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GRUPO TCHÊ QUÍMICA Polímeros - Poliuretanas Porto Alegre, RS www.tchequimica.com Versão 1.1

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GRUPO TCHÊ QUÍMICA

Polímeros - Poliuretanas

Porto Alegre, RS www.tchequimica.com

Versão 1.1

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Sumário

Introdução.................................................................. 03 Fundamentação teórica.............................................. 06 Aplicações.................................................................. 08 Pesquisas recentes.................................................... 09 Estrutura – propriedades............................................

- Estrutura molecular 12

Síntese e caracterização............................................ - Preparação de isocianatos - Síntese de polióis e as poliaminas

15

Reação dos isocianatos com álcoois e aminas......... 17 Reação dos isocianatos com água e ac.carboxílicos 18 Métodos sintéticos......................................................

- Técnicas one-shot and two-shot - Solvente-carregados, water-borne, e

formulações sólidas de 100% - Sistemas um-e-dois- componentes

19

Técnicas analíticas e testes físicos............................ - Análise Composicional - Análise Térmica

22

Propriedades Mecânicas............................................ 23 Referências Bibliográficas.......................................... 24

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INTRODUÇÃO

Uma uretana (também chamada de carbamato) é um composto que tem um

grupo éster e um grupo amida ligados ao mesmo carbono. Uretanas podem ser

preparadas através do tratamento de um isocianato com um álcool.

RN C O ROH

O

RNH C OR+

isocianato álcool uretana

Poliuretanas são polímeros que contêm grupos uretanas. Uma das

poliuretanas mais comuns é preparada pela polimerização do tolueno-2,6-

diisocianato e etilenoglicol segundo a reação abaixo:

O C

CH3

OCN N HOCH2CH

2OH

C

O

NH NH

CH3

C

O

OCH2CH

2O C

O

NH NH

CH3

C

O

OCH2CH

2O

tolueno-2,6-diisocianato

+

etilenoglicol

n

poliuretana

Um dos usos mais importantes das poliuretanas está na fabricação com

propriedades elásticas como, por exemplo, a Lycra. Estes materiais são blocos de

copolímeros nos quais alguns dos segmentos poliméricos são poliuretanas,

poliésteres e poliamidas. Os blocos de poliuretanas são macios, segmentos

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amorfos que tornam-se cristalinos e apresentam baixo ponto de fusão, quando

comparados ao nylon, por exemplo.

O isocianato básico através dos quais as poliuretanas são formadas, foi

descoberto na Alemanha por volta da metade do século XVIII. Os trabalhos

naquele país continuaram no decorrer do século XIX, bem como no século XX

antes de os cientistas deste país estarem à parte da existência de possibilidades

para este intermediário químico. Há uma longa lista de artigos, textos técnicos e

patentes que retratam as rotas utilizadas por estes cientistas na produção de

isocianatos. Pequenas notícias encontradas neste país para estes

desenvolvimentos antes de 1940, quando um pequeno grupo de cientistas

enxergaram uma possibilidade comercial deste material. Embora muitos dos

detalhes não sejam totalmente claros ainda nos dias de hoje, provavelmente muito

do desenvolvimento significativo foi descoberto enquanto investigações estavam

tentando chegar em torno de alguma outra patente. Comercialmente, o

desenvolvimento de poliuretanas coincide de perto com o desenvolvimento dos

primeiros nylons. Muitas das grandes companhias estavam ocupadas tentando

achar caminhos para chegar perto da primeira patente do nylon, então aqui

provavelmente surge a primeira explicação para a primeira descoberta significante

comercial em poliuretanas.

As poliuretanas que a gente conhece hoje em dia formam uma variedade

muito grande de polímeros contendo um grupo diisocianato. A estrutura destes

polímeros mostra a repetição dos grupos uretana independente de quaisquer

outros grupos que apareçam na estrutura.

A grande de polímeros está relacionada com a grande variedade de outros

grupos que podem aparecer ao longo com grupos uretanas na estrutura. Estes

grupos adicionais causam propriedades finais completamente diferentes no

polímero. Outros grupos que podem aparecer na estrutura são éster, éter,

aromáticos, amina, etc, dentre os quais, é claro, grupos de hidrocarbonetos. A

maneira em que estes grupos são postos juntos e estão reunidos irá determinar as

diferentes propriedades físicas dos polímeros. Todos estes polímeros são,

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portanto, agrupados juntos sobre o nome de poliuretanas, independente de o

quanto se parecem um com o outro, simplesmente devido ao grupo comum

uretana. O próprio produto final é geralmente chamado de uretana na indústria,

independente de parecer com um elastômero, uma espuma, etc. Esta forma

simplifica enormemente a classificação genérica, tendo em vista que possa ser

muito difícil classificar corretamente os polímeros contendo muitos e derivados

grupos. Outras classificações podem ser adotadas para estes polímeros, como

policarbamatos, por exemplo, mas um número elevado de classificações só

dificultaria a classificação de um polímero já complicado de nomear. A evolução

comercial destes e outros polímeros tem tido um enorme auxílio do uso da

espectrometria de infravermelho na identificação da estrutura final destes

polímeros como eles são desenvolvidos e pelo uso de cromatografia gás-gel na

determinação da estruturas completamente polimerizadas.

Na Europa, companhias como a Bayer se empenharam muito no

desenvolvimento e pesquisa destes polímeros. Hoje em dia, existem em torno de

10 grandes empresas engajadas na produção de diisocianatos básicos e outras 50

empresas produzindo uma grande variedade de materiais os quais reagem com o

diisocianato. Alguns destes produtos servem meramente como etapa intermediária

na cadeia, e através deles são finalmente produzidos os produtos finais, como

pneus, espumas, sapatos, dentre outros.

O desenvolvimento das uretanas foi muito intermitente até 1950, mas a

partir daí o progresso nesse material passou a crescer a cada ano. O grande

progresso tem sido notado durante os últimos três anos, tendo em vista que as

indústrias “descobriram” grandes possibilidades rentáveis com esse grupo de

polímeros. Trata-se de um material com custo moderado e com uma variedade de

aplicações muito grande, dependendo apenas da imaginação do pesquisador.

Provavelmente nenhum outro polímero ou grupo de polímeros possa ser usado

em uma variedade de aplicações tão grande.

Com a última tecnologia das uretanas disponível hoje em dia, é possível

utilizar estes polímeros em aplicações e produtos nunca antes especulados.

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Fundamentação Teórica

As poliuretanas são uma classe de polímeros muito versáteis. Uma ampla

variedade de materiais aliados a técnicas sintéticas adequadas permite à química

da poliuretana produzir materiais úteis a muitas aplicações. As poliuretanas,

mesmo apresentando limitações, é certo que nenhuma outra classe polímeros

pode combinar sua versatilidade, utilidade, e desempenho coletivos.

Os polímeros da uretana são formados pela reação dos poliisocianatos e

dos polióis que formam a ligação química da uretana. Embora muitas poliuretanas

contenham grupos da uretana e uréia, e conseqüentemente seriam mais

corretamente denominados uréias da poliuretana, é comum designar tais

polímeros sob o termo geral de poliuretanas. O poliól e ou a poliamina nestes

polímeros compreende, na maioria das vezes, a maior parte da massa do

componente, então os termos poliuretana, poliuretana/ uréia, e poliuréia referem-

se a ligação do grupo químico e não a toda a cadeia polimérica. Entretanto, são

os grupos funcionais da uretana e da uréia que são os responsáveis pelas

propriedades físicas mais importantes.

A história das poliuretanas iniciou com o Otto Bayer em 1937 na Alemanha,

I. G. Farben-industrie (companhia do predecessora da Bayer AG). Neste ano

ocorreu a divulgação da primeira polimerização de adição do diisocianato para

formar as poliuretanas e a poliuréias. A motivação principal para este trabalho foi o

sucesso de Wallace Carothers em Du Pont em preparar poliamidas e poliésteres.

A Bayer estava tentando encontrar uma rota para obter materiais similares sem

infringir as patentes da Du Pont. Bayer utilizou as reações da adição conhecidas

do grupo isocianato com álcoois e aminas para formar macromoléculas dos

diisocianatos e dióis ou diaminas. Isto levou à preparação das poliuréias da

diamina do hexametileno e do diisocianato do hexametileno (HDI), mas esses

polímeros eram intratáveis e comprovadamente não poderiam ser utilizados para a

preparação de fibras ou dos termoplásticos. Entretanto, a reação de HDI com

glicóis, tais como 1,4 – butanodio,l conduziram a poliuretanas as quais encontrou-

se aplicações limitadas sob os names Perlon U para fibras, e Igamid U para

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termoplásticos. Durante a década de 1940, uma linha de produtos novos foi

produzida em I. G. Farben, incluindo poliisocianatos sob o nome Desmodur e

polióis do poliéster sob o nome de Desmophen. Vários produtos como adesivos,

espumas rígidas, elastômeros e revestimentos também foram projetados e

testados em uma escala experimental mas não foram comercializados.

Outras companhias da Inglaterra e dos Estados Unidos desenvolveram

rapidamente produtos da uretana. Du Pont, já em 1939, possuía patentes na área

de elastômeros e adesivos. ICI trabalhou nesta área, iniciando em 1941 o projeto

de adesivos, elastômeros e revestimentos. O diisocianato do tolueno (TDI)

rapidamente transformou-se no isocianato mais comum, especialmente para

preparar espumas flexíveis, a qual transformar-se-ia na maior aplicação da

uretana. A rota mais importante da produção dos isocianatos era e continua sendo

a fosgenação direta de aminas primárias. Até 1950, as poliuretanas eram

materiais caros para aplicações de alta performance. Nessa época, a produção

comercial em grande escala de espuma flexível ocorria com Bayer AG que

fornecia os materiais brutos e Hennecke AG o equipamento para o

processamento. Estas espumas eram produzidas usando TDI e polióis do

poliéster, e utilizadas como espuma para assentos, colchões, e indústrias de

tapete.

Seguindo o grande sucesso das espumas flexíveis da uretana uma grande

variedade de isocianatos e polióis se tornou disponível a preços razoáveis e as

poliuretanas ganharam maior atenção. Com o advento de reagentes de alta

funcionalidade (tais como poliéteres e MDl "polimérico"), o interesse nas

aplicações da espuma rígida cresceu, especialmente espuma rígida para isolação.

Uma descoberta importante foi a conversão da água aos clorofluorocarbonos

(CFCs, tal como CCl3F e CCl2F2) como agentes “blowing” na espuma de isolação.

Os clorofluorocarbonos melhoraram o processamento, a performance da espuma

e reduziram os custos. Foram usados extensivamente até que o Protocolo de

Montreal de 1987 e o Ato do Ar Limpo de 1990 levaram ao desenvolvimento de

sistemas da espuma não baseada nos CFCs. Atualmente, a espuma da uretana é

preparada usando os hidroclorofluorocarbonos (HCFCs), hidrofluorocarbonos

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(HFCs), e hidrocarbonetos, ou água como agentes “blowing”. Outro

desenvolvimento importante foi a descoberta da espuma para isolação a partir da

trimerização do isocianatos. Os elastômeros foram os primeiros materiais da

uretana a serem desenvolvidos. Na Bayer, uma linha da borracha da uretana foi

desenvolvida por volta de 1940 sob o de Vulkollan.

Por volta de 1950, a B. F. Goodrich foi a primeiro a produzir

comercialmente, com sucesso, as poliuretanas termoplásticas (TPUs) com sua

linha de produto de Estane VC. Estes TPUs, em relação aos produzidos

anteriormente, não necessitavam de pós-cura. Estes produtos podiam ser

processados por métodos termoplásticos convencionais, tais como a extrusão e

injeção. Atualmente, as TPUs são muito bem sucedidas e são usadas numa ampla

variedade de aplicações, incluindo produtos automotivos, equipamentos para

esportes, revestimento de ferramentas. Os revestimentos da poliuretana provaram

ser apropriados para uma ampla variedade de substratos tais como o metal,

madeira, etc. e para aplicações automotivas, construção e pavimentação.

Aplicações

A produção de espuma é a maior área de aplicação da poliuretana (PU) e

representa cerca de 80% das vendas (por peso) no mundo. O termo espuma inclui

uma ampla variedade de materiais e propriedades físicas, mas há três categorias

gerais: rígida, semi-rígida, e flexível. Espumas rígidas são materiais não

resistentes a elevada da força compressiva, usados principalmente para isolação

e a sustentação estrutural. Podem ter condutividade térmica baixa quando

projetados e processados corretamente. Por exemplo, os refrigeradores são feitos

usando-se espuma rígida da PU que fornece isolação e sustentação estrutural.

Outras aplicações incluem a espuma para isolação de casas e edifícios. A espuma

flexível é usada em aplicações onde se exige elevado grau de elasticidade.

Essencialmente todo o assento de espuma é baseado em uretana flexível,

incluindo o mercado de móveis e automotivo.

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A espuma semi-rígida está entre a espuma rígida e flexível no que se refere

a elasticidade, absorção de energia e força de compressão, sendo assim usada

em aplicações onde se requer esta combinação. Um exemplo é o estofamento

para painéis e volantes automotivos, onde a flexibilidade e a absorção de energia

oferecem um grau de proteção aos ocupantes. As poliuretanas podem produzir

ainda adesivos, selantes, etc. excelentes. São bem sucedidas nestas áreas devido

a sua flexibilidade em relação às propriedades físicas, técnicas de aplicação e sua

habilidade em aderir fortemente a uma variedade de substratos.

As poliuretanas termoplásticas podem ser empregadas onde quer que os

termoplásticos sejam usados, utilizando o mesmo equipamento de

processamento. TPUs são polímeros de alto peso molecular, lineares ou

levemente crosslinked, mas diferem da maioria dos outros termoplásticos porque

têm a vantagem da ligação de hidrogênio. Os gels da uretana e os elastômeros do

ultramacios são um desenvolvimento mais recente. São preparados primeiramente

reagindo-se polióis de alto peso molecular do poliéter com o isocianato (como

reagente limitante). Estes elastômeros de baixa-dureza são usados em aplicações

de assento tais como assentos de bicicleta, reforços em sapatos, e dispositivos

ortopédicos.

Pesquisas recentes

Hidroclorofluorocarbonos, HFCs, e hidrocarbonetos (HCs) atualmente são

os agentes “blowing” utilizados. A escolha do agente “blowing” a ser usado

depende de muitos fatores, como custo, desempenho, regulamentos locais e

nacionais, etc. A água é útil em muitas aplicações como um agente “blowing”

químico (reage com isocianato formando CO2). Entretanto, para a produção de

espuma rígida para isolação, a água não é preferencialmente usada devido à

condutividade térmica e a permeabilidade relativamente elevadas do dióxido de

carbono. Hidrocarbonetos, incluindo isômeros do pentano e do butano, são os

melhores agentes “blowing” para espuma de isolação, pois oferecem pontos de

ebulição apropriados, características de solubilidade, permeação baixa,

condutividade térmica baixa comparada ao CO2 e baixo custo. O grande problema

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é a alta inflamabilidade, assim a necessidade para equipamentos e instalações

antiexplosão em grande escala de fabricação - para não mencionar formulações,

técnicas, e novos produtos - pode fazer os custos da conversão da planta serem

muito elevados.

O dióxido de carbono líquido (CO2 supercrítico) é de grande interesse como

um agente “blowing” físico, e seu uso está aumentando lentamente enquanto os

obstáculos técnicos são superados. Por volta de 1990, descobriram-se

determinados isocianatos que poderiam ser dispersados em água e serem

reagidos, preferencialmente, com os polióis in situ usando condições apropriadas

de catálise e de reação. Neste caso, a água serve somente como um portador e

um redutor de viscosidade, permitindo ao isocianato - mistura reacional do poliól a

ser aplicada convenientemente a um substrato - evaporar-se para deixar o produto

curado. Esta metodologia é apropriada para aplicações onde a uretana é aplicada

na seção transversal fina, permitindo evaporação rápida da água; caso contrário, a

água pode dar forma a bolhas, especialmente se estiver em quantidade suficiente

para reagir com o isocianato. Isto levou a uma nova tecnologia, “two-component”,

de revestimentos waterborne da poliuretana, de adesivos, e de pastas. O uso de

dispersões de poliuretana em água (PUDs) “one-component”, aumentou muito na

última década.

As aplicações médicas para poliuretanas, especialmente termoplásticos e

elastômeros, são outra área de interesse intensivo atual. As uretanas podem ser

biocompatíveis e apropriadas para aplicações em que haja contato com o sangue,

como, por exemplo, em próteses, luvas, moldes do membro, etc. As poliuretanas

podem ser projetada para serem bioduráveis, biocompatíveis, hemocompatíveis, e

de modo que não traga nenhuma rejeição por parte dos órgãos e tecidos do corpo

humano. Historicamente, o principal problema com elastômeros implantados da

uretana foi o desenvolvimento de fissuras e rachaduras de superfície. Este “rachar

do stress” é causado por reações bioquímicas na superfície e pode causar a perda

das propriedades mecânicas e facilitar a coagulação do sangue. Outros problemas

com as poliuretanas implantadas são a calcificação e a hidrólise. A probabilidade

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para a calcificação depende da uretana específica usada, mas pode ser atenuada

usando tratamentos de superfície. A hidrólise deve-se, em grande parte, ao poliol

usado. Em algumas situações, isto pode ser desejável, como para os cateteres,

onde a peça é “dura” para a inserção, mas amacia mais tarde para o conforto do

paciente. As melhorias recentes foram feitas utilizando como alternativa polióis

mais robustos em vez dos poliéteres tradicionais e poliésteres. Outra ramo de

atividade recente é o desenvolvimento de hidrogels da uretana para bandagens.

Estes gels são baseados em polióis hidrofílicos do óxido do poli(etileno) e podem

ser hidratados e inchados com água. São usadas para limpeza de feridas, feridas

crônicas que não cicatrizam, como úlceras e escara (causada por longa

permanência na cama). Sua vantagem principal é que mantém a ferida úmida.

Facilitam também a cicatrização sendo completamente permeáveis ao oxigênio.

A reciclagem de materiais da uretana foi uma ação importante na última

década. Isto ocorreu em conseqüência da crescente pressão para reciclagem em

geral ou ao menos para demonstrar a reciclabilidade dos produtos. Um exemplo é

o setor automotivo onde freqüentemente é necessário que os fornecedores

forneçam evidência que seus materiais possam se reciclados. As poliuretanas

podem ser recicladas por mais métodos do que qualquer outro polímero, embora

isto seja parcialmente devido à grande variedade de tipos de produtos que podem

ser produzidos. Há três categorias básicas para reciclagem da poliuretana:

reciclagem mecânica, reciclagem química, e por incineração. Reciclagem

mecânica é o método mais antigo para reutilização das uretanas. A reciclagem

química envolve a degradação da uretana em “feedstocks” novos da poliuretana

(tais como polióis e poliaminas) ou gases e óleos para o uso na produção de

energia ou na produção de produtos químicos. Há diversos métodos de

reciclagem como a glicólise, hidrólise, hidrogenação e pirólise. Existem vantagens

e desvantagens para cada um. Muitos destes métodos requerem alta temperatura

e pressão (pirólise e hidrogenação) e não operam eficientemente. A rota de

reciclagem química mais adequada é a glicólise, onde a sucata granulada da

uretana é aquecida na presença de um glicol a aproximadamente 200ºC. A

terceira categoria de reciclagem da poliuretana é recuperação a geração de

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energia (incineração), onde a sucata é queimada a energia gerada com a queima

é utilizada.

Estrutura – propriedades

A compreensão profunda das estruturas relacionadas às propriedades são,

talvez, o maior interesse para a formulação da uretana. Os objetivos de projetos

materiais freqüentemente vão além das exigências de propriedades físicas e

podem incluir também considerações de processamento como, por exemplo, as

características de compatibilidade, reatividade, viscosidade, lustro da superfície,

facilidade de misturar, aparência, transparência, cor, estabilidade, e custo. Um

produto da uretana pode ser constituído por muitos componentes e isocianatos,

polióis, extensores de cadeia, catalisadores e outros aditivos, devendo cada ser

um ser selecionado com cuidado.

Estrutura molecular

Há diversas maneiras para classificar os isocianatos, mas a mais

amplamente usada é em aromático e alifático. Primeiramente, sua aromaticidade

causa aos materiais baseados nestes a capacidade de absorver radiação

ultravioleta (UV). Isto provoca reações oxidativas laterais numerosas,

especialmente na presença de oxigênio e água atmosféricos. Estas reações da

oxidação conferem alterações de cor e/ou descoloração, dependendo da extensão

da reação. A descoloração é indesejável na maioria de aplicações, tais como em

espumas e elastômeros, mas geralmente não afeta as propriedades físicas, a

menos que a extensão da oxidação for muito extensa. Em aplicações de

revestimento, esta sensibilidade à luz é crítica e pode causar não somente a

descoloração, mas também a perda do lustro de superfície e muitos outros

problemas. A sensibilidade à luz é mais importante em revestimentos e aplicações

"de seção transversal" finas, pois a radiação UV pode penetrar numa porcentagem

maior da espessura dos materiais, afetando não somente a superfície, mas a

maior parte das propriedades do material, causando rachaduras e

descascamentos. É importante notar que, embora as uretanas alifáticas sejam

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muito menos sensíveis à luz do que as formulações aromáticas são ainda

suscetíveis à degradação UV-induzida.

A segunda característica dos isocianatos aromáticos é que são muito mais

reativos do que os alifáticos devido a deslocalização dos elétrons no anel

aromático. Com poucas exceções, o isocianato alifático é mais caro e muito

menos reativo sendo usados somente em situações como em revestimentos,

películas e outros materiais que não serão expostos à luz (especialmente luz

solar). A funcionalidade do Isocianato e a estrutura do isômero influenciam

também as propriedades físicas e a reatividade. A funcionalidade do isocianato

desempenha também um papel importante no projeto da formulação, ou seja,

contribuem para um “crosslinking”, conduzindo, por exemplo, a uma dureza,

rigidez, e resistência mais elevadas. Naturalmente, demasiado “crosslinking” pode

ser prejudicial. Há situações em que a combinação de isocianatos como, por

exemplo, quando MDI ou TDI são reagidos com polióis difuncionais de alto peso

molecular, forma prepolímeros usados para moldar o elastômero pelo método do

prepolímero. Devido a seu peso molecular, os prepolímeros podem ser de uma

viscosidade muito mais elevada do que os isocianatos iniciais, e alguns são

sólidos a temperatura ambiente. Os prepolímeros requerem, freqüentemente, altas

temperaturas de processamento (80 - 100ºC) para liquidificar e ou reduzir a

viscosidade, assim produtos preparados através desta técnica são conhecidos

também como método de prepolímero hot-cast.

Outro componente importante na composição da uretana é o poliól. Este

produto traz muitas contribuições ao polímero final, incluindo flexibilidade, maciez,

propriedades a baixa temperatura, e características de processamento. Os polióis

mais comumente usados para preparar uretanas são os preparados a partir de

poliéteres feitos do óxido do etileno (EO), óxido de propileno (PO) e o

tetrahidrofurano referentes as os éteres C2, C3, e C4, respectivamente. Os polióis

do poliéter são predominantes nas uretanas, pois estão disponíveis em ampla

escala de peso molecular, viscosidade, funcionalidade, e composição. Os

poliéteres podem ter as temperaturas de transição vítrea (Tg) muito baixas devido

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Grupo Tchê Química 14

à cadeia etérica flexível, e isto beneficia as propriedades e a flexibilidade à baixa

temperatura da uretana resultante. São também mais baratos do que outros tipos

de poliól. Os polióis do éter C3 são comuns, pois são menos

hidrofílicos/higroscópicos do que os éteres C2. Os polióis C3 conferem também

propriedades físicas boas e são usados geralmente em quase todas as áreas da

tecnologia da uretana. Entretanto, quando desempenho dinâmico maior é

necessário, o polióxido tetrametileno, (poliéteres C4) são empregados

freqüentemente. Embora os éteres C4 tendam a ser mais caros, contribuem à

separação da fase e ao melhor desenvolvimento da morfologia do polímero, onde

custos mais elevado são tolerados. Os poliéteres C3 e C4 são conhecidos pela sua

resistência a solventes, a álcalis e estabilidade hidrolítica. Entretanto, são

relativamente sensíveis à radiação UV e não são a melhor escolha para

aplicações expostas ao ar ambiente.

Os poliésteres são uma outra classe importante dos polióis. Existem muitos

tipos de poliésteres. São baseados no ácido adípico e etilenoglicol (adipatos do

etileno) ou butanodiol 1.4- (adipatos do butileno). Os poliésteres, devido aos

grupos polares carbonila, contribuem para aumentar às forças intermoleculares e

propriedades físicas como a resistência ao impacto. São utilizados também pela

sua estabilidade frente ao solvente, resistência a ácidos e estabilidade à luz. A

estabilidade hidrolítica relativamente baixa é uma de suas desvantagens, e é

degradável em álcalis. Os poliésteres tendem a ser mais caros do que os éteres

C3 e C2, principalmente devido aos custos mais elevados do material bruto. Os

polióis acrílicos são usados geralmente em formulações de revestimentos. São

feitos dos monômeros acrílicos do acrilato, juntamente com o estireno como

modificador de tg (e porque são mais baratos).

A composição e a estrutura dos materiais brutos apresentados aqui

compreendem somente a parte da configuração molecular de polímeros do

uretana. O poliól dá forma ao segmento denominado macio da cadeia, enquanto o

isocianato e o extensor da cadeia dão forma ao segmento rígido.

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Grupo Tchê Química 15

Na técnica one-shot, o isocianato, o extensor de cadeia, polióis e os aditivos

são todos misturados ao mesmo tempo e o material é derramado no molde (ou

processado de outra maneira). O isocianato está, conseqüentemente, livre para

reagir com qualquer outro composto do sistema. As diversas moléculas na

formulação, tal como polióis e extensores de cadeia, têm reatividades diferentes e

algumas podem reagir preferencialmente com o isocianato.

O método do prepolímero envolve uma seqüência diferente de reações.

Primeiramente, um diisocianato reage com um diól de alto peso molecular para

formar um prepolímero com baixa concentração da terminação NCO. O

prepolímero reage então com um extensor de cadeia para produzir o polímero

final. O prepolímero é sintetizado numa reação separada antes de formar o

polímero final, este método é denominado two-shot.

Na da extensão da cadeia, os grupos restantes do NCO são reagidos,

criando segmentos duros uniformes de um extensor de cadeia e duas unidades de

isocianato. Isto, por sua vez, tende a resultar em blocos duros de tamanho

relativamente pequeno e uniforme. Comparado ao método one-shot, os

segmentos duros são relativamente curtos e numerosos. Esta regularidade

molecular resulta nos materiais em propriedades físicas melhores. Usando os

mesmos reagentes, nas mesmas razões molares, materiais diferentes podem ser

sintetizados através destas técnicas. Sabe-se que elastômeros baseados em

prepolímeros, fibras, e termoplásticos apresentam excelentes propriedades

dinâmicas, resistência ao corte, etc.

Síntese e Caracterização

Preparação de isocianatos

Isocianatos são preparados em grande escala por fosgenação direta de

aminas primárias. Neste processo, a amina (como, por exemplo, diamina do

tolueno, TDA) é dissolvida num solvente adequado e então tratada com fosgênio

em excesso. Esta reação exotérmica produz uma pasta parcialmente solúvel de

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cloreto carbamil, sendo chamada fosgenação fria, pois não é necessário

aquecimento para que a mesma ocorra. Na segunda etapa, chamada de

fosgenação à quente, a mistura reacional é aquecida, decompondo o cloreto

carbamil e o sal da amina para gerar o isocianato e amina livre. Um grande

excesso de fosgênio é necessário para minimizar a formação de produtos

secundários da uréia. O solvente, o fosgênio, e o produto da primeira etapa são

todos recolhidos e reciclados. Há diversas outras rotas sintéticas para isocianatos,

algumas destas sem usar fosgênio.

Síntese de polióis e as poliaminas

Os polióis e as poliaminas são os co-reagentes mais importantes para

isocianatos. Como mencionado anteriormente, as duas classes mais comuns de

polióis usados na preparação das uretanas são os poliéteres e os poliésteres.

Os polióis do poliéter são sintetizados através da polimerização de abertura

do anel dos óxidos de etileno e propileno. Devido a sua higroscopicidade, os

polióis baseados em etileno (éteres C2) são raramente usados. Óxido do propileno

(éteres C3) são mais comuns, devido à baixa reatividade de suas hidroxilas

secundárias. Os grupos finais primários resultantes (OH) são mais reativos para

os isocianatos, reduzindo a quantidade de catalisadores.

O iniciador da polimerização é gerado pela neutralização parcial do KOH

com o produto de partida (glicerina ou propilenoglicol), a funcionalidade do OH

determina a funcionalidade do produto final. O óxido do propileno é oligomerizado

primeiramente, seguido pelo óxido do etileno. Re-acidificação seguida por filtração

e secagem dá o produto final. Os pesos moleculares para polióis convencionais

variam de aproximadamente 6000 g/mol. Nesta rota sintética tradicional, uma

reação secundária comum é terminação cadeia através da abstração do próton.

Isto limita o aumento do peso molecular, aumenta o polidispersão e gera os alil

alcóxidos que iniciam a polimerização para produzir oligômeros monóis com

grupos finais insaturados. Isto é muito importante para dióis de alto peso

moleculares usados em elastômeros porque as espécies resultantes do monol

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agem como os terminadores da polimerização e podem impedir propriedades

físicas finais. Além disso, grupos funcionais com dupla-ligação podem submeter-

se a reações indesejadas, como a degradação por ozonólise e fotodecomposição.

Isto conduziu ao desenvolvimento de novos sistemas catalíticos e tecnologias de

processamento para a produção de “ultralow-monol” polióis do poliéter.

Polióis do polióxido de tetrametileno é uma classe especial de poliéteres

sintetizados através da abertura do anel do tetrahidrofurano via catálise ácida.

Embora menos suscetível a reações secundárias, a síntese destes éteres C4 é

menos flexível em termos de composição e estrutura do produto. Devido a esta

rota sintética, somente os glicóis bi-funcionais estão disponíveis e os copolímeros

não estão prontamente disponíveis. Os pesos moleculares dos glicóis C4

comerciais variam até aproximadamente 3000 g/mol.

Polióis do poliéster são preparados pela polimerização da condensação de

ácidos carboxílicos e dióis. Um excesso do diol assegura a formação do produto

funcional OH, minimizando a possibilidade de grupos residuais ácidos que reagem

com os isocianatos para gerar o CO2 e agir como inibidores em reações

catalisadas da uretana. Os reagentes são aquecidos a 200 - 230ºC sob vácuo

para remover o produto da água e terminar a reação. Os co-reagentes mais

comuns incluem ácido adípico, anidrido ftálico, etilenoglicol, butilenoglicol e

hexanoglicol. A alta funcionalidade é conseguida adicionando-se um álcool

polifuncional, tal como o propano trimetiol (TMP).

Reação dos isocianatos com álcoois e aminas

As reações mais importantes do isocianato são aquelas com hidroxil e

compostos que contenham amina para formar uretanas e uréias, respectivamente.

A reatividade diminui para álcoois primários, secundários e terciários, nessa

ordem, devido ao aumento do volume estérico. Os catalisadores e/ou as

temperaturas elevadas são geralmente requeridas para completar as reações de

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NCO-OH. Os catalisadores mais comuns são ácidos e bases de Lewis, em

especial compostos Sn+4 e Sn+2, e aminas terciárias.

Aminas primárias e secundárias reagem com isocianatos sem a

necessidade de adição de catalisador, devido a sua nucleofilicidade inerente. Com

compostos hidroxil, as aminas aromáticas são mais lentas do que as alifáticas

devido a deslocalização dos elétrons. Grupos de elétrons-retirantes nas posições

orto ou para na amina aromática reduzem a nucleofilicidade. As aminas primárias

são geralmente mais reativas do que aminas secundárias. Isto permite um elevado

grau de controle sobre a reatividade das aminas com isocianatos e podem ser

utilizadas para projetar formulações com características de processamento

específicas.

Reação de isocianatos com água e ácidos carboxílicos

Isocianatos reagem com água para formar a correspondente amina primária

e dióxido de carbono. A amina formada reagirá com todo o isocianato disponível

para formar uma ligação da uréia. Esta reação pode ter muitas finalidades. Um

exemplo é o uso da água como agente blowing nas formulações para produzir

espuma. Tal agente blowing para espuma está transformando-se no mais comum

devido à pressão crescente em reduzir o uso de agentes blowing halogenados

tradicionais. A água está sendo usada freqüentemente como um agente co-

blowing na preparação de espuma flexível devido ao fato dos grupos da uréia

gerados ajudarem a aumentar a dureza do produto. De outro modo, esta reação

pode ser um inconveniente, como em elastômeros e revestimentos, onde as

bolhas do CO2 podem causar defeitos de superfície e prejudicar as propriedades

mecânicas. A reação NCO - H2O é catalisada por muitas aminas terciárias que

são chamadas de catalisadores blowing.

Os isocianatos reagem com ácidos carboxílicos formando amidas, uréias,

anidridos, e dióxido de carbono, dependendo das condições reacionais e da

estrutura dos reagentes. Isocianatos alifáticos produzem diretamente amidas. Os

isocianatos aromáticos tendem a reagir com os ácidos carboxílicos para formar

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anidridos e uréias, a temperaturas elevadas (160ºC). Na prática, a reação do

isocianato com ácido carboxílico é raramente utilizada, mas pode ser uma reação

secundária não desejada resultante da funcionalidade residual de CO2H em polióis

do poliéster.

Métodos sintéticos

Técnicas One-and two-shot

A síntese e aplicação das uretanas podem geralmente ser dividida em duas

categorias: One-and two-shot técnicas. A maior diferença entre elas é a seqüência

de adição do material puro. O método de duas etapas envolve a pré-reação do

diisocianato puro com um diol de alto peso molecular (PM - 2000 - 4000) para

formar um produto intermediário. Este produto é chamado pré-polímero, e esta

técnica é também conhecida como método do pré-polímero. O pré-polímero

contém relativamente poucos grupos NCO, geralmente cerca de 3% a

aproximadamente 10% do peso. Tais produtos com baixo índice percentual de

NCO são chamados também prepolímeros “cheios” para distingui-los dos quase-

prepolímeros (10-20% NCO), dos isocianatos modificados (20-28% NCO), e dos

isocianatos não-modificados (mais que 28% NCO). Comparado a outros produtos

do isocianato, os pré-polímeros apresentam geralmente peso molecular e

viscosidade mais elevados. Alguns pré-polímeros, especialmente aqueles

baseados em polióis do poliéster, são sólidos a temperatura ambiente. Por causa

disto, os pré-polímeros são aquecidos durante o processamento, à

aproximadamente 800 ºC. O aquecimento é necessário não somente para fundir o

pré-polímero e ou reduzir a viscosidade, mas para obter propriedades físicas

desejadas ao produto final. Isto é importante para elastômeros moldados onde o

rígido controle do reagente, do molde, e das temperaturas de cura pode ser vital.

No isocianato técnica one-shot, o poliol e todos os demais reagentes são

misturados numa única etapa para formar o material final. Não há pré-polímero

intermediário, embora os isocianatos modificados sejam usados freqüentemente.

Comparado aos sistemas de pré-polímero, a one-shot geralmente apresenta

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viscosidade mais baixa, processamento a temperaturas mais baixas e reagem em

razões de volume mais baixas (freqüentemente 1:1). Os isocianatos de índice

relativamente elevado de NCO são usados materiais puros e não requerem as

mesmas especificações que os pré-polímeros. Estes fatos fazem com que os

processos one-shot sejam preferencialmente usados e também porque a maioria

dos materiais da uretana é produzido usando esta técnica.

Há um outro método, denominado técnica do quasi-pre-polímero, que é

similar ao processo do “full” pré-polímero, mas utiliza isocianatos pré-reagidos na

escala de 10 - 20% NCO. Isto facilita o processamento, comparado aos sistemas

do full-pre-polímero, requer temperaturas mais baixas e relações de volume da

ordem de 4: 1 a quase 1: 1 (poliol/ isocianato).

O full pré-polímero, quasi-pré-polímero, e as técnicas de one-.shot podem

parecer ser semelhantes, mas cada uma têm um papel importante em exigências

de equipamento e propriedades físicas. O método do full pré-polímero, por

exemplo, é o processo usado para fazer elastômeros de alta performance em

propriedades dinâmicas, tais como amortecedores e buchas industriais. Os quase-

pré-polímeros são usados em aplicações menos exigentes como solas de sapato,

adesivos, etc. Os one-shot incluem a maior parte das espumas e elastômeros.

Solvente-carregados, water-borne, e formulações sólidas de 100%.

Quase todos os materiais da uretana sintetizados sem o uso dos solventes

ou água, como diluentes ou portadores, são chamados sólidos de 100%. Há

muitos produtos, entretanto, que utilizam solventes ou água, e estes são sabidos

como sistemas solvente-carregados e água-carregados, respectivamente.

Antigamente, muitos revestimentos, adesivos, e pastas foram formulados usando

um solvente para reduzir a viscosidade e/ou facilitar a aplicação. Entretanto, o uso

de solventes voláteis tem sido reduzido em favor da água e existem, atualmente,

muitos revestimentos aquosos, adesivos, e materiais puros associados. Os

materiais puros hidrofílicos capazes de serem dispersos na água são chamados

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água-reducíveis, ou seja, são suficientemente hidrofílicos para serem

emulsionados prontamente na água para formar dispersões coloidais estáveis.

Sistemas um-e-dois- componentes

A maioria das formulações da poliuretana são sistemas do dois-

componentes. Isto significa que são preparados a partir de dois constituintes

básicos que são misturados e reagem para formar o polímero final. Os dois

componentes são um isocianato (ou mistura de isocianato) e um poliol (ou mistura

do poliol). O isocianato é denominado freqüentemente como lado de “A" e o poliol

lado “B".

Em casos especiais, as uretanas podem ser formuladas como sistemas do

um-componente onde há somente um constituinte pronto par uso que é curado por

aquecimento, por exposição ao ar ambiente, ou por algum outro método. Estes

são conhecidos também como produtos one-pack. Os materiais referentes a esta

tecnologia são revestimentos, adesivos, vedadores, e são aplicados geralmente

na seção transversal fina, reservando uma área de superfície elevada de modo

que a água, o solvente, ou os produtos temporários possam escapar da matriz do

polímero após a cura. Há diversos tipos de formulações do um-componente,

incluindo isocianatos umidade-curados, dispersões aquosas da poliuretana, óleos,

etc.

Isocianatos umidade-curados são geralmente usados em revestimentos,

adesivos, vedações. Reagem com os grupos livres do NCO ao ar atmosférico para

formar aminas e, subseqüentemente, as ligações preliminares da uréia. A reação

de NCO - H2O forma CO2, mas a aplicação deve permitir a liberação deste gás.

Para revestimentos finos, adesivos, etc. o CO2 pode escapar sem criar bolhas. As

vedações, entretanto, são aplicadas geralmente numa seção transversal maior,

assim a liberação do gás é mais difícil. Nos pré-polímeros de baixa percentagem

de NCO, aproximadamente 3% são usados em formulações de vedações e assim

o dióxido de carbono pode ser absorvido pela matriz do polímero e lentamente

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volatilizado. Comercialmente, adiciona-se óxido de cálcio pulverizado (cal) para

absorver o CO2 e impedir a formação de bolhas.

Técnicas analíticas e testes físicos

Análise Composicional

A química das poliuretanas é muito bem compreendida, assim como a

conformação da composição e estrutura molecular não é geralmente de grande

importância. É ocasionalmente desejável determinar a composição (formulação)

de um material ou verificar o peso molecular de um produto, índice livre de

isocianato, etc. Primeiramente deve-se determinar se o polímero é termoplástico

ou termoset. Polímero termoplástico ramificado ou linear será geralmente solúvel

num solvente apropriado. Os termosets insolúveis, entretanto, devem ser

degradados e os produtos solubilizados serem caracterizados individualmente

para executar análise completa da formulação.

Exemplos de técnicas analíticas incluem a ressonância magnética nuclear,

cromatografia de permeação em gel, cromatografia de gás (freqüentemente em

combinação com a espectroscopia de massa), cromatografia líquida, e a

espectroscopia de infravermelho.

Análise Térmica

Análises térmicas e termo-mecânicas são muito importantes para

determinar a faixa temperatura de uso dos materiais poliméricos, assim como

verificar como se comportam entre os extremos de temperatura. Uma técnica

térmica especial útil para poliuretanas é a análise mecânica dinâmica. Usa-se para

estudar as propriedades visco-elásticas dinâmicas e mede a habilidade de

armazenar e dissipar energia. É também um método sensível para determinar a

transição vítrea (Tg), O coeficiente da expansão térmica linear (CLTE) é

determinado nas aplicações onde a expansão térmica e a contração são

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considerações importantes. Análise termogravimétrica (TGA) e a calorimetria de

exploração diferencial são também do uso ocasional, especial para elastômeros.

Propriedades Mecânicas

A determinação das propriedades mecânicas de um polímero curado serve

para caracterizar suas características macroscópicas tais como a flexibilidade e a

dureza. O uso de métodos padrões da sociedade americana para teste de

materiais (ASTM) e a organização de padrões internacional (ISO) permite a

comparação direta com outros materiais.

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