) – 0 se é estatal e 1 se

possui outra estrutura de controle privado nacional; l) dummy de ADR 23 (adr23) – 0 se não

tem e 1 se tem; l) dummy de N2 e NM (n2nm) – 0 se não tem e 1 se tem; m) dummy de N2 e

NM x ADR23 (n2nmadr23) – 0 se não tem e 1 se tem; m) percentual de ordinárias do

controlador (ord), calculado como a razão entre o número de ações ordinárias do controlador e

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o total de ações ordinárias da empresa; n) percentual do capital total do controlador (cap),

calculado como a razão entre o número de ações do controlador e o total de ações da empresa.

3. METODOLOGIA

3.1. ASPECTOS DA PESQUISA

A pesquisa se insere na linha epistemológica neopositivista. A investigação ora

promovida se reveste de um caráter hipotético-dedutivo. O universo de unidades amostrais é

composto por companhias abertas brasileiras não financeiras com ações negociadas na

Bovespa e regularmente registradas na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) em

31.3.2002, 31.3.2003, 31.3.2004, 31.3.2005 e 31.3.2006. O número de companhias abertas

nos anos mencionados era de respectivamente 820 (2002), 780 (2003), 695 (2004), 627

(2005) e 620 (2006) sociedades anônimas. Desse total, e nas mesmas datas, existiam 412

(2002), 391 (2003), 362 (2004), 355 (2005) e 339 (2006) empresas com ações listadas na

Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa).

A amostra, não probabilística investigada é composta apenas de empresas cujas ações,

listadas na Bovespa, movimentaram um volume financeiro de negócios em bolsa igual ou

superior a 0,01% do volume financeiro dos negócios envolvendo as ações da empresa de

maior negociação na Bovespa, no período de tempo considerado.

Para a elaboração da pesquisa, foram utilizados dados secundários coletados de forma

telematizada junto à Economática e uma pesquisa documental nas DF e IAN obtidos junto aos

sites da CVM, da Bovespa, das companhias e do banco J. P. Morgan, no tocante aos ADR. A

partir da investigação desses documentos, foram respondidas as perguntas selecionadas para a

construção do índice de governança. As respostas às perguntas devem ser do tipo SIM / NÃO.

Quando a resposta for SIM, marca-se 1 ponto no quesito, e quando for NÃO, marca-se 0

(zero) no quesito. Ao final soma-se o total de pontos atribuídos a cada uma das empresas

pesquisadas.

O tratamento quantitativo pressupõe a utilização do método da regressão linear

(simples e múltipla) e do método das equações estruturais. A amostra deve possuir

homocedasticidade e não deve apresentar multicolinearidade entre as variáveis independentes.

Para a realização dos testes estatísticos, foram utilizados os softwares SPSS versão 11.5,

SPSS versão 14.0, E-views versão 5.0 e AMOS 4.0 e 6.0.

Entre as limitações da pesquisa estão questões como: a) podem existir problemas de

endogeneidade nas variáveis assumidas como exógenas. O teste com o método das equações

estruturais permitirá verificar se existem relações de causalidade entre as variáveis do modelo

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de estudo, evitando, com isso, o problema de endogeneidade das variáveis assumidas como

exógenas; b) o índice de governança a ser testado nas regressões lineares múltiplas deve ser

possível de ser mensurado com certo grau de certeza. Para isso, foi constituído por um

conjunto de práticas que podem ser objetivamente medido nas empresas de modo que daí

surja uma ferramenta de avaliação da qualidade da governança praticada e posterior

comparação entre os níveis de governança das empresas; c) podem existir problemas de não-

normalidade nas distribuições das variáveis independentes. Problemas de não-normalidade da

amostra são controlados por meio de transformações nas variáveis que não passarem no teste;

d) é possível que existam correlações significativas entre as variáveis independentes, o que

inviabiliza uma premissa para a utilização do método das regressões lineares múltiplas. Caso

existam correlações importantes, poderão ser promovidas transformações dessas variáveis

(utilizando o logaritmo natural ou neperiano, a função inversa ou a operação de radiciação),

ou ainda poderá se decidir pela exclusão da variável; e) podem existir problemas de

multicolinearidade, estes podem ser resolvidos com a transformação das variáveis ou a

eliminação de uma delas; f) podem ocorrer problemas de heterocedasticidade, estes podem ser

resolvidos com a utilização de regressões com correção de White e ponderação por pesos nos

períodos ou cross-sections; g) podem existir problemas de identificação de causalidade ou

mesmo uma relação de causalidade reversa entre governança e desempenho. Para se tentar

solucionar, é utilizado o método das equações estruturais ou equações simultâneas; h) pode

existir a omissão, não deliberada, de variáveis importantes nos modelos que servirão de

estudo. Para dirimir esse problema, foi feita uma revisão da literatura, na qual se procurou

incluir todas as variáveis relevantes relacionadas ao assunto. Tais variáveis serão testadas

como possíveis fatores de explicação do desempenho ou mesmo da governança das empresas;

i) pode existir dificuldade de identificação de uma tendência temporal. Para solucionar esse

possível problema, promove-se a análise com dados em painel, em um período de cinco anos

consecutivos; e j) podem existir problemas na seleção da amostra, tendo em vista que no

segmento das companhias abertas podem estar incluídas as empresas com maior

rentabilidade. Assume-se essa perspectiva em vista de essas companhias passarem a ter custos

de manutenção da abertura de seu capital, o que só se justifica financeiramente se essas

organizações conseguirem diminuir significativamente alguns dos problemas relacionados à

captação de recursos. Entre os benefícios de serem abertas estão a obtenção de maiores

volumes de financiamento, menores custos e maiores prazos para pagamento.

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3.2. MODELOS PARA SE ESTUDAREM AS VARIÁVEIS DE DESEMPENHO

O primeiro teste segue em linha com os estudos desenvolvidos por Black et al. (2006)

e Leal e Da Silva (2005). Serão utilizadas equações de regressões lineares simples e múltiplas,

relacionando uma série de variáveis que supomos independentes e não correlacionadas entre

si e que possam explicar a variável de desempenho e seus indicadores. Estudo compatível

com o que ora é utilizado foi promovido por Renders e Gaeremynck (2006). As equações

foram do tipo:

DESEMPENHO = β 0 + β 1 . IGC + ε

DESEMPENHO = β 0 + β 1 . IGC + β i . Vi + ε

Em que:

DESEMPENHO = variável dependente cujos indicadores são o roa (return on assets), o roe

(return on equity), o mts (market-to-sales ratio) e o ets (ebit-to-sales ratio);

β 0 = termo constante da regressão linear;

β 1 = coeficiente do termo relacionado ao índice de governança e que representa o impacto

que essa variável provoca nas variáveis dependentes;

IGC = variável índice de governança corporativa mensurada a partir das respostas para as

perguntas elencadas no Apêndice;

β i = coeficientes dos termos relacionados às variáveis de estudo – controle ou instrumentais -

e que representam o impacto que essas variáveis provocam nas variáveis dependentes;

Vi = variáveis de controle e instrumentais que podem apresentar poder explanatório sobre a

variável dependente estudada;

i = { x / 1 < x < n, onde x ∈ N e n < ∞ };

ε = termo relativo ao erro.

No segundo teste utiliza-se a mesma metodologia, porém as variáveis serão o

desempenho das companhias entre os anos do período investigado, além das demais variáveis

de controle encontradas no mesmo período e as diferenças de índices de governança. As

equações foram do tipo:

DESEMPENHO = β 0 + β 1 . Δ IGC + β i . Vi + ε

Em que, as seguintes variáveis e indicadores suplementam a relação apresentada

anteriormente:

β 1 = coeficiente do termo relacionado à variação do índice de governança e que representa o

impacto que essa variável provoca nas variáveis dependentes;

Δ IGC = variação por empresa da variável índice de governança corporativa mensurada a

partir das respostas para as perguntas elencadas no Apêndice;

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3.3. MODELOS PARA SE ESTUDAREM AS VARIÁVEIS DE RISCO

O primeiro teste envolvendo o estudo das relações entre governança e risco se

encontra em conformidade ao desenvolvido por Derwall e Verwijmeren (2007). Evidenciam-

se, a seguir, os modelos a serem testados, em conformidade a Ashbaugh et al. (2004), com as

variáveis dependentes mencionadas anteriormente.

RISCO = β 0 + β 1 . IGC + ε

RISCO = β 0 + β 1 . IGC + β i . Vi + ε

Em que:

RISCO = variável dependente cujos indicadores são o beta local (betalocal); o beta medido

contra o S&P 500 (betasp); a volatilidade da distribuição original de retornos das ações

(volat); o risco idiossincrático (idios) e wacc;

β 0 = termo constante da regressão linear;

β 1 = coeficiente do termo relacionado ao índice de governança e que representa o impacto

que essa variável provoca nas variáveis dependentes;

IGC = variável índice de governança corporativa mensurada a partir das respostas para as

perguntas elencadas no Apêndice;

β i = coeficientes dos termos relacionados às variáveis de controle ou instrumentais e que

representam o impacto que essas variáveis provocam nas variáveis dependentes;

Vi = variáveis de controle e instrumentais que podem apresentar poder explanatório sobre a

variável dependente estudada;

i = { x / 1 < x < n, onde x ∈ N e n < ∞ };

ε = termo relativo ao erro.

No segundo teste utiliza-se a mesma metodologia, porém os indicadores são os de

risco, as diferenças dos índice de governança e os indicadores relacionados com as variáveis

de controle em equações do tipo:

RISCO = β 0 + β 1 . Δ IGC + β i . Vi + ε

As variáveis inseridas no segundo teste e que não se encontram evidenciadas no primeiro teste

são:

β 1 = coeficiente do termo relacionado à variação do índice de governança e que representa o

impacto que essa variável provoca nas variáveis dependentes estudadas;

Δ IGC = variação da variável índice de governança corporativa mensurada a partir das

respostas para as perguntas elencadas no Apêndice;

No terceiro teste, no sentido de avaliar os efeitos que o índice de governança pode ter

em proxies do risco da empresa, assumiu-se como variável dependente os retornos excedentes

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(rex) observados entre a primeira e a terceira parte do universo amostral. O teste se

fundamentou no modelo desenvolvido por Fama e French (1993), utilizado por Francis et al.

(2004), conforme evidenciaram Ashbaugh et al. (2004), e é mostrado a seguir.

REX = β 0 + β 1. MTBV + β 2 . TAM + β 3 . IGC + ε

As variáveis do terceiro teste que não se encontram evidenciadas no primeiro ou segundo

testes são:

REX = variável dependente cujo indicador é a diferença entre o retorno da ação no mercado e

o retorno da renda fixa no mesmo período para a primeira e a terceira partes do universo

amostral. Essa variável se desdobra no indicador rex local e no rex sp;

β 1 = coeficiente da variável mtbv (market-to-book value), que representa o impacto que essa

variável provoca na variável dependente estudada;

MTBV = variável inserida conforme Fama e French (1993), relacionada com a razão entre o

valor do mercado e o valor contábil das ações da empresa. É mensurada pela diferença dos

retornos das empresas da primeira e terceira partes do universo amostral de market-to-book

values.

β 2 = coeficiente da variável tam que representa o impacto que essa variável provoca na

variável dependente;

TAM = variável inserida conforme Fama e French (1993), relacionada com o tamanho da

empresa e mensurada pelo logaritmo natural da receita operacional líquida da empresa. É

calculada pela diferença entre os retornos das empresas da primeira e terceira partes do

universo amostral de receita operacional líquida;

β 3 = coeficiente do termo relacionado ao índice de governança e que representa o impacto

que essa variável provoca nas variáveis dependentes;

IGC = é a diferença dos retornos das empresas da primeira e terceira partes do universo

amostral de níveis de governança;

3.4. TESTE DE ROBUSTEZ UTILIZANDO O MÉTODO DAS EQUAÇÕES ESTRUTURAIS

Com base na literatura e especialmente nos trabalhos de Cho (1998), Bhagat e Jefferis

Jr. (2005) e Bohren e Odegaard (2003) foi construído um sistema de equações a ser testado

por meio do método das equações estruturais de modo a se tentar mensurar as relações entre

governança, risco, desempenho e valor, tentando contornar os problemas de endogeneidade e

de causalidade reversa. Esses modelos são utilizados para testar a consistência dos resultados

obtidos a partir do uso do método das regressões lineares múltiplas.

Assumiu-se também que na investigação sob o método das equações estruturais serão

utilizados os indicadores de risco e desempenho que tenham apresentado os melhores

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13

resultados sob o método das equações lineares múltiplas. Antecipando a seção de análise de

resultados, destaca-se que o indicador de risco com melhores resultados foi o sqr (wacc) –

variável obtida depois de transformação – e os indicadores de desempenho com melhores

resultados foram o log (ets) e o sqr (roe) – também obtida após transformação, conforme Hair

(2005). O indicador que mensurará a variável governança é a raiz quadrada do índice de

governança – sqr (igc) –, e os indicadores correspondentes à variável valor serão o log (mts) e

o log (mtbv), todas variáveis também transformadas.

Assim, entende-se que as possíveis relações entre governança, risco, desempenho e

valor possam ser testadas a partir do seguinte conjunto de equações:

Equação 1: Desempenho = f 1 (Risco, Governança, Valor, ε1)

Equação 2: Risco = f 2 (Desempenho, Governança, Valor, ε2)

Equação 3: Governança = f 3 (Risco, Desempenho, Valor, ε3)

Equação 4: Valor = f 4 (Risco, Desempenho, Governança, ε4)

Em que:

ε i = termo de erro de cada função;

i = { x ε R / 1< x < 5 }.

3.5. HIPÓTESES

A partir do referencial teórico apresentado, foram testadas as seguintes hipóteses:

1. Se a empresa tem maior índice de governança corporativa, seu risco será menor.

Negativamente relacionado (–).

2. Se a empresa tem maior índice de governança corporativa, seu desempenho será melhor.

Positivamente relacionado (+).

3. Os efeitos da governança impactam simultaneamente no aumento do valor da empresa

(+).

4. Existe efeito da governança no valor mesmo na presença dos efeitos indiretos ocorridos

por meio das variáveis risco e desempenho;

5. A variável governança apresenta características de endogeneidade.

4. ANÁLISE DE RESULTADOS

A média geral da qualidade da governança nos cinco anos ficou em 9,86, e o desvio

padrão foi de 2,02, o que parece ser uma média baixa e uma amostra com dispersão crescente.

Tais números parecem indicar o aumento das diferenças de qualidade de governança entre as

empresas, mesmo que a média ainda seja muito pequena. Esse fenômeno se justificaria pelo

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14

ingresso de novas companhias no mercado que têm como requisito fundamental a assunção de

melhores práticas de governança. Os resultados dos demais testes se encontram a seguir.

4.1. ANÁLISE DOS RESULTADOS DO PRIMEIRO TESTE PARA RISCO E DESEMPENHO

A primeira providência tomada foi a realização do teste de verificação da normalidade

das variáveis, especialmente das dependentes pelos testes de Jarque-Bera (J-B), Kolmogorov

e Smirnov e o teste de normalidade não paramétrico do qui-quadrado (λ²). Ao final de todos

os testes somente as variáveis sqr (ord) e log (exp) não passaram em nenhum teste de

normalidade, o que permite a aplicação do método com folga.

Não existiu qualquer problema com relação à colinearidade das variáveis, e todas

passaram no teste de VIF (Variance Inflation Factor) com coeficientes menores que 4,899, à

exceção de sqr (ord) e log (cap), com 9,301 e 8,957, respectivamente.

A homocedasticidade das variáveis, testada por meio dos testes de Levene e de

ANOVA (teste de F), somente apresentou coeficientes que sugerem a rejeição da hipótese

nula de homocedasticidade das variáveis sqr (ord), log (cap) e log (inv), não sendo conclusivo

para a variável sqr (wacc). Testou-se, ainda, por meio dos métodos de Bartlett, Levene e

Brown-Forsythe, a igualdade de variância entre as variáveis, hipótese rejeitada a um nível de

significância de 0,001%.

No teste robusto de igualdade das médias de Welch e Brown-Forsythe, somente sqr

(igc), sqr (ord), log (cap), log (mtbv), log (inv) e log (mts) possuíram resultados com p-values

que rejeitaram a hipótese de igualdade das médias ao longo das séries.

Esses resultados não impediram a aplicação do método que se pretende usar. Porém,

deixaram como perspectiva a necessidade de se utilizarem todos os recursos disponíveis

possíveis para serem obtidos os melhores coeficientes (mais confiáveis) das variáveis

independentes, como a utilização de ponderações de peso nos períodos dos cross-sections que

constituem os dados em painel e as correções de heterocedasticidade de White.

Quanto à correlação entre as variáveis, somente a observada entre sqr (ord) e sqr (cap)

foi elevada (0,913). Porém, era de se esperar que o percentual de ações ordinárias e o

percentual do capital total das companhias possuídos pelos controladores caminhassem muito

próximos entre si. Todas as demais correlações tinham baixa significância pelo teste de

Pearson.

Tendo em vista a utilização do método dos Mínimos Quadráticos Ordinários (MQO),

procurou-se, também, verificar se as séries de variáveis são estacionárias (convergentes). Os

testes foram feitos no nível das variáveis, utilizando defasagem automática promovida pelo

método de Schwarz; número máximo de defasagens possíveis; método de Kernel de Bartlett;

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15

e seleção automática de bandas de Newey-West. Foram utilizados, também, os métodos de

Levin, Lin & Chu t, Breitung t-stat (que assumem um processo comum de raiz unitária) e Im,

Pesaran and Shin W-stat, ADF – Fisher Chi-square e PP – Fisher Chi-square (que assumem

um processo individual para o processo de raiz unitária). Todas as variáveis dependentes,

testadas isoladamente, passaram em todos os testes mencionados com um nível de

significância mínimo de 10%. As variáveis independentes, testadas isoladamente, passaram

em pelo menos dois dos testes mencionados, além de terem passado em pelo menos um teste

de cada estimativa de processo – comum ou individual. Os resultados, obtidos com o máximo

de 3 lags, permitiram rejeitar a hipótese de existência de raiz unitária em um nível de

significância de 0,01%, o que possibilitou se inferir que as séries eram estacionárias. Da

mesma forma, as autocorrelações e a autocorrelações parciais testadas em 3 lags, convergiram

para valores menores que 10% no lag 3. Testou-se, ainda, o cross-correlation das variáveis

dependentes com o sqr (igc), de modo a se verificar se a covariância dessas variáveis é

convergente. Os resultados mostram convergência e não são significativos a partir do lag 3.

Os resultados dos testes apontaram no sentido da convergência de todas as séries.

Dessa forma, estruturou-se o painel de dados dos testes com datas de freqüência anual,

tendo as empresas como item identificador das cross-sections que compuseram cada ano da

amostra. O painel foi balanceado entre o início e o final.

Realizaram-se, concomitantemente, os testes de causalidade de Granger para se poder

inferir sobre a possível endogeneidade nas relações entre governança e as variáveis

dependentes.

Constatou-se que o sentido da causalidade deve ser de sqr (igc) para sqr (betalocal) e

log (mts) a 0,5% de significância, e de sqr (igc) para sqr (betasp) e sqr (roe) a 1% de

significância. Verificou-se apenas a possível relação de causalidade de log (mts) para sqr (igc)

a 5% de significância, sendo esse indicador de desempenho fortemente relacionado ao valor

de mercado.

Em seguida, procedeu-se aos testes de regressões lineares múltiplas contendo todas as

variáveis independentes. Os resultados mais relevantes para os coeficientes de sqr (igc) foram

obtidos nas regressões contra sqr (volat), sqr (wacc), log (mts) e sqr (roe). O indicador sqr

(igc) teve sinais negativos e estatisticamente significativos nas regressões envolvendo sqr

(volat), sqr (wacc) e sqr (roe), e teve sinal positivo e estatisticamente significativo na

regressão envolvendo log (mts). Foram feitos os testes de resíduos para as regressões nas

quais os coeficientes de sqr (igc) apresentaram significância estatística, os quais apontaram

para a validação das regressões.

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16

Promoveram-se, então, regressões lineares múltiplas com pesos nos períodos. Os

resultados desse teste confirmaram os obtidos para as relações entre sqr (igc) e sqr (wacc) –

negativa e estatisticamente significativa – e entre sqr (igc) e sqr (roe) – também negativa e

estatisticamente significativa. A relação entre sqr (igc) e log (volat) – negativa e

estatisticamente significativa – tornou-se estatisticamente mais significativa (a 5%). A relação

entre sqr (igc) e log (ets) – positiva e estatisticamente significativa – passou a ser significativa

a 17% (p-value de 0,1695), e a entre sqr (igc) e log (mts) – positiva e estatisticamente

significativa – passou a ser estatisticamente significativa a 16% (p-value de 0,1555). Contudo,

as relações entre sqr (igc) e sqr (betasp) – negativa e estatisticamente significativa – e entre

sqr (igc) e sqr (betalocal) – negativa e estatisticamente significativa –, que não tinham

significância estatística, passaram a ser estatisticamente significativas a 5% e a 1%,

respectivamente. Posteriormente, utilizaram-se regressões com pesos nos períodos e com

correção de White para cross-section sem correção de graus de liberdade.

Foram testados todos os coeficientes da variável sqr (igc) sob a hipótese nula do

coeficiente dessa variável independente ser nulo segundo o teste de Wald. As variáveis

dependentes que tiveram relação estatisticamente significativa com sqr (igc) foram log (ets) –

positivo com coeficiente estatisticamente significativo a 10%; log (mts) – positivo com

coeficiente estatisticamente significativo a 15%; sqr (roe) – negativo com coeficiente

estatisticamente significativo a 5%; sqr (betalocal) – negativo com coeficiente

estatisticamente significativo a 1%; sqr (betasp) – negativo com coeficiente estatisticamente

significativo a 5%; log (volat) – negativo com coeficiente estatisticamente significativo a 5%;

e sqr (wacc) – negativo com coeficiente estatisticamente significativo a 1%.

Todos os testes de Wald para os coeficientes da variável sqr (igc) de todas as

regressões retromencionadas apontaram no sentido de rejeitar a hipótese nula de que o

coeficiente seja nulo.

Procedeu-se aos testes de média, normalidade, independência e homocedasticidade

dos resíduos para confirmar a existência de estimadores de sqr (igc) não viesados nas

regressões em que ocorreram estimadores da variável mencionada com significância

estatística. Com relação à média, o método utilizado foi o de máxima verossimilhança

(Maximum Likelihood Estimation – MLE) com correções dos graus de liberdade. Para a

normalidade, procedeu-se ao teste da distribuição empírica dos resíduos sob a hipótese de

normalidade pelos métodos de Liliefors (D), Cramer-von Mises (W2), Watson (U2) e

Anderson-Darling (A2). O teste para verificar a independência dos resíduos foi o

correlograma contendo os valores de autocorrelação (AC), correlação parcial (PAC) e Q-Stat.

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Para testar a homocedasticidade dos resíduos, utilizaram-se os métodos de Bartlett, Levene e

Brown-Forsythe. Os resultados positivos para normalidade, independência e

homocedasticidade demonstraram a confiabilidade dos estimadores obtidos.

4.2. ANÁLISE DOS RESULTADOS DO SEGUNDO TESTE PARA RISCO E DESEMPENHO

Com o intuito de consolidar um raciocínio a respeito das relações ambíguas existentes

entre governança e os indicadores de desempenho; e ratificar o raciocínio envolvendo as

relações entre governança e os indicadores de risco, procedeu-se a testes relacionando a

variação, por empresa, dos índices de governança com os indicadores de desempenho e de

risco anteriormente mencionados. Continuou-se a utilizar o método das regressões lineares

múltiplas com ponderações de peso e correções de White para homocedasticidade.

A variável variação dos índices de governança passou no teste de normalidade de J-B

(7,1025) com nível de significância de 2,868%. Os resultados mostraram que aumentos da

governança (representados por Δ igc) estão relacionados negativamente com risco (apesar da

evidência positiva e significativa encontrada na relação com sqr (wacc)), positivamente com

a variável log (ets) e positivamente com as variáveis sqr (roa) e sqr (roe).

4.3. ANÁLISE DOS RESULTADOS DO TESTE DE RETORNOS EXCEDENTES

As variáveis sqr (rex sp), sqr (rex local), log (ret tam) e log (ret igc) das carteiras

passaram no teste de normalidade de J-B. Os retornos, os tamanhos e os valores do índice de

governança das carteiras foram calculados com base na média aritmética dos valores dessas

variáveis para cada uma das empresas que compunham as carteiras que proporcionaram os

dados da amostra a ser testada. A variável log (ret mtbv) não passou no teste de J-B, mas

passou no teste não paramétrico do qui-quadrado (λ²).

Utilizaram-se regressões lineares múltiplas, com os métodos de MQO com e sem

correções de White e pesos, e MQO em dois estágios, entre as variáveis dependentes e a

variável log (igc).

Com 1 lag de defasagem e em um nível de significância de 15 e 10% podem-se

recusar as hipóteses nulas do teste de Granger, de que sqr (igc) não causa sqr (rex local) e de

que sqr (igc) não causa sqr (rex sp), respectivamente. É importante salientar que existe relação

de causalidade também dos retornos – sqr (rex local) e sqr (rex sp) – na variável sqr (igc) de 5

a 15% de significância nos lags 1, 2 e 3. Assim, há indícios de que log (igc) impacta

negativamente a variável log (rex local) e também impacta log (rex sp), mas também recebe

impactos na direção oposta. Esses retornos excedentes menores impactam na queda dos betas

e na queda do wacc, o que mostra a consistência dos resultados encontrados nos testes

efetuados, servindo como um teste de robustez para os resultados encontrados para os

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indicadores de risco. Os resultados dos testes dos resíduos confirmaram a confiabilidade da

aplicação do método. A Tabela 1 apresenta um resumo dos resultados.

Tabela 1: Resumo dos resultados das relações entre o IGC e as variáveis dependentes

O símbolo (*) corresponde a um valor estatisticamente significativo a 15%. O símbolo (**)corresponde a um valor estatisticamente significativo a 10%. O símbolo (***) corresponde a um valor estatisticamente significativo a 5%. O símbolo (****) corresponde a um valor estatisticamente significativo a 0,5%. O símbolo (*****) corresponde a um valor estatisticamente significativo a 0,05%. O símbolo (******) corresponde a um valor estatisticamente significativo a 0,001%.

Variáveis Reg. Simples – MQO Reg. Múltipla – MQO com e sem peso

Reg. Múltipla com peso e correções de White

Resultados do primeiro teste com variáveis de desempenho log (ets) + + +** log (mts) +*** +** / + +* sqr (roa) + _ _ sqr (roe) _ _* / _* _***

Resultados do segundo teste com variáveis de desempenho

log (ets) +** log (mts) _ sqr (roa) +**** sqr (roe) +***

Resultados do primeiro teste com variáveis de risco

sqr (betalocal) _ _ / _*** _*** sqr (betasp) + _ / _*** _*** log (idios) _*** _ _ log (volat) _ _* / _*** _*** sqr (wacc) _***** _**** / _ **** _*****

Resultados do segundo teste com variáveis de risco

sqr (betalocal) _****** sqr (betasp) _***** log (idios) _ log (volat) _****** sqr (wacc) +***

Resultados do terceiro teste com variáveis de risco

Teste de Retornos Excedentes (REX)

Reg. Múltipla – MQO Reg. Múltipla com correções e peso –

MQO

Reg. Múltipla com correções e peso – MQO 2 estágios (4

variáveis instrumentais) sqr (rex sp) _ _**** _****

sqr (rex local) _ _****** _******

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4.4. ANÁLISE DOS RESULTADOS DOS TESTES UTILIZANDO O MÉTODO DAS EQUAÇÕES

ESTRUTURAIS

O método das equações estruturais foi utilizado no sentido de se buscarem relações

entre as variáveis de governança, risco, desempenho e valor, incluindo no estudo a

característica da endogeneidade nas relações envolvendo governança e as outras variáveis.

Outro motivo da utilização do referido método foi a tentativa de se contornar os problemas de

causalidade reversa.

Foram utilizados dezoito modelos de estudo englobados em quatro formações

estruturais, diferenciados entre si ora pelas variáveis inseridas, ora pelos tipos de relações

assumidas entre essas variáveis. Alternaram-se, também, os métodos de estimação, tendo sido

utilizados o método da máxima verossimilhança ou o método dos Mínimos Quadrados

Generalizados (MQG).

Utilizaram-se os indicadores sqr (roe) e log (ets) para representar a variável

desempenho; os indicadores log (mts) e log (mtbv) para representar a variável valor; o

indicador sqr (igc), para representar a variável governança; e o indicador sqr (wacc), para

representar a variável risco em cada formação estrutural proposta.

Nos modelos de números 1 a 4, governança foi admitida como uma variável exógena e

as variáveis risco, desempenho e valor, como variáveis endógenas. Nesse primeiro conjunto

de modelos de estudo restringiram-se quatro das cinco variáveis do modelo, de modo a se

estimar o peso (designados por W1 a W4, onde W advém da palavra inglesa weight que

significa peso em português) de cada uma das relações isoladamente. Isso foi feito no sentido

de permitir melhor ajustamento do modelo.

Os sinais negativos das relações envolvendo governança e risco e relacionando risco e

valor, e o sinal positivo da relação entre governança e desempenho confirmaram as hipóteses

teóricas. A relação entre desempenho e valor mostrou sinal contrário ao esperado (negativo).

Contudo, pode-se apreender desse resultado que as empresas com maiores margens possuíam

menores valores de mercado. Isso se encontra compatível com o fato de empresas de menores

patrimônios e com projetos mais ousados terem aberto capital recentemente e possuírem

maiores margens e menores valores de mercado, o que se compatibilizou com a relação

encontrada. Todos os resultados foram estatisticamente significativos a 0,001%.

Perseguindo evidências a respeito das relações entre as variáveis estudadas, foram

construídos outros modelos alternativos. No primeiro modelo alternativo admitiu-se que todas

as variáveis envolvidas pudessem ter relações entre si. Dessa forma, mitigaram-se os

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problemas de causalidade reversa e endogeneidade que podem estar envolvidos com o estudo

da governança. Assim, todas as variáveis são endógenas.

Os modelos de números 5 a 8 utilizaram o método de estimação de máxima

verossimilhança (MLE). Promoveram-se testes com a base de dados completa e com a base de

dados após a eliminação de outliers a partir da utilização do critério de maiores distâncias de

Mahalanobis. Nesse sentido, eliminaram-se as 30 maiores distâncias (com valores iguais ou

superiores a 10) e novamente se rodou o modelo. Os resultados anteriores foram confirmados,

apenas obtendo-se melhoria do resultado do teste de normalidade da distribuição, não se

observando alteração significativa dos valores dos estimadores, nem se verificando mudança

no sinal dos mesmos.

Em seguida utilizaram-se modelos contendo relações entre governança e valor;

governança e risco; risco e valor; e desempenho e valor. Destaca-se que somente foram

usados modelos para as combinações de variáveis log (mtbv) e log (mts) como indicadores de

valor com o indicador log (ets) de desempenho.

Posteriormente, foram testados os modelos de números 11 e 12, envolvendo somente

as relações entre governança e risco; governança e valor; e risco e valor. Testou-se, então, o

modelo 13 com relações somente entre governança e risco e entre risco e valor.

Em seguida testaram-se os modelos 14 a 18, incluindo todas as variáveis de controle,

variando-se a variável de desempenho e restringindo a base de dados de cinco para dois anos

(2005 e 2006). Essa redução de dados objetivou se alcançarem melhores indicadores qui-

quadrados dos modelos.

Os modelos foram assim identificados: a) modelo 14 – modelo incluindo todas as

variáveis de controle; indicador de desempenho (sqr (roe)); base de dados de 2002 a 2006;

sem relação entre valor (log (mts)) e governança (sqr (igc)); b) modelo 15 – modelo incluindo

todas as variáveis de controle; indicador de desempenho (sqr (roe)); base de dados de 2005 e

2006; com relação entre valor (log (mts)) e governança (sqr (igc)); c) modelo 16 – modelo

incluindo todas as variáveis de controle; indicador de desempenho (sqr (roe)); base de dados

de 2002 a 2006; com relação entre valor (log (mts)) e governança (sqr (igc)); d) modelo 17 –

modelo incluindo todas as variáveis de controle; indicador de desempenho (log (ets)); base de

dados de 2002 a 2006; com relação entre valor (log (mts)) e governança (sqr (igc)); e) modelo

18 – modelo incluindo todas as variáveis de controle; indicador de desempenho (log(ets));

base de dados de 2005 e 2006; com relação entre valor (log(mts)) e governança (sqr (igc));

Um resumo das relações entre governança, risco, desempenho e valor, explicitadas

pelos modelos, que pode ser visualizado na Tabela 2.

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Tabela 2: Resumo dos sinais das estatísticas com significância estatística

Resumos dos testes que utilizaram o método das equações estruturais evidenciando os resultados – cargas e covariâncias – estatisticamente significativas

Modelo Governança-risco

Governança-desempenho

Governança-valor

Risco-valor

Desempenho-valor

1 (W) -*** 2 (W) -*** 3 (W) +*** 4 (W) -*** 5 (C) -*** +*** 6 (C) -*** -*** +*** 7 (C) +*** +*** 8 (C) -*** +*** 9 (C) -*** -*** +***

10 (C) -*** +*** 11 (C) -*** +*** -*** 12 (C) -*** 13 (C) -*** -*** 14 (C) -*** +*** -*** Nulo 15 (C) -*** +*** +*** -*** +*** 16 (C) +*** -*** +*** -*** +*** 17 (C) -*** +*** +*** -*** +*** 18 (C) -*** +*** +*** -*** +*** Total 13 (-***) /

2(+***) 5 (+***) / 1 (-***) 8 (+***) 10 (-***) 7 (+***) /

1(-***)

Os resultados colocam em destaque relações e covariâncias estatisticamente

significativas, com sinais negativos, entre governança e risco; relações e covariâncias

estatisticamente significativas, com sinais negativos, entre risco e valor; relações e

covariância estatisticamente significativa, com resultados positivos, entre governança e

desempenho; relações e covariâncias estatisticamente significativas, com sinais positivos,

entre desempenho e valor; e relações estatisticamente significativas, com sinais positivos,

entre governança e desempenho.

Contrariando as expectativas, apenas a relação entre desempenho e valor, no modelo

4; a relação entre governança e desempenho, no modelo 16; e as relações entre governança e

risco, nos modelos 7 e 16. No total encontraram-se quatro evidências contrárias às hipóteses

em um total de 47 resultados, o que representa um elevado percentual de indicações positivas

no sentido de se confirmarem as hipóteses assumidas na pesquisa.

4.5. ANÁLISE DOS TESTES DE ENDOGENEIDADE

Com o intuito de se investigar a questão da endogeneidade, passou-se a analisar os

resultados do teste de Granger. Nesse teste somente existiu indício de causalidade no sentido

da variável log (mts) para a variável sqr (igc), a 5% de significância estatística.

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Em seguida procedeu-se à aplicação do método das regressões lineares com efeitos

fixos, nos dados em painel existentes. Somente o coeficiente da relação envolvendo sqr (igc) e

sqr (wacc) se mostrou significativo a 1%, enquanto os demais coeficientes das relações entre

sqr (igc) e as variáveis dependentes não tiveram significância estatística em um nível de 10%.

O método dos efeitos fixos foi utilizado por se entender que a perda de significância

estatística nos estimadores obtidos com o método das regressões com efeitos fixos gera

indícios de não existência de causalidade reversa (endogeneidade) significativa nas

regressões, ou não-adequação da premissa de serem efeitos constantes no tempo.

Promoveram-se também regressões com a variável de governança assumindo o papel

de variável explicada. Os coeficientes das relações envolvendo sqr (igc) e sqr (wacc) e sqr

(igc) e log (mts) se mostraram estatisticamente significativos.

Foram ainda promovidos testes utilizando o método dos mínimos quadrados ordinários

(MQO) em dois estágios, inserindo a variável de tamanho (tam) e as variáveis n2nm, adr23 e

n2nmadr23 como variáveis instrumentais. Os resultados foram positivos e estatisticamente

significativos em um nível de 10% para os coeficientes das variáveis log (volat), log (ets) e

log (mts). Encontraram-se também resultados negativos e estatisticamente significativos para

as variáveis sqr (wacc) e sqr (roa). Consideraram-se somente os coeficientes de regressões

com R² positivo, eliminando-se os resultados de regressões com R² negativo. De todos,

somente ocorreu mudança de sinal no coeficiente da relação envolvendo sqr (igc) e log

(volat).

Não se verificou evidência de causalidade pelo teste de Granger, no sentido das

variáveis dependentes de desempenho e risco para governança, exceção feita ao indicador log

(mts). Além disso, as cross-correlations baixas em séries convergentes também indicaram

indícios de inexistir endogeneidade nas relações estudadas. Contudo, a existência de

coeficiente estatisticamente significativo para o indicador sqr (wacc) como variável

independente relacionada à variável sqr (igc) e a perda de significância estatística dos

coeficientes da variável governança ao se utilizar o método das regressões com efeitos fixos,

sugeriram possíveis indícios de endogeneidade no estudo em questão.

Para se promover uma investigação mais profunda da fidedignidade dos coeficientes,

entendeu-se relevante a análise dos resultados obtidos com o método das equações estruturais.

Nesse aspecto, todos os modelos estruturais pressupondo endogeneidade nas relações entre as

variáveis, com exceção da relação entre governança e risco no modelo de número 7,

apresentaram relações estatisticamente significativas e no sentido esperado. Conclui-se,

portanto, pela existência de endogeneidade a partir dos resultados coletados dos testes com

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equações estruturais. Porém, os resultados dos testes confirmaram os resultados obtidos nas

regressões lineares múltiplas. Assim, pressupõe-se que a possível existência de

endogeneidade entre as variáveis governança, risco e desempenho não afetou

significativamente os resultados dos coeficientes e sinais das relações obtidos com a

utilização do método das equações lineares múltiplas.

5. CONCLUSÕES

As evidências obtidas com a aplicação do método das regressões lineares para a

relação entre governança e risco no primeiro teste realizado proporcionaram sólida

sustentação para se inferir que as companhias com melhores práticas de governança possuem

menores riscos na percepção do mercado. Isso se reflete no custo de captação das empresas.

Os resultados estão em perfeita sintonia com os obtidos por Derwall e Verwijmeren (2007)

para beta, risco idiossincrático e custo implícito de capital, e com os obtidos por Ashbaugh et

al. (2004) para beta e também para o custo implícito de capital. Assim, confirma-se a

eficiência que investidores e demais instituições de mercado tiveram ao longo dos últimos

anos de promover diferenciação entre as empresas com melhores práticas de governança

associando-as a menores custos e características de menor risco no dia-a-dia da negociação de

suas ações no mercado. Essa relação sugere que governança se associa ao valor por meio da

queda do risco das empresas e em decorrência da queda dos seus custos de capital.

Os resultados do segundo teste envolvendo governança e risco evidenciaram que os

riscos das empresas estão associadas negativamente também às variações da qualidade da

governança (com exceção da relação encontrada para a variável sqr (wacc)). Assim, aumentos

mais significativos da qualidade da governança estiveram negativamente relacionados com

riscos e, portanto, associados com riscos menores. Os resultados estão em linha com os

obtidos por Ashbaugh et al. (2004), que verificaram a relação entre a variação positiva do

indicador de governança e o decréscimo do custo implícito de capital e com Chen et al.

(2004) que constataram que melhores práticas estavam relacionadas com menores custos de

equity e de capital. Em conjunto com as evidências do primeiro teste, pode-se concluir que se

altos índices de governança se associam a menores riscos e também a maiores quedas dos

riscos, então todas as empresas que desejarem diminuir sua percepção de risco devem

procurar melhorar suas práticas de governança, e quanto maior for a melhoria maior o

impacto na queda dos riscos.

O terceiro teste relacionando governança e risco – o teste dos retornos excedentes –

apresenta resultados em linha com os obtidos por Drobetz et al. (2003), ou seja, segundo os

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autores, quando as empresas começam a melhorar suas práticas de governança, os retornos

exigidos sobre o capital diminuem. Os resultados também estão em consonância com

Ashbaugh et al. (2004), e mostram que os retornos excedentes podem ser explicados pela

diferença de retornos entre as empresas com maiores e menores indicadores de governança.

Para isso, admite-se uma relação negativa entre as variáveis mencionadas – retornos

excedentes e retornos advindos de diferença de governança. Assim, entende-se que empresas

com melhor qualidade de governança estão associadas a menores retornos excedentes, pois

possuem menores riscos. Por outro lado, empresas com maiores riscos necessitam de retornos

maiores sobre o capital para compensarem esse perfil de maior risco. A associação entre

maiores riscos e maiores retornos é premissa do modelo CAPM de precificação de ativos e vai

ao encontro dos resultados do teste de retornos excedentes, em perfeita sintonia com esse

fundamento.

Os resultados obtidos com a aplicação do método das equações estruturais dão

robustez ao conjunto de evidências obtidas com os testes que utilizaram o método das

regressões lineares. Os resultados dos modelos 1 a 4 (considerando governança como variável

exógena) e dos modelos 5 a 18 (considerando governança como variável endógena),

confirmam a relação entre maiores índices de governança e menores riscos.

O método das equações estruturais também permitiu a visualização das relações do

risco com valor, de sinais negativos e com significância estatística, conforme o modelo 2

(considerando governança como variável exógena) ou os modelos 6, 9, 11, 13, 14, 15, 16, 17

e 18, nos quais se assumiu que a governança era uma variável endógena.

Quanto à relação envolvendo governança e desempenho, pode-se mencionar, a partir

dos resultados obtidos com o primeiro teste utilizando o método das regressões lineares, que

melhor governança se associa com maiores margens (log (ets)), maior valor (log (mts)) e

menores rentabilidades (sqr (roa) e sqr (roe)). Com respeito a relação entre governança e

valor, tais resultados estão todos alinhados com os obtidos por Bai et al. (2002), Klapper e

Love (2002), Beiner et al. (2004), Gompers et al. (2003), Brown e Caylor (2004), Leal e Da

Silva (2005), Renders e Gaeremynck (2006) e Black et al. (2006). São as grandes corporações

que, em geral, possuem melhores margens porque possuem poder de mercado de imporem

suas condições de negociação. Por outro lado, têm a capacidade de oferecer maiores

vantagens para a colocação de seus produtos, e com isso aumentam o market-share, o que

lhes permite obter maiores margens em um ciclo virtuoso. As grandes empresas também

possuem maior valor de mercado, em conformidade aos resultados encontrados por Durnev e

Kim (2003), Black et al. (2006), e Leal e Da Silva (2005). Por possuírem grande volume de

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recursos investidos, têm capacidade marginal decrescente de remunerar esses recursos se

comparadas com empresas menores, que podem encontrar maiores possibilidades de

alavancar suas rentabilidades.

Os resultados do segundo teste mostraram que as variações dos índices de governança

se relacionaram positivamente com aumentos de rentabilidade e margem e negativamente

com o valor. Os resultados do primeiro e segundo testes combinados permitem se inferir que

as empresas com maiores índices de governança têm maiores margens e valor e menores

rentabilidades; contudo, variações do índice de governança estiveram positivamente

relacionadas com rentabilidade e margem. A respeito da relação entre indicador de qualidade

de governança e rentabilidade (ROA), Klapeer e Love (2002) e Chong e López-de-Silanes

(2006) observaram relação positiva entre essas variáveis, o que só pode ser constatado nesta

pesquisa para a relação entre variação do indicador de qualidade de governança e a

rentabilidade (ROA e ROE).

Esse comportamento é explicado na prática porque as empresas com maiores índices

de governança alcançam logo maiores valores de mercado, mas depois disso, suas oscilações

de valor são menores que as oscilações de empresas com piores práticas. Black et al. (2006)

constataram que empresas com maiores valores de mercado (e tamanho) possuem maiores

índices de governança. Contudo, empresas que tenham baixos indicadores de governança e

decidam melhorar suas práticas têm a possibilidade de alavancarem mais rapidamente seu

valor de mercado por meio do aumento de rentabilidade.

Assim, as empresas com maiores patrimônios, que, conforme as evidências do

primeiro teste, possuem menores rentabilidades, aumentam seu valor de mercado por meio de

captação de recursos mais baratos. Isso permitiu aumentarem seus lucros e patrimônio, mas a

velocidade com que esse fenômeno ocorre é ditada pela rentabilidade operacional, que é mais

baixa nas grandes corporações do que nas menores. Por outro lado, as pequenas empresas, ao

melhorarem suas práticas, também diminuem seus custos de capital, aumentando, porém,

mais rapidamente seu valor de mercado, pois possuem maiores rentabilidades. Isso possibilita

se inferir que os efeitos da melhoria das práticas de governança se fazem sentir com maior

intensidade proporcional nas empresas de menor porte econômico do que nas maiores. Os

resultados dos modelos de equações estruturais 3, 14, 15, 17 e 18, e o modelo estrutural de

determinantes da governança apresentam relações positivas e significativas entre governança

e desempenho, quando a variável utilizada foi log (ets). Os modelos 3 (testado com sqr (roe))

e 16, além do modelo completo de MQO dos determinantes de governança, apontam relação

negativa e significativa quando a variável utilizada foi sqr (roe).

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Em média e na maior parte das empresas, constata-se que as variações de desempenho,

valor e custo de capital não são rápidas como as mudanças de indicadores das práticas de

governança, como menciona Claessens et al. (2002); contudo, a percepção do risco e a

melhoria do controle e da performance parecem se associar a melhoria de práticas de

governança mesmo que se admita que existam efeitos recíprocos, ou, em outras palavras, se

admita que existe endogeneidade nas relações entre governança, desempenho, risco e valor.

Os resultados obtidos com a utilização do método das equações estruturais nos

modelos 5, 8, 10, 11, 15, 16, 17 e 18 permitem inferir a existência de relação estatística

positiva e significativa entre governança e valor mesmo na presença das relações envolvendo

as variáveis mediadoras de risco e desempenho, como ocorre nos modelos retromencionados.

Este resultado se coaduna com a conclusão de Bai et al. (2002), obtido para empresas

chinesas, de que os investidores decidem pagar um prêmio.

Quanto à endogeneidade, esta parece não ter afetado os resultados obtidos com a

utilização do método das regressões lineares. Os testes de Granger somente apontam para a

relação causal de governança na variável de valor (log (mts)), enquanto existem relações

significativas partindo de governança para desempenho, risco e também valor. Contudo, ao se

pesquisar os determinantes da qualidade da governança, verificou-se que log (volat), log (ets)

e sqr (wacc) afetam a qualidade da governança praticada pelas empresas, o que confirma a

existência de endogeneidade nas relações envolvendo essas variáveis, mesmo que essa

endogeneidade não tenha inviabilizado a investigação proposta com a utilização do método

das regressões lineares.

Ficam como sugestão para pesquisas posteriores: a) o aumento do número de empresas

componentes da amostra de modo que se possa inserir variáveis que segreguem empresas de

setores de commodities e as empresas dos demais setores, pois as primeiras devem possuir

maior transparência de suas operações devido a trabalharem com parâmetros de preços e

custos internacional conhecidos e amplamente divulgados; e b) a inserção de variável que

promova diferenciação entre empresas pertencentes a setores regulamentados e não

regulamentados, tendo em vista a expectativa de que os setores mais regulamentados

deveriam apresentar menor influência da variável governança nas variáveis de desempenho e

de risco.

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Apêndice – Critérios utilizados para a elaboração do índice de governança corporativa

A – Estrutura de propriedade e controle

Questão 1 – O percentual das ações com direito a voto do controlador é igual ou menor que o

percentual do grupo controlador em relação ao total de ações da companhia?

Critério para pontuação – Atribuiu-se um ponto para as empresas em que o controlador tenha

um percentual do capital total, igual ou maior do que o percentual de ações ordinárias.

Questão 2 – A percentagem de ações não votantes é menor que 20% do total do capital?

Critério para pontuação – Atribuiu-se um ponto para as empresas em que o percentual de

ações preferenciais fosse menor que 20% do capital total.

Questão 3 – A empresa não tem estrutura piramidal de controle ou o controle é direto.

Critério para pontuação – Conferiu-se um ponto para as empresas em que somente existe a

abertura de um subnível para qualquer um dos investidores que aparecem na lista de

acionistas com mais de 5% do capital da empresa no formulário IAN.

Questão 4 – Observando o estatuto da companhia, pelo menos uma das afirmativas é

verdadeira: a) cada ação vale um voto?; b) as ações preferenciais têm direito de voto em

decisões importantes da companhia?

Critério para pontuação – Atribuiu-se um ponto para as empresas que emitiram somente ações

ordinárias; ou para empresas nas quais exista pelo menos uma das condições de voto

mencionadas anteriormente para os acionistas detentores de ações preferenciais.

B – Nível de disclosure das informações e benefícios privados de controle

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Questão 5 – A companhia tem demonstrações em US-GAAP ou IAS-GAAP?

Critério para pontuação – Foi atribuído um ponto para as empresas que divulgaram os

balanços em padrão contábil internacional.

Questão 6 – A companhia não apresenta contrato de mútuo nem utiliza a rubrica lucros

acumulados como reserva de lucros sem ter disclosure da existência de orçamento de capital

como destinação desses recursos.

Critério para pontuação – Atribuiu-se um ponto para as empresas que não apresentam

contratos de mútuo ou retenção de lucros na rubrica de lucros acumulados.

C – Auditoria e conselho fiscal

Questão 7 – A auditoria é feita por uma das cinco maiores empresas de auditoria em atividade

no Brasil?

Critério para pontuação – Atribuiu-se um ponto para as empresas cujas DF foram auditadas

por uma das auditorias retromencionadas.

Questão 8 – As Informações Financeiras Trimestrais (os ITRs) da companhia são entregues

dentro do prazo e NÃO contêm ressalvas?

Critério para pontuação – Atribuiu-se um ponto para as empresas cujas informações

trimestrais tenham sido entregues dentro do prazo e sem ressalvas por parte dos auditores.

Questão 9 – A sociedade NÃO teve parecer de auditoria com discordância de opinião ou

ressalva nas suas demonstrações financeiras (DF).

Critério para pontuação – As companhias cujos pareceres de auditoria não contiveram

ressalva ou discordância de opinião receberam um ponto.

Questão 10 – A empresa tem conselho fiscal permanente?

Critério para pontuação – As companhias cujos IAN continham informações referentes à

existência de conselho fiscal permanente, sendo essa observação ratificada por disposição

nesse sentido, contida no estatuto social, obtiveram um ponto.

D – Conselho de administração e política de remuneração

Questão 11 – Os administradores têm participação nos lucros?

Critério para pontuação – As companhias cujos IAN continham informações referentes à

participação dos administradores no lucro da sociedade obtiveram um ponto.

Questão 12 – A empresa tem mais de 50% de conselheiros independentes, conforme reporta o

IAN?

Critério para pontuação – As companhias cujos IAN continham informações referentes à

existência de mais de 50% de conselheiros não eleitos pelo controlador obtiveram um ponto.

Questão 13 - O conselho tem entre cinco e nove membros?

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Critério para pontuação – As empresas cujos conselhos detinham um número de membros no

intervalo aberto compreendido entre cinco e nove membros receberam um ponto.

Questão 14 – Presidente do conselho NÃO é diretor ou controlador da empresa?

Critério para pontuação – Conferiu-se um ponto para as empresas nas quais o cargo de

presidente do conselho não fosse ocupado pelo controlador, familiar ou pelo presidente da

companhia.

Questão 15 – A empresa possui qualquer tipo de comitê evidenciado em seus documentos

societários ou em seu website?

Critério para pontuação – As companhias cujos estatutos sociais continham informações

referentes à constituição, ou mesmo à possibilidade de serem constituídos comitês por parte

dos conselhos de administração, obtiveram um ponto.

Questão 16 – O diretor financeiro não é diretor de relações com investidores?

Critério para pontuação – Conferiu-se um ponto para as empresas em que as atribuições do

diretor de relações com investidores não fossem acumuladas com as funções de diretor

financeiro.

E – Relacionamento com investidores

Questão 17 – A sociedade tem investidor institucional com mais de 5% do capital da

empresa?

Critério para pontuação – Atribuiu-se um ponto para as empresas que possuíam investidor

institucional com participação igual ou superior a 5% do capital total da empresa.

Questão 18 – A empresa NÃO teve problemas com investidores na CVM nos últimos cinco

anos, NEM esteve inadimplente na entrega de informações OU teve de refazer suas

demonstrações financeiras?

Critério para pontuação – Atribuiu-se um ponto para as empresas que não tiveram problemas

com investidores, nem estiveram inadimplentes ou necessitaram refazer suas demonstrações

financeiras no período investigado.

Questão 19 – A companhia tem mais de 25% de suas ações em free-float?

Critério para pontuação – Atribuiu-se um ponto para as empresas que possuíam mais de 25%

das ações disponíveis para negociação no mercado.

Questão 20 – A empresa oferece tag along além do exigido pelo dispositivo legal?

Critério para pontuação – As empresas com tag along diferenciado obtiveram um ponto nesse

quesito.