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Buracos Negros 17 Março 2004 Laurindo Sobrinho Grupo de Astronomia da Universidade da Madeira

Grupo de Astronomia da Universidade da Madeira Buracos Negros · Os buracos negros eram objectos de tal forma fora do comum que, na falta de qualquer evidência da sua existência,

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Buracos Negros

17 Março 2004

Laurindo Sobrinho

Grupo de Astronomiada

Universidade da Madeira

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Das estrelas "invisíveis"aos Buracos Negros

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Velocidade de EscapeVelocidade de Escape:

Velocidade que um corpo deve atingir para que possaescapar à atracção gravítica de um planeta ou estrelaficando em repouso no infinito.

∞= mm EEerfíciesup

00r

mGMmv

21

Terra

Terra2 +=−

onde G é a constante de Gravitação Universal

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Terra

Terra

rGM2

v =

2211 kgNm106742.6G −−×=

kg100.6M 24Terra ×≈

m107.6R 6Terra ×≈

No caso da Terra a velocidade de escapeNo caso da Terra a velocidade de escape éé de 11.2 Km/s.de 11.2 Km/s.

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A Velocidade de escape de uma estrela (ou planeta) depende darespectiva massa M e raio R.

A velocidade de escape será tanto maior quanto maior for amassa e menor for o raio.

RGM2

vesc =

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Lua:

Sol:

kg104.7M 22Lua ×≈

m107.1R 6Lua ×≈

s/km4.2vesc ≈

kg100.2M 30Sol ×≈

m100.7R 8Sol ×≈

s/km617vesc ≈

______________________________________________________

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XYZ

5M250000kg105M 35

XYZ ≈×=

5R5.0km350000R XYZ ==

s/km437000)XYZ(vesc ≈

Este valor é superior à velocidade da luz no vácuo:

C = 300 000 Km/s.

Conclusão: A luz não pode escapar de XYZ pelo que este (aexistir) seria um objecto invisível.

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Foi com base nesta ideia que o reverendo e geologistainglês John Michell (1783) e o francês Pierre Laplace

(1795) introduziram a ideia de ‘estrela invisível’.

Esta foi uma espectacular previsão de uma das propriedades dosburacos negros: aprisionar a luz e ser invisível.

No entanto estas estrelas invisíveis não correspondem à definiçãoactual de buraco negro.

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Na altura julgava-se que o facto da luz não poder escaparde uma "estrela invisível" o mesmo não se aplicava aosrestantes corpos. Para escaparem esses corpos teriamsimplesmente de deslocar-se a velocidades superiores à daluz!

Hoje sabemos quenenhum objecto pode

deslocar-se a velocidadessuperiores à velocidade

da luz no vazio.

v > c

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Ignorava-se também que um objecto como as referidasestrelas invisíveis deforma o espaço e o tempo na sua

vizinhança e, por isso, nessa região não se pode continuar aaplicar a Mecânica Newtoniana.

A nossa estrela invisível XYZ tinha uma massa 250 000vezes superior à do Sol armazenada numa região cujo raio

era igual a metade do raio do Sol.

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Para descrever a influência de uma grande concentraçãode massa nas propriedades do espaço e do tempo

circundantes era necessária uma nova teoria.

Esta, actualmentedesignada por

Teoria daRelatividade Geralfoi apresentada por

Albert Einsteinem 1915

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Já em 1876 William Clifford havia sugerido que omovimento da matéria poderia dever-se a mudanças nageometria do espaço.

William Clifford faleceu naMadeira, para onde se havia

deslocado por motivos dedoença, em 1879.

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Pouco tempo após a publicação da Teoria da RelatividadeGeral, Karl Schwarzschild chegou à solução para o campo emtorno de uma massa com simetria esférica.

O que não ficouimediatamente evidente é

que a solução deSchwarzschild escondia

também a descrição de umobjecto bem mais exótico:

o buraco negro.

A solução de Schwarzschild podia aplicar-se a estrelas comoo nosso Sol, estrelas gigantes, estrelas anãs, planetas,ou qualquer outro corpo com simetria esférica.

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Os buracos negros eram objectos de tal forma fora do comumque, na falta de qualquer evidência da sua existência, o seuestudo não foi muito motivador ao longo de muitos anos.Apenas a descoberta de outros objectos exóticos como osquasares (1963) e as estrelas de neutrões (1967) veio reavivaro entusiasmo e interesse pelo estudo dos buracos negros.

Quasar 3c279

Nebulosa do Caranguejo em cujocentro existe uma estrela de neutrões

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Nos últimos anos foram identificados vários candidatos a buraconegro (desde os de massa estelar aos supermassivos).

Estudam-se actualmente buracos negros nas mais variadas escalasem termos de massa, tempo, espaço,...

Núcleos galácticos activos (AGNs)Quasares

Explosões de raios gama (GRBs)Jactos

Lentes gravitacionaisMatéria Escura

Buracos de Verme.....

Foram também alcançados importantes resultados teóricos . Umdeles aponta para a emissão de radiação por buracos negrosdesignada por Radiação de Hawking.

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Formação deBuracos Negros

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Numa estrela actuam doistipos de forças:a força gravítica (apontapara o centro)a pressão exercida pelaenergia libertada pelasreacções nucleares queocorrem no seu interior(aponta para o exterior).

Estas forças equilibram-semutuamente possibilitando àestrela uma vida muito longa(pode ir até aos milhares demilhões de anos).

Formação deBuracos

Negros deMassa estelar

(c) 2001 Laurindo Sobrinho

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No entanto é chegada umaaltura em que cessam asreacções nucleares. A partirdesse momento temos apenas aacção da força gravítica.A estrela começa a colapsar.

O que vai acontecer a seguir depende essencialmenteda massa da estrela

(c) 2001 Laurindo Sobrinho

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Supernova 1987A observada na Grande Nuvem de Magalhães.

Estrelas com massas iniciais superiores a 8 massas solaresacabam explodindo naquilo a que designamos por

SuperNova.

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As Supernovas alimentam as nuvens de gás de onde irãonascer novas estrelas!

NGC 1952 1987A

STScI/HST

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O núcleo da estrela que explodiucomo Supernova colapsa

podendo dar origem a umaestrela de neutrões.

Se a massa for suficiente então ocolapso pode continuar até que

se origine umburaco negro.

(c) 2001 Laurindo Sobrinho

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Formação de buracos negros de massa estelar

(c) 2003 Laurindo Sobrinho

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Para que se forme um buraco negro estelar aestrela tem de ter:

Massa inicial superior a 40M�

Massa após a explosão em supernova superior a 3M�

Não é ainda conhecida com rigor a fronteira entre estrelas deneutrões e buracos negros.

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O caso do SOL

O Sol existe há cerca de5000 milhões de anos

e está a meio da sua vida!

28 Março 2001

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Ao acabar o combustível nuclear as camadas mais externas doSol irão espandir-se passando este para a fase de

Gigante Vermelha!

O raio dessa Gigante Vermelha será equivalenteao raio da órbita da Terra.

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Nesta fase a estrela ejecta bastante matéria para o exterior.Forma-se uma nebulosa planetária!

M57 – Nebulosa do Anel.STScI/AURA

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No centro da Nebulosa Planetária o núcleo restante da estrela colapsaoriginando uma

Anã Branca(e não um buraco negro)

(Anãs Brancas no enxame fechado M4)

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A Anã Branca vaiarrefecendo aospoucos até se tornarnuma Anã preta.

Isto é o que vai acontecer ao Sol (mas só daqui a 5000milhões de anos). É também o destino de todas as estrelas que

tenham massas iniciais inferiores a 8 massas solares.

O Sol não irá dar origem a um buraco negro!

(c) 2004 Laurindo Sobrinho

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Buracos NegrosBuracos Negros SupermassivosSupermassivos

Existem evidênciasobservacionais que apontam

para a presença de buracosnegros supermassivos (massa

igual ou superior a 1 milhão demassas solares) no centro de

algumas galáxias.

Galáxia M87

Como se terão formadoestes buracos negros?

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Buraco Negro Supermassivo

Nuvem de Gás

Enxame acreção

formação de estrelas

colapsoEnxame de

restos estelares

Formação de BuracosNegros Supermassivos

Diagrama de Rees(simplificado)

MDO

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Formação de buracos negros de massa intermédiaBuracos com massas entre as 1000 e 100 000 M�

São conhecidos ainda muitopoucos candidatos destetipo de buraco negro.Aqueles que se conhecemsituam-se no centro deenxames fechados ou degaláxias. Poderão terorigem semelhante à dossupermassivos mas tambémpodem ter-se originado apartir de buracos negros demassa estelar.

Enxame fechado M15

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Propriedades dosBuracos Negros

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Para calcular a distância entre 2 pontos num planopodemos recorrer ao Teorema de Pitágoras

222 YûXûSû +=

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Para calcular distâncias no espaço-tempo de Shwarzschildutilizamos a métrica de Schwarzschild.

A métrica aqui escrita em coordenadas esféricas, inclui tambéma coordenada tempo (t) e informação acerca da massa (m).Verifica-se que a métrica apresenta dois pontos sensíveis:

0r = m2r =

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2cGM

m =(m tem as dimensões de uma distância)

No caso de uma estrela como o Sol ou de um planeta como aTerra o raio r=2m fica bem "guardado" no interior dosmesmos.

233 0003700 000Sol

750 0000.0096738Terra

Raio/(2m)2m(km)Raio (km)

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Quando se dá a formação de um buraco negro o raio da estreladiminui até atingir r=2m. É exactamente neste ponto que a

velocidade de escape iguala a velocidade da luz.

A partir daqui um observador externo deixa de ver o que se passana estrela.

A superfície esférica r=2m chama-sehorizonte de acontecimentos.

(c) 2001 Laurindo Sobrinho

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Mesmo depois de se ter formado o horizonte de acontecimentoso colapso avança do lado de lá até que se atinge um

volume zero!!!O ponto r=0 chama-se singularidade do buraco negro.Nesse ponto deixam de ser aplicáveis as Leis da Física.

Estrutura de um buraco negro de Schwarzschild

(c) 2001 Laurindo Sobrinho

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Viagem ao lado de lá do horizonte

Os dois observadores sincronizam os respectivos relógios edespedem-se (até um dia destes...). Vamos relatar a viagem do pontode vista de cada um dos observadores.Obs X – À medida que a nave se aproxima do horizonte deacontecimentos os relógios deixam de estar sincronizados. O relógioda nave aparenta andar cada vez mais devagar. Os segundos deleparecem cada vez maiores! O observador X está a envelhecer maisrapidamente que o observador V!!!

(c) 2001 Laurindo Sobrinho

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Vamos supor que na nave existe uma luz de sinalização azul.

O que é um raio de luz azul ?É uma onda electromagnética que efectua 667 000 000 000 000oscilações por segundo.

Mas, se com a aproximação do horizonte de acontecimentos, otempo passa cada vez mais devagar então a luz de sinalização vaioscilar mais lentamente. Isso implica que, para o observador X, aluz será cada vez menos azul. Passará pelo verde, amarelo,vermelho...

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Espectro electromagnético

Este fenómeno chama-seDesvio para o vermelho(de origem gravitacional).

(c) 2001 Laurindo Sobrinho

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Depois do vermelho a luz deixa de ser visível mas continua a serdetectável no domínio dos raios infra-vermelhos e depois comoonda de rádio. Além disso a radiação é cada vez menos intensa.

Do ponto de vista do observador X a nave nunca chega aohorizonte. No entanto como a luz que vem da nave é cada vezmenos intensa esta acaba por ser indetectável. Haverá um ponto apartir do qual essa radiação será confundível com a radiação defundo.

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Obs V - O nosso voluntário chega ao horizonte deacontecimentos, passa para o lado de lá, num tempo finito deacordo com o seu relógio. A sua luz de sinalização continua azulcomo sempre.

(c) 2001 Laurindo Sobrinho

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Observadores diferentes podem ver omesmo acontecimento de forma

diferente.Ambos têm razão.

É aqui que entra a palavraRELATIVIDADE.

(c) 2001 Laurindo Sobrinho

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Evitando a Singularidade

Uma vez ultrapassado o horizonte de acontecimentosserá possível evitar a singularidade ?

NÃO !!!Qualquer tentativa para escapar, ficar em repouso ou a orbitar a

singularidade só faz com que esta seja atingida ainda maisrapidamente.

O melhor é desligar os reactores e deixar-se ir !!!

A singularidade está no futuro do nosso voluntárioe ele nada pode fazer para a evitar.

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Esta parte final da viagem é super rápida(menos de 10 segundos).

No interior do buraco negro espaço e tempo trocam depapeis não sendo, por isso, possível estar em repouso num

ponto do espaço!

(c) 2001 Laurindo Sobrinho

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Forças de maré

A aceleração da gravidade diminui com a distância ao centro doplaneta. À medida que subimos em altitude ficamos sujeitos a umaforça gravítica menor.

Isto significa que a força da gravidade que actua ao nível dos nossospés é superior aquela que actua ao nível da nossa cabeça. O efeito nãoé muito significativo se estivermos sujeitos a um campo gravíticocomo o da Terra. As duas forças praticamente são iguais.

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Se, por outro lado, estivermos sujeitos a um campo gravítico,como aquele que existe nas imediações de um buraco negro, háuma grande diferença entre as duas forças. A diferença entre asduas forças chama-se força de maré. Seriamos alvo de umprocesso de esticamento chamado ‘ esparguetificação ‘.

(c) 2001 Laurindo Sobrinho

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No caso dos buracos negros mais pequenos a‘esparguetificação‘ começa ainda do lado de fora dohorizonte. Se fosse esse o caso do exemplo anterior o nossovoluntário estaria feito num 'esparguete'antes de ter atingidoo horizonte.

(c) 2001 Laurindo Sobrinho

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Os corpos deformam oespaço à sua volta. No casode um buraco negroforma-se um horizonte deacontecimentos queencerra uma singularidade(ponto onde a curvatura doespaço é extrema).

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Além de afectar a frequência dos raios de luz a gravidadedesvia-os das suas trajectórias:

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Estes efeitos só são largamente significativos a distânciasrelativamente pequenas do horizonte.

(adaptado de http://www.astro.ku.dk/~cramer/RelViz/text/exhib3/exhib3.html)

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Os raios de luz também andam ás voltasSe um raio de luz for emitido perpendicularmente ao horizonte deacontecimentos a uma distância de exactamente 1.5 raios deSchwarzschild (1.5Rs) então esse raio de luz irá descrever umaórbita circular.

Esta é a única orbita circular possível para os raios de luz. É umaorbita instável. Qualquer perturbação levará o raio de luz aescapar ou a cair para o buraco negro. A superfície esférica deraio 1.5Rs chama-se ROTOSFERA.

(c) 2001 Laurindo Sobrinho

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(c) 2001 Laurindo Sobrinho

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Trajectórias para corpos nas proximidades deum buraco negro

Existem duas órbitas circulares

(c) 2001 Laurindo Sobrinho

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Exemplos de órbitas em que a partícula se aproxima do buraconegro e escapa sem ser capturada por este:

(S. Chandrasekhar, The Mathematical Theory of Black Holes, 1983, Clarendon Press)

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Exemplos de órbitas em que a partícula se aproxima do buraconegro acabando por ser capturada por este:

(S. Chandrasekhar, The Mathematical Theory of Black Holes, 1983, Clarendon Press)

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Outros tipos deBuracos Negros

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Qualquer informação acerca da forma ou do tipo de objecto quedeu origem ao buraco negro desaparece para sempre. Olhandopara um buraco negro não sabemos dizer se ele resultou docolapso de uma estrela ou de uma nuvem de gás. Não sabemosnada sobre o tipo de matéria que lhe deu origem.

Qual é então ainformação que é retidano processo de formaçãodos buracos negros?

Massa m

Carga eléctrica εε

Momento angularL = m.v.radaptado de Kitty Ferguson, "Prisões de Luz", Ed.

Bizâncio 2000 - cortesia de John Wheeler.

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O que é que acontece ao resto?É simplesmente engolido pelo buraco negro ou radiado para longe

sob a forma de energia. É o que acontece, por exemplo, com ocampo magnético da estrela.

Assim existem apenas 4 tipos de buracos negros:

m Schwarzschildm, εε Reissner-Nordstrom

m, L Kerrm, εε, L Kerr-Newmann

Se dois buracos negros têm os mesmos valores de m, ε, e Lentão são iguais.

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Buracos negros de Schwarzschild

São aqueles de que temos vindo a falar. São caracterizados por umamassa m (e nada mais). O raio do horizonte de acontecimentos édado em função dessa massa m como sendo:

Rs = 2m

(aqui m é o valor da massa M do buraco negro escritaem coordenadas relativistas)

2cGM

m =

M é a massa do buraco negro em KgG é a constante de gravitação

universalc é a velocidade da luz

(c) 2001 Laurindo Sobrinho

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Buracos negros de Reissner-NordstromOs buracos negros de Reissner-Nordstrom distinguem-se dos deSchwarzschild por possuírem uma carga eléctrica εε. À volta destesburacos negros existe, além de um campo gravítico, um campoeléctrico.Os buracos negros de Reissner-Nordstrom são simetricamenteesféricos e possuem, além de uma singularidade pontual, não ummas sim dois horizontes de acontecimentos.

(c) 2001 Laurindo Sobrinho

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O horizonte mais externo (R+) é análogo ao horizonte presentenos buracos negros de Schwarzschild. O seu raio varia entre 2m(ε=0) e m (ε=m).

O horizonte mais interno (R-) não existe nos buracos negros deSchwarzschild. O seu raio varia entre 0 (ε=0) e m (ε=m).

(c) 2001 Laurindo Sobrinho

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A região S0 é o nosso universo (exterior ao buraco negro). A regiãoS1 é uma região igual à que existe num buraco negro deSchwarzschild. Não é possível estar em repouso em S1. A região S2,embora esteja no interior do buraco negro, volta a ser uma regiãoigual a S0. Podemos ficar em repouso nesta região.

Num buraco negro de Reissner-Nordstrom é possivel evitar asingularidade !!!!

(c) 2001 Laurindo Sobrinho

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Buracos negros de KerrO colapso gravitacional de uma estrela em rotação origina umburaco negro com rotação (buraco negro de Kerr). Do lado de forado horizonte de acontecimentos o espaço é arrastado em torno doburaco negro.

Sem rotação Com rotaçãohttp://www.astro.ku.dk/~cramer/RelViz/text/exhib4/exhib4.html

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Os buracos de Kerr não são simetricamente esféricos. Sãoachatados nos pólos devido à rotação. Mas têm simetria axial(em relação ao eixo de rotação).

Possuem dois horizontes de acontecimentos: R+ e R- e umasingularidade anelar sobre o plano equatorial.

(c) 2001 Laurindo Sobrinho

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Existe também uma região exterior ao buraco negro chamadaergosfera. Embora seja ainda possível escapar da ergosfera,dentro desta região todos os corpos são obrigados a rodar nomesmo sentido que o buraco negro.

A superfície S que delimita a ergosfera chama-se superfície dolimite estático. Sobre esta superfície ainda é possível ficar emrepouso, mas nunca rodar no sentido contrário ao do buraco negro.

(c) 2001 Laurindo Sobrinho

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(c) 2001 Laurindo Sobrinho

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Os raios de luz que seaproximam do buraconegro de forma aacompanharem o sentidode rotação deste,conseguem escapar maisfacilmente à captura.

Um raio que incidafrontalmente é desviado(arrastado) no sentido darotação do buraco negro enão consegue escapar.

Comportamento da luz na vizinhançade um buraco negro em rotação

www.engr.mun.ca/~ggeorge/ astron/blackholes.html

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Buracos Negros como Fontes de EnergiaUm foguetão entra na ergosfera de um buraco de Kerr (suficientemente grandepara que o foguetão não se desintegre) acompanhando o movimento de rotaçãodeste. Quando estiver relativamente próximo do horizonte são ligados osmotores. O foguetão sai da ergosfera com uma velocidade muito superior à queteria apenas com o impulso dos motores.

A energia adicional foiretirada à energiarotacional do buraconegro. A velocidade derotação do buraco negrodiminui. Este processode extracção de energiapoderá ser aplicado atéque o buraco perca todaa sua rotação.

(c) 2001 Laurindo Sobrinho

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Radiação deHawking

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Princípio da Incerteza de Heisenberg

Não se pode saber com exactidão a posição evelocidade de uma partícula. Quanto maior a certezaem relação à velocidade maior será a incerteza em

relação à posição e vice-versa.

�2h

xûvû =×

Js1062620.6h 34−×= Constante de Planck

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O vácuo não pode ser completamente vazio.

Não podemos fixar todos os campos em zero, numa dadaregião do espaço, pois isso iria contrariar o

Princípio da Incerteza de Heisenberg.

Tem de existir sempre uma incerteza mínima associada.Essa incerteza manifesta-se sob a forma de

pequenas flutuaçõesno valor do campo.

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O que são essas flutuações ?

Aparecem espontaneamente partículas aos pares. Em cada parexiste uma partícula e uma antipartícula. Separam-se porbreves instantes e depois voltam a juntar-se aniquilando-semutuamente.

Estes pares não se podem detectar directamente: diz-se quesão virtuais.

(c) 2001 Laurindo Sobrinho

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Como os pares aparecem do “nada” então arespectiva energia associada deve ser zero, ou seja,

uma das partículas do par deve terenergia negativa.

+E

(+E) + (-E) = 0

-E

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As partículas com energia negativa andam dopresente para o passado!

Não podem assim existir (de forma duradoura)no nosso Universo.

(c) 2002 Laurindo Sobrinho

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O que é que acontece se um destes pares aparecer junto de umburaco negro ?

A – O par forma-se e desaparece sem atravessar o horizonte.

B – O par forma-se do lado de fora e ambas as partículas atravessamo horizonte.

C – O par forma-se do lado de fora mas apenas uma das partículasatravessa o horizonte.

(c) 2001 Laurindo Sobrinho

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O caso C é o mais interessante.O fotão que ficou do lado de fora pode

escapar para longe.É um fotão real com energia positiva.

O fotão de energia negativa, uma vez do lado de lá do horizontede acontecimentos, pode deslocar-se livremente até a

singularidade.

(c) 2002 Laurindo Sobrinho

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O conjunto dos fotões reais que escapam das imediações dohorizonte de acontecimentos formam a componente

electromagnética da Radiação de Hawking.

Além de fotões são emitidas também outras partículas.

Neutrinos

Gravitões

Leptões

Mesões

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Se um buraco negro emite radiação então existe umatemperatura associada ao mesmo.

(c) 2002 Laurindo Sobrinho

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bn

8

MM

106T 5−×=

Note-se que

quanto maior a massa do buraco negro menor a suatemperatura!!!

A um buraco negro de uma massa solar corresponde a temperatura:

T = 0.00000006 graus Kelvin

ou seja

T = -273.14999994 graus Celsius!

Essa temperatura é dada por:

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O fotão que atravessou o horizonte tem energia negativa o queequivale a dizer que a massa associada é também negativa:

E = m .C2

A este processo deperda de massa via

radiação deHawking damos o

nome de Evaporação.

Conclusão :A massa do buraco negro irá diminuir.

(c) 2002 Laurindo Sobrinho

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Um buraco negro isolado evapora continuamente a um ritmo bastantelento. Para uma massa inicial duas vezes superior à do Sol o tempo de

evaporação ronda os1065 anos

100000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000 anos.

Para uma massa inicial de 10 000 000 000 000 000 Kg (que é muitoinferior à massa da Lua) o tempo de evaporação ronda os

1022 anos

1000000000000000000000 anos.

Qualquer um destes valores é muito superior à idadeactual do Universo (1010 anos) !

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Não existem buracos negros isolados !

Qualquer buraco negro é no mínimo banhado pela radiação defundo que enche o Universo. No caso de buracos negros demassa estelar o ganho de energia devido à radiação de fundo émuito superior à perda de energia via radiação de Hawking.

A evaporação só ganha relevo para

buracos negros de massas muito pequenas.

Será que esses buracos negros minúsculos existem ?

Quais as suas dimensões ?

Em que condições se formaram ?

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Buracos negros de massa subestelar

Não se conhece no Universo actual qualquer processo capaz deformar um buraco negro com uma massa inferior à do Sol.

É no entanto possível que nos instantes após o Big Bang setenham formado alguns buracos negros de massa reduzida.

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Nos instantes iniciais do Universo, logo após o Big Bang,devem ter existido algumas irregularidades.

Se assim não fosse o Universo actual seria uniforme e nãoexistiriam galáxias, estrelas, planetas, seres vivos, ....

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Estas condições só se podem ter verificado logo após oBig Bang e por isso esses buracos negros dizem-seprimordiais.

Essas irregularidades manifestavam-se sob a forma de variações dedensidade de matéria/energia. Nalgumas regiões a densidade podeter atingido valores suficientemente elevados para que tenhamoriginado buracos negros por implosão.

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Como é que evoluíram estes buracos negros ?

Qualquer buraco negro (primordial ou não) está sujeito aosprocessos de :

•Evaporação (decréscimo de massa).

•Acreção de matéria (aumento de massa)

Para os buracos maiores domina a acreção de matéria epara os mais pequenos domina a evaporação.

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Admitindo que a idade do Universo ronda os 1010 anos (10 000000 000 anos) então os buracos negros primordiais commassas inferiores a 1015 gramas (1 000 000 000 000 000gramas) já evaporaram completamente.

Os buracos negros primordiais com massas iniciais superiorespodem estar actualmente em fases mais ou menos avançadasda respectiva evaporação. Aqueles cujas massas iniciais nãoexcediam muito as 1015 gramas estão actualmente a atingir asetapas finais da evaporação.

Estes buracos negros podem ser parte integrante da matériaescura que sabemos existir mas que nunca foi detectadadirectamente.

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+ =

Existem ainda outras possibilidades:

Dois buracos negros podem juntar-se formando um novoburaco negro. A massa do buraco negro resultante nunca seráinferior à soma das massas dos dois buracos negros iniciais.

Um buraco negro não pode nunca bifurcar-se em dois ou maisburacos negros.

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+ =

Se um buraco negro primordial se alojar no centro de umaestrela acaba por engolir toda a matéria da mesma em algunsmilhões de anos.

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Se a teoria dos buracos negros primordiais estiver correcta entãoé de prever a existência de:

buracos negros das mais variadas massas.

Caso contrário os buracos negros não poderão ter massasinferiores a 1.5 massas solares.

Page 92: Grupo de Astronomia da Universidade da Madeira Buracos Negros · Os buracos negros eram objectos de tal forma fora do comum que, na falta de qualquer evidência da sua existência,

i������ u�����

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Se os buracos negros emitemradiação electromagnética entãodeve ser possível estabeleceruma relação entre espectroelectromagnético e buracosnegros.

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Ondas electromagnéticas

Uma ondaelectromagnética

consiste na propagaçãode uma oscilação dos

campos eléctrico emagnético.

A frequência da onda corresponde ao número de ciclosexecutados em cada unidade de tempo (mede-se em Hertz).

O comprimento de onda O é a distância a que a onda sepropaga ao fim de um ciclo (mede-se em metro).

(c) 2002 Laurindo Sobrinho

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rádiomicro-ondas

Infravermelhovisívelultra

violetaXGama

Espectro Electromagnético

Mais energético

Frequências mais altas

O mais baixos

Menos energético

Frequências mais baixas

O mais altos

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Espectro de emissão de um buraco negro

Um buraco negro emite, via radiação de Hawking,fotões de todos os comprimentos de onda.

Existe um comprimento de onda para o qual a radiação é mais intensa(c) 2002 Laurindo Sobrinho

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Para um buraco negro com uma temperatura mais baixa o valorda intensidade máxima é também mais baixo. Além disso o picode intensidade ocorre para um comprimento de onda mais alto(fotões menos energéticos)

(c) 2002 Laurindo Sobrinho

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É possível estabelecer a relação:

comprimento de onda máximo buraco negro

Falaremos então em Buracos Negros:

•Rádio

•Microondas

•Infravermelhos

•Visíveis

•Ultravioletas

•Raios X

•Raios gama

Page 98: Grupo de Astronomia da Universidade da Madeira Buracos Negros · Os buracos negros eram objectos de tal forma fora do comum que, na falta de qualquer evidência da sua existência,

fffffffffffffffffffffffffffffffffffffffffffffffffffffffffffffffffffffff

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Na Nossa Galáxia podem existir vários buracos negros de massaestelar isolados ou em sistemas binários como o que se mostra nafigura. Estes formam-se, como já foi referido anteriormente, apartir do colapso gravitacional de estrelas.

NASA - STScI

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Um buraco negro de 0.0002massas solares tem a suaemissão máxima para umcomprimento de onda de 10metros : Banda VHF. Umburaco negro deste tipo(suficientemente próximo)poderia ser detectado numtelevisor normal.

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Na figura a comparação entre umburaco negro desta dimensão e ovírus do Ébola.

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Os buracos negros visíveis são muito mais pequenos do quea maioria dos vírus e células mas ainda são muito maiores

do que os átomos.

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átomoOs buracos negros ultravioleta têmtamanhos algumas dezenas de vezessuperiores aos dos átomos.

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Os buracos negros de raiosX embora mais pequenosdo que os átomos sãoainda muito maiores doque os núcleos atómicos.

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A dimensão deste buraconegro é comparável à de umnúcleo atómico

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À medida que um buraconegro evapora emiteenergia cada vez maisintensa. No fim tudoacaba numa forteexplosão.....

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Na Radiação de Hawking são emitidas principalmente :neutrinos, fotões e gravitões.

Além destas também podem ser emitidas outraspartículas tais como:

<<1 milionésimo de segundopiões

(mesões pi)

<<1 milionésimo de segundotauões

(leptões tau)

<<1 milionésimo de segundomuões

(leptões mu)

estávelelectrões

Vida médiaPartículas

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≤≤1010leptão tau≤≤1011mesão ππ≤≤1011leptão mu≤≤1012neutrino ννττ

≤≤1014electrão≤≤1014neutrino ννµµ

≤≤1019neutrino ννe

qualquergravitãoqualquerfotão

Massa doBuraco Negro (kg)

Partícula

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Quando a massa ronda os 1011 Kg são emitidos abundantementemesões Pi (piões). Na realidade são emitidos jactos de Quarks eGluões a partir dos quais se formam mesões ππ+ , ππ0 e ππ - bemcomo as respectivas antipartículas.

Os mesões Pi são todos bastante instáveis desintegrando-seimediatamente em outras partículas. Merece especial atenção adesintegração do mesão ππ0 :

π0 γ + γO mesão π0 tem um tempo de vida média de apenas 2*10-16 s.

(0.000 000 000 000 000 2 s)

Após esse tempo desintegra-se em dois fotões gama altamenteenergéticos.

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À medida que a evaporação avança são emitidos cada vezmais mesões ππ0 aumentando assim o fluxo de fotões gama.Assiste-se assim a uma espécie de explosão de raios gamaque pode ser observável a grandes distâncias (!?) apesar denesta fase o buraco negro ser muito pequeno (muito maispequeno do que o núcleo de um átomo).

Um buraco negro de 1 000000 Kg evapora em cerca de1/10 segundos libertando,essencialmente em raiosgama, uma energiaequivalente à detonação demil milhões de bombas dehidrogénio de 1Megatonelada!

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Foram observadas nos últimos anos (a partir de satélites)inúmeras explosões de raios gama. Estas são habitualmentedesignadas por: GRBs – Gamma Rays Bursts

Alguns dos GRBspodem estarrelacionados com aexplosão de buracosnegros (embora já setenha provado quemuitos deles têm outrasorigens)

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O que é que fica depois do buraco negro evaporarcompletamente ?

Uma singularidade nua ?!

Nada (tudo é dissipado em energia) ?

A evaporação cessa ao ser atingida uma massa limite ?

......

Qual a resposta correcta ?

(Ainda) NÃO SE SABE !

Para responder devidamente a esta questão há que sabercomo combinar Mecânica Quântica e gravidade.

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