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GOVERNO DO ESTADO DO PARANÁ SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO NÚCLEO REGIONAL DA EDUCAÇÃO DE ASSIS CHATEAUBRIAND PROPOSTA CURRICULAR DE LÌNGUA PORTUGUESA/LITERATURA PARA O ENSINO FUNDAMENTAL ASSIS CHATEAUBRIAND - PR 2010

GOVERNO DO ESTADO DO PARANÁ SECRETARIA DE … · O ensino de Língua Portuguesa tem como objeto de estudo a prática discursiva da linguagem: a oralidade, a leitura e a escrita desenvolvida

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GOVERNO DO ESTADO DO PARANÁ

SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO

NÚCLEO REGIONAL DA EDUCAÇÃO DE ASSIS

CHATEAUBRIAND

PROPOSTA CURRICULAR DE LÌNGUA PORTUGUESA/LITERATURAPARA O ENSINO FUNDAMENTAL

ASSIS CHATEAUBRIAND - PR2010

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PROFESSORES PROPONENTES

Ana Fátima Alves Assis Chateaubriand

Giuvana Lorenzini Assis Chateaubriand

Júlia Melli Assis Chateaubriand

Lourdes Rodrigues de Assis Assis Chateaubriand

Luzinete Fátima da Silva Melato Assis Chateaubriand

Melissa Patriarca Correia Borges Assis Chateaubriand

Patrícia Rodrigues Assis Chateuabriand

Rosimeire Cisz Lorenzini Assis Chateaubriand

Silmara Lulu Basseto Assis Chateaubriand

Sônia Regina Pomini Escanholato Assis Chateaubriand

Zenaide Apª Caires Barraques Assis Chateaubriand

Marineide Azevedo

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EMENTA

O ensino de Língua Portuguesa tem como objeto de estudo a prática discursiva da

linguagem: a oralidade, a leitura e a escrita desenvolvida em uma concepção de

língua sócio-interacionista em que os sujeitos estão historicamente inseridos. Neste

sentido, a língua é vista como um discurso que se efetiva nas diferentes situações

de uso, que estabelecem a reação dialógica de sujeitos que constroem e são

construídos em busca do exercício da cidadania.

OBJETIVOS GERAIS

Compreender e usar a Língua Portuguesa como língua materna, geradora de

significação e integradora da organização do mundo e da própria identidade;

Desenvolver e empregar a língua oral em diferentes situações de uso,

sabendo adequá-la a cada contexto interlocutor, descobrindo as intenções

que estão implícitas nos discursos do cotidiano e posicionando-se diante dos

mesmos;

Desenvolver o uso da língua escrita em situações discursivas realizadas por

meio de práticas sociais, considerando-se os interlocutores, os seus objetivos,

o assunto tratado, os gêneros e suportes textuais e o contexto de

produção/leitura;

Refletir sobre os textos produzidos, lidos ou ouvidos, atualizando o gênero e o

tipo de texto, assim como os elementos gramaticais empregados na sua

organização;

Aprimorar, pelo contato com os textos literários, a capacidade de pensamento

crítico e a sensibilidade, estética dos alunos, propiciando, através da

literatura, a constituição de um espaço dialógico que permita a expansão

lúdica do trabalho como as práticas da oralidade, da leitura e da escrita;

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Manifestar ideias e opiniões em espaços privados em situações formais e

informais;

Aprender ouvir e responder, interagir, produzindo textos adequados;

Ser capaz de dar opiniões criando sentido para a comunicação do

pensamento;

Confrontar opiniões e ponto de vista sobre diferentes manifestações da

linguagem verbal.

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CONTEÚDOS ESTRUTURANTES E CONTEÚDOS ESPECÍFICOS

5 ª SÉRIE

ORALIDADE LEITURA ESCRITA

Relatos (experiências pessoais,

histórias familiares, causos, contos

populares, brincadeira,

acontecimentos, eventos, textos

literários ou informativos, programas de

TV, filmes, entrevistas, etc);

Debates (assuntos lidos,

acontecimentos, situações polêmicas

contemporâneas, filmes, programas,

etc);

Criação (histórias, quadrinhas, piadas,

charadas, adivinhações, paródias, etc);

Recitar poesias;

Dramatização.

Prática de leitura de textos curtos e

longos, informativos e ficcionais de

forma oral, silenciosa e dialogada

(crônicas, contos, fábulas, notícias,

entrevistas, depoimentos,

correspondências, e-mails,

pesquisas, poesias e poemas,

anedotas, adivinhações, cartazes,

fotos, figuras, desenhos, quadros e

caricaturas).

No que se refere à produção de textos:

Produção de textos ficcionais e

informativos (narrativos – descritivos,

poesias, receitas, bilhetes, cartas, e-

mails, textos de opinião, histórias em

quadrinhos, etc.).

Análise LinguísticaA análise lingüística deverá, partindo do

texto, explorar a função que os

elementos lingüísticos desempenham

na construção de sentido do mesmo.

Nesse sentido priorizar-se-á, sem

exclusividade.

No que se refere ao conteúdo:Clareza;

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Coerência;

Argumentação.

No que se refere à estrutura:Processo de coordenação na

construção das orações;

Uso de recursos coesivos (conjunções,

advérbios, pronomes, etc.);

A organização de parágrafos;

Pontuação.

No que se refere à expressão:Adequação a norma padrão

(concordância verbal e nominal,

regência verbal e nominal, conjugação

verbal).

No que se refere à organização gráfica dos textos:

Ortografia;

Acentuação;

Recursos gráficos visuais (margem,

título, etc.).

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6 ª SÉRIE

ORALIDADE LEITURA ESCRITA

Relatos de experiências pessoais;

Brincadeiras;

Leitura de textos;

Relatos de programas ou filmes;

Debates;

Piadas;

Charadas;

Avisos;

Convite;

Entrevista oral;

Dramatização;

Músicas;

Declamação de poesias;

Interpretação oral de textos.

Crônicas;

Fábulas;

Contos;

História em quadrinhos;

Piadas;

Poesias;

Notícias;

Reportagens;

Entrevistas;

Parábolas;

Imagens;

Textos publicitários;

Charges;

Apólogo.

Produção de sínteses;

Texto descritivo;

Texto narrativo;

Receitas;

Diários pessoais;

Cartas;

Bilhetes;

Poemas;

Acrósticos;

História em quadrinho;

Fábulas;

Textos publicitários;

Classificados;

Contos;

Charge;

Tira;

Entre outros.

ANÁLISE LINGÜÍSTICA

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A análise lingüística deverá, partindo

do texto, explorar a função que os

elementos lingüísticos

desempenham na construção de

sentido do mesmo. Nesse sentido

priorizar-se-á, sem exclusividade;

No que se refere ao conteúdo: Clareza;

Coerência;

Argumentação.

No que se refere à estrutura: Processo de coordenação na

construção das orações;

Uso de recursos coesivos

(conjunções, advérbios,

pronomes, etc.);

A organização de parágrafos;

Pontuação.

No que se refere à expressão:

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Adequação a norma padrão

(concordância verbal e nominal,

regência verbal e nominal,

conjugação verbal).

No que se refere à organização gráfica dos textos: Ortografia;

Acentuação;

Recursos gráficos visuais

(margem, título, etc.)

7 ª SÉRIE

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ORALIDADE LEITURA ESCRITA

Relatos (experiências pessoais,

histórias familiares, brincadeiras,

acontecimentos, eventos, textos lidos,

programas de TV, filmes, entrevistas);

Debates sobre assuntos lidos,

acontecimentos, situações polêmicas

contemporâneas, filmes, programas,

apresentação de trabalhos,

seminários;

Criação (histórias, quadrinhas,

placas, charadas, adivinhações);

Mensagens;

Diálogos;

Dramatizações;

Exposições orais de histórias;

Paródias;

Piadas;

Parlendas;

Cantigas;

Relatos de causos, contos populares;

Leitura oral, silenciosa, dialogada,

coral de diferentes textos: narrativos,

descritivos, informativos, poemas,

receitas, bilhetes, cartas, e-mails,

texto de opinião, contos, crônicas,

causos, apólogos, fábulas, parábolas,

romances, jornalísticos, reportagens,

símbolos, imagens, logotipos,

publicitários, classificados,

estatísticos, placas, outdoors,

charges.

Textos literários e não-literários;

Ilustrações;

Textos científicos.

Entre outros.

Produzir textos diversos (tipologia

textual): Narrativos, descritivos,

dissertativos, argumentativos,

informativos, poemas, receitas,

bilhetes, cartas, E-mails, texto de

opinião, contos, crônicas, causos,

apólogos, fábulas, parábolas,

romances, jornalísticos, reportagens,

símbolos, imagens, logotipos,

publicitários, classificados,

estatísticos, placas, outdoors,

charges.

Textos literários e não-literários;

Ilustrações;

Textos científicos;

Entre outros.

Análise Lingüística A análise lingüística deverá, partindo

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Interpretação oral de textos;

Declamação de poesias;

Contação de histórias;

Entre outros.

do texto, explorar a função que os

elementos lingüísticos

desempenham na construção de

sentido do mesmo. Nesse sentido

priorizar-se-á, sem exclusividade:

Clareza;

Coerência;

Argumentação.

No que se refere à estrutura: Processo de coordenação na

construção das orações;

Uso de recursos coesivos

(conjunções, advérbios, pronomes,

etc.);

A organização de parágrafos;

Pontuação.

No que se refere à expressão: Adequação a norma padrão

(concordância verbal e nominal,

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regência verbal e nominal,

conjugação verbal).

No que se refere à organização gráfica dos textos: Ortografia;

Acentuação;

Recursos gráficos visuais (margem,

título, etc);

Classes gramaticais;

Sujeito e Predicado;

Crase;

Palavras parônimas;

Discurso Direto e Indireto;

Polissemia.

8 ª SÉRIE

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ORALIDADE LEITURA ESCRITA

Relatos – experiências pessoais,

histórias familiares, brincadeiras,

acontecimentos, eventos, textos

lidos, programas de TV, filmes,

entrevistas;

Debates sobre assuntos lidos,

acontecimentos, situações polêmicas

contemporâneas, filmes, programas,

apresentação de trabalhos,

seminários;

Criação – histórias, quadrinhas,

placas, charadas, adivinhações;

Mensagem, diálogo, dramatização,

exposição oral de histórias, paródia,

piadas, parlendas, cantigas;

Relatos de causos, contos populares;

Interpretação oral de textos,

dramatizações;

Recitar poesias;

Contação histórias.

Leitura oral, silenciosa, dialogada,

coral de diferentes textos: narrativos,

descritivos, informativos, poemas,

receitas, bilhete, cartas, E-mail, texto

de opinião, contos, crônicas, causos,

apólogos, fábulas, parábolas,

romances, jornalísticos, reportagens,

símbolos, imagens, logotipos,

publicitários, classificados,

estatísticos, placas, outdoors,

charges;

Textos literários e não-literários;

Ilustrações;

Texto científico;

Processo e contexto de produção;

Confronto de idéias e argumentação;

Leitura contrastiva;

Fluência, entonação, ritmo quanto ao

seu valor expressivo e sua relação

com os sinais de pontuação;

Produzir textos diversos (tipologia

textual): Narrativos, descritivos,

dissertativos, argumentativos,

informativos, poemas, receitas,

bilhete, cartas, E-mail, texto de

opinião, contos, crônicas, causos,

apólogos, fábulas, parábolas,

romances, jornalísticos, reportagens,

símbolos, imagens, logotipos,

publicitários, classificados,

estatísticos, placas, outdoors,

charges;

Textos literários e não-literários;

Ilustrações;

Texto científico;

Entre outros.

A análise lingüística deverá, partindo

do texto, explorar a função que os

elementos lingüísticos desempenham

na construção de sentido do mesmo.

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Nível de argumentação. Nesse sentido priorizar-se-á, sem

exclusividade:

• Estrutura do texto;

• Coerência – seqüência

lógica;

• Recursos coesivos;

• Organização de parágrafos;

• Pontuação;

• Acentuação;

• Adequação da escrita à

norma padrão;

• Clareza;

• Coerência;

• Argumentação.

No que se refere à estrutura:• Processo de coordenação na

construção das orações;

• Uso de recursos coesivos

(conjunções, advérbios,

pronomes, etc.);

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• A organização de parágrafos;

No que se refere à expressão:

• Adequação a norma padrão

(concordância verbal e

nominal, regência verbal e

nominal, conjugação verbal).

No que se refere à organização gráfica dos textos:

• Ortografia;

• Recursos gráficos visuais

(margem, título, etc.);

• Classes gramaticais;

• Sujeito e Predicado;

• Crase;

• Palavras parônimas;

• Discurso Direto e Indireto;

• Polissemia.

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METODOLOGIA

A seleção de conteúdos deve considerar o aluno como sujeito de um processo

histórico, social, detentor de um repertório linguístico que precisa ser considerado na

busca da ampliação de sua competência comunicativa assumindo o discurso como

conteúdo estruturante da disciplina. Sendo assim, as indicações que seguem

precisam ser problematizadas a partir da pesquisa, reflexão, discernimento e

comprometimento de cada profissional da educação tomando “a língua em sua

integridade concreta e viva” (BAKHTIN, 1997) desenvolvida nas práticas de

oralidade, leitura e escrita, análise linguística e literatura.

Com relação ao ensino de literatura a abordagem metodológica tomará como

referência o método recepcional ( BORDINI & AGUIAR) proposto pelas DCE's nas

seguintes etapas: determinação do horizonte de expectativa do aluno/leitor,

atendimento ao horizonte de expectativas, ruptura do horizonte de expectativas,

questionamento do horizonte de expectativas e a ampliação do horizonte de

expectativas.

ORALIDADE

De acordo com Marcuschi (2001), a oralidade é vista como uma “prática social

interativa” utilizada em momentos de comunicação através de vários gêneros e

formas com fundamentação na realidade sonora. Ela parte da informalidade para a

formalidade em situações de uso diversas.

A fala como conteúdo implica conhecimentos relativos às variedades linguísticas e

às diferentes construções da língua, inclusive quanto aos aspectos argumentativos

do discurso, precisam ser desenvolvidas em sala de aula atividades que favoreçam

o desenvolvimento das habilidades de falar e ouvir, como as relacionadas a seguir:

Apresentação de temas variados: histórias de família, da comunidade, um

filme, um livro etc;

Depoimentos sobre situações significativas vivenciadas pelo próprio aluno ou

pessoas de seu convívio;

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Uso do discurso oral para emitir opiniões, justificar ou defender opções

tomadas, colher e dar informações, fazer e dar entrevistas, apresentar

resumos, expor programações, dar avisos, fazer convites etc;

Confronto entre os mesmos níveis de registros de forma a constatar as

similaridades e diferenças entre as modalidades oral e escrita;

Relato de acontecimentos, mantendo-se a unidade temática;

Debates, seminários, júris-simulados e outras atividades que possibilitem o

desenvolvimento da argumentação;

Análise de entrevistas televisivas ou radiofônicas a partir de gravações para

serem ouvidas, transcritas e analisadas, observando-se as pausas,

hesitações, truncamentos, mudanças de construção textual, descontinuidade

do discurso, grau de formalidade, comparação com outros textos, etc.

Nessas e em outras atividades que envolvem o discurso oral, duas questões devem

ser enfatizadas:

1) Embora a modalidade oral e a modalidade escrita da língua apresentem

similaridades e mútuas influências, têm também diferenças que precisam ser

refletidas: a fala é, em geral, não planejada, fragmentária, incompleta, pouco

elaborada e apresenta comumente frases curtas, simples ou coordenadas, além do

fato de a interação dar-se face-a-face e vir complementada com recursos

extralinguísticos; já a escrita é planejada, não - fragmentária, completa, elaborada e

tem predominância de frases complexas e subordinadas (KOCH, 1995).

2) O saber ouvir, escutar com atenção e respeito os mais diferentes tipos de

interlocutores é fundamental. Se não houver ouvinte, a interação não acontece.

Logo, é preciso desenvolver a sensibilidade de saber ouvir o outro, o que favorece,

inclusive, a convivência social.

LEITURA

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A leitura precisa ser vista, na escola, como uma prática consistente do leitor perante

a realidade. É necessário saber que no processo de formação de leitores, a

dificuldade advém de questões práticas, internas de sala de aula, muitas vezes

conflitantes, tudo isso permeado pela não clareza do significado do ato de ler.

Um texto fornece várias informações, conhecimentos, opiniões que, uma vez

socializados pela turma, favorecem a reflexão e ampliação de sentido sobre o que

foi lido. Assim, é importante que a leitura seja vista em função de uma concepção

interacionista de linguagem, segundo a qual busca-se formar leitores no âmbito

escolar. Como diz Bakhtin (1986), o texto deve ser entendido como um veículo de

intervenção no mundo, ao mesmo tempo em que está articulado ao modo de

produção social.

O que não pode ocorrer é que a leitura seja feita somente a partir dos livros

didáticos. O professor pode propor uma infinidade de textos, porém, a fim de

desenvolver a subjetividade do aluno, deve considerar, também, a preferência e a

opinião dele ao selecioná-los.

Algumas estratégias podem favorecer, na escola, o envolvimento com a leitura,

como: cercar os alunos de livros que possam ser folheados, selecionados e levados

para casa; proporcionar um ambiente iluminado e atrativo; organizar exposições de

livros; ler trechos de obras e expô-los em cartazes; produzir, com os alunos, um

quadro de avisos sobre o prazer de ler, ilustrado com seus temas preferidos; leitura

oral, desde poemas até histórias prediletas; o professor pode comentar com os

alunos o que está lendo e vice-versa; trazer convidados para ler e comentar sua

história de leitura com a classe; produzir coletivamente peças de teatro e

dramatizações sobre textos lidos; discutir, antes da leitura, o título e as ilustrações

da história; encontrar músicas apropriadas para o momento da leitura; criar

momentos em que alunos exponham suas ideias, opiniões e experiências de leitura;

não vincular a leitura a questionários, trabalhos puramente escritos e cansativos;

organizar um clube do livro, para que os alunos se reúnam para a realização de

leitura extra-classe; escolher o autor do mês ou do bimestre e trabalhar a leitura de

suas obras.

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Ainda no que se refere ao trabalho com a literatura, há que se considerar a

necessidade da escolha de métodos que orientarão o estudo de tais textos. Para

tanto, o conhecimento de teorias literárias que o professor possui precisa ser

revisitado e realimentado com frequência para que se possa definir a medida do

alcance da abordagem metodológica com a qual se dará o estudo dos textos

literários. Segundo BORDINI E AGUIAR as mais correntes concepções do literário

podem ser agrupadas em duas classes principais: as que valorizam o discurso

linguístico e suas representações ideais, como a estilística, a fenomenologia, o

formalismo russo, o estruturalismo e a semiologia, e as que valorizam a equivalência

entre o universo criado e o universo real, como a teoria de Aristóteles, a sociologia

literária e a estética da recepção. Frequentemente, teóricos de um ou outro lado

ultrapassam essas fronteiras, mas a partir delas podem-se traçar algumas diretrizes

que facilitem ao professor a tomada de decisões nessa área prioritária do ensino de

literatura. (1993, p.30).

Em consonância com a concepção sócio-interacionista da linguagem que é base

desta proposta de ensino de Língua Portuguesa, pode-se destacar dos estudos de

BAKHTIN sobre a literatura, a enunciação, o dialogismo e o conceito de

heteroglossia, ou seja, as intenções que permeiam as diferentes vozes presentes na

obra literária e que revelam interesses e ideologias do grupo ou dos diversos grupos

sociais representados nela.

Outro aspecto fundamental a ser considerado dentro das estratégias de leitura é

possibilitar ao aluno a “percepção e reconhecimento – mesmo que

inconscientemente – dos elementos de linguagem que o texto manipula” (LAJOLO

2001, p.45).

A partir desses conceitos, o trabalho com a literatura em sala de aula permite que o

aluno perceba seu papel na interação com o texto, uma vez que este carrega em si

ideologias, mas somente a partir da visão de mundo de quem o lê, em um

determinado tempo histórico, é possível estabelecer relações que venham aceitar ou

refutar os valores ali presentes.

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Essa abordagem de ensino pode contemplar diferentes gêneros textuais, assim

como diferentes meios de comunicação, televisão, cinema, teatro, uma vez que

pretende um leitor capaz de desvendar posicionamentos ideológicos que se fazem

presentes no meio social e cultural que o cerca.

A produção de significados, que implica uma relação dinâmica entre autor/leitor e

entre aluno/professor, de forma compartilhada, configura-se como uma prática ativa,

crítica e transformadora, que possibilita abarcar diferentes tipos de textos e gêneros

textuais. Além dos literários, como os citados acima, pode-se contemplar também os

textos de imprensa, dentre os quais destacam-se: notícias, editoriais, artigos,

reportagens, cartas de leitores, entrevistas. Como exemplos de textos lúdicos, tem-

se os trava-línguas, quadrinhas, adivinhas, parlendas e piadas. Verbetes

enciclopédicos, relatórios de experiências, artigos e textos didáticos estão entre os

textos de divulgação científica que precisam, também, ser trabalhados no Ensino

Fundamental, assim como os textos de publicidade (propagandas, classificados),

dentre outros tantos.

ESCRITA

O trabalho com a escrita apresenta algumas dificuldades devido à complexidade de

articulação com o conceito de língua. Sendo assim, ao ligar o texto à gramática

tradicional corre-se o risco de empobrecê-lo. A escrita deve ser pensada e

trabalhada em uma perspectiva discursiva que aborda o texto como unidade

potencializadora de sentidos, através da prática textual. Prática esta não ligada

apenas à norma padrão, pois a assimilação da escrita em que não há reducionismo

linguístico, autoritarismo e a desconsideração pela linguagem do aluno tende a ser

mais eficiente.

É incoerente também considerar o domínio da escrita como algo inato,uma dádiva

restrita a uma meia dúzia de sujeitos. Uma das consequências imediatas desse

discurso sobre a escrita é distanciá-la dos alunos. É um discurso no mínimo

paradoxal, no mesmo instante que a escrita é supervalorizada, o trabalho em sala de

aula, quando descontextualizado, a trata como um mero exercício para preencher o

tempo. PÉCORA (1983) diz que as produções de texto são menos um espaço de

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intersubjetividades do que exercícios vazios de qualquer significação. O aluno

precisa antes de tudo compreender os mecanismos de funcionamento de um texto,

que são diversos da oralidade. E depois de internalizar essas diferenças, pode

amadurecer na produção de textos cuja intenção é provocar uma ação no mundo.

As posturas sobre a escrita interferem de modo significativo nas aulas de produção

de texto. Diante de uma folha repleta de linhas a serem preenchidas, de um tema

escolhido aleatoriamente, os alunos só podem recorrer ao que Pécora (1983 p.68)

chama de “estratégias de preenchimento”.

Pensar a prática da escrita é ter em mente que tanto o professor quanto o aluno

necessitam, primeiramente, planejar o que será produzido; em seguida escrever a

primeira versão sobre a proposta apresentada e, finalmente, revisar, reestruturar e

reescrever esse texto. Havendo necessidade, tais atividades devem ser retomadas,

analisadas e avaliadas durante todo processo de ensino e de aprendizagem. É bom

lembrar que estas etapas são interdependentes e intercomplementares.

Por meio deste processo, em que o aluno cria o hábito de planejar, escrever, revisar

e reescrever seus textos, ele perceberá que a reformulação da escrita não é motivo

para constrangimento, não caracteriza que o texto ficou “errado” e, sim, que é

possível produzir textos que refletem seus pontos de vista, suas fantasias e sua

criatividade, através da troca de uma palavra por outra, de um sinal de pontuação

por outro, do acréscimo ou da exclusão de uma ideia etc.

Também vale lembrar que, quando há uma proposta de produção escrita, é

necessário saber quem será o leitor deste texto, quem será o seu destinatário.

Considerando que há o “outro”, a interação proposta tende a ser contemplada.

Realizado todo esse processo, é importante garantir a socialização da produção

textual, seja afixando no mural da escola os textos de alguns alunos (neste caso,

convém fazer um rodízio, para que todos os alunos tenham seus textos no mural),

seja reunindo os diversos textos em uma coletânea, ou publicando-os no jornal da

escola, por exemplo. Dessa forma, além de se recuperar o caráter interlocutivo da

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linguagem, garante-se a constituição dos autores dos diferentes textos e dos seus

possíveis leitores em sujeitos do fazer linguístico.

Quanto aos gêneros previstos para a prática da produção de texto, podem ser

trabalhados, dentre outros, relatos (histórias de vida); bilhetes, cartas, cartazes,

avisos (textos pragmáticos); poemas, contos e crônicas (textos literários); notícias,

editoriais, cartas de leitor e entrevistas (textos de imprensa); relatórios, resumos de

artigo e verbetes de enciclopédia (textos de divulgação científica). Assim, essa

prática orientará não apenas a produção de textos significativos, como incentivará a

prática da leitura.

ANÁLISE LINGÜÍSTICA

O objetivo dessa proposta é formar usuários competentes da língua que, através da

fala, escrita e leitura, exercitem a linguagem de forma consistente e flexível,

adaptando-se a diferentes situações de uso. Não é possível atender a esse objetivo

se o ensino privilegiar uma única forma de análise dos fenômenos linguísticos.

É necessário explicitar a noção de erro. Enquanto a gramática normativa toma como

erro qualquer transgressão a suas regras, as outras o relativizam.

O erro estaria menos relacionado à transgressão que a adequabilidade e

aceitabilidade dentro de uma variante linguística (BAGNO, 2003). Dessa forma,

quanto mais variado for o contato do aluno com diferentes tipos e gêneros textuais,

mais fácil será assimilar as regularidades que determinam o uso da norma padrão.

Vale lembrar que um texto se faz a partir de elementos como organização, unidade,

coerência, coesão, clareza, dentre outros.

A questão aqui não é se o professor pode ou não trabalhar a gramática normativa

com seus alunos, mas, em que medida ela dá conta da complexidade do texto, uma

vez que se restringe aos limites da oração. Considerando a interlocução como ponto

de partida para todo o trabalho com o texto, os conteúdos gramaticais devem ser

estudados a partir de seus aspectos funcionais na constituição da unidade de

sentido dos enunciados. Daí a importância de se considerar não só a gramática

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normativa, mas também, outras como a descritiva e a internalizada no processo de

ensino de Língua Portuguesa.

Cabe ao professor planejar e desenvolver atividades que possibilitem aos alunos a

reflexão sobre seu próprio texto – tais como atividades de revisão, de reestruturação

ou refacção do texto, de análise coletiva de um texto selecionado e sobre outros

textos, de diversos gêneros, que circulam no contexto escolar e extra-escolar. O

estudo do texto e da sua organização sintático-semântica permite ao professor a

exploração das categorias gramaticais, conforme cada texto em análise. Mas ele

não deve perder de vista que, nesse estudo, o que vale não é a categoria em si: é a

função que ela desempenha para os sentidos do texto. Como afirma Antunes,

“mesmo quando se está fazendo a análise lingüística de categorias gramaticais, o

objeto de estudo é o texto” (ANTUNES, 2003, p. 121).

CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO

Esta proposta entende a avaliação como parte integrante do processo educativo e

como tal ela deve ser contínua e priorizar a qualidade e o processo de

aprendizagem sendo, portanto, formativa. Para avaliar, nesta perspectiva, o

professor utiliza a observação diária e instrumentos variados, selecionados de

acordo com cada conteúdo e/ou objetivo e a ênfase deve ser na aprendizagem e

não na nota. Considera-se que os alunos possuem ritmos e processos de

aprendizagem diferentes e por a avaliação ser contínua e diagnóstica aponta as

dificuldades possibilitando assim, que a intervenção pedagógica aconteça a todo

tempo.

Diante dessas considerações sobre a avaliação como um todo e reconhecendo a

função interativa, dialógica e discursiva da linguagem, a avaliação precisa dar ao

professor pistas concretas do caminho que o aluno está trilhando para se apropriar,

efetivamente, das atividades verbais da fala, da leitura e da escrita.

Nessa perspectiva, a oralidade será avaliada considerando a participação do aluno

nos diálogos, relatos e discussões, a clareza que ele mostra ao expor seus pontos

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de vista e, de modo especial, a sua capacidade de adequar o discurso/texto aos

diferentes interlocutores e situações.

Quanto à leitura, o professor pode propor aos alunos questões abertas, discussões,

debates e outras atividades que lhe permitam avaliar as estratégias que eles

empregaram no decorrer da leitura, na compreensão do texto lido e no seu

posicionamento diante do tema, bem como valorizar a reflexão que o aluno faz a

partir do texto.

Em relação à escrita, é preciso haver clareza na reposta de produção textual; os

parâmetros em relação ao que vai se avaliar devem estar bem definidos para o

professor e para o aluno. Na produção textual, os critérios de avaliação tomam como

base às condições de produção.

A avaliação, portanto, deve ser ampla e aberta, lenta e cuidadosa, refletindo sobre o

seu papel antes e depois, profunda e contínua para verificar o avanço na

aprendizagem.

REFERÊNCIAS

PARANÁ. Secretaria de Estado da Educação. Diretrizes curriculares de Língua Portuguesa/Literatura. Versão preliminar, 2006.

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GOVERNO DO ESTADO DO PARANÁ

SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO

NÚCLEO REGIONAL DA EDUCAÇÃO DE ASSIS CHATEAUBRIAND

PROPOSTA CURRICULAR DE LÍNGUA PORTUGUESA/LITERATURAPARA O ENSINO MÉDIO

ASSIS CHATEAUBRIAND - PR2010

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PROFESSORES PROPONENTES

Ana Fátima Alves Assis Chateaubriand

Giuvana Lorenzini Assis Chateaubriand

Júlia Melli Assis Chateaubriand

Lourdes Rodrigues de Assis Assis Chateaubriand

Luzinete Fátima da Silva Melato Assis Chateaubriand

Melissa Patriarca Correia Borges Assis Chateaubriand

Patrícia Rodrigues Assis Chateuabriand

Rosimeire Cisz Lorenzini Assis Chateaubriand

Silmara Lulu Basseto Assis Chateaubriand

Sônia Regina Pomini Escanholato Assis Chateaubriand

Zenaide Apª Caires Barraques Assis Chateaubriand

COORDENAÇÃO

Ana Paula Romão da Silva Núcleo Regional de Educação

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EMENTA

O ensino de Língua Portuguesa tem como objeto de estudo a prática discursiva da

linguagem: a oralidade, a leitura e a escrita desenvolvida em uma concepção de

língua sociointeracionista em que os sujeitos estão historicamente inseridos. Neste

sentido, a língua é vista como um discurso que se efetiva nas diferentes situações

de uso, que estabelecem a reação dialógica de sujeitos que constroem e são

construídos em busca do exercício da cidadania.

No ensino de literatura, tem a Língua Portuguesa a tarefa de propiciar informações

que desenvolvam um modo de pensar histórico das questões culturais para que os

alunos adquiram assim uma compreensão melhor do momento que estão vivendo.

Todo esse estudo levará o aluno a compreender a dinâmica histórico-cultural do

fazer literário e que a boa literatura transcende os limites do seu tempo.

OBJETIVOS GERAIS

Compreender e usar a Língua Portuguesa como língua materna, geradora de

significação e integradora da organização do mundo e da própria identidade;

Desenvolver e empregar a língua oral em diferentes situações de uso,

sabendo adequá-la a cada contexto interlocutor, descobrindo as intenções

que estão implícitas nos discursos do cotidiano e posicionando-se diante dos

mesmos;

Desenvolver o uso da língua escrita em situações discursivas realizadas por

meio de práticas sociais, considerando-se os interlocutores, os seus objetivos,

o assunto tratado, os gêneros e suportes textuais e o contexto de

produção/leitura;

Refletir sobre os textos produzidos, lidos ou ouvidos, atualizando o gênero e o

tipo de texto, assim como os elementos gramaticais empregados na sua

organização;

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Aprimorar, pelo contato com os textos literários, a capacidade de pensamento

crítico e a sensibilidade, estética dos alunos, propiciando, através da

literatura, a constituição de um espaço dialógico que permita a expansão

lúdica do trabalho como as práticas da oralidade, da leitura e da escrita;

Manifestar idéias e opiniões em espaços privados em situações formais e

informais;

Aprender ouvir e responder, interagir, produzindo textos adequados;

Ser capaz de dar opiniões criando sentido para a comunicação do

pensamento;

Confrontar opiniões e ponto de vista sobre diferentes manifestações da

linguagem verbal.

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CONTEÚDOS ESTRUTURANTES E CONTEÚDOS ESPECÍFICOS

1 ª SÉRIE

ORALIDADE LEITURA ESCRITA

Leitura oral, dialogada, jogralizada,

em coro;

Relatos: experiências pessoais,

histórias familiares, eventos, textos

lidos;

Programas de tv;

Interpretação oral de textos;

Troca de opiniões;

Declamação de poesias;

Cantos;

Representação teatral;

Debates sobre temas polêmicos,

programas de tv e filmes;

Entre outros que se relacionem com a

multiplicidade dos gêneros textuais.

Leitura compreensiva e contrastiva de

diferentes textos: narrativos,

descritivos, poemas, contos, crônicas,

romances, apólogos, fábulas,

resumos, parábolas;

Leitura de filmes;

Leitura de textos não verbais: fotos,

obras de arte;

Textos jornalísticos: artigos,

reportagens, etc;

Entre outros que se relacionem com a

multiplicidade dos gêneros textuais.

Produção de textos: narrativos,

descritivos, poemas, contos,

crônicas, apólogos, fábulas,

resumos e parábolas;

Resumos resenhas críticas,

informativos, argumentativos,

entrevistas, jornalísticos, paródias;

Entre outros que se relacionem com

a multiplicidade dos gêneros

textuais.

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LITERATURA No trabalho com a literatura deverão

ser priorizados, sem exclusividade,

textos do Barroco, Arcadismo e

Romantismo, estabelecendo, sempre

que possível, relação com textos

produzidos em outras escolas

literárias, em outros contextos e

também por outras modalidades

artísticas, considerando sempre o

método rizomático, presente nas

DCEs.

ANÁLISE LINGÜÍSTICA (principais itens da gramática)

A análise lingüística deverá, partindo

do texto, explorar a função que os

elementos lingüísticos

desempenham na construção de

sentido do mesmo. Nesse sentido

priorizar-se-á, sem exclusividade:

• Elementos coesivos;

• Fatores de coerência;

• Regência verbal e nominal;

• Concordância verbal e nominal;

• Pontuação

• Ortografia;

• Acentuação;

• Outros que se fizerem necessários;

• Ortografia;

• Acentuação.

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2 ª SÉRIE

ORALIDADE LEITURA ESCRITA

Debates;

Troca de opiniões;

Declamação de poemas;

Representação teatral;

Relatos de experiências;

Análise da diversidade de linguagens;

A linguagem adequada às diferentes

circunstâncias (interlocutores,

assuntos, intenções);

Interpretação oral de diversos textos;

Apresentação de trabalhos.

Entre outros que se relacionem com a

multiplicidade dos gêneros textuais.

Leitura compreensiva e contrastiva

de diferentes textos: poéticos,

informativos, científicos,

argumentativos, jornalísticos,

publicitários, estatísticos, resenhas

críticas, resumos, classificados,

entrevistas, infográficos;

Letra de filmes;

Leitura de textos não verbais: fotos,

charges, obras de arte;

Contos, crônicas, romances,

novelas, cartas.

Entre outros que se relacionem com

a multiplicidade dos gêneros

textuais.

Produção de textos: poemas, resumos

resenhas críticas, informativos, textos

de instrução, argumentativos,

entrevistas, cartas, textos jornalísticos,

paródias.

Entre outros que se relacionem com a

multiplicidade dos gêneros textuais.

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LITERATURA No trabalho com a literatura

deverão ser priorizados, sem

exclusividade, textos do Realismo,

Naturalismo, Parnasianismo,

Simbolismo, estabelecendo, sempre

que possível, relação com textos

produzidos em outras escolas

literárias, em outros contextos e

também por outras modalidades

artísticas, considerando sempre o

método rizomático, presente nas

DCEs.

ANÁLISE LINGÜÍSTICA (principais itens da gramática)

A análise lingüística deverá, partindo

do texto, explorar a função que os

elementos lingüísticos desempenham

na construção de sentido do mesmo.

Nesse sentido priorizar-se-á, sem

exclusividade:

• Elementos coesivos;

• Fatores de coerência;

• Regência verbal e nominal;

• Concordância verbal e nominal;

• Pontuação;

• Ortografia;

• Acentuação;

• Outros que se fizerem necessários.

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3 ª SÉRIE

ORALIDADE LEITURA ESCRITA

Seminários;

Interpretação;

De textos;

Declamação;

Contação de histórias.

Relatos:

• Experiências pessoais;

• Histórias, costumes, crenças

familiares;

• Brincadeiras;

• Acontecimentos;

• Eventos;

• Textos lidos;

• Programas de TV;

• Filmes;

• Entrevistas;

Leitura e produção de sentido dos

mais variados gêneros circulantes.

Leitura/produção de sentido coletiva

(professor para o aluno e professor e

alunos).

Leitura de textos orais:

• Jornais televisivos;

• Telenovelas;

• Discursos político;

• Acontecimentos, etc.

Leitura de textos não-verbais.

Leitura jogralizada.

Produção de textos de diversos

gêneros:

• Narrativos;

• Descritivos;

• Dissertativo-argumentativos.

• Literários e não-literários;

• Científicos (produzidos

interdisciplinarmente);

• Publicitários;

• Resumos;

• Fichas de leitura;

• Entrevistas;

• Esquemas;

• Sínteses.

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• Causos, contos populares,

lenda, etc.

Debates:

• Assuntos lidos;

• Acontecimentos;

• Situações polêmicas

contemporâneas;

• Filmes;

• Programas;

• Apresentação de trabalhos;

• Seminários;

• Entre outros que se relacionem

com a multiplicidade dos

gêneros textuais.

Entre outros que se relacionem com a

multiplicidade dos gêneros textuais.

LITERATURA No trabalho com a literatura deverão

ser priorizados, sem exclusividade,

textos do Pré-modernismo, do

Modernismo e da Literatura

Contemporânea, estabelecendo,

sempre que possível, relação com

textos produzidos em outras escolas

literárias, em outros contextos e

também por outras modalidades

artísticas, considerando sempre o

método rizomático, presente nas

DCEs.

Reestruturação dos textos

produzidos.

Entre outros que se relacionem com

a multiplicidade dos gêneros

textuais.

ANÁLISE LINGÜÍSTICA (principais itens da gramática)

A análise lingüística deverá, partindo

do texto, explorar a função que os

elementos lingüísticos

desempenham na construção de

sentido do mesmo. Nesse sentido

priorizar-se-á, sem exclusividade:

Elementos coesivos;

Fatores de coerência;

Regência verbal e nominal;

Concordância verbal e nominal;

Pontuação

Outros que se fizerem necessários.

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METODOLOGIA

ORALIDADE

As possibilidades de trabalho com a oralidade são muito ricas e apontam diferentes

caminhos. Considerando-se a língua em sua perspectiva histórica e social, esse

trabalho precisa pautar-se em situações reais de uso da fala, valorizando-se a

produção de discursos nos quais o aluno realmente se constitua como sujeito do

processo interativo.

No processo de ensino e aprendizagem da língua, tomar como ponto de partida os

conhecimentos lingüísticos dos alunos, promovendo situações que os incentivem a

falar, ainda que do “seu jeito”, ou seja, fazendo uso da variedade de linguagem que

eles empregam em suas interações familiares, no cotidiano. Devemos lembrar que

a criança, quando chega à escola, já domina a oralidade, pois cresce ouvindo e

falando a língua na interação com o outro, seja através das cantigas, das narrativas,

dos causos contados no seu grupo social, do diálogo dos falantes que a cercam no

dia-a-dia ou até mesmo possibilitem ao aluno tornar-se um falante cada vez mais

ativo e competente, capaz de compreender os discursos dos outros e de organizar

os seus de forma clara, coesa, coerente.

Do ponto de vista sociolingüístico, nada há nas variações lingüísticas que se possa

considerar bom ou ruim, melhor ou pior, primitivo ou elaborado, pois todas as

variedades constituem sistemas lingüísticos perfeitamente adequados, falares que

atendem a diferentes propósitos comunicativos, dadas as práticas sociais e os

hábitos culturais das comunidades. Não se devem tomar as variedades lingüísticas

como pretexto para discriminação social dos sujeitos, mas promover o diálogo entre

os diferentes falares, ressaltando a necessidade de sua seleção e adequação às

circunstâncias do processo de interlocução. Isso não significa uma valorização

excessiva das variedades em detrimento da norma padrão, ao contrário, a sala de

aula deve ser o espaço de apropriação deste conhecimento, pois, para a grande

maioria dos alunos, é o único lugar que lhes possibilita contato com a norma padrão.

É partindo, pois, dessa realidade que o professor deve planejar e desenvolver um

trabalho com a oralidade que, gradativamente, permita ao aluno não só conhecer e

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usar também a outra variedade linguística, a padrão, como também entender a

necessidade desse uso em determinados contextos sociais. Como afirma Soares

(1991), é função da escola e do professor trabalhar com o bidialetalismo, preparando

o aluno para o emprego da língua padrão, mas sabendo que, em situações

informais, ele continuará utilizando o dialeto que lhe é peculiar.

LEITURA

Entende-se a leitura como um processo de produção de sentido que se dá a partir

de interações sociais ou relações dialógicas que acontecem entre o texto e o leitor.

A leitura é co-produtora de sentidos. O leitor, nesse contexto, ganha o mesmo

estatuto do autor e do texto.

A leitura, assim, compreende o contato do aluno com uma ampla variedade de

textos ― discursos produzidos numa igualmente ampla variedade de práticas

sociais; o desenvolvimento de uma atitude crítica de leitura, que leve o aluno a

perceber o sujeito presente nos textos; o desenvolvimento de uma atitude

responsiva diante dos textos. O ato de ler é identificado com o de familiarizar-se com

diferentes textos produzidos em diferentes práticas sociais ― notícias, crônicas,

piadas, poemas, artigos científicos, ensaios, reportagens, propagandas,

informações, charges, romances, contos, etc.―, percebendo em cada texto a

presença de um sujeito histórico, de uma intenção. Ressalte-se, aqui, que não

obstante todo texto pressuponha uma intencionalidade, essa intenção não é

determinante da leitura do texto. A construção dos significados de um texto é de

responsabilidade do leitor. Um leitor pode, inclusive, ler e interpretar um texto para o

qual ele não era o interlocutor originário.

A escola, no processo de leitura, não pode deixar de lado as linguagens não verbais

― a leitura das imagens (fotos, outdoors, propagandas, imagens digitais e virtuais,

figuras) que povoam, com intensidade crescente, nosso universo cotidiano ―

precisa contemplar o multiletramento como suporte e condição para todo o

conhecimento.

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Neste ponto, destaca-se que a perspectiva do multiletramento demanda uma

atenção maior do professor no que diz respeito aos textos midiáticos aos quais, via

emissões televisivas, radiofônicas, virtuais, os alunos têm um maior acesso que aos

textos selecionados no próprio ambiente escolar. Essa demanda tem sido

respondida pelos professores com posições que vão da negação do texto midiático à

sua aceitação sem critério ou sem a necessária crítica. Sabe-se das pressões

uniformizadoras, normalmente voltadas para o consumo ou para a não-reflexão

sobre os problemas estéticos ou sociais, exercidas pelas mídias ao articularem seus

textos. Essa pressão deve ser desvelada com atividades de leitura crítica, que

possibilitem ao estudante a análise dos recursos empregados pelos textos

midiáticos.

As categorias como quem fala e o lugar de onde se fala, tomadas nas teorizações

de Bakhtin, podem ajudar no desvelamento dos sentidos destes textos e das

relações de poder a eles inerentes.

As atividades de leitura devem considerar a formação do leitor e isso implica não só

considerar diferentes leituras de mundo, diferentes experiências de vida e,

conseqüentemente, diferentes leituras, mas também o diálogo dos estudantes com o texto (e não sobre o texto, dirigido pelo professor).

A formação de leitores contará com atividades que contemplem as linhas que tecem

a leitura, que Yunes (1995) aponta como sendo:

Memória: o ato de ler, quando pede a atitude responsiva do leitor,

suscita suas memórias, que guardam seus sonhos, suas opiniões, sua

visão de mundo. O ato de ler convoca o leitor ao ato de pensar;

Intersubjetividade: o ato de leitura é interação não apenas do leitor com

o texto, mas com as vozes presentes nos textos, marcas do uso que os

falantes fazem da língua, discursos que atravessam os textos e os

leitores;

Interpretação: a leitura não acontece no vazio. O encontro de

subjetividades e memórias resulta na interpretação. As perguntas de

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interpretação de textos, que tradicionalmente dirigimos aos alunos,

buscam desvendar um possível mistério do texto e esquecem do

mistério do leitor;

Fruição: a fruição do ato de ler não se esgota ao final da leitura e das

sensações. Ela permanece. E nisso ela difere do prazer que se esgota

rapidamente. Ela decorre de “uma percepção mista de necessidade e

prazer (...)”.(YUNES, 1995, p.194);

Intertextualidade: o ato de ler envolve resposta a muitos textos, em

diferentes linguagens, que antes do ato de leitura permeiam o mundo e

criam uma rede de referências e recriações: palavras, sons, cores,

imagens, versos, ritmos, títulos, gestos, vozes, etc. No ato de ler

enquanto conhecimento de mundo, a memória recupera

intertextualidades.

Além disso, o trabalho com a leitura demanda atividades que percebam a

incompletude dos textos, os vazios que eles apresentam ― implícitos, pressupostos,

subentendidos ― que devem ser preenchidos pelo leitor.

ESCRITA

O exercício da escrita, da produção textual, deve levar em conta a relação

pragmática entre o uso e o aprendizado da língua, percebendo o texto como elo de

interação social e os gêneros como construções coletivas.

LAJOLO (1982, p.60) defende que “as atividades que visem à produção de texto

sejam (também) fundadas numa concepção que privilegie não o texto redigido, mas

o ato de redigir”. Escrita é, antes de tudo, ação, experiência.

A ação com a língua escrita deve valorizar a experiência lingüística do estudante em

situações específicas, e não a língua ideal. A norma real, aquela usada socialmente,

mesmo se tratando da norma padrão ou da norma culta, aprende-se lendo e

escrevendo e não a partir de conceitos. É nas experiências concretas de produção

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de textos que o estudante vai aumentando seu universo referencial e aprimorando

sua competência de escrita. É analisando seu texto segundo as intenções e as

condições de sua produção que ele vai adquirindo a necessária autonomia para

avaliar seus próprios textos e o universo de textos que o cercam. É na experiência

com a escrita que o aluno vai apreender as exigências dessa manifestação

lingüística, o sistema de organização próprio da escrita, diferente da oralidade, da

organização da fala.

Produzir textos argumentativos, descritivos, de notícia, narrativos, cartas ou

memorandos, poemas, abaixo assinados, crônicas ou textos de humor, informativos

ou literários, quaisquer que possam ser os gêneros, deve sempre constituir resposta

a uma intenção e a uma situação, para que o estudante posicione-se como sujeito

daquele texto, daquele discurso, naquela determinada circunstância, naquela esfera

de atuação, e para que ele perceba seu texto como elo de interação, também pleno

de expectativa de atitudes responsivas ativas por parte de seus possíveis leitores.

Também é relevante se lembrar de que o trabalho com a escrita é um processo, e

não algo acabado. Dessa forma, fazem-se necessárias atividades que permitam ao

aluno refletir sobre seu texto e reelaborá-lo. O refazer textual pode ser realizado de

forma individual ou em grupo, considerando sempre a intenção e as circunstâncias

da produção e não a mera “higienização” do texto do aluno, para atender apenas

aos recursos exigidos pela gramática.

A reescrita deve valorizar, antes de tudo, o esforço daquele que escreve, desconfia,

rasga e reescreve, tantas vezes quantas julgar necessárias, até que o texto lhe

pareça bom para atender à intenção e claro para o outro que o lerá. O refazer textual

deve ser, portanto, atividade fundamentada na adequação do texto às exigências

circunstanciais de sua produção e, em função disso, deve ser pensada.

Em relação à escrita, ressalte-se que as condições em que a produção acontece

(quem escreve, o que, para quem, para que, por que, quando, onde e como se

escreve) é que determinam o texto. Além disso, cada gênero textual tem suas

peculiaridades: a composição, a estrutura e o estilo do texto variam conforme se

produza uma história, um poema, um bilhete, uma receita, um texto de opinião, ou

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um outro tipo de texto. Essas e outras composições precisam circular na sala de

aula como experiências reais de uso e não a partir de conceitos e definições de

diferentes modelos de textos.

Nessa perspectiva, as aulas de Língua Portuguesa/Literatura possibilitam aos alunos

a ampliação do uso das linguagens verbais e não verbais através do contato direto

com textos dos mais variados gêneros, engendrados pelas necessidades humanas.

É necessário que a inclusão da diversidade textual dê conta de relacionar os

gêneros com as atividades sociais onde eles se constituem.

Acrescente-se a isso que o fato de a Língua ser o meio e o suporte de outros

conhecimentos torna o professor de Língua Portuguesa um agente eficaz,

propiciador das relações inter e multidisciplinares.

ANÁLISE LINGÜÍSTICA

A análise lingüística (aqui se inclui, também, o trabalho gramatical) deve estar

presente no ensino de Línguas como ferramenta que perpasse as atividades de

leitura, oralidade e escrita.

A fala, leitura e escrita são, segundo ROJO (2004), atos de interação que constroem

a vida social ― e nela são constituídos ―, envolvendo a construção de significados,

de conhecimentos, de identidade dos sujeitos. Esta interação é situada – a

linguagem tem as marcas sociais de gênero, sexualidade, classe social, religião,

profissão, etc. e tem as marcas contextuais, sejam elas de natureza sincrônica ou

diacrônica.

Esta reflexão permanente sobre a linguagem abre espaço para os alunos serem

operadores textuais. Ela tanto vai abordar as variações lingüísticas que caracterizam

a linguagem na manifestação verbal dos diferentes grupos sociais dos falantes,

como possibilitará aos alunos a reflexão sobre a organização estrutural da

linguagem verbal, num caminho que, diferente das práticas normativistas

tradicionais, não coloca a gramática como centro do ensino.

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O aluno precisa ampliar suas capacidades discursivas em atividades de uso da

língua, a partir das quais o professor vai explorar os aspectos textuais e as

exigências específicas de adequação da linguagem (por exemplo: operadores

argumentativos, aspectos de coerência, coesão, situacionalidade, intertextualidade,

informatividade, referenciação, concordância, regência, formalidade/informalidade,

entre outros).

Para um bom desempenho das funções delineadas acima e atribuídas ao professor

nesta concepção de linguagem, precisa-se dar um tratamento diferenciado ao erro.

Um professor de Língua Portuguesa, além de preocupar-se em mostrar aos seus

alunos uma variada gama textual de gêneros distintos, ressaltando as suas

diferenças estruturais e funcionais, desvelando em cada um o lugar de sua autoria

bem como o caráter do público a que se destina, fará ver aos seus alunos que

determinados usos lingüísticos válidos para um nível informal do discurso podem

não ser válidos para um outro discurso no nível mais formal. Fará ver aos seus

alunos as relações de poder existentes atrás de cada texto. O professor propiciará,

para além do contato com diferentes textos, a possibilidade de expressar-se através

dos diferentes gêneros e até mesmo de, exercendo a sua criatividade, participar

ativamente da caracterização do próprio gênero. Antes de tudo isso, no nível oral e

escrito, a interpretação que faz proliferar o pensamento, que abre a possibilidade do

aluno jogar, criar, atualizar os gêneros.

Para tal, a incorporação do erro, a sua valorização enquanto tentativa de acerto dos

alunos que, através dele, verificam hipóteses de expressão lingüística, é de extrema

importância. São os erros resultantes das atividades dos alunos na interação viva

propiciada pelo sistema lingüístico que permitirão ao professor selecionar seus

conteúdos e orientar sua prática de sala de aula. Desse modo, não faz sentido

engessar o trabalho do professor estruturando grandes seqüências de conteúdos

gramaticais num documento oficial de diretrizes curriculares. Acertam, portanto, os

professores do Estado ao apresentarem como "conteúdos estruturantes", não

propriamente conteúdos, mas tópicos que indicam manifestações da língua em uso.

Note-se que o que se está afirmando é a impropriedade de se resumir o ensino de

Língua Portuguesa, ou de centrar seu foco, em conteúdos gramaticais, atitude

incompatível com os princípios das Diretrizes.

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Também vale lembrar que a prática de análise lingüística constitui-se num trabalho

de reflexão sobre a organização do texto escrito, um trabalho no qual o aluno

perceba o texto como um resultado de opções temáticas e estruturais feitas pelo

autor, tendo em vista o seu interlocutor. Sob essa ótica, o texto deixa de ser pretexto

para se estudar a nomenclatura gramatical e a sua construção passa a ser o objeto

do ensino. Com isso, o trabalho com a gramática passa a ser visto sob outra

perspectiva: não são os exercícios tradicionais de gramática, como reconhecer

substantivos, adjetivos, aumentativos, lista de conjunções, que interessam; mas a

compreensão do aluno sobre o que é um bom texto, como é organizado, como os

elementos gramaticais, na sua função real no interior do texto, ligam palavras,

frases, parágrafos, retomando ou avançando idéias defendidas pelo autor. Pretende-

se que o aluno tenha noção de unidade temática e da unidade estrutural,

entendendo como um mesmo assunto é organizado e como as idéias e as partes do

texto são costuradas, garantindo a interação com o leitor.

O aluno, assim, poderá reconhecer a gramática não como um aglomerado de

inadequações explicativas sobre os fatos da língua, mas como um documento de

consulta para muitas das dúvidas que temos sobre como agir em relação aos

padrões normativos exigidos pela escrita (CASTRO; FARACO, 1999)

LITERATURA

Uma nova perspectiva de trabalho com o texto literário seria o que poderíamos

chamar de método rizomático. O rizoma sugere um movimento que leva à libertação

do pensamento em relação à linha do tempo. Um movimento mais preocupado fazer

mapas de leituras do que enfeixá-las em gavetas imobilizadas na história. Assim, o

ensino de Literatura não terá como foco a historiografia, mas primará pela leitura

enquanto produtora de sentidos diante das multiplicidades de gêneros textuais.

As aulas de literatura, embora tenham um curso planejado pelo professor, estão

abertas a mudanças súbitas do seu rumo, atendendo às reações do alunado,

incorporando suas idéias e as relações textuais por eles estabelecidas. Assim ela

partirá do(s) texto(s) selecionado pelo professor que colocará o aluno em face de

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textos literários integrais invés de resumos e sinopses, aceitará no seu

desenvolvimento os textos sugeridos pelos alunos (a lembrança de um filme, de uma

música, de outras leituras relacionadas, mesmo a lembrança de fatos vividos ou a

produção do próprio aluno) como ponto de lançamento para a leitura de outros

textos num contínuo texto-puxa-texto que leve o aluno à reflexão, ao aprimoramento

do pensar e a um aperfeiçoamento no manejo que ele terá de suas habilidades de

falante, leitor e escritor. Nesse sentido, convém que o professor reserve, no espaço

de suas aulas, toda semana, um tempo para a leitura.

Se a condição de contínuo leitor permite aos professores selecionar os textos da

literatura nacional e internacional a serem trabalhados com seus alunos, os qualifica

também como sujeitos capazes de fazer proliferar o pensamento através da

multiplicidade de relações possíveis. Convém que eles demonstrem aos seus alunos

o trabalho literário existente por trás dos textos, contribuindo assim para desfazer o

mito do escritor como alguém superior em relação ao mundo dos homens ditos

normais. A leitura do texto literário será a experiência que desvelará ao aluno as

especificidades desse texto na sua criação de mundos, nos recursos de linguagem

presentes em cada obra.

O professor ao selecionar os textos literários para apresentar aos seus alunos, além

de ter em vista o caráter de literariedade desses textos, terá as oportunidades de

relacioná-los através de combinações suscitadas por seu percurso de leitura. A

literatura será um elemento fixo na composição com outros elementos móveis que o

professor determinará por si e pelas necessidades que perceber na interação dos

alunos com os textos literários.

O professor, no exercício de sua função, não ficará preso na linha do tempo da

historiografia literária, que é apenas um dos métodos de entrada no texto literário,

talvez o mais antigo, que hoje convive com outros mais interessantes, tais os

estudos filosóficos e sociológicos que enriquecem a análise literária, a estética da

recepção, a linguística textual, a análise do discurso, a psicanálise entre tantos

outros.

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Para o ensino de Literatura, as Diretrizes não indicam, não selecionam obras ou

épocas a serem trabalhadas com os alunos, respeitando o planejamento a ser

construído pelos professores, na escola.

O trabalho com a Literatura potencializa uma prática diferenciada com os conteúdos

estruturantes elencados acima (oralidade, leitura e escrita) e se constitui num forte

influxo capaz de fazer aprimorar o pensamento trazendo sabor ao saber.

CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO

Esta proposta entende a avaliação como parte integrante do processo educativo e

como tal ela deve ser contínua e priorizar a qualidade e o processo de

aprendizagem sendo, portanto, formativa. Para avaliar, nesta perspectiva, o

professor utiliza a observação diária e instrumentos variados, selecionados de

acordo com cada conteúdo e/ou objetivo e a ênfase deve ser na aprendizagem e

não na nota. Considera-se que os alunos possuem ritmos e processos de

aprendizagem diferentes e por a avaliação ser contínua e diagnóstica aponta as

dificuldades possibilitando assim, que a intervenção pedagógica aconteça a todo

tempo.

Diante dessas considerações sobre a avaliação como um todo e reconhecendo a

função interativa, dialógica e discursiva da linguagem, a avaliação precisa dar ao

professor pistas concretas do caminho que o aluno está trilhando para se apropriar,

efetivamente, das atividades verbais da fala, da leitura e da escrita.

Nessa perspectiva, a oralidade será avaliada considerando a participação do aluno

nos diálogos, relatos e discussões, a clareza que ele mostra ao expor seus pontos

de vista e, de modo especial, a sua capacidade de adequar o discurso/texto aos

diferentes interlocutores e situações.

Quanto à leitura, o professor pode propor aos alunos questões abertas, discussões,

debates e outras atividades que lhe permitam avaliar as estratégias que eles

empregaram no decorrer da leitura, na compreensão do texto lido e no seu

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posicionamento diante do tema, bem como valorizar a reflexão que o aluno faz a

partir do texto.

Em relação à escrita, é preciso haver clareza na reposta de produção textual; os

parâmetros em relação ao que vai se avaliar devem estar bem definidos para o

professor e para o aluno. Na produção textual, os critérios de avaliação tomam como

base às condições de produção.

A avaliação, portanto, deve ser ampla e aberta, lenta e cuidadosa, refletindo sobre o

seu papel antes e depois, profunda e contínua para verificar o avanço na

aprendizagem.

REFERÊNCIAS

PARANÁ. Secretaria de Estado da Educação. Diretrizes curriculares de Língua Portuguesa/Literatura. Versão preliminar, 2006.