537
GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO TC 013.760/2001-2 Natureza: Consulta Órgão: Tribunal Superior do Trabalho. Interessado: Presidente do Tribunal Superior do Trabalho – TST Sumário: Consulta acerca das indenizações e reposições ao erário previstas no art. 46 da Lei n° 8.112/90, ante a nova redação dada pela Medida Provisória 2.225-45/2001. Conhecimento. Observância das novas disposições apenas aos servidores cujas indenizações ou reposições tenham sido impostas após o advento da MP. Ciência ao interessado. Arquivamento. RELATÓRIO Transcrevo para compor o relatório o parecer da Assessora da Sefip, com o qual está de acordo o Titular daquela Unidade Técnica: Trata o presente processo de consulta formulada pelo Excelentíssimo Senhor Almir Pazzianotto Pinto, Ministro Presidente do Tribunal Superior do Trabalho, por intermédio do Ofício STST.GDGCA.GP nº 469, de 13/09/2001, a respeito da aplicação da Medida Provisória nº 2.225-45/2001. 2.A referida autoridade efetuou a presente consulta formulada nos seguintes termos: “A Medida Provisória nº 2.225-45/2001, publicada no Diário Oficial da União do dia 05/09/2001, alterou disposições legais referentes às reposições e indenizações a cargo do servidor ativo, aposentado ou pensionista em débito com o erário. Consulta-se, em decorrência das anteditas alterações, quanto à aplicação do percentual mínimo de 10% (dez por cento) da remuneração, art. 46, § 1º, às reposições determinadas pela Administração em data anterior à edição da Medida Provisória. Da mesma maneira, se os valores em fase de reposição devem ser atualizados, nos termos do art. 46, § 3º, ou se este se aplica apenas às reposições determinadas a partir da publicação da Medida Provisória” (fl. 01). 3.O Presidente do Tribunal Superior do Trabalho encontra-se relacionado entre as autoridades que podem formular consulta a este Tribunal, quanto à dúvida suscitada na aplicação de dispositivos legais e regulamentares concernentes à matéria de sua competência, de acordo com os termos do inciso I, art. 216 do Regimento Interno. Entretanto, a presente consulta não veio acompanhada do parecer do órgão de assistência técnica ou jurídica da autoridade consulente. 1

GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

  • Upload
    hanhi

  • View
    220

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIOTC 013.760/2001-2Natureza: ConsultaÓrgão: Tribunal Superior do Trabalho.Interessado: Presidente do Tribunal Superior do Trabalho – TST

Sumário: Consulta acerca das indenizações e reposições ao erário previstas no art. 46 da Lei n° 8.112/90, ante a nova redação dada pela Medida Provisória n° 2.225-45/2001. Conhecimento. Observância das novas disposições apenas aos servidores cujas indenizações ou reposições tenham sido impostas após o advento da MP. Ciência ao interessado. Arquivamento.

RELATÓRIO

Transcrevo para compor o relatório o parecer da Assessora da Sefip, com o qual está de acordo o Titular daquela Unidade Técnica:

“Trata o presente processo de consulta formulada pelo Excelentíssimo Senhor Almir Pazzianotto Pinto, Ministro Presidente do Tribunal Superior do Trabalho, por intermédio do Ofício STST.GDGCA.GP nº 469, de 13/09/2001, a respeito da aplicação da Medida Provisória nº 2.225-45/2001.

2.A referida autoridade efetuou a presente consulta formulada nos seguintes termos:“A Medida Provisória nº 2.225-45/2001, publicada no Diário Oficial da União do dia

05/09/2001, alterou disposições legais referentes às reposições e indenizações a cargo do servidor ativo, aposentado ou pensionista em débito com o erário.

Consulta-se, em decorrência das anteditas alterações, quanto à aplicação do percentual mínimo de 10% (dez por cento) da remuneração, art. 46, § 1º, às reposições determinadas pela Administração em data anterior à edição da Medida Provisória. Da mesma maneira, se os valores em fase de reposição devem ser atualizados, nos termos do art. 46, § 3º, ou se este se aplica apenas às reposições determinadas a partir da publicação da Medida Provisória” (fl. 01).

3.O Presidente do Tribunal Superior do Trabalho encontra-se relacionado entre as autoridades que podem formular consulta a este Tribunal, quanto à dúvida suscitada na aplicação de dispositivos legais e regulamentares concernentes à matéria de sua competência, de acordo com os termos do inciso I, art. 216 do Regimento Interno. Entretanto, a presente consulta não veio acompanhada do parecer do órgão de assistência técnica ou jurídica da autoridade consulente.

4.O ilustre Relator do feito, Ministro Adylson Motta, por intermédio do despacho de fl. 03, determinou à autuação da documentação como consulta e o encaminhamento do feito à Sefip para exame e instrução (fl. 03).

5.Ressalta-se que este Tribunal já se manifestou sobre a questão da reposição e indenização de débitos dos servidores para com o erário, no processo nº TC 001.609/1999-8, Decisão nº 429/99-Plenário, Ata nº 30/99, Sessão de 14/07/99. O citado processo trata de consulta formulada pela Câmara dos Deputados quanto ao entendimento que deve ser dado ao art. 46 da Lei nº 8.112/90, com a redação dada pela Lei nº 9.527/97.

O Tribunal Pleno, naquela assentada, considerando as razões expostas pelo Relator, decidiu:

“8.1. conhecer da presente consulta por atender os requisitos previstos nos arts. 216 e 217, do Regimento Interno, para responder à autoridade consulente que:

8.1.1 – os valores relativos às reposições e indenizações ao erário por parte de servidores ativos ou inativos, ou pensionistas somente poderão ser atualizados até 30 de junho de 1994, não podendo ser corrigidos após essa data, consoante o disposto no artigo 46 da Lei nº 8.112/90, ressalvados apenas os casos abrangidos pelo Enunciado de Súmula nº 106 da Jurisprudência Predominante do Tribunal de Contas da União. Vale ressaltar que os atos dolosos praticados contra o erário não se subsumem à tipicidade das chamadas reposições e indenizações, cabendo o integral ressarcimento do dano, em observância aos termos da Lei nº 8.429/92;

1

Page 2: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

8.1.2 – as reposições e indenizações que tiverem sido efetuadas com cobrança de correção monetária após a data de 30 de junho de 1994, poderão ser objeto de devolução de indébitos, no que concerne à correção monetária e juros de mora, somente mediante requerimento dos interessados. No caso de ter sido em virtude de decisão do Tribunal de Contas da União, somente mediante Recurso de Revisão, no prazo de 5 anos, por força do Enunciado Sumular nº 6 do S.T.F.;

8.1.3 – as indenizações e reposições sob esse regime compreendem, inclusive, aqueles fatos não dolosos ocorridos após a data de 30 de junho de 1994 até a data de nova eventual lei que venha restabelecer a correção monetária para tais débitos. Os fatos dolosos podem ser encarados como imputadores de débitos, sujeitando-se os autores às disposições do art. 47 da Lei nº 8.112/90;

8.2. dar ciência do inteiro teor desta Decisão, bem como do Relatório e Voto que a fundamentam, à autoridade consulente; e

8.3. determinar o arquivamento dos presentes autos.”

6.A Medida Provisória nº 2.225-45, de 04/09/2001, in DOU de 05/09/2001, alterou as Leis nos 6.368, de 21 de outubro de 1976, 8.112. de 11 de novembro de 1990, 8.429, de 2 de junho de 1992, e 9.525, de 3 de dezembro de 1997. Todavia, em razão do objeto da consulta serão analisados os dispositivos alterados pertinentes à Lei nº 8.112/90 (fls. 04/07).

7.Em razão da promulgação da Emenda Constitucional nº 32, de 11/09/2001, in DOU de 12/09/2001 (fls. 8/10), que emendou alguns artigos da Constituição Federal, entre os quais merece destaque o art. 62, que dispõe sobre a edição de medidas provisórias pelo Poder Executivo, convém ressalvar que a Medida Provisória nº 2.225-45/2001 continua em vigor, ante o disposto no art. 2º da referida Emenda, in verbis:

‘Art. 2º As medidas provisórias editadas em data anterior à da publicação desta emenda continuam em vigor até que medida provisória ulterior as revogue explicitamente ou até deliberação definitiva do Congresso Nacional’.

7.1Em contato telefônico mantido com a Comissão Mista do Senado Federal fui informada que, até a presente data, a aludida medida provisória está em vigor, que não existe outra medida revogando-a e que o Congresso Nacional, ainda, não deliberou sobre o tema.

7.2Dirimida a dúvida sobre a vigência da Medida Provisória nº 2.225-45 em face da Emenda Constitucional nº 32/2001, prossegue o exame da matéria referente às reposições e indenizações a cargo do servidor ativo, aposentado ou pensionista em débito com o erário.

8.O art. 46 e parágrafos da Lei nº 8.112/90 foram alterados pela Lei nº 9.527/97 e por diversas Medidas Provisórias, dentre as quais destacamos as de nos 1.964-29/2000 e 2.225-45/2001, que serão transcritos para melhor exame da matéria objeto de consulta:

8.1Redação dada pela Lei nº 9.527/97 (fls. 11/21)

“Art. 46. As reposições e indenizações ao erário serão previamente comunicadas ao servidor e descontadas em parcelas mensais em valores atualizados até 30 de junho de 1994.

§ 1º A indenização será feita em parcelas cujo valor não exceda dez por cento da remuneração ou provento.

§ 2º A reposição será feita em parcelas cujo valor não exceda 25% da remuneração ou provento.

§ 3º A reposição será feita em uma única parcela quando constatado pagamento indevido no mês anterior ao procedimento da folha.”

8.2Redação dada a partir da Medida Provisória nº 1.964-29, de 27/07/2000, in DOU de 28/07/2000 (fls.22/23)

“Art. 46. As reposições e indenizações ao erário, atualizadas até 30 de junho de 1994, serão previamente comunicadas ao servidor ou ao pensionista e amortizadas em parcelas mensais cujos valores não excederão a dez por cento da remuneração ou provento.

2

Page 3: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

§ 1º Quando o pagamento indevido houver ocorrido no mês anterior ao do processamento da folha, a reposição será feita imediatamente, em uma única parcela.

§ 2º Aplicam-se as disposições deste artigo à reposição de valores recebidos em cumprimento a decisão liminar, a tutela antecipada ou a sentença que venham a ser revogadas ou rescindida.

§ 3º Nas hipóteses do parágrafo anterior aplica-se o disposto no § 1º deste artigo sempre que o pagamento houver ocorrido por decisão judicial concedida e cassada no mês anterior ou da folha de pagamento em que ocorrerá a reposição”.

8.3Redação dada a partir da Medida Provisória 2.225-45/2001, in DOU de 05/09/2001 (fls. 05/07)

“Art. 46. As reposições e indenizações ao erário, atualizadas até 30 de junho de 1994, serão previamente comunicadas ao servidor ativo, aposentado ou ao pensionista, para pagamento, no prazo máximo de 30 dias, podendo ser parceladas, a pedido do interessado.

§ 1º O valor de cada parcela não poderá ser inferior ao correspondente a dez por cento da remuneração, provento ou pensão.

§ 2º Quando o pagamento indevido houver ocorrido no mês anterior ao do processamento da folha, a reposição será feita imediatamente, em uma única parcela.

§ 3º Na hipótese de valores recebidos em decorrência de cumprimento a decisão liminar, a tutela antecipada ou a sentença que venha a ser revogada ou rescindida, serão eles atualizados até a data da reposição”.

9.Em relação ao tema em apreço, o Prof. Paulo de Mattos Ferreira Diniz, em sua obra Lei nº 8.112 – Comentada, Regime Jurídico dos Servidores Públicos Civis da União, 6ª Edição, 2001, destaca que:

9.1“A obrigação de restituir o pagamento excessivo configura-se à luz do art. 964 do Código Civil Brasileiro, pág. 240, in verbis:

“Toda aquele que recebeu o que lhe não era devido, fica obrigado a restituir”.

A Lei nº 9.527/97, faz distinção entre indenizações e reposições. Indenizam-se por danos causados, cuja reparação é de responsabilidade do servidor e repõem-se o que ele recebeu a maior.

A indenização será feita em parcelas cujo valor não exceda 10% da remuneração ou provento.A reposição, na forma da Lei nº 9.527/97, será feita em parcelas cujo valor não exceda 25%

da remuneração ou provento, e, em uma única parcela quando constatado pagamento indevido no mês anterior ao do processamento da folha. Os valores percebidos pelo servidor, em razão de decisão liminar ou de sentença, posteriormente cassada ou revista, deverão ser repostos, também em uma única parcela.”

9.2A partir de 28.07.2000, na forma estabelecida pela Medida Provisória nº 1.964/2000, reeditada, remunerada e alterada para 2.225/2001, as reposições e indenizações, corrigidas até 30 de junho de 1994, deverão ser pagas no prazo de 30 dias, admitindo-se o parcelamento, a pedido do interessado.

9.3O valor de cada parcela não poderá ser inferior a 10% do valor da remuneração, provento ou pensão.

9.4No caso de pagamento indevido ter ocorrido no mês anterior ao do processamento da folha, a reposição será feita imediatamente, em uma única parcela.

9.5No que pertine à reposição de valores recebidos em cumprimento a decisão liminar, a tutela antecipada ou a sentença que venha a ser revogada ou rescindida, os mesmos deverão ser atualizados até a data da reposição.

10.O primeiro questionamento feito pela autoridade consulente diz respeito “à aplicação do percentual mínimo de 10% (dez por cento) da remuneração, art. 46, § 1º, às reposições determinadas pela Administração em data anterior à edição da Medida Provisória”, em razão das alterações ocorridas.

3

Page 4: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

10.1Verifica-se da leitura dos mencionados dispositivos que o percentual de 10% não foi alterado após a edição da Medida Provisória nº 1.964-29/2000, tendo permanecido o mesmo com a edição da Medida Provisória nº 2.225-45/2001. Observa-se, ainda, um limite mínimo e um limite máximo de 10%, respectivamente, conforme a vigência das referidas Medidas Provisórias, a seguir destacadas.

10.1.1A redação dada pela Medida Provisória nº 1.964-29/2000 e seguintes, determinou que os valores das reposições e indenizações recolhidas de forma parcelada não poderão exceder a 10% da remuneração ou proventos (art. 46, caput), ou seja, estabeleceu um limite máximo para cada parcela.

10.1.2. Quanto à última edição da mencionada Medida Provisória, dispôs que os valores das reposições e indenizações recolhidas de forma parcelada não poderão ser abaixo de 10% da remuneração, provento ou pensão (§ 1º, art. 46), ou seja, fixou um limite mínimo de cada parcela.

10.2 Reportando-se aos servidores que vinham descontando valores dentro do percentual estabelecido no texto anterior da Lei nº 8.112, de 1990, isto é, em parcelas mensais cujos valores não excederão a dez por cento da remuneração ou provento, caso seja a hipótese de indenização ou reposição prevalecerá os descontos anteriormente praticados, observando-se a vigência da nova regra.

10.3 Atualmente, o valor de cada parcela não poderá ser inferior ao correspondente a dez por cento da remuneração, provento ou pensão, podendo aplicar este limite mínimo ou superior a partir da vigência da Medida Provisória nº 2.225-45/2001. O novo critério estabelecido pela referida norma, não permite desconto inferior a este percentual.

11. Da mesma forma, no que tange a segunda indagação “se os valores em fase de reposição devem ser atualizados, nos termos do art. 46, § 3º, ou se este se aplica apenas às reposições determinas a partir da publicação da Medida Provisória”, entendo, s.m.j, tendo em vista a vigência da nova regra, que apenas as reposições determinadas a partir da publicação da Medida Provisória nº 2.225-45/2000, devem ser atualizadas de acordo com o comando do referido dispositivo.

12.Ante o acima exposto, proponho ao Egrégio Tribunal que seja respondido à autoridade consulente que:

a) na hipótese de servidores que vinham descontando valores dentro do percentual estabelecido no texto anterior da Lei nº 8.112/90, isto é, em parcelas mensais cujos valores não excedam a dez por cento da remuneração ou provento, quer seja nos casos de indenização ou de reposição, prevalecerá os descontos anteriormente praticados, observando-se a vigência da nova regra;

b) segundo o novo critério, o valor de cada parcela não poderá ser inferior ao correspondente a dez por cento da remuneração, provento ou pensão, podendo ser aplicado este limite mínimo ou superior a partir da vigência da Medida Provisória nº 2.225-45/2001;

c) tendo em vista a vigência da nova regra, nos casos que se enquadrarem nas previsões contidas no art. 46, § 3º, apenas as reposições determinadas a partir da publicação da Medida Provisória nº 2.225-45/2001, devem ser atualizadas de acordo com o comando do referido dispositivo;

d) encaminhar cópia do Relatório e Voto que fundamentarem a Decisão que vier a ser prolatada pelo Tribunal, à autoridade consulente; e

e) determinar o arquivamento dos presentes autos”.

Solicitada por este Relator a audiência do Ministério Público, este manifestou-se de acordo com a Unidade Técnica, nos seguintes termos, verbis:

“Em atenção ao despacho de fl. 30, acompanhamos a proposição da Sefip, para responder-se à consulta com o esclarecimento de que a Decisão de 14/07/1999, aplicada ao TC 001.609/1999-8, transcrita às fls. 24/25, deve complementar a resposta”.

É o Relatório.

4

Page 5: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

VOTO

A consulta em exame preenche os requisitos necessários para ser conhecida.Adianto também preliminarmente que a Medida Provisória n° 2.225-45/2001 encontra-se

vigente, ainda não tendo sidd convolada em lei, segundo pesquisa efetuada por minha assessoria na internet.

No mérito, entendo pertinente as razões e fundamentos apresentados pela Secretaria de Fiscalização de Pessoal – Sefip, com as quais concorda o representante do Ministério Público.

Não é necessário que se recorra a uma exegese mais aprofundada dos textos legais pertinentes para se responder às indagações ora postas. A lei não pode retroagir para prejudicar – sim, porque as disposições da MP que se cuida são mais nocivas que as prescrições legais anteriores à sua edição.

Portanto, aqueles servidores que venham arcando com as “reposições determinadas pela Administração em data anterior à edição da Medida Provisória” em comento não foram alcançados por esta norma. Da mesma forma, a atualização prevista no § 3° do art. 46 da Lei n° 8.112/90, com a redação dada pela referida MP, não atinge as reposições que já vinham sendo efetivadas.

Por fim, entendo que a resposta atinente à consulta consubstanciada na Decisão Plenária n° 429/99 (item 5 do parecer da Sefip) não deve ser oferecida como complemento à presente, conforme sugere o Parquet, vez que as indagações feitas são distintas. De qualquer sorte, a citada decisão foi publicada no DOU de 22/07/1999 e, consoante o disposto no § 3° do art. 216 do Regimento Interno desta Casa, serve a todos aqueles interessados da Administração Pública cuja dúvida se insira no contexto daquele julgado.

Ante o exposto, acolho a essência dos pareceres lançados nos autos e Voto por que seja adotado o Acórdão que ora submeto à apreciação deste Plenário.

TCU, Sala das Sessões Ministro Luciano Brandão Alves de Souza, em 02 de julho de 2003.

ADYLSON MOTTAMinistro-Relator

GRUPO II - CLASSE III – PLENÁRIOTC 013.760/2001-2Natureza: ConsultaÓrgão: Tribunal Superior do TrabalhoInteressado: Presidente do Tribunal Superior do Trabalho

Ementa: Consulta acerca das indenizações e reposições ao erário previstas no art. 46 da Lei n° 8.112/90, ante a nova redação dada pela Medida Provisória n° 2.225-45/2001. Conhecimento. Observância da legislação vigente à época da exigibilidade de cada uma das prestações. Incidência das disposições contidas nos parágrafos 1º e 3º do art. 46 da Lei nº 8.112/90, com a redação dada pela MP 2.225-45, sobre os montantes ainda não recolhidos na data de publicação da citada medida provisória. Ciência ao interessado. Arquivamento.

VOTO REVISOR

O Exmo. Ministro Almir Pazzianoto Pinto, então presidente do Tribunal Superior do Trabalho, referindo-se à Medida Provisória nº 2.225-45/2001 – que alterou disposições legais referentes às reposições e indenizações a cargo do servidor ativo, aposentado ou pensionista em débito com o erário -, encaminhou consulta a esta Corte vazada nos seguintes termos:

“Consulta-se, em decorrência das anteditas alterações, quanto à aplicação do percentual mínimo de 10% (dez por cento) da remuneração, art. 46, § 1º, às reposições determinadas pela administração em data anterior à edição da Medida Provisória. Da mesma maneira, se os valores

5

Page 6: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

em fase de reposição devem ser atualizados , nos termos do art. 46, § 3º, ou se este se aplica apenas às reposições determinadas a partir da publicação da Medida Provisória.”.

2.Para que se possa compreender perfeitamente a dúvida suscitada, é necessário, antes, rever a evolução das disposições legais sobre a matéria.

3.A Lei nº 8.112/90 dispunha, em seu art. 46, que as “reposições e indenizações ao erário serão descontadas em parcelas mensais não excedentes à décima parte da remuneração ou provento, em valores atualizados.”

4.A Medida Provisória nº 1.522, de 11.10.96, convertida na Lei 9.527, de 10.11.97, estabeleceu novo texto para esse art. 46, nos seguintes termos:

“Art. 46. As reposições e indenizações ao erário serão previamente comunicadas ao servidor e descontadas em parcelas mensais em valores atualizados até 30 de junho de 1994.

§ 1º A indenização será feita em parcelas cujo valor não exceda dez por cento da remuneração ou provento.

§ 2º A reposição será feita em parcelas cujo valor não exceda 25% da remuneração ou provento.

§ 3º A reposição será feita em uma única parcela quando constatado pagamento indevido no mês anterior ao do processamento da folha.”

5.Com a edição da MP 1964-27, em 26.5.2000, novo texto foi estabelecido para o dispositivo:

“Art. 46. As reposições e indenizações ao erário, atualizadas até 30 de junho de 1994, serão previamente comunicadas ao servidor ou ao pensionista e amortizadas em parcelas mensais cujos valores não excederão a dez por cento da remuneração ou provento.

§ 1º Quando o pagamento indevido houver ocorrido no mês anterior ao do processamento da folha, a reposição será feita imediatamente, em uma única parcela.

§ 2º Aplicam-se as disposições deste artigo à reposição de valores recebidos em cumprimento a decisão liminar, a tutela antecipada ou a sentença que venha a ser revogada ou rescindida.

§ 3º Na hipótese do parágrafo anterior, aplica-se o disposto no § 1 º deste artigo sempre que o pagamento houver ocorrido por decisão judicial concedida e cassada no mês anterior ao da folha de pagamento em que ocorrerá a reposição.”

6.Por essas disposições, que vigiam antes da edição da medida provisória a que se refere o Consulente, o limite máximo para desconto em folha de pagamento era de 10% e o montante devido era indenizado ou reposto sem qualquer encargo legal.

7.No entanto, antes mesmo de ser convertida em lei, essa Medida Provisória foi revogada expressamente pela MP 2.225-45, de 4.9.2001, que novamente alterou o conteúdo do dispositivo:

“Art. 46. As reposições e indenizações ao erário, atualizadas até 30 de junho de 1994, serão previamente comunicadas ao servidor ativo, aposentado ou ao pensionista, para pagamento, no prazo máximo de trinta dias, podendo ser parceladas, a pedido do interessado.

§ 1º O valor de cada parcela não poderá ser inferior ao correspondente a dez por cento da remuneração, provento ou pensão.

§ 2º Quando o pagamento indevido houver ocorrido no mês anterior ao do processamento da folha, a reposição será feita imediatamente, em uma única parcela.

§ 3º Na hipótese de valores recebidos em decorrência de cumprimento a decisão liminar, a tutela antecipada ou a sentença que venha a ser revogada ou rescindida, serão eles atualizados até a data da reposição.”

8.Assim, o limite mínimo, e não máximo, do valor de cada parcela de reposição/indenização passa a ser de 10% da remuneração, provento ou pensão, e o valor das restituições, quando decorrentes de decisão judicial, passam a sofrer atualização monetária.

6

Page 7: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

9.Indaga o Ilustre Consulente, portanto, se essas últimas alterações aplicam-se àqueles casos em que as restituições já estejam ocorrendo e tenham sido deferidas sob regramento legal anterior, ou seja, se a nova lei incide inclusive sob situações já constituídas sob regramento anterior ou se essa incidência ocorrerá apenas nas situações que vierem a surgir a partir do início de sua vigência.

10.A questão trazida, ainda que em termos bastante diretos e sucintos, reveste-se em verdade de grande complexidade e insuspeita amplitude, pois a resposta pretendida, conforme se verá adiante, exigirá que esta Corte aprecie a problemática da retroatividade das normas no direito brasileiro e se manifeste sobre suas repercussões na esfera do direito público, mais especificamente, sobre o regime jurídico do funcionalismo público.

11.Conforme lição do Eminente ex-Ministro do Supremo Tribunal Federal, José Carlos Moreira Alves, exposta no Voto proferido na Adin-493, existem três modalidades de retroatividade.

12.A primeira, conhecida como retroatividade máxima, ocorre quando a lei nova atinge atos que já se consumaram no passado e cujos efeitos já se esgotaram de fato e de direito. Vez que essa modalidade de retroatividade atinge fortemente a segurança jurídica, pois capaz de desconstituir situações de há muito consolidadas, existem poucos exemplos de sua ocorrência. Um desses, citado pelo Ilustre Ministro do STF refere-se a um Cânon por meio do qual o Papa Alexandre III determinou que os contratos de empréstimo de capital nos quais estivessem estipulados juros fossem considerados nulos, e os juros percebidos devolvidos ao devedor, a seus descendentes, ou, na ausência de qualquer deles, aos mendigos do local de celebração do contrato.

13.A segunda modalidade, conhecida como retroatividade média, ocorre quando a nova lei atinge atos passados, cujos efeitos se consumaram juridicamente, mas não de fato. Exemplos dessa modalidade também são raros, mas pode-se citar caso hipotético, novamente oferecido pelo citado ex-Ministro do STF, referente a contrato em que se tenha estabelecido taxa de juros de 12%, no transcurso do qual, subsistindo prestações vencidas e não pagas, advém lei estabelecendo limite máximo de juros em 6%. Caso a lei venha a incidir sobre os juros relativos a essas prestações vencidas (consumação jurídica) e não pagas (não-consumação no mundo dos fatos) teríamos a retroatividade média.

14.A última e mais comumente encontrada modalidade é denominada retroatividade mínima, e ocorre naqueles casos em que a lei incide sobre efeitos futuros de atos praticados no passado, os quais não se perfizeram nem de fato nem de direito. Tomando o exemplo anterior, se a lei que estabeleceu o limite de juros em 6% incide apenas sobre os juros vincendos (não houve consumação jurídica nem de fato), permanecendo os vencidos, inclusive os ainda não pagos, sob abrigo da legislação anterior e do contrato conforme firmado, então ocorre a retroatividade mínima.

15.Salientando que essa última modalidade costuma ser confundida por alguns autores com a chamada eficácia imediata da lei, o ex-Ministro Moreira Alves evidencia a distinção existente entre os dois conceitos da seguinte forma (Adin-493):

“Também Roubier (...), depois de dizer que é simples a distinção entre efeito retroativo e efeito imediato da lei, pois aquele ocorre quando a lei se aplica ao passado, enquanto este se dá quando a lei se aplica ao presente, assim desenvolve essa premissa:

‘Se a lei pretende aplicar-se aos fatos realizados (facta praeterita), é ela retroativa; se pretende aplicar-se a situações em curso (facta pendentia), convirá estabelecer uma separação entre as partes anteriores à data da modificação da legislação, que não poderão ser atingidas sem retroatividade, e as partes posteriores, para as quais a lei nova, se ela deve aplicar-se, não terá senão efeito imediato; enfim, diante dos fatos a ocorrer (facta futura), é claro que a lei não pode jamais ser retroativa.’

Essas colocações são manifestamente equivocadas, pois dúvida não há de que, se a lei alcançar os efeitos futuros de contratos celebrados anteriormente a ela, será essa lei retroativa porque vai interferir na causa, que é um ato ou fato ocorrido no passado. Nesse caso, a aplicação imediata se faz, mas com efeito retroativo. Por isso mesmo, o próprio Roubier (ob. cit., n° 82, pág. 415) não pôde deixar de reconhecer que, se a lei nova infirmar cláusula estipulada no contrato, esta terá efeito retroativo, porquanto ‘ainda que os efeitos produzidos, anteriormente à lei nova não fossem atingidos, a retroatividade seria temperada no seu efeito, não deixando porém de ser uma verdadeira retroatividade’.” [Grifei]

7

Page 8: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

16.Em resumo, anoto que as duas primeiras modalidades de retroatividade – a máxima e a média - ocorrem com freqüência muito baixa, porque, conforme já sinalizado, agridem a desejada estabilidade e segurança jurídicas. Já a retroatividade mínima, por alterar apenas os efeitos futuros de situações já constituídas no passado, encontra diversas ocorrências práticas.

17.Analisadas as modalidades de retroatividade, resta o problema de saber qual delas, ou até mesmo se nenhuma delas, deve ser aplicada a determinada situação.

18. Para tanto, é necessário definir a natureza do sistema brasileiro de direito intertemporal, uma vez que tal natureza determina os limites de aplicação dos princípios acima expostos.

19.Os diversos países do mundo contam com um de dois sistemas de direito intertemporal: o legal e o constitucional.

20.No sistema legal, não há qualquer limitação ou obrigação dirigida ao legislador. O relacionamento intertemporal entre as normas e, em geral, o Princípio da Irretroatividade – sempre necessário para conferir segurança jurídica ao sistema e à sociedade - é estabelecido por disposição infraconstitucional. Assim, se qualquer outra norma de igual nível estabelecer qualquer das modalidades de retroatividade, essa poderá ocorrer sem quaisquer limitações, pois o conflito aparente se resolverá pela novidade da segunda em relação à primeira (a geral, que fixou o princípio da irretroatividade).

21.No sistema constitucional, que, antecipo, é o adotado no Brasil pela CF-88, a retroatividade das normas encontra balizadores na própria constituição, o que faz surgir limites à atuação do legislador. Ainda que a sistemática relativa à retroatividade tenha que ser eventualmente complementada com disposições infraconstitucionais, daí dizer-se que o sistema constitucional é sempre misto, as normas infraconstitucionais só poderão estabelecer casos de retroatividade que não avancem sobre os limites traçados na Lei Maior.

22.No caso brasileiro, a Constituição estabelece que “a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada” (inciso XXXVI do art. 5º). A partir desse enunciado poder-se-ia dizer que restou fixado como princípio geral não a irretroatividade, mas sim a retroatividade limitada, pois, salvo as situações previstas na Lei Maior, a norma infraconstitucional poderia estabelecer casos de retroatividade em qualquer das suas modalidades. Nesse sentido, prelecionou o ex-Ministro Moreira Alves, de forma extremamente didática, em conferência proferida no Simpósio de Advocacia Pública, promovido pelo Centro de Estudos Victor Nunes Leal, vinculado à Advocacia Geral da União, in verbis:

“Nesse sistema constitucional, que é o nosso, nós temos um princípio que normalmente se diz princípio da irretroatividade. Mas na realidade, pelo menos na aparência, o princípio é justamente o inverso. É o Princípio da Retroatividade, porque diz a Constituição que a lei nova não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada. O que implica dizer que, não havendo um desses três freios, é possível ser retroativa a lei. Sucede, no entanto, que os casos que não estão abarcados por essas três figuras são em muito menor número do que os casos que estão abarcados por ela. E se pergunta, por que isso? Por uma razão até bastante singela: é que os conceitos de ato jurídico perfeito e de coisa julgada são conceitos singelos, não há dúvida alguma de que ato jurídico perfeito é aquele cuja celebração, portanto, cujo aperfeiçoamento já se deu no passado. E a coisa julgada é a decisão judicial da qual não cabe mais recurso.

O problema vai situar-se na conceituação de direito adquirido. E aí se pergunta o que é direito adquirido? Ora, já houve quem dissesse corretamente que todo direito existente é direito adquirido.”1 (Grifei.)

23.É de se concluir que, na prática, o dispositivo constitucional permite muito pouco espaço para a retroação das normas, pois ainda que a coisa julgada e o ato jurídico perfeito tenham definição pontual, o direito adquirido detém definição ampla.

24.Como essa definição ampla não atende às necessidades do aplicador do direito intertemporal, é mister buscar-se uma delimitação mais precisa do instituto.

1 ALVES, José Carlos Moreira. Direito Adquirido. Revista da Advocacia Geral da União, n° 06, janeiro de 2001.

8

Page 9: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

25.Passo agora a socorrer-me das lições do brilhante administrativista brasileiro Celso Antônio Bandeira de Mello2, segundo o qual, as questões relativas à possibilidade de retroação de uma norma frente à disposição constitucional acima analisada vincula-se ao exame das situações jurídicas ensejadoras dos eventuais direitos adquiridos.

26.Consoante o referido administrativista, as situações jurídicas, definidas por Laubadère como “o conjunto de direitos e obrigações de que uma pessoa pode ser titular”3, podem ser divididas em dois grandes grupos: as gerais ou impessoais e as individuais ou subjetivas.

27.As situações jurídicas individuais ou subjetivas são produzidas por atos cujo conteúdo e alcance material é determinado pelos indivíduos produtores deste ato, pois depende apenas da conjugação da vontade deles, o que torna seu conteúdo bastante específico. Em regra, a aplicação dessas situações a seus titulares não requer ato adicional, pois o ato que as produziu já gera esse efeito. Essas situações jurídicas produzem direito adquirido intangível por lei que passe a viger após sua constituição, pois, constituídas a partir da vinculação da vontade de seus produtores e de acordo com a lei então vigente, só a eles (aos produtores do ato) é permitida a alteração dessa situação.

28.Como exemplo da intangibilidade desse tipo de situação jurídica, cito o caso em que determinada garantia específica é concedida por uma das partes de um contrato. Se essa situação subjetiva foi constituída em completa conformidade ao ordenamento jurídico vigente no momento, será intangível por lei posterior que venha a vedar a concessão dessa garantia específica, mas não pela conjugação da vontade das partes.

29.Já as situações gerais ou impessoais são aquelas cujo conteúdo é necessariamente igual para todos os indivíduos que delas são titulares, pois advém diretamente de um comando normativo. Assim, todos aqueles que se enquadrarem na previsão normativa serão titulares da situação jurídica, ainda que a aplicação dessas situações jurídicas a um eventual titular requeira necessariamente um segundo fato ou ato, diferente daquele que as produziu. Essas situações jurídicas não produzem, em geral, direitos adquiridos, pois, constituídas por ato geral e abstrato (a norma jurídica), e, por isso, nova norma jurídica poderá alterar as condições de exercício dos direitos a elas inerentes.

30.A título de ilustração, cabe mencionar o ato de aceitar cargo público, o qual acarretará a inserção do sujeito na situação jurídica de servidor público, plenamente estabelecida em lei e igual para todos aqueles titulares de mesma situação. Os direitos inerentes a essa situação jurídica não podem ser modificados pelos titulares. No entanto, porque foram criados diretamente pela lei e por tratarem de situação jurídica objetiva, tais direitos podem ser alterados pela lei, o que configura a inexistência do direito adquirido.

31.Aliás, por sua limpidez, cabe trazer à colação as conclusões tecidas por Celso Antônio Bandeira de Mello a respeito das situações jurídicas gerais, como se segue:

“Teria sentido alguém pretender se opor à alteração das regras do imposto de renda, argüindo direito adquirido àquelas normas que vigiam à época em que se tornou contribuinte pela primeira vez? (...) Acaso poderia um funcionário, em nome do direito adquirido ou do ato jurídico perfeito, garantir para si a sobrevivência das regras funcionais vigentes ao tempo em que ingressou no serviço público, quais as concernentes às licenças, adicionais, etc.? Seria viável alguém invocar direito adquirido a divorciar-se , se a legislação posterior a seu casamento viesse a extinguir este instituto jurídico? (...)

É meridianamente claro o descabimento de resistência a tais alterações. Elas colhem de imediato os indivíduos inclusos nas situações jurídicas gerais modificadas.”4 (Grifei.)

32.O mesmo raciocínio é adotado pelo Eminente ex-Ministro Moreira Alves, que pontifica:

“Pelo sistema de Roubier, nós temos que é possível distinguir as situações jurídicas definitivamente constituídas em objetivas e subjetivas. As situações jurídicas definitivamente constituídas objetivas são aquelas em que se tem uma determinada situação em virtude de uma disposição legal. Ao passo que as situações juridicamente constituídas subjetivas são aquelas 2 Mello, Celso Antônio Bandeira de. Aplicação da Lei no Tempo em Direito Administrativo. Revista de Direito Administrativo, n° 134, p. 11/21, outubro/dezembro de 1978.3 Op. cit. p.12.4 Op. cit. p. 14 e 15.

9

Page 10: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

que decorrem de relações que não nascem exclusivamente da norma, mas sim são relações que nascem, por exemplo, de ato jurídico, como por exemplo, o contrato.

Com relação a essas relações jurídicas definitivamente constituídas subjetivas, nós temos que a lei não pode retroagir. Com relação às outras, a lei retroage.

Isto de certa forma, nós seguimos quando dizemos que, no Brasil, não há o direito adquirido a regime jurídico. O que na realidade não há é direito adquirido a regime legal, tendo em vista a circunstância de que, nesse caso, o que dá margem à existência daquele direito é justamente o regime, regime esse que pode ser modificado.” [Grifei]

33.Essa linha de pensamento reflete a jurisprudência já consolidada no âmbito do Supremo Tribunal Federal, que sustenta não haver direito adquirido pelos servidores públicos a regime jurídico, o qual, advindo diretamente da lei, pode por ela ser alterado (Adin-1.754, RE-100.144, MS-222.480, MS-21086, RE-241.105, RE-99.522, entre outros).

34.O Voto proferido pelo Eminente Ministro Sydney Sanches na Adin-1.754 sintetiza bem esse ponto e as demais idéias articuladas nos itens precedentes, in verbis:

“12. Há peculiaridades que exsurgem da relação jurídica estabelecida entre o agente público e o Estado, com a nomeação e posse, de modo a tornar imperativa a prevalência do interesse coletivo sobre o individual do servidor. O Estado edita unilateralmente leis e normas regulamentares, disciplinando o regime jurídico do funcionalismo, no qual se inserem a dedicação integral ao desempenho do cargo público, sujeitando-se os servidores a essas regras estatutárias, suscetíveis de modificação, por meio de lei, nos direitos então prescritos, observados, necessariamente, os preceitos constitucionais pertinentes. A faculdade de estabelecer e alterar unilateralmente as regalias originárias da relação jurídica atribui à Administração o poder de atuar com a maleabilidade suficiente para implantar o sistema administrativo que atenda às suas peculiaridades e necessidades, normas estatutárias a que se subordinam os servidores. É defeso ao Poder Público jungir-se ao interesse específico do seu servidor e abstrair-se da utilidade pública, com manutenção de normas rígidas.

(...)14.No Direito Administrativo, é usual a modificação de situações funcionais, com a inserção

de regras mais benéficas ou rigorosas, mas em consonância com as normas de regência constitucionais, tudo conforme à natureza da vinculação empregatícia do servidor ao Estado.

15.Examinando a Ação Direta de Inconstitucionalidade n. 605-3-DF, que versou sobre admissibilidade de leis interpretativas no ordenamento constitucional brasileiro, o Supremo Tribunal Federal decidiu no sentido de que as 'leis, em face do caráter prospectivo de que se revestem, devem, ordinariamente, dispor para o futuro. O sistema jurídico-constitucional brasileiro, contudo, não assentou, como postulado absoluto, incondicional e inderrogável, o princípio da irretroatividade' (DJ de 5/3/93, p.2.897) (Grifos no original). Os ajustamentos dos direitos e deveres dos servidores, ditados pelas conjunturas sociais e econômicas, não raro implicam efeitos retrocessivos.

(...)17.À época da publicação da Carta de 1988, os servidores públicos eram submetidos a

regimes jurídicos diversos, portanto, com direitos e deveres diferentes, razão pela qual o legislador constituinte determinou, no art. 39, que a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, no âmbito da competência de cada unidade federativa, instituíssem regime jurídico único para os servidores da administração pública direta, das autarquias e das fundações públicas. Outro não foi o propósito do legislador, senão estabelecer a igualização dos direitos e deveres dos servidores, elidindo as discriminações, conseqüentemente.

18.Essa intenção se tornou efetiva com a edição da Lei n. 8.112, de 1990, que estabeleceu o regime jurídico dos servidores públicos federais, atribuindo-lhes idênticos direitos e deveres nela inseridos, em face do que foram transmudados aqueles outros pertinentes ao regime a que estavam até então submetidos, ou modificados os respectivos requisitos, como é o caso da transformação dos adicionais por tempo de serviço em anuênios e da licença especial em licença-prêmio por assiduidade, por força dos arts. 244 e 245 da Lei citada, observadas, obviamente, as normas

10

Page 11: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

constitucionais concernentes. Relembre-se a jurisprudência da Corte de Justiça estratificada no sentido de que o servidor público não tem direito a regime jurídico." (Grifo no original e negrito deste Revisor.)

35.Feitas essas ponderações, retorno à consulta formulada pelo digno ex-Presidente do TST.36.A sistemática de restituição de valores aos cofres públicos, quer sejam reposições quer

sejam indenizações, é plenamente estabelecida em lei. Os titulares da situação jurídica nela se enquadram pela ocorrência de um fato específico: serem devedores do Estado. Trata-se, a meu ver, de situação jurídica geral ou impessoal, que não gera direito adquirido aos beneficiários.

37.Mais que isso, a questão trazida à apreciação desta Corte insere-se no regime jurídico dos servidores públicos, sobre o qual o STF já firmou entendimento no sentido de não produzir direito adquirido, consoante já demonstrado a partir da transcrição de trechos do Voto do Ministro Sydney Sanches exarado na Adin-1.754.

38.Considerando esses dois aspectos, concluo que o texto do art. 46 da Lei nº 8112/90, com a redação que lhe foi dada pela MP 2.225-45, de 4.9.2001, tem eficácia imediata a partir da publicação da citada medida provisória e é dotado de retroatividade mínima e alcança as indenizações e restituições em andamento, haja vista que a sistemática de restituição de valores ao Estado por servidores públicos, mediante desconto em folha de pagamento, é questão relativa ao regime jurídico dos servidores públicos, o qual não gera direito adquirido.

39.Ressalto que, nessa mesma linha já havia decidido esta Corte em outras oportunidades.40.Em consulta formulada pela Câmara dos Deputados, nos autos do TC 001.609/99-8, acerca

da interpretação do art. 46 à luz da redação trazida pela Lei 9.527/97, no que se refere à atualização dos valores, esta Corte, por meio da Decisão nº 429/99, assim decidiu:

“8.1.1 – os valores relativos às reposições e indenizações ao erário por parte de servidores ativos ou inativos, ou pensionistas somente poderão ser atualizados até 30 de junho de 1994, não podendo ser corrigidos após essa data, consoante o disposto no artigo 46 da Lei nº 8.112/90, ressalvados apenas os casos abrangidos pelo Enunciado da Súmula nº 106 da Jurisprudência do Tribunal de Contas da União. Vale ressaltar que os atos dolosos praticados contra o erário não se subsumem à tipicidade das chamadas reposições e indenizações, cabendo o integral ressarcimento do dano, em observância aos termos da Lei nº 8.429/92;

8.1.2 – as reposições e indenizações que tiverem sido efetuadas com cobrança de correção monetária após a data de 30 de junho de 1994, poderão ser objeto de devolução de indébitos, no que concerne à correção monetária e juros de mora, somente mediante requerimento dos interessados. No caso de ter sido em virtude de decisão do Tribunal de Contas da União, somente mediante Recurso de Revisão, no prazo de 5 anos, por força do Enunciado Sumular nº 6 do S.T.F;

8.1.3 – as indenizações e reposições sob esse regime compreendem, inclusive, aqueles fatos não dolosos ocorridos após a data de 30 de junho de 1994 até a data de nova eventual lei que venha restabelecer a correção monetária para tais débitos. Os fatos dolosos podem ser encarados como imputadores de débitos, sujeitando-se os autores às disposições do art. 47 da Lei nº 8.112/90;” (grifei).

41.Vê-se, portanto, que o Tribunal admitiu a incidência de atualização monetária a indenizações ou reposições decorrentes de fatos posteriores a 30.06.1994, desde que nova lei posterior a esses fatos venha a restabelecer tal medida.

42.Em outro momento, em situação semelhante à que se apresenta neste processo, ao apreciar, na Sessão de 15.2.2002, Representação em que se discutiu o percentual de desconto sobre a remuneração dos magistrados relativamente a débito proveniente de pagamento indevido, o Tribunal, a despeito de a determinação administrativa no sentido da necessidade do ressarcimento dos valores recebidos ao erário ter ocorrido sob a vigência da MP 1.964-27 (junho/2000), mediante a Decisão 518/2002-Plenário, decidiu pela aplicação imediata do art. 46 da Lei 8.112/90, com a redação dada pela Medida Provisória 2.225/01:

“(...)

11

Page 12: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

8.2. determinar ao Tribunal Regional do Trabalho da 23ª Região que, sob pena de cominação, aos responsáveis, das sanções previstas na Lei nº 8.443/92, passe a adotar, no tocante aos pagamentos indevidos feitos sob a égide da Resolução Administrativa nº 150/1999 do órgão, percentual de desconto sobre a remuneração dos beneficiários que assegure o pleno ressarcimento do Tesouro Nacional no menor intervalo de tempo possível, nos termos disciplinados no art. 46 da Lei nº 8.112/90, com a redação dada pela Medida Provisória nº 2.225-45, de 04/09/2001”;

43.Nessa última Decisão, o Tribunal apreciou a questão atinente aos ressarcimentos ao erário de magistrados do TRT/MT, em virtude da inclusão indevida da parcela autônoma de equivalência na base de cálculo da rubrica “representação mensal”, que vinham sendo feitos em descontos mensais equivalentes a 1 (um) % da remuneração dos magistrados.

44.A Decisão 518/2002-Plenário está fundamentada nos seguintes argumentos, transcritos no Voto do Relator, acolhido pelo Plenário, in verbis:

“Presentes as informações requeridas, o Analista empreendeu o seguinte exame da matéria:(...)À época do início do ressarcimento realizado na remuneração dos magistrados do TRT/MT

(junho/2000), o art. 46 da Lei nº 8.112/90 tinha a seguinte redação, introduzida pela Medida Provisória nº 1.964-27, de 26/05/2000:

‘Art. 46. As reposições e indenizações ao erário, atualizadas até 30 de junho de 1994, serão previamente comunicadas ao servidor ou ao pensionista e amortizadas em parcelas mensais cujos valores não excederão a dez por cento da remuneração ou provento.’

8.1 O citado art. 46 fixa o valor máximo a ser descontado dos vencimentos, com o claro intuito de preservar uma parcela mínima indispensável à manutenção do servidor e de sua família. Note-se que houve a preocupação do legislador apenas em limitar o valor máximo do desconto, deixando uma margem de discricionariedade ao administrador público. A lei é clara quando diz ‘em parcelas mensais cujos valores não excederão a dez por cento da remuneração ou provento’, ou seja, o valor a ser descontado tem que corresponder no máximo a dez por cento da remuneração do servidor, o que não cabe interpretar que o percentual a ser descontado tem que ser, necessariamente, dez por cento. Ao estabelecer um teto de desconto, por certo o legislador atentou-se para o caráter alimentício dos salários, visando não desequilibrar o orçamento doméstico do servidor e, por conseguinte, vir a criar situação de embaraço financeiro para aqueles por ela alcançados.

8.2 Assim, compete ao Administrador público definir, diante do caso concreto, o percentual justo para o caso. Para tanto, deve levar em conta fatores como: o valor da dívida, o valor dos vencimentos do servidor, número de dependentes, se o servidor já tem descontada alguma outra parcela de valor relevante, como pensão alimentícia, por exemplo.

8.4 No entanto, ainda que concorde com a existência de uma margem de discricionariedade conferida ao administrador público, tal liberdade de escolha não deve dar margem a privilégios como o que se observa no presente caso, posto que, antes de qualquer coisa, a ação do administrador público deve estar sempre pautada na supremacia do interesse público sobre o particular e nos princípios estabelecidos no art. 37 da Constituição Federal.

8.5 Conforme se observa do demonstrativo acostado pelo TRT/MT às fls. 84/85, há casos de magistrados que receberam indevidamente quantias superiores a R$ 20.000,00 e que vêm descontando módicas parcelas, sem qualquer correção, cujos saldos devedores só serão quitados daqui a dez ou doze anos, desfigurando completamente o sentido do ressarcimento previsto no artigo 46 da Lei nº 8.112/90, posto que tal situação configura empréstimo a título gracioso de dinheiro público.

8.6 Apenas para abalizar melhor o conceito de discricionariedade, trazemos à baila os ensinamentos de Celso Bandeira de Mello (in Curso de Direito Administrativo, Ed. Malheiros, São Paulo, 6ª edição, p. 234): ‘a discricionariedade existe, por definição, única e tão-somente para proporcionar em cada caso a escolha da providência ótima, isto é, daquela que realize superiormente o interesse público alvejado pela lei aplicanda’, e continua, ‘não se trata, portanto, de

12

Page 13: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

uma liberdade para a Administração decidir a seu talante, mas para decidir-se do modo que torne possível o alcance perfeito do desiderato normativo’.

8.7 Ora, aliado ao propósito do legislador de estabelecer limitações às parcelas a serem deduzidas do salário do servidor, existe o interesse público de pretender ver o erário recomposto no menor tempo possível. Nesse sentido, a moderna teoria dos interesses veio fixar uma gradação entre o interesse público – aquele que diz respeito a toda a coletividade - e o privado – que diz respeito exclusivamente ao indivíduo, perpassando, ainda, pelas noções de interesse difuso, interesse coletivo e interesse individual homogêneo (in Revista Jurídica Virtual, vol. 3, número 13, junho/2000), propugnando que, em havendo conflito entre eles, prevalecerá aquele que diz respeito ao todo.

8.8 Oportuno, também, trazer o magistério de Lúcia Valle Figueiredo sobre o assunto: ‘A discricionariedade consiste na competência-dever do administrador, no caso concreto, após a interpretação, valorar, dentro de critério de razoabilidade e afastado de seus próprios ‘standards’ ou ideologias – portanto, dentro de critério da razoabilidade geral – dos princípios e valores do ordenamento, qual a melhor maneira de concretizar a utilidade pública postulada pela norma.

O intérprete, o aplicador, para concretizar a norma geral, deverá primeiramente interpretá-la, depois terá de valorar qual a melhor maneira de atender à utilidade pública. Tal valoração, entretanto, não é livre, no sentido de que possa o administrador, se assim o entender, preencher o conceito com seus critérios próprios’ (Curso de Direito Administrativo, Ed. Malheiros, São Paulo, 2ª ed., p.127).

8.9 Assim, entendemos que o percentual de desconto utilizado pelo TRT/MT para ressarcimento dos valores recebidos indevidamente por seus Magistrados, instituído pela Resolução Administrativa nº 013/99, atenta contra os princípios da razoabilidade, da moralidade e da supremacia do interesse público sobre o interesse privado.

8.10 Além disso, a r. Resolução encontra-se atualmente em dissonância com a norma legal que disciplina a matéria, tendo em vista que a Medida Provisória nº 2.225-45, de 04 de setembro de 2001, alterou substancialmente o percentual a ser aplicado nos casos de indenização e reposição ao erário, previsto no art. 46 da Lei nº 8.112/90, trazendo a seguinte redação:

‘Art. 46. As reposições e indenizações ao erário, atualizadas até 30 de junho de 1994, serão previamente comunicadas ao servidor ativo, aposentado ou ao pensionista, para pagamento, no prazo máximo de trinta dias, podendo ser parceladas, a pedido do interessado.

§ 1º O valor de cada parcela não poderá ser inferior ao correspondente a dez por cento da remuneração, provento ou pensão.’

8.11 Não obstante a modificação do percentual de desconto ter sido modificado por legislação posterior, entendemos que deve ser resguardado o interesse público, no sentido de dar celeridade à reposição aos cofres públicos dos valores pagos indevidamente. Até porque, há de ser levado em consideração, além da remuneração dos servidores beneficiários, o fato de que os mesmos já foram demasiadamente beneficiados com o parcelamento até então efetuado, face a modicidade dos valores parcelados.

8.12 Destarte, entendemos que deve este Tribunal determinar ao TRT/MT a alteração da Resolução Administrativa nº 13/99 e, em conseqüência, a Resolução Administrativa nº 067/2000, que determinou o ressarcimento dos valores indevidamente recebidos pelos seus magistrados no percentual de 1% da remuneração, adequando-as à norma legal supramencionada, de modo que os mesmos passem a descontar doravante o percentual mínimo de 10% da respectiva remuneração”.

45.Na mesma linha, esta Corte tem determinado a outros Órgãos da Justiça Trabalhista o cumprimento de disposição semelhante, veja-se:

Tribunal Regional do Trabalho da 10.ª Região (Acórdão 280/2002-Plenário)“c) modificar o item “d” da Decisão nº 1.051/2001 TCU - Plenário paradar-lhe a seguinte redação:`d) proceda à revisão do percentual de desconto estabelecido em 1%sobre a remuneração dos magistrados, adotada nos autos do ProcessoAdministrativo nº 4052, de 1998, tomando como parâmetro para as

13

Page 14: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

indenizações ao erário, tanto para servidores quanto para magistrados,percentual que observe o mínimo de desconto sobre a remuneraçãodisposto na Lei nº 8.112/90, com a modificação da Medida Provisória nº2.225-45, de 04/09/01, assegurando, dessa forma, que o Tesouro Nacionalvenha a ser plenamente ressarcido no menor intervalo de tempopossível;”

Tribunal Regional do Trabalho da 24.ª Região (Acórdão 269/2002-Plenário)“c) determinar ao TRT da 24ª Região que:c.1) revise o percentual de desconto estabelecido sobre a remuneraçãodos magistrados, relativamente à mudança no critério de cálculo daParcela Autônoma de Equivalência, de forma a assegurar o plenoressarcimento do Tesouro Nacional no menor intervalo de tempo possível,nos termos disciplinados no art. 46 da Lei nº 8.112/90, com a redaçãodada pela Medida Provisória nº 2.225-45, de 04.09.2001;”

Tribunal Regional do Trabalho da 2.ª Região (Acórdão 373/2003-Plenário)“9.5.1. passe a adotar, no tocante à reposição das quantias recebidasindevidamente, a título de Parcela Autônoma de Equivalência, percentualde desconto sobre a remuneração dos beneficiários que assegure o plenoressarcimento do Tesouro Nacional, no menor intervalo de tempopossível, nos termos disciplinados no art. 46 da Lei nº 8.112/90, com aredação dada pela Medida Provisória nº 2.225-45, de 04/09/2001;”

46.Conforme se observa nas decisões supra, esta Corte já vem afirmando a eficácia imediata da lei nova que altera disposições relacionadas a regime jurídico do servidor público, e, bem especificamente, disposições relacionadas à sistemática de restituição de valores ao Estado. Assim, embora louvando o judicioso Voto apresentado pelo eminente Ministro-Relator, peço vênia por discordar de Sua Excelência e proponho que o Tribunal mantenha, na resposta à presente consulta, o atual entendimento e jurisprudência que tem sobre a matéria.

Desse modo, proponho seja oferecida resposta ao Ilustre Consulente nos seguintes termos:a) o percentual mínimo de 10 % da remuneração, a que se refere o art. 46, § 1º, da Lei nº

8.112/90, com a redação que lhe foi dada pela MP 2.225-45, de 4.9.2001, deve ser aplicado aos montantes ainda não recolhidos relativos às reposições e indenizações determinadas pela administração em data anterior à edição da mencionada Medida Provisória;

b) os valores em fase de reposição ou indenização devem ser atualizados, nos termos e hipóteses do art. 46, § 3º, com a redação que lhe foi dada pela MP 2.225-45, de 4.9.2001, mesmo que os recolhimentos tenham sido determinados pela administração em data anterior à edição dessa Medida Provisória.

Sala das Sessões, em 2 de julho de 2002.

Augusto Sherman CavalcantiRevisorTC 013.760/2001-2

VOTO COMPLEMENTAR

Afirmei que a matéria versada nestes autos não requeria maiores lucubrações que as lançadas no voto inicialmente trazido a este Plenário. Tive essa compreensão talvez em face da unicidade das conclusões dos pareceres técnicos. Todavia, as ponderações trazidas pelo Ministro-Revisor, com o brilhantismo que lhe é peculiar, levaram-me a uma abordagem mais profunda sobre a questão aqui tratada.

14

Page 15: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

Com efeito, essa maior dificuldade advém, é fato, por nos encontrarmos diante de questionamento que reclama a abordagem de institutos abarcadores do chamado “direito intertemporal”. A propósito, cumpre lembrar as palavras do Ministro Bento José Bugarin por ocasião da Decisão Plenária n° 480/2000, em que o assunto foi ventilado: é “tema jurídico de significativa dificuldade” e “está longe de ser consensual”.

Contudo, mesmo reconhecendo que a matéria requer uma argumentação mais extensa, permaneço alinhado às propostas da Unidade Técnica e do representante do Ministério Público junto a esta Corte. Assim é porque a exposição do ilustre Ministro-Revisor, ao invés de me convencer do contrário, robustece a convicção que já havia em mim se firmado. Senão, vejamos o que diz S. Exª.

De início, o nobre Ministro-Revisor traz a lume lição do Exmo Ministro do Supremo Tribunal Federal José Carlos Moreira Alves, expressa na Adin 493, assinalando a existência de “três modalidades de retroatividade”: máxima, média e mínima. Neste aspecto, há que se reconhecer que esta doutrina não é nova. De fato, podemos verificar isto nas próprias palavras do Ministro Moreira Alves que, ao referir-se àquela classificação (que denomina “quanto à graduação por intensidade”), lança mão dos ensinamentos de Matos Peixoto, consignado no artigo “Limite temporal da Lei”, “publicado na Revista Jurídica da antiga Faculdade Nacional de Direito da Universidade do Brasil”.

Abro aqui um parêntese, quanto a esta “lição”, para salientar que ela também é utilizada pela Profª Maria Helena Diniz, em sua obra Lei de Introdução ao Código Civil Brasileiro Interpretada (3ª edição, pág. 197), no tocante ao que nomeia “uma classificação quanto aos efeitos”, para, logo a seguir, aduzir “uma classificação quanto ao alcance” da retroatividade: “justa, quando não se depara na aplicação do texto uma ofensa ao ato jurídico perfeito, direito adquirido ou coisa julgada; injusta, quando qualquer dessas situações vier a ser lesada com a aplicação da nova norma”.

Posta a explanação relativa às “três modalidades de retroatividade”, o Exmo Ministro-Revisor assinala a “distinção” entre a chamada retroatividade mínima e a aplicação imediata da lei, institutos que, salienta, por vezes são confundidos por alguns doutrinadores. Passo seguinte, o nobre Par aduz que para verificarmos a incidência de qualquer das modalidades de retroatividade “é necessário definir a natureza do sistema brasileiro de direito intertemporal, uma vez que tal natureza determina os limites de aplicação dos princípios acima expostos”. Anota então que o direito brasileiro acolheu o sistema constitucional (inciso XXXVI do art. 5° da Constituição Federal) e, servindo-se de nova lição do Ministro Moreira Alves, conclui “que, apesar de correto sob o enfoque lógico, na prática o dispositivo constitucional permite muito pouco espaço para retroação das normas, pois ainda que a coisa julgada e o ato jurídico perfeito tenham definição pontual, o direito adquirido detém definição ampla”.

A partir daí, entendendo cuidar o presente caso de questão atinente a direito adquirido, o insigne Ministro-Revisor busca a orientação apontada pelo administrativista Celso Antônio Bandeira de Mello, para quem importa, para verificar a “possibilidade de retroação de uma norma frente à disposição constitucional acima analisada”, examinar as “situações jurídicas ensejadoras dos eventuais direitos adquiridos”. Nesse ponto, passa a apoiar-se em doutrinas distintas (mas de lógicas idênticas) e classifica essas situações jurídicas como gerais ou impessoais e individuais ou subjetivas; ou apenas objetivas e subjetivas.

Em conclusão a todas estas colocações doutrinárias, o Ministro-Revisor diz que estamos diante de uma alteração legislativa atinente ao regime jurídico dos servidores públicos e, fazendo uso mais uma vez de entendimento do Supremo Tribunal Federal, assevera que não há, assim, que se falar em direito adquirido por parte daqueles que já estavam obrigados a repor importâncias ou indenizar o erário.

Pois bem, como adiantei, a conclusão a que chego é oposta à consignada no voto revisor, diante dos mesmos argumentos nele lançados. Tomemos como exemplo o grifo do nobre Ministro-Revisor ao expor a lição do Ministro Moreira Alves (que por sua vez apresenta o “sistema de Roubier”) em face da distinção das “situações jurídicas definitivamente constituídas em objetivas e subjetivas:

“As situações jurídicas definitivamente constituídas objetivas são aquelas em que se tem uma determinada situação em virtude de uma disposição legal. Ao passo que as situações

15

Page 16: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

juridicamente constituídas subjetivas são aquelas que decorrem de relações que não nascem exclusivamente da norma, mas sim são relações que nascem, por exemplo, de ato jurídico, como por exemplo, o contrato.

Com relação a essas relações jurídicas definitivamente constituídas subjetivas, nós temos que a lei não pode retroagir. Com relação às outras, a lei retroage.”

Ora, o trecho que, penso, merece destaque é justamente o oposto ao que foi evidenciado. Indago: de onde provém a reposição ou indenização efetuada por determinado servidor? Diretamente da norma legal? Não. Decorre de ordem da Administração, aplicando aquela norma, para que seja descontada certa importância do servidor. Esta determinação constitui-se em ato jurídico perfeito ou por acaso este ato somente se aperfeiçoará com o pagamento de todas as parcelas em que autorizada a reposição ou indenização? Estou convencido de que não é necessária a ultimação do pagamento da dívida para com o erário. Nesta hipótese, e peço licença para dizer assim, estaríamos frente ao exaurimento do ato.

Portanto, também podemos deduzir deste último parágrafo que, mesmo sendo “simples” o conceito de ato jurídico perfeito (como assinala o eminente Ministro-Revisor, reportando-se às palavras do Ministro Moreira Alves), não é tarefa incontroversa sua identificação. A propósito, torno aqui a dizer que no presente caso trouxe inicialmente a este Colegiado um voto extremamente enxuto, na esteira dos pareceres lançados nos autos, vislumbrando ter ficado suficientemente claro o fato de que estávamos diante de um ato jurídico perfeito. Não foi assim entendido pelo ilustre Revisor.

Longe de mim ter a pretensão de contradizer a assertiva de que os servidores públicos não têm direito adquirido a regime jurídico. Isto hoje é um verdadeiro dogma, com o qual estou de acordo. Contudo, não é disso que cuida a presente hipótese. O regime jurídico foi alterado sim, com o advento da Medida Provisória n° 2.225-45/2001, devendo a nova redação dada ao art. 46 da Lei n° 8.112/90 ser imediatamente aplicada às reposições e indenizações ao erário determinadas pela Administração e comunicadas ao servidor após o advento da referida MP.

Esse entendimento não implica na “sobrevivência das regras funcionais vigentes ao tempo em que ingressou no serviço público” a qualquer servidor. O que acontece é que preenchidas as condições estabelecidas nas disposições vigentes no regime jurídico para que se verifique um direito do servidor ou para que se perfaça um ato jurídico relativo ao servidor, este direito ou este ato jurídico deve ser reconhecido. A título de exemplo, podemos citar a “licença prêmio” antes concedida aos servidores, hoje não mais existente; os servidores que fizeram jus àquela licença podem vir a gozá-la a qualquer tempo ou computá-la como tempo de serviço para fins de aposentadoria. A aquisição de novos períodos relativos àquela licença é que deixou de existir para todos os servidores, exatamente porque os servidores públicos não têm direito adquirido a regime jurídico, caso contrário, fosse-lhes reconhecido tal direito, a supressão da aquisição à indigitada licença só prevaleceria para os servidores que ingressassem no serviço público após o advento da legislação que extinguiu a licença.

Conforme disse, estamos diante de um ato jurídico perfeito. Este, segundo a Profª Maria Helena Diniz (op. cit., pág. 182), “é o que se tornou apto a produzir seus efeitos”. Ainda segundo a autora, “a segurança do ato jurídico perfeito é um modo de garantir o direito adquirido pela proteção que se concede ao seu elemento gerador” e, colacionando lição de Clóvis Beviláqua, assinala: “o direito quer que o ato jurídico perfeito seja respeitado pelo legislador e pelo intérprete na aplicação da lei, precisamente porque o ato jurídico é gerador, modificador ou extintivo de direitos. Se a lei pudesse dar como inexistente ou inadequado o ato jurídico, já consumado segundo a lei vigente ao tempo em que se efetuou, o direito adquirido dele oriundo desapareceria por falta de título ou fundamento” (grifei).

Ora, como disse o Ministro-Revisor, o direito brasileiro adota o sistema constitucional quanto à retroatividade das leis e, portanto, a lei não pode “dar como inexistente ou inadequado o ato jurídico já consumado segundo a lei vigente ao tempo em que se efetuou”. Outra explanação que se amolda ao presente caso, no meu modo de ver, dada pela Profª Maria Helena Diniz, é “se o contrato foi legitimamente celebrado, os contratantes têm o direito de vê-lo cumprido, nos termos da lei contemporânea a seu nascimento, que regulará inclusive seus efeitos” (grifei). A seguir, aquela

16

Page 17: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

autora traz advertência de Carlos Maximiliano que também penso caber ao caso em tela: “Não se confundam contratos em curso e contratos em curso de constituição; só estes a norma hodierna alcança, não aqueles, pois são atos jurídicos perfeitos”.

Em face das menções acima, seria ingenuidade alguém asseverar que naquelas hipóteses estamos diante de questões atinentes ao direito privado, ao passo que na matéria em exame cuida-se de direito público. Isto há muito ficou superado, como salienta o Ministro Moreira Alves na Adin 493 mencionada pelo Ministro-Revisor:

“(...) Com efeito, figura entre as garantias constitucionais fundamentais a prevista no inciso XXXVI do artigo 5° da Constituição Federal: (...)

Esse preceito constitucional se aplica a toda e qualquer lei infraconstitucional, sem qualquer distinção entre lei de direito público e lei de direito privado, ou entre lei de ordem pública e lei dispositiva”.

Em suporte a esta afirmação, o insigne Ministro do STF desenvolve inúmeras laudas acerca da questão. Aponta suas próprias palavras por ocasião da representação de inconstitucionalidade n° 1.451, bem como as proferidas no exame do pedido de liminar daquela mesma Adin 493 que cuidava; aduz lições de vários autores estrangeiros, inclusive aqueles em cujo país é adotado o princípio da retroatividade legal; e assinala os ensinamentos de outros doutrinadores nacionais, como Pontes de Miranda, Oswaldo Aranha Bandeira de Mello, Celso Antônio Bandeira de Mello e Carlos Maximiliano.

Quanto à preleção do Prof. Celso Antônio Bandeira de Mello, disposta pelo Ministro Moreira Alves, creio ser válido apresentá-la, até porque o ilustre Ministro-Revisor também procura se valer daquele notável autor, em nuança idêntica à do referido Ministro do STF, mas com ilações distintas:

“Também CELSO ANTÔNIO BANDEIRA DE MELLO (‘Ato Administrativo e Direitos dos Administrados’, pág. 105 a 119, Editora Revista dos Tribunais, São Paulo, 1981) não sustenta a aplicação imediata de uma lei pelo só fato de ser ela de ordem pública ou de direito público, mas examina diversas hipóteses, inclusive distinguindo situações jurídicas gerais de situações subjetivas (como as contratuais), para verificar quando há, ou não, direito adquirido a impedir que a lei nova alcance os efeitos futuros de fatos produzidos no passado, e apresenta essas conclusões:

‘a) – os atos e fatos já consumados em seus efeitos jurídicos, ainda que não realizadas suas conseqüências materiais, são inatingíveis pelas leis novas, sob pena de retroação proibida;

b) – os atos subjetivos (que geram situações jurídicas pessoais, concretas e subjetivas) acarretam o nascimento de direitos adquiridos e, portanto, inatingíveis pelas leis novas;

c) – os atos-regra (que produzem situações gerais, abstratas e impessoais) não geram, por si só, direitos adquiridos;

d) – os atos e fatos-condição (que instalam alguém em situação geral, abstrata e impessoal) normalmente não geram direitos adquiridos. Irão gerá-los, contudo, se a situação em que for investido o sujeito delinear-se por normas cuja única justificativa racional e sentido lógico sejam a garantia de futuridade assegurada’” (págs. 118/119).

Com base, aliás, nessa parte final, sustenta CELSO ANTÔNIO o direito adquirido à estabilidade e à incorporação aos vencimentos de gratificação por função após determinado período (págs. 15), ainda que lei nova de direito público extinga esses direitos ou altere os seus requisitos”.

No presente caso, depreendo, estamos diante de um ato subjetivo, qual seja, uma determinação da Administração Pública, seguida de uma comunicação ao servidor, para que este venha a indenizar ou repor importâncias indevidamente recebidas ao erário. Não se trata de um “ato-regra”, “por si só”, ou seja, não decorre apenas de uma disposição legal, não obstante ter-se que observar exatamente esta disposição legal vigente.

Dessa forma, como já assinalei, diante dos mesmos argumentos consignados no voto-revisor, chego a conclusão oposta à do Ministro-Revisor. Pleonasticamente, digo que estou mais convencido de minha convicção também pelo desfecho que veio a merecer a citada Adin 493, em face de toda a

17

Page 18: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

argüição do insigne Ministro Moreira Alves, visto que outros não menos ilustres membros do STF restaram vencidos em algumas questões.

Naquela ação, o e. STF declarou “a inconstitucionalidade dos artigos 18, ‘caput’ e parágrafos 1° e 4°; 20; 21 e parágrafo único; 23 e parágrafos; e 24 e parágrafos, todos da Lei n° 8.177, de 1° de março de 1991”. Segundo palavras do Ministro Moreira Alves, “os dispositivos impugnados”, “dizem eles respeito, objetivamente, a contratos celebrados anteriormente à entrada em vigor da Medida Provisória n° 294, que foi publicada em 1° de fevereiro de 1991, e que veio a ser convertida na Lei n° 8.177, de 1° de março seguinte. E alteram o modo de atualização do valor dos saldos devedores e das prestações, a partir de fevereiro de 1991, nesses contratos que são celebrados entre as entidades integrantes dos sistemas financeiros da habitação e particulares”. Todos foram julgados inconstitucionais, “por ofensa ao disposto no artigo 5°, XXXVI, da Constituição Federal”.

Como o citado art. 24 e seus parágrafos foram examinados separadamente dos demais artigos e parágrafos mencionados, é válido destacar excerto do voto do Ministro Moreira Alves relativo àquele artigo e parágrafos: “Também aqui o ato jurídico perfeito é violado pelos dispositivos impugnados que, em última análise, alteram o critério de reajuste das prestações nos contratos já celebrados ...”.

Logo, diante destas colocações, reafirmo minha posição anteriormente adotada.Por fim, cumpre abordar uma última questão posta pelo Ministro-Revisor. É a que diz respeito

à Decisão Plenária n° 518/2002.Estive presente à Sessão em que foi exarada a referida Decisão, pondo-me de acordo com o e. Colegiado.

Contudo, consoante todo o exposto no presente Voto, e sem perder de vista o contexto em que foi exarada tal Deliberação, vez que aquela situação demandava uma atuação contundente desta Corte, a determinação contida naquela Decisão, notadamente no seu item 8.2, talvez mereça uma reflexão mais profunda, porquanto mesmo procedendo a determinação deste Tribunal para que a Corte Trabalhista reveja os pagamentos aventados, isso deverá ocorrer de acordo com a legislação vigente anteriormente à MP 2.225-45, juntamente com os princípios da moralidade e, principalmente, do interesse público.

De qualquer sorte, foi interposto recurso contra aquela Decisão, encontrando-se o processo correspondente na Serur, o que propiciará ao Tribunal retificar qualquer erronia porventura ocorrida naquele precedente.

Dessa forma, com mais estas considerações, e acompanhando os pareceres constantes nos autos, VOTO por que seja adotado o Acórdão que ora submeto a este e. Plenário.

TCU, Sala das Sessões Ministro Luciano Brandão Alves de Souza, em 02 de julho de 2003.

ADYLSON MOTTAMinistro-Relator

GRUPO II – CLASSE III - PlenárioTC 013.760/2001-2Natureza: ConsultaÓrgão: Tribunal Superior do TrabalhoInteressado: Presidente do Tribunal Superior do Trabalho - TST

Sumário: Consulta acerca das indenizações e reposições ao Erário previstas no art. 46 da Lei nº 8.112/90, ante a nova redação dada pela MP nº 2.225-45/2001. Conhecimento. Aplicação da referida MP aos montantes ainda não recolhidos na data de publicação da citada MP. Ciência ao interessado. Arquivamento.

DECLARAÇÃO DE VOTO

De início, registro a excelência dos Votos proferidos pelos eminentes Ministros Adylson Motta e Augusto Sherman Cavalcanti. Tratar de direito adquirido e de retroatividade das normas, do

18

Page 19: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

modo como feito pelos meus pares, é tarefa de suma complexidade, razão pela qual louvo os Votos que apresentaram.

Quanto ao mérito, manifesto concordância com o Voto proferido pelo Ministro Augusto Sherman Cavalcanti. Gostaria, tão-somente, de aduzir alguns comentários, os quais, a meu ver, complementam o Voto Revisor apresentado.

A atual redação dos artigos 46 e 47 da Lei nº 8.112/90, dada pela MP nº 2.225-45/2001, é a seguinte:

“Art. 46. As reposições e indenizações ao erário, atualizadas até 30 de junho de 1994, serão previamente comunicadas ao servidor ativo, aposentado ou ao pensionista, para pagamento, no prazo máximo de trinta dias, podendo ser parceladas, a pedido do interessado.

§ 1o O valor de cada parcela não poderá ser inferior ao correspondente a dez por cento da remuneração, provento ou pensão.

§ 2o Quando o pagamento indevido houver ocorrido no mês anterior ao do processamento da folha, a reposição será feita imediatamente, em uma única parcela.

§ 3o Na hipótese de valores recebidos em decorrência de cumprimento a decisão liminar, a tutela antecipada ou a sentença que venha a ser revogada ou rescindida, serão eles atualizados até a data da reposição.

Art. 47. O servidor em débito com o erário, que for demitido, exonerado ou que tiver sua aposentadoria ou disponibilidade cassada, terá o prazo de sessenta dias para quitar o débito.

Parágrafo único. A não quitação do débito no prazo previsto implicará sua inscrição em dívida ativa.”

Entendo que o art. 47 é crucial para o deslinde do mérito da presente consulta. Este artigo, na verdade, faz com que o direito de o servidor efetuar reposições e indenizações ao Erário, na forma de percentuais de seus rendimentos, dependa, necessariamente, da manutenção do seu vínculo jurídico com a Administração Pública. Vale dizer: esta manutenção, verificada mensalmente antes de cada recolhimento, é condição necessária para a aquisição do direito consignado no art. 46. Prova disso é que o servidor, na hipótese de ser demitido, exonerado ou tiver sua aposentadoria ou disponibilidade cassada, não mais fará jus às reposições/indenizações parceladas. Terá, inevitavelmente, que quitar seu débito no prazo de sessenta dias.

Assim sendo, o direito às reposições/indenizações parceladas na forma do art. 46 surge mês a mês — imediatamente após a verificação do vínculo do servidor com a Administração. Chega-se ao final do mês e, constatado que o servidor não se encontra em uma das hipóteses do art. 47, nasce o direito ao parcelamento das reposições e indenizações. Esse nascimento, então, ocorre à luz da legislação aplicável no momento. Logo, a referida MP aplica-se, nos termos do Acórdão proposto pelo Ministro Augusto Sherman, aos montantes ainda não recolhidos relativos às reposições e indenizações determinadas pela Administração em data anterior à sua edição.

Questão análoga, no que diz respeito a direitos adquiridos, que pode servir de parâmetro para a presente consulta diz respeito ao reajuste de 84,32% (IPC) pleiteado por servidores públicos por ocasião do implemento do Plano Collor. Por meio do Mandado de Segurança nº 21216/DF, os servidores do STF pleitearam tal reajuste com supedâneo na Lei nº 7.830/89, a qual dispunha sobre correção salarial dos servidores civis e militares da Administração Federal Direta, das autarquias, das fundações públicas e dos extintos Territórios Federais. Argumentavam os impetrantes que o direito ao reajuste não poderia ser negado com base na Medida Provisória nº 154/90, eis que, quando da publicação desta norma — que instituiu novas regras para o reajuste de salários —, já havia transcorrido o período ao qual o índice 84,32% se referia. Ou seja, no entender dos impetrantes, existia direito adquirido ao reajuste de 84,32%.

O Supremo Tribunal Federal, ao julgar o Mandado de Segurança nº 21216/DF, Relator Ministro Octavio Gallotti, declarou a impossibilidade de invocação de direito adquirido, previsto no art. 5º, inciso XXXVI, da Constituição Federal. Entendeu a Corte Suprema que o direito dos servidores ao reajuste somente se consolidava ao final do mês trabalhado, depois, portanto, da edição da Medida Provisória nº 154/90. Logo, não havia que se falar em direito adquirido.

19

Page 20: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

Este caso concreto julgado pelo STF apresenta similitude ao destes autos. Em ambos, não ocorreram todas as condições necessárias à aquisição do direito.

Ante o exposto, com base nos argumentos que ora expendi, VOTO no sentido de que o Tribunal adote a deliberação proposta pelo Ministro Augusto Sherman Cavalcanti.

TCU, Sala das Sessões Ministro Luciano Brandão Alves de Souza, em 2 de julho de 2003.

BENJAMIN ZYMLERMinistro-Redator

GRUPO I - CLASSE III - PLENÁRIOTC 013.760/2001-2Natureza: ConsultaÓrgão: Tribunal Superior do Trabalho.Interessado: Presidente do Tribunal Superior do Trabalho - TST

Sumário: Voto de desempate do Presidente (art. 124, § 1º, do Regimento Interno) quanto à aplicação da Medida Provisória nº 2.225-45/2001 aos montantes ainda não recolhidos na data de sua publicação. A referida Medida Provisória só incide sobre as reposições e indenizações determinadas após a sua publicação. Arquivamento.

VOTO DE DESEMPATE

Na Sessão Ordinária realizada no dia 2 de julho do corrente, ao ser apreciado este processo, que cuida de consulta formulada pelo Excelentíssimo Senhor Ministro Almir Pazzianotto Pinto, então Presidente do Tribunal Superior do Trabalho, a respeito da aplicação da Medida Provisória nº 2.225-45/2001, restaram empatadas duas propostas de deliberação.

2. Propôs o Relator, Ministro Adylson Motta, no que foi acompanhado pelo Ministro Iram Saraiva e pelo Ministro-Substituto Marcos Bemquerer Costa:

"9.1 conhecer da presente consulta, para responder à autoridade consulente que:9.1.1 as reposições determinadas pela Administração em data anterior à edição da Medida

Provisória n° 2.225-45/2001 devem observar as disposições legais anteriores à sua vigência;9.1.2 a atualização de que trata o § 3° do art. 46 da Lei n° 8.112/1990, com a redação dada

pela Medida Provisória n° 2.225-45/2001, só incide sobre as reposições determinadas após o advento desta;

9.2 dar ciência do inteiro teor da presente deliberação à autoridade consulente, encaminhando-lhe cópia deste Acórdão, bem como do Relatório e do Voto que o fundamentam; e

9.3 determinar o arquivamento do processo."3. O Ministro-Substituto Augusto Sherman Cavalcanti propôs o seguinte, no que foi

acompanhado pelos Ministros Benjamin Zymler e Walton Alencar Rodrigues:"8.1 - conhecer da presente consulta, para responder à autoridade consulente que:8.1.1 - o percentual mínimo de 10% da remuneração, a que se refere o art. 46, § 1º, da Lei nº

8.112/90, com a redação que lhe foi dada pela MP 2.225-45, de 4.9.2001, deve ser aplicado aos montantes ainda não recolhidos relativos às reposições e indenizações determinadas pela administração em data anterior à edição da mencionada Medida Provisória;

8.1.2 - os valores em fase de reposição ou indenização devem ser atualizados, nos termos e hipóteses do art. 46, § 3º, com a redação que lhe foi dada pela MP 2.225-45, de 4.9.2001, mesmo que os recolhimentos tenham sido determinados pela administração em data anterior à edição dessa Medida Provisória;

8.2 - dar ciência do inteiro teor da presente deliberação à autoridade consulente, encaminhando-lhe cópia desta Decisão, bem como do Relatório e Voto que a fundamentam;

8.3 - determinar o arquivamento dos presentes autos".4. Inicialmente, convém lembrar que referida consulta foi formulada nos seguintes termos:

20

Page 21: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

“A Medida Provisória nº 2.225-45/2001, publicada no Diário Oficial da União do dia 05/09/2001, alterou disposições legais referentes às reposições e indenizações a cargo do servidor ativo, aposentado ou pensionista em débito com o erário.

Consulta-se, em decorrência das anteditas alterações, quanto à aplicação do percentual mínimo de 10% (dez por cento) da remuneração, art. 46, § 1º, às reposições determinadas pela Administração em data anterior à edição da Medida Provisória. Da mesma maneira, se os valores em fase de reposição devem ser atualizados, nos termos do art. 46, § 3º, ou se este se aplica apenas às reposições determinadas a partir da publicação da Medida Provisória” (fl. 1).

5. De pronto, desejo externar os meus sinceros cumprimentos aos Ministros Adylson Motta e Augusto Sherman Cavalcanti pelos percucientes votos que apresentaram acerca de matéria tão complexa.

6. Quanto ao mérito, acolho o entendimento apresentado pelo Ministro Adylson Motta, no sentido de que "a determinação da Administração Pública, seguida de comunicação ao servidor, para que este venha a indenizar ou repor importâncias recebidas ao erário", bem como o pedido de parcelamento por ele formulado, configura ato subjetivo, diferente de "ato-regra", com efeitos jurídicos.

7. Esse ato subjetivo trata-se, a meu ver, de ato jurídico perfeito, visto que, sob o regime de lei anterior, o acordo resultante das vontades da administração pública e do servidor tornou-se apto para produzir seus efeitos pela verificação de todos os requisitos a ele indispensáveis.

8. O Supremo Tribunal Federal, examinado em diversas oportunidades a questão da irretroatividade, decidiu que a lei não pode alcançar os efeitos futuros dos contratos celebrados anteriormente a ela, porque a Constituição Federal, em seu art. 5º, inciso XXXVI, estabeleceu, como garantia individual e coletiva, que a lei nova não atingirá o ato jurídico perfeito.

9. Corroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo Ministro Adylson Motta, a saber:

"Como o citado art. 24 e seus parágrafos foram examinados separadamente dos demais artigos e parágrafos mencionados, é válido destacar excerto do voto do Ministro Moreira Alves relativo àquele artigo e parágrafos: 'Também aqui o ato jurídico perfeito é violado pelos dispositivos impugnados que, em última análise, alteram o critério de reajuste das prestações nos contratos já celebrados ...”.

10.No que tange à tese acerca do direito adquirido, desenvolvida pelo Ministro Augusto Sherman Cavalcanti, com o seu habitual brilhantismo, entendo, com as vênias de estilo, que não se aplica especificamente ao caso concreto.

11. Com respeito à questão do servidor que, em débito para com o erário, vem pagando mensalmente a sua divida em razão de acordo firmado, e é demitido, hipótese aventada na douta Declaração de Voto do eminente Ministro Benjamin Zymler, verifico que aí ocorreria uma quebra de acordo. Nesse caso, entendo perfeitamente adequado que a lei fixe prazo para a quitação do débito.

12. Assim, acredito que os servidores que venham arcando com as reposições determinadas pela Administração em data anterior à edição da Medida Provisória em exame não foram alcançados por esta norma. Da mesma forma, creio que a atualização prevista no § 3° do art. 46 da Lei n° 8.112/90, com a redação dada pela referida MP, não atinge as reposições que já vinham sendo efetivadas.

Com fundamento nas razões acima expendidas, Voto por que seja adotado o Acórdão apresentado pelo eminente Relator, Ministro Adylson Motta, nos seguintes termos:

"9.1 conhecer da presente consulta, para responder à autoridade consulente que:9.1.1 as reposições determinadas pela Administração em data anterior à edição da Medida

Provisória n° 2.225-45/2001 devem observar as disposições legais anteriores à sua vigência;9.1.2 a atualização de que trata o § 3° do art. 46 da Lei n° 8.112/1990 com a redação dada

pela Medida Provisória n° 2.225-45/2001, só incide sobre as reposições determinadas após o advento desta;

9.2 dar ciência do inteiro teor da presente deliberação à autoridade consulente, encaminhando-lhe cópia deste Acórdão, bem como do Relatório e do Voto que o fundamentam; e

9.3 determinar o arquivamento do processo."

21

Page 22: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

TCU, Sala das Sessões Ministro Luciano Brandão Alves de Souza, em 9 de julho de 2003.

VALMIR CAMPELOPresidente

ACÓRDÃO Nº 821/2003 – TCU – Plenário

1.Processo TC 013.760/2001-22.Grupo I, Classe de Assunto: III – Consulta3.Interessado: Presidente do Tribunal Superior do Trabalho4.Órgão: Tribunal Superior do Trabalho5.Relator: Ministro Adylson Motta5.1.Ministro-Revisor: Augusto Sherman Cavalcanti6.Representante do Ministério Público: Subprocurador-Geral Jatir Batista da Cunha7.Unidade Técnica: Sefip8.Advogado constituído nos autos: não consta

9. Acórdão:VISTOS, relatados e discutidos estes autos de Consulta formulada pelo Excelentíssimo

Senhor Almir Pazzianotto Pinto, então Ministro Presidente do Tribunal Superior do Trabalho, por intermédio do Ofício STST.GDGCA.GP nº 469, de 13/09/2001, a respeito da aplicação da Medida Provisória nº 2.225-45/2001.

ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão Plenária, pelo voto de desempate de seu Presidente, nos termos do art. 124, § 1º, do Regimento Interno, em:

9.1 conhecer da presente consulta, para responder à autoridade consulente que:9.1.1 as reposições determinadas pela Administração em data anterior à edição da Medida

Provisória n° 2.225-45/2001 devem observar as disposições legais anteriores à sua vigência;9.1.2 os valores de que trata o § 3° do art. 46 da Lei n° 8.112/90 com a redação dada pela

Medida Provisória n° 2.225-45/2001 só devem ser atualizados a partir das reposições determinadas após o advento desta Medida Provisória;

9.2 dar ciência do inteiro teor da presente deliberação à autoridade consulente, encaminhando-lhe cópia deste Acórdão, bem como do Relatório e do Voto que o fundamentam; e

9.3 determinar o arquivamento do processo.

10. Ata nº 26/2003 – Plenário11. Data da Sessão: 9/7/2003 – Ordinária12. Especificação do quorum:12.1. Ministros presentes na sessão de 2/7/2003: Valmir Campelo (Presidente), Iram Saraiva,

Adylson Motta (Relator), Walton Alencar Rodrigues, Benjamin Zymler e os Ministros-Substitutos Augusto Sherman Cavalcanti (Revisor) e Marcos Bemquerer Costa.

12.2. Ministros presentes nesta sessão: Valmir Campelo (Presidente), Marcos Vinicios Vilaça, Humberto Guimarães Souto, Adylson Motta (Relator), Walton Alencar Rodrigues, Guilherme Palmeira, Benjamin Zymler e o Ministro-Substituto Lincoln Magalhães da Rocha.

12.3. Ministros com voto vencido: Walton Alencar Rodrigues, Benjamin Zymler e Augusto Sherman Cavalcanti (Revisor).

12.4. Auditores presentes nesta sessão: Augusto Sherman Cavalcanti (Revisor) e Marcos Bemquerer Costa.

VALMIR CAMPELOPresidente

ADYLSON MOTTAMinistro-Relator

22

Page 23: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

Fui presente:

PAULO SOARES BUGARINProcurador-Geral, em substituição

GRUPO I - CLASSE I – PLENÁRIOTC 007.005/1999-7 (com catorze volumes)Natureza: Embargos de DeclaraçãoEntidade: Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel)Embargante: Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel)

Sumário: Embargos de declaração contra acórdão que deu provimento parcial a pedido de reexame. Conhecimento. Obscuridade decorrente da apresentação, em edital, da estimativa da remuneração máxima sobre o capital próprio. Menção equivocada à tarifa máxima. Provimento. Ciência à embargante.

RELATÓRIO

Trata-se de embargos de declaração interpostos pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) contra o Acórdão nº 226/2003-Plenário, com fundamento nas razões e nos fatos expostos na peça recursal de fls. 1 a 5 do vol. 14.

2. Por meio dessa deliberação o Tribunal, ao examinar pedido de reexame contra o item 8.2 da Decisão nº 779/2000-Plenário, assim decidiu:

“9.1. conhecer do pedido de reexame para, no mérito, dar-lhe provimento parcial, alterando-se a redação do subitem 8.2 da Decisão nº 779/2000-Plenário para: ‘8.2 com fulcro no art. 37, caput, da Constituição Federal, determinar à Agência Nacional de Energia Elétrica - Aneel que deixe explícitos, nos futuros editais de concessões do setor elétrico, nos casos em que houver linha de financiamento oficial aplicável, a taxa de retorno do investimento utilizada para a definição da tarifa máxima apontada, bem como uma estimativa da remuneração máxima sobre o capital próprio, caso a futura concessionária venha a captar recursos de instituições financeiras oficiais, de modo a dar transparência ao processo de privatização, aos participantes e à sociedade’; e

9.2. dar ciência desta deliberação, bem como do Relatório e Voto que a fundamentam, ao recorrente.”

3. Tendo sido notificada do teor da referida deliberação em 03/04/2003, a Aneel protocolou os presentes embargos em 09/04/2003, o que comprova o atendimento do requisito de tempestividade previsto em lei.

4. Por despacho solicitei a instrução da Sefid, cuja análise transcrevo a seguir, no essencial:“EXAME DE ADMISSIBILIDADE

2. A Aneel foi informada (fl. 268, vol. principal), em 03/04/2003, do conteúdo do Acórdão nº 226/2003-Plenário, que contém determinações à Agência. O Embargo de Declaração foi apresentado no dia 9 do mesmo mês, pelo Diretor-Geral da Aneel, e neste documento a Agência argumenta que há contradição entre o item 6 do Voto Condutor Acórdão nº 226/2003-Plenário e o conteúdo de seu item 9.1, em que o TCU reexamina o teor da Decisão nº 779/2000-Plenário, e dá nova redação ao seu item 8.2.

3. Sendo assim, segundo o art. 34, parágrafo 1º, da Lei nº 8.443/92, em conjunto com o art. 30, I, ’d’, da mesma Lei, e os arts. 287, parágrafo 1º, e 183, I, d, do Regimento Interno do TCU, as condições para admissibilidade do Embargo de Declaração verificam-se presentes no caso em questão. (...)

EXAME DE MÉRITO4. A Aneel centra sua argumentação no fato de que o Voto condutor do Acórdão em questão

cita que ‘o Tribunal nunca pretendeu que a Aneel fixasse a taxa de remuneração do capital próprio,(...) mas apenas que apresentasse com clareza uma estimativa dos reflexos do financiamento oficial sobre as propostas dos licitantes’, afirmando, entretanto, ‘nessas condições,

23

Page 24: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

parece-me mais apropriado que a Aneel apresente nos editais de licitação uma estimativa da remuneração máxima sobre o capital próprio a ser obtida em caso de utilização das linhas de crédito oficial disponíveis no momento da licitação’.

5. A Aneel argumenta que, ao determinar à Agência que ‘estabeleça uma estimativa da remuneração máxima sobre o capital próprio’, o TCU estaria determinando, ipso facto, que a Aneel apresentasse um limite da remuneração máxima sobre o capital próprio. A Aneel também apresenta, para consolidar sua posição, o argumento de que ‘o Relator prevê o repasse para as tarifas da concessionária de eventuais ganhos (alavancagem) que extrapolarem a margem prevista no edital, quando da revisão tarifária (...)’.

6. Inicialmente, cabe salientar que os estudos que têm embasado os editais de concorrência para outorgas de concessão da Aneel não prevêem alavancagem financeira pelo fato de que os financiamentos oficiais são uma possibilidade, e não uma obrigação. Este foi o principal argumento apresentado pela Aneel junto a esta Secretaria, no sentido de que quaisquer ações relativas a compartilhar com os consumidores eventuais ganhos de alavancagem financeira decorrentes de financiamentos oficiais (ou mesmo de repassá-los integralmente) deveriam ocorrer após a assinatura do contrato de concessão (e possíveis financiamentos). Foi com base nesse entendimento que esta Corte proferiu a Decisão nº 300/2001–Plenário.

7. Não obstante tal discussão, entendo, smj, pertinentes os argumentos da Aneel: se houver uma estimativa da remuneração máxima sobre o capital próprio estabelecida em edital, tal estimativa pode ser interpretada como um limite máximo. Assim, aqueles cujo interesse específico seja o de interpretar tal limite como um limite máximo de remuneração, terão neste ponto um forte argumento jurídico.

8. Este tipo de interpretação vai justamente contra a vontade expressa no Voto condutor do Acórdão em análise: ‘o Tribunal nunca pretendeu que a Aneel fixasse a taxa de remuneração do capital próprio’. Ora, como argumentado, se a Agência apresentar o valor máximo da taxa de remuneração máxima no edital de licitação, estará fornecendo todos os elementos para que seja forçada juridicamente a reconhecer tal valor como um limite máximo, o que, mesmo contra sua vontade, equivalerá a fixar a taxa de remuneração do capital próprio de determinados empreendedores.

9. Cabe também ratificar que, nos leilões de linhas de transmissão de energia elétrica, a Aneel apresenta a Receita Máxima a ser auferida pelo concessionário, e não sua tarifa máxima. Assim, para dar maior exatidão à determinação desta Corte, seria oportuno alterar esses termos.

10. Finalmente, para sanar a contradição apontada anteriormente, e seguir a vontade do TCU, expressa no Voto do Ministro-Relator, proponho que sejam acolhidos os argumentos da Aneel, modificando-se o item 9.1 do Acórdão nº 226/2003-Plenário para a seguinte redação:

‘9.1 conhecer do pedido de reexame para, no mérito, dar-lhe provimento parcial, alterando-se a redação do subitem 8.2 da Decisão nº 779/2000-TCU- Plenário para:

‘8.2com fulcro no art. 37, caput, da Constituição Federal, determinar à Agência Nacional de Energia Elétrica – Aneel que deixe explícita, nos futuros editais de concessões do setor elétrico, nos casos em que houver linha de financiamento oficial aplicável, a taxa de retorno do investimento utilizada para a definição da receita máxima apontada, de modo a dar transparência ao processo de privatização, aos participantes e à sociedade’.”

5. A proposta de encaminhamento foi aprovada pelo Diretor e pelo Secretário da Sefid.

É o Relatório.

VOTO

Preliminarmente, registro que os presentes embargos de declaração devem ser conhecidos, ante o atendimento dos requisitos de admissibilidade aplicáveis à espécie.

2. Quanto ao mérito, a peça recursal aponta suposta contradição no Acórdão nº 226/2003- Plenário, assim descrita pela embargante:

24

Page 25: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

“Ora, se esse Tribunal nunca pretendeu que a Aneel fixasse a taxa de remuneração do capital próprio da futura concessionária, a fortiori, não será possível exigir que esta Agência faça constar nos editais de licitação a taxa de remuneração máxima a ser auferida pela futura concessionária.”

3. Na verdade, a nova redação dada ao item 8.2 da Decisão nº 779/2000-Plenário pretendeu obter da Agência uma estimativa da remuneração máxima sobre o capital próprio, com o objetivo de tornar públicos os possíveis patamares de remuneração sobre o capital próprio a serem alcançados na hipótese de a futura concessionária vir a captar recursos de instituições financeiras oficiais. Essa estimativa não se confundiria com a fixação da remuneração nem representaria um teto remuneratório, simplesmente constituiria uma avaliação aproximada dos efeitos da utilização de recursos oficiais nos ganhos da concessionária.

4. Entretanto, como destacado pela Unidade Técnica, caso seja apresentada no edital uma estimativa da remuneração máxima e essa estimativa seja interpretada como um teto remuneratório, isso poderia introduzir distorções indesejáveis no processo licitatório, tais como afastar empresas para as quais o valor projetado não parecesse atraente, ou inibir o processo de transferência, para o concessionário, do risco do empreendimento. Esta última situação ocorreria, por exemplo, caso a remuneração máxima fosse percebida pelos potenciais investidores como uma interferência no modelo atualmente adotado pelo poder concedente, no qual os proponentes avaliam riscos, estimam ganhos e oferecem propostas que atendam as condições estabelecidas em edital, sem ingerências externas. Assim sendo, para afastar interpretações indevidas e indesejadas, esta parte do Acórdão deve ser retificada, corrigindo-se a obscuridade mencionada.

5. A Aneel também apresenta outra evidência de que a remuneração sobre o capital próprio estaria limitada, pelo fato de que “o eminente Relator prevê o repasse para as tarifas da concessionária de eventuais ganhos (alavancagem) que extrapolarem a margem prevista no edital, quando da revisão tarifária a que alude o item 6 do Voto Relator, acima transcrito”. A esse respeito, o item 6 do Voto assim dispõe:

‘6. Acrescento que, por intermédio da Decisão nº 300/2001-Plenário, ao apreciar concessão de outro trecho de linha de transmissão, o Tribunal, em nova abordagem da questão, decidiu determinar à Aneel que, ao regulamentar o processo de revisão tarifária para os serviços de transmissão elétrica, preveja mecanismos para repassar aos consumidores possíveis ganhos de alavancagem financeira se a instituição credora for pública. Com isso, quando o processo de revisão tarifária estiver regulamentado, será assegurado o repasse ao consumidor dos ganhos eventualmente obtidos com o financiamento oficial. Parece-me, assim, que as duas decisões se complementam, no sentido de conferir maior transparência aos procedimentos licitatórios, de um lado, e de garantir o repasse às tarifas de ganhos efetivamente obtidos, quando da realização de revisões contratuais, de outro lado.’

6. O trecho transcrito refere-se a dois momentos distintos. O primeiro, o procedimento licitatório, ao qual se deseja conferir o máximo de clareza, inclusive com a apresentação da possível taxa de remuneração a ser auferida pelo participantes do certame. O outro, o momento seguinte, da execução contratual, no qual possíveis ganhos de alavancagem financeira oriundos da efetiva utilização de financiamentos oficiais seriam repassados, no todo ou em parte, aos consumidores. Vê-se, portanto, que se trata de momentos diferentes, inexistindo a alegada vinculação entre eles.

7. Quanto à proposição da Unidade Técnica no sentido de substituir, no Acórdão embargado, a expressão “tarifa máxima” por “receita máxima”, embora não tenha sido solicitada pela Aneel, entendo ser pertinente, uma vez que os leilões para concessão de linhas de transmissão utilizam como critério para seleção da proposta vencedora a receita máxima a ser obtida e não a tarifa máxima, como constou.

Dessa forma, ante a ocorrência de obscuridade no Acórdão nº 226/2003-Plenário, devem os embargos ser providos no mérito, razão por que VOTO no sentido de que o Tribunal adote a deliberação que ora submeto ao Plenário.

TCU, Sala das Sessões, em 9 de julho de 2003.

MARCOS VINICIOS VILAÇAMinistro-Relator

25

Page 26: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

ACÓRDÃO Nº 822/2003-TCU-PLENÁRIO

1. Processo nº TC 007.005/1999-7 (com catorze volumes)2. Grupo I, Classe de Assunto: I – Embargos de Declaração3. Entidade: Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel)4. Embargante: Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel)5. Relator: Ministro Marcos Vinicios Vilaça5.1. Relator da deliberação recorrida: Ministro Marcos Vinicios Vilaça6. Representante do Ministério Público: não atuou7. Unidade Técnica: Sefid8. Advogado constituído nos autos: não há

9. Acórdão:VISTOS, relatados e discutidos estes autos de embargos de declaração opostos pela Agência

Nacional de Energia Elétrica (Aneel) contra o Acórdão nº 226/2003-Plenário.ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão Plenária, ante

as razões expostas pelo Relator, em:9.1 – com fundamento nos arts. 32, inciso II, e 34, da Lei nº 8.443/92 conhecer os presentes

embargos de declaração para, no mérito, dar-lhes provimento, alterando o subitem 9.1 do Acórdão nº 226/2003-Plenário para:

“9.1 conhecer do pedido de reexame para, no mérito, dar-lhe provimento, alterando-se a redação do subitem 8.2 da Decisão nº 779/2000 – TCU – Plenário para:

‘8.2com fulcro no art. 37, caput, da Constituição Federal, determinar à Agência Nacional de Energia Elétrica – Aneel que deixe explícita, nos futuros editais de concessões do setor elétrico, nos casos em que houver linha de financiamento oficial aplicável, a taxa de retorno do investimento utilizada para a definição da receita máxima apontada, de modo a dar transparência ao processo de privatização, aos participantes e à sociedade’.”

9.2 – notificar a embargante da presente deliberação.

10. Ata nº 26/2003 – Plenário11. Data da Sessão: 9/7/2003 – Ordinária12. Especificação do quorum:12.1. Ministros presentes: Valmir Campelo (Presidente), Marcos Vinicios Vilaça (Relator),

Iram Saraiva, Humberto Guimarães Souto, Adylson Motta, Walton Alencar Rodrigues, Guilherme Palmeira, Benjamin Zymler e o Ministro-Substituto Lincoln Magalhães da Rocha

12.2. Auditores presentes: Augusto Sherman Cavalcanti e Marcos Bemquerer Costa.

VALMIR CAMPELOPresidente

MARCOS VINICIOS VILAÇAMinistro-Relator

Fui presente:

PAULO SOARES BUGARINProcurador-Geral, em substituição

GRUPO I - CLASSE I - PLENÁRIOTC 279.141/1994-7 (com dois volumes)Natureza: Recurso de RevisãoÓrgão: Prefeitura Municipal de Riachão das Neves/BARecorrente: Antônio Américo de Lima Filho (ex-prefeito)

26

Page 27: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

Sumário: Tomada de contas especial. Recurso de Revisão contra acórdão que julgou irregulares as contas e em débito o responsável. Escassez dos recursos repassados, agravada pelas altas taxas de inflação vigentes. Comprovação da utilização dos rendimentos de aplicação financeira em benefício da comunidade, embora em outras finalidades. Conhecimento. Provimento. Acórdão tornado insubsistente. Contas regulares com ressalva e quitação. Ciência ao recorrente.

RELATÓRIO

Trata-se de Recurso de Revisão interposto pelo Sr. Antônio Américo de Lima Filho, ex-Prefeito do Município de Riachão das Neves/BA, contra o Acórdão nº 210/99 – TCU – 1ª Câmara, pelo qual teve suas contas julgadas irregulares e foi condenado em débito pelo valor original de Cz$ 1.364.000,00, transferido na gestão do recorrente por força do Convênio nº 74/87, firmado entre a Prefeitura e o Ministério das Minas e Energia para execução de obras de eletrificação rural em localidades do município.

2. O julgamento do Tribunal pela irregularidade das contas se deu em razão da inexecução do objeto do convênio, bem como da ausência de comprovação do destino dado aos rendimentos obtidos pela aplicação, no mercado financeiro, dos recursos recebidos.

3. Inconformado com a deliberação mencionada, o responsável interpôs recurso de reconsideração contra ela, o qual não foi conhecido pelo Tribunal, em virtude de sua intempestividade (Decisão nº 125/2001-1ª Câmara).

Parecer da Unidade Técnica

4. Na instrução de fls. 61 a 73 do vol. 2, a Secretaria de Recursos apresentou a seguinte análise da questão:

“II - Admissibilidade10Nesta Secretaria a peça recursal mereceu o exame de fl. 40, que opinou pelo conhecimento

do recurso na modalidade de Recurso de Revisão, uma vez que estavam satisfeitos os requisitos aplicados à espécie. Sorteado Relator, o Ministro Marcos Vinicios Vilaça, acolhendo a proposta desta Unidade Técnica, determinou a esta Secretaria a instrução dos autos mediante o Despacho de fl. 38.

11Anuindo à proposta de admissibilidade da peça recursal na modalidade de Recurso de Revisão, passamos ao exame de mérito do recurso.

III - Exame de MéritoAlegação12Aduz o recorrente que o valor original do débito a que foi condenado, segundo consta do

Acórdão condenatório, corresponde a correção monetária e juros incidentes sobre o valor repassado ao município, Cz$ 1.364.000,00, no período de 25.01.88 a 01.01.89. Como o valor repassado não foi aplicado no mercado financeiro durante todo esse período, e sim em intervalos compreendidos nesse lapso de tempo, entende que não procede esse cálculo.

13 A seu ver, apenas como argumentação, se houvesse débito, a sua apuração deveria se restringir aos valores efetivamente recebidos a título de rendimentos com aplicação financeira e que foram sacados da conta específica para aplicação em outras despesas da comunidade. Dessa forma o valor do débito, a seu ver, deveria ser o valor histórico de cada cheque, com a incidência dos encargos legais contados a partir dos saques.

14 Aduz também que o cálculo efetuado por este Tribunal para compor o valor original do débito resulta em cobrança de juros sobre juros, incorrendo-se em bis in idem, o que é vedado pela legislação pátria.

Análise15A nosso ver, não procede a argumentação do recorrente, quanto à hipótese de se

considerar como valor do débito os valores auferidos como rendimento da aplicação financeira. Bem sabe ele que a conta específica registra movimento de valores estranhos ao convênio, segundo os extratos de fls. 187/189 do volume principal. Esses valores foram também aplicados, gerando

27

Page 28: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

rendimentos financeiros. Portanto, não há como encontrar o rendimento específico das aplicações financeiras do valor do convênio, no período indicado pelo recorrente.

16Por outro lado, cremos que assiste razão ao recorrente quanto à composição do débito original, que, da forma lançada no Acórdão recorrido, resulta em cobrança de juros sobre juros.

17Segundo pensamos, a se considerar irregulares as contas prestadas pelo recorrente, nesta fase recursal, não acatando a documentação juntada como prova da utilização dos recursos obtidos com a aplicação financeira em prol da municipalidade, hipótese que não cogitamos, conforme discutiremos mais adiante, a composição do valor original do débito deveria ser o valor repassado ao Município – Cz$ 1.364.000,00 (um milhão trezentos e sessenta e quatro mil cruzados), com incidência dos encargos a partir da data do crédito na conta específica – 25.01.88, segundo extrato de fls. 178 do volume principal, considerando-se como amortização do débito o valor repassado ao gestor sucessor, na data de 01.01. 89.

18O ofício de citação, à fl. 107 do volume principal, registra o valor que entendemos seja o correto para a constituição do débito original. Porém, esse ofício aduz que os encargos deverão ser contados a partir de 22.01.88, data certamente deduzida da ordem bancária de fl. 177 do volume principal. A nosso ver, houve erro material, posto que o depósito dos recursos na conta específica deu-se em 25.01.88. Esse erro, porém, não teria o condão de macular a citação do recorrente, pois a sua oportunidade de defesa concretizou-se independente desse lapso, consoante se depreende dos documentos de fls. 108/117 e fls. 240/250. A Decisão recorrida (fl. 264 do vol. principal) consigna a data correta – ou seja – 25.01.88, a partir da qual deveriam correr os encargos.

Alegação19Ainda quanto ao valor do débito, aduz o recorrente que a parcela correspondente ao valor

repassado ao gestor sucessor – Cz$ 1.364.000,00, em 01.01.1989, deveria ter sido deduzida do principal atualizado antes da incidência de juros. Segundo aduz, essa fórmula de cálculo resultou em um acréscimo de Cz$ 163.680,00 imputados indevidamente ao recorrente.

Análise20Sobre a composição do valor original do débito, já nos pronunciamos no tópico anterior.

Salvo melhor juízo, não há que se considerar como débito original a correção monetária e juros sobre o valor original do convênio, sob pena de se imputar ao recorrente o pagamento de juros sobre juros, conforme já nos pronunciamos.

21 Contudo, não procede a tese defendida pelo recorrente no sentido de que a parcela correspondente ao valor repassado ao gestor sucessor deve ser deduzida antes da incidência dos juros moratórios. A prevalecer essa tese, a parcela referente à amortização estaria isentada de juros moratórios, o que não coaduna com o procedimento adotado por este Tribunal, calcado na legislação que rege a matéria, amplamente discutida por este Tribunal em diversos julgados. A esse respeito, pode-se citar a Decisão nº 484/94- Plenário e ainda a Decisão nº 1122/2000- Plenário.

22Sobre a imputação de débito, a Lei nº 8.443/92 dispõe, in verbis:‘Art. 19. Quando julgar as contas irregulares, havendo débito o Tribunal condenará o

responsável ao pagamento da dívida atualizada monetariamente, acrescida dos juros de mora devidos, podendo, ainda, aplicar a multa prevista no art. 57 desta lei, sendo o instrumento da decisão considerado título executivo para fundamentar a respectiva ação de execução.’

23Verifica-se que o montante apurado, no momento do pagamento, deve ser o valor original acrescido da correção monetária e juros contados até aquele momento. Desse valor é que são deduzidas as amortizações, abatendo-se, primeiramente, os juros, e somente depois disso, é que a parcela de amortização alcançará o montante atualizado.

24Isso em decorrência do comando inserto no artigo 993 do [antigo] Código Civil, in verbis:‘Art. 993. Havendo capital e juros, o pagamento imputar-se-á primeiro nos juros vencidos e

depois, no capital, salvo estipulação em contrário, ou se o credor passar a quitação por conta do capital’.

Alegação25Aponta o recorrente contradições entre os termos da citação (fl. 107 do V.P.), da

notificação de rejeição das alegações de defesa (fl. 236 do V.P.) e da notificação do julgamento (fl. 265 do V.P.). Segundo aduz, nesses expedientes, este Tribunal informou origens de débito divergentes. Também quanto ao valor do débito, a citação se reporta ao valor de Cz$ 1.364.000,00

28

Page 29: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

(um milhão trezentos e sessenta e quatro mil cruzados), enquanto os outros dois expedientes se reportam ao valor de Cz$ 14.426.100,48. Aponta ainda que a citação do recorrente informa como data inicial do débito a data de 22.01.88, quando deveria ser a data de 25.01.88. A seu ver a seqüência de incorreções leva à nulidade da citação, e em conseqüência, do Acórdão atacado.

Análise26Assiste razão ao recorrente quanto às divergências apontadas. A nosso ver, a citação de fl.

107 do V.P. é que registra o valor original do débito corretamente, Cz$ 1.364.000,00 ( um milhão trezentos e sessenta e quatro mil cruzados), considerando que, à época do julgamento dessas contas, o recorrente não havia obtido êxito na comprovação da aplicação dos recursos obtidos com a aplicação financeira. Ainda assim, no expediente citatório remanesce a incorreção quanto ao marco inicial do débito, que deveria ser a data do depósito na conta específica do convênio – em 25.01.88 (fl. 178 do V.P.). Essa incorreção, consistente em erro material, não prejudicou o recorrente, quanto à sua apresentação de defesa, motivo pelo que entendemos válida a citação efetuada.

Alegação27Aduz o recorrente que o objeto do convênio foi modificado unilateralmente pelo MME,

posto que a solicitação que fizera ao MME referia-se à eletrificação dos povoados de Cachoeira - Canudos e Pires e não à contribuição financeira do MME para a realização das obras. Além disso, informa que houve erro de soma nos valores que compunham o orçamento apresentado ao MME, posto que o valor correto seria de Cz$ 1.363.402,35 e constou do documento o valor de Cz$ 1.363.342,35.

28Acrescenta que o convênio fora firmado (30.12.1987) após decorridos oito meses da data da solicitação, que fora encaminhada ao MME em maio de 1987. O valor pactuado, em face da corrosão inflacionária da época, mostrou-se insuficiente para a execução das obras. Contudo, diante da situação de carência financeira do município, optou o recorrente em manter os recursos aplicados, utilizando os rendimentos em necessidades do município.

29Informa que, sendo pessoa sem grande conhecimento das leis, pensara que, diante da insuficiência dos recursos, deixando o valor original do convênio na conta corrente, não estava ele cometendo nenhum ilícito. Pensara também que a aplicação dos recursos no mercado financeiro não se juntava ao valor original do convênio, podendo ser utilizado para outros fins da municipalidade. Ressalta que o Termo de Convênio firmado é totalmente omisso quanto à aplicação dos recursos no mercado financeiro e quanto à utilização desses recursos em utilidade diversa.

30Segundo aduz, a sua boa-fé está demonstrada com os documentos de fls. 247/250 do volume principal, que comprovam os gastos com eletrificação do Município, da ordem de Cz$ 2.879.526,02 (dois milhões, oitocentos e setenta e nove mil, quinhentos e vinte e seis cruzados e dois centavos) muito superior ao valor do convênio. Poderia ele ter pago essas despesas de eletrificação com os recursos do convênio, em vez de utilizar os recursos próprios. Foi com esse intuito que carreou aos autos os citados documentos, ou seja, demonstrar que executara, com recursos próprios, obras bem mais onerosas que as do convênio.

Análise31Quanto à modificação unilateral do Termo do Convênio pelo MME, não podemos

concordar com a assertiva, uma vez que o recorrente, ao assinar o referido termo, manifestou a sua adesão às condições então estabelecidas. Quanto à diferença verificada na soma dos valores constantes do orçamento de fl. 01, o valor é irrelevante, não merece comentários.

32No tocante à distância temporal entre o orçamento da obra e a liberação dos recursos, assiste razão ao recorrente. Efetivamente, a corrosão inflacionária verificada no período inviabilizava qualquer obra. Também é verdade que o Termo de Convênio não faz nenhuma restrição à aplicação financeira ou a utilização dos recursos assim obtidos em outros fins que não o pactuado no Termo de Convênio.

33Por outro lado, parece-nos procedente a sua alegação de boa-fé. Isso porque o conjunto de elementos probatórios carreados aos autos induz à ilação de que o recorrente não se precatou como devia na gestão desses recursos, talvez por inexperiência com as lides burocráticas. Não se vislumbra má-fé na gestão desses recursos.

29

Page 30: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

Alegação34Tece o recorrente extensas considerações sobre a insuficiência dos recursos recebidos

para fazer face à obra pactuada, em virtude do longo tempo decorrido entre a solicitação dos recursos e a sua liberação, frente à corrida inflacionária.

35Naquele ínterim, a Companhia de Eletricidade da Bahia – COELBA apresentara novo orçamento dos serviços a serem realizados, que alterava de Cz$ 1.363.342,35 para Cz$ 3.191.694,44 o montante dos gastos a serem efetuados com as obras planejadas. No entanto, mesmo conhecedor desse novo orçamento, o MME, por meio do Departamento Nacional de Energia Elétrica – DNAEE, manteve os valores solicitados originalmente, definindo unilateralmente um esquema de participação dos recursos, onde a Prefeitura entrava com um aporte de recursos do montante de Cz$ 1.827.694,44, valores esses de que não dispunha.

36Colaciona inúmeros julgados em que este Tribunal relevou infrações tais como o cumprimento parcial de metas pactuadas, ou o desvio de finalidade, ocasionados pela insuficiência dos recursos, em períodos de grande corrosão inflacionária, julgando as contas dos gestores regulares com ressalvas.

37Dentre os diversos precedentes citados, ressalta o caso do TC 649.039/1990-4, em que o Ministro -Relator Walton Alencar Rodrigues registra que a ‘a perda do valor aquisitivo da moeda, verificada no prazo transcorrido entre a elaboração do projeto (mai/87) e a liberação dos recursos (jan/88), exauriu o poder de compra dos recursos transferidos’. Informa que a periodicidade citada pelo Ministro–Relator é a mesma transcorrida entre a elaboração do projeto e a liberação dos recursos; portanto, conclui, é válida a mesma assertiva para o seu caso.

Análise38 É bem verdade que a inflação provocava esses desacertos no planejamento

governamental, mesmo em se tratando de obra de curtíssimo prazo. Pelo que se verifica da tabela anexada à fl. 174 do volume principal, o ano de 1988 registrou índices de inflação mensais sempre crescentes, qualquer que fosse o indexador utilizado.

39Em face disso, não nos parece haver dúvida de que os órgãos concedentes de recursos sabiam antecipadamente do fracasso da empreitada. Aliás, nesse caso específico, o próprio DNAEE afirmara que os recursos liberados não seriam suficientes para atender aos dois projetos apresentados pelo Prefeito, segundo se verifica no Parecer de fls. 09/10 do volume principal. Esse Parecer, que definiu o ‘Esquema de Participação’, atribuindo à Prefeitura despesas da ordem de 57% da orçamento, já previa o valor total da obra em Cz$ 3.191.694,44, em 16 de outubro de 1987. Ora, se os recursos foram liberados em 25 de janeiro de 1988, a obra estava, desde a liberação dos recursos, efetivamente inviabilizada.

40Enfim, nesse ponto entendemos que assiste razão ao recorrente, no sentido de que não se pode atribuir a ele a responsabilidade pela não-execução da obra, tal como pactuada no Termo de Convênio.

Alegação41O recorrente traz a lume farta jurisprudência desta Corte em que foram consideradas

regulares a aplicação financeira e a utilização dos recursos em objeto diverso daquele pactuado, quando essa utilização deu-se em benefício da municipalidade.

42Aduz que, no seu caso, o resultado de tal aplicação foi contabilizado pela Prefeitura e utilizado integralmente em despesas diversas da municipalidade. Informa que desta feita está anexando cópias do livro Caixa da Prefeitura e cópias de extratos bancários que, em complementação aos que já constam nos autos, comprovam a sua afirmação. Enfim, a utilização dos rendimentos está demonstrada pelos documentos juntados, pelo que há de se concluir que não houve desvio dos valores.

43Em face de suas alegações, requer seja o presente Recurso de Revisão conhecido e provido, de forma a tornar nulo o Acórdão recorrido, julgando-se estas contas regulares com ressalvas e quitação ao recorrente.

Análise44Os extratos bancários anexados nesta oportunidade, fls. 24/30 do Volume II, em conjunto

com aqueles que já estavam nos autos, realmente demonstram toda a movimentação dos recursos na conta específica do convênio, de nº 29.524-8, mantida no Banco do Brasil.

30

Page 31: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

45Também o livro-razão da conta corrente específica do Convênio, referente ao exercício de 1988 (fls. 31/34) e exercício de 1999 (fls. 35/37), espelha a movimentação da referida conta, efetuada mediante os cheques emitidos pela Prefeitura.

46Do cotejo dos registros efetuados no livro Razão, com os lançamentos dos extratos bancários (fls. 24/30 do Vol. II, fls. 178/191 V.P.) e com as notas fiscais e/ou recibos que já constavam dos autos às fls. 5/23 e 26/39, depreende-se que são consistentes os lançamentos efetuados no livro contábil. Isso porque à maioria dos lançamentos efetuados a crédito no livro Razão, e a débito no extrato bancário, corresponde um recibo ou nota fiscal anexado aos autos, às fls. 5/23 e 26/39 do Volume I.

47Não obstante, importa consignar que, dos vinte e quatro cheques descontados da conta específica, na gestão do recorrente, deixaram de ser juntados aos autos, os recibos ou notas fiscais correspondentes a sete cheques, pertinentes às seguintes despesas, embora os lançamentos estejam efetuados no livro contábil:

1 - cheque nº 934.502, cujo credor inscrito no livro-razão é o Sr. Wanderlan de Castro, no valor de Cz$ 862.500,00, descontado em 02.06.88 - consta nos autos recibo desse valor às fls. 07/09 do Volume I, emitido pelo Sr. Paulo Roberto Dias Morais, com a mesma data de desconto do cheque, ou seja, 02.06.1988,com a indicação de que foi paga com o cheque nº 934.502 – parece-nos que houve equívoco no lançamento do nome do credor no livro Razão, posto que as outras informações estão coerentes;

2 – cheque nº 934.503, cujo credor inscrito no livro Razão consta ‘telefones’, no valor de Cz$ 30.922,00, descontado em 10.06.1988;

3 – cheque nº 934.505, cujo credor inscrito no livro Razão é o Sr. Hugo Assis de Souza, no valor de Cz$ 60.940,00, descontado em 15.06.1988;

4 – cheque nº 934.508, cujo credor inscrito no livro Razão consta como ‘Folha do ( ilegível)’, no valor de Cz$ 27.180,00, descontado em 09.09.1988;

5 - cheque nº 934.512, cujo credor inscrito no livro Razão é o Sr. Hugo Assis de Souza, no valor de Cz$ 1.600,00, descontado em 12.09.1988;

6 – cheque nº 934.522, cujo credor inscrito no livro Razão consta ‘diversos’, no valor de 173.582,66, descontado em 19.12.1988;

7 – cheque nº 934.523, cujo credor inscrito no livro Razão consta ‘diversos’, no valor de 38.781,17, descontado em 29.12.1988.

48Não obstante essa ressalva que fazemos à documentação apresentada, pensamos que a existência do livro contábil que registra a ocorrência da despesa, na época própria, conforme lançamento a débito no extrato bancário, é suficiente, salvo melhor juízo, para considerar comprovada a sua realização. Isso porque, dada a distância temporal da data dos eventos, é compreensível que os comprovantes pertinentes aos cheques arrolados tenham sido extraviados.

49Além disso, há que se consignar, conforme já explicitamos no parágrafo 15 desta instrução, que a conta específica recebeu outros valores, que foram objeto de aplicação financeira juntamente com os recursos do convênio. Portanto, o rendimento total verificado no período é decorrente não só dos recursos do convênio, mas de todos os valores que passaram pela referida conta.

50Em face do exposto, pensamos que este Tribunal poderá entender como suficiente a documentação agora juntada aos autos para a comprovação da destinação dada aos rendimentos obtidos pelo recorrente, com a aplicação financeira dos recursos do convênio, e em conseqüência, tornar insubsistente o Acórdão recorrido.

IV - ConclusãoEm face do exposto, levamos à consideração superior proposição no seguinte sentido:- seja conhecido o presente Recurso de Revisão, impetrado pelo Sr. Antônio Américo de Lima

Filho, ex-Prefeito do Município de Riachão das Neves – BA, posto que atendidos os requisitos regimentais aplicados à espécie, dando-lhe provimento, de modo a tornar insubsistente o Acórdão nº 210/99–TCU–1ª Câmara, que julgou as contas do responsável irregulares, condenando-o ao ressarcimento do débito apurado;

- sejam julgadas regulares com ressalvas as presentes contas;- seja comunicada ao recorrente a decisão que vier a ser adotada por esta Corte de Contas.”

31

Page 32: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

5. A proposta de encaminhamento foi aprovada pela Diretora e pelo Secretário da Serur.

Parecer do Ministério Público

6. Representado pelo Procurador-Geral Lucas Rocha Furtado, o Ministério Público manifestou-se de acordo com a proposta oferecida pela Unidade Técnica.

É o Relatório.

VOTO

Por intermédio do Acórdão que deseja modificar, o responsável teve suas contas julgadas irregulares em decorrência da não-realização das obras de eletrificação rural em localidades do município, objeto do Convênio nº 74/87, e da ausência de comprovação do destino dado aos rendimentos obtidos pela aplicação, no mercado financeiro, dos recursos recebidos.

2. Com relação à primeira irregularidade, os elementos presentes nos autos autorizam a conclusão de que a inexecução do objeto deveu-se à escassez dos recursos recebidos, agravada pela elevada corrosão inflacionária que sofreram. O efeito inflacionário foi intensificado pelo tempo decorrido entre a solicitação dos recursos (maio de 1987) e sua efetiva liberação (janeiro de 1988). A esse respeito, é significativo que, em outubro de 1987, parecer do DNAEE, órgão então vinculado ao MME (fl. 9 do vol. principal), alertava para a insuficiência do valor contratualmente estipulado (Cz$ 1.364.000,00) para atendimento das localidades previstas, estimando em Cz$ 3.191.694,44 o valor necessário para levar a termo as obras planejadas. Como os recursos foram liberados somente em janeiro de 1988, no valor inicialmente previsto, sem qualquer correção, é forçoso reconhecer a inviabilidade da obra, aliás admitida pelo próprio representante do concedente, o que exime o recorrente de responsabilidade quanto a esse aspecto. Nessa mesma linha as seguintes deliberações do Tribunal: Acórdão nº 106/93-TCU-2ª Câmara, Acórdão nº 13/93-TCU-Plenário, Acórdão nº 162/93-TCU-2ª Câmara e Acórdão nº 264/99-TCU-1ª Câmara.

3. No que se refere aos ganhos obtidos com a aplicação financeira dos recursos repassados mediante convênio, a documentação trazida aos autos nesta oportunidade permite atestar a regularidade de seu emprego, embora em finalidade diversa daquela avençada, ou seja, no pagamento de diversas despesas da Prefeitura. Com efeito, foram anexados extratos bancários e cópias do livro razão da conta corrente específica que espelham toda a movimentação nela havida e afastam, até o presente momento, a hipótese de ter ocorrido malversação, locupletamento ou desvio de recursos. As despesas encontram-se, ainda, comprovadas pelos devidos recibos ou notas fiscais, com exceção de sete cheques, falha que, em meu entendimento, pode ser relevada, principalmente dado o longo tempo decorrido desde os eventos aqui discutidos. Também por essa razão, deixo de propor determinações corretivas.

4. Quanto aos demais pontos levantados pelo recorrente, estou de acordo com as conclusões a que chegou a Serur.

Ante o exposto, acolho os pareceres uniformes e voto por que o Tribunal adote o acórdão que ora submeto ao Plenário.

TCU, Sala das Sessões, em 9 de julho de 2003.

MARCOS VINICIOS VILAÇAMinistro-Relator

ACÓRDÃO Nº 823/2003-TCU-PLENÁRIO

1. Processo nº TC 279.141/1994-7 (com dois volumes)2. Grupo I, Classe de Assunto I - Recurso de Revisão3. Órgão: Prefeitura Municipal de Riachão das Neves/BA

32

Page 33: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

4. Recorrente: Antônio Américo de Lima Filho (ex-Prefeito)5. Relator: Ministro Marcos Vinicios Vilaça5.1. Relator da deliberação recorrida: Ministro Walton Alencar Rodrigues6. Representante do Ministério Público: Procurador-Geral Lucas Rocha Furtado7. Unidades Técnicas: Secex/BA e Serur8. Advogados constituídos nos autos: Hamilton Santana de Lima (OAB/DF nº 9.821) e Raul

Carvalho (OAB/BA nº 2557)

9. ACÓRDÃO:VISTOS, relatados e discutidos estes autos de Recurso de Revisão interposto pelo Sr. Antônio

Américo de Lima Filho, ex-Prefeito do Município de Riachão das Neves/BA, contra o Acórdão nº 210/99 – TCU – 1ª Câmara, pelo qual teve suas contas julgadas irregulares e foi condenado em débito pelo valor original de Cz$ 1.364.000,00, transferido na gestão do recorrente por força do Convênio nº 74/87, firmado entre a Prefeitura e o Ministério das Minas e Energia para execução de obras de eletrificação rural em localidades do município.

ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão do Plenário, diante das razões expostas pelo Relator, em:

9.1 – com fundamento nos arts. 32, inciso III, e 35 da Lei nº 8.443/92, conhecer do presente recurso para, no mérito, julgá-lo procedente, tornando insubsistente o Acórdão nº 210/99-1ª Câmara;

9.2 – com fundamento nos arts. 1º, inciso I, 16, inciso II, 18 e 23, inciso II, da Lei nº 8.443/92, julgar regulares com ressalva as contas do Sr. Antônio Américo de Lima Filho, dando-se quitação ao responsável;

9.3 – dar ciência da presente deliberação, acompanhada do Relatório e Voto que a fundamentam, ao recorrente.

10. Ata nº 26/2003 – Plenário11. Data da Sessão: 9/7/2003 – Ordinária12. Especificação do quorum:12.1. Ministros presentes: Valmir Campelo (Presidente), Marcos Vinicios Vilaça (Relator),

Iram Saraiva, Humberto Guimarães Souto, Adylson Motta, Walton Alencar Rodrigues, Guilherme Palmeira, Benjamin Zymler e o Ministro-Substituto Lincoln Magalhães da Rocha

12.2. Auditores presentes: Augusto Sherman Cavalcanti e Marcos Bemquerer Costa.

VALMIR CAMPELOPresidente

MARCOS VINICIOS VILAÇAMinistro-Relator

Fui presente:

PAULO SOARES BUGARINProcurador-Geral, em substituição

GRUPO I – CLASSE I – PlenárioTC 006.958/2002-3 (com 02 volumes)Natureza: Embargos de DeclaraçãoEntidade: Petróleo Brasileiro S/A – PetrobrasInteressados: Pedro Augusto Bonésio e João Pinheiro Nogueira Batista (CPFs não fornecidos)Advogado constituído nos autos: não há

33

Page 34: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

Sumário: Embargos de Declaração. Acórdão nº 425/2003-TCU–Plenário. Pagamento por Sociedade de Propósito Específico (SPE) de valores relativos a serviços de consultoria jurídica contratados pela Petrobras. Conhecimento. Não-provimento. Ciência aos interessados.

RELATÓRIO

Versam os autos sobre Relatório de Auditoria realizada, entre 14/05/2002 e 26/07/2002, no Programa de Desenvolvimento da Produção de Óleo e Gás Natural nos campos Petrolíferos de Barracuda e Caratinga, com o objetivo de colher informações referentes ao Programa de Trabalho nº 25.753.0286.3095.0033 da Lei Orçamentária Anual (LOA) de 2002 para o Congresso Nacional, de modo a subsidiar os trabalhos da Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização.

Na Sessão Plenária de 30/04/2003, por meio do Acórdão nº 425/2003, este Colegiado decidiu rejeitar as razões de justificativa apresentadas pelo Sres Pedro Augusto Bonésio e João Pinheiro Nogueira Batista , aplicando-lhes individualmente a multa prevista no inciso II do art. 58 da Lei nº 8.443, de 16 de julho de 1992, c/c o inciso II do art. 268 do Regimento Interno, no valor de R$ 20.000,00 (vinte mil reais).

Devidamente notificado da referida deliberação (fl. 149A do volume principal), os Sres Pedro Augusto Bonésio e João Pinheiro Nogueira Batista opuseram tempestivamente os presentes Embargos de Declaração.

Em sua peça, os embargantes, afirmam inicialmente que, “tendo em vista os termos do Acórdão nº 425/2003-TCU-Pleno, verifica-se que as justificativas apresentadas não foram acolhidas, pelo que, autorizados pelo artigo 33 da Lei 8.443 de 1992, vimos pela presente submeter mais uma vez a questão ao julgamento deste Tribunal”(fl. 01, vols. 02 e 03, grifos nossos). Passam então a historiar a contratação dos serviços da Baker & McKenzie (B&M) e Trench, Rossi e Watanabe (TRW) pela Petrobras, para, a seguir, referirem-se a uma discussão interna a respeito de “uma divisão entre a natureza dos serviços prestados pelos escritórios: os prestados para a Petrobras como cliente da estrutura financeira e aqueles prestados à Petrobras, como Owner Representative da BCLC”.

Segundo os embargantes, o que fundamentou a decisão de determinar que o pagamento pelos serviços jurídicos fossem pagos pela BCLC e não pela Petrobras, como consumidora final dos mesmos serviços, é o fato de que “uma vez efetivada a estruturação financeira, a natureza dos serviços prestados decorria de obrigações a serem cumpridas diretamente pela BCLC ou através da Petrobras como seu Construction Manager ou então como Owner Representative, papéis estes designados em contratos da estruturação financeira”. Assim, concluem que “os custos envolvidos poderiam ser cobertos pela SPC [special purpose company], o que, aliás é o procedimento adotado com relação aos custos da assessoria jurídica prestada aos demais participantes da operação. A natureza dos serviços prestados pelos advogados no período considerado comprova tal assertiva e embasa a decisão tomada, conforme demonstram os documentos em anexo”(fls. 04, vol. 02; 06, vol. 03).

Entende, que “merece registro que não existiu, por parte da FINANÇAS [departamento da Petrobras], qualquer avaliação específica sobre a natureza dos serviços prestados pelo escritório de advocacia Baker & McKenzie (B&M) e Trench, Rossi e Watanabe (TRW) e, por razões que desconhecemos, a versão de que os escritórios de advocacia Baker & McKenzie e Trench, Rossi e Watanabe (TRW) prestaram serviço diretamente à Petrobras por tantas vezes repetida, acabou sendo reputado como verdadeira, induzindo os órgãos corporativos da Companhia em erro” (fls. 08, vol. 02 e 10/11, vol. 03).

Assim, diante desse fato, concluem que é imperiosa “a necessidade de realização da diligência não promovida no presente trabalho de auditoria, colocando esta E. Corte todo seu conhecimento especializado a serviço de pesquisa a qual cotejaria, de um lado, a descrição dos serviços realizados e, de outro, os contratos pertinentes ao Projeto auditado” (fls. 09, vol. 02 e 11, vol. 03, grifos nossos).

Esperam, portanto, que os presentes embargos sejam “conhecidos e providos, esperando, afinal, que, saneando-se a omissão deste Tribunal de Contas da União em, por diligência própria,

34

Page 35: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

identificar a natureza jurídica da Petrobras, enquanto tomadora dos serviços dos escritórios Baker & McKenzie (B&M) e Trench, Rossi e Watanabe (TRW), no caso em tela, sejam reconhecidos como legítimos os pagamentos aos prestadores de serviços ora impugnados pelo acórdão recorrido, por ser medida de justiça” (fls. 09, vol. 02 e 11, vol. 03).

É o Relatório.

VOTO

Preliminarmente, deve-se consignar que os presentes Embargos de Declaração preenchem os requisitos de admissibilidade previstos nos arts. 32, inciso II, e 34, § 1º, da Lei nº 8.443, de 16 de julho de 1992, razão pela qual entendo ser possível seu conhecimento.

O caput do art. 34 do diploma citado estabelece, no entanto, que Embargos de Declaração são cabíveis quando houver obscuridade, omissão ou contradição em acórdão do Tribunal. A meu ver, os embargantes claramente não lograram comprovar a existência de omissão no Acórdão nº 425/2003, pois, como eles próprios reconhecem, a matéria relativa à natureza jurídica da Petrobras como tomadora dos serviços prestados pelos escritórios não foi suscitada nos autos, nem mesmo em suas próprias razões de justificativa (sede mais apropriada à apresentação de tais argumentos). Portanto, não se poderia esperar que o acórdão embargado tivesse abordado a questão.

Destarte, Voto por que o Tribunal adote a deliberação que ora submeto a este Colegiado.

TCU, Sala das Sessões Ministro Luciano Brandão Alves de Souza, em 09 de julho de 2003.

ADYLSON MOTTAMinistro-Relator

ACÓRDÃO Nº 824/2003 – TCU – Plenário

1.Processo TC 006.958/2002-3 (com 02 volumes)2.Grupo I, Classe de Assunto I – Recurso de Reconsideração3.Interessados: Pedro Augusto Bonésio e João Pinheiro Nogueira Batista (CPFs não

fornecidos)4.Entidade: Petróleo Brasileiro S/A – Petrobras5.Relator: Ministro Adylson Motta5.1.Relator da deliberação recorrida: Ministro Adylson Motta6.Representante do Ministério Público: não atuou7.Unidades Técnicas:1ª Secex8.Advogados constituídos nos autos: não há

9. Acórdão:VISTOS, relatados e discutidos estes autos de Relatório de Auditoria realizada no Programa

de Desenvolvimento da Produção de Óleo e Gás Natural nos campos Petrolíferos de Barracuda e Caratinga, com o objetivo de colher informações referentes ao correspondente programa de trabalho da Lei Orçamentária Anual de 2002 para o Congresso Nacional, de modo a subsidiar os trabalhos da Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização,

Considerando que, por meio do Acórdão nº 425/2003, este Colegiado decidiu rejeitar as razões de justificativa apresentadas pelo Sres Pedro Augusto Bonésio e João Pinheiro Nogueira Batista, aplicando-lhes individualmente a multa prevista no inciso II do art. 58 da Lei nº 8.443, de 16 de julho de 1992, c/c o inciso II do art. 268 do Regimento Interno;

Considerando que, uma vez cientificado do teor do decisum, o Sres Pedro Augusto Bonésio e João Pinheiro Nogueira Batista opuseram tempestivamente os presentes Embargos de Declaração com vista à realização de diligência;

Considerando, ainda, que os referidos Embargos não lograram comprovar a omissão alegada, nos termos do art. 287 do Regimento Interno.

35

Page 36: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão Plenária, ante as razões expostas pelo Relator, com fundamento nos arts. 34 da Lei nº 8.443, de 16 de julho de 1992, e 287 do Regimento Interno, em:

9.1. conhecer dos presentes Embargos de Declaração para, no mérito, negar-lhes provimento; e

9.2. cientificar os interessados a respeito do inteiro teor do presente Acórdão.

10. Ata nº 26/2003 – Plenário11. Data da Sessão: 9/7/2003 – Ordinária12. Especificação do quorum:12.1. Ministros presentes: Valmir Campelo (Presidente), Marcos Vinicios Vilaça, Iram

Saraiva, Humberto Guimarães Souto, Adylson Motta (Relator), Walton Alencar Rodrigues, Guilherme Palmeira, Benjamin Zymler e o Ministro-Substituto Lincoln Magalhães da Rocha

12.2. Auditores presentes: Augusto Sherman Cavalcanti e Marcos Bemquerer Costa.

VALMIR CAMPELOPresidente

ADYLSON MOTTAMinistro-Relator

Fui presente:

PAULO SOARES BUGARINProcurador-Geral, em substituição

GRUPO I – CLASSE I – PLENÁRIO

TC– 251.501/1995-7 (com 1 volume)Natureza: Recurso de Revisão.Entidade: Prefeitura Municipal de Porto Seguro/BA.Responsável: José Ubaldino Alves Pinto – CPF: 032.852.866-87.Interessado: Ministério Público junto ao TCU.

Sumário: Recurso de Revisão em Tomada de Contas Especial interposto pelo Ministério Público junto ao TCU. Contas referentes recursos oriundos do extinto Ministério da Ação Social. Conhecimento. Citação do responsável. Não apresentação de defesa, nem recolhimento do débito. Provimento do recurso. Insubsistência do Acórdão 508/97, 1ª Câmara. Irregularidade das contas, com imputação de débito. Encaminhamento de cópia da decisão ao Ministério Público da União.

RELATÓRIO

Trata-se de Recurso de Revisão interposto pelo Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União, contra o Acórdão 508/97, 1ª Câmara, com fundamento nas razões expostas na peça recursal de f. 14 do vol. 1, transcrita a seguir:

“Por meio do Acórdão nº 508/97, a Primeira Câmara desta E. Corte julgou regulares com ressalva esta Tomada de Contas Especial, em virtude das falhas detectadas serem de natureza formal.

Equipe da SECEX/BA realizou inspeção com a finalidade de obter elementos que permitissem o saneamento de diversas tomadas de contas especiais, dentre as quais a presente.

Consta das fls. 137 a 145 o relatório da mencionada inspeção, que aponta diversas faltas na consecução do Convênio nº 292/GM/90, celebrado entre o Município de Porto Seguro e o extinto Ministério da Ação Social, cujo objetivo era a construção de um mercado municipal no bairro Mirante.

36

Page 37: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

Conforme se verifica no Relatório de Tomada de Contas Especial nº 107/95, elaborado pela Secretaria de Controle Interno do extinto MAS (fls. 99 e 100), a instauração desta TCE foi motivada pela ausência de documentos na prestação de contas.

As irregularidades constatadas pela Equipe de Inspeção, portanto, não são as mesmas que deram origem à TCE e cujos grau de gravidade e possibilidade de correção foram apreciados pela Primeira Câmara deste Tribunal.

O item 10 da instrução de fls. 146 a 149 sintetiza as falhas encontradas:"10.1-A execução física do objeto avençado no Convênio nº 292/GM/90 foi realizada em

desacordo com o Projeto Básico, o Plano de Trabalho e a Planilha Orçamentária de fls. 03/08, além do fato de apresentar fortes indícios de superfaturamento, haja vista a baixa qualidade da construção; haver sido construído de maneira desmembrada e de forma irregular, o que levou a demolição de uma de suas partes, bem como da utilização da parte restante em finalidade não prevista na filosofia do convênio;

10.2-Os pagamentos escriturados no Livro Despesa Classificada s/nº, em 05.12.90 (Cr$2.240.000,00) e 31.12.90 (Cr$960.000,00), não correspondem aos saques efetuados na conta bancária específica do convênio, através dos cheques nºs 067.701 e 067.702, ambos de 20.11.90, nos valores de Cr$700.000,00 e Cr$1.540.000,00, respectivamente;

10.3-Após toda a pesquisa realizada nos processos de pagamentos relativos aos exercícios de 1990 e 1991, os únicos existentes nos arquivos da Prefeitura, constatou-se que inexiste qualquer processo de pagamento atinente à mencionada construção;

10.4-A existência de notas fiscais emitidas à ordem das empresas Empreiteiras Gonçalves (contratada para a execução do objeto em pauta) e Construtora Seguro do Porto Ltda. (contratada para a execução de outros convênios celebrados com o Governo Federal durante a gestão do responsável), preenchidas com a mesma caligrafia (grifamos), colocam em dúvida a legitimidade dos pagamentos efetuados a qualquer destas empresas;".

Note-se que as irregularidades apontadas no Relatório de Inspeção devem provocar a reabertura das contas, exatamente porque diferem daquelas que deram ensejo à esta TCE e que já foram apreciadas por este Tribunal.

Assim sendo, pode-se afirmar que o responsável não foi ouvido quanto à essas irregularidades, sendo necessário nova citação caso o Tribunal decida pela reabertura das contas. De se ressaltar que o ofício de citação (fl. 117) limitou-se a informar que a origem do débito era a "não aprovação da prestação de contas".

Pelo exposto, este representante do Ministério Público opina por que, com fundamento no art. 35, incisos II e III, da Lei nº 8.443/92, seja o presente Parecer conhecido como RECURSO DE REVISÃO para, no mérito, ao lhe ser dado provimento, seja determinada a reabertura destas contas e a imediata citação do responsável.

Sugerimos, ademais, que o ofício citatório a ser expedido pela Unidade Técnica indique, com detalhes, as irregularidades que deram azo à tal citação”.

2. O recurso foi encaminhado à Serur e lá analisado, em instrução conclusiva de f. 57/60, pelo ACE Eduardo Martins Filho, recepcionada pelo titular da área e reproduzida a seguir:

“Trata-se de Recurso de Revisão (fls. 14/15, V.1) interposto pelo Procurador do MP/TCU, Dr. Ubaldo Alves Caldas, com o intuito de reformar o Acórdão nº 508/97, 1ª Câmara, (fls. 130, V.P.). O Acórdão julgou regulares com ressalvas, com quitação, a TCE de responsabilidade do Prefeito Municipal de Porto Seguro/Bahia, de 1989 a 1992 e de 1997 a 2.000, Sr. José Ubaldino Alves Pinto. Com o objetivo de obter elementos que permitissem o saneamento de diversas TCE´s de responsabilidade do Sr. Ubaldino, foi realizada inspeção in loco, pela SECEX/BA, de 09 a 27/03/98. Dentre esses processos, encontrava-se a TCE relativa ao Convênio nº 292/GM/90 celebrado entre a PM de Porto Seguro/BA e o Ministério da Ação Social – MAS, objetivando a construção de um mercado municipal com oito boxes (fls. 29/37, V. P.).

2.A 10ª SECEX instruiu o processo propondo que: fosse conhecido o Recurso; fossem reabertas as contas; fosse citado o responsável para que recolhesse Cr$ 2.240.000,00, atualizados a partir de 19/11/90 até o recolhimento, ou apresentasse alegações de defesa. O Exmo. Ministro Relator determinou a abertura do contraditório, tendo em vista que o responsável ainda não havia

37

Page 38: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

se manifestado sobre as novas irregularidades apontadas pela inspeção, in loco, posterior ao Acórdão recorrido. Considerou, ainda, que a demolição de quatro boxes (dos oito construídos) havia inviabilizado qualquer verificação quanto à má qualidade da obra (principal indício de superfaturamento), não sendo possível imputar débito ao responsável. Determinou, também, que fosse efetuada diligência para esclarecer: a época de demolição dos boxes, que autoridade municipal a teria determinado, e a razão para tanto (fls. 27/28, V.1).

3.Em resposta aos ofícios encaminhados (fls. 29 e 30, V.1), o responsável informou que a demolição teria ocorrido durante a gestão do Sr. João Carlos Mattos de Paula (1993/1996), e que desconhecia o motivo (fl. 31, V.P.). Apesar do Sr. Ubaldino não ter anexado documento comprobatório, a SECEX/BA já informara que: ‘quanto ao bairro mirante, local onde foram construídos os quatro boxes restantes...nada existe, posto que, segundo os moradores ...fora demolido durante a administração do Sr. João Carlos Mattos de Paula (1993/1996), de vez que fora edificado em desacordo com o traçado das ruas’ (fl. 11, V.P.).

4.Considerando que a inspeção realizada não permitia apurar o valor do débito decorrente de eventual superfaturamento, procedeu-se à audiência do responsável, por via editalícia (fl. 43, V.1), para que apresentasse razões de justificativa, tendo o responsável permanecido silente (fl. 44, V.1). O Exmo. Ministro Relator acolheu (fl. 48, V.1) o entendimento do MP/TCU, segundo o qual os elementos constantes dos autos não eram suficientes para comprovar a regular aplicação dos recursos, devendo o responsável ser citado (fl. 47, V.1). Esta SERUR, não obtendo êxito nas tentativas de obter o ciente do responsável (fl. 53, V.1), procedeu à citação por via editalícia (fl. 54/55, V.1), tendo transcorrido o prazo regimental sem que se manifestasse, caracterizando a revelia.

ADMISSIBILIDADE5.O exame de admissibilidade encontra-se à fl. 22, V.1 tendo sido acolhido pelo Exmo.

Ministro Relator às fls. 27/28, V.1.MÉRITOALEGAÇÕES6.Segundo o MP/TCU, inexistiam ‘...quaisquer evidências factuais ou documentais que

permitam vincular as obras realizadas, inclusive a parte demolida, com os recursos atinentes ao Convênio nº 292/90...perdem relevo as discussões em torno da existência ou não das obras e as razões da demolição parcial...’ (fl. 47, V.1).

ANÁLISE6.1Segundo a informação nº 214/95/CAPC/COF/EX-MBES (fls. 90/91, V.P.), não foram

encaminhados os seguintes documentos que deveriam integrar a prestação de contas: despacho adjudicatório das licitações realizadas e relação de pagamentos, posto que na cópia encaminhada ao Ministério foi omitido o nº das notas fiscais. Tal ausência de documentação contraria a letra ‘f’ da cláusula 2ª do Convênio à fl. 30, V.P.; o caput e o parágrafo 1º da cláusula 10ª da Avença à fl. 33/34, V.P.; e o item 27 e seus subitens da IN nº 03/90. Segundo a Secex/BA, observou-se o ‘...preenchimento dos campos existentes nas capas dos processos, indicando data, cheque, banco, e recursos de maneira aleatória, sem nenhum critério técnico, o que revela, de maneira clara e inequívoca, que houve intenção deliberada tanto em escriturar os registros contábeis, como elaborar os processos de pagamentos de forma a evitar-se qualquer tipo de fiscalização’ (item 9.2 à fl. 143, V.P.). A desordem da documentação contraria o item 29 da IN nº 03/90 e o parágrafo 2º da cláusula 10ª do Convênio (fl. 33, V.P.) e a letra ‘d’ do item II da cláusula 2ª do Convênio à fl. 30, V.P.

6.2O Edital da Tomada de Preços nº 15/90 (fls. 59/68, V.P.) está datado de 19/10/1990, aproximadamente vinte dias antes de o convênio ter sido publicado (09/11/90, conforme fl. 38, V.P.). Sendo assim, à época da licitação, não existiam recursos orçamentários que assegurassem o pagamento das obrigações decorrentes.

6.3O contrato de empreitada (fls. 76/79, V.P.) menciona que as despesas correrão à conta do convênio que será assinado com o MAS. Entretanto, à época da assinatura do citado contrato (14/11/90, conforme fl. 79, V.P.), o convênio já havia sido publicado (09/11/90, conforme fl. 38, V.P.), o que pode evidenciar alteração de data.

38

Page 39: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

6.4O extrato bancário à fl. 51, V.P. demonstra a existência de dois saques no dia 20/11/1990, um dia após os recursos terem sido depositados na conta (fl. 51, V.P.). Como a Prefeitura informa que a totalidade dos recursos teria sido utilizada para pagamento da Construtora Seguro do Porto Ltda, não havia motivos para que fossem emitidos dois cheques diferentes no mesmo dia e para o mesmo beneficiário, embora tal prática não seja irregular. Ademais, os pagamentos escriturados no livro Despesa Classificada s/n, em 05/12/90 (Cr$ 2.240.000,00) não correspondem aos saques efetuados na conta...através dos cheques nº´s 067.701 e 067.702, ambos de 20/11/90 (letra ‘c’ à fl. 54, V.P.).

6.5No que se refere à execução física: ‘o mercado municipal foi construído de forma desmembrada, havendo sido edificado 04 boxes no bairro do Cambolo e 04 no bairro do Mirante, em desacordo com o plano de aplicação’ (fls. 146/147, V.P.), contrariando assertiva do responsável no Termo de Aceitação Definitiva à fl. 58, V.P.; a edificação existente no bairro do Cambolo não atende às especificações técnicas constantes no Projeto Básico, Plano de Aplicação e Planilha Orçamentária de fls. 03/08, V.P., de vez que apresenta aspecto de construção de baixa qualidade, onde não existem as esquadrias de alumínio para as janelas, as telhas cerâmicas na cobertura e nem os azulejos na dependência sanitária, conforme previstos na planilha orçamentária (item 5.1, fl. 147, V.P.), contrariando, novamente, o termo de Aceitação Definitiva da Obra à fl. 58, V.P. e o parágrafo 1º da cláusula 4ª do convênio à fl. 31, V.P.; os boxes estão sendo utilizados em finalidade diversa da preconizada pelo convênio (itens 5.1 e 5.2, fl. 147, V.P.); a posse dos boxes é negociada livremente, sem qualquer controle por parte da Prefeitura (item 5.3, fl. 147, V.P.); os boxes demolidos no bairro Mirante estavam sendo utilizados irregularmente em transações comerciais adversas a sua finalidade (item 5.5, fl. 147, V.P.); edificação em desacordo com o traçado das ruas, levando a sua demolição (item 5.4 às fls. 11, V.P.)

6.6Quanto aos pagamentos, consta que: ‘comparando-se o padrão da construção com o valor dos recursos atualizados até 28/07/97 (R$ 39.202,23 ou 43.041,5397 UFIR´s), segundo demonstrativo de fls. 122/123, percebe-se, claramente, o superfaturamento da obra realizada’ (item 5.6 à fl. 147, V.P.); não existe qualquer processo de pagamento relativo ao convênio (item 10.3 à fl. 148, V.P.); os pagamentos efetuados não correspondem aos saques na conta bancária (item 10.2 à fl. 148, V.P.); ocorreu pagamento antecipado, contrariando os arts. 62 e 63 da Lei nº 4.320/64 (item 9 à fl. 147, V.P.).

6.7Embora o Sr. João Carlos possa ter sido o autor da ordem de demolição dos 04 boxes edificados no bairro Mirante, poderá não ser responsável pelo eventual prejuízo. Segundo informações constantes dos autos, a demolição ocorreu pela construção ter sido edificada em desacordo com o traçado da rua, o que contrariaria a cláusula 2ª, item II, letra ‘g’ do Convênio, segundo a qual, caberia ao município: ‘assumir a responsabilidade da regulamentação do terreno onde será implantado o programa, o qual deverá ser devidamente registrado em cartório de imóveis e hipoteca’ (fls. 30, V.P.). Inexistindo a regularização e o registro, deve-se imputar responsabilidade ao Sr. Ubaldino, o qual, na qualidade de signatário e executor do Convênio, por ter desrespeitado a cláusula conveniada, e, eventualmente, o plano diretor da cidade, decretou a inviabilidade da utilização de parte da obra para os fins a que se destinava, levando a sua demolição.

6.8Posto isso, concluímos que a Prefeitura descumpriu diversos normativos que regiam a execução do convênio, não tendo comprovado a regular aplicação dos recursos repassados com finalidade específica. Dentre as principais irregularidades mencionamos: incompatibilidade entre os saques procedidos e os registros contábeis; aplicação dos recursos em desacordo com o Plano de Trabalho; não-apresentação da totalidade da documentação exigida na prestação de contas; não-encaminhamento de notas fiscais que possam comprovar os pagamentos realizados; indícios de superfaturamento e edificação de parte do objeto em local impróprio, resultando na sua demolição.

CONCLUSÃO7.Pelo exposto, submetemos os autos à consideração superior, propondo que:o Tribunal conheça o presente recurso para, no mérito, conceder-lhe provimento, tornando

insubsistente o Acórdão nº 508/97, 1ª Câmara, (fls. 130, V.P.) e julgando a irregularidade da presente TCE e em débito o responsável pela totalidade dos recursos repassados;

39

Page 40: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

b) seja o responsável comunicado acerca da decisão que sobrevier.”

O Ministério Público junto ao TCU, representado pelo procurador Dr. Marinus Eduardo De Vries Marsico, em parecer à f. 63, vol. 1, manifesta sua concordância com análise da Serur.

VOTO

Em primeiro lugar, faz-se necessário destacar que o presente Recurso de Revisão interposto pelo Ministério Público junto ao TCU merece ser conhecido por este Tribunal, por atender aos requisitos de admissibilidade, especificamente no que tange à superveniência de documentos novos com eficácia sobre a prova produzida, nos termos do artigo 35, inciso III, da Lei 8.443/92.

2. Conforme visto no Relatório precedente, as investigações efetuadas pela SECEX/BA, mediante inspeção, acrescentaram informações capazes de modificar os fundamentos do Acórdão 508/97 proferido pela 1ª Câmara (Ata 39/97). O item 10 e subitens da instrução de f. 10/13 do vol. 1 sintetiza as irregularidades encontradas:

“(...)10.1 -A execução física do objeto avançado no Convênio 292/GM/90 foi realizada em

desacordo com o Projeto Básico, o Plano de Trabalho e a Planilha Orçamentária de fls. 03/08, além do fato de apresentar fortes indícios de superfaturamento, haja vista a baixa qualidade da construção qualidade da construção; haver sido construído de maneira desmembrada e de forma irregular, o que levou a demolição de uma de suas partes, bem como da utilização da parte restante em finalidade não prevista na filosofia do convênio;

10.2 – Os pagamentos escriturados no Livro Despesa Classificada s/nº, em 05.12.90 (Cr$ 2.240.000,00) e 31.12.90 (Cr$ 960.000,00), não correspondem aos saques efetuados na conta bancária específica do convênio, através dos cheques nº 067. 701 e 067.702, ambos de 20.11.90, nos valores de Cr$ 700.000,00 e Cr$ 1.540.000,00, respectivamente;

10.3 – Após toda a pesquisa realizada nos processos de pagamentos relativos aos exercícios de 1990 e 1991, os únicos existentes nos arquivos da Prefeitura, constatou-se que inexiste qualquer processo de pagamento atinente à mencionada construção;

10.4 – A existência de notas fiscais emitidas à ordem das empresas Empreiteira Gonçalves (contratada para a execução do objeto em pauta) e Construtora Seguro do Porto Ltda. (contratada para a execução de outros convênios celebrados como Governo Federal durante a gestão do responsável), preenchidas com a mesma grafia (grifamos), colocam em dúvida a legitimidade dos pagamentos efetuados a qualquer destas empresas;”.

3.Determinei, mediante despacho de f. 27/28, a abertura do contraditório, ao considerar que o responsável não havia se manifestado acerca das novas irregularidades apontadas pela equipe de inspeção e, também, a realização de diligência com o fito de que fossem esclarecidos os seguintes pontos: a época de demolição dos boxes; que autoridade municipal a teria determinado; e a razão para tanto. Em resposta, o Sr. José Ubaldino Alves Pinto informou que a demolição teria ocorrido durante a gestão do seu antecessor e que desconhecia o motivo. Sobre esse ponto, a Secex/BA assim ponderou: “quanto ao bairro mirante, local onde foram construídos os quatro boxes restantes... nada existe, posto que, segundo os moradores... fora demolido durante a administração do Sr. João Carlos Mattos de Paula (1993/1996), de vez que fora edificado em desacordo com o traçado das ruas”.

4No entanto, no decorrer da análise dos autos, ficou demonstrado que inexistiam quaisquer evidências factuais ou documentais que permitissem vincular as obras realizadas, inclusive a parte demolida, com os recursos atinentes ao convênio 292/90, perdendo, assim, relevo as discussões em torno da existência ou não das obras e as razões da demolição parcial, sobressaindo o fato de não ter havido a indispensável demonstração, por meio da competente, correta e completa prestação de contas dos recursos repassados.

5. Diante desse contexto, o responsável, Sr. José Ubaldino Alves Pinto, citado, inclusive por edital (f. 54), optou pela contumácia, tornando-se revel, nos termos do art. 12, parágrafo 3º, da Lei 8.443/92.

40

Page 41: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

6. Quanto ao mérito do presente recurso, alinho-me à conclusão alvitrada pela Serur no sentido de que a Prefeitura descumpriu diversos normativos que regiam a execução do convênio, não tendo comprovado a regular aplicação dos recursos repassados, incorrendo em várias irregularidades, tais como: incompatibilidade entre os saques e os registros contábeis; aplicação dos recursos em desacordo com o plano de trabalho; ausência de apresentação da totalidade da documentação exigida na prestação de contas; falta de encaminhamento de notas fiscais que pudessem comprovar os pagamentos realizados; indícios de superfaturamento e edificação de parte do objeto em local impróprio, resultando na sua demolição.

Ante o exposto, concordando com os pareceres uniformes da Unidade Técnica e do Ministério Público, Voto por que o Tribunal adote o Acórdão que ora submeto à apreciação deste Colegiado.

Sala das Sessões em 9 de julho de 2003.

Lincoln Magalhães da RochaMinistro-Relator

ACÓRDÃO Nº 825/2003 – TCU – PLENÁRIO

1. Processo: TC– 251.501/1995-7 (com 1 volume).2. Grupo: I – Classe de assunto: I – Recurso de Revisão.3. Responsável: José Ubaldino Alves Pinto – CPF: 032.852.866-87.4. Entidade: Prefeitura Municipal de Porto Seguro/BA.5. Relator: Ministro-Substituto Lincoln Magalhães da Rocha.5.1. Relator da Deliberação Recorrida: Ministro Iram Saraiva.6. Representante do Ministério Público: Procurador Dr. Marinus Eduardo De Vries Marsico.7. Unidade Técnica: Serur.8. Advogados: não há.

9. Acórdão:VISTOS, relatados e discutidos estes autos de recurso de revisão interposto pelo Ministério

Público junto ao Tribunal de Contas da União, contra o Acórdão 508/97, 1ª Câmara, Ata 39/97, sessão de 14/11/1997.

Considerando que foram atendidos os requisitos de admissibilidade constantes do artigo 35 da Lei 8.443/92;

Considerando que, promovida a citação do responsável, este não recolheu o débito nem apresentou defesa, configurando, assim, a revelia, nos termos do artigo 12, § 3º, da Lei 8.443/92;

Considerando os pareceres uniformes da Unidade Técnica e do Ministério Público junto ao TCU;

ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão Plenária, diante das razões expostas pelo Relator, em:

9.1. com fundamento no artigo 35 da Lei 8.443/92, c/c o artigo 15, inciso III, do Regimento Interno do TCU conhecer do recurso de revisão interposto pelo Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União, para, no mérito, dar-lhe provimento, tornando insubsistente o Acórdão 508/97, 1ª Câmara, Ata 39/97, sessão de 14/11/1997;

9.2. julgar irregulares as presentes contas, com base nos artigos 1º, inciso I, 16, inciso III, alínea d, 19, caput, e 23, inciso III, da Lei 8.443/92, condenando o responsável, Sr. José Ubaldino Alves Pinto, CPF: 032.852.866-87, ao pagamento da importância de Cr$ 2.240.000,00 (dois milhões, duzentos e quarenta mil cruzeiros) , com a fixação do prazo de 15 (quinze) dias a contar do recebimento da notificação para que comprove perante o Tribunal (artigo 214, inciso III, alínea “a”, do Regimento Interno/TCU) o recolhimento da dívida aos cofres do Tesouro Nacional, atualizada monetariamente e acrescida de juros de mora a partir de 19.11.1990, até a data do recolhimento, na forma da legislação em vigor;

9.3. autorizar desde logo a cobrança judicial da dívida, caso não atendida a notificação, nos termos do artigo 28, inciso II, da Lei no 8.443/92; e

41

Page 42: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

9.4. encaminhar cópia da documentação pertinente ao Ministério Público da União, para o ajuizamento das ações cabíveis, nos termos do artigo 209, § 6º, do Regimento Interno/TCU.

10. Ata nº 26/2003 – Plenário11. Data da Sessão: 9/7/2003 – Ordinária12. Especificação do quorum:12.1. Ministros presentes: Valmir Campelo (Presidente), Marcos Vinicios Vilaça, Iram

Saraiva, Humberto Guimarães Souto, Adylson Motta, Walton Alencar Rodrigues, Guilherme Palmeira, Benjamin Zymler e o Ministro-Substituto Lincoln Magalhães da Rocha (Relator).

12.2. Auditores presentes: Augusto Sherman Cavalcanti e Marcos Bemquerer Costa.

VALMIR CAMPELOPresidente

LINCOLN MAGALHÃES DA ROCHAMinistro-Relator

Fui presente:

PAULO SOARES BUGARINProcurador-Geral, em substituição

GRUPO I – CLASSE I – PLENÁRIO

TC–275.520/1995-1 (com 2 volumes)Natureza: Recurso de RevisãoEntidade: Prefeitura Municipal de Senador Sá/CEResponsável: Lucileide Oliveira Lima (CPF 333.070.083-15)

Sumário: Recurso de Revisão em Tomada de Contas Especial. Contas julgadas irregulares, com imputação de débito, em decorrência de irregularidades na aplicação dos recursos oriundos de convênio com o FNDE. Ausência de elementos novos capazes de elidir as irregularidades. Conhecimento. Não-provimento. Parcelamento do débito. Ciência à recorrente.

RELATÓRIO

Adoto, como parte deste relatório, o parecer da Serur, da autoria do ACE Marcelo Martins Pimentel, com o qual concordaram os dirigentes daquela Unidade Técnica:

“HISTÓRICOEm 04.11.1999, a Segunda Câmara desta Corte proferiu o Acórdão 500/99, julgando pela

irregularidade a presente TCE, e condenando a Responsável ao pagamento da quantia de Cr$ 141.759.000,00 (cento e quarenta e um milhões, setecentos e cinqüenta e nove mil cruzeiros), aplicando à Responsável multa de R$ 2.000,00 (dois mil reais) e autorizando a remessa de cópias dos autos, bem como do Acórdão, acompanhado do Relatório e do Voto que o fundamentaram ao Ministério Público da União.

2.O Convênio nº 4.684/92 firmado entre o Ministério da Educação, por intermédio do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação – FNDE, e a Prefeitura Municipal de Senador Sá/CE objetivava: capacitação de 63 professores, aquisição de módulos didáticos e equipamentos escolares e a perfuração de 3 poços profundos.

3.Foram constatadas as seguintes irregularidades na aplicação dos recursos do convênio:a) os módulos e equipamentos não foram entregues nas escolas;b) não ocorreu o treinamento dos professores e a perfuração dos poços;c) falta de comprovantes de realização das despesas.

42

Page 43: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

4.Promovida a regular citação da Responsável (fls. 94/95, Vol. Principal), esta, por intermédio de seu representante legal, após obter cópia dos autos (fls. 96/97, Vol. Principal), apresentou defesa (fls. 99/100, Vol. Principal), rejeitada por este Tribunal em Sessão de 29.04.1999, por meio da Decisão nº 085/99-TCU-2ª Câmara (fl. 111, Vol. Principal).

5.Cientificada da mencionada decisão (fls. 113/114, Vol. Principal), a Responsável voltou a se manifestar nos autos apresentando elementos adicionais de defesa (fls. 118/152, Vol. Principal), rejeitados novamente por esta Corte de Contas em Sessão de 04.11.1999, por meio do Acórdão nº 500/1999-TCU-2ª Câmara (fls. 167/168, Vol. Principal), que considerou “que as novas alegações apresentadas não lograram elidir as irregularidades constatadas nos autos, bem como os comprovantes de defesa trazidos aos autos mostraram-se inidôneos, não atestando a regular aplicação dos recursos”.

6.Inconformada com a decisão, a citada Responsável, através de representante legal, interpôs expediente que denominou Recurso de Revisão (fls. 1/5, deste). Foi conhecido como Recurso de Reconsideração, que gerou o Acórdão nº 151/2002, prolatado pela 2ª Câmara (fl. 151, Vol. 1), verbis:

Vistos, relatados e discutidos estes autos de tomada de contas especial, de responsabilidade da Srª Lucileide Oliveira Lima, ex-Prefeita do Município de Senador Sá/CE.

Considerando que no processo devidamente organizado, apurou-se o débito no valor de Cr$ 141.759.000,00, em decorrência da prática de irregularidades na aplicação dos recursos transferidos pelo FNDE, em 23/12/92, à aludida Prefeitura Municipal por força do Convênio n° 4684/92, cujo objetivo era promover a capacitação de 63 professores, a aquisição de módulos didáticos para alunos, a compra de equipamentos escolares e a perfuração de 3 poços artesianos;

Considerando que, em Sessão de 29/04/99, este Tribunal, por sua Segunda Câmara, rejeitou as alegações de defesa apresentadas pela responsável e fixou novo e improrrogável prazo para o recolhimento da importância devida;

Considerando que, devidamente cientificada, a responsável apresentou novos elementos de defesa, recebidos e analisados nos termos do art. 23, § 2°, da Resolução/TCU n° 36/95, em respeito ao princípio da ampla defesa;

Considerando que as novas alegações apresentadas não lograram elidir as irregularidades constatadas nos autos, bem como que os comprovantes de despesa trazidos aos autos mostraram-se inidôneos, não atestando a regular aplicação dos recursos públicos transferidos;

Considerando que as contas da responsável foram julgada irregulares por meio do Acórdão nº 500/1999 TCU - 2ª Câmara;

Considerando que a responsável interpôs o presente recursos de reconsideração;Considerando que a peça apresentada atende aos requisitos de admissibilidade, mas não reúne

elementos suficientes para alterar a decisão atacada, tendo em vista, em especial, a não execução do objeto pactuado;

Considerando, ainda, os pareceres uniformes do Ministério Público e da Unidade Técnica;ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão da 2ª Câmara,

com fundamento no art. 32, inciso I, e 33 da Lei n. 8.443/92 em:8.1 - conhecer o recurso de reconsideração ora sob exame;8.2 - negar provimento a esse recurso;8.3 - encaminhar à recorrente cópia do presente Acórdão e do Relatório e Voto que o

fundamentam.7.Novamente a responsável compareceu aos autos, desta vez interpondo recurso de revisão (fl.

01, deste), o qual nos cabe analisar.ADMISSIBILIDADE8.Admissibilidade à fl. 13, deste, com a qual manifestamos anuência.MÉRITO9.A seguir apresentaremos os argumentos da recorrente, de forma sintética, seguidos das

respectivas análises.10.Argumento: a recorrente alegou que, quando da compra dos equipamentos que eram objeto

do Convênio nº 4.684/92, não houve a possibilidade da entrega das carteiras por parte do

43

Page 44: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

fornecedor. Entretanto, a entrega foi efetuada após requerimento da recorrente, conforme expediente datado de 07.05.2002 e ofício de entrega de 16.05.2002.

11.A entrega das carteiras teria sido efetuada em 16.05.2002, demonstrada pela declaração da Sra. Maria de Jesus da Silva, atual Secretária de Educação do Município. As mesmas estariam no depósito da Escola Nossa Senhora do Amparo na sede do município, de acordo com declarações da Sra. Maria do Amparo Gomes Araújo, Diretora da Escola Nossa Senhora do Amparo, do Dr. Irapuan da Silva Dionísio Júnior, Promotor de Justiça do Município, do Sr. Roberto Carneiro Frota, Presidente da Câmara Municipal e do Dr. Sancho Rodrigues Oliveira, Prefeito.

12.Assim, solicita a exclusão da devolução, do valor que foi condenado o município, da importância correspondente às citadas carteiras escolares, no montante de R$ 36.216,74. Adicionalmente, requer o parcelamento do débito restante.

13.Análise: inicialmente, cabe verificar a fundamentação para a condenação da recorrente. Dois “considerandos” do Acórdão nº 500/1999-TCU-2ª Câmara ajudam a elucidar a questão, verbis:

Considerando que, no processo devidamente organizado apurou-se débito no valor de Cr$ 141.759.000,00, em decorrência de irregularidades na aplicação dos recursos (descumprimento das cláusulas conveniadas) transferidos pelo FNDE, em 23/12/92, à aludida Prefeitura Municipal, por força do Convênio nº 4684/92, cujo objetivo era promover a capacitação de 63 professores, a aquisição de módulos didáticos para alunos, a compra de equipamentos escolares e a perfuração de 3 poços artesianos;

(...)Considerando que as novas alegações não lograram elidir as irregularidades constatadas nos

autos, bem como que os comprovantes de despesa trazidos aos autos mostraram-se inidôneos, não atestando a regular aplicação dos recursos públicos transferidos;

14.Ocorreu uma série de irregularidades no presente processo. Houve descumprimento do objeto. A municipalidade supostamente o alterou sem solicitar autorização ao órgão repassador. O objeto inicial pactuado consistia em capacitar 63 professores da rede municipal de ensino, fornecer 1046 módulos didáticos para os alunos, adquirir equipamentos para 19 salas de aula e perfurar 3 poços artesianos (fl. 56, Vol. Principal). Foi enviada prestação de contas afirmando ter havido a aquisição de 1042 módulos didáticos e 104 carteiras escolares (fl. 35, Vol. Principal). O que já constitui irregularidade, pois trata-se de objeto substancialmente diferente do acordado.

15.Posteriormente, foi realizada visita ao município, no período de 05 a 07.04.1993, por equipe da DEMEC, onde constatou-se que:

a) os módulos e equipamentos não foram entregues na escola;b) não ocorreu o treinamento dos professores;c) não houve perfuração dos poços.16.Entretanto, consideramos importante enfatizar que não houve, mesmo diante do que

procurou demonstrar a responsável na sua prestação de contas, a comprovação da regular aplicação dos recursos públicos. Com efeito, a jurisprudência deste Tribunal é pacífica no sentido de que compete ao gestor comprovar a boa e regular aplicação dos recursos públicos, cabendo-lhe o ônus da prova, conforme verificado nos seguintes julgados: Acórdãos TCU n°s 11/97-Plenário; 87/97-2ª Câmara; 234/95-2ª Câmara; 291/96-2ª Câmara; 380/95-2ª Câmara; e Decisões n°s 200/93-Plenário; 225/95 -2ª Câmara; 545/92-Plenário. Considero oportuno transcrever trecho do voto condutor da Decisão nº 225/2000-TCU-2ª Câmara, da autoria do Exmo. Ministro Adylson Motta nos autos do TC 929.531/1998-1:

A não-comprovação da lisura no trato de recursos públicos recebidos autoriza, a meu ver, a presunção de irregularidade na sua aplicação. Ressalto que o ônus da prova da idoneidade no emprego dos recursos, no âmbito administrativo, recai sobre o gestor, obrigando-se este a comprovar que os mesmos foram regularmente aplicados quando da realização do interesse público. Aliás, a jurisprudência deste Tribunal consolidou tal entendimento no Enunciado de Decisão nº 176, verbis: ‘Compete ao gestor comprovar a boa e regular aplicação dos recursos públicos, cabendo-lhe o ônus da prova’.

Há que se destacar, ainda, que, além do dever legal e constitucional de prestar contas do bom e regular emprego dos recursos públicos recebidos, devem os gestores fazê-lo demonstrando o estabelecimento do nexo entre o desembolso dos referidos recursos e os comprovantes de despesas

44

Page 45: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

realizadas com vistas à consecução do objeto acordado. Assim, é imperioso que, com os documentos apresentados com vistas a comprovar o bom emprego dos valores públicos, seja possível constatar que eles foram efetivamente utilizados no objeto pactuado, de acordo com os normativos legais e regulamentares vigentes.

17.As notas fiscais apresentadas pela responsável são inidôneas, pois a data de emissão é superior a dois anos da data de impressão das mesmas e não apresentam o selo da fazenda estadual atestando a circulação de mercadorias.

18.Houve imediato e integral saque dos recursos da conta específica do convênio (fl. 124, Vol. Principal). Os pagamentos não refletem essa movimentação bancária, pois a prestação de contas evidencia pagamentos a duas empresas.

19.Os empenhos datam de 01.12.1992, enquanto que as propostas das empresas são posteriores, de 23.12.1994. Ou seja, foram confeccionados empenhos em favor de licitantes que não tinham ainda oferecido suas propostas.

20.Além dessas irregularidades, cabe salientar que as notas fiscais não mencionaram o convênio que estariam vinculadas. Essa disposição não se trata de mera formalidade, busca evitar que um mesmo comprovante seja utilizado em prestações de contas diversas. Essa obrigação consta do item 29 da Instrução Normativa nº 03, da Secretaria da Fazenda Nacional, a qual a responsável comprometeu-se a cumprir quando da assinatura do termo de convênio celebrado com o FNDE (fls. 43/55, Vol. Principal).

21.Assim, o rol de irregularidades verificado no presente processo não permite estabelecer um nexo de causalidade entre o desembolso dos recursos recebidos da União e os comprovantes de despesas apresentados. Dessa forma, sem adentrar na força probatória das declarações apresentadas, a entrega de 81 das 104 carteiras, não tem o condão de reduzir a responsabilidade da recorrente, pois não há demonstração de nexo de causalidade entre os comprovantes de despesa e o emprego dos recursos federais.

22.Em sendo assim, as alegações não apresentaram elementos que pudessem elidir as irregularidades e modificar a decisão recorrida.

23.Quanto ao pedido de parcelamento do débito, sua possibilidade está prevista no art. 26 da Lei nº 8.443/92:

Art. 26. Em qualquer fase do processo, o Tribunal poderá autorizar o recolhimento parcelado da importância devida, na forma estabelecida no Regimento Interno, incidindo sobre cada parcela os correspondentes acréscimos legais.

Parágrafo único. A falta de recolhimento de qualquer parcela importará no vencimento antecipado do saldo devedor.

24.Esse dispositivo está disciplinado no seguinte artigo do Regimento Interno desta Corte – RI/TCU:

Art. 168. Em qualquer fase do processo, o Tribunal poderá autorizar o recolhimento parcelado da importância devida em até vinte e quatro parcelas.

§ 1º Verificada a hipótese prevista neste artigo, incidirão sobre cada parcela, corrigida monetariamente, os correspondentes acréscimos legais.

§ 2º A falta de recolhimento de qualquer parcela importará no vencimento antecipado do saldo devedor.

25.Assim, o seu deferimento encontra guarida nos citados normativos.26.Por fim, resta salientar que, embora a recorrente tenha afirmado que o município foi

condenado a devolução da quantia repassada, o débito não é da responsabilidade desse e sim pessoal da Sra. Lucileide Oliveira Lima, conforme resta cristalino na letra “a” do Acórdão nº 500/1999-TCU-2ª Câmara.

CONCLUSÃO27.Em vista do exposto, elevamos o assunto à consideração superior, propondo:a) seja conhecido o Recurso de Revisão interposto pela Srª. Lucileide Oliveira Lima com

fundamento no art. 35, inciso III, da Lei nº 8.443/92, e, no mérito, seja-lhe negado provimento;b) autorizar, a pedido da responsável, com fundamento no art. 26 da Lei nº 8.443/92 c/c o art.

168 do Regimento Interno/TCU, em 24 (vinte e quatro) prestações mensais e sucessivas, fixando-

45

Page 46: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

lhes o prazo de 15 (quinze) dias, a contar da notificação, para o recolhimento da primeira parcela aos cofres do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação – FNDE;

c) seja a recorrente comunicada da decisão desta Corte.”

2.O Ministério Público junto ao TCU, representado pela Procuradora Cristina Machado da Costa e Silva, manifesta, em cota singela aposta no verso da fl. 23, vol. 2, sua concordância com a análise da Unidade Técnica.

É o Relatório.

PROPOSTA DE DECISÃO

Verifico que o presente Recurso de Revisão merece ser conhecido por este Tribunal, porquanto atendidos os requisitos de admissibilidade previstos no art. 35 da Lei nº 8.443/92.

2.Quanto ao mérito, as declarações e fotos trazidas aos autos no presente Recurso não são suficientes para elidir a principal irregularidade que fundamentou o Acórdão recorrido: a falta de nexo de causalidade entre os recursos recebidos e os comprovantes de despesas apresentados. Dessa forma, ainda que restasse comprovada a entrega dos bens, conforme tenta demonstrar a recorrente em sua peça recursal, não há como vincular a aquisição desses bens aos recursos recebidos por força do Convênio nº 4.684/92 firmado com o FNDE, face à inidoneidade dos comprovantes de despesa constantes dos autos.

3.Considero, portanto, com base na análise efetuada pela Serur, que os elementos constantes do presente recurso são insuficientes para ensejar a reforma do Acórdão recorrido.

4.Quanto ao parcelamento do débito, não vejo óbice para que o Tribunal autorize o pagamento em 24 (vinte e quatro) parcelas, nos termos do art. 26 da Lei nº 8.443/92, c/c o art. 217 do RI/TCU.

Ante o exposto, concordando com os pareceres uniformes da Unidade Técnica e do Ministério Público junto ao TCU, proponho que o Tribunal adote o Acórdão que ora submeto à apreciação deste Colegiado.

Sala das Sessões, em 9 de julho de 2003.

Augusto Sherman CavalcantiRelator

ACÓRDÃO Nº 826/2003 – TCU – PLENÁRIO

1. Processo: TC–275.520/1995-1 (com 2 volumes).2. Grupo: I – Classe de Assunto: I – Recurso de Revisão.3. Responsável: Lucileide Oliveira Lima (CPF 333.070.083-15).4. Entidade: Prefeitura Municipal de Senador Sá/CE.5. Relator: Auditor Augusto Sherman Cavalcanti.5.1. Relator da Deliberação Recorrida: Ministro Adylson Motta.6. Representante do Ministério Público: Procuradora Drª Cristina Machado da Costa e Silva.7. Unidade Técnica: Serur.8. Advogado: não consta.

9. Acórdão:VISTOS, relatados e discutidos estes autos de Recurso de Revisão interposto pela Srª

Lucileide Oliveira Lima, ex-Prefeita Municipal de Senador Sá/CE, contra o Acórdão 500/1999-TCU-2ª Câmara, que, em processo de Tomada de Contas Especial, julgou irregulares as contas da responsável, imputando-lhe débito, em decorrência de irregularidades na aplicação dos recursos recebidos do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação – FNDE por meio do Convênio nº 4684/92.

46

Page 47: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

Considerando que foram atendidos os requisitos de admissibilidade insculpidos no art. 35 da Lei nº 8.443/92;

Considerando que os elementos apresentados na peça recursal não foram capaz de elidir as irregularidades imputadas à responsável;

Considerando que a recorrente solicitou o parcelamento do débito em 24 (vinte e quatro) parcelas;

Considerando os pareceres uniformes da Unidade Técnica e do Ministério Público junto ao TCU;

ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão Plenária, diante das razões expostas pelo Relator, com fundamento no art. 35 da Lei n° 8.443/92, c/c o art. 15, inciso III, do Regimento Interno do TCU, em:

9.1. conhecer do Recurso de Revisão interposto pela Srª Lucileide Oliveira Lima para, no mérito, negar-lhe provimento, mantendo nos seus exatos termos o Acórdão recorrido;

9.2. autorizar, nos termos do art. 26 da Lei nº 8.443/92, c/c o art. 217 do Regimento Interno deste Tribunal, o parcelamento da dívida em 24 (vinte e quatro) vezes, alertando à recorrente que, conforme os §§ 1º e 2º deste mesmo artigo:

9.2.1. incidirão sobre cada parcela, corrigida monetariamente, os correspondentes acréscimos legais;

9.2.2. a falta de pagamento de qualquer parcela importará no vencimento antecipado do saldo devedor;

9.3. dar ciência desta deliberação à recorrente.

10. Ata nº 26/2003 – Plenário11. Data da Sessão: 9/7/2003 – Ordinária12. Especificação do quorum:12.1. Ministros presentes: Valmir Campelo (Presidente), Marcos Vinicios Vilaça, Iram

Saraiva, Humberto Guimarães Souto, Adylson Motta, Walton Alencar Rodrigues, Guilherme Palmeira, Benjamin Zymler e o Ministro-Substituto Lincoln Magalhães da Rocha.

12.2. Auditores presentes: Augusto Sherman Cavalcanti (Relator) e Marcos Bemquerer Costa.

VALMIR CAMPELOPresidente

AUGUSTO SHERMAN CAVALCANTIRelator

Fui presente:

PAULO SOARES BUGARINProcurador-Geral, em substituição

GRUPO I – CLASSE I – PlenárioTC 001.540/1990-4 (c/ 03 volumes)

Natureza: Recurso de Reconsideração.Entidade: Banco da Amazônia S. A. – BASA.Recorrentes:William Blanco de Abrunhosa Trindade, CPF n. 240.151.137-72, e Guilherme

Feldhaus, CPF n. 099.818.107-20.

SUMÁRIO: Recursos de Reconsideração interpostos contra deliberação proferida em processo de Tomada de Contas Especial, que julgou irregulares as contas dos responsáveis e condenou-os ao pagamento de débito apurado. Não-atendimento aos requisitos de admisibilidade por um dos recursos. Não-conhecimento. Argumentos insuficientes no outro expediente recursal

47

Page 48: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

para a reforma do acórdão recorrido. Conhecimento do recurso, para negar-lhe provimento. Ciência aos recorrentes.

RELATÓRIO

Trata-se da Tomada de Contas Especial instaurada em decorrência de ilícitos na realização de operações bancárias no âmbito do Banco da Amazônia S. A. – BASA.

2.Este Plenário, mediante o Acórdão 268/2000 (fls. 1/2 – vol. 3), julgou irregulares as presentes contas e condenou os Srs. William Blanco de Abrunhosa Trindade e Guilherme Feldhaus, solidariamente com outros responsáveis, ao pagamento da quantia de Cz$ 18.450.175,31. Inconformado com o mencionado decisum, o responsável por primeiro referido interpôs o Recurso de Reconsideração de fls. 6/8 do vol. 3. Já o Sr. Guilherme Feldhaus encaminhou o expediente de fl. 55 do vol. 1.

3.Ao instruir o feito (fls. 23/29 do vol. 3), a Analista da Serur realiza o seguinte exame, no essencial:

“Análise do expediente do Sr. William Blanco de Abrunhosa TrindadeI - Admissibilidade10. No tocante à admissibilidade, a análise dos autos permite ratificar o exame prévio de fl. 10

do vol. 3, feito pela Unidade Técnica do Pará, razão pela qual somos pelo conhecimento do presente feito como Recurso de Reconsideração.

II - Mérito11. Argumento: Como preliminar, argúi o recorrente que o Tribunal de Contas da União

detém a competência de julgar as contas dos agentes públicos, inclusive dirigentes de órgão da administração indireta, bem como, administradores e demais responsáveis por dinheiros, bens e valores públicos, qualidades que não tem, nem jamais teve.

12. Afirma, na seqüência, ser servidor aposentado do Banco da Amazônia S/A – BASA, e que já estava aposentado à época em que ocorreram os fatos que deram origem à tomada de contas especial e que, mesmo em atividade, não foi o responsável pela guarda e aplicação de dinheiro do BASA, eis que, naquela instituição, exerceu tão somente a função de engenheiro. Assegura que é equivocada a afirmação de que era intermediário na concessão de financiamentos na Agência Rio-Metro-Madureira, visto que sempre foi engenheiro, músico e empregado (aposentado) do BASA.

13. Análise: Diferentemente do que alega o recorrente, a jurisdição dessa Corte de Contas abrange toda e qualquer pessoa física ou jurídica, pública ou privada, que utilize, arrecade, guarde, gerencie ou administre dinheiros, bens e valores públicos ou pelos quais a União responda, ou que, em nome desta, assuma obrigações de natureza pecuniária, nos termos do art. 71, parágrafo único, da Constituição Federal.

14. A jurisdição do TCU alcança, ainda, terceiros que, embora sem vínculo com o serviço público, praticam, juntamente com esses servidores, atos que lesem o patrimônio público, estando, portanto, esses terceiros, sujeitos à tomada de contas especial, em que se quantifiquem os débitos e se individualizem as responsabilidades ou se defina a solidariedade, sem prejuízo da adoção, pelas autoridades ou pelos órgãos competentes, das medidas administrativas, civis e penais cabíveis, nas instâncias próprias e distintas. Entendimento parecido adotou essa Corte no Enunciado nº 186, da sua Súmula de Jurisprudência, com relação ao crime de peculato, onde haja co-autores que não possuem vínculo com o serviço público.

15. Além do mais, resta consignar que o recorrente foi arrolado em razão de constarem nos autos elementos que evidenciam a participação do mesmo na fraude ocorrida na liberação do empréstimo objeto desta TCE, inclusive com recebimento de comissão, conforme pode ser constatado no Relatório do Departamento de Polícia Federal, fls. 06/11 do volume principal, bem como dos documentos constantes de fls. 08/17, fls. 28/51 e das cópias dos cheques de pagamento de comissões, obtidos pelo Departamento de Polícia Federal mediante quebra de sigilo bancário (fls. 115/116 do vol. Principal). Esses documentos comprovam, de maneira irrefutável, a sua culpa e vinculam, de forma objetiva, todos os demais participantes na operação, o que caracteriza conluio de terceiro com agente público que praticou o ato irregular, além de restar comprovado que o

48

Page 49: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

recorrente se locupletou com os recursos subtraídos dos cofres públicos. Portanto não cabe razão ao recorrente no que tange a este item.

16. A conduta irregular do recorrente está bem traçada às fls. 127 do volume principal.17. Argumento: defende neste argumento que não há cabimento a fixação da

responsabilidade solidária, uma vez que seria necessária que a situação se enquadrasse em uma das hipóteses previstas nas alíneas c e d, do inciso III, do art. 16 da Lei 8.443/92, para este estabelecimento. Acrescenta que não é possível dizer que a concessão de financiamento de capital de giro por parte de uma instituição bancária seja ato ilegítimo. E quanto à questão de ser ele antieconômico, a responsabilidade somente pode ser atribuída aos próprios administradores ou a servidores que tenham sido encarregados do estudo de viabilidade econômica do mesmo.

18. Afirma entender que nem mesmo ao contratante se poderia atribuir essa responsabilidade, salvo se tivesse agido fraudulentamente, na apresentação dos elementos integrantes da proposta, pois a ele caberá externar a sua pretensão ao financiamento e à instituição financeira examinar a viabilidade econômica, as garantias oferecidas etc. e indeferir a pretensão, se inviável ou temerária a operação.

19. Acrescenta, ainda, que a outra hipótese de solidariedade é a de desfalque ou desvio de dinheiro, bens ou valores, o que não é o caso, pois se assim fosse considerado não teria que se falar em operação irregular, e sim, em ato criminoso. Assegura que, por outro lado, o dispositivo legal citado deixa patente que a responsabilidade solidária somente pode ser imputada às pessoas mencionadas nas alíneas a e b do parágrafo 2º do art. 16 da Lei Orgânica e o recorrente não praticou qualquer ato, regular ou irregular, na qualidade de agente público, uma vez que não tem, nem tinha essa qualidade.

20. Por fim, assegura que não foi o contratante na operação que deu origem à tomada de contas, pois a contratada aqui foi a empresa Marabá Papel e Embalagens Ltda. Afirma, ainda, que não tem qualquer relação com a empresa e sequer conhece seus sócios ou representantes legais, e, por essa razão, longe está a possibilidade de ser ele considerado terceiro interessado na operação bancária.

21. Assim, diante de tudo que expõe, requer seja o presente recurso conhecido e provido, no sentido de afastar a sua responsabilidade por qualquer dano que tenha sofrido o erário em decorrência da operação que originou a tomada de contas especial.

22. Análise: inicialmente, cabe consignar que a possibilidade de arrolar o recorrente como devedor solidário já foi analisada no item precedente.

23. No que tange à segunda parte do argumento, cabe asseverar que a operação bancária tratada nestes autos longe está de ser considerada um regular e corriqueiro procedimento bancário. Das informações extraídas do Relatório do Departamento de Polícia Federal – Superintendência Regional do Rio de Janeiro, acostado às fls. 06/11 do vol. principal, a empresa Marabá Papel e Embalagens Ltda., por seu dirigente, estando em dificuldades financeiras tomou conhecimento, pelo seu vendedor Vitor Pimentel, que a agência Rio-Metro, do BASA, estava concedendo financiamento, mas que deveria ser pago 15% do valor liberado a título de comissão e que, havendo a concordância, documentos seriam entregues para cadastro junto ao Banco.

24. Constatou, ainda, a Polícia Federal, que houve imediata liberação do empréstimo no valor de Cz$ 12.000.000,00, isto em 04.06.87, e que logo em seguida foi realizado o pagamento de comissão pelo próprio Sr. Pimentel, por intermédio de seis cheques totalizando Cz$ 1.800.000,00, sendo que os cheques foram localizados nas contas dos diversos envolvidos nesta tomada de contas especial conforme demonstrado no relatório (fl. 7 do vol. principal).

25. O relatório da Comissão de Inquérito Administrativo (fls. 28/51, acompanhado dos documentos de fls. 69/116, todos do vol. principal), traz mais detalhes da operação, demonstrando que a mesma foi realizada ao arrepio das normas e de maneira fraudulenta, com a autorização do Sr. Antonio Barreira Pereira, à época Diretor da Carteira de Crédito Geral do BASA, mediante recebimento de 15% do valor liberado a título de comissão, valor este que foi rateado entre os diversos envolvidos na fraude, dentre os quais encontra-se o Sr. Willian Blanco de Abrunhosa Trindade, conforme cheques às fls. 115/116 do vol. principal.

26. Assim, diante dessas informações e considerando que o recorrente não trouxe qualquer elemento que afastasse a presunção de legitimidade das provas acostadas aos autos que,

49

Page 50: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

irrefutavelmente, o relaciona com os fatos apurados nesse processo, depreende-se que não há como ser dado provimento ao recurso.

Análise do expediente do Sr. Guilherme FeldhausI - Admissibilidade27. Constata-se a legitimidade do recorrente, Sr. Guilherme Feldhaus, de acordo com o que

estabelece o art. 33 da Lei nº 8.443/92 e o art. 233 [atual art. 285] do Regimento Interno do TCU.28. Apesar de o recorrente não ter nomidado a sua peça impugnatória como recurso de

reconsideração, deve-se assim recebê-la, haja vista que demonstra, de forma inequívoca, a intenção de recorrer do julgado, sendo que o recurso adequado a que se impugne a decisão proferida nesta espécie de processo é o recurso de reconsideração.

29. O fundamento legal para a admissibilidade do Recurso de Reconsideração encontra-se nos arts. 32 e 33 da Lei Orgânica. A peça recursal apresentada não preenche o requisito da tempestividade, pois foi apresentada 08 dias após o prazo legal, conforme confrontação entre a data do ciente do responsável no AR/MP que acompanha a cópia do ofício de notificação, 20.11.2000 (fl. 45 do vol. 1) e a data constante do protocolo da peça recursal, 13.12.2000 (fl. 55 do vol. 1).

30. Mesmo os argumentos trazidos pelo recorrente de que ‘não foi notificado para apresentar a sua defesa no processo em foco, desconhecendo porque a imputação de solidariedade, que lhe foi feita com os Srs. Augusto Barreira Pereira, Francisco Carmo José Iannuzzi, William Blanco de abrunhosa Trindade, João Carlos Busse e a empresa Marabá Papel e Embalagens Ltda.’ e de que ‘jamais intermediou a apresentação ao Banco citado de qualquer proposta ou cadastro da empresa Marabá, bem como de qualquer outra pessoa, física ou jurídica’, não são fatores que afastariam a necessidade do cumprimento do requisito da tempestividade, visto ser o mesmo dispositivo previsto em lei federal.

31. Quanto à possibilidade de aplicar o princípio do formalismo moderado, entende-se não ser cabível, uma vez que o legislador estabeleceu prazo certo, objetivo, de forma que não permite ao aplicador da norma alterá-lo, ampliando o prazo. Relevar a intempestividade significa, em última instância, dar tratamento diferenciado a pessoas que se encontram na mesma situação jurídica, ferindo o princípio constitucional da isonomia.

32. Também não há superveniência de fatos novos, o que permitiria conhecer do recurso mesmo intempestivo, com base no parágrafo único do art. 32 da Lei 8.443/92.

33. Além destes fatores, cabe asseverar que de nada adiantaria relevar a intempestividade do recurso, pois, da análise efetuada nos argumentos trazidos pelo recorrente, depreende-se que não há como prosperarem, visto que não houve o cerceamento do direito de ampla defesa alegado, pois a natureza jurídica do processo de Tomada de Contas Especial é administrativa e segue regras próprias definidas na Constituição Federal, no Decreto-Lei 200/67, Lei Orgânica do Tribunal de Contas da União e respectivo Regimento Interno. Seguindo esse procedimento houve a tentativa de citação do responsável, por meio do Ofício nº 309/94 - fl. 144 do vol. principal, que foi devolvido pela ECT, em razão de ser o destinatário desconhecido no endereço, razão pela qual foi efetuada a citação por meio do Edital nº 66, de 09.09.1994 – fl. 159 do vol. principal, não tendo o responsável apresentado, na ocasião oportuna, alegações de defesa. Seguindo o processo o trâmite legal (...) houve o Acórdão nº 268/2000-TCU-Plenário (fls. 32/33 do vol. 1) que julgou o mérito das contas, notificado ao responsável por meio do Of. 829/2000 (fl. 46 do vol.1).

33. Não procede, também, o argumento de que jamais intermediou a apresentação ao Banco citado de qualquer proposta ou cadastro da empresa Marabá, bem como de qualquer outra pessoa, física ou jurídica, visto que, a exemplo do que já foi comentado em relação ao argumento semelhante trazido pelo Sr. William Blanco de Abrunhosa Trindade, o recorrente foi arrolado em razão de constar nos autos elementos que evidenciam a participação do mesmo na fraude ocorrida na liberação do empréstimo objeto desta TCE, inclusive com recebimento de comissão, conforme pode ser constatado no Relatório do Departamento de Polícia Federal, fls. 06/11 do volume principal, bem como dos documentos constantes de fls. 08/17, fls. 28/51 e das cópias dos cheques de pagamento de comissões, obtidos pelo Departamento de Polícia Federal mediante quebra de sigilo bancário (fls. 115/116 do vol. Principal). Esses documentos comprovam, de maneira irrefutável, a sua culpa e vinculam, de forma objetiva, todos os demais participantes na operação, o que caracteriza conluio de terceiro com agente público que praticou o ato irregular, além de restar

50

Page 51: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

comprovado que o recorrente se locupletou com os recursos subtraídos dos cofres públicos. Portanto não cabe razão ao recorrente no que tange a este item.

34. A conduta irregular do recorrente está bem traçada às fls. 126 do volume principal”.4.Diante disso, a Analista, com o endosso do Diretor Substituto da 1ª Diretoria Técnica (fl. 30

do vol. 3) e do Secretário Substituto da Serur (fl. 31 do vol. 3), propõe que se conheça do Recurso de Reconsideração apresentado pelo Sr. William Blanco de Abrunhosa Trindade, para, no mérito, negar-lhe provimento, e que não se conheça do Recurso de Reconsideração encaminhado pelo Sr. Guilherme Feldhaus, por não preencher os requisitos admissibilidade previstos no art. 32, parágrafo único, da Lei n. 8.443/1992, dando ciência aos recorrentes da deliberação que vier a ser adotada.

5.O Ministério Público, no parecer de fl. 32 do vol. 3, manifesta-se de acordo.É o relatório.

PROPOSTA DE DECISÃO

Inicialmente, verifico que a presente TCE foi instaurada para apurar irregularidades atinentes à concessão fraudulenta de empréstimo do Banco da Amazônia S. A. – BASA à empresa Marabá Papel e Embalagens Ltda.

2.Mediante o Acórdão 268/2000, este Plenário julgou as presentes contas irregulares e condenou solidariamente em débito os Srs. Augusto Barreira Pereira (ex-Diretor de Crédito Rural do BASA), Guilherme Feldhaus (agenciador), William Blanco de Abrunhosa Trindade (funcionário aposentado do Banco) e João Carlos Busse (ex-Chefe do Setor de Crédito Geral e Gerente Interino da Agência Rio-Metro-Madureira), assim como a empresa Marabá Papel e Embalagens Ltda. A defesa apresentada pelos responsáveis havia sido anteriormente rejeitada pela Decisão Plenária n. 326/1999.

3.Nesta fase processual examinam-se os Recursos de Reconsideração apresentados pelos Srs. William Blanco de Abrunhosa Trindade (fls. 6/8 do vol. 3) e Guilherme Feldhaus (fl. 55 do vol. 1), que foram exaustivamente analisados pela instrução elaborada no âmbito da Serur e transcrita no Relatório supra.

4.No tocante ao Sr. William Blanco de Abrunhosa Trindade, a sua responsabilidade restou patente no Relatório do Departamento de Polícia Federal (fls. 6/11 – vol. principal), que serviu de base para que o Tribunal formasse o seu juízo de mérito acerca destas contas. Os argumentos apresentados pelo referido responsável fundamentados na condição de que é funcionário aposentado pelo BASA não operam efeitos sobre a deliberação recorrida, pois o recorrente foi condenado não pela atuação funcional naquele Banco mas por ter sido “o preposto do Sr. Guilherme Feldhaus no Rio de Janeiro”, controlando “as operações bancárias fraudulentas e dando informações acerca de empresas interessadas em financiamento” (fl. 128).

5.Os demais argumentos do aludido recorrente foram devidamente refutados na instrução da Serur, até mesmo os questionamentos sobre a legitimidade do Tribunal no presente processo, de forma que acompanho a conclusão formulada pela unidade técnica no sentido de conhecer do Recurso de Reconsideração apresentado por esse responsável, para, no mérito, negar-lhe provimento.

6.No tocante ao Sr. Guilherme Feldhaus, o seu expediente recursal mostra-se intempestivo e não traz fatos novos para exame do Tribunal, motivo pelo qual se mostra adequada a proposta da Serur de que não se conheça do referido Recurso de Reconsideração, uma vez que não foram atendidos os requisitos de admissibilidade previstos no parágrafo único do art. 32 e caput do art. 33 da Lei n. 8.443/1992.

7.Ressalte-se, quanto ao teor do expediente apresentado por esse responsável, que não seria capaz de reformar o decisum recorrido. No tocante à alegação de cerceamento de defesa, não pode prosperar, pois o Tribunal procedeu à tentativa de citação por via postal (fl. 144), que não obteve sucesso, promovendo, em seguida, a citação editalícia (fl. 159).

8.Também a sustentação de que não participou das intermediações inquinadas de irregularidade não prosperam, porquanto constam dos autos, à saciedade, provas que atestam a participação do aludido recorrente, como indicou a instrução da Serur (item 33) transcrita no Relatório precedente.

51

Page 52: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

Dessarte, acolho os pareceres e manifesto-me por que seja adotada a deliberação que ora submeto a este Colegiado.

T.C.U., Sala das Sessões, em 9 de julho de 2003.

MARCOS BEMQUERER COSTARelator

ACÓRDÃO Nº 827/2003 – TCU – Plenário

1. Processo TC n. 001.540/1990-4 (c/ 03 volumes).2. Grupo: I, Classe de Assunto: I – Recurso de Reconsideração.3. Entidade: Banco da Amazônia S. A. – BASA.4. Recorrentes: William Blanco de Abrunhosa Trindade, CPF n. 240.151.137-72, e Guilherme

Feldhaus, CPF n. 099.818.107-20.5. Relator: Auditor Marcos Bemquerer Costa.5.1. Relator da deliberação recorrida: Ministro Guilherme Palmeira.6. Representantes do Ministério Público: Drs. Ubaldo Alves Caldas e Marinus Eduardo de

Vries Marsico.7. Unidades Técnicas: Secex/PA e Serur.8. Advogado constituído nos autos: Dr. Almir Trindade, OAB/PA n. 386.

9. Acórdão:VISTOS, relatados e discutidos estes autos de Tomada de Contas Especial instaurada em

decorrência de ilícitos na realização de operações bancárias no âmbito do Banco da Amazônia S. A. – BASA, havendo sido interpostos Recursos de Reconsideração pelos Srs. William Blanco de Abrunhosa Trindade e Guilherme Feldhaus, contra o Acórdão Plenário n. 268/2000, que julgou irregulares as presentes contas e condenou os responsáveis ao recolhimento do débito apurado.

ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão Plenária, ante as razões expostas pelo Relator, em:

9.1 – com fundamento no arts. 32, inciso I, e 33 da Lei n. 8.443/1992, conhecer do Recurso de Reconsideração apresentado pelo Sr. William Blanco de Abrunhosa Trindade, para, no mérito, negar-lhe provimento;

9.2 – não conhecer do Recurso de Reconsideração apresentado pelo Sr. Guilherme Feldhaus, por ser intempestivo, não atendendo aos requisitos de admissibilidade ínsitos no art. 32, parágrafo único, da Lei n. 8.443/1992;

9.3 – dar ciência desta deliberação aos recorrentes.

10. Ata nº 26/2003 – Plenário11. Data da Sessão: 9/7/2003 – Ordinária12. Especificação do quorum:12.1. Ministros presentes: Valmir Campelo (Presidente), Marcos Vinicios Vilaça, Iram

Saraiva, Humberto Guimarães Souto, Adylson Motta, Walton Alencar Rodrigues, Guilherme Palmeira, Benjamin Zymler e o Ministro-Substituto Lincoln Magalhães da Rocha.

12.2. Auditores presentes: Augusto Sherman Cavalcanti e Marcos Bemquerer Costa (Relator).

VALMIR CAMPELOPresidente

MARCOS BEMQUERER COSTARelator

Fui presente:

52

Page 53: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

PAULO SOARES BUGARINProcurador-Geral, em substituição

GRUPO I – CLASSE VII – PlenárioTC 007.191/2003-7Natureza: Solicitação de ParlamentarÓrgão: Câmara dos DeputadosInteressada: Deputada Federal Vanessa Grazziotin

Sumário: Solicitação formulada por Parlamentar para requerer cópia da análise da prestação de contas do Contrato de Gestão celebrado entre a Entidade Bioamazônia e o Ministério do Meio Ambiente. Conhecimento. Remessa de cópia de documentos à solicitante.

RELATÓRIO

Trata-se de solicitação formulada pela Deputada Federal Vanessa Grazziotin para requerer cópia da análise da prestação de contas do Contrato de Gestão celebrado entre a Associação Brasileira para o uso Sustentável da Biodiversidade da Amazônia - Bioamazônia e o Ministério do Meio Ambiente, com os pareceres que lhe subsidiam. O pleito foi encaminhado a este Tribunal pelo Presidente da Câmara dos Deputados, Deputado Federal João Paulo Cunha.

Por intermédio do Aviso n.o 434 – GP/TCU, de 25.4.2003, fls. 4, o Exmo. Ministro Presidente, Valmir Campelo, comunicou ao Presidente da Câmara dos Deputados o encaminhamento do pleito a meu Gabinete, para as considerações pertinentes.

Análise conduzida na Secex-AM identificou a tramitação dos seguintes processos concernentes à Associação Brasileira para o uso Sustentável da Biodiversidade da Amazônia nesta Casa:

1) TC 008.894/2001-5, prestação de contas do exercício de 1999, julgada regular com ressalvas, conforme Relação n.o 38/2001, de 14.8.2001, Ata n.o 29/2001;

2) TC 008.893/2001-8, prestação de contas do exercício de 2000, julgada regular com ressalvas, conforme Acórdãoo 111/2003 da Primeira Câmara, Relação n.o 4/2003, Ata n.o 3/2003;

3) TC 014.164/2002-1, prestação de contas simplificada do exercício de 2001, ainda não apreciada.

4) TC 010.334/1999-8, representação decorrente da omissão do dever de prestar contas, relativa ao exercício de 1998, encerrada por despacho do Ministro-Relator ante a não formalização de contrato de gestão naquele exercício;

5) TC 008.342/2000-3, representação formulada pela Secex/AM acerca de irregularidades no Acordo firmado entre a Bioamazônia e a empresa suíça NOVARTIS, julgada procedente, conforme Decisão 368/2000 da Segunda Câmara, Ata n.o 28/2002, tendo sido determinado ao Ministério do Meio Ambiente que adotasse providências no sentido de manter um controle mais eficiente do Contrato de Gestão firmado com a Bioamazônia, criando para tanto mecanismos que garantissem a sua participação nas discussões que envolvessem acordos sobre bioprospecção que viessem a ser firmados no referido contrato.

A proposta consignada pela Analista, acolhida por sua Diretora e Secretária, foi no sentido de que fossem encaminhadas, à Câmara dos Deputados, cópias das decisões mencionadas e de seus respectivos relatórios e votos, destacando que o Tribunal ainda não apreciara, no mérito, as contas referentes ao exercício de 2001, e que tão logo ocorresse a deliberação pertinente, seria ela enviada àquela Casa.

É o relatório

VOTO

53

Page 54: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

Em se tratando de solicitações de informação formuladas por parlamentares, saliento que o Plenário desta Corte, quando da discussão do Processo TC 009.580/1999-9, da Relatoria do Ministro Walton Alencar Rodrigues, estabeleceu o seguinte Entendimento com Caráter Normativo, Ata n.o 17, de 2 de maio de 2001:

“1. O pedido de vista de processo em andamento formulado por Parlamentar, individualmente, será deferido pelo Relator, em seu Gabinete, vedada a autorização para concessão de cópia de peças dos autos;

2. O pedido de cópia de peças processuais ou de cópia de relatório de auditoria ou de inspeção referentes a processos em andamento, somente será deferido pelo Plenário do Tribunal de Contas da União se aprovado pelas Casas do Congresso Nacional ou por suas Comissões Técnicas (art. 71, inciso VII, da Constituição Federal);

3. O pedido de informações de caráter geral será feito formalmente pelo Parlamentar, individualmente, e deverá ser autorizado pelo Plenário do Tribunal de Contas da União, negando-se quando se tratar de autos com a chancela de sigiloso.”

O Regimento Interno deste Tribunal estabelece, em seu art. 232, incisos I a III, que são competentes para solicitar informações ao TCU os presidentes do Senado Federal, da Câmara dos Deputados e das comissões do Congresso Nacional, do Senado Federal ou da Câmara dos Deputados, quando por aquelas aprovadas.

Observo que a demanda de Sua Excelência, Deputada Vanessa Grazziotin, não se enquadra na previsão constante dos mencionados dispositivos. O encaminhamento feito pelo Presidente da Casa deu-se por força de atribuição do cargo – Regimento Interno da Câmara dos Deputados, art. 17, inciso VI, alínea n –, medida insuficiente para caracterizar a demanda como solicitação daquele Presidente, hipótese em que poderia ser atendida em seus exatos termos, exceto para processos em andamento, que exigem aprovação do pedido pela Casa Parlamentar ou por uma de suas Comissões Técnicas.

Não obstante, observando não recair sobre os autos chancela de sigiloso, entendo que o pleito da nobre Deputada possa ser atendido nos termos do art. 47, inciso V, da Resolução TCU n.o

136/2000, que dispõe serem os membros do Congresso Nacional competentes para solicitar informações ao Tribunal de Contas da União.

Diante do exposto, voto no sentido de que o Tribunal adote o Acórdão que submeto ao descortino deste Plenário.

TCU, Sala das Sessões Ministro Luciano Brandão Alves de Souza, em 9 de julho de 2003.

HUMBERTO GUIMARÃES SOUTORelator

ACÓRDÃO Nº 828/2003-TCU – Plenário

1. Processo n.o TC 007.191/2003-72. Grupo I – Classe de assunto: VII – Solicitação3. Interessada: Deputada Federal Vanessa Grazziotin4. Órgão: Câmara dos Deputados5. Relator: Ministro Humberto Guimarães Souto6. Representante do Ministério Público: não atuou7. Unidade técnica: Secex-AM8. Advogado constituído nos autos: não consta

9. Acórdão:

54

Page 55: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

VISTOS, relatados e discutidos estes autos da solicitação formulada pela Deputada Federal Vanessa Grazziotin para requerer cópia de análise de prestação de contas do Contrato de Gestão celebrado entre a Associação Brasileira para o uso Sustentável da Biodiversidade da Amazônia - Bioamazônia e o Ministério do Meio Ambiente;

ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão Plenária, diante das razões expostas pelo Relator, em:

9.1. conhecer da presente Solicitação, com fulcro no art. 47, inciso V, da Resolução n.o

136/2000, para determinar à Secex-AM que consolide o levantamento das cópias das decisões, seus respectivos relatórios e votos, relativas aos TCs 008.342/2000-3, 008.894/2001-5, 008.893/2001-8 e 010.334/1999-8 e encaminhe à interessada, juntamente com cópia do relatório e voto deste Acórdão, esclarecendo-lhe que a deliberação final acerca do TC 014.164/2002-1, que abriga a prestação de contas do exercício de 2001 da Bioamazônia, ser-lhe-á remetida tão logo seja proferida.

9.2. arquivar o presente processo.

10. Ata nº 26/2003 – Plenário11. Data da Sessão: 9/7/2003 – Ordinária12. Especificação do quorum:12.1. Ministros presentes: Valmir Campelo (Presidente), Marcos Vinicios Vilaça, Iram

Saraiva, Humberto Guimarães Souto (Relator), Adylson Motta, Walton Alencar Rodrigues, Guilherme Palmeira, Benjamin Zymler e o Ministro-Substituto Lincoln Magalhães da Rocha

12.2. Auditores presentes: Augusto Sherman Cavalcanti e Marcos Bemquerer Costa.

VALMIR CAMPELOPresidente

HUMBERTO GUIMARÃES SOUTOMinistro-Relator

Fui presente:

PAULO SOARES BUGARINProcurador-Geral, em substituição

Grupo I - Classe II – PlenárioTC 010.015/2003-1.Natureza: Solicitação .Entidade: Município de Cajazeiras/PB.Interessado: Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara dos Deputados.Sumário: Solicitação do Congresso Nacional. Preenchimento dos requisitos de

admissibilidade para a espécie. Autorização de que seja realizada inspeção nas obras de construção de barragem de terra no município de Cajazeiras/PB. Comunicação à Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara dos Deputados.

Transcrevo, em seguida, instrução do Sr. Analista Raimundo Nonato Soares de Araújo:

“I - HISTÓRICOCuidam os autos de solicitação formulada pelos Excelentíssimos Senhores Deputados

Federais Luís Couto e Orlando Fantazzini, por meio do requerimento nº 66, de 20/05/2003 (fl. 03), encaminhada pelo Excelentíssimo Senhor Deputado Federal Simão Sessim, Presidente da Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara dos Deputados, no sentido de que esta Corte de Contas promova auditoria operacional, financeira e contábil nas obras de construção da barragem de terra denominada "Bartolomeu II", no município de Cajazeiras, com vistas ao esclarecimento das seguintes questões:

55

Page 56: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

a) se a obra obedece ao projeto técnico original e ao princípio da economicidade;b) se há um levantamento e quantitativo dos gastos da obra;c) se o ritmo de implantação do projeto é compatível com os recursos liberados;d) quais foram os valores transferidos pelos Governos Federal e Municipal para o projeto;e) se é possível estimar os recursos necessários para a realização da referida obra.2.Informa o Ilustre Parlamentar que para a construção da dita obra foi realizada uma

licitação pela Prefeitura Municipal de Cajazeiras, tendo como origem dos recursos o convênio 364/2001, celebrado com a Secretaria de Infra-Estrutura Hídrica do Ministério da Integração Nacional, no valor de R$ 1.490.295,00.

3.Salienta que nenhuma obra de igual porte exigiria recursos dessa magnitude para a sua construção.

4.Por fim, dá conta que a população local sinaliza com a possibilidade de indícios de superfaturamento, dado o alto valor envolvido.

II- EXAME5.Preliminarmente, cabe salientar que a presente solicitação encontra respaldo no inciso IV

do art. 71 da Constituição Federal e no inciso I do art. 38 da Lei nº 8443/92.6.No âmbito deste Tribunal, o art. 232 do Regimento Interno estabelece a condição

necessária para o deferimento de solicitações nesse sentido, in verbis:"Art. 232. Nos termos dos incisos IV e VII do art. 71 e § 1º do art. 72 da Constituição

Federal, são competentes para solicitar ao Tribunal a prestação de informações e a realização de auditorias e inspeções:

I – Presidente do Senado Federal;II – Presidente da Câmara dos Deputados; eIII – presidentes de comissões do Congresso Nacional, do Senado Federal ou da Câmara

dos Deputados, quando por aquelas aprovadas." (grifei)7.No caso específico, verifica-se que o requerimento em causa foi aprovado pela comissão

competente, consoante se observa do Ofício nº 137, de 29/05/2003 (fl. 01), atendendo, assim, ao pressuposto ali estabelecido.

8.As solicitações oriundas do Congresso Nacional, de qualquer de suas casas ou das respectivas comissões, à luz do art. 231 do Regimento Interno, são apreciadas pelo Tribunal em caráter de urgência, merecendo, portanto, resposta imediata desta Corte.

Verbis:"Art. 231. O Tribunal apreciará, em caráter de urgência, os pedidos de informação e as

solicitações previstas nos incisos II a V do art. 1º, que lhe forem endereçados pelo Congresso Nacional, por qualquer de suas casas ou pelas respectivas comissões." (grifei)

9.A modalidade de fiscalização "auditoria", na forma em que se encontra no Regimento Interno (art. 233), requer a sua inclusão no plano de fiscalização do Tribunal, o que demandaria perda de tempo para o atendimento da solicitação, refugindo, assim, ao preceito estabelecido no referido art. 231 retro.

10.Outro ponto importante que conduz ao caminho da inspeção é que as questões que seriam objeto da auditoria são pontuais induzindo à conclusão de que poderiam ser perfeitamente atendidas e respondidas mediante a realização de inspeção, adequando-se, assim, às mais recentes decisões desta Corte (Decisão 405/2002 - Plenário e Acórdão 579/2003 - Plenário).

11.Dada a necessidade de delinear o escopo da fiscalização a ser implementada, pesquisas foram realizadas no Sistema de Administração Financeira do Governo Federal - SIAFI e no sítio da Secretaria Federal de Controle Interno na internet as quais indicaram que o convênio 364/2001-MI - siafi nº 448896 (fls. 07 a 12), celebrado entre o Ministério da Integração Nacional e a Prefeitura Municipal de Cajazeiras, importa em R$ 2.053.493,69, cujo valor já foi totalmente liberado pelo órgão convenente ao conveniado (fls. 07, 11 e 12). Outro ponto que o dito material permite aferir é que o valor da contrapartida acordada importa em R$ 205.349,40 (fl. 07).

12.Através dos ditos documentos constata-se, ainda, que a vigência do convênio expirou em 10/01/2003 (fls. 07 e 08), estando o mesmo na condição "A COMPROVAR", indicando que a prestação de contas ainda não foi apresentada ao repassador (fls. 12).

56

Page 57: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

13.Três outros pontos importantes que ainda merecem destaque são: a) o fato de não existir denúncia registrada nesta Secretaria acerca da obra mencionada; b) ausência de previsão de fiscalização integrante do plano de auditorias para o presente exercício; c) inexistência de notícias oriundas do Controle Interno dando conta da realização de trabalho envolvendo o empreendimento indicado.

III - CONCLUSÃO14.Esta Corte, anualmente, realiza auditorias em obras previamente selecionadas com base

em, no mínimo, três pontos importantes, quais sejam: materialidade, risco e relevância e importância socioeconômica. Leva em conta, ainda, a existência de denúncias e/ou notícias sobre possíveis irregularidades na execução dos recursos. Em relação à materialidade, as auditorias deste ano envolveram 36 Programas de Trabalho de valor inferior a R$ 1.000.000,00. Tal colocação objetiva demonstrar, além da importância e relevância da origem da solicitação ora em exame, que o valor envolvido no presente processo enquadra-se perfeitamente dentre os critérios estabelecidos no Acórdão 171/2003 - TCU - Plenário.

15.Assim, considerando que o Tribunal de Contas da União tem se posicionado ultimamente no sentido de que o atendimento a solicitações do gênero seja materializado mediante a realização de inspeção (Decisão 405/2002 - Plenário e Acórdão 579/2003 - Plenário), dada a urgência da matéria, conclui-se que é perfeitamente possível a realização da fiscalização solicitada sob a modalidade "Inspeção", sugerindo-se a seguinte programação:

Equipe: 02 AnalistasPlanejamento: 10 dias úteisExecução:05 dias úteisRelatório:07 dias úteis16.O planejamento de 10 (dez) dias obedeceria ao seguinte cronograma: a) 03 (três) dias

destinados a solicitação de documentos junto à Prefeitura Municipal de Cajazeiras e ao órgão repassador, este último se for o caso, para exame preliminar em João Pessoa e; b) 07 (sete) dias para exame do material solicitado, com vistas a subsidiar a execução dos trabalhos de campo.

IV - PROPOSTA DE ENCAMINHAMENTO17.Ante o exposto, submeto os autos à consideração superior, propondo que:

a) se conheça da solicitação, por preencher os requisitos previstos nos incisos IV, do art. 71 da Constituição Federal, e I, do art. 38 da Lei nº 8443/92;

b) seja autorizada a realização de inspeção nas obras de construção da barragem de terra denominada "Bartolomeu II", no município de Cajazeiras - PB, nos recursos financeiros oriundos do Ministério da Integração Nacional (convênio 364/2001 - MI - siafi nº 448896), na forma de planejamento proposta nos itens 15 e 16 acima, com vistas ao exame e esclarecimento dos seguintes pontos:

b1) exame da legalidade do procedimento licitatório, bem como dos documentos de despesa pertinentes ao convênio objeto da presente solicitação;

b2) verificar se a obra obedece ao projeto técnico original e ao princípio da economicidade;b3) verificar se há um levantamento e quantitativo dos gastos da obra;b4) verificar se o ritmo de implantação do projeto é compatível com os recursos liberados;b5) verificar quais foram os valores transferidos pelos Governos Federal e Municipal para o

projeto;b6) verificar se é possível estimar os recursos necessários para a realização da referida

obra;c) seja encaminhada ao Sr. Presidente da Comissão de Fiscalização Financeira e Controle

da Câmara dos Deputados, bem como aos Ilustres Deputados Federais Luiz Couto e Orlando Fantazzini, cópia do Acórdão que vier a ser adotado pelo Tribunal, acompanhado dos respectivos Relatório e Voto que o fundamentarem.”

2.O Sr. Diretor Ronaldo Saldanha Honorato assim se manifestou:

57

Page 58: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

“Posiciono-me de acordo com a proposta de encaminhamento do Sr. Analista, no sentido de que se conheça da presente solicitação, para determinar a realização de inspeção nas obras de construção da barragem de terra "Bartolomeu II", no Município de Cajazeiras – PB, dando conhecimento aos interessados do Acórdão que vier a ser adotado pelo Tribunal, acompanhado dos respectivos Relatório e Voto que o fundamentarem.

2.De fato, o instrumento de fiscalização adequado ao presente caso é a inspeção, e não, auditoria. Conforme já foi dito pelo Sr. Analista, no item 8 de sua instrução, “as solicitações oriundas do Congresso Nacional, de qualquer de suas casas ou das respectivas comissões, à luz do art. 231 do Regimento Interno, são apreciadas pelo Tribunal em caráter de urgência, merecendo, portanto, resposta imediata desta Corte”.

2.1O art. 233 do Regimento Interno estabelece que “se a solicitação implicar a realização de auditoria, o relator submeterá à deliberação do Plenário sua inclusão no plano de fiscalização do Tribunal”. O plano de fiscalização do Tribunal para o 2º semestre de 2003 está na iminência de ser aprovado pelo Plenário. A realização da sessão de caráter reservado para a aprovação do plano de fiscalização está prevista para o próximo dia 25 de junho. Sendo assim, não há tempo hábil para inclusão da fiscalização objeto da presente solicitação no referido plano. A opção de inclusão da fiscalização em foco no plano de fiscalização para o 1º semestre de 2004 não se coaduna com a urgência determinada pelo art. 231 supracitado. Sendo assim, nestes casos, conforme jurisprudência citada pelo Sr. Analista informante (item 10 da instrução), o Tribunal vem optando pela realização de inspeção, que independe de programação (art. 244, § 2º, do RI/TCU).

3.Entendo pertinente, entretanto, tecer algumas considerações acerca do trâmite processual a ser adotado no presente caso.

3.1O presente processo trata de solicitação do Congresso Nacional. Sendo assim, entendo que o processo deve ter por escopo a solicitação em questão, no presente caso, a realização de procedimento de fiscalização, com vista a que se esclareçam as questões suscitadas no expediente de fl. 3, e não, eventuais desdobramentos desse procedimento de fiscalização.

3.2Por essa razão, entendo que o relatório de inspeção deva constituir processo independente, com tramitação em separado. A inspeção pode ter desdobramentos que não se relacionam com o escopo da solicitação da Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara dos Deputados.

3.3Com a realização da inspeção e a comunicação dos seus resultados à Comissão solicitante, o presente processo cumpriu o objetivo para o qual foi constituído, devendo ser encerrado. Se, como resultado da fiscalização, houve a imputação de débito ou cominação de multa a algum gestor, e este ingressa com algum recurso, a apreciação deste deverá ocorrer no processo devido, ou seja, no processo de Relatório de Inspeção. Entendo não ser correto existir um processo de solicitação do Congresso Nacional, cuja solicitação já foi atendida, aberto, e mais, em grau de recurso, onde a questão controversa não se relaciona com a solicitação em si, o que ocorreria caso o relatório de inspeção e todos os seus desdobramentos se dessem nos próprios autos do processo de solicitação do Congresso Nacional.

3.4A tramitação em separado, entretanto, suscita duas preocupações: a de que, ao novo processo constituído de Relatório de Inspeção, não se atribua o caráter de urgência de que se reveste as solicitações do Congresso Nacional; e a possibilidade de que se caia em esquecimento a necessidade de se comunicar ao solicitante o resultado do trabalho de fiscalização. Essas preocupações podem ser suprimidas com o sobrestamento do presente processo, até que o novo processo constituído de Relatório de Inspeção seja julgado no mérito. Não estando o presente processo encerrado, caberá a esta SECEX, unidade técnica interessada, o contínuo acompanhamento do novo processo constituído de Relatório de Inspeção, dando a ele o caráter de urgência requerido, podendo, inclusive, ser-lhe, desde logo, atribuído o caráter de urgência, nos termos do art. 159, inciso IX, do Regimento Interno do TCU. Além disso, antes do encerramento do processo de solicitação do Congresso Nacional, fatalmente será observado se foi realizada a comunicação ao solicitante. Destaca-se que o sobrestamento deve ocorrer até o julgamento do mérito, e não, a seu trânsito em julgado. Com o julgamento do mérito e a comunicação dos resultados da fiscalização à Comissão solicitante, o presente processo cumpriu o objetivo para o qual foi constituído, devendo ser encerrado. Se houver a interposição de recurso, a questão será

58

Page 59: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

tratada no processo devido, de Relatório de Inspeção, não interferindo na solicitação do Congresso Nacional, que já foi devidamente atendida e, por isso, encerrada.

3.5Ante o exposto, submeto o presente processo à consideração superior, propondo, em aditamento à instrução do Sr. Analista:

a) conhecer da presente solicitação, por preencher os requisitos previstos no art. 71, inciso IV, da Constituição Federal, no art. 38, inciso I, da Lei nº 8443/92 e no art. 232, caput e inciso III, do Regimento Interno do TCU;

b) determinar à SECEX-PB a realização de inspeção, constituindo novo processo, com caráter de urgência, nos termos do art. 159, inciso IX, do Regimento Interno do TCU, nas obras de construção da barragem de terra "Bartolomeu II", no Município de Cajazeiras/PB, objeto do Convênio nº 364/2001 - MI (SIAFI nº 448896), celebrado entre o Ministério da Integração Nacional e a referida municipalidade, conforme planejamento proposto nos itens 15 e 16 da instrução do Sr. Analista (fl. 15), com vista a:

b.1.examinar a legalidade do procedimento licitatório, bem como dos documentos de despesas pertinentes ao convênio objeto da presente solicitação;

b.2.verificar se a obra obedece ao projeto técnico original e ao princípio da economicidade;b.3.verificar se há um levantamento e quantitativo dos gastos da obra;b.4.verificar se o ritmo de implantação do projeto é compatível com os recursos liberados;b.5.verificar quais foram os valores transferidos pelos Governos Federal e Municipal para o

projeto;b.6.verificar se é possível estimar os recursos necessários para a realização da referida obra;c) encaminhar ao Exmo. Sr. Presidente da Comissão de Fiscalização Financeira e Controle

da Câmara dos Deputados, bem como aos Exmos. Srs. Deputados Federais Luiz Couto e Orlando Fantazzini, cópia do Acórdão que vier a ser adotado pelo Tribunal, acompanhado dos respectivos Relatório e Voto que o fundamentarem, comunicando, ainda, que, tão logo este Tribunal aprecie o resultado da fiscalização determinada acima, ser-lhe-ão enviados os respectivos resultados;

d) sobrestar o presente processo até o julgamento de mérito do processo de Relatório de Inspeção a ser constituído em razão da fiscalização determinada acima.”

3.O Sr. Secretário pôs-se de acordo com a proposta de encaminhamento do Sr. Diretor.É o Relatório.

VOTO

Manifesto minha anuência à proposta da Unidade Técnica, no sentido de que seja efetuada inspeção no município de Cajazeiras/PB, com intuito de fornecer as informações solicitadas pela Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara dos Deputados e verificar outros aspectos que se revelarem pertinentes, como por exemplo os relativos ao procedimento licitatório que precedeu à celebração de contrato para a realização da obra.

2.Considero que se deva examinar, também, se foram observadas as cláusulas constantes da IN nº 01/97 – STN, quando da celebração do Convênio nº 364/2001, entre o referido município e a Secretaria de Infra-Estrutura Hídrica do Ministério da Integração Nacional. Tenho observado que é freqüente a ocorrência de dano ao erário em razão de insatisfatória atuação do órgão concedente, que deixa observar normas da referida instrução normativa, em especial a que exige prévia elaboração de Projeto Básico para que seja celebrado convênio, a seguir reproduzida:

“Art. 2º. O convênio será proposto pelo interessado ao titular do Ministério, órgão ou entidade responsável pelo programa, mediante a apresentação do Plano de Trabalho (Anexo I), que conterá, no mínimo, as seguintes informações:

(...)§ 1º. Integrará o Plano de Trabalho a especificação completa do bem a ser produzido ou

adquirido e, no caso de obras, instalações ou serviços, o projeto básico, entendido como tal o conjunto de elementos necessários e suficientes para caracterizar, de modo preciso, a obra,

59

Page 60: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

instalação ou serviço objeto do convênio, sua viabilidade técnica, custo, fases, ou etapas e prazos de execução, devendo conter os elementos discriminados no inciso IX do art. 6º da Lei nº 9.666/93, de 21 de junho de 1993.”

3.Entendo, ainda, que não há necessidade de constituição de novo processo para exame dos achados que vierem a ser obtidos no curso da referida inspeção. Exatamente porque é possível depreender da requisição efetuada pela referida Comissão o interesse pela obtenção de quaisquer informações de relevo atinentes à obra sob exame e não exclusivamente aquelas explicitadas no respectivo ofício de solicitação. Caberá, pois, a este Tribunal, com a brevidade possível e na medida em que forem proferidas deliberações no bojo deste processo, informar tais resultados àquela Comissão.

Ante o exposto, Voto por que o Tribunal adote a Decisão que ora submeto ao Plenário.

TCU, Sala das Sessões, em 9 de julho de 2003.

BENJAMIN ZYMLERRelator

ACÓRDÃO Nº 829/2003 - TCU - Plenário

1. Processo nº 010.015/2003-12. Grupo I - Classe de Assunto: II – Solicitação do Congresso Nacional.3. Interessada: Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara dos Deputados.4. Entidade: Município de Cajazeiras/PB.5. Relator: Ministro Benjamin Zymler.6. Representante do Ministério Público: não atuou7. Unidade Técnica: SECEX/PB.8. Advogado constituído nos autos: não há

9. Acórdão:VISTOS, relatados e discutidos estes autos de solicitação de realização de auditoria nas obras

de construção de barrragem de terra que se desenvolvem no município de Cajazeiras, efetuada pela Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara dos Deputados, os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão Plenária, ACÓRDAM em:

9.1 – conhecer a presente solicitação, por preencher os requisitos previstos nos incisos IV do art. 71 da Constituição Federal e no inciso I do art. 38 da Lei nº 8443/92;

9.2 - autorizar a realização de inspeção, em caráter de urgência, com observância do cronograma proposto pelo Sr. Analista (item 15 e 16 de sua instrução transcrita no Relatório supra), nas obras de construção da barragem de terra denominada "Bartolomeu II", no município de Cajazeiras - PB, que deverá englobar também o fluxo de recursos financeiros oriundos do Ministério da Integração Nacional (convênio 364/2001 - MI - siafi nº 448896), com intuito de verificar os seguintes aspectos:

9.2.1 - observância dos dispositivos contidos na IN nº 01/97 – STN, quando da celebração do Convênio nº 364/2001, entre o referido município e a Secretaria de Infra-estrutura Hídrica do Ministério da Integração Nacional, em especial aquele reproduzido no item 2 do Voto que serve de fundamento para o presente Acórdão;

9.2.2 - legalidade do procedimento licitatório,9.2.3 – regularidade da documentação de despesa relativa ao convênio objeto da presente

solicitação;9.2.4 - observância ao projeto técnico original e ao princípio da economicidade;9.2.5 - existência de levantamento de quantitativos e de gastos da obra;9.2.6 - compatibilidade entre o ritmo de implantação do projeto é o fluxo de recursos

financeiros;

60

Page 61: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

9.2.7 - montante de recursos transferidos pela União e pelo Município para o projeto;9.2.8 - se há possibilidade de estimar os recursos necessários para a realização da referida

obra;9.3 – informar à Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara dos Deputados

que as informações requeridas e outras obtidas por meio da inspeção ora autorizada serão a ela encaminhadas, na medida em que o Tribunal proferir deliberações no âmbito do presente feito; e

9.4 - encaminhar ao Sr. Presidente da Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara dos Deputados, bem como aos Deputados Federais Luiz Couto e Orlando Fantazzini, cópia do presente Acórdão, assim como do Relatório e Voto que o fundamentam.

10. Ata nº 26/2003 – Plenário11. Data da Sessão: 9/7/2003 – Ordinária12. Especificação do quorum:12.1. Ministros presentes: Valmir Campelo (Presidente), Marcos Vinicios Vilaça, Iram

Saraiva, Humberto Guimarães Souto, Adylson Motta, Walton Alencar Rodrigues, Guilherme Palmeira, Benjamin Zymler (Relator) e o Ministro-Substituto Lincoln Magalhães da Rocha

12.2. Auditores presentes: Augusto Sherman Cavalcanti e Marcos Bemquerer Costa.

VALMIR CAMPELOPresidente

BENJAMIN ZYMLERMinistro-Relator

Fui presente:

PAULO SOARES BUGARINProcurador-Geral, em substituição

GRUPO I – CLASSE II – PLENÁRIO

TC–006.800/2003-6Natureza: Solicitação do Congresso NacionalEntidade: Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social – BNDESInteressada: Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara dos Deputados

Sumário: Solicitação da Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara dos Deputados. Operações e contratos de financiamento deferidos pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social – BNDES à empresa Chapecó Companhia Industrial de Alimentos (Frigorífico Chapecó) – CNPJ nº 82.949.371/0001-89, sob controle acionário do Grupo Macri. Matéria sob apreciação nos autos do TC–006.164/2003-5. Diligências ao BNDES. Juntada destes autos ao processo retrocitado. Cópia desta decisão à Comissão solcitante.

RELATÓRIO

Adoto, como Relatório, a instrução procedida no âmbito da 5ª Secex (fls. 06 a 16):

“Em exame solicitação feita pela Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara dos Deputados por intermédio do Ofício nº 41/03-CFC, de 08.04.2003 (fls. 01), por meio do qual membros do Congresso Nacional solicitaram deste Tribunal o exame do processo, das operações e dos contratos de financiamento deferidos pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social – BNDES para saneamento da Empresa Chapecó Companhia Industrial de Alimentos – Frigorífico Chapecó – CNPJ Nº 82.949.371/0001-89, sob gestão do Grupo Argentino Macri.

61

Page 62: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

2.Conforme Despacho do Excelentíssimo Senhor Presidente deste Tribunal, em 30.04.2003, o processo foi autuado na Segecex em 07.05.2003 e encaminhado a esta Unidade Técnica para as providências pertinentes (fl. 04).

3. A propósito, deve-se registrar que esta Secretaria já vem acompanhando o assunto no processo TC–0006.164/2003-5-Sigiloso (c/19 volumes), oriundo de Representação desta Unidade Técnica, por meio da qual foram feitas diligências ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), objetivando apurar os fatos denunciados pela imprensa sobre possível favorecimento do Banco ao Grupo Argentino Macri.

4. Em atenção às diligências procedidas naqueles autos, o BNDES enviou a documentação requisitada, distribuída em 19 volumes, assim discriminados:

- Volume 1Quadro Resumo da Situação Atual dos contratos ativos do BNDES e respectivos instrumentos

contratuais (Posição em 22/03/2001).- Volumes 2 e 3Análise de risco das operações e classificação do grau de risco atribuída ao financiado pelo

Departamento de Crédito (Decred), bem como de outras Áreas, e cópia das respectivas Notas Técnicas, Informações Padronizadas, etc.

Pareceres, Notas Técnicas e/ou Informações Padronizadas do Departamento de Recuperação de Créditos (Derec), quanto às operações contratadas.

Todos os Pareceres, Notas Técnicas e Informações Padronizadas produzidas pelo AO1/DEPAN5 e de outras Áreas.

Relatórios, Pareceres e Informações Padronizadas existentes sobre as operações de financiamento constantes dos dossiês.

- Volumes 4 e 5Nota Técnica AT-042/2000 V-2, Composição Acionária do Grupo Chapecó, Pareceres dos

Comitês de Caixa, de Crédito, de Mercado de Capitais (até maio de 1999) e da Diretoria da BNDESPAR (após 1999), e seus anexos.

Decisões da Diretoria do BNDES, atas das reuniões relacionadas aos financiamentos, renegociações e respectivos anexos e pareceres da Diretoria da BNDESPAR.

- Volume 6Cópia do contrato nº 287.1/25/95 – Contrato Particular de Compra e Venda e Valores

Mobiliários de Emissão da S/A Industria e Comércio Chapecó, Celebrado entre BNDESPAR, Plínio Davi de Nes Filho e M.B. Negócios e Participações Ltda.

- Volumes 7, 8, 9, 10 e 11Relação e cópias de contratos financiados às empresas do Grupo Chapecó por intermédio de

Agentes financeiros credenciados nas linhas/programas Finame, AUTOMÁTICO e BNDES AUTOMÁTICO.

- Volumes 12 a 19Extratos de conta-corrente, acordo de credores e seus aditivos, demonstrativos contábeis e

pareceres de auditoria externa, cópias de carta de fiança e de comprovantes de caução de ações adquiridas e de outros documentos.

5. De posse da documentação apresentada, foi iniciada uma análise das operações, de forma detalhada, visando o exame da regularidade das operações lastreadas em recursos públicos, em especial os do Fundo de Amparo do Trabalhador – FAT.

6 Para facilitar o estudo, dividiu-se a atuação do Banco junto ao Grupo Chapecó em duas fases: a primeira, relacionando os financiamentos de U$ 51 milhões objeto de denúncias na imprensa na fase de preparação da venda do controle acionário; a segunda, englobando as operações realizadas concomitante à mudança do controle acionário, à reestruturação de débitos e outras concessões financeiras posteriores.

7. De início se faz oportuno registrar que o Grupo Chapecó era formado pelas empresas abaixo relacionadas e que todas receberam aportes financeiros do Sistema BNDES no período examinado:

- Chapecó Companhia Industrial de Alimentos – CCIA (Empresa Agro-industrial);

62

Page 63: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

- S/A Indústria e Comércio Chapecó –SAIC (Holding do Grupo);- Chapecó Empreendimentos Ltda. (Incorporada pela Chapecó Companhia Industrial de

Alimentos, em 05.02.2001, com efeitos a partir de 31/12/2000.PRIMEIRA FASE DO APOIO FINANCEIRO8. No período de 16.04.97 a 18.01.98 o BNDES, por intermédio de sua Subsidiária Agência

Especial de Financiamento de Máquinas Industriais – Finame, realizou quatro operações de capital de giro destinadas à produção e posterior exportação de carne de frango, de suínos e de seus derivados às empresas do Grupo Chapecó, no valor global de US$ 51 milhões, com recursos do Fundo do Amparo ao Trabalhador -FAT, ao amparo do Programa Finamex Pré-Embarque e Pré-Embarque Especial, sendo US$ 40 milhões, em 16.04.97, à empresa Chapecó Companhia Industrial de Alimentos (CCIA) e US$ 11 milhões, em caráter suplementar, à Holding do Grupo – S/A Indústria e Comércio Chapecó (SAIC), – divididos em três créditos adicionais: US$ 4 milhões, US$ 3 milhões e US$ 4 milhões, em 10.10.97, 30.12.97 e 18.01.98, respectivamente.

9.Verifica-se que os estudos formalizados por técnicos do BNDES e da Finame, especificamente na operação de US$ 40 milhões, alertavam que as normas operacionais do Programa Finamex-Pré-embarque não amparavam o financiamento pretendido à produção e à exportação da carne de frango, de suínos e derivados, por falta de enquadramento em qualquer das modalidades: Pré-Embarque, Pós-embarque ou Risco Exportador. Também o conceito dos dirigentes da Chapecó continham sérias restrições cadastrais, inclusive inadimplemento de obrigações das empresas e dos sócios junto ao BNDES e à sua Subsidiária BNDES Participações S/A – BNDESPAR, além de péssimos indicadores econômicos-financeiros e da situação pré-falimentar do Grupo, entre outras restrições, sinalizando, assim, o alto risco a que a operação estava sujeita.

10. Apesar dessas considerações constantes das Informações Padronizadas IP Finame 001-97, IP 002-97-Finame-AO1-AC-AJ e IP 003-97-Finame-AO1-AC-AJ, de 05.02.97, 20/02/97 e 02/04/97, respectivamente (fls. 205/221, vol. 2, TC–006.164/2003-5-Sigiloso), a Diretoria do BNDES resolveu aprovar a operação mesmo em condições adversas, operação essa hoje equivalente a cerca de R$ 120 milhões, apenas com garantias pessoais do então dirigente Plínio David Nes Filho e esposa, conforme Decisão nº 40/97-BNDES (fls. 70 a 77, vol. 5, TC–006.164/2003-5-Sigiloso), com as alterações das Dir. nº 055/97-BNDES e Dir. n° 115/97-BNDES, de 06.02.97, 20.02.97 e 02.04.97, respectivamente.

11.Mesmo com o aporte de US$ 40 milhões, o controle acionário do Grupo Chapecó não foi transferido como previsto e a empresa voltou a demandar novos créditos para manutenção de suas atividades produtivas. Com o mesmo espírito de apoiar a transição do controle, o BNDES resolveu conceder-lhe mais US$ 11 milhões, desta feita por intermédio da Holding S/A Indústria e Comércio Chapecó (SAIC), tendo em vista que a empresa operacional (Chapecó Comércio e Indústria S/A – CCIA) estava inadimplente junto ao Sistema BNDES.

SEGUNDA FASE DO APOIO AO GRUPO CHAPECÓ, INCLUINDO A TRANSFERÊNCIA DO CONTROLE ACIONÁRIO AO GRUPO Macri.

12. Depois de diversas tratativas entre os interessados, sob a coordenação do BNDES, a Diretoria do Banco aprovou Carta-Proposta apresentada pela ALIMBRÁS S/A, empresa brasileira integrante do Grupo Argentino Macri (fls. 104/120, vol. 5, TC–006.164/2003-5-Sigiloso), com vistas à aquisição do controle acionário da S/A Indústria e Comércio Chapecó (SAIC), na forma da Decisão Dir. nº 399/99-BNDES, de 16.08.99, embasada na NOTA SUP-AC-01/99, de 15.08.99 (fls.10/29, vol. 3, TC–006.164/2003-5-Sigiloso).

13. Referida proposta condicionava a assunção do controle acionário do Grupo Chapecó a uma série de benefícios ao postulante, destacando-se, dentre eles, os pedidos de:

a) aporte de novos recursos ao BNDES para capitalização da Companhia e para aquisição de outras empresas do ramo, a exemplo da Prenda S/A;

b) alongamento das dívidas existentes com concessão de novos prazos de carência;c) financiamentos de capital de giro, investimentos em ativos fixos, capital de giro para

exportação do Grupo Chapecó, dentre outros favores à própria Alimbrás S/A.14. A materialização do apoio do Sistema BNDES, na segunda fase, teve início com as

Decisões nºs. Dir. 520, 521, 522, 523 e 524/99-BNDES (fls. 121 a 148, vol. 5, TC–006.164/2003-5-

63

Page 64: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

Sigiloso) e Dir. 135 e 136/99-BNDESPAR (fls. 87 a 91, vol. 4, TC–006.164/2003-5-Sigiloso), consolidando os compromissos assumidos com o Grupo Macri por meio da Dir. nº 399/99-BNDES, já mencionada, a partir da IP 01/99–AC/SUP-A01/DEPAN5-BP/D02, de 19/10/99 (fls. 30/89, vol. 3, TC–006.164/2003-5-Sigiloso), na forma que se segue:

- 2ª FASE – 1ª OPERAÇÃO15.A primeira operação, na segunda fase, teve por finalidade financiar US$ 58 milhões à

Alimbrás S/A para adquirir até 97% do controle acionário da S/A Indústria e Comércio Chapecó, conforme Decisão nº Dir. 520/99-BNDES, de 20.10.99 (fls.121/130, vol. 5, TC–006.164/2003-5-Sigiloso), por meio do Contrato de Financiamento Mediante Abertura de Crédito nº 99.2.520.5.1, de 21.10.99, dividido em três Subcréditos, a saber:

- Subcrédito “A”: R$ 87.435.000,00, equivalente a US$ 45,000,000.00;- Subcrédito “B”: R$ 19.430.000,00, equivalente a US$ 10,000,000.00;- Subcrédito “C”: R$ 5.829.000,00, equivalente a US$ 3,000,000.00.16. Esta operação tem como garantias caução, em favor do BNDES, as ações adquiridas com

os recursos do Subcrédito “A” emitidas pela S/A INDÚSTRIA CHAPECÓ e Carta de Fiança prestada por outra empresa do Grupo Macri, a Socma Alimentos S.A., controladora da Alimbrás S/A com 99,999% do capital votante. A Socma Alimentos S/A, por sua vez, é controlada pela Socma Americana S/A, em 99,999% de seu capital votante e ambas tinham Sede em Buenos Aires. A Socma Americana, por seu turno, era controlada pela Holding SOCMA S.A. que detém 97,50 % do seu capital votante, conforme organograma do Grupo Macri (fls. 42, vol. 3, TC–006.164/2003-5-Sigiloso).

17. Nesta operação, US$ 13 milhões dos Subcréditos “B” e “C” – equivalentes a 28,9% do valor do Subcrédito “A” – teriam sido destinados ao financiamento de despesas de mudança do controle acionário, de forma genérica, sem qualquer discriminação contratual. Em razão disso, por ocasião de inspeção no BNDES, em maio/2002, para exame da proposta de reestruturação das dívidas da Net Serviços e Comunicações (ex-Globo Cabo), a equipe de inspeção, com base na Portaria nº 694, de 06.05.2002, e por meio do Pedido Nº 02/2002 (fls. 64/66, vol. 12, TC–006.164/2003-5-Sigiloso), questionou a real destinação daqueles recursos, tendo recebido do BNDES a resposta adiante transcrita, por meio da Nota SP2/GEOP1 nº 06/02, de 22/05/02 (fls. 67/68, vol. 12, TC–006.164/2003-5-Sigiloso):

‘Com relação à finalidade dos US$ 13,5 milhões referentes ao Subcréditos ‘B’ e ‘C’, informamos que os recursos se destinaram à cobertura dos custos pertinentes à aquisição do controle do Grupo Chapecó, tais como: despesas de pessoal envolvido na operação (transporte, alimentação, hospedagem, remuneração, etc.), contratação de assessoria e consultoria técnica e jurídica, contratação de diligências e auditorias operacional, contábil e legal, despesas cartorárias, etc.’

- 2ª FASE – 2ª OPERAÇÃO18. Continuando a assistência compromissada, o BNDES concedeu um financiamento de US$

95,000,000.00, equivalente a R$ 184.585.000,00, ao Banco Bradesco para repasse à Chapecó Empreendimentos Ltda., conforme Decisão Dir. nº 521/99-BNDES, de 20.10.99, com as alterações da Dir. nº 545/99-BNDES, de 27.10.99. A operação foi contratada por meio da Cédula de Crédito Industrial BNDES FINEM nº 4130-0/521/99, emitida em 08.1999 pela beneficiária em favor do Bradesco, cuja finalidade era reforçar o capital de giro do Grupo e proporcionar a retomada de suas atividades produtivas.

19. Segundo o instrumento de crédito, o valor repassado pelo BNDES foi aplicado pela Chapecó em quotas do Fundo de Aplicação Financeira administrado pelo Bradesco, quotas essas oferecidas em penhor àquele agente na proporção de 100% do valor liberado.

- 2ª FASE – 3ª OPERAÇÃO20. Trata-se de mais uma operação de capitalização do Grupo Chapecó mediante subscrição

de ações ordinárias de emissão da S/A Indústria e Comércio Chapecó pela BNDES Participações S/A – BNDESPAR, no valor de US$ 28,000,000.00, equivalente a R$ 54.040.000,00, conforme decisões Dir. nº 399/99-BNDES, de 16.08.99, Dir. nº 135/99-BNDESPAR, de 20.10.99 e Dir. nº 161/99-BNDESPAR, de 01.12.99.

- 2ª FASE – 4ª OPERAÇÃO

64

Page 65: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

21. Trata-se de outra operação do BNDES concedida diretamente à Alimbrás S/A para aquisição do controle da empresa concorrente Prenda S/A, por intermédio de suas controladas do Grupo Chapecó, conforme Decisão nº Dir. 362/2000-BNDES, de 10.07.2000 (fls. 157/167, vol. 5, TC–006.164/2003-5-Sigiloso), por meio do Contrato de Financiamento Mediante Abertura de Crédito nº 00.2.362.5.1, no valor de US$ 16,051,364.36, equivalente a R$ 29.000.000,00, em 02.05.2000.

- 2ª FASE – 5ª OPERAÇÃO22. Trata-se de uma operação de US$ 40 milhões concedida à Chapecó Companhia Industrial

de Alimentos (CCIA) para financiamento de exportação com a interveniência de agentes financeiros credenciados, conforme Decisão nº Dir. 052/2001-BNDES, de 30.01.2001 (fls. 301 a 302, vol. 5, TC–006.164/2003-5-Sigiloso), a partir da Informação Padronizada IP Finamex/DIREX1/DEPEX1–005/2001, de 17.01.2001 (fls. 247/255, vol. 3, TC–006.164/2003-5-Sigiloso).

23. Esta operação foi precedida de Carta-Consulta e de informações sobre os produtos a serem exportados, obedecida à classificação NCM. Foi repassada à beneficiária por intermédio de cincos Bancos interessados, conforme quadro a seguir:

BANCO REPASSADOR VALOR US$BICBANCO S.A US$ 5,000,000.00BANCO SCHAHIN S.A US$ 7,500,000.00BANKBOSTON S.A US$ 7,500,000.00BANC0 SAFRA S/A US$ 10,000,000.00BANCO ABN AMRO REAL S/A US$ 10,000,000.00TOTAL US$ 40,000,000.00

24. Posteriormente, esta operação foi suplementada em US$ 15 milhões para a mesma finalidade, por intermédio de repasse aos Bancos, adiante descritos, com base na IP Finame/DIREX1/DEPEX1 – 2001/062, de 31.07.2001:

BANCO REPASSADOR VALOR US$BICBANCO SANTOS S/A US$ 5,000,000.00BANCO PINE S/A US$ 5,000,000.00BANCO BNL DO BRASIL S/A US$ 5,000,000.00TOTAL US$ 15,000,000.00

- 2ª FASE – 6ª OPERAÇÃO25.Trata-se de outra operação de capital de giro para exportação concedida diretamente pelo

BNDES à Chapecó Companhia Industrial de Alimentos (CCIA), no valor de US$ 20,000,000.00, conforme IP SP2/GEOP1-AEX/GEXIM1, de 16/04/2002, e Decisão nº Dir. 252/2002-BNDES, de 22.04.2002 , ao amparo do Programa BNDES-exim Pré-embarque especial – TJLP.

- 2ª FASE – OUTRAS OPERAÇÕES26. Conforme NOTA SP2/GEOP1 nº 06/02, de 22/05/2002, após 02/04/2001, foram

realizadas duas outras operações na modalidade Finame Automático, no valor Global de R$ 2.183,943,40, tendo como beneficiária à Chapecó Companhia Industrial de Alimentos (CCIA).

- 2ª FASE – REESTRUTURAÇÃO DE DÍVIDAS – Finame E BNDES27. Aqui não se trata de novas operações propriamente ditas, mas da reestruturação dos

débitos contraídos pelo Grupo Chapecó na fase que antecedeu à mudança de seu controle acionário.28. Tendo como interessadas a Alimbrás S/A., a Chapecó Companhia Industrial de Alimentos

(CCIA) e a S/A Indústria e Comércio Chapecó (SAIC), a reestruturação das operações foi autorizada por meio da Decisão nº Dir. 524/99-BNDES, de 20.10.99 (fls. 146/152, vol. 5, TC–006.164/2003-5-Sigiloso), alterada pela Decisão Dir.474/2000, de 05.09.2000 (fls. 168/296, vol. 5, TC–006.164/2003-5-Sigiloso), com efeitos retroativos a 01.11.1999, nos seguintes termos:

- CONTRATO nº: 96.2.119.6.1Responsável: CHAPECÓ CIA INDUSTRIAL DE ALIMENTOS (CCIA)Instrumento Original: Escritura Pública de Assunção, Confissão e Reescalonamento de

Dívidas.Finalidade e valor original do crédito: Assumir débitos da “Diplomata” junto ao BNDES,

em 15.07.96, pelo valor de R$ 2.669.005,94.Condições da nova Reestruturação

65

Page 66: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

Repactuação de parte da dívida no valor de R$ 1.918.686,45, equivalentes a US$ 982,430.34 (data base de 01.11.99), por meio da Escritura Pública de Contrato de Confissão e Repactuação de Dívida nº 00.2.474.6.1, de 06.10.2000 (fls. 47/52, vol. 1, TC–006.164/2003-5-Sigiloso), a juros progressivos de 1% até 4%, no período de 2000 a 2004, acima da taxa LIBOR + variação cambial; reposição em 10 prestações semestrais (5 anos), após um período de carência de 3 anos, com ratificação da garantia hipotecária original, avaliada em R$ 8.506.547,00;

Capitalização pelo BNDES do restante da dívida no valor de R$ 3.073.000,00, equivalente a US$ 1,573,476.70, junto à Chapecó Companhia Industrial de Alimentos (CCIA).

- CONTRATO nº 20.8.000.0.3Responsável: CHAPECÓ CIA INDUSTRIAL DE ALIMENTOS –CCIA.Finalidade e valor original: Operação originária do aporte financeiro de 16/04/97 pela

Finame, no valor equivalente a US 40 milhões, com fiança do Sr. Plínio como garantia, reposição em única parcela prevista para 15.06.99, após uma carência de 26 meses, à taxa LIBOR + 4% a.a. + variação cambial.

Condições da nova Reestruturação:Reestruturação de parte da dívida no montante de R$ 78.120.000,00, equivalente a US$

40,000,000.00 (data-base de 01.11.99), por meio de Escritura Pública de Contrato de Confissão e Repactuação de Dívida nº 00.2.474.6.2, de 06.10.2000, a juros de 1% a.a. + LIBOR + VARIAÇÃO CAMBIAL, a ser paga em 9 anos após 3 de carência, em prestações semestrais sucessivas, com garantia hipotecária em segundo grau de bens pertencentes a CCIA e a SAIC avaliados em R$ 96.851.480,00 e Promessa de Garantia Hipotecária adicional no valor de R$ 12.775.627,00 em até 180 dias da assinatura do contrato, podendo ser prorrogada a critério da Finame.

dispensa do restante da dívida relativo a encargos vencidos, juros, mora e pena convencional no montante de R$ 55.094.767,44, equivalentes a US$ 28,210,326.39, data base de 01.11.99.

- CONTRATOS nºs.: 20.8.000.4.7, 20.8.000.9.6 e 20.8.000.8.4Responsável: S/A INDÚSTRIA E COMÉRCIO CHAPECÓ-SAIC.Instrumento(s) originais: Contratos de abertura de crédito fixo.Finalidade e valor original: Concessão de US$ 11 milhões ao Grupo Chapecó pelo BNDES,

em complemento aos US$ 40 milhões da fase que antecedeu à mudança do controle acionário.Condições da nova ReestruturaçãoReestruturação de parte da dívida, no montante de R$ 21.483.000,00, equivalente a US$

11,000,000.00, na data base de 01.11.99, por meio do Contrato de Consolidação, Confissão e Repactuação de Dívida nº 00.2.474.6.3, de 06.10.2000, a juros de 1% a.a. + Libor de 180 dias + variação cambial, pelo prazo de 12 anos, com 3 de carência, garantida por alienação fiduciária de máquinas e equipamentos, avaliados por R$ 20.001.057,00, e promessa de garantia hipotecária adicional no prazo de até 180 dias, prorrogável a critério da Finame, a ser constituída de imóveis e Conjunto Industrial.

Dispensa do restante da dívida relativo a encargos vencidos, juros, mora e pena convencional no montante de R$ 7.760.327,00, equivalentes a US$ 3,973,541.73, posição em 01.11.99.

- 2ª FASE – REESTRUTURAÇÃO DE DÍVIDAS – BNDESPAR E FUNDO DE PARTICIPAÇÃO SOCIAL – FPS

29. Estas reestruturações também fizeram parte do acordo para assunção do controle acionário nos termos da Decisão nº 399/99-BNDES. A renegociação junto à Subsidiária BNDESPAR foi aprovada pela Decisão nº Dir. 522/99-BNDES, de 20.10.99 (fls. 142/143, vol. 5, TC–006.164/2003-5-Sigiloso), nos termos propostos pelas Dir. nº 135/99-BNDESPAR, Dir. nº 136/99-BNDESPAR, ambas de 20/10/99 (fls. 87/94, vol. 4, TC–006.164/2003-5-Sigiloso), alteradas pelas Dir. nº 161/2000-BNDESPAR e Dir. nº 162/2000-BNDESPAR, ambas de 13.11.2000.

30. Por meio dessas decisões as dívidas antigas vencidas e vincendas, no valor de aproximadamente R$ 67 milhões, da S/A Indústria e Comércio Chapecó (SAIC), decorrentes de

66

Page 67: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

aporte financeiro concedido pela BNDESPAR e pelo Fundo de Participação Social – FPS, na aquisição de debêntures ocorrida antes da mudança do controle acionário foram repactuadas, de forma indireta, com a aquisição de novas debêntures de séries diferenciadas e concomitante liquidação dos saldos devedores anteriores, mediante a concessão de novos prazos de resgate e de carência.

- 2ª FASE – OUTROS COMPROMISSOS DO BNDES COM O GRUPO Macri31. Este tópico também não aborda uma operação específica, mas trata de uma decisão por

meio da qual o BNDES autorizou, previamente, os agentes financeiros credenciados a atenderem futuras demandas de crédito do Grupo Chapecó e do Grupo Macri, relativas ao financiamento de todas suas exportações, durante 5 anos, e o financiamento de todo ativo imobilizado, durante 8 anos. Também ficou assegurado que o BNDES apoiaria operações de repasse, durante 10 anos, envolvendo valores de até US$ 46 milhões para o financiamento de contingências e superveniências passivas, além do financiamento de até US$ 92 milhões para toda e qualquer expansão do Grupo Macri no Brasil.

32. Esta garantia de futuros créditos foi autorizada por meio da Decisão nº Dir. 523/99-BNDES, de 20.10.99 (fls. 144/145, vol. 5, TC–006.164/2003-5-Sigiloso), referenciada na IP Conjunta AC/SUP-A01/DEPAN5-BP/D02 –01/99, de 19/10/99, com as seguintes características:

Interessados: Agentes FinanceirosOrigem dos recursos: BNDESFinalidade: Autorização para assunção de compromissos pelo Sistema BNDES, para

concessão de colaboração financeira para repasse de recursos às Empresas do Grupo Chapecó por intermédio de Agentes Financeiros, no âmbito do Contrato de Abertura de Crédito nº 91.2.149.6.1.013, celebrado em 19.07.91, entre o BNDES e AGENTES FINANCEIROS.

33. Esses compromissos assumidos com o Grupo Macri tinham as seguintes características e condições:

Compromisso nº 01 – Compromisso durante 8 anos, para financiamento de até 80% do valor das aquisições de imobilizado nas unidades do Grupo Chapecó, em operações com prazo total de 10 anos, sendo 3 de carência de principal, e 1 de carência de juros, sobre os quais incidirão variação cambial + LIBOR + 3% a.a., ou alternativamente, TJLP + 3% a.a., à escolha da Alimbrás S/A, com pagamento semestral.

Compromisso nº 02- Compromisso durante 5 anos para o financiamento das exportações das empresas do Grupo Chapecó, com prazo total de 2 anos, à taxa LIBOR + 1% a.a. +VARIAÇÃO CAMBIAL.

Compromisso nº 03 – Compromissos, pelo período de 10 anos, de financiamentos de até o valor equivalente a US$ 46 milhões às empresas do Grupo Chapecó para contingências e superveniências passivas, com prazo total de 10 anos, sendo 3 de carência do principal e 01 ano de carência dos juros, à taxa LIBOR + 3% a.a. + variação cambial.

Compromisso nº 04 – Compromisso de financiamento de até o valor equivalente a US$ 92 milhões às empresas do Grupo Macri objetivando o apoio a toda e qualquer expansão do Grupo no Brasil, com exceção da aquisição do controle votante das empresas do Grupo Chapecó, com prazo total de 10 anos, 3 de carência para o principal e 01 de carência para os juros, à taxa LIBOR + 1% a.a. + variação anual, com pagamentos anuais.

34. Em resumo, por meio da decisão retro mencionada, o BNDES garantiu ao Grupo Macri futuros financiamentos estimados em US$ 138 milhões (para expansão do Grupo Macri no Brasil e contingências passivas), além de outros ainda não quantificados relativos às exportações e financiamentos de todo ativo imobilizado do Grupo Chapecó.

OUTRAS INFORMAÇÕES – SITUAÇÃO ATUAL DA CHAPECÓ35. Segundo informações veiculadas na imprensa ( fls. 05), confirmadas em contatos

telefônicos mantidos com o Gerente Executivo da SP2/GEOP1, Sr. Jaldir Freire Lima, o Grupo Argentino Macri estaria procurando comprador para o controle acionário das empresas do Grupo Chapecó.

36. Fomos informados, também, que já ocorreram novas operações de apoio ao Grupo, sobre as quais ainda não tivemos acesso, e que a Alimbrás S/A não vem honrando os compromissos assumidos com o BNDES em decorrência de reflexos da última crise Argentina. Por conseqüência,

67

Page 68: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

algumas unidades operacionais da Empresa já se encontrariam fechadas na região, causando sérios prejuízos à economia e aos produtores locais.

37. Na oportunidade foi ressaltado ainda pelo Sr. Jaldir que estariam sendo apresentadas propostas de interessados em arrendar as instalações da Chapecó, dentre eles o Grupo Francês Louis Dreyffus, por meio de sua subsidiária brasileira “Coinbra”. Segundo a mesma fonte, outra provável proposta seria a capitalização das dívidas por parte das instituições financeiras e posterior compra dessas ações pelo arrendatário, com possibilidade de deságio.

CONCLUSÕES38. Resumindo, o apoio financeiro dispensado pelo Sistema BNDES (BNDES, BNDESPAR,

Finame e FPS) ao Grupo Argentino Macri e às empresas do Grupo Chapecó no período de 16/04/1997 a 22/05/2002, em forma de financiamentos ou reestruturação de dívidas, diretamente pelo Banco e por suas subsidiárias ou, indiretamente, por meio de agentes repassadores, pode ser resumido, na forma do quadro abaixo:

Em US$ milhõesAPOIO DOSISTEMA

BNDES

Produção/Exportação Mercado de Capitais Reestruturação de

débitos TOTALGERALApoio

diretoApoio

Indireto Alimbrás Chapecó Produção e exportação

Mercado deCapitais

BNDES - 95 74 - - 2,5 171,5Finame 20 56 - - 51 - 126,0BNDESPAR - - - 28 - 30,7 58,7FPS - - - - – 3,0 3,0Subtotais 20 151 74 28 51 36,2 360,2Totais 171 102 87,2 360,2

Nota: O valor de US$ 51 milhões na coluna reestruturação é oriundo da concessão de capital de giro ao Grupo Chapecó na fase de preparação da venda do controle acionário ao Grupo Macri.

39.Tendo em vista que os documentos analisados ainda não permitiram a esta Unidade Técnica firmar convicção definitiva quanto à regularidade das operações realizadas pelo BNDES às empresas do Grupo Macri e Chapecó, e considerando a nova crise enfrentada pelo Frigorífico, inclusive a possibilidade de uma nova mudança de seu controle acionário, está sendo proposta nova diligência àquela instituição, nos autos do TC–006.164/2003-5-Sigiloso, para os esclarecimentos complementares que se impuseram.”

2.As diligências retrocitadas, efetuadas no bojo do TC–006.164/2003-5-Sigiloso, oriundo de representação da Unidade Técnica, e também sob minha relatoria, solicitaram ao BNDES as seguintes informações:

“a) Quanto à operação de US$ 40,000,000.00 celebrada entre Chapecó Companhia Industrial de Alimentos (CCIA) e a Agência Especial de Financiamento Industrial – Finame sob o nº 20.8.000.0.3, reestruturada em 06.10.2000 sob o nº 00.2.474.6.2 e de US$ 11,000,000.00 (US$ 4, 3 e 4 milhões) celebradas entre a S/A Indústria e Comércio Chapecó (SAIC) e a Finame sob nºs. 20.8.000.4.7, 20.8.000.9.6 e 20.8.000.8.4, em 10.10.97, 30.12.97 e 23.01.98, respectivamente, reestruturadas/consolidadas em 06.10.2000 sob o nº 00.2.474.6.3, informar:

I- se em 16.04.97 o Programa Finamex-Pré-Embarque era regido pela Circular Finame nº 135, de 01.08.1995; se o Programa Finamex Pré-Embarque Especial foi instituído pela Circular Finame nº 156, de 24.07.97, e se, em 23.01.98, o BNDES-exim Pré-embarque Especial era regido pela Circular Finame nº 161, de 06.01.98. Em caso negativo, informar as circulares então vigentes e remeter cópias a este Tribunal;

II- as razões que motivaram a não retenção de US$ 25 milhões relativos aos recebíveis de duplicatas, adiantamentos sobre Contrato de Câmbio (ACC) e adiantamento sobre Cambiais Entregues (ACE), à ordem da Finame, no Banco do Brasil, Agência Chapecó nº. 0321-2, conta-corrente nº 50.296-0 e qual o destino dado às quantias transitoriamente retidas nessa conta, no montante de apenas R$ 5.426.000,00;

III-quem autorizou o Banco do Brasil a liberar os recursos que deveriam ficar retidos à ordem da Finame, remetendo cópia dessa autorização e informando seu nome, endereço, CPF, cargo/função, efetivo ou substituto, e período de gestão;

IV-valor da alçada do Presidente do BNDES e/ou de Diretores para dispensar garantias reais e/ou pessoais em operações de créditos de financiamento à produção/comercialização, vigentes nos

68

Page 69: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

exercícios de 1997 a 2003, enviando cópia(s) da(s) respectiva(s) orientação(es) normativa(s), resolução(es) ou documento(s) equivalente(s);

V.valor da alçada do Presidente do BNDES e/ou de Diretores do Banco para dispensar e/ou indeferir pedidos de dispensa de juros, juros moratórios, pena convencional, multa, acessórios e/ou outros encargos financeiros, vigentes nos exercícios de 1999 a 2003, enviando cópia(s) da(s) respectiva(s) orientação(es) normativa(s), resolução(es) ou documento(s) equivalente(s);

VI-desdobradamente por juros, juros de mora, comissões, pena convencional, etc. o valor de R$ 55.094.767,44, equivalente a US$ 28,210,326.39, em 01.11.99, dispensados com base na Decisão nº DIR. 474/2000-BNDES, relativamente à reestruturação da operação de US$ 40 milhões com a Chapecó Companhia Industrial de Alimentos (CCIA), bem como o valor de R$ 7.760,327,00, equivalente a US$ 3,973,541.73, referentes à reestruturação das demais operações da Finame no valor global de US$ 11 milhões, deferidas à S/A Indústria e Comércio Chapecó (SAIC);

VII-se já foram pagos juros, acessórios, capital, etc. das operações de US$ 51 milhões, após sua reestruturação, ou se houve novas dilações de prazos, com as justificativas cabíveis, informando os valores correspondentes e os respectivos saldos devedores, em reais e em dólares, estes últimos na data-base de 01.11.99, discriminando capital, juros, correção monetária/cambial e acessórios;

VIII-se já foram constituídas as hipotecas constantes da Cláusula NONA (promessas de garantias hipotecárias) dos anexos II e III da Decisão nº 474/2000-BNDES, de 05.09.2000 (itens 2-C e 3-C), enviando cópia dos aditivos respectivos e, em caso negativo, explicar as razões e indicar os responsáveis pelas eventuais prorrogações, informando ainda o valor atualizado de todas as garantias constituídas e a atual relação percentual com os saldos devedores;

IX-a relação dos membros das Diretorias do BNDES e da BNDESPAR responsáveis pela Decisão Dir. nº 399/99-BNDES, relativamente à aceitação da Carta Proposta apresentada pela Alimbrás S/A para assumir o controle acionário do Grupo Chapecó, contendo: nome, cargo/função, CPF, período efetivo de exercício no cargo/função, seja como titular ou substituto, e endereço atualizado;

X.a relação dos membros da Diretoria do BNDES responsáveis pela Decisão Dir. nº 40/97-BNDES com as alterações procedidas pelas Dir. nº 055/97-BNDES e Dir. nº 115/97-BNDES, de 06.02.97, 20.02.97 e 02.04.97, respectivamente, relativamente à operação de US$ 40 milhões, contendo nome, cargo/função, CPF, período efetivo de exercício no cargo/função, seja como titular ou substituto, e endereço atualizado;

XI-a relação dos membros da Diretoria do BNDES, de forma separada, relacionando os responsáveis pelas Decisões Dir. nº 431/97-BNDES, Dir. nº 616/97-BNDES e Dir. nº 018/98-Extrapauta, de 24.09.97, 17.12.97 e 21.01.98, respectivamente, bem como da Diretoria da Finame signatários das IP Finame AO1-AC-004-97, IP Finame AO1-AC 05/97 e IP Finame AO1-AC-01/98 de 23/09/97, 17/12/97 e 15.01.98, respectivamente, relativamente às três operações no valor global de US$ 11 milhões, contendo nome, cargo/função, CPF, período efetivo de exercício no cargo/função, seja como titular ou substituto, e endereço atualizado;

XII-a relação dos membros da Diretoria do BNDES responsáveis pela Decisão Dir. nº 524/99-BNDES, de 20.10.99, alterada pela Dir. nº 474/2000-BNDES, de 05.09.2000, relativamente à reestruturação das operações de US$ 51 milhões (US$ 40, 4, 3 e 4 milhões), contendo nome, cargo/função, CPF, período efetivo de exercício no cargo/função, seja como titular ou substituto, e endereço atualizado.

b) Quanto à operação de US$ 58,000,000.00 celebrada em 21.10.99, entre o BNDES e a Alimbrás S/A sob n° 99.2.520.5.1, destinada ao financiamento da aquisição de até 97% do capital social da S/A Indústria e Comércio Chapecó (SAIC) em três Subcréditos de US$ 45,000,000.00 (A)), US$ 10,000,000.00 (B) e US$ 3,000,000.00 (C), conforme Decisão Dir. nº 520/99-BNDES, de 20.10.99, informar:

I-as políticas operacionais então vigentes, critérios, prazos e limites utilizados ou admitidos pelo BNDES para financiar gastos com estudos e avaliações técnicas em operações de transferência de controle acionário de empresas por ele assistidas;

II-os nomes dos beneficiários dos Subcréditos “B” e “C”, endereços atualizados, quantias individualmente pagas, serviços efetivamente prestados e respectivos CGC(s)/CPF(s), relativamente ao financiamento de US$ 13,000,000.00 (28,9% do Subcrédito A) para itens de despesas da

69

Page 70: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

transferência do controle acionário no valor de US$ 45,000,000.00, remetendo a este Tribunal cópias dos respectivos comprovantes;

III-a quantidade e o valor pago por tipo de ação adquirida (PN e/ou ON) com o valor do Subcrédito “A” (US$ 45 milhões);

IV-a quantidade de ações efetivamente caucionadas em favor do BNDES em decorrência dessa operação, encaminhando os respectivos comprovantes;

V.o critério utilizado pelo BNDES para fixar um prazo de amortização de 4 anos, incluídos 2 de carência, para o Subcrédito “C” (US$ 10 milhões) e de 10 anos, incluídos 3 de carência, para o Subcrédito “B”(US$ 3 milhões), se ambos tinham a mesma finalidade contratual;

VI-se já foram pagos juros, correção, capital e acessórios dessa operação ou se houve novas dilações de prazos com as justificativas cabíveis, informando, ainda, os respectivos saldos devedores, em reais e em dólares, estes últimos na data-base de 01.11.99, discriminando capital, juros, correção monetária/cambial e acessórios;

VII-a relação dos membros da Diretoria do BNDES responsáveis pela Decisão nº 520/99-BNDES, contendo nome, cargo/função, CPF, período efetivo de exercício no cargo/função, seja como titular ou substituto, e endereço atualizado.

c) No tocante à operação de capitalização do Grupo Chapecó mediante subscrição de ações ordinárias de emissão da S/A Indústria e Comércio Chapecó pela BNDES Participações S/A – BNDESPAR, no valor de US$ 28,000,000.00, equivalente a R$ 54.040.000,00, conforme Decisão nº 135/99-BNDESPAR de 20.10.99 e Dir. nº 161/99-BNDESPAR, de 01.12.99 e Dir. nº 399/99-BNDES, de 16.08.99, enviar:

I-os comprovantes da subscrição, pela BNDESPAR, de 2.667.393.831.449 ações ordinárias, nominativas, ao preço de emissão de R$ 0,02 por lote de mil ações, para aumento do capital da S/A Indústria e Comércio Chapecó (SAIC) e o seu registro nos livros competentes, de acordo com o art. 40 da Lei nº 6.404/76;

II-cópia da Carta de Fiança emitida pela Socma Americana S/A, notarizada e consularizada, relativamente a esta operação e os pareceres da área jurídica do BNDES sobre a documentação apresentada.

d) Relativamente à operação de US$ 16,051,364.36, equivalente a R$ 29.000.000,00 (data-base em 02.05.2000), concedida pelo BNDES à Alimbrás S/A, por meio da Decisão nº Dir. 362/2000-BNDES, de 10.07.2000, destinada ao aporte de recursos, sob a forma de mútuo, na sua Controlada S/A Indústria e Comércio e Chapecó (SAIC), enviar:

I-os comprovantes da subscrição e da integralização pela Alimbrás S/A de 1.450.000.000.000 ações ordinárias emitidas pela S/A Indústria e Comércio Chapecó (SAIC);

II-os comprovantes da subscrição e da integralização pela S/A Indústria e Comércio Chapecó (SAIC) de 1.450.000.000.000 ações ordinárias emitidas pela Chapecó Companhia industrial de Alimentos (CCIA);

III-os comprovantes da constituição pela Alimbrás, em favor do BNDES, da caução de 1.450.000.000.000 ações ordinárias adquiridas com recursos desse financiamento, de emissão da controlada S/A Indústria e Comércio Chapecó (SAIC);

IV-os comprovantes da aquisição pela Chapecó Companhia Industrial de Alimentos (CCIA) de até 95% das ações da Prenda S/A;

V.informações sobre eventual pagamento de juros, capital, correção e acessórios desta operação junto ao BNDES ou se houve dilações de prazos, com as justificativas cabíveis, informando os respectivos saldos devedores, em reais e em dólares, estes últimos na data-base de 01.11.99, discriminando capital, juros, correção monetária/cambial, e acessórios.

e) No que diz respeito à operação de US$ 95,000,000.00, equivalente a R$ 184.585.000,00, concedida ao Banco Bradesco para repasse à Chapecó Empreendimentos Ltda., conforme Decisão Dir. nº 521/99-BNDES, de 20.10.99, com as alterações da Dir. nº 545/99, de 27.10.99, com a finalidade de proporcionar a retomada das atividades produtivas do Grupo Chapecó (capital de giro), contratada por meio da Cédula de Crédito Industrial BNDES FINEM nº 4130-0/521/99, emitida em 08.1999, informar e/ou encaminhar:

I-as razões por que somente o Bradesco foi contemplado com a operação de repasse se as Decisões do BNDES previam o a participação dele e de outros agentes financeiros;

70

Page 71: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

II-o motivo por que a operação de capital de giro não foi repassada à Chapecó Companhia Industrial de Alimentos (CCIA) – empresa operacional do Grupo – e sim à Chapecó Empreendimentos Ltda.;

III-por que os recursos que se destinavam ao capital de giro do Grupo não foram aplicados em suas finalidades contratuais, sendo aplicados em quotas do fundo de aplicação financeira administrado pelo Bradesco, quotas essas oferecidas em penhor naquele Banco, na proporção de 100% do valor financiado;

IV-os rendimentos obtidos pelo Grupo Chapecó com as aplicações financeiras no Bradesco, decorrentes desse contrato, bem como a natureza e os saldos atualizados das atuais aplicações junto àquele Banco;

V.se já foram pagos juros, capital, correção e acessórios dessas operações ou se houve dilações de prazos com as justificativas cabíveis, indicando também os respectivos valores;

VI-os saldos devedores dos financiamentos, em reais e em dólares, estes últimos na data-base de 01.11.99, discriminando capital, juros, correção monetária/cambial, etc., tanto no Bradesco, quanto no BNDES;

VII-cópia do contrato 91.2.149.6.013.f) No tocante à operação de capital de giro para exportação (Pré-Embarque) no valor de

US$ 40,000,000.00 repassada por intermédio do BICBANCO S/A (US$ 5,000,000.00), Banco Schahin S/A (US$ 7,500,000.00), Bankboston S/A (US$ 7,500,000.00), Banco Safra S/A (US$ 10,000,000.00) e ABN AMRO Real S/A (US$ 10,000,000.00), na forma da Decisão Dir. 052/2001-BNDES, de 30.01.2001, suplementada em US$ 15,000,000.00 por intermédio dos Bancos PINE S/A, BICBANCO SANTOS S/A e BNL DO BRASIL S/A, conforme IP n° Finame/DIREX1/DEPX1-2001/0062, de 31.07.2001, informar:

I-se ocorreram as exportações de que tratam esses financiamentos;II-se já foram pagos juros, capital correção e acessórios dessas operações junto ao BNDES,

indicando os respectivos valores, esclarecendo se houve dilações de prazos, com as justificativas cabíveis;

III-os saldos devedores dessas operações junto ao BNDES e junto aos Bancos repassadores, em reais e em dólares, estes últimos na data-base de 01.11.99, discriminando capital, juros, correção monetária/cambial e acessórios.

g) No que se refere à operação direta de capital de giro para exportação concedida pelo BNDES no valor de US$ 20,000,000.00, conforme IP SP2/GEOP1-AEX/GEXIM1, de 16/04/2002 e Decisão nº Dir. 252/2002-2-BNDES, de 22.04.2002, ao amparo do Programa BNDES-exim Pré-embarque especial – TJLP, esclarecer:

I-a atual situação dessa operação junto ao BNDES, informando os valores pagos e/ou vencidos e as providências adotadas, se for o caso;

II-se as exportações objeto do financiamento foram realizadas.h) Relativamente a outros aspectos operacionais, informar/encaminhar:I-síntese da situação das 4.060 debêntures da 2ª série, conversíveis em ações preferenciais, de

emissão da S/A Indústria e Comércio Chapecó (SAIC), subscritas pela BNDESPAR, conforme Decisão n° Dir. nº 098/95-BNDESPAR, de 30.11.95, repactuadas por meio das Decisões Dir. nºs. 135/99, 136/99, 161/2000 e 162/2000, todas da BNDESPAR, em 20.10.99, e 13.11.2000, respectivamente, desde sua origem até a situação atual;

II-sobre a existência e situação de outras operações concedidas pelas empresas do Sistema BNDES, após a Decisão nº Dir. 252/2002-2-BNDES, de 22.04.2002, fornecendo informações básicas dos negócios, as respectivas decisões, garantias, saldos devedores;

III-se com o advento do “Acordo de Credores celebrado em 11.03.97 e seus aditivos”, da “Concordata preventiva dilatatória” de 06.10.98, levantada em 06.12.2000 e aceitação da “Carta Proposta” para aquisição do controle acionário da Chapecó, conforme Decisão Dir. nº 399/99-BNDES, de 16.08.99 houve dispensa de juros, correção, capital e acessórios em eventuais outras operações, exceto os das operações Finame de US$ 51 milhões;

IV-cópias dos relatórios de acompanhamento e/ou de avaliação do desempenho operacional, financeiro ou patrimonial do Grupo Chapecó/Alimbrás e das decisões adotadas pelo BNDES, no

71

Page 72: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

período de abril de 1997 a maio 2003, informando a situação operacional de cada unidade produtiva nos Estados de Santa Catarina, Paraná, Rio Grande do Sul e São Paulo;

V.que fatores a atual Diretoria do BNDES identifica como responsáveis pela nova crise do Grupo Chapecó e de sua controladora Alimbrás S/A com a paralisação de atividades de algumas unidades produtivas e inadimplência contratual, ocorridas no momento em que transcorreram os prazos de carência e começaram a vencer-se os financiamentos concedidos no período de abril/97 a maio/2002 e quais as providências que vêm sendo adotadas para o equacionamento do problema;

VI-a existência de interessados e em que condições suas propostas foram apresentadas ao BNDES para aquisição do controle acionário da Chapecó ou para arrendamento de suas instalações por parte de empresas nacionais ou estrangeiras, bem como os estudos e as avaliações procedidas pelo BNDES ou prepostos para a solução da nova crise;

VII-o volume de vendas internas e externas efetuadas pelo Grupo Chapecó, por empresa, nos anos de 1997 a 2003, estas últimas de acordo com os registros existentes na Secretaria de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior – MDIC;

VIII-informações relativas ao Grupo Chapecó, de forma consolidada, bem como da Alimbrás S/A, contendo os seguintes indicadores econômicos-financeiros relativos ao período de 1997 a 2002: Ativo total, Ativo Circulante, Realizável a Longo Prazo, Passivo Circulante, Exigível a Longo prazo, Dívida Bancária, Patrimônio Líquido (PL), Receita Operacional Líquida, Lucro operacional, Lucro Líquido, EBITDA, EBIT e nº de empregos diretos gerados pelas Empresas do Grupo Chapecó, enviando, também, cópias das demonstrações financeiras e pareceres de auditoria independente, relativamente ao exercício de 2002;

IX-a composição e o atual quadro de acionistas das empresas do Grupo Chapecó e da Alimbrás S/A, informando o valor atual de suas ações, por tipo, com base na últimas cotações das bolsas de valores;

X-o volume de dívidas vencidas e vincendas do Grupo Chapecó e da Alimbrás S/A com outras instituições financeiras, exceto as já mencionadas nesta diligência;

XI-outros esclarecimentos que possam subsidiar o exame da matéria em questão.”3.Ao final de sua instrução, a Unidade Técnica, com fundamento nos arts. 41 e 42 da

Resolução -TCU nº 136 de 30/08/2000, propõe que :“a) a presente Solicitação seja conhecida por atender aos requisitos de admissibilidade

previstos no art. 38, inciso II da Lei nº 8.443/92, c/c os arts. 231 e 232 do Regimento Interno do TCU, aprovado pela Resolução nº 155/2002;

b) seja dado conhecimento ao Senhor Presidente da Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara dos Deputados dos procedimentos que vêm sendo adotados por este Tribunal no acompanhamento da matéria de que trata a presente Solicitação, mediante o encaminhamento de cópia do Acórdão que vier a ser proferido nestes autos, bem como do Relatório e do Voto que o fundamentarem;

c) sejam estes autos apensados ao TC–0006.164/2003-5-Sigiloso, na forma dos arts. 27 a 29 da Resolução TCU nº 136/2000, considerando que a matéria objeto da presente Solicitação já vem sendo tratada naquele processo;

d) ao concluir as apurações conduzidas por meio do TC–0006.164/2003-5-Sigiloso, seja dado novo conhecimento à Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara dos Deputados da decisão que vier a ser proferida por este Tribunal.”

4.O Ministério Público não atuou.É o Relatório.

PROPOSTA DE DECISÃO

Objetivando atender a Solicitação do Congresso Nacional, a Unidade Técnica apresentou um resumo bastante completo e detalhado de todas as operações realizadas pelo BNDES com o Grupo Chapecó, inciadas em 1997, resumo esse que transcrevi para o relatório desta decisão.

2.Apesar do grande volume de informações já amealhadas sobre essas operações, a Unidade Técnica informou que ainda não se encontram completas, razão por que foram efetuadas diligências ao BNDES nos autos do TC–006.164/2003-5-Sigiloso, também de minha relatoria, e que trata de

72

Page 73: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

representação efetuada pela 5ª Secex sobre o mesmo conjunto de operações sobre as quais a Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara dos Deputados solicitou a apreciação desta Corte.

3.Como o assunto já vem sendo examinado, em estágio avançado, naqueles autos, mas como ainda não se encontra em condições de receber uma apreciação final, considero de todo oportunas as propostas apresentadas pela Unidade Técnica no sentido de que:

a) seja conhecida a presente solicitação, por preencher os requisitos legais e regimentais;b) sejam as informações contidas no relatório retro sejam encaminhadas à Comissão

solicitante, para que tome ciência dos procedimentos que vêm sendo adotados por este Tribunal;c) sejam esses autos juntados aos do citado TC–006.164/2003-5, em que será apreciada a

matéria; e, por último,d)seja informado o julgamento definitivo desta Corte sobre a matéria, a ser proferido naqueles

autos, à Comissão ora solicitante, como atendimento final a essa solicitação.Pelo exposto, e acolhendo as propostas oferecidas pela Unidade Técnica, proponho que o

Tribunal adote a decisão que ora submeto à deliberação deste Plenário.

Sala das Sessões, em 9 de julho de 2003.

Augusto Sherman CavalcantiRelator

ACÓRDÃO Nº 830/2003 – TCU – PLENÁRIO

1. Processo: TC–006.800/2003-6.2. Grupo: I – Classe de Assunto: II – Solicitação do Congresso Nacional.3. Interessada: Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara dos Deputados.4. Entidade: Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social – BNDES.5. Relator: Auditor Augusto Sherman Cavalcanti.6. Representante do Ministério Público: não atuou.7. Unidade Técnica: 5ª Secex.8. Advogado constituído nos autos: não consta.

9. Acórdão:VISTOS, relatados e discutidos estes autos que tratam de Solicitação da Comissão de

Fiscalização Financeira e Controle da Câmara dos Deputados no sentido de que este Tribunal examine as operações de crédito firmadas entre o BNDES e a empresa Chapecó Companhia Industrial de Alimentos – Frigorífico Chapecó;

ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão Plenária, com fundamento nos arts. 1º, inciso II, e 38, inciso II, da Lei nº 8.443/92, em:

9.1. conhecer da presente solicitação;9.2. informar ao Senhor Presidente da Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da

Câmara dos Deputados que o objeto dessa solicitação se encontra em apreciação nos autos do TC–006.164/2003-5-Sigiloso (Representação) e que a decisão definitiva desta Corte sobre a matéria será comunicada à Comissão assim que prolatada;

9.3. encaminhar cópia deste Acórdão, bom como da Proposta de Decisão e do Relatório que o fundamentam, ao Senhor Presidente da Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara dos Deputados, para que tome ciência dos procedimentos que esta Corte vem adotando no acompanhamento da matéria de que trata a presente solicitação;

9.4. apensar esses autos ao TC–006.164/2003-5-Sigiloso.

10. Ata nº 26/2003 – Plenário11. Data da Sessão: 9/7/2003 – Ordinária12. Especificação do quorum:

73

Page 74: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

12.1. Ministros presentes: Valmir Campelo (Presidente), Marcos Vinicios Vilaça, Iram Saraiva, Humberto Guimarães Souto, Adylson Motta, Walton Alencar Rodrigues, Guilherme Palmeira, Benjamin Zymler e o Ministro-Substituto Lincoln Magalhães da Rocha.

12.2. Auditores presentes: Augusto Sherman Cavalcanti (Relator) e Marcos Bemquerer Costa.

VALMIR CAMPELOPresidente

AUGUSTO SHERMAN CAVALCANTIRelator

Fui presente:

PAULO SOARES BUGARINProcurador-Geral, em substituição

GRUPO II – CLASSE III – PlenárioTC 009.764//2003-1Natureza: ConsultaInteressado: Deputado Federal Simão SessimÓrgão: Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara dos Deputados

Sumário: Consulta formulada pela Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara dos Deputados acerca de possíveis interpretações da Lei nº 9.262/96, que autoriza o Poder Público do Distrito Federal a vender diretamente as áreas públicas localizadas nos limites da Área de Proteção Ambiental da Bacia do rio São Bartolomeu. Matéria objeto da consulta suscita questões envolvendo Distrito Federal e União. Conhecimento apenas em relação à parte que trata de bens de propriedade da União. Possibilidade de aplicação da Lei nº 9.262/96 por parte dos órgãos competentes para alienação dos imóveis federais localizados na área mencionada na Norma Legal de forma direta, sem licitação.

Por meio do Ofício nº 142/2003, o Presidente da Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara dos Deputados encaminha a esta Corte consulta formulada pelo Exmo. Sr. Deputado Federal João Hermann Neto e aprovada pela referida Comissão, indagando a respeito de possíveis interpretações da Lei nº 9.262/96, que autoriza o Poder Público do Distrito Federal a promover venda direta de áreas públicas localizadas na Área de Proteção Ambiental da Bacia do rio São Bartolomeu.

2.Consoante esclarece o autor do requerimento no âmbito da citada Comissão, a presente consulta tem por objetivo definir os exatos limites em que se pode interpretar a referida Norma Legal e sua aplicação na regularização dos chamados condomínios irregulares de Brasília – DF. Levantou-se, ainda, questão relevante acerca da obrigatoriedade de licitar as terras públicas hoje ocupadas por adquirentes de boa-fé e os eventuais conflitos que poderão daí exsurgir, entre os possuidores atuais e os vencedores dos certames a serem realizados.

3.Questionou-se, ainda, no requerimento endereçado à Comissão ora consulente, acerca da justiça em se fixar, no procedimento licitatório de venda de tais imóveis, o preço atual de mercado dos lotes, ignorando-se as benfeitorias efetuadas pelos particulares. Citou-se a Lei nº 9.262/96 como instrumento jurídico hábil a afastar a licitação para a aquisição de imóveis públicos, o que demonstraria que a licitação não seria o único meio de alienação de tais bens.

4.Após ter sido sorteado relator do feito, por se tratar de matéria fora da LUJ, solicitei à 2ª SECEX que providenciasse o pertinente exame da matéria. Determinei, ainda, a juntada de documentos encaminhados pela Federação das Associações dos Condomínios Horizontais do Distrito Federal.

5.Por meio da instrução de fls., o Sr. Diretor da 2ª Divisão propôs, com a anuência do Sr. Secretário substituto (fl.), fosse conhecida a presente consulta e respondido à autoridade consulente

74

Page 75: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

que a Lei nº 9.262/96 não se presta a resolver a questão dos chamados condomínios irregulares no Distrito Federal, pelas razões que transcrevo a seguir:

“De acordo com o disposto no art. 22 da Constituição Federal, “compete privativamente à União legislar sobre: [...] XXVII – normas gerais de licitação e contratação, em todas as modalidades, para as administrações públicas diretas, autárquicas e fundacionais da União, Estados, Distrito Federal e Municípios, obedecido o disposto no art. 37, XXI [...]”.

O Estatuto da Licitações e Contratos (Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993), é a lei federal que regulamenta o art. 37, inciso XXI, da Constituição Federal. Portanto, já existe norma geral de licitações e contratos versando sobre as modalidades de licitação.

Por sua vez, a Lei nº 9.262/96, embora disponha “sobre a administração da Área de Proteção Ambiental (APA) da Bacia do Rio São Bartolomeu, localizada no Distrito Federal, e dá outras providências”, fato que poderia suscitar o entendimento de que se trata de matéria de proteção ambiental, versa inteiramente sobre alienação de áreas públicas localizadas naquela região. Assim sendo, tal diploma federal não se reveste de natureza de lei geral como determina a Constituição. Ao contrário, trata especificamente de possibilidade de dispensa de procedimentos exigidos na Lei nº 8.666/93, para fins de venda de imóveis públicos localizados em determinadas áreas do Distrito Federal. Essa área abrange terras da União, da TERRACAP e desapropriadas em comum, além de terras particulares, conforme pode-se constatar no mapa elaborado por essa empresa distrital, presente às fls. 26 do volume 18 do TC 15.645/2001-0 (solicitação de auditoria na TERRACAP da Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara dos Deputados).

Nesse sentido, a Lei nº 9.262/96 pode ter a sua constitucionalidade questionada, dado que não compete à União, em matéria de licitação, dispor, em lei específica, sobre modalidade de licitação dispensada para venda de imóveis públicos, mormente para imóveis localizados somente no Distrito Federal, e além disso, dentro de uma área restrita à bacia do Rio São Bartolomeu. Tal entendimento decorre da interpretação dos arts. 22, inciso XXVII, e 24, § 2º, da Carta de 1988, segundo o qual, “a competência da União para legislar sobre normas gerais não exclui a competência suplementar dos Estados”. Cabe frisar também que, de acordo com o § 4º do mesmo artigo, os Estados e o Distrito Federal não poderão dispor contrariamente à legislação geral da União.

A esse respeito, José dos Santos CARVALHO FILHO escreve que, ‘como já assentado entre os constitucionalistas, embora o inciso XXVII se aloje no art. 22, tecnicamente mais adequada seria sua posição se estivesse inserido no art. 24, que trata da competência legislativa concorrente entre União, Estados e Distrito Federal. É que, estando no art. 24, ficaria mais claro que a União teria que limitar-se à edição de normas gerais (art. 24, § 1º, CF) e que às demais pessoas federativas caberia a edição de legislação suplementar, conforme emana claramente do art. 24, § 2º, da Lei Maior (JOSÉ AFONSO DA SILVA, ob. cit., pág. 434).5

Em face disso, conclui-se que a aplicação da referida lei para fins de solução da situação caótica em que se encontra a questão fundiária no Distrito Federal não é a melhor alternativa, em face desses possíveis questionamentos, por mais extensivo que seja o juízo hermenêutico acerca dos dispositivos desse diploma legal.

Grupo de trabalho

Sobre a sugestão do requerente a respeito da constituição de grupo de trabalho no âmbito do TCU, para formulação de critérios objetivos acerca da venda direta, a proposta em si, sai da esfera da consulta, eis que não trata de dúvida na aplicação de dispositivos legais e regulamentares – requisito do art. 264 do RI/TCU –, bem assim enseja dúvidas sobre a competência da Corte de Contas estabelecida no art. 71 da Constituição Federal, enquanto órgão de Controle Externo, mormente na ocasião em que os órgãos de gestão envolvidos estão desenvolvendo trabalhos sobre o tema.

5 CARVALHO FILHO, José dos Santos. O futuro estatuto das empresas públicas e sociedades de economia mista. Disponível em: <http//:www.estacio.br/direito/revista> Acesso em 15.10.02.

75

Page 76: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

Como se vê em edições do jornal “Correio Braziliense”, quase que diariamente, tais questões estão em constante debate, onde têm sido discutidas alternativas no sentido da regularização dos condomínios:

CB, 18.05.2003, p.23: ‘Pelo menos 250 mil moradores de condomínios irregulares esperam há anos a legalização de suas moradias. A expectativa pareceu tornar-se realidade com a aprovação do pacote de leis na Câmara Legislativa entre 2001 e 2002. No entanto, dos projetos de regularização aprovados para 130 condomínios, nenhum foi acompanhado de estudos técnicos e 70 % deles sequer definia a área ou localização do loteamento. Isso significa que condomínios fantasmas podem ter sido aprovados, numa manobra para permitir novas ocupações irregulares no DF. [...] Todas as semanas o órgão do GDF [SIVSOLO] derruba cercas erguidas em locais com indícios de nascimento ou expansão de condomínio’;

CB, 24.05.2003, p. 22: ‘Itapuã ganha luz e ruas de cascalho – os quase 55 mil moradores da invasão do Itapuã, ao lado do Paranoá, reforçaram as esperanças de terem uma moradia regularizada. Na abertura da ação Solidária do GDF que prossegue até amanhã, o governador do Joaquim Roriz (PMDB) deixou claro que vai lutar para transformar a área numa cidade. ‘Se alguém me impedir de legalizar Itapuã, eu voltarei aqui para dizer quem está me impedindo. Não há pressão que me faça mudar de posição’, declarou Roriz em seu discurso à população”. [...] Ontem o governador inaugurou um sistema de iluminação [...]. Também começou o cascalhamento das ruas [...]. A CAESB está perfurando um poço que servirá de fonte coletiva de água potável’;

CB, 29.05.2003, p. 25: ‘Solução conjunta – A União vai apresentar proposta ao Governo do Distrito Federal (GDF) para legalizar, em parceria e sem licitação pública, todos os condomínios irregulares. A solução conjunta, em estudo na assessoria jurídica do Ministério do Planejamento, prevê a doação das terras do GDF ocupadas por loteamentos para o governo federal. De posse dos terrenos, a União poderia regularizá-los por meio de leis que dispensam a licitação. O estudo, feito a pedido da Secretaria do Patrimônio da União, está em fase de conclusão no MP.[...] O deputado José Roberto Arruda (PFL) lembra que já existe lei federal permitindo a venda direta dos lotes em condomínios irregulares aos atuais ocupantes. A Lei 9262, de janeiro de 1996, de autoria de Arruda e do distrital Augusto Carvalho (PPS), prevê tal possibilidade para os condomínios que se encontram na Bacia do São Bartolomeu’;

CB, 05.06.2003, p. 23: ‘a regularização de condomínios em terras do governo federal será definida pela AGU. Isso significa que a solução para o problema no Distrito Federal não será mais de competência da Secretaria do Patrimônio da União. O titular da Secretaria, Pedro Celso, anunciou, na semana passada a legalização por meio da venda direta dos lotes aos atuais ocupantes. A medida, porém, não repercutiu bem no Palácio do Planalto, que considerou precipitado o anúncio’;

CB, 18.06.2003, capa e p. 21: ‘Passos provoca demissão de Eri Varela e abre crise – A saída de Eri Varela é uma vitória para deputados distritais da base governista e moradores de condomínios que defendem a venda direta de lotes em terras públicas. [...] Há meses, Varela era bombardeado por aliados de Roriz na Câmara Legislativa, especialmente o deputado Pedro Passos (PTB). Passos considera ‘arbitrariedade’ do presidente da Terracap a defesa da licitação dos terrenos nos moldes do Setor Habitacional Taquari, no Lago Norte’.

Assumindo-se a veracidade das matérias, os trechos transcritos demonstram a complexidade do problema, a busca de alternativas para uma possível solução e a presença marcante da questão político-partidária. Esses mesmos aspectos atinentes ao tema foram abordados no relatório da equipe desta Secretaria de Controle Externo, fruto de citada auditoria realizada na TERRACAP, no ano passado, como se segue (fls. 120/122, do TC 15.645/2001-0):

‘Dessa forma, consideramos imprescindível o perfeito conhecimento da situação fundiária real da área, ou seja, dos legítimos proprietários, antes de pensar-se em regularização de loteamentos, condomínios, desapropriações, instalação de serviços públicos, ou outros que possam vir a ser afetados quando da definição das propriedades da gleba.

É nesse contexto que vislumbramos o encaminhamento de recomendação ao Ministério da Justiça no sentido de que aquela Pasta, em conjunto com os demais órgãos dos três Poderes da União e do Distrito Federal cuja atuação relaciona-se à questão fundiária, constitua Grupo de

76

Page 77: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

Trabalho Especial com vistas a resolver definitivamente a situação caótica das terras no Distrito Federal, que tem trazido tantos prejuízos ao Estado, à sociedade e ao meio ambiente.

III.2.2 – Loteamentos irregulares e o parcelamento desordenado do solo[...]Outro ponto de necessária elucidação é a falsa idéia de que invasões de terras públicas são

regularizáveis, sendo um dos principais fatores fomentadores da comercialização dessas terras. Na realidade, as regularizações são impossíveis de serem realizadas nos moldes atuais, pois o registro cartorial não pode ser consumado, por tratarem-se de terras públicas, conforme exposto nas seções de Registros Públicos e de Regularização ou desconstituição dos condomínios ilegais do mencionado Anexo VIII.

No entender da equipe de auditoria, é condição precípua para a legalização do loteamento, a legítima propriedade da terra que se pretende lotear. Do contrário, não é possível proceder-se ao registro dos lotes, atualmente sem matrícula, pois não há comprovação da cadeia dominial dos imóveis.

Dessa forma, o único procedimento possível é a venda, pelo Poder Público, após constatação da viabilidade do loteamento, dos lotes irregularmente ocupados, para que então seja registrado e legalizado o condomínio. Esta venda, entretanto, deve, obrigatoriamente, obedecer à legislação relativa à alienações por parte do Poder Público, notadamente a previsão do art. 37, inciso XXI, da Constituição Federal e da Lei 8.666/93, a Lei de Licitações.

Com base nessa análise, propomos determinação à TERRACAP no sentido de que não realize venda direta de seus terrenos nos loteamentos em condição de regularização, promovendo obrigatoriamente licitação com avaliação involutiva compatível com o valor de avaliação do imóvel urbano, descontadas as benfeitorias existentes, dando direito de preferência aos atuais ocupantes que comprovem residência nestes imóveis.

[...]Constatamos também que um dos fatores preponderantes no incentivo a ocupações

irregulares de terras públicas no Distrito Federal é a facilidade com que os invasores conseguem estabelecer o fornecimento de serviços públicos, tal como o fornecimento de energia elétrica, sem os qual seria inviável a ocupação desses imóveis. A análise da legislação mostrou que esse fornecimento fere diversos ditames legais, porém não é definido com clareza no Decreto Federal que regulamenta a Prestação de Serviços de Energia Elétrica.

Em vista disso, dada a competência exclusiva da União para legislar sobre o assunto, propomos o encaminhamento de cópia do Anexo VIII deste relatório ao Ministério das Minas e Energia, para subsidiar o estudo da matéria, com sugestão no sentido de que o Decreto que regula os serviços de energia elétrica, vista sua função de esclarecedor e dirimidor de dúvidas legais, expresse claramente a proibição das concessionárias de energia elétrica de procederem ligações de energia em parcelamentos ou imóveis não regularizados, proibição esta já verificada na base legal vigente, conforme analisado no Anexo VIII’ [sem destaques no original].

Portanto, é nessa linha do relatório acima, que se vislumbra a solução técnica para o problema dos condomínios, em atenção à legislação vigente, cuja implementação deve ser sempre precedida, em cada caso, do levantamento da cadeia dominial e da comprovação da propriedade dos imóveis.

No aludido TC 15.645/2001-0 foram prolatadas as Decisões Plenárias nºs 1.692/2002, que determinou a instauração de tomada de contas especial para o ressarcimento dos prejuízos causados à TERRACAP, a audiência de responsáveis por outras irregularidades verificadas na auditoria e o encaminhamento de cópia ao Ministério Público, Congresso Nacional e outras autoridades, e 1.693/2002, que decretou a indisponibilidade dos bens dos responsáveis. Portanto, não foram abordadas questões de mérito. Apesar desse fato, tiveram sua eficácia suspensa por decisão do Supremo Tribunal Federal, liminarmente, no Mandado de Segurança nº 24.423/DF (despacho de 19.12.2002, Relator: Gilmar Mendes), até o julgamento de mérito da ação.

A página do Superior Tribunal de Justiça na Internet traz, nesta data, notícia no sentido de que a Corte Especial daquele Tribunal ‘negou, em decisão unânime, o pedido da Associação dos Moradores e Proprietários de Lotes do Condomínio Hollywood, em Brasília, pela reconsideração do pedido de suspensão ajuizado pela Companhia Imobiliária de Brasília – Terracap e concedido

77

Page 78: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

pelo vice-presidente do STJ, ministro Edson Vidigal, no exercício da Presidência. A decisão assegurou à Terracap a possibilidade de licitar todos os imóveis localizados no Setor Habitacional Taquari (SHTQ), no Lago Norte, em Brasília, incluídos os lotes já ocupados pelos moradores do Hollywood’. Verifica-se que o STJ decidiu no sentido da manutenção da sistemática de licitação, como havia proposto a equipe de auditoria desta 2ª SECEX.

Considerando, entretanto, que a maior preocupação demonstrada pelos atores envolvidos é com a questão social, decorrente de eventual desocupação compulsória de áreas hoje habitadas e da insegurança jurídica, poderia o legislador, conforme foi ventilado nas matérias jornalísticas referidas, introduzir na Lei nº 8.666/93, também mediante lei, a hipótese de licitação dispensada para alienação de terras públicas de condomínios da espécie, sem prejuízo dos requisitos de subordinação à existência de interesse público devidamente justificado e da precedência de avaliação, na forma do “caput” do art. 17 da mesma lei.

Se vier a ser adotada tal hipótese, há que se tomar cuidado para que a proposta não fomente uma avalanche de invasões em áreas públicas, nem se constitua em incentivo à grilagem, já incentivada pela falta de ação dos poderes públicos em punir os responsáveis, nem beneficie ocupantes que agiram contrariamente à lei. Nesse sentido, eventual norma deveria conter, necessariamente, por exemplo, limitação temporal para o direito de compra, a comprovação pelo adquirente de residência no local do imóvel por um tempo mínimo, e a reboque, a limitação máxima de um imóvel para cada ocupante, além de vedação à alienação de imóveis cuja urbanização comprometa o meio ambiente, como é o caso de terrenos localizados em áreas de mananciais.

Registre-se também, nesse contexto, que a própria Lei nº 8.666/93, no seu art. 17, inciso I, alínea f, com a redação dada pela Lei nº 8.883/94, já contempla, entre outras hipóteses de dispensa de licitação para bens imóveis da Administração Pública, a alienação de “bens imóveis construídos e destinados ou efetivamente utilizados no âmbito de programas habitacionais de interesse social, por órgãos ou entidades da administração pública especificamente criados para esse fim”. Dessa forma, presente o interesse social, desde que sejam, mediante lei, criados programas habitacionais, e se for o caso, suas entidades administradoras, vislumbra-se a aplicação desse dispositivo na questão em apreço, evidentemente, com a inclusão, na mesma norma, de critérios objetivos para a participação de condôminos nos programas.

Cumpre consignar, igualmente, que qualquer alternativa jurídica que venha a ser construída com vistas a solucionar esse grave problema fundiário do Distrito Federal, deve ter em conta o disposto na Lei nº 6.766, de 19.12.79, publicada no DOU de 20.12.79, que dispõe sobre o parcelamento do solo urbano e dá outras providências.

Elementos juntados por despacho do Ministro-relator

Quanto ao pleito das Associações dos Condomínios Horizontais do Distrito Federal e das Associações dos Moradores nesses condomínios, juntado aos autos por despacho do Ministro-relator, de 12.06.2003, no sentido de que o Tribunal determine à TERRACAP o cumprimento da Lei Distrital nº 954/97, ficam prejudicadas a sua admissibilidade, em face da ausência de indícios de irregularidades, e a análise de mérito do pleito, em razão do referido Mandado de Segurança nº 24.423/DF, eis que encontra-se sub judice a competência do TCU para fiscalizar diretamente aquela empresa pública.”

6.Tendo em vista a complexidade jurídica e a relevância social do tema objeto da presente consulta, solicitei, em caráter excepcional, a manifestação do Ministério Público nos presentes autos.

7.Transcrevo, a seguir, o bem lançado parecer do douto Procurador-Geral a respeito da matéria.

“Preliminarmente, verificamos que a presente consulta atende aos requisitos de admissibilidade previstos no art. 264 do RI/TCU, devendo, pois, ser conhecida.

A Constituição Federal prevê em seu art. 37, inciso XXI:‘ressalvados os casos especificados na legislação, as obras, serviços, compras e alienações

serão contratados mediante processo de licitação pública que assegure igualdade de condições a

78

Page 79: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

todos os concorrentes, com cláusulas que estabeleçam obrigações de pagamento, mantidas as condições efetivas da proposta, nos termos da lei, o qual somente permitirá as exigências de qualificação técnica e econômica indispensáveis à garantia do cumprimento das obrigações’

O dispositivo acima representa, sem dúvida, uma importantíssima arma de defesa do Erário. Ao estabelecer a licitação como regra, a Carta Magna objetivou, primordialmente, garantir a observância do princípio da isonomia, bem assim a otimização das contratações da Administração Pública, levando-se em conta o aspecto do custo-benefício.

Todavia, sem embargo do princípio da obrigatoriedade da licitação, a doutrina é unânime em admitir a possibilidade da contratação sem licitação, desde que autorizado por lei, como se pode observar abaixo:

Maria Sylvia Zanella di Pietro: ‘O artigo 37, XXI, da Constituição, ao exigir licitação para os contratos ali mencionados, ressalva ‘os casos especificados em legislação, ou seja, deixa em aberto a possibilidade de serem fixadas, por lei ordinária, hipóteses em que a licitação deixa de ser obrigatória’(in Direito Administrativo, Ed. Atlas, 15ª edição, São Paulo, 2003).

José Afonso da Silva: ‘A ressalva inicial possibilita à lei definir hipóteses específicas de inexigibilidade e de dispensa de licitação’ (in Curso de Direito Constitucional Positivo, Malheiros Ed., 21ª edição, São Paulo, 2002).

Alexandre de Moraes: ‘A Constituição Federal exige a licitação na contratação de obras, serviços, compras e alienações da administração pública direta, indireta ou fundacional, de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, pois o princípio da licitação representa exigência superior da própria moralidade administrativa e, como tal, a sua dispensa deverá ocorrer excepcionalmente em casos expressamente especificados em lei, respeitando sempre o interesse público.’ (in Direito Constitucional, Ed. Atlas, 13ª edição, São Paulo, 2003).

Como se vê, o art. 37, inciso XXI, da CF/88 contém preceito de eficácia contida, pois o legislador constituinte regulou de forma suficiente os interesses relativos à obrigatoriedade da licitação, porém deixando margem à atuação restritiva por parte do legislador infraconstitucional.

A Lei nº 8.666/93 regulamenta o art. 37, inciso XXI, da Constituição Federal. Contém normas gerais sobre licitação, tendo instituído esse procedimento como regra nas contratações da Administração Pública.

Concordamos com a opinião da Unidade Técnica de que a Lei nº 9.262/96 é de constitucionalidade questionável. Todavia, por outros motivos, já que a conceituação do que vem a ser “norma geral” é controversa.

De observar que o art. 22, inciso XXVII, da CF/88 indica que deve ser ‘obedecido o disposto no art. 37, inciso XXI’. Conforme dito acima, o art. 37, inciso XXI, excepciona a princípio da obrigatoriedade da licitação, para casos especificados na legislação.

A Lei nº 9.262/96, objeto da consulta, é exemplo de norma ordinária que pretendeu restringir a eficácia da previsão constitucional prevista no art. 37, inciso XXI.

Essa lei prevê:‘Art. 3º As áreas públicas ocupadas, localizadas nos limites da APA da Bacia do Rio São

Bartolomeu, que sofreram processo de parcelamento reconhecido pela autoridade pública, poderão ser, no todo ou em parte, vendidas individualmente, dispensados os procedimentos exigidos pela Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993.

§ 1º A possibilidade de venda a que se refere o caput só se aplica às áreas passíveis de se transformarem em urbanas, e depois de atendidas as exigências da Lei nº 6.766, de 19 de dezembro de 1979.

§ 2º Poderá adquirir a propriedade dos lotes, nos termos do caput deste artigo, aquele que comprovar, perante a Companhia Imobiliária de Brasília - Terracap, ter firmado compromisso de compra e venda de fração ideal do loteamento, prova esta que deverá ser feita mediante apresentação do contrato firmado com o empreendedor do loteamento ou suposto proprietário, além da comprovação de que efetivamente pagou, ou está pagando, pelo terreno, através de cópias dos respectivos cheques e extratos bancários, ou comprovação de que tenha pago o terreno com algum bem que estava em sua esfera patrimonial.

79

Page 80: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

§ 3º Quando o detentor da fração ideal não tiver quitado seu terreno, deverá comprovar, nos termos do parágrafo anterior, que iniciou o pagamento do mesmo anteriormente a 31 de dezembro de 1994.

(...)§ 12. Para efeito das alienações previstas no art. 3º, serão desconsideradas nas avaliações as

benfeitorias promovidas pelos efetivos ocupantes.’ (grifamos)Da leitura da Lei nº 9.262/1996, verifica-se que, apesar de ter sido autorizada a dispensa da

aplicação dos procedimentos da Lei nº 8.666/93 para a alienação de área pública, não foi prevista a forma como dar-se-á essa alienação. Para nós, não resta dúvida de que deve haver um regramento mínimo que proteja o interesse coletivo. Há a necessidade de regulamentação dessa venda.

Apesar de ser possível a venda direta sem licitação quando autorizado por lei, entendemos que a Lei nº 9.262/96 não pode ser invocada para esse fim, pois seu conteúdo é deveras limitado. Essa norma, basicamente, afasta a aplicação da lei de licitações nas hipóteses nela tratadas, entretanto, sem trazer a exigência de requisitos mínimos que garantam a preservação do interesse público. Portanto, essa lei fere o princípio constitucional da indisponibilidade do interesse público, que na lição do Profº Celso Antônio Bandeira de Melo - transcrita pela Profª Maria Sylvia Zanella di Pietro-: ‘significa que sendo interesses qualificados como próprios da coletividade – internos ao setor público – não se encontram à livre disposição de quem quer que seja, por inapropriáveis. O próprio órgão administrativo que os representa não tem disponibilidade sobre eles, no sentido de que lhe incumbe apenas curá-los – o que é também um dever – na estrita conformidade do que dispuser a intentio legis’ (In Direito Administrativo, Maria Sylvia Zanella di Pietro, Ed. Atlas, 15ª edição, São Paulo, 2003).

Por oportuno, vale mencionar que o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios encaminhou ao Advogado Geral da União representação pela inconstitucionalidade da Lei nº 9.262/96, requerendo a análise da viabilidade da propositura de ação direta de inconstitucionalidade dessa norma. Entende o MPDFT que a referida lei ofende os princípios da legalidade, da impessoalidade, da moralidade, estabelecendo privilégio inconstitucional e ilegal a determinados cidadãos.

Vale mencionar que, ao contrário do Distrito Federal, a União possui regras definidas - e em maior graus de detalhamento - para a alienação de bens integrantes de seu patrimônio.

Um exemplo disso é a Lei nº 8.025/1990, a qual ‘dispõe sobre a alienação de bens imóveis residenciais de propriedade da União, e dos vinculados ou incorporados ao FRHB, situados no Distrito Federal, e dá outras providências’. Ressalvando a aplicação do art. 37, inciso XXI, da CF/88, essa lei possibilitou a venda direta de imóveis da União a seus ocupantes que preenchessem algumas exigências, e.g:

- ser titular de regular termo de ocupação;- estar quite com as obrigações relativas à ocupação;- ser titular de cargo efetivo ou emprego permanente, lotado em órgão ou entidade da

Administração Pública Federal ou do Distrito Federal;- não possuir outro imóvel residencial no Distrito Federal.Outro exemplo é a Lei nº 9.636/1998 que, dentre outras coisas, dispõe sobre a regularização,

aforamento e alienação de bens imóveis de domínio da União.Somos de opinião de que para interpretar o alcance da Lei nº 9.262/1996, devemos ter

presente que a questão da ocupação do solo no Distrito Federal é também de interesse da União, porquanto existem condomínios ‘irregulares’ em terras a ela pertencentes. Além disso, não se pode olvidar o fato de a União ser detentora de 49 % das ações da Terracap, como o próprio consulente mencionou.

Assim, convém examinar alguns aspectos da Lei nº 9.636/1998. Isso porque defendemos que a venda dos lotes em terras pertencentes à União deve observar o disposto nessa norma. Quanto à venda de lotes em terras pertencentes à Terracap, do mesmo modo, cremos que se deve aplicar a Lei nº 9.636/1998, uma vez que os bens da Terracap não deixam de ser também, parcialmente, federais, dada a relevante participação acionária da União naquela empresa pública.

A análise do caso da venda direta de bens públicos com base nessa lei leva-nos a concluir

80

Page 81: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

que lhe é cabível a aplicação dos dispositivos abaixo mencionados.Preliminarmente, depreende-se dessa norma que a alienação de bens imóveis da União

dependerá de autorização do Presidente da República, conforme se observa no Capítulo II, a saber:

‘CAPÍTULO IIDA ALIENAÇÃOArt 23. A alienação de bens imóveis da União dependerá de autorização, mediante ato do

Presidente da República, e será sempre precedida de parecer da SPU quanto à sua oportunidade e conveniência.

§ 1º A alienação ocorrerá quando não houver interesse público, econômico ou social em manter o imóvel no domínio da União, nem inconveniência quanto à preservação ambiental e a defesa nacional, no desaparecimento do vínculo de propriedade.

§ 2º A competência para autorizar a alienação poderá ser delegada ao Ministro de Estado da Fazenda, permitida a subdelegação.’

Na Seção I do Capítulo II, art. 24, observa-se que a venda desses imóveis será feita por meio de concorrência ou leilão público.

Por sua vez, o art. 25 dispõe sobre o direito de preferência previsto no art. 13, cabendo aqui transcrever esses dois dispositivos:

‘Art 13. Na concessão do aforamento será dada preferência a quem, comprovadamente, em 15 de fevereiro de 1997, já ocupava o imóvel há mais de um ano e esteja, até a data da formalização do contrato de alienação do domínio útil, regularmente inscrito como ocupante e em dia com suas obrigações junto à SPU.

SEÇÃO IDa VendaArt 24. A venda de bens imóveis da União será feita mediante concorrência ou leilão

público, observadas as seguintes condições:I - na venda por leilão público, a publicação do edital observará as mesmas disposições

legais aplicáveis à concorrência pública;II - os licitantes apresentarão propostas ou lances distintos para cada imóvel;III - a caução de participação, quando realizada licitação na modalidade de concorrência,

corresponderá a 10% (dez por cento) do valor de avaliação;IV - no caso de leilão público, o arrematante pagará, no ato do pregão, sinal correspondente

a, no mínimo, 10% (dez por cento) do valor da arrematação, complementando o preço no prazo e nas condições previstas no edital, sob pena de perder, em favor da União, o valor correspondente ao sinal e, em favor do leiloeiro, se for o caso, a respectiva comissão;

V - o leilão público será realizado por leiloeiro oficial ou por servidor especialmente designado;

VI - quando o leilão público for realizado por leiloeiro oficial, a respectiva comissão será, na forma do regulamento, de até 5% (cinco por cento) do valor da arrrematação e será paga pelo arrematante, juntamente com o sinal;

VII - o preço mínimo de venda será fixado com base no valor de mercado do imóvel, estabelecido em avaliação de precisão feita pela SPU, cuja validade será de seis meses;

VIII - demais condições previstas no regulamento e no edital de licitação.§ 1º Na impossibilidade, devidamente justificada, de realização de avaliação de precisão,

será admitida avaliação expedita.§ 2º Para realização das avaliações de que trata o inciso VII, poderão ser contratados

serviços especializados de terceiros, devendo os respectivos laudos, para os fins previstos nesta Lei, ser homologados pela SPU, quanto à observância das normas técnicas pertinentes.

§ 3º Poderá adquirir o imóvel, em condições de igualdade com o vencedor da licitação, o cessionário de direito real ou pessoal, o locatário ou arrendatário que esteja em dia com suas obrigações junto à SPU, bem como o expropriado.

§ 4º A venda, em qualquer das modalidades previstas neste artigo, poderá ser parcelada, mediante pagamento de sinal correspondente a, no mínimo, 10% (dez por cento) do valor de aquisição e o restante em até quarenta e oito prestações mensais e consecutivas, observadas as

81

Page 82: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

condições previstas nos arts. 27 e 28.Art 25. A preferência de que trata o art. 13, exceto com relação aos imóveis sujeitos aos

regimes dos arts. 80 a 85 do Decreto-Lei nº 9.760, de 1946, e da Lei nº 8.025, de 12 de abril de 1990, poderá, a critério da Administração, ser estendida, na aquisição do domínio útil ou pleno de imóveis residenciais de propriedade da União, que venham a ser colocados à venda, àqueles que, em 15 de fevereiro de 1997, já os ocupavam, na qualidade de locatários, independentemente do tempo de locação, observadas, no que couber, as demais condições estabelecidas para os ocupantes.

Parágrafo único. A preferência de que trata este artigo poderá, ainda, ser estendida àquele que, atendendo as demais condições previstas neste artigo, esteja regularmente cadastrado como locatário, independentemente da existência de contrato locativo.’

Pode-se notar que a União possui regras definidas para a alienação de bens integrantes de seu patrimônio - o mesmo não ocorre com o Distrito Federal.

Observa-se que a regra geral para a alienação de bens imóveis da União é a concorrência ou leilão público (art. 24). Todavia, existe previsão de direito de preferência para ocupantes de imóveis da União que preencham determinados requisitos, os quais poderão adquirir o domínio útil ou pleno desses imóveis, a teor do art. 25 dessa lei.

A venda do domínio pleno faz transferir a propriedade do bem da União para o comprador. A alienação do domínio útil, por sua vez, dar-se-á por meio de aforamento (art. 13), concedendo direito amplo de utilização do imóvel.

É bom fazermos aqui uma distinção entre os institutos do aforamento e da enfiteuse. Como se sabe, o novo Código Civil extinguiu a enfiteuse (direito de usar e gozar, por tempo ilimitado, de um prédio rústico alheio, para cultivo, contra pagamento de um foro anual ao proprietário do terreno). Nada obstante o fato de o aforamento guardar bastante semelhança com a enfiteuse, acreditamos que são institutos diversos, não tendo o aforamento sido extinto. O aforamento encontra previsão no Capítulo I, Seção IV, da Lei nº 9.636/98, que se encontra em vigor, possuindo regras específicas de direito público.

Voltando ao caso em exame, entendemos que na venda dos lotes localizados em condomínios constituídos em terras da União dever-se-á observar as seguintes regras da Lei nº 9.636/98: edição de lei federal; autorização presidencial (ou ministerial, caso haja delegação); comprovação da ocupação do imóvel há mais de um ano antes da data limite de 15/02/97 e da regular inscrição como ocupante até a data da formalização do contrato de alienação do domínio útil, bem assim da quitação das obrigações junto à SPU.

Em relação à venda de lotes localizados em condomínios constituídos em terras da Terracap, acreditamos que se possa aplicar, também, a Lei nº 9.636/98, por dois motivos: pela ausência de definição em lei de regras para a alienação desses imóveis e pelo fato de os bens da Terracap não deixarem de ser também, parcialmente, federais, dada a participação acionária de 49 % da União naquela Companhia.

Para afastar qualquer dúvida quanto à aplicação da Lei nº 9.636/98 na venda de terras da Terracap, acreditamos que a solução estudada pelo Ministério do Planejamento é viável, qual seja, a doação dessas terras à União. Defendemos esse ponto de vista tendo em mente que o objetivo desta consulta, em última instância, é buscar alternativas para solucionar a intricada questão fundiária do DF.

É evidente que a efetivação dessas propostas depende de alterações na Lei nº 9.636/98, as quais podem ser feitas por meio da edição de lei ordinária que traga as pertinentes modificações à Lei nº 9.636/98.

De qualquer modo, há de se observar nessas vendas parâmetros que preservem a moralidade e o interesse públicos. Se, por um lado, a questão da moradia no Distrito Federal configura problema habitacional grave, principalmente para a classe média, por outro; não se pode olvidar o bem coletivo. Portanto, a par das exigências supramencionadas, é necessário que os beneficiários da alienação direta de bens públicos tenham adquirido o seu lote de boa-fé, com fito de fixarem domicílio e possuam apenas um lote. Isso para evitar que especuladores venham a ser indevidamente beneficiados, em detrimento do interesse social.

82

Page 83: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

Pelas razões expostas, este representante do Ministério Público manifesta-se no sentido de que o Tribunal de Contas da União:

1) Conheça da presente consulta e a responda nos seguintes termos:a) A Lei nº 9.262/96 não pode ser invocada para a venda de imóveis pertencentes à Terracap

aos seus ocupantes porque seu conteúdo limitado fere o princípio constitucional da indisponibilidade do interesse público;

b) As regras contidas na Lei nº 9.636/98 podem ser aplicadas como parâmetro para a venda da área de que trata a Lei nº 9.262/96, tendo em vista a participação acionária de 49 % da União na Terracap;

c) A doação à União das terras da Terracap localizadas na área de que trata a Lei nº 9.262/96 facilitaria a aplicação da Lei nº 9.636/98;

d) A par das previsões contidas na Lei nº 9.636/98, nas vendas de imóveis de que trata a Lei nº 9.262/96, dever-se-á observar se há boa-fé do ocupante e se este não possui outro imóvel no Distrito Federal;

e) A Lei nº 9.636/98 necessita de alterações para que possa ser aplicada na venda dos imóveis da Terracap, em comento.”

É o relatório.

VOTO

Os arts. 264 e 265 do Regimento Interno estabelecem os requisitos de admissibilidade dos processos de consulta de que trata o inciso XVII do art. 1º da Lei nº 8.443/92. Nos termos do inciso IV do mencionado art. 264, os presidentes de comissão das Casas do Congresso Nacional detêm legitimidade para formular consulta acerca de matéria de competência desta Corte.

2.A presente foi endereçada pelo Presidente da Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara dos Deputados, oriunda, portanto, de autoridade legitimada para formular consulta ao Tribunal. Não foi apresentado o parecer do órgão de assistência técnica ou jurídica da autoridade consulente, de que trata o § 1º do art. 264 do Regimento Interno. Todavia, tal peça não constitui requisito indispensável para que consultas sejam admitidas. Ademais, as justificativas apresentadas pelo Deputado João Hermann Neto, ao solicitar a presente consulta no âmbito da mencionada Comissão, trazem indicativos suficientes acerca do entendimento daquela autoridade a respeito da matéria.

3.Ainda com relação à admissibilidade, urge esclarecer que as consultas endereçadas a esta Corte devem versar sobre questões relacionadas à aplicação de dispositivos legais e regulamentares concernentes a matéria de sua competência. Neste ponto, algumas considerações devem ser colocadas. A Lei nº 9.262/96 trata da possibilidade de venda direta de terras públicas localizadas na Área de Proteção Ambiental do São Bartolomeu. Em que pese o dispositivo referido ser uma lei federal, seu âmbito de incidência não se limita a bens federais. Conforme esclarecido pelo Sr. Diretor da 2ª SECEX em sua instrução, dentro dos limites territoriais da mencionada APA não há apenas terras da União, mas também bens imóveis do Distrito Federal e de particulares.

4.A competência do Tribunal a respeito do tema, portanto, não pode invadir esfera de outro ente federado, sob pena de violação ao princípio federativo. Assim, a resposta à presente consulta deve cingir-se apenas às situações jurídicas que envolvam terras da União localizadas na mencionada área. Não deve ser estendida às terras do Distrito Federal, de suas entidades, ou de particulares.

5.Nesse sentido, cumpre ressaltar que o eminente Ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal, ao conceder medida liminar em sede de Mandado de Segurança suspendendo os efeitos de decisão desta Corte, deixou assente entendimento similar, ao asseverar que a instauração de Tomada de Contas Especial no âmbito da Companhia Imobiliária de Brasília – TERRACAP constituiria interferência ilegítima na autonomia política do Distrito Federal (MS 24423/ DF, decisão monocrática de 19.12.2002).

83

Page 84: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

6.Claro está que as atribuições desta Corte, dentro do modelo federativo adotado pela Constituição de 1988, está perfeitamente delimitada e abrange o zelo pela correta aplicação e gestão de bens, valores e dinheiros públicos federais. Sua jurisdição não alcança os bens de outros entes da Federação.

7.Por conseguinte, entendo que a presente consulta deve ser conhecida, porém de forma limitada aos bens da União que se localizem dentro dos limites da APA do São Bartolomeu.

8.O mérito da consulta refere-se à possibilidade de aplicação da Lei nº 9.262/96 como instrumento jurídico apto a solucionar o grave problema social existente no Distrito Federal, referente aos chamados “condomínios irregulares”. Tal Norma autoriza o Poder Executivo do Distrito Federal a administrar e fiscalizar a referida APA. Além disso, estabelece que as áreas públicas ocupadas ali localizadas e que sofreram processo de parcelamento reconhecido pela autoridade pública poderão ser vendidas individualmente, dispensados os procedimentos estabelecidos pela Lei nº 8.666/93, desde que tais áreas sejam passíveis de se tornarem urbanas.

9.Assegurou, ainda, referido Diploma Legal o direito de adquirir diretamente, sem licitação, a propriedade dos lotes àqueles que comprovarem a celebração de compromisso de compra e venda de fração ideal do loteamento.

10.Insere-se a Lei sob comento perfeitamente no federalismo de cooperação expressamente adotado pela Carta Política de 1988. A União, mediante lei federal, permite a outro ente político que administre e fiscalize seus bens que se localizem em determinada área de proteção ambiental. Frise-se que a Norma Legal delegou ao DF o exercício de parcela das atribuições inerentes ao direito da União de fiscalizar área de proteção ambiental e administrar seus bens localizados nesta mesma área.

11.A delegação de parcela de atribuições de um ente a outro não é novidade no sistema jurídico nacional. Esta Corte já teve oportunidade de examinar fato similar ao presente, quando foi chamada a se manifestar acerca da delegação da União para Estados da exploração de determinados serviços portuários. Considerou este Tribunal lícita a referida delegação efetuada por meio da Lei nº 9.277/96 e concretizada por meio de convênios de cooperação e ajuda mútua celebrada entre os entes federados envolvidos (Decisão nº 748/2001 – Plenário).

Da Constitucionalidade da Lei nº 9.262/96

12A Unidade Técnica e o Ministério Público, ao examinarem a questão objeto da consulta, concluíram, por fundamentos jurídicos diversos, que não se poderia aplicar a Norma em epígrafe porque padeceria de vício de inconstitucionalidade.

13Examino, a seguir, cada um dos argumentos trazidos aos autos para justificar a suposta inconstitucionalidade da Lei em epígrafe. Aduziu o Sr. Diretor da 2ª Divisão Técnica que o Diploma Legal sob comento não poderia ser aplicado uma vez que não teria o caráter de norma geral a que se refere o art. 22, XXVII, da Constituição Federal.

14Importa reconhecer que o citado dispositivo constitucional estabelece que compete privativamente à União legislar sobre normas gerais de licitação e contratação, em todas as modalidades para a administração pública direta, autárquica e fundacional da União, Estados, Distrito Federal e Municípios. Todavia, como bem ressaltou o douto Procurador-Geral, não há definição precisa sobre o que é norma geral e o que seria norma específica.

15O Constituinte não vedou à União editar normas gerais de licitação em outros diplomas normativos. Nada impede que a União edite ato normativo com força de lei, obedecido o respectivo processo legislativo imposto pela Carta Magna, regulando determinado aspecto das licitações e contratos, com força obrigatória a toda administração pública em todas as esferas (federal, estadual, municipal e distrital), por versar sobre questões gerais.

16Consoante ensina Marçal Justen Filho “é impossível determinar, em termos meramente abstratos, o âmbito de abrangência das normas gerais. Configura-se como conceito jurídico indeterminado. Significa reconhecer uma margem de liberdade no processo de sua aplicação. O legislador da União recebeu competência para dimensionar a extensão da abrangência das normas a serem editadas. A cláusula ‘norma geral’ admite que a União escolha entre disciplinar de modo mais abrangente a matéria ou de reduzir a especificidade dessa disciplina. Em última análise, a

84

Page 85: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

Constituição não fornece aprioristicamente a dimensão do que se possa entender por norma geral” (in Comentários à Lei de Licitações e Contratos Administrativos Dialética, 7ª ed., São Paulo, 2000, p. 17).

17A Norma sob comento foi aprovada pelo Congresso Nacional, sancionada e promulgada pelo Presidente da República e devidamente publicada. Não há, portanto, vício de competência na sua edição. Versa a respeito de matéria da atribuição da União – dispensa de licitação para aquisição de bens públicos, preenchidos os requisitos por ela estabelecidos.

18Não resta dúvida, ademais, que as regras da Lei nº 8.666/93 que estabelecem hipóteses de licitação dispensada são normas gerais, válidas a todos os entes federados, ressalvadas as hipóteses em que se busque restringir a situação em relação a um ou mais membros do pacto federativo.

19Frise-se, por oportuno, que a Constituição Federal determinou que a regra para a administração pública, ao celebrar seus contratos, é a realização do prévio certame licitatório, porém autorizou expressamente o legislador infraconstitucional a estabelecer hipóteses de dispensa de licitação. Nesse sentido, cumpre enfatizar, como bem o fez o douto representante do Parquet de contas, que a Lei nº 9.262/96 é norma ordinária que restringiu o alcance da regra geral estabelecida pelo art. 37, inciso XXI, do Diploma Básico.

20.Por conseguinte, data venia do entendimento contrário da 2ª SECEX, entendo que a matéria tratada na Lei nº 9.262/96 pode ser considerada norma geral, não apresentando, por conseguinte, vício de inconstitucionalidade por esta razão.

21.O douto Procurador-Geral, sem embargo de apresentar conclusão semelhante à da Unidade Técnica, apresentou motivos diversos para justificar a eventual inconstitucionalidade da Norma em exame. Alegou que deveria haver regramento mínimo para que se possa dispensar a licitação na alienação de bens públicos, sob pena de não se preservar o interesse público, o que feriria o princípio constitucional da indisponibilidade do interesse público.

22.Data maxima venia, não vislumbro eventual inconstitucionalidade da Norma apenas pelo fato de não trazer regramento preciso acerca de como seria efetuada a venda direta dos bens. Nada impede que o legislador apresente regra de caráter genérico, sem que haja descrição pormenorizada de sua aplicação, desde que a hipótese a ser normada esteja precisamente definida.

23.Não se trata, no caso específico, de norma de natureza sancionadora, em que se poderia exigir um nível maior de detalhamento do suporte fático a ser alcançado por suas disposições. Busca-se, apenas, criar nova hipótese de licitação dispensada, nos casos que menciona. Não se presta a definir procedimento mínimo de venda de tais lotes.

24.Autoriza a alienação de áreas públicas localizadas na APA do São Bartolomeu e, vai mais além, permite que a venda ocorra de forma direta, dispensando-se licitação, aos possuidores que comprovarem atender aos requisitos estabelecidos pela Lei.

25.Ressalte-se que a Lei nº 8.666/93, ao estabelecer as situações em que a venda de imóveis poderia ocorrer mediante licitação dispensada, não apresentou o detalhamento exigido pelo douto Procurador-Geral, sem que isso tenha sido mote para eventual questionamento de sua constitucionalidade. Ao contrário, o art. 17, inciso I, determina apenas que a alienação de imóveis dependerá de autorização legislativa para órgãos da administração direta e entidades autárquicas e fundacionais e de prévia avaliação, exigência esta extensiva a todos os entes integrantes da administração pública.

26.Estipula, ainda, a concorrência como regra geral para alienação de imóveis, ressalvando expressamente as hipóteses das alíneas ‘a’ a ‘f’ para dispensa do procedimento licitatório. Permite, por exemplo, que seja efetuada sem licitação a alienação, concessão de direito real de uso, locação ou permissão de uso de bens imóveis construídos e destinados ou efetivamente utilizados no âmbito de programas habitacionais de interesse social, sem, contudo, disciplinar a forma como será feita a referida alienação.

27.Não é estranho ao ordenamento jurídico a existência de normas que necessitem de regulamentação infralegal para sua aplicação plena. Outras há que, apesar de não necessitarem de regulamentação para sua imediata incidência, podem e são reguladas por atos normativos de hierarquia inferior. Caso se entenda que a Norma Legal não possui os requisitos mínimos para sua imediata aplicação, não seria o caso de inconstitucionalidade, mas apenas de eficácia contida ou limitada, pendente de regulamentação via Decreto.

85

Page 86: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

28.Não é por outra razão, ademais, que o art. 84, inciso IV, in fine, da Constituição Federal estabelece como competência privativa do Presidente da República expedir decretos e regulamentos para a fiel execução das leis. O inciso II do parágrafo único do art. 87 estabelece, ainda, como competência dos Ministros de Estado expedir instruções para a execução das leis. Ora, se as normas legais tivessem, para serem consideradas válidas, que disciplinar a matéria que regulam de maneira detalhada, não haveria razão para a existência do chamado Poder Regulamentar do chefe do Poder Executivo, conforme expressamente admitiu o constituinte originário.

29.Concessa venia, não vislumbro, a priori, afronta ao princípio da indisponibilidade do interesse público por parte da Norma Legal sob comento. Não previu a possibilidade de doação de bens públicos, apesar de poder legitimamente fazê-lo, ao menos em relação aos bens da União. Ao contrário, ao estabelecer a alienação direta, expressamente dispôs acerca da venda de imóveis localizados na área referida pela Norma. O princípio acima citado significa que o gestor da coisa pública não pode dispor, por vontade própria, de forma arbitrária, sobre os bens a quem cabe administrar, gerir, curar. Deve, ao contrário, zelar pela correta utilização dos bens públicos, na forma e nos limites estabelecidos em lei.

30.Frise-se que ao legislador incumbe determinar a forma como poderão os bens públicos ser utilizados pela administração pública, de forma a melhor atingir o interesse público, a ser definido também em lei. Ora, in casu, a própria Norma Legal determina que determinados bens, localizados em determinada área, melhor atende ao interesse coletivo, pela sua alienação direta aos atuais possuidores que preencham os requisitos ali previstos.

31.Estabelece, ainda, a Lei nº 9.262/96 que o pagamento do lote deverá ser efetivamente comprovado. Somente podendo adquirir aquele que comprovar ter firmado compromisso de compra e venda de fração ideal do loteamento. Dispõe, ainda, acerca da forma como deverá ser efetuada esta prova. O § 1º do art. 3º determina que a venda a que se refere o Diploma somente pode ser efetuada em relação às áreas passíveis de se transformarem em urbanas. O § 12 do mesmo artigo dispõe que não serão consideradas, nas avaliações para fins de venda, as benfeitorias promovidas pelos efetivos ocupantes.

32.Vai mais além, ainda, a Norma, ao estabelecer o destino a ser dado com o dinheiro arrecadado com a venda dos lotes, que deverão ser aplicados na construção de casas populares no Distrito Federal e em obras de infra-estrutura nos assentamentos habitacionais para populações de baixa renda.

33.Estabeleceu, portanto, a Norma em comento exigências mínimas que asseguram o atendimento do interesse de determinada coletividade e, ao mesmo tempo, busca assegurar a utilização de recursos para atender o interesse de camada social de menor poder aquisitivo. Determinou a lei, portanto, qual o interesse público a ser buscado na hipótese e estabeleceu a forma de se atingir tal interesse.

34.Enfim, não se trata de dispor livremente do interesse público, mas, ao contrário, busca a Norma definir o interesse público a ser atendido no caso concreto, que é a pacificação social de determinada comunidade, por meio da juridicização de um situação de fato há muito consolidada no Distrito Federal, beneficiando pessoas de boa-fé que buscaram atender a necessidade básica de moradia, direito social garantido pelo art. 7º da Constituição Federal.

35.Antes de finalizar o exame desta questão, gostaria de ressaltar que teria dificuldade em conhecer da presente consulta, caso entendesse que a Lei nº 9.262/96 é inconstitucional, pelas razões que exponho a seguir. O objeto da consulta consiste em determinar quais seriam as possíveis interpretações da referida Lei. O § 2º do art. 1º da Lei nº 8.443/92 estabelece que a resposta à consulta tem caráter normativo e constitui prejulgamento da tese.

36.Significa dizer que a decisão a ser adotada em sede de consulta deve ser obedecida pelos órgãos sujeitos à jurisdição do Tribunal e que venham, de qualquer forma, a ser abrangidos pela matéria objeto do feito. Assim, por exemplo, se a consulta versar sobre a correta aplicação de determinado dispositivo legal afeto a todo o Poder Judiciário, a resposta do Tribunal não obrigará apenas ao órgão consulente, mas estender-se-á a todos os demais órgãos do Judiciário Federal. Este o alcance do caráter normativo de que trata o citado dispositivo legal.

37.Tais processos apresentam, por conseguinte, verdadeira eficácia erga omnes, pelo menos no que pertine à administração pública sujeita à matéria objeto da consulta. Ora, se o processo versa

86

Page 87: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

a respeito da aplicação de determinada norma legal e se a conclusão alcançada alude à sua inconstitucionalidade, estará, na verdade, o Tribunal exercendo competência constitucional que não detém, qual seja, o controle abstrato de normas, ainda que de efeitos restritos.

38.Se a decisão da consulta afirmar a inconstitucionalidade da norma, seu caráter normativo acarretará a obrigatoriedade de os órgãos sujeitos à jurisdição do Tribunal não a aplicarem. O efeito prático será a suspensão da eficácia da norma objeto da consulta, o que não pode ser realizado pelo TCU. Reconheça-se que pode esta Corte examinar a constitucionalidade de leis, no exercício de sua missão institucional, porém apenas para decidir o caso concreto. Nunca quando o objeto de processo, cuja decisão possua efeito normativo, for a própria constitucionalidade da norma.

39.Consoante estabelecido pelo constituinte originário, no ordenamento jurídico nacional apenas o Poder Judiciário (Supremo Tribunal Federal em relação à Constituição Federal e Tribunais de Justiça em referência às Constituições Estaduais e à Lei Orgânica do DF) pode exercer o controle abstrato e concentrado de normas.

40.Legítimo seria o exame da constitucionalidade de norma por parte do Tribunal, em sede de consulta, caso não fosse este o objeto principal do feito. Perfeita a atuação da Corte, nas situações em que, para fundamentar a decisão final, deixa de aplicar determinada norma por considerá-la inconstitucional.

41.A propósito, o Supremo Tribunal Federal vem restringindo a possibilidade de, em sede de Ação Civil Pública, os juízes exercerem o chamado controle difuso de constitucionalidade, exatamente pelo fato de que determinadas sentenças produzidas em sede de tais ações possuírem eficácia erga omnes. A respeito do tema, cumpre trazer a lição de Alexandre de Moraes, ao analisar diversas decisões do Pretório Excelso:

“Assim, o que se veda é a obtenção de efeitos erga omnes nas declarações de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo em sede de ação civil pública, não importa se tal declaração consta como pedido principal ou como pedido incidenter tantum, pois mesmo nesse a declaração de inconstitucionalidade poderá não se restringir somente às partes daquele processo, em virtude da previsão dos efeitos nas decisões em sede de ação civil pública dada pela Lei nº 7.437 de 1985.” (in Direito Constitucional 12ª ed., Atlas, São Paulo, 2002, p. 594).

42.Todavia, pelas razões já expostas, a presente consulta pode ser conhecida, na parte em que versar sobre bens públicos federais, uma vez que a Lei nº 9.262/96 pode ser perfeitamente aplicável às hipóteses normativas nela prevista. Os argumentos aduzidos nos autos, data venia, não são suficientes para afastar a presunção de constitucionalidade que toda norma regularmente editada possui. Passo a examinar, por conseguinte, as possíveis interpretações das situações disciplinadas na Lei, conforme solicitado na consulta.

A Lei 9.262/96

43.A Norma em epígrafe dispõe sobre a administração de bens públicos da Área de Proteção Ambiental da Bacia do Rio São Bartolomeu. Apresenta dispositivos de índole federal, apenas, ao tratar da gestão e fiscalização da referida área e regras de caráter nacional, ao estabelecer critérios de dispensa de licitação na alienação de determinados bens.

44.O art. 1º transfere ao Distrito Federal a responsabilidade pela administração e fiscalização da APA sob comento. Tal dispositivo não guarda relação direta com o problema de moradia que originou a presente consulta. Busca tornar mais eficiente a fiscalização de área de proteção ambiental ao deixar esta responsabilidade ao ente federado responsável pela política urbana da região em que se localiza a APA.

45.Trata-se de norma federal, que transfere a gestão de área de preservação ambiental da União ao Distrito Federal. Exemplo típico da concretização do chamado federalismo de cooperação adotado pela Constituição de 1988, encontra respaldo no art. 23, VI, do Texto Político que estabelece como competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios a proteção ao meio ambiente. Perfeita, portanto, a autorização ao Poder Executivo local para exercer a fiscalização e administração da APA sob comento.

46.Considerando não existirem maiores dificuldades na interpretação de tal dispositivo, entendo desnecessários maiores comentários a respeito. Ressalto, tão-somente, que a matéria

87

Page 88: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

disciplinada pelo art. 1º da mencionada Norma versa a respeito da gestão de política ambiental, tema que não se enquadra no objetivo final da presente consulta.

47.Fundamental para o deslinde das questões suscitadas pela Comissão técnica consulente é o art. 3º e parágrafos do mencionado Diploma Legal. Trata-se de norma de caráter nacional e que busca excepcionar o princípio constitucional da prévia licitação da administração pública. Por essa razão, pode ser aplicada não apenas em relação aos imóveis federais, mas também tem plena incidência sobre bens pertencentes a outros entes federados.

48.Não obstante esta característica da Lei, devo ressaltar novamente que a jurisdição do Tribunal de Contas da União, no presente caso, limita-se à esfera federal. A resposta à presente consulta alcança apenas os órgãos e entidades públicas federais ou, no máximo, àqueles que administrem bens ou recursos federais. É importante frisar que muito embora as conclusões do processo não atinjam outras esferas governamentais (Estados, Distrito Federal e Municípios), nada lhes impede a aplicação da referida Lei, que, conforme exposto, não apresenta vícios de inconstitucionalidade.

49.Transcrevo, a seguir, o art. 3º e parágrafos da Norma sob comento, ressaltando que os §§ 4º a 11 foram vetados pelo Presidente da República:

“Art. 3º As áreas públicas ocupadas localizadas nos limites da APA da Bacia do Rio São Bartolomeu, que sofreram processo de parcelamento reconhecido pela autoridade pública, poderão ser, no todo ou em parte, vendidas individualmente, dispensados os procedimentos exigidos pela Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993.

§ 1º A possibilidade de venda a que se refere o caput só se aplica às áreas passíveis de se transformarem em urbanas, e depois de atendidas as exigências da Lei nº 6.766, de 19 de dezembro de 1979.

§ 2º Poderá adquirir a propriedade dos lotes, nos termos do caput deste artigo, aquele que comprovar, perante a Companhia Imobiliária de Brasília – Terracap, ter firmado compromisso de compra e venda de fração ideal do loteamento, prova esta que deverá ser feita mediante apresentação do contrato firmado com o empreendedor do loteamento ou suposto proprietário, além da comprovação de que efetivamente pagou, ou está pagando, pelo terreno, através de cópias dos respectivos cheques e extratos bancários, ou comprovação de que tenha pago o terreno com algum bem que estava em sua esfera patrimonial.

§ 3º Quando o detentor da fração ideal não tiver quitado seu terreno, deverá comprovar, os termos do parágrafo anterior, que iniciou o pagamento do mesmo anteriormente a 31 de dezembro de 1994.

§ 12 Para efeito das alienações previstas no art. 3º, serão desconsideradas nas avaliações as benfeitorias promovidas pelos efetivos ocupantes.”

50.Conforme já destacado anteriormente, o caput do artigo acima transcrito anota uma hipótese legal de licitação dispensada na alienação de bens imóveis. Estabelece, contudo, alguns requisitos indispensáveis para que a venda direta possa ocorrer. Alcança apenas os bens localizados nos limites da APA da Bacia do rio São Bartolomeu. Imóveis existentes em outras áreas não podem ser alienados sem licitação com fundamento nesta Norma. Para tanto, seria necessária a edição de nova lei federal.

51.Os imóveis públicos passíveis de venda direta devem estar ocupados. Não se exige que haja construção definitiva sobre a terra, mas é imprescindível que haja comprovação de sua ocupação. Terras públicas desocupadas não poderão ser vendidas diretamente. Busca-se, com tal medida, evitar a proliferação de novos condomínios por ocasião da venda dos imóveis.

52.Além disso, apenas aquelas áreas que sofreram regular processo de parcelamento, devidamente reconhecido pela autoridade pública. Não basta, portanto, a mera existência de supostos condomínios, devem ter sido reconhecidos pela autoridade pública, após o regular parcelamento devidamente executado, nos termos da Lei nº 6.766/79 e demais normas aplicáveis. Frise-se que somente as áreas passíveis de se tornarem urbanas, atendidas as exigências desta última Norma Legal, poderão ser objeto de dispensa de licitação.

53.Registre-se, ainda, que a Norma em discussão não impõe ao administrador público a obrigatoriedade de venda direta. Faculta, apenas, que, presente o interesse coletivo na venda direta dos imóveis, sejam dispensadas as regras de licitação previstas na Lei nº 8.666/93.

88

Page 89: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

54.Enquanto o caput e o § 1º estabelecem os requisitos objetivos para que haja incidência da Lei nº 9.262/96, ou seja, determinam quais os imóveis podem ser passíveis de alienação direta, o § 2º estipula os requisitos subjetivos da venda direta, disciplina quem pode adquirir os bens públicos sem licitação. Em primeiro lugar, o eventual adquirente deve comprovar, perante a TERRACAP, que firmou compromisso de compra e venda de fração ideal do loteamento, mediante apresentação do instrumento de contrato celebrado com o empreendedor ou com o suposto proprietário. Neste ponto, cabe aduzir que a Norma não exigiu que o ajuste fosse celebrado com o real proprietário (Poder Público), mas com aquele que, perante terceiros de boa-fé, apresentou-se como legítimo dono do imóvel, apesar de não o ser. Ressalto que, consoante já comentado anteriormente, a presente Norma traz regra concretizadora do federalismo de cooperação. Nesse contexto, nada obsta que empresa estatal do Distrito Federal (TERRACAP) possa exercer o crivo administrativo prévio à alienação de bens públicos federais.

55.Exige-se, ainda, que o futuro adquirente demonstre já ter pago, ou esteja pagando, a fração ideal do loteamento. Na hipótese de não ter sido quitado o lote, deve-se demonstrar que o pagamento iniciou-se anteriormente a 31.12.94. Por fim, a regra do § 12 não se destina a regulamentar a venda direta, mas a determinar a exclusão das avaliações dos lotes das benfeitorias promovidas pelos efetivos ocupantes. Foi bem o legislador ao consignar tal exclusão. Com efeito, caso os lotes fossem vendidos incluindo-se em seus preços as benfeitorias realizadas pelos seus ocupantes haveria, inevitavelmente, enriquecimento sem causa do Poder Público, o que não é permitido pelo sistema jurídico. Quer dizer, uma vez que as benfeitorias não foram executadas pelo Poder Público, não há sentido em inseri-las nos preços pelos quais serão vendidos os lotes. Fosse isto feito, estaria o Poder Público, como já dito, apropriando-se de riqueza para a qual não contribuiu. Riqueza fruto de investimentos privados e que, destarte, não pode lhe pertencer. É essa a idéia subjacente ao dito § 12.

56.Para facilitar o deslinde do feito, apresento, a seguir, a relação das exigências legais para que se possa realizar a venda direta dos bens públicos tratados na Lei nº 9.262/96:

a) as terras públicas devem estar localizadas na APA da bacia do rio São Bartolomeu;b) os imóveis devem estar ocupados;c) a existência de processo de parcelamento devidamente reconhecido pela autoridade pública

competente;d) alcança apenas áreas passíveis de transformação em urbanas, atendidas as exigências da

Lei nº 6.766/79;e) o adquirente deve ter celebrado compromisso de compra e venda de fração ideal do

loteamento com o empreendedor ou com o suposto proprietário;f) o bem já deve ter sido integralmente pago, ou, na hipótese de estar sendo pago de forma

parcelada, que o primeiro pagamento tenha sido efetuado antes de 31.12.94.57.Atendidas as exigências acima descritas, perfeita a incidência da Norma Legal e aberta a

possibilidade para que os órgãos competentes vendam os respectivos bens públicos de forma direta, sem a necessidade do prévio procedimento licitatório. Esta, basicamente, deve ser a resposta à consulta formulada pela Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara dos Deputados.

58.O art. 7º determina que os recursos auferidos nas alienações que trata o art. 3º serão destinados à construção de casas populares no Distrito Federal e a obras de infra-estrutura nos assentamentos habitacionais para populações de baixa renda. A lei estipula quais as áreas a serem beneficiadas com a venda de bens localizados na APA sob comento.

59.Lícita a destinação legal de verbas federais editada por Norma também federal. Evidente que a forma como será efetuada a arrecadação, a movimentação financeira, a elaboração de programas, a escolha de projetos a serem beneficiados, enfim a efetiva aplicação dos recursos depende de regulamentação prévia. Porém, isso não torna o dispositivo ineficaz. Impede a utilização dos recursos em destino diverso daquele legalmente estabelecido. Deixo de tecer comentários acerca da aplicação de eventuais recursos distritais arrecadados com vendas de bens pertencentes à Terracap, por estar fora da competência desta Corte.

60.Os artigos 9º e 11 são endereçados a órgão integrante da estrutura administrativa do Distrito Federal, razão pela qual deixo de comentar sobre possíveis interpretações a ser dada aos dispositivos, pelos motivos fartamente discutidos acima.

89

Page 90: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

61.Ressalte-se, ademais, que a Lei nº 9.262/96 versa acerca da possibilidade de venda de imóveis públicos localizados em determinada área. A Lei nº 9.636/98, por sua vez, dispõe acerca da regularização, administração, aforamento e alienação de bens imóveis de domínio da União. Poderia ser suscitado eventual conflito aparente de normas, no que diz respeito à qual Norma deveria incidir sobre eventual venda de bens da União localizados na área abrangida pela Lei nº 9.262/96.

62.Entendo que a dúvida supra deve ser dirimida pela aplicação do princípio da especialidade – princípio geral de hermenêutica – e pela incidência da regra inserta no § 2º do art. 2º da Lei de Introdução ao Código Civil, que estabelece que a lei nova que estabeleça disposições gerais ou especiais a par das já existentes não revoga ou modifica a lei anterior.

63.A Lei nº 9.636/98 versa sobre normas gerais de alienação de imóveis da União. A Lei nº 9.262/96 trata da possibilidade de venda direta de bens públicos localizados em determinada área. É portanto, especial em relação à Norma Geral sobre imóveis da União. Dessa forma, apesar de ser posterior, a Lei nº 9.636/98 não revogou nem modificou a Lei nº 9.262/96 que continua em vigor, podendo ser perfeitamente aplicada, observadas as considerações acima elaboradas.

64.Por fim, entendo pertinente tecer algumas considerações acerca de possíveis alternativas para a solução da questão social adjacente à presente consulta, apesar de não a integrarem objetivamente. O Deputado Federal João Hermann Neto mostrou preocupação com a situação dos chamados “condomínios irregulares” existentes atualmente no Distrito Federal que atinge cerca de 400.000 pessoas.

65.Sem embargo de reconhecer que o processo de consulta, pelas suas características específicas, deve ser respondido dentro dos estritos termos em que foi formulada, entendo que a relevância social do tema permite que o Tribunal verifique eventuais alternativas para a solução da questão. Ressalve-se, apenas, que tais considerações devem se limitar ao Voto, não integrando a parte dispositiva do feito, por não terem sido objeto específico da consulta.

66.Louváveis a iniciativa e o brilhantismo das considerações e propostas de solução formuladas pela Unidade Técnica e pelo Ministério Público, as quais integram o relatório que precede o presente Voto e deverão ser encaminhadas ao órgão consulente, a fim de servir como subsídio ao legislador. Não obstante, entendo que a melhor alternativa para a solução do problema é a edição de ato normativo com força de lei, por parte da União, que tenha caráter geral, de forma a incluir, dentre as situações previstas de licitação dispensada de que trata o inciso I do art. 17 da Lei nº 8.666/93, mais uma hipótese de alienação direta que contemple a situação dos condomínios irregulares.

67.Frise-se que a adoção de medida com força de lei para solucionar situações concretas que se colocam diante do Estado não é novidade para o legislador infraconstitucional, notadamente em relação a normas de licitação e contrato. Nesse ponto, cumpre trazer a baila a alteração efetuada no § 3º do art. 17 da Lei nº 8.666/93, pela Lei nº 9.648/98. Estabeleceu-se, com esta Norma, mais uma definição legal sobre o que deve ser entendido por investidura, ao prever a alienação, aos legítimos possuidores diretos, ou, na falta destes, ao Poder Público, de imóveis para fins residenciais construídos em núcleos urbanos anexos a usinas hidrelétricas, desde que considerados dispensáveis na fase de operação dessas unidades e não integrem a categoria de bens reversíveis.

68.Este dispositivo visou solucionar problema social específico que assolava aquelas pessoas que, durante a construção de usinas hidrelétricas, passaram a residir nas proximidades do canteiro de obras, em moradias especialmente construídas para este fim e que, ao final da construção, já tinham fixado domicílio na localidade e manifestaram intenção de permanecer ocupando os imóveis e residindo nas diversas vilas que surgiram no entorno de grandes hidrelétricas. A solução legal para o problema social já existente foi a criação de mais uma modalidade de licitação dispensada, a partir de definição legal mais abrangente do que se entende por investidura.

69.As mesmas razões jurídicas que levaram o legislador a alterar a Lei nº 8.666/93 podem servir de fundamento para nova alteração do Estatuto de Licitações e Contratos, no sentido de solucionar o grave problema social referente aos chamados “condomínios irregulares” existentes em áreas públicas.

70.Deixo de tecer considerações a respeito da forma e do conteúdo de tal ato normativo, por entender que tal questão é de inteira competência do legislador. Não deve o Tribunal tecer

90

Page 91: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

comentários acerca daquilo que deve integrar o conteúdo normativo. Apenas sinalizar que a melhor alternativa para solucionar o problema que se apresenta é a edição de ato normativo com força de lei que abranja a situação sob comento.

71.Por não integrar a consulta endereçada a esta Corte pela Comissão técnica da Câmara dos Deputados, deixo de tecer comentários a respeito da proposta do Deputado João Hermann Neto no sentido de se criar grupo de trabalho nesta Corte com o objetivo de propor eventuais critérios objetivos para a aquisição de lotes de propriedade da União.

72.Acompanho a conclusão da Unidade Técnica no sentido de indeferir pleito formulado pela Associação dos Condomínios Horizontais do Distrito Federal para que este Tribunal determinasse à Terracap o cumprimento da Lei Distrital nº 954/97. A uma, porque a presente consulta não trata da matéria versada no pedido supra e a duas, porque entendo que o Tribunal não detém competência para determinar a entidade distrital que cumpra norma distrital no exercício de atribuição local.

73.Por fim, cumpre registrar que deu entrada em meu Gabinete pedido de cópia da presente consulta formulado pelo Gabinete do Deputado Distrital Brunelli. Por se tratar de processo público que envolve interesse social de grande número de pessoas, entendo pertinente a concessão das cópias requeridas por legítimo representante da população do Distrito Federal.

Ante o exposto, data maxima venia por divergir parcialmente dos pareceres da Unidade Técnica e do Ministério Público Voto por que o Tribunal adote a deliberação que ora submeto à apreciação deste E. Plenário.

TCU, Sala das Sessões, em 9 de julho de 2003.

BENJAMIN ZYMLERRelator

GRUPO II – CLASSE III – PlenárioTC 009.764//2003-1Natureza: ConsultaInteressado: Deputado Federal Simão SessimÓrgão: Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara dos Deputados

DECLARAÇÃO DE VOTO

Cumprimento o eminente Ministro-Relator, Benjamin Zymler, pelo percuciente exame e pela qualidade do voto que apresenta a este Plenário em face de consulta formulada pela Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara dos Deputados sobre o alcance e as possíveis interpretações da Lei n° 9.262/96, que permite ao Poder Público do Distrito Federal vender diretamente ao possuidor de boa-fé lotes localizados em áreas públicas situadas nos limites da Área de Proteção Ambiental da Bacia do rio São Bartolomeu. Sua Excelência, com o brilhantismo que lhe é característico, deu adequada solução ao caso, razão por que acompanho o voto que apresenta, permitindo-me, porém, votar com ressalva.

Voto com ressalva principalmente quanto à discussão acerca da constitucionalidade ou não da Lei n° 9.262/96, especialmente porque não tenho, neste exato momento, juízo formado sobre a questão.

Apesar de estar consciente da dificuldade de o Relator enfrentar o problema nestes autos — já que a constitucionalidade de lei somente poderia ser examinada no caso concreto e o Tribunal de Contas da União, em resposta a consulta, como é o caso presente, não pode se manifestar sobre o caso concreto, constituindo-se a resposta em prejulgamento da tese apenas —, entendo que, nos estreitos limites deste processo de consulta, sem que possa ser dispensado adequado tratamento ao exame da constitucionalidade da Lei n° 9.262/96, a solução apresentada pelo eminente Ministro-Relator para a consulta parece-me a mais acertada.

91

Page 92: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

Com essas considerações, e em cumprimento ao disposto no parágrafo único do art.128 do Regimento Interno do Tribunal, aprovado pela Resolução n° 155/2002, apresento ao Plenário a presente declaração de voto.

T.C.U., Sala das Sessões Ministro Luciano Brandão Alves de Souza, em 9 de julho de 2003.

HUMBERTO GUIMARÃES SOUTOMinistro

ACÓRDÃO Nº 831/2003 - TCU - Plenário

1. Processo nº TC 009.764/2003-12. Classe de Assunto: III – Consulta3. Interessado: Deputado Federal Simão Sessim4. Órgão: Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara dos Deputados5. Relator: Ministro Benjamin Zymler6. Representante do Ministério Público: Dr. Lucas Rocha Furtado7. Unidade Técnica: 2ª SECEX8. Advogado constituído nos autos: não há9. Acórdão: Vistos, relatados e discutidos este feito que trata de consulta formulada pela

Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara dos Deputados.Os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão do Tribunal Pleno, diante

das razões expostas pelo Relator, ACORDAM, em:9.1. conhecer da presente consulta, com fundamento no art. 216 e parágrafos do Regimento

Interno c/c o art. 1º, XVII, da Lei nº 8.443/92, apenas na parte que trata de bens federais;9.2. responder à Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara dos Deputados

que:9.2.1. não cabe a este Tribunal fixar orientações acerca da aplicação de lei federal a órgãos e

entidades que não integrem a esfera federal, ressalvadas as hipóteses de transferência de bens, valores ou dinheiro federais a outros entes federados;

9.2.2. o artigo 37, XXI, da Constituição Federal permite o afastamento do procedimento licitatório para a alienação de bens imóveis pertencentes ao Poder Público, desde que haja lei federal autorizando a venda direta;

9.2.3. a Lei nº 9.262/96 é perfeitamente aplicável em relação aos imóveis de propriedade da União localizados na Área de Proteção Ambiental da bacia do rio São Bartolomeu;

9.2.4. é lícito aos órgãos e entidades responsáveis pela administração dos bens localizados na área de que trata a Lei nº 9.262/96 alienarem as terras públicas federais diretamente, sem a necessidade do prévio procedimento licitatório, desde que atendidos os seguintes requisitos legais:

9.2.4.1. as terras públicas devem estar localizadas na APA da bacia do rio São Bartolomeu;9.2.4.2. os imóveis devem estar ocupados;9.2.4.3. existência de processo de parcelamento devidamente reconhecido pela autoridade

pública competente;9.2.4.4. as áreas devem ser passíveis de transformação em urbanas, atendidas as exigências da

Lei nº 6.766/79;9.2.4.5. o adquirente deve ter celebrado compromisso de compra e venda de fração ideal do

loteamento com o empreendedor ou com o suposto proprietário;9.2.4.6. o valor das benfeitorias promovidas pelos efetivos ocupantes deve ser abatido da

avaliação do imóvel;9.2.4.7. o bem já deve ter sido integralmente pago, ou, na hipótese de estar sendo pago de

forma parcelada, que o primeiro pagamento tenha sido efetuado antes de 31.12.94.9.3. remeter cópia da presente deliberação, bem como do Relatório e Voto que a

fundamentam, à Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara dos Deputados, e à Secretaria de Patrimônio da União;

9.4. encaminhar cópia integral do presente feito ao Gabinete do Deputado Distrital Brunelli;

92

Page 93: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

9.5. arquivar o processo.

10. Ata nº 26/2003 – Plenário11. Data da Sessão: 9/7/2003 – Ordinária12. Especificação do quorum:12.1. Ministros presentes: Valmir Campelo (Presidente), Marcos Vinicios Vilaça, Iram

Saraiva, Humberto Guimarães Souto, Walton Alencar Rodrigues, Guilherme Palmeira, Benjamin Zymler (Relator) e o Ministro-Substituto Lincoln Magalhães da Rocha.

12.2. Auditores presentes: Augusto Sherman Cavalcanti e Marcos Bemquerer Costa.

VALMIR CAMPELOPresidente

BENJAMIN ZYMLERMinistro-Relator

Fui presente:

PAULO SOARES BUGARINProcurador-Geral, em substituição

GRUPO I – CLASSE IV – PlenárioTC 275.122/1997-2

Natureza: Tomada de Contas Especial.Entidade: Departamento Nacional de Obras Contra a Seca – Dnocs.Responsável: Hélio Correia de Mello, CPF n. 000.414.755-34, ex-Diretor-Regional.

SUMÁRIO: Tomada de Contas Especial. Débito decorrente da contratação de serviços de perfuração de poço cujo preço foi calculado aquém do permitido em lei. Imputação de responsabilidade solidária ao Diretor-Geral da entidade pública e ao proprietário do poço (Decisão do Plenário). Acolhimento das alegações de defesa apresentadas pelo Diretor-Geral do Dnocs. Citação do ex-Diretor Regional do Dnocs/BA (Decisão do Plenário). Pedido de parcelamento dessa autoridade. Deferimento. Exclusão da responsabilidade que fora atribuída ao proprietário do poço (Decisão do Plenário). Inadimplemento da obrigação assumida. Contas irregulares com débito. Autorização para cobrança judicial da dívida.

RELATÓRIO

Trata-se da Tomada de Contas Especial instaurada em cumprimento à Decisão n. 683/1995, proferida na sessão de 12/12/1995, pela qual o Plenário determinou à Secretaria de Controle Externo no Estado do Ceará que constituísse processos apartados do TC 006.469/1995-7, tendo como responsáveis solidários o Diretor-Geral do Dnocs, à época, Sr. Luiz Gonzaga Nogueira Marques, e o proprietário do poço localizado na Fazenda Sítio do Alto, no Município de Ibitiara/BA, Sr. Braulino Francisco Gomes, bem como procedesse à citação dos referidos responsáveis para que apresentassem alegações de defesa ou recolhessem àquela autarquia a quantia correspondente ao débito que lhes foi imputado, com os acréscimos legais contados a partir das datas especificadas nestes autos. Tal débito decorre da contratação de serviços de perfuração do referido poço, prestados pelo Dnocs, cujo preço foi calculado aquém do permitido em lei.

2.Em sessão de 28/07/1999, este E. Plenário, ao apreciar os presentes autos, decidiu, no essencial (Decisão n. 468/1999, fl. 96):

2.1 – acolher as alegações de defesa apresentadas pelo Sr. Luiz Gonzaga Nogueira Marques, ex-Diretor-Geral do Dnocs, por haver demonstrado sua não-participação na irregularidade que motivou a instauração da presente Tomada de Contas Especial, excluindo-o, em conseqüência, da

93

Page 94: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

responsabilidade que lhe foi atribuída nestes autos;2.2 – incluir o Sr. Hélio Correia de Mello, Diretor-Regional do Dnocs/BA, como responsável

solidário pelo débito apurado nestes autos, no valor original de Cr$ 96.803,02 atualizado monetariamente e acrescido dos juros de mora devidos, decorrente de serviços de perfuração do referido poço, cujo preço foi calculado em desconformidade com as normas legais vigentes;

2.3 – citar, em conseqüência, o Sr. Hélio Correia de Mello, solidariamente com o Sr. Braulino Francisco Gomes, fixando o prazo improrrogável de 15 dias, a contar da ciência, para que apresentassem defesa ou comprovassem, perante o Tribunal, o recolhimento ao Dnocs da supramencionada quantia, atualizada monetariamente e acrescida dos juros de mora devidos, na forma da legislação em vigor.

3.Citados (fls. 106 e 108), o Sr. Hélio Correia de Mello apenas solicitou o parcelamento do débito e o Sr. Braulino Francisco Gomes não apresentou defesa nem comprovou o recolhimento da importância devida.

4.Mediante a Decisão n. 506/2001 (fl. 121), este Plenário deliberou nos seguintes termos:4.1 – excluiu o Sr. Braulino Francisco Gomes, proprietário do poço localizado na Fazenda

Sítio do Alto, no Município de Ibitiara/BA, da responsabilidade pelo débito apurado nestes autos;4.2 – com fundamento no art. 26 da Lei n. 8.443/92, deferiu o pedido de parcelamento

formulado pelo Sr. Hélio Correia de Mello, autorizando-o, em conseqüência, a recolher ao Dnocs, em até 24 parcelas, o débito apurado, no valor de Cr$ 96.803,02;

4.3 – fixou o prazo de 15 dias a partir da data prevista para o recolhimento de cada parcela para que o referido responsável, comprovasse, perante este Tribunal, a efetivação dos respectivos pagamentos;

4.4 – alertou o responsável de que a falta do recolhimento de qualquer parcela importaria o vencimento antecipado do saldo devedor, de conformidade com o que estabelece o § 2º do art. 168 do Regimento Interno;

4.5 – determinou à Secex/BA que, concluído o recolhimento com observância das datas aprazadas, ou no caso de inadimplemento da obrigação assumida pelo responsável, promovesse a reinstrução do processo.

5.A Secex/BA, em instrução de fls. 141/142, informa que o Sr. Hélio Correia de Mello comprovou o pagamento de 11 da 24 parcelas, tendo a última sido recolhida em 26/09/2002. Consigna que, mediante o ofício de fl. 139, alertou o responsável de que o não-recolhimento no tempo fixado implicaria o vencimento antecipado do saldo devedor. Por fim, anota que, embora ciente da comunicação, o ex-Diretor-Regional do Dnocs/BA não se manifestou nem apresentou o comprovante de recolhimento do débito.

6.Diante disso, a Secex/BA propõe que sejam julgadas irregulares as presentes contas, com fundamento nos arts. 1º, inciso I, 16, inciso III, alínea b, 19, caput, e 23, inciso III, da Lei n. 8.443/1992, condenando o Sr. http://www.tcu.gov.br/cgi-bin/nph-brs.exe?SECT1=START&SECT2=THESON&SECT3=PLURON&SECT4=LINKON&SECT5=ADJ&u=/consultas/juris/ - h17 http://www.tcu.gov.br/cgi-bin/nph-brs.exe? SECT1=START&SECT2=THESON&SECT3=PLURON&SECT4=LINKON&SECT5=ADJ&u=/consultas/juris/ - h19Hélio Correia de Mello ao pagamento da quantia de Cr$ 96.803,02, atualizada monetariamente e acrescida de juros de mora, calculados a partir de 27/07/1991, nos termos da legislação em vigor, abatendo-se as parcelas já recolhidas.

7.O Ministério Público manifesta-se de acordo (fl. 144) com a proposta formulada pela unidade técnica, acrescentando sugestão de que seja autorizada, desde logo, a cobrança judicial da dívida, caso não atendida a notificação.

É o relatório.

PROPOSTA DE DECISÃO

Em cumprimento à Decisão Plenária n. 683/1995 foram instauradas diversas tomadas de contas especiais, tendo como responsáveis solidários, inicialmente, o Diretor-Geral do http://www.tcu.gov.br/cgi-bin/nph-brs.exe?SECT1=START&SECT2=THESON&SECT3=PLURON&SECT4=LINKON&SECT5=ADJ&u=/consultas/juris/ - h2 http://www.tcu.gov.br/cgi-bin/nph-brs.exe?

94

Page 95: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

SECT1=START&SECT2=THESON&SECT3=PLURON&SECT4=LINKON&SECT5=ADJ&u=/consultas/juris/ - h4Dnocs, à época, Sr. Luiz Gonzaga Nogueira Marques, e os proprietários de poços, em decorrência da contratação de serviços de perfuração de poços, prestados pelo http://www.tcu.gov.br/cgi-bin/nph-brs.exe?SECT1=START&SECT2=THESON&SECT3=PLURON&SECT4=LINKON&SECT5=ADJ&u=/consultas/juris/ - h3 http://www.tcu.gov.br/cgi-bin/nph-brs.exe? SECT1=START&SECT2=THESON&SECT3=PLURON&SECT4=LINKON&SECT5=ADJ&u=/consultas/juris/ - h5Dnocs, com preços calculados aquém do permitido em lei.

2.Em 09/06/1999, o Tribunal Pleno, ao apreciar o primeiro desses processos submetidos ao seu juízo, acolheu as alegações de defesa apresentadas pelo Sr. Luiz Gonzaga Nogueira Marques por haver sido demonstrado sua não-participação na irregularidade que motivou a instauração das TCEs, excluindo-o, em conseqüência, da responsabilidade que lhe foi atribuída. Nessa mesma oportunidade, ficou assente que a responsabilidade pela irregularidade era do Sr. Hélio Correia de Mello, Diretor Regional do Dnocs/BA – que celebrou os contratos com os proprietários dos poços –, razão por que foi incluído como responsável pelo débito, solidariamente com aqueles proprietários. Diversas outras deliberações sobrevieram, seguindo essa mesma linha de entendimento (Decisões Plenárias ns. 329/1999, 330/1999, 331/1999, 381/1999, 401/1999, 402/1999, 468/1999, 490/1999, 491/1999, 570/1999, 648/1999, 945/1999, 946/1999, 947/1999, 004/2000 e 382/2000).

3.Posteriormente, o Plenário, em outros julgados (Acórdãos ns. 148/2001, Ata n. 24; 157 e 158/2001, Ata n. 27; 179/2001, Ata n. 30; Decisões ns. 505 e 506/2001, Ata n. 32), adotou o entendimento de que a responsabilidade pela utilização da planilha com preços desatualizados é, tão-somente, do ex-Diretor Regional do Dnocs na Bahia, e injusta a responsabilização solidária do proprietário do poço que contratou e pagou à referida Autarquia, pela prestação dos serviços, com base nos preços fixados em planilha, cuja elaboração não lhe cabia, mas sim ao Dnocs.

4.Diversas deliberações se seguiram em que o Tribunal julgou irregulares as contas do Sr. Hélio Correia de Mello, condenando-o ao pagamento dos respectivos débitos apurados em cada processo (v.g. Acórdão 679/2001 – Ata n. 40/2001; Acórdão 716/2001; Acórdão 106/2002 – Ata 05/2002; todos da 1ª Câmara; e Acórdão 295/2002 – Ata n. 29/2002 do Plenário). Em alguns desses feitos, a exemplo deste, o ex-Diretor Regional do Dnocs na Bahia solicitou e obteve o parcelamento das dívidas que lhe foram atribuídas.

5.Tendo em conta que o responsável não comprovou o recolhimento integral da dívida, cumpre, na esteira das propostas da unidade técnica e do Ministério Público, julgar irregulares as suas contas e condená-lo ao pagamento do débito apurado nos autos, deduzindo-se as parcelas já recolhidas.

Diante do exposto, manifesto-me por que seja adotada a deliberação que ora submeto a este Colegiado.

T.C.U., Sala das Sessões, em 9 de julho de 2003.

MARCOS BEMQUERER COSTARelator

ACÓRDÃO Nº 832/2003 – TCU – Plenário

1. Processo n. TC 275.122/1997-22. Grupo I; Classe de Assunto: IV – Tomada de Contas Especial.3. Entidade: Departamento Nacional de Obras Contra a Seca – Dnocs.4. Responsável: Hélio Correia de Mello, CPF n. 000.414.755-34, ex-Diretor-Regional.5. Relator: Auditor Marcos Bemquerer Costa.6. Representantes do Ministério Público: Dr. Jatir Batista da Cunha.7. Unidade Técnica: Secex/BA.8. Advogado constituído nos autos: não há

9. Acórdão:

95

Page 96: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

VISTOS, relatados e discutidos estes autos de Tomada Contas Especial instaurada em cumprimento à Decisão Plenária n. 683/1995, proferida na sessão de 12/12/1995, para apurar a responsabilidade do prejuízo ao Dnocs decorrente da contratação de serviços de perfuração do poço localizado na Fazenda Sítio do Alto, no Município de Ibitiara/BA, prestados pela Autarquia, cujo preço foi calculado aquém do permitido em lei.

ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão do Plenário, ante as razões exposta pelo Relator, em:

9.1 – julgar, com fundamento nos arts. 1º, inciso I, 16, inciso III, alínea b, 19, caput, e 23, inciso III, da Lei n. 8.443/1992, as presentes contas irregulares e condenar o Sr. http://www.tcu.gov.br/cgi-bin/nph-brs.exe?SECT1=START&SECT2=THESON&SECT3=PLURON&SECT4=LINKON&SECT5=ADJ&u=/consultas/juris/ - h17 http://www.tcu.gov.br/cgi-bin/nph-brs.exe? SECT1=START&SECT2=THESON&SECT3=PLURON&SECT4=LINKON&SECT5=ADJ&u=/consultas/juris/ - h19Hélio Correia de Mello, ex-Diretor-Regional do Dnocs/BA, ao pagamento da quantia de Cr$ 96.803,02 (noventa e seis mil, oitocentos e três cruzeiros e dois centavos), fixando-lhe o prazo de 15 (quinze) dias, a contar do recebimento da notificação, para que comprove, perante esta Corte, o recolhimento da dívida ao Departamento Nacional de Obras Contra a Seca – Dnocs, atualizada monetariamente e acrescida de juros de mora, calculados a partir de 27/07/1991, nos termos da legislação em vigor, deduzindo-se, nos termos da Súmula/TCU n. 128, os seguintes valores já recolhidos: R$ 45,07 (em 16/11/2001), R$ 45,84 (em 14/12/2001), R$ 46,30 (em 16/012002), R$ 46,76 (em 18/02/2002), R$ 47,23 (em 18/03/2002), R$ 47,70 (em 08/04/2002), R$ 48,56 (em 16/05/2002), R$ 49,15 (em 18/06/2002), R$ 49,85 (em 30/07/2002), R$ 50,94 (em 26/08/2002) e R$ 51,78 (em 26/09/2002);

9.2 – autorizar, desde logo, nos termos do art. 28, inciso II, da Lei n. 8.443/1992, a cobrança judicial da dívida, caso não atendida a notificação.

10. Ata nº 26/2003 – Plenário11. Data da Sessão: 9/7/2003 – Ordinária12. Especificação do quorum:12.1. Ministros presentes: Valmir Campelo (Presidente), Marcos Vinicios Vilaça, Iram

Saraiva, Humberto Guimarães Souto, Adylson Motta, Walton Alencar Rodrigues, Guilherme Palmeira, Benjamin Zymler e o Ministro-Substituto Lincoln Magalhães da Rocha.

12.2. Ministro que alegou impedimento: Adylson Motta.12.3. Auditores presentes: Augusto Sherman Cavalcanti e Marcos Bemquerer Costa (Relator).

VALMIR CAMPELOPresidente

MARCOS BEMQUERER COSTARelator

Fui presente:

PAULO SOARES BUGARINProcurador-Geral, em substituição

GRUPO I – CLASSE V – PLENÁRIOTC 004.985/2003-0Natureza: Relatório de Levantamento de Auditoria (Fiscobras 2003)Entidade: Departamento Nacional de Obras Contra as Secas – DNOCSInteressado: Congresso NacionalAdvogado constituído nos autos: não consta

Sumário: FISCOBRAS 2003. Levantamento de Auditoria realizado nas obras de instalação do Perímetro de Irrigação Tabuleiro de Russas no Estado do Ceará. Indícios de irregularidades em

96

Page 97: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

um dos contratos. Determinação de realização de inspeção. Paralisação cautelar da liberação de recursos referentes ao Contrato PGE-45/02. Ciência à Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização do Congresso Nacional, ao Departamento Nacional de Obras Contra as Secas e ao Ministério da Integração Nacional.

RELATÓRIO

Trata-se de relatório de levantamento de auditoria realizado, no período de 25/03 a 10/04/2003, nas obras de instalação do Perímetro de Irrigação Tabuleiro de Russas no Estado do Ceará, objeto do Programa de Trabalho 20.607.0379.1746.0023, desenvolvidas pelo Departamento Nacional de Obras Contra as Secas – DNOCS, em cumprimento do subitem 9.1 do Acórdão nº 171/2003-TCU-Plenário, referente ao Fiscobras 2003.

A importância socioeconômica do empreendimento consiste na geração de renda e aumento da produção e produtividade agrícolas na região, baseado, principalmente, na produção de frutas e hortaliças. De acordo com a equipe de auditoria, quando o Projeto Tabuleiro de Russas atingir a estabilidade de produção, em 3(três) anos, deverá apresentar os seguintes benefícios:

- Empregos diretos gerados: 15.000;- Empregos indiretos: 40.000;- População beneficiada: 240.000;- renda bruta anual: R$ 120.000,00.O projeto básico foi elaborado em 31/10/1990 prevendo um custo de Cr$ 58.000.000,00

(cinqüenta e oito milhões de Cruzeiros). No entanto, a obras sofreu várias mudanças na sua concepção inicial ao longo dos anos, envolvendo a mudança do modelo de irrigação para gotejamento e microaspersão, além de um redimensionamento. Tais mudanças acarretaram alterações nos custos previstos inicialmente, tornando a tentativa de correlação entre o valor inicial com o que foi efetivamente gasto, de extrema complexidade.

Atualmente, a área total do projeto abrange cerca de 15.100 ha, sendo 11.500 ha correspondentes à 1ª etapa e 3.600 ha correspondente à 2ª etapa. O custo total é de R$ 295.000.000,00, sendo R$ 210.000.000,00 referentes à 1ª etapa e R$ 85.000.000,00 referentes à 2ª etapa. Para concluir a 1ª etapa, serão necessários recursos da ordem de R$ 14.000.000,00. A data prevista para a conclusão de todo o perímetro (15.100 ha) é 31/12/2006.

A Unidade Técnica informa que na data da vistoria, em 01/04/2003, o percentual de execução física era de 95% (1ª etapa), com previsão de conclusão para 31/12/2003, faltando a instalação dos núcleos habitacionais 2 e 3 da 1ª etapa do empreendimento. Não havia sido iniciada a execução física da 2ª etapa.

Estima-se, para a conclusão da 1ªetapa da obra (11.500 ha), que serão necessários recursos da ordem de R$ 14.000.000,00. Para o exercício de 2003 estão previstos, no orçamento, R$ 32.112.000,00, que seriam suficientes para concluir a 1ª etapa do projeto e iniciar a execução da 2ª etapa. Vale salientar que, segundo cronograma financeiro do DNOCS, para concluir todo o projeto (15.100 ha), seriam necessários: em 2003 a quantia de R$ 19,6 milhões (R$ 14,0 milhões para concluir a 1ªetapa e R$ 5,6 milhões para iniciar a 2ª etapa); em 2004 a quantia de R$ 26,7 milhões para a continuação da implantação da 2ª etapa; em 2005 a quantia de R$ 32,6 milhões para a continuação da implantação da 2ª etapa e em 2006, a quantia de R$ 19,8 milhões para a conclusão da 2ª etapa e, consequentemente, de todo o projeto. Durante o exercício de 2002, foram aplicados recursos da ordem de R$ 14.638.243,55, sendo que desse valor, R$ 5.269.191,45 correspondeu a Restos a Pagar. O DNOCS transferirá a administração, operação e manutenção do Perímetro Irrigado para o Governo do Estado do Ceará. Posteriormente, esse perímetro será emancipado, tornando-se autônomo. Algumas das ações preconizadas pelo Governo do Estado do Ceará, através da Secretaria de Agricultura Irrigada - SEAGRI, são as seguintes:

- Organização de produtores - participação e cooperação;- Segurança e fitossanidade - saúde e qualidade dos frutos;- Crédito bancário - garantia (fundo de aval);- Comercialização - apoio aos produtores;

97

Page 98: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

A Unidade Técnica ressalta os seguintes aspectos dos contratos celebrados pela entidade (fls. 13/35):

Contrato: PGE-06/95Objeto do Contrato: Construção da Infraestrutura Básica de Irrigação do Projeto.Contratada: Construtora Andrade Gutierrez SAVigência Atual: 02/10/1995 a 02/10/1998Valor Atual: R$ 59.481.319,12Situação: Concluído.Observações: em 04/08/95 foi firmado o contrato pelo valor de R$ 41.599.208,13 a preços de

junho/95. Porém, em 21/08/97, mediante um termo de ratificação incluindo no valor do contrato a importância de R$ 4.159.970,85, a título de valor provisional, e a importância de R$ 2.079.985,42, a título de "trabalho por administração". Assim, o contrato passou a ter o valor de R$ 47.839.664,80. Cabe registrar, ainda, que esses valores estavam previstos na licitação. Esse contrato foi aditivado até agosto de 1998, pelo Aditivo PGE-15/98, de 30.06.98, que prorrogou o prazo até 12.08.98. O valor final, somando-se todos os aditivos ficou em R$ 59.481.319,12.

Contrato: PGE-35/92Objeto do Contrato: Construção da Infraestrutura Básica de Irrigação do ProjetoContratada: Estenge Escritório Técnico de Engenharia Ltda.Vigência Atual: 10/12/1992 a 09/07/1994Valor Atual: Cr$ 128.559.550.860,18Situação: Rescindido em 26/10/1994Observações: A Portaria 173/DG/PGE de 26/10/94 rescindiu o contrato com a Estenge. Em

1995 foi realizada nova licitação, sagrando-se vencedora a Andrade Gutierrez S.A.

Contrato: PGE-33/98Objeto do Contrato: Construção de infra-estrutura básica de irrigação do projeto Tabuleiro

Russas No. Contratada: CONSTRUTORA ANDRADE GUTIERREZ SAVigência Atual: 01/10/1998 a 26/07/2001Valor Atual: R$ 19.559.691,83Situação: Concluído.Observações: o custo unitário das obras é o resultado do somatório do contrato anterior da

Andrade Gutierrez (PGE - 06/95), de R$ 59.481.319,12 com o atual, de R$ 19.559.691,83.

Contrato: PGE-13/99Objeto do Contrato: Construção com fornecimento de equipamentos e materiais, das linhas

elétricas de transmissão e distribuição.Contratada: SPIC SOCIEDADE DE PROJETOS INSTALACOES E COMERCIO LTDA.Vigência Atual: 08/11/1999 a 30/06/2002Valor Atual: R$ 9.658.702,49Termo Aditivo Vigente: 3º PGE – 03/2002Assinatura Último Termo Aditivo: 14/03/2002Observações: do total de R$ 9.430.991,44, consta que R$ 820.086,21 referia-se a valor

provisional e R$ 410.043,11 de trabalho por administração. Este contrato está suspenso, pois a execução da 2ª etapa ainda não se iniciou, e a rede elétrica da 1ª etapa já está concluída.

Contrato: PGE-38/92Objeto do Contrato: detalhamento do Projeto Básico e supervisão das obras de aquisição e

montagem dos equipamentos.Contratada: SONDOTÉCNICA ENGENHARIA DE SOLOS S/AVigência Atual: 17/12/1992 a 05/05/1998Valor Atual: Cr$ 9.811.339,69Situação: concluído.

98

Page 99: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

Observações: o prazo efetivo de execução do contrato foi na realidade 17/12/92 à 02/12/94 conforme Ordem de Serviço nº 18/92, de 14/08/95 à 27/02/98, nº 02/95 e de 20/03/98 a 05/05/98, nº 06A/98, perfazendo um prazo total de 1.689 dias. A interrupção do contrato nos períodos de 03/12/94 a 13/08/95, conforme ordem de paralisação nº 02/94 e de 28/02/98 à 19/03/98, nº 03/98 e o aumento no prazo de 974 dias, foi devido à rescisão do contrato firmado entre o DNOCS e a ESTENGE.

Contrato: PGE-07/01Objeto do Contrato: complementação das obras civis e montagem dos equipamentos do

projeto, tendo como contratada a empresa CONSTRUTORA ANDRADE GUTIERREZ AS.Valor Atual: R$ 14.199.648,62Situação: Suspenso.Observações: este contrato, referente à conclusão da 1ª etapa do projeto (11.500 ha), está à

espera de recursos para o seu reinício. Serão necessários aproximadamente R$ 9,7 milhões para a conclusão deste contrato, que somado a outras despesas referentes a outros contratos, mais os reajustes, perfazem aproximadamente R$ 14 milhões para a conclusão da 1ª etapa. Este contrato foi suspenso, por intermédio da Ordem de Paralisação 22/DI/02, de 20/12/02.

Contrato: PGE-45/02Objeto do Contrato: Construção da Infraestrutura Básica de Irrigação do Projeto 2ª EtapaContratada: CONSTRUTORA ANDRADE GUTIERREZ SAVigência Atual: 24/12/2002 a 10/12/2005 Valor Atual: R$ 84.737.023,48Situação: Suspenso.Observações: este contrato é referente à 2ª etapa do projeto. A Controladoria Geral da União

no Ceará realizou, no período de 21/02 a 17/03/2003, auditoria, dentre outras, na Concorrência nº 22/2002, referente à execução desta 2ª etapa, quando detectou indícios de possíveis irregularidades, tais como: utilização de programa de trabalho incompatível com a realização da despesa; ausência de elaboração de relatórios de impacto ambiental e ausência da licença ambiental; não admissão, para efeito de qualificação técnica, do somatório dos quantitativos de cada consorciado; alteração nos editais, sem abertura dos prazos estabelecidos pela legislação; ausência de encaminhamento de comprovação de pesquisa de preços para obtenção do preço global máximo. Considerando essas possíveis irregularidades e que a exiguidade do prazo que esta equipe teve disponível foi direcionado para os serviços executados na 1ª etapa do projeto, já que esta 2ª etapa ainda não iniciou, e levando-se em conta que a contratação para a execução desta 2ª etapa foi da ordem de R$ 85 milhões, consideramos necessária a realização de uma inspeção na contratação da execução da 2ª etapa deste projeto, decorrente da retromencionada Concorrência nº 22/2002, principalmente porque a 2ª etapa ainda não foi iniciada, o que possibilita uma ação eficaz e temporânea, evitando-se, se for o caso, prejuízo ao erário.

Contratos SecundáriosContrato:PGE-08/95Objeto do Contrato: Fornecimento dos Conjuntos Moto-Bombas p/ EBP e EBS.Contratada: Sulzer do Brasil S/AObservações: a data da assinatura do contrato é 26.09.95. Foi firmado Primeiro TA em

02/08/1996, prorrogando prazo por mais 35 dias. Esse contrato se encontra paralisado. A data base deverá ser considerada a data do início do contrato. Quando da execução da 2ª etapa do projeto, será necessário o fornecimento de conjuntos moto-bombas.

Conforme relatado pela equipe de auditoria, o contrato foi paralisado em 11/12/96 pelos motivos a seguir expostos.

Em 30/11/96 foram realizados e aprovados os testes de fábrica dos grupos motobombas, das Estações de Bombeamento Principal e Secundária. Desta forma os conjuntos ficaram aptos a serem embarcados com destino ao Projeto.

Em virtude de problemas inerentes à execução das obras, não foi possível, de imediato, proceder ao embarque das máquinas. Os motivos foram os mais variados: mudança do projeto da laje do poço das bombas, paralisação do contrato de execução das obras, por falta de pagamento

99

Page 100: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

durante vários meses no ano de 1996, necessidade de elaborar o projeto de ventilação forçada para a casa de bombas da EBP, etc. Em vista desses problemas, a solução encontrada foi solicitar à contratada a guarda dos conjuntos, até a conclusão das casas de bombas, que se verificou em maio/97. Para que o prazo do contrato não ficasse comprometido, devido aos problemas relacionados à execução da obra, a comissão decidiu paralisá-lo até que fosse permitido executar a montagem dos conjuntos.

Contrato: PGE-13/96Objeto do Contrato: Montagem das Adutoras Principais e Acessórios.Valor Atual: R$ 2.427.526,52Vigência Atual:11/11/1996 a 07/03/2000Contratada: MACAUBA CONSTRUCOES CIVIS LTDAO contrato inicial de nº 13/96 foi firmado com a empresa Macaúba. Posteriormente, o

DNOCS rescindiu unilateralmente o contrato e firmou outro de nº 69/98, com a empresa Pampulha Engenharia Ltda.

Por meio da Portaria nº 193/DE/CEP, de 01/10/99, o DNOCS se obrigou, em face de razões de cunho legal, a rescindir este contrato, voltando formalmente ao contrato anterior (PGE 13/96) firmado com a empresa Macaúba.

Através de um acordo entre as partes interessadas, foi firmado o termo de sub-rogação do contrato 13/96 à empresa Pampulha, que prosseguiu e concluiu os serviços, cujo movimento financeiro foi o seguinte:

- Valor do contrato PGE 13/96: R$ 1.973.108,47;- Valor pago em decorrência de termo aditivo: R$ 327.308,52;- Valor pago em decorrência de reajuste: R$ 277.159,13Os aditivos e reajustes ao contrato PGE 13/96 representaram um acréscimo de 23,0% sobre o

valor inicial, estando em conformidade com a Lei 8.666/93.

Contrato:PGE-14/96Objeto do Contrato: Fornecimento de Tubos das Adutoras, Chaminé de Equilíbrio e Barriletes

com Válvulas.Situação Atual: Concluído. Valor Atual: R$ 5.471.231,66Contratada: Brastubo Construções Metálicas S/AA data da assinatura do contrato é 07.10.96. O primeiro TA altera especificações da válvula

para adequações técnicas e prorroga o prazo até 04/09/97. O acréscimo é da ordem de R$ 296.535,87. Há também os valores relativos aos reajustes que totalizaram R$ 398.531,23. Assim, o contrato original, que era de R$ 4.776.159,56, passa a ter o valor de R$ 5.471.231,66. A data base deverá ser considerada a data do início do contrato.

Contrato: PGE-05/97Objeto do Contrato: Fornecimento de tubos com diâmetro inferior a 300 mm.Situação Atual: Concluído. Valor Atual: R$ 1.189.108,33Contratada: Tubos e Conexões Tigre Ltda.A empresa foi contratada pelo valor de R$ 1.227.569,71, todavia, devido a modificações nos

quantitativos dos materiais necessários para estruturação dos lotes, ocorrida em virtude de parceria com o Governo do Estado do Ceará, o valor passou a ser de R$ 1.189.108,33.

Contrato: Contrato 01/97Objeto do Contrato: Elaboração do Projeto de Eletrificação - Distribuição da Rede de

Alimentação – 69 KVASituação Atual: Concluído. Valor Atual: R$ 151.960,00Contratada: KL - Serviços de Engenharia Ltda.Observações:

100

Page 101: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

Primeiro TA - prorroga prazo até 1º/05/98 e aumenta serviços da ordem de R$ 27.960,00. Assim, o contrato, que era de R$ 120.000,00, passa ao valor de R$ 151.960,00. A data base deverá ser considerada a data do início do contrato

Esclarecimentos Adicionais:

Contrato: PGE-19/98Objeto do Contrato: Fornecimento de tubos da rede de distribuição com diâmetro maior ou

igual a 300 mm.Situação Atual: Suspenso. Valor Atual: R$ 5.777.217,01Vigência Atual:04/08/1998 a 08/08/2002Contratada: Companhia Metalúrgica BarbaráObservações: a data da assinatura do contrato é 04.08.98. A Denominação Social da Barbará

passou a ser SAINTGOBAIN (segundo termo aditivo - PGE-04/01). O contrato esteve paralisado à espera de recursos para a aquisição dos equipamentos restantes. Com a assinatura do quarto termo aditivo, em 28.03.2002, foi dada continuidade aos serviços, com um acréscimo de 11,52% (R$ 944.738,6) em sua Planilha de Preço. A data base deverá ser considerada a data do início do contrato. O contrato está suspenso, em decorrência da Ordem de Paralisação 08/DI/02, de 22/07/02.

Contrato: PGE-08/98Objeto do Contrato: Lote 1- Fornecimento de Conjunto de Manobra e Controle de 13,8 KV e

380/220 V, p/ EBP/EBSSituação Atual: Suspenso. Valor Atual: R$ 1.704.337,68Contratada: ABB LTDA.Observações: a data da assinatura do contrato é 05.06.98. Em 30/12/99 é firmado o primeiro

TA, aumentando o contrato em 25,12%, face a desvalorização cambial, visando o reequilíbrio financeiro do contrato. Assim, o contrato, que era de R$ 1.260.017,20, foi acrescido de R$ 316.636,30, totalizando R$ 1.576.653,50. Posteriormente, foi assinado o 3º TA, o qual promoveu o reequilíbrio da equação econômico-financeira do contrato original, em face da alteração das alíquotas do COFINS e do IPI, sobre os materiais a serem entregues, elevando o valor do contrato em 3,28%, ou seja, de R$ 1.704.337,68 para R$ 1.704.630,61. Esse contrato encontrava-se paralisado, à espera de envio de recursos para aquisição de mais equipamentos. A data de término foi considerada a data de conclusão da obra, por se tratar de um contrato de aquisição de equipamentos. A data base deverá ser considerada a data do início do contrato. O contrato encontra-se suspenso aguardando apenas a elaboração do termo de recebimento definitivo.

Contrato: PGE-06/98Objeto do Contrato: Lote 2- Fornecimento de Materiais de Instalação elétrica p/

EBP/EBS/UBL`s , NH`sSituação Atual: Concluído. Valor Atual: R$ 337.598,52Contratada: TERWAL Máquinas Ltda.

Contrato:PGE-03/98Objeto do Contrato: Fornecimento e Montagem do Sistema de Regulação de Níveis dos

Canais.Situação Atual: Concluído. Valor Atual: R$ 1.037.026,17Contratada: SERT - Engenharia de Instalações Ltda.Observações: a data da assinatura do contrato é 01.04.98. Esse contrato foi subrogado ao

Estado do Ceará. A data de término foi considerada a data de conclusão da obra. A data base deverá ser considerada a data do início do contrato. Para conclusão deste contrato está faltando apenas a montagem de alguns equipamentos que estão em almoxarifado. A não colocação desses equipamentos deve-se ao receio de atos de vandalismo. Em 14/02/2000 este contrato foi sub-rogado totalmente ao Estado do Ceará (SEAGRI).

Contrato: PGE-06/96

101

Page 102: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

Objeto do Contrato: Fornecimento de grades, stop logs, comportas e acessórios.Situação Atual: Suspenso. Valor Atual: R$ 2.071.970,11Contratada: ALSTOM ENERGIA S/A ( ex-Mecânica Pesada S/A.)Observações:Contrato PGE 06/96. Essa empresa mudou a razão social. Antes chamava-se Mecânica Pesada

S.A. Em 01.04.98 foi firmado um aditivo (PGE-12/98) prorrogando o prazo por 90 dias. Esse contrato encontra-se suspenso, em decorrência da Ordem de Paralisação 17/98-DG-CGP, de 14/07/98. A data base deverá ser considerada a data do início do contrato.

Contrato: PGE-04/99Objeto do Contrato: Fornecimento, supervisão e montagem do material elétrico das

subestações.Situação Atual: Concluído. Valor Atual: R$ 1.385.361,77Contratada: MPE MONTAGENS E PROJETOS ESPECIAISS/AObservações: o Contrato PGE 04/99 esteve paralisado por conveniência administrativa. A

data de término foi considerada a data de emissão do termo de recebimento provisório, relativo ao contrato em análise, pois decorridos dois anos da celebração do mesmo haviam sido entregues os materiais e equipamentos elétricos das subestações do Projeto. A data base deverá ser considerada a data do início do contrato. Houve ainda, em 16/05/2000 a celebração do termo de sub-rogação entre as empresas MPE – Montagens e Projetos Especiais S/A e MPE – Painéis e Controles Ltda.

Contrato: PGE-08/99.Objeto do Contrato: Fornecimento do Sistema de Irrigação da Rede de Gotejamento dos Lotes

do Projeto de Irrigação.Situação Atual: Suspenso. Valor Atual: R$ 2.999.153,20Contratada: NETAFIM IRRIGATION EQUIPMENT AND DRIP SYSTEMSObservações: Este contrato foi suspenso por intermédio da Ordem de Paralisação

15/00-DG/CGP, de 30/06/2000.

Contrato:PGE-07/98Objeto do Contrato: Supervisão das Obras, da Aquisição e da Montagem dos Equipamentos.Situação Atual: Concluído. Valor Atual: R$ 3.826.937,88Contratada: SONDOTÉCNICA ENGENHARIA DE SOLOS S/A

Contrato: PGE-02/2000Objeto do Contrato: Supervisão das Obras, Aquisição e Montagem dos Equipamentos.Situação Atual: Suspenso. Valor Atual: R$ 2.999.153,20Contratada: SONDOTÉCNICA ENGENHARIA DE SOLOS S/AEm 01/11/2002, por intermédio do Aditivo PGE-51/02, o valor do contrato foi alterado para

R$ 3.219.153,20. Em 20/12/2002, por intermédio da Ordem de Paralisação 21/DI/02, o contrato foi paralisado.

Contrato:PGE-24/00Objeto do Contrato: Fornecimento de tubos e conexões da rede fixa dos lotes.Situação Atual: Concluído. Valor Atual: R$ 569.426,91Vigência Atual:28/12/2000 a 06/02/2001Data-Base: 28/12/2000CNPJ Contratada:15.103.070/0001-42Razão Social:TERWAL Máquinas Ltda.Observações: O prazo para execução deste contrato foi de 45 dias. O contrato esteve

paralisado à espera de envio de recursos para aquisição de mais equipamentos. A data base considerada é a da OS nº 39/DG/CGP, de 28/12/2000.

Contrato:PGE-27/00

102

Page 103: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

Objeto do Contrato: Fornecimento de equipamentos hidromecânicos e eletromecânicos para as UBL's.

Situação Atual: Suspenso. Valor Atual: R$ 2.760.000,00Contratada: ALSTOM ENERGIA S/A ( ex- Mecânica Pesada S/A.)Observações: A data base deverá ser considerada a data do início do contrato. Este contrato

encontra-se suspenso aguardando a elaboração do termo de recebimento definitivo.

Contrato:PGE-25/00Objeto do Contrato: Fornecimento de equipamentos hidromecânicos e eletromecânicos para

as UBL's - Lote I.Situação Atual: Suspenso. Valor Atual: R$ 2.397.785,00Contratada: MPE MONTAGENS E PROJETOS ESPECIAISS/AObservações: este contrato encontra-se paralisado, à espera de envio de recursos para

aquisição de mais equipamentos. O prazo de execução previsto era de 90 dias. A data de término foi considerada a data de conclusão da obra. A data base deverá ser considerada a data do início do contrato. Este contrato encontra-se suspenso aguardando a elaboração do termo de recebimento definitivo.

Contrato:PGE-26/00Objeto do Contrato: Fornecimento do Sistema de Microaspersão.Situação Atual: Suspenso. Valor Atual: R$ 6.345.724,13Contratada: NETAFIM IRRIGATION EQUIPMENT AND DRIP SYSTEMSObservações: este contrato encontra-se suspenso, por intermédio da Ordem de Paralisação

02/01-DG/CGP, de 15/01/01. O seu valor foi de US$ 3,469,564.00, o que correspondeu a R$ 6.298.939,23. Somado ao transporte interno e seguro ( R$ 46.784,90), totalizou R$ 6.345.724,13 . A data de término foi considerada a data de conclusão da obra, por se tratar de um contrato de aquisição de equipamentos.

Contrato: PGE - 69/98Objeto do Contrato: Montagens e instalação de tubos de suportes da Adutora Principal,

barrilete e chaminé de equilíbrio da EBP e tubos de descarga da EBS.Situação Atual: Rescindido. Valor Atual: R$ 624.858,28Contratada: Pampulha Engenharia LTDA.Observações: a data do término de vigência foi considerada a mesma data da rescisão do

contrato. Por meio da Portaria nº 193/DE/CEP, de 01/10/99, o DNOCS se obrigou, em face de razões de cunho legal, a rescindir este contrato, voltando formalmente ao contrato anterior (PGE 13/96) firmado com a empresa Macaúba Construções Civis Ltda.

Contrato: PGE-23/02Objeto do Contrato: Fornecimento de tubos e peças especiais de PVC rígido e ferro fundido.Situação Atual: Concluído. Valor Atual: R$ 139.766,02Vigência Atual:08/07/2002 a 23/07/2002Data-Base: 25/06/2002Contratada: ASPERBRÁS

ConvêniosO DNOCS celebrou um convênio com o Governo do Estado do Ceará que tem como objeto

transferir ao governo estadual a administração, operação e manutenção do perímetro irrigado, para posterior emancipação. Conforme registrado pela equipe, a vigência desse convênio engloba o período de 31/08/1998 a 31/08/2038. O valor atual conveniado é de R$ 6.371.299,45. O órgão do Estado do Ceará que está executando esse convênio é a SEAGRI - Secretaria de Agricultura Irrigada.

Indícios de Irregularidades

103

Page 104: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

A equipe da SECEX-CE detectou indícios de irregularidades no procedimento licitatório e na execução do Contrato PGE-45/02, celebrado com a Andrade Gutierrez SA, classificando-os como graves. De acordo com o relatado, a Controladoria Geral da União no Ceará realizou, no período de 21/02 a 17/03/2003, auditoria, dentre outras, na Concorrência nº 22/2002, referente ao contrato em tela, relativo à execução da 2ª etapa do Projeto Tabuleiro de Russas, quando detectou indícios de possíveis irregularidades, tais como: utilização de programa de trabalho incompatível com a realização da despesa; ausência de elaboração de relatórios de impacto ambiental e ausência da licença ambiental; não admissão, para efeito de qualificação técnica, do somatório dos quantitativos de cada consorciado; alteração nos editais, sem abertura dos prazos estabelecidos pela legislação; ausência de encaminhamento de comprovação de pesquisa de preços para obtenção do preço global máximo.

Considerando essas possíveis irregularidades e que a contratação para a execução desta 2ª etapa foi da ordem de R$ 85 milhões, a equipe propõe a realização de uma inspeção na contratação da execução da 2ª etapa deste projeto, decorrente da Concorrência nº 22/2002, salientando que a execução do contrato não foi iniciada, o que possibilitaria uma ação eficaz e tempestiva do TCU, evitando-se a ocorrência de possíveis prejuízos ao erário. A Unidade Técnica conclui, ainda, pela paralisação cautelar da execução da 2ª etapa do projeto, objeto do contrato PGE-45/02, e não de toda a obra, para não prejudicar a conclusão das obras referentes à 1ª etapa.

A SECEX-CE justifica essa proposição da seguinte forma:“A Concorrência nº 22/2002, que originou o Contrato PGE-45/02, está sendo objeto de

investigação, juntamente com mais 03 Concorrências (20/2002, 21/2002 e 23/2002), que, somadas, totalizam recursos de R$ 478,0 milhões.

Os serviços objetos do Contrato PGE-45/02, no valor aproximado de R$ 85,0 milhões, ainda não foram iniciados, o que pode propiciar uma ação temporânea, evitando-se, se for o caso, prejuízo ao erário. A nulidade do processo licitatório poderá ensejar a nulidade do contrato. Para o exercício de 2003 estão previstos recursos de R$ 32.112.000,00 para o Perímetro Tabuleiro de Russas. Desses recursos, aproximadamente R$ 14,00 milhões serão destinados à conclusão da 1ª etapa, ficando o restante para o início da execução da 2ª etapa. Se a obra fosse totalmente paralisada, a conclusão da 1ª etapa ficaria prejudicada, o que poderia causar dano ao erário, pois com a não conclusão da 1ª etapa continuariam os custos com manutenção/recuperação que o mesmo sofre por falta de operação.

É importante que seja determinado, de imediato, ao DNOCS, a suspensão do contrato PGE-45/02, referente à execução da 2ª etapa, e que o mesmo somente inicie a execução dessa 2ª etapa após a conclusão de auditoria do TCU na referida contratação.

Além disso, é importante primeiramente concluir a 1ª etapa, pois com sua conclusão seria possível irrigar uma área de 11.500 ha, o que geraria emprego e renda para o perímetro e diminuiria os gastos com manutenção/recuperação que o mesmo sofre por falta de operação.”

Dessa forma, a equipe de auditoria propõe ao Tribunal, além da paralisação cautelar da execução do Contrato PGE-45/02 e da realização de inspeção citadas anteriormente, a realização de audiência do responsável, Sr. José Francisco dos Santos Rufino, para que, no prazo de 15 dias, apresente “as razões de justificativas em relação aos seguintes itens, referentes à Concorrência nº 22/2002 e o respectivo Contrato PGE-45/02, relativos à execução da construção da infraestrutura básica de irrigação da 2ª etapa do Projeto Tabuleiro de Russas :

a) Utilização de Programa de Trabalho no Contrato PGE-45/02 diferente do utilizado na Concorrência 22/2002;

b) ausência de Relatório de Impacto Ambiental - RIMA e da Licença Ambiental, em desacordo com o inciso VII, do art.12 da Lei nº 8.666/93 e art.2º da Resolução nº 001/86 do CONAMA;

c) não admissão, para efeito de qualificação técnica, do somatório dos quantitativos de cada consorciado, conforme preconiza o inciso III, do art. 33 da Lei nº 8.666/93;

d) alteração no Edital da Concorrência 22/2002, sem a reabertura de prazo estabelecido pelo §4º do art.21 da Lei nº 8.666/93.”

O Secretário de Controle Externo endossa as propostas da equipe de auditoria após tecer as seguintes considerações:

104

Page 105: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

“Considerando:a materialidade dos valores envolvidos (R$478 milhões) e a gravidade dos fatos contidos no

Relatório de Auditoria nº. 119355, da Controladoria-Geral da União no Estado do Ceará - CGU/CE (anexo), atinentes a 4 (quatro) Concorrências realizadas pelo DNOCS, de nºs. 20, 21, 22 e 23, todas de 2002, sendo duas destinadas ao Estado do Ceará e duas ao Estado do Piauí, incluindo a Concorrência nº. 22/02, destinada a 2ª. Etapa do Projeto de Irrigação de Tabuleiro de Russas, objeto do Contrato PGE 45/02 e dos presentes autos;

que a Nota Técnica nº. 315/DEINT/DE/SFC/CGU-PR (anexa), com a qual manifestou sua aquiescência o Secretário Federal de Controle Interno, propôs que fosse expedida recomendação ao Senhor Secretário Executivo do Ministério da Integração Nacional, "no sentido instaurar procedimento administrativo visando à apuração de responsabilidade pelos fato apontados no citado relatório, bem como avaliar a conveniência e oportunidade de se proceder a anulação das licitações em comento, tendo em vista as ilegalidades constatadas";

que em matéria jornalística (anexa, do Jornal "O Povo", edição de 26/04/03) o Diretor-Geral do DNOCS admitiu a possibilidade de anular as licitações objeto do Relatório da CGU/CE, incluindo a do projeto de Tabuleiro de Russas, e que a segunda etapa das obras em comento "só seria iniciada no fim do ano ou começo de 2004, quando a primeira estará concluída";

que os indícios de irregularidades relacionados à Concorrência nº. 22/02 foram descritos de forma reduzida no campo ‘Observações’ do Contrato PGE 45/02;

que as obras da 2ª etapa ainda não foram iniciadas, tendo os trabalhos de auditoria sido direcionados às obras executadas na 1ª etapa;

que o Programa de Trabalho (no valor de R$32.112.000,00) refere-se ao Projeto de Irrigação como um todo, tanto à 1ª etapa, quanto à 2ª, esta ainda não iniciada e apresentando tais indícios de irregularidades graves;

que já foram tomadas medidas de impacto em relação a duas das quatro Concorrências mencionadas no Relatório da CGU/CE, conforme abaixo:

após intervenção do Ministério Público Federal, em relação à Concorrência nº. 20/2002, destinada ao Projeto de Irrigação do Baixo Acaraú, o valor da proposta da licitante vencedora foi reduzido em R$6.045.059,49 (seis milhões, quarenta e cinco mil, cinqüenta e nove reais e quarenta e nove centavos);

em relação à Concorrência DNOCS nº. 21/2002 e respectivo Contrato nº. 47/2002, que têm por objeto as obras civis o Projeto de Aproveitamento Hidroagrícola dos Platôs de Guadalupe - 2ª Etapa, no Estado do Piauí, o Exmo. Sr. Ministro Humberto Guimarães Souto, Relator do TC 005.234/2003-7 (Relatório de Levantamento de Auditoria de Obras - FISCOBRAS 2003), comunicou ao Plenário do TCU, em Sessão de 04/06/2003, que expedira Ofício ao Exmo. Sr. Ministro da Integração Nacional dando ciência àquela autoridade das irregularidades constatadas, recomendando, "como medida de precaução, a suspensão do repasse de recursos para a execução do Contrato nº. 47/2002, até decisão final deste Tribunal" (anexo);

Manifesto-me de acordo com a proposta de que seja, com fulcro no art. 276 do Regimento Interno do TCU, determinada, através de medida cautelar, a suspensão do Contrato PGE 45/02, realizado em razão da Concorrência nº. 22/02, destinado à 2ª etapa do Projeto de Irrigação de Tabuleiro de Russas, até que o Tribunal de Contas da União delibere sobre a legalidade dos referidos certame e contratação.”

É o Relatório.

VOTO

Em exame as apurações constantes do relatório de levantamento de auditoria realizado pela Secex/CE nas obras de instalação do “Perímetro de Irrigação Tabuleiro de Russas” no Estado do Ceará, objeto do Programa de Trabalho 20.607.0379.1746.0023, desenvolvidas pelo Departamento Nacional de Obras Contra as Secas – DNOCS. Os trabalhos foram feitos em cumprimento ao subitem 9.1 do Acórdão nº 171/2003-TCU-Plenário (Fiscobras 2003).

Entre as informações relacionadas com o andamento do empreendimento, consigna a equipe de auditoria indícios de irregularidades em procedimento licitatório – Concorrência nº 22/02 –

105

Page 106: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

efetuado para a contratação das obras referentes à 2ª Etapa do Projeto, tendo sido celebrado o Contrato PGE-45/02 entre a Entidade Federal e a empresa Andrade Gutierrez S.A.. Cumpre ressaltar que os referidos indícios foram detectados pela Controladoria-Geral da União no Estado do Ceará ao realizar uma Auditoria Especial nas concorrências promovidas pelo DNOCS. Os resultados obtidos pela CGU foram remetidos ao Tribunal pelo Ofício nº 2.268/2003/DEINT/DE/SFC/CGU-PR (fls. 45/93).

Os indícios apontados no relatório do Controle Interno podem, caso se confirmem, levar à nulidade do certame e, consequentemente, do contrato, motivo pelo qual entendo pertinente a proposta de suspensão cautelar da execução do Contrato PGE-45/02, no intuito de que sejam evitados prejuízos ao erário, até ulterior deliberação deste Plenário sobre a legalidade da Concorrência 22/2002 e do Contrato PGE-45/02, quando da apreciação da inspeção a ser realizada pela SECEX-CE. A suspensão de repasses financeiros para o Programa de Trabalho é, neste momento, desnecessária e poderia prejudicar a conclusão da 1ª Etapa, já em fase final, e a execução dos demais contratos que não apresentaram irregularidades graves.

Quanto à proposta de audiência, entendo não ser este o momento apropriado, considerando que os autos carecem de elementos probatórios, tanto da responsabilidade, quanto das irregularidades. Lembro que a referida inspeção poderá trazer elementos ao processo que comprovem os indícios apontados pela Controladoria Geral da, ou que, por outro lado, os justifiquem. Dessa forma, a audiência deverá ser efetivada após a citada inspeção.

Diante do exposto, acolho a proposta da Unidade Técnica, com os devidos ajustes, e VOTO por que o Tribunal adote o acórdão que ora submeto ao Plenário.

TCU, Sala das Sessões Ministro Luciano Brandão Alves de Souza, em 09 de julho de 2003.

HUMBERTO GUIMARÃES SOUTOMinistro-Relator

ACÓRDÃO Nº 833/2003-TCU-PLENÁRIO

1. Processo nº TC 004.985/2003-02. Grupo I, Classe de Assunto V: Levantamento de Auditoria3. Interessado: Congresso Nacional4. Entidade: Departamento Nacional de Obras Contra as Secas – DNOCS5. Relator: Ministro Humberto Guimarães Souto6. Representante do Ministério Público: não atuou7. Unidade Técnica: Secex/CE8. Advogado constituído nos autos: não há

9. Acórdão:VISTOS, relatados e discutidos estes autos de levantamento de auditoria realizado, no período

de 25/03 a 10/04/2003, nas obras de instalação do Perímetro de Irrigação Tabuleiro de Russas no Estado do Ceará, objeto do Programa de Trabalho 20.607.0379.1746.0023, desenvolvidas pelo Departamento Nacional de Obras Contra as Secas – DNOCS.

ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão Plenária, ante as razões expostas pelo Relator, em:

9.1 – determinar ao Departamento Nacional de Obras Contra as Secas – DNOCS, com fundamento no art. 71 da Constituição Federal e no art. 45 da Lei nº 8.443/92, que suspenda, cautelarmente, a liberação de recursos financeiros referentes ao Contrato PGE-45/02, para que o TCU possa realizar uma análise mais detida da licitação realizada (Concorrência 22/02), em face dos indícios de irregularidades apontados pela Controladoria-Geral da União no Estado do Ceará em relatório de auditoria efetuada no DNOCS, no período de 21/02 a 17/03/2003, e encaminhado a esta Corte;

9.2 – determinar à SECEX-CE a realização de inspeção no Departamento Nacional de Obras Contra as Secas – DNOCS, para avaliar a legalidade da Concorrência nº 22/2002 e do Contrato

106

Page 107: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

PGE-45/02, submetendo os autos à apreciação deste Tribunal no prazo de 60 dias a contar dessa decisão;

9.3 – enviar cópia do Relatório, Voto e desta decisão ao Departamento Nacional de Obras Contra as Secas – DNOCS e ao Ministério da Integração Nacional;

9.4 – informar à Presidência e à Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização do Congresso Nacional, enviando-lhes cópia desta deliberação, bem como do relatório e voto que a fundamentam, que, embora tenham sido identificados indícios de irregularidades na execução do Contrato PGE-45/02, referente à 2ª Etapa das obras de instalação do Perímetro de Irrigação Tabuleiro de Russas no Estado do Ceará, objeto do Programa de Trabalho 20.607.0379.1746.0023, desenvolvidas pelo Departamento Nacional de Obras Contra as Secas – DNOCS, as quais não constam do Quadro VII da Lei nº 10.640, de 14/01/2003, as apurações deste Tribunal não indicam, para os fins do disposto no art. 86, § 2º, da Lei nº 10.524, de 25/07/2002, necessidade de paralisação cautelar dos repasses de recursos para o Programa citado, considerando que os indícios de irregularidades se referem a apenas um contrato, que será objeto de inspeção pelo TCU.

10. Ata nº 26/2003 – Plenário11. Data da Sessão: 9/7/2003 – Ordinária12. Especificação do quorum:12.1. Ministros presentes: Valmir Campelo (Presidente), Marcos Vinicios Vilaça, Iram

Saraiva, Humberto Guimarães Souto (Relator), Adylson Motta, Walton Alencar Rodrigues, Guilherme Palmeira, Benjamin Zymler e o Ministro-Substituto Lincoln Magalhães da Rocha.

12.2. Ministro que alegou impedimento: Adylson Motta.12.3. Auditores presentes: Augusto Sherman Cavalcanti e Marcos Bemquerer Costa.

VALMIR CAMPELOPresidente

HUMBERTO GUIMARÃES SOUTOMinistro-Relator

Fui presente:

PAULO SOARES BUGARINProcurador-Geral, em substituição

GRUPO I – CLASSE V – PLENÁRIOTC 006.389/2003-5Natureza: Relatório de Levantamento de Auditoria (Fiscobras 2003)Entidade: Justiça Federal de Primeiro Grau – Natal/RNInteressado: Congresso NacionalAdvogado constituído nos autos: não consta

Sumário: FISCOBRAS 2003. Levantamento de Auditoria realizado nas obras de construção do Edifício Anexo da Justiça Federal, Seção Judiciária do Rio Grande do Norte. Falhas formais. Determinação. Ciência à Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização do Congresso Nacional. Arquivamento.

RELATÓRIO

Trata-se de relatório de levantamento de auditoria realizado, no período de 24/04/2003 a 15/05/2003, nas obras de construção do Edifício Anexo da Justiça Federal, Seção Judiciária do Rio Grande do Norte, objeto do Programa de Trabalho 02.061.0569.5197.0101, em cumprimento ao subitem 9.1 do Acórdão nº 171/2003-TCU-Plenário (Fiscobras 2003).

107

Page 108: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

O edifício, com área projetada de 3.335 m2, se destina à disponibilização de um novo espaço para o arquivamento dos processos e para a realização das atividades jurisdicionais do órgão.

O projeto básico teve a elaboração iniciada em 1997, porém sofreu algumas revisões em março e maio de 2002, oportunidades em que o custo da obra ficou estimado em R$ 2.996.079,94.

Em 07/05/2003, a equipe de auditoria vistoriou as obras e verificou um percentual de execução física em torno de 26%. A equipe relata que já estava sendo feita a execução da quarta laje e serviços de alvenaria na primeira laje. Já haviam sido feitas seis medições, tendo sido pagas cinco delas. A data prevista para a conclusão das obras é 01/02/2001, prazo final de vigência do Contrato nº 18/2002-JF/RN, considerando o cumprimento fiel do cronograma físico-financeiro da obra.

Para a realização do empreendimento, a entidade firmou os contratos abaixo, que, na data da auditoria, apresentaram a seguinte situação:

Contrato: 018/2002 – JF/RNData da Assinatura: 08/11/2002Objeto do Contrato: Contratação de empresa para construção do Edifício Anexo à Sede da

Seção Judiciária do Rio Grande do Norte, localizado à Rua Dr. Lauro Pinto, 245 - Lagoa Nova - Natal/RN.

Contratada: CNG Construtora Nóbrega Gomes Ltda.Valor Atual: R$ 2.517.689,80Situação atual: em andamento.A Unidade Técnica ressalta que alterações no projeto de fundação, provocada por posterior

constatação de deficiência na capacidade do solo, redundaram em um acréscimo de 0,82% do valor total inicial (R$ 20.383,92 de acréscimo).

Contrato: 03/2003 – JF/RNObjeto do Contrato: Prestação de serviços técnicos especializados na fiscalização, com

realização dos testes e ensaios normalizados para controle de materiais, das obras de construção do Edifício Anexo e de Ampliação do Estacionamento da sede da Contratante.

Situação Atual: Concluído.Valor: R$ 12.750,00Contratada: A. C. Engenharia Ltda.Esclarecimentos Adicionais: trata-se de contrato emergencial, com vigência de 90 (noventa)

dias, firmado mediante dispensa de licitação fundamentada no art. 24, inciso I, c/c o art. 23, inciso I, alínea “a”, da Lei nº 8.666/93. A justificativa apresentada para sua celebração foi a inexistência de recursos orçamentários no exercício de 2002 e a carência de tempo hábil para a realização do competente procedimento licitatório já que a liberação de recursos suplementares somente ocorreu ao final do exercício.

Contrato: 13/2003 – JF/RNObjeto do Contrato: Prestação de serviços técnicos especializados na fiscalização, com

realização dos testes e ensaios para controle de qualidade dos materiais (ABNT), das obras de construção do Edifício Anexo e de Ampliação do Estacionamento na sede da Contratante.

Situação Atual: em andamento.Valor: R$ 56.165,76Contratada: A. C. Engenharia Ltda.Esclarecimentos Adicionais: a empresa foi contratada por meio de procedimento licitatório -

Convite nº 01/2003, do tipo menor preço. A vigência do contrato, em que pese seu término previsto para 07/04/2004, está limitada ao prazo de conclusão das obras de construção do Edifício Anexo, objeto do Contrato nº 018/2002-JF/RN, que tem previsão de término para 01/02/2004. O contrato abrange em seu objeto a fiscalização das obras de construção do Edifício Anexo, PT 02.061.0569.5197.0101, e, também, as obras de ampliação do estacionamento, não abrangidas naquele Programa de Trabalho.

As únicas irregularidades apontadas pela equipe de auditoria se referem à inobservância ao art. 18 da Lei nº 10.524/2002 (LDO/2003), que determina a definição de código no SIASG para os contratos celebrados pela Administração. No caso em comento, a equipe verificou essa infração nos Contratos 018/2002 – JF/RN e 13/2003 – JF/RN.

108

Page 109: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

Assim, a Unidade Técnica, em pareceres uniformes, submete a proposta de determinação a entidade no sentido de ordenar o cumprimento do dispositivo legal infringido e o encerramento do processo, após a devida comunicação ao Congresso Nacional.

É o Relatório.

VOTO

Em exame as apurações constantes do relatório de levantamento de auditoria realizado pela Secex/RN nas obras de construção do Edifício Anexo da Seção Judiciária da Justiça Federal em Natal/RN, em cumprimento do subitem 9.1 do Acórdão nº 171/2003-TCU-Plenário, referente ao Fiscobras 2003, no intuito de subsidiar os trabalhos da Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização do Congresso Nacional.

Entre as informações relacionadas com o andamento do empreendimento, a equipe de auditoria da Secex/RN constatou falha de natureza formal concernente à ausência de registro no Sistema Integrado de Administração de Serviços Gerais/SIASG das informações de todos os contratos celebrados pela entidade, afrontando o disposto no art. 18 da Lei nº 10.524/2002 (LDO/2003).

Assim, não foram verificados, no empreendimento, indícios de irregularidades graves que possam conduzir à paralisação cautelar das obras. Na proposta de encaminhamento, a equipe de auditoria manifesta-se, com a concordância da titular da Unidade Técnica, por que este Tribunal determine aos responsáveis apenas a adoção de providência em relação à falha apontada.

Diante do exposto, acolho a proposta da Unidade Técnica e voto por que o Tribunal adote o acórdão que ora submeto ao Plenário.

TCU, Sala das Sessões Luciano Brandão Alves de Souza, em 09 de julho de 2003.

HUMBERTO GUIMARÃES SOUTOMinistro-Relator

ACÓRDÃO Nº 834/2003-TCU-PLENÁRIO

1. Processo nº TC 006.389/2003-52. Grupo I, Classe de Assunto V: Levantamento de Auditoria3. Interessado: Congresso Nacional4. Entidade: Justiça Federal de Primeiro Grau – Seção Judiciária do Rio Grande do Norte.5. Relator: Ministro Humberto Guimarães Souto6. Representante do Ministério Público: não atuou7. Unidade Técnica: Secex/RN8. Advogado constituído nos autos: não há

9. Acórdão:VISTOS, relatados e discutidos estes autos de levantamento de auditoria realizado, no período

de 24 a 28/03/2003, nas obras de construção do Edifício Anexo da Justiça Federal, Seção Judiciária do Rio Grande do Norte, objeto do Programa de Trabalho 02.061.0569.5197.0101.

ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão Plenária, ante as razões expostas pelo Relator, em:

9.1 – determinar à Justiça Federal, Seção Judiciária do Rio Grande do Norte, que disponibilize as informações referentes aos contratos e convênios firmados pela instituição, no Sistema Integrado de Administração de Serviços Gerais/SIASG, em especial aquelas concernentes aos Contratos 018/2002 – JF/RN e 13/2003 – JF/RN, consoante o disposto no art. 18 da Lei nº 10.524, de 25/07/2002 (LDO/2003);

9.2 – informar à Presidência e à Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização do Congresso Nacional, enviando-lhes cópia desta deliberação, bem como do relatório e voto que a fundamentam, que não foram verificados indícios de irregularidade grave nas obras de construção do Edifício Anexo da Justiça Federal, Seção Judiciária do Rio Grande do Norte,

109

Page 110: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

referentes ao Programa de Trabalho 02.061.0569.5197.0101, do Orçamento de 2003, as quais não constam do Quadro VII da Lei nº 10.640, de 14/01/2003; e

9.3. arquivar o presente processo.

10. Ata nº 26/2003 – Plenário11. Data da Sessão: 9/7/2003 – Ordinária12. Especificação do quorum:12.1. Ministros presentes: Valmir Campelo (Presidente), Marcos Vinicios Vilaça, Iram

Saraiva, Humberto Guimarães Souto (Relator), Adylson Motta, Walton Alencar Rodrigues, Guilherme Palmeira, Benjamin Zymler e o Ministro-Substituto Lincoln Magalhães da Rocha

12.2. Auditores presentes: Augusto Sherman Cavalcanti e Marcos Bemquerer Costa.

VALMIR CAMPELOPresidente

HUMBERTO GUIMARÃES SOUTOMinistro-Relator

Fui presente:

PAULO SOARES BUGARINProcurador-Geral, em substituição

GRUPO I – CLASSE V – PLENÁRIOTC 006.832/2003-0Natureza: Relatório de Levantamento de Auditoria (Fiscobras 2003)Entidade: Secretaria Especial de Desenvolvimento UrbanoInteressado: Congresso NacionalAdvogado constituído nos autos: não consta

Sumário: FISCOBRAS 2003. Levantamento de Auditoria realizado nas obras de implantação e ampliação de sistemas de coleta de tratamento de esgotos no Estado de São Paulo. Ciência à Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização do Congresso Nacional. Arquivamento.

RELATÓRIO

Trata-se de relatório de levantamento de auditoria realizado nas obras de construção, implantação e ampliação de sistemas de coleta de tratamento de esgotos – conclusão de obras de coletor-tronco no Estado de São Paulo, objeto do Programa de Trabalho 17.512.0122.5876.0018, em cumprimento ao subitem 9.1 do Acórdão nº 171/2003-TCU-Plenário (Fiscobras 2003).

No orçamento de 2002, os recursos relativos ao programa de trabalho avaliado estavam vinculados à SEDUR – Secretaria Especial de Desenvolvimento Urbano da Presidência da República. Em 2003, o referido PT passou a ser vinculado ao Ministério das Cidades, sendo a Caixa Econômica Federal a gerenciadora dos recursos.

Quando da realização dos trabalhos pela SECEX-SP, a equipe de auditoria detectou, vinculada ao referido PT, obras de instalação de esgotos no Município de São Carlos, com a execução de interceptor de esgoto entre os bairros Collor de Mello e Cidade de Aracy.

De acordo com a Unidade Técnica, o benefício que será alcançado deverá atingir aproximadamente 5.200 pessoas, além de eliminar o lançamento de esgoto não tratado no córrego Água Fria, refletindo a importância socioeconômica e ambiental do empreendimento.

O Projeto Básico das obras nos bairros do Município de São Carlos foi elaborado em 19/09/2002, estimando um custo inicial de R$ 315.494,01. Embora a obra exija licenciamento ambiental e não o possua, o prazo para a sua concessão ainda não se expirou, uma vez que os

110

Page 111: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

recursos do convênio não foram liberados e a obra ainda não foi iniciada. A equipe de auditoria esclarece que o Serviço Autônomo de Água e Esgoto de São Carlos – SAAE já ingressou com requerimentos solicitando a autorização para implantação do empreendimento, perante o Departamento Estadual de Proteção de Recursos Naturais – DRPN e o Departamento de Águas e Energia Elétrica – DAEE, procedimento que antecede o pedido de licença prévia perante o Departamento de Avaliação de Impacto Ambiental – DIAI.

Assim, a Unidade Técnica, em pareceres uniformes, submete os autos à consideração deste Tribunal propondo o arquivamento do processo, considerando que as obras não haviam sido iniciadas, quando da realização dos trabalhos de auditoria.

É o Relatório.

VOTO

Em exame as apurações constantes do relatório de levantamento de auditoria realizado pela Secex/SP, nas obras de construção de sistemas de esgoto em municípios do Estado de São Paulo, objeto do Programa de Trabalho 17.512.0122.5876.0018, sob responsabilidade inicial da Secretaria de Desenvolvimento Urbano – SEDUR da Presidência da República (orçamento de 2002) e atual do Ministério das Cidades (orçamento de 2003), em cumprimento ao Acórdão nº 171/2003-TCU-Plenário.

Conforme relatado pela Unidade Técnica, nenhuma obra foi iniciada, não tendo sido liberados, até o momento da auditoria, recursos autorizados pela Lei Orçamentária de 2003.

Dessa forma, não foram verificados indícios de irregularidade grave no empreendimento vinculado ao referido PT que possam conduzir, para os fins do disposto no art. 86, § 2º, da referida Lei, à suspensão cautelar de repasses financeiros.

Diante do exposto, acolho a proposta da Unidade Técnica e voto por que o Tribunal adote o acórdão que ora submeto ao Plenário.

TCU, Sala das Sessões Luciano Brandão Alves de Souza, em 09 de julho de 2003.

HUMBERTO GUIMARÃES SOUTOMinistro-Relator

ACÓRDÃO Nº 835/2003-TCU-PLENÁRIO

1. Processo nº TC 006.832/2003-02. Grupo I, Classe de Assunto V: Levantamento de Auditoria3. Interessado: Congresso Nacional4. Entidade: Secretaria Especial de Desenvolvimento Urbano5. Relator: Ministro Humberto Guimarães Souto6. Representante do Ministério Público: não atuou7. Unidade Técnica: Secex/SP8. Advogado constituído nos autos: não há

9. Acórdão:VISTOS, relatados e discutidos estes autos de levantamento de auditoria realizado nas obras

de construção, implantação e ampliação de sistemas de coleta de tratamento de esgotos (conclusão de obras de coletor-tronco) no Estado de São Paulo – Programa de Trabalho 17.512.0122.5876.0018.

ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão Plenária, ante as razões expostas pelo Relator, em:

9.1 – informar à Presidência e à Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização do Congresso Nacional, enviando-lhes cópia desta deliberação, bem como do relatório e voto que a fundamentam, que, no presente levantamento de auditoria realizado para avaliara obras vinculadas ao Programa de Trabalho 17.512.0122.5876.0018, referente à construção, implantação e

111

Page 112: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

ampliação de sistemas de coleta de tratamento de esgotos no Estado de São Paulo, não foram verificados indícios de irregularidade grave no desenvolvimento do referido Programa, que não consta do Quadro VII da Lei nº 10.640, de 14/01/2003; e

9.2. arquivar o presente processo.

10. Ata nº 26/2003 – Plenário11. Data da Sessão: 9/7/2003 – Ordinária12. Especificação do quorum:12.1. Ministros presentes: Valmir Campelo (Presidente), Marcos Vinicios Vilaça, Iram

Saraiva, Humberto Guimarães Souto (Relator), Adylson Motta, Walton Alencar Rodrigues, Guilherme Palmeira, Benjamin Zymler e o Ministro-Substituto Lincoln Magalhães da Rocha

12.2. Auditores presentes: Augusto Sherman Cavalcanti e Marcos Bemquerer Costa.

VALMIR CAMPELOPresidente

HUMBERTO GUIMARÃES SOUTOMinistro-Relator

Fui presente:

PAULO SOARES BUGARINProcurador-Geral, em substituição

GRUPO II – CLASSE VII – PlenárioTC 775.017/1997-3 (com 03 volumes)Natureza: RepresentaçãoEntidade: Banco da Amazônia – Basa (Ag. Macapá/AP)Responsáveis: José Artur Guedes Tourinho, Mário Jorge de Macêdo Bringel, Hermínio Luiz

da Silva, Marly Coely Viana, Rosa Maria Klautau de Araújo, Hélio dos Santos, Ceres Yara Negreiros da Silva Sampaio, Clauber Brandão de Sá, Paulo Roberto Castelo Branco, Lenir Messias de Almeida, Aluízio Fausto de Araújo e Ana Maria Avelar Frazão (CPFs não fornecidos)

Interessado: Procuradoria da República no Estado do AmapáAdvogado constituído nos autos: Newton Moreira Sampaio (OAB/RJ 1227, fl. 304)

Sumário: Representação formulada pela Procuradoria da República/AP. Irregularidades em operações de crédito destinadas a pesca artesanal no Amapá, no âmbito da Agência Macapá, do Banco da Amazônia SA – Basa (Programa de Pesca). Audiência dos responsáveis. Multas. Determinações. Considerações sobre a preclusão do direito de aplicar sanção a gestores cujas contas já hajam sido julgadas. Ciência à Procuradoria da República no Estado do Amapá.

RELATÓRIO

Trata-se de Representação formulada pela Procuradoria da República no Estado do Amapá, em 31/01/97 (fl. 01), noticiando possíveis irregularidades em contratos de financiamento para a pesca artesanal no Amapá, no âmbito da Agência Macapá, do Banco da Amazônia SA – Basa.

Mediante inspeção no Programa de Pesca financiado pelo Basa, com recursos do Fundo Constitucional de Desenvolvimento do Norte – FNO, constatou-se elevado índice de inadimplência nos financiamentos para aquisição de embarcações, no âmbito do programa de pesca artesanal, além de outras irregularidades descritas às fls. 227/228.

Dessarte, efetuou-se a audiência dos responsáveis, consoante proposto pela Equipe de Inspeção, nos termos a seguir.

Irregularidades:

112

Page 113: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

“– aceitação da União Pesqueira do Amapá – UPA, como avalista na operação destinada ao financiamento de 62 (sessenta e duas) embarcações, no Estado do Amapá, com recursos do Fundo Constitucional do Norte (FNO), dentro do Subprograma de Pesca Artesanal, apesar dos óbices levantados pela Administração da Agência do BASA-Macapá, nas pessoas dos Sres Domingos Lima da Silva, Gerente-Geral à época, Raimundo Braga Chucre, Gerente de Negócios à época e Aílson R. Lobato, Chefe de Seção de Operações à época (fls. 50, verso), dentre eles o fato de a União Pesqueira do Amapá – UPA não possuir cadastro junto ao BASA; não possuir infra-estrutura operacional nem experiência técnico-administrativa para apoiar a comercialização do pescado, tais como armazenagem, frigorificação e industrialização; não possuir patrimônio suficiente para garantir operação de tal envergadura;”

- “não exigência de aval do Governo do Estado do Amapá – GEA, como condição precípua para a aprovação dos financiamentos para aquisição de 62 (sessenta e duas) embarcações, no âmbito do Subprograma de Pesca Artesanal no Estado do Amapá, considerando que a infra-estrutura prometida pelo Governo Estadual, tais como construção de câmaras frigoríficas, trapiches, aquisição de caminhões frigoríficos para escoamento e comercialização do pescado etc., e a assistência técnica a ser prestada pelo Instituto de Desenvolvimento Rural do Amapá – RURAP, seriam fatores preponderantes no sucesso do Programa de Pesca Artesanal”;

Responsáveis: ex-Presidente do BASA, Sr. Silvestre de Castro Filho; ex-membros da Diretoria Executiva do BASA, Srª Ceres Yara Negreiros da Silva Sampaio e Sres José Artur Guedes Tourinho e Mário Jorge de Macêdo Bringel; Presidente do Comitê de Crédito da Direção Geral do BASA, à época, Srª Ceres Yara Negreiros da Silva Sampaio; membros do Comitê de Crédito da Direção Geral do BASA, à época (fls. 207); Secretário do Comitê, Sr. Clauber Brandão de Sá; titular da GERAN – Gerência de Análise de Crédito, Sr. Kermínio Luiz da Silva; titular da GECOC – Gerência de Operação de Crédito, Srª Marly Coely Viana; titular da DECAM – Departamento de Câmbio, Sr. Antônio Maria Vanderlei; Titular da GEOFI – Gerência de Operações Financeiras, Sr. Hélio dos Santos Graça; e titular da DINCA – Divisão de Negociação e Cadastro, Sr. Paulo Roberto Castelo Branco.

Irregularidade: “não renovação de seguro da totalidade das embarcações financiadas, no âmbito do Sub-Programa de Pesca Artesanal”;

Responsáveis: Sres Lenir Messias de Almeida, Aluízio Fausto de Araújo e Ana Maria Avelar Frazão, Gerentes-Gerais da Agência do BASA, em Macapá, à época;

Irregularidade: “não efetivação de medidas, com vistas ao cumprimento do contido na Ata nº 2899, de 15.04.96, da Sessão Ordinária da Diretoria Executiva, que determinou a imediata cobrança judicial das operações de pesca artesanal, que não se enquadrem nas Leis nº 9.126/95 (alongamento) e nº 9.138/95 (securitização), e ordenou a apreensão das embarcações abandonadas e/ou sucateadas, renegociando e transferindo-as para pessoas eventualmente interessadas (conforme relatado no subitens 2.10.2, 3.2.1 e 3.2.2, deste Relatório)”

Responsável:Presidente do BASA, Srª Flora Valladares Coelho.

O Analista responsável pelo exame das razões de justificativas concluiu pela persistência das irregularidades descritas no Relatório de Inspeção, assim resumidas: a) indícios de sobrepreço; b) embarcações financiadas, abandonadas e sucateadas; c) embarcações financiadas sem seguro; d) falhas na condução de operações creditícias, caracterizadas pela ausência de ficha cadastral da União Pesqueira do Amapá – UPA, que figuraria como avalista e fiel depositária nos respectivos empréstimos, em desacordo com o Manual de Cadastro do Banco; e) precariedade na assistência técnica prestada pelo Instituto de Desenvolvimento Rural do Amapá – Rurap, órgão estadual interveniente nos financiamentos em comento; f) ausência de garantias sólidas para suportar efetivamente as operações; g) negligência por parte dos administradores do Basa, em afronta ao art. 153 da Lei n. 6.404/76, dada a ausência de medidas que pudessem evitar ou minimizar danos ao Erário, em função dos empréstimos irregulares.

A instrução em tela frisa, ainda, que todos os responsáveis ouvidos em audiência tinham conhecimento das seguintes anomalias: inexistência de bens da UPA para lastrear sua condição de avalista dos financiamentos; exigüidade de garantias sólidas às operações; inexperiência e ausência

113

Page 114: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

de condições técnicas, econômicas, materiais e administrativas da UPA e de seus membros (todos pescadores); ausência de ficha cadastral daquela associação.

Em vista disso, a Unidade Técnica propôs, em posições consonantes, que:

a) seja aplicada a multa prevista no art. 58, II, da Lei n. 8.443/92, individualmente, ao Sr. Silvestre de Castro Filho (ex-Presidente do Basa), aos Sres José Artur Guedes Tourinho e Mário Jorge de Macêdo Bringel (ex-membros da Diretoria Executiva), à Srª Ceres Yara Negreiros da Silva Sampaio (ex-membro da Diretoria Executiva e ex-Coordenadora do Comitê de Crédito da Direção-Geral do Basa), aos Sres Hermínio Luiz da Silva, Marly Coely Viana, Rosa Maria Klautau de Araújo e Hélio dos Santos Graça, na qualidade de membros do Comitê de Crédito da Direção-Geral do BASA, à época, diante da “co-responsabilidade na análise e deferimento dos financiamentos ligados ao Subprograma de Pesca Artesanal, procedimentos esses conduzidos, s.m.j., sem o exercício do dever de diligência, disciplinado no art. 153 da Lei n. 6.404/76 – Lei das S.A., configurado pelas ausências de composição de garantias sólidas e de cadastro da União Pesqueira do Amapá – UPA”;

(...) [item “b” aglutinado ao item “a”]c) “sejam os Sres Clauber Brandão de Sá e Paulo Roberto Castelo Branco considerados isentos

de responsabilidade nas irregularidades sob exame nesta Instrução, perante as razões expostas e a análise efetuada nos subitens 7.1.1.2 (fls. 74, vol. IV), 7.1.2.2 (fls. 90/91, vol. IV) , 7.2.1.2 (fls. 115/116, vol. IV), 7.2.2.2 (fls. 123, vol. IV), 7.1.1.7 (fls. 79/80, vol. IV) e 7.1.2.7 (fls. 113/114, vol. IV), 7.2.1.7 (fls. 118/119, vol. IV) e 7.2.2.7 (fls. 133/134, vol. IV), respectivamente”;

d) “sejam acatadas as razões de justificativa apresentadas pelos Sres Lenir Messias de Almeida, Aluízio Fausto de Araújo e Ana Maria Avelar Frazão, Gerentes-Gerais da Agência do BASA, em Macapá, à época dos eventos sob exame nesta Instrução, considerando as razões expostas e a análise efetuada nos subitens 8.1.1 e 8.1.2, respectivamente”;

e) seja determinado à Presidência do Banco da Amazônia S.A. que adote as seguintes providências:

e.1) “promover maior celeridade e rigor no processo de fiscalização das embarcações financiadas, objetivando averiguar o real estado dos 62 (sessenta e duas) barcos custeados pelo BASA, no âmbito do Subprograma de Pesca Artesanal no Estado do Amapá;”

e.2) “intensificar os esforços no sentido de obter cobertura securitária dos barcos que se encontram sem seguro (fls. 174/186), desde que possível essa contratação. Em caso negativo, e sob orientação da Consultoria Jurídica do BASA – COJUR, adotar as medidas judiciais cabíveis em cada caso, imputando responsabilidades aos mutuários causadores do sucateamento;”

e.3) “adotar, de plano, as medidas necessárias à recuperação/saneamento dos capitais emprestados pelo Banco, sob a égide do Programa de Pesca Artesanal no Estado do Amapá, notadamente no que concerne à implementação das medidas judiciais julgadas adequadas a cada caso;”

e.4) “suspender os financiamentos ligados ao Subprograma de Pesca Artesanal, até que sejam apuradas as responsabilidades referentes aos financiamentos efetivados no Estado do Amapá, e realizado reexame da viabilidade econômica e social desta linha de crédito, inclusive no que diz respeito às garantias a serem exigidas;”

e.5) “manter esta Corte informada, por intermédio da Secretaria de Controle Externo no Estado do Pará – Secex/PA, sobre o encaminhamento e eventuais resultados obtidos com a adoção das proposições precitadas.”

f) “seja determinado à Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia – Sudam, por meio da Secretaria de Controle Interno junto ao Ministério do Planejamento e Orçamento [hoje, Secretaria Federal de Controle Interno], que promova – com espeque no artigo 47, caput, da Lei n° 8.443/92 c/c o artigo 197, caput, do Regimento Interno do TCU – a abertura de 62 (sessenta e dois) processos de Tomadas de Contas Especiais, constando como responsáveis em cada um desses processos o pescador beneficiado pelo financiamento; os integrantes da Diretoria-Executiva do BASA, à época (fls. 229, inciso I); os membros do Comitê de Crédito da Direção-Geral do Banco da Amazônia S.A., à época (fls. 229, inciso II); e o Sr. Raimundo Nonato Lazareth da Silva, ex-Presidente da extinta União Pesqueira do Amapá – UPA, interveniente nas operações de financiamento das 62 (sessenta e duas) embarcações – no âmbito do Subprograma de Pesca

114

Page 115: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

Artesanal no Estado do Amapá – com recursos do Fundo Constitucional de Financiamentos do Norte – FNO, objetivando identificar aquelas que se encontram abandonadas, naufragadas, desaparecidas, em situação de inadimplência, ou cuja destinação encontre-se inquinada de qualquer tipo de irregularidade que venha a acarretar potencial dano ao Erário;”

g) “seja reiterada a comunicação ao Conselho Deliberativo da SUDAM – com fulcro no art. 41, §2°, da Lei n° 8.443/92, e na determinação inserta na Decisão 143/93 – Primeira Câmara – Ata 20/93, exarada por este Tribunal – versando sobre os problemas verificados na operacionalização do Subprograma de Pesca Artesanal no Estado do Amapá, para efeito de cumprimento de suas atribuições conferidas pela Lei n° 7.827/89, art. 14, incisos I, II e III;”

h) “seja determinado à Secretaria de Controle Interno do Ministério da Fazenda – CISET/MF [atual Secretaria Federal de Controle Interno], a verificação do atendimento aos ordenamentos contidos na Decisão 143/93 – Primeira Câmara – Ata 20/93, exarada no âmbito do TC 450.211/92-4, por parte da SUDAM e da Direção do BASA”;

i) “seja determinada ajuntada desse processo às contas do Banco da Amazônia S.A. – BASA, relativas ao exercício de 1992 (TC 474.004/94-5) – reabertas, conforme se pode verificar no espelho do Sistema CAPT (fls. 148/149, vol. IV) – para exame em conjunto e em confronto, nos termos do art. 194, § § 1 °e 2°, do Regimento Interno”;

j) “seja dada ciência da Deliberação que vier a ser adotada nestes autos – enviando cópia da Decisão, bem como do Relatório e Voto que a fundamentarem – à Procuradoria da República no Estado do Amapá, para atendimento ao Oficio n° 023/97/AJ/GAB/PR/AP, de 30 de janeiro de 1997 (fls. 01/41)”.

Provocado pelo então Relator, Exmo Ministro José Antonio Barreto de Macedo, o Ministério Público, em conta singela, endossou as proposições da Secex/AP.

***Tendo em vista que os atos em discussão remontam ao exercício de 1997, e que só

posteriormente fui sorteado para relatar o presente feito, determinei o retorno dos autos à Unidade Técnica para que opinasse sobre a conveniência de efetuar atualizações na aludida proposta, tendo em vista as modificações na legislação e demais elementos normativos elencados na análise de fls. 334/476.

Dessarte, o Assessor da Secex/AP exarou o parecer a seguir transcrito, no essencial, que obteve o endosso do Titular da Unidade Técnica:

“8. As propostas contidas nas letras a, b, c, d, i e j do item 11, da instrução de fls. 476/480 [correspondem aos respectivos itens supratranscritos], merecem ser mantidas pois os normativos que regem a matéria não sofreram alterações.

9. No que tange a letra e (propostas diversas determinações ao BASA S/A, às fls. 477/478), entendo serem inoportunas neste feito, pois vejamos:

9.1 Consta na instrução do ACE Alexandre José Caminha Walraven (fls. 479) proposta de juntada destes autos às contas do BASA, relativas ao exercício de 1992 (letra i da fl. 479). Assim sendo, é conveniente analisar as determinações sugeridas ao Banco da Amazônia S A no TC 474.004/1994-5.

9.2 Sobre o processo em epígrafe, devemos tecer algumas considerações adicionais.a)O Acórdão nº 514/96 – 2ª Câmara (fls. 484/491), julgou as contas do Banco da Amazônia S

A referentes ao exercício de 1992, regulares com ressalvas, encontrando-se os autos arquivados na Secretaria de Controle Externo do Pará (TC 474.004/1994-5);

b)O BASA interpôs recurso de reconsideração contra o Acórdão citado, tendo obtido provimento quanto à determinação de ressarcimento ao BASA de valores transferidos a Caixa de Assistência de Funcionários, consoante Acórdão nº 236/1999 – 2ª Câmara (fls. 492/495). Entrementes, o julgamento das contas pela regularidade com ressalvas não se alterou;

c)Considerando que o TC 474.004/1994-5 encontra-se encerrado, opino no sentido de promover, preliminarmente, a oitiva do Ministério Público junto ao Tribunal, a fim de analisar a conveniência e oportunidade de reabertura das contas.

115

Page 116: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

10. As letras f e g devem ser excluídas, em razão da extinção da Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia – SUDAM, por meio do art. 21 da Medida Provisória nº 2.157-5, de 24 de agosto de 2001 (fls. 496/501).

10.1 Não obstante, entendemos que devam ser realizadas determinações adicionais ao Banco da Amazônia S. A. [grifei], a fim de subsidiar a abertura de tomadas de contas especiais em razão das seguintes constatações abaixo, formuladas pela equipe de inspeção desta Unidade Técnica, consubstanciadas no Relatório às fls. 208/232:

a)elevado índice de inadimplência nos financiamentos para aquisição de embarcações, no âmbito do Programa de Pesca Artesanal, financiado com recursos do Fundo Constitucional do Norte – FNO;

b)possibilidade de dano ao Erário, configurada no afundamento de diversas embarcações financiadas, algumas sem seguro;

c)considerando que o BASA descumpriu a Decisão/TCU nº 143/93 – 1a Câmara, de 22.06.93 (Ata nº 20/93) e Decisão/TCU nº 438/93 – Plenário, de 06.10.93 (Ata nº 50/93), haja vista os problemas ali evidenciados persistiam, tais como: inadimplência da maioria dos financiamentos concedidos; ausência de infra-estrutura de apoio ao pescador sob a forma de guarda, transporte e comercialização do pescado; valor elevado dos financiamentos; carência de pessoal especializado; deficiência na assistência técnica dos Projetos; falta de renovação de seguro para os produtos financiados; morosidade na implantação da infra-estrutura de apoio ao pescador artesanal, que teria sido assumido pelo Governo do Estado do Amapá e que é uma “conditio sine qua non” à liberação dos financiamentos naquele Estado;

d)considerando que o total de financiamentos para aquisição de embarcações destinadas ao Programa de Pesca Artesanal, financiado com recursos do Fundo Constitucional do Norte – FNO, perfez 62 (sessenta e duas) operações, no montante atualizado, desconsiderando juros e correção monetária, de R$ 13.424.660,26 (treze milhões, quatrocentos e vinte e quatro mil, seiscentos e sessenta reais e vinte e seis centavos);

e)considerando que a Agência do BASA, em Macapá (AP), posicionou-se, à época, contrariamente à concessão dos financiamentos para o Programa de Pesca Artesanal;

f)considerando que a Diretoria do BASA, à época, amparada no Parecer GERAN/DIVAC II – nº 92/063, de 22.01.92, e na Decisão favorável exarada pelo Comitê de Crédito, em reunião de 27.01.92 (fls. 52, verso), desconsiderou o Parecer contrário da Agência do BASA, em Macapá (AP), constante da Ficha de Encaminhamento de Proposta – FEP nº 23/91, de 26.12.91.

10.2 As conclusões acima, levaram o analista Alexandre José Caminha Walraven a propor a abertura de 62 tomadas de contas especiais (fl. 479, letra f), uma para cada financiamento de aquisição das embarcações destinadas ao Programa de Pesca Artesanal. Contudo, em razão do lapso de tempo decorrido, opinamos que, após a juntada destes autos às contas do BASA de 1992, seja realizada diligência a Entidade no sentido de verificar a situação dos contratos relacionados às fls. 28/29, a fim de identificar se houve a devida amortização. Ademais, configurada a existência de dano ao erário, a citação pode se dar imediatamente nas contas da Entidade, obedecendo os princípios da economia processual e racionalidade administrativa.

11. A letra h (fl. 479), em razão da extinção das CISET’s, pode ser substituída pela seguinte proposta: ‘seja determinada à Secretaria Federal de Controle Interno o acompanhamento da Decisão a que vier a ser proferida por esta Casa, com fulcro no art. 19 e 20, IV, da Lei nº 10.180/01 c/c § 1º, do art. 31, da IN/TCU nº 09/95, e com base na determinação da Presidência proferida em Sessão Plenária de 11/04/01.’

Ante o exposto, submetemos os autos à consideração superior, propondo, em atenção ao Despacho de fls. 333-A:

I – Seja a presente representação conhecida por este Tribunal, por preencher os requisitos de admissibilidade, estabelecidos no art. 213 do RI/TCU, c/c o § 1º do art. 69 da Resolução TCU nº 136/2000 e no art. 68, da mesma Resolução, para, no mérito, julgá-la procedente considerando as irregularidades detectadas no Subprograma de Pesca Artesanal, financiado com recursos do Fundo Constitucional de Desenvolvimento do Norte – FNO;

116

Page 117: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

II – que seja aplicada multa aos Senhores Silvestre de Castro Filho, ex-Presidente do BASA; Ceres Yara Negreiros da Silva Sampaio, José Artur Guedes Tourinho e Mário Jorge de Macêdo Bringel, ex-membros da Diretoria Executiva do BASA; Hermínio Luiz da Silva, titular da GERAN – Gerência de Análise de Crédito; Marly Coely Viana, titular da GECOC – Gerência de Operação de Crédito, à época; Rosa Maria Klautau de Araújo Martins, titular da DECAM- Departamento de Câmbio; Hélio Francisco dos Santos Graça, Titular da GEOFI – Gerência de Operações Financeiras, com fulcro no art. 58, II, da Lei nº 8.443, de 16 de julho de 1992, c/c o art. 220, II do RI/TCU, em razão do deferimento dos financiamentos ligados ao Programa de Pesca Artesanal, sem a composição de garantias sólidas e de cadastro da União Pesqueira do Amapá (fls. 476/477);

III – que sejam acatadas as razões de justificativas apresentadas pelos senhores Lenir Messias de Almeida, Aluízio Fausto de Araújo e Ana Maria Avelar Frazão, Gerentes Gerais da Agência do BASA S A em Macapá, à época dos eventos (fls. 469/470);

IV – que os senhores Clauber Brandão de Sá e Paulo Roberto Castelo Branco sejam considerados isentos de responsabilidades pelas irregularidades noticiadas nos autos (fl. 477), em face da análise efetuada por esta Unidade Técnica às fls. 407, 412/413, 423/424, 446/449, 451/452, 456, 466/467;

V- que este processo seja apensado às contas do BASA, relativas ao exercício de 1992 (TC 474.004/1994-5), nos termos do art. 194, §§ 1º e 2º do RI/TCU (fls. 479/480), onde deve ser analisada a conveniência e a oportunidade de sugerir as determinações ao Banco da Amazônia S.A. propostas às fls. 477/478 (letra e), bem como de realizar diligências à Entidade, no sentido de verificar a situação dos contratos relacionados às fls. 28/29, identificando se houve a devida amortização;

VI – que seja remetida cópia do que vier a ser decidido por esta Corte à Procuradoria da República no Estado do Amapá;

VII – que seja determinado à Secretaria Federal de Controle Interno que acompanhe a decisão a que vier a ser proferida por esta Corte, com fulcro no art. 19 e 20, IV, da Lei nº  10.180/01 c/c §1º do art. 31, da IN/TCU nº 09/95;

VIII – que seja alertada a Secex/PA, quando na reabertura das contas do BASA S.A., concernentes ao exercício de 1992 (TC 474.004/1994-5), da possibilidade de dano ao Erário, configurado no afundamento de diversos barcos, alguns sem seguro e, considerando que os valores individuais das embarcações financiadas estavam acima dos preços de mercado, conforme comparação à época (fls. 221/224).”

Instado a manifestar-se, o Parquet expediu o seguinte pronunciamento, na figura do Dr. Jatir Batista da Cunha, cujo teor principal reproduzo a seguir, in verbis:

“Ante o que se contém no processo, temos por apropriadas as conclusões da Secex/AP, que, em detida análise, refutou as justificativas oferecidas.

Quanto ao encaminhamento, porém, convém trazer à baila o recente entendimento firmado na assentada de 06/11/02, por intermédio da Decisão nº 1.505 – Plenário (in Ata nº 41):

‘O Tribunal Pleno, diante das razões expostas pelo Relator, DECIDE:8.1. tornar insubsistente o entendimento firmado na Sessão Plenária de 08.08.2001,

consignado no item 8.7 do Acórdão nº 187/2001 – Plenário;8.2. firmar o entendimento de que:8.2.1. o julgamento das contas constitui fato prejudicial à punição pela prática de atos

irregulares ocorridos na gestão já julgada, posteriormente detectados, somente sendo possível tal hipótese mediante o conhecimento de eventual recurso interposto pelo Ministério Público junto a este Tribunal;

8.2.2. as Unidades Técnicas do Tribunal, quando detectarem irregularidades ocorridas em períodos cujas contas já se encontrem julgadas, deverão obrigatoriamente fazer menção expressa sobre a existência da questão prejudicial à aplicação de sanções, devendo propor o seu encaminhamento ao Ministério Público junto ao Tribunal, para que seja verificada a conveniência, tempestividade e oportunidade da interposição de recurso;

117

Page 118: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

8.2.3. caso seja interposto o recurso pelo Ministério Público, os autos de fiscalização ou de tomada de contas especial já encerrados que houverem motivado a interposição do recurso deverão ser capeados como volume das contas a cujo recurso se destine e encaminhados ao novo relator sorteado, que nele atuará examinando as questões de fato e de direito até o julgamento definitivo do mérito recursal;

(...)’À luz dessa nova orientação, fica prejudicada, nos presentes autos, a proposta da Secex/AP de

aplicação de multa ao Sr. Silvestre de Castro Filho, ex-Presidente do BASA, bem assim à Sr.ª  Ceres Yara Negreiros da Silva Sampaio e aos Sres José Artur Guedes Tourinho e Mário Jorge de Macedo Bringel, ex-membros da Diretoria Executiva do BASA, cujas contas, relativas ao exercício de 1992, foram julgadas regulares com ressalva em 1996 (Acórdão nº 514 – 2ª Câmara, de 25/07/96, fls. 484-491, parcialmente reformado pelo Acórdão nº 236 – 2ª Câmara, de 01/06/99, fls. 492-495). De outra parte, também não se faz viável a interposição do competente Recurso de Revisão com vistas à reabertura das contas de 1992, uma vez expirado o prazo decadencial de 5 anos a que se refere o artigo 35 da Lei nº 8.443, de 16 de julho de 1992.

Nesse contexto, outros ajustes são necessários na proposta de encaminhamento da Unidade Técnica (fls. 504-505), notadamente no que diz respeito ao disposto nos itens V e VIII de fl. 505, cabendo adotar, já no feito ora em exame, as medidas saneadoras pendentes, conforme adiante sugerido.

Destarte, em atenção à audiência propiciada pelo nobre Relator, colocamo-nos de acordo, em parte, com a proposição da Secex/AP, sugerindo ao Tribunal:

a) conhecer da presente Representação, para, no mérito, considerá-la procedente;b) aplicar, individualmente, aos Sres Hermínio Luiz da Silva e Hélio Francisco dos Santos

Graça, bem como às Sr.as Marly Coely Viana e Rosa Maria Klautau de Araújo Martins, ex-integrantes do Comitê de Crédito da Direção Geral do BASA, a multa prevista no artigo 58, inciso II, da Lei nº 8.443, de 16 de julho de 1992, em razão do deferimento dos financiamentos ligados ao Programa de Pesca Artesanal, sem a composição de garantias sólidas e de cadastro da União Pesqueira do Amapá;

c) deixar de aplicar aos Sres Silvestre de Castro Filho, José Artur Guedes Tourinho e Mário Jorge de Macedo Bringel e à Sr.ª Ceres Yara Negreiros da Silva Sampaio a multa prevista no artigo 58, inciso II, da Lei nº 8.443, de 16 de julho de 1992, tendo em vista a orientação firmada por meio da Decisão nº 1.505/2002 – Plenário e a impossibilidade jurídica de reabertura das contas do BASA – exercício 1992, dado o lapso temporal transcorrido desde a decisão definitiva;

d) acatar as razões de justificativa oferecidas pelos Sres Antônio Maria de Almeida Wanderley (fls. 311-312 do v.p.), Lenir Messias de Almeida, Aluízio Fausto de Araújo, Clauber Brandão de Sá e Paulo Roberto Castelo Branco, assim como pela Sr.ª Ana Maria Avelar Frazão;

e) encaminhar os presentes autos à Secex/PA, para fins de:e.1 – avaliação da conveniência e da oportunidade da formulação das determinações ao

BASA, propostas às fls. 477-478, alínea “e”;e.2 – realização de diligência ao BASA, com o fito de verificar a situação dos contratos

relacionados às fls. 28-29 do volume principal, inclusive as amortizações havidas, objetivando apurar eventuais indícios de dano ao erário e propor, conforme o caso, e se necessário, determinação para a instauração das competentes tomadas de contas especiais ou para o ajuizamento das ações judiciais cabíveis;

f) remeter cópia da deliberação que sobrevier à Procuradoria da República no Estado do Amapá e à Secretaria Federal de Controle Interno.”

É o Relatório.

VOTO

Preliminarmente, informo que apresento este processo ao Plenário nos termos do art. 17, §1°, do Regimento Interno desta Casa, por entender relevante manter o debate sobre a pretendida impossibilidade de apenar-se o gestor cujas contas já tenham sido julgadas, nos termos do art. 206 do mesmo regimento, em relação ao qual reitero minha discordância.

118

Page 119: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

No caso em tela, verificaram-se as seguintes irregularidades na concessão de financiamento para a pesca artesanal no Amapá, no âmbito da Agência Macapá, do Banco da Amazônia SA – Basa:

a) aceitação da União Pesqueira do Amapá – UPA – como avalista em operação destinada ao financiamento de 62 embarcações, com recursos do Fundo Constitucional do Norte (FNO), a despeito de recomendações técnicas contrárias da Agência Macapá, em face de aquela entidade não possuir cadastro junto ao Basa nem infra-estrutura operacional ou experiência técnico-administrativa para apoiar a comercialização do pescado, tampouco deter patrimônio suficiente para garantir operação de tal envergadura – cerca de R$ 13 milhões, em valores atualizados;

b) não exigência de aval do Governo do Estado, como condição precípua para a aprovação dos financiamentos, considerando que o sucesso do Programa de Pesca Artesanal dependia de infra-estrutura e assistência técnica a serem garantidas pelo Estado;

c) ausência de renovação de seguro da totalidade das embarcações financiadas;d) não efetivação de medidas, em cumprimento ao contido na Ata n. 2899, de 15/04/96, da

Sessão Ordinária da Diretoria Executiva, que determinou a imediata cobrança judicial das operações de pesca artesanal que não se enquadrassem nas Leis nº 9.126/95 (alongamento) e nº 9.138/95 (securitização), ordenando, ainda, a apreensão das embarcações abandonadas e/ou sucateadas, renegociando e transferindo-as para pessoas eventualmente interessadas.

Realizada a audiência dos responsáveis, a ocorrência descrita na letra a não foi justificada a contento. Esses gestores, conforme registrou a Secex/AP, detinham conhecimento das anomalias na operação, a saber: inexistência de bens da UPA para lastrear sua condição de avalista dos financiamentos; exigüidade de garantias sólidas às operações; inexperiência e ausência de condições técnicas, econômicas, materiais e administrativas da UPA e de seus membros (todos pescadores); ausência de ficha cadastral daquela associação.

Dessa forma, a Secex/AP propugnou por, entre outras providências, aplicar multa, com base no art. 58, inciso II, da Lei n. 8.443/92, aos Sres José Artur Guedes Tourinho e Mário Jorge de Macêdo Bringel (ex-membros da Diretoria Executiva), à Srª Ceres Yara Negreiros da Silva Sampaio (ex-membro da Diretoria Executiva e ex-Coordenadora do Comitê de Crédito da Direção-Geral do Basa), aos Sres Hermínio Luiz da Silva, Marly Coely Viana, Rosa Maria Klautau de Araújo e Hélio dos Santos Graça, na qualidade de membros do Comitê de Crédito da Direção-Geral do BASA, em face de sua co-responsabilidade na análise e deferimento dos financiamentos em questão.

Instado a pronunciar-se, o Ministério Público invocou a Decisão Plenária n. 1505/2002 para afastar a possibilidade de imputação de multa aos gestores que já tiveram suas contas julgadas, relativamente ao exercício de 1992 (Acórdão 514 – 2ª Câmara, de 25/07/96, parcialmente reformado pelo Acórdão nº 236 – 2ª Câmara, de 01/06/99). Na citada deliberação, expediu-se entendimento no sentido de que o julgamento das contas constituiria fato prejudicial à punição pela prática de atos irregulares ocorridos na gestão já julgada, posteriormente detectados, somente sendo possível tal hipótese mediante o conhecimento de eventual recurso interposto pelo Ministério Público junto a este Tribunal.

Tal entendimento foi acolhido pelo novo Regimento Interno desta Casa, mediante seu artigo 206, verbis: “Art. 206. A decisão definitiva em processo de tomada ou prestação de contas ordinária constituirá fato impeditivo da imposição de multa ou débito em outros processos nos quais constem como responsáveis os mesmos gestores.”

Não obstante a posição defendida na precitada Decisão n. 1505/2002, acolhida, a meu ver, incorretamente em nosso Regimento, mantenho a coerência em minhas posições. Destarte, reitero aqui as razões que já manifestei no julgamento dos processos TC 004.923/1995-2 (Acórdão 187/2001 – Plenário), TC 000.078/2000-3 (Decisão n. 1505/2002 – Plenário) e TC 013.469/2000-3 (Acórdão 435/2003 – Plenário). Na ocasião da Decisão n. 1505/2002, fui favorável à adoção do entendimento consubstanciado no item 8.7. do Acórdão Plenário n. 187/2001.

Insisto, portanto, em defender novamente os argumentos já expendidos neste Colegiado.Prima facie, deve-se reconhecer que o novel entendimento não é pacífico neste Tribunal.

119

Page 120: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

Outrora, sob o mesmo arcabouço legal e constitucional, esta Casa reconhecia, com correção e justiça, a possibilidade de apenar o gestor, mesmo com suas contas já apreciadas (e.g., Acórdãos n. 133/1996, n. 187/2001 e n. 303/2001, todos do Plenário).

Nesse sentido, chegou-se a proferir o Acórdão 187/2001, em cujo item 8.7 firmou-se “o entendimento de que o julgamento das contas não impede a posterior apreciação de atos irregulares ocorridos na gestão já julgada, inclusive a aplicação de multa, exigindo recurso do Ministério Público tão-somente a alteração do juízo de valor incidente sobre as contas já julgadas, no caso de reflexos dos novos fatos apurados sobre o seu mérito”. Ainda que esse entendimento haja sido formalmente derribado pela Decisão Plenária n. 1505/2002, precedente do art. 206 do novo RI/TCU, isto apenas demonstra que se trata de matéria ainda não pacificada, cuja definição em nível regimental foi, a meu ver, precipitada, pois aquela decisão plenária mais recente não foi consensual.

A meu ver, o rito proposto no art. 206 do novo Regimento Interno traz o embaraço de submeter à iniciativa do Ministério Público o exercício, pelo Tribunal, de suas competências constitucionais e legais. Com efeito, em nível constitucional e legal (Lei nº 8.443, de 16 de julho de 1992), não foi estabelecida, nem pelo constituinte nem pelo legislador ordinário, essa restrição ao exercício do dever de fiscalização por parte desta Corte. Ao contrário, o Tribunal de Contas da União, diferentemente do que ocorre nos tribunais judiciários, não necessita ser provocado para cumprir seu dever constitucional de fiscalizar os órgãos e entidades sob sua jurisdição e de decidir sobre a legalidade, a legitimidade e a economicidade dos atos de gestão e das despesas deles decorrentes.

O art. 1º da Lei nº 8.443, de 16 de julho de 1992, que estabelece, nos termos da Constituição Federal, as competências desta Corte, é claro ao definir que o Tribunal, além de julgar as contas dos administradores e demais responsáveis por bens e valores públicos, deverá decidir sobre denúncia, representar sobre irregularidades ou abusos apurados, julgar as contas daqueles que derem causa a perda, extravio ou outra irregularidade de que resulte dano ao Erário, entre outras muitas competências.

Penso que a lei não deixou à discricionariedade do Tribunal, tampouco do Ministério Público, o cumprimento dessas atribuições. Pelo contrário, elas constituem deveres que esta Corte não pode furtar-se de cumprir. A esse respeito cabe recordar a lição do mestre Hely Lopes Meirelles no sentido de que “O poder do administrador público, revestindo ao mesmo tempo o caráter de dever para a comunidade, é insuscetível de renúncia pelo seu titular. Tal atitude importaria fazer liberalidades, com o direito alheio, e o Poder Público não é, nem pode ser, instrumento de cortesias administrativas” (Direito Administrativo Brasileiro, São Paulo, 1991, pág.85).

Adotado o rito proposto, encerrando-se os autos de fiscalização ou de tomada de contas especial em razão somente do prévio julgamento das contas anuais de um gestor, deixando-se ao alvedrio do Ministério Público o prosseguimento das apurações, estaria o Tribunal indevidamente renunciando ao exercício de parte de suas competências, o que não me parece correto. Além do mais, o nobre Parquet, ainda que, indubitavelmente, atue sempre com o maior zelo em sua missão de guarda da lei e fiscal de sua execução, tem de observar a limitação imposta pelo art. 35 da Lei nº 8.443, de 16 de julho de 1992, que prevê a possibilidade de interposição do recurso de revisão uma única vez, e no prazo de cinco anos, hipótese já descartada no presente caso.

Lembro, ainda, que, por terem origem em lei, as competências de um órgão público, além de irrenunciáveis e intransferíveis, são também imodificáveis por sua própria vontade. Portanto, qualquer limitação ao exercício das competências atribuídas legalmente ao Tribunal não pode decorrer apenas de entendimento manifestado em Decisão ordinária desta Corte, ou mesmo em norma regimental. Penso que, para ser legítima a restrição, seria necessária a expressa previsão em norma de mesma estatura daquelas que conferiram a esta Corte suas competências.

Trago também à reflexão as abalizadas palavras da ilustre administrativista Maria Sylvia Zanella Di Pietro: “Precisamente por não poder dispor dos interesses públicos cuja guarda lhes é atribuída por lei, os poderes atribuídos à Administração têm o caráter de poder-dever; são poderes que ela não pode deixar de exercer, sob pena de responder pela omissão. Assim, a autoridade não pode renunciar ao exercício das competências que lhe são outorgadas por lei; não pode deixar de punir quando constate a prática de ilícito administrativo (...). Cada vez que ela se omite no exercício

120

Page 121: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

de seus poderes, é o interesse publico que está sendo prejudicado”. (Direito Administrativo, São Paulo, 1999, pág.70).

Por outro lado, considero existir total diferenciação entre os processos de contas anuais e os processos de fiscalização, os quais, cumpre ressaltar, têm a mesma dignidade constitucional. Nos primeiros, o agente responsável por dinheiros, bens e valores públicos dos órgãos e entidades jurisdicionadas, em face de imposição legal, relata os fatos ocorridos em relação à sua gestão. O exame das contas não implica, portanto, a análise pelo Tribunal de todos os atos de gestão ocorridos no exercício, mas apenas daqueles indicados nos autos. E isso nem seria possível, pois não se pode exigir que o Órgão de Controle Externo, por mais zeloso que seja, seja onisciente quanto aos atos da gestão analisada. Tanto é que, com certa freqüência, após o julgamento pela regularidade ou regularidade com ressalvas das contas de um responsável, são constatadas irregularidades na mesma gestão.

Já nos processos de fiscalização, constituídos por denúncias, representações e relatórios de auditoria e inspeções, o Tribunal examina atos de gestão específicos que, quando evidenciam ilegalidades são convertidos em tomada de contas especial e/ou ensejam, desde logo, a aplicação de multa aos responsáveis, ex vi dos art. 43 e 47 da Lei nº 8.443, de 16 de julho de 1992, salvo na única exceção prevista que é a disposta no art. 93 da mesma lei.

Veja-se que a Lei Orgânica não fez qualquer ressalva quanto à eventualidade de as contas do responsável já estarem julgadas.

A esse respeito a doutrina mais autorizada preleciona, verbis:“(...) alguns Tribunais ao darem quitação referente a um exercício, seja em tomada ou

prestação de contas anuais, ressalvavam que a mesma não impediria a atuação concentrada para apurar determinada irregularidade.

Em um importante parecer do Ministério Público junto ao TCU, o eminente Procurador-Geral, Dr. Francisco Salles de Mourão Branco, deixou assentado, reafirmando precedentes, que é possível ‘uma vez apurado desfalque ou malversação de recursos públicos por fato somente descoberto mais tarde em Inspeção ou por outro meio lícito de fiscalização cometido a este Tribunal, nada obsta que, através de Tomada de Contas Especial, instaurada somente para o fato inquinado, venha o gestor público a ser responsabilizado, sem que esta providência importe a revisão do julgamento das contas anuais do responsável, – julgamento esse, por óbvio inatacável em face da prescrição verificada. O gestor será responsabilizado apenas pelo fato novo que só mais tarde se logrou apurar através de procedimento fiscalizatório que a Lei Maior e as normas infraconstitucionais asseguram a este Tribunal.

(...)Outra inteligência, aliás, redundaria, a nosso ver, permissa venia, em dar-se espaço à

impunidade, que a ninguém interessa ver consagrada.’” (FERNANDES, Jorge Ulisses Jacoby. “Tomada de contas especial: processo e procedimento nos tribunais de contas e na administração pública”, Brasília, 1996, págs. 333/334).

Dessa forma, segundo penso, uma decisão proferida num processo de contas anuais não obsta que o Tribunal, igualmente, decida em outros processos de natureza diferente quanto à legalidade, a legitimidade e a economicidade de atos de gestão ali examinados.

Naturalmente que a reforma do juízo proferido nas contas anuais dependerá da iniciativa do Ministério Público interpor recurso de revisão, na forma do art. 35 da Lei Orgânica. Porém, ainda que tal não ocorra, o Tribunal não deixará de satisfazer o interesse público, apreciando os demais processos relativos àquela gestão e adotando as medidas que se fizerem necessárias em vista das irregularidades de que tenha conhecimento, tudo em conformidade com a Lei e os princípios que regem a Administração Pública.

Como se pode notar, o fulcro da questão em debate é reconhecer a relativa independência entre a eventual aplicação de multa a um responsável e o julgamento de suas contas.

Nesse sentido, é forçoso observar que o Regimento recém aprovado, ao mesmo tempo em que consigna a hipótese, a meu ver correta, de que eventual multa aplicada a um gestor, previamente ao julgamento das contas, não lhes contamina necessariamente o mérito (art. 250, §5°), por outro lado, toma o julgamento das contas como fato impeditivo à posterior apenação do responsável por razões

121

Page 122: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

supervenientes, sem que haja recurso (art. 206). No primeiro caso, edifica-se a independência relativa entre esses dois fatos. Já no segundo, sustenta-se uma relação de dependência absoluta entre julgamento de contas e aplicação de multa por eventuais irregularidades.

Ora, se o próprio Regimento define que um gestor pode ser multado previamente ao julgamento das contas sem que isso lhe altere, necessariamente, o mérito, como persistir no entendimento de que o contrário não possa ocorrer, ou seja, uma aplicação de multa posterior também não possa também manter indene o mérito já decidido?

Defendo que o procedimento mais adequado é este Tribunal decidir sobre a aplicação de multa ao gestor, independentemente do julgamento das contas, deixando ao Ministério Público a ponderação sobre se a irregularidade ensejadora de multa é ou não suficiente para alterar o mérito das contas.

Poder-se-ia argumentar contra o que é dito acima, alegando-se que a apenação posterior ao julgamento das contas ofenderia a segurança jurídica, por meio da violação da coisa julgada. Todavia, não creio, consoante acabo de expor, ser esta a hipótese. Em reforço a esse entendimento, permito-me lançar mão de alguns argumentos utilizados pelo Ministro Bento Bugarin ao relatar o TC 021.238/91-0, que me parecem esclarecedores e aplicáveis à situação ora discutida:

“O princípio da coisa julgada deve ser visto com certa cautela, pois situações há que exigem seja mitigada a sua aplicação, secundum eventum litis, quando se concluiu pela improcedência do pedido, ante a falta ou insuficiência de provas. É o que consagrou o direito positivo, no tocante à Ação Popular, à Ação Civil Pública e à Ação Coletiva para a defesa de direitos difusos ou coletivos, nos casos previstos no Código de Defesa do Consumidor. Vejamos as referidas situações (...)

Diante disso, preocupou-se o legislador em excepcionar o princípio da coisa julgada quando se tratar de decisão que julga improcedente o pedido por falta ou insuficiência de provas, pois, tratando-se de direito de toda a sociedade e não só do autor, a incapacidade deste para carrear provas suficientes aos autos não poderia implicar a inviabilidade de se rediscutir a matéria em outros autos, até mesmo pelo próprio autor. Admite-se, assim, que nova ação seja proposta com identidade de pedido, de causa de pedir e, inclusive, de partes, desde que novas provas sejam produzidas.

Verifica-se a ocorrência do que a doutrina consagrou chamar de coisa julgada formal em contraposição à exceção criada na aplicação da coisa julgada material.”

Nesse passo, insisto em que a extensão da coisa julgada, no processo de contas, garante ao gestor que o mérito decidido não seja alterado (exceto mediante recurso de revisão), mas não lhe confere inimputabilidade por eventuais irregularidades por ele praticadas, apuradas posteriormente ao julgamento.

No caso em tela, conforme já registrei, nem sequer cabe o recurso de revisão, pois já correram mais de cinco anos do julgamento das respectivas contas. Dessa forma, a aplicação do art. 206 do Regimento Interno, à presente situação, representa uma salvaguarda, a meu ver injusta e sem amparo legal, contra as sanções devidas dadas aos respectivos gestores.

Mais interessante ainda é observar que, a prevalecer o entendimento que ora repudio, teremos outra profunda injustiça: a sanção de apenas uma parte dos co-responsáveis – conforme proposto pelo Ministério Público –, que não estariam protegidos pelo dispositivo em debate, haja vista não figurarem entre os gestores que tiveram suas contas julgadas por esta Corte.

Pergunto: o artigo 206 é bastante para criar uma diferença jurídica entre gestores que pratiquem, em regime de co-responsabilidade, a mesma irregularidade, baseada apenas no fato de que uns ficam protegidos por terem suas contas julgadas e outros não? Entendo que não. Essa distinção não só carece de amparo legal, mas também se mostra injusta e irrazoável, pois beneficia quem teve a “sorte” de estar sujeito à prestação de contas ordinária a este Tribunal, em prejuízo aos demais que não figurem como responsáveis em processos de contas anuais. Além disso, conforme já mencionei, este Tribunal, ao incluir o art. 206 em seu Regimento, inovou onde a lei, a meu ver, não previa. Portanto, o aludido dispositivo contraria os princípios constitucionais da isonomia, da razoabilidade e da própria legalidade.

Por todas essas razões, insisto perante os nobres pares em maiores reflexões sobre tão delicada matéria, principalmente quando sopesamos o nobre compromisso legal e social desta Corte

122

Page 123: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

com os interesses da União e, principalmente, da Sociedade, o que desaprova, a meu ver, a auto-restrição de competências por parte desta Casa.

***Vencido esse debate, compreendo devam ser acolhidas, em parte, as conclusões da Secex/AP,

no sentido de conhecer a presente representação, considerando-a procedente, bem como de aplicar multa aos responsáveis, ressalvando que sua fundamentação deve ser o inciso III do art. 58, da Lei n. 8.443/92. Contudo, fica prejudicada a juntada dos presentes autos às respectivas contas do Basa, por já se encontrarem encerradas, sem possibilidade de reabertura.

Quanto às determinações alvitradas na letra e da instrução do Analista Alexandre José Caminha Walraven, tendo em vista que o parecer final da Secex/AP deixou de tecer os comentários por mim requeridos, acerca da pertinência de mantê-las em face de modificações na legislação, deve ser acolhida a proposição contida no item e.1 do parecer do Ministério Público, no sentido de que a Unidade Técnica se manifeste conclusivamente sobre correção e oportunidade daquelas determinações.

Outrossim, acolho também a sugestão do Parquet, para realização de diligência ao Basa, com o fito de verificar a situação dos contratos alvejados neste processo, quanto às amortizações havidas, apurando eventual existência de consumado dano ao Erário que não possa ser reparado por via judicial, hipótese em que se deve recorrer às tomadas de contas especiais.

Face ao exposto, Voto por que seja adotado o Acórdão que ora submeto à consideração deste Colegiado:

“VISTOS, relatados e discutidos estes autos de Representação, formulada pela Procuradoria da República no Estado do Amapá, em 31/01/97 (fl. 01), noticiando possíveis irregularidades em contratos de financiamento para a pesca artesanal no Amapá, no âmbito da Agência Macapá, do Banco da Amazônia SA – Basa.

Considerando que as apurações efetuadas confirmaram a ocorrência das irregularidades representadas;

Considerando que, ouvidos em audiência, os responsáveis, Sres José Artur Guedes Tourinho e Mário Jorge de Macêdo Bringel, Hermínio Luiz da Silva, Marly Coely Viana, Rosa Maria Klautau de Araújo e Hélio dos Santos e Srª Ceres Yara Negreiros da Silva Sampaio, apresentaram razões de justificativa que não lograram elidir a falta que lhes foi imputada;

Considerando que as razões de justificativa dos demais responsáveis merecem acolhimento;ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão Plenária, ante

as razões expostas pelo Relator, em:9.1 conhecer da presente representação, para, no mérito, considerá-la procedente;9.2 rejeitar as razões de justificativa dos Sres Silvestre de Castro Filho (ex-Presidente do

Basa), aos Sres José Artur Guedes Tourinho e Mário Jorge de Macêdo Bringel (ex-membros da Diretoria Executiva), à Srª Ceres Yara Negreiros da Silva Sampaio (ex-membro da Diretoria Executiva e ex-Coordenadora do Comitê de Crédito da Direção-Geral do Basa), aos Sr es Hermínio Luiz da Silva, Marly Coely Viana, Rosa Maria Klautau de Araújo e Hélio dos Santos Graça, na qualidade de membros do Comitê de Crédito da Direção-Geral do BASA, à época, diante da co-responsabilidade na análise e deferimento dos financiamentos ligados ao Subprograma de Pesca Artesanal, procedimentos esses conduzidos sem o exercício do dever de diligência, disciplinado no art. 153 da Lei n. 6.404/76 – Lei das S.A., configurado pelas ausências de composição de garantias sólidas e de cadastro da União Pesqueira do Amapá – UPA;

9.3 aplicar, individualmente, aos responsáveis indicados no item 9.2 supra, a multa prevista no art. 58, III, da Lei n. 8.443/92, no valor de R$ 20.000,00 (vinte mil reais), fixando-lhes o prazo de 15 (quinze) dias, a contar da notificação, para que comprovem perante o Tribunal (art.214, inciso III, alínea a do Regimento Interno), o recolhimento das dívidas aos cofres do Tesouro Nacional;

9.4. autorizar, desde logo, nos termos do art. 28, inciso II, da Lei nº 8.443, de 16 de julho de 1992, a cobrança judicial das dívidas referidas no item 9.3, atualizadas monetariamente a partir do dia seguinte ao término do prazo ora estabelecido, até a data do recolhimento, caso não atendida a notificação, na forma da legislação em vigor;

123

Page 124: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

9.5 acolher as razões de justificativa dos Sres Clauber Brandão de Sá, Paulo Roberto Castelo Branco, Lenir Messias de Almeida, Aluízio Fausto de Araújo e Ana Maria Avelar Frazão;

9.6 determinar à Secex/AP que avalie a correção e a oportunidade da formular ao Basa as determinações na letra e da instrução de fls. 477-478, bem como que promova diligência ao Banco, com o fito de verificar a situação dos contratos relacionados nos presentes autos, inclusive quanto às amortizações havidas, objetivando apurar eventuais indícios de dano ao erário e propor, conforme o caso, e se necessário, determinação para a instauração das competentes tomadas de contas especiais ou para o ajuizamento das ações judiciais cabíveis;

9.7 remeter cópia do presente Acórdão, bem como do Relatório e Voto que o acompanham, à Procuradoria da República no Estado do Amapá.”

TCU, Sala das Sessões Ministro Luciano Brandão Alves de Souza, em 09 de julho de 2003.

ADYLSON MOTTAMinistro-Relator

GRUPO I – CLASSE VII – PlenárioTC 775.017/1997-3 (com 03 volumes)Natureza: RepresentaçãoEntidade: Banco da Amazônia – Basa (Ag. Macapá/AP)Responsáveis: José Artur Guedes Tourinho, Mário Jorge de Macêdo Bringel, Hermínio Luiz

da Silva, Marly Coely Viana, Rosa Maria Klautau de Araújo, Hélio dos Santos, Ceres Yara Negreiros da Silva Sampaio, Clauber Brandão de Sá, Paulo Roberto Castelo Branco, Lenir Messias de Almeida, Aluízio Fausto de Araújo e Ana Maria Avelar Frazão (CPFs não fornecidos)

Interessado: Procuradoria da República no Estado do AmapáAdvogado constituído nos autos: Newton Moreira Sampaio (OAB/RJ 1227, fl. 304)

Sumário: Representação formulada pela Procuradoria da República/AP. Irregularidades em operações de crédito destinadas a pesca artesanal no Amapá, no âmbito da Agência Macapá, do Banco da Amazônia SA – Basa (Programa de Pesca). Audiência dos responsáveis. Determinações. Multa. Impossibilidade de aplicação de multa a gestores cujas contas já tenham sido julgadas, em face do art. 206 do Regimento Interno. Ciência à Procuradoria da República no Estado do Amapá.

DECLARAÇÃO DE VOTO

Congratulo-me com o eminente Ministro Adylson Motta pela minudente análise que empreendeu na Relatoria deste processo de Representação, versando sobre irregularidades em operações de crédito destinadas ao financiamento de atividade pesqueira, realizadas no âmbito da Agência Macapá, do Banco da Amazônia – BASA.

2.Sua Excelência, no entanto, dissentiu da Unidade Técnica – SECEX/AP -, no tocante à proposição por esta formulada, no sentido de que não seja aplicada multa aos Srs. Silvestre de Castro Filho, José Artur Guedes Tourinho, Mário Jorge de Macedo Bringel e à Sra. Ceres Yara Negreiros da Silva Sampaio, em vista da orientação emanada deste Plenário pela Decisão nº 1.505/2002 – posteriormente consagrada no art. 206 do Regimento Interno em vigor – e, também, diante da impossibilidade jurídica de reabertura das contas do BASA – exercício de 1992 -, dado o lapso temporal transcorrido desde a decisão definitiva, proferida na Sessão de 25.7.1996.

3.O nobre Relator, em alentado Voto, formulou considerações sobre a preclusão do direito de aplicar sanção a gestores cujas contas já tenham sido julgadas, reiterando sua discordância ao entendimento deste Plenário que resultou no art. 206 do Regimento Interno vigorante, e propôs a aplicação de multa aos responsáveis acima nominados, a despeito destes já terem suas contas julgadas.

124

Page 125: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

4.Permito-me dissentir deste entendimento, reafirmando a posição por mim já externada em Revisão ao TC – 001.665/2001-0 (Acórdão nº 351/2003 – TCU -Plenário - Ata nº 12, de 9.4.2003), também da Relatoria do insigne Ministro Adylson Motta, sagrada vencedora neste Plenário.

5.Na oportunidade, em circunstâncias análogas, manifestei-me pela exclusão da proposta de aplicação de multa e por que fossem os autos encaminhados ao MP/TCU, com vistas à avaliação de conveniência de interpor-se o Recurso de Revisão competente, tendo por fundamento a tese dimanada da aludida Decisão Plenária nº 1.505/2002 e consagrada no art. 206 do Regimento Interno.

6.Desta feita, pelos mesmos fundamentos, limito-me à exclusão da proposta de multa, tal como sugerido pela SECEX/AP, tendo em vista a preclusão temporal do Recurso de Revisão, dado o transcurso de interregno superior ao prazo legal de 5 anos para sua interposição (art. 35 da Lei nº 8.443/92).

Diante do exposto, VOTO por que o Tribunal adote a deliberação que ora submeto ao descortino deste E. Plenário.

TCU, Sala das Sessões, em 9 de julho de 2003.

BENJAMIN ZYMLERMinistro

Grupo II – Classe VII – PlenárioTC 775.017/1997-3 (com 03 volumes)Natureza: RepresentaçãoEntidade: Banco da Amazônia – Basa (Ag. Macapá/AP)Responsáveis: José Artur Guedes Tourinho, Mário Jorge de Macêdo Bringel, Hermínio Luiz

da Silva, Marly Coely Viana, Rosa Maria Klautau de Araújo, Hélio dos Santos, Ceres Yara Negreiros da Silva Sampaio, Clauber Brandão de Sá, Paulo Roberto Castelo Branco, Lenir Messias de Almeida, Aluízio Fausto de Araújo e Ana Maria Avelar Frazão (CPFs não fornecidos)

Interessado: Procuradoria da República no Estado do Amapá

DECLARAÇÃO DE VOTO

Apresento como ratio decidendi os argumentos apresentados pelo eminente Ministro Ubiratan Aguiar, em cuja substituição me encontro:

“37.Por derradeiro, registro que na Sessão de 03 de abril de 2002 submeti à apreciação deste Colegiado os presentes autos. Ainda na fase de discussão, o Exmo. Ministro Adylson Motta solicitou vista dos autos. Recentemente sua Excelência restituiu o processo ao meu Gabinete acompanhado de sua Declaração de Voto, com a qual peço vênias por discordar.

38.Gostaria apenas de destacar do Voto de sua Excelência que jamais defendi que após o julgamento das contas, esta Corte não pudesse realizar os trabalhos de auditoria ou apreciar denúncias ou representações formuladas a este Tribunal.

39.Na verdade, defendo apenas que, realizados os levantamentos necessários com vistas a firmar a convicção sobre os novos fatos apresentados, deve a matéria ser submetida ao Ministério Público para que, entendendo pertinente, ingresse com o respectivo recurso, mesmo assim, no prazo máximo de 5 (cinco) anos como previsto no recurso de revisão. Não se trata aqui de se submeter à iniciativa do Ministério Público o exercício pelo Tribunal de suas competências constitucionais e legais, muito menos se trata de renúncia das competências desta Corte, mas de se respeitar o devido processo legal de que trata o art. 5º, inciso LV, da Constituição, regulamentado, no âmbito desta Corte, pela Lei nº 8.443/92.

40.Finalizando, concordo com a afirmação do Revisor quando defende que existe total diferença entre processos de contas e processos de fiscalização. No entanto, compreendo que o rito processual apresentado por sua Excelência, a não ser por uma interpretação literal do art. 47 da Lei nº 8.443/92, não encontra amparo legal. Citado dispositivo, em momento algum autoriza a conversão de processo de fiscalização em tomada de contas especial após o processo de contas ter

125

Page 126: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

sido julgado no mérito. Aquela norma apenas admite a tramitação em separado do processo de contas ordinárias dos demais a ele conexos.

41.Alerto, inclusive, para o fato de que, caso tramitem em separado, ao final devem ser juntados para apreciação em confronto e conjunto, de forma a se evitar decisões contraditórias. Esse procedimento de tramitar os processos de contas em separado dos demais tem como objetivo atender ao princípio da economia processual. Explico, como as contas ordinárias só são apresentadas após o encerramento de cada exercício, não existisse essa autorização da tramitação em separado, os fatos apurados durante um determinado exercício só seriam examinados após as contas ordinárias serem apresentadas ao Tribunal. O pressuposto, portanto, é de que os processos de fiscalização devem ser apreciados antes das contas ordinárias, e servirão, inclusive, de fundamento para o julgamento final destas.

42.Só tem sentido, portanto, o exame em separado de tomada de contas especial e de processo de fiscalização instaurados com vistas a apurar irregularidades atribuídas a gestor principal, das respectivas contas ordinárias, caso estas ainda não se encontrem nesta Corte.

43.Diante do exposto entendo de todo relevante que se elabore norma expressa proibindo o julgamento de contas ordinárias enquanto estiverem tramitando processos conexos, tais como, auditorias, denúncias, representações.

Por todo o exposto, submeto ao Colegiado proposta no sentido de que o Tribunal uniformize o procedimento a ser adotado em relação às questões tratadas em recursos de revisão interpostos pelo Ministério Público, nos termos da deliberação que ora lhe submeto.”

T.C.U., Sala das Sessões Ministro Luciano Brandão Alves de Souza, em 9 de julho de 2003

LINCOLN MAGALHÃES DA ROCHAMinistro-Substituto

ACÓRDÃO Nº 836/2003 – TCU – Plenário

1.Processo TC 775.017/1997-3 (com 03 volumes).2. Grupo II, Classe de Assunto VII – Representação.3.Responsáveis: José Artur Guedes Tourinho, Mário Jorge de Macêdo Bringel, Hermínio Luiz

da Silva, Marly Coely Viana, Rosa Maria Klautau de Araújo, Hélio dos Santos, Ceres Yara Negreiros da Silva Sampaio, Clauber Brandão de Sá, Paulo Roberto Castelo Branco, Lenir Messias de Almeida, Aluízio Fausto de Araújo e Ana Maria Avelar Frazão (CPFs não fornecidos).

4.Entidade: Banco da Amazônia – Basa (Ag. Macapá/AP).5.Relator: Ministro Adylson Motta.5.1. Redator: Ministro Benjamin Zymler.6. Representante do Ministério Público: Subprocurador-Geral Jatir Batista da Cunha.7. Unidade Técnica: Secex/AP.8.Advogado constituído nos autos: não consta.

9. Acórdão:VISTOS, relatados e discutidos estes autos de Representação, formulada pela Procuradoria da

República no Estado do Amapá, em 31/01/97 (fl. 01), noticiando possíveis irregularidades em contratos de financiamento para a pesca artesanal no Amapá, no âmbito da Agência Macapá, do Banco da Amazônia SA – Basa.

Considerando que as apurações efetuadas confirmaram a ocorrência das irregularidades representadas;

Considerando que, ouvidos em audiência, os responsáveis, Sres José Artur Guedes Tourinho e Mário Jorge de Macêdo Bringel, Hermínio Luiz da Silva, Marly Coely Viana, Rosa Maria Klautau de Araújo e Hélio dos Santos e Srª Ceres Yara Negreiros da Silva Sampaio, apresentaram razões de justificativa que não lograram elidir a falta que lhes foi imputada;

Considerando que as razões de justificativa dos demais responsáveis merecem acolhimento;

126

Page 127: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão Plenária, ante as razões expostas pelo Relator, em:

9.1 conhecer da presente representação, para, no mérito, considerá-la procedente;9.2 rejeitar as razões de justificativa apresentadas pelos Sres Silvestre de Castro Filho (ex-

Presidente do Basa), José Artur Guedes Tourinho e Mário Jorge de Macêdo Bringel (ex-membros da Diretoria Executiva), e pela Srª Ceres Yara Negreiros da Silva Sampaio (ex-membro da Diretoria Executiva e ex-Coordenadora do Comitê de Crédito da Direção-Geral do Basa), prescindindo-se da aplicação de multa, em vista do disposto no art. 206 do Regimento Interno/TCU;

9.3 rejeitar as razões de justificativa apresentadas pelos Sres Hermínio Luiz da Silva, Marly Coely Viana, Rosa Maria Klautau de Araújo e Hélio dos Santos Graça, na qualidade de membros do Comitê de Crédito da Direção-Geral do BASA, à época, diante da co-responsabilidade na análise e deferimento dos financiamentos ligados ao Subprograma de Pesca Artesanal, procedimentos esses conduzidos sem o exercício do dever de diligência, disciplinado no art. 153 da Lei n. 6.404/76 – Lei das S.A., configurado pelas ausências de composição de garantias sólidas e de cadastro da União Pesqueira do Amapá – UPA;

9.4 aplicar, individualmente, aos responsáveis indicados no item 9.3 supra, a multa prevista no art. 58, III, da Lei n. 8.443/92, no valor de R$ 20.000,00 (vinte mil reais), fixando-lhes o prazo de 15 (quinze) dias, a contar da notificação, para que comprovem perante o Tribunal (art.214, inciso III, alínea a do Regimento Interno), o recolhimento das dívidas aos cofres do Tesouro Nacional;

9.5. autorizar, desde logo, nos termos do art. 28, inciso II, da Lei nº 8.443, de 16 de julho de 1992, a cobrança judicial das dívidas referidas no item 9.3, atualizadas monetariamente a partir do dia seguinte ao término do prazo ora estabelecido, até a data do recolhimento, caso não atendida a notificação, na forma da legislação em vigor;

9.6 acolher as razões de justificativa dos Sres Clauber Brandão de Sá, Paulo Roberto Castelo Branco, Lenir Messias de Almeida, Aluízio Fausto de Araújo e Ana Maria Avelar Frazão;

9.7 determinar à Secex/AP que avalie a correção e a oportunidade da formular ao Basa as determinações na letra e da instrução de fls. 477-478, bem como que promova diligência ao Banco, com o fito de verificar a situação dos contratos relacionados nos presentes autos, inclusive quanto às amortizações havidas, objetivando apurar eventuais indícios de dano ao erário e propor, conforme o caso, e se necessário, determinação para a instauração das competentes tomadas de contas especiais ou para o ajuizamento das ações judiciais cabíveis;

9.8 remeter cópia do presente Acórdão, bem como do Relatório e Voto que o acompanham, à Procuradoria da República no Estado do Amapá.

10. Ata nº 26/2003 – Plenário11. Data da Sessão: 9/7/2003 – Ordinária12. Especificação do quorum:12.1. Ministros presentes: Valmir Campelo (Presidente), Marcos Vinicios Vilaça, Humberto

Guimarães Souto, Adylson Motta (Relator), Walton Alencar Rodrigues, Guilherme Palmeira, Benjamin Zymler (Redator) e o Ministro-Substituto Lincoln Magalhães da Rocha.

12.2. Ministros com voto vencido: Adylson Motta (Relator), Humberto Guimarães Souto e Walton Alencar Rodrigues.

12.3. Auditores presentes: Augusto Sherman Cavalcanti e Marcos Bemquerer Costa.

VALMIR CAMPELOPresidente

BENJAMIN ZYMLERMinistro-Redator

Fui presente:

PAULO SOARES BUGARIN

127

Page 128: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

Procurador-Geral, em substituição

GRUPO I – CLASSE VII – PlenárioTC 012.169/2002-9Natureza: AcompanhamentoInteressado: Ministério Público junto ao TCUÓrgão/Entidade: Ministério do Desenvolvimento Agrário e Instituto Nacional de Colonização

e Reforma Agrária – IncraAdvogado constituído nos autos: não consta

Sumário: Acompanhamento. Medidas de combate ao registro ilegal de títulos pelo esquema de grilagem de terras da União em Goiás. Inspeção realizada. Constatação da suficiência das medidas adotadas. Demora nas comunicações processuais. Determinação. Juntada às contas anuais do Incra.

RELATÓRIO

Trata-se de Acompanhamento das medidas de combate à grilagem de terras da União no Estado de Goiás, conforme determinação exarada no item 8.2.da Decisão Plenária 852/2002.

Na instrução do feito, a Secex/GO, inicialmente, realizou diligência junto à Superintendência Regional do Incra no Estado de Goiás, solicitando informações sobre o andamento e resultados das medidas adotadas pelo Incra em Goiás, no tocante ao registro ilegal de terras, bem como os resultados das atividades do Grupo de Trabalho criado para promover ações visando ao combate à grilagem de terras públicas.

Em resposta à diligência o Incra/GO informou que promoveu o recadastramento dos imóveis rurais com área igual ou superior a 10.000 ha, tendo sido analisados 55 imóveis espalhados por vários municípios do Estado de Goiás.

A Unidade Técnica, após análise da documentação, entendeu que as informações trazidas aos autos eram insuficientes para formar juízo acerca da eficiência, eficácia e suficiência das medidas adotadas pela Autarquia e promoveu inspeção na Entidade para melhor análise dos documentos referentes ao assunto.

Após verificação in loco, a Unidade Técnica concluiu que:“3.1. somente uma pequena parte dos imóveis verificados podem se constituir terra devoluta

da União (informação já prestada em relatório precedente – fl. 208);3.2. o órgão tem se esmerado em cumprir os objetivos das Portarias n° 558/99

(recadastramento dos imóveis rurais com área igual ou superior a 10.000 ha) e Portaria Incra n° 596/01 (recadastramento dos imóveis rurais com área entre 5.000 e 9.999 ha), tendo em vista o número expressivo de propriedades rurais fiscalizadas (no caso da Portaria n° 558/99, 100% dos imóveis com área superior a 10.000,00 ha tiveram sua cadeia dominial analisada). Mostra-se, também, diligente em oficiar aos órgãos responsáveis quando defrontadas situações alheias a sua competência institucional (item 10 do relatório de fls. 218-227).

3.3. as conclusões apresentadas nos relatórios da entidade são baseadas em documentação probante (verificada in loco por este analista), visita de equipes técnicas ao município sede do imóvel analisado e diligências, porventura necessárias, a outros órgãos.

3.4. todos os imóveis que apresentaram dúvidas ou lacunas no processo de recadastramento tiveram inibidas a emissão do CCIR – Certificado de Cadastro de Imóvel Rural, que por conseqüência, impede o proprietário de transmitir, arrendar, hipotecar, levantar financiamento, etc.”

Prossegue ainda a Instrução:“4. Portanto, ante as conclusões acima relacionadas, entendo que a Superintendência Regional

do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária – Incra/GO está sendo eficiente no combate à grilagem de terras da União, bem como mostram-se suficientes as ações implementadas.

5. No que concerne a eficácia, o órgão tem atuado em todas as frentes possíveis para o cumprimento dos objetivos propostos e aqui em comento. Muito embora nenhum imóvel tenha sido reintegrado ao patrimônio público, todos eles sofreram, por parte da autarquia, apurada análise da

128

Page 129: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

cadeia dominial, bem como, naqueles em que cabiam a ação, vistoria in loco por equipe técnica especializada. Os imóveis que apresentaram irregularidades no processo tiveram imediata inibição da emissão dos CCIRs, bloqueando, para todos os fins práticos, qualquer ação do proprietário no que se refere ao seu respectivo imóvel rural (vender, hipotecar, arrendar etc.).

6. Como única ressalva destaca-se o lapso decorrido entre as comunicações expedidas pelo Incra/GO à Procuradoria Geral do Estado de Goiás (itens 6 e 7, do relatório de fls.218-227) e a data atual, bem como algumas diligências direcionadas a proprietários de imóveis com lacunas no processo (item 11, b, do relatório de fls. 218-227). Entendo, então, pertinente recomendar ao órgão que passe a reiterar os Ofícios expedidos para fins de agilizar o andamento processual na PGE. Quanto as diligências mostra-se necessário reiterá-las, desta feita, fixando prazo de resposta ao proprietário do imóvel, sob pena de inibição da emissão da CCIR.”

Ante essas considerações, a Unidade Técnica propõe que seja determinado à Superintendência Regional do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária – Incra/GO “que envide esforços no sentido de reiterar os Ofícios expedidos à Procuradoria-Geral do Estado de Goiás para fins de agilizar o andamento processual”.

Chamado a se manifestar, o Ministério Público anuiu à proposta da Unidade Técnica.É o Relatório.

VOTO

Verifico que a Secex/GO deu fiel cumprimento à determinação exarada no item 8.2. da Decisão 852/2002 TCU-Plenário no sentido de acompanhar as medidas de combate à grilagem de terras da União no Estado de Goiás, avaliando a eficiência, eficácia e a suficiência dessas medidas.

A Superintendência do Incra em Goiás tem desenvolvido importante trabalho a fim de evitar a grilagem de terras públicas em Goiás. O número expressivo de propriedades rurais fiscalizadas (no caso da Portaria n° 558/99, 100% dos imóveis com área superior a 10.000,00 ha tiveram sua cadeia dominial analisada) e as demais atividades tendentes a coibir transferências ilegais de propriedades da União demonstram o esforço do Órgão em obstacularizar a ação dos grileiros de terras públicas naquele Estado.

Contudo, a Unidade Técnica aponta a necessidade de aperfeiçoar o sistema de comunicação processual com a Procuradoria-Geral do Estado de Goiás (PGE) e com os proprietários de imóveis fiscalizados. Assim, vejo como adequada a proposta de se determinar a reiteração dos ofícios tanto para a PGR quanto para os proprietários rurais.

Ante o exposto, acolho no essencial a proposta de encaminhamento da Unidade Técnica e Voto no sentido de que seja adotado o Acórdão que ora submeto à apreciação deste Plenário.

TCU, Sala das Sessões Ministro Luciano Brandão Alves de Souza, em 09 de julho de 2003.

ADYLSON MOTTAMinistro-Relator

ACÓRDÃO Nº 837/2003 – TCU – Plenário

1.Processo TC 012.169/2002-92. Grupo I, Classe de Assunto VII – Acompanhamento3.Interessado: Ministério Público junto ao TCU4.Órgão/Entidade: Ministério do Desenvolvimento Agrário e Instituto Nacional de

Colonização e Reforma Agrária – Incra5.Relator: Ministro Adylson Motta6. Representante do Ministério Público: Procuradora Maria Alzira Ferreira7. Unidade Técnica: Secex/GO8.Advogado constituído nos autos: não consta

9. Acórdão:

129

Page 130: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

VISTOS, relatados e discutidos estes autos de Acompanhamento.Considerando que as medidas de combate à grilagem de terras da União no Estado de Goiás

têm se mostrado eficazes e eficientes;Considerando que o presente processo cumpriu o objetivo para o qual foi constituído;ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão Plenária, em

determinar à Superintendência Regional do Incra no Estado de Goiás que:9.1 – reitere, sempre que necessário, os ofícios expedidos à Procuradoria-Geral do Estado de

Goiás, para fins de agilizar o andamento processual naquele Órgão;9.2 – reitere, sempre que necessário, as diligências dirigidas aos proprietários dos imóveis

rurais, fixando prazo de resposta, sob pena de inibição da emissão da Certificado de Cadastro de Imóvel Rural; e

9.3 – juntar os presentes autos às contas do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária – Incra relativas ao exercício de 2002.

10. Ata nº 26/2003 – Plenário11. Data da Sessão: 9/7/2003 – Ordinária12. Especificação do quorum:12.1. Ministros presentes: Valmir Campelo (Presidente), Marcos Vinicios Vilaça, Iram

Saraiva, Humberto Guimarães Souto, Adylson Motta (Relator), Walton Alencar Rodrigues, Guilherme Palmeira, Benjamin Zymler e o Ministro-Substituto Lincoln Magalhães da Rocha

12.2. Auditores presentes: Augusto Sherman Cavalcanti e Marcos Bemquerer Costa.

VALMIR CAMPELOPresidente

ADYLSON MOTTAMinistro-Relator

Fui presente:

PAULO SOARES BUGARINProcurador-Geral, em substituição

GRUPO I – CLASSE V – PlenárioTC 004.416/2003-5 (com 01 volume)Natureza: Relatório de Levantamento de Auditoria (Fiscobras 2003)Entidade: Companhia Docas do Rio de Janeiro – CDRJInteressado: Congresso NacionalAdvogado constituído nos autos: não consta

Sumário: Fiscobras 2003. Levantamento de auditoria. Dragagem de aprofundamento do canal de acesso aos Portos do Rio de Janeiro e Niterói. Determinações e recomendações ao DNIT. Ciência à Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização do Congresso Nacional.

RELATÓRIO

Trata-se de Relatório de Levantamento de Auditoria realizada nas obras relativas ao programa de trabalho PT 26.784.0230.3232.0033 – Dragagem de Aprofundamento do Canal de Acesso aos Portos do Rio de Janeiro e Niterói (RJ) no Estado do Rio de Janeiro –, para prestar informações ao Congresso Nacional de modo a subsidiar os trabalhos da Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização.

O empreendimento permitirá o aumento do calado operacional dos portos do Rio de Janeiro e de Niterói, abrindo-os para novos mercados e aumentando sua competitividade com outros portos nacionais pela captação de clientela.

130

Page 131: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

Tais obras não foram fiscalizadas por este Tribunal nos exercícios de 2001 e 2002, não constando no Quadro VII da Lei nº 10.640, de 14/01/2003 (Lei Orçamentária Anual de 2003).

Na seqüência, exponho as principais informações obtidas no levantamento em discussão.Projetos básicosSobre o projeto básico, a Equipe de Auditoria, além de consignar a ausência de

irregularidades quanto aos aspectos ambientais, apresenta as seguintes informações: data de elaboração: 01/07/2001; custo da obra: R$ 15.792.727,70; data base: 01/07/2001; objeto: manter as profundidades de projeto dos canais de acesso e bacias de evolução dos portos das cidades do Rio de Janeiro e de Niterói, no estado do Rio de Janeiro, mediante contratação de serviços de dragagem e derrocagem, com volume estimado de 1.250.000 m3.

Execução físicaA obra não havia sido iniciada quando da vistoria (01/04/2003).Execução financeira e orçamentáriaNo tocante à execução financeira e orçamentária, o relatório em análise consigna, em

essência, as seguintes observações:“Primeira Dotação: 01/01/2003 Valor estimado para conclusão: R$ 18.700.000,00Desembolso

Origem

Ano Valor Orçado

Valor Liquidado

Créditos Autorizado

s

Moeda

União

2003

5.000,000,00 5.000,00 Real

Observação: custo total estimado a partir dos quantitativos de serviços previstos no projeto básico e dos preços unitários praticados em serviços semelhantes contratados em nov/2002.

Esclarecimentos Adicionais: na estimativa do preço de derrocagem reajustou-se o valor estimado na data de elaboração do projeto básico pelo mesmo índice de reajuste do preço de dragagem autotransportadora.”

Contratos auditadosNão há contratos a serem auditados.IrregularidadesA Equipe técnica aponta as seguintes impropriedades afetas ao projeto básico:Descrição: projeto básico inadequado1- “Não indicação do ‘software’ a ser utilizado no cálculo dos volumes dragados, a partir dos

resultados das sondagens batimétricas. Uma vez que a precisão e exatidão do cálculo estão diretamente ligadas à lógica de cálculo do ‘software’, além da forma de discretização do domínio, tal fato configura ocorrência de normas de medição de serviços sem a clareza necessária, em desacordo com o art. 4º, §1º, da Resolução Confea nº 361, de 10 dez 1991.”

2- “Ausência de definição quanto à forma de cálculo do volume a dragar do talude junto ao cais, bem como indefinição quanto à metodologia alternativa de medição do volume dragado em áreas onde não é possível efetuar sondagens batimétricas, como o talude sob a plataforma de cais com paramento aberto, caracterizando infração ao art. 3º, “d”, da Resolução Confea nº 361, de 10 dez 1991.

3- “Necessidade de sondagem confirmatória pela contratada do volume de rocha a ser derrocado (item 10.4.5 do Projeto Básico), evidenciando desconformidade com o previsto na Resolução Confea nº 361/91, art. 3º, ‘b’, ‘d’, ‘e’ e ‘f’.”

4- “Ausência de definição quanto à metodologia a ser adotada nas medições de volume de corte de enrocamento, constante do item 10.8.a do Projeto Básico, configurando descumprimento ao previsto na Resolução Confea nº 361/91, art. 4º, §1º , e art. 3º, ‘g’.”

5- “Ausência de cronograma físico-financeiro dos serviços, contrariando o estabelecido na Resolução Confea nº 361/91, art. 4º, §1º , e art. 3º, ‘g’”.

6- “Ausência de demarcação das áreas com solos com SPT> 10 e com presença de rochas a serem derrocadas, deixando de identificar os elementos constituintes da obra de forma precisa, conforme estabelecido na Resolução Confea nº 361, de 10 dez 1991, art. 3º, ‘b’.”

131

Page 132: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

7- “Ausência de indicação da profundidade final de projeto do canal de acesso a Niterói, no desenho INPH 210-04, deixando de identificar os elementos constituintes da obra de forma precisa, conforme previsto na Resolução Confea nº 361, de 10 dez 1991, art. 3º, ‘b’”.

8- “Ausência de batimetria de referência, utilizada no cálculo de volumes a serem dragados, de maneira a fornecer aos futuros licitantes uma visão mais abrangente do objeto licitado, conforme previsto na Resolução Confea nº 361/91, art. 4º, §1º , e art. 3º, ‘b’”.

9- “Não identificação e especificação, na planilha de quantitativos de serviços e custos, de serviços como sondagens geológicas e batimétricas, mobilização, desmobilização, bem como o BDI, em desacordo com o art. 3º, letra e, da Resolução Confea nº 361, de 10 de dezembro de 1991.”

10- “Ausência de memória de cálculo, apresentando a metodologia e as hipóteses adotadas no cálculo dos quantitativos de serviços a serem executados, em desacordo com o previsto no art. 3º, _d_, da Resolução Confea nº 361/91.”

11- “Ausência de definição quanto à responsabilidade técnica pela elaboração do projeto básico e ausência de ART do projeto, descumprindo o art. 2º, §2º e o art. 7º da Resolução Confea nº 361/91.”

12- “Ausência de definição quanto à periodicidade das medições parciais dos serviços a serem pagos no curso da obra, em desacordo com os arts. 4º, §1º, e 3º, ‘g’, da Resolução Confea nº 361/91.”

13- “Ausência de definição quanto a área de bota-fora do derrocamento (item 10.4.2 do Projeto Básico), em desacordo com a Resolução Confea nº 361/91, art. 4º, §1º , e art. 3º, ‘b’”.

***Diante das falhas apontadas, a Equipe de Auditoria, com a anuência do Titular da Secex/RJ,

propõe:I- determinação à Companhia Docas do Rio de Janeiro, no sentido de:1. “na elaboração de projetos básicos relativos a serviços de dragagem, observe os seguintes

procedimentos, com o intuito de atender à Resolução Confea nº 361, de 10 dez 1991, bem como ao art. 6º, IX, “a” a “f” da Lei nº 8666/93:

a) identificar e especificar, na planilha de quantitativos de serviços e custos, todos os serviços a serem realizados, tais como sondagens geológicas e batimétricas, mobilização, desmobilização, bem como eventuais custos indiretos e o BDI;

b) realizar levantamentos batimétricos e geológicos necessários para definir as quantidades e os custos de serviços e fornecimentos com precisão compatível com o tipo e porte da obra, de tal forma a ensejar a determinação do custo global da obra com precisão de mais ou menos 15% (quinze por cento);

c) definir a responsabilidade técnica pela elaboração do projeto básico e apresentar a Anotação de Responsabilidade Técnica do projeto junto ao Crea;

d) apresentar o cronograma físico-financeiro dos serviços;e) indicar nas normas relativas a medições de serviços o ‘software’ que será utilizado no

cálculo dos volumes dragados, a partir de dados obtidos por sondagens batimétricas;f) definir com clareza a metodologia de medição de volumes dragados em áreas onde não é

possível a obtenção de dados batimétricos, especialmente no cálculo de taludes localizados sob plataforma de cais com paramento aberto;

g) definir metodologia a ser adotada em medições de volume de corte de enrocamento;h) demarcar áreas com solos com SPT> 10 e com presença de rochas a serem derrocadas,

identificando os elementos constituintes da obra de forma precisa;i) incluir no Projeto Básico memória de cálculo, apresentando a metodologia e as hipóteses

adotadas no cálculo dos quantitativos de serviços a serem executados;j) efetuar sondagens geológicas que permitam definição precisa de volume de rocha a ser

derrocado, eliminando-se a necessidade de sondagem confirmatória pela contratada.”

2. “abster-se de licitar e contratar serviços de dragagem de manutenção, cujo objetivo seja o retorno do leito do canal a sua profundidade original de projeto, com recursos do orçamento de investimento, alocados no Programa de Trabalho – PT 26.784.0230.3232.0033 – Dragagem de Aprofundamento do Canal de Acesso aos Portos do Rio de Janeiro -, um vez que dragagens de

132

Page 133: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

manutenção não se enquadram no conceito de investimento, conforme estabelecido no art. 20 da Lei nº 4320/64, e nos art. 3º, item I e II, e art. 59, §1º, da Lei nº 10.524 de 25/07/2002 (LDO 2003).”

II- recomendação à Companhia Docas do Rio de Janeiro, no que concerne à elaboração do projeto básico relativo à dragagem nas bacias de evolução e canais de acesso aos portos do Rio de Janeiro e de Niterói, no sentido de:

“a) indicar no desenho INPH 210-04 a profundidade final de projeto do canal de acesso a Niterói;

b) incluir batimetria de referência, utilizada no cálculo de volumes a serem dragados, de maneira a fornecer aos futuros licitantes uma visão mais abrangente do objeto licitado;

c) definir com clareza área de bota-fora de derrocamento; ed) definir a periodicidade das medições parciais dos serviços a serem pagos no curso da obra.”É o Relatório.

VOTO

Dado o estágio preliminar do empreendimento em tela – dragagem de aprofundamento do canal de acesso aos portos do Rio de Janeiro e Niterói –, que se encontra, ainda, em fase pré-contratual, os trabalhos de auditoria limitaram-se ao respectivo projeto básico.

As imperfeições técnicas detectadas e a incorreção quanto à classificação orçamentária da despesa impõem as determinações e recomendações propostas pela Secex/RJ.

Face ao exposto, Voto por que seja adotado o Acórdão que ora submeto à consideração deste Colegiado.

TCU, Sala das Sessões Ministro Luciano Brandão Alves de Souza, em 09 de julho de 2003.

ADYLSON MOTTAMinistro-Relator

ACÓRDÃO Nº 838/2003 – TCU – Plenário

1.Processo TC 004.416/2003-5 (com 01 volume)2. Grupo I, Classe de Assunto V – Relatório de Levantamento de Auditoria (Fiscobras 2003)3.Interessado: Congresso Nacional4.Entidade: Companhia Docas do Rio de Janeiro – CDRJ5.Relator: Ministro Adylson Motta6. Representante do Ministério Público: não atuou7. Unidade Técnica: Secex/RJ8.Advogado constituído nos autos: não consta

9. Acórdão:VISTOS, relatados e discutidos estes autos de Relatório de Levantamento de Auditoria

realizada nas obras relativas ao programa de trabalho PT 26.784.0230.3232.0033 – Dragagem de Aprofundamento do Canal de Acesso aos Portos do Rio de Janeiro e Niterói (RJ) no Estado do Rio de Janeiro –, para prestar informações ao Congresso Nacional de modo a subsidiar os trabalhos da Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização.

ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão Plenária, ante as razões expostas pelo Relator, em:

9.1 determinar à Companhia Docas do Rio de Janeiro, que:9.1.1. na elaboração de projetos básicos relativos a serviços de dragagem, observe os

seguintes procedimentos, com o intuito de atender à Resolução Confea nº 361, de 10 dez 1991, bem como ao art. 6º, IX, a a f da Lei nº 8666/93:

133

Page 134: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

9.1.1.1. identificar e especificar, na planilha de quantitativos de serviços e custos, todos os serviços a serem realizados, tais como sondagens geológicas e batimétricas, mobilização, desmobilização, bem como eventuais custos indiretos e o BDI;

9.1.1.2. realizar levantamentos batimétricos e geológicos necessários para definir as quantidades e os custos de serviços e fornecimentos com precisão compatível com o tipo e porte da obra, de tal forma a ensejar a determinação do custo global da obra com precisão de mais ou menos 15% (quinze por cento);

9.1.1.3. definir a responsabilidade técnica pela elaboração do projeto básico e apresentar a Anotação de Responsabilidade Técnica do projeto junto ao Crea;

9.1.1.4. apresentar o cronograma físico-financeiro dos serviços;9.1.1.5. indicar nas normas relativas a medições de serviços o ‘software’ que será utilizado no

cálculo dos volumes dragados, a partir de dados obtidos por sondagens batimétricas;9..1.1.6 definir com clareza a metodologia de medição de volumes dragados em áreas onde

não é possível a obtenção de dados batimétricos, especialmente no cálculo de taludes localizados sob plataforma de cais com paramento aberto;

9.1.1.7. definir metodologia a ser adotada em medições de volume de corte de enrocamento;9.1.1.8. demarcar áreas com solos com SPT> 10 e com presença de rochas a serem

derrocadas, identificando os elementos constituintes da obra de forma precisa;9.1.1.9. incluir no Projeto Básico memória de cálculo, apresentando a metodologia e as

hipóteses adotadas no cálculo dos quantitativos de serviços a serem executados;9.1.1.10. efetuar sondagens geológicas que permitam definição precisa de volume de rocha a

ser derrocado, eliminando-se a necessidade de sondagem confirmatória pela contratada.9.1.2. abstenha-se de licitar e contratar serviços de dragagem de manutenção, cujo objetivo

seja o retorno do leito do canal a sua profundidade original de projeto, com recursos do orçamento de investimento, alocados no Programa de Trabalho – PT 26.784.0230.3232.0033 – Dragagem de Aprofundamento do Canal de Acesso aos Portos do Rio de Janeiro -, um vez que dragagens de manutenção não se enquadram no conceito de investimento, conforme estabelecido no art. 20 da Lei nº 4320/64, e nos art. 3º, item I e II, e art. 59, §1º, da Lei nº 10.524 de 25/07/2002 (LDO 2003).

9.2. recomendar à Companhia Docas do Rio de Janeiro, no que concerne à elaboração do projeto básico relativo à dragagem nas bacias de evolução e canais de acesso aos portos do Rio de Janeiro e de Niterói, que:

9.2.1. indique no desenho INPH 210-04 a profundidade final de projeto do canal de acesso a Niterói;

9.2.2. inclua batimetria de referência, utilizada no cálculo de volumes a serem dragados, de maneira a fornecer aos futuros licitantes uma visão mais abrangente do objeto licitado;

9.2.3. defina, com clareza, a área de bota-fora de derrocamento; e9.2.4. defina a periodicidade das medições parciais dos serviços a serem pagos no curso da

obra.9.3. encaminhar à Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização do

Congresso Nacional cópia desta deliberação, acompanhada do Relatório e do Voto que a fundamentam, registrando que a presente auditoria não detectou irregularidades que recomendem a paralisação do empreendimento.

10. Ata nº 26/2003 – Plenário11. Data da Sessão: 9/7/2003 – Ordinária12. Especificação do quorum:12.1. Ministros presentes: Valmir Campelo (Presidente), Marcos Vinicios Vilaça, Iram

Saraiva, Humberto Guimarães Souto, Adylson Motta (Relator), Walton Alencar Rodrigues, Guilherme Palmeira, Benjamin Zymler e o Ministro-Substituto Lincoln Magalhães da Rocha

12.2. Auditores presentes: Augusto Sherman Cavalcanti e Marcos Bemquerer Costa.

VALMIR CAMPELOPresidente

134

Page 135: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

ADYLSON MOTTAMinistro-Relator

Fui presente:

PAULO SOARES BUGARINProcurador-Geral, em substituição

GRUPO I – CLASSE V – PlenárioTC 004.777/2003-7Natureza: Relatório de Levantamento de Auditoria (Fiscobras 2003)Entidade: Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes – DNITInteressado: Congresso NacionalAdvogado constituído nos autos: não consta

Sumário: Fiscobras 2003. Levantamento de auditoria nas obras de Adequação de Trechos Rodoviários na BR-050 no Estado de Minas Gerais – Divisa GO/MG – Divisa MG/SP. Ausência de indícios de irregularidade. Ciência à Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização do Congresso Nacional. Arquivamento.

RELATÓRIO

Trata-se de Relatório de Levantamento de Auditoria realizado, no período de 24/03/2003 a 11/04/2003, por equipe da Secex/MG, na execução do Programa de Trabalho 26.782.0230.1304.0101 (Adequação de Trechos Rodoviários na BR-050 no Estado de Minas Gerais – Divisa GO/MG – Divisa MG/SP), constante do Orçamento do Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes – DNIT, com a finalidade de prestar informações ao Congresso Nacional de modo a subsidiar os trabalhos da Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização.

2.Segundo a equipe técnica, a importância socioeconômica da obra reside na diminuição do tempo de viagem entre o oeste do Estado de São Paulo e o Estado de Goiás, bem como na diminuição do número de acidentes no referido trecho, visto que na rodovia transita elevado número de veículos de carga e o trajeto inclui áreas urbanas, entre elas as cidades de Uberlândia/MG e Uberaba/MG.

3.Informa a equipe que o presente levantamento de auditoria teve como limitação o fato de parte da documentação relativa às licitações e contratos da obra encontrarem-se no DNIT em Brasília, restando na 6ª UNIT/MG cópias, quase sempre desatualizadas, dos processos, contendo, especialmente, a evolução da obra, as ordens de paralisações e reinício, bem como as medições dos serviços executados.

3.1.Dessa forma, não obstante, no início da auditoria, a equipe tenha solicitado à 6ª UNIT/MG a documentação completa relativa às licitações, projetos básicos e executivos e contratos, até o término dos trabalhos nem toda a documentação foi apresentada, prejudicando a interpretação e inserção de alguns dados neste FISCOBRAS.

3.2.Dentre outros documentos a equipe não teve acesso: ao processo licitatório (Edital nº 516/00) e respectivo contrato, firmado entre o DNIT e a empresa CMC Brasil Engenharia e Construções S/A, tendo por objeto a construção do contorno leste da cidade de Uberlândia/MG (obras ainda não iniciadas até a data da fiscalização); e aos projetos básicos e contratos relativos às obras de arte especiais a serem executadas no subtrecho compreendido entre o km 93 ao km 164,3 da BR-050 (não iniciadas).

3.3De todo modo, a equipe não vislumbrou a possibilidade da existência de irregularidades materiais em decorrência da ausência desses documentos, concluindo que os serviços realizados estavam coerentes com os previstos nos respectivos contratos.

135

Page 136: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

4.A respeito dos Projetos Básicos, é informado que possuem licença ambiental e que as medidas estabelecidas pelo EIA estão sendo implementadas. O custo da obra está previsto, nos projetos básicos de cada subtrecho, nos seguintes valores (data base: 01/09/1994):

subtrecho Km 95 ao Km 118 (lote 1B) R$ 9.948.201,41subtrecho Km 140 ao Km 164,3 (lote 2B)R$ 8.653.411,34subtrecho Km 164,3 ao Km 181,9 (lote 3A) R$ 12.822.891,47subtrecho Km 181,9 ao Km 208,9 (lote 3B)R$ 14.738.380,96subtrecho Km 118 ao Km 140 (lote 2A)R$ 8.126.744,76

5.À data da vistoria (31/03/2003), a obra encontrava-se suspensa por força da Portaria nº 05 do Ministério dos Transportes, de 10/01/2003 (D.O.U. 13/01/03), sendo estimado pela equipe em 60% o percentual realizado da obra, considerando-se apenas o subtrecho compreendido entre Uberlândia (km 93) e a divisa MG-SP (km 208,9), que tem obras já licitadas . Considerando apenas o trecho do PT com obras contratadas (km 73 ao km 208,9), tem-se 69% de terraplenagem executada e 62% de pavimentação concluída.

5.1. Segundo a equipe, a 6ª UNIT/MG informou ser impossível prever a data de conclusão das obras, vez que não há regularidade na liberação de recursos orçamentários/financeiros. Diante disso, a equipe estimou a data de 01/04/2005, tendo por base o cronograma de execução previsto para o Contrato PG-071-96 (720 dias) e supondo-se que a execução tivesse início em 01/04/2003 (na realidade, as obras objeto do referido contrato ainda não foram iniciadas).

5.2É observado, ainda, que não foram considerados no cálculo do percentual já realizado os serviços relativos à construção das obras de artes especiais, ainda não iniciados.

6.No tocante à execução financeira/orçamentária, é informado que a primeira dotação ocorreu em 01/01/1995, sendo estimado o valor de R$ 55.000.000,00 para conclusão da obra, não incluídas nesse valor as obras de arte especiais.

DesembolsoOrigem Ano Valor Orçado Valor

LiquidadoCréditos Autorizados Moeda

União 2003 13.600.000,00 0,00 13.600.000,00 RealUnião 2002 25.000.000,00 8.384.156,42 25.000.000,00 RealUnião 2001 2.970.000,00 2.970.000,00 2.970.000,00 RealUnião 2000 25.000,00 0,00 25.000,00 RealUnião 1999 11.000.000,00 6.830.000,00 9.600.000,00 RealUnião 1998 11.500.000,00 10.387.337,57 11.300.000,00 RealUnião 1997 8.342.000,00 6.792.590,30 0,00 RealUnião 1996 300.000,00 247.000,00 0,00 RealUnião 1995 1.500.000,00 699.999,81 0,00 Real

Observação:1- O valor estimado para conclusão foi calculado tendo por base os saldos a serem pagos

referentes aos contratos já assinados e abrange apenas os trechos licitados (km 73 a 208,9), situados entre Uberlândia e a divisa MG/SP.

2- Conforme informação fornecida pelo DNIT/Brasília, do valor total orçado para as obras no exercício de 2002 (R$ 25 milhões), foi liquidado o valor de R$ 8.513.883,33 (R$ 8.384.156,42 em 2002 e R$ 129.726,91 em 2003) e pago somente R$ 3.785.175,42. Foram anulados em 2003 recursos no valor total de R$ 16.486.116,67.

7.Os principais contratos firmados no âmbito deste programa de trabalho são:7.1.PG – 084/96 – Execução de serviços de restauração, duplicação e obras de arte na BR-050

– MG, no trecho Km 73 – Km 95 (lote 1A), firmado com a Construtora Araguaia Minas Ltda. no valor de R$ 9.369.348,87. Suspenso desde 28/06/2002.

7.2.PG 163/93 – Execução de obras de adequação de capacidade, melhoramentos e restauração na Rodovia BR-050/MG, no trecho Km 164,3 – Km 208,9 (lotes 3A e 3B), firmado com a CEESA-CONSTRUTORA DE ESTRADAS E ESTRUTURAS S.A., no valor de Cr$ 6.442.051,34. Suspenso.

7.3.PG 071/96. Execução de obras de restauração, duplicação e obras de arte especiais na BR-050/MG, no trecho entre o Km 140,0 e o Km 164,3 (lote 2B), firmado com a SECOL ENGENHARIA LTDA, no valor de R$ 8.571.975,33 e cedido à Construtora Barbosa Mello S/A (CNPJ 17.185.786/0001-61) através do Termo de Cessão de 29/08/2000. Suspenso.

136

Page 137: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

7.4.PG 085/96- Serviços de restauração, duplicação e obras de arte especiais na BR-050/MG, no trecho Km 118 – Km 140 (lote 2A), firmado com a EMSA EMPRESA SUL AMERICANA DE MONTAGENS S A, sub-rogado à Araguaia Engenharia Ltda. Suspenso.

7.5.PG 089/96 – Serviços de restauração, duplicação e obras de arte especiais na BR-050/MG, no trecho Km 95 – Km 118 (lote 1B), firmado com a DELTA CONSTRUCOES SA., no valor de R$ 9.746.606,06. Suspenso.

7.6.UT-06-0018/02-0 – Execução dos serviços de supervisão e controle das obras de duplicação e restauração da rodovia BR-050/MG, trecho div. GO/MG- div. MG/SP, subtrecho km 95 – km 164,3, extensão 69,30 km, lote único, firmado com a Planex – Consultoria de Planejamento e Execução, no valor de R$ 3.337.481,09. Suspenso.

7.7.PD/6-0025/95-00 – Restauração e duplicação de rodovia na BR-050, no trecho entre os km 164,3 ao km 181,9, com extensão de 17,6 km (lote 3A), firmado com a J MALUCELLI CONSTRUTORA DE OBRAS LIMITADA, no valor de 15.608.528,90, sub-rogado parcialmente à Integral Engenharia Ltda (CNPJ 16.629.693/0001-16), conforme 7º Termo Aditivo de 23/08/99. Suspenso.

7.8.PG 224/96 – Execução de serviços de supervisão de obras de restauração e adequação de capacidade técnica na BR-050, subtrecho do Km 164,3 ao 208,9, firmado com a ENECON S/A ENGENHEIROS E ECONOMISTAS CONSULTORES, no valor de R$ 2.096.651,33. Suspenso.

8.Realizadas as análises pertinentes, a equipe deste Tribunal não constatou irregularidades nas obras. Também no exercício de 2002 não foram observados indícios de irregularidades graves na execução do programa de trabalho.

9.Em face do exposto, a equipe de auditoria propõe, com o endosso do Sr. Diretor da 2ª DT e do Sr. Secretário da Secex/MG, o encerramento dos autos.

É o Relatório.

VOTO

Consoante exposto, a equipe de auditoria da Secex/MG não constatou qualquer indício de irregularidade na execução do Programa de Trabalho 26.782.0230.1304.0101 (Adequação de Trechos Rodoviários na BR-050 no Estado de Minas Gerais – Divisa GO/MG – Divisa MG/SP). Dessa forma, acompanho a proposta da Unidade Técnica no sentido do arquivamento dos autos, acrescentando-lhe a ciência à Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização do Congresso Nacional.

Face ao exposto, Voto por que seja adotado o Acórdão que ora submeto à consideração deste Colegiado.

TCU, Sala das Sessões Ministro Luciano Brandão Alves de Souza, em 09 de julho de 2003.

ADYLSON MOTTAMinistro-Relator

ACÓRDÃO Nº 839/2003 – TCU – Plenário

1.Processo TC 004.777/2003-72. Grupo I, Classe de Assunto V – Relatório de Levantamento de Auditoria (Fiscobras 2003)3.Interessado: Congresso Nacional4.Entidade: Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes – DNIT5.Relator: Ministro Adylson Motta6. Representante do Ministério Público: não atuou7. Unidade Técnica: Secex/MG8.Advogado constituído nos autos: não consta

9. Acórdão:

137

Page 138: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

VISTOS, relatados e discutidos estes autos de Relatório de Levantamento de Auditoria, realizado, no período de 24/03/2003 a 11/04/2003, por equipe da Secex/MG, na execução do Programa de Trabalho 26.782.0230.1304.0101 (Adequação de Trechos Rodoviários na BR-050 no Estado de Minas Gerais – Divisa GO/MG – Divisa MG/SP),

ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão do Plenário, ante as razões expostas pelo Relator, em:

9.1 dar ciência desta decisão, bem como do relatório e do voto que a fundamentam, à Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização do Congresso Nacional, informando-lhe que, no presente levantamento de auditoria, não foram constatadas irregularidades na execução do Programa de Trabalho 26.782.0230.1304.0101 (Adequação de Trechos Rodoviários na BR-050 no Estado de Minas Gerais – Divisa GO/MG – Divisa MG/SP); e

9.2.arquivar os presentes autos.

10. Ata nº 26/2003 – Plenário11. Data da Sessão: 9/7/2003 – Ordinária12. Especificação do quorum:12.1. Ministros presentes: Valmir Campelo (Presidente), Marcos Vinicios Vilaça, Iram

Saraiva, Humberto Guimarães Souto, Adylson Motta (Relator), Walton Alencar Rodrigues, Guilherme Palmeira, Benjamin Zymler e o Ministro-Substituto Lincoln Magalhães da Rocha

12.2. Auditores presentes: Augusto Sherman Cavalcanti e Marcos Bemquerer Costa.

VALMIR CAMPELOPresidente

ADYLSON MOTTAMinistro-Relator

Fui presente:

PAULO SOARES BUGARINProcurador-Geral, em substituição

GRUPO I – CLASSE V – PlenárioTC 004.792/2003-3Natureza: Relatório de Levantamento de Auditoria (Fiscobras 2003)Entidade: Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes – DNITInteressado: Congresso NacionalAdvogado constituído nos autos: não consta

Sumário: Levantamento de auditoria. Obras não iniciadas. Ciência à Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização do Congresso Nacional. Arquivamento dos autos.

RELATÓRIO e VOTO

Trata-se de Relatório de Levantamento de Auditoria realizada nas obras relativas ao programa de trabalho PT 26.782.0230.5725.0022 – Adequação de Trechos Rodoviários no Corredor Leste – BR 101/RJ-Rio Bonito – Entr. BR 356 (Itaperuna–S.J.Barra)- Divisa RJ/ES, para prestar informações ao Congresso Nacional de modo a subsidiar os trabalhos da Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização.

Inicialmente, a equipe de auditoria da Secex/RJ informou que a duplicação do trecho da BR 101/RJ entre Rio Bonito e Itaperuna–São João da Barra concorrerá para a diminuição do alto índice de acidentes que ocorrem nesse trecho, tendo em vista o tráfego intenso de veículos de passeio e de carga.

138

Page 139: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

Registrou, ainda, a aludida equipe que as obras ainda não foram iniciadas, não existindo sequer projeto básico e que, até o fim dos trabalhos de auditoria, o DNIT não havia iniciado os estudos preliminares com vistas a subsidiar os projetos desta obra.

Ao final, propôs a Secex/RJ o arquivamento destes autos.Diante do exposto, acolhendo a proposta supra, VOTO por que seja adotado o Acórdão que

ora submeto à consideração deste Colegiado.

TCU, Sala das Sessões Ministro Luciano Brandão Alves de Souza, em 09 de julho de 2003.

ADYLSON MOTTAMinistro-Relator

ACÓRDÃO Nº 840/2003 – TCU – Plenário

1.Processo TC 004.792/2003-32. Grupo I, Classe de Assunto V – Relatório de Levantamento de Auditoria (Fiscobras/2003)3.Interessado: Congresso Nacional4.Entidade: Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes – DNIT5.Relator: Ministro Adylson Motta6. Representante do Ministério Público: não atuou7. Unidade Técnica: Secex/RJ8.Advogado constituído nos autos: não consta

9. Acórdão:VISTOS, relatados e discutidos estes autos de Relatório de Levantamento de Auditoria

realizada nas obras relativas ao programa de trabalho PT 26.782.0230.5725.0022 – Adequação de Trechos Rodoviários no Corredor Leste – BR 101/RJ-Rio Bonito – Entr. BR 356 (Itaperuna–S.J.Barra)- Divisa RJ/ES, para prestar informações ao Congresso Nacional de modo a subsidiar os trabalhos da Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização.

ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão Plenária, ante as razões expostas pelo Relator, em:

9.1 informar a Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização do Congresso Nacional que as obras objeto do programa de trabalho PT 26.782.0230.5725.0022 – Adequação de Trechos Rodoviários no Corredor Leste – BR 101/RJ-Rio Bonito – Entr. BR 356 (Itaperuna–S.J.Barra)- Divisa RJ/ES ainda não foram iniciadas, encaminhando-lhe cópia desta deliberação, acompanhada do Relatório e do Voto que a fundamentam;

9.2 arquivar os presentes autos.

10. Ata nº 26/2003 – Plenário11. Data da Sessão: 9/7/2003 – Ordinária12. Especificação do quorum:12.1. Ministros presentes: Valmir Campelo (Presidente), Marcos Vinicios Vilaça, Iram

Saraiva, Humberto Guimarães Souto, Adylson Motta (Relator), Walton Alencar Rodrigues, Guilherme Palmeira, Benjamin Zymler e o Ministro-Substituto Lincoln Magalhães da Rocha

12.2. Auditores presentes: Augusto Sherman Cavalcanti e Marcos Bemquerer Costa.

VALMIR CAMPELOPresidente

ADYLSON MOTTAMinistro-Relator

Fui presente:

139

Page 140: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

PAULO SOARES BUGARINProcurador-Geral, em substituição

GRUPO I – CLASSE V – PlenárioTC 004.794/2003-8Natureza: Relatório de Levantamento de Auditoria (Fiscobras 2003)Entidade: Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes – DNITInteressado: Congresso NacionalAdvogado constituído nos autos: não consta

Sumário: Fiscobras 2003. Levantamento de auditoria nas obras de conservação preventiva, rotineira e emergencial de rodovias no Estado do Rio de Janeiro. Programa de Trabalho 26.782.0220.2834.0033. Irregularidades verificadas na fiscalização são sanáveis e não ensejam a paralisação dos serviços. Determinação ao DNIT. Ciência à Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização do Congresso Nacional. Arquivamento.

RELATÓRIO

Trata-se de Relatório de Levantamento de Auditoria realizado, no período de 26.03 a 16.05.2003, na execução do Programa de Trabalho 26.782.0220.2834.0033 (Conservação Preventiva, Rotineira e Emergencial de Rodovias no Estado do Rio de Janeiro), constante do Orçamento do Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes – DNIT, com a finalidade de prestar informações ao Congresso Nacional de modo a subsidiar os trabalhos da Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização.

2.Segundo a equipe técnica, a importância socioeconômica da obra reside em manter em condições de uso adequado as vias do Estado do Rio de Janeiro, as quais são importantes tanto para o tráfego de veículos como para o escoamento da produção da região.

2.1.É observado que o Programa de Trabalho custeou no exercício de 2002 e está custeando no de 2003 diversas obras de conservação em vários trechos de rodovias no Estado do Rio de Janeiro. As obras referentes aos contratos PD-7-021/01-00 e PD-7-091/01-00 foram escolhidas por amostragem, de acordo com o critério, respectivamente, de custo mais elevado e de otimização de percurso de vistorias dos demais programas de trabalho a cargo da equipe de auditoria, para efeito de levantamento de auditoria.

3.Quanto ao Projeto Básico da obra referente ao contrato PD-7-021/01-00, a equipe técnica informa que sua elaboração data de 01.12.1999, e que a data base foi fixada em 01.12.1999, com previsão de custo de R$ 4.408.385,24. O objeto deste Projeto são serviços de conservação rodoviária para o período de 02 anos na BR 101/RJ, do km 390,0 ao km 495,10, numa extensão de 105,10 km.

3.1.No que se refere ao Projeto Básico da obra relacionada ao contrato PD-7-091/01-00, a equipe técnica informa que sua elaboração data de 01.07.1999, e que a data base foi fixada em 01.07.1999, com previsão de custo de R$ 1.347.697,70. O objeto deste Projeto são serviços de manutenção (conservação/recuperação) rodoviária para o período de 02 anos na BR 493/RJ Entr. BR-101 (Manilha) – Entr. BR-040/116 (B) – subtrecho; Entr. BR-101 (Manilha) – Entr. BR-116 (A) (St. Guilhermina) – extensão de 26 km.

3.1.As obras não exigem licença ambiental, nem estudo de impacto ambiental.4.À data da vistoria (25.04.2003) realizada pela equipe da Secex/RJ, já havia sido executado

um percentual médio de 45% das obras referentes ao Plano de Trabalho. Com relação a cada um dos contratos, os percentuais de execução física são os seguintes:

Contrato % físicoPD-7-091/01 99,02PD-7-021/01 15,22PG-255/00 98,90PD-7-075/98 83,91PG-0256/00 80,71PD-7-027/01 43,09PD-7-009/97 79,16

140

Page 141: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

PD-7-008/01 20,57TOTAL PONDERADO 45,24

5.No tocante à execução financeira/orçamentária, as informações pertinentes são compiladas no quadro a seguir reproduzido, devendo-se observar que o valor estimado para conclusão foi obtido da diferença entre o somatório do valor total de cada obra de conservação que recebeu recursos deste PT no biênio 2002/2003 e o somatório das medições acumuladas de cada uma delas.

DesembolsoOrigem Ano Valor Orçado Valor Liquidado Créditos

AutorizadosMoeda

União 2003 4.980.292,00 0,00 4.980.292,00 RealUnião 2002 1.822.745,00 1.762.745,00 4.119.745,00 RealUnião 2001 2.171.988,00 2.171.988,00 2.171.988,00 RealUnião 2000 2.964.050,00 2.964.008,00 2.964.050,00 RealUnião 1999 385.370,00 385.370,00 685.370,00 RealUnião 1998 2.551.437,00 2.539.383,29 2.551.437,00 RealUnião 1997 4.148.091,00 3.947.266,10 4.110.796,00 Real

5.1.A Unidade Técnica ressalta que, de acordo com consultas ao Siafi, não houve liquidação referente a este PT no exercício de 2003.

5.2.Registra também que, no cronograma de desembolso foram lançados os dados referentes ao exercício de 1997 a 2002, por ser o ano de 1997 a data mais antiga dos contratos de conservação relacionados no levantamento de auditoria. A codificação, em exercícios pretéritos, dos programas de trabalho referentes à conservação de estradas no Estado do Rio de Janeiro são as seguintes: em 1997, 1998 e 1999 – PT 16.088.0538.2425.0023 e em 2000 e 2001 – PT 26.782.0220.2841.0097.

6.Encontra-se com sua execução suspensa a obra referente ao PD-7-009/97-00 (Serviços de manutenção rodoviária – conservação/recuperação – na rodovia BR-495/RJ, trecho Itaipava–Teresópolis, extensão 33,4 km), desde 01/04/02, conforme estipulado no Termo Aditivo PD-7-009/97-13, tendo em vista a falta de recursos financeiros. A Unidade Técnica registra também que houve alterações contratuais nos objetos dos contratos PD-7-091/01-00 e PD-7-021/01-00.

7.Foram constatadas irregularidades com relação ao PD-7-021/01-00 (obras de manutenção – conservação/recuperação – na rodovia BR 101/RJ do km 390 ao km 495,10, numa extensão de 105,1 km), uma vez que não há documentação formal das ordens emanadas do fiscal do contrato para realização dos serviços de conservação em trechos específicos da rodovia. Da mesma forma, as faturas e as medições não identificam os trechos da estrada que correspondem aos volumes de serviços realizados.

8.Após consignar que não foram observados indícios de irregularidades graves na obra, nos exercícios de 2001 e 2002, propõe a equipe, com o endosso do Sr. Secretário da Secex/RJ, as seguintes medidas:

a) que o Departamento Nacional de Infra-estrutura de Transportes adote, no âmbito da fiscalização dos contratos de restauração/conservação, as seguintes providências:

a.1) que a realização de todo e qualquer serviço contratado seja antecedida pela expedição, por parte do fiscal do contrato, de documento especificando o tipo de serviço a ser executado e o trecho (quilometragem) da rodovia onde será realizado;

a.2) faça com que as medições do contrato sejam acompanhadas de documento no qual se identifique os trechos da rodovia pertinentes aos volumes medidos.

b) o arquivamento do processo.É o Relatório.

VOTO

Consoante exposto, não foram constatados indícios de irregularidades graves na execução do Programa de Trabalho 26.782.0220.2841.0033, denominado “Conservação Preventiva, Rotineira e Emergencial de Rodovias no Estado do Rio de Janeiro”.

Relativamente às impropriedades apuradas no PD-7-021/01-00 (ausência de documentação formal das ordens emanadas do fiscal do contrato para realização dos serviços de conservação em trechos específicos da rodovia e falta de identificação, nas faturas e nas medições, dos trechos da estrada a que correspondem os volumes de serviços realizados) acompanho a proposta da Unidade Técnica, fazendo apenas ajustes de redação que entendo convenientes.

141

Page 142: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

Face ao exposto, acolho as propostas, acrescentando-lhes a cientificação à Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização do Congresso Nacional, e Voto por que seja adotado o Acórdão que ora submeto à consideração deste Colegiado.

TCU, Sala das Sessões Ministro Luciano Brandão Alves de Souza, em 09 de julho de 2003.

ADYLSON MOTTAMinistro-Relator

ACÓRDÃO Nº 841/2003 – TCU – Plenário

1.Processo TC 004.794/2003-82. Grupo I, Classe de Assunto V – Relatório de Levantamento de Auditoria – Fiscobras 20033.Interessado: Congresso Nacional4.Entidade: Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes – DNIT5.Relator: Ministro Adylson Motta6. Representante do Ministério Público: não atuou7. Unidade Técnica: Secex/RJ8.Advogado constituído nos autos: não consta

9. Acórdão:VISTOS, relatados e discutidos estes autos de Relatório de Levantamento de Auditoria,

realizado, no período de 26.03 a 16.05.2003, na execução do Programa de Trabalho 26.782.0220.2841.0033, denominado “Conservação Preventiva, Rotineira e Emergencial de Rodovias no Estado do Rio de Janeiro”.

ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão do Plenário, ante as razões expostas pelo Relator, em:

9.1. determinar ao Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes que adote no âmbito da fiscalização dos contratos de restauração/conservação as seguintes providências:

9.1.1. promover a expedição, por parte do fiscal do contrato, antes da realização de todo e qualquer serviço contratado, de documento especificando o tipo de serviço a ser executado e o trecho (quilometragem) da rodovia onde será realizado;

9.1.2. identificar nas faturas, nas medições, ou em outro documento que as acompanhe, os trechos da rodovia a que correspondem os volumes de serviços realizados;

9.2. dar ciência desta decisão, bem como do relatório e do voto que a fundamentam, à Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização do Congresso Nacional, informando-lhe que, no presente levantamento de auditoria, não foram constatadas irregularidades graves, nos termos do art. 86, § 2º, da Lei nº 10.524/2002, na execução do Programa de Trabalho 26.782.0220.2841.0033, denominado “Conservação Preventiva, Rotineira e Emergencial de Rodovias no Estado do Rio de Janeiro” e que o referido programa de trabalho não consta do Quadro VII da Lei nº 10.640/2003; e

9.3.arquivar os presentes autos.

10. Ata nº 26/2003 – Plenário11. Data da Sessão: 9/7/2003 – Ordinária12. Especificação do quorum:12.1. Ministros presentes: Valmir Campelo (Presidente), Marcos Vinicios Vilaça, Iram

Saraiva, Humberto Guimarães Souto, Adylson Motta (Relator), Walton Alencar Rodrigues, Guilherme Palmeira, Benjamin Zymler e o Ministro-Substituto Lincoln Magalhães da Rocha

12.2. Auditores presentes: Augusto Sherman Cavalcanti e Marcos Bemquerer Costa.

VALMIR CAMPELOPresidente

142

Page 143: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

ADYLSON MOTTAMinistro-Relator

Fui presente:

PAULO SOARES BUGARINProcurador-Geral, em substituição

GRUPO I – CLASSE V – PlenárioTC 004.797/2003-0Natureza: Relatório de Levantamento de AuditoriaEntidade: Departamento Nacional de Infra-estrutura de Transportes – DNITInteressada: Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização do Congresso

NacionalAdvogado constituído nos autos: não há

Sumário: Fiscobras 2003. Levantamento de auditoria. Obras de construção de trechos rodoviários no Corredor Leste – BR-101 até o entroncamento das BR-040, BR-116 e BR-101 (BR-493). Irregularidade grave. Indícios de sobrepreço. Audiência. Determinação. Ciência à Presidência do Congresso Nacional e à Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização do Congresso Nacional, com recomendação de paralisação das obras.

RELATÓRIO

Trata-se de Relatório de Levantamento de Auditoria realizado nas obras de construção de trechos rodoviários no Corredor Leste – BR-101 até o entroncamento das BR-040, BR-116 e BR-101 (BR-493) (PT 26.782.0230.5704.0028), no âmbito do Plano Especial de Auditorias de Obras de 2003. As obras não foram iniciadas e a concorrência instaurada pelo Edital nº 213/2002, referente à duplicação da BR-493/RJ, encontra-se suspensa por determinação da Portaria n° 01, de 02.01.2003, do Ministério dos Transportes (fl. 17).

A equipe responsável pela fiscalização aponta como irregularidade grave ensejadora de recomendação de paralisação das obras, a constatação de que o custo médio por km da obra (R$ 6.540.860,65/km), a preços de agosto/2002, é mais que o dobro de obra similar, (R$ 3.224.413,06/km), a preços de maio/2002. Justifica ainda a necessidade de paralisação da seguinte forma, verbis:

“Justificativa: Embora a licitação encontre-se circunstancialmente suspensa por força da Portaria do Ministério dos Transportes que determinou a suspensão dos certames para construção de rodovias (Portaria Nº 1, de 02.01.2003), tal determinação pode ser tornada sem efeito a qualquer momento. E, neste caso, o prosseguimento da licitação, com preço médio por km equivalendo praticamente ao dobro da verificada em obra de dimensão similar, poderá vir a causar significativo prejuízo aos cofres públicos” (fls. 19/20).

A seguir, com a anuência do ilustre titular da Unidade Técnica, a Equipe propõe o seguinte:a)fixar o prazo de 15 (quinze) dias para que os Sres Luiz Francisco Silva Marcos e Luziel

Reginaldo de Souza apresentem razões de justificativa a respeito da aprovação do Projeto Básico, mediante a Portaria nº 095/DPP, de 25.11.2002, a despeito do elevado custo médio por quilômetro para duplicação e restauração da rodovia BR-493/RJ entre os segmentos km 0,00 e 24,90;

b)determinar ao Departamento Nacional de Infra-estrutura de Transportes – DNIT que adote as medidas necessárias com vistas à reintegração de posse na faixa de domínio da Rodovia BR-493, nas proximidades de Manilha/RJ, em razão de invasão por parte de terceiros.

É o Relatório.

VOTO

143

Page 144: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

A constatação de indícios de sobrepreço no projeto básico referente ao Edital nº 213/2002, aliado ao fato de que a Concorrência a que ele se refere está suspensa, são fatores que concorrem para que se recomende de pronto à Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização do Congresso Nacional a sua paralisação.

Destarte, entendo pertinente a proposta de encaminhamento da Unidade Técnica e Voto por que seja adotado o Acórdão que ora submeto à consideração deste Plenário.

TCU, Sala das Sessões Ministro Luciano Brandão Alves de Souza, em 09 de julho de 2003.

ADYLSON MOTTAMinistro-Relator

ACÓRDÃO Nº 842/2003 – TCU – Plenário

1.Processo TC 004.797/2003-02. Grupo I, Classe de Assunto V – Relatório de Levantamento de Auditoria. Fiscobras 2003.3.Interessada: Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização do Congresso

Nacional4. Entidade: Departamento Nacional de Infra-estrutura de Transportes – DNIT5.Relator: Ministro Adylson Motta6. Representante do Ministério Público: não atuou7. Unidades Técnicas: Secex/RJ – SECOB8.Advogado constituído nos autos: não há

9. Acórdão:VISTOS, relatados e discutidos estes autos de Relatório de Levantamento de Auditoria

realizado nas obras de construção de trechos rodoviários no Corredor Leste – BR-101 até o entroncamento das BR-040, BR-116 e BR-101 (BR-493), no âmbito do Plano Especial de Auditorias de Obras de 2003.

ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão Plenária, ante as razões expostas pelo Relator, em:

9.1. fixar o prazo de 15 (quinze) dias para que os Sres Luiz Francisco Silva Marcos e Luziel Reginaldo de Souza apresentem razões de justificativa a respeito da aprovação do Projeto Básico, mediante a Portaria nº 095/DPP, de 25.11.2002, a despeito do elevado custo médio por quilômetro para duplicação e restauração da rodovia BR-493/RJ entre os segmentos km 0,00 e 24,90;

9.2. dar ciência da presente deliberação à Presidência do Congresso Nacional, à Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização, e ao Ministro de Estado dos Transportes, informando-lhes que não é recomendável o início das obras referentes ao PT 26.782.0230.5704.0028.

10. Ata nº 26/2003 – Plenário11. Data da Sessão: 9/7/2003 – Ordinária12. Especificação do quorum:12.1. Ministros presentes: Valmir Campelo (Presidente), Marcos Vinicios Vilaça, Iram

Saraiva, Humberto Guimarães Souto, Adylson Motta (Relator), Walton Alencar Rodrigues, Guilherme Palmeira, Benjamin Zymler e o Ministro-Substituto Lincoln Magalhães da Rocha

12.2. Auditores presentes: Augusto Sherman Cavalcanti e Marcos Bemquerer Costa.

VALMIR CAMPELOPresidente

ADYLSON MOTTAMinistro-Relator

144

Page 145: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

Fui presente:

PAULO SOARES BUGARINProcurador-Geral, em substituição

GRUPO I – CLASSE V – PlenárioTC 005.430/2003-9Natureza: Relatório de Levantamento de Auditoria (Fiscobras 2003)Entidade: Departamento Nacional de Infra-estrutura de Transportes – DNITResponsável: Flávio Góes Menecucci (ex-Chefe do então 6º Distrito Rodoviário Federal do

extinto DNER) (CPF não fornecido)Interessado: Congresso NacionalAdvogado constituído nos autos: não consta

Sumário: Fiscobras 2003. Levantamento de auditoria. Eliminação de pontos críticos (em rodovias) no Estado de Minas Gerais. Projeto básico incompleto. Audiência. Diligência ao DNIT. Ciência à Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização do Congresso Nacional e ao Ministro dos Transportes.

RELATÓRIO

Trata-se de Relatório de Levantamento de Auditoria realizada nas obras relativas ao programa de trabalho PT 26.782.0663.5394.0031 – Eliminação de Pontos Críticos (em rodovias) no Estado de Minas Gerais –, para prestar informações ao Congresso Nacional de modo a subsidiar os trabalhos da Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização.

A importância socioeconômica desse plano de trabalho decorre da existência de elevado número de pontos críticos na malha rodoviária federal do Estado de Minas Gerais, a maior do País, que vem acarretando, anualmente, aumento no número de acidentes graves. A execução do PT, que está inserido no programa de segurança das rodovias, permitirá a preservação de vidas, facilitará o transporte de cargas e reduzirá o custo rodoviário.

Tais obras não foram fiscalizadas por este Tribunal nos exercícios de 2001 e 2002.A Equipe de Auditoria informa, inicialmente, que:“Segundo a emenda apresentada no Congresso Nacional, foram destacados 9 pontos críticos

que poderiam receber recursos por este PT. Entretanto, na execução orçamentária de 2002, foram empenhados recursos para 4 contratos de obras não relacionadas na emenda, e ainda para dois contratos que não se referem à eliminação de ponto crítico, mas de restauração de rodovias.”

No orçamento de 2003, não houve movimentação de recursos, em face do respectivo contingenciamento. Outrossim, os contratos em vigor tiveram a execução suspensa, desde 13/01/03, por determinação do Ministro dos Transportes (Portaria Ministerial/MT nº 05, de 10/01/03).

As obras em destaque não constam no Quadro VII da Lei nº 10.640, de 14/01/2003 (Lei Orçamentária Anual de 2003).

Na seqüência, exponho as principais informações obtidas no levantamento em discussão.Projetos básicosSobre os projetos básicos, a equipe de auditoria, além de consignar a ausência de

irregularidades quanto aos aspectos ambientais, relata as seguintes informações de relevo:– construção de trevo do entrocamento para Martins Soares/MG – projeto elaborado em

17/08/2000, prevendo um custo total de R$ 1.400.552,60 (data base: 05/09/2002), visando a eliminar um dos pontos críticos da BR-262, que é o acesso, em lados opostos da rodovia, às cidades de Martins Soares e Manhumirim;

– eliminação de Pontos Críticos nas BR-040 e BR-499, mediante a construção de ligação rodoviária em pista simples entre as rodovias Contorno de Santos Dumont/MG, bem como a pavimentação de 7,4 km e duplicação de 2,5 km da BR-040, com retificação do traçado de algumas curvas e construção de duas novas pontes – projeto elaborado em 03/08/1998, prevendo um custo total de R$ 6.580.027,43 (Data Base: 03/08/1998); tal projeto foi elaborado por empresa contratada

145

Page 146: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

pela Prefeitura Municipal de Santos Dumont/MG, sendo utilizado pelo extinto DNER para licitar a obra (Concorrência 0023/98-6); posteriormente, quando da elaboração do projeto executivo, a obra exigiu uma adequação às normas técnicas do DNIT; tal fato redundou no acréscimo API de R$1.355.678,70, que representa 20,6% do valor total da obra, mais um expressivo aumento de 90,51% (R$3.379.345,86) em relação à primeira etapa (planilha 2 – a ligação rodoviária em pista simples de 4,916 km entre as BR-040 e BR-499, inicialmente prevista em R$ 3.733.477,93).

Execução físicaCom base em vistoria realizada em 16/04/2003, a Equipe Técnica aponta um percentual de

execução física de 62%. As obras foram iniciadas em 14/08/1998 (obra mais antiga: Contorno de Santos Dumont), prevendo-se sua conclusão para 26/06/2003 (término do Contorno de Martins Soares, que possui um saldo de 70 dias para conclusão). Este prazo só será cumprido se a obra tiver reinício imediato e contar com fluxo regular de recursos, haja vista que o empreendimento encontra-se paralisado.

Registram-se, ainda, as seguintes informações:“O percentual realizado diz respeito às duas obras vistoriadas: Contorno de Santos Dumont e

Contorno de Martins Soares.”“Construção do Contorno de Santos Dumont: etapa de terraplanagem praticamente executada;

obras de arte corrente, cerca de 70%, restando fazer toda a pavimentação. O Contorno de Martins Soares encontra-se pavimentado, restando apenas a sinalização a executar.”

“Não foi iniciada a 2ª etapa da obra Contorno de Santos Dumont (pavimentação, retificação e duplicação da BR-040).”

“Já a construção do Contorno de Santos Dumont possui um saldo contratual de 36 dias de execução. Entretanto, consideramos insuficientes para o término da obra. Está em tramitação um termo aditivo ampliando o prazo contratual.”

Execução financeira e orçamentáriaNo tocante à execução financeira e orçamentária, o relatório em análise consigna, em

essência, as seguintes observações:“Primeira Dotação: 01/08/1998 Valor estimado para conclusão: R$ 5.203.506,42Desembolso

Origem Ano Valor Orçado Valor Liquidado Créditos Autorizados MoedaUnião 2003 12.946.000,00 0,00 12.946.000,00 RealUnião 2002 27.120.000,00 5.183.865,00 9.707.900,00 RealUnião 2001 1.710.000,00 686.596,59 1.710.000,00 RealUnião 2000 3.500.000,00 3.492.754,48 3.500.000,00 RealUnião 1999 1.920.325,00 1.920.324,05 1.920.325,00 RealUnião 1998 5.400.000,00 5.400.000,00 5.195.354,97 Real

Observações:O valor estimado para conclusão considera R$ 3.284.168,09 quanto ao Contorno de Santos

Dumont; R$ 188.621,73, para o Contorno de Martins Soares; R$ 789.249,72, para Recuperação de Galeria de Concreto, na BR-116, Km 674,5 (trecho Muriaé-Fervedouro); e R$ 941.466,86, para o Contorno de Ubaporanga. O valor referente à Recuperação de Galeria de Concreto corresponde ao valor total da obra, já que não houve medição de serviços executados até o momento. Os valores são a preços iniciais, sendo que a primeira obra, iniciada em 1998, embute um reajuste de cerca de 40%. Os demais não tiveram reajustamento.

Esclarecimentos Adicionais:Conforme informado, o Programa de Trabalho auditado é um típico PT genérico. (...) as obras

que recebem empenhos por esse PT não são uma lista fechada (...), mas uma lista aberta, em que foram empenhadas inclusive obras de restauração de rodovias, como ocorreu no Orçamento de 2002. Esta equipe ocupou-se de auditar as obras que receberam empenhos neste PT durante o exercício de 2002, uma vez que o orçamento de 2003 se encontra contingenciado.”

“Nenhuma das medições efetuadas em 2002 recebeu o pagamento correspondente, sequer no exercício corrente (2003). Além disso, algumas medições tiveram seus empenhos cancelados, não constando mais em Restos a Pagar. É o caso, por exemplo, do Contorno de Santos Dumont, que teve anulado o empenho 2002NE900742, no valor de R$2.000.000,00, para atender a fatura

146

Page 147: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

referente à 11ª medição da obra. Tal fato, que tem ocorrido com freqüência, acaba por comprometer o equilíbrio econômico-financeiro do contrato.”

Contratos auditadosForam auditados os seguintes contratos pertinentes à obra, cujas características são assim

resumidas:– Contrato UT-06-0002/-02-00, para eliminação de pontos críticos na BR-262 (Trevo

Martins Soares), assinado em 05/09/2002, com a Construtora Preart Ltda., mediante tomada de preços, tendo vigência inicial de 11/09/2002 a 11/03/2003 e valor original de R$ 1.393.770,55 (data base: 17/08/2000); foram assinados dois aditivos, sendo o mais recente em 28/02/2003, mantendo-se a vigência e alterando-se o valor para R$ 1.499.425,01 (data base: 17/08/2000), sem alteração do objeto; atualmente a obra está suspensa por ordem do DNIT.

É observado, ainda que:“A obra encontra-se praticamente concluída, restando a executar apenas a etapa de sinalização

e segurança e um complemento de pavimentação e drenagem. Apesar da realização da 3ª medição, apresentando um valor acumulado de R$ 1.287.855,25, até o início da auditoria, abril de 2003, não foram emitidas ordens bancárias para pagamento da Construtora, gerando desequilíbrio econômico-financeiro para a empresa. Após o segundo termo aditivo, que suspendeu a execução da obra a partir de 31/12/2002, o contrato passou a ter um saldo (...) de 70 dias de serviços a serem executados.”

– Contrato PD-6/0031/98-00, para eliminação de pontos críticos nas BR-040 e BR-499 (ligação entre as rodovias – Contorno de Santos Dumont/MG, pavimentação de 7,4 km e duplicação de 2,5 km da BR-040), assinado em 03/08/1998, com a Empresa Construtora Brasil SA, mediante concorrência, tendo vigência inicial de 13/08/1998 a 13/06/1999 e valor original de R$ 6.580.027,43 (data base: 14/04/1998); foram assinados sete aditivos, sendo o mais recente em 06/09/2002, alterando-se a vigência para o período de 03/08/1998 a 05/09/2002, o valor para R$ 7.935.706,13 (data base: 14/04/1998), e o objeto, no sentido de acrescer serviços não previstos no projeto básico.

São acrescidas as seguintes observações:“Através do 5º Termo Aditivo, foram acrescidos diversos serviços à obra, em decorrência da

adequação do projeto básico (...) ao projeto executivo. Basicamente, os serviços adicionais foram em atendimento à orientação do IBAMA, para preservação de nascentes; preservação da faixa de domínio do oleoduto da Petrobrás, que passa sob o corpo estradal; adaptação do greide de projeto, para atender às especificações do DNIT (o Projeto Básico foi encomendado pela Prefeitura Municipal de Santos Dumont) e suavizar aclives e declives; e necessidade de executar rebaixos em segmentos de corte para substituição de material de baixo suporte.

O prazo de vigência para execução do contrato expirou em 05.09.2002. Entretanto, a obra está paralisada desde 31/07/2002, com um saldo contratual de 36 dias de execução a realizar.

O serviço de terraplenagem executado até o momento está exposto às intempéries, sujeito à deterioração. Tal procedimento poderá acarretar em prejuízo para o Erário, com a perda do serviço executado.”

“A obra encontra-se dividida em duas planilhas. A planilha I refere-se à obra de pavimentação da BR-040, corrigindo o traçado da rodovia, com a implantação de trecho pavimentado de 7,416 km, sendo 2,5 km duplicados. A planilha II refere-se à implantação de 4,916 km de rodovia pavimentada, que fará a ligação entre as BR-040 e BR-499, em pista simples. O 5º Termo Aditivo ao Contrato PD/6-0031/98-00 procedeu um acréscimo de R$ 1.355.678,70 em serviços, o que significa 20,6% do valor total do contrato. Entretanto, este aumento corresponde a 90,51% dos serviços da Planilha II.

O tempo restante é insuficiente para completar a execução das duas planilhas.Devido à suspensão da obra e principalmente ao atraso nos pagamentos devidos, a construtora

responsável pela obra desmobilizou sua estrutura para executar a obra. Não estão contabilizados os gastos de nova mobilização.”

– Contrato UT-06-0008/02-00, para eliminação de ponto crítico na Rodovia BR 116 – Trevos de acesso a Ubaporanga/MG, assinado em 11/11/2002, com a Construtora Centro Leste

147

Page 148: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

Engenharia Ltda., mediante tomada de preços, tendo vigência inicial de 20/11/2002 a 20/05/2003 e valor original de R$ 1.439.601,40 (data base: 01/09/2000); assinou-se um aditivo, em 11/03/2003, mantendo-se as principais características do contrato; atualmente, encontra-se suspenso; não se fez vistoria local.

É aduzido também que:“Foram executados 54 dias de serviços, de 20/11/2002 a 12/01/2003. (...)A execução física da

obra até o momento de sua paralisação equivalia a cerca de 31% do total contratado. Nenhuma das medições efetuadas obteve o correspondente e devido pagamento pelos serviços até então prestados. O atraso nos pagamentos das faturas emitidas acarreta um desiquilíbrio econômico-financeiro do contrato.”

– Contrato UT/06-0026/02-00, para execução de serviços de recuperação de galeria de concreto na rodovia BR-116 , km 674,5; subtrecho entr. BR-482 (Fervedouro/MG) – entr. BR-265/356 (Muriaé/MG), assinado em 20/12/2002, com a Conserva de Estradas Ltda., mediante tomada de preços, tendo vigência inicial de 27/12/2002 a 27/06/2003 e valor original de R$ 688.865,00 (data base: 18/02/2002); não há registro de termos aditivos; encontra-se suspenso; não se fez vistoria local.

A Equipe de Auditoria informa, ainda, que:“Somente foram executados 5 dias de trabalho, não havendo medição financeira para os

serviços realizados. Não houve continuação dos serviços, uma vez que o DNIT determinou a suspensão dos trabalhos.Segundo informações obtidas junto ao Órgão, o período de chuvas no início do ano provocou uma expansão significativa do buraco em que se encontra a galeria de concreto obstruída. Sendo assim, a paralisação acarretará um expressivo aumento de volume de serviços, e consequentemente um reflexo financeiro no contrato.”

As apurações levadas a efeito apontam a irregularidade, considerada grave, descrita na seqüência.

Irregularidade: projeto básico incompleto.– Contrato: PD-6/0031/98-00O projeto básico, pelo qual foi licitada a obra, recebeu modificações que importaram num

acréscimo de 20,36% da obra, sendo que 90,51% de apenas uma das planilhas (construção de ligação rodoviária em pista simples entre as BR-040 e BR-499 – planilha 2).

As modificações sobrevieram quando da execução do projeto executivo, com a finalidade de adequar a obra às exigências ambientais e às normas técnicas do DNIT. Apesar de não haver a violação do artigo 65, §1º da Lei de Licitações, pois o valor acrescido está dentro do limite de 25% legalmente previsto, a obra não deve ser concluída sem que seja ultrapassado este limite, considerando-se a execução de apenas uma das etapas da obra.

A Equipe de Auditoria recomenda o prosseguimento da obra, entendendo que a sua paralisação implica maior prejuízo ao Erário que seu prosseguimento.

A Equipe Técnica aduz, ainda, que:“O Departamento Nacional de Infra-estrutura de Transportes tem repetidas vezes atrasado o

pagamento das faturas emitidas pelas empresas contratadas. Tal fato ocorreu com os quatro contratos analisados por esta equipe de auditoria. (...) Cabe esclarecer que a unidade auditada, a 6ª Unidade de Infra-estrutura Terrestre, não é responsável pelos pagamentos do órgão, apenas encaminha as faturas ao DNIT, em Brasília. E por esse motivo não poderia ser responsabilizada pelos atrasos.”

***Diante das irregularidades apontadas, a equipe de auditoria, com a anuência do Titular da

Secex/RN, propõe audiência do Sr. Flávio Góes Menecucci, ex-Chefe do então 6º Distrito Rodoviário Federal do extinto DNER, para que, no prazo regimental, justifique o “amparo legal que permitiu ao extinto DNER valer-se de um projeto básico elaborado por empresa contratada pelo Município de Santos Dumont/MG, para licitar a obra do contorno daquele município, e as razões de nesse projeto básico aprovado não terem sido observadas devidamente as normas técnicas do DNER e as normas ambientais exigidas para a obra.”

É o Relatório.

148

Page 149: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

VOTO

De plano, acolho a proposta de audiência formulada pela Secex/MG, tendo em vista que o projeto básico em que se baseou o Contrato PD-6/0031/98-00 foi elaborado por empresa contratada pelo Município de Santos Dumont/MG, para licitar obra local, não observando a contento as normas técnicas do extinto DNER, tampouco as normas ambientais exigíveis à obra. Ou seja, trata-se de um projeto básico incompleto, em desacordo com o art. 6°, inciso IX, da Lei n. 8.666/93, que, na visão da Equipe de Auditoria, ensejará alterações contratuais acima do limite de 25%, previsto no art. 65, §§ 1° e 2° do mesmo estatuto.

Além dessa constatação, outros fatos são noticiados nos autos que, entretanto, não foram objeto de análises mais detidas pela Unidade Técnica nem alvejados na proposta de encaminhamento.

O primeiro ponto a comentar é a observação da Equipe de Auditoria no sentido de que, no exercício de 2002, foram empenhados quatro contratos de obras não relacionadas na emenda orçamentária que destinava recursos a esse plano de trabalho (PT 26.782.0663.5394.0031 – Eliminação de Pontos Críticos (em rodovias) no Estado de Minas Gerais), além de outros dois contratos cujos objetos não se referiam à eliminação de pontos críticos, mas à restauração de rodovias.

O segundo fato a ponderar é a ausência de pagamentos das medições efetuadas em 2002, havendo, inclusive, cancelamento de empenho, como no caso das obras do Contorno de Santos Dumont (Contrato PD-6/0031/98-00). No entender dos Analistas informantes, esse procedimento, que seria freqüente, compromete o equilíbrio econômico-financeiro da execução contratual. Também no Contrato UT-06-0002/02-00 (eliminação de pontos críticos na BR-262), é informado que, apesar de a obra estar praticamente concluída, os serviços referentes à 3ª medição ainda não haviam sido pagos até a realização da auditoria. A ausência de pagamentos de serviços já faturados verifica-se igualmente no Contrato UT-06-0008/02-00 (eliminação e ponto crítico na BR-116).

O derradeiro aspecto relevante consiste nos efeitos negativos da paralisação das obras, seja pelo atraso nos pagamentos, seja pela própria medida ministerial (Portaria Ministerial/MT nº 05, de 10/01/03) que ordenou a suspensão temporária de todas as obras e serviços de infraestrutura de transportes contratadas à conta de orçamentos anteriores a 2003, exceto às referentes a conservação, restauração e sinalização de rodovias, serviços de manutenção terceirizada de rodovias e obras emergenciais. Em tais exceções, não se enquadra o programa de trabalho em discussão.

Dentre as várias conseqüências indesejáveis desse panorama, cita-se a desmobilização, pela contratada, da estrutura de execução das obras atinentes ao Contrato PD-6/0031/98-00, paralisadas desde 31/07/2002, conforme anotado no presente relatório de auditoria. Ainda sobre os efeitos nocivos da paralisação, é dito, relativamente ao referido contrato, que o serviços de terraplenagem até aqui executados estão expostos a intempéries, podendo sofrer deterioração. No Contrato UT-06-0026/02-00 (recuperação de galeria de concreto na BR-116), a paralisação dos serviços está ocasionando o aumento da cratera em que se encontra a galeria de concreto obstruída, em virtude das chuvas.

Acresço que este Tribunal não apontou, pelo menos em anos recentes, irregularidades que recomendassem a paralisação das obras desse plano de trabalho.

Não obstante essas observações, compreendo que as informações trazidas pela Unidade Técnica – que não se fazem acompanhar de documentos que lhe dêem suporte – mostram-se insuficientes para determinar, desde já, a audiência dos responsáveis. Diante dessas circunstâncias, entendo que a proposição mais adequada, por ora, é diligenciar ao DNIT para que apresente esclarecimentos sobre as questões retro assinaladas, proposição esta que já encerra, de per si, um alerta à Autarquia sobre os fatos noticiados. Ademais, entendo oportuno comunicar a presente decisão também ao Ministro de Estado dos Transportes.

Face ao exposto, Voto por que seja adotado o Acórdão que ora submeto à consideração deste Colegiado.

TCU, Sala das Sessões Ministro Luciano Brandão Alves de Souza, em 09 de julho de 2003.

149

Page 150: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

ADYLSON MOTTAMinistro-Relator

ACÓRDÃO Nº 843/2003 – TCU – Plenário

1.Processo TC 005.430/2003-92. Grupo I, Classe de Assunto V – Relatório de Levantamento de Auditoria (Fiscobras 2003)3.Responsável: Flávio Góes Menecucci (ex-Chefe do então 6º Distrito Rodoviário Federal do

extinto DNER)4.Entidade: Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes – DNIT5.Relator: Ministro Adylson Motta6. Representante do Ministério Público: não atuou7. Unidade Técnica: Secex/MG8.Advogado constituído nos autos: não consta

9. Acórdão:VISTOS, relatados e discutidos estes autos de Relatório de Levantamento de Auditoria

realizada nas obras relativas ao programa de trabalho PT 26.782.0663.5394.0031- Eliminação de Pontos Críticos no Estado de Minas Gerais, para prestar informações ao Congresso Nacional de modo a subsidiar os trabalhos da Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização.

ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão Plenária, ante as razões expostas pelo Relator, em:

9.1 determinar a realização de audiência do Sr. Flávio Góes Menecucci (ex-Chefe do então 6º Distrito Rodoviário Federal do extinto DNER), para que, no prazo de 15 (quinze) dias, a contar da ciência, apresente razões de justificativa quanto à utilização, no Contrato PD-6/0031/98-00, de projeto básico contratado pelo Município de Santos Dumont/MG para licitar obra do contorno rodoviário daquele município, em que não se observaram a contento as normas técnicas do extinto DNER, tampouco as normas ambientais exigíveis à obra; trata-se, portanto, de projeto incompleto, em desacordo com o art. 6°, inciso IX, da Lei n. 8.666/93, sujeitando a avença a alterações contratuais acima do limite de 25% previsto no art. 65, §§ 1° e 2° do mesmo estatuto;

9.2. determinar à Secex/MG que diligencie ao Departamento Nacional de Infra-estrutura de Transportes – DNIT – para que sejam prestados esclarecimentos acerca dos seguintes fatos:

9.2.1. autorização de empenho, no exercício de 2002, de contratos de obras não relacionadas na emenda orçamentária que destinava recursos ao PT 26.782.0663.5394.0031 – Eliminação de Pontos Críticos – no Estado de Minas Gerais –, e de obras que não se referiam à eliminação de pontos críticos, mas à restauração de rodovias;

9.2.2. ausência de pagamentos em contratos de obras afetas ao PT 26.782.0663.5394.0031, comprometendo o equilíbrio econômico-financeiro da execução contratual, a exemplo do ocorrido no Contrato PD-6/0031/98-00 (obras do Contorno de Santos Dumont/MG), relativamente a medições efetuadas em 2002; no Contrato UT-06-0002/02-00 (eliminação de pontos críticos na BR-262), em que, apesar de a obra estar praticamente concluída, os serviços referentes à 3ª medição não foram pagos; e no Contrato UT-06-0008/02-00 (eliminação de ponto crítico na BR-116), também com atraso nos pagamentos de serviços faturados;

9.2.3. efeitos negativos da paralisação das obras, em face da ausência e/ou atraso nos pagamentos de serviços faturados, a exemplo da desmobilização da estrutura de execução das obras atinentes ao Contrato PD-6/0031/98-00, paralisadas desde 31/07/2002, e da exposição a intempéries dos respectivos serviços de terraplenagem já executados; bem como do aumento, em virtude das chuvas, da cratera em que se encontra a galeria de concreto obstruída, objeto do Contrato UT-06-0026/02-00 (recuperação de galeria de concreto na BR-116); observando-se que este Tribunal não apontou, até aqui, irregularidades que recomendassem a paralisação das obras desse plano de trabalho; e

150

Page 151: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

9.3. encaminhar à Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização do Congresso Nacional e ao Ministro de Estado dos Transportes cópia desta deliberação, acompanhada do Relatório e do Voto que a fundamentam.

10. Ata nº 26/2003 – Plenário11. Data da Sessão: 9/7/2003 – Ordinária12. Especificação do quorum:12.1. Ministros presentes: Valmir Campelo (Presidente), Marcos Vinicios Vilaça, Iram

Saraiva, Humberto Guimarães Souto, Adylson Motta (Relator), Walton Alencar Rodrigues, Guilherme Palmeira, Benjamin Zymler e o Ministro-Substituto Lincoln Magalhães da Rocha

12.2. Auditores presentes: Augusto Sherman Cavalcanti e Marcos Bemquerer Costa.

VALMIR CAMPELOPresidente

ADYLSON MOTTAMinistro-Relator

Fui presente:

PAULO SOARES BUGARINProcurador-Geral, em substituição

GRUPO I – CLASSE V – PlenárioTC 006.408/2003-2Natureza: Relatório de Levantamento de Auditoria (Fiscobras 2003)Entidade: Companhia Docas do Espírito Santo – CodesaInteressado: Congresso NacionalAdvogado constituído nos autos: não consta

Sumário: Fiscobras 2003. Levantamento de auditoria nas obras complementares no cais de Capuaba/ES. Constatação de irregularidades graves concernentes ao processo licitatório, nos termos do disposto no art. 86, § 2º, da Lei nº 10.514/2002. Irregularidades estão sendo tratadas no TC 006.157/2003-0, relativo ao PT 26.784.0909.0629.0032 (Participação da União no Capital – Companhia Docas do Espírito Santo – Obras Complementares no Cais de Capuaba/ES – no Estado do Espírito Santo, e que se encontra em fase de audiência dos responsáveis. Ciência à Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização do Congresso Nacional. Apensamento ao TC 006.157/2003-0.

RELATÓRIO

Trata-se de Relatório de Levantamento de Auditoria realizado, no período de 19/05/2003 a 06/06/2003, por equipe da Secex/ES, na execução do Programa de Trabalho 26.784.0230.3508.0032 (Obras Complementares no Cais de Capuaba/ES – No Estado do Espírito Santo), constante do Orçamento da Companhia Docas do Espírito Santo – Codesa, com a finalidade de prestar informações ao Congresso Nacional de modo a subsidiar os trabalhos da Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização.

2.Segundo a equipe técnica, a importância socioeconômica da obra reside em dotar a Codesa de mais uma área de movimentação e armazenagem de cargas, face à demanda esperada no crescimento da movimentação de cargas no Porto de Vitória/ES.

3.É observado que esta obra é a mesma tratada no TC 006.157/2003-0, referente ao PT nº 26.784.0909.0629.0032 (Fiscalis 626/2003) que é um Programa de Trabalho consignado no Orçamento da União como Despesas de Capital – Inversões Financeiras, qual seja, participação da União no Capital da Codesa, e que, naqueles autos, foi efetuada proposta de audiência.

151

Page 152: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

4.Consigna a equipe de auditoria que a obra não possui licença ambiental e que a Codesa contratou a empresa STONENGE Consultoria e Projetos de Engenharia Ltda. para elaborar Projeto Básico de Reabilitação da Área de Cais dos Berços 201 e 202 e Retroárea Primária do Cais de Capuaba, com base em Termo de Referência elaborado pela COENGE da Codesa.

4.1.Foi verificado que não houve a elaboração prévia de Estudo de Viabilidade Técnica e Econômica da obra e que não consta do Projeto Básico apresentado Memória de Cálculo e Plantas Detalhadas dos serviços, que possibilitem a análise dos quantitativos alocados na Planilha de Custos .

4.2.Foram, ainda, constatadas as seguintes irregularidades no Projeto Básico:a) ausência do Diagnóstico Ambiental, previsto no item 4.13, e do estudo de Avaliação

Estrutural do Pavimento da via de ligação entre os Silos e Cais, previsto no item 4.9 ambos do Termo de Referência;

b) inclusão dos serviços relativos à Recuperação Estrutural e Reforço da Área do Frigorífico, que não estava previsto no Termo de Referência, que correspondem ao montante de R$ 2.513.344,91, cuja viabilidade será comprovada com a realização de provas de carga da estrutura existente e de consultoria para avaliá-la na fase de execução da obra;

c) incorreções nos quantitativos dos itens 4.7 e 7.1.5 da Planilha de Custos;

4.3.Com base no referido Projeto Básico, a Codesa deu início à licitação para contratar a execução da obra, que somente não teve prosseguimento em virtude da edição da Portaria nº 1, de 02/01/2003, do Ministério dos Transportes que suspendeu sine die a realização de procedimentos licitatórios para contratação de obras ou serviços referentes à infra-estrutura de transportes.

4.4.Diante dos fatos expostos, concluiu a equipe que a Codesa:

4.4.1infringiu o disposto no inciso IX do art. 6º da Lei nº 8.666/93 c/c com o art. 2º da Resolução CONFEA nº 361/91 ao contratar o Projeto Básico sem que este fosse precedido de um Estudo de Viabilidade Técnica e Econômica que permitisse inferir a real necessidade da obra nos moldes da solução técnica proposta, ou seja, sem efetivamente comprovar que existe demanda para operações portuárias naquele Cais que justifique o investimento e que a solução técnica apresentada é a adequada em termos de custo-benefício;

4.4.2.descumpriu o disposto nos arts. 6º, inciso IX, 7º, § 4º da Lei nº 8.666/93 ao iniciar processo licitatório com base em Projeto Básico que contém serviços – Recuperação Estrutural e Reforço da Área do Frigorífico – sujeitos à alteração, pois dependem de avaliação a ser procedida após a contratação da obra;

4.4.3.infringiu o disposto no art. 6º, inciso IX, da Lei nº 8.666/93 c/c o art. 3º, alínea d da Resolução CONFEA nº 361/91 ao solicitar e aceitar a inclusão dos serviços de Recuperação Estrutural e Reforço da Área do Frigorífico no Projeto Básico, que corresponde a R$ 2.513.344,91 – 21,15 % do valor total do Orçamento -, apesar destes serviços não terem constituído o Termo de Referência e de não ter havido qualquer estudo preliminar das estruturas existentes no local, e justificativa técnica para a definição da capacidade de armazenagem da área em 15 t/m²;

4.4.4.não observou o disposto no inciso IX do art. 6 º da Lei nº 8.666/93 c/c com o art. 4º, § 1º, da Resolução CONFEA nº 361/91 ao aceitar o Projeto Básico sem que o mesmo contivesse as memórias de cálculo, as plantas detalhadas, e serviços requeridos no Termo de Referência – Avaliação Estrutural do Pavimento e Diagnóstico Ambiental – o que denota a ausência da análise do Projeto Básico apresentado por parte da Codesa.

5.Tais irregularidades, consideradas graves, nos temos do disposto no art. 86, § 2º, da Lei nº 10.514/2002, também estão registradas no TC 006.157/2003-0 – PT 26.784.0909.0629.0032 – uma vez que ambos tratam da mesma obra e ensejaram a realização de audiência dos responsáveis (Sres João Luiz Zaganelli – Diretor presidente da Codesa, Vicente Paula Dias Filho – Diretor de Comercialização e Fiscalização da Codesa, Erido Favarato – Coordenador de Engenharia e Fernando Elias Siqueira Rangel – Responsável pela fiscalização do contrato firmado com a STONENGE) para apresentarem suas razões de justificativa no âmbito daqueles autos.

152

Page 153: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

5.1.Para facilitar a compreensão da matéria, transcrevo parte do Relatório concernente às irregularidades graves constatadas:

“Indícios de Irregularidades

Área de Ocorrência: PROJETO BÁSICONúmero: 3Classificação: GRAVETipo: Irregularidades graves concernentes ao processo licitatório

Descrição: Aceitar o Projeto Básico elaborado pela STONENGE sem que o mesmo contivesse as memórias de cálculo, as plantas detalhadas, bem como alguns serviços requeridos no Termo de Referência – Avaliação Estrutural do Pavimento e Diagnóstico Ambiental – o que denota a ausência da análise do Projeto Básico apresentado por parte da Codesa.

É recomendável o prosseguimento da obra ou serviço ? NãoJustificativa: O art. 4º da Resolução CONFEA nº 361/91 disciplina que:

‘Art. 4º –...§ 1º – O nível de detalhamento dos elementos construtivos de cada tipo de Projeto Básico, tais

como desenhos, memórias descritivas, normas de medições e pagamento, cronograma físico, financeiro, planilhas de quantidades e orçamentos, plano gerencial e, quando cabível, especificações técnicas de equipamentos a serem incorporados à obra, devem ser tais que informem e descrevam com clareza, precisão e concisão o conjunto da obra e cada uma de suas partes.’

A Codesa recebeu o Projeto Básico sem que o mesmo contivesse as plantas detalhadas e as memórias de cálculo dos serviços, e não promoveu qualquer análise, de modo a confirmar que a proposta apresentada estava fundada em premissas suficientes e adequadas, bem como validar a Planilha de Custo da Obra em descumprimento ao artigo acima transcrito.

Tanto que numa simples análise da consistência dos quantitativos alocados na Planilha de Custo, verificamos incorreções que demandarão ajustes e aumento no valor da obra de R$ 139.889,70.

Além disso a empresa não apresentou no Projeto Básico o Diagnóstico Ambiental e a Avaliação Estrutural do Pavimento da via de ligação entre os Silos e o Cais, serviços esses que haviam sido objeto da contratação.

Registramos que a questão não é que a contratada não tenha elaborado a documentação, mas que a Codesa não solicitou os elementos necessários para validar o projeto e que deveriam fazer parte da licitação.

Concluímos que a Codesa, além de não ter efetuado Estudo de Viabilidade Técnica e Econômica para orientar a elaboração do Projeto Básico, descumpriu o disposto no inciso IX do art. 6 º da Lei nº 8.666/93 c/c com o art. 4º, § 1º, da Resolução CONFEA nº 361/91, ao deixar de solicitar os elementos fundamentais para a compreensão de toda a obra e de proceder à análise do projeto apresentado pela contratada, não havendo, portanto, como prosperar o procedimento licitatório.

Esclarecimentos Adicionais:

Área de Ocorrência: PROJETO BÁSICONúmero: 2Classificação: GRAVETipo: Irregularidades graves concernentes ao processo licitatório

Descrição: Solicitar e aceitar a inclusão dos serviços de ‘Recuperação Estrutural e Reforço da Área do Frigorífico’ no Projeto Básico, que corresponde a R$ 2.513.344,91 – 21,15 % do valor total do Orçamento –, apesar destes serviços não terem constituído o Termo de Referência e de não ter

153

Page 154: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

havido qualquer estudo preliminar das estruturas existentes no local, e justificativa técnica para a definição da capacidade de armazenagem da área em 15 t/m².

É recomendável o prosseguimento da obra ou serviço ? Não

Justificativa: A Codesa solicitou de maneira informal a inclusão no Projeto Básico do item – Recuperação Estrutural e Reforço da Área do Frigorífico – sem que nenhum estudo preliminar fosse efetuado e sem que este serviço sequer constasse do Termo de Referência que embasou a contratação do referido Projeto. Tal situação infringiu o disposto no art. 6º, inciso IX, da Lei nº 8.666/93 c/c o art. 3º, alínea d da Resolução CONFEA nº 361/91, abaixo transcritos:

Lei nº 8.666/93

‘Art. 6º Para os fins desta Lei, considera-se:...IX – Projeto Básico – conjunto de elementos necessários e suficientes, com nível de precisão

adequado, para caracterizar a obra ou serviço, ou complexo de obras o serviços objeto da licitação, elaborado com base nas indicações dos estudos técnicos preliminares, que assegurem a viabilidade técnica e o adequado tratamento do impacto ambiental do empreendimento, e que possibilite a avaliação do custo da obra e a definição dos métodos e do prazo de execução, devendo conter os seguintes elementos...’

Resolução CONFEA nº 361/91

‘ Art. 3º – As principais características de um Projeto Básico são:...d) adotar soluções técnicas, quer para conjunto, quer para suas partes, devendo ser suportadas

por memórias de cálculo e de acordo com critérios de projeto preestabelecidos de modo a evitar e/ou minimizar reformulações e/ou ajustes acentuados, durante sua fase de execução;’

A empresa questionada a respeito do fato alegou que se tratavam apenas de estudos preliminares e que devem ser confirmados na execução da obra mediante consultoria.

No entanto esta Planilha de Custos, contendo serviços que dependem de confirmação, constituiu o Projeto Básico a partir do qual se deu início na Codesa ao processo de licitação para contratação da obra – PE 4350/2002.

Concluímos, portanto, que não se deve dar continuidade à contratação da obra sem que se realizem estudos sobre as estruturas existentes na área do frigorífico e sem justificativa técnica para a definição da capacidade de armazenagem da área em 15 t/m².

Esclarecimentos Adicionais:

Área de Ocorrência: PROJETO BÁSICONúmero: 4Classificação: GRAVETipo: Irregularidades graves concernentes ao processo licitatório

Descrição: Contratação de Projeto Básico sem que este fosse precedido de um Estudo de Viabilidade Técnica e Econômica que permitisse inferir a real necessidade de Recuperação da Retroárea Primárias dos Berços 201 e 202 do Cais de Capuaba nos moldes da solução técnica proposta, ou seja, sem efetivamente comprovar que existe demanda para operações portuárias naquele Cais que justifique o investimento e que a solução técnica apresentada é a adequada em termos de custo-benefício em infringência ao disposto no inciso IX do art. 6 º da Lei nº 8.666/93 c/c com o art. 2º da Resolução CONFEA nº 361/91.

É recomendável o prosseguimento da obra ou serviço ? Não

154

Page 155: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

Justificativa: O inciso IX, do art. 6º da Lei nº 8.666/93, estabelece que o Projeto Básico deve ser elaborado com base nas indicações dos estudos técnicos preliminares, que assegurem a viabilidade técnica e o adequado tratamento do impacto ambiental do empreendimento.

Da mesma forma o art. 2º da Resolução nº 361/91, destaca que o projeto básico deve ser precedido por estudos preliminares, anteprojeto, estudos de viabilidade técnica, econômica e avaliação do impacto ambiental.

Ao não elaborar o Estudo de Viabilidade Técnica e Econômica da Obra, a Codesa deixou de caracterizar qual é a demanda por operações portuárias naquele Cais e qual é o problema com a estrutura atual existente, de modo a justificar o investimento e, por conseguinte, a solução técnica apresentada no Projeto Básico, qual seja: remoção de todo o pavimento de blocos de concreto de uma área de 36.425,00 m², escavação de material numa profundidade de 0,40 m e construção de sub-base em concreto rolado de 0,25 m e revestimento em placa de concreto fck=40 Mpa de 0,25 m, retirada e recomposição de todo o sistema ferroviário com nova concepção construtiva (1.262,00 m), implantação de um sistema viário em CBUQ com polímero (1.290,00 m), implantação de uma rede de eletrodutos, reexecução das redes de esgoto, implantação de rede de água e recuperação estrutural e reforço de uma área de 3.560,00 m denominada área do frigorífico, para uma capacidade de armazenagem de 15 t/m².

Portanto, entendemos não se deva dar continuidade à contratação da obra cuja necessidade não está caracterizada em Estudo de Viabilidade Técnica e Econômica conforme prevêem as normas legais acima citadas.

Esclarecimentos Adicionais:

Área de Ocorrência: PROJETO BÁSICONúmero: 1Classificação: GRAVETipo: Irregularidades graves concernentes ao processo licitatório

Descrição: Iniciar processo licitatório tomando por base Projeto Básico que contém serviços – Recuperação Estrutural e Reforço da Área do Frigorífico – que estão sujeitos à alteração dependendo da avaliação a ser procedida após a contratação da obra;

É recomendável o prosseguimento da obra ou serviço ? NãoJustificativa: A Codesa deu início, por meio do PE 4350/2002, a procedimento licitatório

para contratar a obra de Reabilitação da Área de Cais dos Berços 201 e 202 e Retroárea Primária – Capuaba, cujo Projeto Básico foi elaborado pela STONENGE Consultoria e Projetos de Engenharia Ltda.

O Projeto Básico contém serviços – Recuperação Estrutural e Reforço da Área do Frigorífico – que estão sujeitos à alteração dependendo da avaliação a ser procedida após a contratação da obra.

O § 4º do art. 7º da mesma Lei disciplina que:

‘§4º – É vedada, ainda, a inclusão, no objeto da licitação, de fornecimento de materiais e serviços sem previsão de quantidades ou cujos quantitativos não correspondam às previsões reais do projeto básico ou executivo.’

Vale ressaltar que o procedimento licitatório foi paralisado a partir de Fevereiro/2003 em virtude da edição da Portaria nº 01, de 02/01/2003, do Ministro de Estado dos Transportes que suspendeu ‘sine die’ procedimentos licitatórios que tenham por objeto a realização de obras ou serviços referentes à infra-estrutura de transportes.

O prosseguimento da licitação embasada no Projeto Básico elaborado pela STONENGE, levará a que os licitantes apresentem suas propostas levando em conta os serviços contidos no item

155

Page 156: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

7 da Planilha de Custos ‘ Recuperação Estrutural e Reforço da Área do Frigorífico ‘ que podem não ser executados da forma como foram contratados, uma vez que seus quantitativos devem ser validados após a contratação da obra, por meio de provas de carga da estrutura existente e serviços de consultoria para avaliá-las.

Entendemos, portanto, que a continuidade da licitação além de ferir o disposto no § 4º do art. 7º da Lei nº 8.666/93, afronta o Princípio Constitucional da Igualdade pois como as propostas dos licitantes serão elaboradas tomando por base os mencionados serviços, caso não se confirme a viabilidade da sua execução como foi projetada, a proposta de outro participante poderia ter sido a vencedora do procedimento licitatório.”

6.Quando da realização da vistoria pela equipe da Secex/ES, em 26/05/2003, a obra ainda não havia sido iniciada, pois somente foi elaborado o Projeto Básico.

7.No tocante à execução financeira/orçamentária, é registrado que, no orçamento deste exercício, foi autorizado o crédito de R$ 5.100.000,00 para a obra, sendo estimado em R$ 11.879.464,66 o valor necessário para sua conclusão.

8.Finalmente, a equipe propõe, com o endosso do Sr. Secretário da Secex/ES, o apensamento deste processo ao TC 006.157/2003-0.

É o Relatório.

VOTO

Consoante exposto, foram constatados pela equipe de auditoria da Secex/ES indícios de irregularidades graves na execução do Programa de Trabalho 26.784.0230.3508.0032 (Obras Complementares no Cais de Capuaba/ES – No Estado do Espírito Santo), as quais também foram apontadas no TC 006.157/2003-0, que trata de outro programa de trabalho relativo à mesma obra, o PT 26.784.0909.0629.0032 (Participação da União no Capital – Companhia Docas do Espírito Santo – Obras Complementares no Cais de Capuaba/ES – no Estado do Espírito Santo, e que se encontra em fase de audiência dos responsáveis.

Assim, considerando que as irregularidades relativas à obra em tela já estão sendo apuradas no TC 006.157/2003-0, acompanho a proposta da Unidade Técnica no sentido do apensamento destes autos àquele processo, acrescentando-lhe a ciência à Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização do Congresso Nacional.

Face ao exposto, Voto por que seja adotado o Acórdão que ora submeto à consideração deste Colegiado.

TCU, Sala das Sessões Ministro Luciano Brandão Alves de Souza, em 09 de julho de 2003.

ADYLSON MOTTAMinistro-Relator

ACÓRDÃO Nº 844/2003 – TCU – Plenário

1.Processo TC 006.408/2003-22. Grupo I, Classe de Assunto V – Relatório de Levantamento de Auditoria (Fiscobras 2003)3.Interessado: Congresso Nacional4.Entidade: Companhia Docas do Estado do Espírito Santo – Codesa5.Relator: Ministro Adylson Motta6. Representante do Ministério Público: não atuou7. Unidade Técnica: Secex/ES8.Advogado constituído nos autos: não consta

9. Acórdão:VISTOS, relatados e discutidos estes autos de Relatório de Levantamento de Auditoria,

realizado, no período de 19/05/2003 a 06/06/2003, por equipe da Secex/ES, na execução do

156

Page 157: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

Programa de Trabalho 26.784.0230.3508.0032 (Obras Complementares no Cais de Capuaba/ES – No Estado do Espírito Santo), constante do Orçamento da Companhia Docas do Espírito Santo – Codesa.

ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão do Plenário, ante as razões expostas pelo Relator, em:

9.1 dar ciência desta decisão, bem como do relatório e do voto que a fundamentam, à Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização do Congresso Nacional, informando-lhe que, no presente levantamento de auditoria, foram constatadas irregularidades graves na execução do Programa de Trabalho 26.784.0230.3508.0032 (Obras Complementares no Cais de Capuaba/ES – No Estado do Espírito Santo) nos termos do disposto no art. 86, § 2º, da Lei nº 10.514/2002, e que as mesmas estão sendo objeto de apuração no TC 006.157/2003-0, que trata de outro programa de trabalho relativo à mesma obra, o PT 26.784.0909.0629.0032 (Participação da União no Capital – Companhia Docas do Espírito Santo – Obras Complementares no Cais de Capuaba/ES – no Estado do Espírito Santo; e

9.2.apensar os presentes autos ao TC 006.157/2003-0.

10. Ata nº 26/2003 – Plenário11. Data da Sessão: 9/7/2003 – Ordinária12. Especificação do quorum:12.1. Ministros presentes: Valmir Campelo (Presidente), Marcos Vinicios Vilaça, Iram

Saraiva, Humberto Guimarães Souto, Adylson Motta (Relator), Walton Alencar Rodrigues, Guilherme Palmeira, Benjamin Zymler e o Ministro-Substituto Lincoln Magalhães da Rocha

12.2. Auditores presentes: Augusto Sherman Cavalcanti e Marcos Bemquerer Costa.

VALMIR CAMPELOPresidente

ADYLSON MOTTAMinistro-Relator

Fui presente:

PAULO SOARES BUGARINProcurador-Geral, em substituição

GRUPO I – CLASSE V – PlenárioTC 006.718/2003-5Natureza: Relatório de Levantamento de Auditoria (Fiscobras 2003)Entidade: Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes – DNITInteressado: Congresso NacionalAdvogado constituído nos autos: não consta

Sumário: Fiscobras 2003. Levantamento de auditoria. Construção de trechos rodoviários no Estado de Minas Gerais. Determinação. Ciência à Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização do Congresso Nacional.

RELATÓRIO

Trata-se de Relatório de Levantamento de Auditoria realizado no programa de trabalho PT 26.782.0220.2834.0031 – Restauração de Rodovias Federais no Estado de Minas Gerais, com o objetivo de prestar informações ao Congresso Nacional de modo a subsidiar os trabalhos da Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização.

Informou a Secex/MG que o programa de trabalho ora em tela é genérico, tendo sido escolhido para análise os seguintes contratos:

157

Page 158: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

a) Contratos UT-06-0004/02-00, PD/6-0024/01-00 e PD/6-0025/01-00: lotes 1, 2 e 3 da BR-365 (Entr-122/135/251 – Montes Claros e Entr. MG-161, km 0 ao 180,1 e km 64,0 ao km 118,8, extensão 53,9 km); e

b) Contrato PG -158/93-00: restauração da rodovia BR-116, km 148 ao 202,2, extensão 54,2 km.

1.BR 3651.1 O Projeto Básico abrange toda obra, não exige licença ambiental, não tendo sido

observadas divergências significativas entre o projeto básico/executivo e a construção.– Lote 1: execução das obras de restauração da BR-365 (Entr. BR-122/135/251 – Entr. MG-

161, segmento km 0 ao km 64,9); elaborado em 01/05/2000; custo da obra: R$ 28.320.414,99 (Data Base: 23/11/20012).

– Lote 2: execução das obras de restauração da BR-365 (Entr. BR-122/135/251 – Entr. MG-161, segmento km 64,9 ao 118,8); elaborado em 01/05/2000; custo da obra: R$ 21.672.953,42 (data base: 23/11/2001).

– Lote 3: execução das obras de restauração da rodovia BR-365/MG (trecho Entr. BR-122/135/251- MONTES CLAROS, subtrecho Entr. BR-122/135/251- MONTES CLAROS, Entr. MG-161, segmento km 118,8 ao km 180,1 - extensão 61,3); elaborado em 01/05/2000; custo da obra: R$ 18.980.806,91 (data base: 01/07/2001).

Registrou a equipe de auditoria que o DNIT asseverou que as obras foram iniciadas sem a aprovação do Projeto Executivo naquilo que este não diferenciava do previsto no Projeto Básico, tendo sido restauradas as partes da rodovia que não demandavam maiores estudos técnicos e em melhores condições de tráfego. O Projeto Executivo foi concluído em outubro de 2001 e encontra-se esperando aprovação pelo setor competente do DNIT.

Alegou a aludida equipe que em que pese o disposto na Lei nº 8.666/93, § 1º, que permite o Projeto Executivo seja elaborado concomitantemente com o andamento das obras, desde que autorizado pela Administração, a Decisão TCU nº 773/2002 – Plenário, item 8.2.1 exige, para a licitação de uma obra, que existam projetos básico e executivo suficientemente detalhados, que compreendam a totalidade dos serviços e que sejam adequados ao trecho a ser construído. Tal decisão, porém, é posterior à licitação para a obra.

Quanto à data base indicada, esclareceu a equipe que ela se refere àquela da proposta da empresa vencedora da licitação, sendo, portanto, posterior à data de elaboração do Projeto Básico.

1.2Execução física:

a)Lote 1: 14,56% (data de início: 05/01/2002; data prevista de conclusão: 25/12/2003);b)Lote 2: 0,93% (data de início: 25/09/2002; data prevista de conclusão: 13/09/2004);c)Lote 3: 29,63% (data de início: 05/01/2002; data prevista de conclusão: 25/12/2003).

Observou a equipe de auditoria que no lote 2 supra não foi realizado o serviço de restauração e melhoramento, havendo apenas serviço de tapa-buraco, tendo em vista que sua situação era precária e os recursos empenhados para início da obra eram de pouca monta para a execução dos serviços planejados (R$1.000.000,00-2002NE 901595) em relação ao total do empreendimento (R$ 21.672.953,42).

Registrou a aludida equipe que não acredita ser possível o término das obras relativas a rodovia em tela no prazo contratualmente acordado, tendo em vista o baixo percentual de realização até o presente momento.

1.3Execução financeira/orçamentária:

158

Page 159: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

a)Lote 01: primeira dotação orçamentária em 12/2001 no PT genérico 26.7820.2202.8340.073 (tal PT é o mesmo PT ora auditado, com a numeração dada para o ano de 2001 – LOA de 2001); valor estimado para a conclusão: R$ 24.257.946,01;

b)Lote 02: primeira dotação orçamentária em 09/2002 (sua dotação inicial foi no PT ora auditado 26.7820.2202.8340.031 – LOA de 2002); valor estimado para a conclusão: R$ 21.471.191,99;

c)Lote 03: primeira dotação orçamentária em 12/2001 – dotação inicial prevista no PT genérico 26.7820.2202.8340.073 (tal PT é o mesmo PT ora auditado, com a numeração dada para o ano de 2001 – LOA de 2001); valor estimado para a conclusão: R$ 13.843.293,37.

O valor estimado para a obra da BR 365 foi baseado no projeto básico de restauração, uma vez que a mesma vem sendo realizada sem o projeto executivo. O mês/ano da primeira dotação orçamentária indicada é a referente a do lote 3 da BR-365, que é a obra mais antiga, dentre as fiscalizadas no ano, à exceção daquela da BR-116, mas que teve dotações iniciais fora do PT auditado.

1.4Contratos principais:

a) Contrato PD/6-0024/01-00 celebrado com a CONSTRUTORA BARBOSA MELLO S/A, para restauração da BR-365 (Entr. BR-122/135/251 – Entr. MG-161, segmento km 118,8 ao km 180,1, extensão 61,3 km, em 28/12/2001, após concorrência.

“Situação InicialVigência Inicial: 05/01/2002 a 25/12/2003Valor Inicial: R$ 18.980.806,91Data Base: 30/06/2001SIASG: 273056-60024-2001Volume do Serviço: 61,3000 kmCusto Unitário: 309.637,95 R$/kmCondições de Reajuste: Índices rodoviários da FGV

Situação AtualVigência Atual: 05/01/2002 a 25/12/2003Valor Atual: R$ 18.980.806,91Nº Termo Aditivo Vigente: 1Assinatura Último Termo Aditivo: 18/11/2002Situação: Em andamento.Rescisão:Data Base Atual: 01/07/2001Alterações do Objeto: Suspensão de prazo a partir de 01/11/2002Volume do Serviço Atual: 61,3000 kmCusto Unitário Atual: 309.637,95 R$/kmCondições Atuais de Reajuste: Índices rodoviários da FGVObservações:1 – O 1º Termo Aditivo ao Contrato PD/6-0024/01-00 suspendeu a execução das obras a

partir de 01/11/2002. Porém, em 21/03/2003, o Exmo Ministro dos Transportes, Anderson Adauto, autorizou, através do Ofício GAB-6-AP-162/2003, o reinício das obras. No entanto, até a data de início da execução da presente auditoria (12/05/2003), não havia sido assinado o Termo Aditivo referente à continuidade das obras, bem como não foi constatada qualquer mobilização de máquinas ao longo do lote 3”.

b) Contrato: UT-06-0004/02-00, assinado em 18/09/2002, com a empresa CONSERVA DE ESTRADAS LTDA, para a execução dos serviços de restauração e melhoramentos da BR-365 (Entr. BR-122/135/251- Entr. MG-161, segmento km 64,9 ao km 118,8, após concorrência.

159

Page 160: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

“Situação InicialVigência Inicial: 25/09/2002 a 13/04/2004Valor Inicial: R$ 21.672.953,42Data Base: 23/11/2001SIASG: 393031-60004-2002Volume do Serviço: 53,9000 kmCusto Unitário: 402.095,61 R$/kmCondições de Reajuste: índices rodoviários da FGV

Situação AtualVigência Atual: 25/09/2002 a 13/09/2004Valor Atual: R$ 21.672.953,42Nº Termo Aditivo Vigente:Assinatura Último Termo Aditivo:Situação: Em andamento.Rescisão:Data Base Atual: 23/11/2001Alterações do Objeto:Volume do Serviço Atual: 53,9000 kmCusto Unitário Atual: 402.095,61 R$/kmCondições Atuais de Reajuste: Índices Rodoviários da FGVObservações:1 – Esta obra teve autorização do Exmo Sr. Ministro dos Transportes para o seu reinício,

embora não estivesse suspensa. No entanto, até a data de início da execução da presente auditoria (12/05/2003), não foi constatada qualquer mobilização de máquinas ao longo do lote 2”.

c) Contrato: PD/6-0025/01-00, assinado em 28/12/2001, com a empresa CONSERVA DE ESTRADAS LTDA, para a restauração da BR-365 (Entr. BR-122/135/251 – Entr. MG-161 – segmento km 0 ao km 64,9), após concorrência.

“Situação InicialVigência Inicial: 05/01/2002 a 25/12/2003Valor Inicial: R$ 28.320.414,99Data Base: 23/11/2001SIASG: 273056-60025-2001Volume do Serviço: 64,9000 kmCusto Unitário: 436.370,03 R$/kmCondições de Reajuste: Índices rodoviários da FGV

Situação AtualVigência Atual: 05/01/2002 a 25/12/2003Valor Atual: R$ 28.320.414,99Nº Termo Aditivo Vigente: 1Assinatura Último Termo Aditivo: 28/08/2002Situação: Em andamento.Rescisão:Data Base Atual: 23/11/2001Alterações do Objeto: Suspensão do prazo a partir de 01/05/2002, restando um saldo de 604

dias.Volume do Serviço Atual: 64,9000 kmCusto Unitário Atual: 436.370,03 R$/kmCondições Atuais de Reajuste: Índices rodoviários da FGVObservações:

160

Page 161: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

1 – O 1º Termo Aditivo ao Contrato PD/6-0025/01-00 suspendeu a execução das obras a partir de 01/11/2002. Em 21/03/2003, o Exmo Ministro dos Transportes, Anderson Adauto, autorizou, através do Ofício GAB-6-AP-160/2003, o reinício das obras. No entanto, até a data de início da execução da presente auditoria (12/05/2003), não havia sido assinado o Termo Aditivo referente à continuidade das obras, bem como não foi constatada qualquer mobilização de máquinas ao longo do lote 1”.

2.BR 116

2.1O Projeto Básico abrange toda obra, não exige licença ambiental, não tendo sido observadas divergências significativas entre o projeto básico/executivo e a construção.

Elaborado em 01/04/1987, tendo por objeto a execução da restauração da BR-116 (Div. BA/MG – Div. MG/RJ – km 148 ao km 202,2, ao custo de Cz$ 1.080.901.197,75 (data base: 01/03/1986).

Esclareceu a equipe de auditoria que:a) os dados lançados para a obra são aqueles referentes ao Projeto Executivo e não o Básico,

tendo em vista que o primeiro foi o parâmetro utilizado para a execução da obra;b) a data base é anterior à data de elaboração do Projeto Executivo porque foi considerada

como data de elaboração a da última revisão do projeto, na qual, porém, foram mantidos os preços referidos à data original; e

c) como o Projeto Executivo foi elaborado em abril de 1987 e as obras iniciaram-se em novembro de 1993, sendo logo interrompidas e retomadas apenas em agosto de 1999, o mesmo não reflete as reais condições físicas e de tráfego da rodovia, bem como as inovações tecnológicas surgidas no período. Atualmente, somente cerca de 40% da obra foi realizada e o Projeto Executivo conta com 16 anos.

2.2Execução física: 39,97% (data de início: 05/11/93; data prevista de conclusão: 21/08/2003).

Informou a equipe de auditoria que a obra relativa à BR-116 iniciou-se em 1993 e ficou paralisada de janeiro de 1994 a agosto de 1999, existindo partes restauradas que mereceriam nova restauração. E, ainda, que, tendo em vista que o prazo original para a conclusão da referida obra, constante do contrato de empreitada, era de 420 dias e até a data da auditoria (15/05/2003) havia sido realizado cerca de 40% da obra, restando 99 dias para o término da mesma, é provável que a mesma não possa ser concluída no prazo estabelecido contratualmente.

2.3Execução financeira/orçamentária: lote único (km 148 ao 202,2) – primeira dotação orçamentária em 10/1993 no PT específico 16.0880.5391.2051.243 (BR-116/MG – DIV.BA/MG-DIV.MG/RJ (KM 148/202) – LOA do ano de 1993); valor estimado para a conclusão: R$ 10.727.210,86.

2.4Contrato principal: PG-158/93-00, para restauração da BR 116, Trecho Div. BA/MG – Div. MG/RJ, km 148 ao 202,2 – extensão 54,2 km, celebrado, após concorrência, com a EGESA ENGENHARIA S/A, em 25/10/1993.

Consignou a equipe de auditoria a respeito do contrato supra:

“Situação InicialVigência Inicial: 05/11/1993 a 29/12/1994Valor Inicial: Cr$ 1.080.901.197,75Data Base: 15/07/1993SIASG: 273087-158-1993Volume do Serviço: 54,2000 kmCusto Unitário: 19.942.826,52 Cr$/kmCondições de Reajuste: Lei nº 8.178/91

Situação AtualVigência Atual: 05/11/1993 a 21/08/2003Valor Atual: Cr$ 16.231.177,24

161

Page 162: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

Nº Termo Aditivo Vigente: 7Assinatura Último Termo Aditivo: 21/08/2002Situação: Em andamento.Rescisão:Data Base Atual: 15/07/1993Alterações do Objeto: Devolução do prazo a partir de 15/08/2002, com saldo de 6 dias e

prorrogação do prazo por mais 365 dias.Volume do Serviço Atual: 54,2000 kmCusto Unitário Atual: 299.468,21 Cr$/kmCondições Atuais de Reajuste: Índices rodoviários da FGVObservações:1 – Conforme já observado anteriormente, o contrato foi assinado em 1993, mas a obra

permaneceu paralisada por mais de cinco anos, de forma que o Projeto Executivo ficou bastante defasado com relação às atuais condições da pista”.

3.Indícios de irregularidades

A equipe de auditoria consignou as seguintes irregularidades:

3.1 Projeto básico inadequado:a) as obras da BR-365 (Contratos UT-06-0004/02-00, PD/6-0024/01-00, PD/6-0025/01)

foram iniciadas tendo em vista os parâmetros técnicos adotados pelo Projeto Básico, tendo em vista que o Projeto Executivo ainda não foi aprovado. A Decisão nº 773/2002 – Plenário, item 8.2.1 exige que já na licitação de uma obra existam projetos básico e executivo suficientemente detalhados, compreendendo a totalidade dos serviços e que sejam adequados ao trecho que se visa construir;

b) a obra da BR-116 (Contrato PG-158/93)apresenta um Projeto Executivo que conta com 16 anos, ou seja, não retrata, com fidelidade, as atuais condições da rodovia. Nesse período, novas tecnologias surgiram, bem como novas soluções técnicas. Por sua vez, outros problemas físicos, não contemplados no Projeto Executivo, surgiram ao longo do trecho.

3.2Execução irregular da obra: constatação de trechos da BR-116 (PG-158/93) já restaurados com deformações asfálticas, ocorridas tanto pelo excesso de betume, bem com pelo excesso de peso das cargas transportadas, devido a ausência de fiscalização por meio de balanças nas rodovias federais.

3.3 Falhas de manutenção em obras concluídas ou paralisadas: as obras de restauração da BR-116 (PG-158/93) ocorreram de forma descontínua ao longo dos anos, sendo que os primeiros trechos restaurados já necessitam de nova restauração concomitantemente com a dos últimos trechos.

Ao final, a equipe de auditoria, corroborada pelo Secretário de Controle Externo, propôs que este Tribunal:

a) determine ao Dnit que:– observe, nas futuras licitações referentes a obras em rodovias federais, a determinação

contida na Decisão nº 773/2002 – Plenário, que trata da exigência de que já nas licitações os projetos básico e executivo estejam suficientemente detalhados, compreendendo a totalidade dos serviços e adequados ao trecho que se visa construir;

– envide esforços para dotar os trechos da BR-365, km 0 ao km 180,1 e BR-116, Div. BA/MG – Div. MG/RJ, km 148 ao 202,2 com balanças, como forma de se evitar o excesso de peso das cargas transportadas naquelas rodovias e a consequente deterioração da pistas;

– em relação às obras da rodovia BR-116 (Div. BA/MG – Div. MG/RJ – km 148 ao km 202,2 – Contrato PG-158/93) promova a revisão do projeto executivo, elaborado há mais de 16 anos, de forma a adequá-lo às atuais condições da rodovia e às normas técnicas em vigor e evite a descontinuidade das obras para que possa haver a conclusão do trabalho proposto.

162

Page 163: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

É o Relatório.

VOTO

Ante os fatos constatados pela equipe de auditoria, acolho a proposta uniforme constante dos autos e Voto por que seja adotado o Acórdão que ora submeto à consideração deste Colegiado.

TCU, Sala das Sessões Ministro Luciano Brandão Alves de Souza, em 09 de julho de 2003.

ADYLSON MOTTAMinistro-Relator

ACÓRDÃO Nº 845/2003 – TCU – Plenário

1.Processo TC 006.718/2003-52. Grupo I, Classe de Assunto V – Relatório de Levantamento de Auditoria (Fiscobras 2003)3.Interessado: Congresso Nacional4. Entidade: Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes – DNIT5.Relator: Ministro Adylson Motta6. Representante do Ministério Público: não atuou7. Unidade Técnica: Secex/MG8.Advogado constituído nos autos: não consta

9. Acórdão:VISTOS, relatados e discutidos estes autos de Relatório de Levantamento de Auditoria

realizado no programa de trabalho PT 26.782.0220.2834.0031 – Restauração de Rodovias Federais no Estado de Minas Gerais, com o objetivo de prestar informações ao Congresso Nacional de modo a subsidiar os trabalhos da Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização.

ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão Plenária, ante as razões expostas pelo Relator, em:

9.1. determinar ao Departamento Nacional de Infra-estrutura de Transportes que:9.1.1 observe a determinação contida na Decisão nº 773/2002 – Plenário/TCU, no sentido de

somente realizar licitação de obras quando os projetos executivo e básico estiverem suficientemente detalhados, compreenderem a totalidade dos serviços e estiverem adequados ao trecho que se visa construir, evitando a necessidade de revisões generalizadas de projetos e a realização de obras com projetos diferentes dos que foram utilizados na licitação para contratação de empreiteira;

9.1.2 envide esforços para dotar os trechos da BR-365, km 0 ao km 180,1 e BR-116, Div. BA/MG – Div. MG/RJ, km 148 ao 202,2 com balanças, como forma de se evitar o excesso de peso das cargas transportadas naquelas rodovias e a conseqüente deterioração da pistas;

9.1.3 promova, em relação às obras da rodovia BR-116 (Div. BA/MG – Div. MG/RJ – km 148 ao km 202,2 – Contrato PG-158/93), a revisão do projeto executivo, elaborado há mais de 16 anos, de forma a adequá-lo às atuais condições da rodovia e às normas técnicas em vigor.

9.2 comunicar à Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização do Congresso Nacional que as irregularidades constatadas no âmbito do PT 26.782.0220.2834.0031 – Restauração de Rodovias Federais no Estado de Minas Gerais, especificamente no tocante aos Contratos UT-06-0004/02-00, PD/6-0024/01-00 e PD/6-0025/01-00, referentes aos lotes 1, 2 e 3 da BR-365 (Entr-122/135/251 – Montes Claros e Entr. MG-161, km 0 ao 180,1 e km 64,0 ao km 118,8, extensão 53,9 km) e Contrato PG -158/93-00, relativo às obras de restauração da rodovia BR-116 (km 148 ao 202,2, extensão 54,2 km), não se enquadram naquelas previstas no § 2º do art. 86 da Lei nº 10.524/2002, encaminhando-lhe cópia desta decisão, bem como do relatório e do voto que a fundamentam.

10. Ata nº 26/2003 – Plenário11. Data da Sessão: 9/7/2003 – Ordinária

163

Page 164: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

12. Especificação do quorum:12.1. Ministros presentes: Valmir Campelo (Presidente), Marcos Vinicios Vilaça, Iram

Saraiva, Humberto Guimarães Souto, Adylson Motta (Relator), Walton Alencar Rodrigues, Guilherme Palmeira, Benjamin Zymler e o Ministro-Substituto Lincoln Magalhães da Rocha.

12.2. Auditores presentes: Augusto Sherman Cavalcanti e Marcos Bemquerer Costa.

VALMIR CAMPELOPresidente

ADYLSON MOTTAMinistro-Relator

Fui presente:

PAULO SOARES BUGARINProcurador-Geral, em substituição

GRUPO I – CLASSE V – PlenárioTC 007.470/2003-3Natureza: Relatório de Levantamento de Auditoria (Fiscobras 2003)Entidade: Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes – DNITInteressado: Congresso NacionalAdvogado constituído nos autos: não consta

Sumário: Fiscobras 2003. Levantamento de auditoria. Indícios de irregularidades verificados em exercícios anteriores. Juntada ao feito em que se procede à apuração das responsabilidades. Ciência à Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização do Congresso Nacional e ao Ministério dos Transportes.

RELATÓRIO

Trata-se de Relatório de Levantamento de Auditoria realizado nas obras de adequação de acessos rodoviários no corredor leste BR-262/ES, em Vitória, no âmbito do Programa de Trabalho 26.782.0230.5734.0001, com o objetivo de prestar informações ao Congresso Nacional para subsidiar os trabalhos da Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização.

Segundo consignou inicialmente a Secex/ES, a obra pretende melhorar o escoamento e a segurança do tráfego no contorno de Vitória/ES, no tocante à ligação do Nordeste com o eixo Rio-São Paulo, bem como em relação ao acesso às cidades do interior do Espírito Santo e ao Estado de Minas Gerais.

Nos exercícios de 1998 e 1999, as dotações orçamentárias para a obra foram alocadas aos PTs nos 16.088.0539.1205.0055 e 16.088.08539.1205.0076, respectivamente, enquanto no exercício de 2000, além do PT 26.782.0230.5734.0001, houve também a alocação de dotações orçamentárias para a obra no PT nº 26.782.0220.2834.0026 (Restauração de Rodovias Federais – Espírito Santo – BR/262-ES – Restauração do Trecho km 0,0 – km 71,5).

As principais constatações da equipe de auditoria foram as seguintes (fls. 09-20):

i) quanto aos projetos básicosObservou a Unidade Técnica que, embora exigida, a obra ainda não possuía licença

ambiental, bem assim que foram observadas divergências significativas entre o projeto básico/executivo e a construção, decorrentes das alterações introduzidas nas Revisões de Projeto em Fase de Obras, ocasião em que foram acrescentados novos serviços e outros foram redimensionados, em especial a terraplenagem e a drenagem.

164

Page 165: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

Dessa forma, o valor total do contrato, inicialmente estabelecido em R$ 10.759.265,50, a preços de dezembro/97, passou, após a 4ª Revisão, para R$ 13.403.604,38, também a preços de dezembro/97 (fls. 09/10).

ii) quanto à execução físicaInforma a Unidade Técnica que a obra está paralisada, tendo-se previsto a sua conclusão para

a data de 02/09/2003, considerando o seu reinício em 02/06/2003 e a necessidade de um prazo adicional de três meses para a execução dos serviços ainda não realizados.

A execução realizada até a data da vistoria apresentou o seguinte resultado: 96% da Terraplenagem, 97% da Pavimentação, 67% das OAE, 96% das OAC/Drenagem, 58% da Sinalização, 92% das Obras Complementares e 24% das Medidas de Proteção Ambiental (fls. 10/11).

iii) quanto à execução financeira/orçamentária:

Desembolso (em R$)Origem Ano Valor Orçado Valor Liquidado Créditos Autorizados

União 2003 0,00 0,00 0,00União 2002 0,00 0,00 0,00União 2001 0,00 0,00 0,00União 2000 8.025.000,00 4.927.876,16 0,00União 1999 4.585.049,00 4.585.049,00União 1998 4.525.377,44 4.525.377,44

O valor estimado para a conclusão das obras é de R$ 1.680.000,00, considerando-se o reajustamento de preços até abril de 2003. O DNIT-17º UNIT/ES informou já existir projeto aprovado, aguardando licitação, para a realização de outras obras relacionadas ao trecho da BR-262/ES objeto deste relatório (implantação de ruas laterais e obras de artes especias, no segmento do km 3,0 ao km 13,3), com valor orçado em R$ 10.498.271,34, a preços de Setembro/2002.

iv) quanto aos contratos:a) Contrato: PG-018/98Objeto do Contrato: Execução da Obras de Melhoramentos e restauração, com duplicação de

via, restauração da pista existente, na BR-262/ES, trecho km 10,1 – km 19,3Vigência atual: a partir de 21/03/1998Valor: R$ 13.403.876,70Contratada: CONSTRUTORA ATERPA LTDASituação: Suspenso

– indícios de irregularidades no contrato:

1) Tipo: Superfaturamento Classificação: GraveDescrição: Até a 27ª Medição foram medidos, a preços iniciais, R$ 12.580.572,62, enquanto o

valor estimado, com base nos preços unitários do SICRO de Dez/97, mês base da proposta, foi de R$ 10.649.717,09, o que corresponde a superfaturamento de R$ 1.930.855,52, que, acrescentando os reajustamentos pagos, atinge R$2.113.872,04.

2) Tipo: Sobrepreço Classificação: GraveDescrição: Tomando-se por base os preços SICRO de Dezembro/1997, ajustado para as

condições da obra, foi constatado, na sua contratação,um sobrepreço de R$ 633.195,91, correspondente a 6,3% do preço estimado. Durante a execução da obra, foram realizadas algumas Revisões de Projeto em Fase de Obras, que resultaram na alteração dos quantitativos iniciais, acarretando um sobrepreço, na 4ª Revisão, de R$ 1.913.747,93, correspondente a 16,7% da nova estimativa de preços.

Preço contratado: R$ 10.759.265,50....Preço Estimado: R$ 10.126.069,54....Var.: R$ 633.195,91Preço na 4ª Rev.: R$ 13.403.604,35....

165

Page 166: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

Preço Estimado: R$ 11.489.856,42....Var.: R$ 1.913.747,93

3) Tipo: Irregularidades graves em preços ou pagamentosClassificação: GraveDescrição: Na 19ª Medição, relativa ao mês de dezembro/1999, foram incluídos serviços

relativos a meses anteriores, cujo índice de reajustamento é significativamente menor do que o de dezembro, ocasionando um reajustamento a maior de R$ 197.306,61.

Relativamente a esses três indícios de irregularidades, a Unidade Técnica consignou, uniformemente, que não considera recomendável o prosseguimento da obra ou serviço, ponderando que a execução do contrato está vedada desde o exercício de 2001 (art. 14, Lei nº 10.171/2001) e que tais indícios de irregularidades já estão sendo tratados no TC 010.475/2001-5.

No âmbito da Secex/ES, as alegações de defesa apresentadas pelos responsáveis foram rejeitadas, havendo o Relator do TC 010.475/2001-5 encaminhado o feito à SECOB, para pronunciamento conclusivo quanto aos valores dos débitos que seriam decorrentes das irregularidades de sobrepreço, superfaturamento e reajustamento indevido levantadas no referido processo.

Além disso, consignou a Unidade Técnica que a parte da obra pendente de conclusão (alças de acesso ao viaduto na estaca 300, a ser licitado, e alças de acesso à passagem inferior na estaca 191, lado esquerdo) depende de desapropriações ainda não concluídas e não interferem significativamente no fluxo de veículos da rodovia.

b) Nº Contrato: PD-17 – 012/2000

Objeto do Contrato: Execução dos Serviços de Supervisão e Consultoria nas Obras de Restauração com Melhoramentos da BR-262/ES, segmento: km 10,1 – km 19,3.

Situação Atual: SuspensoValor Atual: R$ 143.323,69Vigência Atual: 18/12/2000 a 16/07/2001Data-Base: 31/07/2000Contratado: ECR – Sociedade Civil de Engenharia e Consultoria

A Unidade Técnica não fez qualquer consideração no tocante a esse contrato.A equipe de auditoria, após observar que as obras em questão já foram objeto de fiscalização

nos exercícios de 2001 e 2002, tendo sido observados indícios de irregularidades graves, propõe o apensamento do presente feito ao TC 010.475/2001-5 (fl. 17).

O Secretário de Controle Externo manifestou-se de acordo (fl. 27).É o Relatório.

VOTO

Consoante exposto no Relatório precedente, os indícios de irregularidades graves verificados nestes autos já estão sendo apurados no TC 010.475/2001-5, tendo, inclusive, sido realizada a audiência dos responsáveis. As alegações de defesa apresentadas tiveram proposta de rejeição por parte da Secex/ES, havendo o Relator daquele feito submetido a matéria à consideração da SECOB, para pronunciamento no tocante aos valores dos débitos decorrentes das irregularidades de sobrepreço, superfaturamento e reajustamento indevido contatadas.

A Unidade Técnica consignou, ainda, que a execução do contrato está vedada desde o exercício de 2001 (art. 14, Lei nº 10.171/2001), não sendo, de conseguinte, recomendável o prosseguimento da obra ou serviço.

Nessas condições é de se acolher a proposta uniforme da Secex/ES no sentido da juntada do presente feito ao TC 010.475/2001-5

166

Page 167: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

Ante o exposto, Voto por que seja adotado o Acórdão que ora submeto à consideração deste Colegiado.

TCU, Sala das Sessões Ministro Luciano Brandão Alves de Souza, em 09 de julho de 2003.

ADYLSON MOTTAMinistro-Relator

ACÓRDÃO Nº 846/2003 – TCU – Plenário

1.Processo TC 007.470/2003-32. Grupo I, Classe de Assunto V – Relatório de Levantamento de Auditoria (Fiscobras 2003)3.Interessado: Congresso Nacional4.Entidade: Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes – DNIT5.Relator: Ministro Adylson Motta6. Representante do Ministério Público: não atuou7. Unidade Técnica: Secex/ES8.Advogado constituído nos autos: não consta

9. Acórdão:VISTOS, relatados e discutidos estes autos de Relatório de Levantamento de Auditoria,

realizado nas obras de adequação de acessos rodoviários no corredor leste BR-262/ES, em Vitória, no âmbito do Programa de Trabalho 26.782.0230.5734.0001, com o objetivo de prestar informações ao Congresso Nacional para subsidiar os trabalhos da Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização,

ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão Plenária, ante as razões expostas pelo Relator, em:

9.1 dar ciência à Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização do Congresso Nacional de que o Contrato PG-018/98 está com a sua execução vedada desde o exercício de 2001 (art. 14 da Lei nº 10.171/2001), estando sendo apurados nos autos do TC 010.475/2001-5 os indícios de irregularidades verificados;

9.2. encaminhar cópia deste Acórdão, bem como do Relatório e Voto que o fundamentam, à Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização do Congresso Nacional e ao Ministério dos Transportes; e

9.3. juntar os presentes autos ao TC 010.475/2001-5.

10. Ata nº 26/2003 – Plenário11. Data da Sessão: 9/7/2003 – Ordinária12. Especificação do quorum:12.1. Ministros presentes: Valmir Campelo (Presidente), Marcos Vinicios Vilaça, Iram

Saraiva, Humberto Guimarães Souto, Adylson Motta (Relator), Walton Alencar Rodrigues, Guilherme Palmeira, Benjamin Zymler e o Ministro-Substituto Lincoln Magalhães da Rocha

12.2. Auditores presentes: Augusto Sherman Cavalcanti e Marcos Bemquerer Costa.

VALMIR CAMPELOPresidente

ADYLSON MOTTAMinistro-Relator

Fui presente:

PAULO SOARES BUGARINProcurador-Geral, em substituição

167

Page 168: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

GRUPO I - CLASSE V - PLENÁRIOTC 004.684/2003-6

NATUREZA: Relatório de AuditoriaENTIDADE: Furnas Centrais Elétricas S.A. - FurnasRESPONSÁVEL: José Pedro Rodrigues de Oliveira, Diretor-Presidente

SUMÁRIO: Relatório de Auditoria. Fiscobras/2003. Implantação de ciclo combinado na Usina Termelétrica Santa Cruz/RJ. Determinação para registro dos contratos no Siasg. Comunicação à Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização do Congresso Nacional.

Trata-se de Relatório de Auditoria nas obras de implantação de ciclo combinado na Usina Termelétrica Santa Cruz/RJ, vinculadas ao programa de trabalho 25.752.0296.3414.0033, realizada em conformidade com o Plano de Auditoria 2003/1.

Destaca a equipe de auditoria que com essa obra a potência instalada da usina será ampliada de 600 MW para 950 MW, com a instalação de 2 (dois) turbogeradores a gás (175 MW cada).

Apesar de ainda não obtida a licença ambiental do empreendimento, Furnas vem adotando todas as medidas exigidas pela Comissão Estadual de Controle Ambiental – Ceca, conforme exposto na Deliberação 4.227/2002/Ceca.

Até o mês de fevereiro de 2003, foram realizados 42,98% do total da obra, estando prevista para 15.8.2004 sua conclusão e estimados gastos adicionais da ordem de R$ 89.553.257,00.

Os contratos associados ao presente Plano de Trabalho estão relacionados a seguir:Nº Contrato: 13959Data da Assinatura: 1º.2.02CNPJ Contratada: 01.914.288/0001-72Razão Social: Consórcio Fiatengineering - IvaíVigência Inicial: 1º.2.02 a 31.7.04Valor Inicial: R$ 297.344.028,26Objeto do Contrato: Prestação dos serviços de engenharia, suprimento, construção civil,

montagem, fornecimento de materiais, equipamentos e sistemas, comissionamento referente à implantação da modernização e ampliação da UTE Santa Cruz, de acordo com o detalhamento do escopo dos serviços e os requisitos técnicos contidos nas especificações técnicas fornecidas por Furnas, para operação em ciclo combinado, em regime de empreitada por preço global, incluindo ainda a administração do empreendimento, vigilância, armanezamento e fornecimento de todos os materiais, consumíveis ou não, e necessários à construção do empreendimento.

Nº Contrato: 13853Data da Assinatura: 30.11.01CNPJ Contratada:Razão Social: Siemens Westinghouse Power CorporationVigência Inicial: 30.11.01 a 30.11.04Valor Inicial: R$ 205.788.082,80Objeto do Contrato: Contratação de fornecimento de equipamento e sistema,

compreendendo, em termos gerais: 2 turbo-geradores a gás tipo W501F usando gás natural como combustível principal e óleo diesel como combustível alternativo; 2 (duas) chaminés de desvio com silenciador, damper e desvio, todas juntas necessárias para completar o sistema de exaustão das turbinas; peças sobressalentes padrão; ferramentas especiais e assessórios; garantias do fornecedor.

Observações:1. O valor informado refere-se ao valor contratado de US$ 84,676,000.00, convertido à taxa

cambial de 2,4303000. Desse valor, já foram pagos: R$ 20.578.808,28 em 10.12.01 (US$ 8,467,600.00, taxa cambial: 2,4303000; R$ 11.834.656,46 em 26.12.01 (US$ 5,080,560.00, taxa cambial: 2,3294000); R$ 70.179.468,80 em 2.1.02 (US$ 29,636,600.00, taxa cambial: 2,3680000);

168

Page 169: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

R$ 24.735.214,42 em 1º.2.02 (US$ 10,161,120.00, taxa cambial: 2,4343000); R$ 6.059.075,86 em 1º.3.02 (US$ 2,540,280.00, taxa cambial: 2,3852000); R$66.988.199,71 em jan/03 (US$ 20,322,240.00, taxa cambial: 3,2963); R$ 15.110.432,20 em fev/03 (US$ 4,233,800.00, taxa cambial: 3,5690).

Nº Contrato:13930CNPJ Contratada: 45.022.415/0001-02Razão Social:Bauruense Serviços Gerais Ltda.Vigência Atual: 6.2.02 a 5.2.04Valor Atual: R$ 16.536.804,59Objeto do Contrato: Serviços complementares nas Usinas Termelétricas e respectivas

Subestações, no Estado do Rio de Janeiro, no âmbito da Superintendência de Empreendimentos de Geração e do Departamento de Construção de Geração Térmica.

De acordo com a equipe de auditoria não foram apuradas irregularidades nos contratos examinados. A única pendência diz respeito ao não cadastramento no Siasg dos contratos em andamento, conforme exigido pelo art. 18 da Lei 10.524/2002 (LDO/2003).

É o relatório.

VOTO

Conforme exposto no relatório, não foram detectadas irregularidades nos contratos examinados. Sem embargo, repetindo falha presente em todas as empresas estatais, decorrente de ausência de orientação do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, observou-se que os contratos em vigor não estão regularmente registrados no Siasg, conforme exige o art. 18 da Lei 10.524/2002 (LDO/2003).

Diante disso, cabe determinar à entidade que providencie o cadastramento dos contratos no Siasg, comunicando-se à Comissão Mista de Orçamento a situação encontrada.

Ante o exposto, acolho os pareceres e VOTO por que o Tribunal aprove o ACÓRDÃO que ora submeto à apreciação deste Plenário.

Sala das Sessões, em 9 de julho de 2003.

Walton Alencar RodriguesMinistro-Relator

ACÓRDÃO N° 847/2003 – TCU – PLENÁRIO

1. Processo TC 004.684/2003-62. Grupo I - Classe V – Relatório de Auditoria.3. Responsável: José Pedro Rodrigues de Oliveira, Diretor-Presidente.4. Entidade: Furnas Centrais Elétricas S.A. - Furnas.5. Relator: Ministro Walton Alencar Rodrigues.6. Representante do Ministério Público: Não atuou.7. Unidade técnica: Secex/RJ.8. Advogado constituído nos autos: não consta.

9. Acórdão:VISTOS, relatados e discutidos estes autos que tratam de Auditoria nas obras de implantação

de ciclo combinado na Usina Termelétrica Santa Cruz/RJ, vinculadas ao programa de trabalho 25.752.0296.3414.0033, realizada em conformidade com o Plano de Auditoria 2003/1,

169

Page 170: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão do Plenário, ante as razões expostas pelo Relator e com fundamento nos artigos 1º, inciso II, e 41, inciso I, da Lei 8.443/92, em:

9.1. determinar à entidade que providencie o registro de todos os contratos em andamento no Siasg, nos termos do art. 18 da Lei 10.524/2002 – LDO/2003; e

9.2. encaminhar cópia desta deliberação, acompanhada do relatório e voto que a fundamentam, à Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização do Congresso Nacional, esclarecendo que não foram identificadas irregularidades relacionadas ao Programa de Trabalho 25.752.0296.3414.0033.

10. Ata nº 26/2003 – Plenário11. Data da Sessão: 9/7/2003 – Ordinária12. Especificação do quorum:12.1. Ministros presentes: Valmir Campelo (Presidente), Marcos Vinicios Vilaça, Iram

Saraiva, Humberto Guimarães Souto, Adylson Motta, Walton Alencar Rodrigues (Relator), Guilherme Palmeira, Benjamin Zymler e o Ministro-Substituto Lincoln Magalhães da Rocha

12.2. Auditores presentes: Augusto Sherman Cavalcanti e Marcos Bemquerer Costa.

VALMIR CAMPELOPresidente

WALTON ALENCAR RODRIGUESMinistro-Relator

Fui presente:

PAULO SOARES BUGARINProcurador-Geral, em substituição

GRUPO I– CLASSE V – PLENÁRIOTC 005.196/2003-4

NATUREZA: Relatório de Auditoria.ENTIDADE: Companhia Energética do Amazonas.INTERESSADO: Congresso Nacional.

SUMÁRIO: Fiscobras 2003. Obras de ampliação da capacidade do Parque de Geração Térmica de Energia Elétrica no Estado do Amazonas. Ausência de cadastramento de contratos no Sistema Integrado de Administração de Serviços Gerais/Siasg. Ciência à Presidência do Congresso Nacional e à Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização do Congresso Nacional. Determinação à entidade.

Cuida-se de Relatório de Auditoria realizada pela Secex/AM, no período de 27.3 a 23.5.2003, objetivando verificar a execução das obras de ampliação da Capacidade do Parque de Geração Térmica de Energia Elétrica no Estado do Amazonas, Programa de Trabalho nº 25.752.0297.3267.0013, em cumprimento ao subitem 9.1 do Acórdão 171/2003-TCU-Plenário (sessão de 26.2.2003), referente ao Fiscobras 2003.

A importância socioeconômica do empreendimento consiste em ampliar o universo de usuários regulares de energia elétrica confiável e de boa qualidade, mediante o incremento de grupos-geradores movidos a óleo diesel a serem distribuídos em diversos municípios do interior do Amazonas.

A execução do empreendimento compreende duas grandes aquisições: 1ª) 7 grupos-geradores do fabricante Cummins, com potência de 1.120 KW cada, e 16 grupos-geradores da marca Perkins,

170

Page 171: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

com potência de 582 KW cada; e 2ª) 31 grupos-geradores, cuja potência perfaz o montante de 38 MW.

À data da vistoria realizada pela Secex/AM, ocorrida em 16.5.2003, foi verificada a aquisição de 23 grupos-geradores, já instalados, e de 31 grupos-geradores, ainda em fase de recebimento.

No que se refere à execução financeiro-orçamentária, registra a equipe de auditoria que os recursos do Orçamento da União de 2003 consignados ao empreendimento prevêem o montante de R$ 79.680.000,00, dos quais foram liquidados R$ 106.717,05. Estima-se, para a conclusão do programa de trabalho, o montante de R$ 41.235.760,93.

Para a realização do empreendimento foram celebrados os seguintes contratos:Contrato 112/2002, firmado em 5.06.02:a) empresa contratada: Leon Heimer Indústria e Comércio Ltda.;b) valor: US$ 2,141,760.00;c) vigência: 5.6 a 19.8.02;d) objeto: fornecimento de 16 grupos geradores de energia elétrica movidos a óleo diesel,

marca Perkins, modelo 3012TAG3A, com potência de 582 KW cada;e) situação encontrada: contrato concluído, tendo os geradores sido instalados nas localidades

previstas;Contrato 113/2002, firmado em 29.5.02:a) empresa contratada: Powertech Comercial Ltda.;b) valor: US$ 1,587,761.00;c) vigência: 29.5 a 12.8.02;d) objeto: fornecimento de 7 grupos geradores de energia elétrica movidos a óleo diesel,

marca Cummins, modelo DFLE-KTA50-G9, com potência de 1120 KW cada;e) situação encontrada: contrato concluído, tendo os geradores sido instalados nas localidades

previstas;Contrato 352/2002, firmado em 27.11.02:a) empresa contratada: Eram Estaleiro Rio Amazonas Ltda.;b) valor: R$ 375.000,00;c) vigência: 27.11.02 a 27.1.2003;d) objeto: fornecimento e instalação de 8 tanques cilíndricos de aço carbono para

armazenamento de combustível, com capacidade de 20 m³, 50 m³ e 100 m³, destinados às localidades de Anamã, Axinim, Caburi, Manicoré, Maués, Novo Aripuanã, Vila Urucurituba e Zé Açu, todas no interior do Amazonas;

e) situação encontrada: contrato em andamento. Segundo informação prestada pela Companhia Energética do Amazonas, há recurso judicial contra o resultado da licitação (fl. 43);

Contrato 373/2002, firmado em 7.2.2003:a) empresa contratada: Komatsu Brasil International Ltda.;b) valor: R$ 4.463.242,40;c) vigência: 7.2 a 7.6.2003;d) objeto: fornecimento e instalação de 10 grupos geradores de energia elétrica movidos a

óleo diesel, marca Komatsu, modelo EGS1000-3, com potência de 700 KW cada;e) situação encontrada: contrato em andamento;Contrato 374/2002, firmado em 7.2.2003:a) empresa contratada: Cummins Incorporated;b) valor : US$ 3,468,180.00;c) vigência: 7.2 a 7.6.2003;d) objeto: fornecimento e instalação de 15 grupos geradores de energia elétrica movidos a

óleo diesel, marca Cummins, modelo 1500DFLE, com potência máxima de 1500 KW cada;e) situação encontrada: contrato em andamento;Contrato 375/2002, firmado em 7.2.2003:a) empresa contratada: Caterpillar Inc.;b) valor: US$ 4,684,530.00;c) vigência: 7.2 a 7.8.2003;

171

Page 172: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

d) objeto: fornecimento e instalação de 6 grupos geradores de energia elétrica movidos a óleo diesel, marca Caterpillar, modelo 3608DITA, com potência de 2.000 KW cada;

e) situação encontrada: contrato em andamento.Não foram identificadas irregularidades graves que recomendassem a paralisação das obras e

serviços.Registra, por fim, a Secex/AM, que a Companhia Energética do Amazonas não efetuou o

registro dos ajustes apontados no Sistema Integrado de Administração de Serviços Gerais – Siasg, conforme determina o art. 18 da Lei 10.524/2002 – LDO/2003, razão pela qual propõe, em pareceres uniformes, determinação àquela entidade para que proceda ao cadastramento dos contratos no referido sistema, em atendimento ao dispositivo legal indicado.

É o relatório.

VOTO

Ressalva a Secex/AM a ocorrência de falha sistemática na administração dos contratos firmados pela Companhia Energética do Amazonas, concernente à ausência de registro no Sistema Integrado de Administração de Serviços Gerais/Siasg, conforme dispõe o art. 18 da Lei 10.524/2002 (LDO/2003).

Não foram observados indícios de irregularidade grave que possam conduzir à paralisação cautelar das obras, a que alude o art. 86, § 2º, da Lei 10.524/2002. Remanesce, porém, a necessidade de os responsáveis adotarem providências saneadoras quanto aos SIASG.

Ante o exposto, acolho a proposta da unidade técnica e VOTO por que o Tribunal aprove o ACÓRDÃO que ora submeto à apreciação deste Plenário.

Sala das Sessões, em 9 de julho de 2003.

Walton Alencar RodriguesMinistro-Relator

ACÓRDÃO Nº 848/2003 – TCU – PLENÁRIO

1. Processo TC 005.196/2003-42. Grupo I - Classe V - Levantamento de Auditoria.3. Entidade: Companhia Energética do Amazonas.4. Interessado: Congresso Nacional.5. Relator: Ministro Walton Alencar Rodrigues.6. Representante do Ministério Público: não atuou.7. Unidade técnica: Secex/AM.8. Advogado constituído os autos: não consta.

9. Acórdão:VISTOS, relatados e discutidos estes autos de levantamento de auditoria realizada, no período

de 27.3 a 23.5.2003, nas obras de ampliação da Capacidade do Parque de Geração Térmica de Energia Elétrica, no Estado do Amazonas,

ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão Plenária, ante as razões expostas pelo Relator, em:

9.1. informar à Presidência do Congresso Nacional e à Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização do Congresso Nacional, enviando-lhes cópia desta deliberação, bem como do relatório e voto que a fundamentam, que, no presente Levantamento de Auditoria, não foram verificados indícios de irregularidade grave nas obras de ampliação da Capacidade do Parque de Geração Térmica de Energia Elétrica, no Estado do Amazonas, referentes ao Programa de Trabalho 25.752.0297.3267.0013, do Orçamento da União de 2003, e

172

Page 173: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

9.2. determinar à Companhia Energética do Amazonas que efetue o cadastro, no Sistema Integrado de Administração de Serviços Gerais/Siasg, das informações referentes a todos os contratos firmados pela entidade, consoante determina o art. 18 da Lei 10.524, de 25.7.02 (LDO/2003).

10. Ata nº 26/2003 – Plenário11. Data da Sessão: 9/7/2003 – Ordinária12. Especificação do quorum:12.1. Ministros presentes: Valmir Campelo (Presidente), Marcos Vinicios Vilaça, Iram

Saraiva, Humberto Guimarães Souto, Adylson Motta, Walton Alencar Rodrigues (Relator), Guilherme Palmeira, Benjamin Zymler e o Ministro-Substituto Lincoln Magalhães da Rocha

12.2. Auditores presentes: Augusto Sherman Cavalcanti e Marcos Bemquerer Costa.

VALMIR CAMPELOPresidente

WALTON ALENCAR RODRIGUESMinistro-Relator

Fui presente:

PAULO SOARES BUGARINProcurador-Geral, em substituição

GRUPO I – CLASSE V – PlenárioTC 005.536/2003-8Natureza: Relatório de AuditoriaEntidades: Universidade Federal do Rio de Janeiro, Universidade Federal Fluminense,

Fundação Universidade do Rio de Janeiro, Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro e Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca

Interessado: Congresso NacionalAdvogado constituído nos autos: não há

Sumário: Levantamento de Auditoria. Fiscobras 2003. Modernização e recuperação da infra-estrutura física das instituições federais de ensino superior e dos hospitais de ensino do estado do Rio de Janeiro. Obras ainda não iniciadas. Não-identificação de irregularidades. Arquivamento. Ciência ao Congresso Nacional.

Cuidam os autos de levantamento de auditoria, realizado no âmbito do Fiscobras, no período de 21/03 a 08/04/2003, tendo por escopo o programa de trabalho nº 12.364.0041.5081.0174, relativo à “modernização e recuperação da infra-estrutura física das instituições federais de ensino superior e dos hospitais de ensino do estado do Rio de Janeiro” . As ações de fiscalização foram desenvolvidas junto à Universidade Federal do Rio de Janeiro, à Universidade Federal Fluminense, à Fundação Universidade do Rio de Janeiro, à Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro e ao Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca.

Do relatório produzido pela equipe da Secex-RJ, encarregada dos trabalhos, destacam-se as seguintes principais informações:

- para a execução do programa, foram autorizados créditos no montante de R$ 5.900.000,00 (cinco milhões e novecentos mil reais);

- contudo, não há ainda projetos básicos elaborados, contratos ou convênios assinados, uma vez que não foram ainda repassados recursos pelo Ministério da Educação para as entidades executoras.

Conclusivamente, sugere a Unidade Técnica, em pareceres uniformes, o endereçamento de “determinação às cinco instituições federais de ensino superior do Rio de Janeiro para que

173

Page 174: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

informem ao Tribunal quaisquer movimentações orçamentárias de repasse e execução referentes ao programa de trabalho em tela”.

É o Relatório.

VOTO

Uma vez que a dotação orçamentária estabelecida no programa de trabalho auditado não foi ainda utilizada, e tendo em vista que nenhuma irregularidade foi identificada pela equipe de fiscalização na condução das medidas preliminares a cargo das entidades envolvidas, entendo pertinente o arquivamento dos presentes autos, sem prejuízo de que a Secex-RJ continue a acompanhar o desdobramento das ações alusivas ao empreendimento.

Assim, VOTO no sentido de que o Tribunal adote a deliberação que ora submeto a este Colegiado.

Sala das Sessões Ministro Luciano Brandão Alves de Souza, em 09 de julho de 2003.

GUILHERME PALMEIRAMinistro-Relator

ACÓRDÃO Nº 849/2003 – TCU – Plenário

1. Processo nº TC 005.536/2003-82. Grupo I; Classe de Assunto: V – Relatório de Auditoria3. Interessado: Congresso Nacional4. Entidades: Universidade Federal do Rio de Janeiro, Universidade Federal Fluminense,

Fundação Universidade do Rio de Janeiro, Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro e Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca

5. Relator: Ministro Guilherme Palmeira6. Representante do Ministério Público: não atuou7. Unidade Técnica: Secretaria de Controle Externo no Estado do Rio de Janeiro (Secex-RJ)8. Advogado constituído nos autos: não há

9. Acórdão:Vistos, relatados e discutidos estes autos de auditoria, realizada no âmbito do Fiscobras, no

período de 21/03 a 08/04/2003, tendo por escopo o programa de trabalho nº 12.364.0041.5081.0174, relativo à “modernização e recuperação da infra-estrutura física das instituições federais de ensino superior e dos hospitais de ensino do estado do Rio de Janeiro”;

ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão Plenária, ante as razões expostas pelo Relator, em:

9.1. determinar à Secex-RJ que acompanhe o desdobramento das ações alusivas ao programa de trabalho nº 12.364.0041.5081.0174, representando ao Tribunal em caso de eventual identificação de irregularidades;

9.2. remeter cópia desta deliberação, bem como do Relatório e do Voto que a fundamentam, à Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização do Congresso Nacional, para conhecimento;

9.3. determinar o arquivamento dos autos.

10. Ata nº 26/2003 – Plenário11. Data da Sessão: 9/7/2003 – Ordinária12. Especificação do quorum:12.1. Ministros presentes: Valmir Campelo (Presidente), Marcos Vinicios Vilaça, Iram

Saraiva, Humberto Guimarães Souto, Adylson Motta, Walton Alencar Rodrigues, Guilherme Palmeira (Relator), Benjamin Zymler e o Ministro-Substituto Lincoln Magalhães da Rocha

12.2. Auditores presentes: Augusto Sherman Cavalcanti e Marcos Bemquerer Costa.

174

Page 175: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

VALMIR CAMPELOPresidente

GUILHERME PALMEIRAMinistro-Relator

Fui presente:

PAULO SOARES BUGARINProcurador-Geral, em substituição

GRUPO I – CLASSE V – PlenárioTC 006.824/2003-8Natureza: Relatório de AuditoriaEntidades: Universidade Estadual de Ponta Grossa/PR e Faculdade Estadual de Ciências e

Letras de Campo Mourão/PRInteressado: Congresso NacionalAdvogado constituído nos autos: não há

Sumário: Fiscobras 2003. Fiscalização de Programa de Trabalho referente ao apoio a entidades de ensino superior não federais. Ausência de irregularidades graves. Obras concluídas. Determinação. Ciência à Presidência do Congresso Nacional e à Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização do Congresso Nacional. Arquivamento.

Cuidam os autos de Relatório de Auditoria inserida no Fiscobras, efetuada pela SECEX/PR em maio de 2003, em instituições estaduais de ensino superior no Paraná (Universidade Estadual de Ponta Grossa e Faculdade Estadual de Ciências e Letras de Campo Mourão), com vistas a verificar a execução do Programa de Trabalho 12.364.0041.0048.0152, referente à execução de infra-estrutura física de universidades estaduais no Estado do Paraná.

Segundo registros efetivados pela equipe, os recursos federais transferidos pelo Ministério da Educação às referidas entidades tiveram por objetivo a construção do prédio da administração central da Universidade de Ponta Grossa e de edifício na Faculdade de Campo Mourão, obras essas já concluídas.

De acordo com a equipe, não foram identificadas irregularidades na execução dos citados empreendimentos.

Conclusivamente, a equipe propôs, com anuência da Secretária, que fosse determinado à Secretaria de Educação Superior-SESU/MEC “que, em cumprimento ao disposto na Lei nº 10.524, de 27/07/2002 (LDO 2003), art. 18, §§ 1º e 2º, disponibilize no Sistema Integrado de Serviços Gerais - SIASG as informações referentes aos contratos e convênios firmados, para fins de adequar os relacionamentos com os respectivos Programas de Trabalho”.

É o Relatório.

VOTO

Como se pode depreender do Relatório precedente, as obras relativas à execução do programa de trabalho (de nº 12.364.0041.0048.0152) foram concluídas no corrente exercício, não tendo sido apontada nenhuma irregularidade na aplicação dos recursos federais transferidos às instituições estaduais de ensino superior.

A determinação proposta pela Unidade Técnica destina-se à Secretaria de Educação Superior, uma vez que, nos termos verificados, os instrumentos conveniais não haviam sido cadastrados no SIASG, com infringência ao disposto no art. 18 da LDO/2003.

175

Page 176: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

Ante o exposto, acolho, no essencial, as conclusões dos pareceres e Voto no sentido de que seja adotada a deliberação que ora submeto à apreciação deste Plenário.

Sala das Sessões Ministro Luciano Brandão Alves de Souza, em 09 de julho de 2003.

GUILHERME PALMEIRAMinistro-Relator

ACÓRDÃO Nº 850/2003 – TCU – Plenário

1. Processo nº TC 006.824/2003-82. Grupo I; Classe de Assunto: V - Relatório de Auditoria3. Interessado: Congresso Nacional4. Entidades: Universidade Estadual de Ponta Grossa/PR e Faculdade de Ciências e Letras de

Campo Mourão/PR5. Relator: Ministro Guilherme Palmeira6. Representante do Ministério Público: não atuou7. Unidade Técnica: Secretaria de Controle Externo no Estado do Paraná – Secex/PR8. Advogado constituído nos autos: não há

9. Acórdão:VISTOS, relatados e discutidos estes autos de Relatório de Auditoria inserida no Fiscobras,

efetuada pela SECEX/PR em maio de 2003, na Universidade Estadual de Ponta Grossa/PR e na Faculdade de Ciências e Letras de Campo Mourão/PR, com vistas a verificar a execução do Programa de Trabalho 12.364.0041.0048.0152, referente à execução de infra-estrutura física de universidades estaduais no Estado do Paraná.

ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão Plenária, ante as razões expostas pelo Relator, em:

9.1. determinar à Secretaria de Educação Superior do Ministério da Educação que efetue o cadastramento de convênios e contratos no Sistema Integrado de Administração de Serviços Gerais-SIASG, em cumprimento ao disposto no art. 18 da Lei nº 10.524/2002;

9.2. dar ciência desta deliberação, bem como do Relatório e Voto que a fundamentam, à Presidência do Congresso Nacional e à Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização do Congresso Nacional;

9.3. determinar o arquivamento do processo.

10. Ata nº 26/2003 – Plenário11. Data da Sessão: 9/7/2003 – Ordinária12. Especificação do quorum:12.1. Ministros presentes: Valmir Campelo (Presidente), Marcos Vinicios Vilaça, Iram

Saraiva, Humberto Guimarães Souto, Adylson Motta, Walton Alencar Rodrigues, Guilherme Palmeira (Relator), Benjamin Zymler e o Ministro-Substituto Lincoln Magalhães da Rocha

12.2. Auditores presentes: Augusto Sherman Cavalcanti e Marcos Bemquerer Costa.

VALMIR CAMPELOPresidente

GUILHERME PALMEIRAMinistro-Relator

Fui presente:

PAULO SOARES BUGARINProcurador-Geral, em substituição

176

Page 177: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

Grupo I - Classe V - PlenárioTC 015.794/2001-0Natureza: Acompanhamento de Auditoria Operacional.Unidade Jurisdicionada: Secretaria de Políticas Públicas e Emprego do Ministério do

Trabalho e Emprego do Ministério do Trabalho e Emprego – antiga SEFOR.Responsável: Nassim Gabriel Mehedff (Secretário de Políticas Públicas de Emprego – SPPE).

SUMÁRIO: Relatório de Acompanhamento de Auditoria Operacional. Cumprimento do item 8.3-a da Decisão nº 279/2000 - Plenário. Convênios firmados com a Força Sindical, a Central Única dos Trabalhadores (CUT), a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP), a Associação Nacional dos Sindicados Social-Democratas (SDS) e o Instituto Cultural do Trabalho (ICT), no âmbito do Plano Nacional de Qualificação do Trabalhador (PLANFOR), implementados com recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT). Determinações a Secretaria de Políticas Públicas de Emprego do Ministério do Trabalho e Emprego para a adoção de providências. Suspensão dos repasses de recursos às entidades envolvidas. IN/STN 01/97 e Resolução CODEFAT 258/2000. Audiência dos responsáveis. Ciência à Comissão de Orçamentos Públicos e Fiscalização do Congresso Nacional entre outros e ao Secretário de Políticas Públicas de Emprego do Ministério do Trabalho e Emprego (SPPE/TEM).

RELATÓRIO

Adoto como meu o bem elaborado Relatório de Acompanhamento de Auditoria dos dedicados analistas de controle externo, Marco Polo Rios Simões e Simone Valéria Antunes de Sousa Salazar, com cujas conclusões colocam-se de acordo o Sr. Diretor da 3ª Divisão e o Titular da Unidade Técnica, cujos termos consignam:

“Trata-se de acompanhamento/auditoria de convênios firmados no âmbito do Plano Nacional de Qualificação do Trabalhador (Planfor) com a Força Sindical, a Central Única dos Trabalhadores (CUT), a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), a Associação Nacional de Sindicatos Social-Democratas (SDS) e o Instituto Cultural do Trabalho (ICT)6, cujo acompanhamento foi determinado no item 8.3-a da Decisão n° 279/2000-P (fl. 1).

2.Preliminarmente, é necessário esclarecer que houve alteração no objetivo do presente processo, originalmente aberto para o acompanhamento do programa. O Plenário do Tribunal, em Sessão Ordinária de 04/09/2002 (Ata 32), deferiu requerimento do Procurador-Geral, Dr. Lucas Rocha Furtado, determinando a realização de auditoria de conformidade no âmbito desses convênios, cujo relatório deveria integrar o presente processo de acompanhamento (fl. 49 do processo TC 014.588/2002-5 que tratou da representação).

3.Em cumprimento à Decisão Plenária, a Portaria 5ª Secex 136, de 10/03/2003, designou dois analistas para a auditoria7, no período de 20 dias úteis, de 10/03/2003 a 04/04/2003, que foi prorrogado até 11/04/2003.

4.Os trabalhos foram iniciados pela análise da extensa documentação que já havia sido recebida da Secretaria de Políticas Públicas de Emprego do Ministério do Trabalho e Emprego (SPPE) e Corregedoria-Geral da União (CGU), a saber:

diligência realizada junto à SPPE em 26/02/02 (fl. 53), cuja análise de fls. 60 a 73 incorpora-se ao presente relatório;

diligência realizada junto à SPPE em 17/09/02 (fl. 80), cuja resposta ocorreu em 3 etapas, por meio dos Ofícios 1005 de 27/09/2002 (fl. 81), 1059 de 14/10/2002 (fl. 84) e 1120 de 25/10/2002 (fl. 98), documentação que passou a compor os volumes 18 a 29 e 35 a 43;

5.Relatório de Auditoria na Força Sindical concluída em junho de 2002, elaborado pela Secretaria Federal de Controle Interno e encaminhado pela, então, Chefe da CGU, Sra. Anadyr de Mendonça Rodrigues, mediante Aviso CGU-PR 1791, de 04/09/2002 (fl. 99), documentação que passou a compor os volumes 30 a 34.

6 Entidade ligada à Central Geral de Trabalhadores (CGT).7 Registro Fiscalis 159/2003.

177

Page 178: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

O quadro a seguir resume as informações solicitadas na última diligência e a resposta do MTE:INFORMAÇÕES SOLICITADAS RESPOSTA DO MTE

a) Prestações de contas de 2001 dos convênios com a Força Sindical, CUT, Fiesp, SDS e ICT;

Vol. 18 – Força Sindical e SDSVols. 19 e 35 – CUTVol. 20 – Fiesp e ICT

b) Relatórios de acompanhamento/supervisão da execução do programa de 1996 a 2001, contratos firmados e projetos/propostas;

Vol. 21 – Fiesp RA 2001 e Força Sindical RA2001Vol. 22 – ICT RA 2000/2001, contratoVol. 23 – SDS RA 2000/2001, contratoVols. 40/43 – CUT RA 2000/2001A CUT realizou sua própria supervisão (fl. 98)

c) Relatórios de Avaliação Externa e Acompanhamento de Egressos de 1996 a 2001, contratos firmados e projetos/propostas;

Vol. 24 – Fiesp 2000Vol. 18 – Fiesp 2001Vol. 26 – CUT/SDS/ICTVol. 27 – Força Sindical 2000, ICT e SDSNão foram encaminhados documentos relativos aos exercícios de 1996 a 1999

d) Síntese das Avaliações sobre a Execução do Planfor em 2001; Vol. 28

e) Arquivo extraído do banco de dados do Sistema SOP, com os registros eletrônicos do acompanhamento em tempo real feito sobre a execução do Planfor em 2001, contendo os pontos de controle e as providências adotadas pela SPPE e pelas parceiras Força Sindical, CUT, Fiesp, SDS e ICT.

Vol. 29

6.Em 11/05/2001, o Ministro do Trabalho editou a Portaria 377 (fl. 22, vol. 45), instituindo Grupo Especial de Investigação Preliminar - GEIP, vinculado à Secretaria Executiva do MTE, com o objetivo de promover investigações preliminares relacionadas à execução das ações no âmbito do Planfor, por equipe de Auditores Fiscais do Trabalho. Durante visita ao MTE, coletamos relatórios desse Grupo, datados de dezembro de 2002, apontando irregularidades, acompanhadas das justificativas apresentadas por algumas das entidades (fls. 26/171, vol. 45).

7.Tendo em vista a grande quantidade de informações apensada aos autos, os quadros a seguir sistematizam o conteúdo dos volumes 1 a 45:INFORMAÇÕES VOLUMESPrestação de Contas dos Convênios firmados em 2000/2001 1 a 5, 18 a 20, 35 Relatórios de fiscalização/supervisão dos Convênios 2000/2001 6, 21 a 23 e 29Relação de contratos de execução dos convênios em 2000/2001 7 a 9Relação de Pagamentos (Anexo 5) das Prestações de Contas de 1996 a 2001 10 a 17

Relatórios de Avaliação Externa de 2000/2001 24 a 28, 36 a 43Relatório de Auditoria na Força Sindical elaborado pela SFC 30 a 34Informações coletadas durante a auditoria 44 e 45

ÍNDICE DETALHADO DOS VOLUMES POR TIPO DE INFORMAÇÃO SOLICITADAINFORMAÇÕES SOLICITADAS VOLUMES

Prestação de Contas dos Convênios firmados em 2000, 2001 e 2002

1 - Força Sindical 2000 fls. 1-1132 - CUT 2000 fls. 1-2143 – Fiesp 2000 fls. 1-824 – SDS 2000 fls. 1-1085 – ICT 2000 fls. 1-19318 – Força Sindical 2001 fls. 1-173

18 – SDS 2001 fls. 174-27719 – CUT 2001 fls. 1-32620 – Fiesp 2001 fls. 1-8120 – ICT 2001 fls. 82-28935 – CUT 2001 fls. 271-50844 – Contas de 2002

Relatórios de fiscalização/supervisão dos Convênios 2000/2001

6 – Explicações sobre Sigae e SOP fls. 2-56 - Avaliação do Planfor 2000 fls. 7-136 - Ofícios-Circulares da SPPE fls. 15-406 – Rel. de Supervisão: Força Sindical ago/2001 fls. 41-58; SDS jul/2000 fls. 59-63; CUT jun/2001 fls. 64-69 e ICT jul/2001 fls. 70-756 – Diretrizes de Planejamento Planfor 2002 fls. 78-6 – Relatórios Gerenciais Projeto Telessalas fls.21 – Relatórios Gerenciais Projeto Telessalas fls. 2-8021 – Força Sindical ‘Apoio a Gestão’ fls. 82-32021 – Força Sindical Contrato com Fund. Seade. de set/2001 fls. 321-32622 – Rel. Supervisão ICT 2000 e Contrato Ibraes fls. 1-5622 – Contrato ICT ILAM de abr/2001’Apoio a Gestão’ fls. 58-21323 – Contrato SDS ILAM de jul/2000 ‘Apoio a Gestão’ fls. 2-8023 – Contrato SDS ILAM de ago/2001 ‘Apoio a Gestão’ fls. 81-24529 – Relatórios SOP (ICT fl. 1-22; CUT fl. 23-37; FS 39-98)

Contratos com executoras 2000/2001(OBS: Não foram encaminhados os contratos)

7 – Relação de Contratos 2000 fls. 1-54 e 2001 fls. 55-788 – Relação de Executoras por UF9 – Convênios e Termos Aditivos

Relação de Pagamentos (Anexo 5) das Prestações de Contas de 1996 a 2001

10 – ANCA – Assoc. Nac. Cooperação Agrícola 97/200111 – SMSP 98/00; CNM 97/98; CUT 97/200112 – SENAC 99/2000 e 13 – SENAR 98/200114/15 – Diversos convênios de menor expressão16 – Comunidade Solidária 97/200117 – Força Sindical 97/2001, SDS 97/2001, Fiesp 98/2000, ICT 97/200017 – Dieese 97/2001; Contag 97/98

Relatórios de Avaliação Externa de 2000/2001

24/25 – Fiesp 2000 fls. 2-243; Fiesp 2001 fls. 2-308 (Contrato fls. 334/339)26 – Contratos e Projetos 2000/2001 - CUT fls. 2-60; SDS fls. 61-123;26 – Contratos e Projetos 2000/2001 - ICT fls. 124-160; F. Sindical fls. 161-27 – ICT Contrato e Relatório Ibraes 2001 fls. 21-8727 – ICT Relatório parcial Ibraes 2000 fls. 88-15727 – SDS Relatório 2001 DataUNB fls. 159-27728 – Síntese Nacional das Avaliações36 – CUT 2000 Relatório Final fls. 2-354 e outros37 – CUT 2000 Relatório de Supervisão e Acompanhamento fls. 2-32838 – CUT 2000 Relatórios de Avaliação de Programas fls. 1-23539 – CUT 2001 Relatório fls. 1-183; Pesquisa Egressos 2001 fls. 184-33940 – CUT 2001 Pesquisa Egressos 2001 fls. 1-32641 - CUT 2001 Pesquisa Egressos 2001 fls. 1-246

178

Page 179: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

42/43 – CUT 2001 Relatórios diversosRelatório de Auditoria na Força Sindical elaborado pela SFC

30 a 34

Informações coletadas na auditoria

44 – Prestações de Contas de 2002, Relatórios do Grupo Especial45 – Pedido de Informações e resposta da SPPE/DEQP

8.A auditoria foi realizada no MTE, sendo focalizada principalmente sobre a suficiência das prestações de contas das Centrais Sindicais, analisada em conjunto com os relatórios de supervisão/avaliação do MTE e aqueles elaborados pela CGU e GEIP.

1.PRESTAÇÕES DE CONTAS9.A obrigatoriedade da apresentação da prestação de contas funda-se no preceito

constitucional, insculpido no parágrafo único do art. 70, da Constituição Federal que estabelece: ‘Prestará contas qualquer pessoa física ou jurídica, pública ou privada, que utilize, arrecade, guarde, gerencie ou administre dinheiros, bens e valores públicos ou pelos quais a União responda, ou que, em nome desta, assuma obrigações de natureza pecuniária.’

10.Os convênios do MTE foram firmados pela SPPE com as Centrais Sindicais, as quais terceirizaram a execução das ações objeto dos convênios, mediante a contratação de entidades sem fins lucrativos.

11.Levando em conta os imperativos do controle, não deveria haver diferença de tratamento entre convênio e contrato, pois ambos se prestam a realizar ações com recursos públicos8. A terceirização, por exemplo, é vedada para os contratos, mas tolerada para os convênios. Enquanto há uma lei para regular os contratos (Lei das Licitações, 8.666/93), os convênios são regidos por uma Instrução Normativa editada pela Secretaria do Tesouro Nacional, a IN/STN 01/97, o que tem suscitado questões sobre a responsabilidade e a forma de prestar contas.

12.A primeira delas é se a obrigação de prestar contas recai sobre as Centrais Sindicais, sobre as executoras ou ambas. No caso, o entendimento é o de que a obrigação de prestar contas recai sobre as Centrais Sindicais, em razão de essa terceirização não se encontrar prevista nas cláusulas dos convênios firmados com a SPPE/MTE.

13.Assim, a auditoria deveria alcançar primeiramente a SPPE, na qualidade de concedente, podendo chegar às Centrais Sindicais, já que, ao transferirem o recurso federal e o objeto das ações de políticas públicas para executores contratados, não teriam transferido a responsabilidade de prestação de contas e de bem gerir a coisa pública estabelecida no art. 70 da Constituição Federal.

14.A segunda questão diz respeito à documentação que compõe a prestação de contas, especialmente a Relação de Pagamentos, que é o documento mais importante para o controle, por revelar os beneficiários dos pagamentos realizados com o dinheiro público, datas, valores, número de cheques/notas fiscais e a natureza das despesas.

15.Esse documento foi apresentado pelas Centrais Sindicais, mas não pelas executoras. Como resultado, as prestações de contas limitam-se a informar para quais executoras os recursos foram transferidos, não havendo qualquer informação sobre como foram gastos os recursos pelas entidades que ministraram os cursos objeto dos contratos.

16.As Centrais Sindicais, para disporem de comprovantes de despesas para fins de prestação de contas, necessitariam ter acesso a lançamentos contábeis e respectiva documentação de suporte das entidades privadas que contrataram. Tratando-se de relação jurídica entre dois entes privados, o primeiro somente poderia deter a prerrogativa de exigir do segundo que lhe franqueasse documentos internos, caso houvesse previsão em contrato.

17.A redação do art. 30 da IN/STN 01/97 não se preocupou com esse aspecto, prevendo que as despesas serão comprovadas por meio de documentos da convenente ou do executor, se for o caso, mantidos arquivados no local do escritório contábil responsável9:

8 A equivalência entre ambos foi preservada apenas nos requisitos formais, segundo disposto no art. 55 do Decreto 93.872/86: “Art. 55 - Aplicam-se aos convênios, acordos ou ajustes, as mesmas formalidades e requisitos cabíveis exigidos para a validade dos contratos (Decreto-Lei nº 2.300/86, art. 82).”9 Observamos em alguns relatórios do GEIP casos de descumprimento do art. 30 da IN/STN 01/97, quanto à manutenção de arquivo em boa ordem da documentação contábil. O ICT apresentou justificativas e a CUT não se pronunciou a esse respeito (CUT fls. 35 e 64/65, vol. 45; ICT fls. 117 e 122, vol. 45).

179

Page 180: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

Art. 30. As despesas serão comprovadas mediante documentos originais fiscais ou equivalentes, devendo as faturas, recibos, notas fiscais e quaisquer outros documentos comprobatórios serem emitidos em nome do convenente ou do executor, se for o caso, devidamente identificados com referência ao título e número do convênio.

§ 1º Os documentos referidos neste artigo serão mantidos em arquivo em boa ordem, no próprio local em que forem contabilizados, à disposição dos órgãos de controle interno e externo, pelo prazo de 5 (cinco) anos, contados da aprovação da prestação ou tomada de contas, do gestor do órgão ou entidade concedente, relativa ao exercício da concessão.

§ 2º Na hipótese de o convenente utilizar serviços de contabilidade de terceiros, a documentação deverá ficar arquivada nas dependências do convenente, pelo prazo fixado no parágrafo anterior.

18.Assim, infere-se que as Centrais Sindicais deveriam ter firmado contratos que previssem o fornecimento de Relações de Pagamento pelas executoras, bem como o acesso à documentação comprobatória das despesas, para que pudessem cumprir o estipulado nesse artigo 30. Se não o fizeram, assumiram o risco de não disporem de meios para comprovar o emprego das verbas públicas perante os órgãos de controle.

19.A convenente deve exigir da executora que contrata, no mínimo, as mesmas informações que é obrigada a fornecer ao concedente por força da IN/STN 01/97. Outro entendimento consagraria a admissibilidade de expediente para ocultar a destinação dos recursos de um convênio, bastando que o convenente terceirizasse as ações contratando um executor e pouco ou nada exigisse deste.

20.Buscando verificar o que diziam os contratos, promovemos diligência ao DEQP10 e constatamos que a SPPE não dispõe desses documentos, os quais se encontram arquivados nas Centrais Sindicais (fl. 2, vol. 45).

21.Cada Central Sindical elaborou seus próprios instrumentos, já que a SPPE não teve a preocupação de padronizar esses contratos, limitando-se a uma supervisão a posteriori, por meio de questionários para verificar se continham cláusulas obrigatórias previstas nas normas.

22.Em relatório do ILAM11, contratado pelo ICT para oferecer apoio à gestão, localizamos minuta de contrato padrão (fls. 147, vol. 22) e pudemos constatar que não continha cláusulas prevendo o fornecimento de Relação de Pagamentos por parte das executoras12.

23.Constitui o ponto de partida de qualquer auditoria sobre prestação de contas o exame de Relações de Pagamento elaboradas logo após a conclusão dos contratos, documento que traz a versão do auditado sobre o destino dado às verbas públicas. Os processos apresentam essa documentação para as Centrais Sindicais, mas não para as entidades que executaram o objeto dos convênios, razão pela qual as prestações de contas somente permitem conhecer para quem foram transferidos os recursos federais, mas não o que foi feito deles na ponta final da execução.

24.Não é uma situação adequada ter que solicitar ao auditado suprir tal falha, fornecendo Relações de Pagamento das executoras, para vários exercícios, no transcurso de um procedimento investigatório sobre a lisura do emprego das verbas, ainda mais quando presente um clima de suspeição da existência de irregularidades, decorrente de auditorias realizadas e matérias divulgadas na imprensa. Isso porque concede-se oportunidades de encobrir irregularidades, maquiar livros contábeis e forjar documentação de suporte, práticas sabidamente comuns no país.

* * *25.Prestação de contas consiste no conjunto ordenado de documentos comprobatórios das

despesas efetuadas com recursos provenientes de convênios celebrados. Ao término da vigência do instrumento que efetuou a transferência de recursos, cabe ao convenente demonstrar ao gestor e aos órgãos de controle a boa e regular aplicação dos recursos recebidos na execução do objeto previsto no convênio celebrado e em conformidade com o Plano de Trabalho.

10 Departamento da SPPE responsável pelas atividades relacionadas com a Qualificação Profissional11 Instituto Latino Americano de Pesquisa e Educação Profissional - ILAM12 Relativamente à execução financeira, o ILAM recomendou a elaboração de planilhas ineficazes para efeito de controle, cuja confecção não estava prevista na minuta sugerida para os contratos (vide fls. 142 e 179, vol. 22).

180

Page 181: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

26.De acordo com o § 1º do artigo 31 da IN/STN 01/97, a prestação de contas deve ser analisada sob dois aspectos: a) técnico - quanto à execução física e atingimento dos objetivos do convênio; e b) financeiro - quanto à correta e regular aplicação dos recursos do convênio.

27.Sob o aspecto técnico da execução física do objeto, considerando a natureza de bens intangíveis dos cursos profissionalizantes, não é fácil a comprovação de sua execução a posteriori, ainda mais tendo em vista que o concedente não fiscalizou a execução.

28.Sob a ótica financeira, a SPPE aceitou prestações de contas das Centrais Sindicais sem elementos que permitissem verificar o emprego dos recursos públicos por parte das executoras.

29.As prestações de contas limitam-se a informar para quais executoras os recursos foram transferidos pelas Centrais Sindicais, não contendo outros dados sobre a execução financeira, nem sobre a execução física, tais como quem ministrou os cursos, quando, onde e para quantos alunos.

30.Não há nenhuma informação sobre as executoras, além de suas razões sociais e CGC. As Centrais Sindicais não esclareceram como e por que as executoras foram selecionadas, quem são seus responsáveis, se tinham porte compatível com os repasse, se possuíam instalações, etc.

31.Assim sendo, as prestações de contas encaminhadas pelas Centrais Sindicais ao MTE não comprovam a execução física, nem financeira do objeto dos convênios, na forma do art. 31 da IN/STN 01/97, consistindo em peças inadequadas para a sua finalidade precípua, com infração ao caput do art. 8º da Lei 8.443/92.

* * *32.Os processos de prestação de contas apresentam declarações dos contadores responsáveis pelas Centrais

Sindicais no sentido de que os documentos contábeis do convênio do exercício de 2001 encontravam-se arquivados em boa ordem e conservação, à disposição do MTE:Entidade Nome CRC Exercício Folha da

DeclaraçãoForça Sindical José Eduardo Camilo Leite CRC 132.056/O-2 2001 fl. 152, vol. 18CUT não identificado CRC 121.622/0-9 2001 fl. 317, vol. 19Fiesp Rubens Vieira dos Santos CRC 097.872/O-1 2001 fl. 79, vol. 20

SDS Cláudio Sebastião Aguilar Perez CRC 194.404/O-9 2001 fl. 239, vol. 18

ICT José Ricardo dos Santos Silva CRC 58.295-RJ 2001 fl. 275, vol. 20

33.Contudo, a contabilidade que pode esclarecer o destino dos recursos é aquela elaborada pelas executoras, não constando das prestações de contas nenhuma informação sobre seus escritórios de contabilidade.

* * *34.As primeiras suspeitas sobre a fragilidade das prestações de contas por parte das

entidades que firmaram convênios com a SPPE/MTE remontam a setembro de 2000, quando foi concluído o relatório de auditoria no Planfor/DF-1999 (TC 003.473/2000-2). Além dos recursos transferidos à Secretaria de Trabalho do DF, a auditoria também cobriu uma amostra de três convênios13 firmados diretamente pelo MTE para execução na unidade federativa do DF, no valor total de R$ 1,9 milhão. O trabalho registrou evidências de inexecução, tendo concluído o seguinte:

‘Constatamos que a Sefor não exercia sua função fiscalizadora sequer nos convênios que firmava, aprovando prestações de contas inaceitáveis, que deveriam dar ensejo a Tomada de Contas Especial.’ (fl. 187, do TC 003.473/2000-2).

35.Em conseqüência, entre outros motivos, da falta de verificação do atingimento do objeto na apreciação e aprovação das prestações de contas desses convênios, veio a ser aplicada ao gestor da SPPE/MTE, Sr. Nassim Gabriel Mehedff, a multa estabelecida no art. 58, inciso II, da Lei 8.443/92 (Acórdão 330/2002 – Plenário, de 11/09/2002).

36.No entanto, a multa foi aplicada pelas falhas que não ensejavam débito, ficando pendente examinar se houve dano ao Erário na aplicação dos recursos. Para tal finalidade, no item 8.1.2 da Decisão 1.209/2002-P, de 11/09/2002, o Plenário determinou à SPPE/MTE que:

‘8.1.2. reexamine as prestações de contas dos convênios MTE/Sefor/Codefat 20/97 e 34/98, bem como o termo de cooperação celebrado com a Unesco, em 3.8.98, em confronto com as

13 a) Convênio MTE/Sefor/Codefat 5/99 e Termo Aditivo 1/99, firmado com a Seter/DF; do Convênio MTE/Sefor/Codefat 34/98, firmado com a Secretaria do Entorno de Brasília e Nordeste Goiano - SEBN/GO; b) Convênio MTE/Sefor/Codefat 20/97, firmado com a Assoc. Nacional de Sindicatos Social-Democratas - SDS; e c) Termo de Cooperação com a Unesco, firmado em 3.8.98.

181

Page 182: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

informações levantadas na auditoria realizada por este Tribunal e, na hipótese de se confirmar dano ao Erário, adotar as providências estabelecidas no art. 8º da Lei 8.443/92 e na IN/TCU 13/96;’ 14

37.Apresenta-se, agora, situação que guarda simetria com a que deu origem à Decisão acima transcrita.

* * *38.Em 13/06/2001, o Plenário do Tribunal, ao apreciar auditoria operacional sobre o

Planfor (TC 006.743/2000-3) concluída em setembro de 2000, determinou a esta unidade técnica que prosseguisse o acompanhamento do programa, objetivando subsidiar novas deliberações com vistas a oferecer às autoridades do Congresso Nacional proposições objetivas quanto à efetividade e à validade do programa (Decisão 354/2001, item 8.5).

39.Essa Decisão também determinou ao MTE e à SPPE a adoção de medidas para aprimorar os controles sobre a execução dos convênios.

40.Nesse sentido, foi determinado à Secretaria de Políticas Públicas de Emprego/MTE que: ‘fixe orientação às Secretarias Estaduais de Trabalho no sentido de que os contratos e convênios contenham cláusulas que permitam:

a) especificar o objeto a ser executado, identificando no corpo do contrato os cursos, número de vagas, suas datas, locais e horários;

b) estipular a obrigatoriedade de que a movimentação dos recursos pelos executores finais seja feita por meio de conta bancária exclusiva, mediante cheques nominativos ou documento de crédito (de forma a permitir a identificação do beneficiário), exigindo a apresentação de relação de pagamentos discriminando os nomes dos beneficiários, CNPJ/CIC, valores, datas e finalidade das despesas efetuadas com verbas federais;

c) condicionar a liberação das parcelas à efetiva realização dos cursos, de forma a não permitir pagamentos antecipados por serviços não realizados, conforme dispõe o art. 38 do Decreto nº 93.872/86;

d) prever que o atesto das faturas só ocorra após a comprovação da efetiva prestação dos serviços, mediante atendimento dos seguintes requisitos:

1.identificação precisa dos serviços executados, contendo datas, locais, cursos realizados, número de alunos, seus respectivos nomes e freqüência;

2.apresentação de listas assinadas pelos alunos comprovando o fornecimento do vale-transporte e dos certificados de conclusão aos alunos treinados.’

41.Assim, ao invés de optar por medidas mais severas, o Tribunal concedeu oportunidade ao gestor do Planfor para corrigir irregularidades detectadas, como objetos contratuais imprecisos, ausência de identificação do efetivo paradeiro das verbas federais e prática de pagamentos antecipados sem atestos hábeis para comprovação da efetiva prestação dos serviços.

42.Embora a determinação tenha sido feita especificamente para os convênios firmados com as Secretarias Estaduais de Trabalho, isso não invalida a necessidade de sua adoção também no caso dos convênios firmados diretamente pelo MTE com as Centrais Sindicais, sujeitos às mesmas normas legais.

43.Destacamos o item 'b' da determinação, cujo cumprimento criaria a obrigação para as executoras da identificação dos beneficiários/datas/valores de todos os seus pagamentos, evitando práticas que criam obstáculos ao trabalho dos órgãos de controle, tais como saques em espécie e outras que também visam eliminar vínculos entre o recurso e sua real destinação.

44.Contudo, o Secretário da SPPE defendeu a implementação de outras medidas de controle, resistindo em adotar as determinações do Tribunal, conforme constatado na instrução do TC 006.743/2000-3 (fls. 353/356), que analisou Nota Técnica15 sobre a Decisão, emitida pelo Secretário da SPPE.

14 Em fins de 2002, o gestor da SPPE encaminhou ao Tribunal documentação sobre o assunto, que está sendo examinada pela Serur - Secretaria de Recursos, em vista de recurso interposto pelo gestor contra a multa que lhe foi aplicada.15 Observe-se que a Decisão 354/2001 foi adotada em junho de 2001, ainda a tempo de produzir resultados em 2001, já que a maior parte das ações do Planfor ocorre no segundo semestre. Prova disso encontra-se em ofício da SPPE (item 3, fl. 148, vol. 45), datado de dezembro de 2001, no qual afirma-se que poucas entidades iniciaram ações durante o 1º semestre de 2001.

182

Page 183: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

45.Dentre as medidas adotadas por iniciativa própria da SPPE visando suprir as falhas de controle do programa, a principal delas consistia no Sistema Sigae, implementado em 2000, mas veio a se tornar operante somente em 2001. Portanto, para efeito do acompanhamento determinado pelo Tribunal, o exame da gestão de 2001 assumiu especial importância para fins de verificar a eficácia do novo sistema de controle.

46.Conforme será visto adiante, não houve mudanças em relação ao quadro de anos anteriores. As Centrais Sindicais permaneceram firmando contratos com algumas poucas executoras, repassando-lhes somas vultosas sem controles adequados, não tendo ocorrido a alimentação tempestiva do Sigae nos principais convênios.

* * *47.Dando continuidade ao acompanhamento das parcerias, esta unidade técnica realizou

uma primeira diligência em 26 fevereiro de 2002 (fl. 53), na qual solicitou o encaminhamento das prestações de contas de parcerias formalizadas nos exercícios de 2000 e 2001, com a finalidade de verificar se os problemas detectados ocorriam também com os maiores convênios firmados pelo MTE.

48.O dirigente da SPPE somente encaminhou as do exercício de 2000, alegando que as de 2001, embora já recebidas, ainda não contavam com a manifestação do gestor, cujo prazo de pronunciamento somente venceria em final de abril/2002 (Ofício SPPE/MTE 342, de 22/03/2002, fls. 57/58).

49.Decorridos sete meses, essas prestações de contas de 2001 foram novamente solicitadas por este Tribunal em setembro de 2002 (fl. 80), porém, estranhamente, foram encaminhadas sem a manifestação do gestor (vols. 18 a 20 e 35), que consistia na justificativa para o não encaminhamento dos documentos por ocasião da primeira solicitação, de 26/02/2002. A aprovação dessas contas somente veio a ocorrer em 20/12/2002.

50.Passamos, a seguir, a examinar as prestações de contas de 2000, 2001 e a parcial de 2002.

1.1.encaminhamento e aprovação das contas51.As prestações de contas devem ser encaminhadas até o final de fevereiro do exercício seguinte (art. 28, § 5º

da IN/STN 01/97) e analisadas pelo concedente até o final de abril (art. 31 da IN/STN 01/97). Constatamos falhas administrativas que dificultam conhecer a efetiva data de encaminhamento das prestações de contas de 2000 e 2001. A data constante da autenticação mecânica do protocolo do Ministério diverge da data do ofício de encaminhamento das Centrais Sindicais e, também, daquela constante do carimbo do DEQP. As prestações de contas de 2000 apresentam autenticação mecânica do protocolo de outubro de 2001, oito meses após o prazo legal de entrega. As de 2001, foram protocoladas em 20/03/2002 e 02/04/2002.

ENTIDADE ANO

DATA DO OFÍCIO DE ENCAMINHAMENTO

DATA DO CARIMBO RECEPÇÃO DEQP

DATA DO PROTOCOLO MTE (AUT. MEC.)

VOL.

FORÇA SINDICAL

2000 01/02/2000 28/02/2001 10/10/2001 12001 12/12/2001 13/12/2001 02/04/2002 18

CUT 2000 23/02/2001 28/02/2001 10/10/2001 22001 28/02/2002 ilegível/02/2002 20/03/2002 35

FIESP 2000 22/02/2001 22/02/2001 17/10/2001 32001 27/02/2002 28/02/2002 20/03/2002 20

SDS 2000 28/02/2001 28/02/2001 10/10/2001 42001 06/12/2001 12/12/2001 02/04/2002 f. 211, vol. 18

ICT 2000 19/02/2001 23/02/2001 10/10/2001 52001 27/02/2001 28/02/2002 02/04/2002 f. 141, vol. 20

52.Para que possa haver controle sobre atrasos no encaminhamento das prestações de contas é necessário que não pairem dúvidas sobre a data de entrega dos processos, o que não ocorreu neste caso, por falhas no protocolo dos documentos.

53.Todas as prestações de contas de 2000 das Centrais Sindicais foram aprovadas após exame superficial, pro-forma, pela ordenadora de despesas, Sra. Carmen Rocha Dias16, em 05/03/2002, com atraso de 10 meses, em relação ao prazo legal estipulado no art. 31 da IN/STN 01/97.

54.As de 2001, foram aprovadas em 20/12/200217, com atraso de 8 meses, também pela Ordernadora de Despesas, Sra. Carmen Rocha Dias.

55.Quanto ao exercício de 2002, em reunião realizada no MTE em março de 2003, fomos informados pelo novo Secretário da SPPE que as prestações de contas tiveram o prazo de entrega esticado até abril de 2003. Isso ocorreu em função do atraso na liberação dos recursos de 2002, 16 Força Sindical vol. 1, fl. 113; CUT vol. 2, fl. 219; Fiesp vol. 3, fl. 82; SDS vol. 4, fl. 108; ICT vol. 5, fl. 193.17 CUT fls. 3/9, Fiesp fls. 10/18, SDS fls. 19/25, ICT fls. 26/35, vol. 44.

183

Page 184: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

motivado pelo contingenciamento dos recursos, razão pela qual tolerou-se que a execução avançasse sobre o exercício seguinte18.

56.Conclui-se que a SPPE liberou os recursos dos exercícios de 2001 e 2002 antes de ter ocorrido a manifestação sobre as contas dos exercícios anteriores, registrando-se o descumprimento do prazo para análise e aprovação estipulado no art. 31 da IN/STN 01/97.

1.2.notificações de irregularidades não saneadas57.As Centrais Sindicais receberam notificações de irregularidades da SPPE, formuladas

com base em achados de supervisão operacional. O saneamento era necessário para evitar a suspensão dos repasses. A instrução de fl. 63 resume o teor das notificações.

58.No caso da Força Sindical, dois ofícios da SPPE, assinados pelo Secretário, Sr. Nassim Gabriel Mehedff, datados de 4 e 5 de setembro de 2002, ilustram como o assunto foi tratado:

No primeiro deles (fl. 171, vol. 18) dirigido à Força Sindical, a SPPE informou que ainda não tinha aprovado a prestação de contas de 2001, em função da necessidade de comprovação do atendimento de recomendações efetuadas há mais de um ano, em relatório de 14/08/2001, em vista do não acatamento das justificativas apresentadas pela entidade em 24/08/2001;

O segundo (fls. 172/173, vol. 18) dirigido ao Ministro do Trabalho pelo Secretário da SPPE, decorreu da necessidade de oferecer explicações, em face da auditoria da SFC/CGU. O gestor da SPPE informou que a prestação de contas não mereceu aprovação (nem reprovação) e que a grande maioria das impropriedades apontadas pela SFC já haviam sido apontadas no relatório de 14/08/2001, tendo acrescentado que estava em curso um exaustivo processo de análise, no sentido de esgotar todas as providências a cargo do gestor.

59.Em visita realizada ao MTE em 02/04/2003, essa equipe de auditoria constatou que as liberações de recursos para a Força Sindical prosseguiram normalmente em 2002, não havendo registro de novos documentos acostados à prestação de contas de 2001, que indicassem a existência do referido ‘exaustivo processo de análise’.

60.Após constatada irregularidade na prestação de contas parcial, o art. 35 da IN/STN 01/97 prevê a imediata suspensão da liberação de recursos e a notificação do convenente para sanar o problema em trinta dias. Decorrido este prazo sem solução do problema, é obrigação do ordenador de despesas providenciar a instauração de Tomada de Contas Especial e registrar a inadimplência no Siafi:

‘Art. 35. Constatada irregularidade ou inadimplência na apresentação da prestação de contas parcial, o ordenador de despesas suspenderá imediatamente a liberação de recursos e notificará o convenente dando-lhe o prazo máximo de 30 (trinta) dias para sanar a irregularidade ou cumprir a obrigação.

Parágrafo único. Decorrido o prazo da notificação, sem que a irregularidade tenha sido sanada, ou adimplida a obrigação, o ordenador de despesas comunicará o fato, sob pena de responsabilidade, ao órgão integrante do controle interno a que estiver jurisdicionado e providenciará, junto ao órgão de contabilidade analítica, a instauração de Tomada de Contas Especial e registrará a inadimplência no Cadastro de Convênios no SIAFI.’

61.O disposto neste artigo incorporou-se ao § 3º do art. 19 da Resolução Codefat 258/2000, que estipula a suspensão das liberações, em decorrência de notificação não saneada em 30 dias:

‘§ 3° Quando for constatada impropriedade na execução do convênio e demais instrumentos firmados, concernentes às ações de educação profissional, no âmbito do PLANFOR, serão adotados os seguintes procedimentos:

I - notificação requerendo a adoção de providências no prazo assinalado, de no máximo trinta dias; e

II - suspensão de recursos quando as providências adotadas em atenção à notificação a que se refere o inciso anterior não tiverem sido atendidas de forma satisfatória.’ (grifos nossos)

62.A Força Sindical foi notificada em 14/08/2001, não saneou as pendências após mais de um ano e a SPPE não suspendeu a liberação de recursos em 2002.

18 O art. 7º, inciso IV, da IN/STN 01/97, determina que o convênio deve conter cláusula prevendo: “IV - a obrigação do concedente de prorrogar "de ofício" a vigência do convênio, quando houver atraso na liberação dos recursos, limitada a prorrogação ao exato período do atraso verificado;”. Os convênios não contém essa cláusula, a qual, contudo, foi prevista para preservação de direitos do convenente, os quais foram reconhecidos pelo concedente.

184

Page 185: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

63.A CUT também foi notificada pela SPPE em 2001, conforme se depreende do ofício de 12/09/2002 (fl. 326, vol. 35), o qual permitiu constatar que a análise (e aprovação) da prestação de contas encontrava-se atrasada, devido à pendências de comprovação do atendimento de recomendações efetuadas em relatório de supervisão. Essas notificações também foram efetuadas para a SDS e ICT (fl. 63).

64.Assim, duas irregularidades deveriam ter resultado em providências da SPPE e do Codefat, como a suspensão das liberações:

1ª) notificação de pendências efetuadas em 2001, não saneadas em 30 dias, que deveriam impedir a continuidade das liberações no segundo semestre de 2001 e em 2002 (art. 35 da IN/STN 01/97 e art. 19, § 3º da Res. Codefat 258/2000);

2ª) atraso de um ano na aprovação das contas de 2000 e 2001, que não acarretaram conseqüências nas liberações em 2001 e 2002 (art. 31, IN/STN 01/97).

65.O Codefat omitiu-se em adotar medidas saneadoras, sendo que lhe cabe acompanhar a execução dos programas, deliberar sobre a prestação de contas e fiscalizar a administração do fundo, segundo disposto na Lei n° 7.998/90, que lhe atribuiu as seguintes competências, ‘in verbis’:

’Art. 19.- Compete ao CODEFAT gerir o FAT e deliberar sobre as seguintes matérias:...II - aprovar e acompanhar a execução do Plano de Trabalho Anual do Programa do Seguro-

Desemprego e do Abono Salarial e os respectivos orçamentos;III - deliberar sobre a prestação de contas e os relatórios de execução orçamentária e

financeira do FAT;...VIII - fiscalizar a administração do Fundo, podendo solicitar informações sobre contratos

celebrados ou em vias de celebração e quaisquer outros atos;’ (Grifamos)66.Em vista dos problemas detectados na auditoria realizada na Força Sindical, a CGU/SFC

recomendou que não fosse aprovada a prestação de contas do Convênio de 2001, bem como não fossem repassados recursos à entidade, antes de se concluir uma análise minuciosa para elidir completamente as constatações da Auditoria e, caso esgotadas as providências administrativas, fosse determinada a instauração de Tomada de Contas Especial (fl. 55, vol. 30).

67.Será visto a seguir, outra irregularidade que deveria ter ensejado a suspensão dos recursos, tendo em vista a não alimentação tempestiva do Sistema Sigae.

1.3.execução Física de 2001/2002 x FUNCIONAMENTO DO SIGAE68.Informações coletadas pela auditoria demonstram a ineficácia do Sistema Sigae, que seria

o principal instrumento de combate às fraudes, introduzido pela SPPE logo após os escândalos envolvendo os recursos do Planfor19. A Res. Codefat 258, de 21/12/2000, estipulou em seu art. 6º a obrigação das executoras de alimentar o sistema com informações detalhadas dos cursos, com antecedência de 10 dias, antes de seu início:

‘Art. 6º Os Estados, o Distrito Federal e as Parcerias, quando da contratação de instituições para executar as ações de educação profissional no âmbito do PLANFOR, farão disponibilizar no Sistema Integrado de Gestão das Ações de Emprego - SIGAE, no mínimo até dez dias úteis antes da data fixada para o início das ações, a planilha detalhada de custos, contendo a composição de todos os custos unitários, e o cronograma de execução das ações, o qual deverá conter, necessariamente, os itens relacionados no Anexo II a esta Resolução.

Parágrafo único. Somente em casos excepcionais, devidamente justificados e aceitos pela entidade contratante (Estados, DF e Parcerias), poderá ser alterado o cronograma de execução das ações referido no caput, devendo tal alteração constar do SIGAE, até cinco dias úteis antes da data de início da ação objeto da alteração.

...ANEXO IIRELAÇÃO DE INFORMAÇÕES QUE DEVERÃO CONSTAR, NECESSARIAMENTE,

DO CRONOGRAMA DE EXECUÇÃO DAS AÇÕES:a) denominação de cada ação;b) identificação de cada turma/módulo;

19 Divulgados pela imprensa em fevereiro de 2000.

185

Page 186: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

c) datas de início e término de cada ação (dia, mês e ano);d) horário de realização de cada ação;e) número de treinandos em cada ação;f) local de realização de cada ação (endereço completo);g) carga horária de cada ação;h) custo total de cada ação.’ (grifos nossos)69.Assim sendo, para o exercício de 2001, o MTE afiançava que os cursos só poderiam ser

iniciados mediante registro prévio no Sigae, contendo data de início, horário, local, número de inscritos, etc., o que permitiria conferir em tempo real se cada ação estava sendo, de fato, realizada.

70.O caso da Força Sindical, detentora do convênio de maior valor, comprova o descumprimento da norma e, inclusive, expõe uma postura questionável do concedente, ao optar por liberar recursos adicionais no final do exercício de 2001, mesmo diante de uma situação em que detinha motivos para a suspensão das liberações:

O processo de prestação de contas contém um ofício da SPPE dirigido ao Sr. Paulo Pereira da Silva, datado de 21/12/2001 (fl. 168, vol. 18), queixando-se de que 56% das turmas não haviam sido inseridas no Sigae, o que poderia dar ensejo à pena de suspensão da continuidade da execução20;

Cinco dias depois, a SPPE liberou mais R$ 2 milhões21 para a Força Sindical, oriundos de termo aditivo firmado em 18/12/2001, sob a justificativa de antecipação de metas do exercício seguinte22 (fls. 5/9, vol. 18).

71.Ora, a entidade já havia sido notificada em 14/08/2001, não tendo a SPPE acatado as justificativas apresentadas em 24/08/2001. Em 21/12/2001, a SPPE queixava-se de que a entidade não estava comprovando no Sigae o cumprimento da meta de 2001. Por que, então, ao invés de suspender as liberações, conforme determinado nas normas do Codefat23, liberou-se mais recursos cinco dias depois, sob a justificativa de ampliação da meta física, quando nem dispunha de dados do quê tinha sido executado?

72.Em 2002, a situação parece ter permanecido a mesma. Constam dos autos três ofícios da SPPE, datados de 06/06/2002, encaminhados à Força Sindical, SDS e ICT, nos quais o concedente registrou a não alimentação do Sigae, apesar das entidades já terem gasto boa parte dos recursos liberados em 2002:

Força Sindical - em março de 2002, o MTE liberou R$ 18 milhões24, dos quais foram gastos R$ 2,5 milhões, no entanto o Sigae somente registrava treinamentos de 33 trabalhadores (fls. 169/170, vol. 18);

SDS - em março de 2002 o MTE liberou R$ 6 milhões, dos quais foram gastos R$ 2,8 milhões, no entanto não havia nenhum registro da ocorrência de treinamentos inseridos no Sigae (fl. 276, vol. 18);

ICT - em março de 2002 o MTE liberou R$ 5 milhões para o ICT, dos quais foram gastos R$ 1 milhão, no entanto não havia nenhum registro de ocorrências de treinamentos no Sigae (fl. 288/289, vol. 20).

73.O relatório do GEIP confirma que não houve a alimentação tempestiva do Sigae na Força Sindical, o que somente foi feito ao final da execução (fl. 194, vol. 45).

74.A Força Sindical culpou o MTE pelas dificuldades com o Sigae em 2001, afirmando que: ‘somente em 2002, foram implantadas 17 novas versões de mudanças estruturais e correções no

20 Estranhamente, o MTE afirma nesse ofício que "não existe prazo preestabelecido para finalizar a alimentação do Sigae", apesar do disposto em contrário nos arts. 6º e 19 (inciso II e § 1º) da Resolução Codefat 258/00.21 OB001347, da UG 380015, Gestão 57903, de 26/12/0122 Em 2001, a Força Sindical comprometeu-se a efetuar 255.232 treinamentos (fl. 10, vol. 18), segundo o Primeiro Termo Aditivo ao Convênio 004/2001, datado de 18/12/2001 (fls. 5/9, vol. 18). O Relatório de Execução Física/Financeira de 02/04/2001 a 31/12/2001 informou a execução de 195.030 treinamentos (60 mil aquém da meta), ressalvando tratar-se de dado parcial, pois os dados ainda estavam sendo processados no Sistema Sigae (fl. 16, vol. 18).23 Resolução Codefat 258/2000, art. 19 II (requisito para transferências: alimentação no Sigae de todos os contratos celebrados), § 1º (as liberações devem ser proporcionais à alimentação do Sigae) e § 3º II (as liberações são suspensas quando a notificação de irregularidades não tiver sido atendida de forma satisfatória).24 OB000154, da UG 380015, Gestão 57903, de 06/03/02

186

Page 187: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

Sigae-Parceria’ (fl. 16, vol. 45). A CUT chegou a afirmar que o sistema é inconsistente e ‘o que lá consta nem sempre retrata a realidade’ (fl. 38, vol. 45).

75.Por outro lado, a auditoria da CGU na Força Sindical informou que não foi possível concluir sobre o número de alunos treinados e avaliar o cumprimento do Plano de Trabalho por meio de documentos fornecidos pela entidade devido à divergência entre as informações contidas nos contratos e relatórios. Foi constatado que houve alimentação inadequada e intempestiva do SIGAE no que tange às realizações físicas e financeiras (fl.17 do relatório, vol. 30).

76.Observe-se que o banco de dados do Sigae, relativo aos cursos realizados em 2001, ainda não apresentava informações confiáveis no segundo semestre de 2002, o que consistiu em entrave ao trabalho de estruturas de controle, como a CGU/SFC e o GEIP.

77.Ressalte-se a inescapável responsabilidade do concedente, independente de quem seja o culpado pelas incorreções na alimentação do Sigae. Se a falha foi das Centrais Sindicais, a conseqüência prevista no art. 19 da Resolução 258/2000 (e também no art. 35 da IN/STN 01/97) seria a suspensão das liberações de recursos pelo concedente, medida que não foi adotada em 2002. Por outro lado, se a falha foi do sistema, o concedente assumiu para si este risco, ao optar por não implementar as medidas preconizadas pelo Tribunal, em favor da sistemática de controle que o Sigae deveria proporcionar.

1.4.execução financeira em 200078.As prestações de contas de 2000 das Centrais Sindicais foram examinadas em setembro de

2002 na instrução de fls. 65 a 71, constatando-se que: ‘... não apresentam elementos que esclareçam como as entidades gastaram os recursos federais, não mencionam os locais onde foram ministrados os treinamentos, nem a distribuição geográfica dos recursos e também não indicam que tipo de cursos foram ministrados.’ (item 10, fl. 62).

79.A instrução ressalta que essas prestações de contas foram encaminhadas ao MTE um ano após a divulgação do escândalo do Planfor no DF (fevereiro de 2001), mas ainda assim consistiam em documentos vazios, que não permitiam conhecer o que foi feito do dinheiro público.

1.5.execução financeira em 200180.O item V do art. 28 da IN/STN 01/97 determina a apresentação de Relação de

Pagamentos, que deve conter informações de cada um dos pagamentos realizados na execução do projeto, tais como o nome/razão social e CGC/CPF do beneficiário, a natureza da despesa, o número do cheque utilizado, a data, o número da Nota Fiscal correspondente à despesa e o valor pago.

81.Esses campos destinam-se a proporcionar aos órgãos de controle um mínimo aceitável de informações que permitam conhecer como foram utilizados os recursos públicos, segundo os documentos contábeis de respaldo em poder do executor.

82.Observou-se casos de Relações de Pagamentos que não preenchiam esses requisitos para alguns pagamentos de elevado valor. Por exemplo, há casos em que o nome foi preenchido como ‘Infraestrutura’, seguido de um valor elevado, sem o registro das demais informações.

83.A ausência de comprovação da aplicação da contrapartida é motivo de instauração de TCE, conforme previsto no § 9º do art. 31 da IN/STN 01/97, ensejando a devolução ao Erário dos recursos não aplicados (inciso XIII do art. 7º da IN/STN 01/97). Os termos do convênio previam o fornecimento da Relação de Pagamentos da contrapartida (cláusula 10.4) e sua não comprovação de aplicação ensejava a devolução (cláusula 7.2).

84.Nesses casos, os valores deveriam ser glosados e considerados como pagamentos não comprovados, vez que o executor não informou o mínimo aceitável. No entanto, as prestações de contas de 2001 foram aprovadas pela SPPE, sem qualquer questionamento.

85.Outro problema registrado está na postura da SPPE, quando se deparava com recursos repassados e não utilizados. Ao invés de exigir a devolução desses saldos, conforme estipulava o convênio (cláusula 7.1) e o § 6º do art. 21 da IN/STN 01/97, a SPPE autorizava uma reprogramação para o exercício seguinte, justificada com base em postergação de metas físicas. Contudo, esse expediente seguia um rito informal, não sendo formalizado por meio de aditivo firmado antes da entrega da prestação de contas, que especificasse o quantum de meta física que passaria a ser realizada no exercício seguinte.

187

Page 188: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

86.Em termos legais, o que se reprogramava não era a meta física, mas a prestação de contas do montante dos recursos não comprovados. A reprogramação de metas físicas consistia tão-somente em artifício concebido pelo concedente para justificar o aceite da não comprovação do emprego dos recursos.

87.Prova disso encontra-se no Ofício Circular 122/SPPE, de 14/12/2001, em que o Sr. Nassim Gabriel Mehedff orientou a reprogramação, cujo item ‘1 – Definição das metas’ estipulava o seguinte (fl. 148, vol. 45):

‘Considerando que ainda não foi aprovado o orçamento de 2002, recomendamos que a revisão do plano plurianual para 2002 leve em conta os valores atualmente propostos ao Congresso (em torno de R$ 300 milhões), mantendo a proporção que PEQ ou a Parceria teve em 2001. Além desse referencial, é indispensável levar em conta o montante a ser reprogramado para 2002, pois esse total (recursos 2002 + reprogramado de 2001) dará a medida do que deve ser executado até dezembro / 2002 e, portanto, da viabilidade do planejamento realizado.’

88.Ao prestar orientação relativa ao montante financeiro a ser disponibilizado em 2002, o concedente recomendou que a meta física desse exercício fosse delimitada considerando a soma dos recursos reprogramados com aqueles que viessem a ser aprovados no orçamento. Ou seja, a reprogramação autorizada era apenas financeira, não vinculada a quantitativos de metas físicas.

89.Isso produzia uma conseqüência danosa para a análise da prestação de contas de 2001, pois implicava no desconhecimento da meta física que deveria ter sido atingida no exercício, já que uma parte não especificada teria sido transferida para o exercício seguinte, para ser misturada aos recursos de 2002.

90.No entanto, essa confusão não foi motivo de preocupação por parte da SPPE, uma vez que as prestações de contas foram aprovadas após exame pro-forma, conforme já visto.

* * *91.Para o exercício de 2001, o MTE autorizou a liberação de R$ 107,9 milhões às Centrais

Sindicais, aos quais somaram-se R$ 1.765 mil resultantes de aplicações financeiras durante o exercício e mais R$ 29,1 milhões da contrapartida a cargo dos convenentes, totalizando R$ 138.765 mil. Desse total, as Relações de Pagamentos (Anexo V do art. 28 da IN/STN 01/97) apresentaram despesas de R$ 108.145.851 restando R$ 30.619.646 de gastos não comprovados conforme estipulado pelo art. 28 da IN/STN 01/97, dos quais R$ 11.616.938 em recursos federais:

RECEITAS X DESPESAS (em reais)

Entidade Origem Recursos Liberados

Receita Financeira TOTAL Despesa

Informada

Despesaa Compro-

varForça Sindical

Federal 40.000.000 685.618 40.685.618 37.999.374 2.686.244Contrapartida 8.000.000 8.000.000 1.462.497 6.537.503

CUT Federal 35.000.000 851.683 35.851.683 28.269.509 7.582.173Contrapartida 7.000.000 7.000.000 5.712.024 1.287.976

FIESPFederal 9.500.000 8.415 9.508.415 9.508.415 0

Contrapartida 9.500.000 9.500.000 0 9.500.000

SDSFederal 13.000.000 70.412 13.070.412 11.908.835 1.161.577

Contrapartida 2.600.000 2.600.000 2.400.000 200.000

ICTFederal 10.400.000 149.368 10.549.368 10.362.426 186.942

Contrapartida 2.000.000 2.000.000 522.770 1.477.230

TotalFederal 107.900.000 1.765.496 109.665.496 98.048.559 11.616.938

Contrapartida 29.100.000 29.100.000 10.097.292 19.002.708

TOTAL GERAL 137.000.000 1.765.496 138.765.496 108.145.851 30.619.646

92.O elevado valor não comprovado de recursos federais, de R$ 11,6 milhões, deve-se, principalmente, à referida prática de reprogramar recursos para o exercício seguinte. Quanto à contrapartida, a principal razão do elevado valor de R$ 19 milhões, reside no preenchimento incompleto do mapa da Relação de Pagamentos.

93.Para a Força Sindical, por exemplo, foram liberados R$ 40 milhões em verbas federais (fl. 165, vol. 18)25 e a contrapartida deveria ter sido de R$ 8 milhões (fl. 6 e 12/13, vol. 18), totalizando aplicações de R$ 48 milhões.

25 Os Extratos Bancários (Anexo VII do art. 28 da IN/STN 01/97) apresentados pela Força Sindical contemplam o recebimento em 2001 de R$ 38 milhões em recursos federais, em 2 parcelas iguais, em 02/04/2001 e 06/08/2001 (fls. 48/65, vol. 18), não constando os R$ 2 milhões restantes, liberados por OB de 26/12/2001, que devem ter ingressado na conta em 2002.

188

Page 189: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

94.O Relatório de Execução da Receita e Despesa, na versão elaborada pela Força Sindical, informou a realização de despesas de R$ 46.428.11526, tendo a entidade assumido a existência de um saldo de R$ 1.571.884.

95.No entanto, na verdade, o valor não comprovado alcançou mais de R$ 9 milhões dos R$ 48 milhões do convênio. A Relação de Pagamentos identificou os beneficiários de R$ 38 milhões dos recursos federais, faltando informar o destino de R$ 2,7 milhões (fl. 99, vol. 18). Quanto à contrapartida, dos R$ 8 milhões que cabiam à Força Sindical, a Relação somente identificou pagamentos no valor de aproximadamente R$ 1,5 milhão, tendo incluído R$ 6,28 milhões em despesas com ‘INFRA/ESTRUTURA/EQUIPAMENTO’, sem especificar os dados básicos do histórico, como datas, valores e CGC dos beneficiários (fl. 113, vol. 18), razão pela qual a informação prestada não atende aos requisitos legais.

96.No caso da CUT, a Relação de Pagamentos somente identificou os beneficiários de R$ 28.269.509 de verbas federais (fls. 322/477, vol. 35), compostos por 7.194 lançamentos, faltando comprovar R$ 6.730.491 mais os rendimentos de aplicações financeiras de R$ 851.682 num total de R$ 7.582.173. Quanto à contrapartida, a Relação de Pagamentos identificou os beneficiários de R$ 5.712.024 (fls. 478/508, vol. 35 e 01/264, vol. 19), faltando comprovar a aplicação de R$ 1.287.975.

97.Relativamente aos recursos não comprovados, no valor de aproximadamente R$ 8,8 milhões, a CUT informou no Anexo IV (fl. 321, vol. 35) que esses recursos teriam sido reprogramados para 2002, quando deveriam ter sido devolvidos, conforme estipula a cláusula sétima do convênio (fls. 286/287, vol. 35).

98.Quanto à FIESP, o Relatório de Execução da Receita e Despesa informou receitas de R$ 19.008.415,17, sendo R$ 9,5 milhões de verbas federais, R$ 9,5 milhões da contrapartida e R$ 8.415,17 oriundos de rendimentos de aplicações financeiras (fl. 28, vol. 20). A Relação de Pagamentos contemplou os beneficiários da totalidade dos recursos (fls. 29/34, vol. 20) e os Extratos Bancários (Anexo VII do art. 28 da IN/STN 01/97) contemplam a comprovação da devolução dos recursos não utilizados, no valor de R$ 258.510,60 (fls. 36/52, vol. 20).

99.No entanto, a contrapartida da Fiesp teria ocorrido através de comerciais veiculados nas Organizações Globo (TV, rádio e Canal Futura) no valor de R$ 3,1 milhões27 e por despesas da Fiesp não especificadas na Relação de Pagamentos no valor de R$ 6,4 milhões (fl. 34, vol. 20), vez que este documento não foi preenchido com o histórico de datas e valores.

100.Os grandes executores parceiros da FIESP seriam o SESI-Nacional, o Senai/SP e a Fundação Roberto Marinho28 (fl. 3, vol. 20). Dentre os parceiros de menor expressão, a Relação de Pagamentos apontou repasses para a Ágora29 de R$ 240 mil, entidade situada no DF, onde os cursos teriam atendido a 119 alunos (fl. 53, vol. 20). Porém a Ágora não figura no Sigae entre as entidades que teriam ministrado cursos, não havendo informações no processo que permitam identificar a motivação do repasse.

101.Na SDS, a exemplo do ocorrido com a Força Sindical, o convênio foi aditivado no final do exercício com novas verbas federais de R$ 1 milhão em 18/12/2001, totalizando R$ 15,6 milhões, dos quais R$ 13 milhões federais30 e R$ 2,6 milhões da contrapartida (fl. 264, vol. 18). Houve rendimentos financeiros de R$ 70,4 mil (fl. 213, vol. 18). A Relação de Pagamentos (fls. 214/220, vol. 18) identificou os beneficiários de R$ 11,9 milhões em recursos federais e de R$ 2,4 milhões da contrapartida, totalizando R$ 14,3 milhões, faltando, portanto, comprovar pouco mais de R$ 1,3 milhão. Esses recursos não comprovados teriam sido reprogramados para o exercício seguinte, com base no Decreto 3.700, de 22/12/2000. PAREI AQUI

26 R$ 37.999.374 de verbas federais, R$ 685.618 oriundos de rendimentos de aplicações financeiras e R$ 7.742.497 da contrapartida (fls. 17 e 73, vol. 18).27 Não foram especificadas as datas dos pagamentos e não foram anexados comprovantes de veiculação.28 A exemplo de exercícios anteriores, a Fundação Roberto Marinho recebeu a maior parte dos recursos, tendo absorvido R$ 4,55 milhões dos R$ 9,5 milhões federais (fls. 29/30, vol. 20). 29 Trata-se de entidade filantrópica fundada pelo ex-Governador do DF, Cristovam Buarque, para pesquisas de segurança alimentar, que vem sendo contemplada com volumosos recursos do Planfor, desde 1997.30 Os Extratos Bancários (Anexo VII do art. 28 da IN/STN 01/97) contemplam o recebimento em 2001 de R$ 12 milhões em recursos federais, em 2 parcelas iguais, em 06/04/2001 e 03/09/2001 (fls. 221/238, vol. 18), não havendo registro do R$ 1 milhão correspondente ao termo aditivo, que pode ter sido pago em 2002.

189

Page 190: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

102.Este Decreto não concede amparo legal para a reprogramação. Sua ementa revela que o mesmo dispõe sobre a programação orçamentária/financeira do exercício de 2000, enquanto a reprogramação aprovada refere-se a recursos de 2001:

Altera os Anexo I, II, III, IV, V e VIII do Decreto nº 3.473, de 18 maio de 2000, que dispõe sobre a compatibilidade entre a realização da receita e a execução da despesa, sobre a programação orçamentária e financeira do Poder Executivo para o exercício de 2000, e dá outras providências. (grifamos)

103.O convênio do ICT previa recursos de R$ 12,4 milhões, sendo R$ 10,4 milhões31 federais (fl. 143, vol. 20) e R$ 2 milhões da contrapartida (fl. 87, vol. 20), para 57.320 treinamentos de março a dezembro de 2001 (fl. 148, vol. 20). O Relatório de Execução da Receita e Despesa informou receitas de R$ 12.627.586,55 sendo R$ 10,4 milhões de verbas federais, R$ 2.078.218,49 da contrapartida e R$ 149.368,06 oriundos de rendimentos de aplicações financeiras (fl. 152, vol. 20).

104.Não foram comprovados recursos federais no valor de R$ 37.573,95 mais os R$ 149.368,06 de rendimentos de aplicações financeiras, que foram registrados como saldo a devolver (fl. 152, vol. 20), mas não foram devolvidos, segundo os Extratos Bancários (Anexo VII do art. 28 da IN/STN 01/97, fls. 232/274, vol. 20). Quanto aos R$ 2 milhões da contrapartida, R$ 1.477.230,00 constam como repassados ao Sindicato dos Eletricitários de SP (fl. 177, vol. 20), embora sem indicação de datas e identificação dos cheques. O restante foi distribuído em mais de mil pequenos itens de despesa.

105.O conjunto do exposto leva à convicção de que:não foram motivos de ordem técnica que embasaram liberações de recursos adicionais no

final do exercício de 2001, por meio de aditivos no valor de R$ 3,4 milhões, firmados pela SPPE com a Força Sindical, a SDS e o ICT;

a SPPE não exigiu a devolução dos saldos não utilizados dos convênios ao final de 2001, no valor de R$ 30,6 milhões, e, ainda, buscou encobrir a omissão, utilizando-se de artifícios não formalizados apropriadamente, como a reprogramação de metas físicas;

a SPPE foi negligente na análise e subsequente aprovação das Relações de Pagamento da contrapartida dos recursos federais, vez que recursos não comprovados na forma prevista no art. 28 da IN/STN 01/97 não foram objeto de questionamento.

1.6.execução financeira em 2002106.A equipe de auditoria recolheu na SPPE cópias de partes do processo de prestação de

contas de 2002, durante visita realizada em 02/04/03, vez que as contas finais ainda não foram prestadas (vide item Error: Reference source not found) e os dados parciais não contêm todas as informações exigidas pela IN/STN 01/97.

107.Na Força Sindical, o mapa de Execução da Receita e Despesa realizada até o final de 2002 permite constatar que, dos R$ 29 milhões em recursos federais repassados no exercício de 2002, mais R$ 771 mil de rendimentos, ainda faltavam comprovar R$ 6.069.920, intitulados como ‘Saldo Financeiro do Convênio’ (fl. 38, vol. 44).

108.Quanto à contrapartida prevista no Termo Aditivo em R$ 9,6 milhões (fl. 6, vol. 20), a Força Sindical informou ter aplicado R$ 5.735.531,02, porém na Relação de Pagamentos encontra-se registrado o valor de R$ 4.640.000,00 como ‘INFRAESTRUTURA’, sem indicação de beneficiários, datas, valores e dos cheques supostamente utilizados (fl. 90, vol. 44). Esse valor não pode ser considerado, a exemplo do ocorrido em 2001. Assim, só há registros de pagamentos de pouco mais de R$ 1,1 milhão.

109.A Força Sindical não encaminhou documentos destinados a comprovar a aplicação dos R$ 2 milhões do Termo Aditivo de 2001, nem do saldo dos demais recursos não comprovados no exercício anterior.

110.Na CUT, o mapa de Execução da Receita e Despesa permite constatar que, além do saldo a comprovar de 2001, no valor de R$ 7.582.173,47, a CUT recebeu em 2002 mais R$ 22,5 milhões, aos quais se somam R$ 682.783,43 de rendimentos, totalizando R$ 30.764.956,90. Desse total, faltaram comprovar R$ 3,6 milhões, que constam como ‘Saldo Reprogramado para 2003’,

31 O Termo Aditivo datado de 05/09/2001 aumentou em R$ 400 mil a liberação de recursos federais em 2001, a título de antecipação de metas de 2002, a exemplo do ocorrido com a Força Sindical (fls. 142/146, vol. 20).

190

Page 191: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

embora o convênio plurianual se encerrasse em 2002 e esta reprogramação estivesse vedada pelo Ofício SPPE 122/2001 (fl. 148, vol. 45). Quanto à contrapartida, a CUT informou ter aplicado pouco mais de R$ 6 milhões, restando comprovar R$ 25.771,09, igualmente ‘reprogramados’ para 2003 (fl. 127, vol. 44).

111.A SDS anexou dois mapas de Execução da Receita e Despesa (fls. 130/131, vol. 44), ambos referindo-se a uma mistura do saldo do convênio e termo aditivo de 2001 com os recursos do aditivo de 2002. Apesar de confusos, esses mapas permitem constatar que, além do saldo a comprovar de 2001, a SDS recebeu em 2002 mais R$ 9 milhões em recursos federais, aos quais se somaram R$ 188.407,71 de rendimentos financeiros, totalizando R$ 10.349.986,06. Segundo esses mapas, o saldo remanescente seria de R$ 209.822,66.

112.No ICT, o mapa de Execução da Receita e Despesa (fl. 176, vol. 44) permite constatar que, além do saldo a comprovar de 2001, no valor de R$ 186.942,01, o ICT recebeu em 2002 mais R$ 7,5 milhões, aos quais se somaram R$ 113.585,37 de rendimentos, totalizando R$ 7.800.527,38. Desse total, faltaram comprovar R$ 3.572,28. Quanto à contrapartida, o ICT informou ter aplicado pouco mais de R$ 1.560.979,20, porém a relação de pagamentos incluiu o valor de R$ 857.460,00 relativos a um Termo de Cooperação Técnica com o Sindicato dos Eletricitários de São Paulo, não havendo a especificação das datas, valores e beneficiários desses recursos (fl. 179, vol. 44).

2.Relatórios de fiscalização/supervisão e avaliação dos Convênios 2000/2001113.As resoluções do Codefat previram a alocação de recursos do Planfor nos chamados

‘projetos especiais’, os quais abrangiam a contratação de entidades para atividades que não envolviam cursos profissionalizantes, dentre as quais as de supervisão, controle e avaliação da efetividade do programa.

114.Em 1996, ao início do programa32, 12% do total de recursos a ser investido em programas de qualificação profissional poderiam ser gastos em projetos especiais orçados em número de horas técnicas de serviços especializados, seguindo parâmetros de preço do mercado local. Todos os convênios deveriam prever processo de supervisão, acompanhamento e avaliação, visando garantir a eficiência, eficácia e efetividade social das ações programadas, além da adequação e lisura na aplicação dos recursos, do ponto de vista contábil-financeiro.

115.No entanto, o Codefat não definiu o que entendia por supervisão. As suas Resoluções mencionavam os termos ‘supervisão’, ‘controle’, ‘avaliação’, ‘acompanhamento’, como se fossem procedimentos auto-aplicáveis, sem necessidade de especificações. A primeira delas, que regulou o programa em 96/97, considerava tais procedimentos como meros fornecedores de subsídios para alterar o programa naquilo que fosse considerado necessário:

‘h) deverá ser previsto, para todos os planos ou projetos implementados, processo de supervisão, acompanhamento e avaliação, visando garantir a eficiência, eficácia e efetividade social das ações programadas, além da adequação e lisura na aplicação dos recursos, do ponto de vista contábil-financeiro, fornecendo assim subsídios e indicadores para aprimorar, corrigir, redirecionar, naquilo que for necessário, as aplicações e metas previstas para cada exercício e exercícios subsequentes;’ (Res. 126/96, art. 5º)

116. Já a Resolução que regulou o período 1999/2000, suprimiu a preocupação da anterior com a ‘lisura na aplicação dos recursos do ponto de vista contábil-financeiro’, permanecendo sem especificar o que se entendia por supervisão:

‘b) até 4% dos recursos em projetos especiais, incluindo, obrigatoriamente, projetos de supervisão e acompanhamento gerencial da PARCERIA e avaliação externa e acompanhamento de egressos das ações de qualificação podendo também contemplar, desde que garantidos os dois projetos obrigatórios e respeitado o limite de recursos para projetos especiais, outros projetos de desenvolvimento, produção, experimentação e avaliação de metodologias e materiais técnico-didáticos pertinentes aos objetivos do PLANFOR.’ (Res. 194/98, art. 11);

117.A Resolução 258, editada após a divulgação dos problemas de controle no DF, em fins de 2000, passou a estabelecer situações de suspensão da transferência de recursos em seu artigo 19:

‘Art. 19. A transferência de recursos aos PEQs e PARCERIAS, em cada exercício, obedecerá, necessariamente, aos seguintes requisitos técnicos, sem prejuízo da legislação aplicável à matéria:

32 Resolução Codefat 126, de 23/10/96, arts. 5º ‘h’ e 7º.

191

Page 192: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

I - para a transferência inicial, de até 50% (cinqüenta por cento) do total conveniado: apresentação, na forma adequada e em prazos hábeis para análise e processamento, de Plano de Trabalho ou Projeto consistente com os termos desta Resolução, bem como disponibilização, no SIGAE, das seguintes informações relativas às ações de qualificação profissional, no âmbito do PLANFOR:

a) informações de planejamento, para o exercício corrente, necessárias ao acompanhamento, fiscalização e controle da execução das atividades;

b) todas as ações desenvolvidas no exercício anterior;II) para transferências subseqüentes, ao longo do exercício: apresentação de relatórios

gerenciais de acompanhamento das ações, nas datas, condições e formato preestabelecidos, incluindo, necessariamente, a alimentação comprovada no SIGAE de todos os contratos já celebrados e a comprovação da contratação ou de resultados da execução do projeto especial de avaliação externa.

§ 1º As transferências de recursos posteriores à inicial serão proporcionais à alimentação, no SIGAE, das informações concernentes aos contratos celebrados.

§ 2° Cabe à SPPE/MTE elaborar e submeter ao CODEFAT, previamente à sua divulgação aos interessados, termos de referência para formatação e apresentação dos PEQs e projetos de PARCERIAS, bem como dos relatórios gerenciais de acompanhamento e supervisão.

§ 3° Quando for constatada impropriedade na execução do convênio e demais instrumentos firmados, concernentes às ações de educação profissional, no âmbito do PLANFOR, serão adotados os seguintes procedimentos:

I - notificação requerendo a adoção de providências no prazo assinalado, de no máximo trinta dias; e

II - suspensão de recursos quando as providências adotadas em atenção à notificação a que se refere o inciso anterior não tiverem sido atendidas de forma satisfatória.

§ 4º A transferência de recursos também será suspensa, até a correção das impropriedades ocorridas, nos casos especificados no § 4° do art. 21 da Instrução Normativa STN n° 01/199733.’ (grifos nossos)

118.Assim, a continuidade das liberações de recursos dependia da adoção de providências corretivas das irregularidades notificadas às entidades pela SPPE, da prestação de contas da 1ª parcela liberada no exercício e do cumprimento das cláusulas do convênio.

119.A SPPE descumpriu todos esses requisitos e jamais suspendeu a liberação de recursos em função de qualquer tipo de irregularidade. Ao que parece, todas as constatações de irregularidades permaneceram vistas apenas como subsídios e indicadores para aprimorar, corrigir e redirecionar o programa, naquilo que se considerasse necessário para cada exercício e os subsequentes.

120.Embora o Codefat tenha previsto o emprego de amplos recursos do Planfor para a fiscalização e avaliação do programa, deixou que as próprias entidades convenentes contratassem seus fiscais e avaliadores, produzindo um conflito de interesses que autoriza, em tese, colocar sob suspeição a isenção de todos os trabalhos realizados.

121.Detectada essa falha pelos trabalhos de auditoria deste Tribunal realizados em 2000, a Decisão 354, de 13/06/2001, proferida no TC 006.743/2000-3, determinou sua correção nos seguintes termos:

‘8.2.2 - ao Ministério do Trabalho e Emprego que:

33 “§ 4º A liberação das parcelas do convênio será suspensa até a correção das impropriedades ocorridas, nos casos a seguir especificados:

I - quando não tiver havido comprovação da boa e regular aplicação da parcela anteriormente recebida, na forma da legislação aplicável, inclusive mediante procedimentos de fiscalização local, realizados periodicamente pela entidade ou órgão concedente e/ou pelo órgão competente do sistema de controle interno da Administração Pública;

II - quando verificado desvio de finalidade na aplicação dos recursos, atrasos não justificados no cumprimento das etapas ou fases programadas, práticas atentatórias aos princípios fundamentais de Administração Pública nas contratações e demais atos praticados na execução do convênio;

III - quando for descumprida, pelo convenente ou executor, qualquer cláusula ou condição do convênio.” (§ 4º do art. 21 da IN/STN/01/97)

192

Page 193: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

a) cumpra os mandamentos contidos na legislação aplicável, quanto à fiscalização sobre o Plano Nacional de Qualificação do Trabalhador - PLANFOR, que deve ser controlada, necessariamente, por estruturas federais nos estados e municípios, não havendo restrições para que recebam o auxílio de outras instituições contratadas para este fim, desde que em caráter suplementar, de forma a atender ao disposto no Decreto nº 93.872/86 e na IN/STN/MF nº 01/97;’

..‘8.3.1 - ao Conselho Deliberativo do Fundo de Amparo ao Trabalhador que:...d) observe o princípio da segregação de funções no nível de controle e avaliação das ações

comandadas a partir do Ministério do Trabalho e Emprego;’122.Nessa altura, o Codefat já havia editado a Resolução 234/2000 em abril de 2000,

prevendo que as instituições avaliadoras passariam a ser escolhidas pela SPPE, porém, dentre entidades indicadas pelos convenentes em lista tríplice. Esse dispositivo foi revogado com a edição da Res. 258 em dezembro de 2000. Em 2001, nenhuma mudança ocorreu na prática, permanecendo as mesmas entidades avaliadoras de anos anteriores.

123.Os relatórios de projetos especiais encaminhados pelo MTE foram os seguintes:Força Sindical

Relatório final de apoio à gestão relativo ao Programa de Educação Profissional – 2001 (vol. 21, fls. 81/323)

CUT Relatório de supervisão e acompanhamento 2000 (vol. 37, fls. 01/34)Relatório final de avaliação externa 2000, elaborado pela Rede Interuniversitária de Estudos e Pesquisas sobre o trabalho – UNITRABALHO (vol. 36, fls. 02/15 – sumário executivo, vol. 36, fls. 14/354 – relatórioRelatório síntese de acompanhamento pedagógico das ações 2000 (vol. 37, fls.35/328)Avaliação externa 2000 (vol. 38, fls. 01/235)Avaliação externa 2001, elaborada pela UNITRABALHO (vol. 39, fls. 04/10 – sumário executivo; Relatório Final, vol. 39, fls. 11/106; anexos vols. 42 e 43)Relatório de apoio à gestão 2001 (vol. 39, fls. 107/135)Relatório Síntese de acompanhamento pedagógico das ações 2001 (vol. 39, fls. 136/176)Relatório de pesquisa de Egressos 2001, elaborado pela UNITRABALHO (vol. 39, fls.177/339, vol. 40, vol. 41)

Fiesp Relatórios gerenciais do projeto telessalas 2000 elaborados pela Fiesp (vol. 21 fls. 02/80, vol. 6 fls. 196/274)Relatório de avaliação externa do programa Telecurso 2000 (Jan/2001), elaborado pela Fundação Sistema Estadual de análise de dados – SEADE (vol. 24)Relatório final de avaliação externa do programa Telecurso 2000 – Jan/2002, elaborado pela SEADE (vol. 25, fls. 31/246)Relatório parcial de avaliação externa do programa Telecurso 2000 – Nov/2001 (vol. 25, fls. 247/308)

SDS Relatório de apoio à gestão 2000, elaborado pelo ILAM (vol. 23, fls. 07/49)Relatório de apoio à gestão 2001 elaborado pelo ILAM (vol. 23, fls. 87/165)Relatório Parcial de apoio à gestão – Supervisão, elaborado pelo ILAM – 2001 (vol. 23, fls. 166/245)Relatório de avaliação externa 2001, realizado pela DATAUNB (vol. 27, fls. 159/277)

ICT Relatório final de acompanhamento e Supervisão 2000, elaborado pelo Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Tecnológico Educacional e Social – IBRAES (vol. 22, fls. 01/63)Relatório de apoio à gestão 2001, elaborado pelo Instituto Latino Americano de Educação e Pesquisa – ILAM (vol. 22, fls. 64/213)Relatório Final de avaliação externa – acompanhamento de egressos - 2001, elaborado pelo Instituto Brasileiro de Administração Pública – IBAP (vol. 27, fls. 27/87)Relatório final de avaliação externa - 2000 - elaborado pelo IBRAES (vol. 27, fls. 88/157)

124.Os extensos relatórios de avaliação encaminhados ao Tribunal dedicam-se, em sua maior parte, a tabular um perfil sócio-econômico dos treinandos, a partir de dados extraídos da ficha de inscrição, bem como em analisar os cursos baseados em questionários distribuídos aos alunos e professores. Esses relatórios consistem em trabalhos de pouca utilidade para concluir sobre a qualidade dos cursos.

125.A síntese das avaliações foi realizada por meio de questionários padronizados, enviados às entidades avaliadoras (fl. 36, vol. 29) pela SPPE, a qual produziu a tabulação dos resultados (vol. 29). Assim, a síntese reflete os vícios apontados acima.

126.Quanto à pesquisa com egressos dos cursos - destinada a verificar a efetividade do programa em termos de geração de emprego - obedecia a critérios definidos pelas próprias contratadas, que não tinham interesse em apresentar resultados dissonantes com a vontade de seus contratantes, pois corriam o risco de não serem recontratadas no ano seguinte.

127.Assim, a SPPE não apresentou evidências de que o Planfor tenha produzido benefícios à população, que justificassem a manutenção do programa, muito embora costume alardear a grande quantidade de avaliações disponíveis, mais de 400.

128.No caso da atividade de fiscalização, a Resolução do Codefat determinou que a SPPE passaria a contratar entidades externas para uma supervisão operacional e em nada alterou a

193

Page 194: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

responsabilidade das convenentes de contratar sua própria fiscalização, que permaneceu como antes – não tendo sido cumpridas as determinações do Tribunal, acima referidas.

129.A supervisão operacional foi iniciada a partir de 2000, após desenvolvida metodologia própria. Em 2001, foram contratadas instituições em todos os Estados para processar informações. O valor dos contratos de supervisão operacional foi de R$ 4,1 milhões em 2000 (fl. 6, vol. 45), R$ 6,3 milhões em 2001 (fl. 7, vol. 45) e R$ 2,8 milhões em 2002. Foram contratadas para essa finalidade Universidades e suas Fundações de Apoio.

130.Assim, a SPPE implantou o Sistema SOP, o qual operava por meio de quatro questionários, em que entrevistadores colhiam informações sobre: a) as entidades convenentes; b) executoras; c) cláusulas dos contratos firmados; d) situação dos cursos no local e horário em que estavam sendo ministrados. Eventuais falhas detectadas eram inseridas em um sistema que produzia recomendações para correção, enviadas para as entidades convenentes, que retornavam comunicando as providências adotadas.

131.Com base nas constatações do SOP, a SPPE elaborou Relatórios físicos-financeiros de visita de supervisão, realizados pelo DEQP, tendo encaminhado ao Tribunal os seguintes: Força Sindical, agosto/2001 (vol. 6, fls. 41/58); CUT, julho/2001 (vol. 6, fls. 64/69); SDS, julho/2000 (vol. 6, fls. 59/63) e ICT, julho/2001 (vol. 6 fls. 70/75). Esses relatórios tiveram como conseqüências notificações da SPPE às Centrais Sindicais (vide itens Error: Reference source not found/Error:Reference source not found).

132.Essa sistemática não inibia as irregularidades, nem era utilizada para bloquear o repasse de verbas. Mesmo quando detectava falhas graves, como a inexistência do curso no local e horário em que deveria estar sendo realizado, isso não gerava penalidades corretivas. O concedente, Sr. Nassim Gabriel Mehedff, ressaltou que não se tratava de um procedimento de fiscalização, mas uma ferramenta de apoio à gestão e correção de rumos (fl. 93, vol. 6).

133.Até 22/03/2002, nenhuma TCE foi instaurada por iniciativa da SPPE, segundo informação do gestor, prestada no Ofício SPPE 342/2002 encaminhado ao Tribunal (fl. 58).

134.Quanto à fiscalização contratada pelas centrais sindicais com recursos federais do Planfor, era de se esperar que a sistemática tivesse seguido algum tipo de orientação do gestor da SPPE para que fosse direcionada a atender aos princípios da administração pública – dentre os quais destacam-se a verificação das despesas e o atesto da execução do serviço contratado.

135.No entanto, pelo teor dos relatórios apresentados, cada contratado realizou a fiscalização da maneira que bem entendeu, sob orientação do contratante. Nenhum deles prestou informações sobre as despesas realizadas ou sobre o atesto da execução, que consiste em etapa essencial da despesa pública.

136.As irregularidades eventualmente encontradas eram comunicadas ao contratante do serviço (e não à SPPE), o que tornava inócuo o esforço de fiscalização. Por exemplo, no caso do ILAM34, que realizou a supervisão da SDS em 2001, em 45% de um total de 304 visitas35 aos cursos não foi constatado o número de alunos previsto no Sigae, casos estes que foram relatados em notificações enviadas à SDS (fl. 98, vol. 23).

137.No caso da CUT, a SPPE justificou ao Tribunal a ausência dos solicitados relatórios de fiscalização, afirmando que a entidade realizou sua própria supervisão (fl. 98) – o que significa, na verdade, que a CUT não contratou ninguém para fiscalizar seu programa.

138.No caso da Força Sindical, a auditoria da CGU/SFC não localizou relatórios de verificação da execução dos contratos firmados. Há apenas o coordenador indicado, sem qualquer documento que comprovasse verificação efetuada por ele, em desacordo com o parágrafo 1º do artigo 67 da lei nº 8.666/93 (fl.42, vol. 30).

139.Analisando a efetividade dos trabalhos de Apoio à Gestão e Avaliação Externa, a CGU/SFC constatou que nem um nem outro apontou as falhas, impropriedades e/ou irregularidades constatadas, demonstrando que as entidades contratadas não apresentaram as condições necessárias para a contratação.

34 Instituto Latino Americano de Pesquisa e Educação Profissional.35 Registre-se, ainda, que 304 visitas não cobriam sequer 10% do número de turmas e o ILAM não informou o critério de amostragem.

194

Page 195: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

3.RELATÓRIOS DO GRUPO ESPECIAL DE INVESTIGAÇÃO - GEIP140.O trabalho desenvolvido pelo GEIP foi coordenado por 3 membros, os Srs. Eder Nobre

Praxedes, Henirdes Batista Borges e Wlaudecyr Antônio Goulart, os quais mobilizaram auditores fiscais do trabalho nos estados para vistorias nos cursos, o que constituiu o foco do acompanhamento das ações de qualificação profissional.

141.Além dessas vistorias, o GEIP procedeu a uma análise documental das contratações de executoras, examinou documentos da supervisão e acompanhamento da execução das ações e verificou amostras extraídas de diários de classe, listas de presença e relações de treinandos.

142.As atividades do GEIP tinham caráter de apuração preliminar, não tendo o objetivo de aprofundamento nas questões. Suas constatações de irregularidades, efetuadas em fins de 2002, foram apresentadas às Centrais Sindicais, algumas das quais apresentaram justificativas. Mas esse trabalho ainda não produziu conseqüências, encontrando-se pendente de análise das justificativas pelo MTE (fl. 15, vol. 45).

143.O MTE forneceu à equipe de auditoria os seguintes relatórios:Força Sindical - Relatório do GEIP de 13/12/2002 (fls. 172/199, vol. 45);Força Sindical - Comunicado do presidente da entidade, Sr. Paulo Pereira da Silva, de

26/02/2003, sobre o relatório do GEIP (fls. 16/18, vol. 45);CUT - Relatório do GEIP de 19/12/2002 (fls. 55/75, vol. 45);CUT - Justificativas da entidade de 07/02/2003 (fls. 28/54, vol. 45);SDS - Relatório GEIP de 19/12/2002 (fls. 77/95, vol. 45);ICT - Relatório GEIP de 19/12/2002 (fls. 98/119, vol. 45);ICT - Justificativas da entidade de 07/02/2003 (fls. 120/171, vol. 45);144.Dentre as constatações comuns, estão as mesmas infrações à Lei 8.666/93 constatadas

em todas as auditorias realizadas no Planfor, cuja correção foi objeto de determinação na Decisão 354/2001:

utilização de dispensa de licitação como regra geral (item 8.2.2-b Decisão 354/2001, fl. 5);pagamentos antecipados (item 8.2.3-c Decisão 354/2001, fl. 6);falhas no atesto da execução (item 8.2.3-d Decisão 354/2001, fl. 6).145.Em seu relatório de auditoria sobre a Força Sindical, datado de 02/09/200236, a

CGU/SFC encontrou irregularidades correlatas:Nos contratos com o IPEC, 95% do valor foi liberado após trinta dias da assinatura do

contrato, sem a necessidade de comprovação, da prestação do serviço (fl. 41, vol. 30);Não especificação do objeto no corpo dos contratos da Força Sindical com as executoras em

descumprimento à Decisão 354/2001, de 13/06/2001, pois o objeto foi especificado em anexo ao contrato (fl. 35, vol. 30);

Os processos licitatórios, quando realizados, não garantiram a seleção da proposta mais vantajosa;

Ausência de atesto dos serviços prestados nos documentos de comprovação de despesa, tendo o pagamento sido efetuado com base em faturas sem discriminação ou identificação dos serviços prestados (fl. 10, vol. 30).

146.Dentre outras constatações efetuadas pelo GEIP, cabe mencionar a ausência de informações para se chegar ao vínculo entre os pagamentos e as ações a que se referiam, inviabilizando o controle (SDS fl. 86, vol. 45; CUT fls. 64/65 e 36/37, vol. 45). Além disso, apurou-se que os documentos de algumas entidades não formavam um processo único referente a cada contrato, não estando autuados em ordem cronológica (CUT fl. 62 e 35/36, vol. 45; ICT fl. 122, vol. 45).

147.Quanto aos indícios de inexecução, foram localizados vários casos de participação do mesmo treinando em cursos realizados nas mesmas datas/horários em municípios diferentes ou turmas distintas.

CUT - O caso extremo apresentado foi o do treinando Adão de Jesus Ebling Naysinger, que residiria em Gravataí e teria realizado 25 cursos em mais de 6 Municípios, de Canoas-RS a São

36 O relatório faz uma série de recomendações (fls. 55/56, vol. 30), inclusive a de que o MTE tomasse providências no sentido de ressarcir ao erário os prejuízos correspondentes a não execução das vagas contratadas. Nenhuma providência foi adotada até o final de 2002, quando houve a mudança de governo.

195

Page 196: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

Luiz-MA, alguns dos quais nas mesmas datas. As justificativas da CUT não abordaram este fato (fls. 72/73, vol. 45). Inconsistências foram encontradas no confronto dos dados do Sigae com as folhas de presença dos treinandos, sendo ambas as fontes fornecidas pela executora (fl. 68, vol. 45).

ICT - Foram relatados vários casos de treinandos e instrutores realizando mais de um curso no mesmo horário, duplicidades de nomes na mesma turma e outros indícios de que o informado não correspondia à realidade (fls. 111/116, vol. 45). As justificativas apresentadas pelo ICT não esclareceram a razão do problema com os alunos (fls. 139/142, vol. 45). Quanto aos instrutores, o ICT justificou alguns casos, porém em outros o argumento apresentado, de ter ocorrido junção de turmas, implicava em redução de custos, em prejuízo do curso (fls. 142/144, vol. 45). Os fiscais tentaram entrar em contato com os alunos pelos telefones constantes do Sigae, mas desistiram ao verificar que os números eram de outras pessoas. O ICT culpou os treinandos, que seriam os responsáveis pelo fornecimento dos números (fl. 145, vol. 45).

148.Porém, casos de gravidade mais nítida foram localizados na investigação envolvendo a SDS, valendo à pena estender-se nos comentários.

149.Os fiscais selecionaram 40 treinandos que tinham telefone informado nos registros apresentados, extraídos de 4 cursos que teriam sido ministrados pela Cotradasp (entidade contemplada com R$ 1,5 milhão em 2001) para ao redor de 2.700 alunos. Após tentarem contatos telefônicos, os fiscais constataram que em nenhum dos casos foi obtida a confirmação de participação nos cursos, tendo ocorrido as seguintes situações (fl. 90, vol. 45):

O telefone não tinha relação com o treinando, nem seu endereço;O telefone coincidia com o endereço, mas não com o treinando;O telefone pertencia ao treinando, que declarou não ter participado do curso.150. A seguir, os fiscais foram ao local desses cursos, onde teriam sido ministrados mais de 5

mil treinamentos. Constataram tratar-se da sede campestre do Sesc - Serviço Social do Comércio, onde o responsável, Sr. Jair Moreira da Silva Jr., desconhecia a existência de cursos promovidos por entidades sindicais (fl. 92, vol. 45).

151. O mesmo ocorreu com cursos ministrados pela principal entidade contratada pela SDS, a Qualivida, contemplada com R$ 6,3 milhões em 2001. Os fiscais foram aos locais de cursos informados nos relatórios da SDS e chegaram à Federação dos Empregados em Turismo e Hospitalidade do Estado de São Paulo, onde o Presidente da entidade, Sr. Luiz Vecchia, foi taxativo em declarar que não ocorreram os cursos (fl. 93, vol. 45).

152. Em outro endereço pesquisado, localizava-se a sede do Hotel Excelsior, cuja gerência informou por escrito a relação de eventos realizados, não constando os cursos da Qualivida (fl. 94, vol. 45).

153. A SDS já havia fraudado seus balanços em 1997, com o objetivo de demonstrar deter patrimônio para a contrapartida exigida e, assim, ter condições de firmar o primeiro convênio com o MTE. Seu patrimônio saltou de R$ 1,6 mil em outubro/97 para R$ 558 mil no mês seguinte, por meio da contabilização no ativo de mensalidades futuras a receber de associados, conforme constatado no relatório de auditoria do TC 003.743/2000-3, fls. 114/115. Mesmo alertado para o fato pela Ciset e consultoria jurídica do MTE, o Secretário, Sr. Nassim Gabriel Mehedff, assumiu o risco de firmar o convênio, sintoma de que interesses outros, que não os técnicos, nortearam sua decisão.

154. No caso da Força Sindical, o objetivo do GEIP consistia em aprofundar o trabalho da CGU/SFC, de maneira a chegar a resultados conclusivos. O primeiro passo foi na DATAMEC, empresa contratada pela Caixa Econômica Federal para desenvolver e prestar manutenção ao Sigae, onde a equipe recebeu o banco de dados em 02/09/2002, que deveria espelhar os treinamentos do exercício de 2001, contendo um total de 246.637 registros de treinamentos (fls. 178/179, vol. 45).

155. Da leitura do trabalho, depreende-se que a equipe deparou-se com dificuldades de confiabilidade do banco de dados, porém o relatório não esclareceu, nem quantificou os problemas, limitando-se a apontar alguns deles. Assim sendo, não se chegou a resultados conclusivos.

196

Page 197: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

156. Entretanto, a equipe identificou alguns fatos que demonstram as causas de tantas repetições de nomes e CPF nas listas de treinandos da Força Sindical.

157. Do total de 246.637 registros, 73.324 (30%) referiam-se ao curso ‘Motivação para Ingresso e Reingresso no Mercado de Trabalho’, que consistia em uma palestra de 3 ou 4 horas, oferecida às pessoas que procuravam a Força Sindical em busca de cursos de qualificação profissional (fl. 180, vol. 45).

158. Evidentemente uma palestra não pode ser considerada como curso profissionalizante, apesar da total permissividade das normas do Codefat, que não vedava nenhum tipo de curso e nem estabelecia carga horária mínima.

159. Outra causa de repetição de nomes está nas ações de elevação de escolaridade (fls. 180/181, vol. 45). Cada disciplina ministrada, como Inglês ou Português, era registrada como um curso à parte. Observa-se, também nesse caso, que é questionável atribuir a esses cursos a natureza de profissionalizante.

160. O trabalho relata falhas de alimentação do sistema causadas pelo preenchimento incorreto de um campo destinado a indicar que a executora operaria cursos em unidades federativas distintas. O problema produziria duplicações por sobreposição de cadastros. O relatório, embora não seja claro nesse aspecto, dá a entender que esse problema não havia sido corrigido em setembro de 2002, quando já decorridos oito meses do término das ações (fls. 183/184, vol. 45).

161. O relatório afirma que as entidades Millenium e IBPEC, responsáveis por 108.300 treinamentos no valor de R$ 7,5 milhões, ‘apresentaram diários de classe sem qualquer correspondência com as turmas informadas no sistema SIGAE’. A seguir questiona o uso desses diários para fins de provas, pois mesmo os de outras executoras, muitas vezes não continham assinatura do responsável ou não identificavam as turmas, o nome do curso e até o município de sua realização (fl. 184, vol. 45).

162. O relatório registra a limitação ao trabalho, tendo em vista que uma equipe de apenas 3 membros, por mais diligente que fosse, não conseguiria verificar todas as ocorrências em um universo de 250 mil registros no prazo concedido de noventa dias.

163. Assim, optou por realizar uma amostra, tendo o cuidado de eliminar casos de homonímia pela verificação de datas de nascimento e nomes maternos (fls. 187/188, vol. 45), o que gerou uma listagem composta por 12.846 treinamentos, referentes a 6.050 alunos em que (fl. 190, vol. 45):

5.269 treinandos participaram de duas ações em dias e horários simultâneos;1.336 treinandos participaram de ações em municípios diferentes;8.747 treinandos participaram da mesma ação mais de uma vez.164. Desse universo de 6.050 treinandos, cerca de 20% não indicaram telefone para contato.

Daqueles que indicaram um número, cerca de 40% continham algum tipo de incorreção que impossibilitava a tentativa de manter contato, sobrando apenas 2.658 em condições de serem localizados.

165. A equipe procedeu a cerca de 3000 telefonemas, não tendo sucesso em 35% dos casos, em função da ausência do treinando. Restaram 1.734 contatos realizados, relacionados no Anexo I (fl. 193, vol. 45), nos quais os treinandos não confirmaram as informações contidas no Sigae em pelo menos uma das ações em que figuram como concluintes, a maioria dos quais constavam de diários de classe com freqüência assinalada (fl. 195, vol. 45).

166. O relatório, em sua conclusão, propôs enviar expediente à Força Sindical para a apresentação de justificativas. O Sr. Paulo Pereira da Silva, da Força Sindical, solicitou a metodologia dos trabalhos do GEIP, alegando que seu desconhecimento prejudicava a apuração dos fatos. Além disso, requereu 120 dias para apresentação das justificativas, tendo em vista o grande volume de documentos apensados ao relatório do GEIP (fls. 16/18, vol. 45). Até a conclusão desta auditoria, não houve fatos novos.

4. OS CONVÊNIOS4.1. RESPONSÁVEL PELOS CONVÊNIOS167. Os convênios eram instrumentos padronizados, firmados entre o Presidente de cada

Central e a União, representada pelo MTE, por intermédio do Secretário da SPPE, Sr. Nassim

197

Page 198: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

Gabriel Mehedff, que ocupou esse cargo desde o início das liberações de recursos do Planfor, em 1996, até o final do exercício de 2002.

168. Em 18/10/1995, por meio da Resolução n° 96, o Codefat delegou à Sefor, atual SPPE (e não ao Ministério), as atribuições de gestão das ações de qualificação profissional do FAT, ''in verbis'':

''Art. 2º - Para a realização das atividades de que trata o art. 1º, fica autorizado o provisionamento e pertinente repasse dos recursos a serem destinados ao desenvolvimento das ações nele referidas, à SEFOR, à qual caberá:

I - elaborar e submeter à aprovação do CODEFAT os programas de ação e respectivas metas;II - analisar e emitir parecer sobre os Planos de Trabalho apresentados pelos Estados, com

vistas à assinatura de convênios;III - encaminhar ao Conselho sumário dos Planos de Trabalho enviados pelos estados,

evidenciando as metas a serem atingidas;IV - adotar as providências necessárias à elaboração e conseqüente assinatura dos convênios,

com a interveniência do CODEFAT;V - liberar os recursos conforme parcelas previstas nos critérios aprovados pelo Colegiado,

para o exercício;VI - acompanhar a execução físico/financeira do convênio; eVII - analisar as respectivas prestações de conta.'' (Grifamos)169. O Regimento Interno da SPPE obtido no site do MTE (fls. 200/211, vol. 45) não atribui

à SPPE nenhuma dessas responsabilidades. Quanto ao Secretário, o art. 34, que define suas competências, por estranho que pareça, não lhe atribui funções de execução, supervisão e controle, mas apenas as de formular políticas/diretrizes, assessorar o Ministro, planejar/coordenar e editar normativos. O regimento atribui aos diretores (subordinados ao Secretário) as funções de execução e controle (art. 35). Observe-se, ainda, que o cargo de Ordenador de Despesas era ocupado até o fim de 2002 pelos dois diretores subordinados ao Secretário.

170. Embora o dirigente máximo da SPPE, regimentalmente, não tivesse assumido funções que envolvessem sua potencial responsabilização pelos principais atos de gestão, é fato de notório conhecimento que os exercia de fato, o que se comprova pelo teor dos documentos que assinava, até aqui referidos.

171. No nosso entendimento, as atribuições delegadas pelo Codefat para a SPPE foram exercidas pelo Secretário, como as de assinar os convênios, liberar recursos, acompanhar a execução e analisar as prestações de contas – funções tipicamente exercidas pelo dirigente máximo.

4.2. RESUMO DOS CONVÊNIOS172. A análise que se segue dos convênios foi elaborada com base nos instrumentos

formalizados para o exercício de 2001, tomando por base o Convênio 008/2001, firmado com a CUT (início do vol. 9), cabendo observar que os convênios eram padronizados.

173. Inicialmente, observe-se que a cláusula 15ª subordinava os convênios aos ditames da Lei 8.666/93, da IN/STN 01/97 e demais normas pertinentes à matéria.

174. O objeto dos convênios foi estabelecido de forma vaga, prevendo a execução de atividades inerentes à qualificação profissional, no âmbito do Planfor, as quais eram especificadas apenas no processo administrativo formalizado no MTE para aprovação do projeto, não constando da prestação de contas.

175. Nos convênios não havia previsão da contratação de terceiros para a execução das ações do programa, embora todas as Centrais adotassem como prática repassar os recursos para umas poucas executoras, mediante contratos, firmados sem licitação.

176. Ao MTE cabia fiscalizar e avaliar a execução, além de disponibilizar o Sistema Sigae, destinado a identificar, antes da realização dos cursos, seus locais, horários, turmas, professores e relação de treinandos. Ao convenente cabia arcar com a contrapartida, alimentar o Sigae, designar coordenador responsável pela execução e prestar contas observando o disposto na IN/STN 01/97.

177. O convênio tinha prazo de dois anos, 2001/2002. Os recursos deveriam ser liberados em quatro parcelas no período de 2 anos. Em cada ano, as parcelas eram divididas em duas partes

198

Page 199: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

iguais, a primeira liberada antes do início das ações (entre fevereiro e maio) e a segunda quatro ou cinco meses depois, bem antes da conclusão das ações.

178. O § 1º do art. 19 da Res. Codefat 258/2000 estipulava que as transferências posteriores à inicial seriam proporcionais à alimentação no SIGAE das informações concernentes aos contratos celebrados. Assim, não havia requisito atrelado à execução física para a liberação da primeira parcela. Para a liberação da segunda, era necessário a alimentação do sistema com pelo menos 50% das ações previstas para 2001.

4.3. INFRAÇÕES ÀS CLÁUSULAS DOS CONVÊNIOS179. As cláusulas 3.1.1 e 3.1.6 obrigavam o MTE a manter a supervisão, o acompanhamento,

o controle e a avaliação da execução do Plano de Trabalho, inclusive a qualidade dos serviços prestados, bem como colocar em operação o Sigae. Foi constatado que as incipientes atividades de controle, quando verificavam irregularidades, não produziam conseqüências. Quanto ao Sigae, documentos da SPPE (subtítulo Error: Reference source not found) comprovam que o sistema não foi alimentado previamente aos cursos conforme previsto, o que também não produziu suspensões nas liberações de recursos, violando o art. 19 da Resolução Codefat 258/2000 e a cláusula 4.4 do convênio.

180. A cláusula 6.2.2, que previa para as executoras a adoção de procedimentos análogos aos estabelecidos pela Lei 8.666/93, não foi cumprida.

181. A cláusula 6.2.1. previa que os recursos não poderiam ser utilizados para pagar despesas de períodos anteriores ou posteriores à execução da etapa prevista no cronograma físico-financeiro. A cláusula sétima determinava a devolução dos saldos não utilizados ao final de cada exercício, quando não fosse executado o objeto pactuado no convênio.

182. No entanto, ao final do exercício, em dezembro de 2001, dispondo de orçamento, o MTE firmou aditivos para liberar mais recursos às Centrais Sindicais, sob o pretexto de antecipação de metas físicas de 2002. Chegada a hora da prestação de contas de 2001, as Centrais que não conseguiam comprovar a aplicação integral dos recursos não os devolviam. Esses recursos eram automaticamente transferidos para o exercício seguinte, sob o pretexto de reprogramação de metas.

183. As metas físicas eram manipuladas pelo MTE para liberar mais recursos e, também, evitar sua devolução, quando não cumpridas, violando as cláusulas 6.2.1 e sétima. Além disso, essa prática acarreta enorme confusão nos controles das prestações de contas de 2001/2002, vez que recursos e metas de dois exercícios acabam misturados.

184. O ICT apresentou cópia do Ofício 122/2001 (fl. 148, vol. 45), de 14/12/2001, em que o gestor da SPPE, Sr. Nassim Gabriel Mehedff, orientou a reprogramação, permitindo-a de forma genérica, para ‘todo o recurso que deixou de ser desembolsado ou comprometido até 31/12/01’:

185. Quanto à contrapartida, a prestação de contas de 2001 não recebeu óbices quanto ao preenchimento irregular da relação de pagamentos prevista na cláusula 10.4 b, que não discriminava as datas, valores e beneficiários. A conseqüência da não comprovação da contrapartida gerava a obrigação de sua devolução ao MTE, o que não foi cumprido, com infração à cláusula 7.2 e ao inciso XIII, do art. 7º, da IN/STN 01/97.

186. Somente o ICT apresentou o balancete previsto na cláusula 10.4 a.187. Tratando-se de um programa de reconhecida dificuldade de fiscalização do emprego

das verbas públicas, seria de se esperar que o MTE promovesse exigências que lhe permitissem conhecer o paradeiro dos recursos na ponta final de execução, bem como informações sobre a capacidade técnica e financeira dos executores contratados pelas Centrais Sindicais. Porém, não houve preocupação em ajustar as necessidades de controle às peculiaridades do programa.

188. Mesmo o pouco exigido nos convênios, quando descumprido, não produzia conseqüência alguma. Os recursos permaneciam sendo liberados, ainda que o Sigae não fosse alimentado e apesar de haver pendências não saneadas das prestações de contas.

189. Ao Codefat cabia acompanhar a execução dos planos de trabalho, deliberar sobre as prestações de contas e fiscalizar a administração (item Error: Reference source not found), porém sua inércia diante das irregularidades não nos causou surpresa. Vale lembrar que 2/3 de seus membros são representantes de Centrais Sindicais patronais e de trabalhadores.

199

Page 200: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

5. CONCLUSÃO e PROPOSTA DE ENCAMINHAMENTO190. O requisito essencial a ser atendido em um processo de prestação de contas consiste em

dar conhecimento das contas, ou seja, das despesas com a execução das ações que motivaram os convênios firmados com o poder público. Isso permite aos órgãos de controle identificar os fornecedores de bens e serviços adquiridos com verbas públicas, servindo de ponto de partida para verificar a possibilidade de desvios.

191. No entanto, as prestações de contas dos recursos do Planfor transferidos às Centrais Sindicais em 2000, 2001 e a parcial de 2002 somente informam para quais executoras os recursos foram transferidos pelas Centrais Sindicais, não fornecendo dados sobre os gastos efetuados pelas executoras contratadas para executar as ações. Também não apresentam dados sobre a execução física, que permitam verificar quando, onde e por quem as ações foram executadas. O sistema Sigae, que, a partir de 2001, deveria ter sido alimentado com esses dados, previamente aos cursos, não apresentou informações confiáveis, mesmo após a execução.

192. Portanto, conclui-se que houve infração ao art. 8º da Lei 8.443/92, considerando a não comprovação pelas Centrais Sindicais da aplicação dos recursos repassados pela União, no período de 2000 a 2002, verificando-se prestações de contas parciais e finais que não reúnem elementos para comprovar a execução sob os aspectos técnico e financeiro, inclusive da contrapartida, de acordo com o estabelecido no art. 31 da IN/STN 01/97 (itens Error: Referencesource not found/Error: Reference source not found).

193. As prestações de contas de 2000 e 2001, apesar de inconsistentes em seus aspectos essenciais, foram aprovadas sem óbices pela Ordenadora de Despesas, Sra. Carmen Rocha Dias, e ainda com atraso de 8 a 10 meses em relação ao prazo legal, com infração ao art. 31 da IN/STN 01/97 (itens Error: Reference source not found/Error: Reference source not found e subtítulo Error: Reference source not found).

194. O dirigente da SPPE, designado pelo Codefat como responsável pela assinatura dos convênios, liberação de recursos, acompanhamento da execução e análise das prestações de contas (subtítulo Error: Reference source not found) liberou recursos em 2001 e 2002 sem o saneamento de pendências notificadas em meados de 2001 (subtítulo Error: Reference source not found), sem a alimentação tempestiva do Sigae (subtítulo Error: Reference source not found), estando em aberto a prestação de contas de 2000 e 2001 (subtítulo Error: Reference source not found), desrespeitando os arts. 31 e 35 da IN/STN 01/97 e os arts. 6º e 19 da Resolução Codefat 258/00.

195. O dirigente da SPPE não adotou as providências cabíveis, em face do descumprimento das cláusulas do convênio 3.1.1, 3.1.6, 3.2.8, 3.2.11, 4.4, 6.2.1, 6.2.2 e sétima, com infração ao art. 22 da IN/STN 01/97 (título Error: Reference source not found).

196. O dirigente da SPPE descumpriu a Decisão 354/2001 TCU-P, item 8.2.3, que prescrevia medidas de controle para evitar a repetição de irregularidades constatadas (itens Error: Referencesource not found/Error: Reference source not found, Error: Reference source not found e Error:Reference source not found).

197. O conjunto dos fatos reforça a postura de resistência por parte do dirigente da SPPE em adotar medidas efetivas de controle37, inclusive aquelas determinadas por este Tribunal (itens Error: Reference source not found a Error: Reference source not found, Error: Reference sourcenot found e Error: Reference source not found).

198. A CGU/SFC recomendou a instauração de TCE para a Força Sindical, porém nada foi feito e suas prestações de contas de 2001 permaneceram em aberto, enquanto a entidade recebia normalmente os recursos do exercício de 2002 (item Error: Reference source not found).

199. Investigações preliminares conduzidas pela Secretaria Executiva do próprio Ministério constataram fatos graves na SDS e Força Sindical, sem a adoção das providências cabíveis por parte da SPPE, dos quais destacam-se os seguintes (itens Error: Reference source not found a Error: Reference source not found):37 Em documento encaminhado à 5ª Secex (TC 6.743/2000-3, fl. 129), a SPPE afirmou categoricamente que "em nenhum momento, o PLANFOR instituiu controle próprios, pois se inseriu no marco legal-institucional de controles realizados tanto pela área federal (Secretaria de Controle Interno/MF) e estadual (Tribunais de Contas e delegacias do MF)". No ponto de vista do gestor da SPPE, a fiscalização por parte do MTE consistiria em uma duplicação de esforços, uma vez que "a competência do PLANFOR está na área de educação profissional e trabalho - e não em auditoria".

200

Page 201: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

na SDS há fortes indícios de inexecução contratual no exercício de 2001, que sugerem fraudes na documentação comprobatória da execução física (itens Error: Reference source notfound/Error: Reference source not found);

na Força Sindical palestras de 3 a 4 horas para 73 mil pessoas foram computadas como curso profissionalizante (itens Error: Reference source not found);

na Força Sindical 5.269 treinandos participaram de mais de um curso em períodos simultâneos (item Error: Reference source not found);

na Força Sindical, após contactados por telefone, cerca de 1.734 treinandos não confirmaram as informações contidas no Sigae em pelo menos uma das ações em que figuram como concluintes, a maioria dos quais constavam de diários de classe com freqüência assinalada (item Error: Reference source not found).

200. Os relatórios de avaliação da eficácia dos convênios não são conclusivos e não comprovam que as ações do Planfor atendem ao interesse público (título Error: Reference sourcenot found).

201. Os responsáveis arrolados no presente processo encontram-se identificados no quadro seguinte:Responsáveis CPF ou CGCNassim Gabriel Mehedff, Secretário da SPPECarmen Rocha Dias, Ordenadora de Despesas do DEQP

007.243.786-34133.270.546-49

Força Sindical 65.524.944/0001-03Central Única dos Trabalhadores – CUT 60.563.731/0001-77Federação das Indústrias do Estado de São Paulo – Fiesp 62.225.933/0001-34Associação Nacional de Sindicatos Social-Democratas – SDS 02.077.209/0001-89Instituto Cultural do Trabalho – ICT 61.054.003/0001-00

202. Assim, submetemos os autos à consideração superior, propondo:I. Determinar à Secretaria de Políticas Públicas de Emprego do Ministério do Trabalho e

Emprego (SPPE) que:1) reexamine as prestações de contas dos convênios firmados com as Centrais Sindicais

Força Sindical, Central Única dos Trabalhadores (CUT), Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Associação Nacional de Sindicatos Social-Democratas (SDS) e Instituto Cultural do Trabalho (ICT), nos exercícios de 2000 a 2002, para a realização de cursos profissionalizantes no âmbito do Programa Planfor, em confronto com as informações levantadas na auditoria realizada por este Tribunal e, na hipótese de se confirmar dano ao Erário, adote as providências estabelecidas no art. 8º da Lei 8.443/92 e na IN/TCU 13/96, apurando, inclusive, eventual responsabilidade solidária do Secretário da SPPE e do Ordenador de Despesas, naqueles períodos, em razão dos seguintes fatos:

ausência de dados essenciais nas prestações de contas de 2000 a 2002, que permitissem comprovar a execução sob os aspectos técnico e financeiro, na forma do art. 31 da IN/STN 01/97, para a Força Sindical, CUT, Fiesp, SDS e ICT (itens Error: Reference source not found/Error:Reference source not found);

as Relações de Pagamentos que compõem as prestações de contas de 2001 e 2002 não preenchiam os requisitos exigidos pelo art. 28 da IN/STN 01/97 para comprovar as aplicações da contrapartida, por não identificarem os beneficiários, datas, valores, cheques, etc. da maior parte dos pagamentos feitos pela Força Sindical, Fiesp e ICT (subtítulos Error: Reference source notfound e Error: Reference source not found);

indícios de inexecução contratual na Força Sindical e SDS, constatados pela CGU/SFC e pela própria Secretaria Executiva do Ministério, nas investigações preliminares conduzidas por Grupo de Trabalho (GEIP) (título 3).

2) suspenda os repasses de recursos à Força Sindical, Central Única dos Trabalhadores (CUT), Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Associação Nacional de Sindicatos Social-Democratas (SDS) e Instituto Cultural do Trabalho (ICT) até a conclusão da providência determinada no item anterior, em cumprimento ao disposto no art. 35 da IN/STN 01/97 e no art. 19, § 3º, da Res. Codefat 258/2000.

II. Audiência do Secretário da SPPE à época dos fatos, Sr. Nassim Gabriel Mehedff, nos termos do art. 43, inciso II, da Lei n° 8.443/92 c/c o art. 250, inciso IV, do Regimento Interno do TCU, para que apresente, no prazo de 15 dias, razões de justificativa relativamente às seguintes ocorrências:

a) liberação de recursos às Centrais Sindicais em desacordo com critérios aprovados pelo Codefat, especialmente os artigos 6º e 19 da Resolução Codefat 258/2000, por não ter verificado a

201

Page 202: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

alimentação do Sigae previamente à realização das ações, bem como por ter efetuado repasses sem a completa inclusão no sistema das ações do exercício anterior (subtítulo Error: Reference sourcenot found);

b) descumprimento do art. 35 da IN/STN 01/97 e do art. 19 da Resolução Codefat 258/2000, em razão de falhas no acompanhamento da execução físico/financeira dos convênios, decorrentes de omissão na adoção das providências prescritas pelas normas, após vencido prazo de 30 dias, para o saneamento de notificações de irregularidades (subtítulo Error: Reference source notfound);

c) reprogramação de metas físicas de 2001 para 2002 para a Força Sindical, CUT, SDS e ICT, implicando em alteração de objeto sem que houvesse formalização em termo aditivo (arts. 66 e 116 da Lei 8.666/93) (itens Error: Reference source not found/Error: Reference source not found e Error: Reference source not found/Error: Reference source not found);

d) infração ao art. 22 da IN/STN 01/97, decorrente do descumprimento das seguintes cláusulas dos convênios (subtítulo Error: Reference source not found):

3.1.1 e 3.1.6 - em função de falhas de supervisão, acompanhamento e controle da execução, especialmente da obrigação de dotar o Sigae de transparência das ações de qualificação profissional, contendo dados que permitissem sua identificação prévia, tais como locais e horários dos cursos, relação de treinandos, turmas ofertadas, docentes e responsáveis pela execução;

4.4 - em decorrência da liberação de parcelas sem o cumprimento dos requisitos do art. 19 da Res. Codefat 258/2000;

6.2.1 – por ter firmado termos aditivos em 2001 com a Força Sindical, SDS e ICT, liberando recursos para o cumprimento de etapa posterior à prevista no cronograma físico financeiro;

6.2.2 – por omissão nas medidas corretivas, pela não adoção pelas executoras de procedimentos análogos aos estabelecidos pela Lei 8.666/93;

7ª - pela aprovação das contas de 2001 sem que tivesse ocorrido a devolução de recursos, cuja aplicação não foi comprovada nas prestações de contas, inclusive a contrapartida.

III. Audiência da Ordenadora de Despesas, Sra. Carmen Rocha Dias, titular do DEQP, nos termos do art. 43, inciso II, da Lei n° 8.443/92 c/c o art. 250, inciso IV, do Regimento Interno do TCU, para que apresente, no prazo de 15 dias, razões de justificativa para as seguintes ocorrências:

a) aprovação de prestações de contas de 2000 e 2001 da Força Sindical, CUT, Fiesp, SDS e ICT, sem que contivessem informações essenciais para verificação da execução (sob os aspectos técnico e financeiro, na forma do art. 31 da IN/STN 01/97) e, ainda, com atraso de oito a dez meses em relação ao prazo legal (itens 25/31 e subtítulo 1.1);

b) aprovação das prestações de contas de 2001 da Força Sindical, Fiesp e ICT, sem que as Relações de Pagamentos atendessem aos requisitos do art. 28 da IN/STN 01/97 para comprovar as aplicações da contrapartida, por não identificarem os beneficiários, datas, valores, cheques, etc. da maior parte dos pagamentos (subtítulos Error: Reference source not found e Error: Referencesource not found).”

VOTO

Primeiramente, congratulo a 5ª Secex pela qualidade do trabalho efetuado pelos analistas envolvidos e já citados no Relatório precedente.

Ressalto a relevância do trabalho produzido, pois é de suma importância que esta Corte continue a adotar procedimentos ágeis e eficientes, visando, sobremaneira, à redução das ações de mau uso do dinheiro do sacrificado contribuinte brasileiro, fato este causador de diferenças sociais injustas.

Conforme se observa no Relatório que acabo de apresentar, foi realizada auditoria na SPPE/MTE para verificar convênios firmados de 2000 a 2002 com as Centrais Sindicais Força Sindical, Central Única dos Trabalhadores (CUT), Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Associação Nacional de Sindicatos Social-Democratas (SDS) e Instituto Cultural do Trabalho (ICT) para a realização de cursos profissionalizantes no âmbito do Programa Planfor.

202

Page 203: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

O trabalho focou, principalmente, a suficiência das prestações de contas para efeito de comprovação da realização física e financeira dos cursos. Foram também examinados trabalhos de supervisão/avaliação realizados pelo MTE, o relatório de auditoria na Força Sindical realizada pela Secretaria Federal de Controle Interno (SFC) a pedido da Corregedoria-Geral da União (CGU) e auditorias do Grupo Especial de Investigação Preliminar - GEIP, vinculado à Secretaria Executiva do MTE.

Foi constatado que as prestações de contas limitam-se a informar para quais executoras os recursos foram transferidos pelas Centrais Sindicais, faltando dados essenciais sobre a execução financeira e física, tais como quem ministrou os cursos, quando, onde e para quantos alunos, consistindo em peças que não atendem a sua finalidade precípua.

O principal sistema de controle implementado pela SPPE consistia no Sistema Sigae, que deveria ser alimentado previamente à execução das ações, com dados que identificassem os cursos, como o endereço, horários, datas de início/término e número de alunos. No caso da Força Sindical, o maior convenente, isso não ocorreu para o exercício de 2001, nem antes, nem após a execução dos cursos, comprometendo a fiscalização de aplicações no valor de R$ 40 milhões em recursos federais.

Observe-se que o gestor do programa deixou de implementar as medidas de controle preconizadas pelo Tribunal em junho de 2001 (Decisão 354/2001-P), tendo como principal justificativa a implementação desse sistema. Verificou-se, também, que persistiram outras infrações, como a utilização da dispensa de licitação como regra geral para contratação de executoras, as quais prosseguiram incorrendo em práticas irregulares de pagamentos antecipados e falhas no atesto da execução.

A SPPE repassou recursos às Centrais Sindicais em 2001 e 2002, antes de ter aprovado as prestações de contas dos exercícios anteriores (2000 e 2001), o que veio a ocorrer com atraso de 8 a 10 meses sobre o prazo legal de análise das contas. Em 2001 e 2002, recursos foram liberados sem o saneamento de irregularidades notificadas, o que deveria ter acarretado a suspensão das liberações.

Dos R$ 137 milhões destinados aos convênios em 2001, as Relações de Pagamento deixaram de comprovar a aplicação de R$ 30,6 milhões, na forma prevista no art. 28 da IN/STN 01/97, sendo R$ 11,6 milhões em recursos federais e R$ 19 milhões da contrapartida.

A SPPE firmou termos aditivos no final de 2001, aumentando em R$ 3,4 milhões as liberações para a Força Sindical, SDS e ICT sob o pretexto de antecipação de metas físicas. No entanto, quando as Centrais Sindicais não conseguiam comprovar parte das aplicações, a SPPE não exigia a devolução dos recursos, utilizando a justificativa de reprogramação de metas físicas para o exercício seguinte, sem formalizar aditivo especificando a nova meta.

Os relatórios de avaliação não apresentam evidências de que o Planfor tenha produzido benefícios à população, que justificassem a manutenção do programa. As entidades avaliadoras permaneceram sendo contratadas pelas Centrais Sindicais e não pela SPPE, em desacordo com a Decisão TCU 354/2001-Plenário.

Em 2001, a SPPE firmou contratos de supervisão operacional no valor de R$ 6,3 milhões com universidades e suas fundações de apoio, porém esse trabalho não inibiu irregularidades e não foi utilizado para bloquear repasses de verbas, tendo o gestor ressaltado que não se tratava de um procedimento de fiscalização, mas uma ferramenta de apoio à gestão e correção de rumos.

A SPPE, embora detenha banco de dados de todas as ações realizadas a partir, pelo menos do exercício de 2001, não promoveu cruzamentos para verificar irregularidades detectadas por órgãos de controle em trabalhos realizados por amostragem.

Na SDS, auditores do Grupo Especial de Investigação do MTE - GEIP dirigiram-se à sede campestre do Sesc, à Federação dos Empregados em Turismo e ao Hotel Excelsior, onde cursos deveriam ter sido realizados para milhares de alunos, pelas principais executoras. No local, os responsáveis desconheciam a existência dos cursos ou declararam que não ocorreram.

Na Força Sindical o GEIP constatou que: a) palestras de 3 a 4 horas para 73 mil pessoas foram computadas como curso profissionalizante; b) 5.269 treinandos participaram de mais de um curso em períodos simultâneos; e c) após realizar cerca de 3000 contatos por telefone, verificou-se que cerca de 1.734 treinandos não confirmaram as informações contidas no Sigae em pelo menos

203

Page 204: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

uma das ações em que figuram como concluintes, a maioria dos quais constavam de diários de classe com freqüência assinalada.

A clareza das impropriedades apontadas pela equipe técnica é de tal monta que considero desnecessário qualquer adendo à análise por ela efetuada.

Em conseqüência, entendo que os achados de auditoria revelam irregularidades, falhas e impropriedades que justificam plenamente as propostas da equipe técnica no sentido de que (a) o MTE reexamine as prestações de contas dos convênios firmados com as Centrais Sindicais, em confronto com as informações levantadas na auditoria e, na hipótese de se confirmar dano ao Erário, instaure Tomada de Contas Especial.; (b) se faça a audiência para fins de multa do Secretário da SPPE, Sr. Nassim Gabriel Mehedff, e da Ordenadora de Despesas, Sra. Carmen Rocha Dias, para que apresentem justificativas quanto a irregularidades detectadas na liberação de recursos, no acompanhamento da execução física-financeira, na aprovação das prestações de contas e no cumprimento de várias cláusulas dos convênios, e (c) suspenda os repasses de recursos à Força Sindical, Central Única dos Trabalhadores (CUT), Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Associação Nacional de Sindicatos Social-Democratas (SDS) e Instituto Cultural do Trabalho (ICT) até a conclusão da providência determinada no item anterior, em cumprimento ao disposto no art. 35 da IN/STN 01/97 e no art. 19, § 3º, da Res. Codefat 258/2000.

A suspensão dos repasses, prevista no Artigo 35 da IN/STN Nº 01/97, justifica-se para inibir maiores perdas de recursos públicos, as quais já vêm ocorrendo, como fica evidente nas irregularidades no uso dos recursos em treinamento, quando foram identificados vários casos de treinandos e instrutores realizando mais de um curso no mesmo horário e em locais diferentes.

Não menos grave é o descumprimento de determinações desta Corte de Contas. Mesmo notificadas por irregularidades nas prestações de contas dos convênios, entidades como a Força Sindical e a CUT não sanaram as pendências.

Acompanho, pois, as propostas da Secretaria Técnica, por entender que são necessárias para sanar as irregularidades apontadas, bem como para evitar provável prejuízo ao Erário.

Isso posto, Voto por que o Tribunal adote a deliberação que ora submeto ao egrégio Colegiado.

TCU, Sala das Sessões Ministro Luciano Brandão Alves de Souza, em 9 de julho de 2003.

LINCOLN MAGALHÃES DA ROCHAMinistro-Relator

Acórdão Nº 851/2003 - TCU - Plenário

1.Processo nº: TC 015.794/2001-0.2.Grupo I - Classe: V – Assunto: Relatório de Acompanhamento de Auditoria Operacional.3. Responsáveis: Nassim Gabriel Mehedff C.P.F.: 007.243.786-34 (Secretário de Políticas

Públicas de Emprego – SPPE), Carmen Rocha Dias C.P.F.: 133.270.546-49 (ordenadora de Despesas do DEQP).

4.Entidade: Ministério do Trabalho e Emprego – MTE.5.Relator: Ministro-Substituto Lincoln Magalhães da Rocha.6.Representante do Ministério Público: não atuou.7.Unidade Técnica: 5ª Secex.8.Advogados constituídos nos autos: não consta.

9. Acórdão:Vistos, relatados e discutidos estes autos de Relatório de Levantamento de Auditoria realizada

em convênios firmados no âmbito do Plano Nacional de Qualificação do Trabalho (Planfor) com a Força Sindical, a Central Única dos Trabalhadores (CUT), a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP), a Associação Nacional de Sindicatos Social-Democratas (SDS) e o Instituto Cultural do Trabalho (ICT), implementados com recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT).

204

Page 205: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

Acordam os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão plenária, ante as razões expostas pelo Relator em:

9.1. determinar à Secretaria de Políticas Públicas de Emprego do Ministério do Trabalho e Emprego (SPPE) que:

9.1.1. reexamine as prestações de contas dos convênios firmados com as Centrais Sindicais Força Sindical, Central Única dos Trabalhadores (CUT), Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Associação Nacional de Sindicatos Social-Democratas (SDS) e Instituto Cultural do Trabalho (ICT), nos exercícios de 2000 a 2002, para a realização de cursos profissionalizantes no âmbito do Programa Planfor, em confronto com as informações levantadas na auditoria realizada por este Tribunal e, na hipótese de se confirmar dano ao Erário, adote as providências estabelecidas no art. 8º da Lei 8.443/92 e na IN/TCU 13/96, apurando, inclusive, eventual responsabilidade solidária do Secretário da SPPE e do Ordenador de Despesas, naqueles períodos, em razão dos seguintes fatos:

9.1.1.1. ausência de dados essenciais nas prestações de contas de 2000 a 2002, que permitissem comprovar a execução sob os aspectos técnico e financeiro, na forma do art. 31 da IN/STN 01/97, para a Força Sindical, CUT, Fiesp, SDS e ICT;

9.1.1.2. .as Relações de Pagamentos que compõem as prestações de contas de 2001 e 2002 não preenchiam os requisitos exigidos pelo art. 28 da IN/STN 01/97 para comprovar as aplicações da contrapartida, por não identificarem os beneficiários, datas, valores, cheques, etc. da maior parte dos pagamentos feitos pela Força Sindical, Fiesp e ICT;

9.1.1.3. indícios de inexecução contratual na Força Sindical e SDS, constatados pela CGU/SFC e pela própria Secretaria Executiva do Ministério, nas investigações preliminares conduzidas por Grupo de Trabalho (GEIP).

9.1.2. suspenda os repasses de recursos à Força Sindical, Central Única dos Trabalhadores (CUT), Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Associação Nacional de Sindicatos Social-Democratas (SDS) e Instituto Cultural do Trabalho (ICT) até a conclusão da providência determinada no item anterior, em cumprimento ao disposto no art. 35 da IN/STN 01/97 e no art. 19, § 3º, da Res. Codefat 258/2000.

9.2. promover a audiência prévia do Sr. Nassim Gabriel Mehedff, Secretário de Políticas Públicas de Emprego do Ministério do Trabalho e Emprego, à época dos fatos, nos termos do artigo 43, inciso II, da Lei 8.443/92, c/c o artigo 250, inciso IV do Regimento Interno do TCU, para apresentar razões de justificativas ante a verificação das seguintes irregularidades:

9.2.1. liberação de recursos às Centrais Sindicais em desacordo com critérios aprovados pelo Codefat, especialmente os artigos 6º e 19 da Resolução Codefat 258/2000, por não ter verificado a alimentação do Sigae previamente à realização das ações, bem como por ter efetuado repasses sem a completa inclusão no sistema das ações do exercício anterior;

9.2.2. descumprimento do art. 35 da IN/STN 01/97 e do art. 19 da Resolução Codefat 258/2000, em razão de falhas no acompanhamento da execução físico/financeira dos convênios, decorrentes de omissão na adoção das providências prescritas pelas normas, após vencido prazo de 30 dias, para o saneamento de notificações de irregularidades;

9.2.3. reprogramação de metas físicas de 2001 para 2002 para a Força Sindical, CUT, SDS e ICT, implicando em alteração de objeto sem que houvesse formalização em termo aditivo (arts. 66 e 116 da Lei 8.666/93);

9.2.4. infração ao art. 22 da IN/STN 01/97, decorrente do descumprimento das seguintes cláusulas dos convênios:

3.1.1 e 3.1.6 - em função de falhas de supervisão, acompanhamento e controle da execução, especialmente da obrigação de dotar o Sigae de transparência das ações de qualificação profissional, contendo dados que permitissem sua identificação prévia, tais como locais e horários dos cursos, relação de treinandos, turmas ofertadas, docentes e responsáveis pela execução;

4.4 - em decorrência da liberação de parcelas sem o cumprimento dos requisitos do art. 19 da Res. Codefat 258/2000;

6.2.1 – por ter firmado termos aditivos em 2001 com a Força Sindical, SDS e ICT, liberando recursos para o cumprimento de etapa posterior à prevista no cronograma físico financeiro;

205

Page 206: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

6.2.2 – por omissão nas medidas corretivas, pela não adoção pelas executoras de procedimentos análogos aos estabelecidos pela Lei 8.666/93;

7ª - pela aprovação das contas de 2001 sem que tivesse ocorrido a devolução de recursos, cuja aplicação não foi comprovada nas prestações de contas, inclusive a contrapartida.

9.3. promover a audiência prévia da Sra. Carmen Rocha Dias, titular do DEQP, à época dos fatos, nos termos do artigo 43, inciso II, da Lei 8.443/92, c/c o artigo 250, inciso IV do Regimento Interno do TCU, para apresentar razões de justificativa, ante a verificação das seguintes irregularidades:

9.3.1. aprovação de prestações de contas de 2000 e 2001 da Força Sindical, CUT, Fiesp, SDS e ICT, sem que contivessem informações essenciais para verificação da execução (sob os aspectos técnico e financeiro, na forma do art. 31 da IN/STN 01/97) e, ainda, com atraso de oito a dez meses em relação ao prazo legal;

9.3.2. aprovação das prestações de contas de 2001 da Força Sindical, Fiesp e ICT, sem que as Relações de Pagamentos atendessem aos requisitos do art. 28 da IN/STN 01/97 para comprovar as aplicações da contrapartida, por não identificarem os beneficiários, datas, valores, cheques, etc. da maior parte dos pagamentos.

9.4. Enviar cópia do presente Acórdão, Relatório e Voto ao titular da Secretaria de Políticas Públicas de Emprego do Ministério do Trabalho e Emprego (para fim de cumprimento da determinação contida no item 9.1), bem como à Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização do Congresso Nacional, à Comissão de Fiscalização Financeira e Controle do Senado Federal e da Câmara dos Deputados (CFFC) e à Comissão do Trabalho, Administração e Serviço Público – CTASP, da Câmara dos Deputados.

10. Ata nº 26/2003 – Plenário11. Data da Sessão: 9/7/2003 – Ordinária12. Especificação do quorum:12.1. Ministros presentes: Valmir Campelo (Presidente), Marcos Vinicios Vilaça, Iram

Saraiva, Humberto Guimarães Souto, Adylson Motta, Walton Alencar Rodrigues, Guilherme Palmeira, Benjamin Zymler e o Ministro-Substituto Lincoln Magalhães da Rocha (Relator).

12.2. Auditores presentes: Augusto Sherman Cavalcanti e Marcos Bemquerer Costa.

VALMIR CAMPELOPresidente

LINCOLN MAGALHÃES DA ROCHAMinistro-Relator

Fui presente:

PAULO SOARES BUGARINProcurador-Geral, em substituição

Grupo II - Classe V - PlenárioTC 006.982/2002-9Natureza: Levantamento de Auditoria.Entidade: Companhia Brasileira de Trens Urbanos – CBTU – Gerência de Trens Urbanos de

Natal – GTU/NAT.Interessado: Congresso Nacional.

Sumário: Fiscobras 2002. Levantamento de Auditoria. Implantação do Sistema Metroviário da Região Metropolitana de Natal (RN). Irregularidade em procedimentos licitatórios. Fracionamento de despesa. Exame pregresso da matéria pelo órgão colegiado. Deliberação no sentido de determinar ao órgão técnico a convocação do responsável aos autos, em sede de audiência prévia, para apresentação de defesa em relação às práticas licitatórias censuradas.

206

Page 207: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

Determinações e recomendações às esferas competentes, com o intuito de requerer a adoção de medidas corretivas associadas às demais falhas identificadas, de natureza formal. Apresentação de razões de justificativa. Esclarecimentos satisfatórios. Comunicação.

RELATÓRIO

Tratam os autos de Relatório de Levantamento de Auditoria referente ao Plano Especial de Auditoria em Obras - Fiscobras 2002. Os trabalhos foram realizados pela Secex/RN nas obras concernentes ao programa de trabalho 26.783.0222.1046.0002 - Implantação do Sistema Metroviário da Região Metropolitana de Natal (RN), com recursos geridos pela Companhia Brasileira de Trens Urbanos - CBTU. A fiscalização ocorreu no período de 20/05 a 14/06/2002.

2.Adoto como parte integrante do presente Relatório excerto do Parecer do Ministério Público junto ao TCU (f. 171/172), de autoria do Dr. Paulo Soares Bugarin, Subprocurador-Geral, cujos termos retratam os desdobramentos processuais inerentes ao assunto, as manifestações de mérito lançadas em âmbito da unidade técnica e o posicionamento do Parquet especializado, como assinalado a seguir, in litteris:

“2.Ao apreciar o presente feito, na Sessão Plenária de 10/07/2002, esta Corte decidiu, entre outras medidas (fl. 50):

8.2 determinar à Secex/RN que promova audiência com o Gerente-Coordenador da Companhia Brasileira de Trens Urbanos, Gerência de Trens Urbanos de Natal - CBTU/GTU/NAT, para que apresente razões de justificativa quanto à utilização da modalidade convite nos processos licitatórios que originaram os contratos 006/2002 (Secic - Seridó Empreendimentos, Construções e Incorporações Ltda.), 008/2002 (Nardelli S/A Engenharia e Indústria), 012/2002 (F Dois Engenharia Ltda.) e 016/2002 (Construtora Galvão Marinho Ltda.), quando deveria ter sido utilizada tomada de preços, uma vez que o somatório dos serviços, de mesma natureza e executados simultaneamente, corresponde ao valor de R$ 581.831,93, que estava em desacordo, portanto, com o art. 23, § 5º da Lei 8.666/93;

3.Promovida a aludida audiência, o Sr. Carlos Magno Pereira do Nascimento encaminhou o expediente de fls. 62/65, por meio do qual procura demonstrar que os objetos dos instrumentos contratuais ora questionados são de natureza diversa, sendo as obras realizadas em localidades distintas, de modo que não teria havido desrespeito ao disposto no § 5º do art. 23 da Lei nº 8.666/93.

4.A instrução técnica salienta, entretanto, que a descrição dos contratos e as planilhas de preços das empresas vencedoras dos procedimentos licitatórios indicam ‘que se tratam de serviços de engenharia com características bastante comuns, com possibilidades de serem executados, de um modo geral, por empresas do ramo, razão pela qual aplica-se o disposto no art. 3º da Lei nº 8.666/93 c/c o art. 23, inciso I, alínea ‘b’, do referido diploma legal’ (fl. 164).

5.Ressalta, ademais, que o Contrato nº 012/2002 prevê mais de uma localização para realização dos serviços (fl. 164).

6.Por fim, observa que a execução das obras de forma parcelada, mesmo que fosse devidamente comprovada sua viabilidade técnica e econômica, não afastaria, neste caso, a exigência de realização de licitação na modalidade tomada de preços (fl. 164).

7.A conclusão da instrução é no sentido de que as justificativas apresentadas pelo responsável não são suficientes para elidir a irregularidade apontada nestes autos. Sugere a expedição de determinação à CBTU, deixando, entretanto, de propor a aplicação de multa, por considerar que houve equívoco de interpretação, não caracterizando má-fé (fl. 165).

8.O diretor substituto, por sua vez, contando com a concordância do secretário substituto, entende que deva ser aplicada multa ao Sr. Carlos Magno Pereira do Nascimento, vez que as razões de justificativa não elidiram a irregularidade e que ‘não há nos autos elementos claros e suficientes para caracterizar a boa-fé do responsável (...), pois este fracionou a obra, de mesma natureza e simultânea, em quatro parcelas, cujos valores contratuais ficaram bem próximo do limite para instauração de licitação na modalidade de tomada de preços (R$ > 150.000,00), demonstrando, assim, a intenção de fuga desse procedimento licitatório mais abrangente’ (fl. 167).

207

Page 208: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

9.No caso, considera-se mais apropriada essa última proposta de encaminhamento, vez que o responsável não conseguiu justificar a utilização de modalidade indevida de licitação (convite ao invés de tomada de preços) para as contratações em tela.

10.Ante o exposto, este representante do Ministério Público manifesta-se de acordo com a proposição formulada à fl. 168, sugerindo que a multa a ser aplicada ao Sr. Carlos Magno Pereira do Nascimento seja a prevista no art. 58, inciso II, da Lei nº 8.443/92 e que seja autorizada, desde logo, nos termos do art. 28, inciso II, da mencionada lei, a cobrança judicial da dívida, caso não seja aplicada ou não tenha efeito a providência indicada no art. 28, inciso I, do referido diploma legal, relativa ao desconto integral ou parcelado da multa nos vencimentos do responsável.”

VOTO

O presente Relatório de Levantamento de Auditoria foi submetido à consideração deste Colegiado na Sessão Ordinária de 10/07/2002, oportunidade na qual este Relator sustentou o raciocínio de que a contratação de diversas empresas, a partir da formalização de convites, indicava, a priori, prática de gestão irregular, eis que ofensiva às disposições do artigo 23, § 5º, da Lei 8.666/93, ante o fato de aparentarem ser obras da mesma natureza, realizadas simultaneamente, cujo somatório dos valores individuais assinalaria a necessidade de ter sido acionada outra modalidade licitatória, a tomada de preços.

2.Tal compreensão, recepcionada pelos eminentes pares, deu azo à determinação consignada no subitem 8.2 do correspondente decisum, no sentido de que a unidade técnica promovesse a audiência do Sr. Carlos Magno Pereira Nascimento, Gerente-Coordenador da Companhia Brasileira de Trens Urbanos, Gerência de Trens Urbanos de Natal – CBTU/GTU/NAT, a fim de que o responsável pudesse oferecer justificativa a respeito das práticas questionadas (Decisão 840/2002 – TCU – Plenário, Ata 24/2002).

3.Convocado à lide, o referido gestor trouxe à colação o arrazoado de f. 62/65, reapresentado à f. 163/168, por meio do qual, em essência, argumenta que os objetos associados aos contratos sub judice “referem-se a intervenções pontuais e de natureza completamente diversa, haja vista a sua própria localização e objetivos que resultam completamente distintos. Desta feita a exigência de agrupamento dos objetos em uma única licitação, na verdade, resultaria em uma afronta, indubitável, aos princípios da moralidade e da busca da proposta mais vantajosa, vez que ocasionaria o encarecimento dos custos, em virtude de subcontratação dos serviços especializados.”

4.Em arremate, considera o gestor que os requisitos previstos no artigo 23, característicos de parcelamento de licitação, não estão vislumbrados no caso vertente (Contratos 006, 008, 012 e 016/2002), o que pode ser facilmente percebido a partir da identificação das localidades envolvidas, completamente distintas entre si, além do fato de as atividades contratadas não evidenciarem finalidade comum.

5.A linha de defesa apresentada pelo interessado não encontrou abrigo na esfera da unidade técnica e do Ministério Público junto a este Tribunal.

6.A instrução refuta a compreensão de que as contratações em apreço envolvam características tais que acomodem a modalidade de licitação convite. Para tanto, menciona que os serviços de engenharia questionados envolvem tarefas bem comuns, dando a entender que poderiam ter sido cotados de modo globalizado, o que daria ensejo a realização de tomada de preços. Menciona ainda o fato de o Contrato 012/2002 envolver serviços em mais de uma localidade, o que julga desqualificar a argumentação de que a feitura de serviços em localidades distintas não comportaria ser realizada por uma só empresa.

7.Quanto à responsabilização do implicado, entende a instrução técnica que os argumentos apresentados pelo gestor demonstram que ocorreu um equívoco em sua interpretação, não caracterizando, no modo de ver da analista, má-fé, o que a leva a sugerir, para efeito de julgamento, a expedição de determinações à unidade jurisdicionada.

8.Já o Sr. diretor-substituto, a partir do raciocínio antecedente (no sentido de que as razões de justificativa não são suficientes para elidir a irregularidade assinalada), alude que não há nos autos elementos precisos e suficientes para favorecer a presunção de boa-fé, razão pela qual discorda da

208

Page 209: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

instrução e propõe a rejeição às alegações de defesa e aplicação de multa ao responsável, entre outras medidas assinaladas

9.Endossam essa linha de raciocínio o secretário-substituto da Secex/RN e o representante do Parquet especializado.

10.No entender deste Relator, as alegações de defesa apresentadas pelo responsável comportam outra interpretação, senão vejamos:

a) o dispositivo legal indicado no expediente de audiência prévia, como alvo de possível transgressão, foi o artigo 23, § 5º, da Lei 8.666/93;

b) consta da aludida disciplina:“Art. 23 As modalidades de licitação a que se referem os incisos I a III do artigo anterior

serão determinadas em função dos seguintes limites, tendo em vista o valor estimado da contratação:

I - para obras e serviços de engenharia:a) convite: até R$ 150.000,00 (cento e cinqüenta mil reais);b) tomada de preços: até R$ 1.500.000,00 (um milhão e quinhentos mil reais);c) concorrência: acima de R$ 1.500.000,00 (um milhão e quinhentos mil reais);II - para compras e serviços não referidos no inciso anterior:a) convite: até R$ 80.000,00 (oitenta mil reais);b) tomada de preços: até R$ 650.000,00 (seiscentos e cinqüenta mil reais);c) concorrência: acima de R$ 650.000,00 (seiscentos e cinqüenta mil reais).(...)

§ 5º É vedada a utilização da modalidade convite ou tomada de preços, conforme o caso, para parcelas de uma mesma obra ou serviço, ou ainda para obras e serviços da mesma natureza e no mesmo local que possam ser realizadas conjunta e concomitantemente, sempre que o somatório de seus valores caracterizar o caso de tomada de preços ou concorrência, respectivamente, nos termos deste artigo, exceto para as parcelas de natureza específica que possam ser executadas por pessoas ou empresas de especialidade diversa daquela do executor da obra ou serviço.”;

c) como se observa no parágrafo 5º, a vedação se aplica a parcelas de uma mesma obra ou serviço, ou a obras e serviços da mesma natureza e no mesmo local que possam ser realizados conjunta e concomitantemente, desde que haja o implemento da condição indicada (o somatório de seus valores caracterizar o caso de tomada de preços ou concorrência);

d) a defesa do interessado direciona a situação para a condição de serviços da mesma natureza, embora os classifique como detentores de qualificações técnicas distintas e de feitura em localidades diferentes;

e) no entender deste Relator, as razões de justificativa apresentadas demonstram que, embora as contratações realizadas possam ser caracterizadas, em sentido lato, como serviços de engenharia, verifica-se, na concepção estrita, que são objetos que reclamam conhecimentos técnicos/experiências diferenciadas (edificação de muro de contenção do tipo arrimo em alvenaria de pedra marroada e alvenaria de elevação em tijolos cerâmicos para muro de vedação - Contrato 006-02; movimentação mecanizada de terra em corte, inclusive carga e descarga, e levantamento topográfico para demarcação da declividade das canaletas e concreto estrutural para a sua confecção – Contrato 008-02; demolição mecânica ou manual com martelete pneumático do concreto existente, lançamento, adensamento e acabamento de concreto usinado de 30 Mpa – Contrato 012-02 e edificação de uma estação ferroviária – Contrato 016-02);

f) no que diz respeito à expressão “mesmo local”, a unidade técnica confere à citada indicação compreensão elástica, uma vez que acredita possa ser pertinente a uma dada região, como no caso a metropolitana da cidade de Natal/RN;

g) penso que a pretensão primeira do legislador é a de conferir precisão aos termos da norma, evitando que expressões empregadas possam merecer interpretações subjetivas de acordo com a ocasião;

h) nesse diapasão, quero crer que a expressão “mesmo local” evidencie noção de lugar certo e determinado e não de lugares vários em uma mesma região, como faz crer a instrução;

209

Page 210: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

i) no caso sub judice, as localidades indicadas para a execução dos contratos diferem de pontos geográficos, senão vejamos: trecho Natal/Ceará-Mirim, Km 421, município de Extremos/RN - Contrato 006/CBTU/GTU – NAT; município de Natal/RN - Contrato 008-02/CBTU/GTU – NAT; Forno do Lixo, Usina (Ceará-Mirim) e Beira Rio - Contrato 012/CBTU/GTU-NAT/02; e Parada Jardim Aeroporto, município de Parnamirim/RN, Contrato 016-02/CBTU/GTU – NAT;

j) ademais, para caracterizar a figura do fracionamento (seleção orientada para modalidade de convite, em detrimento da tomada de preços), necessário seria confirmar a existência de interesse escuso por parte do agente público, de modo a evidenciar dano efetivo à seleção da proposta mais vantajosa ao serviço público e à competitividade dos potenciais interessados, informações essas ausentes neste feito;

l) Marçal Justen Filho, na obra “Comentários à Lei de Licitações e Contratos Administrativos” (4ª edição, pag. 142), ao dispor sobre a possibilidade de fracionamento pela administração pública, consigna:

“(...)Em qualquer caso, aplica-se primeiramente o princípio da moralidade. Toda atuação

concreta da Administração que envolva condutas moralmente reprováveis não pode ser tutelada. Se o fracionamento for instrumento de fraude à incidência de posturas legais, haverá vício. O fracionamento, em si mesmo, não é inválido. Cabe à Administração definir as quantidades a serem adquiridas. A Administração, como qualquer contratante, tem a liberdade para dimensionar os limites da contratação que efetivará. Se a administração encontrar-se em situação de escolher as quantidades a serem adquiridas, poderá deliberar tanto por aquisição de quantidades maiores como menores. Não haverá vício se a Administração optar por aquisição de menores quantidades, através de um número maior de operações. Assim, a administração pode adquirir uma quantidade menor de produtos e, após ou durante os fornecimentos, realizar novas licitações.

Ao adotar essa escolha, a Administração não praticará ato irregular, mas se exigirá que a decisão seja motivada. A questão possui outros desdobramentos, tendo em vista os princípios da indisponibilidade do interesse público e da isonomia. Antes de invalidar a conduta da administração, consistente em fracionar a licitação, cabe apreciar a ofensa ao princípio da indisponibilidade do interesse público. Significa examinar, no caso concreto, se o fracionamento acarretou prejuízo à Administração Pública. Ou seja, tem de indagar-se se a alteração da modalidade de licitação (em decorrência do fracionamento) foi (ou seria) causa de uma contratação mais onerosa ou menos favorável para a Administração Pública. Existindo elementos objetivos que indiquem que a alteração da modalidade de licitação propiciaria prejuízo à Administração Pública, existirá invalidade.

Mas, além disso, haverá invalidade quando a alteração provocar ofensa ao princípio da isonomia. Ou seja, quando acarretar a impossibilidade de participação de potenciais interessados. (...)”; e

m) assim sendo, ante o fato de inexistir nos autos elementos que permitam formar convicção quanto à prejudicialidade das contratações e/ou quanto ao eventual comprometimento ao princípio da isonomia, não há, no modo de ver deste Relator, como se pretender impor punição ao gestor.

Dessarte, voto por que o Tribunal adote a deliberação que ora submeto ao descortino do egrégio Colegiado.

TCU, Sala das Sessões Ministro Luciano Brandão Alves de Sousa, em 9 de julho de 2003

LINCOLN MAGALHÃES DA ROCHAMinistro-Relator

ACÓRDÃO Nº 852/2003 - TCU – PLENÁRIO

1.Processo: TC 006.982/2002-9.2.Grupo II - Classe: V – Levantamento de Auditoria.3.Entidade: Companhia Brasileira de Trens Urbanos.4.Interessado: Congresso Nacional.

210

Page 211: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

5.Relator: Ministro-Substituto Lincoln Magalhães da Rocha.6.Representante do Ministério Público: não atuou.7.Unidade Técnica: Secex/RN.8.Advogado constituído nos autos: não há.

9. Acórdão:Vistos, relatados e discutidos estes autos de Relatório de Levantamento de Auditoria referente

ao Plano Especial de Auditoria em Obras – Fiscobras 2002.ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão Plenária com

fulcro no artigo 43 da Lei 8.443/92, c/c o artigo 250 do Regimento Interno, em:9.1. acolher as razões de justificativa apresentadas pelo Sr. Carlos Magno Pereira Nascimento;9.2. determinar à Companhia Brasileira de Trens Urbanos, Gerência de Trens Urbanos de

Natal – CBTU/GTU/NAT, que atente para a realização da modalidade de licitação compatível com cada caso, cuidando, nas situações em que haja a conveniência de proceder a contratações parceladas ou fracionadas, de assinalar a motivação, notadamente, quanto ao interesse público e à inexistência de ofensa ao princípio da isonomia;

9.3. remeter cópia desta Decisão, bem como do Relatório e do Voto que a fundamentam à Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização do Congresso Nacional.

10. Ata nº 26/2003 – Plenário11. Data da Sessão: 9/7/2003 – Ordinária12. Especificação do quorum:12.1. Ministros presentes: Valmir Campelo (Presidente), Marcos Vinicios Vilaça, Iram

Saraiva, Humberto Guimarães Souto, Adylson Motta, Walton Alencar Rodrigues, Guilherme Palmeira, Benjamin Zymler e o Ministro-Substituto Lincoln Magalhães da Rocha (Relator).

12.2. Auditores presentes: Augusto Sherman Cavalcanti e Marcos Bemquerer Costa.

VALMIR CAMPELOPresidente

LINCOLN MAGALHÃES DA ROCHAMinistro-Relator

Fui presente:

PAULO SOARES BUGARINProcurador-Geral, em substituição

Grupo I - Classe V - PlenárioTC 018.651/2002-9.Natureza: Relatório de Levantamento de Auditoria Operacional.Unidade Jurisdicionada: Secretaria de Comércio Exterior-Secex/MDIC.-Vinculação Ministerial: Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior-

MDIC.

SUMÁRIO: Relatório de Levantamento de Auditoria Operacional. Plano de Auditoria/TCU nº 1/2003. Decisão Plenária nº 764/2002. Trabalhos voltados para a Ação de Desenvolvimento de Novos Pólos de Exportação. Informações circunstanciadas consignadas pela equipe responsável. Momento não oportuno para a realização dos trabalhos. Pareceres uniformes. Exclusão da respectiva fiscalização do Plano de Auditoria do Tribunal.

RELATÓRIO

211

Page 212: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

Em exame Relatório de Levantamento de Auditoria, de natureza operacional, realizado junto à Secretaria de Comércio Exterior-Secex, subordinada ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, relativamente à Ação de Desenvolvimento de Novos Pólos de Exportação (DNPE), ação específica do Programa de Desenvolvimento do Setor Exportador.

2.O objetivo do levantamento da auditoria consistiu em conhecer o funcionamento desse projeto e avaliar a adequabilidade da realização de auditoria operacional na mencionada ação.

3. A equipe responsável pela realização dos trabalhos, composta pelos analistas Haroldo de Araújo França e Edna de Castro Callado, no âmbito da 5ª Secex, ao examinar a adequabilidade da realização da auditoria operacional, entre várias outros aspectos, entendeu como inoportuna sua execução, no momento, consignando em seu percuciente Relatório, verbis:

“55.Conforme relatado, a Ação DNPE, objeto deste levantamento, encontra-se com execução praticamente paralisada. Sendo assim, parece-nos flagrante que seria desprovido de sentido prático realizar uma auditoria operacional na mesma.

56.Poder-se-ia sugerir uma auditoria que abrangesse todo o programa denominado ‘Programa de Desenvolvimento de Setor Exportador’, entretanto somos também contrários a essa proposta. Conforme explicitado neste trabalho, os diferentes programas governamentais de incentivo à exportação apresentam muitas vezes ações similares. Sendo assim, parece-nos que somente seria produtiva uma auditoria que pudesse contemplar toda essa diferente gama de iniciativas.

57. Sobre essa possível auditoria operacional de objetivo abrangente, embora ultrapasse o escopo desse levantamento, temos de manifestar que igualmente consideramos inoportuna na atual conjuntura, por causa das seguintes razões:

- ainda não estão solidificadas as intenções do futuro governo sobre os atuais programas de promoção das exportações existentes, assim como no tocante às suas diferentes ações;

- o desempenho do setor exportador é reflexo principalmente de variáveis que fogem ao controle das políticas voltadas às exportações a cargo do MDIC, tais como: a taxa de câmbio competitiva; o crescimento da economia mundial; o levantamento eventual de barreiras de caráter não-tarifário, vide o caso das vendas de carne para o Canadá; o andamento dos acordos relativos à Alca e ao mercosul; o nível dos preços dos nossos produtos nos mercados internacionais, principalmente no que tange aos produtos agrícolas. Assim, é praticamente impossível avaliar os reais resultados imputáveis às políticas executadas com vistas a aumentar as exportações;

- no atual momento, o desempenho exportador está longe de ser um dos maiores problemas da nossa economia. No segundo semestre deste ano, o país vem alcançando seguidos recordes em termos de montantes exportados, mesmo com a queda dos preços de boa parte dos bens que integram nossa carteira. Em setembro e outubro ocorreram os maiores volumes mensais de todos os tempos. Até a terceira semana de novembro de 2002, já havíamos aumentado em 21,4% frente ao exercício de 2001. O resultado comercial de setembro de 2002 foi o melhor desde 1947, quando começou a ser apurado. O superávit alcançado entre janeiro e outubro de 2002 é o maior de todo o Plano Real. A participação das exportações no PIB vem crescendo anualmente desde 1998, sendo que era de 6,5% em 1998 e, ao final de 2001, já representava 11,6%. Até setembro do ano corrente, enquanto o volume do comércio mundial crescia 1%, o das nossas exportações aumentou 3,5%. Os diferentes mercados estão apresentando expressivos aumentos das exportações neste exercício (com excessão do Mercosul, por causa da crise argentina), com destaque para a Ásia (68,6%) e o para o Oriente Médio (68,8%). Para países como Índia e Cingapura, por exemplo, tivemos aumentos superiores a 110%. Mesmo com a retração das importações nas economias dos Estados Unidos (-6%) e do Japão (-10%), conseguimos aumentar as nossas vendas para as duas maiores economias do mundo em 5,0% e 4,4%, respectivamente. A pauta das exportações vem apresentando uma maior diversificação, com expressivos aumentos, em relação ao ano anterior, das vendas de produtos semimanufaturados (37,5%) e manufaturados (21,5%). O índice do quantum das exportações calculado pela Funcex também vem crescendo em 2002, tendo já aumentado em 3,5% até outubro. A AEB estima que em 2003 o valor das exportações crescerão entre 10 e 15%. De 1990 a 2000, mais do que dobrou o número de empresas exportadoras nos setores de máquinas, da agroindústria e têxtil.”

212

Page 213: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

4. De seu turno, a Diretora da 2ª DT/5ª Secex, Sra. Marinês Andrade de Lucena, acompanhada pelo titular da unidade técnica, aduz, in litteris:

“Destacamos que a Secretaria de Fiscalização e Avaliação de Programas de Governo – Seprog realizou Estudo de Viabilidade no Programa Desenvolvimento do Setor Exportador com atenção especial para a Ação Desenvolvimento de Novos Pólos de Exportação.

No referido estudo de viabilidade, a Seprog destacou a importância do tema, e informou os principais resultados do Programa apontados pelo gestor (implantação do módulo drawback eletrônico, que representa redução substancial de custos para o exportador, aperfeiçoamento do Sistema de Análises e Informações de Comércio Exterior (Sistema Alice), acessível via Internet, reformulação do informativo Secex; implantação da primeira etapa do Portal do Exportador e a realização dos Encontros de Comércio Exterior - Encomex).

Ressaltou que o Programa estava sendo desenvolvido em sintonia com outras iniciativas governamentais, como o Programa Especial de Exportações – PEE, da Camex, o Programa Cultura Exportadora, também a cargo da Secex e o Programa do Design Brasileiro - PDB.

Da mesma forma que a equipe de auditoria, observou que a atuação da Secex tem sido no sentido de promover, em capitais e cidades com pólos produtivos com potencial de exportação, encontros de curta duração (Encomex) e que, paralelamente ao evento, realiza-se um Balcão de Serviços sobre comércio exterior, composto por estandes com a participação de agentes ou entidades comerciais, do Instituto Nacional da Propriedade Industrial - INPI, Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial - INMETRO, BNDES, Departamento de Promoção Comercial do MRE, Banco do Brasil S/A, Financiadora de Estudos e Projetos - FINEP, entidades de classe, entre outros.

O estudo ressaltou que, de acordo com o Relatório Anual de avaliação do PPA, o programa enfrentava dificuldades de concepção e que haveria necessidade de redefinição do nome, objetivo, indicadores e da estrutura de ações do programa, evitando a superposição em relação a outros programas. E que seria preciso, paralelamente, promover a alocação de maior quantidade de recursos humanos e reforçar a capacitação da equipe executora do programa, além de maior interação entre os diversos programas que, de alguma forma, auxiliam na consecução do objetivo de expandir as exportações brasileiras.

Concluiu por entender que é factível a realização de auditoria de natureza operacional no Programa Desenvolvimento do Setor Exportador, devido ao seu efeito multiplicador do emprego e da renda, bem como o estímulo às transações comerciais que o Programa pode causar na economia como um todo. E que a atuação deste Tribunal no Programa poderá contribuir para avaliar seus efeitos e impactos junto aos beneficiários, corrigir distorções, caso existentes, disseminar boas práticas e melhorar os mecanismos gerenciais de acompanhamento, supervisão e controle.

Paralelamente aos trabalhos da Seprog, esta Secretaria, visando não expandir em demasia a área de atuação da auditoria, optou por realizar levantamento apenas na Ação de Desenvolvimento de Novos Pólos de Exportação (DNPE)/Programa de Desenvolvimento do Setor Exportador, o qual é objeto dos presente processo.

No entanto, observou-se que a referida Ação não estava sendo desenvolvida de acordo com a sua real concepção, em função de diversos fatores, e que o objetivo maior estaria sendo indiretamente atingido por meio de outra Ação/Programa, ou seja, por meio dos Encomex.

A auditoria operacional na referida Ação de Desenvolvimento de Novos Pólos de Exportação foi programada por esta Secretaria para ser iniciada neste mês de maio/2003, e incluída no Plano de Auditoria 1/2003, registrada no Sistema Fiscalis sob o nº 128/2003, coordenada e com a participação exclusiva desta 5a Secex.

Diante das conclusões da Equipe de Auditoria, concluímos por ser inoportuna a realização de auditoria operacional na Ação de Desenvolvimento de Novos Pólos de Exportação, fazendo-se necessária a sua exclusão do Plano de Auditoria do TCU 1/2003. No entanto, futuramente, poderá ser avaliada a conveniência de realizar-se auditoria operacional no Programa Desenvolvimento do

213

Page 214: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

Setor Exportador, na forma sugerida pela Secretaria de Fiscalização e Avaliação de Programas de Governo – Seprog.

Submetemos os autos a consideração superior, com proposta de que seja autorizada a exclusão da Fiscalização nº 128/2003 do Plano de Auditoria do Tribunal 1/2003.”

VOTO

O presente Relatório de Levantamento de Auditoria Operacional foi realizado em cumprimento à Decisão Plenária nº 764/2002 (Ata nº 21/2002), referente ao Plano de Auditoria deste Tribunal para o segundo semestre do ano em curso.

2.Ao concluir os trabalhos, entendeu a equipe de auditoria, bem como o escalão dirigente da 5ª Secex, ser inoportuna a realização, no momento, de uma auditoria operacional tal como orientada, uma vez que a Ação de Desenvolvimento de Novos Pólos de Exportação-DNPE está praticamente paralisada, em detrimento de outras ações implementadas pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior-MDIC, existindo, à época dos trabalhos, indefinição acerca dos planos específicos do atual governo para o setor exportador.

3.Verificou o grupo auditor que o desempenho do setor exportador é reflexo principalmente de variáveis que fogem ao controle das políticas voltadas para as exportações a cargo do MDIC, sendo que o desempenho exportador vem alcançando seguidos recordes em termos de montantes.

4.De fato, bem demonstra a zelosa 5ª Secex que a oportunidade não se apresenta adequada para a realização de auditoria operacional com escopo voltado para a Ação de Desenvolvimento de Novos Pólos de Exportação, impondo-se, portanto, sua exclusão do Plano de Auditoria do TCU 1/2003, podendo, futuramente, ser avaliada a conveniência da realização de auditoria, de natureza operacional, no Programa Desenvolvimento do Setor Exportador.

Assim sendo, acolhendo as manifestações uniformes exaradas pela unidade técnica, Voto por que o Tribunal adote a deliberação que ora submeto ao descortino dos ilustres pares.

TCU, Sala das Sessões Ministro Luciano Brandão Alves de Souza, em 09 de julho de 2003.

LINCOLN MAGALHÃES DA ROCHARelator

ACÓRDÃO Nº 853/2003 - TCU – Plenário

1. Processo: TC 018.651/2002-9.2. Grupo: I – Classe: V – Assunto: Relatório de Levantamento de Auditoria Operacional.3. Unidade jurisdicionada: Secretaria de Comércio Exterior-Secex/MDIC.4. Vinculação ministerial: Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior-

MDIC.5. Relator: Ministro-Substituto Lincoln Magalhães da Rocha.6. Representante do Ministério Público: não atuou.7. Unidade Técnica: 5ª Secex.8. Advogado constituído nos autos: não consta.

9. Acórdão:VISTOS, relatados e discutidos estes autos de Relatório de Levantamento de Auditoria

Operacional realizado junto à Secretaria de Comércio Exterior-Secex, no âmbito do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior-MDIC, relativamente à Ação de Desenvolvimento de Novos Pólos de Exportação (DNPE), ação essa específica do Programa de Desenvolvimento do Setor Exportador.

ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão Plenária, em determinar a exclusão, do Plano de Auditoria do TCU 1/2003, da Fiscalização nº 128/2003 relativamente à auditoria operacional concernente à Ação de Desenvolvimento de Novos Pólos de Exportação.

214

Page 215: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

10. Ata nº 26/2003 – Plenário11. Data da Sessão: 9/7/2003 – Ordinária12. Especificação do quorum:12.1. Ministros presentes: Valmir Campelo (Presidente), Marcos Vinicios Vilaça, Iram

Saraiva, Humberto Guimarães Souto, Adylson Motta, Walton Alencar Rodrigues, Guilherme Palmeira, Benjamin Zymler e o Ministro-Substituto Lincoln Magalhães da Rocha (Relator).

12.2. Auditores presentes: Augusto Sherman Cavalcanti e Marcos Bemquerer Costa.

VALMIR CAMPELOPresidente

LINCOLN MAGALHÃES DA ROCHAMinistro-Relator

Fui presente:

PAULO SOARES BUGARINProcurador-Geral, em substituição

Grupo I - Classe V - PlenárioTC 004.191/2003-3 (com 1 volume).Natureza: Relatório de Auditoria.Unidade: Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública de Mato Grosso.Responsável: Célio Wilson de Oliveira, Secretário.Interessado: Congresso Nacional.

SUMÁRIO: Fiscobras 2003. Relatório de Auditoria. Construção, ampliação, reforma e aparelhamento de estabelecimentos penais no Estado de Mato Grosso. Obras concluídas. Inexistência de projeto básico. Indícios de superfaturamento em determinada obra. Pareceres uniformes. Determinações. Instauração de Tomada de Contas Especial e observância de preceito legal.

RELATÓRIO

Em exame matéria integrante do Fiscobras 2003, concernente a Relatório de Auditoria realizada junto à Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública de Mato Grosso, relativamente ao Programa de Trabalho 14.421.0661.1844.0053, alusivo à construção, ampliação, reforma e aparelhamento de estabelecimentos penais no Estado de Mato Grosso, cujos trabalhos foram realizados pela Secretaria de Controle Externo/MT durante o período de 6 a 26/03/2002.

2.O referido Programa de Trabalho contempla obras relativas à construção e reforma da Penitenciária de Pascoal Ramos, em Cuiabá – MT; ampliação da Penitenciária Agrícola de Palmeiras, em Santo Antônio de Leverger – MT; reforma das instalações da Penitenciária Agrícola de Palmeiras, em Santo Antônio de Leverger – MT; reformulação e melhoria do sistema de segurança da Penitenciária de Mata Grande, em Rondonópolis – MT; e construção do Centro de Recuperação de Reeducandos em Cuiabá – MT.

3.Além do citado Programa de Trabalho, constituiu, ainda, objeto de levantamento da auditoria, levada a termo, o PT 14.421.0661.1844.0004, referente à construção, ampliação, reforma e aparelhamento de estabelecimentos penais em Rondonópolis – MT, em razão da evidente relação de contingência do primeiro PT sobre o segundo.

4.Assinala o grupo auditor que todos os empreendimentos encontram-se “totalmente concluídos” (f. 102), merecendo extrair do respectivo Relatório (f. 99/117), os seguintes excertos: verbis:

215

Page 216: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

“Objeto do contrato: Construção do Centro de Recuperação de Reeducandos de Cuiabá.Nº do contrato: 005/2002/SEJUC/MTData de assinatura: 27/02/2002CNPJ contratada: 03.255.381/0001-48Razão Social: Construtora Panamericana Ltda.Modalidade Licitação: Tomada de PreçosSituação inicial:Vigência inicial: 27/02/2002 a 28/11/2002Valor inicial: R$ 1.366.884,48Data base: 01/02/2002SIASG: --Volume do Serviço: 3.226,5800 m2Custo unitário: 423,63Condições de Reajuste: índice econômico Coluna 35 da FGVSituação AtualVigência Atual: aValor Atual: R$ 1.476.339,93Nº Termo Aditivo Vigente: segundoAssinatura Último Termo Aditivo: 09/02/2002Situação: ConcluídoRescisão:Data Base Atual: 01/02/2002Alterações do Objeto:Volume do Serviço Atual: 3.226,5800 m2Custo unitário atual:457,55 R$/m2Condições Atuais de Reajuste: inalterado

Observações:O TA assinado inclui fornecimento de brita em quantidade incompatível com o verificado no

local pela equipe.(...)Área de ocorrência: ContratoNúmero: 3Classificação: GRAVETipo: Superfaturamentonº contrato: 005/2002/SEJUC/MTDescrição: A comparação do custo unitário contratado com o CUB do SINAPI (CEF)

demonstra indício de superfaturamento da ordem de 58,4%.A análise da composição dos custos unitários de alguns itens contratados em comparação

com custos equivalentes constantes do SINAPI revela um superfaturamento de 57,91% para um percentual analisado de 55,49% da obra (conforme planilha de f. 83/87).

Cabe destacar que o superfaturamento, em grande parte, resulta de um superdimensionamento, no projeto básico, do consumo de fôrma e aço por volume de concreto, tanto na infraestrutura quanto na superestrutura, conforme detalhado nas planilhas de f. 88/89, onde, utilizando-se como parâmetro as composições de serviços da TCPO 10, da Editora Pini (pg. 131), tem-se que:

a) a utilização de fôrma na obra em questão (orçado e pago) variou de 20,55 a 20,85 m2 de fôrma por m3 de concreto na infraestrutura e de 4,27 a 79,99 m2 de fôrma por m3 de concreto na superestrutura.

Na TCPO, para estruturas, está previsto um consumo estimado entre 12 e 14m2 de fôrma por m3 de concreto (cabe destacar que a TCPO 10 traz o consumo de fôrmas para estruturas, sem especificar superestrutura e infraestrutura, entretanto, o consumo de fôrma na infraestrutura é bem menor, podendo chegar à metade do consumo na superestrutura, o que faz a análise ser favorável ao gestor);

b) o consumo de kg de aço por m3 de concreto na obra em questão (orçado e pago) variou, na infraestura, de 125,38 a 333,97 e na superestrutura variou de 57,11 a 588,84, sendo que o consumo estabelecido na TCPO 10, para fundações, varia entre 100 e 120 kg/m3 de concreto para aço CA-25 e 62,50 a 75,00 para o aço CA-50.

É recomendável o prosseguimento da obra ou serviço? Sim.Justificativa: A obra está concluída. Cabe instauração de TCE para apurar o prejuízo e os

responsáveis.

216

Page 217: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

Área de ocorrência: projeto básicoNúmero: 4Classificação: outras irregularidadesTipo: deficiência de projetosNº Convênio:Descrição: Como projeto básico das obras de ‘Ampliação da Cadeia Pública de

Rondonópolis’ foi apresentado apenas uma planta baixa.Como projeto básico das obras de ‘Reformulação e Melhoria do Sistema de Segurança da

Penitenciária de Mata Grande’ (em Rondonópolis, MT) foi apresentado apenas uma planta baixa de cada um dos dois andares.

A documentação apresentada como projeto básico pode ser caracterizada apenas como anteprojeto, não atendendo aos requisitos do art. 6º, inciso IX, da Lei 8.666/93, no que se refere a:

a) ausência de identificação dos elementos constitutivos da obra com clareza;b) ausência de soluções técnicas globais e localizadas, suficientemente detalhadas;c) identificação dos tipos de serviço a realizar e de materiais e equipamentos a incorporar à

obra; ed) informações que possibilitem o estudo e a dedução dos métodos construtivos.(...)Após obtenção, pela equipe, de cópia dos Relatórios de Auditorias realizadas pela Secretaria

Federal de Controle nos Convênios em análise, verificamos, junto ao DEPEN, que as prestações de contas dos convênios, exceto o Convênio para Construção do Centro de Recuperação de Reeducandos (que se encontra em análise), foram aprovadas sem qualquer menção à correção das irregularidades relatadas pelo Controle Interno.

Questionados ambos os órgãos, DEPEN e SFC, a respeito das providências adotadas em razão das irregularidades verificadas pela SFC nos Convênios em análise, o DEPEN informou que desconhecia o teor dos relatórios da SFC e esta informou que encaminhara ofício, datado de 28/03/2003, encaminhando cópia dos relatórios de auditoria e alertando para a necessidade de exigir saneamento das irregularidades por parte do Convenente, fatos que serão objeto de análise nas prestações de contas do DEPEN.

Ficou evidenciado, portanto, um descompasso entre as atividades dos órgãos, sendo que nos relatórios que deram suporte à aprovação dos Convênios, pelo DEPEN, não há menção à adequação do custo do empreendimento ao custo de mercado ou a ausência de autorização para mudanças no plano de trabalho, levando a crer que os convênios são aprovados com base apenas na regularidade formal da prestação de contas e em termo de recebimento da obra assinado por um representante do DEPEN.”

5.Em termos conclusivos, sugere a equipe de auditoria, com assentimento do titular da unidade técnica, que seja determinado ao Departamento Penitenciário Nacional – DEPEN, que, no prazo de 90 (noventa) dias, promova a instauração de Tomada de Contas Especial com vistas à apuração de débito relativo aos indícios de superfaturamento na obra de construção do Centro de Recuperação de Reeducandos, objeto do Convênio nº 221/2001.

Adicionalmente, propugna o órgão instrutivo por que seja feita determinação ao aludido departamento no sentido de, ao firmar convênio para execução de obra, exigir projeto básico que atenda aos requisitos do artigo 6º, inciso IX, da Lei 8.666/93 e da Resolução CONFEA 361/91.

VOTO

Estou submetendo à apreciação do Colegiado os resultados da auditoria realizada pela Secex/MT (Registro Fiscalis 324/2003), focada no Programa de Trabalho 14.421.0661.1844.0053, referente à construção, ampliação, reforma e aparelhamento de estabelecimentos penais no Estado de Mato Grosso, havendo também a equipe de auditoria realizado levantamento concernente à construção de estabelecimentos penais em Rondonópolis/MT, que constitui objeto do PT 14.421.0661.1844.0004.

217

Page 218: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

2.Os trabalhos decorrem da determinação constante do subitem 9.1 do Acórdão 171/2003, prolatado em Sessão Extraordinária de caráter reservado, realizada em 26 de fevereiro de 2003 (Ata 6/2003 – Plenário).

3.Em que pese as obras encontrarem-se concluídas, verificou a equipe de auditoria a inexistência de projetos básicos, sendo apresentada, em alguns casos, tão-somente a planta baixa, inobservando, assim, o disposto no artigo 6º, inciso IX, da Lei 8.666/93.

4.Como fato relevante, emerge dos autos a existência de indícios de superfaturamento (da ordem de 58,4%), associado à construção do Centro de Recuperação de Reeducandos, de Cuiabá, objeto do contrato 005/2002/SEJUC/MT, firmado com a Construtora Panamericana Ltda., cujo achado de auditoria impõe a instauração de Tomada de Contas Especial, tal como recomenda a Secex/MT, merecendo ressaltar que algumas questões abordadas pela equipe de auditoria, relativas a outro contrato (f. 111/12) já estão sendo tratadas no TC 004.544/2001-9.

5.Impende informar que foram juntados aos autos (f. 122 e segts.) cópia de documentos encaminhados pela Secretaria de Controle Interno (e pelo Departamento Penitenciário Nacional – DEPEN), destacando o expediente de 28/03/2003, da SFC, a que se refere o Relatório de Auditoria à f. 116, endereçado ao DEPEN (embora já constante do processo – f. 62), por meio do qual o referido órgão de fiscalização já destacava “a necessidade de adotar providências urgentes quanto à regularização da situação dos mencionados convênios”, acenando com a possibilidade de instauração de Tomada de Contas Especial.

Dessarte, entendendo como adequado o encaminhamento sugerido nos autos, Voto por que o Tribunal adote a deliberação que ora submeto ao descortino dos ilustres pares.

T.C.U., Sala das Sessões Ministro Luciano Brandão Alves de Souza, em 9 de julho de 2003

LINCOLN MAGALHÃES DA ROCHAMinistro-Relator

ACÓRDÃO Nº 854/2003 - TCU - PLENÁRIO

1.Processo: TC 004.191/2003-3 (com 1 volume).2. Grupo I – Classe de Assunto: V- Relatório de Auditoria.3. Unidade: Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública de Mato Grosso.4.Interessado: Congresso Nacional.5.Relator: Ministro-Substituto Lincoln Magalhães da Rocha.6.Representante do Ministério Público: não atuou.7.Unidade Técnica: Secex/MT.8.Advogado constituído nos autos: não consta.9. Acórdão:VISTOS, relatados e discutidos estes autos de Relatório de Auditoria realizada junto à

Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública de Mato Grosso, concernente ao Programa de Trabalho 14.421.0661.1844.0053, referente à construção, ampliação, reforma e aparelhamento de estabelecimentos penais no Estado de Mato Grosso, em cuja oportunidade a equipe de auditoria, no âmbito da Secex/MT, realizou também, levantamento de auditoria concernente à construção de estabelecimentos penais em Rondonópolis/MT, que constitui objeto do PT 14.421.0661.1844.0004.

ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão Plenária, ante as razões expostas pelo Relator, em:

9.1 – determinar ao Departamento Penitenciário Nacional – DEPEN, que:9.1.1 – no prazo de 90 (noventa) dias, contados da ciência desta deliberação, adote

providências no sentido de instaurar processo de Tomada de Contas Especial com vistas à verificação da existência de débito e identificação dos responsáveis, em face dos indícios de superfaturamento da obra referente à Construção do Centro de Recuperação de Reeducandos, em Cuiabá/MT, objeto do Convênio nº 221/2001, firmado com o Depen e o Governo do Estado de Mato Grosso;

218

Page 219: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

9.1.2 – quando da assinatura de convênios destinados à execução de obras, formule a exigência de projeto básico de forma a atender aos requisitos constantes do artigo 6º, inciso IX, da Lei 8.666/93 e da Resolução CONFEA 361/91; e

9.2 – encaminhar cópia da presente deliberação, bem como do Relatório e do Voto que a fundamentam, à Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização do Congresso Nacional, informando-lhe que se encontram concluídas as obras mencionadas no Relatório precedente, contempladas no Programa de Trabalho 14.421.0661.1844.0053, constante do Quadro VII da Lei 10.640, de 14/01/2003, tornando-se dispensável, portanto, análise relativa à paralização de tais empreendimentos, em que pese ter sido identificada irregularidade, de natureza grave, representada por indícios de superfaturamento, da ordem de 58,4%, na construção do Centro de Recuperação de Reeducandos, em Cuiabá – MT, ensejando determinação ao Departamento Penitenciário Nacional – DEPEN, nesta oportunidade, no sentido de instaurar Tomada de Contas Especial, na forma consignada no subitem 9.1.1 supra.

10. Ata nº 26/2003 – Plenário11. Data da Sessão: 9/7/2003 – Ordinária12. Especificação do quorum:12.1. Ministros presentes: Valmir Campelo (Presidente), Marcos Vinicios Vilaça, Iram

Saraiva, Humberto Guimarães Souto, Adylson Motta, Walton Alencar Rodrigues, Guilherme Palmeira, Benjamin Zymler e o Ministro-Substituto Lincoln Magalhães da Rocha (Relator).

12.2. Auditores presentes: Augusto Sherman Cavalcanti e Marcos Bemquerer Costa.

VALMIR CAMPELOPresidente

LINCOLN MAGALHÃES DA ROCHAMinistro-Relator

Fui presente:

PAULO SOARES BUGARINProcurador-Geral, em substituição

Grupo I - Classe V - PlenárioTC 005.458/2003-0Natureza: Relatório de Levantamento de Auditoria.Órgão: Departamento Nacional de Infra-estrutura de Transportes (DNIT).Interessado: Congresso Nacional.

SUMÁRIO: Fiscóbras 2003 – Construção de trechos rodoviários na BR-156 no Estado do Amapa – Ferreira Gomes – Oiapoque (Fronteira com a Guiana Francesa). Inexistência de irregularidades no Programa de Trabalho. Comunicação. Arquivamento.

RELATÓRIO

Cuidam os autos de Relatório de Levantamento de Auditoria na construção e pavimentação de trechos rodoviários na BR 156 no Estado do Amapá (fronteira com a Guiana Francesa) PT nº 26.782.0238 1418.0101

Segundo nos informa a equipe de auditoria a BR 156 é a principal Rodovia do Amapá, pois permite o acesso terrestre a quase todos os municípios do Estado. Assim, sua pavimentação vai beneficiar a população estadual, servindo como um importante instrumento no desenvolvimento econômico da Região.

219

Page 220: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

O Programa de Trabalho em análise prevê recursos para construção e pavimentação da referida rodovia, no trecho de Ferreira Gomes (cidade localizada a 130 km da capital do Estado) até Oiapoque (fronteira com a Guiana Francesa).

No exercício de 2000, a dotação inicial do PT foi R$ 18.000.000,00, no de 2001 alcançou R$ 39.000.000,00, em 2002 a dotação foi de R$ 24.000.000,00 e em 2003 a dotação é de R$ 31.300.000,00.

Os serviços de construção estão sob o encargo do Governo do Estado do Amapá, por força do convênio PG 16/76, firmado em 16 de junho de 1976, com o extinto DNER (atual DNIT).

Nos informa a equipe que até a data da vistoria (09/04/2003), encontravam-se executados apenas os serviços previstos no contrato 035/93/DER/AP, consistindo na construção e pavimentação de 118 km da BR 156/AP, estando a obra paralisada em razão das fortes chuvas na região. Os demais contratos (05 no total) ainda não estão em execução, quais sejam: no km 493, o inicio do segmento do contrato 09/2002 (obra não iniciada, firmada com a CR Almeida). A partir do km 589 (acesso a Calçoene) foram celebrados 4 contratos, tendo cada um volume de serviços equivalentes a 56 km, e que totaliza 224 km correspondentes a extensão de Calçoene a Oiapoque. Os contratos 10 e 11/2002 foram celebrados com o consórcio Andrade Gutierrez/Tercam e os de nºs 13 e 14 com o consórcio EGESA/CMT.

O Estado do Amapá desembolsou R$ 42.322.765,85, enquanto o DNER/DNIT repassou ao governo do Estado R$ 26.686.622,66 até a data em que a equipe vistoriou a obra.

VOTO

Em vista da constatação da inexistência de irregularidades na obras de construção e pavimentação do trecho rodoviário na BR 156, de Ferreira Gomes a Oiapoque (Fronteira com a Guiana Francesa) a que se refere o PT 26.782.0238.0101, no Estado do Amapá, entendo pertinente o encaminhamento proposto pela Unidade Técnica, com o ajuste que julgo pertinente qual seja o de fazer a comunicação ao Congresso Nacional, para conhecimento.

Ante o exposto, Voto por que o Tribunal adote o Acórdão que ora submeto a este egrégio Plenário.

TCU, Sala das Sessões Ministro Luciano Brandão Alves de Souza, em 09 de julho de 2003

LINCOLN MAGALHÃES DA ROCHAMinistro-Relator

Acórdão Nº 855/2003 - TCU - Plenário

1.Processo n: TC 005.458/2003-0.2.Grupo: I – Classe: V – Assunto: Relatório de Levantamento de Auditoria.3. Interessado: Congresso Nacional.4.Órgão: Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transporte – DNIT.5.Relator: Ministro-Substituto Lincoln Magalhães da Rocha.6.Representante do Ministério Público: não atuou.7.Unidade Técnica: Secex/AP.8.Advogado constituído nos autos: não consta.

9. Acórdão:Vistos, relatados e discutidos estes autos de Relatório de Auditoria nas obras de construção de

trechos rodoviários na BR-156-Ferreira Gomes-Oiapoque (fronteira com a Guiana Francesa), no Estado do Amapá.

ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão de Plenário, ante as razões expostos pelo Relator, de acordo com o previsto no art. 43, da Lei 8.443/92, c/c o art. 250 do Regimento Interno desta Casa:

9.1. determinar o arquivamento do presente processo; e

220

Page 221: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

9.2. encaminhar cópia deste Acórdão, bem como do Relatório e Voto que o fundamentam, à Comissão Mista de Planos, Orçamentos e Fiscalização do Congresso Nacional, para conhecimento.

10. Ata nº 26/2003 – Plenário11. Data da Sessão: 9/7/2003 – Ordinária12. Especificação do quorum:12.1. Ministros presentes: Valmir Campelo (Presidente), Marcos Vinicios Vilaça, Iram

Saraiva, Humberto Guimarães Souto, Adylson Motta, Walton Alencar Rodrigues, Guilherme Palmeira, Benjamin Zymler e o Ministro-Substituto Lincoln Magalhães da Rocha (Relator).

12.2. Auditores presentes: Augusto Sherman Cavalcanti e Marcos Bemquerer Costa.

VALMIR CAMPELOPresidente

LINCOLN MAGALHÃES DA ROCHAMinistro-Relator

Fui presente:

PAULO SOARES BUGARINProcurador-Geral, em substituição

Grupo I - Classe V - PlenárioTC 006.853/2003-0Natureza: Relatório de Levantamento de Auditoria.Unidade: Departamento de Polícia Federal – Superintendência Regional do Paraná.Interessado: Congresso Nacional.

SUMÁRIO: Fiscobras 2003. Obras de Construção de edifício-sede da Superintendência Regional da Polícia Federal do Paraná – Curitiba/PR. Obra em execução. Inexistência de irregularidades no Programa de Trabalho. Arquivamento do processo. Ciência à Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização do Congresso Nacional.

RELATÓRIO

Trata-se de Relatório de Levantamento de Auditoria nas obras de construção do edifício-sede da Superintendência Regional da Polícia Federal do Paraná na cidade de Curitiba, correspondente ao Programa de Trabalho 06.181.0664.5037.0101.

2.Em síntese, a equipe de auditoria da Secex/PR apresentou o seguinte cronograma da obra:“Importância socioeconômica: concentrar todos os setores da Superintendência Regional do

Departamento da Polícia Federal do Paraná – SR/DPF/PR, que atualmente encontra-se em vários locais de Curitiba, em um só imóvel, permitindo maior facilidade, rapidez, eficiência e economicidade na execução dos serviços de sua competência.

Objeto: edificação vertical em estrutura de concreto armado e alvenarias, constituído de 5 pavimentos, um subsolo para garagem e um heliporto na cobertura, com área total construída de 15.913,00 m2, contendo todas as instalações prediais de água, esgoto, elétrica, incêndio, climatização de ambientes, sonorização, elevadores, rede temática e sistema de alta tecnologia para automação, supervisão e controle predial, e sistema fechado de câmara e TV.

Execução Física: A obra se encontra em execução de fundação e cortinas. Foram realizadas: escavações (96%); fundações (70%).

Execução Financeira/Orçamentária:Primeira dotação: 01/05/2002 Valor estimado para conclusão: 17.556.690,00Desembolso

Origem Ano Valor orçado Valor liquidado Créditos autorizados MoedaUnião 2003 3.488.500,00 210.585,99 210.585,99 RealUnião 2002 1.556.436,00 1.345.850,00 1.345.850,00 Real

221

Page 222: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

O valor estimado para a conclusão da obra foi calculado a partir da diferença entre a informação fornecida pelo engenheiro responsável pelo contrato do DPF/MJ para toda a obra (R$ 19.113.125,00), já computado o valor estimado para o 1º Termo Aditivo que está sendo formalizado no DPF/MJ, e o montante gasto até a presente data (R$ 1.556.435,99).”

Em face dos fatos apurados e diante da inexistência de irregularidades no programa de trabalho em foco, a proposta final dos analistas, com a qual concordam os dirigentes da Secex/PR, foi no sentido de arquivamento dos autos.

VOTO

Ante a ausência de irregularidades nas obras em foco (PT 06.181.0664.5037.0101), no Estado do Paraná, entendo pertinente o encaminhamento proposto no sentido de determinar-se o arquivamento deste processo nos termos do art. 250, do RI/TCU, procedendo-se a comunicação desta circunstância ao Congresso Nacional.

Assim, acompanho os pareceres uníssonos da unidade técnica e Voto por que este Plenário adote o Acórdão que ora submeto à sua elevada deliberação.

T.C.U., Sala das Sessões Ministro Luciano Brandão Alves de Souza, em 9 de julho de 2003

LINCOLN MAGALHÃES DA ROCHAMinistro-Relator

Acórdão Nº 856/2003 - TCU - Plenário

1.Processo: TC 006.853/2003-0.2.Grupo I - Classe: V – Assunto: Relatório de Auditoria.3. Interessado: Congresso Nacional.4.Unidade: Departamento de Polícia Federal – Superintendência Regional do Paraná.5.Relator: Ministro-Substituto Lincoln Magalhães da Rocha.6.Representante do Ministério Público: não atuou.7.Unidade Técnica: Secex/PR.8.Advogados constituídos nos autos: não há.

9. Acórdão:Vistos, relatados e discutidos estes autos de Levantamento de Auditoria.ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão Plenária,

diante das razões expostas pelo Relator, de acordo com o previsto no art. 43, da Lei 8.443/92, c/c o art. 250 do Regimento Interno desta Casa:

9.1. arquivar os presentes autos; e9.2. dar ciência desta Deliberação à Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e

Fiscalização do Congresso Nacional.

10. Ata nº 26/2003 – Plenário11. Data da Sessão: 9/7/2003 – Ordinária12. Especificação do quorum:12.1. Ministros presentes: Valmir Campelo (Presidente), Marcos Vinicios Vilaça, Iram

Saraiva, Humberto Guimarães Souto, Adylson Motta, Walton Alencar Rodrigues, Guilherme Palmeira, Benjamin Zymler e o Ministro-Substituto Lincoln Magalhães da Rocha (Relator).

12.2. Auditores presentes: Augusto Sherman Cavalcanti e Marcos Bemquerer Costa.

VALMIR CAMPELOPresidente

222

Page 223: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

LINCOLN MAGALHÃES DA ROCHAMinistro-Relator

Fui presente:

PAULO SOARES BUGARINProcurador-Geral, em substituição

Grupo I - Classe V - PlenárioTC 010.111/2003-8.Natureza: Relatório de Levantamento de Auditoria.Entidade: Secretaria de Patrimônio, Museus e Artes Plásticas/Ministério da Cultura.Interessado: Congresso Nacional.

SUMÁRIO: Fiscobras 2003. Levantamento de Auditoria. Construção do Complexo Cultural da República. Falta de apresentação do plano de trabalho, requisito necessário à celebração de termo de convênio entre o Ministério da Cultura e o Governo do Distrito Federal, para efeito de repasse das dotações orçamentárias. Obra não iniciada. Ausência de irregularidades. Comunicação. Arquivamento.

RELATÓRIO

Cuidam os autos de Relatório de Levantamento de Auditoria realizado pela 6ª Secex no projeto concernente ao Programa de Trabalho 13.392.0170.1611.0870 – Implantação e Modernização de Espaços Culturais – Implantação de Espaço Cultural – Complexo Cultural da República – Brasília – DF.

2.O grupo auditor destaca que o aludido programa de trabalho tem por finalidade favorecer a construção do Complexo Cultural da República, na Esplanada dos Ministérios, englobando o Museu Nacional, a Biblioteca Nacional e o Arquivo Nacional.

3.As edificações visam concluir o projeto de Oscar Niemayer e proporcionarão incremento ao turismo de Brasília, patrimônio cultural da humanidade.

4.Na forma da Lei Orçamentária Anual, exercício de 2003, o referido programa de trabalho possui modalidade de aplicação via transferência ao Distrito Federal. Ocorre, todavia, que, na forma do Ofício 03/2003, da Secretaria de Patrimônio, Museus e Artes Plásticas do Ministério da Cultura, o governo do Distrito Federal, à data de expedição daquele Ofício, ainda não havia apresentado à Secretaria o correspondente Plano de Trabalho, para a posterior celebração de convênio.

A equipe de auditoria informa ainda que, diante da situação, não existe projeto básico e a obra não foi iniciada.

Ante a ausência de irregularidades, a unidade técnica propõe o arquivamento dos autos (f. 19 e 20).

VOTO

Verificada a ausência de irregularidade no exercício em curso, a equipe de auditoria propõe o arquivamento do presente processo, o que conta com o apoio deste Relator. Reputo oportuno, todavia, enviar comunicação a respeito do assunto, desde logo, à Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização do Congresso Nacional.

Dessarte, na linha dos pronunciamentos existentes nos autos, com o acréscimo que entendo de bom alvitre proceder, Voto por que seja adotada a deliberação que ora submeto ao descortino do egrégio Colegiado.

T.C.U., Sala das Sessões Ministro Luciano Brandão Alves de Souza, em 09 de julho de 2003

LINCOLN MAGALHÃES DA ROCHA

223

Page 224: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

Ministro-Relator

ACÓRDÃO Nº 857/2003-TCU-Plenário

1.Processo: TC 010.111/2003-8.2.Grupo - I Classe: V - Assunto: Relatório de Levantamento de Auditoria.3.Entidade: Secretaria do Patrimônio, Museu e Artes Plásticas/Ministério da Cultura.4.Interessado: Congresso Nacional.5.Relator: Ministro-Substituto Lincoln Magalhães da Rocha.6.Representante do Ministério Público: não atuou.7.Unidade Técnica: 6ª Secex.8. Advogado constituído nos autos: não há.

9.Decisão: O Tribunal Pleno, diante das razões expostas pelo Relator, DECIDE:9.1 – arquivar o presente processo, em virtude de não ter sido apurada irregularidade no

trabalho de fiscalização realizado pela 6ª Secretaria de Controle Externo.9.2 – remeter cópia desta Decisão, bem como do Relatório e do Voto que a fundamentam, à

Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização do Congresso Nacional; e

10. Ata nº 26/2003 – Plenário11. Data da Sessão: 9/7/2003 – Ordinária12. Especificação do quorum:12.1. Ministros presentes: Valmir Campelo (Presidente), Marcos Vinicios Vilaça, Iram

Saraiva, Humberto Guimarães Souto, Adylson Motta, Walton Alencar Rodrigues, Guilherme Palmeira, Benjamin Zymler e o Ministro-Substituto Lincoln Magalhães da Rocha (Relator).

12.2. Auditores presentes: Augusto Sherman Cavalcanti e Marcos Bemquerer Costa.

VALMIR CAMPELOPresidente

LINCOLN MAGALHÃES DA ROCHAMinistro-Relator

Fui presente:

PAULO SOARES BUGARINProcurador-Geral, em substituição

GRUPO II – CLASSE V – PLENÁRIO

TC–015.886/1999-9 (com 10 volumes)Natureza: Relatório de AuditoriaEntidade: Governo do Estado do Rio Grande do Norte – Secretaria de Recursos Hídricos

(Serhid/RN)Responsáveis:- Rômulo de Macedo Vieira (CPF nº 057.630.451-49);- Francisco Corcino de Miranda (CPF nº 199.905.964-68);- José Pereira de Moura (CPF nº 044.080.394-20);- José Xavier de Andrade (CPF nº 088.657.954-68);- Paulo Lopes Varella Neto (CPF nº 136.777.214-15);- Fábio Sarinho Paiva (CPF nº 523.971.494-00);- Propoço Ltda. (CNPJ 10.716.256/00001-53);- Proseng Projetos e Serviços de Engenharia Ltda. (CNPJ 08.482.291/0001-03); e- A. R. Construção e Prestação de Serviços Ltda. (CNPJ 70.052.246./0001-92).

224

Page 225: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

Sumário: Auditoria na execução do Convênio nº 408/98 celebrado entre Ministério do Meio Ambiente e o Governo do Estado do Rio Grande do Norte, por meio da Secretaria de Recursos Hídricos (Serhid/RN). Ações emergenciais de combate à seca. Perfuração de poços em propriedades particulares, sem atender a população próxima. Débito. Não-comprovação de superfaturamento na contratação de empresas para perfuração. Aditivação de contratos que deveriam ser custeados com recursos estaduais, para incluir verbais federais de convênio. Recursos do Convênio nº 408/98 usados para custear despesas que deveriam ser do Convênio nº 15/97 (Sudene). Dispensa indevida de licitação. Desvio de objeto. Avaliador da prestação de contas e gestor são a mesma pessoa. Conversão em tomada de contas especial. Citação dos responsáveis. Multa. Determinações à Serhid/RN, ao órgão repassador. e à Secex/RN.

RELATÓRIO

Trata-se de Relatório de Auditoria realizada entre 22 e 26/11/1999, com o objetivo de verificar a aplicação dos recursos provenientes do Convênio MMA/SRH/nº 408/98, firmado entre o Ministério do Meio Ambiente/MMA (posteriormente sub-rogado ao Ministério da Integração Nacional) e o Governo do Estado do Rio Grande do Norte/ Secretaria de Recursos Hídricos (Serhid/RN), destinado a combater os efeitos do agravamento da seca no Estado do Rio Grande do Norte, após decretação de estado de calamidade em vários municípios.

2.O objeto do convênio, assinado em 12/08/1998, era a construção e recuperação de poços tubulares, bem como a implantação de dessalinizadores (quando a água obtida fosse imprópria ao consumo humano), num total de R$ 7.878.000,00, dos quais R$ 6.559.224,00 por conta da SRH/MMA.

3.Na primeira instrução elaborada pela Secex/RN (fls. 1/10), foram identificadas uma série de irregularidades, tais como: indícios de superfaturamento, aditivação de contratos com alteração ilegal da dotação orçamentária, não-aplicação de contrapartida, despesas estranhas ao objeto do convênio e não consecução do objeto. Diante da necessidade de aprofundamento dos trabalhos, a Unidade Técnica propôs uma série de audiências dos responsáveis, diligência ao Departamento Nacional de Obras contra as Secas (Dnocs) para verificar se houve superfaturamento, e a extensão dos trabalhos de modo a abranger também o Convênio Sudene nº 15/97 e obras análogas executadas pela Funasa.

4.Em despacho (fl. 144), o então Ministro-Relator Benjamin Zymler acolheu as propostas da Secex/RN, com a ressalva de que as audiências deveriam aguardar o deslinde das diligências, além da necessidade de, em futura instrução, indicar com precisão quais os fatos que comprovassem a responsabilidade de cada um dos gestores mencionados.

5.Em sua segunda instrução (fls. 178/194), a Secex/RN solicitou à Serhid/RN os documentos relativos ao Convênio Sudene/nº 15/97, especialmente em relação aos poços perfurados, e visitou a Funasa para obter relatório de obras executadas por aquela instituição, análogas às dos convênios 408/98 e 15/97. Ademais, as irregularidades já listadas foram organizadas nos moldes determinados pelo Ministro Benjamin Zymler.

6.Atendendo a novo despacho do Exmo. Ministro Benjamin Zymler (fl. 224), a Secex/RN efetuou vistoria in loco nas obras executadas do convênio nº 408/98, para atestar se a população estaria impossibilitada de fazer uso da água dos poços, fosse por inadequação ao consumo humano, fosse por falta de acesso a eles, por se localizarem em propriedades privadas. A proposta do analista (fls. 249/26), por não incluir todas as irregularidades mencionadas e conter determinação ao órgão concedente de instauração de tomada de contas especial, após análise da prestação final de contas do convênio aludido, não foi aceita pelo Ministro Benjamin Zymler (fl. 265), que determinou a continuação dos trabalhos pela equipe de auditoria com o fim de possibilitar a quantificação do dano ao erário, identificação dos responsáveis, realização de audiências, e eventualmente conversão dos autos em TCE, com citação dos responsáveis.

7.Transcrevo, abaixo, trechos da última instrução da Secex/RN (fls. 196/245):

225

Page 226: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

“Examina-se, nos autos em epígrafe, Levantamento de Auditoria no Governo do Estado do Rio Grande do Norte, Secretaria dos Recursos Hídricos – Serhid/RN, Projeto Água Boa (Convênio MIN nº 408/98 – Siafi 363018).

2.Em despacho de fls. 343 e 344, o Ex.mo Sr. Ministro Relator Augusto Sherman Cavalcanti determinou, relativamente a cada uma das propostas constantes das fls. 329/341, a adoção das seguintes providências:

‘1) alínea ‘a’, fls. 329/330: audiência dos responsáveis indicados, em vez das TCEs propostas; caso as falhas venham a se confirmar, após a audiência, deverá a Unidade Técnica propor a instauração das referidas contas especiais;

2) alíneas ‘b’, ‘c’ e ‘d’ e ‘e’, fls. 330/333: não prosseguir no exame das questões a que se referem essas alíneas, tendo em vista a baixíssima materialidade dos valores envolvidos;

3) alínea ‘f’, ‘g’ e ‘h’, fls. 333/334: audiência dos responsáveis, conforme proposto:4) alínea ‘i’, fls. 334: não é razoável atribuir-se ao Sr. Governador de Estado a

responsabilidade pelo fato de um poço ter quebrado ou apresentado defeito no interior do Estado; ouça-se, a respeito, preliminarmente, o Sr. Secretário de Recursos Hídricos à época das ocorrências:

5) alíneas ‘j’, ‘k’ e ‘l’ e ‘m’, fls. 334/335: audiência dos responsáveis, conforme proposto;6) alínea ‘n’, fls. 335: além dos responsáveis indicados nessa alínea, devem também ser

ouvidos os membros da Comissão de Licitação que conduziram a Tomada de preços 03/98, tendo em vista o disposto no art. 51, § 3º da Lei 8.666/93; na descrição da irregularidade (item 12, fls. 183), deve ser enfatizado que a licitação deveria ter sido anulada, uma vez que as propostas apresentadas foram superiores aos limites permitidos para aquela modalidade licitatória;

7) alínea ‘o’, fls. 336: ouvir os responsáveis, conforme proposto;8) alínea ‘p’ , fls. 336: além dos responsáveis indicados nessa alínea, devem também ser

ouvidos os membros da Comissão de Licitação que conduziram o Convite nº 009/99 (fls. 206/207, vol. 4) tendo em vista o disposto no art. 51, § 3º da Lei 8.666/93; na descrição da irregularidade, que também deve conter o ato antieconômico relatado no item 14 de fls. 184/185, deve ser enfatizado que a licitação deveria ter sido anulada, uma vez que as propostas apresentadas foram superiores aos limites permitidos para aquela modalidade licitatória;

9) alínea ‘q’, fls. 337: preliminarmente, realizar a audiência dos responsáveis, em vez das TCEs propostas; caso as irregularidades venham a se confirmar, após a audiência, deverá a Unidade Técnica propor a instauração das referidas contas especiais; os responsáveis a serem ouvidos são:

9.1) os membros da CPL que conduziram a TP 03/98, da qual resultaram os contratos 11 e 12/98, o Sr. Secretário de Transporte e Obras Públicas do Rio Grande do Norte, que homologou o referido certame, todos indicados no primeiro quadro de fls. 339, bem como o Sr. Rômulo de Macedo Vieira, Secretário de Recursos Hídricos, à época, que assinou os referidos contratos (fls. 105/110 e 117/122, vol. 1;

9.2) o responsável pela dispensa de licitação da qual resultou o contrato nº 59/98, qual seja, o Sr. Rômulo de Macêdo Vieira, Secretário de Recursos Hídricos, que também assinou o referido contrato (fls. 215/220, vol. 1 e fls. 198, vol. 2).

10) alínea ‘r’, fls. 338/339: a providência sugerida pela Secex/RN, a que se refere essa alínea, já se encontra inclusa nas providências determinadas no item 9, supra;

11) alínea ‘s’, fls. 339: essa proposta pode ser apreciada quando do julgamento do processo, após as audiências acima, nas quais também se apontou a existência de indícios de superfaturamento nos contratos tendo por objeto a perfuração de poços, a partir do mesmo parâmetro de comparação (preço base = R$ 140/m perfurado);

12) alínea ‘t’, fls. 339: ouvir os responsáveis, conforme proposto.13) alínea ‘u’, fls. 340: ouvir o responsável indicado e, além dele, o Sr. Secretário de Recursos

Hídricos à época das ocorrências supostamente irregulares;14) alínea ‘v’ e ‘w’, fls. 341: ouvir os responsáveis, conforme proposto.’2.1O eminente Ministro determinou ainda que:a) as audiências endereçadas aos responsáveis devem indicar com precisão as irregularidades

que lhes são imputadas, fazendo-se acompanhar de cópias das instruções dos autos que contenham a descrição detalhada dos fatos supostamente irregulares, bem como de outras cópias que se fizerem necessárias;

226

Page 227: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

b) as irregularidades devem ser agrupadas por responsável, de modo que cada um deles receba tão-só um ofício-audiência;

c) quando do exame das respostas apresentadas, deve produzir-se instrução que contenha as irregularidades, as justificativas apresentadas e a correspondente análise pela Secex/RN, sempre que possível agrupadas por responsável ou por grupo de responsáveis;

d) novas diligências e inspeções devem ser evitadas.3.Em atendimento ao despacho acima, realizaram-se as audiências. As razões de justificativa

apresentadas são examinadas abaixo.I.1. – Irregularidades:a) Perfuração de poço em propriedade do Sr. Francisco Corcino de Miranda, CPF

199.905.964-68, sem beneficiar qualquer comunidade próxima.b) Perfuração de poço em propriedade do Sr. José Pereira de Moura, CPF 044.080.394-20,

sem beneficiar qualquer comunidade próxima.c) Perfuração de poço em propriedade do Sr. José Xavier de Andrade, CPF 088.657.954-68,

sem beneficiar qualquer comunidade próxima.Legislação infringida: Entre outros, os princípios da Moralidade e da Legalidade,

insculpidos no art. 37, caput, da Constituição Federal.Detalhamento: itens 6 a 6.3 (fl. 252 do Volume Principal) e itens 6 a 6.8.1 (fls. 300 a 304 do

Volume Principal). Breve resumo abaixo.‘6.Os poços relacionados abaixo foram perfurados para atender unicamente a interesses do

proprietário da terra em que se localizam, sem beneficiar qualquer comunidade próxima.Município Localidade Poço Proprietário Valor (*)Macau Monte Alegre PS-0320 Francisco Porcino de

Miranda16.950,00

Apodi Poço Vermelho PS-0292 José Pereira de Moura 23.713,98Parazinho São Vicente PS-0312 José Vicente Xavier 33.534,36Total 74.198,34Obs.: Valores em reais, obtidos da relação de fls. 34 a 54 (Volume VI), referentes ao somatório das etapas de construção de cada poço.

6.1A constatação da irregularidade foi feita, em cada um dos casos, pela equipe de auditoria, tendo inclusive sido registrada pelas fotos nºs 01 a 05 (fls. 229 a 231). Apenas exemplificando, em Macau, localidade de Monte Alegre, o poço localiza-se dentro da propriedade do Sr. Francisco Porcino de Miranda. Além de não existir qualquer comunidade próxima que pudesse beneficiar-se, esta água é utilizada para irrigação de algumas culturas do fazendeiro e para abastecer uma piscina.’

‘6.4O débito, nos termos do inciso III, art. 11 da IN TCU nº 13/96, há de contar da data do recebimento, pela Serhid/RN, dos recursos do convênio. Tais verbas foram repassadas por meio de três ordens bancárias (fls. 24 a 26 do Volume IV): em 25/08/1998, em 17/12/1998 e em 27/12/1999. Como, s.m.j., é impossível determinar com que parcela foram perfurados os referidos poços, deve-se adotar a data mais benigna para os responsáveis (a última, pois enseja menores juros e correção monetária): 27/12/1999.’

Comprovação: fls. 34 a 54 (Volume VI), fls. 229 a 237 (Volume Principal), fls. 01 a 05 (Volume VII).

Responsáveis:- Rômulo de Macêdo Vieira, CPF : 057.630.451-49Secretário da Serhid/RN à época das obras- Francisco Corcino de Miranda, CPF 199.905.964-68Proprietário- José Pereira de Moura, CPF 044.080.394-20Proprietário- José Xavier de Andrade, CPF 088.657.954-68ProprietárioValores dos débitos:a) R$ 16.950,00b) R$ 23.713,98c) R$ 33.534,36Data de origem: 27/12/1999I.1.1 - Razões de Justificativa:

227

Page 228: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

Pelo Sr. Rômulo de Macêdo Vieira (fl. 84, Volume IX): "a escolha dos locais de implantação (...) não era de responsabilidade do gestor da SERHID/RN"; "a indicação dos locais se daria através de Comissões Municipais de Combate aos Efeitos da Seca, formadas por pessoas dos municípios, que deveria ser depois aprovada pela Comissão Estadual, esta constituída por três Secretários de Estado, devendo ainda ser referendada pela SUDENE, que representava o Governo Federal"; "em nenhum momento, quando titular do cargo de Secretário dos Recursos Hídricos do Estado, [o justificante] participou das decisões de escolha dos locais". Mais adiante (fl. 90, Volume IX): "em geral os poços são perfurados em propriedades de particulares, onde existam comunidades assentadas, assegurando-se o acesso das pessoas à água".

Pelo Sr. Francisco Corcino de Miranda (fls. 56 e 57, Volume VIII): "o referido poço foi perfurado em minha propriedade (...) com total liberdade de entrada por qualquer pessoa"; "[o poço] durante muito tempo atendeu a todos os proprietários e moradores próximos ao local, no entanto a medida que os demais foram adquirindo condições de instalar os seus próprios poços, o mesmo ficou restrito a quem estava mais próximo, portanto não procede a informação que o mesmo não atende a comunidade"; "[o poço] atende a pessoas simples e humilde, que sobrevive de uma pequena propriedade agrícola, onde a carência de água potável ou não, ainda é o grande problema de todos nós".

Pelo Sr. José Pereira de Moura (fls. 188 a 194, Volume VIII): "[o poço] está beneficiando varias comunidades próximas, encaminho-lhes em anexo a baixo assinado com os nomes dos moradores da referida comunidade e que são diretamente beneficiado com a benfeitoria realizada pela SERHID/RN".

Pelo Sr. José Xavier de Andrade: Revel (fls. 33A e 184, ambas do Volume VIII).I.1.2 – Análise das razões de justificativa:Não assiste razão aos justificantes.Conquanto a indicação dos locais para perfuração dos poços fosse de responsabilidade das

comissões estadual e municipais (Cláusula Primeira do Convênio nº 408/98, fl. 13 do Volume Principal, e Ações Emergenciais de Combate aos Efeitos da Seca, fls. 42 a 53 do Volume Principal), os recursos federais foram repassados ao Secretário da Serhid/RN, cabendo a esse gestor a correta aplicação dos mesmos. Ademais, os pagamentos dos poços perfurados em propriedades privadas ocorreram quando o Sr. Rômulo de Macêdo Vieira estava à frente da Serhid/RN, conforme documento de fl. 01 a 05 (Volume VII).

Acrescente-se que a irregularidade não consiste somente na perfuração de poços em propriedades privadas, mas principalmente na ausência do interesse público. Por exemplo, no caso do Sr. Francisco Corcino de Miranda, a despeito de sua simplicidade, humildade e carência de recursos, um poço que se destina à irrigação de algumas culturas do fazendeiro e ao abastecimento de uma piscina, sem atender a qualquer comunidade próxima – no relato de Equipe de Auditoria deste Tribunal –, s.m.j., não pode ser havido como do interesse público.

Quanto aos elementos probatórios trazidos pelo Sr. José Pereira de Moura, em especial o abaixo assinado dos pretensos beneficiados com o poço, em contradição com o relatado por Equipe de Auditoria deste Tribunal. Nada obstante, tal questão, inclusive quanto à idoneidade das assinaturas ali apostas, pode ser aprofundada na Tomada de Contas Especial.

I.2. – Irregularidades: Serviços executados fora das especificações, falhas que acabaram por ocasionar danos às obras (base de alvenaria rachada, caixa d’água quebrada e tanques de armazenamento do rejeito com infiltrações), bem como o fato de que uma bomba centrífuga, inicialmente instalada no poço, foi substituída por um cata-vento, sem que fosse possível obter informações acerca do destino dado ao primeiro equipamento. Tais irregularidades, s.m.j., originam-se da falta de fiscalização da Serhid/RN, em especial daquela exercida a posteriori, ou seja, após decorrido algum tempo das obras – alguns meses após a conclusão, como atividade rotineira.

Legislação infringida: Alínea a, inciso II, Cláusula Segunda do Convênio nº 408/98; art. 6º do D.L. 200/67, aplicável por força do art. 42 da IN STN nº 01/97.

Detalhamento: item 11 [ parte final] (fl. 253 do Volume Principal), item 12 [parte final] (fl. 253 do Volume Principal), itens 14 e 15 (fl. 254 do Volume Principal), itens 10 a 10.2 (fls. 309 e 310 do Volume Principal). Maiores detalhes abaixo.

228

Page 229: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

(...) Comprovação: fls. 229 a 237 (Volume Principal), fl. 42 (Volume IV), fl. 120 (Volume VI), fls. 01 a 05 (Volume VII).

Responsáveis:- Rômulo de Macêdo Vieira, CPF : 057.630.451-49Secretário da Serhid/RN à época das obras- Paulo Lopes Varella Neto, CPF : 136.777.214-15Secretário da Serhid/RN, à época da audiência.I.2.1 - Razões de Justificativa:Pelo Sr. Rômulo de Macêdo Vieira (fls. 91, 92 e 95, Volume IX): "Relativamente a alegada

[irregularidade] evidencia-se que a questão é afeta à manutenção das obras a posteriori, portanto não mais inerente à gestão do ora Justificante"; "ambas as alternativas foram levadas a efeito — articulação com as Prefeituras e estímulo à criação de Associações de Usuários — e em muitos casos o processo funcionou bem [visando atribuir a responsabilidade pela manutenção dos poços a esses entes]"; "a SERHID/RN desenvolveu especial esforço para conseguir os recursos necessários a implantação de um programa de monitoramento e recuperação das obras do 'Água Boa' (...), iniciando-se os trabalhos já a partir de outubro de 2000, o que passou a ser uma atividade rotineira"; "os casos relatados (...) são à toda evidência, de pequena monta, e não significam ausência nem deficiência da fiscalização da SERHID/RN, podendo, quando muito, ser considerados como falhas meramente formais, decorrentes da intensa carga de serviços desempenhada de forma dedicada e profissional pela equipe de fiscalização do ente convenente".

Pelo Sr. Paulo Lopes Varella Neto (fl. 195, Volume X): "foi nomeado Secretário de Estado de Recursos Hídricos somente em 05/08/1999 (...) e que, portanto, não pode ser responsabilizado por atos de gestão praticados em data anterior a sua nomeação". No mais, repete os argumentos apresentados pelo Sr. Rômulo de Macêdo Vieira, com poucas alterações.

I.2.2 – Análise das razões de justificativa:Assiste razão aos justificantes.De fato, as irregularidades não são fortes o suficiente para aplicação das multas previstas na

Lei nº 8.443/92. E ainda mais atenuadas pela informação de que a Serhid/RN adotou, a partir de outubro de 2000, um programa de monitoramento e recuperação das obras.

Por estas razões, e considerando que o Convênio nº 408/98 (código Siafi 363018) vigorou somente até 29/05/2001, nada a propor.

I.3. – Irregularidades: Realização de algumas obras – desnecessárias ou ineficazes – que não atenderam ao objetivo do convênio: a execução de ações emergenciais de combate aos efeitos da seca, com a garantia de abastecimento de água para consumo humano.

Legislação infringida: Cláusulas Primeira e Segunda, inciso II, alínea a, do Convênio nº 408/98.

Detalhamento: itens 7 a 9 (fls. 252 e 253 do Volume Principal), item 11 (fls. 310 e 311 do Volume Principal). Breve resumo abaixo.

‘7.Os poços relacionados abaixo não seriam indispensáveis para as comunidades que deles se beneficiam, como esclarecem as observações adicionais.Município Localidade Poço Observações adicionais

Mossoró Hipólito II PS-0386

A comunidade já conta com o abastecimento da Companhia de Águas e Esgoto do Rio Grande do Norte – Caern. O poço ora perfurado servirá, segundo informações obtidas dos próprios moradores, para consumo animal.

Açu Campo de Aviação PS-0401

Na mesma localidade, a não mais que 1 Km de distância (no terreno do campo de aviação), encontra-se outro poço, totalmente operacional e aberto à comunidade (fotos 06 e 07, fls. 231 e 232).

Pendências Canafístula I PS-0348 Na mesma localidade, a não mais que 500 metros de distância, encontra-se outro poço, totalmente operacional e aberto à comunidade.

(...) Comprovação: fls. 229 a 237 (Volume Principal), fl. 26 (Volume Principal), fls. 01 a 05 (Volume VII).

Responsáveis:- Rômulo de Macêdo Vieira, CPF : 057.630.451-49Secretário da Serhid/RN à época das obras- Paulo Lopes Varella Neto, CPF : 136.777.214-15

229

Page 230: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

Secretário da Serhid/RN, à época da audiência.I.3.1 - Razões de Justificativa:Pelo Sr. Rômulo de Macêdo Vieira (fls. 96 a 101 Volume IX): "[enfatiza a] importância

vital que tem a água nas regiões constantemente atingidas pelos fenômenos das secas (...) e da necessidade de que os entes administrativos, gestores dos interesses públicos, orientados pelo princípio do respeito à dignidade humana (...), garantam a oferta de água às comunidades carentes deste recurso natural indispensável à manutenção da vida humana e animal"; "a indicação para a instalação [dos poços] (...) partiu das respectivas Comissões Municipais".

Quanto ao poço PS-0386 (Mossoró, Hipólito II): "a decisão de instalar o Poço (...) baseou-se no fato de que a Companhia de Água cobra (...) pelo fornecimento da água (...) um valor de certa forma alto para os padrões financeiros da população daquela comunidade [assentados do INCRA]"; "a água produzida pelo poço (...) é destinada à dessedentação animal (...), podendo também ser utilizada para consumo humano, reduzindo as despesas daquela comunidade carente"; "a dessedentação animal também é uma das finalidades e objetivos da Política Nacional e Estadual de Recursos Hídricos, em que se ampara o Convênio (...), sendo o rebanho daquela comunidade rural também necessário à sua sobrevivência".

Quanto ao poço PS-041 (Açu, Campo de Aviação): "não há que se considerar desnecessária a construção de um poço, destinado a garantir água numa região carente deste recurso vital, exclusivamente porque exista a não mais que 1 km de distância um outro. Tal entendimento revela não só mesquinhez, mas também crueldade com aqueles menos afortunados, que sofrem com o flagelo das secas".

Quanto ao poço PS-0348 (Pendências, Canafístula I): "o Poço (...) instalado na comunidade de Mulungu, situada a cerca de 500m de distância da comunidade de Canafístula I, não apresenta vazão suficiente para atender às duas comunidades, sendo bastante exclusivamente para a comunidade ao qual foi destinado".

Quanto ao poço em Macau, localidade de São José: "o conceito de consumo humano no semi-árido nordestino extrapola a água para beber (...) sendo um poço, mesmo muito salobro, uma alternativa fundamentalmente importante".

Quanto aos poços em Galinhos: a desativação do poço ocorreu porque o aqüífero que o alimentava estava sofrendo invasão das águas marinhas, elevando excessivamente a salinidade; a solução encontrada foi a de substituí-lo por três outros poços, de menor vazão, e interligados a um único sistema de abastecimento; "a usina de dessalinização (...) recomeçou a funcionar em setembro de 2000, e desde então atende a mais de 250 famílias".

Pelo Sr. Paulo Lopes Varella Neto (fl. 203, Volume X): repete os argumentos apresentados pelo Sr. Rômulo de Macêdo Vieira, sem qualquer alteração relevante.

I.3.2 – Análise das razões de justificativa:Não assiste razão, em grande parte, aos justificantes.Merecem acolhida apenas as razões apresentadas quanto aos poços localizados no município

de Galinhos, bem como em relação ao PS-0348 (Pendências, Canafístula I). Para os primeiros, os motivos técnicos apresentados elidem a irregularidade, reforçados ainda pela informação de que o Sistema de Abastecimento de Galinhos foi normalizado, possivelmente em decorrência da auditoria realizada por este Tribunal. Para o poço no município de Pendências, é de se acolher o argumento da insuficiência de vazão do outro poço, porquanto não há elementos nos autos que o invalidem.

Para os demais poços, s.m.j., mesmo imbuindo-se do mais generoso espírito social, não há como aceitar a necessidade dos mesmos no âmbito do convênio sob exame. O objetivo do acordo (Cláusula Primeira – fl. 13, Volume Principal) era a execução de ‘ações emergenciais de combate aos efeitos da seca, com a garantia de abastecimento de água para consumo humano’. Certamente, a água desempenha papel fundamental na vida humana, seja nas comunidades menores, voltadas para a agricultura de subsistência, seja nos grandes centros urbanos, como insumo em toda a cadeia produtiva. Assim, uma interpretação extensiva do objetivo do acordo levaria à perfuração de poços para, por exemplo, alimentação de tanques destinados à criação de peixes. Imaginar esta alternativa, quando ainda há, notoriamente, várias comunidades no Rio Grande do Norte sem uma gota de água para beber, significa, isto sim, crueldade. Conclui-se, assim, que faltou à Serhid/RN priorizar os

230

Page 231: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

pleitos, de modo a atender primeiro – e em caráter emergencial – as comunidades totalmente desassistidas, para só então pensar nas demais necessidades das outras.

Ressalte-se ainda que, conquanto a indicação dos locais para perfuração dos poços fosse de responsabilidade das comissões estadual e municipais (Cláusula Primeira do Convênio nº 408/98, fl. 13 do Volume Principal, e Ações Emergenciais de Combate aos Efeitos da Seca, fls. 42 a 53 do Volume Principal), os recursos federais foram repassados ao Secretário da Serhid/RN, cabendo a esse gestor a correta aplicação dos mesmos.

(...)I.4. – Irregularidades: Poços paralisados em decorrência: um, da falta de manutenção dos

dessalinizadores – providência que a Serhid/RN deveria ter exigido das empresas contratadas, porquanto resguardada à época por cláusula contratual; dois, da demora da própria Serhid/RN na operacionalização das obras. Nas duas situações, as comunidades que deveriam beneficiar-se dos poços continuam desassistidas. São casos, novamente, de obras que não atenderam ao objetivo do convênio: a execução de ações emergenciais de combate aos efeitos da seca, com a garantia de abastecimento de água para consumo humano.

Legislação infringida: Cláusulas Primeira e Segunda, inciso II, alínea a, do Convênio nº 408/98.

Detalhamento: itens 17 e 18 (fls. 254 e 255 do Volume Principal), item 13 (fls. 311 e 312 do Volume Principal). Breve resumo abaixo.

(...) Comprovação: fls. 229 a 237 (Volume Principal), fl. 12 (Volume II), fl. 58 (Volume IV), fl. 26 (Volume Principal), fls. 01 a 05 (Volume VII).

Responsáveis:- Rômulo de Macêdo Vieira, CPF : 057.630.451-49Secretário da Serhid/RN à época das obras- Paulo Lopes Varella Neto, CPF : 136.777.214-15Secretário da Serhid/RN, à época da audiência.I.4.1 - Razões de Justificativa:Pelo Sr. Rômulo de Macêdo Vieira (fls. 101 a 105 Volume IX): "enquanto esse ideal

[cultura associativa, com a criação de associações de usuários de água, que deveriam ficar responsáveis pela manutenção dos poços] não se concretiza, cumpre ao Poder Público, quase que exclusivamente, (...) a manutenção preventiva e corretiva das obras e equipamentos de infra-estrutura hídrica que beneficiam as diversas comunidades"; "a SERHID/RN, consoante já assegurado, implantou um programa de manutenção preventiva e corretiva"; "as três usinas de dessalinização citadas pelos Auditores, hoje se encontram funcionando regularmente, atendendo plenamente aos fins a que se destinam"; "as paradas das usinas foram causadas por fatores extra garantia dos contratos celebrados (...), uma vez que a garantia só cobre defeitos de fabricação"; quanto aos poços ainda não instalados, "esclarecemos que os serviços de instalação (...) não foram complementados em razão da não disponibilização de energia elétrica pelas comunidades beneficiárias, dentro da concepção de envolvimento dos usuários no processo de decisão e nas ações de gestão. Entretanto, sabemos informar que os serviços (...) [devem ser executados este ano] pela SERHID/RN com recursos estaduais".

Pelo Sr. Paulo Lopes Varella Neto (fl. 211, Volume X): além de afirmar que não se encontrava à frente da SERHID/RN à época da instalação dos dessalinizadores em comento, repete os argumentos apresentados pelo Sr. Rômulo de Macêdo Vieira, sem qualquer alteração relevante.

I.4.2 – Análise das razões de justificativa:As irregularidades detectadas por este Tribunal foram sanadas pela Serhid/RN. Contudo,

mister enfatizar, para combater-se, uma prática nefanda: em muitos casos, os poços são perfurados, revestidos, dotados de caixa d’água e, até, de bomba, mas permanecem sem uso, em flagrante desperdício de dinheiro público. Conquanto os gestores da Serhid/RN tentem transferir a responsabilidade às comunidades, s.m.j., o argumento não procede: não é razoável considerar como atingimento do objetivo de um convênio para perfuração de poços a produção de obras das quais não sai uma gota d’água.

231

Page 232: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

No caso em tela, reitere-se, tais ocorrências já foram sanadas pela Serhid/RN. Não obstante, oportuno orientar o órgão repassador dos recursos para que envide esforços no sentido de evitar a repetição de irregularidades desta espécie.

(...) I.5. – Irregularidades: Poços paralisados em decorrência da falta de manutenção, ônus – segundo informações dos moradores – não assumido pela Prefeitura Municipal, nem pelo Governo do Estado, apesar de a alínea ‘a’, inciso II, Cláusula Segunda do Convênio nº 408/98 estabelecer que ‘o Convenente acordará com o município beneficiário das obras e serviços a indicação de pelo menos dois membros da comunidade que irão operar e dar manutenção básica ao sistema’.

Legislação infringida: alínea aa, inciso II, Cláusula Segunda do Convênio nº 408/98.Detalhamento: item 19 (fl. 255 do Volume Principal), item 14 (fl. 312 do Volume Principal),

item 4 do despacho do Ministro Relator (fl. 343 do Volume Principal). Breve resumo abaixo.(...) Comprovação: fls. 229 a 237 (Volume Principal), fls. 01 a 05 (Volume VII).Responsável:- Rômulo de Macêdo Vieira, CPF : 057.630.451-49Secretário da Serhid/RN à época das obrasI.5.1 - Razões de Justificativa: (fls. 105 e 106 Volume IX): "as particularidades apontadas

pelos Auditores da SECEX/RN também foram identificadas pela SERHID"; "uma lamentável constatação de que os esforços despendidos no processo de conscientização e envolvimento da comunidade (...) não obteve o êxito esperado. Sendo notório, igualmente, que as administrações municipais, costumeiramente, transfere para o Estado qualquer ação que demande desembolso de recursos financeiros"; "sabemos informar que os serviços de recuperação (...) estão incluídos na programação do segundo semestre de 2002 do programa de manutenção preventiva e corretiva dos Sistemas de Abastecimento e Água, executados pela SERHID/RN com recursos estaduais".

I.5.2 – Análise das razões de justificativa:As irregularidades detectadas por este Tribunal foram sanadas pela Serhid/RN. Contudo,

mister enfatizar, para combater-se, uma prática igualmente reprovável: em muitos casos, os poços são postos em funcionamento, mas, por apresentarem problemas – no mais das vezes bastante simples –, ficam longos períodos parados.

Este Tribunal, ao realizar Auditoria Operacional no Programa Água Boa – Dessalinização das Águas do Nordeste, proferiu a DC-0243-17/01-P, com uma série de recomendações ao órgão gestor, em especial (item 8.2, alíneas a e b):

‘a) faça constar dos convênios celebrados para a instalação de dessalinizadores que os convenentes tenham a responsabilidade de fazer a manutenção dos equipamentos e o monitoramento da água produzida, seja com recursos humanos próprios, seja contratando terceiros;

b) exija que os municípios onde venham a ser instalados dessalinizadores passem a aderir formalmente aos convênios, assinando termo de responsabilidade, ou documento semelhante, se comprometendo a arcar com todas as responsabilidades que lhes cabem no processo, tais como construção do abrigo, dos reservatórios, efetuação das ligações elétricas, disponibilização de operador para os equipamentos, pagamento da energia elétrica, e outras que se entendam necessárias;’

No caso em tela, reitere-se, as ocorrências já foram sanadas pela Serhid/RN. Não obstante, e considerando que as recomendações acima dizem respeito apenas aos dessalinizadores, oportuno orientar o órgão repassador dos recursos para que envide esforços no sentido de evitar a repetição de irregularidades desta espécie.

(...) I.6. – Irregularidades: Aditivos aos contratos 010/98, 011/98, 012/98, 021/98, 022/98, 024/98 e 041/98, alterando as cláusulas referentes à dotação orçamentária.

Legislação infringida: Cláusula Segunda, inciso II, alínea s, item 4, do Convênio nº 408/98; art. 55, inciso V, c/c art. 65, ambos da Lei nº 8.666/93; art. 21, inciso I, in fine, c/c art. 2º da Lei nº 8.666/93.

Detalhamento: item 16.1 (fl. 317 do Volume Principal), item 7 (fls. 180 e 181 do Volume Principal). Breve resumo abaixo.

232

Page 233: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

‘7.1Naquela oportunidade, foi apontada, s.m.j., uma série de irregularidades, todas imputáveis ao Sr. Rômulo de Macedo Vieira, Secretário de Recursos Hídricos do Rio Grande do Norte à época. São relacionados abaixo os documentos que comprovam tal responsabilidade:

Fato (1 a)

Os contratos 010/98, 011/98, 012/98, 021/98, 022/98 e 024/98 foram firmados em datas anteriores à de início de vigência do Convênio nº 408/98 (13/08/98 [vide fl. 29])

Comprovação

010/98 011/98 012/98 021/98 022/98 024/98fl. 101Volume I

fl. 109Volume I

fl. 122Volume I

fl. 132Volume I

fl. 143Volume I

fl. 160Volume I

ato (1 b)Originam-se de processos licitatórios (tomada de preços 003/98 [fl. 69 do Volume II] e concorrências 028/97 [fl. 16 do Volume II] e 011/98 [fl. 151 do Volume II]) realizados com a previsão de as despesas serem custeadas exclusivamente com recursos estaduais. Em conseqüência deste último fato, decorreu que as publicações previstas na Lei de Licitações foram todas efetuadas no Diário Oficial do Estado – D.O.E.

omprovação

010/98 011/98 012/98 021/98 022/98 024/98Fl. 102Volume I

fl. 115Volume I

fl. 126Volume I

fl. 133Volume I

fl. 144Volume I

fl. 161Volume I

ato (2)O contrato 041/98 decorre de licitação (tomada de preços 067/98) aberta com dotação orçamentária distinta. As despesas do referido contrato deveriam ser custeadas com os recursos previstos no Convênio nº 015/97, firmado entre a Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste – Sudene e o Governo do Estado do Rio Grande do Norte. E, novamente, as publicações ocorreram no D.O.E. e não no Diário Oficial da União, como era devido, visto que aplicável o inciso I, in fine, do art. 21 da Lei nº 8.666/93.

ompro-vação

041/98

fl. 121 do Volume II e fl. 132 do Volume II

Com a assinatura do Convênio nº 408/98, a Serhid/RN aditivou os referidos contratos, alterando as cláusulas referentes à dotação orçamentária para que indicassem, agora, este último convênio.

ompro-vação

010/98 011/98 012/98 021/98 022/98 024/98 041/98fl. 103Volume I

fl. 113Volume I

fl. 124Volume I

fl. 135Volume I

fl. 146Volume I

fl. 163Volume I

fl. 174Volume I

O Convênio nº 408/98 veda, como é de praxe, a assunção de obrigações anteriores à data de início da vigência (vide Cláusula Segunda, inciso II, alínea s, item 4). Além disso, a Lei nº 8.666/93, a par de estabelecer como cláusula necessária a indicação da dotação orçamentária (art. 55, inciso V), não elenca no seu art. 65, que trata das hipóteses de alterações no contrato, possibilidade de mudança deste elemento. A falha não é puramente formal: como as publicações só ocorreram no D.O.E., e não no D.O.U., conclui-se que nem todos os possíveis interessados tomaram conhecimento da licitação, caracterizando-se afronta ao princípio da Publicidade (art. 2º da Lei nº 8.666/93).

‘Comprovação: ver tabelas acima.Responsável:- Rômulo de Macêdo Vieira, CPF : 057.630.451-49Secretário da Serhid/RN à época das obrasI.6.1 - Razões de Justificativa: (fls. 106 a 108 Volume IX): "entendimento da filosofia do

'Programa Água Boa' implementado pelo governo estadual, para onde eram carreados recursos de diversas fontes voltadas a um objetivo comum: a oferta de águas às comunidades carentes deste recurso natural, contexto no qual também se insere os objetivos do Convênio MMA/SRH nº 408/98"; "esteado no princípio da economia processual que rege os procedimentos administrativos, foram promovidos aditamentos aos termos contratuais, com vistas a possibilitar a aplicação dos recursos alocados ao Convênio"; "os aditivos celebrados foram formalizados com estrita observância aos termos da Lei nº 8.666/93 (...) sendo certo que o caráter emergencial das ações reclamadas pelos objetivos do Convênio não comportavam demora na sua implementação"; "somente foram pagas com recursos do Convênio (...) despesas realizadas após a sua formalização".

I.6.2 – Análise das razões de justificativa:A despeito do pretenso caráter emergencial das ações, que será examinado posteriormente, a

questão da alteração das dotações orçamentárias resume-se, em termos prosaicos, no seguinte: o Estado do Rio Grande do Norte havia alocado recursos próprios para a execução dos contratos, mas, com o aporte das verbas federais, sentiu-se livre para desobrigar-se de seus encargos. Certamente, este não deve ser o intuito da celebração de um convênio, que se caracteriza como a conjugação de esforços. Se o ente local já tinha dotação orçamentária própria, indicada na assinatura dos contratos, não há, s.m.j., como justificar que os novos recursos não fossem utilizados para a realização de outras obras.

Ademais, como já enfatizado anteriormente, a falha apresenta outras conseqüências: como a previsão inicial era de verbas estaduais, todas as publicações ocorreram no Diário Oficial do Estado do Rio Grande do Norte – D.O.E., restringindo a publicidade nacional exigida nas licitações federais e dificultando o controle por este Tribunal.

233

Page 234: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

Não obstante, dado o caráter também educativo da atuação desta Corte, somente em caso de reincidência na irregularidade será oportuna a aplicação da sanção prevista no art. 58 da Lei nº 8.443/92.

(...)I.7. – Irregularidades: Dispensa indevida de processo licitatório, nos contratos 050/98,

052/98, 059/98 e 060/98.Legislação infringida: Art. 24, inciso IV, c/c art. 2º, ambos da Lei nº 8.666/93.Detalhamento: item 16.2 (fl. 317 do Volume Principal), itens 7 e 9 (fls. 180 e 181 do

Volume Principal). Breve resumo abaixo.‘A decretação da situação de emergência nos municípios do Rio Grande do Norte atingidos

pela seca deu-se com o Decreto Estadual nº 13.942, de 28/04/98, publicado no D.O.E. de 29/04/98 [fl. 138 do Volume V]. Observa-se que, quando da assinatura dos contratos referidos anteriormente [050/98, 052/98 e 059/98], todos datados de 20/10/98, já se haviam passado quase seis meses do reconhecimento da situação de emergência. Durante este período, a população não ficou desassistida. Os contratos referidos no parágrafo 5 desta instrução [de fls. 01 a 10] comprovam que o Governo Estadual estava realizando obras, com recursos próprios, para minorar os efeitos da estiagem. Assim, quando da chegada das verbas federais, em caráter suplementar, a Serhid/RN deveria ter realizado as devidas licitações, nunca dispensá-las com fundamento no inciso IV, art. 24 da Lei nº 8.666/93, pois não mais se caracterizava a urgência.

O raciocínio em direção oposta, ou seja, no sentido que ainda persistia a urgência, levaria necessariamente à conclusão que o Governo Estadual havia deixado a população à mercê da seca durante aqueles seis longos meses. Mas isto não ocorreu; logo, descaracteriza-se a urgência.

É exatamente amparado nesta lógica que o inciso IV, art. 24, Lei nº 8.666/93 limita a dispensa por emergência ou calamidade pública ao prazo máximo de 180 (cento e oitenta) dias, contados da ocorrência da situação. No caso específico, a partir do decreto estadual. (...)’

Comprovação: fl. 177, fl. 186, fl. 216 (todas do Volume I) e fl. 138 do Volume V.Responsável:- Rômulo de Macêdo Vieira, CPF : 057.630.451-49Secretário da Serhid/RN à época das obrasI.7.1 - Razões de Justificativa: (fls. 108 a 111 Volume IX): "impende destacar o nosso

espanto quanto à resistência dos Auditores da SECEX/RN em reconhecer a inegável verdade que a situação de emergência, configurada pelos prolongados períodos de estiagem (...), após instalada, somente se agrava com o decurso do tempo"; "no que se refere ao decurso do tempo entre a declaração do estado de emergência e a formalização dos processos de dispensa de licitação, decorreu da demora na formalização do Convênio"; "a contratação direta (...) dentro do prazo mínimo (...) afigurou-se como o procedimento mais adequado e eficiente a ser adotado pela Administração Pública, uma vez que a realização do procedimento licitatório (...) mostrava-se incompatível com a efetivação dos programas emergenciais indispensáveis à realização do interesse social e preservação do bem maior tutelado pelo ordenamento jurídico, que é a vida humana"; mesmo em face da urgência, a SERHID/RN somente efetivou os contratos após a elaboração de orçamento estimativo e a realização de ampla pesquisa de preços junto aos possíveis interessados, somente contratando pelo menor valor.

I.7.2 – Análise das razões de justificativa:A contratação emergencial direta prevista na Lei nº 8.666/93 há de ser entendida com limites,

sob pena de não mais se realizarem procedimentos licitatórios.Certamente, os problemas, em sua maioria, quando não adotadas as devidas medidas

corretivas, tendem a se agravar, em si ou nos seus efeitos; é assim com a escassez de água em regiões sujeitas a períodos longos de estiagem, com a falta de abrigos para populações desalojadas por uma enxurrada, com o fim dos estoques de medicamentos em uma epidemia qualquer, para citar alguns exemplos.

Contudo, de modo algum, o evento sinistro (seca, enchente, epidemia, etc.) autoriza o gestor a não mais licitar, enquanto não resolvido o problema. Pelo contrário, o próprio dispositivo que legitima a contratação direta (Lei nº 8.666/93, art. 24, inciso IV) limita o objeto contratado aos ‘bens necessários ao atendimento da situação emergencial ou calamitosa e para as parcelas de obras

234

Page 235: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

e serviços que possam ser concluídas no prazo máximo de 180 (cento e oitenta) dias consecutivos e ininterruptos, contados da ocorrência da emergência ou calamidade’. Tal prazo, peremptório, apóia-se na idéia, bastante razoável, de que o gestor, já não mais pressionado pelo evento extraordinário, uma vez que os atingidos estão recebendo o atendimento mínimo necessário, poderá então realizar os procedimentos licitatórios cabíveis, no intuito de sanar integralmente o problema.

No caso em tela, como já enfatizado anteriormente, a decretação da situação de emergência nos municípios do Rio Grande do Norte atingidos pela seca deu-se com o Decreto Estadual nº 13.942, de 28/04/98, publicado no D.O.E. de 29/04/98. Logo, dessa data deveriam contar os 6 meses. Os contratos impugnados foram assinados (em outubro e dezembro de 1998) quando já se esgotava (ou esgotara) o prazo legal para a caracterização da emergência.

Não obstante, dado o caráter também educativo da atuação desta Corte, somente em caso de reincidência na irregularidade será oportuna a aplicação da sanção prevista no art. 58 da Lei nº 8.443/92.

(...)I.8. – Irregularidades: Celebração de contratos (005/99 e 006/99) em desacordo com o edital

de licitação.Legislação infringida: Art. 54, §1º, Lei nº 8.666/93.Detalhamento: item 16.3 (fl. 318 do Volume Principal), item 10 (fls. 181 e 182 do Volume

Principal). Breve resumo abaixo.‘10.Os contratos 005/99 (fls. 340 a 344 do Volume IV) e 006/99 (fls. 268 a 272 do Volume

IV) decorrem de licitação (tomada de preços 055/98 – fls. 224 a 236 do Volume IV) aberta com dotação orçamentária diversa do Convênio nº 408/98. As despesas dos referidos contratos deveriam ser custeadas (fl. 233 do Volume IV) com os recursos previstos no Convênio nº 015/97, firmado entre a Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste – Sudene e o Governo do Estado do Rio Grande do Norte (...)

10.1(...) A tomada de preços 055/98 tinha por objeto a contratação de empresa para fornecimento de material destinado à complementação de poços tubulares (filtros e tubos geomecânicos e de aço). A despesa, em um primeiro momento, foi classificada como 3490-30 (Material de Consumo). Contudo, como bem apontado pela Controladoria Geral do Estado do Rio Grande do Norte (fl. 282 do Volume IV), o Convênio nº 408/98 prevê despesas exclusivamente de capital. Ouvida em diligência por aquele controle interno, a Serhid/RN demonstra (fl. 274 do Volume IV) que o erro é puramente formal, sendo 4590-52 (Equipamentos e Material Permanente) a classificação correta.

(...)10.4(...) A Lei nº 8.666/93 veda a abertura de processo licitatório sem a disponibilidade de

recursos orçamentários. E, uma vez que a licitação foi devidamente homologada em 10/08/98 (fl. 248 do Volume IV) e que Convênio nº 15/97 vigorou até 31/12/98 (fl. 120), conclui-se que havia disponibilidade de recursos para a aquisição. Se a compra não foi feita de pronto, mas somente após decorridos oito meses (em abril de 1999, vide datas dos contratos), é porque havia cessado o interesse que motivava o processo licitatório. Caberia, então, revogar a licitação por interesse público, nos termos do art. 49 da Lei nº 8.666/93, nunca ‘guardá-la’ para uso futuro.’

Comprovação: fls. 340 a 344 do Volume IV, fls. 268 a 272 do Volume IV, fls. 224 a 236 do Volume IV.

Responsável:- Rômulo de Macêdo Vieira, CPF : 057.630.451-49Secretário da Serhid/RN à época das obrasI.8.1 - Razões de Justificativa: (fls. 111 e 112 Volume IX): "os contratos foram celebrados

em estrita conformidade com os termos do instrumento convocatório, posto que não foram introduzidas nenhuma alteração na sua substância, após a homologação do resultado do certame e adjudicação do seu objeto às empresas vencedoras"; a classificação da despesa como material de consumo foi mero equívoco, corrigido prontamente pela SERHID/RN.

I.8.2 – Análise das razões de justificativa:

235

Page 236: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

O gestor não compreendeu a irregularidade sobre a qual estava sendo ouvido. Não se trata aqui da classificação indevida da despesa (corrente vs. capital), mas sim da prática de ‘guardar’ licitações para utilização futura. Sobre este fato nenhuma justificativa foi apresentada.

A irregularidade, s.m.j., enfatize-se mais uma vez, é patente. Não é razoável que uma licitação realizada há oito meses, baseada em outras dotações orçamentárias, sirva para uma contratação atual, com recursos oriundos de um novo convênio. Se a compra não foi feita de pronto, é porque havia cessado o interesse que motivava o processo licitatório. Caberia, então, revogar a licitação por interesse público, nos termos do art. 49 da Lei nº 8.666/93, nunca 'guardá-la' para uso futuro.

Não obstante, dado o caráter também educativo da atuação desta Corte, somente em caso de reincidência na irregularidade será oportuna a aplicação da sanção prevista no art. 58 da Lei nº 8.443/92.

(...)I.9. – Irregularidades: Ausência, na concorrência 028/97, do parcelamento determinado pelo

§1º, art. 23, da Lei nº 8.666/93, com restrição ao caráter competitivo da licitação.Legislação infringida: Art. 23, §1º, e art. 3º, §1º, inciso I, ambos da Lei nº 8.666/93.Detalhamento: item 16.4 (fl. 318 do Volume Principal), item 12 (fls. 183 e 184 do Volume

Principal). Breve resumo abaixo.(...)Comprovação: fls. 02 a 44 do Volume II.Responsáveis:- Rômulo de Macêdo Vieira, CPF : 057.630.451-49Secretário da Serhid/RN à época das obras- Fábio Sarinho Paiva, CPF: 523.971.494-00Presidente da Comissão de Licitação.I.9.1 - Razões de Justificativa:Pelo Sr. Rômulo de Macêdo Vieira (fls. 112 e 113 Volume IX): "nos idos de 1998, essa [os

dessalinizadores] era uma tecnologia ainda recente, notadamente neste Estado, e que reclamava e continua a exigir uma assistência técnica especializada, seja para a manutenção seja para a capacitação dos operadores e acompanhamento da operação dos sistemas"; "portanto, de fundamental importância a padronização dos [dessalinizadores] (...), o que barateia o processo de aquisição"; "a divisão do certame em itens distintos de um mesmo equipamento (...) acarretaria inevitavelmente a despadronização dos Sistemas, dificultando, e porque não dizer inviabilizando, o treinamento dos operadores, a manutenção e operação dessas usinas".

Pelo Sr. Fábio Sarinho Paiva (fls. 358 a 363 Volume X): "a [SERHID/RN] é um Órgão que como qualquer outro possui editais padrão que são adaptados de acordo com a discricionariedade de quem a conduz. A Comissão não tem poder de decidir quanto à conveniência técnica da realização do certame licitatório de uma ou de outra forma"; no mais, a par da alegação de que a suposta irregularidade é de cunho formal, repete os argumentos do Sr. Rômulo de Macêdo Vieira.

I.9.2 – Análise das razões de justificativa:Alegam precipuamente a necessidade de padronização dos equipamentos. Contudo, o

argumento cai por terra ao se observar que, nos mesmos idos de 1998, o ainda então Secretário da Serhid/RN, Sr. Rômulo de Macêdo Vieira, contratou outra empresa (a Projemaq) para o fornecimento de dessalinizadores (fls. 205 a 211 do Volume V). Pergunta-se: a contratação desta (e não da Perenne, como anteriormente) não inviabilizaria o treinamento dos operadores, a manutenção e operação dessas usinas ? Como isto não ocorreu, conclui-se pela improcedência do argumento.

Também não merece melhor sorte a tentativa do então Presidente da Comissão de Licitação da Serhid/RN de eximir-se da responsabilidade. O Sr. Fábio Sarinho Paiva, ao assinar o edital do procedimento licitatório (fl. 20 do Volume II), assumiu a responsabilidade pelo ato.

Não obstante, dado o caráter também educativo da atuação desta Corte, somente em caso de reincidência na irregularidade será oportuna a aplicação da sanção prevista no art. 58 da Lei nº 8.443/92.

(...)

236

Page 237: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

I.10. – Irregularidades: Superfaturamento na contratação de empresas para perfuração de poços no sedimento (contratos Serhid/RN nºs 011/98, 012/98 e 059/98 e Tomada de Preços Stop nº 03/98).

Legislação infringida: art. 3º da Lei nº 8.666/93.Detalhamento: itens 17 a 17.3a (fls. 320 a 324 do Volume Principal), itens 17 e 18 (fls. 186 e

187 do Volume Principal), item 9 do despacho do Ministro Relator (fls. 343 e 344 do Volume Principal). Breve resumo abaixo.

‘17.Realizou-se diligência (fl. 146 e 161/164) ao Departamento Nacional de Obras Contra as Secas – Dnocs com o objetivo de se verificar se houve, ou não, superfaturamento nas contratações, pela Serhid/RN, de empresas para perfuração de poços. Em resposta, foram encaminhados os documentos de fls. 147 a 159, posteriormente complementados pelos de fls. 165 a 173.

17.1Cabe, inicialmente, tecer alguns comentários sobre os orçamentos apresentados pelo Dnocs. Os valores baseiam-se na Tabela Referencial de Preços – TGP, aprovada pela Portaria DG/Dnocs nº 191, de 1º de outubro de 1999 (fls. 149 e 150). A TGP tem dois objetivos: adequar os valores cobrados pelo Dnocs, quando da perfuração de poços pela autarquia, aos preços de mercado e indicar o valor máximo pelo qual o Dnocs admitiria contratar serviços de terceiros. Neste último caso, segundo informações do Sr. Chefe do 1º DERUR (fl. 147), o Dnocs admitiria uma variação a maior de até 30% (trinta porcento), já incluídos aí ‘todos os custos operacionais, administrativos, impostos, etc. que porventura incidam ou venham a incidir sobre os serviços’. Todavia, em outro momento (fl. 165), o Sr. Chefe do 1º DERUR ressalva que 'o Dnocs (...) não contabiliza leis sociais em seus orçamentos'.

17.2Os orçamentos apresentados pelo Dnocs são resumidos abaixo.Tipo de terreno Unitário (R$) +30%(R$)

Cristalino 78,35 101,86Sedimentar ( Areno-argiloso da Formação Barreiras ou Açu)

100,74 130,96

Sedimentar (Areno-argiloso e arenoso em aluvião e dunas)

101,18 131,53

Sedimentar (Calcáreos da formação Jandaíra) 101,18 131,53Observação: Valores por metro perfurado.

17.3Para efeito de comparação, foi consultada a revista especializada Construção Norte/Nordeste, edições dos meses de junho de 1999 e de março de 2000 (fls. 174 e 175). Segundo levantamentos da referida revista, o preço do metro perfurado no cristalino oscilou entre R$ 90,00 e R$120,00. Já para o sedimento, os valores situam-se entre R$ 100,00 e R$ 140,00. São desconsiderados os outros valores apresentados para sedimento, pois o diâmetro ( 14 ¾’ e 17 ½’) destes últimos é muito superior ao dos poços sob exame (10’).

17.4Os valores acima expostos estão compatíveis com a contratação, de fls. 213 a 234 do Volume V, com dispensa de licitação, realizada pela Serhid/RN para atender pleito do Movimento dos Sem-Terra (MST). A proposta vencedora, apresentada pela empresa Propoço (fl. 215 do Volume V), para perfuração de 60 m (sessenta metros) em terreno de formação sedimentar, totaliza R$ 7.870,00 (sete mil, oitocentos e setenta reais), ou seja, um custo unitário de R$ 131,17.

17.5Por fim, também aponta na mesma direção o empenho emitido pela Fundação Nacional de Saúde no Estado do Rio Grande do Norte – Funasa/RN (fls. 235 e 236 do Volume V), no qual consta a contratação de empresa para perfuração no sedimento a um custo por poço de R$ 7.040,00.

18.Com base nos valores acima, é possível afirmar, s.m.j., que houve superfaturamento nas contratações de empresas para perfuração de poços no sedimento.

Propoço Proseng Proseng Proseng ARComprovação *1 *2 *3Valor(R$) 410.550,00 121.867,60 675.000,00 675.000,00 1.579.500,00 Perfurados(m) 2400 320 3300 3300 7800Unitário (R$/m) 171,06 380,84 204,55 204,55 202,50 A maior (R$) 74.550,00 77.067,60 213.000,00 213.000,00 487.500,00 Total (R$) 1.065.117,60Comprovação:*1: Proposta na TP 003/98 (fl. 83 do Volume II) e Contrato 011/98 (fls. 105 a 110 do Volume I).*2: Proposta na TP 003/98 (fl. 86, 87 e 88 do Volume II) e Contrato 012/98 (fls. 117 a 122 do Volume I).*3: Orçamento básico (fl. 179 do Volume II), em dispensa de licitação, aceito pela empresa (fls. 196 e 197 do Volume II) e Contrato 059/98 (fls. 215 a 220 do Volume I).Observação: O valor a maior foi calculado tomando como base um preço de mercado de R$ 140,00 por metro perfurado em sedimento.

237

Page 238: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

18.1Também ocorreu superfaturamento na contratação da empresa Racional Construções Ltda., como atestam as propostas de fls. 84 e 85 do Volume II. Contudo, não houve pagamentos a esta empresa com recursos federais. Desta forma, entendo mais apropriado comunicar o fato ao Tribunal de Contas do Estado do Rio Grande do Norte.

18.2Quanto às empresas mencionadas na tabela acima, as relações incluídas nas prestações parciais de contas (fls. 74 do Volume I e 44 do Volume IV), atestam que houve pagamentos para as mesmas. Contudo, o valor de R$ 1.065.117,60 (um milhão, sessenta e cinco mil, cento e dezessete reais e sessenta centavos), apontado acima como o valor cobrado a maior pelas referidas empresas, não representa exatamente o dano aos cofres federais. Primeiro, porque os contratos 011/98 e 012/98, conforme relatado no item 7 desta instrução, foram inicialmente custeados com verbas estaduais. E as relações de fls. 172 a 185 do Volume V atestam que os pagamentos iniciais foram feitos com recursos do Governo do Estado. Segundo, os contratos 011/98 e 012/98 sofreram termos aditivos (fls. 112/114 e 123/125, todas do Volume I) com acréscimo do objeto e, conseqüentemente, do dano aos cofres públicos. (...)’

Comprovação: vide texto acima.

Responsáveis:Pela TP Stop nº 03/98:- Vicente Inácio Martins Freire, CPF : 316.956.714-49Secretário de Transporte e Obras Públicas do Governo do Estado do RN- José Gotardo Emereciano, CPF: 050.004.674-34Membro da Comissão de Licitação- Maria das Graças Chacon Souza, CPF: 124.231.734-15Membro da Comissão de Licitação- Ana Cristina Vidal Silva, CPF: 318.938.054-68Membro da Comissão de LicitaçãoPela assinatura dos contratos Serhid/RN nºs 011/98, 012/98 e 059/98, bem como pela

dispensa de licitação que originou este último acordo:- Rômulo de Macêdo Vieira, CPF : 057.630.451-49Secretário da Serhid/RN à época.

I.10.1 - Razões de Justificativa:

Pelo Sr. Rômulo de Macêdo Vieira (fls. 113 e 114 Volume IX): "associando-nos as bem fundadas razões apresentadas pelo Sr. Vicente Inácio Martins Freire (...)".

Pelo Sr. Vicente Inácio Martins Freire (fls. 03 a 14 Volume IX): "o certame [TP STOP nº 03/98] tinha por objeto a escolha e seleção da empresa que apresentar a melhor proposta (...), serviços estes executados sob regime e empreitada por preço unitário, e que teve o valor total da contratação estimado em R$ 1.503.600,00 (...), conforme Orçamento Básico juntado aos autos, elaborado em conformidade e para os fins preconizados no art. 7º, § 2º, inciso II, da citada Lei nº 8.666/93 (...), o qual tomou por referência obras semelhantes realizadas pela SERHID e pela então Secretaria de Agricultura e Abastecimento — SAAB"; foram feitas pesquisas ainda junto à Companhia de Pesquisas de Recursos Minerais — CPRM e ao Instituto de Colonização e Reforma Agrária — INCRA; "há que se registrar que a adjudicação dos contratos às Empresas julgadas vencedoras é de competência do titular do órgão interessado no certame, no caso, da SERHID, a quem competia, igualmente, formalizar os contratos, sendo excessiva a atribuição de qualquer responsabilidade, nesta fase procedimental, ao ora peticionário".

Pelo Sr. José Gotardo Emereciano (fls. 61 a 63 Volume VIII): "[citando MARÇAL JUSTEN FILHO] a responsabilidade solidária dos membros da comissão não independe de culpa. O sujeito apenas pode ser responsabilizado na medida em que tenha atuado pessoal e culposamente para a concretização do ato danoso ou desde que tenha omitido (ainda que culposamente) os atos

238

Page 239: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

necessários a evitá-lo";"[a comissão], ao receber e abrir as propostas de preços das empresas interessadas, antes de qualquer pronunciamento, diligenciou o processo a fim de que a Secretaria de Recursos Hídricos, através de seu setor competente, realizaram a análise técnica daqueles preços, uma vez que o orçamento básico da licitação havia sido elaborado pela Secretaria de Recursos Hídricos, o que foi atendida, em resposta, através do Parecer técnico, apenso".

Pelo Sras. Maria das Graças Chacon Souza e Ana Cristina Vidal Silva (fls. 175 a 179 Volume IX): repetem os argumentos apresentados pelo Sr. José Gotardo Emereciano, acrescendo que o processo foi submetido à Procuradoria Geral do Estado e recebeu parecer favorável.

I.10.2 – Análise das razões de justificativa:O superfaturamento encontra-se plenamente configurado, com apoio em várias fontes: Dnocs,

Revista Construção Norte/Nordeste, Funasa e, até, contratações da própria Serhid/RN.Contudo, a responsabilidade, s.m.j., não deve ser estendida aos membros da comissão de

licitação responsável pela TP Stop nº 03/98, nem ao Sr. Vicente Inácio Martins Freire, Secretário de Transporte e Obras Públicas do Governo do Estado do RN. Segundo os elementos presentes nos autos, suas condutas, em especial a análise da compatibilidade das propostas apresentadas com os preços de mercado, ampararam-se em informações encaminhadas pela Serhid/RN. Logo, não se vislumbra atuação ao menos culposa dos mesmos.

A quantificação do débito, efetuada em instrução anterior, vai repetida abaixo.

‘17.1.1Os elementos obtidos na inspeção estão sumariados abaixo:

Elementos obtidos na Serhid/RN

1

Em relação ao contrato 011/98, firmado com a empresa Propoço:O valor de cada um dos pagamentos efetuados com recursos do Convênio nº 408/98.A quantidade de metros perfurados a que se refere cada um dos pagamentos referidos acima.As datas de cada um dos pagamentos referidos acima.Resposta Serhid/RN (fl. 04, item e.1, do Volume VII) – Os elementos solicitados são:Data pagamento................Valor fatura(R$)......................Metros perfurados20.11.98..................................21.300,50.......................................122,5008.12.98....................................9.575,00.........................................50,0023.12.98..................................23.890,00.......................................115,0002.02.99..................................64.528,00.......................................417,0030.12.99..................................26.849,90.......................................164,00Totais....................................146.143,40.......................................868,50

2

Em relação ao contrato 012/98, firmado com a empresa Proseng:- O valor de cada um dos pagamentos efetuados com recursos do Convênio nº 408/98.- A quantidade de metros perfurados a que se refere cada um dos pagamentos referidos acima.- As datas de cada um dos pagamentos referidos acima.Resposta Serhid/RN (fl. 04, item e.1, do Volume VII) – Os elementos solicitados são:Data pagamento................Valor fatura (R$).........................Metros perfurados20.11.98...............................170.984,00..........................................868,00Totais...................................170.984,00..........................................868,00

3Em relação ao contrato 059/98, firmado com a empresa AR:- O valor de cada um dos pagamentos efetuados com recursos do Convênio nº 408/98.- A quantidade de metros perfurados a que se refere cada um dos pagamentos referidos acima.- As datas de cada um dos pagamentos referidos acima.Resposta Serhid/RN (fl. 04, item e.1, do Volume VII) – Os elementos solicitados são:Data pagamento....Valor fatura (R$)..Metros perfurados13.11.98.................100.000,00..................470,0023.12.98.................154.790,00..................717,5023.12.98.................255.388,00...............1.204,0023.12.98.................104.780,00..................499,0030.12.98...................66.080,00..................310,0010.02.99.................402.260,00...............1.992,0012.03.99.................150.000,00..................747,0030.12.99...................41.060,00..................192,0030.12.99.................225.500,00...............1.091,5030.12.99...................48.440,00..................328,00Totais..................1.548.298,00...............7.551,00

Observação: Os processos de pagamentos (fls. 09 a 284 do Volume VII) dos referidos contratos comprovam a veracidade das informações acima.

17.1.2Para chegar ao valor do dano ao Erário, pelas razões expostas nos itens 17 e 18 da instrução de fls. 178 a 194, pode ser aceito como preço de mercado o limite máximo de R$ 140,00

239

Page 240: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

(cento e quarenta reais) por metro perfurado – poço pronto para ser instalado, ou seja, já executados os serviços de perfuração, revestimento (PVC e filtro), testes de bombeamento, análise físico-química da água, etc.

Contrato 011/98, firmado com a empresa Propoço

DataPagamento

Valor daFatura (A)(R$)

MetrosPerfurados (B)

PreçoMetro(R$)(C=A/B)

PreçoMercado(R$) (D)

Acréscimo (R$)(E=C-D)

Débito (E * B)(R$)

20.11.98 21.300,50 122,50 173,88 140,00 33,88 4.150,3008.12.98 9.575,00 50,00 191,50 140,00 51,50 2.575,0023.12.98 23.890,00 115,00 207,73 140,00 67,73 7.788,9502.02.99 64.528,00 417,00 154,74 140,00 14,74 6.146,5830.12.99 26.849,90 164,00 163,71 140,00 23,71 3.888,44Total do dano ao Erário 24.549,27

Contrato 012/98, firmado com a empresa Proseng

DataPagamento

Valor daFatura (A)(R$)

MetrosPerfurados (B)

PreçoMetro (R$) (C=A/B)

PreçoMercado (R$) (D)

Acréscimo(R$) (E=C-D)

Débito(E * B)(R$)

20.11.98 170.984,00 868,00 196,98 140,00 56,98 49.458,64Total do dano ao Erário 49.458,64

Contrato 059/98, firmado com a empresa AR

DataPagamento

Valor daFatura (A)

(R$)

MetrosPerfurados

(B)

PreçoMetro (R$)(C=A/B)

PreçoMercado (R$) (D)

Acréscimo(R$) (E=C-D)

Débito(R$) (E * B)

13.11.98 100.000,00 470,00 212,76 140,00 72,76 34.197,2023.12.98 154.790,00 717,50 215,73 140,00 75,73 54.336,2823.12.98 255.388,00 1.204,00 212,11 140,00 72,11 86.820,4423.12.98 104.780,00 499,00 209,97 140,00 69,97 34.915,0330.12.98 66.080,00 310,00 213,16 140,00 73,16 22.679,6010.02.99 402.260,00 1.992,00 201,93 140,00 61,93 123.364,5612.03.99 150.000,00 747,00 200,80 140,00 60,80 45.417,6030.12.99 41.060,00 192,00 213,85 140,00 73,85 14.179,2030.12.99 225.500,00 1.091,50 206,59 140,00 66,59 72.682,9930.12.99 48.440,00 328,00 147,68 140,00 7,68 2.519,04Total do dano ao Erário 491.111,93

‘Quanto ao Sr. Secretário da Serhid/RN, na mesma linha adotada para os servidores da antiga Stop/RN, não há prova nos autos, para os contratos nºs 011/98 e 012/98, de sua atuação ao menos culposa. Mas, para o contrato nº 059/98, originado de dispensa de licitação por ele realizada, a sua responsabilidade decorre do comando inserto no §2º do art. 25 da Lei nº 8.666/93.

(...)Oportuno ainda, considerando que verbas estaduais também foram aplicadas nos contratos resultantes da TP Stop nº 03/98, comunicar ao Tribunal de Contas do Estado do Rio Grande do Norte os indícios de superfaturamento.

I.11. – Irregularidades: Prática reiterada de atos de gestão antieconômicos na aplicação financeira dos recursos do convênio, os quais – embora tenham permanecido longos períodos sem serem gastos – foram depositados em aplicações de curto prazo, de rentabilidade menor, quando deveriam – em conformidade com o parágrafo único, Cláusula Quarta do acordo (fl. 19) – ter ficado depositados em caderneta de poupança, com maior rentabilidade.

Legislação infringida: parágrafo único, Cláusula Quarta do Convênio nº 408/98.Detalhamento: item 18 (fl. 326 do Volume Principal), item 20 (fls. 188 e 189 do Volume

Principal). Breve resumo abaixo.‘20.1Os extratos bancários (fls. 02 a 48 do Volume I e 48 do Volume IV) comprovam que os

valores repassados à Serhid/RN, até o momento em que são necessários para efetuar pagamentos, são mantidos em aplicações de curto prazo, com liquidez diária. Contudo, observa-se que, várias vezes, valores elevados são deixados nesta modalidade de aplicação financeira por meses seguidos. Por exemplo, ainda sob a administração do Sr. Rômulo de Macedo Vieira, antigo Secretário de Recursos Hídricos do Rio Grande do Norte, a primeira parcela do convênio (R$ 655.923,00), creditada em agosto de 1998 (fl. 24 do Volume IV), só foi utilizada em novembro e dezembro de 1998 (fl. 02 do Volume I). E o mesmo procedimento repete-se na atual administração, a cargo do Sr. Paulo Lopes Varella Neto: por exemplo, da última parcela do convênio, liberada em dezembro de 1999 (fl. 26 do Volume IV), restavam em abril de 2000 mais de dois milhões de reais (fl. 48 do Volume IV).’

Comprovação: vide descrição acima.Responsáveis:- Rômulo de Macêdo Vieira, CPF : 057.630.451-49Secretário da Serhid/RN à época.- Paulo Lopes Varella Neto, CPF : 136.777.214-15Secretário da Serhid/RN, à época da audiência.

240

Page 241: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

I.11.1 - Razões de Justificativa:Pelo Sr. Rômulo de Macêdo Vieira (fls. 114 e 115 Volume IX): "como a demanda dependia

das solicitações das Comissões Municipais de Combate aos Efeitos da Seca, durante períodos não previsíveis, por vezes mais prolongados, não havia movimentação financeira"; "muito embora o ajuste estabelecesse que os recursos, se não utilizados por períodos superiores a 30 (trinta) dias, deveriam ser depositados em caderneta de poupança, esta prática seria prejudicial se, por exemplo, fosse necessário haver movimentação financeira 15 (quinze) dias após a aplicação na poupança, uma vez que o rendimento da poupança é mensal"; "não é correta a alegação (...) que a rentabilidade auferida na aplicação de curto prazo é sempre bastante inferior à obtida na poupança, posto que, como demonstrado nas bem lançadas razões e justificativas do atual titular da SERHID/RN".

Pelo Sr. Paulo Lopes Varella Neto (fls. 218 a 221 Volume X): "levantamentos realizados junto ao Banco do Brasil (...) mostram que se aplicados na poupança esses recursos [os valores referentes à segunda parcela do convênio] apresentariam um rendimento de R$ 100.654,18, enquanto que as aplicações realizadas pela SERHID/RN, no curto prazo, renderam R$ 104.094,02"; "diferentemente do afirmado pela Equipe de Auditores, a aplicação de curto prazo no período de responsabilidade do justificante não gerou qualquer prejuízo para o erário, ao contrário, apresentou maior rentabilidade, o que afasta a alegação de ato de gestão antieconômico, revestindo-se, quando muito, em falha de natureza meramente formal, sendo manifesta, ainda, a total ausência de dolo ou má-fé".

I.11.2 – Análise das razões de justificativa:É notório, e plenamente comprovado pelos documentos de fls. 176 e 177, que as aplicações

com liquidez diária têm rentabilidade menor que a poupança, cujo resgate é, em regra, mensal.Também não procede o argumento de que, na hipótese de necessidade de resgate antes de

completado o prazo mínimo, haveria perda do rendimento. Não se defende aqui, e o convênio em comento não previa isso, que os recursos sempre estivessem depositados em caderneta de poupança. Isto só deveria ocorrer para aqueles valores que não fossem ser utilizados nos próximos 30 dias. Não é razoável pensar que a Serhid/RN não fizesse uma previsão de desembolsos financeiros. Logo, a hipótese de movimentação financeira com 15 (quinze) dias da aplicação deve ser tida como impossível.

Não obstante, dado o caráter também educativo da atuação desta Corte, somente em caso de reincidência na irregularidade será oportuna a aplicação da sanção prevista no art. 58 da Lei nº 8.443/92.

(...)I.12. – Irregularidades: Gastos com locação de veículos. Despesas, na modalidade suprimento de fundos (total de R$ 21.000,00), com a manutenção da frota de veículos da Serhid/RN. Suprimento de fundos (R$ 7.000,00) sacado da conta do Convênio nº 408/98 e, por não ter sido utilizado, depositado na conta única do Estado do Rio Grande do Norte.

Legislação infringida: Cláusula Segunda, inciso II, alínea b, do Convênio nº 408/98.Detalhamento: item 19 (fls. 326 e 327 do Volume Principal), item 25 (fls. 191 e 192 do

Volume Principal), item 13 do despacho do Ministro Relator (fl. 344 do Volume Principal). Breve resumo abaixo.

(...)Comprovação: vide texto acima.Responsáveis:- Sérvulo Luiz Hollanda e Silva, CPF : 199.694.304-91Chefe de Gabinete da Serhid/RN / Ordenador de Despesa- Rômulo de Macêdo Vieira, CPF : 057.630.451-49Secretário da Serhid/RN à época.I.12.1 - Razões de Justificativa:Pelo Sr. Rômulo de Macêdo Vieira (fls. 117 e 118 Volume IX): "esclarecemos que os

veículos locados foram utilizados nas atividades desenvolvidas pelo ente convenente, por execução direta, tais como locação, recuperação de poços e fiscalização da implantação dos Sistemas"; "a SERHID/RN, por ser à época, um órgão pequeno e recém estruturado (...) não dispunha de uma frota de veículos que fosse suficiente a atender a demanda de serviço"; quanto à realização de despesas na modalidade suprimento de fundos (R$ 7.000,00), houve tão-só um equívoco da

241

Page 242: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

SERHID/RN, que, logo após a entrega dos recursos ao suprido, providenciou o retorno dos recursos à conta específica do convênio.

Pelo Sr. Sérvulo Luiz Hollanda e Silva (fls. 339 a 345 Volume X): "a atuação estatal para resolver o estado de emergência em que os municípios beneficiados pelo convênio se encontravam deveria ser imediata. Urgente se fazia, portanto, executar as ações emergenciais, que exigiam eficácia e eficiência dos agentes públicos no socorro àquelas comunidades rurais que se viam sem condições de sobreviver não fosse a rápida ação do Poder Público"; "[quanto aos três suprimentos no montante de R$ 21.000,00] alertados pelo órgão concedente da inapropriedade da realização de despesas à conta de suprimento de fundos, os recursos então alocados e gastos sob esta modalidade foram revertidos aos objetivos do Convênio"; no mais, repete os argumentos do Sr. Rômulo de Macêdo Vieira.

I.12.2 – Análise das razões de justificativa:Como já ressaltado anteriormente, os recursos entregues ao Governo do Estado haviam sido

alocados, no Orçamento Geral da União, para execução de obras e instalações (elemento de despesa 4530.51) e aquisição de equipamentos e material permanente (elemento de despesa 4530.52), ou seja, na categoria econômica Despesas de Capital. Assim sendo, quando da execução descentralizada, os órgão locais não poderiam aplicar os recursos em Despesas Correntes.

Não obstante, as providências saneadoras já foram adotadas pela Serhid/RN, à exceção dos gastos com locação de veículos, que podem ser glosados mediante determinação ao órgão repassador.

Ainda, dado o caráter também educativo da atuação desta Corte, somente em caso de reincidência na irregularidade será oportuna a aplicação da sanção prevista no art. 58 da Lei nº 8.443/92.

(...)I.13. – Irregularidades: Aplicação dos recursos correspondentes à contrapartida do Convênio nº 408/98 em despesas correntes.

Legislação infringida: Cláusula Segunda, inciso II, alínea b, do Convênio nº 408/98.Detalhamento: item 20 (fl. 328 do Volume Principal), item 23 (fls. 257 e 258 do Volume

Principal).(...)Comprovação: fls. 04 a 33 do Volume VI.Responsáveis:- Rômulo de Macêdo Vieira, CPF : 057.630.451-49Secretário da Serhid/RN à época.- Paulo Lopes Varella Neto, CPF : 136.777.214-15Secretário da Serhid/RN, à época da audiência.I.13.1 - Razões de Justificativa:Pelo Sr. Rômulo de Macêdo Vieira (fls. 115 a 117 Volume IX): "[conforme previa o plano

de trabalho do convênio — Cláusula Segunda, inciso II, alínea a] enquanto os serviços de construção e instalação de poços e de implantação de usinas de dessalinização foram executados indiretamente, através de empresas contratadas, os serviços de recuperação de poços foram realizados pela SERHID/RN, ou seja, por execução direta do ente convenente"; esta divisão amparou-se em critérios técnicos, em especial a enorme diversidade de serviços existentes na recuperação de poços, a inviabilizar a medição e o faturamento para terceiros; "para desenvolver as atividades (...), a SERHID/RN necessitava deslocar pessoal, veículos (caminhões) e material de reposição, o que somente se viabilizaria com o pagamento de diárias para os técnicos envolvidos; bem como promover a aquisição de combustível para os veículos, além do eventual, porém necessário, apoio de serviços de oficina e aquisição de peças de reposição".

Pelo Sr. Paulo Lopes Varella Neto (fls. 221 a 223, Volume X): repete os argumentos do Sr. Rômulo de Macêdo Vieira.

I.13.2 – Análise das razões de justificativa:Como já ressaltado anteriormente, os recursos entregues ao Governo do Estado haviam sido

alocados, no Orçamento Geral da União, para execução de obras e instalações (elemento de despesa 4530.51) e aquisição de equipamentos e material permanente (elemento de despesa 4530.52), ou seja, na categoria econômica Despesas de Capital. Assim sendo, quando da execução descentralizada, os órgão locais não poderiam aplicar os recursos em Despesas Correntes. Embora a

242

Page 243: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

Cláusula Terceira (fl. 18) silencie sobre a natureza da contrapartida, é razoável concluir que estes recursos deveriam ser aplicados na mesma modalidade econômica daqueles (despesas de capital).

Não obstante, considerando a ambigüidade do convênio sob exame, podem ser aceitas, excepcionalmente, as despesas elencadas como contrapartida.

Ainda, dado o caráter também educativo da atuação desta Corte, somente em caso de reincidência na irregularidade será oportuna a aplicação da sanção prevista no art. 58 da Lei nº 8.443/92.

(...) I.14. – Irregularidades: Aprovação da prestação parcial de contas do Convênio nº 408/98 apesar de estas apresentarem várias irregularidades facilmente detectáveis (realização de despesas estranhas ao objeto do convênio – Gastos com locação de veículos; Despesas, na modalidade suprimento de fundos (total de R$ 21.000,00), com a manutenção da frota de veículos da Serhid/RN – e Aplicação dos recursos correspondentes à contrapartida em despesas correntes), bem como não exercício do controle – dever previsto nas alíneas f e i, inciso I, Cláusula Segunda do Convênio nº 408/98, e no art. 6º do D.L. 200/67.

Legislação infringida: alíneas f e i, inciso I, Cláusula Segunda do Convênio nº 408/98, e art. 6º do D.L. 200/67.

Detalhamento: item 21 (fls. 328 e 329 do Volume Principal). Breve resumo abaixo.(...)‘21.2A responsabilidade por tais omissões deve, s.m.j., ser atribuída ao Sr. Rômulo de

Macedo Vieira – o mesmo antigo Secretário de Recursos Hídricos do Governo do Estado do Rio Grande do Norte (vide item 28, fl. 259) –, Secretário de Infra-Estrutura Hídrica do Ministério da Integração Nacional.’

Comprovação: fl. 163 do Volume VI.Responsável:- Rômulo de Macêdo Vieira, CPF : 057.630.451-49Secretário de Infra-Estrutura Hídrica do Ministério da Integração Nacional, à época.I.14.1 - Razões de Justificativa: (fl. 118 Volume IX): "reafirmando o nosso entendimento da

regularidade das despesas com a locação de veículos, em face das natureza das atividades desenvolvidas pela SERHID/RN, adstrita às finalidades do Convênio, destacamos o fato, já relatado, de que não foram realizadas despesas à conta dos recursos alocados ao fundo, e que os recursos foram efetivamente devolvidos à conta do Convênio e aplicados nas finalidades a que se destinavam"; "constatada a regularidade das prestações de contas que, registre-se, foram previamente analisadas pelas Unidades Técnicas da Secretaria de Infra-Estrutura Hídrica do Ministério da Integração Nacional".

I.14.2 – Análise das razões de justificativa:Com base no princípio da segregação das funções, não se vislumbra como o próprio gestor

que executou o convênio, pelo menos em parte, possa em seguida aprovar as contas referentes a estes mesmos atos. Assim, oportuno orientar o Ministro da Integração Nacional, no intuito de evitar a repetição de tais irregularidades.

(...)VII.1. – Irregularidades: Escolha da modalidade incorreta na tomada de preços 003/98, devendo-se enfatizar que a licitação deveria ter sido anulada, uma vez que as propostas apresentadas foram superiores aos limites permitidos para aquela modalidade licitatória.

Legislação infringida: Art. 23, Lei nº 8.666/93.Detalhamento: item 16.5 (fl. 319 do Volume Principal), item 12 (fls. 183 e 184 do Volume

Principal), item 6 do despacho do Ministro Relator (fl. 343 do Volume Principal).(...)Comprovação: fls. 46 a 89 do Volume II, fls. 01 a 05 (Volume VII).Responsáveis:- Vicente Inácio Martins Freire, CPF : 316.956.714-49Secretário de Transporte e Obras Públicas do Governo do Estado do RN- Renato Costa Dias, CPF : 230.549.484-04Assinou o edital da licitação- José Gotardo EmerecianoMembro da Comissão de Licitação- Maria das Graças Chacon SouzaMembro da Comissão de Licitação

243

Page 244: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

- Ana Cristina Vidal SilvaMembro da Comissão de LicitaçãoVII.1.1 - Razões de Justificativa:Pelo Sr. Vicente Inácio Martins Freire (fls. 03 a 14 Volume IX): "os editais das licitações,

processadas e julgadas pela CPL/STOP, eram elaborados e encaminhados pelos órgãos interessados na contratação [no caso, a SERHID/RN] (...), que indicavam a modalidade licitatória e o tipo de licitação a ser adotada, de acordo com o valor estimado da contratação e a natureza dos serviços a serem executados"; "a CPL/STOP não possuía competência para contestar o conteúdo das informações técnicas elaboradas pelos setores competentes das Unidades Administrativas interessadas"; como a definição da modalidade de licitação deve considerar o valor estimado da contratação, e não o valor posteriormente contratado, a opção por tomada de preços foi acertada; "ademais (...) embora se tratasse de obras independentes, que seriam implantadas em municípios diferentes, ou seja, não eram parcelas de uma mesma obra e não seriam realizadas no mesmo local, o que descaracterizava a hipótese de fracionamento de licitação, vedada pela Lei de Licitações, e autorizaria a Administração a realizar certames diversos para cada uma delas, por localidade, o que, observado o valor estimado das obras e serviços a serem executados em cada município, certamente, importaria na adoção de procedimento sob a modalidade inferior - convite, em perfeita harmonia com os ditames do Estatuto de Licitações Públicas"; quanto às diferenças entre os valores do orçamento estimativo e os das propostas dos licitantes, decorreram de equívocos da SERHID/RN, insuficientes para a anulação do certame, conforme parecer da Procuradoria Geral do Estado.

Pelo Sr. Renato Costa Dias (fls. 67 a 72 Volume VIII): "o interessado limitou-se a expedir o edital da licitação 003/98. Esse ato administrativo, por si só, não pode ser considerado ilegal"; "a eventual irregularidade, se existente, é do ato administrativo que homologou o resultado da licitação e não do edital licitatório".

Pelo Sr. José Gotardo Emereciano (fls. 61 a 63 Volume VIII): "[os atos que culminam com a escolha da modalidade licitatória] fazem parte da fase de planejamento do certame e, constituídos como instrumentalização inicial do processo, sob os quais se manifestará o órgão licitador, aos interessados, por meio da Comissão Permanente de Licitação, cuja responsabilidade solidária é reconhecida pelos atos praticados conforme a sua competência, nos termos de §3º, do art. 51, da Lei nº 8.666[/93]".

Pelo Sras. Maria das Graças Chacon Souza e Ana Cristina Vidal Silva (fls. 175 a 179 Volume IX): repetem os argumentos apresentados pelo Sr. José Gotardo Emereciano.

VII.1.2 – Análise das razões de justificativa:Segundo a cabeça do art. 23 da Lei nº 8.666/93, a escolha da modalidade licitatória, quando

baseada em valor, terá em vista o montante estimado da contratação. No caso em tela, o orçamento estimativo indicava a realização de uma tomada de preços. Ainda que próximo do limite para concorrência, não seria razoável exigir do gestor que escolhesse a modalidade mais complexa.

Ademais, a diferença entre os valores constantes do orçamento estimativo e das propostas dos licitantes não pode ser imputada aos servidores da antiga Stop/RN.

(...) X.1. – Irregularidades: Falta de publicação no Diário Oficial da União do edital da tomada de preços 067/98, bem como inclusão de cláusula estranha ao objeto da contratação.

Legislação infringida: Art. 3º, Lei nº 8.666/93; art. 21, inciso I, in fine, Lei nº 8.666/93.Detalhamento: item 16.6 (fl. 319 do Volume Principal), item 12 (fls. 183 e 184 do Volume

Principal). Breve resumo abaixo.(...) Comprovação: fls. 91 a 132 do Volume II.Responsáveis:- Roberto Brandão Furtado, CPF : 003.130.334-04Secretário de Administração do Governo do Rio Grande Do Norte- Miguel Fernandes de França, CPF: 004.421.354-91Membro da Comissão de Licitação- Lázaro Escolástico Bezerra, CPF: 012.218.504-82Membro da Comissão de Licitação- Sarah Costa de Amorim, CPF : 241.269.504-00

244

Page 245: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

Membro da Comissão de Licitação- Maria Odete Alves Santana,CPF: 074.069.164-34Membro da Comissão de Licitação- Paula Francinete Pinheiro Câmara, CPF: 056.607.184-34Membro da Comissão de Licitação(...)X.1.2 – Análise das razões de justificativa:Como os próprios justificantes reconhecem, houve impropriedade na ausência de publicação

no D.O.U. Quanto à inclusão da exigência de fornecimento de carro, estranha ao objeto a contratar (cata-ventos), não procede a escusa de inexistência de impugnações. Aliás, somente duas empresas apresentaram propostas, a demonstrar a restrição ao caráter competitivo do certame.

Enfatize-se ainda que a responsabilidade pela regularidade da licitação é do órgão que a realiza, ainda que a minuta do edital tenha sido elaborada por outrem, ou mesmo submetida ao crivo da assessoria jurídica.

Dado o caráter também educativo da atuação desta Corte, somente em caso de reincidência na irregularidade será oportuna a aplicação da sanção prevista no art. 58 da Lei nº 8.443/92.

(...)XI.1. – Irregularidades: Escolha da modalidade incorreta no convite 009/99, bem como ato de gestão antieconômico na mesma licitação – não parcelamento, com dano ao Erário da ordem de R$ 1.685,20 –, devendo-se enfatizar que a licitação deveria ter sido anulada, uma vez que as propostas apresentadas foram superiores aos limites permitidos para aquela modalidade licitatória.

Legislação infringida: art. 23, Lei nº 8.666/93.Detalhamento: item 16.7 (fl. 320 do Volume Principal), item 14 (fls. 184 e 185 do Volume

Principal), item 8 do despacho do Ministro Relator (fl. 343 do Volume Principal). Breve resumo abaixo.

(...)Comprovação: fls. 100 a 214 do Volume IV.Responsáveis:- José Eurico Alecrim Filho,CPF : 019.989.274-15Secretário Adjunto da Serhid/RN- Ivan Galhardo Júnior, CPF : 301.192.004-49Presidente da Comissão de Licitação- Ronaldo Frederico de Oliveira FreitasMembro da Comissão de Licitação- Cláudio José SeridóMembro da Comissão de LicitaçãoX.1.1 - Razões de Justificativa:Pelo Sr. Roberto Brandão Furtado (fls. 82 a 86, Volume VIII): "não há como negar a falha

na divulgação da Tomada de Preços nº 067/98-SERHID/RN. Sim, dever-se-ia ter publicado o aviso no Diário Oficial da União"; contudo, justifica-se a falha pelo acréscimo dos serviços incumbidos à Secretaria de Administração do Governo do Rio Grande do Norte na época em que realizada a referida licitação; a falha é meramente formal.

Quanto à inclusão de cláusula estranha ao objeto da licitação: "o pedido de abertura da licitação (...) veio acompanhado [da SERHID/RN] de minutas do edital e do contrato. Tais documentos (...) foram apreciados pelo Senhor Procurados Geral do Estado [sem qualquer ressalva]"; "fosse a cláusula estranha à natureza do serviço a ser contratado, os interessados (...) teriam impugnado o instrumento convocatório"; "A Comissão, bem como esta autoridade, não poderiam alterar o contrato, ainda que o quisessem".

Pelo Sr. Miguel Fernandes de França (fls. 78 a 81, Volume VIII): repete os argumentos apresentados pelo Sr. Roberto Brandão Furtado.

Pelos Srs. Lázaro Escolástico Bezerra, Sarah Costa de Amorim, Maria Odete Alves Santana e Paula Francinete Pinheiro Câmara (fls. 78 a 81, Volume VIII): repetem os argumentos apresentados pelo Sr. Roberto Brandão Furtado.

XI.1.2 – Análise das razões de justificativa:Assiste razão, em parte, aos justificantes.Segundo a cabeça do art. 23 da Lei nº 8.666/93, a escolha da modalidade licitatória, quando

baseada em valor, terá em vista o montante estimado da contratação. No caso em tela, o orçamento

245

Page 246: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

estimativo indicava a realização de um convite. Ainda que próximo do limite para tomada de preços, não seria razoável exigir do gestor que escolhesse a modalidade mais complexa.

Quanto ao parcelamento, a conclusão impõe-se diversa. A planilha do orçamento estimativo (fl. 155 do Volume IV) elenca os seguintes itens:

- Sistema Simplificado de Abastecimento – Bomba Submersa e adução- Sistema Simplificado de Abastecimento – Cata-vento, chafariz e adução- Sistema Simplificado de Abastecimento – Chafariz e adução- Sistema Simplificado de Abastecimento – ChafarizCada um dos itens acima é independente, assim como o são as construções de casas e de

pontes. Logo, poder-se-ia adotar o parcelamento (§1º, art. 23, da Lei nº 8.666/93), ‘com vistas ao melhor aproveitamento dos recursos disponíveis no mercado e à ampliação da competitividade, sem perda da economia de escala’.

Não obstante, dado o caráter também educativo da atuação desta Corte, somente em caso de reincidência na irregularidade será oportuna a aplicação da sanção prevista no art. 58 da Lei nº 8.443/92.

(...) ConclusãoXIII.Ante todo o exposto, proponho:XIII.1.com fundamento no art. 250, inciso II, RI/TCU, seja determinado à Secretaria dos

Recursos Hídricos do Estado do Rio Grande do Norte – Serhid/RN que, nos próximos convênios celebrados com órgãos ou entidades federais:

a) abstenha-se de aditivar contratos já em execução, alterando as cláusulas referentes à dotação orçamentária para que indiquem, em substituição às verbas estaduais inicialmente alocadas, os recursos federais então descentralizados (item I.6 desta instrução);

b) abstenha-se de realizar contratações diretas sem a observância da Lei nº 8.666/93, em especial aquelas tidas como emergenciais, que somente se justificam para os ‘bens necessários ao atendimento da situação emergencial ou calamitosa e para as parcelas de obras e serviços que possam ser concluídas no prazo máximo de 180 (cento e oitenta) dias consecutivos e ininterruptos, contados da ocorrência da emergência ou calamidade’, conforme Lei nº 8.666/93, art. 24, inciso IV (item I.7 desta instrução);

c) abstenha-se de celebrar contratos a partir de licitações há muito realizadas, inclusive com a previsão de dotações orçamentárias distintas (item I.8 desta instrução);

d) efetue, sempre que possível, o parcelamento previsto no §1º, art. 23, da Lei nº 8.666/93 (itens I.9 e XI.1 desta instrução);

e) mantenha, em caderneta de poupança, conforme previsto no acordo, os recursos que não serão utilizados nos próximos 30 (trinta) dias (item I.11 desta instrução);

f) atente para a categoria econômica da despesa prevista no programa de trabalho descentralizado, somente efetuando gastos compatíveis (item I.12 desta instrução);

g) atente para a categoria econômica da despesa prevista no acordo, somente efetuando, a título de contrapartida, gastos compatíveis (item I.13 desta instrução);

h) observe fielmente a obrigatoriedade de efetuar as publicações no Diário Oficial da União (Lei nº 8.666/93, inciso I do art. 21), bem como abstenha-se de incluir no edital cláusula estranha ao objeto da contratação (item X.1 desta instrução).

XIII.2.com fundamento no art. 250, inciso II, RI/TCU, seja determinado ao Ministério da Integração Nacional, Secretaria de Infra-Estrutura Hídrica, que, em relação ao Convênio nº 408/98 (Siafi 363018):

a) não aceite os poços abaixo elencados, para fim de atingimento do objetivo do acordo (item I.3 desta instrução);

Município Localidade Poço Observações adicionais

Mossoró Hipólito II PS-0386

A comunidade já conta com o abastecimento da Companhia de Águas e Esgoto do Rio Grande do Norte – Caern. O poço ora perfurado servirá, segundo informações obtidas dos próprios moradores, para consumo animal.

Açu Campo de Aviação PS-0401

Na mesma localidade, a não mais que 1 Km de distância (no terreno do campo de aviação), encontra-se outro poço, totalmente operacional e aberto à comunidade (fotos 06 e 07, fls. 231 e 232).

Macau São José -Instalação de um cata-vento, embora a água deste poço (altamente salobra) não se presta a nada, nem ao consumo animal.

246

Page 247: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

b) não aceite, nas prestações de contas do acordo, despesas diversas da categoria econômica prevista no programa de trabalho descentralizado, em especial aquelas com locação de veículos (item I.12 desta instrução).

XIII.3.com fundamento no art. 250, inciso II, RI/TCU, seja determinado ainda ao Ministério da Integração Nacional que, nos próximos convênios para perfuração de poços:

a) envide esforços no sentido de garantir que todas as obras executadas estejam em efetivo uso pela população, evitando casos semelhantes aos detectados no Convênio nº 408/98 – poços paralisados em decorrência da falta de manutenção dos dessalinizadores, inexistência de ligação à rede elétrica, etc. (item I.4 desta instrução);

b) faça constar dos acordos que os convenentes tenham a responsabilidade de fazer a manutenção dos equipamentos e o monitoramento da água produzida, seja com recursos humanos próprios, seja contratando terceiros (item I.5 desta instrução);

c) exija que os municípios onde venham a ser instalados poços passem a aderir formalmente aos convênios, assinando termo de responsabilidade, ou documento semelhante, se comprometendo a arcar com todas as responsabilidades que lhes cabem no processo, tais como construção do abrigo, dos reservatórios, efetuação das ligações elétricas, disponibilização de operador para os equipamentos, pagamento da energia elétrica, e outras que se entendam necessárias (item I.5 desta instrução);

d) insira cláusula com a vedação expressa da utilização, em contratos já em andamento, das verbas federais então descentralizadas, em substituição a recursos estaduais originalmente previstos (item I.6 desta instrução);

e) faça constar dos acordos a categoria econômica da despesa a ser realizada pelo convenente a título de contrapartida (item I.13 desta instrução).

XIII.4.com fundamento no art. 250, inciso II, RI/TCU, seja recomendado ao Ministro da Integração Nacional que atente para o princípio da segregação de funções, envidando esforços no sentido de evitar que gestores que participaram da execução de convênios celebrados por esse Ministério, a exemplo do de nº 408/98 – Serhid/RN, aprovem as prestações de contas dos mesmos, uma vez que estariam analisando a legalidade de seus próprios atos (item I.14 desta instrução).

XIII.5.com fundamento no art. 252 do RI/TCU, c/c o princípio da eficiência (art. 37, caput, CF 88):

a) seja determinada a instauração, em separado, por meio de cópia xerográfica dos elementos pertinentes, de tomadas de contas especiais em desfavor dos seguintes responsáveis, sendo desde já autorizada a citação dos mesmos (item I.1 desta instrução):TCE 1Fato gerador: Perfuração de poço em propriedade do Sr. Francisco Corcino de Miranda, CPF 199.905.964-68, sem beneficiar qualquer comunidade próxima. Legislação infringida: Entre outros, os princípio da Moralidade e da Legalidade, insculpidos no art. 37, caput, da Constituição Federal.Responsáveis:Rômulo de Macêdo Vieira, CPF : 057.630.451-49Secretário da Serhid/RN à época das obrasFrancisco Corcino de Miranda, CPF 199.905.964-68ProprietárioValor do débito: R$ 16.950,00Data de origem: 27/12/1999

TCE 2Fato gerador: Perfuração de poço em propriedade do Sr. José Pereira de Moura, CPF 044.080.394-20, sem beneficiar qualquer comunidade próxima. Legislação infringida: Entre outros, os princípio da Moralidade e da Legalidade, insculpidos no art. 37, caput, da Constituição Federal.Responsáveis:Rômulo de Macêdo Vieira, CPF : 057.630.451-49Secretário da Serhid/RN à época das obrasJosé Pereira de Moura, CPF 044.080.394-20ProprietárioValor do débito: R$ 23.713,98Data de origem: 27/12/1999

TCE 3Fato gerador: Perfuração de poço em propriedade do Sr. José Xavier de Andrade, CPF 088.657.954-68, sem beneficiar qualquer comunidade próxima.Legislação infringida: Entre outros, os princípio da Moralidade e da Legalidade, insculpidos no art. 37, caput, da Constituição Federal.Responsáveis:Rômulo de Macêdo Vieira, CPF : 057.630.451-49Secretário da Serhid/RN à época das obrasJosé Xavier de Andrade, CPF 088.657.954-68ProprietárioValor do débito: R$ 33.534,36

247

Page 248: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

Data de origem: 27/12/1999

b) seja determinada a instauração, em separado, por meio de cópia xerográfica dos elementos pertinentes, de tomadas de contas especiais em desfavor dos seguintes responsáveis, sendo desde já autorizada a citação dos mesmos (item I.10 desta instrução):

TCE 1Fato gerador: Superfaturamento na contratação da empresa PROPOCO LTDA, contrato 011/98, para perfuração de poços no sedimento. Legislação infringida: art. 3º da Lei nº 8.666/93.Responsável:PROPOCO LTDACNPJ: 10.716.256/0001-53ENDERECO : RUA MANOEL DE AZEVEDO 200BAIRRO : CENTROPARELHAS/RN CEP : 59360-000Datas de origem/.........................Valores dos débitos (R$):20.11.98....................................................4.150,3008.12.98....................................................2.575,0023.12.98....................................................7.788,9502.02.99....................................................6.146,5830.12.99....................................................3.888,44

TCE 2Fato gerador: Superfaturamento na contratação da empresa Proseng Projetos e Serviços de Engenharia Ltda, contrato 012/98, para perfuração de poços no sedimento. Legislação infringida: art. 3º da Lei nº 8.666/93.Responsável:Proseng Projetos e Serviços de Engenharia Ltda (CNPJ: 08.482.291/0001-03)ENDERECO : AV ENG ROBERTO FREIRE 1820BAIRRO : CAPIM MACIONATAL/RN CEP: 59080-400Data de origem/...................Valor do débito (R$):20.11.98......................................49.458,64

TCE 3Fato gerador: Superfaturamento na contratação da empresa A R Construção e Prestação de Serviços Ltda, contrato 059/98, para perfuração de poços no sedimento.Legislação infringida: art. 3º da Lei nº 8.666/93.Responsáveis (solidários, com base no art. 25, §2º, Lei nº 8.666/93):A R Construcao e Prestação de Serviços Ltda (CNPJ: 70.052.246/0001-92)Endereço : Av. Coronel Estevam 2125 Bairro : Dix-Sept RosadoNatal/RnCep : 59052-200Rômulo de Macedo VieiraCPF : 057.630.451-49Endereço: Rua Carlos Lamas,1952,Pq das Colinas59000-000 Candelária, Natal Telefone:2344309Cargo: Secretário da Serhid/RNDatas de origem/.........................Valores dos débitos (R$):13.11.98...................................................34.197,2023.12.98...................................................54.336,2823.12.98...................................................86.820,4423.12.98...................................................34.915,0330.12.98...................................................22.679,6010.02.99.................................................123.364,5612.03.99...................................................45.417,6030.12.99...................................................14.179,2030.12.99...................................................72.682,9930.12.99.....................................................2.519,04

XIII.6.seja comunicado, à semelhança do AC-0021-01/03-1, ao Tribunal de Contas do Estado do Rio Grande do Norte que foram detectados indícios de superfaturamento nos contratos oriundos da TP Stop nº 03/98, custeados em parte com recursos estaduais (item I.10 desta instrução).

XIII.7.com fundamento no art. 250, inciso II, RI/TCU, seja determinado o encerramento do presente processo, com o arquivamento dos autos respectivos.”

8.O Sr. Diretor e o Sr. Secretário manifestaram-se de acordo com o Sr. Analista (fl. 246).É o Relatório.

PROPOSTA DE DECISÃO

Diversas foram as irregularidades detectadas na execução do Convênio MMA/SRH/nº 408/98, as quais, de acordo com sua natureza, ensejam ora a imputação de débito, ora apenas determinações. Procederei à apreciação do feito conforme o agrupamento das impropriedades citadas.

2.As irregularidades que acarretaram dano ao erário foram: a perfuração de poços em propriedades de particulares, sem beneficiar qualquer comunidade próxima; e o superfaturamento na contratação de empresas para a perfuração de poços.

3.Quanto à ausência de comunidades próximas que pudessem ser beneficiadas pelos poços, o Sr. Analista afirma que em sua inspeção constatou, até mesmo, que em uma das propriedades, a água era usada para a irrigação de culturas do fazendeiro e para abastecer uma piscina. Por outro lado, levando em consideração os elementos de defesa trazidos aos autos por um dos responsáveis,

248

Page 249: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

mormente o abaixo assinado dos pretensos beneficiados por um dos poços, o Sr. Analista propõe que a aparente contradição surgida seja solucionada por ocasião da eventual conversão dos autos em tomada de contas especial, quando poderia até ser atestada a idoneidade das assinaturas do referido abaixo assinado.

4.Entendo que, independentemente de o abaixo-assinado ser idôneo ou não, ou seja, de a perfuração dos poços ter trazido benefícios, “até aquele momento”, às comunidades próximas, tal fato, por si só, não elide a irregularidade. Com efeito, entre os critérios técnicos exigidos no Programa de perfuração e instalação dos poços (fls. 42/53), constante dos termos do Convênio nº 408/98, foi estabelecido que, cumulativamente, “os poços somente serão perfurados em terreno público (...), o poço a ser perfurado deverá beneficiar uma população mínima de 200 pessoas, em um raio de dois quilômetros.” (fl. 47). Assim, sequer havia no ajuste a possibilidade de os poços serem instalados em propriedade particular, ainda que gerassem benefícios às populações vizinhas.

5.Ainda que houvesse membros da coletividade se beneficiando dos poços (no abaixo-assinado há cerca de 30 assinaturas), devido ao fato destes estarem localizados em propriedade privada, torna tal benefício precário, de modo que a qualquer tempo poderia o proprietário interromper o abastecimento da população, a qual, sem garantia jurídica de continuidade do fornecimento de água, se tornaria refém da “boa-vontade” do proprietário. Para evitar esse risco, é praxe na execução de convênios desta espécie que a Administração Pública institua uma “servidão administrativa”, que, nas palavras de Celso Antônio Bandeira de Mello, “é o direito real que assujeita um bem a suportar uma utilidade pública, por força da qual ficam afetados parcialmente os poderes do proprietário quanto ao seu uso e gozo”, ou então que o proprietário promova a cessão de terreno à municipalidade. Portanto, seja pela servidão ou pela cessão, os proprietários dos terrenos onde fossem perfurados os poços teriam a obrigação de suportar seu uso pela coletividade. Só nessa condição estaria caracterizado o atingimento da finalidade que a aplicação dos recursos públicos buscou em tal obra.

6.Como a Unidade Técnica afirma que não haveria qualquer comunidade próxima capaz de beneficiar-se com os poços, ainda que sua utilização fosse disponibilizada pelos proprietários dos terrenos onde foram instalados, e considerando que os abaixo-assinados, ainda que autênticos, não provam que ao menos 200 pessoas, em um raio de 2 Km, estivessem sendo beneficiadas, conforme exigência dos termos do Convênio (há apenas cerca de 30 assinaturas no abaixo-assinado apresentado), concordo com a proposta da Secex/RN. Ademais, convém, nos moldes do proposto pela Unidade Técnica, a instauração, em separado, de tomada de contas especial, por meio dos elementos pertinentes à irregularidade detectada, citando desde já os responsáveis.

7.Quanto ao superfaturamento na contratação de empresas para perfuração de poços, este foi inferido pela equipe de auditoria, baseando-se em documentos e informações prestadas pelo Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs), Funasa e até de contratações da própria Serhid/RN. Acolho a proposta da Unidade Técnica no sentido de isentar de culpa os membros da comissão de licitação da Secretaria de Transportes e Obras Públicas – Stop/RN, pois eles teriam feito suas análises com base no Parecer Técnico encaminhado pelo setor da Serhid/RN competente para avaliar os preços das propostas. O citado Parecer Técnico, favorável à adjudicação dos contratos (fls. 64/65, vol. 8), baseia-se em preços de poços licitados, construídos no calcário, fornecidos pela Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM) e pelo Incra/RN, em contratações contemporâneas à da Serhid/RN. Segundo o Parecer, estes preços estariam “bastante próximos daquele oferecido pela empresa Proseng (...)”.

8.Diante da divergência entre os resultados colhidos das fontes comparativas usadas pela equipe de auditoria da Secex/RN (para atestar o superfaturamento) e pela Serhid/RN (para atestar a compatibilidade dos preços cobrados pelas empresas com os de mercado, apesar de aqueles serem superiores), entendo necessário determinar à Secex/RN que aprofunde sua análise da questão, diligenciando à Serhid/RN, se necessário. Ademais, resta ser esclarecido se, nos preços coletados pela Unidade Técnica em revista especializada, já estão embutidos os impostos, o que, em caso positivo, reduziria o montante do superfaturamento. Por último, vale lembrar que, em caso de ratificação do superfaturamento pela Secex/RN, deverá ser promovida a instauração de tomada de contas especial das empresas Propoço Ltda., Proseng Projetos e Serviços de Engenharia Ltda. e A R

249

Page 250: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

Construção e Prestação de Serviços Ltda., responsáveis solidárias ao gestor na irregularidade em questão.

9.De qualquer forma, preliminarmente ao deslinde da questão, discordo, por ora, da proposta da Unidade Técnica de isentar o Sr. Secretário da Serhid/RN de responsabilidade pelo superfaturamento nos contratos nº 11/98 e 12/98 (caso este seja finalmente caracterizado).

10.Quanto ao outro grupo de irregularidades graves, trata-se de:a) aditivação de contratos com alteração da dotação orçamentária;b) dispensa indevida de licitação;c) e celebração de contratos em desacordo com o edital.

11.Quanto ao item a) supra, os contratos nº 10/98, 11/98, 12/98, 21/98, 22/98 e 24/98 foram firmados anteriormente à vigência do Convênio nº 408/98, sendo que suas despesas foram previstas como tendo dotação de recursos exclusivamente estaduais. Já no contrato nº 41/98, as despesas deveriam ser custeadas com recursos do Convênio nº 15/97, firmado entre a Sudene e o Governo do Estado do Rio Grande do Norte. Com a assinatura do Convênio nº 408/98, a Serhid/RN aditivou os referidos contratos, de modo que as dotações orçamentárias proviessem deste último convênio.

12.Conforme destacado pela Unidade Técnica, houve infringência às vedações da cláusula segunda, inciso II, letra “b”, do Convênio nº 408/98 (“não utilizar os recursos recebidos do concedente em finalidade diversa da estabelecida neste convênio, notadamente para liquidação de despesas havidas antes de sua assinatura”), e letra “s” (“não realizar despesas a pagamento diverso do estabelecido no presente convênio, ainda que em caráter de emergência”).

13.Assim, configurou-se uma situação em que o Estado do Rio Grande do Norte valeu-se de recursos federais, obtidos através de um convênio, para realizar despesas para as quais já havia dotação orçamentária própria, a saber, recursos estaduais e (no caso do contrato nº 41/98) recursos de outro convênio.

14.Quanto ao item b), referem-se à dispensa de licitação nos contratos nº 50/98, 52/98, 59/98 e 60/98, assinados em 20/10/1998, portanto seis meses após a decretação da situação de emergência nos municípios do Rio Grande do Norte atingidos pela seca (29/04/1998). Durante esse período, como o Governo do Estado já vinha realizando obras com recursos próprios, não havia como caracterizar a hipótese de dispensa de licitação prevista no inciso IV do art. 24 da Lei nº 8.666/93, segundo a qual, nos casos de emergência, tal dispensa somente pode se dar para obras e serviços que possam ser concluídos no prazo máximo e improrrogável de 180 dias, contados da ocorrência da emergência.

15.Quanto ao item c), trata-se de situação semelhante à do item (a), ou seja: foi usada, nos contratos nº 5/99 e 6/99 (de abril de 1999), dotação proveniente do Convênio nº 408/98, quando a respectiva licitação foi aberta com dotação do Convênio nº 15/97, o qual ainda estava em vigor quando da homologação do certame (o convênio vigorava até 31/12/1998 e a homologação da licitação se deu em 10/08/1998). Portanto, havia ainda dois meses ao longo dos quais as contratações poderiam ter sido feitas, antes que expirasse o Convênio nº 15/97. No entanto, os contratos só foram assinados oito meses depois, em abril de 1999, então com dotação do Convênio nº 408/98, sem que os responsáveis apresentassem quaisquer justificativas para o adiamento da contratação (ainda mais com o agravante da decretação da situação de emergência, que impunha urgência nas contratações). Feriu-se, a um só tempo, o interesse público e, novamente, a cláusula já citada do Convênio nº 408/98.

16.Entendo, quanto às irregularidades elencadas nos itens a), b) e c), ser cabível determinar à Serhid/RN que abstenha-se de praticar os atos impugnados.

17.Outra grave irregularidade detectada pela equipe de auditoria concerne ao fato de a aprovação da prestação parcial de contas do Convênio nº 408/98 ter sido feita pelo próprio gestor do convênio, Sr. Rômulo de Macedo Vieira (ex-Secretário de Estado de Recursos Hídricos do Rio Grande do Norte- Serhid/RN), então nomeado Secretário de Infra-Estrutura Hídrica do Ministério da Integração Nacional. Feriu-se o princípio da segregação de funções, cabendo recomendar ao Ministério da Integração Nacional que evite a repetição de tal irregularidade.

18.Quanto à irregularidade apontada, tida como antieconômica, referente a aplicações financeiras de curto prazo de recursos do convênio, as quais, segundo o Sr. Analista, teriam

250

Page 251: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

rendimento sempre inferior ao da caderneta de poupança (citando até mesmo as folhas em que tabelas de rendimentos das duas aplicações são comparadas), percebo que houve um equívoco na análise das citadas tabelas (fls. 176/177). Na coluna referente a “rendimento no mês”, para a aplicação de curto prazo, este “no mês” não significava em 30 dias do mês, mas sim no período do início até a data indicada do mês – qual seja, o dia 9 de maio. Daí este rendimento ser inferior ao indicado como o da poupança, já que neste caso, o Analista pautou-se num mês cheio.

19.Quanto às demais irregularidades identificadas pela equipe de auditoria, como a realização de serviços fora das especificações ou desnecessários, acolho a proposta da Unidade Técnica de fazer determinações ao Ministério da Integração Nacional no sentido de evitar a ocorrência destas falhas em futuros ajustes.

Assim sendo, manifesto-me por que o Tribunal adote a deliberação que ora submeto a este Plenário.

Sala das Sessões, em 9 de julho de 2003.

Augusto Sherman CavalcantiRelator

ACÓRDÃO Nº 858/2003 – TCU – PLENÁRIO

1. Processo: TC–015.886/1999-9 (com 10 volumes).2. Grupo: II – Classe de Assunto: V – Relatório de Auditoria.3. Responsáveis: Rômulo de Macedo Vieira (CPF nº 057.630.451-49), Francisco Corcino de

Miranda (CPF nº 199.905.964-68), José Pereira de Moura (CPF nº 044.080.394-20), José Xavier de Andrade (CPF nº 088.657.954-68), Paulo Lopes Varella Neto (CPF nº 136.777.214-15), Fábio Sarinho Paiva (CPF nº 523.971.494-00), Propoço Ltda. (CNPJ 10.716.256/00001-53), Proseng Projetos e Serviços de Engenharia Ltda. (CNPJ 08.482.291/0001-03), A R Construção e Prestação de Serviços Ltda. (CNPJ 70.052.246./0001-92).

4. Entidade: Governo do Estado do Rio Grande do Norte/Secretaria de Recursos Hídricos (Serhid/RN).

5. Relator: Auditor Augusto Sherman Cavalcanti.6. Representante do Ministério Público: não atuou.7. Unidade Técnica: Secex/RN.8. Advogado: Gleydson Kleber Lopes de Oliveira (OAB/RN nº 3.686).

9. Acórdão:VISTOS, relatados e discutidos estes autos de Relatório de Auditoria, de responsabilidade de

Rômulo de Macedo Vieira, Francisco Corcino de Miranda, José Pereira de Moura, José Xavier de Andrade, Paulo Lopes Varella Neto, Fábio Sarinho Paiva, Propoço Ltda., Proseng Projetos e Serviços de Engenharia Ltda., A R Construção e Prestação de Serviços Ltda., ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão Plenária, em:

9.1. determinar, com fulcro no art. 47 da Lei nº 8.443/92 c/c art.252 do Regimento Interno/TCU, a instauração, em separado, por meio de cópia dos elementos pertinentes, de tomadas de contas especiais em desfavor dos responsáveis abaixo arrolados, bem como promover a citação deles pelos valores indicados a seguir:TCE 1Fato gerador: Perfuração de poço em propriedade do Sr. Francisco Corcino de Miranda (CPF 199.905.964-68), sem beneficiar qualquer comunidade próxima. Responsáveis: – Rômulo de Macêdo Vieira (CPF 057.630.451-49), ex-Secretário da Serhid/RN;– Francisco Corcino de Miranda (CPF 199.905.964-68).Valor do débito: R$ 16.950,00Data de origem: 27/12/1999

TCE 2Fato gerador: Perfuração de poço em propriedade do Sr. José Pereira de Moura (CPF 044.080.394-20), sem beneficiar qualquer comunidade próxima.Responsáveis: – Rômulo de Macêdo Vieira (CPF 057.630.451-49), ex-Secretário da Serhid/RN;– José Pereira de Moura (CPF 044.080.394-20).Valor do débito: R$ 23.713,98Data de origem: 27/12/1999

TCE 3Fato gerador: Perfuração de poço em propriedade do Sr. José Xavier de Andrade (CPF 088.657.954-68), sem beneficiar qualquer comunidade próxima.Responsáveis: – Rômulo de Macêdo Vieira (CPF 057.630.451-49), ex-Secretário da

251

Page 252: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

Serhid/RN;– José Xavier de Andrade (CPF 088.657.954-68).Valor do débito: R$ 33.534,36Data de origem: 27/12/1999

9.2. determinar à Secex/RN que:9.2.1. aprofunde sua análise da questão do superfaturamento na contratação de empresas para

perfuração de poços, de modo a tecer considerações acerca das conclusões insertas no Parecer Técnico de avaliação de preços da Secretaria dos Recursos Hídricos do Estado do Rio Grande do Norte –Serhid/RN (fls. 64/65, vol. 8), diligenciando ao referido órgão, se necessário;

9.2.2. esclareça se nos preços coletados em revista especializada já estão embutidos os impostos, o que, em caso positivo, reduziria o montante do superfaturamento;

9.2.3. instaure, em caso de ratificação do superfaturamento, tomadas de contas especiais das empresas Propoço Ltda., Proseng Projetos e Serviços de Engenharia Ltda. e A. R. Construção e Prestação de Serviços Ltda.;

9.3 determinar à Secretaria dos Recursos Hídricos do Estado do Rio Grande do Norte – Serhid/RN, com fundamento no art. 250, inciso II, RI/TCU, que, nos próximos convênios celebrados com órgãos ou entidades federais:

9.3.1 abstenha-se de aditivar contratos já em execução, alterando as cláusulas referentes à dotação orçamentária para que indiquem, em substituição às verbas estaduais inicialmente alocadas, os recursos federais então descentralizados;

9.3.2 abstenha-se de realizar contratações diretas sem a observância da Lei nº 8.666/93, em especial aquelas tidas como emergenciais, que somente se justificam para os ‘bens necessários ao atendimento da situação emergencial ou calamitosa e para as parcelas de obras e serviços que possam ser concluídas no prazo máximo de 180 (cento e oitenta) dias consecutivos e ininterruptos, contados da ocorrência da emergência ou calamidade’, conforme Lei nº 8.666/93, art. 24, inciso IV

9.3.3 abstenha-se de celebrar contratos a partir de licitações há muito realizadas, inclusive com a previsão de dotações orçamentárias distintas;

9.3.4 fiscalize os serviços realizados de modo a verificar se os mesmos foram executados dentro das especificações previstas contratualmente, evitando a ocorrência de falhas que acabem ocasionando danos às obras;

9.3.5. atente para a categoria econômica da despesa prevista no programa de trabalho descentralizado, somente efetuando gastos compatíveis (item I.12 do Relatório que fundamenta esta decisão);

9.3.6. atente para a categoria econômica da despesa prevista no acordo, somente efetuando, a título de contrapartida, gastos compatíveis (item I.13 do citado Relatório);

9.3.7. observe fielmente a obrigatoriedade de efetuar as publicações no Diário Oficial da União (Lei nº 8.666/93, inciso I do art. 21), bem como abstenha-se de incluir no edital cláusula estranha ao objeto da contratação (item X.1 do citado Relatório).

9.4. determinar, ainda, com fundamento no art. 250, inciso II, RI/TCU, ao Ministério da Integração Nacional que, nos próximos convênios para perfuração de poços:

9.4.1. envide esforços no sentido de garantir que todas as obras executadas estejam em efetivo uso pela população, evitando casos semelhantes aos detectados no Convênio nº 408/98 – poços paralisados em decorrência da falta de manutenção dos dessalinizadores, inexistência de ligação à rede elétrica, etc.;

9.4.2. faça constar dos acordos que os convenentes tenham a responsabilidade de proceder à manutenção dos equipamentos e o monitoramento da água produzida, seja com recursos humanos próprios, seja contratando terceiros;

9.5. recomendar, com fundamento no art. 250, inciso II, RI/TCU, ao Ministro da Integração Nacional que atente para o princípio da segregação de funções, envidando esforços no sentido de evitar que gestores que participaram da execução de convênios celebrados por esse Ministério, a exemplo do de nº 408/98 – Serhid/RN, aprovem suas próprias prestações de contas, uma vez que estariam analisando a legalidade de seus próprios atos.

10. Ata nº 26/2003 – Plenário11. Data da Sessão: 9/7/2003 – Ordinária12. Especificação do quorum:

252

Page 253: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

12.1. Ministros presentes: Valmir Campelo (Presidente), Marcos Vinicios Vilaça, Iram Saraiva, Humberto Guimarães Souto, Adylson Motta, Walton Alencar Rodrigues, Guilherme Palmeira, Benjamin Zymler e o Ministro-Substituto Lincoln Magalhães da Rocha.

12.2. Auditores presentes: Augusto Sherman Cavalcanti (Relator) e Marcos Bemquerer Costa.

VALMIR CAMPELOPresidente

AUGUSTO SHERMAN CAVALCANTIRelator

Fui presente:

PAULO SOARES BUGARINProcurador-Geral, em substituição

GRUPO I – CLASSE V – PLENÁRIO

TC–004.861/2002-4 (com 2 volumes)Natureza: Relatório de AuditoriaEntidade: Governo do Estado de RoraimaResponsáveis: Neudo Ribeiro Campos (CPF nº 021.097.782-53) e Francisco Flamarion

Portela (CPF nº 081.646.303-49)

Sumário: Relatório de Auditoria. Fiscobras. Construção de complexo agro-industrial de armazenamento e beneficiamento de grãos. Convênio entre Suframa e Governo do Estado de Roraima. Despacho contendo determinações à Secex/RR. Definição do percentual já realizado da obra. Diligências à Suframa. Indeferimento, pela Suframa, de pleito de reequilíbrio econômico-financeiro do contrato feito com consórcio, devido a atraso nas obras por culpa da Administração. Prestação de contas parcial tempestiva. Determinação ao Governo do Estado de Roraima para que regularize licenciamento ambiental e elabore cronograma físico-financeiro abrangendo toda a obra.

RELATÓRIO

Cuidam os autos de Relatório de Levantamento de Auditoria realizada no âmbito do Fiscobras, nas obras de construção de complexo agro-industrial de armazenamento e beneficiamento de grãos, a partir de Convênio firmado entre a Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa) e o Governo do Estado de Roraima.

2.Entre as conclusões e propostas da equipe de auditoria constam: determinações para que sejam regularizados aditivo do convênio para que comportasse as modificações no cronograma físico-financeiro, além da elaboração de cronograma que abrangesse toda a obra; inclusão de documentação comprobatória da regularização do licenciamento ambiental, abstendo-se de iniciar obras antes da devida autorização dos órgãos competentes.

3.Em despacho (fl. 27), determinei à Secex/RR que: fosse esclarecida a situação do pleito de reequilíbrio econômico-financeiro do contrato feito pela empresa; definição do percentual já realizado da obra; avaliação dos custos da obra e do impacto que o retardamento de seu início ocasionou, emitindo parecer conclusivo sobre a necessidade, razoabilidade e legalidade do aumento pleiteado. Determinei, também, diligências à Suframa sobre: as providências adotadas em decorrência do atraso no dever de prestar contas dos recursos liberados mediante as OBs 0599, de 04/04/2001, e 2758, de 24/12/2001; o deferimento ou não da majoração de valor do Convênio 015/2000 solicitada pelo Governo do Estado de Roraima; e o resultado da apreciação das referidas contas, uma vez que o valor relativo ao total das faturas decorrentes das medições é inferior ao total repassado.

4.Transcrevo, abaixo, instrução final da lavra da Secex/RR (fls. 73/76):

253

Page 254: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

“As determinações que constam do despacho do Relator, às fls. 27, foram atendidas, pela instrução às fls. 28 a 32 e diligência à Suframa através dos ofícios nº 097 e 169/2002-Secex-RR/DT (fls. 34, 35 e 56):

a) Definição do percentual já realizado da obra;A instrução às fls. 28 esclareceu que o percentual realizado da obra era de 24,31% em abril de

2002, entretanto, as informações recentes apresentadas pela Suframa dão conta de que a obra avançou desde a auditoria do TCU, alcançando a 57,99% do programado em 14 de outubro de 2002 (ver laudo técnico, fls. 62 a 68);

b) Avaliação dos custos da obra e do impacto que o retardamento de seu início ocasionou, emitindo parecer conclusivo sobre a necessidade, razoabilidade e legalidade do aumento pleiteado;

Embora tenha sido elaborada antes do atendimento à diligência pela Suframa, a conclusão da instrução (fls. 29) coincide com o posicionamento da Suframa sobre a inadequação do montante do reajuste solicitado pelo consórcio. Considerando que não foi autorizada a concessão de qualquer reajustamento pela Suframa, entende-se que a questão suscitada não apresenta o relevo inicial, sendo desnecessário empreender os estudos mais aprofundados que o tema requer.

c) Diligência à Suframa a fim de obter as informações complementares;Foram encaminhados dois ofícios ao Superintendente da Zona Franca de Manaus, 097/2002-

Secex-RR/DT (fls. 34 e 35), em 17 de julho de 2002, e 169/2002-Secex-RR/DT (fls. 34, 35 e 56), em 23 de outubro de 2002. Ambos solicitavam informações sobre:

a) O deferimento ou não da majoração de valor do Convênio 015/2000 solicitada pelo Governo do Estado de Roraima;

b) As providências adotadas em decorrência do atraso no dever de prestar contas dos recursos liberados mediante as OBs 0599, de 04.04.2001, e 2758, de 24.12.2001;

c) O resultado da apreciação das referidas contas, uma vez que o valor relativo ao total das faturas decorrentes das medições é inferior ao total repassado.

Em reposta, foi encaminhado pelo Superintendente Adjunto de Planejamento, Isper Abrahim Lima, o Ofício nº 5163/SAP, de 05 de agosto de 2002 (fls. 36 e 37), informando que:

a) O pedido apresentado pelo Governo do Estado de Roraima para aditamento do Convênio nº 015/2000 a título de reequilíbrio econômico-financeiro no percentual de 25,226% havia sido analisado pelo setor técnico-jurídico da Autarquia, dependendo de documentos complementares para análise conclusiva (anexos Ofícios nº 4926/SAP e nº 4927/SAP, fls.40 a 43);

b) A prestação de contas parcial foi encaminhada mediante Ofício SEAAB/GAB/Ofício nº 222/02, de 11.04.02, foi considerada regular e em conformidade com a legislação em vigor, com ressalva somente para a não apresentação dos extratos bancários completos, já solicitados;

c) As contas foram devidamente analisadas pelo setor técnico da Autarquia, e constatado que as despesas apresentadas equivalem a R$ 2.194.999,65 (dois milhões, cento e noventa e quatro mil, novecentos e noventa e nove reais e sessenta e cinco centavos), conforme quadro da Receita e Despesa, e o saldo de R$ 1.685.411,77 (hum milhão, seiscentos e oitenta e cinco mil, quatrocentos e onze reais e setenta e sete centavos) deverão estar devidamente aplicados no mercado financeiro, a ser comprovado a partir do recebimento dos extratos bancários, já referidos. (fls. 38 e 39).

Considerando a existência de pendências na resposta da Suframa, foi enviado em 23 de outubro de 2002 o Ofício 169/2002-Secex-RR/DT (fls. 56), pedindo que fossem encaminhadas informações e documentos atualizados a respeito das questões tratadas no Ofício 097/2002-Secex-RR/DT. Em 14 de novembro foi recebido pela Secex-RR o Ofício nº 7861/SAP, informando que:

a) a solicitação de aditivo de majoração de valor ao convênio obteve parecer desfavorável (anexos Ofício nº 6149/SAP e 6150/SAP, de 12.09.2002, fls. 69 a 72);

b) quanto á prestação de contas parcial, não houve atraso no dever de prestar contas, pois a mesma foi apresentada em 11.04.2002, cuja documentação encaminhada foi analisada e considerada de acordo com a legislação em vigor;

c) o volume de recursos liberados, pela concedente, é da ordem de R$ 4.622.000,00 (quatro milhões, seiscentos e vinte e dois mil reais) e, em recente fiscalização “in loco”, verificou-se o percentual executado de 57,99%, equivalente a R$ 6.719.382,83 (seis milhões, setecentos e

254

Page 255: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

dezenove mil, trezentos e oitenta e dois reais e oitenta e três centavos) conforme Laudo Técnico nº 176/02 (fls. 62 a 68)

Em síntese, as respostas da Suframa permitem afirmar que:a) Não prosperou a solicitação para concessão de reajuste no contrato;b) A prestação de contas foi entregue no prazo. De fato, o convênio estabelece que a liberação

dos recursos financeiros se daria em quatro parcelas, sendo que a liberação da terceira parcela, no valor de R$ 3.046.022,16, estaria condicionada à apresentação da prestação de contas parcial referente à primeira parcela liberada (Volume I, fls. 101). Até a apresentação da prestação de contas parcial haviam sido liberadas somente a primeira e segunda parcelas;

c) Não houve óbices quanto à regularidade da documentação apresentada na prestação de contas parcial. De acordo com laudo técnico elaborado pela Suframa em outubro de 2002 o percentual executado da obra era de 57,99%, eqüivalente a R$ 6.719.382,83 (seis milhões, setecentos e dezenove mil, trezentos e oitenta e dois reais e oitenta e três centavos), enquanto o volume de recursos liberados pela concedente era da ordem de R$ 4.622.000,00 (quatro milhões, seiscentos e vinte e dois mil reais).

ConclusãoÀ vista do exposto, considerando-se atendidos os itens constantes do Despacho às fls. 27,

propõe-se o encaminhamento dos autos para a apreciação do Gabinete do Relator, Ministro Augusto Sherman Cavalcanti, uma vez que as informações acrescentadas não afetaram os pressupostos que embasaram as propostas constantes do Relatório de Auditoria. Por outro lado, considera-se questionável a efetividade da determinação de inclusão de cláusula de reajuste de preços no contrato nº 001/01, após a negativa da Suframa ao pleito do Governo do Estado, podendo ser transformada em recomendação para que seja doravante observada.

Seja determinado ao Governo do Estado de Roraima que:1. Regularize o termo aditivo n° 01 ao contrato nº 001/01, fazendo constar explicitamente as

modificações no cronograma físico-financeiro e regime de execução da obra propostas pelos documentos apenas referenciados na cláusula primeira e que constam do processo n° 1484/00-14, além da elaboração de cronograma físico-financeiro abrangendo toda a obra, ainda que sofra ajustes ao longo da execução;

2.Inclua no processo nº 1.484-00-14 a documentação comprobatória da regularização do licenciamento ambiental junto aos órgãos estaduais e municipais, contendo também eventuais renovações.

Seja recomendado ao Governo Estadual de Roraima, que:3.Observe estritamente a legislação ambiental, abstendo-se de iniciar obras sem a competente

autorização dos órgãos ambientais, tanto no âmbito estadual como municipal;4.Inclua cláusula de reajustamento de preços nos contratos em que seja parte, conforme

propugnado pelo art. 55, inciso III, da Lei n° 8.666/93 e suas alterações posteriores.”5.O Sr. Secretário (fls. 77/78), manifestou-se parcialmente de acordo com a proposta do Sr.

Analista, propondo a substituição do item 3 pelas seguintes determinações à Secretaria de Estado de Obras e Serviços Públicos do Governo do Estado de Roraima:

a) obedecer ao inciso IX do art. 6º da Lei nº 8.666/93, quanto à viabilidade técnica e o adequado tratamento do impacto ambiental do empreendimento, no momento da elaboração do projeto básico de obra;

b) obter a Licença Prévia e a Licença de Instalação, definidas nos inciso I e II, respectivamente, do Decreto nº 99.274/90, sendo que a primeira deve ser obtida antes do início do procedimento licitatório e a segunda antes do início da implantação do empreendimento.

É o Relatório.

PROPOSTA DE DECISÃO

Os esclarecimentos por mim solicitados no Despacho de fl. 27 foram oriundos de divergências observadas no relatório de levantamento de auditoria, relativamente ao fato de os valores repassados serem superiores aos valores de medição e haver dois percentuais de execução

255

Page 256: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

física até então realizada. Ademais, solicitei diligência à Suframa para saber se o percentual de revisão de preços pleiteado pelo consórcio construtor havia sido deferido pela Suframa e se havia embasamento legal e/ou necessidade deste reequilíbrio econômico-financeiro.

2.No atendimento à diligência feita à Suframa, a autarquia responde que a majoração de valor contratual foi indeferida, devido ao fato de o BDI estabelecido para o projeto original já estar superavaliado (31%) em relação ao praticado pela autarquia (25), folga esta que embutia a expectativa de ocorrência de eventuais desequilíbrios econômico-financeiros. Ademais, foi verificado que os preços de alguns itens foram elevados acima dos limites aprovados pela Suframa.

3.Quanto ao percentual executado da obra, foi encaminhado pela Suframa Laudo Técnico de Acompanhamento que atesta a execução de 57,99% da obra, estando os serviços de acordo com o Plano de Trabalho.

4.Assim, considero sanadas as dúvidas suscitadas no início deste processo, restando apenas determinar ao Governo do Estado de Roraima, nos moldes propostos pela Unidade Técnica, a inclusão no contrato em questão, da documentação comprobatória do licenciamento ambiental e o cronograma físico-financeiro abrangendo toda a obra, inclusive suas modificações. Para os próximos contratos a serem firmados pelo Governo do Estado de Roraima, acolho a proposta do Sr. Secretário, relativa à obtenção das licenças ambientais requeridas.

Assim sendo, manifesto-me por que o Tribunal adote a deliberação que ora submeto ao Plenário.

Sala das Sessões, em 9 de julho de 2003.

Augusto Sherman CavalcantiRelator

ACÓRDÃO Nº 859/2003–TCU – PLENÁRIO

1. Processo: TC–004.861/2002-4 (com 2 volumes).2. Grupo: I – Classe de Assunto: V– Relatório de Auditoria.3. Responsáveis: Neudo Ribeiro Campos (CPF nº 021.097.782-53) e Francisco Flamarion

Portela (CPF nº 081.646.303-49).4. Entidade: Governo do Estado de Roraima.5. Relator: Auditor Augusto Sherman Cavalcanti.6. Representante do Ministério Público: não atuou.7. Unidade Técnica: Secex/RR.8. Advogado: não consta.

9. Acórdão:VISTOS, relatados e discutidos estes autos de Relatório de Auditoria, de responsabilidade de

Neudo Ribeiro Campos e Francisco Flamarion Portela, ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão Plenária em:

9.1. determinar ao Governo do Estado de Roraima que:9.1.1. regularize o termo aditivo n° 01 ao contrato nº 001/01, fazendo constar explicitamente

as modificações no cronograma físico-financeiro e regime de execução da obra proposta pelos documentos apenas referenciados na cláusula primeira e que constam do processo n° 1.484/00-14, além da elaboração de cronograma físico-financeiro abrangendo toda a obra, ainda que sofra ajustes ao longo da execução;

9.1.2. inclua no processo nº 1.484/00-14 a documentação comprobatória da regularização do licenciamento ambiental junto aos órgãos estaduais e municipais, contendo também eventuais renovações;

9.1.3. obedeça ao inciso IX do art. 6º da Lei nº 8.666/93, quanto à viabilidade técnica e ao adequado tratamento do impacto ambiental do empreendimento, no momento da elaboração do projeto básico de obra;

256

Page 257: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

9.1.4. obtenha, em futuras contratações, a Licença Prévia e a Licença de Instalação, definidas nos incisos I e II, respectivamente, do Decreto nº 99.274/90, sendo que a primeira deve ser obtida antes do início do procedimento licitatório e a segunda, antes do início da implantação do empreendimento.

9.2. comunicar à Comissão Mista de Planos, Orçamentos e Fiscalização do Congresso Nacional que, até o momento, não foram verificados quaisquer óbices à liberação de recursos para a obra de construção do complexo industrial de recepção, beneficiamento e armazenagem de grãos no Município de Boa Vista/RR.

10. Ata nº 26/2003 – Plenário11. Data da Sessão: 9/7/2003 – Ordinária12. Especificação do quorum:12.1. Ministros presentes: Valmir Campelo (Presidente), Marcos Vinicios Vilaça, Iram

Saraiva, Humberto Guimarães Souto, Adylson Motta, Walton Alencar Rodrigues, Guilherme Palmeira, Benjamin Zymler e o Ministro-Substituto Lincoln Magalhães da Rocha.

12.2. Auditores presentes: Augusto Sherman Cavalcanti (Relator) e Marcos Bemquerer Costa.

VALMIR CAMPELOPresidente

AUGUSTO SHERMAN CAVALCANTIRelator

Fui presente:

PAULO SOARES BUGARINProcurador-Geral, em substituição

GRUPO II – CLASSE V – PLENÁRIO

TC–004.464/2003-2 (com 9 volumes)Natureza: Levantamento de Auditoria – Fiscobras 2003 – PT nº 26.782.0238.5711.0005Entidades:- Departamento Nacional de Infra-estrutura de Transportes – DNIT;- 7º Batalhão de Engenharia e Construção – 7º BECnst;- Departamento de Estradas e Rodagem do Estado do Acre – Deracre;Responsáveis:- Sérgio Yoshio Nakamura (CPF 004.641.628-58);- Joselito José da Nóbrega, (CPF 439.495.334-00;- Paulo José dos Santos (CPF 971.414.888-04;- Fernando César Costa Gonçalves Loiola (CPF 497.041.927-20);- Alexsander Menezes Mendes (CPF 580.761.583-20);- Rosimar Gomes de Moura (CPF 434.258.362-34); e- Jaílson Barbosa de Souza (CPF 634.443.722-72).

Ementa: Fiscobras 2003. Construção de trechos rodoviários no Corredor Fronteira-Norte – BR-317/AC – Trecho Brasiléia-Assis Brasil (PT nº 26.782.0238.5711.0005). Irregularidades. Determi-nações aos órgãos envolvidos. Audiência dos responsáveis. Juntada desses autos ao TC–006.921/2002-3, para apreciação em conjunto. Ciência à Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização do Congresso Nacional.

RELATÓRIO

257

Page 258: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

Tratam os autos de Relatório de Levantamento de Auditoria em obra de construção de estrada de rodagem integrante do corredor fronteira-norte, mais especificamente, do trecho Brasiléia-Assis Brasil da BR-317-AC.

2.Considerando o total do projeto, a rodovia inicia-se na divisa entre os Estados do Amazonas e do Acre, no município de Quatro Bocas/AM, estendendo-se até o Km 415,7, localizado no Município de Assis Brasil/AC.

3.Não obstante, o programa de trabalho sob análise nesses autos, iniciado em 1999, refere-se apenas à construção de um trecho, na extensão de 110 Km, que interligará os municípios de Epitaciolândia e Brasiléia a Assis Brasil, todos no Estado do Acre.

4.Os custos iniciais de execução desse trecho encontravam-se estimados, em 1997, em R$51.507.326,75, que foram posteriormente ampliados para R$62.679.286,08. Desse total, já foram liquidados e pagos R$53.352.670,79, restando a liberação de R$9.326.615,29, relativos a serviços já realizados ou ainda a realizar.

5.Os 50 Km iniciais desse trecho foram executados sob responsabilidade do Departamento de Estradas e Rodagem do Estado do Acre – Deracre, e, apesar de já se encontrarem concluídos, ainda não foram definitivamente aceitos. Essa obra já foi apreciada por esta Corte nos autos do TC–009.746/2000-9.

6.Os 60 Km restantes estavam sendo executados por meio de Convênios de Delegação de Competência, celebrados pelo DNER com o Governo do Estado do Acre – PG-042/2001-00 –, sendo interveniente-executor o Departamento de Estradas de Rodagem do Estado do Acre – Deracre (Km 358 ao Km 408 – integralmente concluídos, à exceção das lajes de transição das obras de arte especiais) e o 7º Batalhão de Engenharia e Construção – 7º BECnst – PG-053/2001-00 – (Km 408 ao Km 418). Entretanto, por meio do Convênio TT – 036/2002 -00, e com a anuência do Departamento de Engenharia do Exército, o DNIT transferiu ao Governo do Estado do Acre a responsabilidade pela execução de mais um segmento (7,5 Km compreendidos entre os Km 408 a 418, dos quais 3,9 Km ainda encontram-se sem pavimentação e obras complementares), inicialmente delegado ao 7º BEC (Programa de Trabalho nº 27.01.01.02.03.03). Os 2,5 Km efetivamente executados pelo 7º BECnst ainda não foram recebidos. As obras referentes a esse subtrecho também foram objeto de levantamento de auditoria em 2002 (TC–006.921/2002-3).

7.Sob o enfoque sócio-econômico, a equipe de auditoria salienta que o “empreendimento interligará o Estado do Acre à região fronteiriça com os países da Bolívia e Peru, propiciando maior integração e desenvolvimento da Amazônia Ocidental com esses dois Países Andinos, além de viabilizar parcialmente o acesso ao Oceano Pacífico, possibilitando, em nível estadual, a ligação rodoviária entre os municípios do Vale do Rio Acre e incrementando o intercâmbio comercial e social das cidades de Assis Brasil, Brasiléia, Epitaciolândia e Xapuri com a Capital estadual”.

8.Conforme já salientado, a obra sob enfoque já foi analisada por este Plenário em oportunidades anteriores, pelo que me restringirei a relatar os convênios ou contratos nos quais foram observadas irregularidades, as quais também discriminarei, de forma resumida, utilizando, para tanto, trechos extraídos do Relatório de Levantamento de Auditoria.

“A – Convênio Siafi nº 414166Concedente: 33.628.777/0001-54 Departamento Nacional de Estradas de RodagemConvenente: 00.394.452/0269-19 Departamento de Engenharia e Construção do ExércitoValor: R$2.787.962,00Situação Atual: Concluído.Objeto: Execução, pelo conveniado, de obras de implantação, pavimentação e obras de arte

especiais na rodovia 317/AC, trecho AM/AC- Assis Brasil, Km 413,74 ao 414,66 e do Km 415,17 ao 416,75, no total de 2,5 Km.

Irregularidades:1 – Classificação: GraveTipo: Alterações indevidas de projetos e especificaçõesDescrição: Construção de obras e realização de serviços potencialmente poluidores, sem

expedição do devido licenciamento ou autorização dos órgãos ambientais competentes, contrariando veemente tanto o art. 10 da Lei nº 6.938/81, assim como o art. 2º, da Resolução

258

Page 259: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

Conama Nº 237, de 19/12/97 (...).É recomendável o prosseguimento da obra ou serviço ? SimJustificativa: Esta irregularidade está sendo tratada no TC–006.921/2002-3.2 – Classificação: GraveTipo: SobrepreçoDescrição: Indícios de existência de sobrepreço da ordem de R$1.148.000,00 no orçamento

do Plano de Trabalho nº 27.01.01.02.03.03, apresentado pelo 7º BECnst ao DNIT(...).É recomendável o prosseguimento da obra ou serviço ? SimJustificativa: Esta irregularidade está sendo tratada no TC–006.921/2002-3.3 – Classificação: GraveTipo: Desvio de finalidadeDescrição: Aquisição excessiva de quantitativo de óleo diesel se comparado com as reais

necessidades desse insumo para a construção de 2,5 Km da rodovia BR 317/AC, subtrecho Brasiléia/Assis Brasil, ensejando tal situação descumprimento ao Princípios da Razoabilidade, além de propiciar a ocorrência de desvio de finalidade.

É recomendável o prosseguimento da obra ou serviço ? SimJustificativa: Os indícios de irregularidade constatados ensejam a ocorrência de desvio de

finalidade, contrariando tanto o art. 8º, inc. IV, da IN nº 02/93, bem como os princípios da administração pública da legalidade e da razoabilidade, portanto, ensejando ato de improbidade administrativa, conforme previsto no art. 11, inc. I, da Lei nº 8.429/92.

Estima-se que os recursos desviados possam significar uma quantia aproximada de R$600.000,00, montante esse considerado relevante.

Por outro lado, constata-se também que tal situação proporciona distorção orçamentária sobre a contabilização dos recursos repassados, pois recursos que deveriam ser aplicados na construção de rodovias (Ministério dos Transportes), estão sendo desviados para serem aplicados em benefício do 7º BECnst (Exército).

Entretanto, importa ressaltar que o objeto desse convênio encontra-se concluído.4 – Classificação: Outras IrregularidadesTipo: Pendências em obras já concluídasDescrição: Aparecimento prematuro de trincas longitudinais na camada asfáltica do

subtrecho da rodovia BR 317, concluído pelo 7º BE Cnst, sem que haja comprometimento do tráfego nos locais afetados.

Esclarecimentos Adicionais:O 7º BE Cnst deverá adotar providências para diagnosticar as causas do referido trincamento

e corrigir as falhas constatadas, informando a este Tribunal os resultados atingidos, no prazo de 60 (sessenta) dias, a contar da notificação;

O DNIT deverá ser alertado para que o recebimento da obra somente seja efetivado após a identificação da causa dos trincamentos na camada asfáltica e impermeabilização do pavimento.

5 – Classificação: Outras IrregularidadesTipo: Impropriedades relacionadas à documentaçãoDescrição: Não-identificação da documentação que compõe a prestação de contas com o

número do convênio a que se refere, gerando dúvidas quanto à correta aplicação dos recursos no objeto conveniado.

Esclarecimentos Adicionais: Faz-se necessário determinar ao 7º BE Cnst que observe a IN nº 01/97 – STN, especialmente o art. 30, quando da execução financeira e elaboração de prestação de contas de recursos de convênios, de forma a estabelecer a correta identificacão das despesas, evitando dúvidas quanto ao nexo entre as despesas realizadas e o objeto conveniado.

6 – Classificação: Outras IrregularidadesTipo: Impropriedades no processo licitatórioDescrição: Aquisição de produtos perecíveis (pães) com dispensa de licitação, cujo somatório

das despesas ao longo do exercício superou o limite para dispensa, nos termos do art. 24, inciso II, da Lei nº 8.666/93. Essa prática caracteriza fracionamento de despesa com fuga ao procedimento licitatório (art. 2º da Lei nº 8.666/93).

Esclarecimentos Adicionais:

259

Page 260: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

O 7º BE Cnst deverá ser alertado para que, doravante, abstenha-se de realizar despesas de mesma espécie, com dispensa de licitação, cujos montantes possam ultrapassar o limite estabelecido pelo art. 24, inciso II, da Lei nº 8.666/93, sob pena de se configurar fracionamento de despesa com fuga ao procedimento licitatório, e atente para o fato de que compras realizadas com intervalos superiores a 30 dias não descaracterizam o fracionamento e de que o art. 24, inciso XII, da Lei nº 8.666/93 não ampara a aquisição de gêneros perecíveis indefinidamente.

7 – Classificação: Outras IrregularidadesTipo: Pendências em obras já concluídasDescrição: Os serviços de construção do trecho estão pendentes de recebimento por

Comissão designada pela Portaria nº 006, de 26/11/2002, do Sr. Coordenador da 22ª Unidade de Infra-Estrutura Terrestre/RO-AC.

Esclarecimentos Adicionais: Deve ser expedida determinação ao DNIT para que adote providências imediatas para o cumprimento dos termos da citada Portaria (vol. 1, fls. 156).

8 – Classificação: Outras IrregularidadesTipo: Impropriedades no processo licitatórioDescrição: Execução de despesas pelo 7º BE Cnst com telefonia fixa sem a realização de

procedimentos licitatórios.Esclarecimentos Adicionais: Dessa forma, faz se necessário determinar ao 7º BE Cnst que,

doravante, proceda à contratação de Serviço Telefônico Fixo Comutado – STFC mediante a realização de procedimentos licitatórios, ressalvadas as hipóteses previstas nos arts. 24 e 25 da Lei nº 8.666/93, desde que devidamente fundamentadas e instruídas nos termos do art. 26, da mesma Lei, devendo considerar, ainda, para fins de enquadramento na modalidade licitatória, o valor global da despesas, ou seja, o somatório dos valores estimados para o período a ser contratado.

9 – Classificação: Outras IrregularidadesTipo: Falhas referentes ao meio ambienteDescrição: O 7º BECnst, responsável pela construção do subtrecho de 2,5 Km da Rodovia

BR 317 (Km 413,74 ao Km 414,66 e do Km 415,17 ao Km 416,75), no trecho compreendido entre os municípios de Brasiléia e Assis Brasil no Estado do Acre, objeto da Licença de Instalação nº 022/02, não vem observando, rigorosamente, o disposto na determinação constante do item 12 da referida licença: ‘Apresentar ao Imac, bimestralmente, cópia do relatório de acompanhamento da execução das ações mitigadoras’, o que poderá implicar na suspensão da referida licença, nos termos do seu item 15.

Esclarecimentos Adicionais: O 7º BECnst deverá implementar Plano de Monitoramento Ambiental, a exemplo do Deracre, com base nos Estudos de Impacto Ambiental e no Relatório de Impacto do Meio Ambiente (EIA/Rima), bem assim no Plano de Controle Ambiental (PCA), com vistas a identificar, acompanhar, priorizar e adotar medidas preventivas e corretivas relativas aos pontos críticos com impactos ambientais significativos à área de influência da rodovia sob sua responsabilidade, em especial quanto aos que podem causar danos à segurança dos usuários e/ou à pista de rolamento.

B – Contrato nº 4.01.058AContratada: Tercam Engenharia e Empreendimentos LTDAValor Inicial: R$42.480.867,82Valor Atual: R$42.480.867,82Objeto do Contrato: Execução, pela contratada, de obras de implantação, pavimentação e

OAE da Rodovia BR 317/AC, trecho AM/AC – Assis Brasil, subtrecho Brasiléia-Assis Brasil, segmento Km 358- Km 408.

Situação: Em andamento.Observações: Houve proposta de revisão do projeto com reflexo financeiro, aprovado

recentemente pelo DNER. Consta dessa revisão compensações financeiras em face de re-trabalho relativo às ações de mitigação do impacto ambiental, não previstos nos projetos, tais como: desassoreamento e limpeza de mananciais, rip-rap de solo vegetativo e de solo-cimento para proteger os taludes de montante (estacas 4269, 4270 e 4272) e conformação de caixas de empréstimos, jazidas e compactação de bota-foras. Importa o pedido de revisão do projeto em acréscimo de 24,94%, correspondente à cifra de R$10.593.058,80, passando o valor do contrato

260

Page 261: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

para R$53.073.926,31.Irregularidades:1 – Classificação: Outras IrregularidadesTipo: Falhas de manutenção em obras concluídas ou paralisadasDescrição: Constatou-se na vistoria conjunta ‘in loco’ realizada por equipes de auditoria do

Tribunal de Contas da União e por representantes do Instituto do Meio Ambiente do Estado do Acre – Imac, do Departamento Nacional de Infra-estrutura de Transportes – DNIT e do Departamento de Estradas de Rodagem, Hidrovias e Infra-estrutura Aeroportuária do Acre – Deracre processos erosivos importantes no subtrecho concluído em 2002 sob a responsabilidade da Empreiteira (Km 358/Km 408), especialmente nos taludes de corte e aterro, áreas de empréstimo, bota-fora, caminhos de serviço, etc., provocando assoreamento dos cursos d´água nas áreas adjacentes à rodovia. Além disso, constatou-se falha na conservação, limpeza e desobstrução de bueiros, descidas d´água, sarjetas e outros dispositivos de drenagem.

Esclarecimentos Adicionais: Tanto o DNIT quanto o Deracre deverão ser alertados quanto à imprescindibilidade da fiscalização que lhes está afeta, com vistas a assegurar a utilização econômica e racional dos recursos repassados e, ainda, a qualidade dos serviços executados, assegurando sua manutenção, e daqueles em execução e a executar, exigindo-se do Contratado, doravante, a adoção das medidas preventivas e corretivas pertinentes, de sua exclusiva responsabilidade, nos termos dos arts. 58, incisos I a V, 69, 70, e 116, § 3º, incisos I a III, da Lei nº 8.666/93 (e alterações posteriores).

2 – Classificação: Outras IrregularidadesTipo: Falhas na execução de contratosDescrição: Execução de obras de arte especiais (pontes sobre os Igarapés São Pedro e

Grande) em desacordo com as dimensões preconizadas nos projetos, não comprometendo, entretanto, a eficiência da rodovia.

Esclarecimentos Adicionais: Embora as diferenças, a menor, identificadas pela Equipe de Auditoria, e ratificadas pelo serviço de topografia da Empresa contratada (Ponte sobre o Igarapé Grande, vol. 2, fls. 90), não sejam relevantes, impende recomendar ao DNIT e Deracre para que exerçam a fiscalização competente, no sentido de assegurar na execução do objeto avençado o cumprimento pelo Contratado das especificações técnico-normativas constantes dos projetos e contratos pactuados, inclusive fazendo-se as devidas compensações nas medições efetuadas e a efetuar, no caso de descumprimento parcial do objeto.

3 – Classificação: Outras IrregularidadesTipo: Pendências em obras já concluídasDescrição: Aparecimento precoce de trincas no revestimento asfáltico, nos sentidos

longitudinal e transversal (menor intensidade), sobretudo nos aterros, do trecho de 50 Km concluído em 2002 pela Empreiteira contratada pelo Deracre (Km 358 – Km 408), sem que haja comprometimento do tráfego da rodovia.

Esclarecimentos Adicionais: De acordo com os ensaios realizados pela FUNTAC/Governo do Estado do Acre (vol. 2, fls. 144/157), a pedido da Equipe de Auditoria, constatou-se que a base não estava homogeneizada, provavelmente em decorrência da solução adotada pela Empresa, com a anuência da Fiscalização, de ser procedida a mistura do cimento ao solo diretamente na pista, em desacordo com o Projeto Básico, com a proposta da Empresa e com o Contrato, que estabelecem a mistura do solo-cimento em usina. O Deracre vem admitindo essa alteração, sem aprovação do órgão concedente (DNIT) e, ainda, aprovando as medições dos serviços como se os mesmos estivessem de acordo com as especificações técnicas, o que está onerando, indevidamente, o custo da obra.

Desse modo, impende determinar ao Deracre/DNIT que adotem medidas com vistas a equacionar essa questão.

C – Contrato nº 4.02.210BContratada: Tercam Engenharia e Empreendimentos LTDAValor Atual: R$9.326.615,29Objeto do Contrato: Execução de obra de implantação, pavimentação e obras de artes

especiais da BR 317 relativo ao segmento rodoviário compreendido entre o Km 408 e 418,

261

Page 262: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

perfazendo total de 7,5 Km de extensão.Situação Atual:Em andamentoObservações: A vigência inicial do Contrato era de 90 dias contados da data da publicação do

extrato do contrato. Em 29/10/2002, foi autorizado o início dos serviços, entretanto, devido à chegada do período de chuvas, as obras foram paralisadas em 20/12/2002, permanecendo tal situação até o momento.

Esclarecimentos Adicionais: O reinício dos trabalhos está previsto para o fim do inverno amazônico, normalmente ocorre a partir do mês de maio.

Irregularidades:1 – Classificação: GraveTipo: SobrepreçoDescrição: Constatação de sobrepreço da ordem de R$3.185.042,34, quando comparado o

valor da proposta da empresa contratada em relação à totalização dos preços unitários desses serviços indicados no Sistema Sicro2, representando tal diferença percentual significativo da ordem de 51,86%.

É recomendável o prosseguimento da obra ou serviço ? SimJustificativa: A irregularidade, com a continuidade da obra, não ensejará prejuízos ao Erário,

posto que os valores em questão poderão ser deduzidos de futuras medições, mediante apostilamento contratual.

Pelo motivo acima exposto, a Equipe entende que a irregularidade em apreço não gera nulidade contratual, mas adaptação de determinados preços unitários, tornando-os condizentes com o referencial de obras rodoviárias (Sicro-2) e com os valores de mercado.

Não há indícios processuais de que tenha havido participação do contratado na irregularidade em comento.

A irregularidade é considerada materialmente relevante.2 – Classificação: GraveTipo: Irregularidades graves concernentes ao processo licitatórioDescrição: Elaboração pela Administração do Deracre de orçamento base contendo preços

unitários e global cotados bem acima do previsto no Sistema Sicro2, sem apresentação de justificativa, propiciando a aceitabilidade de proposta de preços desconformes com o mercado, ensejando a licitação realizada alvo de concorrência imperfeita, dando azo a sobrepreço e superfaturamento.

É recomendável o prosseguimento da obra ou serviço ? SimJustificativa: A irregularidade, com a continuidade da obra, não ensejará prejuízos ao Erário,

posto que os valores em questão poderão ser deduzidos nas futuras medições, mediante apostilamento contratual.

Presume-se que a irregularidade em apreço não gera nulidade contratual, mas adaptação de determinados preços unitários, tornando-os condizentes com o referencial de obras rodoviárias (Sicro-2) e com os valores de mercado.

Não há indícios processuais de que tenha havido participação do contratado na irregularidade em comento.

A irregularidade pode ser considerada materialmente relevante.3 – Classificação: GraveTipo: Irregularidade graves concernentes ao aspecto ambientalDescrição: Execução de hidrossemeadura em desacordo com as especificações definidas na

norma DNER-ES 341/97, ocasionando significativa perda de qualidade dos serviços executados.É recomendável o prosseguimento da obra ou serviço ? SimJustificativa: A irregularidade, com a continuidade da obra, não ensejará prejuízos ao Erário,

visto que os problemas detectados poderão ser sanados até a entrega da obra.Presume-se que a irregularidade em apreço não gera nulidade contratual, mas adaptação de

determinados preços unitários, tornando-os condizentes com os serviços efetivamente executados.A irregularidade pode ser considerada materialmente relevante, haja vista suas implicações

financeiras e sob o aspecto ambiental.4 – Classificação: Outras Irregularidades

262

Page 263: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

Tipo: Impropriedades relacionadas à documentaçãoDescrição: O Edital de Licitação referente à Concorrência nº 071/2002-CPL/04 apresentou as

seguintes falhas:a) item 2.3: previsão de pagamento por ‘imprevistos’, sem previsão legal;b) subitem 2.3.2: acolhimento de reajuste por atraso de pagamento em desacordo com o

disposto no art. 28 da Lei nº 9.069, de 29/06/1995, contrariando, inclusive, o subitem 17.1 do mesmo Edital;

c) item 13.1, alíneas ‘e.3’ e ‘e.4’: admissão de preço unitário em valor superior ao orçado pela Administração, ainda que supostamente justificável, por absoluta falta de previsão legal (cf. Lei nº 8.666, arts. 40, inciso X e 43, inciso IV).

Esclarecimentos Adicionais:O Deracre deverá submeter as minutas dos editais e contratos à área jurídica competente para

que sejam revistos os pontos acima assinalados.5 – Classificação: Outras IrregularidadesTipo: Impropriedades na celebração do contratoDescrição: A Cláusula Quarta do Contrato nº 4.02.210B (Processo nº 003.221/02) prevê

condição não prevista em Lei para pagamento ao contratado (‘ocorrência de imprevistos’).Esclarecimentos Adicionais:O Deracre deverá ser alertado para que se abstenha de inserir cláusulas em contratos, sem que

haja previsão legal, como o pagamento por ‘ocorrência de imprevistos’.6 – Classificação: Outras IrregularidadesTipo: Processo licitatório com irregularidades relevantesDescrição: Não houve atendimento ao disposto no art. 21, § 4º, da Lei de Licitações, visto

que o Aviso de Retificação da Licitação da Concorrência nº 071/2002-CPL/04-Governo do Estado do Acre não foi publicado com antecedência de 30 (trinta) dias da abertura do procedimento, e que a alteração implicava na formulação das propostas.

7 – Classificação: Outras IrregularidadesTipo: Impropriedades relacionadas à documentaçãoDescrição: O Deracre não juntou aos autos os comprovantes de publicação resumida do

instrumento de contrato ou de seus aditamentos na imprensa oficial, que é condição indispensável para sua eficácia (Lei nº 8.666, art. 61, parágrafo único).

Esclarecimentos Adicionais:O Deracre deverá juntar aos autos os comprovantes das publicações resumidas dos

instrumentos de contrato ou de seus aditamentos na imprensa oficial, que é condição indispensável para sua eficácia, nos termos do art. 61, parágrafo único, da Lei nº 8.666/93, incluído pela Lei nº 8.883, de 8.6.94).

8 – Classificação: Outras IrregularidadesTipo: Impropriedades no processo licitatórioDescrição: Publicação, por parte da Comissão Permanente de Licitação CPL/AC-04, de

edital, relativo à Concorrência nº 071/2002, contendo cláusulas que permitiam proceder o julgamento das propostas apresentadas pelos licitantes de forma subjetiva, contrariando o art. 3º da Lei de Licitações.

9 – Classificação: Outras IrregularidadesTipo: Execução irregular de obraDescrição: A Empreiteira responsável pela construção da BR-317 (segmento Brasiléia-Assis

Brasil), não apresentou a comprovação de que foi promovida a anotação do contrato no Crea/AC com jurisdição do local da obra, nos termos do art. 1º da Lei nº 6.496/77.

Esclarecimentos Adicionais:O Deracre deverá ser alertado para que exija o cumprimento dessa medida por parte da

Empresa contratada.10 – Classificação: Outras IrregularidadesTipo: Retardamento injustificado de desembolsoDescrição: O DNIT vem postergando o pagamento das medições realizadas e aprovadas, o

que poderá ensejar alteração ou rescisão contratual, com vistas a ser mantido o equilíbrio

263

Page 264: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

econômico-financeiro. Tal medida desestimula a iniciativa privada e incentiva o encarecimento ‘artificial’ das obras.

Esclarecimentos Adicionais: O cronograma de faturamentos/recebimentos juntados aos autos (vol. 2, fls. 91) demonstra que, em alguns casos, os atrasos nos pagamentos foram superiores a 160 dias.

O DNIT deverá justificar, por meio de diligência, as razões pelo atraso constatado.”

9.Além dessas, foram observadas outras duas irregularidades, comuns aos contratos números 4.01.058A e 4.02.210B, abaixo descritas:

“1 – Classificação: Outras IrregularidadesTipo: Execução irregular de obraDescrição: A inclinação de alguns taludes de corte nos subtrechos em execução pela

Empreiteira contratada pelo Deracre (Km 358 ao Km 408; e Km 408 ao Km 413,74; Km 414,66 ao Km 415,12 e Km 416,75 ao Km 418) não vem observando, rigorosamente, as especificações técnicas constantes do Projeto Básico que compôs o Processo Licitatório.

Esclarecimentos Adicionais: A execução de taludes de corte com inclinação acentuada, favorecendo fraturas e deslizamentos, tem merecido o constante acompanhamento pelo Tribunal, visto que essa falha vem perdurando na construção da BR-317 no Estado do Acre, conforme consta do TC–009.746/2000-9 (Decisão da 2ª Câmara de 16/11/2000 – Relação nº 85/2000 – Ata nº 42/2000).

Conforme pode ser observado nos Relatórios Fotográficos juntados aos autos, inclusive em CD-ROM, e, em especial, nos Relatórios de Monitoramento Ambiental do Imac (vol. 6, fls. 46, foto 03 e outras) a inclinação acentuada de taludes compromete a estabilidade dos mesmos, podendo prejudicar a segurança da rodovia.

2 – Classificação: Outras IrregularidadesTipo: Execução irregular de obraDescrição: Execução da mistura solo-cimento diretamente na pista, em desacordo com o

projeto executivo e com os contratos firmados, gerando pagamentos a maior à empresa contratada.”

10.Por último, a equipe de auditoria deixou consignada a seguinte falha, observável em todo o empreendimento:

“Classificação: Outras IrregularidadesTipo: Falhas referentes ao meio ambienteDescrição: As medidas mitigadoras determinadas pelo Instituto do Meio Ambiente do Estado

do Acre – Imac (constantes dos processos de licenciamento), com vistas a atenuar os danos ambientais advindos da construção da BR-317, trecho entre Brasiléia – Assis Brasil (Km 308 – Km 418) vem sendo cumpridas de forma insatisfatória e intempestiva, podendo comprometer a integridade da rodovia e a segurança dos usuários.”

11.Considerando todas essas irregularidades, e ainda, que as mais graves são passíveis de correção sem necessidade de interrupção do fluxo de recursos orçamentários para as obras, a equipe de auditoria concluiu seu trabalho com as seguintes propostas (fls. 150 a 153, vol. principal):

“a) determinação ao Deracre – Departamento de Estradas e Rodagem do Estado do Acre para que:

1) ‘intensifique a fiscalização que lhe está afeta quanto à construção de obras rodoviárias no Estado do Acre, por meio de convênios de delegação, com vistas a assegurar a utilização econômica e racional dos recursos recebidos, a qualidade dos serviços executados e sua regular manutenção, exigindo-se do contratado a adoção das medidas preventivas e corretivas pertinentes, de sua exclusiva responsabilidade, observando-se, ainda, no que couber, os termos dos arts. 58, incisos I a V, 69, 70, e 116, § 3º, incisos I a III, da Lei nº 8.666/93;

2) ‘realize os estudos pertinentes para quantificar eventuais valores pagos a maior à firma

264

Page 265: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

Tercam – Engenharia e Empreendimentos Ltda., responsável pela construção de 57,5 Km da rodovia BR-317 (Brasiléia – Assis Brasil), relativos à proteção ambiental, de responsabilidade unilateral da Empresa contratada, fazendo-se as adequações e compensações pertinentes nos contratos e medições realizadas ou a realizar, informando a este Tribunal os resultados dos estudos realizados e demais providências adotadas, no prazo de 60 (sessenta) dias, a contar da notificação;’

3) ‘quantifique os valores pagos a maior à firma Tercam – Engenharia e Empreendimentos Ltda., responsável pela construção de 57,5 Km da rodovia BR-317 (Brasiléia – Assis Brasil), pela mistura do solo-cimento diretamente na pista, e não em usina, conforme previsto nos editais licitatórios, nos projetos básico e executivo, nas propostas da Empresa e nos instrumentos pactuados, sem prévia anuência do DNIT, procedendo as devidas compensações, seja nas medições já efetuadas (pagas ou não), seja nas futuras, informando a este Tribunal as medidas adotadas, no prazo de 60 (sessenta) dias, a contar da notificação;’

4) ‘zele para que sejam observadas as normas e especificações técnicas, emanadas do Departamento Nacional de Infra-estrutura de Transportes – DNIT, bem assim as constantes dos projetos básicos e executivos, de modo a assegurar a qualidade e durabilidade às rodovias federais em construção no Estado do Acre, cujos recursos são repassados mediante convênios de delegação;’

5) Acompanhe os trabalhos de impermeabilização da camada asfáltica, nos locais onde foram observados trincamentos prematuros no subtrecho da BR-317 (Km 358 – Km 408), com vistas a assegurar a qualidade dos serviços, informando a este Tribunal os resultados alcançados, tão logo haja a conclusão dos serviços;’

6) ‘ajuste os preços unitários do Contrato nº 4.02.210B aos valores de mercado, adotando-se como referência os custos unitários constantes do Sistema de Custos Rodoviários – Sicro, do Departamento Nacional de Infra-estrutura Terrestre – DNIT, válidos para a Região Norte, e, em especial, os preços ofertados pela Contratada na licitação anterior (Concorrência nº 005/2001 – Contrato nº 4.01.058A), atualizando-os de acordo com os índices oficiais para a data-base da proposta apresentada pela Empresa (setembro/2002);’

7) ‘corrija os valores constantes da 1ª Medição do Contrato nº 4.02.210B, com base nos novos preços, ajustados nos termos do item precedente;’

8) ‘abstenha-se de incluir critérios e condições em instrumentos convocatórios de licitação, sem previsão legal, como, por exemplo, a admissão de preços unitários em limite superior ao orçado pela Administração ou fixado por órgão oficial (DNIT), contrariando os arts. 40, inciso X e 43, inciso IV, da Lei nº 8.666/93; o acolhimento de reajuste por atraso de pagamento em desacordo com o disposto no art. 28 da Lei nº 9.069/95; e a admissão de pagamento por situações imprevistas;’

9) ‘exija das empresas contratadas a anotação dos respectivos instrumentos contratuais no Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura – Crea com jurisdição do local da obra, nos termos do art. 1º da Lei nº 6.496/77;’

10) ‘junte aos autos os comprovantes das publicações resumidas dos instrumentos de contrato ou de seus aditamentos na imprensa oficial, que é condição indispensável para sua eficácia, nos termos do art. 61, parágrafo único, da Lei nº 8.666/93;’

11) ‘cuide para que os Avisos de Retificação de instrumentos convocatórios sejam publicados com a mesma antecedência da publicação inicial, quando as alterações implicarem na formulação das propostas, nos termos do disposto no art. 21, § 4º, da Lei de Licitações.’

b) determinação ao Departamento Nacional de Infra-estrutura de Transportes – DNIT para que:

1) ‘intensifique a fiscalização que lhe está afeta quanto à construção de obras rodoviárias no Estado do Acre, por meio de convênios de delegação, com vistas a assegurar a utilização econômica e racional dos recursos repassados, a qualidade dos serviços executados e sua regular manutenção, exigindo-se do órgão delegado que o contratado adote as medidas preventivas e corretivas pertinentes, observando-se, ainda, no que couber, os termos dos arts. 58, incisos I a V, 69, 70, e 116, § 3º, incisos I a III, da Lei nº 8.666/93;’

2) ‘acompanhe os trabalhos de impermeabilização da camada asfáltica, nos locais onde foram observados trincamentos prematuros no subtrecho da BR -317 (Brasiléia – Assis Brasil – Km 358 – Km 408), no Estado do Acre, com vistas a assegurar a qualidade dos serviços;’

3) ‘adote providências para o cumprimento da Portaria nº 006, de 26/11/2002, do Sr.

265

Page 266: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

Coordenador da 22ª Unidade de Infra-Estrutura Terrestre/RO-AC, que versa sobre o recebimento dos serviços de construção da BR-317, trecho Brasiléia – Assis Brasil, com extensão de 2,5 Km, objeto do Convênio de Delegação de Encargos nº PG-053/2001-00, assinado em 03/09/2001, com o Ministério da Defesa/Comando do Exército Brasileiro – 7º Batalhão de Engenharia e Construção – 7º BE Cnst;’

4) ‘ao receber a obra referente ao subtrecho recém-asfaltado da BR-317 pelo 7º BE Cnst (Km 413,74 – Km 414,66 e Km 415,17 – Km 416,75), segmento Brasiléia-Assis Brasil, assegure que não haja falhas construtivas relevantes, a exemplo do trincamento prematuro da camada asfáltica; danos em dispositivos de drenagem superficial e profundo; erosões significativas em taludes de corte e aterro; bem como prejuízos ambientais não-mitigados em áreas de empréstimo, bota-foras, jazidas e caminhos de serviço, de modo a assegurar a qualidade e durabilidade da rodovia;’

5) ‘informe a este Tribunal as razões ensejadoras do acentuado atraso no repasse dos recursos atinentes aos Contratos 4.01.058A e 4.02.210B, firmados pelo Governo do Estado do Acre, por meio do Departamento de Estradas e Rodagem – Deracre, com a firma Tercam – Engenharia e Empreendimentos Ltda.’

c) determinação ao Departamento de Engenharia e Construção do Exército – 7º Batalhão de Engenharia e Construção para que:

1) ‘institua Plano de Monitoramento Ambiental, com base nos Estudos de Impacto Ambiental e no Relatório de Impacto do Meio Ambiente (EIA/Rima), bem assim no Plano de Controle Ambiental (PCA), com vistas a identificar, acompanhar, priorizar e adotar medidas preventivas e corretivas relativas aos pontos críticos com impactos ambientais significativos à área de influência direta do subtrecho da BR-317 sob sua responsabilidade, em especial quanto aos que podem causar danos à segurança dos usuários e/ou à pista de rolamento;’

2) ‘apresente ao Instituto do Meio Ambiente do Estado do Acre – Imac, bimestralmente, cópia do relatório de acompanhamento da execução das ações mitigadoras, nos termos da Licença de Instalação nº 022/02, sob pena de sofrer a sanção prevista no item 15 do Termo de Compromisso de que trata a aludida Licença (suspensão) e demais penalidades previstas em lei;’

3) ‘realize estudos com vistas a diagnosticar as causas do trincamento prematuro observado em torno das estacas 5431/5432 do subtrecho recém-asfaltado da BR-317 (Km 413,74 – Km 414,66 e Km 415,17 – Km 416,75), segmento Brasiléia-Assis Brasil e corrija as falhas constatadas, informando a este Tribunal os resultados atingidos, no prazo de 60 (sessenta) dias, a contar da notificação;’

4) ‘proceda, doravante, à contratação de Serviço Telefônico Fixo Comutado – STFC mediante a realização de procedimentos licitatórios, ressalvadas as hipóteses previstas nos arts. 24 e 25 da Lei nº 8.666/93, desde que devidamente fundamentadas e instruídas nos termos do art. 26, da mesma Lei, devendo considerar, ainda, para fins de enquadramento na modalidade licitatória, o valor global da despesas, ou seja, o somatório dos valores estimados para o período a ser contratado;’

5) ‘observe a Instrução Normativa nº 01/97 – STN, especialmente o art. 30, quando da execução financeira e elaboração de prestação de contas de recursos de convênios, de forma a estabelecer a correta identificação das despesa, evitando dúvidas quanto ao nexo entre as despesas realizadas e o objeto conveniado;’

6) ‘evite o fracionamento de despesas com fuga ao procedimento licitatório obrigatório, especialmente nas aquisições de gêneros alimentícios perecíveis, observando, caso ocorra a hipótese de dispensa fundamentada no inciso XII do art. 24 da Lei 8.666/93, que esta seja somente pelo tempo necessário para a realização dos processos licitatórios.’

d) a audiência dos Srs. Sérgio Yoshio Nakamura, Diretor Geral do Deracre, e Joselito José da Nóbrega, Diretor do Departamento de Obras do Deracre, juntamente com os integrantes da Comissão Permanente de Licitação 04, nomeada através do Decreto nº 4.682, de 11/01/2002, do Governo do Estado do Acre, Srs. Emanoel Messias França, Presidente; Alexsander Menezes Mendes, Secretário, Rosimar Gomes de Moura e Jailson Barbosa de Souza, membros, por terem permitido a ocorrência de sobrepreço, equivalente a R$249.688,57, nos itens relativos à terraplanagem (cf. planilha às fls. 130, vol. 2), em relação aos valores máximos orçados pelo Contratante, descumprindo-se, por conseguinte, os arts. 40, inciso X, e 43, inciso IV, da Lei nº 8.666/93, visto que o Edital da Concorrência nº 071/2002 – CPL/04, sob regime de execução de

266

Page 267: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

empreitada por preços unitários, previu aceitação de proposta de preços em limite superior ao orçado pela Administração;

e) audiência do Sr. Sérgio Yoshio Nakamura por ter permitido o superfaturamento, no valor de R$223.510,13, relativamente aos serviços de terraplanagem; pavimentação; drenagem; sinalização e segurança de trânsito; e obras complementares constatado na 1ª Medição do Contrato nº 4.02.210B, de acordo com os valores de mercado, in casu, os próprios preços ofertados pela Empreiteira em Concorrência anterior, para segmento contíguo (Concorrência nº 005/2001), nos termos da planilha de fls. 141 – vol. 2, consoante jurisprudência pacífica deste Tribunal constante dos seguintes julgados: Decisões Plenárias nºs 820/1997, 931/2000, 508/2001, 1.028/2001, 1.090/2001, 179/2002, 374/2002, 417/2002, 1.168/2002, 1.453/2002, 1.640/2002, 1.713/2002 e Acórdão nº 040/2003-Plenário;

f) apensamento destes autos ao TC– 006.921/2002-3, Fiscobras-2002, que trata do mesmo objeto, e modificação da natureza deste processo para ‘ACOMPANHAMENTO’;”

12.O Sr. Secretário de Controle Externo, após analisar os elementos dos autos, apresentou as seguintes propostas (fls. 153 a 157, vol. principal):

“a) audiência do responsável, Sr. Paulo Jose dos Santos, Comandante do 7º Batalhão de Engenharia e Construção, para ‘apresentar razões de justificativa sobre os indícios de desvio de finalidade constatados na prestação de contas do Convênio nº 414166, tendo em vista a contabilização de 750.000 litros de óleo diesel, adquiridos por intermédio da Tomada de Preços 005-CPL/2001, como se tivessem sido empregados efetivamente na construção de 2,5 Km da rodovia BR 317/AC, subtrecho Brasiléia/Assis Brasil, tendo em vista o levantamento preliminar realizado, constante nos autos, indicar que o volume adquirido desse insumo supera sobremaneira as reais necessidades para a construção da obra em comento, haja vista, inclusive, a contratação da prestação de serviços de terceiros pelo 7º BECnst, mediante a realização dos processos licitatórios Tomadas de Preços nº 004 e nº 009-CPL/2001, implicando, tal situação, desrespeito aos princípios da razoabilidade e da legalidade, ensejando o cometimento de ato de improbidade administrativa, previsto no art. 11, inc. I, da Lei nº 8.429/92’, e, ainda, ‘apresentar demonstrativo detalhado de consumo de óleo diesel incorrido por unidade de serviço, com base nas planilhas de composição de preços unitários fornecidos pelo Sistema Sicro/DNIT, levando-se em conta as horas efetivamente trabalhadas pelo 7º BECnst e as características próprias dos equipamentos empregados, de modo a comprovar os reais gastos desse combustível durante as distintas fases construtivas do segmento rodoviário de 2,5 Km em questão’.

b) audiência do responsável Sr. Fernando Cesar Costa Goncalves Loiola, ex-comandante do 7º Batalhão de Engenharia e Construção, para ‘apresentar razões de justificativa sobre a aplicação improcedente de parte dos recursos oriundos do Convênio nº 414166, em razão da realização da Tomada de Preços 005-CPL/2001, tendo como objeto a aquisição do volume de 750.000 litros de óleo diesel, montante esse considerado extremamente abusivo, face às reais necessidades desse insumo para a construção de 2,5 Km da rodovia BR 317/AC, subtrecho Brasiléia/Assis Brasil, conforme ficou evidenciado pelo levantamento preliminar constante nos autos, que sinalizou a compra de um volume aproximado de 590.000 litros a mais (12,5 vezes) do que seria efetivamente necessário, haja vista, inclusive, a terceirização realizada pelo 7º BECnst no que diz respeito à prestação de diversos serviços da obra em comento, conforme processos licitatórios Tomadas de Preços nº 004 e nº 009-CPL/2001, implicando tal procedimento desrespeito ao princípio da razoabilidade, além de propiciar tal atitude possível cometimento solidário de desvio de finalidade;

c) determinação ao Departamento Nacional de Infra-estrutura de Transportes – DNIT no sentido de que:

1) ‘intensifique o acompanhamento e a fiscalização sobre a construção das rodovias do Estado do Acre, de modo a garantir não somente a aplicação racional dos recursos públicos repassados, mas também a boa qualidade das obras executadas, informando ao TCU, no prazo de 90 dias, sobre as providências tomadas’;

2) ‘abstenha-se de assinar termos de recebimentos de obras que, por ventura, apresentarem pendências construtivas e/ou corretivas, a exemplo da constatação da existência de trincamentos

267

Page 268: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

prematuros na camada asfáltica, problemas nos elementos de drenagem, erosões em taludes e especialmente os danos ambientais não mitigados, localizados na rodovia BR 317, subtrecho Brasiléia/Assis Brasil (Km 358 ao Km 408), passando a exigir tanto do órgão delegado como das empresas contratadas a entrega das obras executadas em perfeita condições de uso, observando, ainda, no que couber os termos dos arts. 58, incisos I a V, 69, 70 e 116, § 3º, incisos I a III, todos da Lei nº 8.666/93’;

3) ‘adote providências de modo a possibilitar o cumprimento da Portaria nº 006, de 26/11/2002, de autoria do coordenador da 22ª Unidade de Infra-Estrutura Terrestre/RO-AC’;

4) ‘preste, a este Tribunal, esclarecimentos sobre o acentuado atraso verificado no repasse dos recursos relativos aos Contratos 4.01.058A e 4.02.210B, firmados entre o Deracre e a empresa TERCAN Engenharia’.

d) determinação ao Departamento de Engenharia e Construção do Exército – 7º Batalhão de Engenharia e Construção no sentido de que:

1) ‘realize estudos com vistas a diagnosticar as causas do trincamento prematuro constatado no segmento rodoviário recém-asfaltado da BR 317/AC, bem como proceda a correção desse defeito, informando ao TCU, no prazo de 60 dias, as medidas adotadas’;

2) ‘providencie, de acordo com as exigências preconizadas nos termos de licenças, planos e estudos de impactos ambientais desenvolvidos, a adoção das medidas mitigadoras, ainda, pendentes de implementação, de modo a minimizar os danos ambientais provocados em razão do empreendimento de construção de 2,5 Km da rodovia BR 317/AC’;

3) ‘identifique, de imediato, todos os originais dos documentos utilizados na prestação de contas do Convênio nº 414166, passando, doravante, a observar sistematicamente os ditames da Instrução Normativa nº 01/97-STN, especialmente o art. 30 desse normativo, de forma a estabelecer a correta identificação das despesas realizadas’;

4) ‘abstenha-se de proceder fracionamento de despesas que implique a configuração de fuga à realização do devido procedimento licitatório, a exemplo das aquisições de gêneros alimentícios perecíveis procedidas por esse batalhão, passando, doravante, a observar atentadamente as situações fáticas de aplicação de hipótese de dispensa de licitação, fundamentada no art. 24, inc. XII, da Lei nº 8.666/93’;

5) ‘contrate, doravante, serviços de telefonia fixa somente mediante realização do devido procedimento licitatório, ressalvadas as hipóteses previstas nos arts. 24 e 25 da Lei nº 8.666/93, desde que, devidamente fundamentadas e instruídas nos termos do art. 26, da citada lei, devendo considerar, para fins de enquadramento na modalidade licitatória, o somatório dos valores estimados das despesas (valor global) no período a ser contratado’.

e) determinação ao Departamento de Estradas e Rodagem do Estado do Acre – Deracre no sentido de que:

1) ‘intensifique a fiscalização, que lhe está afeta, sobre a aplicação dos recursos públicos federais repassados por meio de convênios, principalmente na fase de conclusão das obras de construção de rodovias, com vistas a assegurar a utilização econômica e racional desses recursos, exigindo-se dos contratados a adoção das medidas preventivas e corretivas, visando garantir a qualidade dos serviços executados, observando-se, ainda, no que couber, os termos dos arts. 58, incisos I a V, 69, 70, e 116, § 3º, incisos I a III da Lei nº 8.666/93’;

2) ‘realize levantamento sobre os serviços relativos à proteção ambiental, de responsabilidade unilateral da Empresa contratada, Tercam – Engenharia e Empreendimentos Ltda., responsável pela construção de segmento de 57,5 Km da rodovia BR-317 (subtrecho Brasiléia/Assis Brasil), de modo a quantificar eventuais valores pagos a maior, fazendo-se as adequações contratuais e compensações financeiras pertinentes às medições realizadas ou a realizar, informando a este Tribunal, no prazo de 60 (sessenta) dias, os resultados e as providências adotadas’;

3) proceda levantamento dos valores pagos a maior à firma Tercam – Engenharia e Empreendimentos Ltda., desde a 1ª Medição do Contrato nº 4.02.210B, em razão da execução, do segmento de 57,5 Km da rodovia BR-317, subtrecho Brasiléia – Assis Brasil, da mistura do solo-cimento diretamente na pista, e não em usina, contrariando o que fora previsto nas propostas licitatórias e nos instrumentos contratuais pactuados, de modo a implementar as devidas compensações financeiras, seja nas medições já efetuadas (pagas ou não), seja nas futuras,

268

Page 269: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

informando a este Tribunal as medidas adotadas, no prazo de 60 (sessenta) dias’;4) ‘exija a regularização, perante o Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura –

Crea/AC, da anotação de responsabilidade técnica dos contratos firmados com as empresas de engenharia, nos termos do art. 1º da Lei nº 6.496/77’;

5) ‘passe, doravante, a proceder a juntada, aos correspondentes processos administrativos, dos comprovantes das publicações resumidas dos instrumentos de contratos e aditamentos na imprensa oficial, que é condição indispensável para sua eficácia, nos termos do art. 61, parágrafo único da Lei nº 8.666/93’;

6) ‘cuide, doravante, para que os avisos de retificação de instrumentos convocatórios sejam publicados com a devida antecedência, no caso de ocorrências de alterações que implicarem na formulação das propostas, de modo a cumprir o disposto no art. 21, § 4º da Lei de Licitações’;

7) ‘zele para que sejam observadas rigorosamente as normas técnicas emanadas do Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes – DNIT, bem como as especificações advindas dos projetos básicos e executivos, objetivando assegurar a solidez e a boa qualidade da rodovias financiadas pelos recursos públicos federais’;

8) ‘acompanhe atentadamente os trabalhos de impermeabilização da camada asfáltica, nos locais onde foram detectados trincamentos prematuros no pavimento da rodovia da BR-317, subtrecho Km 358 – Km 408, com vistas a assegurar a sua perfeita restauração’;

9) abstenha-se, doravante, de incluir cláusulas e condições nos instrumentos convocatórios que possam permitir o julgamento subjetivo das propostas licitatórias, passando a observar atentadamente os ditames dos arts. 3º, 40, inciso VII, 43, inciso V, da Lei nº 8.666/93;

f) apensar esses autos aos do TC– 006.921/2002-3, para apreciação em conjunto, por tratarem de mesmo objeto, e modificar a natureza desse processo para ‘ACOMPANHAMENTO’;

g) audiência dos Srs. Sérgio Yoshio Nakamura, Diretor-Geral do Deracre e Joselito José da Nóbrega, Diretor do Departamento de Obras do Deracre, juntamente com os integrantes da Comissão Permanente de Licitação 04, nomeada através do Decreto nº 4.682, de 11/01/2002, do Governo do Estado do Acre: Emanoel Messias França, Presidente; Alexsander Menezes Mendes, Secretário, Rosimar Gomes de Moura e Jailson Barbosa de Souza, membros, pela elaboração de orçamento contendo preços unitários e global cotados bem acima do indicado no Sicro2, sem apresentação de justificativas, ensejando que a Concorrência nº 071/2002-CPL/04 tenha sido alvo de licitação imperfeita, haja vista a constatação de suposta aceitabilidade de proposta de preços desconformes com o mercado, dando azo a sobrepreço e superfaturamento, aliada ao fato da restrita competitividade verificada nesse certame licitatório que recebera proposta única e a comparação efetuada entre os custos dos itens de pavimentação e drenagem, constantes no Sistema Sicro2 e no orçamento base do Deracre, apontar majoração dos preços da ordem de 137,39% e 153,47%, respectivamente e o preço global das planilhas apresentam uma diferença da ordem aproximada de 54,88%, ou seja, significando finalmente apresentação de orçamento com sobrepreço considerável da ordem de R$3.370.508,21. À título exemplificativo, verifica-se que o custo unitário do subitem sub-base estabilizada granulometricamente c/ mistura de solo-areia na pista cotado com preço de R$8,14 no Sicro2 foi orçado, pelo Deracre, ao preço de R$43,37, portanto havendo uma acréscimo de 432,80%.

h) audiência do Sr. Sérgio Yoshio Nakamura, Diretor-Geral do Deracre, para apresentar razões de justificativa quanto a:

1) execução de ‘serviços de hidrossemeadura em desacordo com as especificações preconizadas pela norma DNER-ES 341/97, ocasionando significativa perda de qualidade na maioria dos serviços prestados pela empresa contratada, deixando-se de assegurar os resultados esperados, ensejando potencialmente futuros prejuízos à solidez da obra em virtude da ocorrência de erosões nos taludes de corte/aterro e áreas de bota-fora, além de poder causar danos ambientais’;

2) ocorrência de ‘sobrepreço no Contrato nº 4.02210B, assinado em out/2002, da ordem de R$3.185.042,34 (cerca de 51,86%), obtida a partir da comparação entre o preço total da proposta contratada (R$9.326.615,29) e o total obtido a partir dos preços unitários fornecidos pelo Sicro2 (R$6.141.572,95 – data base set/2002), o que poderá ensejar também superfaturamento à medida que ocorrerem os pagamentos das cobranças das medições executadas;”

269

Page 270: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

13.O Ministério Público não atuou.É o Relatório.

PROPOSTA DE DECISÃO

Conforme antecipado no relatório, a equipe de auditoria suscitou inúmeras falhas em dois contratos e um convênio celebrados ao abrigo do programa de trabalho sob análise. Em conseqüência, propôs a audiência dos responsáveis por algumas das falhas mais graves, e, ainda, a expedição de determinações. Não obstante a gravidade de algumas das falhas, restou recomendado pela equipe o prosseguimento de todos os contratos, uma vez que as situações irregulares poderiam ser sanadas sem qualquer interrupção nos serviços.

2.Antecipo minha concordância, em linhas gerais, com as análises e propostas oferecidas pela Secex/AC. Considero necessário, entretanto, tecer considerações relativamente a algumas das questões suscitadas, que ensejarão adaptação nas medidas sugeridas pela Unidade Técnica.

3.Relativamente ao convênio nº 414166 (Siafi), as falhas relacionadas à ocorrência de sobrepreço e à ausência de licenciamento ambiental já estão sendo tratadas no TC–006.921/2002-3 – auditoria na mesma obra, sob relatoria do Ilustre Ministro Marcos Vilaça –, pelo que entendo desnecessária a adoção de qualquer medida nesses autos. Quanto à possível aquisição de óleo diesel em quantidade excessiva, tido como indício de desvio pela equipe de auditoria, entendo não só que os responsáveis devam ser ouvidos em audiência, mas também que o Departamento de Engenharia e Construção do Exército deve apresentar justificativas, o que possibilitará eventual ajuste de contas, se confirmadas as suspeitas. Entendo, ainda, que as demais irregularidades observadas na execução desse convênio podem ser sanadas pela expedição das determinações sugeridas pelo Sr. Secretário de Controle Externo.

4.Quanto ao contrato nº 4.02.210B, no valor de R$9.326.615,29, assinado com a empresa Tercam Engenharia e Empreendimentos Ltda., entendo que os indícios de sobrepreço são suficientes não só para que se determine ao Deracre que reavalie os preços e quantitativos pactuados, mas também que não efetue qualquer pagamento adicional à empresa contratada, até que essa questão tenha sido completamente analisada e/ou repactuada, se for o caso, em prazo que sugiro seja de 45 dias, e as respectivas justificativas – ou o aditivo ao contrato – tenham sido submetidos e aprovados por esta Corte. O fato de o orçamento básico elaborado pela administração já ter previsto valores elevados para certos itens, acima daqueles previstos no sistema Sicro-2, sem justificativas prévias, deverá ser analisado na mesma oportunidade. As falhas observadas na execução da hidrosemeadura poderão ser sanadas pela expedição de determinação, condicionando-se o pagamento do valor integral relativo a esse item à adoção das ações corretivas pela empresa contratada, não sendo necessário, nesse momento, a audiência do responsável, conforme sugerido.

5.Entendo que as demais falhas observadas na execução desse contrato poderão ser sanadas com a expedição das determinações sugeridas pelo Sr. Secretário de Controle Externo, com as adequações de estilo que se fizerem necessárias.

6.Com relação à execução do contrato nº 4.01.058A pela mesma empresa, Tercam Engenharia e Empreendimentos Ltda., entendo que as falhas relacionadas ao aparecimento de trincas no revestimento asfáltico e aos defeitos de construção e manutenção dos sistemas de escoamento de água merecem uma atenção especial por parte do Deracre, e mesmo do DNIT, vez que relacionadas à durabilidade do empreendimento, pelo que proporei a expedição de determinações e de acompanhamento em termos mais rigorosos que aqueles propostos pela Unidade Técnica, exigindo a adoção das medidas corretivas tecnicamente recomendáveis e o encaminhamento, por ambos os órgãos, de manifestação a respeito das soluções eventualmente adotadas.

7.Especificamente quanto ao trincamento, e caso se confirme, em análise conclusiva a ser determinada ao Deracre, que sua causa se deve à execução defeituosa da base de solo-cimento da rodovia, medidas mais rigorosas – incluindo a obrigação de adoção, pela contratada, das medidas corretivas tecnicamente viáveis – deverão ser eventualmente adotadas. Adicionalmente, deverá o Deracre analisar se o trincamento do asfalto pode ocorrer em outros subtrechos, nos quais ainda não foi observado, caso em que deverá adotar, inclusive junto è empresa contratada, a adoção das medidas preventivas e corretivas cabíveis.

270

Page 271: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

8.Entendo que a execução da mistura de solo-cimento diretamente na pista, e não em usina, contrariando o projeto, o orçamento, o contrato e o preço pago é irregularidade suficientemente grave para ensejar a audiência da empresa envolvida, dos administradores do Deracre e dos integrantes das equipes de fiscalização que deram anuência ao procedimento, audiência essa que deverá ser incluída entre aquelas propostas pela Unidade Técnica.

9.Relativamente a esses dois contratos com a empresa Tercam, a equipe de auditoria registrou que os taludes de corte foram realizados com inclinação excessivamente acentuada, fora das especificações técnicas, o que favorece a ocorrência de fraturas e deslizamentos, que poderão vir a comprometer a segurança e a utilização da rodovia, o que também exige a expedição de rigorosa determinação ao Deracre no sentido de que tal falha seja retificada antes do pagamento integral da obra e de sua aceitação final.

10.Por último, a equipe de auditoria observou que as medidas necessárias a atenuar os danos ambientais provocados pela construção da rodovia estão sendo cumpridas de forma insatisfatória e intempestiva. Entendo tratar-se de questão grave, que exige rigoroso cumprimento, por parte dos executores de obras de tal porte, e acompanhamento, por parte dos órgãos contratantes, pelo que proponho seja concedido prazo para que o Deracre e o DNIT se manifestem sobre a questão.

11.Acolho, ainda, a proposta de juntada desses autos ao TC–006.921/2002-3, sob relatoria do Ilustre Ministro Marcos Vilaça. O Acórdão nº 171-Plenário, de 26.02.2003, dá margem a entendimento no sentido de que apenas os processos que tratem de mesmas irregularidades devem ser apensados. Este processo, apesar de se referir a algumas irregularidades que já se encontram em análise no outro citado TC, descortina inúmeras outras, também relevantes, o que, nos termos do citado Acórdão, talvez não permitisse a juntada. Não obstante, observo que várias das irregularidades encontram-se bastante interrelacionadas, recomendando uma condução e apreciação conjunta. Observo, ademais, que a apuração e correção das falhas, por sua relavância, por terem como responsáveis os mesmos administradores, por exigirem a adoção de medidas simultâneas por mesmos órgãos, encontrará melhor tratamento sob condução de um único relator. Finalmente, observo que a apreciação deste Tribunal sobre as irregularidades observadas nesses processos objetiva, precipuamente, fornecer à Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização do Congresso Nacional uma visão sobre a execução da BR-317/AC, Comissão esta que se encontrará atendida com maior clareza e objetividade se as informações emanadas desta Corte provierem de decisões únicas, eliminando os riscos e a aparência de redundância.

Ante o exposto, divergindo apenas parcialmente e complementando as propostas oferecidas pela Unidade Técnica, proponho que o Tribunal adote a decisão que ora submeto a este Plenário.

Sala das Sessões, em 9 de julho de 2003.

Augusto Sherman CavalcantiRelator

ACÓRDÃO Nº 860/2003 – TCU – PLENÁRIO

1. Processo: TC–004.464/2003-2 (com 9 volumes).2. Grupo: II – Classe de Assunto: V – Relatório de Auditoria – Fiscobras/2003.3. Entidade: Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes – DNIT; 7º Batalhão

de Engenharia e Construção – 7º BECnst; e Departamento de Estradas e Rodagem do Estado do Acre – Deracre.

4. Responsável: Sérgio Yoshio Nakamura (CPF 004.641.628-58); Joselito José da Nóbrega (CPF 439.495.334-00); Paulo José dos Santos (CPF 971.414.888-04); Fernando César Costa Gonçalves Loiola (CPF 497.041.927-20); Alexsander Menezes Mendes (CPF 580.761.583-20); Rosimar Gomes de Moura (CPF 434.258.362-34); e Jaílson Barbosa de Souza (CPF 634.443.722-72).

5. Relator: Auditor Augusto Sherman Cavalcanti.6. Representante do Ministério Público: não atuou.7. Unidade Técnica: Secex/AC.

271

Page 272: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

8. Advogado: não consta.

9. Acórdão:VISTOS, relatados e discutidos estes autos de Relatório de Levantamento de Auditoria,

ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, diante das razões expostas pelo Relator, em vista dos achados constantes do relatório de auditoria, em:

9.1. autorizar a audiência dos Srs. Fernando Cesar Costa Goncalves Loiola e Paulo Jose dos Santos, ex-Comandante e Comandante do 7º Batalhão de Engenharia e Construção, respectivamente pela aquisição de 750.000 litros de óleo diesel (tomada de preços 005-CPL-2001) e por indícios de desvio dos produtos, uma vez que tal volume de combustível aparenta excessivo, quando confrontado com os serviços efetivamente realizados pelo citado Batalhão na execução da obra objeto do convênio Siafi nº 414166;

9.2. autorizar a audiência dos Srs. Sérgio Yoshio Nakamura, Diretor-Geral do Deracre, e Joselito José da Nóbrega, Diretor do Departamento de Obras do Deracre, juntamente com os integrantes da Comissão Permanente de Licitação 04, nomeada por meio do Decreto nº 4.682, de 11/01/2002, do Governo do Estado do Acre, Srs. Emanoel Messias França, Presidente; Alexsander Menezes Mendes, Secretário, Rosimar Gomes de Moura e Jailson Barbosa de Souza, membros, pela elaboração de orçamento contendo preços unitários e global cotados bem acima do indicado pelo Sistema Sicro2, sem apresentação de justificativas, possibilitando a ocorrência de sobrepreço no Contrato nº 4.02210B, assinado em outubro/2002, com a empresa Tercam Engenharia e Empreendimentos Ltda., da ordem de R$ 3.185.042,34 (cerca de 51,86% do valor indicado pelo referido sistema);

9.3. autorizar a audiência da empresa Tercam – Engenharia e Empreendimentos Ltda., dos Srs. Sérgio Yoshio Nakamura, Diretor-Geral do Deracre, e Joselito José da Nóbrega, Diretor do Departamento de Obras do Deracre, juntamente com os integrantes das equipes de fiscalização do Dereacre, pela execução, e pela anuência a essa execução, respectivamente, da sub-base da rodovia em solo-cimento misturado diretamente na pista, e não em usina, em desconformidade com o projeto, orçamento e claúsulas contratuais, e preços pagos, comprometendo, inclusive, a qualidade final do capeamento asfáltico (trincamento);

9.4. determinar ao Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes – DNIT que:9.4.1. intensifique o acompanhamento e a fiscalização da construção da rodovia BR-317/AC,

no Estado do Acre, de modo a garantir não somente a aplicação racional dos recursos públicos repassados, mas também a boa qualidade das obras executadas, especialmente em relação à execução de hidrosemadura, a processos erosivos observados nos taludes de corte e aterro, áreas de empréstimo, bota-fora e caminhos de serviço, o que provoca o assoreamento dos cursos de água adjacentes à rodovia, e à conservação, limpeza e desobstrução dos dispositivos de drenagem; informando ao TCU, no prazo de 45 dias, sobre as providências tomadas;

9.4.2. certifique-se, antes de efetuar qualquer repasse financeiro adicional ao Deracre e ao Departamento de Engenharia e Construção do Exército – 7º BECnst. e antes do recebimento das obras relativas à rodovia sob apreciação nesses autos, de que as falhas suscitadas na presente auditoria (trincamentos prematuros na camada asfáltica, falhas de construção e manutenção nos elementos de drenagem, erosão e inclinação excessiva nos taludes de corte, falhas na implementação de medidas ambientais preventivas e mitigadoras, entre outras) estejam devidamente corrigidas, passando a exigir, tanto dos órgãos delegados como da empresa contratada, a entrega das obras em perfeitas condições de uso, observando, ainda, no que couber, os termos dos arts. 58, incisos I a V, 69, 70 e 116, § 3º, incisos I a III, todos da Lei nº 8.666/93, informando a esta Corte, no prazo de 45 dias, sobre os resultados já alcançados e as providências a serem adotadas;

9.4.3. acompanhe os procedimentos a serem adotados pelo Deracre relativamente à divergências observadas nos preços constantes do contrato com a empresa Tercam – Engenharia e Empreendimentos Ltda. e aqueles constantes do Sistema SICRO-2 (item 9.7.4, abaixo), abstendo-se de efetuar quaisquer repasses financeiros adicionais ao citado órgão estadual, relativamente aos contratos nº 4.01.058A e 4.02.210B, até que essas divergências estejam corrigidas ou plena e individualmente justificadas perante esta Corte;

272

Page 273: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

9.4.4. quando for o momento, adote providências de modo a possibilitar o cumprimento da Portaria nº 006, de 26/11/2002, de autoria do coordenador da 22ª Unidade de Infra-Estrutura Terrestre/RO-AC;

9.4.5. adote providências para que os repasses dos recursos relativos à contratos em andamento normal sejam tempestivamente realizados, minimizando os riscos de injusto atraso no pagamento das empresas contratadas e de elevação dos custos das obras;

9.5. determinar ao Departamento de Engenharia e Construção do Exército – 7º Batalhão de Engenharia e Construção, que:

9.5.1. efetue análise conclusiva sobre as causas do trincamento prematuro constatado na camada asfáltica do segmento rodoviário da BR 317/AC sob sua responsabilidade, informando a esta Corte, no prazo de 45 dias, as medidas tendentes a corrigir o defeito e o prazo de sua consecução;

9.5.2. adote as medidas mitigadoras de impacto ambiental ainda pendentes de implementação, de acordo com as exigências preconizadas nos termos de licenças, planos e estudos de impactos ambientais desenvolvidos, no trecho de 2,5 Km da rodovia BR 317/AC sob sua responsabilidade, e passe a apresentar ao IMAC, bimestralmente, cópia do relatório de acompanhamento da adoção dessas medidas, informando a este Tribunal, no prazo de 45 dias, os resultados já alcançados e as providências ainda a serem adotadas;

9.5.3. identifique, de imediato, todos os originais dos documentos utilizados na prestação de contas do Convênio nº 414166, passando, doravante, a observar sistematicamente os ditames da Instrução Normativa nº 01/97-STN, especialmente o art. 30 desse normativo, de forma a estabelecer a correta identificação das despesas realizadas;

9.5.4. abstenha-se de fracionar despesas, e quando o fizer, de acordo com os permissivos legais, que adote o procedimento licitatório compatível com os valores totais envolvidos, observando atentamente as situações fáticas de aplicação de hipótese de dispensa de licitação, fundamentada no art. 24, inc. XII, da Lei nº 8.666/93;

9.5.5. contrate, doravante, serviços de telefonia fixa somente mediante realização do devido procedimento licitatório, ressalvadas as hipóteses previstas nos arts. 24 e 25 da Lei nº 8.666/93, desde que devidamente fundamentadas e instruídas nos termos do art. 26 da citada lei, devendo considerar, para fins de enquadramento na modalidade licitatória, o somatório dos valores estimados das despesas (valor global) no período a ser contratado;

9.6. determinar ao Comando do Departamento de Engenharia e Construção do Exército que encaminhe a este Tribunal, no prazo de 45 dias, sua avaliação sobre a existência de desvio de finalidade e anti-economicidade na aquisição de 750.000 litros de óleo diesel, pelo 7º BECnst, para a construção do subtrecho de 2,5 Km da BR-317/AC, por meio da tomada de preços 005-CPL-2001, quando da execução do convênio Siafi nº 414166;

9.7. determinar ao Departamento de Estradas e Rodagem do Estado do Acre – Deracre que:9.7.1. intensifique a fiscalização, que lhe está afeta, sobre a aplicação dos recursos públicos

federais repassados por meio de convênios, principalmente na fase de conclusão das obras de construção de rodovias, com vistas a assegurar a utilização econômica e racional desses recursos, exigindo-se dos contratados a adoção tempestiva das medidas preventivas e corretivas, quando forem observadas falhas, visando a garantir a qualidade dos serviços executados, especialmente em relação a execução de hidrosemeadura, a processos erosivos observados nos taludes de corte e aterro, áreas de empréstimo, bota-fora e caminhos de serviço, o que provoca o assoreamento dos cursos de água adjacentes à rodovia, e à conservação, limpeza e desobstrução dos dispositivos de drenagem; observando, ainda, no que couber, os arts. 58, incisos I a V, 69, 70, e 116, § 3º, incisos I a III, da Lei nº 8.666/93;

9.7.2. realize levantamento sobre os serviços executados pela empresa Tercam – Engenharia e Empreendimentos Ltda., responsável pela construção do segmento de 57,5 Km da rodovia BR-317, relativamente à proteção ambiental (execução de hidrosemeadura), extensão das obras de arte e mistura de solo-cimento diretamente na pista (e não em usina, conforme pactuado), de modo a quantificar eventuais valores pagos a maior, fazendo-se as adequações contratuais e compensações financeiras pertinentes às medições realizadas ou a realizar, informando a este Tribunal, no prazo de 45 dias, as providências adotadas e os resultados alcançados;

273

Page 274: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

9.7.3. efetue estudo conclusivo sobre o trincamento, e sobre a possibilidade de sua ocorrência em setores nos quais ainda não foi observado, do capeamento asfáltico no segmento de 57,5 Km da rodovia BR-317/AC executados pela empresa Tercam – Engenharia e Empreendimentos Ltda., bem como sobre a inclinação dos taludes de corte, exigindo e acompanhando atentamente a adoção das medidas corretivas tecnicamente viáveis, informando a esta Corte, no prazo de 45 dias, sobre os resultados alcançados e as medidas a serem adotadas;

9.7.4. adote as providências necessárias à correção, nos contratos 4.01.058A e 4.02.210B, das divergências entre os preços neles pactuados com a empresa Tercam – Engenharia e Empreendimentos Ltda. e aqueles constantes do Sistema SICRO-2, justificando, individual e fundamentadamente, no prazo de 45 dias, perante esta Corte, a eventual manutenção dos preços mais elevados;

9.7.5. sob pena de responsabilização solidária dos envolvidos por eventual dano ao Erário, abstenha-se de efetuar quaisquer pagamentos adicionais à empresa Tercam – Engenharia e Empreendimentos Ltda., até que comprovada perante esta Corte a implementação das medidas apontadas nos itens 9.7.2, 9.7.3 e 9.7.4, retro;

9.7.6. exija a regularização, perante o Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura – Crea/AC, da anotação de responsabilidade técnica dos contratos firmados com as empresas de engenharia, nos termos do art. 1º da Lei nº 6.496/77;

9.7.7. proceda, doravante, a juntada aos correspondentes processos administrativos, dos comprovantes das publicações resumidas dos instrumentos de contratos e aditamentos na imprensa oficial, que é condição indispensável para sua eficácia, nos termos do art. 61, parágrafo único, da Lei nº 8.666/93;

9.7.8. publique, com a devida antecedência, os avisos de retificação de instrumentos convocatórios, no caso de ocorrências de alterações que implicarem na formulação das propostas, de modo a cumprir o disposto no art. 21, § 4º, da Lei de Licitações;

9.7.9. observe e exija observância das normas técnicas emanadas do Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes – DNIT, bem como as especificações advindas dos projetos básicos e executivos, assegurando a solidez e a boa qualidade da rodovias financiadas pelos recursos públicos federais;

9.7.10. abstenha-se, doravante, de incluir cláusulas e condições nos instrumentos convocatórios que possam permitir o julgamento subjetivo das propostas licitatórias, passando a observar atentamente os ditames dos arts. 3º, 40, inciso VII, 43, inciso V, da Lei nº 8.666/93;

9.8. determinar à Secretaria de Fiscalização de Obras e Patrimônio da União – Secob que acompanhe, juntamente com a Secex/AC, a adoção as medidas apontadas nos itens 9.4.2, 9.4.3, 9.5.1, 9.5.2, 9.6, 9.7.2, 9.7.3, 9.7.4 e 9.7.5, emitindo, ao final, parecer sobre o efetivo atendimento a essas determinações;

9.9. apensar esses autos aos do TC–006.921/2002-3, para apreciação em conjunto, por tratarem de mesmo objeto, nos termos do Acórdão nº 171-Plenário, de 26.02.2003;

9.10. remeter cópia deste Acórdão, bem como do Relatório e da Proposta de Decisão que o fundamentam, à Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização do Congresso Nacional, para ciência.

10. Ata nº 26/2003 – Plenário11. Data da Sessão: 9/7/2003 – Ordinária12. Especificação do quorum:12.1. Ministros presentes: Valmir Campelo (Presidente), Marcos Vinicios Vilaça, Iram

Saraiva, Humberto Guimarães Souto, Adylson Motta, Walton Alencar Rodrigues, Guilherme Palmeira, Benjamin Zymler e o Ministro-Substituto Lincoln Magalhães da Rocha.

12.2. Auditores presentes: Augusto Sherman Cavalcanti (Relator) e Marcos Bemquerer Costa.

VALMIR CAMPELOPresidente

AUGUSTO SHERMAN CAVALCANTI

274

Page 275: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

Relator

Fui presente:

PAULO SOARES BUGARINProcurador-Geral, em substituição

GRUPO I – CLASSE V – PlenárioTC 004.496/2003-6

Natureza: Relatório de Levantamento Auditoria.Entidade: Saneamento de Goiás S/A – Saneago S/A.Interessado: Congresso Nacional.

SUMÁRIO: Fiscobras/2003. Relatório de Levantamento de Auditoria realizado em cumprimento ao Acórdão 171/2003 – TCU – Plenário. Constatação de impropriedades no contrato. Falta de previsão contratual de critérios de reajustamento de preços. Subcontratação e sub-rogação contratual. Entendimento já firmado pelo TCU, acerca da ilegalidade e inconstitucionalidade da sub-rogação. Inexistência de irregularidades graves capazes de obstar futuras liberações de recursos federais à obra. Ciência às Presidências do Congresso Nacional e da sua Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização.

RELATÓRIO

Trata-se do Relatório do Levantamento de Auditoria realizado pela Secex/GO, no período de 20/03 a 16/04/2003, objetivando verificar a execução das obras referentes à construção da Barragem do Córrego João Leite no Estado de Goiás, Programa de Trabalho n. 18.544.0515.3445.0052, em cumprimento ao Acórdão 171/2003 – TCU – Plenário.

2.A equipe de fiscalização destaca, inicialmente, a importância socioeconômica do empreendimento, que vai garantir o abastecimento de água até 2025 para a cidade de Goiânia, cuja população é estimada em 2.406.808 habitantes para o referido ano, afastando, dessa forma, eventual colapso. Além disso, proporcionará a redução nos custos da produção da água tratada, uma vez que a captação ocorrerá numa região menos poluída.

3.Para o alcance dessa meta, será preciso a construção de um reservatório de acumulação com capacidade de 140 milhões de metros cúbicos de volume útil, o que elevará a captação atual de 2,30 para 6,67 metros cúbicos por segundo. A barragem terá 50 metros de altura, com parte central em concreto compactado a rolo, laterais em maciço de terra, e 450 metros de comprimento total de crista. Nessas condições, o lago que se formará vai inundar uma área de 1.040 hectares. O custo dessa obra, segundo o projeto básico, é de R$ 73.323.110,84.

4.Conforme vistoria de 24/03/2003, 8% da obra já foi executada. A descrição da execução realizada contempla 1,51% de serviços preliminares; 0,20% de serviços gerais na área da barragem e 1,18% de barragem em concreto compactado com rolo (CCR) e vertedouro.

5.A execução financeira-orçamentária está demonstrada no quadro a seguir transcrito, estando estimado para a conclusão da obra o valor de R$ 67.400.080,72, a serem custeados pela União (fl. 189):

Ano Valor Orçado (Real) Valor Liquidado (Real) Créditos Autorizados2003 23.880.000,00 0,00 23.880.000,002002 21.761.941,00 0,00 21.761.941,002001 16.115.383,00 9.280.768,00 16.115.383,000

6.Para a execução das obras e serviços referentes à construção da Barragem do Córrego João Leite foi firmado o Contrato n. 0218/2002, em 28/06/2002, no valor de R$ 73.196.376,99, entre a Saneago S/A e o Consórcio Barragem João Leite, formado pelas empresas Construtora OAS Ltda., Construtora Andrade Gutierrez S/A e a Sobrado Construção Ltda.. Também foi celebrado o Contrato n. 0311/2002, no valor de R$ 288.955,80, entre a Saneago S/A e a Fundação Aroeira,

275

Page 276: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

visando à execução do projeto ambiental do empreendimento, custeado com recursos próprios da contratante.

7.O convênio que ampara a execução das obras da Barragem do Córrego João Leite foi pactuado em 31/12/2001, sob o número 1.124/2001 (n. Siafi 447639) entre o Governo do Estado de Goiás e o Ministério da Integração Nacional, no valor de R$ 10.208.844,80, sendo R$ 9.280.768,00 de recursos federais e R$ 928.076,80 de contrapartida estadual.

8.Por fim, a equipe de fiscalização consignou impropriedades relativas ao Contrato n. 0218/2002, especificamente à falta de definição, na Cláusula Sétima, do índice de reajustamento, em desconformidade com o art. 55, inciso III, da Lei n. 8.666/1993, e à admissão, na Cláusula Décima Quinta, de cessão ou transferência total do contrato, disposição que deve ser suprimida. Em vista de tais impropriedades, a equipe propõe determinação a Saneamento de Goiás S/A, no sentido de que sejam adotadas as pertinentes correções.

9.A Secretária da Secex/GO concorda com o encaminhamento da equipe, acrescentando determinação a Saneago S/A para que agilize a celebração de termo aditivo ao Convênio n. 1.124/2001, visando contemplar as dotações orçamentárias deste exercício, conforme preceitua a 3ª Subcláusula da Cláusula Quarta do citado acordo.

É o relatório.

PROPOSTA DE DECISÃO

Conforme consignado no Relatório precedente, visando à execução das obras e dos serviços referentes à construção da Barragem do Córrego João Leite, foi firmado o Contrato n. 0218/2002, em 28/06/2002, no valor de R$ 73.196.376,99, entre a Saneamento de Goiás S/A – Saneago S/A e o Consórcio Barragem João Leite, formado pelas empresas Construtora OAS Ltda., Construtora Andrade Gutierrez S/A e a Sobrado Construção Ltda..

2.A fiscalização realizada na obra relativa à “Construção da Barragem do Córrego João Leite no Estado de Goiás” apurou impropriedades presentes no Contrato n. 0218/2002 – falta de definição do índice de reajustamento do valor contratual e admissão de cessão ou transferência total do contrato – , as quais são passíveis de correção mediante determinação deste Tribunal à Saneamento de Goiás S/A.

3.Sobre o reajustamento, observo que a Cláusula Sétima do referido Contrato estipula que os preços contratados são irreajustáveis durante doze meses e, após este prazo, contado da data de apresentação da proposta do Consórcio, os preços poderão ser reajustados, se aceitas as composições de custos unitários pela Saneago S/A, observada a legislação vigente (fl. 96) .

4.Note-se que, segundo o art. 55, inciso III, da Lei n. 8.666/1993, é preciso que as partes contratantes fixem os critérios, data-base e periodicidade do reajustamento de preços, bem como os critérios de atualização monetária entre a data do adimplemento das obrigações e a do efetivo pagamento. Confrontando os termos da cláusula contratual com as disposições legais da Lei de Licitações e Contratos, constata-se a ausência de critérios de reajustamento e, portanto, a necessidade de se adotarem as medidas corretivas.

5. No que se refere à outra impropriedade, verifico que a Cláusula Décima Quinta da avença trata da vedação da subcontratação, cessão ou transferência total ou parcial do contrato, salvo mediante autorização prévia e expressa da Saneago S/A. Observo também que não se consignou nos autos o fundamento jurídico que amparasse a proposta de supressão da referida cláusula contratual. Nesse contexto, considero pertinente esclarecer algumas questões.

6.Há que se distinguir, de início, a subcontratação da sub-rogação. A possibilidade da subcontratação está prevista no art. 72 da Lei n. 8.666/1993, e tem como característica principal a não criação de vínculo contratual entre o subcontratado e a Administração, ou seja, a contratada continua a responder pela avença perante a Administração. Segundo o autor Marçal Justen Filho (in Comentários à Lei de Licitações e Contratos Administrativos, 9ª edição, p. 518), “ a subcontratação não produz relação jurídica direta entre a Administração e o subcontratado. Não será facultado ao subcontratado demandar contra a Administração por qualquer questão relativa ao vínculo que mantém com o subcontratante”.

276

Page 277: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

7.Quanto à sub-rogação, presente na cessão ou transferência total ou parcial do contrato, porquanto nestas figuras a contratada cede ou transfere sua posição a terceiro, o qual passa a ser o responsável pela execução do objeto contratado, assumindo todos os direitos e deveres acordados, este Tribunal, por meio da Decisão n. 420/2002 – Plenário, já firmou entendimento de que, "em contratos administrativos, é ilegal e inconstitucional a sub-rogação da figura da contratada ou a divisão das responsabilidades por ela assumidas, ainda que de forma solidária, por contrariar os princípios constitucionais da moralidade e da eficiência (art. 37, caput, da Constituição Federal), o princípio da supremacia do interesse público, o dever geral de licitar (art. 37, XXI, da Constituição) e os arts. 2º, 72 e 78, inciso VI, da Lei n. 8.666/1993".

8.Portanto, na eventualidade de ter havido ligeira confusão entre um e outro instituto, tem-se esclarecido que a sub-rogação, seja na forma de cessão ou transferência, parcial ou total, é ilegal e inconstitucional, e, em conseqüência disso, toda cláusula que a admita deve ser, de pronto, suprimida do acordo.

9.Porém, quanto à subcontratação, havendo previsão no edital de licitação e no contrato, é possível que o contratado, sem prejuízo das responsabilidades contratuais e legais e com a anuência da Administração, promova a subcontratação parcial do objeto pactuado, nos termos do art. 72 da Lei n. 8.666/1993, não se podendo firmar, todavia, a subcontratação total por falta de amparo legal.

10. Importa transcrever, a seguir, trecho em que o autor Toshio Mukai comenta a questão da subcontratação (in Contratos Públicos-RJ: Forense Universitária, 1995, p. 60): “A Administração tem a faculdade de autorizar a subcontratação de obra, serviço ou fornecimento, em parte, nunca total (a despeito do que possa parecer, pelo inciso VI do art. 78 da Lei n. 8.666/1993), desde que tal possibilidade esteja prevista no edital e no contrato. Mesmo em relação às partes subcontratadas, o contratado permanece com suas responsabilidades perante a Administração (art. 72)”. Esse mesmo entendimento consta da Proposta de Decisão que fundamentou a Decisão 420/2002 – Plenário, nos seguintes termos:

“32.A conclusão, que se faz imperativa, é que, de todas as espécies mencionadas no art. 78, inciso VI, a única permitida à luz da interpretação sistemática é a subcontratação de parte do objeto contratado. Qualquer outra forma que transfira, junto com a parcela subcontratada, as responsabilidades pela execução do objeto, é repelida”.

11.Diante de tais ponderações, cabe determinar à empresa Saneago S/A que promova o ajuste na redação da Cláusula Décima Quinta do Contrato n. 0218/2002, de forma a não admitir a possibilidade de subcontratação total, ou, ainda, de cessão ou transferência parcial ou total, por contrariar os princípios da moralidade, eficiência, da supremacia do interesse público e o dever geral de licitar, com base no art. 37, caput e inciso XXI da Constituição Federal, e nos arts. 2º, 72 e 78, inciso VI, da Lei n. 8.666/1993.

12.Quanto à proposta de determinação a Saneago S/A para que agilize a celebração de termo aditivo ao Convênio n. 1.124/2001, visando contemplar as dotações orçamentárias deste exercício, conforme preceitua a 3ª Subcláusula da Cláusula Quarta do citado acordo, deixo de acolhê-la por entender que a agilização na busca por recursos orçamentários e financeiros prescinde da interferência deste Tribunal, cabendo às partes decidir quanto à conveniência e oportunidade para a celebração dos aditivos que tratam da complementação dos recursos necessários à execução das obras.

13.Por fim, considero pertinente dar ciência às Presidências do Congresso Nacional e da sua Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização da deliberação a ser adotada por este Tribunal, informando-as de que não foram constatadas irregularidades graves capazes de obstar a liberação de recursos federais à obra de construção da Barragem do Córrego João Leite.

Ante o exposto, acolho, no essencial, o parecer da unidade técnica e manifesto-me por que seja adotada a deliberação que ora submeto a este Colegiado.

T.C.U., Sala das Sessões, em 09 de julho de 2003.

MARCOS BEMQUERER COSTARelator

277

Page 278: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

ACÓRDÃO Nº 861/2003 – TCU – Plenário

1. Processo n. TC 004.496/2003-6.2. Grupo: I, Classe de Assunto: V – Relatório de Levantamento de Auditoria.3. Interessado: Congresso Nacional.4. Entidade: Saneamento de Goiás S/A – Saneago S/A.5. Relator: Auditor Marcos Bemquerer Costa.6. Representante do Ministério Público: não atuou.7. Unidade Técnica: Secex/GO.8. Advogado constituído nos autos: não há.

9. Acórdão:VISTOS, relatados e discutidos estes autos do Relatório do Levantamento de Auditoria

realizado pela Secex/GO, no período de 20/03 a 16/04/2003, objetivando verificar a execução das obras referentes à construção da Barragem do Córrego João Leite no Estado de Goiás, Programa de Trabalho n. 18.544.0515.3445.0052, em cumprimento ao Acórdão 171/2003 – TCU – Plenário.

ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão Plenária, ante as razões expostas pelo Relator, em:

9.1 – determinar à empresa Saneamento de Goiás S/A que, relativamente ao Contrato n. 0218/2002, adote as seguintes providências necessárias no sentido de:

9.1.1 – incluir no referido Contrato os critérios, data-base e periodicidade do reajustamento de preços, bem como os critérios de atualização monetária entre a data do adimplemento das obrigações e a do efetivo pagamento, conforme o art. 55, inciso III, da Lei n. 8.666/1993;

9.1.2 – alterar a redação da Cláusula Décima Quinta do mencionado Contrato, de forma a não contemplar a possibilidade de subcontratação total, ou, ainda, de cessão ou transferência parcial ou total, ante o disposto no art. 37, caput e inciso XXI da Constituição Federal, e nos arts. 2º, 72 e 78, inciso VI, da Lei n. 8.666/1993;

9.2 – encaminhar cópia da presente deliberação, bem como do Relatório e da Proposta de Decisão que a fundamentam, às Presidências do Congresso Nacional e da sua Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização, informando-lhes que não foram constatadas irregularidades graves capazes de obstar a liberação e recursos federais às obras referentes à Construção da Barragem do Córrego João Leite no Estado de Goiás, constante do Programa de Trabalho 18.544.0515.3445.0052.

9.3 – determinar o arquivamento destes autos.

10. Ata nº 26/2003 – Plenário11. Data da Sessão: 9/7/2003 – Ordinária12. Especificação do quorum:12.1. Ministros presentes: Valmir Campelo (Presidente), Marcos Vinicios Vilaça, Iram

Saraiva, Humberto Guimarães Souto, Adylson Motta, Walton Alencar Rodrigues, Guilherme Palmeira, Benjamin Zymler e o Ministro-Substituto Lincoln Magalhães da Rocha.

12.2. Auditores presentes: Augusto Sherman Cavalcanti e Marcos Bemquerer Costa (Relator).

VALMIR CAMPELOPresidente

MARCOS BEMQUERER COSTARelator

Fui presente:

PAULO SOARES BUGARINProcurador-Geral, em substituição

278

Page 279: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

GRUPO I – CLASSE V – PlenárioTC 005.179/2003-3

Natureza: Relatório de Levantamento Auditoria.Entidade: Secretaria do Planejamento e Desenvolvimento do Estado de Goiás – Seplan/GO.Interessado: Congresso Nacional.

SUMÁRIO: Fiscobras/2003. Relatório de Levantamento de Auditoria realizado em cumprimento ao Acórdão 171/2003 – TCU – Plenário. Não-constatação de novos indícios de irregularidades. Não-realização de novo certame visando à execução do restante da obra, conforme Decisão n. 617/2002 – TCU – Plenário. Ratificação do entendimento deste Tribunal acerca da impossibilidade de se dar continuidade ao aporte de recursos federais para o projeto até que se promova nova licitação, escoimada das falhas verificadas no procedimento anterior. Ciência às Presidências do Congresso Nacional e da sua Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização, bem como à Secretaria do Planejamento e Desenvolvimento do Estado de Goiás – Seplan/GO. Apensação a outro processo.

RELATÓRIO

Trata-se do Relatório do Levantamento de Auditoria realizado pela Secex/GO, no período de 02 a 16/04/2003, objetivando verificar a execução das obras referentes à “Implantação de Projetos de Irrigação – Projeto Flores de Goiás”, Programa de Trabalho n. 20.607.0379.1836.0067, em cumprimento ao Acórdão 171/2003 – TCU – Plenário.

2.A equipe de fiscalização destaca, inicialmente, a importância socioeconômica do empreendimento, que beneficiará oitenta e cinco proprietários rurais e cerca de um mil e quinhentas famílias distribuídas em seis assentamentos do Incra, com estimativa de geração de renda anual na região no valor de R$ 11.500.000,00 e criação de 4.900 empregos diretos.

3.O projeto de irrigação Flores de Goiás está localizado no Vão do Paranã, nordeste goiano, que apresenta pluviosidade anual de 1.170 mm, expressão próxima à observada no semi-árido do Nordeste brasileiro. Prevê-se uma área irrigada de 26.500 ha, para o cultivo de arroz, feijão, tomate industrial, banana, maracujá e outras culturas adaptadas à região, além da pecuária intensiva. O sistema projetado é composto de dez barramentos para captação de água, tendo nos extremos as barragens dos Rios Paranã e Macacão, ligadas por um canal de 109 km de extensão.

4.Conforme vistoria realizada em 08/04/2003, 18% da obra já foi executada. A descrição da execução realizada contempla 76% dos serviços preliminares; 100% da barragem do Rio Paranã; 20% do barramento do Porteira; 100% (3,0 km) do canal de adução; 100% das pontes sobre o Rio Paranã e sobre o vertedouro; e 100% da escada de peixes.

5.A execução financeira-orçamentária está demonstrada no quadro a seguir transcrito, estando estimado para a conclusão da obra o valor de R$ 171.984.351,12 (fls. 11 e 12):

Origem Ano Valor Orçado (Real) Valor Liquidado (Real) Créditos Autorizados

União 2002 11.668.258,00 8.411.292,79 11.668.258,00União 2001 21.375.400,00 21.375.400,00 21.375.400,00União 2000 7.000.000,00 7.000.000,00 7.250.000,00União 1999 6.270.271,00 6.270.266,03União 1998 8.500.000,00 5.511.778,00Estado 2003 711.376,00 0,00 0,00Estado 2002 1.325.360,00 1.325.360,00 0,00Estado 2001 2.137.540,00 0,00Estado 2000 725.000,00 1.000.000,00Estado 1999 627.027,10 1.708.572,91Estado 1998 850.000,00 270.102,61

6.Relativamente aos contratos firmados, a equipe informa que a execução, em regime de empreitada global, das obras e serviços de implantação do Projeto de Irrigação Flores de Goiás ficou por conta do Contrato n. 01/1998, firmado entre o Governo do Estado de Goiás, por intermédio de sua Secretaria de Planejamento e Desenvolvimento – Seplan, e a empresa Sobrado Construções Ltda., no valor inicial de R$ 49.699.463,52. O 4º termo aditivo ao mencionado contrato elevou o valor pactuado para R$ 58.575.827,77, em razão de acréscimos de obras e serviços. Há dois contratos secundários que já foram concluídos.

279

Page 280: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

7.O principais convênios que ampararam a execução das obras relativas ao Projeto de Irrigação são os de ns. 349544 e 427061(Siafi), nos valores respectivos de R$ 26.314.963,58 e R$ 11.928.214,42, e estão em fase de prestação de contas ao órgão concedente.

8.A equipe destaca, no “item processo de interesse”, que na fiscalização realizada em 2001, cujo relatório de auditoria já foi apreciado pelo Tribunal (TC n. 003.586/2001-4, Decisão n. 617/2002 – Plenário), várias irregularidades foram constatadas, dentre elas, as relativas à inconsistência do projeto básico que norteou o procedimento licitatório, cujo objeto visava à contratação de empresa para a execução das obras do Projeto de Irrigação Flores de Goiás, maculando-o de tal forma, que este Colegiado deliberou por comunicar ao Congresso Nacional e à sua Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização seu entendimento de que as irregularidades apuradas naquela ocasião impossibilitavam a continuidade de aporte de recursos federais à implantação do projeto, até que se promovesse novo certame licitatório para a execução do restante das obras.

9.Porém, a equipe observa que a nova licitação para a execução do restante da obra ainda não foi realizada, estando o convenente aguardando o término das obras atinentes ao primeiro trecho do Projeto de Irrigação.

10.Por fim, a equipe, após consignar que não foram constatados novos indícios de irregularidades, propõe, com anuência da titular da Secex/GO, o encerramento e arquivamento destes autos (fl. 18).

É o relatório.

PROPOSTA DE DECISÃO

A obra referente à “Implantação de Projetos de Irrigação – Projeto Flores de Goiás”, Programa de Trabalho n. 20.607.0379.1836.0067, está consignada no Quadro VII da Lei n. 10.640/2003.

2.Por meio da Decisão n. 617/2002, este Plenário, na sessão de 12/06/2002, decidiu comunicar às Presidências do Congresso Nacional e à de sua Comissão Mista de Planos, Orçamento Público e Fiscalização, que, à exceção do montante de recursos necessário à conclusão do trecho indicado no subitem 8.4 desse decisum, o qual está compreendido entre a barragem do Rio Paranã e o barramento do Porteira, as irregularidades relatadas no âmbito do TC 003.586/2001-4 impossibilitavam a continuidade do aporte de recursos federais para a implantação do Projeto de Irrigação Flores de Goiás, até que se promovesse novo certame licitatório para a execução do restante das obras, escoimado das falhas identificadas na licitação anterior. A referida deliberação foi mantida em seus exatos termos, após a apreciação do Pedido de Reexame interposto pela empresa contratada, Sobrado Construção Ltda., ao qual foi negado provimento, conforme Acórdão 627/2003 – TCU – Plenário.

3.No levantamento de auditoria realizado pela Secex/GO, ora em exame, conquanto não tenham sido constatados indícios de irregularidades, apurou-se que o novo certame a que se refere a Decisão n. 617/2002 ainda não foi promovido pelo convenente, portanto, não há razões para que, nesta ocasião, o Tribunal altere o entendimento quanto à impossibilidade de continuação nas liberações de recursos públicos federais ao empreendimento.

4.Dessa forma, cabe remeter cópia do Acórdão que vier a ser proferido nesta oportunidade, acompanhado do Relatório e da Proposta de Decisão que o fundamentarem, às Presidências do Congresso Nacional e à da mencionada Comissão Mista, para informá-las da impossibilidade de continuidade de aporte de recursos federais, em decorrência da não-realização do novo certame a que alude a Decisão 617/2002 – Plenário, bem como dar ciência da deliberação à Secretaria do Planejamento e Desenvolvimento do Estado de Goiás – Seplan/GO e apensar este processo ao TC 003.586/2001-4.

Ante o exposto, manifesto-me por que seja adotada a deliberação que ora submeto a este Colegiado.

T.C.U., Sala das Sessões, em 09 de julho de 2003.

280

Page 281: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

MARCOS BEMQUERER COSTARelator

ACÓRDÃO Nº 862/2003 – TCU – Plenário

1. Processo n. TC 005.179/2003-3.2. Grupo: I, Classe de Assunto: V – Relatório de Levantamento de Auditoria.3. Interessado: Congresso Nacional.4. Entidade: Secretaria do Planejamento e Desenvolvimento do Estado de Goiás – Seplan/GO.5. Relator: Auditor Marcos Bemquerer Costa.6. Representante do Ministério Público: não atuou.7. Unidade Técnica: Secex/GO.8. Advogado constituído nos autos: não há.

9. Acórdão:VISTOS, relatados e discutidos estes autos do Relatório do Levantamento de Auditoria

realizado pela Secex/GO, no período de 02 a 16/04/2003, objetivando verificar a execução das obras referentes à “Implantação de Projetos de Irrigação – Projeto Flores de Goiás”, Programa de Trabalho n. 20.607.0379.1836.0067, em cumprimento ao Acórdão 171/2003 – TCU – Plenário.

ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão Plenária, ante as razões expostas pelo Relator, em:

9.1 – encaminhar cópia da presente Deliberação, bem como do Relatório e da Proposta de Decisão que a fundamentam, às Presidências do Congresso Nacional e da sua Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização, para informá-las do entendimento deste Tribunal no sentido de que, ressalvado o montante de recursos necessários à conclusão do primeiro trecho da obra, conforme consignado no subitem 8.4 da Decisão n. 617/2002 – Plenário, proferida no TC n. 003.586/2001-4, não é recomendável a continuidade de aporte de recursos federais para a implantação do Projeto de Irrrigação Flores de Goiás (Programa de Trabalho n. 20.607.0379.1836.0067), relacionado no Quadro VII da Lei n. 10.640/2003, em decorrência da não-realização do novo certame licitatório a que alude a mencionada Decisão;

9.2 – dar ciência desta deliberação à Secretaria do Planejamento e Desenvolvimento do Estado de Goiás – Seplan/GO;

9.3 – determinar a apensação destes autos ao TC 003.586/2001-4.

10. Ata nº 26/2003 – Plenário11. Data da Sessão: 9/7/2003 – Ordinária12. Especificação do quorum:12.1. Ministros presentes: Valmir Campelo (Presidente), Marcos Vinicios Vilaça, Iram

Saraiva, Humberto Guimarães Souto, Adylson Motta, Walton Alencar Rodrigues, Guilherme Palmeira, Benjamin Zymler e o Ministro-Substituto Lincoln Magalhães da Rocha.

12.2. Auditores presentes: Augusto Sherman Cavalcanti e Marcos Bemquerer Costa (Relator).

VALMIR CAMPELOPresidente

MARCOS BEMQUERER COSTARelator

Fui presente:

PAULO SOARES BUGARINProcurador-Geral, em substituição

281

Page 282: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

GRUPO I – CLASSE V – PlenárioTC 005.463/2002-1

Natureza: Relatório de Inspeção.Órgão: Superintendência Regional do Departamento da Polícia Federal no Distrito Federal.Responsáveis: Srs. Paulo Gustavo Magalhães Pinto, ex-Superintendente Regional, CPF:

836.570.298-34, e Agílio Monteiro Filho, ex-Diretor-Geral, CPF: 062.405.776-34.

SUMÁRIO: Fiscobras/2002. Relatório da Inspeção realizada visando ao acompanhamento do cumprimento à Decisão n. 1020/2002 – TCU - Plenário. Determinações. Ciência à Presidência do Congresso Nacional, ao órgão e à Secretaria Federal de Controle Interno. Apensamento às contas relativas ao exercício de 2001.

RELATÓRIO

Trata-se do Relatório da Inspeção realizada pela 3ª Secex, objetivando verificar a execução das obras referentes à reforma de prédios da Superintendência Regional do Departamento da Polícia Federal no Distrito Federal, Programa de Trabalho n. 06.181.0664.5632.0001, em cumprimento ao Decreto Legislativo n. 81/2002 e à Decisão n. 1.020/2002.

2.Este Plenário, na sessão de 29/05/2002, ao apreciar estes autos, na fase do Levantamento da Auditoria realizado em cumprimento à Decisão Plenária n. 98/2002, deliberou, no essencial, no sentido de determinar à Superintendência Regional do Departamento da Polícia Federal no Distrito Federal (Decisão n. 572/2002, fls. 167/168) que:

2.1 – adotasse, no prazo de sessenta dias, a contar da ciência daquela deliberação, as providências necessárias no sentido de:

a) proceder à regularização da ocupação indevida da sala de cofre preparada com sistemas de segurança (acesso e alarme) pelo Serviço de Controle de Produtos Químicos/DPF, inicialmente equipada para atender ao pedido da Divisão de Polícia Marítima, Aeroportuária e de Fronteiras, formulado em 28/12/1998;

b) efetivar a guarda formal, mesmo que a título provisório, dos equipamentos que se encontram no interior do Centro de Processamento de Dados, ainda não recebido de modo definitivo, e que tenham sido adquiridos no bojo dos mesmos contratos relativos às obras do DPF, esclarecendo-lhe que essa guarda provisória de equipamentos não se confunde com o recebimento definitivo da obra, nos termos do art. 73 da Lei n. 8.666/1993, oportunidade em que a adequação de todos os equipamentos deve ser atestada, até mesmo para fins de utilização de garantia, caso seja constatada alguma falha de funcionamento;

c) formalizar, no processo administrativo respectivo, as causas impeditivas do recebimento definitivo das obras, devendo a situação ser comunicada à empresa contratada;

2.2 – enviasse a este Tribunal, assim que tiver sido formalizado, cópia do Termo de Recebimento Definitivo da Obra executada por meio do Contrato 017/1997;

2.3 – fizesse cumprir o disposto no art. 73 da Lei n. 8.666/1993, no que diz respeito aos procedimentos e prazos pertinentes ao recebimento de suas obras.

3.A 3ª Secex, por meio do Relatório de fls. 308/313, apresenta as seguintes informações relacionadas ao cumprimento das determinações acima indicadas:

3.1 – com respeito à regularização da ocupação indevida da sala de cofre:a) é confirmada a situação descrita pela Secretaria Federal de Controle Interno na Nota

Técnica n. 569, de 23/09/2002, no sentido de que a providência adotada pela Superintendência Regional do Distrito Federal foi a descaracterização da sala, utilizando-a como outra qualquer, mantendo-se os sistemas de segurança desativados, conforme “Termo de Descaracterização” de fl. 256;

b) segundo a Superintendência, a ocupação do térreo do Anexo pelo Serviço de Controle de Produtos Químicos decorreu de decisão emanada pela Direção da Polícia Federal e que a destinação da referida área para a Divisão da Polícia Marítima, Aeroportuária e de Fronteira – DPMAF também dependerá daquela Direção Geral;

282

Page 283: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

3.2 – acerca das determinações contidas nos subitens 2.1, c, 2.2 e 2.3 acima, o Órgão demonstrou o seu cumprimento, conforme os documentos de fls. 186, 190 e 220;

3.3 – no tocante à guarda dos equipamentos do Centro de Processamento de Dados, foi noticiado que o recebimento definitivo das obras se deu em 05/06/2002 e que já foi efetuada a identificação patrimonial dos equipamentos e formalizado o Termo de Transferência para a Coordenação-Geral de Telemática (fls. 222/242).

4.Em decorrência, e considerando que as medidas adotadas com respeito à ocupação da sala de cofre não foram suficientes para justificar o investimento realizado, a equipe de inspeção da 3ª Secex, com o endosso do Sr. Secretário Substituto, apresenta a seguinte proposta de encaminhamento (fls. 313/314):

4.1 – determinar à Superintendência do Departamento da Polícia Federal no Distrito Federal que providencie a regularização do uso da sala de cofre ou dos equipamentos nela instalados, de forma a justificar os recursos empregados;

4.2 – determinar à Secretaria Federal de Controle Interno que informe nas contas de 2003 do Órgão sobre as providências adotadas com respeito à sala retromencionada;

4.3 – comunicar às Presidências do Congresso Nacional e da sua Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização que as obras de reforma e ampliação da Superintendência do Departamento da Polícia Federal no Distrito Federal foram concluídas, encontrando-se encerrado o Contrato n. 017/1997, cujas irregularidades foram sanadas, conforme Decisão n. 1385/2002 – TCU – Plenário;

4.4 – encaminhar cópia da deliberação que vier a ser adotada, acompanhado do Relatório e do Voto que a fundamentarem, à Presidência do Congresso Nacional, à Superintendência do Departamento da Polícia Federal no Distrito Federal e à Secretaria Federal de Controle Interno;

4.5 – apensar estes autos ao TC 004.821/2001-0, atinente ao Fiscobras/2001.É o Relatório.

VOTO

Conforme assinalei no Voto que apresentei a este Plenário na sessão de 29/05/2002, oportunidade em que foi emanada a Decisão n. 572/2002, ora objeto de acompanhamento, foi constatada na Superintendência do Departamento da Polícia Federal no Distrito Federal a ocorrência relativa à utilização indevida da sala de cofre preparada com sistema de alarme/segurança.

2.As despesas atinentes ao preparo da mencionada sala, no valor de R$ 4.095,84, mostraram-se necessárias para atender à demanda da Divisão de Polícia Marítima, Aeroportuária e de Fronteiras. Entretanto, segundo consta do Despacho n. 51/2002, da Coordenação de Planejamento e Modernização do Departamento da Polícia Federal (fl. 188), por meio de “esclarecimentos verbais” e por ordem superior, a área seria destinada temporariamente ao Serviço de Controle de Produtos Químicos/DPF, o que já vem ocorrendo desde janeiro de 2000, perdurando por mais de dois anos uma situação que deveria ser provisória.

3.De conformidade com o Termo de fl. 256, houve a descaracterização da sala de cofre, com a desativação dos sistemas de segurança e a retirada da grade de ferro na porta de acesso, para a utilização dos espaços pelo Serviço de Controle de Produtos Químicos. Nada obstante, não foram carreadas aos autos as justificativas formais necessárias à tomada da decisão relativa à alteração da ocupação dos mencionados espaços, ante os valores despendidos, não havendo sido demonstrada a motivação para tal decisão.

4.A 3ª Secex entende pertinente determinar à Superintendência Regional do DPF no Distrito Federal a adoção de providências no sentido da pronta regularização do uso da sala do cofre ou dos equipamentos nela instalados, de forma a justificar os recursos nela empregados. Com efeito, o Órgão deve avaliar a conveniência de adotar as mencionadas providências e, no caso de se de constatar a ausência de necessidade por parte da Divisão de Polícia Marítima, Aeroportuária e de Fronteiras, setor para o qual a sala havia sido inicialmente preparada, cabe à referida Superintendência implementar medidas visando à utilização dos equipamentos de segurança, ora desativados, em outra unidade do órgão.

283

Page 284: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

5.Em última hipótese, não sendo possível a adoção das medidas acima indicadas, considero de todo necessário que seja instaurado processo administrativo objetivando definir as responsabilidades com respeito à alteração da ocupação dos espaços em questão, após o gasto de R$ 4.095,84, conforme acima exposto.

6.Cumpre registrar que as irregularidades apuradas no TC 004.821/2001-0 já foram devidamente sanadas, encontrando-se concluídas as obras de reforma e ampliação da Superintendência e encerrado o Contrato n. 017/1997, circunstâncias essas já comunicadas às Presidências do Congresso Nacional e da sua Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização, de acordo com a Decisão n. 1.385/2002 – TCU – Plenário.

7.Por fim, dado o apensamento do processo indicado no item precedente às contas de 2001, creio que também estes autos devam ser apensados àquelas contas anuais.

Ante o exposto, voto por que seja adotada a deliberação que ora submeto a este E. Plenário.

T.C.U., Sala das Sessões, em 09 de julho de 2003.

MARCOS BEMQUERER COSTARelator

ACÓRDÃO Nº 863/2003 – TCU – Plenário

1. Processo n. TC 005.463/2002-1.2. Grupo: I; Classe de Assunto: V – Relatório de Inspeção.3. Órgão: Superintendência Regional do Departamento da Polícia Federal no Distrito Federal.4.Responsáveis: Srs. Paulo Gustavo Magalhães Pinto, ex-Superintendente Regional, CPF:

836.570.298-34, e Agílio Monteiro Filho, ex-Diretor-Geral, CPF: 062.405.776-34.5. Relator: Ministro Marcos Bemquerer Costa.6. Representante do Ministério Público: não atuou.7. Unidade Técnica: 3ª Secex.8. Advogado constituído nos autos: não há.

9. Acórdão:VISTOS, relatados e discutidos estes autos de do Relatório da Inspeção realizada pela 3ª

Secex, objetivando verificar a execução das obras referentes à reforma de prédios da Superintendência Regional do Departamento da Polícia Federal no Distrito Federal, Programa de Trabalho n. 06.181.0664.5632.0001, em cumprimento ao Decreto Legislativo n. 81/2002 e à Decisão n. 1.020/2002.

Os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão plenária, ACORDAM em:9.1 – determinar à Superintendência Regional do Departamento da Polícia Federal no Distrito

Federal que:9.1.1 – adote providências no sentido de regularizar o uso da sala de cofre ou dos

equipamentos de segurança nela instalados e ora desativados, de forma a justificar o gasto de R$ 4.095,84, consistente na instalação do sistema de alarme e segurança;

9.1.2 – na hipótese de não ser possível a adoção das medidas acima indicadas, instaure processo administrativo objetivando definir as responsabilidades com respeito à alteração da ocupação dos mencionados espaços, após os gastos acima referidos;

9.2 – determinar à Secretaria Federal de Controle Interno que informe nas contas de 2003 do Órgão sobre a adoção das medidas indicadas nos subitens precedentes;

9.3 – encaminhar cópia desta deliberação, acompanhada do Relatório e do Voto que a fundamentam, às Presidências do Congresso Nacional e da sua Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização; ao Departamento da Polícia Federal e à Secretaria Federal de Controle Interno;

9.4 – apensar o presente processo às contas da Superintendência Regional do Departamento de Polícia Federal no Distrito Federal referentes ao exercício de 2001, TC n. 010.610/2002-0.

284

Page 285: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

10. Ata nº 26/2003 – Plenário11. Data da Sessão: 9/7/2003 – Ordinária12. Especificação do quorum:12.1. Ministros presentes: Valmir Campelo (Presidente), Marcos Vinicios Vilaça, Iram

Saraiva, Humberto Guimarães Souto, Adylson Motta, Walton Alencar Rodrigues, Guilherme Palmeira, Benjamin Zymler e o Ministro-Substituto Lincoln Magalhães da Rocha.

12.2. Auditores presentes: Augusto Sherman Cavalcanti e Marcos Bemquerer Costa (Relator).

VALMIR CAMPELOPresidente

MARCOS BEMQUERER COSTARelator

Fui presente:

PAULO SOARES BUGARINProcurador-Geral, em substituição

GRUPO I - CLASSE VII - PLENÁRIOTC 004.800/2002-9 (com 2 volumes)Natureza: Processo Apartado da Prestação de Contas de 1998Entidade: Companhia Docas do Espírito Santo (Codesa)Responsáveis: João Luiz Zaganelli (ex-presidente, de 18/06/99 a 18/10/99, e atual presidente),

Afonso Celso Andára da Silva (ex-presidente, de 09/06/95 a 18/02/97) e Antônio Paulo de Riempst Menezes (ex-diretor)

Sumário: Processo apartado da prestação de contas do ano de 1998 para o exame de atos de gestão praticados durante outros exercícios. Eventual irregularidade na defesa da entidade em processo judicial de indenização. Descumprimento de norma técnica no arrendamento de berços portuários. Audiência dos responsáveis. Acolhimento das razões de justificativa quanto à atuação na ação indenizatória. Rejeição quanto à inobservância da norma técnica nos arrendamentos, a ser considerada noutro processo que trata especificamente do assunto. Arquivamento.

RELATÓRIO

Trata-se de processo apartado da prestação de contas do exercício de 1998 da Companhia Docas do Espírito Santo (Codesa), constituído com o objetivo de apurar especificamente i) a inobservância do prazo legal para a contestação de cálculos em ação judicial de reparação de danos e ii) a aceitação de trabalhos de avaliação patrimonial em desacordo com especificações de normas técnicas, ocorrências não relacionadas exatamente com a gestão avaliada nos autos originais (TC 007.668/1999-6, sobrestado).

2. Em instrução preliminar, a Secex/ES assim apresentou as questões (fls. 89/98):“(...)2 - Inobservância de prazo legal para contestação de cálculos em ação judicial de reparação

de danos2.1Esse fato refere-se à Ação de Reparação de Danos proposta por Malvina Tereza Fiorotti

Fosse contra a Companhia Docas do Espírito Santo (Codesa). A irregularidade foi apontada no Relatório do Controle Interno referente ao exercício de 1998 (fls. 08/10 do vol. I), no qual constavam os seguintes eventos ocorridos:

a) em 09/10/1995 são elaborados os cálculos da indenização pelo perito do juízo (R$ 1.095.576,72);

b) em 10/04/1996 foi sentenciada a correção monetária dos valores, uma vez que a Codesa não havia apresentado impugnação tempestiva dos cálculos da indenização;

285

Page 286: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

c) em 11/03/1997 foi julgada apelação da Codesa para rever os cálculos, tendo em vista que a intimação da Justiça foi endereçada a advogado não mais atuante na defesa da empresa, tendo sido negado provimento;

d) em 18/06/1998 a contadoria do Tribunal informou que o valor da sentença, devidamente corrigido, era de R$ 2.750.501,99, sendo R$ 2.291.219,88 o principal, R$ 458.243,98 de honorários e R$ 1.123,13 de custas e taxas;

e) em 12/08/1998 o Superior Tribunal de Justiça certificou o decurso de prazo para a interposição de recursos;

f) em 14/08/1998 a Codesa pediu a reconsideração da sentença, indicando a quantia de R$ 234.582,12 como valor devido; e

g) em 03/12/1998 as partes firmaram uma composição amigável para o pagamento da indenização: R$ 300.000,00 de imediato e 25 parcelas mensais de R$ 76.000,00, totalizando R$ 2.200.000,00.

2.2Uma vez que a Codesa havia sido incluída no Plano de Auditoria do 2º semestre de 1999, a inobservância de prazo legal para contestação dos cálculos na referida ação judicial foi objeto da auditoria realizada por equipe deste Tribunal no período de 09/08 a 27/08/1999.

2.3Na fiscalização, verificou-se que:a) em atendimento à determinação do Controle Interno de apuração das responsabilidades

pela perda de prazo legal para contestação do valor ajuizado (fl. 05), o Coordenador da Assessoria Jurídica solicitou, em 24/06/1999, a manifestação do advogado contratado pela Codesa, Rubens Musiello, sobre o despacho do juiz homologando o cálculo do montante da ação (R$ 1.095.576,72), fundamentado na ausência de impugnação do citado valor;

b) os esclarecimentos acerca dos atos e fatos constantes da referida ação foram prestados pelo advogado Rubens Musiello (fls. 06/11), que juntou outros documentos (fls. 12/87); e

c) o assunto foi submetido à apreciação da Diretoria-Executiva que, considerando que as providências foram adotadas, haja vista a manifestação encaminhada pelo advogado Rubens Musiello, e considerando também que o acordo firmado para a liquidação do débito foi efetuado com expressiva vantagem para a Codesa, ‘decidiu acatar a proposta do Diretor-Presidente no sentido de enviar correspondência para a Ciset dando ciência das justificativas apresentadas pelo referido advogado.’ (fl. 88)

2.4Com o objetivo de verificar se apenas os esclarecimentos apresentados pelo advogado eram suficientes para considerar apurada a responsabilidade pela perda de prazo, conforme entendimento da Diretoria-Executiva, foi procedida, naquela fiscalização, à análise dos pontos considerados relevantes que estão destacados a seguir:

a) o advogado Rubens Musiello ‘somente ingressou nos autos ... após o trânsito em julgado da sentença que julgou procedente a pretensão deduzida pela autora’ (fl. 06, grifos do original);

b) quem recebeu a intimação para se manifestar sobre os cálculos elaborados pelo perito do juízo foi José Luiz Alvarenga, ex-advogado da Codesa (fl. 07);

c) o advogado José Luiz Alvarenga ‘não poderia intervir no feito por ter sido desconstituído como mandatário’ (fl. 07);

d) de acordo com o advogado Rubens Musiello, ‘A impugnação do laudo pericial, ..., não traduz perda do prazo processual, quando muito poderia ser entendida tal omissão como não-aproveitamento útil dessa fase da liquidação de sentença, sabido que a parte interessada poderia recorrer da sentença que viesse a ser proferida no referido processo incidental ...’ (fl. 08);

e) a Codesa apresentou Razões de Apelação requerendo a nulidade da intimação do advogado José Luiz Alvarenga (fls. 31/35), que não foram aceitas (fls. 39/40);

f) a Codesa também interpôs Recurso Especial (fls. 55/60), que não foi admitido, e Agravo de Instrumento (fls. 61/66), que não foi conhecido; e

g) a procuração outorgada ao advogado Rubens Musiello foi substabelecida ao Coordenador da Assessoria Jurídica (fl. 82), por determinação deste, impedindo aquele de adotar ‘outras providências para que se pudesse alcançar os objetivos desejados’. (fl. 10)

2.5Analisando os fatos, a equipe de auditoria considerou improcedente a afirmativa destacada na letra ‘d’ do subitem anterior, pois efetivamente a Codesa deixou de contestar o laudo

286

Page 287: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

do perito do juízo no prazo definido no Código de Processo Civil (art. 607, parágrafo único), que estabelece:

‘Art. 607 (...)Parágrafo único. Apresentado o laudo, sobre o qual poderão as partes manifestar-se no

prazo de dez (10) dias, o juiz proferirá a sentença ou designará audiência de instrução e julgamento, se necessário.’

2.6Para reforçar seu entendimento, a equipe de auditoria citou a sentença proferida em 10/04/96 pelo Juízo, a qual menciona a ausência de manifestação da Companhia sobre os cálculos (fl. 29).

2.7Foi também considerado improcedente o arrazoado apresentado pelo advogado Rubens Musiello quanto ao fato de a citação para a contestação de cálculos não ter sido a ele endereçada – uma vez que era o advogado atuante no processo –, mas ao advogado José Luiz Alvarenga. Amparado nessas razões, o advogado Rubens Musiello apresentou apelação requerendo a nulidade da citação, que não foi aceita, tendo o juiz se manifestado nos seguintes termos: ‘... está a Codesa/Apelante aproveitando-se de erro oriundo de seu próprio descaso em não ter dado ciência do desvinculamento dos advogados anteriormente constituídos ...’ (fls. 136/137 do vol. I).

2.8Portanto, a falta de comunicação de quem era o advogado atuante no processo, ou melhor, a não-desqualificação daquele que não mais a representava, possibilitou que a citação fosse endereçada a profissional estranho ao processo. A partir desse fato, concluímos que a Codesa não só não acompanhava o andamento do referido processo judicial no Diário Oficial de Justiça como também não fiscalizava a atuação do advogado contratado.

2.9Por fim, a equipe de auditoria firmou o entendimento de que a afirmativa do advogado Rubens Musiello de que o substabelecimento da ação para o Assessor Jurídico da Codesa impediu ‘... a adoção de outras medidas, para que se pudesse alcançar os objetivos desejados’, deveria ter sido objeto de averiguação por parte da Companhia com vistas a esclarecer quais os objetivos que deixaram de ser efetivamente alcançados.

2.10Assim, como as providências adotadas pela Codesa não tinham sido suficientes para exaurir o assunto, foi proposta a audiência dos responsáveis à época da ocorrência dos fatos para obter esclarecimentos sobre as seguintes questões:

a) apesar de a intimação ter sido processada em nome de José Luiz Alvarenga, por que o advogado Rubens Musiello não se manifestou sobre os cálculos elaborados pelo perito do juízo?;

b) por que não havia o acompanhamento da ação pelo órgão jurídico da Codesa?;c) por que não havia a fiscalização da atuação do advogado contratado pelo órgão jurídico

da Codesa?;d) por que a Codesa não tomou providências com vistas a conhecer os objetivos que

deixaram de ser efetivamente alcançados em decorrência do substabelecimento ao Coordenador da Assessoria Jurídica da Codesa dos poderes para atuar na ação de reparação de danos, conforme consta da manifestação apresentada pelo advogado Rubens Musiello?

2.11Cumpre esclarecer que a proposta de audiência dos responsáveis Afonso Celso Andára da Silva e João Luiz Zaganelli, dirigentes da empresa quando da ocorrência dos fatos, ainda não foi submetida ao Relator. Além disso, a Ciset do Ministério dos Transportes encaminhou a este Tribunal, em 15/03/2000, cópia do processo PE nº 2.449/99, autuado no âmbito da Codesa, que constituiu o volume I destes autos. O referido processo contém as providências adotadas pela Companhia para apurar responsabilidades pela perda de prazos judiciais para contestação de cálculos em cumprimento à determinação do Ministro de Estado dos Transportes.

2.12Tais providências foram relatadas ao Secretário de Controle Interno no Ministério dos Transportes por meio do expediente CA-Dirpre nº 215, de 26/08/1999 (fls. 99/100 do vol. I), tendo sido informado também que o processo PE nº 2.449/99 foi encaminhado ao Conselho de Administração – Consad e ao Conselho Fiscal – Confis para conhecimento das informações prestadas pelo advogado Rubens Musiello.

2.13Uma vez que não houve manifestação da Companhia nem do Consad e Confis acerca dos esclarecimentos prestados pelo advogado Rubens Musiello e dos parâmetros empregados na aceitação do valor da indenização proposto pelos advogados da exeqüente, a Ciset/MT, mediante o Ofício nº 419/99, de 08/12/1999, solicitou os respectivos pronunciamentos (fl. 101 do vol. I).

287

Page 288: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

2.14Em atendimento ao referido Ofício da Ciset, a Codesa encaminhou àquele órgão, por meio da CA-Dirpre nº 001, de 04/01/2000 (fl. 102 do vol. I), cópia dos seguintes documentos:

a) esclarecimentos prestados pelo então Coordenador da Assessoria Jurídica da Codesa Edinaldo Loureiro Ferraz em 24/11/1998 (fls. 103/106 do vol. I);

b) Ata da 719ª Reunião (Extraordinária) da Diretoria-Executiva – Direxe, de 30/11/1998, na qual foi aprovada a proposta de acordo ad referendum do Consad (fls. 196/197 do vol. I);

c) Ata da 200ª Reunião do Conselho de Administração, de 21/12/1998, na qual foi homologada a decisão tomada pela Direxe de celebração do acordo com vistas à extinção do processo de indenização (fls. 198/204 do vol. I);

d) Acordo firmado na 4ª Vara Cível de Vitória, em 03/12/1998, pondo fim à demanda (fls. 212/213 do vol. I);

e) Ata da 193ª Reunião do Conselho Fiscal, de 17 e 18/06/1999, na qual foram conhecidos os termos do Ofício n° 211/99 – Coaud/Ciset (fls. 205/211 do vol. I).

2.15O documento subscrito pelo Coordenador da Assessoria Jurídica (letra ‘a’) trata do exame da proposta apresentada pelos advogados de Malvina Teresa Fiorotti Fosse objetivando pôr fim à demanda. Foram juntadas peças da ação judicial ao documento (fls. 106/195 do vol. I).

2.16Ainda que houvesse a possibilidade de opor embargos à execução da penhora, o Coordenador da Assessoria Jurídica manifestou-se pela aceitação da proposta considerada vantajosa para a Codesa. As razões expendidas foram:

a) o valor proposto era inferior a 80% do valor corrigido até junho de 1998;b) não-inclusão no valor proposto do acréscimo decorrente da correção monetária de julho a

novembro/98;c) economia garantida à Codesa com os valores que deixariam de ser acrescidos devido à

correção monetária e aos novos honorários advocatícios se os embargos à execução viessem a ser julgados improcedentes;

d) preclusão das possibilidades de impugnações, uma vez que a sentença proferida na liquidação transitou em julgado.

2.17Entendendo que a determinação do Ministro dos Transportes foi cumprida parcialmente, o Controle Interno sugeriu, por meio do Parecer n° 03/2000 – Coaud/Ciset/MT, de16/02/2000 (fls. 214/215 do vol. I), a instauração de procedimento específico para apurar a responsabilidade pela não-contestação de cálculos e/ou não-aposição de recurso objetivando reverter a condenação. No parecer foi também apresentada ao Diretor-Presidente da Codesa outra alternativa: encaminhamento do processo PE nº 2.449/99 à Ciset para remessa ao TCU contendo sua manifestação, caso entendesse que os elementos do processo eram suficientes, e os pronunciamentos dos Conselhos de Administração e Fiscal. O referido processo, de fato, ingressou no Tribunal, sem conter, no entanto, a manifestação do Diretor-Presidente e dos Colegiados.

3 - Aceitação de trabalhos de avaliação patrimonial em desacordo com especificações de normas técnicas

3.1Em cumprimento à determinação contida no subitem 8.6 da Decisão nº 124/2000-Plenário, a 9ª Secex encaminhou elementos que foram juntados às contas da Codesa referentes ao exercício de 1998, que constituíram o volume II deste processo.

3.2A citada decisão versou sobre representação formulada por esta Unidade Técnica (TC 300.184/1998-0) que tratou de irregularidades detectadas no curso dos trabalhos de inspeção realizada na Codesa, quando foram analisados os processos licitatórios referentes ao arrendamento dos berços 203, 204 e 205 do Cais de Capuaba e do berço 206 do Cais de Paul, todos do Porto de Vitória. A mencionada inspeção originou-se de representação formulada pela 9ª Secex (TC 004.579/1998-4) em razão de notícias veiculadas em jornal dando conta de que as receitas obtidas pela Codesa, decorrentes do arrendamento das instalações portuárias, seriam insuficientes para cobrir as suas despesas.

3.3Transcrevemos o item 8.6 da referida decisão:‘8.6 promover a juntada, por cópia, dos elementos pertinentes constantes destes autos às

contas da Codesa referentes ao exercício de 1998, para que sejam avaliados os atos de gestão relacionados com a aceitação dos trabalhos de avaliação patrimonial em desacordo com as especificações da Norma Técnica da ABNT NBR 5676.’

288

Page 289: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

3.4Foi encaminhada cópia dos seguintes elementos:a) Decisão nº 124/2000-Plenário, bem como o relatório e o voto que a fundamentam (fls.

02/40 do vol. II);b) parecer do Diretor da 3ª Divisão Técnica da 9ª Secex (fls. 41/45 do vol. II);c) parecer do Secretário da 9ª Secex (fl. 46 do vol. II);d) as avaliações patrimonial e econômico-financeira dos berços 203, 204 e 205 do Cais de

Capuaba procedidas pela firma DREER – Consultores Associados S/C Ltda. (fls. 47/75 do vol. II);e) as avaliações patrimonial e econômico-financeira do berço 206 do Cais de Paul

procedidas pela firma DREER – Consultores Associados S/C Ltda. (fls. 76/101 do vol. II).3.5Apesar de nas avaliações elaboradas pela firma haver a indicação de que critérios e

diretrizes dos métodos propostos pela ABNT foram adotados, em especial a Norma Técnica NBR 5676, o Diretor da 3ª Divisão Técnica da 9ª Secex constatou que (fls. 42/43 do vol. II):

a) a avaliação não foi enquadrada em nenhuma das três classificações constantes da referida norma: avaliação rigorosa, avaliação de precisão e avaliação expedita (item 10.2.4);

b) deixaram de ser apresentados diversos pontos associados à vistoria, tais como caracterização do meio ambiente e potencial de utilização de cada imóvel (item 10.2.6);

c) não foram indicadas as fontes na pesquisa de valores (item 10.2.7);d) não foi especificado o critério adotado na homogeneização dos elementos pesquisados

(item 10.2.9);e) não foi especificada a data de referência do valor final (item 10.2.10);f) não há indicação das datas da vistoria e do laudo, do nome, assinatura, número de registro

do CREA e credenciais do avaliador (item 10.2.12);g) não constam dos trabalhos plantas, documentação fotográfica, pesquisa de valores (item

10.2.13).3.6Portanto, a firma DREER – Consultores Associados S/C Ltda. apresentou à Codesa

trabalhos de avaliação patrimonial em desacordo com as especificações da Norma Técnica da ABNT NBR 5676. Tal fato ensejaria a rescisão do contrato, nos termos do art. 78, inciso II, da Lei nº 8.666/93, providência que deixou de ser tomada pela Codesa.

IV- Considerações4.1Com relação à Ação de Reparação de Danos proposta por Malvina Tereza Fiorotti Fosse,

até a presente data não ingressou no TCU documentação proveniente da Codesa contendo ou os procedimentos específicos adotados pela Companhia para apurar responsabilidades pela não-contestação de cálculos e/ou não-aposição de recurso objetivando reverter a condenação, conforme sugerido no Parecer n° 03/2000 – Coaud/Ciset/MT, de 16/02/2000 (fls. 214/215 do vol. I), ou a manifestação do Diretor-Presidente e o pronunciamento dos Colegiados. Portanto, consideramos pertinente manter nos exatos termos a proposta de audiência dos responsáveis à época da ocorrência do fato. Será possível, assim, analisar as razões de justificativa apresentadas juntamente com os resultados da ação que foi implementada pela Codesa.

4.2Quanto ao atendimento do item 8.6 da Decisão nº 124/2000-Plenário, somos pela realização de audiência dos responsáveis para apresentar razões de justificativa acerca da aceitação dos trabalhos de avaliação patrimonial elaborados pela firma DREER – Consultores Associados S/C Ltda. em desacordo com especificações da Norma Técnica NBR 5676. Vale registrar que esse fato ocorreu no exercício de 1997, quando era Diretor-Presidente da Codesa o Sr. Afonso Celso Andára da Silva.

4.3Cumpre ressaltar que consideramos oportuno juntar ao volume II documentos obtidos no curso da inspeção realizada por equipe desta Secex: Planilha Orçamentária dos serviços de engenharia para avaliação patrimonial, Termo de Referência e Convite\CPL\nº 030/97 (fls. 102/114 do vol. II). Além desses, juntamos a Ata da 180ª Reunião do Conselho de Administração, de 23/06/97 (fls. 115/119), na qual consta que o Diretor de Desenvolvimento, cargo ocupado por Antônio Paulo de Riempst de Menezes, era o coordenador das ações inerentes ao Programa de Arrendamento quando da apresentação dos trabalhos de avaliação pela firma DREER – Consultores Associados S/C Ltda.”

3. Realizadas as diligências e audiências propostas, o assunto recebeu novo exame, de acordo com a instrução do Analista Waldeck Miquilino da Silva (fls. 238/246):

289

Page 290: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

“(...)II – Audiência do Sr. João Luiz Zaganelli e Análise do Atendimento à Diligência4.Questionamento: ausência de providências com vistas a conhecer os objetivos que

deixaram de ser efetivamente alcançados em decorrência do substalecimento ao advogado Edinaldo Loureiro Ferraz, então Coordenador da Assessoria Jurídica, dos poderes para atuar na Ação de Reparação de Danos proposta por Malvina Teresa Fiorotti Fosse, conforme consta da manifestação apresentada pelo advogado Rubens Musiello.

4.1.Razões de justificativa e resposta à diligência:‘Em atendimento aos Ofícios Secex/ES nºs 678 e 679, cabe esclarecer que, em 1998, época do

substabelecimento de procuração ao Sr. Edinaldo Loureiro Ferraz, então Chefe da Assessoria Jurídica da Codesa, para atuar na Ação de Reparação de Danos proposta por Malvina Teresa Fiorotti Fosse, a Diretoria-Executiva da Codesa era composta pelos seguintes membros: Diretor-Presidente - Henrique Mello de Moraes; Diretor de Operações Portuárias - João Luiz Zaganelli; Diretor de Desenvolvimento - Fábio Nunes Falce; e Diretor Administrativo-Financeiro - Júlio Cesar Dal Piaz.

Em face do exposto, encaminhamos correspondência ao Sr. Edinaldo Loureiro Ferraz, visando conhecimento do Ofício nº 678 e, também, para que o mesmo, caso quisesse, apresentasse manifestação acerca dos fatos levantados. Isto posto, recebemos a sua manifestação, cópia no Anexo A, a qual acreditamos ser esclarecedora para a questão em foco.

No tocante ao Ofício nº 679, foram extraídas do próprio processo (PE nº 840/2000) cópias de documentos referentes às providências adotadas pela Codesa após o recebimento do Parecer nº 03/2000 - Coaud/Ciset/MT, de 16/02/2000, vide Anexo B, que atendem ao disposto nas alíneas ‘a’ e ‘b’ do referido Ofício.’

4.2.O Anexo A (fls. 116/119) contém as razões que levaram o Sr. Edinaldo Loureiro Ferraz a entender como vantajoso o acordo judicial relativo à ação de reparação de danos.

4.3.Já o Anexo B (fls. 120/206) foi encaminhado pelo responsável objetivando atender à diligência desta Corte, na qual foi solicitada a apresentação de providências adotadas pela empresa, haja vista as alternativas sugeridas pela Secretaria de Controle Interno no Ministério dos Transportes, conforme Parecer n° 03/2000 - Coaud/Ciset/MT, de 16/02/2000, quais sejam:

a) a instauração de procedimento específico para apurar a responsabilidade pela não-contestação de cálculos e/ou não-aposição de recurso objetivando reverter a condenação da Codesa na Ação de Reparação de Danos proposta por Malvina Teresa Fiorotti Fosse; ou

b) manifestação do então Diretor-Presidente, caso entendesse que os elementos do processo PE n° 02.449/99 eram suficientes, e os pronunciamentos dos Conselhos de Administração e Fiscal da Companhia.

4.4.Análise das audiência e diligência: verificamos que a Companhia buscou ‘apurar a responsabilidade pela não-contestação de cálculos e/ou não-aposição de recurso objetivando reverter a condenação Codesa na Ação de Reparação de Danos proposta por Malvina Teresa Fiorotti Fosse’ por intermédio do processo PE nº 840/2000, do qual foram extraídas cópias das peças mais relevantes para compor o anexo B acima referenciado.

4.5.Desse Anexo B destacamos o seguinte:a) a Direxe, em sua 791ª, reunião decidiu encaminhar o processo PE nº 840/00 à

Coordenadoria Jurídica para que fossem adotadas as providências e informações necessárias, visando à instrução do processo, conforme Parecer nº 003/2000 - Coaud/Ciset/MT (fl. 121);

b) a Direxe, em sua 804ª, reunião solicitou que a Coordenadoria de Auditoria apresentasse, por escrito, relatório histórico dos principais fatos relativos à ação judicial, inclusive atentando para o ponto 5.2.1 constante do relatório nº 031339 da Delegacia Federal de Controle/ES, de 23/04/99, objetivando que a Diretoria pudesse apreciar melhor a matéria e decidir sobre que providências adotar (fl. 125);

c) a Coordenadoria de Auditoria apresentou o relatório de cópias às fls. 127/146, que foi aprovado pela Direxe em sua 823º reunião (fl. 126); (grifamos)

d) em seguida foi solicitada à Coordenadoria Jurídica análise da matéria e parecer (fl. 126);e) a Coordenadoria Jurídica apresentou o parecer solicitado (fls. 148/149); (grifamos)

290

Page 291: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

f) em 07/01/2002, o Sr. Rubens Musiello apresentou novamente considerações sobre sua atuação na ação (fls. 154/156);

g) a Direxe, em sua 827ª reunião, realizada em 20/11/2000, considerando que ‘os elementos constantes do Relatório de Auditoria Interna (Ação Judicial Malvina Teresa Fiorotti Fosse – perda de prazos legais) são suficientes para esclarecimentos do assunto, recomendou o encaminhamento aos Colegiados, visando o seu pronunciamento, nos termos do Parecer 003/2000 – Coaud/Ciset/MT, e posterior remessa do material à Ciset, objetivando conhecimento do Tribunal de Contas da União - TCU’ (fl. 151);

h) em seguida, o Consad, em sua 225º reunião (20/12/2000), decidiu solicitar um relatório ao Diretor-Presidente para posterior apreciação (fl. 152);

i) em 15/03/2002, o Diretor-Presidente, Sr. Fábio Nunes Falce, manifestou-se sobre o assunto (fl. 202);

j) em seguida a Direxe e o Consad pronunciaram-se favoravelmente à manifestação do Diretor-Presidente (fls. 203/204);

l) em 16/05/2002, A Codesa informou ao Controle Interno no Ministério dos Transportes as providências adotadas (fl. 205).

4.6.A documentação acostada mostra que o Sr. Rubens Musiello deixou de se manifestar sobre o laudo do perito judicial dentro do prazo estabelecido no art. 607, § 1°, do CPC, embora tenha sido intimado para tanto em 11/03/1996 (fls. 137, 143, 147 e 148). Não tendo a Codesa se manifestado, o juiz proferiu a sentença condenatória em 10/04/1996 (fl. 138).

4.7.A intimação relativa a essa sentença condenatória foi feita ao advogado José Luiz Alvarenga e não ao Sr. Rubens Musiello, que, apesar disso, interpôs o recurso de apelação na tentativa de modificar o julgado (fls. 44/49 do volume 1). Efetivamente, o argumento utilizado na apelação para se questionar o laudo do perito judicial foi o fato de [não] ter sido elaborado em consonância com o contido no art. 602 do CPC.

4.8.O julgamento da apelação foi pela negativa de provimento, tendo o seu relator se pronunciado, no mérito, pela inaplicabilidade do referido art. 602 ao caso (fls. 138/139 do volume 1):

‘Correto o laudo pericial que tomou os ganhos comprovados da vítima à época do acidente, dados estes que foram fornecidos pelo próprio apelante.

Não vejo nenhuma irregularidade a ser sanada, vez que a parte recorrente foi devida e validamente intimada dos cálculos proferidos por perito nomeado por este Poder Judiciário, tendo sido o mesmo acompanhado de Assistentes Técnicos nomeados pelos litigantes. Ao contrário do que quer crer o apelante foi ele próprio que insurgiu em erro e descaso deixando transcorrer in albis prazo para se manifestar sobre os valores obtidos pela perícia, aqui objeto do litígio, tornando-se preclusa a matéria. Desta feita rejeito a preliminar argüida. (...)

Quanto ao mérito não vejo o que possa estar em dissonância com o direito da apelada. O art. 602 do CPC não se aplica sub judice, vez que esta norma se aplica à prestação de alimentos, diante do que conheço do recurso mas lhe nego provimento, mantendo na íntegra a decisão atacada.’

4.9.Neste ponto merece ser destacado o entendimento do Sr. Rubens Musiello de que a ausência de manifestação no prazo estabelecido no art. 607, p. único, do CPC não caracterizou ‘perda de prazo’. Segundo ele, quando questionado pela empresa sobre o fato, os cálculos foram atacados tempestivamente por ocasião da apelação (fl. 122) – importante destacar que o Sr. Rubens Musiello apresentou entendimento jurisprudencial de que não há concordância tácita com a conta da liquidação por não ter o réu se manifestado no diversas vezes citado prazo estabelecido no art. 607, p. único, do CPC (fls. 21/22 do volume 1).

4.10.O Sr. Rubens Musiello tentou ainda, até meados de 1998, outros expedientes com vistas à modificação da sentença (recurso especial, correição parcial com pedido de concessão de liminar, agravo de instrumento) que também não lograram êxito.

4.11.Em 02/12/1998, aquele advogado substabeleceu ao Sr. Edinaldo Loureiro Ferraz, então coordenador jurídico da Codesa, a defesa da companhia na ação (fl. 82). Segundo o Sr. Rubens Musiello, ele ‘foi afastado da condução do processo a pedido do Coordenador Jurídico de então –

291

Page 292: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

Dr. Edinaldo Loureiro Ferraz – que tinha uma visão diferenciada da rebuída disputa judicial’ (fl. 155).

4.12.Ele também afirma que, caso continuasse na condução da defesa, teria adotado outras providências, tais como embargos à execução, ação cautelar preparatória c/ pedido de liminar e ação rescisória (fl. 155). Essas medidas não foram adotadas pelo novo defensor da Codesa, o Sr. Edinaldo Loureiro Ferraz, que tinha o seguinte posicionamento (fls. 117/119):

‘4. Analisando juridicamente o processo, verificamos que todas as medidas de defesa até então adotadas pelos advogados da Codesa não lograram êxito, não vendo qualquer chance jurídica de reverter o quadro em que se encontrava ou diminuir o valor da execução que, àquela altura, só tendia a aumentar (em junho de 1998, ou seja um pouco mais de 8 meses da última atualização, já sofrera um incremento da ordem de R$ 550.205,29, por conta de juros e correção).

5. Àquela altura, o único instrumento processual para se combater os cálculos determinados por uma perícia judicial e devidamente homologada pelo MM. Juiz seria os Embargos à Execução. Qualquer outra alternativa, seria, ao nosso entendimento, meramente procrastinatória, com conseqüências cada vez mais gravosas para a Empresa. (...)

7. ...O nosso entendimento, pela análise dos autos, era de que inexistia, mesmo em eventual discussão nos Embargos, qualquer probabilidade de sucesso na redução do quantum executado.

8. Instado a me pronunciar sobre o acordo proposto pelos Advogados da Autora, nenhuma dúvida tive em sugerir à Diretoria da Codesa que aceitasse a sua celebração, pois em nosso entendimento, na situação apresentada, era-lhe vantajoso...

9. Pelo que acima se demonstrou, deixar que o advogado contratado pela Codesa, àquela altura dos acontecimentos, teimasse em tentar desconstituir o decisum, ou os cálculos apresentados, com medidas que, com todo respeito, não se mostravam adequadas à mudança da decisão, seria uma irresponsabilidade de nossa parte, dada a oneração crescente e progressiva da Empresa que adviria desse procedimento, daí porque, após autorização da Direxe (na reunião de 30 de novembro de 1998), pedimos ao Dr. Rubens Musiello que nos substabelecesse a procuração para que pudéssemos firmar o acordo, nos termos aprovados pela Diretoria.’

4.13. Conclusão: as medidas propostas pelo Controle Interno por intermédio do Parecer n° 03/2000 – Coaud/Ciset/MT partiram do pressuposto de que o cálculo elaborado pelo perito judicial não foi objeto de recurso.

4.14.A documentação acostada pelo responsável, entretanto, demonstra que o cálculo foi questionado por intermédio da apelação, tendo o seu relator se manifestado pela correção do método empregado pelo perito judicial, que teve assistentes técnicos tanto da autora da ação como da Codesa. Negado provimento a tal recurso, outras medidas foram adotadas pelo então advogado da Codesa objetivando reverter a condenação, que também não lograram êxito.

4.15.Também está demonstrado que, no final de 1998, a Codesa entendeu que seria conveniente e oportuno firmar o acordo proposto pelos advogados da autora da ação. Esse entendimento foi baseado em bem fundamentada análise da situação do processo. Essa análise concluiu que a adoção de novos recursos jurídicos seria ineficaz para a reversão da condenação e que o acordo seria firmado em bases financeiras vantajosas para a Codesa.

4.16.Em vista da discordância do Sr. Rubens Musiello, então advogado, com a decisão da empresa de firmar o acordo, a companhia retirou aquele advogado da ação.

4.17.Assim, entendemos que foram clareados todos os pontos até então obscuros sobre o que realmente aconteceu na condução da ação até que fosse firmado o acordo com a autora da ação.

4.18.A audiência foi realizada devido ao entendimento de que a afirmativa do advogado Rubens Musiello de que o substabelecimento da ação para o Sr. Edinaldo Loureiro Ferraz, então coordenador jurídico da Codesa, impediu ‘... a adoção de outras medidas, para que se pudesse alcançar os objetivos desejados’ deveria ter sido objeto de averiguação pela Companhia com vistas a esclarecer quais os objetivos que deixaram de ser efetivamente alcançados.

4.19.Parece-nos que os objetivos aos quais se refere o Sr. Rubens Musiello podem ser sintetizados como a reversão da condenação. Entretanto, como indicam os documentos acostados pelo responsável, esse objetivo não seria alcançado com ‘a adoção de outras medidas’ (outros recursos judiciais), tendo a Codesa aproveitado o acordo proposto para desembolsar um valor menor do que aquele ao qual foi legalmente condenada.

292

Page 293: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

4.20.Assim, considerando que não está constatada qualquer irregularidade na decisão da Codesa; que não foi caracterizado qualquer prejuízo financeiro por não ter o advogado da companhia se manifestado sobre o laudo do perito no prazo fixado no art. 607, p. único, do CPC, acatamos as razões de justificativa apresentadas pelo Sr. João Luiz Zaganelli.

III – Audiência do Sr. Afonso Celso Andára da Silva5.Questionamentos relativos à Ação de Reparação de Danos proposta por Malvina Teresa

Fiorotti Fosse:a) ausência de manifestação do advogado Rubens Musiello, representante da Codesa na

Ação de Reparação de Danos proposta por Malvina Teresa Fiorotti Fosse, sobre os cálculos elaborados pelo perito do juízo independentemente de a intimação ter sido processada em nome do advogado José Luiz Alvarenga;

b) ausência de acompanhamento pelo órgão jurídico da Codesa do andamento da Ação de Reparação de Danos proposta por Malvina Teresa Fiorotti Fosse;

c) ausência de fiscalização pelo órgão jurídico da Codesa da atuação do advogado contratado para representar a empresa na Ação de Reparação de Danos proposta por Malvina Teresa Fiorotti Fosse.

5.1.Razões de Justificativa (fls. 214/222): o responsável relata diversos fatos relativos à ação:

a) a ação foi ajuizada em 1984 e, após ter tramitado por quase quinze anos, foi prolatada sentença favorável à autora;

b) a sentença transitou em julgado, tendo sido promovida a execução por liquidação assentada em cálculos da lavra de perícia ordenada pelo MM. Juiz;

c) em 09/10/1995, o perito do Juízo, por laudo técnico de avaliação, cotou a indenização em R$ 1.095.576,72 seguindo critérios atuariais;

d) o advogado da Codesa perdeu, de forma acidental, o prazo legal para questionar o cálculo da indenização; (grifamos)

e) o advogado da Codesa registrou nos autos, após o prazo legal para questionar o valor da indenização, que reconhecia um débito de R$ 234.582,12;

f) que não se tem em mãos os cálculos efetuados pelo então advogado da Codesa (que o levaram a concluir que o débito seria de R$ 234.582,12 e não o valor apurado pelo perito judicial); (grifamos)

g) que a questão da ação era de conhecimento de diversas unidades internas da Codesa e de alguns órgãos externos a ela, inclusive este Tribunal;

h) que, se entendido que havia excessos na execução, a Codesa poderia tê-los impugnado por intermédio de embargos do devedor, que devem ser precedidos de penhora;

i) que, na gestão de outro Presidente, a Codesa optou por resolver a pendência judicial por meio de transação judicial.

5.2.Sobre o acordo judicial, o responsável diz que ‘ao que se sabe, tal Acordo teria sido extremamente vantajoso para a Codesa, dada uma considerável redução de cifras monetárias.’

5.3.Em conclusão, o responsável diz que a não-impugnação dos cálculos não constitui falha sua, que os mecanismos de controle interno da Codesa falharam de forma acidental e que este Tribunal também falhou em seu trabalho de fiscalização externa.

5.4.Análise: entendemos que, do arrazoado apresentado pelo Sr. Afonso Celso Andára da Silva, pode-se extrair que as questões a ele dirigidas foram respondidas da seguinte forma: em relação à questão ‘a’, que o Sr. Rubens Musiello, advogado da Codesa, perdeu de forma acidental o prazo para impugnar os cálculos da indenização; em relação às alíneas ‘b’ e ‘c’, que falhas nos controles interno impediram a constatação, em tempo adequado, da omissão do advogado. Não estaria, ainda segundo o responsável, caracterizada a ocorrência de prejuízo ao erário decorrente dessas falhas.

5.5.Verifica-se, então, que o responsável classifica as falhas como formais, já que entende não haver comprovação de prejuízo ao erário.

5.6.Considerando o exposto na análise da audiência do Sr. João Luiz Zaganelli, acatamos as razões de justificativa do responsável.

293

Page 294: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

6.Questionamento relativo ao Convite\CPL\nº 030/97: aceitação dos trabalhos de avaliação patrimonial dos imóveis dos berços 203, 204 e 205 do Cais de Capuaba e do berço 206 do Cais de Paul, objeto do Convite\CPL\nº 030/97, elaborados pela firma DREER – Consultores Associados S/C Ltda. em desacordo com especificações da Norma Técnica NBR 5676.

6.1.Razões de justificativa (fls. 220/222): destacamos o seguinte:‘os trabalhos de avaliação patrimonial dos imóveis dos berços 203, 204 e 205 do Cais de

Capuaba e do berço 206 do Cais de Paul, objeto do Convite PL\CPL\n° 030/97, elaborados pela firma DREER - Consultores Associados S/C Ltda., tidos como em desacordo com especificações da Norma Técnica NBR 5676, encontram justificativa nas manifestações de defesa até agora produzidas neste processo administrativo, sobretudo com o timbre do Ministério dos Transportes, às quais este ex-Presidente empresta solidariedade, mormente em face da complexidade do tema por suas angulações técnicas; por questões de ineditismo dos procedimentos; por um certo atropelamento de normas embaladas e alternadas por via de uma cornucópia de Medidas Provisórias; até mesmo por limitações do plano tempo-espaço. Questão de know how, em resumo.’ (...)

‘... O nosso trabalho, realmente, se norteou pelo zelo profissional, pela probidade administrativa e pela vontade de acertar, de modo que as eventuais imperfeições hão de ser atribuídas às limitações próprias da novidade ou ineditismo dos procedimentos, pois, são, em regra, estes mesmos que até suscitam correções normatizantes, umas em cima das outras, por império das Medidas Provisórias, às quais os administrados devem imediata e, por isto mesmo, nem sempre bem assimilada obediência.

Da mesma forma, acompanhamos a posição do Ministério dos Transportes, segundo sua confiável equipe técnica, em relação à exigência de RIMA para instalações preexistentes.’

6.2.Análise: o responsável se refere a ‘manifestações de defesa até agora produzidas neste processo administrativo, sobretudo com o timbre do Ministério dos Transportes’, que, entretanto, inexistem nos autos.

6.3.Em relação à afirmação de que ‘se norteou pelo zelo profissional, pela probidade administrativa e pela vontade de acertar’, temos a colocar que esse é comportamento que se espera do gestor público e que não responde ao questionado. Assim, não acatamos as razões de justificativa apresentadas.

6.4.A aceitação dos trabalhos de avaliação patrimonial em desacordo com as especificações da Norma Técnica da ABNT NBR 5676 foi questionada por caracterizar infringência ao art. 78, inciso II, da Lei n° 8.666/93, que determina que a inexecução total ou parcial do contrato enseja sua rescisão pelo motivo de cumprimento.

6.5.As irregularidades referentes ao Convite PL\CPL\n° 030/97 foram tratadas no TC 004.579/1998-4. No julgamento daquele processo (Decisão n° 124/2000-TCU-Plenário), o Ministro-Relator, Exm° Humberto Souto, assim se manifestou sobre o processo licitatório:

‘... considero que muitas das falhas e irregularidades no processo licitatório, por envolverem o descumprimento das Leis n°s 8.666/93, com suas posteriores modificações, e 8.630/93, devem ensejar determinações à autoridade competente, que, neste caso, entendo ser o Ministério dos Transportes, órgão gestor do processo de desestatização portuária, e não a Codesa, que assumiu esse papel indevidamente, conforme ficou evidenciado nos autos.’

6.6.Considerando o entendimento acima transcrito, somos por que a não-observância do art. 78, inciso II, da Lei n° 8.666/93 também seja meramente objeto de determinação à Codesa.

IV – Audiência do Sr. Antônio Paulo de Riempst Menezes7.Questionamento: aceitação dos trabalhos de avaliação patrimonial dos imóveis dos berços

203, 204 e 205 do Cais de Capuaba e do berço 206 do Cais de Paul, objeto do Convite\CPL\nº 030/97, elaborados pela firma DREER – Consultores Associados S/C Ltda. em desacordo com especificações da Norma Técnica NBR 5676.

7.1.Razões de justificativa (fls. 223/236): o responsável diz que coordenou um trabalho técnico com vistas à elaboração do programa de arrendamento de áreas e instalações da Codesa, trabalho esse que foi apresentado a dirigentes da Codesa e de órgãos do Ministério dos Transportes em reunião do dia 19/06/1997, quando foi definida a metodologia do programa e a forma de licitação de cada área.

294

Page 295: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

7.2.Diz ainda que, em 23/06/1997, participou da 180ª reunião do Conselho de Administração da Codesa, tendo o Consad aprovado os critérios estabelecidos e determinado à Codesa a agilização na contratação de empresa especializada para proceder à avaliação das áreas no Porto de Vitória e Barra do Riacho.

7.3.Em vista dessa determinação foi realizada a licitação para execução dos serviços de avaliação patrimonial econômico-financeira das instalações portuárias de Vitória e Barra do Riacho, seguindo-se a constituição de comissão especial de licitação para fiscalizar os serviços de avaliação contratados com a empresa DREER.

7.4.Após essas informações preliminares o Sr. Antônio Paulo de Riempst Menezes se defende dizendo que:

‘9. Na condição de Diretor Desenvolvimento (Diretor Técnico) não me competia promover a contratação de empresa de avaliação, como de fato não participei da contratação da firma DREER com vista à prestação de serviços de avaliação dos berços mencionados na presente Tomada de Contas.

10. Deste modo, não concorri com qualquer modalidade de culpa seja para contratação de firma DREER ou na aprovação da mencionada avaliação de molde a causar qualquer prejuízo ao erário.’

7.5.O responsável também ‘se associa aos fundamentos de fato e de direito apresentados nas defesas oferecidas pelo Ministério dos Transportes e do Presidente da Codesa à época dos fatos em relação a possíveis irregularidades no trabalho de avaliação patrimonial dos berços 203, 204 e 205 do Cais de Capuaba e do berço 206 do Cais de Paul.’

7.6.Análise: a documentação acostada pelo responsável mostra apenas que foi constituída comissão especial de licitação do programa de arrendamentos, não havendo indicação de que a essa comissão tenha sido delegada a tarefa de aceitar o trabalho da empresa DREER.

7.7.Conforme consta da ata da 180ª reunião do Consad (fl. 229), os trabalhos inerentes ao Programa de Arrendamento de Áreas e Instalações da Codesa continuaram sob a coordenação do Sr. Antônio Paulo de Riempst de Menezes.

7.8.Não acatamos as razões de justificativa apresentadas e, na mesma linha do colocado no subitem 6.6, a irregularidade deve ser apenas objeto de determinação à Codesa.

V – Conclusão:8.Ante todo o exposto, submetemos os autos à consideração superior, propondo que seja:8.1. Determinado à Codesa que deixe de aceitar a inexecução total ou parcial do objeto de

contrato por caracterizar infringência ao art. 78, inciso II, da Lei n° 8.666/93, situação essa verificada na aceitação dos trabalhos de avaliação patrimonial dos imóveis dos berços 203, 204 e 205 do Cais de Capuaba e do berço 206 do Cais de Paul, objeto do Convite\CPL\nº 030/97, elaborados pela firma DREER – Consultores Associados S/C Ltda. em desacordo com especificações da Norma Técnica NBR 5676;

8.2. Arquivado o presente processo.”4. Por sua vez, o Diretor da Secex/ES, com a concordância do Secretário, emitiu o parecer

final da Unidade Técnica sobre o encaminhamento deste processo (fls. 247/248):“Ao acompanhar as conclusões do Sr. Analista em sua instrução, entendo conveniente tecer

alguns comentários adicionais relativamente à questão do acordo que pôs fim à demanda judicial entre a Srª Malvina Tereza Fiorotti Fosse e a Codesa (fls. 83/87 do volume principal).

2.Tal acordo, além de ter sido firmado com a aprovação prévia da Direxe e referendado posteriormente pelo Consad, resultou em economia significativa para a Codesa.

3.Com efeito, conforme se verifica à fl. 195 do volume 1, o valor da condenação em 18/06/1998 já somava R$ 2.750.501,99. No entanto, o acordo firmado aproximadamente 6 meses depois, precisamente em 1º de dezembro de 1998, foi de R$ 2.200.000,00, e ainda assim para serem pagos em 26 vezes (uma entrada de R$ 300.000,00, que já estavam bloqueados em conta corrente da ré, mais 25 parcelas de R$ 76.000,00), sendo tais parcelas corrigíveis pelo INPC, caso tal índice ultrapassasse o limite de 2%, hipótese em que se aplicaria apenas o percentual que excedesse esse limite.

4.Vale destacar que o acordo foi firmado quando a Codesa já estava com recursos em conta corrente bloqueados (R$ 256.036,58), bem como com 25% sobre rendas futuras penhoradas até

295

Page 296: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

atingir o montante da condenação, o que, vale dizer, em poucos meses liquidaria o débito, pelo seu valor total, considerando o porte da empresa.

4.Os autos revelam, ainda, que os cálculos foram efetuados por perito do juízo com a participação de assistentes técnicos da autora e da ré, pelo que entendo faz presumir a sua exatidão.

5.O fato de esses cálculos não terem sido impugnados no momento de sua apresentação – perda de prazo acidental, posto que a notificação pelo Diário Oficial fora feita ao advogado que não mais atuava no processo – não retirava da Codesa o direito de contestá-los em sede de embargos à execução, razão pela qual esse fato assume caráter de pouca relevância para o deslinde da questão.

6.Bastante convincentes são os argumentos expendidos pelo então Coordenador da Assessoria Jurídica da Codesa em sua manifestação de fls. 103/106 do volume 1, especialmente quando sustenta:

‘Fiz uma análise jurídica da situação processual da ação, no estado em que se encontra, e cheguei à conclusão de que as discussões que estão sendo travadas, agora limitadas exclusivamente aos valores apurados, não tem, a nosso ver, qualquer possibilidade de êxito por parte da Codesa, tendo em vista , antes de tudo, que já transitou em julgado a sentença proferida na liquidação, precluindo-se as possibilidades de impugnações, não havendo, data maxima venia, mais oportunidade de questionamentos, apesar de, processualmente, ainda se encontrar disponível o instrumento dos Embargos à Execução’.

7.Ante o exposto, submeto estes autos à consideração do Sr. Secretário para que sejam encaminhados ao Gabinete do Exmº Sr. Ministro-Relator, com as seguintes propostas:

7.1Sejam acatadas as razões de justificativa apresentadas pelos Srs. João Luiz Zaganelli e Antônio Paulo de Riempst Menezes.

7.2Sejam acatadas parcialmente as razões de justificativa apresentadas pelo Sr. Afonso Celso Andára da Silva.

7.3Seja determinado à Companhia Docas do Espírito Santo que deixe de aceitar a inexecução total ou parcial do objeto de contrato por caracterizar infringência ao art. 78, inciso II, da Lei n° 8.666/93, situação essa verificada na aceitação dos trabalhos de avaliação patrimonial dos imóveis dos berços 203, 204 e 205 do Cais de Capuaba e do berço 206 do Cais de Paul, objeto do Convite/CPL/n° 030/97, elaborados pela firma DREER – Consultores Associados S/C Ltda., em desacordo com especificações da Norma Técnica NBR 5676.

7.4Seja encerrado o presente processo.”

É o relatório.

VOTO

Uma das questões extraídas da prestação de contas de 1998 da Codesa, para exame neste apartado, refere-se à sua atuação jurídica no processo de indenização que resultou na formalização de acordo para o pagamento da importância de R$ 2.200.000,00 (em 03/12/1998) a Malvina Tereza Fiorotti Fosse, viúva de funcionário da Companhia morto em acidente de trabalho.

2. Quanto a isso, a responsabilidade da Codesa pode ser analisada em três momentos: i) na falta de impugnação dos cálculos de liquidação da sentença proferida no processo de conhecimento, que reconheceu a culpa da Companhia e a procedência do pedido da autora (ano de 1995); ii) na aceitação do acordo para o pagamento da dívida, antes de esgotados os meios judiciais de contestação (ano de 1998); e iii) na ausência de providências sobre a alegação do advogado que atuava no processo de que o acordo aceito pelo advogado que lhe sucedeu teria impedido o alcance de objetivos mais benéficos para a Companhia (ano de 1999).

3. Conquanto os responsáveis pela Codesa tenham sido chamados em audiência apenas pelo último ponto acima mencionado, a Secex/ES ouviu e ponderou justificativas a respeito de todas as três ocorrências, consistindo a primeira delas, sobre a falta de impugnação de cálculos, talvez na mais importante.

296

Page 297: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

4. Por desatenção da área jurídica, a Justiça não foi informada da substituição do advogado original no processo, não pertencente aos quadros da Companhia, acarretando a intimação de pessoa inabilitada e a conseqüente perda do prazo para impugnação dos cálculos da fase de liquidação, anteriormente à execução da sentença condenatória. Nos termos do art. 607 do CPC, as partes podem se manifestar no prazo de dez dias acerca do cálculo pericial, quando a liquidação se faz por arbitramento.

5. Conforme o advogado atuante no processo na fase de liquidação, a perda do sobredito prazo não representa, juridicamente, uma aceitação dos cálculos, que ainda podem ser, como foram no caso vertente, discutidos em sede recursal.

6. De fato, verifico que nos tribunais esse é o entendimento jurisprudencial, como se depreende, por exemplo, da ementa do REsp nº 61561/SP, de 1996, julgado pelo Superior Tribunal de Justiça: “a ausência de impugnação aos cálculos não implica concordância tácita com os valores apresentados e renúncia ao direito de apelar.”

7. Na apelação, assim como noutros instrumentos jurídicos de que se utilizou, o advogado procurou combater os cálculos periciais e, sobretudo, a modalidade de liquidação adotada, que, segundo ele, não se deveria basear no art. 607 do CPC, concernente a arbitramento para pagamento da indenização de uma vez só, mas no seu art. 602, atinente a prestação de alimentos. Todavia, em nenhuma das ocasiões obteve êxito, tendo o Tribunal de Justiça do Espírito Santo decidido que “o art. 602 do CPC não tem qualquer aplicação ao caso sub judice, já que é pertinente à prestação de alimentos.”

8. Sobre o cálculo da indenização (fls. 132/133 do vol. 1), é de se notar que está em conformidade com os parâmetros definidos na sentença (idade e remuneração da vítima) e foi acompanhado por assistente técnico da Codesa. A principal divergência entre o cálculo do perito e o do advogado da Companhia reside no fato de que este considerou o pagamento de alimentos apenas por oito anos (fl. 44 do vol. principal), ao passo que aquele, apoiado na decisão judicial, somou todo o tempo de remuneração a que o acidentado faria jus até a sua aposentadoria (cerca de 28 anos), a ser pago em quantia certa.

9. Embora a mim se afigure exagerado o montante da condenação (R$ 1.095.576,72, em out/1995), tendo em conta que a indenização procura reparar somente a perda material, uma vez que o valor da vida é inestimável, não posso negar que o cálculo seguiu a decisão judicial, que a Codesa, em inúmeras tentativas, não conseguiu reformar.

10. Com relação à aceitação do acordo para pagamento da indenização, igualmente não vejo erro na atuação da Codesa. No momento em que foi formalizado, nenhuma chance tinha a Companhia de reverter a condenação e o montante, visto que a sentença homologatória, após vários recursos, havia transitado em julgado e estava em execução. A eventual interposição de embargos à execução certamente não redundaria em benefício, porque a Companhia não poderia se aproveitar de nenhuma das hipóteses de cabimento a que se refere taxativamente o art. 741 do CPC, constituindo mero artifício procrastinatório. Nesse sentido, veja-se o que entende o Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios: “Processual Civil - Embargos à execução - Pretensão de discussão de questões decididas no processo de conhecimento e cobertas pelo manto da coisa julgada - Alegação de excesso de execução em relação a valor determinado em liquidação de sentença - Ofensa à coisa julgada - Rejeição liminar dos embargos que se impõe - Uma vez que a defesa apresentada contra o título judicial foram apreciadas e decididas no processo de conhecimento, não podem ser reapreciadas em sede de embargos à execução, sob pena de ferir a coisa julgada - Também o valor determinado na fase de liquidação, cuja sentença transitou em julgado, não mais pode ser reapreciado e alterado - A execução de título judicial há de se fazer pelo valor exato da condenação - Rejeição liminar dos embargos que se mantém - Apelação não provida - Unânime” (Acórdão nº 137616, de 02/04/2001).

11. Portanto, a assinatura do acordo, que proporcionou um desconto da ordem de 20% do valor da condenação, permitindo ainda o parcelamento, atendeu o interesse público e foi sem dúvida vantajoso para a Codesa.

12. No que diz respeito às providências adotadas pela Codesa para a apuração dos objetivos que por acaso teriam deixado de ser atingidos em virtude do acordo, as justificativas oferecidas

297

Page 298: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

pelos responsáveis reafirmaram a conveniência da solução adotada, conforme acima exposto, não havendo, naquela altura do processo, melhor desfecho para o caso.

13. A outra questão para ser resolvida neste apartado relaciona-se com a aceitação, pela Codesa, dos trabalhos de avaliação patrimonial dos berços de cais que seriam arrendados à iniciativa privada, elaborados em desacordo com especificações de norma técnica, no ano de 1997.

14. Esses arrendamentos foram examinados com detalhes no TC 300.184/1998-0, onde se concluiu que a Codesa não possuía competência para fazê-los e, tendo-os feito, ainda cometeu uma série de graves irregularidades que comprometeram a desestatização, principalmente no aspecto da avaliação patrimonial. Por tal motivo, foi determinado ao Ministério dos Transportes, a quem cabia proceder aos arrendamentos, a reavaliação econômico-financeira dos berços arrendados, a fim de que se pudesse calcular os prejuízos e apurar responsabilidades (Decisão nº 124/2000-Plenário). Conforme afirmou o Relator desse processo, em seu voto, “tendo em vista as diversas impropriedades/irregularidades na avaliação econômico-financeira do empreendimento (...), acredito ser impossível quantificar o eventual dano ao Erário sem que se faça uma nova avaliação dos objetos da licitação.” Todavia, a determinação encontra-se objetada com a interposição de recurso pela Codesa.

15. Na supracitada decisão, foram determinadas várias providências corretivas para observância de normas de desestatização no futuro. Como compete ao Ministério dos Transportes gerir a transferência da exploração de bens públicos do setor, as determinações foram dirigidas a esse órgão, e não à Codesa. Creio que, seguindo essa conclusão, o mesmo deveria ocorrer com o caso do descumprimento de normas técnicas, objeto deste processo apartado, mas entendo desnecessária a determinação ao Ministério dos Transportes, que já está perfeitamente ciente do problema. Por isso, não acolho, nesse ponto, a proposta da Secex/ES.

16. A despeito de não acatar as razões de justificativa quanto ao descumprimento da norma técnica, deixo de propor aqui a aplicação de sanções, porquanto outras irregularidades referentes aos arrendamentos, muito mais graves, estão sendo consideradas no TC 300.184/1998-0, que poderá concluir pela necessidade de responsabilização por prejuízos, apenação dos dirigentes e reabertura das contas da Codesa de 1997, já julgadas regulares com ressalva (cf. TC 300.103/1998-0, Relação nº 2/1999 do Gab. do Ministro Humberto Souto, aprovada na Sessão da Primeira Câmara de 26/01/1999).

17. Assim, sugiro a juntada de cópia da deliberação a ser proferida àquele processo, para que todas as providências de caráter punitivo e reparatório acerca das irregularidades cometidas nos arrendamentos sejam tomadas em conjunto, assim que ficar pronta a nova avaliação dos berços determinada pela Decisão nº 124/2000-Plenário, no caso de não prosperar o recurso apresentado pela Codesa.

Diante do exposto, voto por que o Tribunal adote o acórdão que ora submeto ao Plenário.

TCU, Sala das Sessões, em 9 de julho de 2003.

MARCOS VINICIOS VILAÇAMinistro-Relator

ACÓRDÃO Nº 864/2003-TCU-PLENÁRIO

1. Processo nº TC 004.800/2002-9 (com 2 volumes)2. Grupo I, Classe de Assunto VII - Processo Apartado da Prestação de Contas de 19983. Entidade: Companhia Docas do Espírito Santo (Codesa)4. Responsáveis: João Luiz Zaganelli (ex-presidente, de 18/06/99 a 18/10/99, e atual

presidente), Afonso Celso Andára da Silva (ex-presidente, de 09/06/95 a 18/02/97), e Antônio Paulo de Riempst Menezes (ex-diretor)

5. Relator: Ministro Marcos Vinicios Vilaça6. Representante do Ministério Público: não atuou7. Unidade Técnica: Secex/ES8. Advogado constituído nos autos: não há

298

Page 299: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

9. ACÓRDÃO:VISTOS, relatados e discutidos estes autos de apartado da prestação de contas do exercício de

1998 da Companhia Docas do Espírito Santo (Codesa), constituído com o objetivo de apurar especificamente i) a inobservância do prazo legal para a impugnação de cálculos em ação judicial de reparação de danos e ii) a aceitação de trabalhos de avaliação patrimonial em desacordo com as especificações de normas técnicas, fatos não relacionados exatamente com a gestão avaliada nos autos originais (TC 007.668/1999-6).

ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão do Plenário, diante das razões expostas pelo Relator, em:

9.1 - acolher as razões de justificativa dos Srs. João Luiz Zaganelli e Afonso Celso Andára da Silva quanto à defesa da Codesa no processo judicial de indenização movido por Malvina Tereza Fiorotti Fosse;

9.2 - não acolher as razões de justificativa dos Srs. Afonso Celso Andára da Silva e Antônio Paulo de Riempst Menezes quanto ao descumprimento de normas técnicas no arrendamento de berços portuários, deixando as conseqüências do ato irregular para serem consideradas no TC 300.184/1998-0, que trata desse assunto com maior abrangência;

9.3 - determinar a juntada de cópia deste acórdão, bem como do relatório e voto que o fundamentam, ao TC 300.184/1998-0; e

9.4 - arquivar este processo.

10. Ata nº 26/2003 – Plenário11. Data da Sessão: 9/7/2003 – Ordinária12. Especificação do quorum:12.1. Ministros presentes: Valmir Campelo (Presidente), Marcos Vinicios Vilaça (Relator),

Iram Saraiva, Humberto Guimarães Souto, Adylson Motta, Walton Alencar Rodrigues, Guilherme Palmeira, Benjamin Zymler e o Ministro-Substituto Lincoln Magalhães da Rocha

12.2. Auditores presentes: Augusto Sherman Cavalcanti e Marcos Bemquerer Costa.

VALMIR CAMPELOPresidente

MARCOS VINICIOS VILAÇAMinistro-Relator

Fui presente:

PAULO SOARES BUGARINProcurador-Geral, em substituição

GRUPO I – CLASSE VII - PLENÁRIOTC 002.046/2002-5 (com 3 volumes)Natureza: RepresentaçãoÓrgão: Ministério dos TransportesInteressado: Secretaria de Fiscalização de Desestatização

Sumário: Representação. Fatos que influem na definição das tarifas dos serviços de transporte rodoviário interestadual e internacional de passageiros, bem como nos preços mínimos para pagamento das outorgas das permissões desses serviços pelos licitantes. Adoção de medidas pela ANTT. Recomendação à ANTT. Comunicação aos interessados.

RELATÓRIO

299

Page 300: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

Este processo tem por objeto representação formulada pela analista Cilma Helena Villela Blumm Ferreira, da Secretaria de Fiscalização de Desestatização – SEFID –, acerca de fatos que influem na definição das tarifas dos serviços de transporte rodoviário interestadual e internacional de passageiros e dos preços mínimos para pagamento das outorgas das permissões desses serviços pelos licitantes.

Parecer da Unidade Técnica

2. Ao apreciar este processo na Sessão de 24/04/2002, o Tribunal decidiu (Decisão nº 427/2002 – Plenário, Ata nº 13/2002):

“8.1. conhecer da presente representação, por preencher os requisitos de admissibilidade previstos no art. 69, inciso VI, da Resolução TCU nº 136/2000, para, no mérito, considerá-la procedente;

8.2. determinar ao Ministério dos Transportes que:8.2.1. no prazo de até 120 (cento e vinte) dias:8.2.1.1. efetue a revisão dos estudos que subsidiam a definição do coeficiente tarifário e, em

conseqüência, a determinação da tarifa de referência, tendo em vista as transformações tecnológicas, administrativas, legais e econômico-financeiras verificadas no país desde a revisão efetuada em 1989;

8.2.1.2. adote, com as devidas justificativas, critério metodológico compatível com a avaliação dos negócios empresariais, considerando, entre outras, a projeção de lucros e as taxas de risco, de atratividade e de retorno do negócio, a fim de definir o preço mínimo de outorga a ser fixado em edital;

8.2.1.3. elimine, no critério de julgamento das propostas, a restrição de oferta de tarifas reduzidas em mais de 5% em relação à tarifa de referência, promovendo o alcance de uma das condições definidoras de serviço adequado - modicidade de tarifas - prevista no art. 6º da Lei nº 8.987/95; e

8.2.2. abstenha-se de realizar a abertura de novos processos licitatórios até o pronunciamento deste Tribunal a respeito do cumprimento das determinações feitas nos subitens anteriores;

8.3. determinar à Secretaria Federal de Controle Interno que faça constar no relatório relativo à prestação de contas do exercício de 2002 pronunciamento sobre as medidas adotadas pelo Ministério dos Transportes em atenção às determinações contidas no subitem 8.2; e

8.4. remeter cópia da representação ao Ministério dos Transportes.”3. Agora, os autos retornam com a instrução final, aprovada pelos dirigentes da Sefid (fls.

80/94v):“(...)4.O Ministério dos Transportes, após ser comunicado acerca da referida Decisão, mediante o

Aviso nº 452-GP/TCU, datado de 8/5/2002 (fl. 50), encaminhou à Agência Nacional de Transportes Terrestres, por meio do Ofício nº 867/GM/MT, de 28/5/2002 (fl. 53), o mencionado Aviso a fim de que aquela Agência adotasse as providências necessárias ao cumprimento da Decisão nº 427/2002 – TCU – Plenário.

5.Em resposta, a ANTT enviou a este Tribunal o Ofício nº 467/202/ANTT, de 4/7/2002 (fls. 55/57), solicitando o acréscimo do prazo de 90 (noventa) dias para terminar a revisão dos estudos que subsidiam a definição do coeficiente tarifário. O pleito foi concedido por meio da Decisão nº 846/2002 – TCU – Plenário exarada na Sessão de 10/7/2002 (Ata nº 24/2002), sendo comunicada à ANTT mediante o Ofício nº 160/2002, de 24/7/2002 (fl. 68).

6.Em 20/12/2002, a ANTT encaminhou o Ofício nº 874/ANTT/2002 (fl. 69/71), informando ter adotado as seguintes providências: a) análise da planilha tarifária para verificação do percentual de reajuste que foi aplicado ao transporte rodoviário interestadual e internacional de passageiros em 15/07/2002 no índice de 11,9%; b) encaminhamento de questionários para 57 (cinqüenta e sete) permissionárias, como amostragem, visando subsidiar a análise dos coeficientes básicos, parâmetros operacionais e dados financeiros, em julho de 2002, tendo recebido as respostas de 44 permissionárias até o final de setembro; e c) contratação da empresa Cyro Laurenza Consultores

300

Page 301: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

S/C Ltda., objetivando a análise da planilha adotada para cálculo das tarifas dos serviços de transporte rodoviário interestadual e internacional de passageiros, a análise da estrutura tarifária atual e proposta de novos critérios para definição da estrutura tarifária do setor, cujo detalhamento encontra-se no contrato firmado.

7.Em relação ao subitem 8.2.1.3 da Decisão nº 427/2002 – TCU – Plenário, acerca de restrição de oferta de tarifas reduzidas em mais de 5% em relação à tarifa de referência, aquela Agência declarou que a Diretoria já havia determinado a adoção da medida. Quanto ao subitem 8.2.2, a ANTT esclareceu que vem cumprindo a determinação em sua íntegra, ressaltando que, em decorrência do Acordo Judicial firmado entre a União, nos autos da Ação Civil Pública, Processo nº 1999.61.00.017173-3, do Juízo da 5ª Vara Federal da Sessão Judiciária de São Paulo, já foram concluídos os estudos sobre a identificação de serviços regulares operados com exclusividade que demonstraram melhores condições de introdução de uma nova operadora, sendo encaminhado ao Procurador da República no Estado de São Paulo – Ministério Público Federal.

8.Em 21/2/2003, a ANTT enviou a este Tribunal o Oficio nº 090/ANTT/2003 (fl. 72), juntamente com a documentação que integra o volume 2 deste processo. Às fls. 03/47 do volume 2, consta a Nota Técnica nº 035/2003, emitida em 19/2/2003 pela Superintendência de Regulação Econômica e Fiscalização Financeira – SUREF/ANTT, prestando esclarecimentos acerca das medidas adotadas por aquela Agência com vistas ao cumprimento da Decisão nº 427/2002 – TCU – Plenário.

Da Nota Técnica nº 035/20038.1.Referido documento apresenta como principais tópicos: medidas adotadas – revisão da

planilha tarifária (fls. 05/07, vol. 2) e análise da estrutura tarifária (fls. 07/42, vol. 2), critério metodológico para a definição do preço de outorga (fls. 42/44, vol. 2), critério de julgamento das propostas financeiras (fls. 44/45, vol. 2) e novos processos licitatórios (fl. 45, vol. 2).

8.2.A revisão da planilha tarifária foi iniciada pela ANTT antes de se efetuar o reajuste de tarifas do setor ocorrido em julho de 2002. Naquela oportunidade, aquela Agência, no intuito de coletar dados sobre o setor, solicitou informações junto aos principais fabricantes e fornecedores de insumos para o setor e encaminhou questionário para 57 (cinqüenta e sete) permissionárias selecionadas no universo de 154 empresas. As empresas consultadas respondiam por cerca de 58% do volume de passageiros transportados e por 72,4% dos passageiros/quilômetro (critérios adotados para seleção). Até setembro de 2002, a ANTT recebeu respostas de 47 (quarenta e sete) permissionárias, sendo 3 (três) desconsideradas por insuficiência de dados. Ainda, devido à complexidade da matéria, a ANTT contratou a firma Cyro Laurenza Consultores S/C Ltda. para elaboração de Estudos Técnicos para a Revisão da Estrutura Tarifária dos Serviços de Transportes Rodoviário Interestadual e Internacional de Passageiros, firmando o Contrato nº 42/2002, datado de 02 de dezembro de 2002.

8.3.O item que aborda a análise da estrutura tarifária apresenta a metodologia geral do cálculo tarifário, os conceitos básicos dos itens de custo que compõem a planilha e a análise efetuada por aquela Agência quanto aos procedimentos metodológicos e aos valores de índices e coeficientes adotados. Contudo, as informações obtidas junto às permissionárias não foram suficientes para efeito da análise pretendida, o que levou a ANTT a efetuar um estudo comparativo dos critérios e valores adotados para apuração dos itens de custos que compõem as planilhas tarifárias sugeridas pela Empresa Brasileira de Planejamento de Transportes – GEIPOT e a adotada atualmente, comparando ainda com os parâmetros e coeficientes adotados em planilhas de sistemas de transportes intermunicipais gerenciados por outros órgãos, que atuam em sistemas de transportes similares. Na seqüência do trabalho, passou-se à análise propriamente dita da planilha atual, a qual tem a seguinte composição: custos variáveis (combustíveis, lubrificantes e rodagem), custos fixos (pessoal de operações, peças e acessórios, pessoal de manutenção, depreciação, administração e remuneração) e parâmetros operacionais (passageiro, frota e quilometragem rodada) (fls. 09/10, vol. 2).

8.4.Custos Variáveis: Os dados obtidos pela ANTT para subsidiar a análise de custo com combustível (óleo diesel) e com lubrificantes demonstraram ser pouco representativos para o universo das empresas que operam os serviços, não permitindo uma avaliação eficiente (fl. 14 e 17, vol. 2). O custo com rodagem considera o consumo referente a pneus (diagonal com câmara,

301

Page 302: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

diagonal sem câmara, radial com câmara e radial sem câmara), sendo obtido o coeficiente equivalente a 0,000080 (fl. 23, vol. 2).

8.5.Custos Fixos e Parâmetros Operacionais: Os estudos comparativos efetuados pela ANTT não geraram, até aquela oportunidade, qualquer mudança em relação aos coeficientes referentes aos custos fixos adotados no reajuste aprovado em julho de 2002 (fls. 23/40, vol. 2), tampouco em relação aos parâmetros operacionais, pelos quais são rateados os custos do sistema de transporte (fls. 40/42, vol. 2).

8.6.Relativamente à definição do preço de outorga (fls. 42/44, vol. 2), a ANTT informou que buscou elaborar estudos técnicos que subsidiassem a definição daquele valor, segundo as diretrizes: a) caracterização das ligações (linhas); b) estimativa de demanda e receita para o horizonte do estudo (15 anos); c) identificação dos custos e investimentos por linha; e d) avaliação econômica por linha. De acordo com a ANTT, independente dos critérios adotados, a cobrança pelo valor da outorga sempre impactaria no valor da tarifa a ser cobrada do usuário, comprometendo, em última instância, a idéia da modicidade tarifária. Em suma, o permissionário, ao efetuar sua proposta na licitação, procede ao ajuste entre o valor de outorga e o preço de tarifa, de modo que todo o acréscimo ao valor de outorga oferecido é compensado no valor da tarifa onerando, por conseguinte, o usuário dos serviços de transporte rodoviário interestadual e internacional de passageiros.

8.7.Nesse sentido, a ANTT, por intermédio de sua Diretoria Colegiada, tem se posicionado contrariamente à cobrança de valor de outorga por ocasião das licitações, adotando o critério da menor tarifa. Assim, visando enfatizar uma política de modicidade tarifária, aquela Agência passará a fixar o valor de outorga a ser cobrado simbolicamente em R$1,00 (um real), permitindo dessa maneira que a competição entre os licitantes ocorra em função do menor valor de tarifa ofertado.

8.8.Quanto ao critério de julgamento das propostas financeiras, importa frisar que este Tribunal, ao exarar a Decisão nº 427/2002 – TCU – Plenário, determinou que o MT elimine, no critério de julgamento das propostas, a restrição de oferta de tarifas reduzidas em mais de 5% em relação à tarifa de referência, promovendo o alcance de uma das condições definidoras de serviço adequado - modicidade de tarifas - prevista no art. 6º da Lei nº 8.987/95. Sobre este aspecto, aquela Agência informou que, em vista da política tarifária voltada para a modicidade de tarifas, todo e qualquer critério que se possa caracterizar como uma restrição a essa política foi eliminado.

8.9.A ANTT, para atender a determinação deste Tribunal, editou a Resolução nº 166, de 12/2/2003, que altera os arts. 16, 19, 23, 24 e 29 do Título III da Resolução nº 18, de 23/5/2002. Cabe destacar a modificação em relação ao art. 24, conforme se observa a seguir:

(...)[Resolução nº 166, de 12/2/2003:Art. 24. Será considerada vencedora a licitante que apresentar a melhor Proposta Financeira,

de acordo com a regra previamente estabelecida no Edital de Licitação.]8.10.Em relação ao subitem 8.2.2 da Decisão nº 427/2002 – TCU – Plenário, a ANTT

esclareceu que tem cumprido a determinação exarada por este Tribunal. Contudo, devido a um Acordo Judicial firmado entre o Ministério dos Transportes e o Ministério Público Federal em 30/10/2001, homologado por sentença em 07/11/2001, nos autos da Ação Civil Pública, Processo nº 1999.61.00.017173-3, do Juízo da 5ª Vara Federal da Sessão Judiciária de São Paulo (ver item 7 deste relatório), aquela Agência informou que deverá realizar licitações de serviços de transportes rodoviários interestadual e internacional de passageiros. Nesse sentido, 50 (cinqüenta) editais de licitações estão em fase final de elaboração a fim de atender à decisão do Ministério Público.

8.11.Vale registrar que a ANTT já encaminhou a este Tribunal a documentação referente ao Plano de Outorga de 50 Linhas de Transporte Rodoviário Interestadual de Passageiros, relativas aos editais acima referidos, para que esta SEFID efetue o acompanhamento do primeiro estágio de fiscalização de processos de outorgas de concessões, permissões e autorizações de serviços públicos, conforme determina a IN/TCU nº 27/98, tendo sido autuado o TC 003.113/2003-2. Este Tribunal, ao apreciar o feito, exarou o Acórdão nº 604/2003 – TCU – Plenário (Sessão de 28/5/2003, Ata nº 19/2003), deliberando que os documentos enviados não atendem ao exigido na

302

Page 303: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

IN/TCU nº 27/98, não podendo ser analisados, haja vista não haver base legal para que este Tribunal se manifeste, por provocação, acerca de estudos ou outros documentos preliminares aos autos.

8.12.Na conclusão da Nota Técnica nº 035/2003, a ANTT considerou que a adoção definitiva de novos coeficientes foi inviabilizada, devido à fragilidade metodológica dos dados coletados até aquela oportunidade. Assim, com vistas ao próximo reajuste das permissionárias de transporte rodoviário interestadual e internacional de passageiros (julho/2003), aquela Agência procederá à elaboração de novo questionário para obtenção de dados operacionais e contábeis relativos a 2002, o qual será enviado para 36 (trinta e seis) empresas que representam 70% do transporte de passageiros.

Da Nota Técnica nº 076/20039.A ANTT, mediante o Ofício nº 258/2003/DG, datado de 29/5/2003 (fls. 73/75), encaminhou

a este Tribunal a Nota Técnica nº 076/2003, emitida pela SUREF/ANTT em 27/5/2003, que passou a constituir o volume 3 destes autos, a fim de apresentar a conclusão dos trabalhos para definição dos coeficientes básicos, constantes da planilha tarifária utilizada para o cálculo do reajuste das tarifas dos serviços de transporte rodoviário interestadual e internacional de passageiros. A mencionada Nota Técnica está estruturada em nove tópicos, cabendo destacar aqueles inerentes ao cumprimento da Decisão nº 427/2002 – TCU – Plenário, quais sejam: a) Revisão dos coeficientes tarifários – subitem 8.2.1.1 (fls. 20/46, vol. 3); b) Critério metodológico para a definição do preço mínimo de outorga – subitem 8.2.1.2 (fls. 46/66, vol. 3); c) Eliminação da restrição de ofertas de tarifas reduzidas em mais de 5% em relação à tarifa de referência – subitem 8.2.1.3 (fls. 66/67, vol. 3); e d) Novos processos licitatórios – subitem 8.2.2 (fl. 67, vol. 3).

9.1Inicialmente, importa frisar que o objetivo imediato do estudo desenvolvido pela ANTT foi revisar os coeficientes básicos de consumo dos diversos itens de custo que compõem a planilha tarifária, a fim de cumprir as determinações emanadas por este Tribunal. Cabe ressaltar que o Contrato firmado entre a ANTT e a empresa Cyro Laurenza Consultores S/C Ltda. previu a avaliação de indicadores e parâmetros que compõem a citada planilha, com vistas a posterior análise da estrutura tarifária atual face a novas metodologias de regulação econômica, conforme destacado por aquela Agência (fl. 22, vol. 3). Assim, para efetuar a revisão dos coeficientes, a ANTT realizou uma nova pesquisa junto às permissionárias mediante o envio de questionários. Paralelamente, aquela Agência realizou reuniões explicativas em São Paulo, Curitiba, Recife e Brasília (cf. Quadro IV, fl. 23, vol. 3), para obter maior empenho das empresas no atendimento das solicitações pleiteadas.

Metodologia de Estudo9.2A metodologia usada pela ANTT baseou-se na avaliação dos dados obtidos junto às

empresas pesquisadas por meio de análise estatística, obedecendo ao seguinte roteiro:a) determinação da média dos valores observados (M1) e o respectivo desvio padrão, seguido

da eliminação dos valores inferiores a 0,9M1 e superiores a 1,1M1 e do cálculo de uma nova média;b) determinação dos índices realizada por meio de regressões lineares, buscando a

correlação dos mesmos com a variável correspondente;c) regressão, quando possível, realizada para as duas séries de dados: o total informado e os

que se encontram dentro da faixa de validade;d) expurgação dos dados de veículos com rodagem inferior a 25.000 km e superior a 300.000

km anuais, por não ter sustentação em termos de eficiência;e) expurgação dos dados de empresas cuja média de consumo por veículo é igual para todos

os veículos ou grupo de veículos;f) expurgação dos extremos (muito baixo e/ou muito alto).9.3Observa-se que a ANTT procurou garantir um critério técnico ao tratar as informações

enviadas pela permissionárias. Há que se ressaltar que o estudo efetuado depende dos dados armazenados pelas empresas que atuam no transporte rodoviário interestadual e internacional de passageiros, haja vista que o objetivo é revisar coeficientes que retratam o custo mensal despendido por aquelas firmas. Assim, considerando-se que as empresas disponibilizaram dados fidedignos, o próximo passo seria a escolha de um critério para analisá-los e, nesse sentido, o método é a análise estatística conforme foi estabelecido.

303

Page 304: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

9.4A ANTT selecionou uma amostra de 54 (cinqüenta e quatro) empresas permissionárias de um universo de 154 (cento e cinqüenta e quatro) empresas, para compor a pesquisa. Há que se registrar que o setor é heterogêneo e para minimizar este efeito, aquela Agência selecionou do universo existente empresas de pequena expressão que transportam passageiros em nível federal, estadual e municipal, conforme Quadro V (fls. 24/25, vol. 3). Em relação aos questionários, vale registrar que foram modelados para se coletar diversas informações (fls. 26/34, vol. 3) necessárias à análise dos custos efetuados pelas permissionárias pesquisadas, de modo a possibilitar a extensão dos resultados para todo o universo de empresas que atuam no setor.

Resultados da Pesquisa9.5A partir desse ponto passaremos a analisar os resultados da pesquisa realizada pela

ANTT que definiram os novos coeficientes básicos que influenciarão na composição de: custos variáveis (combustíveis, lubrificantes e rodagem), custos fixos (pessoal de operações, peças e acessórios, pessoal de manutenção, depreciação, administração e remuneração) e parâmetros operacionais (passageiro, frota e quilometragem rodada).

Custos Variáveis com a QuilometragemCombustível9.6O coeficiente básico vigente para o custo com combustível (óleo diesel) é de 0,295162.

Após os estudos efetuados, a ANTT propôs o valor de 0,327734, implicando o aumento de 11,03%. A explicação dada é devido ao ‘elevado grau de degradação de pavimentação em que se encontram as rodovias brasileiras’. Foi ressaltado, também, que apesar de ‘os anuários do Ministério dos Transportes indicarem que cerca de 99,4% das rodovias federais encontrarem-se pavimentadas, a má conservação das mesmas fez com que a percepção dos agentes que exploram o serviço de transporte rodoviário interestadual e internacional de passageiros reconheça que apenas 86,1% encontram-se em boas condições de trafegabilidade, elevando o fator de consumo do combustível’. Considerando o novo valor proposto pela ANTT para o coeficiente básico, o custo de combustível passará a representar aproximadamente 20,9% do custo total inserido na planilha tarifária, sendo relevante quando da definição do coeficiente tarifário (ver Planilha, fl. 77). Contudo, apesar do aumento de 11,03% sobre o coeficiente básico de custo de combustível e considerando o alto custo desse insumo para as empresas, o novo valor proposto – 0,327734 – é aceitável, em vista da amplitude da amostra pesquisada, aliada à redução progressiva do subsídio sobre o óleo diesel que o Governo tem implementado desde 1998.

Lubrificante9.7O coeficiente básico vigente para o custo com lubrificante é de 0,003632. Após os estudos

efetuados, a ANTT propôs o valor de 0,001549, implicando a redução de 57,35%. Esta diferença a menor, consoante informação da ANTT, ocorreu devido aos avanços tecnológicos pelo qual passou este insumo, de modo que a quilometragem requerida para troca aumentou, reduzindo, por conseguinte, o período de troca (fl. 35, vol. 3). Há que se ressaltar que na pesquisa realizada por aquela Agência foi considerada a quantidade total anual consumida de lubrificante – óleo de motor, câmbio, diferencial e fluido de freio – em relação à quilometragem percorrida, independentemente da capacidade volumétrica e quilometragem de troca. O custo de lubrificante, considerando o novo valor proposto pela ANTT, passará a representar aproximadamente 0,2% do custo total inserido na planilha tarifária, não sendo, portanto, impactante na definição do coeficiente tarifário (ver Planilha, fl. 77). Assim, observa-se que o custo/benefício não justificaria o detalhamento do custo com lubrificante para câmbio, diferencial e fluido de freio, considerando-se, ainda, a capacidade volumétrica e quilometragem de troca.

Rodagem9.8A ANTT esclareceu, considerando a análise da amostra trabalhada, que as empresas

ainda ‘incorrem em despesas com câmaras e protetores com o objetivo de aumentar a vida útil do pneu, mediante processos de recape, não sendo, portanto, recomendável a total eliminação desses itens’. Cabe registrar que, inicialmente, foi considerada a desnecessidade de utilização de câmaras e protetores, tendo em vista o uso de pneus tipo radial como referência para reajuste de tarifa (itens 47 e 49, fl. 8). Entretanto, constatou-se que as informações obtidas junto às empresas demonstram que, apesar da grande utilização de pneus tipo radial, ainda são usadas câmaras e protetores. Vale salientar que o custo com rodagem passará a representar aproximadamente 3,0%

304

Page 305: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

do custo total inserido na planilha tarifária (ver Planilha, fl. 77). Considerando a proposta da ANTT, resultante da pesquisa efetuada, o coeficiente vigente de 0,000147 passará para 0,000070, eqüivalendo a uma redução de 52,38% (Quadro XII, fl. 36, vol. 3).

Custos Variáveis com a Frota9.9Pessoal de Operação, Pessoal de Manutenção e Pessoal de Administração e VendasNa instrução inicial (fls. 8/9, itens 50/54 e fl. 10, itens 62/64), foram enfatizadas as alterações

ocorridas na legislação trabalhista que impactaram nos encargos sociais. A ANTT, após consultar as normas trabalhistas relativas a encargos sociais, concluiu que o percentual a ser incorporado no cálculo dos coeficientes para pessoal de operação, de manutenção e de administração e vendas deve ser de 81,41% em vez de 114,59%, atualmente considerados. Esta medida acarretou significativas mudanças nos citados coeficientes, conforme quadro a seguir:Pessoal Coeficiente Vigente Coeficiente Proposto Variação (%)Operação 49,938526 43,293412 -13,31Manutenção 33,026023 14,54972 -55,94Administração e Vendas 27,934468 35,868697 28,40

9.10Consoante as esclarecimentos da ANTT, as reduções observadas refletem ‘as mudanças de gestão promovidas pelas empresas do setor, que promoveram forte ajuste em sua folha de pagamento, redução de pessoal’. Por outro lado, a Agência constatou que a maioria das empresas estão tendo despesas com pagamento de hora extra. Quanto à redução do coeficiente relativo à manutenção, decorre de terceirização das atividades de mecânica (fl. 39, vol. 3). Importa frisar que o custo das empresas com pessoal é relevante e, aplicando-se os novos coeficientes propostos, passará a representar 18,1%, 5,5% e 15,6%, respectivamente para pessoal de operação, de manutenção e de administração e vendas em relação ao custo total inserido na planilha tarifária (ver Planilha, fl. 77). Assim, observa-se que as alegações contidas na instrução inicial eram pertinentes, propiciando o ajuste dos coeficientes inerentes ao custo com pessoal.

Peças e acessórios9.11Na instrução inicial, a alegação referia-se à questão de idade média de uso do veículo

(ônibus), principal ativo das permissionárias, para definição do coeficiente básico. Entretanto, a ANTT adotou uma metodologia distinta daquela utilizada em 1989, considerando a razão entre a despesas com peças e acessórios por veículo.ano e o preço do veículo novo. Para tanto foi obtido junto às permissionárias consultadas o valor de percurso anual do veículo em 2002 (km) e o consumo de peças de reposição anual do veículo em 2002 (R$). Em seguida, foi calculada a média de gastos com peças de reposição para cada veículo informado, sendo expurgados os valores superiores a R$ 0,26/km, obtendo-se, assim, como média geral para o setor o valor de R$ 0,0788326/km. O valor do novo coeficiente resultou da multiplicação da média geral pelo PMA (percurso médio anual = 130.000 km), dividido pelo preço de um veículo novo (as pesquisas apontaram um preço de R$ 322.000,00). O novo método propiciou uma redução equivalente a 55,44% sobre o coeficiente vigente (7,1429), propondo-se como novo índice o de 3,18268. Dessa maneira, a despesa com peças e acessórios passará a eqüivaler a aproximadamente 3,8% do total do custo inserido na planilha tarifária (ver Planilha, fl. 77).

Depreciação: Veículos e Outros Ativos9.12Na instrução inicial, foi considerada a necessidade de verificar a influência dos valores

depreciados daqueles bens, devidamente atualizados, no cálculo da depreciação dos ativos (fl. 10, itens 59/61). A ANTT, após o estudo realizado, julgou ainda apropriada a sistemática de depreciação adotada em 1989.

9.13No caso de veículo, o método usado é o linear aplicado sobre o valor do veículo novo sem os pneus, considerando-se a vida útil legal do veículo de 5 anos (n) e valor residual (VR) equivalente a 20% do valor do veículo (fl. 12, vol. 3). Deve-se ressaltar que a taxa de depreciação – TD (16%) atende aos princípios e convenções contábeis [TD = (1 – VR)/n]. Cabe registrar que a ANTT procurou alterar a metodologia de cálculo de depreciação de veículo, levando em consideração a dinâmica de mercado de ônibus usados. Contudo, foi informada a impossibilidade de se obter dados consistentes que demonstrassem efetivamente o comportamento desse mercado (fl. 42, vol. 3). Quanto a outros ativos, também foi mantido o método de depreciação constante ou linear, pois, de acordo com aquela Agência, guarda maior coerência com o pressuposto regulatório de que os investimentos serão remunerados ao longo da vida útil do bem (fl. 41, vol. 3).

305

Page 306: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

9.14Além disso, a ANTT vislumbrou adotar uma sistemática de depreciação acelerada, porém deparou-se com inconsistência de dados apresentados (fl. 42, vol. 3), ‘bem como o considerável impacto dessa metodologia sobre o valor das tarifas vigentes fizeram com que essa abordagem não fosse considerada no presente estudo’. Neste ponto, merece registrar que o custo com depreciação eqüivale aproximadamente a 18,8 % (veículos – 18,4% e outros ativos – 0,4%) do custo total inserido na planilha tarifária (ver Planilha, fl. 77). Observa-se, assim, que o custo com depreciação é altamente impactante no cálculo do coeficiente tarifário, cabendo um estudo mais aprofundado sobre a questão, conforme ressaltado pela própria ANTT, para uma próxima reavaliação.

AdministraçãoDespesas Gerais9.15.Na instrução inicial (fls. 10/11, itens 65/68), foi relatado que no estudo realizado em

1989 considerou-se apenas o valor do item 26 do Formulário de Informações Contábeis – FICO/DNER (ano 1988), que contempla as despesas de administração, tendo como base, à época, os dados da área de 27 (vinte e sete) empresas. Sobre o valor obtido foi acrescentado o percentual de 20%, a título de remuneração de despesas gerais para cobrir os gastos com administração e tráfego. O questionamento abordou a influência decorrente de evolução na área tecnológica com melhoria de equipamentos e de novas teorias administrativas, as quais propiciaram alterações no processo de trabalho.

9.16No estudo efetuado pela ANTT, foi utilizado o método da regressão linear simples a fim de se obter o novo coeficiente básico de despesas gerais. Para tanto, coletaram-se dados referentes aos gastos anuais das empresas pesquisadas, sendo incluídos: Imposto Sobre Veículos Automotores - IPVA; Seguro de Danos Pessoais Causados por Veículos Automotores de Vias Terrestres - DPVAT; Imposto Predial e Territorial Urbano - IPTU; despesas administrativas com a emissão de bilhetes; luz; água; material de expediente e de conservação predial; alvarás e licenças; equipamento de informática; e veículo de apoio. Obtido o valor total de despesas gerais, realizou-se a correlação com a frota total, resultando no coeficiente de regressão de R$ 10.257,00/veículo.ano, o qual foi dividido pelo preço de um veículo novo (R$ 322.000,00).

9.17Dessa forma, aquela Agência propôs como novo coeficiente básico para o item despesas gerais, em percentuais, o valor de 3,185% veíc./veíc.novo (fls. 42/43, vol. 3). A metodologia utilizada pela ANTT propiciou uma redução equivalente a 5,61% sobre o coeficiente básico vigente (3,3744). Desse modo, o custo de despesas gerais eqüivale aproximadamente a 3,8% do custo total inserido na planilha tarifária (ver Planilha, fl. 77), não tendo impacto representativo sobre a definição do coeficiente tarifário.

Remuneração: Veículos e Outros Ativos9.18Na instrução inicial (fl. 11, itens 69/73), questionou-se a falta de justificativa para a

utilização de percentual de 12% como taxa de remuneração anual de veículos e de outros ativos. A remuneração destes ativos baseia-se em recompensar o custo de oportunidade de setores econômicos caracterizados pelo baixo risco. No caso do setor de transporte rodoviário interestadual e internacional de passageiros o principal risco decorre do comportamento da demanda, sendo eminentemente do permissionário, de acordo com o disposto na Lei nº 8.987/95. Quanto aos investimentos, o ônibus representa o principal ativo do setor. Contudo, não tem as características de custo irrecuperável, haja vista possuir ‘um mercado de segunda mão ativo e dinâmico, capaz de absorver os veículos substituídos em mercados de primeira linha ainda em condições de utilização por um certo período. Assim, pode-se dizer que o negócio transporte rodoviário interestadual e internacional de passageiros não é caracterizado por um elevado nível de risco’, conforme esclarecimento da ANTT (fls. 43/44, vol. 3).

9.19Considerando que o setor sob análise não apresenta elevado nível de risco, o próximo passo é estimar a remuneração sobre o capital investido, a qual depende, no caso, de se definir: a) a taxa de retorno adequada a ser aplicada sobre o capital próprio e de terceiros; b) a participação do capital próprio e de terceiros no capital total (estrutura ótima de capital); e c) o próprio valor do capital a ser remunerado, ou base de remuneração (fls. 55/61, vol. 3). Observa-se que estas variáveis são inerentes à metodologia do fluxo de caixa descontado que depende da linha estabelecida no projeto básico (fl. 66, vol. 3). Deve-se destacar, também, que cabe ao órgão

306

Page 307: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

regulador decidir quais despesas e investimentos deverão ser considerados aceitáveis (fl. 56, vol. 3). Apesar de todas estas premissas, o estudo realizado pela ANTT não teve a profundidade necessária para analisar fluxo de caixa descontado, definir taxa de retorno ou avaliar o risco do setor de transporte rodoviário interestadual e internacional de passageiros. Aliás, não era esse o intuito, mas sim atualizar os coeficientes básicos da planilha tarifária vigente, conforme ressaltado anteriormente.

9.20Dessa forma, importa analisar qual o fundamento usado para definir a taxa de remuneração. Assim, a fixação de percentual de 12%, conforme esclarecimento da ANTT, baseou-se na taxa de juros de longo prazo – TJLP, regulamentada pela Resolução BACEN nº 2.121/94, e suas alterações, e fixada pelo Conselho Monetário Nacional (fl. 44, vol. 3), podendo ser aceita como a taxa que remunera o custo de oportunidade incorrido em investimentos de baixo risco. Portanto, os coeficientes relativos à remuneração de veículos e de outros ativos não sofreram alteração, mantendo-se os vigentes atualmente (veículos = 5,1296 e outros ativos = 3,6919). Ainda, registre-se que o custo de remuneração eqüivale aproximadamente a 10,4% (veículos = 6,0% e outros ativos = 4,4%) do custo total inserido na planilha tarifária (ver Planilha, fl. 77), sendo relevante na definição do coeficiente tarifário.

Parâmetros Operacionais9.21Os valores relativos a estes parâmetros foram citados na instrução inicial (fls. 11/12,

itens 75/86), sendo questionado o valor referente ao fator redutor de encomenda – FRE e ao percurso médio anual – PMA. O FRE foi estabelecido em 2% do custo por quilômetro total – CQT, sendo ressaltado que a receita acessória advinda desse tipo de serviço tende a não ser expressiva na participação na receita total, haja vista a possibilidade de se enviar encomendas por via postal e por empresas que atuam especificamente com esta finalidade. O PMA foi fixado em 130.000 km/veículo, com base em dados amostrais coletados em 2000 junto a 19 (dezenove) empresas do setor, conforme Norma Complementar STT nº 17/2001.

9.22Os adicionais incidentes considerados para efeito de cálculo do coeficiente tarifário são tributos, seguros e gratuidades instituídas por lei. Consoante informação da ANTT, ‘os impostos, as contribuições e as taxas, incidentes sobre a receita operacional das empresas transportadoras estão contemplados na planilha de custos, sendo que os mais comuns, segundo o GEIPOT, são o Imposto Sobre Serviços (ISS) – que tem alíquota variável, chegando até mesmo a isenção, a Contribuição Social sobre o Faturamento (COFINS) – com alíquota de 3% e o Programa de Integração Social (PIS) – com alíquota de 1,65%, e o Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços – ICMS (alíquota com variações de estado para estado)’. Ainda, foi esclarecido que os adicionais incidentes não foram revisados no trabalho efetuado pela ANTT, com exceção do PIS.

9.23A Lei nº 10.637, de 30/12/2002, que dispõe sobre a não-cumulatividade na cobrança da contribuição para os Programas de Integração Social (PIS) e de Formação do Patrimônio do Servidor Público (Pasep), nos casos que especifica, estabeleceu a alíquota de 1,65% para o PIS. O inciso II do art. 3º da citada Lei, permite que a pessoa jurídica efetue o desconto na base de cálculo para aplicação da alíquota do PIS de bens e serviços utilizados como insumo na fabricação de produtos destinados à venda ou na prestação de serviços, inclusive combustíveis e lubrificantes. Por isso, a ANTT aplicou uma redução de 20% sobre a alíquota do PIS, referente aos custos do setor sobre combustíveis e lubrificantes, sendo fixado, então, o percentual de 1,32% (fl. 46, vol. 3). Relativamente à COFINS, o art. 8º da Lei nº 9.718/98 estabeleceu que a partir de 1º de fevereiro de 1999 aplicar-se-á a alíquota de 3% sobre a base de cálculo.

9.24Além disso, a pesquisa realizada pela ANTT demonstrou que a frota atualmente empregada sofreu uma redução real de disponibilidade de número de assentos, exigindo a alteração do índice de lotação média – LOT de 48 para 46 lugares (fl. 45, vol. 3). Quanto ao FRE, foi constatado por aquela Agência que o valor apropriado deve ser de 1,16%, representando uma redução de 42% em relação ao coeficiente vigente (2%) (fl. 45, vol. 3). O PMA foi mantido no mesmo patamar, ou seja, 130.000 km/veículo.

Nova Planilha Tarifária proposta9.25O estudo realizado pela ANTT, visando revisar os coeficientes básicos que compõem a

planilha tarifária vigente, mediante coleta de dados acerca dos custos de insumos efetuados pelas

307

Page 308: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

empresas que atuam no serviço de transporte rodoviário interestadual e internacional de passageiros, permitiu obter consideráveis reduções, conforme se segue:

Insumo Coeficiente Vigente

Coeficiente Proposto

Variação (%)

Custos Variáveis com a Quilometragem

1-Combustível (litros/km) 0,29516200 0,32773400 11,032- Lubrificantes (litros/km) 0,00363200 0,00154900 -57,353- Rodagem (pneus/km) 0,00014700 0,00007000 -52,38

Custos Variáveis com a Frota

4- Pessoal Operação (H.mês/veíc.ano)

49,93852600 43,29341200 -13,31

5- Peças e Acessórios(% veículo/veíc.ano)

7,14290000 3,18268000 -55,44

6- Pessoal Manutenção (H.mês/veíc.ano)

33,02602300 14,54972000 -55,94

Depreciação 7- Veículos(% veíc.s/pneus/veíc.ano)

16,00000000 16,00000000 0,00

8- Outros Ativos (% veíc./pneus/veíc.ano)

0,37460000 0,37460000 0,00

Administração 9- Pessoal Adm.Vendas (H.mês/veíc.ano)

27,93446800 35,35868697 28,40

10- Despesas Gerais(% veículo/veíc. Ano)

3,37440000 3,18500000 -5,61

Remuneração 11- Veículos(% veículo/veíc.ano)

5,12960000 5,12960000 0,00

12- Outros Ativos(% veículo/veíc.ano)

3,69190000 3,69190000 0,00

9.26De acordo com a ANTT, a redução observada decorreu de avanços tecnológicos porque passou o setor nos últimos anos e de mudanças de gestão promovidas pelas empresas na busca de melhorar a eficiência. Entretanto, aquela Agência informou que o trabalho realizado não se exaure no presente estudo, tendo em vista as discrepâncias regionais do País, comprometendo-se a efetuar pesquisa mais aprofundada, inclusive com levantamento in loco das informações (fl. 74).

9.27Assim, a fim de mensurarmos as medidas adotadas, procedemos à simulação de uma planilha tarifária. Considerando os valores vigentes dos coeficientes básicos (coluna ‘C’ da Planilha, fl. 77) e os preços unitários utilizados pela ANTT em 23 de abril de 2003, o novo coeficiente tarifário para o reajuste de tarifas do setor seria definido em 23,29% (23/04/2003). Por outro lado, considerando os resultados alcançados pelo estudo realizado pela ANTT, aplicando-se os novos coeficientes propostos à planilha tarifária (coluna ‘D’ da Planilha, fl. 77) e os mesmos preços unitários, o coeficiente tarifário para o reajuste de tarifas do setor seria definido em 14,95%. Desse modo, tomando-se como base a data de 23/04/2003, constata-se que o reajuste a ser concedido sofrerá uma redução em torno de 35,81% sobre o valor esperado, caso fossem aplicados os coeficientes tarifários vigentes. Isso demonstra que a determinação emanada por este Tribunal, especificamente quanto à revisão do coeficientes tarifários básicos vigentes, beneficiará diretamente os usuários do transporte interestadual e internacional de passageiros.

Critério metodológico para a definição do preço mínimo de outorga – subitem 8.2.1.2 (fls. 46/66, vol. 3);

9.28A ANTT informou que buscou elaborar estudos técnicos que subsidiassem a definição do valor da outorga e conseqüentemente resultassem no ‘valor do contrato’ integrante dos instrumentos de outorga relacionados às permissões para as novas linhas de ônibus interestaduais e internacionais de passageiros. Ainda, esclareceu que um desses estudos é o Projeto Básico para linhas de ônibus (dezembro/2002) onde é tratada a metodologia para definição, apuração e dimensionamento de parâmetros operacionais em função das características físicas das linhas, áreas de influência e estudos de demanda (a partir de modelos de previsão do tipo gravitacional) (fl. 47, vol. 3).

9.29Afirmou, também, que a metodologia que melhor se adapta ao setor de transporte rodoviário interestadual e internacional de passageiros refere-se ao Fluxo de Caixa Descontado a Valor Presente, que possibilita a avaliação da própria viabilidade do negócio, mediante a apreciação de aspectos tais como: a) caracterização das linhas; b) estimativa de demanda e receita para o horizonte de estudo (contratos de permissão têm 15 anos de vigência); e c) identificação dos custos e investimentos por linha (fls. 49/50, vol. 3). Às fls. 52/65, vol. 3, a ANTT descreve a metodologia para definição da taxa interna de retorno, a partir da análise do fluxo de caixa descontado e da estimativa de risco dos agentes e da base de remuneração, concluindo que a metodologia do custo de reposição pode ser identificada como a mais consistente – sob a ótica regulatória – para a determinação do valor da base de remuneração dos serviços de transporte rodoviário interestadual e internacional de passageiros, na medida em que demonstra ser o método

308

Page 309: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

mais aderente ao princípio de eficiência econômica, que já vem sendo adotada para o setor, estando incorporada na planilha tarifária. À fl. 66, vol. 3, foi apresentado um modelo de fluxo de caixa de permissão, mediante o qual poderá ser definido o valor para a tarifa, devendo ser aplicado para cada linha específica definida no projeto básico. Observa-se, portanto, que a ANTT definiu uma metodologia para estabelecer o valor de outorga, em função do fluxo de caixa descontado definido para cada linha a ser licitada.

Eliminação da restrição de ofertas de tarifas reduzidas em mais de 5% em relação à tarifa de referência – subitem 8.2.1.3 (fls. 66/67, vol. 3)

9.30A ANTT adotou as medidas necessárias para cumprir a determinação referente ao subitem 8.2.1.3 da Decisão nº 427/2002 – TCU – Plenário, com a edição da Resolução nº 166, de 12/2/2003, que alterou os arts. 16, 19, 23, 24 e 29 do Título III da Resolução nº 18, de 23/5/2002 (itens 8.8 e 8.9, deste relatório), cabendo ressaltar que aquela Agência tem procurado promover uma política tarifária voltada para modicidade de tarifas, em conformidade com o disposto no art. 6° da Lei n° 8.987/95.

Novos processos licitatórios – subitem 8.2.2 (fl. 67, vol. 3)9.31A ANTT tem adotado as medidas necessárias para cumprir a determinação referente ao

subitem 8.2.2 da Decisão nº 427/2002 – TCU – Plenário, à exceção de um Acordo Judicial firmado entre o Ministério dos Transportes e o Ministério Público Federal em 30/10/2001, homologado por sentença em 07/11/2001, nos autos da Ação Civil Pública, Processo nº 1999.61.00.017173-3, do Juízo da 5ª Vara Federal da Sessão Judiciária de São Paulo (itens 7, 8.10 e 8.11, deste relatório).

Conclusão10.As Notas Técnicas nºs 035/2003/SUREF (fls. 01/68, vol. 2) e 076/2003/SUREF (fls.

01/143, vol. 3) demonstram que a ANTT adotou as medidas necessárias ao cumprimento da Decisão nº 427/2002 – TCU – Plenário. È importante destacar que as determinações emanadas por este Tribunal, especificamente quanto ao subitem 8.2.1.1 – que trata da revisão dos coeficientes básicos tarifários vigentes, propiciaram uma redução significativa daqueles coeficientes, considerando que: a) a amostra utilizada pela ANTT englobou 54 (cinqüenta e quatro) permissionárias de um universo de 170 (cento e setenta) empresas; b) o prazo era exíguo; c) as dificuldades na obtenção das informações solicitadas aos fabricantes e fornecedores de insumos para o setor; e d) a necessidade de contratação de empresa de consultoria para auxiliar na revisão dos coeficientes tarifários, ocorrida com atraso devido a restrições orçamentárias.

11.A primeira etapa dos trabalhos desenvolvidos pela ANTT não pode ser validada devido à impossibilidade de estratificação dos dados obtidos por serviço e por região, à dificuldade de mensuração de despesas relevantes por terem sido informadas de modo agregado, às inconsistências das informações pesquisadas. Por isso, aquela Agência procedeu à nova pesquisa, enfocando a regionalização, detalhando os questionários mediante maior abertura dos itens de custo, analisando a consistência das informações, por meio de procedimentos estatísticos, montando banco de dados para a análise cruzada das informações. A próxima etapa a ser realizada pela ANTT deverá ser pesquisa de preços unitários dos insumos do setor, sobre os quais incidirão os coeficientes básicos de cada insumo, a fim de se definir o coeficiente tarifário para reajuste das tarifas de transporte rodoviário interestadual e internacional de passageiros. Deve-se observar que o custo individual de cada insumo, em relação ao custo total inserido na planilha tarifária, depende do preço unitário de cada insumo. Apenas o valor dos coeficientes permanece inalterado. Este raciocínio vale, também, para o percentual de reajuste a ser definido pela ANTT, pois requer, para ser estabelecido, os valores daqueles preços unitários.

12.Portanto, os procedimentos adotados pela ANTT podem ser aprovados, considerando o impacto dos estudos realizados pela ANTT, que propiciará uma redução do percentual a ser definido para reajuste (julho de 2003) das tarifas do setor de transporte interestadual e internacional de passageiros, decorrente da atualização dos coeficientes básicos constantes da planilha tarifária. Contudo, cabe recomendar à ANTT que dê continuidade aos estudos para atualização dos coeficientes básicos, com intuito de: a) aprofundar a análise quanto aos custos com combustíveis, pessoal de operação, depreciação – veículos, pessoal de administração e vendas e remuneração – veículos e outros ativos, pois representam aproximadamente 83,4% do custo total inserido na planilha tarifária; e b) estratificar os dados obtidos por serviço e por região.

309

Page 310: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

13.Quanto à definição do preço mínimo de outorga a ser definido em edital, o critério metodológico definido – Fluxo de Caixa Descontado a Valor Presente – é compatível com a avaliação de negócios empresariais, de modo que a determinação contida no subitem 8.2.1.2 da Decisão nº 427/2002 – TCU – Plenário foi atendida. Porém, vale registrar que o valor de outorga impactará no valor da tarifa a ser cobrada do usuário, comprometendo, em última instância, o critério de modicidade de tarifas, expresso no art. 6º da Lei nº 8.987/95, haja vista que o permissionário, ao efetuar sua proposta na licitação, procede ao ajuste entre o valor de outorga e o preço de tarifa. Desse modo, todo o acréscimo ao valor de outorga oferecido é compensado no valor da tarifa onerando, por conseguinte, o usuário dos serviços de transporte rodoviário interestadual e internacional de passageiros. Devido a isso, a ANTT informou que passará a fixar o valor de outorga a ser cobrado, simbolicamente, em R$1,00 (um real), permitindo, dessa maneira, que a competição entre os licitantes ocorra em função do menor valor de tarifa ofertado.

Proposta de EncaminhamentoAnte o exposto, somos pelo encaminhamento dos autos ao Gabinete do Ministro-Relator,

Exmo. Sr. Marcos Vinicios Vilaça, propondo, com fulcro no parágrafo único do art. 237 c/c os incisos I e III do art. 250 do Regimento Interno/TCU, que:

I – sejam consideradas atendidas as determinações contidas nos subitens 8.2.1.1, 8.2.1.2 e 8.2.1.3 da Decisão nº 427/2002 – TCU – Plenário (Sessão de 24/04/2002, Ata nº 13/2002), tendo em vista que a Agência Nacional de Transportes Terrestres – ANTT adotou as medidas necessárias que:

a) propiciaram a atualização dos coeficientes básicos que compõem a planilha tarifária vigente, que deverão ser utilizados a partir de julho de 2003, período fixado para reajuste de tarifas do setor de transporte rodoviário interestadual e internacional de passageiros; e

b) definiram o critério metodológico para a definição do preço mínimo de outorga e da tarifa de referência;

II – seja recomendado à Agência Nacional de Transportes Terrestres – ANTT que dê continuidade aos estudos para atualização dos coeficientes básicos, com intuito de:

a) aprofundar a análise quanto aos custos com combustíveis, pessoal de operação, depreciação – veículos, pessoal de administração e vendas e remuneração – veículos e outros ativos, pois representam aproximadamente 83,4% do custo total inserido na planilha tarifária; e

b) estratificar os dados obtidos por serviço e por região;III – seja encaminhada cópia da Decisão que vier a ser tomada pelo Colegiado, bem como do

Relatório e Voto que a fundamentarem, à Agência Nacional de Transportes Terrestres – ANTT; eIV - determinar o arquivamento dos presentes autos.”4. Em seguida, a Sefid encaminhou adendo a essa instrução, o qual transcrevo a seguir (fls.

97/99):“Trata-se de documentação encaminhada pela Agência Nacional de Transportes Terrestres –

ANTT, mediante o Ofício nº 313/DG, datado de 1º/07/2003, intitulada de Nota Técnica nº 088/GEECO/SUREF, de 30/06/2003, que trata de estudos realizados por aquela Agência sobre o parâmetro operacional PMA – percursos médio anual, cujos resultados demonstram a variação de 130.000 km/Veículo.ano, atualmente vigente, para 127.220 km/veículo.ano, para exame e considerações desta Unidade Técnica.

2.A ANTT considerou que a pesquisa realizada junto a permissionárias apresentou, tanto em quantidade como em confiabilidade, dados significativos para embasar a análise e cálculo do novo PMA, enviando, dessa forma, o resultado obtido a este Tribunal, a título de complementação dos estudos para revisão da planilha tarifária, procedido em atendimento à Decisão nº 427/2002 – TCU – Plenário.

Dos Parâmetros Operacionais: Percurso Médio Anual – PMA3.O questionamento acerca deste parâmetro foi citado na instrução inicial (fls. 12/13, itens

80/86), sendo mencionado que o percurso médio anual de cada linha é a quilometragem total percorrida pelos veículos alocados à linha, durante um ano, dividida pela frota disponível (operante, de apoio e de reserva). Por sua vez, existe o percurso médio anual da empresa, que é a quilometragem total percorrida pelos veículos da empresa, em um ano, dividida pela frota total

310

Page 311: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

disponível. Há, ainda, o que a planilha tarifária denomina de PMA – percurso médio anual, oriundo de amostra contendo o percurso médio anual de diversas empresas.

4.Por definição, o PMA refere-se à quilometragem rodada durante um ano de operação dividida pela frota operacional necessária para realizá-la, sendo assim calculado: PMA = (QA)/FO, onde: PMA = percurso médio anual (km); QA = quilometragem anual rodada (km); e FO = frota operacional.

5.O PMA é utilizado na planilha tarifária como divisor na coluna denominada de ‘Custo por Quilômetro’ (R$/km), para se calcular o custo de nove entre doze itens de custo referente aos custos variáveis com a frota, à depreciação, à administração e à remuneração. Após se ter determinado o preço unitário de cada item de custo, este é multiplicado por seu respectivo coeficiente básico e, então, dividido pelo PMA, resultando no custo por quilômetro do item.

6.Constatou-se, de acordo com os dados extraídos, em 1999, de 118 empresas prestadoras de serviço de transporte rodoviário interestadual de passageiros (fls. 25/27), valores inconsistentes para o percurso anual de algumas empresas (fl. 13, item 83/85). Cabe ressaltar que em 2000, a Secretaria de Transportes Terrestres do Ministério dos Transportes – STT coletou dados de uma amostra composta de apenas 19 transportadoras rodoviárias interestaduais de passageiros, que ofereciam o serviço em ônibus convencional com sanitário. O PMA resultante dessa amostra foi de 124.692,57 km/veículo ano (fl. 28). Como o PMA é parâmetro operacional de produtividade, a STT optou por adotar o valor de 130.000 km/veículo, conforme publicado na Norma Complementar STT nº 17/2001 (fl. 13, item 86).

7.A ANTT, mediante o Ofício nº 258/2003/DG, datado de 29/5/2003 (fls. 73/75), encaminhou a este Tribunal a Nota Técnica nº 076/2003, emitida pela SUREF/ANTT em 27/5/2003, que passou a constituir o volume 3 destes autos, na qual foi mencionada que os parâmetros operacionais constantes da planilha tarifária vigente, a exceção do Fator de Redução de Encomendas – FRE, foram revistos em 2001, e portanto, em princípio, não serão objeto de revisão no presente estudo, permanecendo inalterados.

Processo de Revisão do PMA pela ANTT8.A ANTT, com intuito de cumprir as determinações contidas na Decisão nº 427/2002 – TCU

– Plenário, coletou dados junto às permissionárias que executam o serviço de transporte rodoviário internacional e interestadual de passageiros e considerou que os dados apurados na citada pesquisa apresentaram amostra de boa qualidade, possível de embasar uma análise para proposta de um novo PMA. Assim, aquela Agência deu prosseguimento ao estudo visando apurar o percurso de cada veículo rodoviário convencional, obtendo-se valores referentes a 5.431 veículos, de uma amostra de 38 empresas consultadas.

9.Dessa amostra, foram expurgados os dados de veículos com quilometragens anuais inferiores a 52.000 km e superiores a 260.000 km anuais por não ter sustentação em termos de eficiência. De acordo com a ANTT, a metodologia adotada considerou o critério de percurso de 1 veículo por dia, percorrendo a distância de 1.000 km, durante 260 dias no ano, levando em conta a necessidade de paradas para manutenção de 15 semanas/ano, para expurgo das amostras superiores a 260.000 km/ano por veículo. E para o expurgo das amostras inferiores a 52.000 km/ano por veículo, considerou-se o percurso de 1 veículo por dia, percorrendo a distância de 200 km, durante 260 dias no ano, levando em conta a necessidade de paradas para manutenção de 15 semanas/ano. Desse modo, a amostra foi reduzida para valores relativos a 4.725 veículos para o cálculo final do PMA, conforme quadro a seguir:

Todos (5.431 veículos)Valores

Após Expurgo (4.725 veículos)Valores (adotados)

Média 119.396,04 127.226,76Desvio Padrão 53.848,32 44.648,91Máximo 298.291,00 260.858,00Mínimo 52.052,00

10.Portanto, a ANTT, após efetuar a revisão do PMA, considerando a consistência das informações obtidas na pesquisa e o tratamento daqueles dados por meio de análise estatística, propôs a adoção de um novo índice de PMA para a planilha tarifária no valor de 127.220 km/veíc.ano.

Impacto da adoção do Novo Índice de PMA Proposto

311

Page 312: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

11.A adoção do valor de 127.220 km/veíc.ano como novo índice de PMA causará um aumento no custo por quilômetro (R$/km) de nove itens de custo inseridos na planilha tarifária vigente, relativos aos custos variáveis com a frota, à depreciação, à administração e à remuneração e, por conseguinte, um aumento no reajuste a ser concedido pela ANTT, em julho de 2003, para o setor de transporte rodoviário internacional e interestadual de passageiros.

12.O impacto devido à utilização do novo índice proposto para o PMA representará – considerando-se os valores dos preços unitários dos insumos na data de 22 de abril de 2003 – aproximadamente um acréscimo linear de aproximadamente 2 pontos percentuais sobre o reajuste tarifário. Observe-se que, na planilha inserida à fl. 77, o percentual de defasagem relativo a julho /2003, correspondente ao percentual de reajuste a ser concedido ao setor, alcançou o valor de 14,949%. Comparando-se este valor com o novo valor obtido (16,858%) no cálculo efetuado, por meio da planilha em anexo, utilizando-se o PMA de 127.220 km/veíc.ano, constata-se um acréscimo linear de 1,909 pontos percentuais (16,858 – 14,949). Por outro lado, o impacto em termos percentuais devido à utilização do novo índice proposto para o PMA representará um aumento em torno de 12,77% {[(16,858/14,949) – 1]*100}.

13.Ainda, o novo índice de PMA proposto influenciará no impacto das medidas adotadas. Assim, considerando os resultados alcançados pelo estudo realizado pela ANTT, aplicando-se os novos coeficientes propostos à planilha tarifária (coluna “D” da Planilha, fl. 77), o novo índice de PMA proposto de 127.220 km/veíc.ano e os preços unitários de 23/04/2003, o coeficiente tarifário para o reajuste de tarifas do setor seria definido em 16,858%. Desse modo, tomando-se como base a data de 23/04/2003, constata-se que o reajuste a ser concedido sofrerá uma redução em torno de 27,62% sobre o valor esperado, caso fossem aplicados os coeficientes tarifários vigentes.

ConclusãoImporta destacar que os valores propostos pela ANTT para serem adotados como

coeficientes básicos não sofrerão qualquer alteração com a adoção do novo índice de PMA no valor de 127.220 km/veíc.ano. A instrução datada de 10 de junho de 2003, procedida por esta Unidade Técnica, após analisar as Notas Técnicas nºs 035/2003/SUREF (fls. 01/68, vol. 2) e 076/2003/SUREF (fls. 01/143, vol. 3), que tratam do estudo realizado pela ANTT a fim de atender as determinações contidas na Decisão nº 427/2002 – TCU – Plenário, não sofrerá qualquer alteração no conteúdo da proposta de encaminhamento sugerida.

A documentação encaminhada pela ANTT, mediante o Ofício nº 313/DG, datado de 1º/07/2003, intitulada de Nota Técnica nº 088/GEECO/SUREF, de 30/06/2003, que trata de estudos realizados por aquela Agência sobre o parâmetro operacional PMA – percursos médio anual, pode ser admitida a título de complementação dos estudos para revisão da planilha tarifária, em atendimento à Decisão nº 427/2002 – TCU – Plenário.”

É o relatório.

VOTO

Inicialmente, ressalto a importância e a validade da iniciativa da analista Cilma Helena Villela Blumm Ferreira em formular representação acerca de fatos que influem na definição das tarifas dos serviços de transporte rodoviário interestadual e internacional de passageiros e dos preços mínimos para pagamento das outorgas das permissões desses serviços pelos licitantes.

2. Trata-se de assunto de grande repercussão, que exige a atuação do Tribunal, no sentido de exercer sua missão constitucional de defender o interesse público e, acima de tudo, obter resultados adicionais em benefício da sociedade.

3. De fato, o trabalho da Sefid ora em exame mostra que eram pertinentes as alegações contidas na instrução inicial a respeito das seguintes questões:

a) não-revisão dos estudos que subsidiam a definição do coeficiente tarifário e, em conseqüência, a determinação da tarifa de referência, apesar das transformações tecnológicas, administrativas, legais e econômico-financeiras ocorridas no país desde a atualização feita em 1989;

b) inexistência de metodologia científica no cálculo do preço mínimo de outorga do serviço; e

312

Page 313: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

c) limitação da tarifa a ser ofertada pelo licitante a uma variação de 5% (para mais ou para menos) em relação à tarifa de referência fixada em edital, o que restringe a possibilidade de oferta de valores ainda menores.

4. Em decorrência da Decisão nº 427/2002 – Plenário, a Agência Nacional de Transportes Terrestres – ANTT adotou medidas capazes de solucionar esses problemas, tais como revisão da planilha tarifária, análise da estrutura tarifária, estabelecimento de critério metodológico para a definição do preço de outorga, alteração do critério de julgamento das propostas financeiras e abstenção de realizar novos processos licitatórios.

5. Entre essas medidas, destaco a revisão e a conseqüente redução significativa dos coeficientes básicos tarifários vigentes, que beneficiará diretamente os usuários do transporte interestadual e internacional de passageiros.

6. Segundo a instrução, o resultado do trabalho da ANTT, tomando-se como base a data de 23/04/2003, propiciará uma redução da ordem de 27,62% sobre o valor anteriormente previsto para os reajustes contratuais a serem concedidos pela agência ao setor neste mês de julho.

7. Por outro lado, ressalto que a manifestação desta Corte não significa avalizar os coeficientes básicos tarifários, por se tratar de atribuição conferida à ANTT pelo art. 24, inciso VII, da Lei nº 10.233/2001, mas sim considerar atendida a Decisão nº 427/2002 – Plenário.

8. Por fim, informo que os representantes da Associação Brasileira das Empresas de Transporte Rodoviário de Passageiros (ABRATI) solicitaram e obtiveram autorização de ingresso nos autos como interessada, bem como de concessão de vista e cópia de peças dos autos, mas não se pronunciaram.

Dessa forma e por considerar adequadas as providências adotadas pela ANTT, acolho o parecer da Sefid e Voto por que o Tribunal adote o acórdão que ora submeto ao Plenário.

T.C.U., Sala das Sessões, em 9 de julho de 2003.

Marcos Vinicios VilaçaMinistro-Relator

ACÓRDÃO Nº 865/2003 - TCU - PLENÁRIO

1. Processo nº TC 002.046/2002-5 (com 3 volumes)2. Grupo I – Classe VII – Representação3. Interessado: Secretaria de Fiscalização de Desestatização4. Órgão: Ministério dos Transportes5. Relator: Ministro Marcos Vinicios Vilaça6. Representante do Ministério Público: não atuou7. Unidade Técnica: Sefid8. Advogados constituídos nos autos: Carlos Átila Álvares da Silva – OAB/DF 14.818 e

Angela Maria Alves – OAB/DF 2.857

9. Acórdão:VISTOS, relatados e discutidos estes autos de representação.ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão Plenária,

diante das razões expostas pelo Relator, em:9.1. considerar atendidas as determinações contidas nos subitens 8.2.1.1, 8.2.1.2 e 8.2.1.3 da

Decisão nº 427/2002 – Plenário (Sessão de 24/04/2002, Ata nº 13/2002), tendo em vista que a Agência Nacional de Transportes Terrestres – ANTT adotou as medidas necessárias que:

9.1.1. propiciaram a atualização dos coeficientes básicos que compõem a planilha tarifária; e9.1.2. estabeleceram o critério metodológico para a definição do preço mínimo de outorga e

da tarifa de referência;9.2. recomendar à Agência Nacional de Transportes Terrestres que dê continuidade aos

estudos para atualização dos coeficientes básicos, com intuito de:

313

Page 314: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

9.2.1. aprofundar a análise quanto aos custos com combustíveis, pessoal de operação, depreciação – veículos, pessoal de administração e vendas e remuneração – veículos e outros ativos, pois representam aproximadamente 83,4% do custo total inserido na planilha tarifária; e

9.2.2. estratificar os dados obtidos por serviço e por região;9.3. encaminhar cópia deste acórdão, bem como do Relatório e Voto que o fundamentam, ao

Ministério dos Transportes, à Agência Nacional de Transportes Terrestres, às Comissões de Fiscalização Financeira e Controle, Viação e Transportes e Defesa do Consumidor, Meio Ambiente e Minorias da Câmara dos Deputados, às Comissões de Fiscalização e Controle e Assuntos Econômicos do Senado Federal e à Secretaria Federal de Controle Interno; e

9.4. determinar o arquivamento dos presentes autos.

10. Ata nº 26/2003 – Plenário11. Data da Sessão: 9/7/2003 – Ordinária12. Especificação do quorum:12.1. Ministros presentes: Valmir Campelo (Presidente), Marcos Vinicios Vilaça (Relator),

Iram Saraiva, Humberto Guimarães Souto, Adylson Motta, Walton Alencar Rodrigues, Guilherme Palmeira, Benjamin Zymler e o Ministro-Substituto Lincoln Magalhães da Rocha

12.2. Auditores presentes: Augusto Sherman Cavalcanti e Marcos Bemquerer Costa.

VALMIR CAMPELOPresidente

MARCOS VINICIOS VILAÇAMinistro-Relator

Fui presente:

PAULO SOARES BUGARINProcurador-Geral, em substituição

GRUPO I – CLASSE VII – PLENÁRIOTC 005.814/2002-9 (c/ 6 volumes)Apensos: TC 004.212/2002-7 e TC 004.213/2002-4Natureza: RepresentaçãoEntidade: Companhia Docas do Rio Grande do Norte - CodernInteressado: TCUResponsáveis: Carlos Ivan da Câmara Ferreira de Melo, Diretor-Presidente, José Jackson

Queiroga de Morais, Presidente da Comissão Especial de Licitação, e Davis Coelho Eudes da Costa, Emerson Fernandes Daniel Júnior e Rubens de Siqueira Júnior, membros da Comissão Especial de Licitação

Sumário: Representação de equipe de auditoria acerca de irregularidades em licitações na Companhia Docas do Estado do Rio Grande do Norte – Codern. Obras de Ampliação da Bacia de Evolução do Porto de Natal/RN. Desclassificação indevida de proposta. Audiência. Rejeição das razões de justificativa. Determinação para anulação da licitação. Outras irregularidades. Sobrepreço em custos unitários. Aceitação de proposta com custo superior. Nova audiência. Rejeição das razões de justificativa. Multa. Determinação. Ciência ao Ministério dos Transportes e à Presidência e à Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização do Congresso Nacional. Apensamento às contas de 2001.

RELATÓRIO

Trata-se de representação formulada pela Secex/RN com vistas a apurar possíveis irregularidades em obras no Porto de Natal, no Estado do Rio Grande do Norte. Os recursos para a

314

Page 315: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

obra estavam contemplados no Orçamento Geral da União para 2002, programas de trabalho 26.784.0235.5864.0024 (Melhoramento das Instalações do Porto de Natal) e 26.784.0909.0637.0024 (Participação da União no Capital - Companhia Docas do Rio Grande do Norte - Melhoramento das Instalações do Porto de Natal). Estes programas de trabalho foram apreciados nos TCs nºs 004.212/2002-7 e 004.213/2002-4, relativos aos levantamentos de auditoria do Fiscobras 2002, apensados a estes autos pela Decisão nº 698/2002-Plenário. O PT 26.784.0235.5864.0024 está incluído no Quadro VII do orçamento de 2003.

2. Na representação de fls. 1/24 – Vol. Principal, o analista apontou a ocorrência de irregularidades na Concorrência nº 014/2001, referente às obras de Ampliação da Bacia de Evolução do Porto de Natal. No certame foram habilitadas apenas duas empresas: Bandeirantes Dragagem e Construção Ltda. e Somar – Serviços de Operações Marítimas Ltda. Apesar de ter apresentado menor preço (R$ 4.279.477,70 contra R$ 5.337.942,05 da Bandeirantes), a Somar foi desclassificada por desatendimento aos subitens 5.3 e 5.4 do edital.

3. Autorizei a audiência do Diretor-Presidente da Codern, Sr. Carlos Ivan da Câmara Ferreira de Melo, bem como ofereci oportunidade para que a empresa Bandeirantes se pronunciasse.

4. A unidade técnica analisou as razões de justificativa e os elementos enviados pela construtora por meio da instrução de fls. 104/126, Vol. Principal. Instado a se pronunciar, o Ministério Público detectou outras duas irregularidades: classificação da proposta da Bandeirantes contendo itens com sobrepreço e aceitação da proposta da Bandeirantes com custo superior, decorrente da maneira escolhida por essa empresa para executar os serviços demandados. Na sessão plenária de 14/8/2002, esta Corte proferiu a Decisão nº 1.041/2002, nos seguintes termos:

“8.1. conhecer desta representação, por preencher os requisitos do art. 69, inciso V, da Resolução TCU nº 136/2000, c/c o art. 213 do Regimento Interno do TCU, para, no mérito, julgá-la procedente;

8.2 – fixar, com fundamento nos arts. 71, inciso IX, da Constituição Federal, 45 da Lei n° 8.443/92 e 195 do Regimento Interno/TCU, o prazo de 15 (quinze) dias, para que o Diretor-Presidente da Codern, Sr. Carlos Ivan da Câmara Ferreira de Melo, adote as providências necessárias para o exato cumprimento da Lei n° 8.666/93, com vistas a anular, com base no art. 49 da mesma Lei, a Concorrência n° 14/2001 (obras de Ampliação da Bacia de Evolução do Porto de Natal/RN) e, em conseqüência, todos os atos que dela decorram, em especial, o Contrato n° 018/2001;

(...)8.4 – ouvir em audiência os componentes da Comissão Especial de Licitação, Srs. José

Jackson Queiroga de Morais (Presidente), Davis Coelho Eudes da Costa, Emerson Fernandes Daniel Júnior e Rubens de Siqueira Júnior (membros), com fulcro no art. 12, inciso II, da Lei n° 8.443/92, para apresentarem, no prazo de 15 (quinze) dias, razões de justificativa acerca da desclassificação indevida, no processo licitatório que originou o Contrato nº 018/2001, de proposta mais vantajosa para a Administração, com ônus aos cofres da Codern de mais de um milhão de reais (infringência do art. 3º da Lei nº 8.666/93);

8.5 – ouvir em audiência o Diretor-Presidente da Codern, Sr. Carlos Ivan da Câmara Ferreira de Melo, e os componentes da Comissão Especial de Licitação, Srs. José Jackson Queiroga de Morais (Presidente), Davis Coelho Eudes da Costa, Emerson Fernandes Daniel Júnior e Rubens de Siqueira Júnior (membros), com fulcro no art. 12, inciso II, da Lei n° 8.443/92, para apresentarem, no prazo de 15 (quinze) dias, razões de justificativa acerca das seguintes irregularidades:

8.5.1 – classificação da proposta da empresa Bandeirantes, contendo itens com sobrepreço, nitidamente superiores aos estimados pela Codern;

8.5.2 – aceitação da proposta da empresa Bandeirantes Dragagem e Construção Ltda., com custo superior decorrente da maneira escolhida por essa empresa para executar os serviços demandados;

8.6 – determinar à Codern que:8.6.1 – inclua orientações a respeito da base de cálculo a ser utilizada, quando houver, em

seus editais de licitação, cronograma de desembolso máximo em percentuais;

315

Page 316: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

8.6.2 – faça constar, em seus editais de licitação, critério de aceitabilidade de preços unitários, conforme o disposto no art. 40, inciso X, da Lei nº 8.666/93; e

8.7 – dar ciência desta Decisão ao Ministério dos Transportes e à Presidência e à Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização do Congresso Nacional, mediante o envio de cópia desta decisão, bem como do relatório e voto que a fundamentam.”

5. Notificado da decisão, o Sr. Carlos Ivan da Câmara Ferreira de Melo interpôs Pedido de Reexame (fls. 2 a 8 do Anexo V) ao mesmo tempo em que apresentou suas razões de justificativa (fls. 174/178 – Vol. Principal). Os demais responsáveis também compareceram aos autos com as razões de justificativa (fls. 183/198 – Vol. Principal).

6. A Serur analisou o recurso por meio da instrução de fls. 24/28 – Vol. 5 e o parecer do Secretário (fls. 29/31 – Vol. 5). Estando os autos no Ministério Público, o Sr. Carlos Ivan comunicou a anulação da Concorrência nº 014/2001 e solicitou a desistência do Pedido de Reexame (fls. 36/38 – Vol. 5), razão pela qual o Relator ad quem, Ministro Ubiratan Aguiar, acolhendo parecer do MP/TCU, não conheceu do recurso.

Parecer da Unidade Técnica

7. Neste ponto passo a transcrever a instrução do ACE Cláudio Girão Barreto, no essencial.“.................................................................................................7.Preliminarmente, curial enfatizar quais as irregularidades imputadas aos responsáveis

arrolados na Decisão Plenária nº 1.041/2002 (Carlos Ivan da Câmara Ferreira de Melo, José Jackson Queiroga de Morais, Davis Coelho Eudes da Costa, Emerson Fernandes Daniel Júnior e Rubens de Siqueira Júnior):

a) desclassificação indevida, no processo licitatório que originou o contrato nº 018/2001, de proposta mais vantajosa para a Administração, com ônus aos cofres da Codern de mais de um milhão de reais, com infringência do art. 3º da Lei nº 8.666/93 (item 8.4 do aresto);

b) classificação da proposta da empresa Bandeirantes, contendo itens com sobrepreço, nitidamente superiores aos estimados pela Codern (item 8.5.1 do aresto);

c) aceitação da proposta da empresa Bandeirantes Dragagem e Construção Ltda., com custo superior decorrente da maneira escolhida por essa empresa para executar os serviços demandados (item 8.5.2 do aresto).

7.1Note-se que o Sr. Carlos Ivan da Câmara Ferreira de Melo, Diretor Presidente da Codern, não foi relacionado no item 8.4 da decisão supra, que determinou a oitiva dos responsáveis, porque ele já havia apresentado suas razões de justificativa para esta irregularidade (fls. 35 a 48 do Volume Principal).

7.2As irregularidades ‘classificação da proposta da empresa Bandeirantes, contendo itens com sobrepreço, nitidamente superiores aos estimados pela Codern’ e ‘aceitação da proposta da empresa Bandeirantes Dragagem e Construção Ltda., com custo superior decorrente da maneira escolhida por essa empresa para executar os serviços demandados’, detectadas pelo Parquet especializado, foram por ele assim detalhadas (fls. 133 e 134 do Volume Principal):

‘Outro tópico importante acerca desta licitação, carente de maiores esclarecimentos, é a questão dos preços ofertados pelas concorrentes. Reproduzimos abaixo, a título de ilustração, quadro contendo os preços unitários estimados pela Codern para os serviços, bem como os cotados pelas empresas habilitadas e a respectiva diferença percentual em relação ao orçamento-base:

Item Discriminação

Preços Unitários em R$

Orçado BandeirantesDiferença % em relação ao orçado

SomarDiferença %em relação aoorçado

1. Mobilização e Instalação

1.1 Mobilização1.1.1 De Pessoal 20.000,00 28.000,00 40,00% 10.000,00 -50,00%1.1.2 De

Equipamentos80.000,00 70.000,00 -12,50% 74.446,78 -6,94%

2. Dragagem2.1 Com Fraga

Autotransportadora

2.1.1 Canal de Acesso 3,54 3,74 5,65% 3,00 -15,25%2.1.2 Bacia de

Evolução4,49 4,90 9,13% 4,01 -10,69%

2.2 Com Clam-Shell e Transp. Com

316

Page 317: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

Batelões, ou Similar

2.2.1 Faixa do Cais 30,52 10,43 -65,83% 11,75 -61,50%3. Derrocamento

Subaquático3.1 Derrocagem de

Arenitos3.1.1 Fragmentação

Mecânica, Carga e Transporte

136,11 232,11 70,53% 105,09 -22,79%

3.1.2 Fragmentação com explosivos, Carga e Transporte

136,11 187,84 38,01% 105,09 -22,79%

4. Serviços Complementares

4.1 Desmobilização4.1.1 De

Equipamentos60.000,00 22.400,00 -62,67% 60.000,00 0,00%

4.1.2 De Pessoal 10.000,00 5.600,00 -44,00% 10.000,00 0,00%

Examinando o quadro retro, não é difícil perceber que, à exceção dos preços relativos à desmobilização, a proposta da Somar apresenta preços unitários muito inferiores aos previstos no orçamento estimativo, ao contrário da empresa Bandeirantes, que chega a apresentar, para determinados serviços, particularmente em relação aos subitens 3.1.1 e 3.1.2 supra, valores unitários superiores em 70 e 38% àqueles estimados pela Codern e em cerca de 120 e 79%, respectivamente, aos cotados pela concorrente. São diferenças gritantes e que indicam a possível existência de sobrepreço nestes itens.

Parece-nos estranho que a Codern não tenha questionado tais preços, especialmente levando-se em consideração que se trata de execução indireta da obra, sob o regime de empreitada por preços unitários, na qual poderiam, eventualmente, se verificar, no caso de aditamentos contratuais, aumentos de serviços exatamente nesses itens com sobrepreço, o que oneraria sobremaneira os cofres públicos, com conseqüentes danos ao erário.

Outrossim, a Codern não esclarece porque aceitou uma proposta mais custosa, com itens possivelmente com sobrepreço, e cujo custo superior foi claramente decorrente da maneira escolhida pela empresa para executar os serviços, tendo em vista que a própria Bandeirantes admite o uso de uma draga de 'menor porte, com conseqüente menor produção, menor desembolso mensal e maior custo de execução' (fl. 156 do vol. 4).

É de se ressaltar, porém, que, no âmbito da Codern, a participação dos gestores e membros da Comissão Especial de Licitação foi determinante na consecução das irregularidades ora detectadas, seja por força de vícios na elaboração do edital ou da ausência de zelo na condução e julgamento do procedimento licitatório.

Necessário, pois, promover-se a audiência dos responsáveis acerca dessas ocorrências, na forma adiante proposta, para que expliquem a aceitação pura e simples da proposta tão superior, em determinados itens, aos valores estimados pela Codern, já que, segundo informado, esses tomaram por base 'preços contratados nos portos de Recife, Natal e Maceió para os mesmos tipos de serviços' (fl. 35 do vol. 4).’

IVRazões de justificativa do Sr. Carlos Ivan da Câmara Ferreira de Melo8.Além daquelas prestadas no documento de fls. 35 a 48 do Volume Principal, e devidamente

analisadas na Decisão Plenária nº 1.041/2002, o responsável aduz (fls. 174 a 176 do Volume Principal), em um primeiro momento, que não tem competência para classificar ou desclassificar propostas de licitantes, mas tão-só a de homologar e adjudicar, conforme previsto no art. 43, inciso VI, Lei nº 8.666/93. Mas que, em decorrência do recurso administrativo intentado pela empresa Somar — Serviços de Operações Marítimas Ltda. contra sua desclassificação, ratificou o ato da comissão de licitação, conforme lhe faculta o art. 109, §4º, do mesmo diploma.

8.1Argumenta, então, que os atos praticados — ratificação da desclassificação, homologação e adjudicação — o foram porque ‘estando a proposta de preços da licitante vencedora dentro do limite do orçamento básico desta Companhia, o justificante não tinha outra alternativa’. E que não se caracteriza o sobrepreço apontado por esta Corte, uma vez que a proposta da vencedora é inferior ao orçamento básico em mais de seiscentos mil reais. Por fim, ‘informamos que a aceitação da proposta da Bandeirantes é conseqüência de sua classificação, posto que, repita-se, tendo aquela empresa cumprido as normas editalícias e tendo a sua proposta de preços ficado

317

Page 318: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

dentro dos limites do orçamento básico, não restou outra alternativa a este justificante senão adjudicar sua proposta de preços, com a conseqüente assinatura do instrumento contratual’.

8.2Traz, em reforço à sua tese, ao conhecimento desta Corte que a Somar buscou auxílio no Poder Judiciário, tentando suspender sua desclassificação com provimentos cautelares, mas não logrou êxito.

Razões de justificativa dos senhores José Jackson Queiroga de Morais, Davis Coelho Eudes da Costa, Emerson Fernandes Daniel Júnior e Rubens de Siqueira Júnior

9.Os responsáveis acima, presidente e membros da comissão especial de licitação, respectivamente, optaram por apresentar suas razões de justificativa em um único documento (fls. 183 a 192 do Volume Principal).

9.1Quanto à desclassificação da Somar, malgrado ter ela apresentado o menor preço, deveu-se à inobservância de exigências editalícias, falha insanável porquanto, como bem ressaltam os mestres administrativistas — v.g., Hely Lopes Meirelles e Lúcia Valle Figueiredo —, o edital é a lei interna da licitação. Houve, na proposta da Somar, infringência aos subitens 5.3 e 5.4 do instrumento convocatório, uma vez que ela ‘apresentou cronograma físico-financeiro com previsão de desembolso superior ao estabelecido no Edital’ e que ‘não apresentou a composição de todos os preços unitários propostos, aliado ao fato de não demonstrar na proposta de preços as composições do BDI, encargos sociais e despesas diretas e indiretas’. Argumentam que proceder de modo diverso significaria outrossim descumprir determinação proferida por esta Corte (TC 006.793/99-1).

9.2Ainda no que concerne ao cronograma físico-financeiro, acrescentam (fl. 190) que:‘Impele salientar que, em um primeiro instante, a Codern estima um orçamento para

realização das obras e o utiliza para solicitar alocação de verbas no Orçamento Geral da União, cumpridos todos os trâmites do procedimento licitatório e definido seu vencedor, as solicitações para liberação de verbas são realizadas tomando por base o valor total da proposta ganhadora. Daí que o parâmetro para incidência dos percentuais previstos no Cronograma Físico-Financeiro deva ser necessariamente o da licitante.’

9.3Aduzem também que ‘a proposta da Somar, além de contrária às exigências do Edital, não tem consistência e confiabilidade’, por haver contradições nos preços cotados para os itens ‘Dragagem do Canal de Acesso’, ‘Dragagem da Bacia de Evolução’ e ‘Dragagem da Faixa do Cais’. Segundo eles, os valores constantes no orçamento básico são diferentes daqueles obtidos do exame das composições de preços confrontadas com o cronograma físico-financeiro.

9.4Em decorrência dessas inconsistências, seria necessário ajustar os preços unitários constantes da proposta, chegando-se, ao final, ‘à conclusão de que o preço global ofertado pela empresa Somar é de R$ 9.411.667,61, e não o de R$ 4.279.477,70, constatando-se, mais uma vez, a falta de consistência da proposta de preços desclassificada’.

9.5Quanto à classificação da proposta da empresa Bandeirantes, contendo itens com sobrepreço, nitidamente superiores aos estimados pela Codern, entendem que não procede a alegação. O sobrepreço, afirmam, não aconteceu, tendo em vista que o preço ofertado é inferior ao orçamento básico. E, continuam:

‘É de bom alvitre esclarecer que o processo sob vergasta estabelece como critério de julgamento o de Menor Preço Global, e não poderia ser diferente, pois caso o mesmo se desse por Menor Preço Por SubItem, poderíamos chegar ao absurdo de contratar a mobilização de uma proponente A e a execução dos serviços de uma outra proponente B.’

9.6Por fim, em resposta ao subitem 8.5.2 da Decisão Plenária nº 1.041/2002, esclarecem que ‘a aceitação da sua proposta é uma conseqüência de sua classificação, posto que, repita-se, tendo a empresa Bandeirantes Dragagem Ltda. cumprido as normas editalícias e tendo o seu preço ficado dentro dos limites do orçamento básico, não restou outra alternativa a esta comissão senão classificá-la’.

9.7Trazem, à semelhança do Sr. Carlos Ivan da Câmara Ferreira de Melo, em reforço às suas teses, ao conhecimento desta Corte que a Somar buscou auxílio no Poder Judiciário, tentando suspender sua desclassificação com provimentos cautelares, mas não logrou êxito.

V

318

Page 319: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

10.As razões de justificativa, s.m.j., não merecem, mais uma vez, acolhida. Em linhas gerais, repisam argumentos já examinados pela Secex-RN, pelo Ministério Público, pela Serur e pelo Egrégio Plenário. Não obstante, em respeito à garantia ao contraditório inserta na Lex Legum, são examinados abaixo. Pede-se vênia contudo para repetir considerações de alhures.

11.Quanto ao argumento de que a proposta da Somar descumpriu exigências do edital, rebatido com absoluta propriedade pelo Ex.mo Sr. Ministro Marcos Vinicios Vilaça no voto condutor da Decisão Plenária nº 1.041/2002, verbis:

‘3. A Lei nº 8.666/93, ao dispor que o edital deve indicar cronograma de desembolso máximo por período (art. 40, XIV, ‘b’), tem em vista a capacidade financeira do órgão contratante, como bem enfatizado pelo Ministério Público e pela unidade técnica. Assim, é de se presumir que as porcentagens máximas previstas no Anexo III de que trata o item 5.3 do instrumento convocatório são referentes ao orçamento básico ou, ainda, foram estabelecidas na suposição de que a proposta de menor preço seria a selecionada, de tal forma que o contratado não ultrapassasse, em reais, o limite máximo permitido. Permito-me reproduzir as tabelas com os desembolsos propostos pelas licitantes e o estabelecido no edital.

Mês EDITAL BANDEIRANTES SOMARR($) (%) R($) (%) R($) (%)Mensal Acum. Men-

salAcum. Mensal Acum. Mensal Acum. Mensal Acum. Mensal Acum.

1 895.177,34 895.177,34 15,0 15,0 800.691,29 800.691,29 15,0 15,0 42.223,38 42.223,38 0,99 0,992 298.392,45 1.193.569,79 5,0 20,0 266.897,10 1.067.588,39 5,0 20,0 23.611,70 65.835,08 0,55 1,543 596.784,90 1.790.354,69 10,0 30,0 533.794,21 1.601.382,60 10,0 30,0 18.611,70 84.446,78 0,43 1,974 298.392,45 2.088.747,14 5,0 35,0 266.897,10 1.868.279,70 5,0 35,0 334.857,15 419.303,93 7,82 9,805 596.784,90 2.685.532,03 10,0 45,0 533.794,21 2.402.073,91 10,0 45,0 334.857,15 754.161,08 7,82 17,626 298.392,45 2.983.924,48 5,0 50,0 266.897,10 2.668.971,01 5,0 50,0 886.239,57 1.640.400,65 20,71 38,337 596.784,90 3.580.709,38 10,0 60,0 533.794,21 3.202.765,22 10,0 60,0 1.181.652,76 2.822.053,41 27,61 65,948 298.392,45 3.879.101,82 5,0 65,0 266.897,10 3.469.662,32 5,0 65,0 886.239,57 3.708.292,98 20,71 86,659 596.784,90 4.475.886,72 10,0 75,0 533.794,21 4.003.456,53 10,0 75,0 129.497,15 3.837.790,13 3,03 89,6810 298.392,45 4.774.279,17 5,0 80,0 266.897,10 4.270.353,63 5,0 80,0 250.592,36 4.088.382,49 5,86 95,5311 596.784,90 5.371.064,06 10,0 90,0 533.794,21 4.804.147,84 10,0 90,0 121.095,21 4.209.477,70 2,83 98,3612 596.784,90 5.967.848,96 10,0 100,0 533.794,21 5.337.942,05 10,0 100,0 70.000,00 4.279.477,70 1,64 100,00

319

Page 320: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

4. Comparando-se os desembolsos acumulados, em reais, das duas empresas, nota-se que em apenas um mês, o oitavo, o valor apresentado pela Somar é maior que o da Bandeirantes. Não há dúvida, portanto, de que a proposta da Somar é a mais vantajosa. Além disso, em nenhum mês o desembolso acumulado ultrapassou o limite, em reais, estabelecido pelo edital (considerando a aplicação do percentual ao orçamento básico). O argumento de que em determinados meses o desembolso na proposta da Somar é maior do que o permitido no edital não procede. O que importa é o dispêndio acumulado a ser suportado pela Administração. Reproduzo, por sua clareza, a posição do Subprocurador-Geral a respeito deste ponto:

'Cumpre saber, ainda sobre o tema, se os percentuais do cronograma de desembolso máximo deveriam ser observados isoladamente no mês de referência ou de forma acumulada. Entendemos mais apropriada a segunda hipótese, uma vez que os recursos públicos têm destinação específica, devendo ser investidos no objeto do programa de trabalho aprovado, não se perdendo com o seu não uso. Ademais, se a Administração tem capacidade para honrar um determinado percentual do orçamento por ela estimado ao fim de certo período, não há nenhum impeditivo a que ela possa pagar, em um mês subseqüente, valores superiores ao índice isolado do mês, caso haja sobra dos meses anteriores e contanto que não exceda ao percentual acumulado até aquele mês. Restaria preservada, dessa forma, a capacidade de pagamento da Administração Pública, que é o objetivo maior em se estabelecer um cronograma de desembolso máximo.'

...................................................................................................9. Em relação ao não-atendimento do item 5.4 do edital, tanto a unidade técnica quanto o Ministério Público

identificam um rigor na apreciação da proposta da Somar que não se verificou na análise da proposta da Bandeirantes. A proposta da primeira foi desclassificada por não apresentar a composição dos insumos dos preços unitários, do BDI e dos encargos sociais. Entretanto, também a proposta da Bandeirantes apresenta falhas dessa natureza. Em situações como essa a Lei nº 8.666/93 oferece soluções. Uma delas seria a realização de diligência para esclarecer dúvidas, nos termos do art. 43, § 3º. Outra solução seria a desclassificação de todas as propostas e a fixação do prazo de oito dias úteis para apresentação de nova documentação ou de outras propostas, conforme disposto no art. 48, § 3º. Inaceitável é a desclassificação de somente uma das propostas, em flagrante desrespeito ao princípio da isonomia.’

11.1Ressalte-se que os pronunciamentos exarados no TC 006.793/99-1 (Decisão nº 255/99, 1ª Câmara, e Relação nº 28/2000, Sessão de 02/05/2000, Ministro Relator Walton Alencar Rodrigues) em nenhum momento determinaram a observância rigorosa do edital, mormente quando para um e não para outro licitante, mas tão-só teceram comentários sobre a adequada forma de cálculo do BDI.

12.Quanto às alegadas inconsistência, incredibilidade e, por conseguinte, inexeqüibilidade da proposta da Somar, afastadas pelas lúcidas ponderações do Sr. Secretário da Serur, ACE Odilon Cavallari de Oliveira (fls. 29 a 31 do Anexo V):

‘3. Com as devidas vênias, entendo que não há nos autos elementos que permitam afirmar serem inexeqüíveis os preços ofertados pela Somar para execução das obras de dragagem. Veja-se, por exemplo, que o preço cotado pela Codern, em seu orçamento básico (fl. 36 do Vol. 4), para execução da dragagem do canal de acesso, foi de R$ 3,54. Por sua vez, o preço proposto pela Somar foi de R$ 3,00 por m3 (- 15%). É bem de ver que o Edital da Licitação nº 014/2001 considera manifestamente inexeqüíveis as propostas cujos valores sejam inferiores a 70% do valor do orçamento básico (subitens 7.1.1 e 7.1.2, fl. 46 do Vol. 4). Diante disso, em respeito às regras fixadas pela própria Codern para o certame em tela, não há falar em desclassificação da empresa Somar com fundamento no art. 48, inciso II, da Lei nº 8.666/93. (...)

8. (...) não tenho por plausível a inferência de que a Somar, ao invés de otimizar o uso do referido equipamento, reduzindo o prazo para execução da obra, oneraria os seus custos, utilizando a aludida draga abaixo da capacidade plena de funcionamento, somente para honrar o cronograma físico originalmente proposto. Frise-se, a Somar propôs e se comprometeu com o preço de R$ 3,00/m3. De notar-se que a própria empresa Bandeirantes admite que (subitem 1.3, fl. 98 do Vol. Principal), se utilizada uma draga de grande porte, o prazo de execução da obra seria reduzido (...).

320

Page 321: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

Dessa forma, a hipótese ventilada pela Codern, que considerou, em seus cálculos, a utilização da draga de maior capacidade, deveria ter considerado também a redução proporcional do tempo de utilização desta, o que implicaria a manutenção dos valores propostos. Por conseguinte, não se sustenta o ato de desclassificação da Somar sob o fundamento de serem inexeqüíveis os preços por ela ofertados.’

(...)13.Como argumento acessório, os responsáveis trazem a lume a idéia de que não houve dano ao Erário, uma vez

que os preços da licitante vencedora ficaram dentro do limite do orçamento básico da Codern. Na mesma toada, aduzem que qualquer sobrepreço deve ser examinado no preço global e não nos valores cotados para cada item do empreendimento.

13.1Há dois equívocos nestes entendimentos, com reflexos nefandos sobre os custos das obras públicas, os cofres que as subvencionam e os bolsos de onde saem os impostos que os suprem.

13.2Primeiro, o orçamento estimativo não pode ser visto como uma autorização para gastar. O simples fato de uma proposta haver sido apresentada com valor inferior àquele não autoriza, incondicionalmente, os gestores a contratar. A explicação é prosaica: como se depreende do §2º, art. 40, da Lei nº 8.666/93, o orçamento é estimado, podendo — e devendo — ser afastada a presunção de sua veracidade quando houver elementos bastantes.

13.3Imagine-se, por exemplo, que, a uma licitação com orçamento estimado em R$ 100,00, acorram dois licitantes. Um deles apresenta o preço de R$ 99,00, ao passo que o outro propõe o valor de R$ 50,00. Contudo, este último, por ser neófito nas lides licitatórias, desobedece ao edital do primeiro ao último item (não traz as certidões necessárias, apresenta proposta sem BDI, etc. — suponha-se que, por falha, não foi inabilitado e teve seu envelope de preços aberto). Constatadas serodiamente estas falhas, pergunta-se: pode o gestor, sem mais nenhuma providência, contratar por R$ 99,00? Salvo opinião mais abalizada, a resposta é negativa: deve certificar-se, cabalmente, de que o valor é de fato compatível com o mercado; caso haja dúvidas, deve optar pela anulação do anterior e convocação de novo certame.

13.4Mas por outro lado, e este é o segundo equívoco, o orçamento não pode ser uma peça de ficção, ainda que no intuito de garantir verbas no Orçamento Geral da União. De início, ressalte-se que não há no mercado preços para empreendimentos — completos ou em partes —, mas tão-só valores de insumos, que aparecem primeiro nos itens do orçamento, para só em seguida integrarem (por somatório) o preço total. Destarte, os valores elencados no orçamento, tomados item a item, devem aproximar-se daqueles existentes no mercado, sendo a adequação do preço global uma mera conseqüência.

13.5Naturalmente, não se exige que os preços cotados sejam absolutamente idênticos, item a item, aos do orçamento estimativo. Diferenças das mais variadas ordens (modo de execução, escala de compra, fornecedores, etc.) podem repercutir nos preços ofertados, ora para mais, ora para menos. Contudo, não é razoável compensar uns com os outros e concluir que o preço global compatibiliza-se com o de mercado. A análise deve efetuar-se item a item, com as diferenças gritantes, em especial para maior, merecendo o seguinte tratamento: reexame do orçamento estimativo e demonstração do equívoco cometido na sua elaboração, ou desclassificação da proposta (art. 43, inciso IV, Lei nº 8.666/93) e, até, anulação do procedimento licitatório.

13.6Conquanto o entendimento acima não seja pacífico, é, s.m.j., o que mais coaduna com os princípios insculpidos no art. 3º da Lei nº 8.666/93. Pensar de modo diverso, com pedido de escusas aos que assim o fazem, seria referendar o jogo de preços, comum em tantas licitações, por meio do qual alguns licitantes cotam certos valores abaixo do seu custo, no único intuito de ganhar o certame, sabedores de que tais itens não serão executados, enquanto outros insumos, cotados muito acima do mercado, sofrerão acréscimos de quantitativos.

13.7Ademais, enfatize-se, não é necessário aguardar por aditivos contratuais para configurar a irregularidade. A posição ora defendida baseia-se na idéia de que os licitantes ingressam de boa-fé no procedimento. Assim, se afirmam poder executar um item por R$ 10,00, embora o orçamento estimativo indique R$ 15,00, é porque podem fazê-lo, sem risco de bancarrota. Todavia, para este mesmo item, não é de admitir-se um preço de R$ 30,00, porquanto superior, sem discussão, ao de mercado (art. 43, inciso IV, Lei nº 8.666/93). Enfatize-se, como não há razão lícita, salvo erro — contanto que plenamente escusável —, que justifique a apresentação de preços inferiores

321

Page 322: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

aos custos, a empresa não pode alegar sua própria perfídia na tentativa de eximir-se da imputação de superfaturamento.

(...)13.9Em síntese, é possível detectar sobrepreço em itens isolados da planilha de preços, sem necessidade de

examinar a totalidade do empreendimento, como fez o Parquet especializado ao apontar a irregularidade inserta no parágrafo 8.5.1 da Decisão Plenária nº 1.041/2002 (classificação da proposta da empresa Bandeirantes, contendo itens com sobrepreço, nitidamente superiores aos estimados pela Codern). Também quanto a este ponto, os responsáveis não apresentaram justificativas acatáveis.

14.Impende notar, quanto ao fato descrito no item 8.5.2 da Decisão Plenária nº 1.041/2002 (aceitação da proposta da empresa Bandeirantes Dragagem e Construção Ltda., com custo superior decorrente da maneira escolhida por essa empresa para executar os serviços demandados), que as alegações dos responsáveis são, em grande parte, as mesmas apresentadas para as outras irregularidades. A única inovação, se possível atribuir-lhe tal condão, é o argumento de que não restava outra alternativa, senão declarar vencedora a empresa Bandeirantes. Mais uma vez, totalmente desprovido de sustentatibilidade.

14.1O processo licitatório não se conclui necessariamente com a celebração do contrato com a empresa declarada vencedora. Sempre que ocorram razões de interesse público, observados os requisitos do art. 49, primeira parte, Lei nº 8.666/93, cabível a revogação. A fortiori, e com amplo respaldo legal, doutrinário e jurisprudencial, deve a Administração anular os atos acoimados de irregularidades.

14.2No caso em tela, o procedimento licitatório já havia começado por caminhos tortuosos, com o estabelecimento no edital de exigência de índices econômico-financeiros sem a devida fundamentação. Por este motivo, foi aplicada multa ao Sr. José Jackson Queiroga de Morais, presidente da comissão especial de licitação (Acórdão nº 112, Ata nº 10/2002, Plenário, Sessão de 03/04/2002). Outrossim, ocorreram seguidas impugnações ao certame, na órbita administrativa e na judicial.

14.3Conclui-se, então, estarem os responsáveis devidamente cientes das dúvidas quanto à legalidade dos atos que praticavam. Se optaram, temerariamente, por permanecer a cavaleiro das críticas, não podem irresignar-se contra as conseqüências advindas.

15.A tentativa do Sr. Carlos Ivan da Câmara Ferreira de Melo de afastar, ainda que parcialmente, sua responsabilidade — sob o argumento de que lhe competia tão-só homologar e adjudicar —, não merece melhor sorte. A uma, porque, como assevera o próprio gestor, ele ratificou o ato de desclassificação da empresa Somar (fl. 166 do Volume IV). A duas, porque, ainda que este último ato não existisse, sua responsabilidade decorreria da homologação e adjudicação, como bem explana o excerto abaixo, extraído do Acórdão nº 112, Ata nº 09/2002, 2ª Câmara:

‘3.34.11 - O último aspecto questionado refere-se ao superfaturamento na aquisição de livros conforme Concorrência Pública nº 007/93-CPLMS. A alegação apresentada é centrada no fato de que existia uma “Comissão Central de Licitação' para todas as aquisições/necessidades do Estado. Assim, a ex-Secretária da Educação procura eximir-se de toda a responsabilidade dos atos inquinados, porém sem negar a ocorrência do superfaturamento.

3.34.12 - Entretanto, a responsável era a autoridade homologadora do certame licitatório, o que de imediato nos faz extrair excertos da melhor doutrina acerca da responsabilidade no caso de irregularidades em processos licitatórios:

'A autoridade homologadora terá diante de si três alternativas: confirmar o julgamento, homologando-o; ordenar a retificação da classificação no todo ou em parte, se verificar irregularidade corrigível no julgamento; ou anular o julgamento, ou todo o procedimento licitatório, se deparar irregularidade insanável e prejudicial ao certame em qualquer fase da licitação. Feita a homologação e determinada a adjudicação, a respectiva autoridade passa a responder por todos os efeitos e conseqüências da licitação, notadamente o mandado de segurança contra o julgamento. Isto porque, com a homologação, ocorre a superação da decisão inferior pela superior e, conseqüentemente, a elevação da instância administrativa.' (Hely Lopes Meirelles, 24ª Edição, pg. 281).

'A homologação equivale à aprovação do procedimento; ela é precedida do exame dos atos que o integraram pela autoridade competente (indicada nas leis de cada unidade da federação), a qual, se verificar algum vício de

322

Page 323: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

ilegalidade, anulará o procedimento ou determinará seu saneamento, se cabível.' (Maria Sylvia Zanella Di Pietro, 11ª Edição, pg. 331).’

16.Por fim, a existência de pronunciamentos judiciais, mormente quando não dirigidos a este Tribunal, em nada interfere no exame ora realizado, pois, segundo jurisprudência pacífica desta Casa, as instâncias são independentes.

VI17.Tentou-se demonstrar, no exame acima, a improcedência das razões de justificativa apresentadas pelos

responsáveis. Resta apenas discorrer sobre a natureza das infrações praticadas e as sanções cabíveis.(...)19.Rememorando os atos praticados pelos responsáveis, abaixo novamente transcritos, observa-se que, além de

afrontarem dispositivo legal, afastaram-se muito do interesse público. Se não há demonstração cabal do direcionamento da licitação para que a empresa Bandeirantes se sagrasse vencedora, não se pode olvidar a prova indiciária farta e inconteste. Deste modo, s.m.j., cabível aplicar aos responsáveis a sanção prevista no inciso III do art. 58 da Lei nº 8.443/92.

a) desclassificação indevida, no processo licitatório que originou o contrato nº 018/2001, de proposta mais vantajosa para a Administração, com ônus aos cofres da Codern de mais de um milhão de reais, com infringência do art. 3º da Lei nº 8.666/93;

b) classificação da proposta da empresa Bandeirantes, contendo itens com sobrepreço, nitidamente superiores aos estimados pela Codern;

c) aceitação da proposta da empresa Bandeirantes Dragagem e Construção Ltda., com custo superior decorrente da maneira escolhida por essa empresa para executar os serviços demandados.

20.Além disso, pela gravidade das irregularidades, que originariam dano aos cofres públicos de mais de um milhão de reais, caso não tivesse ocorrido a atuação tempestiva desta Casa, oportuno igualmente fazer incidir na hipótese o art. 60 da Lei nº 8.443/92, com a declaração de inabilitação dos responsáveis para o exercício de cargo em comissão ou função de confiança no âmbito da Administração Pública.

21.Por fim, impende ressaltar que as irregularidades em comento foram praticadas no ano de 2001, como se verifica nos documentos de fls. 136 (desclassificação da Somar e classificação da Bandeirantes), 164/5 (não provimento do recurso da Somar), 166 (ratificação pelo Sr. Diretor Presidente da Codern), 167/8 (adjudicação e homologação) e 169/83 (assinatura do contrato) — todas do Volume IV. Como a prestação de contas do referido exercício (TC 009.811/2002-5) ainda não foi objeto de decisão definitiva, não incide na espécie a vedação do art. 206 do RI/TCU.

VII22.Ante todo o exposto, proponho:a) com fulcro no art. 237, parágrafo único, c/c art. 250, § 2º, do RI/TCU, seja aplicada aos responsáveis abaixo,

individualmente, a multa prevista no inciso III do art. 58 da Lei nº 8.443/92, fixando-se-lhes o prazo de 15 (quinze) dias, a partir da notificação, para que comprovem, perante o Tribunal (art. 214, III, alínea ‘a’, do Regimento Interno), seu recolhimento aos cofres do Tesouro Nacional, atualizada monetariamente a partir do dia seguinte ao término do prazo ora fixado, até a data do efetivo pagamento:

- Carlos Ivan da Câmara Ferreira de Melo- José Jackson Queiroga de Morais- Davis Coelho Eudes da Costa- Emerson Fernandes Daniel JúniorRubens de Siqueira Júniorb) com fundamento no art. 270 do RI/TCU, sejam declaradas graves as irregularidades cometidas, abaixo

reproduzidas, para fim de incidência do art. 60 da Lei nº 8.443/92, sendo fixado o período de inabilitação para o exercício de cargo em comissão ou função de confiança no âmbito da Administração Pública a que ficarão sujeitos os responsáveis acima indicados;

323

Page 324: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

- desclassificação indevida, no processo licitatório que originou o contrato nº 018/2001, de proposta mais vantajosa para a Administração, com ônus aos cofres da Codern de mais de um milhão de reais, com infringência do art. 3º da Lei nº 8.666/93;

- classificação da proposta da empresa Bandeirantes, contendo itens com sobrepreço, nitidamente superiores aos estimados pela Codern;

- aceitação da proposta da empresa Bandeirantes Dragagem e Construção Ltda., com custo superior decorrente da maneira escolhida por essa empresa para executar os serviços demandados.

c) seja autorizada, desde logo, nos termos do art. 28, inciso II, da Lei nº 8.443/92, a cobrança judicial da dívida, caso não atendida a notificação;

d) seja determinado o apensamento do presente processo à prestação de contas da Codern, exercício de 2001 (TC 009.811/2002-5), consoante o art. 237, parágrafo único, c/c art. 250, § 2º, in fine, do RI/TCU.”

8. O Diretor, com a anuência do Secretário, acolhe a proposta do Analista (fl. 219 – vol. 6), à exceção da inabilitação para o exercício de cargo em comissão ou função de confiança, por entender que as irregularidades não se revestem de natureza grave a ponto de ser necessária a aplicação da penalidade, em razão dos seguintes fatos:

“1.1. o Diretor-Presidente da Companhia, Sr. Carlos Ivan da Câmara Ferreira de Melo, procedeu a anulação da Concorrência n° 14/2001, bem como do Contrato n° 018/2001 dela decorrente, mediante a emissão da Portaria DP n° 071/2002, juntada aos autos (cópia), por mim, à fl. 218, dando integral cumprimento à Decisão n° 1041/2002-Plenário;

1.2. o Contrato n° 018/2001 não chegou a ser executado, não tendo a Companhia realizado pagamentos a conta desse instrumento, conforme demonstram as peças dos autos; portanto, não ocorreu prejuízo financeiro aos cofres da União; e

1.3.por último, o Gestor juntamente com os membros da Comissão de Licitação já estão sendo multados pela prática dos atos irregulares praticados por eles, inclusive, se assim entender esta Corte de Contas, no limite máximo permitido, motivo suficiente para coibir futuras reincidências de fatos dessa natureza.

2.No tocante ao fundamento da aplicação da multa (item 22, alínea ‘a’, fl. 216), entendemos que deva ser o art. 58, II, da Lei n° 8.443/92 c/c o art. 250, § 2°, do RI/TCU, tendo em vista que não ocorreram danos ao Erário.”

Parecer do Ministério Público

9. Em novo pronunciamento, o Ministério Público acolhe a proposta do Analista, com a modificação alvitrada pelos dirigentes da unidade.

É o relatório.

VOTO

Este processo originou-se de representação de equipe de auditoria da Secex/RN acerca de irregularidades em diversas licitações na Codern. Os autos tratam dos fatos ocorridos na Concorrência nº 014/2001, referente às obras de Ampliação da Bacia de Evolução do Porto de Natal. Em razão das irregularidades, esta Corte de Contas determinou a anulação do certame e a audiência dos responsáveis (Decisão nº 1.041/2002-Plenário).

2. A Codern acatou a decisão e anulou a concorrência. Resta ao Tribunal analisar as razões de justificativa ainda não apreciadas e decidir acerca da responsabilização dos gestores.

3. Em relação à irregularidade constante do subitem 8.4 da Decisão nº 1.041/2002 (desclassificação indevida da proposta da Somar), os membros da Comissão de Licitação trouxeram as mesmas justificativas apresentadas pelo Sr. Carlos Ivan, apreciadas por este Tribunal na Decisão mencionada. Nada de novo, portanto, trouxeram os responsáveis, neste ponto.

324

Page 325: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

4. A irregularidade do subitem 8.5.1 da Decisão refere-se à presença de custos unitários excessivos na proposta do licitante. Os responsáveis alegam que a licitação é de menor preço global e, portanto, de menor importância a variação de preços unitários em itens isolados da proposta. A unidade técnica discorreu com propriedade a respeito da inconveniência de distorções dessa natureza. Esta Corte já se deparou inúmeras vezes com a questão. Dispensável, portanto, maiores comentários acerca do assunto. A falha decorreu, mais uma vez, da inexistência, no edital de licitação, de critério de aceitabilidade de preços unitários, em inobservância ao art. 40, X, da Lei nº 8.666/93. Como a licitação foi anulada, em cumprimento à Decisão nº 1.041/2002-P, resta ao Tribunal expedir determinação para que em futuras licitações a Codern observe a exigência inserta no referido dispositivo da Lei de Licitações e Contratos.

5. Quanto à classificação da proposta Bandeirantes com custo superior, decorrente da maneira escolhida para executar os serviços demandados, algumas observações são necessárias.

6. Realmente, procede a alegação dos responsáveis de que a proposta da Bandeirantes estava de acordo com o orçamento da empresa. Diante disso, a irregularidade em questão – classificação de proposta com custo superior – não se apresenta evidente. Na verdade, a falha se desloca para um orçamento mal elaborado. Comprova-a a existência, na concorrência, de proposta com preços menores, ainda que desclassificada por descumprimento de exigências editalícias. Impunha-se, portanto, aos responsáveis procedimento cauteloso, consistente em análise mais acurada das propostas com vistas a uma possível revogação da licitação.

7. Entretanto, a falha, na verdade, antecedeu à classificação da Bandeirantes e consistiu na desclassificação indevida da Somar, que apresentou proposta mais vantajosa para a Administração. Se a Somar não tivesse sido desclassificada, a Bandeirantes perderia a licitação, sendo penalizada pelo fato de ter apresentado preços excessivos. Assim, a irregularidade – classificação de proposta mais onerosa, com prejuízo para a Administração – aflorou em virtude de falha anterior, a desclassificação da Somar. Aos responsáveis caberia, por cautela, tomar as providências no sentido de revogar a licitação, com o objetivo de evitar prejuízos ao Erário.

8. Quanto à responsabilização do Sr. Carlos Ivan, acolho o tratamento dado à matéria pela unidade técnica. É improcedente o argumento do Diretor-Presidente da Codern de que não teria competência para classificar ou desclassificar propostas, visto que somente homologa os atos da Comissão de Licitação.

9. É inútil a tentativa do Sr. Carlos Ivan de negar ter tomado parte nos atos inquinados de irregulares. A homologação vem exatamente a confirmar a participação do Presidente da empresa. Os atos em questão são complexos e devem ser responsabilizados todos os que neles tiveram participação. Além disso, engana-se o dirigente da Codern ao afirmar que somente homologa os atos dos subordinados. A homologação não é simples ato de chancela dos atos da comissão de licitação. Se assim fosse, o ato seria perfeitamente dispensável. A homologação, além de envolver a avaliação da oportunidade e conveniência da contratação, envolve também a apreciação da legalidade dos atos.

10. Quanto ao fundamento para aplicação da multa, acolho o posicionamento do Analista. O fato de a licitação ter sido cancelada e, portanto, ser incapaz de gerar dano ao erário não é, no meu entender, impeditivo para a apenação com base no art. 58, inc. III, da Lei nº 8.666/93. As diferenças entre o inc. II (“ato praticado com grave infração à norma legal...”) e o III (“ato de gestão ilegítimo ou antieconômico...”) se verificam na natureza da infração e não no fato de ter, no caso concreto, produzido ou não dano, como entendem os dirigentes da unidade técnica e o representante do Ministério Público. O dano ao erário previsto no dispositivo é aquele possível de ser verificado se o ato se concretizar. No presente caso, me parece muito mais adequada a fundamentação no inciso III, visto a natureza dos atos praticados pelos responsáveis.

11. Além disso, para se permitir a aplicação de multa com base no art. 43, parágrafo único, quando da realização de fiscalização a cargo deste Tribunal, esta Corte tem entendido, até para corrigir imperfeição da lei, que não há necessidade de ocorrência de dano ao erário. Esse entendimento é baseado na interpretação de que o inc. III do art. 58 refere-se a dois tipos de ocorrência: ato de gestão ilegítimo ou ato de gestão antieconômico de que resulte injustificado dano ao erário. Esse entendimento foi mais uma vez reafirmado da sessão plenária de 18 de junho último, no TC 275.622/1996-7, quando a Corte acompanhou o voto revisor do Ministro Benjamin Zymler.

325

Page 326: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

12. Por fim, quanto à inabilitação dos responsáveis, acolho a proposta da unidade técnica e do Ministério Público, por entender que as irregularidades não possuem gravidade suficiente para ensejar a aplicação da medida e pelo fato de a licitação ter sido anulada, não acarretando dano ao erário.

Ante o exposto, acolho em parte as propostas formuladas pela unidade técnica e pelo Ministério Público e Voto no sentido de que o Tribunal adote a Decisão que ora submeto à apreciação deste Plenário.

TCU, Sala das Sessões, em 9 de julho de 2003.

MARCOS VINICIOS VILAÇAMinistro-Relator

ACÓRDÃO Nº 866/2003 - TCU - PLENÁRIO

1. Processo nº TC 005.814/2002-9 c/ 6 volumes (Apensos: TC 004.212/2002-7 e TC 004.213/2002-4)2. Grupo I, Classe de Assunto: VII – Representação3. Interessado: Tribunal de Contas da União3.1 Responsáveis: Carlos Ivan da Câmara Ferreira de Melo, CPF nº 143.076.344-20, José Jackson Queiroga de

Morais, CPF nº 088.769.084-04, Davis Coelho Eudes da Costa, CPF nº 230.855.093-72, Emerson Fernandes Daniel Júnior, CPF nº 005.875.164-53, e Rubens de Siqueira Júnior, CPF nº 241.509.167-72

4. Entidade: Companhia Docas do Estado do Rio Grande do Norte - Codern5. Relator: Ministro Marcos Vinicios Vilaça6. Representante do Ministério Público: Subprocurador-Geral Jatir Batista da Cunha7. Unidade Técnica: Secex/RN8. Advogado constituído nos autos: Marcelo Silva, OAB 794/RN, Davis Coelho Eudes da Costa, OAB 2915/RN,

Carlos Eduardo Jales Costa, OAB 992/RN, Glauber Antônio Nunes Rêgo, OAB 3326/RN

9. Acórdão:Vistos, relatados e discutidos estes autos de representação acerca de supostas irregularidades na Concorrência nº

014/2001, referente às obras de Ampliação da Bacia de Evolução do Porto de Natal, na Companhia Docas do Estado do Rio Grande do Norte.

Os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão Plenária, diante das razões expostas pelo Relator, ACORDAM em:

9.1 – rejeitar as razões de justificativa apresentadas pelos responsáveis;9.2 – aplicar, com fulcro no art. 237, parágrafo único, c/c art. 250, § 2º, do RI/TCU, aos responsáveis abaixo,

individualmente, a multa prevista no inciso III do art. 58 da Lei nº 8.443/92, no valor de R$ 5.000,00 (cinco mil reais), fixando-se-lhes o prazo de 15 (quinze) dias, a partir da notificação, para que comprovem, perante o Tribunal (art. 214, III, alínea “a”, do Regimento Interno), seu recolhimento aos cofres do Tesouro Nacional, atualizada monetariamente a partir do dia seguinte ao término do prazo ora fixado, até a data do efetivo pagamento:

- Carlos Ivan da Câmara Ferreira de Melo- José Jackson Queiroga de Morais- Davis Coelho Eudes da Costa- Emerson Fernandes Daniel Júnior- Rubens de Siqueira Júnior9.3 – autorizar, desde logo, nos termos do art. 28, inciso II, da Lei nº  8.443/92, a cobrança judicial das dívidas,

caso não atendida a notificação;9.4 – determinar à Codern que, em próximas licitações, observe o disposto no art. 40, inc. X, da Lei nº 8.666/93;

326

Page 327: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

9.5. informar a Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização do Congresso Nacional que, uma vez anulada a Concorrência nº 014/2001, em cumprimento à Decisão 1.041/2002-Plenário, não restaram, até o presente momento, outras irregularidades que impeçam a execução do Plano de Trabalho nº 26.784.0235.5864.0024;

9.6 – dar ciência desta Decisão ao Ministério dos Transportes e à Presidência e à Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização do Congresso Nacional, mediante o envio de cópia desta decisão, bem como do relatório e voto que a fundamentam.

9.7 – apensar o presente processo às contas da Codern, exercício de 2001.

10. Ata nº 26/2003 – Plenário11. Data da Sessão: 9/7/2003 – Ordinária12. Especificação do quorum:12.1. Ministros presentes: Valmir Campelo (Presidente), Marcos Vinicios Vilaça (Relator), Iram Saraiva,

Humberto Guimarães Souto, Adylson Motta, Walton Alencar Rodrigues, Guilherme Palmeira, Benjamin Zymler e o Ministro-Substituto Lincoln Magalhães da Rocha

12.2. Auditores presentes: Augusto Sherman Cavalcanti e Marcos Bemquerer Costa.

VALMIR CAMPELOPresidente

MARCOS VINICIOS VILAÇAMinistro-Relator

Fui presente:

PAULO SOARES BUGARINProcurador-Geral, em substituição

GRUPO I - CLASSE VII - PLENÁRIOTC 010.655/2003-0Natureza: RepresentaçãoEntidade: Caixa Econômica FederalInteressada: Tecnocoop Informática – Cooperativa de Trabalho de Assistência Técnica a Equipamentos de

Processamento de Dados Ltda.

Sumário: Representação contra supostas irregularidades em procedimento licitatório promovido pela Caixa Econômica Federal. Restrição indevida à participação de cooperativas. Conhecimento. Suspensão cautelar das licitações que apresentem tal restrição até posterior deliberação. Oportunidade à empresa vencedora de se manifestar. Apensamento. Ciência à interessada e à entidade.

RELATÓRIO

Trata-se de Representação formulada pela Tecnocoop Informática – Cooperativa de Trabalho de Assistência Técnica a Equipamentos de Processamento de Dados Ltda., com fundamento no § 1º do art. 113 da Lei nº 8.666/93 e no § 2º do art. 69 da Resolução TCU nº 136/2000, acerca de possíveis irregularidades na Concorrência nº 37/2002-CPL-CESUP, promovida pela Caixa Econômica Federal, para “a contratação de empresa para prestação de serviços técnicos especializados em monitoração/manutenção/ suporte em ambientes de telecomunicações (dado e voz) e de

327

Page 328: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

microinformática; manutenção em cabeamento estruturado e em análise de suporte e administração de redes nos Estados do Acre, Amapá, Amazonas, Pará, Rondônia e Roraima na Caixa Econômica Federal” (fls. 02/16).

2. A empresa autora da representação questiona a restrição contida no item 1.6 do edital da concorrência em tela, transcrito a seguir:

“1.6 É vedada a participação de pessoas jurídicas organizadas sob a forma de sociedades cooperativas, tendo em vista que a Caixa; a) foi condenada (sem trânsito em julgado), em várias ações civis públicas, a se abster, sob pena de multa, de contratar com cooperativas de trabalho e/ou mão-de-obra e a rescindir contratos já firmados; b) vem recebendo, freqüentemente, intimações para responder a inquéritos civis instaurados pelo MPT quando terceiriza serviços por meio daquelas; e c) vem sofrendo fiscalização e imposição de multas por parte das DRTs, que julgam fraudulenta a intermediação de mão-de-obra por meio de tais sociedades.”

3. As alegações apresentadas pela representante podem ser resumidas nos seguintes pontos:a) a vedação de participação, no certame, de pessoas jurídicas organizadas sob a forma de sociedades

cooperativas afronta o art. 3º, § 1º, da Lei nº 8.666/93, ferindo o princípio da isonomia entre os participantes da licitação e frustrando o caráter competitivo do certame ao excluir determinadas pessoas jurídicas;

b) os motivos apresentados pela Caixa para impedir que as cooperativas participem da licitação são impertinentes, pois eventuais problemas relativos à contratação de certas sociedades deveriam ser resolvidos em cada caso concreto;

c) este Tribunal, ao apreciar caso similar no processo TC 014.030/2002-8, entendeu que não há razão jurídica suficiente para afastar, em tese, as cooperativas de certames licitatórios na administração pública.

4. Em conclusão, a empresa Tecnocoop Informática solicita a este Tribunal que determine à Caixa Econômica Federal a supressão do item impugnado na licitação em comento e nos demais certames por ela conduzidos. Requer, ainda, o apensamento dos presentes autos ao TC 008.013/2003-1, por possuírem a mesma fundamentação, pedido e partes.

Parecer da Unidade Técnica

5. Preliminarmente, a 2ª Secex assinala que a representação preenche os requisitos de admissibilidade previstos nos arts. 235 e 237 do Regimento Interno do TCU c/c o art. 69 da Resolução TCU nº 136/2000.

6. Quanto ao mérito, o Diretor da 2ª Secex apresenta a seguinte análise: (fls. 32 a 34)“3.1.Com efeito, conforme alega a representante, a Caixa Econômica Federal inseriu no edital da Concorrência

nº 037/2002 CPL/CESUP dispositivo que veda expressamente a participação de cooperativas no certame (item 1.6). Esse mesmo dispositivo encontrava-se presente em outras licitações da CAIXA, com objetos análogos ao certame em tela, conforme relação abaixo:

Concorrência CPL/CESUP 019/2002Objeto: Contratação de serviços técnicos especializados de manutenção/ monitoração/suporte em ambientes de

telecomunicações (voz e dados) e outros, no âmbito dos Estados do Rio de Janeiro e do Espírito Santo.Concorrência CPL/CESUP 021/2002Objeto: Contratação de serviços técnicos especializados de manutenção/ monitoração/suporte em ambientes de

telecomunicação (voz e dados) e outros no âmbito do Estado de São Paulo.Concorrência CPL/CESUP 027/2002Objeto: Contratação de serviços técnicos especializados de manutenção/ monitoração/suporte em ambientes de

telecomunicação (voz e dados) e outros no âmbito do Estado de Minas Gerais.3.2.Todas as concorrências acima encontram-se suspensas por força de medida cautelar concedida pelo Exmo.

Ministro-Relator nos autos dos TCs 008.013/2003-0 e 008.058/2003-1, pelo mesmo fundamento do presente pedido.3.3.Os referidos processos foram, posteriormente, apensados ao TC 016.860/2002-0, que versa sobre a mesma

matéria e que já vem sendo examinado por esta Corte há mais tempo. O referido feito já foi instruído por esta Unidade

328

Page 329: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

Técnica com proposta de mérito, pela qual se pretende dar um termo final à questão, encontrando-se, atualmente, no Gabinete do Exmo. Ministro Benjamin Zymler.

3.4.Entretanto, enquanto aguardamos a pronúncia definitiva desta Corte, faz-se necessário preservar o direito dos licitantes, que se encontram ameaçados em face da continuidade dos processos licitatórios ainda em curso na CAIXA.

3.5.Assim, como o certame em comento foi encaminhado para homologação em 03/06/2003, após o que estará apto para contratação (conforme informação da CAIXA, à fl. 28), propomos que seja promovida sua suspensão cautelar. Observamos que essa foi a solução adotada nos TCs 008.013/2003-0 e 008.058/2003-1, supramencionados.

3.6.Outrossim, acreditamos que a medida cautelar eventualmente adotada deva ser estendida, por analogia, às demais concorrências da CAIXA que contenham a mesma restrição à participação de cooperativas de trabalho ou de mão-de-obra, evitando-se, assim, que esta Corte tenha que apreciar, em sede liminar, caso a caso.

3.7.Assinalamos, por derradeiro, que a audiência da CAIXA ou de seus responsáveis em face da irregularidade em tela, apesar de expressamente prevista no §3º do art. 276 do Regimento Interno do TCU, revela-se, no presente caso, como desnecessária, já que tal medida já foi adotada no âmbito do TC 016.860/2002-0. Nesse caso a audiência foi promovida pelas mesmas razões de fato e de direito verificadas aqui, aproveitando-se as justificativas já apresentadas. Faz-se necessário, entretanto, consoante entendimento firmado pelo STF, abrir à empresa Telematic Engenharia e Teleinformática Ltda., vencedora declarada do certame em tela (fl. 29), a possibilidade de, caso deseje, pronunciar-se nos autos, em defesa de seus interesses.

PROPOSTA DE ENCAMINHAMENTO4.1Em face de todo o exposto, e ante a presença do fumus boni juris e do periculum in mora, pressupostos para

a concessão de medida cautelar, submetemos os autos à consideração superior, propondo:a) conhecer da presente representação por preencher os requisitos de admissibilidade previstos nos arts. 235 e

237 do RI/TCU;b) determinar, cautelarmente, à Caixa Econômica Federal a suspensão de todos os atos referentes às licitações

por ela conduzidas que contemplem restrição à participação de cooperativas de trabalho ou de mão-de-obra, em particular a Concorrência nº 037/2002 -CPL/CESUP, até que este Tribunal delibere, em definitivo, sobre a matéria. Dada a urgência demandada pelo assunto, assinalamos que esta medida poderá ser adotada mediante decisão monocrática do Exmo. Ministro-Relator, conforme previsto no art. 45 da Lei nº 8.443/92 c/c o art. 276 do Regimento Interno deste Tribunal;

c) cientificar o interessado e a Caixa Econômica Federal da decisão adotada;d) cientificar a empresa Telematic Engenharia e Teleinformática Ltda., CNPJ: 32.628.612/0001-10, da medida

ora adotada, franqueando-lhe a oportunidade, caso deseje, de se pronunciar nos autos em defesa de seus interesses.”7. A proposta de encaminhamento foi aprovada Secretário da 2ª Secex.

É o Relatório.

VOTO

Inicialmente registro que a representação deve ser conhecida, ante o atendimento dos requisitos de admissibilidade aplicáveis à espécie.

2. Quanto ao mérito, endosso as considerações da 2ª Secex.3. Com efeito, em três outras concorrências conduzidas pela Caixa Econômica Federal, de objeto idêntico à ora

examinada (Concorrência CPL/CESUP 019/2002, relativa aos Estados do Rio de Janeiro e Espírito Santo, Concorrência CPL/CESUP 021/2002, relativa ao Estado de São Paulo, e Concorrência CPL/CESUP 027/2002, relativa ao Estado de Minas Gerais), determinei, em Despacho datado de 23/6/2003, a suspensão das respectivas licitações, na etapa em que se encontravam naquela data, até ulterior deliberação deste Tribunal.

329

Page 330: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

4. Por analogia, aplicam-se ao caso em tela as mesmas considerações expendidas no Despacho mencionado, que reproduzo em parte a seguir:

“9. A razoabilidade dos fundamentos de direito (fumus boni iuris), requisito primeiro exigido para a adoção da providência cautelar, está configurada pela linha de entendimento desenvolvida por este Tribunal nos julgados acerca de matéria análoga à presente, haja vista a necessidade de observância do princípio da isonomia e da garantia de competitividade nos certames licitatórios. Ademais, o subitem 1.6 do edital da Concorrência nº 021/2002-CPL/CESUP [e também no subitem 1.6 do edital da Concorrência nº 37/2002] está fundamentado, entre outros aspectos, na equivocada pressuposição de que todas as cooperativas, sem distinção, agem fraudulentamente mediante intermediação de mão-de-obra. Na mesma linha de raciocínio, não consta que exista ação judicial impetrada pelo Ministério Público do Trabalho ou outra instituição especificamente contra a participação de cooperativas na licitação referenciada.

10. Presente, também, o requisito da irreparabilidade ou a dificuldade de reparação, caso violado o direito (periculum in mora).”

5. Segundo informação obtida pela Unidade Técnica junto à Caixa Econômica Federal, a concorrência em análise foi encaminhada para homologação em 3/6/2003 e, no dia 25/6/2003, o contrato ainda não havia sido assinado, o que justifica uma rápida atuação do TCU, na forma de uma medida cautelar. Consta, além disso, que a empresa vencedora não renovou a validade de sua proposta, tendo sido convocada a segunda colocada, Telematic Engenharia e Teleinformática Ltda, que assumiu as mesmas condições da melhor classificada. À Telematic Ltda., portanto, deve ser dada a oportunidade de manifestar-se, se assim o desejar.

6. Estou de acordo, ainda, com a dispensa da audiência do responsável, uma vez que essa medida já foi adotada no TC 016.860/2002-0, por razões idênticas, o que justifica o apensamento do presente processo àquele, nos termos do art. 27 da Resolução TCU nº 136/2000, para análise em conjunto.

7. Além disso, acolho sugestão da 2ª Secex, no sentido de que a medida cautelar ora proposta seja estendida desde já às demais licitações da Caixa Econômica Federal que contenham a mesma restrição à participação de cooperativas de trabalho ou mão-de-obra, com o que se evitarão novas deliberações caso a caso.

Ante o exposto, voto por que o Tribunal adote o acórdão que ora submeto ao Plenário.

TCU, Sala das Sessões, em 9 de julho de 2003.

MARCOS VINICIOS VILAÇAMinistro-Relator

ACÓRDÃO Nº 867/2003-TCU-PLENÁRIO

1. Processo nº TC 010.655/2003-02. Grupo I, Classe de Assunto: VII – Representação de empresa licitante3. Interessada: Tecnocoop Informática – Cooperativa de Trabalho de Assistência Técnica a Equipamentos de

Processamento de Dados Ltda.4. Entidade: Caixa Econômica Federal5. Relator: Ministro Marcos Vinicios Vilaça6. Representante do Ministério Público: não atuou7. Unidade Técnica: 2ª Secex8. Advogado constituído nos autos: Drª Andréa Springer da Silva Carmo (OAB/RJ 99.954)

9. Acórdão:VISTOS, relatados e discutidos estes autos de representação formulada pela Tecnocoop Informática –

Cooperativa de Trabalho de Assistência Técnica a Equipamentos de Processamento de Dados Ltda., com fundamento

330

Page 331: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

no § 1º do art. 113 da Lei nº 8.666/93 e no § 2º do art. 69 da Resolução TCU nº 136/2000, acerca de possíveis irregularidades na Concorrência nº 37/2002-CPL-CESUP, promovida pela Caixa Econômica Federal.

ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão Plenária, ante as razões expostas pelo Relator, em:

9.1 – conhecer da presente representação por preencher os requisitos de admissibilidade previstos nos arts. 235 e 237 do Regimento Interno do TCU;

9.2 – com fundamento no art. 45 da Lei nº 8.443/92 c/c o art. 276 do Regimento Interno do TCU, determinar, cautelarmente, à Caixa Econômica Federal a suspensão de todos os atos referentes às licitações por ela conduzidas que apresentem restrição à participação de cooperativas de trabalho ou de mão-de-obra, em particular a Concorrência nº 037/2002-CPL/CESUP, até que este Tribunal delibere, em definitivo, sobre a matéria;

9.3 – cientificar a empresa Telematic Engenharia e Teleinformática Ltda., CNPJ: 32.628.612/0001-10, da medida ora adotada, franqueando-lhe a oportunidade, caso deseje, de se pronunciar nos autos em defesa de seus interesses, no prazo de quinze dias, a contar da ciência;

9.4 – com fundamento no art. 27 da Resolução TCU nº 136/2000, apensar o presente processo ao TC 016.860/2002-0;

9.5 – dar ciência da presente deliberação à interessada e à Caixa Econômica Federal.

10. Ata nº 26/2003 – Plenário11. Data da Sessão: 9/7/2003 – Ordinária12. Especificação do quorum:12.1. Ministros presentes: Valmir Campelo (Presidente), Marcos Vinicios Vilaça (Relator), Iram Saraiva,

Humberto Guimarães Souto, Adylson Motta, Walton Alencar Rodrigues, Guilherme Palmeira, Benjamin Zymler e o Ministro-Substituto Lincoln Magalhães da Rocha

12.2. Auditores presentes: Augusto Sherman Cavalcanti e Marcos Bemquerer Costa.

VALMIR CAMPELOPresidente

MARCOS VINICIOS VILAÇAMinistro-Relator

Fui presente:

PAULO SOARES BUGARINProcurador-Geral, em substituição

GRUPO I – CLASSE VII – PlenárioTC 004.493/2003-4, com 1 volumeNatureza: AcompanhamentoEntidade: Agência Nacional de Telecomunicações – ANATELResponsável: Luís Guilherme Schymura de OliveiraAdvogado constituído nos autos: não há

Sumário: Acompanhamento. Metodologia de cálculo do preço mínimo para outorgas de serviço de TV a cabo. Documentação encaminhada pela Anatel não atende às exigências da Instrução Normativa TCU n° 27/98. Inexistência de base legal para que o Tribunal se manifeste por provocação acerca de estudos ou outros documentos preliminares aos atos submetidos à sua jurisdição. Comunicação à Anatel. Apensamento dos autos ao TC 011.066/1999-7.

331

Page 332: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

RELATÓRIO

Por ocasião do exame e julgamento do processo TC 011.066/1999-7, que abriga o acompanhamento da licitação n° 002/99 – TVC – SCM/ANATEL, de exploração do serviço de TV a cabo, este Tribunal proferiu a Decisão n° 230/2001 – Plenário, cujo subitem 8.2 dispôs:

8.2 - determinar à ANATEL, com base no art. 43, inciso I, da Lei nº 8.443/92, combinado com o art. 194, inciso II, do Regimento Interno, que nas próximas licitações de serviço de TV a Cabo que vier a realizar:

a) somente inicie o processo licitatório após ter sido elaborada nova metodologia de cálculo do preço mínimo, que:

a.1) comprovadamente possa avaliar o real valor de mercado da outorga licitada;a.2) obedeça exatamente aos termos estabelecidos pela Decisão nº 319/2000- Plenário;a.3) inclua também a projeção do investimento necessário à instalação do serviço, bem como as receitas

alternativas, complementares, acessórias e as provenientes de projetos associados, previstas no art. 18, inciso VI, da Lei nº 8.987/95, e no art. 7o, inciso I, alínea a, da IN-TCU nº 27/98;

b) faça constar dos instrumentos convocatórios menção à aplicação das Leis n°s 8.987/95 e 8.666/93;c) promova a adequação das exigências de qualificação econômico-financeira ao disposto no art. 23, inciso III e

§ 3o, do Regulamento do Serviço de TV a Cabo, aprovado pelo Decreto nº 2.206/97;d) estabeleça nos editais critérios de julgamento de proposta técnica objetivos relacionados unicamente com o

objeto da licitação;

Esta deliberação foi objeto de Pedido de Reexame interposto pela Anatel, cujo exame resultou na prolação do Acórdão n° 231/2003 – Plenário, que decidiu conhecer do pedido para, em relação ao subitem 8.2, tornar insubsistente a letra “b” e suprimir da letra “a.3” o seguinte trecho: “previstas no art. 18, inciso VI, da Lei n° 8.987/95, e no art. 7°, inciso I, alínea a, da INTCU n° 27/98”, mantendo-se inalterados os demais itens da deliberação.

Em cumprimento ao contido no subitem 8.2, letra “a”, a Anatel encaminhou a este Tribunal o Ofício n° 40/2003, de 13/3/2003, apresentando um conjunto de documentos relativos à nova metodologia de cálculo do preço mínimo para as outorgas do serviço de TV a cabo, elementos abrigados no volume 1 destes autos, bem como CD-Rom, acondicionado em envelope acostado à contracapa, contendo as planilhas de cálculo integrantes da referida metodologia.

A Secretaria de Fiscalização de Desestatização – Sefid, em instrução uniforme de fls. 2/3, manifestou-se no sentido de que a análise da definição de preço mínimo dependerá de todas as informações sobre o objeto licitado, somente podendo ser efetuada, no caso concreto, por ocasião do primeiro estágio de acompanhamento do processo de outorga, nos termos da IN TCU n° 27/98.

Em reforço a essa argumentação, a unidade técnica mencionou diversas deliberações do Tribunal que concluíram não haver base legal para que a Corte se manifeste, por provocação, acerca de estudos ou outros documentos preliminares que lhe sejam encaminhados anteriormente ao exame dos autos. Desse modo, concluiu a Sefid, a definição do preço mínimo das outorgas de TV a Cabo deverá ser analisada no acompanhamento do primeiro estágio das licitações, quando estas ocorrerem, considerando-se todas as informações relacionadas ao objeto licitado.

Por essa razão, propôs que se apensasse este processo ao TC 011.066/1999-7 e que se desse ciência à Anatel desse entendimento.

É o Relatório.

VOTO

332

Page 333: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

De fato, desde a Decisão n° 469/2000, proferida pelo Plenário do Tribunal quando do exame do processo TC 010.704/1997-3, que cuidou do acompanhamento de concessão à CVRD de serviço de transporte ferroviário, esta Corte firmou o entendimento de que a manifestação do Tribunal a respeito de estudos preliminares não encontra amparo nos normativos constitucionais, legais e regulamentares definidores de sua atuação.

Depois daquela deliberação o Tribunal já decidiu outras vezes no mesmo sentido, podendo-se mencionar como sendo a mais recente a deliberação vazada no Acórdão n° 604/2003, Plenário, Sessão de 28/5/2003, cujo subitem 9.1 decidiu comunicar ao Diretor-Geral da Agência Nacional de Transportes Terrestres – ANTT que os documentos encaminhados não atendiam ao exigido na Instrução Normativa TCU n° 27/98 e, portanto, não poderiam ser analisados, haja vista não haver base legal para que o Tribunal se manifestasse, por provocação, acerca de estudos ou outros documentos preliminares aos autos.

Em face do exposto, entendendo que a proposta da Sefid está em consonância com a jurisprudência vigente nesta Corte, acolho-a, com ligeira adaptação de redação, e encaminho meu VOTO no sentido de que seja adotado o acórdão que submeto à apreciação deste Plenário.

TCU, Sala das Sessões Ministro Luciano Brandão Alves de Souza, em 9 de julho de 2003.

HUMBERTO GUIMARÃES SOUTORelator

ACÓRDÃO N° 868/2003-TCU – Plenário

1. Processo n° TC 004.493/2003-4, com 1 volume2. Grupo I – Classe VII – Acompanhamento3. Entidade: Agência Nacional de Telecomunicações – Anatel4. Responsável: Luís Guilherme Schymura de Oliveira5. Relator: Ministro Humberto Guimarães Souto6. Representante do Ministério Público: não atuou7. Unidade técnica: Secretaria de Fiscalização de Desestatização – Sefid8. Advogado constituído nos autos: não consta

9. Acórdão:VISTOS, relatados e discutidos estes autos constituídos para abrigar documentos encaminhados pela Anatel,

relativos à nova metodologia de cálculo do preço mínimo para as outorgas do serviço de TV a cabo, apresentados em cumprimento ao subitem 8.2 da Decisão n° 230/2001 – Plenário, alterada pelo Acórdão n° 231/2003 – Plenário;

ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão Plenária, diante das razões expostas pelo Relator, em:

9.1. comunicar ao Sr. Presidente da Agência Nacional de Telecomunicações – Anatel, Luís Guilherme Schymura de Oliveira, que os documentos encaminhados mediante o Ofício n° 40/2003/CMROO/CMRO/SCM/ANATEL, de 13/3/2003, não atendem ao exigido na Instrução Normativa TCU n° 27/98 e, portanto, não podem ser analisados, haja vista não haver base legal para que este Tribunal se manifeste, por provocação, acerca de estudos ou outros documentos preliminares aos autos, informando-o que a nova metodologia de cálculo do preço mínimo será objeto de análise no primeiro estágio de acompanhamento das futuras outorgas de TV a cabo; e

9.2. apensar estes autos ao processo TC 011.066/1999-7, que abriga o acompanhamento da licitação n° 002/99 – TVC – SCM/ANATEL, de exploração do serviço de TV a cabo.

10. Ata nº 26/2003 – Plenário11. Data da Sessão: 9/7/2003 – Ordinária

333

Page 334: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

12. Especificação do quorum:12.1. Ministros presentes: Valmir Campelo (Presidente), Marcos Vinicios Vilaça, Iram Saraiva, Humberto

Guimarães Souto (Relator), Adylson Motta, Walton Alencar Rodrigues, Guilherme Palmeira, Benjamin Zymler e o Ministro-Substituto Lincoln Magalhães da Rocha

12.2. Auditores presentes: Augusto Sherman Cavalcanti e Marcos Bemquerer Costa.

VALMIR CAMPELOPresidente

HUMBERTO GUIMARÃES SOUTOMinistro-Relator

Fui presente:

PAULO SOARES BUGARINProcurador-Geral, em substituição

GRUPO I – CLASSE VII – PlenárioTC 005.377/2000-5Natureza: RepresentaçãoÓrgão: Tribunal Regional do Trabalho da 11.ª Região-TRT/AMInteressado: Procurador-Chefe da Procuradoria-Regional do Trabalho da 11.ª RegiãoAdvogado constituído nos autos: não há

Sumário: Representação, formulada pela Procuradoria-Regional do Trabalho da 11.ª Região, sobre a autorização, sem amparo legal, pelo respectivo TRT, de afastamento de servidora, com vencimentos, para participar de curso de pós-graduação em clínica médica, sem prejuízo de seus vencimentos. Representação considerada procedente em assentada anterior, com determinação para o imediato retorno da servidora às suas atividades funcionais, bem como autorização para a realização de audiência dos juízes que votaram pela aprovação do mencionado afastamento. Apresentação de razões de justificativa insuficientes para descaracterizar a responsabilidade das referidas autoridades na realização do ato irregular. Aplicação de multa.

Cuidam os autos de representação, formulada pelo Procurador-Chefe da Procuradoria-Regional do Trabalho da 11.ª Região, Faustino Bartolomeu Alves Pimenta, dando conhecimento dos autos do Processo TRT da 11.ª Região nº MA-144/2000, em que aquele Tribunal Regional deferiu o pleito da servidora Daniele Nahmias Melo, Técnica Judiciária, autorizando seu afastamento para participar de Curso de Pós-Graduação em Clínica Médica na Universidade do Amazonas – Hospital Universitário Getúlio Vargas, sem prejuízo de seus vencimentos, no período de 01/01/2000 a 31/01/2002, “em flagrante ofensa a disposições constantes da Lei nº 8.112/90”.

Apreciada pelo Plenário, na Sessão de 06/12/2000, a representação, por mim relatada, foi considerada procedente, tendo, na oportunidade, sido exarada a Decisão nº 1070/2000 (ata nº 48), com o seguinte teor:

“8.1. conhecer da presente representação, para considerá-la procedente, tendo em vista a falta de amparo legal à autorização, pelo TRT da 11.ª Região, de afastamento da Técnica Judiciária Daniele Nahmias Melo, com vencimentos e em prejuízo das suas funções, para participar de curso de Pós-Graduação em Clínica Médica na Universidade do Amazonas – Hospital Universitário Getúlio Vargas, no período de 01/02/2000 a 31/01/2002;

8.2. determinar ao TRT da 11.ª Região que adote providências com vistas ao retorno imediato da servidora Daniele Nahminas Melo às suas atividades funcionais, caso essa medida não tenha ainda sido tomada, e promova o

334

Page 335: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

desconto dos proventos pagos no período de afastamento irregularmente autorizado, na forma prevista no art. 46 da Lei nº 8.112/90;

8.3. promover a audiência dos Juízes Benedicto Cruz Lyra, Eduardo Barbosa Penna Ribeiro e Solange Maria Santiago Morais, para apresentarem razões de justificativa sobre a aprovação de concessão do mencionado afastamento, tendo em vista a responsabilidade a ela inerente.”

A referida deliberação esteve com seus efeitos suspensos por força de interposição de pedido de reexame apresentado pela servidora Daniele Nahmias Melo, o qual foi apreciado na Sessão Plenária de 19/02/2003 (Acórdão nº 119/2003, ata nº 05), ocasião em que foi negado provimento ao pleito da interessada e restituídos os autos à Secex-AM para que desse continuidade às providências determinadas no subitem 8.3 da Decisão nº 1070/2000 – Plenário (acima transcrito).

Promovidas as audiências indicadas, fizeram-se presentes, em resposta, os elementos de fls. 115/116, 122/123 e 124/125, os quais foram examinados pelo Analista encarregado da tarefa, nos seguintes termos:

“(...)Das razões de justificativa:4. Devidamente notificados, os juízes Eduardo Barbosa Penna Ribeiro e Solange Maria Santiago Morais

apresentaram alegações de defesa semelhantes, nos seguintes termos, em síntese.4.1. Como juízes integrantes daquele regional, e de acordo com a prerrogativa que lhe ampara, do livre

convencimento, concederam autorização para o afastamento da servidora Daniele Nahmias Melo, sem prejuízo de seus vencimentos, para participar de curso de pós-graduação em Clínica Médica, na Universidade do Amazonas – Hospital Universitário Getúlio Vargas, acompanhando os fundamentos expendidos no Acórdão nº 2.690/2000, da lavra do Juiz Benedicto Cruz Lyra.

4.1.1. Observe-se, contudo, que foi respeitado o princípio constitucional insculpido no caput do art. 5º da Constituição Brasileira.

4.1.2. O Decreto nº 2.794/98, regulamentando os arts. 87 e 95 da Lei nº 8.112/90, instituiu a política nacional de capacitação dos servidores públicos federais, com a finalidade de buscar a melhoria do serviço público, através da sua capacitação permanente (art. 1º, incisos I e II), contribuindo para a atualização profissional e o desenvolvimento do serviço público.

4.1.3. Cabe esclarecer que o afastamento da referida servidora guarda similitude com o da servidora Elba Clay Cordeiro Couto, anteriormente autorizado por esta Corte Regional e considerado por esse Egrégio Tribunal de Contas como ‘passível de enquadramento aos propósitos do art. 1º do Decreto nº 70.892/72’.

4.2. O Juiz Benedicto Cruz Lyra informou, por meio do Ofício nº TRT GJ.09/2003, de 23/04/2003 (fl. 121), que já havia encaminhado seus esclarecimentos, tendo anexado cópia de expediente contendo o registro de protocolo desta Secretaria. No entanto, a cópia apresentada, embora se trate de um expediente protocolado neste Tribunal, não identifica se versa sobre o assunto em exame nestes autos, pois só foi anexada a última folha do documento.

4.2.1. Considerando que estamos analisando a conduta dos Juízes em um mesmo fato, cremos, s.m.j., que as razões de justificativa apresentadas pelos demais responsáveis podem ser aproveitadas pelo Juiz Benedito Cruz Lyra, nos termos do art. 281 do Regimento Interno/TCU.

Da análise5. Primeiramente, cabe registrar que o mérito acerca da legalidade do ato já foi apreciado pelo Tribunal, tendo

sido considerado irregular (AC 1070/2000-Plenário). Após apreciar pedido de reexame, o Tribunal, por meio do Acórdão nº 119/2003-Plenário, novamente se manifestou negando provimento ao pedido. Nesta oportunidade, busca-se, tão-somente, analisar a conduta dos Exmºs Juízes em aprovar o ato que concedeu o afastamento.

5.1. Dissentimos da afirmação de que o caso da servidora guarda similitude com o da servidora Elba Clay Cordeiro Couto, vez que esta Corte entendeu que naquele caso havia possibilidade de enquadramento legal (Decreto nº 70.892/72), pois trata-se de atividades de estágio em medicina em área rural enquanto que a servidora Daniele Nahmias Melo ausentou-se para participar de curso de pós-graduação em clínica médica na capital.

335

Page 336: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

5.2. Achamos oportuno registrar que em análise de matéria semelhante, em caso ocorrido no próprio TRT/11.ª Região, referente à autorização para afastamento da servidora Saskya Lorena Arruda para participar de curso de pós-graduação, o TCU determinou o ressarcimento das importâncias recebidas de forma indevida e recomendou que o órgão adequasse seus normativos aos princípios estabelecidos no Decreto nº 2.794/98, c/c o Decreto nº 91.800/85, quanto a afastamento de servidores para estudo, de forma a manter a uniformidade nos procedimentos da administração pública federal (Acórdão nº 119/2002-Plenário, Sessão de 27/02/2002, ata nº 04). Verifica-se, portanto, que não é a primeira vez que ocorrem autorizações nesse sentido pelo Regional Trabalhista.

5.3. As alegações de defesa apresentadas procuram, de forma incisiva, justificar a legalidade da concessão. No entanto, não resta dúvida quanto à falta de amparo legal à autorização de afastamento da servidora, vez que esta Corte, ao apreciar o mérito desta representação, bem como do pedido de reexame, firmou esse entendimento.

5.4. Cremos que seja cabível a aplicação de multa aos responsáveis, vez que os juízes que votaram a favor da concessão de afastamento são responsáveis pelo ato praticado com grave infração à norma legal e/ou regulamentar. Frisamos que o TCU, ao apreciar situação similar de natureza administrativa ocorrida no TRT/14.ª Região, reconheceu a responsabilidade de todos os juízes daquela Corte pelos atos de natureza administrativa da qual tenham participado, aplicando-lhes multa (Acórdão nº 58/2002-Plenário, Sessão de 06/03/2002, ata nº 06).

6. Ante o exposto, proponho o encaminhamento dos autos ao Gabinete do Ministro-Relator Guilherme Palmeira, sugerindo:

a) rejeitar as razões de justificativa apresentadas pelos juízes Eduardo Barbosa Penna Ribeiro (CPF 001.003.152-91), Solange Maria Santiago Morais (CPF 033.363.362-87) e Benedicto Cruz Lyra (CPF 001.647.552-68), quanto à autorização do afastamento da servidora Daniele Nahmias Melo, sem amparo legal;

b) aplicar aos responsáveis indicados no item anterior, individualmente, a multa prevista na Lei nº 8.443/92, art. 58, inciso II;

c) autorizar, desde logo, nos termos do art. 28, inciso II, da Lei nº 8.443/92, a cobrança judicial da dívida, caso não atendida a notificação;

d) determinar à SEGECEX que, após o trânsito em julgado desta deliberação e caso os responsáveis não comprovem, no prazo fixado, o recolhimento da dívida, encaminhe o nome dos mesmos à Secretaria Federal de Controle Interno, para fins de inclusão no Cadastro Informativo de Créditos não Quitados do Setor Público Federal – CADIN.”

A Diretora Técnica e a Titular da Secretaria puseram-se de acordo com a proposta de encaminhamento apresentada.

Presentes os autos em meu Gabinete, entendi prejudicados os princípios da ampla defesa e do contraditório, uma vez ausentes as razões de justificativa do juiz Benedicto Cruz Lyra, bem como verifiquei inconsistências nos expedientes de fls. 121 e 124, referentes à entrega das referidas razões de justificativa à Secex-AM. Por essas razões, restitui o processo à Unidade Técnica para que promovesse as diligências necessárias com vistas ao saneamento dos autos.

Adotadas as medidas pertinentes, fez-se presente aos autos a 2ª via da defesa apresentada pelo juiz Benedicto Cruz Lyra, tendo a Assessora da Secex-AM, com o endosso da Titular da Unidade, emitido, no essencial, o seguinte parecer:

“(...)O juiz Benedicto Cruz Lyra encaminhou cópia das suas alegações com as mesmas justificativas constantes das

ponderações dos juízes Eduardo Barbosa Penna Ribeiro e Solange Maria Santiago Morais, já analisadas na instrução de fls. 126/130, não alterando o entendimento desta Unidade, que considerou que, apesar de as alegações de defesa apresentadas procurarem de forma incisiva justificar a legalidade da concessão, não resta dúvida quanto à falta de amparo legal para a autorização de afastamento da servidora Daniele Nahmias Melo, vez que esta Corte, ao apreciar o mérito desta representação bem como do pedido de reexame por ela interposto, firmou esse entendimento.

Ressalte-se que os juízes ouvidos em audiência votaram a favor do afastamento da servidora, conforme a Resolução Administrativa nº 87/2000 (fl. 30). Por outro lado, o juiz Othílio Francisco Tino, Presidente do TRT/AM, à

336

Page 337: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

época, manifestou-se contrário à liberação (fls. 24, 29 e 30), razão pela qual considero, s.m.j., que as irregularidades tratadas nesta representação não maculam a sua gestão, nem ensejam a reabertura das contas, nos termos do art. 252, c/c o art. 206, do Regimento Interno do TCU.

Ante o exposto, proponho o encaminhamento dos autos ao Gabinete do Ministro-Relator Guilherme Palmeira, sugerindo a ratificação das propostas de fls. 129/130, no sentido de:

a) rejeitar as razões de justificativa apresentadas pelos juízes Eduardo Barbosa Penna Ribeiro – CPF 001.003.152-91, Solange Maria Santiago Morais – CPF 033.363.362-87 e Benedicto Cruz Lyra – CPF 001.647.552-68, quanto à autorização do afastamento da servidora Daniele Nahmias Melo, sem amparo legal;

b) aplicar aos responsáveis indicados no item anterior, individualmente, a multa prevista na Lei nº 8.443/92, art. 58, inciso II;

c) autorizar, desde logo, nos termos do art. 28, inciso II, da Lei nº 8.443/92, a cobrança judicial da dívida, caso não atendida a notificação;

d) determinar à SEGECEX que, após o trânsito em julgado desta deliberação e caso os responsáveis não comprovem, no prazo fixado, o recolhimento da dívida, encaminhe o nome dos mesmos à Secretaria Federal de Controle Interno, para fins de inclusão no cadastro informativo de créditos não-quitados do setor público federal – CADIN, de acordo com o art. 2º da Decisão Normativa/TCU nº 45/02.”

É o Relatório.

VOTO

Conforme visto no Relatório precedente, o afastamento da servidora Daniele Nahmias Melo foi considerado ilegal, a teor da Decisão nº 1.070/2000 – Plenário (ata nº 48). Nesta oportunidade, discute-se a gravidade do ato praticado pelos Srs. Juízes quando autorizaram o mencionado afastamento, uma vez que aquelas autoridades ouvidas em audiência votaram a favor da medida considerada ilegal por esta Corte de Contas.

Analisadas as razões de justificativa apresentadas, tem-se que os argumentos defendidos não são suficientes para elidir a responsabilidade dos juízes Benedicto Cruz Lyra, Eduardo Barbosa Penna Ribeiro e Solange Maria Santiago Morais na concretização do ato impugnado. Como elemento que reforça essa convicção, lembro que o pedido da servidora fora indeferido em duas oportunidades anteriores pelo então presidente do órgão, o juiz Othílio Francisco Tino, que já embasava o indeferimento na falta de amparo legal para o pleito. Isso porque, além de não encontrar respaldo na Lei nº 8.112/90, a solicitação não atendia a dispositivos constantes de resolução do próprio Tribunal Trabalhista. Levada a matéria ao pleno do TRT/AM, o presidente e a juíza Vera Lúcia Câmara de Sá Peixoto votaram contrariamente à concessão enquanto que os três juízes anteriormente citadas manifestaram-se favoravelmente ao pedido apresentado.

A alegação de que o caso em exame assemelha-se ao da servidora Elba Clay Cordeiro do Couto não deve prosperar, pelas evidentes diferenças que há entre as duas situações. Conforme afirmei no voto condutor da Decisão nº 1.070/2000 acima referida, a autorização para que a servidora Elba Clay participasse, como universitária, no período de 09/11/1999 a 20/01/2000, com todos os direitos e vantagens do efetivo exercício do cargo, de estágio curricular obrigatório do Curso de Graduação em Medicina da Fundação Universidade do Amazonas, no interior do Estado, em internato rural, teve respaldo no Decreto nº 70.892/72, em especial no seu artigo 1º. Na ocasião, frisei que o regulamento do referido estágio curricular contemplava o treinamento do aluno e a contribuição para a solução de problemas de saúde da população.

Por seu turno, como também registrei naquela assentada, o afastamento da servidora Daniele Nahmias Melo, para participar, durante dois anos, de curso de pós-graduação em clínica médica não guardava nenhuma relação com as funções judiciárias atinentes ao seu cargo de Técnica Judiciária e tampouco com as necessidades institucionais do órgão.

Como agravante da situação, tem-se que a primeira autorização concedida pelo pleno do TRT/AM para o afastamento da servidora Daniele, uma vez contestada pelo Ministério Público do Trabalho, foi tornada sem efeito. No

337

Page 338: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

entanto, em nova votação da matéria, consoante acórdão relatado pelo juiz Benedicto Cruz Lyra, foi mantida a autorização sem o aval, como da primeira vez, do então juiz-presidente, Othílio Francisco Tino, e da juíza Vera Lúcia Câmara de Sá Peixoto (fls. 43/48, 51 e 60/61).

Essas constatações, a meu ver, contribuem para reforçar o entendimento de que os juízes ouvidos estavam conscientes da irregularidade da matéria votada, devendo, portanto, assumirem o ônus de suas participações no evento em debate, o que lhes enseja a aplicação da multa prevista no inciso II do artigo 58 da Lei nº 8.443/92.

Por fim, cumpre registrar que a Presidência do TRT/AM, por meio do expediente de fl.100, datado de 21/12/2000, informou que foi determinada ao Serviço de Pessoal daquele órgão a adoção das providências requeridas para o cumprimento do item 8.2 da Decisão nº 1.070/2000 – Plenário, no sentido de promover o retorno imediato da servidora às suas atividades funcionais, bem como o desconto dos vencimentos pagos durante o período em que perdurou o afastamento irregularmente autorizado.

Diante do exposto, acolhendo os pareceres da Unidade Técnica, VOTO no sentido de que o Tribunal adote a deliberação que ora submeto à consideração do Plenário.

Sala das Sessões Ministro Luciano Brandão Alves de Souza, em 09 de julho de 2003.

GUILHERME PALMEIRAMinistro-Relator

ACÓRDÃO Nº 869/2003 – TCU – Plenário

1. Processo nº TC 005.377/200-52. Grupo I; Classe de Assunto VII – Representação3. Interessado: Procurador-Chefe da Procuradoria-Regional do Trabalho da 11ª Região4. Órgão: Tribunal Regional do Trabalho da 11ª Região – TRT/AM5. Relator: Ministro Guilherme Palmeira6. Representante do Ministério Público: não atuou7. Unidade Técnica: Secretaria de Controle Externo no Estado do Amazonas8. Advogado constituído nos autos: não há

9. Acórdão:Vistos, relatados e discutidos estes autos de representação formulada pelo Procurador-Chefe da Procuradoria-

Regional do Trabalho da 11ª Região, noticiando a autorização, para afastamento de servidora do TRT/AM participar de Curso de Pós-Graduação em Clínica Médica na Universidade do Amazonas, sem prejuízo de seus vencimentos, em ofensa a disposições constantes da Lei nº 8.112/90.

ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão Plenária, ante as razões expostas pelo Relator, em:

9.1. rejeitar as razões de justificativa apresentadas pelos juízes Eduardo Barbosa Penna Ribeiro (CPF 001.003.152/91), Solange Maria Santiago Morais (CPF 033.363.362-87) e Benedicto Cruz Lyra (CPF 001.647.552-68), aplicando-lhes, individualmente, a multa prevista no art. 58, inciso II, da Lei nº 8.443/92, no valor de R$ 3.000,00 (três mil reais), fixando-lhes o prazo de 15 (quinze) dias, a contar das notificações, para que comprovem, perante o Tribunal, o recolhimento das referidas quantias aos cofres do Tesouro Nacional (art. 214, inciso III, alínea “a”, do Regimento Interno do TCU), atualizadas monetariamente até a data do efetivo recolhimento, caso este ocorra após o prazo fixado, na forma da legislação em vigor;

9.2. determinar, desde logo, ao Tribunal Regional do Trabalho da 11ª Região, nos termos do art. 28, inciso I, da Lei nº 8.443/92, a adoção de providências no sentido de promover o desconto integral ou parcelado da dívida nos

338

Page 339: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

vencimentos ou proventos dos responsáveis, observados os limites previstos na legislação em vigor, caso não atendidas as notificações; e

9.3. autorizar, desde logo, a cobrança judicial das dívidas, nos termos do art. 28, inciso II, da Lei nº 8.443/92, caso a medida prevista no item 9.2 acima não surta efeito.

10. Ata nº 26/2003 – Plenário11. Data da Sessão: 9/7/2003 – Ordinária12. Especificação do quorum:12.1. Ministros presentes: Valmir Campelo (Presidente), Marcos Vinicios Vilaça, Iram Saraiva, Humberto

Guimarães Souto, Adylson Motta, Walton Alencar Rodrigues, Guilherme Palmeira (Relator), Benjamin Zymler e o Ministro-Substituto Lincoln Magalhães da Rocha

12.2. Auditores presentes: Augusto Sherman Cavalcanti e Marcos Bemquerer Costa.

VALMIR CAMPELOPresidente

GUILHERME PALMEIRAMinistro-Relator

Fui presente:

PAULO SOARES BUGARINProcurador-Geral, em substituição

GRUPO I - CLASSE - VII - PlenárioTC 016.340/2001-1 (com 01 vol.)Natureza: RepresentaçãoEntidade: Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transporte4ª Unidade de Infra-Estrutura Terrestre/PE – 4ª UNIT/DNITInteressada: Procuradoria da República em PernambucoAdvogado constituído nos autos: não consta

Sumário: Representação formulada pela Procuradoria da República em Pernambuco, versando sobre supostas irregularidades em obras conduzidas pelo Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transporte - 4ª Unidade de Infra-Estrutura Terrestre/PE – 4ª UNIT/DNIT. Conhecimento. Improcedência. Determinação. Juntada a processo conexo. Ciência à interessada.

Adoto como parte do Relatório a minudente instrução da lavra do Sr. Diretor Técnico da 1ª D.T. da Secex/PE, o qual teve a anuência da Sra. Secretária-Substituta:

“Trata-se de Representação oriunda do Ministério Público Federal, Procuradoria da República em Pernambuco, buscando obter a cooperação técnica desta Corte para subsidiar exame de procedimento administrativo instaurado com vistas a verificar a existência de irregularidades em obras conduzidas pelo então Departamento Nacional de Estradas de Rodagem/DNER em Pernambuco.

2. As irregularidades investigadas envolvem as obras de duplicação da BR-101-Sul, trecho Prazeres – Cabo de Santo Agostinho/PE, mais especificamente, a construção de obras de arte especiais, contratadas inicialmente à Construtora IKAL Ltda. e, posteriormente, à Construtora Queiroz Galvão S/A.

339

Page 340: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

3. Em virtude dos notórios problemas envolvendo a Construtora IKAL, as obras constantes do Contrato n° PD-4-004/97 não foram concluídas, sendo seu término contratado posteriormente à Queiroz Galvão.

4. A denúncia recebida pela Procuradoria da República em Pernambuco diz respeito a contratações feitas à Queiroz Galvão de serviços que supostamente já haviam sido pagos à IKAL.

5. Como informado na instrução antecedente, no âmbito desta Unidade Técnica, diversas análises já foram efetuadas sobre essa matéria, de forma direta ou indireta, nos autos do TC n° 007.931/1999-9 (Relatório de Auditoria – Acompanhamento das obras de duplicação da BR-101/Sul, trecho Prazeres - Cabo de Santo Agostinho/PE).

6. Em que pesem tais instruções, na primeira análise dos autos por parte desta Secretaria (fls. 632/663), verificou-se que restaram não esclarecidos alguns pontos relativos à contratação dos serviços remanescentes. Por conseguinte, foi proposta a realização de diligência junto à 4ª Unidade de Infra-Estrutura Terrestre/PE – DNIT, sucessor do extinto 4° DRF/DNER, para que fossem apresentadas a esta Corte demonstrativos e explicações detalhadas acerca da contratação dos serviços remanescentes das obras contratadas inicialmente à Construtora IKAL Ltda.

7. Em resposta ao Ofício de Diligência SECEX/PE n° 846/2002 (fl. 665), a Unidade Regional do DNIT remeteu o Ofício n° 363/4ª-UNIT/2002, acompanhado da documentação de fls. 671/807.

8. Tal resposta foi analisada na instrução antecedente (fls. 808/845)que buscou resgatar, em uma única peça, as diversas análises da matéria nesta Unidade Técnica.

9. A análise dos elementos trazidos pela 4ª Unidade de Infra-Estrutura Terrestre/PE – 4ª UNIT/DNIT, permitiu constatar que não houve contratação à Queiroz Galvão de serviços já executados ou pagos à IKAL, resultando a suspeita da forma com que eram medidos alguns serviços e também da prática até então vigente de se formalizar aditivos contratuais após a execução (e medições) dos serviços adicionais.

10. De fato, verifica-se na planilha de itens de serviço do Contrato n° PD-4-004/97 (fls. 50/65) a existência de diversos itens que, em verdade, representam o agrupamento de vários serviços correlatos, cuja execução era diferida no tempo.

11. Tome-se como exemplo o item n° 1.1.6.7 – ‘Fabricação, montagem e transporte de placas pré-moldadas de concreto’ (fl. 51). Tem-se, no caso, explicitamente a reunião de três serviços distintos em um só.

12. Ocorre que, pelo método construtivo adotado pela IKAL, primeiramente fabricavam-se as placas, em escala industrial, de modo a serem transportadas e montadas posteriormente. Veja-se, ainda, que tal fabricação ocorria quando a obra encontrava-se em seus serviços iniciais, apesar de ser um item previsto para a fase de acabamento.

13. Considerando a execução das placas, o então 4° DRF/DNER procedia à medição das mesmas, com base em uma proporção do custo dos serviços que compõem o item total. Assim, por exemplo, se a confecção dos itens correspondesse a 80% do custo total do item agregado e fossem fabricadas 100 placas, eram medidos 80 unidades do item agregado, como se 80 placas tivessem sido fabricadas, transportadas e montadas.

14. Além desse fato, houve necessidade de serviços em quantidade superior à prevista e serviços inicialmente não previstos, que dariam margem a aditivos contratuais.

15. À época, era prática do DNER, autorizar a execução dos serviços, após constatada sua necessidade, providenciando-se posteriormente o aditivo contratual para dar cobertura a seus pagamentos.

16. Como tal procedimento demorava, os serviços executados eram medidos como se outros serviços fossem (aqueles em que houvesse saldo contratual para promover o pagamento). Assim, uma quantidade de ‘concreto estrutural fck >= 26 Mpa’ (item 1.1.5.1, fl. 51, preço unitário de R$ 152,15), suponhamos de 10m3, correspondente a um valor total de R$ 1.521,50, poderia se transformar, por exemplo, em 101,77 m3 de escavação (item 1.1.4.5, fl. 51, preço unitário de R$ 14,95), a preços iniciais, caso houvesse saldo nesse item suficiente para realizar a medição.

17. Decorre, dessa prática, a desfiguração da execução física da obra registrada nos boletins de medição. Observe-se que, no exemplo acima, não haveria registro da execução dos 10m3 de concreto estrutural, enquanto haveria uma informação de que foram executados 101,77 m3 de escavação, quando tal fato não ocorreu.

340

Page 341: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

18. A interrupção do contrato com a IKAL não permitiu um ajuste final dos saldos medidos ficticiamente para possibilitar o pagamento de outros serviços (não constante ainda da planilha ou cujos quantitativos previstos ainda não haviam sido majorados).

19. Daí toda a celeuma trazida aos autos e a conseqüente complexidade da matéria, haja vista a necessidade de tratarem-se expressões do tipo ‘medição real’, ‘medição implantada’, ‘17ª medição – medição final – cancelada’, além de tabelas de itens executados e ficticiamente medidos e de itens executados e não medidos pelo cancelamento da medição final, além de estornos de quantidades em planilhas, etc.

20. Como visto, tudo poderia ser evitado caso o então 4° DRF/DNER adotasse critérios transparentes e legais na autorização e medição dos serviços contratados.

21. A aparente urgência em atender aos pleitos de pagamento por serviços que não foram integralmente realizados, conforme previsto em contrato, e também a autorização de serviços não constantes do contrato ou que extrapolavam os quantitativos inicialmente previstos, antes da devida formalização do respectivo Termo Aditivo, possibilitaram o quadro acima, surgido após a interrupção do contrato e a necessidade de nova contratação para os serviços remanescentes.

22. A denúncia recebida pela Procuradoria da República em Pernambuco tinha, pois, coerência, haja vista que, formalmente, tudo indicava que serviços haviam sido contratados e pagos em duplicidade. Tudo isso para, após exaustiva análise, ser verificada sua insubsistência.

23. A responsabilização do gestor pelos atos acima já se encontra no bojo do TC n° 007.931/1999-9, sendo, pois, despicienda sua análise nestes autos.

24. Também nesse processo já está sendo tratada a determinação relativa à necessidade de prévia formalização dos Termos Aditivos para a execução de serviços adicionais.

25. Pertinente, pois, a proposta de determinação constante na instrução antecedente dirigida ao DNIT, posto que, apesar de inicialmente poder ser tida como endereçável apenas à 4ª UNIT/DNIT - haja vista que a contratação em tela se deu no âmbito do antigo 4° DRF/DNER – pela sua relevância e problemas futuros que podem ser evitados, devem ser dirigidas àquele Departamento.

26. De modo, porém, a tornar a medida proposta na letra ‘b’, da instrução anterior (fl. 808), ainda mais clara, propomos que seja feita nos seguintes termos explicitados no item ‘28-b’ abaixo.

27. No que toca à admissibilidade da presente peça como Representação, também sugerida, verificamos que tal exame já foi realizado, conforme Despacho à fl. 01 dos autos, restando apenas o pronunciamento quanto ao seu mérito.

28. Concordando, pois, com as demais medidas propostas na referida instrução [ciência à interessada e arquivamento do processo), opinamos pelo encaminhamento dos autos ao Gabinete do Exmo. Sr. Ministro-Relator com a proposta sintetizada abaixo:

a) seja considerada a presente Representação, quanto ao mérito, improcedente;b) seja determinado ao DNIT que, em suas próximas contratações de obras e serviços de engenharia, evite

agrupar, em um único item da planilha de custos, serviços distintos cuja execução seja diferida no tempo, de forma a não mais possibilitar medições de item que não esteja integralmente concluído, como ocorrido em vários pontos da planilha de custos do contrato n° PD-4-004/97, celebrado entre o então 4° DRF/DNER e a Construtora Ikal Ltda., citando-se, como exemplo, o item ‘fabricação, transporte e montagem de placas de concreto pré-moldadas’, constante da etapa de acabamento de obra de arte especial, porém medido em fases bem anteriores, logo após fabricadas tais placas (proporcionalmente), sem que o item da planilha estivesse integralmente concluído, causando distorções no confronto entre o progresso físico da obra e as medições realizadas, e dando azo a suspeitas de irregularidades, como as que originou o presente processo;

c) seja remetida à representante, Exma. Sra. Procuradora Regional da República, Sônia Maria de Assunção Macieira, cópia da decisão que vier a ser proferida por esta Corte neste autos, acompanhada do Relatório e do Voto que a fundamentarem;

d) seja arquivado o presente processo”.

341

Page 342: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

É o Relatório.

VOTO

A presente representação preenche os requisitos específicos de admissibilidade, previstos no art. 237, combinado com o art. 235, ambos do Regimento Interno, devendo, pois, ser conhecida.

Quanto ao mérito, verifica-se que a Unidade Técnica, após examinar os elementos apresentados pela representante, em cotejo com os documentos que se fizeram presentes ao autos, em atenção à diligência dirigida à Entidade e, ainda, valendo-se das informações constantes de processo conexo (TC 007.931/1999-9), concluiu pela improcedência da representação.

Tendo em vista que restou esclarecido que não ocorreram os pagamentos em duplicidade, conforme aventado na peça exordial da Procuradoria da República em Pernambuco, acolho a conclusão meritória da Secex/PE.

A Secex/PE, entendeu, também, ser conveniente se fazer determinação ao DNIT visando, em suma, tornar mais transparente a operacionalização das medições contratuais, o que, por sua vez, evitaria o levantamento de suspeitas de irregularidades, como as que ora se analisam. Mostra-se, pois, pertinente a determinação alvitrada.

Com essas considerações, acolho a proposta da Secex/PE e VOTO por que o Tribunal adote o Acórdão que ora submeto a este Colegiado.

Sala das Sessões Ministro Luciano Brandão Alves de Souza, em 09 de julho de 2003.

GUILHERME PALMEIRAMinistro-Relator

ACÓRDÃO Nº 870/2003 – TCU – Plenário

1. Processo nº TC 016.340/2001-1 (com 01 vol.)2. Grupo I; Classe VII – Representação3. Interessada: Procuradoria da República em Pernambuco4. Entidade: Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transporte - 4ª Unidade de Infra-Estrutura

Terrestre/PE – 4ª UNIT/DNIT5. Relator: Ministro Guilherme Palmeira6. Representante do Ministério Público: não atuou7. Unidade Técnica: Secretaria de Controle Externo no Estado de Pernambuco - Secex/PE8. Advogado constituído nos autos: não consta

9. Acórdão:Vistos relatados e discutidos estes autos de Representação formulada pela Procuradoria da República em

Pernambuco, versando sobre supostas irregularidades em obras conduzidas pelo Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transporte - 4ª Unidade de Infra-Estrutura Terrestre/PE – 4ª UNIT/DNIT.

ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão Plenária e ante as razões expostas pelo Relator, em:

9.1. conhecer da Representação, com fundamento no art. 235, c/c o art. 237, ambos do Regimento Interno, para, no mérito, considerá-la improcedente;

9.2. determinar ao Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transporte - DNIT que, em suas próximas contratações de obras e serviços de engenharia, evite agrupar, em um único item da planilha de custos, serviços distintos cuja execução seja diferida no tempo, de forma a não mais possibilitar medições de item que não esteja integralmente concluído, como ocorrido em vários pontos da planilha de custos do contrato n° PD-4-004/97, celebrado

342

Page 343: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

entre o então 4° DRF/DNER e a Construtora Ikal Ltda., citando-se, como exemplo, o item “fabricação, transporte e montagem de placas de concreto pré-moldadas”, constante da etapa de acabamento de obra de arte especial, porém medido em fases bem anteriores, logo após fabricadas tais placas (proporcionalmente), sem que o item da planilha estivesse integralmente concluído, causando distorções no confronto entre o progresso físico da obra e as medições realizadas, e dando azo a suspeitas de irregularidades, como as que originou o presente processo;

9.3. dar ciência do inteiro teor da presente deliberação à interessada;9.4. arquivar o processo.

10. Ata nº 26/2003 – Plenário11. Data da Sessão: 9/7/2003 – Ordinária12. Especificação do quorum:12.1. Ministros presentes: Valmir Campelo (Presidente), Marcos Vinicios Vilaça, Iram Saraiva, Humberto

Guimarães Souto, Adylson Motta, Walton Alencar Rodrigues, Guilherme Palmeira (Relator), Benjamin Zymler e o Ministro-Substituto Lincoln Magalhães da Rocha

12.2. Ministro que alegou impedimento: Marcos Vinicios Vilaça.12.3. Auditores presentes: Augusto Sherman Cavalcanti e Marcos Bemquerer Costa.

VALMIR CAMPELOPresidente

GUILHERME PALMEIRAMinistro-Relator

Fui presente:

PAULO SOARES BUGARINProcurador-Geral, em substituição

GRUPO II - CLASSE VII - PLENÁRIOTC 010.726/1999-3NATUREZA: Representação.ÓRGÃO: Secretaria de Estado de Saúde/AM.INTERESSADA: SECEX/AM.

Sumário: Representação formulada pela SECEX/AM em decorrência de denúncias veiculadas na imprensa sobre a falta de medicamentos básicos. Realização de inspeção. Decisão nº 049/2001, proferida pelo Plenário. Ciência ao Ministro de Estado da Saúde, para adoção das medidas cabíveis e, eventualmente, instauração de TCE. Fixação de prazo para envio de informações. Ausência de resposta. Audiência do Diretor da Auditoria de Programas na Área Social e reiteração do comunicado ao novo ministro.

Trata-se de Representação formulada pela SECEX/AM em decorrência de denúncias veiculadas na imprensa sobre a falta de medicamentos básicos para a população, enquanto outros armazenados na Central de Medicamentos do Estado tiveram que ser incinerados por apresentar prazo da validade vencido.

Realizada inspeção na Secretaria de Estado da Saúde no Amazonas – SES/AM, foi proferida a Decisão nº 049/2001-Plenário, nos termos da qual foi determinado que se desse ciência ao Sr. Ministro da Saúde das ocorrências relatadas no item 8.2 daquela deliberação, fixando-se, na ocasião, prazo de 60 dias para que o Sr. Ministro da Saúde encaminhasse a esta Corte de Contas informações a respeito das providências adotadas para o saneamento das referidas

343

Page 344: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

ocorrências.Foi então expedido o Ofício nº 143/2001/Secex/AM (fl. 252) ao Sr. Valdir Agapito Teixeira, Diretor da

Auditoria de Programas na Área Social, encaminhando cópia da mencionada Decisão, bem como do relatório e voto que a fundamentaram, para conhecimento e providências cabíveis. Tal documento foi recebido pelo destinatário, conforme AR constante à fl. 252 (verso).

Como não foi enviada nenhuma resposta, foi proposto pela Secex/AM que fosse efetuada nova comunicação, desta feita à Diretoria de Auditoria de Programas na Área de Saúde da Secretaria Federal de Controle, conforme instrução de fls. 259/260.

Assim, foi expedido novo Ofício, de nº 353/2001-Secex/AM (fl. 261), ao mesmo Sr. Valdir Agapito Teixeira, com o mesmo conteúdo do ofício anteriormente enviado. Verifica-se pelo AR de fls. 261 (verso), que a documentação enviada foi recebida pelo destinatário.

Não havendo nenhuma resposta por parte da Auditoria de Programas da Área da Saúde da Secretaria Federal de Controle, este processo foi novamente instruído (fls. 262), desta vez com a proposta de que os autos fossem encaminhados ao Gabinete do Presidente deste Tribunal, para que fosse dado conhecimento da Decisão nº 049/2001-Plenário, diretamente ao Sr. Ministro de Estado da Saúde.

Em conseqüência, foi expedido o Aviso nº 1.590/GP/TCU (fl. 264), ao Sr. Ministro da Saúde, encaminhando cópia da mencionada deliberação, bem como a do relatório e do voto que a fundamentaram, para conhecimento e adoção das providências cabíveis. De acordo com o AR de fl. 264 (verso), o aviso da Presidência desta Corte foi recebido pelo Sr. Olivério Fernandes.

Novamente, não houve resposta alguma advinda do Ministério da Saúde, o que resultou em nova instrução (fl. 267), com a proposta de que fosse reiterado o envio ao Sr. Ministro da Saúde, da cópia da referida Decisão desta Corte, para conhecimento e adoção das providências cabíveis.

Foi então reenviado o Aviso nº 1.590-GP/TCU (fl. 268), o qual encontra-se desacompanhado de AR nestes autos. No Ofício nº 189/02-GAB/Secex/AM (fl. 282), foi solicitado ao Gerente de Operações da ECT/DR/AM-RR, o encaminhamento do AR-MP referente ao Aviso da Presidência, até então não devolvido àquela secretaria de controle externo.

Posteriormente, a Sra. Procuradora da República, Sra. Elenar Urbanavicius Marques encaminhou à Secex/AM o Ofício nº 180/2002/GAB/EUM/PR/AM, solicitando cópia integral destes autos (fl. 269), em razão da representação formulada pela Deputada Federal Vanessa Grazziotin e pelo Deputado Estadual Eronildo Braga Bezerra perante o Ministério Público Federal, dando conta das irregularidades noticiadas na imprensa local e constatadas pela inspeção realizada pela Secex/AM, evidenciando má gestão dos recursos do SUS repassados ao Estado do Amazonas.

Na cópia do requerimento da representação formulada ao Ministério Público pelos referidos parlamentares, consta que os resultados da inspeção realizada pelo TCU foram publicados no Diário Oficial da União do dia 23/02/2001 (fl. 271). À fl. 275, encontra-se cópia dessa publicação, contendo a Decisão nº 049/2001-TCU-Plenário, sobre a qual ainda não foram obtidas respostas no tocante às providências do Ministério da Saúde para o saneamento das ocorrências ali descritas.

A instrução de fls. 283/285 tece as seguintes considerações, com as quais concordaram os dirigentes da Secex/AM:

“Primeiramente, verificamos que o Sr. Valdir Agapito Teixeira recebeu, por duas vezes, comunicações do Tribunal encaminhando cópias da deliberação em questão e solicitando providências cabíveis, sem ter enviado a este Tribunal qualquer informação a respeito de um possível envio da Decisão n° 049/2001-TCU-Plenário ao Exmo. Sr. Ministro da Saúde. Em razão de tal omissão, consideramos que deva ser aplicada multa ao referido senhor, com fundamento no art. 58, inciso IV, da Lei nº 8.443/92.

Também por duas vezes foram encaminhados Avisos da Presidência deste Tribunal ao Sr. Ministro da Saúde, sem obtenção de resposta alguma. Em um destes Avisos, o AR-MP foi assinado por pessoa diversa do destinatário, e, no outro, não foi devolvido até o presente momento pelo Correio. Em razão da total ausência de qualquer resposta às comunicações enviadas, além da recente mudança de Governo e, conseqüentemente, da titularidade dos Ministérios,

344

Page 345: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

tudo nos leva a crer que o atual Ministro da Saúde pode ainda não ter tido conhecimento da Decisão nº 049/2001-TCU-Plenário, apesar de sua publicação no Diário Oficial da União do dia 21 de fevereiro de 2001.

Em razão do exposto, submetemos estes autos à consideração superior, propondo que:a) seja aplicada multa ao Diretor de Auditoria de Programas da Área de Saúde da Secretaria Federal de

Controle, Sr. Valdir Agapito Teixeira, com fundamento no art. 58, inciso IV, da Lei nº 8.443/92, por não ter enviado a este Tribunal informações a respeito das comunicações que lhe foram enviadas (Ofícios nº 143/2001-Secex/AM e nº 353/2001/Secex-AM); e

b) seja novamente encaminhada cópia da Decisão nº 049/2001-TCU-Plenário ao atual Ministro da Saúde, com aviso de recebimento de mão própria, para conhecimento e adoção das providências cabíveis, desta feita esclarecendo que tal comunicação já fora objeto do Aviso nº 1.590-GP-TCU, encaminhado ao seu antecessor em 28.05.2002, e que a mencionada deliberação foi publicada no Diário Oficial da União do dia 23 de fevereiro de 2001, na Seção 1, página 180.”

É o Relatório.

VOTO

A presente Representação cuida de denúncias veiculadas pela imprensa sobre a falta de medicamentos básicos para a população, enquanto outros armazenados na Central de Medicamentos do Estado tiveram que ser incinerados por apresentar prazo da validade vencido.

Realizada a inspeção e diligências subseqüentes, observou-se: atraso injustificado de medicamentos, equipamentos e materiais nas unidades de saúde visitadas; atrasos superiores a quatro meses no repasse de recursos a unidades de saúde, prejudicando a manutenção de seu funcionamento; demora na aquisição de medicamentos com os recursos relativos à farmácia básica; programas que tinham sido paralisados em virtude de atraso na aquisição de materiais; obras que não tinham sido concluídas; aquisição de equipamentos sem instalação tempestiva; falta de controle no tocante à cobrança junto a Prefeituras Municipais do repasse às unidades de saúde estaduais dos valores relativos à produção dos serviços por elas executados no tocante aos recursos do Piso de Assistência Básica - PAB; alteração de pleito aprovado por Portaria, em conflito com Instrução Normativa do Ministério da Saúde.

Em face de tais impropriedades, o Tribunal Pleno proferiu a Decisão nº 049/2001, nos termos da qual foi determinado que se desse ciência ao Sr. Ministro da Saúde das ocorrências relatadas no item 8.2 daquela deliberação, fixando-se, na ocasião, prazo de 60 dias para que o Sr. Ministro da Saúde encaminhasse a esta Corte de Contas informações a respeito das providências adotadas para o saneamento das referidas ocorrências.

Como historiado no relatório que acompanha este Voto, foram feitas duas tentativas de dar ciência do decisum ao Sr. Ministro da Saúde por intermédio do Sr. Valdir Agapito Teixeira, Diretor de Auditoria de Programas da Área de Saúde da Secretaria Federal de Controle, o qual permaneceu silente.

Ante a ausência de qualquer manifestação por parte do Sr. Valdir Agapito Teixeira, a Unidade Técnica propôs, com arrimo no art. 58, inciso IV, da Lei nº 8.443/92, a aplicação de multa ao aludido responsável.

Ainda que o art. 268, § 3º, do Regimento Interno do TCU, faculte a cominação de multa sem audiência prévia, na hipótese de não atendimento a diligência desta Corte, releva notar que a Decisão nº 049/2001 do Plenário determinou diligência junto ao Ministério da Saúde, e fixou prazo que o titular daquela pasta prestasse informações a esta Corte. Ou seja, a deliberação do Plenário não vinculou diretamente o Sr. Valdir Agapito Teixeira. Por esse motivo, considero que não é possível aplicar o mencionado normativo regimental ao caso em foco.

Entendo, data venia do posicionamento da Secex/AM, que se faz necessário ouvir o Sr. Valdir Agapito Teixeira em audiência, antes de aplicar multa, em reverência ao princípio da ampla defesa. No mais, acolho a proposta de reiterar o comunicado ao atual Ministro da Saúde, com vistas à adoção das providências cabíveis quanto às irregularidades apuradas nestes autos.

Assim, acolho em parte o parecer da Secex/AM, e voto por que o Tribunal adote o Acórdão que ora submeto à deliberação deste colegiado.

345

Page 346: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

Sala das Sessões Ministro Luciano Brandão Alves de Souza, em 9 de julho de 2003.

BENJAMIN ZYMLERRelator

ACÓRDÃO Nº 871/2003 - TCU – Plenário

1. Processo nº TC 010.726/1999-32. Grupo II - Classe VII – Representação3. Interessada: Secretaria de Controle Externo no Amazonas – SECEX/AM4. Órgão: Secretaria de Estado da Saúde no Amazonas – SES/AM5. Relator: Ministro Benjamin Zymler6. Representante do Ministério Público: não atuou7. Unidade técnica: Secex/AM8. Advogado constituído nos autos: não há

9. Acórdão:VISTOS, relatados e discutidos estes autos que tratam de representação formulada pela Secex/AM em

decorrência de denúncias veiculadas na imprensa sobre a falta de medicamentos básicos para a população, enquanto outros armazenados na Central de Medicamentos do Estado tiveram que ser incinerados por apresentar prazo da validade vencido.

ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão Plenária, diante das razões expostas pelo Relator, em:

9.1 – determinar que seja ouvido em audiência o Sr. Valdir Agapito Teixeira, pela ausência de resposta aos Ofícios nºs 143/2001-Secex/AM e 353/2001/Secex-AM;

9.2 – determinar que seja dada ciência ao atual Ministro da Saúde do teor da Decisão nº 049/2001-TCU-Plenário, bem como do relatório e voto que a fundamentam, fixando o prazo de 60 dias para que informe a esta Corte acerca das providências adotadas.

10. Ata nº 26/2003 – Plenário11. Data da Sessão: 9/7/2003 – Ordinária12. Especificação do quorum:12.1. Ministros presentes: Valmir Campelo (Presidente), Marcos Vinicios Vilaça, Iram Saraiva, Humberto

Guimarães Souto, Adylson Motta, Walton Alencar Rodrigues, Guilherme Palmeira, Benjamin Zymler (Relator) e o Ministro-Substituto Lincoln Magalhães da Rocha

12.2. Auditores presentes: Augusto Sherman Cavalcanti e Marcos Bemquerer Costa.

VALMIR CAMPELOPresidente

BENJAMIN ZYMLERMinistro-Relator

Fui presente:

PAULO SOARES BUGARIN

346

Page 347: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

Procurador-Geral, em substituição

Grupo I - Classe - VII - PlenárioTC – 006.399/2003-1Natureza: RepresentaçãoEntidade: Ministério do Planejamento, Orçamento e GestãoResponsável: Sr. Erasto Villa-Verde de Carvalho Filho, Consultor Jurídico- Substituto do Ministério do

Planejamento, Orçamento e Gestão.Interessada: Dra. Nilcea Maria Barbosa Maggi, Juíza da 5ª Vara Federal – Seção Judiciária do Estado de

Pernambuco.Advogado constituído nos autos: não consta

Sumário: Representação formulada por Juíza Federal. Matéria refoge à competência deste Tribunal. Ciência à interessada. Remessa de documentos à Advocacia Geral da União. Arquivamento do feito.

Cuidam os presentes autos de Representação formulada pela Dra. Nilcea Maria Barbosa Maggi, Juíza da 5ª Vara Federal – Seção Judiciária do Estado de Pernambuco, acerca de não cumprimento de decisão judicial por parte do Sr. Erasto Villa-Verde de Carvalho Filho, Consultor Jurídico-Substituto do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão.

Embora a representação seja oriunda do estado de Pernambuco, remeteu a SECEX-PE os autos à 2ª SECEX, por verificar que a esta competia a instrução do feito.

No âmbito da 2ª SECEX, assim se manifestou o Sr. Analista-Instrutor quanto aos fatos:“2.Esta Representação surgiu em virtude da Reclamação Trabalhista nº 00.2897-5, de 06.05.1988, movida pelo

Sr. Hélio Freire Carneval e outros contra o extinto Instituto do Açúcar e do Álcool (IAA). Por meio dessa ação os reclamantes peticionaram recebimentos e incorporação ao salário de horas-extras, acrescidas dos respectivos adicionais, no valor médio das horas-extras recebidas nos últimos doze meses, bem como os valores oriundos da repercussão sobre o 13º salário, Repouso Semanal Remunerado e FGTS (pagamento). Tais direitos seriam fruto do recebimento habitual dessas horas, por mais de dois anos (fls. 007/013).

3.O Juiz Francisco de Queiroz Bezerra Cavalcante, em 23.08.1988, por meio da Sentença nº XI-21-1059/88, julgou o pleito parcialmente procedente – denegou o pagamento referente ao FGTS -, condenando o IAA ao pagamento dos títulos pleiteados corrigido monetariamente e acrescido de juros de mora (fls. 032/034). A sentença transitou em julgado em 18.10.1988 (fl. 035).

4.Após a incorporação das horas-extras às remunerações, a partir de junho/89 (fl. 056), e apuração dos valores devidos - 17.972,4567 BTN (Cr$ 1.362.019,27, em 08.11.1990) (fls.046/087) -, o mesmo juiz expediu o correspondente precatório (fl. 089), e o Juiz Federal da 24ª Vara do Rio de Janeiro, Dr. Rogério Vieira de Carvalho, ordenou, em 22.04.1991, a intimação do IAA - em extinção -, na pessoa de sua inventariante, para que pagasse a importância devida (fl. 094).

5.Uma vez que o pagamento foi realizado somente em 05.06.1992, sem a devida correção, o patrono dos reclamantes requereu o pagamento da diferença (fl. 101/102), cujo valor atualizado (Cr$ 82.908.805,23) foi homologado em 08.03.1993 (fl. 112).

6.O pagamento, contudo, foi novamente feito sem correção; e o patrono, outra vez, solicitou a diferença (fl. 126). Lembremos que nessa oportunidade o IAA já havia sido extinto e a União assumira a responsabilidade pelo crédito. Somente em 16.05.1996 este novo valor atualizado (R$ 15.084,26) foi homologado (fl. 136).

7.Porém, pela terceira vez, o pagamento foi realizado indevidamente, ou seja, o valor de R$ 16.103,59 (fl. 139), apurado em 01.07.1996, somente foi pago em 24.04.1997. O patrono, então, requereu a complementação conforme cálculos por ele apresentados (fl. 143). Em 21.10.1998 o advogado reconheceu que houve equívoco nos seus cálculos e solicitou a expedição do precatório, no valor calculado pela Contadoria da Justiça Federal (fl. 174).

347

Page 348: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

8.Em 30.10.1998, o patrono, em sucinto relatório, informa em juízo que os reclamantes, quando inicialmente lotados na DAMF/PE (Delegacia de Administração do Ministério da Fazenda em Pernambuco) e na ETFPE (Escola Técnica Federal de Pernambuco) - lembremos que o IAA se extinguira - , mantiveram incorporadas as horas-extras à remuneração; porém, sem maiores explicações, foram posteriormente retiradas, desrespeitando a Sentença Transitada em Julgado. Ao final o patrono requereu a reincorporação das horas-extras devidamente atualizadas (fls. 175/179).

9.O CEFET/PE (ex-ETFPE) foi então citado para manifestar-se (fl. 185). Assim se manifestou por intermédio de sua Procuradora (fl. 187):

“.....................................................................................A servidora MARIA DAS NEVES ALMEIDA percebia horas-extras incorporadas pelo extinto IAA, decorrente de

sentença judicial;1.que esta Instituição Federal de Ensino ao receber a servidora do ex-IAA, manteve o pagamento das horas-

extras, sob a rubrica “VANTAGEN PESSOAL SENTENÇA JUDICIAL”, todavia a partir do pagamento do mês de junho/95 a referida rubrica foi excluída automaticamente do Sistema SIAPE, sem nenhuma justificativa do Ministério de Orçamento e Gestão, então MARE/Brasília;

2.que não consta no “dossiê” da servidora nenhum processo que contenha cópia da Sentença Judicial determinando a incorporação desse pagamento.”

10.O patrono rejeita as argumentações e reitera o pedido de reincorporação (fls. 192/195). É ordenada a intimação da União (fls. 198/199), que se manifesta defendendo que a incorporação se extinguira com a mudança do Regime Jurídico Celetista para o Regime Jurídico Único (fl. 205).

11.A Juíza Federal Nilcea Maria Barbosa Maggi, em 30.05.2001, embasando-se no Princípio Constitucional da Irredutibilidade dos Vencimentos, entendeu que não assistia razão à União, e ordenou a intimação da União, na pessoa do Secretário Executivo do Ministério do Orçamento e Gestão, para que reincorporasse aos vencimentos ou pensões dos reclamantes as citadas horas-extras, fixando multa diária, por autor, de R$ 1.000,00, aplicada a partir do 30º dia de descumprimento da decisão (fl. 206). A intimação do Secretário Executivo se deu na pessoa do Consultor Jurídico do Ministério, Sr. Evaristo Villa-Verde de Carvalho Filho, em 18.07.2002.

12.Em 08.09.2002, o patrono informa à Juíza Federal que até aquele momento a União não havia atendido a sua ordem. Requer que reitere a determinação, o que foi feito (fl. 222). A União, por seus Procuradores, em expediente de 01.10.2002, informa que expediu o Ofício AGU/PRU-5ª REGIÃO/Nº 1950/2002 ao Consultor Jurídico do Ministério do Planejamento Orçamento e Gestão para que efetivasse o cumprimento da ordem reiterada (fls. 225/228).

13.Enfim, em 19.12.2002 a Juíza Nilcea Maria Barbosa Maggi assim decidiu:“Embora devidamente intimada a União Federal, certo que ainda não se deu o adimplemento da obrigação de

fazer, consoante informam os autores às fls. 229. Assim, em face da reprovável conduta da ré, em não cumprir a ordem judicial em vigor, determino: Oficie-se: a) ao Tribunal de Contas da União, para apuração da responsabilidade do Sr. Evaristo Villa-Verde de Carvalho Filho (Consultor Jurídico Substituto do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão); b) o Ministério Público Federal, para apuração da responsabilidade penal do referido agente. Encaminhem-se, em ambos os ofícios, cópia integral dos presentes autos.””

Antes de adentrar o mérito da presente Representação, assim se manifestou o Sr. Analista:“- qualquer decisão judicial somente é reformada por outra decisão judicial, ou seja, nenhum ato administrativo

omissivo ou comissivo de natureza diversa da judicial pode afastá-la;- o funcionário público responsável pelo cumprimento de ordem judicial deve cumpri-la, salvo motivo de força-

maior;- o descumprimento de ordem judicial tem repercussão nas esferas penal - prevaricação (art. 319 do CP) ou

desobediência (art. 330 do CP), apuradas na esfera judicial - e administrativa – ilegalidade pela não observância do art. 468 do CPC, que dispõe que as sentenças têm força de lei em relação às partes.”

Quanto ao mérito, entendeu o Sr. Analista que a irregularidade objeto da presente Representação não se insere no plexo de competências deste Tribunal e que, “(...) por esta Corte, somente será responsabilizado o agente que,

348

Page 349: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

descumprindo ordem judicial, reflexivamente causar dano ao Erário, salvo se o ato omissivo ou comissivo se realizou por motivo de força-maior”.

Consignou ainda que a Súmula 241-TCU veda que sejam pagas aos servidores celetistas vantagens incompatíveis com o Regime Jurídico Único.

Após trazer decisões deste Tribunal que corroboram a tese acima defendida (Decisão nº 480/1998-Plenário, Decisão nº 406/1999-Plenátio), propôs o Sr. Analista-Instrutor que o Tribunal:

“a) não conheça da presente Representação por se tratar de matéria fora de sua competência;b) determine à Advocacia Geral da União que tome as medidas judiciais cabíveis no âmbito do Processo de

Reclamação Trabalhista nº 00.02897-5, de forma a que se cumpra o entendimento desta Corte sobre a matéria;c) dê ciência à Representante, Mm.ª Juíza Federal Nilcea Maria Barbosa Maggi, da decisão que vier a ser

tomada.”O Sr. Diretor e o Sr. Secretário da 2ª SECEX manifestaram sua anuência à proposta formulada pelo Sr. Analista.

É o Relatório.

VOTO

Versa a espécie sobre Representação formulada por Juíza Federal acerca de descumprimento de decisão judicial por parte do Sr. Erasto Villa-Verde de Carvalho Filho, Consultor Jurídico-Substituto do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão.

O cerne da representação formulada pela eminente Juíza diz respeito à omissão do Consultor Jurídico por negligenciar ordem judicial.

Ocorre que não se encontra no âmbito de competência desta Corte de Contas apreciar atos praticados por servidores públicos quando estes não cumprem ordem judicial, salvo se dessa conduta resultar injustificado dano aos cofres públicos federais, o que não se verifica no caso concreto.

Deve-se consignar que não se insere no plexo de competências desta Corte de Contas decisão de natureza mandamental, objetivo da Representação em análise, a fim de que administrador público cumpra decisão judicial. Ademais, a apuração de eventual responsabilidade criminal ou administrativa por parte do mencionado servidor, desde que de sua conduta não resulte injustificado dano aos cofres públicos federais, refoge ao âmbito de atuação do TCU.

Dessa forma, entendo que a Representação formulada pela eminente Juíza da 5ª Vara Federal – Seção Judiciária do Estado de Pernambuco, Dra. Nilcea Maria Barbosa Maggi, não deve ser conhecida, uma vez não preenchidos os pressupostos de admissibilidade.

Quanto à proposta de determinação à Advocacia Geral da União (AGU), entendo não ser oportuna no momento, em virtude de a AGU já estar adotando as medidas julgadas pertinentes, conforme documentos de fls. 225/228, sem embargo de serem encaminhados àquela Advocacia a Decisão a ser adotada, bem como o Relatório e o Voto que a fundamentaram.

Registro, por fim, que o correto nome do Consultor Jurídico-Substituto é Erasto Villa-Verde de Carvalho Filho e não Evaristo Villa-Verde de Carvalho Filho, conforme diversas vezes mencionado.

Ante o exposto, em linha de concordância com a proposta uniforme da 2ª SECEX, VOTO por que o Tribunal adote o Acórdão que ora submeto a este Colegiado.

TCU, Sala das Sessões, 9 de julho de 2003.

BENJAMIN ZYMLERRelator

ACÓRDÃO Nº 872/2003 – TCU – PLENÁRIO

349

Page 350: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

1. Processo nº TC 006.399/2003-12. Grupo I - Classe VII – Representação.3. Interessada: Dra. Nilcea Maria Barbosa Maggi, Juíza da 5ª Vara Federal – Seção Judiciária do Estado de

Pernambuco.4. Entidade: Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão.5. Relator: Ministro Benjamin Zymler.6. Representante do Ministério Público: Não atuou.7. Unidade Técnica: 2ª SECEX.8. Advogados Constituídos: Não consta.

9. Acórdão:ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão Plenária, ante as razões expostas

pelo Relator, em:9.1 - não conhecer da Representação formulada pela Dra. Nilcea Maria Barbosa Maggi, Juíza da 5ª Vara Federal

– Seção Judiciária do Estado de Pernambuco, em virtude de se tratar de matéria que refoge à competência do TCU, nos termos do art. 235 e seu parágrafo único, combinado com o art. 237, todos do Regimento Interno do TCU;

9.2 - encaminhar cópia deste Acórdão, bem como do Relatório e Voto que o fundamentaram, à Advocacia Geral da União, a fim de que adote as medidas julgadas pertinentes;

9.3 - encaminhar cópia deste Acórdão, bem como do Relatório e Voto que a fundamentaram, à interessada supra;9.4 - arquivar o presente feito.

10. Ata nº 26/2003 – Plenário11. Data da Sessão: 9/7/2003 – Ordinária12. Especificação do quorum:12.1. Ministros presentes: Valmir Campelo (Presidente), Marcos Vinicios Vilaça, Iram Saraiva, Humberto

Guimarães Souto, Adylson Motta, Walton Alencar Rodrigues, Guilherme Palmeira, Benjamin Zymler (Relator) e o Ministro-Substituto Lincoln Magalhães da Rocha.

12.2. Ministro que alegou impedimento: Marcos Vinicios Vilaça.12.3. Auditores presentes: Augusto Sherman Cavalcanti e Marcos Bemquerer Costa.

VALMIR CAMPELOPresidente

BENJAMIN ZYMLERMinistro-Relator

Fui presente:

PAULO SOARES BUGARINProcurador-Geral, em substituição

GRUPO I – CLASSE VII – PlenárioTC 002.402/2001-4 (c/ 1 volume)Natureza: Representação.Órgão: Tribunal Regional Eleitoral no Estado de Sergipe – TRE/SE.Interessada:Secretaria de Controle Externo no Estado de Sergipe – Secex/SE.

350

Page 351: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

EMENTA: Representação formulada por equipe da Secex/SE no curso de auditoria realizada no TRE/SE, objetivando a fiscalização de atos sujeitos a registro. Constatação de decisões administrativas que infringem dispositivos legais e entendimentos jurisprudenciais do TCU. Conhecimento da Representação. Acórdão proferido pelo Plenário, em sede de processo de Consulta, estabelecendo entendimento sobre a matéria. Procedência parcial. Apensamento dos autos às contas anuais do Órgão.

RELATÓRIO

Trata-se da Representação formulada por equipe da Secretaria de Controle Externo no Estado de Sergipe – Secex/SE, com fundamento no art. 246 do Regimento Interno/TCU, no curso da auditoria realizada no Tribunal Regional Eleitoral de Sergipe – TRE/SE, objetivando a fiscalização de atos sujeitos a registro, em razão da constatação de pagamentos supostamente irregulares, em desrespeito à lei e à jurisprudência deste Tribunal pertinentes ao assunto (fls. 01/12).

2.Na sessão de 22/08/2001 este Plenário, mediante a Decisão n. 628/2001 (fl. 46), conheceu da Representação em tela, e adotou, ainda, as seguintes medidas, in verbis:

“8.2 – determinar à Secex/SE, preliminarmente, que diligencie no sentido de identificar todos os responsáveis pelos seguintes atos:

8.2.1 – autorização, por meio da informação TRE/SE n. 66/97 – SRH/Copes/Sedir, de 08/05/97, complementada pela de n. 155/97 – SRH/Copes/Sedir, de 22/09/97, do pagamento de Adicional por Tempo de Serviço aos servidores efetivos do órgão, na forma de anuênios, mesmo após a edição da Medida Provisória n. 1.480-19, publicada no DOU de 05/06/96, e de reedições posteriores com efeito de convalidação, que converteu a forma do cálculo do referido adicional de anuênios para qüinqüênios;

8.2.2 – autorização, por meio da Resolução TRE/SE n. 163, de 19/09/2000, para que os servidores efetivos do órgão ou requisitados, investidos em função comissionada, percebam cumulativamente a integralidade da função comissionada com a globalidade dos valores referentes ao cargo efetivo, com efeitos financeiros retroativos ao advento da Lei n. 9.421/96, adicionando-se a VPNI a partir da vigência da Lei n. 9.527/97, o que infringe o disposto no art. 14, § 2º, e 15, § 2º, da Lei n. 9.421/96;

8.3 – fixar, desde logo, o prazo de 15 (quinze) dias, a contar da ciência, para que:8.3.1 – os responsáveis pelos atos apontados nos subitens 8.2.1 e 8.2.2 supra, bem assim o atual Presidente do

TRE/SE, pronunciem-se a esse respeito;8.3.2 – o Desembargador Epaminondas Silva de Andrade Lima pronuncie-se sobre o ato de sua responsabilidade

a que se refere o subitem 8.2.2 e encaminhe a este Tribunal cópia das decisões proferidas pela 8ª Vara da Justiça Federal de Salvador/BA, pelo Superior Tribunal de Justiça, pelo Conselho Federal de Justiça, pelo TRE/PI e pelo TRE/CE, invocadas no voto que proferiu, na qualidade de Relator da supramencionada Resolução TRE/SE n. 163, de 19/02/2000.”

3.Em cumprimento ao aludido decisum, a Secex/SE identificou e ouviu em audiência os responsáveis, que apresentaram tempestivamente suas razões de justificativas.

4.Relativamente ao pagamento de Adicional por Tempo de Serviço na forma de anuênios, mesmo após a edição da MP n. 1.480-9, o ACE Adriano de Souza César, em instrução de fls. 253/283 do vol. 1, propõe o acolhimento das justificativas, tendo em vista o novo entendimento deste Tribunal no sentido de considerar, para efeito de concessão de anuênios, o tempo de serviço público federal prestado pelo servidor no período de 05/07/1996 a 08/03/1998 (TC 010.362/2001-1).

5.No tocante ao pagamento cumulativo de integralidade da função comissionada com a globalidade dos valores referentes ao cargo efetivo, adicionando-se a VPNI a partir da vigência da Lei n. 9.527/97, o aludido Analista de Controle Externo promove, às fls. 258/279 do vol. 1, minudente análise das justificativas oferecidas pelos Srs.

351

Page 352: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

Epaminondas Silva de Andrade Lima, Ricardo César Mandarino Barreto, Osório de Araújo Ramos Filho, Cezário Siqueira Neto, José Jefferson Correia Machado, José Antônio de Andrade Goes e Manuel Pascoal Nabuco D’Ávila.

6.Tendo em conta que os argumentos oferecidos pelo Sr. Epaminondas Silva de Andrade Lima são, em essência, os mesmos apresentados pelos demais responsáveis (à exceção do aduzido pelo Manuel Pascoal Nabuco D’Ávila), o ACE procedeu ao exame conjunto das defesa apresentadas, concluindo no sentido de que não lograram elidir a falha apurada.

7.Relativamente às justificativas oferecidas pelo Sr. Manuel Pascoal Nabuco D’Ávila, atual Presidente do TRE/SE – que, basicamente, restringem-se à afirmativa de que deu continuidade aos atos da gestão anterior que incluíam o pagamento integral da função comissionada cumulativo com a remuneração do cargo efetivo, autorizado pela Resolução n. 163/2000, uma vez que não havia nenhum questionamento quanto à legalidade de tais concessões e que a União foi devidamente intimada por intermédio da AGU em Sergipe –, o Analista conclui que aquele Tribunal deverá manter a execução da Resolução TRE/SE n. 163/2000 até que alguma determinação em sentido contrário lhe seja efetuada, razão por que necessária determinação ao TRE/SE para que sejam adotadas providências de sustação da execução daquela Resolução.

8.Prosseguindo em sua análise, o ACE, não obstante entenda que as justificativas apresentadas não sejam suficientes para elidir as irregularidades decorrentes da aludida Resolução, consigna que não subsistam razões para aplicação de multa, ante a manifesta boa-fé dos responsáveis, eis que “decisões administrativas e judiciais proferidas por alguns órgãos do Poder Judiciário Federal contemplando a possibilidade de cumulação da remuneração integral da função comissionada com a VPNI a partir da vigência da Lei n. 9.527/97, e os Pareceres favoráveis do Ministério Público Eleitoral de Sergipe e do Controle Interno certamente influenciaram os Juízes Eleitorais do TRE/SE na aprovação daquela Resolução” (fl. 279).

9.Entende necessário que sejam adotadas providências com vistas à sustação das decisões administrativas proferidas pelo Superior Tribunal de Justiça (Processo STJ n. 1530/98, fls. 76 a 81), pelo Conselho da Justiça Federal (Processo Administrativo n. 98.24.0046, fl. 185), pelo TRE/PI (Processo n. 2669/98, fls. 82 a 91) e pelo TRF-1ª Região (Processo n. 0850/98, fls. 125 a 128), as quais, nos mesmos moldes que a Resolução TRE/SE n. 163/2000, deferiram a seus servidores, sem amparo legal, o direito de cumular, a partir da vigência da Lei n. 9.527/97, a remuneração do cargo efetivo com a remuneração integral da função comissionada e mais a VPNI decorrente das parcelas incorporadas.

10.O Analista consigna, ainda, que outros órgãos do Poder Judiciário da União e do DF “podem ter adotado decisões semelhantes às constantes dos presentes autos”, razão por que entende que o TCU deva efetuar determinação que contemple os demais órgãos daquele Poder.

11.Conclusivamente, propõe, com o aval da Sra. Secretaria da Secex/SE, o que se segue:“14.1 – acolha parcialmente as justificativas do Desembargador Fernando Ribeiro Franco e do atual Presidente

do TRE/SE, Desembargador Manuel Pascoal Nabuco D’Ávila quanto ao ato de autorização de pagamento, por meio da informação TRE/SE n. 66/97 – SRH/COPES/SEDIR, de 08/05/97, complementada pela de n. 155/97 – SRH/COPES/SEDIR, de 22/09/97, de Adicional por Tempo de Serviço aos servidores efetivos do órgão, na forma de anuênios, considerando o novo entendimento do Tribunal de Contas da União, manifestado no TC 010.362/2001-1, no sentido de considerar, para efeito de concessão de anuênios, o tempo de serviço publico federal prestado pelo servidor no período de 05.07.96 a 08.03.99 (...);

14.2 – determine, com fulcro no art. 64, inciso II, do Regimento Interno [atual art. 131], o cancelamento das palavras ou expressões desrespeitosas ou descorteses e, por isso mesmo, incompatíveis com tratamento devido ao Tribunal e a seus servidores, utilizadas nas razões de justificativa apresentadas pelos responsáveis a seguir relacionados (...):

a) Desembargador Epaminondas Silva de Andrade Lima, quanto às palavras dispostas:- ao final da 2ª linha do 4º parágrafo de fl. 66;- na 5ª linha do 3º parágrafo de fl. 67, posterior à palavra “Órgão”.

352

Page 353: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

b) Juiz Federal Ricardo César Mandarino Barreto, Juízes Estaduais Osório de Araújo Ramos Filho e Cezário Siqueira Neto, e o Advogado José Jefferson Correia Machado, quanto às palavras ou expressões dispostas:

- no início da 6ª linha do 2º parágrafo de fl. 131, precedendo a palavra “quanto”;- na 2ª linha e seguintes do 1º parágrafo de fl. 132, posterior à palavra “públicas”;- em todo o 4º parágrafo de fl. 132.14.3 – rejeite as razões de justificativa dos ex-Membros do TRE/SE, o Desembargador Epaminondas Silva de

Andrade Lima, o Juiz Federal Ricardo César Mandarino Barreto, os Juízes Estaduais Osório de Araújo Ramos Filho e Cezário Siqueira Neto, o Advogado José Jefferson Correia Machado, o Desembargador José Antônio de Andrade Goes, bem como do atual Presidente do TRE/SE, Desembargador Manuel Pascoal Nabuco D’Ávila, quanto ao ato de autorização, por meio da Resolução TRE/SE n. 163, de 19/09/2000, para que os servidores efetivos do órgão ou requisitados, investidos em função comissionada, percebam cumulativamente a integralidade da função comissionada com a globalidade dos valores referentes ao cargo efetivo, com efeitos financeiros retroativos ao advento da Lei n. 9.421/96, adicionando-se a VPNI a partir da vigência da Lei n. 9.527/97, vez que, não obstante a reconhecida boa-fé com que aprovaram dita Resolução, tal ato infringe o disposto no art. 14, § 2º, e 15, § 2º, da Lei n. 9.421/96, bem como o novo entendimento do Tribunal de Contas da União, manifestado na Decisão Plenária n. 585/2000 – TCU, de 26.07.2000, publicada no BTCU n. 45/2000, de 21.08.2000, sobre a natureza jurídica da VPNI e sobre impossibilidade de sua cumulação com a remuneração integral da função comissionada que lhe deu origem, ante o disposto no art. 37, inciso XIV, da Constituição Federal (...);

14.4 – considere procedente a presente Representação na parte que se refere à impugnação da Resolução TRE/SE n. 163/2000, de 19.09.2000, e, por conseguinte, determine, com fulcro no art. 71, inciso IX, da Constituição Federal c/c o art. 45 da Lei n. 8.443/92, ao Tribunal Regional Eleitoral de Sergipe que, no prazo de 15 (quinze) dias a contar da ciência da notificação, promova a sustação daquela Resolução e adote providências com vistas ao ressarcimento de todos os valores que, em função dela, foram pagos indevidamente aos servidores ativos e inativos do órgão, observadas as disposições do art. 46 da Lei n. 8.112/90, informando à Secretaria de Controle Externo em Sergipe do Tribunal de Contas da União, nos 05 (cinco) dias seguintes ao término do prazo acima mencionado, as medidas adotadas, as datas em que foram pagos aos servidores valores retroativos, caso tais pagamentos tenham ocorrido, e os valores individualizados que devem ser ressarcidos ao Erário (...);

14.5 – determine, com fulcro no art. 71, inciso IX, da Constituição Federal c/c o art. 45 da Lei n. 8.443/92, ao Superior Tribunal de Justiça, ao Conselho da Justiça Federal, ao Tribunal Regional Eleitoral do Piauí e ao Tribunal Regional Federal da 1ª Região que promovam, no prazo de 15 (quinze) dias a contar da ciência da notificação, a sustação de suas respectivas decisões administrativas que estão possibilitando a seus servidores, em descumprimento ao disposto no art. 14, § 2º, e 15, § 2º, da Lei n. 9.421/96, a cumulação da remuneração do cargo efetivo com a remuneração integral da função comissionada e mais a VPNI decorrente das parcelas incorporadas, bem como adotem providências com vistas ao ressarcimento dos valores que, em função dessas decisões, foram indevidamente pagos aos servidores ativos e inativos a partir de 21.08.2000, data de publicação da Decisão Plenária n. 585/2000 – TCU, de 26.07.2000, em que o Tribunal de Contas da União firmou entendimento sobre a natureza jurídica da VPNI e discorreu sobre a impossibilidade de sua cumulação com a remuneração integral da função comissionada que lhe deu origem, ante o disposto no art. 37, inciso XIV, da Constituição Federal (...);

14.6 – determine, com fulcro no art. 71, inciso IX, da Constituição Federal c/c o art. 45 da Lei n. 8.443/92, a todos os demais órgãos do Poder Judiciário da União e do Distrito Federal que, caso tenham adotado decisões administrativas que possibilitem a seus servidores, em descumprimento ao disposto no art. 14, § 2º, e 15, § 2º, da Lei n. 9.421/96, a cumulação da remuneração do cargo efetivo com a remuneração integral da função comissionada e mais a VPNI decorrente das parcelas incorporadas, adotem providências, no prazo de 15 (quinze) dias a contar da notificação, com vistas à sustação das respectivas decisões e ao ressarcimento dos valores que, em função delas, foram indevidamente pagos aos servidores ativos e inativos a partir de 21.08.2000, data de publicação da Decisão Plenária n. 585/2000 – TCU, de 26.07.2000, em que Tribunal de Contas da União firmou entendimento sobre a natureza jurídica

353

Page 354: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

da VPNI e discorreu sobre a impossibilidade de sua cumulação com a remuneração integral da função comissionada que lhe deu origem, ante o disposto no art. 37, inciso XIV, da Constituição Federal (...);

14.7 – determine ao Controle Interno de cada órgão do Poder Judiciário da União e do Distrito Federal que, no prazo de 20 (vinte) dias a contar da ciência da notificação, informe à Secretaria de Controle Externo a que esteja vinculado as medidas adotadas pelo órgão para dar cumprimento à determinação dos subitens 14.5 e 14.6 supra e os valores individualizados que devem ser ressarcidos ao Erário.

14.8 – determine a todas as Secretarias de Controle Externo dos Estados e da Sede do Tribunal em cuja clientela conste algum órgão do Poder Judiciário da União e do Distrito Federal que procedam à juntada das informações prestadas pelo Controle Interno, consoante determinação do subitem 14.7 acima, aos processos de tomada de contas anual dos respectivos órgãos relativas ao exercício de 2001 e promovam o acompanhamento do cumprimento das determinações constantes dos subitens 14.5 e 14.6 acima;

14.9 – encaminhe cópia da Decisão que vier a ser adotada, bem como do Relatório e Voto que a fundamentarem, à Advocacia-Geral da União como forma de subsidiar a defesa judicial da União nas ações de Mandado de Segurança n. 2000.33.00.008345-6 e n. 2000.33.00.008617-9, propostas na Seção Judiciária da Justiça Federal da Bahia, na ação de Mandado de Segurança n. 2000.81.00.12208-3, proposta na Seção Judiciária da Justiça Federal do Ceará e em todas as demais ações em que seja pleiteada a cumulação da remuneração do cargo efetivo com a remuneração integral da função comissionada e mais a VPNI decorrente das parcelas incorporadas (...);

14.10 – determine o apensamento do presente processo às contas do Tribunal Regional Eleitoral de Sergipe relativas ao exercício de 2001, para exame em conjunto e em confronto”.

12.O Ministério Público manifestou-se de acordo com a conclusão da unidade técnica, salvo quanto à proposta de que se determine o ressarcimento das parcelas recebidas indevidamente (fl. 286 – vol. 1).

É o relatório.

PROPOSTA DE DECISÃO

Verifico que o presente processo de Representação cuida, basicamente, de duas questões:1.1 – pagamento de Adicional por Tempo de Serviço aos servidores efetivos do Tribunal Regional Eleitoral de

Sergipe – TRE/SE, na forma de anuênios, mesmo após a edição da Medida Provisória n. 1.480-19, publicada no DOU de 05/06/96; e

1.2 – autorização para que os servidores efetivos do órgão ou requisitados, investidos em função comissionada, percebam cumulativamente a integralidade da função comissionada com a globalidade dos valores referentes ao cargo efetivo, com efeitos financeiros retroativos ao advento da Lei n. 9.421/96, adicionando-se a VPNI a partir da vigência da Lei n. 9.527/97, o que infringe o disposto no art. 14, § 2º, e 15, § 2º, da Lei n. 9.421/96.

2.No que concerne à primeira questão, os pareceres da Secex/SE são no sentido do acolhimento das justificativas, haja vista o entendimento superveniente deste Tribunal no sentido de considerar, para efeito de concessão de anuênios, o tempo de serviço público federal prestado pelo servidor no período de 05/07/1996 a 08/03/1998 (cf. Despacho exarado pela Presidência deste Tribunal no TC 010.362/2001-1).

3.Superada essa matéria, resta o exame da questão restante – o pagamento da integralidade da função comissionada com a globalidade dos valores referentes ao cargo efetivo e com a Vantagem Pessoal Nominalmente Identificada (VPNI) decorrente de quintos/décimos.

4.Registre-se, inicialmente, que esse não é um tema novo submetido à deliberação deste Colegiado.5.Com efeito, ao menos em quatro oportunidades (Decisões ns. 320/2001, de 30/05/2001, 1080/2001, de

11/12/2001, 80/2002, de 20/02/2002, e 219/2002, de 20/03/2002), este Plenário apreciou a matéria, tendo concluído, a unanimidade, que o aludido procedimento é ilegal.

6.O ordenamento jurídico vigente veda, aos servidores do Poder Judiciário federal, a percepção cumulativa da totalidade da remuneração da função comissionada com a remuneração do cargo efetivo, tenha ou não o servidor vantagem pessoal nominalmente identificada.

354

Page 355: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

7. Nesse sentido, oportuno reproduzir os seguintes dispositivos da Lei n. 9.421/1996, que criou as carreiras dos servidores do Poder Judiciário:

“Art. 14. A remuneração das Funções Comissionadas, inclusive para os ocupantes sem vínculo efetivo com a Administração Pública, compõe-se das seguintes parcelas:

I - valor-base constante do Anexo VI;II - APJ, tendo como base de incidência o último padrão dos cargos de Auxiliar Judiciário, Técnico Judiciário e

Analista Judiciário, conforme estabelecido no Anexo VII;III - GAJ, calculada na conformidade do Anexo V.(...)§ 2º. Ao servidor integrante de carreira judiciária e ao requisitado, investidos em Função Comissionada, é

facultado optar pela remuneração de seu cargo efetivo mais setenta por cento do valor-base da FC, fixado no Anexo IV.

Art. 15. Aos servidores das carreiras judiciárias, ocupantes de Função Comissionada, aplica-se a legislação geral de incorporação de parcela mensal da remuneração de cargo em comissão ou função de confiança.

(...)§ 2º. Enquanto estiver no exercício de Função Comissionada, o servidor não perceberá a parcela incorporada,

salvo se tiver optado pela remuneração do seu cargo efetivo.”8.Convém atentar para os termos do art. 14, que, após discriminar como se compõe a integralidade da Função

que receberá o servidor nela investido, confere a esse servidor a faculdade de optar pela remuneração de seu cargo efetivo acrescida de 70% da Função, caso considere mais vantajoso do que receber a totalidade da Função. Daí, emerge cristalina a impossibilidade de percepção cumulativa da totalidade da função comissionada com a remuneração do cargo efetivo, caso contrário não haveria porque se falar em opção.

9.Consoante bem ressaltou a unidade técnica, não pode prosperar raciocínio que conclua no sentido de que a opção destina-se exclusivamente aos servidores que possuam parcelas incorporadas. Como se viu, o art. 14, ao estabelecer a composição da Função Comissionada e ao prescrever a faculdade da opção, em momento algum reporta-se ao instituto da incorporação. Também não se observa em qualquer outro comando da Lei n. 9.421/96 dispositivo que vincule um instituto ao outro.

10.Condicionar o exercício da opção à existência da parcela incorporada, além de não encontrar respaldo legal, importa em desconsiderar a razão de ser desses institutos, que têm naturezas distintas. Efetivamente, opção e incorporação são institutos que não guardam relação de dependência. Surgiram no mundo jurídico com propósitos diferentes, em épocas distintas.

11.Note-se que a lei não erigiu condição estranha para que fosse exercida a opção, bastando, para tanto, fosse o servidor integrante de carreira judiciária ou requisitado e investido em Função Comissionada. Limitar a opção àqueles que já detinham parcelas incorporadas seria criar requisito que a lei não estabelece e que o próprio histórico legislativo de ambos os institutos desautoriza.

12.Também não se sustenta o argumento de que a partir da vigência da Lei n. 9.527/97, que converteu as parcelas incorporadas em VPNI, não mais existiria impedimento para que os servidores investidos em Função Comissionada percebessem a integralidade da remuneração do cargo efetivo cumulada com a totalidade da remuneração da Função e com a VPNI, sob o fundamento de “que as parcelas incorporadas perderam esta característica e se tornaram apenas uma vantagem de caráter eminentemete pessoal” (fl. 71).

13.Tal compreensão assenta-se em premissa errônea: a de que a VPNI é instituto de natureza distinta da incorporação. A esse respeito, sempre oportuno recordar o lapidar Voto do Ministro José Antonio Barreto de Macedo, que fundamentou a Decisão Plenária n. 585/2000, trazendo à tona o seguinte excerto:

“15. Não obstante, abstraindo-se o rigorismo formal e priorizando-se os aspectos ontológico e teleológico da parcela paga em razão da incorporação a que se refere o art. 15 da Lei n. 9.527/97, faz sentido, a meu ver, concluir que a VPNI e os quintos/décimos são, em essência, a mesma vantagem, uma vez que ambas têm a mesma origem e natureza jurídica e a mesma finalidade.

355

Page 356: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

16. Com efeito, têm a mesma origem e natureza jurídica porque são concedidas em razão do mesmo fato gerador, isto é, o fato que lhes deu causa é um só: o exercício, durante determinado período, de função de direção, chefia ou assessoramento, cargo de provimento em comissão ou de natureza especial, ou ainda, no âmbito deste Tribunal, função comissionada. E têm a mesma finalidade, porque ambas visam a assegurar estabilidade financeira ao servidor que tenha exercido, durante certo tempo, função de confiança, evitando que, ao ser exonerado, ou afastado do exercício daquela função por motivo de aposentadoria, sofra, abruptamente, perda do poder aquisitivo.

17. Efetivamente, o § 1º do art. 15 da lei por último referenciada evidencia que ‘a importância paga em razão da incorporação a que se refere este artigo’ passou a ‘constituir, a partir de 11 de novembro de 1997’, a VPNI, sujeita, entretanto, ‘exclusivamente à atualização decorrente da revisão geral da remuneração dos servidores públicos federais’.

18. Portanto, a retribuição pecuniária que foi incorporada em decorrência do exercício de função de confiança, no momento da transformação operada por lei, não foi alterada, permanecendo, conforme dito, exatamente a mesma, já então, porém, sob o rótulo de VPNI.”

14.O fato de a VPNI não estar atrelada à remuneração da Função que lhe deu causa, não consubstancia elemento capaz de diferenciá-la, em substância, dos quintos/décimos. Consoante apontou, com maestria, o Ministro Guilherme Palmeira no Voto condutor da Decisão n. 1080/2001 – Plenário, “a base de cálculo da VPNI continua sendo a remuneração da função ou cargo comissionado: não a presente, mas a vigente em 11/11/97, com as atualizações decorrentes das revisões gerais de remuneração dos servidores públicos federais (art. 15, § 2º, da Lei n. 9.527/97)”.

15. Portanto, não sendo a VPNI um instituto distinto, em natureza, dos quintos/décimos, não há que se falar em revogação da proibição imposta pelo § 2º do art. 15 da Lei n. 9.421/96 em face do surgimento da Lei n. 9.527/97. Em abono a essa intelecção, recorra-se ao entendimento do próprio Supremo Tribunal Federal, assentado nos seguintes termos

“como vantagem pessoal, nominalmente identificada ou não (alternativa que só virá a influir no regime de reajustamento ou atualização de seu valor), continua a parcela em causa incorporada à remuneração do servidor, incidindo, portanto, sobre ela, a proibição do art. 15, § 2º, da Lei n. 9.421-96. Não foi esse dispositivo expressamente revogado, nem com ele se mostra incompatível disposição alguma de lei posterior. Sendo, ou não, nominalmente identificada a vantagem pessoal incorporada, permanece a razão de ser da vedação, que é a de coibir o acúmulo do produto padrão atual de remuneração do cargo comissionado, com a percepção do quantitativo justamente derivado de seu próprio desempenho, no passado.” (constante da Ata da 2ª Sessão Administrativa de 17.03.99).

16.Ademais, impende consignar que acolher a exegese postulada pelos responsáveis seria dizer que a Lei n. 9.527/97 veio criar vantagem para os servidores Judiciário, o que, à evidência, não se confirma. Com efeito, não é oculto o propósito do aludido diploma legal em restringir os benefícios a servidores públicos.

17. Compreender a referida norma como autorizadora de vantagem que o regime anterior proibia importa emprestar-lhe sentido e alcance contrários ao resultado que visa a atingir em sua atuação prática. Nesse cenário, apropriado recordar a lição de Carlos Maximiliano, segundo o qual a lei deve ser interpretada de molde a não resultar em sentido contraditório com o fim por ela colimado.

18.Diante desse quadro, tenho por adequada a conclusão a que chegou a Unidade Técnica no sentido de considerar ilegal o pagamento cumulativo da remuneração do cargo efetivo com a remuneração integral da função comissionada e mais a VPNI decorrente das parcelas incorporadas.

19.De mais a mais, importa trazer a lume a recente deliberação deste Plenário, prolatada na sessão de 28/05/2003 (Acórdão 582/2003), ao apreciar processo de Consulta formulada pelo Tribunal Superior Eleitoral acerca da matéria em apreço. Naquela oportunidade, o Tribunal, acolhendo o Voto do Ministro Augusto Sherman Cavalcanti, deliberou no seguinte sentido:

“9.2. informar à Entidade Consulente que:9.2.1. no período compreendido entre as publicações das Leis nºs 9.421/96 e 10.475/02, o servidor investido em

função comissionada poderia optar pelo recebimento do valor integral correspondente à função comissionada ou pelo recebimento do valor da remuneração de seu cargo efetivo, aí incluída a VPNI, adicionado de 70% do valor integral correspondente à função comissionada (art. 14, § 2º, c/c art. 15, § 2º, da citada Lei), não sendo possível acumular,

356

Page 357: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

portanto, o recebimento do valor integral correspondente à função comissionada com o valor da remuneração do cargo efetivo ou, isoladamente, da VPNI;

9.2.2. após a publicação da Lei nº 10.475/2002, o servidor investido em função comissionada ou nomeado para cargo em comissão pode optar pelo recebimento do valor integral da função ou cargo em comissão, constante dos anexos IV e V (art. 5º, caput, da citada Lei), ou pelo valor correspondente à remuneração do respectivo cargo efetivo, incluída a VPNI, adicionado dos valores constantes dos anexos VI e VII, correspondentes aos valores reduzidos dos cargos em comissão ou funções (art. 5º, §§ 1º e 2º, da citada Lei), não sendo possível, portanto, o recebimento do valor correspondente à remuneração do cargo efetivo, incluída a VPNI, ou mesmo essa isoladamente, cumulado com os valores integrais das funções ou cargos em comissão constantes dos citados anexos IV e V;

9.3. encaminhar cópia desta decisão aos Órgãos do Poder Judiciário jurisdicionados a esta Corte de Contas;9.4. determinar ao controle interno dos Órgãos referidos no item anterior que se manifestem expressamente, nas

próximas contas anuais, sobre a observância da orientação normativa contida nos itens 9.2.1 e 9.2.2. a partir da data da publicação deste Acórdão”.

20.Vê-se, portanto, que, mediante o mencionado decisum, este Plenário estabeleceu o seu entendimento sobre a matéria, revestindo-se a deliberação de caráter normativo, ex vi do art. 1o, § 2o, da Lei n. 8.443/1992, tendo sido oficiados todos Órgãos do Poder Judiciário jurisdicionados a esta Corte de Contas.

21.Nestas condições, entendo que cumpre conhecer da presente Representação, para, no mérito, considerá-la parcialmente procedente, determinando-se ao TRE/SE a adequação, se ainda não o fez, da sua Resolução n. 163/2000 ao entendimento expendido por esta Corte de Contas mediante o mencionado Acórdão 582/2003.

22.Quanto à devolução das importâncias, acompanho a opinião emitida pelo Ministério Público, por mostrar-se de acordo com a linha de deliberação deste colegiado em pelo menos quatro casos, no sentido de dispensar o recolhimento dos valores. Reproduzo aqui, a título de subsídio, os argumentos do Ministro Guilherme Palmeira, expostos no Voto condutor da Decisão n. 1.080/2001 – Plenário, nesse sentido:

“Quanto à devolução das importâncias já recebidas, entendo que dela se devam dispensar os servidores, eis que a interpretação de que se seria possível a acumulação da VPNI com o valor integral da Função Comissionada foi placitada, no PA n. 98.24.0046 (fls. 24/27), pelo Conselho da Justiça Federal, órgão incumbido da supervisão administrativa da Justiça Federal de 1ª e 2ª Instância (art. 105, parágrafo único, da Constituição Federal) e cujas decisões são de observância obrigatória pelos órgãos supervisionados, por força do parágrafo único do art. 5º da Lei n. 8.472/91. Impende notar que o próprio TST adotou essa exegese antes da decisão administrativa do STF de 17/03/99. Tenho conhecimento, outrossim, de que vários Tribunais Regionais do Trabalho permitiram administrativamente a acumulação proscrita. Não é demais lembrar que este Tribunal tem dispensado de reposição ao erário os servidores que, de boa-fé, percebem vantagens indevidas em decorrência de equivocada interpretação de lei por parte de autoridade administrativa competente (Decisão n. 101/96 – 2ª Câmara, Decisão n. 222/96 – 2ª Câmara, Decisão n. 463/2000 – Plenário, Decisão n. 891/2000 – Plenário, entre outras)”.

23.Por último, no tocante à proposta da Secex/SE acerca do cancelamento das palavras ou expressões desrespeitosas (subitem 14.2), entendo que o TCU deve determinar a supressão das três primeiras palavras constantes do início da 6ª linha do 2º parágrafo de fl. 131 – vol. principal.

Destarte, manifesto-me no sentido de que seja adotada a deliberação que ora submeto a este Colegiado.

T.C.U., Sala das Sessões, em 9 de julho de 2003.

MARCOS BEMQUERER COSTARelator

Proc. TC – 002.402/2001-4Representação

357

Page 358: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

Excelentíssimo Senhor Ministro-Relator.

Trata-se de Representação relativamente a irregularidades detectadas por Equipe de Auditoria junto ao Tribunal Regional Eleitoral do Estado de Sergipe – TRE/SE, do qual destacam-se: a) o pagamento de anuênios a servidores do órgão quando só lhes era legalmente autorizada a concessão de qüinqüênios; e b) a percepção cumulativa, por servidores investidos em função comissionada, da remuneração pela função e dos valores relativos ao cargo efetivos, além da VPNI.

A matéria sob exame constitui pontos relativamente pacíficos no âmbito deste Tribunal, que, em diversas oportunidades, já deliberou sobre a impossibilidade da percepção de referidas vantagens na forma como foram concedidas pelo órgão em epígrafe.

Contudo, sobressaem da Instrução dois aspectos adjacentes à questão principal, de cunho circunstancial e subjetivo, quais sejam, a possibilidade de dispensa do ressarcimento dos indébitos pelos servidores que deles se beneficiaram; e a necessidade de aplicação de multa aos responsáveis pela concessão de tais importâncias.

Com relação a tais aspectos, a Unidade Técnica pronuncia-se no sentido do ressarcimento dos valores, no que concerne aos servidores, e pela dispensa da multa, no que toca aos responsáveis.

Consigna o Sr. Analista da SECEX/SE ter sido a conduta dos responsáveis desprovida de vontade conquanto eivada de ilicitude, razão pela qual posiciona-se pela desobrigação dos mesmos.

De fato, também nos fora possível observar terem sido seus atos praticados com base em pareceres e decisões de outras esferas judiciárias, que também entendiam pela possibilidade da concessão das vantagens em tela, motivo pelo qual cremos possa ser dispensada a aplicação da sanção.

No que se refere ao ressarcimento dos indébitos percebidos pelos servidores daquele órgão, entendemos, diferentemente das conclusões da Unidade Técnica, que a Decisão nº 585/2000 – TCU não pode ser considerada marco temporal para fins da exigência de devolução dos valores em referência, haja vista tratar-se de decisão internamente adotada em processo administrativo, de baixo nível de divulgação externa, permitindo que subsistissem os motivos que permitiram a irregular concessão da vantagem em questão. Destarte, somos por que seja dispensada a devolução de ditas importâncias, caso não possa ser tomada por referência deliberação outra desta Corte de Contas dotada da devida publicidade que o caso exigia à época dos fatos.

Ante o exposto, este Representante do Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União manifesta-se da acordo com a proposta de mérito contida na Instrução, às fls. 281/283, à exceção do aspecto acima abordado, relativamente ao ressarcimento dos indébitos, sobre o qual sugerimos seja considerada a modificação ali alvitrada.

Ministério Público, em 15 de julho de 2002.

Lucas Rocha FurtadoProcurador-Geral

ACÓRDÃO Nº 873/2003 – TCU – Plenário

1. Processo n. TC 002.402/2001-4 (c/ 1 volume)2. Grupo: I, Classe de Assunto: VII – Representação formulada por Juiz do Trabalho.3. Interessada: Secretaria de Controle Externo no Estado de Sergipe – Secex/SE.4. Órgão: Tribunal Regional Eleitoral no Estado de Sergipe – TRE/SE.5. Relator: Auditor Marcos Bemquerer Costa.6. Representante do Ministério Público: Dr. Lucas Rocha Furtado.7. Unidade Técnica: Secex/SE.8. Advogado constituído nos autos: não há.

358

Page 359: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

9. Acórdão:VISTOS, relatados e discutidos estes autos da Representação formulada por equipe da Secretaria de Controle

Externo no Estado de Sergipe – Secex/SE, com fundamento no art. 246 do Regimento Interno/TCU, no curso da auditoria realizada no Tribunal Regional Eleitoral de Sergipe – TRE/SE, objetivando a fiscalização de atos sujeitos a registro, em razão da constatação de pagamentos supostamente irregulares, em desrespeito à lei e à jurisprudência deste Tribunal pertinentes ao assunto;

ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão Plenária, diante das razões expostas pelo Relator, em:

9.1 – com fundamento no art. 237, inciso III, do Regimento Interno/TCU, conhecer da presente Representação, para, no mérito, considerá-la parcialmente procedente;

9.2 – determinar ao Tribunal Regional Eleitoral de Sergipe – TRE/SE a adequação, se ainda não o fez, da Resolução n. 163/2000 ao entendimento expendido por esta Corte de Contas mediante o Acórdão 582/2003, no tocante ao pagamento cumulativo de integralidade da função comissionada com a globalidade dos valores referentes ao cargo efetivo e com a Vantagem Pessoal Nominalmente Identificada – VPNI a partir da vigência da Lei n. 9.527/97;

9.3 – determinar, com amparo no art. 131, I, do Regimento Interno, a supressão, na peça processual apresentada pelos responsáveis, das três primeiras palavras constantes do início da 6ª linha do 2º parágrafo de fl. 131 – vol. principal, por constituírem expressão desrespeitosa ao trabalho desenvolvido pela Secex/SE;

9.4 – encaminhar cópia desta Deliberação e do Acórdão 582/2003 – TCU – Plenário, bem assim dos Relatórios e das Propostas de Decisão que a fundamentam, à Advocacia-Geral da União como forma de subsidiar a defesa judicial da União nas ações de Mandado de Segurança n. 2000.33.00.008345-6 e n. 2000.33.00.008617-9, propostas na Seção Judiciária da Justiça Federal da Bahia, na ação de Mandado de Segurança n. 2000.81.00.12208-3, proposta na Seção Judiciária da Justiça Federal do Ceará e em todas as demais ações em que seja pleiteada a cumulação da remuneração do cargo efetivo com a remuneração integral da função comissionada e mais a VPNI decorrente das parcelas incorporadas;

9.5 – determinar o apensamento do presente processo às contas do Tribunal Regional Eleitoral de Sergipe relativas ao exercício de 2001, para exame conjunto e em confronto.

10. Ata nº 26/2003 – Plenário11. Data da Sessão: 9/7/2003 – Ordinária12. Especificação do quorum:12.1. Ministros presentes: Valmir Campelo (Presidente), Marcos Vinicios Vilaça, Iram Saraiva, Humberto

Guimarães Souto, Adylson Motta, Walton Alencar Rodrigues, Guilherme Palmeira, Benjamin Zymler e o Ministro-Substituto Lincoln Magalhães da Rocha.

12.2. Auditores presentes: Augusto Sherman Cavalcanti e Marcos Bemquerer Costa (Relator).

VALMIR CAMPELOPresidente

MARCOS BEMQUERER COSTARelator

Fui presente:

PAULO SOARES BUGARINProcurador-Geral, em substituição

359

Page 360: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

GRUPO I - CLASSE VII - PlenárioTC 011.038/2003-0 - SigilosoNatureza: AdministrativoEntidade: Universidade Federal de Santa Maria - RSInteressadas: Secretaria de Controle Externo no Estado do Rio Grande do Sul – Secex/RS e Secretaria Adjunta de

Fiscalização - AdfisAdvogado constituído nos autos: não há

Sumário: Solicitação de cancelamento de auditoria do Plano de Fiscalização para o 1º Semestre de 2003, em razão da interposição de recurso, com efeito suspensivo, contra a deliberação do Tribunal que determinou a realização da auditoria. Cancelamento. Arquivamento.

RELATÓRIO E VOTO

Trata-se de solicitação de cancelamento de auditoria na Universidade Federal de Santa Maria – RS incluída no Plano de Fiscalização do 1º Semestre de 2003, sob o registro Fiscalis nº 74/2003.

A auditoria havia sido programada em função da necessidade de se fazer o monitoramento das determinações contidas na Decisão nº 1.140/2002 - Plenário (Ata nº 32).

Tendo em vista a interposição de pedido de reexame, com efeito suspensivo, contra a mencionada deliberação, a Secex/RS solicita, com o aval da Adfis, o cancelamento da fiscalização, informando já ter incluído o referido trabalho no Plano referente ao 2º semestre/2003.

Ante as razões expostas pela Secex/RS, com a concordância da Adfis, manifesto-me de acordo com as unidades técnicas e Voto por que o Tribunal adote o Acórdão que ora submeto à apreciação do Plenário.

Sala das Sessões Ministro Luciano Brandão Alves de Souza, em 09 de julho de 2003.

GUILHERME PALMEIRAMinistro-Relator

ACÓRDÃO Nº 874/2003 - TCU - Plenário

1. Processo TC 011.038/2003-0 - Sigiloso2. Grupo I; Classe de Assunto VII – Administrativo3. Entidade: Universidade Federal de Santa Maria - RS4. Interessadas: Secretaria de Controle Externo no Estado do Rio Grande do Sul - Secex/RS e Secretaria Adjunta

de Fiscalização - Adfis5. Relator: Ministro Guilherme Palmeira6. Representante do Ministério Público: não atuou7. Unidades Técnicas: Secex/RS e Adfis8. Advogado constituído nos autos: não há

9. Acórdão:VISTOS, relatados e discutidos estes autos de processo administrativo por meio do qual se solicita cancelamento

de auditoria prevista para o 1º semestre de 2003.ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão do Plenário, em:9.1. cancelar a auditoria registrada no sistema Fiscalis sob o nº 74/2003 do Plano de Fiscalização referente ao 1º

Semestre de 2003, que seria realizada na Universidade Federal de Santa Maria - RS;9.2. remeter o processo à Adfis, para as providências administrativas a seu cargo, arquivando-o em seguida.

360

Page 361: GRUPO I – CLASSE III – PLENÁRIO - Cidadão | … · Web viewCorroborando essa linha de raciocínio, colaciono o seguinte trecho do bem lançado Voto Complementar proferido pelo

10. Ata nº 24/2003 – Plenário11. Data da Sessão: 9/7/2003 – Extraordinária de Caráter Reservado12. Especificação do quorum:12.1. Ministros presentes: Valmir Campelo (Presidente), Humberto Guimarães Souto, Adylson Motta, Walton

Alencar Rodrigues, Guilherme Palmeira (Relator), Benjamin Zymler e o Ministro-Substituto Lincoln Magalhães da Rocha

12.2. Auditores presentes: Augusto Sherman Cavalcanti e Marcos Bemquerer Costa.

VALMIR CAMPELOPresidente

GUILHERME PALMEIRAMinistro-Relator

Fui presente:

PAULO SOARES BUGARINProcurador-Geral, em substituição

361