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CENTRO UNIVERSITÁRIO ANHANGUERA DE CAMPO GRANDE Cidade 2017 TATIANE DOS SANTOS PEREIRA OS EFEITOS DO MÉTODO PILATES NO TRATAMENTO DE PACIENTES COM LOMBALGIA ASSOCIADA A HÉRNIA DE DISCO

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CENTRO UNIVERSITÁRIO ANHANGUERA DE CAMPO GRANDE

Cidade2017

TATIANE DOS SANTOS PEREIRA

OS EFEITOS DO MÉTODO PILATES NO TRATAMENTO DE PACIENTES COM LOMBALGIA ASSOCIADA A HÉRNIA DE

DISCO

Campo Grande - MS2017

OS EFEITOS DO MÉTODO PILATES NO TRATAMENTO DE PACIENTES COM LOMBALGIA ASSOCIADA A HÉRNIA DE

DISCO

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à instituição Centro Universitário Anhanguera de Campo Grande, como requisito parcial para a obtenção do título de graduado em Fisioterapia.

Orientadora: Izabella Grossi

TATIANE DOS SANTOS PEREIRA

TATIANE DOS SANTOS PEREIRA

OS EFEITOS DO MÉTODO PILATES NO TRATAMENTO DE PACIENTES COM LOMBALGIA ASSOCIADA A HÉRNIA DE DISCO

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à instituição Centro Universitário Anhanguera de Campo Grande, como requisito parcial para a obtenção do título de graduado em Fisioterapia.

BANCA EXAMINADORA

Prof(ª). Titulação Nome do Professor(a)

Prof(ª). Titulação Nome do Professor(a)

Prof(ª). Titulação Nome do Professor(a)

Campo Grande, 11 de dezembro de 2017

AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente à Deus, por permitir que chegasse até aqui e por

abençoar o meu caminho, me dando coragem e força de vontade para superar todas

as dificuldades.

Agradeço aos meus pais que me educaram, sempre fazendo o melhor por mim

e por me incentivarem a ir em busca dos meus sonhos.

Agradeço aos meus amigos que sempre me apoiaram e acreditaram em mim,

incentivando e entendendo que a distância não diminui o amor e companheirismo.

Agradeço aos meus professores que estiveram comigo até aqui, sempre

dispostos a ajudar, incentivando para que nos tornemos excelentes profissionais.

Muito obrigado.

PEREIRA, Tatiane dos Santos. Os efeitos do método pilates no tratamento de pacientes com lombalgia associada a hérnia de disco. 2017. 35 folhas. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Fisioterapia) – Centro Universitário Anhanguera de Campo Grande, Campo Grande, 2017.

RESUMO

A lombalgia é uma das síndromes dolorosas que mais afetam a população brasileira,

causando dor na região lombar. Muitas das vezes a lombalgia pode estar associada

a hérnia de disco que por sua vez ocorre pela ruptura do anel fibroso, provocando o

deslocamento do conteúdo localizado no centro do disco intervertebral. O método

pilates tem se mostrado eficaz para o tratamento desses pacientes, com ênfase no

centro de força, onde trabalha o CORE que é composto pelos músculos abdominais,

lombares e pélvicos, responsáveis pela estabilização estática e dinâmica da coluna

vertebral. Objetivo: Analisar os efeitos do método pilates em pacientes com lombalgia

em decorrência da hérnia de disco. Método: Foi realizada pesquisa bibliográfica,

através de artigos científicos das bases de dados Scielo, Lilacs, Pedro, Capes,

Medline e Bireme e trabalhos de conclusão de curso, onde foram selecionados 20

artigos e 1 monografia publicados entre os anos de 2008 e 2017. Resultados: O

método pilates mostrou-se eficaz no tratamento, proporcionando analgesia, aumento

da flexibilidade, ganho de força muscular, aumento da amplitude de movimento,

melhora da postura, ganho de funcionalidade, melhorando diretamente a qualidade

de vida dos indivíduos que participaram dos estudos analisados. Conclusão: Os

objetivos propostos no trabalho foram alcançados, onde sugere-se que sejam

realizadas novas pesquisas sobre o tema com uma população maior, afim de abranger

o método pilates, comprovando seus diversos benefícios e eficácia.

Palavras-chave: Dor lombar; Hérnia discal; Contrologia; Estabilização vertebral

segmentar.

PEREIRA, Tatiane dos Santos. The effects of the pilates method in the treatment of patients with low back pain associated with disc herniation. 2017. 35 folhas. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Fisioterapia) – Centro Universitário Anhanguera de Campo Grande, Campo Grande, 2017.

ABSTRACT

Low back pain is one of the pain syndromes that most affect the Brazilian population, causing pain in the lower back. Often, low back pain may be associated with disc herniation, which in turn occurs due to rupture of the fibrous ring, causing displacement of the contents located in the center of the intervertebral disc. The pilates method has been shown to be effective in the treatment of these patients, with emphasis on the center of force, where CORE works, which is composed of the abdominal, lumbar and pelvic muscles, responsible for the static and dynamic stabilization of the spine. Objective: To analyze the effects of the pilates method on patients with low back pain due to disc herniation. Method: A bibliographic research was carried out through scientific articles from the Scielo, Lilacs, Pedro, Capes, Medline and Bireme databases, and the conclusion of the course, where 20 articles and 1 monograph published between 2008 and 2017 were selected. Results: The pilates method proved to be effective in the treatment, providing analgesia, increasing flexibility, gaining muscle strength, increased range of motion, improving posture, gaining functionality, directly improving the quality of life of individuals who participated of the studies analyzed. Conclusion: The objectives proposed in the work were reached, where it is suggested that new researches on the subject be carried out with a larger population, in order to cover the pilates method, proving its various benefits and effectiveness.

Key-words: Backache; Herniated disc; Contrology; Segmental vertebral stabilization.

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 – Coluna vertebral ......................................................................................12

Figura 2 – Vértebra lombar.......................................................................................13

Figura 3 – Tipos de herniação..................................................................................16

Figura 4 – Joseph Pilates .........................................................................................18

Figura 5 – Chair ........................................................................................................20

Figura 6 – Cadillac....................................................................................................20

Figura 7 – Reformer .................................................................................................21

Figura 8 – Ladder Barrel...........................................................................................21

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ADM Amplitude de Movimento

AVD’s Atividades de Vida Diária

EVA Escala Visual Analógica da Dor

EVS Estabilização Segmentar Vertebral

IMC Índice de Massa Corporal

ML Multífido Lombar

RM Ressonância Magnética

TA Transverso de Abdome

UPB Unidade Pressórica de Biofeedback

SumárioINTRODUÇÃO ...........................................................................................................101 A LOMBALGIA ASSOCIADA A HÉRNIA DE DISCO E SUAS IMPLICAÇÕES ...121.1 ANATOMIA E BIOMÊCANICA DA COLUNA VERTEBRAL.............................................................................12

1.1.1 Coluna lombar................................................................................................................................131.2 LOMBALGIA .............................................................................................................................................13

1.3 HÉRNIA DE DISCO.....................................................................................................................................15

2 A HISTÓRIA E O CONCEITO DO MÉTODO PILATES.....................................182.1 A HISTÓRIA DO MÉTODO PILATES............................................................................................................18

2.2 O MÉTODO PILATES .................................................................................................................................19

2.3 CORE ........................................................................................................................................................22

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO..........................................................................25

CONSIDERAÇÕES FINAIS.......................................................................................31

REFERÊNCIAS..........................................................................................................32

10

INTRODUÇÃO

As alterações posturais na coluna vertebral podem pré-dispor a condições

degenerativas no adulto e dependendo de sua extensão podem prejudicar as

atividades de vida diária. Muitas das vezes as afecções da coluna vertebral estão

associadas a má postura que somadas ao sedentarismo podem contribuir para a

ocorrência de alterações posturais. A lombalgia é uma das síndromes dolorosas

que mais acometem a coluna vertebral, causando dor na parte inferior do dorso

na região localizada entre o último arco costal e a prega glútea, podendo ser

classificada como mecânica ou não mecânica. A dor lombar na maioria das vezes

tem origem multifatorial, correspondendo a idade, sexo, obesidade, má postura,

movimentos incorretos, entre outros. Já a hérnia de disco ocorre pela ruptura do

anel fibroso, provocando o deslocamento do conteúdo localizado no centro do

disco intervertebral em seu espaço dorsal ou dorso-lateral, provocando dor

localizada geralmente na região lombar, definida como lombalgia ou dor ciática,

que pode irradiar para um dos membros inferiores ou para ambos. O método

pilates busca desenvolver o corpo e a mente de forma equilibrada, proporciona

ganho de força muscular, equilíbrio, flexibilidade, coordenação dos movimentos,

fluidez, concentração e respiração, trabalhando corpo e mente como um só.

Neste contexto a importância deste trabalho é de comprovar através de

estudo bibliográfico os efeitos do método pilates no tratamento de pacientes com

lombalgia associada a hérnia de disco, onde dentre os benefícios propostos por

Joseph Pilates criador do método, os exercícios estimulam a circulação,

melhorando a flexibilidade e amplitude de movimento, com isso, favorecendo a

postura e o condicionamento do corpo como um todo. A aplicação do método traz

benefícios tanto posturais, quanto a diminuição do quadro álgico nesses

pacientes, que consequentemente tem uma melhora significativa da sua qualidade

de vida, força muscular, flexibilidade e consciência corporal.

O problema de pesquisa irá investigar qual é o impacto da reabilitação em

pacientes com lombalgia em decorrência da hérnia de disco que realizaram

tratamento terapêutico através do método pilates, demonstrando os efeitos da

aplicação desta técnica e os resultados obtidos nas pesquisas realizadas

referentes ao tema.

11

O objetivo geral deste trabalho é de analisar o impacto do método pilates

em pacientes com lombalgia em decorrência da hérnia de disco, mostrando os

efeitos da aplicação deste método, afim de comprovar sua eficácia. Assim como

seus objetivos específicos, que vão descrever as principais alterações que afetam

os pacientes com lombalgia associada a hérnia de disco no capítulo 1, conceituar

e analisar as técnicas do método pilates no capítulo 2, e demonstrar os resultados

obtidos em estudos retrospectivos quanto a aplicação deste método nos pacientes

no capítulo 3.

O trabalho terá como bases de estudos, pesquisas bibliográficas, artigos

científicos e trabalhos de conclusão de curso disponíveis na internet ou bibliotecas

das universidades. Este estudo é de caráter exploratório, que incluem artigos

científicos das bases de dados, Scielo, Lilacs, Pedro, Capes, Medline e Bireme. O

idioma utilizado foi a língua portuguesa. Os critérios de inclusão vão analisar

artigos científicos que abordem o tema proposto neste trabalho e os de exclusão

correspondem aos artigos que não se enquadrem nos critérios de inclusão. O

período de pesquisa deste trabalho inclui publicações feitas entre os anos de 2008

e 2017.

12

1 A LOMBALGIA ASSOCIADA A HÉRNIA DE DISCO E SUAS IMPLICAÇÕES1.1 ANATOMIA E BIOMÊCANICA DA COLUNA VERTEBRAL

A coluna vertebral é formada por ossos irregulares, com uma estrutura

móvel, composta por 33 vértebras, dentre elas, 7 cervicais, 12 torácicas, 5

lombares, 5 sacrais fundidas e de 4 a 5 coccígeas fundidas, como mostra na figura

1. Essas vértebras protegem a medula espinhal, sustentam o crânio, permitem os

movimentos da caixa torácica e a fixação dos músculos do tronco. Entre elas estão

os discos fibrocartilagíneos intervertebrais separando-as uma das outras,

composta externamente por um anel fibroso e contendo em seu interior o núcleo

pulposo que é uma substância macia e muito elástica. Os discos intervertebrais

vão dar flexibilidade e absorver os impactos da coluna vertebral. (TORTORA;

DERRICKSON, 2017).

Figura 1 - Coluna vertebral

Fonte: https://www.auladeanatomia.com/novosite/

A coluna vertebral tem 4 funções importantes, dentre elas, sustentar a

cabeça e os membros superiores, permitindo a liberdade dos movimentos;

capacidade do bipedismo; fornece fixação a vários músculos, costelas e órgãos

viscerais; e protege a medula espinhal, dando passagem aos nervos espinhais. É

composta por curvas fisiológicas, que são classificadas como lordose cervical,

cifose torácica, lordose lombar e cifose sacral que permitem a distribuição das

13

cargas e equilíbrio da parte superior do tronco. (GRAAFF, 2003; TORTORA;

DERRICKSON, 2017).

1.1.1 Coluna lombar

A coluna lombar é formada por 5 vértebras lombares, que são maiores, afim

de acomodar as cargas de forma progressiva. São constituídas por um corpo

vertebral, pedículos que projetam-se para parte posterior e permitem a distribuição

das forças de inclinação e tensão. Também possui 2 laminas que se fundem

formando o arco vertebral e tem a função de absorver as forças transmitidas

através dos processos espinhosos e articulares. Já os processos transversos e

espinhais do corpo das vértebras permitem a inserção dos músculos, como mostra

na figura 2. (DUTTON, 2010).

Figura 2 – Vértebra lombar

Fonte: https://www.auladeanatomia.com/novosite/

Os movimentos fisiológicos realizados nas articulações da coluna lombar

são de flexão e extensão, que ocorrem no plano sagital, inclinação lateral no plano

coronal e rotação no plano transversal. Além de seus movimentos acessórios, a

coluna lombar possui seis graus de liberdade. (DUTTON, 2010).

1.2 LOMBALGIA

A dor lombar perde apenas para a hipertensão arterial, sendo a segunda

doença crônica que mais afeta a população brasileira. Também chamada de dor

14

baixa, a lombalgia é uma das síndromes dolorosas que mais acometem a coluna

vertebral, seguida da cervicalgia. (HEBERT et al., 2017). Causando dor na parte

inferior do dorso na região localizada entre o último arco costal e a prega glútea

com ou sem irradiação para membros inferiores. A dor lombar pode ser mecânica

específica ou inespecífica, não mecânica ou psicogênica. A dor mecânica

específica sempre está associada a uma doença previa, já a dor mecânica

inespecífica que é a mais comum não está relacionada a nenhuma afecção

anterior, porém sua condição dolorosa pode causar limitação para realizar

atividades de vida diária (AVD’s) e pode ocorrer em qualquer idade. (LIZIER et al.,

2012).

Conforme a duração da dor lombar, pode ser definida como aguda, que tem

início súbito e duração inferior a 6 semanas, subaguda com duração entre 6 e 12

semanas, ou crônica com duração superior a 12 semanas. (LIZIER et al., 2012).

A lombalgia na maioria das vezes tem origem multifatorial, onde apresenta fatores

de risco individuais e profissionais. Os fatores individuais correspondem a idade,

sexo, obesidade e desequilíbrio muscular. Já os fatores profissionais relacionam-

se a má postura, movimentos incorretos, execução inadequada das atividades,

entre outros. (JUNIOR; GOLDENFUM; SIENA, 2010).

A lombalgia acomete entre 50 e 80% da população geral, sendo mais

comum em homens acima de 40 anos e mulheres entre 50 e 60 anos de idade.

(JUNIOR; GOLDENFUM; SIENA, 2010). Mas também pode ser desencadeada por

doenças inflamatórias, degenerativas, neoplasias, defeitos congênitos, fraqueza

muscular, predisposição reumática e sinais de degeneração da coluna, dos discos

intervertebrais e mecânico-posturais. (FERREIRA; NAVEGA, 2010; FRANÇA et

al., 2008).

O diagnóstico clínico da lombalgia é realizado através de anammese e

exame físico, que pode incluir testes como de flexão e extensão da coluna lombar

e os exames complementares, como a discografia que é um método invasivo

destinado a reproduzir a dor no nível correto, porém por ser realizado por uma

injeção de contraste pode acarretar complicações. Também podem ser realizados

exames de imagem, que incluem a radiografia simples e a ressonância magnética

(RM). (HEBERT et al., 2017).

15

Na radiografia é possível detectar alterações degenerativas e proliferativas

que causem a diminuição do espaço articular. Na RM é possível verificar se a dor

é de origem discogênica, observar alterações na superfície articular, derrames

articulares e espessamento sinovial. (HEBERT et al., 2017).

De acordo com Hebert et al. (2017), o tratamento inclui repouso, porém em

período reduzido, terapia medicamentosa, fisioterapia e reeducação do paciente.

A fisioterapia tem como principais objetivos proporcionar analgesia, melhora da

força muscular, flexibilidade, equilíbrio, controle motor, resistência cardiovascular,

redução das disfunções que afetam a coluna, permitindo que o paciente volte a

realizar suas tarefas diárias e retorne ao trabalho.

1.3 HÉRNIA DE DISCO

A hérnia de disco ocorre pela ruptura do anel fibroso, provocando o

deslocamento do conteúdo localizado no centro do disco intervertebral em seu

espaço dorsal ou dorso-lateral. (CARVALHO et al., 2013). É mais comum este

processo ocorrer em pessoas entre 30 a 50 anos, porém pode afetar também

adolescentes, idosos e raramente crianças. (MILANI et al., 2009).

A patologia afeta com mais frequência o sexo masculino em relação ao

feminino, atingindo cerca de 4,8% dos homens e 2,5% das mulheres. No geral

estima-se que acometa de 2 a 3% da população. (VIALLE et al., 2010). Dentre as

afecções da patologia, a dor referida geralmente é na região lombar, definida como

lombalgia ou dor ciática, que pode irradiar para um dos membros inferiores ou

para ambos, com presença de dor raticular que é referida como pontadas ou

agulhadas, aguda com ou sem queimação que vai ser distribuída conforme o

dermátomo afetado. (HEBERT et al., 2017).

A hérnia de disco pode ser atribuída a alterações posturais, musculares,

atividades ocupacionais do paciente, fatores ambientais como, obesidade,

tabagismo, carregamento de peso, além do envelhecimento natural. Porém

conforme estudos retrospectivos, atribuem o aparecimento da herniação por

influência genética. (VIALLE et al., 2010; MILANI et al., 2009).

Quanto a herniação do disco intervertebral, tem maiores chances de ocorrer

nos níveis L4-L5 e L5-S1 da coluna lombar, podendo provocar lombalgia,

lombociatalgia, ciática isolada e síndrome da cauda equina, o que vai estimular a

16

postura inadequada, limitação dos movimentos, principalmente na flexão de tronco

e/ou dor radicular. Em algumas situações a hérnia pode ocorrer de forma

assintomática. (MILANI et al., 2009; HEBERT et al., 2017).

Conforme localização a hérnia discal pode ser classificada como central,

recesso lateral, foraminal e extraforaminal. A herniação ocorre quando há

extravasamento do conteúdo do núcleo pulposo por uma fissura no ânulo fibroso,

podendo provocar uma compressão neurológica, afetando determinada região de

acordo com o trajeto definido pelo dermátomo e miótomo da raiz nervosa

comprimida. (HEBERT et al., 2017). A hérnia pode ser classificada em quatro

formas diferentes, podendo ser causada por uma degeneração, geralmente

relacionada a desidratação do disco. A protusão ocorre devido ao alargamento da

base do disco, aumentando seu diâmetro inicial, sem que haja ruptura do ânulo

fibroso. A extrusão ocorre quando a base do disco é menor que os demais

diâmetros, ocorre extravasamento do conteúdo do disco para o espaço

intervertebral, onde mantém contato com o núcleo pulposo. E o sequestro ocorre

devido a migração de parte do conteúdo do disco para o canal vertebral, formando

um fragmento livre sem contato com o núcleo pulposo, como mostra na figura 3.

(VIALLE et al., 2010; HEBERT et al., 2017).

Figura 3 - Tipos de herniação

Fonte: http://www.nursing.com.br/hernia-de-disco/

O diagnóstico clínico é feito através do exame físico, onde é avaliado o

histórico de dor do paciente, que pode incluir a avaliação de sensibilidade,

testando os dermatámos e miotómos, para localizar o espaço vertebral com

hérnia, além do teste de força e reflexo. É importante que seja realizada avaliação

da marcha desses pacientes, que podem apresentar claudicação com escoliose

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antálgica, marcha de tredelemburg (compressão de L5, podendo gerar fraqueza

de abdutores), marcha do pé caído (compressão L4 e L5, paresia extensora do

pé), ou marcha com base alargada (compressão mais superior). Além disso

juntamente ao exame físico pode ser solicitado exames por imagem que incluem

a radiografia, ressonância magnética e tomografia computadorizada. (VIALLE et

al., 2010; HEBERT et al., 2017).

O tratamento conservador tem como objetivo diminuir o quadro álgico,

induzir a recuperação neurológica e permitir o retorno as atividades de vida diária,

que podem ser realizados através da analgesia, exercícios de fortalecimento,

alongamentos e relaxamento, com o intuito de promover a correção e a

estabilização postural. (VIALLE et al., 2010; HEBERT et al., 2017). O tratamento

cirúrgico é indicado quando o tratamento conservador não foi eficaz. Tem como

indicações causas absolutas, que ocorre quando o paciente apresenta síndrome

de cauda equina ou paresia, ou causas relativas, que ocorre quando não houve

resposta ao tratamento conservador por mais de seis semanas. (MILANI et al.,

2009; VIALLE et al., 2010).

A técnica cirúrgica mais clássica é a laminectomia com discectomia, onde

ocorre a remoção do ligamento amarelo. Porém atualmente estuda-se os

benefícios de procedimentos menos invasivos através da microdiscectomia que

comparada a primeira técnica mostrou-se mais eficaz por ser menos invasiva,

onde é realizada a retirada apenas do fragmento herniado. (NUNES-JUNIOR;

MONNERAT, 2012; VIALLE et al., 2010).

18

2 A HISTÓRIA E O CONCEITO DO MÉTODO PILATES2.1 A HISTÓRIA DO MÉTODO PILATES

O método pilates é um treinamento físico e mental que busca desenvolver

o corpo e a mente de forma equilibrada, explorando o potencial do corpo humano.

O criador do método Joseph Huberts Pilates, nasceu na Alemanha em 1880

(Figura 4). Na infância sofria de asma, raquitismo e febre reumática, mas apesar

de suas fragilidades, desde cedo mostrou-se ser uma pessoa determinada em

conquistar um corpo mais forte através da prática de atividades físicas, onde ainda

jovem tornou-se estudante de anatomia e fisiologia. (OLIVEIRA, 2012; MARÉS et

al., 2012).

Figura 4 – Joseph Pilates

Fonte: http://www.pilates.com.br/metodo/joseph-pilates/

Em 1912 Joseph mudou-se para a Inglaterra, onde começou a ganhar a

vida como lutador de boxe. Durante a primeira guerra mundial foi preso por ser

considerado um inimigo estrangeiro. A partir daí se tornou enfermeiro, onde

ensinou para os outros prisioneiros os exercícios que havia criado. Adaptou molas

de camas, iniciando a partir disso a inspiração para a criação dos equipamentos

que seriam desenvolvidos posteriormente e para a evolução de seu método.

(MARÉS et al., 2012).

19

2.2 O MÉTODO PILATES

O método é chamado de contrologia que é a capacidade que o indivíduo

tem de dominar seu próprio corpo, através do controle do corpo e da mente. Para

que haja este controle é necessária a integração de alguns princípios, que são a

concentração, centro de força (power house), fluidez, precisão, respiração e

controle dos movimentos. (MARÉS et al., 2012).

A técnica pode ser realizada em solo (The Mat) ou em aparelhos. Os

aparelhos utilizados são (cadeira, reformer, wall, trapézio). Os exercícios tem

como objetivo estabilizar a pelve, controlar o abdome, mobilizar as articulações,

alongar e fortalecer membros superiores e inferiores. (MARÉS et al., 2012).

Os exercícios do método abrangem contrações isotônicas (concêntricas e

excêntricas) e, especialmente, isométricas, com ênfase no centro de força, que é

composto pelos músculos abdominais, dentre eles o transverso de abdome,

multífido e músculos do assolho pélvico, encarregados pela estabilização estática

e dinâmica do corpo. A contração desses músculos e do diafragma é associada a

expiração durante o exercício. (MARÉS et al., 2012).

Dentre os benefícios propostos por Joseph Pilates, o método estimula a

circulação, melhorando a flexibilidade e amplitude de movimento, com isso,

favorecendo a postura e o condicionamento do corpo em geral. Os exercícios não

tem contraindicações, pois são adaptados de acordo com a capacidade física de

cada praticante. (MARÉS et al., 2012).

Segundo Oliveira (2012), os principais aparelhos criados por Joseph Pilates

são:

Chair ou Cadeira: possui quatro molas com a mesma intensidade, pedal

antiderrapante e de três a quatro parafusos em escalas (alavancas), na parte

posterior e dois pares nos pedais que ajudam no controle da carga (Figura 5).

20

Figura 5 - Chair

Fonte: http://www.metalifepilates.com.br/

Cadillac: plataforma em forma de cama contornada por uma mola dura

de metal, onde estão fixadas a barra de empurrar, barra do trapézio, barra de

rolamento posterior e molas para braços e pernas que tem resistência alterável

(Figura 6).

Figura 6 - Cadillac

Fonte: http://www.metalifepilates.com.br/

Reformer: plataforma semelhante a uma cama, que possui um carro

deslizante com uma peça móvel para apoiar cabeça e dois blocos para apoio dos

21

ombros. O carro se move pela plataforma que tem a barra para os pés. O carro

fica preso por molas, que dão resistência alterável (Figura 7).

Figura 7 - Reformer

Fonte: http://www.metalifepilates.com.br/

Ladder Barrel ou Barril Grande: sua estrutura favorece o alinhamento

correto do corpo. Tem função de fortalecer o centro de força e o tronco, além de

proporcionar o alongamento da coluna, quadris e pernas (Figura 8).

Figura 8 – Ladder Barrel

Fonte: http://www.metalifepilates.com.br/

No método pilates os exercícios são feitos em sua maioria, na posição

deitada, afim de aliviar o impacto sobre as articulações que sustentam o corpo na

postura ortostática, o que favorece a recuperação estrutural dos músculos,

articulações e ligamentos. Os exercícios são associados a respiração, onde o

indivíduo realiza os movimentos durante a expiração juntamente com a contração

22

dos músculos abdominais, lombares e pélvicos e o diafragma. (MARÉS et al.,

2012).

2.3 CORE

No método pilates o termo CORE refere-se a estabilização da coluna

vertebral através do centro de força que é composto pelos músculos abdominais,

transverso de abdome, multífido e músculos do assoalho pélvico que são

responsáveis pela estabilização dinâmica e estática do corpo humano. A

estabilidade do CORE é de extrema importância, pois proporciona equilíbrio

adequado para coluna vertebral e para pelve. (MARÉS et al., 2012).

Os músculos abdominais são formados pelo reto do abdome, transverso do

abdome, oblíquo interno e oblíquo externo. Quando essa musculatura se contrai

auxilia na estabilização da coluna vertebral durante o levantamento de peso.

(GRAAFF, 2003).

O reto do abdome é um músculo mais amplo em sua parte posterior, onde

os retos se separam, e mais encolhido na direção inferior, região em que os retos

se aproximam. Tem como função realizar a torção durante a flexão da coluna

vertebral, aproximando tórax e pelve na sua porção anterior. (DUTTON, 2010).

O transverso do abdome é o mais profundo dos músculos abdominais, suas

fibras são horizontalizadas através do abdome. Na contração deste músculo

segundo a teoria indica que a força de contração aumenta a estabilidade da coluna

lombar em várias posturas e movimentos. (GRAAFF, 2003; DUTTON, 2010).

O oblíquo interno é mais profundo em relação ao oblíquo externo. Este

músculo fica ativo durante várias funções, como marcha, posturas de pé e

sentando ereto. Tem como função a flexão da coluna vertebral e ajuda na

respiração. Junto com os oblíquos externos, realiza a rotação da coluna vertebral.

(GRAAFF, 2003; DUTTON, 2010).

O oblíquo externo é o mais forte e superficial da parede lateral dos

músculos abdominais. Agem na flexão da coluna vertebral e inclinam a pelve na

direção posterior. Junto com os oblíquos internos, realiza a inclinação lateral da

coluna vertebral, aproximando tórax e a crista ilíaca lateralmente. (GRAAFF, 2003;

DUTTON, 2010).

23

Os músculos da região lombar são constituídos pelo quadrado lombar,

multífido e eretor da espinha. Os músculos da coluna vertebral proporcionam

estabilidade e movimento resistindo aos efeitos da gravidade. (GRAAFF, 2003)

O quadrado lombar é um músculo grande e retangular, suas fibras se

dirigem medialmente. Este músculo fica ativo durante a inspiração, dando suporte

a ação do diafragma. Auxilia na inclinação lateral da coluna lombar e no controle

excêntrico da inclinação contralateral. (DUTTON, 2010).

O multífido é o maior dos músculos intrínsecos das costas, onde é formado

por fascículos que se sobrepõem um ao outro de aparência laminada. Conforme

estudos o músculo é extremamente importante na estabilização segmentar

lombar, por proporcionar rigidez segmentar e controle dos movimentos. Fica ativo

em quase todas as atividades antigravitacionais e auxilia na estabilidade lombar,

devido a compressão das vértebras. (DUTTON, 2010).

Os eretores da espinha formam um grupo de músculos superficiais que se

prolongam do sacro ao crânio. Possui 3 grupos de músculos que são os iliocostais,

longuíssimos e espinais. (GRAAFF, 2003). Este músculo é fundamental na

estabilização lombar, realizando forças compressivas ao longo da coluna que

proporcionam equilíbrio as curvaturas espinais. (DUTTON, 2010).

O músculos da região do quadril que movimentam a região da coxa e

articulação do quadril são formados por músculos anteriores que são o ilíaco e o

psoas maior, e músculos posteriores e laterais que formam a região glútea que

são glúteo máximo, glúteo médio, glúteo mínimo e o tensor da fáscia lata.

(GRAAFF, 2003).

O ilíaco se insere na parte superior da fossa ilíaca e lábio interno da crista

ilíaca e o psoas maior insere-se diretamente a coluna lombar no fêmur junto com

o ilíaco. Esses dois músculos formam o iliopsoas, que produz a flexão do tronco

sobre o fêmur. Este músculo também realiza a inclinação lateral da coluna para o

mesmo lado. (DUTTON, 2010).

O glúteo máximo é o maior extensor e rotador externo do quadril, onde

possui uma porção superficial e uma profunda. Auxilia na posição bipedal e na

locomoção. Normalmente é ativo durante a flexão ou extensão resistida do quadril.

(DUTTON, 2010; GRAAFF, 2003).

24

O glúteo médio é o principal abdutor do quadril e estabilizador primário do

quadril e da pelve. Este músculo é dividido em 2 porções, onde a porção anterior

é responsável por flexionar, abduzir e rodar internamente o quadril e a porção

posterior tem a função de estender e rodar externamente o quadril. O músculo da

sustentação a pelve na posição unipodal. (DUTTON, 2010).

O glúteo mínimo é um músculo fino e é o menor e mais profundo dos

músculos da região glútea. Fica localizado entre o glúteo médio e a superfície

externa do ílio. Este músculo é um importante rotador interno do fêmur. Também

realiza a abdução da coxa e auxilia o glúteo médio com o suporte pélvico.

(DUTTON, 2010; GRAAFF, 2003).

O tensor da fáscia lata é um músculo quadrangular, que fica localizado na

região superficial da parte lateral do quadril. Ele envolve os músculos da coxa e

age contra a tração para trás do glúteo máximo no trato iliotibial. Também auxilia

na flexão, abdução e ajuda a rodar internamente o quadril. (GRAAFF, 2003;

DUTTON, 2010).

25

3 RESULTADOS E DISCUSSÃODe acordo com Silveira et al. (2016), o método pilates proporciona

estabilização do segmento lombo-pélvico, onde os exercícios tem como objetivo

estimular o recrutamento muscular do tronco, melhorar o alinhamento postural e o

condicionamento dos músculos do tronco, que estão diretamente interligados a

manutenção da estabilidade lombar.

Segundo Castanhetti, Súdre-Marques e Fan (2016), foi realizado um estudo

em pacientes com diagnóstico de discopatia degenerativa lombar, com idade entre

25 e 35 anos, onde foram selecionados 3 pacientes, sendo 2 mulheres e 1 homem,

tendo como critério de inclusão não apresentar dor lombar aguda e não praticar

nenhuma atividade física prévia. Os exercícios foram realizados em solo (The

Mat), usando a bola suíça e o colchonete. Antes da aplicação do método os

pacientes realizaram uma avaliação inicial, que incluíram teste de valsava, para

avaliar dor, teste Laségue, que avalia se há irradiação de dor para membros

inferiores, questionário mórdico de sintomas osteomusculares, para verificar

presença de distúrbios osteomusculares, escala visual analógica da dor (EVA) e

teste de força abdominal. Os exercícios foram aplicados duas vezes por semana,

com um total de 15 sessões, com 40 minutos cada sessão, onde os pacientes

foram atendidos individualmente. Os resultados obtidos com o estudo mostraram-

se eficazes, pois os 3 pacientes apresentaram diminuição do quadro álgico na

região lombar e ganho de força muscular abdominal, que consequentemente

proporcionou alívio da dor irradiada para membros inferiores.

Em outro estudo feito por Lopes et al. (2012), com o objetivo de investigar

a eficácia do método pilates em pacientes com hérnia de disco, foram

selecionados participantes com faixa etária entre 30 e 50 anos de idade. Foi

realizada avaliação inicial quatro dias antes do início da terapia, que incluiu

avalição física e anamnese, avaliação de flexibilidade, avaliação postural e

avaliação antropométrica. Os exercícios foram realizados utilizando aparelhos e

bola suíça. O método foi aplicado durante 6 semanas, em 12 sessões. A

reavaliação foi realizada dois dias após o término das sessões. O resultado obtido

com estudo foi eficaz, pois as participantes apresentaram diminuição do quadro

álgico, melhora da flexibilidade e melhora da postura.

26

De acordo com Lara (2011), em um estudo quase-experimental, que ocorre

quando a amostra não é aleatória, composta por um único participante do sexo

masculino, que teve como critério de inclusão o diagnóstico de hérnia de disco

lombar e não apresentar quadro álgico agudo. A aplicação do método pilates foi

realizada com frequência de duas vezes por semana, com uma hora por sessão,

que totalizou 24 atendimentos em 12 semanas. Antes do início das sessões foi

feita avaliação inicial através da coleta de dados, exame físico e testes especiais

que incluíram sinal de Laségue, teste de elevação da perna reta, teste de Schober,

que avalia a mobilidade lombar, teste de retração da cadeia posterior, teste de

flexibilidade no banco de Wells, que avalia flexibilidade da parte posterior de tronco

e membros inferiores e avaliação da dor feita pela EVA. Após avaliação foi

aplicado o protocolo de exercícios do método pilates, com uso de aparelhos

(cadillac, reformer, chair com bola) e no solo. Com o término das sessões foi feita

reavaliação com os mesmos critérios da primeira avaliação. O resultado obtido

com a aplicação do método foi eficaz, pois o paciente apresentou diminuição do

nível de dor inicial que se manteve por toda terapia, ganho de mobilidade lombar,

onde consequentemente teve impacto favorável na qualidade de vida do paciente,

que adquiriu novos hábitos, contribuindo para manutenção da postura corporal

adequada.

O método pilates é importante no tratamento da dor lombar, pois os

exercícios promovem o fortalecimento do músculo transverso de abdome, que tem

a função de estabilizar a coluna vertebral, que nos casos em que o indivíduo tem

lombalgia, esse músculo apresenta fraqueza abdominal, consequentemente

afetando a funcionalidade e qualidade de vida do indivíduo. A flexibilidade também

influencia na melhora do quadro álgico, pois com seu aumento favorece uma maior

amplitude de movimento (ADM), diminuindo a dor lombar. (VIEIRA; FLECK, 2013).

Foi realizado um outro estudo, onde a amostra foi composta por 7

participantes, sendo 4 homens e 3 mulheres com faixa etária entre 24 e 29 anos

de idade que apresentavam lombalgia crônica. Os critérios de inclusão

compreendiam ter diagnóstico de lombalgia por mais de 12 meses, não praticar

exercícios físicos, apresentar dor superior ou igual a 5 na EVA nas atividades de

vida diária (AVD’s), e estar afastado do trabalho em virtude da doença. Os

participantes foram avaliados no início e reavaliados posteriormente ao término do

27

estudo através do questionário SF-36, para avaliar qualidade vida, índice de

incapacitação de Oswestry para dor lombar e EVA. A aplicação do método pilates

foi realizada em 10 sessões, frequência de duas vezes por semana, com duração

de 40 minutos cada sessão. O tratamento foi feito através exercícios em solo e

utilizando a bola. Antes do início efetivo do tratamento os pacientes tiveram três

sessões para conscientização do centro de força. O resultado obtido no estudo foi

eficaz, pois os pacientes apresentaram diminuição da dor, aumento da

flexibilidade e melhora da qualidade de vida, que favoreceu diretamente para o

ganho de funcionalidade (STORCH et al., 2015).

Em um outro estudo realizado por Mori, Fleck e Machado (2013), foram

selecionadas 2 mulheres, sedentárias, com idade de 47 e 56 anos, com

diagnóstico de lombalgia por mais de três meses. Nos critérios de inclusão as

participantes deveriam apresentar lombalgia crônica com indicação de tratamento,

não ter doenças neuromusculares ou hipertensão arterial descompensada, e não

realizar atividades físicas ou tratamento fisioterapêutico. As participantes

realizaram avaliação inicial, onde foi feita a avaliação da dor através da EVA, foi

aplicado questionário SF-12, para qualidade de vida, e questionário de Pittsburgh,

para avaliar a qualidade do sono. Os exercícios do método pilates foram aplicados

em solo, com frequência de duas vezes por semana, durante 55 minutos por

sessão, totalizando 10 sessões em 5 semanas. Os resultados obtidos foram

satisfatórios, pois as participantes apresentaram melhora da dor, da qualidade de

vida e da qualidade do sono.

O método pilates sugere a melhor interação muscular entre agonista e

antagonista, que favorece a musculatura estabilizadora de tronco. Em um estudo

realizado com o objetivo de avaliar a efetividade do método pilates na lombalgia

crônica, foram selecionados 7 voluntários do sexo feminino, com faixa etária entre

18 e 50 anos de idade, peso de 58 a 62kg e altura entre 1,55 e 1,76m, sendo que

62,5% apresentaram índice de massa corporal (IMC), dentro dos valores normais.

Todas participantes apresentaram diagnóstico clínico de lombalgia crônica, com

sintomas de dor lombar por mais de três meses, provocada por

retrações/encurtamentos musculares, fraqueza da musculatura flexora e

extensora de tronco, com presença de hipomobilidade ou hipermobilidade da

região lombar. Foi feita avaliação dos participantes que responderam o

28

questionário funcional Oswestry e avaliado o nível de dor pela EVA. Os exercícios

do método pilates foram aplicados com frequência de duas vezes por semana, em

25 sessões, durante 3 meses. Os resultados obtidos com o estudo foram eficazes,

pois proporcionaram para os participantes a estabilização da coluna lombar, com

significativa melhora da dor lombar e qualidade de vida. Apesar de haver

contravérsias quanto ao tempo ideal de aplicação do método para que haja

equilíbrio entre a musculatura agonista e antagonista da coluna lombar, os 3

meses propostos no estudo foram suficientes para controlar a lombalgia nessas

pacientes. (CONCEIÇÃO; MERGENER, 2012).

De acordo com Silva e Gardenghi (2016), os principais músculos

responsáveis pela estabilização da coluna vertebral são o transverso de abdome

(TA) e o multífido lombar (ML). O TA promove a manutenção da pressão intra-

abdominal, pois gera uma tensão na vértebra lombar através da fáscia tóraco-

lombar. Já o ML é responsável pela rigidez e controle dos movimentos da zona

neutra. Em indivíduos com lombalgia a função desses músculos é afetada,

podendo causar atrofia e diminuição da velocidade de disparo do músculo.

Segundo estudo feito por Siqueira et al. (2014), a estabilização segmentar

vertebral (EVS) é um outro método que promove fortalecimento através da

conscientização da contração muscular através treinamento resistido dos

músculos TA e ML e da estimulação proprioceptiva. Nesse contexto foi realizado

estudo de caso no período de fevereiro a maio de 2012, incluindo pacientes de

ambos sexos, com faixa etária entre 25 e 50 anos de idade, IMC entre 18,5kg/m²

e 30kg/m², tendo histórico de dor lombar por mais de 6 meses, com diagnóstico

clínico de hérnia de disco lombar em L4/L5 e L5/S1. Foram excluídos do estudo

aqueles pacientes que realizaram alguma cirurgia ou com sequela de fratura na

coluna lombar, com distúrbios neuromusculares, com doenças reumáticas e

gestantes. Foram selecionados 6 pacientes, sendo 4 homens e 2 mulheres, com

idade entre 29 e 50 anos. Foi realizada avaliação inicial com coleta de dados

através de um formulário. A avaliação da dor foi feita usando a escala modificada

de BORG. Também foi avaliado o recrutamento voluntário dos músculos

estabilizadores lombares (TA e ML), através da Unidade Pressórica de

Biofeedback (UPB), que é um aparelho que avalia o nível de contração exercida

pela musculatura. O tratamento de estabilização segmentar é composto por três

29

etapas, sendo cognitiva, associativa e automática, onde o indivíduo só passa para

a próxima etapa se conseguir realizar a fase anterior sem apresentar fadiga. O

treinamento foi realizado em 15 sessões, com frequência de três vezes por

semana, onde os pacientes foram reavaliados ao final do protocolo de tratamento.

Os resultados obtidos na pesquisa foram satisfatórios, pois o treinamento

promoveu a contração efetiva dos estabilizadores de tronco e o trofismo do

músculo multífido. Apesar de não cessar o quadro álgico, a técnica também

auxiliou na diminuição do nível de dor da região lombar.

A flexibilidade também é um fator de extrema importância para o corpo

humano, pois permite uma maior mobilidade, facilitando a realização das AVD’s e

consequentemente a melhora da qualidade de vida. A mobilidade da coluna

cervical e lombar é maior em relação a coluna torácica, que promove estabilização

e rotação do tronco. Com o envelhecimento o indivíduo vai tendo a perda

progressiva da ADM e o aumento da rigidez na coluna, que pode pré-dispor a

patologias que afetam a coluna vertebral, causando dor e limitação funcional. O

método pilates traz diversos benefícios para os idosos, pois promove aumento da

densidade óssea, melhora da flexibilidade e postura, aumenta a capacidade

respiratória e cardiovascular. Foi realizada pesquisa quase-experimental, onde foi

selecionado dentre 7 pacientes avaliados, apenas 1 idoso, do sexo masculino,

com 67 anos de idade, tabagista, com relato de dor lombar sem patologias

associadas. Foi realizada avaliação da coluna lombar através do teste de Schober,

que avalia a mobilidade lombar, o teste de Stibor, que avalia a mobilidade tóraco-

lombar, o protocolo índice de Katz, que avalia independência funcional do

paciente, quanto a realização das AVD’s e o questionário WHOQOL-Bref, que

avalia a qualidade de vida. O método pilates foi aplicado entre os meses de maio

e junho de 2015. O tratamento foi composto por 10 sessões, com frequência de

três vezes por semana, durante 30 minutos cada sessão, com exercícios

realizados em solo. Foi feita reavaliação após o final da aplicação do protocolo de

tratamento. Os resultados obtidos mostraram que o paciente teve ganho de

flexibilidade da coluna lombossacra que passou de uma ADM de 1,0cm para

5,5cm, também apresentou aumento da mobilidade tóraco-lombar que foi de

5,0cm para 8,0cm, porém na qualidade de vida não obteve mudanças

significativas. O resultado do estudo sugere que o método pilates foi eficaz para

30

melhorar a flexibilidade da coluna vertebral, porém são necessárias mais

pesquisas com uma amostra maior de participantes. (BERTOLDI; WINTER;

FIALHO, 2016).

De acordo com estudos descritos acima, correspondentes a lombalgia e a

hérnia de disco, a maioria foi eficaz no tratamento, proporcionando analgesia,

aumento da flexibilidade, ganho de força muscular, aumento da ADM, melhora da

postura, ganho de funcionalidade, melhorando diretamente a qualidade de vida

dos indivíduos que participaram dos estudos. Apesar de poucos estudos feitos

sobre o tema, pode-se dizer que o método pilates é eficaz no tratamento da

lombalgia associada a hérnia de disco.

31

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A lombalgia é uma das afecções que mais afetam a população em geral,

onde causa dor na região lombar e pode estar relacionada a diversos fatores que

incluem doenças inflamatórias, degenerativas, fraqueza muscular, predisposição

reumática, sinais de degeneração da coluna, dos discos intervertebrais, entre

outros. A dor lombar é muito comum nos pacientes que tem hérnia de disco, que

ocorre quando há a ruptura do anel fibroso, provocando o deslocamento do

conteúdo localizado no centro do disco intervertebral, onde é definida de acordo

com sua extensão, podendo causar a degeneração, protusão, extrusão ou

sequestro. A hérnia de disco pode ser atribuída a alterações posturais,

musculares, atividades ocupacionais do paciente, obesidade, tabagismo,

carregamento de peso, além do envelhecimento natural.

O método pilates tem demonstrado sua eficácia nos tratamentos posturais

de diversas patologias, pois trabalha o ser humano como um todo, visando a

integração de alguns princípios, que são a concentração, centro de força, fluidez,

precisão, respiração e controle dos movimentos, trabalhando corpo e mente como

um só, que aplicado nos pacientes com lombalgia associada a hérnia de disco vai

trazer diversos benefícios. Os exercícios do método abrangem contrações

isotônicas e, especialmente, isométricas, com ênfase no centro de força, onde

trabalha o CORE que é composto pelos músculos abdominais, lombares e

pélvicos, responsáveis pela estabilização estática e dinâmica da coluna vertebral.

Os indivíduos que participaram dos estudos descritos no trabalho obtiveram

resultados satisfatórios, onde a aplicação do método pilates proporcionou

analgesia, aumento da flexibilidade, ganho de força muscular, aumento da ADM,

melhora da postura, ganho de funcionalidade, melhorando diretamente a

qualidade de vida dos participantes. Contudo, conforme os resultados obtidos, o

método pilates mostrou-se eficaz, onde os objetivos propostos nesta pesquisa

foram alcançados. Sugere-se que sejam realizadas novas pesquisas sobre o tema

com uma população maior, afim de abranger o método pilates, comprovando seus

diversos benefícios e eficácia, principalmente nos pacientes com lombalgia

associada a hérnia de disco.

32

REFERÊNCIAS

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