16
Universidade Federal de Pernambuco NEHTE / Programa de Pós Graduação em Letras CCTE / Programa de Pós Graduação em Ciências da Computação 1 Grupos fechados na rede social Facebook: um estudo no âmbito da comunicação e do apoio acadêmico Angela Maria de Almeida Pereira 1 (UFPE) Joice de Espindola 2 (UFPE) Thelma Panerai Alves 3 (UFPE) Resumo Este trabalho foi realizado com alunos das turmas 2012 e 2013 do PPGE EDUMATEC, da UFPE, que eram originários de Recife, de cidades do interior de Pernambuco e de estados vizinhos. Nosso objetivo foi o de verificar a importância de um ambiente fechado no Facebook criado pelos mesmos. Apoiamos-nos nas ideias de Silva (2010), Primo (2007), Castells (2005) e Lemos (2003). A pesquisa de abordagem quantitativa foi efetivada com a aplicação de questionário estruturado, enviado ao grupo por e-mail e analisado estatisticamente. Comprovamos que, a distância geográfica existente entre os alunos não foi um empecilho à comunicação rápida e eficiente e que o ambiente tornou-se uma ferramenta de apoio acadêmico. Palavras-chave: Comunicação, Interação, Facebook, Grupos em redes Sociais. Resumen Ese trabajo fue realizado con alumnos de los años 2012 y 2013 del Programa de Postgrado en Educación Matemática y Tecnológica (EDUMATEC), de la Universidade Federal de Pernambuco. Estos, se originan de Recife y de ciudades del interior de Pernambuco y de regiones vecinas. Nuestro objectivo fue el de verificar la importancia de se trabajar en un grupo cerrado en Facebook. Para eso, buscamos apoyo en ideas de Silva (2010), Primo (2007), Castells (2005) y Lemos (2003). La investigación, de abordaje quantitativa, fue realizada con la aplicación de un cuestionario estructurado, enviado al grupo por e-mail y analisado estatisticamente. Comprobamos que la distancia geográfica existente entre los alumnos no fue una limitación a la comunicación rápida y eficiente, y que el ambiente Facebook se tornó una herramienta de apoyo académico. Palabras clave: Comunicación; Interación; Facebook; Grupos en redes sociales 1 Angela Maria de Almeida PEREIRA, Mestranda. Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Programa de Pós-Graduação em Educação Matemática e Tecnológica. E-mail: [email protected]. 2 Joice de ESPINDOLA, Mestranda. Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Programa de Pós- Graduação em Educação Matemática e Tecnológica. E-mail: [email protected]. 3 Thelma Panerai ALVES, Profa. Dra. Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Programa de Pós- Graduação em Educação Matemática e Tecnológica. E-mail: [email protected].

Grupos fechados na rede social Facebook: um estudo no ...nehte.com.br/simposio/anais/Anais-Hipertexto-2013/Grupos fechados na rede social...sociales 1 Angela Maria de Almeida PEREIRA,

  • Upload
    others

  • View
    1

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: Grupos fechados na rede social Facebook: um estudo no ...nehte.com.br/simposio/anais/Anais-Hipertexto-2013/Grupos fechados na rede social...sociales 1 Angela Maria de Almeida PEREIRA,

Universidade Federal de Pernambuco NEHTE / Programa de Pós Graduação em Letras CCTE / Programa de Pós Graduação em Ciências da Computação

1

Grupos fechados na rede social Facebook: um estudo no âmbito da comunicação e do apoio acadêmico

Angela Maria de Almeida Pereira1 (UFPE)

Joice de Espindola2 (UFPE) Thelma Panerai Alves3 (UFPE)

Resumo Este trabalho foi realizado com alunos das turmas 2012 e 2013 do PPGE EDUMATEC, da UFPE, que eram originários de Recife, de cidades do interior de Pernambuco e de estados vizinhos. Nosso objetivo foi o de verificar a importância de um ambiente fechado no Facebook criado pelos mesmos. Apoiamos-nos nas ideias de Silva (2010), Primo (2007), Castells (2005) e Lemos (2003). A pesquisa de abordagem quantitativa foi efetivada com a aplicação de questionário estruturado, enviado ao grupo por e-mail e analisado estatisticamente. Comprovamos que, a distância geográfica existente entre os alunos não foi um empecilho à comunicação rápida e eficiente e que o ambiente tornou-se uma ferramenta de apoio acadêmico. Palavras-chave: Comunicação, Interação, Facebook, Grupos em redes Sociais.

Resumen Ese trabajo fue realizado con alumnos de los años 2012 y 2013 del Programa de Postgrado en Educación Matemática y Tecnológica (EDUMATEC), de la Universidade Federal de Pernambuco. Estos, se originan de Recife y de ciudades del interior de Pernambuco y de regiones vecinas. Nuestro objectivo fue el de verificar la importancia de se trabajar en un grupo cerrado en Facebook. Para eso, buscamos apoyo en ideas de Silva (2010), Primo (2007), Castells (2005) y Lemos (2003). La investigación, de abordaje quantitativa, fue realizada con la aplicación de un cuestionario estructurado, enviado al grupo por e-mail y analisado estatisticamente. Comprobamos que la distancia geográfica existente entre los alumnos no fue una limitación a la comunicación rápida y eficiente, y que el ambiente Facebook se tornó una herramienta de apoyo académico. Palabras clave: Comunicación; Interación; Facebook; Grupos en redes

sociales

1 Angela Maria de Almeida PEREIRA, Mestranda. Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Programa de

Pós-Graduação em Educação Matemática e Tecnológica. E-mail: [email protected]. 2 Joice de ESPINDOLA, Mestranda. Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Programa de Pós-

Graduação em Educação Matemática e Tecnológica. E-mail: [email protected]. 3 Thelma Panerai ALVES, Profa. Dra. Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Programa de Pós-

Graduação em Educação Matemática e Tecnológica. E-mail: [email protected].

Page 2: Grupos fechados na rede social Facebook: um estudo no ...nehte.com.br/simposio/anais/Anais-Hipertexto-2013/Grupos fechados na rede social...sociales 1 Angela Maria de Almeida PEREIRA,

Universidade Federal de Pernambuco NEHTE / Programa de Pós Graduação em Letras CCTE / Programa de Pós Graduação em Ciências da Computação

2

Introdução

Na atualidade, é muito fácil fazer parte de uma rede social, bastando o

acesso à internet, cadastro e senha. Com isso, podemos ter a nossa disposição uma

grande diversidade de conteúdos, além do contato com outras pessoas, num

processo de compartilhamento de informações das mais diversas áreas.

No caso da rede social Facebook, ela permite que os alunos formem grupos e

troquem informações, com o acesso restrito às pessoas do grupo. Isso possibilita

que os alunos, dentro do grupo fechado, compartilhem informações, consultem

seus colegas, resolvam situações pedagógicas propostas, coloquem links para outras

direções e/ou materiais, estabelecendo uma dinamicidade diferenciada do que se

percebe na sala de aula presencial.

Deste modo, esta pesquisa teve a intenção de analisar a importância da rede

social Facebook para os alunos do Programa de Pós-Graduação em Educação

Matemática e Tecnológica – PPG EDUMATEC - da Universidade Federal de

Pernambuco (UFPE), em 2012/2013, como ferramenta de comunicação e de apoio

acadêmico, para questões relacionadas ao curso - já que seus membros residiam

em lugares diferentes e distantes.

O grupo que utilizou a rede social Facebook foi formado por alunos do

programa de mestrado referido e por alunos admitidos em regime especial para

cursar alguma disciplina deste programa. A inserção dos alunos no grupo, deu-se

através de convite do aluno-administrador, ou através de uma proposta de

amizade enviada por eles ao administrador. Desta forma, as informações e os

materiais disponibilizados foram compartilhados apenas pelos membros do grupo.

Assumindo a comunicação no grupo como interação mútua e/ou reativa, nos

apoiamos em Alex Primo, que aprofunda esses conceitos, e complementamos com

as ideias de André Lemos sobre como a cibercultura age no imediatismo das

relações sociais na rede. Castells conceitua a Sociedade em rede, ajudando-nos a

Page 3: Grupos fechados na rede social Facebook: um estudo no ...nehte.com.br/simposio/anais/Anais-Hipertexto-2013/Grupos fechados na rede social...sociales 1 Angela Maria de Almeida PEREIRA,

Universidade Federal de Pernambuco NEHTE / Programa de Pós Graduação em Letras CCTE / Programa de Pós Graduação em Ciências da Computação

3

compreender nosso objeto de estudo como um dos vários nós das rede Facebook e

Marco Silva vem esclarecer as características da interação (comunicação),

possibilitando às pesquisadoras compreender o significado das trocas entre os

participantes.

Esta é uma pesquisa de abordagem quantitativa, em que foi utilizado um

questionário estruturado para a coleta de dados. A pesquisa também apresenta um

viés qualitativo em situações nas quais se fez necessário esclarecer algumas

questões externas ao instrumento. Nestas situações, contamos com a

participação/percepção das pesquisadoras-autoras, que fizeram/fazem parte do

grupo estudado.

A opção pelo questionário estruturado se deve à economia de tempo e ao

alcance de um maior número de pessoas, simultaneamente (MARCONI; LAKATOS,

2007 p. 203). Mas, mesmo conhecendo as limitações deste instrumento, e devido à

urgência na coleta de dados, o instrumento utilizado se mostrou adequado, nesta

pesquisa.

Após a análise dos dados, foi possível concluir que o grupo fechado no

Facebook teve um papel importante na interação dos alunos e exerceu plenamente

sua função de apoio acadêmico, favorecendo o estreitamento dos laços entre os

participantes e disponibilizando informações em tempo hábil.

A rede social

Mark Zuckerberg, estudante de Harvard, criou o Facebook, em 2004. De sua

versão inicial até a que conhecemos agora, já ocorreram várias modificações.

Dentro do Facebook, as informações são colocadas de forma linear. É um ambiente

que permite ao usuário fazer buscas diversas, postar vídeos e fotos, jogar,

conversar com outras pessoas, sem sair de sua própria página. O Facebook pode ser

conectado por qualquer dispositivo, móvel ou não, com acesso à internet, o que

Page 4: Grupos fechados na rede social Facebook: um estudo no ...nehte.com.br/simposio/anais/Anais-Hipertexto-2013/Grupos fechados na rede social...sociales 1 Angela Maria de Almeida PEREIRA,

Universidade Federal de Pernambuco NEHTE / Programa de Pós Graduação em Letras CCTE / Programa de Pós Graduação em Ciências da Computação

4

agiliza a atualização das informações em qualquer local. Os autores Tomáel e

Martelato (2006) caraterizam rede social como:

[...] um conjunto de pessoas (ou organizações ou outras entidades sociais) conectadas por relacionamentos sociais, motivados pela amizade e por relações de trabalho ou compartilhamento de informações e, por meio dessas ligações, vão construindo e reconstruindo a estrutura social (TOMÁEL; MARTELATO, 2006, p. 75).

A rede social cresce e se desenvolve utilizando as tecnologias, as redes

digitais, de forma cada vez mais intensa, tornando a comunicação mais rápida,

favorecendo as relações entre as pessoas e criando uma sociedade em rede, que

Castells (2005) define como:

Sociedade em rede, em termos simples, é uma estrutura social baseada em redes operadas por tecnologias de comunicação e informações fundamentadas na microelectrônica e em redes digitais de computadores que geram, processos e distribuem informações a partir de conhecimento acumulado nos nós dessas redes (CASTELLS, 2005, p. 19).

Neste sentido, o Facebook favorece a construção e a reconstrução de uma

estrutura social à medida que possibilita a interação constante e o intercâmbio de

informações entre seus usuários.

No que se refere à interação, Primo (2005) explica que ela pode ser mútua,

ou seja, ocorre quando o grupo resolve uma problemática inicial, que leva a outras,

ocasionando trocas intensas entre os participantes. Os relacionamentos entre os

participantes vão se desenhando a partir destas participações. Os desequilíbrios e

os conflitos são administrados de forma aberta, com mensagens que atualiza as

ações de seus participantes no tempo de suas conexões.

Na interação mútua os interagentes se reúnem em torno de contínuas problematizações. As soluções inventadas não são apenas momentâneas, podendo participar de futuras problematizações. A própria relação entre os interagentes é um problema que motiva uma constante negociação. Cada ação expressa tem um impacto recursivo sobre a relação e sobre o comportamento dos interagentes. Isto é, o relacionamento entre os

participantes vai definindo-se ao mesmo tempo em que acontecem os

Page 5: Grupos fechados na rede social Facebook: um estudo no ...nehte.com.br/simposio/anais/Anais-Hipertexto-2013/Grupos fechados na rede social...sociales 1 Angela Maria de Almeida PEREIRA,

Universidade Federal de Pernambuco NEHTE / Programa de Pós Graduação em Letras CCTE / Programa de Pós Graduação em Ciências da Computação

5

eventos interativos (nunca isentos dos impactos contextuais). (PRIMO, 2005, p 13).

Primo (2005) acrescenta que as interações também podem ser reativas, sendo

determinadas por situações anteriores, atendendo a uma situação específica e

respondendo a uma questão simples, sem gerar problemas e sem o envolvimento

em discussões. As interações reativas, resumem-se a uma resposta que não leva à

outras. Esta situação pode ser repetida inúmeras vezes (PRIMO, 2007, p. 228-2009).

Tanto a interação mútua quanto a reativa são possíveis de ocorrer nas

relações existentes nas redes sociais. Neste sentido, concordamos com Recuero

(2006, p.02) no que se refere às possibilidades que estas oferecem para a troca de

conhecimentos e o fornecimento de informações, bem como para a discussão de

diversas situações, pedagógicas ou não.

A comunicação no grupo fechado dentro Facebook

Os alunos do Programa de Pós-Graduação em Educação Matemática e

Tecnológica (EDUMATEC) residem na região metropolitana do Recife, em cidades

do interior de Pernambuco e em estados vizinhos. Com a distância física/geográfica

surgiu o problema de interagir e de comunicar-se fora do ambiente formal da sala

de aula para finalidades diversas. Tomamos como base teórica a Teoria da

Distância Transacional, que segundo Moore (1993) é o “espaço psicológico e

comunicacional a ser transposto, um espaço de potenciais mal-entendidos entre as

intervenções do instrutor e as do aluno” (MOORE, 1993, p. 02). Analogamente,

entendemos como um espaço para resolver problemas acadêmicos. Surgiu como

possível meio de resolução a criação e uso de um grupo fechado na rede social

Facebook.

Os alunos encontraram sua motivação inicial na amizade entre alguns

membros que, pouco a pouco, foi expandida para o grande grupo, dentro da rede

Page 6: Grupos fechados na rede social Facebook: um estudo no ...nehte.com.br/simposio/anais/Anais-Hipertexto-2013/Grupos fechados na rede social...sociales 1 Angela Maria de Almeida PEREIRA,

Universidade Federal de Pernambuco NEHTE / Programa de Pós Graduação em Letras CCTE / Programa de Pós Graduação em Ciências da Computação

6

social. Esta rede de amizade e relacionamentos foi potencializada pelo

compartilhamento de mensagens que tinham um caráter de aproximação social.

Dentro do grupo fechado, todos liam as mensagens de cunho pessoal e tinham

acesso ao material disponibilizado, podendo curtir, comentar e compartilhar as

mensagens postadas. Segundo Lemos (2003) “o tempo real pode inibir a reflexão, o

discurso bem construído e a argumentação. Por outro lado o clique generalizado

permite a potência da ação imediata, o conhecimento simultâneo e complexo, a

participação ativa nos diversos fóruns sociais” (LEMOS, 2003, p. 03). Ainda de

acordo com este autor, esta nova forma de relacionamento social é característica

na Cibercultura, que segundo o mesmo é a cultura contemporânea marcada pelo

uso social das novas tecnologias.

Foi possível verificar, mesmo antes da aplicação do questionário, que, além

de ter a distância geográfica diminuída, o grupo apresentou agilidade na

comunicação e na resolução dos conflitos que surgiram no ambiente presencial

e/ou mesmo no ambiente a distância. Com o tempo, o uso do Facebook passou a

ser indispensável, com o grupo trocando materiais diversos, avisos e mensagens

pessoais, entre outras possibilidades.

Esta interação foi proporcionada, de acordo com Silva (2010, p. 120), por uma

comunicação efetiva, dinâmica, participativa. Para tanto, segundo este autor, é

necessário que alguns aspectos básicos façam parte deste cenário:

● Participação colaborativa: participar não é apenas responder “sim” ou “não”, prestar contas ou escolher uma opção dada. Significa intervenção na mensagem como cocriação da emissão e da recepção.

● Bidirecionalidade dialógica: a comunicação é produção

conjunta da emissão e da recepção. Os dois polos codificam e decodificam.

● Conexões em teias abertas: a comunicação supõe múltiplas redes articulatórias de conexões e liberdade de trocas, associações e significados (SILVA, 2010 p, 120).

Estes aspectos dinamizam o polo de emissão, onde qualquer um dos membros

do grupo pode fazer uma postagem, criando no grupo um poder de comunicação

Page 7: Grupos fechados na rede social Facebook: um estudo no ...nehte.com.br/simposio/anais/Anais-Hipertexto-2013/Grupos fechados na rede social...sociales 1 Angela Maria de Almeida PEREIRA,

Universidade Federal de Pernambuco NEHTE / Programa de Pós Graduação em Letras CCTE / Programa de Pós Graduação em Ciências da Computação

7

que atinge todos os parâmetros aqui descritos por Silva (2010 p. 131). Os alunos são

autores em teias abertas, com articulações múltiplas, permitindo uma velocidade

nas informações que atenda às necessidades distintas dos seus integrantes.

Metodologia

Para a realização desta pesquisa, de abordagem quantitativa, escolhemos

coletar os dados através da elaboração de um questionário estruturado,

objetivando verificar a importância da rede social Facebook para os alunos do

Programa de Pós-Graduação em Educação Matemática e Tecnológica (EDUMATEC),

da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), no ano de 2012/2013.

O questionário tornou-se uma opção pela rapidez e facilidade na aplicação e

na análise, além de ser um instrumento que impede que o respondente seja

influenciado pelo posicionamento do pesquisador. Também por “atingir um grande

número de pessoas, mesmo que estejam dispersas em área geográfica muito

extensa” (GIL, 2008, p.122).

O questionário foi elaborado com nove perguntas, com de múltipla escolha e

questões que mensuram valores a situações determinadas. O questionário foi

enviado aos 26 estudantes da turma 2013, e 27 da turma 2012, por e-mail, com o

prazo de cinco dias para a sua devolução. Destes 53 estudantes, somente 32

devolveram os questionários respondidos e, desta forma, como não conseguimos

atingir o total de alunos envolvidos nos grupos, realizamos nossa análise sobre a

amostra que foi possível obter.

Para a análise dos dados, foi utilizada uma tabela (não inclusa), elaborada no

programa Excel 2010, que se refletirá neste trabalho sob a forma de gráficos

representativos de cada questão.

Page 8: Grupos fechados na rede social Facebook: um estudo no ...nehte.com.br/simposio/anais/Anais-Hipertexto-2013/Grupos fechados na rede social...sociales 1 Angela Maria de Almeida PEREIRA,

Universidade Federal de Pernambuco NEHTE / Programa de Pós Graduação em Letras CCTE / Programa de Pós Graduação em Ciências da Computação

8

Análise dos dados da pesquisa

Como já citado, o questionário foi enviado via e-mail e com solicitação de

respostas em 5 dias. Esta estipulação de tempo não pode ser atendida, uma vez

que alguns dos entrevistados não tiveram acesso ao instrumento dentro do prazo, e

só responderam posteriormente.

Gráfico 1

De acordo com gráfico 1, apenas 6% dos alunos questionados não participavam

do grupo criado na rede social Facebook.

Gráfico 2

Page 9: Grupos fechados na rede social Facebook: um estudo no ...nehte.com.br/simposio/anais/Anais-Hipertexto-2013/Grupos fechados na rede social...sociales 1 Angela Maria de Almeida PEREIRA,

Universidade Federal de Pernambuco NEHTE / Programa de Pós Graduação em Letras CCTE / Programa de Pós Graduação em Ciências da Computação

9

Dentre os não-participantes do grupo fechado no Facebook (6%), metade

justificou que não participa por não possuir login; a outra metade tinha login no

Facebook, mas não participava do referido grupo. Apesar de não termos deixado

espaço para justificações que não fossem as respostas às questões apresentadas,

esta segunda metade justificou ainda que não sabia da existência do grupo.

Gráfico 3

Na questão 3, percebemos que um pequeno problema ocorreu no que diz

respeito à elaboração da questão e, consequentemente, à compreensão dos

sujeitos, pois esperávamos que os participantes que responderam não ter login na

rede social Facebook, também não respondessem à 3ª questão. Quanto à metade

que justificou não saber da existência do grupo, justificou sua ausência pelo fato

de não ter recebido convite do administrador. Num próximo trabalho, onde

pretendemos aprofundar mais os estudos sobre a importância desta rede social,

reformularemos o questionário apresentado aos alunos.

Page 10: Grupos fechados na rede social Facebook: um estudo no ...nehte.com.br/simposio/anais/Anais-Hipertexto-2013/Grupos fechados na rede social...sociales 1 Angela Maria de Almeida PEREIRA,

Universidade Federal de Pernambuco NEHTE / Programa de Pós Graduação em Letras CCTE / Programa de Pós Graduação em Ciências da Computação

10

Gráfico 4

Levando em consideração que apenas 17% dos participantes não acessaram o

grupo pelo menos uma vez ao dia, podemos afirmar que as informações ali postadas

foram de grande importância para a maior parte do grupo (83%).

Gráfico 5

Page 11: Grupos fechados na rede social Facebook: um estudo no ...nehte.com.br/simposio/anais/Anais-Hipertexto-2013/Grupos fechados na rede social...sociales 1 Angela Maria de Almeida PEREIRA,

Universidade Federal de Pernambuco NEHTE / Programa de Pós Graduação em Letras CCTE / Programa de Pós Graduação em Ciências da Computação

11

No que diz respeito aos 94% (Gráfico 1) que participaram do grupo,

observamos que nem todos realizam postagens com muita frequência. Os que

postam sempre representam apenas 13% (gráfico 5). Com isso, podemos afirmar

que os usuários sentem-se atraídos pelas informações publicadas, uma vez que

(re)visitaram o espaço pelo menos uma vez ao dia (Gráfico 4).

Gráfico 6

Uma característica desse grupo foi compartilhar materiais didáticos, na forma

de textos complementares, vídeos ou links (dados observados pelas pesquisadoras,

uma vez que fazem parte do grupo estudado), e informações sobre eventos, como

congressos, seminários, encontros e palestras. As trocas de material didático e de

informações sobre eventos alcançam um total de 48% dos participantes, enquanto

as mensagens pessoais perfazem um total de 24%, o que indica que o grupo está

mais voltado para o universo acadêmico mesmo.

Page 12: Grupos fechados na rede social Facebook: um estudo no ...nehte.com.br/simposio/anais/Anais-Hipertexto-2013/Grupos fechados na rede social...sociales 1 Angela Maria de Almeida PEREIRA,

Universidade Federal de Pernambuco NEHTE / Programa de Pós Graduação em Letras CCTE / Programa de Pós Graduação em Ciências da Computação

12

Gráfico 7

Sobre a relevância das informações postadas no grupo, podemos perceber que

os participantes as classificaram apenas entre relevante e muito relevante, com

53% e 47% respectivamente. Não há, portanto, informações consideradas pouco

relevantes.

Gráfico 8

Page 13: Grupos fechados na rede social Facebook: um estudo no ...nehte.com.br/simposio/anais/Anais-Hipertexto-2013/Grupos fechados na rede social...sociales 1 Angela Maria de Almeida PEREIRA,

Universidade Federal de Pernambuco NEHTE / Programa de Pós Graduação em Letras CCTE / Programa de Pós Graduação em Ciências da Computação

13

Levando em consideração os 48% dos alunos (no Gráfico 6) que trataram de

assuntos acadêmicos, podemos considerar que os 90% (Gráfico 8) dos alunos que

tiveram seus problemas resolvidos rapidamente, entre duas horas e

instataneamente, encontraram na agilidade desta rede social um aliado para

questões acadêmicas. Isso nos leva a perceber que a velocidade da informação faz

toda a diferença para o grupo, uma vez que seus componentes vivem em lugares

geográficos considerados distantes e que, muitas vezes, a necessidade de uma

informação rápida pode otimizar o tempo destes estudantes. O caso dos

cancelamentos das aulas é um exemplo. Mas um dos aspectos mais importantes da

velocidade da informação tem relação com o compartilhamento de material dentro

do grupo (situações estas que foram percebidas pelas pesquisadoras durante a

participação das mesmas no grupo estudado).

Gráfico 9

Para concluir a análise, 87% dos alunos que acessam o grupo fechado do

Facebook consideram que pertencer a este grupo contribui efetivamente na

comunicação da turma, o que fica evidente na apresentação do Gráfico 9. Nenhum

dos alunos considera que não é auxiliado, em sua comunicação, pelo Facebook.

Page 14: Grupos fechados na rede social Facebook: um estudo no ...nehte.com.br/simposio/anais/Anais-Hipertexto-2013/Grupos fechados na rede social...sociales 1 Angela Maria de Almeida PEREIRA,

Universidade Federal de Pernambuco NEHTE / Programa de Pós Graduação em Letras CCTE / Programa de Pós Graduação em Ciências da Computação

14

Considerações Finais

A criação do grupo dentro de uma rede social que disponibiliza ferramentas

diversas de comunicação, postagem e armazenamento de arquivos, fotos e vídeos,

e que pode ser acessada por qualquer dispositivo móvel, ou não, trouxe para o

grupo uma comunicação rápida, efetiva, dinâmica e eficiente. Todos os

participantes foram autores, leitores e modificadores das mensagens em tempo

integral. Tanto com interação mútua como com interação reativa, a resolução dos

problemas/questionamentos dos alunos se deu de maneira quase instantânea, na

maioria das ocasiões.

Ainda diante da situação da resolução de problemas em tempo hábil surgem

alguns aspectos da interação descritos por Silva (2010), onde a participação

colaborativa e a bidirecionalidade dialógica foram cruciais na discussão e

intervenção da situação exposta.

É possível afirmar que o papel da comunicação em rede assumiu uma

dimensão atemporal, isto é, era possível encontrar respostas para todas as

perguntas realizadas, independente do tempo de postagem. Ficaram às margens do

processo, alguns integrantes que, por qualquer motivo, não participaram mais

ativamente do grupo criado na rede social.

Os autores que fundamentaram esta pesquisa foram determinantes na

compreensão dos resultados encontrados. Neste sentido, consideramos que o

objetivo da pesquisa foi alcançado - verificar a importância da rede social

Facebook para os alunos do grupo -, pois os resultados analisados comprovaram que

os alunos utilizaram o grupo na rede de forma permanente para se comunicar,

trocando material, divulgando eventos, comentando as aulas presenciais e

enviando mensagens pessoais. Os diferentes usos do Facebook analisados neste

trabalho favorecem um olhar diferenciado sobre as posibilidades e potencialidades

das redes sociais como apoio ao ambiente acadêmico.

Page 15: Grupos fechados na rede social Facebook: um estudo no ...nehte.com.br/simposio/anais/Anais-Hipertexto-2013/Grupos fechados na rede social...sociales 1 Angela Maria de Almeida PEREIRA,

Universidade Federal de Pernambuco NEHTE / Programa de Pós Graduação em Letras CCTE / Programa de Pós Graduação em Ciências da Computação

15

Não temos dúvidas de que esta pesquisa mostra a necessidade da inserção de

redes sociais nas práticas pedagógicas atuais, de maneira a tornar o processo de

ensino e aprendizagem condizente com o momento histórico que vivemos, o qual

permite vincular a realidade dos sujeitos a conteúdos abertos, plásticos, com sons,

imagens, simulações, desenhos.

Para finalizar, acreditamos que a utilização prévia do Facebook – antes dos

alunos entrarem no curso e de formarem o grupo fechado - facilita que este

ambiente informal torne-se inegavelmente um ambiente favorável à aprendizagem

formal.

Referências Bibliográficas

CASTELLS, M. A Sociedade em Rede: do Conhecimento à Política.in: Conferência promovida pelo Presidente da República. Centro Cultural de Belém, Brasil, 2005.

GIL, Antônio Carlos. Métodos e técnicas de Pesquisa Social. 6ª Ed. São Paulo: Atlas, 2008. p. 121-135.

LEMOS, A. Cibercultura. Alguns pontos para compreender a nossa época. In:LEMOS, A.; CUNHA, P. (orgs.). Olhares sobre a Cibercultura. Porto Alegre: Sulina, 2003. Disponível em:<http://www.facom.ufba.br/ciberpesquisa/andrelemos/cibercultura.pdf>. Acesso em: 10 abr. 2013.

MARCONI, M. de A. LAKATOS, E. M. Fundamentos de metodologia científica. 6ª Ed. São Paulo: Atlas, 2007.

MOORE, M. G. Publicado em Keegan, D.Theoretical Principles of Distance Education.London: Routledge.Traduzido por Wilson Azevêdo, com autorização do autor. Revisão de tradução: José Manuel da Silva, Associação Brasileira de Educação a Distância, 1993. p. 22-38. Disponível em: <http://www.abed.org.br/revistacientifica/revista_pdf_doc/2002_teoria_distancia_transacional_michael_moore.pdf>Acesso em 15 de jul. de 2013.

PRIMO, A. F. T. Interação Mediada por Computador: comunicação – cibercultura – cognição. Porto Alegre: Sulina , 2007.

Page 16: Grupos fechados na rede social Facebook: um estudo no ...nehte.com.br/simposio/anais/Anais-Hipertexto-2013/Grupos fechados na rede social...sociales 1 Angela Maria de Almeida PEREIRA,

Universidade Federal de Pernambuco NEHTE / Programa de Pós Graduação em Letras CCTE / Programa de Pós Graduação em Ciências da Computação

16

RECUERO, R. da C. Importância da Interação Social no Ambiente de Redes Virtuais na Comunicação Organizacional. Pelotas: 2006. Disponível em:< http://comunicacaoorganizada.files.wordpress.com/2009/07/importancia-da-interacao-social-no-ambiente-de-redes-virtuais-comunicacao-na.pdf>. Acesso em 10 de jul. 2013.

SILVA, M. Sala de Aula Interativa. 5º Edição. São Paulo: Edições Loyola, 2010.

SOARES, L. Q. FERREIRA, M. C. Pesquisa Participante como Opção Metodológica para a Investigação de Práticas de Assédio Moral no Trabalho. Universidade de Brasília. Florianópolis, v. 6, p. 85-110, 2006. Disponível em <http://www.unisc.br/portal/upload/com_arquivo/pesquisa_participante_como_opcao_metodologica_para_a_investigacao_de_praticas_de_assedio_moral_no_trabalho.pdf>. Acesso em 25 de jun. de 2013.

TOMAÉL, M. L.; MARTELATO, R. M. Redes sociais: posição dos atores no fluxo da informação. Enc. Bibli: Revista Eletr. de Bibliotecon. Ci. Inf. Florianópolis, n. esp., p. 75-91, 1° sem. 2006. Disponível em: <http://www.periodicos.ufsc.br/index.php/eb/article/view/1518-2924.2006v11nesp1p75/387> Acesso em: 28 de maio de 2013.