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Guarda Compartilhada

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Page 1: Guarda Compartilhada

INSTITUTO DE ENSINO SUPERIOR PLANALTOFACULDADES PLANALTO

FACULDADES PLANALTOWelrika Beatriz

GUARDA COMPARTILHADA

BRASÍLIAABRIL/2009

Page 2: Guarda Compartilhada

ÍNDICE

Introdução...................................................................................................3

Guarda Compartilhada................................................................................4

Principais diferenças entre:

Guarda Compartilhada e Guarda Unilateral...............................................5

Guarda Compartilhada e pensão alimentícia.............................................8

A guarda compartilhada no novo código civil.............................................9

O verdadeiro sentido da guarda compartilhada........................................10

Conclusão.................................................................................................12

Jurisprudências.........................................................................................13

Bibliografia.................................................................................................14

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INTRODUÇÃO

Este trabalho tem como objetivo estudar o tema da guarda compartilhada, para isso pesquisamos vários assuntos de como é tratado juridicamente os casos de crianças quando seus pais se separam ou divorciam.

Como o mundo jurídico está em constante evolução, o ramo do direito de Família não poderia ser diferente, tendo o estudo em foco assumido uma posição já largamente adotada no direito comparado: ou seja: a possibilidade da concessão da guarda compartilhada.

Enfocamos na Lei 11.689/08 que diz respeito à guarda compartilhada, ainda mais por esta ser recente e ter poucos julgados no TJDFT, nossa principal fonte de pesquisa em inclusão às jurisprudências.

Como é o interesse do menor que deve sempre prevalecer na ocasião do deferimento da guarda, não se vê obstáculo para a concessão do instituto ora estudado, uma vez que assim será assegurada ao menor uma maior integração com ambos os genitores, e, possivelmente um maior laço emocional.

Entraremos no estudo da guarda compartilhada, elucidando as principais dúvidas que existe sobre o instituto, demonstrando aonde dentro do ordenamento jurídico existe respaldo para sua aplicabilidade, além das conseqüências e vantagens que seu deferimento poderá gerar para os indivíduos envolvidos no rompimento conjugal.

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GUARDA COMPARTILHADA

A Lei 11.698 de 13 de junho de 2008 vem alterar os artigos 1.583 e 1.584 do Código Civil Brasileiro, inserindo em nossa legislação expressamente a guarda compartilhada, embora alguns juízes inicialmente já vinham concedendo este tipo de guarda a pedido das partes, amparados pelos princípios do melhor interesse da criança e da igualdade de direitos e deveres entre homens e mulheres.

Guarda compartilhada é um sistema onde os filhos de pais separados permanecem sob a autoridade equivalente de ambos os pais, que continuam a tomar as importantes decisões na criação de seus filhos conjuntamente, buscando-se assemelhar o tanto quanto possível ás relações pré e pós-separação, ainda que o menor esteja sob a guarda física de apenas um dos pais.

Não se deve confundir o conceito de guarda compartilhada com os de guarda alternada (divisão eqüitativa do tempo com os filhos, entre os cônjuges), guarda dividida (sistema de visitação).

O compartilhamento da guarda não necessariamente implica na partição da guarda física, devido à preocupação de se evitarem prejuízos á saúde emocional e mental dos filhos.

O sistema da guarda compartilhada já é amplamente difundido, em vários Países, como uma forma de superar as limitações trazidas pelo arcaico sistema de visitas, por possibilitar um melhor nível de relacionamento entre pais e filhos.

A Inglaterra foi um dos países pioneiros, na década de 60, ocorreu à primeira decisão sobre a guarda compartilhada. Tais precedentes repercutiram na França e no Canadá. O direito americano absorveu a nova tendência e a desenvolveu em larga escala, sendo a guarda compartilhada um dos tipos que mais cresce nos Estados Unidos da América, pois não existe uma regra para definir qual o modelo de guarda deve ser adotado, diferentemente do que ocorre no Brasil.

No Brasil, até então, a regra é a atribuição da guarda exclusiva a um dos genitores, que pelo art.1584 vigentes do Código Civil, deve ser aquele que estiver melhores condições de exercê-la, e ao outro cônjuge o direito de visita, podendo, no entanto ser acordado entre as partes o modelo de guarda desejado.

Com a entrada em vigência da Lei 11.698/08, as partes podem requerer a guarda compartilhada (anteriormente já era possível, mas somente, em casos de separação consensual), bem como o juiz poderá decretá-la em atenção às necessidades especificas do filho, ou em razão da distribuição de tempo necessário ao convívio deste com o pai e com a mãe, como preceitua a redação do artigo 1584, inciso I e II do CC.

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O que se verifica com a alteração legislativa, é que a regra passa a ser a guarda compartilhada, devendo os magistrados informar aos pais o significado da guarda compartilhada, a sua importância, a similitude de deveres e direitos atribuídos a cada um e as sanções decorrentes da não observância.

Deverá ocorrer uma conscientização por parte dos pais em relação à guarda compartilhada como sendo a melhor opção para o melhor desenvolvimento físico e mental dos filhos.

A Declaração Universal de Direitos da Criança, Tratado Internacional do qual o Brasil é signatário afirma o Direito de Convivência entre pais e filhos separados e a igualdade nas responsabilidades de criação dos filhos pelos pais.

Em síntese a alteração trazida pela Lei 11.698/08, veio apenas regularizar um direito já existente de forma implícita em nosso País, sendo que a verdadeira finalidade será conscientizar os pais sobre o bem estar que a guarda compartilhada poderá trazer a seus filhos, vindo a ter consciência de que a vida em comum acabou, mas sua missão para com os filhos continua sendo de responsabilidade de ambos, os quais podem e devem compartilhar juntos a educação e a evolução dos mesmos.

Colocando acima de tudo os filhos, deixando de lado as desavenças, tomando uma atitude madura e humana, deixando que os filhos usufruam a companhia tanto do pai como da mãe, pois a companhia de um não substitui a companhia do outro por mais completa que seja, cada qual exerce sua função primordial e essencial aos filhos.

São inúmeras as vantagens que este sistema proporciona para as crianças, já que estas usufruíram de um convívio maior com ambos os pais. Assim sendo, a guarda compartilhada, hoje, com advento da Lei 11.698/08, fez prevalecer a justiça, garantindo ao menor o seu bem estar, fundamentado nos princípios constitucionais que garante a vida, a liberdade e igualdade para todos.

PRINCIPAIS DIFERENÇAS ENTRE: GUARDA COMPARTILHADA E GUARDA UNILATERAL.

Guarda Compartilhada

Na guarda compartilhada, pai e mãe, dividem a responsabilidade legal sobre os filhos ao mesmo tempo, e compartilham as obrigações pelas decisões importantes relativas aos filhos e as decisões sobre a rotina da criança ou do adolescente, quando a o casal está separado.

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A guarda compartilhada permite que os filhos continuem a ter seu relacionamento familiar, convivendo freqüentemente com os pais, evitando-se assim, abalos no seu desenvolvimento moral, que geralmente são ocasionados pela ausência de um dos genitores.

Apesar de ser bem estruturado, esse tipo de guarda, tanto para os pais quanto para os filhos, no momento da decisão judicial o critério que prevalecerá será o bem estar dos filhos.

O Objetivo da guarda compartilhada é o de garantir que as duas figuras, pai e mãe mantenham contatos permanentes, equilibrados, assíduos e co-responsáveis com seus filhos, evitando tanto a exclusão quanto a omissão daquele que não está com a guarda naquele momento.

Para que o exercício da guarda compartilhada possa funcionar importa que os pais revelem capacidade de cooperação e de educar em conjunto o filho menor, esquecendo todos os conflitos interpessoais, já que somente é possível o exercício desse modelo quando existe entre os genitores uma relação marcada pela harmonia e pelo respeito, sem disputa e nem conflito.

Aspectos negativos

Existem algumas contradições quanto à adoção da guarda compartilhada: a primeira refere-se à violência doméstica, quer seja comprovada ou que se tenha indícios significativos de que um dos genitores praticou qualquer ato de violência contra o outro ou contra um dos filhos.

Outra contra-indicação da guarda compartilhada refere-se ao caso de separação conjugal litigiosa, onde há mágoas e ressentimentos, dificultando assim, que o ex-casal mantenha um relacionamento livre de conflitos.

Esta contra-indicação tem relevância nos casos em que a guarda compartilhada é decidida judicialmente sem que ela aconteça na forma de um acordo espontâneo entre os separados.

Aspectos positivos

As vantagens da guarda compartilhada podem ser relacionadas tanto a partir do ponto de vista dos filhos, quanto dos genitores. Sob a ótica dos filhos a vantagem está expressa no direito de convivência com os pais. Sob a ótica dos pais, a guarda compartilhada reduziria as dificuldades que as crianças normalmente enfrentam em se adequarem às novas rotinas e aos novos relacionamentos após a separação de seus pais.

Sem dúvida não se pode deixar de ressaltar que o modelo da guarda compartilhada não deve ser imposto como solução para todos os casos, mas deve

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ser uma opção mais divulgada para que os pais possam buscar este modelo de guarda.

Guarda Unilateral

Na guarda unilateral é atribuída a um só dos genitores ou a quem o substitua, o detentor da guarda fica com a responsabilidade exclusiva de decidir sobre a vida da criança, restando ao outro apenas supervisionar tais atribuições.

A determinação sobre a qual dos pais será atribuída à guarda unilateral e conseqüentemente o exercício mais efetivo do poder familiar, pode ser feita de dois modos – por acordo dos pais ou mediante uma decisão judicial.

Por isso, o seu titular não dispõe de um direito de ação nem de um direito de veto em relação às decisões tomadas pelo guardião, ou seja, o detentor da guarda.

O não-guardião não pode nem direta e nem indiretamente participar da educação dos filhos, nem goza de um direito a ser ouvido pelo seu ex-cônjuge em relação às questões importantes da educação do menor.

Aspectos negativos

Na guarda unilateral não há contato contínuo com o não guardião, o que conseqüentemente afasta o filho do pai não guardião. Acerca desse afastamento, Waldyr Grisard Filho, frisou que: “As visitas periódicas têm efeito destrutivo sobre o relacionamento entre pais e filho, uma vez que propicia o afastamento entre eles, lento e gradual, até desaparecer, devido às angústias perante os encontros e as separações repetidas”. Manifesta desvantagem para os filhos, e assim vão perdendo o elo familiar que os une, pela falta de convivência diária ou mais efetiva.

A guarda unilateral afasta, sem dúvida, o laço de paternidade da criança com o pai não guardião, pois a este é estipulado o dia de visita, sendo que nem sempre este dia é um bom dia, isto porque é previamente marcado e o guardião normalmente impõe regras.

Dessa insatisfação relativamente às conseqüências da guarda unilateral surgiu à necessidade de novas formas de guarda que visem garantir o direito da criança. E a espécie de guarda que vem ganhando espaço é a guarda compartilhada.

Da residência do menor

A residência do menor, não necessariamente será com a mãe, mas sim com o genitor que apresentar melhores condições, e quando se diz “condições” não são só financeiras, mas também de carinho, afeto, amor, dedicação. Certo está que um cônjuge terá a guarda física, mas ambos detêm a guarda jurídica. A idéia de uma residência principal procede no sentido da criança possuir uma estabilidade e não

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perder assim seu ponto de referência domiciliar, mas nada impede que o filho tenha quarto e coisas pessoais nas duas residências, ficando a criança totalmente à vontade nas duas residências, mas nunca se esquecendo que o menor tem que ter um lar principal para equilíbrio. Portanto, melhor seria se ambos os pais morassem no mesmo bairro, para evitar situações inesperadas.

GUARDA COMPARTILHADA E PENSÃO ALIMENTÍCIA

Muitas mães e pais estão em dúvida e sem explicações sobre a nova lei da guarda compartilhada em relação à pensão alimentícia. As mães receosas de que a pensão alimentícia seja extinta e os pais, querendo saber se já podem parar de pagá-la.

O interessante é que o interesse da criança é sempre o último a ser considerado. Toda a preocupação gira em torno do "prejuízo" financeiro que teoricamente um filho gera, tanto para pai quanto para mãe. A separação é um baque muito duro para o casal, mas principalmente para a criança, que passa a ser a fonte de todas as rusgas, brigas e disputas dai por diante..

Estamos falando de guarda e não de pátrio poder, que pelo Código Civil era de ambos não importando com quem estivesse a guarda do menor.

A jurisprudência já vinha deferindo a guarda compartilhada, mas apenas quando era requerida.

O enfoque então mudou. A guarda compartilhada deixou de ser um "precedente" jurisprudencial para ser efetivamente uma opção legal que deverá ser aplicada pelo juiz, segundo o artigo 1584, § 2º do Código Civil, quando não houver acordo entre os pais.

Mas a pergunta que não quer calar é: mas e a pensão? A guarda compartilhada não extingue a pensão alimentícia, mas sem dúvida, dependendo do caso em que a guarda for determinada, deverá haver uma revisão.

Será levado em consideração pelo juiz, pelo MP e pelas assistentes sociais envolvidas é o interesse da criança e não dos pais. O que é efetivamente melhor para o menor? Com base nessa pergunta é que será determinada em que termos a guarda compartilhada será efetivada.

Depois de definidos os termos da guarda, a pensão deverá ser analisada sob nova ótica. Se um pai que antes apenas via a criança um dia por semana, passar a ficar com ela nos finais de semana ou mesmo em semanas alternadas, claro que a pensão dada à mãe deverá ser revista. Se este genitor, por exemplo, nas semanas alternadas em que ficar com a criança efetivar o pagamento de cursos, escola, roupas, etc., e demais necessidades da criança, a pensão antes paga ficará limitada às roupas e alimentação que ela fizer uso enquanto estiver com a mãe.

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A Guarda Compartilhada não altera em nada a parte devida pelo pai e pela mãe nos alimentos. Assim, a pensão alimentícia não deixará de existir. O máximo que pode acontecer é diminuir (ou deixar de) dar dinheiro pra mãe e em troca começar a pagar algumas coisas diretamente para o filho. Mas isso pode ser requerido também mesmo quando a guarda é exclusiva da mãe. Tecnicamente é o pagamento "in natura".

A binômia necessidade de quem recebe e possibilidade de quem paga continuará sendo aplicado quando o assunto é pensão alimentícia, bem como a proporcionalidade da pensão de quem paga, a ser determinada de acordo com suas possibilidades. Quem ganha mais, paga mais. Quem ganha menos, paga menos.

A criança continuará tendo despesas que deverão ser suportadas por ambos, no limite de suas possibilidades. Em casos de guarda compartilhada ela terá sim que ser revista, mas não necessariamente extinta.

A GUARDA COMPARTILHADA NO NOVO CÓDIGO CIVIL

O compartilhamento da guarda depois de uma ruptura conjugal é uma possibilidade jurídica capaz de minorar os efeitos negativos sofridos pelos filhos, pois é uma modalidade de guarda em que os pais têm a mesma responsabilidade legal sobre os filhos e dividem, ao mesmo tempo e na mesma intensidade, todas as decisões importantes relativas aos filhos, mesmo vivendo em ambientes separados.

O Art 229 da CF, impõe aos pais o dever de assistir criar e educar os filhos menores. A doutrina brasileira sempre pregou que o que importa na decisão sobre guarda é o superior interesse dos menores. . Em 1986 Sérgio Gischkow Pereira dissertou sobre o tema e citou o art. 13 da antiga lei do divórcio: “Se houver motivos graves poderá o juiz a bem dos filhos, regular por maneira diferente estabelecida nos artigos anteriores à situação deles com os pais”. Esta regra conferia ao juiz uma liberdade maior para resolver as questões sobre guarda de filhos menores, podia o juiz determinar a guarda compartilhada, mais proveitosa ao desenvolvimento da personalidade do menor. Pode-se identificar no plano técnico-jurídico nacional dispositivos que podem autorizar a aplicação do modelo compartilhado quando se cogita determinar sobre a guarda de filhos menores.

O novo Código Civil continuou com o mesmo conteúdo do anterior, quando disciplinou o poder familiar, havendo apenas pequenas alterações na redação de alguns dispositivos. É dever jurídico dos pais, o encargo que a lei lhes atribuiu conforme o art. 1.690 do CC, decidirem sobre a vida e o patrimônio de seus filhos, tanto durante como após a separação, cabendo ao juiz cobrar-lhes o exercício de múnus desta forma, compartilhadamente.

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O VERDADEIRO SENTIDO DA GUARDA COMPARTILHADA

A guarda compartilhada decorre do direito constitucional á convivência familiar, essa convivência é direito fundamental e constitucionalmente assegurado e está prescrito no artigo 227 da Constituição Federal, que consiste no direito de ser criado e educado no âmbito da própria família.

Alguns especialistas acreditam que a guarda compartilhada só será possível ser aplicada se houver entendimento entre os pais. Para o desembargador Firmino Magnani Filho, do Tribunal de Justiça de São Paulo, é necessário que haja excelente entendimento entre as partes.

Segundo o advogado e especialista em direito de família, Ivo Aidar, a guarda compartilhada obriga aquele que tem a guarda a ouvir o outro antes de tomar qualquer decisão.

O advogado e professor da Universidade de São Paulo (USP) Álvaro Villaça afirma que, a guarda compartilhada vai além do direito de pagar pensão para os filhos e que os pais, embora, não morando juntos passam a atuar no desenvolvimento dos filhos de forma ativa. Por exemplo, participar da educação, criação, do dia-a-dia e tem a oportunidade de os filhos poderem ficar mais perto dos pais, ou seja, sempre que possível para ambos os pais. Isto é o fim das regras impostas anteriormente, que era visitas de quinze em quinze dias.

O verdadeiro sentido da guarda compartilhada está em os genitores poderem exercer igualmente seus direitos e deveres familiares independente da relação ou estado civil que é: criar e educadar. Artigo 1.634 do Código Civil.

Assim, o entendimento de guarda compartilhada é uma forma de os pais, embora, separados exercerem em conjunto a sua autoridade sobre os filhos de forma equivalente tomando importantes decisões na criação e educação dos filhos.

Aspectos Psicológicos da criança e do adolescente

A família é conceituada no artigo 25 do ECA, como a comunidade formada pelos pais ou por um deles e seus descendentes, e na Constituição Federal de 1988 como união entre um homem e uma mulher. Para muitos especialistas a família é onde o ser humano em desenvolvimento sente-se protegido e é do seio familiar lançado para a sociedade. A separação dos pais pode acarretar traumas para a criança que quase sempre não entende a separação dos pais e baseada em nossa leitura e pesquisa para realizar este trabalho salientamos que a convivência familiar é um dos mais importantes direitos das crianças e dos adolescentes. É unânime o reconhecimento de que a convivência com ambos os pais é de fundamental importância para o desenvolvimento da criança ou do adolescente.

Segundo o professor Waldir Grissard Filho os fundamentos psicológicos da guarda compartilhada partem da convicção de que a separação e o divórcio dos pais acarretam uma série de perdas e trazem conseqüências drásticas à vida da criança,. Por exemplo: queda do padrão de vida, conflitos entre os pais, intrigas familiares, divisão dos bens, etc., e o compartilhamento da guarda visa amenizar esses efeitos, uma vez que, a criança conviverá com ambos os pais de maneira igualitária. Essa convivência traz benefício à criança, que reconhece e acredita que

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tem os dois envolvidos em sua criação e educação. Assim não se distancia dos seus genitores.

Embora exista profissionais que acreditam na eficiência da guarda compartilhada. Alguns pesquisadores são contra esse tipo de guarda, pois dizem que o conflito entre os pais é uma contra-indicação ao estabelecimento da guarda compartilhada. Pois acreditam que a manutenção do contato entre os pais neste tipo de guarda, pode provocar a continuidade do conflito entre eles. Isto acarretará em prejuízo no equilíbrio emocional da criança.

Segundo a terapeuta familiar Maria Rita Seixas a guarda compartilhada surtirá efeito entre os casais que tenham convivência equilibrada no cumprimento do papel de pai e mãe. O equilíbrio entre os pais faz-se necessário para evitar uma dicotomia educacional prejudicial à criança e ao adolescente, evitando confusões e desequilíbrio emocionais futuras.

Outra contra-indicação em relação à guarda compartilhada refere-se à instabilidade que poderá gerar nas crianças e nos adolescentes. Esta instabilidade surgira das freqüentes mudanças de ambientes. Alguns estudiosos desse assunto afirmam que após a ruptura conjugal e a guarda única de um dos genitores o não guardião começa a ser visto como um intruso pela criança tornando-se um pai simbólico acarretando muitas vezes em problemas psicológicos por toda a vida da pessoa. Enquanto a guarda compartilhada na grande maioria dos casos intensifica a convivência com os filhos a guarda única poderá ser um meio de problemas emocionais dramáticos na vida da criança e do adolescente, pois a convivência é limitada aos finais de semana e acontece de quinze em quinze dias.

Assim a guarda compartilhada é a expressão do direito á convivência familiar. Além de garantir à criança o contato direto com os genitores possibilita o controle de sua saúde, educação, alimentação, integridade física e formação moral e social de uma forma mais ampla, proporcionando ao menor um desenvolvimento sadio e feliz, buscando assegurar sempre e de modo eficiente o direito fundamental do convívio familiar da criança e do adolescente com ambos os pais.

CONCLUSÃO

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O vínculo decorrente entre o ser humano e quem o gerou é regulamentado por leis, que contêm direitos e deveres de ambos, predominando, o direito dos filhos e os deveres dos pais, independentemente de existência ou não de união dos mesmos.

Havendo dissolução da união dos pais, detentores do poder familiar, este poder não se dissolve, permanecendo os pais conjuntamente com este poder-dever sobre o filho enquanto menor e incapaz, sendo aqueles responsáveis pela educação - moral e cultural, sustentos e guarda.

Com a guarda compartilhada busca-se atenuar o impacto negativo que a ruptura conjugal tem sobre o relacionamento entre os pais e filhos enquanto mantém os dois pais envolvidos na sua criação, validando-lhes os papéis permanentes, ininterruptos e conjunto.

Este tipo de guarda não pode e nem deve ser restrita aos casos de ruptura do casamento, podendo ser aplicada nos casos de união estável, ou até união casual (termo usado para definir as relações casuais onde só há relacionamento sexual, e não há intenção de constituir família, mas dela resultou filho), devendo ser usada justamente para efetivar o papel dos pais, pois não se trata de cônjuges, mas sim de pais, com direitos e obrigações iguais, independentes de que tipo de relacionamento adveio o filho.

Ressaltamos que a jurisprudência tem-se posicionado no sentido de que a guarda compartilhada somente é possível quando existe entre os genitores uma relação marcada pela harmonia e pelo respeito, sem disputa e nem conflito.

Não havendo relação dessa forma entre os pais, melhor indicação é a guarda unilateral, porque atenderá melhor o interesse do filho, pois em parte estará livre de uma zona de conflitos entre os pais.

A guarda compartilhada vem, portanto, fazer um corte no instituto da guarda única. Vem como um meio a possibilitar a presença de ambos os pais na tomada de decisões acerca do futuro dos filhos com o desafio de transformar a criança em indivíduos mais saudáveis e uma sociedade mais justa e democrática, de acordo com os princípios constitucionais vigentes. Promovendo a igualdade de direitos respeitando os princípios consagrados na Constituição Federal.

Cabe agora aos pais, entenderem o verdadeiro significado da nova modalidade de guarda introduzida na legislação pátria. Os filhos, com certeza, ficarão eternamente gratos se, na prática, isso ocorrer de forma efetiva e verdadeira.

JURISPRUDÊNCIAS

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E M E N T A

GUARDA DE MENOR. CERCEAMENTO DE DEFESA. ILEGITIMIDADE ATIVA. PRINCÍPIO DA PROTEÇÃO INTEGRAL. PARECER TÉCNICO DA SECRETARIA PSICOSSOCIAL JUDICIÁRIA. GUARDA COMPARTILHADA. MEDIDA QUE MELHOR ATENDE AOS INTERESSES DA CRIANÇA. POSSIBILIDADE.

1. Não há falar-se em cerceamento de defesa fundado em decisão judicial que afasta pedido de reprodução de parecer técnico de autoria da Secretaria Psicossocial Judiciária que observou o que de ordinário se aplica à espécie e dele se verifica que as ilustres psicólogas atuaram com esmero, nada existindo que possa esmaecer a certeza das conclusões a que chegaram.

2. Não tem legitimidade para figurar no pólo ativo da lide o demandante que não é titular da relação jurídica deduzida no processo, de forma que, não se verifica a “pertinência subjetiva” necessária a afirmar a legitimidade ad causam.

3. De conformidade com os artigos 1.583 e 1.584 do CC, com a nova redação dada pelo artigo 1º da Lei 11.698 de 13.07.2008, a guarda compartilhada foi introduzida em nosso ordenamento jurídico.

4. Considerando que na guarda compartilhada pai e mãe continuam a representar o natural papel nuclear na vida da criança, decidindo ambos em conjunto e de comum acordo os assuntos importantes da vida do menor, bem ainda, tendo em vista que a guarda discutida, além de resguardar os direitos e interesses do adolescente ainda mantém intactos os vínculos parentais e de afetividade, forçoso é concluir que a modalidade da guarda em destaque é a que melhor dá cumprimento ao princípio da proteção integral da criança.

5. A guarda compartilhada requer para o proveito exitoso de seu deferimento, que os interessados, pai e mãe, residam no mesmo país, cidade e, se possível, no mesmo bairro, e, uma vez preenchido tais pressupostos, nada existindo a desaconselhar a sua adoção, é medida salutar que há de ser acolhida.

6. Recurso conhecido e parcialmente provido, sentença reformada em parte. (20060110971239APC, Relator JOÃO BATISTA TEIXEIRA, 1ª Turma Cível, julgado em 15/10/2008, DJ 23/03/2009 p. 48)

E M E N T A

CIVIL. AÇÃO DE SEPARAÇÃO LITIGIOSA. GUARDA COMPARTILHADA. IMPOSSIBILIDADE. INEXISTÊNCIA DE BOA CONVIVÊNCIA E DIÁLOGO ENTRE OS PAIS. NÃO-ATENDIMENTO AOS INTERESSES DA CRIANÇA.

1 – A guarda compartilhada somente pode ser concedida na medida em que os pais, mesmo separados, mantêm uma boa convivência e diálogo a permitir a preservação dos interesses da criança.

2 – Recurso não provido. (20070610024635APC, Relator CRUZ MACEDO, 4ª Turma Cível, julgado em 10/12/2008, DJ 19/01/2009 p. 84

BIBLIOGRAFIA

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FONTES, Simone Roberta. A Guarda Compartilhada - Com Advento da Lei 11.698/08. Clubjus, Brasília-DF: 10 ago. 2008.

ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE: Doutrina e Jurisprudência,Válter Kenji Ishida, editora atlas, 10° edição(2009).

FEDERAL,Constituição Federal 1988.

Filho, Waldyr Grisord. Guarda Compartilhada.São Paulo: Revista dos Tribunais, 2006.

CIVIL, Codigo, 2002.

ECA, Estatuto da Criança e do Adolescente Comentado, São Paulo: Malheiros, 2004.

Jornal, O Estado de São Paulo, Guarda Compartilhada já é Relaidade, (Para especialistas, a nova lei será simbólica e só funcionará com pais que se entendem bem). Maio/2008.

GRISARD FILHO, Waldir. Guarda Compartilhada. 2. ed. ver., atul. e ampl. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2002.

VENOSA, Silvio de Salvo. Direito Civil. Família. vol. VI. 3ª. Ed. São Paulo: Atlas, 2003.

http://www.parana-online.com.br/canal/direito-e-justica/news/360308/ (acessado em 28 de março de 2009).

http://direito.memes.com.br/jportal/portal.jsf?post=5310 (acessado em 30 de março de 2009).

www.tjdft.jus.br (Jurisprudências)

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