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COMISSÃO DE ECONOMIA E OBRAS PÚBLICAS GRUPO DE TRABALHO COMPRA E VENDA DE OURO RELATÓRIO 1 Eurídice Pereira (PS) - Coordenação Eduardo Teixeira (PSD) João Paulo Viegas (CDS-PP) Agostinho Lopes (PCP) Palácio de S. Bento, 09 de Maio de 2012

GRUPO DE TRABALHO COMPRA E VENDA DE OURO Relatório final

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RELATÓRIO

1

Eurídice Pereira (PS) - Coordenação

Eduardo Teixeira (PSD)

João Paulo Viegas (CDS-PP)

Agostinho Lopes (PCP)

Palácio de S. Bento, 09 de Maio de 2012

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ÍNDICE

1. Nota Introdutória

2. Reuniões, Audições, Audiências e Visitas

2.1. Reuniões do Grupo

2.2. Audições

2.3. Audiências

2.4. Visitas

3. Legislação portuguesa e comunitária sobre compra e venda de ouro

3.1. Portugal

3.1.1. Contrastarias

3.1.1.1. Outras disposições relativas às Contrastarias

3.1.2. Convenção sobre o controle e marcação de artigos e metais preciosos

3.1.3. Venda de ouro

3.1.3.1. Legislação Geral

a) Licenciamento

b) Práticas comerciais desleais

c) Afixação de preços

3.1.3.2. Legislação específica

3.1.3.3. Fiscalização

3.2. Normas comunitárias

3.2.1. Gerais

3.2.2. Específicas

4. Apreciação Geral

4.1. Evolução da atividade

4.1.1. Enquadramento

4.1.2. Atividade retalhista

4.1.3. Atividade grossista

4.2. Grossistas e retalhistas – conceitos

4.3. Exportações e importações de ouro

4.4. Práticas comerciais – exemplos

4.5. Bens culturais

4.6. Publicidade: enquadramento legal e práticas

4.6.1. Formas, conteúdos e veículos

4.6.2. Enquadramento legal

4.6.3. Síntese

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4.7. Fiscalização

4.8. Segurança e investigação

4.9. Atualidade da legislação – comércio de artefactos e outros bens de metais

preciosos

5. Conclusões e parecer

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1 – NOTA INTRODUTÓRIA

O Grupo de Trabalho, denominado “Compra e Venda de Ouro” (GTCVO), foi

constituído em 15 de Dezembro de 2011, conforme ata nº 41/XII/1ª SL, da

Comissão de Economia e Obras Públicas (CEOP).

No entanto, a composição do GTCVO só veio a ocorrer em Janeiro de 2012, e

integra os seguintes deputados/as:

Eurídice Pereira (PS) - Coordenadora

Eduardo Teixeira (PSD)

João Paulo Viegas (CDS-PP)

Helder Amaral (CDS-PP)

Agostinho Lopes (PCP)

Catarina Martins (BE)

Trata-te de um grupo de curta duração, com mandato até final do 1.º trimestre de

2012.

O GTCVO tem por objeto a “apreciação e avaliação da atualidade da legislação

relativamente à compra e venda de metais preciosos em 2.ª mão, nas diversas

vertentes, nomeadamente licenciamento, comércio, publicidade, com vista a uma

eventual iniciativa legislativa”.

A matéria mereceu especial atenção porquanto se trata de uma atividade

económica com visível crescimento repentino e relativamente à qual parece não

existir regulamentação específica, tendo, nos últimos tempos, vindo a ser referida

com eventuais ligações a práticas irregulares de receção de ouro.

Em 9 de Fevereiro, veio o GTCVO a aprovar o Plano de Atividades, que foi

apresentado, em 15 de Fevereiro, à CEOP.

A conciliação do agendamento dos trabalhos com outras incumbências dos

deputados constituiu uma dificuldade ao longo do mandato do Grupo.

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2 – REUNIÕES, AUDIÇÕES, AUDIÊNCIAS e VISITAS

O GTCVO realizou seis reuniões, quatro audições, três das quais conjuntas, uma

audiência e uma visita à Contrastaria de Lisboa.

Foram ouvidas por escrito algumas entidades. Em concreto, a ANMP- Associação

Nacional de Municípios Portugueses, a DECO – Associação Portuguesa para a

Defesa do Consumidor e a Associação Portuguesa de Gemologia.

2.1. Reuniões do Grupo

Data Ordem Trabalhos Presenças/Deputados

26.Jan.2012 1. Metodologia a utilizar pelo Grupo de Trabalho Eurídice Pereira (PS)

Eduardo Teixeira (PSD)

João Paulo Viegas (CDS-PP)

Deputado Agostinho Lopes (PCP)

9.Fev.2012 1.Aprovação da síntese da reunião de 24 Jan

2.Aprovação do Plano de Atividades

3.Distribuição de tarefas

4.Avaliação das entidades que podem ser

auscultadas por escrito

Eurídice Pereira (PS)

Eduardo Teixeira (PSD) João Paulo Viegas (CDS-PP) Agostinho Lopes (PCP)

8.Mar.2012 1. Ponto de situação dos trabalhos 2. Outros assuntos

Eurídice Pereira (PS)

Eduardo Teixeira (PSD) João Paulo Viegas (CDS-PP) Agostinho Lopes (PCP)

29.Mar.2012 1. Trabalhos preparatórios para a elaboração de relatório

Eurídice Pereira (PS)

Eduardo Teixeira (PSD)

19.Abr.2012 1. Conteúdos do relatório: Conclusões e parecer Eurídice Pereira (PS)

Eduardo Teixeira (PSD) João Paulo Viegas (CDS-PP) Agostinho Lopes (PCP)

3.Mai.2012 1.Aprovação de atas 2.Análise e aprovação da proposta de relatório sem o último capítulo: Conclusões e Parecer 3.Decisão sobre conclusões e parecer

Eurídice Pereira (PS)

Eduardo Teixeira (PSD) João Paulo Viegas (CDS-PP) Agostinho Lopes (PCP)

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2.2. Audições

Data Presenças/Entidades Presenças/Deputados

22.Fev.2012 Instituto dos Museus e da Conservação, em representação da Secretaria de Estado da Cultura - Manuel Bairrão Oleiro (Assessor)

Eurídice Pereira (PS)

Eduardo Teixeira (PSD)

João Paulo Viegas (CDS-PP)

Agostinho Lopes (PCP)

28.Fev.2012 INCM-Imprensa Nacional Casa da Moeda – Unidade de Contrastaria - Armanda Petrucci ; Sandra Janela ; Manuela Barroso ASAE-Autoridade de Segurança Alimentar e Económica - António Marques Nunes ( Inspetor Geral) ; Valdemar Belo da Silva ( Chefe de Divisão); Armando S. da Costa (Inspetor-Chefe) DGAE-Direção Geral das Atividades Económicas - Mário Lobo (Diretor Geral); Cristina Pinto (Diretora Serviços)

Eurídice Pereira (PS)

Eduardo Teixeira (PSD)

João Paulo Viegas (CDS-PP)

Agostinho Lopes (PCP)

29.Fev.2012 PIN - Associação Portuguesa de Joalharia Contemporânea - Catarina Dias; Inês Silva Costa AORP – Associação de Ourivesaria e Relojoaria de Portugal - Fátima Santos (Secretária-Geral) ; Manuel Alcino (Presidente) ACORS – Associação de Comerciantes de Ourivesaria do Sul - Francisco Cruz; Horácio Zagalo; Paulo Martinho ; Arlindo Lourenço CCP – Confederação do Comércio de Portugal -Vasco de Mello (Vice-Presidente) APIO – Associação Port da Industria de Ourivesar - Carlos Alberto Caria (Presidente); João Carlos Brito (Secretário-Geral)

Eurídice Pereira (PS)

Eduardo Teixeira (PSD)

João Paulo Viegas (CDS-PP)

Agostinho Lopes (PCP)

6.Fev.2012 PJ-Polícia Judiciária - Almeida Rodrigues (Diretor Nacional); António R Caniço (Diretor Unidade Invest e Inform Criminal) PSP – Polícia de Segurança Pública - Paulo Valente Gomes ( Diretor Nacional);-Tito M Fernandes (Deptº Invest Criminal) GNR-Guarda Nacional Republicana -Luís Newton Parreira ( Comandante Geral); Manuel Borges (Diretor Informações)

Eurídice Pereira (PS)

Eduardo Teixeira (PSD)

João Paulo Viegas (CDS-PP)

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2.3. Audiências

Data Requerente Presenças/Deputados

29.Mar.2012 António Luís Moura – empresário do setor Eurídice Pereira (PS)

Eduardo Teixeira (PSD)

Nota: Audiência realizada a solicitação do cidadão

2.4. Visitas

Data Local Presenças/Deputados

19.Mar.2012 Contrastaria de Lisboa Eurídice Pereira (PS)

João Paulo Viegas (CDS-PP)

As sínteses das reuniões, audições, audiência e visita constam dos anexos ao

presente relatório.

3 – LEGISLAÇÃO PORTUGUESA E COMUNITÁRIA SOBRE COMPRA E

VENDA DE OURO

3.1. Portugal

3.1.1. Contrastarias

Decreto-lei nº 391/79, de 20 de Setembro - Aprova o Regulamento das

Contrastarias, com as seguintes alterações:

Decreto-lei nº 384/89, de 8 de Novembro - Dispensa de contraste os

artefactos e outros objetos de ourivesaria nos quais, total ou parcialmente, se

contenha prata de toque legal inferior a determinado peso. Primeira alteração

ao Regulamento das Contrastarias, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 391/79, de

20 de Setembro. (altera o artigo 1º)

Decreto-lei nº 57/98, de 16 de Março - Altera os artigos 1.º, 3.º, 7.º, 11.º, 12.º,

14.º, 15.º, 16.º, 34.º, 35.º, 57.º, 70.º, 74.º, 77.º, 78.º, 97.º, 99.º, 102.º e 108.º e

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revoga os artigos 10.º e 105.º do Regulamento das Contrastarias, aprovado

pelo Decreto-Lei n.º 391/79, de 20 de Setembro, alterado pelo Decreto-Lei n.º

384/89, de 8 de Novembro

Decreto-lei nº 171/99, de 19 de Maio - Estabelece um novo regime de

fiscalização e sancionatório das atividades de comércio e indústria de

artefactos de metais preciosos (Revoga os arts. 59.º a 69.º e 71.º a 76.º, 95.º

e 96.º)

Decreto-lei nº 365/99, de 17 de Setembro - Estabelece o regime jurídico do

acesso, do exercício e da fiscalização da atividade de prestamista (Revoga o

n.º 2 do art. 31.º)

Decreto-lei nº 75/2004, de 27 de Março - Revoga a obrigação de prestação

de caução instituída para o exercício das atividades de avaliador oficial e de

ensaiador fundidor, constante do Regulamento das Contrastarias, aprovado

pelo Decreto-Lei n.º 391/79, de 20 de Setembro (Revoga o n.º 2 do artigo

40.º e o n.º 4 do art. 43.º)

3.1.1.1. Outras Disposições relativas às Contrastarias

Portaria nº 477-A/90, de 27 de Junho - Atualiza as tabelas emolumentares, as

cauções, as taxas, as licenças, as propinas e as multas previstas no Regulamento

das Contrastarias, com as alterações sofridas pela Declaração 3234/90, de 22 de

Agosto, com a alteração introduzida pela Declaração de 31 de Agosto de 1990 - De

ter sido retificada a Portaria n.º 477-A/90, dos Ministérios das Finanças e da

Indústria e Energia, que atualiza as tabelas emolumentares, as cauções, as taxas,

as licenças, as propinas e as multas previstas no Regulamento das Contrastarias,

publicada no Diário da República, 1.ª série, n.º 146 (suplemento), de 27 de Junho de

1990

3.1.2. Convenção sobre o Controle e Marcação de Artigos de Metais Preciosos

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Decreto nº 56/82, de 29 de Abril - Aprova, para ratificação, a Convenção sobre o

Controle e Marcação de Artigos de Metais Preciosos, com as seguintes alterações:

Decreto nº 42/92, de 13 de Outubro - Aprova, para ratificação, as alterações

aos artigos 10 e 12 da Convenção sobre o Controlo e a Marcação de

Artefactos de Metais Preciosos

Decreto nº 39/99, de 19 de Outubro - Aprova, para assinatura, a alteração ao

artigo 1.º, n.º 1, da Convenção sobre Controlo e Marcação de Artigos de

Metais Preciosos

Decreto nº 2/2006, de 3 de Janeiro - Aprova as emendas à Convenção sobre

o Controlo e Marcação de Artigos de Metais Preciosos, assinada em Viena

em 15 de Novembro de 1972 e aprovada, para ratificação, pelo Decreto-Lei

n.º 56/82, de 29 de Abril, adotadas pelo Comité Permanente na sua 48.ª

reunião, realizada em Morges em 13 e 14 de Dezembro de 1999, e alteradas

na sua 50.ª reunião, realizada em Genebra em 9 de Janeiro de 2001, as

emendas aos anexos I e II da Convenção adotadas pelo Comité Permanente

na sua 45.ª reunião, realizada em Helsínquia em 25 e 26 de Maio de 1998, e

as emendas ao anexo II, adotadas pelo Comité Permanente na sua 43.ª

reunião, realizada em Viena em 15 de Outubro de 2002

3.1.3. Venda de Ouro

3.1.3.1. Legislação Geral

a) Licenciamento

Decreto-lei nº 21/2009, de 19 de Janeiro - No uso da autorização legislativa

concedida pela Lei n.º 42/2008, de 27 de Agosto, estabelece o regime jurídico de

instalação e de modificação dos estabelecimentos de comércio a retalho e dos

conjuntos comerciais, aplicado pelas

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Portaria nº 417/2009, de 16 de Abril - Estabelece as regras de funcionamento

das Comissões de Autorização Comercial (COMAC)

Portaria nº 418/2009, de 16 de Abril - Fixa a metodologia para a

determinação da valia do projeto (VP) para efeitos de avaliação e pontuação

dos projetos de instalação e modificação dos estabelecimentos de comércio

alimentar e misto, de comércio não alimentar e de conjuntos comerciais

b) Práticas comerciais desleais

Decreto-lei nº 57/2008, de 26 de Março - Estabelece o regime aplicável às práticas

comerciais desleais das empresas nas relações com os consumidores, ocorridas

antes, durante ou após uma transação comercial relativa a um bem ou serviço,

transpondo para a ordem jurídica interna a Diretiva n.º 2005/29/CE, do Parlamento

Europeu e do Conselho, de 11 de Maio, relativa às práticas comerciais desleais das

empresas nas relações com os consumidores no mercado interno.

c) Afixação de Preços

Decreto-lei nº 138/90, de 26 de Abril - Estabelece a obrigação dos bens destinados

à venda a retalho exibirem o respetivo preço de venda ao consumidor, com as

alterações introduzidas pelo Decreto-lei nº 162/99, de 13 de Maio - Altera o Decreto-

Lei n.º 138/90, de 26 de Abril, que regula a indicação dos preços de venda a retalho

de géneros alimentares e não alimentares e de serviços, e transpõe para a ordem

jurídica interna a Diretiva n.º 98/6/CE, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 16

de Fevereiro de 1998, relativa à defesa dos consumidores em matéria de indicação

dos preços dos produtos oferecidos aos consumidores (altera os Alterados os arts.

1º, 2º, 3º, 4º, 5º, 6º, 10º, 11º, 12º, 13º, 14º, 15º e 16º e revoga os anexos I e II)

3.1.3.2. Legislação específica

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Decreto-lei nº 13/90, de 8 de Janeiro - Altera as normas reguladoras do exercício do

comércio de câmbios, das operações cambiais e das operações sobre o ouro, com

as seguintes alterações:

Decreto-Lei n.º 64/91, de 28 de Fevereiro - Altera o Decreto-Lei n.º 13/90, de

8 de Janeiro (estabelece normas reguladoras do exercício do comércio de

câmbios, das operações cambiais e das operações sobre o ouro) - Alterados

os art.s 34º, 36º, 37º, 38º, 43º e 44º e aditado um art. 37º-A)

Decreto-lei nº 170/93, de 11 de Maio – Liberaliza os movimentos de

capitais entre Portugal e o estrangeiro (Alterados os arts. 11º, 15º, 17º,

18º, 19º, 20º, 21º, 22º, 23º, 24º, 28º e 29º e revogado o nº 3 do art. 14º e

os arts. 25º, 26º e 27º)

Decreto-lei nº 138/98, de 16 de Maio - Estabelece regras fundamentais a

observar no processo de transição para o euro, complementando o

ordenamento jurídico comunitário existente (Aditado o art. 1º-A e

alterados os arts. 5º e 19º)

Revogado pelo Decreto-lei nº 295/2003, de 21 de Novembro - No uso da

autorização legislativa concedida pela Lei n.º 25/2003, de 17 de Julho, aprova o

novo regime jurídico das operações económicas e financeiras com o exterior e das

operações cambiais, que sofreu as alterações introduzidas pelo Decreto-lei nº

61/2007, de 14 de Março - Aprova o regime jurídico aplicável ao controlo dos

montantes de dinheiro líquido, transportado por pessoas singulares, que entram ou

saem da Comunidade Europeia através do território nacional, bem como ao controlo

dos movimentos de dinheiro líquido com outros Estados membros da União

Europeia, e procede à primeira alteração ao Decreto-Lei n.º 295/2003, de 21 de

Novembro (Alterado o art. 1º e o nº 1 do art. 19º e revogados os nºs. 3 e 4 do art.

19º e o nº 2 do art. 20º)

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Despacho Normativo nº 215/78, de 6 de Setembro - Determina que sejam afixadas

etiquetas com os preços de venda ao público em todos os artigos de ourivesaria e

relojoaria.

Portaria nº 1028/80, de 3 de Dezembro - Estabelece normas sobre a evasão e

fraudes fiscais nas transações de mercadorias dos sectores de ourivesaria e

relojoaria

Decreto-Lei nº 204/96, de 25 de Outubro - Cria um certificado de autenticidade para

a ourivesaria tradicional portuguesa, aplicado pelas:

Portaria nº 605/96, de 25 de Outubro - Aprova os critérios gerais e

específicos, a observar na atribuição do direito ao uso do certificado de

artesanato para as filigranas e pratas cinzeladas (Nº3 do art. 5º)

Portaria nº 1034/99, de 24 de Novembro - Altera a Portaria n.º 605/96, de 25

de Outubro (aprova os critérios gerais e específicos a observar na atribuição

do direito ao uso do certificado de artesanato para as filigranas, pratas

cinzeladas, malhas manuais, bolsas de malha, ocos cobertos e chapas

cobertas) (nº 3 do art. 5º).

3.1.3.3. Fiscalização

Decreto-lei nº 275-A/2000, de 9 de Novembro - Aprova a Lei Orgânica da Polícia

Judiciária, com as seguintes alterações:

- Lei nº 103/2001, de 25 de Agosto - Primeira alteração ao Decreto-Lei n.º

275-A/2000, de 9 de Novembro (Lei Orgânica da Polícia Judiciária) (aditado o

art. 11º-A)

- Decreto-lei nº 323/2001, de 17 de Dezembro - Procede à conversão de

valores expressos em escudos para euros em legislação da área da justiça

(Alterados o art. 4º e o anexo III)

- Lei nº 10/2002, de 17 de Dezembro - Aperfeiçoa as disposições legais

destinadas a prevenir e punir o branqueamento de capitais provenientes de

atividades criminosas e quinta alteração ao Decreto-Lei n.º 325/95, de 2 de

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Dezembro, alterado pela Lei n.º 65/98, de 2 de Setembro, pelo Decreto-Lei

n.º 275-A/2000, de 9 de Novembro, pela Lei n.º 104/2001, de 25 de Agosto, e

pelo Decreto-Lei n.º 323/2001, de 17 de Dezembro.

- Decreto-lei nº 304/2002, de 13 de Dezembro - Altera o Decreto-Lei n.º 275-

A/2000, de 9 de Novembro, que aprova a orgânica da Polícia Judiciária

(Alterados os arts. 4º, 5º, 25º e 28º e aditados os arts. 33º-A, 37º-A e dois

lugares ao quadro de pessoal constante do anexo I)

- Decreto-lei nº 43/2003, de 13 de Março - Altera o Decreto-Lei n.º 275-

A/2000, de 9 de Novembro, que aprovou a orgânica da Polícia Judiciária

(Alterado o art. 38º, com a redação dada pelo Decreto-Lei nº 304/2002 de 13-

Dez, e aditado o art. 24º-A)

- Decreto-lei nº 235/2005, de 30 de Dezembro - Altera o regime de

aposentação e de disponibilidade do pessoal de investigação criminal e de

apoio da Polícia Judiciária (Alterados os arts. 87.º, 146.º e 148.º e aditados os

arts. 147.º-A e 148.º-A).

- Decreto-lei nº 121/2008, de 11 de Julho - Extingue carreiras e categorias

cujos trabalhadores transitam para as carreiras gerais (Revogadas, a partir

da entrada em vigor do Regime de Contrato de Trabalho em Funções

Públicas (RCTFP), as alíneas a) a d) do n.º 5 do artigo 62.º e artigos 73.º a

76.º, 133.º a 136.º e 140.º a 142.º)

- Lei nº 37/2008, de 11 de Julho - Aprova a orgânica da Polícia Judiciária

(Alterado, a partir de 5 de Setembro de 2008, o art. 84º e revogados, a partir

da mesma data e nos termos da al. a) do art. 58º, os artº 1.º, 2º (o último na

redação da Lei 10/2002, de 11-Fev), 3º, 4º (o último na redação dos Decreto-

lei nº 323/2001, de 17-Dez, e Decreto-lei nº 304/2002, de 13-Dez), 5º (na

redação do Decreto-lei nº 304/2002, de 13-Dez), 6º a 8º, 8º-A, 8º-B, 8º-C, 8º-

D (os quatro últimos na redação da Lei 10/2002, de 11-Fev), 9º, 10º (o último

redação da Lei 10/2002, de 11-Fev), 11º, 11º-A (o último na redação da Lei

103/2001, de 25-Ago), 12º a 24º, 24º-A (aditado pelo Decreto-Lei nº 43/2003,

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de 13 de Março), 25º (o último na redação do Decreto-Lei nº 304/2002, de 13-

Dez), 26º, 27º, 28º (o último na redação do Decreto-Lei 304/2002, de 13-

Dez), 29º a 33º, 33º-A (o último na redação do Decreto-Lei nº 304/2002, de

13-Dez), 34º a 37º, 37º-A (o último na redação do Decreto-Lei nº 304/2002,

de 13-Dez), 38º (na redação do Decreto-lei nº 43/2003, de 13-Mar), 39º a 61º,

70º, 112º a 117º, 129º e 173º a 175º)

- Lei nº 64-A/2008, de 31 de Dezembro - Orçamento do Estado para 2009

(Revogada a referência às «alíneas a) a d) do n.º 5 do artigo 62.º e artigos

73.º a 76.º, 133.º a 136.º e 140.º a 142.º do presente diploma, constante do

mapa VIII anexo ao Decreto-Lei nº 121/2008 de 11 de Julho)

- Decreto-lei nº 42/2009, de 12 de Fevereiro - Estabelece as competências

das unidades da Polícia Judiciária e o regime remuneratório dos seus

dirigentes (Revogado o art. 63.º, os nº 2 a 4 e 6 do art. 90.º, o n.º 3 do art.

92.º, o n.º 3 do art. 94.º, os nº 1 e 2 do art. 161.º, exceto no que respeita ao

pessoal de chefia, as tabelas nºs 1 e 2 do anexo II, a primeira linha do anexo

III e o anexo IV)

- Lei nº 55-A/2010, de 31 de Dezembro - Orçamento do Estado para 2011

(Alterado o artº. 145º)

- Decreto-Lei nº 274/2007, de 30 de Julho – Lei Orgânica ASAE

3.2. Normas Comunitárias

3.2.1. Gerais

DIRETIVA 77/388/CEE do Conselho, de 17 de Maio de 1977, relativa à

harmonização das legislações dos Estados-Membros respeitantes aos impostos

sobre o volume de negócios - sistema comum do imposto sobre o valor

acrescentado: matéria coletável uniforme (regime aplicável ao ouro para

investimento)

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COMISSÃO DE ECONOMIA E OBRAS PÚBLICAS

GRUPO DE TRABALHO COMPRA E VE NDA DE OURO

RELATÓRIO

15

DIRETIVA 98/34/CE de 22 de Junho de 1998, relativa a um procedimento de

informação no domínio das normas e regulamentações técnicas – versão

consolidada

DIRETIVA 2005/29/CE, de 11 de Maio de 2005 relativa às práticas comerciais

desleais das empresas face aos consumidores no mercado interno e que altera a

Diretiva 84/450/CEE do Conselho, as Diretivas 97/7/CE, 98/27/CE e 2002/65/CE e o

Regulamento (CE) nº 2006/2004 («diretiva relativa às práticas comerciais desleais»)

DIRECTIVA 2006/112/CE de 28 de Novembro de 2006 relativa ao sistema comum

do imposto sobre o valor acrescentado

REGULAMENTO (CE) Nº 213/2008 DA COMISSÃO de 28 de Novembro de 2007,

que altera o Regulamento (CE) nº 2195/2002 do Parlamento Europeu e do

Conselho, relativo ao Vocabulário Comum para os Contratos Públicos (CPV), e as

Diretivas do Parlamento Europeu e do Conselho 2004/17/CE e 2004/18/CE,

relativas aos processos de adjudicação

3.2.2. Específicas

Aplicação do Regulamento «Reconhecimento Mútuo» a artefactos de metais

preciosos»

4 – APRECIAÇÃO GERAL

4.1. Evolução da atividade

4.1.1. Enquadramento

O artigo 15º do Decreto-lei nº 391/79, de 20 de Setembro, que aprova o

Regulamento das Contrastarias, alterado pelos Decretos-lei nº 384/89, de 8 de

Novembro , nº 57/98, de 16 de Março, nº 171/99, de 19 de Maio , nº 365/99, de 17

de Setembro e nº 75/2004, de 27 de Março, define as modalidades de matrícula a

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GRUPO DE TRABALHO COMPRA E VE NDA DE OURO

RELATÓRIO

16

conceder pelas contrastarias para o exercício dos ramos de atividade nelas

expresso.

O mencionado Decreto-lei nº 391/79, de 20 de Setembro, previa inicialmente quinze

modalidades de matrícula que, com as alterações introduzidas, passaram a doze,

sendo que a matrícula de ‘retalhista com estabelecimento especial’ apresenta três

modalidades específicas – de artigos militares, papelaria, etc.; de antiguidades e de

artesanato.

São elas,

1. Industrial de ourivesaria

2. Armazenista de ourivesaria

3. Armazenista de relojoaria

4. Armazenista de pedras preciosas e pérolas

5. Retalhista de ourivesaria

6. Retalhista de relojoaria

7. Retalhista misto de ourivesaria

8. Retalhista com estabelecimento especial

8.1. De artigos militares, papelaria, etc.

8.2. De antiguidades

8.3. De artesanato

9. Casa de penhores

10. Vendedor ambulante de ourivesaria

11. Corretor de ourivesaria

12. Ensaiador-fundidor de metais preciosos

Das doze matrículas importa, em razão do objeto do GTCVO, observar,

especificamente, as matrículas nas modalidades de retalho:

1. Retalhista de ourivesaria (cód. 41)

2. Retalhista misto de ourivesaria (cód. 44)

3. Retalhista com estabelecimento especial (códs. 46,47,48 e 49)

4. Casa de Penhores (cód. 60)

5. Vendedor Ambulante de Ourivesaria ( códs. 71 e 73)

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COMISSÃO DE ECONOMIA E OBRAS PÚBLICAS

GRUPO DE TRABALHO COMPRA E VE NDA DE OURO

RELATÓRIO

17

E destas, a primeira – retalhista de ourivesaria – onde as chamadas ‘casas de

compra e venda de ouro’ usado vieram a ser matriculadas, não obstante as

tradicionais ourivesarias também exercerem esta prática de negócio e serem

portadoras de igual tipo de matrículas. Aliás, todas as matrículas de retalhista

“podem adquirir” ouro usado, segundo a INCM,S.A. – Imprensa Nacional-Casa da

Moeda,S.A. - Contrastaria.

De acordo com os dados disponibilizados pela INCM,S.A., procedeu-se a um

apuramento da evolução da atividade, que se apresenta em seguida.

4.1.2. Atividade retalhista

No final de 2008, encontravam-se atribuídas 3 450 matrículas de retalhistas de

ourivesaria. Em 2011, eram 5 055 os registos o que representa um aumento ( 1

605), em três anos, de 46,5% de matriculadas nessa modalidade.

Quadro 1.

Ano Retalhista de ourivesaria (1) ( matrículas)

Outras matrículas de retalhista (2)

Totais

2008 3 450 2 645 6 095

2009 3 559 2 563 6 122

2010 3 932 2 416 6 348

2011 5 055 2 418 7 473 (1) Código Atividade – 41

(2) Código Atividade – 44,46,47,48,49,60,71 e 73

De 2008 para 2009, aumentaram 3% (109) o número de matrículas atribuídas a

retalhista de ourivesaria. No ano seguinte ( 2009 para 2010), o acréscimo foi de

10% ( 373) e no último período em apreciação ( 2010 para 2011) registou-se um

aumento de 28,5% ( 1 123).

Neste crescendo de matrículas para a modalidade de retalhista de ourivesaria a

maior expressão dá-se de 2010 para 2011.

Verifica-se, no entanto, que as outras atividades retalhistas não tiveram o mesmo

comportamento, com exceção das matrículas ‘Casa de Penhores’ ( 84 em 2008

para 127 e 2011) e ‘Retalhista Misto de Ourivesaria’ ( 1029, em 2008 para 1073, em

2011), mas de expressão menos acentuada.

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RELATÓRIO

18

Quadro 2.

Atividade Ano

Código Designação 2008 2009 2010 2011

44 Retalhista misto de ourivesaria 1029 1038 1060 1073

46,47,48,49 Retalhista com estabelecimento especial 300 300 276 290

60 Casa de Penhores 84 99 112 127

71 e 73 Vendedor Ambulante de Ourivesaria 1232 1126 968 928

Entendeu-se importante ter uma avaliação das matriculas referentes a toda a

atividade retalhista no espaço territorial, que, em síntese, traduz-se no quadro

abaixo.

Quadro 3.

Distrito Var Anual (2008/2009)

2010 Var Anual 2011 Var Anual

Aveiro 19% 391 7% 470 20%

Beja 19% 69 1% 87 26%

Braga 24% 441 8% 550 25%

Bragança 91% 140 - 2% 135 - 4%

Castelo Branco

27% 101 3% 105 4%

Coimbra 60% 311 -1% 340 9%

Évora 33% 78 - 7 % 108 38%

Faro 36% 345 1% 419 21%

Guarda 13% 85 - 1% 88 4%

Leiria 26% 264 9% 286 8%

Lisboa 37% 1 451 3% 1 683 16%

Portalegre 27% 80 1% 85 6%

Porto 21% 1 114 8% 1 379 24%

Santarém 19% 351 2% 404 15%

Setúbal 33% 422 6% 520 23%

Viana do Castelo

14% 141 6% 172 22%

Vila Real 9% 134 2% 150 12%

Viseu 20% 166 0% 191 15%

Angra do Heroísmo

- 3% 32 - 6% 36 13%

Funchal 14% 132 - 1% 159 20%

Horta 11% 20 - 5% 20 0%

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RELATÓRIO

19

Ponta Delgada

20% 80 - 6% 86 8%

Totais 28% 6 348 4% 7 473 18%

No entanto, como se referiu atrás, importa ter uma apreciação mais específica, por

distrito, sobre a matrícula ‘retalhista de ourivesaria’, onde as ´casas de compra e

venda de ouro’ obtém o seu licenciamento.

Quadro 4.

Evolução da atividade de retalhista de ourivesaria – código 41- , por distrito

Distrito Var Anual (2008/2009)

2010 Var Anual 2011 Var Anual

Aveiro 5% 224 16% 309 38%

Beja 0% 36 6% 56 56%

Braga 6% 311 14% 422 36%

Bragança 2% 52 16% 49 - 6%

Castelo Branco

8% 61 7% 66 8%

Coimbra 2% 153 15% 188 23%

Évora 4% 50 6% 78 56%

Faro 5% 198 8% 278 40%

Guarda 2% 44 5% 50 14%

Leiria 4% 154 12% 186 21%

Lisboa 3% 908 7% 1 118 23%

Portalegre 3% 42 2% 49 17%

Porto 3% 836 14% 1 095 31%

Santarém 6% 155 15% 205 32%

Setúbal 3% 287 10% 381 33%

Viana do Castelo

7% 85 10% 117 38%

Vila Real - 2% 87 10% 103 18%

Viseu 3% 87 10% 114 31%

Angra do Heroísmo

- 14% 18 0% 22 22%

Funchal - 2% 96 10% 117 22%

Horta 10% 11 0% 11 0%

Ponta Delgada

- 5% 37 -10% 41 11%

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RELATÓRIO

20

Totais 3% 1) 3 942 10% 5 055 29%

1) 3 450 matrículas, em 2008 e 3559, em 2009

Das 5 055 matrículas registadas, em 2011, mais de 50% tem localização nos

distritos de Lisboa (1 118), Porto (1 095) e Braga (422). E mais de 70%, se

acrescentarmos os distritos de Setúbal (381), Aveiro (309), Faro (278) e Santarém

(205).

No que aos concelhos diz respeito, verifica-se que, no caso do distrito de Lisboa (1

118) é, de facto, Lisboa (524) que dispõe do maior número de matrículas de

retalhista de ourivesaria, seguido de Sintra (131), Amadora (77), Cascais

(73),Oeiras (64), Vila Franca de Xira (63) e Loures (62).

Gráfico 1

Quanto ao distrito do Porto (1095), o destaque vai para o concelho do Porto (323),

seguido de Vila Nova de Gaia (126), Matosinhos (109), Gondomar (74), Póvoa do

Varzim (71), Valongo (55) e Maia (53).

0

100

200

300

400

500

600

2008 2009 2010 2011

Alenquer Amadora Arruda dos Vinhos

Azambuja Cadaval Cascais

Lisboa Loures Lourinhã

Mafra Odivelas Oeiras

Sintra Sobral Monte Agraço Torres Vedras

Vila Franca de Xira

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RELATÓRIO

21

Gráfico 2

Os concelhos mais expressivos do distrito de Braga (422) são, por ordem

decrescente, Braga (118), Guimarães (82), Vila Nova de Famalicão (74), Barcelos

(39), Fafe (26) e Póvoa de Lanhoso (21).

Gráfico 3

0

50

100

150

200

250

300

350

2008 2009 2010 2011

Amarante baião Felgueiras Gondomar

Lousada Maia Marco de Canaveses Matosinhos

Paços de Ferreira Paredes Penafiel Porto

Póvoa de Varzim Santo Tirso Trofa Valongo

Vila do Conde Vila Nova Gaia

0

5

10

15

20

25

2008 2009 2010 2011

Aljustrel Almodovar Alvito #REF!

Beja Castro Verde Cuba Ferreira do Alentejo

Mertola Moura Odemira Ourique

Serpa Vidigueira

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RELATÓRIO

22

No caso do distrito de Setúbal (381), ordenam-se os concelhos de Almada (87),

Setúbal (70), Barreiro (48), Seixal (42), Moita (35) e Montijo (33).

Gráfico 4

Para o distrito de Aveiro (309), a ordem decrescente aponta para os concelhos de

Aveiro (55), Santa Maria da Feira (53), Espinho (37), São João da Madeira (23) e

Oliveira de Azemeis (20).

Gráfico 5

0

20

40

60

80

100

2008 2009 2010 2011

Alcacer Sal Alcochete Almada Barreiro

Grandola Moita Montijo Palmela

Santiago cacem Seixal Sesimbra Setúbal

Sines

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RELATÓRIO

23

Faro (278) é um distrito onde os maiores registos se concentram nos concelhos de

Loulé (52), Portimão (44) , Faro (41), Olhão (28), Albufeira (26) e Lagos (22).

Gráfico 6

0

10

20

30

40

50

60

2008 2009 2010 2011

Agueda Albergaria-a-Velha Anadia Arouca

Aveiro castelo Paiva Espinho Estarreja

Ilhavo Mealhada Murtosa Oliveira de Azemeis

Oliveira do Bairro Ovar Santa Maria da Feira São João da Madeira

Sever do Vouga Vagos Vale de Cambra

0

10

20

30

40

50

60

2008 2009 2010 2011

Albufeira Alcoutim Aljezur

Castro Marim Faro Lagoa

Lagos Loulé Monchique

Olhão Portimão São Bras Alportel

Silves Tavira Vila Bispo

Vila Real Santo António

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RELATÓRIO

24

E relativamente aos distritos que destacámos, por serem os maiores detentores da

matrícula em apreciação, resta referir Santarém, com referência particular para os

concelhos de Ourém (30), Santarém (26), Entroncamento (20), Torres Novas (18),

Abrantes (17), Benavente e Tomar (14) e Rio Maior (13).

Gráfico 7

Deixa-se, também, um conjunto de gráficos que permitem uma visualização dos

restantes distritos, a partir do trabalho disponibilizado pela INCM, realizado a

solicitação do GTCVO.

0

5

10

15

20

25

30

35

2008 2009 2010 2011

Abrantes Alcanena Almeirim Alpiarça

Benavente Cartaxo Chamusca Constancia

Coruche Entroncamento Ferreira do Zezere Golegã

Mação Ourem Rio Maior Salvaterra Magos

Santarém #REF! Tomar Torres Novas

#REF!

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RELATÓRIO

25

BEJA

Gráfico 8

BRAGANÇA

Gráfico 9

0

5

10

15

20

25

2008 2009 2010 2011

Aljustrel Almodovar Alvito #REF!

Beja Castro Verde Cuba Ferreira do Alentejo

Mertola Moura Odemira Ourique

Serpa Vidigueira

0

5

10

15

20

25

2008 2009 2010 2011

Alfandega da Fé Bragança Carrazeda de Ansiaes

Freixo de Espada à Cinta Macedo de Cavaleiros Miranda do Douro

Mirandela Mogadouro Torre de Moncorvo

Vila Flor Vimioso Vinhais

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RELATÓRIO

26

CASTELO BRANCO

Gráfico 10

COIMBRA

Gráfico 11

0

10

20

30

40

2008 2009 2010 2011

Belmonte Castelo Branco Covilhã Fundão

Idanha-a-Nova Oleiros Penamacor Proença-a-Nova

Sertã Vila de Rei Vila Velha de Ródão

0

20

40

60

80

100

120

2008 2009 2010 2011

Arganil Cantanhede Coimbra

Condeixa-a-Nova Figueira da Foz Góis

Lousã Mira Miranda do Corvo

Montemor-o-Velho Oliveira do Hospital Pampilhosa da Serra

Penacova Penela Soure

Tábua Vila Nova de Poiares

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RELATÓRIO

27

ÉVORA

Gráfico 12

GUARDA

Gráfico 13

0

5

10

15

20

25

30

35

2008 2009 2010 2011

Alandroal Arraiolos Borba

Estremoz Evora Montemor-o-Novo

Mora Portel Redondo

Reguengos de Monsaraz Vendas Novas Viana do Alentejo

Vila Viçosa

0

5

10

15

20

25

2008 2009 2010 2011

Aguiar da Beira Almeida Celorico da Beira

Figueira Castelo Rodrigo Fornos de Algodres Gouveia

Guarda Manteigas Meda

Pinhel Sabugal Seia

Trancoso Vila Nova Foz Coa

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RELATÓRIO

28

LEIRIA

Gráfico 14

PORTALEGRE

Gráfico 15

0

10

20

30

40

50

60

2008 2009 2010 2011

Alcobaça Alvaiazere Ansião Batalha

Bombarral Caldas da Rainha Castanheira de Pera Figueiró dos Vinhos

Leiria Marinha Grande Nazaré Óbidos

Pedrógão Grande Peniche Pombal Porto de Mós

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

20

2008 2009 2010 2011

Alter do Chão Arronches Aviz Campo Maior Castelo Vide

Crato Elvas Fronteira Gavião Marvão

Nisa Ponte de Sôr Portalegre Sousel

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RELATÓRIO

29

VIANA DO CASTELO

Gráfico 16

VILA REAL

Gráfico 17

0

20

40

60

80

2008 2009 2010 2011 Arcos de Valdevez Caminha Melgaço Monção

Paredes de Coura Ponte da Barca Ponte de Lima Valença

Viana do Castelo Vila Nova de Cerveira

0

5

10

15

20

25

30

35

40

2008 2009 2010 2011

Alijó Boticas Chaves

Mesão Frio Mondim de Basto Montalegre

Murça Peso da Régua Ribeira de Pena

Sabrosa Santa Marta Penaguião Valpaços

Vila Pouca Aguiar Vila Real

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RELATÓRIO

30

VISEU

Gráfico 18

ANGRA DO HEROISMO

Gráfico 19

0

10

20

30

40

50

60

2008 2009 2010 2011

Armamar Carregal do Sal Castro Daire

Cinfães Lamego Mangualde

Moimenta da Beira Mortágua Nelas

Oliveira Frades Penalva Castelo Penedono

Resende Santa Comba Dão São João da Pesqueira

São Pedro do Sul Sátão Sernancelhe

Tabuaço Tarouca Tondela

Vila Nova Paiva Viseu Vouzela

0

5

10

15

2008 2009 2010 2011

Angra do Heroismo

Calheta

Praia da Vitória

Santa Cruz da Graciosa

Velas

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RELATÓRIO

31

FUNCHAL

Gráfico 20

HORTA

Gráfico 21

PORTA DELGADA

Gráfico 22

0

20

40

60

80

100

2008 2009 2010 2011

Calheta Camara de Lobos Funchal Machico

Ponta do Sol Porto Moniz Porto Santo Ribeira Brava

Santa Cruz Santana São Vicente

0

10

2008 2009 2010 2011

Horta Lajes das Flores Lajes do Pico

Madalena Santa Cruz das Flores São Roque do Pico

0

50

2008 2009 2010 2011

Lagoa de São Miguel Nordeste Ponta Delgada Povoação Ribeira Grande Vila do Porto Vila Franca do Campo

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RELATÓRIO

32

Feito o retrato a dezembro de 2011, justifica-se saber quantas novas matrículas

foram atribuídas, durante o primeiro trimestre de 2012:

Quadro 5

Matrículas de retalhistas atribuídas no 1º trimestre de 2012

Código Modalidade de matrícula Nº

41 Retalhista e ourivesaria 488

44 Retalhista misto de ourivesaria 35

46

Retalhista com estabelecimento especial de

artesanato 4

47

Retalhista com estabelecimento especial

antiguidades 1

48 Retalhista com estabelecimento especial 4

49

Retalhista com estabelecimento especial

artigos religiosos 3

Total 535

Pela atenção particular que mereceu a matrícula de ‘retalhista de ourivesaria’, título

obtido pelas ‘casas de compra e venda de ouro’ usado e, repete-se, considerando

que a renovação anual de matrículas se efetua em janeiro de cada ano, foi

necessário fazer o apuramento real entre as matrículas não renovadas e as

matrículas novas.

No primeiro trimestre deste ano foram inscritas novas 488 matrículas de retalhistas

de ourivesaria e das 5 055 existentes no final de 2011, não foram renovadas 312.

Assim, a 31 de Março de 2012 estão atribuídas 5 231 matrículas de ‘retalhista de

ourivesaria’, ou seja, mais 176 que em dezembro de 2011, o que significa a abertura

real, em média, de dois novos estabelecimentos por dia.

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RELATÓRIO

33

4.1.3. Atividade grossista

Quando à atividade grossista, e com o objetivo de ter um conhecimento mais

alargado do setor, apurou-se que todas as modalidade de matrículas diminuíram

desde 2008.

Assim:

Quadro 6

Ano Armazenista de

ourivesaria (1) ( matrículas)

Outras matrículas de armazenista

(2)

Ensaiadores-Fundidores

(3) ( matrículas)

Industrial (4) ( matrículas)

Corretor de Ourivesaria

(5)

2008 336 818 9 1 064 1 171

2009 303 744 9 986 1 103

2010 270 789 9 983 1 016

2011 266 768 8 970 1 008 (1) Código Atividade – 51

(2) Código Atividade – 21, 23 e 53

(3) Código Atividade – 10

(4) Código Atividade – 11 e 13

(5) Código Atividade - 81

Quanto à evolução, por distrito:

Quadro 7

Distrito Var Anual (2008/2009)

2010 Var Anual 2011 Var Anual

Aveiro - 35% 101 - 3% 101 0%

Beja - 84% 2 - 33% 2 0%

Braga - 30% 195 1% 195 0%

Bragança - 98% 3 50% 3 0%

Castelo Branco

- 100% 2 2 100%

Coimbra - 42% 191 - 2% 192 1%

Évora - 71% 7 - 13% 6 - 14%

Faro - 64% 64 23% 61 - 5%

Guarda - 67% 5 0 % 5 0%

Leiria - 59% 29 - 6% 27 - 7%

Lisboa - 44% 472 - 4% 463 - 2%

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34

Portalegre - 94% 2 100% 2 0%

Porto - 17% 1 661 - 3% 1 631 - 2%

Santarém - 65% 27 - 7% 28 4%

Setúbal - 55% 82 -6% 77 - 6%

Viana do Castelo

- 48% 16 23% 16 0%

Vila Real - 71% 7 - 13% 7 0%

Viseu - 70% 15 7% 15 0%

Angra do Heroísmo

- 75% 1 0% 2 100%

Funchal - 67% 9 - 18% 7 - 22%

Horta 0% 1 0% 1 0%

Ponta Delgada

- 48% 11 - 8% 11 0%

Totais - 34% 1) 2 903 - 3% 2 856 - 2%

1) 4 552 matrículas de grossista, em 2008 e 2 982, em 2009

Em 2008, a INCM contabilizava 4 552 matrículas relativas ao comércio grossista.

Em 2011, este número foi reduzido para 2 856.

4.2. Grossistas e Retalhistas - Conceitos

Da leitura do Regulamento das Contratarias não há menção especifica à atividade

de compra e venda de ouro em ‘2ª mão’, não obstante ser do conhecimento geral

que a sua prática era assegurada, há muito, pelas ourivesarias convencionais.

Tão pouco o alcance do que a determinada matrícula de retalhista é permitido faz

dessa vertente do negócio qualquer anotação.

Convém, por isso, para uma imediata apreensão, plasmar o alcance expresso na lei

da atividade permitida em razão da matrícula atribuída.

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35

Quadro 8

Modalidade de Matrícula Faculdades conferidas ao titular da matrícula

Regulamento das

Contrastarias

Retalhista de ourivesaria 1) Expor e vender diretamente ao público, no seu estabelecimento ou, quando munido de licença especial, em feiras e mercados realizados fora das cidades de Lisboa e Porto, artefactos de ourivesaria, barras, medalhas comemorativas e moedas de metais preciosos, relógios de qualquer género e pulseiras de qualquer espécie para adaptar a relógios de uso pessoal; 2) Importar, para direta e exclusivamente vender ao público no seu estabelecimento, artefactos de ourivesaria e relógios de uso pessoal

al. f) nº 1 artº 15º

Retalhista misto de ourivesaria

Expor e vender diretamente ao público, em estabelecimento situado em localidade que não seja cidade ou onde não exista mais de um estabelecimento exclusivamente de ourivesaria, ou quando munido de licença especial, em feiras e mercados realizados fora de Lisboa e Porto, artefactos de ourivesaria, barras, medalhas comemorativas e moedas de metais preciosos e relógios de uso pessoal conjuntamente com quaisquer outros artigos cuja exposição e venda não esteja condicionada no presente Regulamento

al. h) nº 1 artº 15º

Retalhista com estabelecimento especial

1)De artigos militares, papelaria, etc. – Importar, expor e vender diretamente ao público, em conjunto com os artigos caraterísticos do seu próprio ramo comercial, outros de igual denominação, mas providos, para efeito decorativo, de aplicação de metal precioso; 2)De antiguidades – Expor e vender diretamente ao público, conjuntamente

al. j) nº 1 artº 15º

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36

com os artigos próprios do seu comércio, artefactos de ourivesaria com reconhecido merecimento arqueológico, histórico ou artístico, de fabrico anterior à criação das contrastarias ou que contenham marca de extintos contrastes municipais; 3) De artesanato – Expor e vender diretamente ao público, conjuntamente com os artigos próprios do comércio, artefactos de filigrana de ouro ou prata, desde que o estabelecimento se situe em zona de assinalado desenvolvimento turístico ou em locais de acesso e passagem obrigatória para turistas.

Casa de Penhores

A par da sua função mutuária, expor e vender diretamente ao público barras, medalhas comemorativas e moedas de metais preciosos, artefactos de ourivesaria e relógios de uso pessoal provenientes de penhores

al. k) nº 1 artº 15º

Vendedor Ambulante de Ourivesaria

Exercer o comércio ambulante de artefactos de ourivesaria, relógios e medalhas comemorativas e moedas de metais preciosos, fora de cidades, onde não exista qualquer estabelecimento exclusivamente de ourivesaria e nas feiras e mercados realizados fora das cidades de Lisboa e Porto

al. l) nº 1 artº 15º

Com o surgimento crescente da atividade de compra e venda de ouro usado,

particularmente de agentes que se dedicam exclusivamente à sua transação,

colocou-se, inevitavelmente, a questão de qual o suporte legal que viabilizava o

licenciamento da atividade, matéria que veio a ser abordada na audição realizada à

INCM,S.A., em 28 de Fevereiro último. De facto, a INCM, S.A. informou que para

corresponder às solicitações de licenciamento – atribuição de matrícula – à nova

realidade de negócio recorreu a interpretação jurídica do Regulamento de

Contratarias, tendo sido entendido que a aquisição de artefactos e outros artigos de

metais precisos em ‘2ª mão’ exigiam a posse de uma matrícula de retalhista de

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RELATÓRIO

37

ourivesaria. Excetua-se desta observação a matrícula de ‘casa de penhores’

porquanto é entendido que os artigos resultantes de penhor são ‘usados’.

O GTCVO teve acesso a um dos pareceres jurídicos onde se decidia sobre uma

empresa que pretendia comprar ouro usado que transformaria em barras ( com

recurso a ensaiadores-fundidores) para as vender a outros comerciantes do ramo.

Concluía-se que a empresa se pretendia dedicar “às seguintes atividades:

a) Compra de ouro usado

b) Transformação do ouro usado em barras deste metal precioso

c) Venda de barras de ouro a comerciantes em Portugal ou na UE”

pelo que tinha de obter “ as seguintes matrículas”:

a) De armazenista de ourivesaria, na medida em que exporta e fornece a

retalhistas de ourivesaria, os artefactos adquiridos a industriais ou que tenha

importado diretamente (cfr. Artigo 15º/1,c).)

b) De retalhista de ourivesaria na medida em que vende barras de metal preciso

(cfr. Artigo 15º/1,f)”

Repare-se que a referência a ‘retalhista de ourivesaria’ reporta-se exclusivamente à

venda de barras e a ‘armazenista de ourivesaria’ porque “exporta e fornece…”.

Aliás, a alínea c) do nº 1 do artº 15º do Regulamento das Contrastarias define como

faculdades desta matrícula “ exportar e fornecer a retalhistas os artefactos de

ourivesaria e relógios de uso pessoal que, para o efeito, haja adquirido a industriais

de ourivesaria ou importado diretamente”. O facto é que o ouro em causa resulta

(basicamente) da aquisição a particulares e não a industriais ou importado. O facto

é que não são artefactos de ourivesaria, mas barras de ouro (após fundição da

aquisição do ouro usado), que se pretende vender, daí, julga-se, a necessidade de

outra matrícula – retalhista de ourivesaria.

Não existe qualquer referência a ‘ compra de ouro usado’. Provavelmente porque

não podia. Afinal o Regulamento das Contratarias não faz qualquer menção a esta

prática.

Esta questão remete-nos não só para o vazio sobre a matéria concreta em

apreciação bem como para a absoluta desadequação do Regulamento das

Contratarias, mas , também, para os conceitos que definem os mercados grossista

e retalhista.

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RELATÓRIO

38

De facto, a ‘venda/comércio a retalho’ é definida como um regime de vendas que

consiste na venda direta de produtos ao consumidor final, geralmente em

quantidades relativamente pequenas.

De modo mais específico o ‘retalhista’ é a entidade que compra bens de consumo a

produtores ou distribuidores para venda ao consumidor final.

Quanto a ‘grossista’ é a entidade que compra bens de consumo a produtores ou

distribuidores para depois os vender a outros operadores económicos.

Em nenhuma destes conceitos cabe a atividade de compra e venda de metais

preciosos usados que conhecemos, onde a compra é efetuada a particulares.

4.3. Exportações e Importações de ouro

Muitas referências foram feitas, ao longo do trabalho, sobre o eventual acréscimo de expedição de ouro. Era, por isso, importante ir para além das perceções, e identificar claramente os ‘movimentos’.

Quadro 9

Balança Comercial: “Ouro, incluindo o ouro platinado, em formas brutas ou semi manufaturadas ou em pós”

milhões de euros

2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011P

TOTAL

Exportações 9,3 5,6 4,5 2,3 1,9 1,4 8,5 6,9 33,4 102,1 216,4 519,1

tvh -40% -20% -48% -17% -29% 520% -19% 384% 205% 112% 140%

Importações 176,0 162,6 132,3 106,3 82,8 63,4 52,2 31,1 29,4 22,0 42,8 62,9

tvh -8% -19% -20% -22% -23% -18% -40% -5% -25% 94% 47%

Saldo -166,7 -156,9 -127,8 -103,9 -80,9 -62,0 -43,7 -24,2 4,0 80,1 173,6 456,2

Taxa de Cobertura (%) 5% 3% 3% 2% 2% 2% 16% 22% 114% 463% 505% 825% NC7108: Ouro, incluído o ouro platinado, em formas brutas ou semimanufacturadas ou em pós

Fonte INE, base de dados do Comércio Internacional (Nomenclatura combinada - NC8); Anual. http://www.ine.pt/xportal/xmain?xpid=INE&xpgid=ine_base_dados&bdpagenumber=2&bdnivelgeo=00&contexto=bd&bdtemas=1410

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39

A balança comercial do produto “ouro, incluindo o ouro platinado, em formas brutas

ou semi manufaturados ou em pós” regista um saldo positivo desde 2008, atingindo,

em 2011, o maior excedente, com um superavit de 456,2 milhões de euros,

alcançando uma taxa de cobertura das exportações pelas importações de 825%.

As exportações desta mercadoria totalizaram, em 2011, os 519,1 milhões de euros

o corresponde a 13,7 toneladas de ouro, um valor recorde desde o ano 2000. Neste

ano, as exportações registaram uma taxa de crescimento anual de 140%.

As importações ascenderam a 62,9 mil milhões de euros, o equivalente a 1,9

toneladas, e apresentaram um crescimento de 47% face a 2010.

Desde 2008 que se tem vindo a assistir a um incremento das exportações de ouro,

tendo nesse mesmo ano a expedição deste metal representado 0,1% do total das

exportações de bens e aumentado 384% em relação ao ano anterior. Em 2009, o

seu peso passa para 0,3% das exportações totais de bens; em 2010 duplica o peso

(0,6%) e em 2011 volta a duplicar a sua importância para 1,2% do total.

Quanto às importações do ouro, verifica-se uma tendência oposta à observada no

comportamento das exportações, uma vez que o seu peso no total das importações

de bens tem vindo a decrescer desde 2000, pois nesse ano as importações de ouro

representavam 0,4% do total das importações portuguesas e em 2011 pesam

apenas 0,1%.

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RELATÓRIO

40

Gráfico 23

9,3 5,6 4,5 2,3 1,9 1,4 8,5 6,9

33,4

102,1

216,4

519,1

0,0

100,0

200,0

300,0

400,0

500,0

600,0

2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011P

milh

ões

de

euro

s

Exportações: "Ouro, incluíndo o ouro palatinado, em formas brutas ou semimanufaturadas ou em pós"2000 - 2011

Fonte INE, base de dados do Comércio Internacional: Exportações (€) de bens por Local de destino e Tipo de bens (Nomenclatura combinada - NC8); Anual.

http://www.ine.pt/xportal/xmain?xpid=INE&xpgid=ine_base_dados&bdpagenumber=2&bdnivelgeo=00&contexto=bd&bdtemas=1410NC7108: Ouro, incluído o ouro platinado, em formas brutas ou semimanufacturadas ou em pós

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RELATÓRIO

41

Gráfico 24

A expedição de ouro é direcionada quase exclusivamente para os países da União

Europeia (99,8%), sendo, dentro destes, a Bélgica o principal cliente deste produto,

absorvendo mais de metade das compras totais (60%). Segue-se a Espanha (23%),

Itália (14%) e outros. Fora dos países da União Europeia e com pouca expressão,

aparecem a Suíça (0,2%), Cabo Verde e Angola como os únicos países clientes da

compra de ouro a Portugal.

O maior aumento das exportações de ouro, em 2011, ocorre na Bélgica com mais

185,8 milhões de euros, o equivalente a uma taxa de crescimento de 150%.

176,0

162,6

132,3

106,3

82,8

63,4

52,2

31,1 29,422,0

42,8

62,9

0,0

20,0

40,0

60,0

80,0

100,0

120,0

140,0

160,0

180,0

200,0

2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011P

milh

ões

de

euro

s

Importações: "Ouro, incluíndo o ouro palatinado, em formas brutas ou semimanufaturadas ou em pós"2000 - 2011

Fonte INE, base de dados do Comércio Internacional: Exportações (€) de bens por Local de destino e Tipo de bens (Nomenclatura combinada - NC8); Anual.

http://www.ine.pt/xportal/xmain?xpid=INE&xpgid=ine_base_dados&bdpagenumber=2&bdnivelgeo=00&contexto=bd&bdtemas=1410NC7108: Ouro, incluído o ouro platinado, em formas brutas ou semimanufacturadas ou em pós

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RELATÓRIO

42

Também a Itália mostra-se como um grande potencial comprador de ouro

português, já que em 2011 a expedição de ouro para este país cresceu cerca de

70,7 milhões de euros (+25.504%)

Quadro 10

Fonte INE

A importação de ouro, é, tal como a exportação, quase da exclusiva

responsabilidade dos países da União Europeia (99,6%), apresentando-se a

Alemanha como o principal país fornecedor deste metal. Em 2011, a Alemanha foi

responsável por mais de metade (53%) das compras portuguesas de ouro,

seguindo-se a França, com cerca de ¼ e o Reino Unido com 19%.

As importações de ouro com origem em países fora da União Europeia duplicaram a

sua importância em 2011, face a 2010, sendo os Estados Unidos da América o

principal país fornecedor deste metal. Seguem-se Moçambique, Suíça, Hong Kong e

outros.

Quanto ao crescimento das importações de ouro, em 2011, a Alemanha apresenta o

maior aumento com mais 18,4 milhões de euros (+126%), seguindo-se a França (+

1,3 M€:+10%).

Exportações de Ouro em 2010-2011 por país destino

(7108: Ouro, incluído o ouro platinado, em formas brutas ou semimanufacturadas ou em pós)

2010 2011

€ % 2010 2011

MUNDO: Mundo 216.417.862 519.095.265 302.677.403 140% 100,0% 100,0%

INTRA: Intra União Europeia 216.373.256 517.834.370 301.461.114 139% 100,0% 99,8%

EXTRA: Extra União Europeia 44.606 1.260.895 1.216.289 2727% 0,0% 0,2%

BE: Bélgica 124.143.009 309.970.910 185.827.901 150% 57,4% 59,7%

ES: Espanha 74.260.237 116.923.232 42.662.995 57% 34,3% 22,5%

IT: Itália 277.146 70.961.564 70.684.418 25504% 0,1% 13,7%

DE: Alemanha 13.790.045 13.986.954 196.909 1% 6,4% 2,7%

FR: França 3.902.819 5.967.670 2.064.851 53% 1,8% 1,1%

CH: Suíça 44.606 1.241.826 1.197.220 2684% 0,0% 0,2%

GB: Reino Unido 0 19.685 - - - 0,0%

CV: Cabo Verde 0 18.106 - - - 0,0%

LU: Luxemburgo 0 4.355 - - - 0,0%

AO: Angola 0 963 - - - 0,0%

Estrutura %

Variação 2011-2010

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RELATÓRIO

43

Quadro 11

Fonte INE

A tendência de crescimento das exportações do ouro deverá prosseguir em 2012, a avaliar pelos dados divulgados recentemente para os dois primeiros meses deste ano. De janeiro a fevereiro, as exportações do ouro já ascenderam a 132,7 milhões de euros, o equivalente a 26% do total exportado o ano passado. Assiste-se assim, nestes dois meses, a um crescimento de 147% face aos primeiros dois meses do ano passado. O peso deste metal no total das exportações portuguesas reforça o seu valor, passando a representar 1,8% do total das vendas de mercadorias portuguesas ao exterior.

4.4. Práticas comerciais – exemplos

A prática comercial conhecida de compra e venda de artefactos e outros artigos de

metais preciosos usados, até há uns tempos, tinha como protagonistas as

ourivesarias tradicionais.

Importações de Ouro em 2010-2011 por país de origem

(7108: Ouro, incluído o ouro platinado, em formas brutas ou semimanufacturadas ou em pós)

2010 2011

€ % 2010 2011

MUNDO: Mundo 42.813.993 62.891.453 20.077.460 47% 100,0% 100,0%

INTRA: Intra União Europeia 42.707.049 62.654.777 19.947.728 47% 99,8% 99,6%

EXTRA: Extra União Europeia 106.944 236.676 129.732 121% 0,2% 0,4%

DE: Alemanha 14.542.952 32.879.794 18.336.842 126% 34,0% 52,3%

FR: França 13.981.699 15.337.487 1.355.788 10% 32,7% 24,4%

GB: Reino Unido 11.470.734 11.551.647 80.913 1% 26,8% 18,4%

AT: Áustria 1.297.394 1.621.862 324.468 25% 3,0% 2,6%

ES: Espanha 1.128.957 935.912 -193.045 -17% 2,6% 1,5%

IT: Itália 285.313 326.401 41.088 14% 0,7% 0,5%

US: Estados Unidos 0 84.799 - - - 0,1%

MZ: Moçambique 0 80.025 - - - 0,1%

CH: Suíça 28.628 49.428 20.800 73% 0,1% 0,1%

HK: Hong-Kong 9.440 15.101 5.661 60% 0,0% 0,0%

CN: China 0 6.177 - - - 0,0%

BE: Bélgica 0 1.674 - - - 0,0%

SG: Singapura 188 1.021 833 443% 0,0% 0,0%

IL: Israel 0 125 - - - 0,0%

GH: Gana 68.688 0 - - 0,2% -

Estrutura %

Variação 2011-2010

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RELATÓRIO

44

Hoje a realidade é diferente. O mercado diversificou-se e multifacetou-se. É disto

que se dá nota neste subtema.

O franchising em Portugal não é regido por nenhuma lei específica, carecendo no

ordenamento jurídico português de um nomen iuris legalmente consagrado. É por

isso considerado um contrato atípico que pela sua crescente relevância económica

em Portugal é, no entanto, considerado socialmente típico, dotado de cláusulas que

se caracterizam pela sua habitualidade no tráfico deste tipo de contratos.

Para este tipo de contratos impera em Portugal o princípio da liberdade contratual,

consagrado no artigo 405.º n.º 1 do Código Civil. A aplicação deste princípio, porém,

está condicionada por diversos dispositivos legais do Código Civil, nomeadamente a

responsabilidade pré contratual (artigo 227.º), interpretação da declaração negocial

(artigo 236.º), vontade das partes e boa-fé (artigo 239.º), não contrariedade à lei e

aos bons costumes (280.º), boa-fé na execução do contrato (artigo 762.º n.º 2).

Acresce que decorrendo tipicamente do contrato de franchising uma licença de

utilização de marca e de outros sinais distintivos de comércio do franchisador,

sempre serão aplicáveis à relação jurídica subjacente as normas do Código da

Propriedade Industrial, em especial os seus artigos 30.º, 31.º e 32.º que

determinam, para além do respetivo averbamento obrigatório da licença, que o

contrato seja reduzido a escrito.

Tem sido ponto assente na doutrina e jurisprudência portuguesa que ao contrato de

franchising é aplicável, analogicamente, o regime jurídico do Contrato de Agência,

consagrado no Decreto-Lei n.º 178/86, de 3 de Julho, com as alterações

introduzidas pelo Decreto-Lei 118/93, de 13 de Abril.

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RELATÓRIO

45

4.4.1. Exemplos de empresas que aplicam o modelo de Franchising

Para esta análise foram selecionadas, aleatoriamente, 3 empresas, que se passa a designar (Valores, Ourinvest e OuroDamas).

Na análise feita a estas empresas, destaca-se a apresentação que cada uma delas

faz, no sentido de angariar mais clientes, por um lado, e alargar a sua rede de

franchisados, por outro.

a) Empresa “Valores”

A “Valores” é uma empresa que se dedica à comercialização e reciclagem de metais

preciosos.

De acordo com esta empresa o seu principal objetivo é proporcionar aos

consumidores uma confiável, segura e conveniente forma de vender itens em ouro,

platina, prata e jóias em troca de dinheiro.

A partir de 2008, a “Valores” decidiu apostar na expansão rápida e eficiente do

negócio. Para levar a cabo esse desígnio, “abraçou” uma solução empresarial

moderna, o Franchising. A opção em causa foi considerada, pela própria empresa,

como pioneira no setor e no nosso país.

b) Empresa “OURINVEST”

A “OURINVEST” assume-se como sendo ela própria um inovador conceito na área

da compra e venda de ouro, assim como de outros metais preciosos.

O grupo que fundou esta empresa é apresentado como detendo 15 anos de

experiência nos setores da ourivesaria, joalharia, antiguidades e compra de cautelas

de penhor. Deste modo após a acumulação do designado “Know How” nas áreas

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em questão, a empresa optou por fundar em 2008, a rede “OURINVEST”, abrindo,

por conseguinte, diversas agências próprias.

Pouco tempo mais tarde, e considerando que o início do negócio foi um êxito,

anunciou um processo de expansão em regime de franchising (2009).

c) Empresa “OuroDamas”

A “OuroDamas” à semelhança da “Valores” e da “OUROINVEST” é uma rede

especializada na compra e venda de metais preciosos, salientando apenas o ouro e

a prata.

Também esta empresa, tal como a “Valores” assume-se como pioneira nesta

atividade, alegando não só um largo trajeto na área da ourivesaria e joalharia, como

também uma equipa constituída por profissionais competentes com larga

experiência e detendo amplos conhecimentos na avaliação e compra de ouro.

Relativamente ao desempenho desta empresa, a própria refere que tem tido um

crescimento célere e sustentado.

Esta empresa, comparativamente com as duas anteriores, assume que devido ao

sucesso do negócio, optou por expandir o seu negócio em regime de franchising,

contando hoje com várias agências abertas. Das 3 empresas observadas, esta foi a

última a passar o seu negócio para regime de franchising (2010).

A abordagem utilizada pelas diversas empresas não é muito diferente e destaca-se,

de modo exemplificativo, algumas referências:

A credibilidade que possuem no mercado de transação de valores e

comercialização de metais preciosos;

Estruturas com um enorme poder de comercialização;

Apoio constante e formação, entre outros;

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47

Retorno de Investimento;

Marcas de prestígio de dimensão nacional

Estratégias e organizações inovadoras;

Garantias de legitimidade e legalidade;

Baixo Investimento inicial;

Satisfação pessoal;

Marketing e comunicação; Cada franchisado beneficia dos investimentos em

marketing e comunicação;

Quanto às condições de adesão:

Os valores de adesão variam nestes 3 casos entre os 14.000 € + IVA - loja “chave

na mão” (OuroDamas) e a partir de 50.000€ de entrada (Valores)

O pacote de adesão à “Valores” oferece toda a decoração e equipamento da loja,

incluindo cofre e mini - laboratório, indispensável para aferir o grau de pureza dos

objetos”.

Quanto à área formativa, é parca a oferta :“Para entrar neste negócio não é exigida

formação específica, uma vez que está incluída uma semana de formação teórica e

prática, com estágio numa das lojas da rede, que se encontra sedeada em Braga”.

4.4.2. Exemplo de uma empresa que compra ouro por Online e cujo vendedor tem

que enviar por correio

Goldmonexx.net:

A “Goldmonexx.net” assume-se como sendo uma empresa bem - sucedida que

compra ouro e prata em todo o território português.

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Este agente do mercado compra todo o tipo de objetos em ouro, prata, platina e

paládio, em qualquer estado de conservação, em quaisquer quantidades ou de

qualquer origem, exemplificando que compra desde um simples anel a outras peças

em ouro e prata como: barras, ouro dental e jóias cujo valor pode atingir milhares de

euros.

Esta empresa, no sítio na internet, faz um alerta contra as lojas de compra e venda

de ouro, dizendo ao consumidor para desconfiar daquele a que chama “o comprador

de ouro ao virar da esquina”, uma vez que “muitos retalhistas mistos de ourivesaria,

casas de penhores ou retalhistas de antiguidades pagam preços medíocres pelos

seus metais preciosos.” Dizendo, por conseguinte, ao “cibernauta” para comparar os

seus preços de compra com os das outras empresas.

Deste modo, a “Goldmonexx.net” ao contrário das três empresas que vimos

anteriormente, propõe um negócio no âmbito da compra e venda de ouro através de

correio.

Descreve, também, sucintamente os processos uma vez que existe mais do que

uma opção de venda para os potenciais vendedores. Abaixo transcreve-se as várias

opções:

- Processo A – Designado pela “Goldmonexx.net” como “Você envia os seus

valores!”

Este processo apresenta como principal vantagem, segundo a empresa, a rapidez

do processo que demora apenas entre 1 a 3 dias úteis. O mesmo subdivide-se nos

seguintes passos:

1) “Embale os seus valores (joias, moedas, ouro dental, prata, etc) num envelope

almofadado ou numa caixa de cartão”;

2)

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a) “Venda sem calculadora de ouro: Se não souber o peso dos seus valores ou não tiver

tempo para os pesar, inicie o processo de venda através do formulário de envio por si

mesmo”;

b) “Venda com calculadora de ouro: Se souber o peso aproximado dos seus valores,

inicie o processo de venda com a calculadora de ouro, calcule você mesmo o valor final

de pagamento e fixe esse valor se assim o entender”;

3) “Você irá receber de imediato, a confirmação por e-mail, imprima este e-mail, assine

e cole-o na sua embalagem”;

4) “Agora tudo o que precisa fazer é enviar a sua parcela. Pode escolher desde correio

registado, à entrega especial ou enviar a parcela por DHL, UPS, CTT Expresso ou outra à

sua escolha”;

5) “Nós receberemos a sua parcela 24 horas depois e trabalhamos nela de imediato.

Após a análise estar completa, telefonamos-lhe de seguida, para discutir a quantia que

lhe queremos pagar”;

6) “Se você concordar com a nossa oferta, transferimos a quantia acordada para a sua

conta bancária. Uma alternativa é a discreta e quase anónima entrega do dinheiro por

correio”;

Processo B – Designado pela “Goldmonexx.net” como “Serviço de recolha gratuita!”

Este processo apresenta como principal vantagem, segundo a empresa, os valores

serem recolhidos por uma empresa transportadora de valores, sem custos para

quem vende o ouro. Este processo divide-se nos seguintes passos:

1) “Embale os seus valores (joias, moedas, ouro dental, prata, etc) num envelope

almofadado ou numa caixa de cartão”;

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2)

a) “Venda sem calculadora de ouro: Se não souber o peso dos seus valores ou não tiver

tempo para os pesar, inicie o processo de venda através do formulário de envio por si

mesmo”;

b) “Venda com calculadora de ouro: Se souber o peso aproximado dos seus valores,

inicie o processo de venda com a calculadora de ouro, calcule você mesmo o valor final

de pagamento e fixe esse valor se assim o entender”;

3) “Você irá receber de imediato, a confirmação por e-mail, imprima este e-mail, assine e cole-o

na sua embalagem”;

4) “Entregue a sua embalagem ao condutor do serviço de transporte de valores seguro. Você pode

determinar o tempo de recolha no formulário de venda”;

5) “Nós receberemos a sua parcela cerca de 24 horas depois e trabalharemos nela de imediato.

Após a análise estar completa, telefonamos de seguida para discutir a quantia que lhe

pretendemos pagar”;

6) “Se você concordar com a nossa oferta, transferimos a devida quantia para a sua conta

bancária. Uma alternativa é a discreta e quase anónima entrega do dinheiro por correio”;

Processo C – Designado pela “Goldmonexx.net” como “Gold Pack”

Este processo apresenta como principal vantagem, segundo a empresa, o facto de

ser a própria empresa a enviar por correio o designado pacote “Gold Pack” que é

100% gratuito, sendo apenas necessário o vendedor embalar os objetos de valor

que quer vender e posteriormente entregar a encomenda nos correios, sem portes

de envio, estando os objetos de valor assegurados até 1000 euros. Este processo

divide-se nos seguintes passos:

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1) “Peça já o seu Gold Pack. “O Gold Pack” é um pacote seguro para vendas de ouro por

correio”;

2)

a) “Vender sem a calculadora de ouro: Caso não conheça o peso exato dos seus objetos

de valor ou não tem tempo para pesá-los poderá iniciar o processo de vendas sem a

calculadora de ouro ao pedir diretamente o seu Gold Pack”;

b) “Vender com a calculadora de ouro: Caso tenha uma ideia ou conhece o peso exato

dos seus objetos de valor poderá iniciar o processo de vendas com a calculadora de

ouro, e calcular você mesmo o valor a pagar. O passo seguinte é fixar o preço e pedir o

seu Gold Pack”;

3) “Após encomendar o seu Gold Pack, enviar-lhe-emos, imediatamente a confirmação

por e-mail. Receberá o seu Gold Pack em sua casa dentro de 1 a 3 dias”;

4) “Coloque dentro do Gold Pack todos os objetos de valor que deseja vender e preencha

o formulário de vendas. Sele o Gold Pack e entregue-o na estação de correios. Os portes

de envio e o seguro de 1000 euros já foram pagos por nós”;

5) Após a receção da sua encomenda, os seus objetos de valor serão analisados entre 24

a 48 horas de imediato. Uma vez analisados, contactar-lhe-emos para acordarmos o

montante a pagar-lhe;

6) “Se concordar com a nossa oferta, enviar-lhe-emos o pagamento de imediato por

transferência bancária. Ou se preferir, podemos enviar-lhe o pagamento, discretamente

e anonimamente, por correio”;

4.5 . Bens culturais

O valor cultural, mas também o valor artístico, das obras em metais preciosos foi

objeto de abordagem nas audições realizadas. O “receio” reside na perceção de que

poderão estar a ser fundidos artefactos de ouro, e prata, cujo valor ultrapassa

largamente o seu peso. É o punção que permite situar a sua antiguidade. É a arte

de época que distingue a ourivesaria portuguesa. É, no fundo, o ‘receio’ de que,

pelo lucro imediato do peso do ouro, peças artísticas marcantes caíam, sem dó, nos

fornos que lhes tirarão a arte.

A Lei nº107/2001, de 8 de Setembro, estabelece as bases da política e do regime

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RELATÓRIO

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de proteção e valorização do património cultural, integrando este todos os bens que,

sendo testemunhos com valor de civilização ou de cultura portadores de interesse

cultural relevante, devam ser objeto de especial proteção e valorização.

Os bens móveis pertencentes a particulares podem ser classificados desde que

possua “um inestimável valor cultural”. Há três classificações possíveis: de interesse

nacional, de interesse público ou de interesse municipal. E a proteção legal “assenta

na classificação e na inventariação”. No entanto, os particulares reagem a que o

Estado inventarie os seus bens porquanto podem estar sujeitos a regras apertadas.

Por exemplo, os bens classificados de interesse nacional não podem ser exportados

definitivamente. Também se encontra especificado na lei o direito de preferência em

caso de venda ou dação em pagamento.

Em 22 de Fevereiro, o GTCVO ouviu o representante do Instituto dos Museus e da

Conservação, em representação da Secretaria de Estado da Cultura. Nesta audição

foi referido que “há um conjunto vasto de bens culturais que são importantes, mas

não substancialmente relevantes”, e que as obras de arte de valor cultural relevante

são “pertença de entidades públicas” e estão “inventariadas e guardadas em

instalações com sistemas de segurança”.

Houve, não obstante, o reconhecimento de que o Estado não conhece todas as

peças, afinal são pertença de particulares. Foi sugerido ser bem vinda a conceção

de formas de proteção legal das peças de destaque, sem entraves à atividade

económica.

4.6. Publicidade: enquadramento legal e práticas

4.6.1. Formas, conteúdos e veículos

A publicidade das novas unidades comerciais de compra e venda de ouro (CVO)

utilizam os veículos habituais das mensagens publicitárias, provavelmente com mais

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incidências na utilização de jornais e da net, mas não deixando de usar outros

meios, como os «outdoors», nas grandes vias de comunicação, e outros cartazes e

placards. Também o recurso à rádio e à televisão é evidente.

Os conteúdos, centrados na aquisição de ouro e metais preciosos (prata e platina),

sob qualquer forma ou estado (novos ou usados, em «mau estado» ou incrustado

em joias, relógios, moedas), anunciam simultaneamente outras transações,

nomeadamente a aquisição de «cautelas de penhoras» e outros valores, e pelo

menos uma empresa/rede, a «transferência de dinheiro» (a «Valores» – agente da

Money International Limited para a transferência de dinheiro).

Tanto quanto nos é possível detetar, apenas os anúncios de duas empresas

sublinham com insistência a existência de um «Avaliador Oficial».

Das informações transmitidas assumem particular significado, pelas suas possíveis

consequências, o «sigilo», a «privacidade», o «atendimento privado».

A par da indicação das moradas/endereços de lojas, há também a informação sobre

a possível deslocação do comprador «ao domicílio», e a referência a sítios e

endereços eletrónicos (net) e números telefónicos. Há igualmente as que indicam o

preço único que pagam pelo ouro, e outras que desdobram a indicação em função

da qualidade do ouro.

Há ainda a referência a operações de que se desconhece exatamente o objetivo e

significado, tais como o da já dita «transferência de dinheiro» ou o de que

«reciclamos metais preciosos».

A par do anúncio «compramos ouro» há as que referem a operação inversa – a

venda de ouro ou de lingotes, e a sugestão de que «crie o seu próprio negócio». Ou

seja, o alargamento da rede de agentes ao serviço de uma dada empresa/rede de

franchising.

Um balanço, mesmo reduzido, evidencia uma enorme desproporção entre o número

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RELATÓRIO

54

de unidades/lojas sinalizadas, e os que recorrem à publicidade, sobretudo na

comunicação social escrita. Isto é, a publicidade «visível» está muito longe da

emergência dos milhares de agentes (empresas, redes de franchising, agentes

individuais) a trabalhar no negócio da CVO.

4.6.2. Enquadramento legal

O enquadramento legal da publicidade referida é o Código da Publicidade –

Decreto-Lei n.º 330/90, de 23 de Outubro, com as alterações introduzidas pelos

Decretos-Leis nos 74/93, de 10 de Março e 6/95, de 17 de Janeiro, Lei n.º 31-A/98,

de 14 de Julho, Decreto-Lei n.º 275/98, de 9 de Setembro, que o republica em

anexo, e alterações subsequentes, o Decreto-Lei n.º 51/2001, de 15 de Fevereiro, o

Decreto-Lei n.º 81/2002, de 4 de Abril, a Lei n.º 32/2003, de 22 de Agosto, a Lei n.º

37/2007, de 14 de Agosto, o Decreto-Lei n.º 57/2008, de 26 de Março, a Lei n.º

8/2011, de 11 de Abril.

Salvo melhor opinião, não parece que a publicidade observada infrinja qualquer

preceito legal. De facto, não parece verificar-se violação dos «princípios da

publicidade (Artigo 6º) ou englobamento no quadro da «publicidade enganosa»

(Artigo 11.º). Não está igualmente, face ao seu conteúdo, abrangida pelas normas

da Secção II/Restrições ao conteúdo da publicidade, ou da Secção III/Restrições ao

objeto da publicidade. (Apenas a dúvida relativamente a possível «publicidade

domiciliária e por correspondência» que não cumpra as normas previstas no Artigo

23.º).

Uma questão que pode sempre levantar-se é sobre a legalidade de

enunciar/anunciar um objeto – compra de ouro – e outras operações –

«transferência de dinheiro» - , para as quais, legalmente, não estão

licenciadas/autorizadas – «não matriculadas na Imprensa Nacional-Casa da

Moeda», não disponibilidade de «avaliadores oficiais» para as operações comerciais

que realizam, ou «não autorizadas pelo Banco de Portugal» para «operações de

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RELATÓRIO

55

transferência de dinheiro».

Poderia considerar-se que estamos perante ‘publicidade enganosa’, por poderem

indiciar ou serem suscetíveis de induzir em erro os seus destinatários, ao anunciar

uma capacidade (aquisição de ouro ou transferência de dinheiro) que não podem

realizar.

Não é, no entanto, essa a opinião de juristas consultados. A possível ‘ilegalidade’

não é considerada na avaliação da publicidade, mas da existência dessas

atividades, na ausência de licenciamento ou outra autorização oficial.

Estamos, pois, perante uma publicidade que pode considerar-se cumprir as normas

legais previstas no Código da Publicidade.

De qualquer modo, para além de algumas dúvidas colocadas anteriormente,

pretende-se deixar outras à reflexão.

A indicação sistemática do “sigilo” e “privacidade” do negócio é sinal controverso. Se

é verdade que a ‘expressão’ pode procurar dar resposta a uma situação que os

potenciais clientes-‘vendedores’ consideram constrangedora, pelo facto de se

estarem a desfazer de bens face à condição financeira, não é menos verdade que

pode ser lido como uma espécie de ‘código’ para a passagem de artigos

provenientes de práticas ilícitas.

E, simultaneamente, a indiciação de outros sistemáticos e certos prejuízos:

i) para o Estado, nomeadamente pela falta de controlo do valor das transações, ou

mesmo da existência de fugas ao fisco e crime fiscal, com os correspondentes

impactos

ii) para os cidadãos, na ausência de uma fiável e credível avaliação dos objetos,

métodos e valores transacionáveis, pelas condições em que a imensa maioria das

operações se processa.

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RELATÓRIO

56

Tratam-se de problemas sobejamente indicados nas audições que foram realizadas.

4.7. Fiscalização

A fiscalização da atividade de transformação e comércio de ouro foi, até Maio de

1999*, da responsabilidade da INCM,S.A., cujos resultados, dos últimos três anos

em que tiveram atuação, foram os que seguem, e nos exatos termos em que foram

disponibilizados.

Quadro 12

Ano Nº Ações Apreensões Ouro (Au)

Apreensões Ouro (Ag)

Total Apreensões

nº peso (Kg)

nº peso (Kg)

nº peso (Kg)

1997 1 074 1 074 15,38 22 5,77 132 21,15

1998 1 372 1 372 14,90 7 1,90 103 16,80

1999 * 447 447 4,50 26 2,50 51 7,00

A partir de Maio de 1999 esta atividade ficou a cargo da ex-Inspeção Geral das

Atividades Económicas e depois da ASAE, que disponibilizou as informações que

abaixo de apresentam.

Quadro 13

Atividade operacional no setor de ouro e prestamistas

Ano Alvos Crime PCO Infrações

Incumprimento %

Notificações Apreensões

und

2006 57 17 24 29,82 204

2007 124 55 70 44,35

2008 261 1 83 95 31,80 9 1.439

2009 340 1 107 149 31,47 27 6.085

2010 291 2 58 73 19,93 28 2.605

2011 687 3 110 152 16,01 117 197

2012 (JAN) 38 9 10 23,68 9 162

Total 1.798 7 439 573 24,42 190 10.692

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RELATÓRIO

57

Quadro 14

Apreensões

Infrações/ Motivo das apreensões CO: Falta de controlo metrológico de pesos

CO: Alteração da composição de artefacto

CO: Marca não autorizada confundível - exposição e venda

CO: Artefacto com marca não autorizada - exposição e venda

CO: Artefacto com marca falsa - exposição e venda

CO: Falta das marcações obrigatórias nos artefactos

CO: Venda de artefacto em casa de penhor, que não seja originário de penhor

Quadro 15

Infrações

Tipo de infrações Quant.

CO: Falta de inscrição no cadastro de factos a isso sujeitos 78

CO: falta de controlo metrológico de pesos 58

CO: Falta de elementos obrigatórios em documentos de transação de metais preciosos 54

CO: Falta de visibilidade do exterior, dos preços nas montras ou vitrinas 34

CO: Não remessa do original da folha de reclamação 28

CO: Falta do livro de reclamações 26

CO: Falta de matrícula 22

CO: Falta de entrega do duplicado da reclamação ao utente e não conservação do triplicado 22

CO: Não afixação de letreiro 19

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RELATÓRIO

58

CO: Falta de quadro impresso com os desenhos dos punções legais 19

CO: Artefacto com marca não autorizada - exposição e venda 19

CO: Falta das marcações obrigatórias nos artefactos 17

CO: Falta de licença anual (renovável em Janeiro) 16

CO: Falta de afixação em lugar visível do mapa de horário de funcionamento 15

CO: Falta de sinalização ou sinalização incorreta. 14

CO: Falta de pagamento do prémio de seguro 13

CO: Falta de sistema capaz de identificar c/segurança a proveniência de artefactos de ourivesaria

8

CO: Falta da data de início e fim da redução/promoção 8

CO: Falta de envio do original da folha de reclamação por parte de estabelecimentos não identificados no anexo I à entidade competente

6

CO: Incumprimento das regras legais sobre promoções 5

CO: Falta de registos específicos da atividade 5

CO: falta de marcação CE 5

CO: Falta de elementos no letreiro 5

CO: Falta de comunicação de elementos que alterem a matrícula / licença 5

CO: Desrespeito das regras do anúncio de venda com redução de preços 5

CO: Falta de preços em bens 4

CO: Falta de aviso proibição de venda a menores 4

CO: Falta de afixação da cópia do alvará 4

CO: Colocação no mercado sem sistema de gestão de embalagem e resíduos 4

CO: Utilização de expressões similares para anúncio de vendas com redução de preços 3

CO: Recusa em facultar o livro de reclamações 3

CO: Falta de visibilidade e legibilidade do preço afixado 3

CO: Falta de faturas ou documentos equivalentes ou falta de elementos nas mesmas 3

CO: Artefacto com marca falsa - exposição e venda 3

CO: Alteração da composição de artefacto 3

CR: Usurpação 2

CR: Crime de especulação 2

CR: Contrafação de selos, cunhos, marcas e chancelas 2

CO: Saldos fora das datas previstas ou incumprimento das regras legais 2

CO: Reparação ou substituição do bem fora do prazo previsto 2

CO: Marca não autorizada confundível - exposição e venda 2

CO: Falta de licenciamento 2

CO: Falta de afixação de preços convencionados 2

CR: Descaminho ou destruição de objetos colocados sob o poder público 1

CO: Violação de regras p/ exercício das atividades económicas 1

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RELATÓRIO

59

CO: Venda de artefacto em casa de penhor, que não seja originário de penhor 1

CO: Instalação ou alteração de estabelecimento industrial sem emissão de licença 1

Na audição com as associações do setor, a ACORS - Associação dos

Comerciantes de Ourivesaria e Relojoaria do Sul manifestou o entendimento de

que a ASAE não dispõe de todos os conhecimentos técnicos necessários para a

fiscalização do tipo de atividade em apreciação. Acrescentaram que a formação

disponibilizada pela INCM “revelou-se insuficiente”. Atestaram a opinião referido que

“ a disponibilização de um funcionário interno das Contrastarias para acompanhar

ações de fiscalização a 250€ por dia e por pessoa” o que, afirmam, “ é

completamente incomportável no cenário de crise e contenção de custos em que

vivemos”.

O GTCVO é da opinião que, no âmbito da atividade desenvolvida pelas

Contrastarias, é necessário garantir a continuidade da excelência técnica e, em

consequência, assegurar um quadro de pessoal que responda eficazmente às

funções. Quanto à fiscalização desenvolvida pela ASAE, admitindo-se uma resposta

plural por parte dos funcionários e, portanto, não segmentada, é indispensável que

exista uma resposta formativa intensa e adequada num setor cuja especificidade

técnica é, inegavelmente, de grande exigência.

4.8. Segurança e investigação

Estando para além do objeto de apreciação do GTCVO, a questão do furto e do

roubo de metais preciosos esteve quase sempre presente nas diversas abordagens

realizadas em sede de audição, daí a introdução no relatório deste ‘subcapítulo’

que, sucintamente, aflora algumas matérias no âmbito da segurança.

Sobre esse assunto recorda-se a Resolução da Assembleia da República nº

32/2011, de 2 de Março, sobre a adoção de medidas de combate e prevenção dos

assaltos a ourivesarias, que foi tida em conta quando o Secretário Geral do Sistema

de Segurança Interna (SGSSI) determinou a constituição , em 10 de Março de 2011,

da Equipa Mista de Prevenção Criminal (EMPC), com o destino específico de

prevenir crimes de furto e roubo a estabelecimentos de venda de ouro, as

chamadas ourivesarias.

A EMPC concretizou um estudo de âmbito nacional sobre o fenómeno identificado,

num trabalho conjunto entre a GNR PSP, PJ, Serviço de Estrangeiros e Fronteiras

(SEF) e Serviço de Informações de Segurança (SIS).

Page 60: GRUPO DE TRABALHO COMPRA E VENDA DE OURO Relatório final

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RELATÓRIO

60

O GTCVO não teve acesso a esse estudo, tendo recorrido ao documento divulgado

(nota à imprensa?) pelo Sistema de Segurança Interna (SSI), em 10 de Fevereiro

último, com as principais conclusões do trabalho referido.

Segundo o SSI “desde 2009 começou a ser percecionado um acréscimo

significativo da frequência deste tipo de crimes contra ourivesarias”. A apreciação

vai de 2009 ao primeiro semestre de 2011, conforme dados do quadro seguinte:

Quadro 16

Semestres FURTO ROUBO

1º Semestre 2009 14,3% 23,0%

2º Semestre 2009 12,9% 17,5%

1º Semestre 2010 25,2% 15,5%

2º Semestre 2010 25,7% 21,8%

1º Semestre 2011 21,9% 22,1%,

Fonte: SSI

Abre-se, aqui, um ‘parêntesis’ para acrescentar que os assaltos a residências

constituem, do mesmo modo, uma ‘fonte’ de obtenção de metais preciosos,

particularmente ouro e prata.

O estudo não integra uma vertente que as autoridades classificam de conexa e que

consideram ser elemento aliciante para a profusão do crime. Está-se a falar da

facilidade de escoamento, dos bens roubados.

Para as autoridades policiais e de investigação, “o crime de recetação constitui-se,

efetivamente, como a face invisível dos crimes de furto e roubo, tornando apetecível

mercê da sua moldura penal mais leve e, por isso, muito vantajoso do ponto de vista

do binómio risco/benefício”.

Face à afirmação anterior, entendeu o GTCVO apurar a atual moldura penal para o

crime de recetação.

TÍTULO II - Dos crimes contra o património

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RELATÓRIO

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CAPÍTULO IV - Dos crimes contra direitos patrimoniais

----------

Artigo 231.º - Receptação

1 - Quem, com intenção de obter, para si ou para outra pessoa, vantagem patrimonial, dissimular

coisa que foi obtida por outrem mediante facto ilícito típico contra o património, a receber em

penhor, a adquirir por qualquer título, a detiver, conservar, transmitir ou contribuir para a

transmitir, ou de qualquer forma assegurar, para si ou para outra pessoa, a sua posse, é punido

com pena de prisão até cinco anos ou com pena de multa até 600 dias.

2 - Quem, sem previamente se ter assegurado da sua legítima proveniência, adquirir ou receber, a

qualquer título, coisa que, pela sua qualidade ou pela condição de quem lhe oferece, ou pelo

montante do preço proposto, faz razoavelmente suspeitar que provém de facto ilícito típico contra

o património é punido com pena de prisão até seis meses ou com pena de multa até 120 dias.

3 - É correspondentemente aplicável o disposto:

a) No artigo 206.º; e

b) Na alínea a) do artigo 207.º, se a relação familiar interceder entre o receptador e a vítima do

facto ilícito típico contra o património.

4 - Se o agente fizer da receptação modo de vida, é punido com pena de prisão de um a oito anos.

Ou seja, em resumo:

Quadro 17

Artigo 231º CC

Nº 1 – prisão até 5 anos ou multa 600 dias

Nº 2 – prisão até 6 meses ou multa 120 dias

Nº 3 – não tem previsão penal

Nº 4 – prisão de 1 ano a oito anos

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Procurámos, também, apurar qual o regime mais aproximado do crime de recetação

p. e p. no artigo 231º do Código Penal (CP) e constatou-se ser o previsto no artigo

100º do Regime Geral das Infrações Tributárias – Recetação de mercadorias objeto

de crime aduaneiro, inclusivamente as redações são bastantes semelhantes, sendo

que o crime de recetação tem a moldura penal mais pesada.

Assim,

Quadro 18

Artigo 231º CC Artigo 100º RGIT

Nº 1 – prisão até 5 anos ou multa 600 dias Nº 1 - prisão até 3 anos ou multa 360 dias

Nº 2 – prisão até 6 meses ou multa 120 dias Nº 2 – prisão até 5 anos ou multa 600 dias

Nº 3 – não tem previsão penal Nº 3 – não tem previsão penal

Nº 4 – prisão de 1 ano a oito anos Nº 4 – não tem previsão penal

Apurou-se, ainda, a moldura penal do crime de furto qualificado, previsto no artigo

204º do CP, por ter sido manifestada a opinião de que o crime de recetação devia

ter idêntica penalização, que, no caso, vai desde os 2 anos até ao máximo de 8,

dependendo das circunstâncias.

Há, portanto, por parte das entidades de investigação a opinião de que a moldura

penal “não é dissuasora”, particularmente quanto à ‘recetação não negligente’, como

referiram em audição, e que, consequentemente, justifica-se o alargamento dessa

moldura.

E sobre toda esta preocupação, acrescenta o Gabinete do SGSSI, “apesar de

existiram indícios que apontam para a existência de redes criminosas a operar no

espaço europeu que garantem o escoamento dos bens até ao país de destino, uma

parcela muito significativa do ouro furtado e roubado em território nacional terá

como destino a pletora de estabelecimentos de comércio de ouro presentes em todo

o país que, recorrendo a estratégias ilícitas para legitimar a origem dos bens,

adquirem o ouro roubado.”, enfatizando, “a atividade comercial conexa ao mercado

do ouro constitui-se como particularmente atrativa para a ação de indivíduos e

grupos criminosos como fachada para atividades ilícitas.”

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E, antes de apresentar sobre esta matéria um conjunto de sugestões, não deixa o

SSI de salientar que “ a súbita dinâmica do comércio de ouro e o crescimento do

mercado, que passou de um setor com uma dimensão reduzida e eminentemente

associada ao comércio tradicional de ourivesaria e joalharia para um mercado mais

diversificado e plural – ourivesarias, lojas de compra e venda, compra e venda de

ouro online/postal, entre outros – concorre para uma desadequação do articulado

jurídico que regula estas atividades em face da nova realidade, passível de

esconder, nas suas zonas cinzentas, possibilidades de instrumentalização do setor

para crimes de índole diversa.”

Em sede de audição, realizada em 6 de Fevereiro último, com a participação da PJ,

PSP e GNR foi, igualmente, referida a existência de fundições ilegais, como locais

privilegiados de recetação de ouro, que são para uma das entidades ouvidas – PJ –,

o “grande problema a jusante”. Afirma, aliás, que é sobre esta realidade concreta

que deve existir uma atuação mais contundente e penalizadora.

Nesta identificação de potenciais pontos de recetação não fica de fora a suspeita

sobre a atividade de vendedor ambulante de ourivesaria.

Acresce que a proliferação de fundições ‘caseiras’, não autorizadas, é, para as

entidades policiais e de investigação, motivo da máxima atenção.

Em suma, e como referido inicialmente, há a clara constatação de que o autor do

crime tem uma fonte segura de recetação, o que exige, segundo as autoridades

ouvidas, a necessidade de, sem alterações que provoquem o estrangulamento do

mercado, implementar um conjunto de medidas que passam, também, pela

“alteração e modernização legislativa no âmbito do setor.”

Outra matéria abordada em audição prende-se com o nº 3 do artigo nº 14º do

Decreto-lei nº 42/2009, de 12 de Fevereiro (estabelece competências das unidades

da Polícia Judiciária).

SECÇÃO V

Unidades de apoio à investigação

Artigo 14.º

Unidade de Informação de Investigação Criminal

(…)

2 - Nos termos dos n.os 2 e 3 do artigo 4.º da Lei n.º 37/2008, de 6 de Agosto, e no âmbito da

prevenção criminal, compete à UIIC efectuar a detecção e dissuasão de situações propícias à

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prática de crimes, nomeadamente vigiar e fiscalizar lugares e estabelecimentos que possam

ocultar actividades de receptação ou comercialização ilícita de bens.

3 - Os proprietários, administradores, gerentes, directores ou quaisquer outros responsáveis dos

estabelecimentos referidos no número anterior constituem-se na obrigação, após para tal

notificados, de entregar na unidade da PJ com jurisdição na área em que se situam, no prazo de

cinco dias, relações completas, conforme modelo exclusivo cuja cópia lhes é facultada em suporte

digital ou de papel, das transacções efectuadas, com identificação dos respectivos intervenientes e

objectos transaccionados, incluindo os que lhes tenham sido entregues para venda ou permuta, a

pedido ou por ordem de outrem.

(…)

6 - Os objectos adquiridos pelos estabelecimentos e locais mencionados no n.º 2, com excepção

dos veículos e acessórios, não podem ser modificados ou alienados antes de decorridos 20 dias

contados a partir da entrega das relações a que se referem os n.os 3 e 5.

7 - A violação do disposto nos n.os 3 a 6, constitui contra-ordenação punida com coima de (euro)

250 a (euro) 2500, cuja aplicação é da competência do director nacional, que determina a

unidade da PJ a quem compete a respectiva investigação.

8 - A negligência é punível, sendo os limites mínimo e máximo da coima aplicável reduzidos a

metade.

Pressupõe o articulado que o comerciante:

- Elabore relações completas das transações que efetue

- Dessas relações deve constar a identificação dos intervenientes e dos objetos

transacionados

E, ainda,

- que, quando notificado pela PJ, entregue as relações no prazo de 5 dias

Se o modelo anterior – envio permanente de relações para a PJ – não era funcional,

a solução adotada parece também não ser a mais eficaz. Aliás, as coimas possíveis

- nº 7 - não são exatamente dissuasoras dada a dimensão deste tipo de negócio.

O nº 6 do artigo 14º anteriormente transcrito aplica-se, disse-se, ao comércio de

artefactos e da compra e venda de metais preciosos. Importante será saber se está

a ser aplicado. Manter-se-á em poder do comerciante, ‘intocável’, durante 20 dias,

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os artigos que adquiriu? Trata-se, eventualmente, de um prazo demasiado lato para

o tipo de comércio que avaliamos dada a flutuação de preços, mas terá de haver

sempre um ‘ período de defeso’. A redução deste período implica inevitavelmente a

criação de um sistema mais expedito de articular informação que potencie uma

investigação mais célere.

Importa, ainda, que a obrigatoriedade da elaboração de relações dos bens

transacionados e a existência de um ‘ período de defeso’, sejam situações a

merecer ponderação relativamente à aplicação às fundições licenciadas.

O sistema de identificação do artigo 119º da proposta de ‘Estatuto da Contrastaria’,

da INCM-Contrastaria, dificilmente será de grande utilidade, nos termos em que se

encontra previsto.

Artigo 119.º

Sistema de identificação

Todos os comerciantes matriculados nas diversas modalidades de venda direta ao público são

obrigados a adotar um sistema capaz de identificar com segurança a proveniência das medalhas e

objetos comemorativos em metal precioso, dos artefactos de ourivesaria, dos artefactos

compostos e dos relógios existentes no seu estabelecimento ou por si transportados e que se

considerem, em qualquer dos casos, destinados à venda ao público, nos termos regulamentares.

No último ‘capítulo’ do Relatório – Conclusões e parecer – há uma proposta de

metodologia quanto aos registos de identificação. Não obstante, uma exigência

sobre ‘sistemas de identificação’ tem, sem margem de dúvida, de ser

consensualizada com as forças policiais.

4.9. Atualidade da legislação – comércio de artefactos e outros bens de

metais preciosos

A legislação portuguesa e comunitária sobre a compra e venda de ouro estão

referidas no presente relatório, no sentido da regulamentação na atividade comercial

concreta e também no que concerne à possibilidade de fiscalização onde se inclui

as forças de segurança do país.

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Para a presente análise, da atualidade da legislação vigente, importa ter em

consideração que parte substancial desta atividade passa essencialmente pelo

Regulamento das Contrastarias em vigor desde 1979, e que urge ser adaptado à

nova realidade do setor que nos últimos anos teve um crescimento exponencial e

especialização em nichos de mercado, diferente da realidade de há 30 anos atrás.

A INCM efetuou uma proposta de alteração ao atual Regulamento das

Contrastarias, que remeteu ao GTCVO e que se dá aqui por reproduzida, fruto de

um trabalho que vem desenvolvendo há alguns anos, no sentido de se efetuar as

alterações que no seu entender são necessárias para um melhor funcionamento e

regulamentação deste setor. A proposta teve a sua última alteração há algum

tempo, de acordo com a informação prestada pela INCM.

Assumindo o GTCVO que o atual Regulamento das Contrastarias carece de revisão

urgente, apraz, por isso, analisar essa nova proposta e ponderar as alterações com

contributos, para uma possível iniciativa da Assembleia da República.

No contacto estabelecido entre o GTCVO e a INCM – Contrastaria foi esta última

convidada a traçar as principais alterações introduzidas no projeto de ‘Estatuto da

Contrastaria’ proposto, bem como os fundamentos subjacentes.

Do ponto de vista formal, o objetivo foi tornar o novo diploma mais claro, o que,

segundo a INCM, é alcançado “com a atribuição de epígrafes a todos os artigos e

com a criação de um capítulo dedicado à definição dos conceitos essenciais.”

Optou, ainda, “ por incluir todas as matérias num único documento, evitando

diplomas avulsos (…)”.

Do ponto de vista material, os proponentes consideram que as alterações são

significativas. A saber:

“No campo dos produtos foram previstos novos artefactos, tais como os artefactos

que contêm pálido, já que este passou a ser considerado como metal precioso ( nº 2

do artigo 11º), os artefactos de metal precioso e metal comum ( nº 12 do artigo 11º),

não autorizados no regime em vigor, bem como os artefactos revestidos ou

chapeados ( nº 10 do artigo 12º).”

Vieram, também, a ser contempladas “novas formas de legalização dos artefactos

com metais preciosos, nomeadamente com o recurso a marcações por laser ( artigo

22º) e a etiquetas autocolantes de segurança ( nºs 12 e 13 do artigo 11º e artigos

25º e 26º), as quais incluem a indicação do toque ou do toque e metal pobre, e,

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eventualmente, a marca de responsabilidade, permitindo-se, desta forma, a

legalização de artefactos ocos, frágeis ou embalados assepticamente, impossíveis

de legalizar à luz do regime vigente.”

Mantém-se, “ por se tornar imprescindível”, conforme refere a INCM, “ a autorização

e registo nas Contrastarias dos punções de responsabilidade ( artigo 30º) dos

agentes económicos, que necessitam de legalizar junto daquelas os respetivos

artefactos com metais preciosos que vão colocar no mercado.

O fabrico e reforma dos punções de responsabilidade passam a ser efetuados pela

própria INCM, em setor especializado para o efeito ( artigo 32º).

A manutenção de autorização e registos nas Contrastarias dos punções de

responsabilidade deve-se a diversos motivos: especialidade das Contrastarias e do

setor da Gravura Numismática da INCM nesta matéria, com implicações importantes

nas peritagens de marcas a realizar para as diferentes autoridades fiscalizadoras ou

judiciais; posse informativa do histórico integral adequado das marcas deste setor

de atividade que nunca deverão permitir novas marcas passíveis de confusão; como

prestação dos novos serviços de marcação a laser, que incluem, além da marca de

contrastaria, a marca de responsabilidade, como é habitual nos países que utilizam,

complementarmente, esta mais recente tecnologia.”

No que “ ao regime de fiscalização e sancionatório ( artigo 121º e segs.)” diz

respeito, a INCM optou “ por incluir num único documento todas as matérias

referentes a este setor, incluindo o regime de fiscalização e sancionatório, evitando-

se, assim, a dispersão de normas, o qual contém uma secção referente às contra

ordenações e outra aos crimes.”

Relativamente às “ contra ordenações foram contempladas as que se encontram

previstas no Decreto-Lei nº 171/99, de 19 de maio, cuja revogação se propõe com a

publicação do Estatuto/Regulamento do Setor de Ourivesaria, e criadas novas

contra ordenações, já que, com a transferência dos poderes de fiscalização para a

Inspeção-Geral das Atividades Económicas, efetuada através do diploma acima

indicado, apenas foram convertidos em contra ordenações alguns dos

comportamentos ilícitos anteriormente qualificados como transgressões, cujas

multas se encontravam previstas na Portaria nº 447-A/90, de 27 de junho.” Deste

modo, entende a INCM que se colmata o vazio legal existente.

Quanto “aos crimes ( artigo 146º), concedeu-se aos punções de garantia de toque

dos metais dos artefactos de ourivesaria aprovados em convenções ou acordos

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internacionais de que o Estado português seja ou venha a ser contratante ou

aderente, à marca comum de controlo prevista na Convenção sobre o Controlo e

Marcação de Artefactos de Metais Preciosos, da qual Portugal é contratante, e aos

punções de responsabilidade a mesma tutela jurídico-penal conferida para os

punções de Contrastaria, na medida em que aqueles punções são, igualmente,

punções legais, pelo que devem ter idêntica proteção.”

Mas, observemos especificamente o modelo de matrículas proposto e as faculdades

concedidas aos seus titulares, comparando com a situação em vigor:

Quadro 19

Modalidades de Matrícula Em vigor Propostas

Industrial de ourivesaria X X

Armazenista de ourivesaria X X

Armazenista de relojoaria X -

Armazenista de pedras preciosas X -

Retalhista de ourivesaria X X

Retalhista de relojoaria X -

Retalhista misto de ourivesaria X X

Retalhista com estabelecimento especial X X

Casa de Penhores X X

Vendedor ambulante de ourivesaria * X -

Corretor de ourivesaria X X

Ensaiador-fundidor de metais preciosos X X

Prestador de serviços de ourivesaria - X

Artista de ourivesaria - X

Vendedor de ourivesaria* - X

Quadro 20

Faculdades conferidas ao titular da matrícula

Modalidade de

Matrícula

Em vigor Proposto

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Industrial de ourivesaria

Exercer, em fábrica ou oficina própria, instalada e equipada em obediência às condições legais em vigor, o fabrico de artefactos de ourivesaria, a exportação e a venda direta, a armazenistas ou mercadores, de produtos do seu fabrico e só destes, os quais, quando destinados a mercadores e em trânsito, deverão ser acompanhados da respetiva fatura

i)Produzir, em fábrica ou oficina própria, instalada e equipada em obediência às condições legais em vigor, artefactos de ourivesaria, medalhas e objetos comemorativos, em metal precioso, ou artefactos compostos, autorizados nos termos do presente Estatuto; ii)Exportar ou efetuar vendas intracomunitárias ou diretamente a armazenistas, retalhistas, vendedores ou corretores, de ourivesaria, os artigos da sua exclusiva produção

Armazenista de ourivesaria

Exportar e fornecer a retalhistas os artefactos de ourivesaria e relógios de uso pessoal que, para o efeito, haja adquirido a industriais ou tenha importado diretamente

i)Adquirir artefactos de ourivesaria, medalhas e objetos comemorativos, em metal precioso, ou artefactos compostos, autorizados nos termos do presente Estatuto, a industriais, armazenistas ou corretores de ourivesaria, no mercado comunitário, ou importar de outros países para os fornecer a retalhistas, corretores, vendedores de ourivesaria ou a outros armazenistas de ourivesaria ii) Exportar e efetuar vendas intracomunitárias

Armazenista de relojoaria

Exportar ou importar e fornecer a retalhistas relógios de qualquer género que, para o efeito, tenha adquirido a industriais de ourivesaria ou importado diretamente

XXX

Armazenista de pedras preciosas

Armazenista de pedras preciosas e pérolas – Importar e fornecer, a industriais e retalhistas de ourivesaria, pedras preciosas e pérolas naturais ou de cultura

XXX

Retalhista de ourivesaria

1) Expor e vender diretamente ao público, no seu estabelecimento ou,

i)Vender, diretamente ao público, no seu estabelecimento ou, quando

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quando munido de licença especial, em feiras e mercados realizados fora das cidades de Lisboa e Porto, artefactos de ourivesaria, barras, medalhas comemorativas e moedas de metais preciosos, relógios de qualquer género e pulseiras de qualquer espécie para adaptar a relógios de uso pessoal; 2) Importar, para direta e exclusivamente vender ao público no seu estabelecimento, artefactos de ourivesaria e relógios de uso pessoal

munido de licença especial, em feiras e mercados realizados fora das cidades, artefactos de ourivesaria, barras, medalhas e objetos comemorativos, em metal precioso, moedas de metal precioso, relógios, pulseiras de qualquer espécie e pilhas para colocar nos relógios de uso pessoal ii) Vender, como produtos secundários, artefactos compostos, desde que devidamente etiquetados com «Autocolante de toque e metal pobre», artefactos revestidos ou chapeados, bem como cristais e acessórios de moda, desde que separados dos artigos indicados na alínea anterior iii)Importar ou efetuar transações intracomunitárias dos artigos indicados nas alíneas anteriores para, direta e exclusivamente, os vender ao público no seu estabelecimento ou em feiras e mercados

Retalhista de relojoaria

1) Exportar e vender diretamente ao público, no próprio estabelecimento ou em feiras e mercados fora das cidades de Lisboa e Porto, quando munido de licença especial para este efeito, relógios de qualquer género, cadeias de metais preciosos e pulseiras de qualquer espécie, aplicadas ou para aplicar a relógios de uso pessoal; 2) Importar, para directa e exclusivamente vender ao público no seu estabelecimento, relógios de uso pessoal

XXX

Retalhista misto de

Expor e vender diretamente ao público, em estabelecimento situado

Expor e vender diretamente ao público, em estabelecimento

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ourivesaria

em localidade que não seja cidade ou onde não exista mais de um estabelecimento exclusivamente de ourivesaria, ou quando munido de licença especial, em feiras e mercados realizados fora de Lisboa e Porto, artefactos de ourivesaria, barras, medalhas comemorativas e moedas de metais preciosos e relógios de uso pessoal conjuntamente com quaisquer outros artigos cuja exposição e venda não esteja condicionada no presente Regulamento

situado em localidade que não seja cidade ou onde não exista mais de um estabelecimento exclusivamente de ourivesaria ou, quando munido de licença especial, em feiras e mercados realizados fora das cidades, os seguintes artefactos: i)Artefactos de ourivesaria, barras, medalhas e objetos comemorativos, em metal precioso, moedas de metais preciosos e relógios; ii) Artefactos compostos, desde que devidamente etiquetados com «autocolante de toque e metal pobre», e artefactos revestidos ou chapeados; iii) Outros artigos cuja exposição e venda não esteja condicionada no presente Estatuto, desde que devidamente separados dos artefactos de ourivesaria e dos outros indicados nas alíneas anteriores

Retalhista com estabeleci-mento especial

1)De artigos militares, papelaria, etc. – Importar, expor e vender diretamente ao público, em conjunto com os artigos caraterísticos do seu próprio ramo comercial, outros de igual denominação, mas providos, para efeito decorativo, de aplicação de metal precioso; 2)De antiguidades – Expor e vender diretamente ao público, conjuntamente com os artigos próprios do seu comércio, artefactos de ourivesaria com reconhecido merecimento arqueológico, histórico ou artístico, de fabrico anterior à criação das contrastarias ou que contenham marca de extintos contrastes municipais;

i) «De artigos militares, papelaria, cristais, artesanato estrangeiro específico, entre outros»: Importar, adquirir em Estados – membros da União Europeia e expor e vender diretamente ao público, em conjunto com os artigos característicos do seu próprio ramo comercial, outros de igual denominação em metal precioso, ou com aplicações de metal precioso; ii) «De antiguidades»: Importar, adquirir em Estados – membros da União Europeia e expor e vender diretamente ao público, conjuntamente com os artigos próprios do seu comércio, artefactos de ourivesaria com

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3) De artesanato – Expor e vender diretamente ao público, conjuntamente com os artigos próprios do comércio, artefactos de filigrana de ouro ou prata, desde que o estabelecimento se situe em zona de assinalado desenvolvimento turístico ou em locais de acesso e passagem obrigatória para turistas.

reconhecido merecimento arqueológico, histórico ou artístico, de fabrico anterior à criação das Contrastarias, ou que contenham marcas de extintos contrastes municipais ou, ainda, artefactos de reconhecido valor artístico, legalizados com punções antigos; iii) «De artesanato nacional»: Expor e vender diretamente ao público, conjuntamente com os artigos próprios do seu comércio, artefactos de filigrana de ouro ou prata, ou artefactos que sejam reconhecidos e certificados como sendo de ourivesaria tradicional, desde que o estabelecimento se situe em zona de assinalado desenvolvimento turístico ou em locais de acesso e passagem obrigatória para turistas

Casa de Penhores

A par da sua função mutuária, expor e vender diretamente ao público barras, medalhas comemorativas e moedas de metais preciosos, artefactos de ourivesaria e relógios de uso pessoal provenientes de penhores

Expor e vender diretamente ao público barras, medalhas e objetos comemorativos, em metal precioso, e moedas de metais preciosos, artefactos de ourivesaria e relógios provenientes dos penhores

Vendedor Ambulante de Ourivesaria*

Exercer o comércio ambulante de artefactos de ourivesaria, relógios e medalhas comemorativas e moedas de metais preciosos, fora de cidades, onde não exista qualquer estabelecimento exclusivamente de ourivesaria e nas feiras e mercados realizados fora das cidades de Lisboa e Porto

*(ver abaixo)

Corretor de ourivesaria

Vender e promover vendas de artefactos de ourivesaria e relógios de uso pessoal a ou entre firmas devidamente matriculadas em

Adquirir artefactos de ourivesaria, barras, medalhas e objetos comemorativos, em metal precioso, artefactos composto e relógios a

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qualquer das modalidades anteriores industriais ou armazenistas de ourivesaria, para os vender ou promover a respetiva venda a firmas devidamente matriculadas

Ensaiador-fundidor de metais preciosos

Afinar, fundir e ensaiar barras ou lâminas de metais preciosos e prover ao fornecimento destes metais, bem como ao de utensílios e materiais inerentes à arte de ourives

Afinar, fundir e ensaiar barras ou

lâminas de metais preciosos

Prestador de serviços de ourivesaria

XXX

Executar, em oficina própria, instalada e equipada em obediência às condições legais em vigor, determinadas fases de fabrico ou de partes de acessórios de artefactos de ourivesaria para os industriais de ourivesaria.

Artista de ourivesaria

XXX i)Executar, em oficina própria, artefactos de ourivesaria, medalhas e objetos comemorativos, em metal precioso, ou artefactos compostos, autorizados nos termos do presente Estatuto, em pequenas quantidades, utilizando meios artesanais ii)Exportar, efetuar vendas intracomunitárias ou a armazenistas, retalhistas, vendedores ou corretores, de ourivesaria, das suas peças

Vendedor de ourivesaria*

XXX *Vender ou promover vendas de artefactos de ourivesaria, barras, medalhas e objetos comemorativos, em metal precioso, artefactos compostos e relógios em comércio ambulante, terrestre, nomeadamente ao domicílio, aéreo ou fluvial, por correspondência ou por via eletrónica

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Constata-se que a proposta de ‘Estatuto’ apenas refere da ‘aquisição’ para definir,

em termos inovatórios, a atividade do corretor de ourivesaria.

Continua, pois, sem qualquer referência legal o exercício da atividade de mera

compra, quando não se constitua juridicamente a figura do corretor de ourivesaria.

No caso das Casas de Penhores, os artefactos resultantes da penhora são

considerados de 2ª mão.

Acresce que, por força da referência feita na alínea f) do artº 78º - Exceções - ,

resulta ser permitida a compra de artefactos de ourivesaria usados, ao retalhista,

armazenista ou vendedor.

Artigo 78.º

Exceções

Podem ser apresentados nas Contrastarias para ensaio, marcação ou etiquetagem,

independentemente do respetivo titular ser possuidor de um punção de responsabilidade, os

seguintes artigos:

(…)

f) Artefactos de ourivesaria usados, apresentados, após a sua compra, por qualquer

retalhista, armazenista ou vendedor, devidamente matriculado na Contrastaria;

O projeto volta a referir “artefactos de ouro usado” na alínea d) do nº 1 do artº 62º -

Requisitos e venda ao público.

Entende o GTCVO que a proposta pode ser considerada uma base de trabalho

particularmente porque responde a matérias que há muito exigiam resolução como

é o caso dos artefactos que combinam metais preciosos com metais ‘ pobres’. No

entanto, este mesmo documento, não responde à nova realidade de compra e

venda de artefactos, entre outros artigos, usados e às questões que foram

abordadas no decorrer do presente trabalho. Bem como, no entendimento do

GTCVO carece de ímpeto inovador porque ainda replica muitas práticas do atual

Regulamento que estão ultrapassadas, como seja a utilização de registos manuais –

“livro numerado”.

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RELATÓRIO

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Foi claro, mesmo durante as audições com as associações do setor, a aceitação

desta vertente do negócio, mas manifestada forte convicção da necessidade de

existirem regras claras e, portanto, uma regulamentação eficaz.

Das diversas apreciações que foram sendo realizadas tornou-se evidente a

importância da legislação distinguir o comércio de artefactos de ourivesaria do

comércio de metais preciosos ( ouro em fio, em barra, em lâmina e granalha) . As

modalidades de matrícula devem refletir claramente este princípio. Pensa o GTCVO

que este deve ser o ponto de partida, no que à definição do tipo de matrículas a

recriar é exigido.

É, ainda, imprescindível clarificar objetivamente o alcance da atividade das ‘Casas

de Penhores’ enquanto atividade de mútuo garantido por penhor. Como se sabe, só

é possível ao prestamista vender objetos provenientes do penhor, por

consequência, adquiri-los em leilão. No entanto, é assumida a possibilidade de

adquirir, aos potenciais mutuários, ouro, prata e joias, conforme se vê em anúncios

publicitários (“ se insistir em vender nós também compramos”). Esta dupla hipótese

– vender ou penhorar – a ser exercida, a um mesmo tempo, pela mesma entidade é,

presume-se, uma pressão acrescida para o consumidor em situação financeira

vulnerável e pode constituir, à partida, para o mutuário/comprador uma vantagem

acrescida das condições do negócio.

Também tem de ficar clarificada as possibilidades do exercício de fundição, prática

hoje só permitida a ensaiadores-fundidores e fabricantes, sendo que os últimos têm

essa possibilidade para produção de outros artefactos. Seria, por isso, importante

reforçar, na regulamentação, essa ‘exclusividade’, tanto mais que é, no campo da

segurança, uma das maiores preocupações.

Ainda no que se reporta à atividade do ensaiador-fundidor entende o GTCVO que seria útil que o livro numerado a que se refere a alínea e) do artigo 106.º também fizesse a devida correspondência com o destino dado ao metal entregue, indicando de igual forma as quantidades e as peças que foram produzidas com as barras e lâminas ensaiadas. De qualquer modo, existindo hoje mecanismos eletrónicos que permitem o tratamento da informação de modo mais célere não entende o GTCVO porque se persiste em métodos claramente ultrapassados, como se disse atrás, por exemplo, o “uso de livro”.

A ASAE, recorde-se, traduziu em sede de audição as dificuldades com que se confronta pelas dificuldades de acesso a locais de atividade licenciada, para fiscalização, que são, igualmente, locais de residência. Ora, uma vez que subsiste o problema do acesso a casas particulares onde, para além do domicílio, se exerce

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uma atividade sujeita a matrícula, e sujeita a fiscalização, mas dificultada pela dupla função do imóvel, importa que se criem mecanismos expedidos de resolução do problema. Dificilmente será possível uma fiscalização consequente se não for encontrada solução eficaz para esta realidade que é claramente um problema, e, a não ser assim, a entidade fiscalizadora verá sempre cerceada a sua capacidade de atuação. Considera o GTCVO que merece ser reponderada a possibilidade de acumulação de determinados usos num mesmo espaço físico, quando um deles é de domicílio. Não pode a futura legislação ignorar a realidade do franchising que só pode ser autorizada neste setor se os ‘donos’ das marcas possuírem classificações de atividade económica (CAE) para o comércio de metais preciosos, em geral. Por outro lado se hoje uma destas lojas direcionar a sua atividade exclusivamente à compra de ouro para proceder, posteriormente, à sua entrega ao ‘Master’, considera o GTCVO que não exerce a atividade para que está matriculada, ‘retalhista de ourivesaria’. O projeto de ‘Estatuto’ cedido pela INCM não tomou posição, pese embora se tenha referido sobre o regime a seguir no que toca às vendas pela internet e através de catálogo (artigo 41.º), a respeito do fenómeno das máquinas de vending de metais preciosos, que tem vindo a surgir. É desejável que o faça, mesmo que se venha a considerar não ser aceitável este tipo de prática. É de difícil compreensão o desaparecimento da obrigação constante do artigo 49.º do ainda vigente Regulamento das Contrastarias, que se passa a transcrever:

“Quando um ensaiador-fundidor presuma que os objetos ou simples fragmentos de metal precioso

que lhe sejam entregues para fundir possuem valor arqueológico, histórico ou artístico ou suspeite

de que a sua proveniência é delituosa, deverá, antes de proceder à sua fundição, comunicar as

suas dúvidas à contrastaria, que, conforme o caso, ouvirá o Conselho Técnico de Ourivesaria ou

participará a suspeita à autoridade policial competente.”

Sugere-se que a ideia seja recuperada, adaptando-a às atuais circunstâncias e

realidades.

Por outro lado, e no que concerne à venda em almoeda, não existe consagrada, no artigo 65.º, qualquer obrigação de identificação dos compradores e respetivas sedes ou domicílios, de maneira a possibilitar o controlo do trajeto dos bens vendidos naqueles eventos, o que devia acontecer. O GTCVO pensa que se justifica uma reflexão sobre as exigências a garantir quanto

à possibilidade de renovação anual das matrículas que devem estar expressas na

nova proposta.

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Importa, também, salientar que algumas sugestões do GTCVO, no diálogo

estabelecido relativamente à análise da proposta de nova legislação

/regulamentação, foram tidas em boa conta. A saber:

- Eliminação da restrição geográfica (“fora das cidades”) nas faculdades de

matrículas e, por consequência, o fim da dispensa de licença e matrícula a, por

exemplo, estabelecimentos de crédito ;

- Alteração do ponto i) da alínea c) do artigo 40º, quanto à exigência de “oficina

própria” a ‘Artista de ourivesaria’ para, por exemplo, ‘oficina adequada’;

- Alargamento das faculdades da matrícula de ‘prestador de serviços de ourivesaria’;

- Alteração de períodos de tempo de formação e experiência profissional, quanto ao

‘diretor técnico’;

- Alteração do fator de atualização automática anual dos emolumentos;

- Alargamento do âmbito do conceito expresso no artigo 1º - Noção;

- Retificação, por lapso, do nº 3 do artigo 30º, do ponto i) da alínea d) do artº 40º.

Relativamente às matérias de organização dos serviços, considera o GTCVO que

deve ser objeto de uma melhor avaliação, particularmente no que respeita ao

provimento de vagas.

Por fim, chama-se a atenção para a necessidade de cumprimento do disposto no Regulamento (CE) n.º 764/2008, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 9 de julho, que estabelece procedimentos para a aplicação de certas regras técnicas nacionais a produtos legalmente comercializados noutro Estado-Membro e da Resolução do Conselho de Ministros n.º 44/2009, publicada no Diário da República, 1.ª Série, n.º 104, de 29 de maio de 2009, de maneira a que, em homenagem ao princípio do reconhecimento mútuo, não se criem entraves ao comércio intracomunitário de mercadorias.

6 – CONCLUSÕES e PARECER

O GTCVO foi incumbido, pela CEOP, de proceder à “apreciação e avaliação da

atualidade da legislação relativamente à compra e venda de metais preciosos em

2.ª mão, nas diversas vertentes, nomeadamente licenciamento, comércio,

publicidade, com vista a uma eventual iniciativa legislativa”.

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Entender da atualidade da legislação implicou, forçosamente, conhecer a realidade

e conhecê-la implicou, inevitavelmente, a abordagem de outras vertentes que o

objeto do trabalho não previra. A ‘transparência da atividade fiscal’, por exemplo,

não consta do relatório, nem tinha, de acordo com o balizamento do trabalho, mas

entende-se que, já noutra sede, é importante avaliar.

Ao longo do presente relato, e particularmente a partir do ponto 4.5., e com maior

incidência no ponto 4.9., são dadas sugestões relativamente a um conjunto

expressivo de problemas concretos, que, nesta fase de encerramento do

documento, reafirma-se. No resumo das intensões da proposta da INCM está

expresso um conjunto de importantes alterações (inclusão do pálido,

reconhecimento dos artigos compostos de metal preciso e metal ‘pobre’, artefactos

revestidos ou chapeados, novas formas de marcação dos artefactos,…) que

também damos como aceites. Acresce que no diálogo com a INCM foram aceites as

nossas propostas conforme referido em parte anterior do texto deste relatório

(eliminação das condicionantes geográficas das matrículas, obrigatoriedade das

instituições bancárias obterem matrícula adequada,…) . Ao reafirmar estas

propostas obviamente que não se voltam a replicar neste último ponto pelo que se

sugere a melhor atenção para os capítulos anteriores, porque igualmente detentores

de conclusões e parecer.

A atividade de compra e venda de artefactos e outros objetos de metais preciosos

usados, vulgarmente designados ‘em 2ª mão’ , em particular ouro, há muito se

conhece ser praticada nas ourivesarias convencionais.

O aparecimento, quase que repentino, de há cerca de três anos a esta parte, com

particular destaque para o ano de 2011, de um número crescente de lojas que se

intitulam de ‘ compra e venda de ouro’ que se sabe ‘usado’; a introdução de uma

nova prática – franchising – ao comércio do ouro e de outros metais preciosos; a

associação publicamente feita pelo SGSSI de que “o ouro roubado em território

nacional terá como destino a pletora de estabelecimentos de comércio de ouro

presentes em todo o país” e que “desde 2009 começou a ser percecionado um

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acréscimo significativo da frequência deste tipo de crimes contra ourivesarias”; a

frequente abordagem noticiosa dos acontecimentos ligados ao ouro; os alertas da

DECO no apelo à regulamentação… despertaram, inevitavelmente, um olhar mais

atento sobre o ‘fenómeno’.

Toda a atividade retalhista ‘licenciada’ pela INCM contabilizava, em 2008, 6 095

matrículas e, no final de 2011, 7 473. Se este aumento global representa uma

diferença acrescida de 1 378 novos registos, a matrícula de ‘retalhista de

ourivesaria’, onde as ‘casas de compra e venda de ouro’ estão registadas, passou

de 3 450, em 2008, para 5 055, em 2011. Ou seja, não obstante não terem sido, ao

longo destes anos, renovadas anualmente um número significativo de matrículas do

comércio retalhista, esta matrícula em concreto tem um aumento de 1 605 novos

registos. Esta procura mantem-se em 2012 como traduzem os resultados do

primeiro trimestre. Ainda abrem uma média de duas lojas por dia.

Pode-se afirmar, conforme resulta da leitura dos dados do ponto 4.1.,que se trata de

um fenómeno transversal a todo o país, com maior expressão em distritos mais

populosos.

Apenas mais uma matrícula de retalhista merece idêntica leitura quanto ao

crescimento: as ‘casas de penhores’. De 84, em 2008, foram registadas, em 2011,

127.

Não é possível apurar, porque os registos não estão separados, quantos matrículas

estão atribuídas a ourivesarias convencionais e a lojas de ‘compra e venda de ouro’.

De qualquer modo, e tendo em conta os números e a evolução julga-se que estas

segundas poderão situar-se na ordem dos 40% do total dos registos de ‘retalhista

de ourivesaria’.

O comércio grossista tem uma evolução em sentido inverso, decresceu 34% e 2008

para 2009 e das 2 903 matrículas atribuídas em 2010, restaram 2 856 em 2011.

Porque da leitura do Regulamento das Contrastarias não resulta uma qualquer

referência concreta sobre a compra e venda de artefactos de ouro ( e outros metais

precisos) usado procurou-se entender como foram atribuídas as matrículas á nova

realidade de negócio. O ponto 4.2. julga-se clarificador. Aliás, em linha com este

ponto do Relatório, há uma lacuna na legislação existente relativamente à ‘atividade’

de compra e venda de ouro em 2ª mão. Isto, não obstante ser do conhecimento

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geral que a sua prática sempre foi assegurada pelas ourivesarias convencionais,

como anteriormente se disse, não se encontra suporte legal que permita este

licenciamento. É fundamental, e urgente, que venha no novo Regulamento, e de

forma explicita, clarificada e viabilizada esta vertente do comércio.

É entendimento do GTCVO que seja criada uma matrícula exclusiva para compra e

venda de artefactos de metal precioso usado (denominação a definir).

Essa matrícula, para além das exigências que forem requeridas às matrículas de

retalhistas, em geral, não deve prescindir de, obrigatoriamente, definir como

requisito, a existência de técnico habilitado/credenciado, pela INCM-Contrastarias

ou outras entidades devidamente autorizadas, que detenha conhecimentos que

permitam credibilizar as avaliações, independentemente de perante uma correta

avaliação, o consumidor-‘vendedor’ decidir se aceita, ou não, o valor que lhe vier a

ser proposto para a compra.

O princípio é de que nenhum retalhista - excetuando a questão, já abordada, das

casas de penhores – possa adquirir ou vender artigos usados que vimos referindo,

sem a posse dessa matrícula.

Pode, e apenas para o caso de titulares de umas das outras matrículas de comércio

retalhista (exercido como principal atividade) e que a detenham há pelo menos um

número de anos a definir, obter, cumulativamente, esta nova ‘licença’, substituindo-

se o técnico credenciado por pessoa com atividade profissional reconhecida no

ramo e exercida por um período de tempo também a definir.

A afixação diária, nos estabelecimentos, da cotação do ouro deve ser outra

obrigatoriedade.

Ainda no que respeita às matrículas, é o GTCVO da opinião que deve procurar-se

diminuir o número das agora existentes a partir da junção das faculdades que lhes

são conferidas, porquanto existe demasiada segmentação nas possibilidades de

atuação não se encontrando razão que o justifique.

Recorda-se, aqui, o que se teve a oportunidade de opinar no ponto 4.9. – Atualidade

da legislação – comércio de artefactos e outros bens e de metais preciosos – sobre

ter como ponto de partida, na recriação de um novo modelo de matrículas, a

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distinção entre o comércio de artefactos de ourivesaria e o comércio de metais

preciosos.

Considera o GTCVO que deve ser trazida à discussão a possibilidade de vedar às

casas de penhores a acumulação da matrícula de compra e venda de artefactos e

metal precioso usado, para além das resultantes da sua atividade e já expressas na

lei ( penhores/leilão), assunto já abordado no ponto 4.9..

Relativamente à proteção de ‘obras de arte’ de ourivesaria é de todo desejável que,

com a intervenção das áreas de conhecimento adequadas, se avalie a possibilidade

de constituir-se um regime de proteção a peças de valor artístico de ourivesaria,

para além do que já se encontra expresso no regime de proteção e valorização do

património cultural, expresso na Lei nº 107/2001, de 8 de Setembro.

O princípio deve ser o de não inviabilizar a transação, mas condicionar, ou

inviabilizar, com regras precisas, não gravosas para o proprietário do bem, a

fundição desses artefactos.

Uma nota importante que merce registo face ao que se disse anteriormente.

No ano de 1887, ano da criação das Contrastarias, foram criados os punções das

contrastarias. Estes foram substituídos por outros punções em 1938.

Em 1938 foram criados outros punções que vigoraram até 1985, em 1985 foram

criados outros que vigoraram até 1999, e em 1999 foram criados os que estão em

vigor hoje em dia.

Há países a considerarem antigos os punções com mais de 50 anos e outros

países a considerarem antigos só os que tiverem mais de 100 anos.

Há porém artefactos de metal precioso que aparecem sem qualquer contraste e

também aqui a lei deveria mencionar que os artefactos que sejam nitidamente

antigos, seja pela liga de que os mesmos são feitos, seja por serem artefactos de

reconhecido merecimento - arqueológico, histórico ou artístico e de fabrico anterior

às contrastarias (fabrico anterior a 1887) - não deveriam ser fundidos. Estes

artefactos são mencionados no artigo 78º do Regulamento das Contrastarias e

ainda hoje aparecem para marcação nas Contratarias.

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Como hoje em dia as Contrastarias não têm especialistas em arte antiga só marca

estes artefactos com ‘Cabeça de Velho ‘quando o artefacto é presente com um

relatório circunstanciado feito por um perito em antiguidades.

Quanto aos avaliadores oficiais, o seu número deve ser aumentado. Considerar,

face à realidade atual, um avaliador por comarca, com exceção das cidades de

Lisboa e Porto, é manifestamente insuficiente.

As duas questões que no ponto 4.8. – Segurança e investigação – tiveram destaque

não podem deixar de ter o parecer do GTCVO, considerando-se, no entanto, que

devem ser observadas em sede especifica e competente nas áreas referidas.

Sendo certo que esta não é matéria de pronúncia da CEOP, trata-se de assunto

recorrentemente abordado e que merece a atenção do grupo de trabalho.

A primeira, o crime de recetação, tem a sua moldura penal bem definida e

enquadrada no todo dos crimes contra o património. Considera-se que a moldura

penal só poderá tornar-se mais dissuasora, conforme manifestação das entidades

de segurança, em audição, admitindo-se a eliminação da possibilidade de

convolação da pena de prisão em pena de multa.

Relativamente ao registo previsto no artº 14º do Decreto Lei nº 42/2009, de 12 de

Fevereiro, entende-se que deve ser objeto de alteração porque, à semelhança da

solução que anteriormente vigorava, não responde em pleno aos objetivos.

Assim, é parecer do GTCVO que deve ser criado um registo on-line, da

responsabilidade da PJ, onde os operadores/comerciantes submetem a informação

das transações, no prazo máximo de 24 horas após a sua ocorrência, e para o qual

têm acesso por password atribuída.

Este novo sistema permite diminuir o ‘período de defeso’ para tempo inferior a 20

dias.

Os ‘campos’ a preencher, e o tipo de artigos abrangidos, devem ser definidos pela

própria PJ, com o parecer das entidades que forem tidas por adequadas, e não

deve prescindir da imagem (fotografia) do artefacto.

É desejável que esta plataforma informática seja concebida de modo que, com o

tempo, seja possível o cruzamento de informação, por certo da maior importância

para o sucesso dos processos de investigação.

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É, igualmente, desejável que o ‘campo’ da fotografia do artigo tenha permissão de

acesso generalizado ao público, particularmente os artigos que não sejam feitos em

série e portanto mais facilmente identificáveis o que aproveita para os casos de

investigação.

Também à atividade de ensaiadores-fundidores, em substituição dos registos

manuais, devem ser definidos mecanismos eletrónicos de mais fácil avaliação e

pesquisa.

As fundições, sendo uma espécie de ‘fim de linha’ do circuito e constituindo, como

se viu por exposição anterior neste relatório, uma atividade de particular

importância, devem merecer especial atenção por parte do novo Regulamento,

nomeadamente quanto às condições e espaço laboral e exigência técnica dos

intervenientes no processo.

Deve, opina o GTCVO, a futura legislação relativa às Contratarias prever as

condições de não renovação anual de matrículas ou suspensão das mesmas,

nomeadamente por condenação de crime relacionado com a atividade exercida.

O novo Regulamento das Contrastarias, que tem urgentemente de substituir o atual,

desadequado, deve ser aprovado, no máximo a tempo de entrar em vigor antes da

renovação das próximas matrículas: janeiro de 2013.

Deixa-se, noutra área, uma recomendação a fim de ser efetuada uma apreciação do

comércio das pedras preciosas. Não dispondo a INCM de capacidade para esta

área, que já teve, é necessário esclarecer como se processa o controlo e

reconhecimento destes ‘produtos’ e que regulamentação deve existir.

A Associação Portuguesa de Gemologia, em comunicação escrita, a solicitação do

GTCVO, aconselhou “ que na nova legislação seja devidamente regulamentada a

obrigatoriedade de um curso básico de joalharia e um curso básico de gemologia”.

Não é esta matéria de menor importância neste trabalho porque existem

consideráveis indícios de que na aquisição de artefactos de ouro usado,

especialmente no ‘novo tipo de comércio’, só se considera o peso do metal

precioso.

Igualmente a Associação Portuguesa de Joalharia Contemporânea, membro do

Conselho Técnico de Ourivesaria, não se revê no atual Regulamento e não encontra

nele respostas adequadas ao exercício desta atividade afirmando que “o valor da

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